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ISSN 2177-8019

CONSELHO EDITORIALAdolpho Carlos Françoso Queiroz, Universidade Presbiteriana Mackenzie de São Paulo; Alexandre Tor--rezan, Universidade de Campo Grande/MT; Bruna Vieira Guimarães, Centro Universitário Modulo, Ca-raguatatuba/SP; Carlos Manhanelli, ABCOP, Associação Brasileira de Consultores Políticos; Celso Anto-nio Meneguetti, Univale de São José dos Campos; Célia Retz dos Santos, Unesp, Bauru; Daniela Rocha, Universidade Metodista de São Paulo; Cláudia Setti Gouvêa, Universidade Metodista de São Paulo; Débo-ra Tavares, Universidade Federal do Mato Grosso; Eduardo Grossi, Universidade Metodista de São Pau-lo; Fábio Ciaccia, IBOPE ; Ingrid Gomes, Instituto Superior de Ciências Aplicadas de Limeira/SP; João Carlos Picolin, Faculdades Integradas Claretianas de Rio Claro; Jorge Vidigal, Universidade Metodista de Piracicaba; Juliana Leone Victorino, Universidade Metodista de São Paulo; Karla Amaral, Faculdades Integradas Claretianas de Rio Claro; Kleber Carrilho, Universidade Metodista de São Paulo; Letícia Costa, Unitau; Lincoln Franco, Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Indaiatuba/SP; Livio Sakai, Centro Universitário de Guaxupé; Luciana Panke, UFPR; Maurício Romanini, Centro Universitário de Guaxupé; Moisés Barel, Faculdades São Judas e FIAM,São Paulo; Nahara Mackovics, Centro Universitário Barão de Mauá de Ribeirão Preto; Patrícia Paixão, FIAM/SP; Paulo César D´Elboux, Faculdade Anhanguera de Santa Bárbara D´Oeste; Ricardo Costa, FMU-SP; Roberto Gondo, Universidade Presbiteriana Mackenzie; Rose Vidal, Universidade Federal de Uberlândia; Thibor Brogio, Rádio Jovem Pan/SP; Thailissa Letícia Andara Ramos, Universidade de Vila Velha; Victor Kraide Corte Real, PUC- Campinas e UNIMEP.

DIRETOR RESPONSÁVEL EDITORAAdolpho Carlos Françoso Queiroz Mariana de Andrade Bedin

PROJETO GRÁFICO MARKETINGVictor Kraide Corte Real Paulo César D´Elboux

CAPAFoto de Evandro Teixeira

IMPRESSÃO E ACABAMENTOGráfica EMEAvenida Brigadeiro Faria Lima, 1080 – Vila FátimaCEP: 13.360-000 – Capivari/SPTelefones (19) 3491.7000 / 3491.5449E-mail: [email protected]: www.editoraeme.com.br

TIRAGEM: 2000 exemplaresCIRCULAÇÃO: NacionalPERIODICIDADE: Semestral

APOIOCátedra UNESCO/METODISTA de Comunicaçãopara o Desenvolvimento Regional

ENTRE EM CONTATOUniversidade Presbiteriana MackenzieRua da Consolação, 930 - São Paulo/SPTelefone: (11) 2114.8275E-mail: [email protected]: www.politicom.com.BR

POLITICOM - Revista Brasileira de Marketing Político

CARTA DA EDITORA Nesta edição , a POLITICOM trará a você a chance de relembrar e ver com outros olhos momentos importantes da história do governo brasileiro. Diferentemente dos habituais textos, traremos um panorama das Histórias em Quadrinhos no Brasil e seu uso como ferramenta de transmissão de mensagem política e marketing utilizado por Getúlio Vargas. Em outro momento, foram analisadas charges do ex-tinto jornal O Pasquim onde através de seu traço deixa clara a importância deste tipo de “editorial gráfico”, que ao combinar o riso com a contestação ao regime militar, mostra que o humor também pode ser engajado. Com as eleições cada vez mais próximas é hora de se-rem feitos os últimos ajustes. Procuramos então esclarecer e salientar a importância de alguns assuntos: o planejamento e o Marketing Eleitoral; pesquisas de opinião pública; o uso estra-tégico das redes sociais; a conquista do eleitorado segmentado; a importância do profissional de consultoria; e a necessidade de coligações partidárias e apoios políticos. (MB)

SUMÁRIO

ELEIÇÕESColigações partidárias e apoios políticos

INTERNACIONALTensões nas representações do Islã

CONCEITOSMudanças do Marketing Político e Eleitoral

INTERNETBicicletas e eleições em São Paulo

INTERNETA imagem dos pré-candidatos em São Paulo

ESTRATÉGIAPesquisas: muito além da “corrida eleitoral”

OPINIÃOCampanha Política - o lado prático

DITADURAHumor engajado n’O Pasquim

HISTÓRIA“Getulio Vargas o renovador”

INTERNACIONALEleições Presidenciais no México

ESTRATÉGIAMarketing Eleitoral

BIBLIOTECA

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ELEIÇÕES

Uma das características do sistema eleito-ral brasileiro é o pluralismo partidário, permitindo a coexistência de dezenas de agremiações partidá-rias, legitimadas e com direito de participação nos respectivos pleitos eleitorais sazonais. Obviamente não são todos os partidos que possuem represen-tatividade nacional e potencialidade nas decisões estratégicas eleitorais, muitos são partidos peque-nos que sobrevivem margeando apoio com parti-dos maiores e com maior aderência populacional. O uso de coligações partidárias, também chamadas de alianças partidárias, envolve mais do que acordos de apoio ou união em momentos eleitorais. Pode ser considerado controverso no sentido de garantir ao eleitor uma leitura correta do sentido ideológico que determinado candidato segue ou acredita, visto que, em muitos casos pode estar com aliança eleitoral com demais atores po-líticos que já foram desafetos públicos ou não se-guem a mesma linha de gestão pública e compre-ensão democrática. Porém, quanto maior for o apoio de um candidato, maior será seu tempo de exposição no período eleitoral, o que representa para o contexto da comunicação política e estratégica maiores chan-ces de visibilidade e ampliação de possibilidades na construção eleitoral do político rumo à vitória. É possível exemplificar esse cenário com o exemplo ocorrido na disputa eleitoral da prefei-

tura de São Paulo desse ano, quando o Partido dos Trabalhadores (PT), tendo como interlocutor de negociações com demais partidos para apoio polí-tico o ex-presidente Lula, buscou acordo e fechou apoio com o Partido Progressista (PP), presidido no estado de São Paulo pelo desafeto político his-tórico do PT, Paulo Salim Maluf. Envolvido em escândalos de corrupção em seus antigos mandatos, também representa um corrente política sem afinidade direta com a imagem petista. Porém, com o acordo, o candida-to pelo PT, Fernando Haddad, conquistou mais tempo de mídia televisiva, precisamente 1 minuto e 35 segundos, bem como 112 propagandas de 30 segundos durante a programação normal. Tal fato parece lógico e sedutor nos olhos frios da gestão pública, mas pode ser um grande erro na compreensão do eleitorado, principalmen-te os filiados que aderem aos princípios partidá-rios, como no caso de muitos eleitores partidários aos conceitos e pilares balizadores do Partido dos Trabalhadores, que possui um histórico de forma-ção no período da redemocratização brasileira e detém o controle da esfera federal e alguns estados da federação. Maior tempo de mídia é positivo, mas co-locar em dúvida a idoneidade da chapa partidária pelos militantes é arriscado e deve ser considerado com maior cautela pela cúpula partidária, obser-vando os problemas que podem ocorrer nas ações de contrapropaganda dos demais candidatos, na tentativa de justificar para os eleitores um fato quase injustificável. Torna-se relevante apontar a importância da escolha certa dos partidos que irão compor a base de sustentação de um candidato, porque isso pode interferir nos resultados das ações de comu-nicação política desenvolvidas para o mesmo. Muito profissionais de comunicação par-ticipam desse processo pré-eleitoral junto com o grupo político, na busca por apoios e devem alertar seus candidatos dos riscos e benefícios dos mesmos, até em parcerias majoritárias com o vice, que terá influência no governo caso ocorra vitória nas urnas.

*Doutor em Comunicação Social. Mestre em Administração. Docente de Pós-Graduação Lato Sensu na Universidade Pres-biteriana Mackenzie e Universidade Metodista de São Paulo e graduação na FAMA/CEETEPS. Atua como Consultor na área de Comunicação e Gestão. Preside a POLITICOM (Sociedade Brasileira dos Pesquisadores e Profissionais de Comunicação e Marketing Político) no triênio (2011 – 2014).

Coligações Partidárias e Apoios Políticos: Necessidade X Riscos de ImagemProf. Dr. Roberto Gondo Macedo*

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INTERNACIONAL

Tensões nas representações do Islã noJornalismo Internacional

Ingrid Gomes*

*Doutora e Mestre na área de Processos Comunicacionais, em Comunicação Social, pela Universidade Metodista de São Paulo. Pós-graduada em Globalização e Cultura pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Ex-diretora de Pesquisa e Do-cumentação da POLITICOM. Professora de Jornalismo no Instituto Superior de Ciências Aplicadas (ISCA Faculdades) e Assessora de Imprensa no Espaço na Mídia Comunicações e Assessoria de Imprensa.

Será que no jornalismo internacional exis-te a possibilidade de se respeitar a alteridade dos outros? Não seria uma visão romântica já que essa profissão se move junto à engrenagem social, cul-tural, econômica e política? Por outro lado a partir desta inquietação há variantes: ao escrever sobre e em áreas de conflitos, onde existam grupos ter-roristas, por exemplo, é inaceitável identificá-los como muçulmanos pelo cuidado histórico que o significado tem no imaginário social e, em outras, ao que refere-se as práticas jornalísticas, em verifi-car com seriedade as fontes. Portanto a pesquisa de doutorado Olhares sobre o Outro. Estudo das representações do Islã nos jornais Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo defendida na Universidade Metodista de São Pau-lo sob orientação do Professor Dr. José Salvador Faro, explora o tema de como as mídias citadas reportam as diversidades de etnias e culturas em suas produções jornalísticas. A pesquisa teve como corpus de estudo 62 dias das editorias internacionais dos jornais diá-rios Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo, quinze dias antes, a contar como marco o 11 de setembro, e quinze dias posteriores, em razão da importância histórica desta data, e por estar vinculada ao obje-to de análise, as representações do Islã. A escolha do corpus é em razão da expectativa jornalística de apresentar mais conteúdo sobre o Islã, com pes-quisa e contextualização, visto a antecedência para produção de cadernos e coberturas especiais dos dez anos do ato terrorista de 2001. Na análise do Caderno Mundo na Folha de S. Paulo notaram-se onze textos cujo tema Islã foi recorrente, primário ou secundariamente. Verifi-caram-se nas análises dois textos positivos sobre o entendimento do Islã, um texto neutro e os oito restantes com marcas pejorativas sobre o muçul-mano, como “aquele encrenqueiro e terrorista”. No Caderno Internacional do Estado de S. Pau-lo analisaram-se treze textos sobre o Islã. Desses materiais, cinco tiveram uma visão positiva, uma neutra e sete de distanciamento do Islã, retratan-do a cultura islâmica como exótica e o muçulmano como fundamentalista.

Constatou-se nas comparações dos Ca-dernos que no Internacional do Estado de S. Paulo houve mais espaço de discussão sobre o Islã, bem como mais textos voltados à integração do islamis-mo como vítima do preconceito em razão do 11 de setembro de 2001. Enquanto no mundo, verificou--se a caracterização determinista do islamismo como norteador das futuras gerações de fundamen-talistas e terroristas. Contudo, nos dois jornais, o Islã foi representado, na maioria das vezes, como cultura distante e exótica, além de encrenqueiro e terrorista, alimentando esse imaginário social do muçulmano na lógica do agendamento midiático. Dentre as maiores preocupações esteve a problemática do Islã ser lembrado e revisitado no amanhã a partir desse imaginário e documento midiático, ou seja, se essas representações colo-cam o Islã como o diferente hoje, sua história será deturpada e esquivada da real identidade que a mantém culturalmente viva e operante em parcela significativa na sociedade muçulmana.

Para acessar a tese completa: http://ibict.metodista.br/tedeSimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=3067

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CONCEITOS

Mudanças do Marketing Político eEleitoral através dos temposAndré Silva*

*Diretor da All Marketing. Graduado em Publicidade e Propaganda, com MBA em Marketing pela FGV em andamento. Especialista em Marketing Político. Membro da ABCOP.

O Marketing é imprescindível para em-presas no mundo todo, porque garante em muitos casos a sobrevivência de várias organizações. Basi-camente Marketing se resume a identificar as ne-cessidades e desejos de um determinado mercado e satisfazê-los em forma de produto ou serviço. No meio político não é diferente, pois para realizar uma boa gestão o administrador público deve identificar o que é prioridade para os cida-dãos e transformar em realizações para a popula-ção. Desta forma, ele garante a satisfação de gran-de parte e tem sua imagem fortalecida perante a sociedade. Nem todos os administradores públicos pensam assim. Como o próprio conceito de Mar--keting para alguns empresários, o Marketing Po-lítico e Eleitoral ainda não tem sua definição clara para todos os que ocupam cargos públicos ou para

aqueles que concorrem a eleições, muitas vezes es-tes confundem esta ferramenta com a propaganda ou com assessoria de imprensa. Segundo Kotler, o Marketing está em sua versão 3.0. Na versão 1.0, as estratégias se foca-vam no produto ou serviço, o pensamento “de dentro pra fora”. Neste cenário as estruturas polí-ticas e sociais precisavam atender as necessidades básicas da população, logo estes indivíduos não tinham tantas expectativas e o pensamento do ho-mem público era: “o que eu enquanto administra-dor público posso fazer para a população”. Com a evolução das cidades e melhoria de vida deu-se o inicio da Era do Marketing 2.0, houve uma ascensão das camadas sociais mais baixas para classes um pouco superiores, aumen-tando as expectativas dessas pessoas. Com as necessidades básicas de parte da população sana-das, suas demandas passaram a ser superiores, o que fez com que essas pessoas começassem a ver a política de forma diferente, pensando em como poderiam ser beneficiadas pela administração pública enquanto sociedade. Neste contexto a li-nha de pensamento do administrador passa a ser: “o que a população deseja que eu faça enquanto administrador público”. Essa evolução aconteceu rapidamente, o que acabou impedindo que muitos políticos acom-panhassem este raciocínio. Hoje ainda existem ci-dades onde modelos administrativos são baseados no “achismo” e os gestores não enxergam no Mar--keting Político a oportunidade de trazer benefí-cios de acordo com os anseios da população e para sua imagem enquanto administrador. Em um mundo mais globalizado e co-nectado onde pessoas passam a ter sua opinião amplificada por ferramentas ligadas à internet, o Brasil se aproxima da realidade onde o Marketing 3.0 deverá ser praticado também pelos adminis-tradores públicos, quando isso acontecer será importante que cada gestor público esteja com estes conceitos bem definidos para que possa se-lecionar a equipe ideal para realizar seu planeja-mento de Marketing e posicionar-se à frente de seus adversários. Quando este contexto chegar ao raciocínio do administrador público deverá ser: “como o cidadão poderá participar efetivamente e individualmente da gestão pública”.

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INTERNET

Bicicletas e Eleições em São PauloVictor Kraide Corte Real*

*Publicitário. Doutorando em Comunicação pela Universidade de São Paulo. Docente da PUC Campinas e da Universidade Metodista de Piracicaba. Diretor de Tecnologia e Documentação da POLITICOM.

Em maio de 2012, a Associação dos Ciclis-tas Urbanos de São Paulo – Ciclocidade e o Ins-tituto CicloBR de Fomento à Mobilidade Susten-tável lançaram uma consulta pública pela internet visando obter respostas para a seguinte questão: “O que o próximo prefeito e os vereadores podem fazer para melhorar as condições dos ciclistas e es-timular o uso de bicicletas em São Paulo?” O questionário ficou aberto até o dia 03 de junho e foi divulgado em diversos sites, blogs e perfis nas redes sociais relacionados ao universo dos ciclistas paulistanos. Segundo os organizadores, o projeto tem como finalidade promover eventos e discussões

com os candidatos ao Legislativo e ao Executivo, a fim de formular uma carta garantindo o compro-misso público dos futuros representantes da popu-lação com a mobilidade urbana em São Paulo. O caso mencionado oferece amplas possi-bilidades de análise relacionando traços de enga-jamento e deliberação proporcionados a partir da manifestação doa ciclistas paulistanos, e os pos-síveis impactos dessa ação na propaganda eleito-ral dos candidatos às eleições municipais de São Paulo em 2012. Até o momento, a mídia de massa convencional não deu tanta cobertura ao assunto, mas a repercussão junto aos públicos de interesse ocorreu de forma bastante consistente e organi-zada através da articulação das redes sociais e da promoção de encontros presenciais. Diante da discussão levantada pelas enti-dades Ciclocidade e o Instituto CicloBR, pode-se, por enquanto, apenas levantar hipóteses sobre os efeitos nas campanhas das eleições municipais de 2012, já que até o fechamento deste artigo ainda não foram consolidadas e apresentadas as respos-tas obtidas durante os questionamentos propostos durante o mês de maio de 2012. Porém, podemos resgatar uma ação anterior, também organizada pelos ativistas do grupo CicloBR, durante as elei-ções municipais paulistanas de 2008. De manei-ra equivalente, eles formataram questões sobre a mobilidade urbana em São Paulo e levaram até os candidatos em segundo turno à Prefeitura: Marta Suplicy e Gilberto Kassab. A íntegra das entrevis-tas está disponível no site vadebike.org. A ciclovia da Radial Leste foi concluída apenas em outubro de 2010, enquanto a de Pare-lheiros, também mencionada por Kassab na entre-vista, foi desativada em março de 2011. A preocu-pação do poder público paulistano com os ciclistas e alternativas para a mobilidade urbana ainda pa-rece bem distante da prática. É importante acompanhar o impacto da discussão levantada pelas entidades Ciclocidade e Instituto CicloBR na propaganda política dos can-didatos à Prefeitura de São Paulo. Tendo em vista que, segundo a expectativa dos analistas, deverá ocorrer uma polarização da disputa entre José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT), possibili-tando na sequência o surgimento de uma terceira força representada por Gabriel Chalita (PMDB) ou Celso Russomano (PRB).

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INTERNET

A imagem dos Pré-Candidatosem São Paulo

Mauricio Guindani Romanini*

*Jornalista. Mestre em Comunicação Social. Professor universitário do Centro Universitário de Guaxupé/MG. Pesquisador e Con-sultor em Marketing Político.

Nas eleições em 2012 se aposta, mais uma vez, no Twitter como ferramenta de Marketing Po-lítico. No entanto, algumas perguntas ainda devem ser esclarecidas: o uso das redes sociais é um mo-dismo? Qual é o potencial dessas redes sociais? Os políticos sabem otimizar as redes sociais? O estudo do Marketing Político online é muito recente. Por ser uma novidade na área po-lítica, sobretudo no Brasil, especula-se demais e conclui-se apressadamente. A eleição começa muito antes dos prazos estabelecidos pela legislação. Na internet, não é diferente, os principais nomes cotados para dis-putar os cargos eletivos começaram a mobilizar os simpatizantes. A comunicação no Twitter é o resumo de um determinado assunto. No entanto, os políticos não detalham o tema abordado, mas podem pau-tar a grande mídia ou mesmo chamar a atenção do eleitor para a questão comentada. Independente dos políticos e de suas equi-pes conhecerem muito bem essa plataforma e de contarem com ajuda de consultores externos, a grande tarefa para os envolvidos nas campanhas será encontrar maneiras de se diferenciarem num jogo de iguais. Os políticos ainda não conseguiram trans-formar o potencial das ferramentas de comunica-ção mediada pelo computador em diferencial na campanha. Diferentemente, do que vem sendo fa-lado e escrito na grande mídia, o Twitter não assu-miu papel de protagonistas nas eleições e nem terá num futuro próximo. Os candidatos e suas equipes imagina-vam atingir os jovens, aproveitar um canal que fala diretamente com eles, no entanto, essa ferra-menta enveredou-se por outro lado. O microblog transformou-se em espaço para intrigas políticas, comentários pessoais, provocações, acusações de toda ordem e campo para ridicularizações dos can-didatos. Só não conseguiu ser e ter relevância para ampliar os debates democráticos e agregar valor na imagem e nos votos. Um estudo realizado pela Scup, empresa especializada em monitoramento da internet, iso-lou posts sobre os cinco pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo mais mencionados no Twitter, Face-

book, Google Notícias e em blogs das plataformas Wordpress e Blogger. A amostra contempla 12,5 mil postagens de um universo total de mais de 30 mil menções, entre os dias 1º e 15 de abril deste ano. De acordo com o levantamento, Serra e Haddad são mencionados quase com a mesma frequência nas redes sociais analisadas: em 38% e 37% do total de comentários. Chalita, Netinho e Soninha dividem o restante das menções. O estudo também classificou o teor dos comentários em “positivo”, “negativo” ou “neutro” em relação ao pré-candidato mencionado. A con-clusão foi que Serra, Netinho de Paula (PCdoB) e Soninha Francine (PPS) receberam mais comen-tários negativos, enquanto Haddad e Chalita têm mais postagens classificadas como neutras. Essas pesquisas ajudam na construção e (re)adequação da imagem dos políticos. Nas últi-mas eleições foram usadas pelas equipes de Ma-rketing Eleitoral dos candidatos para definir estra-tégias de marketing direto.

Alcance dos comentários sobre os pré-candidatos no Twitter

Pré-candidatos mais comentados nas redes sociais.

Fonte: scup.com.br

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ESTRATÉGIA

Pesquisas: muito além da “corrida eleitoral”Leandro Grôppo*

*Consultor de Marketing Político. Sócio-diretor da Strattegy Comunicação & Marketing Político. Membro da ABCOP e daPOLITICOM.

A pesquisa de opinião pública é instru-mento fundamental no Marketing Político e eleito-ral. As pesquisas quantitativa e qualitativa permi-tem conhecer os principais sensores dos diferentes segmentos do eleitorado, suas demandas, anseios, desejos e atitudes frente aos possíveis candidatos. Auxiliando a traçar estratégias para adequar ou corrigir imagens, identificar prioridades, decep-ções, rejeições e expectativas conforme a conjun-tura político-social. Sendo o conceito de Marketing o estudo da ação do mercado, pode-se concluir que este não existe se não houver pesquisa. Através delas que será possível identificar e compreender as prefe-rências dos eleitores, levantando dados essenciais para a montagem da estrutura comunicacional de campanha, a formulação básica das propostas e ações de governo.

Contudo, uma pesquisa de intenção de voto não trás informação relevante para o Marke-ting Eleitoral se não for analisada em conjunto com outros dados como o nível de conhecimento, grau de rejeição, imagem projetada e potencial de crescimento dos candidatos. Um erro muito comum é a escolha do can-didato através de pesquisa com o dado único de quem está à frente naquele momento. Em municí-pios onde, por exemplo, um grupo tem de escolher entre possíveis nomes a concorrer, é usual ouvir-mos que “quem estiver na frente, será o candida-to”. Um erro banal e que, na maioria das vezes, custa caro, pois na montagem de estratégia e can-didaturas, o ponto de partida, ou quem está à fren-te, é secundário. Enquanto que o dado primordial é o potencial de chegada, ou até onde determinado candidato poderá avançar. Exemplos que comprovam isto são inúme-ros e espalhados por todo o Brasil. Se o PT fosse “preocupar” com o ponto de partida de Dilma em 2010, muito provavelmente essa não seria hoje a Presidente do país. Da mesma forma que se o PSDB desse voz à intenção de votos momentânea naquele mesmo ano, possivelmente Antônio Anas-tasia não tivesse se tornado governador de Minas Gerais. Fatos semelhantes ameaçam projetos de candidaturas em todos os anos eleitorais. A tarefa de investigar os desejos do eleitor e decifrar seus anseios não é trivial e não deve ser entregue a amadores. A análise dos resultados de uma pesquisa bem elaborada revela muito mais que os dados tabulados ou a simples “corrida” de “quem está na frente”. Pode revelar o potencial da candidatura, o tema da campanha, elementos de discurso, o posicionamento do candidato e qual a melhor estratégia a utilizar. Comprovando-se que eleição não é “caixinha de surpresas”. Campanhas que deixam para fazer pes-quisas na última hora, ou faz errada, ou nem fa-zem, já saem perdendo por não compreender o que seu eleitorado espera da candidatura e deseja para a cidade. Da mesma forma quando o ponto de partida se torna dado principal sobre o poten-cial de chegada, incorrendo no equívoco da análi-se passada sobre as possibilidades futuras. Erros grosseiros, mas ainda muito cometidos, que po-dem custar à campanha.

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OPINIÃO

Campanha Política – O lado práticoMaurício de Souza*

*Consultor Político. Membro da ABCOP.

Êta maratona gostosa, sô! Começa com as reuniões semanais, aonde se vai prestando contas, avaliando a evolução e combinando novas tarefas. Para quem quer se prevenir um pouco mais, reúne o grupo estratégico e se planeja os últimos 30 dias de campanha, com três cenários prováveis: esta-mos indo mal, o que fazer e quem vai fazer? Nos bastidores a coisa não pára. É hora de se pensar no slogan da Coligação e do Prefeito. Área de organização: criaremos as Coordenações, especialmente a da Logística. Tem alguém pen-sando no jingle e nos diversos ritmos? E para a seleção e treinamento das equipes de visitações, quem vai fazer? Precisamos treinar o discurso do Prefeito e dos Vereadores para estarem afinados. Lembre-se da animação da plateia no fim do dis-curso, pois isso conta muito na conquistado do voto e na credibilidade. Vamos organizar uma grande festa com carreatas durante o mês de ju-lho, envolvendo toda a cidade. A assessoria jurídica e a organização fi-nanceira estão sob controle? Essas são sempre áreas mais delicadas da campanha... Não é fazer terrorismo, mas campanha majoritária precisa de apoio financeiro. O programa de Rádio consome um pouco de dinheiro. E dê graças a Deus que na sua cidade não tem programa de TV, senão, o cus-to seria pra lá de Bagdá. Um conselho: reserve um fôlego financeiro para o final de campanha. Quem tem leva a melhor! Temos que entrar em todos os lugares e isso exige coordenadores na articulação com a co-munidade. Vamos também fazer um bom levan-tamento das dificuldades dos adversários – listas individuais, pois lá na frente pode ser útil. Precisa-mos prever dinheiro para fazer as pesquisas inter-nas. É hora de produzir o santinho! A futura primeira-dama e a família do candidato estão fazendo direito o dever de casa, na mobilização dos segmentos sociais – reuniões com os diversos representantes? Essas reuniões esta-rão produzindo insumo para o plano de governo. É também chegada a hora de criar um jornal mos-trando um novo rumo para a cidade. A equipe de visitação está trazendo o cadastramento das pes-soas visitadas? Então o telemarketing precisa ligar agradecendo e checar se eles estão fazendo bem o trabalho. Caro colega, o programa de rádio exige

uma equipe à parte. Daí que nascem também as gravações para os carros de som. Alguns candidatos pensam que são au-tossuficientes e deixam de lado a contratação do profissional de consultoria e marketing. Não caia nessa armadilha! Esse profissional é fundamental para sua vitória, porque ele já viu muitas campa-nhas. Ele não se envolve emocionalmente, mas sim, com as ideias, com as estratégias, com o rumo do foco da vitória. Campanha política hoje em dia não é para amadores. O dia seguinte do perdedor é muito triste, ainda mais quando precisa explicar e pagar as contas. Opte por uma campanha vence-dora, ainda é tempo! Ufa! Assim é a vida numa campanha política.

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DITADURA

Humor Engajado n’O PasquimManuela Parisi* e Mariana de Andrade**

*Aluna do curso de Jornalismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie/SP.** Aluna do curso de Jornalismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie/SP.

Embora tenha recebido o apelido de “Im-prensa Nanica”, o conjunto de jornais, revistas e folhetins que surgiram no período da Ditadura Mi-litar certamente contribuiu de forma significativa com a tradição jornalística brasileira. Como, evidentemente, a acidez crítica dos jornalistas não diminuíra a partir das medidas de contenção da liberdade de expressão, cabia aos censurados encontrar alternativas para comunicar seu ponto de vista. Se o fim principal de uma reportagem jor-nalística, sobretudo em tempos conflituosos como os do regime militar, é preciso identificar os me-lhores métodos e formatos para dialogar com o público, atingindo o maior número de pessoas e atraindo o interesse dos leitores.

Nesse aspecto, é necessário apontar O Pasquim como exemplo de sucesso segundo estes pressupostos. Liderados por Millôr Fernandes, um time de jornalistas com aguçado senso crítico e bom humor foram capazes de incomodar os mais altos escalões do exército governista. As inovações em termos de entrevistas, apuração e construção da notícia agradaram o pú-blico e muitos profissionais, garantindo a fama e a sobrevivência do folhetim. Diante da pressão do regime e também de certa ingenuidade na admi-nistração, o jornal não resistiu por muito tempo, porém marcou a História Brasileira e influenciou a imprensa nacional. No Pasquim diferente de outros jornais, a charge tinha grande importância e destaque central, com ela se combinava o riso com a con-testação ao regime militar. Normalmente, é parte desses acessórios que o jornal exibe como mate-rial de opinião, independente e personalizado, por isso sempre está colocada na página de editoriais. Acaba sendo uma espécie de “editorial gráfico”, conforme se referia Fortuna, um dos grandes pro-fissionais da área que este país já teve. Abundantes nas páginas do jornaleco, as charges aparecem como uma das ferramentas de maior apelo popular, sobretudo por unir entre-tenimento, a arte a uma história cômica, porém recheada de opinião. E no Pasquim, o traço é um elemento de importância igual à da palavra escrita. Ziraldo, Henfil, Jaguar e Millôr ganharam desta-que pelos seus rabiscos no folhetim e tornaram-se referência no estudo das charges até a atualidade. A publicação de charges e toda a crítica que se insere explicitamente ou não por entre os traços de jornalistas socialmente engajados apareciam como nessa página dupla desenhada por Ziraldo. Nela o chargista apresenta um homem ves-tido com roupa social, porém com os olhos profun-dos, apresentando cansaço ao se apoiar no próprio quadrinho, mas com um sorriso estampado no rosto, que ao situar a época em que a charge foi feita é pos-sível concluir que este sorriso é bastante sarcástico. Este homem está com uma espada enfiada nas costas e atinge também sua barriga, o que não lhe permite rir uma vez que faz doer o local. A es-pada representa o poder ditatorial e a censura, já o riso o humor ácido como forma de protesto feito contra a ditadura.

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A charge foi construída no período de maior desfalque da equipe do Pasquim após a pri-são de Ziraldo, Paulo Francis, Luiz Carlos Maciel, Fortuna, Sérgio Cabral, Jaguar, Paulo de Tarso, Paulo Garcez e Haroldinho. Período esse nomeado pelo jornal como “surto de gripe numa verdadeira reação em cadeia assolou a equipe do jornal”. Henfil utiliza-se do desenho para denun-ciar a injusta prisão do compositor e também mili-tante Gilberto Gil. Nesta charge se encontra diver-sos personagens criados por Henfil para satirizar o período da ditadura militar, entre eles: Tamanduá, que faz a análise da recusa em perceber a repres-são e o autoritarismo; Cabôco Mamadô que sati-riza os beneficiários do sistema político; Ubaldo que ironiza a paranoia de uma esquerda prudente demais, que vacila em se manifestar no momento da abertura política; Zeferino e Orelhão que re-presenta o desenvolvimento do sul do país graças a outras regiões, principalmente o Nordeste, en-quanto sua região natal não se desenvolve; Preto Que Ri que aborda a preocupação que se deve ter com a descriminação racial às avessas; e por fim Fradim, que é uma sátira das posições moralistas da classe média. A classe dos jornalistas foi profundamente marcada com o assassinato de Herzog, que virou símbolo da conquista da Lei da Anistia, que mar-cou o fim do Regime Militar e da censura. Henfil aborda o tema de forma recorrente, como nesta charge, no qual o oficial militar se dirige a um mor-to para tratar da anistia. O algoz está de óculos es-curos, como se não estivesse enxergando o traba-lho que faz ali, inclusive seu olhar está direcionado para frente e apenas a mão comanda o degolador. Enquanto existia uma aura de mistério sobre a identidade dos torturadores, algo que foi reforçado através da Lei de Anistia, na charge o homem está com parte do corpo despida, ironizando o compor-tamento dos violentadores.

O militar em contraste direto com o tortu-rador – indicado como um civil possivelmente – anuncia que o “Rei” anistiou o homem degolado. A menção do termo “Rei” e o uso da guilhotina fazem alusão ao mundo medieval, onde este costume de violência era recorrente. No contexto da época, de-monstra o atraso e a regressão trazida pelo regime. A vítima, desenhada com um sorriso tolo, se aproxima da ideia do cidadão brasileiro que, ilu-dido pela enganosa “boa nova” trazida pela anis-tia, não nota que perdeu a cabeça. E é dessa forma, caminhando sem suficiente reflexão e consciência da situação histórica que o Brasil se dirige à rede-mocratização. E com sangue nas ruas, ou na ponta da caneta, como mostraram os cartunistas de O Pasquim: as vítimas da censura e das represálias da Ditadura podiam ser honradas com a justiça popular, galgada pela influência do jornal sobre a opinião pública, mostrando que o humor também pode ser engajado.

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HISTÓRIA

“Getulio Vargas o Renovador”Análise da Linguagem dos QuadrinhosIvanilson de Melo Mendes* e Ana Maria Mauad Assus**

*Pós-graduado em História do Brasil Pós-1930, pela Universidade Federal Fluminense/RJ.**Professora e orientadora do trabalho.

A análise do quadrinho “Getulio Vargas, o Renovador” se inscreve como tentativa de reco-nhecimento na sua narrativa de aspectos que defi-nam que tipo de quadrinho era produzido à época, sob que circunstâncias, e como o mesmo foi usado como transmissor de uma mensagem política que visava enfatizar o caráter nacionalista e ufanista da figura de Getúlio Vargas, que sempre esteve asso-ciada ao Governo e ao sentido de Nação. O crescimento das Histórias em Quadrinhos no Brasil esteve ligado à ascensão do Estado Novo e a constituição de grandes monopólios jornalísti-cos, ambos se beneficiaram de um processo de uso e abuso, sempre buscando o melhor proveito para suas demandas, o que acabou determinando a tô-nica dessa relação. O que para os quadrinhos e sua indústria foi de grande importância, pois o governo e os grandes jornais viam na nova linguagem uma pos-sibilidade de ouro de verem seus respectivos pro-

jetos implementados, mas para isso, a associação era inevitável e seria bem-vinda para ambos. Na esteira de sucesso de Adolfo Aizen e seu Suplemento Juvenil na Editora Ebal, outros editores passaram a publicar quadrinhos, entre eles Roberto Marinho, antigo patrão de Adolfo que havia sugerido que este lançasse quadrinhos, o que foi negado por Marinho, mas diante do sucesso de seu antigo empregado Marinho muda de ideia e lança o seu próprio suplemento O Globo Juvenil e se inicia o que Gonçalo Júnior, pesquisador de Histórias em Quadrinhos, chamou de a “Guerra dos Gibis”, a luta pela hegemonia do mercado edi-torial de historias em quadrinhos no Brasil. No meio dessa “guerra” entrava Getúlio Vargas que sempre era atacado nas folhas de jor-nais oposicionistas, e como parte de sua propagan-da pede a seu amigo Samuel Wainer que crie um jornal, o Última Hora para defendê-lo e com todo o incentivo do Estado, em pouco tempo o Última Hora se tornara um dos diários mais vendidos. Orlando Dantas com o seu Diário de Noti-cias começa atacar Marinho que defendendo os di-reitos de seu jornal denuncia Dantas ao Conselho Nacional de Imprensa, com a justificativa de mo-ralizar os jornais, já que Dantas distribuía prêmios em dinheiro fazendo com que O Globo perdesse muitos de seus leitores para o Diário, e a maneira encontrada por Dantas para se defender, foi atacar os quadrinhos acusando de “desnacionalizar” o es-pírito da criança brasileira. Assis Chauteabriand, o maior empresário de comunicações do Brasil, dono dos Diários As-sociados, também decide entrar no mercado emer-gente de histórias em quadrinhos, e em 1942, lança O Guri que se tornou a primeira revista em quadri-nhos brasileira toda impressa em quatro cores. Em troca de benefícios financeiros, mui-tos editores começaram a trabalhar para o Estado, Adolfo Aizen que passava por dificuldades finan-ceiras também dá sua contribuição ao naciona-lismo ufanista do Estado Novo criando a coleção Biblioteca Pátria, com quinze volumes, cuja edição de estreia, “Getúlio Vargas para crianças” seria descrita como “o livro padrão da juventude brasi-leira”, e lido em todas as escolas. No final dos anos 40, com graves problemas financeiros, a Ebal lança diversas coleções, entre

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brasileira da época, tendo como meio principal as Histórias em Quadrinhos como elemento hegemô-nico dessa disputa. A posição do governo era bem clara, eles não viam na historias em quadrinhos perigo algum para as crianças e na legitimidade deles próprios, até porque parte dos empresários da indústria dos qua-drinhos colocava Vargas em posição privilegiada. Adolfo Aizen percebeu que, quando os quadrinhos traziam temas educativos em lingua-gem infantil, poderiam ser usados como comple-mento na formação escolar e com isso enfrentar os detratores das histórias em quadrinhos. Há um sentido que se busca, uma posição que se deseja marcar, ou mesmo uma ideologia que sequer tratar como hegemônica, e o universo do quadrinho “Getúlio Vargas, o Renovador” não foge a regra, seu lançamento no final dos anos 50 veio para tentar solidificar esse mito, demonstrando toda excelência do Getúlio Vargas como estadista a frente de seu tempo onde todas as conquistas so-ciais não foram produto de luta da população, já que o presidente sempre se antecipava as deman-das sociais com sua “clarividência”.

elas estavam “Grandes Figuras” uma espécie de biografia quadrinizada de personalidades políticas e intelectuais brasileiras, a ideia era conseguir fi-nanciamento do governo e com isso tentar refrear as críticas que os quadrinhos sofriam, se os empre-sários da indústria dos quadrinhos conseguissem mostrar que o governo “consumia” gibis, não teria porque haver o temor, por parte das famílias brasi-leiras em deixar seus filhos lerem historias. As crianças começaram a ser ouvidas nas de-cisões familiares, uma criança de 10 anos que ado-rava Tarzan entre outros, podia fazer diferença na hora de seu pai escolher o jornal que iria comprar. Os grandes empresários da comunicação no Brasil viam os quadrinhos como um comple-mento de seu mercado editorial para atingir seus objetivos, fossem eles financeiros políticos ou mesmo por vingança, como Samuel Wainer versus Roberto Marinho, e Orlando Dantas contra Ma-rinho, além disso, tínhamos os ataques de Carlos Lacerda contra Vargas, que iria entre outras coi-sas ter como desdobramento o atentado da Rua Toneleiros estopim para a queda de Getúlio, eram estes embates que ocorriam na grande imprensa

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INTERNACIONAL

Eleições presidenciais no Méxicogeram controvérsiasLuciana Panke*

*Vice-Presidente da POLITICOM (Sociedade Brasileira dos Profissionais e Pesquisadores de Comunicação e Marketing Político). Pro-fessora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Paraná.

Em 01 de julho foi eleito o novo presiden-te mexicano, Enrique PeñaNieto (PRI) com 38% dos votos. O Partido Revolucionário Institucional (PRI) teve o poder sobre o país entre 1929 e 2000 regressando em meio a muita controvérsia. A elei-ção priista levou parte da população às ruas ques-tionando o poder da imprensa e da propaganda eleitoral que teriam construído o novo presidente. Felipe Calderón, do Partido da Ação Na-cional, foi eleito em 2006, numa situação contro-versa sobre a legitimidade da contagem dos votos. A diferença entre o segundo colocado, Manuel An-drés Obrador Lopes (Partido da Renovação Demo-crática) foi de pouco mais de 220 mil votos. Houve protestos e Calderón assumiu o cargo com prote-ção dasforças armadas. Este ano, Obrador logrou outra vez a segunda colocação com 31% dos votos e seu partido entrou com pedido de recontagem de votos, apoiado pelo movimento #Yosoy132.

Ele se manteve na disputa para a se-gunda colocação com a candidata da situação. O PAN lançou a primeira mulher candidata, Josefina Vasquez Mota, seguindo a tendência latino-americana. Concorreu também ao cargo, Gabriel Quadri (Partido Nova Aliança) cujo par-tido recém-criado depende destas eleições para continuar a competir. Caso o candidato não al-cançasse 2% nas urnas seria dissolvido, mas a porcentagem foi conquistada.

Perfis PeñaNieto veio de uma família ligada à política, se apresentava com a esposa, se posicio-nava como estadista, possui um discurso de cen-tro e uma campanha positiva. Ele pode ser consi-derado o personagem principal da eleição, já que os demais candidatos se focaram para desmorali-zar sua candidatura.

O candidato eleito, Enrique Peña Nieto, vota no dia 01 de julho, em companhia da esposa Angélica Rivera

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As estratégias de destaque foram a reali-zação de campanhas regionais e a imagem de líder jovem e atuante. Como no México o horário gra-tuito em televisão prevê spots de 30”, que devem ser aprovados pelo Instituto Federal Eleitoral com uma semana de antecedência, nenhum tema atual entrava na TV. Assim, o presidente eleito investiu em propostas regionais baseadas em pesquisas de opinião local, garantindo acesso a uma população que não estava engajada no movimento político contrário que se originou na capital. Josefina Vasquez Mota (PAN) apesar de ser candidata do partido que está atualmente no poder, não vinculou sua imagem ao atual presi-dente, pois seugoverno não está bem avaliado. Ela se apresentava como “diferente” e como candidata mulher. A candidatura foi confusa, comrachas no partido e no final assumiu candidatura feminina e de oposição. Focou seus discursos em ataque e perdeu votos para o candidato esquerdista.

O representante da esquerda, Andres Manuel Lopes Obrador (PRD) tentou se desfa-zer da imagem de contestador para uma de con-ciliador, porém o discurso de ataque esteve em suas manifestações. Populista, obteve o apoio dos jovens, mas brigou com a imprensa, quando a acusou de manipular informações a favor de PeñaNieto. Só quando focou os ataques ao grupo Televisa conseguiu uma imagem positiva diante dos jornalistas. Obrador realizava coletivas dia-riamente, gerava notícias e se mostrou com ima-gem coerente de contestador. Por sua vez, Gabriel Quadri (PANAL) foi o candidato que veio com a missão de angariar votos para que seu partido sobrevivesse. Professor uni-versitário, ambientalista e o único que se definiu como candidato liberal, buscou conversar com a classe média. Apesar dos poucos recursos de co-municação, seu jeito polêmico gerou a porcenta-gem de votos que precisava.

Após eleições, o candidato de oposição Manuel Lopez Obrador pede recontagem dos votos

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ESTRATÉGIA

Marketing EleitoralHugo Weber Jr.*

*Consultor em Marketing Eleitoral, Diretor da Voto Válido – Planejamento de Resultados Eleitorais, empresa especializada em Marketing Estratégico, Comunicação Integrada e Construção de Imagem Publica. Palestrante Profissional. Filiado à Assoc. Bras. de Consultores Políticos.

O Marketing Eleitoral não se resume a uma ação, mas sim um conjunto delas, como: pesquisa, planejamento estratégico, propaganda, logística. Todas contribuem para que se possa de-senvolver uma comunicação eficaz ao eleitor em busca de seu voto. Para que essa comunicação flua é funda-mental entender a diferença entre desejo e neces-sidade. Este é o ponto principal do Marketing Elei-toral que irá direcionar para a estratégia e realizar uma comunicação objetiva com o eleitor. As necessidades são imediatas, racionais e funcionais, já os desejos são emotivos, secundá-rios e simbólicos. Deste modo, é relevante para o êxito no Planejamento Estratégico de Marketing definir se queremos satisfazer as necessidades ou os desejos de nosso provável eleitor, grupo de in-teressados. Essa definição estabelecerá a proposta eleitoral do candidato e direcionará todo o traba-lho a ser desenvolvido pelo Plano Estratégico de Marketing (o que fazer) e as táticas de campanha (como fazer).

Planejamento e Marketing Eleitoral Muitas pessoas embolam um Plano Estra-tégico de Marketing porque confundem estratégia com táticas. Estratégia é a direção, enquanto a tá-tica é o “como fazer”. A estratégia é o delineamento geral das decisões e áreas de atividades necessá-rias para atingir o objetivo de conquistar votos e a eleição. A estratégia decorre de um objetivo, já este define um “que” e um “para que”. Deve ser consis-tente, concreta e palpável.

Estratégia e Tática Há 3.000 anos, Sun Tzu escreveu o clás--sico “A Arte da Guerra”. Eis as cinco regras bási-cas do combate e também de uma eleição:

1. A fé: antes de entrar numa batalha, é preciso acreditar no motivo da luta.2. O companheiro: escolha seus aliados e apren-da a lutar acompanhado, pois ninguém vence uma guerra sozinho.3. O tempo: uma luta no inverno é diferente de uma luta no verão; um bom guerreiro presta aten-ção no momento certo de entrar em combate.4. O espaço: não se luta num desfiladeiro da mes-ma maneira que numa planície. Considere o que está a sua volta e a melhor maneira de mover-se.5. A estratégia: o melhor guerreiro é aquele que planeja seu combate.

O que um Plano de Marketing fará por sua campanha:• Lançará bases sólidas de planejamento• Facilitará a organização do raciocínio• Apontará os pontos fortes e fracos• Analisará a situação da concorrência• Colocará em perspectiva o potencial• Identificará obstáculos e problemas• Explorará oportunidades ocultas• Procurará soluções eficientes• Fixará prioridades corretas• Conduzirá a objetivos realistas• Abrirá caminho para a criatividade• Coordenará as ações do marketing• Avaliará estratégias alternativas• Estabelecerá datas e prazos• Identificará responsabilidades pelos resultados• Eliminará adivinhações de orçamentos• Determinará um plano de trabalho

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BIBLIOTECA

Adolpho Queiroz*

*Pós-doutor em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense/RJ. Professor do curso de Publicidade da Universidade Presbiteriana Mackenzie/SP. Ex-presidente da INTERCOM E POLITICOM.

Internet e Eleições: Bicho de Sete Cabeças?Gil Castillo e Carlos Manhanelli

A inserção da maior das evoluções dos meios de comunicação nas eleições é destrincha-da na obra de Gil Castillo, uma das maiores estu-diosas das mídias digitais no contexto político e Carlos Manhanelli, o responsável pela inserção do conceito de Marketing Político no Brasil. A internet que, embora criada em mea-dos dos anos 90, tem seu ‘boom’ registrado nos últimos anos e com uma proporção tão avassala-dora, que ‘invade’ todos os territórios com múl-tiplas funções e campos de interesse. Talvez um dos últimos a aderir massivamente ao mundo ci-bernético tenha sido a política que tem visto na web um território pouco explorado e promissor para a atuação das campanhas. O livro “Internet e Eleições: Bicho de Sete Ca-beças?” escrito pela publicitária e consultora po-lítica Gil Castillo com participação do presidente da Associação Brasileira dos Consultores Políticos (ABCOP), Carlos Manhanelli, aborda o assunto com propriedade e ancorado nas campanhas elei-torais realizadas no Brasil e fora dele. Nos sete capítulos escritos por Gil, o leitor via-ja pela história da internet no campo político. Em diversos momentos o livro explica os fenômenos e as ferramentas utilizadas pelos democratas na campanha que elegeu Barack Obama. No epílogo escrito por Manhanelli, o mestre aborda de uma maneira prática como a internet auxilia nos processos eleitorais, a forma como as ferramentas devem ser utilizadas com os olhos na legislação e exemplifica com casos próximos de campanhas em que a internet mostrou-se bastante útil. “Internet e Eleições: Bicho de Sete Cabeças?” é uma ótima leitura para os interessados nos pro-cessos eleitorais, profissionais da comunicação e também da informática, pois essa é a chance de analisar o terreno político da internet para poder atuar de uma forma adequada e com resultados.

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Ipea e Socicom lançam livrossobre a comunicação

Acadêmicos, estudantes, jornalistas se reuniram no Escritório da Presidência da Repúbli-ca, em São Paulo, para o lançamento da obra “Pa-norama da Comunicação e das Telecomunicações no Brasil”, uma parceria do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada com a Federação Brasileira das Associações Científicas e Acadêmicas de Co-municação (Socicom) e o Fórum Brasil Conectado. O seminário teve a presença de alguns dos pesqui-sadores que assinam artigos no livro. A obra é composta por três volumes: Co-laborações para o Debate sobre Telecomunica-ções e Comunicação; Memória das Associações Científicas e Acadêmicas da Comunicação no Brasil; e Tendências na Comunicação. Na aber-tura do seminário, o presidente da Socicom, José Marques de Melo, ressaltou o caráter histórico da parceria com o Ipea, que deve continuar para a elaboração de mais estudos sobre o setor no Bra-sil. “O campo acadêmico da comunicação trilha o caminho da autoestima, da consolidação e do compromisso público”, afirmou. Segundo ele, há uma demanda por “bom conteúdo” na mídia bra-sileira, e esta não tem sabido discernir o que é in-teresse público e privado. Marcio Pochmann, presidente do Ipea, disse na abertura do evento que o Instituto, ao par-ticipar de um projeto dessa envergadura, ressalta o papel que as comunicações podem ter num projeto de desenvolvimento nacional. Pochmann lembrou que o trabalho imaterial, no qual a comunicação se insere, está mais valorizado, já que o setor de serviços responde por grande parte dos postos de trabalho ativos no país. A POLITICOM foi agraciada na nova versão – em seu volume 2, capitulo 8, páginas 221/226 – com um artigo do presidente Roberto Gondo e do ex-presidente Adolpho Queiroz fazen-do um relato do X Congresso do POLITICOM, re-alizado na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, comemorando os dez anos de exis-tência da entidade, em parceria com os 20 anos da ABCOP, Associação Brasileira dos Consultores de Marketing Político. Para ter acesso à versão digital do docu-mento é preciso acessar em:http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/Panorama_da_Comunicao_e_das_Teleco-municaes_no_Brasil_-_Volume_2.pdf

BIBLIOTECA

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BIBLIOTECA

Era uma vez... mil vezes.O Brasil de todos os vícios

Gaudêncio Torquato

Com o objetivo de propiciar uma leitura vertical sobre a cultura política brasileira, o livro é dividido em cinco capítulos: Século XXI: a demo-cracia em crise; Brasil: os ‘ismos’ da República; O sistema institucional; A política como espetáculo e Abrindo as portas do amanhã. Gaudêncio Torquato é um dos maiores es-pecialistas brasileiros em comunicação organiza-cional, Marketing Político e Eleitoral. Colunista da página 2, de O Estado de S. Paulo há mais de duas décadas, além de colaborador de dezenas de perió-dicos e sites Brasil, o professor, jornalista, pesqui-sador e consultor produziu mais de mil ensaios e artigos desde 2002. Segundo o autor, é uma reflexão sobre o país com base nos costumes da sociedade e nos pa-drões da política nacional. “A obra é um apanhado dos fundamentos da cultura política, incluindo as mazelas que herdamos do passado como o patriar-calismo, o patrimonialismo e tantos outros ‘ismos’ que influenciam a política no presente. Busquei es-tabelecer uma radiografia das duas últimas déca-das a partir de uma abordagem sobre a técnica da democracia, que se vale das estruturas complexas do sistema privado em conexão com a burocracia governamental e a esfera política, formando uma teia de interesses entre estes três eixos”, explica.

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Em 2012, a revista IMPRENSA completa 25 anos e realiza o mídia.JOR. O seminário convida profissionais, acadêmicos e estudantes a debater o

jornalismo e as novas tecnologias, abordando a produção de conteúdo nas diferentes mídias.

É tempo de plantar novas ideias e reafirmar o propósito do jornalismo na sociedade.

Iniciativa e Realização Apoio Institucional Patrocínio

David Rohde (REUTERS)Fernanda Santos (THE NEW YORK TIMES)

Heródoto Barbeiro (RECORD NEWS)Lourival Sant’Anna (O ESTADO DE S. PAULO)

Lucio Mesquita (BBC WEST)Raul Reis (FLORIDA INTERNATIONAL UNIVERSITY)

Sônia Bridi (TV GLOBO)Shasta Darlington (CNN)

ALGUNS NOMES QUE JÁ CONFIRMARAM PRESENÇA:

12 e 13setembro no Sesc Santana(São Paulo-SP)

midiajor.com.br

Recicle seus conhecimentos e faça parte desse debate!

Saiba mais, veja lista completa de convidados e INSCREVA-SE pelo site:

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Visitantes vieram para a Intercom decarona na tsunami, mas depois de

conhecerem a quentura do povo, voltar pra casa vai dar um

aperto no coração.

www.unifor.br/intercom2012

Promoção e Realização: Patrocínio:

Apoio:

AU ERDA OX BAIN LI NN IT TE ELL UE TC