rev. c. atual. vol.01-nº 07-08-1964

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CACAU ATUALIDADES BOLETIM MENSAL DO PLANO DE RECUPERAÇÃO DA

LAVOURA CACA UEIRA DO BRASIL

VoI. 1

Comissão E·xecutiva

PRESIDENTE .

Ministro de Estado dos Negócios da Fazenda

VICE-PRIiJSIDENTE

Diretor da CACEX - Carteira do Comércio Exterior

MEMBROS

Representantes

Ministério da Agricultura Ministério da Indúatria e Comércio Comissão de FInanciamento da PI:odução Carteira de Crédito Agrícola -­CREAI - do Banco do Brasil S,A. Govêrno do Estado da Bahia Instituto de eaeauda Bahia Produtores. de Cacau Secl'etádo Oeral da CEPLAO

Dependência.fI

Secrebll'ia Geral - Rio de Janeiro Escritório Central de Coordenação Itabuna. Centro de Pesquisas do Cacau Itabuna - llhéus

Su pe rintendências

Ubaitaba Cana vieiras

Itabuna

Iptaú

Linhares

Escritórios Locais

Ubaitaba Canavieiras Belmonte Camacã Itapebi Itamaraiu Pôrto Seguro Itabuna Buerarema Ibicarai Coaraci Itajuípe Uruçuca Una Ilhéus Jpiaú Ibirataia Gandu Ubatã Linhares

(JRGÃOS ADMINISTRADOS EM COOPERAÇÃO

Estação Experimental de Uruçuca (1GB) Estação Experimental de Juçari (IPEAL) EstaçãO Experimental de Ooitacazes

(M.A. -- "SAEES)

,

* JULHO-AGOSTO DE 1964 * Ns. 7-8

, SUMARIO INaTAS

- Interessante estudo sôbre a importância da área foliar leva-nos a conhecer o sêgredo do alto r'endimento das plantas. Onde se demons­tra que o mais importante para a agricultura não é o solo e sim a luz recebida do sol .... Pag. 1

- Considerações sôbre o problema da irriga­ção em cacau, extraídas de um relatório técnico elaborado, para a CEPLAG, pelo hoje saudoso engenheiro-agrônomo Rino Natal Tosello .... Pag. 4 ,

RESUMOS BIBLIOGRÁFICOS

Dois trabalhos apresentados no V Seminário de Ilerbicidas e Ervas Daninhas e dois no 4° Congresso Anual da Sociedade Americana de Fi­topatologia, são aqui resumidos pelos autores . ................................. . ....... . Pa g. 6

I ~N O T I C I Á R 1 O-I A reportagem sôbre o Dia Internacional do

Cacau que. por falta de espaço, não saiu na edi­ção anterior (quando já estava impresso o su­mário), abre esta seção, onde, entre outros as­suntos, há detalhes sôbre a Campanha de COm­bate às Pragas do Cacau .... ........••.. Pago 7

stRIE - INIMIGOS DO CIICDUlCULTOR

Duas espécies de saúvas - a Saúva da Mata e a Formiga de Mandioca -- são focalizadas nesta edição com instruções sôbTe seu combate ................••.................. .... . Pag. 13

ETEOROLOGIA

Na 2a contra-capa os boletins meteorológicos referentes aos meses de junho e julho, forneci­dos pelo Pôsto Meteoro-Agrário do CEPEC.

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INOTAS TÉCNICAS I SEGRÊDO DO ALTO RENDIMENTO DAS PLANTAS

Quando falamos do rendimento ou da pro­dutividade de uma vegetação ou de um cam­po cultivado, convém fazer uma distinção en­tre rendimento biológico ou primário e ren­dimento econômico ou agrícola. O primeiro se refere à quantidade total de massa vegetal que o campo produz, incluindo raízes, caules, fôlhas, frutos e outros. O segundo é uma par­te do primeiro e se refere à produção dos ór­gãos de importância econômica para o homem, como os grãos dos cereais, os tubérculos da batata, as madeiras das árvores, frutos do ca­caueiro etc. A produção biológica geralmente se mede pelo pêso da matéria sêca total que a vegetação acumula por unidade de tempo e de superfície do terreno. É uma conseqüência do processo fotos sintético das fôlhas e, em geral, varia em proporção direta com a quantidade de energia solar disponível no ambiente, sem· pre e quando não existem fatôres que possam limitar o crescimento dos vegetais, cumo falta de água, baixa fertilidade do solo e outras cau~ sas, Geralmente o rendimento econômico varia em proporção direta com o rendimento bioló­gico, pois ambos dependem da capacidade fo­tos sintética das fôlhas Por essa razão, as con­dições favoráveis para uma alta produção bio­lógica quase sempre favorecem, também, a um alto rendimento agrícola Entretanto, pode ha­ver exceções a essa regra. Sabe-se, por exem­plo, que tôdas as plantas fazem mais fotossín­tese quando os dias são relativamente longos, isto é, com mais de 12 horas de iluminação. Isto não se deve apenas ao fato de as plantas pérmanecerem menos tempo na obscuridade mas. também, porque. via de regra. há maior desenvolvimento da folhagem quando os dias são longos, o que, naturalmente. aumenta a ca· pacidade fotossintética do vegetal. Pode-se, por essa razão, dizer que, para o rendimento bio­lógico, os dias longos são sempre melhores do que os dias curtos. Esta regra nem sempre se aplica, entretanto, à produtividade econômica, poid há muitas plantas que, para produzir flô­res e, portanto, frutos, necessitam passar por um período de dias relativamente curtos. ~ste é, precisamente, o caso ~e um grande número de plantas originárias dos trópicos, como o ca­fé, o algodão, a cana de açúcar, a mamona e muitas outras. Se se cultivasse o café sob con­dições de dias longos (ou noites curtas) duran­te o ano, sua produção biológica seria, provà­velmente, aumentada, mas não haveria produ­ção econômica. isto é, grãos de café.

* Coordenador Técnico Geral da CEPLAC e do Centro de Pesquisas do Cacau.

Paulo de T. Alvim C)

Nutrientes do So_lo e Nutrientes do Ar , O organismo vegetal, para crescer e produ­

zir, necessita extrair do ambiente diversas subs­tâncias químicas. A água é a substância absor­vida em maior quantidade, perfazendo cêrca de 70 a 80% da composição' do organismo ve­getal. Na matéria sêca restante estão incluídos todos os elementos químicos que a planta ex­trai do ambiente, inclusive alguns que não têm nenhuma importância específica na fisiologia do vegetal. como o silício! o alumínio etc. No qua­dro I analisa-se a composição da matéria sêca de uma planta, representando as quantid8des dos diversos elementos em têrmos de percen­tagem de pêso sêco total.

QUADRO I - Composição mineral da matéria sêca do milho em % de pêso sêco:

ELEMENTOS

Carbono Oxigênio Hidrogênio Nitrogênio Fósforo Enxôfre Potássio Cálcio Magnésio Ferro . Manganês Silício Alumínio Cloro Indeterminado

%

43,57 44,73

6,24 1,46 0,20 0,17 0,92 0,23 0,18 0,08 0,03 1,17 0,11 0,14 0,77

Quando se referem as nutrientes dos vege­tais, geralmente apenas se pensa nos elemen­tos químicos que ~s raízes retiram do solo. Os dados do quadro I revelam, entretanto. que a planta não vive apenas do solo, mas princi­palmente do ar, de onde extrai, através do fenômeno da fotossíntese, o carbono e o oxi­gênio, que perfazem cêrca de 90% da compo­sição química da matéria sêca. Pode-se, pois, dizer que, quantitativamente, o ar é uma fon­te de nutrientes muito mais importante para a planta do que o solo.

Durante os períodos de rápido crescimen­to, um campo cultivado armazena, em média, 80 a 150 kg de matéria sêca por ha por dia, podendo, em condições favoráveis, produzir até

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duas ou três vêzes esta quantidade. Desta ma­téria sêca acumulada, somente uns 5 ou 10 kg cor respondem aos minerais absorvidos do solo. As fôlhas absorvem da atmosfera 150 a 300 ou, em condições favoraveis, até 1000 kg de C02 por dia. Esta quantidade corresponderia ao conteúdo de C02 em uma camada de ar de 30 a 60 metros de altura sôbre 1 ha de terreno. Através do processo da fotos síntese a planta forma 70 a 140 ou, mesmo, 240 a 500 kg de substâncias orgânicas a partir de CO2 e da água, libertando, aproximadamente, a mesma quantidade de oxigênio e assimilando 30 a 60 ou, mesmo, 120 a 200 kg de carbono por ha por dia. A quantidade de CO2 absorvida pelas fôlhas supera em mais de 30 ou, mesmo, 100 vêzes a quantidade de minerais absorvidos pe­las raízes.

Pelo anterior compreende-se que a produ­ção biológica de um vegetal é uma função di­reta da atividade fotos sintética das fôlhas. To­do fator que contribui para aumentar a fixa­ção de CO2 pelas fôlhas, ou que favoreça o de­senvoivimento da superfície foliar da planta, geralmente aumenta sua capacidade de produ­ção biológica.

Já nos acostumamos a definir a agricul­tura como a arte de explorar o solo, mas, com base nos conceitos anteriores, devemos reco­nhecer que a verdadE::ira arte em agricultura consiste em fazer com que as plantas utilizem a energia solar com mais eficiência na fabri­cação de alimentos. O cultivo da terra é ape­nas um dos tantos recursos com que conta o homem para aumentar a eficiência das plantas em utilizar a energia solar. Em outras pala­vras, o verdadeiramente fundamental, em agri­cultura, é aproveitar a luz, não o solo.

A Importância da Area Foliar As fôlhas das plantas são órgãos especIaIs

para aproveitar a luz solar. Depois que se se· meia um terreno com determinado cultivo, a~ fôlhas cobrem pouco a pouco o solo, aumen· tando, gradativamentt;, a capacidade do campo em aproveitar a luz. A relação entre a super­fície foliar e a superfície do terreno em que crescem as plantas é um fator de grande im­portância para a produtividade do campo. Esta relação se denomina "índice de área foliar", ou IAF. Um IAF com um valor de 3, signifi­caria que em 1 ha de terreno haveria 3 ha de superfície folia r.

Na figura 1 representa-se o crescimento da área foliar em valores teóricos de IAF em um campo plantado com um cultivo qualquer, como, por exemplo, o cacau.

Na mesma ilustração também figura a cur­va da produtividade biológica, medida em va­lôres relativos de matéria sêca produzida por unidade de tempo e de superfície de terreno, através das diversas fases do crescimento da

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planta. Naturalmente, a produção de matéria sêca por unidade · de superfície é muito peque­na durante a fase inicial do crescimento da plan­ta, devido ao pequeno desenvolvimento da área foliar. A medida que a área foliar se desen­volve, a produtividade aumenta até alcançar um valor máximo, o qual, no exemplo da fi­gura 1, corresponderia a um IAF de, aproxi­madamente, 7. Com posteriores aumentos do IAF a produtividade decairia, podendo redu­zir-se a zero quando o desenvolvimento foliar fôsse excessivo (valor 10 na figura). A dimi­nuição da produtividade a medida que o IAF passa de um certo valor ótimo, o qual varia segundo as condições luminosas do ambien­te, é conseqüência do autosombreamento das fôlhas e, pode ser de tal magnitude que a pro~ dução fotossintética das fôlhas superiores ape· nas alcançaria para suprir as necessidades de alimentos da planta, não havendo, portanto, ne­nhuma acumulação de matéria orgânica ou au­mento de pêso. por unidade de superfície de terreno. As fôlhas inferiores, muito sombrea­das, nada produzem, ou consomem mais do que produzem. Neste caso se diz que a vegetação chegou ao seu clímax. Gma floresta natural com o seu máximo de desenvolvimento foliar se encontra em um estado de clímax, isto é, não está aumentando a quantidade de matéria orgânica na superfície do terreno que ocupa.

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IDADE EM ANOS Figura l-Relação entre IAF e produtivi­dade biológica em um cacaual densamente plantado (valôres teóricos).

Naturalmente, para manter a vida animal na terra é necessário que as plantas produzam não apenas para sua própria subsistência, mas também para "exportar" alimentos para ani­mais. Para lograr a máxima produção de subs­tâncias orgânicas por unidade de tempo e de superfície de terreno, o índice de área foliar dos campos cultivados deve se aproximar do valor ótimo. Quando não se alcança êsse ótimo,. seja por falta de adubos, deficiência de água,. incidência de pragas e enfermidades, inadequa-

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da distância de plantio etc, a produção será naturalmente baixa. Do mesmo modo, quando se sobrepassa o índice ótimo, como no cáso de uma plantação muito densa, a produção tam- ' bém se reduzirá. No caso de plantas forragei­ras perenes, a técnica para lograr a maXlma produção consiste, precisamente, em realizar cor­tes de tal modo que o campo se mantenha o maior tempo possível com um íncice de área folia r próximo ao ótimo, para maior produtivi­dade fotossintética.

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ENERGIA REFLETIDA

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I 2 3 4 5 íNDICE DE ÁREA FOLlAR

Figura 2 - Distribuição da energia so­lar em um campo cultivado, em relação ao desenvolvimento do IAF.

A figur a 2 mostra que do total de energia recebida, aproximadamente 20% se perde por reflexão, seja do solo ou das fôlhas. Os 80% restantes serão divididos entre a planta e o so­lo. Na fase inicial do crescimento das plantas, a maior parte da energia solar incidirá sôbre o solo. Há portanto grande desperdício de ener­gia. Por êsse motivo, nesta fase, a eficiência das plantas em aproveitar a energia é muito pe­quena, alcançan do apenas um valor de 1/2 a 10f0 do total que incide sôbre o campo cultivado. Com o desenvolvimento da área foliar, a ener­gia absorvida pelas fôlhas aumenta gradativa­mente, do mesmo modo que diminui a energia que cai sôbre o solo. Da velocidade com que as fôlhas cobrem o terreno depende a eficiência com que as plantas aproveitam a energia solar. Naturalmente, a duração da folhagem é, tam­bém, um fator muito importante, pois o IAF não pode aumentar com rapidez se as fôlhas caem prematuramente .

Por meio de tratamentos especiais, o homem pode aumentar o crescimento e a duração da área foUar. :E:sses tratamentos constituem, na realidade, importantes recursos da agricultura científica. Pode-se dizer mesmo que o êxito de um cultivo depende, principalmente, da habili-

dade que tem o .homem de promover o rápido desenvolvimento da área foliarde seus campos.

As práticas de irrigação, adubação, contrô­le de pragas etc., são métodos bem conhecidos de aumentar o cresdmento e a duração da área foliar e, portanto, evitar o desperdício' de ener- . gia solar. Naturalmente, há notável diferença genética entre espécies e variedades, no que , concerne à velocidade do crescimento das fô­lhas. Em geral, as espécies de crescimento mais rápido são sempre mais produtivas, ou pelo menos levam menos tempo para alc~nçar urna alta produtividade por unidade de superfície de terreno. Alguns geneticistas utilizam a denomi­nação "gigas" para se referir ao fator ou con­junto de fatôres genéticos responsáveis pelo crescimento mais rápido de certas variedades. Provàvelmente é êste fator "gigas" o principal responsável pela diferença genética entre va­riedades, no que tange à sua capacidade de produção.

Em um recente estudo com plântulas de al­guns tipos de cacau cultivado na Bahia, obser­vou-se que o Catongo e um híbrido Catongo x Comum superaram grandemente ao cacau Co­mum em velocidade de crescimento foUar. Esb é urna boa indicação de que o Catongo e seu híbrido superam o Comum em precocidade e capacidade de produção.

Conforme se representa na Figura 2, há três destinos principais para a energia solar que as plantas absorvem. Uma parte, geralmente a maior, é consUmida no processo físico de eva­poração da água dos tecidos vegetais, ou seja, na transpiração. Outra parte, também de apre­ciável magnitude, transforma-se em energia ci­nética, ou calor, elevando a temperatura da planta e, logo! distribuindo-se no ambiente por meio de radiação térmica, condução e/ou con­v·exão. A terceira parte. geralmente a menor, é a que tem maior importância para a vida, pois se utiliza na fabricação dos alimentos, a­través da fotossÍntese.

Os valôres relativos das três partes men­cionadas variam segundo o desenvolvimento da área foliar, a intensidade de radiação recebida e outras condições de meio. Analisando cada uma das três partes separadamente, nota-se que a quantidade de energia consumida na trans­piração aumenta, gradativamente, o crescimento da área foliar, mas êste consumo pràticamente se estaciona a partir do momento em que o campo se encontra completamente revestido de folhagem. Em outras palavras, o crescimento das plantas somente aumenta . o consumo de água quando o terreno está parcialmente ex­posto à radiação solar.

Uma vez coberto totalmente o solo, a área foliar pode aumentar consideràvelmente sem alterar o consumo de água do campo. Esta é a razão pela qual, na Figura 2, se represénta o consumo de energia pela transpiração como

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uma constante a partir do IAF próximo a 2. Logicamente, êste principio não se aplica a plantas isoladas mas, somente, a campos completamente revestidos de vegetação. Não se pode generalizar o conceito para campos sujeitos.a deficiência de água, pois, nessas condições, as plantas maiores, geralmente com raízes mais profundas, sempre perdem muito mais água do que as plantas menores.

As outras duas porções da energia ab­sorvida pela vegetação tendem a aumentar progressivamente com o aumento da área loliar . Tsto significa que a fotossíntese total e a retenção de calor pela vegetação será tanto maior quanto mais desenvolvido fôr o JAF. Naturalmente, isto não quer dizer que a produção ou acumulação de substâncias orgânicas pela vegetação aumentará conti­nuamente com o crescimento da área foliar. Como se explicou anteriormente, há um IAF

ótimo para a produção de matéria orgâni­ca, e êste ótimo varia segundo a espécie e as condições luminosas do ambiente.

Quanto mnis intensa fôr a luminosidade, mais elevado é·o IAF ótimo para a produ­tividade. Por êsse motivo, as distâncial3 de plantio recomendáveis para um determinado cultivo devem variar segundo a luminosida­de do ambiente, sendo, naturalmente, menor nos lugares que .. ecebem maior intensidade de radiação. Seria um equívoco, por exem­plo, recomendar a mesma distância Je plan­tação para o cultivo de cacau ao sol e à sombra. No cultivo à sombra uma plantação muito densa tem a desvantagem de ultra­passar o IAF ótimo em um espaço de' tem­po relativamente curto, tornando-se neces­sário podar, com relativa freqüência, para manter o campo em bom estado de produ- . tividade.

PROBLEMA DE IRRIGAÇAO EM CACAU NÃO PODE SER RESOLVIDO SEM TÉCNICA ESPECIALIZADA *

No período de 24 de abril a 4 de maio dêste ano, o engenheiro-agrônomo Rino Na­tal Tosello, encarregado do Departamento de Irrigação do Instituto Agronômico de Cam­pinas, veio à região cacaueira baiana com a finalidade de estudar, a pedido da CEPLAC, as possibilidades de irrigação da cultura do cacau na Bahia e apresentar relatório con­clusivo sôbre o assunto. No desempenho des­ta missão, o referido técnico visitou diver­sas fazendas de cacau, para tomar contato com as condições prevalentes, com respei­to a plantações, produções médias, tipos de solos e outras.

Em uma das fazendas visitadas observou o Dr. Rino Natal Tosello o esfôrço do seu proprietário no sentido de aplicar a irriga­t;ão, tanto em terreno de baixada como de encosta.

Para a irriga~~ão de baixada o processo adotado, nessa propriedade, foi o de repre­samento da água de um córrego existente, inundando a baixada irregularmente, atra­vés de sulcos retos, numa espécie de "wild flooding", porém sem os cordões de nível que distribuiriam a água mais racionalmente.

Não havendo contrôle de água aplicada., foi difícil julgar sua eficiência.

Pareceu, também, ao visitante que o ca­cau nesta área foi excessivamente devas­tado, reduzindo-se o número de plantas pro­dutivas por hectare e contribuindo para fa­vorecer o desenvolvimento de mato.

Segundo informações do administrador e do proprietário da fazenda, os cttcaueiros da baixada começam a sentir a sêca antes dos da encosta, comportamento êste que se po-

* O engenheiro-agrônomo Rino Natal ToseHo, autor de um relatório do qual extraímos esta nota, faleceu em São Paulo em meados de ju­nho passado, pouco mais de um mês depois de ter visitado a região cacaueira baiana. Encarre­gado do Departamento de Irrigação do Instituto Agronômico de Campinas, em São Paulo, era considerado uma das maiores autoridadesbrasi­leiras em irrigação Seu último trabalho, deixado em rascunho. foi o relatório para a CEPLAC sôbre "Possibilidades de Irrigação da Zona CacaUf~i­ra", onde objetiva, com segurança e precisão, os principais problemas desta prática na cultura do cacau, bem como as soluções que deverão ser adotadas. O passamento do Dr. Rino Natal To­sello (foto) ioi uma - perda lamentável pe.ra a ciência agronômica e para o Brasil.

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Nas três fazendas denominadas "Conjunto Santa Luzia". do sr. 'Viclor Maron, em 1-bicaraí, a irrigação é feita por dois pro­cessos: represamento de um córrego, para a baixada, e bombeamento em valetas, pa­ra a encosta.

de atribuir, aparentemente, ao maior desen­volvimento radicular destas árvores.

A titulo de colaboração, recomendou o Dr. Tosello ' que fie fizessem cordões de con­tôrno em nível, para uniformizar a distribui­ção da água, com inundação rápida das á­reas entre os cordões ou o derramamento de um cordão pa.ra o outro, por meio de si; fões de tubo plástico. Isto melhoraria o sis­tema atual.

O processo de irrigação de encosta, em­pregado nessa propriedade, consiste em bom­bear 9. água com uma motobomba a diesel e distribui-la em longas valetas de nivel, es­paçadas irregularmente no sentido vertical, observando o proprietário que os cacauei­ros irrigados estavam com cargas maiores do que quando não o eram.

A fim de analisar melhor ~ste efeito, con­sultou-se ao administrador da fazenda sôbre pormenores do processo.

Verificou-se que a motobomba, com ca·­pacidade de 50 000 litros / hora, foi operada durante 12,5 dias de, apenas, 2 horas de tra­balho diário, ou seja, um total de 25 horas horas de irrigação.

A área irrigada foi calculada em 5 hec­tares.

A altura de água correspondente é obti­da pela equação:

Q=167 x: :~ na qual Q é vasão do sistema em litros/mi­nuto, A a área irrigada em hectares, h a al­tura da água a ser aplicada em milímetros, d o número de dias de operação e t o nú­mero de horas de operação diária.

60 2 x 12,5 então:

833'; x 2 x 12.5 = 25 mm. h = 167 x 5

Admitindo o absurdo de que êste sistema alcance 50% de eficiência, obter-se-ia uma aplicação tob11 liquida de, apenas, cêrca de 12 mm, incapaz de produzir qualquer efeito espetacular.

As melhorias no cacaual em aprêço de­verão ser atribuídas aos melhores tratos que, ultimamente, se vêm proporcionando àque-la lavoura. .

Não se deve excluir a hipótese de que a . irrigacão bem feita venha a beneficiar a la­voura do cacau, aumentando-lhe a produção.

Sendo, porém, uma irrigação em caráter suplementar, devida às condições climáticas

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da zona, esta prática deveria ser emprega­da somente em lavouras tecnicamente per­feitas e, ainda assim, depois de· ensaios crí­ticos que demonstrem as vantagens econô­micas da irrigação} sem o que não haverá nenhuma base para o tomento generalizadQ desta prática.

Conclui o Dr. Tosello que não se deve aconselhar nada a êste respeito sem que, pelo menos, sejam conduzidos dois ensaios de irrigação: um na Estação Experimental de Uruçuca e outro no Centl"O de Pesquisas do Cacau, ambos porém em cacauais bem formados e em bom estado.

I R~SUMOS BIBLIOGRÁFICOS I MEDEIROS, A.G. & ROCHA, H. M.

Ação tóxica do iôdo ao Phy­tophthora palmivora (Butl.) Butl. e ao Strionemadiplo~ dia frumentii (Poole Evans) Zambetakis. In: Congresso A­nual da A merican Phytopa· thological Society, 4°, México, 1964. Atas. "No prelo".

No presente trabalho 08 au­tores apresentam uma revisão de literatura sôbre a ação e utilização do iôdo na medici­na humana e veterinária, as­flim como, também, na agri­cultura, ressaltando os suces­sos e os casos negativos quan­do é usado como bactericida. fungicida, nematicida e ferti­lizante.

Formulando nava metodo-. logia. para ensaiar os efeitos fungicidas e fungistáticos das soluções químicas ao Phyto­phthora palmivora (ButI.) Bu· ti., possibilitou-se a realiza­ção dos ensaios em apenas uma hora e vinte minutos de­pois dos tratamentos.

Foi estabelecida a igualda­de tóxica do iôdo e ~uUato de cobre para o Phytophthora palmivora (Butl.) ButI. e Strio­nemadiplodia frumentii (Poo­le Evans) Zambetakis.

Depois de· breves conside­rações sôbre os resultados ob­tidos, concluíram que o em­prêgo do iôdo, como fungici· da, no combate à "podridão

. parda" dos frutos de cacau é, atualmente, impraticável, em virtude da volatização. Entre­tanto, poderá ser utilizado,' como antisséptico, na cirur·

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gia visando o "cancro" do tro~co.

Finalmente foi sugerida a necessidade de pesquisas para a estabilização e·m compostos orgânicos.

PEREIRA, Roberto J. Carva· lho et alii

A ção de herbicida na ger­minação de zoosporângios de Phytophthora paI mi v ora (Butl.) Butl. In: Seminário de Herbicidas e Ervas Daninhas, 5°, C1'UZ das Almas, Bah'ia, jul. 1964 . .lHas. "No prelo".

A aplicação de herbicidas no contrôle das ervas dani­nhas na cultura do cacau, principalmente o capim "Ca­noão" (Setaria sulcata AubI.), constitui assunto de importân­cia para a cacauicultura baia­na, merecendo do Centro de Pesquisae do Cacau especial atenção.

Ensaios com vários herbi­cidas estão sendo realizados na região cacaueira, com a finalidade de seJecionar os mais eficientes e econômicos na erradicação das -árvores invasoras.

A "podridão parda" dos fru· tos do cacaueiro (Phytoph­thora palrriivora (ButI.) Butl.) constitui-se um dos maiores males da cacauicultura baia­na, responsável pela perda anual de, aproximadamente, 30 000 toneladas de cacau, o que equivaleria, na conjuntu­ra atual, a cêrca de Cr$ 10.000.000.000,00.

Os autores realizaram o presente trabalho com o pro­pósito de investigar a influên-

cia da aplicação de herbici das na reduçãO do potencial de in óculo do Phytophthora palmivora. Os resultados ob­tidos indicam que o Aretit e Stam F-34 mostraram maior ação fungistática, inibindo a germinação indireta dos zoos­porângios do Phytophthora palmivora lButl.) Butl., até a diluição de 1/100. Na diluição de 1/1000 nenhum herbicida mostrou ação fungistática, en­quanto que, na concentração em que, geralmente, são uti­lizados no campo, todos ini­biram a germinação dos zoos­porângios.

Tendo em vista a ausência de a~~ão fungicida, ocorrendo, tão somente, ação fungistáti­ca, é pouco provável que a­plicat;ões de herbicidas em condições de campo apresen­tem efeitos colaterais no con­trôle da «podridão parda".

KRAMER, M.

Combate à" Taboa" por meio de produtos químicos. In: Seminário de Ilerbicidas 6 Ervas Daninhas,5°, Cruz das Almas, Bahia,jul. 1964. Atas. "No prelo".

A "taboa" (Typha domin­guensis Pers.) é uma erva de banhado, de difícil e custoso arrancamento manual. Por is­so, nos loca.is em que inte­ressar o aproveitamento do terreno para culturas, reco­mendar-se-ia seu combate por meio de produtos químicos.

Para determinar· s.e herbici­das específicos, aplicados por técnicas simples, poderiam realizar esta tarefa,num tempo curto, sem causar danos a cul-

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turas visinhas, foi realizado um ensaio numa fazenda do interior paulista dedicada, especialmen­te, à cultura do algodão.

Os produtos experimentados foram os graminicidas TCA e Dalapon, em canteiros roçados e limpos, ou roçados apenas, pa­ra as aplicações do primeiro ' produto, e em canteiros anàlo­gamente preparados e, também, em estado natural, para as apli­cações do segundo produto.

Constatou-se que o produto mais eficiente foi o "Dalapon" (Dowpon), na dose experimen­tal de 20 k/ha do produto co­mercial, aplicado na "taboa" " intata ", em solução aquosa, num volume aproximado de 700 l/ha, adicionado de um adesi­vo orgânico a 0,15%, em média.

MEDEIROS, A. G. & ROCHA, H. M.

Programação dos trabalhos de seleção de cacaueiros re­sistentes à "podridão parda"

~CIARIO I

no E. da Bahia. In: Congres­so Anual da American Phy­topathological Society, 4°, Mé­xico, 1964. Atas. uNo prelo".

Depois de considerações gerais sôbre as metodologias empre­gadas na aferição da resistên­cia do cacau Catongo à "podri­dão parda" (Phytophthora pal­mivora (ButI.) ButI.), os auto­res realizaram inúmeros ensaios, em condições de laboratório e de campo, tendo em vista a constatação da efetividade dês­ses métodos para seleção indi­vidual.

Foi estabelecido ser o método da atomização aquosa de zoos­porângio~, em frutos destacados e confrontados aos fixados na árvore. o ideal para a aferição da resistência do tipo Catongo. Tam bém ficou evidenciado que a resistência do Catongo se lo­caliza no epicarpo, sendo alte­rada quando os frutos são des­tacados da planta.

Hipóteses são formuladas, bus-

cando a explicação da intensi­dade do ataque da "podridão parda" em condições naturais, pela ocorrência de fatôres ex­ternos, ocasionando uma "flu­tuação" da resistência entre ár­vores de cacau e os frutos da mesma árvore.

No decorrer dos ensaios fo­ram encontrados cacaus comun~, denominados por "Tipo Chico", com uma aparente resistência superior ao Catongo. Entretan­to, por falta de frutos para o prosseguimento dos trabalhos, ficou o assunto dependendo de confirmações posteriores.

São descritos os diferentes métodos de inoculações empre­gados, apresentando-se reco­mendações para o esclarecimen­to das hipóteses formuladas.

Finalmente apresentam a pro­gramação do trabalho a ser fei­to pelo setor de Fitopatologia do Centró de Pesquisas do Ca­cau, com relação à seleção das plantas resistentes à "podridão parda".

DIA INTERNACIONAL DO CACAU

Com um programa de exposlçoes e pales­tras, elaborado por uma comissão para êsse fim constituída e executada· no Centro de Pes· quisas do Cacau, foi comemorado no dia 7 do mês passado, primeiro domingo de junho, o Dia Internacional do Cacau.

Criado em 1958, pelo Comitê Interamerica­no do Cacau, por ocasião de uma reunião rea­lizada na Colômbia, o Dia Internacional do Ca­cau tem sido comemorado em vários países pro­dutores de cacau, geralmente com promoções do tipo "Field Day" (Dia de Campo), que reú­ne lavradores e técnicos no próprio campo para palestras e demonstrações educativas.

~ste ano o Dia Internacional do Cacau foi pela primeira vez comemorado no Brasil, gra­ças 8 uma iniciativa da CEPLAC, que reuniu na área do CEPEC cêrca de 150 fazendeiros de Ilhéus, Itabuna, Ubaitaba, Ipiaú e de várias ou­tras zonas da região, além de autoridades, ór-

gãos da imprensa e do rádio e pessoas inte­ressadas no programa de recuperação da lavou­ra cacaueira, num total de, aproximadamente, 300 pessoas, e, ali, apresentou uma série de

. exposlçoes com palestras dos técnicos, num programa que, iniciado às 8h30m, se desenvol­veu até às 13 horas.

Inimigos da Lavoura Extensão e Crédito Fazendeiro do Ano

Após a recepção aos convidados, o coorde­nador técnico geral da CEPLAC, Dr. Paulo de Tarso Alvim. iniciou sua palestra, fazendo uma exposição sôbre o que chamou de "Os Oito Principais Inimigos da Lavoura": má adminis A

tração das propriedades, pragas, sombreamen­to excessivo, má drenagem, poda inadequeda, "podridão parda", má fermentação e má adu­bação.

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A segunda palestra foi feita pelo técnico Jorge Raymundo Vieira, sôbre "Extensão e Crédito", seguindo-se uma pequena cerimô­nia que não figurava no programa e que, por isso mesmo J foi anunciada como uma surpre­Sd: entre os conviJados presentes foi chama­do a subir a um palanque o fazendeiro João Batista Lavinsky, recomendado por uma en­quete feita sigilosamente como o "Fazendei­ro do Ano". O sr. João Batista Lavinsky,de 89 anos de idade, proprietário da Fazenda Cordilheira, foi assim homenageado por ter dedicado tôda a sua vida de agricultor ao tratamento pessoal de sua lavoura. Além da homenagem, recebeu, como prêmio, uma pol vilhadeira motorizada de inseticidas.

Cento e cinqüenta fazendeiros comparece­

ram ao Centro de Pesquisas do Cacau, no

segundo domingo de junho, para tomar par­

te nas comemoroções do Dia Internacional

do Cacau.

Tecnologia do Cacau Centro de Padronização e Classificação

No Laboratór·io de Tecnologia e Bioquí­mica, os fazendeiros e convidados percor­re\"am a primeira exposição do programa e ouviram outra palestra, proferida pelo bio­químico Nélson Maravalhas, sôbre "Tecno­logia do Cacau". Logo depois participaram da inauguração do Centro de PadronizaçãO e Classilicação de Caoau, ali instalado como resultado de um convênio entre a CEPLAC e o Ministério da Agricultura. O represen­tante dêsse Ministério, técnico Amintas Ma­chado. fêz um discurso sôbre os objetivos do nôvo Centro, destinado a pesquisar todo o tipo de cacau a ser exportado.

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o Fazendeiro do Ano: com 89 anos de idade o sr. João Batista Lavinsky ainda cuida, pessoalmen­te, de sua Fazenda Cordilheira.

Pragas do Cacaueiro Fertilidade Solos da Região

Servido, então, um chocolate aos convi­dados, foram êstes transportados ao labora­tório de pesquisas sôbre solos, que funcio­na, provisoriamente. na casa-sede da ex-Fa­zenda Corumbá, hoje parte da área do CEPEC. As três últimas exposições comemorativas do Dia do Cacau estavam ali montadas, com farto material ilustrativo - pragas, fertilida­de e solos - e os técnicos coordenadores dos respectivos programas. Pedrito, Silva, Raimundo Fonseca e Jorge Olmos Iturri La­rach, completaram o programa das palestras.

Encerramento

Terminadas as exposições e palestras téc­nice.s, coube ao Dr. Fúlvio Alice, Secretário da Agricultura e representante do Gover­nador da Bahia, encerrar as comemorações do Dia do Cacau. Seu discurso, como as pa- . lestras dos técnicos, foi transmitido pelas seis estações de rádio de Itabuna e Ilhéus, que deram, desta forma, maior ênfase à da­ta, a ser agora anualmente assinalada tam­bém na região cacaueira baiana.

SEMINÁRIO DE HERBICIDAS OBSERVOU CACAUICULTURA

Os 140 técnicos brasileiros e argentinos que participaram do V Seminário Brasileiro de Herbicidas e Ervas Daninhas, promovido pelo Instituto de Pesquisas e Experimenta .. ção Agro~Pecuárias do Leste (IPEAL), em

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Cruz das Almas, estenderam seu programa. à zona cacaueira, para observar os traba­lhos relacionados com ú cúltura do cacau.

Durante três dias os referidos técnicos acompanharam e discutiram cêrca de qua­renta trabalhos apresentados pelo Centro de Pesquisas do Cacau e ouviram palestras sô­bre fermentação e beneficiamento de cacau, fertilidade, mapeamento dos solos da região cacau eira e trabalhos com herbicidas e ar­boricidas para controlar o "canoão" e re­duzir o sombreamento excessivo dos ca,­ca uais baianos.

No encerramento desta visita, com uma ruenião realizada na sede da Cooperativa Mista dos Agricultores de Itabuna, após a última palestra do programa o engenhe1ro­agrônomo Mário Pereira Duarte, secretârio­geral do Seminário, disse:

- Com esta palestra, onde () engenheiro­agrônomo Fernando Vello demonstrou co­nhecimentos amplos dús problemas da ca­cauicultura baiana, . encerra-se, definitiva­mente, o V Seminário Brasileiro de Herbi~ cidas e Ervas Daninhas. Procurando presti­giar o nosso certame, o RngO Paulo de Tar­so Alvim veio ao nosso encontro quando for­mulou convite para que o V Seminário es­tendesse ao Sul do Estado o seu programa de excursão, excursão que não teve o cu­nho de passeio, mas de fazer com que pro­fessôres e técnicos de Agronomia de outros Estados se tornaRsem amigos e permutassem conhecimentos de suas especialidades, para que técnicos como o Nélson Maravalhas fa­lassesôbre os segrêdos da fermentação do ,cacau, o Jorge Olmos sôbre mapeamento

dos solos da região cacaueira. o Emo Ruy Miranda sôbre os 220 experimentossôbre fertilidade e o Roberto Pereira sôbre os tra­balhos experimentais com herbicidas e ar­boricidas. Em nome da caravana do V Se­minário Brasileiro de Herbicidas e Ervas Daninhas e como seu Secretário-Geral, que­remos agradecer a todos os técnicos e fun­cionários a hospitalidade, as atenções q.e nos foram dispensadas durante os dias que permanecemos nesta progressista cidade, sem podermos esquecer a senhorita Maria Conceição, bibliotecária do CEPEC, que, des­de o primeiro momento, foi pródiga em gen­tilezas, à CEPLAC, por ter criado condições para que os ilustres visitantes, de outros centros de ensino e pesquisa agronômicos, conhecessem a soma de trabalhos experi­mentais que a equipe do Centro de Pesqui­sas do Cacau vai realizando em beneficio da culturn cacaueira, que é o esteio da e­conomia baiana.

COLABORADORES DA RECUPERAÇÃO

CHOTARO SHIMOYA, catedrático de Bo-'> tânica e chefe do Departamento de Biolo­

gia da Escola Superior de Agricultura e JJe­terinária da Universidade Rural de Minas Gerais (Viçosa). Acompanhado de seu assis­tente, o engenheiro-agrônomo Enezir Torres Vaillant, colaborou, em julho, com o Centro de Pesquisas do Cacau em trabalhos sôbre Biologia do cacaueiro. É a terceira vez que o Dr. Chotaro Shimoya vem a esta região, a servit;o de um experimento que está con­duzindo no CEPEC.

WALDIRIO BULGARELLI, professor de legislação coo­

o Prof. Waldirio Bulgarelli. do ISPECO, quando minis­trava, para 41 alunos, a aula final do curso de coopera­

tivismo da CEPLAC.

perativista, técnico do Depar­tamento de Assistência ao Cooperativismo da Secretaria de Agricultura de São Paulo e presidente do Instituto Su­perior de Pesquisas e Estudos de Cooperativismo de São Pau­lo. Acompanhado dos profes­sôres Carlos Marques Pinho e Diva 'Benevides Pinho. tam­bém do ISPECO, conduziu as aulas de um curso intensivo de U doutrina e legislação coo­perativista e de administração e organização racional do tra­balho nas cooperativas", que o Departamento de Coopera­tivismo da CEPLAC propor­cionou, em julho, a quarenta e um alunos, entre dirigentes cooperativistas, advogados, e­conomistas e agrônomos e funcionários do Plano.

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Carlos Brandão, Paulo Alvim e Adauto Sa­cramento: foram à Africa defender os in­terêsses do govêrno e dos cacauicultores brasileiros, na Conferência Internacional da Aliança dos Países Produtores de Cacau.

acORDO INlERNACIONAL rARA o COM(RCIO DO CAcau

No dia 18 de julho viajaram para Lomé, ca­

pital da República de Togo, Africa, os srs. Car­

los Brandão, secretário-geral da CEPLAC, Pau-

. lo de Tarso Alvim, coordenador técnico geral

da CEPLAC, Adauto Ribeiro Sacramento, pre­

sidente da Associação Rural de Coaraci e re­

presentante do Conselhó Consultivo do Govêr­

no Federal para Assuntos do Cacau, e outros

representantes da economia cacaueira, inte­

grando a representação brasileira à Conferên­

cia Internacional dos Produtores de Cacau. Des­

sa Conferência sairá um acôrdo de comercia­

lização, a ser assinado no Brasil.

Extensão: (ampunha de [ombate às Pragas do [ata0

Foi lançado no dia 11 de julho, em tôda a região cacaueira baiana, a Campanha de Com­bate às Pragas do Cacau, planejada pelo DECEX (Departamento de Crédito e Extensão) e asses­sorada pelo setor de Entomologia e Zoologia Agrícolas do CEPEC, com os seguintes objeti­vos: a) levar 70% dos mutuários da CEPLAC a utilizar as práticas recomendadas e adotá-las definitivamente; b) formar vinte "áreas de de­monstração" para combate às pragas, abrangen­do, aproximadamente, 200 hectares; c) levar co­nhecimentos sôbre as pragas e seu combate aos · fazendeiros da região; e d) motivar os fazen­deiros da região para a adoção definitiva das práticas de combate às pragas.

Campanhas em Extensão Rural

Em qualquer parte do mundo, quando se quer acelerar a adoção de práticas eficazes de agricultura, economia doméstica ou saúde, ° método . Campanha é utilizado pelos serviços

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de Extensão. Constituindo-se um bom método, nem pür isso pode a Campanha resolver todos os problemas do meio rural. É necessário, para a sua utilização adequada, que se respondam, afirmativamente, a estas quatro perguntas:

1 - O problema é suficientemente impor­tante para um grande número de pessoas?

2 - O problema pode ser resolvido de for­ma prática. sem exigir muitas transformações na vida da família rural?

3 - O período de execução da campanha pode ser fixado com precisão?

4 - Os objetivos da Campanha podem ser bem definidos, permitindo uma posterior ava­liação dos resultados alcançados?

A atuação de uma boa campanha educativa lembra uma reação em cadeia) dentro dêste prin­cípio básico: Quanto mais vêzes e por diver-

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sos meios uma pessoa receba uma determi­nada idéia. tanto mais provável será sua adoção por parte da mesma. Num progra­ma de Extensão Rural, as campanhas devem: ser executadas uma de cada vez. Existem vá­rias razões para esta determinação mas as duas principais são as seguintes:

1 - Se queremos impressionar os agricul­tores com a mensagem de determinada campa­nha, não convém distrair-lhes a atenção com outros problemas. Várias campanhas simultâ­neas, destinadas a atrair a atenção de um mes­mo público, tendem a competir umas com as outras e os resultados ficam diluidos.

2 - A disponibilidade da atenção concen­trada do pessoal técnico e dos meios de comu­nicação (periódicos, revistas, estações de rádio) deve dirigir- se a um determinado problema, no sentido de causar o maior impacto possível no alvo a ser atingido. Esta disponibilidade de tempo e pessoal geralmente não se consegue para mais de uma campanha por vez, sem fa­lar na parte econômica da questão.

Nossa Campanha

A campanha de combate às pragas do ca­eau, planejada dentro do método referido e com os objetivos acima definidos, compõe-se de cin­co etapas: planejamento. treinamento de pes­soal, produção de material, realização e avalia­ção. Por sua vez, a etapa da. realização cons­titui-se de quatro estágios, ou fases: lançamen­to. desenvolvimento, concentração e comple­mentação. Sua duração é de sete meses, entre abril e outubro de 1~64.

A reglao que ela vai atingir é a chamada Região Cacaueira, localizada no sul do Estado da Bahia} ilUma extensão de 65 118 quilômetros quadrados. Com uma população de 1 300 000 habitantes, dos quais 78% vivem no meio ru­ral, esta região compreende 61 municípios. A lavoura cacaueira ocupa uma área de 450 mil hectares.

Pragas

Na Bahia existem 171 espeCles de insetos associados ao · cacaueiro. Pestas, 151 são noci­vas a êle e sua ação está assim determinada:

Ataque às fôlhas ...•.......... 62 espécies

Ataque aos ftutos.... . •• . . . .. 35 espécies

Ataque aos renovos .... :.' ...... 30 espécies

Ação protetora a outras pragas ... 24 espécies.

Estas pragas podem ser dividid~s em dois grupos. segundo seu aparecimento e estragos na lavoura: Cíclicas - Aparecimento e estragos máis intensos em determinadas épocas do ano (Chupança, Vaquinhas, Tripes, Lagartas e ou­tras). E Permanentes-Estragos durante todo o ano (Formigas, de Enxêrto, Caçarem a, Saúva da Mata, Saúva Comum, Quen-Quém e outras).

CHUPANÇA

(Monalonion spp, Família Miridae, Ordem Hemiptera) - :E:ste inseto ataca vorazmente os frutos e renovos do cacaueiro. Os frutos no­vos caem e os mais desenvolvidos ficam de­formados e cheios de manchas que se asseme­lham a "bexigas". Os cacaueiros ficam com a folhagem rala e as fôlhas novas e brotos se­cam. É a chamada "queima". O chupança. é a mais séria praga da lavoura cacaueira baiana, causando mais prejuízo do que a "podridão parda".

Esta praga se abriga, também, em outras árvores existentes na lavoura de {!acau e seu ataque é mais intenso nas épocas do "lança­mento", pois sugam exclusivamente as partes mais finas da planta. Seu combate deve ser feito pelo menos duas vêzes por ano. A pri­meira em fins de janeiro, durante fevereiro e primeira quinzena de março. A segunda em se­tembro e outubro. O inseticida recomendado é o BHC a 1 %, numa base de 10 a 15 quilos por hectare.

FORMIGA DE ENX:E:RTO

(Azteca paraensis Forel varo bondari Borg­meir (1937), Família Formicidae, Ordem Hy­menoptera) - Esta formiga reponde pelos se­guintes danos causados à lavoura: roe os reno­vos, gemas, fôlhas novas e frutos, reduzindo a capacidade produtiva do cacaueiro eacarretan­do, muitas vêzes, a sua morte; cria e protege insetos sugadores (piolhos) que retiram uma grande quantidade de seiva, alimento da plan­ta; cultiva em seus "ninhos" plantas parasitas, que competem com o cacaueiro em espaço e luz; favorece a presença de vespas, ou marim­bondos, nas vizinhanças de seus focos de ata­que, o que prejudica a limpa e a colheita dos cacauais, pois os trabalhadores fogem dêsses fo­cos, com receio das terríveis ferroadas dos ma­rimbondos; e concorr~ para a formação de cla­reiras (redução das copas e morte dos cacau­eiros), ~xpondo o solo à ação direta das intem­péries e favorecendo o desgaste em sua ferti­lidade natural, com a grande invasão de er­vas daninhas.

FORMIGA CAÇAREMA

(Azteca chartifex Forel varo spiriti Forel, Família Formicidae, Ordem Hymenoptera)­Sendo a mais conhecida e difundida nos ca­c9uais baianos, a Caçarema é, sem dúvida,

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,

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uma das mais noei vas pragas da lavoura ca­cauéira. Sua nocivi­dade é indireta: o pé­so de suas "casas", que podem atingir vinte ou mais quilos, faz inclinar ou que­brar o ramo ou tron­co. A construção de suas "casas", "sucur­sais" ou "colônias", ao longo do tronco e ramos primários do cacaueiro, impede a emissão de flôres e reduz, assim, a produ­ção de frutcs. Cria e protege insetos que sugam a seiva do ca­caueiro (pulgões, pio­lhos e cigarrinhas). A­ge como disseminado­ra eventual do fungo causador da "podri­dão parda". Atrai pa­ra perto de suas "ca­sas" os marimbondos.

Formiga Pixixica

(Solenopsis s p p, Família Formicidae, Ordem Hymenopte­ra)- Criando, trans­portando e protegen- . do os "piolhos fari­nhentos", a formiga Pixixica é, indireta­mente, uma séria ini­miga do cacaueiro. quer p e I a proteção que faz a ésses suga­dores de seiva, quer pelo impedimento da colheita e limpa nas regiões onde se loca­liza. Sem a presença da Pixixica. os piolhos farinhentos são víti­mas de inúmeros ini­migos naturais e seu número é reduzido ou eliminado totalmente.

O com bate a essas formigas obedece a m é t o dos especiais que os técnicos da CEPLAC, através dos Escritórios Locais, le­varão aos lavradores na fase oportuna da Campanha de Comba­te às Pragas do Cacau.

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Lançamento da Campanha de Combate às Pragas do Ca­cau, simultâneamente em tôda a regiã.o cacaueira. A so­lenidade, em Itabuna, foi realizada no auditório da Coo­perativa dos Agricultores de Itabuna, presentes, entre la.­vradores, comerciantes, autoridades, técnicos, representa­ções e público, as seguintes personalidades: Dr. José Ma­ria Nogueira, representante do Ministro da Fazenda, que presidiu os trabalhos. Dr. Hermenegildo Marques da Cruz, representante do Ministério da Agricultura. Prof. Fúlvio Alice, Secretário da Agricultura e representante do Go­vernador da Bahia. Sr. Carlos Brandão, secretário geral da CEPLAC. Dr. Félix de Almeida Mendonça, Prefeito de Itabuna. Dr. Antonio Augusto Velloso, economista do Mi­nistério da Fazenda. Dr. Gil Nunes Maia, chefe do Servi­ço Municipal de Saúde. Dr. Adélcio Benício dos Santos, presidente da Associação Rural de Itabuna e representan­te do Institituto de Cacau da Bahia. Sr. José Soares Pi. nheiro, pre-sidente da CEPLAN. Prola. Heloísa Banks Mon­teiro, especialista em áudio-visuais da ACAR-Minas. Sr. José Oduque Teixeira, presidente da Associação Comer­mercial de Itabuna. Técnicos e Administradores da CEPLAC. E o sr. Filadelfo Almeida, que parUcipou da mêsa e dis· cursou em nome dos lavradores de ca·cau.

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I StRIf - I~IMIGOS DO CICIUICULTOR I "SAÚVA DA MATA"

... p.

~ Figura 1 - "'!perária" da saú' va-da·mala. E ela que corta o limbo da fôlha .

Figura 2-· Estrago típico causado pe-

la saúva-da-mata em fôlha de cdcau· ~ eiro. A fôlha assim estragada perma-

nece na árvore e não é derrubada ao •

solo, como faz a formiga.de.rnandioGa.

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Figura 3 - Formigas

de volta ao formiguei­

ro, ca1'regando peda­

ços de fôlha do cacau­

eiro atacado .

----------- -------- - -- ---o ------------ --------- -- -- --------- --------------- ----Figura 4 - Corte esquemático de um formigueiro da saúva-da-mata, mostrando sua

estrutura: a) "panelas" onde é cultivado o fungo de que as formigas se alimentam;

b) canais; c) "olheiros".; d) nível do solo; e) nível do lençol dágua.

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\ SAÚVA DA MATA C~)

As saúvas, ou formigas cortadeiras, são a pior praga da agricultura brasileira. C~r· ca de nove espécies diferentes de saúvas proliferam no Brasil, dentre elas a denomi­nada SAÚVA DA MATA, praga dos cacauais da Ba.hia, encontrada, com freqüência, em tôda a zona cacaueira baüma. Há uma ou­tra espécie, denominada "formiga-de-~an­dioca", que também ataca o cacaueiro. E en­contrada em locais mais abertos, principal­mente nos limites das faixas de transição, e, acidentalmente, nos terrenos chamados sí­lico-argilosos e mais profundos da zana ca­caueira.

suas "hortas" em plena produção de ali~ mento.

Em um formigueiro, além da rainha, que vive durante anos e cuja função é pôr OVOtl­ela é um verdadeiro centro em tôrno do qual gira a vida da comunidade de formigas­existem os ((soldados" e as "operárias", yu. rante as revoadas as formigas com asas, ma~ chos e fêmeaEl {rainhas), saem para formar novos formigueiros e, com isso, perpetuar a espécie. Os soldados, que são grandes, sem asas e, geralmente. com cabeça bem desen­volvida., têm por função a defesa do formi­gueiro. As operárias, de vários tipos e tam­bém sem asas, cuidam da limpeza, da pro-

De modo geral, o desenvolvimento e cos- visão de fôlhas e da escavação do solo para tumee dessas duas espécies de formigas cor- ampliar o formigueiro. Esta escavação elas tadeiras são semelhantes: após a revoada, a fazem depositando a terra, continuadamen-rainha (tanajura),jáfecundada,desfaz-se das te, na superfície, através de galerias que asas e escava o solo, dando inicio ao futu- terminam em "olheiros". ro formigueiro. Prepara, então, um pequeno O perfeito conhecimento da construção canteiro onde coloca a "semente" de um dos formigueiros é um fator importante na lungo (espécie de môfo) por ela trazido do aplicação do método de combate às saúvas. seu formigueiro de origem e começa a pôr Apesar de serem bastante parecidas à pri-os ovos. O fungo é o alimento das formigas meira vista, as duas espécies de Aaúvas no cortadeiras, razão por que elas o cultivam civas ao cacaueiro na Bahia são diferentes numa espécie de horta mantida com peda- entre si, não só na aperência como, também, ços de fôlhas cortadas rias planta.s. Calcu- no modo de construir seus formigueiros e na 1a-se que um formigueiro já formado seja maneira de ataque às plantas. Nos quadros capaz de utilizar de 100 até 400 quilos de abaixo estão indicadas as diferenças gerais 'fôlhas picadas por ano, a fim de manter as das duas espécies: ,-----------------------

SAÚVA DA MATA FORMIGA DE MANDIOCA (Atta cephalotes L., 1758) (Atta sexdens L., 1758)

Constroi formigueiros à sombra de árvo- Constroi formigueiros em locais abertos, res, em locais úmidos, raramente ou nUnca geralmente em solo limpo, no agreste e nos abertos. Por ser encontrada, geralmente, em trechos onde a mata foi destruída. Instala· solo pouco profundo, sujeito a inundações e se em solo profundo não sujeito a inunda­com .0 le~col dágu?- próximo à superfície, os ções. Os formigueir~s possuem "olheiros" formIgueIros da. sauva-da·mata formam enur- com aberturas bem visíveis.As "panelas",que mes montes de 1 metro de altura por 2 a 10 abrigam as hortas do fungo, se encontram a metros de diâmetro. No interior dêsses mon- boa profundidade e os canais possuem es­tes ficam as câmaras, ou "panelas", onde são trutura e entrelaçamento muito complicados. estabelecidas as "hortas" do fungo alimen- . . . ticio. Os "olheiros" principais, próximos às As operárIas da form~g~-de-mandlO~a que "cidades", têm aberturas bem disfarçadas, atacam as plantas se dlvl~em e~ dOIS gru­para evitar a penetração de água. Acompa- pos: um que tem po~ funçao subIr às árvü­nham a superfície do solo, em subida para res e derrubar as. folhas, cortando-a~ pelo o monte mergulhando depois em direção talo; e outro que fICa no solo, sob a arvore às ·'pan~las". " atacada, comA a função de recortar a lâmina

As operárias da saúva-da-mata sobem às verde das ~olh~s derrubadas e carregá-la árvores e cortam a lâmina das fôlhas, des- pata o formIgueIro. cendo com ? pe~aço c_ortado e carreg~ndo- A área de distribuição da formiga-de-man­o até o formIgueIro. Nao derrubam as folhas dioca no Brasil é bem ampla. SIIa ausência das plantas ataca~as. . _ . só se tem verificado no chamado "Polígono

. Sua área de dlstrl.bUlça~ no BraSIl s~ res- das Sêcas" e em partes dos estados da Pa­trm~e .à zona cacaUeIra baIana, à regIao a- raná Santa Catarina e Rio Grande do Sul. maZOlllca (Amazonas e Pará) e partes do ' Maranhão e Mato Grosso, onde predominam A formiga-de-mandioca é considerada a as florestas úmidas tropicais. mais nociva de tôdas as saúvas .

. * Do Manual de Pragas e Insetos na Cacauicultura Baiana - Eng. AgI'. Pedrito Silva, coordenador do setor Entomologia e Zoologia Agrícolas do Centro de Pesquisas do Cacau

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SAÚVA DA MATA

COMBATE COM O EMPRÊGO DE FORMICIDAS EM PÓ (CLORINADOS)

(Aldrin, Dieldrin)

ÉPOCA - Qualquer época do ano em que os fúrmigueiros forem encontrados.

MATERIAIS - Formicida em pó. Aplica­dor de formicida em pó (bomba). Enxadas ou enxadetas.

PESSOAL - 1 ou 2 operários.

MÉTODO - Primeiramente medir a área do formigueiro para saber quantos "olhei­ros" deverão ser tratados. Isto se consegue dando-se passadas largas, em forma de cruz, no sentido da maior largura e do maior com­primento do formigueiro. O número de pas­sadas do comprimento multiplicado pelo nú­mero de passadas da largura dará a quan­tidade de "olheiros" ativos a tratar.

Exemplo:

Largura do formigueiro ...... 3 passadas Comprimento do formigueiro .... 5 passadas

3 x 5 = 15

Portanto, quinze é o número de "olheiros" em atividade que devem ser tratados.

Sabendo· se, desta forma, o número de olheiros a ser tratados, inicia-se a limpeza,

CAUAU ATUALIDADES

que deve ser feita com enxada ou enxade­ta: raspa-se bem os olheiros escolhidos, re­tirando-se a terra sôlta. Se, ao fazer a lim­peza, houver fechamento Jos olheiros, de­ve-se. deixflr para o dia seguinte a aplica­ção do formicida.

Para se saber se um formigueiro tem vi­da ou está inativo, o indicado é dar fortes pancadas, com o auxílio de um pedaço de pau, em tôrno da terra sôlta existente. Se houver vida, as formigas "soldados" logo aparecem pat"a verificar o que está acon­tecendo. Elas saem pelos olheiros principais, justamente os que devem ser atacados.

Para preparar o aplicador, ou bomba: coloca-se o formicida em seu depósito, até à marcação indicada. Não se deve encher o depósito completamente, pois isso faz com que o aparêlho funcione mal. Assim carre­gado, o aplicador tem capacidade para dar combate a dez formigueiros.

A aplicação é feita com 10 bombadas em cada olheiro, o quecorresponde a,3..(l....ou 40 gramas de formicida. Não se deve tapar os olheiros tratados. Deve-se, por outro la­do, repassar os formigueiros tratados 45 a 60 dias depois, para se ter a certeza de sua extinção.

A Comissã.o de Edição dêste boletim, considerando as dificuldades de ordem téc­nica a sua impressão mensal, decidiu transformá-lo em publicação bimestral, modifica­ção esta a ser feita no início do Volume 2. A partir de julho, entretanto, passamos a concentrar dois números em uma só edição, o que ocorrerá até dezembro dêste ano. Posteriormente. quando a Divisão de Informação da CEPLAC possuir seu próprio ser­viço de impressão, estudaremos a possibilidade de voltar a circular mensalmente.

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METEOROLOGIA I JUNHO

Dados climáticos referentes ao pe­ríodo de 1 a 30 de junho de 1964:

PRECIPITAÇÃO Total mensal 44,7 mm

mais) 7 Dias de chuva (0,1 mm ou Máximo por dia Total acumulado no ano

15,0 mm (dia 30) 823,4 mm

TEMPERATURA Média 21,47°C Média das máximas 26,97°C Média das mínimas 15,97°C Máxima absoluta 33,00°C (dias 4, 6) Mínima absoluta 11,500 C (dias 2,16) Amplitude maXlma 20,50oC (dia 2) Amplitude mínima 3,00°C (dia 30) Amplitude média 9.800 C EVAPORAÇÃO (Píche) Total mensal Média diária

48,60 mm 1.62 mm

Máxima absoluta 3,50 mm (dia 2)

UMIDADE RELATIVA

Média diária 79,65% 88,13% 70,90%

Média das máximas Média das mínimas Mínima absoluta 45,00% (dia 14)

JULHO Dados climáticos referentes ao pe­ríodo de 1 a 31 de julho de 1964:

PRECIPITAÇÃO

Total Mensal Dias de chuva (0,1 mm ou mais) Máximo por dia Total acumulado no ano

TEMPERATURA

Média 21.100C Média das máximas 25,670 C Média das mínimas 16 54°C

83,3 mm 8

21,5 mm 906,7 mm

Máxima absoluta 30,000C (dia 29)

(dia 12)

Mínima absoluta 14,OOoC (dias 8,15,16.18,24) Amplitude máxima 12,50oC (dia 8) Amplitude mínima 5,00uC (dia 3) Amplitude média 8,75°C

EVAPORAÇÃO (Piche)

Total mensal Média diária Máxima absoluta

OMIDADE RELATIVA Média diária Média das máximas Média das mínimas Mínima absoluta

59,50 mm 1,91 mm 3,00 mm l dia 24)

80,15% 87,90% 72,58% 51,00% (dia 17)

Cópias dêste Boletim serão enviadas g , a­tuitamente aos interessados, mediante solicita­ção à Biblioteca do Centro dE:' Pesquisas do Cacau ou à Divisão de Informação da CEPLAC, Caixa Postal, 7, Itabuna, Bahia, Brasil.

Copies of this Bulletin wiU be sent free, by requesting to the following address: "Biblio­teca do Centro de Pesquisas do Cacau" or "Di­visão de Informação da CEPLAC". Caixa Pos­tal. i. ltabuna - Bahia -- Brasil.

Copias de este Boletin serán enviadas gra­tuitamente a los interesados, mediante solici­tación a la Biblioteca deI "Centro de Pesqui­sas do Cacau" o aI Servido de Información de CEPLAC, Caixa Postal, 7, Itabuna - Bahia -Brasil.

Kopien diesel' Publíkatíon wNden gratis un interessenten versandt. Man wende sich all "Biblioteca do Centro de Pesquisas do Cacau" oder "Divi<;ão de Informações da CEPLAC", Caixa Postal, 7 - Itabuna -- Bahia -- Brasil.

Copies dE." ces Bulletins seront envoyées gratuitement aux intE."fessés par moyen de la Biblioteque du ··CE."ntro de Pesquisas do Cacau" au li Serviço de Informação da Cr-:PLAC", Caixa Postal 7 - ltabuna - Bahia - Brasil.

NOSSA CAPA

Operários rurais executam a quebra do ca­cau. A "ruma" contém apenas cacau madu­ro, pois a mistura de frutos em diferentes

Boletins mensais fornecidos pelo Pôsto Meteoro- estágios de maturação sempre prejudica a Agrário instalado no Centro de Pesquisas do Cacau. qualidade do produto. (Ver CA nO 5 - Ca-Elevação, 49 m. Latitude-; 14"47'21" S. Longitude, cau Verdoengo Rende Menos). 59°16'36" W . Município de Ilhéus, Bahia, Brasil. .....:

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