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Unido pela informação
31 anos
Informativo do Sindicato Paul is ta dos Auditores F iscais do Trabalho
Ano XXX - Nº 288Set / Out de 2011SINDICATO PAULISTA DOS
AUDITORES FISCAIS DO TRABALHO
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ESVAZIAMENTO ASSUSTOU AFTS NO 29º ENAFIT
O encolhimento progressivo do quadro ativo de AFTs, que já atinge fundo a Inspeção do Trabalho brasileira, foi um
dos temas que centralizou as atenções no 29º Encontro Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho, realizado em
Maceió, na semana de 11 a 16 de setembro último. Também destacaram-se os debates sobre a nova versão do
sistema auditor de arrecadação do FGTS, com individualização do débito, e o novo sistema informatizado de
lavratura do auto de infração. O 30º ENAFIT, a ser realizado no ano que vem, será em Salvador da Bahia. A
reportagem do ELO e a diretoria do SINPAIT estiveram representados pelos colegas AFTs Jesus Jose Bales, Luci
Helena Lipel, Solange Aparecida de Andrade e Dalísio dos Santos, no encontro de Maceió. A reportagem sobre o 29º ENAFIT está nas páginas 3 à 6
AFTs GAÚCHOS E PAULISTAS APÓIAM FEDERAÇÃO, página 13
Delegação paulista na abertura do 29º ENAFIT0
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Em 2012 Salvador da Bahia vai abrigar o 30º Encontro Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho. Chegar ao 30º aniversário é um acontecimento marcante. A criação do ENAFIT foi, sem sombra de dúvida, a iniciativa mais importante da categoria. Foi o modo saudável que se encontrou para alcançar o congraçamento, abrir o debate de nossos problemas, ir na busca de soluções e da projeção, altamente positiva, da Auditoria Fiscal do Trabalho brasileira.
Foi um começo tímido, um exercício de nosso amadorismo e certa ingenuidade, que rapidamente foram ficando para trás, fazendo o encontro tomar impulso e atingir picos de grande excelência profissional e institucional. O ENAFIT nasceu num ambiente de entusiasmo, generosidade e compreensão.
Desde o primeiro encontro, em Belo Horizonte, teve início o debate sobre a melhor forma de organizá-lo e de firmá-lo como um real espaço democrático, que centralizasse todas as tendências da categoria, suas ansiedades, aflições, sonhos, erigindo-se numa tribuna livre, onde cada auditor, cada auditora (na época, inspetor/a do trabalho) pudesse expor livremente seu pensamento, sua opinião, sua crítica, sua sugestão. Logo o ENAFIT passou a empolgar os participantes e tivemos plenárias memoráveis, com centenas de colegas presentes e, acima de tudo, participantes. Os destinos da Inspeção do Trabalho brasileira preocupavam a todos e sensibilizava cada um.
Mas os anos foram passando e uma certa rotina foi envolvendo, aos poucos, o magno evento anual da categoria. Uma quase burocratização. O comparecimento foi ficando menor nas plenárias. O fogo rejuvenescedor da oposição foi-se apagando. A plenária da política de classe foi-se tornando fria. A boa exper iência da t r ibuna l ivre fo i -se esmaecendo. Não mais o discurso da contestação. Ficou claro que ainda é preferível o barulho da oposição, as falas vigorosas de colegas combativos, como a colega gaúcha Inês, ou a mineira Dolores. Mas isso não mais tem sido visto no ENAFIT. Já se disse que é preferível o ruído exagerado dos que contestam, que o silêncio dos omissos, ou o aplauso falso dos lenientes.
Com certa melancolia constata-se que os últimos ENAFITS já não são os mesmos, se comparados com os de vários anos atrás. A chama do entusiasmo quase não é sentida. A esperança do sangue novo, com a chegada dos auditores e auditoras admitidos nos últimos concursos – todos brilhantes, altamente capacitados - ainda não se concretizou. Não há uma participação efetiva dos colegas mais novatos, ainda que tenham uma contribuição de excelente nível a dar. Por que isso ocorre? É urgente a integração e a transição para que novas lideranças surjam. É delas o futuro da Auditoria Fiscal do Trabalho brasileira.
É necessário reconhecer que a atual diretoria do SINAIT tem procurado motivar a categoria. Com bastante antecedência envia mala direta à residência dos AFTs pedindo
sugestões e apelando para a participação. E no recente encontro de Maceió entregou aos colegas, no último dia, um questionário de avaliação, pedindo a opinião de cada um sobre o ENAFIT, e sugestões para aperfeiçoá-lo.
No entanto, parece que o apelo não tem sensibilizado os colegas. Se considerarmos que o momento é de apreensão, pois a categoria está- se esvaziando a olhos vistos – muitas aposentadorias e poucas nomeações – alguma coisa precisa ser feita, por todos, objetivando um programa comum que restaure a força e prestígio de nossa instituição.
A realidade preocupante que nos cerca não permite, mais, que se alimente divisões, preconceitos, vaidades, animosidades, disputa do poder pelo poder, preferências pessoais acima do interesse coletivo. Se hoje já somos tão poucos, desunidos não seremos mais nada. E assistiremos, passivamente, o definhar da Auditoria Fiscal do Trabalho brasileira, esta nossa instituição, que até hoje é reconhecida de excelente nível, entre as mais eficientes do mundo.
É preciso segurar firme, com as duas mãos, o que, duramente, a categoria conquistou. Basta fazer um confronto da remuneração que então era dada aos colegas AFTs que entraram, como celetistas, no concurso de 1975, com a atual, que tanto atrai os que estão ingressando na carreira agora. A diferença é abissal! Mas foi necessária muita luta, muito trabalho, ao longo dos anos, para a categoria alcançar esse reconhecimento. O que não se pode admitir é a regressão, nosso nivelamento por baixo, numa posição inferior às demais áreas federais de auditoria. Temos de nos orgulhar de nossa condição de Auditor Fiscal do Trabalho.
Ainda que muitos considerem um sonho, ou simplesmente página virada, na verdade nossa inclusão na Receita Federal do Brasil ainda é possível. Não somos mais fiscais, nem inspetores. Somos auditores. Um passo para isso é não só querer, mas ter a certeza de que isso é o melhor para a auditoria fiscal do trabalho. É uma decisão soberana de maioria, e não ato individual de vontade, ou de um pequeno grupo. Se a maioria entender que vale a pena lutar por esse objetivo, é traçar a estratégia, a campanha, o trabalho de somar forças a nosso favor, tanto no mundo político, como no da administração.
Nosso enternecido encontro nacional é nossa trincheira, nosso terreno seguro para a luta. É nele que temos de levantar estas magnas questões que nos atingem, hoje, e que devem nos garantir no amanhã. Por isso entendemos que o Encontro Nacional está necessitando novo perfil. Estar mais ajustado às realidades e necessidades que a categoria ora está vivenciando.
Como disse um colega do Paraná, está faltando tempero. Sal, pimenta e manjericão. Quem sabe a mesa quente e saborosa da Bahia nos devolva isso no encontrro do ano que vem. (D.S.)
UNINDO PELA INFORMAÇÃOBoletim Informativo do SINPAIT
Publicação Mensal – Distribuição Gratuita
DIRETOR RESPONSÁVELJesus José Bales
AssistenteLuci Helena Lipel
ReportagensJornalista Responsável
Dalísio Domingues dos Santos – MTB. 7.765
DIRETORIA EXECUTIVAPRESIDENTE
Jesus José BalesVice de Política de Classe
Luci Helena Lipel - José Vieira Rocha Junior1º Vice de Administração
Solange Aparecida de Andrade - Hilda Engler Raggio Bergamasco2º Vice de Administração
Erasmo Torres Ramos - Maria Luiza F. de Almeida Vilar Feitosa3º Vice de Administração
Vera Galvão Moraes - Maria Nilza Bueno da Silveira1º Vice de Planejamento
Mário Kaminski - Nilsa Maria Leis Di Ciero2º Vice de Planejamento
Armando Barizan - Yllen Fábio Blanes de Araújo3º Vice de Planejamento
Renato Miranda de Moraes Carvalho - Antonio Fojo da CostaVice de Normatização
Regina Candellero Castilho Nami Haddad - Sandra Morais de Brito CostaVice de Comunicação
Dalísio Domingues dos Santos - Ivete Cassiani FuregattiVice de Cultura
Marco Antonio Melchior - José Maria CoutinhoVice ParlamentaresEdir José Vernaschi
Vice Relações PúblicasSuzana Lacerda Abreu de S. Lage - Maria Aparecida Almeida Dias de Souza
Vice InspeçãoRuy Antonio de Arruda Pereira - Rubens Chiapeta Alvares
Vice MedicinaGeraldo da Silva Pereira - Ettore Paulo Pinotti
Vice SegurançaJosé Antonio Mesquita de Oliveira - Newton Carlos Peris
Vice AposentadosAdriano Salles Toledo de Carvalho - Maria Marly do Nascimento Jungers
Vice SindicaisCyro Fessel Fazzio - Erlon Martinho Pontes
Vice SociaisDarcy Rizzo Hungueria - Jane Claudete da Cunha Duarte
Vice InteriorEduardo Caldas Rebouças - Décio Francisco Gonçalves da Rocha
Vice InternacionalNelson Alves Gomes - Luiz Carlos do Prado
CONSELHO FISCALTITULARES
Bruno Clemente Domingos, Emilia de Castro Paiva, Felix Suriano Domingues Neto, Rubens de Souza Brittes e Wilson Antonio Bernardi
SUPLENTESAna Maria Fornos Rodriguez, Antonio Picinini, Enio Celso Salgado,
Rivaldo Ribeiro da Costa e Tadashi Abe
SINPAITSindicato Paulista dos Agentes da Inspeção do Trabalho
Fundado em 19/05/1953R. Avanhandava, 133 – 4º andar – cjs. 41/42 – Bela Vista – São Paulo/SP –
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responsabilidade de seus autores, não refletindo, necessariamente, a opinião do SINPAIT.
Editoração, Criação e Impressão:Gráfica Sonora - Tel.: 11 2957.1800
Tiragem: 3600
ISSN 1983-263X
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ENAFIT: É PRECISO RENOVAR
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A diminuição constante, até mesmo acelerada, do número de auditores fiscais do Trabalho, em nosso país, foi um dos temas que motivou debates no 29º Encontro Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho, realizado de 11 a 16 de setembro último, em Maceió, Alagoas. A questão foi colocada, com toda sua preocupante grandeza, já nos discursos da sessão solene de abertura, proferidos pela presidente do SINAIT, colega Rosângela Rassy e pelo deputado federal pelo Acre, colega AFT Taumaturgo Lima.
Foi enfatizado que o número crescente de aposentadorias, cujas vagas abertas não estão sendo preenchidas pelas reduzidas nomeações de AFTs, aprovados nos recentes concursos, está enxugando com velocidade o quadro ativo, obrigando a retirada de auditores de serviços importantes, para reforçarem as atividades consideradas essenciais na Inspeção do Trabalho, embora nem sempre esteja claro o conceito de “essencial”.
Essa questão ficou exposta, de modo claro, nos debates de plenário, quando a secretária da Inspeção do Trabalho, colega Vera Albuquerque, defendeu o afastamento dos colegas AFTs da prática de mediação (plantões em mesa redonda). A maioria dos auditores e auditoras, falando na tribuna, no painel que focalizou a mediação, foi contra essa decisão da SIT, entendendo ser da maior importância a manutenção da mediação no rol de todas as atividades que são, basicamente, e tradicionalmente, exercidas pelo AFT.
“Se hoje somos poucos, é provar à administração a necessidade de nomeação de mais auditores. Não podemos aceitar, passivamente, o encolhimento da Auditoria Fiscal do Trabalho no Brasil. Não tem cabimento a alegação de que a mediação em conflitos coletivos pode ser feita por funcionários administrativos, enquanto os auditores fiscais, por serem em menor número, devem ser utilizados somente em serviços, tidos por essenciais, da Inspeção. Não podemos e não devemos aceitar esse argumento, pois, estaremos aceitando, resignadamente, o próprio fim da Inspeção do Trabalho em nosso país. Pelo menos em sua forma federalizada e nos padrões de excelência profissional em que ela ainda é exercida. A própria OIT recomenda a mediação como atividade importante da Inspeção do Trabalho”, contestou um colega AFT, que pediu para não se identificar, mas disse estar duplamente apreensivo, pois é engenheiro de segurança. A colega Rosângela Rassy, presidente do SINAIT, disse que essa questão precisa de um debate mais amplo e que a SIT necessita manter diálogo mais constante com a categoria.
Auditor especialista, ou generalista? A velha dicotomia permanece, como fantasma, assombrando a Inspeção do Trabalho. Justamente a especialização, na Auditoria Fiscal do Trabalho, foi outro tema polêmico que surgiu com frequência nas discussões. A secretária Vera Albuquerque descartou a convocação de concurso específico para a área de saúde e segurança (admissão de médicos do trabalho e engenheiros de segurança), admitindo, porém, que o concurso, que se espera seja realizado no ano que vem, seja direcionado para essa área, mas com direito de inscrição a qualquer profissional de nível superior, que atenda as exigências do edital.
O SINAIT posiciona-se contra essa forma, entendendo que a inspeção dos locais de trabalho, em saúde e segurança, deve ser feita por médicos e engenheiros vinculados a essa área, adotando-se, desse modo, o princípio da especialização. A presidente Rosângela Rassy anunciou que o SINAIT tem um parecer jurídico a respeito, que enviará brevemente à SIT, como subsídio para uma solução adequada. A OIT preconiza que os agentes públicos que fiscalizam os locais de trabalho devem formar um único corpo
Especialista x generalista
técnico, mas reconhece a importância da especialização. De momento, o número de auditores médicos e engenheiros
está no seu patamar mais baixo desde o primeiro concurso para admissão desses profissionais, ainda na década de 1970. Lembre-se que a fiscalização do trabalho, especializada em saúde e segurança, somente tomou impulso durante a gestão do ministro do Trabalho Arnaldo Prieto, no governo do presidente Ernesto Geisel. Foi em 1978 que o ministro Prieto assinou a portaria 3214/78, que oficializou as normas regulamentadoras em saúde e segurança. Foi a partir daí o primeiro concurso para admissão de inspetores do trabalho, com formação em engenharia de segurança e medicina do trabalho, bem como foi criada a FUNDACENTRO e o PAT - Programa de Alimentação do Trabalhador.
Ainda que restrito a menos de uma hora, o tema do FGTS foi abordado, como sempre de modo brilhante, pelo colega Irozé Pedro da Silva (SC), logo na abertura das plenárias, na manhã da 2ª feira, dia 26 de setembro. Boa parte dos colegas auditores reconhece que a fiscalização do Fundo de Garantia é, hoje, um dos principais, senão o principal sustentáculo da auditoria fiscal do
FGTS e o AI eletrônico
ENCONTRO ALERTA PARA DIMINUIÇÃO PROGRESSIVA DE AFTS
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Trabalho. Na verdade, a categoria só foi elevada à condição de Auditor Fiscal, na gestão do ministro Francisco Dornelles, governo de Fernando Henrique, porque tem a competência legal exclusiva de proteger, auditar, o Fundo de Garantia que, em volume, está entre as tres maiores arrecadações do país.
O colega Irozé fez excelente exposição sobre a nova versão do Sistema Auditor e como é feita a individualização do débito do FGTS. Ele apresentou as principais alterações e regras que serão adotadas na próxima versão do Sistema Auditor, o que permitirá a individualização do débito. “A individualização do débito do FGTS, quando da emissão da notificação pelo Auditor Fiscal, foi determinada pela Instrução Normativa-IN nº 84/2010, a qual estabelece que a individualização seja feita por estabelecimento e por empregado. Atualmente o Sistema Auditor permite a emissão de duas notificações: a NFGC e a NRFC. A primeira notifica o débito mensal e a segunda o débito rescisório. Na nova versão do sistema as notificações serão unificadas, passando a existir apenas uma notificação de débito mensal e rescisório. Esta notificação trará reflexos positivos, tais como: a geração de apenas um processo administrativo, maior praticidade e segurança na apuração do débito e facilidade na manutenção do sistema. Também permite manter as funcionalidades e procedimentos das notificações atuais (NFGC e NRFC) e da nova notificação, numa mesma aplicação informatizada, bem como conservar a interface original do sistema e aprimorar o procedimento de transmissão de dados entre a
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Diretoria do SINPAIT e os palestrantes AFTs Enio Bezerra (PR) e Irozé, acompanhado da AFT Iara (SC).
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novo mundo para a auditoria fiscal do trabalho no Brasil”, afirmou o colega Vandrei. Anunciou que haverá um curso para que todos os auditores se familiarizem com a nova forma de lavratura. Nela os autos de infração formarão processos saneados, com redução de erros de digitação. Ainda não há data para entrada em vigor do novo sistema, mas há previsão de que isso ocorra já em 2012.
Como na percepção dos visionários, - a forma idealista do “Admirável Mundo Novo” - também o colega baiano Vandrei prevê que a adoção dessa inovação será “a porta de entrada para o processo 100% eletrônico da auditoria fiscal do Trabalho em nosso país”. O colega Vandrei, no entanto, ficou devendo à redação do ELO um artigo sobre esse tema. Prometeu fazê-lo, quando conversou com a reportagem, após sua apresentação no ENAFIT, mas, até o fechamento desta edição, sua importante colaboração não chegou à nossa redação. Mas, prometemos que, na próxima edição o baiano Vandrei estará novamente neste espaço.
Nesse painel, enfocando a utilização de tecnologia de ponta na ação fiscal, outro tema importante foi a fiscalização eletrônica da CIPA/SESMT, que vem sendo adotada por colegas AFTs da área de saúde e segurança. Essa exposição foi feita com brilhantismo pelo colega AFT Enio Bezerra de Soares, chefe da SEGUR, da SRTE/Paraná. Sobre a fiscalização eletrônica da CIPA/SESMT o ELO publica, também, nesta edição, uma síntese da exposição do colega Sergio Rech, da SRTE/Pernambuco.
Desde os relatórios manuscritos, os primeiros ainda redigidos
Fiscalização Eletrônica da CIPA e SESMT
AFTs da Bahia: Vandrei Barreto de Cerqueira (expositor) e Edson Braga (ex-Presidente)
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aplicação cliente e servidora. Essas foram as principais preocupações para o desenvolvimento e especificação do sistema. Para facilitar o trabalho, a nova versão contará com uma tela de importação de dados de aplicações externas, para as tabelas do sistema e, ainda, com até dez relatórios que detalharão o débito apurado. A nova versão tem previsão de entrar em produção ainda neste ano”. O colega Irozé Pedro é considerado um dos especialistas na aplicação da informática dentro da auditoria fiscal do traballho, prestando a todos os colegas uma ajuda técnica inestimável, motivo pelo qual tem o carinho, admiração e respeito de todos. Além, é claro, de sua simpatia pessoal, pois é prestativo e atencioso sempre que procurado pelos colegas.
Outra exposição brilhante, logo após a de Irozé, foi do colega Vandrei Barreto de Cerqueira, da Bahia, sobre o novo sistema de lavratura de auto de infração. É a informatização plena que chega à ação fiscal. Ele demonstrou como, em seu trabalho de campo, o auditor terá à sua disposição, em tempo real, todos os elementos necessários para consumar, no próprio local da fiscalização, a lavratura eletrônica do auto de infração. “Estamos no limiar de um
a caneta tinteiro (pré-caneta Bic, da década de 1950), avançando para a pesada e barulhenta máquina de escrever, que depois evoluiu muito, tornando-se portátil e, já no final dos anos 1960, surgindo a máquina de escrever elétrica, até o computador e sua “net” (rede), com o “WWW”, sigla da rede mundial - World Wide Web – nome dado pelo físico inglês Tim Berners-Lee, que com apenas 34 anos, criou essa forma de navegação por links, onde o clique no “mouse” une as palavras numa sequência sem fim, abrindo a comunicação instantânea no que chamamos de “internet” - até chegarmos aos dias atuais, com micro-aparelhos, até mesmo de bolso, altamente digitalizados, é nesse mundo fantástico que já está inserida a fiscalização do trabalho brasileira, nossa firme auditoria fiscal, continuando a fazer, no dia a dia, sua história. Uma história rica, bonita, nobre e generosa. Os colegas AFTs mais jovens, muitos vindos de concursos recentes, estão trazendo à Inspeção do Trabalho essa colaboração extraordinária, que é a informática na sua forma mais avançada. Ela chega para facilitar, dinamizar, permitir decisões sem erro, valorizar a ética e a transparência, uma revolução sem precedentes no serviço público brasileiro e em nossas próprias vidas.
Os 120 anos da Inspeção do Trabalho no Brasil foi o marco do 29º ENAFIT, de Maceió. Ele foi aberto solenemente na noite de 11 de setembro último, pelo colega José Heleno Barros, presidente da Associação dos Auditores Fiscais do Trabalho de Alagoas, no teatro Gustavo Guilherme Leite, que fica no Centro de Cultura e Convenções Ruth Cardoso, um local moderno, confortável, que homenageia a respeitável antropóloga, professora da USP, e esposa do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. A professora Ruth Cardoso, como primeira dama, organizou um programa social de grande alcançe conhecido como bolsa-escola, que depois no governo Lula passou a se chamar bolsa-família.
A mesa foi composta pelo presidente José Heleno Barros, a colega Rosângela Silva Rassy, presidente do SINAIT, Vera Lúcia Ribeiro Albuquerque, Secretária da Inspeção do Trabalho, deputada Rosinha da Adefal (PT/AL), deputado Taumaturgo Lima (PT/AC), Giusepe Casale e Maria Lucia Ruiz, da OIT, Francisco Luis Lima (MA), presidente da Confederação Ibero-Americana dos Inspetores do Trabalho, frei Xavier Plassat, da CPT, desembargador João Leite, do Tribunal Regional do Trabalho de Alagoas, André Vilaça dos Santos, da ANFIP/AL e José Gonzaga, do SINDFISCO.
O músico alagoano Eliezer Setton fez uma bonita apresentação, executando o Hino Nacional, ao violão, entremeado com o belo hino de Alagoas. Foi uma “performance” que emocionou a todos, culminando com prolongados aplausos dos presentes.
O presidente alagoano, colega José Heleno Barros, fez uma referência retrospectiva sobre os 120 anos da Inspeção do Trabalho, em nosso país. José Heleno lembrou a figura histórica de seu conterrâneo, o marechal Deodoro da Fonseca o qual, quando presidente da República, assinou o decreto nº 13.313, de 17/01/1891, que criou o primeiro corpo de fiscais do trabalho para inspecionar as fábricas do Rio de Janeiro e impedir abusos contra trabalhadores menores, uma prática comum, na época. Esse decreto ficou como marco histórico na inspeção do trabalho brasileira.
O deputado Taumaturgo Lima considerou preocupante a acelerada diminuição do quadro ativo dos auditores fiscais do trabalho e pediu à secretária, colega Vera Albuquerque, que seja a porta-voz, da categoria, junto ao ministro Lupi, para que novo concurso seja convocado o quanto antes. O deputado Taumaturgo Lima, que também é Auditor Fiscal do trabalho, da mesma forma lamentou que o Ministério do Trabalho não tenha, em suas superintêndencias, instalações adequadas, tanto aos funcionários, quanto ao público, enquanto na maioria dos demais ministérios as acomodações são melhores.
120 anos da Inspeção do Trabalho
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A presidente Rosângela Rassy, referindo-se ao Ministério do Trabalho, disse que “há um clima de mudanças no horizonte”. Quanto ao número reduzido de auditores fiscais do trabalho, enfatizou que o crescimento do mercado de trabalho, em nosso país, está inversamente proporcional às admissões de AFTs, que tem sido feitas ultimamente, mesmo que se cumpra a promessa de nomeação de 200 novos auditores, aprovados no último concurso. Destacando que “é árdua a luta pela valorização do Auditor Fiscal do trabalho”, mostrou decepção com o comportamento do Governo, na mesa de negociação, nas reuniões em que se discute a pauta de reivindicações da categoria, pois a conduta oficial tem sido a de “empurrar com a barriga”, sem nada oferecer, ou decidir. Pediu que o MTE se comprometa mais seriamente com a formação continuada do AFT, que a SIT tenha muito cuidado na hora de decidir sobre a questão da especialização, que não se concretize o afastamento de auditores na atividade de mediação e que seja regulamentado, com transparência, o concurso para remoção de AFTs.
O conhecido jurista paraense Ophir Cavalcante Jr., que preside a Ordem dos Advogados do Brasil, e que estava em Maceió, no dia 11 de setembro último, para lançar, em Alagoas, a Frente Nacional contra a Corrupção, falou no plenário do ENAFIT, na tarde desse dia.
Lembrando que sempre foi advogado trabalhista, Ophir Cavalcante Jr. lamentou que o trabalho infantil ainda persista, em nosso país, apesar do intenso combate feito pela Inspeção do Trabalho e pelas denúncias constantes apresentadas na mídia. “O Auditor Fiscal do Trabalho precisa de autonomia para exercer seu papel de Estado, e não de simples funcionário de governo”, destacou, mencionando que se a OAB pode fazer, como agora, uma campanha nacional contra a corrupção, é porque ela é livre, não atrelada a governo, a partidos políticos, a ideologias, a ninguém.
Informou que em outubro corrente haverá audiência pública, no TST, para debater a terceirização e sua repercussão negativa no mercado de trabalho, no Brasil, e que a OAB e a Inspeção do Trabalho devem estar lá, oferecendo suas contribuições valiosas. “Temos de combater todas as formas de precarização do trabalho”. Ophir Cavalcante disse que se no Brasil ainda persistem focos de trabalho escravo, na África continua existindo escravidão real, agora praticada por empresas chinesas. Elas estão chegando em grande número, em países africanos, como Angola e Guiné, levando trabalhadores chineses que, ao lado de africanos, são expostos à exploração total, ao trabalho forçado, degradante, tudo configurando a escravidão. “Como se o mundo estivesse regredindo ao século XIX”, denunciou o presidente da OAB. Ressaltou que diante desse quadro a figura do Auditor Fiscal do trabalho tem uma importância fundamental, pois é ele quem localiza, investiga, denuncia, pune os criminosos sociais, que expõem os trabalhadores a tão horríveis maus tratos. Deplorou que o governo brasileiro ainda não tenha uma política firme no que toca ao resgate da criança, no trabalho infantil, e do adulto, no trabalho escravo, porque depois dos empregadores serem flagrados, e os trabalhadores libertados, não há uma continuação no acompanhamento dessas crianças e trabalhadores que, mantidos frágeis e expostos, acabam voltando à situação degradante em que foram encontrados.
Na oportunidade a presidente Rosângela Rassy lançou a Campanha Institucional pela Derrubada dos Acidentes de Trabalho. Infelizmente, eles voltaram a crescer, no Brasil, e Rosângela considera que um dos motivos é o número reduzido de AFTs, o que impede um enfrentamento vigoroso dessa questão. Foi mencionado que, no Brasil, a Auditoria Fiscal do Trabalho conta, no
Presidente da OAB
Acidentes do Trabalho
momento, por exemplo, com apenas 211 AFTs-médicos. O plenário aprovou os cartazes a divulgação da campanha.
Foi muito concorrida, com o pequeno auditório lotado de AFTs (na maioria médicos e engenheiros), a exposição do colega engenheiro Antonio Pereira (SRTE/SP), feita na manhã do dia 15 de setembro último, sobre a NR-18, específica para a Construção Civil.
O engenheiro Toninho, como é carinhosamente conhecido por todos, enriqueceu suas afirmações com casos concretos, que podem se repetir em qualquer canteiro de obras, considerando o “boom” que se verifica na construção civil de nosso país. Mencionou, por exemplo, um caso prático: “ O trabalhador acidentou-se com gravidade. Para onde levá-lo? Onde fica o hospital mais próximo que pode atendê-lo? O PCMSO deve prever isso. No seu programa deve constar o local mais adequado e mais próximo para o atendimento”. Lembrou que empresas estão importando máquinas caras, complexas, mas que não tem ninguém especializado para operá-las, ou, mesmo, para montá-las. Nem mesmo o SENAI tem condições de oferecer curso, ou treinamento, para situações como essa. E a máquina, sobretudo quando procedente da China, vem com o catálogo das suas especificações no idioma do país de origem, e, aqui, não há ninguém que saiba traduzí-lo. Alertou que todo projeto de bandeja deve constar do PCMSO, e sem essa formalidade, a obra não poderia ter início. Também a tela de proteção é fundamental e deve ter manutenção periódica. “O importante não é a empresa comprar o PCMSO, mas exercê-lo corretamente. O que menos interessa ´é o seu atendimento burocrático”. Toninho Pereira enfatizou que a qualificação de pessoal é o problema de momento. É público e notório que por não haver um serviço oficial adequado, ex-mestres e técnicos têm criado cursos práticos de qualificação, para suprir essa deficiência, como um “SENAI de quintal”, mas o que fazem, na realidade, é apenas passar ao trabalhador suas experiências pessoais, o que está muito longe de ser o ensinamento correto para quem vai entrar, como novato, num complexo canteiro de obra. Destacou, ainda, que os elevadores têm de ter a manutenção preventiva, com ultra-som de seus cabos feito ao menos uma vez por ano, além dos testes constantes de freios. Alertou que está ocorrendo importação de elevadores da China, que são mais baratos, porém de qualidade duvidosa. “Elevadores, na obra, tem de subir e descer com velocidade controlada”. Toninho ainda chamou atenção para o fato de que, na construção civil, não é possível o AFT fazer fiscalização indireta, sendo fundamental sua presença nos locais de trabalho. E finalizou: “Nossa fiscalização tem de estar em cima, exigindo o
NR-18 – Um dos temos dos cursos de aprimoramento
AFTs paulistas no intervalo da exposição do colega engenheiro Antonio Pereira do Nascimento
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cumprimento das normas e mostrando, ao empregador, que a implantação da estrutura de saúde e segurança, na obra, é de baixo custo, não indo além de 4% do orçamento geral. É muito mais barato a prevenção, que a indenização. E o principal, é claro, garantir a segurança do trabalhador. Essa é nossa missão suprema, acima de qualquer outra ”.
Longo atraso na fala da SIT
T r a d i c i o n a l m e n t e , a Secretária da Inspeção do Trabalho fala logo na manhã da segunda-feira, primeiro dia das sessões plenárias do ENAFIT. E tem, pelo menos, de duas a três horas para expor os programas de fiscalização e dialogar com os AFTs presentes. Desta vez, no encontro de Maceió, ocorreu algo inusitado e constrangedor.
A s e c r e t á r i a V e r a Albuquerque teve sua fala marcada para às 17:30 horas, da segunda-feira, um horário já avançado. No entanto, a situação ficou muito pior porque
A INSPEÇÃO DO TRABALHO EM ALAGOAS
Secretária da SIT Vera Lúcia Ribeiro de Albuquerque
Somente 44 auditores fiscais do Trabalho tem a árdua tarefa de realizar a auditoria fiscal do Trabalho em todo o estado de Alagoas. O número está muito aquém da real necessidade do estado. Como na maior parte do país, Alagoas também vive um “boom” na construção civil, estimulado pelo programa federal “Minha Casa, Minha Vida” e demais obras do PAC, que estão absorvendo imenso contingente de mão de obra.
“Já fomos cerca de 60 auditores. Hoje somos, em média, 44, o que torna difícil o atendimento da demanda”, disse o colega AFT José Heleno Vieira Barros, presidente da Associação dos Auditores Fiscais do Trabalho do Estado de Alagoas, aposentado recentemente.
José Heleno, que estava na companhia do colega AFT Alex Alexandre de Oliveira, ex-presidente da AAFITEAL, falou à reportagem do ELO no auditório do hotel Ritz, em Maceió, pouco antes do início solene do 29º ENAFIT.
O presidente José Heleno afirmou que ainda persiste, em
Alagoas, certa tendência de empresários em não regisrar seus
Falta de Registro Continua Crucial
Enafit
o painel anterior, em que se discutia a inspeção do trabalho e a cidadania, com início às 16:00 horas, prolongou-se, cansativamente, até às 19:30 horas, quando, só então, a secretária pode chegar à tribuna e iniciar sua exposição. Por volta das 17:30 hs havia bom número de AFTs no plenário, mas duas horas depois, quando a secretária Vera Albuquerque começou a falar, pelo menos metade da platéia já tinha se retirado, mesmo porque muitos haviam se inscrito para a atividade do “ENOITE”.
A secretária fez sua apresentação por cerca de 40 minutos, e ocorreram algumas perguntas. Mais, uma vez, levantou-se a intromissão do Ministério Público do Trabalho nas atividades do Auditor Fiscal do trabalho, com procuradores dirigindo-se diretamente ao auditor, na busca de esclarecimento sobre algum fato, quando o procurador deve dirigir-se-à chefia da fiscalização, pois esse é o comportamento instituticonal a ser seguido. A secretária disse que está sendo feito todo o esforço para que seja convocado o grande concurso, no ano que vem, quando um
número bastante expressivo de novos auditores deve ser admitido, reconhecendo que a situação atual é de bastante penúria, com o quadro ativo muito pequeno. Confirmou que o próximo concurso vai centralizar as questões em saúde e segurança, mas sem explicitar a especialização. A esse respeito a presidente do SINAIT, Rosângela Rassy, pediu à secretária Vera Albuquerque que aguarde um pouco, antes de qualquer decisão, pois o Sindicato Nacional encomendou um parecer técnico a especialistas, que está quase concluído e, assim que estiver pronto, será encaminhado à SIT, em forma de subsídio, mas buscando mostrar que a inspeção em saúde e segurança deve ser desempenhada apenas por auditores médicos do trabalho e engenheiros de segurança.
De certa forma esvaziadas, a Tribuna Livre e a plenária de Política de Classe, ocorridas na tarde da quinta-feira, dia 15 de setembro, não despertaram grande interesse. Na verdade, foi reduzido o comparecimento de AFTs nas sessões plenárias, com média baixa de auditores presentes.
Nessa tarde foi apresentada a chapa única, que disputará a nova eleição para a diretoria do SINAIT. Os integrantes da chapa, com camisetas azuis, foram chamados à frente e apresentados ao plenário, onde estavam cerca de cem AFTs.
No dia seguinte, sexta-feira, ocorreu a sessão de encerramento do 29º ENAFIT, quando foram votadas e aprovadas moções e propostas, lida a Carta de Maceió, e a cidade de Salvador, na Bahia, foi escolhida, na condição de única pretendente, para sediar o 30° Encontro Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho, no ano que vem. Por ser uma marca histórica, já há uma expectativa muito positiva em torno desse encontro, em Salvador. O colega Jesus Bales, presidente do SINPAIT, que não perdeu um só dos ENAFITS, disse que a escolha foi muito feliz, “pois Salvador, como primeira capital do Brasil, e pela hospitalidade dos baianos, é uma cidade-síntese da cultura brasileira, do jeito tipicamente brasileiro de ser”. De Belo Horizonte, onde foi o primeiro, no distante 1981, até Salvador, em 2012, a categoria estará percorrendo toda sua trajetória histórica, escrita em cada um desses já trinta encontros nacionais.
“Vamos nos esforçar para fazer o melhor. É com muita honra e alegria que vamos receber os colegas de todo o Brasil, quando a categoria estará festejando os trinta anos de nosso encontro nacional”, disse o colega AFT Edson Alves Braga, ex-presidente do Sindicato dos Auditores Fiscais do Trabalho da Bahia. (D.S.)
Chapa única
AFTs de Alagoas Alex de Oliveira (ex-Presidente) e José Heleno (Presidente AAFITEAL)
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empregados. “Há, até, um viés cultural negativo, em não registrar
o empregado, o que motiva a fiscalização do Trabalho a ser
cuidadosa e, sempre que necessário, bater duro nos
empregadores renitentes.Nossos colegas tem conseguido, cada
vez mais, obter considerável número de formalizações nas ações
de fiscalização. Mas dentro desse quadro negativo, cresce outra
questão preocupante: as terceirizações irregulares. Elas se
manifestam mais na construção civil. Entra-se no canteiro de
obras e naquele contingente imenso de trabalhadores pode haver
dez, doze, empregadores diferentes, às vezes até mais. É tarefa
árdua saber quem emprega quem. Muitas das pequenas
empresas que lá estão nem sempre são legalizadas, às vezes
sem condição econômica para assumir suas responsabilidades
perante os trabalhadores. Pode-se dizer que essas empresas
satélites, elas mesmas vivem na informalidade. Até pouco tempo a luta pesada era contra as cooperativas de
mão de obra. Hoje elas se recolheram bastante. Ainda persistem
em número reduzido, em alguns setores, mas não resistiram à
pressão da fiscalização. Além da construção civil, as prestadoras
de serviços, em geral, apresentam certo índice de informalidade,
que também é combatido diariamente pela fiscalização. Da
mesma forma os colegas dão atenção especial para a auditoria do
FGTS. A arrecadação está normalizada em nosso estado e os
colegas tem atingido sempre as metas fixadas.”
A constante diminuição do quadro ativo de AFTs é o que mais
preocupa os colegas alagoanos. Diz Jose Heleno:“Alagoas tem 102 municípios. Ao todo temos oito agências,
além da Superintêndencia, em Maceió. As gerências estão em
Arapiraca, Santana do Ipanema, Maragogi, União dos Palmares,
Atalaia, Palmeira dos Indios, Porto Real do Colégio e São Miguel
dos Campos. A maioria dos colegas é de legislação, sendo que
temos quatro médicos e oito engenheiros. A Superintêndencia
alagoana tem uma equipe permanente, com seis AFTs, que faz a
fiscalização na zona rural, atuando, sobretudo, nas usinas de
açúcar, canaviais, nos fornecedores de mão de obra para o
trabalho rural. A equipe reúne três AFTS de legislação e três
engenheiros. Mesmo com o número reduzido de colegas
auditores, todo o serviço de auditoria feito é de boa qualidade,
mas, é evidente, precisamos de muito mais AFTs para o
atendimento adequado da demanda em nosso estado. Afinal,
Alagoas é o berço natal do Marechal Deodoro da Fonseca, que foi
o introdutor da fiscalização do trabalho em nosso país ao assinar,
como primeiro Presidente da República, o Decreto 1313, de
janeiro de 1891. Esse decreto criou a primeira fiscalização do
trabalho brasileira, destinada a proteger os menores que eram
impiedosamente explorados nas indústrias do Rio de Janeiro.
Esse acontecimento histórico dá a nós, auditores alagoanos, uma
responsabilidade maior, levando a um desempenho mais
dedicado que todos, para sempre honrar o nome do grande filho
de Alagoas, que proclamou a República do Brasil.
Problema é o Quadro Reduzido
No Paraná a Grande Dificuldade
O colega AFT engenheiro Sérgio Kmetiuk, também presente no
29º. ENAFIT, acompanhando a conversa com o colega José
Heleno, disse que a auditoria fiscal do trabalho,no Paraná também
enfrenta dificuldades por ter número menor de AFTs. “A
preocupação maior é na construção civil. Somos número reduzido
de colegas para o enfrentamento que se faz necessário. Destaca-
se o problema da falta de registro de empregado, mas há toda uma
gama de outras irregularidades, principalmente nas empreiteiras e
pequenas empresas que atuam nas obras, em serviços
específicos. Está ficando rotineiro constatar fraude ao seguro
desemprego, ou seja, o trabalhador, além de estar sem registro,
está recebendo o seguro-desemprego. É um descaramento do
empregado e do empregador, que se sente confortável porque
sabe que nunca será denunciado pelo empregado sem registro,
porque os dois são cúmplices no golpe contra o dinheiro público.
Temos combatido tenazmente essa prática desonesta. No Paraná
são muitas as construções dos conjuntos populares do “Minha
Casa, Minha Vida”, além dos sobradinhos particulares-triplex, que
são muito procurados, porque apesar de pequenos custam menos,
além dos edificios de alto padrão, como se vê nos bairros eco-ville,
o Mossunguê, na região oeste de Curitiba. Esse super-
aquecimento da construção civil está mobilizando milhares de
trabalhadores no Paraná”. O colega Sérgio foi ao 29º. ENAFIT com a esposa Luciane
Colpani Kmetiuk e a filhinha Betina Letícia, que acaba de completar
um ano. “Betina veio como mascote do ENAFIT”, disse com
orgulho o colega Sérgio. Ele é o vice-presidente da AAFT-Paraná,
mas deve assumir a presidência porque o colega AFT Luis
Fernando Busnardo, atual presidente, vai-se afastar para assumir a
chefia da SERET/SRT/PR.
Betina mascote do ENAFIT
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ENXUGAMENTO TAMBÉM NO RIO GRANDE DO SUL
O colega AFT Cláudio Almir Carvalho, de Cruz Alta-RS, falando à reportagem do ELO, em Maceió, durante o 29º Enafit, disse que prossegue, no interior gaúcho, o programa de fechamento de gerências e postos de atendimento do MTE.“Essa é uma constatação desoladora. Se antes se dizia que as repartições do Ministério do Trabalho eram a Casa do Trabalhador, agora temos que admitir que os trabalhadores estão na rua, pois as repartições estão fechando. Cidades importantes, que sempre tiveram a representação do MTE, agora estão desprovidas. Nossa Cruz Alta é uma delas. Depois que me aposentei, nossa repartição – posto regional – foi fechada. O prefeito e vereadores da cidade sempre me perguntam quando o posto do Ministério do Trabalho vai reabrir, mas, para decepção deles, respondo que isso nunca mais acontecerá. Cruz Alta não tem mais o Ministério do Trabalho. Posso estar equivocado, e melhor que assim fosse, mas o fechamento parece ser política de Governo. A gerência de nossa vizinha Ijui também está nessa rota de colisão. Tem apenas dois colegas auditores, sendo que o colega Neri está em vias de se aposentar, restando, apenas, o colega Osvaldo, do concurso de 1994, mas nada garante que essa agência ficará aberta por muito tempo, apesar da importância de Ijui. A gerência de Santo Angelo, que abrange uma enorme região, ainda conta com cerca de dez AFTs, mas é muito pouco pela vastidão territorial que deve atender”.
Inconformado com essa desativação progressiva das repartições do MTE, Claudio Almir destacou:
“A representação de Carazinho tem só dois funcionários, a auditora fiscal Blair Carvalho, que é minha irmã, e um funcionário administrativo, os dois em vias de se aposentar e, obviamente, a repartição do MTE será fechada.
Para desespero maior, a agência de São Borja também está prestes a encerrar atividades. Ela só tem um funcionário, que é o colega auditor fiscal Luis Carlos Martins, também já contando os dias para pedir aposentadoria. A rotina do sacrifício é sempre a mesma. Aposenta-se o colega auditor, e não se envia outro para o seu lugar, asfixiando o posto de atendimento por falta de pessoal. O caso de São Borja é muito triste. Afinal, essa cidade missioneira é histórica, terra natal dos presidentes Getúlio Vargas e Jango Goulart. O Ministério do Trabalho nasceu no governo provisório de Getúlio, após vitoriosa a revolução de 1930. Seu primeiro ministro foi o também gaúcho Lindolfo Collor. Nem esse chão histórico do trabalhismo brasileiro, depositário de tantas tradições, está sendo poupado nesse lamentável “projeto fechadura”.
Toda esta nossa região do planalto médio gaúcho tem hoje uma economia muito forte, de natureza agroindustrial, com destaque para a soja. Desse modo emprega muitas pessoas. Para mim, a saída do MTE, desta nossa região, está na contramão dos fatos. O povo, a classe trabalhadora é quem está perdendo com isso. Em pouco tempo o povo poderá estar cobrando dos governantes por esse plano equivocado de retirar o Ministério do Trabalho desta importante região do interior gaúcho.
Gentilmente o colega Cláudio Almir Carvalho(RS) presenteou a diretoria do SINPAIT com um exemplar do livro “Dicionário de Cruz Alta – Histórico e Ilustrado”, de autoria do historiador Rossano Viero
Até São Borja
Dicionário de Cruz Alta
Cavalari e lançado neste ano pela Martins Livreiro-Editora, de Porto Alegre.
Na dedicatória Cláudio lembra que, na página 285, há uma pequena biografia do colega auditor Neltair Pithan e Silva, que apesar de nascido em Itaqui, viveu sua juventude em Cruz Alta. Pithan fez parte da FEB, integrando as tropas brasileiras que lutaram contra o nazi-fascismo nos campos da Itália, durante a Segunda Guerra Mundial. Tendo-se mudado para São Paulo em fins dos anos 1950, Pithan foi nomeado inspetor do Ministério do Trabalho, e fez toda sua carreira na capital paulista.
Colaborador de “O ELO”, foi durante vários anos, seu jornalista responsável.
Cruz Alta tem 190 anos, eis que foi fundada em 1821, quando o Brasil ainda era colônia. Por isso chegou a ser a quinta maior cidade gaúcha em vastidão territorial, dela nascendo muitas outras cidades, hoje importantes, como Passo Fundo, Ijui e Santa Maria. Dentre seus filhos ilustres destacam-se o escritor Erico Veríssimo e o senador José Gomes Pinheiro Machado, cujo pai era paulista, de Sorocaba.
O senador Pinheiro Machado foi um dos mais importantes políticos brasileiros no início do século XX, e foi, certamente, o mais inflamado opositor de Rui Barbosa no Senado da República, no Rio de Janeiro. Num desses memoráveis debates, Pinheiro Machado gritou: “...enquanto o dr. Rui Barbosa andava de gramática embaixo do braço, eu carregava às costas um fuzil, combatendo dois homens que ele só conheceu de nome: Solano Lopez e Gumercindo Saraiva”. Pinheiro Machado foi “voluntário da pátria”, combatendo na guerra do Paraguai, e foi chefe destacado na revolução Federalista de 1893, no Rio Grande do Sul, combatendo o caudilho Gumercindo Saraiva. Foram guerras gaúchas sangrentas, muito bem romanceadas por Erico Veríssimo em livros como “O Tempo e o Vento”, ou a trilogia do Continente.
Figura curiosa, Pinheiro Machado, formado em Direito pela Faculdade do Largo São Francisco, em São Paulo, notabilizou-se, em fins do século XIX, como o maior comerciante de mulas, burros e cavalos, no centro-sul do país. Dizia, com orgulho, que era “o maior tropeiro do Brasil”, ainda que também fosse um advogado brilhante. Foi assassinado em 1915, no hotel dos Estrangeiros, no Rio de Janeiro, apunhalado por Francisco Manso de Paiva Coimbra, num dos mais famosos crimes políticos do Brasil. (D.S.)
Cláudio Almir Carvalho (RS) ladeado pelos diretores do SINPAIT
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Colegas AFTs da área de Saúde e Segurança estão utilizando, com sucesso, uma forma eletrônica de fiscalização da CIPA e SESMT. Esse tema foi exposto num painel do 29º ENAFIT, em Maceió, pelo colega AFT Enio Bezerra Soares, da SRTE/PR, que enviou à redação do ELO um bom trabalho técnico, mostrando como essa forma de fiscalização está sendo feita. Abaixo segue sua exposição:
O objetivo do trabalho é possibilitar a notificação e fiscalização de um grande número de empresas que estejam irregulares na constituição da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) e/ou nos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT).
É preciso destacar a importância da CIPA como fórum prevencionista e de participação do trabalhador na busca de soluções de problemas de SST. O mesmo ocorre com o SESMT que, quando atuante, é um fator comprovado de redução de acidentes.
De uma maneira ou outra, é uma obrigação dos AFT a correta verificação da regularidade das NRs 04 e 05.
O projeto de fiscalização se baseou nas seguintes etapas:· Identificação de Irregulares · Notificação · Recebimento da Notificação pela empresa · Decurso do Prazo da Notificação (60 dias) · Ordem de Serviço · Fiscalização propriamente dita.
Para a identificação dos irregulares é feita a comparação de registros eletrônicos existentes de CIPA e SESMT com os dados constantes do CAGED. Quando há enquadramento no CAGED - pelo tipo de atividade e números de empregados - sem o respectivo registro de CIPA e/ou SESMT, identifica-se a empresa como irregular.
A Notificação indica um prazo de 60 dias para regularização e apresenta também todas as instruções de como proceder para tal. Constam instruções como: "O que é CIPA?", "O que é SESMT?", etc para que o Notificado disponha de amplos meios de cumpri-la.
A Notificação não fixa dia e hora para apresentação de documentos. Apenas, os documentos comprovantes da regularidade devem ser apresentados dentro do prazo fixado. Desta forma, o AFT não fica "preso" na SRTE para atendimento das empresas bem estas podem ser de qualquer parte do Estado, mesmo aqueles municípios sem GRTE ou mesmo sem Agências.
Durante o prazo os documentos são recebidos e posteriormente analisados pelo AFT.
São emitidas Ordens de Serviço para todas as empresas que receberam a Notificação. A OS somente é passada ao AFT após o vencimento do prazo da Notificação.
Objetivo
Importância do Tema
Sistemática Geral
Identificação de Irregulares
Notificação
Ordem de Serviço
FISCALIZAÇÃO ELETRÔNICA DE CIPA E SESMT
Sistema Emissor de Autos de Infração (sea)
Resultados
Vantagens
Outras PossibilidadesCotas Aprendizagem e Pcd
FGTS
Todos os Autos de Infração que o AFT eventualmente precisar lavrar já estão pré-produzidos. Os dados do Auto de Infração como nome do empregador, CNPJ, endereço, número de empregados, ementa e histórico básico da autuação são fornecidos ao AFT em arquivo eletrônico do SEA (Irozé). Desta forma agiliza-se enormemente uma tarefa que tomaria bastante tempo do AFT. Evidentemente as situações de regularização não são autuadas e os respectivos registros do SEA, nestes casos, são descartados.
Das empresas notificadas e cujo processo de fiscalização já se encerrou, houve uma regularização de 62% no atributo CIPA e de 55% em SESMT.
O cadastro do CAGED que baseou a emissão da Notificação apresentou uma taxa de retorno de apenas 10%, por endereço incorreto.
Em razão de não haver a necessidade do atendimento presencial das empresas, cada AFT pode efetuar até 175 ações fiscais por mês.
O projeto não previa autuação no Art. 630 da CLT. As autuações são feitas diretamente na ementa que foi objeto da Notificação: "Deixar de manter CIPA" ou "Deixar de manter SESMT".
Das 4.373 Notificações emitidas, não houve um único caso de contestação por parte das empresas quanto à forma da fiscalização (apenas envio de documentos) e também em razão do instrumento estar previsto no Art 30 parágrafo 1º do RIT.
· Custo reduzidíssimo· Sem restrições orçamentárias de diárias · Possibilidade de programação e execução bem precisa
(previsibilidade)
· Não “trava” o AFT no MTE · Abrangência para todo o Estado · Alta capacidade de distribuição de empresas para cada AFT · Sistemática adequada ao futuro da carreira = Fazer mais com
menos
A mesma sistemática de Notificação eletrônica pode ser utilizada para a verificação de regularidade de Cotas de Aprendizagem e PCD a partir de cadastros existentes no próprio MTE.
O mesmo pode ser feito para o FGTS através da detecção de divergência entre a remuneração declarada na RAIS e o correspondente recolhimento do FGTS e o envio de Notificação para o recolhimento da parcela faltante. Maiores informações sobre a fiscalização eletrônica do FGTS podem ser obtidas através do contato com o AFT Sergio Rech (SRTE/PE) ([email protected])
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AUDITORIA-FISCAL DO TRABALHO - 120 anos de Inspeção do Trabalho no Brasil
Já raiou a liberdade no horizonte
do Brasil
O povo que j az ia em t revas v iu
g rande l uz , e aos que v i v iam na reg ião e
sombra da mor te resp landeceu- lhes a
l uz . (Ma teus 4 :16 )
Uma senhora chamada Auditoria-Fiscal do Trabalho
completou cento e vinte anos no dia 17 de janeiro de 2011.
Integrando a estrutura do Executivo Federal, seu “corpo” é
formado pelos Auditores Fiscais lotados nos 26 Estados
federados. Seu 'nascimento' deu-se no período da
República Velha, trazendo luz para as condições de trabalho
dos menores trabalhadores, com a edição do Decreto nº
1.313, em 17 de janeiro de 1891, que em seu artigo 1º
instituiu a fiscalização, subordinada ao Ministério do Interior,
somente aos estabelecimentos fabris do Rio de Janeiro,
então capital federal, sem eficácia territorial nas demais
Unidades da Federação.Contemporânea da Pr imeira Const i tu ição
Republicana, a auditoria trabalhista foi instituída de forma
permanente e surgiu com um grande ideal: velar pela
rigorosa observância da norma de proteção das condições
dos menores “a fim de impedir que, com prejuízo próprio
e da prosperidade futura da pátria, sejam sacrificadas
milhares de crianças” (grifo nosso). Como se nota, a novel inspeção do trabalho nasceu
para garantir que os menores, futuro de qualquer nação, não
fossem sacrificados através de ação desumana, trabalho
insalubre, confinado, com jornada e descanso impróprios,
dando a opção ao “Inspetor” de solicitar tanto a presença de
um Engenheiro como de um Agente Sanitário, quando
entendesse conveniente. Daí se evidencia a importância
desde a sua gênese da ação da Inspeção que se dirige para
garantir a segurança nos locais de trabalho bem como
combater a exploração do homem pelo seu semelhante,
apontando para a pacificação nas relações, agindo de forma
ativa, preservando o cidadão, ajudando no crescimento da
pátria.Já no período de juventude, a Inspeção assistiu a
valorização do trabalho com a criação do Departamento
Nacional do Trabalho, pelo Decreto nº 3.550 de 16 de
outubro de 1918. Entretanto, em 1919, com a criação da
Organização Internacional do Trabalho (OIT) por meio do
Tratado de Versailles, o Brasil se comprometeu a implantar a
Fiscalização Trabalhista no país.Em 1923, o Decreto nº 16.627, de 30 de abril criou o
Conselho Nacional do Trabalho. (SINAIT). Em 26 de
novembro de 1930 foi criado o Ministério do Trabalho,
Indústria e Comércio, “porém, apenas em 1931, com a
promulgação do Decreto n.º 19.671-A, fora atribuída a
inspeção do trabalho ao Departamento Nacional do
Trabalho” (SANTOS, 2006). As mudanças ocorridas no Brasil levaram à reboque a
Inspeção do Trabalho: o período de 1918-1919, conhecido
como regência republicana, foi marcado por diversos
problemas sociais, refletidos por inúmeras greves de
trabalhadores. A década de 20 foi marcada pelo movimento
conhecido por Revolução de 1923 ou Revolução
Libertadora. No meio da turbulência nacional, a Inspeção do
Trabalho vai ganhando a importância devida.Durante o Estado Novo, período em que Getúlio
Vargas governou o Brasil de 1937 a 1945, momento este
marcado pela regulamentação estatal, surge a
Consolidação das Leis do Trabalho, em 1943, com um
capítulo específico dedicado à fiscalização. Como bem salientado pelo SINAIT:A CLT foi um marco para a Fiscalização do Trabalho
no Brasil, pois ela tornou a Inspeção do Trabalho uma
atividade administrativa de caráter nacional e deu aos
Inspetores do Trabalho o poder de penalizar os
empregadores que descumprissem as leis trabalhistas.A intervenção estatal na relação do trabalho não é
novidade brasileira e ela surge ainda no berço da Inspeção
do Trabalho, através do “Althorp Act, em 1833 na Grã-
Bretanha, com a delegação do poder de fiscalização dos
estabelecimentos submetidos às normas de proteção do
trabalhador, autorizando, inclusive, a imposição de sanções
aos respectivos infratores. Tal tendência difundiu pela
maioria dos países, sendo seguida, conforme aponta
GOMES, pela Prússia em 1853; na Alemanha em 1872; em
1873 na Dinamarca; em 1874 na França; "em 1877 na Suíça;
em 1882 na Rússia; em 1906 na Itália; em 1907 na Espanha;
em 1912 na Argentina; em 1913 no Uruguai e em 1919 no
Chile.Mas é em 1947 que surge “um dos mais importantes
diplomas legais que disciplinam a Inspeção do Trabalho
no mundo que é a Convenção nº 81, da Organização
Internacional do Trabalho – OIT”, conforme palavras do
ilustre Auditor Fiscal Lourival Cunha. Entre nós, a referida
Convenção foi ratificada em 1957, por meio do Decreto nº
41.721, de 25 de junho, denunciada em 23 de junho de 1971
pelo Decreto 68.796, re-ratificada em 11 de dezembro de
1987, através do Decreto nº 95.461.Como bem salientado pelo SINAIT:
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Baseado na Convenção nº 81 foi criado o
Regulamento da Inspeção do Trabalho - RIT, aprovado pelo
Decreto nº 55.841, de 15/3/65, e idealizado pelo ministro
Arnaldo Sussekind, e que se constitui em um importante
instrumento para a Inspeção do Trabalho, tendo sido revisto
em 2002, mantida, porém, sua essência. O reconhecimento da fiscalização do trabalho como
atividade estatal exclusiva veio com a promulgação da Carta
de 1988 que no seu artigo 21, inciso XXIV, reconhece que é
competência da União "organizar, manter e executar a
Inspeção do Trabalho".O Regulamento de Inspeção do Trabalho, previsto no
Decreto nº 4552, de 27 de dezembro de 2002, criou o
Sistema Federal de Inspeção do Trabalho e assegura, em
todo o território nacional, a aplicação das disposições legais,
no que concerne à proteção dos trabalhadores no exercício
da atividade laboral. No mesmo ano, as carreiras de
Auditoria Fiscal, entre elas a do Trabalho, foram
regulamentadas pelas Leis n° 10.593, de 6 de dezembro de
2002 e posteriormente pela Lei nº 11.457, de 16 de março de
2007.Como se pode verificar, a fiscalização trabalhista
surgiu no horizonte do Brasil para trazer luz à relação de
trabalho, possuindo alcance social, trazendo dignidade ao
trabalhador brasileiro, libertando em alguns casos da garra
da escravidão moderna, tão daninha como as relatadas em
nossos livros de História.Parece paradoxal que mesmo após 120 anos do início
do combate ao trabalho infantil, ainda se encontre crianças e
adolescentes trabalhando em condições insalubres,
perigosas e penosas, contrariando as normas postas,
exigindo cada vez mais a presença do Estado, representado
pela Fiscalização Trabalhista, a fim de coibir e extirpar esse
mal de nossa sociedade.Aliás, a preocupação do Brasil em acabar com as
anomalias do trabalho escravo e infantil refletem na
instituição de grupos específicos para repressão desta
chaga e ação conjunta com diversas Organizações Não-
governamentais, a Polícia Federal e o Ministério Público do
Trabalho, além de outros órgãos governamentais que
desenvolvem programas complementares à atuação da
Fiscalização do Trabalho.O “pulso firme contra o trabalho escravo” fica
evidente com as estatísticas que informam que “realizou-
s e 1 4 1 o p e r a ç õ e s , i n s p e c i o n a d o s 3 0 5
estabelecimentos em 2010. Foram lavrados 3.926
autos de infração com pagamento de R$ 8.770.879,81,
em indenizações, e no ano resgatados 2.617
trabalhadores”. (Secretaria de Inspeção do Trabalho -
SIT). A mesma fonte ainda informa que do período de
1995 a 2010 foram resgatados 39.169 trabalhadores em
situação análoga a de escravidão (38.387, conforme a
Revista Trabalho). Essa situação é simplesmente
inimaginável, mas é real e nós, Auditores Fiscais do
Trabalho, somos os responsáveis para ir à frente da
batalha no afã de erradicar o trabalho escravo de nossas
terras, como se fosse essa prática um inimigo querendo
acabar com nossa paz.Mas se a fiscalização trabalhista surgiu como foco
de luz, não podemos desconsiderar que houve um
período negro nas relações de trabalho, que teve origem
na tentativa de escravização do aborígene, na “imigração”
do escravo africano, prosseguindo na exploração de
menores e mulheres e na falta de reconhecimento da
dignidade humana entre os atores da relação de trabalho.
Surge daí uma verdade incontestável: Trevas e luz não se
comunicam, não dialogam, são oponentes, pois onde
brilha a luz as trevas não subsistem. Foi por isso que
Jesus quando se declarou a luz do mundo, afirmou que
“quem o segue não andará em trevas, mas terá a luz da
vida” (Evangelho de São João 8.12).Assim é que tentaram apagar a luz da liberdade em
Unaí, estado de Minas Gerais, quando tiraram a vida no
dia 28 de janeiro de 2004 de três Auditores Fiscais e um
motorista do Ministério do Trabalho. Eles foram
assassinados enquanto apuravam denúncias de trabalho
escravo em fazendas daquele município. O crime, que
ficou conhecido como “Chacina de Unaí” vitimou os
Auditores Fiscais Eratóstenes de Almeida Gonsalves,
João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva, além do
motorista Ailton Pereira de Oliveira.Mui tos nessa hora ta lvez lembraram do
questionamento da música “100 anos de liberdade -
Realidade ou Ilusão?” cantada pela agremiação
mangueirense que diz “Será que já raiou a liberdade ou
se foi pura ilusão...”. Como puderam cometer tão grande
atrocidade contra o Estado aonde estavam lotados os
sevidores, contra a classe dos Auditores Fiscais? Como
puderam fazer isso com o Brasil, pois uma ação como esta
macula o país, mais ainda: macula a Inspeção Trabalhista
no mundo, pois esta surgiu para pacificar as relações e
não para ser vítima da intrasigência e caprichos dos
exploradores desumanos. Mas mesmo quando se retira uma brasa, não se
apaga a fogueira e a chama continua irradiar, levando luz
e calor aos que precisam ser protegidos... até com o
mestre dos mestres tentaram apagar sua luz, mas foi a
partir daí que todos foram iluminados com seus
ensinamentos e influenciados com sua doutrina de
esperança e amor ao próximo. De igual forma, a
fiscalização do trabalho muito sentiu pelo baque
ocorrido, mas o evento fádico fez com que seus membros
não se esquecessem dos ideais defendidos pelos
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colegas injustiçados e fizessem justiça trabalhando com
maior determinação, para que, após 120 anos de
Inspeção do Trabalho no Brasil, a chama da liberdade
continue raiando no horizonte do Brasil.
O país desenvolve-se e outras necessidades
surgem. Mais uma vez a auditoria trabalhista tende a
conquistar espaços importantes, como é o caso do
conteúdo do Projeto de Lei 447/11, que propõe alteração
na Lei nº 8.630, de 23 de fevereiro de 1993,
reconhecendo o AFT como autoridade portuária
competente para a fiscalização das condições e
proteção dos trabalhadores nos portos, que passarão a
ter a obrigação de manter, de forma integrada com os
demais órgãos que lá atuam, também Auditoria Fiscal do
Trabalho.
A prova de que a Fiscalização do Trabalho anda a
passos largos, é a modernização que ocorre com a
implementação de novas ferramentas que facilitam uma
fiscalização pró-ativa, identificando irregularidades,
convocando e realizando a fiscalização no próprio MTE,
sem que o AFT precise deslocar-se à empresa, tal qual a
realidade de outros órgãos fiscalizatórios. Entretanto,
não se pode omitir que as condições ideais para a
fiscalização trabalhista que atendam ao Princípio da
Eficiência ainda não existem, sendo que a falta de
recursos humanos e financeiros são a causa do
comprometimento de uma ação plenamente eficaz e de
um profissional altamente capacitado.
A letra do Hino da Independência do Brasil, traduz
b e m o s e n t i m e n t o q u e h á a t u a l m e n t e n a
fiscalização:“Parabéns, oh Brasileiros, Já com garbo
varonil; Do Universo entre as Nações, Resplandece a do
Brasil”. De fato, conforme informação da Secretária de
Inspeção, Vera Albuquerque, que foi escolhida para
Presidente da Comissão de Normas, para Relatores e
integrantes dos Grupos de Redação tanto da Comissão
sobre Administração e Inspeção do Trabalho quato do
Trabalho Doméstico na 100ª. Conferência Internacional
do Trabalho da OIT, a Inspeção do Trabalho brasileira foi
elogiada “pelos avanços e boas práticas, bem como
foram inúmeros os países interessados em cooperação
técnica conosco”. Segundo a Secretária, o elogio
constou até no discurso do Diretor Geral da OIT, Juan
Somavia.
O reconhecimento internacional demonstra que
estamos no caminho certo. Demonstra também que nos
120 anos de Inspeção de Trabalho no Brasil aprendemos
com nossas dificuldades e adotamos práticas que estão
bem próximas do ideal, tanto aqui, quanto no mundo do
trabalho.
Já raiou a liberdade no horizonte do Brasil...
Bravos Auditores Fiscais do Trabalho, que a voz da
igualdade seja sempre a nossa voz.
AFT Carlos Alberto de Oliveira
Bibliografia
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da
República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de
outubro de 1988.
BRASIL. Decreto-lei n.º 5.452, de 1.º de maio de
1943. Diário Oficial [da] República Federativa do
Brasil, Rio de Janeiro, 9 ago. 1943.
BRASIL. Emenda Constitucional n.º 45, de 30 de
dezembro de 2004. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, 31 dez. 2004.
BRASIL. Lei n.º 5.172, de 25 de outubro de 1966.
Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,
Brasília, 27 out. 1966.
BRASIL. Revista Trabalho – Edição
Comemorativa. Ministério do Trabalho e Emprego,
Brasília, 2010.
GOMES, José Cláudio de Magalhães, apud
VIANNA, Segadas; TEIXEIRA, Lima. Inspeção do
trabalho. In: SÜSSEKIND, Arnaldo. et al. Instituições
de Dreito do Trabalho. 21. ed. v. 2. São Paulo: LTr,
2004, p. 1282.
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Erradicação do Trabalho Escravo. Secretaria de
Inspeção do Trabalho. Acesso em 10 ago 2011.
Disponível em:
http://www.mte.gov.br/fisca_trab/quadro_resumo_199
5_2010.pdf
SANTOS, Julio Simão dos. A inspeção
dotrabalho e a nova competência da Justiça do
Trabalho. Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n. 1258, 11
dez. 2006. Disponível em:
http://jus.uol.com.br/revista/texto/9270. Acesso em: 6
jun. 2011.
SINAIT. Breve Histórico da Inspeção do
Trabalho. Disponível em
http://www.sinait.org.br/audi_historico.php.
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AFTS GAÚCHOS E PAULISTAS DEFENDEM FEDERAÇÃO NACIONAL
O colega AFT Renato Futuro, presidente do Sindicato dos
Auditores Fiscais do Trabalho do Rio Grande do Sul e o colega
Jesus Jose Bales, presidente do Sindicato Paulista dos
Auditores Fiscais do Trabalho, presentes no 29º Enafit, em
Maceió, defenderam a criação de uma Federação Nacional dos
Auditores Fiscais do Trabalho como melhor forma de
organização e representação sindical da categoria. Foi
lembrado que o novo estatuto do SINAIT foi aprovado por
número reduzido de associados, o que tira força para sua
adoção.“Desse modo, organizando uma federação, seria preservada
a união da categoria, fortalecida a representatividade nacional e
respeitada a autonomia dos sindicatos e associações regionais”,
destacou Futuro. Na mesma linha, Jesus Bales disse que tanto o
sindicato nacional, como os sindicatos e associações regionais,
tem uma longa história de lutas, tem o respeito da categoria, e
merecem continuar existindo e mantendo uma relação fraterna.
“Querer a destruição pura e simples dos sindicatos regionais não
é o melhor caminho. É a negação da boa convivência, a ruptura
da unidade”, afirmou Jesus.
O colega AFT Renato Futuro entende que a criação de uma
federação nacional é a melhor forma de resguardar a unidade da
categoria e evitar a perda de renda, pois sem a federação a
categoria perderia os 15% da Contribuição Sindical, na forma
como essa arrecadação é distribuida para as entidades
sindicais, na organização verticalizada do sindicalismo
brasileiro.“Hoje, sob o aspecto prático, o SINAIT é um sindicato
interestadual, ainda que reconhecido por todos em sua
representação nacional. Em nossa proposta o SINAIT seria
mantido, reunindo as 14 associações regionais que não querem
se transformar em sindicatos. Os sindicatos regionais atuais
continuariam existindo, e, junto com o sindicato nacional,
Solução Federativa
formariam uma federação nacional. Para mim essa seria a
solução sensata para o problema da representação nacional,
vez que lá atrás começamos errados, criando um sindicato
nacional e mantendo sindicatos e associações regionais em pé
de igualdade com ele. Antes de 1988 as associações regionais já tinham seu
patrimônio. Uns mais, outros menos, mas cada qual tinha sua
vida soberana. Talvez essa tenha sido a dificuldade de se
organizar um sindicato nacional, uma entidade única, já em
1988, após a Constituição permitir a formação de sindicatos no
serviço público. Empurrado com a barriga, o problema ficou
hibernando e agora, de forma pouco democrática, querem uma
solução que aniquila as entidades regionais. Isso não é correto.
Não se pode enterrar a história das representações regionais.
Isso chega a ser uma violência. Também não considero certo
buscar o modelo dos colegas da Receita, do Sindifisco. Lá eles
são 20.000 filiados. Na Auditoria Fiscal do Trabalho somos um
quarto desse índice. Atualmente, bem ou mal temos uma
organização que acomoda a todos. Destruí-la é mergulhar na
incerteza e gerar a cizânia, a divisão da categoria. O interesse
maior é o fortalecimento da Auditoria Fiscal do Trabalho, a
defesa de todos os auditores e auditoras. Esse é o foco.
Qualquer desvio desse rumo é atuar pelo enfraquecimento da
categoria, e isso ninguém quer.”O colega Jesus Bales, do SINPAIT, concorda com a análise
do colega Renato Futuro e mostra-se otimista quanto a uma
solução negociada. Lembra que a extinção das representações
regionais, que seriam substituídas por uma única pessoa, o
delegado sindical, como prevê o novo estatuto do SINAIT, já
aprovado, estaria tirando força da representação local. “Toda
uma diretoria eleita pelos associados tem muito mais força
representativa que uma única pessoa, no caso o delegado
sindical”. Obviamente a nova estrutura do SINAIT vai gerar um
custo maior para sua manutenção e não haverá outro meio, para
suprir esse orçamento, que não seja o aumento do valor da
mensalidade do Sindicato Nacional. Na verdade, até agora não
foi apresentado qualquer estudo concernente ao custo de
sustentação do SINAIT, com suas delegacias sindicais. Até aqui
as entidades regionais são mantidas com a arrecadação da
mensalidade de seus filiados. Criadas delegacias sindicais as
entidades regionais tenderão a perder seus associados e
encerrar atividades, mas o custo das delegacias sindicais terá
de ser coberto com a arrecadação do SINAIT. “Essa é uma questão complexa, que envolve o futuro de
nossa categoria. Para se chegar a uma solução justa, que
contemple a todos, e neutralize divisões, é preciso boa vontade,
generosidade, diálogo respeitoso. Temos de demonstrar que
estamos preparados para isso”, disse o colega AFT Bambino, do
Rio de Janeiro, que ouvia atentamente os relatos de Renato
Futuro e Jesus Bales.
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Renato Barbedo Futuro - Presidente da AGITRA Sindical
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O colega AFT Luis Alexandre Faria (SRTE/SP)
falou na tarde do último dia 22 de setembro, na Assembléia
Legislativa do estado de São Paulo, sobre a fiscalização que
realizou, juntamente com a colega Giuliana Cassiano, na
conhecida rede de lojas ZARA, em agosto passado. Os
telejornais noturnos deram destaque ao depoimento do
colega Luis Alexandre, que foi convidado pelos deputados
que integram a Comissão de Direitos da Pessoa Humana,
presidida pelo deputado Adriano Diogo (PT).
Luis Alexandre e Giuliana fizeram um trabalho de
investigação que durou muito tempo, iniciado em diligências
em fábricas de confecção na cidade de Americana,
culminando com o flagrante feito em indústrias que são
fornecedoras exclusivas da loja ZARA, na capital paulista.
Essas indústrias satélites vinham utilizando mão de obra
boliviana, incluindo até menores, para sustentar sua
produção, tratando as trabalhadoras, sempre sem registro
em CTPS, de modo ofensivo, configurando-se o chamado
trabalho escravo urbano.
Luis Alexandre disse que foram flagradas 33
oficinas de costura, nas quais 50% da produção destinavam-
se às lojas Zara. Nessas unidades industriais o trabalho era
de 14 a 16 horas diárias, a maioria das trabalhadoras, de
origem boliviana, praticamente todos sem documentos que
legalizassem a permanência em nosso país, entre eles
muitos menores, algumas dessas famílias morando no
próprio local de trabalho, tudo fartamente documentado,
sendo que o AFT mostrou aos deputados imagens dos locais
inspecionados, com depoimentos de trabalhadores. Por não
estarem devidamente documentados, os trabalhadores e
trabalhadoras bolivianos tinham medo de fazer qualquer
denúncia, ou mesmo reclamação. “Quanto mais essas
unidades semi-informais produziam peças para a ZARA,
mais era reduzido o número de trabalhadores registrados”,
disse Luis Alexandre.
Convidada pelos deputados para dar sua versão, a
Zara enviou dois executivos, Enrique Huerta Gonzales e
Luis Etcheverria, que se defenderam dizendo que a empresa
nada sabia do que se passava. O deputado Carlos Bezerra
(PSDB), autor do pedido de CPI para investigar o trabalho
escravo no estado de São Paulo, irritou-se com a desculpa
dos executivos espanhóis, lembrando que eles deveriam
saber, pelo menos, qual o lucro gerado pelas 5 milhões de
peças feitas por esses trabalhadores explorados. “Não lhes
causou espanto ter constatado que o significativo aumento
dos lucros se deu com base na diminuição do número de
trabalhadores formais? Não é possível que alguém da ZARA
Empresa disse nada saber
não estivesse atento a isso”.
O deputado Bezerra propôs
que a ZARA, como “única
reparação decente”, entregue
a esses trabalhadores todo o
lucro que obteve com o
trabalho desumano que
exigiu de cada um. Para outro
parlamentar presente, a
desculpa de “que não sabia
de nada” já está muito
surrada, até mesmo entre
LUIS ALEXANDRE FALA NO LEGISLATIVO PAULISTA SOBRE O CASO ZARA
Edição Nº288 | Set / Out de 2011
políticos brasileiros quando flagrados em ato desonesto.
O colega AFT Luis Alexandre Faria disse aos
deputados que até agora a ZARA não prestou qualquer
assistência aos trabalhadores, considerando que, na
prática, todos estão desempregados, pois a empresa
espanhola, ao ser exposta publicamente, nesse escândalo,
tomou a decisão mais violenta contra eles, ou seja,
suspendeu os contratos de fornecimento e, com isso, levou
as fornecedoras a fechar as portas e desligar os
trabalhadores. Tão somente pagou R$ 9.000 de indenização
aos trabalhadores.
Ao encerrar a audiência, o auditor fiscal do
Trabalho Luis Alexandre propôs que a ZARA utilize sua força
econômica para criar um plano-piloto que capacite as 33
oficinas de costura, flagradas no trabalho ilegal, a se
ajustarem ao mundo formal e se tornarem fornecedoras
diretas da grande empresa espanhola, sem mais a
intermediação de outras empresas. Esse seria o meio pelo
qual a ZARA garantiria os empregos, renda e direitos
trabalhistas desse grupo de trabalhadores, reparando as
práticas de exploração, de trabalho desumano, constatadas
em sua cadeia produtiva. Mas isso dificilmente será aceito,
pois a ZARA, como outros grandes grupos empresariais
espanhóis, enxugou suas atividades na Espanha,
transferindo a maior parte da produção de sua grife para
países emergentes, ou do terceiro mundo, justamente por
achar que os direitos trabalhistas são exagerados em seu
país de origem, onde a presença marcante de um
sindicalismo forte impede que se consume práticas tão
absurdas contra trabalhadores espanhóis.
Após ouvir o depoimento, um deputado da
Comissão especial disse que foi a primeira vez que uma
empresa de expressão internacional, como a ZARA, foi
flagrada de modo tão ostensivo num delito trabalhista
ultrajante. Luis Alexandre também foi convidado a fazer
exposição, sobre esse caso, na Comissão de Legislação
Social e Trabalho da Câmara Federal, em Brasília.
AFT Luis Alexandre Faria - SRTE/SP
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PELA VOLTA DAS DRT's
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O Decreto nº 6.341, de 03/01/2008, surpreendeu todos os servidores ao extinguir as DELEGACIAS REGIONAIS DO TRABALHO – DRT's, transformando-as em Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego e, as Subdelegacias, em Gerências.
Muitas pessoas, sem raízes neste Ministério, dirão que são apenas algumas palavras justapostas sem significado algum, ou que a mudança atende a algum tipo de modernidade, ou ainda, que a palavra delegacia lembra algo repressivo. Tecnicamente, não se vislumbrou a
necessidade da mudança porque não alterou a estrutura administrativa do órgão. E, mesmo que assim o fosse, não vejo porque não poderiam coexistir a função de Superintendente e DRT.
Nos 68 anos de sua duração, as DRT's guardaram muita história, tradição e serviços prestados à comunidade o que fez com que esse nome conquistasse um lugar indelével na memória de todos os brasileiros, especialmente os trabalhadores, que dificilmente assimilarão, por longo tempo, qualquer outro nome que se lhe queira dar.
Corremos o risco de incidir no que sobreveio a muitos outros órgãos públicos: de tanto mudar os nomes perderam a identidade junto à população que, confundida, mal sabe do que chamá-los. Ao contrário daqueles órgãos, qualquer trabalhador, empregado ou não, sabe o que é, para que serve e onde fica a DRT/SDT da sua cidade.
Instituída por Getúlio Vargas, a Secretaria de Estado com a denominação de Ministério dos Negócios do Trabalho, Indústria e Comércio, pelo Decreto 19.433, de 26/11/1930, foram criadas, logo em seguida, as primeiras Inspetorias Regionais do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, pelo Decreto 21.690, de 01/08/1932, através da transformação das Inspetorias do Departamento Nacional do Povoamento e do Serviço de Proteção aos Índios, aproveitando os seus funcionários.
Posteriormente, o Decreto-lei 2.168, de 06/05/1940, de Vargas, transformou as Inspetorias do Trabalho em DELEGACIAS REGIONAIS DO TRABALHO e o Inspetor Regional, em Delegado Regional do Trabalho.
Portanto, a denominação DRT pela qual conhecemos o órgão regional do Ministério do Trabalho e Emprego, tem cerca de 70 anos!!
Isso me faz lembrar um fato pitoresco que vivenciei nos idos de 1976 quando, tendo vinte e poucos anos de idade, recém-saído dos bancos acadêmicos, com a impetuosidade dos jovens e altamente imbuído da autoridade a mim atribuída, dirigi-me para realizar uma fiscalização. Ingressando no transporte coletivo, ao passar pela catraca, identifiquei-me e solicitei ao cobrador o Relatório de Viagem, para assiná-lo no local adequado e exercitar o passe livre, previsto em Lei. Muito sério, após examinar o meu documento de identificação o cobrador afirmou: “só tem passe livre no ônibus quem é da DRT. No seu documento não está escrito que é da DRT, portanto o senhor não terá o passe livre”. Tentei explicar que DRT é a sigla da Delegacia Regional do Trabalho, órgão local do Ministério do Trabalho. A explicação piorou as coisas. O preocupado cobrador examinou novamente o documento e exclamou: “e onde está escrito aqui Delegacia Regional do Trabalho?”. Não estava (como até hoje). De nada adiantaram as minhas explicações. Paguei a passagem e fui até o ponto final do ônibus onde, com o fiscal de linha, obtive os subsídios necessários da empresa para lavrar o Auto de Infração pela recusa de fornecimento do passe livre. Saí dali consciente que fizera a coisa certa. Entretanto, a viagem ao ponto final do ônibus foi tão longa que a tarde se fora e a fiscalização que eu iria fazer precisou ser adiada!
Esse relato serve para demonstrar o quão influente o nome DRT - Delegacia Regional do Trabalho, já naquela época, há quase 40 anos atrás desfrutava junto à sociedade. Nos anos subsequentes, o nome se consolidou ainda mais. Isso se deve à cortesia no atendimento e na
Roberto Vido AFT/GRTE/SP/Oeste
“LUTA. Teu dever é lutar pelo Direito. Mas no dia em que encontrares o Direito em conflito com a Justiça,
luta pela Justiça”. (Eduardo Couture).
orientação ao trabalhador prestados de forma direta e pessoal pelos AFTs, desde a época dos Inspetores do Trabalho, empossados na década de 60, alguns possuindo entranhadas raízes e vivência política em vigoroso partido trabalhista. Essa tradição permanece. Estabelece uma relação de simbiose entre o AFT, o Órgão e os trabalhadores, obrigando o AFT a elastecer os seus conhecimentos para além do direito do trabalho, impulsionado pela preocupação de atender as necessidades dos consulentes que, muitas vezes, procuram a DRT como um último recurso para encontrar apenas uma palavra amiga e de incentivo na sua solitária e, às vezes, desesperada luta diária para sobreviver, ou para buscar um direito (nem sempre) trabalhista mas que não sabem como exercê-lo, amodernando a eficácia da célebre frase, de Lacordaire, que demarcou o fim do liberalismo econômico e o início de maior presença do estado na sociedade: “em toda sociedade em que há fortes e fracos, é a liberdade que escraviza e é a lei que liberta”.
Por essas e outras razões aqui não arroladas, o nome DRT deixou de ser apenas algumas letras/palavras para tornar-se marca do Ministério do Trabalho e Emprego, conceituada e respeitada pela sociedade.
Há algum tempo, uma famosa montadora inglesa de automóveis, destinados à seleta e abastada elite, resolveu se desfazer da empresa. Na venda, separando as instalações fabris, apenas a marca foi vendida pela quantia de 60 milhões de dólares!
Diferentemente, DRT não tem um valor concorrencial, econômico. A marca DRT tem função identificadora e individualizadora. Após tanto tempo de exposição, protagoniza uma notória imagem na mente das pessoas estimulando-as a reconhecer, associar e diferenciar o serviço público oferecido. Isto não tem preço!
Vivemos a época da globalização em que empresas investem milhões em publicidade para tornar conhecida sua marca. Criam complexos call centers, serviços de informações, orientações e assistência técnica aos consumidores. Patenteiam procedimentos, lutam na justiça contra qualquer ato exterior que possa danificar ou sequer arranhar o nome da marca, cuidadosamente cultivado e encolado.
Pesquisadores criam ranking mundial para medir o quanto vale e qual é o conceito de que gozam as marcas na comunidade mundial.
Acompanhando essa tendência, a Assessoria de Comunicação Social do MTE estipulou a “unificação da identidade visual do MTE... para que a população em geral possa identificar, através das nossas marcas, as ações de políticas públicas desenvolvidas” (MEMO-CIRCULAR/MTE/GM/ACS/Nº35/2008).
Na mesma linha de estratégia, a Portaria nº 75, de 19/04/2011, do Secretário-Executivo do MTE, aprovou o manual de “padronização do mobiliário do MTE”, criando a uniformização, técnica e visual, dos móveis do MTE.
A precedida extinção do nome DRT não está em sinergia com os atos da Administração, acima citados, cujas finalidades objetivam, justamente, que a sociedade possa identificar nossas marcas. E entre elas, por que não, a marca DRT, tão conhecida pela sociedade e preservada na sua memória?
Ao renunciar à notável marca DRT para substituí-la por outro nome, de natureza nitidamente elitista, corremos o risco de perder nossa identidade. E, sabe-se lá, quanto tempo vai durar até que alguém tome igual decisão de mudá-lo novamente.
Esperamos que o Senhor Ministro, de história identificada indelevelmente com as lutas e os anseios do trabalhismo brasileiro, possa refletir com aquilo que simbolizou todo o seu passado, herança dos grandes líderes de seu partido, e considere a permanência do nome DELEGACIA REGIONAL DO TRABALHO, sob cuja égide, viu desenvolver sua trajetória política e pessoal.
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A ação fiscal dos colegas Auditores Fiscais do Trabalho Luis Alexandre de Faria e Giuliana Cassiano na empresa Zara, constatando violência contra trabalhadores nas empresas que confeccionam peças de roupas para ela, alcançou ampla repercussão na mídia, com um programa de televisão de mais de uma hora na TV Bandeirantes.
Contudo, a revista VEJA, na edição de 24/08/2011, na seção Panorama, coluna “Desce”, criticando a conduta da poderosa empresa espanhola Zara, publicou que ela foi denunciada, por prática de trabalho escravo, pelo Ministério Público do Trabalho, não fazendo qualquer menção aos colegas AFTs que, efetivamente, realizaram a denúncia, ignorando a portentosa ação da Auditoria Fiscal do Trabalho de São Paulo.
A esse respeito o colega Jesus Jose Bales, presidente do Sindicato Paulista dos Auditores Fiscais do Trabalho – SINPAIT - enviou àquela revista, em 23/08/2011, a seguinte comunicação:
“ De Jesus José Bales, presidente do Sindicato Paulista dos Auditores Fiscais do Trabalho Para o Sr. Diretor de Redação VEJA – Seção = LEITOR e-mail: [email protected].
Senhor Diretor,
Em sua última edição, de nº 2231, de 24/08/2011, a Revista Veja publicou, na seção PANORAMA, “Sobe Desce”, na coluna “Desce”, com o título ZARA, que “A loja espanhola é acusada pelo Ministério Público do Trabalho por uso de mão de obra escrava em oficinas terceirizadas no Brasil”. Com todo respeito, esclarecemos que quem denunciou a loja Zara, por esse delito, foram os Auditores Fiscais do Trabalho Luis Alexandre de Faria e Giuliana Cassiano, da Superintêndencia Regional do Trabalho no Estado de São Paulo, após meticuloso trabalho de
fiscalização em duas das empresas de confecção, fornecedoras exclusivas de peças para a ZARA, onde constataram trabalhadores, inclusive bolivianos, e menores, submetidos a trabalho ultrajante, análogo ao de escravidão. Essa ação fiscal ganhou ampla repercussão na mídia. A categoria dos Auditores Fiscais do Trabalho, por meio de seu sindicato paulista, agradece a atenção que possa dispensar no esclarecimento ora solicitado.
Jesus José BalesPresidente do SINPAIT”
É praticamente rotina a ausência de divulgação das inspeções diárias feitas pela Auditoria Fiscal do Trabalho, da SRTE-SP. Algumas delas, como essa na empresa ZARA, apresentam resultados extraordinários, na defesa dos trabalhadores, com intensa repercussão nos meios de comunicação.
Infelizmente, a própria Superintêndencia Regional do Trabalho do Estado de São Paulo, que deveria ser a primeira interessada em dar publicidade a essas ações fiscais, não o faz. Ainda que em seu organograma funcional haja um serviço de imprensa, na prática ele não existe.
A Superintêndencia Regional não apresenta qualquer atuação no campo da comunicação social. Isso é desalentador. Colegas auditores fiscais fazem, diariamente, trabalhos da maior importância, na fiscalização das empresas, mas seus relatórios fiscais ficam adormecidos nos autos dos processos, até que acabem arquivados. Toda a fecunda produção dos AFTs é mantida no anonimato, inviabilizando, até mesmo, a construção da boa imagem pública da instituição, que todos conhecem e respeitam como AUDITORIA FISCAL DO TRABALHO.
Certamente todos os ministérios federais tem seu serviço de imprensa, de comunicação social, nada justificando essa ausência na Superintêndencia paulista, a SRTE/SP.
AÇÃO DOS AFTS É SEMPRE ESQUECIDA
APOSENTADOS PROTESTAM NO CRISTO REDENTOR
Cerca de trezentos aposentados fizeram um ato
público de protesto contra o Governo aos pés do Cristo
Redentor, no Rio de Janeiro, no dia 06 de setembro último.
A manifestação contou com o apoio da Arquidiocese do
Rio de Janeiro e de várias entidades representativas dos
aposentados. O protesto foi contra o veto da presidente
Dilma Roussef a qualquer aumento real no valor dos
benefícios pagos pela Previdência aos aposentados e
pensionistas que recebem valor acima do salário mínimo.
No dia seguinte, 07 de setembro, um expressivo grupo de
servidores públ icos aposentados e aposentadas,
participou da Marcha contra a Corrupção, em Brasília,
manifestação que ocorreu quase ao mesmo tempo que o
grande desfile oficial, na esplanada dos Ministérios. A
Marcha contra a Corrupção, em Brasília, reuniu cerca de
trinta mil participantes, o que surpreendeu muitas
pessoas, pois o movimento, de natureza anti-partidária e
apolítica, nasceu de modo espontâneo, por meio de
convocações pela internet, e se configurou como um grito
popular de repulsa às constantes denúncias de desvio de
dinheiro público, envolvendo políticos e e seus partidos.
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Mais de mil servidores, de todo o país, na maioria de São Paulo, lotaram o auditório Petronio Portela, do Senado, durante todo o dia 31 de agosto último, num ato pela aprovação das propostas de emenda constitucional – PECs 555/06, 210/07 e 270/08.
O encontro foi promovido pelo MOSAP - MOVIMENTO DOS SERVIDORES PÚBLICOS APOSENTADOS E PENSIONISTAS e contou com a presença de dezenas de sindicatos, associações e entidades representativas dos servidores públicos do Brasil, entre elas o SINPAIT - Sindicato Paulista dos Auditores Fiscais do Trabalho, representado pelo presidente Jesus José Bales, pelas vice-presidentes Luci Helena Lipel e Solange Aparecida de Andrade. Das 09:00 horas da manhã até as 18:00 horas, os servidores públicos e suas lideranças encontraram-se com muitos deputados e senadores, expondo, às vezes com discursos inflamados, a razão dessa grande manifestação.
Mostram União
O colega Jesus Bales, presidente do SINPAIT, ficou entusiasmado com a grande concentração, ocorrida no principal espaço do Parlamento brasileiro.
“Foi um espetáculo muito bonito, até mesmo emocionante. Os servidores públicos mostraram ao Governo Federal sua força e sua união. Os servidores que lotaram o auditório Petrônio Portela mostraram que estão unidos não só em defesa de seus direitos, mas, principalmente, na defesa do contribuinte que, com o pagamento que faz de seus impostos e taxas, custeia o aparelho administrativo público, que, em troca, deve oferecer a ele serviço de boa qualidade e fazer com que a máquina pública funcione bem em todos os quadrantes do país”.
Prosseguindo, o colega Jesus enfatizou: “esse ato público foi promovido pelo MOSAP-MOVIMENTO DOS SERVIDORES PÚBLICOS APOSENTADOS E PENSIONISTAS, presidido pelo colega Edison Guilherme Haubert, movimento do qual o SINPAIT faz parte. Durante todo o dia 31 de agosto centenas de pessoas ocuparam o auditório Petrônio Portela, do Senado, ouvindo deputados, senadores e lideranças classistas dos servidores, que se revezavam no microfone, defendendo a aprovação das Pecs 210, 270 e 555. Convém lembrar que a PEC 270/08 corrige a injustiça praticada contra colegas servidores que se aposentam por invalidez e tem a sua remuneração diminuída de modo substancial. Já a PEC 555/06 corrige outra injustiça praticada contra todos os funcionários públicos aposentados, que, atualmente, são obrigados a contribuir
para a Previdência Social com até 11% de seus vencimentos mensais, sem nada receber em troca, o que gera uma situação absurda, colocando o Brasil como único país do mundo onde o aposentado continua contribuindo compulsoriamente para a Previdência Social, e a PEC 210/07, que objetiva restabelecer o adicional por tempo de serviço, que foi extinto quando da instituição do subsídio. Ficaram bastante evidentes, durante a manifestação, dois pontos que mereceram destaque: a intensa disposição de luta do MOSAP, no comando dessas reivindicações, e a grande massa de servidores públicos do estado de São Paulo, presente no auditório Petrônio Portela. O que ouvíamos, com frequência, é que o estado de São Paulo estava com o maior número de servidores nesse encontro.
Toda essa mobilização em favor das PECs 210, 270 e 555 começou de modo tímido, na capital paulista, reunindo meia dúzia de entidades representativas dos servidores, mas rapidamente o movimento empolgou, espalhou-se para outros estados e se transformou numa imensa campanha nacional em defesa do Serviço Público e pela acolhida das reivindicações básicas dos servidores.
O colega Jesus Bales relembrou: “Quando vemos esta forte mobilização, o pessoal sabendo o que realmente quer, ficamos felizes, pois esse movimento teve início em São Paulo, há mais de dois anos, quando foi criado o Forum São Paulo em Defesa das PECs 210/07, que devolve a todos os integrantes das carreiras típicas de Estado o adicional de tempo de serviço, a PEC 270/08, que protege a aposentadoria por invalidez e a 555/06, que extingue a cobrança da contribuição previdenciária sobre os servidores aposentados. Nossa diretoria, do SINPAIT, participou da criação do Forum e até hoje, mensalmente, é realizada uma reunião, com a presença sempre crescente de representantes de servidores federais, estaduais e municipais. Nas primeiras reuniões o Forum contou com representantes da Receita Federal, da Auditoria Fiscal do Trabalho, do Banco Central, da Assembléia Legislativa paulista e dos colegas do Judiciário.
Em São Paulo, além dessas reuniões mensais, o Forum também realizou uma grande concentração, em forma de audiência pública, no auditório do Palácio Nove de Julho – Assembléia Legislativa de São Paulo – quando foi decidido que o Forum passaria a se chamar “FRENTE NACIONAL”, a fim de trazer para essa grande luta, colegas de outros estados, o que de fato aconteceu, como pudemos ver nessa gigantesca reunião do dia 31 de agosto em Brasília. Talvez o marco inicial dessa arrancada do funcionalismo público foi também uma grande reunião convocada pelo MOSAP e realizada na Casa de Portugal, na capital paulista, no ano passado, quando o comparecimento de servidores foi altamente expressivo, bem como a presença de vários deputados, como Arnaldo Faria de Sá, João Dado, Ivan Valente, Marcelo Ortiz e Carlos Giannazi. Essa reunião consolidou os objetivos do movimento, organizou o fluxo de manifestações e acendeu, com muito vigor, a chama do entusiasmo em meio aos servidores públicos de nosso país. Passamos a sentir que a luta valia a pena e havia uma real possibilidade de vitória junto ao Governo. Os servidores públicos de todo o país, tanto aposentados, quanto ativos, estão lutando serenamente, conscientes das limitações, das dificuldades que são impostas, mas com a certeza de que essa luta vale a pena. Os servidores estão com muita disposição para lutar, para se manter mobilizados, mostrando união e solidariedade. É movimento apartidário e sem viés ideológico. Uma professora estadual paulista, de 91 anos, é a figura símbolo dos servidores públicos aposentados e quase sempre, nas reuniões, faz discursos vigorosos, lúcidos, que emocionam e levam cada um de nós a ter orgulho de ser funcionário público no Brasil”, finalizou Jesus.
Começou Com Fórum São Paulo
SERVIDORES LUTAM POR SEUS DIREITOS
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SINPAIT VISITA A GERÊNCIA SUL
Gentilmente convidado, o colega AFT Jesus Bales, presidente do SINPAIT, visitou a Gerencia Regional Sul, da capital paulista, no último dia 26 de setembro, levando seu apoio e abraço de solidariedade aos novos dirigentes. O colega AFT Marcos Marinho assumiu a gerencia Sul recentemente, após a aposentadoria do sempre querido colega AFT José Luis Lucas Barbosa, que por vários anos esteve no comando dessa importante unidade regional do MTE, em São Paulo. Jesus reencontrou, também, a servidora administrativa Eliane Montrezol Regane Medina, que é sua prima, em terceiro grau, relembrando passagens familiares.
Na oportunidade o gerente Marcos informou que, com a nomeação do colega AFT Carlos Kuba, para a chefia do Setor de Inspeção do Trabalho, completou a formação do novo quadro administrativo. Informou, ainda, que a agente administrativa Daniele Furtado havia sido nomeada chefe do Setor de Relações do Trabalho, Valeria Gonçalves está respondendo pelo Setor de Apoio Administrativo e Israelândia Miranda, pelo Seguro-Desemprego. Com satisfação confirmou que a repartição recebeu 14 novos agentes administrativos, aprovados no último concurso.
Além da vastidão territorial, que vai da Vila Mariana até as margens da represa Billings, abrangendo toda a região de Santo Amaro, a Gerencia Regional Sul do MTE concentra cerca de 60 mil empresas, com empregados, estimando-se, assim, que a zona sul paulistana tenha mais de um milhão de empregados, número superior à população de vários estados brasileiros.
“Basta lembrar que a circunscrição eleitoral da Capela do Socorro é a que tem o maior número de eleitores da capital. O cinturão industrial de Santo Amaro talvez seja a maior concentração de empresas da cidade, principalmente no setor químico. São vários os grandes centros empresariais, reunindo muitas empresas de grande expressão econômica. A zona sul de São Paulo, se analisada de modo individual, pode estar entre as dez maiores cidades do Brasil”, disse o colega AFT Henrique Ottajano.
O gerente Marcos Marinho disse que a Gerencia Sul realiza 1.500 homologações de rescisões contratuais por mês. De janeiro a setembro deste ano arrecadou mais de R$ 3 milhões de reais em multas administrativas.
Apesar desses números expressivos, a GRTE/Sul padece dos mesmos problemas que as demais gerencias, tanto do estado de São Paulo, como do Brasil afora, ou seja, tem sofrido drástica redução em seu quadro de auditores fiscais. O número caiu tanto que se torna quase impossível uma presença constante da auditoria fiscal do Trabalho em todos os bairros da região. Procura-se suprir essa dificuldade com um planejamento super-racional das ações fiscais, priorizando os casos de maior urgencia.
Também as instalações não são suficientes para acolher,
UM MILHÃO DE TRABALHADORES
SOFRE COM POUCOS AFTS
de modo adequado, as centenas de trabalhadores que diariamente procuram a sede da repartição, na rua Carneiro da Cunha, 354, bairro da Saúde, quase fronteira com a vila Mariana.
“Estamos em busca de parcerias com outras instituições, buscando encontrar um local onde possamos atender melhor o público que nos procura. Acredito que em breve poderemos contar com infra-estrutura melhor, possibilitando a expansão de nossos serviços, sempre visando oferecer um atendimento de qualidade, ainda que nossa demanda diária seja acima da média. Também contamos que ocorra em breve novo concurso para admissão de auditores fiscais do Trabalho e que, dentre os aprovados, um número razoável seja destinado aqui para a Gerencia Sul. Nesta vasta região a concentração empresarial e de trabalhadores é muito intensa. De momento, o que importa é que temos um excelente quadro de pessoal, sempre motivado, e que dá o melhor de si para o serviço público”, disse o colega AFT Marcos Marinho, bastante animado em movimentar melhor as atividades na Gerencia Regional Sul.
No bate-papo, o colega Marcos Marinho informou que está preparando uma reunião natalina em sua gerência e que pretende motivar os colegas ali lotados para que participem da confraternização que o SINPAIT realiza anualmente.
Durante a visita o colega AFT Jesus Jose Bales percorreu os plantões, cumprimentou os colegas AFTs e servidores, reviu alguns com os quais não se encontrava há bom tempo, como a colega AFT Katia Cassoni, e ofereceu todo o apoio do SINPAIT-Sindicato Paulista dos Auditores Fiscais do Trabalho aos colegas que atuam na Gerência Sul, sobretudo ao Marcos Marinho e ao Carlos Kuba, que agora começa a por em prática projetos que vão dinamizar, ainda mais, a fiscalização do Trabalho nessa importante região da capital paulista. “Ficamos felizes em ver o entusiasmo de voces. Esse é o melhor modo de fortalecermos a Auditoria Fiscal do Trabalho e termos o respeito e a solidariedade da população. Mas devo alertar que a Auditoria Fiscal do Trabalho, do jeito como está sendo esvaziada, sendo encolhida, sendo espremida, sem uma reação a altura para conter esse processo, talvez até intencional, de desqualificá-la, está correndo um risco real de se tornar uma atividade de importancia menor em nosso país”, disse o presidente do SINPAIT, ao se despedir dos colegas.
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Vamos contar uma história para responder a pergunta do título. Era uma vez, há muito tempo, uma inspetora do trabalho inglesa, que escreveu o seguinte texto, a respeito de uma fiscalização realizada por ela em 1903:
“Um excitante domingo, que eu passei, continua vivo em minha memória. Uma denúncia anônima, que eu tinha recebido, reportava que mulheres – empregadas de uma bem conhecida fábrica – estariam trabalhando no domingo.
Eu visitei a fábrica às 11 horas, desse domingo, mas tive que esperar, antes da porta da frente ser aberta.
Vistoriando as salas de trabalho eu as encontrei vazias, mas as janelas estavam abertas e as coberturas, colocadas sobre o trabalho, davam a impressão que tinha sido postas ali com açodamento.
Numa visita prévia eu tinha conseguido os nomes e endereços de algumas trabalhadoras. Então eu chamei um hansom cab (fiacre) e me dirigi a Brixton e Balham – os distritos dormitórios para os trabalhadores do West End – somente para ouvir, em seus lares, que elas estavam trabalhando.
Então me dirigi de volta à fábrica, esperando que desta vez eu obteria uma entrada imediata, pois uma segunda visita de um inspetor não seria muito esperada.
Entretanto eu encontrei a mesma situação. As salas de trabalho estavam outra vez vazias.
Ao anoitecer eu retornei a Brixton e Balham e encontrei as trabalhadoras em casa e elas me contaram, com excitação, como elas tinham sido empurradas para dentro de um banheiro da casa do empregador – que ficava anexa à fábrica – em cada uma das minhas visitas.
Assim, eu tive o conforto de ouvir que minhas atividades haviam desorganizado completamente o dia de trabalho e as declarações resultaram num bem sucedido processo”.
(MARTINDELE H., 1944, From one generation to another, pg 75, George Allen and Unwin, London, citado em Women of Courage, SUSAN YEANDLE, Health & Safety Executive, 1993, pg 14 )
Agora cumpre analisar a fiscalização realizada por essa
notável inspetora do trabalho. Ela se dirigiu à fábrica uma primeira vez, coletou nomes e
endereços das empregadas, examinando documentação.Dirigiu-se à fábrica uma segunda vez, no domingo, não se
contentando com as anotações de “ponto”. Queria dar o flagrante.
Examinou com atenção o ambiente de trabalho, viu detalhes como: “janelas abertas e coberturas colocadas às pressas”. (Olhos de inspetor).
Pegou um “hansom cab”, ou seja, um fiacre, ou cabriolé, em que o cocheiro viaja atrás do passageiro. Era 1903, os taxis eram puxados a cavalo. Foi do West End à Brixton e Balham, distritos de Londres, onde moravam as trabalhadoras. A distância mínima do deslocamento é, hoje, sete milhas e meia. Leva-se de automóvel cerca de vinte e seis minutos. Em cabriolé, mesmo sem trânsito intenso, deveria demorar quanto?
Entrevistou as famílias de mais de uma trabalhadora. Voltou.Foi na fábrica uma terceira vez, examinou o ambiente de
trabalho novamente.
À noite – na Londres do início do século passado - voltou à residência das empregadas e entrevistou várias.
Voltou para sua residência. Por baixo, cinco ou seis horas, só de deslocamentos. Posteriormente fez relatórios e processou a empresa.
A resposta à pergunta do título está contida nesta história. Persistência, coragem, entusiasmo, dedicação, ou resumindo, amor pelo que se faz, é o requisito fundamental para ser um verdadeiro Auditor Fiscal do Trabalho.
Os outros requisitos, como competência técnica, inteligência, conhecimento especializado e geral, etc, nada são sem o primeiro requisito. Não existirá nada que supere a dedicação. Com esta qualidade mesmo as deficiências técnicas serão superadas.
Um inspetor do trabalho que, simplesmente, cumpre pontuações necessárias para atingir metas fixadas pelo Ministério não resolve nada. Pior, não se realiza como pessoa.
Nestes tempos de “banalização da injustiça social”, como refere CHRISTOPHE DEJOURS, em que se nega o sofrimento, se institui a mentira, se racionaliza e banaliza o mal, nos centros de trabalho, e se propaga o desemprego, o inspetor do trabalho tem uma tarefa hercúlea pela frente e a primeira tarefa é não deixar que essa
Safety Executive, da Inglaterra, publicou em 1993, o livro:” Women of Courage “ ( Mulheres de Coragem ) que narra a história das primeiras mulheres inspetoras do trabalho. Não existe tradução para português.
2. CHRISTOPHE DEJOURS, é psiquiatra e psicanalista francês. Diretor do Laboratório de Psicologia do Trabalho da França. Seu livro: A banalização da injustiça social “, tradução para o português, encontra-se na sétima edição da Editora Fundação Getúlio Vargas. A Cortez Editora e a Oboré publicaram outro livro do autor : “ A Loucura do Trabalho “, um estudo sobre a psicopatologia do trabalho, que está na quinta edição e 13ª reimpressão.
Nota de Redação – A presente reflexão foi distribuída pelo colega Luiz Scienza, AFT/RS, tendo como anexo um artigo do colega José Cláudio Gomes, também do Rio Grande do Sul.
banalização do mal lhe atinja. Deve sentir fúria quando seu senso de justiça é injuriado, deve trabalhar com persistência, entusiasmo e dedicação, sabendo que o seu trabalho é fundamental aos trabalhadores e, portanto, ao país.
Voltando à história inicial, a inspetora, nas suas próprias palavras, foi gratificada pelo trabalho bem cumprido. Ao fim de sua vida profissional registrou suas atividades para os colegas que viriam. O título de um de seus livros é justamente: “De uma geração a outra”. Certamente, ao cerrar os seus olhos para sempre, estava plenamente realizada. Pode existir coisa melhor?
Notas:1. HILDA MARTINDALE começou a trabalhar como
inspetora do trabalho em 1902, na Inglaterra. Escreveu um livro sobre as suas atividades em 1944 (From one generation to another). O Health &
QUAL É O REQUISITO FUNDAMENTAL PARA SER UM VERDADEIRO AUDITOR FISCAL DO TRABALHO?
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BEL E A DOÇURA DO ARTESANATO
O artesanato – arte de fazer a mão – já teve melhores dias em nosso país, agora atingido pela concorrência do falsificado, feito pela máquina. Mas como é arte popular, espontânea, verdadeira expressão natural da criação artística, continua muito ativo em meio à nossa gente. Recentemente, no 29º ENAFIT, em Maceió, muitas colegas aproveitaram uma brecha da programação e foram ao bairro Pontal, um pouco distante do centro, conhecer as famosas rendas e, acima de tudo, as inspiradas rendeiras alagoanas
É um lugar pobre, outrora apenas vila de pescadores, mas que se tornou muito conhecido, turisticamente, por abrigar as muitas rendeiras, que ficam diante de suas casas trabalhando as rendas, fazendo toalhas de mesa magníficas que, no mais das vezes, acabam em residências ricas, do primeiro mundo, levadas pelas visitantes estrangeiras que ficam encantadas com essa arte, tão típica de várias regiões do Brasil. Como essas mulheres tão simples assimilaram um modo tão especial, e tão belo, de costurar as rendas? É tradição familiar, o ensinamento que passa de mãe para filha, ou mesmo de avó para neta. É assim, por exemplo, com as bordadeiras de Monte Sião, em Minas, as bordadeiras de Ibitinga, no interior paulista, as também famosas rendeiras do Ceará.
A colega AFT Isabel Arruda (GRTE/SP/SUL), nossa popular “Bel”, interessada nos temas de natureza popular, principalmente voltados para o trabalho da mulher e proteção da criança, sempre teve seu “hobby” voltado para os trabalhos manuais. Santista de nascimento, tem especial carinho pela cidade de Jaú, no interior paulista, onde residem parentes queridos, como tias que lhe passaram muitos ensinamentos jamais esquecidos.
Justamente numa conversa sobre as lembranças da infância, tanto de Santos, como daquela Jau ainda rural, líder na produção cafeeira do estado, Bel fez um depoimento enternecido sobre reminiscências da família, a vida simples e amorosa, ao lado dos entes que tiveram influência decisiva em sua formação.
Sou filha e sobrinha de “artesãs” que, desde a costura, passando pelo tricô, crochê, bordado e pintura, sempre fizeram parte da vida familiar. Meu “castigo”, para as artes de infância, era ficar sentada ao lado delas, aprendendo alguma tarefa manual. Crescendo, passei muito tempo fugindo desta área, mas, de repente, me via dentro de alguma tarefa que exigia algum trabalho manual. Durante o período em que fiquei parada, pelo acidente que sofri, consegui não me estressar, com a imobilidade, fazendo casaquinhos de tricô para entidades que as amigas participavam. Até hoje não sei onde foram parar tantos casaquinhos!
Sempre gostei de festas e, nelas, podia por em prática “minhas
habilidades” nos enfeites, nos pacotes natalinos, coisa que gosto de fazer até hoje. Se pudesse teria aberto uma loja só para fazer pacotes.
Há algum tempo freqüento um local chamado PANINHO CHIC, que dá aulas de cartonagem e outros ensinamentos. Aí venho desenvolvendo um trabalho muito típico, que é fazer caixas de papelão, forradas de pano, e agendas, o que me dá muito prazer. Pretendo continuar com essa atividade depois da aposentadoria (que espero ocorra breve), mas não sei, ainda, se ela vai se transformar em negócio. Se puder ter lucro vendendo o que faço, aceito encomendas desde já...”
Neste final do depoimento Bel Arruda lembra a poetisa goiana Cora
Coralina, que numa bonita entrevista à TV Cultura de São Paulo, disse certa
vez. “Sou doceira de mão cheia. Gosto muito de fazer doces caseiros. Todos
gostam dos meus doces. Levam meus potes, minhas compotas e pedem
até a receita. Mas nem sempre se lembram que é a doceira quem arca com
os custos para fazer”.
O colega AFT aposentado Nelson Mannrich foi agraciado com a medalha da Ordem do Mérito Judiciário e o título de comendador, outorgados pelo Tribunal Superior do Trabalho. A entrega solene ocorreu no dia 11 de agosto passado (dia consagrado aos cursos jurídicos) no auditório do TST, em Brasília.
Criada em 1970, a Ordem do Mérito homenageia pessoas e instituições que se distinguiram em suas profissões, ou serviram de exemplo para a sociedade. Neste ano foram distinguidos com a Ordem do Mérito Judiciário, além do colega AFT Nelson Mannrich, a Orquestra Criança Cidadã Meninos do Coque, o Instituto Ethos, o tenente-brigadeiro do Ar Juniti Saito, comandante da Aeronáutica, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, os ministros da Justiça, José Eduardo Cardoso, e do Esporte, Orlando Silva, o governador de Sergipe, Marcelo Deda, a apresentadora Hebe Camargo, os senadores Ana Amélia Lemos e Eunício Lopes de Oliveira, o maestro Cláudio Cohen, regente da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro, de Brasília, e o goleiro do São Paulo FC, Rogério Ceni. A instituição homenageada deste ano foi o Clube do Choro de Brasília, representado por seu presidente, Henrique Lima Santos Filho, o Reco do Bandolim.
A homenagem prestada pelo TST ao auditor fiscal do Trabalho, professor universitário e jurista Nelson Mannrich é um justo reconhecimento a sua valiosa contribuição ao mundo jurídico do trabalho, sobretudo com publicação de livros de excelente conteúdo técnico-jurídico. Para os AFTs é um orgulho tê-lo como colega.
Catarinense de nascimento, Nelson bacharelou-se em Direito pela PUC/SP, tornando-se mestre e doutor
MANNRICH
NELSON MANNRICH HOMENAGEADO
livre-docente em Direito pela USP. É professor titular de Direito do Trabalho na Universidade de São Paulo e na Universidade Mackenzie, Auditor fiscal do Trabalho aposentado (concurso de 1975) e participa de um dos mais respeitáveis escritórios de advocacia e consultoria jurídica de São Paulo.
A diretoria do SINPAIT enviou mensagem de felicitações ao colega Nelson Mannrich pela honraria recebida.
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Nelson Mannrich noTST/Brasília/DF
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AFT Isabel Arruda e diretores Solange e Jesus
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Nova Diretoria
Nossos cumprimentos aos novos dirigentes, desejando-lhes felicidades e sucesso na gestão da entidade:
AAFT/PR – Associação dos Auditores Fiscais do Trabalho do Paraná(Biênio 2011/2013)
Chapa Única: “Trabalho e Liberdade”
Diretor Presidente: Sérgio Silveira de BarrosDiretor Vice-Presidente: Fábio Ubirajara de Campos Latmann - Diretor Secretário Geral: Sérgio Kmetiuk - Diretor Financeiro: Sergio Antonio Wallbach Ribeiro - Diretor Jurídico: Luiz Fernando Favaro Busnardo - Diretor Cultural e Social: Francisco Carlos Bergami - Diretor de Assuntos de Inativos: Mario Toyoshima - Diretor Regional - Cascavel: Fernando Fernandes Freire - Diretor Regional - Foz do Iguaçu: Álvaro da Rocha Viana - Diretor Regional - Londrina: Latife Circhia Yared Iriarte - Diretor Regional - Maringá: Lauro Souza - Diretor Regional - Ponta Grossa: Cláudio Baccarin - Suplentes de Diretoria: Primeiro Suplente: Francisco Carlos de Lima, Segundo Suplente: Eduardo Zagonel e Terceiro Suplente: Emilia Bernadete N. Pinto - SUPLENTES DE DIRETORIAS REGIONAIS: Cascavel: Luiz Carlos de Andrade, Foz do Iguaçu: Mafalda Dias - Londrina: Juliana Kazuco Naka - Maringá: Djalma Tadashi Tatibana - Ponta Grossa: Antonio Luis Fabris Junior - CONSELHO FISCAL: TITULARES: 01 – Rui Alberto Tavares, 02 – Eduardo Maruyama e 03 – Regina Joana Oleski - SUPLENTES: 01 – Ana Cristina Eiko Hayashi, 02 – José Mauricio Subtil Santos e 03 – Vilma Valvassori Catenacci
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JOSÉ LUIZ SOARES ALVES - Chefe do Setor de Inspeção do Trabalho, da GRTE/São José dos Campos/SP – Portaria GM/MTE nº 1.710, de 23.08.11 (DOU. 24.08.11);
JÉSSICA CERATTI DELGREGO - Chefe do Setor de Atendimento na Área de Trabalho, Emprego e Renda, da GRTE/Santo André – Portaria GM/MTE nº 1.782, de 02.09.11 (DOU. 05.09.11);
DANIELE FURTADO - Chefe do Setor de Relações do Trabalho, da GRTE /São Paulo/ Zona Sul – Portaria GM/MTE nº 1.784, de 02.09.11 (DOU. 05.09.11);
ROGÉRIO TARO SUZUKI - Chefe do Setor de Atendimento na Área de Trabalho, Emprego e Renda, da GRTE/São Paulo/ Zona Leste – Portaria GM/MTE nº 1.787, de 02.09.11 (DOU. 05.09.11);
DENER FRANÇA DO NASCIMENTO - Chefe da Agência Regional em Batatais, da GRTE/Ribeirão Preto/SP – Portaria GM/MTE nº 1.922, de 21.09.11 (DOU. 22.09.11);
CARLOS KUBA - Chefe do Setor de Inspeção do Trabalho, da GRTE/São Paulo/Zona Sul – Portaria GM/MTE nº 1.923, de 21.09.11 (DOU. 22.09.11).
Designações em São Paulo
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WILSON NUNES KRUGER – Coordenador-Geral de Registro Sindical, da Secretaria de Relações do Trabalho/MTE – Portaria GM/MTE nº 1.723, de 24.08.11 (DOU. 25.08.11);
ALLAN ABREU VASCONCELOS – Assessor, da Secretaria de Relações do Trabalho/MTE – Portaria GM/MTE nº 1.725, de 24.08.11 (DOU. 25.08.11);
ALOYSO MUNHOZ – Assessor do Ministro/MTE – Portaria GM/MTE nº 1.726, de 24.08.11 (DOU. 25.08.11);
IONE ROCHA TORRES MENDES – Assessor Técnico, da Secretaria de Relações do Trabalho/MTE – Portaria GM/MTE nº 1.833, de 09.09.11 (DOU. 12.09.11);
ALEX SANDRO GONÇALVES PEREIRA – Chefe de Gabinete do Ministro de Estado do Trabalho e Emprego/MTE – Portaria PR/CC/MTE nº 1.471, de 27.09.11 (DOU. 28.09.11).
Nomeações em Brasília
MARIA DALVA GOMES PIRESAFT aposentada/São Paulo/SP
+ 05/07/2011
ARNALDO VIEIRA DOS SANTOSAFT aposentado/Avaré/SP
+ 03/09/2011
Adeus. Até sempre.Saudades...
Na Paz do Senhor
Aposentadoria
Nossos cumprimentos e agradecimentos pelos trabalhos em prol da categoria e contribuição à valorização da Inspeção do Trabalho.
CLÁUDIA ZANOTTA VALLADÃO - Auditora Fiscal do Trabalho, lotada na GRTE/SANTOS/SP - Portaria SRTE/SP/MTE nº 227, de 06.09.11 (DOU. 22.09.11).
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Andréa & Ricardo
No dia 24 de setembro de 2011, às 20,30 horas, em um Hotel, em São Paulo, realizou-se a cerimônia religiosa de casamento dos jovens ANDRÉA e RICARDO.
A noiva é filha de nossa colega Alzira Braga Godoy, já falecida.
Os cumprimentos, após a cerimônia, no mesmo local, onde foi oferecido aos convidados uma recepção no melhor estilo.
Entre os convidados, contamos Rubens Ferreira e sua esposa Eloisa, Jorge Yunes e sua esposa Ivani, a pianista Heleninha e os representantes do SINPAIT, Luci Helena Lipel e Jesus José Bales.
Na oportunidade, agradecemos o convite e renovamos os cumprimentos aos pais e familiares, desejando ao jovem casal muito amor, harmonia e felicidades.
NASCIMENTO
Leonardo Julião Magaldi nasceu em São Paulo, no dia 21 de setembro de 2011, filho do casal Graziela M. Julião e Gustavo Magaldi e primeiro neto de nossa colega Aft Nilza da Costa Mendonça, Chefe da Seção de Multas e Recursos da SRTE/SP.
Enlace Matrimonial
Arquivo P
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Ivete Cassiani Furegatti – AFT aposentada/Campinas/SP – “Tenho a honra de poder compartilhar com vocês, meus amigos, a alegria de ter obtido o 2º lugar no 1º Encontro de Pintura, relativo aos 71 anos da Escola Preparatória de Cadetes do Exército, em Campinas. Agradeço a Deus pelo dom de poder criar, de poder retratar, em tintas e pinceladas, o que vai na alma.”
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