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FAZU em Revista Uberaba n.2 p.1-350 2005
ISSN 1806-1699
Publicação Anual das Faculdades Associadas de Uberaba
2005
Faculdades Associadas de Uberaba - FAZU
Mantenedora: Fundação Educacional para o Desenvolvimento das Ciências Agrárias - FUNDAGRI
Av. do Tutuna, 720 – Bairro Tutunas
CEP 38061-500, Uberaba – MG
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Publicação Anual
Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida, desde que citada a fonte. Disponível no formato PDF, no site www.fazu.br/revista
Catalogação elaborada pela Biblioteca Dora Sivieri
Os artigos e os resumos aqui publicados são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores.
FAZU EM REVISTA / Faculdades Associadas de Uberaba. -- n. 1 (2004)- . -- Uberaba, MG : FAZU, 2004- n. Anual Português ISSN 1806-1699 1. Ciência-Periódico. I. Faculdades Associadas de Uberaba.
CDD 050
Publicação Anual das Faculdades Associadas de Uberaba
2005 Comissão Editorial: Adriana Cristina Mancin
Dionir Dias de Oliveira Andrade
Conselho Editorial: Alexandre Lúcio Bizinoto
José Roberto Delalibera Finzer
Kátia Maria Capucci Fabri
Luís César Dias Drumond
Márcia Beatriz Velludo Araújo Fugeiro
Marco Antônio Maciel Pereira
Marisa Borges
Sérgio Luiz Hillesheim
Editora Responsável: Adriana Cristina Mancin
Colaboradores: Keliane Elisandra Cruz Salomão - Secretária
Reginaldo Costa Silva – Suporte Técnico
Sônia Maria Resende Paolinelli – Normatização
Revisores Técnico-Científicos: Adriana Cristina Mancin; Alexandre Lúcio Bizinoto; André
Luís Rios Rodrigues; Aparecida Maria Xenofonte Pereira Valle; José Roberto Delalibera Finzer;
Kátia Maria Capucci Fabri; Leila Maria Franco; Luís César Dias Drumond; Mara Cristina Piolla
Hillesheim; Maria Alice Figueiredo Martins Bonilha; Sandra Mara Tiveron Juliano; Sérgio Luiz
Hillesheim.
APRESENTAÇÃO
Em plena sintonia com o desenvolvimento da nossa Instituição, e sinalizando a expansão e a
superação do sonho acalentado por nós no ano de 2004, lançamos neste mês de maio, e no ano das
comemorações dos 30 anos das Faculdades Associadas de Uberaba, a “FAZU em Revista, n. 2,
2005”.
Como Instituição de Ensino Superior, a FAZU prima por ser um centro de excelência e
referência. Nossa opção pela excelência evidencia-se na diferenciação dos projetos pedagógicos de
cada curso, nas adequações das instalações físicas e especialmente no nosso corpo docente, que atua
visando a construção de conhecimento do nosso aluno, aliando teoria e prática.
A opção por ser referência em qualidade de educação é expressa pelas oportunidades de
acompanhar a evolução científica e tecnológica e oportunizar a formação de recursos humanos,
capazes e eficazes, na promoção das transformações sociais necessárias ao desenvolvimento de
nossa sociedade.
“FAZU em Revista” é uma publicação anual que reúne pesquisas já desenvolvidas e em
andamento, resultados de projetos científicos articulados por nossos professores, alunos e
pesquisadores.
A revista retrata também o esforço de toda a comunidade acadêmica e Instituições parceiras
em divulgar trabalhos que irão beneficiar a comunidade em geral e permitir o desenvolvimento
técnico-científico da região.
Este segundo número contempla publicações de caráter multidisciplinar, composto por artigos
técnico-científicos e resumos dos trabalhos apresentados na III Jornada Científica da FAZU - ano
2004.
Nosso propósito continua sendo fazer da “FAZU em Revista” um canal de viabilização para o
debate, a difusão de idéias e a troca de experiências, permitindo a geração e multiplicação do
conhecimento.
Dionir Dias de Oliveira Andrade
Diretora Geral da FAZU.
ÍNDICE DE ARTIGOS Agronomia-01
AVALIAÇÃO DE ÉPOCAS DE PLANTIO PARA GENÓTIPOS PRECOCES DE ALGODOEIRO
HERBÁCEO NO MUNICÍPIO DE UBERABA-MG - PLANTING DATE EVALUATION FOR EARLY
COTTON GENOTYPES IN UBERABA REGION IN MINAS GERAIS STATE - LACA-BUENDÍA, J.P.;
FALLIERI, J.; SILVA, P.J. da; RABELO, P.V. ......................................................................................................................003
Agronomia-02
AVALIAÇÃO DE GENÓTIPOS DE SOJA DE DIFERENTES GRUPOS DE MATURIDADE QUANTO À
RESISTÊNCIA A Meloidogyne javanica - EVALUATION OF SOYBEAN GENOTYPES FROM
DIFFERENT MATURITY GROUP TO Meloidogyne javanica RESISTANCE - GUISSONI, F.P.; SÁ, M.E.L.
de; ARANTES, N.E.; ZITO, R.K...............................................................................................................................................011
Agronomia-03
AVALIAÇÃO DO TEOR DE SÓLIDOS SOLÚVEIS EM DIFERENTES PERÍODOS APÓS A
COLHEITA DE CANA-DE-AÇÚCAR CRUA E QUEIMADA - ESTIMATION OF SOLUBLE SOLIDS
PERCENTAGE IN DIFFERENT AFTER HARVEST PERIODS OF BURNED AND NOT BURNED
SUGARCANE - BORGES, R.F.; BORIN, L.; MORO, F.T.; LIMA, F.G.; BONILHA, S.F.M.............................................018
Agronomia-04
CARACTERÍSTICAS DE CRESCIMENTO DE PASTAGENS IRRIGADAS E NÃO IRRIGADAS EM
AMBIENTE DE CERRADO - GROWTH CHARACTERISTICS OF IRRIGATED AND NOT IRRIGATED
PASTURES UNDER SAVANNA CONDITIONS - AGUIAR, A.P.A.; DRUMOND, L.C.D.; FELIPINI, T.M.;
PONTES, P.O.; SILVA, A.M. ....................................................................................................................................................022
Agronomia-05
DOSES E MODOS DE APLICAÇÃO DE POTÁSSIO NA PRODUTIVIDADE DE GRÃOS E
QUALIDADE DE SEMENTE DE SOJA (Glycine max L. MERRIL) - STUDY OF THE MODE OF
APPLICATION AND DOSES OF POTASSIUM ON GRAIN YIELD AND QUALITY OF SEED OF
SOYBEAN (Glycine max L. MERRIL) - PEDROSO NETO, J.C.; REZENDE, P.M. .............................................................027
Agronomia-06
EFEITOS DE CAPINAS E ADUBAÇÃO NITROGENADA EM COBERTURA EM DIFERENTES
ESTÁDIOS DE DESENVOLVIMENTO DO FEIJOEIRO - FFECTS OF WEEDING AND SIDE-
DRESSING APPLICATION OF NITROGEN ON DIFFERENT BEAN GROWTH STAGES - PAES, J.M.V.;
CARDOSO, A.A.; SILVA, A.A.; BRITO, C.H. .......................................................................................................................037
Agronomia-07
EFEITO DE CARGAS VERTICAIS EXERCIDAS SOBRE A RODA COMPACTADORA NA CULTURA
DO ALGODÃO (Gossypium hirsutum L.) - EFFECT OF VERTICAL LOADS EXERCISED ON THE PRESS
WHELL IN THE CULTURE OF THE COTTON (Gossypium hirsutum L.) - CORTEZ, J.W.; CARVALHO
FILHO, A.; SILVA, R.P. da; FURLANI, C.E.A.......................................................................................................................045
Agronomia-08
EFEITO DO MOMENTO DA ADUBAÇÃO NA TAXA DE ACÚMULO DE FORRAGEM E NA
CAPACIDADE DE SUPORTE - EFFECT OF TIMING OF FERTILIZATION ON FORAGE
ACCUMULATION RATE AND CARRYING CAPACITY - DRUMOND, L.C.D.; AGUIAR, A.P.A.;
FELIPINI, T.M.; PONTES, P.O.; SILVA, A.M. ......................................................................................................................051
Agronomia-09
EFEITO DE DIFERENTES DOSES E ÉPOCAS DE APLICAÇÃO DE ORGANOMINERAL NA
PRODUTIVIDADE DE MILHO PARA SILAGEM - EFFECTS OF DIFFFERENT DOSES AND
APPLICATION TIMES OF ORGANOMINERAL FERTILIZER ON CORN PRODUCTIVITY - SOUZA, J.A. ....................055
Engenharia de Alimentos-01
AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE Staphylococcus aureus EM QUEIJO MINAS FRESCAL
TRATADO POR RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA - MICROBIOLOGIC EVALUATION OF Staphylococcus
aureus IN FRESCAL CHEESE FROM MINAS TREATED WITH ULTRAVIOLET RADIATION - BORGES,
E.A.S.; OKURA, M.H. ................................................................................................................................................................060
Engenharia de Alimentos-02
EFICIÊNCIA DE DESINFECÇÃO PARA O TRATAMENTO “MINIMAMENTE PROCESSADO” DE
ALFACE CULTIVADA EM MEIO HIDROPÔNICO - EFFICIENCY OF SANITARY MEASURES FOR
THE TREATMENT OF MINIMALLY PROCESSED HYDROPHONIC LETTUCE - MARIANO, A.M.S.E.;
TEIXEIRA, A.N.S.; OKURA, M.H. ..........................................................................................................................................068
Engenharia de Alimentos-03
ENUMERAÇÃO DE COLIFORMES TOTAIS, Escherichia coli E Cryptosporidium spp EM ÁGUA DE
ABASTECIMENTO E DE MINAS DE UBERABA, MG - COUNTING OF TOTAL COLIFORMS,
Escherichia coli AND Cryptosporidium spp IN WATER SUPPLIES OF MINAS GERAIS AND UBERABA -
SIQUEIRA, K.B.; OKURA, M.H...............................................................................................................................................079
Engenharia de Alimentos-04
ESTUDO DA ACEITAÇÃO SENSORIAL EM AMOSTRAS DE FROZEN YOGURT SABOR
MORANGO PROCESSADAS A PARTIR DE LEITE E DE EXTRATO AQUOSO DE SOJA - STUDY
THE ACCEPTANCE SENSORIAL IN SAMPLES OF FROZEN YOGURT FLAVOR STRAWBERRY
PROCESSED STARTING FROM MILK AND OF EXTRACT AQUEOUS OF SOY - RAMOS, F.L.;
MIGUEL, D.P.; RAMOS, M.A. .................................................................................................................................................088
Engenharia de Alimentos-05
ESTUDO DE VIDA-DE-PRATELEIRA E ANÁLISE SENSORIAL DE CONSERVA E MOLHO DA
PIMENTA BIQUINHO - A STUDY ON THE SHELF LIFE AND SENSORIAL ANALYSIS OF PICKLED
BIQUINHO PEPPER IN SAUCE - LOPES, E.V.; OKURA, M.H. ...........................................................................................097
Engenharia de Alimentos-06
EXTRAÇÃO DE ÓLEO ESSENCIAL DE Eucalyptus citriodora - EXTRACTION OF ESSENCIAL OIL OF
Eucalyptus citriodora - VILAÇA, A.C.; BERNADES, E.A.; MELO, V.Q...............................................................................107
Engenharia de Alimentos-07
ESTUDO DA SECAGEM DE PASTA DE AMIDO EM LEITO DE JORRO COM PARTÍCULAS
INERTES - STUDY OF THE DRYING OF STARCH PASTE IN SPOUDET BED WITH INERT PARTICLES
- RAMOS, A.R.; da SILVA, A.L.A.; FINZER, J.R.D. ......................... ...................................................................................118
Engenharia de Alimentos-08
PROCESSAMENTO DE CAPRINOS - GOAT MEAT PROCESSING - RIBEIRO, N.M.; JARDIM, F.B.B.;
ULHÔA, M.F.P.; FINZER, J.R.D..............................................................................................................................................126
Engenharia de Alimentos-09
ESTUDO DO EFEITO DA ESTERILIZAÇÃO COMERCIAL NA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA E
SENSORIAL DE CORNED BEEF - STUDY OF THE EFFECT OF COMERCIAL STERELIZATION IN
MICROBIOLOGIC AND SENSORIAL QUALITY OF CORNED BEEF - FERREIRA, L.S.; JARDIM,
F.B.B.; MIGUEL, D.P.................................................................................................................................................................136
Engenharia de Alimentos-10
INFLUÊNCIA DA ATMOSFERA MODIFICADA NA COMPOSIÇÃO DE QUEIJO “MINAS
FRESCAL” - MODIFICATED ATMOSPHERE INFLUENCE IN THE “MINAS FRECAL” CHEESE
COMPOSITION - de ARAUJO, P.F.; OKURA, M.H.; REZENDE, R.; JARDIM, F.B.B.; FINZER, J.R.D.;
FRANZÉ, S.F...............................................................................................................................................................................144
Engenharia de Alimentos-12
ACEITABILIDADE DE “IOGURTES” A BASE DE EXTRATO AQUOSO DE SOJA SEM
LIPOXIGENASE - SENSORIAL ACCEPTANCE OF THE EXTRACT AQUEOUS OF SOY YOGURT
FROM WITHOUT LIPOXIGENASE SOY - FERREIRA, K.B.C.; RAMOS, M.A.; MIGUEL, D.P......................................156
Zootecnia-01
COMPORTAMENTO DE COELHAS DURANTE O PERÍODO PRÉ-PARTO ATÉ O SEXTO DIA DE
VIDA DOS LÁPAROS - BECHARIA THE RABBITS DURING PERIOD OF GESTATION AND SIX DAY
AFTER LIVE OF LAPPERS - BERNARDES, R.S.; FILHA RIBEIRO, A.M.........................................................................161
Zootecnia-02
DESEMPENHO DE BOVINOS DA RAÇA NELORE TERMINADOS EM DIFERENTES SISTEMAS
DURANTE O PERÍODO DA SECA - PERFORMANCE OF NELORE CATTLE WITH DIFFERENT
TERMINATION SYSTEMS DURING DRY SEASON - FERNANDES, L. de O.; PERAZZOLI, C.H.; PAES,
J.M.V.; LANDIM, V.J.C.; SILVA JR, A.H.; SANTOS, A.T.; SANTOS, G.O.......................................................................168
Zootecnia-03
DURAÇÃO DO ESTRO, INTERVALO ENTRE A ADMINISTRAÇÃO DA PROSTAGLANDINA E A
OCORRÊNCIA DO ESTRO E DA OVULAÇÃO, MOMENTO DA OVULAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO
DO PERÍODO OVULATÓRIO DE VACAS GIR SUPEROVULADAS NO INVERNO E NO VERÃO -
ESTRUS DURATION, INTERVAL BETWEEN PROSTAGLADIN ADMINISTRATION AND THE ESTRUS
AND OVULATION OCCURRENCE, OVULATION MOMENT AND ESTRUS CARACTERIZATION OF
THE SUPEROVULATION GIR COWS IN THE WINTER AND SUMMER - LOPES, B.C.; PIRES, M.F.A.;
SILVA FILHO, J.M.; FERREIRA, M.B.D.; FREITAS, C.; VIANNA, J.H.M......................................................................178
Zootecnia-04
EFEITOS DA INCLUSÃO DE DIFERENTES FONTES PROTÉICAS NAS DIETAS DE VACAS GIR
LEITEIRAS SOBRE A PRODUÇÃO DE LEITE - INCLUSION EFECTS OF DIFERENT PROTEIN
SOURCES IN GIR COWS DIETS ON THE MILK PRODUCTION - PRADO, T.A.; TEIXEIRA, J.C.;
SOUZA, J.C. de; PEREZ, J.R.O.; PRADO, G.F.; FERNANDES, L. de O.; FORTES, C.A.; SILVA, A.C.;
MARDEGAN, E.R.; ROSA, R.; LEME, T.P.; DENUCCI, B.L. .............................................................................................190
Zootecnia-05
ESTIMATIVAS DE CORRELAÇÕES GENÉTICAS ENTRE INDICADORES FENOTÍPICOS
UTILIZADOS EM MACHOS DA RAÇA NELORE - ESTIMATES OF GENETIC CORRELATIONS
AMONG PHENOTYPIC INDICATORS USED IN MALES OF THE NELORE RACE - GIRARDI, L.R.;
JOSAKHIAN, L.A.......................................................................................................................................................................197
Zootecnia-06
MINERAIS INJETÁVEIS NO TRATAMENTO DE DOENÇA DE CASCO EM BOVINOS - USE OF
INJECTED MINERALS IN THE TREATMENT OF SHELF DESEASE IN BOVINES - BENEDETTI, E.;
DESTRO, G.R. ............................................................................................................................................................................208
Zootecnia-07
EFEITO DA PRESENÇA DO MACHO NA EFICIÊNCIA REPRODUTIVA DE NOVILHAS ZEBU -
EFFECT OF MALE PRESENCE IN REPRODUCTIVE PERFORMANCE IN ZEBU HEIFERS - FERREIRA,
M.B.D.; SATURNINO, H.M.; LOPES, B.C.; MACHADO, L.H.; MOURÃO, G.B. .............................................................213
Zootecnia-08
EFEITOS DA SUPLEMENTAÇÃO COM CROMO ORGÂNICO E DO SOMBREAMENTO SOBRE O
DESEMPENHO DE BOVINOS NELORE CRIADOS A PASTO DURANTE O PERÍODO DE MAIO A
NOVEMBRO - EFFECTS OF SUPPLEMENTATION WITH ORGANIC CHROMIUM AND SHADE ON
PERFORMANCE OF NELORE BOVINES BREEDING IN PASTURE DURING THE PERIOD OF MAY
UNTIL NOVEMBER - BIZINOTO, A.L.; BENEDETTI, E.; BORGES, L.F.C.; FAVERO, B.F.; AGUIAR,
A.P.A.; DRUMOND, L.C.D........................................................................................................................................................226
Zootecnia-09
INFLUÊNCIA DO POSICIONAMENTO DOS CRAVOS NA EXPANSÃO DOS TALÕES DOS CASCOS
DOS MEMBROS TORÁCICOS DE EQUINOS EM ESTAÇÃO SUBMETIDOS A FERRAGEAMENTO
CONVENCIONAL - INFLUENCE OF THE NAILS POSITION ON HEELS EXPANSION OF THE EQUINE
FORE LIMB SUBMITTED TO A CONVENTIONAL SHOEING - PARO, P.H.Z.; PARO, J.L.N.;
PACHECO, J.R.; AZEVEDO, B.R............................................................................................................................................237
Zootecnia-10
DESEMPENHO DE NOVILHAS MESTIÇAS ALIMENTADAS COM DIETA À BASE DE CANA-DE-
AÇÚCAR, COM ADIÇÃO DE DOSES CRESCENTES DE POLPA CÍTRICA - GROWTH
PERFORMANCE OF CROSSBRED HEIFEIRS FED SUGAR CANE DIETS, WITH ADDITION OF
INCREASING AMOUNTS CITRUS PULP - SILVA, E.A.; PAES, J.M.V.; FERNANDES, L. DE O.;
MARCATTI, A............................................................................................................................................................................244
Licenciatura em Computação-01
REQUISITOS ERGONÔMICOS PARA O DESENVOLVIMENTO DAS INTERFACES GRÁFICAS
PARA A ANÁLISE DA MATURIDADE ÓSSEA - ERGONOMIC REQUISITES FOR GRAPHICAL
INTERFACES DEVELOPMENT FOR THE ANALYSIS OF BONE MATURITY - SILVA, T.A.M.; FLÔRES,
E.L.; CARVALHO, L.L.; MACEDO, T.A.A. ...........................................................................................................................253
Licenciatura em Computação-02
SISTEMA DE APOIO AO ENSINO E APRENDIZADO DE GEOMETRIA EUCLIDIANA E
NUMERAÇÃO POSICIONAL, UTILIZANDO TÉCNICAS DE PIAGET - SYSTEMS OF SUPPORT TO
THE TEACHING OF ECLIDIAN GEOMETRY AND NUMBER POSITIONING, USING PIAGET´S
TECHNIQUES - PAIVA, L.R.M.; LIMA, S.F.O.; SOARES, A.B.; LIMA, L.V. ..................................................................262
Licenciatura em Computação-03
TRANSFORMADAS WAVELETS: UMA FERRAMENTA PARA EXTRAÇÃO DE
CARACTERÍSTICAS INVARIANTES - WAVELET TRANSFORM: A TOOL FOR EXTRACTION OF
INVARIANT FEATURES - MANZAN, W.A.; BARBAR, J.S.; KANAAN, E.E.....................................................................271
Licenciatura em Letras-01
CONCEPÇÕES DE LEITURA PRESENTES NA SALA DE AULA DE LÍNGUA ESTRANGEIRA DO
ENSINO MÉDIO - READING APPROACHES PRESENT IN THE EFL IN HIGH SCHOOL CLASSES -
VALLE, A.M.X.P.; PUCCI, B.R.F. ...........................................................................................................................................278
Licenciatura em Letras-02
O PROFESSOR DE LÍNGUA INGLESA E A FORMAÇÃO DO CIDADÃO CRÍTICO - THE ENGLISH
TEACHER AND CRITICAL CITIZENSHIP DEVELOPMENT - MAXWELL, L.J..................................................................283
Licenciatura em Letras-03
UMA ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURSO DE UM EDITORIAL À LUZ DA LINGÜÍSTICA
SISTÊMICO-FUNCIONAL - AN EDITORIAL DISCOURSE CRITICAL ANALYSIS USING A SYSTEMIC
FUNCTIONAL LINGUISTIC APPROACH - FRANCO, L.M...................................................................................................289
Licenciatura em Letras-04
O PROCESSO DE AVALIAÇÃO DE ENSINO-APRENDIZAGEM E SUAS DIFICULDADES
PRÁTICAS PARA UMA PRÁXIS TRANSFORMADORA NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO
SUPERIOR - THE PROCESS OF TEACH-LEARNING EVALUATION AND ITS PRACTICAL
DIFFICULTIES FOR PRAXIS TRANSFORMING IN THE INSTITUTIONS OF SUPERIOR EDUCATION -
FUGEIRO, M.B.V.A. ..................................................................................................................................................................297
Licenciatura em Letras-05
LÍNGUA ESTRANGEIRA: PROCESSOS DE IDENTIFICAÇÃO DO PROFESSOR-FORMADOR -
FOREIGN LANGUAGE: IDENTIFICATION PROCESSES OF THE ROLE MODEL TEACHER - SILVA,
E.R. ...............................................................................................................................................................................................305
Licenciatura em Letras-06
“A FORMAÇÃO DE PROFESSORES E O FIO DE ARIADNE” - TEACHER EDUCATION AND
ARIADNE’S THREAD - CARVALHO, E.M.B. ........................................................................................................................317
Licenciatura em Letras-07
UM ESTUDO DE ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS USADAS EM EDITORIAIS
JORNALÍSTICOS - A STUDY OF ARGUMENTATIVE ESTRATEGIES USED IN JOURNALISTIC
EDITORIALS - PARREIRA, M.S . ............................................................................................................................................325
Secretariado Executivo Bilíngüe-01
PORTFÓLIO COMO POSSIBILIDADE DE AVALIAÇÃO NO CURSO DE SECRETARIADO
EXECUTIVO BILÍNGÜE - PORTFOLIO AS AN EVALUATION POSSIBILITY IN OFFICE
ADMINSTRATION ASSISTANT COURSE - PENNA, E.C.G. ................................................................................................334
Secretariado Executivo Bilíngüe-02
A ARTE DE ESTUDAR E SER UM PROFISSIONAL BEM SUCEDIDO NA AREA DE
SECRETARIADO EXECUTIVO BILINGUE - THE ART OF STUDY AND BE A FULL PROFESSIONAL
IN THE OFFICE ADMINISTRATION - OLIVEIRA, S.A.C.; REIS, M.; PENNA, E.C.G. ....................................................345
FAZU em Revista, Uberaba, n.2, p.3-10, 2005
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Agronomia-01
AVALIAÇÃO DE ÉPOCAS DE PLANTIO PARA GENÓTIPOS PRECOCES DE ALGODOEIRO
HERBÁCEO NO MUNICÍPIO DE UBERABA-MG
PLANTING DATE EVALUATION FOR EARLY COTTON GENOTYPES IN UBERABA REGION IN MINAS
GERAIS STATE
LACA-BUENDÍA, J.P.1; FALLIERI, J.2; SILVA, P.J. da3; RABELO, P.V.4 1 Pesquisador, Manejo da Cultura de Algodão, EPAMIG – Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais,
Uberaba – MG, e-mail: [email protected]
2 Pesquisador, Melhoramento Genético do Algodão, EPAMIG – Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais,
Uberaba - MG, e-mail:[email protected] 3 Pesquisador, EPAMIG/CTTP/FEGT, EPAMIG – Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, Uberaba –
MG, e-mail: [email protected] 4 Consultor, Prof. MSc., FAZU – Faculdades Associadas de Uberaba, Uberaba – MG, e-mail: [email protected]
RESUMO: Com o objetivo de avaliar a melhor época de semeadura de genótipos de algodoeiro de ciclo precoce
(Gossypium hirsutum) em solos de cerrado, foi conduzido um experimento no município de Uberaba, na Fazenda-
Escola da FAZU - Faculdades Associadas de Uberaba, no ano agrícola de 2002/2003. Utilizou-se o delineamento
experimental em blocos casualizados, com quatro repetições, em parcela subdividida, sendo as parcelas, as épocas de
semeadura: 29 de outubro, 12 e 26 de novembro, 17 e 30 de dezembro de 2002 e 06 de janeiro de 2003 e as subparcelas,
os genótipos: EPAMIG Precoce 1, HD (C-25-1-80), HD (C-24-5-78). Avaliou-se no ensaio as seguintes características
agronômicas: produção, estande na colheita, altura final de plantas, peso de capulho, peso de 100 sementes e índice e
porcentagem de fibra. Na produção de algodão em caroço considerando-se as épocas, houve diferenças significativas,
sendo que as maiores produções foram obtidas em 29 de outubro, 12 e 26 de novembro de 2002. Já nas três últimas
épocas, 12 e 30 de dezembro de 2002 e 06 de janeiro de 2003, ocorreram perdas significativas de 29,45% a 49,06%,
quando comparadas com a época de 12 de novembro de 2002. Entre os genótipos não houve diferenças na produção,
mas no peso de capulho e peso de 100 sementes, o genótipo HD (C-25-1-80) apresentou maior peso de capulho com
8,2g, e o menor peso de 100 sementes, 11,1g. Já os valores para estande, altura de planta, índice e percentagem de fibra
não houve diferenças significativas entre os genótipos. Para as épocas de plantio, somente o peso de capulho não
apresentou diferença significativas entre elas, mas para o estande, os valores maiores ocorreram em 30 de dezembro de
2002 e 06 de janeiro de 2003, sendo que os menores índices para produção de algodão, altura das plantas, índice e
percentagem de fibra, foram verificados neste mesmo período de plantio. Não houve diferença estatística entre os
genótipos para as características tecnológicas da fibra: finura, comprimento, uniformidade, resistência, alongamento e
percentagem de fibras curtas. Já para as épocas estudadas, houve significância para finura da fibra, sendo que o índice
do plantio realizado em 17 de dezembro de 2002 foi de 4,0µg/pol, e o de 06 de janeiro de 2003 foi de 3,5µg/pol; as
outras características de fibra avaliadas: comprimento, uniformidade, resistência, alongamento e percentagem de fibras
curtas, não se diferenciaram estatisticamente.
PALAVRAS-CHAVE: Gossypium hirsutum; genótipos de algodoeiro; variedades precoces; tratos culturais;
ecofisiologia.
FAZU em Revista, Uberaba, n.2, p.3-10, 2005
4
ABSTRACT: In order to determine the best planting date for early cotton genotype under cerrado area, it was carried
out a field trial in the Fazenda-Escola da FAZU - Faculdade Associadas de Uberaba, at Uberaba region during the year
2002/03. For this purpose a split plot design, in randomized complete block, with four replications was used. In the
whole plot the set up the planting dates were: October 29, 2002; November 12 and 26, 2002; December 17 and 30,
2002; and January 6, 2003; in the sub-plot the genotypes: EPAMIG PREC. 1, HD (C-25-1-80) and HD (C-24-5-78).
The following variables were evaluated: cotton yield, stand and plant height at harvest time, boll weight, hundred seeds
weight, seed index and lint percentage. The final results showed: the planting dates were statistically different for cotton
yield, and the best results occurred when seeds were sown in October 29, November 12 and 26. The others planting
times, caused significant losses in cotton yield, such as 29,45% to 49,06% compared to November 12 planting date. The
cotton genotypes had no difference among them for cotton yield, however for boll weight and hundred seed weight, the
genotype HD (C-25-1-80) reached 8,2g (the greater value) and 11,1g (the smallest value) respectively. No statistical
differences among the genotypes were observed for stand, plant height was the only one that had no statistical
difference; the stand had better values when planting occurred in December 30 and January 06, although the lowest
yield, lowest plant height, and lowest lint percentage was verified at the same planting period. The fiber quality:
fineness (micronaire), length, uniformity, strength, elongation and short fiber index, among the genotypes evaluated had
no statistical differences, however, considering the planting dates the micronaire index was the only factor affected
when seeds were sown by December 17, with the values, 4.0 and 3.5µg/in.
KEYWORDS: Gossypium hirsutum; cotton genotype; early varieties; crop cultivation; ecophysiology.
INTRODUÇÃO
A introdução e o cultivo de cultivares precoces de algodoeiro, em solos de cerrado, proporcionaram uma nova
alternativa para os cotonicultores, permitindo-lhes a continuação desta exploração, mesmo na presença da sua praga
mais temível, o bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis; BOHEMAN, 1843) que, como se sabe, ocasiona grandes
danos ao algodoeiro e conseqüente prejuízo econômico, quando em elevados níveis populacionais. É uma praga de
difícil controle e praticamente impossível de erradicá-la da região onde se encontra instalada.
No manejo integrado de pragas do algodoeiro que inclui o bicudo, um dos métodos de controle cultural
recomendado pelos entomólogos é a utilização de cultivares de ciclo precoce, cujo desenvolvimento de botões florais e
maçãs sejam tão rápido que propicie um eficaz escape à ação da referida praga. Aliada a estas características da floração
e frutificação concentradas, a colheita é feita mais rápida e a destruição dos restos culturais ocorre mais cedo,
eliminando-se, desse modo, a fonte de alimentação e reprodução de insetos que poderiam sobreviver na entressafra
(VENZON et al., 1995).
Além da época de colheita, a época de semeadura também pode ser manejada para proporcionar um maior
rendimento do algodoeiro, em cultivo de sequeiro (BELTRÃO, 1997). Quando se antecipa o plantio, pode-se submeter
a cultura do algodoeiro à falta de umidade e a temperaturas baixas, comprometendo a germinação e o seu
desenvolvimento inicial. É também nesse período que ocorre a maior incidência de ataque de pragas e doenças, além do
fato da colheita coincidir com o período chuvoso, causando danos às sementes e à qualidade da fibra. Já o plantio tardio
é prejudicial, pois reduz a produção, favorece a ocorrência de pragas e doenças, além de causar o retardamento da
abertura dos capulhos pela queda da temperatura, e comprometer a colheita. Segundo LACA-BUENDÍA (1990), foi
observada uma grande variação na produtividade do algodoeiro de acordo com a época de plantio, para cultivares de
ciclo precoce. Como a referida pesquisa foi conduzida em região ecologicamente diferente da região de Uberaba,
FAZU em Revista, Uberaba, n.2, p.3-10, 2005
5
decidiu-se proceder à avaliação do comportamento de cultivares de algodoeiro herbáceo de ciclo curto, também nas
condições locais em relação a diferentes épocas de semeadura, bem como avaliar as características agronômicas para
produção, incluindo: peso de um capulho, peso de 100 sementes, altura de plantas na colheita, estande na colheita, além
das características tecnológicas da fibra.
MATERIAL E MÉTODOS
Durante o ano agrícola de 2002/2003, o experimento foi conduzido na Fazenda-Escola da FAZU - Faculdades
Associadas de Uberaba, localizada no município de Uberaba - MG, situada na latitude 19043.991’S, longitude
47057.757’W e altitude 767,0m, com uma precipitação média anual de 1.600mm e temperatura anual média de 22oC.
Clima Tropical quente e úmido, com inverno frio e seco, sendo o solo classificado como Latossolo Vermelho
Distrófico. O delineamento experimental usado foi o de blocos casualizados, em esquema de parcelas subdivididas,
sendo as parcelas as épocas de plantio: 29 de outubro de 2002; 12 de novembro de 2002; 26 de novembro de 2002; 17
de dezembro de 2002; 30 de dezembro de 2002; 06 de janeiro de 2003, e as subparcelas os genótipos: EPAMIG PREC
1, HD (C-25-1-80) e HD (C-24-5-78). As subparcelas foram constituídas por quatro fileiras de 5,0m de comprimento,
espaçadas de 0.80cm perfazendo a largura de 3,60m. Por ocasião da colheita utilizaram-se as duas fileiras centrais de
cada subparcela com área útil de 8,0m2. A adubação de plantio foi de 450kg/ha da fórmula 4-30-16 de NPK (nitrogênio,
fósforo e potássio) e uma adubação de cobertura com 150kg/ha de sulfato de amônio, realizada em duas aplicações,
sendo a primeira após 15 dias de emergência e a segunda dez dias após a primeira.
O início da colheita ocorreu quando as plantas apresentaram 50% de capulhos abertos, sendo esta feita
manualmente. Foram colhidas as amostras de 20 capulhos de cada subparcela para as seguintes análises em laboratório:
peso de cada capulho, peso de 100 sementes, índice e porcentagem de fibra, e características tecnológicas da fibra.
Procedeu-se também a pesagem do algodão em caroço da área útil de cada subparcela. Realizou-se após a segunda
colheita, a medida da altura média de 10 plantas dentro da área útil e a contagem do estande final das duas fileiras
centrais de cada subparcela.
Na avaliação da produção de algodão em caroço incluíram-se o peso dos 20 capulhos da amostra retirada na
primeira colheita e a produção da área útil correspondente as duas colheitas realizadas.
Os dados foram analisados segundo o modelo estatístico proposto, utilizando-se o teste de Tukey, a 5% de
probabilidade (GOMES, 1973), para a comparação das médias.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Entre os genótipos avaliados, não se observou diferenças estatísticas para os itens estande na colheita, produção,
altura de plantas, índice e porcentagem de fibra. Já para o peso de capulho e a porcentagem de fibra, houve diferença
entre os genótipos, sendo o HD (C-25-1-80) o de maior peso 8,2g, mas que produziu sementes mais leves, ou seja,
11,1g, como mostrado na Tabela 1.
TABELA 1 - Resultados médios obtidos no experimento de épocas de plantio de algodoeiro de ciclo precoce em Uberaba - MG,
2002/2003.
FAZU em Revista, Uberaba, n.2, p.3-10, 2005
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Valores seguidos pela mesma letra e na mesma coluna não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey a 5%.
Com relação às épocas de plantio, os resultados mostrados na Tabela 2 indicam que o estande na colheita diferiu
entre as mesmas, sendo que para as épocas 12 e 26 de novembro e 30 de dezembro de 2002 e 06 de janeiro de 2003, não
foram encontradas diferenças significativas, verificando-se, entretanto, que nas épocas de semeadura mais tardias, os
estandes apresentaram os maiores números de plantas por área útil colhida. A produção de algodão em caroço
apresentou diferenças significativas entre as épocas, sendo que as maiores ocorreram nas semeaduras de 29 de outubro,
12 e 26 de novembro de 2002 com rendimentos de 3288kg/ha, 3365kg/ha e 3130kg/ha, respectivamente. Na época de
plantio efetuada em 17 de dezembro de 2002 ocorreu perda no rendimento da ordem de 29,45%, na de 30 de dezembro
de 2002 de 49,06% e no plantio de 06 de janeiro de 2003, 48,86% em relação ao plantio de 12 de novembro de 2002,
dados que confirmaram observações pessoais, bem como os resultados obtidos por LACA-BUENDÍA; CARDOSO
NETO (1997) e por BOLONHEZI et al. (1999). A influência do clima é sabidamente marcante na produtividade e
qualidade de fibra, principalmente no período mais crítico da cultura que é o de floração, que se inicia aos 50 dias após
a emergência.
TABELA 2 - Resultados médios obtidos no experimento de épocas de plantio de algodoeiro de ciclo precoce Uberaba - MG,
2002/2003.
Tratamentos Estande na
Colheita
Produção
(kg/ha)
Altura de
Planta (cm)
Peso de
Capulho (g)
Peso 100
Sementes (g)
Índice de
Fibra (g)
% de
Fibra
ÉPOCAS DE PLANTIO:
29/10 35,25 b (1) 3288 a 124,0 a 7,6 a 107 b 7,2 b 39,6 a
12/11 55,08 ab 3365 a 125,4 a 8,0 a 10,5 b 7,0 b 39,7 a
26/11 53,58 ab 3130 a 110,3 b 7,6 a 11,0 b 7,3 b 39,3 a
17/12 43,00 b 2374 b 100,1 c 8,1 a 12,2 a 8,3 a 39,8 a
30/12 79,75 a 1714 b 109,5 bc 7,4 a 12,2 a 7,3 b 37,2 b
06/01 76,08 a 1721 b 109,2 c 8,5 a 11,6 ab 7,0 b 37,4 b
Média Geral 57,12 2599 113,1 7,9 11,4 7,3 38,9
C.V. (b) (%) 40,1 20,6 6,6 11,3 7,2 6,8 3,3
Valores seguidos pela mesma letra e na mesma coluna, não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey a 5%.
As Figuras 1 e 2 apresentam um resumo das precipitações e temperaturas ocorridas no período da avaliação
proposta. Observou-se irregularidade na distribuição de chuva em outubro e novembro de 2002, embora não tenha
afetado a produção e os componentes do algodão, com exceção da altura. As temperaturas máximas e médias foram
propícias ao bom desenvolvimento da cultura e as temperaturas mínimas só causariam problemas a partir de abril.
Tratamentos Estande na
Colheita
Produção
(kg/há)
Altura de
Planta
(cm)
Peso de
Capulho (g)
Peso 100
Sementes (g)
Índice de
Fibra (g)
% de
Fibra
GENÓTIPOS:
EPAMIG-PREC 1 63,58 a 2629 a 112,5 a 7,5 b 11,2 ab 7,3 a 38,9 a
HD (C-24-5-78) 52,58 a 2568 a 111,0 a 7,9 ab 11,8 a 7,5 a 38,4 a
HD (C-25-1-80) 55,21 a 2599 a 115,8 a 8,2 a 11,1 b 7,3 a 39,2 a
Média Geral 57,12 2599 113,1 7,9 11,4 7,3 38,9
C.V. (a) (%) 24,8 23,2 6,6 7,7 7,4 6,5 3,5
FAZU em Revista, Uberaba, n.2, p.3-10, 2005
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As alturas das plantas das primeiras épocas de plantio (29 de outubro e 12 de novembro de 2002) foram
estatisticamente superior às demais, com 124,0 e 125,4cm, respectivamente. As épocas mais tardias (26 de novembro,
17 e 30 de dezembro de 2002 e 06 de janeiro de 2003) influenciaram no porte das plantas, reduzindo suas alturas.
O peso de capulho não sofreu influência das épocas de plantio, conforme indicou a análise estatística. Quanto ao
peso de 100 sementes, os maiores valores ocorreram nas últimas épocas de semeadura, a saber: 17 e 30 de dezembro de
2002 e 06 de janeiro de 2003, variando entre 11,6g e 12,2g.
0
100
200
300
400
500
600
mm
O utubro D ezembro Fevereiro A bril
Primeiro D ecênio
Segundo D ecênio
T erceiro D ecênio
T otal
FONTE: Estação meteorológica da EPAMIG/FEGT (2002/2003).
FIGURA 1 - Precipitações obtidas durante a condução do ensaio de épocas de plantio do algodoeiro precoce no ano agrícola
2002/2003 em Uberaba - MG.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Out
ubro
Nov
embr
o
Dez
embr
o
Jane
iro
Fev
erei
ro
Mar
ço
Abr
il
Mai
o
Junh
o
Tem
pera
tura
Temperatura Minima
Temperatura Maxima
Temepratura Média
FONTE: Estação metereológica da EPAMIG/FEGT (2002/2003).
FIGURA 2 - Temperatura Mínima, Máxima e Média obtidas durante a condução do ensaio de épocas de plantio, Uberaba
2002/2003.
FAZU em Revista, Uberaba, n.2, p.3-10, 2005
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Para o índice de fibra, a época 17 de dezembro de 2002 destacou-se com 8,3g, sendo que entre as demais épocas
não ocorreram diferenças significativas. Para a porcentagem de fibra as duas últimas épocas de semeadura (30 de
dezembro de 2002 e 06 de janeiro de 2003) foram inferiores às quatro primeiras, como indicado na Tabela 2.
Na avaliação das características tecnológicas da fibra verificou-se que não foram encontradas diferenças
estatísticas significativas entre os genótipos para: finura da fibra, comprimento, uniformidade, resistência, alongamento
e percentagem de fibras curtas, como indicado nas Tabelas 3 e 4. Já nas diferentes épocas de plantio estudadas, a análise
estatística mostrou diferenças para finura de fibra, sendo esta superior quando se realizou o plantio em 17 de dezembro
de 2002, com 4,0µg/pol; o menor índice verificou-se no plantio de 06 de janeiro de 2003, com 3,5µg/pol. Com relação
ao comprimento de fibra, à uniformidade, à resistência, ao alongamento e à porcentagem de fibras curtas não ocorreram
diferenças significativas entre as épocas estudadas, como indicado nas Tabelas 3 e 4.
TABELA 3 - Resultados médios das características tecnológicas da fibra obtidos no ensaio de épocas de plantio de algodoeiro
herbáceo de cultivares de ciclo precoce em solos de Cerrado, em Uberaba – MG, 2002/2003.
Tratamentos Micronaire (µg/pol) Comprimento (pol) Uniformidade (%)
GENÓTIPOS:
EPAMIG- Precoce 1 3,6 a (*) 1,08 a 79,4 a
HD (C-24-5-78) 3,7 a 1,09 a 79,5 a
HD (C-25-1-80) 3,7 a 1,09 a 79,3 a
ÉPOCAS DE PLANTIO:
29/10 3,5 ab 1,08 a 79,3 a
12/11 3,6 ab 1,09 a 79,5 a
26/11 3,7 ab 1,09 a 79,0 a
17/12 4,0 a 1,10 a 79,8 a
30/12 3,7 ab 1,09 a 79,5 a
06/01 3,5 b 1,09 a 79,4 a
Média Geral 3,6 1,08 79,4
C. V. (a) (%) 8,7 6,4 1,2
C.V. (b) (%) 8,5 2,8 1,1
(*) Valores seguidos pela mesma letra e na mesma coluna não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey a 5%.
TABELA 4 - Resultados médios das características tecnológicas da fibra obtidos no ensaio de épocas de plantio de algodoeiro
herbáceo de cultivares de ciclo precoce em solos de Cerrado, em Uberaba – MG, 2002/2003.
Tratamentos Resistência (g/tex) Alongamento (%) Fibras Curtas (%)
GENÓTIPOS:
EPAMIG-Precoce 1 29,0 a (*) 6,5 a 11,4 a
HD (C-24-5-78) 29,0 a 6,2 a 11,1 a
HD (C-25-1-80) 29,3 a 6,2 a 11,4 a
ÉPOCAS DE PLANTIO:
29/10 29,4 a 6,0 a 11,7 a
12/11 29,8 a 6,5 a 11,3 a
26/11 29,4 a 6,5 a 11,8 a
17/12 28,6 a 6,4 a 10,7 a
FAZU em Revista, Uberaba, n.2, p.3-10, 2005
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30/12 28,6 a 6,2 a 11,2 a
06/01 28,9 a 6,1 a 11,3 a
Média Geral 29,1 6,3 11,3
C. V. (a) (%) 3,6 9,8 11,5
C.V. (b) (%) 3,9 7,9 13,1
(*) Valores seguidos pela mesma letra e na mesma coluna não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey a 5%.
CONCLUSÃO
Para as condições desse ensaio, os genótipos EPAMIG PREC. 1, HD (C-25-1-80), HD (C-24-5-78), mostraram-
se materiais de investigação interessantes, com desempenho e características semelhantes, apresentando um mesmo
potencial produtivo.
As melhores épocas de plantio recomendadas, por esta avaliação, para os cultivares de algodão herbáceo de ciclo
precoce, nas condições locais e no município de Uberaba, foram de 29 de outubro a 26 de novembro.
Plantios tardios a partir de 17 de dezembro, apesar da população de plantas ser ideal, observou-se uma redução
na produtividade em 49% e uma redução na altura de planta e no rendimento de fibra.
Na avaliação das características tecnológicas da fibra não foram encontrados diferenças estatísticas entre os
genótipos, para os parâmetros analisados: finura da fibra, comprimento, uniformidade, resistência, alongamento e
percentagem de fibras curtas. Já com relação às épocas de plantio estudadas, observou-se que a finura da fibra foi
superior (4,0µg/pol) quando se semeou em 17 de dezembro de 2002, e o menor índice (4,0µg/pol) foi em 06 de janeiro
de 2003. Não foram encontradas diferenças significativas no comprimento da fibra, na uniformidade, na resistência, no
alongamento e na porcentagem de fibras curtas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ênfase para o Norte de Minas Gerais. Campina Grande: EMBRAPA-CNPA, 1997. 56 p. (EMBRAPA-CNPA.
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EMBRAPA-CNPA, 1999. p. 130-133.
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VENZON, M., PALLINI FILHO, A; FALLIERE, J. Cultivares precoces x pragas do algodoeiro no triângulo Mineiro.
In: DIA-DE-CAMPO SOBRE A CULTURA DO ALGODÃO. Capinópolis, 1994. Boletim Técnico 08. Capinópolis:
UFV/CEPET, 08 de abril 1995. p. 18-20.
FAZU em Revista, Uberaba, n.2, p.11-17, 2005
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Agronomia-02
AVALIAÇÃO DE GENÓTIPOS DE SOJA DE DIFERENTES GRUPOS DE MATURIDADE QUANTO À
RESISTÊNCIA A Meloidogyne javanica
EVALUATION OF SOYBEAN GENOTYPES FROM DIFFERENT MATURITY GROUP TO Meloidogyne javanica
RESISTANCE
GUISSONI, F.P.1; SÁ, M.E.L. de 2; ARANTES, N.E.3; ZITO, R.K.2 1 Graduanda, Curso de Ciências Biológicas, FEU – Faculdade de Educação de Uberaba, Uberaba – MG, e-mail:
[email protected] 2 Pesquisadores EPAMIG/CTTP, EPAMIG – Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, Uberaba - MG, e-
mail: [email protected]; [email protected] 3 Pesquisador Embrapa Soja; EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, e-mail:
RESUMO: Os nematóides de galha (Meloidogyne spp.) representam um sério problema no Brasil, sendo que a espécie
M. javanica constitui a de ocorrência mais generalizada. A utilização de cultivos de soja resistentes ao nematóide de
galha, associada à rotação de culturas, representa o controle mais eficiente e mais adequado para o agricultor. Foi
realizada a avaliação do índice de galhas (IG) nas raízes de linhagens de soja de ciclo precoce, médio e tardio.
Constataram-se três linhagens de ciclo precoce, duas de ciclo médio e uma de ciclo tardio com menores valores de IG,
coincidindo com o padrão de resistência da cultivar MG/BR – 46 (Conquista). Quanto à suscetibilidade foram
observados um e dois genótipos de ciclo precoce e médio, respectivamente. Não houve influência do ciclo de
maturidade quanto à infestação de M. javanica e, dentre os genótipos testados, a linhagem BR00-11061 foi a mais
resistente.
PALAVRAS-CHAVE: Glycine max; nematóide de galha; maturação.
ABSTRACT: The root knot nematodes (Meloidogyne spp.) represent a serious problem in Brazil, and M. javanica is
the predominant specie. The use of soybean cultivars resistant to root knot nematodes, associated with rotation culture,
represents the most efficient and appropriate control for farmers. It was done the evaluation of the number of galls (NG)
in the root of soybean lines of early, medium and late cycle. It was found three soybean lines of early cycle, two of
medium cycle and one of late cycle with less NG values, which were in agreement to the resistant standard MG/BR –
46 (Conquista). In relation to the susceptibility it was observed one and two genotypes of early and medium cycle,
respectively. The maturity cycle did not influence the M. javanica infestation and, among the tested genotypes, the line
BR00-11061 was the most resistant.
KEYWORDS: Glycine max; root knot nematode; maturity group.
INTRODUÇÃO
A soja (Glycine max. (L.) Merril), é originária das regiões central e norte da China (HYMOWITZ, 1970; citado
por FERRAZ, 2001). No Brasil, o primeiro registro de cultivo data de 1882, no estado da Bahia. O Instituto
Agronômico de Campinas (IAC/SP) foi um dos pioneiros em estudos com a cultura, promovendo a distribuição de
FAZU em Revista, Uberaba, n.2, p.11-17, 2005
12
sementes aos produtores rurais (HASSE, 1996; citado por FERRAZ, 2001).
O complexo soja é hoje o maior setor exportador brasileiro, representando a maior participação percentual no
PIB agrícola nacional, tendo excelentes perspectivas de crescer (FERRAZ, 2001).
Em 2003, o país figurou como o segundo produtor mundial, responsável por 52 dos 194 milhões de toneladas
produzidas em nível global ou 26,8% da safra mundial (EMBRAPA, 2003).
Todos os fatos e dados mencionados corroboram para a grande importância da sojicultura no Brasil e evidenciam
as razões pelas quais a soja ocupa atualmente lugar de destaque no mercado de commodities do país (FERRAZ, 2001).
Como toda cultura exótica no país, a soja iniciou sua expansão com excelente sanidade. Porém, com poucos anos
de cultivo comercial, as doenças começaram a aparecer, passando a representar um dos principais fatores limitantes ao
aumento e à estabilidade do rendimento. Além das doenças trazidas com as primeiras sementes, com o tempo e a
expansão da cultura, diversos patógenos nativos foram associando-se à planta de soja (YORINORI, 2000).
Os nematóides formadores de galhas, Meloidogyne javanica e M incognita, destacam-se pelos danos que causam
à soja. Eles têm sido constatados com maior freqüência no norte do Rio Grande do Sul, Sudoeste e norte do Paraná, sul
e norte de São Paulo e sul do Triângulo Mineiro. Na região central do Brasil, o problema é crescente, com severos
danos em lavouras no Mato Grosso do Sul e Goiás (EMBRAPA, 2003).
Nas áreas onde o nematóide de galha está presente observam-se manchas em reboleiras, caracterizadas por
plantas de soja pequenas e amareladas. As folhas das plantas afetadas normalmente apresentam manchas cloróticas e
amareladas. Às vezes pode não ocorrer redução no tamanho das plantas, mas por ocasião do florescimento nota-se
intenso abortamento de vargens e, posteriormente, uma maturação prematura das plantas atacadas (EMBRAPA, 2003).
A polifagia das espécies de Meloidogyne, a variabilidade fisiológica e sua ampla disseminação nas diversas
regiões produtoras constituem uma séria limitação à adoção de medidas de controle, particularmente a rotação de
culturas (MANZOTTE et al., 2002).
A capacidade reprodutiva dos nematóides de galhas varia em função da planta hospedeira (FERRAZ, 2001).
Em soja, as plantas parasitadas por M. arenaria, M. incognita ou M. javanica caracterizam-se pela presença de
grandes números de galhas radiculares, tanto nas raízes secundárias (radicelas) como, principalmente, na raiz principal
(FERRAZ, 2001).
O controle de nematóides de galhas na sojicultura brasileira tem sido uma preocupação constante não apenas
para pesquisadores, mas para técnicos fitossanitaristas e até mesmo para produtores mais avançados. As técnicas
utilizadas têm sido principalmente, a rotação de culturas, o cultivo de plantas antagonistas e o plantio de variedades
resistentes ou tolerantes, muitas vezes havendo a combinação de mais de uma delas (EMBRAPA, 2003).
O presente estudo teve como objetivo avaliar a capacidade de multiplicação do nematóide de galha
(Meloidogyne javanica) por meio da avaliação do número de galhas (índice de galhas - IG) formadas nas raízes de
linhagens de soja de ciclo precoce, médio e tardio desenvolvidas pelo Programa Cooperativo de Melhoramento de Soja
da EPAMIG – EMBRAPA - Fundação Triângulo.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado e conduzido sob condições de telado na estação experimental da EPAMIG, em
Uberaba - MG.
O inóculo de Meloidogyne javanica foi obtido de plantas de soja, naturalmente infestadas no campo, e a extração
foi realizada segundo a técnica proposta por BONETI; FERRAZ (1981). As raízes galhadas foram picotadas em
FAZU em Revista, Uberaba, n.2, p.11-17, 2005
13
pedaços de aproximadamente 1 a 2cm e trituradas em liquidificador por 20 segundos, a baixa rotação, em uma solução
de hipoclorito de sódio a 0,5%. A solução obtida foi vertida em peneira de 200mesh acoplada sobre outra de 500mesh,
para recolhimento da suspensão de ovos. A concentração foi determinada com o auxílio de uma câmara de Peters
ajustada para 200ovos/mL.
Tendo em vista a disponibilidade de sementes, o estudo foi realizado com um total de 24 linhagens, sendo 9 de
ciclo precoce, 8 de ciclo médio e 7 de ciclo tardio, além dos padrões de resistência (MGBR46-Conquista) e de
suscetibilidade (BRSMG Robusta). O delineamento adotado foi o de blocos casualizados com quatro repetições. A
semeadura foi realizada em tubetes plásticos (67 x 57 x 190mm), contendo substrato composto por uma mistura de
solo:areia (2:1) previamente esterilizado com brometo de metila.
Dez dias após a semeadura, os ovos de M. javanica foram depositados no solo, em três orifícios, ao redor da
haste da plântula a uma profundidade de 2cm e distanciados a 2cm do caule, na densidade de 2000 ovos por planta
(população inicial).
A partir de dez dias da inoculação, as plântulas foram irrigadas, semanalmente, com uma solução nutritiva
composta de macro e micronutrientes, a fim de suprir as necessidades nutricionais das mesmas.
A avaliação da resistência foi efetuada para cada linhagem e para testemunhas pela determinação do índice de
galhas (IG) por raiz.
Sessenta dias após a inoculação foi efetuada a avaliação visual das raízes de cada planta, removendo-se
cuidadosamente o solo das mesmas e a parte aérea. Em seguida foi realizada a contagem do número de galhas para se
obter o índice de galhas (IG) por sistema radicular. Foram atribuídas notas de 0 a 5, conforme a escala de TAYLOR;
SASSER (1978), como indicado na Tabela 1.
Para se proceder à análise estatística, os dados foram transformados para (raiz de x+1) e as médias discriminadas
pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade, utilizando-se o programa SAS (Statistical Analyis System, SAS, 1999).
TABELA 1 - Reação de genótipos de soja em função dos números de galhas e/ou ootecas de Meloidogyne javanica (TAYLOR;
SASSER, 1978).
GRAU OU NOTA REAÇÃO Nº DE GALHAS E/OU OOTECAS
0 Resistente 0
1 Resistente 1-2
2 Resistente 3-10
3 Suscetível 11-30
4 Suscetível 31-100
5 Suscetível >100
FONTE: TIHOHOD, 1993.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Conforme a escala de TAYLOR; SASSER (1978), indicada na Tabela 1, verifica-se que todos os genótipos
testados apresentaram índice de galhas abaixo de 10, ou seja, uma reação de resistência. Porém, estudos anteriores
(EMBRAPA, 2003) revelaram que a cultivar BRSMG-Robusta é suscetível a esse patógeno. Portanto, acredita-se que,
provavelmente, as condições de instalação do experimento não foram muito favoráveis para o pleno desenvolvimento
dos nematóides.
FAZU em Revista, Uberaba, n.2, p.11-17, 2005
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Porém, se considerar-se que as notas de 0 a 2 constituem os materiais mais resistentes e as notas de 3 a 10, os
moderadamente resistentes, verifica-se que no grupo de genótipos de ciclo precoce (Tabela 2), as linhagens BR00-
11061, BR00-13273 e MGBR-5068 apresentaram menores índices de galhas (0,37, 1,80 e 1,97, respectivamente),
coincidindo com o padrão de resistência (MG/BR 46 – Conquista). A linhagem MGBR99-3895 apresentou maior índice
de galhas (3,88), diferindo estatisticamente de MG/BR 46 - Conquista e BR0011061.
No grupo dos genótipos de ciclo médio (Tabela 3), verifica-se duas linhagens (BR00-10678 e MGBR00-5289)
com índices de galhas (0,62 e 0,74, respectivamente) estatisticamente iguais ao padrão de resistência (MG/BR 46 -
Conquista). Por outro lado, as linhagens MGBR00-50614 e MGBR00-50021 mostraram maiores IG, porém não
diferiram estatisticamente de MGBR00-54417, MGBR00-53540, BR00-12141, BR00-13279, BRSMG-Robusta.
TABELA 2 - Índice de galhas (IG) produzido por Meloidogyne javanica em genótipos de soja de ciclo precoce.
GENÓTIPOS IG
MGBR99-3895 3,88 a
BR99-10823 3,71 ab
MGBR00-512525 3,47 ab
MGBR00-50616 3,20 ab
MGBR00-5068 3,07 abc
MGBR00-5156 3,05 abc
MGBR00-5111 1,97 abc
BR00-13273 1,80 abc
BRSMG-Robusta 1,47 abc
MGBR46-Conquista 0,74 bc
BR00-11061 0,37 c
CV (%) 17,23
Médias seguidas por letras iguais não diferem entre si estatisticamente pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
TABELA 3 - Índice de galhas (IG) produzido por Meloidogyne javanica em genótipos de soja de ciclo médio.
GENÓTIPOS IG
MGBR00-50614 3,74 a
MGBR00-50021 3,56 a
MGBR00-54417 2,48 ab
MGBR00-53540 2,05 ab
BR00-12141 1,69 ab
BR00-13279 1,67 ab
BRSMG-Robusta 1,47 ab
MGBR46-Conquista 0,74 b
MGBR00-5289 0,74 b
BR00-10678 0,62 b
CV (%) 14,86
Médias seguidas por letras iguais não diferem entre si estatisticamente pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
FAZU em Revista, Uberaba, n.2, p.11-17, 2005
15
No grupo dos genótipos de ciclo tardio (Tabela 4), nota-se que a linhagem MGBR00-5438 e a cultivar
MG/BR46 - Conquista foram estatisticamente iguais com índices de galhas de 0,62 e 0,74, respectivamente. Contudo,
as linhagens MGBR99-4611 e BR99-3313 mostraram-se menos resistentes com IG de 2,26 e 2,22, respectivamente.
TABELA 4 - Índice de galhas (IG) produzido por Meloidogyne javanica em genótipos de soja de ciclo tardio.
GENÓTIPOS IG
MGBR99-4611 3,95 a
BR99-3313 3,94 a
MGBR00-5069 3,10 ab
BR00-151 2,74 ab
MGBR00-5508 2,60 ab
BRSMG-Robusta 1,47 ab
MGBR00-53516 1,21 ab
MGBR46-Conquista 0,74 b
MGBR00-5438 0,62 b
CV (%) 14,53
Médias seguidas por letras iguais não diferem entre si estatisticamente pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
Fazendo-se uma análise conjunta de todos os genótipos observa-se que não houve influência do ciclo de
maturidade quanto à infestação de M. javanica (Tabela 5). Dentre os nove genótipos que apresentaram IG de 0 a 2, a
linhagem BR00-11061 foi a mais resistente.
A utilização de linhagens de soja resistente aos nematóides de galha representa o meio de controle mais eficaz e
adequado para o agricultor.
De acordo com KINLOCH (2001); citado por ROCHA (2003), muitos nematóides de galha sobrevivem e
reproduzem em cultivares de soja resistente. A cultivar utilizada como padrão de resistência neste experimento
(MGBR46 - Conquista) é um dos poucos materiais existentes no mercado com o maior nível de resistência, além de ser
uma das mais plantadas no Brasil e em alguns países da América Latina, principalmente Venezuela, Bolívia e Paraguai
(ARANTES, comunicação pessoal). Portanto, as linhagens de ciclo precoce, médio e tardio que se assemelharam ao
padrão de resistência constituem materiais com potencial para serem plantados em áreas infestadas com M. javanica.
TABELA 5 - Índice de galhas (IG) produzido por Meloidogyne javanica em genótipos de soja de ciclo médio, precoce e tardio.
GENÓTIPOS IG
MGBR99-4611T 3,96
BR99-3313 T 3,95
MGBR99-3895 P 3,89
MGBR00-50614 M 3,75
BR99-10823 P 3,72
MGBR00-50021 M 3,57
MGBR00-51525 P 3,48
MGBR00-50616 P 3,21
FAZU em Revista, Uberaba, n.2, p.11-17, 2005
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MGBR00-5069 T 3,11
MGBR00-5068 P 3,08
MGBR00-5156 P 3,05
BR00-151 T 2,75
MGBR00-5508 T 2,61
MGBR00-54417 M 2,49
MGBR00-53540 M 2,06
MGBR00-5111 P 1,97
BR00-13273 P 1,80
BR00-12141 M 1,70
BR00-13279 M 1,67
BRSMG-Robusta T 1,47
MGBR00-53516 T 1,21
MGBR00-5289 M 0,74
MGBR46-Conquista M 0,74
MGBR00-5438 T 0,62
BR00-10678 M 0,62
BR00-11061 P 0,34
CV (%) 15,6
P = ciclo precoce; M = ciclo médio; T = ciclo tardio. Médias seguidas por letras iguais não diferem entre si estatisticamente pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
CONCLUSÃO
A maioria dos genótipos apresentou um comportamento de resistência com base na escala de TAYLOR;
SASSER (1978), inclusive o padrão de suscetibilidade (BRSMG-Robusta), provavelmente devido a fatores
desfavoráveis à plena multiplicação dos nematóides.
Os materiais mais resistentes foram BR00-11061, BR00-13273, MGBR-5068 (ciclo precoce); BR00-10678,
MGBR00-5289 (ciclo médio); e MGBR00-5438 (ciclo tardio). Os genótipos mais suscetíveis foram MGBR99-3895
(ciclo precoce), MGBR00-50614 e MGBR00-50021 (ciclo médio).
Pela análise conjunta não houve influência do ciclo de maturidade quanto à infestação de M. javanica e a
linhagem BR00-11061 pareceu ser a mais resistente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARANTES, N.E. Comunicação pessoal - Pesquisador EMBRAPA - Soja.
BONETI, J.I.S.; FERRAZ, S. Modificação do método de HUSSEY & BARKER para extração de ovos de Meloidogyne
exigua em raízes de cafeeiro. Fitopatologia Brasileira, v.6, n.3, p. 553, 1981.
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17
EMBRAPA - SOJA. Tecnologias de produção de soja: região Central do Brasil – 2003. Londrina: EMBRAPA -
SOJA, 2003. 273 p.
FERRAZ, L.C.C.B. As meloidoginoses da soja: passado, presente e futuro. In: SILVA, J.F.V. (Org.). Relações
parasito-hospedeiro nas meloidoginoses da soja. Londrina: EMBRAPA - Soja, 2001. p. 15-38.
ROCHA, J.M. Reação de genótipos de soja ao nematóide Meloidogyne javanica. 2003. 21f. Monografia –
Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia.
MANZOTTE, U.; DIAS, W.P.; MENDES, M. de L.; SILVA, J.F.V. da; GOMES, J. Reação de híbridos de milho a
Meloidogyne javanica. Nematologia Brasileira, v.26, n.1, p. 105-108, 2002.
SAS INSTITUTE. SAS Online Doc®: version 8. Cary, 1999.
TAYLOR, A.L.; SASSER, J.N. Biology, identification and control of root-knot nematodes. Raleigh: NCSU
Graphics. 1978. 111p.
TIHOHOD, D. Nematologia agrícola aplicada. Jaboticabal: FUNEP, 1993. 372 p.
YORINORI, J.T. Riscos de surgimento de novas doenças na cultura da soja. In: CONGRESSO DE TECNOLOGIA E
COMPETITIVIDADE DA SOJA NO MERCADO GLOBAL, 2000, Cuiabá. Anais...Cuiabá: Fundação MT, 2000. p.
165-169.
FAZU em Revista, Uberaba, n.2, p.18-21, 2005
18
Agronomia-03
AVALIAÇÃO DO TEOR DE SÓLIDOS SOLÚVEIS EM DIFERENTES PERÍODOS APÓS A COLHEITA DE
CANA-DE-AÇÚCAR CRUA E QUEIMADA
ESTIMATION OF SOLUBLE SOLIDS PERCENTAGE IN DIFFERENT AFTER HARVEST PERIODS OF
BURNED AND NOT BURNED SUGARCANE
BORGES, R.F.1; BORIN, L.1; MORO, F.T.1; LIMA, F.G.1; BONILHA, S.F.M.2 1 Graduandos, Curso de Agronomia, FAZU - Faculdades Associadas de Uberaba, Uberaba – MG 2 Profa. MSc., Curso de Agronomia, FAZU - Faculdades Associadas de Uberaba, Uberaba – MG
RESUMO: A cana-de-açúcar (Saccharum sp.) é matéria-prima para a fabricação, entre outros produtos, de açúcar e
álcool, sendo considerada fonte de energia natural, limpa e renovável. O processamento da cana após o corte deve ser
rápido, já que é um produto deteriorável. A deterioração pode ser influenciada pela variedade da cana, maturação dos
colmos, sanidade e pelo método de despalha. Entre os parâmetros tecnológicos da cana-de-açúcar, destacam-se o teor de
sólidos solúveis (Brix), a porcentagem de sacarose (Pol) e as quantidades de açúcares redutores e cinzas. O objetivo
deste trabalho foi avaliar o teor de sólidos solúveis (Brix) e o pH do caldo de colmos, da variedade RB 85 5536, em
diferentes períodos pós-corte de cana crua e queimada. O trabalho foi realizado na Fazenda-Escola do Campus da
FAZU - Faculdades Associadas de Uberaba. O delineamento estatístico utilizado foi o inteiramente casualizado, com 5
repetições, em esquema fatorial 2 x 5 sendo, 2 manejos e 5 períodos após a colheita. Do caldo, extraído por meio de
moenda elétrica, foi retirada uma amostra de 100mL para avaliação do Brix e pH. Não foram encontradas diferenças
significativas entre o pH e Brix, em função do período de armazenagem, até 96 horas após o corte da cana. Ao serem
comparados os manejos, foram encontrados diferenças significativas para os valores de pH. Entretanto, as diferenças de
Brix não foram significativas. Pode-se concluir que a variedade de cana-de-açúcar RB 85 5536 suporta bem o
armazenamento, até 96 horas pós-corte, não ocorrendo variações no teor de sólidos solúveis, tanto na cana crua, como
na queimada. Porém, se for cortada crua, poderá ocorrer pequena redução de pH.
PALAVRAS-CHAVE: Brix; cana-de-açúcar; pH.
ABSTRACT: Sugarcane (Saccharum sp.) is the raw material of several products, including sugar and alcohol, and it is
considered a natural, clean and renewable source of energy. The sugarcane process must be fast, because it is a
deteriorable product. The deterioration depends on variety, maturation, sanity and defoliation methods. The most
important technologic parameters are: soluble solid percentage (Brix), sucrose percentage (Pol), reduces sugars and ash
quantities. The aim of this study was to evaluate Brix and pH of RB 85 5536 sugarcane varieties, in different harvest
periods, with and without burning defoliate. The experiment was made at Experiment Farm at the Campus of FAZU -
Faculdades Associadas de Uberaba. The statistical design was DIC, with 5 repetitions, in factorial scheme 2 x %, being
2 management and 5 after harvest periods. From the broth, extracted by an electrical press, a 100mL sample was
extracted to evaluate Brix and pH. No significant differences between Brix, pH and harvest periods were found, due to
storage time, made up of 96 hours after the harvesting. When comparing managements, significant differences in pH
were found, but the same did not occur with Brix values. The conclusions are that the RB 85 5536 sugarcane varieties
are appropriate for storage, up to 96 hours after harvested. If the harvest of non burned sugarcane was applied, the pH
values could be reduced.
FAZU em Revista, Uberaba, n.2, p.18-21, 2005
19
KEYWORDS: Brix; pH; sugarcane.
INTRODUÇÃO
A cana-de-açúcar (Saccharum sp.) chegou ao Brasil por volta de 1533, trazida por Martim Afonso de Souza. A
partir desta data, a cultura expandiu-se para os estados da Bahia, Espírito Santo, Sergipe, Alagoas e Rio de Janeiro
(FERNANDES, 1984).
Esta gramínea é matéria-prima para a fabricação, entre outros produtos, de açúcar e álcool, sendo considerada
fonte de energia natural, limpa e renovável. Em média, 55% da cana brasileira é destinada para fabricação de álcool
(UNICA, 2004).
O processamento da cana após o corte deve ser rápido, por ser um produto deteriorável. A deterioração pode ser
influenciada pela variedade da cana, maturação dos colmos, sanidade e pelo método de despalha. O corte não
interrompe o processo de transpiração dos colmos, o que pode resultar em sua desidratação. Assim, a perda de sacarose
no bagaço pode ser maior, devido à dificuldade de extração. Outro ponto importante é o processo de respiração, que
também não é interrompido pelo corte dos colmos. As moléculas de sacarose podem ser oxidadas pela planta para
obtenção de energia. E ainda ocorrem problemas com crescimento microbiano, já que o local do corte é usado como
porta de entrada para os microrganismos, que podem produzir ceras e gomas que atrapalham no processo
(MARAFANTE, 1993). A ação conjunta de todos estes fatores pode resultar em perdas significativas de sacarose, por
isto, o processamento pós-corte deve ser o mais rápido possível.
Entre os parâmetros tecnológicos da cana-de-açúcar, destacam-se o teor de sólidos solúveis (Brix), a
porcentagem de sacarose (Pol) e as quantidades de açúcares redutores e cinzas (MARAFANTE, 1993).
O objetivo deste trabalho foi avaliar o teor de sólidos solúveis (Brix) e o pH do caldo de colmos com diferentes
períodos pós-corte de cana crua e queimada.
MATERIAL E MÉTODOS
A cana-de-açúcar utilizada foi cedida pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais –
EPAMIG/CTTP de Uberaba - MG, cultivada em Latossolo Vermelho Distrófico, de textura franco-arenosa.
O canavial, da variedade RB 85 5536, encontrava-se no 4º corte, com adubação de manutenção de 800kg ha-1 da
fórmula 20-02-20, parcelada em 2 aplicações.
Os colmos foram colhidos no dia treze de setembro de 2004, transportados para o Campus das Faculdades
Associadas de Uberaba - FAZU, onde a operação de queima foi simulada com um maçarico. Em seguida, os colmos
foram armazenados em um galpão situado ao lado do bosque de Pinus, no Campus da Faculdade.
O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado (DIC), com 5 repetições, em esquema fatorial 2 x 5
sendo, 2 manejos (cana queimada e cana crua) e 5 períodos após a colheita (0, 24, 48, 72 e 96 horas após o corte),
perfazendo 10 tratamentos, com um total de 50 parcelas experimentais. Cada parcela foi constituída por um colmo, de
1,40m de comprimento, medido da base para a ponta.
O caldo foi extraído por meio de moenda elétrica, sendo os colmos passados por ela apenas uma vez. Este foi
homogeneizado em um béquer e deste total foi retirada uma amostra de 100mL para avaliação do teor de sólidos
solúveis (Brix) e pH do caldo. O Brix foi medido por um refratômetro de campo (ATAGO N-1E) e o pH através de um
pHmetro (TECNAL TEC-2).
FAZU em Revista, Uberaba, n.2, p.18-21, 2005
20
Os resultados foram analisados estatisticamente pelo SANEST e as médias foram comparadas pelo teste de
Tukey, a 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As médias de Brix e pH dos 5 períodos pós colheita estudados encontram-se na Tabela 1.
TABELA 1 - pH e Brix avaliados em função de cinco diferentes períodos pós-corte de cana crua e cana queimada
PERÍODO (Horas) pH 1 BRIX 1
0 5,45 22,34
24 5,39 22,00
48 5,44 21,62
72 5,39 21,92
96 5,38 22,19
D.M.S. 0,16 1,31
CV (%) 2,3 4,6
1- Não significativo a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.
Não foram encontradas diferenças significativas entre o pH e Brix, em função do período de armazenagem, até
96 horas após o corte da cana.
As médias dos dois manejos (cana crua e cana queimada) encontram-se na Tabela 2. As interações entre período
pós-corte e manejo não foram significativas.
TABELA 2 - pH e BRIX avaliados em função de dois diferentes manejos
MANEJO pH 2 BRIX 1
Cana crua 5,37 b 22,30
Cana queimada 5,45 a 22,20
D.M.S. 0,07 0,59
CV (%) 2,3 4,6 1 Não significativo pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. 2 Médias seguidas por letras diferentes, na coluna, diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
Foram encontradas diferenças significativas para os valores de pH. Entretanto as diferenças de Brix não foram
significativas.
A manutenção do Brix do caldo evidencia que a variedade RB 85 5536 não apresenta degradação acelerada no
teor de sólidos solúveis.
MUTTON (1984), trabalhando com a variedade SP 70 1005, encontrou resultados semelhantes para o teor de
sólidos solúveis do caldo.
FAZU em Revista, Uberaba, n.2, p.18-21, 2005
21
A não manutenção dos valores de pH em função do tempo de colheita é também um indicativo da resistência
desta variedade ao tempo de armazenamento. Resultados semelhantes foram encontrados por MUTTON (1984).
Se os manejos forem levados em consideração, observa-se menor acidez em colmos queimados. Estes resultados
discordam dos encontrados por MUTTON (1984).
CONCLUSÃO
A variedade de cana-de-açúcar RB 85 5536 é resistente ao armazenamento, pois num período de até 96 horas
pós-corte não ocorreram variações no teor de sólidos solúveis, tanto em cana crua, como em queimada. Porém, se for
cortada crua, poderá ocorrer pequena redução de pH.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERNANDES, A.J. Manual de cana-de-açúcar. Piracicaba: Ceres, 1984, 196 p.
MARAFANTE, L.J. Tecnologia da fabricação do álcool e açúcar. São Paulo: Ed. Ícone, 1993, 148 p.
MUTTON, M.J.R. Efeitos da queima, manejo e armazenamento sobre as características tecnológicas dos colmos
de cana-de-açúcar (Saccharum spp.). 1984. 95 f. Dissertação (Mestrado). Faculdade de Ciências Agrárias e
Veterinárias – UNESP, Jaboticabal.
UNICA. Disponível em:< http://www.unica.com.br/pages/agroindustria_alta.asp>. Acesso em 05 out. 2004.
FAZU em Revista, Uberaba, n.2, p.22-26, 2005
22
Agronomia-04
CARACTERÍSTICAS DE CRESCIMENTO DE PASTAGENS IRRIGADAS E NÃO IRRIGADAS EM
AMBIENTE DE CERRADO*
GROWTH CHARACTERISTICS OF IRRIGATED AND NOT IRRIGATED PASTURES UNDER SAVANNA
CONDITIONS
AGUIAR, A.P.A.1; DRUMOND, L.C.D.2; FELIPINI, T.M.3; PONTES, P.O.3; SILVA, A.M.3 1 Prof. Esp., Curso de Agronomia, FAZU - Faculdades Associadas de Uberaba, Uberaba – MG, e-mail:
[email protected] 2 Prof. Dr., Curso de Agronomia, FAZU - Faculdades Associadas de Uberaba, Uberaba – MG, e-mail:
[email protected] 3 Graduandos, Curso de Agronomia, FAZU - Faculdades Associadas de Uberaba, Uberaba – MG
* Projeto financiado pela FUNDAGRI. e-mail: [email protected]
RESUMO: Variáveis como a massa de forragem e a altura do relvado no pré e no pós-pastejo, a taxa de acúmulo de
forragem, a eficiência de pastejo e a capacidade de suporte da pastagem são importantes, pois são adotadas no
planejamento do manejo do pastejo. O objetivo deste trabalho foi o de comparar as variáveis citadas em pastagens dos
capins Mombaça, Tanzânia e Tifton 85 irrigadas e não irrigadas, exploradas sob manejo intensivo do pastejo. Os
tratamentos se constituíram de pastagem irrigada e de pastagem não irrigada. O sistema de irrigação foi do tipo aspersão
em malha. Foram aplicados 1,0t/ha de calcário, 300kg/ha de nitrogênio, 68kg/ha de P2O5, 222kg/ha de K2O e 75kg/ha
de enxofre, para o tratamento pastagem não irrigada e foi acrescentado 60% no tratamento Pastagem Irrigada. Uma área
de 9,2 hectares foi dividida em três módulos e cada módulo foi dividido em 12 piquetes que foram pastejados no
método de lotação rotacionada. Seis piquetes foram irrigados e seis não foram. Os animais eram cruzados e zebuínos.
No período e nas condições do trabalho, não houve resposta à irrigação das pastagens dos capins Mombaça e Tanzânia.
Para a pastagem de capim Tifton 85 houve resposta para as variáveis, massa de forragem, densidade da forragem, taxa
de acúmulo de forragem e forragem acumulada resultando em maior capacidade de suporte da pastagem. Devido às
respostas inconsistentes à irrigação de pastagens se sugere mais estudos, antes da recomendação generalizada da adoção
desta tecnologia.
PALAVRAS CHAVE: Lotação rotacionada; massa de forragem; pastejo.
ABSTRACT: Variables such as herbage mass before and after grazing, sward height before and after grazing, forage
accumulation rate, grazing efficiency and carrying capacity are important to adopt in the planning of grazing
management. The objective of this trial was to compare those variables on pastures of Mombaça, Tanzânia and Tifton
85 irrigated and not irrigated and managed under an intensive grazing. The treatments were irrigated and not irrigated
pasture. The irrigation system was a conventional sprinkle. During the experimental period was applied 1,0t/ha of lime,
300kg/ha of nitrogen, 68kg/ha of P2O5, 222kg/ha of K2O and 75kg/ha of sulphur on the treatment not irrigated pasture.
On the irrigated pasture treatment, was added, 60% more fertilizer. An area of 9,2ha was divided in 12 paddocks which
were grazed using a rotational stock method. Six paddocks were irrigated and six were not. The animals were of zebu
breeds and European x zebu crossbreeding. During and under the experimental conditions there was not response to
irrigation on the pastures of Mombaça and Tanzânia grasses to the variables assessed. For the Tifton 85 grass pasture
FAZU em Revista, Uberaba, n.2, p.22-26, 2005
23
there was response for the variables herbage mass, forage density, forage accumulation rate and accumulated forage,
resulting in a higher carrying capacity. Because of the inconsistent results as to pasture irrigation, additional studies are
necessary before recommending this technology.
KEY WORDS: Rotational stocking; forage allowance; grazing.
INTRODUÇÃO
Nas reuniões anuais da SBZ, os trabalhos sobre irrigação em pastagens foram poucos até 2000, seis em 2001 e
mais de dez trabalhos em 2002. Esta evolução demonstra a renovação do interesse da comunidade científica sobre o
assunto. Muitos destes trabalhos têm sido realizados em casa de vegetação e em canteiros, não refletindo as condições
sob pastejo.
Os principais objetivos destes trabalhos foram avaliar os efeitos de lâmina de água e do estresse hídrico; a
eficiência no uso da água e manejo de água. A partir dos trabalhos de MELLO et al. (2000) e PENATI et al. (2001)
apareceram resultados em áreas pastejadas avaliando taxa de acúmulo e intensidade de pastejo e taxa de lotação e
intensidade de pastejo. Há uma carência de resultados comparativos entre um sistema intensivo irrigado e um sistema
intensivo não irrigado, a não ser os trabalhos de AGUIAR et al. (2002) e MAYA (2003).
Variáveis como a massa de forragem no pré e no pós-pastejo (MFPRP e MFPOP), a altura do relvado no pré e
no pós-pastejo (ARPRP e ARPOP), a densidade da massa de forragem (DMF), a taxa de acúmulo de forragem (TAF), a
eficiência de pastejo (EP) e a capacidade de suporte da pastagem (CSP) são importantes, pois podem ser adotadas a
campo no planejamento do manejo do pastejo. O objetivo deste trabalho foi o de comparar as variáveis citadas em
pastagens dos capins Mombaça, Tanzânia e Tifton 85 irrigadas e não irrigadas exploradas sob manejo intensivo do
pastejo em ambiente de cerrado.
MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi conduzido na Fazenda-Escola da FAZU-FUNDAGRI, em Uberaba - MG, a 780m de altitude;
19º44’ de latitude Sul e 47º57‘ de longitude Oeste de Greenwich. O trabalho foi de outubro de 2001 a setembro de 2002
quando houve uma precipitação de 1.562,8mm, uma evapotranspiração de 1.271,4mm e uma temperatura média de
22,8ºC. Os tratamentos se constituíram de pastagem irrigada (PI) e de pastagem não irrigada (PNI). O sistema de
irrigação foi do tipo aspersão em malha. A lâmina total de água aplicada durante o período experimental foi de 200mm,
somando um volume de água de 1.762,8mm para o tratamento PI. Foram aplicados 1,0t/ha de calcário, 300kg/ha de
nitrogênio, 68kg/ha de P2O5, 222kg/ha de K2O e 75kg/ha de enxofre, para o tratamento PNI e foi acrescentado 60%
destas quantidades no tratamento PI.
O solo da área é classificado como Latossolo Vermelho-Escuro, com pH 6,8 (pH em H2O), fósforo em Mehlich
de 15mg/dm3, potássio de 172mg/dm3, alumínio 0,023g/dm3 de matéria orgânica e V % de 70%. Uma área de 9,2ha foi
dividida em três módulos e cada módulo foi dividido em 12 piquetes que foram pastejados no método de lotação
rotacionada com ciclo de pastejo variável de acordo com a estação do ano e a espécie forrageira. Seis piquetes foram
irrigados e seis não foram irrigados.
Para a coleta de dados das variáveis avaliadas se seguiram os seguintes procedimentos: lançamento da moldura
ao acaso em quatro pontos de cada piquete antes de cada pastejo; medição da ARPRP (cm) dentro da moldura; corte da
matéria original dentro da moldura; pesagem da matéria original cortada. Depois em laboratório a matéria original foi
FAZU em Revista, Uberaba, n.2, p.22-26, 2005
24
secada em estufa de circulação de ar forçada até 100% de matéria seca. Após cada pastejo a seqüência de
procedimentos desenvolvida no pré-pastejo foi repetida. Estes procedimentos e estas definições foram adotados
conforme PEDREIRA (2002). Com base nos resultados obtidos fez se o cálculo da TAF em quilo de matéria seca por
hectare por dia (kg de MS/ha/dia) pela diferença entre a MFPRP e a MFPOP em quilo de matéria seca por hectare (kg
MS/ha), dividida pelo número de dias entre medições. A FA (kg MS/ha) foi calculada pelo somatório da FA em todos
os ciclos de pastejos. A Densidade da Massa de Forragem (DMF) foi calculada dividindo a MFPRP pela ARPRP. A
Capacidade de Suporte da Pastagem, dada em unidade animal por hectare (UA/ha) foi calculada considerando uma
oferta de forragem de 4 quilos de matéria seca por 100 quilos de peso vivo (kg de MS/100kg de peso vivo). Para manter
a oferta de forragem foi adotada a técnica do "put and take (tira e põe)". A EP (%) foi calculada dividindo a forragem
consumida, em quilo de matéria seca por animal por dia (kg MS/animal/dia) pela MFPRP e é dada em porcentagem. Os
animais que pastejaram nas áreas experimentais eram cruzamentos europeu x zebu e animais zebuínos que no início da
avaliação estavam pesando entre 225 e 288kg. Um único lote de animais pastejou em todos os piquetes de ambos os
tratamentos avaliados, devido à dificuldade de se trabalhar com dois lotes de animais com as condições físicas e de
mão-de-obra disponíveis.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Quando os tratamentos PI e PNI foram comparados entre si ao longo de um ano, num total de oito ciclos de
pastejo, não houve diferenças significativas sobre as características avaliadas para as cultivares de Panicum maximum.
Para cultivar Mombaça nos tratamentos PI e PNI, as ARPRP foram 77,66 e 72,22cm, as ARPOP foram 38,94 e
38,89cm, as MFPRP foram 6.066 e 6.010kg MS/ha, as MFRPOP foram 2.916 e 2.570kg MS/ha, as TAF foram 79 e
83kg MS/ha/dia, as FA por ano foram de 28.913 e 30.242kg de MS/ha e as CSP foram de 4,38 e 4,61UA/ha. A taxa de
lotação de 4,29UA/ha esteve muito próxima a CSP, indicando que houve um bom controle da pressão de pastejo.
Para cultivar Tanzânia nos tratamentos PI e PNI, as ARPRP foram 80,03 e 82,54cm, as ARPOP foram 42,90 e
43,55cm, as MFPRP foram 6.877 e 7.007kg MS/ha, as MFRPOP foram 3.262 e 3.369kg MS/ha, as TAF foram 91,2 e
94kg MS/ha/dia, as FA por ano foram de 33.320 e 34.307kg de MS/ha e as CSP foi de 5,0 e 5,22UA/ha. A taxa de
lotação de 4,32UA/ha esteve muito próxima da CSP. Não houve vantagem em aumentar a quantidade da adubação em
60% no tratamento PI no período da seca. ANDRADE et al. (2002) obtiveram aumentos significativos na
disponibilidade de forragem de capim elefante irrigado comparado com não irrigado quando a dose de nitrogênio e
potássio foi aumentada de 100 e 80kg/ha de N e K2O, respectivamente, para 200 e 160kg/ha e desta dose para a dose de
300 e 240kg/ha, mas não houve resposta quando a dose foi aumentada para 400 e 320kg/ha. Coincidentemente as doses
de N e K2O aplicadas no trabalho realizado na FAZU foram 300 e 222kg/ha para o tratamento PNI, valores muito
próximos aos citados por ANDRADE et al. (2002), indicando falta de reposta da planta ao aumento das doses de N e
K2O no período da seca. Este resultado pode ser devido à falta de potencial para a forrageira avaliada responder a
aumentos nas doses de N e K2O nas condições de solo do presente trabalho, que já vem recebendo adubações intensivas
desde 1997, ou devido à falta de resposta à irrigação nas condições ambientais deste trabalho, ou ambos.
TABELA 1 - Características de crescimento de pastagens irrigadas e não irrigadas dos capins Mombaça, Tanzânia e Tifton 85 em
ambiente de Cerrado entre Outubro de 2001 a Setembro de 2002.
FAZU em Revista, Uberaba, n.2, p.22-26, 2005
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Mombaça Tanzânia Tifton 85
Variável Irrigado Sequeiro Irrigado Sequeiro Irrigado Sequeiro
ARPRP (cm)1 77,66 72,22 80,03 82,54 34,21 31,97
ARPOP (cm)2 38,94 38,89 42,9 43,55 17,43 17,37
MFPRP (kg MS/ha)3 6.066 6.010 6.877 4.985 7.007 4.305
MFPOP (kg MS/ha)4 2.916 2.570 3.262 3.369 2.703 2.586
DMF (kg MS/ha/cm)5 78 83 86 86 205 135
TAF (kg MS/ha/dia)6 79 83 91,2 94 77 55
FA (kg MS/ha)7 28.913 30.242 33.320 34.307 28.105 18.615
EP (%)8 54,5 54,5 42 42 50,5 50,5
CSP (UA/ha)9 4,82 4,92 6,1 6,28 6,1 4,9
TL (UA/ha)10 4,29 4,29 4,32 4,32 5,4 5,5
1. ARPRP: Altura do Relvado no Pré-Pastejo; 2. ARPOP: Altura do Relvado no Pós-Pastejo; 3. MFPRP: Massa de Forragem no Pré-Pastejo; 4. MFPOP: Massa de Forragem no Pós-Pastejo; 5. DMF: Densidade da Massa de Forragem; 6. TAF: Taxa de Acúmulo de Forragem; 7. FA: Forragem Acumulada; 8. EP: Eficiência de Pastejo; 9. CSP: Capacidade de Suporte da Pastagem; 10. TL: Taxa de Lotação.
PENATTI et al. (2001), sob condições ambientais de Piracicaba, SP, avaliando o capim Tanzânia irrigado e
submetido a três níveis de massa de forragem pós-pastejo entre outubro de 1999 a agosto de 2000, em oito ciclos de
pastejo, não observaram diferenças na taxa de lotação animal, que se manteve em torno de 5UA/ha independente no
nível de massa de forragem. Na pastagem de Tifton 85, não houve resposta ao tratamento PI para as variáveis ARPRP
(34,21 x 31,97cm) e ARPOP (17,43 x 17,37), mas para as variáveis MFPRP (7.007 x 4.305kg MS/ha), TAF (77 x 55kg
MS/ha/dia) e FA (28.105 x 18.615kg MS/ha/ano), houve resposta significativa resultando em maior CSP (4,27 x
3,0UA/ha). A MFPRP foi maior no tratamento PI mesmo sem ter havido aumento na ARPRP porque a DMF aumentou
de 135 para 205kg MS/ha/cm (Tabela 1). Uma possível explicação para esta diferença é que na área onde o tratamento
PNI ficou estabelecido no modulo desta forrageira, aparece no solo cascalho e pedras, indicando ser um solo mais raso.
Outra possível explicação se baseia na maior capacidade do capim Tifton 85 crescer melhor que os cultivares de
Panicum maximum durante o outono, quando estes florescem, como também no inverno. Entretanto, no outono e no
inverno ocorre déficit hídrico em Uberaba e no caso do Tifton 85 a irrigação trouxe impacto no aumento de produção da
pastagem.
CONCLUSÃO
Devido às respostas inconsistentes a irrigação de pastagens que se tem obtido neste e em outros trabalhos de
pesquisas, sugere-se mais estudos, tanto com outras espécies forrageiras, como também em outras regiões do país.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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FAZU em Revista, Uberaba, n.2, p.27-36, 2005
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Agronomia-05
DOSES E MODOS DE APLICAÇÃO DE POTÁSSIO NA PRODUTIVIDADE DE GRÃOS E QUALIDADE DE
SEMENTE DE SOJA (Glycine max(L), MERRILL)
STUDY OF THE MODE OF APPLICATION AND DOSES OF POTASSIUM ON GRAIN YIELD AND QUALITY
OF SEED OF SOYBEAN (Glycine max( L) MERRIL)
PEDROSO NETO, J.C.1,2; REZENDE, P.M.3 1 Prof. Dr., Curso de Agronomia, FAZU - Faculdades Associadas de Uberaba, Uberaba – MG e-mail
[email protected] 2 Pesquisador EPAMIG – Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, Uberaba – MG 3 Prof. Dr., Depto. Agricultura, UFLA – Universidade Federal de Lavras, Lavras - MG, e-mail: [email protected]
RESUMO: Com o objetivo de estudar o efeito de doses e modos de aplicação de potássio (K) na produtividade e
qualidade de sementes de soja, instalou se dois ensaios, em Lavras (Podzólico Vermelho-Amarelo, argiloso) e Uberaba
(Latossolo Vermelho-Escuro, franco-arenoso), ambos com baixa disponibilidade de K solúvel. O delineamento
experimental utilizado foi blocos ao acaso, com quatro repetições, em esquema fatorial (3X4)+1, envolvendo três
modos de aplicação (plantio, parcelado e cobertura), quatro doses (40, 80, 120 e 160kg.ha-1 de K20), e testemunha, sem
K. Em Uberaba observou-se efeito da interação entre modos de aplicação e doses de K sobre a produtividade de grãos,
uma vez que quando o nutriente foi aplicado em cobertura houve resposta a doses, no entanto quando a adubação foi
feita no plantio ou parcelada não se observou respostas as doses. Ainda em Uberaba, a aplicação de K, independente das
doses ou dos modos, promoveu aumento nas produtividades de grãos, óleo e proteína. Já o vigor de sementes foi
afetado pelas doses crescentes de K, independente do modo de aplicação. Em Lavras as aplicações de K no plantio ou
parcelado, independente da dose, promoveram aumento na produtividade de grãos, quando comparadas com a aplicação
em cobertura. Já o teor de óleo foi afetado pela interação entre doses e modos de aplicação, uma vez que a aplicação no
plantio promoveu resposta crescente, e as aplicações em cobertura e parcelada resposta decrescente.
PALAVRAS-CHAVE: Soja; Glicine max (L.) Merrill; potássio; adubação; cobertura.
ABSTRACT: With the objective of studying the effect of doses and modes of application of potassium (K) on yield
and quality of soybean seeds, two trials were set up in Lavras (Red-Yellow Podzolic, clayey) and Uberaba (Dark-Red
Latosol sandy-loam), both with low availability of soluble K. The experimental design utilized was in randomized
blocks with four replicates in factorial scheme (3x4)+1, encompassing three modes of application (planting, split and
top dressing), four doses (40, 80, 120 and 160kg.ha-1 of K20) and check, without any K. In Uberaba, the effect of
interaction between application modes and K doses on grain yield was observed, since, when the nutrient was applied at
top dressing there was response to the doses, however, when fertilization was made at the planting or split, there were
no observed responses to the doses, and the application of K, regardless of the doses or modes, promoted increase in
grain, oil and protein yields, but seed vigor was affected by the growing doses of K, independently of the mode of
application. In Lavras, the applications of K at planting or split independent of the dose promoted increase in grain yield
as compared with the top dressing. Oil content was affected by the interaction between doses and modes of application
since the application at planting promoted growing response and top dressing and split applications, decreasing
response.
KEYWORDS: Soybean; Glicine max( L.) Merril; potassium; fertilization; top dressing.
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INTRODUÇÃO
Embora tenha sido introduzida no Brasil a pouco mais de 100 anos, a soja (Glicine max (L) Merrill) expandiu se
rapidamente e hoje já representa mais de um terço da produção brasileira de grãos. A maior expansão da cultura deu se
a partir dos anos 70 com a abertura das áreas sob cerrado, principalmente em Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul, sendo que grande parte destas áreas apresentam acidez elevada e baixa disponibilidade de nutrientes,
principalmente fósforo (P) e potássio (K) (LOPES, 1982).
No caso do K, aliado a baixa disponibilidade, existe a possibilidade de perdas, por lixiviação, principalmente em
solos com textura mais arenosa, reforçando a importância de se estudar formas alternativas de aplicação do nutriente.
Trabalhos relacionados a definição de doses e modos de aplicação do K são encontrados, como por exemplo o de
MASCARENHAS et al. (1981) que citam respostas esporádicas á aplicação de K em soja, mesmo estando os teores
deste elemento no solo abaixo de 48ppm e justifica ao fato de que o extrator “Carolina do Norte” retira do solo apenas o
K disponível no momento e não aquele que poderia ser liberado durante o ciclo da cultura.
FERNANDES et al. (1993) trabalhando num Latossolo-Vermelho (LV), textura média, verificaram diferentes
capacidades de exploração do K dos solos pelas diversas cultivares de soja, sendo que em solos esgotados a planta
interferiu significativamente na dinâmica do nutriente. Os autores citam ainda que na maioria dos experimentos com
adubação potássica, mesmo em solos com baixos teores trocáveis deste elemento, não tem encontrado resposta. Tal
tendência pode ser explicada pela grande capacidade que a leguminosa tem de absorver o nutriente do solo e a
possibilidade da cultura utilizar-se de formas não trocáveis, que seriam liberadas durante o seu ciclo.
A adubação potássica na cultura da soja pode proporcionar alterações na composição química das plantas e dos
grãos, a este respeito SALE; CAMPBELL (1986) trabalhando em casa de vegetação observaram que aplicação de doses
crescentes de K propiciaram aumento no teor de óleo e diminuição no de proteína e atribuíram os resultados ao fato de
que quando houve deficiência de K observou se estreitamento da relação C/N nos componentes não estruturais da
semente durante os estágios mais avançados do enchimento de vagem. Dentro desse mesmo enfoque, trabalhando com
doses crescentes de K em um LV, com baixos teores de K solúvel, TANAKA et al. (1997), observaram que doses
crescentes de K aplicadas a lanço promoveram um crescimento linear no teor do nutriente na folha e diminuição nos
teores foliares de Ca e Mg, tendência atribuída ao antagonismo entre o macronutriente primário e os secundários,
principalmente o Mg. Com relação as características agronômicas da sementes os autores observaram resposta positiva
dos teores de óleo e peso de 100 sementes e resposta inversa dos teores de proteína, as doses crescentes do
macronutriente. A germinação e vigor de sementes não foram afetadas pelos tratamentos. Por outro lado, dados obtidos
por KANTHACK (1995), em um LV, textura arenosa indicam que a aplicação de K no plantio, em cobertura ou
parcelado não diferiram com relação a produção de soja e teores de óleo e proteína nos grãos. SOUSA et al. (1993)
afirmam que a aplicação de adubos potássicos nos solos de cerrado deve ser feita preferencialmente a lanço, pois estes
solos possuem baixa CTC e a alta concentração do nutriente provocada por grandes doses, distribuídos em pequeno
volume do solo favorece as perdas por lixiviação.
HECKMAN; KAMPRATH (1995) trabalhando em solos com textura arenosa utilizando doses crescentes de K
aplicadas no plantio, e parcelado e em cobertura, observou-se efeito linear das doses de K no acúmulo e concentração
do nutriente no tecido vegetal. A produtividade obtida nos tratamentos onde o nutriente foi aplicado todo no plantio
mostrou se ligeiramente superior a aplicação parcelada, o que, segundo o autor, pode ser explicado pelo fato da soja
apresentar maior acúmulo de K no início do ciclo, favorecendo a aplicação antecipada do macronutriente.
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Desta forma, devido às controvérsias sobre o assunto, o presente trabalho foi conduzido com o objetivo de
verificar o efeito de doses e modos de aplicação de K sobre a produtividade e qualidade de semente de soja.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram conduzidos dois ensaios, no ano agrícola 1998/99, nos municípios de Uberaba, longitude 47°55W,
latitude 19°45’S e altitude de 760m, na “Fazenda-Escola da FAZU - Faculdades Associadas de Uberaba” em Latossolo
Vermelho (LV), textura franco-arenosa, e em Lavras, longitude 45°00W, latitude 21°41’S e altitude 895m, “Fazenda
Vitorinha”, FAEPE/UFLA em Podzólico Vermelho-Amarelo (PVA), textura argilosa, cujas características físicas e
químicas podem ser visualizadas na Tabela 1.
TABELA 1 - Resultados das análises química e granulométrica dos solos por ocasião da semeadura, Lavras, 2000.
P K Ca Mg Al H+Al SB T V m.o. Arg. silte areia Solo pH
mg.dm-3 cmol (c).dm-3 %
LV 6,0 2 43 1,9 0,7 0,1 2,8 2,8 5,6 50 2,1 20 8 72
PVA 6,4 4 44 6,0 1,1 0,0 2,6 7,2 9,8 73 2,9 38 21 40
FONTE: FAEPE/UFLA, Lavras (2000).
O experimento de Uberaba foi semeado no dia 28 de novembro e colhido no dia 09 de abril, com ciclo de 132
dias; já em Lavras a semeadura ocorreu no dia 25 de novembro e a colheita no dia 14 de abril, com ciclo de 140 dias. A
cultivar utilizada foi a Conquista, com ciclo de maturação semi tardio.
O delineamento experimental utilizado foi blocos ao acaso em esquema fatorial (4x3)+1 envolvendo quatro
doses (40, 80, 120 e 160kg de K20.ha-1) e três modos de aplicação de K: plantio, cobertura aos trinta dias e parcelado
(20kg no plantio + 20kg em cobertura, 40kg no plantio + 40kg em cobertura, 40kg no plantio + 80kg em cobertura e
40kg no plantio + 120kg em cobertura) mais uma testemunha como tratamento adicional (zero de K20), totalizando 13
tratamentos, com 4 repetições. As parcelas foram constituídas de 6 linhas espaçadas de 0,50m, com 5,0m de
comprimento, sendo utilizadas como área útil as quatro linhas centrais, eliminando-se, a título de bordadura 0,50m de
cada extremidade , totalizando-se 8m2. O desbaste foi realizado aos quinze dias após semeadura, uniformizando a
população para 300.000 plantas por hectare. Trinta dias após a germinação procedeu se a aplicação das doses de K
recomendadas para os tratamentos em cobertura e parcelado.
Foram avaliadas as características agronômicas produtividades de grãos, teores e rendimentos de óleo e proteína,
germinação, vigor de sementes, cujas médias foram comparadas pelo teste Scott Knott e análise de regressão.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados de produtividade de grãos podem ser visualizados nas Tabelas 2, 3 e 4 e Figura 1. No ensaio de
Uberaba observou-se efeito significativo da interação entre doses e modos de aplicação de K. Desdobrando-se essa
interação verificou-se que resultados significativos somente foram observados com a aplicação do K em cobertura.
Levando-se em conta que o solo testado apresenta textura franco-arenosa, estes resultados podem ser esperados, pois
esta textura facilita uma maior perda do nutriente por lixiviação, quando utilizados no plantio. Considerando-se que a
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maior taxa de absorção de K dá-se na fase vegetativa, em período compreendido entre 44 e 63 dias após emergência, as
aplicações em cobertura e parcelada realizadas aos 30 dias após o plantio poderiam proporcionar aumento na
produtividade, uma vez que o nutriente estaria mais disponível para as plantas em época próxima ao início do período
de maior demanda. Os resultados são discrepantes dos obtidos por KANTHACK (1995), que trabalhando em LV,
textura arenosa não encontrou diferenças na produtividade de grãos, utilizando a aplicação de K do plantio, parcelado
ou em cobertura. Também BORKERT et al. (1993), trabalhando em LR, encontrou resultados diferentes dos obtidos em
Uberaba quando afirmam que a dose de 40kg ha-1 de K não foi suficiente para a cultura. O fato do presente ensaio ter
durado apenas um ano, pode explicar a baixa resposta da cultura ao K. Nessa condição, OLIVEIRA et al. (1992) cita
que a aplicação de até 60kg de K2O ha-1 foi suficiente para atingir rendimentos máximos no primeiro ano, porém, não o
foi no terceiro ano. Ainda em Uberaba observou-se que a aplicação do nutriente, independente do modo ou da dose,
proporcionou aumento na variável.
2700
2900
3100
3300
3500
3700
40 80 120 160
K2O (kg ha-1)
Prod
utiv
idad
e (k
g ha
-1)
Y = 3103 + 2,58X;
r2 : 0,74
FIGURA 1 - Produtividade de grãos obtida em Uberaba em função de doses de K aplicadas em cobertura. UFLA, Lavras, 2000.
TABELA 2 - Valores médios de produtividade obtida em Uberaba em função de modos de aplicação e doses de K. UFLA, Lavras-
MG, 2000.
MODOS DE APLICAÇÃO MÉDIA DOSES DE K (kg
K20.ha-1) PLANTIO COBERTURA PARCELADO
40
80
120
160
3545 3132 3535
3427 3467 3538
3657 3300 3552
3360 3535 3522
3404
3482
3493
3522
MÉDIA 3496 3358 3566 3473 a
TESTEMUNHA ABSOLUTA 2928 b
CV (%): 12,3
*Médias seguidas por letras iguais, nas colunas, não diferem entre si, ao nível de 5 % de probabilidade pelo teste de Scott Knott.
Por outro lado, os resultados obtidos em Lavras mostram efeito significativo do modo de aplicação do adubo
sobre a produtividade de grãos, independente da dose, sendo a aplicação em cobertura inferior aos outros dois modos,
FAZU em Revista, Uberaba, n.2, p.27-36, 2005
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os quais não diferiram entre si. A aplicação de K no plantio e parcelado proporcionou um aumento de 15,38%
(356kg.ha-1) e 13,26% (307kg.ha-1) em relação a aplicação em cobertura (Tabela 3). Estes resultados podem ser
explicados sob dois enfoques: primeiro, as elevadas relações do Ca e do Mg com o macronutriente nos trinta primeiros
dias da cultura, o que inibiu a absorção do mesmo, uma vez que os três nutrientes competem pelos mesmos sítios de
absorção (MASCARENHAS et al., 1988). Outro ponto a ser considerado é que devido à elevada capacidade de troca de
cátions do PVA, o K aplicado em cobertura permaneceu adsorvido à camada mais superficial, não atingindo a região do
solo de maior concentração radicular. Este segundo enfoque é reforçado por ESPINOSA; REIS (1982), que afirmam
que a lixiviação do K depende, dentre vários fatores, da textura do solo.
TABELA 3 - Valores médios de produtividade de grãos em Lavras, germinação e vigor em Uberaba em função de modos de
aplicação de K. UFLA , 2000.
Produtividade(kg.ha-1) Germinação (%) Vigor (%) MODOS DE
APLICAÇÃO Lavras Uberaba Lavras Uberaba Lavras
PLANTIO 2670 a 79,8 a 58,9 a 71,0 a 58,8 a
COBERTURA 2314 b 79,4 a 62,7 a 72,3 a 60,0 a
PARCELADO 2621 a 80,3 a 60,3 a 73,3 a 59,3 a
MÉDIA 2535 a 80,0 a 60,9 a 72,2 a 58,4 a
TEST. ABS. 2643 a 81,8 a 63,6 a 73,5 a 46,3 b
CV (%) 15,8 3,7 7,2 8,5 16,1
Médias seguidas por letras iguais, nas colunas, não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Scott Knott.
Os diferentes modos de aplicação e doses de K não exerceram efeito significativo sobre a germinação de
sementes em ambos os ensaios, como podem ser observados na Tabela 3 Tais resultados concordam com os obtidos por
TANAKA et al. (1997), que trabalhando com doses crescentes de K não encontraram resposta para a germinação de
sementes, o que contraria a afirmação de MASCARENHAS et al. (1988) de que o K beneficia a germinação de
sementes.
TABELA 4 - Valores médios de produtividade de grãos em Lavras, germinação e vigor em Uberaba e Lavras em função de doses de
K. UFLA, 2000.
Produtividade (kg.ha-1) Germinação (%) Vigor (%) DOSES DE K20
(kg.ha-1) Lavras Uberaba Lavras Uberaba Lavras
40 2448 79,9 60,0 74,3 53,2
80 2507 78,8 61,9 67,3 59,0
120 2564 80,1 58,8 70,2 61,8
160 2619 80,5 61,9 76,8 63,3
MÉDIA 2535 a 80,0 a 60,9 a 72,2 a 58,4 a
TEST. ABS. 2643 a 81,8 a 63,6 a 73,5 a 46,3 b
CV (%) 15,8 3,7 7,2 8,5 16,1
Médias seguidas por letras iguais, nas colunas, não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Scott Knott.
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As Tabelas 3 e 4 ilustram os resultados de vigor de sementes em função dos tratamentos testados. Em Uberaba o
vigor de semente foi afetado significativamente pelas doses do K, concordando com as afirmações feitas por
MASCARENHAS et al. (1988), quando citam o efeito benéfico do K na característica em questão. Em Lavras
observou-se que a aplicação do nutriente, independente do modo ou da dose, diferiu significativamente do vigor obtido
nas sementes das plantas testemunhas, cultivadas sem K. Os resultados concordam com a afirmação de SNYDER;
ASHLOCK (1996), de que a deficiência de K pode prejudicar a qualidade de sementes.
As Tabelas 5, 6 e 7 ilustram os teores médios de óleo nas sementes em função de modos de aplicação e doses de
K. No ensaio conduzido em Uberaba não foi observado efeito significativo do modo de aplicação ou das doses do
adubo sobre os teores de óleo. Entretanto, a aplicação de K, independente do modo ou da dose, influenciou a variável
quando comparado com a testemunha absoluta, confirmando a essencialidade do K na síntese e transporte de óleo para
os grãos. Segundo USHERWOOD (1994), tal resultado pode ser explicado pelo papel do K no transporte de
fotoassimilados para os grãos, permitindo a síntese de óleo nos mesmos, e também no controle de entrada de CO2 pelos
estômatos. Também TANAKA et al. (1997) observaram efeitos positivos de doses crescentes de K sobre o teor de óleo
nas sementes.
16
17
18
19
20
21
40 80 120 160
K20 (kg ha-1)
òleo
(%
)
Plantio Parcelado
Yplantio = 18,20 + 0,016X r2 : 0,99
Yparcelado = 20,55 - 0,01425X r2 ; 0,99
FIGURA 2 - Teores de óleo nos grãos obtidos em Lavras em função de doses e modos de aplicação de K.
Nas Tabela 5 e Figura 2 estão ilustrados os resultados médios dos teores de óleo nas sementes obtidas no ensaio
de Lavras. Observa-se interação significativa entre modos de aplicação e doses de K. Assim, a aplicação de doses
crescentes de K, no plantio, proporcionou aumento no teor de óleo da semente. Efeito inverso foi observado quando o
insumo foi aplicado de forma parcelada, com a queda no teor de óleo com o aumento das doses de K. Na aplicação em
cobertura observou-se mesma tendência observada para a aplicação parcelada, embora os resultados não tenham sido
significativos. Os resultados podem ser explicados da mesma forma que para a produtividade, ou seja, elevada relação
Ca/Mg/K, inibindo a absorção de K e a baixa movimentação do nutriente aplicado em cobertura, devido a textura
argilosa do solo. A mesma explicação é descrita por GOEDERT et al. (1977) que afirmam que a calagem ao elevar a
relação do Ca e do Mg com o K pode diminuir os níveis do macronutriente na solução do solo, levando a planta a
apresentar deficiência do mesmo. Também MASCARENHAS et al. (1988) citam que a elevação da saturação de bases
FAZU em Revista, Uberaba, n.2, p.27-36, 2005
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a 70%, como foi o caso do PVA, levou a um desequilíbrio entre o Ca, o Mg e o K, promovendo o surgimento e
agravamento da deficiência do K. Ainda na tabela 5 observa se que a aplicação de K, independente do modo ou da dose
promoveu incremento na produção de óleo, quando comparada com a testemunha sem K.
TABELA 5 - Valores médios dos teores de óleo nas sementes obtidas no ensaio conduzido em Lavras, em função dos modos de
aplicação e doses de K. UFLA, 2000.
MODOS DE APLICAÇÃO DOSES DE K
(kg K20.ha-1) PLANTIO COBERTURA PARCELADO MÉDIA
40
80
120
160
18,8 20,7 20,0
19,5 20,2 19,4
20,2 19,9 18,8
20,7 19,5 18,3
20,0
19,7
19,7
19,6
MÉDIA 19,9 20,1 19,1 19,7 a
TESTEMUNHA ABSOLUTA 18,2 b
CV (%): 2,5
*Médias seguidas por letras iguais, nas colunas, não diferem entre si, ao nível de 5 % de probabilidade pelo teste de Scott Knott.
As Tabelas 6 e 7 ilustram os resultados médios de rendimento de óleo nos dois locais. Os resultados não
evidenciam efeito significativo dos modos de aplicação ou das doses de K sobre o rendimento de óleo embora, em
ambos os ensaios a aplicação do fertilizante em cobertura apresentou tendência inferior aos outros dois modos.
Entretanto, no ensaio conduzido em Uberaba a aplicação do nutriente, independente do modo ou da dose, influenciou a
variável, quando comparados com a testemunha absoluta. Tais resultados podem ser explicados pela maior
produtividade de grãos e maior teor de óleo, com a aplicação de K, o que refletiu numa maior rendimento de óleo.
Quando comparadas as médias obtidas nos dois ensaios observa-se que a soja cultivada em Uberaba apresentou melhor
desempenho que a de Lavras, produzindo 41 % a mais de óleo, quando se aplicou K, independente do modo e da dose e,
13%, quando comparou se os tratamentos sem o nutriente.
Nas Tabelas 6 e 7 são visualizados os resultados médios dos teores de proteínas nos dois ensaios. Não foi
observado nenhum efeito significativo de modos de aplicação e doses de K sobre a proteína dos grãos. No entanto, em
Uberaba, a aplicação de K, independente do modo ou da dose, diferiu significativamente da testemunha sem K. Tais
resultados são explicados por vários autores, como MASCARENHAS et al. (1988), TANAKA et al. (1993) e
USHERWOOD (1994), que comprovam o papel do K na nodulação, no metabolismo do N, transporte e síntese de
proteínas nas sementes.
TABELA 6 - Valores médios de teores óleo em Uberaba, teores de proteína e rendimentos de óleo e proteína em Uberaba e Lavras
em função de modos de aplicação de K. UFLA, 2000.
Óleo (%) Proteína (%) Óleo (kg.ha-1) Proteína (kg.ha-1) MODOS DE
APLICAÇÃO Uberaba Uberaba Lavras Uberaba Lavras Uberaba Lavras
PLANTIO 19,0 a 38,5 a 38,2 a 694 a 506 a 1345 a 1022 a
COBERTURA 19,3 a 38,0 a 38,6 a 676 a 447 a 1273 a 893 b
PARCELADO 19,3 a 38,5 a 39,1 a 686 a 506 a 1372 a 1025 a
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MÉDIA 19,3 a 38,2 a 38,5 a 684 a 486 a 1330 a 982 a
TEST. ABS. 18,2 b 36,5 b 38,6 a 536 b 475 a 1068 b 1024 a
CV (%) 2,2 2,4 1,9 13,7 16,4 12,6 16,9
*Médias seguidas por letras iguais, nas colunas, não diferem entre si, ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Scott Knott.
TABELA 7 - Valores médios de teores óleo em Uberaba, teores de proteína e rendimentos de óleo e proteína em Uberaba e Lavras
em função de modos de aplicação de K. UFLA, 2000.
Óleo (%) Proteína (%) Óleo (kg.ha-1) Proteína (kg.ha-1) MODOS DE
APLICAÇÃO Uberaba Uberaba Lavras Uberaba Lavras Uberaba Lavras
40 19,1 39,0 39,3 466 466 1328 968
80 19,5 37,9 38,2 481 481 1322 954
120 19,5 38,4 38,2 501 501 1342 983
160 19,0 37,9 38,9 497 497 1331 1021
MÉDIA 19,3 a 38,2 a 38,5 a 684 a 486 a 1330 a 982 a
TEST. ABS. 18,2 b 36,5 b 38,6 a 536 b 475 a 1068 b 1024 a
CV (%) 2,2 2,4 1,9 13,7 16,4 12,6 16,9
Médias seguidas por letras iguais, nas colunas, não diferem entre si, ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Scott Knott.
O resultados médios de rendimento de proteína também podem ser visualizados nas Tabelas 6 e 7. No ensaio
conduzido em Uberaba não foi observado efeito significativo dos tratamentos sobre a variável em questão. No entanto,
a aplicação de K, independente do modo ou da dose, diferiu significativamente do tratamento testemunha, sem K, o que
é explicado pela maior produtividade de grãos obtida com a aplicação de K, independente da dose ou do modo. No
ensaio de Lavras observou-se efeito significativo do modo de aplicação, uma vez que a aplicação em cobertura mostrou
se inferior aos outros dois modos. Os resultados podem ser explicados pela menor produtividade de grãos quando o K
foi aplicado em cobertura. As hipóteses, já discutidas, de elevada relação Ca/Mg/K, nos trinta primeiros dias da cultura
e a pequena mobilidade do nutriente aplicado em cobertura, no solo argiloso, explicam a tendência observada.
Comparando-se a rendimento de proteína nos dois ensaios, observa-se que em Uberaba produziu-se 35% a mais
do que em Lavras, quando se aplicou K, independente do modo ou da dose e, 4% quando não se aplicou o nutriente.
CONCLUSÃO
Em Uberaba verificou-se efeito significativo da adubação com K em cobertura. A aplicação de K, independente
das doses ou dos modos, influenciou a produtividade de grãos e proteína e os teores de óleo e proteína e o vigor de
sementes.
Em Lavras a produtividade de grãos foi influenciada pelos modos de aplicação, com destaque para aplicação no
plantio e parcelado. O vigor de sementes foi influenciado pela aplicação de K, independente da doses ou dos modos. Os
teores de óleo foram influenciados pela interação entre doses e modos de aplicação de K. A germinação, rendimento de
óleo e teor e rendimento de proteína não foram afetados pelos tratamentos.
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Agronomia-06
EFEITOS DE CAPINAS E ADUBAÇÃO NITROGENADA EM COBERTURA EM DIFERENTES ESTÁDIOS
DE DESENVOLVIMENTO DO FEIJOEIRO
EFFECTS OF WEEDING AND SIDE-DRESSING APPLICATION OF NITROGEN ON DIFFERENT BEAN
GROWTH STAGES
PAES, J.M.V.1,2; CARDOSO, A.A.3; SILVA, A.A.3; BRITO, C.H.4 1 Prof. Dr., Curso de Agronomia, FAZU - Faculdades Associadas de Uberaba, Uberaba – MG e-mail
2 Pesquisador EPAMIG – Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, Uberaba – MG 3 Prof. Dr., Depto. de Fitotecnia, UFV – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa - MG 4 Prof. Dr., UFU – Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia - MG
RESUMO: O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos da adubação nitrogenada em cobertura após a capina,
realizada em diferentes épocas na cultura do feijão (Phaseolus vulgaris L.), no cultivo das “águas”. O estudo foi feito
durante dois anos utilizando-se o cultivar Ouro. Os tratamentos foram constituídos por seis épocas de capina (estádios
de desenvolvimento V3, V3 + 5, V3 + 10, V3 + 15, V3 + 20 e V3 + 25 dias), duas doses de nitrogênio em cobertura (0 e
30kg/ha), tendo como fonte de nitrogênio o sulfato de amônio, e dois tratamentos adicionais (testemunha com capina -
TCC e testemunha sem capina -TSC), dispostos em blocos casualizados, em esquema fatorial (6 x 2) + 2, com quatro
repetições. Na TCC e na TSC, o nitrogênio foi distribuído em V3. As plantas daninhas na área dos experimentos eram:
Artemisia verlotorum, Bidens pilosa, Ipomoea grandifolia, Cyperus rotundus, Cynodon dactylon e Brachiaria
plantaginea. Verificou-se redução significativa de produtividade de grãos (PG) e do número de vagens por hectare
(NVHA) na TSC, em relação à TCC, mas não se detectou redução do peso de 100 grãos (P100G) e do número de grãos
por vagem (NGV). Os diferentes atrasos na capina proporcionaram aumento da cobertura real de plantas daninhas, mas
esse fato não teve efeito nos componentes primários e, conseqüentemente, na PG. Conclui-se que não se deve deixar o
feijoeiro em competição com plantas daninhas durante todo o seu ciclo de vida e sim fazer adubação nitrogenada em
cobertura imediatamente após a capina, executada com atraso de até sete dias em relação ao período total de prevenção
da interferência, que é de 30 dias para a cultura do feijão.
PALAVRAS-CHAVE: Feijão; plantas daninhas; estádios de desenvolvimentos; nitrogênio.
ABSTRACT: The aim of this study was to evaluate the effects of side-dressig application of nitrogen after weeding
made at different times in bean culture (Phaseolus vulgaris .L) g the rainy seadon. The study was evaluated in a period
of two years, using the Ouro seeds. The treatments consisted of six weeding periods (bean development stages V3, V3 +
5, V3 + 10, V3 + 15, V3 + 20 e V3 + 25 days), two side-dressing applications of nitrogen (0 and 30kg/ha), with
ammonium sulphate as the source, and two additional treatments (control with weeding (CPW) and control without
weeding (CWW), arranged in a (6 x 2 ) + 2 factorial in a randomized block design, with four replications. In treatments
CPW and CWW, the nitrogen fertilizer was distributed in V3. The following weeds were found in the experimental
area: Artemisia verlotorum, Bidens pilosa, Ipomoea grandifolia, Cyperus rotundus, Cynodon dactylon and Brachiaria
plantaginea. There was a significant decrease in yield (GP) and in the number of pods per hectare (NPH) in CWW, as
compared to CWW, but it did not affect the number of grains per pod (NGP) and in 100 grain weight (100GW). The
FAZU em Revista, Uberaba, n.2, p.37-44, 2005
38
different weeding delays increased actual weed side-dressing. However, this did not have an influence on the primary
components, and consequently, on GP. We can conclude that the bean plant cannot be allowed to compete with weeds
during its all life cycle, but when side dressing nitrogen fertilizer is applied, with a 7 day delay in relation to the total
period of interference prevention (30 days for bean culture), total recovery of beans capacity is achiwed.
KEYWORDS: Bean; weeds; growth stages; nitrogen.
INTRODUÇÃO
O plantio do feijão (Phaseolus vulgaris L.) das “águas”, normalmente realizado em outubro ou novembro, mas,
por vezes, efetuado até a primeira quinzena de dezembro, está sujeito a fatores adversos, como excesso de chuva no
período da colheita, que pode causar perda parcial ou total na produção.
Em 1994, no Brasil, o cultivo do feijão das “águas” foi responsável por 55% da área plantada e por 49% da
produção, apresentando, com isso, baixa produtividade de grãos: 545kg/ha (IBGE, 1995). Esse baixo rendimento pode
ser explicado: as lavouras são conduzidas, na maioria das vezes, por pequenos agricultores descapitalizados, portanto,
sem recursos para utilização de insumos. Ademais, normalmente o cultivo é feito em solos empobrecidos, emprega-se
baixo nível tecnológico e a maioria dos pequenos produtores faz o cultivo em consórcio, sobretudo com o milho.
O nitrogênio é um dos nutrientes que apresenta considerável número de respostas positivas no feijoeiro em
ensaios de adubação (VIEIRA, 1978). Todavia, não se tem observado consistência nos resultados, o que indica a
necessidade de mais estudos sobre o efeito desse nutriente no solo e na planta. Contudo, sabe-se que há resposta
diferencial de cultivares a aplicação de nitrogênio (OLIVEIRA; THUNG, 1988).
Diversos são os fatores que podem influenciar a resposta da cultura do feijão ao nitrogênio, sendo um deles a
presença de plantas daninhas. Portanto, elas deverão ser controladas antes de iniciarem a competição com a cultura.
Normalmente, existe um período a partir da semeadura, ou da emergência, em que a cultura pode conviver sem prejuízo
com a comunidade infestante (sem interferência), chamado por PITELLI (1985) de período anterior à interferência.
Teoricamente, o final desse período seria a época ideal para o primeiro controle da vegetação infestante, para que, na
fase crítica (período crítico de prevenção da interferência), a cultura esteja livre da interferência das plantas daninhas.
Na prática, esse deve ser o período em que as capinas ou o poder residual do herbicida devem cobrir.
Independentemente de o produtor usar o manejo correto, quando se atrasa o início da capina ocorrerá competição
entre a cultura e as plantas daninhas pelos fatores de produção, havendo redução da produtividade de grãos de feijão
(NIETO et al., 1970 e VIEIRA, 1970).
Diante dessa realidade, este trabalho objetivou avaliar os efeitos da adubação nitrogenada em cobertura após a
capina, realizada em diferentes épocas na cultura do feijão, no cultivo das “águas”.
MATERIAL E MÉTODOS
Foi instalado um experimento na segunda quinzena de novembro de 1993, e outro, na segunda quinzena de 1995
utilizando-se o cultivar Ouro, em solo Podzólico Vermelho-Amarelo Câmbico, fase terraço, no município de Coimbra -
MG. Na camada de 0-20cm de profundidade, a amostra de material desse solo apresentou as seguintes características:
pH em H2O=5,1, P=5,2mg/dm3, K=32mg/dm3, Ca=1,8cmolc/dm3, Mg=0,6cmolc/dm3, Al=0,1cmolc/dm3, areia=14%,
silte=21% e argila=65%, sendo o solo classificado como muito argiloso.
FAZU em Revista, Uberaba, n.2, p.37-44, 2005
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Os tratamentos foram dispostos em blocos casualizados, em esquema fatorial (6 x 2) + 2, correspondendo a seis
épocas de capina (estádios de desenvolvimento V3, V3 + 5, V3 + 10, V3 + 15, V3 + 20 e V3 + 25 dias), duas doses de
nitrogênio em cobertura (0 e 30kg/ha) e dois tratamentos adicionais (testemunha com capina - TCC e testemunha sem
capina - TSC), com quatro repetições. A dose de 30k/ha de N, tendo como fonte o sulfato de amônio, seguiu as
recomendações da COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO DO ESTADO DE MINAS GERAIS (1989). Esse
nutriente foi distribuído em cobertura imediatamente após cada época de capina, sendo também aplicado nos
tratamentos adicionais no estádio de desenvolvimento V3. A TCC foi mantida livre das plantas daninhas até o estádio de
desenvolvimento V3 + 25 dias, por meio de três capinas, realizadas aos 12, 22 e 37 dias após a emergência das plântulas
de feijão (estádio V1), que foi observada em torno de cinco dias após a semeadura. A primeira época de capina teve
como referência o estádio de desenvolvimento V3 dos cultivares de feijão (12 dias após emergência), quando a primeira
folha trifoliolada de 50% das plantas estava totalmente aberta.
As plantas daninhas na área experimental eram a losna-brava (Artemisia verlotorum), o picão-preto (Bidens
pilosa), a corda-de-viola (Ipomoea grandifolia), a tiririca (Cyperus rotundus), a grama-seda (Cynodon dactylon) e o
capim-marmelada (Brachiaria plantaginea).
Antes de cada capina, foi feito o levantamento da infestação de plantas daninhas, avaliando-se, visualmente, a
percentagem de cobertura real da comunidade infestante e a percentagem de cobertura real de plantas daninhas, por
espécie botânica, em cada parcela experimental. Esta foi composta por quatro linhas de 7,5m de comprimento,
espaçadas de 0,5m e com aproximadamente 15 sementes por metro. A área útil da parcela compreendeu os 4m2 centrais.
A adubação no sulco de plantio foi feita com base nos resultados da análise química do solo e seguindo as
recomendações da COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO DO ESTADO DE MINAS GERAIS (1989), aplicando-
se o equivalente a 650kg/ha da fórmula 4-14-8. O adubo foi bem misturado a terra, a fim de evitar o contato direto com
a semente, como recomendam VIEIRA; GOMES (1961), MIRANDA et al. (1970) e AMARAL et al. (1971). Em
nenhum momento foi feita a irrigação.
As colheitas foram realizadas quando pelo menos 90% das vagens estavam secas, conforme orienta VIEIRA
(1978). Nos dois anos, esse ponto de colheita foi observado em torno de 100 dias após o plantio. Nessa ocasião foram
avaliados o estande final por metro (EFM), a produtividade de grãos (PG), em kg/ha, o número de vagens por hectare
(NVHA), o número de grãos por vagem (NGV) e o peso de 100 grãos (P100G) em g. O estande inicial por metro (EIM)
foi avaliado após completa emergência das plântulas de feijão.
Após a colheita do feijão fez-se, por amostragem, a coleta das plantas daninhas remanescentes, utilizando-se um
quadrado de ferro (0,25m2), que foi jogado ao acaso, por duas vezes, em cada parcela experimental. Para determinação
do peso da matéria seca, as plantas daninhas foram separadas em monocotiledôneas e dicotiledôneas e colocadas em
estufa de circulação de ar forçado a 72oC, por 72 horas, ou até atingirem peso constante.
Inicialmente, foram realizadas as análises de variância de todas as características avaliadas em cada ano de
plantio, isoladamente. Posteriormente efetuou-se a análise de variância conjunta das características, em que os
quadrados médios residuais não ultrapassaram uma relação aproximada de 7:1, conforme recomendam BANZATTO;
KRONKA (1989). Na análise de variância conjunta, foram considerados os efeitos de blocos e anos aleatórios e o efeito
de tratamentos fixo. Esses efeitos foram testados de acordo com o que preconizam CRUZ; REGAZZI (1994).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
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40
Verifica-se, na Tabela 1, redução significativa da PG da TSC, em relação a TCC, proporcionando diminuição da
produtividade de grãos de 40%, o que corrobora com os resultados obtidos por CARVALHO (1980). Quanto aos
componentes de produção, a competição com as plantas daninhas causou redução do NVHA, mas não foram verificadas
diferenças quanto ao P100G e ao NGV.
Observa-se na Tabela 2, em algumas características, em virtude da interação significativa anos x nitrogênio, a
ocorrência de médias não seguidas por letra; por isso, essas médias são apresentadas na Tabela 3, com o desdobramento
dessa interação.
A adubação nitrogenada em cobertura aumentou a PG e o NVHA (Tabela 2). Essa adubação também promoveu
aumento do NGV no primeiro ano e do P100G no segundo ano, e, na ausência ou presença dessa adubação, detectaram-
se valores superiores do NGV no primeiro ano e do P100G no segundo ano (Tabela 3).
AMANE (1994) e DINIZ et al. (1995) obtiveram aumentos significativos na produtividade de grãos e no peso de
100 grãos, quando utilizaram 30kg de N/ha em cobertura. DINIZ et al. (1995) verificaram, ainda, aumento no número
de vagens por planta, mas não detectaram influência do nutriente no número de grãos por vagem.
Não se detectou influência significativa nos componentes primários e, conseqüentemente, na PG, quando
expostos à competição com plantas daninhas, em diferentes atrasos na capina. Esses resultados não eram esperados,
pois como mostra a Figura 1, a cobertura real de plantas daninhas (CRPD) aumentou linearmente com os atrasos na
capina.
Não foram observadas diferenças significativas na PG e nos componentes primários, nos tratamentos em que
foram feitas capinas, com ou sem a utilização de nitrogênio em cobertura, em relação à TCC (Tabela 1). Esse fato,
provavelmente, pode ser atribuído ao atraso observado na emergência das plantas daninhas.
Apesar de não terem ocorrido diferenças significativas, observou-se tendência de menores valores dessas
características, nesses tratamentos, em relação à TCC, mostrando que os diferentes atrasos na capina provocaram
diminuição na PG e que o uso da adubação nitrogenada em cobertura não foi capaz de proporcionar recuperação total da
capacidade produtiva do feijoeiro, com exceção do tratamento V3N1, em relação a essa testemunha.
Não foram detectadas diferenças significativas nos tratamentos em que foram feitas capinas, sem a utilização de
nitrogênio em cobertura, entretanto observou-se tendência de maiores PG e NVHA, em relação à TSC. Quando se fez a
capina e utilizou nitrogênio em cobertura, detectou-se, significativamente, maiores PG, e NVHA, em relação à essa
testemunha. No tratamento V3 + 25 N1 obteve-se aumento de 51% na PG e 37% no NVHA, em relação a TSC (Tabela
1). Esses resultados mostram que não se deve deixar o feijoeiro em competição com plantas daninhas durante todo o seu
ciclo de vida e sim fazer adubação nitrogenada em cobertura imediatamente após a capina executada com atraso de até
sete dias em relação ao período total de prevenção da interferência, que é de 30 dias para a cultura do feijão (PITELLI,
1985).
Os estandes inicial e final não foram influenciados pelo nitrogênio ou pelas épocas de capina, motivo pelo qual
não foram mencionados no trabalho. Tal fato pode ser atribuído à aplicação cuidadosa de fertilizantes no sulco de
plantio (CARDOSO et al., 1978) e à infestação de plantas daninhas, que alcançou no máximo 51% de cobertura real, no
tratamento V3 + 25 (Tabela 4).
TABELA 1 - Médias da produtividade de grãos (PG), em kg/ha, do número de vagens por hectare (NVHA), do número de grãos por
vagem (NGV) e do peso de 100 grãos (P100G), em g, em cada tratamento.
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41
Tratamentos PG NVHA x 103 NGV P100G
V3N0 1410 1643 4,86 17,70
V3+5N0 1519 1737 4,82 18,16
V3+10N0 1436 1621 4,94 17,70
V3+15N0 1477 18031/ 4,73 17,37
V3+20N0 1428 1699 4,77 17,50
V3+25N0 1478 1692 5,04 17,22
V3N1 18421/ 21161/ 5,07 17,47
V3+5N1 17341/ 20361/ 4,80 18,00
V3+10N1 17111/ 18991/ 4,99 18,23
V3+15N1 16691/ 19071/ 4,91 17,83
V3+20N1 16821/ 19891/ 4,84 17,64
V3+25N1 16441/ 18331/ 5,12 17,61
Test. c/ capina (*) 1800 A 1970 A 5,05 A 18,19 A
Test. s/ capina(*) 1086 B 1334 B 4,68 A 17,68 A
C.V. (%) 13,40 11,54 9,65 4,78
(*) Em cada característica, as médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente, pelo teste F, a 5% de probabilidade. 1/ Diferem significativamente da testemunha sem capina, pelo teste de Dunnett, a 5% de probabilidade.
Observaram-se diferenças significativas entre os pesos da matéria seca da parte aérea de plantas daninhas
monocotiledôneas, dicotiledôneas e total remanescentes (MSM, MSD e MST) na TSC, em relação à TCC (Tabela 5).
Verifica-se, na Tabela 4, que em todas as épocas de capina ocorreram predomínio de cobertura real de plantas
daninhas dicotiledôneas. ALCÂNTARA; CARVALHO (1982) observaram, nas regiões com verões chuvosos,
predomínio de plantas daninhas monocotiledôneas. Todavia, em áreas tradicionais de cultivo de feijão, onde se utilizam
herbicidas, tem-se verificado predomínio de dicotiledôneas, pois os graminicidas recomendados para o feijão são
altamente eficientes, o que não se verifica para os produtos que controlam dicotiledôneas. Por ocasião da colheita, na
TSC (Tabela 5), observou-se maior peso da matéria seca de monocotiledôneas.
TABELA 2 - Médias da produtividade de grãos (PG), em kg/ha, do número de vagens por hectare (NVHA), do número de grãos por
vagem (NGV) e do peso de 100 grãos (P100G), em cada dose de nitrogênio.
Doses de N (kg/ha) PG (kg/ha) NVHA x 103 NGV P100G (g)
0 1457 B 1699 B 4,86 17,61
30 1714 A 1963 A 4,96 17,80
Em cada característica, as médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente, pelo teste F, a 5% de probabilidade.
TABELA 3 - Médias do número de grãos por vagem (NGV) e do peso de 100 grãos (P100G), em cada dose de nitrogênio, em dois
anos.
Anos NGV P100G (g)
0kg/ha de N 30kg/ha de N 0kg/ha de N 30kg/ha de N
1993/1994 5,24 b 5,67 a 16,91 a 16,72 a
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1995/1996 4,52 a 4,41 a 18,12 a 18,63 b
Em cada característica, as médias seguidas pela mesma letra, na linha, não diferem significativamente, pelo teste F, a 5% de probabilidade.
TABELA 4 - Valores médios da cobertura real de plantas daninhas monocotiledôneas e dicotiledôneas (CPDM e CPDD), em
diferentes épocas de capina (EC).
EC (dias) CPDM (%) CPDD (%)
V3 5,33 17,18
V3+5 5,40 19,85
V3+10 7,35 23,27
V3+15 10,54 23,58
V3+20 11,73 28,27
V3+25 20,72 30,22
TABELA 5 - Valores médios do peso da matéria seca da parte aérea de plantas daninhas monocotiledôneas, dicotiledôneas e total
remanescentes (MSM, MSD e MST) na testemunha com capina (TCC) e na testemunha sem capina (TSC), em dois anos.
Anos MSM (g/m2) MSD (g/m2) MST (g/m2)
TCC TSC TCC TSC TCC TSC
1993/1994 2,05 b 164,84 a 9,12 b 61,67 a 11,17 b 226,51 a
1995/1996 30,87 b 365,81 a 20,16 b 298,51 a 51,03 b 664,32 a
Em cada característica, as médias seguidas pela mesma letra, na linha, não diferem significativamente, pelo teste F, a 5% de probabilidade.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 12 17 22 27 32 37
Épocas de capinas (dias)
Cob
ertu
ra r
eal (
%)
V3 = 12 dias após emergência. * e ** Significativo a 5 e a 1% de probabilidade, pelo teste “t”.
FIGURA 1 - Estimativa da cobertura real de plantas daninhas ( $Y ), em função de diferentes épocas de capina (X).
CONCLUSÃO
Em vista dos resultados apresentados, conclui-se que não se deve deixar o feijoeiro em competição com plantas
daninhas durante todo o seu ciclo de vida e sim fazer adubação nitrogenada em cobertura imediatamente após a capina,
$Y = 7,31533 + 1,08543* X r2 = 0,95
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executada com atraso de até sete dias em relação ao período total de prevenção da interferência, que é de 30 dias para a
cultura do feijão.
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45
Agronomia-07
EFEITO DE CARGAS VERTICAIS EXERCIDAS SOBRE A RODA COMPACTADORA NA CULTURA DO
ALGODÃO (Gossypium hirsutum L.)
EFFECT OF VERTICAL LOADS EXERCISED ON THE PRESS WHELL IN THE CULTURE OF THE COTTON
(Gossypium hirsutum L.)
CORTEZ, J.W.1; CARVALHO FILHO, A.²; SILVA, R.P. da³; FURLANI, C.E.A.4 1 Graduando, Curso de Agronomia, FAZU - Faculdades Associadas de Uberaba, Uberaba – MG; e-
mail:[email protected] 2 Engenheiro Agrônomo, Prof. MSc, Curso de Agronomia, FAZU - Faculdades Associadas de Uberaba, Uberaba – MG;
e-mail: [email protected] 3 Engenheiro Agrícola, Prof. Dr., Departamento de Engenharia Rural, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias –
FCAV, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - UNESP, Jaboticabal – SP; e-mail:
[email protected] 4 Engenheiro Agrônomo, Prof. Dr., Departamento de Engenharia Rural, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias –
FCAV, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - UNESP, Jaboticabal – SP; e-mail:
RESUMO: Para a germinação é necessário que a semente esteja em presença de água e oxigênio, e logo após a
umidificação da semente, começa o desenvolvimento do embrião. O objetivo deste trabalho foi avaliar o
comportamento inicial da cultura do algodoeiro em diferentes cargas verticais exercidas sobre a roda compactadora.
Este trabalho foi realizado na Pista de Ensaios de Semeadura da FAZU - Faculdades Associadas de Uberaba. Esta pista
consta de um trole elétrico o qual é suportado por trilhos de comprimento igual a 24 metros sendo sua movimentação
toda elétrica, sendo divididas em 20 parcelas de um metro espaçado de 20cm. O algodoeiro será plantado em
espaçamento de 90cm com densidade populacional de 15 sementes por metro linear. O delineamento utilizado é o
inteiramente casualizado (DIC) sendo que os tratamentos serão: testemunha T1, zero N, ou seja, sem carga; o T2 com 5
Newton de carga; o T3 com 100 Newton de carga; o T4 com 150 Newton de carga e o T5 com 200 Newton de carga,
sendo que o experimento terá 4 repetições para cada tratamento. Os resultados indicaram que não há diferença
estatística na velocidade para germinação e na porcentagem de germinação em relação ao aumento de carga na roda
compactadora. Os resultados mostraram que a compactação de 150N proporcionou uma melhor germinação e maior
número de plantas germinadas que mesmo não diferindo das demais estatisticamente possa a ser significativo para um
produtor rural.
PALAVRAS-CHAVE: Germinação; compactação; mecanização.
ABSTRACT: For the germination it is necessary that the seed is in presence of water and oxygen, and soon after the
soak it will begin the process of development of the embryo. The objective of this work was to evaluate the initial
behavior of the culture of the cotton plant in different vertical loads exercised on the press wheel. This work was
accomplished in the Track of Rehearsals of Sowing of FAZU - Associated Universities of Uberaba. This track consists
of an electric trolley which is supported by length rails of 24 meters, with its movement completely electric, divided in
20 portions, with a 20cm separation among them. The cotton plant will be planted with 90cm of distance, with
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46
population density of 15 seeds for linear meter. The used delineation is entirely randomized, in homogeneous areas and
the treatments will be: witness T1, i.e., zero N, without load; T2 with 5 Newton of load; T3 with 100 Newton of load;
T4 with 150 Newton of load and T5 with 200 Newton of load, and the experiment will have 4 repetitions for each
treatment. The results indicated that there is no statistical difference in the speed for germination and in the germination
percentage in relation to the load increase in the press wheel. The results showed that the compacting of 150N provided
a better germination and a larger number of plants germinated that, despite not differing from the others, is able to be
significant for a rural producer.
KEYWORDS: Germination; compacting; mechanization.
INTRODUÇÃO
O algodão, que é considerado a mais importante das fibras têxteis, naturais ou artificiais, é também a planta de
aproveitamento mais completo e que oferece os mais variados produtos de utilidade. Na América, vestígios encontrados
no litoral norte do Peru evidenciam que povos milenares daquela região já manipulavam o algodão (PASSOS et al.,
1972). Com os Incas, o artesiano têxtil atingiu culminância, pois amostras de tecidos de algodão, por eles deixados,
maravilham pela beleza, perfeição e combinação de cores (PASSOS et al., 1972).
No Brasil, pouco se sabe sobre a pré-história dessa malvácea. Pela época do descobrimento de nosso país, os
indígenas já cultivavam o algodão e convertiam-no em fios e tecidos (PASSOS et al., 1972). Os primeiros colonos
chegados ao Brasil, logo passaram a cultivar e utilizar o algodão nativo (PASSOS et al., 1972).
O algodoeiro é uma dicotiledônea, da família das malváceas, sendo ele considerado uma planta de
autofecundação, embora a taxa de cruzamento natural possa atingir 50% (FUZATTO, 1999).
A semente de algodão é ovóide de cor marrom escura, sua epiderme é composta por fibras e línter, sendo que o
embrião é composto por radícula, hipocótilo e epicótilo. Para a germinação é necessário que a semente esteja em
presença de água e oxigênio, e logo após a umidificação da semente, começa o processo de desenvolvimento do
embrião (OOSTERHUIS, 1999).
Os fatores fundamentais que afetam a produtividade da cultura algodoeira no Brasil estão relacionados com a
falta de rigor por parte do cotonicultor, ou mesmo empresário agrícola, na adoção do sistema de produção e insumos e
no acompanhamento das práticas culturais exigidas pela cultura quando no campo e após a colheita, no processamento
do algodão nas máquinas de benefício e na indústria (CARVALHO; CHIAVEGATO, 1999).
O algodoeiro pode ser plantado em todos os solos existentes no Brasil, sendo que a época ideal de plantio vai de
1º a 31 de outubro podendo ser ampliado com escassez de chuva ate 20 de novembro, para estes plantios podem ser
usados espaçamentos de 70 a 110cm sendo que a característica da máquina colhedora também pode influenciar nesse
espaçamento (CHIAVEGATO et al., 1998). A densidade ideal é em média de 7 a 10 plantas por metro linear, entretanto
esse número pode variar de 5 a 12 de acordo com espaçamento, fertilidade do solo e necessidade de se compensar pela
densidade sendo que o gasto com sementes vai de 30 a 50kg.ha-1. Estas sementes devem acomodadas no solo de 5 a
10cm de profundidade com pouca terra por cima das sementes (CHIAVEGATO et al., 1998).
Estudo em solução nutritiva, com avaliação da absorção dos nutrientes a cada dez dias, demonstrou que o
algodoeiro foi mais exigente em Mg, S e Fe nos primeiros 30 dias, e em N, P, K, e Ca entre as fases de abotoamento e
máximo de florescimento, embora tenham sido registrados alguns pontos de destaque na fase tardia de desenvolvimento
do algodoeiro, nota-se que a intensa extração de nitrogênio, fósforo e potássio se deram entre 30 e 60 dias da
emergência (SILVA, 1999).
FAZU em Revista, Uberaba, n.2, p.45-50, 2005
47
Adubação do algodoeiro para produtividade em torno de 2,0t.ha–1 fica em torno de 10kg.ha-1 de nitrogênio,
60kg.ha-1 de fósforo e 60kg.ha-1 de potássio (SILVA, 1999).
A recomendação perfeccionista acadêmica de colocar o adubo 5cm ao lado e 5cm abaixo da semente é ideal para
o plantio convencional mas para o sistema de plantio direto isso não é realizado e por essas constatações, nas últimas
safras optou-se por utilizar, também na cultura do algodoeiro com o plantio apenas para colocação da semente no sulco
e com mínimo de revolvimento do solo (SANTOS, 2002).
O objetivo deste trabalho foi avaliar o comportamento inicial da cultura do algodoeiro em diferentes cargas
verticais exercidas sobre rodas compactadoras, através da velocidade de germinação e da porcentagem de germinação.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado em Uberaba (MG), longitude 47º55'W, latitude 19º45'S e altitude de 780 metros. O
clima de Uberaba é classificado pelo método de Koeppen como Aw, tropical, quente e úmido, com inverno frio e seco.
As médias anuais de precipitação e temperatura são de 1474mm e 22ºC, respectivamente.
Este trabalho foi realizado na Pista de Ensaios de Semeadura da FAZU - Faculdades Associadas de Uberaba.
Esta pista consta de um trole elétrico que é suportado por trilhos de comprimento igual a 24 metros. Sua movimentação
é toda elétrica. O trole possui acessórios para nivelamento, sulcador para plantio e rodas compactadoras com engate
para variação da carga vertical.
Foi utilizada uma pista de ensaios de 24 metros sendo dividida em 20 parcelas de um metro espaçado de 20cm.
O algodoeiro foi plantado em espaçamento de 90cm com densidade populacional de 15 sementes por metro linear. Cada
parcela continha duas linhas de um metro, e como foram plantadas 15 sementes por metro, tinha-se 30 sementes na
parcela vezes 20 parcelas, perfazendo um total de 600 sementes. Nesta pista de ensaios anteriormente, foi plantado
Crotalária que produziu em torno de 7ton.MS/ha e o algodão foi plantado sem nenhum preparo do solo, mostrando um
sistema de plantio direto em canais de cultivo.
O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado (DIC), sendo que os tratamentos foram a testemunha T1,
zero N, ou seja, sem carga; o T2 com 5 Newton de carga; o T3 com 100 Newton de carga; o T4 com 150 Newton de
carga e o T5 com 200 Newton de carga, e o experimento teve 4 repetições para cada tratamento. Essas cargas verticais
foram aplicadas sobre a roda compactadora tipo “V Simples”.
O plantio foi realizado no dia 22 de abril de 2004 a 5cm de profundidade.
No experimento foram avaliados a velocidade para germinação e a porcentagem de germinação, sendo a
contagem de germinação feita até que se estabilizasse as plântulas germinadas com no mínimo dois dias de repetições
iguais.
A análise de solo demonstrou que não havia necessidade de calagem, sendo assim optou-se por colocar adubação
de plantio de acordo com a análise, usando um adubo na formulação de 2-20-20 aplicando 500kg/ha.
]
TABELA 1 - Dados da análise de solo.
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48
pH
Al
(Cm
olc/
dm³)
Ca
(Cm
olc/
dm³)
Mg
(Cm
olc/
dm³)
H+
Al
(Cm
olc/
dm³)
K (
mg/
dm³)
P (
mg/
dm³)
Pre
m (
mg/
dm³)
C (
Dag
/kg)
M.O
. (D
ag/k
g)
V%
6,71 0,00 1,67 0,42 1,90 6 6,4 21,9 1,10 1,90 52,50
Todos os dados coletados foram trabalhados pelo Teste de F e quando significativos foram submetidos ao Teste de Tukey
pelo programa ESTAT.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados foram apresentados na forma de Tabelas e discutidos posteriormente. Na Tabela 2 é apresentado o
resultado da análise de variância para velocidade de germinação, onde o teste de F foi não significativo.
TABELA 2 - Análise de variância para velocidade de germinação.
Fontes de Variação Graus de liberdade Soma de Quadrados Quadrado Médio F calculado
Tratamento 4 18,19 4,54 0,76 NS *
Resíduo 15 89,47 5,96
Total 19 107,66
*NS - Não Significativos pelo teste de F.
Na Tabela 3 é apresentado o quadro de médias para velocidade de germinação de acordo com cada tratamento.
TABELA 3 - Médias de velocidade de germinação para cada tratamento.
Tratamento Médias
T1 5,37 a*
T2 5,32 a
T3 7,0 a
T4 7,8 a
T5 6,2 a
c. v. 38,52 %
*Médias seguidas de mesma letra não diferiram estatisticamente pelo Teste de Tukey.
Como pôde-se observar a velocidade de germinação não diferiu em nenhum tratamento, mesmo com o aumento
da carga vertical. Mas observou-se uma maior tendência na velocidade de germinação para o T4, onde se colocou 100N
de carga, pois à medida que se aumentou a carga vertical aumentou-se a relação solo/semente e logicamente favoreceu-
se a absorção de água pela semente, facilitando a germinação.
Na Tabela 4 são apresentados os resultados da análise de variância para % de germinação.
TABELA 4 - Análise de variância para porcentagem de germinação.
FAZU em Revista, Uberaba, n.2, p.45-50, 2005
49
Fontes de Variação Graus de liberdade Soma de Quadrados Quadrado Médio F calculado
Tratamento 4 657,8 154,74 0,59NS *
Resíduo 15 4165,9 277,72
Total 19 4823,8
*NS - Não Significativos pelo teste de F.
Na Tabela 5 são apresentadas as médias da porcentagem de germinação para cada tratamento.
TABELA 5 - Médias de porcentagem de germinação para cada tratamento.
Tratamento Médias
T1 36,55 a*
T2 34,99 a
T3 46,66ª
T4 49,99 a
T5 43,32 a
c. v. 39,37 %
*Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey.
Como pôde-se observar a porcentagem de germinação não diferiu em nenhum tratamento, mesmo com o
aumento da carga vertical. Mas observou-se uma maior tendência de porcentagem de germinação para o T4, onde se
colocou 100N de carga, pois à medida que se aumentou a carga vertical aumentou-se o contato do solo com a semente,
que teoricamente facilitaria a absorção de água e melhoraria as condições de germinação.
As plântulas de algodão começaram a germinar no 5ºdia após o plantio e observou após a coleta dos dados de
germinação que não houve diferença estatística na porcentagem de germinação, de acordo com as compactações de
8,7kgf, 14,7kgf e 20,7kgf, na profundidade de 5cm, sendo que se conseguiu 87,3%, 91% e 87,3% de germinação
respectivamente às cargas empregadas, e o coeficiente de variação foi de 4,48% (PONGELUPPI, 1979). Este autor
ainda citou que a camada compactada do solo que cobriu a semente teria mantido o solo com alta umidade e que isto
teria diminuído a resistência do solo, facilitando a germinação das plântulas.
CONCLUSÃO
A velocidade de germinação e a porcentagem de germinação não diferiram em nenhum tratamento aplicado das
cargas verticais, provavelmente devido às condições de umidade do solo.
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Curso de Graduação em Agronomia) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP, Jaboticabal.
SANTOS, V. dos; DOWICH, I. Adubação do algodoeiro com potássio: a experiência baiana. In: __________. Direto
do Cerrado, APDC, 2002, n.27, p. 5–7.
SILVA, N.M. da. Nutrição mineral e adubação do algodoeiro no Brasil. In: ___________. Cultura do Algodoeiro.
Piracicaba: Potafos, 1999. p. 57–92.
FAZU em Revista, Uberaba, n.2, p.51-54, 2005
51
Agronomia-08
EFEITO DO MOMENTO DA ADUBAÇÃO NA TAXA DE ACÚMULO DE FORRAGEM E NA
CAPACIDADE DE SUPORTE*
EFFECT OF TIMING OF FERTILIZATION ON FORAGE ACCUMULATION RATE AND CARRYING
CAPACITY
DRUMOND, L.C.D. 1; AGUIAR, A.P.A.2; FELIPINI, T.M.3; PONTES, P.O.3; SILVA, A.M.3
1 Prof. Dr., Curso de Agronomia, FAZU - Faculdades Associadas de Uberaba, Uberaba – MG, e-mail:
[email protected] 2 Prof. Esp., Curso de Agronomia, FAZU - Faculdades Associadas de Uberaba, Uberaba – MG, e-mail:
[email protected] 3 Graduandos, Curso de Agronomia, FAZU - Faculdades Associadas de Uberaba, Uberaba – MG
* Projeto financiado pela FUNDAGRI. e-mail: [email protected]
RESUMO: O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do momento da adubação após o pastejo em áreas pastejadas
de capim Mombaça. Os tratamentos foram aplicação da adubação um dia após o pastejo, aplicação sete dias após o
pastejo e aplicação da adubação 14 dias após o pastejo. Para cada tratamento houve quatro repetições. Os parâmetros
considerados para avaliar o efeito do momento da adubação foram: taxa de acúmulo de forragem, dada em quilo de
matéria seca por hectare por dia (kg MS/ha/dia) e capacidade de suporte da pastagem, em unidade animal por hectare
(UA/ha). O delineamento experimental foi de blocos casualizados e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a
5% de probabilidade. No período de avaliação e nas condições deste experimento não se constatou efeito do momento
da adubação após o pastejo sobre as variáveis analisadas. É provável que o nitrogênio fornecido pelo resíduo pós-
pastejo, pelo nitrogênio reciclado da morte de raízes, pelo nitrogênio da matéria orgânica do solo e pelo nitrogênio das
excretas, tenha, em parte, mascarado o efeito do momento da adubação após o pastejo sobre as variáveis analisadas.
PALAVRAS-CHAVE: Lotação rotacionada; nitrogênio; ciclagem de nutrientes.
ABSTRACT: The objective of this work was to evaluate the effect of after grazing fertilization on Mombaça grass
pasture. The fertilization treatments were: one day after grazing, seven days after grazing and 14 days after grazing.
There were four replications for each treatment. The parameters evaluated in assessing the effect of fertilization after
grazing were: forage accumulation rate, in kg of DM/ha/day, and pasture carrying capacity, in AU/ha (animal unit/ha).
The experimental design was a randomized block and the averages were compared using the Tukey Test to 5% of
probability. During the evaluation period and under this experiment conditions the timing of the fertilization after
grazing had no significant effect on the variables assessed. Probably the nitrogen from post-grazing residues, dead root
matter, soil organic matter and from animal excretion concealed the effect of the fertilizer after grazing.
KEYWORDS: Rotational stocking; nitrogen; nutrient cycling.
INTRODUÇÃO
VICENTE-CHANDLER et al. (1959) estudaram o efeito da freqüência de aplicação do nitrogênio (N) em
Colonião submetido a cortes e a pastejo simulado. Concluiram que a aplicação de N logo após a desfolha resultou em
FAZU em Revista, Uberaba, n.2, p.51-54, 2005
52
maior resposta em produção de forragem e recuperação do N, em comparação com a aplicação 25 dias após. CORSII
(1984) observou que os perfilhos que contribuíam com a produção de matéria seca (MS) surgiam até oito dias após o
corte e concluiu que o N deveria ser aplicado logo após, já que este nutriente tem um efeito marcante sobre o número e
o peso dos perfilhos. Entretanto, PREMAZZII et al. (1999) não encontraram diferenças no peso dos perfilhos e na
produção de MS em capim Tifton 85 adubado nos dias zero e sete após o corte. MENEZES et al. (2001) não
encontraram diferenças entre os tratamentos: aplicação de 100% do N no dia zero, no dia sete ou no dia 14 após os
cortes, sobre o número e o peso dos perfilhos e a produção de MS. VICENTE-CHANDLER et al. (1959) trabalharam
em canteiros e sob regime de cortes, já CORSI (1984) e PREMAZZI et al. (1999) trabalharam em casa de vegetação.
MENEZES et al. (2001) trabalharam em condições de campo, mas em regime de cortes e em área era irrigada. A análise
destes resultados demonstra a escassez de informações em áreas de pastagens. O objetivo deste trabalho foi o de avaliar
o efeito do momento da adubação após o pastejo em áreas pastejadas de capim Mombaça sobre a taxa de acúmulo de
forragem e a capacidade de suporte da pastagem.
MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi conduzido na Fazenda-Escola da FAZU - Faculdades Associadas de Uberaba, localizada no
município de Uberaba, MG, em altitude de 780m; 19º44’ de latitude Sul e 47º57’ de longitude Oeste de Greenwich
(Campus da FAZU). As normais climatológicas obtidas do INEMET-EPAMIG, Estação Experimental Getúlio Vargas,
localizada três km da área experimental são as seguintes: precipitação de 1.589,4mm, evapotranspiração de 1.046mm e
temperatura média anual de 21,9ºC. O trabalho se estendeu entre agosto de 2001 a setembro de 2002. No período houve
uma precipitação de 1.562,8mm, uma evapotranspiração de 1.271,4mm e a temperatura média de 22,8ºC. No período de
avaliação o manejo da fertilidade do solo constituiu de 1,0t/ha de calcário, 300kg/ha de N, 68kg/ha de P2O5, 222 kg/ha
de K2O e 75kg/ha de enxofre, sobre um solo classificado como Latossolo Vermelho-Escuro, com pH 6,1 a 6,3, fósforo
em Mehlich-1 entre 8 e 23mg/dm3, potássio de 172mg/dm3, alumínio 0,0, 20 a 30g/dm3 de matéria orgânica (MO) e V%
entre 62 a 67%. Uma área de 4,0ha foi dividida em 12 piquetes que foram pastejados no método de lotação rotacionada
com ciclo de pastejo variável de acordo com a estação do ano, entre 30 a 36 dias na primavera-verão e 48 dias no
outono-inverno. Os tratamentos foram: aplicação da adubação um dia após o pastejo, aplicação sete dias após o pastejo
e aplicação da adubação 14 dias após o pastejo. Para cada tratamento houve quatro repetições. Os parâmetros
considerados para avaliar o efeito do momento da adubação foram: taxa de acúmulo de forragem (TAF), dada em quilo
de matéria seca por hectare por dia (kg MS/ha/dia) e capacidade de suporte da pastagem (CSP), dada em unidade
animal por hectare (UA/ha), conforme definições dadas por PEDREIRA (2002) e HODGSON et al. (2000). A TAF foi
calculada pela diferença entre a massa de forragem pré-pastejo e a massa de forragem pós-pastejo, dividida pelo número
de dias entre medições. A massa de forragem foi obtida através de corte do relvado rente ao solo dentro de uma moldura
de 2,25m2 de formato quadrado que foi lançada em cada piquete por quatro vezes. A capacidade de suporte da pastagem
foi obtida considerando uma oferta de forragem de 5 quilos de matéria seca por 100 quilos de peso vivo (kg MS/100kg
de peso vivo) na primavera-verão e 6kg MS/100kg de peso vivo no outono-inverno e para manter a oferta de forragem
foi adotada a técnica do "put and take" (tira e põe). Os animais que pastaram na área, durante o período de avaliação
foram cruzados zebu x europeu de raças especializadas para corte, basicamente ½ sangue. Estes foram pesados
mensalmente após um jejum total de 14 horas. O tipo de suplemento usado foi uma mistura mineral para animais de
recria e engorda. O delineamento experimental foi de blocos casualizados e as médias foram comparadas pelo teste de
Tukey a 5% de probabilidade.
FAZU em Revista, Uberaba, n.2, p.51-54, 2005
53
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No período e nas condições de avaliação deste experimento não houve efeito do momento da adubação após o
pastejo sobre a TAF e a CSP nas ofertas de forragem de 5 e 6kg de MS/100kg do peso vivo em nenhuma das estações
do ano (Tabelas 1 e 2), apesar de ter havido uma tendência de valores mais altos para a TAF e a CSP no tratamento
adubação um dia após o pastejo.
TABELA 1 - Médias da taxa de acúmulo de forragem (kg MS/ha/dia) nas diferentes estações do ano nos tratamentos adubação um
dia, sete dias e 14 dias pós-pastejo, em pastagem de capim Mombaça submetida a pastejo intensivo.
Tratamento Primavera Verão Outono Inverno
1 Dia 91,46ª 137,8ª 53,92ª 40,77ª
7 Dias 88,61ª 119,89ª 54,34ª 64,92ª
14 Dias 95,15ª 124,94ª 62,9ª 67,82ª
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
TABELA 2 - Médias da capacidade de suporte da pastagem (UA/ha) nas diferentes estações do ano nos tratamentos adubação um
dia, sete dias e 14 dias pós-pastejo, em pastagem de capim Mombaça submetido a pastejo intensivo.
Tratamento Primavera Verão Outono Inverno
1 Dia 7,92ª 7,76ª 4,04ª 3,34ª
7 Dias 7,91ª 6,98ª 3,12ª 3,08ª
14 Dias 8,24ª 7,84ª 3,47ª 3,68ª
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
A diferença não significativa pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade entre os tratamentos, durante período
de avaliação, indica que o manejo de aplicação da adubação após o pastejo, em sistemas intensivos, pode ser mais
flexível que aquele sugerido por CORSI (1984). Os resultados obtidos neste experimento estão de acordo com aqueles
obtidos por MENEZES et al. (2001), que também não encontraram diferenças entre a aplicação de N logo após o
pastejo, com sete ou 14 dias após, apesar dos resultados obtidos por estes autores terem sido em área irrigada e em
regime de cortes. É provável que os resultados obtidos no experimento realizado na FAZU não tenham apresentado
diferenças significativas entre os tratamentos pelos mesmos fatores citados pelos autores, onde a ausência do efeito do
tratamento sinalizava que o N do fertilizante teve pouca participação no perfilhamento do capim Tanzânia logo após o
corte e que o N usado no inicio da rebrota era proveniente do N já existente na planta que reciclava e pelo N da matéria
orgânica do solo. No caso do experimento realizado na FAZU se espera que estas fontes de N que não a do fertilizante,
tenham contribuído para o crescimento da planta logo após o pastejo já que os resíduos pós-pastejos foram mantidos em
média com peso acima de 2.500kg de matéria seca por hectare (MS/ha), o nível de MO do solo era médio a alto e ainda
houve uma contribuição do N das excreções animais, fonte esta ausente nos experimentos revisados. No caso dos
trabalhos em casa de vegetação, a planta depende exclusivamente do N do fertilizante. Sob condições de pastejo, o N
proveniente da reciclagem a partir do resíduo pós-pastejo e das raízes mortas, da MO do solo e das excreções animais
podem ter mascarado a resposta do momento da adubação nas variáveis analisadas. Apesar da variação nos resultados
FAZU em Revista, Uberaba, n.2, p.51-54, 2005
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de analises de solos, não houve efeito do momento da adubação sobre as variáveis analisadas, indicando que o sistema
(clima-solo-planta-animal) foi capaz de tamponar as diferenças entre solos, através da reciclagem de nutrientes. Fato
como este é comum em trabalhos de pesquisa em maiores áreas (maior coeficiente de variação). Entretanto, trabalhos
com animais em pastejo são essenciais, apesar de serem poucos no Brasil. O ganho médio diário foi de 0,615kg, com
mínimo de 0,25kg/dia, em setembro, e máximo de 1,08kg/dia, em novembro. A inconsistência entre maiores taxas de
acumulo e menores capacidade de suporte, e vice-versa, se deve ao fato de que a capacidade de suporte foi calculada
pela massa de forragem no pré-pastejo e não pela taxa de acumulo. Ainda podemos destacar as altas TAF em todas as
estações do ano e para todos os tratamentos, possibilitando altas CSP, que variaram entre, aproximadamente 3,0UA/ha
no inverno a mais de 7,0UA/ha no verão.
CONCLUSÃO
Nas condições deste experimento não houve diferenças para o momento da adubação após o pastejo nas
variáveis e nas estações analisadas, indicando que o manejo da adubação em sistemas intensivos pode ser mais flexível.
Pensando em termos operacionais dentro de um sistema de produção comercial, sugere-se que a adubação seja feita
logo após o pastejo de forma a estabelecer uma rotina de serviço. Outros trabalhos deverão ser repetidos porque neste
houve um grande coeficiente de variação. É sugerido também que se calcule a capacidade de suporte da pastagem pela
taxa de acúmulo de forragem, e não pela massa de forragem no pré-pastejo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CORSI, M. Effects of nitrogen rates and harvesting intervals on dry matter production, tillering and quality of
the tropical grass “Panicum maximum”. 1984. 125 f. Thesis (Ph.D) Ames: Ohio State University.
HODGSON, J.; MATTHEWS, P.N.P.; MATTHEW, C. Pasture measurement. In: HODGSON, J.; WHITE, J. (Ed.).
New Zealand - pasture and crop science. Auckland, New Zealand: OXFORD, 2000. p. 59-66.
MENEZES, M.J.T; MARTHA JUNIOR, G.B.; PENATI, M.A. Produtividade do capim Tanzânia irrigado em resposta à
época de adubação nitrogenada após a desfolha In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE
ZOOTECNIA, 38., 2001, Piracicaba. Anais... Piracicaba: FEALQ, 2001. p. 349-351.
PEDREIRA, C.G.S. Avanços metodológicos na avaliação de pastagens. In: SIMPOSIO DE FORRAGICULTURA NA
REUNIAO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA. 39., 2002, Recife. Anais... Recife: SBZ,
2002. p. 100-150.
PREMAZZI, L.M.; MONTEIRO, F.A.; SCHIAVUZZO, P.F. Doses de nitrogênio e momento de aplicação após o corte
em características fisiológicas do Tifton 85. In: SIMPOSIO INTERNACIONAL "GRASSLAND ECOPHYSIOLOGY
AND ECOLOGY." 1999, Curitiba. Anais... Curitiba: UFPR, 1999. p. 336-339.
VICENTE-CHANDLER, J.; SILVA, S.; FIGARELLA, J. Effects of nitrogen fertilization and frequency of cutting on
the yield and composition of Napier grass in Puerto Rico. Journal of Agriculture of University of Puerto Rico, v.43,
n.4, p. 215-227. 1959.
FAZU em Revista, Uberaba, n.2, p.55-59, 2005
55
Agronomia-09
EFEITO DE DIFERENTES DOSES E ÉPOCAS DE APLICAÇÃO DE ORGANOMINERAL NA
PRODUTIVIDADE DE MILHO PARA SILAGEM
EFFECTS OF DIFFFERENT DOSES AND APPLICATION TIMES OF ORGANOMINERAL FERTILIZER ON
CORN PRODUCTIVITY
SOUZA, J.A.1 1 Engenheiro Agrônomo, Pesquisador, EPAMIG – Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, Uberaba – MG,
e-mail: [email protected]
RESUMO: Instalou-se o presente experimento em áreas da Fazenda Experimental da EPAMIG, Uberaba (MG), com o
objetivo de se avaliar doses e parcelamentos de adubações com o fertilizante organofértil. Para isso, foram utilizadas
três doses (500, 1.000 e 2.000kg.ha-1), quatro épocas de aplicação (todo no plantio, metade no plantio e metade aos 30
dias após emergência, metade no plantio e metade no florescimento do milho, e, um terço no plantio, um terço aos 30
dias após emergência e um terço no florescimento) e um tratamento adicional como testemunha, onde foram aplicados
60kg.ha-1 de N, 90kg.ha-1 de P2O5 e 60kg.ha-1 de K2O, como sulfato de amônio, superfosfato simples e cloreto de
potássio. Não houve diferença significativa de época de aplicação do adubo. No entanto, houve diferença de dose, sendo
que 500kg.ha-1 proporcionou melhor produtividade que 1.000kg.ha-1, porém ambas as doses não diferiram de
2.000kg.ha-1. A adubação mais econômica foi a aplicação de 500kg.ha-1 de organofértil, sendo metade no plantio e
metade no florescimento do milho.
PALAVRAS-CHAVE: Parcelamento de adubação; fertilizante alternativo; silagem de milho
ABSTRACT: This study was carried out in order to evaluate yields of green matter to ensilage with alternative
fertilization. The aim of this study was to evaluate the effect of the alternative fertilizer on green matter production of
ensilage corn. The experiment was carried out at Getúlio Vargas Experimental Farm of EPAMIG, Uberaba (MG),
followed a randomized factorial block-type design, in four replications. The treatments were combinations of effect of
the applications date (all in the plantation; half in the plantation and half to 30 days after emergency; half in the
plantation and half in the bloom; and, 1/3 in the plantation, 1/3 in 30 days after plantation, and 1/3 in the bloom); three
levels (500, 1000 and 2000kg.ha-1); and additional treatment (usual fertilization for maize: 60kg.ha-1 of N; 90kg.ha-1 of
P2O5 and 60kg.ha-1 of K2O, using ammonium sulfate, simple super phosphate and potassium chloride, respectively). It
did not have significant difference of time of application of the seasoning. However, it had different levels, and the
500kg.ha-1 provided better productivity than 1000kg.ha-1. The most economic fertilization was the application of
500kg.ha-1 of organofértil, applied half at plantation time, and half at the blooming of de maize.
KEYWORDS: Alternative fertilization; residues exploitations; ensilages.
INTRODUÇÃO
A exploração cada vez maior de novas áreas agrícolas tem contribuído para uma crescente degradação do solo e
dos recursos naturais. A cada ano agrícola, novas áreas do cerrado vão sendo incorporadas ao setor produtivo
paralelamente a um aumento de áreas de pastagens degradadas, por exemplo. No entanto, explorando-se racionalmente
FAZU em Revista, Uberaba, n.2, p.55-59, 2005
56
as áreas e adotando medidas corretas de manejo, é possível aumentar a área plantada e, conseqüentemente, a produção
sem sequer abrir um palmo de áreas do cerrado.
Aliada à degradação das áreas “agricultáveis”, a poluição ambiental por deposição de resíduos à superfície do
solo, sem qualquer tratamento, merece e tem merecido destaque nos últimos anos. E felizmente, a preservação
ambiental passou a ser uma questão de princípio de sobrevivência da vida do planeta. Surgiram e surgem a todo
instante, tentativas e tecnologias de despoluição e, ou, reutilização de resíduos, até então poluidores em potencial e sem
qualquer preocupação de reaproveitamento. A reciclagem está atualmente na “moda” e palavra de ordem é a
reutilização de resíduos de toda a natureza.
Assim, a literatura começa a ficar repleta de tecnologias inovadoras que buscam utilizar resíduos como matérias-
primas de outros produtos, entre eles muitos fertilizantes.
Neste aspecto, uma empresa uberabense, incubada da Universidade de Uberaba, desenvolveu tecnologia de
transformação de resíduos orgânicos ou minerais em fertilizantes em aproximadamente 72 horas, através da
biodegradação acelerada. Com esta tecnologia são produzidos, basicamente, dois fertilizantes: um organomineral, com
teores balanceados de nutrientes conforme a necessidade da cultura e a disponibilidade do solo e, um outro, com
características orgânicas, sem balanceamento ou adição de minerais, que é o fertilizante organofértil, avaliado neste
estudo.
Através de convênio de cooperação técnico-científica entre Universidade de Uberaba e EPAMIG, muitos
trabalhos de pesquisa foram conduzidos com estes produtos, os quais podem ser usados como fertilizantes ou como
condicionadores de solos. Estes produtos fertilizantes gerados, além de menor custo, possuem alto valor agregado.
Desta forma, instalou-se um experimento, com o objetivo de avaliar a viabilidade agronômica do fertilizante alternativo
organofértil.
MATERIAL E MÉTODOS
Com o objetivo de avaliar a eficiência de diferentes doses de organofértil (OF) aplicadas em uma, duas ou três
épocas do ciclo da cultura, na produção de massa verde de milho para silagem, um experimento foi instalado na
Fazenda Experimental Getúlio Vargas, da EPAMIG/CTTP, Uberaba (MG), em solo Latossolo Vermelho-Escuro
Distrófico, textura média. A variedade de milho utilizada foi BR-206, da EMBRAPA. O experimento foi instalado em
delineamento em blocos ao acaso, em esquema fatorial com quatro repetições, sendo os fatores: 4 épocas de aplicação
(100% no plantio, 50% no plantio e 50% aos trinta dias após emergência, 50% no plantio e 50% no florescimento, 33%
no plantio, 33% aos trinta dias após emergência e 33% na inflorescência) três doses (500, 1000 e 2000kg.ha-1) e um
tratamento adicional como testemunha (adubação química) . Os tratamentos constaram de: T1 = Adubação química:
60kg.ha-1 de N, sendo 20 no plantio e 40 em cobertura; 90kg.ha-1 de P2O5; e 60kg.ha-1 de K2O (AQ); T2 = 500kg.ha-1 de
organofértil (OF) em uma única aplicação, no plantio (OF1); T3 = 500kg.ha-1 de OF parcelados em duas aplicações,
sendo metade no plantio e metade aos 30 dias após emergência - dae - (P+TD); T4 = 500kg.ha-1 de OF, sendo metade
no plantio e metade na inflorescência do milho (P+F); T5 = 500kg.ha-1 de OF, parcelados em três aplicações, um terço
no plantio, um terço aos 30 DAE e um terço na inflorescência (P+TD+F); T6 = 1.000kg.ha-1 de OF no plantio (OF2);
T7 = 1.000kg.ha-1 de OF em duas aplicações, metade no plantio e metade aos 30 dae (P+TD); T8 = 1.000kg.ha-1 e
metade no plantio e metade na inflorescência (P+F); T9 = 1.000kg.ha-1 de OF em três aplicações, um terço no plantio,
um terço aos 30 dae e um terço na época da inflorescência (P+TD+F); T10 = 2.000kg.ha-1 de OF no plantio (OF3); T11
= 2.000kg.ha-1 de OF, metade no plantio e metade aos 30 dae (P+TD); T12 = 2.000kg.ha-1 de OF, sendo metade no
FAZU em Revista, Uberaba, n.2, p.55-59, 2005
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plantio e metade na inflorescência (P+F); T13 = 2.000kg.ha-1 de OF, aplicando-se um terço da dose no plantio, um terço
aos 30 dae e um terço na época do florescimento (P+TD+F).
Cada parcela experimental foi constituída de quatro linhas com seis metros de comprimento, com espaçamento
de 0,90m entre fileiras e 0,20m entre plantas.
O organofértil utilizado apresentou a seguinte composição: 1,25% de N; 3,63% de P2O5; 6,07% de K2O; 8,00%
de Ca e 12,00% de S.
As plantas das duas linhas centrais com quatro metros de comprimento foram cortadas e pesadas quando a
cultura atingiu o estágio ideal para silagem. Assim, foi possível quantificar a matéria verde produzida em função de
cada tratamento aplicado.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Produção de Massa Verde
Não se observou diferença significativa entre a produção alcançada com adubação química e com organofértil.
Poderia-se até se pensar que esta provável falta de resposta ocorresse pelo baixo nível de nitrogênio fornecido pela
adubação química (60kg.ha-1 de N, cerca de um terço da recomendação para o milho para silagem atualmente, de
acordo com a 5ª aproximação, CFSEMG, 1999). No entanto, na época em que o estudo foi realizado, 1998/1999, a
recomendação era o uso de 50 a 80kg.ha-1 de N (CFSEMG, 1989). Com base nesta recomendação e na composição do
organofértil, foram estabelecidas as doses do fertilizante alternativo partindo-se do pressuposto de que, por possuir
características orgânicas, o organofértil seria mais eficiente, ou seja, menores índices de nutrientes fornecidos
proporcionariam resposta semelhante ao fertilizante convencional.
Esta maior eficiência ficou evidente no presente estudo, com base nos níveis de nutrientes fornecidos. No
Quadro 1 são mostradas as quantidades de NPK pela adubação química e pelas três doses de organofértil. Verifica-se
que, com a aplicação de 500kg.ha-1, o organofértil forneceu apenas 10% do N, 21% do P2O5 e 48% do K2O da
quantidade fornecida pela adubação química. E conforme poderá ser visto adiante, as produções obtidas com os dois
adubos não diferiram estatisticamente. Evidentemente houve maior aproveitamento do nutriente oriundo do fertilizante
organofértil comparado com o adubo químico.
A análise da variância mostrou haver diferença significativa para dose (Tabela 2) e falta de resposta tanto para
época de aplicação quanto para a interação doses versus época de aplicação (Tabela 3).
De acordo com os dados mostrados nas Tabelas 2 e 3, em termos de produtividade de milho para silagem, a
melhor dose de organofértil foi 500kg.ha-1, aplicados da forma mais prática e mais fácil, uma vez que não houve
influência da época de aplicação da dose total do fertilizante. No entanto, para uma avaliação mais completa deve-se
lançar mão de uma análise econômica das alternativas, conforme será visto a seguir.
TABELA 1 - Quantidades de NPK fornecidas pela adubação química convencional e pela adubação alternativa.
Dose de organofértil (kg.ha-1) Nutriente Teores no
organofértil 500 1000 2000
Dose do adubo
químico (kg.ha-1)
N 1,25% 6,25 10%(*) 12,50 21%(*) 25,00 48%(*) 60
P2O5 3,63% 18,15 20%(*) 36,30 40%(*) 72,60 81%(*) 90
K2O 6,07% 30,35 50%(*) 60,70 100%(*) 121,00 200%(*) 60
(*) Quantidades do nutriente considerado no organofértil fornecidas pelas doses em relação ao fornecimento pelo adubo químico.
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TABELA 2 - Classificação das médias de produtividade de massa verde de milho para silagem em função das doses de
organofértil.
Dose (kg.ha-1 de organofértil) Produtividade massa verde (t.ha-1)
500 34,7 A
1000 30,2 B
2000 33,8 AB
CV= 15,68 DMS= 4,4584
TABELA 3 - Classificação das médias de produtividade de massa verde de milho para silagem em função da época de
aplicação de organofértil.
Época de aplicação de organofértil Produtividade massa verde (t.ha-1)
Plantio 34,4
Plantio e aos 30 dias 30,9
Plantio e no florescimento 35,1
Plantio, aos 30 dias e no florescimento 31,2
CV= 15,68 DMS= 4,4584
Viabilidade Econômica
A viabilidade econômica da utilização do organofértil foi estudada considerando-se no cálculo, todos os custos,
fixos ou não. Os resultados são mostrados na Tabela 4.
Considerou-se o custo das adubações, tomando-se o preço por tonelada, em Real (R$), da época de utilização –
nov/98: sulfato de amônio = R$283,00; superfosfato simples = R$272,00; cloreto de potássio = R$396,00; organofértil
= R$85,00.
Analisando-se os dados mostrados na Tabela 4, pode-se avaliar a utilização do fertilizante organofértil pelo custo
de produção de massa verde por tonelada e pelo lucro obtido. Verifica-se, portanto, que seria mais viável
economicamente utilizar como adubação alternativa, 500kg.ha-1 de organofértil em duas aplicações: metade por ocasião
do plantio, no sulco e, metade em cobertura, na superfície do solo, na época do florescimento do milho. Como não
houve diferença significativa com relação a época de aplicação do fertilizante, pelos resultados do parcelamento no
plantio e no florescimento fica sendo esta a melhor opção, pelo menos a mais viável economicamente. No entanto, estes
resultados referem-se a apenas um ano de estudos, sendo imprescindível prorrogarem por mais tempo estes estudos para
se obter conclusões para recomendação.
A dose de 1.000kg.ha-1 de organofértil, além de ser a menos produtiva foi também a que apresentou maiores
custos de produção e menores lucros.
TABELA 4 - Avaliação do custo para produção de silagem
FAZU em Revista, Uberaba, n.2, p.55-59, 2005
59
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ça (*
5)
AQ 28,9 742,20 25,68 841,57 99,37 100 -
OF1 34,4 767,70 22,32 1.001,73 234,03 236 136
OF1 (P+TD) 31,2 782,70 25,09 908,54 125,84 127 27
OF1 (P+F) 38,9 782,70 20,12 1.132,77 350,07 352 252
OF1 (P+TD+F) 34,7 797,70 22,99 1.010,46 212,76 214 114
Média 35,8 782,7 22,63 1.013,38 230,68 - -
OF2 32,6 809,70 24,84 949,31 139,61 141 41
OF2 (P+TD) 30,9 824,70 26,69 899,81 75,11 76 (24)
OF2 (P+F) 30,8 824,70 27,78 896,90 72,20 73 (27)
OF2 (P+TD+F) 26,4 839,70 31,81 786,77 -70,93 (71) (171)
Média 30,2 824,70 27,78 883,20 54,00 - -
OF3 36,5 894,70 24,51 1.062,88 168,18 169 69
OF3 (P+TD) 30,6 909,70 29,73 891,07 -18,63 (19) (119)
OF3 (P+F) 35,6 909,70 25,55 1.036,67 126,97 128 28
OF3 (P+TD+F) 32,5 924,70 28,45 946,40 21,70 22 (78)
Média 33,8 909,70 27,06 984,26 74,56 - -
(*1) Custo por tonelada= Custo total (CT) dividido pela produtividade; (*2) Receita Bruta (RB)= Produtividade vezes o preço da silagem (R$29,12); (*3) Lucro= Receita Bruta (RB) menos o custo total (CT); (*4) Lucro Relativo= Lucro do tratamento considerado em relação ao tratamento testemunha (AQ), sendo este igual a 100. Valores entre parênteses indicam não ter havido lucro, mas sim prejuízo; (*5) Diferença= significa quantos por cento o tratamento produziu a mais ou a menos que o tratamento testemunha. Valores entre parênteses indicam produção menor que o testemunha.
CONCLUSÃO
A adubação mais econômica foi a aplicação de 500kg.ha-1 de organofértil, sendo metade no plantio e metade no
florescimento do milho.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LOPES A.S.; GUIMARÃES P.T.G. Comissão de fertilidade do solo do Estado de Minas Gerais. Recomendações para
o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais – 4ª Aproximação. Lavras, 1989. 176p.
RIBEIRO A.C.; GUIMARÃES P.T.G.; ALVAREZ V.H. Comissão de fertilidade do solo do Estado de Minas Gerais.
Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais – 5ª Aproximação. Viçosa, 1999. 359p.