revista Área - arquitetura e design de santa catarina

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ARQUITETURA & DESIGN EM SANTA CATARINA ANO III | Nº 5 MAI/JUL 2010 R$ 9,90 A NOVA BIBLIOTECA PÚBLICA BIOARQUITETURA: EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM EDIFICAÇÕES | ENTREVISTA: SÉRGIO RODRIGUES ESPECIAL: CASA COR SC | DESIGN: BRASIL EM MILÃO | QUEM FAZ: LIMA & LIMA FATOS & FEITOS: SOLAR DECATHLON | DESTAQUE: EXPOSIÇÃO ASBEA-SC E ANGELO BUCCI

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Versão completa da edição 5 da Revista ÁREA _mai/jul 2010

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ARQUITETURA & DESIGN EM SANTA CATARINA A

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A NOVA BIBLIOTECA PÚBLICABIOARQUITETURA: EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM EDIFICAÇÕES | ENTREVISTA: SÉRGIO RODRIGUESESPECIAL: CASA COR SC | DESIGN: BRASIL EM MILÃO | QUEM FAZ: LIMA & LIMAFATOS & FEITOS: SOLAR DECATHLON | DESTAQUE: EXPOSIÇÃO ASBEA-SC E ANGELO BUCCI

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8 BIOARQUITETURA Eficiência EnergéticaProjetos catarinenses estão entre os primeiros do País a conquistar a Etiqueta de Eficiência Energética criada pela Eletrobrás e pelo Inmetro

15 ESPECIAL Casa Cor SCMostra volta com força ao Estado. Casa Conteiner foi um dos atrativos do evento

24 DESTAQUEAsBEA-SC realiza a mostra Destaque das Bienais e reúne expoentes da arquitetura latino-americana em ciclo de palestras. Revista ÁREA conversa com Angelo Bucci

32 CONCURSO O projeto vencedor do concurso público para reade-quação do edifício da Biblioteca Pública de Santa Catarina.

38 ENTREVISTA Sérgio RodriguesO pai do móvel moderno brasileiro gosta é de fazer arquitetura. Em entrevista à Revista ÁREA, ele fala sobre uma de suas criações: o SR2.

46 QUEM FAZ Lima & LimaOs trabalhos dos arquitetos Edson e Ronaldo Lima revelam a sintonia dos irmãos, que se tornaram referência em Jaraguá do Sul

ANO III | Nº 5MAI/JUL 2010

ARQUITETURA & DESIGN EM SANTA CATARINA

6 EM DIA A agenda da ÁREA 27 ARQUITETANDO Giovani Bonetti, presidente da AsBEA-SC 31 PAPO SÉRIO Capitalismo Natural, por Fah Maioli 35 OPINIÃO Design 2010, por Luciano Deos 42 PROJETO Bioclimático, por Sérgio Bellicanta 50 DESIGN Brasil em Milão 54 NO MERCADO O que está nas prateleiras 56 FATOS & FEITOS Acontecimentos do setor 60 ATELIÊ Kátia Luz Cúrcio 61 NA ÁREA A nova equipe

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ENTRENÓS |

Letícia Wilson

A REVISTA ÁREA está de volta. Após um período de amadurecimento, pesquisas e contatos, a publicação re-

toma a sua trajetória com o mesmo objetivo de divulgar e valorizar a produção catarinense. O compromisso

com a qualidade técnica do conteúdo editorial aproximou-nos da AsBEA-SC, entidade que compactua com

nossos objetivos de promover arquitetura de qualidade. Com seu apoio institucional, a associação passa a

contribuir com a indicação de fontes e de pautas relevantes ao setor. Por outro lado, a revista colabora com

a divulgação das atividades da AsBEA-SC, que não são poucas, como vocês lerão nas próximas páginas.

O reforço na equipe é outra importante conquista. A jornalista Simone Bobsin, colaboradora ocasional

e parceira na produção do Anuário de Arquitetura de Santa Catarina, assume como subeditora da ÁREA.

Sua experiência no setor será fundamental. O amigo Vicente Wissenbach, que até então era uma espécie de

consultor informal da publicação, aproximará os leitores catarinenses das produções latino-americanas. O

jornalista, pioneiro em publicações de arquitetura no País, apresentará projetos de referência, em detalhes.

A designer Fabiana Maioli traz o continente europeu para perto, mais especificamente Milão, o berço do

design. E a Nuovo Design assume o desenvolvimento do design gráfico da revista. A parceria reforça a

expectativa de uma nova fase de muito sucesso. Importante registrar os devidos agradecimentos a estes

velhos-novos parceiros e àqueles que foram fundamentais nesse processo, como os amigos Eduardo Faria

e Cesar Saliés, da Officio Comunicação, que fizeram nascer a ÁREA; à diretoria da AsBEA-SC, pelo apoio

constante; aos patrocinadores, em especial à empresa Carlos Machado by Luxaflex, pela confiança de sem-

pre; a todos os profissionais, empresas e instituições que foram fontes de nossas matérias; aos assessores

de imprensa e agências de publicidade; e aos leitores, nossa principal razão de ser.

A Revista ÁREA é como aquele projeto que vinha sendo planejado, rabiscado e desenvolvido a partir

de detalhado programa de necessidades e que não pode ficar na gaveta. Um projeto urgente, necessário,

estimulante, desafiador, que saiu da prancheta, mas é de difícil execução. É chegado aquele momento em

que novas forças somam-se à empreitada para continuar a construção. É preciso terminar essa obra. Se

é que ela tem fim.

Boa leitura e até a próxima edição.

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FEIRAS E MOSTRAS

Mostra Casa Nova 2010Tema: Grandes Nomes, Grandes Marcas de Santa CatarinaDe 11 de junho a 18 de julhoNo Beiramar Shopping, em Florianópolis (SC)

Casa Cor São PauloDe 25 de maio a 13 de julhoEm São Paulo (SP)www.casacor.com.br/saopaulo

7ª GardenFair e 19ª EnflorExposição de Tecnologia em Jardinagem e Paisagismo e Feira Nacional de Floristas, Produtores e Empresas de AcessóriosDe 10 a 13 de julho, em Holambra (SP)www.gardenfair.com.br e www.enflor.com.br

8ª MovinterFeira de Móveis do Estado de São PauloDe 17 a 20 de julho, em Mirassol (SP)www.movinter.com.br

4ª ForMóbileFeira Internacional de Fornecedores da Indústria Madeira-MóveisDe 27 a 30 de julho, em São Paulo (SP)www.feiraformobile.com.br

Abimad Inverno 2010Feira Brasileira de Móveis e Acessórios da Alta DecoraçãoDe 28 a 31 de julho, em São Paulo (SP)www.abimad.com.br

17º Salão do Imóvel e Construfair/SCDe 10 a 15 de agosto, em Florianópolis (SC)www.construfairsc.com.br

21ª FenasanFeira Nacional de Materiais e Equipamentos para SaneamentoDe 10 a 12 de agosto, em São Paulo (SP)www.fenasan.com.br

40ª House e Gift FairFeira Brasileira de PresentesDe 14 a 17 de agosto, em São Paulo (SP)www.grafitefeiras.com.br

4ª Concrete ShowTecnologia Internacional em Concreto em ExposiçãoDe 25 a 27 de agosto, em São Paulo (SP)www.concreteshow.com.br

EVENTOS

19º Congresso Brasileiro de ArquitetosTema: Arquitetura em TransiçãoDe 1 a 4 de junho, em Recife (PE)Realização: IAB e IAB-PEwww.19cba.com.br

Architectour 2010Seminário Internacional de Arquitetura para a Cultura e o TurismoDe 15 a 17 de setembro, em Gramado (RS)Realização: Shopconsultwww.architectour.com.br

CONCURSOS

Requalificação da Praça dos Três Poderes - Praça Tancredo Neves, em FlorianópolisConcurso Público Nacional de Anteprojetos de Arquitetura e UrbanismoAté 7 de junho, para inscriçõesRealização: Prefeitura Municipal de Floria-nópolis (SC)Organização: IPUFwww.identidadeurbana.com.br

Por um futuro incomparávelConcurso cultural para criação de brinquedo educativo de madeiraAté 15 de junho, para inscrições e envio dos trabalhos.Os cinco melhores projetos seguirão para votação na Internet. O vencedor terá seu projeto executado pelos jovens artesãos da Fundação Aroeira para produção dos brindes de Natal da Formaplas, que comprará a produção, contribuindo para a manutenção da instituição social. Realização: Formaplaswww.formaplas.com.br/porumfuturoincom-paravel

Acompanhe:www.iab-sc.org.brhttp://concursosdeprojeto.org

Direção-ediçãoLetícia Wilson

[email protected]

SubeditoraSimone Bobsin

[email protected]

TextosLetícia WilsonSimone Bobsin

ComercialSanta Catarina(48) 3259.3626

[email protected]ão Paulo

Eros Lelot – (11) [email protected]

EditoraçãoNuovo Design

ImpressãoGráfica Coan

RedaçãoRua João Pinto, 30 sala 901

88010-420 – Florianópolis/SC(48) 3259.3626 – [email protected]

CapaProjeto vencedor do Concurso Público para readequação

do edifício da Biblioteca Pública de Santa Catarina, desen-volvido pelos arquitetos Bruno Conde, Filipe Gebrim Doria,

Filipe Lima Romeiro e Lucas Bittar

____________________________________

A Revista ÁREA é uma publicação trimestral, dirigida a profissionais de Arquitetura, Engenharia, Design e empresas dos setores da construção civil e da decoração. É distribuída a um mailing específico e, também, a entidades de classe, imprensa e instituições de ensino. Conceitos e opini-ões emitidos por entrevistados, articulistas e colaboradores não refletem, necessariamente, a posição da publicação e a de seus editores. Espaços publicitários são negociados diretamente com o departamento comercial da revista. Espaços editoriais não são comercializados. A Revista ÁREA é um dos produtos da empresa Santa Comunicação & Editora._______________________________________________

PARTICIPE! Os profissionais, empresas e projetos executados em Santa Catarina têm prioridade na Revista ÁREA. Participe, enviando suas sugestões para [email protected]

www.revistaarea.com.br

ARQUITETURA & DESIGN EM SANTA CATARINAEM

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Realização: Apoio institucional:

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Um estímulo à eficiência energética

Eletrobrás e Inmetro lançam etiqueta específica para edificações e projetos catarinenses lideram as certificações. Adesão, hoje voluntá-ria, passará a ser obrigatória em alguns anos.

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Localização no terreno de acordo com a melhor insolação e aproveitamento dos ventos; uso da vegetação existente para sombreamento da edificação; instalação de placas fotovoltaicas; especificação de materiais certificados; aproveitamento da água da chuva; e soluções de conforto ambiental em conformidade com as Normas Brasileiras de Desempenho de Edifícios (NBR 15575-2). Estas são al-gumas características comuns dos primeiros projetos a receberem a Etiqueta de Eficiência Energética em Edificações.

A entrega da etiqueta, simbolizada por uma placa de aço, aconteceu em meados do ano passado, durante a solenidade de lançamento realizada na sede do Sinduscon São Paulo. Foram contemplados os projetos do Centro de Tecno-logias Sociais e de Governança da Água (Cetrágua) vinculado ao Departamento de Engenharia Ambiental e Sanitária da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis; do Centro Tecnológico do Carvão Limpo da Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina (CTCL/SATC), em Criciú-ma; da Faculdade de Tecnologia Nova Palhoça (Fatenp), em Palhoça; e o da sede administrativa da Caixa Federal, em Belém (PA); além do prédio da agência da Caixa em Curitiba (PR).

A Etiqueta de Eficiência Energética em Edificações faz parte do Programa Brasileiro de Etiquetagem e foi desenvolvida em parceria pela Eletrobrás, por meio do Programa Nacional de Conservação de Energia (Procel), e pelo Inmetro. A metodologia aplicada para a certificação foi desenvolvida pelo Laboratório de Eficiência Energética em Edificações (LabEEE), da UFSC, com a participação de uma comissão formada por representantes de diversas instituições, incluindo Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea) e Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB). Para receber a etiqueta, as edificações são avaliadas em três níveis de eficiência: envoltória, sistema de iluminação e sistema de con-dicionamento de ar, classificados de ‘A’ a ‘E’, sendo ‘A’ o mais eficiente, a exemplo das já conhecidas etiquetas conferidas aos eletrodomésticos.

Inicialmente implantada de forma gradual e voluntária e abrangendo apenas as construções públicas e de serviços, a etiquetagem passará a ser obrigatória, também para prédios residenciais. “Já temos a regulamentação para os edifícios

comerciais de metragem superior a 500 m²”, explicou Solange Nogueira, chefe da Divisão de Eficiência Energética em Edificações, da Eletrobrás, no lançamento da Etiqueta. Segundo ela, as edificações em geral são responsáveis por cerca de 45% do consumo de energia elétrica no Brasil, que se dá, principalmente, em forma de iluminação artificial e climatização de ambientes. A economia de eletricidade conseguida por meio da arquitetura bioclimática pode chegar a 30% em edificações já existentes (se passarem por readequação e modernização) e a 50% em prédios novos, que contemplem essas tecnologias desde a fase de pro-jeto. Na agência bancária da Caixa em Curitiba (PR), por exemplo, a redução do consumo foi de 24% em energia e 65% em água em comparação ao desempenho de outras agências do banco no País, durante seis meses.

Desde o lançamento, muitos outros projetos catarinenses candidataram-se à etiqueta. “A procura está aumentando, principalmente com o ProCopa Turismo, do BNDES”, conta o engenheiro civil Roberto Lamberts, PhD, coordenador geral do LabEEE/UFSC, referindo-se à linha de crédito lançada em fevereiro deste ano pelo Ministério do Turismo e pelo Banco Nacional do Desenvolvimento para financiar a construção de hotéis e pousadas a fim de atender a demanda para a Copa do Mundo de 2014. Os empreendimentos que possuírem certificações creditadas pelo Inmetro quanto à sua eficiência energética e a sua sustentabilidade têm pra-zos, taxas e juros mais favoráveis. Lamberts espera que a procura seja crescente, com mais laboratórios acreditados e com a expansão efetiva do programa para todo o País. “E que se torne mesmo obrigatória no futuro”, acrescenta.

O arquiteto Cassiano Pitol Zaniratti, responsável pelo projeto da Fatenp, em Palhoça, considera que a conquista da etiqueta é uma garantia de um projeto eficiente. “Mas o que mais nos satisfaz é termos encontrado soluções simples, viáveis economicamente, sem tornar a obra cara”, ressalta. Para o projeto, ele contou com a consultoria das arquitetas Carolina Carvalho e Raphaela Fonseca. A arquiteta Elianne Klenner, autora do projeto do Cetrágua da UFSC, avalia que esta iniciativa é um estímulo aos profissionais. “A etiqueta vem a solidificar a imagem que viemos construindo, a de trabalhar com projetos cada vez mais sus-tentáveis”, afirma.

Esquema da ventilação no projeto do Cetrágua/UFSC, da arq. Eliane Klenner

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O edifício Cetrágua foi avaliado pelo método prescritivo para a envoltória, sistema de iluminação e sistema de condicionamento de ar. A envoltória, classificada com nível de eficiência A (5,00), tem destaque neste projeto devido às proteções solares diferenciadas e orientação. Específicas para cada fachada, garantiram ângulos ponderados de sombreamento de 21º para as proteções horizontais e 13º para as proteções verticais. A cobertura central do edifício também contribui no sombreamento das janelas das fachadas laterais. O pórtico azul projetado na entrada reduziu a área envidraçada inserida no cálculo do Indicador de Consumo, que totalizou 335,36, um pouco abaixo do limite máximo para nível A. Os projetis-tas submeteram antecipadamente à etapa de inspeção do edifício construído as amostras de cerâmica do revestimento das fachadas para medição da absortân-cia solar. Este procedimento garante que estes materiais estejam de acordo com absortâncias limites do RTQ-C (máximo de 0,4 para nível de eficiência A e B) desde a sua especificação e evita não conformidades na etapa de inspeção, após o edifício construído.

Classificado em nível de eficiência B (4,17), o sistema de iluminação é composto por ambientes com subssistemas que variam dos níveis A aos níveis E. O nível E ocorre em alguns sanitários de pequenas dimensões. Níveis C e D ocorrem em ambientes de circulação e depósitos, enquanto a grande maioria dos ambientes de permanência prolongada apresenta níveis A e B. Já o sistema de condicionamento de ar, classificado em nível A (5,00) é composto por condicio-nadores do tipo split hi-wall, etiquetados com nível A pelo Inmetro. As suas uni-dades condensadoras são todas sombreadas em área técnica exterior ao edifício, que apresenta ventilação natural suficiente para atender ao prerrequisito especí-fico. Cabe ressaltar que o edifício poderia obter outros pontos decorrentes de uso de energia solar ou aproveitamento de água pluvial, caso os projetos tivessem sido submetidos. No entanto, estes não foram necessários para o edifício alcan-çar nível A de eficiência energética, com uma pontuação final de 4,67.

Projeto Cetrágua

Soluções inteligentes

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“Apostar na chamada arquitetura bioclimática, escolher materiais e equipamen-tos que valorizem o uso inteligente da energia e preferir uma tecnologia construti-va que privilegie a redução de gastos com eletricidade são medidas desejáveis”, ressaltou Solange Nogueira, da Eletrobrás, no evento de lançamento. A arquiteta Maria Andrea Triana, Mestre em Arquitetura e pesquisadora do LabEEE, lem-bra que estratégias utilizadas nos projetos devem responder às variáveis tem-peratura, umidade, ventos, insolação e nível pluviométrico da região onde será implantado. Quanto ao desempenho térmico da edificação, além de considerar as cargas térmicas internas, é preciso pensar nos tipos de materiais e cores empregadas; no uso de materiais para isolamento em paredes e na cobertura; na orientação da edificação em relação à insolação; no tamanho das aberturas e no vidro especificado; na existência ou não de sombreamento; e nas propriedades dos materiais utilizados. Especificar materiais considerando seu ciclo de vida e impactos no meio ambiente igualmente é uma decisão importante.

E Maria Andrea ainda acrescenta a questão da taxa de ocupação e da permeabilidade do solo. “Pode-se colaborar para a redução das ilhas de calor pela especificação de materiais adequados, tanto para a pavimentação quanto para as coberturas. Deveria ser considerado o uso de teto jardim e de coberturas com baixo índice de absorvidade, o que geralmente está associada ao uso de cores claras”, sugere. Essas são apenas algumas questões a serem considera-das na fase de projeto no planejamento de uma edificação candidata à Etiqueta de Eficiência Energética – um diferencial competitivo e um importante aliado do meio ambiente.

Projeto do edifício Cetrágua: nível A de eficiência

envoltória em função das proteções solares

diferenciadas

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Projeto FatenpA avaliação do edifício da Fatenp alcançou nível de eficiência A (5,00) nos itens envoltória, sistema de iluminação e sistema de condicionamento de ar. A venti-lação natural obteve nível de eficiência B (4,36). Para avaliação da envoltória, considerou-se o sombreamento gerado pelas proteções solares, que gerou um Indicador de Consumo de 126,5, abaixo do limite máximo para o nível A (129,06). Os prerrequisitos específicos foram alcançados, com destaque para a cobertura de telhas metálicas verdes. Ela cobre principalmente a circulação central ven-tilada naturalmente, cujo limite máximo de transmitância térmica é de 2,00 W/m²K. A sua parcela que cobre as salas também deve atender a este limite, en-quanto a sua parcela que cobre os laboratórios (ambientes condicionados) deve atender ao limite de 1,00 W/m²K.

Os sistemas de iluminação de ambientes de escritórios apresentam ilu-minâncias entre 302 lux e 330 lux, e os de salas de aula entre 410 lux e 450 lux. Os níveis de eficiência dos ambientes são ou nível A ou nível B, sendo que a ponderação pela área dos ambientes para o sistema de iluminação completo do edifício resultou em um equivalente numérico de 4,71, nível A de eficiência energética.

O sistema de condicionamento de ar do tipo split está presente na ad-ministração, na biblioteca, no auditório e em três laboratórios. Todos os equi-pamentos especificados são nível A, alcançando assim o equivalente numérico com 5 pontos sem a necessidade de ponderação pela área. Por fim, destaca-se a simulação de ventilação natural realizada para as salas de aula, que repre-sentam 29% da área útil do edifício e 48% da área de permanência prolongada. Considerando 8.760 horas por ano, constatou-se que a o prédio da Fatenp apre-sentará conforto térmico em 78,2% das horas.

VÃOS NA COBERTURA PARA AUMENTAR A VENTILAÇÃO NATURAL

PROJETO ARQUITETÔNICO

Ventilação Natural

VÃOS ESTRATÉGICOS PARA AUMENTAR A VENTILAÇÃO NATURAL

VENTILAÇÃO CRUZADA NAS SALAS DE AULA

Conforto Luminoso

Ventilação cruzada nas salas de aula

A cobertura de telhas metálicas verdes abrange toda a circulação central, ventilada naturalmente

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BEM

FEITO

Uma escola de sustentabilidadeO showroom de vendas da Cidade Pedra Branca, em Palhoça, tem caráter de

“escola de sustentabilidade”, segundo o coordenador de Projetos do empreen-

dimento, engenheiro Dilnei Silva Bittencourt. Inaugurado no dia 14 de maio, o

espaço expõe soluções ecológicas para o conhecimento do público, inclusive

com ações de educação ambiental voltadas para estudantes. A intenção é

disseminar os conceitos de sustentabilidade e mostrar a aplicabilidade dos

recursos. Muitas das técnicas ali demonstradas serão aplicadas nos futuros

prédios do novo centro do bairro que começam a ser construídos este ano.

O empreendimento é mostrado por meio de maquetes físicas e eletrônicas,

projetos e paineis fotográficos. As primeiras edificações a serem erguidas, com

dois, três e quatro apartamentos, também poderão ser conhecidas no local. Ao

lado do showroom, quatro apartamentos decorados facilitam a visualização

espacial dos ambientes pelos futuros moradores.

Projetado pelo escritório MOS Arquitetura, de Florianópolis, o showroom

tem 1,2 mil m2 e foi implantado em uma quadra com bastante movimento,

facilidade de acesso e parque. A arquitetura contemporânea materializa for-

mas de máxima pureza em três volumes interligados, voltados para o projeto

paisagístico. A proposta reflete o critério de valorizar o conceito sustentável e

administrativo de todo o empreendimento, explorando materiais compositivos

que conferem transparência. “O showroom é de vidro. De dentro enxerga-se

o exterior e vice-versa”, explica Bittencourt, reafirmando que este é o estilo

de administração da Pedra Branca, onde, por exemplo, não existem salas de

diretoria fechadas.

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O showroom tem caráter permanente, uma vez que o bairro-cidade deverá

abrigar uma população de 30 mil pessoas dentro de 10 a 15 anos em seus

1,7 milhão de metros quatrados. No entanto, a estrutura em aço, com 50%

de matéria-prima reciclada, é totalmente parafusada para ser reaproveitada

posteriormente. Também foram utilizados na obra 40% do resíduo do cimento,

as chamadas cinzas volantes.

O projeto obedece a vários princípios sustentáveis: reaproveitamento de

água da chuva, sistema de ar condicionado com gás não poluente, eficiência

energética com máximo de aproveitamento da iluminação natural, ventilação

cruzada, uso de lâmpadas LEDs, brises e pergolados para proteção solar e

tintas a base de água. A instalação de placas fotovoltaicas para geração de

energia tem consultoria do Laboratório de Energia Solar da Universidade Fede-

ral de Santa Catarina (LabSolar/UFSC) e serão monitoradas para estudos de

aplicabilidade nos futuros prédios. Essas soluções sustentáveis aplicadas no

showroom são acompanhadas de placas interpretativas, que somam às ações

de educação ambiental.

Recursos utilizados

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Totalmente aparafusada, a estrutura em aço pode ser

reaproveitada posteriormente. Aproveitamento da luz natural,

captação da água da chuva e placas fotovoltaicas fazem parte

do projeto, assinado pelo MOS Arquitetura

Page 14: Revista ÁREA - Arquitetura e Design de Santa Catarina

14 | ÁREA

O projeto Urbanismo Sustentável fugirá do conceito dos condomínios fechados,

criando uma comunidade que privilegia o pedestre e a preservação do meio

ambiente local e das áreas verdes. Serão 47 quadras, todas de uso misto. No

bairro-cidade as pessoas poderão morar, trabalhar, estudar e se divertir ao

alcance de uma caminhada, conforme as diretrizes estabelecidas no Master

Plan desenvolvido pela DPZ Latin America, com base no urbanismo projetado

pelos arquitetos Jaime Lerner e Sylvia Lenzi. O empreendimento conta com a

chancela do conselho nacional de prédios verdes (GBC Brasil) e é o único da

América do Sul a integrar o Programa de Desenvolvimento Positivo do Clima,

da Fundação William J. Clinton.

Este criterioso estudo nasceu de diversos workshops realizados com re-

presentantes da comunidade, arquitetos, paisagistas e consultores das mais

diversas áreas. O projeto tem paisagismo assinado por Benedito Abbud. A

arquitetura das quadras ficou a cargo de diversos escritórios locais, que se

reuniram para desenvolver propostas similares com base nos critérios esta-

belecidos (um fato inédito no País): Desenho Alternativo, Mantovani e Rita,

Marchetti + Bonetti, MOS Arquitetos Associados, RC Arquitetura, Ruschell e

Teixeira Netto, Studio Domo e Vigliecca & Associados. Pedra Branca representa

um precedente internacional para projetos e desenvolvimento de centros de

alta densidade.

Bairro sustentável

Mãos à obraApós cinco anos de estudos, pesquisas e planejamento, o projeto do novo bairro começa a sair do papel. No dia 13 de abril a Pedra Branca anunciou a parceria com a construtora Espírito Santo Property Brasil (ESPB), braço imobi-liário brasileiro do Grupo Espírito Santo – um dos maiores do setor financeiro de Portugal. A empresa investirá em torno de R$ 82 milhões para erguer a pri-meira quadra, projetada pelo escritório Marchetti + Bonetti Arquitetura. Serão quatro edificações, divididas em seis torres, de diferentes gabaritos. No total, serão 217 apartamentos, com unidades de dois, três e quatro dormitórios, além de tow-houses e penthouses. Para o próximo semestre está prevista a construção da segunda quadra, projetada pelo arquiteto Nelson Teixeira Netto, com habitações e escritórios.

“Ficamos apaixonamos pelo projeto – uma ideia boa com base sólida. Considerando a realidade já existente na Pedra Branca, não há pesquisa de mercado melhor”, afirma, empolgado, o investidor Sérgio Luiz dos Santos Vieira. Esta será a primeira experiência do grupo ESPB em Santa Catarina, responsável por empreendimentos de alto luxo como o residencial Quinta da Baroneza, em São Paulo (SP). “Viemos a Florianópolis uma vez procurar um terreno para construir um empreendimento de luxo e, por sorte, paramos

aqui”, conta. O presidente da Pedra Branca, Valério Gomes Neto, idealizador do bairro-cidade, esta parceria “é iluminada”. “Agora é a hora da verdade”, diz, entusiasmado com a garantia da materialização de um projeto único, cui-dadosamente elaborado.

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Sérgio Vieira e Valério Gomes Neto: “parceria iluminada”

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Agradável surpresa

Já era de se esperar. Diante do título de maior evento do setor de arquitetura

e decoração das Américas, a Casa Cor não poderia apresentar outro resultado

na retomada da franquia em Santa Catarina. De 20 de março a 27 de abril, a

mostra apresentou ao público a qualidade, o profissionalismo, as tendências e

as inovações que se desejava encontrar.

A principal surpresa ficou por conta do local do evento, o Centro Integrado

de Cultura (CIC), em Florianópolis, ocupando cerca de 3 mil m2 da ala norte do

prédio. A parceria com a Fundação Catarinense de Cultura (FCC) engrandeceu

a Casa Cor e gerou benefícios para o CIC, já que a contrapartida previu a

ampliação de salões internos, reparos na cobertura e outros trabalhos de obra

civil, totalizando um investimento de R$ 120 mil. A fachada ganhou nova pintu-

ra, respeitando os tons de concreto e palha do projeto original, concebido pelo

arquiteto Marcos Fiúza há cerca de 30 anos. A Sala Lindolf Bell, com mais de

330 m², que sediou a exposição Destaque das Bienais da regional catarinense

da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (AsBEA-SC), é uma das

obras que ficará com a comunidade após o evento. Uma doação da Casa Cor

SC, AsBEA-SC e empresas parceiras. Também permanecem no local parte do

Jardim de Inverno; o gesso e o piso de madeira da Biblioteca; os dois Lavabos

completos da área de uso coletivo; e o piso e a cobertura do Recanto dos Aço-

res; correspondendo a mais R$ 250 mil em material e mão-de-obra.

Em torno de 100 profissionais, entre arquitetos, decoradores, designers

de interiores e paisagistas, criaram 59 ambientes. Muitos deles prestaram

homenagens a artistas e etnias do Estado, seguindo o tema proposto para a

edição regional ‘Cores e formas da cultura catarinense’. E obedecendo ao tema

nacional da Casa Cor deste ano, priorizaram soluções de sustentabilidade e

referências ao arquiteto e urbanista Lúcio Costa, pioneiro da arquitetura mo-

dernista brasileira. Autor do projeto do Plano Piloto de Brasília, que completa

50 anos em 2010, Lúcio Costa ganhou notoriedade em planos urbanísticos no

Brasil e no exterior.

A arquiteta paisagista Juliana Castro inspirou-se nos jardins do período modernista na concepção do Jardim Frontal, em referência ao arquiteto Lucio Costa

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A mostra Casa Cor volta a Santa Catarina, valoriza a criatividade e a técni-ca dos profissionais, homenageia a cultura catarinense e revela o potencial do mercado local.

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CriatividadeA arquiteta Simone Piva surpreendeu com o projeto dos lavabos das Áreas de Uso Coletivo. Com base no modernismo racionalista de Lúcio Costa, fez alusão à cons-trução de Brasília no lavabo masculino. O preto da pintura do teto, das cubas e do painel dos espelhos simbolizam o asfalto da era dos automóveis. O tom escolhido

para a pintura das paredes faz alusão ao concreto predominante na Capital do País. Os espelhos foram criados e executados por Simone, com alças fei-tas com cintos masculinos. “A ideia foi despertar novos usos para produtos e ressaltar a masculinidade do projeto”, explica. No lavabo feminino, valoriza-ção das tradições açorianas e uso de materiais locais. Os apoios das cubas, concebidos pela arquiteta, foram executados pelo ceramista Alexandre Al-meida, de Florianópolis, numa técnica artesanal de torno e queima a gás.

As necessidades específicas de pessoas idosas foram considera-das nos ambientes do Apartamento da Melhor Idade: Suíte, BWC/Closet, Saleta e Copa/Cozinha. O programa observou o conforto e a ergonomia inerentes a projetos para este público. Na Suíte, a arquiteta Francine Faraco aplicou iluminação no piso, para marcar os acessos; especificou cama articulada, para posicionamentos diferentes individuais; mesa de apoio móvel e, sobre balcão, dis-pôs um fogão portátil com aquecimento por indução magnética, mais seguro e prático. “Com base no desenho universal, criamos um ambiente adaptado, mas requintado”, frisa a arquiteta. Na decoração, contrastes interessantes, como a cabeceira da cama numa releitura do capitonê antigo, em composição com as linhas retas e modernas dos criados-mudos, que receberam puxadores com cristais swarovski.

Na Saleta e Copa/Cozinha, a designer de interiores Rosete Cruz apostou na funcionalidade exigida por essa geração. Por isso, projetou móveis suspensos, para facilitar a limpeza; planejados com formas diferenciadas e redes de proteção nas aberturas, para evitar acidentes domésticos; e especificou equipamentos mais práticos, como o refrigerador com o freezer inverso. “Um ambiente sem excessos”, resumiu Rosete.

projeto da arquiteta Rosete Cruz

projeto da arquiteta Francine Faraco

CONFIRA ALGUNS AMBIENTES

Melhor Idade

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Estar social, módulo Áreas de Uso Coletivo Os designers Moacir Schmitt Jr. e Salvio Moraes Jr. misturaram o clássico e contemporâneo numa proposta arrojada e sofisticada. No amplo ambiente es-tabeleceram uma simetria elegante. Detalhe para os paineis de madeira que revestem as paredes com entalhes feitos a mão.

Living, módulo Apartamento do CasalSimplicidade e modernidade. As arquitetas Claudia Wendhausen, Lisiane Wirtti e Helena Rocha criaram um espaço prático e conceitual que valoriza o design brasileiro. Diversas peças assinadas por Sérgio Rodrigues foram expostas no ambiente, repleto de obras de Juarez Machado.

Cozinha, módulo Apartamento do Casal Com dimensões semelhantes das cozinhas da maioria dos apartamentos, o ambiente apresen-tou configuração funcional, com ilha gourmet estar e mobiliário com diversos nichos. O espaço, projetado pelas arquitetas Cristina Maria da Silveira Piazza e Silmara Callegari apresentou uma obra inédita do artista Rodrigo de Haro.

KaffegartenPonto de encontro dos visitantes da mostra, o ambiente projetado pelos arquitetos Giovani e Taís Adriana Marchetti Bonetti simulava uma área pública de integração. Com 140 m2, o espaço apre-sentava fechamento em vidro e cortinas e cobertura tensionada, como as criadas pelo arquiteto e engenheiro alemão Frei Otto no Parque Olímpico de Munique.

Bar/RestauranteOutro ambiente muito frequentado na Casa Cor SC. A arquiteta Maria Aparecida Cury Figueiredo e o decorador Mohamad Chahin explicam que se inspiraram no modernismo de Lúcio Costa e na irreverência da arquiteta iraniana Zaha Hadid para composição do espaço, de 139 m2. Destaque para os paineis de MDF com acabamento em laca alto brilho aplicado nas paredes.

Lavanderia, Rouparia e DespensaCom muito planejamento, as designers de interiores Daniela Dresch e Juliana Cugnier projetaram um ambiente funcional, desejável por qualquer dona de casa. Misturaram a contemporaneidade e a tecnologia à tradição das rendas de bilro. Como inovação, utilizaram um material de gesso acartonado que lembra madeira laqueada alto brilho no mobiliário.

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CIAL Prêmio ao talento

A mostra começou com clima de festa. Na véspera da inauguração, durante o brunch de apresentação do evento à imprensa, foram anunciados os vencedores da tradicional premiação realizada pela Casa Cor.

Melhor AmbienteArquitetos Paulo Rosenstock e Luciana Blagits

Ambiente: Home TheaterA homenagem a Lucio Costa proposta pelo evento serviu de inspiração aos arqui-tetos, de Joinville, para concepção do espaço, de 65 m2. A linguagem modernista

e atemporal do mestre estão destacadas no desenho do mobiliário, nas cores escolhidas e nas peças de design.

Melhor Execução de ProjetoArquitetos Carlos Lupatini, Ana Cláudia Ramos, Michel de Lima, Gabriela Accorsi e Bianca LombardiAmbientes: Living, Sala de Jantar e Cozinha do Apartamento da MulherOs profissionais do Lupatini Lima Ramos Arquitetos, com sede em Curitiba (PR) foram os primeiros a concluir a ambientação dos espaços. Integrados, somavam 70 m2, um dos maiores desta edição do evento. No desenvolvimento da proposta, pensaram nos gostos, interesses e nas diversas funções da mulher moderna e apostaram na estética arrojada, na funcionalidade, na independência e no conforto.

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A Casa Cor Santa Catarina 2010 nasceu com a pretensão de ser a maior mostra da franquia na Região Sul. E Lucas Petrelli, coordenador do evento, não mediu esforços para atingir essa meta. A impressão é de que a Casa Cor SC voltou com toda a força, com qualidade, profissionalismo e estratégia de operação surpreendente. Revista ÁREA – Qual a sua avaliação desta primeira edição da retomada da Casa Cor?Lucas Petrelli – O público superou o esperado. O evento estava lindo. Sou suspeito para falar, mas os profissionais se envolveram e se dedicaram muito. A localização, super privilegiada, a visibilidade, equipe de organização coesa, a bela relação com a cultura e o empenho de expositores, fornecedores e patrocinadores permitiram uma mostra grandiosa, luxuosa, cheia de requinte e bom gosto. É difícil ver um cliente sair daqui sem um sorriso no rosto.

ÁREA – A família Petrelli tem um histórico em realização de mostras de decoração em Santa Catarina. Qual foi essa experiência?Lucas – A primeira mostra no Estado foi a Casa Arte e tivemos outras iniciativas fora de Flori-anópolis, como a Mostra Bourdeaux, em Blumenau (anos 90). A Casa Arte começou sozinha, não existia nada similar, com apoio do Marcello Petrelli (Vice Presidente do Grupo RIC Record), hoje apoiador do evento. A Casa Cor veio para cá, com outra franqueada, a Marina - hoje franqueada do Paraná há 19 anos, e começou a concorrência de mostras. Muita coisa aconteceu durante esses anos, a Casa Cor passou por duas outras gestões até ser retomada agora. Acreditamos que o momento permite essa retomada e por isso decidimos trazer o evento.

ÁREA – E o mercado não era o que é hoje?Lucas – Nem de longe. Florianópolis teve um boom que começou no ano 2000 e não era ainda um lugar para ter tanta mostra, chegou a ter, em um mesmo ano Casa Cor, Casa Nova e Casa Bourdeaux. Depois de anos de diferentes formatos e concorrências, a partir de 2005, passamos a ter uma única mostra e começamos a perceber a necessidade de um evento de porte nacional de volta ao mercado regional. Agora é o momento interessante de ter a Casa Cor de volta, por vários motivos: porque tem muito tempo que não está aqui; porque neste período Florianópolis teve o boom do mercado; porque em 2008 a Casa Cor foi adquirida por Abril e Dória e ganhou grande projeção, dois grupos enormes de marketing e comunicação; pelo evento hoje estar em um patamar internacional, sendo considerado o maior das Américas e o segundo maior do mundo. E por Florianópolis ter hoje um dos maiores índices de construção por habitante.

ÁREA – E qual a relação da Casa Cor com o grupo RIC/Record?Lucas – A iniciativa, a ideia, de trazer veio do Marcello, mas o grupo não é o gestor. O grupo RIC ofereceu apoio ao evento, mídia, engrandeceu o projeto, mas a gestão não é lá dentro. o grupo dá todo o apoio de mídia para os patrocinadores e editorial para a mostra e para os expositores. No entanto, a gestão é independente; ela segue os interesses e diretrizes da Casa Cor e, por isso, mantém a essência de mostra. O grupo vê no evento uma forma de se relacionar com um nicho de mercado, e o evento vê no grupo uma forma de dar mais visibilidade aos profissionais e empresas envolvidas.

ÁREA – E dá mais visibilidade para quem está participando.Lucas – Para o expositor, o importante é exposição. Mostrar esses profissionais, tudo o que são, o que podem fazer e o que podem gerar de negócio. Em muitos momentos, tive de tomar decisões para engrandecer a mostra em detrimento de resultado. Várias decisões, ao longo do processo, tiveram por objetivo melhorar a qualidade, a projeção e o retorno para os profis-sionais. A gente está trazendo uma mostra que está no mercado há mais de 20 anos. A marca Casa Cor tem um peso institucional que precisa ser trabalhado por todas as franquias com igual empenho. Temos um enfoque principal na marca Casa Cor, no formato do evento e no resultado de projeção dos profissionais.

Projeto mais Ousado Arquitetos Lúcia Horta de Almeida, César Rocha e Marcelo Schroeder Ambiente: Circulação BibliotecaEstimular as sensações, provocar curiosidade, experimentar a surpresa. Em alusão aos sentimentos inerentes à leitura de um livro, os arquitetos, de Florianópolis, exploraram a arte ao criarem o acesso à Biblioteca, também projetada por eles. Juntos, os espaços totalizavam 57 m2.

Melhor Homenagem à Cultura CatarinenseArquitetas Gilian San Thiago, Lucimara Wandsheer e Rosana Mara WeckerleAmbiente: Ateliê Feminino, dedicado à artista plástica Elke HeringLinhas retas e puras foram eleitas pelas arquitetas, da Capital, para o projeto, como forma de valorizar as obras de arte da artista blumenauense: pintora, desig-ner e programadora visual. Localizado no Apartamento do Casal, o espaço, de 13 m2, é uma proposta de home office carregado de personalidade.

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Casa ContainerNa era da sustentabili-dade, utilizar contêi-neres como unidades habitacionais é uma proposta, no mínimo, interessante. A ideia é, ainda, prática e

econômica.

Quem chegava à Casa Cor SC 2010 interessado

em conhecer as tendências da decoração para

reformar sua residência, era convidado a transfor-

mar os seus conceitos. Logo na entrada da mos-

tra, em frente ao CIC, dois contêineres empilhados

simulavam um imóvel comercial, no caso, o Loft

do Arquiteto. Como se estivessem sendo atraídas

por imã, as pessoas ingressavam no ambiente,

muitas atônitas, impressionadas; outras curiosas,

desconfiadas. Ao conhecer em detalhes a propos-

ta dos arquitetos Lívia Ferraro e Lair Schweig, da

Ferraro Container Habitat, surpreendiam-se com

as possibilidades e as vantagens desse tipo de

habitação.

Ainda pouco difundido no Brasil, mas já co-

mum na Europa, o uso dos contêineres para fins

residenciais e comerciais apresenta um futuro

promissor entre aqueles que priorizam a eficiên-

cia no sistema construtivo. Com o adequado tra-

tamento corrosivo e térmico das estruturas e um

criativo projeto arquitetônico, ninguém lembra que

está dentro de um contêiner.

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Revista ÁREA – Como surgiu essa ideia?

Arq. Lívia Ferraro – A ideia dos contêineres surgiu ainda na faculdade, quan-

do pesquisávamos formas alternativas de produção, mais otimizadas e com

menos desperdício do que a construção convencional. Unindo um conceito

de arquitetura efêmera aliado às novas exigências do público (espaços mais

práticos, compactos, que acompanhem a vida atual, tão dinâmica), surgiu a

busca por uma arquitetura modular. Encontrei fora do Brasil, em países como a

Holanda, a utilização de containers para moradia como algo em ascensão.

Temos no Brasil um enorme potencial com relação aos containers, pois aqui,

em especial em Itajaí, se encontram extensos depósitos de contêineres suca-

teados. Da ideia surgiu a empresa e hoje trabalhamos com produção de Casas

Container, tanto para fins residenciais, como comerciais.

ÁREA – E os contêineres já estão no mercado?

Lívia – Sim, nossa empresa já comercializa estes módulos. No final de março

enviamos um modelo para Alphaville, São Paulo, e estamos trabalhando em

diversos projetos. É uma proposta atraente econômica e esteticamente.

ÁREA – Quais as vantagens deste sistema construtivo?

Lívia – As vantagens são inúmeras. Comercializamos um produto pronto,

que vem todo montado e até mesmo com manual de utilização. Os módulos

são montados em nossa empresa e chegam prontos no terreno. Isso acaba

com a necessidade do cliente lidar com mão-de-obra (o que é um grande

complicador nas obras) e com a imprevisibilidade de orçamento. Outra grande

vantagem é a mobilidade da casa. Vai se mudar? Leve sua casa junto. A loja

não dá mais movimento? Mude de ponto.

ÁREA – E qual o desafio para implementar este conceito?

Lívia – O desafio é abrir o mercado brasileiro para esta nova possibilidade

como uma alternativa para o sistema construtivo tradicional, já tão consoli-

dado. Mas as perspectivas são boas. A aceitação está excelente, superando

nossas expectativas!

ÁREA – Qual o custo de um modelo como aquele apresentado na Casa

Cor SC 2010?

Lívia – Considerando o Loft completo, incluindo toda a marcenaria, eletro-

domésticos, móveis e objetos e os painéis fotovoltaicos custava R$ 112 mil.

Estes valores são financiados diretamente pela empresa, em até seis parcelas,

com juros de 2% ao mês. E já estamos trabalhando para que esse tipo de ha-

bitação seja incluído no sistema de financiamento da Caixa Federal em breve.

Solução eficienteOs contêineres são uma excelente opção para edificações temporárias, como

estandes de feiras e showroom para plantões de vendas de empreendimentos

imobiliários. “Este é um mercado super potencial para nós. Normalmente, as

construtoras erguem seus plantões de vendas e, depois, o destroem, gerando

lixo e muito desperdício. Nesse caso, a estrutura no contêiner pode ser apro-

veitada em outros empreendimentos, reduzindo custos e minimizando impac-

to”, afirma a arquiteta Lívia Ferraro. E essa solução já está sendo colocada em

prática em São Paulo, no bairro Alphaville, pioneiro na implantação de condo-

mínios fechados no Brasil. “É o plantão de vendas de um empreendimento com

lofts voltados para o público jovem. Como tem caráter sustentável, o contêiner

foi fundamental”, acrescenta Lívia.

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Utilizando dois contêiners reaproveitados, os arquitetos Lívia Ferraro e Lair Schweig conceberam uma residência para um casal, com 47m2, contendo sala, cozinha,

banheiro, lavanderia, dormitório e varanda. No projeto, seguindo o conceito da sustentabilidade, utilizaram madeira de reflorestamento, rodapés de poliestireno

95% reciclados, piso de PVC com base de borracha (pneu reciclado), pintura térmica a base de água, iluminação externa em LEDs e painéis fotovoltáicos que são

responsáveis por 50% da geração de energia.

A entrada do Loft acessava a sala de estar. Os contêineres receberam

pintura térmica externamente para garantir que a edificação não

absorva calor. Internamente, as paredes recebem um recheio de lã

de vidro, conferindo estabilidade térmica também no inverno.

A escada, ao lado da sala, leva ao dormitório. Sob a estrutura, espaço suficiente para a disposição de um jardim de inverno, adega de vinhos ou armários.

A cama traz como cabeceira um painel feito com caixas de madeira de feira recicladas. O dormitório tem saída para um terraço e, juntos, somam 20m2.

Um deck aproveita

a cobertura do

contêiner do primeiro

pavimento para um

terraço.

Todo o mobiliário foi desenhado especialmente para o local,

aproveitando os espaços disponíveis. Na decoração, luminárias

feitas com garrafas de vinho e parede revestida com mosaico

produzido a partir das sobras do porcelanato aplicado no banheiro.

O Loft do Arquiteto

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Revista ÁREA – A AsBEA-SC acaba de presentear os catarinenses com a revitaliza-ção da sala Lindolf Bell, no Centro Integrado de Cultura. Como foi essa parceria? Giovani – Este já era um projeto antigo tanto da AsBEA-SC quanto da Fundação Ca-tarinense de Cultura (FCC), na pessoa da então presidente Anita Pires. Por ocasião da primeira edição da Exposição Destaque das Bienais, em 2008, encontramos a Sala Lin-dolf Bell em estado muito ruim. Como a FCC nos cedeu o espaço para a exibição, dando oportunidade de levar Arquitetura como forma de Cultura, oferecemos, para a segunda edição, a revitalização do espaço pela AsBEA-SC e seus parceiros.

ÁREA – A participação na Casa Cor SC 2010, com uma exposição de alto nível, consolida a imagem da AsBEA-SC como uma entidade representativa no Estado. Qual a sua avaliação sobre essa participação? Giovani – Nossa entidade visa, em todas as circunstâncias, a valorização profissional. Poder estar expondo o que temos de melhor na arquitetura latinoamericana para o gran-de público é uma excelente forma de contribuirmos para isso.

ÁREA – Quais outras ações a entidade vem realizando para a valorização e a divul-gação da arquitetura produzida em Santa Catarina?Giovani – Estamos com alguns importantes projetos. Poderíamos destacar o SISAU - Se-minário Internacional de Arquitetura e Urbanismo Sustentável, que estamos realizando com as regionais da AsBEA do Paraná e a do Rio Grande do Sul, num road show nas três capitais. Outro projeto em andamento é o Prêmio Catarinense de Arquitetura, com diversas categorias, aberto a associados da AsBEA-SC e, também, aos associados do IAB-SC, como forma de divulgar e valorizar a produção de arquitetura do Estado de Santa Catarina. E ainda estamos trabalhando num outro projeto piloto, intitulado Ideias para Florianópolis.

ÁREA – E para a qualificação dos escritórios de arquitetura locais? Giovani – Mensalmente realizamos happy hours, onde convidamos associados e outros palestrantes para apresentar alguns assuntos relacionados aos temas pertinentes a nossa atuação. Estes assuntos podem ser temas resultantes de viagens onde encontra-mos algumas ideias que podem repercutir em nossa cidade, lançamentos de livros de ar-quitetos importantes no cenário atual da arquitetura brasileira, assuntos relacionados a sustentabilidade, entre outros. Também promovemos workshops, como o que ocorreu no semestre passado organizado pelo Grupo de Sustentabilidade da AsBEA-SC, coordenado pelo arquiteto Ronaldo Martins. O ciclo de palestras que proporcionamos com alguns dos expositores da mostra Destaque das Bienais é mais um exemplo.

ÁREA – Importante, também, a participação da entidade em questões fundamen-tais para Florianópolis, como no debate do Plano Diretor e no Fórum de Revitaliza-ção do Centro Histórico. Como foi essa atuação? Giovani – Temos alguns representantes da AsBEA-SC em comissões. O Fórum de Revi-talização do Centro Histórico de Florianópolis é acompanhado pela arquiteta Lilian Men-

donça. No Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, a arquiteta Maria Lúcia Mendes Gobbi nos representa. O arquiteto Henrique Pimont participa do Plano Municipal de Habitação de Interesse Social. Nas reuniões do Plano Diretor, quem acompanhou foi nosso vice-presidente para Assuntos Institucionais, arquiteto André Schmitt.Entre outras tantas demandas que nos são solicitadas.

ÁREA – O projeto do Plano Diretor sofreu muitas críticas e está, agora, sendo refor-mulado. Na sua opinião, quais as prioridades a serem consideradas na proposta? Giovani – A consulta popular é muito importante para que se possa conhecer as vo-cações de cada área da cidade, bem como traçar diretrizes para que sirvam de base à formatação da lei. Mas é importante que, num determinado momento, todo este material seja analisado de forma técnica; e, dentro de uma visão estratégica, se transforme num grande plano, contemplando toda a cidade, costurando com as diretrizes determinadas pelas comunidades e dando uma unidade a todo o elenco de demandas que uma grande cidade possui. A cidade é viva; ela exige mudanças que permitam seu crescimento con-tinuo, e inevitável. Mesmo que não se queira, o crescimento de sua população natural acontece e temos de dar resposta para isso.

ÁREA – O aquecimento da construção civil, principalmente na Grande Florianópo-lis, está se refletindo nos escritórios de arquitetura?Giovani – O mercado está aquecido em todo o Brasil. E, como não poderia deixar de ser, aqui também. Principalmente o mercado de habitação de interesse social, com a criação do programa do Governo Federal Minha Casa, Minha Vida. Há algumas críticas a este programa, pois não se preocupa com a questão de infra-estrutura urbana, com o desenho urbano, o que pode ter sérios reflexos futuramente. No segmento de moradia para a classe média e alto luxo, segue aquecido, mas dentro de uma normalidade. Os empreendimentos empresariais têm chamado a atenção, pois têm representado bas-tante crescimento.

ÁREA – Quais competências e diferenciais devem ter os escritórios de arquitetura atuais, considerando as novas exigências de mercado? Giovani – O mercado, cada vez mais, exige profissionalismo. Gestão de qualidade e qualificação de equipe são fundamentais para que se possa sobreviver às demandas do mercado.

ÁREA – E qual o perfil esperado dos arquitetos do século XXI? Giovani – Acredito que a questão da sustentabilidade deixe de ser um argumento de venda de projeto e seja incorporado como prática normal nos projetos de arquitetura, numa contínua forma de evolução. Isto será inevitável, pois é a única forma de podermos continuar atendendo ao crescimento populacional. Tudo que se constrói de uma forma ou de outra impacta no meio ambiente, seja ele construído ou natural. O que se quer é buscar formas de que este impacto seja cada vez menor.

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Muito mais que arquitetos

A regional catarinense da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (AsBEA-SC) acumula conquistas importantes apesar dos poucos anos de existência. Em apenas quatro anos a entidade consolidou-se como a mais representativa do setor no Estado, envolvida nas questões de mercado, mas, também, diretamente relacionada aos temas do dia-a-dia de todos os catarinenses. Di-ante de seu potencial e alicerçada pelas quase quatro décadas de atuação da AsBEA Nacional, promete muito mais. Com a palavra, o presidente da AsBEA-SC, arquiteto Giovani Bonetti, do escritório Marchetti + Bonetti Arquitetura.

Foto Vicente Schmitt/Divulgação

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Arquitetura em debateAsBEA-SC realiza exposição e discute a produção latino-americana

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Os catarinenses puderam conhecer em detalhes os projetos de arquitetura e de

intervenção urbana voltados para o turismo e lazer que integraram a exposição

“Litoral de Santa Catarina – arquitecturas para el ócio”, apresentada na XII

Bienal Internacional de Arquitetura de Buenos Aires, em outubro do ano passa-

do. O material fez parte da segunda edição da mostra Destaques das Bienais

realizada pela regional da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura

(AsBEA-SC) em paralelo à Casa Cor SC. Com entrada gratuita, a exposição

ocupou as dependências da sala Lindolfo Bell, no CIC, totalmente reformada

pela entidade e empresas parceiras, doada oficialmente à comunidade no dia

27 de abril, no evento de encerramento da Casa Cor SC.

A mostra Destaque das Bienais reuniu nove exposições de trabalhos des-

tacados nas Bienais Internacionais de Arquitetura de São Paulo e de Buenos

Aires, como o projeto de novo urbanismo da Pedra Branca, em Palhoça; os

novos edifícios culturais da capital paulista; o projeto do edifício de escritórios

Harmonia 57, em São Paulo, do Estúdio Triptyque; e o Centro Cultural Max

Feffer, no interior de São Paulo, da arquiteta Leiko Motomura – estes dois

últimos premiados na Bienal de São Paulo. Nas exposições latino-americanas,

estavam os trabalhos do colombiano Laureano Forero, do chileno Cristian Boza

e do argentino Roberto Converti. A mostra foi idealizada pelo jornalista e crítico

de arquitetura Vicente Wissenbach e pelo vice-presidente da AsBEA-SC, arqui-

teto André Schmitt, também curadores da exposição. A intenção dos dirigentes

da AsBEA-SC é tornar a mostra itinerante, levando-a às principais cidades do

Estado.

Arquitetura em debate1 O arquiteto chileno Cristian Boza explicando projetos nas lâminas da mostra

Destaque das Bienais. 2 Parte do material foi exposto na reitoria da UFSC,

destacando os trabalhos dos participantes do ciclo de palestras. 3 Na abertura

da mostra, o jornalista Vicente Wissenbach e os arquitetos Enrique Cordeyro,

Giovani Bonetti e André Schmitt. 4 Abertura do evento, paralelo à Casa Cor SC.

5 Vicente Wissenbach, curador da exposição, e o arquiteto Enrique Cordeyro.

Na foto acima, a então presidente da FCC, Anita Pires, confere a exposição.

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Em paralelo à mostra Destaque das Bienais, a AsBEA-SC promoveu um ciclo de

palestras com alguns dos profissionais participantes. No dia 25 de março, ar-

quitetos e estudantes reuniram-se no auditório da reitoria da Universidade Fe-

deral de Santa Catarina (UFSC) para ouvir conceitos e conhecer projetos como

os de Roberto Converti, um dos responsáveis pela revitalização de áreas como

os portos de Santa Fé e de Buenos Aires. “O trabalho do urbanista é complexo e

demanda muita paciência, pois o território está em constante evolução”, define

Converti, que hoje desenvolve projeto de urbanização da bacia do Rio da Prata

entre os municípios de Avellaneda e Quilmes, próximo à capital argentina.

Premiado na categoria ‘Revelação da Jovem Geração’ na XII Bienal de

Buenos Aires, Ângelo Bucci apresentou projetos inovadores e que já são refe-

rências internacionais, como a casa de praia suspensa entre a copa de árvores

em Ubatuba (SP); a casa Santa Teresa, no Rio de Janeiro, erguida a 50m do

nível da rua; e uma “Midiateca” projetada para a PUC do Rio de Janeiro (leia

entrevista). “A sustentabilidade começa no projeto, na escolha do local, na

seleção de materiais, com a escolha dos processos construtivos e continua

durante toda a vida útil da edificação”, defendeu a arquiteta Leiko Motomura

em sua palestra. No Centro Cultural Max Feffer, localizado em Pardinho, ela

demonstrou que componentes de baixa tecnologia, como a alvenaria de abobe

reforçada com pneu picado; matérias de demolição, entulho, podem conviver

com materiais de alta tecnologia, como iluminação com Leds e painéis foto-

voltaicos. Também não limitam a criatividade dos arquitetos, como demonstra

a linda cobertura projetada por ela e executada com 1, 3 mil varas de bambu.

Além do prêmio na 8ª BIA, o projeto recebeu certificação LEED Gold, emitida

pelo US Green Building Council (USGBC). O arquiteto David Douek atuou como

consultor no projeto arquitetônico e na execução da obra para a adequação dos

requisitos exigidos para a certificação LEED.

O arquiteto Cristian Boza apresentou projetos como o do Centro da Justiça,

do Chile. À Revista ÁREA falou sobre o terremoto que afetou o País havia um

mês. “O sistema estrutural das construções no Chile é extremamente rigoroso

e é baseado nas normas da Califórnia, criadas há 60 anos, quando nasceu o

concreto armado. Todas as construções erguidas antes da norma foram des-

truídas pelos diversos terremotos”, explica, lembrando que o País sempre re-

gistrou tremores de terra, porém de menor intensidade que este que sacudiu o

Chile em fevereiro deste ano. Segundo ele, algumas questões começam a ser

revistas, mas a mudança mais significativa deverá ser a eliminação de proces-

sos construtivos como alvenaria e adobe (feitos de barro e palha), comuns nas

cidades chilenas. “E sim ao concreto armado, bem calculado”, acrescenta.

Boza ressalta que os profissionais têm percebido o potencial dos contêineres –

material em abundância no País. “Há praias com casas de contêineres de dois

e três pisos que são verdadeiras cidades”, conta. E reconhece: “nos demos

conta que esse contêiner, com as instalações adequadas, porta e janela pode

ser transformado numa casa, extremamente barata”.

Participaram também do ciclo de palestras o arquiteto argentino Enrique

Cordeyro, um dos curadores da Bienal de Buenos Aires, que apresentou tra-

balhos recentes de arquitetura e urbanismo; e o arquiteto André Schmitt, que

falou sobre o projeto para a Baía Sul de Florianópolis e a arquitetura para o

turismo em Santa Catarina.

Ciclo de palestras

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Cordeyro transformou uma estrutura abandonada de boxes

para cavalos de corrida na sede de uma empresa (fotos 1 e

2). Separou os setores gerencial, comercial e administrativo

por dois pátios, que permitem a integração dos jardins.

Nestes trechos, criou rasgos na laje de concreto armado

para aproveitamento a luz natural. Nas demais fotos, o

Centro Cultural Max Feffer, onde Leiko utilizou 1,3 mil varas

de bambu na execução da cobertura.

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Referência da nova geração

Ele representa a nova geração de arquitetos brasileiros. Seu traço expressivo

e elegante carrega as influências do modernismo paulista. Não é à toa. Ângelo

Bucci saiu de Orlândia (SP) para estudar na Faculdade de Arquitetura e Urba-

nismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), a 400 km de distância, e se

tornar uma referência na arquitetura nacional, confirmada pelo prêmio Jovem

Geração de Arquitetos, concedido pela XII Bienal Internacional de Arquitetura

de Buenos Aires em 2009 (BA09).

A Revista ÁREA aproveitou a sua passagem por Florianópolis, como um

dos palestrantes do Ciclo de Palestras Destaques das Bienais, promovido pela

AsBEA-SC, para saber mais sobre o seu trabalho. Na palestra, Bucci falou de

sua trajetória e contou como se tornou um ‘especialista’ em obras a distância.

Uns amigos o convidaram para desenvolver um projeto em Ribeirão Preto (SP).

Desafio aceito, o arquiteto enviou o projeto pelo Correio direto para o mestre

de obras. “Aprendi a ser radical nas ações que eram demandadas na execução

de uma obra”, explicou. A economia de ações traz ganhos como praticidade

durante a obra e controle de custos mais eficiente. Isso explica a escolha e

confiança no concreto, que segundo ele, “é um sistema extremamente desen-

volvido e econômico, com mão-de-obra qualificada”.

Professor convidado de universidades como Harvard e Veneza, Bucci pro-

jetou casas em Portugal e nos Estados Unidos. No Brasil, se destaca a partir

de um olhar contemporâneo para a arquitetura nacional. A casa construída na

encosta do morro Santa Tereza, bairro da área central do Rio de Janeiro, é um

exemplo de desenho de linhas depuradas, de uma obra permeável à paisagem

com vista panorâmica para a cidade. A obra foi exposta na Bienal de Arquitetu-

ra de Buenos Aires juntamente com o projeto da Midiateca da PUC Rio, prevista

para ser concluída em 2011 e que será 100% financiada pela Lei Rouanet. A

aplicação de soluções ecológicas na biblioteca, segundo o arquiteto, garantirá

quatro meses de uso por ano sem a necessidade de ligar o ar condicionado.

Foto Divulgação

Page 28: Revista ÁREA - Arquitetura e Design de Santa Catarina

28 | ÁREA

ÁREA – O que representou a premiação na BA09?

Ângelo – Representou muito, aos 46 anos receber um título oficial de juventude (risos)...

A gente vai ganhando mais campos de diálogo para conversar com mais gente. Um

evento deste tipo, com trabalho de um curador, de um júri, tem valor por fazer o papel de

crítico. Coloca na pauta aquilo que aos olhos dessa crítica parece relevante discutir.

ÁREA – Qual foi a obra apresentada na Bienal?

Ângelo – Eu participei muito casualmente da exposição. Eu havia sido convidado pela

organização para fazer uma palestra e, pouco antes, ligaram dizendo que gostariam de

expor projetos meus. Eu mandei dois trabalhos, a Midiateca da PUC no Rio de Janeiro e a

Casa Santa Tereza. Mas o prêmio não mencionava uma obra específica.

ÁREA – Como foi começar fazendo obras a distância?

Ângelo – Tem que confiar na eficiência dos desenhos. É muito circunstancial, é muito de

cada contexto. Já fizemos projetos em muitos lugares, em condições muito diferentes.

O que também me ensinou a apostar na economia de ações. Por exemplo, a primeira

obra que fiz assim era estrutura de concreto, também de madeira, sem marcenaria,

que chegava e colocava vidro sem caixilho e tava pronta a obra. Com quatro ou cinco

ações, você liquida a obra. Não é um problema de minimalismo, de less is more... é

praticidade. De fato, não tem excessos, mas não é por uma questão a priori estética. No

excesso é onde se perde a obra. Por exemplo, casas onde faço a laje de 20cm e quero

fazer um piso de granilite, qualquer mestre vai querer fazer um contrapiso para ficar

plano perfeito, mas eu evito. Eu coloco normalmente granilite com 1cm de espessura

diretamente sobre a laje de concreto. Então, as imperfeições do concreto vão existir no

edifício no final. Se elas não criam um problema técnico, se são imperceptíveis, não há

razão para fazer contrapiso.

ÁREA – É uma questão de resultado estético? De a arquitetura assumir o mate-

rial?

Ângelo – Tudo é uma questão estética. Mas o que informa não é antes o desejo de um

resultado formal; é mais uma compreensão dos trabalhos que estão envolvidos numa

obra. Tudo tem um resultado que é estético e você começa a elaborar a partir dessas

premissas. A aceitação existe e é boa. Acontece um paralelo que é importante: uma obra

feita com poucas ações tem seu controle de custos mais eficiente. Você negocia três

ou quatro coisas grandes, mas não fica catando milho para fazer uma casa. Também

é onde se perde. Imagina fazer uma casa e negociar cada saco de cimento. Tem lá 150

m3 de concreto e é isso que você compra de uma vez. Então, existem vantagens muito

importantes para quem paga a obra. Normalmente, a arquitetura é assim, é um encontro

de interesses, que são do construtor, do arquiteto, do proprietário que devem ser conver-

gentes, trabalhado às claras. O rigor estético numa obra vem da clareza das escolhas,

que é dado pelos critérios de escolhas acertados. Muitas coisas são muito preciosas, as

memórias, as experiências. Você faz uma obra também formada pelo rancor, pode fazer

uma obra comandada pelo medo, mas não acredito que obras assim resultem estetica-

mente no que nós poderíamos desejar.

ÁREA – E quais sentimentos envolvem o seu processo de desenvolvimento dos

projetos?

Ângelo – Todos nós temos desgostos, mas eu procuro não guardar muito esses e valori-

zar mais as coisas positivas que a vida e as pessoas nos passam. Isso dá resultado, não

só para fazer arquitetura, faz diferença no modo de vida.

ÁREA – Você trabalha com o concreto como sistema construtivo. É um resgate dos

princípios da arquitetura moderna?

Ângelo – Duas casas são em concreto, mas uma delas havia sido desenhada em aço,

porque me parecia mais razoável. Acabamos mudando para o concreto por uma razão

muito objetiva: o custo do aço se mostrou desvantajoso, contrariando a nossa expec-

tativa. Não me desagrada, de jeito algum, porque os projetos têm que ter esse sentido

oportuno.

Fui formado num ambiente, estudei num prédio (FAU-USP) desenhado por Artigas (ar-

quiteto João Batista Vilanova Artigas) nos anos 60 todo em concreto. Tudo isso constituiu

aquele acervo que eu tenho para mobilizar e fazer projetos. Mas tem outra razão, que

é muito objetiva, como o caso dessa casa e da biblioteca: a escolha do material, da

técnica é uma resposta sensível ao contexto que você trabalha. O concreto é um sis-

tema extremamente desenvolvido e econômico. A mão-de-obra para concreto no Brasil

é bem qualificada. Então, há razões que são quase de infraestrutura, que faz com que

o concreto armado seja uma opção vantajosa. Quando eu comentei que parte do meu

aprendizado inicial foi moldado por essa experiência de construir a distância, uma das

coisas que me admirava e eu gostava muito de ver, é que a parte das estruturas de

concreto, as execuções eram muito bem feitas, então fui confiando mais nisso porque

eu media pela prática.

ÁREA – Como o concreto se comporta na questão de conforto para as residên-

cias?

Ângelo – Não tenho muitos dados, mas não há segredo. As questões relativas à sus-

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Maquete do projeto da Midiateca da PUC/RJ.

Na página anterior, a famosa Casa Santa Teresa

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ÁREA | 29

tentabilidade, conforto térmico, essencialmente sempre

fizeram parte da história da arquitetura. As boas obras

de arquitetura são sustentáveis, independente do mate-

rial, do assunto, inclusive, muito adequadamente está

na pauta. E isso vai começar a virar regulamento para

as construções. Você vai medir a eficiência energética de

um prédio antes de construir, vai pagar imposto diferente

conforme o desempenho daquilo que está construindo. O

concreto armado se modifica muito no modo de fazer com

facilidade. Eu não sei comparar, por exemplo, consumo

de energia para produção de um quilo de aço para um

metro cúbico de concreto, mas acredito que não podemos

banir nenhum material. Cada um deles é uma conquista

e tem o seu momento de aplicação adequada. Em minha

opinião, não faz sentido técnico condenar um material que

já acumulamos tanto conhecimento. Toda essa riqueza de

possibilidades é uma coisa para saber desfrutar e para

isso existem critérios. Eu acho cada material, se usado

adequadamente, oportunamente, é uma maravilha. Esse

senso de medida, de proporção, de limite, são as questões

essenciais da arquitetura.

Divu

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ão

A casa desenhada para a encosta em Santa Teresa é aberta para a bela vista panorâmica do Rio

de Janeiro, uma obra permeável à paisagem como queriam os proprietários. O projeto levou em

consideração a topografia, definida por dois platôs com programa desenvolvido em dois corpos

distintos para acomodar os ambientes. Painéis de cumaru e vidro fazem o fechamento.

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30 | ÁREA

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ÁREA | 31 ÁREA | MAIO 2010 | 31

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32 | ÁREA

CONC

URSO

Desta forma a equipe de arquitetos paulistas define o anteprojeto de

readequação do edifício da Biblioteca Pública de Santa Catarina, pri-

meiro lugar no concurso público nacional de arquitetura promovido

pelo Governo do Estado, por meio da Fundação Catarinense de Cultura

(FCC), e organizado pela regional catarinense do Instituto dos Arqui-

tetos do Brasil (IAB-SC). A proposta é impactar a rua Tenente Silvei-

ra e Álvaro de Carvalho, no Centro de Florianópolis, em relação aos

prédios comerciais já existentes, criando um signo urbano forte que

atraia as pessoas e seja usufruído em sua plenitude pela população.

O partido para a readequação do prédio levou em conta aspectos

antagônicos, como explicam os arquitetos: “criar um edifício que tenha

uma relação ‘aberta’ com o espaço público e ao mesmo tempo corres-

ponda às características de uma biblioteca como espaço que privilegia a

introspecção”. A partir disso, a fachada revela-se intrigante para quem

olha da rua e, internamente, o edifício trabalha com espaços vazios e

amplos, que dão unidade visual e integram a estrutura verticalmente, e

iluminação natural, por meio de aberturas zenitais. Cria-se uma diver-

sidade de ambientes generosos, com espaços abertos e pé-direito mo-

numental, e mais aconchegantes. O anteprojeto atende a diversidade de

atividades técnicas e funcionais como a correta distribuição dos fluxos

e controles de acesso, condições de temperatura e umidade adequa-

das ao acervo e iluminação e ventilação adequadas às áreas de leitura.

Arquitetura e poesiaPor Simone Bobsin

“Uma visão poética, que ultrapassa, na sua dimensão humana, a estrita necessidade. Arquitetura não deseja ser funcional, mas oportuna.”

Equipe do anteprojeto: Arquitetos Bruno Conde, Filipe Gebrim Doria, Filipe Lima Romeiro e Lucas Bittar

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ÁREA | 33

O programa contempla quatro partes distintas:

1 – Acesso / Café / Periódicos Diários / Espaço de Eventos / Auditório – O térreo do edifício funciona como uma transição entre a rua e os demais ambientes do edifício. Os fechamentos são feitos em vidro, de modo a não quebrar a permeabilidade visual. Um “túnel” marca o acesso - este leva o pedestre da rua até o interior do edifício, passando por um painel de exposições e com o café ao fundo. Por uma escada pode-se descer para o espaço de eventos e para o auditório; os mesmos também podem ser acessados de forma independente pela Rua Álvaro de Carvalho. Uma passarela leva à área fechada da Biblioteca e logo na entrada está a área dos periódicos. A circulação para os demais andares pode ser feito por meio de elevador ou de escada. A escada, em estrutura metálica, dispõe-se de forma solta no espaço, de modo a ficar explícito por onde é feita a circulação entre os pavimentos.

2 – Divisão de Pesquisa e Memória – Situa-se no pavimento inferior do edifício e é acessada pelo usuário através da circulação interna da biblioteca. O acervo está em local reservado, com controle severo de temperatura e umidade do ar – o mesmo está diretamente ligado ao acesso secundário. As áreas de leitura e os laboratórios estão em local privilegiado e voltam-se para a parede jardim, recebendo iluminação natural.

3 – Divisão Infanto-Juvenil / Serviço de Multimídia e Internet / Divisão de Atendimen-to ao Usuário – Configura-se como um espaço para receber a maior concentração de frequentadores da Biblioteca, ocupando os três primeiros pavimentos. No 1º, com fechamentos em vidro e maior luminosidade, dispõe-se a divisão infanto-juvenil e o serviço multimídia e internet. O layout é definido pelo desenho livre das estantes, com 1,20m de altura, criando um ambiente lúdico e dinâmico. No 2º e 3º pavimen-tos, ocupados pela divisão de atendimento ao usuário, o fechamento das fachadas é opaco, protegendo o acervo da radiação solar direta. As estantes foram dispostas de forma linear ao longo das paredes periféricas, formando um grande “salão de livros” ao redor do vazio central, que integra os três pavimentos e permite a entrada de luz zenital.

4 – Divisão Geral Administrativa / Serviços Gerais – Localizada no 4º e último pavi-mento do edifício, não interfere no fluxo de usuários das demais áreas da Biblioteca, sendo dividido entre um núcleo que compreende as áreas molhadas e uma área de planta livre, com layout definido por divisórias leves.

Premiação1º - Filipe Dória – São Paulo (prêmio de R$ 30 mil)

2º - Matheus Rodrigues Alves (prêmio de R$ 15 mil)

3º - Akeni Hahara

4º - Marcos Jobim

Menção Honrosa - Ivan de Sá Rezende

Projeto prevê visão ampla e integral do interior da biblioteca

Espaços vazios e amplos conferem unidade visual ao edifício, cuja esca-da de acesso leva ao ambiente de eventos e ao auditório no piso inferior

As estantes ao longo das paredes periféricas formam um grande “salão de livros” ao redor do vazio central, que integra os três pavimentos e permite a entrada de luz zenital

O 1º, 2º e 3º pavimentos configuram-se como um espaço para receber a maior concentração de freqüentadores

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Valorização da culturaDepois de um longo jejum, Florianópolis assiste à re-alização de um Concurso Nacional de Arquitetura para a Readequação da Biblioteca Pública do Estado, uma parceria entre o Governo do Estado de Santa Catarina e o IAB-SC. Antes disso, aconteceram concursos para o Mercado Público de Blumenau e do Marco da Entrada de Brusque.

A realização de concursos públicos de arquitetura era uma antiga reivindicação dos arquitetos, que acre-ditam neste instrumento como forma de qualificar o pa-trimônio arquitetônico das cidades, principalmente em relação aos prédios públicos. “O concurso público é um processo democrático que tem o julgamento transpa-rente e com objetivo qualitativo”, diz a vice-presidente do IAB-SC, Danielle Gioppo, que compara o número de concursos realizados no Brasil em 2009 com a França: “apenas 13 concursos públicos de projetos de arquite-tura foram realizados no País, contra, aproximadamente, 1,2 mil realizados na França, onde os concursos são obrigatórios por lei”.

Entidades estaduais como IAB-SC, AsBEA-SC e Sindicato dos Arquitetos reivindicavam ao Governo do Estado, com total apoio da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), para elaboração do Decreto Estadual 2307/2009, que deter-mina a realização de concurso público de arquitetura para obras em instituições públicas de caráter cultural. “A lei já é um grande passo, porque o concurso nada mais é do que uma modalidade de licitação”, explica Sérgio Oliva, Coor-denador Estadual de Concursos de Arquitetura do IAB-SC. “Na lei de licitação vale o menor preço, e nem sempre o menor preço tem qualidade. Essa terra é maravilhosa e os prédios são feios, o poder público tem que batalhar por isso”, dispara a então presidente da FCC, Anita Pires, apoiadora da proposta desde o início.

O concurso para a readequação da biblioteca foi promovido pela FCC com organização do IAB-SC, entidade com legitimidade e credenciada para isso. “O IAB nacional é a única instituição do Brasil que tem o notório saber para orga-nização de concursos de arquitetura, levando o nome do Estado, da região e do País para o exterior, a credibilidade está vinculada ao nome do IAB”, argumenta Oliva. A instituição convidou profissionais locais e de outros Estados para par-ticiparem da comissão julgadora: arquitetos João Edmundo Bohn Neto e Simone Harger (Florianópolis), Oscar Mueller (Curitiba), Esterzilda Berenstein de Azeve-do (Brasília); e biblioteconomista Delsi Davok (Florianópolis).

Foram 94 inscritos de todo o Brasil e 37 participantes de fato a partir da entrega dos projetos. Entre o lançamento do edital e a divulgação do resultado, foram quase quatro meses. De acordo com o cronograma, o governo tem 180 dias para assinar o contrato com a equipe vencedora e o prazo limite para a entrega dos projetos executivos também é de 180 dias. Segundo o edital, o custa para a obra não poderá ultrapassar R$ 5 milhões.

Licitação em 2011A então presidente da FCC, Anita Pires, esteve presente na noite da abertura da exposição dos anteprojetos premiados. Em seu discurso, dis-se que a licitação só poderá ser feita em 2011 em função deste ser um ano eleitoral. Reforçou, no entanto, a necessidade de encaminhar toda a documentação para que o próximo governo fique apenas com a responsabilidade de lici-tar a obra. Cabe aos arquitetos, ao IAB-SC e à sociedade ficarem atentos e cobrar para que o projeto seja executado e não vá para a gaveta.

Fachada do anteprojeto da Biblioteca Pública quer impactar as ruas Tenente Silveira e Álvaro de Carvalho em relação aos prédios comerciais já existentes

Os quatro pavimentos interligam-se por meio do vão central com pé-direito monumental

CONC

URSO

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ÁREA | 35

OPINIÃOPor Luciano Deos Design 2010:

Quando o menos é mais

Luciano Deos é presidente da Associa-

ção Brasileira das Empresas de Design

(Abedesign). Atua como diretor-presi-

dente da consultoria de serviços de

marcas GAD’, com escritórios em São

Paulo e no Rio Grande do Sul. Conside-

rado um dos principais especialistas

em branding e design do Brasil, Deos

é graduado em arquitetura pela Uni-

versidade Federal do Rio Grande do

Sul (UFRGS) e possui especialização

em marketing pela ESPM/ADVB-RS.

O fortalecimento do design brasileiro e o seu

papel cada vez mais estratégico posicionam o

país como um potencial centro para a geração de

novos negócios nesse segmento. Mesmo diante

da crise mundial, o setor ganha relevância, cre-

dibilidade, consolida sua imagem internamente e

se projeta no exterior, abrindo espaço e oportuni-

dades de crescimento.

A criação de cursos acadêmicos e a inserção

da categoria no Festival Internacional de Publi-

cidade de Cannes, considerado o mais impor-

tante evento de comunicação do mundo, trazem

amadurecimento e estimula a demanda interna e

externa por design. Assim, nesse cenário otimis-

ta e de pós-crise, a previsão mais imediata para

2010 é o vínculo cada vez mais forte entre design

e inovação, com uma relação de dependência re-

cíproca e saudável.

O futuro transcende as tendências sempre

associadas aos produtos, já que o design deve

ser compreendido como uma disciplina trans-

versal, que se relaciona diretamente a outros

nichos, como moda, mobiliário e tecnologia. Di-

ferentemente do que acontece em países como

a Inglaterra e Coréia, que contam com políticas

e suporte governamental, no Brasil é recente o

apoio de organizações públicas e privadas para

fomento e financiamento de projetos no setor.

Felizmente, isso contribui para que o design pas-

se a ser visto como uma valiosa ferramenta de

desenvolvimento. E nesse contexto, a inovação é

palavra de ordem.

Além da reflexão permanente para diag-

nosticar novos caminhos ao segmento, um dos

desafios para os profissionais do setor será criar

alternativas para gerar cada vez mais relevân-

cia às marcas. E a vinculação de estratégias de

branding com design e inovação revela-se como

a solução mais eficiente.

Vale dizer que inovação aplicada ao design

nada tem haver com excessos ou exageros. Ao

contrário. Neste momento, menos é mais! Du-

rante a Revolução Industrial, período marcado

por profundas mudanças na sociedade, os novos

conceitos de moradia, transporte e produção

simplesmente desprezaram o meio ambiente.

Hoje, com a evolução da tecnologia e de modelo

de produção, a sociedade se redesenha mais uma

vez, só que atenta às questões ambientais. O ser

humano precisa achar soluções simples para

problemas complexos. Os recursos são finitos e,

consequentemente, precisam ser preservados.

Tal realidade aplicada ao universo corpora-

tivo demonstra que diante desse panorama, as

empresas que não forem capazes de se reinven-

tar perderão oportunidades e serão superadas,

classificadas como espécies inimigas do pro-

gresso. A lógica é mais ou menos essa: quem não

investir em inovação e design, ficará um passo

atrás. Mas, como quase tudo na vida, sempre há

tempo para se repensar.

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36 | ÁREA

CONC

URSO

Esta frase, destacada na prancha do projeto vencedor do Concurso Nacional

de Arquitetura para o Marco de Entrada de Brusque sintetiza as inspirações

da equipe. Os arquitetos Francisco Refonso Nunes, Mariana Arruda e Sara

Moretti, do escritório Viva Arquitetura, de Blumenau, desenvolveram uma pro-

posta com base na história, na cultura, na economia e na população do muni-

cípio. Localizada no Vale Europeu, a cidade tem a indústria têxtil e o turismo de

compras como o forte de sua economia. As belezas naturais e arquitetônicas,

herança da colonização alemã, polonesa e italiana, são outros atrativos de

Brusque. E o Marco de Entrada de Brusque deverá ser inaugurado em agosto,

marcando a comemoração dos 150 anos do município. O Concurso Público foi

realizado pela Prefeitura de Brusque e organizado pela regional catarinense do

Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-SC).

O projeto apresenta um desenho único para ambas as entradas de Brus-

que, nas rodovias Antônio Heil (SC 486) e Ivo Silveira (SC 411). As duas estru-

turas principais representam, de forma abstrata, algumas características da

cidade e a importância dela no desenvolvimento da região e do País.

A primeira estrutura são duas torres de mármore e granito que emergem

do piso da praça de maneira sólida, forte e imponente, simbolizando a soli-

dez da sociedade brusquense e da sua indústria têxtil. A segunda estrutura

é uma grande fita vermelha de concreto, que também emerge do piso com

um desenho retilíneo – mas, desta vez, de forma horizontal. Passando por

entre as duas torres, dá início a algumas ondulações, simulando uma fita

em movimento, ao vento. “Esta fita de concreto representa a liberdade, a

transformação e o crescimento da cidade; assim como o fio de algodão, que,

Símbolo de uma história

É a solidez da economia e da sociedade brusquense, assim como a liberdade e o or-gânico do fio de algodão e tecido, que estarão estampados na entrada da cidade como protagonistas desta obra. Junto estará o colorido das flores e dos morros, mostrando, com isso, o cuidado com a cidade e com a alegria de seu povo. Estes, portanto, são os fios mais nobres deste tecido multiétnico que é Brusque.

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ÁREA | 37

sendo transformado em tecido, gerou grande desenvolvimento para a cidade,

a qual acabou se tornando um dos principais pólos do turismo de compras na

área têxtil do Estado”, argumentam os arquitetos.

Por último, integrando o cenário da praça, haverá um espaço para con-

templação do marco - uma praça seca contornada por um paisagismo colorido

que garante a permeabilidade tanto física quanto visual. O paisagismo terá as

cores que fazem parte da história e da cultura de Brusque, presentes desde a

bandeira da cidade até a programação visual atual. Assim, o verde, o amarelo

e o vermelho estão presentes nos canteiros de flores, de onde parte um extenso

banco linear que contorna toda a praça para visualização do marco.

Como parâmetro relativo à sustentabilidade foram utilizadas algumas

diretrizes – como o uso de materiais regionais, luminárias com captação de

energia solar, reuso da água da chuva para irrigação, piso permeável e reuso

de material já adquirido pela Prefeitura, sendo utilizado na sua totalidade e

com poucas intervenções. O aproveitamento das pedras compradas pelo Go-

verno Municipal na gestão passada era, aliás, um dos requisitos do edital,

como forma de impedir o desperdício do dinheiro público.

O arquiteto Francisco Refosco Nunes, graduado em Arquitetura e Urbanismo pelo Centro Universitário de Jaraguá do Sul (UNERJ),

em 2007, acredita que a experiência profissional da equipe colaborou para o resultado final do projeto. Ele já morou na Holanda,

em Nova Iorque e em Dubai, nos Emirados Árabes, onde trabalhou em escritórios de arquitetura e, no último ano, integrou a equipe

de trabalho de uma empresa multinacional. “Pude aprender sobre o método de desenvolvimento de projeto utilizado e estive en-

volvido em diversos trabalhos interessantes”, afirma. Suas sócias compartilham dessa experiência internacional. Mariana e Sara

formaram-se na Universidade Regional de Blumenau (FURB) há três anos. Antes disso, elas cursaram Arquitectura y Diseño na

Universidade de Los Lagos, no Chile. Todos já participaram de concursos. As duas sócias foram as primeiras colocadas no Con-

curso de Ideias para estudantes, organizado pelo CTHAB - Congresso Brasileiro e Ibero Americano de Habitação e Tecnologia, em

2006. E Sara e Francisco integraram o grupo do arquiteto Christian Krambeck, do escritório Terra Arquitetura, no projeto vencedor

do Concurso Nacional do novo Mercado Público de Blumenau, ocorrido em 2007.

Premiação1º - Francisco Refonso Nunes, Mariana Arruda e Sara Moretti (prêmio de R$ 10 mil + R$ 15 mil pelo projeto executivo)

2º - Leonardo Rafael Musumeci, Alexandre Leitão Santos, Marlon Rubio Longo e Thalita Crus Ferraz de Oliveira (prêmio de R$ 4 mil)

3º - Emanuele Schmit, Amanda Silva de Oliveira, Daliana Garcia e Daniela Lessandra Heck (prêmio de R$ 1 mil)

Experiência internacional

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Sérgio Rodrigues é sinônimo de design de mobiliário. Seu legado faz parte da história do móvel moderno brasileiro e suas criações são premiadas e valorizadas também no exterior. Ao delinear os traços de uma peça e definir o material que lhe dará vida, invariavelmente ele imprime a brasilidade no produto, revelando uma identidade expressiva e marcante. “Mas o que é bra-sileiro num móvel? É a alma; não são os elementos”, rebate o arquiteto. Sérgio Rodrigues é assim, modesto, provocante, bem-humorado, cativante.

Talento, criatividade, ousadia e genialidade são os ingredientes que mistura

numa receita inigualável. A irreverência e o empreendedorismo que chocaram

e encantaram muitas pessoas nos anos 50 transformaram seu nome numa

marca de sucesso. A Enciclopédia Delta Larousse classificou Sérgio Rodrigues:

“o criador do móvel moderno no Brasil”. “Eles não têm ideia do que seja um

criador e do que é móvel brasileiro”, brinca o arquiteto. Entretanto, confessa:

“fiquei lisonjeado”. Ele sempre faz questão de dividir os louros com Joaquim

Tenreiro (1906-1992), Lina Bo Bardi (1914-1992) e Zanine Caldas (1918-

2001), mas reconhece sua importância. “Se eu não fosse modesto, diria que

eu transmitia alguma coisa”, diz. Citando os colegas, todos falecidos, lembra

de uma história: “os americanos que nos representam nos Estados Unidos

foram até o meu ateliê e eu ouvi quando disseram baixinho: ‘ele está vivo’”,

diverte-se.

E como! Aos 82 anos, Sérgio Rodrigues continua produzindo. “Se eu pa-

rasse hoje, acabaria embaixo da terra fazendo móvel para bicho”, dispara.

Há quase dez anos, o amigo, arquiteto e urbanista, Lucio Costa já dissera:

“Generoso, em vez de refestelar-se em sua poltrona fabulosa, continua ativo,

não para.” – certamente referindo-se à consagrada e premiada poltrona Mole

(1957), parte do acervo do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque. Dos 1,6

mil móveis criados por Sérgio, apenas 100 continuam sendo fabricados. “São

os clássicos, que vêm enfrentando tempos e não dependem de modismos”,

classifica. Estas peças são produzidas numa indústria em Princesa (SC) e

enviadas para todo o Brasil, para os Estados Unidos e para a Alemanha, onde

está a empresa que representa a marca na Europa. Atualmente, Sérgio está

envolvido no projeto de resgate dos móveis que projetou para os principais pa-

lácios de Brasília. “Tudo foi deixado de lado. Estamos fazendo tudo outra vez”,

lamenta. Para a capital do País, Sérgio também fez arquitetura – projetou dois

pavilhões de hospedagem e restaurante da Universidade de Brasília, em 1962,

erguido a partir de outra de suas criações - o SR2 - Sistema de Industrializa-

ção de Elementos Modulados Pré-Fabricados para Construção de Arquitetura

Habitacional em Madeira. O sistema foi utilizado, ainda, na construção do Iate

Clube de Brasília, projetado pelo arquiteto.

É arquitetura que o pai do design moderno brasileiro prefere produzir. E

este se tornou um dos principais assuntos da entrevista concedida à Revista

ÁREA em março na loja Bellacatarina, corner da marca Sérgio Rodrigues em

Santa Catarina. Ele veio ao Estado para visitar a Casa Cor SC, especificamente

o ambiente que prestou uma homenagem a ele, o Living do Apartamento do

Casal, projetado pelas arquitetas Claudia Wendhausen, Lisiane Wirtti e Helena

Rocha.

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EVIST

A O criador do móvel moderno brasileiro

“O arquiteto é um gandula. É aquele que põe a bola para dentro do campo quando os clientes a jogam para fora”.

Por Letícia Wilson

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“Eu não sei ficar sem criar; minha maneira de me expressar é essa”.

ÁREA – O senhor ainda projeta casas de madeira pré-fabricadas?Sérgio Rodrigues – Sim. Eu preciso explicar o seguinte. Eu criei um sistema para pro-dução de elementos de construção modulados para construção de casas pré-fabricadas. Quando falamos em pré-fabricadas as pessoas imaginam sempre casinhas de cachorro, de boneca, tudo igualzinho. Mas das 250 casas que fiz, nenhuma é igual. E, também, a pré-fabricação não quer dizer que seja popular. Com concreto, vemos edifícios sendo feitos com paredes inteiras pré-fabricadas colocadas no lugar. Isso é pré-fabricação também.

ÁREA – E essas que o senhor projetou eram para que tipo de clientes?Sérgio Rodrigues – As primeiras foram todas feitas para um determinado tipo de clien-te. Uma clientela com cultura; não rica, mas rica culturalmente. Isso é muito importante. Continuo fazendo esses projetos porque tem muita gente que quer esse tipo de casa, quer casa de madeira e quer que seja feita com certa rapidez. E eu sempre aviso que vai sair o preço de uma casa de alvenaria normal.

ÁREA - O senhor acha que o brasileiro tem resistência à casa de madeira?Sérgio Rodrigues – Não é só brasileiro, é qualquer um; principalmente os latinos. In-clusive tem um ditado português que se aplica a qualquer latino: “construção de pedra e cal é eterna”, porque a casa era feita para durar eternamente, como os palácios, os castelos. A madeira era usada para fazer a subestrutura - as janelas, as portas - e não para fazer a casa em si.

ÁREA – E essas casas o senhor projeta em parceria com sua filha, Verônica?Sérgio Rodrigues – Sim, ela é maravilhosa, fora de série. Ela me interpreta e o que ela sugere – e que eu incentivo muito – me apresenta coisas novas, criações novas e temos feitos diversas coisas em conjunto. Fizemos algumas casas e ela adotou o seguinte: nas casas mistas, que misturam alvenaria com madeira, quando o cliente tem um determinado sentimento, feeling, sensibilidade, criamos uma história. Por exemplo, fizemos uma casa ainda há pouco, há dois anos, para um casal. A família toda lembraria

um personagem de Dom Quixote. Então fizemos uma casa, não para Dom Quixote, mas que, certamente, se tivesse sido criada naquela época, Dom Quixote poderia andar para lá e para cá perfeitamente bem. Inclusive, ela está fazendo doutorado em Literatura. Muita gente pergunta o que tem a ver com Arquitetura. Tem a ver muita coisa e ela cita milhares de autores, principalmente portugueses e brasileiros, que descrevem o ambiente de uma maneira incrível e você localiza aquele ambiente; você percebe a alma dos personagens do livro pela descrição do autor.

ÁREA – E o senhor também faz arquitetura de interiores.Sérgio Rodrigues – Eu comecei fazendo isso e faço hoje muito pouco, pois passei muito para ela (a filha). Ela tem uma expressão assim... ela tem saco (risos...)

ÁREA – Por que a relação vai além do programa de necessidades?Sérgio Rodrigues – Vai, vai... Não tem dúvida (risos).

ÁREA – Entre arquitetura e design, o que o senhor prefere?Sérgio Rodrigues – Eu gosto de fazer arquitetura. Tive oportunidade de fazer arquitetura com prazer. E gosto de executar com madeira porque eu estudei muito o esquema de fa-zer pré-fabricação. Inclusive, os proprietários se acham arquitetos também. Eles levam o projeto para casa, fazem ajustes. E cabe ao arquiteto orientar. O arquiteto, eu diria, é um gandula. É aquele que põe a bola para dentro do campo quando ela vai para fora. Quando está havendo um jogo, os proprietários estão criando e põem a bola para fora, o arquiteto põe a bola para dentro outra vez.

ÁREA – O senhor costuma visitar a Casa Cor?Sérgio Rodrigues – Eu vou, mas não faço comentários (risos). Eles esperam que eu analise um determinado ambiente, mas eu não sirvo para isso. Se eu estivesse indo na Casa Cor no Tibete e tivesse que fazer uma análise, eu faria. Agora, aqui no Brasil, onde cada criador, cada profissional, já tem experiência... se forem criticados vão ficar muito chateados.

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Projeto desenvolvido no sistema SR2, executado em 1995.

Page 40: Revista ÁREA - Arquitetura e Design de Santa Catarina

40 | ÁREA

Sérgio Rodrigues nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1927, no seio de

uma família de artistas e intelectuais. É neto do jornalista Mário Rodrigues,

fundador dos jornais A Manhã e Crítica; sobrinho do jornalista e dramaturgo

Nelson Rodrigues; e filho do desenhista, pintor e ilustrador Roberto Rodrigues,

que foi colega de Cândido Portinari na Escola Nacional das Belas Artes. Porti-

nari produziu, inclusive, um retrato do amigo, que consta no acervo do Projeto

Portinari. A família da mãe, os Mendes de Almeida, é formada por juristas e

jornalistas. Por herança genética ou influência familiar, Sérgio Rodrigues de-

cidiu desenvolver seu potencial criativo e ingressou na Faculdade Nacional de

Arquitetura da Universidade do Brasil, na capital carioca, aos 20 anos.

Em 1951, antes de se formar, participou da elaboração do projeto do bairro

Centro Cívico de Curitiba a convite do seu professor David Xavier de Azambuja,

coordenador da equipe. Este foi o primeiro centro cívico projetado em arquite-

tura moderna no Brasil. Na capital paranaense, Sérgio Rodrigues criou a Mó-

veis Artesanal Paranaense, em sociedade com o arquiteto e designer italiano

Carlo Hauner. A empresa durou seis meses, mas a parceria se estendeu. Em

1955 Hauner fundou a Forma S.A em São Paulo, ao lado do arquiteto Martin

Eisler e do empresário Ernesto Wolf, e convidou Sérgio para comandar o setor

de criação de arquitetura de interiores da empresa. A empresa foi a primeira

a introduzir no Brasil, sob licença de fabricação, peças de Mies van der Rohe,

Marcel Breuer, Saarinen e Bertoia.

No ano seguinte, estimulado por Carlo Hauner, Sérgio Rodrigues voltou

para o Rio de Janeiro e inaugurou a Oca, um espaço de produção e comercia-

lização do design brasileiro que se tornou referência nacional. Iniciava-se um

período de muita inspiração, criatividade e produtividade. Em 1956 criou a

cadeira Lúcio Costa e a Poltrona Oscar Niemeyer. “Eu tenho foto dele sentado

nela”, orgulha-se. Em 1957 rabiscou a famosa Poltrona Mole, lançada no ano

seguinte e premiada no Concurso Internacional do Móvel em 1961, em Cantú,

na Itália. “Havia 400 concorrentes e eu não sabia por que tinham me escolhido.

Foi porque era o único móvel que caracterizava uma região”, avalia Sérgio.

A premiação conferiu projeção internacional ao arquiteto como designer de

móveis. A Mole passou a ser produzida pela ISA, de Bérgamo, na Itália, e

exportada para vários países com o nome de Sheriff. A indústria italiana pro-

moveu a peça no mundo todo e ela foi parar até no Palácio de Buckingham, em

Londres. A poltrona está em exposição permanente no Museum of Modern Art

(MoMA) de Nova Iorque (EUA). Sobre ela, o humorista Millôr Fernandes nunca

falou tão sério: “o talento estético de Sérgio Rodrigues veio ao encontro do meu

bom senso e exigência de conforto e, inesperadamente, empurrou embaixo de

mim a já citada Poltrona Mole. Onde não me sentei. Deitei e rolei. Que artefato

meus amigos. Pra mim, essencialmente couro, foi natural curtição. Anatômica,

convidativa, insinuante. Atração fatal”.

“Meus parentes achavam que eu estava maluco, que ninguém aceitaria

uma poltrona maluca, com jeito de ovo estrelado. E eu dizia: vai ter gente que

vai entender o que eu estou falando”, conta Sérgio, praticamente um visio-

nário. Mas reconhece que o início foi difícil. “Chamavam de cama de gato,

cama de cachorro. Foi um vexame. As pessoas tinham vergonha”, revela. E,

de repente, começaram a comprar. “Carlos Lacerda, Roberto Marinho, Darcy

Ribeiro”, elenca. Darcy Ribeiro o levou para fazer as cadeiras do auditório da

universidade de Brasília. A convite de Niemeyer produziu diversas peças para

os principais palácios da então futura capital do País. “Tudo foi deixado de

lado”, lamenta, referindo-se à má conservação do mobiliário nestas décadas.

“Hoje estamos fazendo tudo outra vez”, afirma. A convite do Itamarati, naquela

época, Sérgio também desenvolveu uma coleção especial de mobiliário para a

embaixada do Brasil em Roma, o Palácio Doria Pamphili. Como levariam mui-

tos meses produzir as peças aqui e enviá-las para a Itália, Sérgio hospedou-

se na casa do amigo Carlo Hauner, no Norte daquele país, e produziu tudo

por lá mesmo. “Fiz tudo novo, porque não sei repetir um desenho”, recorda.

A produção foi intensa e mobiliou, também, o consulado e a embaixada no

Vaticano, em tempo recorde. “Tudo em jacarandá; ele tinha jacarandá do tipo

exportação. Eu poderia colocar pedaços da árvore lá dentro”, brinca. Jacarandá

sempre foi sua matéria-prima predileta, numa período em que “jacarandá se

encontrava na esquina” e nem se falava em ecologia. “Sou assassino do ja-

carandá, infelizmente”, assume Sérgio Rodrigues. A nova ordem mundial pro-

vocou transformações no método de produção, mas a madeira continua sendo

seu material preferido. “Gosto muito de imbuia e lyptus (madeira plantada de

eucalipto)”, destaca.

Para Brasília, Sérgio também criou dois pavilhões de hospedagem e res-

taurante da UnB, em 1962, com o recém-criado SR2 - Sistema de Industriali-

“Não sou crítico de arte. Eu gosto ou não gosto; não tenho que dizer por quê.”

Retratos da trajetória

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Page 41: Revista ÁREA - Arquitetura e Design de Santa Catarina

ÁREA | 41

zação de Elementos Modulados Pré-Fabricados para Construção de Arquitetura

Habitacional em Madeira. O sistema foi utilizado, ainda, na construção do Iate

Clube de Brasília, projetado pelo arquiteto. Os protótipos do SR2 foram ex-

postos no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, a convite da diretoria.

Em 1968, Sérgio Rodrigues deixa a Oca e monta ateliê no Rio de Janeiro, de-

senvolvendo arquitetura e design de mobiliário - hoje em parceria com filha

Verônica, também arquiteta e designer. A última de suas criações – a poltrona

Diz – foi produzida em 2001 e premiada, cinco anos depois, com o primeiro

lugar na categoria mobiliário na 20ª edição do prêmio Design do Museu da

Casa Brasileira, em São Paulo. A peça foi escolhida por unanimidade pelo júri

que apontou “como maior qualidade, sua estrutura de madeira bem resolvida

e trabalhada com maestria. Além disso, é uma peça extremamente confortável

e bonita, qualquer que seja o ângulo de visão.” A humildade do veterano desig-

ner em concorrer ao prêmio também impressionou o júri. Talvez seja a prática

da modéstia do gênio que faz escola por suas obras e atitudes.

“Brasil é uma coisa que transpira... difícil de explicar.”

Foto

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No sentido horário, a poltrona Diz (2001), a

cadeira Oscar (1956) e a Mole (1957).

Page 42: Revista ÁREA - Arquitetura e Design de Santa Catarina

42 | ÁREA

PROJ

ETO

Estratégias verdes

Na concepção do projeto de um edifício residencial em Blumenau, Sérgio Bellicanta baseou-se na arquitetura bioclimática em benefício da sustentabilidade e da qualidade da construção

A implantação de duas torres, com dois

apartamentos por andar, permite melhor

aproveitamento da iluminação natural e

da ventilação cruzada, além de garantir

maior privacidade aos moradores

Page 43: Revista ÁREA - Arquitetura e Design de Santa Catarina

ÁREA | 43

Ventilação cruzada em todos os apartamentos; aquecimento solar passivo e

uso de massa térmica; e máxima iluminação natural. Este foi o partido arqui-

tetônico definido para implementação da edificação, com base nas diretrizes

construtivas para a Zona Bioclimática do Litoral de Santa Catarina. O arquiteto

Sérgio Bellicanta adotou como estratégias a utilização de aberturas médias

para ventilação e sombreamento das aberturas; parede leve refletora e co-

bertura leve isolada como vedações externas; ventilação cruzada no verão e

aquecimento solar da edificação e vedações internas pesadas no inverno, para

condicionamento térmico passivo.

“Partimos do estudo das características climáticas de Blumenau, onde foi

identificado que se atinge conforto térmico em apenas 20% do ano em nossa

região”, explica Bellicanta, que fundou a Habitat Construção e Incorporação há

três anos. Segundo ele, os 80% restantes são de desconforto gerados pelo frio

(40%) e pelo calor (40%). “Durante este período, o conforto térmico é atingido

apenas através do uso do condicionamento artificial pela falta de consideração

de estratégias de conforto térmico passivo adequadas, o que gera consumo de

energia desnecessário”, argumenta.

A partir deste estudo, definiu a implementação de duas torres de dois

apartamentos por andar, de forma a permitir a incidência do sol da manhã em

todos os dormitórios e a ventilação cruzada em todas as unidades habitacio-

nais. “Além disso, optamos pela utilização de paredes internas com 17cm de

espessura para uma maior inércia térmica. Isto proporciona um atraso térmico

de até 4,5 horas, reduzindo o pico de calor no verão e, no inverno, garante o

aquecimento solar passivo através da radiação solar direta sobre as paredes”,

acrescenta. E as soluções adotadas não comprometeram financeiramente o

empreendimento, resultando num preço de venda de R$ 1.250/m2.

Entre os benefícios adicionais do partido arquitetônico adotado estão a

vista privilegiada da natureza a partir de todos os apartamentos, maior pri-

vacidade aos moradores, melhor qualidade do ar, menor custo operacional,

maior valor de mercado. “Sabe-se que os edifícios consomem entre 30% e

40% da energia global e são responsáveis por quase 35% das emissões dos

gases do efeito estufa e contribuem com até 70% do consumo total de energia

elétrica”, preocupa-se Bellicanta, cuja trajetória profissional e experiências in-

ternacionais contribuíram para a definição da sua linha de atuação. Graduado

pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em 2001, Bellicanta fez

estágio em dois grandes escritórios catarinenses: Marchetti + Bonetti e Man-

tovani e Rita. Recém-formado, trabalhou por cinco anos em Londres como ar-

quiteto e gerente de projetos na elaboração de propostas e execução de obras

de edifícios residenciais, hospitais, teatros e casas noturnas. Em 2006, um

ano antes de criar a sua própria empresa, foi diretor de operações da empresa

Luxe Interior International, voltada ao mercado do luxo, responsável pela im-

plementação de trabalhos de profissionais como o designer britânico Tom Dixon

e os arquitetos da Conran & Partners, com sede em Londres.

A disposição das torres também possibilita vista privilegiada do entorno a todas as unidades. Esquadrias de

grandes dimensões atendem a necessidade de conforto térmico. A integração da cozinha com a sacada e o

peitoril em vidro facilitam a incidência da luz natural.

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44 | ÁREA

PROJ

ETO

A equipe adotou estratégias específicas de sustentabilidade no projeto para todo o empreendimento.

Itens de sustentabilidade

Áreas comuns com pé-direito duplo e fechamento em vidro, para potencializar o

aproveitamento da iluminação natural.

Redução do consumo de energia:– Arquitetura Bioclimática, priorizando o sol da manhã nos quartos e a ventilação cruzada, para maior conforto térmico;– Esquadrias grandes para maior luminosidade dos apartamen-tos;– Sensores de presença nas áreas comuns com células foto-voltaicas;– Iluminação das áreas comuns com lâmpadas de baixo con-sumo.

Redução do consumo de água:– Reaproveitamento de água das chuvas para as áreas co-muns;– Sistema de descarga de 3 e 6 litros (dual flux) nos vasos sanitários das áreas comuns;– Temporizador nas torneiras das áreas comuns;– Hidrômetros individuais;– Reaproveitamento de água das chuvas durante a obra.

Áreas verdes:– Telhado branco. Em linha com a campanha 1 degree less (um grau a menos), contribuindo para a redução da ilha de calor nas cidades;– Pracinha;– 20% de área permeável e plantada de acordo com as melho-res práticas recomendadas pelo LEED (Leadership in Energy and Environmental Design);– Telhado verde;– Preservação e plantio de árvores que proporcionam sombra às áreas comuns.

Reciclagem:– Coleta seletiva de lixo;– Gestão de resíduos da construção;– Adoção de estratégias para a redução de entulho e de desper-dícios durante a obra;– Lâmpadas com garrafa PET para áreas de almoxarifado, ran-cho de obras, entre outras.

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ÁREA | 45

PAPO SÉRIOPor Fah Maioli Capitalismo Natural:

trend passageiro ou novo modus-vivendi?

Fabiana Maioli é designer e trend

reseacher, Mestre em Management

of Creative Process pela Libera Uni-

versitá di Lingue e Comunicazione

(IULM) e Especialista em Trendset-

ting pelo Istituto Europeu di Design

(IED). Ela atua como pesquisadora

e analista de tendências e cenários

futuros para Tea Trends, na Itália. Fah

Maioli, como é conhecida, escreve

para a revista ÁREA direto de Milão.

Então, se você se preocupa com o meio ambiente, pode querer mostrar a maneira que gasta o seu dinheiro e, possivelmen-te, compre em uma loja de alimentos orgânicos em vez de um supermercado convencional. Provavelmente, você confira as etiquetas de eficiência energética antes de comprar um novo laptop. E, se você for realmente sério, pode até estar concen-trando suas economias em fundos de investimento “verde”, como “carbon free”, por exemplo. Todas estas decisões podem ajudar a orientar-nos para uma economia verdadeiramente ver-de – mas, somente se os consumidores e os investidores tive-rem uma boa ideia do que as empresas fazem para realmente minimizar seu impacto sobre o meio ambiente. A nossa pergunta é: - Será que as empresas que se beneficiam de nossa compra com consciência ambiental merecem a sua “auréola verde”? Empresas que fazem propaganda enganosa são muitas, mas, felizmente, há hoje mais bons do que maus exemplos e um destes faz-se quase concreto nas palavras de seu presidente: “Produziremos só aquilo que é belo, respeitoso do planeta e do homem”. Centazzo, presidente de Valcucina, tem em sua missão conci-liar ética, ecologia, estética e produção de bens de consumo essenciais. Nas suas próprias palavras, é responsabilidade dos industriais se somos chegados a este ponto. Do capitalismo que deve sempre aumentar o capital, este feito de recursos financeiros, humanos, energéticos e onde, a um certo ponto, começou-se a usar o ambiente, natural reserva para o ser hu-mano, que não pode ser exaurida. Em sua visão, o empobreci-mento do ambiente foi confundido com o progresso. Não pode mais ser assim. Concretamente, ele trouxe para o seu estúdio em Pordenone um Prêmio Nobel, Richard Dingo, que codividiu o tema “Emergência Clima e a Economia Verde” porque crê que para realizarmos mudanças reais no modo de produzir e con-sumir, serve primeiro uma revolução no pensamento, que deve se voltar para o Capitalismo Natural, conceito nato em um livro homônimo de Paul Hawken, muito debatido aqui na Europa no

final dos anos 90. O Capitalismo Natural tem o ambiente como estratégico e ob-jetiva produzir mais com menos. Redesenha as lógicas indus-triais sobre um modelo que exclui o desperdício e a produção de sobras, joga a economia verso um fluxo de valores e serviços e investe na proteção e expansão do capital natural. Na prá-tica, sua empresa realiza “pequenos grandes gestos”, como, por exemplo, realizar somente projetos recicláveis a 100%, tornar todos os produtos “leves” no peso, como, por exemplo, a realização da porta mais leve do mundo – apenas 2mm e focar na duração a longo prazo de seus produtos. Segundo ele, a obsolência programada é um pecado mortal para quem de-seja deixar um mundo limpo para as próximas gerações. Outro detalhe é a redução das emissões tóxicas, como, por exemplo, usando vernizes a base d´água. Detalhes que deram a Valcuci-na a primazia italiana na obtenção do selo alemão GS. Estas ações estão fazendo escola, sendo condivisas por um pú-blico sempre mais vasto e pela parte saudável dos empreende-dores. Os desafios dos concorrentes vão sendo transformados em um estímulo para reformular a própria filosofia empresarial, pontuando sobre a excelência e aprimoramento contínuo, como sempre foi feito pelo melhor “made in Italy” . Outras empresas podem usar esta tendência ECO como maquiagem oportunista para o lançamento de novos produtos portando um novo sen-so de responsabilidade. Mas convém lembrar que a respon-sabilidade é filha da consciência. E a consciência ambiental é um processo cultural que requer tempo, e que não se pode improvisar. Bastam pequenos gestos, mas começando ontem. E sendo a Itália a “ditadora” do estilo de design mais apreciado mundo afora, auguramos que esse capitalismo natural se inicie ime-diatamente na indústria de mobiliário mundial, antes que o seu concorrente faça primeiro ou que o mundo acabe. Ocorrendo uma destas duas alternativas, esteja certo de que você não sobreviverá.

Embora muitos de nós concordem com as teorias do Prof. Fagan em “The Great Warming”, reconhe-cendo que o aquecimento global, o descongelamento das geleiras, a redução da camada de ozônio e a extinção da perereca transparente da Tanzânia são eventos causados muitas vezes pela pró-pria “evolução” do sistema Terra, sabemos que o consumo desenfreado e inconsciente de nossa espécie nada sapiens é parte importante deste terrível processo. E sabemos também que precisa-remos de muito tempo, empenho e paixão para enfrentarmos as mudanças que temos que realizar, todas elas de fronte a nossos olhos, ao alcance real de nossas mãos e bolsos, para podermos reaver um planeta mais limpo, mais habitável, digno de ser presenteado a nossos filhos, a nossos netos.

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46 | ÁREA

QUEM

FAZ

A quatro mãos

Edson e Ronaldo Lima, do Lima & Lima Arqui-tetos Associados, reproduzem em seus projetos a afinidade familiar que os une. Criando juntos há mais de duas décadas, os irmãos tornaram-se referência em Jaraguá do Sul.

Croqui a mão livre, foi feito para um concurso em Porto Alegre (RS).

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ÁREA | 47

Do prazer comum de desenhar e pintar, Edson e Ronaldo foram trilhando sua

trajetória profissional desde a infância. Um sonhava em ser ilustrador de gibis

e o outro até personagem de histórias em quadrinhos já tinha criado. Esco-

lheram Arquitetura como por instinto e uniram seus talentos. A cumplicidade

é evidente.

“Dizem que irmãos dificilmente são sócios de uma empresa”. “Temos a

felicidade de sermos sócios. Primeiro vem a afinidade pessoal e, depois, a

possibilidade de projetar a quatro mãos”, avalia Edson. Para ele, o processo

de criação é muito mais rico, com ideias mais maduras. “E os resultados me-

lhoram, especialmente quando um ‘detona’ o projeto do outro”, complementa,

entre risos. “Essa é a melhor parte”, apressa-se em acrescentar o irmão. Na-

turais de Florianópolis, Edson e Ronaldo formara-se na Universidade Federal

de Santa Catarina (UFSC). Há 20 anos escolheram Jaraguá do Sul para morar

e trabalhar – juntos, num escritório de Arquitetura.

Em 1997 fundaram a sua própria empresa, a Lima & Lima Arquitetos

Associados e passaram a desenvolver projetos nas áreas comercial, indus-

trial, corporativa e residencial. Recentemente, passaram a projetar produtos,

desenvolvendo uma linha de luminárias para uma indústria catarinense. “Por

estarmos numa cidade ainda considerada pequena, precisamos criar uma es-

trutura que atenda a diferentes demandas, ao invés de ter uma única área

de atuação”, argumenta Edson, levando em conta a população de 130 mil

habitantes. Apesar do elevado poder aquisitivo de boa parte da sua popula-

ção, Jaraguá do Sul é uma cidade de hábitos comuns. “O que remete a uma

pequena cidade, no quesito consumo. Mas está crescendo. O mercado vai se

diversificando, inclusive o de fornecedores para o nosso ramo”, afirma Edson,

que ainda precisa recorrer a outros municípios para encontrar os materiais e

produtos que especifica. “Acredito que, em pouco tempo, essa realidade vai

mudar”, frisa, esperançoso.

Jaraguá do Sul detém um dos principais parques fabris do Estado e é

berço de grandes indústrias como WEG, Marisol, Malwee, Duas Rodas, só para

citar algumas. A natureza exuberante e a qualidade de vida construída desde

a chegada dos colonizadores alemães, italianos, poloneses e húngaros, faz

com que a cidade tenha um dos Índices de Desenvolvimento Humano mais

altos do País (IDH-M 0,85). Emancipada de Joinville em 1934, sua urbanização

inicial provocou alguns problemas de planejamento. “Os dois rios que cortam

a cidade acabaram se tornando empecilhos ao crescimento, e não aliados”,

exemplifica Edson. Os rios Jaraguá e Itapocu correm nos fundos dos terrenos

das casas e das indústrias. “Não se pode contemplá-los como mereceriam.

Alguém com mais sensibilidade poderia ter pensado em avenidas beira-rio.

Seria fantástico”, avalia. Ronaldo aponta a possibilidade de um melhor apro-

veitamento da ciclovia, na área de abrangência da ferrovia, “numa cidade com

tanta carência de áreas públicas de lazer”. Para Edson, pouquíssimas pessoas

preocupam-se, de verdade, com a ordenação do crescimento da cidade. “Qua-

se tivemos, há bem pouco tempo, a aprovação de edifícios de 16 andares no

centro da cidade, o que aceleraria o caos”, conta. Para ele, mais um motivo

para os arquitetos terem cuidado com o que projetam. “Zelamos por uma ar-

quitetura responsável, não comercial, cujo produto final agrade tanto a quem

nos contrata, quanto a quem vê a obra. A responsabilidade na Arquitetura

transcende a técnica - ela tem a ver com o legado que se deixa impresso na

paisagem urbana. É um privilégio ajudar a desenhar a paisagem e a cidade”,

considera Edson.

Page 48: Revista ÁREA - Arquitetura e Design de Santa Catarina

48 | ÁREA

QUEM

FAZ

O desenho é um talento natural dos irmãos e um

hobby cultivado desde a infância. Na imagem ao

lado, croqui de um edifício projetado pelo escritório

e construído há alguns anos em Jaraguá do Sul.

Foto da Arena Jaraguá, projeto

desenvolvido em 2005 pela

dupla em parceria com os

arquitetos Giorgio Bayer, Raphael

Cavalcanti da Silva, Renato

Escobar, Ruth Borgmann e

Valério Tadeu dos Santos

Page 49: Revista ÁREA - Arquitetura e Design de Santa Catarina

ÁREA | 49

Nestes treze anos, os irmãos acompanharam a evolução do mercado e da

profissão, até dentro do próprio escritório. “Muita coisa mudou. A internet, os

hardwares, softwares e outras tecnologias são ferramentas que revolucionam

a cada dia a forma de desenvolver um projeto e de apresentá-lo, de vendê-lo,

ao cliente”, destaca Ronaldo. Apesar da resistência, as maquetes eletrônicas

tornaram-se uma realidade no Lima & Lima. “Sempre gostamos de desenhar

a lápis, à mão livre mesmo. São traços diferentes, mas a mesma paixão pela

arte”, explica Edson. Essa preferência faz da dupla um referencial para es-

tudantes de Arquitetura do Centro Universitário de Jaraguá do Sul (UNERJ).

“Outro dia, um de meus funcionários disse que muitos de seus colegas espera-

vam fazer estágio aqui, principalmente em função desta nossa característica.

Confesso que fiquei feliz e lisonjeado”, completa.

Apesar da transformação evidente do mercado, os irmãos avaliam que

muito ainda têm de mudar em relação aos sistemas construtivos no País. “Ain-

da são empilhados muitos tijolos pra se obter uma parede e, infelizmente, o

desperdício ainda é assustador no saldo final de uma obra”, lamenta Ronal-

do. E a dupla pretende participar dessa evolução. O Lima & Lima Arquitetos

Associados acaba de se tornar o primeiro escritório de Arquitetura de Santa

Catarina membro do Green Building Council Brasil, participando ativamente do

processo de consolidação da construção sustentável.

Transformações

Arquitetura industrialEntre os mais recentes trabalhos do escritório está o projeto da nova sede da Gráfica e Editora Avenida, em Jaraguá do Sul, inaugurada em maio do ano

passado. O novo prédio é a menina dos olhos de seu diretor, Udo Wagner, de acordo com Edson Lima. “Isso nos abriu espaço para inovar nas formas do

prédio administrativo, que fica em frente ao galpão da fábrica”, argumenta o arquiteto. E explica: “as curvas de concreto lembram o papel passando

nas máquinas de impressão - numa clara alusão à matéria-prima do segmento da empresa, quebrando a rigidez dos tradicionais parques fabris”. A

opção pelo uso do concreto armado atende à intenção de obter resultados estéticos na arquitetura. “Moldado in loco, resgata a força e a maleabilidade

desse material tão importante na construção civil, abrindo mão dos já comuns revestimentos metálicos”, alega. A indústria, com 5.052m2 de área

construída, está implantada num terreno de 70.542,53m2 às margens da BR 290.

Page 50: Revista ÁREA - Arquitetura e Design de Santa Catarina

50 | ÁREA

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Brasil também faz design em

MilãoAntes dos Campanas existiram Tenreiro, Rodrigues, Zalsuzpin, Graz e Scapinelli

Por Fah Maioli

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Page 51: Revista ÁREA - Arquitetura e Design de Santa Catarina

ÁREA | 51

Foi emocionante verificar a acolhida do público presente em

Milão aos mestres e novos talentos brasileiros do mobiliá-

rio nesta edição do FuoriSalone. Duas grandes exposições,

localizadas em duas áreas nobres de Milão, como a Piazza

dei Mercanti (Duomo) e o Spazio Miticoro (Porta Romana)

trataram de design 100% brasileiro.

A primeira, realizada no Spazio Miticoro, chamava-se

Brazilian Modern, curada por Monika Unger e Cinzia Fer-

rara, e dedicada a criatividade vivas, a expressividade e a

habilidade dos mestres modernistas brasileiros do período

entre 1950 e 1970, como Sérgio Rodrigues, ícone do design

de mobiliário brasileiro, inspirador e convidado especial do

evento. Incluía, também, obras do pioneiro Joaquim Tenreiro

e Scapinelli, entre muitos outros, até hoje desconhecidos.

Esta exposição foi um testemunho raro de um momen-

to histórico em que o Brasil produziu um extraordinário,

e, às vezes, extravagante, legado de peças de mobiliário

como uma resposta à abordagem rigorosa da Europa para

o design. Um tempo onde as habilidades de marcenaria, as

capacidades criativas e o espírito original dos arquitetos e

designers brasileiros enfrentavam, no Brasil, o imprevisível

humor do pós-guerra. Novas visões políticas e artísticas es-

tiveram na base de um único movimento criativo que produ-

ziu um estilo distinto: inspirado por suas raízes europeias,

integrou preciosos materiais locais, como Jacarandá, e uti-

lizou os recursos de artesãos locais. A exposição destaca a

“modernidade” tropical, dirigindo-se a nova elite cultural e

intelectual de um país dinâmico e emergente. Um movimen-

to onde numerosas contribuições à arquitetura e ao design

foram inspiradas pelo movimento moderno, que propôs

inovadores modelos arquitetônicos e de viver por mestres

como Oscar Niemeyer e Lúcio Costa. Esta nova abordagem

do espaço era necessária em um tipo totalmente novo de

mobiliário, em conformidade com a sociedade em rápida

mutação; um novo conceito de “bem-estar” e de “modo de

vida contemporâneo” no Brasil.

Os curadores, Cinzia Ferrara, arquiteta e lighting de-

signer, e Monika Unger, arquiteta e especialista em mobiliário modernista,

possuem uma grande paixão pelo design de mobiliário brasileiro e o desejo

de partilhar com o vasto público do “Fuori Salone” esta página única do nosso

design que apenas um grupo muito pequeno de especialistas e conhecedores

são hoje familiares. Com o objetivo, cita Monika, de mostrar a importância

universal e a visão do modernismo brasileiro através do trabalho de pioneiros

como Tenreiro, Rodrigues e Scapinelli.

A segunda, realizada no Palazzo Affari ai Giureconsulti, ao lado da Duomo,

chamada Rio+Design mostrou 150 obras assinadas por mais de 30 designers

cariocas, de Sérgio Rodrigues a Ricardo Graham Ferreira. Patrocinada pelo

Governo do Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico,

Energia, Indústria e Serviços - Sedeis -, o Sebrae/RJ, a Promos e a Câmara

Italiana, ao lado de outros parceiros, e com a curadoria de Ricardo Leite e

Cláudio Magalhães, o setor mobiliário foi representado na mostra por obras

como a sinuosa mesa Gaijin, de Bruno Novo; o banco componível Deck criado

pela Habto Design; e o banco Trovador, de Ricardo Graham Ferreira, produzido

com madeira certificada e construído com técnicas artesanais aprendidas na

sua formação com ebanistas franceses e italianos.

Jacarandá and Cane Chairs, c.a. 1960, designer Joaquim Tenreiro.

Page 52: Revista ÁREA - Arquitetura e Design de Santa Catarina

52 | ÁREA

DESIG

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Jacarandá and Glass Cabinet, c.a 1960,

designer desconhecido.

Cadeira BS41, de Cadeira

BS41, de Bernardo Senna;

cadeira Tupi, de Leonardo

Lattavo e Pedro Moog; e

poltrona Theo, de Fernando

Jaeger.

Smarthydro, design de

Guto Indio da Costa

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Page 53: Revista ÁREA - Arquitetura e Design de Santa Catarina

ÁREA | 53

Banco Trovador, de Ricardo Graham; e a poltrona

Kilin, de Sergio Rodrigues. Na Rio+Design,

projetos de duas gerações do design carioca.

Bicicleta Chico, projeto

da Fibra Design; Cadeira

Maneric, design de Claudia

Kaiat para Hok Design.

Penboo, da Tatil Design

Polltrona Theo, de Fernando Jaeger.

Távola Gaijin, de Bruno Novo

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Page 54: Revista ÁREA - Arquitetura e Design de Santa Catarina

54 | ÁREA

Materiais nobresA Siemens oferece ao mer-

cado uma edição limitada

na nova linha DELTA Mondo

de interruptores e tomadas,

produzidos com materiais

nobres, como vidro tem-

perado, alumínio escovado

e madeira proveniente de

áreas de reflorestamento.

A LX Crystal é a primeira

no Brasil com aplicação de

um cristal de alto brilho,

produzido pela Crystallized

Swarovski Elements. As

cores das peças acompanham a tonalidade das placas.

Superfície sólida mineral A Brascor Countertops, de Tubarão (SC), acaba de lançar três peças

de mobiliário produzidas com superfície sólida mineral com design do

arquiteto Marcelo Rosenbaum. São cristaleira, mesa de centro e rack,

inspirados no estilo Manuelino, tido como uma variação portuguesa do

estilo gótico. O Magic Stone, composto por minerais (70%) e acrílico

(30%), foi utilizado na fabricação das peças. As medidas do rack (foto)

são 165X45X45.

Elementos da natureza A DuPont do Brasil lançou na Fei-

con 2010 a linha de superfícies

sólidas Corian Private Collection,

com produtos inspirados em ele-

mentos da natureza. Disponível no

mercado em seis cores, as peças

reproduzem os veios observados

no mármore, no granito e na ro-

cha, como a versão Clam Shell.

FOTOS: DIVULGAÇÃO

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Vidros SunGuardA Guardian está trazendo para o Brasil a série de vidros SunGuard, composta por diversos pro-

dutos para fachadas e coberturas, em variadas cores e espessuras. A linha foi desenvolvida com

uma tecnologia exclusiva que proporciona redução de até 70% do calor no ambiente, filtrando

90% dos raios ultravioletas sem deixar o local escuro. A SunGuard também traz os primeiros

vidros baixo emissivos de alta performance (low-es), que intensificam o conforto ambiental com

aparência neutra, sem provocar o chamado “efeito espelho”. O lançamento da série ocorreu em

março, na Revestir 2010, realizada em São Paulo (SP).FOTO

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Linhas contemporâneasA Flexiv e a Cinex uniram-se para desenvolver linhas de produtos voltados ao mercado

corporativo. O primeiro fruto da parceria entre os estúdios de design da indústria de mó-

veis para escritórios e da fabricante de portas de alumínio e vidro é a mesa de diretoria

ByoGraphos, lançada em abril na feira Office Solution, em São Paulo (SP). De linhas con-

temporâneas, combina vidro e alumínio e permite aplicações gráficas customizadas. A

peça possui compartimento para tomadas e entradas USB discretamente inserido entre

a credenza (móvel de apoio) e a mesa.

FOTO

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Page 55: Revista ÁREA - Arquitetura e Design de Santa Catarina

ÁREA | 55

TermotecnologiaEm maio a divisão de Termotecnologia da Bosch traz para o Brasil uma nova família de produtos: a linha de condicionadores de ar. Os cinco mo-

delos, que se destacam pela tecnologia, design e eficiência, foram lança-

dos na Feicon 2010, em abril, em São Paulo (SP). Três deles são do tipo

split, como o Hi-Wal Eco-Logic Inverter, que permite redução de até 40%

no consumo de energia.

Piso de alto desempenho Um piso de alto desempenho com a função de drenagem foi apresentado

pela PBI Plásticos e Borrachas, durante a 27ª Feira Lar & Decoração,

em abril, em São Paulo (SP). O Plastfloor tem formato alveolar vazado e

permite a permeabilidade de 90% da água que cai sobre ele. O produto

é fabricado em placas com dimensões de 49x38x4,5 cm, composto por

módulos alveolares que proporcionam maior estabilidade. Os alvéolos

podem ser preenchidos com grama ou com granilha de cores variadas.

Essa tecnologia foi desenvolvida na Alemanha e é usada há mais de 10

anos na Europa. Patenteada pela PBI Plásticos no Brasil, é uma solução

indicada para regiões com grande ocorrência de alagamentos.

Linguagens estéticas

CromoterapiaA Pretty Jet trouxe para a Casa Cor Santa Catarina os lançamentos da marca para

2010. No ambiente Varanda com Trapiche, das arquitetas Andrea Coelho e Diana

Macari, instalaram a versão Ouro da banheira Vulcan. Com 40 pontos de hidromas-

sagem, o produto apresenta um exclusivo sistema de acionamento inteligente, que

liga a banheira apenas com o nível de água adequado. Traz, ainda, cromoterapia e

cascata sincronizadas e dois travesseiros removíveis.

Uma ideia inteligenteUma ideia inteligente para as compras, mas com mil utilidades. O cesto Smarkt foi

desenvolvido pela empresa Chelles & Hayashi Design para a Pnaples e é a versão

home do grande vencedor da categoria Utensílios no 23º Prêmio Design do Museu

da Casa Brasileira. Com rodas mais macias para transitar em pisos irregulares,

como calçadas, o Smarkt também traz um saco interno de material lavável para

proteger melhor as compras. Considerando a capacidade de 30 litros, elimina a

necessidade do uso de sacolas plásticas. O produto está à venda nas lojas Amoe-

do, no Rio de Janeiro e em Niterói. Em breve deverá estar disponível na TokStok.

Depois de dois de amadurecimento e muita pesquisa, a Formus imprimiu na nova Casa Conceito, em Joinville, três linguagens estéticas que definem a marca de Tubarão e abre uma possibilidade de reflexão: NEOstalgia (memória afetiva relida), ELEMENTais (aproximação da natureza), ARQUIstrutura (expressividade escultórica da mobília). Os 600m2 de loja foram setorizados a partir dessas linguagens, para facilitar o entendimento do conceito pelo cliente. É a arquit-

etura emocional como forma de expressão. A edificação tem projeto de reforma do escritório Jobim Carl-evaro, de Florianópolis, com consul-toria da própria diretora da marca, a arquiteta Cláudia Silvestri.

Page 56: Revista ÁREA - Arquitetura e Design de Santa Catarina

56 | ÁREA

FATO

S & FE

ITOS

Uma competição pela sustentabilidade

Brasil estreia no Solar Decathlon com um projeto que pretende inaugurar uma nova ética social no desenho da arquitetura residencial

Nos últimos dois anos, 41 estudantes de Arquitetura, orientados por 19 professores e pesquisadores de

seis universidades brasileiras passaram horas debruçados sobre pranchetas para desenvolver o projeto da

Casa Solar Flex para concorrer ao Solar Decathlon Europe 2010. Dentre as milhares de propostas enviadas por

equipes do mundo todo, o protótipo da Casa Solar Flex foi um dos 20 selecionados para participar da etapa

final, em junho em Madri (ES). Esta será a estreia do Brasil na competição, criada há oito anos pelo Depar-

tamento de Energia dos Estados Unidos com o objetivo de sensibilizar estudantes, autoridades e a sociedade

sobre as vantagens e as possibilidades do uso de energias renováveis e das construções energeticamente

eficientes. O Solar Decathlon já foi realizado em 2002, 2005 e 2007, sempre em Washington, e chega agora,

pela primeira vez, ao continente europeu.

Na capital espanhola, as 20 equipes montarão suas casas na Vila Solar, para a visita do público e para

avaliação dos jurados. Como nas edições anteriores, elas ficarão lado a lado e os alunos que ajudam a montar

o projeto vão simular o dia-a-dia na residência, cozinhando, lavando roupa, utilizando computadores e acio-

nando outros equipamentos que dependem da energia filtrada pelos painéis de captação. As habitações devem

ter entre 42 a 74m2 e serão avaliadas pela melhor relação entre energia captada e energia consumida.

A equipe Consórcio Brasil é formada por estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),

da Universidade de Campinas (Unicamp), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), da Universidade

Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade

de São Paulo (USP). E conta com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

(CNPq) e com patrocínio de diversas empresas, como Eletrobrás, Petrobrás, Philips e Weiko. “Para a uni-

versidade, este concurso é positivo porque envolve pesquisadores de várias áreas e laboratórios”, afirma

o professor José Kós, do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSC. “As discussões geradas pelo projeto e

o fato de envolver alunos que sairão da instituição com outra visão de construção de residências também é

importante”, complementa.

Independente do resultado da competição, a Casa Solar Flex, que já esteve em exposição na USP no ano

passado, deverá percorrer o Brasil numa exposição itinerante ainda em 2010. “O projeto terá um caráter edu-

cativo, pela proposta ecológica e porque prevê o uso de menos cimento, concreto e tijolos do que as moradias

convencionais”, avalia. A intenção da equipe brasileira é que uma versão mais simples da casa seja depois

oferecida ao mercado, considerando a realidade local e o público-alvo dessas edificações.

Page 57: Revista ÁREA - Arquitetura e Design de Santa Catarina

ÁREA | 57

Sem revelar muitos detalhes, a equipe conta que a Casa Solar Flex

une pesquisas em tecnologias sustentáveis com a essência das

tradicionais casas brasileiras. Um espaço íntimo e protegido e ou-

tro intermediário, semiprivado, onde cada morador define como a

casa se conecta com o espaço público, podendo ser mais fechado

e introspectivo, mas também pode ser bem aberto e convidativo. A

tecnologia representa um papel significante na imagem da casa. Os

brises, automatizados por um sistema de controle de temperatura e

iluminação, dividem a fachada externa da casa com os painéis foto-

voltaicos móveis. Estes se movem ao longo da varanda e fachadas,

seguindo o movimento do sol e, com isso, permitem uma maior visi-

bilidade desde a parte sombreada da fachada. Embora a maior parte

da energia produzida seja oriunda dos painéis da cobertura, estes

painéis móveis transmitem a ideia de como a energia solar é produ-

zida. Os brises permitem controlar a iluminação e a incidência de luz

no interior da casa, ou seja, nos dias quentes eles filtram a radiação

solar sem impedir a ventilação natural no interior da casa.

A Casa Solar Flex é constituída por um núcleo técnico mínimo,

onde ocorrem a maioria das atividades dos usuários. Um módulo 3D

pré-fabricado contém as instalações mecânicas, hidráulicas e elé-

tricas, configurando, também, um espaço mais privado e protegido.

Outros dois módulos pré-fabricados, mais flexíveis, são acoplados ao

primeiro para abrigar as principais atividades diárias. Enquanto os

três módulos constituem-se como o espaço íntimo da casa, a varan-

da expande o espaço interno da casa, regulando a relação com o es-

paço exterior. Para a equipe brasileira, a Casa Solar Flex, assim como

os demais protótipos que participam da competição, tem a responsa-

bilidade de aproximar as novas tecnologias aos ciclos naturais. “Nós

desenvolvemos um sistema de automação residencial que ajuda os

visitantes a controlarem a casa e, mais do que isso, informa como

a casa se relaciona com o meio ambiente. Ele também informa aos

usuários sobre o impacto das suas decisões no consumo de energia

da casa e, também, o impacto disso nos recursos naturais. Desta

maneira, este sistema foi desenhado para facilitar as decisões dos

usuários e para promover a mudança de seus hábitos”, descrevem os

estudantes. A pesquisa do grupo por uma nova ética no desenho da

arquitetura decorreu de uma questão: “é possível integrar tecnologia

e beleza para gerar felicidade e igualdade para o ambiente da cons-

trução na sociedade global?”. Com a Casa Solar Flex eles tentarão

encontrar algumas respostas.

O projeto brasileiro

Page 58: Revista ÁREA - Arquitetura e Design de Santa Catarina

58 | ÁREA

FATO

S & FE

ITOS

Baseada no protótipo alemão que participou da última edição do Solar Deca-

thlon, a Casa Ecoeficiente está percorrendo a América Latina este ano para

apresentar as tecnologias desenvolvidas pela Alemanha no campo das ener-

gias renováveis e de eficiência energética aplicáveis no setor da construção

civil. A capital paulista foi a primeira cidade a receber a exposição, em abril

no Parque do Ibirapuera, organizada pelo governo alemão e viabilizada pela

Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo. O evento contou, também, com se-

minários e palestras sobre eficiência energética. O tour seguirá para mais 12

países.

“O mundo encontra-se diante do desafio de atender às reivindicações eco-

nômicas e materiais da população global, mas também de cuidar das questões

ambientais. A evolução dos acontecimentos tem demonstrado que economia

e meio ambiente não atuam em campos opostos, mas são dependentes entre

si”, afirma Julio Muñoz Kampff, vice-presidente da Câmara Brasil-Alemanha e

coordenador da Comissão de Sustentabilidade. A Casa Ecoeficiente teve como

base para seu desenvolvimento o projeto desenvolvido a partir das contribui-

ções da Universidade Técnica de Darmstadt (TU Darmstad) ao concurso Solar

Decathlon. Para facilitar o seu transporte e a montagem, o projeto original

teve de sofrer algumas alterações; porém, preservando os conceitos básicos

apresentados na competição.

Alemanha apresenta sua expertise

Page 59: Revista ÁREA - Arquitetura e Design de Santa Catarina

ÁREA | 59

FATO

S & FE

ITOS

SANAA leva o Nobel da ArquiteturaUma arquitetura que é, ao mesmo tempo, delicada e poderosa, precisa e fluida, engenhosa, mas sem exageros. Uma linguagem arquitetônica singular que resul-ta de um processo colaborativo único e inspirador. Assim definiu o júri do Prêmio Pritzker de Arquitetura ao anunciar os laureados da edição 2010: os arquitetos Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa, do escritório SANAA, sediado no Japão.

Além do país de origem, a dupla tem projetos na Alemanha, Espanha, In-glaterra, França, Países Baixos e Estados Unidos. Dentre os trabalhos citados pelo júri, destaque para o novo Museu de Arte Contemporânea de Nova Iorque (2007), descrito como “uma pilha de caixas escultural, dinamicamente desloca-da fora do eixo em torno de um núcleo central de aço”; para o prédio da Christian Dior, em Tóquio (2003) (foto 3); e para o da Escola de Gestão e Design Zollverein, em Essen, na Alemanha (2006). Este último, construído num local histórico de mineração de carvão, é descrito como um cubo de grandes dimensões com um arranjo incomum de aberturas e janelas de quatro diferentes tamanhos (fotos 1 e 2). Entre os projetos mais recentes do SANAA está o Centro Rolex de Apren-dizado da Escola Politécnica em Lausanne, na Suíça (2009). Os ambientes – biblioteca, restaurante, áreas de exposições e escritórios – não são separados por paredes, mas setorizados por ondulações de um piso contínuo, que sobe e desce para acomodar os diferentes usos (foto 4).

Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa, que trabalham juntos há 15 anos, re-ceberam 100 mil dólares e medalhões de bronze na cerimônia de entrega do prêmio, no dia 17 de maio, na Ilha Ellis, em Nova Iorque (EUA). Esta é a terceira vez na história do prêmio, criado em 1979, que dois arquitetos foram nomeados no mesmo ano. A primeira vez foi em 1988, quando Oscar Niemeyer e o norte-americano Gordon Bunshaft foram laureados. E a segunda em 2001, entregue para Jacques Herzog e Pierre de Meuron, parceiros de uma empresa suíça. Vale lembrar que, além de Niemeyer, outro brasileiro já conquistou o Pritzker: Paulo Mendes da Rocha, em 2006.

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Page 60: Revista ÁREA - Arquitetura e Design de Santa Catarina

60 | ÁREA

ATEL

As rendas de bilro feitas por artesãs da

Lagoa da Conceição foram levadas para a

Europa pelas telas produzidas pela artis-

ta plástica catarinense Kátia Luz Cúrcio, a

Kaká. A tradição florianopolitana foi mis-

turada a pinturas abstratas, agregando ao

trabalho um estilo contemporâneo que vem

despertando o interesse de críticos de arte. O

material compôs a mostra “Brésil -Florianó-

polis, Une Mer de l’Art”, realizada em março

deste ano no Lenoveau Carrillon, na região

de Montmartre, em Paris (FR) – a primeira

exposição internacional de Kátia, após 25

anos de profissão. E a experiência se es-

tenderá à Bélgica e a Portugal, tendo como

curadores João José Pereira, no Brasil, e Any

Collin, na Europa.

Entretanto, esta não é a primeira vez

que os europeus puderam conhecer de perto

o seu trabalho. Suas telas já estiveram no

Palácio de Buckingham, na Inglaterra, nas

comemorações do aniversário da Rainha Eli-

zabeth II, em 2007; e, também, na mostra

coletiva dos Companheiros das Américas,

ocorrida na Virgínia, nos Estados Unidos, em

2005. A exposição em Paris, com 22 qua-

dros, contou com o patrocínio do Governo do

Estado e com o apoio da Fundação Cultural

de Florianópolis Franklin Cascaes. Nascida

em Florianópolis, Kátia formou-se em Edu-

cação Artística pela Universidade do Esta-

do de Santa Catarina (Udesc), em 1988, e

desenvolveu diversas técnicas em variados

estilos. A versatilidade tem a influência de

mestres que a iniciaram na profissão, como

Ana Luísa Kaminski, Smith e a argentina Sa-

rita Sapiro.

Page 61: Revista ÁREA - Arquitetura e Design de Santa Catarina

ÁREA | 61

NA ÁR

EA

Gente nova na ÁREAUm time de peso vem reforçar a equipe da Revista ÁREA. Novos profissionais, empresas e instituições passaram a integrar a rede de colaboradores da publicação este ano. Estas parcerias têm um só objetivo: agregar ainda mais qualidade ao produto.

A regional catarinense da Associação Brasileira de Escri-tórios de Arquitetura firmou parceria com a revista para garantir a divulgação das atividades da instituição e de seus associados. A entidade, que representa algumas das mais atuantes empresas de arquitetura do Estado, também participa do Conselho Editorial da publicação.

Mestre em Management of Creative Process pela Libera Universitá di Lingue e Comunicazione (IULM) e Especialista em Trendsetting pelo Istituto Euro-peu di Design(IED), ambas em Milão, a designer será articulista da ÁREA, enviando informações atuais e sua análise crítica do que acontece no berço do design – Milão -, onde mora. Fabiana atua como pesquisadora e analista de tendências e cenários futuros para a Tea Trends, na Itália. Nos últimos quinze anos trabalhou como designer no Brasil, Estados Unidos, Peru e Ar-gentina, desenvolvendo novos materiais, produtos e parcerias comerciais voltadas para a indústria da construção civil e movelaria. Seu foco atual é a pesquisa, análise e de-senvolvimento de produtos e processos GREEN. Em seu blog publica dicas e informações relacionadas ao tema. Acesse www.designtrendsteam.blogspot.com.

Há 13 anos no mercado, a Nuovo Design é referência em design gráfico, design digital e design de produtos. Desenvolve projetos personalizados, de acordo com prioridades de seus clientes. Atra-vés da parceria de trabalho com a Revista ÁREA, a Nuovo mostra uma de suas especialidades: o design editorial. A empresa também é especializada em identidade corporativa e desenvolvimento de marcas, embalagem, sinalização, web design, desenvolvimento de sistemas, ilustração, foto-grafia e modelagem 3D. Com uma equipe experiente e especializada, focada no desenvolvimento de projetos criativos e inovadores, pesquisando tendências e fazendo aperfeiçoamento contínuo de seu conhecimento, a Nuovo Design está sempre se renovando. Para eles, a especialização contínua é o melhor meio desenvolver um trabalho de excelência. A empresa é dirigida pelos sócios Carina Scandolara, formada em Design pela UFSC e Mestranda em Gestão de Design pela mesma Universidade; e Rodrigo Mendonça, formado em Artes pela UDESC e Pós-Graduando em Gestão de Design pela UFSC.

A jornalista assume como subeditora da ÁREA. Editora e apresentadora do Programa Missão Casa (TVCOM - RBSTV) há cinco anos, Simone já colaborava com a Revista e teve papel fundamental na criação do Anuário de Arquitetura de Santa Catarina, em 2007, um produto da ÁREA. Agora a sua participação torna-se mais efetiva, atuando diretamente na definição de pautas, pesquisa e entrevistas. Simone formou-se em Jornalismo na Famecos/PUCRS em 1989 e logo depois se mudou para Florianó-polis. Na capital catarinense, especializou-se no segmento de arquitetura e decoração. Trabalhou no jornal Diário Catarinense, onde foi repórter e produtora do Caderno Casa Nova durante 15 anos; e editou o informativo do IAB-SC por seis anos. Atualmente tam-bém exerce atividade freelancer para outras publicações do segmento e assina o mailing list de diversos eventos.

Editor e crítico de arquitetura, o jornalis-ta passa a colaborar efetivamente com a ÁREA, apresentando projetos de destaque na América Latina. Vicente também já contribuía com a publicação e agora as-sume como articulista. Fundador do jornal Arquiteto e das revistas Projeto, Design & Interiores, Obra e Finestra/Brasil, Vicente já editou e organizou mais de 100 livros de arquitetura, urbanismo e tecnologia da construção. Ele acumula diversos prêmios de jornalismo, entre ele as medalhas de prata e de ouro da União Internacional de Arquitetos, como edi-tor de arquitetura. Hoje em dia, exerce as atividades de consultor editorial, promotor cultural e curador de exposições de arquitetura e urbanismo, como a “II Destaques das Bienais”. Vicente é professor honorário da Confedera-ción Latinoamericana de Escuelas y Facultades de Arquitetura (CLEFA) e do Centro de Artes y Comunicación (CAYC), na Argentina e Sócio Benemérito do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB).

A Revista ÁREA é dirigida e editada pela jornalista, que idealizou a publi-cação há quatro anos, criando a pri-meira publicação do gênero em Santa Catarina, em parceria com Eduardo Faria e Cesar Saliés, da Officio Comu-nicação. Em 2007 lançou o Anuário de

Arquitetura de Santa Catarina, produzido e editado em parceria com a jornalista Simone Bobsin – outro produto inédito no Esta-do. Formada em 1997 pela Famecos/PUCRS e Especialista em Gestão de Responsabilidade Social pela Estácio de Sá (2008), Letícia já foi repórter do jornal Correio do Povo (RS) e editora de revistas corporativas de entidades como Acomac Porto Alegre e Fecomac. Há dez anos participou da criação do AAI em Revista, a publicação oficial da Associação de Arquitetos de Interiores do Rio Grande do Sul, da qual é editora até hoje. Para esta entidade, além da revista bimestral, edita anuários de arquitetura desde 2005. Em Santa Catarina fundou a Santa Comunicação & Editora, em 2006, especializada em assessoria de comunicação e na pro-dução e edição de veículos corporativos. É, ainda, colaboradora freelancer de revistas do setor, regionais e nacionais.

AsBEA-SC

Simone Bobsin

Vicente Wissenbach

Fabiana Maioli

Letícia Wilson

Page 62: Revista ÁREA - Arquitetura e Design de Santa Catarina

62 | ÁREA

Page 63: Revista ÁREA - Arquitetura e Design de Santa Catarina

ÁREA | 63

ESTELA GIANA CISLAGHI ANA PAULA MENDES NELSON ALEXANDRINO FILHO THIAGO ALEXANDRINO ANNA MAYA

ANDERSON SCHUSSLER SIMARA CALLEGARI CRISTINA Mª DA SILVEIRA PIAZZA ANDRÉ F. C. SCHMITT DANIEL CERES RUBIO CINTIA DE QUEIROZ DÉIA GIROTTO PATRICIA MOSCHEN ANDRÉ MICHELS JULIANA COAN FÁBIO SILVA

KELLY FERRARI FRANCINE FARACO LÚCIA HORTA DE ALMEIDA CÉSAR ROCHA EMERSON DA SILVA PATRÍCIA D’ALESSANDRO BENHUR ANTONIO BASSO PEDRO A. RAMOS TOMAS ROSA BEATRIZ PEREIRA ROBERTA GHIZONI JULIANA CASTRO MARCOS JOBIM LEANDRO ROTOLO SOARES SILVANA CARLEVARO PAOLA CARLEVARO JULIANA PIPPI LILIAN PATRÍCIA DUTRA ANA LINS TALAVERA GIOVANI BONETTI

TAÍS MARCHETTI BONETTI MARIA APARECIDA CURY FIGUEIREDO MARIA LÚCIA MENDES GOBBI PAULO CEZAR GOBBI MARGARIDA MILANI ADRIANO KLEIN IARA ROSA DE LIMA LUIZ FERNANDO BIANCHINI PABLO TREJES CRISTIANE PASSING MARANGONI PATRÍCIA VOLPATO HENRIQUE PIMONT

MARIO PINHEIRO DIRLENE SERRANO RICARDO FONSECA JULIANO DARÓS AMBONI PEDRO LUIZ KESTERING MEDEIROS

ROBSON NASCIMENTO RENEE GONÇALVES ROGÉRIO CARVALHO MARÍLIA RUSCHEL CRISTINA PRATA DUDA MACHADO MARIANA PRATA ROBERTO SIMON TEREZINHA CESCO OSVALDO R. S. DE OLIVEIRA DANIELA P. GARCIA SARMENTO CHRISTIAN KRAMBECK DANIELA TOLOTTI FERNANDA SAMPAIO PEDRA BRANCA RESIDENCIAL NÁUTICOESTELA GIANA CISLAGHI ANA PAULA MENDES NELSON ALEXANDRINO FILHO THIAGO ALEXANDRINO ANNA MAYA

ANDERSON SCHUSSLER SIMARA CALLEGARI CRISTINA Mª DA SILVEIRA PIAZZA ANDRÉ F. C. SCHMITT DANIEL CERES RUBIO CINTIA DE QUEIROZ DÉIA GIROTTO PATRICIA MOSCHEN ANDRÉ MICHELS JULIANA COAN FÁBIO SILVA

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Page 64: Revista ÁREA - Arquitetura e Design de Santa Catarina

64 | ÁREA

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