revista cientifica inspirar edicao 4 supl unochapeco 2010
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Volume 2 • Número 4 • Supl. 1 • janeiro/fevereiro de 2010
movimento & saúde • REVISTAINSPIRAR
Revista Eletrônica Inspirar [recurso eletrônico] - Curitiba:R454 Centro de Estudos, Pesquisa e Extensão em Saúde,
2009-
Bimestral, v. 2, n. 4, supl. 1 jan/fev 2010-ISSN 2175-537XModo de acesso: www.inspirar.com.br
1. Saúde - Periódicos.CDD 610CDU 614
REVISTAINSPIRAR • movimento & saúdeVolume 2 • Número 4 • Supl. 1 • janeiro/fevereiro de 2010
A REVISTA
A Revista Eletrônica da Inspirar é um periódico de acesso aberto, gratuito e bimestral,destinado à divulgação arbitrada da produção científica na área de Ciências daSaúde, de autores brasileiros e de outros, contribuindo, desta forma, para o cresci-mento e desenvolvimento da produção científica.
MISSÃO
Publicação de artigos científicos que contribuam para a expansão do conhecimentoda área da saúde, baseados em princípios éticos.
OBJETIVO
Propiciar meios de socialização do conhecimento construído, tendo em vista o esti-mulo à investigação científica e ao debate acadêmico.
Volume 2 • Número 4 • Supl. 1 • janeiro/fevereiro de 2010
movimento & saúde • REVISTAINSPIRAR
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CONSELHO EDITORIAL
Prof. Dr. Alfredo Florencio Cuello - ARGProf. Alonso Romero Fuentes Filho - SC
Prof. MSc. Álvaro Luiz Perseke Wolff - PRProf. MSc. Antônio Carlos Magalhães Duarte - BA
Prof. MSc. César Antônio Luchesa – PRProf. MSc. Cynthia M. Zilli - PRProf. Denise Dias Xavier - PR
Prof. MSc. Elisiê Rossi Ribeiro Costa - PRProf. Francimar Ferrari - PE
Prof. Dr. Gustavo Alfredo Cuello - ARGProf. MSc. José Roberto Prado Junior - RJ
Prof. MSc. Manoel Luiz de Cerqueira Neto - SEProf. MSc. Marcelo Zager - SC
Prof. Dr. Marcos Antonio Tedeschi - PRProf. Maria Ayrtes Ximenes Ponte da Silveira - CE
Prof. Dra. Silvia Valderramas - BAProf. MSc. Telma Cristina Fontes Cerqueira - SE
Prof. Dra. Maria de Fátima Fernandes Vara Sípoli - PRProf. Dra. Lidiane Isabel Filippin - RS
EDITORES
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COORDENAÇÃO EDITORIAL
Prof. Dra. Denise V. Ricieri - [email protected]
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
Marcos Leandro Cachinski - [email protected]
INFORMAÇÕES PARA PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS
Todo o material a ser publicado, deve ser enviado para o seguinteendereço eletrônico, aos cuidados da Prof. Dra. Denise V. Ricieri
1
MENSAGEM DA COMISSÃO CIENTÍFICA
Caros Colegas,
É com satisfação que realizamos o IV Simpósio Sulbrasileiro em Fisioterapia e I Congresso
Brasileiro de Fisioterapia na Atenção Integral à Saúde sediado pela Universidade Comunitária da
Região de Chapecó em parceria com a Faculdade de Pato Branco e Universidade Regional do Alto
Uruguai e das Missões.
Neste processo foram aprovados 15 artigos completos e 22 resumos oriundos de pesquisas e
relatos de experiência, produções científicas com foco na saúde coletiva e atenção integral nas
disfunções do movimento humano. Agradecemos aqueles que submeteram os trabalhos a esta
comissão e, aos avaliadores de ambas as instituições. Salienta-se que neste processo a Revista
Eletrônica INSPIRAR teve um papel importante no que tange a disponibilização de um suplemento
para divulgar os trabalhos aprovados.
Esperamos que as publicações nas áreas temáticas estimulem o debate acadêmico em torno
do fazer profissional e das inovações tecnológicas que permitam aos profissionais Fisioterapeutas
intervir priorizando a atenção integral a saúde das populações.
Comissão Científica
2
COMISSÃO ORGANIZADORA DO EVENTO
PRESIDÊNCIA DA COMISSÃO
Profª Fátima Ferretti – UNOCHAPECÓ (SC)
Profª Márcia Regina da Silva – UNOCHAPECÓ (SC)
COMISSÃO DE PATROCÍNIO
Profª Indiamara de Oliveira Flores Dal Magro Silvani (SC)
Profª. Michele Cristina Minozzo dos Anjos (SC)
Profª Tahiana Cadore Lorenzet Zorzi (SC)
COMISSÃO DE DIVULGAÇÃO
Profª Franciane Barbieri Fiório (SC)
COMISSÃO DE RECEPÇÃO
Prof. Mark Andrey Mazaro (SC)
Prof. Vinícius Brandalise (SC)
COMISSÃO CIENTÍFICA
Profª Fátima Ferretti (SC)
Prof.ª Fernanda Dal Maso Camera (RS)
Profª Franciane Barbieri Fiório (SC)
Profª Janesca Mansur Guedes (RS)
Prof. Leanderson Franco de Meira (PR)
Profª Márcia Regina da Silva (SC)
Prof. Mark Andrey Mazaro (SC)
Prof. Michel Henrique Baumer (PR)
Profª Mirian Salete Wilk Wisniewski (RS)
Profª Rubia do Nascimento (SC)
Prof. Vinícius Brandalise (SC)
COMISSÃO ARTÍSTICO CULTURAL
Prof. Ana Lucia Carvalho (RS)
Profª. Adriane Pérpetuo (PR)
Profª Lilian Marin (SC)
Profª. Paula Zeni (SC)
SECRETARIA
Ariel Cristiano Martins (SC)
Douglas Gonçalves Azevedo (SC)
Daiana Rehben (SC)
Anais:
Suplemento Especial Revista Eletrônica INSPIRAR
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PALESTRANTES
André Luiz Hoffman (PR)
Dayane Montemezzo (RS)
Eduardo Gallas Leivas (PR)
Eduardo Santana de Araújo (SP)
Ênio Funchal (PR)
Fábio Navarro Cyrillo (SP)
Helenara Salvati Bertolossi Moreira (PR)
José Roberto Prado Junior (RJ)
Katia da Rocha Sonsin (SP)
Keila Cristine Silveira Cardozo Alves (SC)
Lia Mara Wibelinger (RS)
Luciana Trompowsky Ávila (SC)
Miquela Marcuzzo (SC)
Naudimar Di Pietro Simões (PR)
Nelson Shirabe (PR)
Raul Furlani (PR)
Ricardo Hoffmann (PR)
Roberto Mattar Cepeda (SP)
Vitor de Oliveira Carvalho (SP)
4
APOIADORES
UNOCHAPECÓ
URI
FADEP
INSPIRAR
INVIOLAVEL
FLORESPONTOCOM
BRANCO STORE
SPETTUS
POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA
UNICRED
UNIMED
COFFITO
CREFITO
SICOOB
5
PROGRAMAÇÃO CIENTÍFICA
TEMAS DO DIA 07 DE ABRIL DE 2010
Perspectivas da Inserção do Profissional Fisioterapeuta no Programa de Saúde da Família –
PSF - Me Roberto Mattar Cepeda (Presidente COFFITO)
Ginástica Holística no atendimento coletivo - Esp Katia da Rocha Sonsin
Realidade Virtual na atenção integral à saúde das populações - Me Fabio Navarro Cyrillo
Possibilidades e limitações da inserção do Fisioterapeuta na Saúde Pública - Me Roberto
Mattar Cepeda (Presidente COFFITO)
Prevenção de lesões X treinamento precoce - Esp Raul Rafael Furlani
O Exercício Físico e a Saúde Cardiovascular - Me Vitor Oliveira Carvalho
Microfisioterapia - Esp Ricardo Hoffmann
TEMAS DO DIA 08 DE ABRIL DE 2010
Realidade Virtual na Reabilitação - Me Fabio Navarro Cyrillo
Ginástica Holística na Terceira Idade - Esp Katia da Rocha Sonsin
Resistência Elástica Progressiva - Esp José Roberto Prado Jr
Terapia Manual - Esp Raul Rafael Furlani
Método Kabatt - Me Ênio Funchal
CIF – Abordagem em Neuropediatria - Me Eduardo Santana de Araújo
Reabilitação na Síndrome da Insuficiência Cardíaca - Me Vitor Oliveira Carvalho
Reeducação na Bola Suíça - Me Lia Mara Wibelinger
Abordagem Fisioterapêutica em Neonatologia e Pediatria - Me Dayane Montemezzo
TEMAS DO DIA 09 DE ABRIL DE 2010
Exercícios Resistidos – Prevenção e Reabilitação - Me Vitor Oliveira Carvalho
Ginástica Holística - Esp Katia da Rocha Sonsin
Suporte básico de vida para Fisioterapeutas - Me André Luiz Hofmann
Bandagem Funcional - Esp Nelson Shirabe
Drenagem Linfática Manual - Esp Miquela Marcuzzo
Pilates – Esp Luciana Trompowsky Ávila, Esp Keila Cristine Silveira Cardozo Alves
Avanços em Fisioterapia neuropediátrica nas alterações do movimento - Me Helenara Salvati
Bertolossi Moreira
Fisioterapia do trabalho: enfoque preventivo - Esp Eduardo Gallas Leivas
Fisioterapia Dermatofuncional X Fisioterapia Estética - Esp Naudimar Di Pietro Simões
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SUMÁRIO
Editorial......................................................................................................................10
Análise do Pico de Fluxo Expiratório de Mulheres com Obesidade grau III do
Serviço Municipal de Fisioterapia de Chapecó – SC..............................................11 Cássia C. Braghini, Elisângela Cristofoli, Lilian Marin
Atuação da fisioterapia sobre a capacidade funcional em uma criança portadora
de artrogripose múltipla congênita..........................................................................19 Giovany Baldissera Bordin, Sandra Prigol, Lucila Schobert
Avaliação do equilíbrio e lateralidade em crianças pré-escolares.........................24 Kélin Thomé, Jean Pierre Alonso, Karla Monego, Filipe Carnauba Fogaça, Fátima Ferretti, Rubia
do Nascimento
Concepção de saúde e qualidade de vida para idosos
institucionalizados.....................................................................................................34 Caroline Pansera, Camila Aparecida de Campos Pinto, Elisa Zanella, Kéuri Dalmoro, Victor
Bernardi, Fátima Ferretti Tombini
Desenvolvimento nas áreas de motricidade global, esquema corporal e da
organização temporal de crianças no Centro Educacional Infantil Municipal
Criança é Esperança de Chapecó – SC....................................................................42 Aline Andressa Zenatti, Ana Paula Weber, Fabio Pereira, Fátima Ferretti, Rubia do Nascimento
Efetividade de um plano de intervenção das ações de promoção da saúde na
qualidade de vida em mulheres mastectomizadas..................................................50 Aline Dupont Menegazzo, Andressa Alba, Débora Daiana Schacht, Janiel Marcos Schwerz,
Marcieli Sonda, Silvana Boza, Mark Andrey Mazaro
Efetividade de um programa de educação e promoção em saúde no período peri
gestacional de um grupo de gestantes participantes de uma entidade
filantrópica.................................................................................................................56 Mark Andrey Mazaro, Aline Galli, Aline Werlang, Aline Zuffo, Talita L. Castelli, Vanessa de
Souza, Fátima Ferretti Tombini
Estudo comparativo da reabilitação na reconstrução do ligamento cruzado
anterior, entre enxerto de tendão patelar e enxerto de tendões
flexores........................................................................................................................64 Tiago Golo, Rafael Mazuco, Marlon F. Vidmar, Carlos Rafael de Almeida, Alexandre Michelin,
Rodrigo Algarve, Gilnei Pimentel
Influência da fotobiomodulação por LED na microcirculação e edema
experimental Induzido..............................................................................................72 Vinicius Brandalise, Tádia Fernanda Lapinski, Franciane Barbieri Fiório
7
Influência do sapato de salto alto na cintura pélvica.............................................79 Mariane Bortoli, Manuela Souto, Deise Rigon, Graciele Sbruzzi, Gilnei Lopes Pimentel, Carlos
Rafael de Almeida
Percepções dos idosos sobre as intervenções coletivas realizadas num estágio de
promoção da saúde na área da fisioterapia.............................................................87 Rosane Paula Nierotka, Fátima Ferretti, Bruna Fernanda Soccol, Marieli Loeblein, Débora
Albrecht, Jéssica Röhrs, Mariádine Lílian Fanticelli
Prevalência de encurtamento dos músculos isquiotibiais em
universitários..............................................................................................................95 Douglas Gonçalves de Azevedo, Márcia Regina da Silva
Relação entre o formato do arco longitudinal medial do pé e o pico de torque dos
inversores e eversores de tornozelo em usuárias de sapatos de salto
alto.............................................................................................................................104 Caroline Artusi, Vanessa Piovesan, Marice Regina Menta, Lisiane Piazza, Gilnei Lopes Pimentel,
Carlos Rafael de Almeida
Risco de quedas em mulheres idosas......................................................................114
Fabiane Feula, Juliana Padilha de Souza, Marlon Francys Vidmar, Lia Mara Wibelinger
Toxicidade em ratos Wistar após 90 dias de exposição ao Formaldeideo e
Complucad®............................................................................................................122 Dechristian França Barbieri, Elvis Wisniewski, Miriam Salete Wilk Wisniewski, Silvana Souza
Roman, Luiz Carlos Cichota, Rogério Marcos Dallago, Simone Maffini Cerezer
Resumos
Atenção fisioterapêutica aos portadores de necessidades especiais da APAE de
Chapecó – SC: Relato da experiência em visita domiciliar.................................130 Soraia Bonissoni, Danieli Michelli Seidel, Franciane Barbieri Fiório, Rubia do Nascimento
Atividade física e qualidade de vida em pacientes submetidas à cirurgia de
mama.........................................................................................................................131 Rafaela Casagrande, Daniele Rossato
Atuação fisioterapêutica na segmentectomia pulmonar: Um estudo de
caso............................................................................................................................132 Priscila Fontana, Lilian Marin
Avaliação e intervenção fisioterapêutica no pós-operatório de neoplasia maligna
de mama em pacientes da Rede Feminina de Combate ao Câncer – Chapecó –
SC..............................................................................................................................133 Mark Andrey Mazaro, Ana Paula Bordignon, Daniela Pramio Rossetto
8
Comportamento do Duplo Produto em Intensidades Submáximas de Pacientes
Obesos do Setor Público de Chapecó-SC..............................................................134 Lílian Marin
Educação em saúde na atenção a gestantes de baixa
renda.........................................................................................................................135 Tâmara Pauletto, Marciele Rossato, Marília Meneguzzi, Gabriela Varnier, Fátima Ferretti, Carla
Stefanello Zanon.
Efeito da terapia física complexa no linfedema idiopático de membro inferior:
relato de caso............................................................................................................136 Manira Schmitz, Vinícius Brandalise
Efeitos das ações de promoção da saúde no desenvolvimento motor de pré-
escolares....................................................................................................................137 Soraia Bonissoni, Danieli Michelli Seidel, Fátima Ferretti, Rubia do Nascimento
Efeitos de um programa de alongamento e relaxamento para dependentes
químicos....................................................................................................................138 Elisa Zanella, Caroline Pansera, Camila Ap. de Campos Pinto, Márcia Regina da Silva, Fátima
Ferretti
Fisioterapia domiciliar no contexto da família.....................................................139 Camila A. de Campos Pinto, Caroline Pansera, Elisa Zanella, Fátima Ferretti
Ginástica/cinesioterapia laboral na unochapecó: um relato de experiência......140 Débora C. Albrecht, Mirian C. Assmann, Leda C. Segalin, Tamara Pauletto, Tahiana C. Lorenzet
Zorzi
Influência da pressão expiratória positiva na força muscular expiratória em
paciente com lesão medular traumática: um estudo de caso...............................141 Larissa Gasperin, Daniele Rossato
Intervenção fisioterapêutica em síndrome de Williams – relato de caso............142 Chaiane Spassin, Janaína Dalla Costa Zaions
Intervenção fisioterapêutica na bexiga neurogênica relato de caso
clínico........................................................................................................................143 Klein Taísi Pansera, Marciane Flores, Pâmela Luana Lubian, Emanuel Sebben, Vanessa Piccoli,
Caren Tais
Intervenção fisioterapêutica no carcinoma epidermoide in situ – p.o.t de enxerto
de tecido muscular...................................................................................................144 Klein Taísi Pansera, Marciane Flores, Pâmela Luana Lubian, Emanuel Sebben, Vanessa Russi
Zequiela
9
Mobilidade Torácica de Pacientes Portadores de Obesidade Mórbida do Serviço
Municipal de Fisioterapia de Chapecó- SC...........................................................145 Priscila Fontana, Lilian Marin, Indiamara Dal Magro
Percepção de mulheres mastectomizadas sobre ações de autocuidado
promovidas pela fisioterapia...................................................................................146 Ana Paula Gauer, Anieli da Costa, Bárbara Zanchet, Jardel Cristiano Ecco, Larissa Dal Paz, Fátima
Ferretti Tombini, Mark Andrey Mazaro
Percepções do processo de envelhecer no ambiente rural e urbano segundo os
idosos.........................................................................................................................147 Marciele Rossato, Marília Meneguzzi, Simone Marlise Becker, Kelen Daiane Orso, Fátima Ferretti
Prevalência de quedas em idosos residentes no ambiente rural e urbano no
município de Chapecó – SC....................................................................................148 Márcia Regina da Silva, Fátima Ferretti, Bárbara Zanchet, Clarice Maria Peripolli
Resultados da fisioterapia e intervenção motora no atraso inespecífico do
desenvolvimento neuropsicomotor.........................................................................149 Lucila Schobert
Saúde na percepção de idosos residentes na zona urbana do município de
Chapecó – SC...........................................................................................................150 Emanuela Cerutti Gallo, Cristina Giaretta, Gabriela Varnier, Tamata Pauletto, Fátima Ferretti
Vivências VI - atendimento domiciliar na atenção básica de saúde: relato de
experiência................................................................................................................151 Emanuela Cerutti Gallo, Kelen Daiane Orso, Lusana Passin, Franciane Fiório, Rubia do
Nascimento
10
EDITORIAL
O conceito de saúde e a doença envolvem uma complexa interação entre os aspectos
biológicos, culturais, psicológicos, sociais, ambientais e históricos da condição humana e de
atribuição de significados que cada um estabelece para a fase que está. Considerando estes fatores,
saúde e doença, passam a expressar uma relação que perpassa o corpo individual e social
confrontando percepções, vivências e os conflitos do exercício de viver a vida neste corpo. A nós
cabe-nos algumas perguntas: Qual nosso papel enquanto profissionais da área da saúde na atenção
integral a saúde das populações? Como reagir aos desafios que o contexto impõe, considerando a
dinamicidade dos problemas de saúde da população?
Refletir é importante e, a partir deste exercício algumas luzes e, possibilidades despontam no
sentido de inserir a área da Fisioterapia com mais efetividade nas ações de saúde coletiva. Talvez
um destes esteja concentrado na necessidade de mantermos o exercício constante de analisar,
questionar e de sugerir novos rumos a seguir. Desta forma, a relação de cada curso de graduação
com a sociedade no qual está inserido, é elemento fundamental, visto que, os temas ali estudados e
desenvolvidos estão voltados para a realidade da região e, desta forma o ato de pesquisar, configura-
se como um constante exercício de construção e reconstrução de conhecimento, que deve, voltar-se
para a interdisciplinaridade e a busca da integração do Fisioterapeuta em um novo paradigma
científico, voltado para a construção de uma sociedade mais solidária, fundamentada em novas
práticas e na construção de uma Ciência que, tendo em mente as conseqüências da sua ação,
produza um conhecimento que possa favorecer a coletividade.
Ao fomentarmos esse processo de produção de conhecimento, preocupados em construir e
sistematizar conceitos elaborados sob uma ótica dinâmica, de construir e reconstruir, subsidiados
em pesquisas, superar-se-á a lógica de aplicar técnicas repetitivas, que rapidamente tornam-se
ultrapassadas e insuficientes e, passaremos a assumir um fazer mais focado nos problemas
vivenciados pela população, que não são estáticos e alteram-se de acordo com as mudanças sociais
e as relações estabelecidas entre os homens.
Neste contexto social atual, marcado por inúmeras e rápidas transformações, seja no âmbito
do conhecimento, seja no âmbito das necessidades advindas dos processos produtivos, do
reordenamento das estratégias de mercado e das conseqüências que este impõe à população, torna-
se urgente buscar novas alternativas para garantir uma atenção integral à saúde e, desta forma a área
da saúde tem dialogado e se defrontado com novas demandas. Esse processo de transformação
também atinge a fisioterapia, com uma necessidade de competências e habilidades diversas
daquelas com as quais a profissão se consolidou, conseqüentemente, exigindo a formação de um
fisioterapeuta com perfil para se inserir nas equipes de saúde multiprofissionais e interdisciplinares,
com extrema produtividade na promoção da saúde baseado na convicção científica, contribuindo
para a manutenção da saúde, bem estar e qualidade de vida das pessoas, famílias e comunidade,
considerando suas circunstâncias éticas, políticas, sociais, econômicas, ambientais e biológicas.
Para tanto o “como” fazer perpassa pela responsabilidade e ação de todos os profissionais
fisioterapeutas, pesquisadores e docentes da área, pois, o reconhecimento da profissão enquanto
necessária nas ações coletivas dar-se-á, possivelmente, por intervenções que prevejam o
desenvolvimento de novas formas de conscientizar os demais profissionais da área da saúde sobre o
papel do fisioterapeuta na equipe; fortalecer os trabalhos interdisciplinares baseados em pesquisa;
ampliar o exercício profissional focando nas ações de promoção da saúde e prevenção de
enfermidades e estimular a divulgação dos resultados alcançados pela área por meio de eventos
científicos como estes e, revistas. Para tanto, somos os maiores responsáveis pela caminhada
necessária na área da Fisioterapia para superarmos, definitivamente, o estigma de profissional da
reabilitação.
Fátima Ferretti
11
Análise do Pico de Fluxo Expiratório de Mulheres com
Obesidade grau III do Serviço Municipal de Fisioterapia de
Chapecó – SC
Cássia C. Braghini1, Elisângela Cristofoli
1Lilian Marin
22
Resumo
Introdução: A obesidade é considerada um problema de saúde pública e sua prevalência tem
aumentado principalmente no sexo feminino. No sistema respiratório, pode alterar os volumes e
capacidades pulmonares, especialmente na obesidade grau III. Objetivos: Verificar o pico de fluxo
expiratório de mulheres com obesidade grau III do Serviço Municipal de Fisioterapia e Saúde
Funcional de Chapecó-SC. Métodos: Foram avaliadas 12 mulheres com obesidade grau III em
atendimento fisioterapêutico. Realizou-se uma avaliação contendo dados pessoais, HDP, IMC,
RCQ, sinais vitais, hábitos de vida, doenças associadas, uso de medicamentos, expansibilidade
torácica, dispnéia, padrão respiratório e PFE. Resultados: A média de idade foi 43,45 ± 6,84 anos,
IMC 46,47 ± 9,38 kg/m2, RCQ de 0,79 ± 0,4 cm
2. A média da PA das hipertensas foi 138,33/91,61
mmHg e das não hipertensas 105/80 mmHg. Duas das participantes (18,18%) eram ex-tabagistas e
nenhuma sedentária ou etilista. As doenças associadas mais observadas foram a HAS (54,54%) e
DVP (54,54%). Medicamentos anti-hipertensivos estavam sendo administrados por 54,54% e
fármacos inibidores de apetite por 18,18% delas. A expansibilidade torácica mostrou-se diminuída
em todas as participantes com média de 1,54 ± 0,68 cm na região axilar, 1,40 ± 0,83 cm na região
xifóide e 1,86 ± 0,97 cm na região abdominal. Apenas uma (9,09%) das participantes referiu
dispnéia (grau 5). A maioria (72,72%) apresentou padrão respiratório diafragmático. A variação da
melhor prova do PFE foi de 310 a 500 l/min e a média 407 ± 67,68 l/min. Apenas 3 (27,27%)
atingiram o valor estimado pelo manual do peak flow Assess®, 2 (18,18%) próximo do esperado e
54,54% valores significativamente abaixo do estimado. Conclusão: As mulheres com obesidade
grau III avaliadas apresentaram a HAS e DVP como co-morbidades associadas e valores
significativamente diminuídos de expansibilidade torácica e PFE.
Palavras-chaves: Obesidade, Pico de Fluxo Expiratório, Fisioterapia
INTRODUÇÃO
A obesidade é o excesso de tecido adiposo que resulta em prejuízos para a saúde (SILVA,
2005). O Consenso Latino Americano de Obesidade (1998), considera o indivíduo obeso quando
seu IMC (índice de massa corporal) está acima de 30 kg/m2. A obesidade grau III compreende o
IMC acima de 40 kg/m (CONSENSO LATINO AMERICANO DE OBESIDADE, 1998; GUERRA
et al., 2001)
A região Sul do Brasil é destacada por apresentar maior prevalência de obesidade, sendo que
34% dos homens e 43% das mulheres apresentam algum grau de excesso de peso (PINHEIRO,
2004; FREITAS e CORSO, 2004). No caso das mulheres, as estatísticas mostram que elas
correspondem a 12,5% das pessoas com IMC maior que 30 kg/m2
(FERNANDES, LEME,
1Fisioterapeuta, Graduada pela Universidade Comunitária da região de Chapecó – Unochapecó.
2Docente do curso de graduação de Fisioterapia da Universidade Comunitária da região de Chapecó – Unochapecó,
Fisioterapeuta, Especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória, Especialista em Acupuntura,Graduada pela
Universidade do Estado de Santa Catarina UDESC
12
YAMANDA, 2005).
As condições clínicas e cirúrgicas associadas a obesidade são as cardiovasculopatias,
doenças respiratórias, gastrointestinal, endocrinopatias, músculoesqueléticas, neoplasias,
genitourinária, entre outras. (MANCINI, HALPERN, 2003).
A obesidade grau III pode gerar uma síndrome restritiva em função do acúmulo de gordura
peritorácica e abdominal, com diminuição dos volumes pulmonares, do volume de reserva
expiratório, capacidade residual funcional, alteração da ventilação/perfusão pela hipoxemia de
repouso e de decúbito dorsal (pelo fechamento das pequenas vias aéreas). (SILVA, FLEXA,
ZANELLA, 2007).
O pico de fluxo expiratório (PFE) pode ser avaliado através do peak flow, que é um
instrumento de avaliação respiratória simples e portátil. A medida é dada em litro/minuto (l/min.)
(RAIMUNDO, 2007). Por ser um aparelho de fácil aplicação, baixo custo e de pouca investigação
sobre seu uso na avaliação respiratória de obesas, esse estudo tem como objetivo verificar o pico de
fluxo expiratório de mulheres com obesidade grau III do Serviço Municipal de Fisioterapia e Saúde
Funcional de Chapecó-sc (SMFSF).
MÉTODOS
A população de estudo foi formada por 25 obesos (5 homens e 20 mulheres) atendidos na
rede publica de saúde de Chapecó-SC, SMFSF. Nesse local, os indivíduos são atendidos duas vezes
por semana por estagiários de Fisioterapia (onde estes elaboram um plano de intervenção especifico
para cada paciente, ressaltando principalmente a cinesioterapia com exercícios cardiorrrespiratórios
de intensidades leve à moderada ).
Após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da UNOCHAPECÓ (registro 209/08) e
da assinatura da Declaração de Ciência e Concordância da Instituição foi realizada a análise dos
prontuários dos obesos em atendimento no SMFSF no primeiro semestre de 2009.
A amostra foi definida baseada nos critérios de inclusão e exclusão. Foram incluídos no
estudo os sujeitos que estavam frequentando o SMFsSF no primeiro semestre de 2009, do sexo
feminino, com obesidade moderada ou mórbida (IMC maior ou igual a 35 kg/m2) e que assinaram o
termo de consentimento livre e esclarecido baseado no Modelo proposto pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da UNOCHAPECÓ e de acordo com as orientações da Resolução 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde.
Os critérios de exclusão foram: sexo masculino, tabagismo, diagnóstico de DPOC e
alterações respiratórias das vias aéreas superiores (gripe, resfriado, congestão nasal, faringite,
laringite, amigdalite, sinusite e rinite).
Após a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido foi realizada uma avaliação
observando o padrão respiratório, o pico de fluxo expiratório, histórico de co-morbidades e
dispnéia.
Foi considerado o padrão torácico ou costal, abdominal ou diafragmático, misto e paradoxal.
A respiração torácica ou costal foi determinada quando o sujeito apresentava predomínio da
elevação do tórax sobre o abdômen. A abdominal ou diafragmática, na ocorrência de predomínio da
elevação do abdômen em relação ao tórax. A respiração mista foi considerada, quando o abdômen e
o tórax se movimentaram com a mesma amplitude. E a paradoxal, na existência de assincronismo
entre tórax e abdômen (VASSOLER, SARMENTO, 2007).
A mensuração do pico de fluxo expiratório foi realizada em posição ortostática, sendo
previamente explicada e orientada por apenas um pesquisador e considerada a melhor prova de três
(NEPPELENBROEK et al., 2005). O indivíduo foi orientado a fazer uma inspiração máxima,
acoplar a boca no bocal do aparelho e em seguida realizar uma expiração forçada e rápida
(CÁSECA, ANDRADE, BRITTO, 2006). Como valores de referência para o PFE foi utilizada a
tabela do manual do peak flow Assess® para mulheres.
A dispnéia foi avaliada através da escala visual analógica que possibilita a informação sobre
os níveis absolutos de dispnéia. É um sistema de medida simples, confiável e sensível de dispnéia,
13
conferindo maior precisão as medidas, se comparada a outras escalas 12
. (VELLOSO, COSTA,
OZEKI, 20--).
A avaliação da dispnéia foi realizada em repouso, demonstrando a participante a escala de
zero à dez (a graduação zero indica nenhuma dispnéia e conforme os valores aumentam,
consequentemente indicam maior grau de dispnéia, sendo dez o maior valor). Após a demonstração
e explicação, a paciente graduou a sua dispnéia naquele momento.
Após a coleta de dados, esses foram registrados e decodificados em uma planilha do
Microsoft Excel Versão 2000, utilizando média, desvio padrão e percentual. A Correlação de
Pearson para dados paramétricos foi utilizada para verificar a correlação entre o PFE e o IMC, com
o software SPSS versão 11.5 (CALLEGARI, 2003). Todos os resultados foram armazenados em
arquivo de computador, em folha de papel impresso, representados sob a forma de gráficos e
tabelas, correlacionados e discutidos com a literatura.
RESULTADOS
Foram avaliadas 11 mulheres com obesidade grau III, com média de idade de 43,45 ± 6,84
anos e de IMC 46,47 ± 9,38 kg/m2.
Observou-se que 54% das mulheres avaliadas apresentavam Hipertensão arterial sistêmica
(HAS) e a mesma porcentagem de Doença vascular periférica (DVP) como co-morbidades. Apenas
duas participantes, ou seja, 18,18% não apresentaram co-morbidades associadas à obesidade.
Os valores do padrão respiratório estão demonstrados no gráfico 1.
Gráfico 1: Padrão Respiratório
Aproximadamente 72% das mulheres apresentaram padrão respiratório diafragmático ou
abdominal, 18,18% misto, 9,09% paradoxal e o padrão torácico ou costal não foi visualizado em
nenhuma participante.
O grau de dispnéia de 10 participantes ao repouso foi graduada em zero e apenas uma
pessoa graduou em 5 pontos. É importante ressaltar que a participante que relatou dispnéia possui
diagnóstico médico e faz tratamento para asma brônquica.
Os valores de altura, idade, IMC e melhor prova de PFE estão expressos na tabela 1.
Tabela 1: Idade, altura, IMC e melhor prova de PFE
Participante Idade Altura IMC Melhor prova de
PFE
1 50 anos 1,55 m 42,52 kg/m2 340 l/min
2 52 anos 1,55 m 43,31 kg/m2 370 l/min
3 39 anos 1,48 m 45,86 kg/m2 330 l/min
4 44 anos 1,56 m 52,51 kg/m2 370 l/min
5 34 anos 1,63 m 41,13 kg/m2 450 l/min
18,18%
0%
72,72%
9,09% misto
torácico
diafragmático
paradoxal
14
6 36 anos 1,56 m 72,96 kg/m2 310 l/min
7 42 anos 1,63 m 41,49 kg/m2 410 l/min
8 35 anos 1,67 m 41,02 kg/m2 490 l/min
9 51 anos 1,65 m 41,47 kg/m2 430 l/min
10 51 anos 1,50 m 44,22 kg/m2 500 l/min
11 44 anos 1,62 m 44,77 kg/m2 480 l/min
Média 43,45 anos 1,58 m 46,47 kg/m2 407 ± 67,68 l/min
Pode-se visualizar que a variação da melhor prova do PFE das mulheres avaliadas foi entre
310 e 500 l/min. Das 11 participantes apenas 3 (participantes número 8,10 e 11), ou seja, 27,27%
atingiram o valor estimado pelo manual do aparelho, no entanto duas tiveram valores próximos aos
estabelecidos pelo mesmo (participantes 5 e 9). Contudo, 6 participantes (54,54%) obtiveram
valores do PFE bem abaixo do estimado. É importante ressaltar que observando a tabela de
referência do manual do peak flow Assess® não existem valores específicos para cada idade e
altura, dessa forma, tiveram de ser considerados os valores aproximados. Sendo assim, os valores
apresentados podem não ser tão fidedignos.
A média da melhor prova do PFE das 11 participantes foi de 407 ± 67,68 l/min.
Quanto aos IMC, o da participante 10 foi de 44,22 kg/m2 e da participante 6 foi 72,96 kg/m
2,
analisando esses dados isoladamente, pode-se sugerir que o IMC interfere negativamente no PFE. A
Correlação de Pearson, analisando o IMC e o PFE (p = 0,078), obteve o seguinte valor de r (-0,55).
Tabela 2: Correlação entre IMC e PFE
IMC PFE Correlação*
46.5 ± 9.4 407.3 ± 67.7 -0.55
* Correlação de Pearson.
DISCUSSÃO
A média de idade das mulheres avaliadas por esse estudo foi de 43,45 ± 6,84 anos
corroborando com outros estudos que verificaram que as mulheres entre 40 e 59 anos representam
64% das obesas 5
e que as que estavam entre os 20 e 49 anos, apenas 2% estavam com peso abaixo
do normal 14
. Um estudo com 6 mulheres com obesidade grau III, a média de idade foi 42 anos e a
do IMC foi 43,64 ± 1,76 (TREVIZOLLI, 2006).
A média de IMC encontrada nessa análise foi de 46,47 ± 9,38 kg/m2. Freitas, Haddad e
Velásquez-Meléndez (2009), observaram valores maiores de IMC em mulheres quando comparados
a homens. Em outro estudo de Brito, Lopes e Araújo (2001), a média de IMC nas mulheres foi de
40,4 ± 6,4 kg/m2. Outros pesquisadores averiguaram que 15,1% das mulheres estavam com
obesidade, enquanto que apenas 8,4% dos homens 18
.(OLIVEIRA, et al., 2009).
Em relação as co-morbidades associadas, os dados encontrados nessa pesquisa são
semelhantes aos da literatura que relatam frequência de 50% de HAS em obesos mórbidos e 52,5%
de hipertensão arterial sistólica e 58,9% de hipertensão arterial diastólica em obesos (OLIVEIRA,
2002; PORTO et al., 2002). A obesidade também foi considerada fator de risco para trombose
venosa profunda em 5,8% (CAIAFA, BASTO, 2002). Os autores Mancini e Halpern (2003)
destacam que, o risco de desenvolver complicações e morbi-mortalidade em indivíduos com
obesidade grau II é de moderado a alto, já para a obesidade grau III é altíssimo.
Foi verificado que a maioria das mulheres analisadas possuía padrão diafragmático ou
abdominal. Na literatura não foram encontrados registros sobre o padrão respiratório de obesos, no
entanto, há a constatação de que a obesidade reduz a força muscular respiratória e que o depósito de
gordura abdominal afeta a dinâmica diafragmática (CASTELLO et al. 2007). Com base em tais
afirmações, esperar-se-ia que o padrão respiratório dos indivíduos obesos, não fosse o
diafragmático, contrariando os achados desta pesquisa, que encontrou predominância deste padrão.
15
Vale ressaltar que as participantes realizavam fisioterapia semanalmente, com reeducação
respiratória e treino da respiração diafragmática, o que pode configurar uma possível explicação
para tal resultado.
A dispnéia é um sintoma freqüente em obesos grau II e III (TEIXEIRA et al., 2007). Esse
sintoma, em indivíduos obesos, pode ser justificado, em partes, pelo aumento do drive respiratório e
pela redução nos volumes pulmonares estáticos (EL GAMA et al., 2005). Um estudo com 33
mulheres com obesidade grau II e III em pré operatório de gastroplastia redutora observou que
78,7% queixavam-se de dispnéia aos médios esforços (CARDODO, 2005). Os dados encontrados
pela presente pesquisa não condizem com a literatura, talvez pela amostra ser pequena e por ter sido
avaliada em repouso.
A média da melhor prova do PFE das 11 participantes foi de 407 ± 67,68 l/min. No estudo
de Paes et al. (2009), que coletaram o PFE de 123 mulheres, a média encontrada para a faixa etária
dos 41 aos 50 anos, com altura média de 176 cm ± 0,1 e peso 81,7 ± 12,3 foi de 536,8 ± 49,7 l/min.
Para mulheres entre 20 e 85 anos e altura entre 137 a 181 cm foram encontrados média de PFE de
396 ± 64 l/min (RODRIGUES, SATO, PEREITA, 2006). A literatura também apresenta, que o PFE
decresce constantemente dos 40 aos 80 anos em mulheres e a medida que a idade aumenta, o PFE
diminui e a altura e PFE tem relação proporcional (MENEZES et al., 1995; TEYMENY et al.,
2008).
Os pacientes obesos apresentaram redução da VVM, resultando na redução dos fluxos e
volumes expiratórios, sugerindo que a principal conseqüência do aumento da massa adiposa sobre o
tórax, é a redução na complacência, fazendo com que a inspiração fique mais dificultosa e
consequentemente reduzindo os volumes e fluxos (LADOSKI, BOTELHO, ALBUQUERQUE,
2001).
Os resultados desse estudo permitiram observar que as mulheres com obesidade grau III
possuíam co-morbidades associadas e valores de PFE abaixo do esperado, sendo que apenas 3
(27,27%) atingiram o valo estimado pelo manual do aparelho.
Considerando que todas as mulheres avaliadas realizavam sessões de fisioterapia duas vezes
na semana, por aproximadamente uma hora cada, com exercícios voltados a função respiratória e ao
condicionamento cardiorrespiratório, pode-se sugerir que isso possa ter influenciado positivamente
o padrão respiratório (diafragmático) e até mesmo os valores do PFE.
A amostra foi restrita, porém de acordo com o relato subjetivo das participantes a realização
da fisioterapia contribuiu para a tolerância ao exercício, melhora da respiração e disposição física.
Mesmo que os resultados encontrados foram de restrita significância e subjetivos, a atuação da
fisioterapia em pessoas com obesidade grau III e que tenham déficits da função respiratória é
relevante. Atuando também nos grau I e II de forma preventiva e educativa.
Uma limitação do estudo foi a ausência de padronização e especificidade dos valores de
referencia para o PFE.
Sugerem-se novos estudos com uma amostra maior, relacionados ao PFE e padrão
respiratório especificamente de obesos, ressaltando a atuação fisioterapêutica não somente no pré e
pós operatório de cirurgia bariátrica.
CONCLUSÃO
Com a análise dos dados foi possível verificar que as mulheres da amostra possuíam valores
elevados de IMC. Tomando como referência a população de obesos atendida no Serviço Municipal
de Fisioterapia e Saúde Funcional de Chapecó-SC (25 sujeitos), 80% correspondiam a mulheres e
20% homens, salientando a maior prevalência da obesidade no sexo feminino.
A média do IMC das 11 participantes foi de 46,47 ± 9,38 kg/m2, a circunferência abdominal
de 111,90 ± 9,16 cm e RCQ 0,79 ± 0,04 cm2. Quanto aos hábitos de vida, nenhuma era tabagista,
etilista ou sedentária.
Concordando com os dados da literatura, a idade média da amostra foi de 43,45 ± 6,84 anos,
demonstrando assim que, no decorrer da vida, aumentam as chances das pessoas tornarem-se
16
obesas.
Em relação ao PFE a variação da melhor prova foi de 310 a 500 l/min, sendo que apenas 3
(27,27%) participantes atingiram o valor esperado baseado no manual do aparelho peak flow marca
Assess®. A participante com maior IMC obteve o menor valor de PFE, sugerindo que o IMC pode
influenciar negativamente o PFE.
Foi observado também que a maior parte das participantes apresentava co-morbidades
associadas, especialmente a HAS e DVP (54,54% e 54,54%) e apenas 18,18 % não possuíam co-
morbidades.
A maioria das mulheres avaliadas possuía companheiro fixo, escolaridade média de 11 anos,
do lar e da cor não-branca. E referiram que o início da obesidade se deu principalmente na infância
e após as gestações.
O antecedente pessoal mais relatado foi o parto cesáreo (45,45%), relacionando com vários
autores que observaram que a paridade é um fator de risco para a obesidade.
Os sinais vitais das participantes no momento da avaliação estavam dentro dos valores
normais (FC, Fr e Sat. O2), isso pode ser justificado pelo fato da avaliação ter sido feita ao repouso.
A maioria das mulheres estava com a PA sem alterações, fato que pode ser explicado pela o uso da
medicação anti-hipertensiva. Duas das participantes tomavam medicamentos para a obesidade
(18,18%) como a sibutramina, que é capaz de reduzir a ingestão alimentar.
Os valores da expansibilidade torácica mostraram-se abaixo do esperado, com variações de
amplitude mínimas (1,54 ± 0,68 cm na região axilar, 1,4 ± 0,83 cm na região xifóide e 1,86 ± 0,97
cm na abdominal).
Apenas uma participante referiu dispnéia ao repouso (grau 5), podendo ser atribuída ao seu
histórico de asma brônquica e as demais graduaram em zero. Quanto ao padrão respiratório o mais
evidenciado foi o diafragmático (72,72%).
Considerando que todas as mulheres avaliadas realizavam sessões de fisioterapia duas vezes
na semana, por aproximadamente uma hora cada, com exercícios voltados a função respiratória e ao
condicionamento cardiorrespiratório, pode-se sugerir que isso possa ter influenciado positivamente
o padrão respiratório (diafragmático) e até mesmo os valores da expansibilidade torácica e do PFE.
De acordo com o relato subjetivo das participantes desde que iniciaram a fisioterapia,
perceberam melhoras na tolerância ao exercício, melhora da respiração e disposição física.
Melhores resultados poderiam ter sido observados se o acompanhamento fisioterapêutico tivesse
sido maior. Contudo, mesmo que os resultados encontrados foram de restrita significância e
subjetivos, a atuação da fisioterapia em pessoas com obesidade grau III e que tenham déficits da
função respiratória é relevante. Atuando também nos grau I e II de forma preventiva e educativa.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos ao Serviço Municipal de Fisioterapia e Saúde Funcional, aos seus
funcionários pelo auxílio e por nos ceder o espaço para a coleta, aos pacientes que aceitaram
submeter-se à pesquisa e a todos os colegas que de alguma forma colaboram para a realização deste
estudo.
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19
Atuação da fisioterapia sobre a capacidade funcional em uma
criança portadora de artrogripose múltipla congênita
Giovany Baldissera Bordin1, Sandra Prigol
1, Lucila Schobert
2
Resumo
Introdução: A Artrogripose Múltipla Congênita (AMC) é uma síndrome rara presente desde o
nascimento, que consiste de graves contraturas articulares não progressivas e atrofia muscular
(SACCANI, 2008; SVARTMAN, 1995; TECKLIN, 2002.). Objetivo: O objetivo do estudo é
verificar os resultados da fisioterapia sobre a capacidade funcional e o grau de independência da
criança portadora de AMC, através do teste PEDI. Ainda, observar se este mostra-se adequado para
avaliar a capacidade funcional, o grau de independência e os efeitos da fisioterapia em crianças com
AMC. Metodologia: A pesquisa do tipo relato de caso de caráter quantitativo, com delineamento
transversal e comparativo com amostra intencional contou com uma participante do sexo feminino,
4 anos de idade, tendo como critério de inclusão o diagnóstico de AMC e a aceitação do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) pelos responsáveis da criança. O tratamento ocorreu
duas vezes por semana, com duração de aproximadamente cinquenta minutos, e totalizou 15
atendimentos. Como instrumento de avaliação funcional foi utilizado o teste PEDI (Pediatric
Evaluation of Disability Inventoryo) o qual consta de três partes que avaliam as habilidades
funcionais, a assistência do cuidador e as modificações do ambiente, sendo este realizado pré e pós
intervenção fisioterapêutica. Resultados: Os resultados obtidos na pós intervenção fisioterapêutica
foram todos positivos ficando entre a faixa de 30 a 70 pontos, representando assim a normalidade
do desenvolvimento desta criança conforme sua faixa etária. Conclusão: o estudo verificou uma
melhora após intervenção fisioterapêutica na capacidade referente ao autocuidado, mobilidade e
função social da criança, o que confere a importância da fisioterapia no tratamento da AMC e
comprova a eficiência do teste PEDI para a avaliação.
Palavras-chave: Artrogripose Múltipla Congênita, Fisioterapia, Capacidade Funcional.
INTRODUÇÃO
Primeiramente descrita por Otto, no ano de 1841, como miodistrofia congênita, somente em
1923, Stern a definiu como Artrogripose Múltipla Congênita (AMC). O nome deriva do grego e
significa articulação encurvada, torta ou em gancho. É uma síndrome rara, e sua incidência é de 1 a
cada 3000 nascimentos podendo apresentar-se mais elevada nos países subdesenvolvidos do que
nos países europeus e da América do Norte (HALL, 1992 apud RATLIFFE, 2002; SACCANI,
2008).
Esta síndrome não é progressiva e é caracterizada principalmente por múltiplas contraturas
articulares que geram limitação da mobilidade, rigidez e espessamento das estruturas
periarticulares, luxação das articulações principalmente de joelho e quadril, atrofia muscular,
ausência de alguns grupos musculares, substituição dos músculos por tecido fibrogorduroso,
ausência das pregas cutâneas articulares e membros com forma cilíndrica. Os portadores de AMC
1Graduando do 7º semestre do curso de Fisioterapia da URI – Campus de Erechim
2Mestre em Ciências do Movimento Humano, professora do curso de Fisioterapia da URI – Campus
de Erechim
20
apresentam sensibilidade intacta e na maioria dos casos inteligência e longevidade normais
(SACCANI, 2008; SVARTMAN, 1995; TECKLIN, 2002.).
Segundo Bruschini (2002) aproximadamente 40% dos pacientes têm comprometimento dos
quatro membros, enquanto 20% são acometidos predominantemente nos membros inferiores e
apenas 10% são acometidos predominantemente nos membros superiores.
Para Moura (2005), a limitação do movimento articular do feto pode ocorrer por causas
maternas ou fetais. Dentre as causas fetais podemos citar anormalidades da estrutura ou função
muscular, alterações da inervação muscular e alterações do tecido conjuntivo. Já as causas
maternas incluem restrições do espaço intra-uterino, doenças sistêmicas e comprometimento
vascular da placenta.
O tratamento é precoce, iniciado logo após o nascimento, com o uso de órteses, splints e
intervenção fisioterápica, visando corrigir e evitar o desenvolvimento de deformidades e amplitude
de movimento ativa e passiva, força adequada para atingir habilidades funcionais, transição e
mobilidade e capacidade para participar em atividades em casa e na escola assim como na
comunidade. O tratamento cirúrgico é indicado quando o tratamento convencional não é mais eficaz
(RATLIFFE, 2002; SACCANI, 2008; SHEPHERD, 1995).
Desta forma, o estudo justifica-se pela raridade dessa síndrome bem como a escassez de
estudos na literatura. Ademais as grandes limitações na capacidade funcional imposta ao portador
de AMC somada a falta de acessibilidade impingida pela sociedade são fatores que geram exclusão
social.
Assim, o objetivo desse estudo é verificar os resultados da fisioterapia sobre a capacidade
funcional e o grau de independência da criança portadora de AMC, através do teste PEDI. Ainda,
observar se este mostra-se adequado para avaliar a capacidade funcional, o grau de independência e
os efeitos da fisioterapia em crianças com AMC.
MATERIAIS E MÉTODOS
A pesquisa de caráter quantitativo do tipo relato de caso, com delineamento transversal e
comparativo com amostra intencional, ocorreu no Centro de Estágios e Práticas Profissionais da
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões Campus Erechim (URICEPP) na
rua Maranhão, 560, nas dependências da Clinica Escola de Fisioterapia – URI-Campus de Erechim.
A amostra foi composta de uma voluntária do sexo feminino, com idade de 4 anos, tendo
como critério de inclusão o diagnóstico de AMC e a aceitação do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE) pelos responsáveis da criança. O tratamento ocorreu duas vezes por semana,
com duração de aproximadamente cinquenta minutos, e totalizou 15 atendimentos.
Inicialmente aplicou-se o teste PEDI aos responsáveis da criança, o qual é constituído por
três partes as quais apresentam formas diferentes de pontuação. A primeira parte avalia as
habilidades funcionais para o desempenho nas AVD´s sendo pontuado com escore de 0 (não
desempenha atividade funcional) e 1 (desempenha atividade funcional). A segunda parte informa
sobre a quantidade de assistência que é oferecida pelo cuidador no desempenho das tarefas
funcionais de autocuidado e é graduada de 0 a 5, sendo 0 dependência total do cuidador e 5 criança
completamente independente para tarefas funcionais. A terceira parte do teste disponibiliza uma
lista de diferentes tipos de modificações ambientais, utensílios, ou adaptações, que são utilizados
para potencializar o desempenho funcional da criança em cada área avaliada pelo teste. Os valores
de cada área são somados individualmente obtendo o escore bruto o qual é transformado em escore
normativo. Em cada grupo etário, um escore de magnitude entre 30 e 70 é considerado normativo
para crianças com desenvolvimento normal, caso o valor adquirido for inferior a 30 indica atraso no
desenvolvimento da criança. Caso o escore for acima de 70 sugere uma criança com
desenvolvimento significativamente superior às crianças da mesma faixa etária com
desenvolvimento normal. Em cada grupo o escore 50 corresponde ao valor médio esperado para
cada grupo. O teste foi aplicado pré e pós intervenção fisioterapêutica com o objetivo de avaliar se
houve ou não melhoras da capacidade funcional.
21
A intervenção fisioterapêutica foi realizada através de tratamento conservador com técnicas
de mobilização passiva, alongamentos, enfaixamento funcional, treino de habilidade funcional
através de atividades lúdicas e uso de dispositivos auxiliares, como extensoras de membros
inferiores e faixa abdominal, com objetivo de diminuir e prevenir contraturas articulares
melhorando a qualidade de vida e ampliando seu grau de independência nas AVD's.
RESULTADOS
O escore normativo obtido na pré intervenção fisioterapêutica referente à parte I habilidades
funcionais do teste PEDI apresentou para a área de autocuidado o valor 21,2 (+/- 4,4) pontos, o que
ilustra um desenvolvimento abaixo do normal esperado para uma criança desta faixa etária, que
conforme protocolado pelo teste PEDI deve ser pontuado entre 30 e 70 pontos para representar a
normalidade do desenvolvimento (MANCINI, 2005). Os valores adquiridos pós intervenção
atingiram 34,3 (+/-4,0) pontos o que representa um valor dentro do índice de normalidade
estabelecido pelo teste PEDI, porém abaixo do valor considerado adequado que corresponde ao
escore médio de 50 pontos.
O valor pré intervenção fisioterapêutica para a área de mobilidade foi de 48,1 (+/-3,7)
pontos o que indica normalidade e o caracteriza limítrofe em relação ao escore médio. Na
reavaliação o valor obtido de 55,8 (+/-4,8) pontos revela que a criança apresenta desenvolvimento
normal para sua faixa etária.
Obteve-se como resultado na área de função social no pré tratamento o valor de 53 (+/-3,3)
pontos, enquanto no pós tratamento tem-se um valor correspondente a 57 (+/-3,7) pontos, sendo que
ambos indicam normalidade estando dentro do escore médio. O gráfico a seguir ilustra os resultados
descritos anteriormente referentes à parte I do teste PEDI.
0
10
20
30
40
50
60
Autocuidado Mobilidade Função Social
Áreas Avaliadas
Po
ntu
ação
Pré
Pós
Gráfico 1 - Escore Normativo da Área I do Teste PEDI
A análise da parte II referente à assistência do cuidador na área de autocuidado apresentou
no pré e pós intervenção fisioterapêutica, os valores respectivos 39,8 (+/-2,5) e 43,4 (+/-2,7) pontos,
o que classifica a criança como normal. Na área de mobilidade o valor obtido 25,5 (+/-2,8) pontos
no pré tratamento indica parâmetros inferiores ao da normalidade, no entanto no pós tratamento
obteve-se nota 33,7 (+/-3,8) pontos o que a classifica dentro dos valores de referência do teste
PEDI. Os valores encontrados na aplicação do teste na área de função social são 33,5 (+/-2,4) e
44(+/-15,2) pontos no pré e pós tratamento respectivamente. O gráfico abaixo corresponde aos
valores acima citados.
22
0
10
20
30
40
50
Autocuidade Mobilidade Função Social
Áreas Avaliadas
Po
ntu
ação
Pré
Pós
Gráfico 2 – Escore Normativo da Área II do Teste PEDI
Na parte III do teste PEDI, que diz respeito às modificações do ambiente domiciliar,
segundo o responsável da criança em momento algum houve alterações no ambiente físico e nos
objetos de uso da criança.
DISCUSSÃO
Tendo como referência os valores protocolados pelo teste PEDI, após a intervenção
fisioterapêutica e a análise dos dados, constatou-se ganho clinicamente significativo em todas as
áreas avaliadas com valores entre 30 e 70 pontos. No entanto, segundo Mancini (2005), o esperado
é que as crianças brasileiras atinjam um escore médio de 50 pontos para caracterizar um
desenvolvimento significativo.
Na parte de habilidades funcionais referente à capacidade de autocuidado da criança houve
um aumento de 21,2 pontos para 34,3 pontos obtendo-se um aumento de 13,1 pontos, o que
clinicamente foi considerado bom, entretanto baseando-se no escore médio padronizado pelo teste
PEDI, de 50 pontos, esta pontuação é considerada insuficiente para proporcionar um
desenvolvimento significativo a criança.
Na área de mobilidade obteve-se um valor limítrofe ao escore médio de 48,1 pontos antes do
início tratamento, com aumento de 7,7 pontos após a intervenção somando 55,8 pontos. Com isso a
melhora além de clinicamente significativa atende aos padrões do escore médio do teste PEDI,
caracterizando um desenvolvimento adequado para essa área em relação a sua faixa etária.
O escore obtido na área função social, revelou-se satisfatório, pois além de já apresentar
valor acima de 50 pontos na pré intervenção fisioterapêutica, ainda teve um aumento de 4 pontos
com o término do tratamento.
Quanto ao aspecto autocuidado da parte II referente a assistência do cuidador a pontuação
foi de 39,8 pontos pré intervenção e 43,4 pontos pós intervenção, o que indica necessidade de uma
assistência moderada por parte do cuidador para tarefas como alimentar-se, higiene pessoal, vestir-
se entre outros.
No quesito mobilidade os valores aumentaram 7,8 pontos, indo de 25,5 pontos para 33,7
pontos, o que revela um aumento da sua independência para locomoção, facilitando a exploração do
meio, o que gera um melhor desenvolvimento neuropsicomotor mesmo sem atingir a média padrão
de 50 pontos.
Relacionado a área de função social podemos observar um aumento de 10,4 pontos entre o
período das avaliações. Essa diferença pode estar interligada ao aumento da mobilidade, pois com a
maior exploração dos ambientes sociais a criança necessita de uma maior comunicação perante a
23
sociedade.
CONCLUSÃO
Esta síndrome não progressiva é caracterizada principalmente por múltiplas contraturas
articulares que geram limitação da mobilidade e rigidez. A mesma caracteriza-se por ser
multifatorial, podendo ser causada por vários motivos incluindo fatores genéticos, ambientais e
desconhecidos. O tratamento deve ser iniciado logo após o nascimento e estender-se por toda a vida
para prevenir e evitar o agravo das contraturas e compensações, afim de retardar ao máximo a
realização de cirurgias e oferecer independência, melhora na capacidade funcional e
consequentemente melhor qualidade de vida (SACCANI, 2008; SVARTMAN, 1995; TECKLIN,
2002.).
Por ser uma síndrome rara há ausência de relatos na literatura torna trabalhoso o
desenvolvimento dos estudos sobre a AMC. Em contrapartida é um campo aberto para novas
investigações, sendo que se realizado de forma multidisciplinar e não limitado apenas à fisioterapia,
pode-se potencializar os ganhos neuropsicomotores.
Assim, o tratamento conservador objetivou avaliar o quanto a criança beneficiou-se com a
intervenção fisioterapêutica, mensurando através do teste PEDI as melhoras na área de autocuidado,
mobilidade e função social, sendo que os resultados obtidos pós tratamento foram todos
clinicamente significativos e dentro do intervalo de normalidade de magnitude entre 30 e 70 pontos,
o que confere a importância da fisioterapia no tratamento da AMC.
Ademais avaliamos o teste PEDI uma ferramenta eficaz no que se propõem. No entanto
julgamos que alguns itens da avaliação não são fidedignos, pois não caracterizam as diversas
situações clínicas, além de apresentar um erro padrão com variação elevada em alguns quesitos o
que torna discutível o resultado do teste.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRUSCHINI, S.; CASTELO FILHO, A.; ISHIDA, A.;CHUEIRI, A. G. Ortopedia pediátrica. 2.
ed. São Paulo: Atheneu, 1998. 683 p.
MANCINI, M. C. Inventário de Avaliacao Pediátrica de Incapacidade (PEDI): Manual da
Versão Brasileira Adaptada. 1. ed. Belo Horizonte: UFMG, 2005. 193 p.
MOURA, E. W.; SILVA, P. A. C. Fisioterapia: aspectos práticos e clínicos da reabilitação. São
Paulo: Artes Médicas, 2005.
RATLIFFE, K. T.; OPPIDO, T. Fisioterapia: clínica pediátrica: guia para a equipe de
fisioterapeutas. São Paulo: Santos, 2002.
SACCANI, R.; UMPIERRES, C. S.; BASEGIO, C. Artrogripose Múltipla Congênita: um relato de
caso. Revista Digital. Buenos Aires, ano 12, nº 116, jan. 2008.
SHEPHERD, R. B.; BUCKUP, H. T. Fisioterapia em pediatria. 3. ed. São Paulo: Santos, 2002.
SVARTMAN, C.; FUCS, P. M. M. B.; KERTZMAN, P. F.; KAMPE, P. A.; ROSSETI, F.
Artrogripose Múltipla Congênita: Revisão de 56 pacientes. Revista Brasileira de Ortopedia. vol.
30, p.1-2, 1995.
TECKLIN, J. S.; ALVES, A. M. B. Fisioterapia pediátrica. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.
24
Avaliação do equilíbrio e lateralidade em crianças pré-
escolares
Kélin Thomé1, Jean Pierre Alonso
1, Karla Monego
1, Filipe Carnauba Fogaça
1, Fátima Ferretti
2,
Rubia do Nascimento3.1
Resumo
O desenvolvimento motor (DM) é um processo de mudanças no nível de funcionamento de um
indivíduo, onde uma maior capacidade de controlar movimentos é adquirida ao longo do tempo. O
objetivo deste estudo foi avaliar o DM de pré-escolares nas áreas de equilíbrio e lateralidade. A
amostra foi formada por 14 crianças entre 4 anos e 5 anos e 9 meses, sendo 09 do sexo masculino e
5 do sexo feminino, do Centro Educacional Mário Quintana do município de Chapecó, SC.
Utilizou-se para tanto da Escala de Desenvolvimento Motor (EDM) proposta por Rosa Neto, cujos
testes de equilíbrio possuem ordem de apresentação crescente, partindo da idade cronológica da
criança. A idade motora baseia-se no sucesso ou no fracasso de cada tarefa. O teste de lateralidade
das mãos, olhos e pés permitem identificar se as crianças apresentam lateralidade destra, cruzada,
indefinida ou sinistra. Os resultados indicam que a média da Idade Cronológica (IC) e da Idade
Motora (IM) das crianças com 4 anos ficou em 56,4 e 60,0 meses, enquanto que as crianças com 5
anos a média ficou em 64,7 e 65,3 meses respectivamente. A média dos quocientes motores das
crianças com 4 anos ficou acima da média das crianças de 5 anos. A média da IC, IM e Quociente
Motor (QM) das 14 crianças do estudo ficou em 61,7, 63,4 e 102,9 meses respectivamente, sendo
que 42,8% das crianças obtiveram o QM identificado como Normal Médio e, deste percentual,
35,65% estão entre as crianças com 5 anos de idade. Com relação à lateralidade, a condição destra
foi a mais incidente, representada por 7 crianças (50%), enquanto que nenhuma criança apresentou
a condição sinistro completo. Neste contexto, destaca-se a importância deste instrumento de
avaliação do desenvolvimento de pré-escolares, para planejar intervenções com finalidade de
descobrir as reais necessidades das crianças em fase pré-escolar.
Palavras-chave: desenvolvimento motor, avaliação motora, pré-escolares.
INTRODUÇÃO
O desenvolvimento motor (DM) é considerado como um processo seqüencial, contínuo e
relacionado à idade cronológica, pelo qual o ser humano adquire uma enorme quantidade de
habilidades motoras, as quais progridem de movimentos simples e desorganizados para a execução
de habilidades motoras altamente organizadas e complexas (WILLRICH et alli, 2008).
A atividade motora é de suma importância no desenvolvimento global da criança. Através da
exploração motriz, ela desenvolve a consciência de si mesma e do mundo exterior. Um bom
controle motor permite a criança explorar o mundo exterior, justificando as experiências concretas
sobre as quais se constroem as noções básicas para o seu desenvolvimento. As possibilidades
motoras da criança evoluem amplamente de acordo com sua idade e chegam a ser cada vez mais
variadas, completas e complexas (AMATRUDA et al., 1999).
1Acadêmicos do curso de graduação em Fisioterapia da UNOCHAPECÓ.
2 Docente do curso de graduação em Fisioterapia da Unochapecó, Doutoranda em Saúde Coletiva pela UNIFESP,
Mestre em Educação na Ciências pela Unijuí. 3 Docente do curso de graduação em Fisioterapia da Unochapecó, Mestre em Ciências da Saúde Humana
25
No DM há uma variabilidade individual entre as crianças e idades diferentes, bem como
entre crianças de uma mesma idade, entretanto existem características particulares que permitem
uma avaliação grosseira do nível e da qualidade do desenvolvimento. Com base nisso podemos
comparar o desenvolvimento de determinado lactente ou de determinada criança com aquele de
outras crianças da mesma idade ou em relação a certos critérios (MONDADORI, 2006).
Na infância o desenvolvimento motor se caracteriza por ampla aquisição de habilidades
motoras, que possibilita a criança a ter um domínio do seu corpo em diferentes posturas, se
locomover no ambiente de várias formas e também interagir com objetos de várias formas
(SANTOS et al, 2004).
A idade pré-escolar é uma fase de aquisição e aperfeiçoamento das habilidades motoras,
formas de movimento e primeiras combinações de movimento, que possibilitam a criança dominar
seu corpo em diferentes posturas (estáticas e dinâmicas) e locomover-se pelo meio ambiente de
variadas formas (andar, correr, saltar, etc.). A base para habilidades motoras globais e finas é
estabelecida neste período, sendo que as crianças aumentam consideravelmente seu repertório
motor e adquirem os modelos de coordenação do movimento essenciais para posteriores
performances habilidosas (CAETANO et alli, 2005).
A aquisição de novas habilidades, conforme Biscegli (2007), relaciona-se à faixa etária e às
interações vividas com os outros indivíduos do seu grupo. A avaliação do desenvolvimento é,
portanto um processo individualizado, dinâmico e compartilhado com cada criança.
Segundo Gallahue et al. (2003), tais habilidades podem ser classificadas de acordo com sua
intenção nas quais todas as tarefas motoras envolvam o elemento equilíbrio. “Equilíbrio” é a
habilidade de um individuo manter a postura de seu corpo inalterada, mesmo quando este é
colocado em várias posições. O equilíbrio é básico para todo movimento e é influenciado por
estímulos visuais, táteis, cinéticos e vestibulares.
Segundo Rosa Neto (2002), o equilíbrio é a base primordial de toda ação diferenciada dos
segmentos corporais. Quanto mais defeituoso é o movimento, mais energia consome; tal gasto
energético poderia ser canalizado para outros trabalhos neuromusculares.
A lateralização, cujo termo vem do latim e quer dizer “lado”, tem sido tema para muitos
autores que se dedicam ao estudo da psicomotricidade, da linguagem e das dificuldades de
aprendizagem. É durante o crescimento que a lateralidade da criança se define naturalmente,
podendo, também, ser determinada por fatores sociais ainda muito marcantes nos dias de hoje em
nossa sociedade (PACHER et al., 2003).
A lateralidade constitui um processo essencial às relações entre a motricidade e a
organização intersensorial e representa a conscientização integrada e simbólica dos dois lados do
corpo, esquerdo e direito, pressupondo a noção de linha média. Dessa conscientização decorrerão as
relações de orientação frente aos objetos, às imagens e aos símbolos, razão pela qual a lateralidade
vai interferir na aprendizagem escolar de maneira decisiva (BOBBIO et alli, 2006).
A importância do presente estudo justifica-se pelo fato de que o equilíbrio e a lateralidade
estão inclusos nos fatores psicomotores do desenvolvimento da criança, sendo de fundamental
relevância a avaliação dos mesmos para identificação de possíveis atrasos no DM de cada criança.
O objetivo deste trabalho é avaliar o DM de pré-escolares, com idade entre 4 e 5 anos nas
áreas de equilíbrio e lateralidade.
MATERIAL E MÉTODO
O presente estudo é caracterizado como uma pesquisa transversal. A amostra foi formada
por 14 crianças entre 4 anos (48 meses) e 5 anos e 9 meses, 09 do sexo masculino e 5 do sexo
feminino, sendo 5 crianças com 4 anos e 9 crianças com 5 anos, do Centro Educacional Mário
Quintana do município de Chapecó, SC. Para a avaliação do equilíbrio e da lateralidade das
crianças, utilizou-se a Escala de Desenvolvimento Motor (EDM) proposta por Rosa Neto (2002).
A EDM proposta por Rosa Neto (2002) e objeto deste estudo, foi estruturada com base no
DM de crianças de 2 a 11 anos. Para tanto, cada teste possui graus de dificuldade distintos entre si e
26
que são apresentados em ordem de aumento progressivo, sendo a tarefa de 2 anos a mais simples e a
tarefa de 11 anos a mais complexa. Estes conjuntos de tarefas e/ou provas são muito diversificados
e têm o propósito de avaliar crianças com dificuldades na aprendizagem escolar, atrasos no
desenvolvimento neuropsicomotor, problemas de conduta, na fala, na escrita e em cálculo, e
alterações neurológicas, mentais e sensoriais. Esta escala é de fácil manejo para o examinador, já
que as provas são extremamente estimulantes para a criança e permitem avaliar a Idade Motora
(IM) e o quociente motor (QM) de cada criança, bem como a idade motora geral e o quociente
motor geral de um grupo de crianças.
Para dar início a coleta de dados, entrou-se em contato com a diretora do Centro
Educacional Mário Quintana no município de Chapecó-SC, para apresentar os procedimentos da
pesquisa e solicitar autorização. Posteriormente, foram agendados com as educadoras das crianças
os dias e horários para o início das avaliações. Em seguida foram entregues os Termos de
Consentimento Livre e Esclarecido às educadoras com o propósito das mesmas repassarem aos pais
das crianças.
As crianças cujos pais assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
participaram do estudo. Os termos seguiram a Regulamentação 196/96 do Conselho Nacional de
saúde.
A avaliação de cada criança realizou-se em uma sala de aula do Centro Educacional. Após,
explicava-se para cada criança o que seria feito para orientá-la e satisfazer sua curiosidade. Em
seguida, registravam-se os dados de identificação (nome, idade, sexo) e dava-se seqüência a
avaliação motora.
Para a avaliação do componente equilíbrio, foi utilizado como material um banco de 15 cm
de altura e um cronômetro sexagesimal. Cada prova foi iniciada com o teste correspondente à sua
Idade Cronológica (IC). Caso sucesso fosse obtido na tarefa, o teste da idade mais avançada era
apresentado. Se a criança não conseguisse realizar a prova referente à sua IC, a prova correlativa à
idade anterior era apresentada. Em caso de reprovação, o teste para este componente era finalizado
e iniciado o teste de lateralidade. Para o componente da lateralidade, foi usado uma bola, tesoura,
cartão de 15 cm x 25 cm com um furo no centro de 0,5 cm de diâmetro, folha de ofício, caneta e um
tubo de cartão. A seqüência do teste partiu da lateralidade das mãos, em seguida dos olhos e depois
dos pés.
Segue uma breve descrição dos testes por componente da motricidade:
Equilíbrio: equilíbrio com ambos os pés sobre um banco (2 anos), equilíbrio com um joelho no
chão e a outra perna flexionada à frente (3 anos), equilíbrio com o tronco flexionado (4 anos),
equilíbrio nas pontas dos pés com os olhos abertos (5 anos), equilíbrio com pé manco estático com
olhos abertos (6 anos), equilíbrio de cócoras (7 anos), equilíbrio com o tronco flexionado sobre as
pontas dos pés (8 anos), equilíbrio em um pé fazendo um quatro (9 anos), equilíbrio nas pontas dos
pés com os olhos fechados (10 anos), equilíbrio com pé manco estático com olhos fechados (11
anos). Somente a prova de 3 anos não foi realizada em cima do banco.
Lateralidade: lateralidade das mãos (3 provas – lançar uma bola, utilizar um objeto e
escrever, pintar ou desenhar), lateralidade dos olhos (2 provas – cartão furado e telescópio: sustentar
o cartão e o telescópio pelo braço estendido e aproximá-los lentamente do rosto em direção a um
dos olhos), lateralidade dos pés (1 prova – chutar uma bola: segurar a bola com umas das mãos,
depois soltá-la e chutá-la sem deixá-la tocar no chão).
O tempo em que às crianças deveriam permanecer em cada postura e o número permitido de
tentativas variou de teste para teste, seguindo o protocolo proposto por Rosa Neto.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados em termos de média da Idade Cronológica (IC) e Idade Motora (IM), para o
componente de equilíbrio, expressos em meses, são encontrados na figura 1.
27
52
54
56
58
60
62
64
66
4 anos 5 anos
IDADE CRONOLÓGICA
IDAD
E M
OTO
RA
Figura 1. Médias da Idade Cronológica e Idade Motora expressas em meses das crianças com 4 e 5
anos.
Os resultados apresentados na figura 1 para o componente de equilíbrio indicam que com o
aumento da IC da amostra ocorre um aumento da IM, demonstrando que as crianças do estudo com
IC maior foram capazes de desenvolver habilidades motoras mais significativas.
Em termos de média, observa-se que as crianças avaliadas estão se desenvolvendo dentro da
normalidade, pois o escore obtido em relação à IM do componente equilíbrio das crianças com 4
anos ficou em 60,0 meses, sendo 56,4 meses o escore da IC; e das crianças com 5 anos a média da
IM ficou em 65,3 meses e a IC em 64,7 meses. Gallahue e Ozmun (2002) destacam que as crianças
nesta idade (4 - 5 anos) devem receber estímulos no sentido de desenvolver ao máximo suas
habilidades básicas. Crippa (2003) refere que a infância é um período com necessidade de
socialização. Propõe ainda que não só o ambiente externo é importante para o desenvolvimento da
criança, mas principalmente o ambiente interno (família), pois é nele que se adquire estrutura
suficiente para outros ambientes.
De acordo com Caetano et alli (2005), com o avanço da idade, as proporções corporais
mudam, requerendo reorganização de todo o sistema, influenciando o desenvolvimento das
habilidades motoras e do comportamento motor. Além dos fatores de crescimento e maturação, a
experiência também contribui no processo de desenvolvimento.
Os testes de equilíbrio apresentados na Escala de Desenvolvimento Motor requerem
movimentos do corpo e/ou dos membros para atingir as metas da tarefa. Essa característica indica
que estamos nos referindo a um determinado grau de dificuldade na execução dos testes propostos.
Neste contexto, destaca-se que as crianças conseguiram atingir uma média da IM maior que a média
da IC, apesar do grau de dificuldade dos testes propostos.
Na tabela 1, apresentada a seguir, demonstram-se os resultados em termos de média da IC,
IM e Quociente Motor (QM), além dos valores mínimos e máximos, do grupo das 14 crianças da
amostra.
Tabela 1 – Média, Mínima e Máxima da IC, IM e QM das crianças do estudo.
Média Mínimo Máximo
Idade Cronológica em meses 61,7 54 69
Idades Motoras
Equilíbrio 63,4 48 108
Quocientes Motores
Equilíbrio 102,9 69,5 163,6
Observando os resultados apresentados para o componente equilíbrio, referente às 14
crianças do grupo, verifica-se que a média da IM (63,4 meses) ficou 1,7 meses acima da média da
IC (61,7), permitindo destacar, em termos de média, um desempenho dentro da normalidade quanto
28
ao equilíbrio das crianças.
Rosa Neto (2002) quando realizou sua pesquisa com pré-escolares de 4 e 5 anos de idade
verificou que, somente em relação ao equilíbrio, as crianças ficaram abaixo do esperado, pois
apresentaram média de 51,75 meses para IM e média de 56,56 para a IC. Comparando os resultados
desta pesquisa com os da pesquisa de Rosa Neto, verifica-se que as crianças deste estudo
apresentaram possivelmente melhor desempenho na área de equilíbrio.
Um estudo sobre avaliação do equilíbrio em pré-escolares da mesma faixa etária desta
pesquisa que praticam atividades recreativas nas aulas de Educação Física, constatou que as
crianças também estão se desenvolvendo dentro da normalidade, já que os resultados da IC e da IM
ficaram em 57,21 e 60,0 respectivamente. Segundo Rodrigues (2000), as crianças nesta idade (4-5
anos) devem vivenciar atividades que contenham brincadeiras envolvendo aspectos ligados à
coordenação do movimento e do equilíbrio corporal. Com relação à média do QM, as crianças
apresentaram escore de 102,9; o que permite classificar o grupo no perfil motor Normal Médio.
Tanto as crianças com 4 anos como as de 5 anos, obtiveram a mesma classificação para perfil motor
(Normal Médio).
Entretanto, a média dos quocientes motores das crianças com 4 anos ficou acima da média
das crianças de 5 anos (106,7 e 100,9 respectivamente). Esta constatação pode estar relacionada ao
fato de que, por volta dos 5 e 6 anos de idade, a criança passa por instabilidades no desempenho de
tarefas do equilíbrio. Por outro lado, sabe-se da importância da quantidade e da qualidade das
experiências motoras, pois as oportunidades que a criança tem para explorar o ambiente e suas
próprias potencialidades geram experiências, que podem afetar a aquisição e o aprimoramento de
habilidades motoras (GALLAHUE et al., 2003).
Conforme Silveira et al (2005), o ritmo de aquisição de habilidades motoras nas idades de 2
a 6 anos difere de criança para criança, permitindo que o início do DM não se deva apenas à
maturação neurológica, mas também a um sistema auto-organizado que envolve a tarefa, o
ambiente e o indivíduo.
Sendo assim, sugere-se que as crianças com 5 anos podem não ter vivenciado experiências
motoras suficientes que permitissem alcançar um quociente maior que as crianças de 4 anos nos
testes de equilíbrio.
A média do QM das 14 crianças do estudo, apresentada na tabela 2 contempla o alto índice
de crianças que obtiveram o QM dentro do padrão Normal Médio, conforme a classificação.
Esta classificação sugere que há uma variabilidade manifestada pela distribuição dos
quocientes motores em relação ao nível do componente equilíbrio apresentado por cada criança.
Ao analisar os dados apresentados pela tabela 2, constata-se que o maior percentual (42,8%)
de pré-escolares encontra-se no nível de DM classificado como Normal Médio. Constata-se também
que, em se tratando das outras 8 crianças do estudo, 4 obtiveram desempenho classificado entre
Normal Baixo a Inferior e 4 entre Normal Alto a Muito Superior.
Tabela 2 - Classificação dos quocientes motores em relação ao equilíbrio das 14 crianças.
Classificação Freqüência Percentual
Muito Superior 2 14,2%
Superior 1 7,1%
Normal Alto 1 7,1%
Normal Médio 6 42,8%
Normal Baixo 2 14,2%
Inferior 2 14,2%
Muito Inferior - -
As diferenças de desenvolvimento no comportamento motor são provocadas por fatores
29
próprios do indivíduo, ambiente e da tarefa em si. Assim, um meio primário pelo qual esse processo
pode ser observado é o estudo das alterações no comportamento motor no decorrer do ciclo da vida
(GALLAHUE et al., 2003).
A exploração do ambiente e das próprias potencialidades da criança gera experiências, que
podem afetar o índice de aparecimento de certos padrões de comportamento, privilegiando mais um
componente da motricidade do que outro (CAETANO et alli, 2005).
Comparando as crianças de 4 anos com as de 5 anos, percebe-se que as primeiras
apresentam uma distribuição variável quanto à classificação do QM, enquanto as segundas
obtiveram a mesma distribuição, porém, com um alto índice do QM classificado como Normal
Médio, visto na tabela 3.
A tabela 3 apresenta os índices referentes aos quocientes motores das crianças de 4 e 5 anos.
Percebe-se nesta divisão que as duas crianças com classificação mais baixa (Inferior) estão entre as
crianças com 5 anos. Estas crianças, nos testes propostos para o componente de equilíbrio, não
conseguiram realizar a prova referente à sua IC, revelando atraso para este componente.
Tabela 3 – Classificação dos quocientes motores referentes às crianças de 4 e 5 anos em relação ao
equilíbrio.
Classificação Crianças (4 ANOS) Crianças (5 ANOS)
Muito Superior 1 1
Superior 1 -
Normal Alto - 1
Normal Médio 1 5
Normal Baixo 2 -
Inferior - 2
Muito Inferior - -
Na execução dos testes para estas duas crianças, pode-se observar possibilidade de fraqueza
muscular em membros inferiores, pois as mesmas necessitavam de um maior tempo de recuperação
entre um teste e outro ou entre uma tentativa e outra (em caso de precisar de mais de uma tentativa),
sendo que uma delas apresentava também tremores em membros inferiores, demonstrando fadiga
muscular, o que dificultou ainda mais a prova por se tratar de testes de equilíbrio.
Com o avanço da idade, as proporções corporais mudam, requerendo reorganização de todo
o sistema, influenciando o desenvolvimento das habilidades motoras e do comportamento motor
(CAETANO et alli, 2005).
Segundo Willrich (2008), o desenvolvimento motor atípico, não se vincula, obrigatoriamente
a alterações neurológicas e estruturais. Nesse sentido, crianças com desenvolvimento motor atípico,
ou que se apresentam com riscos de atrasos, merecem atenção e ações específicas, já que os
problemas de coordenação e controle do movimento poderão se prolongar até a fase adulta. Além
disso, atrasos motores freqüentemente associam-se a prejuízos secundários de ordem psicológica e
social, como baixa auto-estima, isolamento, hiperatividade, entre outros, que dificultam a
socialização de crianças e o seu desempenho escolar.
Segundo Fonseca (1998) a criança manifesta um estado dialético de hipertonia com grande
importância nas aquisições motoras, sendo que uma forte tonicidade das pernas favorece a aquisição
do equilíbrio na posição de pé, enquanto que a fraca tonicidade favorece aquisições de outra ordem.
Em relação à lateralidade dos pré-escolares (figura 2), verificou-se que a condição destra
(DDD) é a mais incidente, representada por um percentual de 50% (7 crianças) para as crianças que
realizaram os testes das mãos, dos olhos e dos pés. Um percentual de 35,7% (5 crianças) aponta
para lateralidade cruzada (DED/EDE/DDE) e 14,3% (2 crianças) para lateralidade indefinida
(DDI/EEI/EID). Por outro lado, nenhuma criança demonstrou apresentar lateralidade sinistro
30
completo (EEE).
Figura 2 – Lateralidade das crianças que realizaram o teste das mãos, dos olhos e dos pés.
Rosa Neto et alli (2007), em estudo com 31 crianças entre 6 e 13 anos de idade, encontrou
os seguintes resultados com relação à lateralidade: 51,6% dos escolares foram identificados como
“destro completo” e 38,7% das crianças apresentaram lateralidade “cruzada”. Lateralidade
“indefinida” foi identificada em 3 crianças do sexo feminino, 2 das quais com 11 anos de idade, fato
que merece atenção devido ao atraso na definição de sua lateralidade.
Os achados na pesquisa de Rosa Neto et alli (2007) confirmam os resultados desta pesquisa
onde prevaleceu a lateralidade destra, seguida da lateralidade cruzada e por último a lateralidade
indefinida. A avaliação da lateralidade das crianças desta pesquisa não aponta para nenhum caso de
sinistro completo. A literatura encontrada para discussão dos outros tipos de lateralidade explica o
resultado encontrado para lateralidade sinistra.
Segundo Oliveira (1997) a supremacia da destralidade pode ser explicada por alguns fatores
tais como: transmissão hereditária, hipótese da dominância cerebral e influência do meio
educacional. Na hereditariedade, a destralidade tem um caráter dominante; a dominância cerebral
funciona de forma cruzada isto quer dizer que no destro encontramos uma dominância do córtex
cerebral esquerdo e no canhoto uma dominância do córtex cerebral direito, existindo, portanto uma
correlação entre a preferência lateral e o domínio hemisférico com prevalência do hemisfério
esquerdo. Já a influência do meio educacional sugere que a lateralidade se dá através do
aprendizado, o qual também favorece o destro.
Pesquisas apontam que, aproximadamente, 98% da população têm dominância do
hemisfério esquerdo. Como conseqüência, são poucos os casos de sinistros ou de dominância
cerebral direita. Segundo o que a literatura científica tem mostrado, o sinistro tem, nos movimentos
habitualmente coordenados, uma função de apoio no jogo complementar de ambas. O predomínio
motor pode mudar de acordo com a atividade a ser desempenhada. O destro bem lateralizado
apresenta dominância no hemisfério esquerdo, o que parece não ser totalmente aceito para o caso
oposto (PACHER et al., 2003).
Outra hipótese para a prevalência de destros é citada por Oliveira (1997). O meio ambiente
em que vivemos foi feito pelo e para o destro, desde objetos mais simples como tesoura, régua,
cartas de baralho, algumas espécies de carteiras em sala de aula, até mesmo a escrita. Ela é realizada
da esquerda para a direita e de cima para baixo e isto favorece o destro.
De acordo com Oliveira (1997), estudos apontam que a dificuldade em aprender os
conceitos de direita e esquerda, o não conhecimento de sua dominância cerebral e o
comprometimento na leitura e na escrita são fatores para a criança apresentar lateralidade cruzada.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
DDD DED/EDE/DDE DDI/EEI/EID
Nº
de
cri
an
ça
s
31
A lateralidade cruzada indica que muitas crianças podem apresentar destralidade contrariada (um
destro usando a mão esquerda) e sinistralidade contrariada (um sinistro usando a mão direita). Do
mesmo modo, a pressão exercida sobre as crianças representada pelos pais para a destralidade,
acaba direcionando a criança a utilizar a mão direita. Isto se verifica também na escola, onde muitos
professores também tendem a dirigir a mão de seus alunos. Assim, essa criança, que tem potencial
para ser sinistro, acaba tendo lateralidade cruzada.
O baixo índice de crianças para lateralidade indefinida apresentada nos resultados contradiz
a afirmação de Crippa (2003) apud Zazzo e Rodrigues (2000). O cérebro se desenvolve no sentido
de direcionalidade e lateralidade a partir dos 6 anos quando os hemisférios esquerdo e direito
passam a ocupar-se de funções diferentes e bem-definidas e elas aprendem a usar os conceitos de
direita e esquerda, em cima e embaixo, para um lado ou para o outro. De acordo com tais autores, as
crianças abaixo de 6 anos, deveriam apresentar na sua maioria lateralidade indefinida, pois elas
ainda não tem desenvolvido o sentido de direcionalidade e lateralidade pelo cérebro. O resultado
para lateralidade indefinida nesta pesquisa, não foi maioria, apenas duas crianças (5 anos)
apresentaram lateralidade indefinida (tabela 4).
Segundo Crippa (2003) apud Le Boulch e Carilho (2002), a lateralidade normalmente
consolida-se através da prática de atividades globais e jogos. Como existe uma variabilidade
individual de criança para criança e entre idades diferentes, sugere-se que as crianças com 5 anos
que apresentaram lateralidade indefinida praticam menos atividades deste tipo, comparadas com as
outras crianças do estudo.
A tabela 4 indica a distribuição dos tipos de lateralidade em relação à idade das crianças que
participaram da pesquisa. Comparando os resultados de uma idade com a outra, percebe-se que
apenas na lateralidade indefinida há níveis de significância para análise e discussão.
Tabela 4 - Classificação dos tipos de lateralidade referente às crianças de 4 e 5 anos em relação ao
equilíbrio.
Classificação Crianças (4 ANOS) Crianças (5 ANOS)
DESTRA 3 4
CRUZADA 2 3
INDEFINIDA - 2
SINISTRA - -
Tal resultado apresentado na tabela 4 para lateralidade indefinida sugere que as duas
crianças de 5 anos ainda não desenvolveram o sentido de direcionalidade e lateralidade do cérebro
ao qual se estabelece a partir dos 6 anos (GALLAHUE et al., 2003). Da mesma maneira, seria
incorreto afirmar que todas as outras crianças já apresentam tal sentido. As próprias potencialidades
e a personalidade de cada criança parece ser a explicação mais cabível para justificar tal fato.
Esta indefinição quanto ao tipo de lateralidade ou a distribuição entre destralidade,
lateralidade cruzada, indefinida e sinistralidade nas crianças de 4 e 5 anos, mostrada na tabela 4, é
compreendida por meio da afirmação de Oliveira (1997), o qual propõe que a dominância
propriamente dita e a conseqüente definição por este ou aquele tipo de lateralidade se encontra entre
os cinco e sete anos de idade. Sendo assim, é normal haver uma distribuição da lateralidade entre as
crianças com idade inferior a 5 anos.
CONCLUSÃO
Os resultados em relação ao componente da motricidade equilíbrio, no que diz respeito às
idades motoras apresentaram-se dentro da normalidade para ambas as idades das crianças. Quanto
ao perfil motor, podê-se verificar que a grande maioria das crianças encontra-se na classificação
normal médio. Nos resultados para a lateralidade, conclui-se que, independente da idade ao qual a
32
lateralidade começa a se estabelecer e os fatores influenciadores para a definição por esta ou aquela
lateralidade, a prevalência pela destralidade foi encontrada no presente estudo.
Sobre a comparação entre as idades, percebeu-se que a aquisição de habilidades motoras
está relacionada com a quantidade e a qualidade de experiências motoras as quais cada criança,
individualmente, vivencia.
A presente avaliação pode favorecer o entendimento do processo de desenvolvimento motor das
crianças, permitindo que os profissionais envolvidos com a educação infantil consigam avaliar e
intervir neste por meio de atividades que dêem conta das necessidades dos alunos no que tange ao
desenvolvimento motor.
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33
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34
Concepção de saúde e qualidade de vida para idosos
institucionalizados
Caroline Pansera1; Camila Aparecida de Campos Pinto
1; Elisa Zanella
1; Kéuri Dalmoro
1; Victor
Bernardi1; Fátima Ferretti
2.
Resumo
Introdução: O envelhecimento populacional tem aumentado consideravelmente, não só nos países
desenvolvidos, mas também nos países em desenvolvimento. Objetivo: Analisar os significados de
saúde e qualidade de vida (vida boa para idosos) em uma Instituição de Longa Permanência (ILP)
do município de Chapecó – SC. Metodologia: A Pesquisa foi qualitativa e descritiva. Para a coleta
dos dados foram aplicados o Mini-Exame de Estado Mental (MEEM), um questionário com
perguntas abertas contendo dados pessoais e perguntas sobre o que significa saúde e qualidade de
vida (vida boa para o grupo e a análise de dados através de categorias analíticas. A amostra foi 07
idosos com idades entre 73 e 93 anos. Resultados: Quanto à concepção de saúde os idosos
estabeleceram as seguintes categorias analíticas, estar saudável é ter bem-estar físico, ter atitude de
prevenção e cuidado consigo mesmo e não ter doença e, destacaram a espiritualidade como um fator
fundamental e, no que tange a qualidade de vida as categorias estabelecidas foi ter saúde para
afirmar uma vida boa, manter os relacionamentos interpessoais e realizar atividades de lazer.
Conclusão: A partir dos resultados obtidos nesse estudo foi possível identificar que o entendimento
dos idosos institucionalizados sobre saúde e qualidade de vida está centrado num conceito focado
na necessidade de se manter autônomo e independente, para tanto considerando que estão reclusos
no ambiente institucionalizados, vivem sem sentir-se saudáveis.
Palavras Chaves: Envelhecimento, Institucionalização, Saúde do Idoso e Qualidade de Vida.
INTRODUÇÃO
O envelhecimento populacional tem aumentado consideravelmente, não só nos países
desenvolvidos, mas também nos países em desenvolvimento. No Brasil, o número de idosos com 60
anos ou mais era de 17 milhões em 2006 e estima-se que alcançará 32 milhões em 2020 (VERAS,
2007; LIMA-COSTA E VERAS, 2003; CARVALHO E GARCIA, 2005; DARVIN et al., 2004;
SOUSA et al., 2007) sendo o 6º país em número de idosos6. Além de investigar e determinar o
ritmo desta tendência populacional há também uma preocupação de estudar a qualidade do
envelhecimento, para que se projetem intervenções efetivas no processo de envelhecimento
saudável (FLECK et al, 2006)
A situação familiar do idoso no Brasil sofre os efeitos deste processo cumulativo, tanto nas
questões socioeconômicas, demográficos e de saúde ao longo dos anos e, observa-se que o tamanho
da prole, as separações, o celibato, a mortalidade, a viuvez, os recasamentos e as migrações, vão
originando, no desenvolver das décadas, tipos de arranjos familiares e domésticos, onde o morar
sozinho, com parentes ou em asilos, pode ser o resultado desses desenlaces (SOUZA, GALANTE E
FIGUEIREDO, 2003).
1Acadêmicos do Curso de Graduação em Fisioterapia da Unochapecó. Av. Senador Attílio Fontana, 591E. 89809-000
Chapecó – SC 2 Fisioterapeuta graduada pela Universidade de Cruz Alta, pós-graduada em Metodologias de ensino na área da Saúde,
pela FEEVALE, em Novo Hamburgo RS, mestre em Educação nas Ciências pela Universidade Regional do Noroeste
do Estado do Rio Grande do Sul e doutoranda pela UNIFESP, no programa de Saúde Coletiva
35
As instituições de longa permanência surgem neste contexto como uma possibilidade de
cuidado aos idosos, porém o que acontece é que o idoso institucionalizado constitui, quase sempre,
um grupo privado de seus projetos, pois se encontra afastado da família, da casa, dos amigos, das
relações nas quais sua história de vida foi construída
(FREIRE E TAVARES, 2005). Os
determinantes sócio-econômicos e afetivos desempenham um papel central na determinação da
saúde de indivíduos e população (LIMA-COSTA et al., 2003).
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), o conceito de saúde é definido como um
completo estado de bem-estar físico, mental e social e não meramente a ausência de doença10
. Neste
contexto, saúde e doença configuram processos compreendidos como um continuum, relacionados
aos aspectos econômicos, socioculturais, à experiência pessoal e estilos de vida (SEIDL E
ZANNON, 2004). Portanto, saúde é a capacidade de um indivíduo ou de um grupo de continuar
exercendo funções em seu meio físico e social, contribuindo para a sociedade e interagindo com ela
(PAPALÉO, 2005).
Já a definição de qualidade de vida (QV) está relacionada com a busca contínua de uma vida
saudável, e abrange diferentes componentes como capacidade funcional, estado emocional,
atividade intelectual, interação social, situação econômica, autoproteção de saúde (SANTOS et al.,
2002), bem-estar, felicidade, satisfação com a vida e auto-estima (BOWLING et al., 2003). Trata-se
de um conceito subjetivo que depende das experiências vividas e sentidas por cada indivíduo.
O termo QV relacionada à saúde é muito freqüente na literatura e tem sido usado com
objetivos semelhantes à conceituação mais geral (SEIDL E ZANNON, 2004). Porém os
instrumentos utilizados para avaliar a QV de um modo geral não se adaptam aos idosos, muitas
vezes porque têm um caráter unidimensional (VECCHIA et al., 2006), contradizendo o
entendimento sobre o idoso como um ser humano único de características multidimensionais
(MONTEIRO, 2001; VIEIRA, 1996; JACOB FILHO E AMARAL, 2005).
Compreendendo a saúde e QV como conceitos subjetivos, torna-se importante conhecê-los
sob o olhar do idoso, para nortear intervenções e políticas em saúde que interfiram no processo de
envelhecimento bem sucedido.
Neste sentido, o objetivo deste estudo foi conhecer a concepção de saúde e qualidade de
vida para idosos institucionalizados de um município de Santa Catarina.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo qualitativo descritivo, realizado em um Centro de Convivência
Integral (CCI) no município de Chapecó/SC. Participaram deste estudo 16 sujeitos de ambos os
sexos, residentes do CCI, com idade igual ou superior de 70 anos.
Foram incluídos ao estudo apenas os sujeitos que apresentavam no Mini-Exame de Estado
Mental (MEEM) (VIEIRA, 1996) escore superior a 18 para analfabetos e 21 para indivíduos com
um a três anos de escolaridade e 24 para indivíduos com quatro a sete anos de escolaridade,
assegurando-se que os participantes do estudo não apresentassem comprometimento cognitivo,
facilitando no desenvolvimento das entrevistas.
Pós avaliação do cognitivo e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido para
pesquisa foi realizada uma entrevista semi-estruturada com 10 questões norteadoras quanto ao viver
na instituição e o entendimento de saúde e qualidade de vida. As entrevistas foram gravadas e,
posteriormente, transcritas de forma literal. Durante as entrevistas, observaram-se os aspectos éticos
e legais segundo a Resolução n° 196/96 na realização de pesquisa com seres humanos.
Foram estudados os significados de saúde e qualidade de vida segundo as respostas obtidas
dos idosos institucionalizados, mediante as perguntas: “Na opinião do (a) senhor (a) o que é ter
saúde e para ter saúde a pessoa precisa de quê, e o senhor (a) se sente com saúde? Por quê?”; e “O
que é para o senhor (a) uma vida boa? E o que mais contribui para que sua vida seja boa?”.
A análise e interpretação dos resultados foram realizadas de forma descritiva, de acordo com
uma abordagem dialética que atua em nível dos significados e das estruturas, entendendo como
ações humanas objetivadas e, logo, portadoras de significado. Depois, dividiram-se as unidades de
36
análises em categorias de temas afins (MINAYO E SANCHES, 1993).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram entrevistados sete idosos institucionalizados, de ambos os sexos, os quais obtiveram
escores adequados quanto ao MEEM. Quanto ao gênero quatro homens e três mulheres, com idade
média de 79,5 anos de idade, variando entre 73 e 93 anos.
Quanto a escolaridade, três eram analfabetos, dois até 3 anos de escolaridade e dois com até
6 anos de escolaridade. Para o tempo de institucionalização, três com 3 anos, dois com 4 anos, um
com 8 anos e um com 1 mês de permanência na instituição. A respeito do estado marital, quatro são
solteiros, dois são viúvos e um é separado.
Estes dados condizem com a amostragem na faixa etária longeva e também com números
característicos da instituição asilar que é receber idosos com idade cronológica igual e/ou acima de
70 anos, solteiros ou viúvos, com baixo grau de escolaridade (MARIN E ANGERAMI, 2002)
Foram entrevistados mais idosos do sexo masculino do que feminino, contradizendo os
dados do IBGE (2007) onde a expectativa de vida das mulheres é de 76 anos e dos homens 69 anos
(IBGE, 2009).
O que pode justificar este achado é que o processo de industrialização, a mulher que antes
desempenhava papéis definidos dentro do grupo doméstico, começa a exercer funções externas que
a deslocam desse grupo e a obrigam a acumular outras atividades, o fato de ingressar no mundo do
trabalho não isenta a mulher de seus antigos papéis, já que ela acaba acumulando funções para
manter e reproduzir o núcleo familiar (MOURA, 2007). O que ocorre atualmente é uma inversão de
papéis sociais nas famílias brasileiras, já que os filhos adultos dependem mais dos seus velhos pais
para várias tarefas principalmente, da mulher para cuidar dos netos e manter a casa (PEIXOTO,
2007). Uma das causas mais freqüentes de institucionalização do sexo masculino é o abandono
familiar pelo alcoolismo (MOURA, 2007).
Nos últimos anos várias pesquisas sobre a satisfação do idoso estão associadas à perda do
controle emocional, sentimentos de solidão, sejam pela perda do cônjuge ou a partida dos filhos,
percepção de afastamento e desamparo, incerteza em relação ao futuro, auto-exclusão, por não se
achar apto a participar da sociedade moderna, e o cotidiano imerso nos conflitos familiares,
situações características da mudança do seu estado anterior, decorrente da perda da sua autonomia e
independência (RIBEIRO E SCHUTZ, 2007).
Para a pergunta referente à saúde, emergiram as seguintes categorias analíticas, expostas em
ordem decrescente quanto à presença nos relatos dos indivíduos:
Categoria 1 – Bem-estar físico (cinco idosos): significa ter autonomia, independência,
capacidade funcional; ter habilidade necessária para realizar determinadas atividades sozinho como:
higiene pessoal, deambulação, trabalhos domésticos. “Saúde é tudo. Se não tem saúde não se faz
nada. Se tem saúde... aonde tu qué tu vai. Também o cara quanto mais trabalha mais feliz fica
porque tem saúde” (V.F., 73 anos). “Pra ter saúde precisa ter forca, caminhar, tomar banho
sozinha.” (M.N., 82 anos). “Pra mim saúde é tudo, é poder andar, sair e não precisar dos outros...
aqui eu varro a calçada toda manhã, faço o que eu posso.” ( O.R.A., 76 anos).
Ribeiro e Schutz (2007) explicam que para os idosos sentirem-se realizados e valorizados
pessoal e socialmente, é fundamental que estejam inerentes ao sentimento de ser útil, para poderem
construir uma auto-imagem positiva de si mesmos. O valor socialmente reconhecido do trabalho
garante aos idosos um lugar de destaque na vida do indivíduo. Para alguns autores (VELOZ et al.,
1999) o trabalho aparece como aquilo que foi uma das principais habilidades que devido à
diminuição das capacidades físicas, à conseqüente lentidão na execução das atividades diárias,
coloca o idoso num segundo plano quanto à vida social. Alves (2007)
destaca que o
comprometimento da capacidade funcional do idoso tem implicações importantes para a família, a
comunidade, para o sistema de saúde e para a vida do próprio idoso, uma vez que a incapacidade
ocasiona maior vulnerabilidade e dependência na velhice, contribuindo para a diminuição do bem-
estar e da qualidade de vida dos idosos.
37
Categoria 2 – Prevenção e cuidados (quatro idosos): significa adotar hábitos saudáveis
(não fumar, não beber, não usar drogas, alimentação balanceada). “Para ter saúde tem que se
cuidar. Tenho saúde porque me cuido e me sinto bem.” (V.F., 73 anos). “Sempre me senti bem, com
saúde... me alimento bem, tomo meu chimarrão” (I.C., 74 anos). “... não sô de come muito, tem
gente que come muito e fica muito gordo e não faz bem” (L.D., 93 anos).
Aguiar e Nascimento (2005) descrevem a saúde como uma condição decorrente do estilo de
vida de cada um, reduzida à responsabilidade individual no seguimento de hábitos que garantiriam
uma vida com saúde, na medida em que esta é mantida por um estilo certo de viver, considerado
saudável, que o modelo biomédico enfatiza como sendo capaz de proteger a saúde e prolongar a
vida das pessoas. No estudo de Ramos (2002), são citadas informações que explicam que as pessoas
vivendo sob a pobreza estão mais expostas que os grupos de alto status sócio-econômico, para
riscos físicos, químicos e bioquímicos, biológicos e psicológicos que afetam a saúde e que s estilos
de vida que promovem uma existência sadia são mais típicos em classes altas, pois desfrutam de
recursos para manter um estilo de vida saudável.
Categoria 3 – Ausência de doença (três idosos): significa que saúde é não estar com
alguma patologia instalada; não apresentar dor e outros sintomas. “Sempre me senti bem, com
saúde, só quando coloquei os dentes doeu um pouco, ai não tava bem.” (I.C., 74 anos). “Saúde é a
gente se sentir bem, não ter dor nenhuma... pra ter saúde não tem que ter nada de mal, nada de
ruim, nada doendo.” (A.S., 81 anos).
Outro estudo (FREIRE E TAVARES, 2005) também encontrou este conceito de saúde para
idosos institucionalizados, ressaltando que muitos desses idosos são portadores de doenças crônicas
incapacitantes e apresentam sintomas álgicos com freqüência. Por outro lado, Ramos (2003) ressalta
que nem todos os idosos ficam limitados por essas doenças, e muitos levam vida perfeitamente
normal, com as suas enfermidades controladas e expressa satisfação na vida, sendo considerado um
idoso saudável.
Categoria 4 – Espiritualidade (dois idosos): aspectos referentes à religião e fé. “Saúde é ta
tudo perfeito e que Deus me ajudou a ter...” (M.N., 82 anos). “Ter saúde é viver bem em primeiro
com Deus.” (O.R.A., 76 anos).
Para Freire e Tavares (2005) é inegável o papel desempenhado pela religião no
enfrentamento das exigências da velhice, facilitando a aceitação das perdas, sendo, por isso, um dos
recursos utilizados em situações difíceis. Mynaio (1998) afirma que a religião está presente nas
explicações sobre saúde/doença, onde a característica fundamental é a relação intrínseca entre a fé e
a graça. A relação religiosa está referenciada nas dificuldades do cotidiano e visa a prática, o
resultado concreto: ela traz para perto o milagre e o torna parte do cotidiano, como solução, às
vezes única, para as agruras do dia-a-dia.
Para a pergunta referente à qualidade de vida, surgiram as seguintes categorias analíticas,
também expostas em ordem decrescente quanto à ocorrência nos relatos dos indivíduos:
Categoria 1 – Ter saúde (cinco idosos): aspectos relativos ao conceito de saúde (bem-estar
físico, social e psicológico), adotar hábitos saudáveis. “É ter saúde, não ter nada de ruim.” (A.S.,
81 anos). “É te saúde né. Tenho uma vida boa porque tenho saúde. Nunca fui de come muito, tomo
chimarrão, dizem que tem que toma muita água, dae eu tomo chimarrão né que é bom também”
(L.D., 93 anos). “É ter saúde, porque sem saúde tu não pode fazer nada... comer bem...” (O.R.A.,
76 anos).
A QV foi definida como “a percepção do indivíduo sobre a sua posição na vida, no contexto
da cultura e dos sistemas de valores nos quais ele vive, e em relação a seus objetivos, expectativas,
padrões e preocupações” (SKEVIGTON et al., 2004). Por outro lado, muitas pessoas procuram
associar qualidade de vida com o fator saúde. Nesse sentido, saúde, independente de qualquer
definição idealista que lhe possa ser atribuída, é produto das condições objetivas de existência.
Diferente deste resultado, em outro estudo (VECCHIA et al., 2004) obteu-se um maior número de
respostas relacionando a qualidade de vida com situações referentes a relações interpessoais.
Categoria 2 – Manter os relacionamentos interpessoais (três idosos): ter um bom
convívio com todos (vizinhos, amigos e família); fazer novas amizades. “Viver entre amigos,
38
receber visitas... estar entre os amigos e entre as pessoas que me cuidam, enfermeiros e médicos.”
(G.R.). “... viver de bem com as pessoas, sem brigas, porque pra que brigar né, a gente não pode
brigar com as pessoas, não precisa.” (O.R.A.).
A amizade é algo de muito valor dentro da instituição. Acostumados à distância da família,
os idosos se adaptaram e fomentaram uma nova concepção de família, muito mais que laços
sanguíneos, os novos laços de afetividade são provas de que o carinho e o respeito estão próximos
(SOMCHINDA E FERNANDES, 2003). Viver em um ambiente acolhedor, muito mais que a
própria família, os amigos são tão importantes para a continuidade da vida, tornando-a mais
prazerosa (SALGADO, 1982).
Categoria 3 – Atividade de lazer (dois idosos): entretenimento, atividades de diversão:
jogar baralho, encontrar amigos, sair e passear. “Jogar baralho, estar fazendo alguma coisa, sair
com os meus parentes quando pode né, que moram aqui pertinho.” (I.C.). “Vida boa é sair um
pouco, passear pra cá e pra lá, eu acho que é isso ai porque fica amarrado como um cachorro não
é vida.” (M.N.).
O estudo de Gáspari e Schwartz (2005) que identificou aspectos emocionais na percepção de
idosos, durante vivências no lazer, concluiu-se que experiências emocionais significativas no
âmbito do lazer, contribuem para o processo de desenvolvimento humano, ao longo de todo seu
período vital, bem como, para a elevação dos patamares qualitativos de vida da população.
De acordo com os resultados apresentados e discutidos com a literatura, as concepções de
saúde e QV para os idosos institucionalizados consistem numa associação destes dois conceitos,
pois consideram que o conceito QV está relacionado com ter saúde, e a concepção de saúde para a
maioria dos idosos é o bem-estar físico, ter autonomia e independência para realizar sua atividades
de vida diária (AVD´s) e atividades instrumentais de vida diária (AIVD´s) mesmo tendo alguma
patologia instalada. Isso mostra que o Segundo conceito de saúde preconizado pela OMS mostra-se
inadequado para descrever o universo de saúde dos idosos, já que a ausência de doenças é privilégio
de poucos, e o completo bem-estar pode ser atingido por muitos, independentemente da presença ou
não de doenças (RAMOS et al., 1993).
Na verdade, o que está em jogo na velhice é a autonomia, ou seja, a capacidade de
determinar e executar seus próprios desígnios. Qualquer pessoa que chegue aos oitenta anos capaz
de gerir sua própria vida e determinar quando, onde e como se darão suas as atividades de lazer,
convívio social e trabalho (produção em algum nível), certamente será considerada uma pessoa
saudável. Pouco importa saber que essa mesma pessoa é hipertensa, diabética, cardíaca e que toma
remédio para depressão infelizmente uma combinação bastante freqüente nessa idade. O
importante é que, como resultante de um tratamento bem-sucedido, ela mantém sua autonomia, é
feliz, integrada socialmente e, para todos os efeitos, uma pessoa idosa saudável (RAMOS, 2003).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando o resultado obtido nesta pesquisa é importante salientar que os profissionais
da saúde envolvidos com idosos institucionalizados precisam utilizar propostas metodológicas de
intervenção voltadas para a manutenção da capacidade funcional desses indivíduos, que trará mais
independência nas atividades de vida diária e, consequentemente melhorará a qualidade de vida e a
saúde destes idosos, pois se considerarmos o contexto no qual vivem reclusos nas casas de longa
permanência, não se sentem autônomos e livres, nem sentem saudáveis.
O profissional fisioterapeuta juntamente com uma equipe, tem um papel de grande
relevância em todos os níveis de atenção a saúde, mas principalmente na prevenção, trabalhando
com estratégias de prevenção, mantendo a autonomia e independência dessa parcela da população
que a cada dia que passa aumenta.
É de grande importância realizar estudos com idosos, principalmente institucionalizados,
pois esta parcela de população já figura como um grupo excluído e, portanto permitir que estes
tenham um espaço para socializar como vivem nestes ambientes torna-se relevante para o
planejament de estratégias que melhorem a condição de vida destas populações.
39
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42
Desenvolvimento nas áreas de motricidade global,
esquema corporal e da organização temporal de crianças do
Centro Educacional Infantil Municipal Criança é Esperança
de Chapecó – SC
Aline Andressa Zenatti 1; Ana Paula Weber
1; Fabio Pereira
1; Fátima Ferretti
2; Rubia do
Nascimento3.
Resumo
Objetivo: O objetivo do estudo foi identificar as idades motoras de crianças freqüentadoras de um
Centro Educacional Infantil de Chapecó, nas áreas da motricidade global, do esquema corporal e da
organização temporal, para então determinar os quocientes motores e classificar os escores obtidos.
A amostra compreendeu 12 crianças, com 03 anos de idade, sendo uma delas com 04 anos, de
ambos os gêneros. Para a coleta dos dados, foi utilizado a Escala de Desenvolvimento Motor de
Francisco Rosa Neto (2002), onde foram realizados testes para avaliar a Motricidade Global, o
Esquema Corporal e a Organização Temporal. Resultados: Os resultados encontrados demonstram
que a maioria das crianças da amostra apresentou Idade Motora superior à sua Idade Cronológica e
classificação Normal Médio a Muito Superior nas áreas avaliadas. Na área da motricidade global, a
totalidade da amostra encontrou-se dentro dos parâmetros da normalidade. Em se tratando do
esquema corporal, 16,66% da amostra apresentaram classificação Inferior e Muito Inferior. Na área
da organização temporal, os resultados apontaram classificação Inferior e Muito Inferior para um
percentual de 33,33% da amostra, demonstrando a necessidade de estimulação para estas crianças.
Acredita-se ser de suma importância um programa de avaliação, acompanhamento e intervenção do
desenvolvimento infantil nos Centros Educacionais Infantis com vistas à promoção da saúde
infantil e à prevenção dos agravos do desenvolvimento.
Palavras-chaves: Motricidade Global, Esquema Corporal, Organização Temporal.
INTRODUÇÃO
O desenvolvimento é definido como mudanças nas estruturas físicas e neurológicas,
cognitivas e comportamentais que emergem de maneira ordenada e são relativamente duradouras
(MUSSEN et al., 1995).
O processo de desenvolvimento e, mais especificamente, o processo de desenvolvimento
motor, deveria lembrar-nos constantemente da individualidade do aprendiz. Cada indivíduo tem
época peculiar para aquisição e para o desenvolvimento de habilidades motoras. Embora o “relógio
biológico” seja bastante específico quando se trata da sequência de aquisição de habilidades
motoras, o nível e a extensão do desenvolvimento são determinados individual e dramaticamente
pela exigência da tarefa em si. Faixas etárias típicas do desenvolvimento são apenas típicas e nada
mais. As faixas etárias meramente representam escalas de tempo aproximadas nas quais certos
comportamentos podem ser observados. O excesso de confiança nesses períodos de tempo negaria
1Acadêmicos do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária Regional de Chapecó –
UNOCHAPECÓ – SC. 2Docente do curso de graduação em fisioterapia da Unochapecó, Doutoranda em Saúde Coletiva pela UNIFESP, Mestre
em Educação na Ciências pela Unijuí 3Docente do curso de graduação em fisioterapia da Unochapecó, Mestre em Ciências da Saúde Humana
43
os conceitos de continuidade, especificidade e a individualidade do processo desenvolvimentista
(GALLAHUE e OZMUN, 2001).
Desenvolvimento está relacionado à idade. À medida que o desenvolvimento acontece, a
idade avança. Todavia, ele pode ser mais rápido ou mais lento em diferentes períodos, e suas taxas
podem diferir entre indivíduos cuja idade e desenvolvimento não necessariamente avançam na
mesma proporção (HAYWOOD e GETCHELL, 2004).
Observa-se que o desenvolvimento vai transcorrendo por etapas ou fases, que correspondem
a determinados períodos da vida. Cada um desses períodos tem suas próprias características e seus
ritmos (BRANT e CALDEIRA, 2001).
De acordo com Gallahue e Ozmun (2001), as “diferenças entre crianças” fazem-nos lembrar
do princípio de individualidade de todo aprendizado. A sequência de progressão ao longo dos
estágios iniciais, elementar e amadurecido é a mesma para a maioria das crianças. O ritmo,
entretanto variará dependendo tanto dos fatores ambientais quanto dos fatores hereditários. O fato
de uma criança atingir ou não estágio amadurecido depende basicamente do ensino, do
encorajamento e das oportunidades para prática. Quando esses elementos estão ausentes, as
diferenças normais entre crianças serão aumentadas. O ambiente positivo age como facilitador do
desenvolvimento normal, pois possibilita a exploração e interação com o meio. Entretanto, o
ambiente desfavorável lentifica o ritmo de desenvolvimento e restringe as possibilidades de
aprendizado da criança. Paralelamente aos fatores de risco biológicos, as desvantagens ambientais
podem influenciar negativamente a evolução do desenvolvimento das crianças (SILVA; SANTOS e
GONÇALVES, 2006)
Nas últimas décadas o interesse pelo desenvolvimento integral da criança tem crescido em
todo o mundo como resultado do aumento constante da sobrevivência infantil e do reconhecimento
de que a prevenção de problemas ou patologias neste período exerce efeitos duradouros na
constituição do ser humano (BRANT e CALDEIRA, 2001).
Os estudos sobre a motricidade infantil, em geral, são realizados com intuito de conhecer
melhor as crianças e de poder estabelecer instrumentos para avaliar, analisar e estudar o
desenvolvimento em diferentes etapas evolutivas. As formas de avaliar o desenvolvimento motor de
uma criança podem ser diversas, no entanto, nenhuma é perfeita nem engloba holisticamente todos
os aspectos do desenvolvimento (SILVEIRA et al., 2005).
O presente estudo utilizou-se de três testes motores propostos por Rosa Neto (2002), que
são: motricidade global, esquema corporal e organização espacial.
Segundo Silveira et al. (2005,) motricidade global constitui-se de destrezas que envolvem
contrações dos grandes músculos corporais quando estes estão normalmente em movimento. O
movimento global é um movimento sinestésico, tátil, labiríntico, visual, espacial, temporal, e assim
por diante. Os movimentos dinâmicos corporais desempenham um importante papel na melhora dos
comandos nervosos e no afinamento das sensações e das percepções (ROSA NETO, 2002).
O esquema corporal refere-se à capacidade de discriminar com exatidão as partes corporais,
sustentar ativamente todos os gestos que o corpo realiza sobre si mesmo e sobre os objetos
exteriores, à habilidade de organizar as partes do corpo na execução de uma tarefa (SILVEIRA et
al., 2005). A construção do esquema corporal, isto é, a organização das sensações relativas ao seu
próprio corpo em associação com os dados do mundo exterior exerce um papel fundamental no
desenvolvimento da criança, já que essa organização é o ponto de partida de suas diversas
possibilidades de ação (ROSA NETO, 2002).
A organização espacial está relacionada ao conhecimento das dimensões corporais, tanto o
espaço do corpo como o espaço circundante, e à habilidade de avaliar com precisão a relação entre
corpo e o ambiente (SILVEIRA et al., 2005). A evolução da noção espacial destaca a existência de
duas etapas: uma ligada à percepção imediata do ambiente, caracterizada pelo espaço perceptivo ou
sensório-motor; outra baseada nas operações mentais que saem do espaço representativo e
intelectual (ROSA NETO, 2002).
O presente estudo foi desenvolvido a partir da disciplina de Promoção da saúde II do 5º
período do curso de graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária Regional de Chapecó
44
– UNOCHAPECÓ. A disciplina foi responsável pela inclusão dos acadêmicos em determinados
locais para a realização de atividades visando à promoção da saúde da população, ao mesmo tempo
em que era realizada a coleta de dados para a conclusão da pesquisa.
A ação educativa em saúde é um processo dinâmico que tem como objetivo a capacitação
dos indivíduos e/ou grupos em busca da melhoria das condições de saúde da população. Ressalta-se
que nesse processo a população tem a opção de aceitar ou rejeitar as novas informações, podendo
também, adotar ou não novos comportamentos frente aos problemas de saúde (MARTINS et al.,
2007).
Diante do exposto este estudo, através de pesquisa quantitativa, objetiva identificar as idades
motoras de crianças frequentadoras de um Centro Educacional Infantil de Chapecó, nas áreas da
motricidade global, do esquema corporal e da organização temporal, para então determinar os
quocientes motores e classificar os escores obtidos.
MATERIAIS E MÉTODOS
Primeiramente contatou-se a direção do Centro Educacional Infantil Municipal (CEIM)
Criança é Esperança para o agendamento das intervenções em promoção da saúde que seriam
realizadas ao longo do primeiro semestre de 2008. Na sequência foi possível conhecer a professora
e a respectiva turma onde seriam realizadas as intervenções. Com a autorização da direção, iniciou-
se a coleta de dados do presente estudo.
A amostra da pesquisa foi constituída por 12 crianças que frequentam o Maternal II do
CEIM Criança é Esperança, no município de Chapecó-SC. Compuseram o estudo crianças de 03
anos, sendo uma delas com 04 anos, de ambos os gêneros, cujos pais assinaram um Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, seguindo a Regulamentação 196/96 do Conselho Nacional de
Saúde.
Os Termos foram encaminhados aos pais pela professora da turma juntamente com um
questionário breve com perguntas sobre a história da criança. O questionário consistiu de perguntas
abertas envolvendo: o nome da criança, a idade, a data de nascimento, se a criança já frequentou
outro centro educacional, se esse centro educacional era particular ou público, o tempo em que
frequentou o Centro Educacional, o tempo em que à criança frequenta o CEIM Criança é
Esperança, o período (horas) que frequenta o CEIM (manhã ou tarde, manhã e tarde), o período
(horas) que permanece com a sua família e as atividades que costuma realizar no tempo em que não
está no Centro Educacional.
O estudo foi realizado no período de abril a maio de 2008. As crianças foram avaliadas
individualmente, num amplo local nas dependências do próprio CEIM. Seguindo a Escala de
Desenvolvimento Motor de Francisco Rosa Neto (2002), os testes foram realizados em uma ordem
pré-estabelecida, começando por Motricidade Global, seguido por Esquema Corporal e
Organização Temporal, e o tempo de duração média para cada criança, variou de 20 a 30 minutos.
Cada componente da avaliação apresenta várias tarefas motoras, sendo cada uma delas específicas a
uma idade cronológica, ou seja, com o avanço da idade aumenta o grau de dificuldade das tarefas
(ROSA, 2008).
Para a aplicação dos testes foram utilizados os seguintes materiais: um banco de 20 cm de
altura, uma corda e elástico.
Os testes para cada componente da motricidade são descritos a seguir:
Motricidade Global: Para a idade de 02 anos a criança deveria subir sobre um banco de 20
cm de altura que permanecia encostado na parede. Para 03 anos, saltar sobre uma corda estendida
sobre o solo com os dois pés juntos. Para 04 anos, saltar 08 vezes no mesmo lugar com os pés
unidos. Para 05 anos, saltar uma fita elástica na altura de 20 cm com os pés juntos. Com 06 anos,
caminhar sobre uma linha reta, colocando um pé na frente do outro. Para 07 anos, saltar numa linha
reta com um pé só (primeiro com uma perna e depois com a outra), percorrendo uma distância de
05m. Com 08 anos, saltar uma fita elástica na altura de 40 cm com os pés juntos.
Esquema Corporal: Para a idade de 02 a 05 anos imitação de gestos simples. O examinador
45
realiza movimentos com as mãos e braços e a criança têm que repeti-los. De 06 a 11 anos prova de
rapidez, marcar o máximo de riscos dentro de uma folha quadriculada, quadrado por quadrado.
Organização Temporal: Para idade de 02 a 05 anos frases pré-estabelecidas. As crianças
eram orientadas a repetir frases ditas pelo examinador, como: “Eu tenho um cachorrinho pequeno”,
onde, para cada idade o nível de dificuldade das frases aumentava.
Independente do componente avaliado, cada modalidade foi iniciada com o teste
correspondente à idade cronológica da criança. Se a criança obtivesse sucesso era proposto o teste
para a idade mais avançada, da mesma forma em caso de fracasso era proposta a tarefa
correspondente à idade anterior (Rosa Neto, 2002). Os resultados foram avaliados por meio da
idade motora obtida em cada prova. Os quocientes motores alcançados nas provas são calculados
dividindo-se a idade motora global pela idade cronológica e multiplicando-se o resultado por 100,
onde a classificação desses resultados fica entre níveis que vão de Muito Inferior (69 pontos ou
menos), Inferior (70-79), Normal Baixo (80-89), Normal Médio (90-109), Normal Alto (110-119),
Superior (120-129) até Muito Superior (130 pontos ou mais).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Abaixo seguem os resultados obtidos na avaliação individual das crianças por meio da
Escala de Desenvolvimento Motor de Francisco Rosa Neto (2002).
Na tabela I apresentam-se os resultados referentes à idade cronológica (IC) média da
amostra, às médias da idade motora (IM) nas áreas da Motricidade Global, do Esquema Corporal e
da Organização Temporal, às médias dos quocientes motores, além dos valores mínimos e máximos
de cada variável.
Tabela I – Classificação da média, mínima e máxima e do quociente motor em relação à idade
cronológica, idade motora da motricidade global, idade motora do esquema corporal e organização
temporal.
Média Mínimo Máximo
Idade Cronológica (em meses) 43 38 49
Idades Motoras (em meses)
Motricidade Global 53,5 36 78
Esquema Corporal 51 24 60
Organização Temporal 42,5 0 60
Quocientes Motores (em pontos)
Motricidade Global 124,5 82 181
Esquema Corporal 118,4 60 146
Organização Temporal 100 0 142
Dos resultados encontrados percebe-se que a média das idades motoras nas áreas da
Motricidade Global e do Esquema Corporal está acima da média das idades cronológicas, sendo que
a maior média encontrada é a da área da Motricidade Global.
Por outro lado, observa-se que a média das idades motoras da Organização Temporal
encontra-se levemente abaixo da média das idades cronológicas, resultado este que pode indicar a
necessidade de estímulos para algumas crianças nesta área do desenvolvimento, pois na análise do
valor mínimo, observa-se que pelo menos uma criança da amostra não obteve resultado satisfatório
Em um estudo visando avaliar o desenvolvimento motor de pré-escolares (CAETANO;
SILVEIRA e GOBBI, 2005), numa primeira avaliação, antes de um trabalho específico, os autores
verificaram uma média de 37,7 meses para a idade cronológica das crianças com 03 anos de idade,
estando acima dessa média à Motricidade Global (42 meses) e a Organização Temporal (40 meses).
Já o Esquema Corporal foi à área que ficou abaixo da média da idade cronológica (34 meses),
diferindo dos dados encontrados na presente pesquisa.
Observando as médias dos quocientes motores (tabela II) percebe-se que a Motricidade
46
Global apresenta o maior valor dentre esses quocientes. O resultado encontrado (124,5) remete esta
área à classificação Superior, conforme a Escala de Desenvolvimento Motor utilizada. Neste
sentido, pode-se supor haver uma estimulação adequada nesta área do desenvolvimento. A
Motricidade Global é lapidada entre os cinco e seis anos de idade, visto que é nessa época que a
criança inicia a coordenação óculo-manual e óculo-pedal, bem como a integração harmônica dos
movimentos (NUCCI, 2007).
Tabela II - Classificação dos quocientes motores em relação à motricidade global
Classificação Frequência Percentual
Muito Superior 04 33,33%
Superior 03 25%
Normal Alto 01 8,33%
Normal Médio 03 25%
Normal Baixo 01 8,33%
Inferior 0 0%
Muito Inferior 0 0%
Já a média dos Quocientes Motores da Organização Temporal retrata um valor mais baixo
(100), recebendo classificação Normal Médio, mostrando assim normalidade nesta área de
desenvolvimento, em termos de média.
Em relação à classificação obtida a partir dos Quocientes Motores na área da Motricidade
Global (tabela II) observa-se que sete das doze crianças encontram-se em níveis acima do nível
Normal Alto, o que corresponde a mais de 50% da amostra. E também nota-se que, para esta área,
nenhuma criança ficou abaixo do nível Normal Baixo.
O desenvolvimento dessas habilidades básicas requer uma porção mínima de prática apenas
para manter o sistema funcionando como deveria. As crianças privadas dessa prática normal
desenvolvem habilidades motoras muito mais lentamente, e não na sequência normal (BEE, 2003).
Considerando a importância da prática em uma determinada área do desenvolvimento, os resultados
encontrados sugerem que maiores oportunidades podem estar sendo vivenciadas pelas crianças
avaliadas em relação à motricidade global, sendo possivelmente experimentadas e vivenciadas no
ambiente do Centro Educacional Infantil, já que apresenta amplo espaço para atividades motoras
amplas e acompanhamento de profissionais da área.
Já em relação ao Esquema Corporal (tabela III) verifica-se que nos níveis Superior e Muito
Superior encontram-se oito crianças, sendo mais de 60% da amostra, enquanto apenas duas entre as
doze crianças ficaram classificadas nos níveis Inferior, e Muito Inferior, vale ressaltar que esse dado
é importante e torna-se preocupante quando encontrado em valores tão baixos, pois, segundo
(VAYER apud ROSA, 2008), um esquema corporal mal estruturado acarreta transtornos nas áreas
motoras, perceptiva e social. Assim, é possível que o atraso no desenvolvimento do Esquema
Corporal possa ser responsável pelo déficit da organização espacial (item não avaliado). Alterações
na percepção espacial acarretam dificuldades desde a movimentação da criança até problemas na
aprendizagem escolar (ROSA NETO, 2002).
Tabela III - Classificação dos quocientes motores em relação ao esquema corporal
Classificação Frequência Percentual
Muito Superior 04 33,33%
Superior 04 33,33%
Normal Alto 01 8,33%
Normal Médio 01 8,33%
Normal Baixo 0 0%
Inferior 01 8,33%
Muito Inferior 01 8,33%
47
É interessante apontar que nos estudos de CRIPPA et al, (2003), com crianças de 04 a 05
anos, de acordo com a avaliação, as áreas de maior déficit foram a Motricidade Fina (item não
avaliado no presente estudo) e o Esquema Corporal, em que as crianças apresentaram idades
motoras com médias de 47,37 meses e 36,0 meses respectivamente. Pode-se verificar, desta forma,
um atraso de 21,21 meses para e Esquema Corporal em relação à idade cronológica média das
crianças que foi de 57,21 meses. Aqui se evidencia que as crianças da amostra encontram-se num
nível muito bom, já que na comparação dos estudos a amostra com 04 e 05 anos de idade mostrou
um atraso muito grande nesta área do desenvolvimento.
Na organização temporal (tabela IV) ficou caracterizado um déficit importante, já que no
percentual para os níveis Inferior e Muito Inferior mais de 30% (04 crianças) da amostra ficou
classificada, reforçando a necessidade de estimulação nessa área.
Tabela IV - Classificação dos quocientes motores em relação à organização temporal
Classificação Frequência Percentual
Muito Superior 02 16,66%
Superior 04 33,33%
Normal Alto 01 8,33%
Normal Médio 01 8,33%
Normal Baixo 0 0%
Inferior 01 8,33%
Muito Inferior 03 25%
Em estudos realizados com trinta crianças na faixa etária de oito a dez anos de idade com
dificuldades de aprendizagem escolar, corrobora tais argumentos, pois se observou que as IM das
crianças nas áreas de organização espacial e organização temporal foram inferiores a IC,
apresentando visivelmente déficit motor, cujo quociente motor foi classificado como “normal
baixo” e “normal médio”. Esses resultados sugerem que os atrasos motores apresentados nos
componentes de esquema corporal, organização espacial e organização temporal podem ter ligação
com a dificuldade de aprendizagem apresentada pela criança (ROSA, 2008).
Para verificar, particularmente, o desenvolvimento da organização temporal em crianças
com dificuldades de aprendizagem escolar, Medina; Rosa e Marques (2006), analisaram o
desempenho dessas crianças nas tarefas que compõem a área de organização temporal, golpes,
desenho, leitura e ditado. Verificaram-se diferenças nos resultados entre as crianças de 8 à 10 anos.
Sugerindo que as crianças mais novas têm maiores dificuldades na transposição da leitura para a
reprodução dos sons, demonstrando maior êxito na tarefa de ditado, enquanto que as crianças de 10
anos de idade apresentaram comportamento inverso, com maior dificuldade na tarefa de ditado,
demonstrando maiores déficits. Dessa forma, sugere-se o fato de que, com o aumento da idade as
dificuldades em tarefas que exigem a percepção do som e noção de tempo para a transposição na
forma escrita, como em tarefas de ditado, tende a se agravar.
Os maiores déficits foram nas áreas de esquema corporal, e principalmente organização
temporal. Comparativamente a outros estudos, observamos que é comum associar o déficit motor
com a dificuldade escolar. Estudo avaliando o perfil motor de escolares de 6 e 7 anos de idade, sem
dificuldades de aprendizagem, demonstrou resultados do desenvolvimento motor classificado pela
EDM como “normal médio”. No estudo, a organização espacial e a organização temporal foram as
áreas que apresentaram os menores coeficientes, sendo classificados como “normal baixo”
(ALMEIDA et al., 2007).
CONCLUSÃO
Tendo como objetivo identificar as idades motoras de crianças frequentadoras de um Centro
Educacional Infantil de Chapecó, nas áreas da Motricidade Global, do Esquema Corporal e da
Organização Temporal e, a partir dos quocientes motores, classificar os escores obtidos, as
48
seguintes conclusões foram evidenciadas:
A maioria das crianças da amostra apresentou Idade Motora superior à sua Idade
Cronológica e classificação Normal Médio a Muito Superior nas áreas avaliadas;
A área da Motricidade Global foi a que apresentou o maior valor em termos de média das
Idades Motoras. Por outro lado, a Organização Temporal foi representada pelo menor valor,
encontrando-se levemente abaixo da média das Idades Cronológicas;
Na área da Motricidade Global, nenhuma criança apresentou classificação Inferior ou Muito
Inferior, demonstrando que a totalidade da amostra encontra-se dentro dos parâmetros da
normalidade. Cabe ressaltar que uma criança apresentou classificação Normal Baixo, demonstrando
que estímulos nesta área podem ser potencializados para esta criança;
Em se tratando do esquema corporal, duas crianças apresentaram classificação Inferior e
Muito Inferior, porém a maioria encontrou-se dentro dos parâmetros da normalidade, recebendo
classificação de Normal Médio a Muito Superior;
Na área da Organização Temporal, um número maior de crianças apresentou dificuldade
para completar os testes referentes às suas Idades Cronológicas, e os resultados apontaram
classificação Inferior e Muito Inferior para quatro crianças do estudo, ou seja, um percentual de
33,33% da amostra;
Diante disto, acredita-se ser de suma importância a inserção de um programa de intervenção
no Centro Educacional Infantil, para estimulação do desenvolvimento, dando ênfase na
Organização Temporal, que foi evidenciada com valores menores não apenas nesse estudo como em
outros, porém não deixando de lado a estimulação nas outras áreas de desenvolvimento. Também,
considera-se importante a realização de frequentes avaliações para acompanhar o processo de
desenvolvimento e evolução das crianças, com vistas à promoção da saúde infantil e à prevenção
dos agravos do desenvolvimento.
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50
Efetividade de um plano de intervenção das ações de
promoção da saúde na qualidade de vida em mulheres
mastectomizadas
Aline Dupont Menegazzo
1; Andressa Alba
1, Débora Daiana Schacht
1, Janiel Marcos Schwerz
1;
Marcieli Sonda1; Silvana Boza
1; Mark Andrey Mazaro2;
Resumo
Introdução: O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais freqüente no mundo e o mais
comum entre as mulheres. A identificação dos fatores relacionados à qualidade de vida e a
compreensão da forma como esses fatores contribuem para a percepção da qualidade de vida são
motivos de discussão, uma vez que o conceito de qualidade de vida está diretamente relacionado ao
contexto sociocultural em que o indivíduo está inserido. Metodologia: O estudo é um ensaio do
tipo “antes e depois”. A coleta de dados foi realizada em dois momentos t0= pré intervenções e t1=
pós intervenções. Para avaliar a qualidade de vida foi e utilizado o questionário FACT-B versão 4,
em português, validado por BRADY apud VERDE (1997), para pacientes com câncer de mama.
Resultados: Após a aplicação do questionário pós-intervenção em relação ao pré-intervenção, e
analise dos dados obtidos, observou-se um aumento significativo na qualidade de vida dessas
mulheres mastectomizadas (p=0.0165). Isso se deve a efetividade das intervenções realizadas ao
longo dos três meses.
Palavras-chave: qualidade de vida, mastectomizadas, promoção da saúde.
INTRODUÇÃO
O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais freqüente no mundo e o mais comum entre
as mulheres. A cada ano, cerca de 22% dos casos novos de câncer em mulheres são de
mama.(MINISTERIO DA SAÚDE,2008). O câncer de mama é a segunda neoplasia maligna mais
freqüente na população feminina, com uma estimativa de 48.930 casos novos para o ano de 2006 no
Brasil. (INCA,2006).
O diagnóstico precoce do câncer de mama é um importante fator na escolha do tratamento
adequado, na mortalidade e na expectativa de vida da paciente (INCA,2001). Mesmo detendo esse
conhecimento, em alguns locais do país, aproximadamente dois terços dos casos de cânceres da
mama são diagnosticados nos estádios avançados da doença e a principal causa deste quadro parece
ser a desinformação da população frente ao problema. (SEIDL e ZANNON, 2004).
Segundo o Ministério da Saúde, (2008) recomenda como principais estratégias de rastreamento
populacional um exame mamográfico, pelo menos a cada dois anos, para mulheres de 50 a 69 anos
e o exame clínico anual das mamas, para mulheres de 40 a 49 anos. O exame clínico da mama
deve ser realizado em todas as mulheres que procuram o serviço de saúde, independente da faixa
etária, como parte do atendimento à saúde da mulher. Para mulheres de grupos populacionais
considerados de risco elevado para câncer de mama (com história familiar de câncer de mama em
parentes de primeiro grau) recomenda-se o exame clinico da mama e a mamografia, anualmente, a
partir de 35 anos. 1Acadêmicos de Fisioterapia-UNOCHAPECÒ
2Especialista em Saúde Pública
51
Os fatores de risco relacionados à vida reprodutiva da mulher (menarca precoce,
nuliparidade, idade da primeira gestação a termo acima dos 30 anos, anticoncepcionais orais,
menopausa tardia e terapia de reposição hormonal) estão bem estabelecidos em relação ao
desenvolvimento do câncer de mama. Além desses, a idade continua sendo um dos mais
importantes fatores de risco. As taxas de incidência aumentam rapidamente até os 50 anos, e
posteriormente o mesmo se dá de forma mais lenta. Essa mudança no comportamento da taxa é
conhecida na literatura como "Clemmesen´s hook", e tem sido atribuída à menopausa.
(MINISTERIO DA SAÚDE,2008).
A Organização Mundial de Saúde define Qualidade de Vida como “a percepção do indivíduo
de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação
aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. Porém, outros autores entendem que
Qualidade de Vida é “a satisfação geral do indivíduo com a vida e sua percepção pessoal de bem-
estar”. (SCHUMACHER, OLSCHEWESKI e SCHULGEN, 1991). Depreende-se que o conceito
de Qualidade de Vida é subjetivo e multidimensional, e que a Qualidade de Vida é influenciada por
fatores socioculturais.
Foram descritos quadros de depressão, ansiedade, insônia e medo, que inclui desde o
abandono pela família e amigos até o de recidiva e morte. Esse quadro pode contribuir para uma
percepção negativa da qualidade de vida. (FREITAS et all, 1997).
Apesar de ser considerado um câncer de relativamente bom prognóstico, se diagnosticado e
tratado oportunamente, as taxas de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas no Brasil,
muito provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada em estádios avançados. Na população
mundial, a sobrevida média após cinco anos é de 61%. (MINISTERIO DA SAÚDE,2008 e INCA,
2006).
Outros aspectos que podem comprometer a Qualidade de Vida de mulheres com câncer de
mama relacionam-se à diminuição da mobilidade e linfedema do membro superior, uso de
quimioterapia, sintomas vasomotores, secura vaginal, disfunções sexuais e dificuldades
econômicas. (GANZ et all, 2002)
Diante disso, podemos enfatizar a idéia de promoção da saúde, que se apresenta como uma
forma moderna e eficaz de enfrentar os desafios referentes à saúde e qualidade de vida, oferecendo
condições e instrumentos para uma ação integrada e multidisciplinar que inclui as diferentes
dimensões da experiência humana que pode ser expressa pelos diferentes campos do conhecimento.
(SPEER et all, 2005).
Segundo Minayo, Hartz e Buss, (2000) a qualidade de vida, é entendida enquanto fenômeno
que se inter-relaciona com as diversas dimensões do ser humano, e tem sido objeto de estudo na
comunidade científica.
A sobrevida livre de doença e a sobrevida global são os principais parâmetros empregados
na avaliação dos resultados do tratamento oncológico. Porém, tornou-se evidente que eles são
insuficientes. Na comparação de diferentes opções terapêuticas, a Qualidade de Vida é um
importante parâmetro a ser considerado, auxiliando médicos e pacientes a decidir com relação à
terapia mais adequada. (SEIDL e ZANNON, 2004).
No Brasil e no mundo cresce o interesse pelo estudo da Qualidade de Vida. Em recente
revisão da literatura foram identificados trabalhos em língua portuguesa sobre Qualidade de Vida,
abrangendo diversas áreas. (MINAYO, HARTZ e BUSS, 2000). Considerando os vários aspectos
que podem influenciar a Qualidade de Vida de mulheres com câncer de mama, este artigo revisa a
literatura e discute o objetivo geral no qual se baseia em verificar a efetividade de um plano de
intervenção das ações de promoção da saúde na qualidade de vida das mulheres mastectomizadas
participantes do grupo PROVIM da Rede Feminina de Combate ao Câncer do município de
Chapecó – SC.
METODOLOGIA
Participaram do estudo treze mulheres residentes do município de Chapecó-SC, integrantes
52
do grupo de mastectomizadas PROVIM da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Chapecó-SC,
com média de idade de 58 anos, sendo oito casadas, quatro viúvas e uma solteira.
O estudo foi um ensaio do tipo “antes e depois”, segundo FLETCHER et al. (1996). A coleta
de dados foi realizada em dois momentos t0= antes das intervenções e t1= ao final das intervenções
com intervalo médio de três meses entre os dois momentos.
Critérios de Inclusão e Exclusão. A amostra foi definida de maneira não probabilística
seguindo critérios de inclusão e exclusão. Inclusão: sexo feminino, mastectomizadas participantes
do grupo PROVIM da Rede Feminina de Combate ao Câncer do município de Chapecó – SC, idade
entre 18 e 70 anos, aceitar participar do estudo e assinar o termo de consentimento livre e
esclarecido (CNS196/96). Exclusão: não participar do grupo PROVIM da Rede Feminina de
Combate ao Câncer do município de Chapecó – SC, não aceitar participar ou recusar a assinar o
termo de consentimento livre e esclarecido, apresentar doença osteomuscular, neurológica ou
psiquiátrica que contra-indique a participação nas intervenções comprovadas por laudo médico.
Uma vez selecionadas, as participantes foram convidadas a participar do estudo. A coleta
teve início após as participantes serem esclarecidas dos objetivos da pesquisa e assinarem o termo
de consentimento livre e esclarecido elaborado conforme a resolução 196/96 do Conselho Nacional
de Saúde (BRASIL, 1996), seguindo o modelo do Comitê de Ética em Pesquisa da
UNOCHAPECÓ.
Análise da Qualidade de Vida. Para avaliar a qualidade de vida foi utilizado o questionário
FACT-B, versão 4, em português, validado por BRADY apud VERDE (1997), para pacientes com
câncer de mama.
Esse questionário foi auto administrado após as participantes terem sido esclarecidas sobre
como funciona a ferramenta. Os pesquisadores explicaram que se tratava de um formulário que
deveria ser preenchido pelas participantes, considerando os últimos 7 dias e que aborda diversos
aspectos relacionados ao bem estar físico, bem estar emocional, relacionamento, bem estar
funcional, bem estar social e familiar e questões de interesse adicional, específicas para pacientes
com câncer de mama.
As pacientes foram orientadas a responder cada item de acordo com as opções no questionário: não,
pouco, às vezes, muito e sempre; escolhendo sempre a que mais se aplica a sua situação atual.
Os pesquisadores estavam sempre ao lado das pacientes para o esclarecimento de qualquer
dúvida.
As variáveis de qualidade de vida abordadas no FACT-B, foram organizadas com a ajuda do
programa Microsoft Excel.
Análise e interpretação dos resultados. A análise do total de escores se deu através da soma
de todos os escores que indica o nível de qualidade de vida, ou seja, para cada escore foi analisado
um número correspondente a melhor qualidade de vida e consideramos o total da soma dos escores
que foi de 68 constituindo a média da população para melhor qualidade de vida.
Foram considerados na análise estatística os escores obtidos na somatória dos escores de
todos os blocos. Estas variáveis quantitativas foram comparadas entre os dois momentos pareados
através do teste t Student para amostras únicas considerando a média da população e o teste “t”
Student para amostras dependentes pareando os resultados pré e pós intervenção com significância
estatística considerada valores de p<0,05, para ambos os testes e foram discutidos com a literatura
atual. (AYRES et all,2007).
ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
O questionário foi realizado com 13 mulheres mastectomizadas da Rede Feminina de
Combate o Câncer. A média de idade das mulheres que realizaram o questionário é de 58 anos, com
média de tempo de mastectomia de 7,46 anos.
Os dados obtidos a partir das somatórias dos escores considerando a media dos escores para
a melhor qualidade de vida frente ao questionário em 68 para o momento pré intervenções nos
mostrou escores maiores que a média da população (t=6.4637 e p < 0.0001) e na pós intervenção
53
após a realização de novo questionamento obtivemos escores maiores porem mais próximos da
média da população (t=2.3930 e p= 0.0169) o que nos indica melhora na qualidade de vida destas
mulheres e nos remeteu a fazer a analise pareada sem considerar a média da população.
Os resultados observados neste estudo sugerem que as qualidades de vida de mulheres
mastectomizadas estão associados a vários fatores como bem estar físico, bem estar sócio familiar,
relacionamento com o médico, bem estar emocional, bem estar funcional, alterações do sono, renda
familiar, e percepção de saúde nos dois momentos da entrevista. (VERDE, 2007).
Após a realização da mastectomia, as mulheres que não possuem apoio familiar
apresentaram mais problemas a nível bio-psico-social. (FIALHO e SILVA, 1993). O apoio social e
familiar tem sido identificado como um importante fator de adaptação emocional a doença e bem
estar, contribuindo conseqüentemente, para uma melhor qualidade de vida. (SILVA, RIBEIRO e
CARDOSO, 2003).
Tabela 1. Amostras pareadas pré e pós intervenção
Indivíduos 13
Desv. Padrão da Diferença 10.8255
Média das diferenças 7.2308
(t)= 2.4083
(p) unilateral = 0.0165
Os escores estão apresentados no gráfico 1 e a analise dependente pareada esta apresentada
na tabela 1 e nos mostrou significância estatística nos momentos pré e pós intervenção para a
melhora da qualidade de vida (t=2.4083 e p=0.0165), uma vez que o teste „t‟ teve resultado positivo
indicando que os escores pós intervenção foram melhores que os escores obtidos na pré intervenção
que corrobora com as definições de que a qualidade de vida está diretamente ligada a fatores de
percepção, conhecimento e ação do corpo sobre o corpo e sobre os fatores relacionados ao contexto
do meio ambiente como um todo.
Gráfico 1 – Escores Pré e Pós Intervenções
A qualidade de vida esta diretamente ligada com fatores que influenciam na vida das
mulheres mastectomizadas. Quanto à satisfação de vida, a atividade física induz um número de
benefícios psicológicos: melhora o afeto positivo, aumenta a imagem corporal, auto-estima, auto
eficácia e satisfação com a vida. (VITTA e NERI,2000). A melhora na estética corporal, a melhora
54
da integração e socialização, a diminuição da ansiedade, a diminuição de alguns casos de depressão
e a melhora de alguns aspectos cognitivos fazem parte também dos benefícios relacionados ao
aspecto psicológico. (CAMARGO, 2000).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste estudo observou-se uma melhora na qualidade de vida das mulheres mastectomizadas
comprovado com a aplicação do questionário pós-intervenção em relação ao o pré-intervenção. Isso
se deve ao fato de que as intenções realizadas ao longo dos três meses, obtiveram um aumento
significativo na qualidade de vida dessas mulheres.
As atividades aplicadas para a melhora da qualidade de vida, não são apenas importantes
para a realização de estudos como este, mas também para promover a saúde e prevenir futuras
alterações que possam comprometer a qualidade de vida das mesmas.
Este resultado contribui para complementar o conhecimento sobre aspectos relacionados à
vida de mulheres mastectomizadas, auxiliando os profissionais da saúde no tratamento de pacientes
e de familiares que compreendem dificuldades após a mastectomia.
Sugerem-se ainda futuros estudos que venham a complementar essa pesquisa e que possam
auxiliar no que se refere à qualidade de vida de mulheres acometidas pelo câncer de mama e
submetidas à mastectomia.
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56
Efetividade de um programa de educação e promoção em
saúde no período peri gestacional de um grupo de gestantes
participantes de uma entidade filantrópica 1Mark Andrey Mazaro,
2Aline Galli,
2Aline Werlang,
2Aline Zuffo,
2Talita L. Castelli,
2Vanessa de
Souza, 3 Fátima Ferretti Tombini
Resumo
Introdução: O periodo peri gestacional compreende os três trimestres da gestação e muitas vezes
vem acompanhado de dúvidas e saberes que populares que transformam a fase num momento de
ansiedade, quando deveria ser vivido com tranqüilidade, para tanto projetos de educação em saúde
nesta fase são importantes para dissipar dúvidas e anseios. Objetivo: Analisar a efetividade de um
programa com ações focadas na prevenção de enfermidades, na promoção e educação em saúde
durante o período peri gestacional. Metodologia: Participaram da pesquisa oito mulheres. Como
instrumento de avaliação foi utilizado um questionário com perguntas abertas e fechadas sobre
aleitamento materno, cuidados com o bebê, nutrição, dicas de posturas, pré-natal e pós-natal,
aplicado pré e pós intervenções sendo classificadas as acertivas nas respostas do instrumento sendo
insuficiente-até 8; regular-9 a 17; bom-18 a 26 e ótimo 27 a 36 e os dados pré e pós intervenção
foram analisados pelo teste t para amostras pareadas. As intervenções constaram de explanações
educativas para a conscientização e aprendizagem das gestantes sobre os temas citados,
promovendo influências positivas nas condições de saúde e na qualidade de vida. Resultados: Ao
avaliarmos o instrumento pré-intervenção constatamos que em relação às três etapas do
questionário, obteve-se um resultado de 05 (62,5%) gestantes que apresentaram conhecimento
“Bom” e 03(37,5%) gestantes que apresentaram conhecimento “Ótimo”. Na avaliação pós-
intervenção obteve-se um resultado das 08 (100%) gestantes com conhecimento considerado
“Ótimo”. Os resultados estatísticos mostraram significância no teste t para as respostas certas
(p=0,05) e erradas (p=0,05). Conclusão: Conclui-se que o programa de educação em saúde focado
na assistência integral, humanizada e criativa foi efetivo no sentido de construir conhecimentos com
gestantes e fortalecer os saberes em relação ao aleitamento materno, cuidados com o bebê e sobre
assuntos gerais relacionados a esse período, entre eles nutrição, dicas de posturas, pré-natal, pós-
natal, entre outros.
Palavras Chaves: Gestação – Educação em Saúde – Promoção em Saúde
INTRODUÇÃO
Segundo Nóbrega et al (2005), a “gestação é um período de transição que faz parte do
processo normal do desenvolvimento humano. Há grandes transformações, não só no organismo da
mulher, mas no seu bem-estar, alterando seu psiquismo e o seu papel sócio-familiar”. Ao realizar
este projeto entende-se que, os futuros e/ou profissionais da área da saúde, devem agir como
mediadores para que as gestantes desenvolvam autonomia, capacidade de enfrentar situações
distintas relacionadas com a gestação e obstáculos diários.
1Especialista em Oncologia pelo Hospital Erasto Gaertner – Curitiba; Especialista em Saúde Pública com concentração
em PSF – UnC Concórdia 2Acadêmicas de Fisioterapia-UNOCHAPECÒ
3Mestre em Educação nas Ciências pela Universidade Regional do Noreste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUI;
doutoranda em Saúde Coletiva pela Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP
57
O Ministério da saúde enfatiza que a gestação caracteriza-se por ser um período de
mudanças físicas e emocionais, determinando que o principal objetivo do acompanhamento pré-
natal seja o acolhimento à mulher, o oferecimento de respostas e de apoio aos sentimentos de medo,
dúvidas, angústias, fantasias ou, simplesmente, à curiosidade de saber sobre o que acontece com o
seu corpo (Brasil, 2000).
A gestante, “ensinada” a se cuidar e a vir a ter conhecimentos de como cuidar seu filho após
o nascimento e a satisfazer suas necessidades integrais, torna-se um agente multiplicador da saúde
em âmbito individual, familiar, social e ecológico. Isto tudo pode ser adquirido na prática cotidiana,
através de cuidados disponibilizados pela equipe de saúde no geral, onde há espaço para
desenvolvimento de atividades criativas, visando à melhoria da qualidade de vida.
Entende-se que o termo Promoção da Saúde refere-se ao envolvimento entre os diversos
setores da sociedade, os quais devem realizar parcerias na tentativa de buscar resoluções para os
problemas de saúde da comunidade. A Carta de Ottawa indica que promover a saúde significa
fornecer às populações condições para que estas sejam capazes de melhorar sua saúde e exercer
controle sobre a mesma (FONSECA, et al, 2002).
Dessa forma o projeto teve como meta, saciar as dúvidas e ansiedades com relação às
modificações do período gestacional e também sobre os sentimentos comuns que surgem durante
esta fase vivida pela mulher.
A intervenção educacional, na maioria das vezes, apóia-se na idéia de que se pode educar
para saúde, a julgar pela forma como os projetos na área são concebidos. O princípio de se educar
para saúde e para o ambiente parte da hipótese de que vários problemas de saúde são resultantes da
precária situação educacional da população, carecendo, portanto, de medidas "corretivas" e/ou
educativas."(GAZZINELLI et al, 2005)
Nesse contexto, a saúde é concebida de uma forma que esse grupo de gestantes possa
aproveitar o momento gestacional de forma positiva, no sentido do uso de recursos pessoais e
sociais, além da capacidade física. Sendo que a busca por tornar-se ou manter-se saudável não seja
um objetivo central e único na vida das mesmas, mas sim um recurso para fornecer qualidade de
vida durante e após esse período.
Nessa perspectiva é que nos sentimos estimuladas a desenvolver estratégias criativas na
educação em saúde, focando na promoção desta e na prevenção de enfermidades. Enfatizando uma
possibilidade de construir junto ao grupo de gestantes um novo conhecimento sobre a saúde e
proporcionando a elas uma melhor qualidade de vida. Para tanto o objetivo do estudo foi verificar a
efetividade de um programa de educação e promoção em saúde no período peri gestacional para um
grupo de gestantes participantes de uma entidade filantrópica.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado na Associação Espírita Nosso Lar, no município de Chapecó - Santa
Catarina, a qual possui 22 gestantes das quais 8 constituíram a amostra, sendo estas gestantes de
baixa renda. Foram realizados onze encontros junto ao grupo de gestantes ao longo do primeiro
semestre do ano de 2009, sendo que a primeira e última foram utilizadas para a aplicação do
instrumento avaliativo. Para avaliar a aquisição de conhecimentos adquiridos com o passar das
intervenções, foi criado um questionário, com bases teóricas (MENDOZA-SASSI, RAÚL A. et al,
2007), o qual foi aplicado em duas etapas, pré e pós-intervenções. O questionário é composto por
36 perguntas, sendo estas categorizadas com opções de certo e errado, sendo o conhecimento geral
de cada gestante classificado em “insuficiente”, “regular”, “bom” e “ótimo” ao apresentar respostas
corretas com os seguintes intervalos: até 8 considerado “insuficiente”, e 9 a 17 considerado
“regular”, de 18 a 26 considerado “bom” e de 27 a 36 considerado “ótimo”.
Dentre estas 36 perguntas, 13 perguntas estão voltadas ao Aleitamento Materno, 09 estão
voltadas aos Cuidados com o Bebê e 14 perguntas estão voltadas aos Conhecimentos Gerais. As
intervenções foram realizadas de forma lúdico-pedagógica, abordando todas as temáticas de uma
maneira dinâmica. O número da amostra foi de 22 gestantes, na faixa etária de 12 a 35 anos, sendo
58
que a moda é 17, e o número de filhos variou desde o primeiro ao quinto filho.
As entrevistas com as gestantes foram realizadas após um esclarecimento do objetivo da
pesquisa e, solicitação para a participação e consentimento, garantindo total sigilo dos dados, e que
se fosse de sua vontade recusar-se a participar ou retirar o seu consentimento em qualquer fase da
pesquisa, poderia fazê-lo sem penalização. Após pleno conhecimento da pesquisa puderam optar em
participar ou não, e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido e, as adolescentes um
termo para os responsáveis.
A análise dos resultados ocorreu de forma qualitativa mostrando as inferências positivas das
palestras e de forma quantitativa agrupando-se as respostas certas e erradas do questionário no pré e
no pós intervenção e aplicando o teste “t” Student para amostras pareadas com intervalo de
confiança de 95% considerando p= ou < 0,05, apresentando a média e o desvio padrão das
diferenças, e o resultado do teste “t”.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A atividade lúdico-pedagógica foi desenvolvida com o objetivo de repassar para as gestantes
as temáticas de forma dinâmica, para que elas pudessem de uma forma efetiva construir seus
conhecimentos sobre as questões. Essas atividades foram coordenadas pelo grupo de acadêmicas do
quinto período do curso de graduação em fisioterapia (01/2009), sendo que a duração média destas
intervenções foi de uma hora por intervenção, totalizando onze ao final.
Com bases em referenciais teóricos pode-se observar a importância de uma educação em
saúde no período gestacional de modo criativo e descontraído, com a utilização de recursos
diferenciados, para assim estimular a participação efetiva das gestantes para esta prática. As
intervenções foram importantes para a aquisição de conhecimentos por parte das gestantes. Durante
o nosso estudo constatamos que a atividade mediada por intervenções criativas e descontraída
contribui para uma melhor aquisição de conhecimentos sobre os conteúdos programados.
Ao participar de um grupo de gestante cada mulher tem a possibilidade de expressar seu
pensamento, dar sua opinião, seu ponto de vista sobre os temas abordados ou até mesmo seu
silêncio.
O trabalho na comunidade permite ao profissional da saúde conhecer a realidade e as
potencialidades do meio, o que deve facilitar o trabalho no campo da educação em saúde. Nesta
perspectiva, acreditamos que este trabalho deve visar um atendimento coletivo às gestantes e não a
atendimentos individuais. Ao desenvolver o trabalho com grupos, o profissional tem a oportunidade
de relacionar-se com a comunidade, tendo contato com experiências diversas e criando assim novas
formas de aprendizado. Assim cria-se uma oportunidade de estimular as gestantes a aderirem
estratégias coletivas de enfrentamento dos problemas vividos no dia a dia por uma mulher, no
período em que se encontra.
Através do nosso estudo, contatamos que a atividade educativa por meio de palestra, mesa-
redonda de uma forma criativa e diversificada contribuiu para uma aquisição de conhecimentos
sobre diversos temas abordados nas intervenções, como por exemplo, amamentação, cuidados com
a mãe e com o recém-nascido, parto, nutrição, postura, sexualidade na gestação, pré-natal e entre
outros. Com base nesse contexto nos detemos em assuntos sobre aleitamento materno, cuidados
com o bebê e perguntas gerais em relação a exercícios físicos durante a gestação, alimentação
saudável, higiene entre outros.
Sabe-se que a importância do aleitamento materno para a criança e a mulher é muito grande,
mas o sucesso da promoção da amamentação, também está relacionado a programas educativos de
diversas naturezas, de fato fica claro a valorização do hábito cultural ligado a esta prática, pois uma
conscientização quanto à importância da amamentação é de grande valia para que isso ocorra de
forma saudável e bem sucedida.
A questão do aleitamento materno, não é somente biológica, mas é histórica, social e
psicologicamente delineada. A cultura, a crença e os tabus têm influenciando de forma crucial a sua
prática (ICHISATO et al, 2001).
59
O sistema de crenças de uma pessoa, sua visão de mundo ou sua espiritualidade também
pode ter efeito positivo ou negativo sobre sua saúde. Os seres humanos em geral precisam encontrar
um sentido e explicar suas experiências de vida, especialmente quando se encontram em momentos
de fragilização e dificuldades com a saúde (VAUCHER et al, 2005).
Para Rezende, et al (2002), a vivência da amamentação é fortemente mediada pelas próprias
experiências da mulher. Quando falamos dessas experiências, estamos nos referindo não somente ao
fato de ela própria ter sido amamentada ou não, mas também às situações que essa mulher
presenciou ao longo de sua vida.
“Minha mãe não tinha leite e eu tomava o suco de refrigerante fervido.” (E. A. 15 anos).
O aleitamento materno exclusivo é recomendado por um período de seis meses,
posteriormente, a criança deve receber alimentos complementares, estendendo a amamentação por
pelo menos dois anos, desde que a mãe e a criança o desejem. Apesar dos benefícios do aleitamento,
deve-se aceitar a escolha, informada e consciente da mãe pela não amamentação. (VAUCHER et al,
2005).
O ato de amamentar envolve não apenas o instinto materno e do recém-nascido, mas
também toda uma questão cultural, em relação a conhecimentos prévios sobre a amamentação,
cuidados que se deve ter para que os seios não fiquem feridos ou rachados, possíveis patologias que
possam surgir, ou até mesmo o tabu da questão estética, de que depois de amamentar no peito os
seios possam ficar caídos. Tudo isso influência na decisão de uma mãe na hora de dar de mamar.
“Meu seio rachou, saia pus, então tive que parar de amamentar” (G. S. 20 anos).
Quando falamos em cuidados com os bebês, logo se percebe que está é uma das grandes
dúvidas das „mães de primeira viajem‟. De fato as construções culturais sobre os cuidados com as
crianças influenciam nos diversos aspectos que determinam a vida humana. Tais informações são
passadas de gerações em gerações, por isso diferentes formas de cuidados com os bebês estão
diretamente ligados a padrões culturais. Com isso sabe-se que essas informações trazidas por elas
não devem ser descartadas, mas sim analisadas para ver até que ponto isso tem coerência para que a
partir daí possa se dispor de informações para auxiliá-las e conduzi-las a melhores
cuidados com seus filhos.
Apesar de diversos programas e ações voltadas para gestação terem sido implementados no
Brasil nas últimas décadas, a redução dos riscos à gravidez com conseqüente melhoria nos
indicadores de saúde materna está longe de ser realidade. Entre essas implementações, destacam-se
programas de aconselhamento à gravidez, com destaque para nutrição adequada, melhora da auto-
estima, apoio social e redução de potenciais fatores de risco, como tabagismo, alcoolismo e drogas
(SASSI et alli, 2007).
Vários fatores influenciam numa gestação saudável, inclusive a importância do vínculo pai-
lactente nos primeiros meses de vida e, a presença do pai é cada vez mais valorizada na sociedade.
Como o vínculo mãe-lactente, os primeiros meses de convivência são cruciais no estabelecimento
da função paterna (FALCETO et alii, 2008).
“Já mandei ele procurar outra, mas ele não quer, diz que assim eu to mais bonita, e que
assim ele tem mais lugar pra pegar”(A.S, 22).
A tabela 1 mostra a distribuição de conhecimentos de cada gestante na avaliação pré-
intervenção, em relação aos assuntos presentes no questionário, já citado anteriormente.
Tabela 1 – Conhecimentos individuais das gestantes na avaliação pré-intervenção
Gestante/
Idade
Aleitamento
Materno
Cuidados
Bebê
Cuidados
Gerais TOTAL
P.A.S (23) C = 11 / E = 2 C = 9 / E = 0 C = 9 / E = 5 C = 29 / E = 7
S. S (17) C = 10 / E = 3 C = 5 / E = 4 C = 9 / E = 5 C= 24 / E = 12
E. A (15) C = 9 / E = 4 C = 5 / E = 4 C = 11 / E =3 C = 25 / E =11
K. M (20) C = 10 / E = 3 C = 7 / E = 2 C = 8 / E = 6 C= 25 / E = 11
P. F.S (26) C = 10 / E = 3 C = 9 / E = 0 C = 11 / E = 3 C = 30 / E = 6
E.C.G. (17) C = 6 / E = 7 C = 8 / E = 1 C = 10 / E = 4 C= 24 / E = 12
60
D.G.P (24) C = 10 / E = 3 C = 8 / E =1 C = 10 / E = 4 C = 28 / E = 8
T.S.K.M(29) C = 9 / E = 4 C = 5 / E = 4 C = 11 / E = 3 C= 25 / E = 11
TOTAL C = 75 /E = 29 C = 56/E = 16 C =79 / E = 33 C= 210 E = 78 Legenda= C (certo); E (errado)
A tabela 2 apresenta a distribuição de conhecimentos de cada gestante na avaliação pós-
intervenção, em relação aos assuntos presentes no questionário, já citado anteriormente.
Tabela 2 - Conhecimentos individuais das gestantes na avaliação pós-intervenção
Gestante/
Idade
Aleitamento
Materno
Cuidados
Bebê
Cuidados
Gerais TOTAL
P.A.S (23) C = 12 / E = 1 C = 8 / E = 1 C = 11 / E = 3 C = 31 / E = 5
S. S (17) C =9 / E = 4 C = 6 / E= 3 C = 12 / E = 2 C = 27 / E = 9
E. A (15) C = 12 / E = 1 C = 6 / E = 3 C = 11 / E = 3 C = 29 / E = 7
K. M (20) C = 11 / E = 2 C = 8 / E = 1 C = 9 / E = 5 C = 28 /E = 8
P. F .S (26) C = 12 / E = 1 C = 9 / E = 0 C = 13 / E = 1 C = 34 / E = 2
E. C. G. (17) C = 11 / E = 2 C = 9 / E = 0 C = 13 / E = 1 C = 33 / E = 3
D. G. P (24) C = 11 / E = 2 C = 8 / E = 1 C = 12 / E = 2 C = 31 / E = 5
T. T.S.K.M (29) C = 10 / E = 3 C = 8 / E = 1 C = 12 / E = 2 C = 30 / E = 6
TOTAL C = 88 /E = 16 C=62 /E = 10 C= 93 / E = 19 C= 243/E= 45 Legenda= C (certo); E (errado)
A tabela 3 apresenta a análise estatística das respostas certas e erradas pré e pós intervenções
aplicando-se o teste “t” de student para amostras pequenas e pareadas com intervalo de confiança
de 95% considerando p= ou < 0,05, apresentando a média e o desvio padrão das diferenças, e o
resultado do teste “t”.
Tabela 3 - Respostas certas e erradas pré e pós intervenções aplicando-se o teste “t” de
student
Acertos Erros
MÉDIA DAS
DIFERENÇAS
-4.1250 MÉDIA DAS
DIFERENÇAS
2.1671
DESVIO PADRÃO 2.1671 DESVIO PADRÃO 4.1250
TESTE “t” -5.3838 TESTE “t” 5.3838
(p) unilateral = 0.0005 (p) unilateral = 0.0005
Houve significância estatística nas respostas certas e erradas uma vez que “t” apresentou-se
negativo o que significa que as respostas certas pós intervenção foram maiores que as respostas
certas no pré intervenção enquanto as erradas foram maiores no pré intervenção e menores no pós
intervenção
Através da análise das respostas pré-intervenção, obteve-se um resultado de 05 (62,5%)
gestantes que apresentaram conhecimento “Bom” e 03(37,5%) gestantes que apresentaram
conhecimento “Ótimo”. Na avaliação pós-intervenção obteve-se um resultado das 08 (100%)
gestantes com conhecimento considerado “Ótimo”.
Ao realizar a análise dos acertos e erros obtidos pelas gestantes chegamos à conclusão de
que nenhuma apresentou nível de conhecimento “Insuficiente” e nem “Regular”.
Algumas gestantes durante a participação das atividades e ao terem acesso a diversos
saberes e aos “porquês” em relação a diversos temas, expressaram que quando os profissionais da
área da saúde informavam-lhes sobre a gestação, muitas não perguntavam o “por que” de
determinadas orientações e situações de risco, mas apenas as aderiam, quando compreendiam a
informação. Neste projeto prioritariamente valorizamos sua vivências e, trabalhamos estimulando o
diálogo e os relatos, para que assim pudessem expressar suas dúvida e perguntar sobre diversos
61
temas que a gestação aborda sem medo e receio.
Através das intervenções pode-se notar a grande importância de realizar intervenções
focadas no pré-natal, pois este é de suma importância para a saúde da gestante e também do bebê. O
controle pré-natal, segundo recomendações de organismos oficiais de saúde, deve ter início
precoce, ter cobertura universal, ser realizado de forma periódica, estar integrado com as demais
ações preventivas e curativas, e deve ser observado um número mínimo de consultas. Seu sucesso
depende, em grande parte, do momento em que ele se inicia e do número de consultas realizadas.
Este número varia de acordo com o mês de início e as intercorrências durante a gravidez.
(COIMBRA et al, 2003)
A alimentação saudável foi outro ponto de debate, onde procurou-se demostrar a
importância de se ter uma boa alimentação, sendo que este é um período onde ocorrem inúmeras
mudanças fisiológicas e as necessidades da ingestão de nutrientes esta alterada. (CORRÊA DE
FREITAS et al, 2007)
Durante a gestação o aumento do aporte de energia materna é necessário para satisfazer as
necessidades da mãe e do feto, caso contrário pode ocorrer um estado de competição
biologicamente comprometendo o bem estar de ambos. (ANDRETO et alii, 2006)
A postura adotada pelas gestantes foi tema de suma importância, onde foi mostrado para as
gestantes que a atuação da fisioterapia na saúde da mulher permite intervir sobre vários aspectos da
função e do movimento humano. À medida que o bebê se desenvolve ele cresce e aumenta o peso,
assim como, há uma alteração hormonal importante que em associação com o crescimento das
mamas é capaz de causar uma série de modificações posturais e todas essas alterações ocorrem na
tentativa de compensar o novo centro de gravidade assumido pelo corpo (STRASSBURGER et al,
2006). Para tanto as orientações posturais quanto as atividades de vida diária, posicionamento para
dormir, elevação de membros inferiores e outras orientações foram demonstradas para qualificar o
dia a dia da gestante, minimizando as queixas.
Dentre as intervenções realizadas destacou-se a importância do exercício físico durante a
gestação e também as vantagens que estes trazem quando acompanhados por profissional da saúde.
Sendo que estas vantagens estendem-se ainda aos aspectos emocionais, contribuindo para que a
gestante torne-se mais auto confiante e satisfeita com a aparência, eleve a auto estima e apresente
maior satisfação na prática dos exercícios. (BATISTA et al, 2003)
Foi ressaltado também que alguns sinais e sintomas representam sinal de perigo de
complicação na gestação durante a prática de atividade física e indicam que esses devem ser
monitorados ou imediatamente interrompidos por constituírem grande risco para a saúde tanto da
gestante quanto do feto. (BATISTA et al, 2003)
Durante a execução das intervenções pode-se dizer que houve uma grande troca de
experiências acerca dos temas das intervenções em discussão e, foi necessário atender a todas as
necessidades de aprendizagem das gestantes, dando ênfase à participação destas e ao envolvimento
ativo para que sanassem suas dúvidas e conseguissem ter o desempenho de 100% de acertos no pós
intervenção.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio dos resultados obtidos ficam claras as possibilidades que temos como futuros
profissionais de saúde, de promover a conscientização dos indivíduos sobre a sua realidade e os
aspectos desta que podem ser transformados para favorecer escolhas saudáveis, trabalhando através
de estratégias educacionais.
Na promoção da saúde, o trabalho com grupos possibilita a quebra da relação vertical que,
tradicionalmente, existe entre os futuros e/ou profissionais da saúde e o sujeito da sua ação, sendo
esta uma estratégia facilitadora da expressão das necessidades, expectativas, angústias e
circunstâncias de vida que tem algum impacto na saúde de indivíduos e de grupos. E, dessa forma
foi possível através da assistência integral, humanizada e criativa produzir conhecimento junto ao
grupo de gestantes superando saberes populares em relação ao aleitamento materno, cuidados com o
62
bebê, nutrição, dicas de posturas, pré-natal, pós-natal, entre outros.
Ressaltamos que as atividades de comunicação juntamente com a informação em saúde
devem ser priorizadas no transcurso da assistência pré-natal, uma vez que o intercâmbio de
informações e experiências pode ser a melhor forma de promover a compreensão do processo da
gestação. A aproximação com o grupo das gestantes é um elemento facilitador à adequada
compreensão da realidade e identificação dos traços culturais dessas mulheres.
Com a realização das palestras educativas e aplicação do instrumento avaliativo no
momento pré e pós intervenção junto ao grupo de gestantes notificamos que, o mais importante para
quem presta cuidado às gestantes no pré-natal, é conhecer o que está acontecendo com elas e saber
que, por trás de toda pergunta aparentemente ingênua, feita por uma gestante, podem existir
importantes demandas emocionais latentes. Infere-se, portanto, a necessidade de uma escuta ativa,
aliada a uma prática de comunicação e informação adequada às gestantes, para contribuir no
processo de garantia da autonomia destas mulheres, permitindo-lhes participar ativamente das
opções em relação a sua saúde e a do concepto.
As atividades focadas na educação em saúde com o grupo das gestantes, vêm a
complementar o atendimento realizado durante a gestação com o acompanhamento médico,
melhorando assim a aderência por parte das gestantes em relação às indicações médicas,
diminuindo também as ansiedades e medos gerados em relação à este período e puerpério. Pois é
um evento complexo, com mudanças de diversas ordens, sendo uma experiência repleta de
sentimentos intensos que podem dar vazão a conteúdos inconscientes da mãe.
Cabe salientarmos que o nosso estudo foi válido, pois permitiu argumentarmos sobre a
pertinência do trabalho educativo em saúde desenvolvido com um grupo de gestantes. Mas
destacamos que a análise traria resultados estatísticos mais convenientes se fosse realizado com
número de amostras maiores, sendo esta possível através da realização do instrumento avaliativo
pós-intervenção com o mesmo número de entrevistadas qual foi executado no momento de pré-
intervenção, sendo que isto não foi possível devido a motivos de forças maiores.
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25 jun. 2009. IS ISSN 1518-1
64
Estudo comparativo da reabilitação na reconstrução do
ligamento cruzado anterior entre enxerto de tendão patelar e
enxerto de tendões flexores
Tiago Golo1, Rafael Mazuco
1, Marlon F. Vidmar
2, Carlos Rafael de Almeida
3,
Alexandre Michelin4, Rodrigo Algarve
4, Gilnei Pimentel
5.1
Resumo
Introdução: O ligamento cruzado anterior (LCA) é o mais acometido nas lesões do joelho e sua
reconstrução com auto-enxerto é um consenso no momento atual, porém ainda não se tem uma
definição do enxerto ideal, tendão patelar (TP) ou tendões flexores (TF). Objetivo: O objetivo deste
estudo foi comparar no período de dois meses a evolução dos pacientes submetidos à reconstrução
do LCA com enxerto patelar ou flexores. Metodologia: Foram avaliados cinco indivíduos
randomizados, no pré e pós-operatório (60 dias), através de goniometria, testes funcionais,
questionário funcional de Noyes e dinamometria computadorizada. Os indivíduos foram divididos
em dois grupos: TP (n=2) e TF (n=3). Na reabilitação foi utilizado o protocolo acelerado
modificado de Shelbourne e Nitz. Resultados: Em relação aos resultados, os testes funcionais e
subjetivos nos dois grupos apresentaram melhora; na amplitude de movimento (ADM) nenhum dos
grupos alcançou o resultado previsto no protocolo; na avaliação do pico de torque o grupo TP
apresentou déficit maior na musculatura extensora em todas as velocidades avaliadas e o grupo TF
déficit maior na musculatura flexora apenas na velocidade de 60º/s, quando comparados ao membro
contralateral. Outro achado importante foi dor anterior no grupo TP, confirmando a literatura. À
exceção da ADM, os resultados encontrados para o intervalo avaliado estão de acordo com os
mencionados na literatura, para os dois enxertos selecionados. Considerações Finais: Sugere-se o
acompanhamento dos casos aqui descritos por um período maior, bem como a ampliação da
amostra, para confirmar ou não as tendências aqui descritas.
Palavras-chave: ligamento cruzado anterior, dinamômetro de força muscular, terapia por
exercício.
INTRODUÇÃO
Tendo como fator inicial do estudo os resultados mostrados pela literatura com relação à
reconstrução do ligamento cruzado anterior (LCA) utilizando enxertos autólogos patelares e
isquiotibiais, os autores buscaram fatores indicativos da reabilitação protocolar com maior eficácia
utilizando um ou outro enxerto.
A lesão do ligamento cruzado anterior é responsável por 50% de todas as lesões
ligamentares (BOLLEN, 1998), desta forma demonstra a necessidade de reunir maiores
informações sobre seu tratamento.
A lesão e a reconstrução do LCA do joelho têm sido associadas a mudanças
neuromusculares, como por exemplo, diminuição da propriocepção, alteração nos reflexos
1 1Fisioterapeuta.
2Acadêmico do Curso de Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo.
3Fisioterapeuta, Mestre em Terapia Manual Ortopédica, docente do Curso de Fisioterapia da UPF.
4Médico ortopedista, Grupo do Joelho, Hospital Ortopédico de Passo Fundo.
5Fisioterapeuta, Mestre em Ciências do Movimento Humano, docente do Curso de Fisioterapia da Universidade de
Passo Fundo.
65
musculares iniciados pelo LCA, diminuição da força muscular do quadríceps e alterações da marcha
(BONFIM & BARELA, 2005). Por isso a preocupação em melhor entender as adaptações
neuromusculares pós-reconstrução de ligamento cruzado anterior, para favorecer uma conduta
fisioterapêutica de melhor qualidade, comparando o pré e o pós-operatório, analisando sua evolução
durante os 60 dias iniciais de tratamento, permitindo concomitantemente avaliar o torque e
amplitude de movimento (ADM) de forma mais exata, podendo reproduzir funcionalmente as
atividades habituais.
O estudo objetivou relacionar quantitativa e qualitativamente a evolução dos resultados
provenientes da aplicação do protocolo pós-reconstrução de LCA em indivíduos com reconstrução
do ligamento cruzado anterior com tendão patelar (TP) ou tendões flexores (TF), em momentos
distintos, sendo eles o pré e pós-operatório. Sendo assim, foram utilizados instrumentos de medida
universalmente aceitos, como a Dinamometria Computadorizada, o Questionário Funcional de
Noyes, Testes Funcionais e Goniometria.
MATERIAL E MÉTODOS
Este é um estudo observacional randomizado cego, aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade de Passo Fundo. Participaram da pesquisa indivíduos randomizados
previamente, com diagnóstico de ruptura total do ligamento cruzado anterior e que se submeteram à
intervenção cirúrgica para a reconstrução (ligamentoplastia), no intervalo de 01/02/08 a 01/04/08,
usando como procedimento o terço médio do tendão patelar ou tendões dos músculos isquiotibiais,
ambos autólogos. A inclusão dos indivíduos também segue outros critérios: tempo de lesão menor
que doze meses; sem sintomas ou qualquer lesão no joelho contralateral; sem história de lesão
prévia no joelho comprometido; não apresentar história de doença neurológica ou outra a qual
poderia interferir na reabilitação ou na própria cirurgia (reumática, metabólica, cardiovascular); ter
no mínimo três dias disponíveis por semana durante dois meses para realização da fisioterapia e das
avaliações; não possuir qualquer deformidade ou lesão não tratada nas articulações do quadril.
Durante o período proposto, cinco sujeitos enquadraram-se nos critérios pré-determinados,
sendo então alocados aleatoriamente, através de sorteio, dois no grupo A (reconstrução com tendão
patelar) e três no grupo B (reconstrução com tendões flexores). A técnica cirúrgica para ambos os
grupos foi via artroscópica, sendo todos os procedimentos realizados com o mesmo cirurgião.
O grupo A foi composto por um indivíduo do sexo masculino e um do sexo feminino, com
idades de 27 e 46 anos, respectivamente (média de 36,5 anos), o primeiro com o lado não-
dominante comprometido, e o segundo o lado dominante; do grupo B fizeram parte dois indivíduos
do sexo masculino e um do sexo feminino, com idades entre 27 e 45 anos (média de 34,3 anos),
todos com o lado dominante comprometido. Todos os voluntários apresentavam lesão meniscal
associada, sendo submetidos a meniscectomia parcial concomitante.
Para as avaliações foram selecionados métodos de mensuração utilizados e aceitos
universalmente: goniometria, dinamometria computadorizada, questionário funcional de Noyes e
testes funcionais.
Os indivíduos receberam esclarecimentos sobre os objetivos, procedimentos ou qualquer
outra dúvida pendente sobre o estudo. Posteriormente houve preenchimento de uma ficha com
dados dos indivíduos e inspeção. Ao final deste procedimento foram realizadas as avaliações pré-
operatórias, sendo padrão a semana anterior à intervenção. Pós-operatório, determinou-se o período
de 60 dias para as reavaliações, acompanhados de reabilitação estabelecendo o protocolo acelerado
modificado de Shelbourne e Nitz (1990), o qual preconiza mobilização precoce e exercícios de
CCF, como princípio básico de tratamento. A reabilitação foi desenvolvida nas clínicas de
fisioterapia da UPF, que seguem como conduta para tal lesão este protocolo, chegando a mesma
conformidade ou aceitação dos autores da pesquisa.
Para a avaliação do pico de torque dos músculos extensores e flexores do joelho, foi
utilizado um dinamômetro computadorizado da marca Biodex™ Multi Joint System 3 Pro, no
Laboratório de Biomecânica da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia da Universidade de
66
Passo Fundo. O experimento foi iniciado com o indivíduo posicionado de acordo com a
recomendação do manual do fabricante (BIODEX™, 2002), com o encosto inclinado a 85º e com as
costas bem suportadas pelo aparelho, com cintos posicionados no tronco superior, na região da
pelve cruzando nas espinhas ilíacas ântero-superiores, em volta de uma das coxas e no tornozelo do
membro a ser testado a 2cm acima do maléolo medial. O eixo de rotação do dinamômetro foi
alinhado com o eixo da articulação do joelho. Foram utilizadas velocidades angulares de 60º/s,
180º/s e 300º/s para ambos os grupos, tanto nas avaliações pré-operatórias como nas pós-
operatórias. Para verificar a amplitude de movimento em flexão e extensão do joelho, o sujeito foi
colocado em posição pronada, estabilizando o fêmur para manter o quadril em abdução, adução,
flexão, extensão e rotação de 0 graus. O alinhamento do goniômetro foi realizado centrando o eixo
do mesmo sobre o epicôndilo lateral do fêmur; seu braço proximal foi alinhado com a linha média
lateral do fêmur, usando como referência o trocânter maior; o braço distal foi alinhado com a linha
média lateral da fíbula, usando como referência o maléolo lateral e a cabeça da fíbula.
Para os testes funcionais foram utilizados de acordo com Prentice (2002), os seguintes
testes:
Sprint em “W”: o paciente realiza um sprint para frente, até o primeiro marcador, em
seguida move-se para trás até o segundo e, depois, para frente até o terceiro, e assim por diante. O
percurso foi realizado três vezes, sendo cronometrado em todas elas, e calculado o tempo médio
gasto para percorrê-lo.
Corrida quadrangular (Box Run): o paciente é orientado a contornar quatro cones dispostos
de forma a constituir um quadrado. Também neste teste o trajeto foi percorrido três vezes, sendo
cronometrado e calculado o tempo médio.
Para avaliação subjetiva foi utilizado o Questionário Funcional de Noyes, que consiste em
um formulário a ser respondido pelo voluntário, de forma espontânea e não induzida, onde são
avaliadas através de conceitos numéricos a dor e suas principais variáveis como a intensidade,
freqüência e localização, o edema, a estabilidade, a rigidez, a crepitação e sensação de bloqueio,
nível de atividade geral, marcha, atividades tais como subir e descer escadas, correr, pular e girar,
nível de atividade comparado com ao anterior à lesão, expectativa da recuperação, uso de órtese e
nota geral (de 0 – 100) para a situação do joelho, podendo atingir um escore máximo de 100 pontos.
RESULTADOS
Grupo A - Tendão Patelar (TP)
Nas avaliações subjetivas, que implicava em responder o Questionário Funcional de Noyes,
houve melhora nos dois indivíduos do grupo, tanto na pontuação atingida no questionário quanto na
nota atribuída pelo paciente ao seu joelho. O indivíduo 1 evoluiu de 22 pontos e nota 30 na
avaliação pré – operatória para 55 pontos e nota 70 na avaliação pós – operatória de 60 dias, o que
significa ganho de 150% e 133,33% respectivamente. Enquanto o indivíduo 2 partiu de 73 pontos e
nota 50 para 80 pontos e nota 80 (9,58% e 60% respectivamente). Na média do grupo houve
aumento de 79,79% na pontuação do questionário e 96,65% na nota atribuída.
Os resultados da avaliação funcional vêm ao encontro dos dados acima citados, pois
apresentaram melhora em ambos os indivíduos. O indivíduo 1 estabeleceu médias de 14,55s no pré
– operatório e 7,24s no pós – operatório no teste de Sprint em W, e 17,83s contra 8,30s no teste de
Box Run tendo um ganho de 50,24% e 53,44% de funcionalidade nos respectivos testes. O
indivíduo 2 obteve médias de 5,53s e 4,62s (melhora de 16,45%) no teste de Sprint em W, já no Box
Run passou de 4,86s para 3,85s (aumento de 20,78% na funcionalidade). Com isso fica estabelecida
uma melhora dentro do grupo TP de 33,34% no Sprint em W e 37,11% no Box Run.
Na avaliação do pico de torque o grupo TP apresentou déficit maior na musculatura
extensora nas velocidades de 60º/s, 180º/s e 300º/s quando comparado ao membro contralateral. Já
o grupo TF apresentou déficit maior na musculatura flexora na velocidade de 60º/s e déficit menor
nas velocidades de 180º/s e 300º/s quando comparado ao membro contralateral. O que pode ser
67
verificado nas tabelas 1 e 2 respectivamente.
Tabela 1: Média da relação do pico de torque (%) da musculatura extensora entre o membro
operado e o contralateral.
60º/s 180º/s 300º/s
Pré Pós Pré Pós Pré Pós
TP - 46,15 - 63,15 - 39,15 - 49,65 - 32,5 - 36,5
TF - 31,95 - 44,05 - 20,5 - 32,65 - 18,6 - 16,1
Fonte: Dados coletados no Laboratório II de Biomecânica da FEFF - UPF, pelos pesquisadores, no período entre
fevereiro e junho de 2008.
Tabela 2: Relação média do pico de torque (%) da musculatura flexora entre o membro operado e o
contralateral.
60º/s 180º/s 300º/s
Pré Pós Pré Pós Pré Pós
TP - 40,65 - 30,5 - 35,15 - 20,2 -38,35 - 17,5
TF - 40,4 - 37,95 - 40,2 - 17,9 - 38,2 -5,4
Fonte: Dados coletados no Laboratório II de Biomecânica da FEFF - UPF, pelos pesquisadores, no período entre
fevereiro e junho de 2008.
Em relação à ADM nenhum dos pacientes apresentou déficit de flexão ativa, mas o
indivíduo 2 apresentou restrição de 5º na flexão passiva em relação ao joelho contralateral. Na
avaliação da extensão total observou-se que todos os integrantes do grupo apresentaram restrição
(2º no indivíduo 1 e 5º no indivíduo 2), média de 3,5º.
Grupo B – Tendões Flexores (TF)
Um dos pacientes foi excluído do estudo, pois apresentou intercorrências como dor
significativa na região póstero-lateral, restrição acentuada da ADM e “estalidos” na articulação
acometida. Foi assim orientado pelos pesquisadores a retornar ao cirurgião responsável.
Na avaliação subjetiva todos os integrantes do grupo TF elevaram a pontuação e a nota, na
comparação das avaliações pré e pós – operatória. O indivíduo 1 obteve uma evolução de 34 pontos
e nota 30 para 67 pontos e nota 65 (melhora de 97,05% e 116,66%). Já o indivíduo 2 progrediu de
25 pontos e nota 30 para 74 pontos e nota 70 (evolução de 196% e 133,33%). Este grupo apresentou
ganho médio de 146,52% na pontuação e 124,99% na nota.
Nos testes funcionais, o indivíduo 1 obteve no Sprint em W médias de 9,24s no pré –
operatório e 6,38s no pós – operatório, o que gerou ganho médio de 30,95%, já no teste de Box Run
obteve médias de 8,11s e 6,47s, ganho de 20,22% na sua funcionalidade. O indivíduo 2 estabeleceu
médias de 6,45s e 5,73s no teste de Sprint em W, e para o teste de Box Run médias de 6,13s e 5,35s
aumentando em 11,16% e 12,72% respectivamente sua funcionalidade. O que estabeleceu a
evolução média de 21,05% no Sprint em W e 16,47% no Box Run dentro do grupo.
Na avaliação da ADM 100% dos indivíduos apresentaram comprometimento tanto na flexão
ativa quanto na passiva. O indivíduo 1 apresentou déficit de 14º e 13º respectivamente. No
indivíduo 2 a restrição ficou em 11º na flexão ativa e 9º na passiva. Média de 12,5º de perda na
flexão ativa e 11º na flexão passiva.
Na extensão total houve restrição de 6º no indivíduo 1. Já o indivíduo 2 apresentou a mesma
extensão comparado ao membro não afetado, atingindo assim o objetivo estabelecido pelo
protocolo acelerado.
68
DISCUSSÃO
A restrição de ADM é tida como complicação freqüente da reconstrução do LCA
(GUIMARÃES, 2004). Sachs et al (1990), reportaram em seu estudo 24% de joelhos com
contratura em flexão maior que 5º após reconstrução do LCA.
Neste estudo houve um maior comprometimento na avaliação de ADM de flexão de joelho
no grupo TF quando comparados ao grupo TP. O que também foi verificado no estudo de Siegel e
Barber-Westin (1998), que descreveram 6% de limitação na flexão, o que retardou o programa de
reabilitação, nos 82 pacientes submetidos à reconstrução com tendões de semitendíneo e grácil.
Aglietti et al (1992), verificaram que a perda de extensão final é mais freqüente nos
pacientes submetidos à reconstrução com a técnica TP. Relatam que essa limitação ocorreu, em
diversos graus de gravidade, em 47% dos pacientes submetidos à técnica TP, e em apenas 3%
daqueles submetidos à técnica TF. Balsini et al (2000), observaram em seu estudo que a limitação
da extensão final ficou evidente em 16% dos casos na série do TP contra 2% do grupo TF. O que
vem ao encontro dos resultados obtidos nesse estudo. Já para Marder et al (1991) a amplitude final
de movimento foi similar em ambos os grupos.
No presente estudo ambos os grupos apresentaram uma evolução na avaliação subjetiva e
funcional, porém não podemos afirmar se a diferença entre grupos é ou não significativa, por ser
uma amostra pequena.
Pinczewski et al (2007), num estudo de 180 pacientes compararam os resultados de
reconstituições do LCA com TP e TF, com acompanhamento de até 10 anos e demonstraram que as
avaliações subjetiva e funcional não revelaram diferenças significativas entre os dois grupos. O que
é confirmado no estudo de Iorio et al. (2005), que ao acompanhar 60 casos por 74 meses não achou
diferença significativa na avaliação subjetiva entre grupos de enxerto patelar e flexores.
Xu et al (2007), em estudo comparativo entre tendão flexor e tendão patelar com
acompanhamento de até 36 meses também não perceberam diferença significativa entre os grupos
nas avaliações subjetivas. Sajovic et al (2006), num estudo comparativo entre enxertos patelar e
flexores com 64 pacientes, não observaram diferenças significativas com relação ao escore na
avaliação subjetiva e funcional. Com isso concluem que ambos os enxertos mostram bons
resultados subjetivos e objetivos após cinco anos.
Hernandez et al (1996), concluíram que a reconstrução do LCA com terço central do tendão
patelar autólogo permite retorno à atividade física em níveis semelhantes aos níveis pré-lesão. O
que vem ao encontro de Isberg et al. (2006), que em pesquisa feita com 22 pacientes com
reconstituição de LCA com tendão patelar, não encontraram diferenças significativas nos resultados
de ADM, testes funcionais e avaliação subjetiva em dois anos após a realização da cirurgia.
Em estudo feito por Aglietti et al (1992), em 69 pacientes submetidos à reconstrução do
LCA com tendão patelar, a pontuação média atingida na avaliação subjetiva foi de 63 pontos, antes,
para 92 pontos após a cirurgia. Vindo ao encontro de Buss et al (1993), que utilizaram o mesmo tipo
de enxerto, obtendo aumento da pontuação média de 55 para 93 pontos.
Corroborando com os achados desta pesquisa em relação à avaliação do pico de torque,
Dauty et al (2005) realizaram uma análise da literatura publicada em 2005, onde selecionaram 53
relatos de avaliação isocinética após reconstrução do LCA com os mesmos enxertos do presente
estudo. Após 24 meses não foi encontrada diferença entre os enxertos, porém os dados descritos nos
primeiros meses apontam para um menor déficit flexor (1% – 15% contra 5% - 17%) com uso de
tendão patelar, e nos casos em que foram usados tendões flexores a relação é oposta, com menor
déficit extensor (6% - 19% contra 5% - 21%).
Em estudo de Carter e Edinger (1999) foi comparada a força dos músculos quadríceps e
flexores do joelho, após cirurgia reparadora do LCA com TP ou TF. A maioria dos pacientes não
apresentava força muscular normal após seis meses.
Dentre os estudos isolados sobre a reconstrução do LCA com um único tipo de enxerto
(patelar) pode-se mencionar o de Keays et al (2000), que avaliaram 31 indivíduos que após a
cirurgia realizaram a reabilitação acelerada com ênfase na ADM precoce. Na avaliação isocinética
69
pré-operatória foi detectado um déficit de 12% no quadríceps, na velocidade de 60º/s, sendo que aos
seis meses este valor aumentou para 28%. Cabe ressaltar que a musculatura flexora não apresentou
diferença nestes dois momentos.
Em estudo de Kobayashi et al. (2004), foi avaliada a performance muscular após a
reconstrução ligamentar com TP em 36 sujeitos. A musculatura extensora e flexora foi mensurada
em 60 e 180º/s em diferentes momentos da recuperação, mais especificamente com um mês, seis,
doze e 24 meses após. Na avaliação final foi encontrada uma recuperação de 90% do quadríceps,
sendo que para os isquiotibiais esta porcentagem foi atingida aos seis meses. Destaca-se que os
pacientes com dor anterior no joelho demoraram mais tempo para recuperar a força.
Olivier et al. (2007), analisaram a evolução da performance isocinética dos músculos
flexores e extensores de joelho, em jogadores de futebol antes e depois da reconstrução do LCA
com o uso de TP. Duas avaliações foram realizadas em 18 atletas, antes e quatro meses após a
cirurgia. A avaliação inicial mostrou que a performance dos extensores no lado lesado foi
significativamente menor quando comparada com o lado saudável, e os resultados de quatro meses
depois demonstraram que esse déficit foi acentuado.
Chama atenção o relato de dor anterior no joelho em todos os indivíduos do grupo TP do
presente estudo. O que segundo Balsini et al (2000), poderia ser explicado em parte pela maior
agressão cirúrgica a essa região, e pela possibilidade de cicatrização com fibrose e conseqüente
encurtamento do TP, aumentando a pressão na articulação femoropatelar.
A musculatura isquiotibial é um componente vital na intrincada dinâmica do mecanismo do
joelho. No entanto, há evidência baseada em pesquisas sugerindo déficits potenciais devido à
morbidade do sítio doador (VAIRO et al. 2008).
Em uma publicação Keays et al. (2001), avaliaram isocineticamente o pré e o pós-operatório
de seis meses de 31 indivíduos submetidos à reconstrução com TF e posteriormente a um programa
de fisioterapia. Comparado ao joelho contralateral encontrou-se um déficit de 7,3% na musculatura
extensora antes da cirurgia, na velocidade angular de 60º/s, não tendo sido encontrado déficit de
flexores. Aos seis meses o déficit dos extensores aumentou para 12%, e o déficit dos flexores
aumentou para 10%.
Já Coombs e Cochrane (2001), estudaram a recuperação da força dos flexores do joelho após
a reconstrução com TF. Os resultados mostraram que há déficit de força nos flexores do joelho até
12 meses de pós-operatório.
Do ponto de vista econômico Forssblad et al. (2006), ao compararem os custos do uso dos
dois enxertos estudados, incluindo diferentes métodos de fixação demonstraram que a media do
custo com TP foi €197, comparados com €436 para TF, recomendando, desta forma, o uso do
primeiro. Com relação ao tempo médio de cirurgia os mesmo autores demonstraram que o
procedimento com TP foi 11,5 minutos menor (71,3 ± 31 min.) que TF (83,2 ± 27).
Este estudo fortalece a evidência da redução da morbidade usando enxerto de tendões
flexores, concordando com os achados de Poolman et al. (2007).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ainda há controvérsias sobre a seleção do enxerto para reconstrução primária do LCA. São
necessários estudos prospectivos randomizados de longo tempo para determinar as diferenças entre
os materiais.
Entende-se que o período de 60 dias P.O. parece curto para entender-se qualquer resultado
com razoável grau de confiabilidade, porém é um bom indicativo, através das diferentes formas de
avaliar a evolução de cada caso, da aplicabilidade do protocolo proposto.
Seis meses é um período quase que consensual na avaliação dos pacientes submetidos à
reconstrução do LCA com auto-enxerto, pois é o momento em que a maioria dos pacientes retorna
as atividades que antecederam as lesões.
Com isso os autores recomendam o acompanhamento dos casos aqui descritos por um
período maior, bem como a ampliação da amostra, para confirmar ou não as tendências aqui
70
descritas.
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72
Influência da fotobiomodulação por LED na microcirculação e
edema experimental induzido
Vinicius Brandalise1; Tádia Fernanda Lapinski
2; Franciane Barbieri Fiório
1.
Resumo
Introdução: Os efeitos da fotobiomodulação consistem da utilização de luz, para modular várias
funções celulares, tendo como principais, os efeitos antiálgicos, antiinflamatórios e antiedematoso e
os efeitos sobre o aumento da microcirculação local e trofismo celular, os quais favorecem o
processo de reparação tecidual. A fototerapia com diodos emissores de luz (LEDs) tem atraído a
atenção na fotobiomodulação tecidual, tendo em vista serem uma alternativa de baixo custo para as
terapias que utilizam laser de baixa potência. Objetivos: Analisar a interação do LED no vermelho
e no infravermelho (635 e 973 nm) sobre a microcirculação auricular de ratos e sobre o edema
inflamatório induzido em pata de ratos. Metodologia: Para avaliar os efeitos sobre a
microcirculação e sobre o edema, foram utilizados ratos wistar, os quais foram: grupo A - controle;
grupo B - irradiado com LED infravermelho (973nm) e grupo C - irradiado com LED vermelho
(635nm), Para verificar os efeitos sobre a microcirculação, os animais receberam apenas 1
irradiação sobre a orelha direita e esses efeitos foram avaliados através da variação da temperatura
auricular. Para avaliação dos efeitos do LED sobre o edema inflamatório, este foi induzido com
injeção de carragenina na pata do rato e após foi realizada somente 1 irradiação com LED na pata e
os efeitos foram verificados a través da variação do volume em coluna de água e da medição da
temperatura da pata. Conclusão: A interação LED-tecido biológico, independente do comprimento
de onda, possibilita: 1) variação no diâmetro dos vasos e na temperatura auricular; 2) a irradiação
por LED, na faixa do vermelho (635nm), demonstra maior viabilidade de diminuição do quadro
edematoso.
Palavras-chave: LED, temperatura, edema
INTRODUÇÃO
Numa lesão tecidual, existe inicialmente uma resposta vascular onde ocorre um processo de
vasoconstricção (por ação da noradrenalina e contração do endotélio) e conseqüente vasodilatação.
Durante este processo, células inflamatórias (neutrófilos e leucócitos) são atraídas para a área de
lesão. A permeabilidade vascular, alterada pela ação da histamina, faz com que haja a formação de
edema (BAXTER, 1998).
A inflamação é um processo dinâmico, como resposta de defesa biológica do corpo a
inúmeras e distintas injúrias e é essencial à resposta de proteção do corpo no reparo de tecido
(ALBERTINI, 2004).
Durante a resposta inflamatória ocorre aumento da pressão hidrostática na microcirculação e
passagem dos fluidos através dos pequenos vasos tornando-os mais permeáveis às proteínas
plasmáticas. Quando estas proteínas deixam os vasos e entram no interstício, a pressão osmótica
amenta e provoca a saída de mais fluido para o interstício, originando o edema e aumentando a
1 Fisioterapeuta graduado pela Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC; Mestre em Emgenharia Biomédica
pela Universidade do Vale da Paraíba - UNIVAP; docente do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade
Comunitária Regional de Chapecó – UNOCHAPECÓ 2 Bióloga graduada pela Universidade da Região de Chapecó – UNOCHAPECÓ, Mestre em Emgenharia Biomédica
pela Universidade do Vale da Paraíba - UNIVAP; docente da Área da Ciencia da Saúde da Universidade Comunitária
Regional de Chapecó – UNOCHAPECÓ
73
viscosidade sanguinea que tende a desacelerar o fluxo (estase sanguinea) (MARTINS, et al, 2007).
A Terapia Laser em Baixa Intensidade tem sido recomendada no período pós-operatório pela
habilidade em acelerar o reparo de feridas.
Segundo Buso (2006), a laserterapia produz diversos efeitos, sendo eles: antiálgicos,
bioestimulantes de trofismo celular, antiinflamatório, antiedematoso e normalizador circulatório.
Assim, esta terapia pode ser empregada, como coadjuvante em tratamentos variados.
Os efeitos da fotobiomodulação, consistem da utilização de luz na faixa do vermelho e
infravermelho próximo (600 a 1000 nm), para modular várias funções celulares (CALIFANO, 2006
cita Desmet, 2006); uma vez que corantes endógenos, principalmente hemoglobina, absorvem
fortemente luz abaixo de 600 nm, e comprimentos de onda maiores são energeticamente efetivos na
produção de O2 ( MEIRA, 2007 cita Nowis et al, 2005)
O efeito da TLBI no processo inflamatório foi estudado por Albertini et al (2004) em
modelo experimental de ratos. Induziu-se edema na pata com injeção sub-plantar de 1 ml de
carraginina e o volume da pata medido 1, 2, 3, e 4 horas após a injeção usando um
hidropletismomêtro. Os animais foram irradiados com GaAlAs durante 80 segundos, com D.E = 1 a
5 J cm. Os autores concluíram que a TLBI tem possível efeito antiinflamatório através da
estimulação de hormônios adrenais corticosteróide.
Honmura (1992) utilizou modelos inflamatórios com carragenina no dorso e na pata dos
ratos Wistar comparando os efeitos do tratamento da droga indometacina e laser diodo de Ga-Al-As
com potência de 10mW (31 J/sec/cm2) durante sete dias consecutivos. Realizou análise da
permeabilidade vascular da proteína do plasma e verificou que a irradiação laser inibe a
permeabilidade vascular no estágio agudo e a formação de granuloma no estágio crônico e que a
droga indometacina era superior ao laser.
Um fator importante para a rápida recuperação de uma ferida é por intermédio do estímulo
do sistema linfático. O efeito antiedematoso ou o aumento de drenagem da superfície irradiada é
somente evidente se ocorrer estase venoso-linfática. Esse efeito é notório em edema de síndrome
varicosa, linfedema e outras situações clínicas (CORAZZA, 2005). ÖZKAN (2004) utilizou um
laser diodo infravermelho (904 nm) pulsado em pós-operatório de tendões digital flexores de
humanos, apresentando um significativo efeito positivo na redução do edema, através da
mensuração do volume de água.
A luz coerente e não coerente (Laser e LED - diodos emissores de luz), possuindo mesmos
parâmetros (comprimento de onda, intensidade e dose) fornecem a mesma resposta biológica em
nível celular (FARIA, 2006 cita Karu, 2006).
Considerando-se as propriedades de biomodulação descritas para lasers de baixa potência e
admitindo-se que LED podem demonstrar atividades semelhantes, o objetivo deste trabalho foi
analisar a interação do LED 635 e 973 nm sobre a microcirculação e sobre o edema de pata de rato,
induzido por carragenina.
METODOLOGIA
Esta pesquisa caracteriza-se pelo método qualitativo e quantitativo - híbrido onde destaca-se a
utilização das técnicas de levantamento de dados através da observação e analise documental de
exames laboratoriais, onde são identificadas as características peculiares e universais de grupos de
indivíduos com uma ou mais características em comum, propondo uma ação de intervenção e
condução da pesquisa através da imersão do pesquisador (GOLDIM, 2000).
Neste estudo foram seguidas as premissas da COBEA (Colégio Brasileiro de
Experimentação Animal), tendo sido aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade do Vale do
Paraíba (CEP – UNIVAP), sob protocolo número: A107/CEP/2007.
Amostra
Para a realização do experimento foram utilizados ratos da linhagem wistar, com peso médio
74
de 250gr (±20gr), provenientes do biotério da UNOCHAPECÓ-SC, segundo os Princípios Éticos
na Experimentação Animal (COBEA, 1991), Os animais foram mantidos em temperatura ambiente,
ciclo claro/escuro de 12/12h, com comida e água a vontade; foram alojados em gaiola coletiva,
providas de cama de maravalha, mamadeira para água e cocho de alimentação.
Os animais foram separados em 3 grupos (A, B e C), sendo: o grupo A, denominou-se
controle; o grupo B, irradiado com LED infravermelho (973nm); o grupo C, irradiado com LED
vermelho (635nm).
Para a verificação de cada efeito foram utilizados 3 ratos.
Procedimento Anestésico
A anestesia foi realizada, em ambos os ratos, empregando-se 0,15 mL de Xilazina e 0,15 mL
de Ketamina por via intraperitoneal, através de associação anestésica entre um agente dissociativo e
um fármaco de ação miorrelaxante, analgésico e sedativo. A dose de ketamina e xilazina
recomendada é de 0,1 ml para cada 100g do rato da mistura de 1 ml de ketamina a 10% (50mg) e 1
ml de xilazina a 2% (20mg); permitindo um período de latência de cinco a sete minutos e uma
anestesia que varia de 50 a 80 minutos, sem alteração drástica dos parâmetros fisiológicos e demais
funções gerais; esta técnica dispensa qualquer atenção pós-anestésica (MASSONE, 2003;
BOJRAD, 1996).
Mensuração da Temperatura
Foi realizada a medida da temperatura, com os ratos já anestesiados, empregando-se um
termômetro infravermelho MT-360, marca Minipa® com mira laser, portátil, classificação de
segurança do Laser: Classe II; comprimento de onda: vermelho (630~670 nm), potência de saída :
<1mW (Classe II). A distância para realização da medida de temperatura foi padronizada em 25 cm.
Especificações Técnicas do Diodo Emissor de Luz (LED)
Foram realizados dois protocolos distintos de irradiação com LED, operando nos
comprimentos de onda de 635 e 973 nm. Os parâmetros utilizados na terapia estão especificados na
tabela 1.
Tabela 01 - Descrição Técnica dos LED´s.
Valências Físicas LED (V) LED (IV)
Comprimento de onda 635 nm 973 nm
Potência 15 mW 104 mW
Tempo de exposição 20 segundos 22 segundos
Diámetro do feixe 1 cm 1 cm
Densidade de energia 3 J/cm2
3 J/cm2
Preparação das amostras para verificação dos efeitos do LED sobre a microcirculação
Após o procedimento anestésico, seguiu-se tricotomia na orelha direita dos animais com
gilete (Gilete®), evitando lesionar a pele do animal. Procedeu-se a limpeza do tecido com algodão
embebido em álcool 99.5% e a fixação do tecido auricular com fita em tubo de ensaio para este
ficar plano.
Após a preparação da amostra, foi realizada a medida da temperatura auricular e realizada a
primeira irradiação. Logo após a irradiação, foi realizada a medida da temperatura e esta foi
retomada no 3°, 6°, 9°, 12°, 15° e 18° minuto após a irradiação.
Preparação das amostras para verificação dos efeitos do LED sobre o edema induzido
75
Após o procedimento anestésico, foi realizada a mensuração do volume da pata de cada rato
através de um becker com régua milimetrada, o qual estava continha solução aquosa e da
temperatura através do termómetro infravermelho.
O edema de pata foi induzido com um volume de 0,1 ml de solução composta por
carragenina (0,1 mg/ml) diluída em soro fisiológico, que foi injetado da região plantar da pata
posterior esquerda.
Após 1 hora da indução do edema, foi realizada a mensuração do volume e da temperatura
novamente, e logo após realizou-se a irradiação com LED no vermelho e infravermelho. Novas
mediadas da temperatura e volume da pata foram realizadas a cada 30 minutos, totalizando 5
medidas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O gráfico 1 demonstra a relação entre os distintos tempos de mensuração e a variação de
temperatura dos grupo A, B e C. Os tempos de mensuração foram respectivamente: 1 – pré
irradiação; 2- 3 minutos pós irradiação 4- 9 minutos pós irradiação; 5-12 minutos pós irradiação; 6-
15 minutos pós irradiação; 7- 18 minutos pós irradiação. Observa-se uma temperatura basal
próxima do de 31,5 ºC. Não foi observado variações significantes na mensuração da temperatura ao
longo do experimento independente do grupo analisado.
Relação temperatura auricular
0
10
20
30
40
Tempos de mensuração (minutos)
Tem
pera
tura
(ºC
)
Grupo A - Controle 31,5 31,5 31,5 31,5 31,5 31,5 31,5
Grupo B - LED 973nm 31 33 32 31,5 31 31,5 32
Grupo C - LED 635nm 32 30,5 28,5 25 30 29,5 28
1 2 3 4 5 6 7
Gráfico 1 - Avaliação seriada da temperatura auricular dos distintos grupos.
Em relação à temperatura, verificou-se neste estudo que houve uma pequena variação da
temperatura inicial para a temperatura final; inicialmente a temperatura aumentou em 3°C
imediatamente após a irradiação em relação a temperatura pré irradiação, caindo para valores
próximos ao inicial nos 9 minutos subseqüentes, voltando a aumentar nos próximos minutos. De
acordo com Martins et al (2007) a terapia com Laser de Baixa Intensidade com baixa densidade de
energia de 1 a 10 J/cm², produz um pequeno e não significante aumento da temperatura, o qual não
ultrapassa 1°C, o que está em acordo com o resultado encontrado nesse estudo, tendo em vista que o
tecido auricular não foi lesado, o qual não estaria sob um processo inflamatório.
O gráfico 2 mostra a variação da temperatura da pata dos animais.
76
Relação temperatura da pata
0
5
10
15
20
25
30
35
1 2 3 4 5
Tempos de mensuração (minutos)
Tem
pera
tura
(ºC
)
Grupo A - Controle
Grupo B - LED 973nm
Grupo C - LED 635nm
Gráfico 2. Avaliação seriada da temperatura da pata dos diferentes grupos.
Como se pode observar, o rato que recebeu a irradiação com LED teve um leve aumento na
temperatura no momento logo após a irradiação, comparado com antes da irradiação, porém nos
próximos 30 e 60 minutos após a irradiação, houve uma diminuição da temperatura. Isso pode ser
explicado pelo efeito antiinflamatório do LED. Já no rato que não recebeu irradiação com LED, a
temperatura aumentou nos minutos após a administração da solução de carragenina.
O gráfico 3 mostra a variação do volume do edema da pata dos animais.
Variação volume edema
0
1
2
3
4
5
1 2 3 4 5
Tempos de mensuração (minutos)
Vo
lum
e (
ml)
Grupo A - Controle
Grupo B - LED 973nm
Grupo C - LED 635nm
Gráfico 3. Demonstração da variação do volume da pata (ml), ao longo dos
tempos de mensuração, nos três grupos.
Como pode-se observar, no rato que recebeu a irradiação com LED, houve manutenção do
volume de água após 1 hora de administração da solução de carragenina, no entanto, no rato que
não recebeu irradiação, esse aumento foi de 0,5 ml, indicando que houve um edema em ambos os
ratos, porém no rato não irradiado, o edema foi menor. Após 30 minutos da irradiação, houve uma
diminuição do volume da coluna de água em ambos os ratos. A diminuição do edema no rato
irradiado é explicada pelos efeitos antiinflamatórios do LED, o que está de acordo com Albertini
(2007), que em seu estudo, usando o mesmo protocolo, também conseguiu uma redução do edema
após irradiação com Laser, no entanto, no rato não irradiado, também houve uma diminuição do
edema, o que soa estranho, tendo em vista que foi realizado nenhum tipo de terapia neste animal.
O efeito da TLBI no processo inflamatório foi estudado também por Albertini et al (2004)
77
em modelo experimental de ratos. Induziu-se edema na pata com injeção sub-plantar de 1 ml de
carraginina e o volume da pata medido 1, 2, 3, e 4 horas após a injeção usando um
hidropletismomêtro. Os animais foram irradiados com GaAlAs durante 80 segundos, com D.E = 1 a
5 J cm. Os autores concluíram que a TLBI tem possível efeito antiinflamatório através da
estimulação de hormônios adrenais corticosteróide.
Segundo Campana et al. (1998), a ação do laser de baixa potência sobre o tecido está
relacionado à possibilidade de inibir o aparecimento de fatores quimiotáxicos nos estágios iniciais
da inflamação; de interferir com os efeitos dos mediadores químicos induzidos pela inflamação e de
inibir a síntese de prostaglandinas, que são mediadores inflamatórios e desempenham importantes
papéis no processo inflamatório.
Özkan (2004) utilizou um laser diodo infravermelho (904 nm) pulsado em pós-operatório de
tendões digital flexores de humanos, apresentando um significativo efeito positivo na redução do
edema, através da mensuração do volume de água.
Sugere-se que a TLBI pode modular o processo inflamatório. Albertini e cols (2007)
estudaram os efeitos da TLBI na expressão da COX-2 mRNA em tecido subplantar edemaciado
através de injeção de carraginina. O edema foi medido por pletismômetro e a expressão da COX-2
mRNA por RT-PCR, após irradiação com 660 e 684 nm de luz laser no vermelho. Os resultados
sugerem a diminuição do edema e da COX-2 mRNA, conclui-se que a TLBI reduz a expressão da
COX-2 mRNA, consequentemente diminuindo o edema inflamatório.
CONCLUSÃO
Apesar da riqueza literária e estudos a respeito da aplicação do laser, ainda são escassos os
estudos utilizando o LED, encontrando-se em processo de avaliação seus reais efeitos,
principalmente no que concerne a coerência, necessitando de estudos mais detalhados,
determinando parâmetros ideais de aplicação para confirmação de seu mecanismo de ação.
Os efeitos da terapia com laser de baixa intensidade sobre a diminuição do edema e sobre a
microcirculação são descritos na maioria com experimentos feitos com laser, não sendo encontrado
um número significante de literatura descrevendo os efeitos do LED.
No entanto, com os resultados obtidos nesse estudo conclui-se que a interação LED-tecido
biológico não promove incremento na temperatura tecidual possibilitando uma forma de terapia
atérmica, independente do comprimento de onda. No entanto em relação à diminuição do edema, a
irradiação por LED, na faixa do vermelho (635nm), demonstra maior viabilidade na diminuição do
quadro edematoso.
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different red wavelengths (660 nm and 684 nm) in carrageenan – induced rat paw edema. Jounal of
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78
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orthopaedica et traumatologica turcica. 38(1):54-9, 2004.
79
Influência do sapato de salto alto na cintura pélvica
Mariane Bortoli1,Manuela Souto
2 ,Deise Rigon
2, Graciele Sbruzzi
3, Gilnei Lopes Pimentel
4
Carlos Rafael de Almeida4
Resumo
Introdução: A utilização de sapatos de salto alto coloca o corpo sob condições não fisiológicas
demandando alterações posturais a fim de manter o equilíbrio postural. Objetivo: O objetivo deste
estudo foi identificar as alterações que ocorrem na cintura pélvica decorrentes do uso do sapato de
salto alto na postura estática. Metodologia: Participaram do estudo 25 mulheres, acadêmicas do
curso de Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo, maiores que 18 anos de idade, usuárias de
sapatos tamanhos 36/37 que foram fotografadas na vista anterior, perfil direito e esquerdo,
primeiramente descalças, e após com sapato de salto alto de 3 e de 10 cm e analisadas através do
Software de Avaliação Postural. A análise estatística foi realizada através do pacote estatístico SPSS
15.0 e o p ≤ 0,05. Foi utilizado o Teste de Pearson onde não se verificou correlação entre lordose,
hemipelves e flexibilidade. Resultados: A cintura pélvica e lordose das acadêmicas não sofreram
diferenças significativas independentemente da altura de salto alto, analisado através do MANOVA
one way e não houve associação entre altura do salto com flexibilidade e curvatura lombar
verificado pelo teste x2.Verificou-se maior freqüência de anteversão e desalinhamento horizontal
pélvico, porém, não pode-se associar as alterações da pelve com as diferentes alturas de salto.
Considerações: Sugerem-se novas pesquisas para elucidar as divergências sobre os efeitos do salto
alto na pelve.
Palavras-chaves: Pelve, lordose, flexibilidade, sapatos
INTRODUÇÃO
Atualmente já é consenso entre as mulheres que usar sapato de salto alto propicia uma
sensação de auto-estima e bem estar psíquico. Devido a este fato, o uso desse calçado tem
aumentado consideravelmente nos últimos anos. Por esta razão, muitas teorias e divergências vêm
sendo criadas acerca dos benefícios e malefícios causados à saúde de suas usuárias pelo uso
contínuo desse calçado durante o andar (SANTOS et al, 2007).
Há séculos que as mulheres “perdem a cabeça” por causa dos sapatos, havendo relatos de
estudos que mostram pinturas em cavernas da França e da Espanha indicando a existência de
calçados já em 10.000 a.C. (CALDEIRA, 2006).
A cintura pélvica é freqüentemente comparada com o ombro por ser uma articulação tri-
axial possuindo três planos de movimento, porém estável, feita para sustentação de peso. A pelve
pode se movimentar em três planos: Sagital (anteversão e retroversão); Frontal (inclinação pélvica
lateral direita e esquerda); e Horizontal (rotação para a direita e para a esquerda).Os movimentos da
pelve são administrados pelos músculos abdominais, paravertebrais e do quadril (RODRIGUES et
al, 2003).
Segundo Amado-João (2006), qualquer inclinação na pelve subentende movimentos
1Acadêmica do curso de Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo
2Fisioterapeuta egressa da Universidade de Passo Fundo
3Fisioterapeuta, Mestrado no Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul / Fundação Universitária de Cardiologia
4Fisioterapeuta, Mestre,
Docente do Curso de Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo
80
simultâneos da região lombar e articulações dos quadris. Na inclinação pélvica anterior a pelve
inclina-se para frente aumentando a lordose da coluna lombar, já na inclinação pélvica posterior a
pelve inclina-se para trás determinando uma retificação da coluna lombar, porém há diversas
controvérsias com relação ao movimento da cintura pélvica com o uso do sapato de salto alto.
De acordo com Sacco et al (2007), com o advento da tecnologia, a fotogrametria digital vem
sendo considerada uma alternativa para a avaliação quantitativa das assimetrias posturais na
avaliação postural, podendo ser utilizada para efetuar medidas lineares e angulares sendo utilizado o
Software para Avaliação Postural (SAPO) para coleta dos dados.
Os isquiotibiais (IT), grupo muscular composto pelos músculos semitendíneo,
semimembranoso e bíceps da coxa, formam uma grande massa muscular que está envolvida
diretamente nos movimentos do quadril e joelho. Esse grupo desempenha importante influência na
inclinação antero-posterior da pelve, afetando indiretamente a lordose lombar. Portanto, a
flexibilidade alterada dos isquiotibiais pode ocasionar desvios posturais significativos e afetar a
funcionalidade da articulação do quadril e coluna lombar (CARREGARO et al, 2007).
Devido ao uso do sapato de salto alto ter aumentado consideravelmente entre as mulheres e
que as alterações causadas na pelve modificam a biomecânica da postura, objetivou-se identificar a
relação entre as alterações que ocorrem na cintura pélvica e o uso do sapato de salto alto na postura
estática.
MATERIAS E MÉTODOS
O estudo caracteriza-se por ser do tipo transversal observacional, foi submetido e aprovado
pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade de Passo Fundo (CEP-UPF), sob registro
0112.0.398.000-09.
Foram selecionados três semestres do curso de Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo
totalizando 68 acadêmicas. Destas, 25 participaram do estudo, voluntárias por conveniência,
maiores que 18 anos de idade, usuárias de sapato tamanho 36/37, que não apresentavam disfunção
musculoesquelética nos membros inferiores e coluna. Foram utilizados dois sapatos de salto alto
tamanhos 36/37: um de 3 cm com salto cone, e outro de 10 cm com salto prisma.
Obtenção de dados
Os dados foram coletados nas dependências da Clínica de Fisioterapia da Faculdade de
Educação Física e Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo, onde foi realizado um questionário
contendo dados pessoais das acadêmicas e avaliação da musculatura posterior da coxa por meio do
Banco de Wells, instrumento que apresenta alta confiabilidade segundo estudo realizado por
Cardoso et al (2007). O banco de Wells consiste de uma caixa de madeira medindo 30,5 cm x 30,5
cm x 30,5 cm, com um prolongamento para o apoio dos membros superiores e uma escala métrica
de 50 cm que permite determinar quantos centímetros foram alcançados.
Logo após foi realizado a palpação das EIAS (Espinhas Ilíacas Ântero Superiores) e EIPS
(Espinhas Ilíacas Póstero Superiores), procedimento que apresenta alta confiabilidade intra-
examinadora segundo Moriguchi et al (2009) e análise através do SAPO, instrumento que
demonstrando alta confiabilidade inter e intra-examinadores segundo Zonnenberg et al (1996).
Procedimentos
Após o preenchimento dos dados pessoais a acadêmica foi orientada a usar a vestimenta
adequada (top e short) fornecidos pelas pesquisadoras e foi encaminhada para mensuração dos
dados antropométricos e flexibilidade da musculatura posterior da coxa (IT). Para isso, utilizou-se o
banco de Wells, orientando a acadêmica a sentar no chão com os joelhos estendidos e pés apoiados
na caixa de madeira e tentar alcançar os pés com as duas mãos. Três movimentos foram feitos como
aquecimento e no quarto movimento foi mantida a posição e os centímetros alcançados foram
81
anotados. A classificação utilizada dos resultados foi até 11 cm = fraco, de 12 a 13 cm = regular, de
14 a 18 cm = médio, de 19 a 21 cm = bom, 22 cm ou mais = excelente (POLLOCK & WILMORE,
1993)..
Após, a acadêmica foi marcada com etiquetas da marca Polifix auto-adesivas cor laranja
diâmetro 13 nos seguintes pontos anatômicos: EIAS direita e esquerda e EIPS direita e esquerda. A
palpação foi executada segundo Field (2001), sempre executada pela avaliadora A.
Em seguida foi posicionada no local previamente marcado, que consiste em um espaço
mínimo com cerca de 4 m x 1 m, com um tapete de 50cmx40cm e marcação de 1 metro na parede
para calibração da foto. Utilizou-se uma máquina digital Samsung (6.0 megapixels) posicionada
paralelamente ao chão sobre um tripé da marca Vanguard MK-1 nivelado e ajustado na altura do
umbigo da acadêmica com zoom inalterado sob responsabilidade da avaliadora B.
Com os pés descalços, a acadêmica ficou em cima do tapete e foi marcada a posição com
fita crepe para padronizar o posicionamento na vista anterior, perfil esquerdo e direito para
aquisição dos dados através da fotografia. Por último em perfil direito tirou-se uma foto utilizando o
fio de prumo. O fio de prumo é uma linha com um peso na ponta utilizado para medir desvios. Ele
foi usado como referência para mensurar o aumento ou a diminuição da curvatura lombar. O peso na
ponta serve para prover uma linha absolutamente vertical-padrão (KENDALL et al, 1995). Na vista
posterior, a linha de referência representa uma projeção da linha da gravidade no plano sagital
médio. A acadêmica manteve-se em vista lateral D e a avaliadora A posicionou o fio de prumo no
osso occipital mantendo o fio de prumo suspenso no ar. Para melhor visualização dos pontos
anatômicos foi orientado colocar a mão no ombro contralateral.
A seguir foi repetido o procedimento supracitado, porém com o sapato de salto de 3 e 10 cm.
Foram reavaliados e remarcados os pontos anatômicos para ambas as alturas de salto.
RESULTADOS
No presente estudo, a amostra foi constituída por 25 acadêmicas, com idade média de 22,2 ±
2,46 anos, peso 56,8 ± 7,39 Kg e altura 1,62 ± 0,05 cm.A distribuição da normalidade das variáveis
foi testada através dos testes de Kolmogorov=Smirnov e Shapiro-Wilk. Foi utilizado o teste de
MANOVA one way para a comparação entre as médias e os testes de Coeficiente de Correlação de
Pearson e o teste x2
para avaliar possíveis correlações entre as variáveis. Foi utilizado o software
SPSS 15.0 para análise dos dados e considerado um nível de significância p ≤ 0,05.
Tabela 1 – Média e Desvio Padrão do perfil da amostra.
TOTAL 25
IDADE (anos) 22,2 ± 2,46
PESO (Kg) 56,8 ± 7,39
ALTURA (cm) 1,62 ± 0,05
A amostra apresentou idade média baixa, acarretando um tempo de uso não prolongado em
anos de vida. No programa SAPO não há valores de referência para o alinhamento da pelve,
portanto, foi utilizado como referência 0° para alinhamento horizontal da pelve na vista anterior e
perfil. Os resultados expressos são positivos quando o movimento for anti-horário, representando
retroversão; e valores negativos representando anteversão.
Apenas 3 acadêmicas apresentaram nivelamento horizontal das EIAS direita e esquerda em
vista anterior e 22 com desalinhamento das mesmas sem uso de salto (média 0,74° e desvio padrão
de 1,6°).
82
Conforme demonstra a tabela 2, a média da anteversão da hemipelve direita foi -12,9° ± 5,2
graus e da hemipelve esquerda foi -13,1° ± 4,7 graus. Quando utilizado salto de 3 cm, a hemipelve
direita foi – 11,8° ± 5,6 e a hemipelve esquerda foi -12,7° ± 4,0. E quando utilizado salto de 10 cm,
a hemipelve direita foi -11,4° ± 5,1 e hemipelve E foi 11,7° ± 4,7.
Em relação à lordose os valores encontrados para sem salto, salto 3 cm e salto 10 cm foram
respectivamente 6,4 ± 1,4, 6,4 ± 1,2 e 5,9 ± 1,0. Observando-se os valores contínuos ocorreu uma
diminuição da lordose lombar e da anteversão da pelve conforme o aumento do salto. Entretanto,
através de MANOVA one way, demonstrou não haver diferenças significativas na cintura pélvica e
lordose das acadêmicas avaliadas independentemente da altura de salto alto (p=0,43).
Através do Coeficiente de Correlação de Pearson, não foi encontrado correlação
estatisticamente significativa entre as variáveis lordose e perfil direito e esquerdo nas diferentes
alturas, conforme demonstra a tabela 3.
Nesta pesquisa, as alterações encontradas não possuem significância estatística, porém na
literatura pesquisada foram encontradas pesquisas divergentes sobre a influência do sapato de salto
alto na pelve, bem como, na coluna lombar.
Tabela 4 -Correlação entre flexibilidade e lordose em diferentes alturas
VARIÁVEIS r p
FLEXIBILIDADE x LORDOSE 0,187 0,371
FLEXIBILIDADE x LORDOSE 3cm 0,336 0,101
FLEXIBILIDADE x LORDOSE 10cm 0,132 0,528
A flexibilidade pode influenciar no alinhamento da pelve, portanto buscou-se verificar a
flexibilidade posterior da coxa, que não se correlacionou com nenhum dos parâmetros medidos
Tabela 2 – Média e desvio padrão da cintura pélvica (°) e da lordose (cm) nas diferentes
alturas de salto em perfil
Hemipelve Direita Hemipelve Esquerda Lordose
Sem salto - 12,9° ± 5,2 -13,1° ± 4,7 6,4 ± 1,4
Salto de 3 cm - 11,8°± 5,6 -12,7° ± 4,0 6,4 ± 1,2
Salto de 10 cm - 11,4° ± 5,1 - 11,7° ± 4,7 5,9 ± 1,0
TABELA 3 - Correlação entre lordose e perfil direito e esquerdo em diferentes alturas
Variáveis Perfil
direito
Perfil
esquerdo
Perfil D
3cm
Perfil E
3cm
Perfil D
10cm
Perfil E
10cm
Lordose r -0,189 -0,237 -0,111 -0,171 -0,192 -0,228
p 0,366 0,255 0,596 0,414 0,358 0,273
Lordose
3cm
r -0,359 -0,322 -0,367 -0,281 -0,288 -0,286
p 0,078 0,117 0,071 0,173 0,163 0,165
Lordose
10cm
r 0,024 0,051 -0,013 0,042 0,086 -0,003
p 0,91 0,808 0,952 0,841 0,681 0,987
* p≤0,05
83
(perfil direito e esquerdo, alinhamento horizontal e lordose) no presente estudo. A tabela 4
demonstra a correlação entre flexibilidade e a lordose nas diferentes alturas de salto.
Aplicando o teste x2, buscou-se relacionar o grau de flexibilidade da musculatura posterior
da coxa com a lordose lombar fisiológica e hiperlodose lombar sem salto, salto 3 cm e 10 cm não
havendo diferença estatisticamente significativa apresentando respectivamente p=0,79, p=5,6,
p=0,79. Inclusive, não houve relação entre lordose fisiológica e a hiperlordose com diferentes
alturas de salto p= 0,68.
DISCUSSÃO
Vários autores relatam que o salto alto interfere diretamente na biomecânica postural e na
marcha, sendo que, as repercussões variam de intensidade entre indivíduos jovens e idosos, assim
como entre usuárias experientes e inexperientes (OPILA-CORREIA, 1990; SANTOS, et al, 2008;
ALBUQUERQUE & SILVA, 2003; SACCO et al, 2003).
Iunes et al (2008) relatam que não houve interação entre a frequência do uso de salto e o
tipo de sapato com alterações no posicionamento da pelve e coluna lombar.
No estudo de Manfio et al (2003), foi encontrado um aumento da anteversão pélvica durante
a marcha com sapato sem salto (5 mm) e salto 25 mm quando comparada com a situação descalça,
ou seja, o salto baixo provocou um aumento da anteversão e o salto alto provocou uma diminuição
da anteversão pélvica comparada com a situação descalça.
O presente estudo vai ao encontro com De Lateur et al (1991) que mostraram a partir de
hastes montadas sobre uma base fixa através de adesivos em T12 e S2 que o uso de salto alto
provoca uma diminuição não significativa da lordose lombar em um grupo de mulheres. Porém, de
acordo com o estudo de Iunes et al (2008) não foi observado nenhuma alteração do posicionamento
da pelve e nenhuma modificação da lordose lombar.
Snow e Williams (1994) realizaram um estudo com 11 mulheres na postura estática e
durante a caminhada sob a influência de três saltos de diferentes alturas (19.1, 38.1 e 76.2 mm).
Durante a postura estática calcularam a média do ângulo de curvatura lombar a partir de marcadores
sobre a pele em L1 e S2. Para o cálculo do ângulo lombar foi utilizada uma régua flexível que
reproduz a curva entre L1 e S2. Neste cálculo não encontraram diferenças significativas na curva da
região lombar e nas inclinações pélvicas com as diferentes alturas de salto.
O estudo realizado por Kroll et al (2000) encontrou uma fraca correlação entre a posição
neutra da cintura pélvica e a posição da coluna lombar.
Em relação à pelve, a literatura afirma que o salto produz uma anteversão pélvica e um
aumento da lordose lombar (MANFIO et al, 2003; SNOW & WILLIANS, 1994; KROLL et al,
2000). De acordo com Amado-João (2006) qualquer inclinação na pelve subentende movimentos
simultâneos da região lombar e articulações dos quadris. Se os paravertebrais lombares predominam
sobre os retroversores, a pelve será levada a anteversão, auxiliada pelos músculos flexores dos
quadris.
Kulthanan et al (2004) desenvolveram um estudo de pegadas em atletas e em pessoas não
atletas e em relação à báscula de pelve, onde afirmou-se que o salto produz uma anteversão pélvica
e um aumento da lordose lombar.
De acordo com Nasser et al (1999) que analisaram o impulso em calçados femininos nas
diferentes alturas de salto, o aumento da altura do calcanhar provoca modificações no padrão do
caminhar, além de uma instabilidade do pé.
No estudo Sacco et al (2003) foi analisada a postura de um indivíduo em bipedestação
descalço e com sapato de salto alto do tipo agulha (10cm) nos planos frontal e sagital. Foram
observados anteversão da pelve e aumento da curvatura de lordose lombar.
No entanto, alguns autores (SANTOS et al, 2008; BENDIX et al, 1984; OPILA-CORREIA,
1988) concluíram com seus estudos que o salto alto provoca uma retroversão da pelve e uma
retificação lombar. No estudo de Snow e Williams (1994), foi realizado uma avaliação postural e
testes específicos de encurtamentos musculares, mobilidade da pelve e membros inferiores em 20
84
mulheres que usavam salto alto e baixo. As voluntárias que usavam salto alto freqüentemente
relataram apresentar mais retroversão pélvica.
Segundo Opila-Correia (1988), o uso do salto alto na postura ortostática implica em
retroversão pélvica, aproximação dos joelhos e tornozelos em relação à linha de gravidade,
deslocamento posterior da cabeça e da coluna torácica.
No estudo de Albuquerque e Silva (2003), a análise postural, com diferentes alturas de saltos
mostrou que em saltos elevados a pelve tende a retroverter, causando retificação da coluna lombar.
Isso, provavelmente, é uma tentativa de superar a inclinação anterior do tronco que está associada
ao uso de sapatos altos. Para reposicionar o centro de gravidade do corpo mais posteriormente e
aliviar a sensação de cair para frente, os músculos abdominais e paraespinhais contraem. Com a
retroversão pélvica, os músculos ísquiotibiais se tornam relaxados.
Bendix et al (1984) avaliaram 18 mulheres que utilizavam diferentes tipos de salto e
verificaram a lordose lombar com o uso de um inclinômetro, concluindo que, com o aumento do
salto ocorreu a diminuição da lordose lombar e da retroversão pélvica. De acordo com o estudo de
Opila-Correia (1988) que mostrou a comparação entre o uso de sapato de salto e a condição
descalça ocorreu uma diminuição da curvatura da região lombar no uso do salto.
Franklin et al (1995) relataram que as dores nas costas podem ser provocadas pelo salto alto,
pois o salto causa a diminuição da curva normal da lordose lombar e uma retroversão pélvica. A
diminuição da lordose lombar foi calculada no plano sagital entre a linha sagital de orientação e L1
e L5.
Segundo Bricot (1999) no adulto a postura lombar fisiológica deve estar entre 4 a 6 cm
(largura de 3 dedos).O aumento dessa largura (maior que 6 cm) é considerada uma hiperlordose.
CONCLUSÃO
Diante dos resultados obtidos no presente estudo concluiu-se que anterversão e
desalinhamento horizontal pélvico em vista anterior e perfil são achados frequentes, não havendo
correlação significativa entre as hemipelves e a lordose lombar, bem como, a flexibilidade da
musculatura posterior da coxa com estas variáveis.
As variáveis, cintura pélvica e lordose não sofreram diferenças significativas
independentemente da altura de salto alto. Não ocorreu associação entre altura do salto do sapato e
flexibilidade da musculatura posterior da coxa com a curvatura adotada pela coluna lombar.
Sugerem-se novos estudos a respeito das possíveis alterações causadas na cintura pélvica
pelo uso do salto alto em diferentes faixas etárias e levando em consideração a frequência de uso do
sapato.
Ao final deste estudo, não pode-se afirmar uma explicação conclusiva dos efeitos do sapato
de salto alto na cintura pélvica.
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87
Percepções dos idosos sobre as intervenções coletivas
realizadas num estágio de promoção da saúde na área da
fisioterapia
Rosane Paula Nierotka1; Fátima Ferretti
2; Bruna Fernanda Soccol
1; Marieli Loeblein
1; Débora
Albrecht1; Jéssica Röhrs
1; Mariádine Lilian Fanticelli
1.1
Resumo
Introdução: O crescimento da população idosa está acelerado e o processo de envelhecimento vem
sendo acompanhado por uma variedade de mudanças biopsicossociais, desta forma muitas
profissões vem se inserindo em equipes multiprofissionais para contribuir na atenção a saúde desta
população, a fisioterapia tem se colocado como aquela que trabalha com a capacidade funcional,
mantendo a independência do idoso, fator primordial para sua saúde. Objetivo: Verificar as
percepções dos idosos sobre as intervenções coletivas realizados num estágio de promoção da saúde
na área de fisioterapia. Metodologia: O estudo foi do tipo qualitativo e descritivo, a população e
amostra da pesquisa foram de 11 idosos que participavam de Estágio de Fisioterapia na Promoção
de Saúde. Para participar da pesquisa os idosos deveriam assinaram o termo de consentimento livre
e esclarecido; apresentar bom parecer cognitivo e corresponder a uma faixa etária acima de 60 anos.
Na realização da pesquisa foi utilizada a entrevista percepções dos idosos sobre o atendimento
coletivo na área da fisioterapia; com questões norteadoras sobre os significados das atividades
realizadas nestas intervenções, quais os sentimentos vivenciados durante as intervenções e como
avaliavam a experiência. A coleta de dados por realizada no domicílio do idoso, de forma pré-
agendada. A análise e a interpretação dos dados foram por análise de conteúdo segundo proposição
de Minayo (2004). Resultados: A percepção dos idosos quanto ao atendimento coletivo foi que este
proporcionou sensação de bem-estar, melhora na mobilidade/equilíbrio e independência nas
Atividades de vida diária (AVD‟s), aprendizado, entrosamento e convívio. Considerações Finais:
Destaca-se que a Fisioterapia tem um papel importante na atenção primária a saúde do idoso,
principalmente considerando o papel desta na manutenção de independência e autonomia, fatores
essenciais para que o idoso envelheça com saúde e feliz.
PALAVRAS CHAVES: fisioterapia, idoso e promoção da saúde.
INTRODUÇÃO
O envelhecimento é vitalício. Não começa num tempo específico tal como 60 ou 70 anos. Ao
invés disso é um processo cujo inicio se dá mesmo no momento do primeiro sinal de vida do ser
humano. (VERDERI, 2004). Fonseca et al. (2008), ainda acrescenta que envelhecer pode ser
definido como um processo de desgaste cumulativo, universal e não patológico, que provoca a
deterioração do organismo, tornando-o progressivamente incapaz de cumprir com as funções
fisiológicas básicas, levando o indivíduo à morte. Embora este processo seja comum a todos os
seres, a forma como ocorre é diferente para cada um, depende das características individuais, de
como produzem e reproduzem a sua vida material e espiritual, e se modifica de acordo com a
1Universitários do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária Regional de Chapecó
(UNOCHAPECÓ), Campus Chapecó, Santa Catarina, Brasil. 2Fisioterapeuta graduada pela Universidade de Cruz Alta – UNICRUZ; Mestre em Educação nas Ciências pela
Universidade Regional do Noreste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUI; doutoranda em Saúde Coletiva pela
Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP; docente do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade
Comunitária Regional de Chapecó – UNOCHAPECÓ
88
cultura e os valores de cada sociedade concreta. O idoso, por exemplo, é uma categoria socialmente
construída que ajuda a dar conformação e a traduzir uma forma específica de inserção, na sociedade
moderna, de uma parcela da população em idade avançada.
Segundo Papaleo (2002), o envelhecimento populacional é um fenômeno mundial, onde uma
série de fatores conjugados, entre os quais o melhor controle das doenças, a melhora da qualidade
de vida , tem favorecido o aumento das expectativas de vida das populaçُ es. Estes fatores têm
influenciado o aumento quantitativo e proporcional de idosos na sociedade. Sendo assim, é
possível pensar que o processo do envelhecer, embora comum a todos, não ocorre de maneira
uniforme, nem entre indivíduos oriundos de diferentes culturas, nem entre pessoas de uma mesma
cidade ou núcleo familiar (Duarte, 2004). Desta forma já que os indivíduos são uma construção
sócio-histórico-cultural as ações de promoção da saúde se colocam como uma estratégia
fundamental para intervir contextualizando e respeitando a diversidade, pois não individualiza nem
fragmenta o sujeito.
Segundo o autor Buss ( 2000, p.170):
A Carta de Ottawa define promoção da saúde como processo de capacitação da
comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior
participação no controle deste processo. Subjacente a este conceito, o documento assume
que saúde é o maior recurso para o desenvolvimento social, econômico e pessoal, assim
como uma importante dimensão da qualidade de vida. A saúde é entendida, assim, não
como um objetivo em si, senão como um recurso fundamental para a vida cotidiana.
Proporcionar saúde significa, além de evitar doenças e prolongar a vida, assegurar meios e
situações que ampliem a qualidade da vida "vivida", ou seja, ampliem a capacidade de
autonomia e o padrão de bem-estar que, por sua vez, são valores socialmente definidos,
importando em valores e escolhas.
A questão autonomia aparece como um fator importante para promover saúde, da mesma
forma que é um dos principais determinantes de saúde para o idoso, portanto ações da Fisioterapia
na atenção primária com o foco na manutenção da independência são essenciais a saúdedo idoso.
Czeresnia (1999) destaca que a idéia da promoção envolve o reforço da capacidade individual e
coletiva para lidar com a multiplicidade de fatores que determinam as condições de saúde de uma
população e vai além da aplicação de técnicas e normas, tem a ver com o reforço de saúde através
da construção de uma capacidade de escolha, usando o conhecimento para discernir as diferenças
entre eventos.
Os profissionais da área da saúde têm grande influência no aumento da expectativa de vida
das populações, dentre eles destaca-se o fisioterapeuta, que alem de reabilitar também proporciona a
prevenção de doenças e a promoção da saúde e considera o atendimento do individuo na sua
globalidade. Motta (2002) explica em seu estudo que a abordagem terapêutica das síndromes
geriátricas objetiva preservar a capacidade funcional, portanto a formação de recursos humanos
deve pautar-se na compreensão do modelo biopsicossocial aplicado ao envelhecimento e na
necessidade do trabalho interdisciplinar e multiprofissional.
Como expões Schwingel (2002), o fisioterapeuta é um profissional com habilidades para
estabelecer as relações interpessoais no convencimento da necessidade de adequação de
comportamentos da população. As possibilidades de atuação do fisioterapeuta em saúde coletiva
maximizam o seu trabalho, alcançando grupos de pessoas e influenciando positivamente na
melhoria das condições de vida desses grupos.
O Fisioterapeuta encontra-se, atualmente, reorientando a sua formação, para o atendimento
às demandas prioritárias em saúde da nossa população. Os recursos deste profissional são as
próprias mãos, a inteligência, a emoção e a natureza, que se completam e se apóiam em estratégias
técnico-científicas de educação, participação popular, prevenção, tratamento, desenvolvimento e
recuperação da saúde através de diagnósticos funcionais, diagnósticos coletivos e sociais,
abordagens corporais entre outras (BARROS, 2002).
Para tanto, deve-se buscar avaliar a satisfação do paciente com as intervenções coletivas
realizadas na área da Fisioterapia com pesquisas sociais e qualitativas, observando se estamos
89
utilizando os recursos adequados para melhorar as condições de saúde das populações. Portanto este
estudo teve como objetivo verificar as percepções dos idosos sobre as intervenções coletivas
realizadas num estágio de promoção da saúde na área de fisioterapia.
METODOLOGIA
Tipo de pesquisa
O estudo foi realizado por meio de uma pesquisa qualitativa. Pesquisa Qualitativa em Saúde
segundo Minayo (2004, p. 22):
Trabalha com o universo de significados, motivações, aspirações, crenças, valores e
atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos
fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variável.
Um pressuposto que fundamenta o uso de metodologia qualitativa na pesquisa é o fato de que
cada pesquisa e cada sujeito participante esta no modo singular, e conhecê-lo significa ouvi-lo,
escutá-lo, dialogar e permitir-lhe que se revele. Os fenômenos que norteiam a entrevista qualitativa
devem ser compreendidos de uma perspectiva histórica e holística, e o pesquisador deve ter um
olhar investigador e total interação com o pesquisado ( MARTINELLI, 1999, pág. 22).
População e amostra
A população e amostra da pesquisa foi composta por 11 idosos do oeste catarinense que
participavam de intervenções coletivas num estágio de Fisioterapia na promoção da saúde, 02 vezes
por semana, 01 hora a cada dia, com o objetivo de promover a saúde e prevenir a instalação das
síndromes geriátricas. As atividades realizadas eram centradas no treino do equilíbrio, ganho de
força muscular, treino do cognitivo, técnicas de relaxamentos e, dinâmicas para debater os temas
considerados importantes para esta fase da vida, entre elas a incontinência urinária, perdas auditivas
e visuais, medicalização, alimentação saudável, casa segura, cuidados no domicílio e outros.
Critérios de inclusão
Para os idosos participarem da pesquisa deveriam atender aos seguintes critérios de
inclusão: Estar freqüentando o estágio de fisioterapia na promoção da saúde; Ter mais de 60 anos; -
Apresentar bom parecer cognitivo segundo o Mini-exame do estado mental adaptado de Crum R.
M. et al., 1993.
Instrumentos de coleta
Na realização da pesquisa foi utilizada a entrevista: Percepções dos idosos sobre o
atendimento coletivo na área da fisioterapia; com questões norteadoras sobre significado das
atividades realizadas nestas intervenções, quais os sentimentos vivenciados durante as intervenções
e como avaliavam a experiência.
Procedimentos de coleta dos dados
Primeiramente foi solicitada a autorização da clínica escola de fisioterapia da Unochapecó
para acessar os dados quanto ao número de idosos que participavam do estágio de fisioterapia na
promoção da saúde e endereço para contato. Após foi realizada uma visita no domicílio dos idosos
para convidá-los e informá-los sobre as finalidades da pesquisa, bem como sobre sua relevância,
objetivos, métodos, benefícios previstos e potenciais incômodos que esta poderia acarretar. Ao
90
concordarem em participar do estudo, os idosos assinaram o termo de consentimento livre e
esclarecido de participação na pesquisa e a entrevista foi gravada e após transcrita.
Análise dos dados
Os dados da pesquisa foram analisados de acordo com a proposição de Minayo (2004)
preconiza os seguintes passos: -Ordenação dos dados: transcrição das observações, releitura do
material e organização dos relatos; 2- Classificação dos dados: leitura exaustiva e repetida dos
textos, constituição de um “corpus” de comunicação, leitura transversal de cada corpo como recorte
de “unidade de registro”, enxugamento dos dados mais relevantes; 3- Análise final: levando em
conta os objetivos da pesquisa e os temas que emergem das observações, articulando os dados e os
referenciais teóricos definem-se as categorias analíticas. ós análise dos resultados, segue a discussão
a respeito de cada item pesquisado.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A pesquisa realizada teve a participação de 11 idosos, residentes em diferentes bairros de um
município no oeste de Santa Catarina com faixa etária que variou entre 60 a 80 anos, todos casados,
sendo 6 do sexo feminino e 5 masculino, observando então a prevalência do sexo feminino.
Quanto à percepção dos idosos sobre o atendimento coletivo na área da fisioterapia algumas
categorias analíticas emergiram e encontram-se descritas abaixo:
1ª Categoria: Bem estar
Segundo Santana e Santos (2005), o bem-estar representa uma atitude quanto à saúde, e
implica uma relação estreita entre as dimensões humanas: físicas, emotivas, mentais, espirituais,
sociais ou culturais. O termo bem-estar corresponde à realidade do viver das pessoas. Portanto, o
entendimento de bem-estar no cuidado de seres humanos implica a mudança das profissões da área
da saúde para o modelo de cuidar humanístico e a sua conseqüente saída do modelo biomédico de
classificação de doença e saúde. Tal entendimento caracterizanovos conceitos e práticas de cuidar.
Ainda para mesmo autor, a saúde não representa senão um dos fatores que permite garantir o
bem-estar, no qual a saúde se une aos elementos de bem-estar: a atividade, a família, a presença de
bons sentimentos, a aceitação da velhice, a continuidade da vida e a espiritualidade para
promoverem o bem-estar global da pessoa idosa.
O atendimento coletivo permitiu que a sensação de bem-estar fluísse, contribuindo com a
saúde do grupo, veja o seguinte relato: Eu me sinto uma criança, fico feliz com tudo. Antes eu sentia
dor agora não mais (, 73 anos). A participação de idosos em atividades em grupo representa um
aspecto diferencial, no rumo de suas histórias de vida, pois favorece a vivência de um estado de
plenitude e bem-estar, que possibilita um reforço em seu sentido existencial, ajudando a perceber
seu futuro como uma história em construção ( VICTOR et al. 2007).
Observou-se nesta categoria que o bem estar para o idoso, não significa só a ausência de
doença e, sim uma união de vários fatores. A fisioterapia através das intervenções oportunizou ao
idoso sentir bem estar, motivação, alegria e capacidade física para realizar suas atividades, veja o
seguinte relato: Eu depois que faço a fisioterapia, me sinto assim bem melhor sabe, parece que com
mais saúde até, tenho disposição p muitas coisa que antes não tinha, me sinto muito bem (PA, 80
anos). Fator que ressalta a importância da atenção e apoio ao idoso, para que sinta-se ativo e capaz
de participar dos programas disponíveis para sua faixa etária, qualificando os aspectos do viver
bem.
2ª Categoria: Melhora na mobilidade/equilíbrio e independência nas Atividades de vida diária
(AVD’s)
91
O processo de envelhecimento provoca uma série de alterações biológicas, psicológicas e
sociais que aumentam a susceptibilidade às doenças e provocam incapacidades. Contudo mesmo
acometidos por doenças, podem ter boa qualidade de vida, que geralmente é expressa pela
funcionalidade positiva no desempenho de tarefas e/ou papéis sociais e na capacidade de executar
atividades do cotidiano, sem a necessidade de auxílio de outras pessoas (FONSECA e RIZZOTTO,
2008).
Segundo Oliveira; Goretti e Pereira (2006), a mobilidade, capacidade de deslocamento do
indivíduo pelo ambiente, é um componente da função física extremamente importante; constituindo
um pré-requisito para a execução das atividades de vida diária (AVDs) e a manutenção da
independência. Seu prejuízo pode gerar dependência e incapacidades.
A mobilidade e o deslocamento no ambiente são elementos essenciais para que as AVDs
sejam realizadas com independência. Conforme relatos dos idosos o atendimento coletivo, com a
previsão de exercícios físicos e alongamentos influenciaram diretamente na melhora da
mobilidade, veja relato a seguir: Oh quando eu cheguei que eu fui faze a primeira vez, eu não
conseguia sentar na cadeira sem ter que por primeiro as mãos pra depois senta, e hoje eu chego e
sento sem me segura... ajudou bastante... (, 73 anos).
O equilíbrio, segundo Winter (1995), pode ser definido como a dinâmica da postura corporal
para prevenir quedas. Segundo Ruwer, Rossi e Simon (2005, p. 299), “As manifestações dos distúrbios do equilíbrio corporal têm grande impacto para os idosos,
podendo levá-los à redução de sua autonomia social, uma vez que acabam reduzindo suas
atividades de vida diária, pela predisposição a quedas e fraturas, trazendo sofrimento,
imobilidade corporal, medo de cair novamente e altos custos com o tratamento de saúde”.
Ao envelhecer os distúrbios de equilíbrio são mais freqüentes, e com ele a presença de
insegurança para se deslocar, o que pode deprimir o idoso. A fisioterapia prioriza em suas
intervenções a melhora e manutenção do equilíbrio como se observa no relato da idosa: Olha lá na
fisioterapia a gente faz ginásticas com um pouco de tudo, alongamos, dançamos, brincamos a tem
uma coisa que a gente fica de pé em cima, tipo um balanço, e tem que fica, não pode cai... o difícil
é quando só com um pé, mas dá (PA, 80 anos).
Essa categoria mostrou que para o idoso sentir-se dependente de outras pessoas ao realizar
qualquer AVD‟s é muito debilitante e acarreta sensação de invalidez, inclusive com percepção
subjetiva de saúde negativa. A fisioterapia desta forma tem um papel importante na saúde do idoso,
pois trabalha com programas diferenciados de atendimento, onde as atividades realizadas são
voltadas para o treino do equilíbrio e das AVD‟s, onde os ganhos de independência aumentam a
auto-estima do idoso.
A seguir um relato que mostra o quanto foi importante a fisioterapia para as AVD‟s: Esse
meu braço não erguia, minha dificuldade era lava minhas roupa, mas la a gente treinou e agora
consigo já, para mim era o que mais queria, por que tinha que pedi p irmã ou p vizinha faze isso e
era triste demais (JM, 71 anos).
Capacidade funcional surge, portanto, como um novo paradigma de saúde, particularmente
relevante para o idoso. Envelhecimento saudável, dentro dessa nova ótica, passa a ser a resultante
da interação multidimensional entre saúde física, saúde mental, independência na vida diária,
integração social, suporte familiar e independência econômica. A perda de um ente querido, a
falência econômica, uma doença incapacitante, um distúrbio mental, um acidente, são eventos
cotidianos que podem juntos ou isoladamente, comprometer a capacidade funcional de um
indivíduo. O bem-estar na velhice, ou saúde num sentido amplo, seria o resultado do equilíbrio
entre as várias dimensões da capacidade funcional do idoso, sem necessariamente significar
ausência de problemas em todas as dimensões. ( RAMOS, 2003). Portanto o atendimento coletivo
na Fisioterapia permite aos idosos perceberem que as dificuldades vivenciadas são parte integrante
da coletividade, não estou só nem nas debilidades, nem nas conquistas e, este fator os motiva a se
manterem no programa e a buscar dia após dia sua independência e autonomia.
92
3ª Categoria: Aprendizado, entrosamento e convívio
A educação para a saúde, como instrumento a serviço da saúde, comporta duas subdivisões:
a prevenção das doenças e a promoção da saúde. Ao caminho de prevenção da patologia associa-se,
no eixo da doença, a educação terapêutica do paciente. A promoção da saúde sugere também, mas
no eixo da saúde, uma educação postulando que a manutenção de uma boa saúde não é uma coisa
que ocorre por si só (PAUL, 2005).
Evidenciam-se aqui as possibilidades de aprendizado e de incorporação de práticas e
atitudes saudáveis que garantem as pessoas que envelhecem maiores chances não só de uma maior
longevidade, mas também, de terem uma velhice com mais qualidade de vida. No sentido de romper
com os padrões e valores determinados os idosos surpreendem, pois estão buscando mais
informações e participam em diferentes espaços públicos, desenvolvendo relações interpessoais e
incorporando conhecimentos que são fundamentais para o aprendizado capaz de levá-las a práticas
do autocuidado, e assim promover a saúde e prevenir doenças. Os depoimentos que se seguem
revelam que o aprendizado nas práticas realizadas, mostrou-se eficiente com vistas à promoção da
saúde e a prevenção de doenças: Assim la é bom, muito bom... alem de eu ter doença no joelho, eles
me explicam sobre o joelho, e por que tenho a dor, por que a gente nunca viu nada né, nem sabia
que meu joelho era daquele jeito (, 67 anos.
Já em relação ao entrosamento vivenciado no atendimento coletivo, os autores Leite et al.
(2008), destacam que o grupo familiar e a comunidade são espaços naturais de proteção e inclusão
social e, possibilitam a conservação dos vínculos relacionais e a inclusão em projetos coletivos,
garantindo melhoria na qualidade de vida. E quando se trata do contingente populacional formado
por idosos observa-se que na participação destes nos grupos de terceira idade, os mesmos estreitam
vínculos de amizade e afetividade. Os grupos facilitam o exercício da autodeterminação e da
independência, pois podem funcionar como rede de apoio que mobiliza as pessoas na busca de
autonomia e sentido para a vida, na auto-estima e, até mesmo, na melhora do senso de humor,
aspectos essenciais para ampliar a resiliência e diminuir a vulnerabilidade (ALVES e RABELO,
1995).
O prazer e o entrosamento estão presentes no relato de (MEI,60 anos): “Quando to lá com
meus amigos, me sinto bem, a gente se diverte as vezes, por que tens uns que não conseguem faze
todos os exercícios, a gente pensa que é toda dura e chega la e vê que tem gente mais dura que eu,
ai anima também, mas parece que é minha família todo mundo..”
Segundo Victor et al. (2007), um dos problemas percebidos em idosos é o risco para a
solidão, pois muitos perderam seu núcleo social de trabalho. Ao se aposentarem, alguns deles ficam
viúvos, perdendo seus entes queridos e geralmente seus filhos já saíram de casa. Neste contexto, as
atividades em grupo podem ajudar a superar esses problemas, já que o grupo permite atividades
sociais, relacionais e de movimentos.
Os grupos representam tanto um espaço de educação em saúde como uma fonte de estímulo
à organização local, pois facilitam o exercício da cidadania, através de projetos comunitários.
Constituem-se em alternativa para que as pessoas retomem papéis sociais e/ou outras atividades de
ocupação do tempo livre (físicas, de lazer, culturais ou de cuidado com o corpo e a mente) e o
relacionamento interpessoal e social. Agregam pessoas com dificuldades semelhantes e possibilita o
convívio, fato de grande importância visto que a solidão é uma queixa freqüente entre idosos
(ALVES e RABELO, 1995).
Para os idosos, em particular, a convivência em grupo é importante para um perfeito
equilíbrio biopsicossocial, reduzindo ou removendo conflitos pessoais e ambientais, facilitando a
socialização e oferecendo suporte social para enfrentar as dificuldades que surgem com o
envelhecimento. relação às mudanças ocorridas na vida dos idosos segue a seguir alguns relatos:
Mudou tudo, tudo porque, desde a mente, o espírito, o corpo mais disposto, mais agilidade, mais
fácil pra tudo, para trabalhar, pra andar, mais leve (, 73 anos). Outro relato: Me sinto bem com
tudo o que fazem lá, muitas coisas a gente aprende, e elas fazem muitas coisas, se não fosse a
Fisioterapia não tava aqui (, 64 anos)
93
Em relaçمo à importância da fisioterapia na vida dos idosos, observou-se que o atendimento
da fisioterapia trouxe mudanças significativas em suas vidas e, que o atendimento coletivo figurou
como indispensلvel, pois trouxe momentos ْ nicos de entrosamento, trocas de experiências,
aprendizado, descontraçمo e, novos saberes que permitirمo a eles viver com mais independência.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a realização deste estudo percebeu-se que a fisioterapia na percepção do idoso tem
uma importância significativa em sua vida, pois contribuiu diretamente para que este vivencie o
processo de envelhecimento com mais qualidade, bem estar, melhorando a mobilidade, o equilíbrio
e, consequentemente a independência e autonomia, bem como oportunizou um espaço de
aprendizado e convívio.
O estudo concluiu que o profissional da área da saúde deve agir na tentativa de atender as
expectativas do idoso, proporcionando-lhe atenção, carinho e espaço de escuta e, ainda, que a
interação profissional-paciente deve transcorrer em um espaço em que atitudes e gestos promovam
a auto-estima e melhorem a autonomia do idoso. A pesquisa demonstrou que a fisioterapia vive um
momento histórico da quebra do paradigma de profissional reabilitador e passa a ser percebida pelos
usuários como uma profissão que tem o foco na atenção integral a saúde da população quando
desenvolve ações onde o promover a saúde e o prevenir acometimentos são os objetivos centrais da
intervenção. Ainda que os Cursos de Graduação em Fisioterapia precisam garantir na formação dos
novos fisioterapeutas os estágios de fisioterapia em saúde coletiva, garantindo ao universitário a
ampliação do foco da atenção e, a possibilidade ao acesso da comunidade mais carente ao serviço
de fisioterapia na atenção primária à saúde.
Sugere-se a realização de outros estudos em relação ao fazer da fisioterapia na área da
Promoção da saúde para idosos, pois estudos com este foco de investigação podem contribuir para
ressignificar os olhares direcionados a fisioterapia, demonstrando que temos um papel importante
na saúde coletiva das populações e principalmente na garantia do envelhecimento bem sucedido.
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95
Prevalência de encurtamento dos músculos isquiotibiais em
universitários
Douglas Gonçalves Azevedo1, Márcia Regina da Silva².
Resumo
Introdução: O indivíduo que apresenta uma boa flexibilidade muscular realiza movimentos mais
rápidos, corretos e precisos, além de evitar encurtamento muscular, resultante da diminuição do
comprimento das unidades músculo-tendíneas. Através do ingresso na universidade, estudantes
interrompem a prática de exercícios físicos, além de permanecem um considerado tempo diário na
posição sentada (estática), podendo acarretar na diminuição da flexibilidade e consequentemente
ocasionar alterações posturais ou lesões osteomioarticulares. Objetivo: Identificar a prevalência de
encurtamento dos músculos isquiotibiais em universitários. Métodos: Foram avaliados 59
universitários com freqüência regular à universidade. Realizou-se inicialmente anamnese buscando
dados como idade, peso, altura, IMC, horas na posição sentada e prática de exercício físico.
Posteriormente foram realizados o Teste de Ângulo Poplíteo e o Teste de Elevação da Perna
Retificada, usando método goniométrico. Resultados: A prevalência de encurtamento muscular nos
sujeitos pesquisados foi de 79,66%, sendo 80,85% no gênero feminino e 75% no masculino. Entre
toda amostra, 76,27% dos sujeitos permanecem na posição sentada entre 10 e 14 horas. Em relação
ao exercício físico, apenas 38,9% foram caracterizados como praticantes regulares. Apesar de haver
predomínio de encurtamento nos universitários que não praticam exercício físico com 86,11%, o
percentual de encurtamento dos que praticam algum exercício também foi elevado, sendo 60,87%.
Conclusão: Constatou-se alta prevalência de encurtamento muscular, independente da quantidade
de horas na posição sentada, onde o gênero feminino apresentou melhores valores médios nas
mensurações. Percebe-se a necessidade de padronização dos testes de mensuração e, quanto aos
dados de encurtamento, estratégias de intervenção preventivas para minimizar os efeitos do
encurtamento muscular no sistema musculoesquelético em universitários.
Palavras Chave: Amplitude de Movimento Articular – Articulação do Quadril – Articulação do
joelho
INTRODUÇÃO
A execução de gestos motores durante a vida cotidiana é realizada de maneira mais eficaz
quando se tem uma boa flexibilidade, pois permite a realização de arcos articulares mais amplos
facilitando a precisão e o rendimento muscular (DANTAS, 2005; HOLLMANN e HETTINGER,
2005; COELHO e ARAÚJO, 2000).
Além de contribuir para execução correta do movimento esquelético, o músculo tem outras
funções como estabilizar as articulações, suportar e proteger órgãos viscerais e tecidos internos e,
manter posturas e posições (HAMILL, KNUTZEN, 1999).
A flexibilidade é definida como a capacidade de uma unidade músculo tendínea alongar-se
enquanto uma articulação move-se em toda sua amplitude, para tanto, o indivíduo que apresenta
uma boa flexibilidade muscular será capaz de realizar um movimento com maior facilidade, rapidez
¹Pós-Graduando em Osteopatia pelo Instituto Brasileiro de Osteopatia – IBO;Graduado em Fisioterapia pela
Universidade Comunitária da Região de Chapecó – UNOCHAPECÓ,
²Docente do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó –
UNOCHAPECÓ; Pós graduada em Fisioterapia Ortopédica e Traumatológica pela Associação Catarinense de Ensino –
ACE; Graduada em Fisioterapia pela Universidade Federal de Santa Maria – UFSM
96
e eficácia (TRITSCHLER, 2003; AQUINO et al., 2006; POLACHINI et al., 2005; GHORAYEB e
BARROS, 1999; BERTOLLA et al., 2007).
O desenvolvimento da flexibilidade pode ser incentivado através de um treinamento
apropriado, em qualquer idade, porém, a velocidade com que esse desenvolvimento acontecerá não
será o mesmo. Em uma seqüência simples, a flexibilidade diminui até a puberdade (10 a 12 anos) e
aumenta durante toda a adolescência até atingir um platô, de maneira que na fase adulta, passa a
diminuir (ALTER, 1999; POLLOCK et al., 1993).
A inatividade ou o desuso muscular facilita um acúmulo de gordura e conseqüente aumento
da massa corporal e/ou tecido adiposo, além de causar uma redução da elasticidade e flexibilidade
do tecido muscular e do tecido conjuntivo, levando ao encurtamento muscular, tornando-se um fator
que predispõe a diminuição da amplitude de movimento (DANTAS, 2005).
O encurtamento muscular é definido por Gama et al. (2007) e Polachini et al. (2005), como
uma redução do comprimento muscular ou de uma unidade musculotendínea resultando na
diminuição e limitação da mobilidade articular, sendo considerado fator contribuinte para as lesões
musculares, principalmente ao nível dos músculos isquiotibiais.
Devido a sua posição anatômica, o encurtamento muscular dos isquiotibiais pode acarretar
alterações posturais de grande importância, como a limitação da flexão do tronco,
comprometimento na articulação do quadril, levando-o a uma inclinação posterior (retroversão) e,
consequentemente, afeta a marcha podendo gerar dores musculares ou articulares nos membros
inferiores (POLACHINI et al, 2005; GHORAYEB & BARROS, 1999; HAMILL, KNUTZEN,
1999).
Em conseqüência do ingresso na universidade, muitos acadêmicos interrompem a prática
esportiva ou exercício físico passando a adotar a postura sentada por períodos prolongados e,
geralmente numa posição inadequada.
Na posição sentada os músculos posteriores da coxa apresentam menor comprimento
muscular e, se permanecerem nessa posição por longo período, levam a diminuição da ação
muscular, favorecendo o encurtamento das fibras musculares dos isquiotibiais (CALAIS-
GERMAIN e LAMOOTE, 1991; KENDALL, McCREARY e PROVANCE, 1995;
PALASTANGA, FIELD, SOAMES, 2000).
Desta forma percebe-se a necessidade de avaliar o encurtamento muscular dos músculos
isquiotibiais, que tem papel importante na movimentação dos membros inferiores, tronco e,
associados a outros músculos, são responsáveis pela estabilização da postura.
A partir dos elementos supra-citados torna-se relevante a pesquisa em torno da população
acadêmica que está suscetível às características que pré-dispõem o encurtamento muscular, pelo
aumento do tempo que o músculo permanece na posição encurtada e por ser uma população jovem,
o diagnóstico precoce pode favorecer a adoção de medidas e estratégias preventivas e reabilitadoras.
O objetivo deste estudo foi identificar a prevalência de encurtamento dos músculos isquiotibiais em
universitários, bem como comparar o encurtamento muscular entre gêneros, verificar a relação entre
o tempo diário de permanência na posição sentada e o encurtamento muscular e comparar o
encurtamento entre praticantes e não praticantes de exercício físico;
METODOLOGIA
Foi realizado um estudo quantitativo transversal com 59 universitários, de ambos os sexos,
matriculados no Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Universidade Comunitária Regional de
Chapecó – UNOCHAPECÓ – SC.
Como instrumento de coleta de dados, foi utilizada uma ficha de avaliação baseada em
Magee (2005) e Kendall, McCreary e Provance (1995) e um goniômetro da marca Carci, da
Indústria e Comércio de Aparelhos Cirúrgicos e Ortopédicos Ltda.
Inicialmente foi realizado o questionário para buscar dados de anamnese dos participantes,
como idade, gênero, massa corporal, estatura, saúde geral, prática e intensidade de exercício físico,
bem como o tempo de permanência na posição sentado.
97
Após, foi realizado o Teste de Thomas, identificando a presença de encurtamento ou
contratura dos flexores de quadril (quadríceps e iliopsoas), pois estes interferem no posicionamento
correto para a realização do Teste de Elevação da Perna Estendida, sendo assim, quando positivo
para o encurtamento de flexores do quadril, o participante foi excluído do teste de elevação, sendo
aplicado somente o teste de medida do ângulo poplíteo (KENDALL, McCREARY, PROVANCE,
1995).
Posteriormente, foram realizados os testes de avaliação do comprimento muscular. O
método goniométrico foi utilizado para mensuração do comprimento muscular de isquiotibiais,
aplicando a medida do ângulo poplíteo, de acordo com a descrição de Affonso Filho e Navarro
(2002), onde o paciente se posicionou em decúbito dorsal horizontal, o quadril do membro inferior
a ser testado estava fletido a 90º, o membro inferior contralateral em extensão completa sobre a
mesa de exame, não sendo permitida a flexão de joelho e quadril. A seguir o joelho do membro a
ser testado foi estendido ativamente, com o pé em abandono, até o ponto em que o paciente estendia
sem apresentar compensações com a coluna ou membro contralateral. A medida foi realizada 3
vezes, sendo obtida a média final das 3. O teste era considerado normal, ou com flexibilidade
normal se mantivesse o ângulo entre 165º e 180º, baseada em Porter (2005).
O Teste de Elevação da Perna Estendida, descrito por Kendall, McCreary e Provance (1995),
onde o paciente se posicionava em decúbito dorsal, com membros inferiores estendidos, pés em
abandono e a coluna lombar e o sacro contra a mesa ou maca. Mantendo a posição inicial, o
participante realizava uma flexão de quadril ao seu máximo com extensão de joelho e tornozelo e pé
em abandono ao seu máximo, sem haver compensações. Um ângulo entre 80º e 90° de flexão do
quadril foi considerado como amplitude normal.
Este trabalho foi realizado em conformidade com os princípios contidos na Declaração de
Helsinque da Associação Médica Mundial, respeitando as normas de pesquisa envolvendo seres
humanos do Conselho Nacional de Saúde (Res. CNS 196/96) tendo aprovação no comitê de ética
em pesquisa da instituição sob protocolo 038/2009.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com a população estudada, apresentam-se as características de gênero, idade,
massa corporal, estatura e IMC através da tabela 1. Um dado de destaque da tabela é a idade média
de 20,64 anos, sendo este período considerado por Alter (1999) o platô fisiológico máximo de
flexibilidade, onde a tendência passa a ser a diminuição dessa qualidade física, se não treinada
adequadamente.
Tabela 1 – Caracterização da Amostra
N* (DP)** Masculino (DP) Feminino (DP)
Amostra 59 12 47
Idade Média (anos) 20,64 ±2,51 21,83 ±2,24 20,34 ±2,51
Massa Corporal Média (kg) 60,17 ±7,73 68,91 ±8,23 57,94 ±5,58
Estatura Média (m) 1,68 ±0,06 1,76 ±0,05 1,65 ±0,05
IMC Médio (kg/m²) 21,28 ±1,76 22,05 ±1,87 21,08 ±1,7 *N = Número total de universitários **DP = Desvio Padrão;
Com base nos dados goniométricos obtidos através dos testes de mensuração, a tabela 2
representa o teste de Mensuração do Ângulo Poplíteo ilustrando os valores encontrados na amostra
em geral e divididos de acordo com o gênero. Destacam-se as diferenças encontradas de 4,5º no
valor médio entre o membro inferior direito (MID) (154,16º) e membro inferior esquerdo (MIE)
(149,66º) e, 16º no valor mínimo entre o MID (140º) e o MIE (124º), ambos no grupo do gênero
masculino. Em relação aos outros valores, observam-se resultados próximos ao da amostra geral.
98
Tabela 2 – Valores médio, mínimo e máximo da mensuração do Ângulo Poplíteo
Gênero Membro Média (DP*) Mínimo Máximo
Total MID 156,27º ±11,56º 136º 180º
MIE 153,96º ±12,55º 124º 180º
Masculino MID 154,16º ±11,48º 140º 170º
MIE 149,66º ±13,34º 124º 168º
Feminino MID 156,80º ±11,65º 136º 180º
MIE 155,06º ±12,25º 132º 180º *DP = Desvio Padrão.
Na pesquisa realizada por Affonso Filho e Navarro (2002), que avaliou o ângulo poplíteo de
500 adolescentes com joelho assintomático, sendo 133 com idade entre 18 e 20 anos, dos quais
apresentaram ângulo poplíteo com média de 160º no sexo masculino e 167º no sexo feminino.
Valores superiores aos encontrados no estudo em ambos os gêneros.
Já na pesquisa realizada por Polachini et al. (2005), que mensurou o ângulo poplíteo em 60
indivíduos, sendo 30 masculino e 30 feminino, com idade entre 18 e 30 anos, apresentou valores
médios para o gênero masculino de 156º no MID e 151º no MIE; já o gênero feminino com 164º no
MID e 162º no MIE. O estudo atual demonstrou valores mais próximos aos do estudo de Polachini
et al, principalmente no gênero masculino.
Apesar de ser um teste conhecido e frequentemente utilizado na fisioterapia, a mensuração
do ângulo poplíteo pode ter variáveis que interferem nessas medidas. Uma delas é a extensão de
joelho, ativa ou passiva, que é pouco discutida na literatura, havendo poucas referências. Outra
característica muito discutida é a posição do tornozelo, em abandono, dorsi ou plantiflexão. Para
Polachini et al (2005), a posição do tornozelo pode apresentar diferenças devido à tensão passiva
determinada pela contração do tríceps sural ou terminações nervosas. Affonso Filho e Navarro
(2002) observaram diferença em relação ao teste com o tornozelo em dorsiflexão e em repouso,
onde o primeiro resultou em medidas angulares menores, sugerindo o encurtamento de tríceps sural.
No presente estudo, utilizou-se o tornozelo na posição de repouso, objetivando evitar a
interferência, existente ou não, do tríceps sural.
A tabela 3 apresenta os valores referentes às mensurações do teste de elevação da perna
retificada, sendo que a média para o MID foi de 72,33º ±10,99º e para o MIE foi de 72,52º ±11,17º.
Em relação ao gênero masculino, a média caiu para 68,9º ±12,69º no MID e 67,81º ±13,63º. Já no
gênero feminino, o MID foi de 73,23º ±10,49º e o MIE 73,76º ±10,26º. Destaca-se a diferença da
média entre os gêneros, sendo que para o MID foi de 4,33º e o MIE 5,95º, onde ambos os resultados
foram encontrados em maior valor no sexo feminino.
Tabela 3- Valores médio, mínimo e máximo da Mensuração da Elevação da Perna Retificada
Gênero Membro Média (DP*) Mínimo Máximo
Total MID 72,33º ±10,99º 46º 96º
MIE 72,52º ±11,17º 46º 92º
Masculino MID 68,90º ±12,69º 46º 88º
MIE 67,81º ±13,63º 46º 88º
Feminino MID 73,23º ±10,49º 50º 96º
MIE 73,76º ±10,26º 50º 92º *DP = Desvio Padrão.
99
No estudo realizado por Polachini (2005), em indivíduos sadios, os resultados foram
superiores aos encontrados no presente estudo, sendo no gênero masculino: MID: 75° e MIE: 74°; e
no gênero feminino: MID: 87° e MIE: 86°. Em sua discussão, os próprios autores relataram ser
valores altos quando comparados com outras pesquisas, justificando estes à interferência do
movimento pélvico, movimentação associada de coxa e pelve, além da posição do tornozelo.
Assim como na mensuração do ângulo poplíteo, há dificuldades na comparação de dados em
pesquisas sobre o teste de elevação da perna retificada, devido às divergências quanto à mensuração
do encurtamento dos isquiotibiais através da articulação do quadril, distinguindo da mensuração
através do banco de Wells por haver conflitos quanto à compensação da coluna lombar e da pelve
ao realizar o movimento de flexão anterior de tronco (CARREGARO, SILVA e GIL COURY;
2007).
Outros fatores que impedem saber tal padronização ao teste são quanto a posição do
tornozelo, assim como a realização ativa ou passiva, fadiga muscular, repetições, padronização de
materiais e técnicas. Um método, percebido como fidedigno quando comparado aos demais, foi
utilizado por Carregaro, Silva e Gil Coury (2007), através do teste de elevação da perna estendida,
passivamente, com membro testado em repouso, sendo totalmente estabilizado pelo pesquisador.
Baseado nos dados goniométricos colhidos durante a pesquisa, o gráfico 1 demonstra a
prevalência de encurtamento muscular dos isquiotibiais, ilustrando ao número de praticantes com
encurtamento em cada teste realizado.
4 3
32
12
26
0
10
20
30
40
50
60
Teste de Mensuração
Inte
gra
nte
s
Ângulo Poplíteo
Ângulo Poplíteo com
Thomas Positivo
Elevação da Perna
Retificada
Ambas Medições
Não Apresentam
Encurtamento
Outros
Gráfico 1 – Prevalência de Encurtamento Muscular em cada teste realizado.
Obs.:No grupo Outros, foram inclusos 2 universitários que apresentaram
encurtamento muscular em ambos os testes somente no MIE.
Destaca-se o número de universitários que apresentaram encurtamento muscular,
correspondendo 79,66% da população, sendo que de toda a amostra, 54,25% apresentou
encurtamento muscular em ambos os testes.
No presente estudo houve diferença significativa na quantidade da amostra quanto aos
gêneros, correspondendo a 12 homens e 47 mulheres. O gênero feminino apresentou 53,19% com
encurtamento em ambos os testes e 19,15% da amostra sem encurtamento, já o gênero masculino
58,3% com encurtamento e 25% sem encurtamento em ambos os testes. Entretanto quando
analisado em relação ao percentual de universitários com encurtamento de isquiotibiais, somando-se
os universitários com encurtamento em apenas um dos testes, o predomínio de encurtamento foi
maior no gênero feminino, com 80,85% em relação ao masculino, 75%.
Em relação ao maior percentual de encurtamento no gênero feminino, leva-se em
consideração a diferença da amostra entre os gêneros, além de, como citado anteriormente, os
valores médios de mensuração dos testes, conforme as tabelas 3 e 4, onde foram maiores no gênero
feminino em relação ao masculino, dados que corroboram com os encontrados na literatura (Forlin,
100
Andújar e Alessi, 1994; Cardoso et al., 2007; Polachini, 2005). Este último justifica o achado
através dos fatores genéticos, modificação anatômica da pelve, onde as mulheres apresentam
quadris mais largos e mais rasos, facilitando assim maiores graus de ADM devido a maior grau de
jogo articular.
O gráfico 2, esboça a prevalência de encurtamento muscular relacionando a posição sentada,
separando os participantes de acordo com as horas na posição sentada e o número respectivo de
avaliados que apresentaram encurtamento dentro dos determinados grupos de horas na posição
sentada.
39
2520
2 027
2115
2 00
10
2030
40
50
60
Até 8
horas
8-10h 10-12h 12-14h 14-16h Acima
de 16h
Carga Horária
Participantes
Participantes
Encurtados
Gráfico 2 – Prevalência de Encurtamento Muscular de Isquiotibiais de Acordo
com a Carga Horária Diária na Posição Sentada.
Destaca-se o maior grupo, de 10-12 horas, com 25 universitários, sendo que destes, 21
apresentaram encurtamento muscular e os grupos de menor (até 8horas) e maior (14-16 horas) carga
horária, representados respectivamente por 3 e 2 participantes, sendo que em ambos grupos, 2
avaliados apresentaram encurtamento muscular. Percebe-se assim que o encurtamento muscular
prevaleceu nessa população universitária, independente das horas diárias na posição sentada.
De acordo com Reis, Moro e Contijo (2003), a posição sentada, principalmente somada a
falta de exercício físico, é um fator predisponente a redução da flexibilidade muscular,
principalmente ao encurtamento dos músculos isquiotibiais e iliopsoas, o que pode ocasionar um
aumento da curvatura lombar e consequentemente provocar o surgimento de dor nessa região da
coluna.
Desta maneira, ressalta-se a importância da inserção de atividades que visem prevenir ou
minimizar as predisposições vindas da permanência prolongada na posição sentada, como o
encurtamento muscular, observado na população estudada.
Ao analisar o gráfico 3, que ilustra a prevalência de encurtamento muscular dos isquiotibiais
separando entre praticantes e não praticantes de exercício físico destaca-se a alta porcentagem de
encurtados em ambos os testes, principalmente no grupo de não praticantes, representando 68,58%
dos resultados (24 universitários). Já no grupo de praticantes, esse percentual diminui para 34,78%
(8 universitários).
101
2 4 2 2 30
24
85 7
0 2
36
23
0
10
20
30
40
50
60
Ângulo
Poplí teo
Poplí teo com
Thomas +
Elevação da
Perna
Retif icada
Ambos os
Testes
Sem
Encurtamento
Outros Total
Não Praticantes Praticantes
Gráfico 3 – Prevalência de Encurtamento Muscular em Praticantes e Não
Praticantes de Exercício Físico
A alta prevalência de encurtamento em indivíduos praticantes de exercício físico corrobora
com o estudo realizado por Carregaro, Silva e Gil Coury (2007), onde encontraram prevalência de
65,71% de encurtamento muscular, em indivíduos praticantes de exercício físico entre duas e três
vezes semanais.
De acordo com Cyrino et al. (2004), a prática regular de exercício físico, seja ela voltada ou
não para flexibilidade, consegue intervir positivamente nessa qualidade física, seja melhorando
como mantendo determinado nível de flexibilidade muscular.
Já Santos e Domingues (2008), citam que não só a falta de exercício físico, como a não
realização de exercícios de alongamento, são uma das principais causas de encurtamento muscular,
principalmente do grupo dos isquiotibiais.
Baseando-se nos resultados, pode-se indagar quanto à educação sobre o exercício de
alongamento, levantando questões como freqüência, intensidade, posicionamento adequado, entre
outros. De acordo com Kisner e Colby (2005), o alongamento de isquiotibiais se torna mais efetivo
com duração entre 30 e 60 segundos em relação a 15 segundos, mesmo sendo este último realizado
em um número maior de séries. Outra interferência citada pelo autor é a permanência do
alinhamento do tronco e das articulações adjacentes, sendo que essas alterações podem influenciar
na quantidade da tensão presente nos tecidos moles e consequentemente pode afetar a ADM das
articulações.
CONCLUSÃO
Com essa pesquisa, pode-se concluir em relação ao encurtamento muscular, uma
significativa prevalência de universitários com encurtamento de isquiotibiais, correspondendo a
79,66% da amostra, sendo que a prevalência de encurtamento em ambos os testes foi maior no
gênero masculino com 58,3% feminino em relação ao gênero feminino, 53,19%. No entanto quando
somado ao percentual de universitários com encurtamento de isquiotibiais, somente no teste do
ângulo poplíteo ou na elevação da perna retificada, o predomínio foi maior no gênero feminino,
com 80,85% em relação ao masculino, 75%. O encurtamento muscular demonstrou ser
independente da quantidade de horas na posição sentada. Destacou-se que 76,27% dos integrantes
permanecem de 10 a 14 horas diárias na posição sentada e destes, 82,22% apresentam encurtamento
muscular de isquiotibiais. Justifica-se o alto percentual de universitários que relatam maior tempo
na posição sentada em virtude de que mais de 50% dos cursos inseridos no Centro de Ciências da
Saúde apresentam formas diurnas e integrais de grade curricular, favorecendo esta posição.
A prática de exercício físico dentro dessa população é de pequena freqüência (38,98%), com
preferência para o futsal e a academia. Apesar de haver predomínio de encurtamento nos
102
universitários que não praticam exercício físico com 86,11%, o percentual de encurtamento dos que
praticam algum exercício também foi elevado, sendo 60,87%.
Percebe-se a necessidade de realizar estudos longitudinais acompanhando desde o momento
de ingresso na vida acadêmica ao término, podendo relacionar se a rotina universitária apresenta
diferenças significativas na flexibilidade muscular, assim como, em alterações posturais e algias.
Além disso, sugerem-se pesquisas comparativas entre as diversas áreas de estudo existentes na
universidade, como de tecnologia, humanas, ambientais e da saúde para ver se existe relações ou
diferenças entre elas.
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104
Relação entre o formato do arco longitudinal medial do pé e o
pico de torque dos inversores e eversores de tornozelo em
usuárias de sapatos de salto alto
Caroline Artusi 1
, Vanessa Piovesan2, Marice Regina Menta
2 ,Lisiane Piazza
3, Gilnei Lopes
Pimentel4,Carlos Rafael de Almeida
4
Resumo
Introdução: O uso de calçados de salto alto vem se tornando cada vez mais freqüente entre as
mulheres, acarretando diversas alterações biomecânicas no corpo humano. O pé é considerado a
região que mais sofre mudanças anatômicas em todo corpo e uma das características mais
importantes e de maior variabilidade é o arco longitudinal, sendo que o uso precoce de calçados
pode ser prejudicial ao seu desenvolvimento. Objetivo: Este estudo teve por objetivo avaliar a
relação entre o formato do arco longitudinal medial e o pico de torque dos inversores e eversores de
tornozelo em usuárias de sapatos de salto alto, bem como verificar as implicações do uso contínuo
do salto alto no formato deste arco. Metodologia: A amostra foi constituída por 49 usuárias de salto
alto divididas em três grupos de acordo com a altura de salto mais utilizada no seu dia-a-dia. Foi
mensurado o pico de torque da musculatura inversora e eversora do tornozelo a 30°/s e 60°/s através
do dinamômetro isocinético e avaliado o formato do arco longitudinal medial pela Linha de Feiss.
Resultados: Não ocorreram relações estatisticamente significativas entre o formato do arco
longitudinal medial e o pico de torque da musculatura avaliada, nem associações entre as diferentes
alturas de salto e o formato deste arco. Considerações: Ao final deste estudo, não se pode firmar
uma explicação conclusiva dos efeitos dos sapatos de salto sobre o arco plantar.
Palavras-chave: Deformidades do pé, Torque, Sapatos
INTRODUÇÃO
Muitas foram as mudanças que ocorreram no comportamento social da mulher nas últimas
décadas. Acompanham esse fato, mudanças de hábitos e de seus vestuários, onde se destaca o seu
calçado, geralmente alto, caracterizando beleza, altivez e elegância. Porém, a manutenção do corpo
sobre uma base de sustentação modificada, em termos físicos (diâmetro e altura), pressupõe
modificações nas informações sensoriais necessárias para manutenção do equilíbrio estático (SILVA
& SANCHES, 2006).
As articulações do pé são responsáveis pela orientação do mesmo em relação aos eixos da
perna para que esse possa orientar-se corretamente no chão, seja qual for a posição da perna e a
inclinação do terreno e também modificam tanto a forma quanto a curvatura da abóboda plantar
permitindo uma melhor adaptação às desigualdades do terreno, concedendo elasticidade e
flexibilidade ao passo (KAPANDJI, 2000).
De acordo com McPoil et al (1993), as articulações dos tornozelos e pés são afetadas
diretamente com a alteração da biomecânica exercida pelo uso de sapato de salto alto, dentre elas
estão as articulações talocrural, subtalar e de Chopart (MCPOIL JR., THOMAS G; RONALD S.,
1
Acadêmica do Curso de Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo 2Fisioterapeuta, Egressa curso de Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo
3Fisioterapeuta, Mestranda Ciências do Movimento Humano-UDESC
4 Fisioterapeuta, mestre, docente do Curso de Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo
105
1993). A talocrural possui apenas um grau de liberdade realizando o movimento de dorsiflexão e
plantiflexão (CASTRO, 1985; HALL, 2000; KAPANDJI, 2000; SIZÍNIO, 2003). Na subtalar
ocorrem o movimento de pronação e supinação sendo a pronação resultante de uma combinação de
eversão, abdução e dorsiflexão, e a supinação de uma combinação de inversão, adução e flexão
plantar (HALL, 2000; KAPANDJI, 2000).
Segundo Hislop et al (2007), o tornozelo e o pé são constituídos pelos músculos
gastrocnêmio, sóleo, flexor longo dos dedos, flexor curto dos dedos, flexor curto do hálux, flexor
longo do hálux, flexor do dedo mínimo, fibular curto, fibular longo, tibial posterior, tibial anterior,
extensor longo dos dedos, extensor curto dos dedos, extensor longo do hálux e fibular terceiro.
Hislop et al (2007) e Hall (2000) afirmam que o movimento de inversão resulta principalmente da
ação muscular do tibial posterior e tibial anterior, enquanto que no movimento de eversão, os
músculos responsáveis são o fibular longo e o fibular curto, auxiliados pelo fibular terceiro.
Beloto et al (2004) apontaram que a arquitetura do pé é baseada na disposição de três arcos
imaginários localizados em estruturas ósseas nele existentes: o arco anterior, o arco externo ou
lateral e o arco interno ou medial ou longitudinal plantar. O arco longitudinal plantar é de
fundamental importância às qualidades do ortostatismo estático e dinâmico, ou seja, a marcha,
tornando-os perfeitos biomecânica e funcionalmente.
Segundo Headlee et al (2008), a manutenção do arco longitudinal medial é feita pela
estrutura óssea, ligamentar e pela musculatura intrínseca e extrínsica do pé, tendo uma função
importante no controle da pronação durante a marcha. Se uma dessas estruturas falharem, pode
ocorrer uma pronação excessiva do pé, resultando em uma disfunção, sendo, de acordo com
Hernandez et al (2007), o uso precoce de calçados potencialmente prejudicial ao desenvolvimento
do arco longitudinal.
De acordo com os estudos de Magee (2005), o pé cavo caracteriza-se pelos arcos
longitudinais acentuados e as cabeças dos metatarsos mais baixas em relação ao retropé, de modo
que ocorre uma queda do antepé sobre o retropé no nível das articulações tarsometatarsais. Os
tecidos moles da planta do pé são anormalmente curtos, o que confere ao pé um aspecto encurtado.
Pé plano é um termo que descreve qualquer condição em que o arco longitudinal medial está
rebaixado, de modo que, na posição em pé, suas bordas ficam próximas ou em contato com o solo
(WEINSTEIN, 1994; MAGEE, 2005).
Alonso et al (2003) e Vilarrasa et al (2004) lembram que a dinamometria isocinética surgiu
nos anos 60, sendo amplamente utilizada na atualidade, como um recurso de medida objetiva da
função muscular, permitindo formatar dados normativos sobre diferentes populações. O torque ou
momento de força resulta da força aplicada num ponto multiplicada pela distância do ponto de
aplicação dessa força ao centro de rotação do eixo de movimento (T=F×d), medida em newton-
metro (Nm) (TERRERI et al, 2001). Dvir (2002) prescreve as velocidades de teste para a inversão e
eversão em uma amplitude de 30° a 120°/s.
Existe uma lacuna na literatura em relação a dados normativos sobre a função muscular do
tornozelo em diferentes populações, entre elas, a de usuárias de sapatos de salto alto,
Diante do contexto, o presente estudo teve por objetivo avaliar a relação entre o formato do
arco longitudinal medial do pé e o pico de torque dos inversores e eversores de tornozelo em
usuárias de sapatos de salto alto, bem como verificar as implicações do uso contínuo do salto alto
no formato deste arco.
MATERIAIS E MÉTODOS
O atual estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade
de Passo Fundo CEP - UPF, sob registro CEP 046/2008 e caracteriza-se por ser transversal
observacional.
Dentre as 311 acadêmicas matriculadas no curso de Fisioterapia da Universidade de Passo
Fundo no ano de dois mil e oito, foram selecionados 55 indivíduos, todos do sexo feminino e
voluntários, sendo divididos em três grupos, constituídos de 18 usuárias de sapatos com alturas
106
entre 0 e 3 cm, 18 usuárias de sapatos com alturas entre 3 e 7 cm e 19 usuárias de sapatos com
alturas entre 7 e 10 cm.
Foram critérios de inclusão deste estudo: aquelas que aceitaram voluntariamente participar
da pesquisa, idade mínima de 18 anos, do sexo feminino e usassem sapato de salto de 0 a 3 cm, 3 a
7 cm ou 7 a 10 cm, no mínimo seis horas por dia, quatro vezes por semana. Como critérios de
exclusão foram consideradas aquelas que apresentaram alguma disfunção músculo-esquelética no
tornozelo no momento da avaliação, que não concordaram em assinar o termo de consentimento
livre e esclarecido ou que em algum momento tomaram a decisão de desistir de participar deste
estudo. Desta forma foram excluídas do estudo cinco (5) voluntárias por não apresentarem tempo de
uso mínimo de sapatos de salto alto e uma (1) por imprecisão nas respostas do questionário, sendo a
amostra final de 49 sujeitos.
Os dados foram coletados no Laboratório de Biomecânica II da Faculdade de Educação
Física e Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo, onde foi realizada a avaliação isocinética dos
músculos eversores e inversores de tornozelo por meio do equipamento Biodex™ Multi Joint
System 3 Pro, módulo “Ankle: inversion /eversion”, utilizando o modo isocinético concêntrico para
ambos os grupos musculares, nas velocidades angulares de 30° e 60°/ segundo e também realizou-
se a avaliação do arco plantar através da Linha de Feiss e a aplicação de um questionário específico.
Procedimentos
As participantes foram informadas e orientadas sobre os procedimentos da avaliação. Antes
do início das avaliações, essas responderam a um questionário específico e foram familiarizadas
com o aparelho. Os dados antropométricos, peso e altura, foram coletados pelas informações
fornecidas pelas acadêmicas da amostra e utilizados pelo aparelho isocinético para obtenção dos
valores de pico de torque.
Após responder o questionário, cada participante foi encaminhada para a avaliação do seu
arco longitudinal medial, através da Linha de Feiss, onde foi examinada a posição relativa da
tuberosidade do osso navicular, tanto na posição de suporte do peso corporal, ou seja, em pé e sem
suporte corporal, com a participante sentada (PALMER & EPLER, 2002). Inicialmente, foi
marcado com uma caneta o ápice do maléolo medial e a face plantar da primeira articulação
metatarsofalângica com a participante não sustentando peso e fez-se uma linha unindo estes dois
pontos. A seguir, foi palpada a tuberosidade do navicular na face medial do pé e feita uma
marcação na mesma, observando sua posição em relação à linha que unia os dois pontos
previamente marcados. Em seguida, a participante posicionou-se em pé com os pés afastados 8 a
15 cm. Os dois pontos foram verificados para certificar que eles ainda representavam o ápice do
maléolo medial e da face plantar da articulação metatarsofalângica. A tuberosidade do navicular foi
novamente palpada. Normalmente, a tuberosidade do navicular localiza-se na linha que une os dois
pontos ou muito próximo da mesma. Quando ocorresse queda da tuberosidade era representativo de
um pé plano (MAGEE, 2005). A linha permitiu referência para diagnosticar um pé cavo, quando a
mesma se localizasse abaixo da tuberosidade do navicular (PALMER & EPLER, 2002).
Após, cada participante foi encaminhada para um aquecimento da musculatura a ser avaliada
através de três séries de dez repetições, dos movimentos de eversão e inversão do tornozelo,
bilateralmente, na posição sentada, com o joelho flexionado a 90°, a fim de familiarizá-la com os
movimentos que foram exigidos durante o teste.
Antes de iniciar as avaliações, o equipamento passou por um processo de calibragem, para
que os resultados pudessem ser fidedignos, além de ter sido realizado um projeto piloto com duas
voluntárias, buscando-se a reprodutibilidade das avaliações com a menor margem de erro,
seguindo-se as instruções gerais de operação recomendadas pelo fabricante (Biodex™ System).
Através das referências e orientações do fabricante do equipamento, orientou-se o
dinamômetro a 0° (orientação neutra), com uma inclinação do mesmo entre 50 e 70°, com o assento
orientado a 90°, com inclinação do encosto a 70°. Todas as participantes foram orientadas a
sentarem-se na cadeira, onde a articulação do joelho permaneceu fletida entre 30° e 45° (40°),
107
Arco Longitudinal Medial
62%
8%
6%
12%12%
Normal bilateral
Plano bilateral
Cavo Bilateral
Um normal e outro
plano
Um normal e outro
cavo
apoiada no coxim para suporte do membro a ser testado, fixado à cadeira por meio da haste T, com
o eixo de rotação em um ângulo de 35°, passando pela sindesmose e pelo corpo do talo. Para todas
as participantes a posição inicial partiu da inversão total do tornozelo, que permaneceu fixo ao
acessório correspondente, por meio de uma faixa de velcro que envolvia o antepé, tendo um apoio
próprio para a região do calcâneo e baseando-se nas orientações do fabricante, para maior conforto
e estabilidade, as participantes não usaram calçados durante o teste.
O teste foi realizado no modo concêntrico para inversores e eversores com estabilização do
tronco e coxa contralateral a testada, nas velocidades de 30°/s, cinco repetições e 60°/s, cinco
repetições, com 10 segundos de intervalo entre elas com estímulo verbal e visual (DVIR, 2002) .
Análise Estatística
Foi realizada a Análise de Variância através do teste ANOVA-One Way e Teste Chi-
Quadrado (x2) com o programa Statistic 6.0
® com grau de significância de p≤0,05.
RESULTADOS
Foram avaliadas 55 acadêmicas do curso de Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo
matriculadas no ano de 2008.
Foram excluídas do estudo cinco voluntárias por não apresentarem tempo de uso mínimo de
sapatos de salto alto e uma por imprecisão nas respostas do questionário.
Conforme demonstra a Tabela 1, através da análise de variância, verificou-se não haver
diferença significativa entre os grupos em relação à idade, peso e altura, demonstrando uma
homogeneidade da amostra nos três grupos avaliados.
Tabela 1 – Média e desvio-padrão do perfil da amostra
G1 G2 G3 p
IDADE 22,4 ± 2,7 21,5 ± 3,2 21,3 ± 1,8 0,45
ALTURA 1,63± 5 1,63 ± 6,1 1,62 ± 5,6 0,84
PESO 59,4 ± 11 55 ± 4,9 54,1 ± 8,9 0,20
N 17 14 18 LEGENDA: G1 – SALTO BAIXO; G2 – SALTO MÉDIO; G3- SALTO ALTO * p≤ 0,05.
Em relação ao formato do arco longitudinal medial, avaliado através da Linha de Feiss,
conforme pode-se observar no Gráfico 1, 30 participantes (62%) apresentaram pé normal
bilateralmente, 4 participantes (8%) apresentaram ambos os pés planos, 3 participantes (6%) ambos
os pés cavos, 6 participantes (12%) um pé normal e outro plano e 6 participantes (12%)
apresentaram um pé normal e outro cavo.
Gráfico 1 – Dados referentes ao formato do arco longitudinal medial
da amostra avaliada
108
Conforme demonstra a tabela 2, através da análise de variância, não ocorreram relações
estatisticamente significativas entre o formato do arco longitudinal medial e o pico de torque da
musculatura inversora e eversora do tornozelo nas velocidades angulares de 30°/s e 60°/s, porém,
ocorreu uma tendência positiva de um maior pico de torque da musculatura inversora na velocidade
angular de 60°/s nas participantes que possuíam pé plano.
Tabela 2 - Relação entre o formato do arco longitudinal medial do pé e o pico de torque
dos inversores e eversores de tornozelo a 30º/s e 60º/s
MOVIMENTO
VELOCIDADE
ANGULAR PLANO NORMAL CAVO p-value
EVERSÃO
30º/s
17,6 ± 6,7 15,9 ± 4,6 16,4 ± 3,3 0,46
INVERSÃO 18,5 ± 9,2 15,1± 5,8 15 ± 4,2 0,16
EVERSÃO
60º/s
15,6 ± 7,3 13,2 ± 4,2 13,8 ± 2,8 0,21
INVERSÃO 16,3 ± 9,6 13 ± 4,9 12,4 ± 4,2 0,06
N 14 72 12
O gráfico 2 demonstra os dados referentes ao formato do arco longitudinal medial nas
diferentes alturas de salto. No grupo que utilizava salto baixo, foram encontrados 22 pés normais, 9
planos e 3 cavos, no grupo com salto médio, observou-se 22 pés normais, 2 planos e 4 cavos e nas
usuárias de salto alto foram encontrados 28 pés normais, 3 planos e 5 cavos. Através do teste Chi-
quadrado, não ocorreram associações estatisticamente significativas (p=0,16) entre as diferentes
alturas de salto e o formato do arco longitudinal medial do pé.
Gráfico 2- Dados referentes ao formato do arco longitudinal medial nas
diferentes alturas de salto
DISCUSSÃO
O pé é a região que mais sofre variações anatômicas em todo o corpo humano e uma das
características mais importantes e de maior variabilidade é o arco longitudinal medial
(HERNANDEZ et al, 2007). De acordo com Beloto et al (2004), esse arco plantar se constitui
realmente em torno dos 2 ou 3 anos, porém, de acordo com Hernadez et al (2007), esse desenvolve-
se muito até os 6 anos, aumentando pouco após essa idade. A prevalência do pé plano declina com a
idade, e é maior em crianças com frouxidão ligamentar, sendo que o uso precoce de calçados
0
10
20
30
Salto Baixo Salto Médio Salto Alto
Altura do Salto X Formato do Arco
Longitudinal Medial
PÉ NORMAL
PÉ PLANO
PÉ CAVO
p=0,16
109
prejudica o desenvolvimento do arco longitudinal (HERNANDEZ et al, 2007). Weinstein et al
(1994) estimaram que, por volta dos 10 anos de idade, apenas 4% da população apresentará pé
chato persistente. .
O arco longitudinal normal do pé é determinado pela manutenção das relações normais entre
os ossos do pé. Essas relações são mantidas pelas estruturas ligamentares e capsulares de
sustentação, e podem ser afetadas pelos estresses funcionais aplicados ao pé durante a sustentação
de peso e pela contração dos músculos (WEINSTEIN et al, 1994).
De acordo com Magee, (2005), os arcos do pé são mantidos por três mecanismos: o
encunhamento dos ossos do tarso e do metatarso interconectados, a contração dos ligamentos da
face plantar do pé e os músculos intrínsecos e extrínsecos do pé e seus tendões, os quais ajudam a
sustentar os arcos.
Autores como Beloto et al (2004) e Lapierre (1982), além de poder ser ou tornar-se
doloroso, o pé plano perturba gravemente o equilíbrio do corpo. O arco plantar constitui um sistema
amortecedor indispensável e, se está ausente, constitui-se uma compensação superior ao nível do
joelho, da coxofemoral, da sacro-ilíaca ou da coluna vertebral. Quando, por uma razão qualquer, um
dos membros inferiores está sobrecarregado e outro aliviado, o pé que suporta mais peso pode
afundar em pé plano, caracterizando pé plano unilateral. Este, ou até mesmo o pé plano bilateral
mais acentuado de um lado, pode ser a causa de uma atitude escoliótica. No presente estudo, 12%
das participantes apresentaram pé plano unilateralmente.
Em sua pesquisa, Aydog et al (2005), afirmam que, apesar dos principais parâmetros que
causam mudanças no arco plantar não serem claramente identificados, a musculatura do pé pode
afetar a progressão deste arco. É também provável que o exercício dos músculos relacionados com a
articulação do tornozelo afeta a arcada do pé.
Os principais músculos envolvidos na manutenção do arco longitudinal plantar são os
músculos extrínsecos e intrínsecos do pé. Os primeiros são representados pelo tibial anterior, que
fornece suporte superior e eleva o arco; tibial posterior e flexor longo dos dedos, que fornecem
suporte medial e inferior e elevam o arco plantar; e fibular longo. A musculatura intrínseca
constituída por vários músculos com origem e inserção podálicas, tensiona de forma longitudinal
todo arco interno, sendo empenhada na manutenção da convexidade (BELOTO et al, 2004).
Jonson e Gross (1997), avaliaram a confiabilidade da avaliação do arco longitudinal medial
através da Linha de Feiss, método utilizado neste estudo, observando uma concordância intrateste
de 0.90 e interteste de 0.81, demonstrando que a avaliação através deste método mostra-se
confiável.
Segundo Kapandji (2000), o pé plano se deve principalmente a uma insuficiência muscular,
insuficiência do tibial posterior ou, mais freqüentemente, do fibular lateral longo. Um ruptura do
tendão tibial posterior ou uma tenossinovite também podem resultar nesta alteração do arco
longitudinal medial (AYDOG et al, 2005). Sem apoio, o pé adota uma atitude em varo, posto que o
fibular lateral longo é abdutor. Porém, segundo Kapandj (2000), no momento em que o peso do
corpo se descarrega sobre a abóboda, o arco interno se afunda e o pé gira em valgo. No presente
estudo, observou-se um maior pico de torque da musculatura inversora nas participantes que
possuíam pé plano, contrariando o que nos fala Kapandji (2000), indo, porém, ao encontro do que
nos fala Sizínio (2003), que afirma que o arco plantar não depende só dos músculos para sua
formação, que está ligada à forma do osso e tensão dos ligamentos, sendo a musculatura envolvida
no arco uma estabilizadora dinâmica.
Supõe-se que a falha no sistema estabilizador estático possa contribuir para o desabamento
do osso navicular propiciando uma vantagem mecânica para o tibial posterior que na tentativa de
manter o formato do arco desenvolve um pico de torque maior, porém não suficiente para conseguir
mantê-lo.
Contudo, segundo Kapandji (2000), uma insuficiência no fibular longo pode levar ao
desabamento do arco plantar. Logo, o pico de força menor dos eversores encontrado na amostra
pode estar relacionado com esse achado.
110
Foram encontradas divergências na literatura a respeito da função do músculo tibial anterior
na manutenção do arco longitudinal medial. De acordo com Aydog et al (2005), o tibial anterior
tem efeito depressivo sobre o arco, já para Beloto et al (2004) este músculo fornece suporte
superior e eleva o arco.
No estudo proposto por Aydog et al (2005), no qual analisou-se a relação entre o índice do
arco plantar e a força da musculatura do tornozelo em ginastas de elite observou-se uma diminuição
da força da musculatura dorsiflexora do tornozelo dos ginastas associada a um aumento do índice
do arco plantar caracterizando um pé plano, bem como uma correlação entre o índice do arco
plantar e a força da musculatura eversora do tornozelo, sendo esta musculatura, responsável pelo
suporte do arco plantar, também mais fraca no grupo estudado quando comparado ao grupo
controle. Esses dados vêm ao encontro dos achados no presente estudo, onde verificou-se também
um menor pico de torque da musculatura eversora nas participantes com pé plano.
O desabamento do arco longitudinal medial pode ocasionar alterações importantes, pois a
descarga de peso no pé se altera e muda os eixos das articulações, ocasionando desequilíbrios
articulares e musculares em todo membro inferior (BRICOT, 2001).
De acordo com Munho et al (2007), que realizou uma análise eletromiográfica da influência
do recrutamento muscular do fibular longo no arco longitudinal medial, o músculo fibular longo
pode auxiliar no aumento do arco longitudinal medial, mesmo sabendo que esse músculo não é o
principal responsável por esta atividade.
Kapandji (2000) descreve que existem quatro músculos responsáveis pelo aumento do arco
plantar, o tibial posterior, que é o principal, auxiliado pelo fibular longo, flexor do hálux e adutor do
hálux e que estes músculos são os responsáveis pela sustentação prolongada do arco plantar. Já
Bienfait (1995) segue uma linha de raciocínio contrária, dizendo que o arco plantar é sustentado
pela aponeurose plantar e seus ligamentos e músculos apenas amortecem as pressões impostas ao
arco. Ambos concordam que o músculo tibial posterior é um músculo que age diretamente na
elevação do arco plantar, contudo Bienfait (1995) acredita que somente os músculos quadrado
plantar, flexor curto dos dedos e flexor curto do halux auxiliam o tibial posterior.
Sendo o músculo tibial posterior o principal responsável pelo movimento de inversão do
tornozelo, esse encontrou-se mais forte no presente estudo na amostra com arco longitudinal plano,
discordando do que nas falam Kapandji (2000) e Bienfait (1995) a respeito da função deste músculo
na elevação do arco plantar, porém, apoiando ao mesmo tempo a teoria proposta por Bienfait (1995)
a respeito da manutenção do arco ser feita pela aponeurose plantar e seus ligamentos.
Em estudos realizados por Headlee et al (2008) e Fiolkowski et al (2003), observou-se que a
musculatura intrínseca do pé desempenha um papel de apoio medial no arco longitudinal na postura
estática e uma fadiga dessa musculatura resulta em um aumento da pronação e queda do navicular.
O arco longitudinal interno também pode se modificar em função do uso incorreto de
calçados, bem como através da realização de exercícios para musculatura intrínseca e extrínseca dos
pés (BELOTO et al, 2004).
O uso regular de salto alto leva ao aprendizado motor da mulher que usa esse calçado com
maior freqüência, pois a repetição de uma tarefa é um fator determinante para plasticidade cortical
que, por sua vez, gera automatismo do gesto e, conseqüentemente, menor recrutamento de fibras
para realizar uma tarefa, com conseqüente gasto energético diminuído (GEFEN et al, 2002).
O uso do salto alto altera o perfil normal de pressão no pé, com uma menor pressão na
lateral e na região medial do pé, além do aumento da altura do arco plantar (NASSER & VARGAS,
1997)
Uma causa muito freqüente do pé cavo é o calçado apertado ou o salto alto: os dedos
tropeçam com a ponta do sapato e se hiperestendem, fazendo com que as cabeças metatarsianas
baixem, sob a influência do peso do corpo o pé desliza sobre o plano inclinado e o calcanhar se
aproxima dos dedos, acentuando a curvatura da abóboda (KAPANDJI, 2000).
Contrapondo-se ao que nos falam os autores citados acima, no presente estudo, não foi
encontrada associação significativa entre o uso de sapatos de salto alto e alterações no formato do
arco longitudinal medial, o que pode ser explicado pela amostra constituir-se de mulheres jovens
111
com início do uso deste calçado no período da adolescência totalizando poucos anos de uso. Porém,
observa-se atualmente que a utilização desse acessório vem se tornando cada vez mais precoce,
sendo comum também entre as crianças, o que segundo Hernandez et al (2007) pode prejudicar o
desenvolvimento do arco longitudinal medial.
CONCLUSÃO
Diante dos resultados obtidos,pode-se constatar ao final deste estudo, que não ocorreram
relações estatisticamente significativas entre o formato do arco longitudinal medial e o pico de
torque da musculatura inversora e eversora do tornozelo em usuárias de sapatos de salto alto, no
entanto, ocorreu uma tendência positiva de um maior pico de torque da musculatura inversora do
tornozelo, na velocidade angular de 60°/s nas participantes que possuíam pé plano. Além disso, não
observou-se associação significativa entre o formato do arco longitudinal medial e o uso de sapatos
de salto alto.
Consideram-se limitações do presente estudo o fato de não ter-se verificado o tempo em
anos de uso de sapatos de salto e o formato do salto (agulha ou plataforma) utilizado pela amostra,
dados estes que podem interferir nos resultados desta pesquisa.
Existe escassez e divergências na literatura a respeito das estruturas responsáveis pela
formação e manutenção do arco longitudinal medial, bem como pesquisas relacionadas ao uso de
sapatos de salto alto e a avaliação isocinética do tornozelo, tornando escassas as referências pra
comparação e discussão, portanto, sugerem-se novos estudos a respeito das possíveis alterações
causadas no formato do arco longitudinal medial pelo uso de sapatos de salto alto em diferentes
populações, faixas etárias e implicações da musculatura do tornozelo no arco plantar.
Ao final deste estudo, não se pode então firmar uma explicação conclusiva dos efeitos dos
sapatos de salto sobre o arco plantar.
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114
Risco de Quedas em Mulheres Idosas
Fabiane Feula1, Juliana Padilha de Souza
2, Marlon Francys Vidmar
3,
Lia Mara Wibelinger2.1
Resumo
Introdução: O envelhecimento traz alterações como a diminuição da visão, da audição e distúrbios
músculo-esqueléticos, proprioceptivos e vestibulares, podendo resultar em quedas. A queda pode
ser definida como a perda total do equilíbrio postural, a qual está relacionada à insuficiência súbita
dos mecanismos neurais e osteo-articulares envolvidos na manutenção da postura. Objetivo: O
objetivo do presente estudo foi avaliar o risco de quedas em mulheres idosas. Metodologia: A
amostra foi composta por 147 indivíduos, do sexo feminino, com idade igual ou superior a 60 anos,
que freqüentam o Centro Regional de Atividades para a Terceira Idade (CREATI) da Universidade
de Passo Fundo. A coleta de dados foi realizada através da aplicação da Escala de Avaliação de
Risco de Quedas de Dowton. Resultados: Das 147 mulheres entrevistadas (51%) encontravam-se
na faixa etária dos 60-69 anos, (38,8%) entre 70-79 anos e (10,2%) mais de 80 anos, (99,3%)
praticavam atividade física, (24,5%) relataram ter osteoporose e (20,4%) osteoartrose, destas 68
(43,3%) apresentaram risco de quedas, tendo como principais causas as alterações visuais e o uso de
medicamentos. Conclusão: Com o aumento abrangente da população idosa é de extrema
importância o conhecimento da prevalência de quedas, pois os resultados podem servir para que
ocorram ações preventivas e reabilitadoras com o objetivo de aumentar ou manter a qualidade de
vida destes indivíduos.
Palavras-chave: Envelhecimento, Equilíbrio Postural, Instabilidade Articular.
INTRODUÇÃO
A população idosa no Brasil vem crescendo de forma abrangente, segundo dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a população com mais de 60 anos de idade
seja aproximadamente 11% da população geral até o ano de 2020 (SIQUEIRA et al, 2007).
Dentre as alterações decorrentes do envelhecimento estão: a diminuição da visão (redução
da percepção de distância), diminuição da audição (não ouve sinais de alarme), distúrbios
musculoesquelético (degeneração articulares, fraqueza muscular, diminuição da massa muscular),
distúrbios proprioceptivos (alteração na marcha e equilíbrio), distúrbios vestibulares (vertigens,
tonturas) (PEREIRA et al, 2001).
A perda da força muscular em idosos afeta o equilíbrio, a postura e o desempenho funcional,
aumentam o risco de quedas e problemas respiratórios, diminui a velocidade da marcha e dificulta
atividades da rotina diária (CANDELORO E CAROMANO, 2007).
Queda pode ser definida como um evento não intencional que tem como resultado a
mudança de posição do indivíduo para um nível mais baixo em relação à sua posição inicial"
(SIQUEIRA F. V. et al , 2007).
Pode ser considerado um evento sentinela na vida de uma pessoa idosa, um marcador
potencial do início de um importante declínio da função ou um sintoma de uma patologia nova. Seu
1 1Acadêmica do curso de Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo-UPF.
1Acadêmica do curso de Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo -UPF.
1Acadêmico do curso de Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo -UPF.
2Fisioterapeuta, Mestre e Doutoranda em Gerontologia Biomédica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande
do Sul- PUCRS.
115
número aumenta progressivamente com a idade em ambos os sexos, em todos grupos étnicos e
raciais. (CORRÊA, 2008).
Duas condições devem existir para que ocorra uma queda: perturbação do equilíbrio e
também uma falência do sistema de controle postural em compensar essa perturbação, ocorre
quando uma perturbação interna fisiológica interrompe momentaneamente a operação do sistema de
controle postural (FREITAS, 2002).
As quedas são resultado de um grande número de fatores extrínsecos e intrínsecos
relacionados à vítima. Os fatores de risco intrínsecos estão relacionados com a saúde do idoso:
fatores hemodinâmicos, doenças neurológicas, doenças osteomusculares, desordens neurosensoriais
e uso de medicamentos. Os fatores de risco extrínsecos estão relacionados com problemas
ambientais (BARBOSA, 2001).
As quedas são um problema complexo e debilitante, que causa enormes cmplicações
funcionais aos idosos podendo trazer conseqüências graves a saúde desses indivíduos como por
exemplo fraturas, restrição das atividades e até mesmo risco de morte, além de afetar o lado
psicológico. O presente estudo teve como objetivo avaliar o risco de quedas em idosas com idade
igual ou maior que 60 anos.
MATERIAIS E MÉTODOS
Trata-se de um estudo retrospectivo quantitativo, em uma população de 1000 idosos, cuja
amostra foi de 147 indivíduos, do sexo feminino, com idade igual ou superior a 60 anos,
participantes do Centro Regional de Estudos e Atividades da Terceira Idade (CREATI) de Passo
Fundo.
A coleta foi realizada nos meses de agosto e setembro de 2009, após autorização do Comitê
de Ética e Pesquisa da Universidade de Passo Fundo- UPF, com registro número 182/2008.
Os critérios de inclusão para o trabalho foram: indivíduos idosos , do sexo feminino , com
idade igual ou superior a 60 anos, ser participante do grupo CREATI e concordar em participar do
presente estudo após leitura do termo de consentimento livre e esclarecido.
O instrumento utilizado para a coleta de dados foi a Escala de Avaliação de Risco de Quedas
de Dowton, que é constituída por uma pontuação onde três pontos ou mais indica o risco de quedas.
As variáveis estudadas envolvem presença de quedas anteriores, uso de medicamentos, déficit
sensorial, estado mental e marcha.
RESULTADOS
A amostra foi composta por indivíduos do sexo feminino, com idade média de 70,14 anos e
desvio-padrão de 6,94 anos. A tabela 1 apresenta os dados referentes ao risco de quedas nas
diferentes faixas etárias onde é possível observar que o maior risco está nos indivíduos que estão na
faixa dos 60-69 anos, destes 44,1% já sofreram quedas anteriores.
Tabela 1: Faixa etária das participantes.
A tabela 2 apresenta dados referentes às variáveis do grupo de mulheres idosas com risco de
quedas e sem risco de quedas, onde as variáveis mais citadas pelo grupo com risco de quedas foram:
osteoporose, alteração visual e auditiva.
Faixa etária Com risco de queda Sem risco de queda
60-69 anos 44,1% 57%
70-79 anos 41,2% 36,7%
Mais de 80 anos 14,7% 6,3%
Total 100% 100%
116
Tabela 2: Variáveis apresentadas pelo grupo com risco de quedas e sem risco de quedas.
A tabela 3 apresenta os dados referentes a idade, prática de atividade física, doenças
osteoarticulares, onde é possível observar que a maioria dos indivíduos estava na faixa etária dos
60-69 anos, a prática de atividade física foi relatada pela maioria dos indivíduos (99,3%), sendo que
36 (24,5%) pessoas relataram ter osteoporose e 30 (20,4%) osteoartrose.
Tabela 3: Percentual da idade, prática de atividade física e doenças osteoarticulares.
A tabela 4 apresenta os dados referentes aos tipos de medicamentos usados pelo grupo com
risco de quedas, onde é possível observar que o uso de diuréticos foi o mais citado pelas idosas.
Tabela 4: Prevalência do uso de medicamentos pelo grupo com risco de quedas.
Medicamentos Faixa etária
60-69 anos 70-79 anos + de 80 anos
Nenhum - - -
Tranq/sedativos 43,3% 17,9% 20%
Diuréticos 56,7% 53,6% 40%
Hipotensores 33,3% 32,1% 20%
Antiparkinsonianos - - -
Antidepressivos 46,7% 25% 20%
Outros medicam. 26,7% 10% 50%
Idade Porcentagem
60-69 anos
70-79 anos
+ de 80 anos
51%
38,8%
10,2%
Atividade Física 99,3%
Osteoporose 24,5%
Osteoartrose 20,4%
Faixa Etária
60-69 anos 70-79 anos + de 80 anos
Risco de quedas n=30 (44,1%) n=28 (41,2%) n=10 (14,7%)
Praticam Atividade Física 96,7% 100% 100%
Osteoporose (26,7%) (46,4%) (50%)
Osteoartrose (16,7%) (14,3%) (20%)
Alteração Visual (96,7%) (85,7%) (100%)
Alteração Auditiva (36,7%) (28,6%) (70%)
Alteração Membros (20%) (17,9%) (0%)
Alteração da Marcha (16,7%) (7,1%) (10,0%)
Sem risco de quedas 45 (57%) 29 (36,7%) 5 (6,3%)
Praticam Atividade Física 100% 100% 100%
Osteoporose 13,3% 31,0% 20%
Osteoartrose 13,3% 13,8% 40%
Alteração Visual 80% 65,5% 80%
Alteração Auditiva 6,7% 13,8% 20%
Alteração Membros 4,4% 6,9% 0%
Alteração da Marcha (0%) (0%) (0%)
117
A tabela 5 apresenta os dados referentes aos tipos de medicamentos usados pelo grupo sem
risco de quedas, onde é possível observar que o uso de outros medicamentos foram os mais citados.
Tabela 5: Prevalência do uso de medicamentos pelo grupo sem risco de quedas.
Medicamentos Faixa etária
60-69 anos 70-79 anos + de 80 anos
Nenhum - - 20%
Tranq/sedativos 2,2% 10,3% -
Diuréticos 17,8% 17,2% 60%
Hipotensores 11,1% 24,1% -
Antiparkinsonianos - - -
Antidepressivos - - -
Outros medicam. 40% 24,1% -
DISCUSSÃO
A amostra foi composta somente por mulheres com idade entre 60 -87 anos. Em todas as
literaturas pesquisadas o número de risco de quedas nas mulheres foi sempre superior aos que
incluíam também homens na amostra. Nascimento et al. 2009, quando avaliou o número de quedas
de acordo com o sexo, observou que os idosos do sexo feminino tinham freqüência de quedas de
39,3%, superior aos homens que apresentavam 25% de risco de quedas.
Biazus et al , 2008 avaliou 68 indivíduos idosos destes 31 (45,5%) apresentaram risco de
quedas, dos que apresentaram risco de quedas (31), 24 (77,4%) já haviam caído anteriormente.
Tanto no grupo que apresentava risco de quedas como no grupo que não apresentava risco
de quedas a maioria das mulheres encontrava-se na faixa etária entre os 60-69 anos. No estudo
realizado por Correa et al (2007), que avaliou a força e o equilíbrio em idosas praticantes de
atividade física regular correlacionando com o histórico de quedas, a idade média dos indivíduos
com risco de quedas foi de 72,6 anos e dos indivíduos sem risco de quedas foi 69,7 anos.
No estudo de Ribeiro et al. (2008) dos 72 idosos participantes, 51,4% eram do sexo
feminino, e a faixa etária de 60- 69 anos compreendia 41,7% dos sujeitos, de 70 a 79 anos, outros
41,7% e a faixa de 80 a 91 anos de 16,6% dos idosos. Para Aikawa (2006), existe um aumento
linear na freqüência de quedas entre os 60-65 anos e 80- 85 anos de idade.
Em relação a prática de atividade física estudos demonstraram ser eficaz para melhora da
mobilidade e equilíbrio. A atividade física é uma modalidade terapêutica que melhora a mobilidade
física e estabilidade postural, as quais estão diretamente relacionadas com a diminuição de quedas
(MAZZEO et al,1998). Programas de exercícios físicos melhoram a força muscular, a marcha e o
equilíbrio entre as pessoas idosas, há evidências que diminui o número de quedas (MORGAN et
al,2004). Para Gimarães et al. (2004), que avaliou a propensão de quedas em idosos que praticam
atividade física e idosos sedentários, ele observou um maior nível de mobilidade e uma menor
propensão a quedas em idosos que praticavam atividade física.
Na revisão sistemática feita por Rogatto et al.(2009), houve uma associação entre o nível de
atividade física e fatores associados a ocorrência de quedas. Dentre esses fatores estão a melhora da
capacidade funcional, da qualidade de vida, independência nas atividades de vida diária e redução
do medo de cair.
Em relação a presença de doenças osteoarticulares, 36 (24,5%) as idosas relataram
presença de osteoporose e 30 (20,4%) osteoartrose. No estudo de Jahana et al (2007) , houve um
aumento das afecções osteoarticulares de 4,1% para 13,7% dos entrevistados após ter sofrido
quedas. Vieira et al. (2002), em seu estudo utilizou um programa de cinesioterapia na prevenção de
quedas em pacientes com osteoporose senil, e obteve uma resposta positiva em 93,3% dos
indivíduos submetidos ao treinamento , pois tiveram uma melhora de equilíbrio, força muscular,
coordenação motora, propriocepção, marcha e tônus muscular.
118
Neste estudo, o uso de medicamentos foi citado nos dois grupos, ocorrendo muitas vezes uso
de mais de um tipo de medicamento. No grupo com risco de quedas os medicamentos mais citados
foram os diuréticos, seguido dos antidepressivos e hipotensores, já no grupo das que não
apresentaram risco de quedas o uso de outros medicamentos foi o mais citado. Moura et al (1999).
Em seu estudo associou as quedas ao uso de diuréticos devido a depleção de volume e
hipocalcemia, que podem causar hipotensão ortostática e arritmias.
O número de pacientes idosos que dependem de algum tipo de droga para doenças crônicas
e/ou para melhora da qualidade de vida de maneira geral cresce a cada dia. Verifica-se, em
atendimentos em pronto-socorros, que grande parte dos pacientes acima de 60 anos de idade, que
tiveram algum tipo de fratura, usavam medicamentos de forma crônica. (Hamra, A. et al, 2007).
No estudo realizado por Siqueira et al. (2007) houve relação direta entre o número de medicamentos
referidos para o uso contínuo e a ocorrência de quedas entre idosos , os que utilizavam mais
medicamentos estavam submetidos a maior possibilidade de quedas.
As alterações visuais são indicadores de risco de quedas e foi citada por 64 idosas (94,1%)
do grupo de risco de quedas. Em vários estudos esse fator esteve presente. Segundo Menezes et al
(2008), a população estudada apresentou um significativo número de idosos com déficit visual não
corrigido com órtese, sendo este fato um alerta para o risco eminente para futuros episódios de
quedas. Gimarães et al. (2005), questionou em seu estudo a influência da visão,78% dos indivíduos
responderam negativamente e 22% reconheceram limitações. No estudo de Maciel et al. (2005), dos
310 idosos participantes do estudo 243 apresentaram déficit visual. Macedo et al. (2008), em sua
revisão de literatura concluiu que a visão apresenta importante papel no controle postural, e
conseqüentemente, na manutenção do equilíbrio em idosos, sobretudo quando associada a outras
alterações dos sistemas somato-sensoriais e vestibular.
As alterações auditivas foram citadas por 26 pessoas (38,2%) no grupo das pessoas que
apresentaram risco de quedas, sendo considerado um fator intrínseco para as quedas. Segundo
Maciel et al (2005), a presença de déficit auditivo está associada com o sistema vestibular, que
fornece dados sensoriais importantes para o controle do equilíbrio. Para Fabrício et al (2004), as
doenças sensoriais também foram relatadas, sendo 36% relacionadas com problemas visuais e 14%
com problemas auditivo. No estudo de George et al (2000), é citado a diminuição da audição como
um dos fatores de risco para quedas. Marin et al (2004), identificou que 11,46% dos entrevistados
consideravam a acuidade auditiva ruim. O envelhecimento é acompanhado de perda da audição em
quase todas as freqüências e reduz a habilidade de detectar ruídos de fundo.
As alterações nos membros foram detectadas em 11 (16,1%) mulheres que apresentaram
risco de quedas. George et al (2000), cita como déficits físicos os problemas nos pés, as
deformidades nas articulações e diferença no comprimento dos membros como alterações que
servem como fatores para causar quedas. Menezes et al (2008), relatou a dificuldade motora em
membros inferiores sendo manifestado por 86 (90%) dos idosos participantes. Isso se explica pelo
fato da maioria dos entrevistados desse estudo ser institucionalizados o que se difere do nosso
estudo onde todas as participantes eram independentes e praticavam atividade física. Marin et al
(2004), as alterações funcionais que interferem na deambulação também foram encontradas entre os
idosos entrevistados as quais se justificaram entre as pessoas de idade avançada pela baixa reserva
funcional, 19,6% deles referiram dificuldades de movimentação em braços e pernas
Em nosso estudo a alteração da marcha foi citada apenas por oito mulheres (11,7%) do
grupo com risco de quedas. Estudos revelaram correlação entre a utilização de dispositivos para
auxílio de marcha e a presença de quedas. Para Santiago et al (2004), a variável marcha, foi
verificada uma diferença estatisticamente significante entre idosos que sofreram quedas e os que
não sofreram quedas, sendo que a diferença parece ter decorrido das alterações fisiológicas do
envelhecimento.
No estudo de Dyer et al.(2004), através de um programa de prevenção de quedas que
incluía 3 meses de treinamento de marcha e equilíbrio, houve uma modesta redução no número de
quedas.
119
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Baseado na análise dos dados é possível concluir que as participantes eram totalmente ativas
e praticantes de atividade física regular, com idade média de 70,14 anos, dentre as variáveis com
maior ocorrência na população com risco de quedas estão as alterações visuais e auditivas e o uso
de medicamentos.
A importância do tema baseia-se no fato de que a população idosa vem crescendo de forma
abrangente, e deve existir uma preocupação maior com as incapacidades decorrentes deste processo,
sendo assim os resultados devem servir para que ocorram ações preventivas e reabilitadoras com o
objetivo de aumentar ou manter a qualidade de vida destes indivíduos.
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n.2, março/abril 2002.
122
Toxicidade em ratos Wistar após 90 dias de exposição ao
formaldeideo e complucad®
1Dechristian França Barbieri,
2 Elvis Wisniewski,
3 Miriam Salete Wilk Wisniewski,
4 Silvana Souza Roman
5 Luiz Carlos Cichota,
6 Rogério Marcos Dallago, 7 Simone Maffini Cerezer
Resumo
Objetivo: Este estudo objetivou verificar a toxicidade em ratos Wistar expostos às soluções de
formol a 10% e Complucad® através da análise das enzimas hepáticas alaninaaminotransferase e
aspartatoaminotransferase, bem como a análise histológica dos tecidos pulmonar, renal e hepático.
Metodologia: Utilizou-se 24 ratos machos adultos da linhagem Wistar-Tecpar, divididos
aleatoriamente em três grupos amostrais, com oito animais cada, expostos às substâncias, durante
noventa dias. Os grupos foram divididos em Controle Negativo (não expostos a substâncias),
Controle Positivo (expostos ao formaldeído a 10%) e Experimental (ao complucad®), mantidos em
gaiolas com quatro animais, sob condições de temperatura ambiente, com fotoperíodo de 12h
claro/escuro, alimentados com ração balanceada para roedores e água ad libitum. Os animais (60 a
90 dias/idade e 200/350gr) foram expostos às substâncias, durante 8 horas/dia, de segunda a sexta.
Após este período, foram anestesiados para coleta sanguínea e de tecidos: rins, fígado e pulmão.
Resultados: Pela coleta sanguínea analisaram-se as enzimas alanina e aspartato e os resultados
demonstraram o valor de p=0,002 para o aspartato através do teste ANOVA a 5% e diferença
estatisticamente significativa entre o grupo controle e complucad® quando aplicado o teste TUKEY;
e, p=0,006 para alanina com diferença entre grupo controle e exposto ao formol pelos mesmos
testes. A coleta dos órgãos demonstrou para tecido hepático (p=0,0029), renal (p>0,05) e pulmonar
(p=0,0002), mediante o teste do Qui-Quadrado. A análise do consumo de água e ração demonstrou
alteração significativa (p<0,05), na diminuição da ingesta de água dos animais do grupo formol e
complucad® quando comparado ao controle, não havendo diferença no consumo de ração. A análise
de peso dos animais identificou uma diminuição estatisticamente significativa nos índices de peso
dos animais do grupo formol e complucad®, quando comparado ao grupo controle. Conclusão:
Com esta exposição pode-se perceber um determinado grau de toxicidade dos referidos
xenobióticos.
Palavras-Chaves: Toxicidade; Formoldeídeo; Complucad®
1Acadêmico/Bolsista de Iniciação Científica do Curso de Fisioterapia da Universidade Regional Integrada do Alto
Uruguai e das Missões – URI – Campus de Erechim
2Mestre em Fisioterapia pela UFSCar. Professor-Pesquisador do Departamento de Ciências da Saúde – Curso de
Fisioterapia. Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI-Campus de Erechim. 3Mestre em Fisioterapia pela UFSCar. Chefe do Departamento de Ciências da Saúde. Professora-Pesquisadora do Curso
de Fisioterapia. Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI-Campus de Erechim. 4Mestre em Biologia Celular e Estrutural pela Universidade Estadual de Campinas. Professora-Pesquisadora do
Departamento de Ciências da Saúde - Curso de Farmácia. Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das
Missões – URI-Campus de Erechim 5Mestre em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Federal de Santa Maria. Professor do Curso de Farmácia.
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI-Campus de Erechim. 6Doutor em Química pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Professor titular de Química. Universidade
Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI-Campus de Erechim. 7Doutora em Engenharia de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental pela Universidade Federal do Rio Grande do
Sul. Professora do Departamento de Ciências Exatas e da Terra. Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das
Missões – URI-Campus de Erechim
123
INTRODUÇÃO
Vários métodos de conservação de peças anatômicas são utilizados, dentre os mais
conhecidos estão os métodos de glicerinação de Giacomini, a plastinação e o formaldeídeo. O
laboratório de anatomia da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões –
Campus de Erechim além da solução a base de formol, adota uma solução de conservação
denominada Complucad®, sendo esta solução a base de peróxidos.
A toxicologia é uma ciência ampla, multidisciplinar cujo objetivo é determinar os efeitos
deletérios dos agentes químicos sobre os seres, sendo dividida em toxicologia ambiental,
ocupacional, clínica e forense. Desta maneira, a toxicologia clínica trata da análise à exposição
aguda ou crônica a agentes químicos, bem como a verificação de sinais e sintomas característicos
decorrentes da exposição significativa (MOTTA, 2000; KATZUNG, 2003).
Sabe-se que o formol é um produto amplamente utilizado na conservação de peças se
comparado ao complucad®, uma vez que é de fácil obtenção, sem embargos, e de baixo custo.
Porém sabe-se também que ele é agressivo ao ser humano quando em contato. Pode causar diversos
danos aos tecidos principalmente ao nível do sistema respiratório, e ainda apresenta um efeito
secundário, quando sofre uma reação com oxigênio e a luz, se transformando em ácido fórmico,
muito mais danoso, e menos eficiente na conservação das peças anatômicas se comparado ao
complucad®, que não sofre esta reação, não causando problemas secundários (ÁLVARES, 1999).
É considerado como um potente irritante nasal, citotóxico em doses elevadas, é um produto
carcinógeno nasal em ratos expostos ás altas concentrações transportadas por via aérea (CANTOX
INC, 1988).
O formaldeído é um metabólico intermediário essencial em todas as células. É produzido
durante o metabolismo normal da serina, da glicina, da metionina e da colina, também pela
demetilação de compostos com N, S, e os Omethil (xenobióticos) (FORMALDEHYDE [4], 2008).
O formol como solução a 37%, é um composto líquido claro usado normalmente como
conservador, desinfetante e anti-séptico. Também é usado para embalsamar e conservar peças
anatômicas, mas é útil ainda na confecção de seda artificial, celulose, tintas, corantes, vidros,
espelhos e explosivos. Também pode ser utilizado para a firmeza nos tecidos, na confecção de
germicidas, fungicidas agrícolas, na contenção de borracha sintética e na coagulação de borracha
natural. É empregado no endurecimento de gelatinas, albuminas e caseínas, ainda é usado na
fabricação de drogas e pesticidas.
O formol é tóxico quando ingerido, inalado ou quando entra em contato com a pele, por via
intravenosa, intraperitoneal ou subcutânea. Em concentrações elevadas causa irritações. Conforme o
Instituto Nacional do Câncer o formaldeídeo é classificado como carcinogênico.
A solução a base de peróxidos denominada Complucad®
tem como principal componente
peróxido de metiletilcetona, solução em ftalato de dimetilo, ainda contém álcool 70º, glicerina e
aromatizante. Em um estudo realizado por Álvares et. al. (1999), comparando o complucad com o
formol na conservação de peças anatômicas, perceberam que este produto pode ser usado da mesma
forma ao formol, pois tem propriedade de conservar as peças com a mesma qualidade, e/ou em
alguns casos superior (técnicas histoquímicas, microscopia eletrônica, imunohistoquímica,
biomolecular etc), ao passo que possui poder bactericida, trombolítico e lipolítico.
Segundo Motta (2000) as enzimas aminotransferases estão amplamente distribuídas nos
tecidos humanos e seus níveis aumentam consideravelmente nas lesões ou processos infecciosos no
miocárdio, fígado, músculo esquelético, rins, pâncreas, baço, cérebro, pulmões, etc. Nas desordens
hepatocelulares causadas por intoxicações, viroses, também há o aumento das enzimas
alaninaaminotransaminase (ALT-TGP) e a aspartatoaminotransaminase (AST-TGO).
Estudos indicam a toxicidade do formaldeídeo solução a 37%, porém o seu uso para a
conservação de peças humanas no laboratório de anatomia tem como concentração a 10% desta
solução. Portanto justifica-se este estudo, uma vez que não há maiores dados referentes à toxicidade
da solução de formol a 10%, bem como da toxicidade da solução Complucad®.
124
O presente estudo tem como objetivo verificar a toxicidade em ratos Wistar expostos às
soluções de formol a 10% e Complucad® através da análise das enzimas hepáticas alanina
transferase (ALT) e aspartato transferase (ASP), bem como análise histológica dos tecidos
pulmonar, renal e hepático.
METODOLOGIA
Neste trabalho realizaram-se além da busca incessante de artigos e/ou estudos semelhantes
ao proposto, em base de dados virtuais como Bireme, Scielo, Chrochane e Medline, a exposição dos
ratos às devidas substâncias por um período de noventa (90) dias.
Utilizando-se 24 ratos machos da linhagem Wistar-Tecpar, adultos, com 60 a 90 dias de
idade com peso aproximado de 250 a 350 gramas, fornecidos pelo Biotério Central da URI -
Campus de Erechim. Os animais foram mantidos em gaiolas, cada qual com quatro animais por
caixa, sob condições de temperatura ambiente de (22 ±4ºC), com fotoperíodo de 12 horas/claro e 12
horas/escuro, alimentados com ração balanceada padrão para roedores e água ad libitum.
Os animais foram distribuídos aleatoriamente em três grupos amostrais, contendo cada
grupo oito animais, sendo identificados da seguinte forma: Controle Negativo (CN): animais que
não foram expostos a nenhum tipo de solução de conservação. Controle Positivo (CP): animais
expostos à solução de formaldeídeo a 10%. Experimental (CE) animais expostos à solução
Complucad®.
Os animais foram mantidos em exposição às substâncias, durante 90 dias por 8hs diárias de
segunda a sexta-feira. Para exposição foram confeccionadas três caixas em madeira, de proporções
iguais (largura 53 cm, comprimento 1 m e altura 27 cm), cada qual correspondente a um grupo.
Estas foram isoladas por uma placa de vidro, com apenas um orifício para entrada da substância
desejada e outro para saída de ar (1 mm de diâmetro). Cada caixa foi equipada com um cooler para
homogeneização do ar e uma bomba de aquário para infusão de aproximadamente 2l de ar p/min,
direcionado ao recipiente que continha a solução a ser infundida (formol a 10% e/ou complucad®) e
liberado através de cânulas ao interior do caixote.
Após o período de exposição, os animais foram anestesiados com Zoletil 50 para coleta de
sangue através da punção da artéria aorta abdominal, após laparotomia abdominal. Após a coleta, o
sangue foi processado, extraindo-se o plasma e acondicionado-o em eppendorf para futura análise
das enzimas aspartato transferase (AST) e alanina transferase (ALT), no Laboratório da Clínica
Escola de Farmácia.
Os animais foram então eutanasiados visando a retirada dos órgãos: pulmões, rins e fígado,
finalizando-se como a análise histológica destes tecidos. Realizada no Laboratório de Histologia da
URI – Campus de Erechim.
RESULTADOS
O presente estudo teve como objetivo verificar a toxicidade em ratos Wistar expostos às
soluções de formol a 10% e Complucad®
através da análise das enzimas hepáticas alanina e
aspartatoaminotransaminasa, bem como análise histológica do tecido pulmonar, renal e hepático.
Após a aquisição dos dados referentes a exposição de (90 dias) ao formol a 10% e
complucad, procedeu-se a análise estatística conforme tabela 1.
Tabela 1 – Resultados da análise das enzimas aminotransferases (TGO e TGP) de Ratos Wistar,
após 90 dias de exposição às substâncias Formol a 10% e Complucad®
Substância
Parâmetro
CONTROLE FORMOL COMPLUCAD® p*
n X Desvio
padrã
o
n X Desvio
padrão
n X Desvio
padrão
125
ASPARTATO 7 92,42 16,78 7 112,71 24,81 8 141,12 25,58 0,002*
ALANINA 8 64,37 17,83 7 39,00 6,68 8 50,50 13,12 0,006*
* Teste Anova a 5% seguido do teste de Tukey.
Para os dados de Aspartato, o teste ANOVA a um critério, indicou diferença
estatisticamente significativa (p=0,002). Já, com a aplicação do teste de Tukey, observou-se que
existe diferença entre os grupos controle negativo (não exposto a substâncias tóxicas) e
experimental (exposto ao complucad), para o grupo controle positivo (exposto ao formol) não
houve diferença quando comparado aos demais grupos.
Para os dados de Alanina, o teste ANOVA a um critério, indicou diferença estatisticamente
significativa (p=0,006). Com a aplicação do teste de Tukey, observou-se que existe diferença entre
o grupo controle negativo e o grupo controle positivo (exposto ao formol).
Os dados identificados na avaliação dos tecidos hepático, renal e pulmonar foram tratados
estatisticamente, utilizando o teste Kruskal-Wallis ao nível de significância de 5%.
A análise histológica do tecido hepático indicou para os três grupos características
semelhantes. A única variável que se apresentou alterada microscopicamente foi a “dilatação
sinosoidal” do grupo exposto ao formol quando comparado aos demais grupos. De maneira geral
percebe-se que apesar de os danos serem leves ao tecido hepático após um período longo de
exposição, o grupo exposto ao formol ainda é mais lesado. Para esta análise foram consideradas
onze variáveis apresentadas na tabela 2, bem como sua forma de quantificação.
Tabela 2 – Demonstrando as variáveis avaliadas no tecido hepático de Ratos Wistar, expostos às
substâncias Formol a 10% e Complucad®, após 90 dias.
Alterações Observadas Grupo
Controle
Grupo
Controle
Positivo
- Formol -
Grupo
Experimental
- Complucad -
Valor
de
h
Valor
de
p
INTENSIDADE +1 +2 +3 +1 +2 +3 +1 +2 +3
Infiltração de Célula 5 5 1 8 2,6115 0,2710
Vacuolização
Citoplasmática/hepatócitos
5 1 3 1 1 3,3345 0,1888
Células Eosinofílicas - -
Hipercromatismo 1 0,2400 0,8869
Tumefação celular (perda de
bordadura celular)
1 0,2400 0,8869
Degeneração balanhosa 1 0,2400 0,8869
Congestão Vascular 1 0,2400 0,8869
Dilatação sinusoidal 8 4 4 6 1 5,9298 0,0516
Megalocitose - -
Perda da arquitetura e
necrose celular
1 3 1,6873 0,4301
Dilatação de Veia
Centrolobular
3 2 1,6947 0,4285
TOTAL DOS ESCORES 18 0 0 14 12 0 23 8 3 - -
ESCORES POR GRUPO Escore = 18 Escore = 26 Escore = 34 - -
ESCORES: POUCO PRESENTE (+1), MODERADO (+2), INTENSO (+3).
A análise do tecido renal também mostrou características uniformes para os três grupos,
porém percebeu-se um pequeno início de vacuolização dos túbulos contorcidos distais e
126
desestruturação tubular dos animais III, V, VI, do grupo exposto ao formol. Nesta exposição não foi
observada a presença de células inflamatórias em nenhum dos grupos.
Tabela 3 – Demonstrando as variáveis avaliadas no tecido renal de ratos Wistar expostos às
substâncias: Formol a 10% e Complucad®
, após 90 dias
Alterações Observadas Grupo
Controle
Grupo
Controle
Positivo
- Formol -
Grupo
Experimental
- Complucad -
Valor
de
h
Valor
de
p
INTENSIDADE +1 +2 +3 +1 +2 +3 +1 +2 +3
Espaço de Filtração - -
Tumefação Celular
cortical
3 3 2,1934 0,3340
Congestão Vascular
Cortical
- -
Vacuolização
citoplasmática
(degeneração hidrópica)
1 3 1,5139 0,4691
Células Inflamatórias - -
Dilatação do Tubulo
Contorcido distal.
4 2 2,4919 0,2877
TOTAL DOS ESCORES 0 0 0 7 2 0 6 4 0 2,4000 0,3012
ESCORES POR GRUPO Escore = 0 Escore = 9 Escore = 10
Na análise do tecido pulmonar destaca-se o animal V do grupo exposto ao formol, com
elevada vascularização no espaço interalveolar, vasos sanguíneos bem nítidos e congestão vascular.
No animal IV e V do grupo exposto ao complucad nota-se tecido adiposo ao redor de vasos
sanguíneos e do bronquíolo terminal.
Ainda percebe-se em alguns animais do grupo exposto ao formol a presença de zonas
atelectásicas no pulmão, o que não foi identificado nos demais grupos. A variável leucocitose
alveolar tem seu discreto aumento no grupo exposto ao formol e complucad. Assim, em termos
gerais, apesar de discretas as alterações encontradas no tecido pulmonar destes animais após
exposição, pode-se inferir que o grupo exposto ao formol ainda apresenta maiores danos que o
grupo exposto ao complucad.
Tabela 4 – Demonstrando os parâmetros mais comuns avaliados no tecido pulmonar de Ratos
Wistar expostos a 90 dias às substâncias de Formol a 10% e Complucad®
Alterações
Observadas
Grupo
Controle
Grupo Controle
Positivo
- Formol -
Grupo
Experimental
- Complucad -
Valor
de
h
Valor
de
p
INTENSIDADE +1 +2 +3 +1 +2 +3 +1 +2 +3
Broncopneumonia - -
Pneumonia - -
Leucocitose alveolar - -
Leucocitose
intersticial
8 7 1 6 1 0.6402 0.7261
Atelectasia 1 1 2 0.8417 0.1465
Hemorragia
Alveolar.
- -
127
Dilatação Alveolar 2 3 3 5.2561 0.0722
Leucocitose
Bronquilar
8 7 1 2 5 5.0972 0.0782
TOTAL DOS
ESCORES
16 0 0 17 12 6 8 12 0 1.4118 0.4937
ESCORES POR
GRUPO
Escore = 16 Escore =35 Escore = 20 - -
ESCORES: POUCO PRESENTE (+1), MODERADO (+2), INTENSO (+3).
Após a avaliação histológica dos tecidos hepático, renal e pulmonar demonstrados os seus
valores nas tabelas 2, 3 e 4, aplicou-se o teste estatístico do Qui-Quadrado de Partição, no qual
obtiveram-se valores estatisticamente significativos (p<0,05) para fígado e pulmão, entre os grupos
expostos, sendo (p=0,0029) para o tecido hepático, e (p=0,00) para o tecido pulmonar. Apenas o
tecido renal não mostrou valor estatisticamente significativo (p>0,05).
Tabela 5 – Demonstrando a análise histológica dos tecidos hepático, pulmonar e renal de Ratos
Wistar expostos durante 90 dias às substâncias, grupos controle, formol e complucad
Tecidos X2
(partição)
Valor de
p
Fígado 16.1070 0,0029*
Pulmão 22.1906 0,0002*
Rim 0.7010 0,7043
Tabela 6 – Demonstrando o consumo de água e ração, entre os grupos de Ratos Wistar expostos às
substâncias
Consumo G. Controle G. Formol G. Complucad Valor de
p<0,05
Água 32,93 ± 2,30 29,00 ± 2,96 29,39 ± 2,89 0,01*
Ração 21,86 ± 2,53 22,27 ± 2,09 21,11 ± 1,85 0,05
Teste Anova 5%, seguido do Teste de Tukey
Na avaliação do consumo de água e ração dos animais durante os 90 dias de exposição
percebeu-se uma diminuição estatisticamente significativa na ingesta de água para os animais dos
grupos expostos ao complucad e formol quando comparado ao grupo controle.
Para análise estatística do peso, os valores utilizados foram a diferença entre o peso inicial
e final dos animais de cada grupo, submetidos ao teste estatístico Anova a 5%, que demonstrou
significância estatística, pois p=0,004. Na seqüência, o teste Tukey foi aplicado, identificando
significância entre os grupos controle e formol (p<0,05) e entre o grupo controle e complucad
(p<0,01), não havendo porém diferença entre o grupo formol e complucad. Genericamente, os ratos
dos grupos expostos aos xenobióticos tiveram um menor ganho de peso, quando comparados ao
grupo controle.
CONCLUSÃO
Após a efetivação da exposição dos animais aos xenobióticos, por um período de 90 dias,
pôde-se identificar toxicidade através da análise de enzimas, a qual foi demonstrada pelo teste
ANOVA, a um critério, que indicou diferença estatisticamente significativa (p < 0,05). Com a
aplicação do teste de Tukey, verificou-se diferença entre o grupo controle e o grupo exposto ao
formol para enzima alanina, e diferença estatisticamente significativa para a enzima aspartato para o
grupo controle e complucad.
128
A análise histológica do tecido hepático demonstrou algumas alterações, porém, com
destaque apenas para dilatação sinosoidal do grupo exposto ao formol. Estas alterações são
consideradas a nível microscópico, mas não chegam a ser estatisticamente significativas. No tecido
renal foi identificado um pequeno início de vacuolização dos túbulos contorcidos distais e
desestruturação tubular nos animais expostos ao formol. Na análise do tecido pulmonar as
alterações encontradas são discretas, não chegando a ser significativas, mas pode-se destacar o
aparecimento de zonas de atelectasias nos animais expostos ao formol. Para complementação dos
achados, foi utilizado o teste estatístico do Qui-Quadrado de Partição o qual demonstrou alterações
estatisticamente significativas (p<0,05), para o tecido pulmonar e hepático, com exceção do tecido
renal.
Nesta exposição (90 dias) houve alterações estatisticamente significativas na avaliação
sangüínea tanto para enzima aspartato como para a alanina, bem como alteração significativa no
consumo de água dos animais. Quanto ao ganho de peso, igualmente os valores foram
significativamente menores para os grupos expostos quando comparados ao controle. Assim pode-
se dizer que os valores encontrados demonstram grau de toxicidade nos animais quando expostos
aos referidos xenobióticos, demonstrando a necessidade de continuidade do estudo em períodos
diferenciados de exposição.
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VIEIRA, S. Introdução á bioestatística. 3.ed. Rio de Janeiro: Campus, 1980.
130
Atenção fisioterapêutica aos portadores de necessidades
especiais da apae de Chapecó, SC: relato da experiência em
visita domiciliar
Soraia Bonissoni1, Danieli Michelli Seidel¹, Franciane Barbieri Fiório², Rubia do Nascimento
2.
Introdução: A paralisia cerebral pode ocorrer no período em que a criança apresenta um ritmo
acelerado de desenvolvimento, podendo comprometer o processo de aquisição de habilidades. Desta
forma, o diagnóstico precoce dos distúrbios de seu desenvolvimento permite o encaminhamento
para o tratamento mais indicado. Visando uma maior atuação da área da fisioterapia para esta
população, o projeto de extensão “Atenção fisioterapêutica aos portadores de necessidades especiais
da APAE de Chapecó”, financiado pela FAPEX e vinculado ao curso de Graduação em Fisioterapia
da Unochapecó, desenvolveu visitas domiciliares junto aos educandos da APAE assistidos pelo
mesmo. Objetivo: Relatar a experiência em visita domiciliar desenvolvida junto a um educando
com diagnóstico de paralisia cerebral. Metodologia: O educando de 23 anos e quadro de paralisia
cerebral do tipo quadriplegia distônica apresenta espasmos musculares intensos e freqüentes que
contribuíram com o desenvolvimento de graves contraturas musculares, deformidades ósseas e
articulares, além de comprometimentos respiratórios. As visitas ocorreram em duas tardes, sendo
que a primeira teve como prioridade a observação do local onde o paciente reside, bem como a
realização da anamnese. Esta se constituiu de uma conversa com o cuidador e demais pessoas da
família. As observações foram voltadas para as atividades de vida diária do educando e para
aspectos posturais deste e do cuidador. A segunda visita ocorreu no intervalo de uma semana e
abordou orientações fisioterapêuticas relacionadas à funcionalidade, à realização de transferências e
ao posicionamento ao dormir, na cadeira-de-rodas, nas atividades de higiene, alimentação e
vestuário. Resultados: Os esclarecimentos, demonstrações e orientações fisioterapêuticas passadas
à família foram importantes para a rotina diária do educando, pois, de acordo com o relato do
cuidador, facilitaram o manuseio, as transferências e o posicionamento adequado. Cuidados simples
com a postura e movimentação no âmbito domiciliar do educando contribuem com a prevenção de
complicações músculo-esqueléticas, tanto para o cuidador como principalmente para o educando.
Considerações Finais: Perceber as dificuldades que cada família enfrenta em seu dia-a-dia no
cuidado com os portadores de paralisia cerebral reforça a idéia de que os fisioterapeutas devem
trabalhar focados na saúde integral, buscando a prevenção das complicações secundárias. Esta
certeza se acentua quando temos a oportunidade de conhecer a realidade de cada paciente além do
âmbito escolar e clínico.
Palavras-chave: Paralisia cerebral, Prevenção, Orientação domiciliar.
1 Acadêmicas do 7º período do Curso de Graduação em Fisioterapia da UNOCHAPECÓ
2 Docente do Curso de Graduação em Fisioterapia da UNOCHAPECÓ e coordenadora do Projeto de Extensão
“Atenção Fisioterapêutica aos Portadores de Necessidades Especiais da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais
(APAE) de Chapecó-SC”
131
Atividade física e qualidade de vida em pacientes submetidas à
cirurgia de mama
Rafaela Casagrande1, Daniele Rossato
2
Introdução: Segundo o Instituto Nacional do Câncer, no Brasil o câncer de mama é o mais
frequente entre as mulheres e constitui-se na primeira causa de morte entre o sexo feminino. A
prática de exercícios físicos relacionados com a reabilitação pós-mastectomia, bem como a
orientação destes, são intervenções importantes na assistência pós-operatória à mulher, pois têm
como finalidade prevenir ou minimizar o linfedema ou perda de mobilidade no ombro. Objetivo:
Sendo assim, o presente trabalho tem como objetivo verificar se a realização de atividade física em
grupo melhora a qualidade de vida das pacientes submetidas à cirurgia de mama. Metodologia: A
estratégia metodológica deste estudo é quase experimental de caráter quantitativo, sendo realizado
com 20 pacientes submetidas à qualquer tipo de cirurgia de mama há mais de 6 meses. Para a coleta
dos dados, as pacientes responderão à um questionário que será dividido em 2 sub-itens. O primeiro
constará de dados gerais sobre a paciente, como idade, sexo, profissão, escolaridade, estado civil e
se pratica ou não alguma atividade física. O segundo constará perguntas acerca do câncer de mama
e o tratamento realizado pela paciente. Em seguida, as pacientes responderão à um questionário
denominado Short-Form Health Survery (SF-36), o qual é utilizado para a avaliação da qualidade
de vida. Após o preenchimento dos questionários, as pacientes irão se submeter a um programa de
atividade física orientada. Os encontros serão realizados uma vez por semana, por 45 minutos,
durante 2 meses, no quinto andar do Centro de Estágios e Práticas Profissionais da Uri-Campus
Erechim, totalizando 8 encontros. As atividades, realizadas em grupo, incluirão exercícios de
flexibilidade, força, coordenação e consciência corporal, sendo sempre orientadas pela estagiária.
Ainda, no primeiro dia de atendimento, as pacientes receberão uma cartilha contendo orientações de
exercícios que deverão ser realizados em seus domicílios duas vezes por semana. Todas as pacientes
serão orientadas a realizar, tanto as atividades em grupo quanto as atividades domiciliares, dentro
dos seus limites de dor e de amplitude de movimento. Ao final das 8 semanas as pacientes
responderão novamente o questionário SF-36. Considerações finais: Sendo assim, ressalta-se a
importância deste estudo, uma vez que a prática de exercícios físicos têm como finalidade prevenir
ou minimizar as complicações geradas pelas cirurgias da mama.
Palavras-chave: câncer de mama, fisioterapia, reabilitação
1 Acadêmica do curso de Fisioterapia da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões- Campus
Erechim 2 Professora do curso de Fisioterapia, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões- Campus
Erechim
132
Atuação fisioterapêutica na segmentectomia pulmonar: um
estudo de caso
Priscila Fontana1, Lilian Marin
2
Introdução: A segmentectomia pulmonar é um procedimento cirúrgico indicado em casos de
comprometimento do parênquima pulmonar de pequena extensão, que gera uma perda funcional
com prejuízo da função cardiorrespiratória e requer tratamento especializado. Programas de
reabilitação pulmonar têm revelado impacto positivo na função do indivíduo e influenciado na
qualidade de vida. O presente estudo apresenta o caso do paciente, sexo masculino, 79 anos,
submetido à segmentectomia pulmonar e atendido no estágio supervisionado de fisioterapia da
Unochapecó. Objetivos: Verificar a influência do tratamento fisioterapêutico com ênfase a
reabilitação cardiorrespiratória de um indivíduo pós-segmentectomia pulmonar esquerda.
Metodologia: Foram avaliados parâmetros da função cardiorrespiratória do paciente, objetiva e
subjetivamente (PImáx, PEmáx, Pico de Fluxo Expiratório/PFE, Sat02, FC, índice de esforço
percebido IEP com a escala de Borg para Dispnéia e Cansaço e Tolerância ao Exercício Aeróbio),
pré, peri e pós-tratamento. Após a avaliação inicial, paciente realizou 20 sessões de fisioterapia, 2
vezes por semana, com duração de uma hora, que englobavam alongamentos passivos e ativos de
MMSS e MMII, exercícios respiratórios de reexpansão, resistência e força muscular, e, exercício
aeróbio submáximos de 60 a 75 % da freqüência cardíaca de treinamento em esteira rolante.
Resultados: Paciente apresentou melhoria em todos os parâmetros avaliados, com valores pré e
pós-tratamento alocados respectivamente: PImáx (40 – 110 cmH20), PEmáx (50 – 120cmH20),
PFE (200 – 620 L/min), FC repouso (80 – 70bpm), Sat02 Repouso (89 – 97%), IEP Dispnéia
Repouso (5 – 2), IEP Cansaço Repouso (5 – 3). Também se observou incremento na função, quando
analisados os parâmetros durante o exercício, comparando valores pré-exercício na primeira e
última sessão, respectivamente: IEP Dispnéia (2 – 2), IEP Cansaço (5 – 3), FC (78 – 95bpm), Sat02
(90 – 98%); e valores imediatamente pós-exercício na primeira e última sessão, respectivamente:
IEP Dispnéia (7 – 3), IEP Cansaço (7 – 3), FC (78 – 100bpm), Sat02 (86 – 96%). Somados a esses
resultados, paciente incrementou seu tempo de tolerância ao exercício em velocidade constante,
entre a primeira e última sessão: (10 – 40min.); bem como, a freqüência cardíaca de treinamento:
(60 – 75%). Considerações Finais: O tratamento fisioterapêutico com ênfase na reabilitação
cardiorrespiratória é eficaz no incremento das funções cardiorrespiratórias analisadas, bem como
em relação aos parâmetros subjetivos descritos pelo paciente.
Palavras-chave: Fisioterapia, Segmentectomia, Reabilitação Cardiorrespiratória.
1 Fisioterapeuta Graduada pela Unochapecó, Fisioterapia, Universidade Comunitária Regional de Chapecó
2 Docente Unochapecó, Fisioterapeuta, Especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória, Universidade Comunitária
Regional de Chapecó
133
Avaliação e intervenção fisioterapêutica no pós-operatório de
neoplasia maligna de mama em pacientes da Rede Feminina
de Combate ao Câncer – Chapecó – SC.
1Mark Andrey Mazaro,
2Ana Paula Bordignon,
2 Daniela Pramio Rossetto
Introdução: O Câncer de Mama vem apresentando altos índices entre a população feminina, sendo
a mastectomia a principal conduta terapêutica utilizada. Dentre as principais seqüelas pós-cirúrgicas
encontra-se a diminuição da amplitude de movimento no ombro homolateral a cirurgia, que acaba
interferindo no status funcional dos membros superiores na execução das atividades de vida diárias,
bem como na qualidade de vida destas mulheres, sendo que a intervenção fisioterapêutica permite
que as mesmas retornem mais rapidamente possível às suas atividades cotidianas. Objetivo:
Verificar os efeitos da cinesioterapia na amplitude de movimento do ombro e na funcionalidade dos
membros superiores nas mulheres mastectomizadas da Rede Feminina de Combate ao Câncer de
Chapecó, SC. Metodologia: Este estudo teve aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Unochapecó sob registro 017/09 de 01 de abril de 2009 e avaliou três mulheres submetidas à
mastectomia com pós-operatório tardio, sendo as mesmas avaliadas pré e pós realização de
protocolo cinesioterapêutico, aplicando questionário relativo à saúde geral da mulher e aspectos
relacionados à cirurgia, assim como questões referentes a capacidade funcional dos membros
superiores nas AVD‟s e método goniometria para os movimentos de flexão, abdução, extensão,
adução, rotação interna e externa do ombro homolateral e contralateral a mastectomia. Resultados:
Analisadas pré e pós intervenção cinesioterapêutica tanto para amplitude de movimento, quanto
para a funcionalidade, foram tratados estatisticamente através de análise descritiva quantitativa e
teste “t” de student com finalidades paramétricas para amostras pequenas, utilizando software
BioEstat 5.0..As pacientes avaliadas apresentaram melhora significativa da ADM em flexão do
ombro homolateral (p=0,03) e contralateral (p= 0,0065) à cirurgia e melhora das amplitudes de
movimento do ombro para os demais graus de liberdade desta articulação, assim como melhora
funcional dos membros superiores passando de 33,3% para 62,22% da amostra que não mais
apresentava difuculdades na execução das AVD‟s. Conclusão: O protocolo cinesioterapêutico
apresentado e aplicado na presente pesquisa se traduz em resultados significativos no ganho do arco
de movimento do ombro ipsilateral e contralateral a mastectomia e também na melhora da
funcionalidade.
Palavras-Chave: Mastectomia. Fisioterapia. Funcionalidade.
1Docente do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó
UNOCHAPECÓ, Especialista em fisioterapia oncológica pelo Hospital Erasto Gaertner – Curitiba; Especialista em
Saúde Pública com concentração em PSF – UnC Concórdia.
2 Fisioterapeutas graduadas do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de
Chapecó UNOCHAPECÓ.
134
Comportamento do Duplo Produto em Intensidades
Submáximas de Pacientes Obesos do Setor Público de
Chapecó-SC Lilian Marin
1
Introdução: A obesidade é um dos problemas mais grave de saúde pública. Sua prevalência cresceu
acentuadamente nas últimas décadas, inclusive nos países em vias de desenvolvimento, o que
elevou estas doenças a uma condição de epidemia global. No sistema cardiovascular pode alterar
tanto a freqüência cardíaca (FC) quanto a pressão arterial (PA). A relação da FC e da pressão arterial
sistólica (PAS), o duplo produto (DP = PASXFC) é uma medida indireta da demanda de oxigênio
pelo miorcárdio. A resposta do DP tem-se demonstrado importante para avaliar o risco e o
desempenho cardiovascular. Objetivo Geral: Verificar os valores do DP, em pacientes com
obesidade grau III do Serviço Municipal de Fisioterapia e Saúde Funcional de Chapecó-SC
(SMFSF), submetidos a exercícios fisicos em intensidades submáximas. Material e Métodos: A
população em estudo foram os pacientes do SMFSF, a amostra foi composta pela análise de 26
prontuários, 21 mulheres e 05 homens, sedentários, com diagnóstico clínico de obesidade grau III,
que administravam anti-hipertensivos e recebiam atendimento fisioterapêutico. Foram coletados
dados como: idade, IMC, FC, PA e DP, pré e pós 8 meses de tratamento fisioterapêutico. Os sujeitos
realizaram exercícios de alongamentos de MMSS, MMII, músculos respiratórios, exercícios
respiratórios e treinamento aeróbio em esteira ergométrica (Advanced 400) e cicloergômetro
(Inbrasport Millenium Super) com intensidade submáximas de 70 a 85% da FCT e PAST
(freqüência cardíaca de treinamento e pressão arterial sistólica de treinamento, obtidas por fórmula
derivada de Karvonen), com duração de 1hora, 2 vezes por semana. Resultados: Os dados foram
tabulados e submetidos a análise de Média de Desvio Padrão. Os valores de idade foram de 43,81 ±
10,26 anos, IMC 41,0 ± 4,29 kg/m2 e os valores de PAS, FC e DP pré-tratamento foram
respectivamente de: 41,0 ± 4,29 kg/m2, 139 ± 12,94mmHg, 85± 15, 23bpm, 12025±3095,25 e pós-
tratamento: PAS, FC e DP, 125 ±8,11 mmHg, 81 ±8,45 bpm, 9705± 1382,09. Conclusão:
Observou-se nos pacientes com Obesidade Grau III que após 8 meses tratamento fisioterapêutico,
ocorreu diminuição na PAS e FC, consequentemente no DP. Estes dados sugerem que o exercício
físico em intensidades submáximas pode ser de capaz melhorar o desempenho cardiovascular.
Palavras-chave: Obesidade, Duplo Produto, Fisioterapia
1 Fisioterapeuta, Especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória. Docente da Universidade Comunitária Unochapecó -
Chapecó-SC. Docente do Curso de Fisioterapia da UNOCHAPECÓ
135
Educação em saúde na atenção a gestantes de baixa renda
Tamara Pauletto1*, Marciele Rossato
1, Marília Meneguzzi
1, Gabriela Varnier
1, Fátima Ferretti
2.
Carla Stefanello Zanon3
Introdução: A gestação, parto e puerpério constituem uma experiência humana significativa, de
grande importância e forte potencial positivo para todos que dela participam. Para uma gestação
saudável a gestante deve estar informada sobre as alterações que ocorrem no período e da
importância do pré-natal, por isso salienta-se a relevância dos profissionais da saúde na realização
de ações de educação e promoção da saúde neste período. Dentre esses profissionais o
fisioterapeuta obstétrico assume um papel importante quanto às adaptações necessárias e a
minimização das complicações garantindo mais autonomia na vivência desta fase. Objetivo: O
estudo teve como objetivo desenvolver ações educativas na atenção às gestantes esclarecendo-as
sobre as alterações anatomo-fisiológicas e psicossociais da gravidez normal, possibilitando a
interação entre o conhecimento técnico e o popular através do diálogo, respeitando a realidade das
gestantes de baixa renda. Metodologia: O estudo foi uma pesquisa qualitativa e descritiva com uma
amostra de nove gestantes de baixa renda, com idade entre 14 a 28 anos e período gestacional entre
o 2°e 4° mês. A coleta de dados foi realizada inicialmente por meio de questionário com perguntas
fechadas sobre os conhecimentos que estas possuíam a cerca das alterações anatomo-fisiológicas e
psicossociais vivenciadas no período da gravidez, após avaliação foram realizadas 10 intervenções
semanais, de 1 hora cada, com dinâmicas e roda de diálogo. Ao final das atividades as gestantes
foram reavaliadas. Resultados: Observou-se que na pré-avaliação as gestantes creditaram 56% de
importância a atuação do fisioterapeuta no período gestacional, pós-intervenção 100%; o
conhecimento em relação ao edema e cuidados necessários, antes da intervenção foi de 67%, pós
89%; quanto ao conhecimento sobre azia/enjôo antes 44%, pós 89%; quanto à importância do pré-
natal e amamentação 100% conheciam e valorizavam, antes e após; quanto a respiração adequada
para hora do parto, antes 56%, após 100%, melhor posição para dormir antes 33%, pós 100%,
quanto a postura adequada para realizar as atividades de vida diária antes 64%, pós 78%; e, quanto
a massagem Shantala nenhuma tinha conhecimento antes da intervenção e após 100% utilizaria com
os filhos. Conclusão: Concluiu-se que estratégias de educação em saúde são efetivas para orientar
as gestantes quanto suas dúvidas e anseios nesta fase e, ainda que a fisioterapia tem um papel
relevante no período gestacional e, para tanto precisa sair dos muros de suas clínicas e avançar em
ações coletivas nos diversos territórios.
Palavras-chave: Gestação, promoção de saúde, fisioterapia.
1 Acadêmicas do curso de graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária Regional de Chapecó,
UNOCHAPECÓ 2 Docente do Curso de Graduação em Fisioterapia Universidade Comunitária da Região de Chapecó UNOCHAPECÓ.
Mestre em Educação nas Ciências e doutoranda em Saúde Coletiva pela UNIFESP 3 Docente do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária Regional de Chapecó -
UNOCHAPECÓ
136
Efeito da terapia fisica complexa no linfedema idiopático de
membro inferior: relato de caso
Manira Schmitz11
, Vinícius Brandalise2
Introdução: O linfedema é um quadro patológico resultante de uma sobrecarga funcional do
sistema linfático, onde o volume de linfa excede o seu transporte pelos capilares e coletores(Rett,
2002). Na intervenção do linfedema, a terapia física complexa (TFC) ocupa lugar de destaque e
inclui procedimentos de drenagem linfática manual (DLM), contenção elástica, cinesioterapia e os
cuidados com a pele (Oliveira, 2008). Objetivo: O estudo teve como objetivo avaliar a eficácia do
uso da TFC em uma paciente com diagnóstico clínico de linfedema idiopático, com exames
complementares inespecíficos. Metodologia: Utilizou-se da DLM, do posicionamento de drenagem
associado a exercícios miolinfocinéticos e meias de média compressão, além de orientações à
higiene da pele; foi realizada a cirtometria e dos membros, pré e pós atendimentos, durante 10
atendimentos. Resultados: A intervenção fisioterapêutica no linfedema gerou uma redução da
medida da circunferência dos membros afetados, variando de 16,09% nas medidas da perna e de
4,62% na coxa. Demonstrando uma alteração mais significativa na perna quando comparada a coxa.
Conclusão: Foi possível perceber a redução da cirtometria ao término dos atendimentos realizados;
reafirmando a necessidade de uma abordagem precoce da fisioterapia, afim de melhorar a resolução
do linfedema idiopático de membro inferior.
Palavras-chave: Linfedema, fisioterapia, tratamento
1 Fisioterapeuta Graduada pela Universidade Comunitária da Região de Chapecó - Unochapecó
2 Docente do curso de graduação em Fisioterapia da Universitária Comunitária da Região de Chapecó - Unochapecó
137
Efeitos das ações de promoção da saúde no desenvolvimento
motor de pré-escolares
Soraia Bonissoni1, Danieli Michelli Seidel¹, Fátima Ferretti
2; Rubia do Nascimento
3.
Introdução: A promoção da saúde da criança e o desenvolvimento das ações de prevenção de
agravos são objetivos que apontam para o compromisso de se prover qualidade de vida para a
criança e, a assistência integral, contribuindo para que esta possa crescer e desenvolver todo o seu
potencial. Sabe-se que os primeiros anos de vida são cruciais para a aquisição de conhecimentos e
habilidades, motivos pelos quais é importante promover o desenvolvimento em instituições de
ensino infantil. Objetivos: O presente estudo teve como objetivo verificar os efeitos das ações de
promoção da saúde no desenvolvimento motor de pré-escolares, nas áreas da motricidade fina, da
motricidade ampla e do equilíbrio. Metodologia: A amostra do estudo constituiu-se de 24 crianças,
com média de idade cronológica de 45,5 meses, frequentadoras de um centro de educação infantil,
das quais 11 eram do sexo masculino e 13 do sexo feminino. As crianças foram avaliadas
individualmente por meio da Escala de Desenvolvimento Motor de Rosa Neto, utilizando-se dos
testes referentes à motricidade fina, motricidade ampla e equilíbrio. Após as avaliações, as crianças
participaram de uma proposta de 11 intervenções em grupo, de freqüência semanal, que envolveram
atividades lúdicas e educativas focadas na motricidade fina e ampla e no equilíbrio, como pinturas,
colagem de papel, circuitos com obstáculos, jogos corporais e danças. Com o término das
intervenções, todas as crianças foram reavaliadas e os dados obtidos foram comparados e analisados
de forma descritiva, adotando média, percentual e estatística inferencial. Resultados: Verificou-se
que, na área da motricidade fina, 41,7% das crianças apresentou classificação normal médio na
avaliação pré-intervenção e 66,8% na avaliação pós-intervenção. A soma dos percentuais das
classificações normal baixo, inferior e muito-inferior nesta área passou de 12,5% para 8,2% na
avaliação pós-intervenção. Na motricidade ampla todas as crianças do estudo apresentaram
classificações de normal alto a muito superior após as intervenções, inclusive as que apresentaram
classificação como normal baixo e inferior antes das intervenções (16,8%). No equilíbrio, o
percentual da classificação normal médio passou de 33,3% para 58,3% e o percentual da
classificação normal baixo passou de 12,5% para 4,2%. Conclusão: A motricidade ampla foi o
componente que apresentou resultados significativos com as intervenções realizadas. O
desempenho positivo da maioria das crianças nas três áreas avaliadas expressa que as atividades
realizadas contribuíram para o seu desenvolvimento motor, demonstrando a importância de
estratégias para a promoção da saúde infantil em pré-escolares.
Palavras-chave: Promoção da saúde, desenvolvimento motor, pré-escolares.
1 Acadêmicas do 7º período do Curso de Graduação em Fisioterapia da UNOCHAPECÓ
2 Docente do Curso de Graduação em Fisioterapia da UNOCHAPECÓ. Mestre em Educação nas Ciências
3 Docente do Curso de Graduação em Fisioterapia da UNOCHAPECÓ. Mestre em Ciências da Saúde Humana e
Especialista em Fisioterapia Neurofuncional, Curso de Graduação em Fisioterapia da UNOCHAPECÓ
138
Efeitos de um programa de alongamento e relaxamento para
dependentes químicos
Elisa Zanella1, Caroline Pansera¹, Camila Ap. de Campos Pinto¹, Márcia Regina da
Silva2, Fátima Ferretti
3
Introdução: As ações fisioterapêuticas em saúde não envolvem somente a utilização do diagnóstico
e a prescrição do plano de tratamento, estão inseridas num contexto mais amplo que inclui ações de
prevenção, avaliação, tratamento e reabilitação, usando nessas ações programas de orientações e
promoção da saúde. Ao se envolver com drogas o indivíduo corrompe a sua própria identidade,
refletindo em danos que interferem e prejudicam seu modo de viver, perdendo em qualidade de vida
e saúde, a capacidade de enfrentar problemas, a auto-estima e a eficiência pessoal. O estado de
saúde é influenciado por diferentes fatores como físicos, psicológicos, socioculturais e históricos
que precisam ser levados em consideração para desenvolver uma compreensão do fenômeno do uso
de drogas. Objetivo: Avaliar o efeito de um programa de alongamento e relaxamento para
dependentes químicos de um centro de recuperação do município de Chapecó – SC. Metodologia:
Participaram da pesquisa 6 internos, sendo quatro dependentes de álcool, dois de maconha e um de
crack com idade média de 39,5 anos. O programa de intervenção foi realizado no período de março
a junho de 2008 com sessões semanais de alongamento global e técnicas de relaxamento
quinzenais. Para verificar a efetividade do programa foi aplicado o Índice de Qualidade do Sono de
Pittsburgh, Inventário de Depressão de Beck e testes de comprimento muscular de isquiotibiais
biarticulares e cadeia posterior antes e após um programa. Resultados: Melhora de 53% na
qualidade do sono, 66,6% nos níveis de depressão, diminuição do encurtamento muscular em
5,56% para o membro inferior direito, 11% para o esquerdo e 36,8%, de encurtamento de cadeia
posterior. Conclusão: Há efetividade no programa de relaxamento e alongamento para dependentes
químicos em recuperação sobre a qualidade do sono, grau de depressão e grau de flexibilidade
muscular dos dependentes químicos.
Palavras-chave: Saúde, Fisioterapia, dependência
1 Acadêmicas do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó
UNOCHAPECÓ 2 Docente do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó
UNOCHAPECÓ. Especialista em Fisioterapia Ortopédica e Traumatológica pela Associação Catarinense de Ensino-
ACE 3 Docente do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó
UNOCHAPECÓ. Mestre em Educação nas Ciências e doutoranda em Saúde Coletiva pela UNIFESP
139
Fisioterapia domiciliar no contexto da família
Camila Ap. de Campos Pinto1, Caroline Pansera¹, Elisa Zanella¹, Fátima Ferretti
2
Introdução: O trabalho multiprofissional na Estratégia de Saúde da Família (ESF) é fundamental
para a abordagem do grupo familiar atendendo as necessidades de acordo com a realidade vivida,
em especial na assistência domiciliar. Desta forma a assistência domiciliar pelos profissionais da
ESF deve ocorrer por meio de um planejamento coletivo onde a complementaridade de saberes
propicie uma prática profissional focada na atenção integral à saúde das populações. Poucos
conhecem o papel da fisioterapia no domicílio e no atendimento às famílias, o que impede uma ação
eficiente da ampliação desse tipo de intervenção. Novos estudos e inserções neste campo permitirão
criar novos modelos assistenciais ou de prevenção que favoreçam a melhora das condições de saúde
das famílias. Objetivo: Analisar as possibilidades de intervenção domiciliar por meio de um
diagnóstico de saúde das famílias, entendendo o indivíduo e/ou coletividade inseridos num
território, com aspectos políticos, sociais e culturais. Metodologia: O estudo teve o recorte de uma
pesquisa qualitativa e descritiva onde as famílias foram visitadas no domicílio e após concordarem
em participar e assinar o termo de consentimento livre e esclarecido, os pesquisadores com um
roteiro previamente elaborado observavam as condições de vida do local, registravam no diário de
campo e faziam a coleta de dados sócio-demográficos e epidemiológicos por meio de um
questionário aplicado. Resultados: Observou-se que a maioria das famílias possui renda de um
salário mínimo, não possuem ensino fundamental completo, são sedentários e possuem diagnóstico
de hipertensão arterial, necessitando de uma ação domiciliar fisioterapêutica focada nas situações de
riscos encontradas. Conclusão: A vivência demonstrou que o papel da fisioterapia no domicílio
deve-se voltar para uma estratégia de intervenção integral que enfatize as necessidades da família e
que supere as ações fisioterapêuticas voltadas apenas para a reabilitação.
Palavras-chave: Fisioterapia domiciliar, Saúde, Família.
1 Acadêmicas do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó -
UNOCHAPECÓ 2 Docente do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó -
UNOCHAPECÓ. Mestre em Educação nas Ciências e doutoranda em Saúde Coletiva pela UNIFESP
140
Ginástica/cinesioterapia laboral na unochapecó: um relato de
experiência
Débora C. Albrecht1, Mirian C. Assmann
1, Leda C. Segalin
1, Tamara Pauletto
1, Tahiana C.
Lorenzet Zorzi2
Introdução: O projeto de ginástica laboral/Cinesioterapia Laboral na Unochapecó iniciou suas
atividades em fevereiro de 2003, sendo iniciado pelo curso de Educação Física. Buscando a
aproximação das duas áreas, em 2008, o curso de Fisioterapia foi inserido no projeto, tendo uma
abordagem multidisciplinar. Essa nova formação beneficiou tanto aos funcionários quanto aos
bolsistas do projeto, vivenciando experiências de ambas as áreas de atuação. Objetivos:
Proporcionar um espaço para a formação acadêmica dos alunos, além de melhorar a qualidade de
vida dos funcionários da Universidade, através da prática da ginástica/ cinesioterapia laboral.
Metodologia: Foram realizadas quatro inserções semanais durante os meses de abril a dezembro de
2009, com aproximadamente 12 minutos de duração, nos 34 setores da universidade.
Quinzenalmente eram realizadas reuniões com a equipe da ginástica/ cinesioterapia laboral, onde as
coordenadoras do projeto acrescentavam atividades para serem realizadas nas inserções e
atualizavam as informações sobre a forma de atuação dentro do projeto. Resultados: A participação
dos acadêmicos da Fisioterapia no projeto de ginástica/cinesioterapia laboral na Unochapecó em
2009, proporcionou uma inserção dos alunos nos setores da Universidade, vivenciando o dia-a- dia
dos funcionários da instituição, aplicando o conhecimento adquirido dentro da área da Fisioterapia
do Trabalho. Através desse conhecimento o aluno compreende a atuação das duas profissões,
trabalhando em conjunto, buscando sempre restabelecer a capacidade funcional dos trabalhadores e
promovendo a melhoria no ambiente de trabalho. Conclusão: As atividades de vivências na
Universidade tem proporcionado aos alunos/bolsistas uma integração entre colaboradores e alunos
da Universidade, criando um ambiente de aprendizado e de integração entre as duas áreas,
desenvolvendo-se ao longo da formação acadêmica e na vida profissional após a formação.
Palavras-chave: Ginástica Laboral, Projeto de Extensão, Multidisciplinariedade.
1 Acadêmicas do Curso de Graduação em Fisioterapia da Unochapecó
2 Docente do Curso de Graduação em Fisioterapia da Unochapecó
141
Influência da pressão expiratória positiva na força muscular
expiratória em paciente com lesão medular traumática: um
estudo de caso
Larissa Gasperin1, Daniele Rossato
2
Introdução: As lesões medulares são cada vez mais freqüentes devido principalmente ao aumento
da violência urbana. Dentre as causas, o acidente de trânsito e a agressão por arma de fogo são as
mais comuns. Dependendo do nível da lesão, o paciente poderá apresentar além de perda da
motricidade e/ou sensibilidade, uma redução dos volumes e capacidades pulmonares, bem como a
perda da efetividade da tosse. Objetivo: o estudo tem como objetivo verificar se o uso da terapia
com Pressão Expitratória Positiva (PEP) auxilia no fortalecimento da musculatura expiratória de um
paciente com lesão medular completa a nível de T5, além de observar se a aplicação da terapia com
PEP altera os volumes ventilatórios e pico de fluxo expiratório deste paciente na posição sentada e
supino. Metodologia: A estratégia metodológica deste estudo é experimental, de caráter
quantitativo, sendo realizado em um indivíduo com traumatismo raquimedular completo ( Frankel
A) a nível de T5, selecionado através de escolha intencional entre os pacientes com lesão medular
atendidos na Clínica Escola de Fisioterapia da URI – Campus Erechim. Para a coleta de dados,
serão realizados inicialmente os testes de manovacuometria para verificação das pressões
respiratórias máximas, com a utilização de um manovacuômetro digital (MVD 30-Globalmed).
Após será realizado o teste espirométrico para avaliação da capacidade pulmonar, com auxilio de
um espirômetro (Micromedical, modelo Espirolab II) contendo os valores de CVF, VEF1,
CVF/VEF1, PEF e por fim será realizado o teste de pico de fluxo expiratório, com a utilização de
um medidor de fluxo portátil da marca Peak Flow Meter. Todos os testes serão realizados em
decúbito dorsal e sentado. Em seguida, o paciente será submetido ao treinamento da musculatura
expiratória através do aparelho Threshold PEP® (RESPIRONICS), utilizando-se uma carga 30% da
Pemax verificada através da manovacuometria. A técnica será realizada em três tempos de 5
minutos com intervalos de 5 min entre os exercícios para descanso. O acompanhamento será
realizado durante três vezes por semana, por 3 meses. Após a conclusão do treinamento, serão
coletados novamente os valores da manovacuometria, espirometria e pico de fluxo expiratório
sendo que os mesmos serão novamente coletados três meses após o término dos atendimentos.
Conclusão: Ressalta-se a realização deste trabalho para avaliar a eficácia da terapia com PEP no
fortalecimento muscular expiratório deste indivíduo, contribuindo assim para redução das
complicações pulmonares geradas pela tosse ineficaz causada pela redução da força muscular
expiratória.
Palavras chave: Fisioterapia, Lesão medular, Treinamento muscular respiratório.
1 Acadêmica do curso de Fisioterapia,
2 Professora do curso de Fisioterapia, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões - Campus
Erechim
142
Intervenção fisioterapêutica em síndrome de williams – relato
de caso
Chaiane Spassin1, Janaína Dalla Costa Zaions
1
Introdução: O fisioterapeuta, quando aborda crianças, deve ir além de seus conhecimentos técnicos
específicos, e, algumas vezes, pode sentir dificuldade em executar suas técnicas e atingir seus
objetivos terapêuticos pela própria resistência da criança. No caso de uma criança com Síndrome de
Williams, o desenvolvimento cognitivo, comportamental e motor estão comprometidos. Apresentam
aspecto facial típico (face de duende), personalidade amigável, retardo mental de leve a moderado,
hipercalcemia na lactência, cardiopatia congênita, hiperatividade, hiperacusia e dificuldades na
aprendizagem que vão de leves a moderadas. Desta maneira, é fundamental, para a criança que
apresente atraso de desenvolvimento motor e cognitivo, receber experiências adequadas e
estimulatórias, visando facilitar o desenvolvimento motor e global do individuo. Objetivo: O
objetivo principal deste relato é descrever o atendimento fisioterapêutico realizado a uma criança
portadora da síndrome de Williams, .incluindo sua evolução neuromotora e demonstrando os
resultados e as dificuldades terapêuticas encontradas. Metodologia: Relato de experiência do tipo
descritiva-interpretativa, de caráter qualitativo. Realizada no ano de 2009, amostra intencional,
conforme a disponibilidade do participante, constituindo-se de uma criança de 6 anos de idade, sexo
M, com diagnóstico clínico de Síndrome de Williams. A criança freqüentou o programa de
atendimento a pacientes da Disciplina de Neuropediatria do curso de Fisioterapia da Universidade
Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missoes – URI - Campus de Erechim. Para avaliação e
reavaliação final foi utilizado o protocolo padrão de Avaliação Neurológica Infantil da disciplina.
As intervenções foram realizadas na freqüência de uma vez por semana, com 60 minutos de
duração, através de técnicas de estimulação de motricidade fina e habilidades motoras
fundamentais, alongamentos e fortalecimentos de MMSS e MMII alem técnicas de reeducação
postural. O paciente recebeu, um total de 10 atendimentos. Resultados: Os resultados obtidos
foram restritos, já que a criança apresentava resistência em executar atividades as quais, apresentava
alguma dificuldade. A resistência e a rejeição foram fatores limitantes para resultados mais
efetivos. Entretanto observou-se discreta melhora no aspecto postural e no movimento de pronação.
Conclusão: Apesar de não ser possível obter os resultados esperados, pode-se observar, através
desta experiência, que as atividades terapêuticas devem, primeiramente, motivar a criança,
independentemente do distúrbio que ela possua. Este estudo reforça que a fisioterapia na Síndrome
de Williams, pode ser eficaz, mas sua eficácia dependerá da motivação da criança.
Palavras-chave: Fisioterapia, Síndrome de Williams, intervenção motora
1 Acadêmicas, curso de Fisioterapia da Universidade Regional Integrada – Campus de Erechim
143
Intervenção fisioterapêutica na bexiga neurogênica: relato de
caso clínico
Taísi Klein1, Marciane Pansera
1, Pâmela Luana Flores
1, Emanuel Lubian
1, Vanessa Sebben
2,
Caren Tais Piccoli3
Introdução: Bexiga neurogênica é uma disfunção de origem neurológica, onde possui alterações no
músculo da bexiga (detrusor ou enfíncter externo). A fisioterapia uroginecológica dispõe de técnicas
e recursos sofisticados que restabelecem ou melhoram o controle da bexiga (atua na musculatura e
inervação da bexiga e uretra) e as qualidades da musculatura do assoalho pélvico, entre eles a
reeducação manual; terapia comportamental; cinesioterapia perineal; cones vaginais;
eletroestimulação; biofeedback; treino para esforço; reintegração às atividades de vida diária.
Objetivos: O objetivo principal deste relato é avaliar os efeitos da fisioterapia uroginecológica na
bexiga neurogênica, realizando um estudo focado em técnicas para estimular contrações do músculo
detrusor e observar sua evolução. Metodologia: Realizada no ano de 2010, amostra intencional,
conforme a disponibilidade do participante, constituindo-se de uma pessoa adulta, sexo feminino,
57 anos de idade, com diagnóstico clínico de bexiga neurogênica devido a um tumor no canal
medular (L1-L2). A mesma frequentou o programa de atendimento a pacientes no Estágio de
Ginecologia do curso de Fisioterapia da Universidade Regional Integrada – URI – Campos de
Erechim. Para avaliação foi utilizado o protocolo padrão de Avaliação Uroginecológica do Estágio.
As intervenções foram realizadas na frequência de três vezes por semana, com 50 minutos de
duração cada, através de exercícios de Kegel - cinesioterapia, treinos de caminhada, treinos de subir
e descer escadas, eletroestimulação paravertebral, eletroestimulação intravaginal e cones vaginais.
Recebeu um total de seis atendimentos até o momento. Considerações finais: Considera-se a
pesquisa extremamente importante para o caso da paciente, pois, já obteve resultados satisfatórios,
porém o tratamento encontra-se em andamento.
Palavras-chave: Fisioterapia, bexiga neurogênica.
1 Acadêmicos do 9º semestre de Fisioterapia pela Universidade Regional Integrada – Campus de Erechim
2 Fisioterapeuta – Especialista em Fisioterapia Uroginecológica e Mestranda em Envelhecimento Humano – Professora
da URI - Campus de Erechim 3 Fisioterapeuta – Especialização em andamento em Fisioterapia Uroginecológica e Oncológica URI - Campus Erechim
144
Intervenção fisioterapêutica no carcinoma epidermoide in situ
– p.o.t de enxerto de tecido muscular
Klein, Taísi1,Pansera, Marciane
Flores
1, Pâmela Luana
1, Lubian, Emanuel Sebben
1,
Vanessa Russi2, Zequiela
3
Introdução: O câncer de pele se caracteriza pela presença de células que crescem e se multiplicam
de uma maneira anormal e descontrolada. É um tipo de câncer cada vez mais frequente e que afeta
um grande número de pessoas. A pele é formada por diversas camadas e, de acordo com a camada
acometida por esse crescimento anormal das células, teremos os diferentes tipos de tumor. Os mais
comuns são: carcinoma basocelular, carcinoma espinocelular e melanoma. Objetivos: O objetivo
principal deste relato é realizar um estudo retrospectivo da cicatrização de enxerto de tecido
muscular após extração de câncer de pele na região do gastrocnêmico, demonstrando resultados da
intervenção da fisioterapia. Metodologia: Relato de experiência do tipo descritivo-interpretativa, de
caráter qualitativo. Realizando-se no ano de 2010, amostra intencional, conforme a da
disponibilidade do participante, constituindo-se de um paciente de 59 anos, sexo masculino, com
diagnóstico clínico de câncer de pele com enxerto. O paciente realizou a cirurgia em novembro de
2009 e somente agora em março 2010 começou a frequentar o programa de atendimento a pacientes
do Estágio Curricular de Fisioterapia em Oncologia da Universidade Regional Integrada – URI -
Campus de Erechim. Para avaliação foi utilizado um protocolo padrão de avaliação a pacientes
oncológicos, as intervenções são realizadas na frequência de duas vezes por semana, com 50
minutos de duração, através de técnicas de laser, drenagem linfática, alongamentos passivos
prevenindo ainda mais encurtamentos. Até o momento o paciente recebeu, um total de 5
atendimentos. Resultados: A evolução do paciente esta sendo satisfatório, o mesmo está
colaborando com o tratamento, perdendo o medo conforme o tratamento vai progredindo.
Conclusão: Apesar de não sabermos se os resultados e objetivos serão alcançados, em um número
restrito de sessões, eles reforçarão a base teórica sobre a eficácia da fisioterapia em pacientes
oncológicos.
Palavras-Chave: Fisioterapia, câncer de pele, enxerto.
1Acadêmicos do 9º semestre de Fisioterapia pela Universidade Regional Integrada – Campus de Erechim.
2Fisioterapeuta – Especialista em Fisioterapia Uroginecológica e Mestranda em Envelhecimento Humano – Professora
da URI - Campus de Erechim. 3Fisioterapeuta – Especialização em andamento em Fisioterapia em Oncologia URI - Campus Erechim.
145
Mobilidade torácica de pacientes portadores de obesidade
mórbida do serviço municipal de fisioterapia de Chapecó-SC
Priscila Fontana1, Lilian Marin
2, Indiamara Dal Magro²
Introdução: A obesidade caracteriza-se pelo acúmulo excessivo de gordura no corpo que
corresponde a um percentual de gordura na constituição corporal acima de 20% nos homens e 27%
nas mulheres. O índice de massa corporal (IMC) é uma medida que relaciona peso e altura, que tem
excelente correlação com a quantidade de gordura corporal. A partir do IMC de 30 kg/m existe
obesidade propriamente dita e a morbidade e a mortalidade aumentam exponencialmente, sendo a
obesidade com IMC>40 kg/m2 denominada obesidade grave, mórbida ou grau III. A obesidade não
leva apenas à obstrução das vias aéreas superiores, mas também acrescenta uma carga restritiva ao
sistema respiratório, que aumenta o trabalho da ventilação necessitando um trabalho extra dos
movimentos do tórax. Objetivo: Avaliar a mobilidade torácica de obesos mórbidos do Serviço
Municipal de Fisioterapia e Saúde Funcional de Chapecó- SC (SMSF). Metodologia: Foram
avaliados 27 indivíduos obesos mórbidos em atendimento fisioterapêutico do SMSF, que
realizavam reabilitação cardiorrespiratória. A cirtometria tóraco-abdominal foi realizada por meio
das medidas dos perímetros torácicos, nos níveis axilar, xifoidiano e abdominal, sendo realizadas
três vezes em cada nível, com o auxílio de uma fita métrica, medindo-se as circunferências torácica
e abdominal, ao repouso (rep), após uma inspiração máxima (insp. max.) e após uma expiração
máxima (exp. max.), estando os indivíduos na posição ortostática. Resultados: Os valores médios
encontrados da mobilidade torácica aos níveis: axilar ao rep. foi de (117, 4 ± 8,5), insp. max.
(119,2 ± 8,4), exp. max.(117,1 ± 8,8); xifoidiano ao rep. (118,4 ± 8,7), insp. max. (119,4 ± 9,5),
exp. max. (117,6 ± 9,9), abdominal ao rep. (126,6 ± 13,8), insp. max, (126,0 ± 14,0), exp. max.
(126,3 ± 14,0). Considerações Finais: Com base nesses dados observou-se pequena variação na
mobilidade torácica dos indivíduos avaliados, em todos os níveis, demonstrando que a obesidade
mórbida pode diminuir a mobilidade torácica, consequentemente alterar a função pulmonar. Tais
achados remetem a importância da atuação fisioterapêutica para melhoria da mobilidade e função
pulmonar em obesos mórbidos.
Palavras-chave: Obesidade, Mobilidade Torácica, Fisioterapia
1 Fisioterapeuta Graduada pela Unochapecó, Fisioterapia, Universidade Comunitária Regional de Chapecó
2 Docente Unochapecó, Fisioterapeuta, Especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória, Universidade Comunitária
Regional de Chapecó
146
Percepção de mulheres mastectomizadas sobre ações de
autocuidado promovidas pela fisioterapia
1Ana Paula Gauer, ¹Anieli da Costa, ¹Bárbara Zanchet, ¹Jardel Cristiano Ecco, ¹Larissa Dal Paz,
2Fátima Ferretti Tombini,
3Mark Andrey Mazaro
Introdução: O câncer de mama compõe a classe de doenças de ordem multifatorial onde fatores
genéticos e ambientais criam condições para o aparecimento da doença, o diagnóstico geralmente
tem efeito devastador na vida da mulher, devido ao temor da mutilação e morte. Os tratamentos
utilizados acarretam sérias conseqüências no organismo, interferindo nas AVDs, impossibilitando-as
geralmente de realizar as tarefas simples do dia-a-dia, surgindo o sentimento de incapacidade. A
fisioterapia busca a recuperação funcional, mas, para além de cuidado meramente técnico da
restauração e reabilitação deve incluir intervenções que promovam o auto cuidado, com o objetivo
de recuperar, desenvolver ou reforçar as capacidades físicas, mentais e sociais, melhorando a saúde
e promovendo a reinserção social das mulheres mastectomizadas. Objetivo: Promover estratégias
de promoção da saúde que evidenciem o autocuidado com mulheres mastectomizadas da Rede
Feminina de Combate ao Câncer do município de Chapecó/SC. Metodologia O projeto de
intervenção foi desenvolvido na Rede Feminina de combate ao Câncer do município de Chapecó –
SC com uma população de 45 mulheres mastectomizadas, com média de 59 anos. Foram realizadas
quatro intervenções no período de novembro a dezembro de 2009, com duração de uma hora cada
intervenção. A metodologia foi estabelecida primando pelo estímulo à participação com dinâmicas
que promoviam o debate sobre assuntos como o cuidado com a saúde, como usar técnicas de
relaxamento, alongamento, o canto e a encenação para melhorar a sensação de bem estar e, outras
estratégias para valorar o grupo e o sujeito que o compõe, fortalecendo os vínculos e estimulando as
ações de auto cuidado. O acompanhamento das atividades foi realizado por meio do diário de
campo, com registro dos relatos, impressões e avaliação da atividade diária, posteriormente os
dados foram categorizados. Resultados: Constatou-se que o público em questão percebia a
fisioterapia como uma profissão voltada apenas à reabilitação e surpreendeu-se com a forma lúdica
e diferenciada com que eram propostas as atividades referentes ao autocuidado que enfatizaram a
mulher como um ser global e não a doença que possuem. Conclusão: A fisioterapia é importante na
recuperação dos indivíduos com câncer, não apenas na capacidade funcional, mas também na
promoção do autocuidado, porém deve-se planejar as ações com a compreensão que promover
saúde focado no auto cuidado é mais do que troca de informações, é também um processo que exige
conhecimentos, inovação, doação pessoal e ludicidade para alcançar os objetivos.
Palavras chave: Fisioterapia, promoção de saúde, autocuidado
1Acadêmicas do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó
UNOCHAPECÓ. 2
Docente do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó
UNOCHAPECÓ. Mestre em Educação nas Ciências e doutoranda em Saúde Coletiva pela UNIFESP. 3
Docente do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó
UNOCHAPECÓ, Especialista em fisioterapia oncológica pelo Hospital Erasto Gaertner – Curitiba; Especialista em
Saúde Pública com concentração em PSF – UnC Concórdia
147
Percepções do processo de envelhecer no ambiente rural e
urbano segundo os idosos
Marciele Rossato1*, Marília Meneguzzi
1, Simone Marlise Becker
1, Kelen Daiane Orso
1, Fátima
Ferretti2
Introdução: Apesar do envelhecimento se constituir num processo natural, não ocorre de forma
homogênea. Cada idoso é um ser único que ao longo de sua trajetória de vida, foi influenciado por
eventos de natureza fisiológica, patológica, psicológica, social, cultural e econômica. O
envelhecimento traz usualmente as marcas da pessoa ao longo da vida. Reconhecê-lo é algo
extremamente necessário para a adequada compreensão do que é viver esta fase da vida. Objetivo:
Conhecer a percepção de idosos sobre o processo de envelhecimento no meio rural e urbano do
município de Chapecó. Métodos: Participaram da pesquisa 33 idosos do ambiente rural e urbano do
município de Chapecó - Santa Catarina. As entrevistas foram realizadas no período de 25 de
fevereiro a 04 de março de 2009, por acadêmicos do 7º período do curso de graduação de
fisioterapia da UNOCHAPECÓ. As questões norteadoras da entrevistas estavam relacionadas com
o processo de viver, de envelhecer, da saúde e dos problemas enfrentados pelo idoso. A análise dos
dados ocorreu através da história oral por meio de transcrição e interpretação das falas
correspondentes a trajetória de vida dos entrevistados. Resultados: Foi realizado um estudo com os
idosos do ambiente rural e urbano, do município de Chapecó - Santa Catarina, sendo 16 idosos do
ambiente rural e 17 do ambiente urbano, totalizando uma população 33 entrevistados, a faixa etária
dos idosos do meio rural é de 65 a 92 anos com média de idade 66,54 anos. Já entre os entrevistados
do meio urbano, a faixa etária varia de 61 a 85 anos com média de idade de 72 anos. Nesse estudo
os idosos foram questionados a respeito de onde vivem, se gostam de viver neste local, como foi
constituir uma família e envelhecer nesse meio. A partir da historia oral esses assuntos foram
abordados e discutidos, através de categorias analíticas, onde foram divididas em quatro categorias:
Qualidade de vida X Limitações; Inclusão; Mudanças Corporais; Moradia X Acessibilidade.
Considerações Finais: Por meio da história oral percebe-se que o envelhecimento não difere, em
grande âmbito do meio urbano para o meio rural, a não ser em questões como o fácil acesso a saúde
e lazer. No meio rural é facilitada a convivência entre gerações, onde os filhos crescem, casam,
constituem suas famílias e ficam morando nas proximidades da casa dos pais, o que não ocorre no
meio urbano.
Palavras-chave: Envelhecimento, ambiente urbano, ambiente rural, história oral.
1 Acadêmicas do curso graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária Regional de Chapecó, UNOCHAPECÓ
2 Docente do Curso de Graduação em Fisioterapia Universidade Comunitária da Região de Chapecó UNOCHAPECÓ.
Mestre em Educação nas Ciências e doutoranda em Saúde Coletiva pela UNIFESP
148
Prevalência de quedas em idosos residentes no ambiente rural
e urbano no município de Chapecó, SC
Márcia Regina da Silva1, Fátima Ferretti
2, Barbara Zanchet
3, Clarice Maria Peripolli
3
Introdução: O processo de envelhecimento contribui para que o idoso sofra perdas funcionais e desenvolva
alterações, como a instabilidade postural, o que pode predispor o indivíduo à ocorrência de quedas, sendo atualmente
um dos desafios para a manutenção da saúde do idoso. As quedas e suas conseqüências se fazem presentes
em todas as épocas da vida, porém ocorrem com mais freqüência na idade mais avançada, sendo um
evento limitante, um marcador de fragilidade, morte, institucionalização e declínio na saúde de
idosos. Objetivo: O objetivo do estudo foi verificar a prevalência de quedas em idosos residentes
no ambiente rural e urbano no município de Chapecó, SC. Metodologia: Foi realizada uma
pesquisa quantitativa transversal com 116 idosos, sendo 58 residentes no ambiente rural e 58 no
urbano. Para a coleta de dados foi utilizado um questionário adaptado de Morais (2007), com
questões referentes a presença de quedas nos últimos 12 meses; se houveram quedas, quais as
conseqüências e o medo de novos episódios. Resultados: No ambiente urbano constatou-se que
27,58% dos idosos relataram ter sofrido pelo menos uma queda no último ano, enquanto no rural,
20,68% relataram queda nesse período. O número de quedas por indivíduo variou de 1 a 5 quedas
no rural e 1 a 2 no urbano, sendo que o total de episódios de quedas foi semelhante para os dois
grupos, 18 para o rural e 19 para o urbano. Daqueles que sofreram quedas, no ambiente rural, 9
sentem medo de cair novamente; já no urbano 10 relataram medo de novas quedas. Em relação às
conseqüências dos ferimentos no urbano, 7 apresentaram pequenos ferimentos, 5 apresentaram
fraturas fechadas, 1 apresentou fratura exposta e 1, ferimento com ponta. Já no ambiente rural, 5
apresentaram pequenos ferimentos, 1 apresentou fratura fechada e 1, fratura exposta. Conclusão: A
prevalência de quedas nos idosos foi de 27,58% no ambiente urbano e, 20,68% no rural. Os idosos
que sofreram ferimentos no ambiente urbano foram 14 e no rural, 7. O medo de novos episódios de
queda foi maior nos idosos residentes em ambiente rural do que no urbano. Baseando-se nestes
achados constata-se que apesar dos episódios de quedas e suas conseqüências terem sido menores
no ambiente rural, o medo de cair prevaleceu em relação ao urbano. Este fator chama atenção para a
necessidade de se pensar estratégias de prevenção de quedas no ambiente rural considerando as
particularidades deste contexto.
Palavras chave: envelhecimento, quedas, ambiente rural e urbano.
1 Docente do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó,
UNOCHAPECÓ. Pós graduada em Fisioterapia Ortopédica e Traumatológica pela Associação Catarinense de Ensino,
ACE 2 Docente do Curso de Graduação em Fisioterapia Universidade Comunitária da Região de Chapecó UNOCHAPECÓ.
Mestre em Educação nas Ciências e doutoranda em Saúde Coletiva pela UNIFESP 3 Acadêmicas do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó
UNOCHAPECÓ
149
Resultados da fisioterapia e intervenção motora no atraso
inespecífico do desenvolvimento neuropsicomotor
Lucila Schobert 1
Introdução: O desenvolvimento neuropsicomotor é a base do desenvolvimento global infantil. O
primeiro ano de vida é considerado um dos mais críticos no desenvolvimento infantil: apresenta
ritmo acelerado de mudanças para que sejam obtidas as funções de mobilidade, rumo a
independência física. Então, o desenvolvimento motor está interligado, impactando e sendo
impactado, a outras esferas do desenvolvimento humano: cognitiva, afetiva e social. Atrasos,
desvios, alterações na aquisição das habilidades motoras rudimentares de estabilização, locomoção
e manipulação, levam a déficits nas demais esferas. Desta maneira, é fundamental, para a criança
que apresente atraso de desenvolvimento motor, receber experiências adequadas e estimulatórias, na
seqüência normal visando facilitar o desenvolvimento motor e global. Objetivos: O objetivo
principal deste relato é realizar um estudo retrospectivo do desenvolvimento de uma criança com
atraso do desenvolvimento neuropsicomotor, e descrever sua evolução neuromotora, demonstrando
os resultados da intervenção motora e da fisioterapia. Metodologia: relato de experiência do tipo
descritiva-interpretativa, de caráter qualitativo. Realizada no ano de 2009, amostra intencional,
conforme a disponibilidade do participante, constituindo-se de uma criança de 10 meses, sexo M,
10 meses de idade, com diagnóstico clínico de atraso no desenvolvimento motor. A criança
freqüentou o programa de atendimento a pacientes da Disciplina de Neuropediatria do curso de
Fisioterapia da Universidade Regional Integrada – URI - Campus de Erechim. Para avaliação e
reavaliação final foi utilizado o protocolo padrão de Avaliação Neurológica Infantil da disciplina.
As intervenções foram realizadas na freqüência de uma vez por semana, com 50 minutos de
duração, através de técnicas de estimulação habilidades rudimentares de estabilização, locomoção e
manipulação, bem como os principais marcos motores. Recebeu, um total de 9 atendimentos.
Resultados: A evolução da criança foi satisfatória: atingiu as habilidades motoras adequadas e de
modo seqüencial. aquisição do controle cervical, manutenção na postura sentada sem apoio e início
das rotações corporais, adotou balconeio e gatas, foi capaz de manter-se em pé e respondeu ao
estímulo de marcha. Conclusões: Apesar de não ser possível afirmar que os resultados alcançados
se devem apenas à intervenção e não ao próprio desenvolvimento da criança, eles reforçam a base
teórica sobre a eficácia da fisioterapia e intervenção motora no processo de desenvolvimento.
Palavras-Chave: Fisioterapia, atraso do desenvolvimento neuropsicomotor, intervenção motora
1 Fisioterapeuta e Professora de Fisioterapia, Mestre em Ciências do Movimento Humano, curso de Fisioterapia da
Universidade Regional Integrada – Campus de Erechim
150
Saúde na percepção de idosos residentes na zona urbana do
município de Chapecó – SC
Emanuela Cerutti Gallo1, Cristina Giaretta
1, Gabriela Varnier,
1 Tamara Pauletto
1, Fátima
Ferretti2
Introdução: O envelhecimento é um fenômeno do processo da vida que, assim como a infância, a
adolescência e a maturidade é marcado por mudanças biopsicossociais específicas, associadas à
passagem do tempo. O crescimento da população idosa no Brasil vem ocorrendo de forma bastante
acelerada, as projeções indicam que a proporção de idosos passará de 8,6 % em 2000 para quase
15% em 2020. Em termos absolutos seremos, em 2025, a sexta população de idosos no mundo, isto
é, com mais de 32 milhões de pessoas acima de 60 anos. Como prova do crescimento da população
idosa no Brasil, o município de Chapecó apresenta uma população total de 174.185 habitantes,
destes, 14.686 são pessoas com idade superior aos 60 anos, residentes em sua grande maioria no
ambiente urbano. Objetivo: Este estudo teve como objetivo conhecer a percepção de saúde dos
idosos residentes há mais de 20 anos no ambiente urbano do município de Chapecó – SC.
Metodologia: Caracterizou-se como uma pesquisa de ordem qualitativa e descritiva. A coleta de
dados foi realizada por uma entrevista contendo 10 perguntas relacionadas ao envelhecimento,
saúde, estilo de vida, lazer, trabalho, problemas enfrentados no dia a dia e características do
ambiente em que vivem. A amostra constituiu-se por 14 idosos. A análise e a interpretação dos
dados foram por análise de conteúdo segundo proposição de Minayo (2004) que preconiza os
seguintes passos: ordenação dos dados; classificação dos dados e análise final, após a elaboração de
categorias analíticas. Resultados: Quando questionados sobre o que é ter saúde, os mesmo
afirmaram as seguintes categorias analíticas: primeiramente, ser independente, ter bom convívio
com a família e amigos, ausência de doenças e uma boa renda. Os resultados do estudo demonstram
que ter saúde para o idoso representa um bom convívio com a família e amigos, sentir-se feliz, não
tomar remédios e não ter doenças, possuir uma boa renda, ser independente e possuir hábitos
saudáveis. Considerações Finais: A partir das entrevistas realizadas pode-se perceber que os
indivíduos idosos possuem uma percepção de saúde voltada para os aspectos biopsicossocial, onde
estar de bem consigo mesmo e com a sociedade e rede de apoio são fundamentais. Sugere-se que
novos estudos sejam elaborados a fim de conhecer a percepção de saúde dos idosos de outras
regiões, com a finalidade de comparar os fatores determinantes de uma boa saúde segundo relato
dos idosos.
Palavras-chave: Percepção de saúde, idoso, ambiente urbano.
1 Acadêmicas do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó
UNOCHAPECÓ 2 Docente do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó
UNOCHAPECÓ. Mestre em Educação nas Ciências e doutoranda em Saúde Coletiva pela UNIFESP
151
Vivências VI - atendimento domiciliar na atenção básica de
saúde: relato de experiência
Emanuela Cerutti Gallo1, Kelen Daiane Orso
1, Lusana Passin
1, Franciane Fiório
2, Rubia do
Nascimento2
Introdução: O fisioterapeuta, até pouco tempo apresentava pouco destaque profissional na atenção
primária à saúde. Os currículos dos cursos de fisioterapia existentes no Brasil priorizavam a ação
curativa em detrimento do modelo assistencial vigente, dificultando de sobremaneira a inserção do
fisioterapeuta na Saúde Pública. É pensando neste contexto que surge a temática do Vivências VI,
onde os acadêmicos do 6º período do curso de graduação em Fisioterapia da UNOCHAPECÓ,
realizaram Atendimento Domiciliar na Atenção Básica de Saúde. Objetivo: Relatar a experiência
de visitas domiciliares no contexto da Atenção Básica de Saúde. Metodologia: Os acadêmicos
interviram junto ao grupo de Hipertensão da unidade básica de saúde do Bairro Eldorado –
Chapecó-SC, realizando visitas domiciliares, investigando a situação de saúde de cada família e
traçando um perfil das necessidades das mesmas. Foram realizadas duas visitas domiciliares, onde
na primeira a família foi entrevistada sobre questões referentes à saúde dos moradores da
residência. A segunda visita, que ocorreu no intervalo de uma semana, constou de orientações em
relação à postura correta para a realização das atividades de vida diária e à alimentação saudável,
abordando principalmente a orientação em relação à hipertensão arterial. Resultados: As
orientações advindas das acadêmicas contribuíram para a promoção da saúde da família, reforçando
a importância dos hábitos saudáveis de vida. Considerações finais: Consideramos que o Vivências
VI – Atendimento Domiciliar na Atenção Básica de Saúde – foi de suma importância para nossa
formação acadêmica, onde observamos a realidade e as necessidades em saúde no âmbito
domiciliar. Conclui-se que se faz necessária a Fisioterapia Domiciliar a fins de prevenir e promover
a saúde desta população, demonstrando a importância da inserção do fisioterapeuta na atenção
básica em saúde.
Palavras-chave: Atendimento domiciliar, atenção a saúde, fisioterapia.
1 Acadêmicas do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó -
UNOCHAPECÓ, Chapecó – SC 2 Docentes do Curso de Graduação em Fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó -
UNOCHAPECÓ, Chapecó – SC