revista comunità italiana edição 168

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Pico de charme Rio de Janeiro, julho de 2012 Ano XVIII – Nº 168 www.comunitaitaliana.com Favelas do Rio ganham projeto do arquiteto italiano Marco Casamonti que visa torná-las “lindas” com inspiração em cidades da Costa Amalfitana, sem perder a essência da comunidade local MODA MASCULINA Aberta a temporada primavera/verão 2013 em Milão ISSN 1676-3220 R$ 11,90 R 7,00 Pavilhão italiano agrada público da Rio+20 com design reciclável LíNGUA ITALIANA Visitamos escolas e cursos para conhecer o perfil do estudante CAMPEÃ Technogym: de uma garagem em Cesena a fornecedora das Olimpíadas

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Edição Completa Número 168 para leitura online. Revista Comunità Italiana, a maior mídia da comunidade ítalo-brasileira.

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Page 1: Revista Comunità Italiana Edição 168

Pico de charme

Rio de Janeiro, julho de 2012 Ano XVIII – Nº 168

www.comunitaitaliana.com

Favelas do Rio ganham projeto do arquiteto italiano Marco Casamonti que visa torná-las “lindas” com

inspiração em cidades da Costa Amalfitana, sem perder a essência da comunidade local

Moda Masculinaaberta a temporada primavera/verão 2013 em Milão

ISSN

167

6-32

20R$

11,

90R

7,0

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Pavilhão italiano agrada público da Rio+20 com design reciclável

língua italianaVisitamos escolas e cursos para conhecer o perfil do estudante

caMPEÃtechnogym: de uma garagem em cesena a fornecedora das olimpíadas

Page 2: Revista Comunità Italiana Edição 168

O Rio de Janeiro foi o primeiro estado brasileiro a conquistar

a qualificação de grau de investimento, concedida pela Standard & Poor’s.

Com 43,7 mil km2 de extensão, e comparado ao resto do mundo,

o Rio é hoje o estado que mais concentra investimentos em todo o planeta:

R$ 4,5 milhões/km2*. Com o salto das indústrias naval, automobilística,

turismo, construção civil, siderurgia e petroquímica, e também com o Rio

recebendo pela segunda vez o investment grade, agora pela Fitch Ratings,

mais e mais indústrias estão vindo para o Rio. Mais investimentos, mais

empregos, mais desenvolvimento. Grandes conquistas, grandes mudanças

que transformam o Rio de Janeiro em um estado cada vez melhor

para investir, trabalhar e viver.

*Fon

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FIR

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O RIO DE JANEIRO MUDOU. A VIDA DE MUITA GENTE ESTÁ MUDANDO JUNTO.

7265_An Investimento_Communita_45x32.indd 1 7/10/12 5:48 PM

Page 3: Revista Comunità Italiana Edição 168

O Rio de Janeiro foi o primeiro estado brasileiro a conquistar

a qualificação de grau de investimento, concedida pela Standard & Poor’s.

Com 43,7 mil km2 de extensão, e comparado ao resto do mundo,

o Rio é hoje o estado que mais concentra investimentos em todo o planeta:

R$ 4,5 milhões/km2*. Com o salto das indústrias naval, automobilística,

turismo, construção civil, siderurgia e petroquímica, e também com o Rio

recebendo pela segunda vez o investment grade, agora pela Fitch Ratings,

mais e mais indústrias estão vindo para o Rio. Mais investimentos, mais

empregos, mais desenvolvimento. Grandes conquistas, grandes mudanças

que transformam o Rio de Janeiro em um estado cada vez melhor

para investir, trabalhar e viver.*F

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O RIO DE JANEIRO MUDOU. A VIDA DE MUITA GENTE ESTÁ MUDANDO JUNTO.

7265_An Investimento_Communita_45x32.indd 1 7/10/12 5:48 PM

Page 4: Revista Comunità Italiana Edição 168

Job: 18993-021 -- Empresa: Neogama -- Arquivo: 18993-021-AFJ-TIM-An Modem 45x32_pag001.pdfRegistro: 84206 -- Data: 18:18:37 12/07/2012

Page 5: Revista Comunità Italiana Edição 168

Job: 18993-021 -- Empresa: Neogama -- Arquivo: 18993-021-AFJ-TIM-An Modem 45x32_pag001.pdfRegistro: 84206 -- Data: 18:18:37 12/07/2012

Page 6: Revista Comunità Italiana Edição 168

48 | Imagens que marcam Ansa abre seus arquivos e mostra fotos históricas captadas em 60 anos de jornalismo

22 | Arquitetura Arquiteto italiano surpreende público da Rio+20 com projeto de revitalização de duas favelas do Rio e pretende “fazer do Leme Positano”

20 | Sucesso Pavilhão italiano no Parque dos Atletas agrada o público e a “crítica” da Rio+20 com estrutura realizada em material reciclado e painéis solares

42 | Aprendizado Quem decide estudar italiano? Comunità esteve em alguns cursos de São Paulo para traçar um perfil do estudante da língua de Dante

35 | Aposta no Brasil Indústrias italianas desembarcam no país com projetos e expectativas, mas reclamam da falta de mão-de-obra qualificada

50 | Entre o clássico e o descontraído As novas tendências para os homens, segundo grifes como Versace e Armani, que abriram a temporada primavera/verão 2013

40 | Intercâmbio Policiais de São Paulo visitam colegas italianos em Roma e pedem a criação de uma polícia penitenciária para melhorar a situação das prisões brasileiras

36 | Feiras e negócios Parceria entre Cipa e Fiera Milano trouxe a Macef Home Show ao Brasil

Julho de 2012 Ano XVII I Nº168

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09 | Cose NostreO procurador italiano antimáfia, Pietro Grasso, esteve no Rio para apresentar seu novo livro Liberi tutti, que fala sobre as organizações mafiosas

12 | Fabio Porta La crisi europea si risolve com “più Europa” e non con “meno Europa”, guardando al futuro e non al passato

13 | Ezio MaranesiIl successo del M5S è andato oltre le intenzione e le aspettative di Grillo

49 | Giordano Iapalucci Com il patrocinio di FIFA, la Galleria delle Carrozze, a Firenze, riceve la mostra Le origini del calcio. Ingresso gratuito

51 | Guilherme Aquino A jaqueta criada por Armani e usada por Richard Gere em América Gigolo volta a fazer sucesso após 30 anos

58 | Claudia Monteiro De Castro Na ilha de Ischia, o turista pode fazer escaladas no monte Epomeo e almoçar no La grotta di Fiore e Maria

Capa

Meio Ambiente

Economia

Moda

Atualidade

Mercado

Língua

Fotografia

52 | Mostras Duas exposições no Brasil oferecem um panorama das invenções de designers italianos dos anos 1950 até hoje

55 | Férias Os italianos vão às férias com estilo, usando artigos da coleção Gucci para as Olimpíadas aos elegantes artigos de moda praia, como biquínis estampados da Dolce & Gabbana

Design

Italian Style

Nossos colunistas

O presidente da Technogym, Nerio Alessandri, começou sua história construindo aparelhos de ginástica na garagem de casa, em Cesena, e hoje lidera o mercado em dezenas de países. A marca italiana é a fornecedora oficial das Olimpíadas de Londres, que começa no dia 27 deste mês

ju lho 2012 | comunitàitaliana6

Page 7: Revista Comunità Italiana Edição 168

Outros cookies saem dos livros de receitas. Os nossos, dos livros de memórias do Sr. Bauducco.

Da família Bauducco para a sua família.

Page 8: Revista Comunità Italiana Edição 168

Editorial ExpEdiEntE

Diretor-PresiDente / eDitor:Pietro Domenico Petraglia

(rJ23820JP)

Diretor: Julio Cezar Vanni

PubliCação Mensal e ProDução:editora Comunità ltda.

tirageM: 40.000 exemplares

esta eDição foi ConCluíDa eM:13/07/2012 às 18h00

Distribuição: brasil e itália

reDação e aDMinistração:rua Marquês de Caxias, 31, niterói, Centro, rJ

CeP: 24030-050tel/fax: (21) 2722-0181 / (21) 2722-2555

e-Mail: [email protected]

reDação: guilherme aquino; gina Marques; Cintia salomão Castro; Maurício tambasco;

nathielle Hó; Vanessa Corrêa da silva; stefania Pelusi

subeDição: Cintia salomão Castro

reVisão / traDução: Cristiana Cocco

ProJeto gráfiCo e DiagraMação:alberto Carvalho

[email protected]

CaPa: João Carnavos

ColaboraDores:Pietro Polizzo; Marco lucchesi; Domenico De

Masi; fernanda Maranesi; beatriz rassele; giordano iapalucci; Cláudia Monteiro de Castro;

ezio Maranesi; fabio Porta; Venceslao soligo; Paride Vallarelli; aline buaes; franco gaggiato;

Walter fanganiello Maierovitch; gianfranco Coppola; lisomar silva

CorresPonDentes: guilherme aquino (Milão); gina Marques (roma);

Janaína Cesar (treviso); Quintino Di Vona (salerno); gianfranco Coppola (nápoles); stefania

Pelusi (brasília); Janaína Pereira (são Paulo); Vanessa Corrêa da silva (são Paulo);

PubliCiDaDe: rio de Janeiro - tel/fax: (21) 2722-2555

[email protected]

rePresentantes: espírito santo - Dídimo effgen

tel: (27) 3229-1986; 3062-1953; [email protected]

brasília - ZMC representações Zélia Corrêa

tel: (61) 9986-2467 / (61) [email protected]

Minas gerais - gC Comunicação & Marketing geraldo Cocolo Jr.

tel: (31) 3317-7704 / (31) 9978-7636 [email protected]

são Paulo - sebastião Zolli JúniorCel: (11) 9111-3080

[email protected]

Comunitàitaliana está aberta às contribuições e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos

e estrangeiros. os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, sendo

assim, não refletem, necessariamente, as opiniões e conceitos da revista.

la rivista Comunitàitaliana è aperta ai contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti brasiliani, italiani e estranieri. i collaboratori esprimono, nella massima

libertà, personali opinioni che non riflettono necessariamente il pensiero della direzione.

issn 1676-3220

Fundada em março de 1994

A economia mundial freia. Incertezas, planos de salvação dos bancos centrais e iniciativas para o estímulo da economia tornam-se comuns, como um pa-ciente que precisa de uma droga para mantê-lo ligado. Por quanto tempo? É culpa da União Europeia?

São perguntas que por si só causam estresse, principalmente quando vêm acom-panhadas de respostas como austeridade, rigor, dever de casa e assim por diante. As

políticas desenhadas para salvar os países europeus que cobram mais taxas e menos investimentos são recessivas. Especialistas econômicos calculam que cada ponto percen-tual do Produto Interno Bruto europeu incide em 0,4 pontos na média mundial. Como existem variações de país a país, quando a Europa decresce em 1%, nos Estados Unidos este percentual incide em 0,26 pontos. No Japão seria de 0,72. Já no Brasil incide em 0,97; no México, em 1,27; e na Rússia, em 1,79.

Para agradar de imediato ao mercado global, incluso os especuladores de plantão, os político europeus, e também os técnicos, optaram pela forma mais fácil de mostrar que estão empenhados em resolver os problemas: reduzir as contas e aumentar os impostos.

O mundo é interligado, mas nós por aqui verificamos com certo atraso os efeitos corrosivos destas medidas com diminuição na previsão do crescimento econômico para este ano. Por outro lado, nosso BC se vê obrigado a cortar a taxa Selic, hoje em 8%, o que esperamos que se traduza rapidamente em empréstimos mais justos para os investimentos das empresas.

Mas, em tempos de sustentabilidade, um tema recorrente nesta edição é o bem estar. A busca por qualidade de vida em tempos de crise não é impossível e sim neces-sária em todas as fases da existência, mesmo as mais críticas. Como no confucionismo em que a filosofia do equilíbrio perfeito está entre a moral, a política, a pedagogia e a religião, cada vez mais homens e mulheres se veem diante do espelho em busca de saber ao que vieram a este mundo.

Nossa capa traz o projeto de urbanismo sustentável proposto pelo arquiteto ita-liano Marco Casamonti no planejamento de uma “nova favela” para o Rio de Janeiro. Os leitores também poderão ler aqui a história de Nerio Alessandri, que, da garagem de sua casa, criou uma das maiores realidades em produtos para treinamentos físicos e pela quinta vez consecutiva fornece seus produtos para as Olimpíadas. Ele é adepto da filosofia wellness, que você conhecerá nas próximas páginas.

Boa leitura!

Traz a conta

Pietro Petraglia Editor

ju lho 2012 | comunitàitaliana8

Page 9: Revista Comunità Italiana Edição 168

Guia para empresasA segunda edição do guia Modelo de desenvolvi-

mento industrial do Sistema Itália no Brasil aca-ba de ser apresentada em Roma, durante um se-minário organizado por Confindustria no dia 11 de julho. O documento visa colocar em evidência as oportunidades para as empresas italianas em setores considerados estratégicos para o desen-volvimento brasileiro, como o automotivo e o de petróleo e gás.

LiderançaA Fiat confirma a liderança no mercado brasileiro com um

crescimento de 0,4% em junho em relação ao mês anterior. Com 75.247 vendas e uma quota de 22,1%, a empresa superou a Volkswagen (21%), a Chevrolet (16,9%), a Ford (9,9%) e a Re-nault (7,1%). Além disso, a montadora italiana liderou as ven-das de carros no primeiro semestre de 2012. Os dados são da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), cujo presidente, Flavio Meneghetti, afirma que o setor, no entanto, deve cair 1,47% em comparação a 2011, quando foram comercializados 5,5 bilhões de veículos no país.

Telefone RosaInstruído, profissional

liberal ou empresário. Esse é o novo perfil dos agressores de mulheres, de acordo com os dados do Observatório italiano sobre Violência do Tele-fone Rosa, que atendeu 1189 pessoas do sexo fe-minino em 2011. A pes-quisa também revelou que 5% dos agressores trabalham em alguma força do Estado, metade possui um diploma de scuola superiore, 18% são formados e 7% são em-presários. Mais da me-tade das italianas (53%) e das estrangeiras (61%) afirma ter sofrido algum tipo de violência da parte do próprio marido.

AntimáfiaO procurador italiano antimáfia Pietro Grasso apresentou, diante de

um auditório repleto, seu novo livro Liberi tutti - Lettera a un raga-zzo che non vuole morire di máfia, no Consulado do Rio. Grasso, autor de sentença que condenou à prisão perpétua diversos membros da or-ganização criminosa Cosa Nostra, dedica a obra aos jovens, para que, através de uma “cultura da legalidade e de um projeto democrático de desenvolvimento econômico, seja possível liberar-se da violência e do poder da máfia”. Juízes e policiais brasileiros assistiram atentamente à conferência de Grasso, no final de junho.

Pedalada com causaNo domingo, 8 de julho,

italianos de várias ci-dades do país pedalaram contra o turismo sexual, em uma manifestação organizada pela ONG De-metra, em colaboração com Ecpat-Italia e Fiab, intitulada Prima Giorna-ta  Internazionale Ciclotu-ristica  contro  il  Turismo Sessuale sui Minori. O pro-jeto dura até 2014 — não por acaso o ano da Copa do Mundo no Brasil. Será uma longa pedalada com o objetivo de recolher fun-dos para as organizações que lutam contra a pros-tituição de menores em cidades como Fortaleza.

SMS para consuladosUma parceria entre a Anatel

e o Ministério das Rela-ções Exteriores, em colabo-ração com as prestadoras de telefonia móvel, possibilitará o início de um projeto de en-vio de mensagens  de texto para os brasileiros em via-gem ao exterior. Ao chegar ao destino, eles receberão um SMS informando os números de telefones dos consulados brasileiros. Os primeiros a receberem a mensagem serão aqueles que forem a Portugal e Espanha. As prestadoras que aderiram à iniciativa fo-ram Tim, Claro, Oi e Vivo.

Críticas aos reality showsO cineasta Matteo Garro-

ne, que recebeu o Grande Prêmio do Júri do Festival de Cannes, também acaba de le-var o Nastro Europeo Bulgari 2012. Seu longa Reality nar-ra a trajetória de um pesca-dor, Luciano (Aniello Arena), que deseja participar do Big Brother. O ator protagonista Aniello está preso há 20 anos. Ele iniciou sua carreira de ator em 2001, na prisão de Vol-terra, província de Pisa, onde permanece até hoje. Matteo Garrone é considerado um dos maiores críticos da sociedade italiana, e já havia conquista-do o Prêmio do Júri em Can-nes por Gomorra, em 2008.

Ajuda ao velho bancoO governo da Itália injetou dois bilhões de euros para suprir a

falta de capital no Monte dei Paschi di Siena, o banco mais antigo do mundo. Trata-se da segunda vez em três anos que o Estado resgata a instituição. Fundado em 1472 na Toscana, hoje é o terceiro maior banco do país. Na primeira vez, a instituição se viu forçada a pedir socorro devido às hipotecas podres chamadas subprime, durante a crise nos anos 2008 e 2009. Na mesma épo-ca, em um acordo controverso, a instituição pagou mais de nove bilhões para comprar o Antonveneta, um banco menor, junto ao espanhol Santander. O preço pago foi alvo de investigações.

O diretor geral da FAO, José Graziano (na foto), confere as fru-tas da feira de orgânicos do bairro carioca do Jardim Botâni-

co, na manhã do sábado seguinte ao encerramento da Rio+20. Guiado por Carlo Petrini, presidente do Slow Food — movimen-to que nasceu na Itália e ganhou o mundo — e acompanha-do do Comissário Europeu para a Agricultura e o Desenvol-vimento Rural, Dacian Cioloş, sua visita simboliza o apoio a um modelo de agricultura sustentável. O mercado é realiza-do pelo Circuito Carioca de Feiras Orgânicas, que conta com o apoio do Slow Food Internacional.

Letíc

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cosenostreJul ioVanni

comunitàitaliana | ju lho 2012 9

Page 10: Revista Comunità Italiana Edição 168

“Devo congratulá-los por ter um colunista do nível de Ezio Maranesi. Na coluna Ce la faremo, demonstrou seu

bom gosto e inteligência ao narrar com tanta propriedade so-bre essas cidadezinhas maravilhosas que a maioria dos turis-tas não conhece! Gostaria de poder ler mais sobre esse tema!”

GiorGio Zanetti, São Paulo – SP – por e-mail

“Gostei muito da matéria sobre o Fashion Rio e a moda sustentável. É impressionante como o mercado da

moda é criativo, colocando à disposição do público camisas, bijuterias e bolsas recicladas, feitas a partir de materiais inu-sitados. Esses profissionais estão de parabéns!”

eliZabeth almeida, Niterói – RJ – por e-mail

cartas

A ministra italiana Fornero diz que “o trabalho não é um direito, tem de ser conquistado”. Concorda?

Apesar da crise europeia, Monti diz, após a reunião do G20: “A Itália não precisa de um plano de resgate”. Concorda?

No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 16/06/12 e 22/06/12.

No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 10/06/12 e 15/06/12.

Não - 66,7%

Não - 57,1%

Sim - 33,3%

Sim - 42,9%

Você apoia o chanceler Terzi, que critica a América Latina por protecionismo no comércio mundial?

No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 23/06/12 e 27/06/12.

Não - 22,2%

Sim - 77,8%

opinião

“A primeira Miss Brasil negra foi a Deise Nunes em 1986. Num país de tantas misturas e negras lindas, é raro ver uma negra ganhar o Miss Brasil”, Silvia Novais, Miss Itália 2011, em entrevista ao Programa Torpedo, da rádio brasileira Nova Itu FM

“Fui vistoriar as obras e, quando vi aquilo,

fiquei absolutamente chocado. Vou fazer

uma praça como em Roma. Ali estão

as nossas ruínas romanas”,

Eduardo Paes, prefeito do Rio, empolgado com a descoberta de restos

arqueológicos do Cais da Imperatriz e do Cais do

Valongo durante as obras do Projeto Porto Maravilha

“Sou sinceramente grata pelas minhas

nádegas”, atriz inglesa Kate Winslet

em entrevista à versão italiana da revista Vanity Fair de julho, diz que aprendeu a ignorar a atenção dada pela

mídia ao seu peso

“O sonho continua. O próximo encontro é no Brasil. Quero lá estar e

não apenas para marcar presença”,

Gigi Buffon, goleiro da seleção de futebol italiana, no dia

seguinte à derrota na final da Eurocopa para a Espanha,

referindo-se à Copa das Confederações, que será

disputada no Brasil em 2013

“O carteiro comemora quando entrega uma

carta? É só o meu trabalho, por que

comemorar?”, Mario Balotelli, jogador da

seleção italiana, explica após vitória contra a Alemanha na Eurocopa, porque raramente

vibra com seus gols

“O documento final não atende a todos os desejos do Brasil e não satisfaz a muitas pessoas aqui, mas tenho certeza de que foi o melhor possível”,Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente, durante a Rio+20

“A Itália conseguirá superar suas dificuldades graças às suas próprias capacidades, e não precisa da chanceler alemã, Angela Merkel”,Mario Monti, premier italiano, em entrevista ao La Repubblica, ironizando conselhos da Alemanha

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enquetes frases

ju lho 2012 | comunitàitaliana10

Page 11: Revista Comunità Italiana Edição 168

“Estive em Orvieto a passeio por indicação de uma amiga. A ci-

dade fica na região da Úmbria e tem uma arquitetura medieval que nos faz sentir voltando no tempo. Sem dúvida, é uma viagem adorável!”

beatriZ brandão Rio de Janeiro, RJ — por e-mail

De uma estrela a outra A Casa das Rosas, em São Pau-lo, abriga, até 15 de agosto, a exposição De uma estrela a outra - Encontros literários Itá-lia-Brasil, que retrata a vida e obra do poeta apaixonado pelo barroco Giuseppe Ungaretti. A

segunda parte da exposição é dedicada às transcrições do poeta Haroldo de Campos, que faz um estudo aprofun-dado de Cantos do Paraíso, pertencentes à obra A Divina Comédia, de Dante Alighieri. www.casadasrosas-sp.org.br

Passato ImmediatoA Fundação Memorial da América Latina, em São Pau-lo, sedia, até 19 de agosto a exposição Passato Immediato

– Presença Italiana na Arte Bra-sileira. São 80 trabalhos de artistas renomados como o es-cultor Victor Brecheret, autor do Monumento às Bandeiras. As obras de italianos e descen-dentes integram o acervo da Pinacoteca do Estado, do Mu-seu de Arte Contemporânea (MAC), do Palácio dos Ban-deirantes, do Instituto Lina e Pietro Maria Bardi, e da Co-leção Brasiliana do Instituto Cultural Itaú. www.memorial.org.br

Arte urbanaNa Caixa Cultural, no Rio de Ja-neiro, acontece, até 12 de agosto a exposição Mural Itália-Brasil. Cartazes, grafites e grandes pai-néis que representam a arte das ruas integram a mostra. Artistas italianos e brasileiros trabalha-ram juntos através das técnicas da street art. O brasileiro Ozi e a dupla italiana Orticanoodles desenvolveram em conjunto murais no metrô da Cinelândia e na comunidade do Vidigal. A intenção da mostra é promover a preservação do patrimônio público.www.caixacultural.com.br

ABAVA  maior feira de turismo da América Latina, a ABAV, acon-tece de 24 a 26 de outubro no Riocentro, na capital fluminen-se   A feira reúne agências de

viagens e profissionais do ramo que apresentam as melhores atrações turísticas e destinos do mundo. Produtos e serviços de países como a Itália terão seu es-paço reservado no evento. Além de promover localidades turísti-cas, o evento promove negócios nos setores aéreo e turístico.www.abav.com.br

Dalí: A Divina ComédiaA Caixa Cultural no Rio de Ja-neiro abriga até 2 de setembro cem gravuras do pintor Salva-dor Dalí inspiradas em trechos do livro A Divina Comédia, de Dante Alighieri. Provenien-te de uma coleção privada da Espanha, o acervo pretende conduzir o público a uma via-gem do inferno ao paraíso. A música de Franz Liszt, Sinfonia Dante, ambientará a mostra.www.caixacultural.com.br

naestante

A felicidade - O sociólogo Domenico de Masi e o fotógra-fo Oliviero Toscani procuram discutir o sentimento que os autores classificam como uma obsessão humana. Para eles, a felicidade consiste na busca constante pelo bem-estar. Para explicar esse sentimento tão almejado, os dois deci-diram que as imagens do livro seriam com formas e cores abstratas, trabalhando com a questão da utopia mundial. O conceito de felicidade no livro é baseado no pensamen-to ocidental, proveniente das civilizações grega e romana. Temas como riqueza, beleza e segurança são identificados como amigos da felicidade. Já o tempo e a solidão são os seus inimigos. Editora Globo, 132 páginas, R$ 44,90

Os pecados do Vaticano - Mais de dois mil anos as-sociam a imagem da Igreja Católica às regras da moral cristã. No entanto, os crescentes casos de infração dos valores sagrados da religião, por parte de líderes e colabo-radores do Vaticano, põem em jogo a doutrina defendida por eles. Cláudio Rendina faz uma análise da luta pelo trono papal e pela gestão do poder através dos séculos. Ele aponta as debilidades da Igreja que vive cercada de soberba, avareza, luxúria e pedofilia. A partir de fatos históricos, o autor relata os escândalos e os segredos da maior instituição católica do mundo. Gryphus Editora, 353 páginas, R$ 33,90

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SErviço

agenda

comunitàitaliana | ju lho 2012 11

Page 12: Revista Comunità Italiana Edição 168

Un presidente per l’EuropaL’Unione Europea deve avere il coraggio di far seguire l’integrazione monetaria da una vera unità politica ed economica

All’indomani del secondo conflitto mondiale, quan-do ancora le strade di mezza Europa erano pie-

ne di macerie e si contavano i milioni di morti in guerra, nessuno avreb-be creduto che, a distanza di pochi anni, i leader di quegli stessi Paesi, che fino a poche settimane prima si erano aspramente combattuti, avreb-bero firmato insieme il “Trattato di Roma”: siamo nel 1950 e con quello storico accordo si posero le premesse di quella che tuttora conosciamo co-me Unione Europea.

La storia della costruzione dell’Eu-ropa ha forse avuto nell’in troduzione della moneta unica, l’Euro, il suo mo-mento più rilevante: questo nuovo mil-lennio ha visto il sorgere di una nuova moneta che, da un giorno all’altro (an-che se a seguito di un complesso e gra-duale processo di omogeneizzazione dei sistemi economici), ha sostituito le vecchie lire, i fiorini, i marchi, i franchi o le pesetas.

Una vera e propria rivoluzione, accompagnata dall’entusiasmo della popolazione europea e seguita con in-teresse e con ammirazione da tutto il resto del mondo.

Oggi, a distanza di poco più di un decennio da quel traguardo storico, sono sempre meno rare le voci di co-loro che mettono in discussione que-sta conquista, ammiccando nostalgi-camente alla Lira o alla Dracma, alla Peseta o al Franco.

Un ‘ritorno al passato’ giustifica-to, secondo alcuni, dalle accresciute e diffuse difficoltà dell’economia eu-ropea e, in particolare, di alcuni suoi Paesi; un passo indietro, che però risulterebbe una medicina ancora peggiore del male, con conseguenze immediate e non sempre prevedibili sulla precaria stabilità economica di quegli stessi Paesi.

La mia opinione è che stiamo confondendo il malato con la malat-tia, se non addirittura la medicina con la cura.

La crisi europea si affronta infatti con “più Europa” e non “meno Europa”; se un errore è stato fatto a suo tempo è, a mio parere, proprio quello di non aver fatto seguire l’introduzione della moneta unica europea da una parallela azione di forte in-tegrazione politica tra i Paesi dell’Unione.

Un’integrazione reale, basata non soltanto sui famosi ‘parametri di Maa-stricht’, ma anche sull’elezione di un Pre-sidente europeo votato direttamente, e democraticamente, dagli oltre 300 milio-ni di cittadini europei.

Un’Europa più unita e più coesa avreb-be impedito, ad esempio, che ad imporre

il proprio peso politico sulle decisioni dell’Unione fossero i Paesi più grandi, ed in particolare uno – la Germania – l’uni-ca nazione che ha effettivamente tratto un vantaggio specifico dall’introduzione dell’Euro.

Un’Europa forte e unita politica-mente sarebbe senza dubbio meno in balìa dei mercati e delle speculazioni finanziarie; risponderebbe infine più alle esigenze di crescita e di sviluppo di ciascun Paese (e, di conseguenza, di maggiore occupazione e benessere so-ciale) che non alle sterili logiche di ri-

duzione progressiva della spesa pubblica e del contenimento del rapporto debito/PIL: tutte politiche che hanno avuto come conseguenza l’avvio della più grave fase di recessione mai vista in questa parte del mondo dal dopoguer-ra ad oggi.

In questa nuova logica politica, l’Unio-ne Europea dovrebbe avviare un rinnovato rapporto con i Paesi dell’America Latina, e in particolare con la sponda meridionale dell’Atlantico che in qualche modo costi-tuisce una proiezio-ne del Vecchio Con-tinente sul Nuovo Mondo, anche grazie alla presenza in quei Paesi di fortissime

comunità di origine europea, prima tra tutte quella italiana.

Un rapporto paritario, che contribu-irebbe probabilmente a rafforzare gli in-vestimenti e tutti quei programmi rivolti ad associare le politiche di rigore a quelle di rilancio dell’economia.

Poche settimane fa le elezioni in Fran-cia hanno dato un duro colpo al modello di un’Europa “tutta rigore ed austerità”, sconfiggendo il conservatore Sarkozy ed eleggendo il socialista Hollande; l’asse franco-tedesco ne è così uscito indebo-lito, e ciò ha contribuito ad alimentare qualche fondata speranza tra i fautori della costruzione di un nuovo modello politico-economico, meno succube dei mercati e più propenso all’introduzione di nuovi strumenti di politica economica e monetaria a livello europeo.

Entro la fine del 2013 anche Italia e Germania andranno a votare: la nostra speranza è che anche qui venga premia-ta la strada della speranza, contro quella della nostalgia e della paura.

La crisi europea si risolve con “più Europa” e non

con “meno Europa”, guardando al futuro e

non al passato

opinioneFabioPor ta

ju lho 2012 | comunitàitaliana12

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Il grillo parlanteL´invettiva di Grillo affascina. La serietà di Monti turba

Il grillo è saggio e severo. Conser-vatore ma intelligente. Dà consigli, ammonisce, raccomanda, come le mamme di altri tempi. È noioso,

come coloro che danno consigli. Pinoc-chio, che pure è un bravo ragazzo, non lo sopporta e lo stende con una martella-ta. Il nostro grillo, Beppe Grillo, non dà consigli: parla, sparla, straparla, graffia, gracchia, ironizza, inveisce, dileggia, criti-ca, irride, protesta, ingiuria e altro ancora. L’ex comico, che da anni non fa più ride-re nessuno, non è noioso: ha capito ciò che vuole la gente e glielo dà. Non riceve martellate, riceve voti, milioni di voti, per-chè la gente è affascinata dai Mussolini, dai Berlusconi, dai Bossi, dai Grillo e dai loro discorsi. Ed è comprensibile: certi di-scorsi vanno diritti al cuore. L’importante è capire per tempo se che li sbraita ci stia vendendo patacche, ma troppo spesso gli italiani lo capiscono quando è tardi. Il no-stro Grillo usa canali di comunicazione moderni; ha capito che sono i più efficaci, soprattutto quando ci si rivolge ai giovani e agli sprovveduti. Mise in rete alcuni anni fa il suo blog che oggi è un successo. Quan-do urla in pubblico, storpia i nomi delle persone e ne dileggia i difetti: ci parla dei misfatti del Pisapippa, del Forminchioni o del nanerottolo. La gente gode, applaude e gli dà il voto. Lo spettacolo è triste ma si spiega: gli italiani sono delusi, esasperati e butterebbero a mare i partiti politici con i loro dirigenti, tanto indegno e irrespon-sabile è il loro comportamento. I sondaggi di opinione dicono che oggi il 60% degli italiani si astiene dal voto o appoggia il Movimento 5 Stelle - M5S - il movimen-to antipolitico di Grillo. Cioè, soltanto 4

italiani su 10 riconosce i partiti tradizio-nali, anche per mancanza di alternative sensate. Uno scenario desolante perché, ci piaccia o no, noi dovremo scegliere chi ci governerà e non ci sono alternative al si-stema esistente. Il duce illuminato, quello che modernizza l’Italia a ritmo di diktat, non esiste. Sarebbe necessario? Discutia-mone. Non vi sarebbe spazio per i Grillo se gli italiani cacciassero i governanti incom-petenti e disonesti e assimilassero come popolo una cultura di onestà e responsa-bilità nei confronti della res publica. Oggi Beppe Grillo cavalca magistralmente la delusione degli italiani: denuncia in modo pittoresco, con colorite invettive, fatti e persone. È un istrione che conosce perfet-tamente le tecniche teatrali per ottenere l’attenzione e i consensi e li ottiene. Pro-babilmente il successo del M5S è andato oltre le intenzioni e le aspettative di Grillo, ed ora il nostro guru si trova con una coraz-zata in mano di cui non sa bene cosa fare. Il suo consenso incredibile è il risultato

della sua caustica critica: se facesse proposte avrebbe l’adesione di chi con-corda con le sue idee, ma il dissenso di chi vede le cose in modo diverso. Criti-care è facile, proporre e realizzare, cioè governare, è estremamente più diffici-le. Se ne sta accorgendo il neo-eletto sindaco di Parma, grillino, onestissimo dilettante allo sbaraglio, che nemmeno riesce a nominare i suoi collaboratori. Possiamo immaginare cosa direbbe Beppe Grillo in Parlamento, leader

di un numero di parlamentari tale da condizionare il governo? Un esempio: dire che vogliamo un’altra Europa è facile, ma bisogna aggiungere qua-le Europa vogliamo, come ci si deve muovere per poterla creare e se lo sce-nario ci possa permettere di credere e sperare che quanto vogliamo possa es-sere ottenuto. Beppe Grillo, come tutti noi, sa che cosa non va e lo denuncia. Ma ha idee molto confuse, o probabil-mente non ha idee, a proposito di ciò che bisognerebbe realisticamente fare. In tema di politica estera ha rilascia-to nei giorni scorsi una intervista ad un giornale straniero sui rapporti tra Iran e Israele: idiozie. Non avendo idee proprie si è fatto assistere dal suocero, iraniano, che gli ha tra l’altro confida-to che le idee di Bin Laden sono state volutamente travisate dalle fonti occi-dentali. Caro Beppe, il grillo parlante di Collodi sarà anche noioso, ma racco-manda cose sensate.

Il successo del M5S è andato oltre le intenzione e le

aspettative di Grillo, ed ora il nostro guru si trova con una corazzata in mano di cui non sa

bene cosa fare

opinioneEzioMaranesi

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as empresas podem incrementar o nível de criatividade, motivação e autoestima dos trabalhadores, que podem melhorar o próprio estilo de vida, defende.

— O conceito acabou envolven-do todos em torno a uma filosofia. Portanto, a empresa cresce com a colaboração coletiva dos trabalha-dores. Compartilhamos esse ideal de bem-estar — disse Nerio Ales-sandri à ComunitàItaliana.

Ele explica ainda que se trata de um estilo de vida que vai além do ato de frequentar uma academia de ginástica, por incorporar valo-res como saúde, alimentação e um outro fator importante para os ita-lianos: a estética.

ESportE

Ouro merecidoFundador da Technogym, fornecedora oficial dos Jogos Olímpicos de Londres, conta como começou a construir aparelhos de ginástica, na garagem de casa

Alessandri não é apenas um empresário de sucesso e um ho-mem que se fez com os próprios esforços. Ele é também um filóso-fo do bem-estar. A filosofia wellness significa adotar um estilo de vida que equilibre o corpo e a mente saudáveis. Para ele, o mais impor-tante é conscientizar as pessoas dos benefícios do movimento físi-co e boa alimentação do que vender aparelhos de ginástica. A sua visão inovadora alia os negócios com res-ponsabilidade social.

O wellness representa uma oportunidade para todos, pois os governos podem investir na saúde da população, diminuindo os gas-tos com despesas sociais, enquanto

Nerio Alessandri é ven-cedor de cinco ouros consecutivos. Afinal, pela quinta vez, sua

empresa é escolhida como forne-cedora oficial das Olimpíadas. A Technogym participa dos Jogos de Londres como fornecedor ex-clusivo e vai pôr 750 aparelhos de ginástica e 100 treinadores pro-fissionais à disposição dos 12 mil atletas representantes de quase 200 países. A líder italiana foi es-colhida pela eficiência tecnológica e pela segurança oferecida na inte-ração com o esporte.

Gina MarquesDe Roma

O presidente da Technogym é adepto da filosofia wellness, que coloca o bem-estar no centro das atenções das pessoas através de um estilo de vida que equilibre

corpo e mente saudáveis

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— Nossos aparelhos não são somente objetos que servem para se mover. Temos um italian design, pois acreditamos que a estética é fundamental. A proposta da Tech-nogym é que o aparelho faça parte do estilo de vida da pessoa, da sua casa, como um belo móvel ou um quadro. Se o aparelho é feio, fica escondido num cantinho e dificil-mente é usado. A nossa visão não é que eu tenho que fazer ginástica por obrigação e sim que eu quero me mover, pois tenho como objeti-vo a saúde. Esta é a diferença entre o fitness e o wellness. Enquanto o primeiro é punitivo, o segundo constitui um estilo de vida.

Alessandri escreveu dois livros sobre a filosofia do bem-estar. No último, intitulado Wellness, ele reu-niu análises de vários especialistas sobre o que significa bem-estar no mundo, considerando as diferenças econômicas, a psicologia, as diver-sas culturas e as religiões.

— Estudamos como os países interpretam a saúde. Na constitui-ção italiana está escrito que a saúde é um direito do homem, mas não se menciona que a prevenção é um dever. Estar bem é uma responsa-bilidade social, pois quem está mal causa um impacto negativo não só para governo como custo, mas para a inteira sociedade. Por outro lado, estar bem é também responsabili-dade de cada indivíduo.

Primeiros aparelhos feitos na garagem aos 22 anosEm 1983, quando Nerio Alessandri tinha apenas 22 anos, construiu o primeiro aparelho de ginástica na própria garagem. Ele nasceu em Gatteo, província de Cesena, na re-gião da Emília-Romanha, uma das mais industrializadas da Itália. A sua família era composta por ope-rários e simples funcionários sem nenhuma vocação empresarial.

— Desde que eu era criança, ti-nha o desejo de realizar um projeto sozinho. Sempre fui uma pessoa curiosa que queria saber como as coisas eram feitas do ponto de vista mecânico. Para você ter uma ideia, construí a minha primeira moto porque não tinha dinheiro para comprar uma já pronta. Devido à minha atração pela mecânica, me formei em desenho industrial.

Um dia, um amigo pediu-lhe para construir um aparelho de gi-nástica, recorda.

— Gostei da proposta e fiz o aparelho na garagem de casa, usan-do o meu conhecimento mecânico

aliado à paixão pelo esporte. Os pe-sos eram feitos com cimento, mas aquela máquina era revolucionária, com pedais reguláveis e outros de-talhes. O resultado foi um sucesso, mas eu continuei trabalhando por dois anos na garagem e construí aparelhos durante a noite, já que minha família não queria que eu deixasse o emprego fixo.

A partir de então, a Technogym decidiu investir em atletas e clubes de futebol como o Milan.

— Naquela ocasião, tínha-mos apenas cinco funcionários, mas já pensávamos que tínhamos capacidade para sermos grandes — lembra o presidente e fundador da empresa que hoje é fornecedora oficial de mais de 20 grandes ti-mes no mundo.

Em 1991, um jovem alemão chamado Michael Schumacher estava começando a sua carrei-ra e Nerio Alessandri acreditou no seu potencial como atleta e piloto, dando-lhe o patrocínio.

O italiano lembra que os pilo-tos das gerações anteriores eram playboys que fumavam e gos-tavam da vida mundana, mas, “com Schumacher, tudo mu-dou”. O campeão alemão foi o primeiro piloto que quis uma preparação atlética e científica.

— Nós sempre acredita-mos nestes valores e fizemos um aparelho especial para ser transportado com ele em

diversas corridas da Fórmula 1 pelo mundo. Naquela época, não tínha-mos tanto dinheiro para grandes patrocínios, e pedimos para que ele colocasse a nossa marca na man-ga de seu macacão. Deste modo, sempre quando ele comemorava as vitórias, levantava as mãos e a mar-ca Technogym aparecia.

Líder mundial em fornecer pro-dutos e serviços para o bem-estar, a empresa conta com 2.200 empre-gados, dos quais metade atua na sede central de Cesena. As 13 filiais estão espalhadas por países euro-peus, nos Estados Unidos, na Ásia, no Oriente Médio, Austrália e na América do Sul, incluindo o Brasil.

A marca exporta produtos para mais de 100 países e conta com 35 mil centros wellness. Em 2011, a renda da Technogym chegou a € 400 milhões.

No dia 29 de setembro, es-tá prevista a abertura de um

enorme centro wellness, pro-jetada com materiais ecológicos,

levando em consideração o baixo impacto ambiental. Aliar o esporte ao turismo será a proposta do local.

— A nossa proposta é unir a ati-vidade física à boa alimentação,

com produtos típicos regionais, além de passeios culturais. Enfim, tudo em torno ao bem-estar — comentou.

A fábrica de fazer movimentoA Technogym não tem cadei-

ras: os funcionários trabalham sentados em grandes bolas. Segun-do Alessandri, a bola tem uma ação no sistema neurológico, pois o cor-po busca o equilíbrio ao estimular a atividade cerebral e, de consequ-ência, a pessoa acaba se cansando menos do trabalho. Ele explica que, superada a fase inicial, quem está

Em 1991, um jovem piloto chamado Michael Schumacher começava a sua carreira e Alessandri deu-lhe o patrocínio por acreditar em seu potencial

A proposta da Technogym é que o

aparelho de ginástica faça parte do estilo

de vida das pessoas e promova um

corpo e uma mente saudáveis

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sentado na bola não quer mais a cadeira.

— Considere que o homem foi criado há milhões de anos pa-ra caçar ou trabalhar no campo e não para ficar só sentado atrás de uma escrivaninha. O corpo do ser humano é naturalmente dotado de uma capacidade para fazer 30 qui-lômetros diários. Porém, hoje em dia, muita gente não caminha se-quer um quilômetro por dia.

Há dez anos, foi criada a Fun-dação Wellness, encarregada de conscientizar e difundir o estilo de vida saudável. Sob o slogan Mover-se para um mundo melhor, a ideia é transmitir a mensagem da saúde das pessoas e do planeta. No entanto, o estilo bem-estar não é padronizado, já que cada um tem um próprio equi-líbrio e um ritmo individual.

Nerio Alessandri traz consigo sempre um pequeno aparelho de cerca de 5 centímetros que serve para medir a quantidade de movi-mentos físicos que ele realiza. Este aparelhinho é uma novidade que a Technogym vai lançar no mercado durante as Olimpíadas de Londres. A finalidade é conhecer a própria atividade física e verificar se uma pessoa tem ou não uma vida se-dentária, além de motivá-la a fazer movimentos.

Para o empresário, o desenvol-vimento social e econômico deve considerar a saúde das pessoas.

— O sedentarismo, o álcool e o fumo são as maiores causas de morte humana. Todas as doenças ligadas a estes fatores acabam por ter um forte impacto nas despesas públicas. O desenvolvimento sus-tentável deve passar pela saúde da população. Portanto, o estilo de vi-da saudável convém aos governos, pois diminuem os gastos com as enfermidades. E convém também às empresas, já que aumenta a pro-dutividade e a criatividade, a maior tecnologia do futuro.

A primeira Olimpíada wellness da história As Olimpíadas de Londres repre-sentam um marco na história. Pela primeira vez, o país sede dos jogos vai dar a prioridade à educação da saúde através do esporte como compromisso social. Nos Jogos de Pequim de 2008, a proposta princi-pal do governo chinês era mostrar que tinha capacidade para organi-zar um grande espetáculo por meio de um enorme orçamento para realizar o maior show de todos os tempos. Na Inglaterra, é diferente, pois, além do orçamento ser me-nor, o objetivo é envolver toda a população em torno ao bem-estar como objetivo.

— Para que a sede seja escolhi-da, cada país candidato apresenta ao Comitê Olímpico Internacional a sua proposta. A Inglaterra pre-feriu trazer um grupo de crianças obesas para mostrar que o objetivo principal é terminar com a obe-sidade infantil, incentivando o esporte e a correta alimen-tação. Isso foi determinante para a vitória inglesa. No ano passado, o número de pessoas obesas no mundo superou a quantidade de gente afligida pela fome. É impressionan-te constatar que obesidade aumenta cada vez mais nos países subdesenvolvidos, onde falta educação para a boa alimentação. Além dis-so, a crise econômica acaba piorando a qualidade de vida — avalia Alessandri.

Nos últimos seis anos, fo-ram implantados projetos com atletas profissionais dentro de todas as escolas inglesas, e não mais em centros es-portivos destacados. Além de estimularem a atividade

física, os atletas recrutaram 900 novos talentos esportistas.

A primeira Olimpíada well-ness da história não se limita ao espetáculo e se propõe a educar a população sobre os benefícios da atividade física e da alimentação saudável.

— A Technogym trabalha em um projeto junto ao Comi-tê Olímpico da Inglaterra para

estimular 60 milhões de in-gleses a se moverem pela saúde, com atividade física

como prevenção de doenças. O projeto funciona como uma pro-messa, pois as pessoas assumem o compromisso de uma vida equilibrada e saudável. Em tro-

ca, os atletas se empenham pelas medalhas.

Originalmente, os Jogos Olímpicos da Antiguidade eram realizados em Olímpia,

na Grécia, do século VIII a.C. ao século V d.C. Após 14 séculos, o barão Pier-re de Coubertin fundou o

Comitê Olímpico Internacional (COI), em 1894.

Alessandri lembrou que até há 50 anos, o princípio fundamental dos atletas era participar dos Jogos Olímpicos. Com o tempo, o evento foi instrumentalizado, perdendo o espírito original de participação para se transformar em uma com-petição acirrada, na qual os atletas fazem esforços físicos, muitas ve-zes além dos limites só em busca da vitória. Segundo ele, é preciso voltar ao principio básico de par-ticipação.

— Alguns dos nossos aparelhos foram feitos especialmente para os atletas das Paraolimpíadas para que um cadeirante possa se exercitar.

ESportE

Nerio Alessandri adora o Brasil, onde a Technogym tem duas fili-ais. Segundo ele, o projeto das Olimpíadas do Rio de Janeiro é

“muito wellness”, porque os brasileiros aplicam a filosofia de se mov-imentar enquanto se divertem, um equilíbrio entre saúde e mente. O empresário comentou que ficou impressionado quando conheceu a capital fluminense e viu tantas pessoas correndo pelo calçadão. Para ele, o conceito dos Jogos Olímpicos está evoluindo.

— Acredito que a evolução começa a partir da Inglaterra. De modo racional, o país explica que a sustentabilidade vem através do esporte e da saúde. Já as Olimpíadas de 2016 vão transmitir a mensagem do estilo de vida como esporte, saúde e também alegria. Espero que, após os Jogos no Brasil, estes valores sejam incorpora-dos. Cada vez mais, a função do evento não é apenas de espetáculo, e sim, social.

O exemplo do Brasil

“As Olimpíadas de 2016 vão transmitir

a mensagem do estilo de vida como esporte,

saúde e também alegria. Espero que,

após os Jogos no Brasil, estes valores

sejam incorporados”

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di Prandelli, che ha lavorato sugli indivi-dui prima ancora che sulle lavagne; anche l’accanimento tattico, che i primi tempi era andato a braccetto con la morbosità da pettegolezzo, ha ceduto il passo a un’os-servazione serena delle vicende. Liberatisi tutti dal fardello di tante parole di contorno e concentrati sull’essenza delle cose, a quel punto la fiducia non ha più solo seguito i ri-sultati, ma è arrivata a precederli: quel che si è formato alla fine può essere definito come una formula perfetta di agonismo, profes-sionalità e partecipazione: un collante forte come in Italia non se ne vedeva da tempo.   

Ma l’Italia, al di là della suggestione derivata dalle ultime vicende giudiziarie e del timore reverenziale nei confronti di alcune superpotenze calcistiche, si era comunque presentata con tutte le cre-denziali per fare molto bene. Almeno con riguardo ai titolari, tecnicamente solo Spagna e forse Germania le erano supe-riori; tatticamente poi sarebbe bastata ragionevolezza da parte di un qualsiasi CT per farla funzionare. Sulla carta per-ciò  l’obiettivo minimo da raggiungere dovevano essere le  semifinali e con un pizzico di fortuna anche l’atto conclusi-vo, checché se ne dica. E sarebbe stato un peccato dilapidare questo patrimonio per ragioni che col calcio hanno poco a che fa-re. Perdonati al CT alcuni aggiustamenti in corsa non sempre azzeccati e sorvolan-do sulla classica buona dose di retorica con cui si è arricchita anche questa espe-rienza, quindi, il vero mezzo miracolo italiano non è tanto il risultato ottenuto, quanto piuttosto essere riusciti a creare tutti i giusti presupposti perché ce lo si potesse assicurare. Com’è effettivamente avvenuto, sfiorando il bersaglio massi-mo, fermati innanzitutto dalla squadra più forte al mondo.

La campagna europea della Nazio-nale italiana è stata per certi versi sorprendente. A colpire però è so-prattutto l’andamento delle cose,

specchio di una sostanziale e contempora-nea maturazione di tutti gli ambienti più o meno direttamente coinvolti.

Per gli Azzurri l’approccio, e quindi il prosieguo alla competizione, hanno rical-cato un copione già visto ma che, fosse mancata una certa sostanza, non sarebbe stato possibile ripetere. L’ennesimo scan-dalo che ha travolto il movimento calcistico italiano, questa volta Scommessopoli, ha riportato alla memoria altri sconvolgi-menti giudiziari che avevano preceduto altrettante ottime prove internazionali, dal Mondiale vinto nel 1982 a quello anch’es-so conquistato del 2006. Nonostante fosse inevitabile insistere su questa vicenda, la continua sottolineatura di detta coinci-denza si è però presto trasformata in uno stucchevole tormentone; fortuna vuole che sia stato poi sostituito da un dibatti-to tecnico-tattico partito negli spogliatoi, com’è giusto, per dipanarsi in ogni angolo del Paese come sempre accade in occasione di grandi manifestazioni.

Fra continue allusioni alle traversie finanziarie dell’Europa e parallelismi con lo scenario continentale, che hanno raggiunto l’apice con Germania-Grecia, l’Italia di Prandelli ha affrontato rap-presentative ognuna delle quali evocava un pezzo di storia più o meno recente. Ma certe considerazioni trasversali a politica, società e sport potevano giu-sto servire a riempire pagine e pagine di giornali caratterizzate da titoli sempre più ad effetto, mentre a contare doveva essere solo la sostanza: l’operato dei cal-ciatori e di chi ne stava organizzando il lavoro. Al solito, però, alcuni giocatori non sono riusciti a trattenersi dall’offri-re qualcosa che andasse oltre il campo da gioco. E così, a dispetto del reclamo di tranquillità da parte di tutta la Na-zionale, fra le dichiarazioni avventate di Cassano sulla sessualità, le intempe-ranze di Balotelli e i puntuali richiami

all’ordine rivolti a compagni di squadra, giornalisti e inquirenti da parte di Buf-fon — che da alcuni è stato percepito troppo duro — è stata messa più carne al fuoco di quanta ne servisse. Eppure, col passare dei giorni e a ogni ostacolo supe-rato, il can-can di voci che avevano finito per avvolgere gli Azzurri si è via via dis-solto per lasciare spazio all’essenza pura e imprescindibile di ogni sport: il gioco.

Non c’è stata una vera inversione di tendenza, quanto piuttosto una progressi-va e generale maturazione. Fatto sta che a un tratto ci si è accorti che al centro dell’at-tenzione era finalmente tornato il calcio e con esso una lettura puramente spor-tiva dell’avventura azzurra. Trovato un assetto sostanzialmente sicuro da parte

Mezzo miracolo italiano

Agonismo, professionalità e partecipazione: un collante forte come in Italia non se ne vedeva da tempo

calcioAndreaCiprandiRatto

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O Parque dos Atletas fun-cionou até o dia 24 de junho, mesmo alguns dias após o encerra-

mento da Rio+20, no Riocentro, na zona oeste da capital fluminense. Muita gente aprendeu sobre desen-volvimento sustentável de maneira nova, interativa e divertida. Adultos e crianças tiveram como opção  44 pavilhões que abrigaram exposições de 16 empresas, 31 países, 17 esta-dos e 18 cidades brasileiras, além de 15 organizações governamentais do Brasil e do exterior; órgãos do Legis-lativo e do Judiciário; e 18 agências das Nações Unidas.

Dentre as diversões, havia jogos e games, como o Rio Forward+50, que trata de desenvolvimento sus-tentável no futuro; simuladores 5D; uma maquete que simulava mu-danças climáticas em um bairro na capital do Qatar, Doha; carros elé-tricos; passeios em ônibus híbridos de hidrogênio, com tração elétrica — desenvolvidos pela Coppe/UFRJ — e a exibição de filmes, como O Paraíso Perdido da África, sobre uma região em Moçambique rica em flo-ra e fauna (onde Noé teria deixado sua arca).

Mas também teve assunto sério sendo discutido durante palestras e debates. O secretário estadual de Segurança Pública do Rio, José Ma-riano Beltrame, por exemplo, falou sobre a importância das Unidades de Polícia Pacificadora na sustenta-bilidade do Rio.

— As UPPs proporcionaram a possibilidade de chegada da infor-mação, do estado, do município, da formalidade, da educação, por exemplo, que antes você não tinha — ressaltou.

Para Beltrame, as coisas melho-ram em comunidades na medida em que chegam mais escolas, creches

coleta de lixo e saneamento básico “que antes o estado, as prefeituras e a União diziam que não podiam fazer porque o crime não deixava”.

— Aquele discurso cínico, do tipo ‘não posso mandar o médico lá porque ele corre risco de vida’. Em função desse discurso, não se atendiam aquelas áreas. Hoje, há a possibilidade de as pessoas lá den-tro saberem mais de ecologia, de sustentabilidade, sobre educação e coleta de lixo.

Sebrae destaca as oportunidades para as empresas O superintendente do Sebrae/RJ, César Vasquez, destacou a impor-tância da Rio+20 para o mercado empresarial.

— Acho que a questão da sus-tentabilidade não é apenas uma necessidade da humanidade, mas também abre um conjunto de opor-tunidades para as empresas. O número de empresas de pequeno porte é muito grande e elas repre-sentam parcela considerável do PIB, empregam um número muito alto de pessoas e, em geral, são as que desempenham uma consciência, mas têm menos recursos e conhe-cimento para desenvolver práticas sustentáveis — disse à Comunità.

Para César, a economia verde cada vez se sofistica mais com a uti-lização de resíduos para fazer artigos como bolsas e peças de bijuterias.

— Essa é uma vertente. Agora, em termos de geração de eficiência e melhoria das empresas, o pa-ís tem evoluído muito a eficiência energética, a reciclagem de ma-teriais de produção e consumo de água, por exemplo. Isso não signifi-ca geração direta de emprego. Mas, quando você melhora a qualidade da gestão da empresa, em relação à receita e a gastos, melhora o salário pago e até a possibilidade de con-tratar mais gente para trabalhar — observou.

Um leque de iniciativasEspaço interativo que apresentou inovações nacionais e estrangeiras vira atração durante conferência ambiental da ONU

SuStEntabilidadE

Maurício Tambasco

O superintendente do Sebrae/RJ, César

Vasquez, lembrou que as empresas

brasileiras investem muito na coleta e reciclagem de

resíduos sólidos, gerando empregos e preservando o meio

ambiente

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As empresas mais famosas, envolvidas em questões ambien-tais, são as que tratam de resíduos sólidos, com catadores de lixo e reciclagem de material, ainda se-gundo Vasquez.

— O Brasil é campeão mundial de reciclagem de latas de alumínio. E tem um índice alto de reciclagem de garrafas pet, de 40%. Em termos de geração de empregos, essa é a atividade campeã.

O superintendente do Sebrae comentou sobre o lançamento do certificado ISO 14001, norma mais voltada para pequenas empresas. É uma extensão da norma ambiental para procedimentos dessas empre-sas, desenvolvendo uma parceria que é fundamental.

— Ela é específica. Facilita pa-ra a pequena empresa o fato de ter acesso à cadeia de fornecedores e, mesmo, do consumidor final. A ISO 9001 trata especificamente de qualidade e a 14001 é específica sobre questões ambientais. E essa agora é uma adaptação desenvolvi-da para pequenas empresas.

César Vasquez lembra que o Se-brae do Rio de Janeiro, em parceria com o governo do estado e com em-presas de design do Rio, organiza todo ano, em abril (já foram quatro edições), uma exposição durante o salão de móveis de Milão — a Rio+Design.

— Dessa vez, ficamos na área da Tortona e houve uma visitação fantástica. Fazemos uma curado-ria. Selecionamos designers de diversas empresas do Rio. Eles le-vam produtos e a gente faz uma pequena mostra — conta.

Vasquez conclui informando que, em 2012, o Sebrae/RJ não foi o único do Brasil que participou do salão na Itália.

— Milão é a Meca do design. É onde tudo acontece. Normalmente vai uma delegação do governo esta-dual e uma do Sebrae. E você tem

a participação dos designers. Dessa vez, tivemos uns 25 deles expon-do. Foram publicadas duas páginas grandes no La Repubblica falando sobre o Brasil e a foto era da nossa exposição.

Elogio à preservação de florestasO governador Sérgio Cabral e o presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), Jorge Hereda, as-sinaram, no estande da CEF, no Parque dos Atletas, contratos entre a Cedae e a Caixa para obras de sa-neamento na região metropolitana do Rio. As obras incluem a amplia-ção do abastecimento de água em toda a zona oeste e o esgotamen-to sanitário das comunidades do Complexo do Alemão, na zona nor-te. Ao todo, estas regiões receberão investimentos de cerca de R$ 486 milhões. Cabral, após a assinatura, falou sobre a conferência de desen-volvimento sustentável da ONU.

— Acho que, se a gente for olhar para a Rio 92, e pegar a Rio+20, houve já, no planeta, significativos avanços em algumas áreas. Em al-guns países mais do que em outros. O Brasil progrediu muito. E o Rio de Janeiro, particularmente, avan-çou muito nesses últimos tempos — acredita.

Para Sérgio Cabral, foi uma ale-gria receber os visitantes “em um ambiente em que a segurança, a geração de empregos e o astral do carioca são ou-tros, muito diferentes de 1992”. Ele comentou que o Brasil foi o país que

“mais preservou suas florestas nos últimos anos”.

— Aqui no Rio, temos casos para contar e histórias positivas, como no fim dos lixões, no avanço do saneamento e numa política de ICMS Verde, que prestigia municí-pios que enfrentam a questão do lixo, do saneamento e da preser-vação de suas florestas. O Rio foi o estado que mais preservou nos úl-timos anos a Mata Atlântica. Tudo isso nos dá orgulho — concluiu.

O presidente da Telespazio, Marzio Laurenti, o empresário Mario Garnero e a presidente do Instituto Estadual do Ambiente, Marilene Ramos, visitaram o Par-que dos Atletas e fizeram palestras no Pavilhão da Itália. Alguns polí-ticos também estiveram no local (a convite do governo italiano), como os governadores de Goiás, Marco-ni Pirilo; do Acre, Tião Viana; do Amapá; Camilo Capiberibe; e de Pernambuco, Eduardo Campos — além do vice-prefeito do Rio, Carlos Alberto Muniz, e do secretário mu-nicipal de Habitação, Jorge Bittar.

— Investimos na Babilônia e no Chapéu Mangueira, no Leme, cerca de R$ 70 milhões. Estamos cons-truindo prédios e, ainda, uma via de serviço para permitir o desloca-mento das pessoas. Eu não posso ter uma boa coleta de lixo se não tiver acesso aos domicílios dessas comunidades. E é muito complexo você construir uma via de serviço em uma encosta íngreme com as características da Serra do Mar — observou o secretário.

O secretário de Habitação citou, ainda, a conquista do Selo Azul Ou-ro da Caixa Econômica Federal.

— É a máxima qualificação de uma habitação e isso, evidente-mente, abre as portas para nossos financiamentos — finalizou.

O secretário de Segurança Pública

do Rio, José Mariano Beltrame,

destaca o papel das Unidades de

Polícia Pacificadora para a melhoria da qualidade de vida nas comunidades

que eram dominadas pelo crime

O governador do Rio, Sérgio Cabral, anfitrião do evento, fala no Parque dos Atletas. O governador

de Pernambuco, Eduardo Campos, e o empresário Mario Garnero

visitaram o estande italiano. No local, o secretário de Habitação

do Rio, Jorge Bittar, falou sobre os programas de reurbanização de

comunidades, como o Morar Carioca

Mais de 40 pavilhões abrigaram exposições

abertas ao público de 16 empresas, 31

países, 17 estados, 18 cidades brasileiras,

15 organizações governamentais e 18

agências da ONU

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Entre os  44 pavi-lhões  montados no Parque dos Atletas, o espaço italiano desta-

cou-se e encantou os visitantes e a imprensa pela sustentabilida-de do seu design. Com painel de energia fotovoltaica desenvolvido pela Enel, garantindo a produ-ção de energia solar — paredes de bambu, cadeiras e mesas totalmen-te feitas com papelão e cortinas

feitas com cordas — o projeto foi assinado pelo Studio Archea, do ar-quiteto Marco Casamonti, em uma realização do Ministério italiano do Ambiente, em parceria com mais de 20 empresas, como Tim, Pirelli e Telespazio.

— Fizemos o projeto com a aju-da de tecnologia italiana, que usa materiais simples, e com painéis fotovoltaicos de última geração na parte externa. Oito arquitetos de nossa equipe prepararam o projeto, que ficou pronto em um mês — ex-plicou Casamonti à Comunità.

O bom gosto é sustentávelPavilhão da Itália no Parque dos Atletas encanta público com materiais totalmente reciclados e prova que beleza rima, sim, com sustentabilidade

SuStEntabilidadE

O ministro italiano Clini participou de diversas conferências que abordavam a sustentabilidade. O

presidente do Instituto-e e diretor de criação da Osklen, Oskar Metsavaht, mostrou ao público a linha de

produção ecológica da marca, que executa projetos com a parceria do Ministério italiano. O presidente da

Pirelli do Brasil, Paolo Dal Pino, apresentou os projetos que visam à redução das pegadas de carbono nas

linhas de produção da empresa

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Durante o evento, o ministro italiano Clini firmou um acordo com o Brasil para pro-mover a difusão da energia sustentável, sobretudo nos países em desenvolvi-

mento. Estabelecido com o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, e com o Ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, o programa prevê iniciativas conjuntas no se-tor de fontes de energia renováveis em países da África, como Moçambique e Etiópia. “As empresas italianas e brasileiras podem oferecer aos países em desenvolvimento ins-trumentos para reduzir suas dependências de fontes energéticas degradantes e custosas, e ajudar no crescimento econômico e social, que é a solução para a pobreza, um dos temas centrais da Rio+20”, lembra Clini.

Brasil e Itália levarão energia sustentável a países africanos

No alto, o chairman da Enel, Paolo Colombo, o presidente

do Fórum das Américas, Mario Garnero, e o embaixador Gherardo La Francesca.

Acima, o presidente da Região Lombardia, Roberto Formigoni, participa de conferência sobre

energia renovável

Cenas dos trabalhos de cons-trução da Casa Italia na Rio+20, que duraram 10 dias, foram mos-tradas ao público em um vídeo exibido nas telas do pavilhão, que contou com visitas de autoridades não apenas italianas, como brasilei-ras e estrangeiras — a exemplo do vice-presidente do comitê prepara-tório da conferência oficial, Paolo Soprano; dos governadores de Goiás, Marconi Pirilo; do Acre, Tião Via-na; do Amapá; Camilo Capiberibe; e de Pernambuco, Eduardo Cam-pos; do vice-prefeito do Rio, Carlos Alberto Muniz; de Mario Garnero, presidente do Fórum das Américas; da presidente do Instituto Estadual do Ambiente, Marilene Ramos; e do presidente da Lombardia, Roberto Formigoni. Durante palestra sobre energia sustentável, o chairman da Enel, Paolo Andrea Colombo, res-saltou a importância do Brasil e do continente latino-americano para o grupo, presente em 16 países:

— O Brasil é uma realida-de estratégica para o nosso grupo, principalmente com o atual

crescimento econômico e a esta-bilidade do governo e do sistema regulatório, fator fundamental pa-ra nós. Tenho orgulho de dizer que os painéis deste pavilhão foram re-alizados pela Enel, consentindo a economia de uma tonelada de gás carbônico — afirmou Colombo.

Durante os dez dias da Rio+20, o espaço made in Italy sediou cerca de 20 conferências que abordavam e discutiam projetos sustentáveis, dentro de campos variados, como agricultura, arquitetura, habita-ção, energia e monitoramento de pegadas de carbono na indústria. O projeto Embaixada Verde tam-bém foi apresentado ao público no primeiro dia, quando aconteceu o coquetel de abertura.

O embaixador italiano Ghe-rardo La Francesca mostrou-se satisfeito com o resultado do traba-lho realizado pelo governo e pelas empresas do país.

— Não é apenas opinião minha, mas de quem passou por aqui. Este pavilhão é o mais belo, é a mostra da melhor tecnologia e do melhor

bom gosto italiano. Ao mesmo tempo, dá extrema atenção à sus-tentabilidade. O conteúdo, com o melhor do empresariado italiano, demonstra que o país possui uma riqueza tecnológica de alto nível, um recurso que temos para enfren-tar os problemas ambientais.

A delegação gozava de um óti-mo prestígio durante a Rio+20, disse La Francesca.

— Dentro de meia hora, Cli-ni vai presidir a Assembleia Geral da Conferência, em substituição a Monti. O fato de que ele tenha sido escolhido pela organização é uma clara demonstração da estima e do prestígio da delegação italiana — comentou o embaixador, enquanto visitava o Parque dos Atletas.

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Dall’alto con stileArquiteto italiano autor do projeto de revitalização urbana de favelas cariocas inspirado nas cidades da Costa Amalfitana

conta à Comunità detalhes sobre seus planos

Architetto italiano autore del progetto di riqualificazine urbana delle favelas carioca ispirate alle città della Costiera

Amalfitana racconta dettagli sui suoi piani a Comunità

do altocom estilo

A tarefa parece impossível aos olhos dos mais céticos. No entanto, quando o arqui-teto Marco Casamonti recebeu, através do Studio Archea, do qual é um dos

quatro sócios, o desafio de realizar um projeto de re-modelamento urbano de duas comunidades do bairro do Leme, no Rio de Janeiro, Chapéu Mangueira e Ba-bilônia, inspirado nas cidades da Costa Amalfitana, acabou encontrando muitos pontos em comum entre a favela e o charmoso destino turístico de Positano. O projeto foi lançado durante a Rio+20, em confe-rência realizada no pavilhão italiano, com a presença do vice-prefeito Carlos Alberto Muniz, do secretário municipal de Habitação Jorge Bittar e do minsitro italiano do Ambiente Corrado Clini. O Studio Archea também assinou a elogiada estrutura italiana monta-da no Parque dos Atletas.

Para o profissional responsável por empreendi-mentos sustentáveis na Itália, na China e em Dubai, a sustentabilidade não é uma opção nem um discur-so futurístico, pois “o passado é um grande professor dos arquitetos de hoje”. O professor da Universida-de de Gênova lembra que os palácios renascentistas eram confortáveis em todas as estações, pois foram planejados de forma meticulosa em uma época em que não havia aquecedor ou ar condicionado.

Cintia Salomão Castro

Casamonti visita uma comunidade do Rio,

acompanhado do ministro italiano Clini

Casamonti visita una comunità seguito dal ministro italiano Clini

I l compito sembra impossibile agli occhi dei più scettici. Ma quando l’architetto Marco Ca-samonti ha ricevuto, per mezzo dello Studio Archea di cui è socio con altri tre colleghi, la

sfida di realizzare un progetto di rimodellamento ur-bano di due comunità del quartiere di Leme, a Rio de Janeiro, Chapéu Mangueira e Babilônia, ispirato alle città della Costiera Amalfitana, ha finito col trovare molti punti in comune tra la favela e l’affascinante meta turistica di Positano. Il progetto è stato lan-ciato durante la Rio+20 in una conferenza realizzata nel padiglione italiano con la presenza del vice sin-daco Carlos Alberto Muniz, del segretario comunale di Abitazione, Jorge Bittar, e del ministro italiano dell’Ambiente, Corrado Clini. Lo Studio Archea ha anche firmato l’approvatissima struttura italiana montata nel Parque dos Atletas.

Secondo il professionista, responsabile di im-prendimenti sostenibili in Italia, in Cina e a Dubai, la sostenibilità non è un’opzione, né un discorso fu-turistico visto che “il passato è un grande maestro degli architetti di oggi”. Il professore dell’Università di Genova ricorda che i palazzi rinascimentali erano confortevoli in tutte le stagioni perché erano piani-ficati in maniera meticolosa, in un’epoca in cui non c’erano i riscaldamenti e i climatizzatori.

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— A sustentabilidade no passado era uma exi-gência. Todas as arquiteturas deviam render a vida qualitativa sem o uso de energia. Por milhares de anos, fizemos edifícios que não consumiam energia, e contá-vamos com elementos naturais como o sol e o vento. A introdução da energia elétrica fez perder esse conheci-mento. Confiamos nos recursos que veem da energia, mas agora estamos descobrindo as consequências ne-gativas do uso de energias de fontes fósseis. Acredito na união entre memória e inovação, tradição e futuro.

Ele defende que o terreno virgem deve ser usado somente quando não há outra alternativa.

— Há uma responsabilidade ética do arquiteto de evitar construir em terreno virgem, e utilizar terrenos já urbanizados e reformar edifícios já construídos. É absolutamente necessário conservar o solo.

A ideia do projeto nasceu de um encontro entre o prefeito do Rio Eduardo Paes e o ministro italiano do Ambiente Corrado Clini, ocorrido no final de 2011. As autoridades fluminenses queriam entender de que modo a tecnologia italiana poderia contribuir para que as comunidades informais cariocas pudessem ter a visibilidade, a beleza, o charme e a sustentabilidade da costa amalfitana.

— O ministério italiano solicitou ao Fórum das Américas, presidido por Mario Garnero, que fizes-se uma proposta para desenvolver o projeto, tarefa confiada ao Studio Archea. Foram envolvidos outros arquitetos da Universidade de Gênova para desenhar uma proposta de reforma das comunidades de Chapéu Mangueira e Babilônia sem destruí-las ou demoli-las, acolhendo os aspectos positivos dessas comunidades, que são muitos, como a ausência de poluição sonora. Quem mora nos edifícios da Avenida Atlântica, de

Capa arquitEtura

Os presidentes das associações de moradores das comunidades da Babilônia e do Chapéu Mangueira — que já estão sendo beneficiadas pelo programa Morar Carioca Verde, reali-

zado pela prefeitura com a construção de moradias sustentáveis — afirmaram à Comunità que não foram procurados oficialmente por ninguém para falar sobre o projeto italiano. Apesar disso, Carlos Antônio Pereira, representante dos moradores da Babilônia, ressalta que “qualquer projeto que visa a melhoria da qualidade de vida dos habitantes da comunidade é bem-vindo”.

— As moradias construídas sem nenhum tipo de orientação, nem de arquitetos nem de engenheiros, ou sem eletricidade e circulação de ar, construídas umas sobre as outras, estão entre os nossos problemas mais graves. No campo da violência, posso dizer que, desde a instalação da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), em 2009, tivemos apenas um homicídio na comunidade. Durante a Rio+20, inclusive, recebemos a visita do primeiro ministro da Dinamarca e do prefeito de Nova York — conta.

O que quer a comunidade

— In passato, la sostenibilità era un’esigenza. Tutte le architetture dovevano rendere la vita qua-litativa senza l’uso di energia. Per migliaia di anni, abbiamo fatto edifici che non usavano l’energia e con-tavamo su elementi naturali come il sole e il vento. L’introduzione dell’energia elettrica ha fatto sí che si perdessero queste conoscenze. Ci siamo fidati delle risorse oriunde dall’energia, ma ora stiamo scopren-do le conseguenze negative dell’uso di energie di fonti fossili. Credo all’unione tra memoria e innova-zione, tradizione e futuro.

L’architetto dice che il terreno vergine dev’essere usato solo quando non ci sono alternative.

— L’architetto ha la responsabilità etica di evita-re di costruire su terreni vergini, di usare terreni già urbanizzati e di ristrutturare edifici già costruiti. È assolutamente necessario conservare il suolo.

L’idea del progetto è nata da un incontro tra il sindaco di Rio, Eduardo Paes, e il ministro italiano dell’Ambiente, Corrado Clini, avutosi alla fine del 2011. Le autorità fluminensi volevano capire in che modo la tecnologia italiana avrebbe potuto contribui-re affinché le comunità informali carioca potessero avere la visibilità, la bellezza, il fascino e la sostenibi-lità della Costiera Amalfitana.

— Il ministero italiano ha richiesto al Forum del-le Americhe, presieduto da Mario Garnero, che fosse presentata una proposta per ideare il progetto, com-pito affidato allo Studio Archea. Sono stati coinvolti altri architetti dell’Università di Genova per disegna-re una proposta di ristrutturazione delle comunità di Chapéu Mangueira e Babilônia senza distruggerle né demolirle, accogliendo gli aspetti positivi di queste comunità, che sono tanti, come l’assenza di inqui-namento sonoro. Chi abita negli edifici dell’Avenida Atlântica, di fronte al mare, si sveglia con il rumore

A vista do alto da favela Chapéu Mangueira e de um terraço na cidade turística de

Positano: muitos pontos urbanísticos em comum

na visão do arquiteto

La vista dall’alto della comunità al Leme e da un terrazzo nella

città turistica Positano: molti luoghi urbanistici

in comune secondo l’architetto

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frente para o mar, acorda com o barulho dos carros, mas, nessas comunidades, felizmente, não há esse ti-po de poluição.

Sentimento de appartenenza em comum com os italianos O projeto, que contou com a consultoria de outro arquiteto italiano, Mario Occhiuto, e do engenheiro Sandro Favero, baseia-se em cinco princípios: en-trar, locomover-se, morar, relacionar-se e viver de forma sustentável. Para Casamonti, que dirige a re-vista Area, uma publicação internacional dedicada à arquitetura do grupo Sole 24 Ore, entre os aspectos positivos das favelas, onde esteve algumas vezes e conversou com moradores, está o sentido de appar-tenenza – palavra que expressa bem o sentimento muito forte entre os italianos de pertencer a uma co-munidade ou a uma cidade.

— Os moradores do Chapéu Mangueira e Babilônia desejam fortemente continuar vivendo no local, mes-mo que não haja esgoto ou água potável. Ninguém quer deixar a favela. Todos amam o lugar, que querem ver melhorado, mas não deixá-lo. Isso é extraordinário, pois

I presidenti delle associazioni di abitanti delle comunità di Babilônia e Chapéu Mangueira – inc-luse nel programma Morar Carioca Verde realizzato dal comune con la costruzione di abitazioni

sostenibili – hanno detto a Comunità che ancora nessuno le ha cercate ufficialmente per discu-tere il progetto italiano. Malgrado ciò, Carlos Antônio Pereira, rappresentante degli abitanti della Babilônia, mette in risalto il fatto che “qualsiasi progetto mirato a migliorare la qualità di vita degli abitanti della comunità è benvenuto”.

— Le abitazioni costruite senza nessun tipo di orientamento, né di architetti, né di ingegneri, o senza elettricità e circolazione d’aria, costru-ite una sull’altra, sono tra i nostri problemi più gravi. Parlando di violenza posso dire che, fin dall’istallazione della UPP (Unità di Polizia di Pacificazione) nel 2009 abbiamo avuto solo un omicidio nella comunità. Durante la Rio+20 ab-biamo ricevuto anche la visita del primo minis-tro della Danimarca e del sindaco di New York — racconta.

Cosa vuole la comunità

delle auto, ma in queste comunità, per fortuna, non c’è questo tipo di inquinamento.

Sentimento di appartenenza in comune con gli italiani Il progetto, che ha contato sulla consulenza di un altro architetto italiano, Mario Occhiuto, e dell’ingegnere Sandro Favero, si basa su cinque prin-cipi: entrare, muoversi, abitare, rapportarsi con gli altri e vivere in modo sostenibile. Per Casamonti, che dirige la rivista Area, pubblicazione internazionale di architettura del gruppo Sole 24 Ore, tra gli aspet-ti positivi delle favelas, in cui è stato qualche volta quando ha parlato con abitanti locali, si riscontra il senso di appartenenza – parola che esprime bene il sentimento molto forte tra gli italiani di appartenere ad una comunità o ad una città.

— Gli abitanti di Chapéu Mangueira e Babilô-nia vogliono assolutamente continuare a vivere sul posto, anche se non ci sono acqua potabile e fogne. Nessuno vuole lasciare la favela. Tutti amano il posto, che vogliono vedere migliorato, ma non lasciarlo. Ciò è straordinario, visto che esprime il senso di apparte-nenza. In Italia abbiamo questo sentimento di essere, della comunità, interprete, essenza. La storia e la cul-tura di ogni luogo sono valori che non devono essere persi. Perciò il nostro progetto non vuole distruggere niente, ma sí arricchire e migliorare.

A quali città italiane somiglia di più Chapéu Mangueira? Marco Casamonti, nato nella capitale del Rinascimento, Firenze, crede che “tutti i cen-tri italiani più piccoli, con stradine strette solo per pedoni e dalla densità demografica simile, siano modelli che possono servire da esempio”. Decenni fa, molti luoghi dello Stivale sembravano una fave-la brasiliana perché non contavano sul risanamento basico o sull’elettricità, ricorda lui, citando l’esempio dello spopolamento, avutosi negli anni ’50, dei Sassi di Matera.

Sito nella Basilicata, l’insieme di grotte occupate dall’uomo per migliaia di anni, divenuto Patrimo-nio dell’Umanità nel 1993, presenta un ecosistema urbano che testimonia il modo di abitare in caver-ne dalla preistoria fino alla modernità, con l’uso di risorse naturali come acqua, suolo e energia. Di fron-te all’infima qualità di vita e ai problemi sanitari, il governo italiano construí un nuovo quartiere fuori Matera, La Martella, per trasferirci gli abitanti.

— Fu un’operazione infelice, che lasciò total-mente abbandonate le grotte. Poco a poco le persone

O funicular em Gênova serve de referência para o projeto de mobilidade

em locais íngremes

La funiculare a Genova è riferimento per il

progetto di mobilità in luoghi di difficile accesso

“Os moradores das comunidades cariocas desejam fortemente continuar vivendo no local.

Ninguém quer deixar a favela. Isso é extraordinário, pois expressa o

sentido de appartenenza, que nós, italianos, tanto cultivamos”

“Gli abitanti delle comunità carioca vogliono assolutamente continuare a vivere sul posto. Nessuno vuole lasciare la favela. Ciò è straordinario visto che esprime il senso di appartenenza che noi italiani apprezziamo tanto”

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hanno cominciato a sentire un richiamo e sono volu-te tornare a viverci. Oggi i Sassi di Matera sono uno dei posti più belli d’Italia. Spero che questo possa ac-cadere nelle comunità di Rio.

Dalle loro case gli abitanti delle comunità Cha-péu Mangueira e Babilônia godono di un panorama incantevole della spiaggia di Copacabana, uno dei fattori che ha affascinato l’architetto italiano. Ma la maggior parte delle favelas della capitale fluminense si trova nelle zone nord o ovest della città, lontane dai biglietti da visita come Ipanema. Casamonti ri-conosce di non essere mai stato in comunità in altre parti di Rio, ma dice che, malgrado ciò, il fatto che siano state auto-costruite è un elemento positivo.

— È chiaro che se uno ha la possibilità di vivere lungo l’Avenida Atlêntica, di fronte al mare, la bel-lezza del panorama cancella qualsiasi pensiero. Ma non di chi abita in mezzo al traffico o sul retro di un ottavo piano. Se togli dalla comunità i suoi aspetti negativi, come la criminalità, la sporcizia e i rifiuti ab-bandonati, il suo modello urbano è migliore di quello della città formale. Persino grazie alla minor densità abitativa ed al fatto che un edificio lí ha, al massimo, quattro piani, mentre nella città regolare arriva a 15, 20, con una densità più pesante. Tu puoi scendere con un bambino e camminare liberamente in una co-munità. Invece, facendo questo nella città formale, si rischia la vita.

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expressa o sentido de appartenenza. Na Itália, possuí-mos esse sentimento de ser, da comunidade, intérprete, essência. A história e a cultura de cada local são valores que não devem ser perdidos. Por isso, nosso projeto na-da pretende destruir, mas sim enriquecer e melhorar.

Quais cidades italianas se parecem mais com Chapéu Mangueira? Marco Casamonti, nascido na ca-pital do Renascimento, Florença, acredita que “todos os centros italianos menores com estradas pequenas e estreitas exclusivas para pedestres e com densidade demográfica parecida são modelos que podem servir de exemplos”. Décadas atrás, muitas localidades da Bota pareciam uma favela brasileira, por não contarem com saneamento básico ou eletricidade, recorda, citando o exemplo do despovoamento, ocorrido nos anos 1950, de Sassi di Mattera. Situada na região da Basilicata, o complexo de grutas ocupadas pelo homem durante mi-lhares de anos e patrimônio da humanidade desde 1993 apresenta um ecossistema urbano que testemunha o modo de habitar em cavernas desde a pré-história até a modernidade, com o uso de recursos naturais como água, solo e energia. Diante da baixa qualidade de vi-da e problemas sanitários, o governo italiano construiu um novo bairro fora de Matera, o quartiere La Martella, para onde transferiu os moradores.

— Foi uma operação infeliz, que deixou totalmen-te abandonadas as grutas. Aos poucos, as pessoas começaram a sentir um chamado, e quiseram retor-nar a viver ali. Hoje, Sassi di Mattera é um dos lugares mais bonitos da Itália. Espero que isso possa aconte-cer nas comunidades do Rio.

De suas casas, os moradores das comunidades Cha-péu Mangueira e Babilônia têm uma vista deslumbrante da praia de Copacabana, fator que encantou o arquiteto italiano. No entanto, a maior parte das favelas da capital fluminense está situada nas zonas norte ou oeste da cida-de, longe de cartões-postais como Ipanema. Casamonti

Colletta di Castelbianco, na Ligúria, o primeiro burgo italiano 100% coberto com cabos telemáticos, serve

de inspiração para o projeto elaborado para

a favela carioca

“Se você retira os elementos negativos, o modelo urbano da

comunidade é melhor do que o da cidade formal”,

defende o arquiteto italiano Casamonti, que acompanhou o ministro Clini em visita à favela

Colletta di Castelbianco, in Liguria, primo borgo

italiano al 100% con copertura di cavi

telematici, serve da ispirazione al progetto

ideato per la favela carioca

“Se tu togli gli elementi negativi, il modello

urbano della comunità è migliore di quello della città formale”,

dice l’architetto italiano Casamonti, che ha

seguito il ministro Clini in visita alla favela

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Critiche alla speculazione Il socio dello Studio Archea critica anche la speculazio-ne immobiliaria italiana, che ha creato le periferie nel Belpaese, le cui città sono cresciute molto negli ultimi decenni e sono divenute luoghi “difficili da abitare”.

— Il Brasile deve imparare con queste esperienze negative italiane. Non si può costruire palazzoni senza pensare alla qualità di vita, mettendo a fuoco la quan-tità di metri quadrati. È ciò che stanno facendo nel programa Minha Casa, Minha Vida. Dal punto di vista sociale è meraviglioso. Ma è incentrato sulla quantità e sulla costruzione di case tutte uguali e ripetitive, sen-za qualità urbana, senza negozi, senza piazze. Sarà la favela del domani. Va bene che si risolve un problema immediato, ma se ne crea un altro nel futuro.

Marco classifica l’architettura brasiliana come “straordinaria, ma cosí straordinaria da essere trop-po straordinaria”.

— Non si può fare una città di soli monumenti. È quello che ci insegna Brasília. Dev’essere fatta di edifici straordinari e ordinari. In questo senso il mu-numento si valorizza, è un’eccellenza, un landmark in un insieme armonico fatto di elementi semplici. Ma se tutto l’insieme è straordinario, la città non c’è.

E constata che l’esperienza brasiliana ha puntato molto sulla modernità. Però oggi qualcuno dei suoi simboli si dimostra debole, come le macchine e il lo-ro uso compulsivo, una realtà della Capitale Federale, analizza l’italiano.

reconhece que nunca esteve em comunidades em outras partes do Rio, mas afirma que, mesmo assim, o fato de que sejam autoconstruídas é um elemento positivo.

— Claro que, se você tem a possibilidade de viver na Avenida Atlântica, de frente para o mar, a beleza do panorama cancela qualquer pensamento. Mas não para quem mora em meio ao tráfego ou nos fundos do oitavo andar. Se você retira da comunidade os elemen-tos negativos, como a criminalidade, a sujeira e o lixo abandonado, o seu modelo urbano é melhor do que o da cidade formal. Até pela menor densidade habitacional e pelo fato de que um edifício ali tem no máximo três, qua-tro andares, enquanto na cidade regular chega a 15, 20, com uma densidade mais pesada. Você pode descer com uma criança e caminhar livremente em uma comunida-de. Porém, se faz isso na cidade formal, arrisca a vida.

Críticas à especulação O sócio do Studio Archea também critica a especu-lação imobiliária italiana que criou a periferia no Belpaese, cujas cidades cresceram muito nas últimas décadas, sendo lugares “difíceis de se habitar”.

— O Brasil deve aprender com essa experiência negativa italiana. Não se pode construir enormes edifícios de uma só vez sem pensar em qualidade da vida, focando a quantidade de metros quadrados. Is-

so está sendo feito no programa Minha Casa Minha Vida. É maravilhoso do ponto de vista social. No en-tanto, está centrado na quantidade e na construção de casas todas iguais e repetitivas, sem qualidade ur-bana, sem lojas, sem praças. Será a favela de amanhã. Tudo bem que se resolve um problema imediato, mas cria-se um outro no futuro.

“Nós aceitamos o desafio de fa-zer do Leme Positano”. Assim

resumiu o ministro italiano Corrado Clini, durante a conferência de apresentação do projeto Abitare la comunità, no oitavo dia da Rio+20.

O CEO da Intelig, Antonino Ruggie-ro, falou sobre uma nova rede de dados wi-fi, cuja implantação nas comunidades está prevista na iniciativa. A intenção é fornecer acesso gratuito à internet através da arquitetura wesh wireless network, mesmo sistema usado no pro-grama Tim Wi-Fi da Rocinha.

— Os brasileiros são muito curiosos e estão entre os maiores internautas do mundo. Nossa experiência na Rocinha foi maravilhosa. O Brasil será uma grande

potência e vamos acompanhar esse pro-cesso — comentou o executivo italiano. Outra empresa que apoia a iniciativa é a Telespazio, encarregada de realizar o monitoramento por satélite de toda a área, segundo o projeto.

O vice-prefeito do Rio, Carlos Alber-to Muniz, explicou à Comunità que os próximos passos já estão sendo ensaia-dos. Ele espera que a execução comece ainda em 2012.

— Propusemos à Embaixada italiana que ajudasse a firmar um convênio entre duas cidades, o Rio e uma cidade na Costa Amalfitana. Depois, veremos como cada uma vai contribuir para executarmos a complementaridade do trabalho habitacio-nal que a prefeitura já está fazendo no local.

O secretário municipal de Habita-ção do Rio, Jorge Bittar, participou da conferência no Pavilhão italiano e res-saltou a semelhança geográfica entre as paisagens cariocas e o litoral meridional da Itália.

— A partir da experiência do Morar Carioca, desenvolvemos um diálogo com os italianos, introduzindo características de sustentabilidade ambiental. E os ita-lianos, que têm uma escola fantástica, estão fortemente impregnados com os ideais da sustentabilidade. A contribui-ção que eles têm a dar aos nossos proje-tos é muito grande, devido à experiência nas encostas do Mediterrâneo. Boa parte dela pode ser adotada aqui, levando em conta, claro, nossa cultura e nossos cos-

tumes que, afinal, não são tão diferentes dos italianos; afinal, somos latinos — disse à Comunità.

O montante e a fonte do financia-mento são pontos que ainda devem ser discutidos, informa Bittar.

— Vamos ver quais as empresas ita-lianas poderão ser agregadas ao projeto, como Tim e a Intelig, que já cooperam com a prefeitura em outros programas. Qual será a cidade amalfitana da parceria é outro ponto ainda a ser estabelecido.

Solucionar o passivo habitacional nas médias e grandes cidades brasilei-ras, consequência das imensas desigual-dades sociais do país, constitui um gran-de desafio para as autoridades, lembra o secretário.

Rede wi-fi e monitoramento por satélite

“O Brasil deve aprender com a experiência negativa italiana.

Não se pode construir enormes edifícios de uma só vez sem pensar

em qualidade da vida, focando a quantidade de metros quadrados. Isso está sendo feito no programa

Minha Casa Minha Vida”

“Il Brasile deve imparare con l’esperienza italiana. Non si possono costruire enormi edifici in una volta senza pensare alla qualità di vita, mirando la quantità di metri quadrati. È ciò che si sta facendo nel programma Minha Casa Minha Vida”

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Marco classifica a arquitetura brasileira como “ex-traordinária, mas tão extraordinária, a ponto de ser extraordinária demais”.

— Não se pode fazer uma cidade de monumentos apenas. Isto nos ensina Brasília. Ela deve ser feita de edifícios extraordinários e ordinários. Neste sentido, o monumento se valoriza, é uma excelência, um lan-dmark em um conjunto harmônico de elementos simples. Porém, se tudo é um complexo extraordiná-rio, não existe a cidade.

A experiência brasileira apostou muito na moderni-dade, constata. Porém, alguns de seus símbolos hoje se mostram fracos, como o uso compulsório do automó-vel, uma realidade da Capital Federal, analisa o italiano.

— Hoje, as pessoas querem caminhar, tomar um café ou um suco perto de casa, e não ir à garagem pegar o carro. Isto não é sustentável. A utopia da modernida-de, que enxergava no carro a solução, revela hoje a sua fraqueza: o carro constitui um problema para a cidade e não mais uma oportunidade.

Casamonti lembra que existem excelentes ar-quitetos no Brasil, além de Niemeyer, citando Paulo Mendes da Rocha, que venceu o Pritzker em 2006, o maior reconhecimento para um profissional no mun-do. A arquitetura brasileira é maravilhosa, repete o italiano, mas “é necessário debater e confrontar esta beleza com uma ideia mais contemporânea do viver e do habitar”.

— Oggi la gente vuole camminare, prendersi un caffé o un succo vicino casa, e non andare in garage a prendere la macchina. Questo non è sostenibile. L’utopia della modernità, che vedeva nelle auto la soluzione, oggigiorno rivela la sua debolezza: la mac-china costituisce un problema per la città, e non più un’opportunità.

Casamonti ricorda che oltre a Niemeyer ci sono altri eccellenti architetti in Brasile, ricordando che Paulo Mendes da Rocha ha vinto il Pritzker nel 2006, che è il maggior riconoscimento al mondo per un pro-fessionista. L’architettura brasiliana è meravigliosa, ripete l’italiano, ma “bisogna dibattere e confronta-re questa bellezza con un’idea più contemporanea del vivere e dell’abitare”.

“Accettiamo la sfida di trasfor-mare il Leme in Positano”.

Questo è stato il riassunto del ministro Corrado Clini durante la conferenza di presentazione del progetto Abitare la comunità, l’ottavo giorno della Rio+20.

Il CEO della Intelig, Antonino Rug-giero, ha parlato di una nuova rete di dati wi-fi, il cui avvio nelle comunità è previsto nell’iniziativa. Con ciò si pensa di fornire accesso gratuito ad internet grazie all’architettura wesh wireless network, stesso sistema usato nel pro-gramma Tim Wi-Fi della Rocinha.

— I brasiliani sono molto curiosi e sono tra i maggior internauti del mondo. La nostra esperienza nella Rocinha è stata meravigliosa. Il Brasile sarà una

grande potenza e seguiremo questo proc-esso – ha commentato il dirigente italiano. Un’altra impresa ad appoggiare l’iniziativa è Telespazio, incaricata di realizzare il monitoraggio satellitare di tutta l’area.

Il vice sindaco di Rio, Carlos Alberto Muniz, ha spiegato a Comunità che i prossimi passi sono già in fase di prova. E spera che la messa in opera inizi entro il 2012.

— Per facilitare le cose abbiamo proposto all’Ambasciata italiana che aiutasse a firmare un accordo tra le due città, Rio e una città della Costiera Amal-fitana. Dopodiché vedremo come ognuno potrà contribuire per mettere in pratica la complementarità del lavoro abitativo che il municipio sta già facendo sul posto.

Il segretario comunale di Abitazione di Rio, Jorge Bittar, ha partecipato alla conferenza nel Padiglione italiano e ha messo in risalto la somiglianza geogra-fica tra il paesaggio carioca e il litorale meridionale italiano.

— Partendo dall’esperienza del Morar Carioca abbiamo aperto un di-alogo con gli italiani introducendo car-atteristiche di sostenibilità ambientale. E gli italiani, che vantano una scuola fantastica, sono fortemente impregnati degli ideali della sostenibilità. Il contrib-uto che hanno da dare ai nostri progetti è molto grande dovuto all’esperienza sulle coste del Mediterraneo. Gran parte di esse può essere adottata qui, considerando, è chiaro, la nostra cul-

tura e i nostri costumi che, oltretutto, non sono cosí diversi da quelli italiani; in fondo, siamo latini — ha detto a Comunità.

La somma e la fonte dei finanzia-menti sono punti che devono essere an-cora discussi, dice Bittar.

— Vedremo quali imprese italiane potranno essere aggregate al progetto, come Tim e Intelig, che già cooperano con il comune in altri programmi. Inoltre dev’essere ancora stabilito quale sarà la città amalfitana partner. Risolvere il pas-sivo abitativo nelle medie e grandi città brasiliane, conseguenza delle immense disuguaglianze sociali del Paese, costi-tuisce una grande sfida per le autorità, ricorda il segretario.

Rete wi-fi e monitoraggio satellitare

O arquiteto italiano conversou com moradores das

comunidades, que também receberam a

visita do ministro do Ambiente Corrado Clini

L’architetto italiano ha parlato con gli abitanti

delle comunità, che hanno ricevuto anche

la visita del ministro dell’Ambiente Corrado Clini

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Para discutir propostas sus-tentáveis para as várias cidades do mundo, o Fó-rum Humanidade 2012

promoveu a Cúpula dos Prefeitos do Climate Leadership Group, conhecido como o grupo C-40. No evento, lí-deres mundiais discutiram medidas para enfrentar as mudanças climá-ticas e outros problemas urbanos. Juntas, as cidades respondem por 21% do PIB mundial e somam 544 milhões de habitantes, números que demonstram a importância do grupo. Os prefeitos de Nova York, Michael Bloomberg; do Rio, Eduardo Paes; e de São Paulo, Gilberto Kassab, foram alguns dos políticos que com-pareceram ao evento. Os prefeitos de Milão e Roma, Giuliano Pisapia e Gianni Alemanno, fazem parte do C-40 e compartilharam das decisões anunciadas, mas não compareceram ao evento na capital fluminense.

O tema principal do evento, po-rém, foi a redução da emissão de gases de efeito estufa: os prefeitos assinaram um acordo que prevê a sua redução em 400 milhões de toneladas até 2020 e em 1 bilhão de tonela-das até 2030. A decisão faz parte do documento enviado aos chefes de Es-tado que participaram da Conferência Ambiental da ONU. O histórico de poluição assusta. Somente em 2010, foram lançadas 1,7 bilhão de tonela-das de gases poluentes na atmosfera das 59 cidades do grupo.

A proposta de redução dos ga-ses foi apresentada pelo prefeito de Nova York e também presidente do C-40, Michael Bloomberg. O repre-sentante americano ressaltou que as ações sustentáveis são menos dispendiosas e que, a longo prazo, podem prevenir muitas situações problemáticas para as cidades.

— Desde a conferência de 1992, os governos federais foram incapa-zes de se reunir e fazer algo. Mas as cidades têm feito. Elas não podem apenas se sentar e ficar discutindo

legislação com metas para daqui a 20 ou 30 anos. Seria mais barato con-verter o plano de energia com uso de carvão para gás natural, ou parar de poluir a água para não ter que filtrá-la. Seria muito melhor se dei-xássemos de poluir para depois não termos que gastar dinheiro retiran-do essa poluição do ambiente. Estão sendo feitos muitos esforços na dire-ção da bioeficiência. Acho que esse é um novo conceito a ser implantado no mundo — ressaltou Bloomberg.

Criado em 2005 pelo prefeito de Londres Ken Livingstone, o grupo C-40 ganhou impulso por meio da parceria com a fundação Clinton Cli-mate Initiative (CCI), em 2006. Seus projetos visam o aumento do acesso à energia limpa, a redução do desflo-restamento e a redução da emissão de carbono em cidades. Diminuir a dependência de combustíveis fós-seis e interromper a emissão de gases dos aterros eliminando os li-xões também são metas deles.

O ex-presidente dos Estados Uni-dos Bill Clinton participou da abertura do encontro por videoconferência. Ele

ressaltou que as cidades são respon-sáveis por 75% das emissões de gás carbônico do planeta. Clinton tam-bém falou da necessidade da troca da iluminação pública por luzes LED, da recertificação de prédios públicos e escolas, e da substituição do trans-porte público movido a combustíveis fósseis por fontes mais limpas, como o biocombustível.

Projetos urbanísticos do Rio são apresentados O prefeito anfitrião, Eduardo Paes, propôs a criação de metas parciais que devem apresentar resultados dentro do tempo proposto. Um dos pontos defendidos por Paes é a di-minuição, para todos os integrantes do C-40, de 12% dos gases estufa até 2016. Paes alega que o objetivo pode ser alcançado, no Rio, com o fechamento do aterro sanitário de Gramacho, que aconteceu em junho, e através da instalação dos BRTs, os corredores exclusivos para ônibus. De acordo com a pesquisa do Carbon Disclousure Project (CDP), 64% das iniciativas climáticas são financiadas pelas cidades. Por isso, ele considera que as decisões dos prefeitos inde-pendem da conferência oficial.

— Toda vez em que emitimos gases de efeito estufa, estamos aquecendo a camada de ozônio, au-mentando as temperaturas e o nível dos oceanos. No final do dia, são os prefeitos que sentem na pele. Ci-dades como o Rio e São Paulo têm chuvas cada vez mais intensas e problemáticas. Seria muito confor-tável esperar que chefes de Estado fizessem tudo. Os prefeitos podem ir tomando atitudes, independente-mente dos grandes acordos — disse.

Paes acrescentou que, pelo fato de sediar a Conferência Ambien-tal da ONU e por abrigar eventos como a Copa do Mundo e as Olim-píadas, a cidade se vê obrigada a cumprir os compromissos assumi-dos na Cúpula dos Prefeitos.

Ao longo do encontro, também discutiu-se a reestruturação dos transportes e a revisão do conceito de mobilidade. Foram apresentados o projeto de revitalização da zona portuária do Rio e o programa de reurbanização de comunidades ca-riocas. O vice-prefeito e secretário municipal de Meio Ambiente, Car-los Alberto Muniz, enfatizou que esses projetos são exemplos de re-ordenação da população nas áreas mais pobres, e que grandes eventos como as Olimpíadas ajudam a con-cretizar esses planos de melhorias para a cidade.

Em busca de ares melhoresPrefeitos do C-40 firmam acordo para reduzir os gases de efeito estufa em 1 bilhão de toneladas até 2030

Nathielle Hó

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O prefeito do Rio Eduardo

Paes destacou a importância

da cidade como sede de grandes

eventos esportivos e os projetos de reurbanização e

transporte

MEio aMbiEntE

comunitàitaliana | ju lho 2012 29

Page 30: Revista Comunità Italiana Edição 168

O italiano Paolo So-prano ocupou a vice-presidência do co-mitê preparatório da

Rio+20 como representante do gru-po dos países da Europa ocidental. Diretor do departamento de de-senvolvimento sustentável, clima e energia do Ministério italiano do Meio Ambiente, é pesquisador da Universidade La Sapienza e visi-tou o Pavilhão italiano montado no Parque dos Atletas, onde conversou com o ministro Clini. Em entre-vista exclusiva, concedida durante a conferência, contou à Comuni-tàItaliana como foi o processo de negociação do documento, para o qual foram realizadas três reuniões: duas em Nova York, sede da ONU, em 2011, e no Rio, poucos dias an-tes do início oficial da conferência. Apesar das críticas de ambientalis-tas, que classificaram o resultado da cimeira como um fracasso e o documento como “tímido demais”, Soprano se mostrou satisfeito com o texto aprovado durante as nego-ciações.

ComunitàItaliana - Como foi o processo de conclusão do documento da Rio+20?Paulo Soprano - Os trabalhos foram concluídos com grande suces-so. O documento contém aspectos inovadores e importantes elemen-tos que visam a transformação da economia em uma economia verde, sustentável e ecológica. Há elemen-tos de transformação do sistema institucional, em um processo que terá início durante a Assembleia Geral da ONU e que levará a uma renovação e a um reforço da agen-da de desenvolvimento sustentável

MEio aMbiEntE

Novos equilíbriosDiretor do Ministério italiano do ambiente defende que as economias emergentes, como Brasil, China e Índia, assumam novas responsabilidades financeiras em relação ao desenvolvimento sustentável mundial

Cintia Salomão Castro

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como algo transversal ao sistema das Nações Unidas. É necessário que sejam definidos indicadores para se medir o progresso em direção ao desenvolvimento sustentável, com-plementares aos índices do produto interno bruto com o qual medimos o bem-estar e o processo de cresci-mento. O PIB é unicamente ligado ao crescimento em termos financeiros. Deverá ser buscado um conjunto de indicadores que meçam também a qualidade no plano de desenvolvi-mento e no plano social.

CI - Qual sua opinião sobre as críticas de ambientalis-tas à economia verde, de que seria uma nova roupa-gem do capitalismo?PS - Houve discussões polêmicas sobre o assunto durante o processo preparatório da Rio+20. Muitos pa-íses em desenvolvimento colocaram o problema dentro das definições fundamentais da nova economia. De qualquer forma, esse será um pro-cesso muito longo. Quando se fala em transformação da economia, é importante que seja enfatizado o pa-pel dos investimentos privados, que constituem o motor do mercado e do desenvolvimento econômico. Agora, é necessário que os governos façam a sua parte, criando quadros regula-mentares e instrumentos de controle por meio da legislação, para que a economia verde seja incentivada e se torne fonte de lucro e sinal de melhor avanço em campo social com a ges-tão mais responsável dos recursos naturais. A economia verde é uma oportunidade. Os setores da green economy na Itália e na Europa são os únicos setores em crescimento e ex-pansão, ao contrário de outros que estão parados. Parágrafos conclusivos no texto da negociação estabelecem os mecanismos para favorecer a transferência de tecnologia, sempre com uma ênfase nos instrumentos financeiros inovadores. Sabemos que a União Europeia, assim como todos os países doadores, encontram-se em uma situação aguda de crise, o que co-locou em dificuldade as negociações do desenvolvimento sustentável.

CI - Brasil e Itália convergiram em seus posicionamentos? PS - No plano bilateral, a Itália tem ótima relação com o Brasil, com co-laborações em particular no campo ambiental. O Ministério estabeleceu uma série de programas, seja com o governo federal, seja com alguns governos estaduais e prefeituras, como Rio, Pernambuco e São Paulo.

É conhecida a importância de empresas italianas que contribuem com o PIB brasileiro e com a fase expansiva da economia brasileira. Com essas bases, construiu-se uma relação bilateral com atuação concreta, e tecnolo-gias e inovação com uso em comum. Claro que o Brasil representa interesses um pouco diferentes, pois a Itália faz parte da dimensão política da União Europeia que, neste momento, não está em condições de oferecer re-cursos financeiros a países em desenvolvimento. De qualquer forma, (a UE) continua sendo o primeiro doador e contribuinte do sistema da ONU, que produz projetos, programas e atividades dedicados ao desenvolvimento.

CI - Como as mudanças econômicas globais influenciaram a conferência?PS - O mundo é muito diferente do que era há 20 anos. Dentro dos processos de negociação multilaterais, infe-lizmente, o debate, não está atualizado. Na conferência de 1992, a agenda do desenvolvimento estava dividida substancialmente em dois blocos: os países doadores e os países em vias de desenvolvimento. Hoje, não pode-mos mais considerar Brasil, China, Índia ou África do Sul como países em vias de desenvolvimento. É evidente que são economias com grandes problemas internos, mas apresentam um dinamismo fortíssimo. É necessário usar a economia verde para atualizar a negociação da agenda de desenvolvimento em relação à nova situação global. Deve ser um empurrão para as economias mais dinâmi-cas. Recentemente, a China deu ao FMI US$ 40 bilhões para contribuir com o reaquecimento da economia dos países industrializados em crise, como os europeus. O Brasil e a Índia doaram, cada um, US$ 10 bilhões. Por-tanto, não pode mais existir um confronto simplificado entre dois blocos. Os equilíbrios se modificaram.

CI - Qual a sua opinião sobre a proposta da criação de um fundo de US$ 30 bilhões de dólares por ano por parte dos países do G77?PS - Em uma solicitação muito precisa, o fundo foi pro-posto pelo G 77 em um primeiro momento, na fase mais áspera de contraposição durante as negociações. De certa forma, é uma réplica do que foi instituído na convenção do clima em Cancun (2010). Porém, à parte a dificuldade na conjuntura atual para os países doares reunirem os re-cursos, há o fato de que o fundo sobre o clima foi criado no âmbito de um tratado específico, enquanto a Rio+20 não é uma cúpula para a qual estavam previstos empenhos financeiros, sendo um tema um pouco fora da agenda. Além disso, não existem condições neste momento. Em uma conjunta com a União Europeia, a Itália afirmou que não era possível firmar empenhos. Para sermos claros e práticos: o dinheiro neste momento não está nos países

doares, que estão com problemas pa-ra retomar o crescimento. O dinheiro está nas economias emergentes, nas quais o PIB cresce 6, 7 ou 8% ao ano. Isso quer dizer que, a cada ano, há recursos adicionais que podem ser reinvestidos. É importante que es-ses países assumam o papel que lhe compete no cenário mundial, como o Brasil. O desafio é identificar mode-los na economia emergente e assumir um novo papel em relação ao que di-zem: “Vocês, países ricos, utilizaram os recursos como quiseram e agora nós queremos fazer assim”. Mas os riscos globais envolvem todos os pa-íses. É necessário tomar consciência para modificar de forma progressi-va os modelos de consumo até hoje vigentes. Muda-se a posição econô-mica, muda a responsabilidade.

CI - Como transferir tecno-logia verde entre os países mais desenvolvidos e aque-les com menos recursos?PS - Existem muitas formas. Enfati-zamos, sobretudo, as parcerias, como é feito no Brasil, na Itália e em muitos outros países, com o uso eficaz dos recursos disponíveis. As parcerias constituem instrumentos que podem ser entre público e privado, mas tam-bém entre privado e privado. Podem criar formas de compartilhamento de inovações e recursos. Lançado na conferência em Joanesburgo, há 10 anos, o modelo, que se chamava partnership de tipo 2, teve um certo sucesso, depois sofreu um desacele-ramento. De qualquer forma, é um instrumento importantíssimo em di-reção à realização de ações concretas que levem à boa prática.

CI - Como avalia a organiza-ção da Rio+20 por parte do Brasil?PS - Foi uma ótima organização. Vejo que o governo brasileiro fez um esforço enorme. Claro que ocorrem problemas logísticos e pequenos in-convenientes. A cidade é enorme e há uma grande distância entre os hotéis e o local da conferência. Po-rém, como um todo, atingiu-se um nível excelente de organização.

Os setores da green economy na Itália e na Europa são os únicos setores em crescimento e expansão, ao contrário de outros que estão parados

Dilma discursa na Rio+20: para Paolo Soprano, o mundo é muito diferente do que era há 20 anos, mas os processos de

negociação multilaterais não estão atualizados

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Page 32: Revista Comunità Italiana Edição 168

A Cúpula dos Povos, em junho, deu voz a milha-res de militantes que vivenciaram, nos acam-

pamentos e nas tendas, debates sobre a construção de alternativas para o uso mais consciente dos recur-sos naturais. Entidades do mundo inteiro participaram do evento. Os italianos marcaram presença atra-vés da organização de cooperação mundial A Sud, que promove a de-fesa dos territórios, a conversão e a produção de energia limpa, e a luta por justiça ambiental e social. A or-ganização também discute novos paradigmas de desenvolvimento e de democracia participativa, tratan-do o tema da ecologia em âmbitos político e econômico.

Na tenda Maria da Penha, os representantes da A Sud apresen-taram, no quinto dia da Cúpula dos Povos, as ideias eloquentes de res-peitados teóricos da atualidade. A mesa de debates, mediada pela mi-litante da A Sud, Marica Di Pierri, contou com a presença do professor português do Centro de Estudo So-cial (CES), Boaventura de Sousa; de Giuseppe de Marzo, da própria A Sud; do teólogo brasileiro e defensor da Teologia da Libertação Leonar-do Boff; de Joan Martinez Alier, da Universidade Autônoma de Barcelo-na (UAB); e do missionário italiano da comunidade dos Cambonianos Alex Zanotelli. O tema escolhido foi Os Novos Paradigmas da Civilização.

Assim como em outras ativida-des da Cúpula dos Povos, no local

MEio aMbiEntE

Por justiça ambiental e socialNa Cúpula dos Povos, a ONG italiana A Sud apresentou ideias sustentáveis baseadas em teorias de pensadores como Leonardo Boff, para quem a economia verde não questiona o atual modelo de desenvolvimento

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reinou a indignação para com o discurso oficial da Conferência Ambiental da ONU. Durante a Eco 92, a Cúpula dos Povos denun-ciou os riscos que a humanidade e a natureza corriam por causa da privatização e do neoliberalismo. Vinte anos depois, seu documento final afirma que houve retrocessos em relação aos direitos humanos e da Terra, e que “a Rio+20 repete o falido roteiro de falsas soluções de-fendidas pelos mesmos atores que provocaram a crise global”.

Nessa atmosfera de ávidas crí-ticas à conferência oficial, Joan Martinez rechaçou a “economia verde”, a qual, segundo ele, trans-forma a natureza em mercadoria. Para o espanhol, a ideia de progres-so e desenvolvimento é distorcida. A vida no planeta necessita de uma “prosperidade sem crescimento”,

Nathielle Hó

Participaram do debate sobre

desenvolvimento sustentável, mediado

pela militante da A Sud, Marica Di Pierri:

Joan Martinez Alier, da UAB; Leonardo Boff, defensor da Carta da Terra; o

membro da A Sud Giuseppe de Marzo;

e o missionário italiano Alex Zanotelli. O escritor português

Boaventura de Souza chegou ao final do

evento

32 ju lho 2012 | comunitàitaliana

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onde deveria reinar o conceito de sobrevivência e não de exploração desordenada dos recursos naturais. O economista afirmou que os gran-des protagonistas das mudanças serão os movimentos sociais, em uma relação de poder horizontal e não vertical.

O ecologista italiano Alex Za-notelli acrescentou que a política hoje se faz nas comunidades locais. Ele vê a mudança acontecer nos pe-quenos centros de convivência para depois ganhar a forma global. Alex afirma que a destruição da natureza está ligada a uma crise de valores.

— Homens e mulheres esque-ceram que a Terra tem direitos e que, sem esses direitos, ela não tem futuro. As comunidades devem re-conquistar os valores da terra, da água, do ar e da energia. É uma “es-perança de base” para sairmos da atual crise de valores — ressalta.

Leonardo Boff apresenta seu código de ética planetárioAssim como Zanotelli, o teólogo, filósofo e escritor Leonardo Boff acredita que a  economia verde in-clusiva, proposta pela Conferência Oficial, não muda a ideia de de-senvolvimento vigente por não questionar a relação com a nature-za, com o modo de produção, com o nível de consumo dos cidadãos e não levar em conta as grandes desi-gualdades sociais. 

— Um crescimento ilimitado não é suportado por um planeta li-mitado — defende.

Em seu discurso, Boff é partidário de uma coalizão de for-ças  com o maior número possível de grupos, movimentos, igrejas e instituições ao redor de valores e princípios coletivamente partilha-dos, como os expressos na Carta da Terra; nas Metas do Milênio para um desenvolvimento sustentável; na Declaração dos Direitos da Mãe Terra; e no ideal do Bem-Viver das culturas dos povos das Américas, sobretudo os andinos.

Para Leonardo, o Bem-Viver não pode ser reduzido ao bem-estar ocidental e, além disso, se afasta do tipo de desenvolvimento europeu. O Bem-Viver constitui uma luta pe-la liberação dos espaços locais da cultura hegemônica e se apoia na visão de futuro dos povos indíge-nas, para a qual a luta por melhores condições sociais leva em conta o reconhecimento social e cultural, e o respeito pela conduta ética e espi-ritual na relação da sociedade com a natureza.

Boff considera a Carta da Ter-ra um código de ética planetário, semelhante à Declaração Univer-sal dos Direitos Humanos, só que voltado para a sustentabilidade, a paz e a justiça socioeconômica. O texto foi idealizado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Uni-das, em 1987, ganhou adeptos na Cúpula da Terra de 1992 e ficou pronto no ano 2000, sendo tradu-zido para 40 idiomas. Atualmente, a Carta da Terra é apoiada por 4,6 mil organizações de vários países, inclusive do Brasil. Segundo Boff, o documento reúne os princípios básicos da boa convivência dos hu-manos com o meio ambiente.

— A Carta da Terra é um dos mais belos documentos, se não o mais belo do começo do século XXI. Ela nasceu do grito da Terra e não veio das burocracias estatais. Veio de baixo, dos grupos quilombolas, ne-gros, indígenas, religiosos e centros universitários, de todos os tipos de gente. O século XX foi o século dos Direitos Humanos, e o século XXI se-rá o século dos Direitos da Mãe Terra, dos direitos da natureza, das plantas, dos animais — acrescenta Boff.

O escritor e ex-membro da Ordem dos Franciscanos enfati-zou que a Terra demora um ano e meio para se refazer. Daí a ne-cessidade do uso consciente dela e da cooperação e solidariedade entre os povos. De acordo com es-se pensamento, criou um ensaio civilizatório baseado em quatro virtudes que devem ser seguidas para garantir uma maior longevi-dade do planeta e de seus frutos.

— Hoje, é necessário que os po-vos pratiquem a hospitalidade, o direito de ser acolhido e o dever de acolher; a boa convivência, aceitar a pluralidade cultural; a tolerância, o reconhecimento do direito de ser e pensar do outro; e de se apro-fundar a comensalidade, para que todos os seres humanos tenham

direito de comer e fazer isso como rito, como celebração de vida — ressaltou o teólogo.

O ecologista italiano Giuseppe de Marzo acrescenta ao discurso de Boff a urgência em reconstruir outra ética, uma ética da Terra, a partir da justiça participativa, e não distributiva, porque, no cami-nho do capitalismo, todos os bens são privatizados.

O professor português Boa-ventura de Sousa fechou o ciclo de debates, retratando a Conferên-cia Ambiental da ONU como um evento que deixou em evidência a capital fluminense, porém sem apresentar soluções em âmbitos social e ambiental.

— O Brasil está trabalhando no photoshop para fazer bonito para o mundo, e a Cúpula dos Povos é o Cavalo de Tróia da economia verde — resumiu.

Boaventura acredita que a agenda socioambiental apresenta-da pela Conferência Oficial é vaga. Ele propõe duas agendas para o Brasil. A primeira seria a única, se-gundo ele, capaz de articular a luta rural e urbana — como foi o caso da Colômbia, contra a privatização da água e com a campanha contra os agrotóxicos. Já a segunda muda-ria a base de tudo: a forma como a sociedade se mobiliza.

— Os movimentos sociais têm de parar de olhar para os próprios interesses e devem começar a abrir o campo de visão: alterar o sistema político e melhorar as ferramentas participativas disponíveis para a sociedade. Para que haja um pon-to de encontro. E qual é o único espaço público que ainda não foi capitalizado? A rua. Movimentos sociais ou organizações não são o único modo de fazer política. Há essa gente que não está organi-zada, mas que não é apolitizada — como é o caso dos Indignados, na Espanha, e do Ocupy, em Nova York — conclui Boaventura.

Leonardo Boff critica a economia

verde defendida na Conferência

Ambiental da ONU, pois “não questiona a relação da sociedade com a natureza, nem o modo de produção

e as desigualdades sociais”

comunitàitaliana | ju lho 2012 33

Page 34: Revista Comunità Italiana Edição 168

evento comemora 20 anos na capi-tal fluminense. Marcos Magalhães está animado com um mercado que cresce muito no Brasil, sendo uma forte indústria no Japão e nos Es-tados Unidos. A  Lei 12.485, que entrou em vigor em janeiro, criou cotas para a produção audiovisual e pode gerar investimentos de mais de R$ 400 milhões no setor. O dire-tor do Anima Mundi lembrou que o festival contribui para o avanço tec-nológico do cinema.

— Começar com uma boa ideia é a base de tudo. Quem faz cinema ao vivo, geralmente, tem uma ro-tina mais intensa. Para se tornar animador, é preciso ser mais con-templativo. As criações ganham nova roupagem com a tecnologia, que evolui a cada dia.

Junior Perim, organizador do I Festival Internacional de Circo do Rio de Janeiro, evento que abriga diversas comunidades pacificadas, participou do encontro. Em junho, 20 companhias do Rio e de outros países realizaram espetáculos a par-tir do tema da sustentabilidade. A ideia foi promover a integração das várias classes sociais. Junior afirmou que os espetáculos levam entrete-nimento aos moradores, agentes produtivos desta economia criativa.

— A entrada nos eventos cus-tou R$ 10, mas 30% dos ingressos foram distribuídos de forma gra-tuita. Não importa quem os usou, se morador da favela ou do Leblon. Os 350 profissionais que chegaram ao Rio se hospedaram no Vidigal, em casas de família. A iniciativa mobilizou a comunidade por 11 dias. O grande desafio hoje em dia é como os governos vão nos ajudar a produzir eventos economica-mente criativos. Se não, daqui a 20 anos, estaremos debatendo a mes-ma coisa. Não existe a Lei da Copa? Por que não fazemos algo parecido para estimular a produção cultural do país? — indaga Perim.

Arquitetura e Design do Rio de Janeiro, Washington Fajardo, apresentou o projeto sobre a Praça Tiradentes, região histórica da ci-dade que passou por reformas. Ele ressaltou que a revitalização de um espaço depende não só da adoção de uma nova estética, como tam-bém da instalação de uma agenda cultural para receber visitantes. Fa-jardo revelou sua preocupação com a situação fundiária da área.

O subsecretário também falou sobre o case da revitalização do Porto Maravilha e da Lapa. Segun-do ele, o Porto Maravilha receberá arborização e paisagismo. Atual-mente, a região tem apenas 2,5% de área verde. O plano é que esse percentual passe para 10,5% com o plantio de 15 mil árvores. Com uma previsão de investimentos públicos e privados que chegam a R$ 7,6 bilhões, a obra promete mudar a paisagem degradada da região até as Olimpíadas de 2016. O transporte coletivo também será valorizado com a implantação dos BRTs (Bus Rapid Transit).

Ingressos a preços populares em projetos artísticos O painel Movimentos Criativos contou com a palestra do produtor cultural Marcos Magalhães, diretor do Festival Anima Mundi, que acon-tece de 25 a 29 de julho. Este ano, o

SuStEntabilidadE

Criatividade em altaFórum Humanidade 2012 discutiu sustentabilidade associada à economia criativa, indústria que movimenta US$ 3 trilhões por ano no mundo

Profissionais da indústria criativa brasileira se reuni-ram no Forte Copacabana para compartilhar experi-

ências e projetos que colaboram para o desenvolvimento econômico, so-cial e cultural de diversas cidades do país. Promovido pelo Sistema Firjan e pelo Sebrae, o Encontro Economia Criativa fez parte da programação do Fórum Humanidade 2012. Na oca-sião, a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro apresentou um estudo sobre o tamanho da indústria criati-va no Brasil e mostrou que em 2010, 11 milhões de pessoas — ou seja, um quarto da força de trabalho brasileira — estavam inseridas no setor. Este segmento da indústria já representa R$ 700 bilhões do PIB brasileiro, se-gundo os dados da Firjan.

A Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o De-senvolvimento, em seu relatório de economia criativa 2010, mostra que os serviços e os bens do setor cresceram até 14%. De acordo com a pesquisa, a Itália aparece em se-gundo lugar no ranking dos países que têm produção diferenciada de-vido ao design de seus produtos e à criatividade de seus serviços, fi-cando atrás apenas da China, que ganha em quantidade de mão-de-obra, sendo o maior exportador do mundo. Os projetos apresentados durante o encontro vinculam origi-nalidade e sustentabilidade.

O presidente da Firjan, Eduar-do Eugenio Gouvêa Vieira, abriu o evento, realizado em junho, e destacou que a economia criativa move US$ 3 trilhões por ano no mundo. Na primeira parte do en-contro, o tema Cidades Criativas abordou o posicionamento do po-der público nos espaços urbanos e o remodelamento de algumas áreas. O subsecretário de Patrimô-nio Cultural, Intervenção Urbana,

Nathielle Hó A Firjan calcula que um

quarto da força de trabalho

brasileira atua no setor da

economia criativa

O presidente da Firjan, Eugênio Gouvêa Vieira,

recebeu Junior Perim, organizador

do I Festival de Circo das comunidades

pacificadas do Rio

34 ju lho 2012 | comunitàitaliana

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As empresas italianas Interpump e Trevi de-sembarcam no Brasil com grande expectativa.

Os administradores delegados das duas líderes mundiais em explora-ção do subsolo e da fabricação de componentes hidráulicos de níquea para veículos pesados comemoram a entrada no país em grande fermen-to econômico. Stefano Trevisani, da Trevi, e Giovanni Cavallini, da Interpump, reconhecem que são os patrões de duas excelências italia-nas, mas também admitem que o mercado interno, há algum tempo, deixou de ser o mais lucrativo. Am-bas com vocações internacionais, as companhias começam uma aventu-ra em solo brasileiro e, mesmo em áreas diferentes, se deparam com algumas dificuldades que assolam o mercado interno brasileiro: a bu-rocracia, a confusão de taxas e a mão-de-obra desqualificada.

A Trevi italiana, com o seu quartel general em Cesena, assinou um acordo com a brasileira Petra Energia, através da controlada Pe-treven, empresa criada em 1999 com o objetivo de prospectar, lite-ralmente, contratos no âmbito da exploração petrolífera em terra fir-me. A joint venture tem um valor de US$ 200 milhões e uma área de pesquisa que abrange 143.231 km2, espalhados nas bacias hidrográfi-cas dos rios Amazonas, Parnaíba, São Francisco e Solimões.

— O mercado brasileiro é muito promissor. Depois da Argentina e da Venezuela, chegamos ao Brasil. Porém, nos deparamos com a falta de mão-de-obra qualificada. Temos um setor de formação aqui, na se-de da empresa, na Itália, e iremos usá-la para aperfeiçoar o conhe-cimento profissional dos nossos funcionários — afirmou à Comu-nitàItaliana Stefano Trevisani.

Com o mesmo problema deparou-se o cavaliere del lavoro Giovanni Cavallini.

— Levamos muito tempo pesquisando qual seria a melhor estratégia para entrar no mercado brasileiro. Op-tamos por comprar uma empresa que fosse “redonda”, e encontrá-la foi muito complicado. Muitas empresas que selecionamos, ao final, tinham problemas jurídicos longe de soluções. Enfim, achamos a Takarada, de origem ja-ponesa, plantada numa região de imigração italiana, em Caxias do Sul. Foi uma bela supresa chegar ali e ouvir o dialeto vêneto — conta à Comunità Giovanni Cavallini.

Cavallini informa que a empresa dará alguns cursos para os funcionários.

— Notamos também uma elevação muito grande nos salários — comenta sobre o “custo” adicional aos € 12,1 milhões pagos pela Takarada.

A estratégia de aquisição de empresas líderes no seu setor principal, bombas e pistões, levou o grupo italia-no a transformar-se em um conglomerado, a ponto de ser disputado pelas prefeituras de cidades alemãs.

— É gratificante encontrar um sistema que funciona. Estávamos negociando uma sede, quando o prefeito de uma das cidades candidatas nos trouxe um plano logístico dos meios públicos de transporte para mostrar em quanto

tempo nossos operários iriam espe-rar no ponto de ônibus a condução que os levaria ao local de trabalho.

O Brasil não é a Alemanha. Mas, diante da perspectiva de grandes obras de infraestrutura devido à Copa do Mundo e aos Jogos Olímpi-cos, a Interpump priorizou a tática de estar presente no país para não perder as oportunidades. A Trevi também veio ao Brasil no rastro do desenvolvimento e do crescimento econômico. Entretanto, sabe que a concorrência interna não é fácil.

— Sabemos que o setor das em-preiteiras, da construção civil, no Brasil, é de ponta, porém nos de-fendemos vendendo maquinários para os concorrentes. A Trevi par-ticipa destas obras indiretamente com a nossa tecnologia a serviço das empresas vencedoras de licita-ções — afirma Trevisani.

A compra e a parceria de empre-sas estrangeiras com as brasileiras são as estratégias para garantir um lugar no novo eldorado internacional. Estas

foram as fórmulas encontradas para driblar os custos dos altos impostos de produtos e serviços do exterior. Com taxas que chegam a 80-100%, resulta complexo se estabelecer no mercado, mesmo com o crescimento do consumo. Os impostos munici-pais, estaduais e federais representam um obstáculo para os investimentos estrangeiros. E não apenas a taxa so-bre o produto, mas também sobre o transporte. O caminho inverso, pro-testam os italianos, é diferente, com a Europa cobrando apenas um imposto para a entrada do produto brasileiro no velho continente.

Aposta na indústria brasileiraInterpump e Trevi, líderes italianas em exploração do subsolo e em componentes hidráulicos, desembarcam no Brasil, mas reclamam da falta de mão-de-obra qualificada

EconoMia

Guilherme AquinoDe Milão

Giovanni Cavallini (acima) e Stefano Trevisani, patrões de duas excelências italianas, admitem que o mercado interno deixou de ser o mais lucrativo faz algum tempo

“Sabemos que o setor das empreiteiras no Brasil é de

ponta, porém nos defendemos vendendo maquinários para

os concorrentes”Stefano Trevisani

comunitàitaliana | ju lho 2012 35

Page 36: Revista Comunità Italiana Edição 168

As economias europeias em crise buscam alternativas de investimentos em um mer-cado que muda de fisionomia de modo acelerado. Dirigentes especializados em

feiras e exposições substituem o esquema tradicional (e talvez até antiquado) da simples exportação de pro-dutos e serviços pela criação de parcerias dinâmicas para realizar eventos internacionais, em estratégias orientadas a fornecer suporte logístico e econômico às pequenas e médias empresas sem fôlego suficiente pa-ra promoverem, sozinhas, a sua produção no exterior. Entre os Brics, o Brasil é atualmente um dos mercados promissores de bons negócios para produtos e servi-ços destinados a um público consumidor em aumento, além de corredor de acesso a outras nações latino-americanas.

O Macef International Home Show, que se realiza em Milão há quase meio século, inaugurou

sua presença em São Paulo, em ju-nho, trazendo o melhor do design italiano aplicado a móveis, objetos e acessórios de decoração para o lar. A novidade é a tentativa de sensibilizar o público para a preservação do meio ambiente. Durante três dias, cerca de 150 expositores mostraram suas linhas de produção, marcadas pela fusão entre modernidade, tradição e tecnologia. O evento atraiu a aten-ção de operadores vindos de vários pontos do Brasil e também contou com a presença de fabricantes e ar-tesãos brasileiros que mostraram objetos de decoração realizados com fibras vegetais resistentes, obtidas a partir de plantas que se reproduzem com facilidade e rapidez. O Macef faz parte do calendário de feiras e exibições internacionais previstas nos acordos firmados entre a socie-dade italiana Fiera Milano e o grupo brasileiro Cipa — um dos principais promotores de feiras de negócios no território nacional.

O diretor de marketing da socie-dade Fiera Milano, Felice Invernizzi, falou da manifestação inaugural como de uma experiência de la-boratório, feita para aprofundar o conhecimento dos italianos sobre o que os consumidores brasileiros

esperam e desejam do mercado em matéria de produtos e serviços de-dicados ao melhoramento de seu estilo de vida:

— Os visitantes desta edição inaugural se enquadram em um perfil médio-alto, representado em prevalência por operadores brasi-leiros em busca de novos negócios. Sabemos que a maioria dos conta-tos aconteceu na tarde do segundo dia da manifestação. Nossa análise de mercado envolve a incidência das taxas alfandegárias e dos impostos para a circulação e comercialização desses produtos italianos no mer-cado brasileiro, de modo que nossos empresários e seus interlocutores calculem com segurança o preço fi-nal de cada item.

Indicadores do Macef servirão para eventos em 2013Para Invernizzi, os indicadores do primeiro Macef servem de ter-mômetro para a preparação da próxima feira do setor, programa-da para 2013, como também para a Food Hospitality World, dedicada ao setor de hotelaria e alimentação.

— Esses dados são preciosos, ao mesmo tempo, para afinar as

MErcado

Produtos atraentes nas prateleirasParceria entre a brasileira Cipa e a italiana Fiera Milano promove intercâmbios de feiras internacionais nos dois países, como o Macef Home Show

Lisomar SilvaDe São Paulo

36 ju lho 2012 | comunitàitaliana

Page 37: Revista Comunità Italiana Edição 168

nossas estratégias de comunicação junto ao público em geral e alcançar uma maior eficácia no envolvimen-to de um crescente número de novos parceiros comerciais desses e de outros segmentos.

Isso vale também para a Enersol, que acontece de 11 a 13 de julho — também na capital paulista — feira dedicada à energia fotovoltaica, tér-mica e termodinâmica. Cerca de 150 empresas pertencentes a oito países, além da Itália e do Brasil, participam do evento, cuja primeira edição foi realizada em 2011 em Milão.

Em troca, o grupo Cipa “expor-tou” a Reatech, a Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação, In-clusão e Acessibilidade, realizada todos os anos em São Paulo. A edição inaugural em Milão, em maio, foi bem sucedida. José Roberto Sevieri, o diretor do grupo brasileiro, expli-cou a importância da colaboração entre grupos empresariais nacio-nais e estrangeiros especializados na promoção de feiras e negócios no campo da internacionalização:

— Um dos grupos disponibiliza a sua rede de contatos e funciona como plataforma de lançamento do outro, rumo a novos mercados, através de um esquema de recipro-cidade baseado no intercâmbio de dados, informações e estudos ra-diográficos sobre o segmento de mercado focalizado no país esco-lhido. Isso permite a “exportação” de eventos e a expansão de negó-cios rumo a outros mercados, com a perspectiva de reduzir custos de logística para os participantes e a organização — analisa.

A estratégia serve de bússola para a realização de Enersol, feira que desperta a grande curiosida-de dos brasileiros interessados em

conhecer as novidades em maté-ria de produtos e modelos de alta tecnologia para o uso das fontes energéticas renováveis. Além do Brasil e da Itália, participam do evento Estados Unidos, Alemanha, Espanha, China, Suíça, Portugal, Luxemburgo e Chipre. Realizada a partir da parceria nascida em 2011 entre a Fiera Milano e a Cipa, a fei-ra vai chegar à sua quarta edição italiana em novembro.

— O potencial brasileiro e a perspectiva para o desenvolvi-mento de aplicações ligadas à nova política energética brasileira para fontes renováveis estimulam os profissionais a olharem com mais atenção para o nosso território e o nosso mercado. Todos somos cons-cientes de que o papel das fontes renováveis é fundamental na po-lítica de gestão do território e do planeta. Vários encontros estão programados para aprofundar o tema com personalidades interna-cionais — explica Sevieri.

Frutos da parceria chegam a SingapuraO percurso de colaboração traçado entre Fiera Milano e Cipa continua em 2013 e chega à Ásia através da Reatech, Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade, em Singapura. Os dois grupos reforçam, assim, seus objeti-vos de aperfeiçoar a qualidade de serviços e produtos, compartilhar experiências, fortalecer suas redes de contatos e abrir novas frentes de negócios no Brasil e nos mercados internacionais. O calendário con-junto prevê a realização de mais de 50 feiras até o final deste ano em várias partes do mundo.

A Ricrea, sediada na provín-cia de Alessandria, no Piemonte, é uma das empresas que mais surpreendeu com modernas e coloridas poltronas forradas com flores criadas a partir de pedaços de couro e outros materiais sintéticos reciclados, produzindo um efeito de elegante leveza. Outras empre-sas, a exemplo da ítalo-brasileira Lucatti, sediada em Cidade Bertio-ga (SP), se lançaram no mundo das cores de maneira lúdica, apresen-tando antigas cômodas recobertas com pintura de listas verticais em diversas cores vivas. A empresa toscana Brandani uniu cores fortes e design inovativo, trazendo vários artigos para a mesa e utensílios de cozinha com decorações que recor-dam os típicos hábitos alimentares

dos italianos: figuras de massas alimentícias e tomates impressas em pratos e objetos de porcela-na. A fábrica Lowell, de Modena, apresentou modelos contemporâ-neos de relógios e barômetros de alta precisão que podem enrique-cer ambientes decorados em estilo clássico, urbano ou rural.

Outras empresas mostraram produtos como abajures em teci-dos coloridos (Trevisan Design), objetos e artigos decorativos em cerâmica estampada (Carbo Im-port), móveis e decorações para jardins e espaços ao ar livre (Natu-re Flores e Companhia das Folhas),

peças de cores vivas com for-mas que evocam a infância

(AZ Design), coloridos conjuntos de mesa em cerâmica para o café da

manhã (Scalla), jogos de xadrez e estátuas de bronze

(Italfama). As cores vivas também estão presentes em cadeiras e pol-tronas produzidas com acrílico (By Art e Dumas). O luxo e a elegância marcaram as molduras cobertas de strass da empresa emiliana Mas-cagni e os copos de cristal com acabamento em ouro da Lucatti, de Nápoles.

As feiras contaram com o apoio da Agência para a Promoção e a Internacionalização das Empresas Italianas (ICE) e das Câmaras de Comércio Ítalo-brasileiras.

O diretor do grupo Cipa, José Roberto Sevieri, ressalta a

importância das parcerias entre

empresas brasileiras e italianas para a

promoção de feiras e negócios

comunitàitaliana | ju lho 2012 37

Page 38: Revista Comunità Italiana Edição 168

Os desenhos de CaravaggioEspecialistas anunciaram a descoberta de cerca de 100

desenhos de Caravaggio, morto em 1610. O material é avaliado em R$ 1,7 bilhão. Até agora, eram conhecidas cerca de 90 pinturas do artista. Os historiadores da arte Maurizio

Bernardelli Curuz e Adriana Conconi Fedrigolli publicarão no site Amazon e-books com detalhes sobre a pesquisa. A maioria estava nos arquivos do maneirista Simone Peterza-no, no castelo Sforzesco, em Milão. Caravaggio foi aluno de Peterzano e trabalhou em seu ateliê entre 1584 e 1588. Po-rém, há polêmicas em torno da autenticidade do material. Alguns especialistas, como Gianni Papi, afirmam que atri-buir esboços daquele tipo ao mestre do chiaroscuro é muito difícil, pois “não existem desenhos oficiais” do pintor.

Adeus a Pininfarina, designer da FerrariO designer italiano Sergio Pininfarina morreu aos 85

anos. Nascido em Turim, trabalhou para grandes fa-bricantes de carros e desenhou modelos da Ferrari e da Fiat. Pininfarina herdou o estúdio de seu pai, Battist “Pi-nin” Farina. Determinado a mudar a ideia de que os carros deveriam ser meramente funcionais, chegou ao estrelato

com Ferraris  vermelhas esculpidas, da Dino Berlinetta Speciale à Ferrari Enzo. Ele também aplicou o talento em modelos menos exóticos quando trabalhou para a Peugeot e a Mitsubishi. Em 2006, Pininfarina entregou o coman-do da empresa ao filho Andrea. Em 2011, a companhia anunciou que pararia de produzir carros após uma drástica queda nos lucros, mas continuou com a parte de design e engenharia, com foco especial em carros elétricos.

notíciaS

Page 39: Revista Comunità Italiana Edição 168

notíciaS

Novo ministroVittorio Grilli é o novo ministro

da Economia, em substituição ao premier Mario Monti, que acu-mulava as duas funções e propôs a nomeação. Grilli era vice-ministro da pasta desde novembro de 2011. Eco-nomista e nascido em Milão, dirigiu o Departamento do Tesouro durante os governos de Berlusconi e Prodi, e tomou posse no dia 11 de julho.

Morre Giuseppe BertolucciO cineasta e roteirista italiano Giuseppe Bertolucci, irmão

do também diretor Bernardo Bertolucci, morreu em 16 de junho, aos 65 anos, na cidade de Diso. Entre suas obras mais conhecidas, estão I Cammelli e Berlinguer ti Voglio Bene, prota-gonizada por Roberto Benigni. Nascido em Parma, Giuseppe era filho do poeta Attilio Bertolucci, um dos maiores talentos da literatura italiana contemporânea. Iniciou a carreira no cinema colaborando com Bernardo no longa Strategia do Rag-no. Ambos trabalharam juntos em diversos projetos, como o roteiro do épico 1900, que contou com a participação de Ro-bert De Niro, Donald Sutherland e Gérard Dépardieu. Entre suas últimas obras como diretor, está Troppo Sole, que teve a atuação da atriz e humorista Sabina Guzzanti, responsável pelo documentário Draquila, uma crítica feroz ao ex-premier Silvio Berlusconi, apresentada em Cannes há dois anos.

Rio, Patrimônio da HumanidadeA cidade do Rio de Janeiro tornou-se a primeira do

mundo a receber o título da Unesco de Patrimô-nio Mundial. A candidatura, apresentada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), foi aprovada durante a 36ª Sessão do Comitê do Patrimônio Mundial, em São Petersburgo, na Rússia. A partir de ago-ra, os locais da cidade com o título de Paisagem Cultural Urbana serão alvo de políticas de preservação. São eles: o Pão de Açúcar, Corcovado, a Floresta da Tijuca, o Aterro do Flamengo, o Jardim Botânico e a Praia de Copacabana. Até o momento, os locais do mundo que ganharam o título relacionam-se a áreas rurais, jardins históricos e a outros locais de cunho simbólico, religioso e afetivo. O Brasil con-ta atualmente com 18 bens culturais e naturais na lista dos 911 bens reconhecidos pela Unesco.

Assinatura: 1 ano = R$ 118,00 2 anos = R$ 199,00

Page 40: Revista Comunità Italiana Edição 168

O  cidadão que cumpre a pena na prisão é  priva-do de sua liberdade, mas não deve ser privado da

sua dignidade. Este é um  princípio de respeito aos direitos humanos, mas, na realidade, as condições das prisões em alguns países mais parece a antecâmara do inferno. Com o objetivo de trocar conheci-mento para melhorar o trabalho dentro dos cárceres  italianos e bra-sileiros, o Sindicato Autônomo da Polícia Penitenciária, o Sappe ita-liano, encontrou os diretores do Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária do estado de São Paulo (Sindasp-SP), em Roma, no final de junho.  A  próxima etapa do projeto será uma visita de representantes do sindicato italiano a São Paulo, o que deve acontecer até o final do ano.

As delegações visitaram pe-nitenciárias italianas, escolas de formação, departamentos opera-cionais para a gestão de prisioneiros perigosos e líderes do governo italia-no — além do Museu Penitenciário e do Gruppo Operativo Mobile.

À diferença do Brasil, a Itália possui uma polícia específica para as penitenciárias. Desde 2004, o Sindasp-SP aguarda a aprovação da Proposta de Emenda à Cons-tituição (PEC) 308/04, que cria a Polícia Penal e inclui o sistema prisional brasileiro no Artigo 144 da Constituição, reconhecendo o mesmo como instituição ine-rente à segurança pública. Com a criação da Polícia Penal, deverão ser acrescentados dois incisos na Constituição: Polícia Penal Federal e Polícia Penal Estadual.

Segundo o presidente do Si-nasp-SP,  Daniel Grandolfo, no sistema penitenciário italiano exis-te uma maneira mais humanizada de se tratar o preso. Ele explicou à Comunità que o fato da polí-cia penitenciária na Itália não ser militarizada acaba sendo  crucial para a ressocialização dos detidos, pois os profissionais recebem for-mação especifica para tratar com

os prisioneiros.  O presidente la-mentou também que o sistema penitenciário no Brasil não é pa-dronizado por uma lei orgânica nacional. Cada estado aplica um próprio sistema, o que acaba preju-dicando a situação, comenta.

— Como o agente penitenci-ário  pode dar uma advertência ao preso, eventualmente com uma punição e, em seguida, ser encar-regado da sua ressocialização?  Na Itália, há psicólogos e assistentes sociais. O agente penitenciário deve ser responsável apenas pela segurança, enquanto outros pro-fissionais capacitados têm de se ocupar da ressocialização — anali-sa Grandolfo.

A lotação das prisões é um pro-blema comum em ambos os países. No entanto, a situação brasileira é muito mais grave.

— Em algumas prisões brasi-leiras, 40 detidos convivem dentro de uma cela de 15 metros qua-drados. Como é possível viver em tais condições? Não é humano. As celas italianas também sofrem com a lotação, mas não chega ao ponto do Brasil. Na Itália, existe

um investimento no sistema pe-nitenciário e principalmente nos profissionais. Além disso, o pa-ís tenta combater a superlotação construindo cárceres — compara.

No Brasil, existem cerca de 500 mil presidiários, sendo 200 mil no estado de São Paulo, que conta com apenas 30 mil agentes peni-tenciários. Segundo Grandolfo, nas prisões italianas, há 1,5 presos por agente. Já nas brasileiras, um agen-te deve cuidar de oito detidos. 

A visita dos colegas brasileiros constitui a segunda de uma série de encontros programados pelo sindicato italiano.  O primeiro foi com agentes da polícia alemã.

— Na Alemanha, os detidos devem trabalhar e recebem um eu-ro por hora de trabalho. As celas servem só para dormir. Na Itália, assim como no Brasil, poucos pri-sioneiros trabalham. A maioria vive no ócio, o que é prejudicial para a recuperação social — conta o secretário geral do Sappe, Dona-to Capece.

Em 31 de maio, havia 180 pri-sioneiros brasileiros nas prisões italianas, dos quais 149 homens e 31 mulheres.

— Aprendemos muito nos dias de convivência direta com os poli-ciais penitenciários da Itália. No Brasil, tentaremos apresentar a experiência da polícia italiana ao governo brasileiro, ao Congresso Na-cional e às Assembleias Legislativas. Quem sabe assim, as autoridades tomam consciência da importân-cia da criação de uma polícia penal na federação e nos estados — decla-rou Grandolfo.

Presos, porém dignosPoliciais de São Paulo trocam experiências com colegas italianos e pedem a criação de uma polícia penitenciária para melhorar a situação das prisões brasileiras

atualidadE

Gina MarquesDe Roma

Troca de experiências: membros do

Sindicato da Polícia Penitenciária de São

Paulo encontram policiais do Sappe

italiano em Roma, no final de junho

A visita dos colegas brasileiros é a

segunda de uma série de encontros programados pelo sindicato italiano

ju lho 2012 | comunitàitaliana40

Page 41: Revista Comunità Italiana Edição 168

As empresas italianas estão cada vez mais valorizadas nos paí-ses latino-americanos.

Em 2011, o comércio entre a Itá-lia e o Brasil atingiu um recorde de US$ 11,7 bilhões, um aumento de 28,5% em relação ao ano anterior. Essa tendência permitiu à Itália se firmar como o oitavo fornece-dor do Brasil, tornando-se, assim, o segundo entre os países euro-peus. Para ampliar ainda mais essa parceria, 18 empresas italianas da área de saúde participaram, em São Paulo, da 19ª edição da Hospitalar, o maior evento do setor na Améri-ca Latina. A participação italiana foi organizada pela empresa Ho-negger e coordenada pela Agência Especial para as atividades inter-nacionais da Câmara de Comércio de Milão (Promos), com o apoio da Embaixada da Itália e do consulado em São Paulo. A iniciativa faz parte

do programa de exposições promo-vido pela União das Câmaras de Comércio Italianas (Unioncamere).

— Os programas e as atividades da Câmara de Comércio de Milão têm como objetivo a valorização da rede empresarial, que tornou Milão uma realidade econômica forte e competitiva em nível internacional — explica Bruno Aloi, responsável pela atuação da Promos no Brasil.

As empresas italianas ocu-param uma área de 177  m² para apresentar suas novidades. Ao mostrar que, apesar da crise, continua na dianteira dos avanços tecnológicos, a Itália apresentou produtores inovadores. Um dos destaques foi a linha de equipa-mentos de ultrassom modernos da Cesare Quaranta.

Por sua vez, a Ar Servi-zi apresentou o dispositivo médico Ozonomatic para hidro-terapia ozonizada. O método Ozonomatic consiste em fazer bor-bulhar sob pressão o ar ozonizado na água morna de uma banheira. A

oxigenação do corpo é feita quando respiramos, ou pela pele, e o Ozo-nomatic ajuda o processo por meio da absorção cutânea do oxigênio durante o banho.

O grande diferencial do ozônio, e que torna o Ozonomatic um pro-duto diferenciado, está no fato do gás ser um poderoso agente de aju-da no rejuvenescimento, combate ao estresse, envelhecimento preco-ce e higienização, além de oferecer oxigênio ativo.

Angevan lança aparelho para quem tem dificuldade de locomoção Outra empresa italiana que cha-ma a atenção com seus produtos é a Angevan. A companhia lançou no Brasil o Elevador Lift SMB. O apa-relho é indicado para pacientes com dificuldade de mobilidade ou de desempenho funcional, em trata-mentos geriátricos, pós-cirúrgicos e para os portadores de patologias progressivas ou não progressivas em geral. O Lift SMB foi desenvolvido para facilitar a transferência de pa-cientes idosos, obesos, portadores de necessidades especiais ou limi-tação de locomoção permanente ou temporária entre a cama, cadeiras de rodas ou de banho, vaso sanitá-rio e outros, proporcionando uma movimentação confortável e com segurança ao usuário e ao operador.

Na área de cirurgias, a novi-dade italiana é a Dearterialização Hemorroidária Transanal guiada por Doppler (THD), técnica que produz o equipamento utilizado na cirurgia — realizada sem corte, sem dor, com rápida recuperação e mínimo risco de complicações pós-operatórias.

Segundo Giuliana Grassi, re-presentante da Bionike, uma fabricante de dermocosméticos, o Brasil é um mercado atrativo na área de saúde e estética.

— Finalizamos nossa partici-pação no evento com uma boa lista de contatos promissores para futu-ras parcerias. Estamos otimistas. Viemos para buscar representan-tes de nossos produtos no Brasil e também na América Latina, pois aqui estão presentes players dos cinco continentes — analisa.

Atualmente, 500 empresas italianas têm presença direta no Brasil, número quase três vezes superior há uma década. Além de gigantes como Fiat, Pirelli e Tele-com Itália, existe um bom número de sociedades de pequeno e médio porte, de vários setores.

Inovação hospitalarÁrea de saúde está entre as mais valorizadas para negócios entre os dois países e empresas lançam aparelhos médicos em feira realizada em São Paulo

Janaína PereiraDe São Paulo

A empresa italiana Angevan lançou no

Brasil o Elevador Lift SMB, aparelho

destinado a pacientes com dificuldade de mobilidade e

coordenação motora

SaúdE

comunitàitaliana | ju lho 2012 41

Page 42: Revista Comunità Italiana Edição 168

Não há uma pesquisa ofi-cial sobre o assunto, mas uma conversa com coordenadores, donos e

alunos das principais escolas de ita-liano de São Paulo atesta: o principal motivo que leva as pessoas a procu-rar aprender o idioma é a paixão pela cultura e pela língua italianas.

Ao contrário do inglês, o conhe-cimento de italiano raramente é necessário no campo profissional, com exceção de áreas como Direito e Arquitetura. A maioria das pesso-as que procura aulas de italiano por motivos profissionais são da área jurídica, por conta da tradição e in-fluência do direito romano.

— Muitos estudantes fazem mestrado e doutorado em Direito e têm que ler livros em italiano. É bastante frequente que pessoas desse curso venham estudar aqui — conta Ilario Gianelli, coorde-nador da escola de italiano Monte Bianco.

No Instituto Italiano de Cultu-ra, a coordenadora Daniela Policela nota que a maior parte dos alunos quer aprender a língua devido ao interesse pela cultura, mas percebe também uma grande procura por parte de estudantes de Arquitetura, que pretendem fazer intercâmbio em universidades da Itália. Mes-mo assim, Daniela concorda que a maior parte dos alunos é atraída pe-lo idioma por motivos que não são ligados à profissão.

Alex Santos Nogueira, de 21 anos, procurou o curso por motivos profissionais. Estudante de enge-nharia, trabalha em uma empresa italiana e acredita que aprender o idioma o ajudará em seu cresci-mento profissional. Ele pretende se especializar na área automobilística e tem interesse em trabalhar na Fiat.

Fundada há 16 anos, a es-cola Monte Bianco começou organizando aulas para pessoas com os mesmos interesses de Alex, em sua maioria, executivos de em-presas italianas, como a Fiat. Aos poucos, a quantidade de executivos foi diminuindo em relação ao res-tante dos alunos. Segundo Gianelli, a maior parte das pessoas procura a escola por gostar do idioma.

— Quem faz italiano hoje é motivado pela paixão pela língua e pela cultura da Itália — analisa.

Para Roberto Cipro, proprietário da Monte Bianco, mesmo quem não tem a pretensão de aprender o idioma a fundo acaba fisgado pela sua sonori-dade após um primeiro contato.

É o caso do médico Fabrizio Ur-binati Maroja, para quem a maior influência na hora de decidir pelo curso foi a beleza da língua.

— Sempre me senti atraído pelo italiano, a qual considero uma das línguas mais bonitas que existem.

As pessoas acabam se apaixo-nando pela língua, revela Cipro.

— Eu me lembro de uma se-nhora que estava se preparando

Quem estuda italiano?Comunità conversou com algumas das maiores escolas de italiano de São Paulo para traçar um perfil do estudante da língua de Dante

língua

Vanessa PilzDe São Paulo

A equipe e os alunos da escola Monte

Bianco: muitos estudantes de

Arquitetura e Direito querem aprender a

língua de Dante para ajudar na profissão

42 ju lho 2012 | comunitàitaliana

Page 43: Revista Comunità Italiana Edição 168

para cursar gastronomia na Itália e procurou um curso para saber o básico. Quando voltou para o Bra-sil, nos procurou e ficou três anos estudando na escola.

Resgate das origens motiva muitos alunosEle também atesta o resga-te das próprias origens em alunos com ascendência italiana. — Geralmente, o que acontece é um resgate da própria identidade, no caso daqueles que têm família de origem italiana, ou a percepção do idioma como uma língua de cul-tura, para ser aprendida depois do português e do inglês.

Para Gianelli, ser descendentes de italianos não é determinante pa-ra a vontade de aprender o idioma.

— Leio as listas de presença e vejo muitos sobrenomes claramen-te italianos. A origem familiar, ainda hoje, é um motivo para estudar a língua, mas não é o único, tanto que temos alunos japoneses e coreanos.

Ainda assim, ter nascido em uma família de origem italiana costuma despertar ainda mais a curiosidade e a atração pela língua, como afirma o estudante de publi-cidade Lucas Meneghin.

— Desde que me entendo por gente, cultivo um amor muito grande por essa cultura. Isso por-que minha família, a parte paterna, veio de lá. Meu pai veio para o Bra-sil ainda jovem. Então, esse foi o fator fundamental para que eu me interessasse e desejasse aprender a língua. Minha nonna, Natalina Meneghin, às vezes se emociona quando temos alguma chiacchie-rata. E também meu pai, que está sempre procurando conversar em italiano comigo — conta Lucas.

Ser descendente de italianos também foi um dos motivos que levaram Graziela Bortz a aprender o idioma.

— Comecei a estudar italiano por conta própria. Um pouco por conveniência, pois morava nos Es-tados Unidos, fazia doutorado e tinha que fazer uma prova de lín-gua estrangeira. Depois de alguns anos, resolvi estudar regularmen-te, também estimulada pelo fato de ter um passaporte italiano e não conseguir me comunicar nessa lín-gua, o que me envergonhava toda a vez em que passava por consulados e embaixadas — recorda.

Neta de calabreses, ela conhece as origens de seu sobrenome:— O meu sobrenome calabrês se-ria Greco, de minha mãe, que fala

italiano. Ela não aprendeu em casa, embora tenha lembrança de ouvir meus avós falando uma mistura de italiano e dialeto. Eu mesma cres-ci com meus avós em casa e muitas palavras me soam familiares, mas não cresci aprendendo italiano. Pa-ra mim, frequentar o curso é uma maneira de me reconectar com meus antepassados e sua cultura, e de reverenciá-los — conclui.

Maioria tem curso superior completoSegundo sua experiência à frente da escola, Cipro e Gianeli afirmam que as pessoas que procuram as aulas costumam ter um alto nível cultural. A maior parte tem curso superior completo: muitos fizeram mais de uma graduação. E não são poucos os que fazem mestrado e doutorado.

Os cursos da Monte Bianco são voltados para adultos, mas a escola recebe alguns adolescentes.

— Há uma faixa importante de universitários, principalmente aos sábados, e quase todo o restante são alunos entre 25 e 70 anos. Te-mos muitos alunos com mais de 60 anos. São pessoas muito empenha-das em aprender — diz Cipro.

No Instituto Italiano de Cultu-ra, predominam os adultos, mas atualmente há uma pequena turma de quatro crianças e outras seis que têm aulas particulares do idioma. Daniela também percebe entre os alunos do instituto uma boa condi-ção social e econômica.

— A maior parte dos alunos tem curso superior e muitos já viajaram para a Itália mais de uma vez — diz.

O Instituto de Cultura Ítalo-Brasileiro (ICIB), que coordena um dos cursos mais antigos de italiano, em funcionamento há mais de 60 anos, é o único que tenta traçar o perfil dos estudantes por meio de um questionário, distribuído aos alunos no início de cada semestre. Apesar de seu preenchimento não ser obrigatório, o questionário aju-da a dar uma ideia da idade e da profissão dos estudantes, além de suas motivações.

De acordo com o coordenador do ICIB, Gabriele Frigerio, o ins-tituto tem cerca de 2.500 alunos por ano, sendo a maioria (35%) da faixa de 21 a 30 anos. Em seguida, aparece a faixa de 31 a 40 anos, que corresponde a 19% dos que res-ponderam ao questionário. Alunos com menos de 20 anos somam 14% e aqueles com mais de 60 anos são minoria (6%).

O alto nível educacional tam-bém é regra no ICIB: 75% dos alunos têm curso superior ou pós-graduação. As profissões mais comuns são advogado, arquiteto, engenheiro, funcionário público, médico e estudante.

Frigerio estima que ao menos um terço dos alunos responda aos questionários. Destes, 92% já es-tudaram outro idioma antes de procurar aprender italiano. Entre os motivos que os levaram a estu-dar a língua, em uma alternativa de múltipla escolha, 58% disseram que querem aprender um tercei-ro idioma; 55% pretendiam viajar para o país; 51% demonstraram interesse pela cultura do país; 43% citaram a ascendência italiana co-mo estímulo; e 30% apontaram motivos profissionais.

Em todas as escolas procura-das, há ainda outro consenso: a maioria das pessoas que estudam italiano pertence ao sexo feminino. No ICIB, as mulheres somam 58% dos alunos que responderam ao questionário. A coordenadora do Instituto Italiano não sabe precisar o número de homens e mulheres matriculados nos cursos, mas ob-serva um predomínio de alunas na faixa dos 30 anos.

Já na escola Monte Bianco, a percepção é ainda maior: tanto Gianeli quanto Cipro não hesitam em afirmar que a maioria absoluta de alunos é do sexo feminino.

— Pode parecer uma explicação estranha, mas o italiano é a língua do amor e da arte, campos mais próximos das mulheres, que são mais sensíveis — arrisca Cipro.

Muitos alunos do Instituto Italiano

de Cultura de São Paulo querem fazer

intercâmbio no país, mas maioria tem

interesses culturais

comunitàitaliana | ju lho 2012 43

Page 44: Revista Comunità Italiana Edição 168

inforME

de Minas da Aeronáutica, de Be-lo Horizonte, executou o hino dos dois países.

As apresentações de dan-ças típicas ficaram por conta do grupo Gruppo Folkloristico La Sere-nissima e do grupo de dança italiana Tarantolato, de Juiz de Fora.

Com um público de todas as idades, a programação ofereceu às crianças atividades infantis na bar-raca do Corpo de Bombeiros e na Transitolândia, levada pelo Bata-lhão de Trânsito da Polícia de Minas. Além disso, a Cia Fiorini de Teatro encenou para os bambini o espetácu-lo Doroteia – a princesa tagarela.

Para o vice-cônsul da Itália em Belo Horizonte, Rosario Raciti, o evento representa para a comu-nidade italiana da capital mineira a fraternidade e a irmandade do

da cidade. O espírito e a alegria dos raggazzi também puderam ser apre-ciados no palco com apresentações musicais e danças típicas.

Neste ano, o evento contou com a atração internacional da Banda Berimbau, que realizou o show Berimbau canta a Itália, apre-sentando ao público a integração cultural dos dois países por meio da música. O grupo de percussão é formado por músicos provenientes de diferentes regiões da Itália e de vários países estrangeiros, que têm como base a cidade de Trieste, no Friuli-Venezia Giulia.

As vozes de Sergio di Napoli, Paola Giannini, Fernando Noronha e Kélber Pontes encantaram o pú-blico. Os repertórios apresentados pelos cantores embalaram a festa com canções tradicionais italianas e sucessos da MPB. A banda Asas

A sexta edição da Festa Italiana de Belo Hori-zonte movimentou 80 mil pessoas no primei-

ro domingo de junho, na Avenida Getúlio Vargas, entre as ruas Pro-fessor Moraes e Tomé de Souza. Em comemoração ao Dia da República da Itália, data mais importante do calendário do país, a festa tem a proposta de unir italianos, descen-dentes e brasileiros em uma grande confraternização e de apresentar ao público as tradições, os hábitos e a cultura do Belpaese.

Considerada a maior festa de rua italiana, no percurso do evento, mais de 60 barracas davam uma mostra genuína da gastronomia da Itália, servida por tradicionais restaurantes

A Itália nas ruas de BHFesta com atrações gastronômicas e musicais em homenagem à cultura italiana movimenta as ruas da capital mineira

Daniela CamposDe Belo Horizonte

Danças e músicas típicas animaram os

mineiros durante a festa do Dois de Junho

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povo italiano e seus descendentes no Brasil.

— É algo que me deixa orgulho-so, participar desta festa e recordar as comemorações que acontecem na Itália — declarou, entusiasmado.

Em entrevista à Comunità, a presidente do Comites da cidade,

Silvia Alciatti, revela que a concre-tização da festa de rua é a realização de um sonho solicitado pela comu-nidade mineira.

— Belo Horizonte foi constru-ída por italianos que aqui ficaram, fizeram suas vidas, suas famílias, suas empresas. Queríamos mostrar

A festa é uma reafirmação da forte identidade italiana que Belo Horizonte tem, bem como, da

“contribuição da comunidade para a formação da nossa história, da nossa riqueza, da nossa alegria”, reconhece o prefeito Marcio Lacerda.

Ao conferir a revista Comunità, o prefeito destacou que “este é o momento das pessoas confraternizarem, se encontrarem e celebrarem as boas tradições”. Na ocasião, Lacerda sancionou a lei 2.196/2012, de autoria da vereadora Maria Lúcia Scarpelli, que institui o dia 2 de junho como data oficial no calendário de Belo Horizonte.

Composta por cerca de dois milhões de descenden-tes em Minas, segundo o governador Antonio Anastasia, a comunidade italiana é uma das mais ativas do estado.

— As relações econômicas entre Minas Gerais e a Itália são muito próximas. Em recente visita oficial ao

país, trouxemos a nova fábrica de tratores da Fiat para Montes Claros. Esta festa é a expressão da amizade, da identidade cultural, artística e gastronômica que temos entre a Itália e o nosso estado.

O governador Antonio Anastasia ressaltou que a revista “é uma expressão da identidade italiana muito própria para veicular os assuntos de interesse da co-munidade ítalo-brasileira.”

Para o deputado italiano Fábio Porta, a festa é a imagem mais bonita da Itália no Brasil.

— É a maior festa de rua, que se tornou tradicio-nal. Nós temos que levar essas imagens para a Itália, que ainda não tem uma noção completa da importância da sua comunidade aqui no Brasil. Estou feliz de estar aqui todos os anos e sinto-me belo-horizontino, como cidadão de honra dessa cidade. Juntamos a festa maior da Itália com a maior revista brasileira da comunidade italiana — concluiu.

Silvia Alciatti também enfatizou a importância de Comunità para a disseminação da comunidade italiana mineira no Brasil.

— Tenho certeza que, através de Comunità, o Bra-sil inteiro poderá conhecer a beleza e a riqueza também da comunidade italiana de Minas. A gente tem o maior orgulho de poder ter finalmente pessoas da revista junto a nós, acompanhando o nosso trabalho — afirma Silvia.

Para o diretor do Grupo Sada, Alberto Medioli, que vem ao Brasil desde 1976, a festa é expressão e demons-tração da grande descendência de italianos na cidade.

— O Brasil foi colonizado pelos portugueses, mas, do ponto de vista cultural e até econômico, os italianos tiveram uma grande importância no desenvolvimento de Minas Gerais.

Durante as comemorações do Dia da República Italiana, foram distribuídos exemplares das últimas edi-ções da revista. Participante do evento desde o início das comemorações, há seis anos, Comunità, mais uma vez, confirmou o seu papel junto à comunidade como fonte de disseminação e divulgação das tradições ita-lianas no Brasil, e das relações sociais e econômicas entre os dois países.

Governador e prefeito destacam o papel do evento

A festa italiana confirma sua popularidade em Minas: no primeiro ano, os organizadores se surpreenderam com um público de oito mil. Em 2011, foram 65 mil e, este ano, 80 mil

para a cidade quantos somos. Meu desejo era que os italianos colocas-sem sua cara na rua e, ao mesmo tempo, apresentar as tradições da comunidade italiana para que to-dos possam conhecê-las.

Segundo Silvia, desde a pri-meira edição, a cidade recebeu muito bem o evento, que vem ten-do um crescimento exponencial. No primeiro ano, os organizadores tinham a expectativa de receber duas mil pessoas e se surpreende-ram com um público de oito mil. No ano passado, foram 65 mil par-ticipantes. Em 2012, atingiu um total de mais 80 mil pessoas.

O deputado Fabio Porta e o governador mineiro Antonio Anastasia: comunidade italiana influenciou fortemente o

estado e sua capital. À esquerda, Silvia Alciatti, presidente do Comites, ao lado do prefeito Marcio Lacerda

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consegue seguir o ritual de apresen-tação. Na verdade, ele não quer ser o substituto. Para evitar um vexame ainda maior e convencer o cardeal a aceitar ser o novo Papa, o Vaticano decide trazer um psicanalista (inter-pretado pelo próprio Nanni Moretti) para conversar com Melville.

Por sua interpretação, Michele Piccoli ganhou o prêmio David Di Donatello de melhor ator. Esta é a mais importante premiação cine-matográfica da Itália, concedida pela Academia Italiana de Cine-ma e considerada o Oscar do país. Apesar do reconhecimento ao tra-balho de Piccoli, o longa dividiu a opinião do público e da crítica: enquanto alguns acham Habe-mus Papam inovador e sarcástico, outros apontam que Moretti exa-gerou ao mostrar um Papa fora do ambiente do Vaticano; ou ainda reclamam do diretor ter evitado falar de temas polêmicos da Igreja Católica.

— Não houve críticas ao filme em si, apenas algumas reações iso-ladas que não refletem o mundo

católico. A Igreja recentemente so-breviveu a uma série de escândalos e a atitude da hierarquia é frequen-temente alvo de críticas —ameniza Nanni Moretti em entrevista à Co-munitàItaliana.

O cineasta explica que queria misturar comédia e drama no mes-mo filme, com tom grotesco, mas também realista.

— Eu e os outros roteiristas, Federica Pontremoli e Francesco Piccolo, começamos a trabalhar com ideias diferentes de forma simultâ-nea. Então, depois de um tempo,

cinEMa

O Vaticano de MorettiUm dos mais aclamados cineastas italianos da atualidade conta a sua visão de Habemus Papam, que acaba de ser lançado em DVD e BluRay no Brasil

Concorrente ao prêmio de Palma de Ouro do Festi-val de Cannes em 2011, Habemus Papam chegou

ao Brasil apenas este ano, passando desapercebido em nossos cinemas. Para quem ainda não viu o filme, o lançamento este mês em bluray e DVD é a chance de conferir como o polêmico diretor italiano Nan-ni Moretti conta os episódios que acontecem no Vaticano e, especial-mente, os fatos por trás da escolha de um novo Papa.

A trama se passa no Vaticano, logo após a morte do pontífice. A Igreja se reúne em conclave e, co-mo manda a tradição, elege o novo sucessor. Depois de algum tempo, escolhe o cardeal Melville (Michele Piccoli). Só que a multidão de fiéis terá de esperar um pouco mais pa-ra dar as boas-vindas ao novo Papa. Pouco antes de sair à sacada e ser saudado na Praça São Pedro, Mel-ville tem um ataque de pânico e não

Janaína Pereira

O diretor italiano Nanni Moretti,

em cena de Habemus

Papam: filme narra os fatos

por trás da escolha de um

novo Papa

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decidimos desenvolver o enredo. Há uma cena em particular que fez começar a coisa toda para nós: um Papa recém-eleito que não pôde ir até a sacada para saudar os fiéis.

Moretti conta que o conclave dos cardeais veio da imaginação dele e dos outros roteiristas, mas que houve um respeito aos rituais e às liturgias de um conclave de verdade. O cineasta diz que evita “dizer ao público o que o público esperava ouvir”.

— Nunca estive interessado em reiterar em meus filmes algo de que o público já esteja ciente. Não gosto de enviar aos espectadores mensagens veladas para quem está interessado na atualidade.

A escolha por não falar de escândalosUma das maiores críticas à Habe-mus Papam é que o filme não expõe os escândalos recentes da Igreja Católica, mas Moretti se defende.

— Existem livros, documen-tários e matérias de jornal que relatam os escândalos envolvendo a Igreja Católica, como a pedofilia e questões financeiras. Eu preferi não me permitir ser condicionado por esses assuntos atuais. É uma história inventada. O meu filme é sobre o meu Vaticano, o meu con-clave e os meus cardeais — afirma.

Sobre as cenas em que o Papa aparece fora do Vaticano, ele ex-plica que as andanças ao redor de Roma levam Melville e o público a alguns questionamentos.

— Enquanto isso, o psicanalis-ta continua a ser um prisioneiro

dentro do Vaticano, onde, depois de inicialmente se sentir desorien-tado, ele acaba aparecendo quase à vontade. Enquanto caminhava em torno de Roma, incógnito, o Pa-pa entra em contato com pessoas e ambientes que não fazem parte de seu mundo. Já o psicanalista, ateu, começa a conhecer os carde-ais no conclave.

O contraponto que Moretti faz entre a psicanálise e a Igreja, no entanto, é um dos pontos altos do filme. O italiano lembra que em seus filmes já brincou com a es-querda, com as relações entre pais e filhos, com o seu próprio meio so-cial e com a sua geração.

— Até fiz uma piada com um câncer que tive há 20 anos. Acho justo fazer uma piada com a psi-canálise também — comenta, acrescentando que não vê uma relação entre a confissão no rito

católico e a confissão durante uma sessão de psicanálise.

Conhecido por participar do movimento de protesto pa-ra salvaguardar a justiça italiana, conhecida como girotondi — na qual os cidadãos se unem em de-fesa dos princípios da democracia e da legalidade — e crítico feroz de Silvio Berlusconi, Moretti aca-bou freando, nos últimos anos, sua participação em atividades políti-cas. Porém, ele garante que não fez uma metáfora dessa situação em Habemus Papam, com a recusa de Melville em se tornar Papa.

— Acho que é uma compara-ção muito forçada. Desde o início da minha experiência em política,

disse que pretendia voltar em bre-ve ao meu trabalho como diretor de cinema. Nunca tive intenção de me tornar um político profissional.

Ainda sobre política, o cineasta acredita que seu filme poderia ser transportado para outros cenários, inclusive o político.

— Dei a minha versão de um mundo único, o do Vaticano. Mas eu acho que os temas do filme e as angústias do protagonista também podem ser aplicados a outras situ-ações, a outros mundos, e podem afetar o público que está muito distante dos personagens que eu mostro também.

Nanni Moretti não se conside-ra um crente em Deus (seus pais acreditavam na religião e ele rece-beu uma educação católica “sem ser muito exagerada”). E frisa que Habemus Papam acaba por revelar muito mais do que uma visão par-ticular da Igreja: revela uma visão dele mesmo.

— Como de costume, é o sen-timento por trás do filme que é autobiográfico. Se quisermos en-trar em detalhes, existe uma parte de mim, tanto no papel do psica-nalista quanto na desconfortável sensação de Melville de não estar à altura do seu papel.

Nanni Moretti, de 58 anos, nasceu em Brunico, e cresceu em Roma, onde ainda reside. Desde a

adolescência, cultiva suas duas grandes paixões: o pólo aquático e o cinema. Começou a dirigir filmes em 1978, e suas obras inicialmente caracter-izam-se por uma visão sarcástica dos lugares comuns e das prob-lemáticas do mundo juvenil de seu tempo, para depois desembocar em uma crítica social intransigente e moralista.

Moretti ganhou projeção inter-nacional em1993 com Caro Diário — filme que consiste em três episódios autobiográficos, em um formato quase de documentário, nos quais o diretor interpreta a si próprio e narra sua batalha pessoal contra o câncer. O longa venceu o prêmio de melhor direção no Festi-val de Cannes de 1994.

Em 2001, consolidou fama mundial com O quarto do filho, em que descreve os efeitos que a morte

acidental de um rapaz provoca em uma família de classe mé-dia. O filme recebeu a Palma de Ouro do Festival de Cannes e o David de Donatello de melhor filme. Desde então, Moretti, que, além de diretor, é ator, roteirista e produtor de filmes

independentes, tem sido apontado como um dos maiores nomes do cinema italiano contemporâneo.

Após um período dedicado à política, em que se opôs a Silvio Berlusconi, a quem dedicou o filme O crocodilo, retornou ao cinema em 2011 com Habemus Papam. Este ano, foi presidente do júri do Festival de Cannes.

Sua paixão pelo cinema vai além de fazer filmes: comprou e restaurou, no final dos anos 1980, a antiga sala de cinema Sacher, no bairro de Trastevere, em Roma. Fã declarado de Visconti, Pasolini, Ferreri, Bellocchio, Bertolucci, Hitchcock, Buñuel, Truffaut e dos irmãos Taviani, é conhecido como o Woody Allen italiano.

Paixão por cinema e pólo aquático

Além de diretor, Moretti incorpora

no filme um psicanalista que tenta convencer

o cardeal Melville a aceitar ser o novo Papa

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Page 48: Revista Comunità Italiana Edição 168

Registros de um Bel PaeseA maior agência de notícias da Itália organizou uma mostra sobre os últimos 60 anos da história do país vistos através de imagens de seus fotógrafos. A exposição Fotografandoci, que conta com 250 imagens escolhidas entre as mais de 4 milhões dos arquivos da Ansa, em Roma, revive alguns dos principais momentos da crônica italiana, desde a criação da agência, em 1945, até os dias de hoje. Em 2011, a exposição foi apresentada na capital italiana, e ficou em cartaz até 7 de julho em São Paulo. O Brasil foi escolhido como o primeiro país a receber a exposição depois da Itália devido aos profundos laços culturais, humanos e econômicos que unem as duas nações

Os goleiros das seleções do Brasil e da Itália, Cláudio Taffarel e Gianluca Pagliuca, se abraçam após a final da Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos. Da esquerda para a direita: Roberto Carlos e o cantor italiano Sergio

Endrigo durante o Festival de Sanremo, em 1968; Gilberto Gil e Lucio Dalla em dueto na entrega do prêmio Caruso, na cidade de Sorrento; o papa João Paulo

II abre a Porta Santa para o Jubileu do ano 2000; os jogadores da seleção brasileira de futebol Dirceu, Batista, Pedrinho, Luvanor e Altafini visitam os

estúdios de televisão de Milão, em 1983; e o escritor Jorge Amado viaja à Itália para receber o prêmio Nonino de literatura, em 1984

fotografia

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Meet the SoloistsFino a dicembre, presso la Sala del

Buonumore del Conservatorio Lu-igi Cherubini di Firenze i talenti del Maggio Musicale Fiorentino si esibi-ranno in un appuntamento diviso in due parti: un concerto nel quale mo-streranno diversi repertori musicali diversi da quelli classici e un dibatti-to aperto, grazie al quale sarà possi-bile conoscere meglio i componenti d’orchestra e le loro professionalità. L’obiettivo è quello di creare un rap-porto diretto tra la città e la musica classica, che spesso viene considerata elitaria e molto distante dalla base. Ragion per cui l’ingresso sarà gratui-to. Da questa serie di incontri, nasce-rà un cd e i ricavi delle vendite saran-no devoluti all’Ospedale Pediatrico Fiorentino del Meyer e alle comunità colpite dallo tsunami in Giappone. Gli eventi si terranno tutti i lunedì dalle 21.00 alle 23.45.

Cultura e ChiantiDurante i mesi di luglio e agosto, in una

delle regioni più suggestive della To-scana quale è il Chianti, l’associazione Im-prove your Art* e Improve your Cooking* or-ganizza una serie di incontri dedicati alla diffusione della cultura e cucina toscana e italiana in generale. Ogni secondo lu-nedì del mese, presso la struttura Pleya-di, in un ambiente totalmente immerso nel verde, saranno affrontati alcuni temi come l’approccio alla cucina naturale, i primi passi nell’utilizzo dell’acquerello o semplicemente la preparazione di alcune facili ricette per una cena tra amici. Gli incontri sono adatti a tutti, principianti o esperti e per partecipare bisogna regi-strarsi presso il sito ufficiale: www.loca-tionpleyadi.it

Le origini del calcioCon il patrocinio di FIFA, Federazione

Italiana Giuoco Calcio e del Comitato Olimpico Nazionale Italiano, la Provincia di Firenze presso il Palazzo Medici Riccar-di, nella Galleria delle Carrozze, presen-ta la mostra sulla sfera pezzata dal titolo: “Le origini del calcio”. L’esposizione vuole raccontare gli oltre tremila anni di storia della sferistica grazie a rari reperti, scritti e immagini. Si parte dall’antichità greca, romana e precolombiana, passando per il folklore e le tradizioni medievali e rinasci-mentali come il “calcio in costume fiorenti-no”, per arrivare ai nostri tempi con la na-scita del football moderno nell’Inghilterra del XIX secolo. Ingresso gratuito.

Re-generationNonostante la crisi economica di questi

ultimi anni, in Italia si è assistito alla na-scita di nuove gallerie e fondazioni private, come anche all’ apertura e all’ingrandimen-to di musei pubblici. La mostra organizzata dalla Frittelli Arte Contemporanea vuole fo-tografare questo momento storico dell’arte contemporanea mostrando al pubblico le novità e le sperimentazioni più interes-santi. L’esposizione collettiva riunisce una quarantina di artisti di generazioni e nazio-nalità diverse e prevede percorsi articolati tra pittura, fotografia, video e installazioni. Tra i maestri d’arte invitati si citano Mar-co Raparelli, ideatore del logo della mostra, Jean Jacques Du Plessis, Pietro Ruffo, Fabio Mauri e Pino Pascali. L’esposizione chiude-rà il 9 settembre e l’ingresso è gratuito.

Nel quinto centenario dalla morte di Amerigo Vespucci, la Soprintenden-

za Speciale per il Patrimonio Storico, Artistico ed Etnoantropologico e il Polo Museale della città di Firenze hanno vo-luto rendergli omaggio, con una espo-sizione dedicata alla cività del popolo indigeno del Nord America. Nella splen-dida cornice della Galleria del Costume, la mostra fiorentina presenta una scelta dei ritrovati più preziosi e significativi

dei popoli chiamati volgarmente “india-ni”. L’esposizione è stata resa possibile grazie alla collaborazione del Gilcrease Museum di Tulsa, in Oklahoma, uno dei musei più ricchi di testimonianze stori-che del continente nord-americano per la presenza di una grande collezione ar-tigianale di manufatti d’arte di quel pe-riodo storico americano. Dal 3 luglio al 9 dicembre presso Palazzo Pitti, Andito degli Angiolini. Ingresso 8 euro.

La nuova frontiera

firenzeGiordanoIapalucci

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As maiores marcas mun-diais de moda desfilaram, de 23 a 26 de junho, na Semana de Moda Mas-

culina de Milão, também conhecida como Milano Moda Uomo. Trata-se da abertura da temporada primavera/verão 2013, onde as grifes apresentam suas tendências para a próxima esta-ção. Os principais destaques foram os grandes nomes da moda italiana.

O estilista Salvatore Ferragamo apresentou uma coleção com muito laranja, amarelo, coral e vermelho, apostando que o próximo verão eu-ropeu será repleto de cores quentes e vibrantes. A coleção da Prada con-trastou com Ferragamo e optou por tonalidades sóbrias, como o verde e o cinza. A marca Ermenegildo Zegna também apostou na sobriedade, com criações que valorizam o homem que gosta de se vestir de forma clássica.

Por sua vez, o estilista Rober-to Cavalli preferiu o roxo, o azul, a camurça, o brilho e as estampas. O cantor David Bowie e as pinturas de Salvador Dalí serviram de inspi-ração para Daniele Cavalli, filho de Roberto. A Bottega Veneta também chamou a atenção com discretas

estampas floridas. A grife apresen-tou ainda maxibolsas — que já foram tendência na moda feminina — co-mo o acessório que deve conquistar os homens no próximo verão.

A Dolce & Gabbana usou a temá-tica das redes sociais em seu desfile. As calças mais amplas e com pregas foram o destaque. As cores usadas foram tons mais sóbrios, como o cá-qui. A marca também apresentou

suas peças de moda praia, com shorts mais curtos e estampados. O look urbano também faz parte dessa cole-ção. Após o desfile, Stefano Gabbana explicou o porquê deste conceito.

— Preferimos algo atual e demo-crático, como a moda tem que ser.

Armani vai do clássico ao descontraídoUm dos nomes mais prestigiados da moda, Giorgio Armani levou para a passarela a sua linha mais clássica e também a descontraída Emporio. No desfile da grife, o público pode conferir os famosos paletós ajus-tados à cintura, combinados com calças de estampa discreta ou lisas. Na coleção de verão, a grife chamou a atenção para as bermudas.

— Você precisa estar com a si-lhueta em dia para vestir um short e a principal barreira para um ho-mem é a idade. As bermudas são mais democráticas — disse o esti-lista, logo depois do desfile.

Outro destaque da Emporio Ar-mani foi o encerramento com as sungas, os maiôs, os agasalhos e as camisas polo que serão utilizados pe-los atletas italianos do pólo aquático, da natação e dos saltos ornamentais nas Olimpíadas de Londres. Armani é quem assina o desenho dos unifor-mes olímpicos da Itália.

Os uniformes são em azul ma-rinho e branco, e carregam o hino nacional italiano escrito em doura-do no interior dos casacos usados pelos atletas antes e após caírem na água, e também para subir ao pó-dio. Armani já havia apresentado os uniformes dos atletas de outras modalidades em desfiles anteriores.

As mulheres também mostraram o seu ponto de vista para a moda masculina. Donatella Versace apos-tou no clássico para apresentar a coleção primavera/verão da Versace. Paletós em tons de cinza, valorizan-do a silhueta dos homens, foram a sensação do desfile. A designer Frida Giannini brilhou com a grife Gucci. Ela usou referências da indu-mentária característica britânica, aproveitando, especialmente, o corte preciso da alfaiataria dos ingleses.

Entre as grifes de fora da Itália, as mais comentadas foram a Calvin Klein Collection, que apostou em je-ans, couro, estampas florais e tons neutros, e a estilista britânica Vivien-ne Westwood, que apresentou uma coleção com cores cítricas. Do sóbrio ao colorido, cada marca mostrou a sua versão do verão europeu 2013 — que, pelo olhar dos estilistas, pro-mete ser bem diversificado.

Tendências diversificadasDolce & Gabbana, Versace, Armani e outras importantes grifes italianas mostram em Milão as várias tendências para a moda masculina

Moda

A Semana Italiana de Moda Masculina de Milão da temporada

primavera/verão 2013 apresenta novos looks de

marcas renomadas como Dolce &

Gabbana, Armani e Versace

Janaína PereiraDe Milão

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Remake ArmaniTrinta anos após o filme America

Gigolo, que catapultou Richard Gere para o Olimpo dos astros e Giorgio Armani para o firmamento da moda, a jaqueta de ombros caí-dos e solta no corpo volta a ganhar a cena. “Eu tentei trabalhar um pou-co mais sobre os meus códigos. Vejo muitos alienígenas vestidos na rua”, comentaria ele, depois do desfile principal da marca, dando um puxão de orelhas em quem exagera nas cal-çadas da fama e do anonimato mila-nês. Bermuda e blazer a peito nu são uma provocação educada ao gosto da moda assinada pelo “rei Giorgio”.

Prada milanesa e aquáticaPatrizio Bertelli, dono de Prada em so-

ciedade com a esposa Miuccia Prada, entrou para o America’s Cup Hall of Fame do Herreshoff Marine Museum, o corre-dor da fama de maior prestígio no mundo da vela. Trata-se de um reconhecimento de sua paixão pelo iatismo, estando pela quarta vez à frente de uma “esquadra naval” italiana — a Luna Rossa Challen-ge — no desafio titânico de trazer para o país o cobiçado troféu da America’s Cup. A cerimônia foi em Newport, ao final da última etapa da competição, com os ca-tamarãs AC45 e as miniaturas dos AC 72 que irão disputar a America’s Cup, no ano que vem, nas águas da baía de São Fran-cisco, nos Estados Unidos.

Violência abaixo do EquadorO fenômeno das gangues latino-ameri-

canas está dando dor de cabeça às au-toridades milanesas. Em 2006, o Tribu-nal de Menores abriu 50 inquéritos para investigar a violência de jovens com me-nos de 18 anos originários de países de fora da União Europeia. No ano passado, o número de casos subiu para 123. Na or-dem crescente, os crimes cometidos são roubo, estupro, tentativa de homicídio e homicídio. Os brasileiros respondem por 7,5% dos casos — atrás de peruanos e equatorianos.

Ouro vivoA crise que assola as famílias italianas

faz o mercado entrar em uma nova era do ouro. As lojas que compram joias e brilhantes como mercadorias quaisquer aumentaram em 22%. Hoje, na região da Lombardia, são sete mil, segundo a Asso-ciação dos Operadores Profissionais. Não por acaso, a exportação de metais precio-sos para a Suíça, vejam só, aumentou em 26%. Uma pulseira esquecida na gaveta pode valer 100 euros, e um anelzinho algo como 40 euros.

Em Milão, um apartamento de três cômodos pode custar até 150 euros

por noite, ou a metade, se o cliente acei-ta um quarto e sala. O dado faz parte de uma tabela informal da nova mania imobiliária da cidade que tenta driblar a crise. A estratégia do aluguel por uma noite, a exemplo do que já ocorre em

outras cidades europeias, como Paris e Veneza, ganha, finalmente, as agências que administram pacotes com 40 a 50 apartamentos no centro da cidade e ar-redores. E isto quando não são os pró-prios proprietários a oferecer os imó-veis através de sites como o Homelidays ou o Booking.

Crise imobiliária

milãoGui lhermeAquino

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Décadas de criatividadeDuas exposições no Brasil, uma em São Paulo e outra em Porto Alegre, oferecem um panorama das invenções de designers italianos dos anos 1950 até hoje

A mostra com a curadoria de Marco Bazzini traz fotos de

peças decorativas, diferentes e sofisticadas, como da poltrona

Proust de 1978, criada pelo designer Alessandro Mendini; da

estante Equilibri, desenvolvida para a empresa brasileira Brinna;

de objetos domésticos feitos de prendedores de aço que formam a coleção Clippe, produzida pela Ipac Italy; de artigos domésticos

reinventados por Stefano Giovannoni para a Alessi, com

linguagem infantil e inspiração nos quadrinhos; de cálices

temperamentais, como o Rilassato da GUM Design; e das sandálias Melissa, de Gaetano Pesce; e a Vespa de Corradino D’Ascanio,

desenvolvida pela Piaggio

dESign

Italian Genius

Foi na década de 1950, com o fim da Segunda Guer-ra Mundial, que arquitetos, designers, estilistas e

criadores gráficos italianos começaram a propor um mundo mais dinâmico, colorido e moderno. A par-tir dos anos 1980, com o início do reconhecimento mundial, o trabalho dos artistas assumiu o título que mantêm até hoje: o famoso Made in Italy. Esta Itália, colorida, moderna e funcional está em cartaz na mos-tra Italian Genius Now, aberta no Santander Cultural, em Porto Alegre, até 12 de agosto. As cerca de 90 obras são assinadas por 49 designers.

— A arte e o design fazem parte do modo italia-no de ver o mundo e, principalmente, da nossa grande história — explica o curador da mostra, Marco Bazzi-ni, diretor artístico do Centro de Arte Contemporânea Luigi Pecci, sediado em Prato, na Toscana.

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dESign

A exposição contou com imagens de ambientes cenográficos; dos próprios fotógrafos Aldo e Marirosa Ballo; de móveis diferentes como a poltrona Karelia e a estante Carlton; e de objetos dos anos 1960 como a máquina de escrever portátil Valentine. A mostra também exalta obras de pessoas e estúdios que modificaram a história, como Sottsass e o Superstudio, e Castiglioni

Zoom na criatividade

O primeiro país no qual se pensa quando o assun-to é design é a Itália. Os motivos dessa posição

de destaque no mundo estão documentados pelos fotógrafos Aldo Ballo e Marirosa Toscani Ballo, com re-gistros entre 1953 e 1994. O trabalho do casal coincide com o apogeu do design italiano e o seu Studio Ballo, em Milão, tornou-se o mais requisitado para fotos de revistas e campanhas publicitárias do setor. Até 15 de julho, o Museu de Arte Brasileira da FAAP, em São Paulo, apresenta a exposição Zoom. Design Italiano e a Fotografia de Aldo e Marirosa Ballo, com 300 imagens, livros, revistas, pôsteres, trechos de filmes italianos e uma seleção de 75 objetos do Vitra Design Museum.

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Muitas são as obras escritas sobre a imi-gração italiana no Brasil. Algumas têm

a finalidade de tornar compreen-sível a narração dessa complexa história para leitores de todas as idades. É o caso de Retratos da Imigração Italiana no Brasil, lan-çado pela Editora Brasileira, com fotos de época, que mostram os imigrantes presentes com suas famílias em espaços rurais e ur-banos brasileiros. A obra revela detalhes da contribuição dos ita-lianos à cultura brasileira nos textos de Angelo Iacocca, escritor nascido no sul da Itália radicado em São Paulo desde a década de 1960. Por meio de ampla pesqui-sa iconográfica organizada por Claudia Fonseca junto aos arqui-vos de instituições como a Casa da Imagem, o Arquivo do Estado de São Paulo, a Fundação Energia, o acervo do Teatro Municipal de São Paulo e o Museu Emílio Ri-bas, além de acervos pessoais, o livro contém uma atraente série de textos breves como pinceladas em quadro. O conjunto, organi-zado de forma não cronológica,

representa um afresco histórico sobre a influência dos imigran-tes italianos no Brasil desde os primeiros registros, do início do século XIX até os dias de hoje.

As 180 páginas incluem re-produções de documentos importantes, como o mapa de en-trada e saída de imigrantes no Porto de Santos, de 1884; jornais voltados aos recém-chegados, co-mo L´Immigrante e Il Tevere, que circularam em São Paulo no final do século XIX; e retratos de família e de grupos de trabalhadores.

De Giuseppe Garibaldi a Pietro Maria e Lina Bo Bardi, de Fran-cesco Matarazzo a Adolfo Celi, passando por Anita Malfatti, cida-dãos ilustres são citados quanto ao papel que tiveram no desenvolvi-mento da economia, da arquitetura e urbanismo, das artes visuais, da literatura e da música, no ensino, nos esportes, na moda e na gas-tronomia, ou na criação de novas profissões e atividades comerciais, além de festas populares e religio-sas da vida brasileira. Ao longo de mais de dois séculos de imigração, a publicação passa por histórias famosas, como as de Francesco Matarazzo, Líbero Badaró, Giuse-ppe Martinelli e Rodolfo Crespi, passando por clubes de futebol

como Palmeiras, Cruzeiro e Juven-tus; cidades como Garibaldi, Bento Gonçalves e Caxias do Sul; e bairros paulistanos como a Mooca, o Brás e o Bixiga.

Na introdução, Iacocca cita os primeiros italianos que desem-barcaram no território brasileiro ainda no período colonial. Trata-va-se de marinheiros genoveses e sicilianos que “integravam a tripu-lação de navios portugueses que cruzavam o Oceano Atlântico ru-mo às terras recém-descobertas. Outros, em sua maioria artistas e artesãos, acompanharam a fa-mília real portuguesa por ocasião da transferência da Corte para o Rio de Janeiro entre 1807 e 1808.” Iacocca prossegue: “Após a procla-mação da independência em 1822, o período imperial foi marcado pe-la chegada de vários italianos em terras brasileiras.”

Trocas comerciais intensificadas Hoje, muitas das empresas funda-das em território brasileiro têm sua direção nas mãos de descendentes de terceira ou quarta geração. As relações comerciais ítalo-brasilei-ras também se intensificaram e facilitaram uma maior presença de italianos em pontos remotos do território nacional. Tudo isso tem um começo, marcado com a vin-da dos imigrantes italianos para o Brasil a partir do final do século XIX: em seu percurso, enfrenta-ram inúmeras adversidades para se estabelecerem em áreas urba-nas e rurais em diversos pontos do território brasileiro. Fugiram dos efeitos provocados pela tran-sição do modelo feudal para o capitalismo com o processo de industrialização, além das taxas exorbitantes que os levavam a se endividar até perderem suas pe-quenas propriedades agrícolas para os mais poderosos.

Graças à sua linguagem leve, mas não superficial, Retratos da Imigração Italiana no Brasil vem sendo usado para atividades didáti-cas e pesquisas dos estudantes nas escolas italianas de nível médio pa-ra introduzir conceitos de convívio social entre indivíduos de culturas diversas. 

Retratos da imigração italiana no Brasil - Editora Brasileira

A edição bilíngue português/inglês tem valor de capa de 80 reais.Com 180 páginas, reúne fotos

e documentos históricos.

Retratos de uma epopeiaLivro lançado pela Editora Brasileira traz reproduções de fotos do século XIX e jornais da época como o L´Immigrante

Lisomar SilvaDe São Paulo

A obra de Angelo Iacocca fala sobre

a influência dos imigrantes italianos no Brasil, do século

XIX até os dias atuais

livro

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Page 55: Revista Comunità Italiana Edição 168

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ItalianStyle

A Itália entra no ritmo das férias. Nesse período, diversos lançamentos animam os fãs da moda e do design italiano — da coleção especial da Gucci para as Olimpíadas de Londres aos mais elegantes artigos de moda praia. Confira.

Gucci nas Olimpíadas de Londres 2012 A City Collection é uma linha de acessórios esportivos lançada pela Gucci às vésperas dos Jogos Olímpicos de Londres 2012. A coleção inclui uma série de bolsas, uma capa para iPad e sneakers de cano alto desenhados pela diretora de criação da grife, Frida Giannini. Materiais em couro e um skyline estilizado de Londres marcam a nova coleção, direcionada para os mais modernos e dinâmicos cosmopolitas.

Preços: € 250 (Ipad case), € 790 (Bolsa de viagem grande), € 550 (Bolsa de compras) e € 575 (sneaker de cano alto modelo feminino).

www.gucci.com

vacanzE

Prada Forever Mais um lançamento de verão

da Prada que conquistou os editoriais de moda na Itália. A

bolsa da foto, em couro saffiano envernizado, vem em diversas

cores de verão, como vermelho, azul celeste e amarelo.

Preço: € 1.250www.prada.com

Ballerina Chic Esta elegante sapatilha colorida traz no

corpo a marca registrada da Bottega Veneta, já eleita uma das mais

luxuosas do mundo, com couro trançado trabalhado artesanalmente. A versão da foto, parte da coleção

para o verão 2012, também está disponível nas cores violeta,

vermelho, marrom e preto, e vem com palmilha de couro. Preço: € 577

www.bottegaveneta.com

Branco elegante

No lançamento da sua store online, a Yamamay coloca à disposição dos

internautas duas coleções completas de moda mare. A calça branca de algodão é

um clássico italiano para a beira-mar. Preço: € 25,89

shop.yamamay.com

Petit Poá

A estampa escolhida pela Dolce & Gabbana para

o outono-inverno 2012-2013 foi apresentada

neste semestre pela grife e já é celebrada pelas

revistas de moda. O modelo da foto é um

biquíni em lycra. Preço: Sob consulta

store.dolcegabbana.com

comunitàitaliana | ju lho 2012 55

Page 56: Revista Comunità Italiana Edição 168

Na calma noite, após algumas taças de Valpolicella Tommasi, as saudosas reminiscências da vila italiana de João Neiva, co-lonizada por aventureiros de Bergamo e Brescia, tomaram minha memória. Lembro-me de muitos fatos curiosos narrados pelo meu

pai, filho da família Sbardelotti, proveniente do Vêneto, que chegou à região no início do século XX.

Naquele tempo, nas tardes tranquilas de João Neiva, pouco ou nada havia para se fazer. O centro da malandragem ficava na Rua Getúlio Vargas, estrangulada pela estação ferroviária, sólida construção ingle-sa, dividindo a rua em duas vertentes, onde se vislumbravam os points dos oriundos: o Bar do Farina e o Bar do Negri. O ensurdecedor barulho de ferro retorcido do trem era amortecido com as batidas das bolas de sinuca, nos bares próximos à estação ferroviária. Os desembarcados iam curar a secura que o chão de terra batida proporcionava, na famosa fá-brica Balzaquiana, do italiano João Campagnaro, que ofertava a legítima aguardente, hoje extinta das prateleiras dos bons bares do ramo. Segundo Lithini, Oncalli e Adriani, filósofos do reduto boêmio, o produto derivado da cana era a verdadeira panaceia da alma, ou a alquimia da felicidade.

À noite, na calçada da Rua Pedro Nolasco, Da Ross, Coutinho, Plazzi e Peixoto tro-cavam dedos de prosas vigia-dos pela lua esplendorosa que iluminava o escuro da imensi-

dão do céu. A temática das conversas era

diversificada, com “cau-

IlLettoreRacconta

João Neiva

sos” que haviam sido noticiados pelo rádio, lembranças do passado. Os acontecimentos do dia faziam parte das divagações. E, na visão deles, não havia espaço para lamentações.

Do Clube Pedro Nolasco, ouvia-se músicas de dança de salão. Ali, os mais animados riscavam o chão com passos marcados de várias danças. A casa também era conhecida pelos jogos. Entre eles, o pingue-pongue se destacava. Não havia bebedeiras, nem brigas. Os habitantes costumavam dizer que as casas noturnas de João Neiva eram para a diversão das famí-lias. Às 22h30, o silêncio era quase total, e a Vila estava adormecida nos braços de Morfeu. Apenas a sinfonia dos grilos, os pássaros noturnos e o coaxar dos sapos, às margens do Rio Piraqueaçu, destoavam do silêncio.

Em algumas ocasiões especiais, o silên-cio também era quebrado pelo violino do artista plástico Righetti, cortando o ar gélido das ma-drugadas, com a sua interpretação de Vivaldi e Albinoni. Outro ponto positivo da região é que a criminalidade era inexistente, mesmo no Morro da Palha, covil dos malandros, onde algumas mulheres exerciam pacificamente a profissão mais antiga do mundo.

Às cinco da matina, com a cantoria dos galos, junto com a sinfônica de sabiás, sanhaços, arrulho das rolinhas e juritis, procedentes das inúmeras árvores de altas copas, um novo dia começava para os operários da ferrovia e braccianti das lavouras de café, que, de domingo a do-mingo, pagavam o pedágio de oito horas de trabalho para so-breviver. O que mais me impressiona é que doenças como viroses, gripes e resfriados não acometiam aqueles proletários, que aparentavam ter uma saúde de ferro.

À tarde, após um dia exaustivo de trabalho nas terras do Espírito Santo, os italianos retornavam a seus lares para comer a comida inspirada no Belpaese. Das montanhas, os últimos raios solares brindavam a verde alcatifa, e do alto do campanário da Igreja, ouvia-se a Ave Maria que ecoava por todo o vale, con-vocando a todos para a missa. Além da oração, podia-se escutar músicas da casa da família Da Ross, através das ondas hertzianas. Uma das preferidas do patriarca era aquela que diz: “A sau-dade mata a gente morena”.

Abro os olhos vagarosamente em 2012. No Rio de Janeiro, ouço o barulho intenso dos ônibus e o som insistente das cigarras que vem da árvore da esquina da rua. Não mais consigo “viajar”. A máxima latina se repete: tempus fugit (o tempo passou).

Adílson Mattos João Neiva, Espírito Santo

Mande sua história com material fotográfico para:

[email protected]

Bergamo

A colônia italiana de João Neiva foi fundada pelo

imigrante Negri Orestes. A exemplo de Luis Sbardelotti e

Damaris Mattos, muitos italianos escreveram suas histórias na

pacata cidade do Espírito Santo

56 maio 2012 | comunitàitaliana

Page 57: Revista Comunità Italiana Edição 168

saporid’italiaAl ineBuaes

Serviço: Restaurante Arte in TavolaRodovia RST 453 Km 106 (Farina Park Hotel) - Farroupilha (di-

visa com Bento Gonçalves)/RSTelefone: (54) 3458.7033

E-mail: [email protected] De segunda a sábado, das 19h30 às 23h

Ossobuco alla milaneseIngredientes: 150g de arroz arbóreo; 10 g de açafrão; 75g de manteiga; 50g de queijo ralado; metade de uma cebola; meio dente de alho; 200g de ossobuco; 100g de cebolinha; 75g de vinho branco; 5g de funghi porcini secos; 50g de azeite de oliva; 50g de óleo de soja; 50g de margarina; sal e pimenta a gosto.

Modo de fazer: Refogue a cebola no azeite de oliva. Em seguida, acrescente o arroz e deixe tostar bem. Coloque o caldo, aos poucos, já preparado com legumes e bem quente. Depois de colocar a primeira concha de caldo, junte o açafrão diluído. Quando cozido, retire o arroz do fogo e passe nele o queijo e a manteiga. Para o ossobuco, frite a carne previamente passada na farinha em óleo de soja e margarina. Coloque em uma assadeira sem a gordura do cozimento, junte azeite de oliva fresco, os funghi porcini, a cebolinha picada, o vinho e o sal. Cubra bem e asse no forno entre 160º e 175º durante cerca de 2 horas e meia, dependendo da textura da carne. Sirva em prato quente com o risoto e uma adequada guarnição.

O sabor do Piemonte na Serra Gaúcha

Rio Grande do Sul – De Turim, Mauro Cingolani veio ao Brasil em 2002. Chef de renome internacional, foi à Serra Gaúcha para ministrar um curso breve para descendentes de italianos. Mas quis o destino que ele

se apaixonasse e por aqui resolvesse permanecer. Logo, ele e a esposa, natural de Bento Gonçalves, abriam o Arte in Tavola, restaurante especializado na alta gastronomia italiana, locali-zado nas dependências do Hotel Farina Park, estabelecimento de propriedade da família dela.

Em um ambiente aconchegante e acolhedor, na divisa entre Bento Gonçalves e Farroupilha, cercado por natureza exube-rante e vinícolas gaúchas, a casa traz um elaborado cardápio de especialidades em serviço à la carte, com pratos clássicos e receitas exclusivas. Os clientes têm à disposição uma carta especial de vinhos da região e variados rótulos importados. To-dos os pratos, incluindo sorvetes, biscoitos, massas e pães, são rigorosamente preparados na cozinha do próprio restaurante.

Desde 2009, quando Cingolani assumiu o car-go de diretor da Escola Internacional de Gas-tronomia UCS-ICIF, se tornou chef executivo do restaurante, mantendo a responsabilidade de ela-boração dos cardápios.

— Há quatro anos, tenho me afastado do restaurante devido aos

O restaurante Arte in Tavola, do Hotel Farina Park, apresenta vinhos especiais do Piemonte

e pratos da alta gastronomia da região

O restaurante do chef de Turim que veio ao Brasil dar uma palestra e não voltou mais faz sucesso na Serra Gaúcha

compromissos com a esco-la, mas sou sempre eu quem elaboro os cardápios — ex-plica o chef, que já passou por renomados restaurantes italianos em Milão, Nova York e Londres. Ele afirma que adaptar-se ao Brasil foi mais fácil por se encontrar em uma região de imigran-tes italianos e geografica-mente parecida com o Pie-monte, sua terra natal.

O restaurante encontra-se a 120 km de Porto Alegre e a poucos minutos de carro dos principais pontos turís-ticos da Serra Gaúcha, sendo um ótimo ponto de partida para quem quer desfrutar as delícias da região.

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Monte Epomeo

Teoria da quebrabilidade

O Einstein inventou a teoria da relatividade. O Newton descobriu a lei da gravidade. E eu descobri a teoria da quebrabilidade.

Não precisa ser gênio. Basta observar para se chegar à conclusão. Quando quebra alguma coisa em casa, logo depois quebra outra. Num efeito dominó, a casa inteira vem abaixo. Como aconteceu nessa semana comigo. Quebrou a máquina de secar. Depois de uma semana, eis que foi a vez do boiler e acabou a água quente. De repente, pifa também o aspirador de pó. É a lei da atração dos pequenos desastres domésticos. Preste atenção. Nada quebra sozinho.

Da mesma forma que, quando quebra uma coisa em casa, quebra tudo, se você pisa fora de casa e já acontece um contratempo, pode ter certeza de que outros virão. Por exemplo, está chovendo e você pisa na poça d’água e suja todo o sapato. Pode ter a certeza matemática de que dali a cinco minutos vai passar um carro e espirrar água na sua roupa limpinha e você ficará todo sujo.

Afinal, quando o dia começa mal, pode ter certeza de que acabará mal. O tal do Murphy era mesmo um gênio. Já me ganhou quando disse que quando cai o pão com manteiga no chão, a parte da manteiga é a que cai virada para o chão. É óbvio.

Assim vale para tudo na vida. Quando a desgraça vem, vem tudo junto. Perde-se o emprego, a namorada, roubam o carro. Só os fortes aguentam. Não adianta se benzer ou pedir a um santo de umbanda para tirar o olho gordo. Alguns botam a culpa no horóscopo e dizem que é o maldito inferno astral.

A melhor coisa é se deixar levar pelos eventos e esperar que os desastres cessem. Como em um terremoto. De repente, a terra para de tremer e só então é que dá para começar de novo. É preciso ser estóico e ver o mundo cair com ar de aparente indiferença e autocontrole.

Mas não tem sentido entrar em desespero só porque quebrou meia dúzia de eletrodomésticos em casa. Para o negócio afundar mesmo, só morando na Itália. O termo “serviço ao cliente” não existe por aqui. Para consertar a secadora de roupa dentro da garantia, levou oito meses. Para ter a honra de receber a visita do primeiro técnico disponível para reparar o boiler, passaram-se duas semanas.

Foi uma ótima oportunidade de fazer grátis uma viagem no tempo e de esquentar água na panela, à moda antiga. Viva o otimismo!

A ilha de Ischia é pouco visitada pelos brasileiros, que acabam escolhendo a famosa, chique e bela Capri.

Ischia é uma ilha que é o contrário de Capri. Pouco luxo, muita natureza e estupendas águas termais. Para quem gosta de fazer trilha em montanhas, também satisfaz. Um programaço é escalar e descer o Epomeo, monte de quase 800 metros. A escalada pode começar no meio do monte para dar tempo de incluir no programa um almoço no restaurante La Grotta di Fiore e Maria, com vista deslumbrante do alto da ilha e com o famoso coelho à moda cacciatora, ou seja, preparado com vinho branco, alho, pimenta e alecrim. Cuidado só para não exagerar no vinho da casa. Senão o perigo é, durante a descida, rolar monte abaixo.

la gente, il postoClaudiaMonteiroDeCastro

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