revista conhecer/projeto prosperar 2014

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PROJETO PROSPERAR Nº 28 // AGOSTO DE 2014 CONTRATAÇÕES PÚBLICAS Parceria com Tribunais de Contas favorece economia municipal Miguel Etges

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Page 1: Revista Conhecer/Projeto Prosperar 2014

PROJETO PROSPERAR

Nº 28 // AGOSTO DE 2014

CONTRATAÇÕES PÚBLICASParceria com Tribunais de Contas favorece economia municipal

Mig

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PROJETO PROSPERAR // SEBRAE4

/ / S U M Á R I O / /

PRESIDENTE DO CONSELHO DELIBERATIVO NACIONALRoberto Simões

DIRETOR-PRESIDENTELuiz Barretto

DIRETOR-TÉCNICOCarlos Alberto dos Santos

DIRETOR DE ADMINISTRAÇÃO E FINANÇASJosé Claudio dos Santos

GERENTE DA UNIDADE DE POLÍTICAS PÚBLICASBruno Quick

CHEFE DA ASSESSORIA DE IMPRENSADenise Chaves

CONHECER SEBRAEPROJETO PROSPERAR

RESPONSÁVEL TÉCNICONarceu Almeida

CONSULTOR TÉCNICOAbnor Gondim

SUPERVISÃO EDITORIALLarissa Meira

EDIÇÃOBeth Nardelli

PRODUÇÃOGrupo Informe Comunicação Integrada

REPORTAGEM E REDAÇÃOAlessandra Flach e Nita Queiroz

EDIÇÃO DE FOTOSRubens José

PROJETO GRÁFICOHeyboo Design Studio

DIREÇÃO DE ARTEChica Magalhães

TIRAGEM10 mil exemplares

SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS – SEBRAE SGAS 604/605 – CONJUNTO A ASA SUL – BRASÍLIA – DF CEP 70200-645 – FONE (61) 3348-7100

CENTRAL DE RELACIONAMENTO 0800 570 0800WW.SEBRAE.COM.BR

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2939

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5969

EDITORIAL PROJETO PROSPERAR INCENTIVA ADESÃO DE MUNICÍPIOS À LEI GERAL

ARTIGOS 6. LEI GERAL, PEQUENOS NEGÓCIOS E ECONOMIAS LOCAIS

7. SEBRAE PRIORIZA COMPRAS DE PEQUENOS NEGÓCIOS

8. EMPREENDEDORISMO E POLÍTICAS PÚBLICAS

CONTRATAÇÕES PÚBLICASTRIBUNAIS DE CONTAS EXPANDEM LEI GERAL NOS MUNICÍPIOS

ENTREVISTAVALDECIR FERNANDES PASCOAL, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DOS MEMBROS DOS TRIBUNAIS DE CONTAS DO BRASIL (ATRICON)

BALANÇOTC E SEBRAE MULTIPLICAM COOPERAÇÃO PARA ESTIMULAR PREFEITURAS A COMPRAR DOS PEQUENOS

EVENTOMOBILIZAÇÃO NACIONAL RESULTA EM CONVÊNIO NOS ESTADOS

PIONEIRISMOREGIÃO SUDESTE SUPERA DESAFIOS

CAPACITAÇÃO53. TOCANTINS REALIZA CURSO INÉDITO PARA FISCALIZAÇÃO DA LEI GERAL

59. MAIS QUE FISCALIZADORES, PROMOTORES DA BOA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

RECONHECIMENTOO OSCAR DO PREFEITO EMPREENDEDOR

ARTIGOA VEZ DO CONTROLE EXTERNO PARA A EFETIVAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE APOIO AOS PEQUENOS NEGÓCIOS

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E D I T O R I A L / LUIZ BARRETTO*

PROJETO PROSPERAR FACILITA ADESÃO DE MUNICÍPIOS À LEI GERAL

A Lei Geral das Micro e Peque-nas Empresas revolucionou o empreendedorismo brasilei-ro. Deu um tratamento dife-

renciado às micro e pequenas empre-

sas, garantindo menos tributo, menos

burocracia e mais mercado. Após sete

anos em vigor, cerca de 9 milhões de

pequenos negócios aderiram ao regime

do Supersimples, o que representa 99%

das empresas nacionais.

Apesar da grande adesão dos em-

presários à Lei Geral, muitas prefeituras

ainda não a colocaram em prática em

seus municípios. Mesmo com muito es-

forço, menos de 2 mil municípios já têm

a lei regulamentada, diante dos 5,5 mil

existentes no Brasil.

Por isso, o Sebrae trabalha em conjun-

to com prefeitos e agentes de desenvolvi-

mento local para disseminar e implantar

a Lei Geral em todas as cidades. Temos o

compromisso de fazer crescer os peque-

nos negócios do nosso país. Ao mesmo

tempo, queremos ajudar o desenvolvi-

mento local sustentável dos municípios e

o fortalecimento da economia brasileira.

Um dos capítulos mais importantes da Lei Geral trata da relação de compra e venda entre os municípios e as mi-cro e pequenas empresas. Os negócios desse porte têm exclusividade nas lici-tações públicas de até R$ 80 mil, mas a participação delas ainda é baixa.

Para mudar essa realidade, em 2012, firmamos parceria com a Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon) e o Instituto Rio Barbosa (IRB) para estimular a efetivação da Lei Geral em todo o Brasil. Nesta revista, te-remos um balanço do Projeto Prosperar, nome dado a essa parceria que foi reno-vada para atuar em outras frentes.

O Prosperar já contempla 21 convê-nios em todo o país, mas queremos ir além e estamos trabalhando para acele-rar a implantação da Lei Geral. Aqui va-mos falar com detalhes sobre essa nova etapa, dando destaque para os estados que possuem as parcerias consolidadas.

Os Tribunais de Contas são parceiros estratégicos porque garantem seguran-ça jurídica aos gestores públicos para a aplicação da legislação. Eles começarão

a cobrar a efetivação da Lei Geral nos municípios. Nessa linha, a Atricon atu-alizou o conjunto de diretrizes incluindo dispositivos específicos sobre o controle do cumprimento da norma, como abor-daremos nas próximas páginas.

Ainda nessa edição, falaremos sobre o nosso Prêmio Prefeito Empreendedor, que reconhece aqueles prefeitos que in-centivam o empreendedorismo nas suas cidades. Há mais de 10 anos, premiamos as melhores práticas de quem estimula as compras públicas por meio dos pe-quenos negócios. Aqui mostraremos exemplos de gestores que estão aplican-do a Lei Geral nos seus municípios e os resultados positivos disso.

Os pequenos negócios precisam de um canal mais aberto nos programas estaduais de compras. A parceria do Sebrae com os Tribunais de Contas vai colocar em outro patamar a agenda de desenvolvimento dos micro e peque-nos negócios do país.

Desejo a todos uma boa leitura!

*Presidente do Sebrae Nacional

AGOSTO DE 2014 5

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PROJETO PROSPERAR // SEBRAE6

A Lei Geral da Micro e Pequena Empresa (Lei Complementar 123/2006), que concede trata-mento diferenciado, simplifica-

do e favorecido aos pequenos negócios, ao ser criada por instrumento federal, ficou sem poder legislativo sobre estados e municípios. Os benefícios da lei ficaram limitados à esfera de atuação do governo federal. Um longo processo de sensibili-zação e mobilização de entidades e lide-ranças empresariais e políticas vem mu-dando essa realidade ao tornar viável a adequação da Lei Geral e sua implemen-tação principalmente nos municípios.

Desde a sua criação em 2006, a Lei Geral foi regulamentada em cerca de 4 mil municípios e 1.913 cidades imple-mentaram esse dispositivo legal. Então, é possível afirmar que a Lei Geral saiu do papel para ser de fato uma ferramenta de desenvolvimento territorial? Entregar à população os benefícios da lei e incen-tivar o empreendedorismo e o protago-nismo local são a principal intenção ao implementá-la em âmbito municipal.

LEI GERAL, PEQUENOS NEGÓCIOS E ECONOMIAS LOCAIS

/ / A R T I G O / / CARLOS ALBERTO DOS SANTOS Diretor-Técnico do Sebrae

Ao fazer isso, os municípios reconhe-cem o papel dos pequenos negócios na economia local e seus impactos sociais. Em sua estratégia de apoio à aplicação da Lei Geral, o Sebrae priorizou quatro eixos: uso do poder de compras, desburocrati-zação, formalização de empreendedores e agentes de desenvolvimento. Essas escolhas têm razão de ser: impactam a vida dos empresários, trazem resultados imediatos e dependem mais das ações dos gestores públicos municipais.

A adequação pelas prefeituras de seus processos licitatórios à Lei Geral repercute em fomento à economia local via compras junto aos pequenos negó-cios. O FMI calcula que para cada R$ 1 gasto pelas prefeituras, outros R$ 0,70 são gerados – novos empregos e renda locais. Ao simplificar e unificar os pro-cessos burocráticos, as prefeituras di-minuem a informalidade e organizam melhor seus espaços comerciais. Outro reflexo é observado na arrecadação, à medida que aumenta o nível de forma-lização da economia local.

Com a aplicação da Lei Geral, a prefeitura reforça seu papel de indutor do desenvolvimento. O Agente de De-senvolvimento, por sua vez, articula as ações públicas de promoção do desen-volvimento territorial, visando cumprir e manter as diretrizes da Lei Geral e melhorar o ambiente econômico. As Salas do Empreendedor criam espaços de convivência entre os empresários e a prefeitura, aproximando poder público e privado, além de induzir a melhoria da qualidade empresarial.

Os pequenos negócios são maioria e, por isso, parceiros do desenvolvi-mento local, ao gerar emprego e ren-da para os municípios. A implemen-tação da Lei Geral pelas prefeituras possibilita dinamizar a economia e influenciar novos padrões de desem-penho empresarial, bem-estar social e de desenvolvimento econômico. O Sebrae acompanha e apoia as prefei-turas e os pequenos negócios nessa trajetória de crescimento e prosperi-dade em que todos ganham.

Page 7: Revista Conhecer/Projeto Prosperar 2014

AGOSTO DE 2014 7

Nos últimos anos, as mi-croempresas e empresas de pequeno porte tiveram grandes e bons motivos

para comemorar os avanços alcança-dos por meio da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. O Sebrae, como o grande incentivador de uma política diferenciada, tem um longo histórico de luta pela ampliação dos benefícios para essas empresas. Tanto para a sen-sibilização de gestores públicos sobre a importância de se aplicar a legislação, quanto para o desenvolvimento de pro-gramas e projetos voltados para o au-mento da qualidade e competitividade.

O Sebrae tem regulamentado desde 2008 o tratamento diferenciado para essas empresas em editais de licita-ção e compras diretas. Desde então, os dados demonstram o compromisso as-sumido pela instituição ao adotar uma

SEBRAE PRIORIZA COMPRA DE PEQUENOS NEGÓCIOS

/ / A R T I G O / / JOSÉ CLAUDIO DOS SANTOS Diretor de Administração e Finanças do Sebrae

política baseada nos preceitos legais.Para se ter uma ideia, somente em

2013, o Sebrae comprou mais de R$ 44 milhões de microempresas e empresas de pequeno porte em processos de lici-tação. O número representa um cresci-mento de 188% comparado ao ano de 2010. Nas compras diretas, para valo-res até R$ 44 mil, essa participação foi ainda maior, chegando a 60%.

Em todo o país, passamos a utilizar cadastros que identificam as empresas sediadas localmente, de modo a pos-sibilitar o envio de avisos de licitação. Além disso, padronizamos a divulgação das especificações dos bens de serviços contratados, com o intuito de orientar e adaptar seus processos produtivos.

Temos uma política que privilegia a capacitação das empresas com o obje-tivo de torná-las ainda mais qualifica-das para atender às demandas públicas

e governamentais. Dentro da institui-ção, há o Programa de Desenvolvimen-to de Fornecedores, estruturado na qua-lidade da gestão para promover maior desempenho. Medidas estas que visam intensificar a competitividade das em-presas  nos processos licitatórios reali-zados em todo o país. 

Estamos seguros de que com esta po-lítica bem definida, que também leva em conta o atendimento às práticas de sus-tentabilidade, avançamos para um am-biente mais favorável para a aquisição de bens e serviços de microempresas e empresas de pequeno porte em todas as unidades do Sistema Sebrae. 

De uma forma ampla, por meio des-sas ações, temos promovido o desenvol-vimento econômico e social das empre-sas, a ampliação das políticas públicas, o incentivo à inovação tecnológica e o fomento ao desenvolvimento local.

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PROJETO PROSPERAR // SEBRAE8

A democracia é a mais espe-tacular invenção da huma-nidade. No meu discurso de posse como presidente

do IRB, apoderei-me das palavras de Roger Osbourne, em seu livro “Do povo para o povo”, a fim de fazer o recorte da importância da democracia para o destino da humanidade.

A área das políticas públicas consoli-da-se desde os apontamentos de análise dessas políticas (H - Laswell, 1936) com o fulcro de estabelecer diálogo entre os cientistas sociais e o governo; avança com o conceito de racionalidade limi-tada dos tomadores públicos de decisão (Policy Makers, H. Simon, 1957); incor-pora o alargamento proposto por C. Lin-dblom (1959; 1979) ao explicitar a ne-cessidade de incorporar variáveis como burocracia, eleições, partidos, grupos de interesse; e finalmente, com D. Easton (1965), ao reconhecer a política públi-ca como um sistema, uma relação entre formulação, resultados e o ambiente.

Definir o que é política pública não é fácil, mas apoio-me em Dye (1984) para concordar que “política pública é o que o governo escolhe fazer ou não fazer”. Adito que Bachrach e Baratz (1962) já demons-

EMPREENDEDORISMO E POLÍTICAS PÚBLICAS

travam que não fazer nada em relação a um tema também é uma forma de polí-tica pública. Assim surge o conceito de empreendedor político – para que deter-minada situação seja identificada como problema é necessário que as pessoas tenham o convencimento de que algo precisa acontecer. É dessa forma que o go-verno decide prestar atenção em algumas questões e ignorar outras tantas.

Aí está o papel relevante do Sebrae, que coloca o tema das micro e peque-nas empresas na agenda pública e que instrumentaliza a capacitação geren-cial do empreendedor focando o seu esforço no desenvolvimento local. Ao identificar os prefeitos que sintetizam esse espírito e ao reconhecê-los com o Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor, oportuniza-se ressaltar as boas práticas no municipalismo brasileiro.

Os Tribunais de Contas do Brasil estão empenhados na aplicação da Lei Geral, pois os nossos comandos constitucionais são claros ao eleger entre os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil o de garantir o desenvolvimento nacional (art. 3º, II), além de determi-nar tratamento favorecido (art.170, IX, Emenda Constitucional nº 6, 1995) e

tratamento jurídico diferenciado (art.179) às empresas de pequeno porte. A Lei Complementar 123, de 14 de dezembro de 2006, estabelece, em seu art. 47, a necessidade da previsão e regulamenta-ção, na legislação do ente federado, de tratamento diferenciado e simplificado para as microempresas e empresas de pequeno porte, visando à promoção do desenvolvimento econômico e social no âmbito municipal e regional.

É hora de aplaudir as boas práticas, mas também, com a mesma determi-nação, sinalizar aos gestores omissos que tal decisão − “de ser omisso” − é uma atitude de política pública e, por-tanto, passível de sanção pelas Cortes de Contas quando apreciam as respec-tivas Prestações de Contas.

É como nos ensina Ítalo Calvino em “As Cidades Invisíveis”: “[...] é inútil determinar se Zenóbia deve ser classi-ficada entre as cidades felizes ou infeli-zes. Não faz sentido dividir as cidades nessas duas categorias, mas em outras duas: aquelas que continuam ao longo dos anos e das mutações a dar forma aos desejos e aquelas em que os dese-jos conseguem cancelar a cidade ou são por esta cancelados”.

/ / A R T I G O / / SEBASTIÃO HELVECIO RAMOS DE CASTRO Presidente do Instituto Rui Barbosa (IRB) e Vice-Presidente do Tribunal de Contas de Minas Gerais

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AGOSTO DE 2014 9

/ / C O N T R A T A Ç Õ E S P Ú B L I C A S / /

As primeiras sementes do Pro-jeto Prosperar foram planta-das há quase quatro anos. Ocultivo ganhou força em mar-

ço de 2013, a partir de uma mobilização

nacional, e os frutos colhidos de lá para

cá demonstram que o terreno da parce-

ria entre Sebrae e Tribunais de Contas

é mesmo bastante fértil. As ações de

divulgação e sensibilização de gestores

públicos sobre a importância da Lei Ge-

ral das Micro e Pequenas Empresas con-

tribuíram para o aumento do número de

municípios que aplicam a legislação. Em

pouco mais de um ano, o total de prefei-

turas que priorizam os pequenos negó-

cios nas compras governamentais mais

que duplicou (leia gráfico).

Diante da safra prodigiosa, as três

entidades que coordenam o Projeto

Prosperar nacionalmente – Sebrae, As-

sociação dos Membros dos Tribunais de

Contas do Brasil (Atricon) e Instituto

Rui Barbosa (IRB) – decidiram renovar

o pacto colaborativo por mais um ano

e multiplicar esforços para efetivar a

aplicação da legislação de apoio aos

pequenos negócios. Inclusive com a

aprovação de resolução para orientar

os TC na fiscalização do cumprimento

das normas que favorecem o segmento,

especialmente em relação às compras

TRIBUNAIS DE CONTAS EXPANDEM LEI GERALNOS MUNICÍPIOS

Sebrae, Atricon e IRB renovam parcerias e programam ações específicas; resolução vai orientar a atuação dos TC

Municípios com Lei Geral implementada até Julho 20142000

1900

1800

1700

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1500

1400

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1100

1000

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800Fev/13 Mar/13 Abr/13 Mai/13 Jun/13 Jul/13 Ago/13 Nov/13Set/13 Set/13 Dez/13 Jan/14 Fev/14 Mar/14 Abr/14 Jul/14Jan/13

850850 860865

923 966

1.0141.138

1.3071.476

1.589 1.6341.654

1.6781.706 1.743

1.913

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PROJETO PROSPERAR // SEBRAE10

/ / R E N O V A Ç Ã O / /

governamentais. No dia 10 de junho, as direções das instituições parceiras se reuniram na sede do Sebrae Nacional em Brasília para acertar a renovação.

Esse novo marco da aproximação en-tre as instituições mereceu destaque na programação do IV Encontro Nacional dos Tribunais de Contas, promovido de 4 a 6 de agosto em Fortaleza, com o tema “O papel dos Tribunais de Contas frente às Demandas Sociais”.  Sebrae, Atricon e IRB entenderam ser necessário fortale-cer as ações que vêm apresentando re-sultado e buscar outras estratégias para acelerar o processo de implementação da Lei Geral nos demais municípios.

“Nós conseguimos estruturar a par-ceria, mobilizar a rede de tribunais e iniciar um trabalho de formação de multiplicadores. Agora, com a renova-ção, queremos não apenas incentivar a adesão dos municípios, mas acompa-nhá-los para que a aplicação da lei seja efetiva e consistente”, explica Bruno Quick, gerente da Unidade de Políticas Públicas (UPP) do Sebrae.

Para o ministro da Micro e Pequena Empresa, Guilherme Afif Domingos, o Pro-jeto Prosperar vem se somar aos esforços de uma rede de entidades, como a Frente Nacional dos Prefeitos, a Confederação Nacional dos Municípios e a Associação Brasileira de Municípios, que lutam para que a Lei Geral se torne uma realidade em todo o Brasil. “Não basta aprovar a legis-lação na Câmara Municipal, precisamos de políticas efetivas de apoio às micro e pequenas empresas”, ressalta.

AÇÕES ESPECÍFICAS Em uma das frentes da parceria, Se-

brae e Instituto Rui Barbosa estão mon-

tando uma agenda de cursos com meto-

dologia e material didático direcionados

ao corpo técnico dos Tribunais de Contas.

Nas capacitações, que podem começar no

segundo semestre deste ano ou no início

de 2015, os analistas de controle exter-

no poderão entender melhor a questão

do tratamento diferenciado às micro e

pequenas empresas e esclarecer dúvidas

em relação à aplicação da Lei Geral. O IRB

está trabalhando também em um mode-

lo de roteiro de auditoria com temas rela-

tivos aos pequenos negócios para ajudar

os tribunais no trabalho de fiscalização.

Passadas as etapas de sensibiliza-

ção e capacitação, os próximos passos

do Projeto Prosperar incluem o desen-

volvimento de um sistema de moni-

toramento de compras adaptável à

realidade dos tribunais. Com essa ferra-

menta, será possível verificar em tempo

real se as micro e pequenas empresas

realmente estão sendo beneficiadas

nas compras governamentais. Os dados

coletados servirão ainda para produção

de indicadores que permitam avaliar a

execução dessa política pública e o que

precisa ser aprimorado para o futuro.

“Está claro que o momento atual

demanda ações mais específicas, den-

tre as quais a elaboração de resolução

orientativa aos tribunais visando uma

atuação mais uniforme, integrada e

Renovação da parceria foi acertada em reunião no Sebrae, em Brasília

Page 11: Revista Conhecer/Projeto Prosperar 2014

AGOSTO DE 2014 11

tempestiva”, avalia o presidente da

Atricon, Valdecir Pascoal. Nessa linha,

a Atricon atualizou o conjunto de dire-

trizes incluindo dispositivos específicos

sobre o controle do cumprimento da

Lei Geral das Micro e Pequenas Empre-

sas. Dentre as recomendações, estão a

inclusão da matéria como item de ve-

rificação obrigatória nas fiscalizações

dos órgãos públicos e a priorização dos

pequenos negócios nas compras reali-

zadas pelos próprios tribunais.

Na opinião do presidente do Ins-

tituto Rui Barbosa, Sebastião Helvé-

cio, as aquisições públicas são muito

relevantes e precisam ser destacadas

como política pública de desenvol-

vimento: “A participação das micro e

pequenas empresas nas compras go-vernamentais é vetor de inclusão e de combate às desigualdades. Essa opção pelo empreendedorismo já é adotada em países desenvolvidos, como Esta-dos Unidos, Inglaterra, Noruega e em entidades de representação continen-tal, como a União Europeia.”

REFORÇAR A EQUIPEO ditado popular “Em time que está

ganhando não se mexe” adquiriu um novo significado na renovação do Pro-jeto Prosperar, até mesmo inspirado na campanha do Sebrae realizada na Copa. Em uma das peças da campa-nha, técnicos de futebol comentam, ao serem questionados sobre o ditado po-pular, que se deve sim reforçar a equipe, inovar e mudar estratégias para surpre-ender e ganhar o jogo.

O avanço do Projeto Prosperar é atribuído, em grande proporção, ao perfil complementar dos parti-cipantes e à disposição comum de trabalhar pela eficácia dessa política pública. “O Sebrae, por meio das uni-dades estaduais, tem uma grande ca-pacidade de distribuir conhecimento. Os tribunais, por sua vez, são órgãos de fiscalização e controle com boa capilaridade, mas estrutura de trei-namento limitada. Quando juntamos a nossa experiência de sensibilizar e levar conhecimento, com a autorida-de dos tribunais, na perspectiva de orientar e não somente punir, o ciclo se completa”, resume Bruno Quick.

AS TRÊS

ENTIDADES QUE

COORDENAM

O PROJETO

PROSPERAR

NACIONALMENTE

– SEBRAE,

ATRICON E IRB

– DECIDIRAM

RENOVAR O PACTO

COLABORATIVO

POR MAIS UM ANO

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PROJETO PROSPERAR // SEBRAE12

/ / R E N O V A Ç Ã O / /

MAIS NEGÓCIOS, MAIS EMPREGOSAtualmente, a Lei nº 123/2006 está

regulamentada e implementada em quase 2 mil prefeituras que já oferecem tratamento diferenciado aos pequenos negócios nas licitações de produtos e serviços. Ao dar preferência à participa-ção de empresas de pequeno porte nas compras governamentais, a Lei Geral também contribui para o surgimento de novos negócios, a redução do desemprego e a geração de renda. Isso porque mais da metade dos postos de trabalho no país estão hoje nos pequenos negócios. E 99% das empresas constituídas no país per-tencem a esse segmento, representando 27% do PIB (Produto Interno Bruto), que é a soma das riquezas produzidas.

As estatísticas mostram que o em-preendedorismo tem se firmado como uma alavanca de prosperidade econô-mica e inclusão social. “Com pequenos negócios fortes, os municípios tornam-se polos atrativos para manter, desenvolver e chamar investimentos”, avalia Narceu Almeida, analista da UPP do Sebrae e co-ordenador nacional do Projeto Prosperar.

O impacto dessa política de fomento aos pequenos negócios na economia local se torna ainda mais claro diante do poder de compra estatal. Os levantamentos da Secretaria do Tesouro Nacional publica-dos anualmente na série Finanças do Brasil (Finbra) demonstram que as aqui-sições realizadas pela União, estados, mu-nicípios e estatais movimentam em torno de R$ 410 bilhões por ano. Pelo menos metade desse montante corresponde aos

Assinam Sebastião Helvecio, presidente do Instituto Rio Branco

Valdecir Pascoal, presidente da Atricon

Bruno Quick, gerente de Políticas Públicas do Sebrae

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Page 13: Revista Conhecer/Projeto Prosperar 2014

AGOSTO DE 2014 13

gastos de prefeituras e governos estadu-ais. Em algumas localidades, principal-mente no interior do país, o governo mu-nicipal ainda desponta como o principal comprador de produtos e serviços.

Em relação às compras feitas por prefeituras junto aos pequenos negó-cios, pesquisa realizada pelo Sebrae com informações de 1.301 municípios apontou que o segmento movimen-

tou, em 2012, R$ 17 bilhões, quando poderia ter sido contemplado com R$ 61 bilhões, se todas as administrações municipais tivessem tirado do papel a Lei Geral. Essa estimativa foi apurada pelo Sistema de Monitoramento da Im-plementação da Lei Geral com o cruza-mento de dados da Finbra.

As sementes da aproximação do Se-brae com os TC resultaram na realização

de diversos eventos focados em desen-volvimento local. Paralelamente, cada vez mais no país são promovidos cursos de capacitação de empreendedores e gestores públicos para fazer cumprir as regras que asseguram tratamento dife-renciado às micro e pequenas empresas nas compras governamentais. Tudo isso com o objetivo de fazer Prosperar a eco-nomia dos municípios brasileiros.

Sebrae (Nacional/UF) ✓ Firmar acordos de cooperação

técnica-operacional com os Tribunais de Contas estaduais e municipais

✓ Alinhar o projeto às realidades e oportunidades locais

✓ Estruturar a dinâmica de atuação conjunta com Tribunais de Contas, Escolas de Contas e Associações Municipais

✓ Formatar e oferecer os conteúdos para orientação e capacitação

✓ Impulsionar a formação da rede de agentes de desenvolvimento

✓ Promover a disseminação de boas práticas e ações de premiação

Atricon/Tribunais de Contas ✓ Promover a articulação

institucional e sensibilizar os municípios para adesão ao programa

✓ Propor adequação dos roteiros de auditorias para contemplar a Lei Geral

✓ Elaborar modelos de referência de editais de licitação sobre a aplicação da lei nas compras governamentais

✓ Coordenar a logística da rede em articulação com os demais parceiros

✓ Oferecer estrutura de comunicação institucional para divulgar as ações

Instituto Rui Barbosa ✓ Apoiar ações de

sensibilização dos tribunais

✓ Elaborar conteúdos técnicos sobre gestão de contratos e outros temas relacionados

✓ Promover ações de orientação e capacitação dos servidores dos Tribunais de Contas e outros públicos de interesse

✓ Desenvolver ações de comunicação para divulgar o projeto

Veja quais são as principais atribuições de cada parceiro do Projeto Prosperar:

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PROJETO PROSPERAR // SEBRAE14

Mar

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Alto

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AGOSTO DE 2014 15

/ / E N T R E V I S T A / / VALDECIR FERNANDES PASCOAL Presidente da Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon)

Que os pequenos negócios são peças-chave para o crescimento da economia não há como contestar. Em

vários países, a prática é incentivada pelos governos como caminho seguro para geração de emprego e renda. As estatísticas apontam que, ano após ano, esse segmento econômico tem despontado como essencial para o desenvolvimento do Brasil. As micro e pequenas empresas já respondem por 25% da riqueza produzida no país (Pro-duto Interno Bruto) e pela geração de metade dos empregos formais.

Após a promulgação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, em 2006, e seus aperfeiçoamentos, as portas de um novo tempo se abriram para os mi-croempreendedores individuais (MEI) e para as micro e pequenas empresas (MPE). A legislação finalmente regula-mentou o preceito constitucional que determina tratamento diferenciado e favorecido aos pequenos negócios, com redução da burocracia, simplificação de impostos, acesso facilitado ao crédito e preferência nas compras públicas.

Mas, se a aprovação da Lei Comple-mentar nº 123, representou um grande

avanço, apontou também um novo desa-fio: assegurar que os pequenos negócios sejam beneficiados por essas inovações de norte a sul do país. É exatamente nesse processo de implementação da Lei Geral nos municípios que a parceria entre Sebrae e Tribunais de Contas (TC) atua e tem feito toda a diferença. “Hoje, mais de um terço dos 5.570 municípios do país já estão nessa condição, compro-vando a efetividade da parceria. Outro importante fruto dessa iniciativa é a sensibilização de gestores municipais e da sociedade acerca da relevância da Lei Geral para o desenvolvimento das eco-

PARCERIA BUSCA SENSIBILIZAR OS GESTORES MUNICIPAIS

Presidente da Atricon aponta que Projeto Prosperar mostra a relevância da lei dos pequenos negócios para o desenvolvimento local

Page 16: Revista Conhecer/Projeto Prosperar 2014

PROJETO PROSPERAR // SEBRAE16

/ / E N T R E V I S T A / /

nomias locais”, avalia Valdecir Fernan-des Pascoal, presidente da Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon).

Com 23 anos de experiência no con-trole externo, Valdecir Pascoal é o primeiro auditor de carreira a presidir o Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco. Em entrevista à Revista Conhecer, ele comen-ta os resultados alcançados pelo Projeto Prosperar e antecipa alguns planos para o futuro da parceria, entre eles uma resolu-ção da Atricon para orientar os Tribunais de Contas. Essa medida foi colocada na pauta da programação do IV Encontro Na-cional dos Tribunal de Contas, promovido em Fortaleza, no período de 4 a 6 de agos-to, com o tema “O papel dos Tribunais de Contas frente às demandas sociais”.

Revista Conhecer – Após pouco mais de um ano do evento “Tribunais de Contas e o Desenvolvimento Local”, que mobilizou prefeituras, Tribunais de Contas e unidades do Sebrae de todas as capitais brasileiras, em um esforço coletivo pela implementação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, que avaliação o senhor faz dos resultados alcançados pelo Projeto Prosperar até o momento?

Valdecir Pascoal – Inegavelmente, a data de 13/3/2013 foi importante para demarcar novo avanço dos Tribunais de Contas no apoio à implementação da Lei Geral, em adição aos compromissos assu-midos em 2010, mediante convênio entre

Revista Conhecer – Essa maior aproximação entre Sebrae e Tribunais de Contas já é realidade em 20 estados e no Distrito Federal. De que forma o Projeto Prosperar tem contribuído para ajudar esses órgãos de controle a atuar de modo mais efetivo, em relação à fiscalização do cumprimento da Lei Geral?

Valdecir Pascoal – Eu diria que o Projeto Prosperar, em última instância, contribui para a efetividade das ações relacionadas com a função social do controle externo, dinamizando a inclu-são e a geração de renda nas localida-des em que a Lei Geral foi implemen-tada. Os Tribunais de Contas passam a contar com a contribuição da sociedade e dos próprios órgãos fiscalizados, que

a Atricon, IRB e Sebrae. Em novembro de 2013, passados oito meses desse evento, o número de municípios que aplicam efe-tivamente a legislação relativa à matéria passou de 860 para 1.910, o que repre-sentou uma significativa inflexão no seu processo de difusão.

Hoje, mais de um terço dos 5.570 municípios do país já estão nessa con-dição, comprovando a efetividade da parceria. Outro importante fruto dessa iniciativa é a sensibilização de gesto-res municipais e da sociedade acerca da relevância da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas para o desenvol-vimento das economias locais. Resta avaliar o impacto em termos da arreca-dação municipal para, definitivamente, aferir os benefícios reais para a econo-mia local decorrente dessa iniciativa.

Mar

ília

Alto

Page 17: Revista Conhecer/Projeto Prosperar 2014

AGOSTO DE 2014 17

se tornam mais receptivos a um traba-lho de cooperação com o controle ex-terno na verificação do cumprimento e alcance dos objetivos da Lei Geral. Esse apoio/engajamento dos diversos atores do processo tem muito a ver com uma das facetas fundamentais do Projeto Prosperar, qual seja a de dedicar espe-cial atenção às atividades de capacita-ção, envolvendo gestores e servidores municipais, bem como os próprios ser-vidores dos Tribunais de Contas.

Revista Conhecer – Podemos dizer que o Projeto Prosperar influenciou diretamente no avanço tão considerável de municípios com a Lei implementada? O que o senhor destacaria como principal legado dessa parceria para o desenvolvimento econômico dos municípios?

Valdecir Pascoal – Considerando--se que, em apenas um ano, a adesão em termos numéricos foi equivalente à do período entre a promulgação da Lei Geral (2006) e essa data de referência (mobilização nacional realizada em março de 2013), não há o que discutir acerca do sucesso do Prosperar e da sua influência nesse panorama. Estados como Santa Catarina e Mato Grosso, com 100% e 92%, respectivamente, de implementação da Lei Geral, e mesmo o de Tocantins, em que a legislação foi regulamentada em todos os 139 mu-nicípios, constituem exemplos emble-máticos. Podem até servir de modelo

para as demais unidades da Federação no estudo dos fatores que facilitam o envolvimento dos atores, incluindo a participação dos Tribunais de Contas no alcance desses resultados. Além do legado concreto na disseminação do tema, que já foi alcançado, esperam-se efeitos específicos no incremento da arrecadação e na geração de emprego e renda dos municípios, algo que deve ser objeto de estudo e avaliação, com vistas ao aprimoramento do projeto.

Revista Conhecer – A partir de quando os tribunais devem começar a aplicar sanções às prefeituras que não cumprirem a implantação e implementação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas? Que tipo de sanções podem ser aplicadas, se necessário?

Valdecir Pascoal– Considerando a

missão constitucional dos Tribunais de Contas, ao serem inseridos pontos de controle específico relativos à imple-mentação da Lei Geral, serão emitidas recomendações e aplicadas sanções de acordo com os regulamentos próprios. Há Tribunais de Contas, como o de Mato Grosso, que já definiram em instrumen-to normativo que o descumprimento de dispositivos da Lei Geral tem natureza grave, podendo inclusive influenciar o resultado do julgamento das contas.

Vale salientar que, em busca da consequência da parceria firmada com o Sebrae, a Atricon incluiu, no projeto

O PROJETO PROSPERAR

CONTRIBUI PARA A EFETIVIDADE

DAS AÇÕES RELACIONADAS COM A FUNÇÃO

SOCIAL DO CONTROLE EXTERNO,

DINAMIZANDO A INCLUSÃO E A

GERAÇÃO DE RENDA

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PROJETO PROSPERAR // SEBRAE18

de resoluções com diretrizes orientati-vas do controle externo, em discussão no âmbito da instituição, um capítulo específico sobre o controle do cumpri-mento da Lei Geral, que orientará a atuação dos Tribunais de Contas a res-peito. Há, no entanto, um consenso, por parte da Atricon, do Instituto Rui Bar-bosa (IRB), do Sebrae e dos Tribunais de Contas, de que todos devem atuar, de forma paralela, com caráter orientativo e pedagógico, levando o conhecimento aos agentes públicos acerca da utilida-de da correta aplicação de Lei Geral em benefício de toda a sociedade.

Revista Conhecer – O trabalho de fiscalização das contas públicas desempenhado pelo TCE-MG ganhou força com a implantação do Projeto Suricato, que possibilita a fiscalização integrada e o intercâmbio de dados com outros sistemas de informação. Além de Minas Gerais, outros tribunais já implementaram sistemas de monitoramento de compras?  Como têm sido essas experiências?

Valdecir Pascoal – O Programa Suricato do TCE-MG é importante ferra-menta de controle externo concomitan-te, que possibilita resultados efetivos nas suas ações de fiscalização, espe-cialmente por conta dessa capacidade de interação com outros sistemas e de formulação de indicadores relevantes de controle, inclusive das compras pú-blicas, que interessa de perto ao Projeto

Prosperar. A esse respeito, vale salien-tar a iniciativa de caráter geral, nos mesmos moldes, em desenvolvimento pela Atricon mediante a implementa-ção da Rede Nacional de Informações Estratégicas para o Controle Externo (Rede InfoContas), integrada pela maioria dos TC do Brasil e que mantém parceria com diversas outras institui-ções de controle.

Revista Conhecer – Há expectativa da aprovação de uma resolução da Atricon, durante o Encontro Nacional de Tribunais de Contas, com orientações específicas sobre a Lei Geral. O senhor poderia destacar quais os principais pontos dessa resolução e qual a importância de um dispositivo normativo como este para a atuação dos tribunais?

Valdecir Pascoal – Essa resolução se insere em um conjunto de diretrizes orientativas para os Tribunais de Contas, com marcado interesse social, visando a uma atuação mais uniforme, integrada e tempestiva. Embora não tenha caráter impositivo sobre os TC, a expectativa é de grande adesão à implementação dessas diretrizes, em particular daquela relativa ao controle do cumprimento da Lei Geral, em decorrência da importân-cia da temática, já publicamente reco-nhecida pelos TC, inclusive pela adesão maciça ao Projeto Prosperar.

Dentre as principais recomendações previstas nesse instrumento, desta-

/ / E N T R E V I S T A / /

OS TRIBUNAIS DE CONTAS PASSAM A CONTAR COM A CONTRIBUIÇÃO DA SOCIEDADE E DOS PRÓPRIOS ÓRGÃOS FISCALIZADOS, QUE SE TORNAM MAIS RECEPTIVOS A UM TRABALHO DE COOPERAÇÃO

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AGOSTO DE 2014 19

cam-se: a formalização de parcerias entre os TC e as unidades regionais do Sebrae; a promoção de ações de sen-sibilização, capacitação e orientação permanente dos jurisdicionados dos Tribunais de Contas; o estabelecimen-to da matéria como item de verificação obrigatória nas fiscalizações, mediante a inserção de pontos de controle prio-ritários definidos a partir das regras estabelecidas na Lei Geral para as con-tratações públicas; a implementação de processo eletrônico para o recebi-mento, o processamento e a análise de documentos e informações sobre com-pras públicas, viabilizando, inclusive, a divulgação de indicadores específicos; e a implementação da Lei Geral nas aquisições realizadas pelos próprios Tribunais de Contas.

Revista Conhecer – Essa resolução a ser tirada no Encontro Nacional de TC pode estabelecer diretrizes também quanto à fiscalização da aplicação da Lei Geral pelo Governo Federal e pelos governos estaduais?

Valdecir Pascoal – As diretrizes também devem alcançar as esferas de poder federal e estadual, especialmente na fiscalização de convênios entre tais entes e as prefeituras, em que deverão estar previstas cláusulas específicas quanto ao cumprimento da Lei Geral.

Revista Conhecer – A parceria entre Sebrae, IRB e Atricon foi renovada,

recentemente, por mais um ano. Quais as

metas a partir de agora? Haverá alguma

mudança de direcionamento em relação

ao que já foi realizado até o momento?

Valdecir Pascoal – A renovação da

parceria entre os entes, consubstancia-

da pela assinatura do 4º Termo Aditivo

ao Convênio nº 58/2010, entre a Atri-

con e o Sebrae, reafirma o teor original,

que inclui no seu objeto a participa-

ção específica do IRB na realização de

eventos locais e nacionais destinados

a fortalecer o processo de implemen-

tação da Lei Geral. A despeito da ma-

nutenção dos termos da parceria, está

claro que o momento atual demanda

ações mais específicas, das quais o

processo de elaboração de resolução

orientativa aos tribunais constitui um

bom exemplo. Em especial, destaco a

necessidade de um levantamento da

repercussão dos efeitos na arrecadação

local e na geração de emprego e renda,

para aferir os impactos concretos do

projeto na vida do cidadão.

Mar

ília

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Page 20: Revista Conhecer/Projeto Prosperar 2014

PROJETO PROSPERAR // SEBRAE20

/ / B A L A N Ç O / /

TC E SEBRAE MULTIPLICAM COOPERAÇÃO PARA INCLUIR PEQUENOS NEGÓCIOS

Dia D aproxima as instituições em 21 estados com o objetivo de impulsionar o desenvolvimento nos municípios

No Rio, evento nacional reuniu o prefeito Eduardo Paes, Luiz Barretto e o presidente do TCE-RJ, Jonas Lopes de Carvalho Júnior

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é Cy

riaco

/SEB

RAE/

RJ

Page 21: Revista Conhecer/Projeto Prosperar 2014

AGOSTO DE 2014 21

O projeto Prosperar nasceu da ideia de mesclar a capilari-dade do Sebrae com a proxi-midade que os Tribunais de

Contas têm com os órgãos legislativos municipais e estaduais para, a partir daí, estimular a implementação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa (Lei Complementar 123/2006).

Como resultado concreto, desde a mobilização nacional do dia 13 de março de 2013, com o evento “Os Tri-bunais de Contas e o Desenvolvimen-to Local”, os termos de cooperação em vigência firmados entre as unidades estaduais do Sebrae e os respectivos TC passaram de 4 para 21. Além dis-so, mais duas parcerias serão assina-das ainda neste ano.

Antes disso, o cenário era preocu-pante. Mesmo sete anos após a apro-vação da Lei que garante aos micro e pequenos negócios tratamento diferen-ciado e benefícios em compras gover-namentais como forma de estimular o empreendedorismo, pouco mais de 800 municípios dos 5.570 existentes haviam tirado a norma do papel. Para mudar isso, a natureza fiscalizadora dos Tribunais de Contas era indispensável.

Em outubro de 2010, surgiu o primeiro termo de parceria entre o Sebrae e a Atricon (Associação dos Membros dos Tribunais de Contas), assinado pelo então presidente, Salo-mão Ribas Júnior, do TCE-SC. O do-cumento foi baseado em parceria in-formal já estabelecida entre o Sebrae

no Rio Grande do Sul e o TCE-RS. A partir daí, outros estados se sentiram estimulados a atuar preventivamen-te, junto com os Tribunais de Contas, no sentido de orientar os gestores a obter maior eficácia na implemen-tação das políticas públicas, em vez de simplesmente penalizá-los pelas falhas cometidas no processo.

A experiência do Tribunal de Con-tas de Mato Grosso, que teve a parti-cipação do Ministério Público, virou referência e abriu caminho para a adoção nos estados dos termos do convênio nacional. Em 2012, em Cuia-bá, o gerente da Unidade de Políticas Públicas do Sebrae, Bruno Quick, se reuniu com os presidentes, à época, da Atricon, conselheiro Antônio Joaquim, e do Instituto Rui Barbosa (IRB), con-selheiro Severiano Costandrade, e a parceria começou a ganhar força para ser multiplicada pelo país.

De lá para cá, muita coisa mu-dou. Dez estados já estão com a Lei Geral regulamentada em 100% de seus municípios, o que significa que 4.098 municípios já possuem legis-lação municipal específica para as MPE. A previsão é de que, até o final do ano os outros 26,4% estejam com a regulamentação finalizada. A im-plementação tem se mostrado muito eficaz desde que o Prosperar entrou em vigor. São quase 2.000 municí-pios que estão apostando no empre-endedorismo e nas micro e pequenas empresas de suas regiões.

OS ENCONTROS CONTARAM COM A PRESENÇA DE

CERCA DE 9.500 PESSOAS, DENTRE

ELAS 1.326 PREFEITOS, ALÉM DE SECRETÁRIOS

MUNICIPAIS E OUTROS

SERVIDORES QUE REPRESENTARAM

2.346 CIDADES BRASILEIRAS

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PROJETO PROSPERAR // SEBRAE22

DIA DO DESENVOLVIMENTOA ampliação das parcerias entre Se-

brae e TC teve como marco oficial o cha-mado “Dia Nacional do Desenvolvimento Econômico”, ou apenas “Dia D”, em 13 de março de 2013. Nessa data, as três ins-tituições promoveram simultaneamente em 21 capitais e, em dias próximos, em mais quatro, o evento “Os Tribunais de Contas e o Desenvolvimento Local”, que teve o desafio de impulsionar o desen-volvimento econômico e social por meio da regulamentação e implementação da Lei Geral nos municípios.

Os encontros contaram com a pre-sença de cerca de 9.500 pessoas, den-tre elas 1.326 prefeitos – quase 25% do segmento –, além de secretários municipais e outros servidores que re-presentaram 2.346 cidades brasileiras. O objetivo era simples: mobilizar os órgãos de fiscalização e controle para atuarem na capacitação de gestores e agentes públicos, por meio das suas escolas de contas, além de fiscalizarem a aplicação da Lei Geral. Entrava em vi-gor o projeto Prosperar.

Na ocasião, o presidente do Sebrae, Luiz Barretto, falou da importância de se colocar em exercício a legislação, com destaque para as compras públi-cas. “Ao se ampliar o mercado para os pequenos negócios nas compras mu-nicipais, na merenda escolar, na área de construção civil e nos serviços de manutenção, por exemplo, cria-se uma vasta rede local de fornecedores”, res-saltou. “Com isso, ganham as micro e

pequenas empresas e os municípios, porque vão comprar mais barato e esta-belecer uma relação de desenvolvimen-to local”, explicou Barretto. A Lei Geral diz, em mecanismos definidos no capí-tulo V, que é preciso garantir maior par-ticipação dos pequenos negócios nas compras governamentais, com exclusi-vidade para o segmento nas aquisições de até R$ 80 mil, e a subcontratação das pequenas pelas grandes fornecedo-ras dos órgãos públicos.

FRUTOSAlém do aumento no número de

municípios com a Lei Geral imple-mentada, milhares de cidades bra-sileiras estão dando preferência aos pequenos negócios nas compras go-vernamentais. As prefeituras também criam condições para a formalização de microempreendedores individuais e nomeiam agentes de desenvolvi-mento para auxiliar na relação entre Legislativo e microempresas.

Segundo levantamento apresenta-do pelo coordenador do Projeto Pros-perar, Narceu Almeida, a parceria en-tre as entidades garantiu a realização de cursos e capacitações destinados a estimular licitações que deem atenção especial às micro e pequenas empre-sas. De março de 2013 até agora, as ações incluíram cursos de Compras Governamentais, palestras, visitas a municípios, capacitação de gestores e encontros técnicos em Alagoas, Acre, Amazonas, Distrito Federal, Espírito

/ / B A L A N Ç O / /

“AO SE AMPLIAR O MERCADO PARA OS PEQUENOS NEGÓCIOS NAS COMPRAS MUNICIPAIS ... CRIA-SE UMA VASTA REDE LOCAL DE FORNECEDORES” Luiz Barretto, presidente do Sebrae

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AGOSTO DE 2014 23

Santo, Goiás, Maranhão, Mato Gros-so, Mato Grosso do Sul, Minas Ge-rais, Pará, Paraná, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, São Paulo e Tocantins. “O Prosperar tem ajudado as prefeituras que são, na grande maioria dos municípios, o prin-cipal agente comprador de produtos e serviços e, ao comprar da micro e pe-quena empresa, garantem o desenvol-vimento local”, destaca Almeida.

Nos últimos anos, as micros e peque-nas empresas (MPE), ao lado dos mi-croempreendedores individuais (MEI), representaram importante e indispen-sável elemento para movimentação da economia brasileira, que deve ao segmento 60% dos empregos formais e mais de 40% da massa salarial. Com crescimento significativo na última dé-cada, o setor influencia de forma direta na geração de recursos e já represen-ta 27% do PIB nacional. Somente em 2013, o segmento foi responsável pela geração de 839 mil novos empregos, segundo o levantamento. Até abril des-te ano, as MPE geraram quase o triplo dos empregos criados pelas médias e grandes empresas, ou seja, 296 mil va-gas e 111 mil vagas, respectivamente.

Prova disso é o crescimento ver-tiginoso do número de microempre-endedores individuais – figura criada pela Lei Geral, em 2007 – e das micro e pequenas empresas. Os MEI, carac-terizados pela receita bruta anual de até R$ 60 mil, passaram de 49 mil, em

2009, para 2,9 milhões, em 2012, e já somam 4,1 milhões em julho de 2014, mês em que o MEI completa seu quinto aniversário de instalação. A expectativa é que ainda em 2014 o número de MEI ultrapasse a marca das MPE. Serão 4,3 milhões de MEI contra 4,2 milhões de MPE até o fim do ano. É o que aponta pesquisa do Sebrae com base em 80 mil novas formalizações feitas a cada mês em todo o território nacional. 

No caso das MPE, de pouco mais de 3 milhões em 2009, o número saltou para 4 milhões – além do acréscimo de 7 milhões de novos empregos formais na área ao longo de 11 anos, que de 8,6 milhões, em 2000, atingiu 15,6 mi-lhões de empregados com carteira as-sinada em 2011. A previsão para 2022, elaborada pelo Sebrae, a partir de da-dos da Receita Federal, é de que, juntas, as duas categorias de empresas somem 12,9 milhões de empreendimentos, ge-rando ainda mais empregos.

TRABALHO EM CONJUNTOBruno Quick aponta que a parceria

do Sebrae com os Tribunais de Con-tas está intimamente ligada ao cres-cimento das compras e contratações de serviços entre os municípios e as pequenas empresas em todo o país. “Tínhamos dificuldades em fazer com que os municípios comprassem com as pequenas empresas. A partir do momento em que o tribunal fala que pode comprar, as compras e as parce-rias aumentam. E com isso as empre-

NO CASO DAS MPE,

DE POUCO MAIS

DE 3 MILHÕES EM

2009, O NÚMERO

SALTOU PARA 4

MILHÕES – ALÉM

DO ACRÉSCIMO DE 7

MILHÕES DE NOVOS

EMPREGOS FORMAIS

NA ÁREA AO LONGO

DE 11 ANOS

Page 24: Revista Conhecer/Projeto Prosperar 2014

PROJETO PROSPERAR // SEBRAE24

Supersimples para serviços

Reivindicada pela sociedade civil organizada e por várias áreas do se-tor econômico durante mais de 30 anos, a Lei Geral das Micro e Peque-nas Empresas (Lei Complementar 123/2006) é fruto do trabalho con-junto de vários órgãos, a exemplo do Sebrae, do Fórum Permanente das MPE, da Frente Parlamentar da MPE e do Fórum Empresarial em parceria com a União, os Estados e municí-pios. Aprovada em 2006, a legislação beneficia e simplifica o tratamento dado para esse tipo de empresa.

Uma das principais mudanças para os pequenos negócios foi a criação do Simples Nacional, ou Supersimples, que reúne oito impostos (seis federais, um estadual e um municipal) em um único documento de recolhimento.

Desde sua criação, a LC 123/2006 vem recebendo notáveis avanços aprovados pelo Congresso Nacional e sancionados pela Presidência da República. A mais recente proposta de melhorias, a quinta desde 2006, foi aprovada no Senado, no dia 16 de julho. Com a mudança garantida pelo Projeto de Lei Complementar nº 60 de 2014, a partir de 2015 o único critério que será adotado para os pequenos negócios aderirem ao Supersimples será o teto anual de fa-turamento de R$ 3,6 milhões anuais.

A universalização do Supersim-ples – que beneficia mais de 140 atividades como os profissionais da saúde, fonoaudiólogos, jornalistas, advogados, corretores de imóveis e de seguros, entre outros –, segue

sas crescem e ajudam no desenvolvi-mento do país”, avalia.

Ex-presidente da Atricon e atual ou-vidor do TCE-MT, o conselheiro Antônio Joaquim ressalta que é papel dos tribu-nais incentivar o desenvolvimento local e a aplicação da Lei. “A Lei Geral trata de compras governamentais, ou seja, de licitação e uso de dinheiro público. Não podemos esquecer isso e o fato de que o desenvolvimento local é fundamental para o município, o estado e o país. Em suma, para toda a sociedade”, defende.

Os representantes dos tribunais já manifestaram interesse em atuar com o Sebrae em outras ações voltadas ao fomento do desenvolvimento local com a promoção dos pequenos negócios. Também é objetivo do Sebrae impul-sionar a capacitação de Agentes de Desenvolvimento Local; potencializar a formalização de Empreendedores In-dividuais e incrementar o processo de desburocratização para constituição de pequenos negócios nos municípios.

Para Quick, a aproximação com os tribunais foi uma das contribuições mais importantes do Sebrae para as políticas públicas. “Houve uma con-vergência de agendas, uma comple-mentaridade de competências e uma disposição comum de trabalhar pela eficácia dessa política pública. O Se-brae encontrou o parceiro perfeito para impulsionar essa política, num momento em que menos de 600 mu-nicípios estavam efetivamente apli-cando a Lei Geral”, explica.

FACILIDADES

O PLC 60/2014 atribui ao Comitê

Gestor do Simples Nacional (CGSN) a

função de disciplinar o acesso do mi-

croempreendedor individual (MEI) – fi-

gura criada em 2009 com faturamento

de até R$ 60 mil por ano – e das micro

e pequenas empresas  a documento

fiscal eletrônico por meio do portal do

Simples Nacional. A proposta também

estende a outras empresas facilidades

já previstas no Estatuto da Micro e Pe-

quena Empresa ou Lei Geral das Micro

e Pequenas Empresas (Lei Complemen-

tar 123/2006). A estimativa é de bene-

ficiar 2 milhões de empresas.

Entre as facilidades estão prioridade

em licitações públicas, acesso a linhas

/ / B A L A N Ç O / /

Page 25: Revista Conhecer/Projeto Prosperar 2014

AGOSTO DE 2014 25

para sanção da Presidência da Re-pública e deve contemplar mais de 450 mil pequenos negócios.

Para que essa mudança possa acon-tecer, foi criada uma nova tabela para o setor de serviços, com alíquotas que variam de 16,93% a 22,45%. A proposta aprovada em julho também disciplina a substituição tributária para as mi-cro e pequenas empresas, sendo que algumas atividades ficarão fora da co-brança.  Atualmente, as secretarias da Fazenda dos estados se utilizam desse mecanismo de arrecadação para co-brar antecipadamente o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) dos produtos adquiridos pelos empreendedores. Isso significa que o empresário paga o ICMS antes mesmo de saber se venderá seus produtos.

Para o presidente do Sebrae, Luiz Barretto, esse mecanismo prejudica os pequenos negócios. “Sem capital de giro, as empresas correm o risco de quebrar ou de serem empurradas para a informalidade. Esse é um me-canismo que se banalizou para todas as categorias, queremos que esse instrumento seja usado apenas para as empresas de maior porte”, defen-de. Entre os beneficiados pelo fim da Substituição Tributária estão os pe-quenos negócios dos segmentos de vestuário e confecções, móveis, cou-ro e calçados, brinquedos, decoração, cama e mesa, produtos óticos, imple-mentos agrícolas, instrumentos mu-sicais, artigos esportivos, alimentos, papelaria, materiais de construção, olarias e bebidas não alcoólicas. 

Outros avanços da Lei Geral:

✓ Desoneração tributária das receitas de exportação;

✓ Dispensa do cumprimento de certas obrigações trabalhistas e previdenciárias;

✓ Simplificação do processo de abertura, alteração e encerramento das MPE;

✓ Facilitação do acesso ao crédito e ao mercado;

✓ Preferência nas compras públicas das três esferas, por meio de licitações limitadas a pequenas e microempresas, com desburocratização do processo, bem como obrigatoriedade de subcontratações e fornecimentos parciais de grandes lotes;

✓ Estímulo à inovação tecnológica; ✓ Incentivo ao associativismo na

formação de consórcios para fomentação de negócios;

✓ Incentivo à formação de consórcios para acesso a serviços de segurança e medicina do trabalho;

✓ Parcelamento de dívidas tributárias para adesão ao Simples Nacional;

✓ Atualização das faixas de contribuição;

✓ Regularização de empreendedores informais, com garantia de obtenção do CNPJ e emissão de nota fiscal, abertura de conta bancária e solicitação de linha de crédito como pessoa jurídica.

de crédito, simplificação das relações

de trabalho, regras diferenciadas de

acesso à Justiça e participação em pro-

gramas de estímulo à inovação.

Outra vantagem da alteração apro-

vada em julho é o fortalecimento da

desburocratização, já prevista na Lei

Geral. As novas medidas possibilita-

rão um menor tempo de abertura e

fechamento das empresas e a criação

de salas do empreendedor nas prefeitu-

ras, que serão a entrada única de docu-

mentos. Além disso, o projeto também

protege o MEI de cobranças indevidas

realizadas por conselhos de classe, por

exemplo, e ainda veda a alteração do

Imposto Predial e Territorial Urbano

(IPTU) de residencial para comercial.

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PROJETO PROSPERAR // SEBRAE26

A implementação da Lei

Seja no apoio à efetivação de pontos pendentes de regulamentação técnica mediante articulação com órgão públicos, desenvolvendo pesquisas para a divulgação do tema, mobilizando parceiros e as próprias micro e pequenas empresas a utilizarem a Lei Geral, o Sebrae segue atuando em quatro principais frentes de ações que buscam:

Tratamento diferenciado nas compras governamentais

O Capítulo 5 da Lei Geral estabelece as seguintes medidas que devem ser adotadas pelo poder público para assegurar tratamento diferenciado ao segmento nas compras governamentais:

✓ Participação exclusiva dos pequenos negócios nas licitações até R$ 80 mil.

✓ Subcontratação de micro e pequenas empresas em percentual de até 30% nas licitações vencidas por micro e pequenas empresas.

✓ No caso de licitações de produtos a serem adquiridos em lotes, devem constar itens exclusivos para as micro e pequenas empresas em até 25% do que for adquirido.

✓ Vantagem a favor da micro e pequena empresa em caso do chamado ‘empate ficto’ em que as propostas sejam iguais ou até 10% (ou 5% para pregões) superiores à proposta da licitante mais bem classificada.

✓ Os artigos 42 e 43 da Lei Complementar n° 123/2006 introduzem alterações quanto à habilitação da micro e pequena empresa.

✓ A comprovação de regularidade fiscal e da seguridade social da micro e pequena empresa somente será exigida para efeito de assinatura do contrato.

✓ Havendo alguma restrição na comprovação da regularidade fiscal, será assegurado o prazo de dois dias úteis prorrogável por igual período.

Uso do Poder de Compra – Adequar seus processos

licitatórios de acordo com as orientações da Lei Geral e fomentar a economia local via compras

junto às micro e pequenas empresas,

com o monitoramento dos resultados.

Desburocratização – Agilizar a abertura de empresas (não

deixar ultrapassar 20 dias) e seguir as orientações do

Comitê para Gestão da Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de

Empresas e Negócios (CGSIM), além de emitir

alvará provisório e definir atividades de grau de risco, conforme a Lei.

Microempreendedor Individual – Manter a cobrança do IPTU residencial para os empreendedores individuais formalizados, bem como dispensar a cobrança do habite-se e monitorar a inserção dos MEI na base de empresas.

Agente de desenvolvimento (AD) – Dispor de um plano de trabalho para o agente nomeado ou fortalecer uma estrutura organizacional (fórum, secretaria) que desempenhe funções previstas para o AD.

/ / B A L A N Ç O / /

Page 27: Revista Conhecer/Projeto Prosperar 2014

AGOSTO DE 2014 27

JOGO RÁPIDOMinistro Guilherme Afif Domingos

1A Lei Geral tem avançado, no quesito específico das compras

públicas, graças à parceria com os Tribunais de Contas e à atuação dos agentes de desenvolvimento. Qual a importância da implantação desse item da Lei Geral?

As compras públicas são muito

importantes para o segmento, pois

permitem ao poder público contratar

bens e serviços das micro e pequenas

empresas. Se pensarmos nesse cená-

rio relacionado às prefeituras, essa

parceria passa a ser um fator impor-

tante para fomentar o desenvolvimen-

to local, garantindo a permanência

de recursos no município e gerando

o crescimento das empresas locais e

mais empregos para a população. A

Secretaria da Micro e Pequena Empre-

sa (SMPE) trabalha para que todos os

municípios brasileiros tenham a Lei

Geral implementada e para que pos-

sam garantir um ambiente favorável

Um dos idealizadores da Lei Geral

das MPE e parceiro de longa data do

Sebrae, o ministro da Micro e Peque-

na Empresa, Guilherme Afif Domin-

gos, defende os novos avanços na

legislação aprovados pelo Congres-

so, prevê concluir em 90 dias, após

a sanção das mudanças, um diag-

nóstico sobre o enquadramento das

atividades econômicas nas faixas de

alíquotas do Supersimples e comenta

o cenário das compras públicas.

Carlo

s Te

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para as MPE. Além disso, a SMPE e o Sebrae vêm trabalhando em parceria para que as micro e pequenas empre-sas tenham cada vez mais facilidade de fazer negócios com os entes.

2 Na opinião do senhor, qual o maior legado da Lei Geral das

Micro e Pequenas Empresas para o desenvolvimento econômico dos municípios?

Além das compras públicas, onde o município compra dos pequenos, destaco o ambiente favorável a quem empreende, com menor burocracia, integração e simplificação na relação empresa-governo, licenciamento sim-plificado e os espaços de atendimento ao empreendedor.

3Houve alterações recentes no Supersimples e foi aprovada nova

mudança ainda este ano. Falta muito para chegar ao ideal para as MPE?

É um processo de contínuo aper-feiçoamento. Por isso, a SMPE, em parceria com o Sebrae, encomendou uma série de estudos que têm como objetivo identificar as necessidades de aprimoramento do Simples Nacional. É possível que, em 90 dias, tenhamos um diagnóstico importante em relação às atividades econômicas, as catego-rias de enquadramento, dados que nos permitam olhar com profundidade a questão do Simples e investir em estra-tégias concretas, capazes de garantir o crescimento das MPE.

4 De março de 2013 a julho de 2014, o total de municípios

com Lei Geral implementada mais que dobrou, passando de 860 para 1.913. Quais os principais fatores que motivaram esse crescimento?

Isso se deve ao esforço de toda uma rede de parceiros no fomento à imple-mentação da Lei Geral. Destaco, nesse processo, a importância dos Sebrae de todas as unidades da Federação, dos governos estaduais, da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP), da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) e em especial do Sebrae Nacional que, em conjunto com a SMPE, tem trabalhado para que a Lei Geral se torne uma reali-dade em todos os municípios do Brasil.

5Os estados e municípios estão se empenhando para se

adequar à Lei Geral e fomentar o empreendedorismo. O que os órgãos públicos podem fazer para ajudar?

Simplificar e desburocratizar a relação entre o poder público e a empresa. Esse é o caminho. Geralmente, a MPE é com-posta por uma pessoa, e o poder público tem que ter a sensibilidade de garantir o tratamento diferenciado previsto na Constituição. Por isso, queremos que o poder público simplifique a relação com o empreendedor, tornando-a mais ágil tan-to para o poder público quanto para quem empreende. O mais importante é que o empreendedor tenha foco naquilo que faz e gaste tempo e energia na sua atividade econômica, no seu negócio.

A SMPE, EM PARCERIA COM O SEBRAE, ENCOMENDOU UMA SÉRIE DE ESTUDOS QUE TÊM COMO OBJETIVO IDENTIFICAR AS NECESSIDADES DE APRIMORAMENTO DO SIMPLES NACIONAL

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Projetado com o objetivo de conectar os estados brasilei-ros em eventos simultâneos para estimular a implemen-

tação da Lei Geral, o chamado Dia D do Desenvolvimento, promovido pelo Sebrae Nacional, Atricon e IRB, no dia 13 de março de 2013, foi um sucesso.

na renovação de outros quatro. Pouco mais de um ano depois, as instituições já podem comemorar. De março de 2013, quando ocorreu o evento simul-tâneo nacional, até julho de 2014 hou-ve um aumento de 122% no número de municípios com a Lei Geral implemen-tada, passando de 860 para 1.913.

MOBILIZAÇÃO NACIONAL RESULTA EM CONVÊNIOS NOS ESTADOS

Alagoas, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Tocantins são destaque em ações conjuntas entre TC e Sebrae

A iniciativa pioneira e inovadora re-sultou em mais de 20 encontros em todo o país com o tema “Tribunais de Contas e Desenvolvimento Local” e na assinatura de 17 novos convênios Prosperar entre Tribunais de Contas estaduais e municipais e unidades es-taduais do Sistema Sebrae, bem como

Em Alagoas, TCE e Sebrae firmam parceria

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Na prática, após o Prosperar, 34,3% das prefeituras já oferecem tratamento diferenciado aos pequenos negócios nas licitações de produtos e serviços públi-cos. Para o gerente da Unidade de Po-líticas Públicas do Sebrae, Bruno Quick, esse crescimento só foi possível graças ao convênio com os tribunais. “Tínha-mos dificuldades em fazer com que os municípios comprassem com as peque-nas empresas, agora isso mudou”, avalia.

Termos de cooperação foram assina-dos em 17 unidades federativas: Acre, Alagoas, Amazonas, Distrito Federal, Goi-ás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, Rio Grande do Sul, São Paulo e Tocantins. Além deles, Espírito Santo, Mato Grosso, Minas Ge-rais e Paraná participaram do “Dia D" do desenvolvimento, com eventos em suas capitais, e aprofundaram convênios que já existiam com os Tribunais de Contas. Durante e após o evento, foram promovi-dos cursos de compras governamentais, palestras, visitas a municípios, capacita-ção de gestores e encontros técnicos para divulgação da Lei.

Segundo o conselheiro Antônio Jo-aquim, do TCE-MT, à frente da Atricon em 2013, o Dia D do Desenvolvimento representou um marco histórico na luta pela implantação da Lei nº 123. “Foi, sem dúvida, uma iniciativa inédita e de ampla consequência. Tanto para o desenvolvimento econômico, a geração de emprego e de renda nos municípios brasileiros, quanto para a história dos

Tribunais de Contas, que participaram dessa importante articulação”, defende.

Direcionados para prefeitos, vice-pre-feitos, vereadores e servidores públicos, como forma de divulgar a Lei Geral e tirá-la do papel, os encontros tiveram o poder de mobilizar nacionalmente as instituições para dar visibilidade à legis-lação que assegura vantagens para as empresas de menor porte em licitações. Com 21 convênios em vigor, o Prosperar se firma como um importante instru-mento na capacitação e fiscalização dos atores responsáveis pela implantação da Lei Geral no país, principalmente no recorte das compras públicas por micro e pequenas empresas.

O acordo nacional envolve o Minis-tério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do

Brasil, Instituto Rui Barbosa, Frente Nacional dos Prefeitos e a Confedera-ção Nacional dos Municípios. O termo de cooperação assegura a realização de cursos de capacitação para esclarecer aos gestores e servidores públicos que há tratamento diferenciado para a con-tratação de micro e pequenas empre-sas, conforme prevê a LC 123.

Para o presidente do Instituto Rui Barbosa, Sebastião Helvecio, a parceria tem funcionado para fomentar o em-preendedorismo e o desenvolvimento econômico no país. “O Projeto Prospe-rar destaca que o empreendedorismo é o caminho para o desenvolvimento local e mostrar a importância das aqui-sições públicas com preferência para as MPE é relevante para destacá-las como política pública indutora desse desen-volvimento”, acredita.

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em seguida, auxilia no cumprimento do contrato, caso eles ganhem a lici-tação. “Muitas vezes ajudamos o em-preendedor nas primeiras participa-ções e depois eles acabam adquirindo tanta experiência que já buscam sozi-nhos as licitações que os interessam”, conta Ferran. É o caso de Mauro Jandt Nörnberg, dono da Fruteira Boa Safra, em Taquara. A partir da assessoria do Sebrae para participar da primeira licitação, dois anos atrás, o empre-endedor já participou de mais de 40 pregões. “Depois que você consegue a documentação necessária, fica muito fácil. O Sebrae sempre me avisa, mas eu já vou meio direto porque fiquei craque nas licitações”, explica. Nör-nberg, que tem um pequeno negócio há 9 anos e fornece pão e leite para a prefeitura e escolas. Ele diz que parti-

cipar de compras públicas mudou sua vida. “Muda tudo, até o poder de com-pra. Compramos em mais quantia, au-mentou a credibilidade, aumentamos os funcionários, mudou tudo. A gente garante a venda, tendo crise financei-ra ou não”, comemora.

MUNICÍPIO COMO CLIENTE Ao lado do TCE-RS e do governo

estadual, a unidade gaúcha do Sebrae tem conseguido, por meio do programa Fornecer – Compras Públicas para as Micro e Pequenas Empresas, sensibili-zar o poder municipal para retirar a LC nº 123 do papel. Desde que o programa teve início, já foram distribuídos mais de R$ 130 milhões com as compras descentralizadas – destes, R$ 69 mi-lhões foram para as micro e pequenas empresas, com uma economia no custo

FORTALECIMENTO DA LEGISLAÇÃODentre os estados que assinaram

o convênio ainda em 2013, cinco se sobressaíram pelos avanços na imple-mentação da Lei Geral e na municipa-lização das compras públicas: Alago-as, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Tocantins. Com projetos consolidados e reconhecidos pelo Prêmio Sebrae Prefeito Empreen-dedor e ações voltadas à divulgação da Lei Geral, as unidades do Sebrae nesses estados já começam a investir no fortalecimento da Lei nas cidades que a implementaram.

Com 31% dos 497 municípios gaú-chos avançados na implementação da Lei Geral, o Rio Grande do Sul está nes-sa lista e começa a planejar as ações de acompanhamento nas cidades que já se adequaram às exigências legais. De acordo com a gestora estadual de Compras Públicas do Sebrae no estado, Márcia Ferran de Souza, a meta agora é acompanhar cada cidade mais de per-to. “Vamos ampliar o nosso trabalho, ajudando o município a se organizar, a organizar seu setor de compras, até para garantir que as prefeituras terão condições de pagar seus fornecedores, ao mesmo tempo em que faremos um trabalho com os empreendedores lo-cais, de modo a prepará-los para parti-cipar das licitações”, explica.

No Rio Grande do Sul, o Sebrae ca-pacita os empreendedores e os ajuda a obter toda a documentação para participar das chamadas públicas e,

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dos produtos superior a R$ 47 milhões. Para a gestora do Sebrae, esse número refl ete a qualidade da parceria com o Tribunal. “O Prosperar é uma espécie de convênio guarda-chuva, que chancela, principalmente nas compras públicas, os projetos que cada Sebrae possui em seu estado para a implementação da Lei Geral e aqui trabalhamos em total sintonia”, revela Ferran.

O Tribunal participa dos seminários de compras governamentais, promovi-dos pelo Sebrae, com a palestra técnica “A atuação do Controle Externo frente aos novos desafi os nas contratações pú-blicas”, da auditora Fernanda Nunes, e deve realizar capacitações dos auditores, ao longo do ano, para que eles possam fi scalizar a implementação da Lei Geral.

O presidente do TCE-RS, Cezar Mio-la, lembra que os TC vêm se consolidan-do como instrumentos fundamentais à implementação de políticas públicas e diz: “Não tem sido diferente no caso da Lei Complementar nº 123/2006, defi nidora do tratamento diferenciado às pequenas empresas. Por meio de iniciativas coordenadas pela Atricon e pelo Sebrae,  em 2013, os agentes públicos puderam entender melhor a concepção de uma política local de incentivo à atuação das empresas de pequeno porte no mercado das com-pras governamentais, bem como foram devidamente orientados, à luz dos prin-cípios constitucionais, de seus deveres perante os órgãos de controle”.

Ao implantar o programa estadual

em sua cidade, o prefeito de Lajeado, Luís Fernando Schmidt, conseguiu uma economia média de mais de 30% im-plementando a Lei Geral em suas lici-tações e abrindo oportunidade para os pequenos negócios da cidade e região. “Estamos fomentando o desenvolvimen-to das micro e pequenas empresas com políticas públicas de distribuição de ren-da”, explica. Antes do Programa Fornecer Lajeado ser colocado em prática, as em-presas da cidade não tinham condições de disputar com as de grande porte e a maioria das licitações municipais era vencida por duas empresas de fora da cidade e, muitas vezes, de fora do estado.

O cenário mudou quando a Agente de Desenvolvimento Local Cristiane dos Reis, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Inovação, decidiu burlar a burocracia de um levantamen-to de compras da cidade, que poderia demorar, e fez um teste prático: abriu um pregão presencial para dois produ-tos com preferência para MPE. Logo na primeira tentativa, no fi nal de 2013, uma empresa da região ganhou a dis-puta e houve uma economia de mais de 25% em relação ao pregão anterior. De lá para cá, a prefeitura já fez outras seis, com a participação de mais de 50 empresas locais, e injetou R$ 300 mil na economia local. “Muitas vezes a prefeitura não aplica a Lei Geral porque não sabe por onde começar. Eu digo que basta fazer um teste, dar o primeiro passo”, incentiva Reis.

A iniciativa foi premiada no 8º Prêmio

“A VISÃO DE QUE O TCE APENAS CONTROLA A REGULARIDADE FORMAL DA GESTÃO PÚBLICA ESTÁ ULTRAPASSADA” Marcos Vieira, superintendente do Sebrae em Alagoas

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Sebrae Prefeito Empreendedor, na catego-ria Compras Governamentais, e disputou o prêmio nacional com cidades que já ti-nham de 100 a 150 editais lançados com exclusividade para MPE. “Ficamos entre 15 cidades que tinham muito mais expe-riência. Éramos pequenos, mas chama-mos atenção dentro de um cenário bem maior. Isso é incrível”, comemora a agente de desenvolvimento.

EFICIÊNCIA RECONHECIDA Em Alagoas, o Sebrae e o Tribunal

de Contas do Estado firmaram convênio para capacitação de gestores do TCE em agosto de 2013. A unidade de educação corporativa do Tribunal – representada pela Escola de Contas – disponibilizou capacitações sobre a aplicabilidade da Lei Geral para os agentes públicos e passadas as etapas de sensibilização e capacitação, começou a exercer seu po-der de controlar a aplicação da lei. Os re-sultados puderam ser sentidos ainda no ano passado, quando o Sebrae Alagoas comemorou o cumprimento de 100% da regulamentação da Lei Geral: já são 102 municípios com legislação específica e 51 deles com a Lei implementada.

Entre as atividades promovidas nos municípios alagoanos para divulgar a importância do cumprimento da legis-lação foram realizadas as palestras “A subcontratação das MPE nas licitações” e “Cota reservada de até 25% das com-pras governamentais para MPE”. O su-perintendente do Sebrae em Alagoas, Marcos Vieira, acredita que o convênio

mostrou a força das duas instituições na luta pela eficácia e eficiência da gestão municipal. “A visão de que o TCE apenas fiscaliza a regularidade formal da gestão pública está ultrapassada. Hoje, sabemos que esse órgão tem tam-bém o papel de julgar se a aplicação de recursos alcançou os resultados preten-didos e, nesse convênio com o Sebrae, ficou clara sua função orientadora e de capacitação quanto à importância da aplicação da lei”, destaca.

A gerente da Unidade de Políticas Públicas do Sebrae em Alagoas, Izabel Vasconcelos, acredita que a parceria entre o Sebrae e o Tribunal anda na de-fesa da melhoria da gestão dos recursos públicos, do cumprimento da legisla-ção e do desenvolvimento do estado. Sebrae e TCE finalizam, agora, a minu-ta de um novo convênio, desta vez in-cluindo ações mais operacionais como elaboração de cartilha orientadora e um acompanhamento mais efetivo nos municípios quanto à aplicabilidade da Lei Geral, com um sistema operacional de contratos e convênios que será dis-ponibilizado pelo TCE aos municípios.

Para o presidente do Tribunal de Contas de Alagoas, Cícero Amélio, o acordo de cooperação veio no momen-to certo. “Estamos implementando o Sicap no TCE-AL, ou o Módulo Coletor de Prestação de Contas, através do pro-grama Gestor Bem Intencionado, que irá capacitar, qualificar e atualizar os gestores e funcionários públicos muni-cipais quanto ao envio de seus relató-

"A PARTIR DESSA PARCERIA, SEBRAE E TCE PODEM ANDAR

JUNTOS NA DEFESA DA MELHORIA

DA GESTÃO DOS RECURSOS PÚBLICOS E DO CUMPRIMENTO

DA LEGISLAÇÃO"Cícero Amélio

Presidente do Tribunal de Contas de Alagoas,

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locais e, a partir daí, começamos a ofere-cer incentivos. Foi o caso da Associação de Costureiras, que se firmou no merca-do em busca de empreendedorismo e independência”, explica Almeida.

Em Messias, a Sala do Empreende-dor e os Agentes de Desenvolvimento são muito atuantes e foram vencedo-res da edição deste ano do PSPE na categoria de desburocratização. Dono da Drogaria São José na cidade, Pablo Rodrigo Fernandes de Barros recebeu ajuda do AD para participar de uma licitação e agora vende medicamentos, suplementos alimentares e até leite para a prefeitura de Messias. “Tive aju-da em todo o processo que é até bem simples. O complicador é conseguir reunir todas as certidões, como em qualquer processo de compra pública”, acredita. O microempreendedor, que já está abrindo mais duas farmácias em cidades da região, acredita que vender para a prefeitura tem fortalecido seu empreendimento. “As coisas estão indo muito bem agora, aumentou nosso lu-cro, nos deu confiança. Fornecer para a prefeitura é muito bom”, simplifica.

MUDANÇA DE VIDA Sete meses. Esse foi o tempo que

durou a carreira do pedreiro Romoaldo Rodrigues da Silva Neto como micro-empreendedor individual de Carrasco Bonito, em Tocantins. O motivo é sim-ples. Assim que se formalizou, Neto passou a ser contratado pela prefeitura da cidade para realizar obras de cons-

rios de prestação de contas via sistema on-line. Vamos trabalhar também a questão da Lei Geral, que é, inclusive, desconhecida por muitos prefeitos, e tão importante para o desenvolvimen-to da economia local. A partir dessa parceria, Sebrae e TCE podem andar juntos na defesa da melhoria da gestão dos recursos públicos e do cumprimen-to da legislação”, defende.

Premiados com o PSPE, os municí-pios de Mar Vermelho e São Sebastião estão indo muito bem na implemen-tação da Lei Geral no quesito Compras Governamentais, pois já conseguiram publicar editais dando tratamento di-ferenciado às pequenas empresas e re-serva de cota de 25% para participação exclusiva de micro e pequenas empre-sas em compras de itens divisíveis.

Prefeita de Mar Vermelho, cidade conhecida como Suíça alagoana, Julia-na Almeida ganhou o 8º Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor, na categoria de Compras Governamentais por auxiliar na criação da Associação de Costureiras de Mar Vermelho. Depois de formalizar a associação, a prefeitura ofereceu cursos às trabalhadoras para operar 18 máqui-nas de costura industrial e outros equi-pamentos e hoje é a maior cliente das costureiras. A associação fornece à pre-feitura de uniformes para merendeiras e garis, e lençóis para camas das unidades de saúde, a jogos de cozinhas para esco-la e creche e fantasias para os eventos culturais. “Conseguimos identificar os pequenos negócios e as potencialidades

“FOI, SEM DÚVIDA, UMA INICIATIVA INÉDITA E DE AMPLA CONSEQUÊNCIA.

TANTO PARA O DESENVOLVIMENTO

ECONÔMICO, A GERAÇÃO DE

EMPREGO E DE RENDA NOS MUNICÍPIOS

BRASILEIROS, QUANTO PARA A HISTÓRIA DOS

TRIBUNAIS DE CONTAS”Antonio Joaquim,

conselheiro do TCE-MT, presidente da Atricon em 2013

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trução e pequenos consertos e, em pou-co tempo, já havia ultrapassado o limite fiscal da categoria. Agora microempre-endedor, consegue pegar mais contra-tos com a ajuda de dois funcionários. “O Sebrae e a prefeitura me ajudaram e ajudam todos os dias. Eu quase desisti da carreira porque era informal e não conseguia contratos. Agora presto ser-viço para a prefeitura e ainda faço obras particulares”, comemora.

A mudança de vida de Neto foi pos-sível porque o Sebrae no Tocantins e o TCE-TO se uniram para incentivar a aplicação da Lei Geral e da preferência por pequenos negócios nas compras municipais. Assinado logo após o “Dia D” do Desenvolvimento, o Prosperar no estado tem validade de 24 meses e prevê a inserção do tema do desen-volvimento sustentável e dos pequenos negócios no debate político e a orien-tação aos administradores públicos. No estado, 100% dos 139 municípios já regulamentaram a Lei Geral e 50 deles (35,9% do total) implementaram os principais dispositivos da legislação.

Para o presidente do Sebrae no To-cantins, Roberto Pires, o Prosperar foi estratégico na implementação das po-líticas públicas a favor do tratamento diferenciado, simplificado e favorecido aos pequenos negócios. “Com a orien-tação do Tribunal de Contas do Estado e com a parceria do Sebrae, apoiando a implementação das ações, os muni-cípios foram incentivados a regulamen-tar a Lei Geral que, presente em 100%

dos municípios tocantinenses, está estimulando a desburocratização dos processos, difundindo a cultura empre-endedora local e o desenvolvimento de projetos inovadores e sustentáveis no município”, afirma.

Como ponto alto da parceria, Pires citou a mobilização junto aos gestores públicos para assinatura do termo de adesão. “Isso fez com que os governos municipais regulamentassem e imple-mentassem efetivamente a Lei Geral, incentivando a realização de licitações exclusivas para as micro e pequenas empresas, as nomeações dos agentes de desenvolvimento, as aberturas das salas do Empreendedor e mais oportu-nidades para os microempreendedores individuais, que no Tocantins somam mais de 34 mil”, finaliza.

O presidente do Tribunal de Contas do Tocantins, conselheiro José Wagner Praxedes, acredita que o Prosperar re-flete o interesse das duas instituições em ver o Tocantins avançar. “Para o TCE, defender com o Sebrae a imple-mentação da Lei Geral é também esti-mular o desenvolvimento dos municí-pios e, consequentemente, contribuir para a nossa missão maior: melhorar a qualidade de vida dos cidadãos do nos-so estado”, defende. Segundo Praxedes, a partir deste ano a implementação da Lei Geral passou a ser ponto de audi-toria do TCE-TO. “Primeiro orientamos, agora os nossos técnicos estão cobran-do dos prefeitos o cumprimento dessa importante legislação”, explica.

“O PROSPERAR FOI ESTRATÉGICO NA IMPLEMENTAÇÃO

DAS POLÍTICAS PÚBLICAS A FAVOR

DO TRATAMENTO DIFERENCIADO,

SIMPLIFICADO E FAVORECIDO AOS

PEQUENOS NEGÓCIOS” Roberto Pires,

presidente do ConselhoDeliberativo do Sebrae no Tocantins

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de ações do projeto “90% de produtores locais”, vencedor do 8º PSPE, na catego-ria compras governamentais. “Nossos editais eram quase sempre vencidos por empresas de outros municípios; hoje, entre 85% a 90% das demandas da pre-feitura são atendidas por fornecedores locais”, comemora a prefeita.

PARA MANTER A LEI VIVA O Sebrae no Rio de Janeiro e o TCE-RJ

assinaram o acordo de cooperação técni-ca do Prosperar no dia da mobilização na-cional, em 13 de março de 2013. Durante o evento, o presidente do TCE-RJ, Jonas Lopes, destacou que apenas 23 municí-pios do estado do Rio de Janeiro aplica-vam a Lei Geral por falta de informação e de qualificação das prefeituras. Com cursos e palestras realizados ao longo do

ano, além de participações nos eventos do programa do Sebrae Compra Mais Rio de Janeiro, o estado avançou muito: já são 37 cidades com a lei implementada.

Dentro do convênio, o TCE-RJ inves-te no seu papel orientador e capacita agentes dos municípios do Rio. Em con-trapartida, o Sebrae investe no trabalho dos Agentes de Desenvolvimento Local e auxilia os empreendedores a se forma-lizar para poder concorrer nas licitações municipais. “A parceria com o Sebrae é muito importante para colaborar com a efetiva implementação dessa legislação que privilegia os pequenos e a economia local, gerando benefícios, emprego e renda”, defende Lopes.

Ao explicar o Compra Mais, o superin-tendente do Sebrae no Rio de Janeiro, Cezar Vasquez, fala do investimento na

Em 2013, o Programa Agenda Cida-dã, promovido pelo Tribunal de Contas em parceria com o Sebrae, divulgou os principais pontos da Lei Geral e distri-buiu uma cartilha com uma espécie de guia para orientar os gestores a usar corretamente os recursos públicos. Os eventos, realizados em seis cidades- polo, contemplaram todos os municípios do estado e tiveram a participação de mais de duas mil pessoas. Em seguida foi realizada uma capacitação de com-pras públicas para os auditores do TCE, a primeira do Brasil. Os próximos passos são encontros para debater as dificul-dades encontradas pelas prefeituras na implementação da legislação e na reali-zação de licitações, bem como a realiza-ção de cursos de capacitação a distância.

As ações do Prosperar incentivaram prefeituras a investir nas mudanças su-geridas na Lei Geral em busca de me-lhoria na renda, geração de empregos e fortalecimento local. Deijanira de Al-meida Pereira, prefeita de Augustinópo-lis, investiu na subcontratação de micro-empreendedores individuais da cidade nas licitações vencidas por empresas de maior porte. “Incentivamos as empresas locais a participar dos processos de com-pras públicas e garantimos a subcontra-tação dos MEI”, explica Pereira.

A prefeitura promoveu cursos para capacitar fornecedores e servidores mu-nicipais sobre os capítulos da Lei Geral que tratam sobre compras governamen-tais. Palestras com especialistas do Se-brae e do TCE-TO ajudaram na adoção

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ESTÍMULO AOS PEQUENOSRepresentando 99% dos empre-

endimentos no país e responsáveis por empregar 50% da mão de obra, as micro e pequenas empresas sentem dificuldade em conseguir participar das licitações com reais chances de ganhar, fornecendo seus produtos e serviços às prefeituras locais, de preferência. Para driblar as dificul-dades, o prefeito Saulo Gouvea, de Cantagalo, lançou o projeto “O Poder de Compras do Município como Ins-trumento de Desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas Locais”, estimulando o acesso dos pequenos negócios locais nas compras munici-pais. Do total de compras em 2013, 80% foram para micro e pequenas empresas – R$ 10 milhões.

Durante a implantação das mu-danças na cidade, o prefeito recebeu o Sebrae do Rio de Janeiro e o TCE-RJ, que participaram com palestras sobre compras públicas e auxiliaram no trei-namento e capacitação dos servidores e empreendedores. Premiado no 8º PSPE na categoria Compras Governamentais, Gouvea credita ao Prosperar e à parceria com as instituições os avanços da região. “Ações como o treinamento para empre-endedores auxiliam a relação da peque-na e microempresa com a prefeitura, que tem grande interesse em fazer com que o dinheiro do município circule dentro da própria cidade, de forma legal, utilizando a lei que garante tratamento diferencia-do e favorecido aos pequenos negócios. Esse tipo de parceria é uma iniciativa que recebe o nosso apoio”, afirma.

preparação dos pequenos negócios para vender para os governos. “É inquestio-nável a importância da utilização do poder de compra governamental como instrumento de desenvolvimento eco-nômico. Mas isso nem sempre acontece. É necessário muita articulação, compre-ensão e confiança dos agentes públicos e privados”, explica. Segundo Vasquez, o Compra Mais conscientiza os gestores públicos municipais a fazer o melhor uso do poder de compra das prefeituras, para que incluam as micro e pequenas em-presas como fornecedoras, fortalecendo esses empreendimentos e, consequente-mente, desenvolvendo a economia local.

Em 2012, os municípios de Mendes, Barra do Piraí, Bom Jardim e Cachoeiras de Macacu publicaram editais com ex-clusividade para micro e pequenas em-presas. Ano passado, foram oito editais publicados pelas cidades de Cantagalo, Paracambi, Natividade, Paraíba do Sul, Italva, Pinheiral, Volta Redonda e São Gonçalo. Até agora, o município de Tra-jano de Morais publicou, em 2014, dois editais, um de exclusividade e outro de 25%. Já o município de Cantagalo pu-blicou cerca de 10 editais beneficiando os pequenos negócios, apenas no pri-meiro semestre deste ano. Para a ana-lista da UPP do Sebrae no Rio de Janei-ro, Juliana Lohmann, isso é um reflexo do trabalho das duas instituições. “É um sinal do nosso esforço para implemen-tar a Lei Geral e manter a aplicação da lei firme e forte. Nossas ações são para manter a lei viva”, afirma.

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Mecanismos facilitam participação de pequenos negócios em compras públicas

No capítulo V da Lei Geral da Mi-cro e Pequena Empresa, que é o que trata das compras governamentais, estão previstos os seguintes meca-nismos para facilitar a participação dos pequenos negócios nas aquisi-ções públicas: em caso de empate nas licitações, micro e pequenas empresas têm preferência de con-tratação; micro e pequenas empre-sas podem participar de licitações mesmo que apresentem pendências fiscais e podem comprovar a regula-ridade fiscal somente no momento da assinatura do contrato; as licita-ções com valores de até R$ 80 mil podem ser realizadas com participa-ção exclusiva de micro e pequenas empresas; possibilidade de exigir de uma grande empresa vencedora de uma licitação a subcontratação de microempresa e empresa de pe-queno porte, desde que o percentual máximo do objeto a ser subcontra-tado não exceda 30% do total lici-tado; é possível estabelecer cota de até 25% do objeto da licitação para

a contratação de micro e pequenas em-presas, em certames para a aquisição de bens e serviços de natureza divisível.

MUDANDO DESTINO DAS CIDADES Ao assinar o Prosperar com o Sebrae do

Mato Grosso do Sul, em 2013, o presidente do TCE-MS, conselheiro Cícero de Souza, foi categórico sobre a importância do evento simultâneo promovido pelo Sebrae e Atri-con. “O dia 13 de março irá marcar defini-tivamente o destino de nossos municípios, pois possibilitará o início de um amplo processo para se tirar do papel e tornar rea-lidade nos municípios a Lei Geral”, afirmou.

O termo de compromisso teve um pa-pel determinante no processo de orienta-ção aos gestores municipais com relação às compras governamentais. O Sebrae articulou com a Escola Superior de Con-trole Externo a inserção da Lei Geral nas capacitações; a participação do TCE nos Fóruns Regionais de Desenvolvimento nos municípios e no evento Fomenta, com orientação para empresários e ges-tores; a participação do TCE no evento “Seminário Sul Matogrossense de Com-pras Públicas”; a assinatura de um termo de cooperação com o Estado para execu-ção do projeto de compras governamen-tais; e a orientação técnica aos gestores para revisão das leis municipais.

Desde a assinatura, ocorreram 12 en-contros dos Fóruns Regionais de Desenvol-vimento que também trataram da Lei Ge-ral com 3.981 participantes, 1.167 pessoas

jurídicas e 157 novas empresas. Na ocasião da assinatura do convênio, somente 18 municípios dos 79 exis-tentes no Mato Grosso do Sul haviam implementado a Lei Geral. Esse nú-mero saltou para 38 até agora.

Para o analista técnico em Políti-cas Públicas da UDTPP do Sebrae em Mato Grosso do Sul, Jorge Tadeu de Barros Veneza, o convênio teve pa-pel determinante nesse avanço. “O Prosperar foi importante por agregar um parceiro de peso, que é o Tribunal de Contas do Estado, por sua grande representatividade junto aos muni-cípios. E isso contribuiu para o au-mento de municípios com a Lei Geral regulamentada e, principalmente, de municípios com a Lei Geral im-plementada que fazem os benefícios chegarem aos empresários de micro e pequenas empresas”, acredita.

Para o presidente da Assomasul e prefeito da cidade de Anastácio, Dou-glas Figueiredo, as palestras sobre compras governamentais promovi-das pelas instituições já começaram a dar resultados. “A Lei Geral auxilia e incrementa o desenvolvimento econômico dos municípios, mas nossos empreendedores precisam conhecer o processo. Esses eventos sobre compras nos ajudam a deixar as MPE aptas a concorrer e oferecer seus produtos de boa qualidade para o município”, resume.

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AGOSTO DE 2014 39

/ / P I O N E I R I S M O / /

Antes mesmo de o Sebrae lan-çar o primeiro levantamento que apontava pouca adesão à implantação da Lei Geral,

quatro estados se anteciparam e inves-tiram em parcerias com os Tribunais de Contas para mudar esse cenário. Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná e Mato Grosso podem ser considerados pio-neiros e vanguardistas na união entre capacitação e fiscalização.

Na lista de estados em que a parce-ria entre o Sebrae e o Tribunal de Con-tas está consolidada desde antes do Dia D do Desenvolvimento, em 13 de março de 2013, Minas Gerais e Espírito Santo se destacam pelo pioneirismo na im-plementação da Lei Geral. O primeiro criou um modelo de fiscalização da Lei Geral – o Projeto Suricato – que já é re-ferência em todo o Brasil. O segundo foi o primeiro estado a ter a Lei Geral regu-lamentada em 100% dos municípios.

Idealizado pelo conselheiro do Tri-bunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG) e atual presidente do

Instituto Rui Barbosa (IRB), Sebastião Helvecio, a Política de Fiscalização In-tegrada (Projeto Suricato) foi lançada em 2011, mas ganhou força com a cria-ção da Assessoria para Coordenação da Fiscalização Integrada, em 2013. O Suricato é uma ferramenta eletrônica que possibilita a fiscalização integrada e completa da implementação da Lei Geral no Estado, com base em dados e informações disponíveis no TC e em fontes externas. A ferramenta cruza, por meio de uma malha eletrônica, as infor-mações do Tribunal com os sistemas de organizações parceiras, possibilitando um intercâmbio de dados, o monitora-mento e o mapeamento das compras públicas no estado.

Segundo Helvecio, a nova política de fiscalização integrada facilita o diálogo dos vários sistemas do TC. “O Suricato utiliza as notas fiscais eletrônicas emi-tidas para o atendimento das despesas dos entes jurisdicionados como fonte primária para a identificação de preços praticados, empresas participantes e

INICIATIVAS INÉDITAS SEMEIAM PARCERIAS

Sebrae e Tribunais de Contas de Minas Gerais e Espírito Santo consolidam parceria antes do Dia D

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PROJETO PROSPERAR // SEBRAE40

a partir de cruzamentos desses dados,

obter melhor entendimento das aquisi-

ções públicas”, explica.

O sistema detecta, ainda, a circulação

do recurso usado nas aquisições públicas,

tanto entre as dez regiões de planeja-

mento em que o Estado de Minas Gerais

é dividido, como nas demais unidades da

Federação. “O projeto recebeu o nome de

Suricato por representar um animal com

um grande espírito de equipe, mas que

tem um vasto número de predadores e,

por isso mesmo, precisa ser extremamen-

te vigilante”, destaca o conselheiro.

O montante de recursos fiscalizados

pelo TCE-MG é de R$ 85 bilhões, in-

cluídas as receitas orçadas do Estado e

dos municípios. Para o gerente da UPP

do Sebrae Nacional, Bruno Quick, o Su-

ricato trouxe inovações que podem ser

utilizadas em outros Estados como o

lançamento das aquisições no sistema

em tempo real. “O Sebrae hoje faz o mo-

nitoramento da implementação da Lei

Geral por estimativa, mas Minas Gerais

já consegue saber em tempo real porque

usa a nota fiscal eletrônica e o Tribunal

de Contas tem acesso à base de dados

da Secretaria Estadual de Fazenda. São

dados reais e oficiais”, explica.

O gerente prevê que, com o acesso

às bases de dados da Fazenda, o traba-

lho de monitoramento será facilitado.

“É a oportunidade de trabalhar com

dados oficiais, o que garante um ganho

qualitativo inclusive para o Sebrae, que

hoje trabalha com projeções estima-

tivas e vai trabalhar com dados reais”,

resume. A instituição já faz esse moni-

toramento, no caso dos microempreen-

dedores individuais, cruzando a base de

dados da Receita Federal.

O autor do projeto reconhece que a

iniciativa pode ser replicada em outros

Estados. “Isso é possível porque, como

somos uma República Federativa, é

absolutamente fundamental o com-

partilhamento dos conhecimentos e,

na lógica do federalismo cooperati-

vo, os 34 TC brasileiros vêm atuando

na defesa da implementação da Lei

Geral”, avalia Helvecio. Para o conse-

lheiro, “o site do IRB é o lugar para a

disseminação das boas práticas”.

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Presidente do IRB, Sebastião Helvecio, fala sobre o Projeto Suricato

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AGOSTO DE 2014 41

COMPRAS PÚBLICAS NA WEBOutro avanço no estado de Minas

Gerais diz respeito à transparência garantida às compras públicas pelo governo mineiro por meio do Portal de Compras. Por meio de sua Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), o governo instituiu o Sistema Integrado de Administração de Mate-riais e Serviços (Siad) – conjunto de ferramentas inteligentes disponíveis no Portal de Compras – que traça um calendário anual, no qual é possível prever a programação orçamentária de cada órgão governamental, mapear e distribuir os processos ao longo do ano e, ainda, acompanhar a eficiência no atendimento. Segundo o superinten-dente da Central de Recursos Logísticos e Patrimônio da Seplag, Jean Mattos Duarte, o portal de compras mineiro é extremamente completo e ajuda a evitar compras emergenciais. “O Siad uniformiza e assegura as compras de forma a antecipar as demandas e re-duzir o número de processos de com-pras para evitar o desabastecimento e as aquisições emergenciais, além de gerar economia e qualidade do gasto. O sistema gera, ainda, informações de qualidade e permite acompanhar cada compra individualmente”, explica.

Depois da aprovação da Lei Geral, em 2006, o sistema incluiu a exclusi-vidade para as MPEs em contratos de até R$ 80 mil e a liberação para par-ticipação em licitações mesmo com pendências fiscais. Hoje, mais de 90%

das licitações no Estado são feitas por meio de pregões – usados para a com-pra de bens e serviços comuns no mer-cado, independentemente do valor – e fomentam a participação das micro e pequenas empresas (MPE). Em 2012, por exemplo, as MPE responderam por 83% dos contratos celebrados com o Governo de Minas e movimentaram um volume financeiro que chegou a R$ 678 milhões – o que representa uma alta de 72% em relação a 2009, quando o valor foi de R$ 393 milhões.

Para incentivar a adoção dos mesmos critérios de preferência pe-las MPE nas compras públicas nos municípios mineiros, firmou-se em 2011 um convênio entre o Sebrae em Minas Gerais e o TCE-MG, garantindo atuação conjunta na aplicabilidade da legislação junto aos municípios. Após alguns eventos e encontros, no “Dia D” do Desenvolvimento, as insti-tuições assinaram o Prosperar.

Um dos maiores apoiadores do con-vênio entre TCE e Sebrae em prol da implementação da Lei Geral, o vice--presidente do TCE-MG e presidente do IRB, Sebastião Helvecio, assinala que a situação no estado pode ser usada como modelo no restante do país. “Se-guindo o modelo do governo, o TCE-MG se informatizou. A política de fiscaliza-ção integrada exercitada pelo tribunal mineiro vem utilizando as notas fiscais eletrônicas emitidas para o atendimen-to das despesas dos municípios como fonte primária para a identificação de

“É ABSOLUTAMENTE FUNDAMENTAL O

COMPARTILHAMENTO DOS CONHECIMENTOS

E OS 34 TC BRASILEIROS VÊM

ATUANDO NA DEFESA DA IMPLEMENTAÇÃO

DA LEI GERAL” Sebastião Helvecio,

idealizador do Projeto Suricato, conselheiro do TCE-MG e presidente do Instituto Rui Barbosa

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PROJETO PROSPERAR // SEBRAE42

cios para o desenvolvimento local”, além de sete oficinas regionais para auxiliar os municípios na regulamentação da Lei Geral. No final do ano, o TCE-MG enviou correspondência a todos os municípios mineiros, questionando a regulamenta-ção e real implementação da Lei Geral.

PROCESSO FACILITADOO sistema facilitado de inscrição

para concorrer às licitações das prefei-turas mineiras animou Edelaine Pedro-sa, dona da Mangiare Buffet. “Quando você começa a fornecer para o governo, o processo é muito simples. Não é ne-nhum bicho de sete cabeças”, revela. Segundo a empreendedora, que largou uma empresa em que prestava serviço para abrir o próprio negócio, é preciso juntar documentação estadual, mu-nicipal e federal, e todas as certidões exigidas no edital, mas são documentos fáceis de ser adquiridos. “O cadastro no site de compras é simples, depois que você cadastra tudo e comprova o que eles estão pedindo, está apto a partici-par. E aí é só festa”, comemora Pedrosa, que fornece salgados para eventos.

Após sofrer com má administração e trocar sete vezes de prefeito em três anos, a cidade de Mariana começou a encontrar seu caminho com a imple-mentação da Lei Geral. Os esforços do novo prefeito, Celso Cota, o habilitaram a receber o Prêmio Sebrae Prefeito Empre-endedor deste ano, na categoria “Novos Projetos”. Mas antes de colocar as MPEs na lista de fornecedores municipais, a

preços praticados, empresas partici-pantes e a partir de cruzamentos des-tes dados, obter melhor entendimento das aquisições públicas”, explica. É o único sistema de fiscalização, em fun-cionamento no Brasil, em que os dados são inseridos completamente on-line.

Para o gerente de Políticas Públicas e Articulação Institucional do Sebrae em Minas Gerais, Jefferson Amaral, a parceria com o TCE agiliza a adequação dos municípios. “O grande benefício desta parceria é que agora outro im-portante órgão, com atuação estadu-al, inseriu em sua agenda este tema, e passou a cobrar dos municípios sua real aplicação. Isso muito ajudará na melhoria do ambiente para os peque-nos negócios locais”, destaca.

Durante a assinatura do Prosperar, o ponto alto do encontro em Minas Gerais foi a apresentação da proposta de Lei Geral do Estado, exposta pela secretária de Planejamento e Gestão, Renata Vilhena. “A Lei estadual foi rapi-damente analisada e aprovada pelo Le-gislativo, o que para nós foi uma grande conquista”, explica Cássio da Silva Du-arte, analista da Unidade de Políticas Públicas e Articulação Institucional do Sebrae em Minas Gerais.

O projeto Prosperar em Minas, apro-veitando um convênio entre o TCE e a AMM – Associação Mineira de Municí-pios, realizou sete encontros regionais com prefeitos, secretários municipais e outras lideranças, com o tema: “A Lei Ge-ral e a importância dos pequenos negó-

/ / P I O N E I R I S M O / /

Divulgação

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AGOSTO DE 2014 43

nas licitações públicas, o prefeito Bru-no de Freitas Siqueira ganhou o título Estadual do 8º Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor na categoria Implemen-tação da Lei Geral. Em pouco mais de dois anos, o município conseguiu con-tabilizar R$ 1,5 bilhão de investimen-tos diretos e a geração recorde de 10 mil novos empregos.

Segundo o secretário de Desenvolvi-mento Econômico, Trabalho e Geração de Emprego e Renda de Juiz de Fora, André Zuchi, a principal conquista tem sido a informatização do sistema de compras públicas. “Criamos a ‘consulta prévia on-line’ e publicamos o primeiro edital de compras públicas exclusivas para micro e pequenas empresas. Foi um sucesso. Agora vamos implantar a Casa do Empreendedor, espaço físico para levar informações e orientações a esse público, que representa mais de 99% das empresas formalmente consti-tuídas no município”, explica Zuchi.

100% DE REGULAMENTAÇÃONo Espírito Santo, a atuação do

Sebrae frente à Lei Geral nos municí-pios se dá principalmente em quatro frentes: a desburocratização do pro-cesso de legalização de empresas; o fortalecimento da atuação do agente de desenvolvimento local; o estímulo à formalização do microempreendedor individual e o incentivo à participação das micro e pequenas empresas nas licitações municipais. O Estado se des-taca em relação à Lei Geral, pois foi o

exemplo do governo, ainda há muito a ser feito na cidade. “Para propor o desen-volvimento de uma política pública que utilize o orçamento do próprio municí-pio, por meio das compras governamen-tais, é necessário conhecer a dinâmica dos processos de compras da prefeitura, mapear a atuação das empresas de Ma-riana nesses processos e identificar suas potencialidades e fraquezas”, explica.

É isso que o secretário de Desenvol-vimento Econômico, Helielcio Jesus Vieira, está finalizando agora. “Estamos encerrando a fase de diagnóstico, a fim de que possamos ter os números reais das participações exitosas de pequenos negócios nos processos de compras do município para que a cidade possa aplicar os mecanismos que busquem favorecer o tratamento às MPEs e am-pliá-los, tendo em vista a importância fundamental das microempresas e das empresas de pequeno porte no de-senvolvimento econômico e social do município, e na geração de emprego e renda”, afirma Vieira.

A cidade de Juiz de Fora, com 545 mil habitantes, que já foi uma das áreas mais industrializadas de Minas a ponto de ser conhecida como a Manchester brasileira, teve que se adaptar à nova realidade após a crise e um declínio econômico nos últimos dez anos. De-pois de ver investidores e empreende-dores deixarem a cidade, a prefeitura teve que mudar o cenário. Por ter as-segurado condições de competitividade aos empreendedores locais, inclusive

Divulgação

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PROJETO PROSPERAR // SEBRAE44

primeiro a ter 100% da Lei aprovada

nos municípios, tendo como destaque

Cariacica, a primeira cidade a aplicar a

legislação no País.

“Atualmente 22 municípios capi-

xabas já têm a Lei implementada e a

previsão é de que, até o fim do ano mais

quatro cidades façam parte desta lista”,

afirma o superintendente do Sebrae no

Espírito Santo, José Eugênio Vieira. A

parceria técnica com o TCE-ES, assinada

em setembro de 2012, auxiliou nesse

processo no Estado. Foram realizados

treinamentos dos Agentes de Desen-

volvimento, além de capacitações de

as capacitações “que têm como maior

beneficiário a população capixaba”.

Para o superintendente do Sebrae

no Estado, o incentivo da participação

das micro e pequenas empresas nas li-

citações governamentais é de extrema

importância para a economia regional.

“A inserção dos pequenos negócios

nas compras governamentais permite

o crescimento e desenvolvimento das

empresas locais, além de garantir que

a renda circule na cidade e no Estado

como um todo”, explica.

Cariacica, na Grande Vitória, se des-

taca nas compras públicas: mais de

servidores municipais e visitas aos mu-

nicípios com a participação do Tribunal.

Segundo o presidente do TCE-ES,

conselheiro Domingos Taufner, a par-

ceria entre o Sebrae e os Tribunais de

Contas tem se mostrado um sucesso.

“Com o crescimento da aplicação da Lei

Geral, gerando desenvolvimento local

e redução de desigualdades regionais,

mais importante até do que fiscalizar e

punir, é orientar. Em 2013, o TCE-ES, em

parceria com o Sebrae, capacitou mais

de cem servidores municipais sobre a

Lei Geral”, revela. Taufner afirma que,

em 2014 o Tribunal vai prosseguir com

/ / P I O N E I R I S M O / /

Superintendente do Sebra em Minas Gerais, Afonso Maria Rocha, em palestra

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AGOSTO DE 2014 45

50% das aquisições feitas pela prefeitu-ra são com micro e pequenas empresas. Além de abrir empresas em um dia, a cidade tem forte atuação na legaliza-ção dos negócios dentro do programa Cidade 100% Legal, que leva agentes da prefeitura até as empresas, para orientar e tirar dúvidas.

O Programa Estruturante das Micro e Pequenas Empresas (Proempe) também traz benefícios a Cariacica. Destinado à formalização dos empreendimentos, geração de empregos, capacitação dos trabalhadores, incentivo às compras go-vernamentais e promoção da inclusão social e da inovação tecnológica, reduz a burocracia e a carga tributária.

OS PRIMEIROSAs unidades do Sebrae de Mato

Grosso e do Paraná também firmaram convênios com seus respectivos Tri-bunais de Contas antes do evento de 2013. As parcerias serviram de mo-delo para o Prosperar e têm resultado em avanços significativos. Diversos cursos de capacitação e eventos sobre compras públicas resultaram no claro avanço da implantação da Lei Geral nos mais de 500 municípios existentes nos dois Estados.

A atuação do TCE-MT na divulgação da Lei Geral foi pioneira. Em 2010, o órgão expediu diversos ofícios alertan-do sobre a obrigatoriedade de cumpri-mento da Lei Complementar 123/2006 e inseriu ponto de controle no modelo de relatório de auditoria para que as

equipes técnicas verificassem o cum-primento da lei pelos municípios.

Em agosto do mesmo ano, a institui-ção se uniu ao Ministério Público Esta-dual e ao Sebrae em Mato Grosso em um termo de parceria para o controle, acom-panhamento e orientação aos prefeitos sobre a correta aplicação da Lei Geral. O objetivo era garantir a promoção do desenvolvimento local e a diminuição das diferenças sociais. As ações, que ren-deram resultados muito animadores e colocaram o TCE-MT em uma posição de vanguarda diante dos demais Tribunais de Contas do país, serviram para acele-rar o cumprimento da Lei 123 no Estado. Já são 131 municípios com a lei imple-mentada, dos 141 existentes.

Ao longo dos anos seguintes, foram realizados cursos à distância para ges-tores municipais e técnicos do TCE-MT, além de eventos sobre compras públi-cas por MPE e um estudo, em parceria com o Sebrae, sobre as contratações de pequenos negócios pelos municípios. Esse trabalho se consolidou com a in-clusão de perguntas específicas sobre a implantação da Lei Geral nos ques-tionários encaminhados pelo TCE aos municípios anualmente, os chamados “pontos de controle”.

Para a líder da Unidade de Políticas Públicas e Desenvolvimento Territorial do Sebrae em Mato Grosso, Zaira de Melo Pereira, o engajamento do Tribunal se reflete nos avanços da Lei Geral nos municípios mato-grossenses. “Desde o começo da parceria, ainda em 2009, o

MINAS GERAIS, ESPÍRITO SANTO, PARANÁ E MATO GROSSO PODEM

SER CONSIDERADOS PIONEIROS E

VANGUARDISTAS NA UNIÃO ENTRE

CAPACITAÇÃO E FISCALIZAÇÃO

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PROJETO PROSPERAR // SEBRAE46

Tribunal participou ativamente de todas as ações e, mais do que fiscalizar, efeti-vamente incentivou a aplicação da Lei Geral em todo o Estado”, afirma.

EXEMPLO DE CASAE não foi apenas nos municípios.

Após um questionamento de um pre-feito em um dos eventos, o TCE seguiu o exemplo do Sebrae em Mato Grosso e adequou o próprio órgão à Lei Geral, dando preferência para as MPEs nas licitações e facilitando o acesso dos for-necedores às disputas no próprio site da instituição que agora também dis-ponibiliza modelos de editais, palestras e materiais sobre compras públicas. “O assunto foi realmente contagian-te para a instituição que divulga, em seu próprio site, a importância da Lei Geral para o desenvolvimento local. O assunto passa a ter um reforço muito positivo porque o site do Tribunal tem respeitabilidade para os prefeitos, isso dá uma força jurídica muito maior ao tema”, destaca Zaira.

As ações e mobilizações no Estado levaram o Sebrae e o TCE em Mato Gros-so a comandar a mobilização nacional pelo “Dia D” do Desenvolvimento e pe-las assinaturas do Prosperar em todo o país. Segundo o conselheiro Antônio Joaquim (TCE-MT), presidente da Atri-con e do TCE-MT à época da assinatura do Prosperar em 2013, a fiscalização da implantação da Lei Geral é imprescindí-vel para o desenvolvimento nacional. “A Lei Geral é uma política pública funda-

mental para o desenvolvimento econô-mico nacional, ao fortalecer a esmaga-dora maioria das empresas brasileiras. E a contribuição dos Tribunais de Con-tas ocorre quando torna essa obrigação em ponto de auditoria na análise das licitações”, comemora.

Hoje ouvidor da instituição, o conse-lheiro credita à parceria com o Sebrae os avanços na aplicação da Lei Geral. “O trabalho fiscalizador dos Tribunais de Contas ganha relevância na realização de atividades de promoção da Lei Geral, em parcerias com o Sebrae, a exemplo do que vem ocorrendo aqui em Mato Grosso e no País todo com a articulação da Atricon”, reforça Antônio Joaquim.

Após acompanhar as ações do ór-gão como fiscalizador e instrumento do fomento às compras governamen-tais das micro e pequenas empresas e da aplicação da Lei Geral, a conse-lheira substituta do TCE-MT Jaqueline Jacobsen lançou o livro eletrônico “Os Tribunais de Contas, a Lei Comple-mentar 123/2006 e a redução das de-sigualdades regionais e sociais”, uma publicação da Editora PubliContas, disponível no Portal do TCE-MT para acesso e download (http://www.tce.mt.gov.br/uploads/flipbook/Lei123/index.html). Jacobsen, que faz pales-tras sobre o tema nos Fomenta em Mato Grosso, acredita que o Tribunal de Contas não deve se omitir. “O TCE--MT tem o dever de agir de ofício em busca da redução das desigualdades sociais e regionais”, ressalta a autora.

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“COM O CRESCIMENTO DA APLICAÇÃO DA LEI GERAL, GERANDO DESENVOLVIMENTO LOCAL E REDUÇÃO DE DESIGUALDADES REGIONAIS, MAIS IMPORTANTE ATÉ DO QUE FISCALIZAR E PUNIR, É ORIENTAR”Domingos Taufner,presidente do TCE-ES

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AGOSTO DE 2014 47

Para avançar ainda mais, o Sebrae em Mato Grosso fechou um convênio com a Corregedoria Geral da União (CGU) e participa dos eventos “Fortale-cimento da Gestão Pública”, com ações voltadas para as compras governamen-tais e a formalização dos microempre-endedores individuais. “Com certeza avançamos muito. Dentro da nossa meta, só faltam dez municípios com os requisitos mínimos de implementação da Lei Geral e agora vamos começar o processo de fortalecimento e consolida-ção dos trabalhos nessas cidades”, des-taca Zaira. Em todo o Estado já são 46 salas do empreendedor instaladas e em funcionamento e mais de 90 agentes de desenvolvimento nomeados.

Os reflexos são sentidos nos municí-pios que se esforçam cada vez mais na aplicação da Lei Geral. Premiado na edi-ção deste ano do PSPE, na categoria Lei Geral Implementada, o prefeito Donizete Barbosa, do município de Pontes e Lacer-da, defende a necessidade de incentivar ações que possam facilitar a vida dos pe-quenos negócios. “Na nossa cidade a lei estava publicada desde 2009, mas não tinha avançado, para fomentar os peque-nos negócios lançamos cartilhas de for-malização, a sala do empreendedor e um programa de encadeamento produtivo com grandes empresas da mineração que compram de pequenos fornecedores”, de-talha Barbosa. O resultado: o município é o maior em volume de empreendedores individuais, são 1.589 na cidade de pouco mais de 42 mil habitantes.

Empreendedores como o eletricista Miguel Rodrigues Martins, o primeiro microempreendedor individual de Pon-tes e Lacerda. “Antes eu estava perden-do clientes, mas o Sebrae e a prefeitura me ajudaram e minha vida mudou”, re-vela. Apesar dos quase 30 anos de ex-periência como eletricista e instalador hidráulico e de máquinas industriais, ninguém mais queria trabalhar com um informal. “Depois que me formali-zei, já trouxe um monte de colegas pro lado de cá”, comenta, animado.

CAPACITAÇÃOAinda em 2012, o convênio firmado

entre o Fórum Permanente das Micro e Pequenas Empresas do Estado do Pa-raná (FPME-PR), o Sebrae no Estado e o Tribunal de Contas do Estado do Pa-raná (TCE-PR) garantiu o treinamento de gestores públicos sobre a Lei Com-plementar 123/2006. Ao todo, seis se-minários foram realizados em Curitiba e cidades-polo paranaenses, com o tema: “Inclusão das MPE nas compras públicas municipais”. Os encontros ti-veram a participação de 850 gestores de 223 municípios.

Na opinião do presidente do TCE--PR, conselheiro Artagão de Mattos Leão, é papel do órgão auxiliar na im-plementação da Lei Geral. “O Tribunal de Contas não é apenas o fiscalizador do dinheiro público, mas parceiro das administrações municipais. Orientar prefeitos e secretários sobre a impor-tância das compras locais é fomentar

Divu

lgaç

ão

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PROJETO PROSPERAR // SEBRAE48

a economia e estimular o desenvolvi-

mento local”, declara.

O coordenador de Políticas Públicas

e Desenvolvimento Territorial do Sebrae

no Paraná, Luiz Marcelo Padilha, asse-

gura que a parceria tem auxiliado para

o aumento da participação das MPEs e

dos pequenos negócios nas compras go-

vernamentais. “Fomos pioneiros em pro-

mover esse tipo de encontro com gesto-

res públicos, em parceria com o TCE, e

ramento das compras realizadas com

os pequenos negócios.

A exemplo do Suricato, do TCE-

-MG, o Sebrae Paraná sistematizou

a pesquisa de compras públicas para

melhorar o atendimento a empreen-

dedores e municípios. “Pesquisamos

as compras que serão realizadas no

futuro e assim podemos disponibili-

zar a informação para os empresários

se prepararem para o fornecimento,

foi importante porque o município que

incentiva o desenvolvimento das empre-

sas locais só tem a ganhar”, ressalta.

O Sebrae no Paraná também tem

comandado uma série de atividades

que favorecem a participação de pe-

quenos negócios nas compras gover-

namentais em parceria com prefeitu-

ras e governo local. Entre elas estão

a melhoria do portal de compras, as

capacitações de servidores, o monito-

/ / P I O N E I R I S M O / /

Diretor do Sebrae em Minas Gerais, Fábio Veras

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AGOSTO DE 2014 49

inclusive com as capacitações ofere-cidas pelo Sebrae para obter trata-mento diferenciado”, explica Padilha.

A metodologia utilizada na sistema-tização das pesquisas de compradores

é on-line e se soma a outras ações de acesso ao mercado, como encontros de negócios e criação de escritórios de com-pras para facilitar a aplicação do tema. “Trabalhamos em parceria com governo

Agentes do desenvolvimento

Uma das principais alterações pro-postas pelo Sebrae à Lei Complemen-tar 123/2006 foi a criação da figura do Agente de Desenvolvimento Local (ADL), principal elo entre os pequenos negócios e a prefeitura. Responsável pela articulação para o desenvolvi-mento econômico local, o servidor municipal, indicado à vaga pelo Se-brae, auxilia a disseminar as informa-ções e a agregar novos parceiros.

Para o coordenador nacional dos Agentes de Desenvolvimento Local no Sebrae Nacional, Pedro Valadares, é o agente de desenvolvimento que garante a aplicação da Lei no dia a dia. “Ele é o ouvido da prefeitura jun-to ao meio empresarial, no sentido de ouvir e organizar a demanda dos empresários para repassar à prefei-tura. Também é a boca do empresa-riado dentro da prefeitura, no que diz respeito à garantia do tratamento di-ferenciado para as micro e pequenas empresas”, resume.

Segundo Valadares, uma em cada

três cidades brasileiras já conta com a

figura do ADL. São 2.003 municípios

com esse colaborador que exerce o

papel de dar sustentabilidade ao pro-

cesso de implementação da Lei Geral.

“Ele que conhece a realidade e todos

os envolvidos no cenário empreende-

dor do município e pode fazer as arti-

culações necessárias para efetivar os

benefícios previstos para os pequenos

negócios”, explica Valadares.

É papel do agente, por exem-

plo, identificar as necessidades de

capacitação; monitorar a partici-

pação dos pequenos negócios nas

licitações municipais; divulgar as

oportunidades para participação

dos empreendedores da cidade

nas compras públicas e organi-

zar o cadastro de fornecedores da

cidade. Se o agente identifica um

alto grau de informalidade entre os

pequenos negócios da cidade, ele

pode articular com o Sebrae uma

ação de conscientização para a for-

malização, seguida de um curso de

como vender para a prefeitura.

Foi o que fez a ADL de Cambará, no

Paraná, Angélica Cristina Cordeiro Mo-

reira. Responsável pela implantação

do projeto Cambará Empreendedora,

vencedor da etapa estadual do 8º Prê-

mio Sebrae Prefeito Empreendedor, na

categoria de Lei Geral Implementada,

Moreira auxilia o prefeito João Mattar

Olivato nas ações voltadas aos peque-

nos negócios locais. “Depois da con-

solidação do Comitê Gestor das Micro

e Pequenas Empresas como o Fórum

Permanente de Desenvolvimento ga-

rantimos mais espaço para os forne-

cedores locais nas licitações públicas

e auxiliamos na obtenção de crédito

barato e descomplicado, com a inau-

guração do Banco do Empreendedor,

em parceria com o Fomenta Paraná”,

explica a agente.

Os resultados em Cambará, além

da premiação, são o fortalecimento

dos pequenos negócios, com estímu-

lo ao empreendedorismo, à geração

de emprego e renda e à formalização

das empresas, e o aumento da arre-

cadação municipal, sem reflexos ne-

gativos na carga tributária.

e municípios para mostrar que dar prio-ridade às micro e pequenas empresas nas compras públicas ajuda, entre ou-tras coisas, a diminuir a saída de recur-sos da cidade”, enfatiza Padilha.

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PROJETO PROSPERAR // SEBRAE50

/ / E X P A N S Ã O / /

As unidades do Sebrae em Per-nambuco e no Ceará têm tra-balhado para garantir a regu-lamentação e implementação

da Lei Geral das Micro e Pequenas Em-presas em seus mais de 350 municípios. Sétimo e oitavo estados mais populosos do Brasil respectivamente, de acordo com o IBGE, ambos caminham para a assinatura do convênio Prosperar com o TCE-PE e o TCM-CE. Após vários encon-tros, as minutas das parcerias já estão sendo finalizadas e devem ser assinadas ainda este semestre.

Impulsionados pela participação de prefeitos e secretários em eventos como o Seminário de Melhores Práti-cas da Gestão Pública Empreendedora e o “Encontro dos Tribunais de Contas com o Desenvolvimento Local”, reali-zados pelo Sebrae em Pernambuco em 2010 e 2013, o estado tem avançado na regulamentação da legislação que beneficia as micro e pequenas empre-sas. Até agora mais de 71,3% dos 185 municípios do Estado regulamentaram a Lei Geral e 22,7% – 42 deles – já im-plementaram a legislação.

As adesões aumentaram, também, graças ao Programa Cidade do Futu-ro (PCF) da instituição que estimula a implementação da Lei Geral municipal, garantindo a criação de um ambiente favorável para o crescimento e fortale-cimento das micro e pequenas empre-sas locais. Essa estratégia tem o apoio direto dos Agentes de Desenvolvimen-to Local na disseminação de ações de desenvolvimento sustentável e reco-nhecimento de boas práticas de gestão pública empreendedora.

Para o gerente da Unidade de Pro-

PERNAMBUCO E CEARÁ SÃO OS PRÓXIMOS A ASSINAR O PROSPERAR

Minutas de convênios do Sebrae com o TCE-PE e o TCM-CE já estão prontas e devem ser efetivadas ainda este semestre

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jetos Especiais e Políticas Públicas do Sebrae em Pernambuco, Leonardo Carolino, a previsão é de que o Estado avance ainda mais com a assinatura de termo de cooperação com o Tribu-nal de Contas, dentro do Projeto Pros-perar. “A parceria com o TCE-PE irá fortalecer o trabalho que já vem sen-do realizado, garantindo as compras governamentais como prioridade aos pequenos negócios e contribuindo para que os gestores públicos munici-pais pernambucanos promovam o de-senvolvimento econômico por meio do estímulo ao empreendedorismo local”, aposta.

O presidente do TCE-PE, Valdecir Pascoal, que também é presidente da Atricon (Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil), afirma que o Prosperar chegará a Pernambu-co ainda este semestre. “A minuta do convênio entre Sebrae e TCE-PE já foi elaborada e deve ser assinada em bre-ve para que as instituições trabalhem em parceria na divulgação aos prefei-tos pernambucanos sobre a importân-cia da regulamentação da Lei Geral, que precisa cada vez mais sair do pa-pel”, antecipa. O conselheiro explica, ainda, que os próximos passos serão sensibilizar os órgãos fiscalizadores de outros Estados. “Na medida do pos-sível, nossa intenção é trabalhar para sensibilizar todos os outros Tribunais de Contas para que façam o mesmo em seguida e também façam parte do Prosperar”, prevê Pascoal.

META CUMPRIDAO Ceará também vem se destacando

na caminhada para chegar a 100% dos seus municípios com a regulamentação da Lei Geral. Dos 184 municípios cea-renses, 158 já têm a lei regulamentada e 55 deles, mais de 29%, estão com ela implementada. A previsão do Sebrae no Ceará é de que até o final do ano a meta deva ser cumprida, garantindo acesso a compras públicas, desburocratização e uma tributação mais justa para os mi-cro e pequenos empresários do Estado. O convênio entre o Sebrae-CE e o TCM--CE para auxiliar na implementação da Lei Geral, que vem se desenhando des-

de 2013, quando as duas instituições promoveram o encontro “Os Tribunais de Contas e o Desenvolvimento Local”, deve sair do papel.

“Entendemos que o Prosperar é de extrema relevância, uma vez que con-tribui para que os municípios cearenses melhorem o ambiente de negócios me-diante regulamentação e implementa-ção da LC 123/2006, além de difundir a cultura empreendedora focada no de-senvolvimento de projetos inovadores e sustentáveis de micro e pequeno por-te”, defende o articulador de Políticas Públicas do Sebrae no estado, Antônio Elgma Sousa Araújo.

Milena Araújo

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PROJETO PROSPERAR // SEBRAE52

A ideia da parceria é que o Tribunal entre como órgão pedagógico e orienta-dor, capacitando seus servidores e infor-mando aos prefeitos sobre a importân-cia da Lei. O Sebrae, em contrapartida, dará suporte a toda a parte de capacita-ção e auxiliará na divulgação da Lei aos pequenos empresários, além de auxiliar as prefeituras a se adequarem para im-plementar a legislação. “Esperamos fortalecer o segmento dos pequenos negócios, mostrando como as compras governamentais podem ser um grande mecanismo de promoção do desenvol-vimento econômico e social do Estado, tendo as MPE como fornecedoras e par-ceiras nesse processo”, explica Elgma.

O presidente do Tribunal de Contas dos Municípios do Ceará (TCM-CE), Francisco de Paula Rocha Aguiar, elo-giou os esforços empreendidos pelo Sebrae na divulgação da Lei Geral no estado e credita ao Tribunal a função de auxiliar nesse processo. “Nós, do TCM Ceará, que lidamos diretamen-te com o universo municipalista em seus diversificados aspectos, sabemos o quanto é importante amparar e es-timular a economia das comunidades locais. O esforço empreendido pelo Se-brae para tornar possível a plena ob-servância da Lei Geral que orienta as compras públicas em direção às micros e pequenas empresas merece o apoio de todos quantos possam contribuir para torná-la um marco permanente. E o TCM, certamente, cumprirá o seu papel nesse contexto”, assegura Aguiar.

CARAVANA DA CIDADANIAOutra iniciativa em parceria entre as

duas instituições é o evento Caravana da Cidadania e Controle Social, que levará a dez municípios cearenses cursos de ca-pacitação de gestores e servidores muni-cipais, além de um projeto de educação sobre controle social dedicado à comuni-dade estudantil. A ação ocorrerá até o final de 2014 de forma regionalizada, com uma estrutura que dará oportunidade para os 184 municípios do estado participarem.

A ação tem cursos presenciais e a distância, nas áreas de Normas de Contabilidade Aplicadas ao Setor Pú-blico; Obras Públicas – Procedimentos de Licitação e Prestação de Contas; Licitação e Contratos; Regime Próprio de Previdência e Auditoria e Contro-ladoria na Gestão Pública. No projeto direcionado à comunidade estudantil, as instituições visitam escolas públi-cas promovendo, entre outros aspectos educativos, gincanas de conhecimento, palestras e distribuição de revistas em quadrinhos. Também apresentam a pa-lestra “Transparência e controle social” em instituições de ensino superior.

A Caravana do TCM-CE é resultado de parceria com o Sebrae no Ceará, Controladoria Regional da União no Estado do Ceará (CGU/CE), Assem-bleia Legislativa do Estado do Ceará – com a Universidade do Parlamento Cearense (Unipace), Escola de Gestão Pública do Estado do Ceará (EGP) e Conselho Regional de Contabilidade do Estado do Ceará (CRC/CE).

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“NA MEDIDA DO POSSÍVEL, NOSSA INTENÇÃO É TRABALHAR PARA SENSIBILIZAR TODOS OS OUTROS TC PARA QUE TAMBÉM FAÇAM PARTE DO PROSPERAR” Valdecir Pascoal,presidente do TCE-PE e da Atricon

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TOCANTINS REALIZA CURSO INÉDITO PARA FISCALIZAÇÃO DA LEI GERAL

Ao todo, 30 servidores do Tribunal de Contas do Estado participaram da atividade realizada em parceria com o Sebrae

Em 16 horas de capacitação, servidores construíram proposta de roteiro de auditoria com pontos estratégicos da LC 123/2006

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Há mais de uma década atu-ando na área de controle externo, Dênia Maria Soa-res testemunhou este ano

um momento marcante da história da fiscalização das compras públicas no Brasil. A analista do Tribunal de Contas do Estado do Tocantins (TCE-TO) parti-cipou da primeira capacitação do Pro-jeto Prosperar, experiência do Sebrae direcionada às equipes técnicas das 34 cortes de contas do País. A atividade inaugurou uma nova rotina de trabalho no órgão: a Lei Geral das Micro e Pe-quenas Empresas passou a constar nos roteiros das auditorias.

Realizado nos dias 12 e 13 de mar-ço, no Instituto de Contas 5 de Ou-tubro, em Palmas, o curso Preceitos da Lei Complementar 123 – Compras Públicas ocorreu exatamente um ano após o evento Os Tribunais de Contas e o Desenvolvimento – mobilização nacional que impulsionou novas par-cerias entre as unidades do Sebrae e os Tribunais de Contas de vários estados. Com essa atitude pioneira, o TCE-TO abraçou definitivamente a luta pela disseminação da Lei Geral nos municípios tocantinenses.

Ao todo, 30 servidores participa-ram das 16 horas de capacitação, en-cerrada com uma oficina para constru-ção de proposta de roteiro de auditoria com pontos estratégicos da Lei Com-plementar nº 123/2006. “Por meio das atividades práticas, conseguimos simular várias situações cotidianas

para a diretora, foi a visão repassada

pelo Sebrae de como essa legislação,

quando efetivamente aplicada, pode

beneficiar os municípios, fortalecendo

a economia local. Isso a estimulou a

introduzir novas práticas no dia a dia

que nos permitiram ter uma visão to-

tal da utilização da lei no que se refere

às compras públicas”, relembra Dênia

Soares, diretora da Primeira Diretoria

de Controle Externo do TCE-TO.

Outro aspecto interessante do curso,

O curso mostrou como a legislação pode beneficiar os municípios

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AGOSTO DE 2014 55

de trabalho. “Passei a orientar os meus

colegas, que atuam diretamente na fis-

calização dos municípios, para que eles

sempre observem se nos editais licita-

tórios constam as cláusulas relativas à

Lei nº 123/2006”, destaca Soares.

A DIFICULDADE DE ALGUNS MUNICÍPIOS

A diretora reconhece, no entanto, que algumas prefeituras ainda encon-tram dificuldades para aplicar o tra-tamento diferenciado aos pequenos negócios nas compras governamentais: “Muito ainda há por fazer, principal-mente nos municípios que são total-mente carentes de informações e de pessoal técnico habilitado para a apli-cação da lei, mas creio que não há dú-vidas da importância de sua aplicação.” 

Para a superintendente do Sebrae em Tocantins, Márcia Rodrigues de Paula, a capacitação realizada com os servidores do Tribunal de Contas do Estado foi um exemplo da importância do Projeto Pros-perar em prol do desenvolvimento local. “Ver os auditores empenhados em contri-buir com a implementação da Lei Geral nos municípios demonstra a importância do pequeno negócio no crescimento da economia e nos dá a certeza de que esta-mos no caminho certo”, ressalta.

Essa opinião também é comparti-lhada pelo presidente do TCE-TO, José Wagner Praxedes. “A cooperação é boa para o Sebrae, para o Tribunal de Con-tas e melhor ainda para a sociedade, que está se beneficiando com isso. O objetivo é o resultado social. A partir do momento em que o tribunal cobra e exige que o prefeito implemente a lei, é possível ver claramente as melhorias surgirem”, explica. De acordo com José Wagner, a meta do tribunal, a partir de agora, é intensificar as fiscalizações.

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A constatação de que a imple-mentação nacional da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas somente seria

alcançada com a participação ativa dos Tribunais de Contas evidenciou a necessidade de incorporar novas pos-turas no dia a dia dessas cortes. Para sensibilizar os gestores públicos, as equipes de fiscalização precisam co-nhecer em profundidade como deve funcionar, na prática, o tratamento diferenciado aos pequenos negócios.

No Projeto Prosperar, a credibilidade do Instituto Rui Barbosa (IRB), na rea-lização de estudos e pesquisas sobre controle externo, vem se somar à expe-

riência do Sebrae no fortalecimento aos pequenos negócios. Nessa parceria cabe ao IRB a elaboração do conteúdo de um trabalho sistemático de capacitação de técnicos e auditores dos Tribunais de Contas com enfoque na Lei Complemen-tar nº 123/2006 e suas consequências para as compras públicas.

“Estamos caminhando para celebrar uma parceria formal com a rede de es-colas de contas para definitivamente colocar dentro dos tribunais o tema do desenvolvimento, com ênfase no favo-recimento às pequenas empresas nas compras governamentais”, antecipa o gerente da Unidade de Políticas Públi-cas do Sebrae, Bruno Quick.

A ideia é oferecer um cardápio de atividades bastante variado, que deve in-cluir: capacitação técnica e cartilha sobre a Lei Geral para profissionais da área de auditoria e unidades de ensino dos Tribu-nais de Contas; elaboração de roteiro de auditoria com temas relativos aos peque-nos negócios; e até premiação para servi-dores com atuação de destaque.

A linha mestra que distingue as ca-pacitações do Projeto Prosperar para os servidores dos TC vai ao encontro da postura que o IRB defende para essas cor-tes. “Um dos efeitos do projeto é colocar os Tribunais de Contas como parceiros das prefeituras nas ações de desenvol-vimento local”, observa o analista  Nar-

/ / C A P A C I T A Ç Ã O / /

MAIS QUE FISCALIZADORES, PROMOTORES DA BOA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

IRB e Sebrae traçam agenda de capacitações sobre a Lei Geral para os servidores dos Tribunais de Contas

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ceu  Almeida, coordenador nacional do

Projeto Prosperar. Em outras palavras,

para além da ação fiscalizadora, os Tribu-

nais de Contas precisam despertar para

outro papel, também essencial: o de pro-

motores da boa administração pública.

VITÓRIA NAS LICITAÇÕESO balanço do último ano demons-

tra que as ações desenvolvidas pelo

Projeto Prosperar repercutem de forma

bastante positiva nos municípios em

relação ao acesso e a vitória dos peque-

nos negócios nas licitações públicas. Os

resultados são bem animadores – pelo

menos uma em cada três prefeituras já

tem micro e pequenas empresas e mi-

croempreendedores individuais como

fornecedores –, mas o trabalho de sen-

sibilização não pode parar.

Na opinião do presidente do IRB,

Sebastião Helvecio, essa transfor-

mação é uma missão diária que im-

plica mudanças de atitudes a partir

de novos paradigmas. “Pretendemos,

no segundo semestre de 2014, pros-

seguir na conscientização e quali-

ficação de servidores e membros do

controle externo, além dos gestores

estaduais e municipais, para a nova

realidade. É o convencimento pelo

conhecimento”, sintetiza. Helvecio

ressalta que outro aspecto, que ainda

precisa ser avaliado, relaciona-se ao

impacto da Lei Geral na produtivida-

de das empresas. “Pesquisadores já

têm defendido teses de que o poder

de compra pública pode determinar

incremento na produtividade em ní-

veis de 4% a 11%.”

Inspiração em Rui Barbosa

Criado em 1973, o Instituto

Rui Barbosa (IRB) é o braço aca-

dêmico dos Tribunais de Contas,

responsável pela realização de

pesquisas, estudos e capacitações

para aperfeiçoar o trabalho dos

TC. Em quase quatro décadas de

atuação, o instituto tem apoiado

iniciativas que favorecem novos

modelos de políticas públicas.

A inspiração para o trabalho vem da história daquele que é considerado o patrono dos Tribunais de Contas do Brasil: o jurista Rui Barbosa. Durante o Governo Provi-sório de Marechal Deodoro da Fon-seca, o então ministro da Fazenda, Rui Barbosa, idealizou a criação um órgão de controle para fiscalizar as compras públicas. Ele quem orien-tou a elaboração do decreto que ins-tituiu o Tribunal de Contas da União (TCU), promulgado em 1890. Três anos depois o TCU foi instalado.

A CREDIBILIDADE

DO INSTITUTO RUI

BARBOSA (IRB),

NA REALIZAÇÃO

DE ESTUDOS

E PESQUISAS

SOBRE CONTROLE

EXTERNO, SOMA

À EXPERIÊNCIA

DO SEBRAE NO

FORTALECIMENTO

AOS PEQUENOS

NEGÓCIOS

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Conselheiro vice-presidente do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais e presidente do Ins-tituto Rui Barbosa é um dos prin-cipais apoiadores da parceria entre Sebrae e Tribunais de Contas. Nes-ta entrevista, ele destaca os resul-tados do Projeto Prosperar e avalia o papel do IRB na parceria.

1Revista Conhecer: Que avaliação o Instituto Rui

Barbosa faz da parceria com o Sebrae e a Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon) pela disseminação da Lei Geral?

Sebastião Helvecio: Desde o reconhecimento de que a efeti-vidade da Lei Complementar nº 123/2006 somente seria alcança-da com a participação dos Tribu-nais de Contas do Brasil, o Instituto Rui Barbosa vem participando, juntamente com Atricon e Sebrae, da sensibilização dos atores po-líticos e sociedade civil. A grande vertente é entender o significado do art. 3º, inciso II da Constituição

Federal que institui como um dos objetivos fundamentais da Repú-blica Federativa do Brasil a garan-tia do desenvolvimento nacional. A aplicabilidade da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas nos municípios e estados brasileiros é estratégia inovadora na compreen-são do desenvolvimento nacional como irradiador de inclusão social e expansão do empreendedorismo.

2Revista Conhecer: Qual a importância das

capacitações sobre a Lei Geral para os servidores dos Tribunais de Contas, promovidas pelo Sebrae e IRB?

Sebastião Helvecio: Acredito que esta seja a nossa seara, a nossa “destruição criativa” no controle. É um olhar do terceiro milênio sobre as compras governamentais, incor-porando outros valores que não a ex-clusividade da famosa Lei nº 8.666, de 1993. Esse novo tipo de conhe-cimento, incorporando os princípios constitucionais da economicidade, da sustentabilidade são essenciais.

Essa atividade é fundamental para se entender os pregões eletrônicos e os pregões presenciais nesse cená-rio federativo.

3Revista Conhecer: A partir da adesão ao Projeto Prosperar,

o que mudou na atuação do TCE-MG em relação à fiscalização da aplicação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas?

Sebastião Helvecio: Aconte-ceram conquistas importantes. O estado ganhou o seu Estatuto das Micro e Pequenas Empresas com a edição da lei mineira – encami-nhada à Assembleia Legislativa de Minas Gerais em março de 2013 e aprovada em tempo exemplar, com a sanção governamental em julho do mesmo ano – e ainda a adesão de cerca de 500 prefeituras, em ra-zão de um périplo que o Tribunal de Contas tem feito nas várias regiões buscando esta maximização de esfe-ras. Na minha ótica pessoal, acredi-to que esta transformação não teria ocorrido sem a iniciativa da parceria Sebrae, IRB e Atricon.

JOGO RÁPIDO Sebastião Helvecio / Presidente do IRB

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O OSCAR DO PREFEITO EMPREENDEDOREm suas oito edições, Prêmio do Sebrae homenageia gestores municipais comprometidos com o desenvolvimento local

Solenidade de premiação reúne autoridades e prefeitos vencedores

Bernardo Rebello

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Criado em 2001 para reconhe-cer e valorizar a capacidade administrativa de gestores mu-nicipais que elaboram projetos

inovadores e implantam ações empre-endedoras em seus municípios, o Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor já mobili-zou mais de 7 mil prefeitos que inscreve-ram seus projetos nas oito edições.

De Santa Rita do Sapucaí (MG), pre-miada nacionalmente em 2001 pela implantação de um projeto de fortale-cimento e desenvolvimento dos peque-nos fornecedores de médias e grandes indústrias de tecnologia locais, a Três Rios (RJ), bicampeã nacional em 2012 e 2014 pelas iniciativas de formaliza-ção e de inserção dos pequenos negó-cios nas compras públicas locais e na melhoria da infraestrutura, 67 prefeitos brasileiros já foram contemplados.

E o Oscar do Prefeito Empreendedor tem sido cada vez mais disputado. A estratégia da instituição de apoiar as iniciativas locais que privilegiam o de-senvolvimento das micro e pequenas empresas no Brasil e a aplicação da Lei Geral foi coroada com o surpreenden-te número de 1.348 projetos inscritos na 8ª edição (2013/2014), a segunda melhor marca nos 13 anos da premia-ção. A edição registrou, ainda, o maior número de projetos aptos a disputar a premiação em toda a sua história: 913. Quando foi lançado, havia uma expectativa de 500 inscrições em todo o país, em razão do grande percentual de renovação das prefeituras verificado

nas eleições de 2012, mas os municí-pios se engajaram e surpreenderam.

Para a coordenadora nacional do prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor e analista da Unidade de Políticas Pú-blicas do Sebrae Nacional, Denise Do-nati, o aumento da participação dos prefeitos é reflexo da importância da aplicação da Lei Geral e do estímulo ao crescimento das micro e peque-nas empresas. “É gratificante ver que a cada edição do Prêmio os projetos ficam mais bem elaborados e os pre-feitos mais conscientes da importân-cia das micro e pequenas empresas no desenvolvimento sustentável dos municípios”, observa.

Dividido em duas etapas – estadual e nacional –, a 8ª edição concedeu 12 troféus, sendo seis destaques temáticos, cinco regionais e uma homenagem es-

pecial por Mérito Empreendedor, entre-gue a Altair Cardoso Rittes, prefeito de Dionísio Cerqueira (SC), por apresentar projeto que trata de consórcios muni-cipais. Como novidade, foram inseridas duas novas categorias temáticas, que selecionam ações em itens específicos: Pequenos Negócios nos Eventos Espor-tivos e Novos Projetos. Essa última foi concebida para estimular a participa-ção de prefeitos em início de gestão, como forma de valorizar ações dos ges-tores públicos encaixadas em um “jeito empreendedor de governar”.

MOBILIZAÇÃONa opinião de Donati, o alto índice

de participação dos prefeitos se deve exatamente à atuação do Sebrae na mobilização dos municípios. “É uma prova de que o nosso trabalho tem

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Fotos: Bernardo Rebello

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cialistas em políticas públicas, projetos de desenvolvimento e formadores de opinião. O coordenador da comissão e gerente da Unidade de Políticas Pú-blicas do Sebrae, Bruno Quick, credita à diversidade entre os julgadores, em termos de vivências e experiências, a capacidade para escolher os projetos vencedores. “São olhares diferentes so-bre questões diferentes”, afirma.

BICAMPEÃO CONSULTA TRIBUNAL DE CONTAS

Investir na formalização de pequenos empreendedores e na criação de uma sólida cadeia de pequenos fornecedores e prestadores de serviços para grandes empresas, como forma de melhorar a competitividade e a produtividade lo-cais, foi a estratégia adotada pelo grande vencedor da 8ª edição do Prêmio Sebrae

sido reconhecido e tem incentivado o desenvolvimento de políticas públicas que valorizem os pequenos negócios”, acredita a coordenadora.

Os 118 finalistas com 123 proje-tos inscritos sobre desenvolvimento sustentável com apoio aos pequenos negócios foram selecionados por uma Comissão Julgadora Nacional, com-posta por 22 profissionais entre espe-

O evento reuniu prefeitos e autoridades de todo o país

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Uma das estratégias do projeto foi a criação do Portal do Empreendedor de Três Rios. Nele, as empresas cadastram suas atividades e podem enviar orçamen-to pela plataforma digital. Lá também são oferecidos cursos, financiamentos e orientações para o sucesso nos negócios. Outra ação de impacto foi o lançamento do selo “Fornecedor Prioritário”, que ga-rante pagamento ao MEI em 15 dias; à microempresa em 20 dias; e à pequena empresa, em 25. “Aqui, a MPE e o MEI são tratados como prioridade absoluta desde a orientação do negócio, com parti-cipação específica e direta do Sebrae/RJ, agilidade na formalização, passando pe-las opções de crédito e participação nas compras da prefeitura com pagamento garantido”, explica o bicampeão..

COMPRAS GOVERNAMENTAISCom 5,9 mil habitantes, a cidade de

Cristália (MG) sentia na pele a ausên-cia de políticas públicas voltadas para os micro e pequenos produtores locais. O prefeito Eduardo Medeiros Cabral fez um levantamento das compras pú-blicas assim que assumiu e descobriu que a maior parte dos empreendedores eram informais: havia apenas um MEI na cidade. Como resultado, a prefeitura só adquiria produtos de fornecedores de outros municípios, o que desaquecia a economia local.

Com o projeto “O futuro é agora”, a prefeitura definiu como meta o de-senvolvimento das micro e pequenas empresas locais e a formalização, ga-rantindo que os empresários pudessem

Prefeito Empreendedor. E pela segunda vez consecutiva escolhido como Vence-dor Nacional na categoria Melhor Proje-to da Região Sudeste.

O bicampeão nacional Vinicius Me-deiros Farah, de Três Rios (RJ), ressalta a importância de fazer consultas prévias ao Tribunal de Contas para evitar equívocos na gestão. “A Prefeitura de Três Rios tem uma relação muito boa com o Tribunal de Contas e nós procuramos conduzir tudo fazendo consultas prévias que nos orientam e mostram o melhor caminho. Independentemente da nossa intenção de transformar a vida do microempreen-dedor para melhor, o tribunal acaba sen-do nosso maior orientador nos caminhos que a gente deve seguir sem correr o risco de estar cometendo qualquer improbida-de administrativa”, assinala.

Farah investiu na aplicação da Lei Geral e na cooperação empresarial para atrair empreendimentos como a Nestlé, a Latapackball e a Neobus. Garantiu, assim, avanço dos negócios e aumento de renda e emprego no município. “Nos últimos anos, 1.439 empresas vieram para a cidade, gerando mais de 9,5 mil empregos diretos, além da formalização de mais de 2,8 mil MEI”, relata Farah.

O projeto vencedor “Três Rios Ci-dade Empreendedora” proporcionou um salto no orçamento da prefeitura de quase 300%, no período de 2009 a 2014, passando de R$ 80 milhões para R$ 300 milhões. Bem acima da média de outros municípios, que ficou entre 6% a 7,5% ao ano.

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categoria estadual de Compras Gover-namentais da 8ª edição do PSPE com o projeto “Ananindeua Empreendedora”. Após pesquisa com empreendedores da região, que mostrou alto grau de insatis-fação com os projetos locais, a prefeitura decidiu investir na redução da informali-dade e aumentar a oferta de emprego e renda da população, atuando em quatro frentes: associativismo, capacitação, for-malização e microcrédito.

Ex-empresário do ramo de supermer-cados e panificadoras, Pioneiro entendeu que era necessário investir nas MPE para movimentar a economia local. Núcleos setoriais foram criados para promover o associativismo, diversos atendimentos re-lacionados a microcrédito foram feitos de forma individualizada e foi criada a Sala

do Empreendedor, que fica na sede da Associação Empresarial de Ananindeua, onde são divulgadas informações sobre editais de licitação. O número de MEI na cidade de mais de 490 mil habitantes chegou a 12 mil e a participação deles nas compras públicas aumentou signifi-cativamente. “Entendemos que apoiar as micro e pequenas empresas é a melhor forma de promover o desenvolvimento socioeconômico local”, explica o prefeito.

IMPLEMENTAÇÃO DA LEI GERALEm seu primeiro mandato, o prefei-

to maranhense Cícero Neco de Moraes, o Cicin, da cidade de Estreito, venceu a etapa nacional do 8º Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor na categoria Lei Geral Implementada. Com o projeto

participar das licitações municipais, gerando emprego e renda. O número de MEI subiu para 55, até dezembro de 2013, e o valor de compras locais dos MEI e das microempresas saltou de R$ 1,96 milhão para R$ 3,58 milhões. O número de licitações realizadas tam-bém cresceu: passou de 80, em 2012, para 157, em 2013. Com isso a prefeitu-ra aqueceu a economia e levou o título nacional do 8º Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor na categoria Compras Governamentais. “Elevamos a quanti-dade de empresas que forneciam pro-dutos e serviços para o poder público de 18 para um total de 72, um aumento de 300%”, informa Cabral.

Segundo Roberto Bellucci, gerente de Políticas Públicas do Sebrae no Pará, as ações nacionais da instituição têm auxi-liado os municípios a ajustar a Lei Geral às realidades e oportunidades locais. No Pará, a parceria firmada pelo Sebrae com o Tribunal de Contas dos Municí-pios levou prefeitos a assinar termo de compromisso para a regulamentação da legislação dos pequenos negócios.

“As compras públicas têm poten-cial forte de retenção de renda no mu-nicípio. É um mercado que se abre e fomenta novos negócios. Os prefeitos têm se interessado em conhecer as vantagens da Lei Geral, a exemplo do aumento da formalização, da promoção do desenvolvimento local e do uso do poder de compra”, explica.

É o caso de Manoel Pioneiro, prefei-to de Ananindeua (Pará), que venceu a

A prefeita de Mar Vermelho (AL), Juliana Almeida, venceu em Compras Governamentais

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PROJETO PROSPERAR // SEBRAE64

“Lei Geral promove o desenvolvimento local de Estreito”, o prefeito garantiu o tratamento diferenciado nas compras governamentais para empreendedores individuais, micro e pequenos empresá-rios; a desburocratização; a facilidade de acesso a crédito e melhores condi-ções para estimular antigos e novos empreendimentos no município.

Cicin dinamizou as atividades na Sala do Empreendedor; aumentou a partici-pação das micro e pequenas empresas nas compras governamentais; garantiu condições de trabalho aos agentes de desenvolvimento que auxiliam e orien-tam os micro e pequenos empresários. A capacitação continuada direcionada aos empreendedores locais é uma reali-dade, com eventos realizados em 2013 em parceria com o Sebrae, secretarias municipais, Banco do Nordeste, Banco da Amazônia e Associações. No período de maio de 2013 a dezembro do mesmo ano foram realizadas 717 operações de crédito através dos Bancos do Nordeste e da Amazônia, totalizando mais de R$ 1 milhão de negócios efetuados com pe-quenos empreendedores.

Como resultados da implementação da Lei Geral, Estreito já garante editais exclusivos de compras para pequenos negócios no valor de até R$ 80 mil, além da subcontratação de 30% de mi-cro e pequenas empresas em contratos com médias e grandes empresas. Para garantir um tratamento diferenciado e incentivar a formalização na cidade de 38 mil habitantes, foi decretada isen-

ção da taxa para expedição de alvará de funcionamento para os MEI. Apesar dos avanços, para o prefeito, que é ex-em-presário, a prefeitura apenas cumpriu seu papel. “Penso que o gestor público pode mudar a realidade de seu muni-cípio com muito trabalho e dedicação e quando fazemos a coisa certa, com seriedade e respeito, o reconhecimento vem junto”, testemunha.

A implementação da Lei Geral tam-bém tem sido o foco do trabalho do Sebrae na Paraíba. De acordo com o gerente da Unidade de Políticas Públi-cas naquele estado, Luciano Holanda, os gestores municipais são orientados sobre os benefícios da implantação da Lei Geral para a administração pública e para os municípios. A ideia é mostrar que a regulamentação dessa legislação colabora para o fortalecimento das mi-

cro e pequenas empresas, promovendo o desenvolvimento econômico e social das cidades e garantindo uma série de benefícios, como a desoneração da car-ga tributária e a desburocratização dos processos. “As ações práticas em bene-fício dos pequenos negócios, como a ampliação do uso do poder de compra, desburocratização, incentivo ao empre-endedor individual e institucionaliza-ção do agente de desenvolvimento, têm sido muito exitosas”, destaca.

Para Holanda, o resultado das ações no estado já pode ser sentido nas ci-dades que estão implementando a Lei para se adequar às exigências legais. Em 2013, dos 223 municípios paraiba-nos, 144 já haviam regulamentado a Lei Geral, enquanto 44 implementaram a legislação. “Esses avanços se refletiram nas inscrições para o Prêmio Sebrae

/ / R E C O N H E C I M E N T O / /

Ministro Afif Domingos parabeniza prefeitos empreendedores

Bernardo Rebello

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AGOSTO DE 2014 65

Já beneficiada pelas mudanças nas cidades paraibanas, a Cooperativa de Agricultores do Cariri (Coapecal) foi capacitada dentro do projeto Compra Legal, comandado pelo Sebrae na Para-íba, e vem aumentando sua participa-ção em chamadas públicas de três anos para cá. “A Lei nos ajuda muito porque ficou mais fácil vender para prefeituras e colégios, mas ainda falta adequação das prefeituras para começarem a com-prar de seus produtores, incentivando a criação de associações. Esse tipo de incentivo vai ajudar a colocar a Lei em prática”, acredita Antônio Carlos Curioso, representante da Coapecal. Os associados vendem laticínios dentro do programa de agricultura familiar e participam de editais de compras de diversas cidades. “Dá um trabalhão apresentar tudo o que pedem, mas me-

lhorou muito a vida dos nossos mais de 400 associados”, explica.

VISIBILIDADEAs experiências vitoriosas ganham

visibilidade na mídia e também na internet, no site do Prêmio Sebrae Pre-feito Empreendedor (www.prefeitoem-preendedor.sebrae.com.br) e no site do Portal do Desenvolvimento Local (www.portaldodesenvolvimento.org.br), uma parceria entre o Sebrae, a Confedera-ção Nacional de Municípios (CNM), a Frente Nacional dos Prefeitos (FNP) e a Associação Brasileira de Municípios (ABM). Os projetos também aparecem em um livro sobre a 8ª edição da pre-miação, também acessível pelo Portal do Desenvolvimento Local e na página do Prêmio no Facebook (www.facebook.com/sebraeprefeitoempreendedor).

Prefeito Empreendedor, que contou com 37 projetos do estado habilitados para a disputa”, comemora.

É o caso de Guarabira, vencedora estadual na categoria Lei Geral Imple-mentada, com o projeto “Guarabira de Futuro – A Lei Geral da Micro e Pequena Empresa como incentivo ao desenvolvi-mento local”. O prefeito Zenóbio Tosca-no de Oliveira criou um ambiente favo-rável ao fortalecimento dos pequenos negócios para a geração de emprego e renda. “Colocamos a Lei Geral em práti-ca oferecendo tratamento diferenciado e simplificado às MPE na Sala do Empre-endedor, o que resultou em 130 novos empreendimentos e garantiu a forma-lização de microempreendedores indivi-duais. Nossa meta agora é aumentar em 50% as compras governamentais junto aos pequenos negócios”, explica Oliveira.

Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor em números (2001-2014)

Edições Prefeitos inscritos Projetos habilitados Projetos finalistas Vencedores

Edição 2001/2002 268 175 26 5

II Edição 2002/2003 456 295 27 5

III Edição 2004/2005 872 634 27 5

IV Edição 2006/2007 585 490 78 10

V Edição 2007/2008 1.085 685 86 10

VI Edição 2009/2010 1.163 719 98 9

VII Edição 2011/2012 1.408 904 144 11

VIII Edição 2013/2014 1.348 913 118 12

Total 7.185 4.815 604 67

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PROJETO PROSPERAR // SEBRAE66

Cresce participação das MPE nas licitações públicas

O trabalho desenvolvido pelo Sebrae com as prefeituras e os estados para incentivar a aplica-ção da Lei Geral e a inserção dos pequenos negócios nas compras públicas tem dado resultados. Le-vantamento feito pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) aponta um cres-cimento na participação das MPE em licitações para órgãos públicos. Segundo o estudo, nos três primei-ros meses de 2014, nas compras de pequeno valor (até R$ 80 mil), as micro e pequenas empresas forne-ceram para os órgãos públicos de todo o Brasil bens e serviços no montante de R$ 815 milhões, va-lor que corresponde a 69% do total dessas compras. O crescimento das MPE nessas aquisições, com-parando-se o período com janeiro a março de 2013, foi de 44%. Além disso, as compras governamentais movimentaram R$ 12,6 bilhões na aquisição de bens e serviços, dos quais R$ 3,2 bilhões (25%), refe-rem-se às contratações das MPE.

Para a secretária de Logística e Tecnologia da Informação do Mi-

nistério do Planejamento, Loreni Foresti, a participação das MPE

nas compras públicas é uma polí-

tica pública indispensável. “Vemos

o poder de compra do Estado como

um motor que deve atuar junto a

áreas estratégicas para o desen-

volvimento do país. É assim que

entendemos as micro e pequenas

empresas”, afirma.

Forespi acredita que o aumento

das MPE nas licitações é fruto das

mudanças na legislação e na luta

pela implantação da Lei Geral. “Des-

de 2006 a participação das MPE no

fornecimento de bens e serviços para

a administração passou a ser tratada

de maneira diferenciada, principal-

mente no que se refere à regularida-

de fiscal, exclusividade das contra-

tações de até R$ 80 mil, preferência

para desempate, licitação exclusiva e

subcontratação, e isso tem se refleti-

do nas licitações”, explica.

O estudo do MPOG revela, ain-

da, que somente em 2014 as MPE

responderam por 58% dos 309,6

mil fornecedores cadastrados no

Sistema de Cadastramento de For-

necedores – Sicaf. Os bens mais

fornecidos pelas MPE no primeiro

trimestre são equipamentos e ar-

tigos para uso médico, dentário e

veterinário. Em relação aos servi-

ços, os de construção civil lideram

o ranking, movimentando R$ 315

milhões, o que corresponde a 21%

dessas contratações.

/ / R E C O N H E C I M E N T O / /

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AGOSTO DE 2014 67

MPE, em 2009. A Lei n.º 3.330 foi criada e a partir daí um Comitê Gestor foi cons-tituído para implementar as ações conti-das, responsabilizando-se pelo monito-ramento e avaliação das mesmas. Essta condição possibilitou, em 2012, ampliar a abrangência da Lei da MPE permitin-do outorga de serviços públicos, criando o Comitê de Compras Governamentais, regularizando o mercado ambulante e as feiras municipais, aperfeiçoando o acesso das MPE às compras públicas, promoven-do a alteração da denominação da Se-cretaria de Fazenda e Desenvolvimento Econômico para Secretaria de Fazenda e da Micro e Pequena Empresa e do Em-preendedor, e da Secretaria Municipal de Gestão Pública, Convênios e Contratos para Secretaria de Gestão Pública e Com-pras Governamentais.

Quais os principais projetos voltados para o empreendedorismo e como foi a construção deles?

A atenção estratégica para o desen-volvimento de atitudes empreendedoras no município, diagnosticada como im-

portante caminho para diversificação no modelo econômico, foi retratada pelos seguintes projetos: Lei Geral Municipal da MPE, de 2009 (implementação de ações de favorecimento à formalização de MPE e Empreendedor Individual), Por Uma Nova Três Rios, de 2010 (plano de ações para atração e implantação de empresas em geral), Três Rios Cidade Empreendedora, em 2012 (instrumen-tos para ampliação da participação da MPE e do EE nas compras governa-mentais) e Fomenta Três Rios, em 2012 (agência de desenvolvimento municipal pela inovação, empreendedorismo e sustentabilidade com a participação da sociedade em conselho consultivo).

Quais foram premiados?As etapas estaduais das edições VII

e VIII do Prêmio Sebrae Prefeito Empre-endedor sagraram os projetos Lei Geral Municipal da MPE, Por Uma Nova Três Rios e Três Rios Cidade Empreendedora como instrumentos eficazes na criação do ambiente favorável para as MPE, constituídos pela ampliação e agilidade

PREFEITO DE TRÊS RIOS VALORIZA PEQUENOS NEGÓCIOS

Com a meta de deixar para trás o de-clínio econômico causado pela quebra de três empresas dos setores metalúrgico e de alimentos, que desempregaram 13 mil pessoas entre 1990 e 2005, o prefei-to de Três Rios (RJ), Vinicius Farah, in-vestiu em diversas iniciativas de fomento às MPE e ao desenvolvimento local. De 2008 até agora o número de empresas formais na cidade cresceu 59%, passan-do de 932 para 1.439. O PIB local dobrou entre 2006 e 2011 (último dado dispo-nível no IBGE), enquanto o do conjunto de 92 municípios fluminenses avançou 68%. Os projetos foram reconhecidos pelo Sebrae e Farah ganhou, em dois anos consecutivos, o título de Vencedor Nacional do Prêmio Sebrae Prefeito Em-preendedor na categoria Melhor Projeto da Região Sudeste. Confira abaixo a his-tória da cidade empreendedora.

Há quanto tempo foi implementada a Lei Geral na cidade?

Três Rios buscou parceria com o Se-brae no Rio de Janeiro para consultoria na elaboração da Lei Geral Municipal da

Bern

ardo

Reb

ello

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PROJETO PROSPERAR // SEBRAE68

senvolvimento econômico de Três Rios, atuando diretamente na negociação das condições de infraestrutura, legais e tri-butárias para dar agilidade ao processo de instalação e ampliação de empresas. A oferta de incentivo para empresas de todos os setores e portes consolidou a diversificação do modelo econômico tão desejado, ampliando ainda a capacidade de negócios locais entre as próprias em-presas e com os órgãos de governo.

Como foi a implantação da preferência pelas MPE nas compras públicas no município?

Embora já contidas na Lei de 2009, as ações que viabilizassem o aumento na participação das MPE nas compras governamentais se consolidam a partir de 2012 pela criação de planos anuais de compras, além da promoção do De-partamento de Compras e Licitação em Secretaria de Gestão Pública e Compras

Governamentais, cuja instalação física se dá, estrategicamente, ao lado da Casa do Empreendedor, que emitiu cerca de R$ 447 milhões de Nota Fiscal Eletrônica em 2013. No mesmo ano, a Prefeitura de Três Rios comprou e pagou cerca de R$ 30 mi-lhões a micro e pequenos empreendedo-res formalizados e cadastrados, amplian-do a participação para 69% nos convites e 62% nos pregões, o que caracteriza um aumento de mais de 90% desde 2009. Precisamos destacar a importância fun-damental na parceria com o Sebrae, tan-to como órgão de fomento à inovação e ao empreendedorismo da gestão pública quanto como executor de projetos, cujas ações fizeram a diferença – por exem-plo, na capacitação de mais de 2.500 empreendedores, preparando-os para a formalização, produção e comercializa-ção de seus produtos e serviços, inclusive tornando-os fornecedores da prefeitura.

Qual a importância das MPE para o desenvolvimento econômico da cidade?

Dentre as mais de 1,3 mil empresas atraídas e instaladas no município, 98% são MPE, caracterizando a importância de sua participação na transformação de um crescimento econômico em um grande desenvolvimento social, em que os pequenos empreendimentos susten-tam os sonhos e riquezas de todas as ca-madas da sociedade. Três Rios optou em estender aos pequenos empreendedores o mesmo tapete vermelho normalmente oferecido às grandes empresas.

na formalização, acesso à informação a partir de programas de capacitação específicos, instituição de pagamento prioritário, criação do Portal do Empre-endedor abrindo oferta de serviços ao governo e à sociedade em geral, resul-tando em maior participação nas com-pras públicas, além de oportunidades de microcrédito avalizado pelo município.

Como foi a experiência de ser bicampeão nacional do Prêmio Prefeito Empreendedor?

Essa experiência só veio confirmar o acerto em termos adotado a metodo-logia desta premiação como plano de trabalho na gestão municipal. A partir do momento em que reconhecemos a importância estratégica da MPE para a economia local, ganhar o Prêmio Se-brae Prefeito Empreendedor passou a significar a certeza dos resultados al-cançados, já que são validados por uma comissão técnica de alto nível.

Como atraem empreendimentos e investidores?

Desde o início da gestão, nos preocu-pamos em buscar recursos para atender a demandas de todas as áreas, o que re-sultou, de fato, em investimentos signifi-cativos nas áreas de saúde, educação, as-sistência social, cultura, meio ambiente e segurança, que foram capazes de am-pliar o leque dos atrativos criados para o estabelecimento de novos empreendi-mentos. Dentre os atrativos, destacamos o trabalho da Codetri, empresa de de-

/ / R E C O N H E C I M E N T O / /

O PROJETO VENCEDOR “TRÊS RIOS CIDADE EMPREENDEDORA” PROPORCIONOU UM SALTO NO ORÇAMENTO DA PREFEITURA DE QUASE 300%, DE 2009 A 2014

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AGOSTO DE 2014 69

A VEZ DO CONTROLE EXTERNO PARA A EFETIVAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE APOIO AOS PEQUENOS NEGÓCIOS

A Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, constituiu importante passo em direção ao desenvolvi-

mento nacional ao instituir o Estatuto

Nacional da Microempresa e da Em-

presa de Pequeno Porte, cujo objetivo

principal é promover o desenvolvi-

mento econômico e social mediante

o tratamento jurídico diferenciado e

favorecido a ser dispensado a tais or-

ganizações empresariais.

No que toca aos procedimentos li-

citatórios, o Estatuto inovou ao esta-

belecer (i) o direito de preferência em

caso de empate ficto, (ii) o tratamento

diferenciado e simplificado para as

microempresas e empresas de peque-

no porte objetivando a promoção do

desenvolvimento econômico e social

no âmbito municipal e regional, a ampliação da eficiência das políticas públicas e o incentivo à inovação tec-nológica, (iii) a realização de licitação destinada exclusivamente à partici-pação de microempresas e empresas de pequeno porte nas contratações cujo valor seja de até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), (iv) a previsão de subcontratação de microempresa ou de empresa de pequeno porte para até 30% do objeto contratado e (v) a fixa-ção de cotas de até 25% para a contra-tação de objetos divisíveis.

Se sob o prisma macroeconômico há incontestável interesse público nas mencionadas medidas de fomento às Microempresas (ME) e Empresas de Pequeno Porte (EPP) – que, segundo estatísticas atuais do Serviço Brasileiro

/ / A R T I G O / / AUGUSTO NARDES Presidente do Tribunal de Contas da União

Diogo Xavier

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PROJETO PROSPERAR // SEBRAE70

/ / A R T I G O / /

de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), respondem, em conjunto, por 99% do número total de empresas for-mais, por 51,7% dos empregos formais e por 39,8% da massa salarial –, não se pode esquecer que também consti-tui medida salutar para o aumento da competitividade nas licitações, propi-ciando à Administração a seleção de propostas mais vantajosas e, por via de consequência, maior eficiência aos gastos públicos.

Desse modo, torna-se essencial que os Tribunais de Contas, em face dos impactos positivos ao desenvolvimento nacional e às licitações públicas, apri-morem a atuação do controle externo de forma a dar efetividade às disposições licitatórias da Lei Complementar nº 123.

O Tribunal de Contas da União (TCU) tem atuado ativamente para aprimorar a Administração Pública e fazer prevalecer o tratamento jurídico diferenciado previsto na Lei. Cumpre rememorar, nesse sentido, que, já no ano subsequente à edição do Esta-tuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, o TCU estabeleceu importante precedente no sentido de que os privilégios concedidos às referidas empresas pelos artigos 44 e 45 da Lei Complementar 123/2006 independiam da existência de qual-quer previsão editalícia (Acórdão 2144/2007 – Plenário).

Dessa forma, na oportunidade, o TCU sinalizou aos gestores que os co-mandos contidos nos citados disposi-

tivos eram impositivos e autoaplicá-veis desde o dia 15.12.2006, data de publicação da Lei.

Não obstante, a mais significativa contribuição do TCU para o aprimora-mento da aplicação do Estatuto está consagrada em sua firme jurispru-dência, sedimentada em inúmeros precedentes, no sentido de que a falsa declaração, por parte de licitante, do preenchimento das condições previs-tas na Lei Complementar 123/2006 para obtenção do tratamento diferen-ciado destinado às ME e EPP implica a declaração de sua inidoneidade para participar de futuras licitações (Acórdãos TCU-Plenário 653/2014, 815/2014 e 1104/2014, apenas para citar os julgados mais recentes).

Ademais, cumpre realçar que os inú-meros precedentes nesse sentido vêm acompanhados da efetiva aplicação de sanção às licitantes, coibindo que em-presas oportunistas obtenham o trata-mento reservado às microempresas e empresas de pequeno porte.

Assim, tem-se que a atuação do TCU, ao tempo em que tutela a legalidade e o interesse público, garante efetivida-de à Lei Complementar 123/2006 e promove o desenvolvimento econômi-co e social, na medida em que propicia maior adesão das microempresas e empresas de pequeno porte às licita-ções públicas e resguarda o tratamen-to diferenciado e favorecido instituído pela Lei Complementar 123/2006 ex-clusivamente a tais empresas.

A ATUAÇÃO DO TCU, AO TEMPO EM QUE TUTELA A LEGALIDADE E O INTERESSE PÚBLICO, GARANTE EFETIVIDADE À LEI COMPLEMENTAR 123/2006 E PROMOVE O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL

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