revista do centro de estudos do ceat

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revista Rio de Janeiro, 18 de fevereiro de 2013 ANO II . edição nº 2 * educação em movimento Em entrevista exclusiva, Angel Vianna fala sobre dança, arte e amor poética: palavras, contos e afins Dois alunos do Ensino Fundamental brincam com as palavras e mostram que sabem escrever poesias eu & o CEAT O funcionário Wilson Santiago e o ex-aluno Jonas Godinho contam a importância da vivência na escola em suas vidas na corda bamba Alunos experimentam aula interdisciplinar de física e educação física NOTÍCIAS ON-LINE DO CENTRO DE ESTUDOS THEREZINHA GONZAGA FERREIRA

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Page 1: revista do centro de estudos do CEAT

revista Rio de Janeiro,

18 de fevereiro de 2013

ANO II . edição nº 2*

educação em movimentoEm entrevista exclusiva, Angel Vianna fala sobre dança, arte e amor

poética: palavras, contos e afinsDois alunos do Ensino Fundamental brincam com as palavras e mostram que sabem escrever poesias

eu & o CEATO funcionário Wilson Santiago e o ex-aluno Jonas Godinho contam a importância da vivência na escola em suas vidas

na corda bambaAlunos experimentam aula interdisciplinar de física e educação física

NOTÍCIAS ON-LINE DO CENTRO DE ESTUDOS THEREZINHA GONZAGA FERREIRA

Page 2: revista do centro de estudos do CEAT

pág 3

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pág 20

editorial

na ponta do lápis _ por Márcia Feijó, Pedro Soares e Antônio Pereira

educar através do corpo _ entrevista com Angel Vianna

saúde _ por Suzete Marcolan

opinião _ por Ângela Dias e Mercedes Carneiro

eu e o CEAT: depoimentos

resenha _ por Ninfa Parreiras

s u m á r i o

pág 5

poética: brincadeira de verso em verso*

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pág 4

aconteceu por aqui...*

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A revista digital do Centro de Estudos chega à segunda edição com mais confiança para pros-seguir na discussão sobre quais são as perspectivas e os desafios para a educação, a cultura, a ciência e a vida do novo milênio. A revista busca se afirmar como espaço de reflexão e estí-mulo aos educadores, dirigindo-se principalmente àqueles que buscam na sua prática profis-sional a construção de novos paradigmas, num tempo em que reverter a tendência do indivi-dualismo parece se impor como tarefa urgente. É uma tentativa de divulgar um rico trabalho humanístico que estimule atitudes de compromisso e responsabilidade social para o coletivo.

A entrevista dessa edição é com Angel Vianna, figura pioneira da dança contemporânea que sempre esteve à frente do seu tempo. Angel foi idealizadora de uma nova concepção corporal, revelada através de seu trabalho com a dança. Numa entrevista gravada, registramos frag-mentos da narrativa admirável de quem soube construir um edifício social de muitas almas, levando em conta não apenas o corpo, mas também a subjetividade e o afeto. Com Angel, as necessidades especiais e as diferenças entre as pessoas se tornaram instrumentos de ex-pressividade. Vamos contar um pouco de sua vida e se inspirar nas suas palavras.

Em “Poética: palavras, contos e afins”, duas crianças brincam com as palavras e revelam o talento para os versos.Inaugurando a nova sessão de opinião, Ângela Dias e Mercedes Carneiro tratam de um dilema típico dos pais: qual a melhor escola para o meu filho?

Na ponta do lápis, dois artigos de professores relatam as suas experiências no campo da in-terdisciplinaridade e do corpo na educação.Afeto e memória marcam os depoimentos em “Eu e o Ceat”: Wilson e Jonas Godinho falam de sua vivência profissional e pessoal na escola.

Por fim, em “Saúde”, a nutricionista Suzete discorre sobre a importância de se estar atento à defi-ciência de vitamina A na alimentação das crianças. E Ninfa Parreiras, em Resenhas, abre caminho para a leitura de dois livros da nossa atual presidente da ABL, Ana Maria Machado.

FÁTIMA SERRA, diretora do Centro de Estudos Therezinha Gonzaga Ferreira

edito

rial

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aconteceu por aqui...aconteceu por aqui...

No dia 2 de agosto de 2012, o sociólogo Marco Silva esteve no CEAT para dar a palestra “Cibercultura: agenda comunicacional do professor”. Silva é mestre e doutor em educação, professor da UERJ, autor de livros como “Sala de aula interativa” (São Paulo: Edições Loyola, 2010) e artigos sobre educação interativa presencial e online.

Em outubro do ano passado, iniciamos o curso para professores interessados em conhecer e implementar uma inovadora proposta de trabalho. O objetivo era superar “o paradigma unidirecional da pedagogia de transmissão, garantindo aos alunos autoria, compartilhamento, conectividade e colaboração na construção do conhecimento”.

Atualmente, esse tema configura na escola um instigante desafio, pois exige de nós, educadores, uma ampla discussão sobre qual é o lugar da escola frente ao mundo da comunicação digital, que circula na cultura, nas artes, na política e no estar no mundo hoje.

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*poéticabrincadeira de verso em verso

AS TEIAS DAS ARANHAS

Por que as aranhas fazem teias?Pra lembrar disso é muito fácilA aranha precisa se protegerE quem resolve isso?A teia, a teia.

A aranha que rima com arranhaPrecisa se abrigar E quem resolve isso?A teia, a teia.

A aranha precisa caçarSem se machucarE quem resolve isso?A teia, a teia.

A aranha precisa guardar seus ovosE quem resolve isso?A teia, a teia.

Será que um dia a aranhavai ficar em extinção?Isso dobra meu coração!

Francisco Azar . 3º A

BRINCAR DE POESIA

Poesia é como brincar com pipa, bola, carrinho e balão.

Se a bola rola e me enrola,eu ainda tenho o balão que alegra meu coração

E se ele estourar?Ainda tem o carrinho pra me consolar

E se ele fugir?Acabou a brincadeira e lá vai a poesia ligeira

Mariana Lira . 3º A

Dois alunos do terceiro ano do Ensino Fundamental jogam com as palavras e revelam o gosto por escrever poesias.

Francisco Azar teve seu primeiro contato com a poesia aos dois anos de idade, em sua antiga escola. Mais tarde, no CEAT, com o projeto “Poesia”( 2º ano, profª. Arilene), Francisco reencontrou aos sete anos o tema que tanto o fascina. “Gosto de poesia porque está muito ligada à música e eu gosto muito de cantar e dançar”.

Já Mariana Lira descobriu seu gosto pela poesia no 1º ano do CEAT (profªs. Marília e Beth), através das parlendas. Em seguida, no 2º ano (profª. Arilene), gostava de ilustrar o livro de poesias da turma e de ler algumas antes de dormir. Com o projeto “Cartas”, do 3º ano (profª. Rosane), dedicou algumas poesias aos amigos aniversariantes.

palavras, contos e afins

* *** *

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* 6

*na ponta do lápisna ponta do lápis

A linguagem corporal através da arte

“”

A cultura é uma das formas que o homem encontrou para organizar os textos inscritos por ele no espaço e no tempo.

Durante muito tempo a ciên-cia, a filosofia e a arte preocu-param-se em definir a origem e a evolução das linguagens do homem. Séculos de discussão e de definições concluíram que a linguagem, como capacida-de de expressão dos seres hu-manos, é uma conquista natural e evolutiva. Isto é, os humanos nascem com uma aparelha-gem física, anatômica, nervosa e cerebral, que lhes permite ex-pressar-se amplamente através dos gestos, das palavras e das expressões de todo o seu corpo

frente às diversidades impos-tas por seu contexto ambiental e social.

A linguagem verbal nasce atra-vés do corpo, por imitação dos gestos, como pantomima ou en-cenação, na qual o gesto indica um sentido. Nasce das necessi-dades físicas como fome, sede e abrigo. Nasce, também, da ex-pressão das emoções trazendo o grito, o choro, o riso aos gestos cotidianos. Representações so-noras imitativas dos sons da na-tureza, como dos animais, rios,

por Márcia Feijó

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A opção educativa de se realizar um trabalho de corpo, através da arte, se justifica na possibilidade de intersemiose, em que o fazer artístico, a mensagem e a experiência são uma ação do coletivo partilhado, da história evolutiva da cultura e sua complexidade.

mares, trovão ou vento. Ou seja, a linguagem nasce através dos impulsos humanos fisiológicos e emocionais, como uma ono-matopéia de suas necessidades, em relação constante com o seu meio, até dar lugar às palavras, que se compõem com os gestos. Desta forma o homem assinala sua evolução e seu domínio em expressar-se, relacionando-se com seu próprio corpo, com ou-tros seres vivos e com o mundo em que ele está inserido.

Tomando como foco o conheci-mento dessa nova linguagem, podemos observar vários textos nas ações do corpo vivo do ho-mem. A cultura é uma das for-mas que o homem encontrou de organizar os textos inscritos por ele mesmo em seu espaço e em seu tempo. Muitas informa-ções emanam desse corpo vivo, como os gestos, as danças, as vestimentas, a expressão cor-poral individual entre muitas outras. A opção educativa de se realizar um trabalho de cor-po, através da arte, se justifica

dançarino, coreografia, música, luz, cenário, figurino, etc. Cada um desses textos exige uma or-ganização interna coerente com o todo e um vocabulário especial para se fazer essa leitura.

Nossa prática educacional visa contemplar em sua metodolo-gia, através de experiências va-riadas do fazer artístico, essa possibilidade de leitura e a con-dição de criar novos textos em suas mais variadas expressões. Assim, é importante analisar a linguagem corporal em seu con-texto cultural, histórico, geográ-fico e político e desse ângulo, analisarmos também o campo social e nele, por sua vez, os in-divíduos que sofrem com a dis-criminação por serem diferen-tes de um certo padrão imposto pela sociedade. A identidade cultural do indivíduo está ins-crita em seu corpo. Mas não po-demos sucumbir aos modismos impostos como padrão da “nor-malidade”. Educar pela arte é ter consciência de si e do outro, é aproveitar as diferenças para aprofundar na natureza huma-na e reescrever as regras do jogo social, contribuindo sem-pre para a construção de uma sociedade mais justa.

Márcia Feijó, Licenciada em Dança

pela Faculdade Angel Vianna, mes-

tranda em Educação pela UFRJ, co-

ordenadora da Pós-Graduação em

Corpo, Diferenças e Educação da

Faculdade Angel Vianna RJ e pro-

fessora de Expressão Corporal/

Dança do CEAT.

na possibilidade de intersemio-se, em que o fazer artístico, a mensagem e a experiência são uma ação do coletivo partilhado, da história evolutiva da cultu-ra e sua complexidade. A diver-sidade de textos na composição das manifestações artísticas ou mesmo da obra de arte é bas-tante comum e eficaz. Por exem-plo: uma apresentação de dança envolve o sistema formado pelo

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As afinidades entre essas disci-plinas não se limitam ao nome com o qual são conhecidas. Os movimentos do corpo humano, sejam esportivos ou não, estão diretamente relacionados com os estudos da Física, e os con-ceitos dessas áreas trabalha-dos na escola. Dessa forma, foi natural o surgimento de uma aula conjunta entre essas duas disciplinas.

No ano de 2011, tivemos a ideia de usar a Slack Line (uma práti-ca similar à corda bamba circen-se) para uma aula interdiscipli-nar, proporcionando aos alunos do 2° e 3° anos do Ensino Médio a oportunidade de entender, na prática, os conceitos da Física aprendidos em sala de aula, utili-zando o seu próprio corpo, numa atividade física que tem se popu-larizado muito entre os jovens.

Na corda bamba por Pedro Soares e Antônio Pereira

“”

na ponta do lápisna ponta do lápis

Uma aula interdisciplinar de Educação Física e Física.

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Mais do que ver, foi possível aos alunos viver o sistema de rolda-nas, sentir as leis de Newton, perceber seu centro de gravida-de na busca pelo equilíbrio e até ter medo de que o coeficiente elástico os derrubassem. Tudo isso de forma lúdica e coletiva.

Ao mesmo tempo em que desen-volvemos concentração, pro-priocepção, respiração e equilí-brio, permitimo-nos negociar os limites entre medos e vontades e exercer a autonomia para de-terminar o momento de parar. No fundo, com a prática da Slack Line, desenvolve-se a consci-ência corporal e, consequente-mente, o autoconhecimento.

O desafio de caminhar sobre uma fita elástica de 2,5 cen-tímetros estimula e instiga. O exercício faz reviver as nos-sas lembranças infantis, nos-sos desejos de vencer desafios. Porém, é necessário reconhe-cer as limitações físicas e men-tais, respeitando o medo, que muitas vezes pode nos paralisar.

O grande desafio que nós, professores de Física e de Educação Física, tivemos não foi ensinar, mas permitir que os alunos aprendessem, cons-truindo, com a ajuda deles, um ambiente seguro, não ape-nas por conta das instalações

Os movimentos do corpo humano, sejam esportivos ou não, estão diretamente relacionados com os estudos da Física, e os conceitos dessas áreas trabalhados na escola.

físicas, mas pelo clima de tran-quilidade emocional experi-mentado, quando todos se sen-tiram à vontade para ousar, sem constrangimento.

Por fim, mudar o local onde tra-dicionalmente as aulas dessas disciplinas ocorrem, permitiu um outro olhar sobre elas e nos trouxe as certezas de que é pos-sível trabalhar conceitos teóri-cos em Educação Física, mes-mo em aulas práticas, e que a vida é um ótimo laboratório de Física.

Pedro Soares de Andrade da Costa, professor de Educação Física do CEAT

Antônio Cesar Pereira,

professor de Física do CEAT

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EDUCAR ATRAVÉS DO CORPOentrevista com Angel Vianna

AOS 84 ANOS, A

COREÓGRAFA E

BAILARINA ANGEL

VIANNA FORMOU

CENTENAS DE ALUNOS.

EM ENTREVISTA

EXCLUSIVA, ELA CONTA

COMO A DANÇA MUDOU

A VIDA DELA E A DE

OUTRAS PESSOAS.

por Fátima Serra

Angel Vianna é mineira de nascimento e carioca de coração. Filha de árabes-libaneses, ela tem múltiplas influências. O nome de ba-tismo, escolhido pela mãe, é Maria Ângela. Com os amigos do Rio de Janeiro veio o apelido carinhoso de Angel, como tanto quis seu pai, e que acabou virando nome artístico.

O encanto pela arte ela herdou de casa. A avó materna, uma das pioneiras na cidade de Belo Horizonte, costumava fazer saraus. O pai, contador de histórias, manteve as tradições árabes na família e foi uma referência de toda a vida.

A bailarina e coreógrafa, hoje com 84 anos, é unanimidade quando o assunto é dança, educação e movimento. Apaixonada por gente, Angel transformou a forma como bailarinos se relacionam com o corpo. Mais tarde, ampliou seus estudos sobre o movimento, fun-dou uma escola que, além da formação para profissionais da dan-ça, oferece cursos para qualquer pessoa que pretender fortificar a sua individualidade no mundo.

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Como você retrataria sua história?

Ainda pequena comecei a enten-der que eu estava em um mundo de gente e a me perguntar quem sou eu, de onde vim, porque vim e o que queres de mim. Esta per-gunta eu me faço até hoje. Com o amadurecimento, descobri sou múltipla até pelos nomes, que são dois: Angel e Maria Ângela. Eu nasci no signo de Gêmeos com o astro em Mercúrio e as-cendente em Virgem, que tam-bém é de Mercúrio – o planeta do movimento. Felizmente des-cobri que a minha profissão se-ria relacionada ao movimento.

Um nome muito marcante e forte

É. Eu gosto e sempre achei que ele estaria associado a alguma descoberta. Eu era muito curio-sa desde pequena.Tinha um pri-mo que eu gostava muito e a gente sempre passeava por um mesmo local no sítio do meu pai. Um dia ele me perguntou: “O que você tanto procura nes-se caminho?”. Eu respondi, “Se Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil, por que eu também não descubro alguma coisa?”

Como foi sua infância em Belo Horizonte?

A cada Natal que minha avó fa-zia, tinha de 300 a 400 pessoas. Nunca deixamos de ter visitas, dar hospedagem aos amigos que eram tantos, então, fui educada

numa vida mais aberta, de rece-ber pessoas. Era uma coisa mui-to respeitada por minha família e por mim. Desde criança eu tinha muita atenção com as pesso-as. É interessante que naquela época eu já cuidava das pesso-as. Gostava de receber em casa, cuidar de quem se machucava. Hoje eu trabalho com um núme-ro enorme de pessoas também com certos problemas. Nada foi de supetão, foi uma conquista. Eu acho que a vida é uma con-quista quando você deseja con-quistá-la. Então, sempre mui-to curiosa, fiquei pensando no que iria descobrir quando fosse adulta.

Como o balé entrou na sua vida?

Eu fazia teatro universitário, di-rigido pela Hulda Bittencourt e comecei em uma escola de dan-ça fundada pelo Carlos Leite. Meu pai só sabia do teatro e da música. O árabe, naquela épo-ca, não permitia que a mulher estudasse dança. Engraçado, porque tem a dança do ventre e tantas danças importantes lá

“ “Eu achava aquilo terrível, e era a única coisa que eu era bem contra, queria ter liberdade de ação.

no Líbano que são lindíssimas e sensuais. Mas é por isso mesmo a restrição, a sensualidade. A fi-lha, em geral, nascia para ca-sar, para ter filhos, para ter uma educação, para viver o lar. Esse negócio de filha ter uma profis-são, trabalhar fora, não era de costume. Eu achava aquilo ter-rível, e era a única coisa que eu era bem contra, queria ter li-berdade de ação. E não é que eu fosse, vamos dizer, muito há-bil no balé ou ponta. Eu gostava de criar, era engraçado, criar na forma de dançar. Mais tarde, eu e Klauss casamos e fundamos uma escola de dança em casa, a Escola Klauss Vianna.

Aí começou a formação como educadora?

A gente começou com o balé, mas um balé diferente, tirando sapatilha, tirando a ponta, tra-balhando a coluna, que até en-tão não era trabalhada. E para fazer isso nós começamos a es-tudar anatomia na Universidade de Odontologia, único lugar que tinha esse curso em Belo Horizonte. E foi conhecendo a es-trutura óssea que a gente come-çou a desenvolver um trabalho nessa escola. Desenvolvemos essa escola para fazer forma-ção mesmo. A escola Klauss Vianna teve seu auge em Belo Horizonte. Em 1961, fomos convi-dados pelo maestro e compositor Hans Joachim Koellreutter para lecionar na Universidade Federal da Bahia, única universidade no

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país com curso de dança oficial. Resolvemos fazer as malas por-que a Bahia era um polo de cul-tura da época. Fechamos a es-cola de Belo Horizonte e ficamos dois anos em Salvador. Depois disso, partimos para o Rio de Janeiro.

Por que o Rio de Janeiro?

Uma grande amiga nossa es-crevia que no Rio de Janeiro ti-nha muita dança, muitas possi-bilidades, e eu achei que deveria vir. Meu pai uma vez disse que o Rio de Janeiro era de deprava-ção, e eu pensei: “Ah, eu que-ro conhecer essa depravação”. Queria ver o que era isso, se-não jamais iria perceber o que era uma coisa e o que era ou-tra. Eu acho que valeu, o Rio de Janeiro me abraçou. Eu tenho um carinho muito especial pelo Rio, porque ele me acolheu de braços abertos e é onde eu re-almente fui bem recebida logo de cara, em todos os sentidos.

E como começou sua escola aqui no Rio?

Eu nasci para ter uma escola em que eu pudesse trabalhar o meu pensamento e o do Klauss sobre o movimento. Eu resolvi abrir então a primeira escola – eu, a Tereza D’Aquino e o Klauss - lá em Botafogo. A formaliza-ção saiu em 1985, mas eu já es-tava com a escola, já tinha fei-to o primeiro e o segundo ano, e na primeira turma eram 40

pessoas, dentre essas termina-ram somente 12. Quando meu pai morreu, veio uma herança. Comprei sozinha uma casa, fiz uma reforma grande. Acho bom porque a casa é antiga, eu adoro antiguidade, essa coisa da me-mória, da história. Por aqui já passou tudo, e agora eu estou esperando para fazer para ca-deirante aqui.

Você enfrentou alguma dificul-dade durante esses anos como educadora?

Várias. Até porque muitas difi-culdades que hoje são encara-das com mais tranquilidade em outros tempos eram mais di-fíceis de lidar por conta da fal-ta de informação e do precon-ceito. Há muitos anos, tive uma aluna com Síndrome de Down. A primeira vez que a vi de cos-tas, achei-a belíssima e com um corpo perfeito. Mas quando ela virou, eu realmente me assus-tei. Eu, então, resolvi trabalhar individualmente com ela, come-cei a me aproximar dela como ser humano. Nós saíamos para ela ver o mundo que não conhe-cia, para poder se sentir gente. Eu comecei assim dando aula, dando conhecimento corpo-ral. Mesmo sem saber como li-dar, vamos dizer, cientificamen-te, no corpo dela, eu trabalhei com meu sentimento. Eu come-cei a observar e pensei: “Eu vou descobrir como lidar com quem tem Síndrome de Down”.

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Você já tinha uma intuição cor-poral, intelectual, espiritual...

Espiritual, principalmente. E aí eu comecei a trabalhar e aceitar qualquer aluno, com suas dife-renças - surdos, mudos e cegos. Isso foi muito importante para mim, eu tive coragem de traba-lhar com diversos problemas. Foi daí que os terapeutas come-çaram a me indicar. Eu tive alu-nos com nanismo, com doenças mentais e com outros proble-mas. Então, eu trabalhei muito, mas não me pergunte por quê, não há resposta. Você encon-tra o caminho quando você de-seja. É claro que eu não encon-trei à toa o caminho, é claro que eu estudei muito sobre o cor-po, anatomicamente, cientifica-mente e descobri que gente tem que ser respeitada,trabalhada e ajudada.

Hoje eu tenho também a faculda-de. Todos que vêm, recebo com amor, com carinho. Eu acredi-to nos meus alunos, eles apren-dem a cuidar de si, cuidando do outro também. O bonito da vida e do próprio ser que você traba-lha é descobrir, ajudar a desco-brir. Cada pessoa é única , es-pecial, tem individualidade. E o nosso instrumento de vida é o corpo, ele é uma máquina. Esse instrumento-corpo pensa, sen-te, então, tem que ser cuidado. Ele é cheio de fiação também. Esses fios se completam inter-namente, se entrelaçam, são fios que sentem. Então, quando você trabalha com o corpo, você tem que saber que o movimento é de dentro para fora, mas tam-bém pode ser de fora para den-tro. Essa consciência vem com o tempo.

Você sente que essas pesso-as que foram formadas por você levam um pouco da sua essência em sua trajetória profissional?

Reconheço o trabalho em todos os alunos que estudaram aqui em seus trabalhos. Eu não for-mei gente para ficar me glori-ficando, eu realmente não faço isso para mim. Eu sempre digo para os alunos: “Trabalha seu corpo que ele te mostra o cami-nho”. Eles passam brincando, porque são bons, não é porque passaram aqui, é porque se-guiram o caminho que o corpo mostrou. Gente é como nuvem: sempre se transforma.

Eu acho que valeu, o Rio de Janeiro me abraçou. Eu tenho um carinho muito especial pelo Rio porque ele me acolheu de braços abertos e é onde eu realmente fui bem recebida logo de cara, em todos os sentidos.

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. . . . . . . . . eu & o CEAT . .

depoimento de Jonas Godinho

Fico muito feliz em falar dessa escola, tive tan-tas alegrias estudando lá. Foi no CEAT que des-cobri que o mundo era injusto. Ao mesmo tempo, era protegido em uma relação pura com os amigos que encontrava e com os professores e funcioná-rios que pareciam ser preparados para lidar com a pluralidade do indivíduo.

Boa parte dos grandes amigos, aqueles que cha-mamos de irmão e que cultivo até então, conheci no CEAT.

Hoje, aos 30 anos, arquiteto urbanista, sei exata-mente os pontos da minha personalidade profis-sional que o CEAT ajudou a construir. Destaco, sem dúvidas, a relação que crio com as pessoas que trabalham comigo, tanto dentro do escritório como fora dele. Esta é uma relação que não passa pela disputa nem competição, o que a rege é o respeito

pelo indivíduo e desta forma a exaltação do predi-cado do ser.

Quero sempre que as pessoas ao meu redor este-jam muito confortáveis, pois assim chegamos a um objetivo comum. Esta relação aprendi no CEAT e tento passá-la adiante esperando que consigamos preservar a pluralidade e a troca neste mundo di-gital em que vivemos.

Agradeço aos meus pais por terem escolhido esta escola para mim e gostaria de fazer o mesmo para os meus futuros filhos.

. . . . . . . . . eu & o CEAT . .

depoimento de Jonas Godinho

[ex-aluno]

As Relações

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. . . . . . . . . eu & o CEAT . .

depoimento de Wilson Santiago

[porteiro e inspetor do CEAT]

Comecei a trabalhar em agosto de 1993. Tenho um bom relacionamento com os funcionários e as pes-soas no CEAT, e isso facilita o diálogo , as discus-sões sobre as conquistas e melhorias na escola.

Observo que é necessário respeitar para ser res-peitado. Nós, educadores, temos que ser exem-plo para nossos alunos. Me sinto privilegiado e, ao mesmo tempo, com uma grande responsabili-dade em atuar nas seguintes áreas: portaria e pá-tio do colégio tanto no controle de entrada e saída de pessoas na escola, quanto no controle de man-ter a ordem no pátio e dependências da escola. É uma missão árdua e às vezes gratificante poder fa-zer parte da educação e formação das crianças e jovens que são o futuro do país e do mundo.

Sempre gostei de discutir, ouvir e falar em prol de melhorias nos ambientes de trabalho, em casa,

nos cursos, nas peladas de futebol, ou em qualquer lugar em que eu esteja envolvido. Aqui no CEAT eu tenho credibilidade, respeito e confiança tanto da parte da direção e de todos os coordenadores pedagógicos, como da equipe do setor administrativo. Sobre solidariedade e amiza-de, me sinto bem à vontade e seguro para falar so-bre esse assunto.

Já fui contemplado várias vezes com a solidarieda-de dessa equipe CEATIANA (alunos, professores, transportadores, direção, coordenadores e admi-nistração). Dezenove anos se passaram, nos quais pude fazer grandes amizades.

Termino meu depoimento com muita emoção e ale-gria em poder contar um pouco sobre mim e o CEAT, colégio que faz parte da minha história de vida, e onde tive a oportunidade de formar as minhas duas filhas.

. . . . . . . . . eu & o CEAT . .

depoimento de Wilson Santiago

O exemplo

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opin

ião

*

*

Qual é a melhor escola para meu filho?

Proposta pedagógica deve estar afinada com valores que os pais consideram fundamentais para a educação

Uma das questões que hoje mais preocupam os pais diz respei-to à escolha da melhor escola para seus filhos. Atualmente, pre-sencia-se um quadro bastante singular, uma vez que um bom nú-mero de escolas particulares oferecem propostas educacionais liberais, acenando com projetos pedagógicos muito semelhantes. Propõem-se a formar alunos críticos, solidários, atuantes, com-petentes e antenados com a realidade política e com as questões ambientais. Prometem cuidar da formação de cidadãos que farão a diferença em futuro próximo.

Esse discurso, comum a tantas instituições educacionais, nem sem-pre se mostra eficaz na prática e se revela muitas vezes como um jargão politicamente correto, confundindo os pais, porque se tratam,

por

Âng

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na verdade, de clichês. Isso porque a concretização de uma proposta de tal amplitude exige um cotidia-no escolar afinado com valores e práticas, equipes de professores em permanente formação e dispos-tos a fazer constantes autocríticas. É preciso ter um olhar sobre os alunos, capaz de ajudá-los a de-senvolver o que têm de melhor, incluindo o respeito pelas diferenças, pelo coletivo e a aceitação de li-mites importantes para a sua formação.É preciso conhecer com mais propriedade as dife-rentes escolas, procurando informações com fa-mílias de ex-alunos, visitando os espaços físicos, observando a movimentação e a comunicação en-tre os que lá convivem. É fundamental, também, tomar contato com a filosofia explicitada na pro-posta pedagógica, o currículo oferecido e as for-mas de avaliação, informações reveladoras dos valores da instituição.

Nas redes sociais são frequentes as considera-ções sobre a forma de escolher a melhor escola. Sabe-se que muitos prezam mais a “escola per-to de casa”, independentemente de oferecer um ensino mais tradicional ou liberal. Outros fazem a opção por aquela onde os amigos próximos pu-seram seus filhos. Outros ainda valorizam mais o espaço físico. Alguns apontam a necessidade de a escola garantir a verticalidade, desde a Educação Infantil até o vestibular, e outros consideram o de-sejo e a expectativa dos próprios filhos.

O fato é que a escolaridade das crianças e jovens é algo de extrema importância, base da sua for-mação acadêmica, ética e cultural. A escola é o lugar onde as primeiras relações com diferentes grupos se dão. É também o espaço de estabeleci-mento de acordos, de confrontos, de mediações e consequente amadurecimento, na construção da moral coletiva. O CEAT – Centro Educacional Anísio Teixeira – es-cola particular do Rio de Janeiro, gerida por pro-fessores e funcionários, considera que as pergun-tas essenciais a serem feitas nesse momento de tomada de decisão devem estar relacionadas aos valores que os pais consideram fundamentais na educação de seus filhos. Talvez a resposta à difícil indagação: “que tipo de pessoa e profissional gos-taria que meu filho se tornasse?” possa também orientar a família nessa escolha. Uma coisa é certa: o papel da escola é diferente do papel dos pais. No entanto, ambos precisam definir claramente os seus códigos de conduta e trabalhar conjuntamente para que sejam interio-rizados pelos educandos. Mesmo não havendo es-cola que dê conta de todos os anseios dos pais e dos alunos, é preciso buscar um lugar que garan-ta uma educação equilibrada e competente, prio-rizando um diálogo sincero entre todos os envolvi-dos na tarefa de ensinar e aprender.

“ “

É fundamental tomar contato com

a filosofia explicitada na proposta

pedagógica, o currículo oferecido

e as formas de avaliação,

informações reveladoras dos

valores da instituição.

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Uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde mostrou que muitas crianças, entre seis meses e cinco anos de idade, têm consumo inadequado de vitamina A. A proporção é maior na região sudeste, onde 21,6% delas apresentam deficiência da vita-mina. Nos estados do nordeste, o número é de 19%.

Morar na zona urbana foi uma variável associada à prevalência de níveis deficientes nestas regiões quando comparada à zona rural. Outra justificati-va é a idade materna. Mulheres que engravidam depois dos 35 anos constituem um grupo em que ocorre maior incidência de crianças com níveis elevados de deficiência.

A Deficiência de Vitamina A (DVA) é a princi-pal causa de cegueira entre as crianças, e tam-bém contribui significativamente para o aumen-to das taxas de morbi-mortalidade associadas a processos infecciosos que são comuns na infân-cia e na gestação. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a DVA é considerada um pro-blema de Saúde Pública, devendo ser combatido com suplementação.Um dos papéis da escola é promover a saúde e a alimentação saudável. Portanto, é preciso pen-sar em alguns cuidados sobre a alimentação in-fantil e a da gestante: a importância do aleita-mento materno exclusivo até o sexto mês de vida da criança, e a alimentação complementar sau-dável a partir desta idade e para todos os indiví-duos nos diferentes ciclos de vida. É preciso tam-bém reforçar a necessidade diária de compor a dieta com alimentos ricos em vitamina A.

A vitamina A faz parte do grupo de vitaminas li-possolúveis, ou seja, que são solúveis em gor-duras. Sua principal função é promover o cres-cimento ósseo, proteger a pele e as mucosas, aumentar a resistência às infecções, propiciar a boa visão, auxiliar na cicatrização rápida dos fe-rimentos e combater os radicais livres.

por Suzete Marcolan,nutricionista do CEAT

DEFICIÊNCIA DE VITAMINA A JÁ É CONSIDERADA PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA

Promoção da saúde na escola

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saúde*

Família e escola devem estar atentos à alimentação equilibrada e rica no nutriente

Confira abaixo sugestões para compor cardápios equilibrados e ricos em vitamina A para atender as necessidades nutricionais de crianças, adolescentes e adultos.

Café da manhã ou lanche

> Suco de laranja com cenoura e pão com queijo

> Leite integral achocolatado, pão com manteiga e

mini cenoura

> Pão integral com pasta de ricota com cenoura e

suco de manga

> Mamão com mel, bolo de cenoura e leite

> Manga, queijo, suco de frutas e biscoito integral

Almoço ou jantar

> Risoto (frango desfiado, cenoura ralada, milho,

cebola, tomate, cheiro-verde) e feijão

> Carne picadinha, purê de batata com espinafre,

arroz e feijão com abóbora.

> Peixe assado com batatas, arroz de brócolis

e feijão

> Omelete(gema) de espinafre, macarrão ao molho

de tomate com manjericão, feijão

> Iscas de fígado acebolada, purê de batata com

abóbora, arroz e feijão

FONTE: Boletim Carências Nutricionais – Deficiência de vitamina A (DVA) / MS – 2009

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A oferta de alimentos fontes de vitamina A diaria-mente para toda a família diminui a rejeição por parte das crianças. Cabe também à escola pro-mover uma alimentação saudável, oferecendo e estimulando o consumo desses alimentos.

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Abrindo caminho para a leitura

Ana Maria Machado é uma das consagradas autoras da literatura bra-sileira, com livros para crianças, jovens e adultos, em prosa, poe-sia, ensaios, teatro, não ficção, além de inúmeras traduções impecá-veis. Ela será homenageada pelo CEAT na 5ª Festa Literária de Santa Teresa, nos dias 18 e 19 de maio de 2013.

Sua obra ultrapassa os 100 títulos publicados e abrange um universo amplo de assuntos e de gêneros. Os números fazem parte da carrei-ra desta brilhante escritora, Membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), e premiada diversas vezes no Brasil e no exterior.

Com ampla experiência na área de literatura infantil e juvenil, Ana Maria foi livreira, editora, jornalista, crítica literária e professora. Conhece a cadeia do livro e da leitura, e atualmente é a presidente da ABL. Tudo isso tem repercutido no seu fazer literário, na sua forma de pensar a cultura, em especial, a leitura e a literatura.

Dentre seus tantos livros de ensaios, em torno de dez, destacamos “Contracorrente: conversas sobre leitura e política”, da década de 1990. São 11 textos que refletem sobre o direito de ler, a ideologia da leitura, as novas tecnologias e a leitura e o acesso aos livros no Brasil hoje - temas atuais e necessários para serem debatidos entre educa-dores e adultos que lidam com as crianças, os jovens e a cultura.

Em “Ideologia e livro infantil”, a autora nos mostra como a ideologia faz parte das expressões literárias e que não há literatura neutra. Ler rese

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autoras da literatura brasileira, com livros para crianças, jovens e adultos

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esses ensaios nos nutre de informação e de questionamentos sobre a função da literatura e da leitura e sobre a importância que exercem na vida contemporânea de crianças, adolescentes e adultos.

Quando falamos em Ana Maria Machado, sabemos que é leitora voraz, como ela mesma diz. Conhece a literatura clássica, brasileira, e po-pular. Ela entende muito bem de livros, de criação literária e transita nesse meio com segurança. Além de escritora, Ana Maria é tradutora de contos, novelas e romances. A mensagem que criou em 2003, para o Dia Internacional do Livro Infantil, nos mostra seus caminhos como leitora curiosa desde a sua infância. Suas palavras instigam um desejo de também conhecer e ler.

Na obra “Como e por que ler os clássicos universais desde cedo”, a au-tora nos presenteia com um passeio variado e rico pela literatura de todo o mundo. Diferentes obras, de diferentes épocas são comentadas, como se fosse um bate papo.

Já em “Leituras de escritor”, Ana Maria selecionou e comentou 14 con-

tos de autores estrangeiros e nacionais. De Edgar Allan Poe a Francis Scott Fitzgerald; de Machado de Assis a Clarice Lispector; de Julio Cortázar a Gabriel García Márquez. São narrativas surpreendentes. Após cada conto, há uma apresentação para cada autor e preciosos co-mentários sobre os textos. Imperdível seleta de contos!

Ana Maria foi livreira, editora, jornalista, crítica literária e professora. Conhece a cadeia do livro e da leitura, e atualmente é a presidente da ABL.

São Paulo: Ática, 1999 São Paulo: LeYa, 2008

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ficha técnica

CEAT

direção do CEAT | Emília Maria Fernandes

direção do Centro de Estudos Therezinha Gonzaga | Maria de Fátima Sousa Serra

REVISTA

editora | Maria de Fátima Sousa Serra

revisão de textos | Silvia Carvão

jornalista | Gabriela Bridi

projeto gráfico e diagramação | Estúdio Malabares _ Ana Dias

diagramação | Estúdio Malabares _ Fernanda Guizan

fotos | Aloysio Araripe e Cristiano Trad

foto da capa | Ana Dias

colaboradores | Bruno Biaz, Camila Morgado, Renan Gi e Teresa Karabtchevsky