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2015 Ano VII Edição 13 Janeiro/Fevereiro Marcos Pereira advogado e Presidente Nacional do PRB P. 05 P. 10 P. 06 A IDENTIDADE SOCIAL FEMININA P. 14 ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS NO BRASIL E A LIBERDADE POLÍTICA ATUALIDADE DAS CONTRATAÇÕES INTERNACIONAIS P. 12 COLEGAS ADVOGADAS E ADVOGADOS “Repudio de forma contundente, inclusive como líder partidário, qualquer tentativa de afastar o advogado de qualquer ato judicial e administrativo que envolva a garantia do cidadão” Entrevista

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1Janeiro/Fevereiro 2015

2015Ano VII

Edição 13Janeiro/Fevereiro

Marcos Pereiraadvogado e Presidente Nacional do PRB

P. 05 P. 10

P. 06

A IDENTIDADE SOCIAL FEMININA

P. 14

ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS NO BRASIL E A LIBERDADE POLÍTICA

ATUALIDADE DAS CONTRATAÇÕES INTERNACIONAIS

P. 12

COLEGAS ADVOGADAS E ADVOGADOS

“Repudio de forma contundente, inclusive como líder partidário, qualquer tentativa de afastar o advogado de qualquer ato judicial

e administrativo que envolva a garantia do cidadão”

Entrevista

3Janeiro/Fevereiro 2015

Eleições Presidenciais no Brasil e a Liberdade Política

Política

“A conivência, a corrupção e a enganação política do povo por governos populistas próprios de outras épocas tem se tornado uma realidade atual”............................ P. 05

Capa

Marcos PereiraO advogado Marcos Pereira tem 42 anos, é casado, e se destacou em 2014 por ter feito do PRB o partido que mais cresceu no Brasil ao saltar de oito para 21 deputados federais. Em entrevista ao Jornal da FADESP, ele fala o que pensa so-bre a OAB e a atuação dos advogados nas relações de poder no Brasil......... P. 06

Artigop. 09_Não pare de aprender para não parar de crescer

P. 09_Denúncia contra irregularidades na gestão IPESP da Carteira de Previdência dos Advogados

p. 09_ IMÓVEL ABANDONADO É SAÍDA PARA DÉFICIT HABITACIONAL

P. 10_ ATUALIDADE DAS CONTRATAÇÕES INTERNACIONAISPor Maristela Basso

P. 11_ BEBER UM MÍNIMO DE TRÊS LITROS DE ÁGUA DIARIAMENTE REDUZ A CHANCE DO DESENVOLVIMENTO DE DIVERSOS TIPOS DE CÂNCERDra. Katia Haranaka

P.14_A IDENTIDADE SOCIAL FEMININAPor Ana Vastag

Carta

COLEGAS ADVOGADAS E ADVOGADOS“A simples reflexão sobre a conjuntura que abarca o Brasil há anos é resposta imediata a confirmar que erramos!”.................................P. 12

Nesta Edição

Janeiro/Fevereiro 2015 4

Editorial Palavra do Presidente

Raimundo Hermes BarbosaPresidente da Federação das Associações dos Advogados do Estado de São Paulo. (FADESP)

Em uma sociedade baseada no respei-to pela Justiça, o advogado desem-penha um papel especial. Sua tarefa

não se limita ao fiel cumprimento de um mandato dentro da lei. O advogado deve garantir o respeito pelo Estado de Direito e os interesses daqueles que devem defen-der os direitos e liberdades; o advogado tem o dever não só de defender a causa, mas também ser o diretor de seu cliente.

A advocacia deve ser um compromisso em prol da Justiça e, assim, criar as condi-ções de fundo para a paz.

Naturalmente um advogado procurará o sucesso, mas este há de estar subordi-nado ao critério da justiça, à vontade de atuar o direito e à inteligência do direito. O sucesso pode tornar-se também um ali-ciamento, abrindo assim a estrada à falsi-ficação do direito, à destruição da justiça. Servir o direito e combater o domínio da injustiça é e permanece a tarefa funda-mental do advogado.

Num momento histórico em que o Ho-mem adquiriu um poder até agora impen-sável, esta tarefa torna-se particularmente urgente. O Homem é capaz de destruir o mundo. Pode manipular-se a si mesmo. Pode, por assim dizer, criar Seres Huma-nos e excluir outros Seres Humanos de serem Homens.

Tomás de Aquino, um grande jurista, disse que o Homem delinquente, malfei-tor, não é naturalmente diferente do Ho-mem justo e, por isso, existe a necessida-de de um juízo público para determinar se haverá a pena de morte para a saúde da comunidade. E é papel do advogado a luta pela aplicação de um julgamento justo, pois os Homens se igualam, mas a pena capital permanece para o bem da dignida-de da coletividade, devendo ser aplicada proporcionalmente em um sentido máxi-mo de Justiça.

Está claro que, logo aqui, surgem imensas dificuldades. Como se reconhece o que é justo? Como se pode distinguir entre o bem e o mal, entre o verdadeiro Direito e o Direito apenas aparente?

Será possível olhar o passado com os olhos do presente? E para qual passado? Aquele que foi transmitido por alguém que com ele se beneficiou ou aquele que foi transmitido pela glória das batalhas em conjunto?

Será possível que toda a busca pela liderança de nossa classe, parte de espe-culação sobre premissas erradas, conse-quência dos interesses pessoais de quem especula?

Para isso, precisamos reconhecer o nosso passado, pois ele possui a única es-sência que determina o nosso futuro.

Na esteira de reivindicações, o advo-gado deve ver sua própria dignidade ao se enxergar no espelho: cada um deve se olhar e se achar digno, e credor de consi-deração, respeito e Direitos.

Não faria nenhum mal que a advocacia retomasse a sua qualidade geral de reco-nhecimento na defesa daqueles que care-cem de ser tratados com respeito e lisura, pois o indivíduo não pode ser objeto de qualquer tipo de agressão ou tratamen-to vexatório, minimizador, degradante. Hannah Arendt enfatiza que o direito fundamental de cada indivíduo, antes de qualquer dos direitos enumerados em de-clarações, é o direito a ter direitos, isto é, o direito de pertencer a uma comunidade disposta e capaz de garantir-lhe qualquer direito.

Evidentemente que os ataques mais violentos e graves a esta dimensão en-tram na tutela jurídica, e em última ins-tância no foro criminal. Depois, há que não se esquecer das condições materiais mínimas indispensáveis ao florescimento não só do respeito social, infelizmente é assim, como o da própria autoconsciência da dignidade pessoal. E sem esse mínimo de condições de subsistência, em que, mais que subsídios, sobretudo incluímos o emprego, nem se é respeitado, nem o próprio, muitas vezes se respeita ou pode dar ao respeito.

A prerrogativa do advogado é não se diminuir ou ter receio de desagradar qual-quer dos integrantes da família forense, Juiz, Promotor, Delegado, autoridade Ad-ministrativa ou Cartorário quanto estiver no exercício de mister ou munus público. A prerrogativa do Advogado não é garan-tia de descumprimento de lei A prerrogati-va não é do Advogado, mas uma garantia da pessoa que o Advogado patrocina é, portanto, uma garantia irrenunciável das pessoas e da sociedade.

Com efeito, devemos olhar para o passado, e assumirmos a postura crítica daquela OAB que após o AI-5, em um resgate motivado no advogado, assistin-do-o, amparando-o, defendendo-o em suas prerrogativas, enfim retomo sua eter-na busca vocacional de defesa do Estado Democrático de Direito, de Defesa dos Direitos Humanos, como um grito que merece ser ouvido na valorização e defesa de toda a Advocacia.

O ESTADO DE DIREITO E UMA SOCIEDADE DEMOCRÁTICA

O Jornal FADESP é uma publicação bimestral da FADESP – Federação das Associações dos Advogados do Estado de São Paulo. Conselho Editorial: Raimundo Hermes Barbosa, Denerval Machado Rodri-gues de Melo, Roberto Marques, Jorge do Nascimento, Durvalino Picolo.Tiragem: 100.000 exemplaresDesign e Diagramação: Alison Leite Fone 11.951342472Jornalista Responsável: Alberto M. Danon (MTB: 34760)Rua da Glória, 98, 1º andar, Liberdade, São Paulo, Capital – SP - CEP: 01510-000 Fones: (11) 3101-1589/3105-5210Os artigos assinados são de inteira res-ponsabilidade de seus autores.

Dr. Raimundo Hermes Barbosa, Advogado, fundador e presidente da FADESP desde 1988, secretário-geral da CAASP, 1991/1993; vice-Presidente da CAASP, 1993/ 1995; secretário-geral da OAB/SP, 1995/1997; Presidente da Carteira de Previdência dos Advogados, 2004/2009; Conselheiro Federal Titular, 2007/2009;

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A história política mundial registra um enfrentamento clássico envolvendo o povo, os governantes e o poder econômico, polarizados pela extrema intervenção de Estado na atividade econômica e pelo capitalista libe-

ral alicerçado em um falso Estado Democrático. As obras clás-sicas de Aristóteles e Montesquieu estabeleceram diferenças tipológicas de regimes políticos relacionados ao povo e ao go-verno. Políticos enfrentam adversários bradando por suas su-postas ideologias, permanecendo camuflada ao povo as reper-cussões econômicas e sociais delas decorrentes. A Venezuela é oficialmente uma República com sistema Presidencialista e regime político Democrático estabelecido na constituição de

1999, porém com intervenção excessiva do Estado, sem nunca se afastar do Capitalismo de Estado e de uma farsa comunista muito mais “hobinhoodiana” que “Marxista”.Seu sistema eleitoral é de voto não obrigatório, livre, direto, universal e secreto para Pre-sidente e para os Deputados Federais. O Senado foi extinto com a Constituição de 1999, sendo hoje um parlamento unicameral. Se o VOTO é livre e os eleitores podem votar em seu Presidente e em seus Deputados Federais, os quais têm o poder de comandar o país, tal regime poderia ser chamado de ditadura? Se a Venezuela garante a liberdade do voto e se diz democrática, com eleições periódicas, poderia ser chamada de ditadura? O Presidente já falecido seria um ditador mesmo depois de morto?La película “El DEDO” coproduzido entre Argentina e México pode explicar em parte esse fenômeno.O povo não tem liberdade política ou é intencionalmente submisso?A ausência de liberdade nos dias de hoje se divorcia muito dos grilhões próprios da escravi-dão e se aproxima em muito da condição famélica a que os escravos eram submetidos após a alforria. A crença messiânica de que nada pode mudar e a lei do menor esforço atende aos interesses mesquinhos do povo preguiçoso e covarde, levando quaisquer dos dirigentes irresponsáveis fazer deste conhecimento comportamental, uma “arma bacteriológica” dis-persada de material pouco turvo e inodoro chamado de favorecimento dos mais humildes.Eleger um DEDO, ainda que maduro, reflete um pacto subserviente entre oposição e situa-ção, onde a oposição faz crer a todos que está disputando uma eleição, quando em verdade está intencionalmente se prestando, apenas, a homologar vitória do continuísmo sistémico, ignorando de forma inconteste que o eleito é um DEDO. “Dedazo”, da cultura eleitoral mexicana, tem se tornado uma realidade em todos os países de cultura falsamente titulada de democrática permitindo que seus governantes criassem mecanismos legais para garantir décadas de poder.A conivência, a corrupção e a enganação política do povo por governos populistas próprios de outras épocas tem se tornado uma realidade atual, pela manutenção do comando da massa humana submissa economicamente e pelas políticas falsas de enfrentamento aos america-nos, como se fossem eles os piores inimigos da Terra. Cuidado, é possível que sejam, dota o ciclo de eleição do “DEDO”.Quem tem a capacidade de manipular a informação, manter a venda de petróleo para os americanos, controlar pelo Estado a livre iniciativa empresária empreiteira, seja pelo impos-

to, pelo câmbio ou pela propina, de dis-tribuir prato de comida aos famintos, e ainda, assegura a liberdade política do povo para votar nos nomes que o poder submete ao pleito não precisa fraudar a eleição e a quantidade de votos.Defender um suposto bipartidarismo americano, sem divulgar que lá são mais de duas centenas de partidos e que o sistema de uso é pouco democrá-tico, “the winner takes it all”, teoria de quem tem metade mais um leva tudo, próprio da ditadura da maioria pouco diverge da falsa democracia.Fica evidente que o povo venezuelano tem “liberdade política”, assim como fica evidente, que a liberdade é restri-ta ao direito de votar reiteradamente no governo. Este “déjà vu” é conhe-cido dos brasileiros que tem em sua constituição a garantia da “liberdade política” e em seu “dia a dia”, uma condução mental que o leva a acredi-tar na importância da manutenção de um governo populista que lhe garanta a condução, a escola, a saúde, a co-mida, a moradia e o circo. “Geração Nem-Nems”A distribuição de benesses “hobinhoo-diana” como bolsa família, bolsa esco-la, bolsa alimentação e a pior delas, a bolsa vazia de esperança futura de uma política social justa pela construção de oportunidades iguais para todos, dimi-nuindo as diferenças e fomentando o trabalho, faz parecer doenças políticas culturais e produtivas de países do pri-meiro mundo que apostam em escolas de período integral e longos períodos de trabalho.Recria-se a história do DEDO eleito. O povo não conhece quem elege e aca-ba elegendo o DEDO ou a falta dele e a oposição se cala porque compactua para manter as benesses que a partici-pação no governo proporcionará, seja como situação, seja como oposição. O DEDO representa um energúmeno que se apresenta como representante de um país, fala como se representasse o povo e na verdade é um “DEDO” ma-rionete controlada pelo poder econômi-co. Lembrem que Maduro em sua posse afirmou que governará com a oposição e garantiu o diálogo. “déjà vu”

ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS NO BRASIL E A LIBERDADE POLÍTICAPor Everson Tobaruela

Prof. Dr. Everson Tobaruela, Advogado; Dou-tor Honoris Causa; Mestre em Direito PUC/SP; Professor de Direito Eleitoral da ESA/SP; Conselheiro Seccional da OAB/SP 2004/2009; Presidente da Comissão de Direito Político e Eleitoral da OAB/SP 2004/2008.

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Fadesp Capa

Marcos PereiraO ADVOGADO MARCOS PEREIRA TEM 42 ANOS, É CASADO, E SE DESTACOU EM 2014 POR TER FEITO DO PRB O PARTIDO QUE MAIS CRESCEU NO BRASIL AO SALTAR DE OITO PARA 21 DEPUTADOS FEDERAIS.

Jornal da FADESP: O senhor é Advogado, comanda organiza-ção partidária a nível nacional e exerce uma liderança política nas casas legislativas brasileiras. Os parlamentares produzem leis todos os dias e que interferem na vida de todo cidadão. O senhor considera que ser Advogado contribuiu e foi importante para a construção e organização de uma instituição que elege representantes nas casas legislativas? O conhecimento jurídico é importante na construção de leis? Marcos Pereira: Sem dúvida, sim. É do Congresso Nacional, das casas legislativas e dos Poderes Executivos e Judiciários a responsabilidade de produção de boas normas. Conhecer o Direito, dominar o processo “lege ferenda” contribui para cons-trução de leis que respeitem a Constituição e, sem dúvida, nos coloca um passo a frente. A experiência de assumir o comando de uma agremiação com poucos recursos do fundo partidário e poucos representantes, e transformá-la em uma instituição com representação nacional, contribuir com a elevação da receita, eleger dezenas de parlamentares, fomentar e fazer da Funda-

ção Republicana uma escola de política reconhecida em todo território nacional foi nosso desafio. O Brasil não aceita mais o oportunista e o neófito no comando das instituições séria. A Advocacia precisa ser entendida como sinônimo de estudo constante, reciclagem e capacitação, permitindo que espaços de relevância nacional tenham profissionais do Direito, evitando erros e inercias que a final repercutirá em toda a sociedade.

JF: É sabido que as mudanças legislativas e os novos en-tendimentos dos Tribunais também exigem a reciclagem e o aperfeiçoamento constante do profissional Advogado. Como o senhor vê a importância das instituições de classe dos ad-vogados neste processo e qual a sua experiência e a contri-buição neste processo?MP: A legislação no Brasil é um organismo vivo que sofre modificações a todo instante. Por isso penso que a OAB, por meio da Escola Superior de Advocacia (ESA), deveria inves-tir pesado nos cursos de reciclagem com valores subsidiados.

“A OAB precisa se aproximar dos movimentos sociais”

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Em nossa instituição partidária, temos a Fundação Republicana Brasileira (FRB), o braço intelectual do partido. Desde que as-sumi a presidência, determinei que a entidade oferecesse cursos de formação política e de temas específicos, como prestação de contas, inclusive à distância, pela internet. Recentemente, a FRB implantou o primeiro curso de pós-graduação, além do ensino de língua estrangeira. Tudo gratuito. Fizemos isso pen-sando na qualidade técnica não só dos profissionais que atuam nos bastidores, mas dos presidentes estaduais e municipais e dos nossos mandatários.

JF: O artigo 133 da Constituição afirma que o advogado é indispensável à administração da justiça. Há uma tentativa constante de diminuir a importância do Advogado no Pro-cesso e uma confusão entre o que é prerrogativa do advoga-do, fazendo parecer que se trata de uma garantia para des-cumprir a lei. Como o senhor vê a importância do Advogado no processo e a garantia de suas prerrogativas? MP: Repudio de forma contundente, inclusive como líder parti-dário, qualquer tentativa de afastar o advogado de qualquer ato judicial e administrativo que envolva a garantia do cidadão, em especial do hipossuficiente. A prerrogativa do advogado não é garantia de descumprimento da lei. Não é se diminuir ou recear desagradar qualquer dos integrantes da família forense, mas sim a garantia da pessoa que o advogado patrocina, o que a torna irrenunciável para a sociedade. O Advogado é essencial a ad-ministração da Justiça. O Brasil tem que garantir ao brasileiro o direito a um advogado, qualquer que seja a questão, e em qualquer ramo do direito, especialmente quando haja hipossufi-ciência da parte envolvida, ressalvada as exceções já existentes dos juizados especiais. Esse custo deve ser pago pela sociedade por meio de convênios coma OAB, mediante remuneração justa e não inchando a máquina do Estado.

JF: Há muito é uma reivindicação da advocacia que as prer-rogativas sejam criminalizadas. Qual é sua opinião sobre a criminalização das prerrogativas? MP: É comum vermos na mídia promotores, juízes, delegados e até mesmo funcionários desrespeitando as prerrogativas do advogado, fazendo parecer que no exercício da atividade o profissional não merece respeito e que se confunde com o

cliente. O tripé da Justiça é integrado pelo advogado em igual nível, impon-do tratamento igual por todos, em espe-cial juízes e promo-tores. Se é possível entender como de-sacato suposta ofen-sa a juiz e promotor, também é necessá-rio que se entenda como crime a ofen-sa ao advogado. Ou então teremos dese-quilíbrio. Por isso é tempo de lutar pela criminalização das prerrogativas, não da forma lenta como vem sendo tratada.

JF: Parece que há uma tentativa constante de invasão de com-petência de um órgão do Estado por outro. O Ministério Públi-co insiste em garantir o direito de fazer o papel da polícia, não o de atuar como autor da ação em nome do Estado, insistin-do na produção de provas, sem a garantia do contraditório e quase sempre articulado com o juiz que decidirá a causa, man-tendo sigilo absoluto do processo. Como o senhor vê a atuação da OAB no sentido de coibir está prática, inclusive em relação a produção legislativa e nas questões que estão submetidas as Cortes Superiores?MP: Antes de tudo, a OAB não pode ficar à margem dessa dis-cussão. A entidade deve assumir seu papel de protagonismo e defender sua posição. A respeito do tema propriamente dito, quero trazer uma ótica diferente sobre essa questão. A PEC 37, por exemplo, que foi enterrada no Congresso Nacional, em 2013, e que tratava do poder de investigação criminal do Mi-nistério Público foi mal explicada para a sociedade, que saiu às ruas pedindo seu arquivamento. Justamente porque se observou apenas o lado do MP, e não o das polícias (civil e federal) e dos próprios advogados, que se veem em condições desiguais no acesso a documentos, testemunhas e até na quebra de sigilos. Nesse sentido, a OAB poderia iniciar uma ampla campanha de conscientização das pessoas e obter o apoio da sociedade para essa questão.

JF: Não poderíamos deixar de perguntar o entendimento do Estado Laico. É notório que grande parte das religiões busca na garantia do Estado Laico um instrumento para criticar outras instituições religiosas. É de conhecimento geral que uma pessoa não pode nem mesmo ser presa se estiver em sua cerimônia de casamento. Um templo religioso é salvaguarda, não é? O senhor entende que a ofen-sa, a perseguição ou a interferência inclusive judicial que impeça, interrompa ou prejudique culto deva ser impedida por lei, inclusive criminalizando as práticas? Porque uma instituição religiosa não pode fazer políticas, se os sindicatos, as universidades, as entidades de classe, os clubes de serviços e a maçonaria fazem? MP: O Estado é e deve se manter laico, mas as pessoas não o são. Uma nação é constituída por pessoas e, pela premissa anterior, a nação não é laica. As políticas públicas não devem observar a profissão de fé do cidadão, que deve ser tratado em condição de igualdade como garante a Constituição Federal. Mas é comum assistirmos a determinadas inter-ferências do Estado na religião e da religião no Estado, gerando confu-são. No passado, a igreja Católica exercia papel quase que de domínio nos governos e reinos. A Inquisição é o exemplo máximo dessa mistura pouco saudável. Mas não dá pra desconsiderar o papel político que as entidades religiosas exercem, sejam a própria igreja Católica, as igrejas evangélicas, o espiritismo, entre outras. Não há diferença entre a fé e as entidades de classe, o objeto é comum. De um lado está a prática religiosa, de outro a luta pela categoria. As pessoas são as mesmas. Elas se reúnem pelo que comungam e não pelo que as distanciam. A OAB, portanto, deve zelar pelo respeito às diferenças e garantir que toda sociedade participe ativamente das decisões políticas sem levar em conta as crenças pessoais.

“O tripé da Justiça é integrado pelo advogado em igual nível, impondo tratamento igual por

todos, em especial juízes e promotores. ”

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Fadesp Capa

JF: É evidente que as instituições e a sociedade organizada, seja condomínio, associação amigos de bairro, clubes de servi-ços, atividades religiosas, maçonaria, entidades de classe, sindicatos, federações, confederações, centrais sindicais, fundações, associações diversas, conselhos, casas legislati-vas e todas as organizações da sociedade tem um propósito único de representar uma parcela da população e defen-der estes direito, visando melhoria. O que vemos com a corrupção, com a disseminação da garantia do direito de mentir, com o descompromisso com a moral, causas que aumentam a distância entre ricos e pobres, diminuem a cultura e qualidade social da população, é a falência do sis-tema representativo. O senhor entende que os movimentos de rua foram comprovação de que a sociedade não se sente representada? MP: As manifestações de junho de 2013 tinham uma única pauta inicial: reverter o aumento de R$ 0,20 na passagem de ônibus em São Paulo. Ponto. Vamos deixar de lado o ufanismo de que “o gigante acordou”, que o povo foi às ruas protestar contra políticos, contra a Copa, contra tudo. Protestaram con-tra a Copa: teve Copa, e foi uma das melhores de todos os tempos; protestaram contra o governador Geraldo Alckmin: foi reeleito no primeiro turno; protestaram contra Dilma Rou-sseff: foi reeleita presidente do Brasil. Parte do Congresso Na-cional foi renovada, mas os políticos tradicionais continuam lá. Desde que o mundo é mundo as pessoas estão insatisfeitas. Isso é do ser humano. Num dos primeiros atos democráticos conhecidos, o povo escolheu soltar Barrabás e crucificar Jesus. O problema, portanto, não é do nosso tempo e nem das nossas instituições, é a própria sociedade, que não se encontra. O que compete a nós, cidadãos, e à OAB, por exemplo, é a contínua conscientização da sociedade para fazer o que é certo, o que é de bem. Vamos vencer pelo bom exemplo.

JF: A OAB por anos foi líder em confiança pela sociedade brasileira e hoje fica a margem dos grandes temas, apa-recendo em uma ou outra reportagem inicial, muito mais para anunciar que fará estudos do que demonstrar pró ati-vidade. Como o senhor vê a importância da OAB e quais seriam alguns dos pontos importantes para que a institui-ção possa contribuir ou interferir na mudança deste qua-dro. MP: É nas ruas que as coisas acontecem. É lá que a OAB precisa estar. A entidade precisa se aproximar dos movimen-tos sociais e setoriais, se envolver nas atividades de base, se relacionar com protagonismo e independência com os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e fortalecer sua participa-ção na imprensa. O povo precisa conhecer de fato a OAB. A luta pela valorização do advogado não pode ser apenas uma retórica. Tem que ser prática. Tem que funcionar. É mais que necessário investir na capacitação e na reciclagem dos nossos profissionais tendo em vista o fortalecimento da entidade. Só com uma OAB forte, com seus membros preparados, podere-mos voltar à posição de destaque de outros tempos. Eu acre-dito nisso.

“O que compete a nós, cidadãos, e à OAB, por exemplo, é a contínua conscientização da sociedade para

fazer o que é certo,”

Dr. Marcos Pereira, advogado e presidente nacional do PRB

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9Janeiro/Fevereiro 2015

Não pare de aprender para não parar de crescer

Mais um ano de ativi-dade da FADESP em busca do conheci-mento para desenvol-

ver novos objetivos para todos. O desafio é construir profissionais e equipes em seus quadros para que as metas e resultados sejam alcançados. Hoje temos emprego sobrando, mas falta gente qualifi-cada e disposta a trabalhar pesado. Gente que entenda que sucesso e construção de carreira só vêm de-pois de alguns anos de muito suor.

Muitos jovens me perguntam que curso fazer, qual é a profissão que eu indicaria? O que tem futu-ro? Fico feliz de eles acharem que eu sei a resposta. Não sei. Mas o que eu realmente acredito é que qualquer profissão é maravilhosa, desde que você faça o que gosta, não se preocupando com o dinhei-ro ou com o reconhecimento.

Tenho a absoluta certeza de que para se chegar ao ponto de ganhar dinheiro e ser reconhecido, você terá que passar por muitos obstá-culos, muitas dificuldades e se não gostar do que esta fazendo, prova-velmente irá desistir.

Não pare de estudar, terminou a graduação, procure uma pós, ter-minou a pós, (re)veja o que gosta e que caminho vai seguir ou que curso vai fazer na sua área. Nunca pare de aprender.

Aprender é como andar de bici-cleta, se parar de pedalar você cai.

Boas pedaladas!

Denerval MeloVice Presidente FADESP

LEGISLAÇÃO que regulamenta no âm-bito do município as disposições contidas no inciso III do artigo 1275 e as do artigo

1276 - ambos do Código Civil Brasileiro - para constatação, encampação, arrecadação e posterior transferência da propriedade/domínio ao Poder Público Municipal de imóvel urbano abandonado já é realidade na cidade de Campinas.Chamado de “arrecadação de bens abando-nados”, o texto do Código Civil define que o abandono é causa de perda da propriedade, podendo o imóvel ser arrecadado como bem vago, passando o domínio à Municipalida-de, independente de pagamento ou indeni-zação. Sustentado nessa premissa, projeto de lei do vereador Marcos Bernardelli, Ex-Presidente da OAB/Campinas, foi aprovado na Câma-ra Municipal e sancionado pelo Executivo Municipal– Lei Municipal nº 69/2014.Segundo o próprio autor do projeto, “o que fizemos foi ordenar as disposições do Có-digo Civil e deixar claramente expressas as condições pelas quais o imóvel urbano pode ser considerado abandonado”. Acrescentou ainda: “queremos caracterizar o abuso do direito de propriedade; quando o proprietá-rio deixa de cumprir com as obrigações de-correntes dessa condição”, afirmou Marcos Bernardelli.A lei municipal nº 69/2014, que trata da perda de propriedade por abandono, abriu caminho para que a Prefeitura de Campinas

passe a usar imóveis abandonados para o melhor aproveitamento dos equipamentos urbanos existentes, possibilitando a imple-mentação de políticas de planejamento de uso e ocupação do solo, regularização fun-diária e diminuição do déficit habitacional.Estabeleceram-se no corpo da Lei as condi-ções – procedimentos administrativos - não só para a constatação do abandono do imó-vel; a utilização do imóvel a título precário até a encampação; a própria encampação; a transferência do bem para o domínio pú-blico e a finalidade que se dará ao bem, ou seja, empregá-lo em projeto de moradias populares, permitir seu uso para entidades civis que comprovadamente tenham fins filantrópicos, assistenciais, educativos, am-bientais, culturais ou esportivos e, aliená-lo a terceiros, mediante procedimento licitató-rio regulado pela Lei Federal nº 8.666/93, abatendo-se do valor arrecadado o ressarci-mento do erário municipal quanto as despe-sas realizadas e devidamente comprovadas pela Administração ao longo do período de encampação para segurança, saneamento e conservação do imóvel, destinando-se o saldo remanescente para financiamento de projetos de habitação popular do município ou depósito em fundo específico com esta finalidade.Assim, normatizando todos os trâmites através do procedimento administrativo competente, estar-se-á resguardando ao pro-prietário, herdeiros, sucessores, possuidores ou qualquer outra modalidade inerente, o di-reito à ampla defesa para elidir a presunção de abandono.

IMÓVEL ABANDONADO É SAÍDA PARA DÉFICIT HABITACIONAL

ACOMPANHADO dos advogados Edson Freire e Iraí Palladino, da Associação de Defesa dos Direitos Previdenciários de Advogados, o deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL) foi recebido em audiência, no dia 1/12, pelo procurador-geral de Justiça, Márcio Elias Rosa, e pelo subprocurador, Sérgio Turra Sobrane.

O objetivo foi solicitar ao MP investigação nas denúncias sobre o liquidante da Carteira Previden-ciária dos Advogados do IPESP por má gestão dos recursos nas aplicações feitas em fundos. Carlos Giannazi já havia protocolado representação pedindo apuração dos fatos e acionado as comissões permanentes da Alesp para que Carlos Henrique Flory e Paulo Roma, respectivamente liquidante e presidente do conselho da Carteira, explicassem as operações e abrissem as contas ao conjunto dos advogados.

Também de acordo com os relatos, o Ipesp vem descumprindo o acórdão do STF referente aos julga-mentos das ADIN´s 4291 (PSOL) e 4429 (OAB-Fede-ral), como o não reajuste dos pagamentos a aposenta-dos e pensionistas com base na valorização do salário mínimo e o fato de que o Instituto ainda não retornou aos contribuintes a diferença paga a mais enquanto vigorava a alíquota de 20% de desconto sobre os ven-cimentos no período entre 2009 e 2013.

A ADDPA protocolou em novembro uma representação no MPE contra o Ipesp por improbidade administrativa e o procurador-geral disse à comissão que em breve retornará com um estudo do caso para que se façam os encaminhamentos necessários.

Denúncia contra irregularidades na gestão IPESP da Carteira de Previdência dos Advogados

Marcos Bernardelli

10Janeiro/Fevereiro 2015

O ciclo da vida de um contrato internacional se perfaz mediante três fases fundamentais: a

formação (gestação), a conclu-são (aperfeiçoamento) e a exe-cução (consumação). Em cada uma delas, o ajuste da vontade das partes contratantes adquire contornos particulares, e todas são indispensáveis à constitui-ção, modificação e extinção dos vínculos jurídicos.

A fase da formação equivale ao período de geração propriamente dito do contrato, quando este dei-xa o plano da cogitação e entra para o da existência. Por meio dela, as partes contratantes vão subindo os degraus de uma esca-da imaginária que as conduzirá à conclusão do negócio. A cada de-grau galgado, elas revelam suas intenções e consolidam a disposi-ção negocial, praticando atos que visam diretamente à celebração do contrato. Devemos considerar que cada degrau alcançado com-promete as partes e as vincula em direção à conclusão do negócio. Não é possível, portanto, o retor-no sem que o equilíbrio atingido venha a sofrer alterações. Se isso ocorrer, levanta-se a questão da responsabilidade legal do agente causador. A subida dessa escada,

que conduz à conclusão do contra-to, é uma operação, na maioria das vezes, longa e complexa, no que diz respeito aos contratos interna-cionais do comércio.

Um dos temas mais significati-vos hoje, quanto a essa temática, é o processo de formação da vontade das partes, cuja riqueza e comple-xidade exigem tratamento diferen-ciado da disciplina dos contratos internos, capaz de refletir a evolu-ção jurídica e a prática do comércio internacional. Nessa ótica, os con-tratos internacionais são frequente-mente precedidos de negociações que chegam a atingir vasta ampli-tude (formação progressivo-suces-siva), exigindo modelos e procedi-mentos específicos à realidade de cada setor da atividade empresarial.

Nesse processo, há que se dife-renciar, por conseguinte, duas fases distintas, que não raras vezes são confundidas e empregadas como se possuíssem o mesmo sentido e tivessem os mesmos efeitos legais: formação e conclusão.

A formação é o caminho que conduz à conclusão, desde que na-quela visem as partes à realização

do negócio. Nem todo o processo de formação implica necessaria-mente a conclusão de um contrato. Esta última ocorre quando as partes estão maduras para assinar o con-trato e/ou quando uma oferta firme encontra uma aceitação definitiva.

Dito de outra forma, tratativas (ou negociações) e contrato não se confundem. As tratativas podem não ter sucesso, terminando por não vincular as partes. Porém, o resulta-do positivo das tratativas significa um projeto (ou minuta) de contrato,

e o acordo das partes pode transfor-má-lo em contrato definitivo.

A formação dos contratos se reveste atualmente de particular interesse para o comércio interna-cional, que muito representa para o desenvolvimento dos países e das empresas. É verdade que os empre-sários se interessam mais pela fase da execução do contrato que pela etapa da sua formação, ou por suas condições de validade, uma vez que a maioria das questões litigiosas surge quando da execução do con-trato. Entretanto, os empresários devem ter presente que muitas das questões concernentes à execução (e também à fase pós-execução) dos contratos supõem a solução preliminar de certos problemas que surgem no período de sua forma-ção. Antes de saber se o contrato é executável, impõe-se verificar se foi validamente formado, e em que momento e lugar se formou.

A importância aumenta se es-tivermos diante de uma relação contratual complexa, com vários contratos interligados e muitos de-les precedidos de acordos prelimi-nares, memorandos de intenção etc.

Ademais, a atenção ainda deve ser redobrada nas contratações por fax, correio eletrônico, videoconfe-rência, telefone que alteram subs-tancialmente as modalidades tradi-cionais de formação dos contratos, dando origem a novas e revolucio-nárias fórmulas, mais dinâmicas, que reduzem as funções do papel, alterando assim toda a sistemáti-ca de prova e fazendo com que os meios eletrônicos assumam função evidente, de modo a ensejar novos e palpitantes problemas jurídicos.

ATUALIDADE DAS CONTRATAÇÕES INTERNACIONAISPor Maristela Basso

Profª. Drª. Maristela Basso, Advogada; Professora livre-docente de Direito Internacional da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Professora de Pós-Graduação na Escola Paulista de Direito - EPD. Professora/Tutora da Academia Mundial da Organização Mundial da Propriedade Intelectual - OMPI Genebra. Membro Maior da “Inter American Bar Association”, da “The American Society of Internatio-nal Law”, do Instituto de Direito Comparado Luso-Brasileiro, da International Law Association.

Janeiro/Fevereiro 2015 11

Fadesp Saúde

Todo ser humano deve consumir ao menos três litros diários de água até às 19 horas. Tal procedimento é res-ponsável pela redução significativa nas chances de desenvolvimento de diversos tipos de câncer, como có-lon, mama e bexiga. Quem afirma é a cirurgiã plástica Dra. Kátia Hara-naka.Segundo a médica, o consumo de água pode aliviar diversas indisposi-ções físicas, como acidez estomacal, dores lombares, colite e enxaqueca. “Doenças graves também são com-batidas através da ingestão diária de uma grande quantidade de água. Ca-sos de angina, asma, colesterol, dia-betes e pressão arterial estão entre as que podem ser evitadas.”Outros males minimizados pelo consumo de água são: depressão, perda de libido, fadiga, lupus e es-clerose múltipla. “Todas elas podem ser causadas por desidratação pro-longada”, diz a médica.Uma forma de identificar se o corpo está bem hidratado é através da uri-na, que deve ser sempre incolor ou no máximo de uma cor amarelo cla-ro. Caso contrário, fica identificada

que a quantidade de água ingerida pela pessoa está abaixo do indicado. “Muitas pessoas não bebem a devi-da quantidade de água para que não tenham de ir ao banheiro com frequ-ência, considerando isso um grande inconveniente, quando na verdade devem entender que se trata de um procedimento para melhoria da saú-de e qualidade de vida”.Quando fala sobre a quantidade in-gerida, a cirurgiã não leva em con-sideração a água contida em chás, café ou refrigerantes. “Os três litros devem ser de água pura, seja ela engarrafada ou de fontes naturais”, explica.Dra. Kátia faz questão de lembrar que outros procedimentos são fun-damentais para que a pessoa man-tenha uma vida saudável. “Ativida-des físicas moderadas e regulares devem fazer parte da rotina, assim como se deve cortar do cardápio comidas gordurosas, frituras, be-bidas alcoólicas, leite e seus deri-vados para aumento da qualidade e quantidade de vida, além da redu-ção do risco de doenças”, finaliza a médica.

BEBER UM MÍNIMO DE TRÊS LITROS DE

ÁGUA DIARIAMENTE REDUZ A CHANCE DO

DESENVOLVIMENTO DE DIVERSOS TIPOS DE

CÂNCER

Redução da água no corpo pode causar perda de memória, dificuldades para cálculos matemáticos básicos, problemas de visão, entre diversas outras limitações

Dra. Katia Haranaka

Médica com especialização em Cirur-gia Plástica Estética e ReparadoraMembro do Conselho Regional de Medicina do Estado de São PauloCRM 76611/SPMembro da Sociedade Brasileira de Cirurgia PlásticaMembro da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas

Janeiro/Fevereiro 2015 12

Fadesp Carta

Preclaros,Primeiramente venho cumprimentar cada colega Advo-gada e Advogado desta pátria em razão do período fes-tivo, meus votos são de muita Paz, Saúde e Felicidade, presando pela família, amizade e amor ao próximo. Dito isto, gostaria aqui de externar a mais completa in-dignação diante da atual condição política e social que está a viver nossa nação. Derradeiramente me causa ar-repio e repulsa o fato da sociedade estar anestesiada, inerte, afônica e literalmente letárgica diante das inúme-ras aberrações morais que arrebatam a Pátria. Face a ta-manha imoralidade, completa ausência de compromisso social, notoriamente estas condutas corruptas já estão arraigadas no contexto do Brasil, nossa sociedade aca-ba por flertar com o horrível fato de que somos, senão coniventes, no mínimo, irresponsáveis por não por fim definitivo a tantos desvios.Inegável a perquirição de como encarar nossos filhos no futuro? Iremos afirmar que ESCOLHEMOS NOS CA-LAR? Preterimos a ética em face da autopreservação? Preterimos a moral e nos agarramos na ganância?Ainda que seja a sociedade avessa a tantos desmandos e absurdos morais, a grande massa abdicou de sua moral básica por simples medo de enfrentar seus próprios de-mônios. Teremos a coragem de sabotar a verdade, rees-crevendo nossa história ao afirmar que no afã de poten-cializar a democracia e os ideais coletivos preterimos o esforço e a qualificação, escolhendo um semianalfabeto como salvador da pátria?A simples reflexão sobre a conjuntura que abarca o Bra-sil há anos é resposta imediata a confirmar que erramos!

Tomados pela maior das fraquezas humanas permiti-mos que um grupo sem a menor condição, seja do ponto de vista técnico, seja do ponto de vista ético, se aproprias-se, frise-se, de forma democrática e legalista, não só de nossa pátria, mas essencialmente de nossas aspirações a um promissor futuro! Teria a autolatria e o mais vil dos pensamentos nos arrebatado, nos conduzido a quedar-nos inertes diante dos desmandos e assaltos ao erário e a moral pública?Fato é, que ao menos hoje, estamos amorecidos diante do apodrecimento das estruturas de nossa nação, impedin-do que nossa moral cérnica seja capaz de guinar a atual condição de putrefação do social organismo brasileiro? Sobraram-nos poucas e parcas instituições; são poucos os Homens que ainda insistem em habitar este Brasil, cons-tantemente estamos a presenciar a migração de centenas de milhares de irmãos, que insatisfeitos com a atual condição política e social desta nação, preterem nossa pátria, lite-ralmente abandonando nosso povo à sorte deste governo populista e corrupto.Devo aqui confessar que não há nada mais importante que o Estado Democrático de Direito no organismo social constituído, entretanto, nasce e flui com a Democracia uma série de instituições indissociáveis que visão garantir a real e efetiva materialização do governo isonômico, justo, que emane do povo e governe, pelo, e para o povo.Não irei aqui cobrar posição de nossa OAB/SP, até porque notório que a gestão, que há 14 anos está à frente da Or-dem, frise-se, jamais, teve qualquer intenção, sequer, em zelar por nossa classe, quiçá por nossa sociedade. Vero é que hoje a OABSP, graças a este grupo, representa o que há de mais esmarrido em nossa nação, lamentavelmente...Não raros os fatos históricos que nos comprovam a ausên-cia de compromisso do Ser Humano para com o próximo, notório o fato de que a autopreservação há de se manifestar de forma ávida, por vezes, superando o comportamento éti-co, todavia, tal pensamento arcaico e sem o condão da evo-lução não pode mais habitar esta terra. Estamos no auge da evolução Humana, no apogeu da vida sobre a terra, mesmo sabedores de que a Lei da natural evolução nos comporta tal assombro moral, nossa condição racional e humana há

Dr. Leandro Pinto

COLEGAS ADVOGADAS E ADVOGADOS

Fadesp Amigos

13Janeiro/Fevereiro 2015

de sobrepor estes instintos primitivos que guiaram nossa história até aqui! Imperativo que os façamos cessar!Alerto que a única via para o desenvolvimento humano é a forma coletiva! Temos de alterar nossa conduta, supe-restimando o bem coletivo, estando em consonância com o plural, subjugando o individual, sob pena de travarmos batalha perdida onde o único vencedor será o ódio acom-panhado da escuridão!Amizade, companheirismo, ética e união, são palavras que ganham maior expressão em tempos que clamam por atos fortes, eficazes e coincidentes ao propósito universal e hu-mano de agir em convergência com a moral. Neste ano de 2014 presenciamos um verdadeiro colapso social, milhões de brasileiros foram às ruas, dando um show de civismo e patriotismo, incialmente, pelo pretexto fictício de R$ 0,20, embora todos soubessem que as vozes clamavam, deveras, pela reestruturação da política no Brasil.Então tivemos o vexame da copa e os escândalos com o “suposto” superfaturamento dos estádios e, por conseguin-te, das obras coligadas; as quais se frise, ainda não foram totalmente entregues. Enfim, entre um jogo aqui, e um via-duto que ruía acolá, o brado forte do povo brasileiro se silenciou!Foi então que o golpe de misericórdia na autoestima do nosso povo se perfez, com o resultado das eleições, nossa nação; a mesma que meses dantes se acotovelara nas ala-medas do Brasil por reformas e clamando por ética, agora exerce a democracia reelegendo mais de 87% dos políti-cos, os quais, outrora intentou fazê-los seguir destino idên-tico ao de Luís XVI e Maria Antonieta.Pois sim, passado o pleito nos deparamos com o maior, por enquanto ao menos, dos escândalos de corrupção e desvio que esta nação já presenciou, que a mídia apelidou de Pe-trolão! Aliás o superlativo é bem vindo, pois as cifras são, literalmente nesse sentido!Não paira dúvida sobre o fato de que o sufrágio é a máxi-ma garantia de que é possível restaurar o Brasil, ainda que esmaecido por assombros e intermináveis casos de corrup-ção.Lamentável que tenhamos fundado uma cidade no coração de nossa pátria que tem servido de guarida ao que há de

mais libertino e imoral; lamentável que tenhamos a carga tributária mais alta do planeta, associada a uma classe po-lítica que repele a ética e vive a margem da moral; lamen-tável o exponencial crescimento de inúmeras organizações criminosas, que não satisfeitas se galgam no vácuo deixa-do pelo Estado para flertar com nossas crianças, subtraindo não só o que há de físico, mas essencialmente lhes sucum-bindo a alma.Temos o poder e o dever de hastear a bandeira do bem comum, patrocinar ações de que nos orgulhemos como fi-lhos, filhas, esposas, maridos, pais e mães. Que seja diutur-no este esforço.Para tanto, não é suficiente a consciência de que há proble-mas, mas é preciso adotar o caminho que leve à solução, com parcimônia e racionalismo. A ausência de comprome-timento que impera na alma dos atuais dirigentes do Es-tado há de ter um fim! Que este fim venha pelas mãos do Judiciário e pelo poder do voto consciente e responsável! O exercício de cidadania não pode ser confundido com obrigações do sufrágio, mas é justamente a garantia de respeito à dignidade humana.Como formadores de opinião, é nosso dever mostrar que há formas de alterar o que nos parece perdido; não nos medremos! Quando nos lançam à impotência; não nos abalemos diante de nossa aparente pequenez! Imperativo a ciência de nossa grandeza como Seres e como Nação, galgando o melhor para todos, repudiemos os egos e au-tolatrias individuais. É mister exaltar a Moral e o Amor ao próximo, sob pena de sermos esquecidos até por nós mesmos! Por fim, a melhor reflexão é aquela que advém dos extre-mos, pois sim, estamos a passar por tempos de extremo destemor a Lei, onde se goza a certeza da impunidade. Como Brasileiros, nos é dever cívico, o de apoiar e lutar por nossas instituições, pois será por estas instituições que o Brasil será içado do atual mar de lama que o abarca. Fé irmãos, e que Deus esteja a zelar por nós Brasileiros.Dr. Leandro Pinto, Advogado; Mestrando PUC/SP; Professor e palestrante, sobre Teoria da Argumentação e Direito Internacional Comparado. É coor-denador do programa Conexão Legal, da TV JUSTIÇA do STF.

Janeiro/Fevereiro 2015 14

Editorial Palavra do Presidente

A identidade social feminina fora definida quase exclusivamente em relação ao estado civil e à posição

das mulheres dentro da família, e não em relação ao trabalho, como acontece com os homens.

Atualmente, em face da melhoria das condições indiscutíveis da vida das mu-lheres, considera-se ultrapassada a ques-tão de igualdade de gênero.

É inequívoco o crescimento da partici-pação da mulher no mercado de trabalho sendo um dos eventos mais importantes que afetaram diretamente os países in-dustrializados, porém esta constante não tocou uniformemente todos os níveis e setores do mercado.

Apesar do sucesso – motivado pela a melhora na educação, trabalho, vida cultural e que são utilizados como bases para medir estes indicadores –, existe um mínimo na presença feminina quando são tomadas decisões econômicas e políticas, o que deixa claro que a igualdade entre homens e mulheres está muito longe de ser adquirida.

Poderiam ser os fatores culturais e es-truturais os motivos dessa distribuição desigual da força de trabalho utilizada como razões fundamentais a justificar os fatores culturais, acrescida dos pre-conceitos e estereótipos sobre o que é considerado mais ou menos adequado e apropriado para as mulheres do que aos homens, consequentemente operando como mecanismos de reprodução da de-sigualdade de gênero no local de traba-lho.

Tais fatores têm suas raízes em um passado distante, mas continuam a exer-cer fortemente a sua influência, como por exemplo, a partir de escolhas educacio-nais diferentes e opostas feitas por meni-nas e meninos.

Estas distinções são utilizadas como mecanismos básicos para a progressão da carreira dentro das organizações de traba-lho, mostrando a desvantagem feminina resultante, principalmente, do fato desta pertencer a um grupo permaneceu por um período secular excluído dos jogos de poder.

As posições de poder em nosso país continuam a estar majoritariamente ocu-padas por mãos masculinas. Em orga-nizações, empresas, partidos políticos, órgãos de classe e em todos os campos de trabalho o gênero masculino tende a ocupar posições de maior poder e status, ou seja, nas instituições políticas o núme-ro de mulheres é inferior.

O esforço é enorme para tentar dimi-nuir e, quem sabe acabar, com o precon-ceito e a desvalorização da igualdade de gênero, muito foi conquistado, todavia ainda há o que ser modificado nesta his-tória. O Brasil tem-se utilizado do meca-nismo da cota, que possuiu argumentos favoráveis e desfavoráveis, na diminui-ção desta desigualdade.

Destaca-se que gênero feminino já supera mais da metade das inscrições na Ordem dos Advogados do Brasil, e as mulheres já estão em número maior que os homens nas incontáveis faculdades es-palhadas pelo País.

A participação feminina política é de fundamental importância para o avanço das políticas de igualdade de gênero no Brasil. As mulheres que têm compro-misso com a transformação social lutam com ainda mais empenho por bandeiras de inclusão na sociedade. Tem-se exem-plo a luta por creches, por atendimento na educação e saúde de qualidade, a luta pelo fim da violência e também pelo re-conhecimento de um trabalho invisível que é o doméstico – função esta que vem escravizando milhares ao longo da histó-ria - que submete as mulheres a jornadas duplas de trabalho.

As advogadas, muitas vezes enfrentam jornadas triplas de trabalho, dividindo-se entre o escritório, especialização profis-sional, e a batalha diária na função invi-sível e silenciosa que é cuidar de filhos, organizar a casa, cuidar da família.

A pergunta é clara: se as mulheres são a maioria nas faculdades de Direito, re-presentam hoje a maioria indiscutível dos inscritos nas seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil, tem constitucional-mente os mesmos direitos e os mesmos deveres que homens, por que a participa-ção em cargos de direção ou em postos de destaque ainda é tão pequena, tão ínfima, tão insignificante?

A resposta que cabe a esta pergunta leva a afirmar, com todas as letras, que esta situação de exclusão das mulheres advogadas na composição de postos de destaque e de relevo na vida social está intrinsecamente vinculada a ausência de um crédito curricular de orientação de participação política.

Enquanto o homem foi forjado desde sua existência a exercer atividade política de comando, as mulheres estão passando agora pela qualificação profissional, para somente após o destaque em sua ativi-dade, poder ser chamada a participar do processo político.

Desta forma, refuta-se qualquer análi-se que leve a concluir que esse fenômeno tenha a sua origem num aparente desin-teresse ou falta de estímulo das mulheres em alcançar cargos de direção.

Se uma sociedade perde o respeito pela mulher, corre o risco de um colapso do social, dificilmente recuperável, espe-cialmente hoje, dado os tempos difíceis que estamos a atravessando.

É importante o desenvolvimento no combate da discriminação e promoção de iniciativas que garantam a dignidade, au-tonomia e participação feminina, porque as mulheres, com seus esforços diários, são fundamentais não só para a família, mas também para a sociedade.

A solução para esta distorção passa pela orientação política que não pode estar restrita ao momento eleitoral, cuja chamada para participação quase sempre ocorre em momentos de convenção parti-dária, ou até mesmo depois dela, quando não se dá oportunidade da mulher conhe-cer o que será a nova empreitada. A inser-ção do tema na grade curricular em todos os níveis, desde os bancos escolares, fará a sociedade entender o quanto importante é a participação feminina nos destinos da sociedade como um todo.

No ano de 2015, teremos eleição na OAB, que se não é a mais importante, seguramente é uma das mais importan-tes instituições da sociedade organizada e o destino dela, a mais de cem anos está traçado por parte da representação dos inscritos, uma vez que as advogadas são chamadas a integrar chapas apenas pela sua condição de gênero e não por sua importância, ressalvada é claro algumas poucas colegas hoje que são reconheci-das como líderes de classe.

Aproveita-se esta manifestação para convocar as colegas advogadas a par-ticiparem desta empreitada, não com o cumprimento de cota de gênero de 30% mas sim dividindo em pé de igualdade as chapas futuras.

Há de ser recordada a importância e o respeito feminino em Esparta, onde era comum encontrar mulheres que se dedi-cassem a jogos esportivos e outras ativi-dades, controlando também as finanças domésticas e que participavam de reuni-ões públicas que estavam ligadas a vida política espartana.

Desta forma deve-se permanecer na luta para que se tenha reconhecido a po-sição de advogada, garantindo a todas as mulheres o acesso à cidadania e à inclu-são social, econômica e cultural. Não se pode pensar o futuro sem fazer ações e lutas no presente.

A IDENTIDADE SOCIAL FEMININAPor Ana Vastag

Profª. Mestª. Ana Vastag, Advogada; Doutoranda em Di-reito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP; Mestre em Direito pela Pontifícia Universida-de Católica de São Paulo - PUC/SP; Especialização “lato sensu” em Direito Tributário, UNIVEM Marília; Espe-cialista em Política e Direito Europeu pela Universidade Degli Studi di Macerata; Professora de Direito Eleitoral da Escola Superior de Advocacia – ESA.