revista memo edição nº7
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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente
Maio 2011• MEMO online | 1
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Número 7 - Maio 2011
Um toque de simplicidade entrevista de Bruno Contarini
Um dos principais especialistas em construção
de pontes e viadutos do Brasil
A Alegria do Circo e o conceito inovador do Restaurante Alecrim
Dois segmentos diferentes são os TFG’s selecionados de
Lis Valladares e Bruna Eckhardt para esta edição
SERVIÇOS DOS ECOSSISTEMASA galinha dos ovos de ouro ainda subestimada pela economia tradicional
Lições do JAPÃO e da ALEMANHA ASPÁSIA CAMARGO
MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente
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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente
Maio 2011• MEMO online | 3
PRÊMIO “TOP IMOBILIÁRIO 2009”
PREMAG – Sistema de Construções Ltda.
O que vemos é degradação do planeta, ação predatória, consumo desenfreado, descarte de lixo em larga escala,
exploração do meio ambiente, políticas ultrapassadas
Troque por novas relações de consumo,
conscientização ambiental, desenvolvimentosustentável para garantia da
sustentabilidade ambiental
O grupo PREMAG – Impacto-RIO faz a sua parte. Disponibilizamos formas
plásticas recicláveis para estruturas de concreto.
Aliado a cimbramento racional, reduzimos a quase zero o uso da madeira
empregada na construção civil. Ao utilizar concreto
protendido, aumentamos ainda mais a
eficiência ambiental.
Edifício La Brisa - Praia de Piratininga, 3630 - Niterói-RJ
Cimbramento e Fôrma
Vista superior
SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL
Edifício La Brisa - Praia de Piratininga, 3630 - Niterói-RJ
OBRAS AMBIENTALMENTE CORRETAS
WW.PREMAG.COM.BR
21 2633-9933
MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio AmbienteMEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente
A Revista MEMO é uma publicação
dedicada principalmente à Arquitetura, Engenharia
e Meio Ambiente, que faz a integração do meio
acadêmico com o mercado. Isso é traduzido em
cada publicação, que terá em sua estrutura: artigos
técnicos científicos, ensaios e resenhas, visando levar
ao leitor assuntos abrangentes, como novas técnicas,
projetos acadêmicos, profissionais e o cotidiano
da construção, bem como aspectos voltados para
sustentabilidade e meio ambiente.
A publicação é composta por uma equipe
de professores, estudantes, profissionais e técnicos
que buscam temas de interesse da sociedade, tendo
como berço o Departamento de Engenharia Civil -
TEC, da Escola de Engenharia TCE, da Universidade
Federal Fluminense - UFF e gerenciada pela Fundação
Euclides da Cunha - FEC.
Com 20 mil exemplares e distribuição
nacional e internacional, a Revista MEMO é
apresentada em tamanho 20,5 x 27,5cm com 92
páginas impressas em policromia e papel de alta
qualidade. A publicação também está disponível em
formato digital, com acesso pela web.
Revista MEMORua Passo da Pátria 156, Bl. D, sala 461 - TEC - São Domingos - Niterói - RJ CEP: 24210-240 - Tel.: 21 2629-5447Email: [email protected]
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Prof. Roberto de Sousa Salles - Reitor
Escola de Engenharia - TCE Prof. Hermano José Oliveira Cavalcanti - Diretor
Departamento de Engenharia Civil - TEC Prof. Eduardo Valeriano Alves - Chefe
Diretor da Editora EDUFF Prof. Mauro Romero Leal Passos
Fundação Euclides da CunhaPresidente: Miriam Assunção S. Lepsch
Rua São Pedro 24 Grupo 801Centro - Niterói / RJ - CEP: 24020-050TEL: (21) 2109-1661
Editor: Prof. Luiz Alberto Marques Braga Pardal
Conselho Editorial:
Presidente: Prof. Francisco José Varejão Marinho
Conselheiros – Arquitetura:
Profª. Luciana N. Diniz e Prof. Luiz Renato Bitencourt Silva
Conselheiros – Engenharia:
Prof. Manoel Isidro de Miranda Neto, Prof. Cláudio Ribeiro
Carvalho, Prof. Luiz Carlos Mendes e Prof. Rômulo Silva
Conselheiros - Meio Ambiente:
Prof. Antonio Carlos Moreira da Rocha e Prof. Dalton
Garcia de Mattos Junior
Assessoria Jurídica: Dr. Carlos Augusto Rabelo Vieira
Secretaria: Débora dos Santos Sanábio Barreto
Jornalista Responsável/Revisão: Júlio Santos
Correspondente Internacional: Leandro C. Almeida – Arq. EUA
Direção de Arte: Galiana Le Diagon
Produção Web: Igor Belchior
Produção Gráfica: Jorge Gama
Editora: Synergia Editora
Tiragem: 20 mil exemplares
Distribuição: nacional e internacional, também apresentada
em forma digital, com acesso pela web.
12. Um toque de SIMPLICIDADE | Entrevista de BRUNO CONTARINI | Engenheiro Civil
22. Fazendo jorrar a “ÁGUA ESCONDIDA” | Reportagem com DANTE LUVISOTTO | Diretor da Águas de Niterói
32. O APROVEITAMENTO múltiplo do RIO PARAÍBA do SUL | Professor JOSÉ FERNANDES SENNA | Ex-Chefe do
Departamento de Engenharia Civil da Escola de Engenharia da Universidade Federal Fluminense (UFF)
38. Certificado de SUSTENTABILIDADE para a Construção Civil | Professora ANA L. T. SEROA DA MOTTA | UFF
44. ESCOLA NACIONAL DE CIRCO de Niterói | Trabalho Final de Graduação (TFG) | LIS COELHO VALLADARES
| Escola de Arquitetura e Urbanismo - UFF
56. Plantas na RECUPERAÇÃO DE MANGUES | LUIZ FRANCISCO FONTANA e MIRIAN A. C. CRAPER | Professores
de Pós-Graduação em Biologia Marinha | UFF
62. Lições do JAPÃO e da ALEMANHA | ASPÁSIA CAMARGO | Deputada Estadual do Partido Verde – RJ
68. SERVIÇOS DOS ECOSSISTEMAS: a galinha dos ovos de ouro ainda subestimada pela economia tradicional | ROBERTO DA ROCHA E SILVA | Professor da Estácio de Sá – Rio de Janeiro
74. No “REINO do FAZ DE CONTA” nasceu, fadado ao SUCESSO, o “CONDOMÍNIO RESIDENCIAL FECHADO”
| DR. CARLOS AUGUSTO RABELO VIEIRA | Assessor Jurídico da Revista MEMO
80. Procura-se ENGENHEIROS | Júlio Santos | Jornalista da Revista MEMO
84. Projeto ALECRIM - O Restaurante da Alimentação Viva em Itacoatiara | Trabalho Final de Graduação (TFG)
| BRUNA ECKHARDT | Escola de Arquitetura e Urbanismo - UFF
ISSN 2179 533 9
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UFF.
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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio AmbienteMEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente
Em fevereiro de 2011, atendendo ao convite do Magnífico Reitor
Professor Roberto de Souza Salles, ao assumir a presidência da Fundação
Euclides da Cunha, sabia do desafio que me aguardava. Talvez o mais
difícil da minha carreira funcional. Pensei muito antes de decidir, mas
como minha vida sempre foi recheada de desafios, resolvi aceitar mais
este.
Minha decisão foi calcada na expectativa de ter condições para desenvolver as atividades necessárias ao bom
andamento da Fundação. Como ainda não havia atuado no ambiente de fundação, procurei obter junto a
profissionais com perfis acadêmico e técnico, que possuíssem vasta experiência em gestão de fundações,
auxílio no sentido de desenvolver um trabalho profissional para proporcionar uma nova roupagem à gestão da
Fundação.
A ideia então foi elaborar um diagnóstico de gestão e, para isso, contratar uma consultoria experiente e
conceituada, cuja equipe não tivesse qualquer relação com a UFF ou a FEC, buscando a neutralidade do
estudo, a ser apresentado no período de três a quatro meses.
Já nas primeiras semanas, a consultoria apresentou sugestões e orientações que auxiliaram no melhor
entendimento das dificuldades enfrentadas, permitindo a tomada de algumas decisões com o objetivo de ajustar
procedimentos relevantes ao desempenho da Fundação.
Após três meses à frente da FEC, com o apoio da consultoria, colaboração, direta e indireta, dos coordenadores
e empenho dos funcionários, as primeiras mudanças começam a surgir. Aos poucos a equipe está sendo
estruturada, permitindo a correção do fluxo das atividades e a implementação da nova proposta de trabalho.
Na busca de adequação e melhoria da gestão, diversos pontos merecem atenção, dentre eles: controle das
áreas Financeira, Contábil, Patrimonial, Recursos Humanos, Projetos e Tecnologia da Informação. Além disso,
problemas de infraestrutura física para desenvolver melhor as atividades e também para receber o público da
Fundação, especialmente os coordenadores de projetos.
Desde o início da gestão foram tomadas algumas decisões, como o afastamento e reintegração de funcionários;
alteração de procedimentos; corte de algumas despesas; revisão de alguns contratos; reestruturação da
Assessoria de Comunicação e Marketing; implantação de Assessoria Jurídica própria; proposta de nomeação de
novo Diretor Administrativo e Financeiro; ocupação do cargo de Superintendente; ajuste da área de importação
e compras.
Com o objetivo de oferecer um atendimento adequado aos coordenadores e à comunidade universitária em
geral, investindo em qualidade, qualificação e conhecimento técnico, nosso planejamento contempla, entre
outras ações: elaboração do plano de cargos e salários; criação de regras para o ingresso de estagiários e
funcionários; auditoria de gestão para os exercícios de 2009 e 2010;
instalações físicas adequadas; desenvolvimento de projetos internos
voltados às áreas de Treinamento e Qualidade de Vida; e a criação
de programas que visam aproximação com o corpo discente e maior
apoio ao corpo docente e técnico da UFF.
São muitas as ações e certamente, com o trabalho em equipe,
conquistaremos os objetivos propostos. Desta forma, atenderemos
aos anseios da Universidade, em concordância com a mudança
desejada pelo Magnífico Reitor.
Cordialmente,
Miriam Assunção de Souza Lepsch Presidente da FEC - Fundação Euclides da Cunha
Uma dupla alegria
A edição da Revista MEMO que está nas suas mãos nos brinda com uma dupla alegria. Isto porque, logo
de cara, abre com uma entrevista exclusiva com o mestre Bruno Contarini, engenheiro civil e projetista
que carrega na bagagem uma carreira de 50 anos de trabalho. Bruno reúne, por exemplo, a criação de
projetos estruturais para uma série de obras com o arquiteto Oscar Niemeyer. A lista inclui, entre outros, o
Palácio Alvorada, o Edifício da Universidade de Brasília e o Museu de Artes Contemporâneas de Niterói,
no Brasil, e, no exterior, a Editora Mandodori de Milão, na Itália, e a Embaixada do Brasil na Argélia.
Tudo feito sempre com um toque de simplicidade para projetar ou executar uma obra, o que lhe rende
a marca de ser um dos maiores especialistas em construção de pontes e viadutos do país. Na entrevista,
ele fala de projetos que têm o seu toque, como a construção da Ponte Rio-Niterói e o Elevado do Joá,
no Rio de Janeiro.
A segunda alegria vem com a qualidade dos Trabalhos Finais de Graduação (TFGs), como o de Lis
Coelho Valladares, que carrega a proposta de levantar as lonas para a Escola de Circo de Niterói. Muito
mais do que propor uma nova localização para a Escola Nacional de Circo do Rio de Janeiro, que já
vagou por vários rumos desde que saiu do tradicional bairro da Praça da Bandeira, ela criou um projeto
mágico, em todos os sentidos, que precisa contar com o apoio de todos para virar realidade, e tirar o
circo da corda bamba.
Outro bom exemplo é o trabalho de Bruna Eckhardt, com o projeto de construção de um restaurante
baseado na filosofia da “Raw Food” (que prega a integração do homem com a natureza), na Região
Oceânica de Niterói. Ao projetar uma construção que se destacasse na paisagem pelos traços arrojados
e contemporâneos sem perder o charme rústico, ela acertou em cheio no alvo da “alimentação viva”.
Aliada a esta alegria pela qualidade dos trabalhos de graduação, a Revista MEMO abre um bom espaço
para refletir sobre temas que estão aí no nosso dia-a-dia, passando pela energia, meio ambiente e
hidronavegação, entre outros.
É o caso do artigo da deputada estadual Aspásia Camargo, do Partido Verde do Rio de Janeiro, sobre
energia nuclear. Sem dúvida, a questão, depois do acidente de março deste ano em Fukushima, no
Japão, fará governos de diversos países repensarem o futuro de suas políticas energéticas.
Com tantos atrativos, a Revista MEMO deseja para você uma boa leitura!
O EDITOR
6 | MEMO online • Maio 2011 Maio 2011• MEMO online | 7
MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente
Abril 2011• MEMO online | 9
Produção ACADÊMICA, soluções inovadoras
No campo da Arquitetura e do Urbanismo, raros são os momentos em que os projetos finais de nossos alunos ultrapassam
os limites dos campi. Por diversas razões, os resultados dos trabalhos de conclusão de cursos de graduação em Arquitetura
e Urbanismo são conhecidos, quase que exclusivamente, pelos membros da comunidade acadêmica.
As contribuições decorrentes desses trabalhos, que trazem propostas e soluções para questões concretas do cotidiano
da sociedade, ficam, desse modo, arquivadas, em papel ou meio digital, para consulta de pesquisadores e de outros
alunos. Não que se trate de projetos irrelevantes ou distanciados da realidade, pelo contrário. Simplesmente não há uma
divulgação que possibilite o (re)conhecimento dessa produção realizada no âmbito da Academia.
No caso da universidade pública, em que a formação dos alunos é paga pela sociedade, a ausência de mecanismos que
possibilitem a ampla divulgação do que foi produzido é, sob certos aspectos, ainda mais lamentável, uma vez que essa
produção poderia representar, também, um retorno adicional do investimento realizado pelo país na formação de novos
profissionais.
Esclareço que não se trata de promover uma disputa, injusta, diga-se, com os profissionais que atuam no mercado. Não se
pretende concorrer com arquitetos e urbanistas. Seria, no mínimo, antiético, pois não existem os riscos a correr no exercício
profissional cotidiano, aluguéis a pagar, equipamentos a comprar, pessoal a remunerar, além de taxas e impostos, graças ao
uso de uma estrutura mantida pelos recursos públicos.
Não é desse tipo de prática “capitalista à brasileira”, em que ganhos são privatizados e perdas socializadas, de que estou
falando. Falo de uma produção acadêmica que aponta para soluções inovadoras, abordagens incomuns e desenvolvimento
de temas pouco palatáveis ao mercado profissional. Essa produção precisa ser divulgada para que setores mais amplos da
sociedade a conheçam e, quem sabe, possam se apropriar desse esforço intelectual de nossos alunos e professores.
A Revista MEMO, em boa hora, cumpre um importante papel ao apresentar a produção de nossos, agora, ex-alunos para
um público mais amplo. Ainda que focada no campo da Arquitetura e das Engenharias, esta revista certamente alcançará
outros leitores, e também internautas, além daqueles que convivem conosco na universidade. São gestores públicos,
empresários, membros de organizações não-governamentais, em síntese: todo um público que jamais teria acesso ao que
foi produzido pelo conhecimento, empenho e talento de nossos alunos.
É uma iniciativa importante e que, esperamos, deve prosseguir.
Quanto aos projetos de nossos alunos, que serão apresentados nas próximas páginas,
não entrarei aqui em maiores detalhes. Afinal, a surpresa também faz parte do espetáculo.
Apenas convido para confirmar do que esses jovens arquitetos e urbanistas são capazes.
8 | MEMO online • Maio 2011
Professor Gerônimo Leitão Diretor da Escola de Arquitetura UFF
MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente
No intuito de contribuir, somar e multiplicar conhecimento, toda a Revista MEMO, além de ser distribuída
gratuitamente, está disponível na internet. No nosso endereço WWW.REVISTAMEMO.UFF.BR, você encontrará,
na íntegra, todo o conteúdo das matérias e fotos de cada edição, além de detalhes de projetos e publicações. Não deixe de nos acessar. Interaja e participe conosco!
Serviços dos ecossistemas: a galinha dos ovos de ouro ainda subestimada
pela economia tradicional
Na era de se pensar a urgência de novos conceitos
que agreguem sustentabilidade. ROBERTO DA
ROCHA E SILVA | Professor da Faculdade Estácio de
Sá – Rio de Janeiro Página 68
TFG’s de Lis Valladares e Bruna Eckhardt: A Alegria do Circo e o conceito
inovador do Restaurante de Alimentação Viva que
inspirou o projeto Alecrim
Dois conceitos e segmentos diferentes são os projetos
selecionados para esta edição da Revista MEMO.
Imperdível! Páginas 44 e 84
Vida longa Prof. Pardal, gostaria de lhe dar os
parabéns pela realização da Revista MEMO. Já tive
com a revista em mãos e fiquei encantado com o
resultado. Fico feliz por ter participado, mesmo que
muito inicialmente, da construção desse projeto. Mais
uma vez, parabéns e vida longa à Revista MEMO!
abraços, Adriano Tavares
Parabéns!!! Gostaria de parabenizar a equipe
editorial da revista pela iniciativa empreendedora e
que acrescenta conteúdo na produção acadêmica
de nossa Universidade com uma publicação de
excelente qualidade de diagramação, fazendo votos
que cresça o número de colegas professores no apoio
à geração de artigos para publicação.
Saudações acadêmicas, Fernando Beiriz DSc.
- Professor Associado do Departamento de
Engenharia de Telecomunicações
Boa impressão! Por acaso conheci hoje a Revista
MEMO nº 6, de dezembro de 2010. Como professor
adjunto aposentado, e ex-aluno da Escola Fluminense
de Engenharia, turma de 1959, me senti orgulhoso,
mais uma vez, de pertencer de alguma forma à UFF.
Além de conter material interessante abordado de
forma leve e com fotografias e papel de qualidade,
a revista abre espaço para uma maior integração da
academia com a sociedade. Solicito a minha inclusão
como destinatário de próximos números.
Parabéns! Ronald Young
Qualidade Soube da Revista MEMO pelo professor
Antonio Carlos da Rocha, doutorando (Uerj).
Quero parabenizar a todos que participam desta
publicação, que já nasce madura no sentido da
qualidade dos textos, não apenas esteticamente, mas
principalmente pelos conteúdos dos artigos. Luis
Fernando de Oliveira Gutman, engenheiro químico
(IME-74) - Petrobras
Um toque de simplicidade Entrevista de Bruno Contarini | Engenheiro Civil
Com uma carreira de meio século nas áreas de
projeto e execução de obras, e suas soluções simples.
A receita que rendeu-lhe a marca como um dos
principais especialistas em construção de pontes e
viadutos do Brasil. Página 12
Lições do Japão e da Alemanha: os recentes incidentes colocam em pauta a questão
de se repensar a segurança das usinas nucleares
Um momento oportuno para se debater a importância
das “enegias limpas”. ASPÁSIA CAMARGO |
Deputada Estadual do Partido Verde – Rio de Janeiro.
Página 62
WW
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TAM
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UFF.
BRContinuidade Recebemos e agradecemos o título:
Revista MeMo, nº 6, de 2010. Manifestamos o desejo
de continuar recebendo os próximos números, bem
como os anteriores que serão enviados para a nossa
Biblioteca de Ciência e Tecnologia.
Gladston José Cordeiro - Seção de Intercâmbio
Edições anteriores Com muita satisfação
agradecemos o recebimento da edição nº 6 da Revista
MEMO. Gostaríamos de aproveitar a oportunidade
e solicitar a doação de edições anteriores e pedir
a inclusão da biblioteca de nossa instituição em
sua lista permanente de doações. Agradecemos.
Carmem Lúcia Rubin - Bibliotecária - Biblioteca da
Arquitetura da UFF
Sugestão de pauta Senhores, gostaria de
parabenizar pela excelente revista. Com certeza, mais
um canal de divulgação do pensamento relacionado
à Engenharia/Arquitetura e à sociedade. Sugiro
a redação que, em matérias futuras, destacasse
algum projeto ou dissertação que esteja sendo feito
nas comunidades populares de Niterói (ex. Morro
do Cavalão). Falo isso porque estou fazendo um
trabalho sobre a questão ambiental e sanitária do
Morro do Cavalão, e descobri que existem poucos
trabalhos acadêmicos sobre a importância da
dinâmica espacial das comunidades de Niterói,
principalmente as populares, que, na maioria das
vezes, só são notícias com cunho pejorativo (área
da violência). A revista nº 6 trouxe uma reportagem
sobre a transformação da moradia na favela da
Rocinha. Por que também não fazer uma reportagem
com aqueles que pesquisam as comunidades,
como exemplo, do Morro do Cavalão, Estado,
Cotia, Palácio, Chácara, Vital Brasil, Grota, Souza
Soares etc? À disposição, e obrigado pela atenção
dispensada. Vagner Fia Oliveira - Geógrafo -
Servidor do CREA - RJ
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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente
Além da assinatura de obras com o toque artístico de
Niemeyer, Bruno Contarini tem uma marca própria
como um dos maiores especialistas brasileiros em
pontes e grandes estruturas e portos de mar, rios
e canais. Na bagagem traz, por exemplo, a ponte
sobre o Rio Tocantins em 1960, a Ponte Rio-Niterói
e o Viaduto do Joá, que liga os bairros de São
Conrado e Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Seja
num ou noutro caso, o segredo deste engenheiro
civil formado, em 1956, pela Escola Nacional
de Engenharia da Universidade do Brasil com
especialização em Arquitetura, está em fazer tudo
com muita simplicidade.
“Eu gosto de fazer as coisas fáceis. Não gosto de
fazer nada complicado”, destaca Bruno Contarini,
que junto com Mario Franco, é um dos dois únicos
engenheiros brasileiros citados na Enciclopédia Delta
Larousse. Curtido em canteiros fazendo projetos
e executando obras, ele sente muita falta de um
lugar que considera muito especial: a sala de aula,
de onde está distante há uns 30 anos por não ter
mestrado nem doutorado. “Não fiz mestrado e nem
doutorado porque tinha que trabalhar. Em Brasília, a
gente começava o trabalho às 7 horas da manhã e ia
até às 8 horas da noite, todos os dias, e no domingo,
até o meio-dia. Não tinha tempo para fazer mestrado
ou doutorado”, conta ele, que comanda a Bruno
Contarini Engenharia, lembrando a época de boom
na construção civil brasileira.
Com inúmeros prêmios e a experiência de meio
século de trabalho, Bruno Contarini não pode dar
aula por não ter tais títulos. Na Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), foi por 15 anos
professor fazendo Protendido. E o engenheiro lança
um desafio:
“Tire o Mário Franco do circuito, duvido que exista
um professor que tenha mais experiência do que eu
em obras. Não posso passar a experiência de anos
para os alunos. Isso me chateia bastante”, desabafa
o engenheiro que, nesta entrevista exclusiva para
a Revista MEMO faz um histórico de sua trajetória
e fala sobre o know how da Engenharia do País,
destacando projetos como o da Ponte Rio-Niterói e o
trabalho de recuperação do Viaduto do Joá.
Um toque de SIMPLICIDADE
Quem sente o prazer de ter nas mãos o currículo vitae do engenheiro
Bruno Contarini logo vê que o conteúdo vale muito mais do que
uma entrevista. Um livro talvez seja a melhor mídia para transmitir o
conhecimento de um profissional da mais alta estirpe da Engenharia
brasileira, como provam seus 50 anos de trabalho. Com Oscar
Niemeyer, desenvolveu projetos estruturais para uma série de obras
no Brasil e no exterior. A lista inclui, em solo brasileiro, o Palácio
Alvorada, o Teatro e a Plataforma Rodoviária de Brasília, o Edifício
da Universidade de Brasília, o Tribunal Superior de Justiça (STJ) e o
Museu de Arte Contemporânea de Niterói (RJ). Fora do País, a Editora
Mandodori de Milão, na Itália, a Universidade de Constantine, em
Argel, e Embixada do Brasil na Argélia, para onde foi para montar
um escritório e acabou ficando longos 18 anos.
BRUNO CONTARINI | Engenheiro Civil
12 | MEMO online • Maio 2011 Maio 2011• MEMO online | 13
Júlio Santos | Jornalista da Revista MEMO
Com uma carreira de meio século nas áreas de projeto e execução de obras, o engenheiro Bruno Contarini
gosta de soluções simples. A receita rendeu-lhe a marca como um dos principais especialistas em construção de pontes e viadutos do Brasil
MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente
na prova oral, pois seria primeiro também. Comecei
a pegar as disciplinas todas, como Resistência de
Materiais, que é uma das mais críticas da escola, e
tive 10 na prova. O professor convidava os melhores
alunos para trabalhar no escritório dele, que era
especializado em cálculo estrutural. Trabalhei um
ano e meio, saindo depois para outro escritório de
cálculo, só que voltado para área de protensão. Assim
comecei a fazer protendido como aluno Então, já sai
da escola formado e empregado,
fazendo protendido. Na época,
já pegamos uma série de obras
importantes como o Hipódromo
de Cristal, em Porto Alegre (RS),
até que saiu Brasília. A Rabelo me
levou para fazer as obras dela em
Brasília. Com isso, peguei a parte
de cálculo e de execução também.
Trabalhei com muita execução e
programação de obras. Sou um
dos poucos engenheiros que faz
projetos e execução de obras.
Revista MEMO - Como surgiu a
possibilidade de trabalhar com o arquiteto Oscar
Niemeyer?
Bruno Contarini - O contato com o Oscar Niemeyer
surgiu quando trabalhava na Rabelo, em Brasília,
que fez muitas obras como o Palácio do Alvorada,
o Supremo Tribunal Federal, o Teatro de Brasília, a
Universidade de Brasília e a Plataforma Rodoviária.
Com o trabalho de cálculo dos projetos, fiz amizade
e criei intimidade com o Oscar. Um dos primeiros
projetos foi o Teatro de Brasília, uma grande obra
que tínhamos seis meses para fazer, desde o projeto
original do Oscar até a sua execução. Enquanto ele
Revista MEMO - O currículo do senhor, na verdade,
é quase um livro. Os seus 50 anos de trabalho na
área de Engenharia não deixam dúvidas. Como foi
o começo desta longa trajetória?
Bruno Contarini - Eu me formei, em 1956, pela
Escola Nacional de Engenharia da Universidade do
Brasil, numa época em que o País precisou muito de
engenheiros, no período de governo de Juscelino
Kubitschek. Não fiz mestrado e nem doutorado
porque tinha que trabalhar. Em
Brasília, a gente começava o
trabalho às 7 horas da manhã
e ia até às 8 horas da noite,
todos os dias, e no domingo,
até o meio-dia. Este era o
ritmo de trabalho em Brasília,
onde foram feitas muitas
obras, dando uma confiança
ao engenheiro brasileiro.
Fizemos várias obras, como
a Ponte do Tocantins, que foi
recorde mundial na época; a
ponte de Foz do Iguaçu (Ponte
da Amizade), na ocasião
similar ao recorde mundial. Enfim, existia trabalho
para os engenheiros, com salário bom. Esta época
foi muito boa para toda a engenheira, com um boom
de construções.
Revista MEMO - Por que trabalhar com cálculo
estrutural?
Bruno Contarini - Sempre tive muita facilidade em
Matemática. Fui um dos primeiros alunos da turma,
não precisando fazer nenhuma prova oral nos
cinco anos de universidade. Só fui terceiro lugar
no Vestibular porque um professor me deu nota 3
fazia o projeto arquitetônico, nós cuidávamos da
estrutura e da execução da obra. Depois pegamos
uma série de obras em Brasília e construção de
edifícios, como o Tribunal Federal de Recursos, o
Tribunal Regional Federal, o Ministério de Relações
Exteriores e o Supremo Tribunal de Justiça (mais
recente), além de dar assistência a obras de execução
de projetos como o Palácio Alvorada. No Alvorada,
por exemplo, já fiz muita intervenção para facilitar a
execução da obra.
Revista MEMO - Como o senhor avalia hoje o estágio
da Engenharia brasileira no cenário mundial?
Bruno Contarini - O País sempre teve competência
técnica para fazer obras, com boa qualidade e
prazos pequenos. Por exemplo, fizemos a Estação
Rodoviária de Brasília, que é uma obra de 60 mil
metros quadrados, em um ano. O Teatro de Brasília,
que tinha 21 metros para baixo e 26 metros para
cima, foi feito em seis meses. No caso da Ponte do
Tocantins, o vão central foi feito em 45 dias. Com
200 metros de extensão e 26 metros de largura, o
viaduto em frente ao Banco do Brasil em Brasília, que
Juscelino precisou para inaugurar a capital do País,
também foi feito em 45 dias. Esses são exemplos de
grandes obras.
Revista MEMO - E por falar em grandes obras, o
senhor também trabalhou no projeto de construção
da Ponte Rio-Niterói. Qual foi o desafio de construir
uma ponte de pouco mais de 13 quilômetros de
extensão sobre a Baía de Guanabara?
Bruno Contarini - Na Ponte Rio-Niterói, o prazo
de execução foi de 24 meses, após a entrada em
funcionamento do equipamento de fundação, um
prazo que não existe em nenhum lugar do mundo.
Para o equipamento de fundação funcionar, foram
14 meses. Quando chegamos na ponte estava tudo
embananado. O equipamento de fundação não
funcionava. O primeiro consórcio perdeu a ponte
por causa do equipamento de fundação, pois não
conseguiu fazer os tubulões necessários para a obra.
Aí nós entramos. Fomos à Alemanha e contratamos
equipamentos para fazer as escavações de rocha,
com uma garantia de 30 centímetros por hora. Caso
esta marca não fosse cumprida, o equipamento
ficaria de graça. Os alemães toparam este negócio
desde que os equipamentos fossem operados por
eles. Nesta hora, exigi que o meu pessoal aprendesse
a operá-los com eles. Depois, em rocha que escolhi,
ele fez três metros por hora. Nós podíamos colocar
120 toneladas em cima da ferramenta e ele colocou
60 toneladas apenas. Eu perguntei por que não se
colocava mais para dar uma maior produção. Eles
alegaram que, se colocasse mais, começaria a pular
e não daria produção. Propus que se cortasse a
rocha como se fosse manteiga, dando os tiquinhos
nela. Com isso, deu os três metros por hora. No lugar
em que ia ter 30 tubulões, que faria com que o seu
preço ficasse absurdo, fizemos com oito. Tivemos
Com o trabalho de cálculo
dos projetos, fiz amizade e
criei intimidade com o Oscar.
Um dos primeiros projetos
foi o Teatro de Brasília, uma
grande obra que tínhamos
seis meses para fazer, desde
o projeto original do Oscar
até a sua execução
Teato de Brasília
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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente
mais trabalho para consertar o que estava feito do
que para fazer a obra, que foi entregue no dia 4 de
maio de 1974.
Revista MEMO - O senhor considera a Ponte Rio-
Niterói um modelo de excelência da Engenharia
brasileira?
Bruno Contarini - A Ponte Rio-Niterói, na qual fui
responsável pela execução, era uma obra imensa
onde trabalharam 10 mil operários e 130 engenheiros,
aprendendo a tecnologia da Europa. Depois esta
tecnologia passou a ser adotada no Brasil e o
equipamento Virtus começou
a ser utilizado em larga escala
no País porque funcionava.
Hoje se fala muito em concreto
autoadensável, concreto que
você não precisa botar vibrador.
Isto foi feito numa ponte no
Japão, em 1990, e o inventor
é um japonês. Em 1970, nós
fizemos 150 mil metros cúbidos
de concreto autoadensável,
pois o tubulão para a Ponte
Rio-Niterói não podia vibrar. A Ponte Rio-Niterói
tinha uma tecnologia de ponta, mas muita coisa foi
inventada por nós também, pois tínhamos um corpo
técnico muito bom. Por exemplo, concreto submerso
muito pouca gente no mundo sabia fazer, se é que
tinha alguém que sabia fazer. Com isso, pegamos
um know how, e fizemos inicialmente 150 mil metros
cúbicos de concreto submerso. Isto não é fácil, porque
você não pode jogar o concreto debaixo da água
que ele desagrega todo. A gente tinha uma série de
técnicas. Visitamos diversas firmas de fornecimento
de bombas, mas ninguém tinha know how para fazer
concreto submerso. Então, começamos a fazer muita
experiência. Fizemos tubulão com 10 metros de
profundidade de altura dentro de água, concretando,
depois cortamos para testar a
qualidade do concreto. Tínhamos
uma boa técnica. Num congresso
técnico, o Enec, em Portugal,
do Laboratório Nacional de
Engenharia Civil de Portugal, em
1985, foi mostrado uma ponte
feita com concreto que passou
por ensaio de impermeabilidade.
Nesta hora, eu disse que o
negócio funcionava. Na Ponte
Rio-Niterói, fizemos uns seis mil
ensaios de impermeabilidade e o concreto lá ficou
bom. Aprendemos muito. O congresso aconteceu 11
anos após a ponte ter sido inaugurada.
Revista MEMO - Existe um projeto para a construção
de um túnel submerso para fazer a ligação de metrô
entre Rio e Niterói. A estrutura da ponte poderia
ser usada como alternativa para se ter uma solução
mais econômica?
Bruno Contarini - Não fui eu que fiz o projeto da
ponte. O projeto é do Noronha com o Ernani, mas eu
conheço a obra. Sei que é possível colocar um metrô
em cima dela, fazendo pequenas modificações, com
reforço, jogando-o na parte central. Por baixo não
tem espaço, mas pode-se jogar duas linhas por cima.
Para não diminuir as pistas, sobe uma estrutura,
fazendo uma espécie de viaduto em cima da ponte,
por onde passararia o metrô. Claro que existe muito
interesse envolvido para se fazer uma grande obra,
como a construção de um túnel para Niterói. Na
minha opinião este túnel vai ser feito dois anos depois
de “Nunca”. Não tem dinheiro para fazer isso. Jogar
o metrô em cima da ponte vai gerar uma despesa
muito menor. Em reunião com o prefeito, no Teatro
Municipal de Niterói, para apresentar as soluções,
todo mundo manifestava o interesse em fazer o túnel.
Na hora em que se falava em aproveitar a ponte, o
pessoal dava o corte.
Revista MEMO - Importante via que liga os bairros
de São Conrado e Barra da Tijuca, o Viaduto do Joá
vem sendo uma obra muito constestada nos últimos
anos. Afinal, qual é o problema do Joá?
Bruno Contarini - O Joá tem uma série de
probleminhas de projeto. Na sua estrutura em
V, existem buracos que se entrar água ela não
tem como sair. Este foi um dos problemas, pois o
concreto não é impermeável como mostraram os seis
mil ensaios que fizemos. No Joá, o concreto entrou
pela lage, passando pela armação de protendido
e, com esta armação de protendido, corroeu o
aço. Então, tivemos que fazer um reforço do aço.
Segundo o pessoal da Coppe, este aço estava em
fase de corrosão. Fizemos uma recuperação para
trocar a armação inteira, colocando cabos para
substituir o aço solto. Não existe esta possibilidade
de a armação, pelo menos no trecho de cima, estar
em processo de corrosão. O pessoal está falando e
levantando dúvida sobre a armação do dente. Mas o
dente tem 1 metro e 80. O pessoal da Coppe está
fazendo a inspeção para ver se acha alguma coisa.
Já quebraram um pedaço lá e não acharam nada.
Eu não posso falar que não tenha nada ou que tenha
tudo. Acho que o pessoal da Coppe deve continuar
a quebrar e ver. A Coppe não pode é ter um contrato
para ver isso e informar que acha que não tem nada
ou acha que tem. Achismo não existe em Engenharia.
No lugar que ela vai quebrar não tem problema
nenhum de resistência, pois é uma estrutura de apoio
que praticamente não trabalha. Então, você quebra
e olha os dentes. Também se o dente estiver ruim, ele
está na superfície. Não tem este negócio de o dente
estar ruim no interior. Ferro no interior não fica ruim.
Só existe corrosão quando o PH do ambiente for de
9 para baixo. O cimento provoca um PH de 12. No
trabalho de recuperação do Maracanã nos anos 90,
nas mesmas condições climáticas, o PH era de 11,
numa obra de 40 anos na época.
Revista MEMO - Existe uma corrente que defende
a demolição do Viaduto do Joá. Como o senhor
analisa isso?
Bruno Contarini - Eu acho isso muito fácil, pois
A Ponte Rio-Niterói tinha
uma tecnologia de ponta,
mas muita coisa foi
inventada por nós também,
pois tínhamos um corpo
técnico muito bom.
Por exemplo, concreto
submerso muito pouca
gente no mundo sabia fazer,
se é que tinha alguém que
sabia fazer
Elevado do Joá
Ponte Rio-Niterói - Pontes S/A
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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente
solução para o Joá?
Bruno Contarini - Primeiro, é preciso ver quais
são os defeitos e reforçar. Por exemplo, apesar de
a fundação apresentar buracos por conta da ação
do mar, a estrutura está dentro dos padrões de
segurança, pois levamos cinco meses para fazer o
reforço. Tínhamos que cercar o pilar. Então, fizemos
uma armação metálica para
concretar o bloco debaixo da
água. Os outros cinco ou seis
pilares estão apenas com a
armação aparente. Neste caso,
é só consertar os cinco pilares.
Revista MEMO - No caso
do Joá, que consideração é
possível fazer da ação da
prefeitura?
Bruno Contarini - A prefeitura
tem agido corretamente, às
vezes, faltando um pouco de
pressa, mas isso é um problema
do TCU. Não se pode resolver
de qualquer maneira, pois o
TCU vem e prende todo o mundo. A prefeitura falha
porque, às vezes, custa a dar a definição. Se tivesse
o TCU antigamente, eu não teria feito a metade
das obras que fiz. O processo ficou muito lento e a
Lei 8.666 manda fazer tudo barato. O TCU vai em
cima de coisas que não entende, que é a execução
de uma obra. Ele quer ver se o contrato foi feito de
acordo com a lei. Só que o mais barato, às vezes, é
o melhor e não o que custa menos. Aqui no Brasil
estamos cansados de ver obras em que o camarada
sai para a solução mais barata, principalmente, em
cálculo estrutural. Eu hoje estou concorrendo com
garatos recém-formados que compram programa
de computador, só que não sabem usá-lo. Tentam
usar, fazem besteira. O que eu já corrigi de besteira
feita não está no gibi. A toda a hora aparece um
problema.
Revista MEMO - Como o projeto estrutural pode
ajudar a ter boas construções, seguras e com bons
custos?
Bruno Contarini - Existe uma tal de lei de Sitter que
é característica. Segundo ela, um dólar investido
em projeto economiza cinco dólares na execução,
25 dólares na manutenção e 125 dólares na
recuperação. Então, tem que pagar bem para
projeto. Eu já fiz obra que cobrei duas ou três vezes o
preço do projetista. Eu te garanto que ela ficou 50%
mais barata. Tem que pagar bem pelo projeto. Hoje,
todas as firmas querem fazer projetos mais baratos.
Existem empresas que selecionam o calculista,
forçando a barra para ele dar um preço baixo. Isso
está matando os calculistas. Os preços do governo
para pagar os projetos são absurdos. São muito
primeiro o dinheiro não é deles. Segundo, pergunte
se eles têm base para falar para derrubar. Eu não
acho que tenham base. Eles acham que o negócio
têm corrosão, acham que pode dar problema.
No dia em que o Joá foi interdidato, fizemos uma
reunião com o Marcelo Alencar (ex-governador e
prefeito do Rio de Janeiro) e com o Lobo Carneiro,
um dos maiores engenheiros que
o Brasil já teve. Foi apresentado
que o Joá tinha perigo de rotura
brusca. Estranhei o fato de se falar
em rotura brusca, pois esta obra
do que jeito que está, o que está
aparecendo, o que a gente pode
ver não é perigo de rotura brusca. Disse ao Lobo
Carneiro que o concreto não era de má qualidade.
Fizemos 60 corpos de provas e eles deram todos
resultados altos. O que existe é o aço que está sendo
corroído, mas o aço corroído não dá rotura brusca.
Aço corroído dá fissura. O concreto da estrutura está
com boa qualidade. Agora o pessoal está achando
que tem rotura brusca por causa do problema de
dente. No Joá, pelo menos aparentemente, você não
pode falar que tem perigo de rotura brusca.
Revista MEMO - Na avaliação do senhor, qual é a
baixos. Meu escritório, por exemplo, já teve mais de
130 engenheiros. Hoje, tenho três, quatro. E a minha
tendência é fechar. Não dá para continuar fazendo
projeto, concorrendo com garotos recém-formados
que estão com programas de computador, sem saber
mexer com ele, sem saber fazer uma armação.
Revista MEMO - Qual é o segredo para construir
uma boa obra?
Bruno Contarini - Certa vez, numa palestra do
Ibracon, em Recife, recebi do Mário Franco, um
dos dois engenheiros brasileiros citados no Delta
Larrousse - o outro sou eu - a seguinte afirmação:
“eu acho o Bruno um camarada incapaz de pegar
uma obra complicada e calcular a obra complicada.
Ele pega a obra complicada e transforma em simples
e calcula. Ele simplifica todas as obras”. Eu gosto
de fazer as coisas fáceis. Não gosto de fazer nada
complicado. Um exemplo é a armação em estrela
de Davi do Museu de Arte Contemporânea (MAC),
que é única no mundo, mas uma solução simples
para burro.
Túnel Zuzu Angel
Estádio João Havelange
Aqui no Brasil estamos
cansados de ver obras em
que o camarada sai para
a solução mais barata,
principalmente, em cálculo
estrutural. Eu hoje estou
concorrendo com garatos
recém-formados que
compram programa de
computador, só que não
sabem usá-lo. Tentam usar,
fazem besteira. O que eu já
corrigi de besteira feita não
está no gibi. A toda a hora
aparece um problema
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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente
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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente
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HOM
ENAG
EM
Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas,
que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos,
que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la,
teremos ficado, para sempre, à margem
de nós mesmos.”
Fernando Pessoa A Revista MEMOdeseja homenagear o ex-funcionário que
acaba de se aposentar DALTON ANDRADE, Secretário da Escola de Arquitetura - UFF,
e agradecê-lo pelos excelentes serviços prestados
a esta instituição ao longo de anos.
Será por nós lembrado como alguém honesto,
prestativo, referência de excelência, responsabilidade,
eficiência, bom humor e espírito de equipe.
Desejamos muita paz, saúde e alegria
nessa nova jornada de vida e que
Deus o abençõe com toda
a sorte de bênçãos!
O Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo (EMAU) é um projeto de Extensão Universitária que, unido ao ensino e pesquisa, forma o tripé da educação.Na UFF, o EMAU formado chama-se EMPAZ, sua criação foi em 1º de maio de 2001 pelos próprios alunos que buscavam uma forma mais justa de se fazer Arquitetura e Urbanismo, proporcionando projetos a comunidades “excluídas” e intervenções sociais, além da experiência de uma dinâmica de trabalho mais profissional e responsável. Sua forma de gestão é horizontal, com escolha de professor orientador para o trabalho em voga e sem fins lucrativos.Ao longo desses anos, muitos estudantes o transitaram e lutaram por sua consolidação e reconhecimento, através da elaboração de projetos, debates com professores e alunos, encontros com outros EMAUs e participação em Seminários Nacionais de Escritórios Modelos de Arquitetura e Urbanismo (SeNEMAU).Hoje, o EMPAZ-UFF continua com os mesmos princípios e é reconhecido nacionalmente. Funciona em uma sala própria na Escola de Arquitetura e Urbanismo-UFF e possui três projetos ativos: elaboração de projetos arquitetônicos em imóveis vazios do centro do Rio de Janeiro junto ao Movimento Nacional de Luta pela Moradia, desenvolvimento de projeto de um centro de reciclagem na Ilha do Governador para uma cooperativa de catadores de lixo e elaboração de um catálogo sobre a história da
comunidade Vila Autódromo que luta contra a remoção de suas casas.
Para mais informações: www.fenea.org/projetos/[email protected] Carvalho - Membro do EMPAZ Aluna de Arquitetura e Urbanismo UFF
Criação do Escritório Modelo na UFF
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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente
Niterói, na linguagem índigena, carrega o significado
de “água escondida”. Separada do Rio de Janeiro
pelos pouco mais de 13 quilômetros da Ponte Rio-
Niterói e pela Baía de Guanabara, a cidade, no
entanto, exibe números atraentes nas áreas de
abastecimento de água e saneamento. O salto nos
indicadores destes dois itens, nos últimos 11 anos,
impressiona. No primeiro caso, o índice de cobertura
da população com água tratada pulou de 72% para
100%. No outro, levando em conta a população
com esgoto coletado e tratado, o resultado tem um
realce ainda maior, pois saiu de 20% para 90%. Uma
performance vital para atender a um município que
viu, no período, o número de habitantes avançar de
453 mil para 492 mil.
Por trás dos números está um trabalho de formiga feito
pela Águas de Niterói, concessionária que em julho
de 1997 ganhou a outorga de 30 anos para cuidar
do abastecimento de água e tratar do saneamento
da cidade. Com um investimento estimado em R$
250 milhões a partir de novembro de 1999, quando
iniciou a operação, até agora, a empresa vem fazendo
a lição de casa para garantir um serviço de qualidade
para a região. A base de tudo está no tripé tecnologia,
eficiência operacional e sustentabilidade. E a aposta
foi bem certeira, como mostra também outros dois
indicadores cruciais para a saúde de qualquer negócio:
o índice de perdas, que teve um baque de 40% para
18%; e o nível de inadimplência dos consumidores,
com uma queda brusca de 32% para 4,5%.
“Quando iniciamos a operação, a Região Oceânica
e toda a região de Pendotiba não tinham uma
infraestrutura de água. Diversos bairros como
Piratininga, Camboinhas, Itaipu, Cafubá, Jacaré,
Engenho do Mato viviam de poços semiartesianos,
com a qualidade de água ruim em função da presença
de ferro e manganês”, conta Dante Luvisotto, diretor
da Águas de Niterói. Segundo ele, a universalização
do serviço chegou em 2003 mesmo nos bairros
menos urbanos, como Rio do Ouro e Várzea das
Moças. “Hoje, Niterói não tem nenhuma rua sem
infraestrutura de água”, acrescenta.
Água para todos - Na planilha de investimentos
da empresa em infraestrutura de água figura, por
exemplo, a construção de uma série de reservatórios.
Entre eles estão os de Itaipu, com capacidade para 3
milhões de litros de água; Pendotiba, com 3 milhões
de litros; Caramujo, com 6 milhões; e a ampliação
do reservatório Correção, no centro da cidade, com
3 milhões de litros, além dos reservatórios de Muriqui
Grande e Várzea das Moças, com 500 mil litros.
Fazendo jorrar a “ÁGUA ESCONDIDA”*Reportagem com Dante Luvisotto | diretor da Águas de Niterói
JÚLIO SANTOS | Jornalista da Revista MEMO *(em Tupi Guarani, “Niterói” significa “Água Escondida”)
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De 1999 para cá, a empresa já investiu R$ 250 milhões nas redes deágua e saneamento da cidade. O resultado veio com a melhoria dosíndices de cobertura, inadimplência e eficiência, colocando osserviços da concessionária entre os melhores do País
MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente
A empresa também investiu forte na expansão de
uma série de redes, além de substituir aquelas mais
obsoletas. Alinhado ao investimento na malha, a
concessionária passou a empregar um sistema de
hidrometração, com a instalação de medidores nas
casas dos consumidores.
“Cerca de 30% pagava por um consumo estimado.
Ou seja, alguns pagavam e outros não pagavam. As
pessoas não tinham o senso do uso racional de água,
havendo um grande desperdício”, lembra o diretor da
Águas de Niterói, que, graças ao uso da solução, viu
o índice de inadimplência cair para a faixa de 4%.
“Não adianta você prestar um serviço que não tenha
a garantia da contra prestação dele. Este pagamento
assegura o modelo de concessão e garante os
investimentos em melhorias da infraestrutura. Com
a colocação dos medidores, o consumidor passou a
pagar o valor justo pelo que consome e não pelo
estimado”, acrescenta.
A universalização conquistada não dá espaço para
a empresa cruzar os braços. Novos desafios, como
o crescimento populacional, a chegada de novas
indústrias em regiões próximas (como o Comperj) e os
picos de demandas que a cidade enfrenta no verão,
levam à programação de novos investimentos. Até
2016, está na pauta investir em novos reservatórios e
fazer a otimização do sistema distribuidor, operação que
precisa ser compatibilizada com melhorias operacionais
no sistema produtor administrado pela Cedae.
“Não adianta avançar com o sistema distribuidor, se
o produtor não pode atender a demanda. A Cedae
está construindo uma nova adutora de água bruta”,
observa. Dante Luvisotto conta que a Cedae está
fazendo uma nova linha, com 1500mm de diâmetro
e 15 quilômetros de extensão, para o Canal de
Imunana, de onde é captada a água que abastece
Niterói. A previsão, de acordo com ele, é que parte
desta nova linha já esteja operacional até meados
deste ano, com seis ou sete quilômetros. Com sua
conclusão, acrescenta o executivo, o sistema produtor,
que produz hoje 5,4 metros cúbicos por segundo,
passará a gerar sete metros cúbicos por segundo.
Para ele, isso vai significar uma oferta maior de
água para a cidade. O diretor da Águas de Niterói
explica que, assim, será possível fechar o anel
distribuidor, unindo a quarta linha adutora com a
quinta linha adutora e fazendo um reservatório novo
em São Francisco, que será ligado ao do Cavalão.
“Com isso, vamos criar uma maior confiabilidade
operacional aqui em Niterói e minimizar os picos
de demanda durante o verão, que acontecem,
sobretudo, por conta da população flutuante
da Região Oceânica”, explica Dante Luvisotto,
estimando uma oferta de água cerca de 15% a 20%
maior, suficiente para atender os picos de demanda.
“No último verão, o acréscimo de demanda, que é
da ordem de 15%, chegou a bater picos de 30%”,
lembra.
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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente
Desafio de universalizar - Se no abastecimento de
água o trabalho hoje é para fortalecer a estrutura
para manter os 100% de universalização, na área
de saneamento a Águas de Niterói tem pela frente
o desafio de igualar esta meta. Resta ainda cobrir
um percentual de 10% para zerar a conta, apesar
dos investimentos feitos na construção das estações
de tratamento de Itaipu, Camboinhas, Mocanguê,
Jurujuba, Barreto, Toque Toque e da conclusão da
ETE Icaraí, que na época sequer fazia o tratamento
primário do esgoto.
“Para chegar à universalização, é preciso,
basicamente, construir seis estações de tratamento. Só
que são seis estações de pequeno porte”, diz Dante
Luvisotto, detalhando a lista: ETE Maceió (ainda este
ano), Badu, Matapaca, Maria Paula, Sapê e Ititioca,
que fecharão toda a região de Pendotiba.
Segundo ele, a partir de 2011, o prazo para a
construção de todas elas é de cinco anos, com
investimento estimado de R$ 52 milhões, incluindo
estações de bombeamento e rede coletora com suas
ligações. Serão 150 quilômetros de rede, que chega
a 230 quilômetros, com os seus ramais.
“Este projeto anda junto com os investimentos
em drenagem para que um não se sobreponha
ao outro, criando interferências negativas”,
diz.
Tecnologia e inovação - Um grande aliado na busca
pela eficiência operacional e redução de perdas foi
a aposta que a Águas de Niterói fez em tecnologia,
como ficou comprovado com a instalação de
um moderno Centro de Controle Operacional. A
solução cuida de todo o controle do macrossistema
distribuidor, fazendo a supervisão de reservatórios,
válvulas e elevatórias, por exemplo. “Quando
iniciamos em novembro de 1999, a operação do
sistema se dava via rádio Vertix. A tecnologia ajudou
a reduzir o desperdício”, diz o executivo, lembrando
que, em 2010, a empresa chegou a ter mês com um
índice de perdas de 14%.
“Ou seja, isso é mais água para ser disponibilizada
para a população. Praticamente, o volume de água
comprada da Cedae é o mesmo de novembro de
1999, que era de 1,8 mil litros por segundo. Hoje,
compramos, em média, 1,750 litros por segundo, ou
4,5 milhões de metros cúbicos por mês, para atender
110 mil pessoas a mais na Região Oceânica e em
Pendotiba”, explica o diretor da Águas de Niterói.
Com um investimento de R$ 3 milhões, o centro ficou
pronto no final de 2000.
Além de um moderno Centro de Controle de
Operação, todo computadorizado para garantir
a operação online do sistema, a concessionária
também adotou o uso de inversores de frequência de
motores como inovação. Com eles, foi possível fazer
um controle inteligente da vazão necessária para
atender a demanda, evitando também o problema
de ar na tubulação. Por meio dos softwares Water
CAD e Flow Master, atualmente, a empresa também
faz a simulação hidráulica de todo o sistema.
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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente
Em nome da sustentabilidade - Em busca de cumprir
bem o dever de casa, Águas de Niterói trabalha
bem o conceito de responsabilidade como empresa
de serviço público em nome da sustentabilidade de
um negócio vital para todos. Seja do ponto de vista
econômico, como os projetos para uso racional de
água e eficientização energética de suas instalações
para reduzir um dos principais custos de sua operação,
ou socioambiental, com uma série de iniciativas,
que buscam a preservação do meio ambiente e dos
recursos hídricos.
Um bom exemplo é o trabalho feito na Estação de
Camboinhas para tratamento dos dejetos lançados.
A iniciativa permite tratar parte dos efluentes, ricos em
nitrogênio e fósforo, e utilizá-lo para irrigar parques e
jardins da prefeitura de Niterói. “Com isso, incentiva-
se uso sustentável da água, estressando-se menos o
manancial, com um menor volume de água captada
no canal de Imunana”, diz Dante Luvisotto.
Os projetos na área socioambiental também buscam
trabalhar o lado informativo e de conscientização. Um
deles é o Parque das Águas, localizado numa área
no Morro do Correção, onde são desenvolvidas uma
série de atividades como formação e treinamento
de agentes ambientais, e os programas Água nas
Escolas e Caminhos das Águas, voltados para escolas
estaduais e municipais. “Esta é uma via de mão dupla,
pois esclarece sobre a necessidade de não desperdiçar
água e o valor do saneamento”, diz o executivo.
Outra iniciativa da empresa na área de educação
e conscientização é o Projeto Águas Limpas, feito
em parceria com o Ministério Público do Estado
do Rio de Janeiro, Prefeitura de Niterói e Projeto
Grael (Insituto Rumo Náutico), para coleta de lixo
flutuante e hidrocarbonetos na Baía de Guanabara.
Com abrangência inicial na Enseada de Jurujuba,
São Francisco e Icaraí, o objetivo é fazer a limpeza,
estudo e monitoramento da Baia de Guanabara
em Niterói.
O projeto é fruto de uma ação judicial que a
Águas de Niterói ganhou contra o estado do Rio de
Janeiro, em 2006, contra a cobrança do Imposto
Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
(ICMS) nas contas de água. O resultado: um valor
de R$ 45 milhões, que era fruto do ICMS ganho
na ação.
“O dinheiro voltou para os consumidores em crédito
na conta, em volume de água. Com o dinheiro que
sobrou, muitos condomínios da cidade fizeram
melhorias, pois ficaram um bom tempo sem pagar
água”, conta o executivo, citando o caso do próprio
condomínio onde mora. Além do crédito devolvido,
a empresa firmou um Termo de Ajustamento de
Conduta com o Ministério Público para empregar
o saldo não reclamado na compra do Cataglop,
barco adquirido na França que faz coleta do lixo
flutuante na Baía de Guanabara. “Este é um benefício
para a cidade, principalmente para as praias da baía.
Já estamos pensando num segundo barco”, conta
Dante Luvisotto, acrescentando que a Águas de Niterói
também fechou parceria com a Clin para instalação de
pontos de armazenamento do lixo coletado e posterior
transporte para o aterro sanitário.
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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente
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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente
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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente
No momento em que se constroem novas barragens
no rio Paraíba do Sul, torna-se necessário lembrar dos
estudos desenvolvidos pelo DNPVN (Departamento
Nacional de Pontes e Vias Navegáveis) e pela
Petrobras (*) que tratam do aproveitamento múltiplo
daquele rio, que se tornaria uma via navegável de
grande importância para a região Sudeste, com
reflexos para a economia dos estados de São Paulo,
Minas Gerais e do Rio de Janeiro. Trata-se da única
possibilidade de ligar o vale do rio Paraíba do Sul
com a malha hidroviária dos rios Tietê e Paraná,
cujos custos de transporte são extremamente baixos.
Para se ter uma ideia dessa possibilidade, citamos o
trabalho publicado na Revista MEMO números 3, 4 e
5, cujos principais dados podemos assim resumir.
1 – BACIA HIDROGRÁFICA
A bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul atinge
cerca de 56.000km², abrangendo áreas dos estados
de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Pode
– se dividir o Paraíba do Sul, nos seguintes trechos:
a) Paraíba Superior: Das nascentes do Paraitinga
até Guararema (km 758), numa extensão de 302
km – com seu curso desenvolvendo-se em terreno
acidentado, de grande beleza natural, onde foram
construídos os reservatórios de Paraibuna, Paraitinga
e Santa Branca. b) Alto Paraíba: De Guararema
(km 758) até Cruzeiro (km 516), onde foram feitas
diversas retificações e construídos vários “polders”,
pelo DNOS e pelo DAEEISP, com extensão de 242
km, onde o rio apresenta alta declividade, em torno
de 27cm/km. c) Médio Paraíba: De Cruzeiro (km 516)
até São Fidélis (km 94), com diversos represamentos
executados e projetados, com extensão de 422km,
onde o rio apresenta altíssima declividade, cuja
média é de 155cm/km. d) Paraíba Inferior: De São
Fidélis (km 94) até a foz, quando seu curso percorre
a baixada Campista, com extensão de 94km e média
declividade, em torno de 19cm/km.
2 – DADOS DISPONÍVEIS
Várias obras foram realizadas na bacia do Paraíba
do Sul, cuja existência determina condicionantes para
seu aproveitamento como via navegável, conforme
se relaciona a seguir, grupadas por tipo:
2.1 – Obras de Retificação Fluvial
O curso principal do Paraíba do Sul foi e está
retificado em dois trechos, por razões diversas: - o
trecho inferior, pelo DNPVN, basicamente para fins de
navegação, e o trecho do Alto Paraíba, pelo DAEE/SP,
em convênio com o DNOS, basicamente para fins de
aproveitamento agrícola das várzeas.
2.2 – Obras de Proteção Contra Inundações
Através do DNOS, foram executados pelo governo
federal, entre Itereré e o Alto do Viana, na Baixada
Campista, grandes diques de proteção contra
inundações, margeando o rio e seus braços ao longo
de 40km, proporcionando à região e, sobretudo à
cidade de Campos, a eliminação do flagelo a que
ciclicamente estava sujeito.
2.3 – Obras de Canalização Fluvial
Conforme já foi dito, por situar-se entre as cidades do
Rio de Janeiro e de São Paulo, o rio Paraíba do Sul foi
dos primeiros cursos d’água brasileiro a ser estudado
e canalizado, inicialmente para abastecimento
d’água e, posteriormente, para aproveitamento
hidrelétrico. Atualmente, seis são as principais
barragens nele construídas: Paraibuna-Paraitinga e
Jaguaraí, operadas pela Cesp; Funil, operada pela
Eletrobras Furnas; e Santa Branca, Santa Cecília e
Ilha dos Pombos, no Rio, operada pela Light. Das
barragens mencionadas, Santa Branca e Santa
Cecília não são motorizadas, funcionando a primeira
como reservatório de regularização e a segunda para
elevação do nível d’água, possibilitando a reversão
de 160m³/s para a vertente oceânica, através de
transferências sucessivas aos reservatórios de Santana,
Vigário e Lages, para a geração de energia nas
usinas de Fontes (I e II) e Nilo Peçanha (I e II), situadas
no sopé da Serra do Mar, e Pereira Passos, esta por
gravidade, a jusante de Nilo Peçanha, na Baixada
Fluminense – (Sistema Light – Rio de Janeiro).
3 – IMPLANTAÇÃO DE UMA NOVA VIA
Muito embora não seja justificável o melhoramento
das condições naturais do Rio Paraíba do Sul
para torná-lo navegável em corrente livre, o seu
O APROVEITAMENTO múltiplo do RIO PARAÍBA do SULProfessor JOSÉ FERNANDES SENNA | Ex-Chefe do Departamento de Engenharia Civil da Escola de Engenharia
da Universidade Federal Fluminense (UFF)
32 | MEMO online • Maio 2011 Maio 2011• MEMO online | 33
MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente
aproveitamento hidroviário é perfeitamente possível,
mediante a conjugação de esforços para o múltiplo
aproveitamento dos seus recursos hídricos. Com a
canalização fluvial progressiva, pode-se dar a esse
importante curso d’água as condições necessárias
para torná-lo uma grande hidrovia, que tenha real
significação econômica e se torne um importante
fator de desenvolvimento regional, como se expõe a
seguir:
3.1 – Parâmetros Gerais da Via
Para o estudo harmônico do aproveitamento múltiplo
devem ser seguidas certas diretrizes, estabelecidas
em função da obtenção de condições viáveis de
aproveitamento hidroviário e compartibilização
dos diferentes benefícios. O estabelecimento de
Requisitos Preliminares ou Parâmetros Gerais para a
canalização fluvial é, por isso, medida indispensável
para os estudos e projetos destinados à criação da
Nova Via. Nesse sentido, o trabalho que a partir
desse ponto se desenvolve deve ser considerado
como uma Alternativa Preliminar de Aproveitamento,
baseada na necessidade de preservação do potencial
hidroviário, segundo os seguintes parâmetros:
3.1.1 – Rotas para Navegação Futura
A implantação de uma hidrovia não pode prescindir
de análise macroeconômica do significado da
ligação de regiões produtoras e consumidoras. Como
qualquer via de transporte, uma hidrovia canalizada
só se justifica se, inserida na malha de transporte
de uma região, ela representa um meio certo de
redução do custo de circulação de mercadorias.
Examinando-se a hidrovia do Paraíba sob essa ótica,
verifica-se que sua implantação só poderá ter sentido
econômico se ela proporcionar redução de custos do
transporte de mercadorias: - Produzidas na grande
São Paulo e consumidas no Vale; - Produzidas no Vale
e consumidas na grande São Paulo; - Que possam
utilizá-la em integração bimodal de transporte. Como
se pode verificar com relativa facilidade, existem dois
postulados iniciais que devem anteceder e conduzir a
decisão política de implantação da hidrovia.
3.1.2 – A interligação Paraíba–Tietê
Ligando hidroviariamente o Vale do Paraíba à grande
São Paulo, antes de representar um acréscimo de
custos, constitui-se em um meio de redução pelo
significativo aumento da demanda que proporcionará
– conforme afirmaram acertadamente os estudos
anteriores.
3.1.3 – Macro Eixo
A partir da Grande São Paulo, floresceram diversas
cidades ao longo de uma rota que, pelas razões
expostas, deve ser considerada como prioritária sobre
as demais, pois formam o macro eixo São Paulo – Rio
de Janeiro, sendo impulsionadas por um crescente
surto de industrialização, obviamente, comandam o
desenvolvimento agropecuário da sua região.
OBSERVAÇÕES - Rota Principal: São Paulo – Barra do
Piraí. - Rota Secundária: Barra do Piraí – São João da
Barra - Sub-Rotas principais: Juiz de Fora – Três Rios;
Cataguases – Itaocara; Muriaré – Campos.
-Sub-Rotas Secundárias: Guararema – Natividade da
Serra; Campos – Niterói (canal costeiro).
3.2 – Condições para Implantação da Hidrovia
Tratando-se da possibilidade da implantação de uma
nova hidrovia, mediante a canalização fluvial para
as múltiplas finalidades, e buscando-se minimizar os
custos da navegação deve-se procurar:
1- Reduzir ao mínimo as extensões naturais entre
uma barragem e o remanso da seguinte, para evitar
a necessidade de implantação de canais de ligação,
geralmente escavados em solo rochoso.
2- Posicionar os eixos das barragens de modo a
possibilitar a implantação e eclusas junto a uma de
suas ombreiras sem prejuízo do traçado adequado
do “eixo de navegação”.
3- Planejar a operação harmô-
nica dos reservatórios, evitando
“depleções” elevadas e, se
possível, reduzindo ao mínimo,
para:
4- Que a regularização do regime
fluvial seja conseguida mediante
a construção de reservatórios de
cabeceira, como pretendido pela
Eletrobras Furnas, de modo a reduzir-se as eventuais
necessidades de plaqueamentos dos reservatórios
do custo principal. 5- Que nos balanços hídricos
do sistema seja computada sempre a necessidade
de uma vazão que garanta a profundidade mínima
fixada para a massa líquida.
6- Que, em decorrência, sejam limitadas as
autorizações para reversão de águas da sua bacia
para outras (caso de Caraguatatuba).
4 – PARÂMETROS BÁSICOS DAS OBRAS
Comboio-Tipo
Como foi muito bem observado pela Italconsult em
1967, seguindo proposição do engenheiro Caio
Dias Baptista, efetuada em 1941, a implantação
da navegação do rio Paraíba não pode prescindir
da interligação de sua bacia com a do rio Tietê.
Por isso, vincular-se a implantação da Hidrovia do
Paraíba do Sul à ligação de sua bacia com a do Tietê,
antes de significar acrescentar-lhe uma dificuldade, é
aumentar a grandeza do seu significado e garantir-
lhe plenas condições de sucesso. Nos diversos
trabalhos realizados para o Alto Tietê pelo DAEE
e outros órgãos do governo paulista, esse fato foi
sempre salientado, tendo sido, inclusive, elaborados
estudos e projetos para levar
sua navegação, de Santana
do Parnaíba (reservatório do
Pirapora) a Mogi das Cruzes,
ponto inicial da interligação
com o Paraíba do Sul, que seria
feita até Guararema ou Santa
Branca. Não é sem razão,
pois, que esse empreendimento
consta no Plano Nacional de
Viação. Em exaustivo trabalho realizado em 1984
para o DAEE, a Internave – Engenharia demonstrou
a viabilidade de canalização para a navegação do
Alto Tietê (trecho antes citado), baseando-se apenas
nos benefícios oriundos da racionalização do sistema
de dragagem de manutenção dos canais do Tietê e
Pinheiros (sem afluente), necessária para assegurar
as condições de vazão local, impedindo seu
assoreamento e diminuindo os riscos de inundação,
além de assegurar condições para a reversão dos
excessos de vazão para a represa Billings. Assim
sendo, e tendo em vista que as obras de canalização
para a navegação do Tietê já foram definidas em
quase toda sua extensão, parece válido estudar para
34 | MEMO online • Maio 2011 Maio 2011• MEMO online | 35
“A hidrovia
do Paraíba do Sul será a
última oportunidade que o
estado do Rio de Janeiro
terá para a interligação
hidroviária interior
com o Mercosul”
MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente
Maio 2011• MEMO online | 37
MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente
o rio Paraíba do Sul um Comboio – Tipo igual ao
que foi estudado para o rio Tietê, comparando-o
com outras alternativas, visando obter melhores
resultados na relação benefício/custo. Nesse caso, os
estudos dos Comboios – Tipo para o rio Paraíba do
Sul leva à escolha do Comboio – Tipo “Duplo Tietê:
empurrados em conjunto de quatro barcaças.
5- CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Considerando o que foi descrito neste trabalho,
modesto no seu conteúdo face às inúmeras
interferências que o projeto da canalização do rio
Paraíba do Sul acarreta, podemos aduzir algumas
hipóteses que nos permitem afirmar que a hidrovia
do Paraíba do Sul tem condições de implantação
gradual, a médio e longo prazos, desde que os
diversos organismos governamentais, quer no nível
nacional, quer no nível regional, além das entidades
da iniciativa privada se conscientizem dessa
necessidade, dadas às inúmeras vantagens sociais e
econômicas que representa esta hidrovia, em termos
de aproveitamento múltiplo e do controle da poluição
ambiental. Assim, uma análise preliminar entre os
investimentos envolvidos e o tráfego provável, nos
leva aos seguintes resultados:
5.1 – Investimentos Unitários
Considerando a movimentação máxima provável, a
distância em quilômetros e um período de retorno de
100 anos, teremos: Para a rota São Paulo – Barra
do Piraí.
5.2 – Comboio – Tipo
Verifica-se que para a implantação da hidrovia do rio
Paraíba do Sul, a decisão quanto ao Comboio – Tipo a
ser adotado tem influência fundamental, pois os custos
unitários podem variar de US$ 0,0014/t.km a US$
0,0024/t.km. Cabe destacar que o comboio “Duplo
Tietê” tem menores custos unitários, por possibilitar
maior movimentação de cargas. Considerando-se a
possibilidade da futura duplicação da hidrovia do rio
Tietê, parece recomendável a adoção do comboio –
tipo “Duplo – Tietê” para a hidrovia do rio Paraíba
do Sul.
O estado do Rio de Janeiro não pode deixar escapar
a possibilidade de integração de sua economia com
a do Sudeste e Centro-Oeste através dessa nova via
de transporte hidroviária que permite a navegação
interior entre os estados de São Paulo, Minas
Gerais, Mato Grosso do Sul e Paraná, atingindo
hoje a República do Paraguai, com reais reflexos no
desenvolvimento do Mercosul.
IL 23 = 2.410 = US$ 0,00137/t.km
35 x 501 x 100
36 | MEMO online • Maio 2011
(*) O DNPVN e posteriormente a Petrobras fixaram em
10,00m a Altura Livre de Navegação no rio Paraíba do
Sul para todas as obras de travessia nele realizadas, de
modo a que o topo do mastro dos empurradores fique
no máximo, a 9,70m do nível d’água.
MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente
• Permeabilidade do solo;
• Acessibilidade;
• Integração dos transportes de massa e ou
alternativos ao contexto do projeto;
• etc.
Os conceitos que integram e definem construção
sustentável ainda são controversos. Primeiramente,
ainda não é certo afirmar simplesmente que
uma obra é ou não sustentável. A caracterização
da sustentabilidade de uma construção vem de
diversos processos, os quais são inerentes ao seu
projeto, sua execução e também do somatório das
técnicas empregadas para integrá-lo ao entorno e
do contexto cultural. Na realidade, trata-se de um
processo comparativo onde o mais coerente é a
confrontação entre projetos visando determinar qual
das construções é mais ou menos sustentável.
Pensar em um edifício isolado não faz sentido
quando se trata as questões ambientais como a
sustentabilidade dos espaços construídos pelo
homem. Por ser sistêmica, a construção, para ser
sustentável, deve ser elaborada integrada ao seu
contexto. O ambiente externo é tão importante
quanto o que ocorre nas dependências internas. Por
isso, a comparação é a melhor forma de avaliar uma
construção sustentável, a obra nunca está sozinha.
Quando um edifício cumpre todos os pré-requisitos
técnicos, respeita todas as normas éticas ambientais,
apenas usa materiais adequados e mesmo assim
Os conceitos aplicados às construções sustentáveis
tomam forma em 1987, com o relatório coordenado
pela então primeira ministra da Noruega, Gros
Brundtland, intitulado: “Nosso futuro comum”. Este
texto apresentou o conceito de desenvolvimento
sustentável. O documento abriu, então, espaço para
uma nova área da Arquitetura, que discute uma
interação do homem com o entorno, utilizando os
elementos e recursos naturais disponíveis, preservando
o planeta para as gerações futuras, baseado nas
soluções socialmente justas, economicamente viáveis,
ecologicamente corretas e culturalmente aceitas. Em
síntese, o conceito descreve que todos devem “Utilizar
os recursos disponíveis no presente sem esgotá-los
e comprometer o meio ambiente para as gerações
futuras” (Relatório Bruntland – 1987).
Algumas diretrizes são essenciais para se considerar
uma construção sustentável:
• Eficiência energética;
• Uso adequado e reaproveitamento da água;
• Qualidade do ar;
• Uso de técnicas passivas para condicionamento
térmico dos ambientes;
• Utilização dos recursos naturais presentes no
entorno;
• Uso de materiais e técnicas ambientalmente
corretas;
• Gestão dos resíduos sólidos. Reciclar, reutilizar e
reduzir;
• Conforto e qualidade interna dos ambientes;
Certificado de SUSTENTABILIDADE para a Construção Civil
se fecha para dentro, não condizendo com as
necessidades do entorno, não se relacionando com
o lugar no qual está inserido, abstraindo as outras
construções e pessoas que convivem próximo, não
estará sendo plenamente sustentável.
O conceito de construção sustentável está em
elaboração e pode-se dizer que depende de
uma agenda de prioridades que é única para
cada localidade. Hoje existem somente algumas
diretrizes como forma de orientar aqueles que
pretendem construir de forma ambientalmente mais
responsável.
Uma obra sustentável leva em conta o processo
no qual o projeto é concebido, quem vai usar os
ambientes, quanto tempo terá de vida útil e se, depois
desse tempo todo, ela poderá servir para outros
propósitos. Tudo o que diz respeito aos materiais
empregados nela deve levar em conta a necessidade
de uso responsável, a energia consumida no processo
de elaboração de cada componente construtivo,
as necessidades de manutenção e, depois, se cada
elemento da construção pode ser reaproveitado.
Com relação ao consumo de insumos ambientais, a
autossuficiência da edificação deve ser prioridade.
Muitas vezes, alguma parcela da energia pode ser
gerada no próprio lugar e a água consumida pode
ser reaproveitada, fazendo com que em longo prazo
se obtenha uma redução nos impactos ambientais
gerados pela utilização dos mesmos. Uma arquitetura
sustentável deve, fundamentalmente, levar em conta
as características geográficas do espaço na qual está
inserida.
O Brasil com o tamanho continental engloba uma
série de panoramas climáticos diferentes. Uma
construção sustentável deve respeitar e aproveitar
o clima no qual ela está inserida. Os aspectos
morfológicos e o respeito ao ambiente natural são
de extrema importância para se projetar com estes
fins. Se respeitadas, as condições geográficas,
climáticas, topográficas, aliadas às questões sociais,
econômicas e culturais do lugar, a sustentabilidade
se materializa na edificação definindo seu padrão de
sustentabilidade. Assim, algumas soluções aplicadas
a uma construção local podem não se tornar
elementos de sua sustentabilidade quando aplicadas
em edificações de outra na cidade.
A forma, as técnicas construtivas e os materiais podem
e devem ser selecionados de maneira a atender aos
requisitos impostos pelas diretrizes de sustentabilidade
existentes. Embora seja importante enfatizar que não
existe uma receita pronta, apenas diretrizes a serem
levadas em consideração na hora de projetar. Cabe
destacar que a permeabilidade do solo deve ser um
aspecto relevante do projeto sustentável. Proporcionar
espaços livres, com vegetação natural e bastante
permeáveis, faz com que o entorno do edifício seja
mais fresco, o ar tenha mais qualidade, interfira
positivamente no microclima e viabilize a integração
da vida natural com o edifício. Complementando
podem dar vazão à percolação das chuvas, tornando
os espaços mais salubres.
Outro item essencial é o transporte de massas,
especialmente no quesito edificações públicas. O
modelo de transporte coletivo da maioria das cidades
configura-se insustentável. A opção de escolher o
38 | MEMO online • Maio 2011 Maio 2011• MEMO online | 39
Professora ANA L. T. SEROA DA MOTTA | UFF
MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente
automóvel como forma prioritária desse sistema
pode ter sido uma solução no passado, porém, hoje,
esta alternativa precisa ser revista. As construções
sustentáveis devem proporcionar uma integração
com o sistema de transporte com foco na diversidade
de meios, criando novas formas de chegar e sair
dos edifícios. As construções sustentáveis são formas
de projetar que visam uma completa integração do
edifício com a cidade. Esta integração influencia
cada vez mais a sustentabilidade dessas cidades.
Em setembro de 2010, o Senado lançou uma
cartilha com diretrizes para a concepção de edifícios
públicos sustentáveis. Essa publicação aborda temas
como compras sustentáveis e a importância de o
gestor público conhecer o conceito das construções
verdes, sendo parte integrante do Programa Senado
Verde. Este programa objetiva introduzir a gestão
ambiental nas rotinas administrativas. Para isso, criou
esta cartilha sobre Edifícios Públicos Sustentáveis. A
publicação também mostra como os investimentos
em sustentabilidade podem se reverter em economia
para o órgão público, enfatizando que a preocupação
com a sustentabilidade deve estar presente em todas
as fases do projeto, começando pelo arquitetônico,
que deve coordenar uma perfeita integração com os
projetos de todos os sistemas do edifício. Aspectos
como a paisagem, a organização do canteiro de
obras, a utilização econômica da água, a possibilidade
da cobertura verde, o uso correto de energia, a
irrigação, o clima, uma gestão dos resíduos sólidos
responsável, materiais utilizados na obra e lixo estão
divididos e explicados na cartilha. Cada uma das
seções mostra como o prédio público deve trabalhar
com essas questões para se tornar sustentável. Nas
seções, aparecem também tecnologias que facilitam
o aproveitamento de energia, água e lixo. Um prédio
com estas características pode obter um certificado
de sustentabilidade.
No Brasil, o certificado de sustentabilidade que está
se configurando como o mais apropriado é o emitido
pelo Inmetro, conhecido como Selo Procel Edifica.
O processo de Certificação de Eficiência Energética
de Edifícios – Procel Edifica se encontra em vigor
desde 2007, em caráter voluntário, e passará a
ser obrigatório a partir de 2012, conforme a Lei de
Eficiência Energética nº 10.295/01.
Eficiência nas edificações residenciais, comerciais,
de serviços e públicas
Conforme o Inmetro, desde julho de 2009, quando
a certificação foi lançada, já foram emitidas 14
etiquetas de eficiência para edifícios comerciais, de
serviços e públicos.
“A etiquetagem está se tornando cada vez mais
conhecida na cadeia produtiva da construção civil,
ainda que em estágio voluntário”
Na ocasião, uma agência da Caixa Econômica
Federal, em Curitiba (PR), e mais quatro projetos
de prédios receberam a etiqueta com nível “A” de
economia de energia, depois de avaliados em três
níveis de eficiência: envoltória, sistema de iluminação
e sistema de condicionamento de ar. O evento,
voltado para construtores, incorporadores, projetistas,
pesquisadores, órgãos públicos e fabricantes, teve o
apoio do Sindicato da Construção Civil (Sinduscon)
de São Paulo, da Câmara Brasileira da Indústria
da Construção (CBIC), do Conselho Brasileiro da
Construção Sustentável (CBCS) e do Sindicato da
Habitação (Secovi).
O Programa Nacional de Eficiência Energética em
Edificações – Procel Edifica foi instituído em 2003
pela Eletrobras/Procel e atua de forma conjunta
com o Ministério de Minas e Energia, o Ministério
das Cidades, universidades, centros de pesquisa e
entidades das áreas governamental, tecnológica,
econômica e de desenvolvimento, além do setor
da construção civil. O programa tem por objetivo
incentivar a conservação e o uso eficiente dos
recursos naturais (água, luz, ventilação etc.) nas
edificações, reduzindo os desperdícios e os impactos
sobre o meio ambiente.
O Selo Procel Edifica tem por meta certificar projetos que
preveem redução de consumo e uso de energias alternativas.
A etiquetagem das edificações comerciais, públicas e
residenciais opera desde 2007 em caráter provisório, e a
partir de 2012, passará a vigorar como lei. O objetivo do
selo é estimular os construtores e incorporadores a aderirem
aos conceitos de eficiência energética em edificações,
viabilizando a aplicação da Lei de Eficiência Energética
no.10.295/01.
40 | MEMO online • Maio 2011 Maio 2011• MEMO online | 41
O consumo de energia elétrica nas edificações corresponde a cerca de 45% do consumo faturado no país.
Estima-se um potencial de redução deste consumo em 50% para novas edificações e de 30% para aquelas
que promoverem reformas que contemplem os conceitos de eficiência energética em edificações.
As primeiras etiquetas de eficiência energética para
projetos de habitação brasileiros foram concedidas
em novembro de 2010, durante a cerimônia de
lançamento da Etiqueta Nacional de Conservação de
Energia para residências e edifícios multifamiliares,
promovida pela Eletrobras e pelo Inmetro, no Hotel
Transamérica, em São Paulo.
A exemplo da etiqueta para edifícios comerciais,
de serviços e públicos, e da etiqueta para os
eletrodomésticos, a etiqueta para habitações
também é concedida dentro do Programa Brasileiro
de Etiquetagem (PBE), coordenado pelas duas
instituições.
“A necessidade da redução do consumo de energia nas
edificações é um aspecto presente tanto nos projetos
de novos edifícios como também na discussão de
políticas públicas”, afirma Solange Nogueira, gerente
da Divisão de Eficiência Energética em Edificações da
Eletrobras/Procel Edifica.
MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente
Maio 2011• MEMO online | 43
MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente
Referências
• http://www.studioe.co.uk/energy.html
• http://www.inmetro.gov.br/noticias/verNoticia.asp?seq_
noticia=3138
• http://www.eletrobras.com/pci/
mainasp?View=%7B623FE2A5-B1B9-4017-918D-B1611B04FA
2B%7D&Team=¶ms=itemID=%7BC46E0FFD-BD12-4A01-
97D2-587926254722%7D%3BLumisAdmin=1%3B&UIPartUI-
D=%7BD90F22DB-05D4-4644-A8F2-FAD4803C8898%7D
• http://www.labeee.ufsc.br/
42 | MEMO online • Maio 2011
No Brasil, a energia elétrica dos edifícios corresponde
a cerca de 45% do consumo, sendo que as residências
são responsáveis por mais de 22% desse total.
O PBE trata de um assunto estratégico para o país
ao mesmo tempo em que propõe uma mudança de
cultura para o mercado imobiliário. Os brasileiros
consideram diversos aspectos no momento de decidir
pela compra de um imóvel, como localização, espaço,
estética, infraestrutura etc. E, a partir de agora, terão
a informação sobre desempenho da edificação
quanto à eficiência energética influenciando também
na sua decisão de compra. Justamente porque, ao
contabilizar o investimento necessário, pesará o fato
de as edificações eficientes gastarem menos energia
e, em última análise, energia custa dinheiro”, analisa
Marcos Borges, coordenador do PBE no Inmetro.
O principal documento que norteia a etiquetagem
tem o título de Requisitos Técnicos da Qualidade
para o Nível de Eficiência Energética de Edificações
Residenciais (RTQ-R). Ele foi desenvolvido pela
Secretaria Técnica de Edificações, coordenada
pelo Procel Edifica, programa da Eletrobras, e pelo
Laboratório de Eficiência Energética em Edificações
da Universidade Federal de Santa Catarina (LABEEE/
UFSC)), que conta ainda com a participação de
especialistas de diversas universidades brasileiras e
representantes de instituições do setor da construção
civil.
“A iniciativa de criar soluções sustentáveis para as
construções é mundial e gradualmente o Inmetro está
adotando ações nesse sentido. O grande desafio da
eficiência energética nas edificações é garantir um
clima interno que não prejudique o dia a dia dos
frequentadores, privilegiando a economia de energia.
As construtoras que aderirem ao Programa terão a
certificação como diferencial competitivo”, disse o
presidente do Inmetro, João Jornada.
“A adesão é voluntária e abrangia no inicio apenas as
construções públicas e de serviços. Mas, a partir de
2010, os prédios residenciais também passaram a ter
seus projetos avaliados e classificados”, completou
Alfredo Lobo, diretor da Qualidade do Inmetro.
A Etiqueta de Eficiência Energética em edificações faz
parte do PBE e foi desenvolvida em parceria entre
a Eletrobras e o Inmetro. O objetivo é incentivar a
elaboração de projetos que aproveitem ao máximo
a capacidade de iluminação e ventilação natural
das construções, levando a um consumo menor de
energia elétrica. Assim como os eletrodomésticos que
fazem parte do PBE, os projetos de arquitetura serão
analisados e receberão etiquetas com graduações de
acordo com o consumo de energia.
MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente
ESCOLA NACIONAL DE CIRCO de NiteróiTrabalho Final de Graduação | Escola de Arquitetura
e Urbanismo - UFF | Aluna LIS COELHO VALLADARES
O encanto e a magia do circo diante dos nossos olhos. A aluna Lis Coelho Valladares
viajou no universo circense para fazer um projeto que resgata a alma de um espaço
tradicional que, por muitos anos, coloriu a paisagem da Praça da Bandeira, um dos
bairros mais tradicionais do Rio de Janeiro: A Escola Nacional de Circo do Rio de
Janeiro.
Suas tradicionais lonas, sob as quais várias gerações de artistas foram formadas para levar alegria ao
povo, não mais enfeitam a cena local. E, como cigano na trilha do chão, percorreu terrenos improvisados,
perdendo todo o seu brilho, colorido e alegria, num espaço acanhado na Zona da Leopoldina carioca.
Com amor, paixão e um toque no sonho de qualquer um que sorriu com as trombadas dos palhaços,
prendeu a respiração com os voos dos trapezistas ou ficou inerte com a destreza dos malabaristas, Lis traz
a proposta para a nova localização deste mundo mítico do circo, cuja história passa por civilizações como
a da China, da Grécia, do Egito e da Índia. E, no Brasil, levanta a lona no final do século XIX, com os
ciganos fugidos da Europa, imortalizando personagens marcantes como o palhaço Carequinha.
Seja de lona ou de rua, o circo precisa de seu espaço próprio, de seu cantinho mágico para fazer a
alegria de todos - crianças e adultos de todas as idades. E para formar leva e mais leva de artistas para se
perpetuar diante de um mundo dominado por tantas atrações - reais ou virtuais.
A Lis propõe exatamente isso com seu projeto. E o lugar escolhido, certamente, faz um perfeito encontro
entre o sonho e a natureza: bem numa área central de Niterói, próximo ao Caminho Niemeyer, e ao lado
do terminal rodoviário, seguido da estação das barcas.
Sem marmelada, mas com muita alegria, mergulhe neste encantador projeto. Lis Valladares tem o prazer
de apresentar: A Escola de Circo de Niterói!
O circo é o último vestígio
de um saber antigo, existencial e
iniciático. Esse saber, essa arte
ancestral e única que é o circo, só se
perpetua graças a dois mecanismos:
transmissão do saber de pai para
filho, e o ensino proporcionado
por uma escola
“Ziegler, J.”
No caminho havia um Circo...“O projeto de Lis Valladares é um bom exemplo de como um exercício acadêmico pode
representar uma contribuição para a reflexão sobre o bom uso dos espaços urbanos
centrais. Ao propor que uma quadra em área nobre seja destinada a uso que alia impacto
sócio-educacional a uso público com forte atração popular, o projeto leva a considerações
sobre o papel do município como incentivador de práticas culturais com resultados efetivos
quanto a criação de novas oportunidades de trabalho e de lazer. Esta proposta reflete-se
em uma feliz solução arquitetônica que alia uma forma expressiva à excelente integração
com o entorno, dialogando com a forte vizinhança do Caminho Niemeyer.”
Orientador Professor Sergio R. Leusin de Amorim | Arquiteto
Referências: Escolas em outros países foram primordiais para visualizar o potencial desse ramo e
também como incentivo para aplicarmos a ideia no Brasil, que está em grande ascensão mundial, no que
concerne à atividade arquitetônica, e pode se prevalecer de bons projetos na área de educação e cultura,
investimento que garante o crescimento do País.
O novo circo é um movimento recente que adiciona às técnicas de circo tradicionais a influência de outras
linguagens artísticas como a dança e o teatro, levando em conta que a música sempre fez parte da tradição
circense. No Brasil existem atualmente vários grupos pesquisando e utilizando esta nova linguagem.
44 | MEMO online • Maio 2011 Maio 2011• MEMO online | 45
MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente
OBJETIVOFormar o artista circense através do domínio de habilidades e técnicas, capacitando-o para: elaboração e
execução de números com excelência; montagem de equipamentos com segurança; organização do espaço
cênico circense; domínio dos fatores técnicos que interferem na realização dos espetáculos; e reciclar e
especializar profissionais circenses do Brasil e exterior.
ESCOLHA DO TEMA
Questão Social- Educação
- Integração social
- Disseminação das artes
- Valorização do Circo
Questão Econômica- Atender uma demanda ainda carente no Brasil
- Geração de emprego
- Quantificação e especialização da mão de obra
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O PROJETO - IMPLANTAÇÃO
A implantação sugere uma combinação da forma do prédio da Escola com o espaço para apresentação, a
Arena Múltipla; reservando ainda lugar para uma Praça de Conveniência e uma Lanchonete. O estacionamento
será subterrâneo.
Ocupando apenas parte do terreno escolhido, foi criada uma rua, para melhorar a circulação no entorno da
Escola de Circo. Será proposta a implantação de uma praça pública no terreno à frente, a fim de preservar a
volumetria e a tipologia arquitetônica.
NOVA PROPOSTA DE LOCALIZAÇÃO - JUSTIFICATIVA- A área em questão já tem a tradição de abrigar circos temporários
- A Escola de Circo traria mais movimento ao local não só durante a semana pelos alunos, mas
principalmente, nos finais de semana com os espetáculos
- O território está vinculado ao Caminho Niemeyer
- O projeto cultural irá beneficiar a área que é qualificada como de Especial Interesse Turístico e
Urbanístico de Niterói
- A população de Niterói carece de projetos sociais e culturais desse porte
- A Escola atrairá não só artistas circenses, como também crianças, jovens e adultos interessados
em aprender uma nova atividade física e artística
- O projeto atrai crianças, ocupando seu tempo ocioso e ensinando conceitos de disciplina,
responsabilidade e persistência
- A área escolhida fica na região onde aconteceu a tragédia do Gran Circus norte-americano,
em 1961. Uma escola de circo poderia ajudar a população a transformar a recordação amarga
em esperança e alegria
SITUAÇÃO - PROPOSTA
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“Os princípios fundamentais
de revitalização do próprio terreno do conjunto
e de suas fronteiras que precisam ser reintegradas
ao distrito são os mesmos que os
princípios do auxílio a qualquer área urbana
de baixa vitalidade.
Os planejadores urbanos precisam diagnosticar
que condições capazes de gerar
diversidade estão faltando...”
JACOBS, 437
O conhecimento cultural consolida sua importância na vida dos seres humanos a cada vez que é
mencionado, seja numa conversa entre amigos ou na elaboração de um projeto para o enriquecimento
e ampliação social.
A escolha do tema já se deu pelo intenso envolvimento que tive com as vertentes de criação artística,
buscando nesta uma maneira de potencializar sua produção, com base no aprendizado técnico-
arquitetônico, para conferir aos espaços usos conscientes e qualitativos.
A arquitetura e o desenho urbano são indiscutivelmente a mais pública de todas as artes, podendo ser
considerada como a forma não verbal, a mais forte das formas de expressão coletivas.
Acredito que, na nossa era de crescente e liberalizada prática profissional, estamos todos conscientes da
importância do pluralismo cultural na Arquitetura e Urbanismo no País.
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PLANTAS BAIXAS E CORTES
PLANTA BAIXA DA ARENA
ARENA DE APRESENTAÇÃOTransformando a imagem do circo em um cenário contemporâneo, partiu-se da tradicional lona americana
para um sistema de tenso-estrutura, que adere bem à linguagem do espaço a que se destina. Para elaboração
do projeto, a autora contou com o apoio da empresa Tensitex, que a auxiliou para concretizar sua ideia de
forma, respeitando os vãos e aberturas necessários para acessibilidade, altura exigida sobre o palco e, claro,
a beleza da estrutura.
Nas estruturas tensionadas, gravidade e rigidez não são propriedades estruturais essenciais. Lonas tensionadas,
em particular, são tão leves que seu peso é quase desprezível; e os materiais de que são feitas, como cabos e
tecido, são altamente flexíveis.
Outros meios têm que ser explorados para fornecer a estabilidade e a força necessárias. Seus componentes
têm que estar dispostos em um arranjo geométrico específico (forma da superfície) e devem estar submetidos
a um padrão específico de tensão interna (padrão pré-tensionado).
A geometria das estruturas tensionadas não é, portanto, arbitrária e segue rígidas regras de Engenharia. Uma
vez que os limites são os pontos.
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MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente
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Plantas na RECUPERAÇÃO DE MANGUES
Os manguezais são ecossistemas costeiros localizados na zona entremarés de regiões tropicais e subtropicais.
São ambientes abertos recebendo, em geral, um importante fluxo de água doce, sedimentos e nutrientes
do ambiente terrestre e exportando água e matéria orgânica para o mar ou águas estuarinas. (Cintrón &
Schaeffer-Novelli, 1992). Este ecossistema engloba uma variedade de comunidades, dominada por espécies
de árvores halófitas com grande riqueza de fauna e flora associadas (Nybakken, 2001).
Assim, a importância dos manguezais está associada à proteção de regiões litorâneas, abrigo da fauna
e contribuição de matéria orgânica aos ambientes marinhos litorâneos, e também por sua importância
econômica para o extrativismo, agricultura e a silvicultura. O impacto antropogênico nesses ambientes justifica
a preocupação em desenvolver alternativas para recuperá-lo.
A recuperação dessas áreas contaminadas pelas atividades humanas pode ser feita através de vários métodos.
Alguns desses métodos deslocam a matéria contaminada para local distante, causando riscos de contaminação
secundária e aumentando ainda mais os custos com tratamento. Por isso, nos últimos anos passou-se a dar
preferência por métodos in situ (no ambiente) que perturbem menos o ambiente e sejam mais econômicos.
Uma técnica que vem sendo estudada é a “fitorremediação”, que envolve o emprego de plantas, sua microbiota
associada (bactérias), que, aplicadas em conjunto, removem, imobilizam ou tornam os contaminantes
inofensivos ao ecossistema, sem alterar o ambiente já impactado. Esta técnica emprega diferentes mecanismos
nos processos de remediação de solos, sedimentos e sistemas aquíferos por meio de sistemas vegetais
fotossintetizantes e sua microbiota com o fim de desintoxicar ambientes degradados ou poluídos (tabela 1).
Os contaminantes que permanecem no sedimento podem ser transformados por ação de enzimas ou por
microorganismos associados simbioticamente com a raiz. Assim, os exudatos liberados pelas raízes podem
imobilizar contaminantes, retendo-os no sedimento ou estimulando o crescimento e a atividade bacteriana.
Após extrair o contaminante do solo, a planta armazena-o para tratamento subsequente, quando necessário,
ou mesmo metaboliza-o, podendo, em alguns casos, transformá-lo em produtos menos tóxicos ou mesmo
inofensivos. A fitorremediação pode ser empregada em sedimentos contaminados por substâncias inorgânicas
(exemplo metais) e/ou orgânicas (pesticidas e petróleo).
A impulsão dessa biotecnologia ocorreu quando se verificou que a zona das raízes das plantas apresentou a
capacidade de biotransformar moléculas orgânicas. Desta forma, a “rizosfera”, como é conhecida esta zona,
tem sido estudada por sua importante função de utilizar moléculas de poluentes como fonte de nutrientes para
diversos microorganismos que habitam nesta região.
FIGURA 1 – MECANISMOS/ESTRATÉGIAS DA FITORREMEDIAÇÃO
O “efeito rizosfera” não é um aumento da biomassa ou atividade bacteriana natural do sedimento, mas sim a
ação seletiva sobre o crescimento bacteriano, e consequentemente ocasiona mudanças na abundância relativa
de diferentes grupos bacterianos do sedimento. Os três aspectos das características do sedimento modificado
pela “rizosfera” (atividade microbiana, potencial de oxidação e comunidades microbianas modificadas) podem
todos contribuir para o “efeito rizosfera”, positivo que é a base para fitorremediação de poluentes.
Essa tecnologia combina baixos custos com maior eficiência, além do controle de erosão pelas raízes das
plantas e a biodegradação, abrangendo vários poluentes orgânicos e inorgânicos pelo aumento da biomassa
bacteriana. Reduzindo assim o risco que estas substâncias representam à saúde humana.
MECANISMOS/ESTRATÉGIAS DA FITORREMEDIAÇÃO
absorção dos contaminantes pelas raízes, os quais são armazenados ou transportados e acumulados nas partes aéreas
os contaminantes são incorporados à lignina da parede vegetal ou ao húmus do sedimento precipitando os metais. Evita a mobilização do contaminante e limita sua difusão no sedimento através de uma cobertura vegetal
as raízes em crescimento promovem a proliferação de microorganismos degradativos na “rizosfera”, que usam os metabólitos da planta como fonte de carbono e energia
o poluente é absorvido pelas raízes, convertido em forma não tóxica e depois liberado na atmosfera
contaminantes orgânicos são degradados ou mineralizados dentro das células vegetais por enzimas específicas, como: nitrogenases (degradação de nitroaromáticos), desalogenases (degradação de solventes clorados e pesticidas) e lacases (degradação de anilinas)
emprega plantas terrestres para absorver, concentrar e/ou precipitar os contaminantes de um meio aquoso através do seu sistema radicular
Fitoextração
Fitoestabilização
Fitoestimulação
Fitovolatilização
Fitodegradação
Rizofiltração
Obs.: Essas são tecnologias baratas, com capacidade de atender uma maior demanda e que apresentam mais capacidade de desenvolvimento que tendem a obter maior sucesso no futuro
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LUIZ FRANCISCO FONTANA e MIRIAN A. C. CRAPER | Professores de Pós-Graduação
em Biologia Marinha | UFF
MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente
FITORREMEDIAÇÃO NO BRASILA fitorremediação no Brasil ainda é muito pouco explorada e as pesquisas existentes descrevem apenas experiências realizadas em laboratório
No ano de 2000, foi alcançado um feito inédito na América Latina, o isolamento de consórcios bacterianos com
capacidade para degradar componentes do petróleo e sua aplicação in situ. O objetivo de se isolar consórcios
bacterianos degradadores de petróleo teve a tecnologia desenvolvida pelo Laboratório de Microbiologia
Marinha, da Universidade Federal Fluminense (UFF), sob responsabilidade da Dra. Mirian Araújo Carlos
Crapez, com apoio da Petrobras/DTSE e financiamento da ANP (Agência Nacional do Petróleo,Gás Natural
e Biocombustíveis).
A metodologia empregada pelo Laboratório de Microbiologia Marinha é ecologicamente correta, pois se
utiliza matrizes bacterianas do ambiente impactado, não colocando no mesmo organismos estranhos.
O objetivo deste estudo foi a utilização da tecnologia de biorremediação em espécies vegetais de mangue,
preparando-as para o plantio definitivo em área impactada por petróleo. Os experimentos foram conduzidos
no viveiro da Petrobras/DTSE, com adição de consórcios bacterianos hidrocarbonoclásticos (bactérias que
utilizam hidrocarbonetos de petróleo como fonte de carbono e energia) na “rizosfera” desses vegetais. Após a
adaptação destas plantas ao viveiro, iniciou-se o teste de biorremediação in situ. As plantas foram transferidas
para o manguezal próximo à REDUC (Refinaria Duque de Caxias), onde foram medidas mensalmente e
a característica biométrica que apresentou maiores valores foi a altura. Ficou constatado que as bactérias
hidrocarbonoclásticas nativas, além de minimizarem o impacto por óleo, auxiliam o crescimento vegetal.
Rizophora mangle apresentou um
crescimento em altura de 85%,
em relação ao controle, seguida
pela Avicennia schaueriana (70%)
e Laguncularia racemosa (8,3%).
O investimento no crescimento do
diâmetro do caule foi menos expressivo:
Avicennia schaueriana (42%), Rizophora
mangle (19%) e Laguncularia racemosa
(0,4%) (figuras A, B e C)
O uso da fitorremediação na recuperação de desastres ambientais ainda não é adotado no Brasil. É uma
tendência mundial, sendo amplamente aplicada nos EUA, Europa e Ásia. No Brasil, esta biotecnologia será
uma solução essencial para a limpeza de ambientes sensíveis como a Baía de Guanabara, pois a maior parte
das refinarias está localizada em manguezais (biodetergentes para limpeza de petróleo, CH, nº 223). A maior
dificuldade para o aperfeiçoamento da técnica de fitorremediação é a despesa com a manutenção do viveiro
e as análises dos poluentes devido aos poucos recursos aplicados às pesquisas ambientais pelo governo e
empresas.
Tendo isso em mente, nosso grupo de pesquisa busca adaptar a metodologia de isolamento e seleção de
bactérias à realidade dos laboratórios brasileiros, usando recursos acessíveis (água do mar, carboidratos e
consórcios bacterianos isolados do ambiente contaminado), e para o emprego desta tecnologia de ponta,
com a qual já se sabe que há menos danos ao meio ambiente e maior eficiência de limpeza, é necessário
o constante investimento do governo e de empresas ligadas ao petróleo, e assim o Brasil poderá competir
internacionalmente na recuperação de ambientes impactados.
FIGURA 2 – ISOLAMENTO DO CONSÓRCIO BACTERIANO
FIGURA 3- FOTO VIVEIRO REDUC.
FIGURA A - Rizophora mangle FIGURA B - Lacungularia racemosa FIGURA C - Avicennia schauerianna
ISOLAMENTO E SELEÇÃO DE CONSÓRCIOS BACTERIANOSHIDROCARBONOCLÁSTICOS
COLETA DE SEDIMENTO SELEÇÃO E AMPLIFICAÇÃO DE BIOMASSA BACTERIANA HIDROCARBONOCLÁSTICA
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Radioatividade no mar três mil vezes superior ao normal,
contaminação de pessoas, de alimentos e pânico. Este é o
cenário de terror no Japão, país amigo do Brasil, que como
nós, optou por produzir energia nuclear. Os efeitos devastadores
dessa tragédia podem ser sentidos até em Nova Iorque, onde
foram detectadas, tanto no ar quanto na chuva, pequenas
quantidades de radiação. Esse estrago todo veio apenas de
Fukushima, cidade atingida por frequentes terremotos. Quatro
dos seis reatores localizados naquela região estão tirando o
sossego do mundo. Pouco se fala, no entanto, que aquele país
tem outras 49 “bombas relógios”, concentradas em 13 usinas
nucleares e que toda essa parafernália diabólica é responsável
pela produção de apenas 30% da energia do país.
Lições do JAPÃO e da ALEMANHA Não se sabe quantas gerações serão afetadas pela
radiação liberada em Fukushima e nem os prejuízos
ocasionados pela suspensão das exportações
japonesas. Entre 2009 e 2010, o Japão exportou
677 toneladas de carne bovina e 1.898 toneladas
de arroz principalmente para Hong Kong, Coreia
do Sul, Indonésia, Tailândia, Malásia, Cingapura e
Filipinas. Fazem parte da pauta de exportação outros
produtos como frutas, carne suína, frango e ovos. Até
mesmo a produção de carros está comprometida.
Ninguém quer tocar em produtos contaminados por
essa enganosa energia limpa.
O mundo registrou três grandes desastres nucleares:
o de Three Mile Island nos Estados Unidos, em 1979;
o de Chernobyl, na Rússia, em 1986; e agora o do
Japão. Todos foram minimizados inicialmente, mas
como não havia como esconder os resultados nefastos,
com o tempo passaram a receber a devida avaliação.
A questão que se coloca é como levantar os efeitos
dos inúmeros experimentos realizados em várias
partes do mundo por militares? O sigilo é também a
alma do negócio na corrida armamentista.
O acidente em Chernobyl, segundo um estudo
encomendado pelo Greenpeace, pode ter matado
mais de 200 mil pessoas. Se levarmos em conta que
os reatores de Fukushima têm cerca de 30 vezes mais
material radioativo, podemos esperar o pior. Agora,
depois do leite derramado, o Japão se diz inclinado
a mudar sua matriz energética.
Muitos chefes de Estado partiram em defesa da energia
nuclear, mas fica difícil aceitar a argumentação de
que se trata de uma energia gerada a baixos custos
e com risco reduzido. O primeiro argumento é
absolutamente irreal, porque é altamente subsidiada.
Ao contrário, a energia nuclear é cara, desnecessária
e perigosa. Como esperar que governos não se
posicionem favoravelmente a respeito de seus
próprios projetos? Os argumentos sobre segurança,
após o acidente no Japão, simplesmente foram por
água abaixo. Afinal, o perigo veio de fora. Foi o
corte de energia que parou de alimentar o sistema de
refrigeração. Pura externalidade?
Com a discussão colocada, é preciso saber qual a
argumentação do Brasil para continuar apostando
em energia nuclear. O nosso país conta com duas
usinas em operação: Angra 1 e Angra 2, em Angra
dos Reis (RJ). Juntas, produzem 2 mil megawatts. A
partir de 2015, a conclusão da usina nuclear Angra
3 colocará no sistema mais 1.080 megawatts.
O próprio diretor da Eletronuclear, Pedro Figueiredo,
em uma audiência na Assembleia Legislativa do Estado
do Rio de Janeiro (Alerj), alertou para a necessidade de
se rever os protocolos de segurança de todas as usinas
nucleares do mundo. Tal preocupação é pertinente e
deve estar na agenda do governo brasileiro. As usinas
estão localizadas numa área vulnerável à queda
de barreiras. Em 1985, uma enxurrada em Angra
provocou um gigantesco deslizamento, exatamente
na face oposta da montanha do local onde está
Angra 1, abrindo uma cratera na rodovia Rio-Santos,
soterrando laboratórios e quase fechando a saída de
água da refrigeração da usina. A avalanche destruiu
ainda a marina.
62 | MEMO online • Maio 2011 Maio 2011• MEMO online | 63
ASPÁSIA CAMARGO | Deputada Estadual do Partido Verde – RJ
MEMO Arquitetura, Engenharia e Meio Ambiente
Mesmo que o Brasil suspenda o seu programa
nuclear, a herança ficará para inúmeras gerações
futuras. Teremos que ser guardiões eternos dessa
maldição.
Alguns especialistas garantem que um dos
componentes nucleares, o Plutônio 239, tem vida
média de 24.100 anos. Como planejar a segurança
para um futuro tão distante, onde talvez nem mais
estaremos vivos como espécie?
Existem outras alternativas? Naturalmente que sim. A
solar e a eólica vão de vento em popa! Temos que
investir em energia renovável e em biomassa.
O Brasil absolutamente não precisa de outras fontes
geradoras. É sempre bom lembrar que energia limpa
é aquela que não deixa rastros de destruição e é
sustentável. A própria Alemanha, país parceiro do
Brasil na construção de Angra 1, 2 e 3, anunciou
recententemente a desativação de suas usinas
nucleares, decisão ligada diretamente à vitória do
Partido Verde em Baden-Württenber. Algumas usinas
já serão fechadas nos próximos meses. Isso é bom
senso. Se a Alemanha, que nos orientou, recuou, o
Brasil podia seguir o exemplo. A academia precisa
colocar este importante tema em discussão.
O plano de evacuação do complexo nuclear é
péssimo e sempre sofreu questionamentos, pois
apresenta muitas falhas. A Rio-Santos é precária. É
absolutamente necessária a recuperação da estrada
Paraty-Cunha, mas a abertura de mais essa opção
ainda não está liberada pelo Ibama. E Angra 3 vem aí,
com este cenário precário de rotas de fuga, a situação
torna-se ainda mais preocupante. A Eletronuclear já
pensa em construir mais dois píeres para facilitar a
evacuação dos moradores em caso de acidentes já
levando em conta os frequentes deslizamentos na
BR 101. A obra facilitaria a atracação de navios
maiores. É a saída pelo mar, já que por terra a
situação é desfavorável.
Como se não bastassem os riscos inerentes à própria
atividade, o Brasil e o mundo precisam urgentemente
dar destino ao lixo nuclear. A Comissão Nacional
de Energia Nucelar (CNEN) ainda não definiu onde
será construído o repositório, destino final dos rejeitos
radioativos. Os resíduos com baixo e médio teor de
radioatividade são estocados em depósitos no terreno
da própria usina. Lá, já estão guardados 6.650
tonéis e caixas, abrigados em três prédios. Com a
construção de Angra 3, o reservatório tem que ser
ampliado. Existe uma previsão para a construção de
um super repositório até 2020. Falta muito tempo.
64 | MEMO online • Maio 2011
Ao se mencionar os títulos, atualmente objetos de preocupação mundial, “DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL”, “AMBIENTALMENTE CORRETO”, “SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL” e outros
correlatos, a indústria da construção civil sempre aparece como uma das grandes vilãs, face a
quantidade e diversidade das matérias primas e produtos empregados, alguns de extrema importância
neste contexto.
Ainda na 1º fase de produção de uma edificação, a sua estrutura, normalmente em concreto armado,
já requer grande consumo de madeira, certamente um dos insumos mais citados em qualquer
discussão ambiental.
Apesar dos incansáveis esforços de conscientização, dos investimentos bilionários de setores públicos
e privados, ainda permanece a sensação de que pouco foi feito.
Controle de desmatamento e replantio são necessários mas não suficientes. A decisão pelo
desmatamento zero, única plausível, jamais seria cumprida. O replantio de cada qualidade de árvore,
que se compatibilize com as várias necessidades de uma construção habitacional ou não, leva décadas,
e a futura utilização destas espécies certamente encontrará a humanidade com problemas de outra
ordem. Entretanto, mesmo se todas estas equações pudessem ser montadas, ainda permaneceria a
questão do seu destino final, pois tão grave quanto à extração desmedida é a queima do seu resíduo,
também demandada por vários outros setores produtivos, e altamente poluidora da atmosfera.
Assim sendo, nos parece que a busca de solução definitiva exige pesquisas técnico – cientificas, que
aliadas à mudança de hábitos e tradições, minoraria sensivelmente esta questão. A substituição,
embora ainda paulatinamente, de matérias primas não renováveis, ou renováveis a médio e longo
prazo, achamos que deva ser a principal linha de ação de todos os envolvidos nas cadeias produtivas
de qualquer atividade. Hoje, com todas as informações disponíveis e comprovadas acerca dos graus
de nocividade das diversas atividades humanas, não podemos mais agir como autopredadores, pois
o atraso já é imenso.
CONTRIBUIÇÕES PROPOSTAS
Neste escopo, foi apresentado à comunidade da construção do MUNICÍPIO DE NITERÓI, através
de palestras inicialmente ilustrativas, no CLUBE DE ENGENHARIA e na ADEMI, um novo processo
construtivo para a execução das estruturas de edificações de múltiplos pavimentos. Anteriormente,
propunha-se a redução maior possível da utilização de madeira, substituindo-a por FORMAS PLÁSTICAS
ELABORADAS COM ATÉ 50% DE MATERIAL RECICLADO, que suportadas por CIMBRAMENTO
METÁLICO RACIONAL já propiciava grandes vantagens. Mas, restava ainda, buscando alcançar
outros benefícios, abordar o assunto do vigamento, imprescindível nos processos tradicionais de
cálculo estrutural.
Deste modo, promovemos outras palestras, com enfoque essencialmente técnico, dirigidas aos
engenheiros estruturais, arquitetos e construtores, sobre o tema: LAJES “TIPO COGUMELO”,
PROTENDIDAS COM CORDOALHAS NÃO ADERENTES (ENGRAXADAS), MACIÇAS OU NERVURADAS,
COM OU SEM CAPITÉIS NOS TOPOS DOS PILARES.
PREMAG – Sistema de Construções Ltda.
A motivação inicial se baseou nas seguintes perguntas, direcionadas aos fabricantes de edificações.
É de seu interesse estudar a possibilidade de na sua obra:
a) Eliminar o vigamento podendo levar a zero o consumo de madeira?
b) Reduzir a quantidade de pilares, com possibilidade de vãos de até 12 metros entre eles, viabilizando
principalmente garagens mais confortáveis?
c) Utilizar cimbramento metálico racional que, escorando formas plásticas, permita a desforma das
lajes após a protensão, feita mais ou menos quatro dias após a concretagem?
d) Eliminar a necessidade de junta de dilatação em pavimentos de grande área?
e) Executar varandas com balanços generosos?
f) Permitir variações nas plantas das unidades?
Sem resposta negativa a nenhuma destas questões, foi proposto esse sistema construtivo, com ótima
aceitação. Na realidade nada de novo foi criado, vez que a utilização de concreto protendido
(comprimido), aproveitando sua melhor característica física, data do início do século passado e que
para a sua utilização no presente bastava apenas ocorrer a banalização do processo, que se fez
através da evolução dos materiais, principalmente a partir da produção de cordoalhas engraxadas,
utilizadas nos Estados Unidos da América desde o início da década de 1960, tecnologia que no Brasil
chegaria vinte anos depois.
CONCLUSÃO
Atualmente, no Município de Niterói, com 110.993m2 de estruturas de edificações executadas com a
utilização deste processo, além de 17.220m2 em execução, orgulha-nos termos com esta ainda tão
parca participação, colaborado com o aumento da sobrevida do nosso planeta.
Utilizar FORMAS PLÁSTICAS COM ATÉ 50% DE MATERIAL RECICLADO na construção de edifícios
permite a prática de duas ações básicas e extremamente importantes para a proteção do meio
ambiente:
1 – Não consumir madeira, diminuindo o desmatamento e a posterior queima das sobras.
2 – Retirar e reciclar o resíduo plástico presente na natureza, degradável em séculos.
Muito ainda há por fazer, mas acreditamos que o caminho para o fechamento do ciclo de
sustentabilidade ambiental nas obras de construção civil está iniciado, cabe-nos continuar a trilhá-lo.
AGRADECIMENTOS
Nada teria sido feito até o presente sem o crédito dos nossos clientes, incorporadores e/ou construtores
militantes na nossa cidade.
Nossos agradecimentos aos diretores das empresas GACON PROJETOS E CONSTRUÇÕES LTDA,
S.D. TREIGER EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES LTDA, JPR PROJETOS E CONSTRUÇÕES LTDA,
ITAÚBA ARQUITETURA E CONSTRUÇÃO LTDA, EQUIPE PROJETOS E CONSTRUÇÕES LTDA, PINTO
DE ALMEIDA ENGENHARIA S/A, LRM CONSTRUÇÕES LTDA e GIMENEZ ANDRADE ARQUITETOS
LTDA. Aos engenheiros de estruturas RUBEM BASTOS COELHO, CESAR PINTO, MARCELO SILVEIRA,
DENISE SILVEIRA, FLÁVIA MOLL JÚDICE e MAYRA SOARES PEREIRA LIMA PERLINGEIRO, grandes
incentivadores e colaboradores deste novo sistema estrutural.
PREMAG® - Sistema de Construções Ltda.
Luiz Edmundo Andrade Pereira - Diretor Engenheiro Civil
Stélio Cardoso de Souza - DiretorEngenheiro Civil
INFORME PREMAG
PREMAG – Sistema de Construções Ltda.
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SERVIÇOS DOS ECOSSISTEMAS: a galinha dos ovos de ouro ainda subestimada pela economia tradicional
Se me perguntassem qual a melhor
maneira de ganhar dinheiro, talvez
eu arriscasse investir em alguma
novidade mirabolante, mas quando
se trata da sociedade, o enfoque é
outro. Não deve existir apenas um
ganhador. Todos precisam levar
vantagem em todos os sentidos.
Parece difícil fazer com que toda
uma comunidade se enriqueça
ao mesmo tempo, apesar de suas
diferenças culturais, religiosas e
econômicas. No entanto, isso é
totalmente possível. A questão não
depende do depósito que cada um tenha num banco.
Os depósitos na verdade não podem estar acima de
sua capacidade de carga.
Não estamos falando das caixas dos bancos, mas dos
compartimentos da Terra, onde estão depositadas
as mais complexas fórmulas químicas sujeitas a
uma infinidade de leis, sem qualquer conotação
legal. Estamos nos referindo à atmosfera onde são
depositados os gases naturais do planeta e ainda
todos aqueles produzidos pelas atividades humanas.
Estamos falando dos rios, outro depósito de gases e
demais substâncias que nos oferecem de graça uma
infinidade de “favores” sem nos cobrar absolutamente
nada por isso.
Falamos do solo, um depósito de sedimentos, que
nos oferece espaço para nossas moradias, estradas,
e permite que a vida floresça - verdemente - e ofereça
a chance de sobrevivência para tantas outras criaturas
não-humanas.
E o que estamos fazendo com esses abençoados
depósitos? Estarão eles sendo preservados para que
continuem a nos oferecer uma temperatura amena?
Frutas em abundância que são polinizadas por
insignificantes insetos, que ninguém nem sabe que
existe. Eles mobilizam milhões e milhões de dólares
dia e noite. Ninguém vive sem comer. Uma boa parte
do que comemos depende da polinização oferecida
por animais, em especial os insetos.
Você já agradeceu a algum inseto por garantir o
alimento que você come? Eles trabalham sem parar e
não nos cobram nada por isso. É um serviço prestado
pela natureza gratuitamente.
Para nós, acostumados a botar preço em tudo,
pode parecer muito estranho receber algo sem
pagar nada. Mas é exatamente o que ocorre. Somos
ingratos. Não agradecemos aos rios por transportar
toneladas e toneladas de grãos, nem aos mares.
Não agradecemos à atmosfera por permitir que
permaneçamos vivos a cada instante, ou que nos
sustente em aviões rápidos e nos leve a qualquer
parte do planeta. Não agradecemos ao solo, que
é o substrato onde plantamos nossas sementes.
Aprendemos apenas a explorar e a cobrar.
Devíamos aprender com a bondade da natureza.
Dividir mais; cooperar mais, no lugar de competir.
Professor ROBERTO DA ROCHA E SILVA | Estácio de Sá - Rio de Janeiro - RJ
Mesmo antes de Cristo, a Terra nos amava
intensamente e sempre nos ofereceu o que tinha de
melhor.
E nós, o que temos feito por ela? Com que bondade
temos retribuído tudo que ela nos oferece?
Despejamos toneladas de poluentes em nossos
rios e oceanos. Sobrecarregamos a atmosfera com
nossas partículas e emissões tóxicas. É verdade
que temos mostrado boa vontade em corrigir os
erros do passado. Mas como explicar que a lista de
espécies ameaçadas só aumenta a cada ano? Que
aumentamos as cifras de mortos pela fome e miséria
extrema no mundo?
Conferências, tratados e acordos se repetem e não
vemos grandes avanços de uma real qualidade de
vida para todos. Estocolmo, Rio-92, Johannesburgo,
Copenhague e tantas outras. Promessas e promessas.
Até quando?
O que vamos dizer para as gerações futuras quando
as condições climáticas se agravarem tanto a ponto
de comprometer a viabilidade econômica das
sociedades humanas? Não poderemos alegar que
não sabíamos! Descaso? Incompetência? O que
afinal?
Passamos o século XX apostando que seríamos
diferentes no futuro. Pois bem: o futuro já chegou!
Já queimamos um décimo dele. Não temos muito
tempo nem conhecimento tecnológico suficiente
para enfrentar as catástrofes climáticas que estão
previstas. Basta chover um pouco que se percebe
rapidamente a nossa fragilidade. E a verdade é que
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realmente somos frágeis sim. Precisamos reconhecer
isso e sermos menos arrogantes em nossos
posicionamentos antropocêntricos. Melhor apostar
em Gaia, a nossa mãe Terra: mãe é mãe! Por que a
estamos negando?
Acredito que uma das soluções mais importantes
para enfrentamento de tantos desafios é educar os
jovens no sentido cooperativo e não exatamente
competitivo. É criar mais espaços verdes e tratá-
los com o devido respeito. É capacitar técnicos e
sensibilizar políticos sobre a necessária prioridade
em prestigiar a sustentabilidade ecológica como
base para a sustentabilidade econômica. É relacionar
o tratamento de esgotos e o reflorestamento como
urgências a serem resolvidas. É combater a poluição
marinha a partir das bacias hidrográficas municipais.
É acertar consórcios que reúnam diversas prefeituras
para o correto tratamento e aproveitamento dos
resíduos sólidos. É tratar as questões sanitárias de
modo mais amplo, conforme está preconizado no
Sistema Único de Saúde (SUS), e não somente para
atender “doentes”. É revitalizar e reorganizar os
espaços públicos, muitos deles abandonados: como
desejar a colaboração do cidadão, se não há o
exemplo de casa? Do próprio governo!
Não será uma tarefa fácil. Não faz tanto tempo assim,
fezes e urinas eram guardadas em tonéis para serem
jogadas nas praias e em diversas colações de água.
Falta sim uma educação mais esmerada. Que os
jovens saibam redigir um texto, e sejam estimulados
para a boa leitura. Que respeitem os idosos. Que
aprendam os nomes das plantas e dos animais de
sua região. Como preservar o que não conhecem?
Filmes e peças teatrais sobre meio ambiente podem
ajudar. Que se incentive a cultura ambiental. Que
sejam oferecidos cursos de capacitação para a
elaboração de projetos.
É preciso valorizar mais as práticas e os conhecimentos
que implementem a gestão ambiental a nível
dos municípios. A legislação ambiental devia ser
ensinada nas escolas. Enfim, fomos forjados a partir
de um modelo europeu que não se ajusta à realidade
neotropical. Precisamos corrigir esse equivocado
percurso de plantar e colher apressadamente, próprio
dos povos do gelo.
No entanto, mesmo sendo europeizados, não
vivemos hoje no Hemisfério Norte. Estamos na linha
do Equador, onde chove muito e a neve é escassa.
Destruímos as nossas florestas nativas para criar
espécies exóticas, tais como o boi, o cavalo, o porco,
a cabra, a ovelha, a galinha e tantas outras. A soja
de origem chinesa ocupa hoje boa parte do nosso
território, onde cresciam madeiras nobres, de óleos
raros, de princípios ativos desconhecidos.
Estamos perdendo tudo isso em nome de um lucro
rápido. As gerações futuras continuarão a comer
carne e soja, mas não terão mais o que descobrir
nem patentear, por insuficiência de matéria prima
para pesquisar e conhecer, eliminada pela ganância
de uns poucos em detrimento de muitos.
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Há cerca de quatro décadas, ou pouco mais, mercê do proibitivo custo do metro quadrado do diminuto número
de terrenos situados em bairros nobres das cidades, últimos bastiões da resistência ao poder econômico da,
então, voraz indústria da construção civil, mentora do boom imobiliário que se estabeleceu, graças ao desvio de
finalidades dos inesgotáveis recursos do, recém criado BNH (Banco Nacional da Habitação), alguns empresários,
particularmente um que a todos liderou e serviu de espelho, de módicos recursos financeiros, propuseram-se a
promover a total, maior e mais profunda revolução do mercado imobiliário já experimentada até então.
Em Niterói, particularmente, tal corajosa missão, foi capitaneada por um homem de origem humilde, sem
medos, que, ao longo da vida, enfrentara árduas lutas na busca do pão de cada dia, dotado, todavia, de
raro feeling e visão empresarial que, após demorado acompanhamento dos rumos traçados pelo mercado
imobiliário, convenceu-se que a solução para trazer de volta aos consumidores em busca da casa própria,
aterrorizados com os preços dos imóveis, já escassos, e cuja aquisição pelo S.F. H (Sistema Financeiro da
Habitação) transformavam sonhos em pesadelos, impostos pela absurda inflação de uma economia à deriva,
levava a todos à irreversível inadimplência, decidiu abraçar o desafio, - que sabia Hercúleo -, de mudar os
arraigados conceitos de morar bem, com melhor qualidade de vida pela convivência diuturna com a natureza
e o meio ambiente, por preços e condições de pagamento, não só atraentes, mas,- o que era mais importante
-, sem o risco de quaisquer surpresas futuras no que concerne ao adimplemento das obrigações assumidas.
Tantas e tais vantagens mitigavam, obviamente, a distância maior, passageira, entre a casa e o trabalho, bem
como o acesso aos centros comerciais que, como fazia questão de alardear, logo viriam servir a região, em
decorrência da veloz expansão demográfica que a mesma experimentaria, em razão do lançamento, senão
simultâneo, a curtíssimo prazo, de inúmeros outros empreendimentos de iguais características, sendo certo,
ademais, que, em razão da conduta irrepreensível do vendedor, ao longo de toda a sua vida dedicada a
compra e venda de imóveis loteados, o mesmo já contava com uma carteira de clientes que garantiam a
venda de cerca de 30% a 40% das unidades, na fase de pré-lançamento, como investidores habituados ao
lucro obtido, invariavelmente, em todos os negócios, anteriormente com ele celebrados.
Com os recursos amealhados através do, sempre bem sucedido, pré-lançamento, dito empresário promovia
o início das obras de infraestrutura, tais como as de arruamento, implantação de rede de água e esgoto
etc., de molde a, quando do lançamento, munido do projeto de loteamento, devidamente aprovado pela
Municipalidade, ter algo visível, desde logo, para mostrar aos futuros compradores.
A “cereja” que coroava o bolo do engenhoso projeto de “marketing e merchandising”, todavia, era a novidade
de que as unidades (lotes) vendidos integravam um, até então desconhecido, “Condomínio Residencial
Fechado”, com todos os requintes de segurança e privacidade, jamais oferecidos aos adquirentes de lotes
para construção de suas casas.
DR. CARLOS AUGUSTO RABELO VIEIRA | Assessor Jurídico da Revista MEMO
Tal pomposa denominação, emanava do fato de que, além de a totalidade da área loteada ser circundada
por muros ou cercas vivas, apresentava na “entrada”, no início da rua de acesso voltada para estrada frontal
ao complexo, belíssimo portão de madeira de excelente qualidade e vistoso desenho artístico, guarnecido
por uma “guarita”, não menos imponente, provida de mesas de interfones, a ser instalada pelos futuros
“condôminos”, que regularia a autorização dos mesmos, quando consultados, acerca da permissão ou não,
do acesso de quem, ao chegar ao “Condomínio”, fosse previamente anunciado e, autorizado ou não a
adentrar naquele “Reino”; a exemplo do que ocorre nos edifícios de apartamentos.
A matéria é apaixonante, mas o espaço é exíguo e de valor inestimável, o que me impõe a imediata abordagem
dos aspectos legais envolventes da mesma.
Não obstante a já ressaltada engenhosidade do criador dos, “soi disant”; ”Condomínios Residenciais
Fechados”, não poderia, como operador do direito, deixar de externar meu juízo acerca da matéria, segundo
o qual os mesmos, tal como estão postos, com raríssimas e honrosíssimas exceções, caminham s.m.j, para
desaguar, inexoravelmente, no vasto estuário da ilegalidade.
Com efeito, o parcelamento do solo da totalidade das áreas dos pseudo-condomínios, em lotes, foi promovido
sob a égide e os mandamentos do longevo Decreto-Lei nº 58, de 10 de dezembro de 1937, ainda em
vigor, apesar de algumas emendas sofridas ao longo do tempo, e de sua adaptação obrigatória às posturas
municipais da situação da área loteada, que impõem, maiores ou menores regras para arruamento, bem
como de reservas de áreas para instalação de próprios públicos, tais como praças, escolas, igrejas etc.
A instalação de portões com guaritas, bem como de quaisquer outros artefatos impedientes do acesso às vias
públicas (ruas, praças etc.) foge a legalidade, objetivando, na prática, transformá-las em “partes comuns” do
“Condomínio”, tal como previstas na legislação específica sobre condomínio, vale dizer, a Lei nº 4.591, de 16
de dezembro de 1964, inaplicável à espécie.
De por em relevo a enorme e indisfarçável parcela de culpa do Poder Público Municipal que, por omissão
propositada, por isso que cômoda, não determina o desfazimento ou demolição dos elementos impedientes
de acesso às vias públicas, senão também porque, como jamais levam a efeito as obras públicas previstas
na legislação própria, nem de calçamento das ruas, nem de infraestrutura sanitária; muito menos aquelas
construções que deveriam ocupar as chamadas áreas reservadas (escolas, praças etc.), que lhes são,
obrigatoriamente, doadas, como condição, sine qua non, para aprovação dos projetos de loteamento que,
com o passar do tempo, transformam-se em parques aquáticos com saunas e quadras poliesportivas e de
tênis (“partes comuns do condomínio”, mantidas e preservadas com o recebimento da, não menos ilegal, taxa
de condomínio), sem, no entanto, jamais se esquecer de cobrar, religiosamente, dos proprietários dos lotes
ou das casas neles construídas (“condôminos”) os respectivos IPTU ou IT, acrescidos, não raro, de taxas de
iluminação pública e de coleta de lixo.
A sucinta,- não sei se chamo de análise ou denúncia-, da matéria, da forma como abordada acima, leva
à crença, do neófito articulista, haver justificado o título escolhido para encimar tantas mal traçadas linhas,
restando, quer me parecer, apenas e tão somente, desvendar a assertiva do porque “nasceu fadado ao
sucesso”, bem como trazer à lume o nome do intrépido e iluminado empresário de visão de longo alcance,
No “REINO do FAZ DE CONTA” nasceu, fadado ao SUCESSO, o “CONDOMÍNIO RESIDENCIAL FECHADO”
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que, em capitaneando, no momento certo, a “revolução do mercado imobiliário”, como destacado no intróito
deste artigo, alcançou o reconhecimento, respeito e admiração, não só dos integrantes do seu pequeno
batalhão da primeira hora, mas de tantos muitos outros empresários de alto coturno que, curvando-se ao
sucesso de sua iniciativa, juntaram-se a ele e formaram o poderoso exército que conseguiu, a época, manter,
ainda que com enormes perdas e sacrifícios, sobrevivente a indústria dos negócios imobiliários de Niterói,
em todos os seus segmentos, estendendo os efeitos, da perseverança na luta, por diversos estados do país,
chegando mesmo a romper fronteiras internacionais.
No que pertine ao sucesso alcançado, faz-se de fácil compreensão pelo fato de ter feito renascer o sonho da
casa própria para os já desiludidos; quer pela falta de opção de um mercado imobiliário paralisado, com a
procura maior do que a oferta, que elevava os preços dos imóveis a píncaros, cada vez, mais inacessíveis;
enquanto o crédito imobiliário escasseava por conta do alto índice de inadimplência dos mutuários.
Ao contrário, o recém nascido “Condomínio Residencial Fechado” era colocado no mercado com preços
módicos, prazos menores e parcelas fixas, além de oferecer todas as novidades antes já apontadas, tais como
privacidade, segurança, convivência com a natureza etc.
Por outro lado, a cidade não tinha mais para onde se expandir e, assim, a Região Oceânica, onde, à época,
eram lançados todos os “Condomínios Residenciais Fechados”, que até pouquíssimo tempo se constituía em
um enorme matagal, passou a ser, propositalmente, apontada como a nossa “Barra da Tijuca”.
De carona em mais esses argumentos, os vendedores de “Condomínios Fechados” passaram a atingir
importante camada da sociedade, vale dizer, a classe média alta, que vislumbrou na novidade, não só um
excelente investimento a médio prazo, como, no caso de futura construção e moradia na região, tornar-se
indicativo de status para os “arrivistas”.
Diante disso e depois disso, nada mais se faz necessário acrescentar, não só porque o tempo se incumbiu
de provar o “sucesso” a que alude o título, senão, também, porque não sei se o espaço a mim reservado
comportará o já escrito e a conclusão que me incumbe apresentar ao artigo.
Por derradeiro, cumpre-se, ao final, declinar o nome daquele que, sem sombra de dúvida ou exagero, teve
ao longo de todo o escrito, no meu sincero entendimento, com inteira justiça, tão realçadas a sua retidão de
caráter, sua liderança, coragem e visão empresarial, que o fez, sem favor algum o criador do “Condomínio
Residencial Fechado” e fundador do “Reino do Faz de Conta”, que tantos benefícios trouxe ao mercado
imobiliário, na hora em que o mesmo sofria de grave paralisia e, até hoje, continua vendo se renovarem as
legiões e gerações de seus seguidores, mas, principalmente, aquele que deu alento às esperanças dos que já
desistiam do sonho da casa própria.
Com tal revelação, espero estar prestando meu parco, mas absolutamente sincero e sentido, tributo a NELSON
GOMES DE ALMEIDA.
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O Brasil terá de 1,5 milhão a 1,8 milhão de
engenheiros em 2020. Se continuar a crescer no
ritmo atual, precisará de 560 mil a 1,16 milhão
destes profissionais a mais no mercado. A projeção
está no Boletim Radar nº 12, divulgado este ano
pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea),
que faz um diagnóstico da mão de obra e aborda a
formação de pessoal técnico-científico no mercado
brasileiro.
O Ipea aponta que o número de engenheiros
formados até 2020 será suficiente para atender a
demanda prevista, no entanto, alerta para o gargalo
do desvio ocupacional. Segundo o estudo “Potenciais
Gargalos e Prováveis Caminhos de Ajustes da
Engenharia no Brasil”, se a economia do país crescer
4,5% ao ano, a oferta de engenheiros no mercado de
trabalho não será suficiente para atender à demanda
da indústria, da agroindústria, do comércio e das
áreas de tecnologia em geral em 2020.
O estudo mostra que, em 2009, apenas 38% dos
Procura-se ENGENHEIROS
formados em engenharia estavam no mercado nas
suas ocupações típicas. Ou seja: seis em cada dez
engenheiros atuavam em outras funções que não
Engenharia. A previsão é que, em 2020, esse número
pule para 45%.
O trabalho indica riscos de gargalo em setores como
construção civil, mineração, petróleo e gás, em caso
de crescimento maior da economia do país. De acordo
com o Ipea, se a economia crescer 6% anualmente, a
quantidade de engenheiros necessários para a área
de petróleo e gás subirá 19,3% até 2020.
Mas o número de profissionais não será suficiente
para atender a essa demanda. Nesse mesmo cenário,
a indústria extrativa mineral precisará de 10,3% a
mais de engenheiros e a procura na indústria de
transformação crescerá 8,4%.
Aumento de salários, retenção de profissionais em
vias de se aposentar, retorno dos aposentados ao
mercado de trabalho e investimento em capacitação
e treinamento, no curto prazo, são soluções indicadas
para equacionar o problema.
No longo prazo, estão medidas como investimento
em educação, com políticas de ampliação da oferta
no sistema educacional e a garantia de formação
básica com qualidade, para aumentar o número de
jovens aptos para o ensino superior e o mercado de
trabalho.
O sinal que vem da indústria e do mercado já
começa a refletir na área de educação, formação
e capacitação de profissionais. O Comitê de
Engenharia da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (Capes) prepara o
Plano Nacional de Engenharia,
que terá propostas para reduzir o
nível de evasão e para preencher
vagas ociosas de Engenharia de
instituições públicas e privadas
do País. O projeto terá quatro
ou cinco ações.
O comitê conta com a
participação da Confederação
Nacional da Indústria e do programa Inova
Engenharia, criado há cinco anos pela CNI para
aproximar os currículos dos cursos de Engenharia
das necessidades do mercado de trabalho. O
economista Marcos Formiga, assessor da diretoria
da Confederação, revela que o Brasil forma menos
engenheiros por ano do que a Rússia, a Índia e a
China, integrantes do chamado grupo dos BRICs, os
países emergentes.
Enquanto no Brasil esse número é inferior a 40 mil
profissionais por ano, na Rússia chega a 120 mil, na
Índia alcança 300 mil e, na China, ultrapassa 400
mil. “O engenheiro foi um dos agentes propulsores
do crescimento acelerado da China e da Índia. Para
o Brasil ter um projeto de nação, sairmos da sétimo
maior economia do mundo para a quinta, esse
profissional é indispensável”, destacou o economista
da CNI.
Para o professor Sandoval Carneiro Júnior,
coordenador do Comitê, uma das ações envolve
a concessão de bolsas de iniciação científica para
alunos de graduação e do ensino técnico, a fim de
evitar a evasão dos primeiros e aumentar o interesse
na carreira no segundo grupo. “Um dos grandes
problemas é que os alunos não têm contato com
a profissão. Com as bolsas, é possível aumentar o
contato e motivá-los”, diz.
Raio X da profissão - No
mês de maio, o Sindicato dos
Engenheiros no Estado do Rio
de Janeiro (Senge-RJ) lançou a
publicação “O Mercado Formal
de Trabalho da Engenharia no
Estado do Rio de Janeiro”, em
parceria com o Departamento
Intersindical de Estatística e
Estudos Socioeconômicos
(Dieese).
A publicação consiste numa análise feita a partir
de dados secundários, essencialmente as bases
disponibilizadas pelo Ministério do Trabalho, buscando
traçar o perfil dos profissionais, os estabelecimentos
em que trabalham e o tipo de vínculo empregatício
que rege seu contrato de trabalho.
O estudo é o primeiro passo do Senge-RJ para
conhecer a fundo a categoria e identificar principais
questões que envolvem o engenheiro em sua
atividade profissional. Um segundo estudo, com
dados primários, está sendo elaborado para obter
informações específicas sobre o mercado e o
profissional. Para tanto, estão sendo entrevistados
aproximadamente 2.000 profissionais em todo
estado.
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Júlio Santos | Jornalista da Revista MEMO
Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) faz um diagnóstico da mão de obra desta carreira e aborda a formação de pessoal técnico-científico no mercado brasileiro
Aumento de salários, retenção de profissionais em vias de se aposentar, retorno dos aposentados ao mercado de trabalho
e investimento em capacitação e treinamento,
no curto prazo, são soluções indicadas para equacionar
o problema
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O restaurante Alecrim foi concebido a partir da principal filosofia da “Raw Food”, orgânica de alta
gastronomia, na cidade de Niterói, Região Oceânica, e visa a integração do homem com a natureza.
Tirando partido da cozinha sem “fogo”, foi possível criar um ambiente ventilado, iluminado, fresco e
com muito verde. A intenção foi projetar uma construção que se destacasse na paisagem pelos traços
arrojados e contemporâneos sem perder o charme rústico.
Para o desenvolvimento da proposta, se fez necessário conhecer os critérios práticos, filosóficos, políticos
e mercadológicos deste “novo” tipo de alimentação para definir os critérios de projeto.
Projeto ALECRIM - O Restaurante da Alimentação Viva em ItacoatiaraTrabalho Final de Graduação | Escola de
Arquitetura e Urbanismo - UFF | Aluna BRUNA ECKHARDT
VOLUME A fachada conta com assimetria e formas bem delineadas.
O ponto máximo é a entrada principal. Um cubo desconstruído de
estética tridimensional, com estrutura metálica independente, revestido de
madeira de demolição, forma o portal para o interior da edificação.
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Orientador:Professor Luiz Renato Bittencourt | Arquiteto
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ALIMENTAÇÃO VIVA A alimentação viva é aquela que integra homem, terra e solo. É o ato de participar do ciclo
da vida, usufruindo de toda a energia presente na natureza. Raw Foodism ou Crudivorismo
é um tipo de dieta vegetariana restrita baseada em alimentos crus, frescos, de preferência
orgânicos (livres de agrotóxicos), sazonais e secos, também chamada de alimentação
viva. É a forma de se alimentar mais natural possível onde o indivíduo não consome nada
de origem animal, e, além disso, os alimentos não são cozidos. Segundo especialistas,
cozinhar alimentos em temperaturas superiores a 38° destrói suas enzimas dificultando
sua digestão, e sem o cozimento ainda são preservadas mais vitaminas, proteínas e
minerais. Porém, isso não quer dizer que todos os alimentos são crus. Existem processos
de preparação, que não causam perda de nutrientes, como a desidratação. Então, é
importante frisar que na cozinha da “alimentação viva” não entra fogo. O único “forno”
utilizado é o desidratador.
ITACOATIARA Em justificativa para a escolha do bairro na realização deste TFG,
80% dos moradores têm residência fixa, estes de classe média alta com suas casas
de alto padrão construtivo, juntamente com o grupo de visitantes, recorrentes em
função do lazer na praia, formado principalmente de jovens engajados na questão
sustentável e de preservação do meio ambiente, por serem na sua maioria esportistas.
Esses grupos em questão formam um interessante público alvo para uma opção de
alta gastronomia orgânica e alternativa, sem perder todo o requinte do bairro e sua
característica residencial.
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COMPONENTES DO
PROJETO 1. Cozinha sem fogo
2. Composteira
3. Larvário
4. Jardim vertical
5. Ventilação e iluminação natural
6. Ecobrisa
7. Sucos
8. Captação de água de chuva
9. Teto jardim
10. Aquecimento solar
11. Madeira de demolição
12. Jardim interno
13. Varanda
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90 | MEMO online • Maio 2011
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