revista mosaicos de áreas protegidas na tempo amazônia
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* Pedagogo, mestre em Direito Ambiental e Políticas Públicas (UNIFAP), professor dos Cursos de Pedagogia e
Direito da Faculdade Estácio do Amapá. O trabalho é a versão resumida de sua Dissertação de Mestrado. E-mail:
Mosaicos de áreas protegidas na Amazônia
Gilvano Chaves Teixeira Moraes*
Resumo: O artigo discute a figura dos mosaicos de áreas
protegidas. Tem como questão indutora, o pressuposto de
que, se a legislação brasileira, em especial o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (Lei
Federal nº 9.985/2000) estabelece que a criação de
mosaicos é importante e estratégico para a gestão de
conjuntos de áreas protegidas, que guardem relação de
proximidade, então experiências de mosaicos mais antigos
tem muito a ensinar ao Amapá, que obteve em janeiro de
2013, o reconhecimento de seu primeiro mosaico: O
Mosaico do Oeste do Amapá e Norte do Pará, que é
formado por seis Unidades de Conservação localizadas no
Amapá e três Terras Indígenas, sendo uma destas,
inteiramente no Estado do Pará. O trabalho aborda alguns
modelos de mosaicos criados na Amazônia brasileira
(Mosaico do Lago de Tucuruí, Mosaico do Apuí, Mosaico
Baixo Rio Negro e Mosaico da Amazônia Meridional) e
procura extrair deles, lições, aprendizagens e experiências
que podem ser úteis ao Amapá e ao seu Mosaico. Trata-se
de uma pesquisa exploratória, com o conteúdo baseado em
referencial bibliográfico, onde se utilizou o método de
abordagem hipotético-dedutivo. As principais conclusões
caminham no sentido de que, ainda que tudo indique que a
gestão de áreas protegidas como mosaicos, seja altamente
recomendada, sem a presença do Estado, como protagonista
no fomento e implementação de políticas públicas, há
grande possibilidade de fracasso do Mosaico.
Palavras-chave: Mosaicos. Políticas públicas. Áreas
protegidas. Amazônia. Programas socioambientais.
Abstract: The article discusses the figure of protected area
mosaics. Has as inducing question the assumption that if
the Brazilian law, in particular the protected areas system
of nature (Federal law nº 9.985/200), establishes that
creation of mosaics is important and strategic for the
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management of sets of protected areas that have close
relationship, them experiences oldest mosaics has much to
teach the Amapá, that obtained in January 2013,
recognizing its first mosaic: the Mosaic of West of the
Amapá and North of Pará, which is formed by six UC
located in Amapá and three TI, with one of these, entirely
in the State of Pará. The research, therefore, from the
analysis of model of mosaics created in the Brazilian
Amazon (Mosaic of Lake Tucuruí, Mosaic Apuí, Mosaic
Rio Negro below and Mosaic Southern Amazon), seeks to
draw lessons, learnings and experiences that may be useful
to Amapá and the new mosaic. This is an exploratory
research with content based on bibliographic reference,
where it was used the method of approach hypothetical-
deductive. The main conclusions are moving in the
direction of that, even if all indicate that the management of
protected areas, such mosaic, is highly recommended,
without the presence of the State, as the protagonist in the
promotion and implementation of public policy, there is
great possibility of failure of the mosaic.
Keywords: Mosaics. Public policy. Protected areas.
Amazon. Program socio-environmental.
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INTRODUÇÃO
Com o advento da Lei Federal 9.985/2000, que criou o Sistema Nacional de Unidades
de Conservação da Natureza (SNUC), houve a legitimação da figura dos mosaicos de áreas
protegidas. Essa Lei estabeleceu que quando existirem Unidades de Conservação (UC) e outras
áreas protegidas, públicas ou privadas próximas, a gestão do conjunto desses espaços deve
ocorrer de forma integrada, garantindo-se a participação dos órgãos gestores das áreas
pertencentes ao Mosaico, bem como, das diferentes comunidades envolvidas. No ano 2002
começou lentamente um processo de criação de mosaicos no Brasil, mas foi no ano 2005, que
esse processo foi acentuado, motivado especialmente por meio de uma iniciativa do governo
brasileiro, oriunda do Ministério do Meio Ambiente (MMA), com vistas a fomentar a criação
de mosaicos de áreas protegidas em vários biomas nacionais1.
Essa decisão governamental foi disciplinada por Edital do Fundo Nacional do Meio
Ambiente (FNMA), que destinou quatro milhões de reais para a criação de mosaicos, estando
os recursos disponíveis tanto por órgãos públicos, como por Organizações Não-
Governamentais (ONG), interessados em criarem mosaicos de áreas protegidas nos biomas
priorizados no Edital. Até maio de 2014 havia 25 mosaicos de áreas protegidas criados no
Brasil. Desse total, seis estavam na Amazônia, sendo um no Estado do Pará, três no Estado do
Amazonas, um no Estado do Acre, e um nos Estados do Amapá e Pará, pouco ao considerar-se
a importância estratégica que tem a Amazônia para o mundo, em razão da grande biodiversidade
que comporta, e por corresponder a 60% do território nacional2.
No contexto nacional, o Estado do Amapá apresenta uma situação bastante singular, em
relação à questão ambiental. Seguramente, de todos os Estados brasileiros é aquele que
proporcionalmente mais destina de seu território a áreas protegidas. Dentre esses espaços
legalmente consolidados estão as UC (12 federais, cinco estaduais e duas municipais), cinco
Terras Indígenas (TI), além dos Territórios Remanescentes de Comunidades Quilombolas
(TRCQ). Se somados todos esses espaços, chega-se ao curioso percentual de aproximadamente
73% de todo o território amapaense protegido3.
Apesar desse cenário ambiental favorável, até final do ano 2012, o Amapá não possuía
nenhum mosaico de áreas protegidas, criado e reconhecido pelo MMA. Essa realidade mudou
1 IEPÉ. Relatório de cumprimento do objeto final do Projeto Unidades de Conservação e Terras Indígenas: uma
proposta de mosaico para o oeste do Amapá e norte do Pará. Amapá: IEPÉ, 2011. 2 BRASIL. Edital FNMA nº 01 janeiro de 2005. 3 DRUMMOND, J. A.; DIAS, T. C. A. C.; BRITO, D. M. C. Atlas das unidades de conservação do Estado do
Amapá. MMA/IBAMA-AP; GEA/SEMA. 2008.
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em 2013, visto que naquele ano, por meio de Portaria4, o Ministério reconheceu o Mosaico do
Oeste do Amapá e Norte do Pará, o primeiro do Estado. O mosaico era o único do Brasil até
aquela data, que possuía em sua composição TI5. Os desafios do Mosaico do Oeste do Amapá
e Norte do Pará são muitos, pois sua área que ultrapassa 12 milhões/ha contempla seis UC,
localizadas no Amapá, com esferas de gestão diferentes, além de três TI, sendo uma destas,
integralmente no Estado do Pará. Outro desafio do Mosaico é implementar seu Plano de
Desenvolvimento Territorial com Base Conservacionista (DTBC)6.
A questão norteadora que instigou esta pesquisa foi a seguinte: visto que os mosaicos
de áreas protegidas são considerados importantes e estratégicos pela legislação brasileira, então,
quais experiências relevantes de gestão territorial, os modelos de mosaicos criados na
Amazônia podem servir de referência ao Amapá, que em janeiro de 2013, obteve o
reconhecimento de seu primeiro mosaico? A pesquisa aponta para o papel estratégico dos
mosaicos e a importância da implementação de políticas públicas na consolidação de gestão
territorial.
1 MOSAICOS DE ÁREAS PROTEGIDAS: ASPECTOS CONCEITUAIS
A palavra Mosaico, na maioria das vezes é adotada para expressar algo formado por
partes menores, interdependentes, que possuem suas funções e características particulares
quando estão isoladas, porém juntas, e somente unidas de determinada maneira conseguem
expressar a imagem desejada e atingir “o maior objetivo de sua função naquele espaço a que
pertencem. Unidas as peças se fortalecem, têm sentido maior”7. Cerqueira et al.8 compara o
mundo a um mosaico, já que este possui uma composição heterogênea, formada por diferentes
tipos de solo, relevo, clima, vegetação, fauna, flora, água, entre outros elementos. Os Mosaicos
de áreas protegidas são previstos no SNUC. O artigo 26 dessa Lei9 define que,
Quando existir um conjunto de unidades de conservação de categorias diferentes ou
não, próximas, justapostas ou sobrepostas, e outras áreas protegidas públicas ou
4 Portaria MMA nº 4, de 3 de janeiro de 2013. 5 IEPÉ. Governo reconhece primeiro mosaico que inclui terras indígenas. Disponível em
<http://www.institutoiepe.org.br/2013/01/governo-reconhece-primeiro-mosaico-que-inclui-terras-indigenas/>.
Acesso em 01 maio 2017.
6 IEPÉ. Plano de desenvolvimento territorial com base conservacionista do Mosaico de Áreas Protegidas do
Oeste do Amapá e Norte do Pará. Macapá/AP, 2010. 7 TAMBELLINI, M. T. Mosaico como modelo de gestão de áreas protegidas: análise conceitual e processos de
implantação. Niterói, RJ, 2007, p. 43. 8 CERQUEIRA et al. Fragmentação: Alguns conceitos. In: Fragmentação de Ecossistemas: Causas, efeitos sobre
a biodiversidade e recomendações de políticas públicas. Brasília: MMA/SBF, 2003. 9 BRASIL. Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000.
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privadas, constituindo um mosaico, a gestão do conjunto deverá ser feita de forma
integrada e participativa, considerando-se os seus distintos objetivos de conservação,
de forma a compatibilizar a presença da biodiversidade, a valorização da
sociodiversidade e o desenvolvimento sustentável no contexto regional.
Como se verifica, o SNUC estabeleceu que áreas protegidas que tenham características
de proximidade geográfica, apesar de terem gerenciamento próprio, precisam de uma estratégia
de gestão integrada, pois não estão isoladas no tempo e espaço. O art. 9º do Decreto nº 4.34010,
que regulamenta o SNUC, esclarece que “o mosaico deverá dispor de um conselho de mosaico,
com caráter consultivo e a função de atuar como instância de gestão integrada das unidades de
conservação que o compõem”. Os Mosaicos são, portanto, tratados pela Lei, a semelhança do
que ocorre com as UC, ou seja, necessitam para seu gerenciamento, de um conselho gestor, de
caráter consultivo, destacando que a função do mosaico é ser uma instância de gestão, do
conjunto de áreas que o compõe, primando pela integração participativa.
De acordo com Pinheiro11 “as vantagens de se trabalhar a gestão integrada em mosaicos
são a possibilidade de elaboração de ações conjuntas, otimização de recursos e integração de
infraestrutura”. O Mosaico deve ser entendido como um organismo vivo, no qual suas partes
dependem uma das outras para viver. Dessa forma, é preciso mudar a visão de UC e outras
áreas protegidas como ilhas isoladas, ou seja, espaços autossuficientes tanto administrativos
quanto ecologicamente. As áreas protegidas são compostas de ecossistemas, que possuem uma
biodiversidade relevante, as quais, para sobreviver, dependem da interação saudável com a
região onde estão localizadas12.
O site Socioambiental13 destaca que para um mosaico ser devidamente gerido é
necessário a compreensão da situação alheia como um elemento da própria realidade. Esse
pensamento é pertinente, pois na natureza todos os elementos estão estreitamente relacionados.
É evidente que, para fazer a gestão de grandes espaços territoriais de forma conjunta é
necessário muito esforço, recursos e compromisso com a causa ambiental, pois, se
gerenciamento de uma UC já é, por si só uma tarefa complexa, maior ainda será gerenciar um
mosaico. No entanto, apesar desse dilema, é preciso que haja essa pré-disposição de agir
10 BRASIL. Decreto Federal nº 4.340, de 22 de agosto de 2002. 11 PINHEIRO, M. R. (Org.). Recomendações para reconhecimento e implementação de mosaicos de áreas
protegidas. Conservação Internacional. Disponível
em<http://www.conservation.org.br/publicacoes/files/recomendacoes_mosaicos_com
pleto.pdf>. Acesso em: 15 ago. 2017, p. 11. 12 LINO, C. F; ALBUQUERQUE, J. (Org.). Mosaicos de unidades de conservação no corredor da Serra do Mar.
São Paulo: Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, 2007. 13 SOCIOAMBIENTAL. Mosaicos de áreas protegidas. Universidade Federal Fluminense. Disponível em
<http://uc.socioambiental.org/territ%C3%B3rio/mosaicos-de-%C3%Alreas-protegidas>. Acesso em: 14 nov.
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conjuntamente, pois uma atividade predatória que hoje atinja uma região, amanhã pode estar
muito próxima de outra, ou seja, ninguém está imune aos problemas ambientais.
Além da integração de diferentes entes, em “estruturas de rede”14 a integração de áreas
protegidas, como mosaicos traz ainda a vantagem da soma de esforços na solução de conflitos
e economicidade. O diálogo e o enfrentamento conjunto de dificuldades por atores de realidades
distintas, possibilitam maior riqueza e efetividade na compreensão do complexo contexto em
que se situa a gestão de áreas protegidas de forma justa e participativa, inclusive com redução
de tempo e gastos15.
A falta de integração e de processos efetivos de gestão de áreas protegidas pode
provocar um fenômeno extremamente negativo, evidenciado em alguns países, onde áreas
protegidas existem apenas no papel ou no mapa e por isso, são curiosamente, conhecidas como
parques de papel16. Isto ocorre porque a volúpia por criar áreas protegidas, em muitos casos,
não é acompanhada de estudos técnicos, aporte financeiro e de pessoal suficiente para a gestão
de tais espaços.
2 RESULTADOS
Neste tópico são abordadas quatro experiências de mosaicos de áreas protegidas criados
na Amazônia, selecionados para estudo, em razão de estarem cercados por conflitos
socioambientais bastante comuns no Brasil. Serão ainda evidenciadas algumas experiências de
Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) que estão sendo desenvolvidas no Estado do
Amazonas, e que tem produzido resultados socioambientais importantes, contribuindo para a
manutenção da floresta em pé e garantindo renda às populações residentes no interior e entorno
de diversas áreas protegidas.
2.1 O MOSAICO DO LAGO DE TUCURUÍ
O Mosaico de UC do Lago de Tucuruí/PA foi criado por Lei Estadual17, com objetivos
de conciliar a ocupação humana existente nas ilhas do lago, com a proteção dos recursos
ambientais e socioculturais. O mosaico é formado pela Área de Proteção Ambiental (APA) do
Lago de Tucuruí (568.667/ha); Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Alcobaça
14 AYRES, J. et al. Os corredores ecológicos das florestas tropicais do Brasil. Belém, PA. Sociedade Civil
Mamirauá, 2005, p. 20. 15 SOCIOAMBIENTAL, op. cit. 16 HOROWITZ, C. A sustentabilidade da biodiversidade em unidades de proteção integral: Parque Nacional de
Brasília. Tese de doutorado (Centro de Desenvolvimento Sustentável / UnB). Brasília-DF, CDS/UnB, 2003. 17 BRASIL. Lei Estadual (PA) nº 6.451 de 08 de abril de 2002.
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(36.126/ha); RDS Pucuruí-Ararão (29.049/ha), além de duas Zonas de Preservação de Vidas
Silvestres (ZPVS), respectivamente, a Área de Soltura 3 (9.942/ha) e a Área de Soltura 4
(20.207/ha). As duas RDS e as duas ZPVS são sobrepostas a APA do Lago do Tucuruí. O
Mosaico compreende parte dos municípios de Breu Branco, Goianésia, Itupiranga, Jacundá,
Nova Ipixuna, Novo Repartimento e Tucuruí18.
O Conselho do Mosaico do Lago de Tucuruí é paritário, composto por 14 membros,
sendo sete representantes de órgãos governamentais e sete não governamentais oriundos de
municípios afetados pela barragem da Usina Hidrelétrica (UHE) de Tucuruí e, de entidades que
representam agricultores, pescadores e moradores remanejados da área do reservatório19.
O lago do Tucuruí surgiu com a construção da UHE de Tucuruí (1975 a 1984), estando
localizado a 280 km de Belém. O enchimento do reservatório da usina inundou uma área de
2.875 km² fazendo surgir mais de 1.600 ilhas. A UHE faz parte dos grandes projetos
desenvolvimentistas e integracionistas projetados para a Amazônia, na década de 1960. Esses
grandes projetos receberam e recebem críticas de estudiosos da Região, haja vista que eles
desestruturam a forma de vida original na Amazônia. A hidrelétrica carregava a promessa de
desenvolvimento para a região pobre e ambientalmente sensível onde se instalaria, mas na
prática não foi isso que aconteceu. Além do grande impacto ambiental a construção da UHE
afetou diretamente a vida de milhares de famílias, gerando sérios problemas socioeconômicos20.
Com o enchimento do reservatório da UHE submergiram 13 povoados ribeirinhos, além
da cidade de Jacundá, induzindo ao deslocamento compulsório de cerca de 30 mil habitantes
das margens do Rio Tocantins21. A ocupação das ilhas do Lago de Tucuruí começou a partir
de 1986, dois anos após a inauguração da hidrelétrica, principalmente por famílias que já
ocupavam a margens do Rio Tocantins e por pescadores pressionados pela falta de pescado
devido à mudança no regime hidrológico do rio22. Outro atrativo para a ocupação desordenada
e acelerada das ilhas se deu em razão do aumento da piscosidade no reservatório, o que atraiu
18 ROCHA, G. M; ARAÚJO, A. R. O. Unidades de Conservação em Tucuruí/PA como instrumento de Gestão
Territorial. Disponível em: <http://www.anppas.org.br/encontro4/cd/ARQUIVOS/GT2-604-343-
20080523212649.pdf>. Acesso em 08 out. 2019, 11:50:10. 19 SARACURA, V. F; GHILARDI Jr., R.; SILVA, M. O. Mosaico de Unidades de Conservação da Região da
UHE de Tucuruí – Implementação de um modelo de gestão ambiental para o reservatório. XXVII Seminário
Nacional de Grandes Barragens. Disponível em: <http://www.cbdb.org.br/seminario/belem/T99/A16.PDF>.
Acesso em 08 out. 2019, 12:08:16. 20 SANCHES, F; FISCH, G. As possíveis alterações microclimáticas devido a formação do lago artificial da
hidrelétrica de Tucuruí -PA. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/aa/v35n1/v35n1a06>. Acesso em 08 out.
2019, 12:18:15. 21 ROCHA, G. M; GOMES, C. B. A construção da usina hidrelétrica e as transformações espaciais na região de
Tucuruí. In: TRINDADE Jr, S.C; ROCHA, G. M (Org.). Cidade e Empresa na Amazônia: Gestão do território e
desenvolvimento local. Belém: Ed: Pakatatu, 2002. 22 ROCHA, G. M; ARAÚJO, A. R, op. cit.
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pescadores, especialmente de regiões a jusante da barragem, onde houve redução do pescado.
Depois de instaladas nas ilhas, as famílias passaram a desenvolver outras atividades como
agricultura, pecuária, o extrativismo vegetal e animal23.
Embora já despidas de madeiras nobres foram ocupadas também, por trabalhadores
rurais migrantes de outras regiões do Brasil, por desempregados das obras de construção civil
da 1ª etapa da UHE Tucuruí e por pessoas de elevado nível de renda que se apropriaram de
certas ilhas para transformá-las em fazendas, retirando boa parte da vegetação existente e
introduzindo pastagens24.
Os autores evidenciam ainda casos de pessoas que ocuparam determinadas ilhas com o
objetivo de utilizá-las para o lazer e recreação e outros raros, em que ilhas foram ocupadas por
pessoas, cujo principal objetivo foi a proteção e conservação dos recursos naturais existentes.
A ocupação não planejada das centenas de ilhas do Lago de Tucuruí foi um efeito indesejado
do Projeto, provocado direta ou indiretamente, por impactos decorrentes do próprio
empreendimento.
O discurso defendido por quem tem interesse na implantação de grandes projetos é
sempre recheado de promessas de desenvolvimento para regiões pobres. No entanto, quando
tais empreendimentos são implantados ou mesmo durante as etapas de implantação, o que se
verifica são contradições como as destacadas por Jatobá25, quando afirma que,
Os bons frutos do empreendimento, traduzidos em energia barata e subsidiada pelo
Estado, beneficiaram diretamente a grandes produtores de alumínio e indiretamente a
seletos grupos sociais localizados bem distantes da área afetada pela barragem. À
população local, atingida pelo empreendimento, restou a maior parte dos maus frutos,
traduzidos em impactos ecológicos e socioambientais que transformaram
bruscamente a paisagem e a vida local. A implementação do projeto não apenas
provocou alterações no ecossistema, mas também na economia regional e na estrutura
urbana dos municípios da área de influência da usina. Além disso, afetou
profundamente a qualidade de vida da população local e gerou conflitos
socioambientais. Um dos municípios que mais sofreram alterações foi Tucuruí, onde
se instalou a usina hidrelétrica.
Eis aí, a constatação de que a UHE de Tucuruí foi projetada apenas para atender aos
interesses do capital, sem nenhuma preocupação com as populações locais. Conflitos por
interesses não atendidos pelos expropriados pela UHE de Tucuruí ainda permanecem até os
dias atuais. As principais reivindicações são as de caráter social, por moradia, investimentos na
23 JATOBÁ, S. U. S. gestão do território e a produção da socionatureza nas ilhas do Lago de Tucuruí na
Amazônia brasileira. Brasília-DF, 2006. 24 ROCHA, G. M; ARAÚJO, A. R, op. cit. 25 JATOBÁ, op. cit, p. 8.
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área da saúde, indenizações justas por terras "perdidas", mais fiscalização ambiental e combate
a pescas predatórias. A principal ação ambiental na região das ilhas, contudo, foi a criação do
Mosaico de UC do Lago de Tucuruí em 2002.
Para a implantação e implementação do Mosaico, a Eletronorte destinou o montante de
R$ 9,04 milhões de reais, relativos ao percentual de 0,5% do valor total das obras da UHE de
Tucuruí. O repasse do valor é uma obrigação legal estabelecida no art. 36 do SNUC, como
compensação financeira, pelos impactos não mitigáveis causados ao meio ambiente, em razão
da instalação do empreendimento. Devido aos conflitos que envolvem interesses diversos e
problemas que parecem insolúveis, a gestão do Mosaico do Lago de Tucuruí tornou-se
demasiadamente complexa e longe de um fim pacífico e satisfatório para todos. Na busca por
soluções para os problemas vivenciados, grupos de atingidos pela barragem da UHE
organizaram diversas entidades representativas para reivindicar o que entendem como direitos,
bem como denunciar o que seria imoral na gestão do Mosaico26.
A Associação das Populações Organizadas Vítimas das Obras no Rio Tocantins e
Adjacências (APOVO) é uma das entidades que tem ganhado notoriedade pela atuação que vem
desenvolvendo. De acordo com a APOVO27, o Mosaico do Lago de Tucuruí só serviu de
fachada para o cometimento de crimes ambientais, corrupção e desvio de dinheiro público,
contando com a omissão do Poder Público e da Eletronorte.
Como se percebe, os problemas presentes no Mosaico do Lago de Tucuruí são intensos
e parecem ter fugido ao controle do poder público. A falta de soluções para as reivindicações
das populações afetadas com a construção da barragem da UHE só intensificam a mobilização
social. Tem-se um conjunto de áreas protegidas com demandas de toda ordem, mas sem a
presença de Conselho de Mosaico capaz de capitanear as discussões e os encaminhamentos
necessários.
2.2 O MOSAICO DO APUÍ
O Mosaico do Apuí é fruto de uma estratégia do Governo do Amazonas de criar uma
barreira no sudeste do Estado, contra o avanço desordenado da ocupação do território,
principalmente, a apropriação indevida de terras (grilagem), desmatamento ilegal e a pecuária
extensiva. Para impedir esses danos, no ano 2005 foi criado um conjunto de nove UC, de
26 JATOBÁ, op. cit. 27 APOVO. Preservar e produzir. Disponível em <http://apovo.blogspot.com.br/search?
updated-min=2011-01-01T00:00:00-08:00&updated-max=2012-01-01T00:00:00-08:
00&max-results=23> Acesso em: 01 maio 2017.
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categorias diferentes, que passaram a constituir na prática um mosaico de áreas protegidas. O
reconhecimento formal do Mosaico Estadual ocorreu cinco anos depois, por meio da Portaria
SDS nº 55/201028. O contexto e as motivações para a criação do Mosaico de Apuí podem ser
vislumbrados, na situação dramática relatada pelo site OECO29, quando afirma que,
Abaixo dos municípios de Apuí e Manicoré, no sul do Amazonas, existe uma imensa
área de floresta praticamente intocada. Mas do lado de fora, esse triângulo de mato já
está cercado de gente por quase todos os lados. Um vetor de pressão como prefere os
ambientalistas, fica ao norte, é antigo e já está relativamente estabilizado. Vem da
época da Transamazônica. A novidade são os dois que apareceram ao sul, em Mato
Grosso, e a oeste, vindo de Rondônia. Em comum com o primeiro vetor, têm a
grilagem de terra. A diferença, além da origem geográfica, está na rapidez,
organização e intensidade da sua onda de invasões. [...] do seu centro, num raio desta
mesma extensão, satélites a serviço do Imazon enxergaram 8% de todo o terreno no
entorno do triângulo já ocupado. Em 30% dele, as imagens mostraram focos de calor,
indicativos de presença humana potencial. É quase tudo irregular. Na região próxima
à Rondônia e ao Mato Grosso, os satélites registraram a existência de 5.735 km de
estradas clandestinas, a maioria servindo a madeireiros também clandestinos e aos
pecuaristas que vêm na sua esteira. É gente fincando estacas de demarcação ou
retirando recursos de áreas públicas na marra. A sensação é de que o mundo ficou
apertado e os dados do Imazon são a prova que o sul do Amazonas virou a bola da
vez da ocupação fundiária ilegal no norte do Brasil.
A criação do Mosaico foi imprescindível para se restringir o avanço do desmatamento.
As áreas protegidas que formam o Mosaico são importantes fontes de serviços ambientais, pois
protegem nascentes de rios e igarapés de porções de cinco meso-bacias (alto e baixo Juruena,
Cunamã, Aripuanã, guariba e Roosevelt) e a quase totalidade da Bacia do Bararati. Armazena
ainda amplos estoques de carbono nos seus ambientes predominantemente florestais e conta
com as belezas cênicas de suas cachoeiras, sítios históricos e arqueológicos, além de uma
formação geológica rara30. O Mosaico do Apuí faz fronteira com os Estados do Pará e Mato
Grosso, áreas que sofrem grande pressão do agronegócio e pecuária (arco do desmatamento).
Com área aproximada de 2.47 milhões/ha, o Mosaico do Apuí compreende quatro
Florestas Estaduais (FLOTA): Sucunduri, Aripuanã, Apuí e Manicoré; Dois Parques Estaduais:
Guariba e Sucunduri; Duas RDS: Bararati e Aripuanã e a Reserva Extrativista (RESEX) do
Guariba. De acordo com SDS31, os principais entraves do Mosaico se relacionam à
regularização fundiária, fiscalização, infraestrutura, pesquisa, manejo de recursos naturais e
28 ICMBio/MMA. Plano de Gestão do Mosaico de Unidades de Conservação do Apuí. Disponível em:
<https://www.wwf.org.br/?24680/Plano-de-Gestao-do-Mosaico-de-Unidades-de-Conservacao-do-Apui>. Acesso
em 08 out. 2019, 13:15:00. 29 OECO. Cidadela de mato. Disponível em <http://www.oeco.org.br/reportagens/870-oeco_10640> Acesso em:
01 maio 2017. 30 ICMBio/MMA, op. cit. 31 SDS. Efetividade de gestão das unidades de conservação no Estado do Amazonas. Manaus-AM, 2011.
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comunicação. Visando minimizar os entraves ligados à fiscalização, a SDS sugere no
documento, o compartilhamento de ações com equipes de UC vizinhas, a efetivação de equipe
na Região Sul do Amazonas e a melhoria da infraestrutura básica para a ação das equipes de
fiscalização.
Algo importante a ser destacado sobre o Mosaico do Apuí é que ele possui seu Plano de
Gestão. Esse instrumento foi desenvolvido no âmbito do Programa ARPA, em parceria com
governos estaduais e municipais da Amazônia que aderiram à iniciativa. O processo de
planejamento e preparação do documento envolveu mais de 50 especialistas e traz o diagnóstico
socioeconômico ambiental, além do planejamento participativo de cada uma das UC do
Mosaico32.
2.3 O MOSAICO BAIXO RIO NEGRO
O Mosaico do Baixo Rio Negro teve sua concepção no ano 2006, com o advento do
projeto de Corredores Ecológicos desenvolvida pelo Governo Federal. Com o projeto, o
Governo tinha como objetivo garantir a manutenção e conservação da diversidade biológica,
em grandes extensões de terras nos biomas brasileiros33. A exemplo do Mosaico do Oeste do
Amapá e Norte do Pará, o Mosaico Baixo Rio Negro também é fruto do Edital nº 01/2005 –
FNMA. No entanto, o Mosaico foi reconhecido pelo Governo Federal somente no ano 2010,
por meio da Portaria MMA nº 483, de 14 de dezembro daquele ano. O Mosaico engloba 11 UC,
nos âmbitos federal, estadual e municipal e abrange uma área de 7,4 milhões/ha, em seis
municípios amazonenses: Manaus, Novo Airão, Manacapuru, Iranduba, Barcelos e Presidente
Figueiredo34.
A região onde se localizam as UC que formam o Baixo Rio Negro é marcada por uma
série de problemas sociais, econômicos e ambientais, originados principalmente pela instalação
da Zona Franca de Manaus. O autor35 destaca que mesmo com a criação das áreas protegidas,
que formam o Mosaico Baixo Rio Negro, verifica-se na região grande impacto sobre a paisagem
e sobre algumas espécies devido, principalmente, à exploração madeireira e caça comercial.
A atividade madeireira vem ocupando o espaço das tradicionais formas de acesso,
apropriação e manejo dos recursos da biodiversidade na região do Mosaico. Muitos moradores
32 ICMBio/MMA, op. cit. 33 ICMBio/MMA. Mosaico do Baixo Rio Negro. Disponível em <http://www.icmbio.gov.br/portal/
o-que-fazemos/mosaicos-e-corredores-ecologicos/moscaicos-reconhecidos-oficial-
mente/1864-mosaico-do-baixo-rio-negro.html>. Acesso em: 01 maio 2014. 34 SOUZA et al. Como compatibilizar conservação, desenvolvimento e turismo: a experiência do baixo Rio
Negro, Amazonas. Revista Brasileira de Ecoturismo, São Paulo, 2010. 35 Id. Ibid.
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afirmam que gostariam de deixar a atividade madeireira e trabalhar uma alternativa sustentável
de geração de renda, porém, os comunitários argumentam que é preciso apoio do governo para
o desenvolvimento e implantação dessas alternativas36. Cases37 aponta como as principais
ameaças socioambientais ao Mosaico do Baixo Rio Negro:
a) exploração madeireira, produção de carvão, caça comercial, conflito pesqueiro entre a pesca
comercial e a ribeirinha e a mineração;
b) expansão urbana e migrações para Novo Airão, Manacapuru e Manaus;
c) ausência de políticas públicas: socioambientais, de gestão participativa do território, de
alternativas econômicas, de saúde e educação públicas;
d) Indefinição fundiária;
e) Patrimônio Arqueológico ameaçado;
f) Turismo desordenado;
g) Desvalorização dos territórios e saberes locais.
Em resumo, pode-se dizer, que os conflitos socioambientais que ocorrem no Mosaico
Baixo Rio Negro, são semelhantes aos vivenciados por outros mosaicos no Brasil, passando
principalmente pela extração ilegal de madeira e falta de alternativa de renda, para as
populações que vivem na área de influência do mosaico. É importante também destacar, que
por estar na zona de expansão urbana, especialmente de Manaus, o Mosaico terá muitos desafios
para manter sua área intacta, em razão dos riscos de ocupações desordenadas.
2.4 O MOSAICO DA AMAZÔNIA MERIDIONAL
O Mosaico da Amazônia Meridional foi reconhecido pelo Governo Federal por meio da
Portaria MMA nº 332/2011. O Mosaico reúne 40 UC estaduais e federais abrangendo áreas do
Sul do Amazonas, Norte e Noroeste do Estado do Mato Grosso e leste do Estado de Rondônia.
A área sul do Mosaico da Amazônia Meridional corresponde ao Mosaico do Apuí, ou seja,
existe uma sobreposição entre os dois Mosaicos38.
A iniciativa de criação do mosaico da Amazônia meridional surgiu, a partir da
necessidade de estabelecer uma estratégia integrada de conservação que fizesse frente à forte
pressão de desmatamento proveniente do avanço da fronteira agrícola, pecuária e da exploração
36 Id. Ibid. 37 CASES, M. O. O mosaico deve ser uma estratégia de otimização de recursos humanos e financeiros... In:
LEDERMAN, M.; PINHEIRO, M. (Coord.). II Seminário Mosaicos de Áreas Protegidas. GTZ, WWF, 2009. 38 SDS, op. cit.
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ilegal de madeira, oriundos principalmente dos Estados de Mato Grosso, Rondônia e Pará. Pela
dimensão que tem, ultrapassando 7,6 milhões/ha, o Mosaico da Amazônia Meridional está, sem
dúvida, entre os maiores do Brasil. Ele é também singular, por reunir uma quantidade bastante
representativa de UC, de diversas categorias, pertencentes a três Estados da Federação.
Considerando que os Conselhos de Mosaicos possuem representação paritária, a quantidade de
UC que o Mosaico engloba pode representar um grande desafio, pois se está falando de no
mínimo, 80 “cadeiras”39.
Apesar de tudo, os objetivos do Mosaico são louváveis, pois a Região Sul do Estado do
Amazonas é uma das áreas mais ameaçadas da Amazônia, pelo avanço da fronteira do
desmatamento, conhecida como “Arco do desmatamento”. O objetivo do Mosaico é fortalecer
a gestão integrada das UC, promover a articulação institucional numa base territorial mais
ampla e reforçar a identidade e o ordenamento territorial das áreas que sofrem as mesmas
ameaças.
O Mosaico da Amazônia Meridional é estratégico principalmente por envolver áreas
protegidas de três Estados da Federação, que sofrem com a forte pressão da fronteira agrícola e
o desmatamento. Somente com a união de forças desses entes federados na solução no problema
que atinge àquela região ambientalmente sensível será possível frear a devastação da floresta
amazônica que se expande daquele ponto em diante. O Mosaico fortalece, portanto, o Mosaico
do Apuí, que tem praticamente os mesmos objetivos, incluindo, porém, áreas protegidas, apenas
do Estado do Amazonas.
Diante dos desafios ambientais que se apresentam na Região Amazônica, alguns
projetos de cunho socioambientais que estão sendo desenvolvidos no Estado do Amazonas
parecem ser promissores, em razão dos resultados que vem atingindo, especialmente na redução
do desmatamento.
2.5 PSA NO ESTADO DO AMAZONAS
São denominados de serviços ambientais os benefícios gerados à sociedade pelo meio
ambiente natural. O bem-estar e a sobrevivência do ser humano dependem na manutenção
desses serviços. Na visão antropocêntrica, a relação do homem com a natureza é suficiente para
que haja a permanente preocupação em se conservar a biodiversidade. Os sistemas de PSA têm
sido apontados como uma alternativa ao financiamento habitual de projetos de conservação e
se baseiam no reconhecimento do valor dos serviços ambientais e nos mecanismos de mercado.
39 Id. Ibid.
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A degradação ambiental gera escassez relativa dos serviços ambientais, dando a estes um
potencial de comercialização, pois aumenta ou simplesmente torna perceptível o seu valor40.
O Estado do Amazonas se tornou referência, na implementação de importantes
programas socioambientais, no viés de PSA. Dentre eles pode-se destacar o projeto de Redução
de Emissões provenientes do Desmatamento e Degradação Florestal (REDD), da RDS Juma,
cujo objetivo é evitar a emissão de cerca de 190 milhões de toneladas de dióxido de carbono,
através da redução do desmatamento até 205041. A RDS Juma se distingue como o primeiro
local no mundo, onde um projeto de REDD foi validado pelos padrões da Aliança de Clima,
Communidade e Biodiversidade (CCBA) com “Status Ouro”42.
Ganha também grande destaque no cenário nacional, o Programa Zona Franca Verde
(PZFV), que tem como objetivo promover o desenvolvimento sustentável, além de gerar
emprego e renda, aliado à conservação da natureza, isto é, a proteção do patrimônio natural do
Amazonas: as florestas, rios, lagos, igarapés e campos naturais. O programa busca fortalecer
sistemas de produção agropecuários, pesqueiros e florestais ecologicamente saudáveis, como
cadeias produtivas. Além de incentivos para a produção, transporte, comercialização de
produtos, o programa garante a regularização fundiária e acesso ao crédito43.
No tópico a seguir será tratado de forma mais minuciosa, outro programa desenvolvido
no Amazonas, reconhecido internacionalmente: o Programa Bolsa Floresta (PBF). O debruçar
sobre a experiência se deve principalmente, a facilidade de acesso a informações sobre o
Programa e as características simples que ele tem e, que podem, com vontade política, ser
implantados em outros locais.
2.5.1 O Programa Bolsa Floresta
O Programa Bolsa Floresta (PBF) passou a ser desenvolvido no Estado do Amazonas
desde 2007 e objetiva à preservação das florestas, por meio da mudança de práticas não
conservacionistas. Em contrapartida, o PBF proporciona renda tanto às famílias que residem
em UC, como às associações comunitárias que representam essas populações. O Programa é
desenvolvido em UC de uso sustentável e apresenta indicadores positivos de redução do
40 INFOESCOLA. Pagamento por Serviços Ambientais. Disponível em
<https://www.infoescola.com/ecologia/pagamento-por-servicos-ambientais-psa/>. Acesso em 08 out. 2019,
17:20:40. 41 FAS. Programa Bolsa Floresta. Disponível em <http://fas-amazonas.org/pbf/>. Acesso em: 01 maio 2014. 42 VIANA, V. (Coord.). Impactos do Programa Bolsa Floresta: uma avaliação preliminar. Amazonas-Manaus,
2011. 43 ARAÚJO, J. J. C. N; PAULA, E. A. Novas formas de desenvolvimento do Amazonas: Uma leitura das ações
do Programa Zona Franca Verde, Acre, 2009.
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desmatamento e é um dos maiores programas de PSA do mundo, com mais de 35 mil pessoas
atendidas em 15 UC Estaduais, em mais de 10 milhões/ha44.
Ainda de acordo com o autor45, os objetivos do Programa são melhorar a qualidade de
vida das populações tradicionais, promover a manutenção dos serviços ambientais providos
pelas florestas e reduzir o desmatamento. Para participar do Programa, os interessados
precisam se comprometer a cumprir as regras do Plano de Uso ou Plano de Gestão da UC,
devendo ser sócios e estar adimplentes com a associação de moradores da UC, bem como de
participar de suas atividades, manterem os filhos na escola, registrar desmatamento zero em
áreas de floresta primária e aderir ao manejo adequado do fogo. A compensação financeira que
podem ser acessadas pelas famílias e suas entidades representativas estão divididas em quatro
componentes distintos, em forma de bolsa, com foco e objetivos bem definidos em cada um,
conforme descritos a seguir:
2.5.1.1 Bolsa Floresta Renda (BFR)
Este componente é destinado ao apoio à produção sustentável agroflorestal, tal como
peixes, óleos vegetais, frutas, madeira manejada e mel. A meta é promover arranjos produtivos
que aumentem o valor recebido pelo produtor. São elegíveis todas as atividades que não
produzam desmatamento, que estejam legalizadas e que adicionem valor à floresta em pé. O
BFR investe R$ 395,80 por família por ano, pagos coletivamente à comunidade em função do
número de famílias residentes.
2.5.1.2 Bolsa Floresta Social (BFS)
Este componente contribui com a melhoria da educação, saúde, comunicação e
transporte – elementos essenciais para o desenvolvimento humano, nas comunidades. Seguindo
metodologia semelhante ao cálculo do BFR, esse componente também fornece o valor R$
350,00 por família por ano. As ações do componente social são executadas em colaboração com
os órgãos governamentais responsáveis e instituições colaboradoras, mas são as comunidades
beneficiárias que decidem sobre como e em que os recursos serão empregados anualmente,
tanto do BFR como do BFS, nas UC.
A metodologia para determinar como os recursos são empregados é simples. Ao final
de cada ano são realizadas oficinas de definição de investimentos, nas quais a equipe da FAS
realiza uma moderação técnica. Após a lavratura das atas contendo as decisões em assembleia,
44 VIANA, op. cit. 45 Id. Ibid.
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são elaborados convênios específicos para cada UC, nos quais se estabelecem as
responsabilidades, prazos, valores, contrapartidas e resultados esperados. Portanto, de acordo
com os recursos disponíveis, as comunidades podem estabelecer de forma participativa e
autônoma o orçamento do próximo ano.
Quando a população define como os recursos devem ser gastos e observa essa decisão
se concretizando, a aceitação do modelo pela coletividade é praticamente imediata. A
participação popular na definição de como os recursos públicos devem ser empregados está
sendo cada vez mais comum no Brasil. É o que se convencionou chamar de Orçamento
Participativo.
2.5.1.3 Bolsa Floresta Associação (BFA)
Este componente é destinado às associações dos moradores das UC. Equivale a R$
67,20 por família por ano, multiplicado pelo número de famílias na respectiva UC. Visa
fortalecer a organização, promover a participação das mais de 540 comunidades e à maior
autonomia de acesso a tecnologias de gestão e implementação das ações dentro das UC
atendidas pelo programa.
2.5.1.4 Bolsa Floresta Familiar (BFF)
Este componente inclui o pagamento de R$ 50 por mês (ou R$ 600/família por ano),
pagos às mães de famílias residentes dentro de UC. O BFF não pretende ser a principal fonte
de renda das famílias, mas um complemento de renda pago a título de recompensa pela
conservação da floresta, visando contribuir para a coalização e o envolvimento dos
beneficiários. Até novembro de 2011, o programa já beneficiava o total de 7.171 famílias.
Viana46 destaca que a BFF é avaliada positivamente pela grande maioria dos
beneficiários e que os recursos do componente são utilizados principalmente no pagamento de
despesas domésticas como alimentação, combustível, mensalidade da associação, gás de
cozinha, despesas diversas da casa, roupas e calçados, material escolar e cursos, medicamentos,
energia e passagens. Ressalta ainda que os recursos do BFR são empregados principalmente em
estruturas de escoamento da produção, como aquisição de barcos, motores rabeta e flutuantes.
Outros investimentos são direcionados para atividades produtivas como a criação de pequenos
animais, extração de madeira, criação de peixes e extração de produtos não madeireiros tais
como copaíba, castanha e seringueira.
46 VIANA, op. cit.
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Lembra o autor que apesar da crescente adesão ao PBF a cada ano, o maior mérito do
Programa são os resultados ambientais conquistados, provocando alteração regressiva no curso
do desmatamento do Estado do Amazonas, que chegou a desmatar em 1995 mais 2000 km² de
florestas, e que após a implantação do programa chegou-se a registrar, menos de 500 km² de
desmatamento no Estado.
3 DISCUSSÃO
Das experiências estudadas, de mosaicos criados na Amazônia, ficou evidente que todas
são cercadas de grandes conflitos, muitos deles que parecem insolúveis até o presente momento,
entretanto, não há como negar, que a criação de UC em áreas de pressão sobre a floresta, tem
se mostrado de fundamental importância, na tentativa de frear o desmatamento que pressiona a
Amazônia, simplesmente por legitimar a presença do Estado naquele espaço territorial.
A experiência do PBF do Amazonas tem muito a ensinar ao Amapá. O Mosaico do
Oeste do Amapá e Norte do Pará define em seu Plano de DTBC, o objetivo de fomentar o uso
dos recursos das florestas em certas UC do Mosaico, de modo a gerar renda e melhoria de vida
para famílias que moram nessas áreas. Entretanto, sem a presença forte do poder público, esses
objetivos serão mais difíceis de serem atingidos, afinal, é o Estado que detém as “chaves do
cofre”, e as condições mais favoráveis para viabilizar a implementação de políticas públicas
que garantam algum grau de incentivo financeiro, e que estimule a preservação da
biodiversidade pelas famílias residentes. Tais compensações são necessárias, em especial, em
comunidades que vivem no entorno de UC de proteção integral, como o PARNA Montanhas
do Tumucumaque, que pela modalidade restritiva, impossibilita o cidadão de utilizar seus
recursos economicamente ou mesmo para a subsistência.
Os modelos de mosaicos estudados, seus desafios e dificuldades de gestão trazem lições
e aprendizagens que podem ser bastante úteis ao Amapá e a seu Mosaico. Dentre elas destacam-
se:
1. Não é possível fazer a gestão de um mosaico que esteja fragilizado pela falta de legitimidade
junto às comunidades que ele representa. A legitimidade é fruto de uma relação de confiança e
de capacidade de concretizar sonhos e desafios. Exemplo dessa necessidade é o Mosaico do
Lago de Tucuruí, cujo conselho se fragilizou, em razão de sua incapacidade, em auxiliar
populações afetas com a construção da barragem da hidrelétrica, na solução de suas demandas
mais variadas.
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2. Um mosaico precisa ter recursos financeiros para funcionar, além de planejamento e
transparência dos gastos realizados. No processo de criação de um Mosaico é preciso definir de
onde virão os recursos financeiros que irão possibilitar que seu conselho atue de modo efetivo.
3. O papel do Estado como indutor de políticas públicas pode contribuir sobremaneira na
solidez de um mosaico, seja destinando mais recursos para a gestão das UC, seja pela forma
como conduz a agenda ambiental governamental, como política transversal em todas as Pastas.
O Estado reúne essas condições, visto que a elaboração de políticas públicas é uma das razões
centrais de sua existência, além do que, detém o monopólio do uso da força legítima e controla
grande parte dos recursos financeiros, conseguindo assim, elaborar políticas públicas robustas
temporal e espacialmente47.
4. Programas socioambientais, no viés de PSA tem se tornado tendência mundial é o Amapá
tem potencial e pode explorar positivamente esse tipo de mercado. Esse nicho está em harmonia
com o Plano de DTBC do Mosaico do Oeste do Amapá e Norte do Pará.
5. As UC precisam de equipes e ter estudos técnicos, como planos de manejo, para se conhecer
os recursos naturais disponíveis, as áreas mais frágeis e aquelas sob pressão, para poder planejar
as ações de fiscalização e monitoramento com clareza, bem como captar recursos para a gestão.
A gestão de áreas protegidas não é uma tarefa fácil no Brasil. As dificuldades, em geral,
perpassam pelas mesmas coisas: equipes técnicas reduzidas, falta de equipamentos, de estudos
técnicos e de recursos financeiros para atender ao que estabelece o SNUC. O Amapá pode se
beneficiar de todas as experiências estudadas, também, por não ter grandes conflitos em suas
UC, como os que foram evidenciados neste estudo, e ainda, por ter percentual significativo de
seu território protegido por Lei.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No campo teórico, o presente estudo evidenciou que a gestão de áreas protegidas como
mosaicos é estratégica, pois representa soma de esforços, compartilhamento de
responsabilidades e de recursos financeiros limitados. Os mosaicos tem previsão legal e sua
lógica é racional, na medida em que prevê a co-responsabilização de diferentes atores na
proteção de ambientes naturais, muitas das vezes, ameaçados pela ação antrópica irresponsável.
Por outro lado, a atuação dos Mosaicos por meio de seus conselhos é limitada, visto que para a
solução de determinados problemas são necessários investimentos financeiros robustos, que
estão, pelo menos no contexto atual, além de suas possibilidades.
47 SECHI, L. Políticas públicas: conceitos, esquemas de análise, casos práticos. São Paulo: Cengage Leaming,
2010.
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Com base no material consultado, sobre experiências de mosaicos na Amazônia, pode-
se dizer que não oferecem dados objetivos e nem indicadores que apontem para a existência de
trabalho integrado de conselhos gestores, que tenham provocado resultados visíveis, no
combate a crimes ambientais em UC. Ao contrário, o que ficou evidenciado foi que ocorre
grande desarticulação entre esses atores, provocada especialmente, por problemas operacionais,
faltas de recursos financeiros, de estudos técnicos e equipes de gestão em quantidades
suficientes.
Por outro lado, não há dúvida de que os modelos de mosaicos estudados têm muito a
ensinar ao Amapá, em especial pelo que não conseguiram fazer, em razão da natureza complexa
dos obstáculos que enfrentam. É possível aprender com tais experiências e tirar lições de todas
elas, com uma vantagem: não ter que sofrer no processo de aprendizagem.
São ainda, de grande utilidade para o Mosaico do Oeste do Amapá e Norte do Pará, os
indicadores que vem do Estado do Amazonas, que mostram redução de desmatamentos, quando
o Estado, exercendo seu papel preponderante na execução de políticas públicas, viabiliza
condições que favoreçam a proteção das florestas. Espera-se que este estudo e suas limitações
possam servir de pontapé para futuros aprofundamentos no campo teórico, sobre a gestão de
mosaicos no Brasil.
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Recebido em: 06/08/2020
Aprovado em: 15/12/2020