revista o semanal portugues #5

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O A MELHOR INFORMAÇÃO DA ACTUALIDADE NACIONAL, MUNDIAL E DESPORTIVA 26 de Novembro de 2011 - Nº 5 Revista em-linha das comunidades portuguesas MÁX 11ºC MIN 4ºC DOMINGO MÁX 9ºC MIN 3ºC SEGUNDA FEIRA MÁX 6ºC MIN 2ºC TERÇA FEIRA MÁX 4ºC MIN 1ºC QUARTA FEIRA MÁX 0ºC MIN -3ºC QUINTA FEIRA Semanal Português SEXTA FEIRA MÁX 3ºC MIN -2ºC Pauleta e Laval... P. 42

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Foi lançada a 1ª edição (29 de Outubro) a revista, O Semanal Português. Como tema em destaque: noticias, vidas, lazer, desporto, viagem, comunidades atrav¸es do mundo e muito mais. Totalement gratuito.

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  • OA melhor informAo dA ActuAlidAde nAcionAl, mundiAl e desportivA

    26 de novembro de 2011 - n 5

    revista em-linha dascomunidades portuguesas

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  • O Semanal Portugus

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    le journal hebdomadaire portugais

    diteurMarie MoreiradirectriceNatrcia RodriguesAdministrAteurMarie MoreirardActeur-en-chefAnthony NunesinfogrAphisteMario Ribeiro

    OSemanal Portugus

    HebdomadairePubli tout les Samedis

    Fond le 29-10-2011Tl.: (514) 299-1593

    E-mail: [email protected]

    Tous droits rservs.

    Toute reproduction totale ou partielle est strictement interdite sans notre autorisation crite. Les auteurs darticles, photos et illustrations prennent la respon-sabilit de leurs crits.

    editoriAl

    Palavras de boas-vindas

    collAborAteursJessica de S (E-U)Sofia Perptua (E-U)Avelino Teixeira (Toronto)

    correspondAntsAntnio Lobo AntunesHlio Bernardo LopesJoel NetoJos Carlos de Vasconcelos

    fotogrApheJos Rodrigues

    OSemanal Portugus

    Adeus natal...A crise europeia no desapareceu

    com a tomada de posse do novo Governo, embora ele insista em no lhe fazer qualquer referncia no seu programa. Compreende-se a estratgia: como antes recusou assumir que a crise portuguesa tivesse origem externa, tambm agora no o quer reconhecer. Mas a verdade que a Europa vive um momento dramtico e necessrio fazer tudo para impedir o naufr-gio do projecto europeu. Exige-se, por isso, um elevadssimo sentido da responsabilidade nas democra-cias europeias e dos seus partidos polticos.Um sentido da responsabilidade

    que o PSD e os restantes partidos da oposio no tiveram durante o ltimo Governo do PS, quando decidiram rejeitar o PEC em 23 de Maro, agravando a nossa si-tuao econmica e financeira e prejudicando a nossa imagem e credibilidade externa. Esconder uma crise desta natureza no um bom princpio. Ela obrigou os go-vernos anteriores do PS a tomarem um conjunto sucessivo de medidas para proteger as famlias e as em-presas e depois a capacidade de fi-nanciamento do Estado. J foram, portanto, tomadas demasiadas me-didas de austeridade para evitar a degradao da situao econmica e financeira do pas. O acordo as-sinado com a troika devia ser o limite para os sacrifcios impostos aos portugueses, a menos que se prove serem absolutamente neces-srias mais medidas de austerida-de.Com efeito, o programa da troi-

    ka j representa um srio aumen-

    to das dificuldades econmicas e sociais, com todo o seu cortejo de redues salariais, eliminao de dedues fiscais, aumento de impostos e subida nos preos de alguns servios pblicos, com o que isto significa de reduo do rendimento disponvel das fam-lias. Mas, para surpresa de todos, eis que da cartola do Primeiro-Mi-nistro sai, nada mais nada menos, do que um corte de 50 por cento no subsdio de Natal, que no exigi-do pela troika, no foi anunciado no programa eleitoral do PSD nem constava do programa do Governo e certamente contribuir para con-trair ainda mais a economia. So menos 800 milhes de euros que se gastam ou se poupam sados directamente dos bolsos dos con-tribuintes e sem retorno.No se compreende que o Gover-

    no queira ser mais ambicioso no processo de ajustamento da eco-nomia portuguesa, sem que esteja para j provada a necessidade de mais medidas adicionais.J basta a invaso de medidas

    previstas no memorando da troi-ka. Se as medidas implementadas pelos anteriores Governos do PS e as que constam do acordo com a troika forem bem sucedidas, torna-se quase imoral exigir mais sacrifcios aos portugueses. A ver-dade que, at ao momento, alm dos dados de execuo oramental estarem dentro dos objectivos pre-vistos, ainda no se comprovou a necessidade de medidas adicio-nais. A invocao da execuo oramental do primeiro trimestre para justificar o corte no subsdio de Natal pura batota. Alm disso, uma das preocupa-

    es de Pedro Passos Coelho na

    Unio Europeia tem sido explicar que a situao de Portugal nada tem a ver com a da Grcia. Por-tanto no deveria lanar medidas como as que naquele pas esto a ser adoptadas. preciso no es-quecer que, para fazer face crise, os Governos anteriores tiveram de adoptar vrios pacotes de medidas cujos resultados tm estado gene-ricamente dentro dos objectivos esperados. E que os efeitos das medidas que foram acordadas com a troika s daqui a alguns meses se vo sentir. E tambm que ainda est para ver o que nos vai trazer o prximo o prximo Oramento de Estado. A menos que os resultados da execuo oramental cumpram os seus objectivos de reequilbrio das contas pblicas. Mas se isso acontecer, ficar-se- a dever, so-bretudo, aos anteriores Governos do PS. preciso, portanto, fazer apelo coerncia. Ento no foi Pedro Passos Coelho que justifi-cou o derrube do Governo com a necessidade de pr fim aos sacrif-cios dos portugueses? E no bastou j o aumento das dificuldades pro-vocadas pela instabilidade poltica que se viveu no ltimo ano e meio desde que Passos Coelho assumiu funes? Pretende agora o Gover-no quintuplicar as dificuldades?Em nome de qu? O actual Go-

    verno no pode passar uma espon-ja pelo passado, nem comear can-didamente a fazer coisas que antes dizia que nunca faria (aumentar impostos) ou anunciar medidas que no esto previstas nem no progra-ma do Governo nem so exigidas pela troika. O que vemos, para j, so cortes e privatizaes.

    Marie MoreiraEditora da revista O Semanal Portugus

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    Cabo Verde quer ver criada uma fora militar de manuteno de paz conjunta formada pelos oito estados membros da CPLP, assunto que vai ser abordado na 13. reunio dos ministros da Defesa dos oito. A reunio, que decorrer segunda e tera-feira na ilha cabo-verdiana do Sal, juntar os titulares das pastas da Defesa de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guin-Bissau, Moambique, Portugal e So Tom e Prncipe, enquanto Timor-Leste estar representado pelo respeito secretrio de Estado. Sobre a for-a de paz, o ministro da Defesa cabo-verdiano, Jorge Tolentino, disse hoje Agncia Lusa que Cabo Verde vai continuar a defender essa ideia junto dos seus homlogos da Comunidade dos Pases de Lngua Portuguesa (CPLP), embora admita que haja dificuldades institucionais e constitucionais nalguns deles. H pases claramente favorveis ideia, mas h outros que tm dificuldades nos planos institucional e constitucional, que tornam mais complicada a possibilidade de participar nesse tipo de fora. Mas a ideia continua sobre a mesa e um dos pontos que ser abordado na reunio do Sal, sublinhou. Jorge Tolentino, que assumir a presidncia do Frum de Defesa dos oito ao longo do prximo ano, garantiu que, no obs-tante as dificuldades, o arquiplago continua favorvel constituio da fora conjunta e que vai defend-la na reunio. Sobre a reunio,

    o governante cabo-verdiano admitiu que os constrangimentos financeiros atuais, decor-rentes da crise econmica internacional, vo condicionar, de futuro, as iniciativas conjuntas programadas, salientando, porm, que no haver perda de eficcia. Vamos ter de ser mais criativos, saber conversar mais de perto uns com os outros e provocar sinergias entre os oito. H uma margem enorme de capaci-dade de trabalho em conjunto que ainda no foi explorada, como na formao de quadros, que no exigir investimentos avultados, e de explorao das capacidades que cada um dos estados membros j tem, sustentou. Os cons-trangimentos financeiros so, tambm, a razo pela qual Cabo Verde vai propor a reduo das reunies semestrais do Secretariado do Frum dos Ministros da Defesa da CPLP, para se pro-ceder, simultaneamente, ao balano das ativi-dades do ano anterior e a perspetivar as aes para o ano seguinte. Outra questo passa pela reformulao da parte mais visvel da coopera-o entre os oito, os Exerccios Felino. Este um cenrio que est sobre a mesa. O prximo exerccio ser, em 2012, na Guin-Bissau. Mas vamos ter de falar, sem pejo, da periodicidade dos exerccios. a esse nvel que o problema dos constrangimentos financeiros mais se colo-ca, frisou Jorge Tolentino.

    cabo verde quer fora de paz conjunta de lngua portuguesa

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    escndAlo

    notciascombAte corrupoJULGAMENTO Caso Face Oculta

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    Cidade do Vaticano, 26 nov (Lusa) - O papa Bento XVI disse hoje que a Igreja Catlica nos Estados Unidos faz esfor-os conscientes no combate ao flagelo

    da pedofilia, sublinhando que o proble-ma no exclusivo da Igreja. justo que se aplique Igreja padres

    muito elevados sobre este ponto, mas es-ses mesmos critrios devem ser aplic-veis s outras instituies, sem exceo, declarou o papa durante a receo de um grupo de bispos norte-americanos.

    Espero que os esforos conscienciosos da Igreja para lidar com essa realidade venha a ajudar a comunidade em geral, para melhor entender as causas, fre-

    quncia e consequncias da violncia se-xual e lutar mais eficazmente contra este flagelo que afeta a sociedade a todos os nveis, acrescentou.A Igreja Catlica nos Estados Unidos

    foi abalada, nos ltimos anos, por vrios casos de pedofilia.

    papa diz que a igreja norte-americana est a esforar-se contra a pedofilia

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    portugal corre o risco decoletivamente dar umagrande cabeada naparede

    O ex-Presidente da Repblica Mrio Soares advertiu hoje que Portugal pode coletivamente dar uma grande cabeada na parede caso este Governo mantenha uma poltica neoliberal, aumentando o desemprego e continuando a apertar a atarraxa da austeridade.A posio foi assumida por Mrio Soa-

    res em entrevista agncia Lusa, no dia em que encabeou a assinatura de um manifesto que apela mobilizao dos cidados contra as polticas de austeri-dade.Alm de Mrio Soares, assinam este

    manifesto - tornado pblico na vspera da greve geral convocada pela CGTP-IN e UGT - Isabel Moreira (deputada inde-pendente do PS), Joana Amaral Dias (ex-dirigente do Bloco de Esquerda), Jos Medeiros Ferreira (ex-ministro dos Negcios Estrangeiros), Mrio Ruivo (professor universitrio), Pedro Ado e Silva (ex-dirigente do PS), Pedro Alves (lder da JS), Vasco Vieira de Almeida (advogado, ex-ministro socialista) e V-tor Ramalho (lder do PS/Setbal).Para o ex-chefe de Estado, as polticas

    pblicas no podem ser s carateriza-

    das por austeridade e austeridade, sem nada se fazer a favor do crescimento da economia e, sobretudo, sem se lutar con-tra o desemprego, que est a crescer de forma explosiva.No podemos ir para alm do docu-

    mento que assinmos com a troika, at porque penso que dentro de um ano tudo vai mudar. Portanto, no devemos apertar tanto a atarraxa para que no se entre numa recesso profunda. Mas isso pode acontecer se no conseguirmos desenvolver a economia, sustentou M-rio Soares.O ex-Presidente da Repblica criticou

    diretamente a linha oramental e pol-tica seguida neste momento no pas e manifestou-se preocupado com o futuro de Portugal a prazo.Se estivermos s a fazer uma poltica

    neoliberal - como a que est a ser seguir por este Governo e que falhou em toda a parte do mundo -, podemos coletiva-mente dar uma grande cabeada na pa-rede. Este caminho no o nico e h outras alternativas. Os subscritores [do documento] querem precisamente dis-cutir isso, salientou o fundador do PS.

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    economiA

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    culturA & espectculo

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    sociedAde

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    sociedAde

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    estAdos unidos

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    ivAnkA trumpnacionalidade: norte-americanadata de nascimento: 30 de outubro de 1981Profisso: Empresria,socialite e modelo

    As 100 mulheresmais bonitas de 2011

    variedade

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    crnicA | muito bons somos ns

    oPinio

    Eu ainda no vejo a crise quase nenhumaAos onze anos, o meu pai

    apascentava ovelhas em Porto de Ms. Levanta-va-se de madrugada, era destratado por patres abrutalhados, alimenta-va-se desadequadamente, levava coices de mulas neurticas e, em geral, ti-nha uma vida semelhante de uma personagem de Steinbeck.

    O servio militar, a guer-ra colonial e, em particular, as Tropas Pra-Quedistas Portuguesas abriram-lhe horizontes e deram-lhe oportunidades, que na verdade foram as minhas oportunidades tambm. Mas a sua pr-histria de sobrevivncia, tal como a vontade indmita de que teve de socorrer-se para superar a sua condio, incrustaram-se-me no ca-rcter.

    Tenho de deixar de julgar as pessoas em funo ape-nas da sua tica de traba-lho, que me ponho velho.

    Mas a questo que, quando olho para a malta de hoje (por favor, deixem-me usar a expresso a malta de hoje), sinto-me bem mais prximo do meu pai do que dela. E no falo apenas do ponto de vista moral (pobre daquele que, aos trinta, no chegar concluso de que, afinal, o pai o melhor homem que j encontrou). Falo tambm do ponto de vista prtico.

    H quinze ou vinte anos, apesar de tudo, ainda se fa-zia um esforo. A ideia que tenho que, hoje em dia, j ningum faz um esforo e, se tenta, no sabe como faz-lo, porque a tenacida-de se diluiu no tempo, por-que algures um elo se que-brou, provavelmente com

    Joel Neto a prosperidade. Ns no somos um povo ao qual a prosperidade assente bem, ou sequer faa bem.

    Adiante. Na semana pas-sada, precisei de comprar

    um estrado para uma cama. Est bem, est bem: bas-tava-me ir ao Ikea, Mo-viflor ou a qualquer outra mega loja de mobilirio formatado, que tinha de-zenas de opes a todos os preos, incluindo estrados quase dados.

    Agora j sei isso, mas na altura no sabia (vocs tal-vez ficassem surpreendidos com a quantidade coisas que eu no sei, nomeada-mente sobre a vida real).

    De maneira que liguei

    para seis carpintarias de Lisboa diferentes, a enco-mendar uma prancha de tabopan com 2,00 m por 2,20 m.

    Est bem, est bem: os

    estrados das camas j no podem ser feitos em tabo-pan, porque os colches precisam de respirar, caso contrrio vem reduzida a sua vida til. Agora j sei isso, mas na altura no sa-bia (vocs talvez ficassem surpreendidos com a quan-tidade coisas que eu no sei sobre a dimenso ani-mal dos objectos, embora tambm orgulhosos do que tenho aprendido sobre a dimenso humana dos ani-mais).

    O facto que, das seis

    carpintarias em causa, uma no atendeu, outra disse-me para deixar nome e nmero de telefone, que o marceneiro logo me ligava (no ligou), outra tinha o operador de mquinas de

    frias, outra precisava pri-meiro de confirmar se ha-via tabopan em stock e as restantes duas lamentavam muito, mas s se dedica-vam a trabalhos industriais para empresas.

    A nenhuma interessou a minha obra de cinquenta euros so trabalhos pe-quenos, do mais despesa do que lucro.

    A nenhuma interessou sequer despistar a possibi-lidade de, atrs desse tra-balho, virem outros um

    gajo que quer uma prancha de tabopan nunca vai pedir mais do que uma repara-o nas persianas ou um afagamento no soalho. E a nenhuma, naturalmen-te, o sentido de misso se imps sobre o interesse contabilstico que diabo isso, afinal, sentido de misso?

    E eu, que j fui um gasta-dor, fico a pensar que a cri-se ainda no chegou, a no ser queles que perderam os empregos. E mesmo a alguns desses, alis, no chegou, caso contrrio no pegavam tantos deles nas indemnizaes para irem comprar carros novos, que os antigos, coitados, j es-tavam a ficar um bocadi-nho descados.

    De resto, os taxistas con-tinuam a chatear-nos a molcula de cada vez que a corrida inferior a cinco euros, o que significa que o negcio ainda no vai to mal quanto isso.

    Os festivais de Vero tor-naram este ano a bater re-cordes de afluncia, o que nos demonstra que muitos oramentos familiares ain-da no levaram a pancada.

    E qualquer contestao que v havendo ao estado de coisas ainda se resume ao protesto puro e simples, feito quase por desporto, sem subverso criativa, sem malcia, sem cultura.

    Tudo bem: por mim, fui ao Ikea e ainda trouxe de l um candeeiro. Mas, se isso resolveu o meu pro-blema, no resolve o pro-blema da economia por-tuguesa. Continuamos a viver, tenho a impresso, como se estivssemos em 1998. E, quando isto ba-ter, j ser tarde de mais.

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    oPinio

    crnicA | opinio

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    o almooPalavra de honra que

    no estava nada espe-ra quando hoje entrou no restaurante depois de mim, um pouco gordo, um pouco marreco, de cabea talvez um bocadi-nho grande demais para o corpo e, apesar de haver duas ou trs mesas sem ningum, aproximou-se da minha

    Antnio Lobo Antunes

    Palavra de honra que no estava nada espera. Primeiro porque aos cin-quenta e dois anos no se espera grande coisa, a no ser o mdico a informar que um dos rins no est bem, e segundo porque em tantos meses a almoar-mos no mesmo restauran-te, cada qual na sua mesa, eu com uma revista e ele com o jornal, nunca dei por qualquer soslaio, qualquer ateno, qualquer interesse da sua parte. s vezes su-bia das pginas por causa de uma rapariga, que podia ser minha filha, a comer uma sopa ao balco, passa-va-lhe uma luz nos culos, a luz apagava-se, enfiava o queixo nas notcias, se ca-lhar a aceitar, conformado- Podia ser minha filhapedia a conta antes de

    mim numa lentido venci-da, no deixava gorjeta que os tempos no esto para generosidades, ia-se em-bora um pouco gordo, um pouco marreco, de cabea

    talvez um bocadinho gran-de demais para o corpo, via-o l fora a acender um cigarro, a ingressar na bi-cha do multibanco, a meter um papelinho na carteira, a sumir-se por fim, lento, pausado, cuidadoso com os semforos, e perdia-o at ao dia seguinte, em que uma alheira e o dirio, ou uma corvina e o dirio, ou meia de lulas e o dirio, ou um clarozinho nas dioptrias a propsito de uma sopa e uma rapariga que podia ser nossa filha. Portanto palavra de honra que no estava nada es-pera quando hoje entrou no restaurante depois de mim, um pouco gordo, um pouco marreco, de cabea talvez um bocadinho gran-de demais para o corpo e, apesar de haver duas ou trs mesas sem ningum, aproximou-se da minha e perguntou-me, numa voz que no ligava com a boca, se me importava que se sentasse minha frente. De incio nem percebi bem. Consegui um

    - Perdo?atrapalhado, a impedir, no

    ltimo momento, o copo de gua de se entornar porque um dos meus cotovelos, ou uma das minhas mos, ou a minha revista o tombavam, ele insistiu, na tal voz que no ligava com a boca e eu imaginava cheia, redonda, suave, em lugar de mole, aguda, raspante

    (mas isso so pormenores, o que interessa a persona-lidade e o carcter)

    - No se importa que me instale aqui?de maneira que eu- Ora essa

    a puxar o rectngulo de papel do prato, dos talhe-res, do guardanapo, de ma-neira a abrir espao para o rectngulo dele, repetindo sem dar f- Ora essa, ora essade sbito consciente que

    mal penteada, mal pintada, mal vestida, sapatos rasos, meias cor de carne, pior que meias, collants, soutien cor de carne igualmente, um anelzeco de pacotilha, um colar sem relao com a blusa, brincos minscu-los, a pulseira idiota que uma sobrinha me impin-giu, dois teros de baton j no guardanapo, os dentes, a necessitarem de ser lim-pos, teimando

    - Ora essa, ora essaenquanto ele estudava

    a ementa, longssimo de mim embora ali, enquanto ele para o empregado, de indicador no ar

    - Chocosquase de costas, com bo-

    tes de punho que eram bolas de futebol doiradas, se outro homem as usasse horrveis e na sua camisa quase aceitveis, na sua camisa perfeitamente acei-

    tveis, ao voltar-se- Aprecia chocos?eu, que detesto chocos,

    aquelas pernas, aquela tin-ta, um sorriso encantado

    - Se forem bem cozinha-dos

    a imaginar-me ao fogo a prepar-los, transtornada, s de pensar em tocar na-quilo estremeo, chocos e mioleira estremecem-me, rezei para que no pros-seguisse o interrogatrio alimentar e Deus, na sua infinita bondade, atendeu-me, obrigada, passou dos chocos para a actividade profissional- Sou angariador de se-

    gurose que alvio angariador de

    seguros, para alm de uma alma de filsofo na cabea talvez um bocadinho(um bocadinho perfeita-

    mente suportvel)grande demais para o cor-

    po- Por desgraa no somos

    eternos

    e ora a est uma verdade do tamanho do Himalaia, no somos eternos, o meu pai, por exemplo, com enfisema, sem sair da pol-trona, a minha me a girar a torneira do oxignio e a meter-lhe um tubo no na-riz

    - Respira isso um boca-dinhocom o meu pai continuan-

    do roxo, ele, enquanto os chocos no vinham

    - Nunca pensou numa aplice de doena?

    ele, enquanto os chocos no vinham

    - A partir dos cinquenta, e falo por mim, no ser m ideia tomar alguns cuida-dosacompanhado de uma

    aplice, uma caneta, um bloco e a voz, que no liga-va com a boca, no mole, aguda e raspante conforme eu julgava, um latido sinis-tro- A senhora beira os ses-

    senta, no?de modo que antes de es-

    cut-lo a acrescentar- Eu, se fosse voc, anda-

    va a pau com a sade

    reparei melhor nas bolas de futebol dos botes de punho, achei-as no quase aceitveis, no perfeita-mente aceitveis, um pa-vor, como o achei um gor-do disforme, um corcunda atroz, um cabeudo de fei-ra, troquei-o pela revista, no lhe escutei o- At breve, espero e

    pedi uma mousse de cho-colate a fim de diluir o gosto tenebroso, no bem a chocos, a cinquenta e dois anos sem esperana, que, estou para adivinhar porqu, demorou a tar-de inteira at me sair da boca.

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    O Semanal Portugussade

    doenAsrespirAtriAs?

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    sade

    o que so doenAs respirAtriAs?SINTOMAS E DIAGNSTICO DAS DOENAS qUE AFECTAM TRATO E RGOS DO SISTEMA RESPIRATRIOO que so doenas respirat-

    rias?As doenas respiratrias so as

    que afectam o trato e os rgos do sistema respiratrio.

    quais so os factores de risco?O tabagismo, a poluio, a expo-

    sio profissional a poluentes at-mosfricos, as condies alrgicas e doenas do sistema imunitrio, entre outros.

    que tipos de doenas respirat-rias existem?Existem 14 tipos diferentes de

    doenas respiratriasBroncopatias: doenas dos brn-

    quios, como a asma, a bronquiec-tasia e a bronquite.Pneumopatias: grupo de doen-

    as pulmonares, entre as quais se destacam a atelectasia, as doen-as pulmonares intersticiais, ne-oplasias pulmonares, tuberculose pulmonar, hipertenso pulmonar, pneumopatias obstrutivas, pneu-monia, pneumopatias fngicas, pneumopatias parasitrias, sndro-ma do desconforto respiratrio do recm-nascido.Transtornos respiratrios: so as-

    sim designadas as doenas respira-trias em geral ou aquelas que no so uma doena especfica. Neste grupo incluem-se a apneia, sndro-ma do desconforto respiratrio do recm-nascido, dispneia, insufici-ncia respiratria, hiperventilao, etc. A tosse, a rouquido, a aspira-o de mecnio, respirao bucal, laringismo, sndroma do descon-forto respiratrio do adulto, tam-bm so considerados transtornos respiratrios.Fstula do trato respiratrio: pas-

    sagem anormal na comunicao entre algum componente do tra-to respiratrio ou entre qualquer parte do sistema respiratrio e os rgos circunvizinhos.Doenas torcicas: doenas que

    afectam o trax.

    Transtornos da motilidade ciliar: desordens caracterizadas pelo mo-vimento ciliar anormal no nariz, nas sinuses paranasais, no trato respiratrio, entre outras. A sndro-ma de Kartagener, doenas respira-trias crnicas, a sinusite crnica e a otite crnica constituem manifes-taes deste tipo de transtornos.

    complexo da doena respiratria bovina, bronquite, laringite, le-gionelose (doena do Legionrio), pneumopatias fngicas, pneumo-patias parasitrias, pleurisia, pneu-monia, rinite, sinusite, tonsilite, tuberculose pleural, tuberculose pulmonar, coqueluche, resfriado comum, influenza, abcesso pulmo-nar, faringite, rinoscleroma, sn-droma respiratrio agudo grave, traquete (inflamao da traqueia)

    e tuberculose larngea.Doenas da traqueia: incluem

    neoplasias da traqueia, estenose traqueal (estreitamento patolgico da traqueia), traquete, traqueo-broncomegalia, fstula traqueoe-sofgica.Doenas da laringe ou laringopa-

    tias: doenas da laringe em geral ou no especificadas, entre as quais se contam a laringite, os distrbios da voz, o granuloma larngeo, o ede-ma larngeo, as neoplasias larnge-as, o laringismo, a laringoestenose, a tuberculose larngea, a paralisia

    das cordas vocais. Estas doenas relacionam-se tambm com as otorrinolaringopatias.Doenas pleurais: empiema

    pleural, hemotrax (derrame de sangue no trax), derrame pleu-ral, neoplasias pleurais, pleurisia e tuberculose pleural, bem como quilotrax (derrame de quilo na cavidade pleural), hemopneumot-rax, hidropneumotrax, hidrotrax e pneumotrax.

    Anormalidades do sistema respi-ratrio: anormalidades congnitas estruturais do sistema respiratrio, como o cisto broncognico, o se-questro broncopulmonar, a atresia coanal, a malformao adenoma-tide, a cstica congnita do pul-mo, a sndroma de Kartagener, a sndroma de Cimitarra e a traqueo-broncomegalia.Neoplasias do trato respiratrio:

    neoplasias pulmonares, pleurais e nasais.

    Como se diagnosticam as doen-as respiratrias?Pela observao clnica, atravs

    de tcnicas e meios complementa-res de diagnstico, entre os quais: testes da funo respiratria, testes de sons respiratrios, broncogra-fia, broncoscopia, laringoscopia, radiografia pulmonar de massa, depurao mucociliar, testes de provocao nasal, rinomanometria e rinometria acstica.

    quais so os principais sinto-mas de doena respiratria?Cada doena tem sintomas espe-

    cficos, que s o mdico pode ava-liar. Contudo, a tosse, a rouquido, o nariz entupido, dores no peito, dores de garganta, garganta irrita-da, pingo no nariz, dificuldade em respirar quando no est a fazer esforo (a subir escadas, a andar, a fazer exerccio), dispneia, entre outros, so sintomas de doena respiratria.

    A que mdico devo recorrer?Em primeira instncia, ao seu

    mdico de famlia no centro de sade da sua rea de residncia. S ele pode determinar se deve ser encaminhado para um mdico es-pecialista e de que especialidade.

    Para saber mais, consulte:Stio das Doenas Respiratrias -

    www.doencasrespiratorias.dgs.pt

    Doenas nasais: doenas do na-riz em geral ou no especificadas. Exemplos de doenas nasais so as neoplasias nasais, doenas dos seios paranasais e a rinite. A epista-xe (derramamento de sangue pelas fossas nasais), a granuloma letal da linha mdia, a obstruo nasal, as deformidades adquiridas nasais, a rinoscleroma (infeco) e os pli-

    pos nasais (tumores) integram-se tambm nas doenas nasais.Hipersensibilidade respiratria:

    uma forma de hipersensibilida-de que afecta o trato respiratrio, como acontece com a asma, a fe-bre dos fenos, a alveolite alrgica extrnseca, a aspergilose bronco-pulmonar alrgica e a rinite alrgi-ca perene.

    Infeces respiratrias: infec-es do trato respiratrio superior. Resultam dessas infeces as se-guintes doenas: empiema pleural,

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    O Semanal Portugus

    receitAs

    GastronoMia

    bolo de leite condensado com cobertura de laranja

    INGREDIENTES:1 lata de leite condensado 5 ovos 150gr de manteiga 200gr de farinha 2 gotas de aroma de baunilha Manteiga e farinha q.b. Para a cobertura: 1 chvena de acar 6 collheres (sopa) cheias de sumo de laranja 25 gotas de sumo de limo

    PREPARAO:Ligue o forno a 190C. Unte uma forma de buraco com manteiga e polvilhe-a com farinha. Separe as claras das gemas. Bata as claras em castelo. Bata muito bem o leite condensado e junte as gemas uma a uma, batendo sempre. Acrescente a manteiga derretida, a farinha peneirada e o fermento. Por ltimo, envolva o aroma de baunilha e as claras, suavemente. Verta a massa na forma e leve ao forno durante 40 minutos. Enquanto o bolo est no forno, leve todos os ingredientes referidos para a cobertura liquidificadora e bata bem. Quando o bolo estiver pronto, desenforme ainda quente e pique com um palito comprido. Por fim, verta, aos poucos, a cobertura. Como o bolo est quente ira absorver e ficar hmido por dentro.

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    GastronoMia

    receitAsAlmndegas com molho especial

    INGREDIENTES:12 almndegas de carne de vaca; 2 cenouras aos cu-bos pequenos; 100g de ervilhas congeladas 50g de tomate maduro ou polpa de tomate Sal e pimenta q.b.; 1/2 pacote de natas; Queijo ralado q.b.; 1/2 cebola picada; 2 dentes de alho picados 2 dl de azeitePREPARAO:Leve a cebola e os dentes de alho a refogar um pouco em azeite. De seguida, acrescente o tomate e as almn-degas e tempere de sal e pimenta. Deixe cozinhar em lume brando durante dez minutos.

    Junte ento as ervilhas, as cenoura e meia chvena de gua quente. Deixe ferver por mais dez minutos. Mexa com cuidado e, depois, junte as natas. Deixe cozinhar por mais cinco minutos. Num prato ou travessa de bar-ro, coloque as almndegas com o molho, polvilhe com queijo ralado a gosto e leve ao grill, na potncia mx-ima, por cerca de dez minutos. Este molho fica muito bom! Por cima fica crocante e por baixo fica cremoso. Acompanhe com umas batatas fritas, como se pode ver na imagem. Bom apetite!OBSERVAES:No final, salpique com um pouco de coentros ou salsa.

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    O Semanal Portugus

    lendAs de

    portugAl

    cultura

    lenda da caparicaH muitos, muitos anos, quando a Caparica era apenas um local ermo,

    com meia dzia de casas, apareceu uma criana muito bonita, pobremen-te vestida que ningum sabia donde vinha. Um velho da freguesia da Senhora do Monte tomou conta dessa menina

    que no sabia nada sobre a sua origem, apenas sabia que possua aquela capa que trazia. O velho reparou que a capa, apesar de muito velha, era uma capa de qua-

    lidade, provavelmente pertencente a uma famlia rica ou mesmo nobre. Passaram-se muitos anos at que a menina se tornou numa bela jovem.

    Estando o velho s portas da morte pediu-lhe, como ltima vontade, que pusesse a sua capa por cima dele para o aquecer naqueles ltimos momen-tos, dizendo jovem que aquela capa velha era uma capa rica. A jovem fez-lhe a vontade e, quando o velho morreu, juntou o pouco dinheiro que restava para lhe dar uma sepultura digna. Passou dias sem comer e noites sem dormir mas tinha a conscincia tranquila de ter retribudo tanto em vida como na morte a bondade do velho. A jovem ficou naquele casebre e envelheceu sozinha. O povo, que a achava estranha e lhe chamava bruxa, reparou que ela tinha o ritual de subir ao alto do monte e, num ar de x-

    tase, rezava a Deus pedindo-lhe que quando morresse o Manto Divino de Nossa Senhora do Monte cobrisse com a Sua beno todos aqueles que naquela localidade A veneravam. Ao terminar aquelas palavras ela pegava na sua capa velha e erguia-a ao

    cu. Este estranho comportamento chegou aos ouvidos do rei que a man-dou vir sua presena, acompanhada da famosa capa que todos diziam ter feitio. A velha senhora disse ao rei que nada tinha a ver com bruxedos e que o que fazia era apenas rezar a Deus. Comovido, o rei mandou-a em-bora com uma bolsa de dinheiro e a velha continuou a sua vida solitria

    at que um dia morreu. Junto do corpo da Velha da Capa, que era como o povo a designava, encontraram uma carta dirigida ao rei. A Velha da Capa tinha descoberto na hora da sua morte que a capa era afinal uma capa rica porque tinha encontrado uma verdadeira riqueza escondida no seu forro. Pedia ao rei que utilizasse aquele tesouro para transformar aquela costa numa terra de sonho e maravilha onde houvesse sade e alegria para todos. Reza a lenda que foi assim que surgiu a Costa da Caparica, em homenagem de uma menina de origem desconhecida que tinha como nico bem uma capa velha que afinal era uma capa rica.

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    culturahistriA de

    portugAlA ocupao romanaA partir dos finais do sculo IV a.C., um novo poderio se desenhou

    no Mediterrneo Ocidental: Roma. Durante trs sculos, Roma foi cons-truindo esse poder, expandindo-se primeiro para os territrios vizinhos da Pennsula Ibrica, depois para os territrios do Mediterrneo Oriental e Ocidental e Norte de frica e, por fim, para a Europa Central e de Leste. Foi na sequncia da segunda guerra pnica (218 a 201 a.C.), entre

    cartagineses e romanos, que as legies romanas, comandadas pelo cnsul Cneio Cornlio Cipio, entraram na Pennsula, no no sentido, pelo me-nos inicialmente, de conquistarem, mas sim de atacarem os cartagineses pela retaguarda, de modo a afast-los do solo itlico. Era nas regies da Pennsula que os cartagineses se reforavam, tanto em homens, como em abastecimentos e, assim, todos os golpes desferidos aqui contra os carta-gineses poderiam ter efeitos decisivos na guerra entre os dois povos.No ano 206 a.C., os romanos conseguiam acabar definitivamente com o

    poder dos cartagineses na Pennsula, podendo afirmar-se que, a partir da, comeou a administrao romana, feita inicialmente quase como uma ocupao militar destinada a manter a ordem e a promover a explorao dos recursos dos territrios ocupados, agora parte do Imprio Romano. Em 197 a.C. o terrirrio seria dividido em Hispnia Citerior e Hispnia Ulterior.

    A RESISTNCIA AOS ROMANOS

    A ocupao da Pennsula Ibrica pelos romanos teve respostas das populaes indgenas. Estas foram mais notrias a partir de 194 a.C., ano em que se tero registado confrontos entre lusitanos e romanos que se prolongaram at ao ano 138 a.C. e ficaram conhecidos como a guerra lusitana.Esta guerra ter consistido num amplo confronto entre romanos e v-

    rios bandos muito aguerridos que procuravam ocupar territrios ricos submetidos aos romanos, principalmente terras da actual Andaluzia. no decurso desta confrontao que, no ano 147 a.C., surge um

    novo grupo de lusitanos, liderado por Viriato, aclamado como chefe pelos seus iguais, que consegue infligir vrias derrotas aos romanos, assegurando posies na periferia da Andaluzia. Nenhum chefe dos grupos resistentes ocupao romana foi to mitificado como Viriato, considerado, por muitos historiadores, como o smbolo da resistncia peninsular.Por ltimo, Roma, no ano 19 a.C., ocupou a zona norte da Pennsula,

    a mais atrasada e inspita, que era habitada por cntabros e astures. O objectivo era assegurar fronteiras naturais e pacificar a zona, para que os seus habitantes no atacassem os povos do vale do Ebro e da Meseta, j em plena fase de romanizao.

    A VEGETAO NATURAL

    A vegetao natural o reflexo do clima e do solo. Na Ibria Hmida desenvolve-se, devido s chuvas abundantes e temperaturas suaves ao longo do ano, uma vegetao de folha caduca (carvalhos, faias, pinheiros, freixos), aglomerada em bosques. Para alm dos bosques, aparecem outros tipos de formao vegetal: os prados (plantas rastei-ras) e os matagais (arbustos ou rvores de pequeno porte).Na Ibria Seca, com baixas precipitaes anuais e elevadas tempe-

    raturas no Vero, desenvolve-se uma formao vegetal de bosques de folha persistente (azinheira, sobreiro). Ao longo dos ltimos scu-los, os grandes bosques da Ibria Seca foram desaparecendo para dar lugar a uma vegetao rasteira, pela aco do homem, tanto directa (corte e abertura de clareiras), como indirecta (devastao pelos re-banhos e incndios).

    AS COMUNIDADES AGRO-PASTORIS

    No decurso do perodo neoltico, o clima europeu estacionou, tornando-se, na Pennsula Ibrica, mais quente e seco, provocando alteraes na vegetao e na fauna. Desapareceram os grandes her-bvoros (rena, mamute) que, at a, eram a base da alimentao do homem primitivo. Este perodo, tambm chamado da Pedra Polida, caracteriza-se pela passagem de uma economia recolectora para uma economia de produo, com o incio da agricultura, da criao de gado, da cermica e da tecelagem.A relao entre o homem e a natureza modifica-se completamente

    em consequncia desta chamada revoluo neoltica, que alastra Pennsula antes de 4.000 a.C. Com as novas condies climticas, o homem cria um novo modo de vida: torna-se agricultor e pastor (domestica alguns animais), comea a formar aldeamentos, muitas vezes situados perto do litoral ou dos rios, e torna-se sedendrio. Nas novas comunidades produtoras, os homens viviam em conjunto, de-finindo as tarefas que cabiam a cada um (os agricultores, os pastores e os artesos).

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    O Semanal Portugus

    destino: ilhas canrias

    viaGeM

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    viaGeM

    destino: ilhAs cAnriAsAs ilhas Canrias so

    conhecidas desde a Anti-guidade: existem relatos fidedignos e vestgios ar-queolgicos da presena cartaginesa na ilha. Foram descritas no perodo greco-

    romano a partir da obra de Juba II, rei da Numdia, que as mandou reconhecer e que, afirma-se, por nelas ter encontrado grande n-meros de ces, deu-lhes o nome de Canrias (ilhas dos ces). So referidas por autores posteriores como Ilhas Afortunadas.Depois de um perodo

    de isolamento, resultado da crise e queda do Imp-rio Romano do Ocidente, e das invases dos povos brbaros, as ilhas foram redescobertas e novamente visitadas com regularidade

    por embarcaes europeias a partir de meados do scu-lo XIII.A sua redescoberta rei-

    vindicada por Portugal em perodo anterior a Agos-to de 1336. A sua posse,

    entretanto, foi atribuda ao reino de Castela pelo Papa Clemente VI, o que suscitou um protesto di-

    plomtico de Afonso IV de Portugal, por carta de 12 de Fevereiro de 1345:Ao Santssimo Padre

    e Senhor Clemente pela Divina Providncia Sumo Pontfice da Sacrossanta e Universal Igreja, Afonso rei de Portugal e do Algar-ve, humilde e devoto filho Vosso, com a devida reve-rncia e devotamento beijo os beatos ps. ()Respondendo pois dita

    carta o que nos ocorreu, di-remos reverentemente, por sua ordem, que os nossos naturais foram os primeiros que acharam as menciona-das Ilhas [Afortunadas].E ns, atendendo a que

    as referidas ilhas estavam mais perto de ns do que qualquer outro Prncipe e a que por ns podiam mais

    comodamente subjugar-se, dirigimos para ali os olhos do nosso entendimento, e

    desejando pr em execuo o nosso intento mandmos l as nossas gentes e algu-mas naus para explorar a qualidade daquela terra. Abordando s ditas

    Ilhas se apoderaram, por fora, de homens, animais e outras coisas e as trouxe-ram com muito prazer aos

    nossos reinos.Porm, quando cuid-

    vamos em mandar uma

    armada para conquistar as referidas Ilhas, com gran-de nmero de cavaleiros e pees, impediu o nosso propsito a guerra que se ateou primeiro entre ns e El-rei de Castela e depois entre ns e os reis Sarrace-nos. ()Nos sculos seguintes,

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    O Semanal PortugusviaGeM

    destino: ilhAs cAnriAscom o consentimento pa-pal e o apoio da Coroa castelhana, organizaram-se vrias expedies comer-ciais em busca de escravos, peles e tinta.

    Em 1402 iniciou-se a con-quista destas ilhas com a expedio a Lanarote dos Normandos Jean de Be-thencourt e Gadifer de la Salle, mas prestando vas-

    salagem aos reis de Castela e com o apoio da Santa S. Devido localizao geo-grfica, falta de interesse comercial e resistncia dos Guanches ao invasor, a

    conquista s foi concluda em 1496 quando os lti-mos Guanches em Tenerife se renderam.Ermida histrica de So

    Telmo em Las Palmas de

    Gran Canaria, aguarela de Jos Comas Quesada.

    A conquista das Canrias foi a antecedente da con-

    quista do Novo Mundo, baseada na destruio qua-

    se completa da cultura in-dgena, rpida assimilao

    do cristianismo, miscige-nao gentica dos nativos

    e dos colonizadores.Uma vez concluda a con-

  • O Semanal Portugus

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    viaGeM

    destino: ilhAs cAnriAsquista das ilhas, passa a de-pender do reino de Castela, impe-se um novo modelo econmico baseado na mo-nocultura (primeiro a cana-de-acar e posteriormente o vinho, tendo grande im-portncia o comrcio com Inglaterra). nesta poca que se constituram as pri-meiras instituies e r-gos de governo (Cabildos e Concelhos).As Canrias converte-

    ram-se em ponto de escala nas rotas comerciais com a

    Amrica e frica (o porto de Santa Cruz de La Palma chega a ser um dos pon-tos mais importantes do

    Imprio Espanhol), o que traz grande prosperidade a

    determinados sectores da sociedade, mas as crises

    da monocultura no sculo XVIII e a independncia das colnias americanas no sculo XIX provocaram

    graves recesses.No sculo XIX e na pri-

    meira metade do sculo XX, a razo das crises

    econmicas a Imigrao, cujo destino principal o continente americano.No incio do sculo XX

    introduzida nas ilhas Ca-nrias pelos ingleses uma nova monocultura: a ba-nana, cuja exportao ser controlada por companhias comerciais como a Fyffes.A rivalidade entre as elites

    das cidades de Santa Cruz e Las Palmas pela capital das ilhas far com que em 1927 se tome a deciso da diviso do arquiplago em

    provncias. Actualmente a capital esta dividida entre as duas cidades.

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    O Semanal Portugus

    estAdos unidos

    coMunidades

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    coMunidades

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    ironbound

    coMunidades

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    coMunidades

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    O Semanal PortuguscoMunidades

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    coMunidades

    Natrcia Rodriguesfotos de Jos Rodrigues

    mas que novidade! montreAl

    Pssiu, pssiuvem da e vai at ao novo restauran-te portugus que abriu a

    semana passada aqui na nossa cidade de Montreal. Fica ele situado no 1242 rua Drummond, na baixa da cidade. Anbal Silva, proprietrio do restauran-

    te Le Fado, tambm possuidor do Piri Piri na avenida Mont-Royal e do B&B na rua McGill . Filho de peixe sabe na-dar e parece ser verdade pois Anbal filho do j falecido Juvenal Silva, en-

    to proprietrio do Lisboa Antiga, um dos primeiros restaurantes portugueses,

    situado no Boulevard St. Laurent onde muito bem se comia e passavam bons seroes a ouvir boa msica. Le Fado muito espaoso e por isso tem a parte do

    restaurante e outra de Bar e petiscos. Boa comida, boa bebida e boa musica.

    A inaugurao foi no dia 16 prolongando-se at ao dia 19 com grandes fa-distas. O jovem fadista Paulo Filipe deslocou-se

    de Toronto e abriu o sero com Boa noite Solido e continuou cantando muitos outros fados. O rapaz da Camisola Verde, Disse-

    lhe Adeus, Se chorar fosse pecado entre outros foram entoados mostran-do-nos como a alma fadis-ta est bem presente. Mais

    tarde houve a participao do rancho folclrico da Misso de Santa Cruz o

    que me levou a acreditar que Portugal realmente conhecido por trs Fs. O F de futebol, de Fado e de Folclore. Fernando Silva guitarra portuguesa e Paulo

    Ramos viola apresenta-ram uma guitarrada e logo a seguir entrou em cena a grande fadista Lenita Gen-til. Vieram os trs de uma

    tourne em Itlia. Lenita, com sua voz forte, segura e confiante embora um

    tanto ou quanto enroucada - pisou o cho com muita desenvoltura demonstran-

    do estar muito habituada a estes seroes. A versatili-dade de Lenita uma das caractersticas que marcam a sua carreira e que passa no s pelo Fado, como tambm pela msica ligei-ra e marchas populares.

    H por aqui vrios res-taurantes portugueses que organizam seroes onde o

    Fado tem sido rei. No en-tanto Le Fado diferente visto ter sido concebido para se comer, beber e ouvir o fado. Violas, gui-tarristas e cantores iro estar sempre presentes. O

    Fado no pode morrer e penso que os portugueses de todas as idades, devem dar o devido valor ao Fado que ao ouvirem as guitar-ras chorarem, pensem que mais de felicidade do que de saudade dos ureos tempos, tempos de ouro. Se dar sangue dar Vida, dar Fado Viver Vida. Foi para mim uma experincia muito enriquecedora esta noite passada no restauran-

    te Le Fado. Aqui ficam os nossos

    agradecimentos ao Sr. Anbal Silva, sua esposa e a toda a equipa pelo calo-roso acolhimento que nos ofertaram. Votos de muito sucesso.

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    clubes1991: Santa Clara, Ponta Delgada, Aores, Portugal1992-1994: Operrio, Aores, Portugal1994: Angrense, Aores, Portugal1995: U. Micaelense, Aores, Portugal1995-1996: Grupo Desportivo Estoril Praia, Estoril, Portugal1996-1998: UD. Salamanca, Salamanca, Espanha1998-2000: Deportivo de La Corua, Corunha, Espa-nha2000-2003: FC Girondins de Bordeaux, Frana2003-2008: Paris Saint-Germain, Frana2010-: Desportivo de So Roque, Aores, Portugal

    ttulos2000 - Campeo da Liga Espanhola2002, 2008 - Vencedor da Taa da Liga Francesa2004, 2006 - Vencedor da Taa de Frana

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    pauleta e laval...Pedro Miguel Carrei-

    ro Resendes O IH, mais conhecido como Pauleta, (Ponta Delgada, 28 de Abril de 1973) um joga-dor portugus de futebol, nascido no arquiplago de Aores. Em Agosto de 2010, dois

    anos depois de se reti-rar oficialmente, Pauleta anunciou que regressaria aos relvados em Setembro de 2010 para representar o Desportivo de S. Roque, clube local, onde nasceu, da Ilha de So Miguel,

    Aores.Jogou durante vrios anos

    na Seleco Portuguesa.Pauleta tornou-se no pri-

    meiro internacional por-tugus a nunca ter jogado no campeonato portugus (Primeira diviso de Portu-gal) a representar a Selec-o Portuguesa. Tornou-se o recordista histrico de golos pela seleco, ultra-passando a marca de 41 golos de Eusbio, a 12 de Outubro de 2005 contra a Letnia. Representou as Quinas no UEFA Euro 2000, no Campeonato do Mundo de 2002 , no UEFA

    Euro 2004 e no Campeo-nato do Mundo de 2006, na Alemanha.

    CarreiraO seu instinto goleador,

    combinado com um toque de bola habilidoso com ambos os ps, um impres-

    sionante jogo areo e exce-lente mobilidade compem

    o seu carto de visita. Pauleta um lutador, mui-to forte e completamente imprevisvel, disse Vahid Halihodzic, seu treinador no Paris Saint-Germain.A estreia de Pauleta pela

    seleco portuguesa acon-teceu em Agosto de 1997, frente Armnia, mas a titularidade s chegaria 18 meses depois, diante da Holanda. Pelo seu primei-ro golo com a camisola das quinas, Pauleta teria de esperar ainda mais um ms. Foi num jogo frente ao Azerbaijo e o aoriano contribuiu com dois golos

    Marie Moreira

    montreAl

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    O Semanal Portugus

    Obrigado Pauleta

  • O Semanal Portugus

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    para a vitria de portu-gal por 7-0. Revelando-se um jogador de equipa no Euro 2000, Pauleta foi um lder no Mundial de 2002, marcando por trs vezes em igual nmero de jogos. Dois anos mais tarde, e apesar de apenas ter falhado apenas um dos encontros da fase final do torneio, Pauleta no mar-cou qualquer golo no Euro 2004, disputado em Portu-gal.O primeiro clube com o

    qual Pauleta assinou um contrato profissional foi o C.U. Micaelense, onde alinhou por uma poca, mudando-se depois para o Grupo Desportivo Estoril Praia, onde viria a apontar 19 golos.Em 1996, os golos con-

    tinuavam a fluir depois da transferncia para a U.D.

    Salamanca. Pauleta voltou a marcar por 19 vezes, aju-dando o clube a subir ao escalo mximo do fute-bol espanhol em 1998. Na

    pauleta e laval...poca seguinte, o avanado adicionou mais 15 golos conta pessoal.No ano de 1998 a sua

    mdia de golos valeu-lhe a transferncia para o De-portivo da Corunha. Pau-leta esteve dois anos ao servio da turma galega, apontando 33 golos em 92 jogos, incluindo oito em 12 jogos onde alinhou de incio na poca em que o Depor conquistou o seu primeiro ttulo de campeo (1999/00).Em 2000, Pauleta transfe-

    re-se para o Bordus, estre-ando-se com um hat-trick diante do Nantes, em jogo que o Bordus venceu por 5-0. No total, o aoriano

    apontou 65 golos na Ligue 1 em 98 jogos com a cami-sola do Bordus e foi duas vezes eleito o futebolista do ano em Frana.Na temporada 2003/04

    ingressou no Paris Saint-Germain no incio da po-ca, assinando um contrato

    de trs anos por um valor anunciado de 12 milhes de Euros. Pauleta ajudou os parisienses a conquis-tar o seu primeiro trofu em seis anos, ao apontar o nico golo na final da Taa de Frana, diante do Chte-auroux. No campeonato, o ciclone dos Aores (al-cunha por que conheci-do) demonstrou a eficcia habitual, assinando 18 go-los em 37 jogos, tendo o PSG terminado a poca na segunda posio. Em 2010, Pedro Pauleta foi eleito melhor jogador de sempre do PSG.ReformaNo dia 17 de Novembro

    de 2008, Pauleta anunciou oficialmente o final da sua carreira, em entrevista ao dirio francs Le Parisien.RegressoEm Agosto de 2010 foi

    anunciado que Pauleta re-gressaria aos relvados para representar o Desportivo de S. Roque, clube local da Ilha de So Miguel, onde nasceu. Um jogo e dois golos depois, Pauleta ainda continua a jogar no Des-portivo de S. Roque at presente data.25 de Novembro de 2011

    Durante quase uma se-mana, Pauleta veio cida-de de Montreal para o 15 aniversrio do Jornal Luso presse, um jornal da co-munidade portuguese em

    Montreal, presidido pelo Norberto Aguiar, Editor e chefe-de-redaco deste jornal. Durante vrios meses ele

    organizou a sua vinda e contactou vrias associa-es e sexta-feira 25 de Novembro foi a sua visita a Associao Portuguesa de Laval, mesmo se chegou bastante atrasado ele este-ve presente para a alegria de todos os jovens e menos jovens.Parabns a Lina De Fa-

    tima e a organizao pela

    sua visita a Laval.E para o jornal Luso

    Presse e o seu aniversrio, desejos do muitos anos ao servio da comunidade.

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    montreAl | 25 Aniversrio dA contruo dA igrejA sAntA cruzConstruo da nova igreja de santa cruzCheguei a Montreal, Ca-

    nad, a 5 de Outubro de 1972, deixando em Portu-gal toda a minha famlia e amigos.Sozinho e sem trabalho,

    foi na Igreja Santa Cruz, na rua Clark, que encontrei

    acolho e uma mo amiga para me orientar neste novo pas em que me queria inte-grar . Foi a que fui aco-lhido no grupo de jovens da igreja, onde o respon-svel da misso era o Sr. Padre Fatela. Neste grupo de jovens ganhei coragem e fora para recomear os estudos, trabalhando. Foi ainda a que encontrei a minha futura esposa, hoje j casados h 34 anos, com 3 filhos e uma netinha.A compreenso, o estmu-

    lo e apoio que recebi neste

    grupo de jovens, deram-me confiana, coragem e per-severana para completar o curso de engenharia e obter emprego no ramo.Foi em grande parte em

    agradecimento por tudo quanto recebi que senti desejo e fora interior para me dedicar Comunidade,

    em especial durante o tem-po de crise que comeou em 2002 e em que fiquei sem trabalho.Nessa altura, a Comuni-

    dade estava procurando novos espaos para poder servir os Portugueses, por-que os espaos existentes no eram suficientes para as atividades religiosas e socioculturais. Propus-me ento fazer parte da equipe que devia realizar o proje-to da nova Igreja e Centro Communtrio. Devido minha formao

    em engenharia e minha disponibilidade (ento no fundo de desemprego) o Conselho de administra-o da misso pediu-me para coordenar as ativida-des necessrias ao projeto da nova Igreja e Centro Comunitrio e ser o res-ponsvel da obra como re-

    presentante do conselho de administrao a quem dava contas regularmente. Foi sobretudo com o Sr.

    Pe. Jos Manuel de Freitas que diariamente fazia equi-pe para todas as atividades relacionadas com o projeto tais como : negociaes com a Vila de Montreal e CECM, contactos com a Diocese, compra da Esco-la Our Lady, campanha de angariao de fundos, comunicao com a comu-nidade portuguesa atravs dos jornais, televiso e r-

    dio, obras de restaurao do edifcio mais recente da escola. Aps as negociaes com

    a CECM e mesmo antes da compra da Escola, apre-sentmos ao Governo em setembro de 1983 um pro-jeto de renovao do edif-cio mais recente da Escola,

    afim de o converter no Cen-tro Comunitrio Portugus. Foi com este projeto que o Governo deu uma subven-o de $300,000 que cobriu a despesa da renovao do edifcio para o Centro e a demolio da parte da Es-cola para a construo da nova Igreja. Foi durante estes traba-

    lhos que melhor consegui apreciar e sentir-me orgu-lhoso da grande generosi-dade e entrega das pessoas da nossa comunidade. Na verdade a maior parte dos

    trabalhos de restaurao do edifcio do centro comuni-trio foram feitos por ben-volos da nossa comunidade que puseram ao dispor dela os seus talentos e trabalho benvolo, enquanto os ma-teriais foram pagos pelo Governo. Para a nossa comunida-

    de que no final de 1979, depois de ter feito a com-pra do edifcio da Clark e da casa paroquial (total = $114,000), possua uma d-vida de $14,000, 7 anos de-pois, ou seja em novembro de 1986 inaugurava uma nova Igreja e um Centro Comunitrio cujos custos totalizavam $2,8 milhes. Trs anos depois, em se-tembro 1989, completava-se a 3a fase do projeto do complexo Santa Cruz com a inaugurao do lar para as pessoas idosas da comu-

    Antnio da Silva

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    montreAl | 25 Aniversrio dA contruo dA igrejA sAntA cruzConstruo da nova igreja de santa cruz

    nidade ($1.7 milhes), sen-do este inteiramente sub-vencionado pelo Governo.No incio da construo

    da igreja, em maio 1985, o custo total da igreja estava avaliado em $2 milhes sendo 40% ($800,000) o total recolhido pela misso at essa data, com as diver-sas campanhas de financia-mento.Esta campanha de finan-

    ciamento teve vrias mo-

    dalidades que foram orga-nizadas por vrios grupos. Quero no entanto salientar o porta a porta feito por muitas equipas de ben-volos, devidamente identi-ficados que percorreram a cidade de Montreal e arre-dores, exceto Laval, pois a havia outra campanha para a comunidade portuguesa de Laval.Tambm de sublinhar o

    grupo de festas da comuni-

    dade sobre a orientao do Conselho de administrao da Misso e o grupo dos jantares cujos organizado-res trabalhavam benevo-lamente e pagavam o seu bilhete para comer. Foi todo este clima de ge-

    nerosidade e confiana de um povo que acreditava ser possvel alcanar o sonho de uma nova igreja, apesar das dvidas de alguns da comunidade que s acredi-

    tavam depois de verem os resultados, que se tornou possvel concretizar tama-nho sonho e quatro anos depois, em 1990, ter pago toda a dvida feita com este projeto.A 30 novembro 1986,

    aquando da inaugurao da Igreja, o Sr. Pe Jos Ma-nuel dizia que as grandes obras fazem-se de peque-nos nadas.Foi com muita f, con-

    fiana, generosidade e muito esforo que muita gente silenciosa contri-buiu e que muitos outros ousaram por mos obra para dotar a Comunida-de com este complexo de Santa Cruz que hoje e no futuro algo que valoriza a nossa comunidade e uma afirmao da nossa identidade nesta cidade e Pas que escolhemos para viver.

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    montreAlna brasa Quem no arrisca no petisca!

    Sylvio Martins

    Bom dia, boa tarde ou boa noite depende da hora em que lerem este artigo. Ns, quando no queremos

    ir, temos sempre a cisma Isso um stio s para estrangeiros. Pois foi por curiosidade, e ultrapassada a barreira da cisma, que decidi conhecer o restau-rante Na Brasa, um lindo restaurante escondido na rua Duluth, 121 Duluth Este. Quem no arris-ca no petisca! Este o meu lema de vida, pois s assim posso fazer novas e interessantes descobertas

    atravs desta linda cidade de Montreal.J l vo 23 anos que este

    restaurante est aberto e a minha histria com este restaurante se cruzou vrias vezes. Foi o meu primeiro emprego como assistente do chefe, durante um vero mas, o nome do restaurante era Bistro Duluth. No ini-cio do milnio Camilo Ro-driguez e Antonio Rocha decidiram mudar a ima-gem do restaurante, de um

    lado, muitos conheciam o Vieux Duluth por outro lado deviam mudar o estilo do restaurante, para atrair uma nova clientela. Na al-tura, achei interessante o nome Na Brasa entrou na vaga dos grelhados, do frango no churrasco e o nome relacionado com isto mas, o tempo passou.No vero encontrmos

    um dos proprietrios do restaurante e ele disse-nos que queria que os portu-gueses voltassem ao seu restaurante e a melhor ma-neira de meter publici-dade, eu numa brincadeira disse mais uma galinha a assar!. Ele respondeu-me que fazem frango, bas-tante diferente de todos e devem ir l para ver a dife-rena porque um frango um frango, o segredo no tempero. Durante as nossas palavrinhas, pouco a pouco

    fi quei muito curioso. Fi-nalmente, sexta-feira pas-sada tive a oportunidade de satisfazer a minha curiosi-dade. Provando um pouco de tudo, tal como o polvo grelhado, a famosa entrada de petiscos que tem uma boa variedade de petiscos tradicionais. Depois, tive-mos o prazer de apreciar a famosa grelhada portugue-sa, os mexilhes, um dos pratos muito apreciados, neste restaurante a carne

    de porco Alentejana que parece uma verdadeira de-

    lcia. Fomos informados que o restaurante tem uma grande variedade de espe-ciais tal como dois pratos da tables dhtes com uma garrafa de vinho para duas pessoas, Pequenos almoo no domingo a bom preo incrvel. Se celebrem

    o seu aniversrio com um mnimo de 8 pessoas, a pessoa responsvel ou o aniversariante tem o seu prato gratuito. O fi nal do encontro com os donos da casa, encontrei dois dos seus chefes, Helena Costa, natural de Lisboa, a chefe de dia com 35 anos de ex-

    perincia tal como no res-taurante Bernard do chia-

    do com o chefe silva da RTP na Praa da Alegria, Portuglia, Lua-de-mel e tem como especialidade a gastronomia portuguesa, francesa e italiana. Esteve tambm no muito popular restaurante Caf Ferreira e no Cantinho em Montreal.

    Jos Moreira chefe da noi-te, So Miguel da ribeira grande que j l vo 16 anos ao servio deste res-taurante, aprendendo no Holiday Inn Centre-Ville e trabalhou l durante 18 anos. Ele especializou-se na cozinha francesa e nos grelhados portuguesa,

    tambm o especialista das sobremesas. Uma sugesto

    deve provar o Tiramisu portuguesa e o Arroz doce moda da casa. Quem no arrisca no petisca! Isto diz muito para quem no foi ainda a este lindo restaurante que bastante tradicional nos seus pra-tos e, para fi nalizar este encontroo Antnio Cos-ta demonstrou toda a sua qualidade de barman, onde h alguns anos atrs rece-beu um trofu pelos seus cocktails e fez-me pro-var o Zambuca preto com Baileys, bastante simples mas foi realmente um pra-zer. Muito obrigado.

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    contra o tempocinmA

    Contra o tempo comea com uma bela sequncia de abertura que mostra cenas da vida cotidiana da cidade de Chicago emba-lada por uma msica que faz lembrar os filmes do agente James Bond, o 007. Dentro de um trem, co-nhecemos o capito Colter

    Stevens (Jake Gyllenhaal), atordoado por estar sen-do confundido com Sean, uma pessoa que ele no faz ideia de quem seja.Aos poucos, descobrimos

    que Stevens est no corpo

    de outro homem e que ele faz parte de uma misso para salvar Chicago de um terrvel acidente de trem. A tarefa faz parte de um experimento secreto do go-verno americano chamado Source Code, um progra-ma que permite ao agente assumir a identidade de

    outra pessoa em seus lti-mos oito minutos de vida. com esse tempo que Ste-vens conta para desvendar o que vai acontecer com o trem e evitar a tragdia.Em seu vago, ele en-

    contra Christina Warren (Michelle Monaghan), por quem acaba se apaixo-nando. Alm de descobrir quem est por trs dos pla-nos de espalhar novamente o terror pelos Estados Uni-dos, ele vai fazer o possvel para impedir que a amada morra na exploso do trem.

    Mas, para salv-la, ele vai precisar convencer a capi-t Colleen Goodwin (Vera Farmiga) da necessidade dessa misso.Logo aps os atentados

    do 11 de setembro, os

    americanos tiveram difi-culdade para lidar com o terrorismo. Mas, passados dez anos daquela trgica tera-feira, o tema ganhou fora nos cinemas e se tor-nou um dos maiores files de Hollywood, explorado em gneros diversos, do drama ao horror, mas com especial intensidade nos thrillers. primeira vista, Contra

    o tempo parece um tpi-co filme de ao, j que o protagonista tem um curto

    espao de tempo para evi-tar uma tragdia. Mas o roteiro de Ben Ripley mos-tra inteligncia ao apostar suas fichas no intrincado processo cerebral que pro-picia a experincia do c-digo fonte, evitando repetir clichs do gnero.A direo de Duncan Jo-

    nes (ele mesmo, o filho de David Bowie), que de-butou no cinema em 2009 com Lunar, tambm acerta no uso criterioso dos

    efeitos especiais. Os ele-mentos tcnicos, discretos e bem empregados, ficam a servio do elenco capita-neado por Jake Gyllenhaal. Ainda que no apresente o mesmo vigor de O segredo de Brokeback Mountain e Zodaco, o ator cumpre bem a proposta do filme. Ao lado dele, com desem-penhos tambm eficientes, Michelle Monaghan e Vera Farmiga.Orado em US$ 32 mi-

    lhes, Source Code - ttulo

    original - nasceu com o ob-jetivo de ser um filme m-dio, daqueles que mantm as bilheterias da indstria hollywoodiana a todo va-por enquanto os blockbus-ters de vero e os possveis candidatos temporada de prmios esto em produ-o. Contra o tempo mostra que ser mdio no significa ser mediano e que, mesmo dentro destas limitaes, possvel fazer entreteni-mento de qualidade.

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    lazer

    cinmAthorThor uma propriedade

    estranha da Marvel. Criado por Stan Lee, Larry Lieber e Jack Kirby e baseado na mitologia nrdica, Thor era uma espcie de Super-man da Casa das Ideias, extremamente poderoso. O texto, escrito em ingls arcaico e empolado, corte-sia do sempre prolixo Stan Lee, acabou por deixar o

    personagem em segundo plano no escalo da editora. Kenneth Brannagh, do alto de sua sensibilidade, tentou pegar o personagem e dar a ele um drama shakesperia-no, com filhos ilegtimos, rivalidade entre irmos e o dilema da sucesso real. Ao mesmo tempo, abraou de forma confusa clichs de blockbusters. O resulta-do no chega a ser profano, mas est longe de ser divi-no.A estrutura de Thor es-

    quisita. Enquanto histrias de origem seguem um cres-cendo - mero mortal conse-

    gue poder de alguma forma, tenta aprender a us-lo e, l pelo fim, chuta traseiros - , Thor segue uma linha com-pletamente diferente, com o personagem comean-do o filme extremamente poderoso, perdendo tudo e recuperando a fora no ato final. Ao mesmo tem-po, a estrutura psicolgica do protagonista segue uma

    jornada at comum, com o heri comeando cheio de falhas (no caso, a arrogn-cia desmedida) e ficando mais maduro pelo decorrer da fita. O problema que o miolo do filme se arras-ta, com o forto Chris He-msworth (Thor) forando um romance com Natalie Portman (Jane Foster), Kat Dennings (Darcy Lewis) disparando cultura pop hu-morstica e Stellan Skars-grd (Erik Selvig) tendo o nico e exclusivo propsito de conectar alguma coisa com a cultura nrdica.Logo de cara, o filme es-

    tabelece as diferenas entre Thor e Loki, irmos dispu-tando o trono de Asgard, e aqui, Brannagh brinca de Shakespeare. As falas so berradas, cuspidas, sibi-ladas e a sutileza vai para Valhalla. Hemsworth des-liza constantemente, mas apesar de alguns excessos na performance, Anthony Hopkins consegue viver

    um bom Odin, imponente e sbio na mesma medida, e Tom Hiddleston um Loki verstil, capaz de fazer algo exagerado e sutil dentro da mesma cena. Em outra re-ferncia ao Bardo, um dos Trs Guerreiros, Fandral, parece ter sado de uma pea da Inglaterra vitoriana, com direito a cavanhaque, roupa bufante e esgrima.Por outro lado, Branna-

    gh mergulhou em clichs insanos, como o grito de Por que?! destinado aos cus - com pontos extra por ser em uma cena chuvosa e, pior, em uma cena na qual

    um personagem derrama uma nica lgrima. Amigo, isso no cola mais. E no de hoje.As cenas de ao, ainda

    que escassas, so divertidas e utilizam bem o escopo de poderes de Thor. O perso-nagem, em consonncia com o universo Marvel no cinema, teve seus poderes bastante reduzidos, dei-

    xando de ser o Superman nrdico dos quadrinhos e ficando em um nvel mais prximo do Homem de Fer-ro. O climax do filme no dos melhores e as batalhas parecem se resolver muito

    rpido, o que no permite que Thor mostre a extenso de seus poderes de forma apropriada.O filme tambm faz um

    esforo gigantesco para

    inserir a SHIELD na joga-da e, at agora, o universo Marvel parece coeso, com a cincia humana virando a magia de Asgard. conve-niente, mas necessrio, v l. Ponto para Os vingado-res, de Joss Whedon.A direo de arte fants-

    tica em Thor, com Asgard apresentando cores magn-ficas e construes belssi-mas. O design das fantasias soberbo e a roupa de Thor est no mesmo nvel que a armadura de Tony Stark nos filmes do Homem de Ferro. Os efeitos especiais so bons, mas a festana (necessria) de CGI no to boa. Thor um filme abarro-

    tado de pequenos detalhes, como a sempre divertida pontinha de Stan Lee ou a incluso sutil de Clint Bar-ton, o Gavio Arqueiro, como um agente da Shield, ou at mesmo a meno aos raios gama (radiao que criou Hulk). Kenneth Brannagh no domina to bem o cinema blockbuster, enfia goela abaixo um ro-mance entre Thor e Jane e fora piadas, especialmente na personagem de Dennin-gs, mas conseguiu segurar a coeso do universo Marvel at a chegada do Capito Amrica.

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