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numis ma CARAS&LEILÕES Revista semestral nº 64 • € 2,50 • SETEMBRO 2008 História do ouro D. José e pepita animam leilões da Numisma A moeda de San Pedro de Alcantara Colecção FAMA «Moedas de Portugal e Colónias» 25 de Setembro de 2008

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NUMISMA CARAS & LEILÕES 1

numismaCARAS&LEILÕES

Revista semestral nº 64 • € 2,50 • SETEMBRO 2008

História do ouroD. José e pepita animam leilõesda Numisma

A moedade San Pedrode Alcantara

Colecção FAMA «Moedas de Portugal e Colónias» 25 de Setembro de 2008

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2 SETEMBRO 2008

Director Javier Sáez Salgado

Director Adjunto Jaime Sáez Salgado

Chefe de Redacção Ana Miranda

Colaboradores José Rodrigues Marinho,

Hermínio Santos, Carlos Marques da Costa,

José A. Godinho Miranda, Blanca Ramos Jarque,

Guilherme Abreu Loureiro

Direacção de Arte Ana Miranda

Fotografi a Manuel Farinha

Assistente de Produção Raquel Moura

Secretariado Cláudia Leote

Relações Públicas Sara Paulo

Redacção e Administração

Av. da Igreja, 63 C

1700-235 Lisboa

Tel.: 217 931 838 / 217 932 194

Fax: 217 941 814

numismaonline.com

[email protected]

Impressão Palmigráfi ca – Artes Gráfi cas, Lda.

numismaCARAS & LEILÕES

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NUMISMA CARAS & LEILÕES 3

EDITORIAL

Nos últimos meses fomos “cercados” por uma situação que não é nova mas que parece estar para fi car entre nós mais tempo do que o previsto. Trata-se do ciclo das más notícias. São as quedas na Bolsa, o aumento das taxas de juro, a subida do petróleo, a crise dos alimentos, o degelo dos glaciares, a ameaça de explosão social em alguns países do mundo e a possibilidade de mais um confl ito no Médio Oriente.

Para contrariar esta onda negativa decidimos fazer este número com um mote bem defi nido: o do optimismo. Não um optimismo gratuito ou propagandístico mas assente em factos. Podemos começar pelos leilões já realizados em 2008 e, também, falar dos que estão previstos até ao fi nal deste ano e que, estamos certos, levarão ao rubro todos os nossos leitores, coleccionadores, investidores e estudiosos de numismática.

Dos próximos leilões levantemos apenas a ponta do véu. Já em Setembro a Numisma vai levar à praça uma moeda de 8 Escudos espanhola oriunda do navio espanhol “San Pedro de Alcantara”, cujo naufrágio ocorreu no século XVIII ao largo de Peniche. Do lote que inclui a moeda farão também parte uma gravura e uma carta náutica de Peniche. Um valioso conjunto histórico que valoriza ainda mais uma moeda rara que é um bom exemplo do prestígio dos leilões da Numisma.

A colecção FAMA que dá o nome a este leilão, apresenta moeda desde a época Hispano-Romana até D. Luis I, com verdadeiras raridades não só de ouro, mas principalmente, de bolhão, prata e cobre, com destaque para moedas da Índia Portuguesa, muitas delas raras e em bom estado de conservação.

Um prestígio que fi cou mais uma vez demonstrado nos dois leilões realizados este ano. Uma Peça de 1752 de D. José, cunhada em Lisboa e da qual só se conheciam dois exemplares, e uma pepita de ouro com diamante são exemplos das raridades leiloadas em Fevereiro e Maio. A propósito desta pepita contamos uma breve história do ouro, onde Portugal, através do Brasil, foi um dos protagonistas.

Pensamos que são motivos mais do que sufi cientes para ler este número da Numisma Caras & Leilões e anotar na sua agenda que os próximos meses serão importantes para a numismática portuguesa.

Contamos consigo

Javier Sáez Salgado

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4 SETEMBRO 2008

Por HERMÍNIO SANTOS*

Estava uma noite escura, sem lua e mar pouco agitado. As vigias gritaram “Terra à proa”. O ofi cial da guarda deu ordens para virar a estibordo. Minutos mais tarde alguém disse precisamente o contrário. O navio foi “imediatamente abalado por terrível estremecimento”. É assim que o arqueólogo subaquático Jean-Yves Blot descreve, num livro de 1984, o naufrágio do “San Pedro de Alcantara”, um navio espanhol que partiu de Callao, no Peru, em 1784, com destino a Cádis, em Espanha. Acabaria por naufragar na Papoa, junto à costa de Peniche, a 2 de Fevereiro de 1786.

O navio transportava mais de 150 toneladas de moedas de ouro e prata e 600 toneladas de cobre. Uma dessas moedas de ouro, a de 8 Escudos, será apresentada no próximo leilão da Numisma. Mas o lote a leiloar inclui três outras preciosidades: uma gravura do paisagista Jean-Baptiste Pillement, uma carta náutica de Peniche e o livro de Blot, intitulado “Uma rota marítima na encruzilhada dos interesses da Europa do século XVIII. A América Latina às portas da Europa: o naufrágio do navio espanhol “San Pedro de Alcantara” (1786)”.

A pedido do representante do comércio de Cádis, o pintor francês fez

DESTAQUE

A moedade San Pedro de Alcantara

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NUMISMA CARAS & LEILÕES 5

dois quadros que imortalizaram na tela o naufrágio do navio e a recuperação da sua carga pelos mergulhadores. Esses quadros foram oferecidos ao embaixador espanhol em Lisboa. Este mandou fazer gravuras que tencionava distribuir. Pillement, que já foi defi nido como o maior paisagista, a pastel, do século XVIII, esteve por três vezes em Portugal. A estada mais longa foi a última e decorreu entre 1780 e 1786. Em 1782 abriu, no Porto, uma escola frequentada, entre outros, pelo futuro Vieira Portuense. Na região de Lisboa pintou tectos no Palácio da Fronteira, um fresco numa sala do Palácio de Seteais e a sala de jantar do Palácio do

Ramalhão, em Sintra.O naufrágio do “San Pedro de

Alcântara” afectou “diversos sectores da sociedade, quer em Portugal, quer em Espanha, quer noutros países”, refere Blot no seu livro. O autor, líder de uma equipa de arqueologia que investigou, em Peniche, o naufrágio, afi rma que as frotas espanholas traziam o pagamento dos produtos expedidos para a América. A “chegada ou não destas piastras da América tinha tal importância na vida comercial que ia mesmo até condicionar a presença de numerário nas feiras estrangeiras, como aconteceu em França, nas cidades de Lyon e Marselha”, diz.

A MOEDA DE SAN PEDRO DE ALCANTARA

O acontecimento também pôs em alvoroço a vila de Peniche. As operações de recuperação da carga do navio provocaram a chegada de pessoas de vários lugares da Europa e a contratação de “homens do mar da região”. Blot afi rma que a coroa espanhola propôs, em 1789, diversas gratifi cações a alguns habitantes da vila que se distinguiram nas operações de salvamento. As autoridades de Madrid deram as buscas por encerradas em Novembro de 1788. Mais de 90% da carga tinha sido recuperada mas nos anos seguintes diversos particulares ainda descobriram moedas do “San Pedro de Alcantara”. ■

* Especialista em Numismática

O navio transportava mais de 150 toneladas de moedas de ouro e prata e 600 toneladas de cobre. Uma dessas moedas de ouro, a de

8 Escudos, será apresentada no próximo leilão da Numisma

A carta náutica de Peniche (em cima) e uma gravura

do paisagista Jean-Baptiste Pillement (à direita) incluídas

no próximo leilão

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6 SETEMBRO 2008

CARAS&LEILÕES

A boa disposição nestes rostos sorridentes, na hora

dos petiscos

Javier Salgado preside ao leilão (em cima) e a equipa da NUMISMA visivelmente satisfeita com o sucesso do leilão (à esquerda)

Paulo Morais Leitão rodeado dos seus amigos

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NUMISMA CARAS & LEILÕES 7

LEILÃO 73

Mestre Ricardo e o Dr. Paulo Fernandes surpreendidos pela objectiva do fotógrafo

O Dr. Gonçalo Ramos e Costa serve-se da esferográfi ca do Tiara Hotel para

licitar a moeda

O Dr. Raul Capela e Francisco Fernandes observam, atentamente, o catálogo

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8 SETEMBRO 2008

LEILÕES 2008

A moeda mais valiosa e rara dos primeiros leilões de 2008 foi uma Peça de D. José I de 1752 mas um dos grandes

momentos das duas noites aconteceu quando a Numisma apresentou, no Leilão 74, uma pepita com diamante. Se a moeda era uma verdadeira preciosidade da numismática nacional, a pepita foi

a peça museológica que entusiasmou os

participantes. A melhor

prova está na sua valorização: começou com um preço-base de 2000 euros e vendeu-se por 5.500, preço de martelo.A qualidade e a diversidade marcaram os primeiros leilões da Numismarealizados em 2008. Em Fevereiro, no leilão 73, intitulado Colecção Flor de Cunho, muitas das moedas apresentadas pareciam ter saído precisamente das casas de cunho para a colecção, tal era o seu estado de conservação. Entre os principais destaques contavam-se uma moeda de ouro de 500 Reais dos Governadores do Reino, os 50 Centavos 1925 e 1 Escudo 1935. Mas foi no lote 29 que se concentraram as

principais atenções pois foi levada à praça, pela primeira vez, o terceiro

exemplar conhecido até hoje da Peça 1752 de D. José I. Julgava-

se que existiam apenas dois exemplares desta moeda mas a Numisma encontrou um terceiro.A pepita com diamante foi apresentada em Maio, no leilão 74, intitulado Colecção Cruzeta porque estava precisamente uma cruzeta entre os lotes vendidos nessa noite. Era um exemplar em cobre, de Angola, e um verdadeiro exemplar da

Idade do Ferro africana. No mesmo leilão foi

apresentado um valioso conjunto de moedas de ouro

da monarquia portuguesa, entre

Peça de D. José e pepita com diamante animaram primeiros leilões de 2008

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NUMISMA CARAS & LEILÕES 9

POSIÇÃO NOME VALOR VENDA LEILÃO

1 Peça 1752 D. José I 55.000 732 50 Centavos 1925 BELA 23.000 733 500 Reais ND (1580) 19.000 734 Dobrão 1724 M 17.500 735 Morabitino 17.500 736 1 Escudo 1935 13.500 737 Dobra 1727 R 6.900 738 Pepita com diamante 5.500 749 50 Centavos 1925 MBC 5.400 7410 S. Vicente D. João III 4.500 74

RANKING

O ranking dos primeiros leilões de 2008

as quais se contaram duas raridades: um São Vicente de D. João III em excelente estado de conservação. Vendeu-se ainda um Morabitino de Afonso VIII de Castela, cunhado em Toledo em 1225, e cuja principal curiosidade é ser uma moeda feita por cristãos mas com inscrições árabes. ■

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10 SETEMBRO 2008

À esquerda Dr. Manuel Almeida de Vasconcelos e atrás Engº Fernan-do Salema Garção

António Vital ea sua sobrinha

Maria Helena

CARAS&LEILÕES

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NUMISMA CARAS & LEILÕES 11

Fernando Lagarto e o nossoamigo Fernando Rocha

LEILÃO 74

Dois numismatas do Banco de Portu-gal sorriem para o fotógrafo

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12 SETEMBRO 2008

HISTÓRIA

O ouro e as moedas conhecem-se formalmente desde o ano 560 antes de Cristo (AC). Foi nessa data que os

Lídios, um povo que habitava na Ásia Menor, cunharam a primeira moeda exclusivamente em ouro puro. Mas as referências ao metal precioso são quase tão antigas como a Humanidade e têm origem em praticamente todo o mundo.

Existem no Antigo Testamento, no ano 3000 AC, a propósito da joalharia dos Sumérios, e em 58 AC, quando Júlio César chegou a Roma com tanto ouro das suas conquistas que chegou para pagar todas as dívidas da cidade e dar 200 moedas a cada um dos seus soldados.

Também se fala de ouro em 1799, ano da sua descoberta, pela primeira vez, nos EUA, e em 1965 quando, durante uma missão espacial, Edward White utilizou um dispositivo que servia para proteger os olhos da luz do sol e continha uma camada de ouro.

Portugal também tem o seu nome inscrito na história do metal precioso. Em 1700 foi descoberto ouro no Brasil, então colónia portuguesa que, em 1720, era responsável por dois terços da produção mundial. No reino português todos conhecem o destino destes valiosos carregamentos oriundos de terras brasileiras: serviram para construir monumentos e criar as fantásticas

BreveHistória doouroa propósito de uma pepita

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NUMISMA CARAS & LEILÕES 13

OURO E MOEDAS

moedas de D. João V e que constituem uma das séries monetárias mais fabulosas do mundo.

Muitas dessas moedas foram já leiloadas pela Numisma que, em Maio deste ano, apresentou ao público uma peça de ouro sem relação directa com a numismática: uma pepita com diamante. Com um peso bruto de 142,62 gramas, tornou-se numa das atracções do leilão realizado em Maio por causa da sua valorização e de se tratar de uma peça museológica de rara beleza.

A história do ouro também é feita da descoberta de pepitas, algumas delas de grande valor. Conta-se que a maior pepita do mundo foi descoberta em

Conta-se que a maior pepita do mundo foi descoberta em 1869, na Austrália, e pesava 65,2 quilos

1869, na Austrália, e pesava 65,2 quilos. Também no Brasil foram encontrados alguns exemplares que fi guram entre os maiores do mundo, com pesos brutos a variar entre os 33 e os 60 quilos.

No último século o ouro deixou de ser apenas um metal associado às moedas e à joalharia e passou a ser um produto usado na indústria e na electrónica. Hoje encontramos ouro nos computadores, nas comunicações, nos motores dos aviões e em material eléctrico. Claro que também é um símbolo de ostentação, riqueza, poder, brilho, pureza. Todas estas características transformaram-no no ícone mais famoso de todos os tempos e deram-lhe a imortalidade. ■

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14 SETEMBRO 2008

com o sobe e desce das bolsas...é melhor investir em História.

Realizamos os melhores leilões de moedas, notas e medalhas.

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NUMISMA CARAS & LEILÕES 15

Fundada em 14 de Novembro de 1801 por D. Carlota Joaquina e autorizada por Decreto de D. João Príncipe Regente de 17 de

Dezembro do mesmo ano, a determinar as insígnias, número e qualidade bem como as obrigações das damas admitidas na mesma ordem. Era seu objectivo restabelecer o culto que se votara no país à Rainha Santa Isabel. O alvará régio de 25 de Abril de 1804 aprovou os estatutos da ordem, constituída por toda a família Real e mais 26 damas da nobreza, todas casadas ou que não tivessem menos de 26 anos de idade quando solteiras.

Deviam as Damas visitar uma vez por semana o Hospital dos Expostos. A Rainha de Portugal era a Grã-Mestre. A insígnia era uma medalha com a imagem da patrona sob a Coroa Real e num laço

de esmalte azul a legenda “Pauperum Solatio”. No verso as iniciais C.J., a data da fundação e o dístico “Real Ordem de Santa Isabel”.

As Damas traziam nas festas da Ordem, dias de gala e em funções públicas a medalha suspensa numa banda cor de rosa, orlada a branco lançada do ombro direito ao lado esquerdo, sobre ovestido. ■

Real Ordem dasDamas Nobresde Santa Isabel

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O Conselho Científi co da NUMISMAsubscreve a fi losofi a de Bento Morganti

“... Se não te agradar o estylo, e o methodo, que sigo, terás paciência, porque naõ posso saber o teu genio; mas se lendo encontrares alguns erros, (como pode suceder, que encontres) fi car-tehey em grande obrigação se delles me advertires, para que emendando-os fi que o teu gosto mais satisfeito.”

Bento Morganti, Nummismalogia,Lisboa, 1737, no Prólogo:«A Quem Ler»