revista viver mais
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Viver Mais é uma revista realizada por Cláudia Rocha e Liane Carolina Camacho, duas alunas da Licenciatura de Ciências da Comunicação da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Esta revista é um projecto que surgiu no âmbito da unidade curricular de Projecto em Jornalismo.TRANSCRIPT
Viver o otimismoViver o otimismo
Destinos. Destinos. Destinos. Évora, cidade bela, Évora, cidade bela, Évora, cidade bela, histórica e emblemáticahistórica e emblemáticahistórica e emblemática
Beleza. Beleza. Beleza. Aprenda a cuidar de si sem Aprenda a cuidar de si sem Aprenda a cuidar de si sem gastar muito dinheirogastar muito dinheirogastar muito dinheiro
Preço:1,00 Preço:1,00 €€
Mais do que informação é viver com paixãoMais do que informação é viver com paixãoMais do que informação é viver com paixão
Nº1 | 2 a 15 de Junho de 2011Nº1 | 2 a 15 de Junho de 2011Nº1 | 2 a 15 de Junho de 2011
15 % de desconto nas livrarias Bertrand
Portugal. Portugal. Portugal. Refúgio de muitos imigrantes Refúgio de muitos imigrantes Refúgio de muitos imigrantes que querem mudar de vidaque querem mudar de vidaque querem mudar de vida
Entrevistas. Entrevistas. Entrevistas. Ana Luísa Henriques. Ana Luísa Henriques. Ana Luísa Henriques. Pires Cabral. Rui OliveiraPires Cabral. Rui OliveiraPires Cabral. Rui Oliveira
Em mês de festa e alegria,
a Viver Mais presta home-
nagem a todas as pessoas
que venceram barreiras
com o seu otimismo e auto-
determinação. Nunca é
demais acreditar.
Junho. Mês de festas popu-
lares, de alegria e de folia.
Mês para sorrir e ser feliz
colocando de lado os desâni-
mos da vida. A chave do
sucesso está no Otimismo,
no apreço por aquilo que é
positivo na nossa vida e que
nos encaminhará para o bem
-estar. Ter uma atitude oti-
mista ajuda-nos a acreditar e
a desenvolver a capacidade
de sonhar, de perspetivar
sobre a realidade e encarar os
obstáculos como desafios.
Acabar com o pessimismo,
erguer a autoestima e agir.
Uma vida de recordações.
Ana Luísa Henriques é
referência de força interior,
vontade de viver e solidarie-
dade. Na produtiva inquietu-
de da sua tenra idade, a estu-
dante de Ciência Política e
Relações Internacionais par-
tilha com a Viver Mais o seu
olhar perante a vida. Tam-
bém Pires Cabral o faz. O
escritor transmontano que já
arrecadou vários prémios
revela que deve aquilo que é
a Trás-os-Montes e, por isso,
escreve sobre coisas trans-
montanas para pagar à terra a
EditorialEditorial
Diretoras:
Cláudia Rocha
Liane Carolina Camacho
Secções Secções
VivArte » 4 - 5
Cultura & Lazer » 6 - 9
Esfera Saúde » 15 - 16
Moda com Atitude » 24 - 27
Beleza & Bem-estar » 28 - 29
Descobrir Portugal » 30 – 31
As Receitas de… » 34 - 35
Poupar Mais » 36 - 37
Mundo Verde » 38 - 39
Mais Tecnologia » 40 - 41
Português Mal Tratado » 42
Nesta edição
Em focoEm foco
Pág. 12 - 14 » Viver o Otimismo
Outros destaques
Pág. 10 - 11 » À Conversa com Pires Cabral
Pág. 17 - 21 » Portugal como Refúgio
Pág. 21 - 23 » A História de Ana Luísa Henriques
Pág. 24 » As Tendências por Patrícia Pereira
Pág. 26 » Estar na Moda com Catarina Rito
Pág. 28 » Os Truques Caseiros de Manuela Nunes
Pág. 32 - 33 » Entrevista a Rui Oliveira
Pág. 36 » Poupar com Camilo Lourenço
Pág. 38 » A Opinião de Isabel Alves
MAIS DO QUE INFORMAÇÃO
É VIVER COM PAIXÃO
Contacto:
ques para poupar. Apesar de
tudo, Portugal ainda é um
refúgio para quem ambicio-
na mudar de vida. Mas, nem
sempre é fácil. Ainda assim
deixe-se encantar pela beleza
histórica da cidade de Évora.
Com o Verão quase aí, as
consultoras de moda Patrí-
cia Pereira e Catarina Vas-
ques Rito dão-nos conselhos
sobre o prazer de estar na
moda com atitude e estilo
nesta estação. E porque estar
na moda não é só a roupa
que usamos, Manuela
Nunes, esteticista, aconselha
-nos a experimentar alguns
truques caseiros de beleza.
Isabel Alves também falou à
Viver Mais sobre os proble-
mas ambientais.
A Direção
dívida que tem para com ela.
Outro homem em destaque é
Rui Oliveira. O fotojornalis-
ta foi distinguido com o pré-
mio de prata em reportagem
ibérica. O seu vasto portfólio
valeu-lhe a escolha para inte-
grar um workshop na maior
agência de fotojornalismo do
mundo. São alguns exemplos
de mérito e confiança na
sociedade portuguesa, que
abriram portas e horizontes.
No entanto, ainda há muitos
caminhos por desbravar.
Sorrateiramente, a fome
começa a atingir a mesa dos
portugueses, a crise alastra-
se. Pedro Leite e Hernâni
Ermida dizem-nos como
comer bem sem gastar muito
dinheiro. Também Camilo
Lourenço, Jornalista de Eco-
nomia, nos deixa alguns tru -
Tiragem: 50 mil exemplares
Revista escrita segundo a nova
ortografia do português
« pág. 4 - 5 « pág. 6 « pág.17 – 21 « pág. 30 - 31
de grandes dimensões e
muito minuncioso‖, confes
-saram. O trabalho deste
colectivo pode ser reprodu-
tivo, isto é, limitar-se à
execução técnica do que é
pedido pelo cliente, ou
pode ser criativo no qual os
artistas dão asas às suas
ideias. O tempo de execu-
ção dos serviços ―depende
da dimensão e da minucio-
sidade‖ do que é pedido e
o preço varia consoante
Pintura sobre o Ciclo do Pão, em Sendim
Dar vida aos espaços
Os Maniaks fazem pinturas criativas em paredes e muros, conferindo-lhes outra dinâmica através do graffitti
Foto
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VivArte
Rui, Tiago e Diogo, ou
melhor Nitro, Blast e
Mots, como preferem
ser conhecidos, são
três jovens artistas do
Porto, que conseguem
fazer com que os
espaços ganhem uma
nova vida.
C hamam-se
Maniaks. São um
grupo de três
amigos que se
conheceu na escola secun-
dária e aproximou-se graças
à partilha de um gosto
comum, o graffiti.
―Passávamos grande parte
do nosso tempo juntos a
desenhar, trocar ideias e
pintar‖, contaram à Viver
Mais.
Neste projeto, a arquitetura,
as artes plásticas e a pintura
conjugam-se de formas
diferentes, complementando
-se, em que ―cada um
desempenha um caminho
singular dentro das artes‖.
Desde 2002 que estes
jovens conseguem transfor-
mar paredes, muros e espa-
ços descaraterizados, atra-
vés da arte do graffiti e da
street art (arte urbana).
Inspiram-se no quotidiano,
na fantasia, nos medos e até
noutros artistas. A rua é o
seu local de eleição.
―Consideramos a rua como
o nosso maior cartão-de-
visita. Na rua todos se cru-
zam, é o único espaço
democrático que existe,
está acessível a todos como
artéria de interação social‖,
afirmaram os Maniaks,
salientando que ―é o espaço
onde sentimos liberdade
para expressar, com o intui-
to de criar impacto visual
nas pessoas‖.
Trabalhos lá fora
Residências particulares,
infantários, muros e funda-
ções já foram pintados por
este conjunto. O primeiro
serviço foi realizado na
Escola Secundária Aurélia
de Sousa, no Porto, e desde
aí que não pararam. Além
de Portugal, os Maniaks já
fizeram trabalhos na Poló-
nia, na Holanda e no Rio de
Janeiro. ―O trabalho mais
difícil que tivemos de fazer
foi numa residência priva-
da, onde tivemos de repro-
duzir uma imagem de um
fresco das termas de Pom-
peia datado do primeiro
século. Demorou cerca de
dois meses, num trabalho
Página 4
Mais informações em:
www.facebook.com/
mnksworks
themaniaks.blogspot.com
Desenhos no Infantário “O Principezinho”Desenhos no Infantário “O Principezinho”
PUB
a dimensão, o trabalho
exigido, o material utiliza-
do e a distância. ―Maniaks
não tem significado, não
está longe da verdade se
virmos o nome como uma
descrição do grupo, mas é
para nós hoje o resumo de
partilhas, de gostos e de
trabalho em comum‖, con-
cluíram. ▪ CLÁUDIA ROCHA
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Muro com imagem de Marilyn MonroeMuro com imagem de Marilyn Monroe
Nomes: Rui, Tiago e Diogo (Nitro,
Blast, Mots)
Idades: 24 anos
Cidade: Porto
Projeto: Maniaks (2002)
Áreas: Arquitetura, Pintura e Artes
Plásticas
Espaços: infantários, casas particula-
res, muros, fundações
Local de eleição: rua
Inspirações: quotidiano, fantasias,
medos e outros artistas
Pinturas no Rio de JaneiroPinturas no Rio de Janeiro
decorrer, que pretendemos
terminá-los para breve. No
entanto, por definição, um
jardim nunca está acabado‖,
afirmou Daniel Portugal,
um dos funcionários do
Buddha Eden Garden.
“Não tivemos apoios de
ninguém, nem da autarquia
local, nem do Turismo de
Portugal, de nenhuma enti-
dade pública ou privada‖,
referiu Daniel, acrescentan-
do que ―todo o investimento
no Jardim, quer ao nível da
construção, quer ao nível da
manutenção foi suportado
pelo Sr. Comendador Joe
Berardo, em seu nome parti-
cular‖.
Este espaço tem centenas de
esculturas, ―que variam
entre os 50 centímetros e os
21 metros, ultrapassando as
6000 toneladas de mármore
e granito, às quais se juntam
900 soldados de terracota
pintados à mão e variadíssi-
mos elementos relativos à
cultura oriental‖, sublinhou
Daniel Portugal. ▪
CLÁUDIA ROCHA e LIANE CAROLI-
NA CAMACHO
De segunda a domingo,
incluindo feriados
Das 10 às 19 horas
Entrada Livre
(inclui só visita aos jardins)
Mais informações:
Tel (+351) 26 2605240
www.buddhaeden.com
O Buddha Eden
Garden insere-
se na Quinta dos
Loridos, uma
propriedade da empresa
vit ivinícola Bacalhôa
Vinhos de Portugal, da qual
Joe Berardo é sócio maiori-
tário. Apesar de ainda não
ter havido uma inauguração
oficial, este jardim já rece-
beu 900 mil visitantes
(dados de Agosto de 2010).
―Embora estejamos abertos
ao público e tenhamos rece-
bido inúmeros visitantes
desde do início da sua cons-
trução, a verdade é que não
tivemos, ainda, uma inau-
guração propriamente dita.
Neste momento, ainda,
temos alguns trabalhos a
Estátua de Buddha dourado com 14 metrosEstátua de Buddha dourado com 14 metros
Tome nota
Buddha Eden Garden
Buddha Eden Garden é um jardim pouco convencional. Situado no Bombarral, distrito de Leiria, apresenta uma vasta coleção de estátuas em mármore e granito espalhadas por uma extensão de 35 hectares.
Cultura & Lazer
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Buddha douradoBuddha dourado
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Viagem ao mundo Viagem ao mundo
do pãodo pão
tas e outras iguarias e, ainda,
uma viagem de dez minutos
de comboio turístico até ao
museu (mediante marcação
prévia, para grupos). Há
também exposições tempo-
rárias que variam a cada seis
meses. ―O museu tem várias
atividades ao longo do ano,
de que podemos salientar as
tertúlias culturais, as exposi-
ções temporárias, as ativida-
des pedagógicas e os even-
tos gastronómicos.‖, disse, à
Viver Mais, Sérgio Carva-
lho.
300 visitantes por dia
O Museu recebe ―por ano,
entre 100 mil e 110 mil visi-
tantes, o que ronda mais de
300 visitantes por dia, em
média‖, revelou o diretor
científico.O Museu tem,
também, uma biblioteca
especializada que permite o
estudo de assuntos relacio-
nados com o pão. Curiosa-
mente, há um mapa-mundo
com a palavra ‗pão‘ escrita
em várias línguas. É um
espaço em que a cultura a
pedagogia e lazer coabitam.▪
A história, o
património e a
arte do pão por-
tuguês conju-
gam-se num só espaço: o
Museu do Pão. Abriu portas
em 2002 na cidade de Seia,
pertencente ao distrito da
Guarda, tendo sido
―fundado pelo dr. António
Quaresma, com o contribu-
to de uma equipa de docen-
tes‖, disse, à Viver Mais,
Sérgio Carvalho, diretor
científico do Museu.
O espaço tem uma área com
mais de 3.500m² e contém
quatro salas expositivas:
Sala do Ciclo do Pão, do
Pão Político/Religioso, da
Arte do Pão e Pedagógica.
Nessas salas, o visitante
tem a oportunidade de
conhecer a história do pão,
os vários tipos de pão exis-
tentes no território portu-
guês, entre outros.
A visita faz-se durante cer-
ca de uma hora e inclui a
elaboração de um souvenir
feito em pão (que é feito
pelo próprio visitante), a
possibilidade de experimen-
tar pão feito na padaria do
Museu e de adquirir compo-
Tome nota Horário
Terça a sábado das 10 às 18 horas.
Encerra às segundas-feiras. sextas e
sábados abertos até às 22 horas.
Preços Bilhete normal - 2,50 €; Bilhete dos 3
aos 12 anos - 1,50 €; Bilhete a partir
dos 65 anos - 1,50 €; Crianças até 3
anos - Gratuito
Marcação de visitas para grupos
238 310 760/61/62.
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A palavra “pão” escrita em várias línguasA palavra “pão” escrita em várias línguas
Cavaco SilvaCavaco Silva
Mário SoaresMário Soares
Sábado. 04 - Aveiro
A Audição Final de Alunos OMA realiza-se no
Centro Cultural de Congressos Aveiro. 16
horas. Entrada Livre. Domingo. 05 - Bragança
Dia Mundial do Ambiente - Passeio Turístico
de Bicicleta na Zona Histórica. 10 horas. Sede
da Freguesia de Santa Maria
Segunda. 06 - Setúbal
Encontro: Cuidados a ter com o sol. Sessão do
projeto 'Educação para a Saúde' para a popula-
ção idosa da Bela Vista. Local: Gabinete da
Bela Vista. 14.30 horas. Terça. 07 - Vila Real
Stand up comedy com João Seabra no Café-
Concerto, no Teatro de Vila Real. 23 horas.
Entrada Livre.
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Quarta. 08 - Vila Real
Jamie Harrison apresentará o seu novo disco
―Get Under The Carpet‖, no Café-Concerto, no
Teatro de Vila Real. 23 horas. Entrada Livre
Vai acontecer...
Semana de 02.06 a 08.06
Quinta. 02 - Braga
Histórias Magnéticas resultam num espetáculo que
se situa entre o concerto e a história contada. Lota-
ção limitada a 30 participantes (prevê-se 4 ses-
sões). 00 horas. 2 euros. Local: Theatro Circo
Sexta. 03 - Faro
Início do Festival da Água, em Estoi, com concer-
tos, exposição fotográfica, gastronomia, artesanato,
animação de rua, percurso pedestre... Entrada Livre
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Semana de 09.06 a 15.06
Quinta. 09 - Estarreja
Feira do Livro e do Artesanato na Biblioteca. 14.
30 horas: Entrega de Prémios do Concurso “Uma
Quadrazinha Pró Santo António‖; 15 horas:
Apresentação da obra ―O Meu Arco-Íris‖, com a
autora Liliana Ribeiro;
Sexta. 10 - Castelo Branco
Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e
das Comunidades Portuguesas. Ponto alto nos
dias 9 e 10 de Junho, mas prolongam-se por um
período mais alargado, entre 5 e 12 de Junho.
Haverá várias atividades dedicadas a toda a popu-
lação.
Sábado. 11 - Coimbra
Feira Medieval. Animação cultural: Visita guia-
da à Igreja e Claustros da Sé Velha, pelo Mon-
senhor João Evangelista, animação tea-
tral, música e dança. Entre as 9 e as 19 horas.
Local: Largo da Sé Velha.
Domingo. 12 - Porto
Último dia da 81ª Feira do Livro do Porto.
Local: Avenida dos Aliados, Porto. Horário das
11 e às 23 horas.
Segunda. 13 - Leiria
Exposição de pintura ―Expressões‖ de Kim
Cruz (Joaquim Almeida Cruz). Até 30 de
Junho. Diariamente das 17.30 às 22 horas. Dias
de espetáculos das 17. 30 às 24 horas. Local:
Teatro José Lúcio da Silva. Entrada livre.
Terça. 14 - Lisboa
Festas de Lisboa‘11. Prolongam-se até dia 30
de Junho. Programa inspirado no Tejo e na
candidatura do fado a Património da Humani-
dade.
Quarta. 15 - Viana do Castelo
Espetáculo ―Abre-te cena". O teatro visto quer na
história do edifício, quer como processo de criação
e produção. Às 21. 30 horas e às 23 horas.
(mediante marcação prévia). Local: Tea-
tro Sá de Miranda
Viver Mais (VM): Como
se iniciou na literatura?
Pires Cabral (PC): A
escrever ‗para a gaveta‘,
bastante cedo, quase na
adolescência. Mas a publi-
cação do primeiro livro foi
aos 33 anos de idade (um
bocado tarde para os
padrões lusitanos, conve-
nhamos…). Foi um livro de
poemas, Algures a Nordes-
te, em edição de autor, que
na altura me custou 9 contos
de réis na moeda antiga (45
euros na atual) por uma tira-
gem de 1.000 exemplares. O
que é a inflação!
VM: Quando percebeu que
queria ser escritor?
PC: Justamente quando
comecei a escrever ‗para a
gaveta‘ e a notar que ‗a gave-
ta‘ não desgostava do que eu
escrevia.
VM: Onde gosta mais de
escrever? PC: No escritório da minha
casa de Vila Real. Curiosa-
mente, sendo eu um escritor
de manifesta veia rural, não
me ajeito a escrever na aldeia
(Grijó, Macedo de Cavalei-
ros), onde também tenho
uma casa e passo férias.
Digamos que lá é para carre-
gar baterias; cá, é para as
descarregar no papel
(melhor: no computador).
VM: É um escritor trans-
montano. Como é viver da
literatura nesta região?
PC: Não faço a mínima
ideia, porque na verdade não
vivo da literatura. É verdade
que tenho ganho o meu tos-
tão com alguns dos meus
livros. Mas estava bem servi-
do, se vivesse da literatura…
Andava aí pelas esquinas a
pedir esmola e a fazer concor-
rência aos romenos e aos búl-
garos, de certeza. Felizmente
arranjei a tempo outras ferra-
mentas para poder sobreviver.
De resto, quem (sobre)vive da
literatura em Portugal? Meia
dúzia? Uma dúzia?
Entrevista. Pires Cabral fala da sua ligação à literatura.
“Não vivo da literatura”
uma dúzia de anos passados
em Coimbra para estudar e
noutros lugares já para traba-
lhar), identifico-me com a
sua gente e com a sua cultu-
ra. Acontece que também
acho que a escrita, para não
soar a falso, deve tomar por
assunto aquilo que o escritor
conhece como as suas pró-
prias mãos. Costumo às
vezes dizer que escrever
sobre coisas trasmontanas é
uma maneira de pagar à terra
a dívida que tenho para com
ela, porque a ela devo em
primeiro lugar aquilo que
sou. Não infiram daqui que
sou algum bicho do monte.
Não sou. Sou cosmopolita
quanto baste. Mas tenho o
direito de escolher os meus
temas, e os meus temas não
têm de ser citadinos. O que
não quer dizer que não sejam
universais. Porque tanto pode
ser universal o que se passa
em Grijó de Vale Benfeito
como o que se passa em
Nova Iorque. Recuso altiva-
mente o rótulo de escritor
regional que já me têm tenta-
do colar.
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A região de Trás-os-
Montes é vista como
uma zona distante e
esquecida. Mas, Pires
Cabral é um exemplo
de que o local em que
vivemos não interfere
no reconhecimento
do trabalho de quem
tem qualidades.
O escritor é hoje uma
d a s g r a n d e s
r e f e r ê n c i a s d a
Literatura na região
Transmontana.
À conversa com Pires Cabral
VM: Possui uma vasta obra
literária. Já escreveu poesia,
teatro, romance, conto, cró-
nica… As suas obras retra-
tam a região transmontana,
a sua ruralidade e as suas
dificuldades. Porque decidiu
escrever sobre esta temáti-
ca?
PC: Escrevo sobre Trás-os-
Montes porque Trás-os-
Montes é o meu mundo. Nas-
ci cá, vivi sempre cá (tirando
“Comecei a escrever
„para a gaveta‟ e a
notar que „a gaveta‟
não desgostava do
que eu escrevia”
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VM: Tem algum livro que
queira destacar? Qual o
motivo?
PC: Sim, tenho vários, cada
um por seu motivo. Mas vá lá
um, um pouco ao calha: Como
se Bosch tivesse enlouquecido.
Porque com ele abri portas
que agora me tem sido difícil
fechar. Quero dizer: pelo seu
papel seminal na minha poesia
atual.
VM: Já arrecadou vários
prémios… Como se sentiu?
PC: Todo o prémio é duas
coisas simultaneamente: um
reconhecimento e um estímu-
lo. Ambas me fazem sentir
muito bem.
VM: Considera que essas
atribuições correspondem ao
reconhecimento da qualida-
de do seu trabalho?
PC: Sem falsas modéstias,
quero acreditar que sim. Mas
quem o pode afirmar com
segurança? O que se pode
afirmar é que corresponderam
à opinião de júris respeitáveis
e qualificados em dado
momento. Mas opinião é opi-
nião. Júris diferentes podiam
ter tido opiniões diferentes.
Nome: António Manuel Pires Cabral
Aniversário: 13 de Agosto.
Idade: À boca dos 70.
Hobbies: Campo. Fotografar flores e
animais. Pintar aguarelas. Jogar sueca.
Cidade: Coimbra e Salamanca.
Livro: Bichos, de Miguel Torga, e O
Malhadinhas, de Aquilino Ribeiro.
Autor: Camilo Castelo Branco e
Shakespeare.
Filme: O Navio, de Fellini, e O mundo a
seus pés, de Orson Wells.
Um desejo: Muito prosaicamente, ver
Portugal desatolado da crise.
À Lupa À Lupa
VM: Ser Transmontano é um
entrave ao reconhecimento
do mérito do escritor?
PC: Já acreditei que sim, mas
hoje penso que até pode ser
uma mais-valia, em conse-
quência do carisma de Trás-os-
Montes, semelhante ao do
Alentejo, por exemplo —
regiões que lutam por manter
“Todo o prémio é
duas coisas simulta-
neamente: um reco-
nhecimento e um estí-
mulo. Ambas me
fazem sentir muito
bem.”
“Escrever sobre coisas
trasmontanas é uma
maneira de pagar à
terra a dívida que
tenho para com ela,
porque a ela devo em
primeiro lugar aquilo
que sou.”
“Hoje penso que ser
Transmontano até
pode ser uma mais-
valia ao reconheci-
mento do mérito do
escritor.”
A UM GALO Aquele que injuriava a
madrugada
com ácida, assídua voz.
O que tinha esporões por
baioneta,
o do ciúme em brasa.
O galo. Um osso dele
ainda no quintal.
A.M. Pires Cabral
Página 11
uma identidade multissecular e
uma diferença estimulante em
relação aos padrões comuns.
VM: Atualmente, dirige o
Grémio Literário Vila-
Realense. Como vê a cultura
e a literatura na região
Transmontana?
PC: Saudáveis, na medida do
possível. O que não quer dizer
que não haja muito trabalho a
fazer.
VM: Quer deixar algum
incentivo aos jovens que
vivem no interior?
PC: Não um incentivo, mas
um recado. Que assumam o
interior, ou o abandonem.
Parafraseando Kennedy (salvo
erro): não perguntem o que o
interior pode fazer por eles,
mas o que eles podem fazer
pelo interior. Se não encontram
dentro de si forças e talentos
com que possam ajudar a
região a desenvolver-se
(culturalmente, economica-
mente, etc., com prejuízo míni-
mo para a sua identidade) é
melhor desertar — ou resignar-
se, o que é sempre pior.
VM: O que ainda não fez e
ainda gostaria de fazer?
PC: Dar por terminado um
famigerado dicionário de lin-
guagem popular trasmontana e
alto-duriense (em que ando a
fossar há mais de vinte anos e
que agora está quase, quase).
Escrever mais um romance
cuja trama me anda a dançar cá
dentro há muito tempo (uma
história trasmontana, uma vez
mais…). Reincidir na poesia,
mais um livro ou dois. Mas
começo a ter consciência de
que pode já ser tarde para tudo
isso… (O que não significa que
não seja saudável ter projetos e
acreditar neles até à hora da
morte).
VM: Se não fosse escritor, o
que gostava de ser?
PC: Escritor. ▪
CLÁUDIA ROCHA
Viver o Viver o Viver o
OtimismoOtimismoOtimismo
Chave do sucesso
Existem vários estudos que
demonstram que quanto
mais otimistas formos,
mais felizes e saudáveis
tendemos a ser. Nas doen-
ças do foro oncológico,
vários estudos comprova-
ram que a taxa de sobrevi-
vência é muito mais eleva-
da em pessoas mais otimis-
tas. Quanto à depressão e
ao stress, em 1996, foi
provado que mulheres de
meia-idade pessimistas
apresentavam um maior
risco de depressão. Em
relação a problemas cardía-
cos, os doentes mais oti-
mistas apresentam uma
melhor recuperação e
menos dias de internamen-
to.
Otimismo vs pessimismo
Os pessimistas explicam os
sucessos como algo que
não depende deles, e os
insucessos como confirma-
ções de que não são úteis.
Já os otimistas reconhe-
cem, perante um sucesso,
que têm competências, que
se esforçaram e dedicaram
e que, da próxima vez,
voltarão a ter sucesso, ou
seja, generalizam positiva-
mente. Perante um insuces-
so, reconhecem o seu cará-
ter pontual, e consideram
que da próxima vez será
melhor.
Segundo Helena Marujo,
especialista em Psicologia
Positiva, diferentes aborda-
gens da realidade terão
impactos muito diferencia-
dos no nosso comporta-
mento, pois este ―depende,
em parte, das nossas emo-
ções, razão pela qual temos
que aprender a reconstruir
as leituras interiores sobre
a vida e sobre nós pró-
prios‖.
―Um dos principais objeti-
vos na formação para o
otimismo, tem sido levar as
pessoas a fazerem um pro-
cesso de autoeducação,
lembrando-lhes que todos
somos modelos para os
C om uma boa
dose de energia
positiva, é pos-
sível fintar o
pessimismo que paira
sobre a vida de muitos
portugueses. Para isso, há
que começar por afastar os
pensamentos negativos.
Desde a saúde ao bem-
estar, passando pela vida
profissional e as relações
pessoais, diversos estudos
têm comprovado que o
otimismo influencia positi-
vamente variadas áreas da
vida. Mas, não quer dizer
que a vida dos otimistas
seja um mar de rosas onde
não existem problemas; a
diferença é que essas pes-
soas sabem encará-los de
forma positiva e otimista,
acreditando que os conse-
guirão resolver da melhor
maneira.
O otimismo é, portanto,
uma escolha pessoal, que
permite transformar o olhar
sobre a vida, tornando-o
mais positivo.
Ser otimista dá saúde e cria uma sensação
de bem-estar a vários níveis
Fo
to:
Dir
eit
os
Re
serv
ad
os
outros. Ou seja, temos a
obrigação moral de cons-
truir uma cultura otimista,
já que se provaram os seus
benefícios em termos de
saúde física e mental e,
ainda, de maior felicida-
de‖, concluiu.
Ser otimista
Os otimistas veem o
melhor da realidade. Essas
pessoas caraterizam-se por
serem positivas, autocon-
fiantes, persistentes, comu-
nicativas, possuem uma
autoestima elevada. Além
disso, os otimistas adoe-
cem com menos frequên-
cia, mantêm relações pes-
soais gratificantes, têm o
sistema imunitário reforça-
do, recuperam mais rapida-
mente, além de que têm
menor probabilidade de
desenvolver depressão.
Razões de sobra para
começar a encarar a vida
de uma forma mais
―colorida‖. ▪ CLÁUDIA ROCHA e LIANE CAROLI-
NA CAMACHO
Página 12
Aprenda a
ser positivo
conjunto de estudos e apre-
senta o termo Psicologia
Positiva. No entanto, ao
longo da história da psico-
logia, houve teóricos e
investigadores interessados
em estudar o lado luminoso
da vida e dos seres huma-
nos, como Maslow ou
Rogers, que defendiam uma
visão positiva, mas ficaram
sozinhos e poucos estudos
fizeram no seu tempo.
Viver Mais (VM): Em que
consiste a Psicologia Posi-
tiva?
MM: No estudo científico
das forças e virtudes huma-
nas, do bem-estar e da feli-
cidade, daquilo que faz a
vida merecer a pena ser
vivida e florescer. Interessa-
se por estudar as emoções
positivas, e os traços e qua-
lidades individuais virtuo-
sos, mas também pela com-
preensão das instituições
positivas que possibilitam
que essas forças sejam utili-
zadas e postas em prática.
VM: Qual a metodologia?
MM: Utiliza a metodologia
científica, quer através de
estudos quantitativos, quer
qualitativos, com uma gran-
de preocupação de rigor
metodológico.
tencialmente disfuncional.
Considero isto muito rele-
vante, pois agora estudam-
se de forma dedicada e rigo-
rosa temas como generosi-
dade, amor, humor, grati-
dão, perdão, criatividade,
otimismo, felicidade e bem-
estar, coragem, crescimento
pós-traumático...e tantos
outros que sabemos intuiti-
vamente importantes para a
nossa vida, mas que quase
não eram alvo da ciência
psicológica. Se acreditar-
mos, como eu acredito, que
aquilo a que damos atenção
cresce, então percebemos
que dar atenção ao melhor
das pessoas, em vez de ape-
nas à depressão, à hiperati-
vidade, à violência, à ansie-
dade...perturbações que têm
vindo a aumentar nas socie-
dades desenvolvidas á
medida que cada vez mais
as estudamos e mais sabe-
mos sobre elas e sobre
como as tratar, então talvez
percebamos a importância
da psicologia positiva.
VM: Há quanto tempo
existe?
MM: Há pouco mais de
uma década, desde que em
1998 Martin Seligman
começou a fazer campanha
como Presidente da Ameri-
can Psychological Associa-
tion para que a ciência psi-
cológica se tornasse mais
equilibrada e não estudasse
apenas os problemas e per-
turbações humanos, mas se
interessasse também pelo
estudo das pessoas no seu
melhor. Mas só em 2000
saiu a primeira publicação
científica que organiza um
MM: De acordo com estu-
dos internacionais e nacio-
nais, parece que não mos-
tramos muito a nossa capa-
cidade de antecipar boas
coisas para o futuro nem
explicamos o que nos acon-
tece com padrões explicati-
vos dos mais otimistas. No
entanto, um ou outro estudo
nacional vai apontando para
que somos um povo em que
o otimismo e o pessimismo
coexistem, num formato
complexo. Uma das razões
possíveis pode ter a ver
com questões históricas ou
culturais, mas ainda anda-
mos a tentar perceber o que
pode explicar o nosso fado,
o nosso sentido de destino.
Uma das nossas hipóteses,
que não é mais do que uma
possível explicação, inclui o
terramoto de 1755, que já
foi considerado por filóso-
fos internacionais, como
Susan Neiman, como sen-
do o acontecimento que
levou ao fim do otimismo
na cultura ocidental. Foi
uma das maiores catástrofes
da Europa da época, e levou
a que filósofos como Vol-
taire e Rousseau, que anda-
vam a escrever sobre o
Melhor dos Mundos Possí-
veis (considerando que a
época que se vivia era a
melhor de sempre) passa-
gem a escrever sobre o cas-
tigo, o mal, um Deus impre-
visível...abrindo caminho a
uma visão pessimista sobre
a existência, que poderá
ainda estar viva entre nós.
Mas é apenas uma teoria
sem provas...uma ideia...
Manuela Marujo Manuela Marujo Manuela Marujo Professora da Faculdade de
Psicologia e Ciências da Educa-
ção da Universidade de Lisboa
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to:
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eit
os
Re
serv
ad
os
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to:
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eit
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Re
serv
ad
os
Página 13
Através da Psicologia Positiva, um ramo recente da
Psicologia, é possível lidar com pensamentos e senti-
mentos negativos de uma forma mais otimista.
“A psicologia positi-
va interessa-se por
estudar as emoções
positivas, e os traços
e qualidades indivi-
duais virtuosos, mas
também pela com-
preensão das insti-
tuições positivas que
possibilitam que
essas forças sejam
utilizadas e postas
em prática”
VM: Qual a sua impor-
tância?
MM: No meio ponto de
vista, ajudou a trazer mais
equilíbrio aos dados da
ciência e a não dar apenas
uma visão do ser humano
como problemático ou po -
“Agora estudam-se
de forma dedicada e
rigorosa temas como
generosidade, amor,
humor, gratidão,
perdão, criatividade,
otimismo, felicidade
e bem-estar, cora-
gem, crescimento
pós-traumático...e
tantos outros que
sabemos intuitiva-
mente importantes
para a nossa vida,
mas que quase não
eram alvo da ciência
psicológica. ”
VM: Há quantos prati-
cantes?
MM: Muitos milhares pelo
mundo. Não sei quantas,
nem ninguém saberá, mas
sei que na associação inter-
nacional, a International
Positive Psychology Asso-
cication, temos associados
de mais de 70 países no
mundo e vão em crescen-
do…
VM: Os Portugueses são
um povo otimista?
VM: Como é que numa
altura de crise se pode ver
a vida de uma forma oti-
mista?
MM: Precisamente porque
a alternativa não é viável,
ou seja: entre desanimar,
deixar de acreditar na capa-
cidade humana para resol-
ver as coisas, baixar os bra-
ços, desistir...e meter as
mãos confiantemente na
massa para encontrar solu-
ções criativas e diferentes
para sair da crise, acreditan-
do que somos e sempre
fomos capazes de resolver
grande parte dos problemas
da humanidade todos jun-
tos, a escolha é cla-
ra...Desistir e definhar, ou
confiar, lutar, e florescer.
VM: Qual é a diferença
entre uma pessoa otimista
e uma pessoa pessimista?
MM: Uma das distinções é
que uma acredita que o
que aí vem no futuro é bom
e que o que lhe irá aconte-
cer será sobretudo positivo
e outra acredita que o que
vem aí no futuro é mau ou
pior.
VM: De que forma as
palavras positivas podem
mudar a forma de enca-
rar a vida? MM: A linguagem não se
limita a descrever a realida-
de, mas as palavras que
escolhemos criam essa rea-
lidade. Veja-se a diferença
em dizer que uma criança é
hiperativa (uma doença,
algo não positivo) ou dizer
que tem muita energia (um
dos sintomas da hiperativi-
dade, mas que é considera-
do uma coisa positiva e
“De acordo com
estudos internacio-
nais e nacionais,
parece que não mos-
tramos muito a nos-
sa capacidade de
antecipar boas coisas
para o futuro nem
explicamos o que nos
a c o n t e c e c o m
padrões explicativos
dos mais otimistas. ”
“Entre desanimar,
deixar de acreditar
n a c a p a c i d a d e
humana para resol-
ver as coisas, baixar
os braços, desistir...e
meter as mãos con-
fiantemente na mas-
sa para encontrar
soluções criativas e
diferentes para sair
da crise, acreditando
que somos e sempre
fomos capazes de
resolver grande par-
te dos problemas da
humanidade todos
juntos, a escolha é
clara...Desistir e
definhar, ou confiar,
lutar, e florescer.”
boa).
VM: Como é que se pode
atingir o equilíbrio emo-
cional?
MM: Assegurando que
temos presente na nossa
vida cinco elementos: emo-
ções positivas (amor,
humor, curiosidade, grati-
dão...); relações positivas
(não há equilíbrio emocio-
nal fora de uma boa rede de
suporte); uma vida compro-
metida (saber quais as nos-
sas virtudes e colocá-las em
prática nalguma área da
nossa vida, de forma a
fluir); sucessos/metas atin-
gidas; e uma vida com sen-
tido e propósito.
VM: Que atividades favo-
recem a saúde física e
mental? Quais as estraté-
gias para combater o pes-
simismo?
MM: Dicas para aumentar
a confiança e resolver os
problemas que surgem de
uma forma otimista: andar
10000 passos por dia faz
bem à saúde física e à men-
tal. Dar atenção aos bom e
ao belo e ao bem que existe
nas nossas existências, trei-
nar essa capacidade de ver a
luz no meio das trevas, pro-
curar o sentido da vida e
fazer coisas que vão para
além do nosso umbigo,
como voluntariado ou ativi-
dades pelo planeta, cuidar
da linguagem para não ali-
mentar só o mau,
mas através de conversas
que alimentam a esperança
abrir caminho para avançar,
agradecer o que já se tem
em vez de apenas nos focar-
mos no que falta para final-
mente sermos felizes, assu-
mir a felicidade como um
projeto individual com efei-
tos coletivos, ajuda bastan-
te. ▪
CLÁUDIA ROCHA e LIANE CAROLI-
NA CAMACHO
1 1 -- Viva o dia de hoje com entusiasmoentusiasmo e harmo-harmo-
niania; 22-- ConstruaConstrua você mesmo a sua vidaa sua vida. Não permi-
ta que opiniões e erros alheios o conduzam ao
fracasso; 3 3 -- Irradie amoramor, carinhocarinho e simpatiasimpatia;
4 4 -- Não espere pelos outros. A sua grande fonte
de energiaenergia está em si mesmo; 5 5 -- Seja pontualpontual, sincerosincero e exigenteexigente consigo
mesmo. O tempo deve ser usado com sabedoria; 6 6 -- CuideCuide do seu corpocorpo e de tua mentemente, conser-
vando ambos saudáveis; 7 7 -- Tenha paciênciapaciência. Não tenha pressa, tudo tem
o seu tempo; 8 8 -- FujaFuja da extravagânciaextravagância e do desperdíciodesperdício;
9 9 -- Faça diariamente uma avaliação da sua vida.
Veja o que realmente deve dar importânciaimportância; 10 10 -- Seja seguro nas suas decisõesdecisões. Saber querer
é a base para vencervencer. Com otimismo tudo se
resolve!
10 Dicas para ser mais Positivo
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ADAPTADO DE GISLAINE LIMA
Página 14
tamente, às exposições
solares intensas. É essen-
cial utilizar óculos de sol
com filtro UV, chapéu ou
boné, t-shirt, guarda-sol,
protetor solar e que se evite
a exposição das crianças ao
sol. Evitar a exposição ao
sol entre as 11 e as 16
horas também é uma forma
de prevenir .
De acordo com especialista
Osvaldo Correia, é funda-
mental realizarem-se auto-
exames da pele de forma a
contribuir para os diagnós-
ticos precoces de eventuais
sinais de risco. ▪ LIANE CAROLINA CAMACHO
segurança. O índice desta
radiação apresenta cinco
níveis: baixo (menor que
2), moderado (de 3 a 5),
alto (de 5 a 7), muito alto
(de 8 a 9), extremo
(quando atinge 11). Portan-
to, quando os índices são
muito elevados, há que
adotar comportamentos
que não favoreçam a sua
penetração na pele.
Proteger para prevenir
As exposições solares
devem fazer-se progressi-
vamente, de modo a que a
pele se vá adaptando, len -
Cancro de PeleCancro de PeleCancro de Pele
pele mais perigoso e um
dos tumores malignos mais
agressivos. A sua taxa de
mortalidade concentra-se
entre os 10 e os 15 por
cento ao fim de cinco anos,
por isso ―se o melanoma
não for tratado precoce-
mente são poucas as possi-
bilidades terapêuticas para
salvar uma pessoa", expli-
cou, à Lusa, o dermatolo-
gista.
O melanoma maligno pode
aparecer sobre a pele apa-
rentemente sã, em qualquer
parte do corpo ou sobre
sinais preexistentes. Cara-
teriza-se, habitualmente,
pelo aparecimento de um
pequeno nódulo ou man-
cha, de cor negra, mas o
seu aspeto inicial é varia-
do. (ver ABC dos sinais).
Raios ultravioleta
A radiação ultravioleta
(UV) pode causar graves
prejuízos para a saúde,
caso exceda os limites de
O verão está a
chegar… É
tempo de calor,
e x p o s i ç õ e s
frequentes ao sol e de cui-
dados redobrados com a
pele. É também nessa altu-
ra que os raios ultravioletas
atingem níveis mais eleva-
dos.
Todos os anos há 100 mil
novos casos de cancro de
Pele em Portugal provoca-
dos por exposições exces-
sivas ao sol, alertou, recen-
temente, a Associação
Portuguesa de Cancro
Cutâneo (APCC).
São sobretudo as fases de
criança, adolescente ou
jovem adulto em que há
"maior exposição solar,
sobretudo aquela que é
episódica, súbita mas
intensa e que ocorre fora
da altura balnear habitual",
disse à Lusa, Osvaldo Cor-
reia, dermatologista e
secretário-geral da APCC.
O melanoma é o cancro da
Todos os anos há 10 mil novos casos Todos os anos há 10 mil novos casos
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Esfera Saúde
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Página 15
ABC dos sinaisABC dos sinais Evite a exposição solar entre Evite a exposição solar entre
as 10 e as 17 horas, pois é as 10 e as 17 horas, pois é
quando a intensidade dos quando a intensidade dos
raios solar é maior;raios solar é maior;
Ter particular atenção às Ter particular atenção às
áreas sensíveis como rosto, áreas sensíveis como rosto,
lábios e cabeça;lábios e cabeça;
Abuse dos chapéus e bonés;Abuse dos chapéus e bonés;
Opte por guardaOpte por guarda--sóis de sóis de
algodão com tecido refletor algodão com tecido refletor
do lado avesso, eles absorvem do lado avesso, eles absorvem
menos radiação e calor;menos radiação e calor;
Passe uma camada reforçada Passe uma camada reforçada
de protetor solar, especial-de protetor solar, especial-
mente nas bochechas e nariz;mente nas bochechas e nariz;
Tecidos de Tecidos de nylonnylon produzem produzem
sombra, mas não protegem da sombra, mas não protegem da
radiação solar;radiação solar;
Os dias nublados enganam e Os dias nublados enganam e
a sensação de refrescante da a sensação de refrescante da
brisa fazbrisa faz--nos esquecer dos nos esquecer dos
cuidados com a pele;cuidados com a pele;
Aplique o filtro solar a cada Aplique o filtro solar a cada
duas horas.duas horas.
Aproveite os benefícios do sol
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A exposição prolongada ao sol
requer alguns cuidados com a pele
PUB Fonte: Revista Nova Gente
Fonte: Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo
BenignoBenigno::
Sinal de aspeto normal.
Contorno regular.
DuvidosoDuvidoso::
Contorno irregular com
cor desigual. Talvez
benigno, necessita ser
examinado pelo médico.
Maligno:Maligno:
Contorno irregular, cor
negra, não uniforme.
Melanoma superficial.
Diâmetro superior a 10
mm. Tratar sem demora.
MalignoMaligno::
Melanoma nodular. For-
ma irregular e cor desi-
gual. Tratar sem demora.
O auto-exame cutâneo regular é a
melhor forma de se familiarizar com
as manchas pigmentadas e os sinais.
Portugal como refúgio
O sonho comum de mudar de vida fez com que Mariane, Natalino e Violeta
escolhessem Portugal para viver. Mas, nem sempre é fácil realizar esse sonho.
Em foco
A procura de uma nova
vida quando chegam aos
países de destino leva os
imigrantes a enfrentar
grandes desafios.
A busca de emprego de
forma a assegurar a sua
subsistência nem sempre é
fácil, pois são poucas as
opções de profissões para
os imigrantes. Em situa-
ções de fragilidade, muitos
imigrantes sujeitam-se a
qualquer tipo de trabalho.
São empregos, normalmen-
te rejeitados pelos portu-
gueses, cujas remunerações
não são as ideais, ou pura e
simplesmente não são
pagas.
Os imigrantes nem sempre
são pessoas com capacida-
des de profissionalização e
a l fabe t ização ba ixa .
Alguns, como é o caso dos
Ucranianos, têm um nível
H oje, Portugal é
o destino
escolhido por
muitas pes-
soas provenientes sobretu-
do dos países de Leste, do
Brasil e de África. Há por-
tugueses que consideram
que os imigrantes vêm para
cá perturbar a ―paz‖ Portu-
guesa, outros veem a sua
chegada como ―uma lufada
de ar fresco‖.
Com a grande crise econó-
mica mundial que parece
não ter fim, Portugal
encontra-se em ruína em
vários setores Mas, o nosso
território revela-se um
―local de sonho‖ para as
pessoas que decidem vir
para cá morar e refazer a
sua vida.
Porquê Portugal? é a per-
gunta feita pelos Portugue-
ses. A resposta é simples.
A procura de melhores
condições de vida é o prin-
cipal motivo que leva
alguém a imigrar. Em paí-
ses em que a pobreza, o
desemprego, a guerra, a
violência e a perseguição
política ou religiosa se
alastram, torna-se decisivo
iniciar uma nova vida nou-
tro país. Portugal é um país
de esperança.
Fo
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rese
rvad
os
Página 17
A chegada a Portugal
ocorre nas mais variadas
situações.
Na bagagem trazem
sonhos, esperança, saudade
e uma vida por melhorar.
Mariane Reis, cidadã Bra-
sileira, reside em Portugal
há cerca de cinco anos.
―Vim para cá em condi-
ções diferentes da maioria
dos imigrantes. Quando
chegámos estavam pessoas
à nossa espera, já tínhamos
uma casa para morar, um
carro e o apoio necessário
para os primeiros tempos.
Portanto, foram muito boas
condições, não nos faltou
nada e tivemos bastante
apoio‖.
Natalino Semedo é Cabo
Verdiano. Vive em Vila
Real com o objetivo de
concluir o mestrado em
Turismo. ―Os estudos cá
em Portugal são mais
desenvolvidos, valorizados
e reconhecidos do que em
Cabo Verde. Vim com o
estatuto de estudante, mas
sem bolsa do meu país. Os
meus pais me pagaram o
estudo, e algumas pessoas
amigas portuguesas me
ajudaram a pagar propi-
nas‖. Violeta é Ucraniana.
Não revela a sua idade.
Atualmente, mora numa
modesta casa em Viana do
Castelo, mas no início
―morou‖ num carro com o
marido por não ter dinhei-
ro para alugar uma casa.
Veio em busca do ―sonho
lusitano‖.
Portugal é um bom acolhe-
dor. Tanto para Mariane
como para Natalino, a
receção foi boa. No entan-
to, Mariane considera que
―existe algum preconceito
em relação aos brasileiros‖
e Natalino admite haver
―algumas reservas por par-
te de algumas pessoas‖.
A procura de
melhores condições
de vida é o principal
motivo que leva
alguém a imigrar.
Na bagagem trazem
sonhos, esperança,
saudade e uma vida
por melhorar.
As dificuldades por que os
imigrantes passam quando
cá chegam são diversas. Há
famílias que se separam, há
sonhos de uma vida que se
desmoronam, há pais que
mudam de vida para terem
como ajudar os filhos a
completar os estudos, há
uma cultura e língua dife-
rentes, há um clima distin-
to e há um esforço de acei-
tação social.
As situações discriminató-
rias acontecem em qual-
quer local como no traba-
lho, na escola, no hospital
ou no café.
Violeta é exemplo disso.
Tem um olhar triste e um
rosto com rugas vincadas
que mostram a saudade e
as dificuldades sentidas.
Mal fala português, desco-
nhece os seus direitos e
não sabe a quem recorrer
no caso de necessitar de
ajuda.
Esta Ucraniana é alvo de
injúria e humilhação por
parte das colegas de traba-
lho. Sujeita-se a tudo isso
porque tem contas para
pagar, como renda da habi-
tação, comida, vestuário,
saúde e receia não arranjar
emprego noutro lugar.
Mariane, apesar de ter sido
bem recebida e acolhida,
também, já se sentiu
―revoltada‖. ―Ao escrever
um e-mail para um órgão
de ―apoio‖ ao imigrante em
Portugal, pedindo informa-
ções sobre como arranjar a
autorização de residência
em Portugal, as resposta
que tive foi «vá trabalhar
como empregada domésti-
ca você e a sua mãe e
depois procuram o SEF
(Serviços de Estrangeiros e
Fronteiras)»‖.
Para Natalino, o clima foi a
principal dificuldade.
―Aqui faz muito frio em
relação ao meu país‖.
Os imigrantes deparam-se
com uma diferença cultu-
ral. A integração no país de
acolhimento faz, muitas
vezes, com que estes sin-
tam uma perda de identida-
de.
Mariane confessa-nos que
―é importante a diversidade
cultural em Portugal para
que os Portugueses possam
aprender mais sobre outras
culturas e deixarem de se
basear apenas no que
ouvem e veem da televi-
são.‖
Mariane e Natalino podem-
se considerar ―sortudos‖,
porém as suas histórias
ilustram apenas aqueles
imigrantes que se conse-
guiram afirmar nos países
de destino. Já Violeta apre-
senta uma situação bem
diferente.
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de alfabetização alto e são
formados em profissões
que exigem grande destre-
za mental. Impõe-se a obri-
gação de imigrar, porque
não conseguem exercer a
sua profissão na sua ―Terra
Natal‖.
Violeta era no seu país
assistente de um médico,
cá trabalha como funcioná-
ria de limpezas. Na Ucrâ-
nia, Violeta estava habitua-
da ao cheiro característico
dos hospitais, agora, lida
diariamente com o cheiro a
detergentes.
de sucesso. Naturalizaram-
se portugueses e, atual-
mente, representam o nos-
so país em competições
desportivas de atletismo.
Ambos contribuíram para o
desenvolvimento e reco-
nhecimento do país mos-
trando a importância que
os imigrantes podem ter.
Viver com melhores con-
dições seguindo os nossos
sonhos e projetos é um
direito de todo o ser huma-
no. ▪
CLÁUDIA ROCHA e LIANE CAROLI-
NA CAMACHO
Portugal revela-se
um país de
esperança
para quem
quer mudar
de vida
Página 18
A afirmação nos países de
refúgio é um dos objetivos
dos imigrantes.
Francis Obikwelu (natural
da Nigéria) e Naide Gomes
(natural de São Tomé e
Príncipe) são dois exemplos
“É importante a
diversidade cultural
em Portugal para
que os portugueses
possam aprender
mais sobre outras
culturas”
Os imigrantes nem
sempre são pessoas
com capacidades
de profissionaliza-
ção e alfabetização
baixa.
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os
A busca de emprego
de forma a assegurar
a sua subsistência
nem sempre é fácil,
pois são poucas as
opções de profissões
para os imigrantes.
visto de turista e depois
acabam por ficar em Portu-
gal. Na imigração brasileira
e do leste da Europa foi
muito relevante o papel de
redes informais e até ilícitas
que organizavam o
―pacote‖ da viagem
(viagem, visto e até o con-
tacto com o empregador ou
do primeiro local de traba-
lho). Nas migrações dos
PALOP é sobretudo impor-
tante o papel da família e
dos concidadãos no apoio
que é prestado à organiza-
ção da viagem e no estabe-
lecimento destes imigrantes
(no apoio à procura de habi-
tação, trabalho e na autos-
subsistência numa fase ini-
cial) em Portugal.
dos imigrantes, no entanto,
isto não significa que não
haja racismo e discrimina-
ção face aos imigrantes.
Viver Mais (VM): Portu-
gal foi durante muito tem-
po um país de emigrantes.
No entanto, atualmente
tem-se verificado uma
transformação desta ten-
dência passando o nosso
país a ser considerado um
país de imigração. A par-
tir de quando se verificou
esta tendência?
Maria Manuela Mendes
(MMM): O nosso país nun-
ca deixou de ser um país de
emigração, contudo, a partir
dos anos 80 do século pas-
sado tornou-me mais visível
a presença dos imigrantes
no nosso país (os seus quan-
titativos cresceram bastante,
após 1980). Não é verdade
que o nosso país tenha pas-
sado de um estatuto de país
de emigração para o de país
de imigração. Aquilo que se
observa em Portugal, desde
a década de 80, é uma espé-
cie de sincronia entre os
dois fenómenos. Até muito
recentemente o fenómeno
da emigração foi invisível
nos mass media e também
nos discursos políticos, ten-
do-se declarado nos anos 90
o ―fim da emigração portu-
guesa‖. Também é verdade
que a investigação científica
em torno do fenómeno da
emigração também sofreu
um défice de atenção e de
produção. Ao longo do tem-
po, tem havido mudanças
importantes sobretudo na
composição dos movimen-
tos emigratórios, nomeada-
mente nos protagonistas
sociais (trabalhadores e
mais qualificados), tempo
de migração (sazonal e tem-
porária) e destinos. Nas
décadas de 80, 90 e na
actualidade os portugueses
continuaram e continuam a
emigrar principalmente para
a Europa, por exemplo, Suí-
ça, Reino Unido, Andorra e
Luxemburgo.
Maria Manuela MendesMaria Manuela MendesMaria Manuela Mendes Investigadora do Centro de Investigação
e Estudos de Sociologia
Imigração
em Portugal No nosso país não deixou de existir emigração, mas
Portugal é agora o destino de muitas pessoas que
veem nele a esperança de uma vida melhor do que
aquela que tinham.
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“Portugal nunca
deixou de ser um
país de emigração,
contudo, a partir dos
anos 80 do século
passado tornou-me
mais visível a pre-
sença dos imigrantes
no nosso país”
“ T e m h a v i d o
mudanças impor-
tantes sobretudo na
composição dos
movimentos emi-
gratórios, nomea-
damente nos prota-
gonistas sociais
(trabalhadores e
mais qualificados),
tempo de migração
(sazonal e temporá-
ria) e destinos.
“As nacionalidades
com um maior
número de imigran-
tes no nosso país são
os Brasileiros, os
Ucranianos, o Cabo-
verdianos, os Rome-
nos, os Angolanos e
os Guineenses.”
VM: Quais são os países
que escolhem Portugal
como destino?
MMM: As nacionalidades
com um maior número de
imigrantes no nosso país
são os Brasileiros, os Ucra-
nianos, o Cabo-verdianos,
os Romenos, os Angolanos
e os Guineenses.
VM: Em que situação vêm
os imigrantes para Portu-
gal?
MMM: De uma forma
geral, e numa primeira fase
do seu percurso migratório,
os imigrantes vêm sozinhos,
mas também encontramos a
este respeito algumas diver-
sidades. Assim, nas migra-
ções provindas do Leste
(homens sozinhos numa
primeira fase) e até Brasil
(mulheres sozinhas ou em
casal), de uma forma geral,
estes imigrantes entram com
VM: Como é que os por-
tugueses, na generalidade,
veem a chegada destes
imigrantes? MMM: De uma forma
geral a opinião oscila, mas
de uma forma geral há uma
aceitação face à presença
VM: A imigração é
importante para um país
como Portugal, pois os
imigrantes ajudam a
minimizar certos existen-
tes como a taxa denatali-
dade e a realização de
tarefas que normalmente
são rejeitadas pelos nacio-
nais… Para além destes, a
chegada dos imigrantes há
mais traz benefícios? MMM: Diversidade cultu-
ral, religiosa e linguística e
a sua interinfluência entre
imigrantes e sociedade de
acolhimento (novos prota-
gonistas culturais como
pintores, designers, dançari-
nos, atores, artesãos, músi-
cos entre outros), que pode-
rão contribuir não só para a
revitalização cultural mas
também para o desenvolvi-
mento económico local;
Casamentos e relaciona-
mentos mistos (alargamento
da convivência multi e
intercultural, mesmo no
plano das relações familia-
res e mais pessoais); Maior
VM: Quais são as princi-
pais dificuldades que um
cidadão estrangeiro encon-
tra ou pode encontrar
num país estrangeiro?
MMM: Atualmente são as
dificuldades no campo da
saúde, a integração no mer-
cado de trabalho e a obten-
ção de uma profissão corres-
pondente às habilitações e à
experiência. As dificuldades
sentidas no caso dos proble-
mas de saúde podem ser
justificadas por uma questão
de idade e pela fase do ciclo
de vida em que as pessoas
se encontram, ou seja, à
medida que a idade vai
avançando as pessoas ten-
dem a ter mais problemas de
saúde, assim devemos estar
perante problemas de saúde
causados pelo envelheci-
mento e não por questões de
adaptação à sociedade de
acolhimento. No caso das
dificuldades sentidas no
mercado de trabalho prova-
velmente são valores
influenciados pela conjuntu-
ra económica atual. Em
todos os outros casos as
dificuldades esbateram-se
com o tempo.
enriquecimento cultural da sociedade de acolhimento (programas de rádio para comunidades imigradas, programas de televisão, associações…); Empreende-dorismo imigrante (além de criarem o seu próprio emprego contribuem muitas das vezes para a dinamiza-ção do mercado local de emprego ao proporcionarem postos de trabalho a outros imigrantes e a autóctones).
“De uma forma geral,
e numa primeira fase
do seu percurso
migratório, numa
primeira fase do seu
percurso migratório,
os imigrantes vêm
sozinhos, mas tam-
bém encontramos a
este respeito algumas
diversidades.”
“De uma forma geral
há uma aceitação face
à presença dos imi-
grantes, no entanto,
isto não significa que
não haja racismo e
discriminação face
aos imigrantes.”
VM: Na sua opinião,
quais são as previsões
para o nosso país em rela-
ção à imigração? Portugal
continuará a ser o destino
dos estrangeiros ou com a
crise voltará à tendência
de emigração?
MMM: Continuará a rece-
ber imigrantes, embora em
menor número, já que
alguns re-emigraram para
outros países e outros volta-
ram para o seu país de ori-
gem. Segundo a ONU, o
fluxo de imigrantes regista-
do a partir de 1990, que fez
com que pela primeira vez
Portugal registasse um sal-
do positivo entre imigrantes
e emigrantes, vai cair para
metade ainda nesta década e
para quase zero a partir do
meio do século.
Outra questão levantada
pelo relatório da ONU é a
sustentabilidade da econo-
mia portuguesa, em particu-
lar da Segurança Social. A
percentagem de pessoas
com 65 ou mais anos de
idade, a esmagadora maio-
ria dependente de pensões,
vai 'explodir' dos 17,9% no
ano passado para os 34,3%
em 2050. O número de pes-
soas com mais de 80 mais
do que triplica (de 4,6%
para mais de 14%). Parale-
lamente, a percentagem de
jovens será menor. ▪
CLÁUDIA ROCHA e LIANE CAROLI-
NA CAMACHO
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FONTE: SERVIÇO DE ESTRANGEIROS E FRONTEIRAS (SEF)
“Portugal continua-
rá a receber imi-
grantes, embora em
menor número”
FONTE: TSF (2002)
Página 20
Entrevista. Ana Luísa Henriques venceu uma leucemia.
Viver Mais (VM): Como
ficaste a saber que tinhas
leucemia?
Ana Luísa Henriques
(ALH): Sentia dores bastante
fortes num braço, dirigi-me a
urgência do hospital mais
próximo da minha zona de
residência e o médico que me
atendeu diagnosticou uma
suposta tendinite, prescreveu-
me um medicamento que iria
atuar sobre a inflamação que
estaria a provocar a tendinite,
e o qual eu deveria tomar
durante cerca de 15 dias
seguidos. Enquanto estive
medicada não voltei a sentir
dores, passados esses 15 dias
a dor voltou, e ainda mais
forte. Desta vez dirigi-me ao
médico de família que entre
outros exames me prescreveu
a realização análises sanguí-
neas de rotina. Quando che-
garam os resultados, o diag-
nóstico era a leucemia.
VM: Lembraste do dia?
ALH: Sim, foi no final do
mês de agosto, eu estava no
período de férias letivas.
Lembro-me que o laboratório
de análises informou primei-
ramente a minha mãe, uma
vez que eu era menor, e lem-
bro-me de a ver a chorar e
não saber o que se passava.
Nesse dia ela disse-me que eu
estava muito doente e tinha
uma leucemia e que no dia
seguinte teria de ser encami-
nhada de urgência para o
Hospital da Universidade de
Coimbra. (H.U.C)
VM: Que idade tinhas? ALH: Tinha 13 anos.
VM: O que sentiste?
ALH: Não sei ao certo o que
senti. Lembro-me que quan-
do a minha mãe me disse ―tu
estás muito doente, tens uma
leucemia‖, a minha resposta
foi: ―que fixe, vou rapar o
cabelo!‖ Penso que com 13
anos não tinha noção da gra-
vidade que é ser doente onco-
lógica. Não me lembro
sequer se questionei o que era
uma leucemia. Além do mais,
nada daquilo fazia sentido,
pois apesar das dores no bra-
ço eu sentia-me bem. Apenas
me apercebi que o ambiente à
minha volta era realmente
pesado, sinónimo de que o
que eu tinha era algo grave.
Nem sempre ter cancro
é sinal de morte. Ana
Luísa tinha 13 anos
quando lhe foi diagnos-
ticada uma Leucemia.
Esteve seis meses inter-
nada nos Hospitais da
Universidade de Coim-
bra, fez várias sessões
de quimioterapia e a
sua vontade de viver fê
-la vencer. É a prova
de que é possível
sobreviver a este pro-
blema. Depois de der-
rubada esta barreira
passou a encarar a
vida de uma outra
maneira.
Viver a vida...
VM: Depois do diagnóstico
da doença, quanto tempo
demorou até se iniciarem os
tratamentos?
ALH: Fiz análises numa
segunda-feira, recebi a res-
posta do laboratório numa
terça-feira e na quarta-feira
fui encaminhada para os
H.U.C onde fui alvo de mais
exames e de algumas despis-
tagens a fim de se concretizar
o diagnóstico. Nessa quarta-
feira a noite, iniciei a primei-
ra sessão de quimioterapia.
VM: A que tipo de trata-
mentos foste sujeita?
ALH: Quimioterapia apenas.
VM: Dividias o quarto.
Com quantas pessoas?
ALH: Dividia o quarto com
outras duas pessoas. VM: Há alguma que te
tenha marcado mais?
ALH: É impossível dizer que
apenas uma me marcou,
todas a pessoas com quem
lidei durante os seis meses de
internamento marcaram-me
imenso. No entanto, houve
uma que foi mais especial: a
Rita. A Rita era uma menina
que teve leucemia com a
mesma idade que eu e passou
Tenho tendência a dar mais Tenho tendência a dar mais Tenho tendência a dar mais
valor aos pequenos momentos valor aos pequenos momentos valor aos pequenos momentos
e às pequenas vitórias” e às pequenas vitórias” e às pequenas vitórias”
VM: Que tipo de leucemia
te foi diagnosticado?
ALH: Foi-me diagnosticado
uma Leucemia Linfoblástica
Aguda.
“Com 13 anos
não tinha noção
da gravidade
que é ser doente
oncológica.”
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Nome: Ana Luísa Vieira Henriques
Aniversário: 17 de Outubro
Idade: 21 anos
Hobbies: Leitura, música, filosofia, política
Cidade: Aveiro
Livro: O meu pé de laranja lima
Autor: Fernando Pessoa
Filme: My sister keeper
Um desejo: Que o sonho comande sempre a
minha vida.
Esteve internada durante seis mesesEsteve internada durante seis meses
À Lupa À Lupa
por um processo semelhante
ao meu, no entanto, era uma
menina frágil e delicada e
fisicamente franzina. Entre
nós surgiu uma grande ami-
zade.
“Todas a pessoas
com quem lidei
durante o inter-
namento marca-
ram-me imenso.”
VM: Lembraste do dia em
que soubeste que estavas
curada? Qual foi a sensa-
ção?
ALH: Um doente de cancro
muito raramente é dado
como curado. No meu caso o
que acontece é que estou em
remissão completa, ou seja,
no meu organismo não existe
qualquer vestígio da doença,
sou uma pessoa saudável. No
entanto, ainda hoje passados
sete anos, vou a consultas de
rotina onde realizo análises
periódicas.
VM: Depois de saíres do
hospital, quais os cuidados
que tiveste de ter? Durante
VM: Viste alguns colegas
partir... Como foi lidar com
isso?
ALH: Sim, a maioria das
pessoas com quem privei
faleceram. Nunca tinha lida-
do de perto com a morte e a
primeira vez que tive de o
fazer foi muito difícil. Quan-
do uma das minhas colegas
de quarto faleceu e quando
eu soube da notícia, entrei
em depressão. Ela significava
muito para mim. Mais tarde
quando faleceu a Rita tam-
bém me custou muito, mas já
não foi tão difícil de encarar
a situação, pois eu já tinha
noção de que as coisas não
estavam a correr bem com
ela.
VM: Perante o que ias ven-
do à tua volta, alguma vez
pensaste no pior?
ALH: Sim, quando lidei pela
primeira vez com a morte,
acordei para a realidade. Per-
cebi que naquela enfermaria
a maior parte das pessoas
morre e não sobrevive ao
cancro e eu sabia que comigo
talvez não fosse diferente,
tinha noção de que o cancro
me podia matar. Cada vez
que pensava na morte sentia
ânsia de viver, queria viver
muitos anos, era como se
afastasse de mim esta ideia
negativa, mas quase certa
que era a morte e a substi-
tuísse por uma intuição que
me dizia claramente que eu
não ia morrer, porque não
queria e porque tinha ainda
muitos anos para viver e
experienciar.
VM: Recebeste algum tipo
de apoio psicológico?
ALH: Não. Apesar de ter
sofrido uma depressão logo
no meu primeiro tratamento,
apenas fui medicada para tal.
VM: Na altura estavas no
8º ano. Como foi ter aulas
no hospital?
ALH: Era complicado por-
que os tratamentos de qui-
mioterapia deixavam-me
muito debilitada e cansada.
Lembro-me que muitas vezes
a professora me estava a
explicar um determinada
matéria, mas eu tinha de
parar nesse instante para
vomitar (os enjoos são um
efeito secundário da quimio-
terapia), mas depois retoma-
va novamente o trabalho. No
entanto, foi uma grande aju-
da ter aulas no hospital, pri-
meiramente, porque este tipo
de contacto distraia-me e
permitia que eu tivesse ocu-
pada e depois porque, desta
forma, não fui forçada a per-
der nenhum ano letivo por
estar internada e ter uma
doença da qual não fui culpa-
da.
VM: Durante quanto tem-
po estiveste internada?
ALH: Durante seis meses.
“Nunca tinha
lidado de perto
com a morte e a
primeira vez que
tive de o fazer
foi muito difícil.”
quando tempo?
ALH: Depois dos interna-
mentos, fiz dois anos de hos-
pital de dia, uma vez por mês
e fazia medicação em casa.
Os cuidados a ter eram,
sobretudo, com a alimenta-
ção e com os esforços. Não
podia estar exposta ao sol
durante muito tempo, tinha
de ter cuidado com as consti-
pações, pois as minhas defe-
sas ainda estavam muito
debilitadas. Estes cuidados
acompanharam-me ao longo
de cinco anos. Aprendi a
viver com limitações, mas,
apesar disso, como uma pes-
soa normal.
VM: Qual foi o momento
mais difícil dessa fase?
ALH: Não houve um
momento mais difícil, houve
pequenas lutas que resulta-
ram numa grande batalha.
Penso que os momentos mais
difíceis são para a família e
não tanto para o doente. É
complicado para os familia-
res lidarem com a doença e é
ainda mais complicado terem
noção de que não podem
ajudar diretamente a ganhar
uma luta que não é deles.
VM: Onde foste buscar
forças para ultrapassar os
momentos difíceis?
ALH: A força surgia espon-
taneamente. Surgia da vonta-
de de viver, do medo de mor-
rer, do apoio que recebia da
família e amigos, da certeza
que não estava sozinha que
tinha pessoas a torcer por
mim. Os amigos e família
são essenciais nesta força
interior que ainda hoje não
sei de onde vinha.
“Estou em remis-
são completa. No
meu organismo
não existe qual-
quer vestígio da
doença.”
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VM: Consideras que falar
com outras pessoas que
tenham vivido uma situação
semelhante à tua te recon-
forta de alguma forma?
ALH: Reconforta-me imenso
poder falar com pessoas que
estão agora a passar por algo
semelhante ao que eu já pas-
sei, na medida em que possa
servir de exemplo positivo e
de esperança de que o cancro
mata é certo, mas que tam-
bém é possível enfrentá-lo e
sobreviver.
VM: Hoje, depois teres pas-
sado por toda essa luta, o
que mudou na forma como
enfrentas a vida?
ALH: Hoje tenho tendência a
dar mais valor aos pequenos
momentos e às pequenas
vitórias. Tornei-me uma pes-
soa mais fria, mas mais cons-
ciente da vida e das suas res-
ponsabilidades. Cresci imen-
so com esta experiência e
isso foi o mais positivo.
VM: Custa-te falar nisso?
ALH: Não, de forma nenhu-
ma.
VM: Dedicas muito do teu
tempo a ajudar os outros…
Há quanto tempo és bom-
beira voluntária?
ALH: Desde de novembro de
2005.
VM: Como te tornaste
bombeira?
ALH: O meu pai e o meu
irmão são bombeiros, cresci
nesse meio. Ser bombeira,
para mim, era algo que iria
fazer parte da minha vida.
VM: Costumas fazer pique-
tes nos bombeiros, o que te
obriga a pernoitar no quar-
tel dos Bombeiros… Como
funciona?
ALH: Temos cerca de 12
equipas. A cada equipa per-
tence uma letra do alfabeto.
Depois há uma escala que
abarca os doze meses do ano
e em que cada dia uma dessas
equipas (de voluntários) tem
de pernoitar no quartel. Basi-
camente, fazemos piquetes de
nove em nove dias. De sába-
do para domingo o piquete
que pernoita no quartel fica
também até domingo às 13h
e, depois, segue-se um pique-
te que faz a tarde até às 21h.
VM: Já tiveste alguma situ-
ação que te tivesse marcado
por uma razão especial?
ALH: Já passei por várias
situações, marcam-me, sobre-
tudo aquelas mais engraçadas
como ter de socorrer um tra-
balhador que caiu do cimo do
tecto de uma vacaria mesmo
em cima do estrume das
vaquinhas e termos de socor-
rer o senhor neste tipo de
ambiente e com as vacas ao
nosso lado.
VM: Estás prestes a con-
cluir a tua licenciatura em
Ciência Política e Relações
Internacionais, na Universi-
dade da Beira Interior.
Quais são as tuas perspecti-
vas de futuro?
ALH: Neste momento, as
minhas perspectivas não são
as mais optimistas, neste con-
texto de crise em que vive-
mos, sei apenas que vou ter
de me esforçar em dobro para
alcançar aquilo que definir
como os meios principais
objectivos. E espero ser bem
sucedida a esse nível. ▪
LIANE CAROLINA CAMACHO
“Aprendi a viver
com limitações,
mas, apesar dis-
so, como uma
pessoa normal.”
“Ser bombeira,
para mim, era
algo que iria fazer
parte da minha
vida”
Estudante de Ciência Políti-Estudante de Ciência Políti-
ca e Relações Internacionais ca e Relações Internacionais
na Universidade da Beira na Universidade da Beira
InteriorInterior
É bombeira nos Bombeiros Voluntários da MurtosaÉ bombeira nos Bombeiros Voluntários da Murtosa Ana Luísa é uma verdadeira lutadoraAna Luísa é uma verdadeira lutadora
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Para os leitores da revista “Viver Mais” e considerando que esta é a
minha primeira abordagem conclui que o ideal seria começar por
dar sugestões de tendências adequadas à estação atual (primavera/
verão 11), mas …. com um detalhe extremamente interessante.
Moda com Atitude
Patrícia PereiraPatrícia PereiraPatrícia Pereira Fashion Adviser
(Consultora de moda)
Para a Mulher uma das
peças essenciais é o nosso
My Little Black Dress
(LBD) mas … no verão a
peça essencial é efetiva-
mente o My Little White
Dress (LWD) a demais que
esta estação a cor branca é
efetivamente mais notória,
por isso Girls.... toca a com-
prar um vestido branco.
Este verão usa-se imensa
cor, as cores quentes, os
fúshias , também os nudes e
realmente a nível de cor
acredito que a principal
novidade da estação é o
Look Black Total que é tão
raro ser uma tendência no
verão, por isso quem gosta
do preto total use e abuse
esta estação.
Outra tendência muito
importante é a tendência
floral e geométrica. Defini-
tivamente a floral é fresca e
happy que anula na totali-
dade o padrão dos quadra-
dos no nosso guarda-roupa.
A tendência geométrica tal
como o nome indica vale
todo o tipo de geometria,
mistura, cores e materiais e
pode ser usada em qualquer
situação, logo que a matéria
-prima esteja adequada á
mesma. Relembro que a
silhueta Maçã é a menos
privilegiada nesta tendência
e deverá evitar.
Para o Homem mais jovem
temos a tendência ―muito
Teen‖ American Vintage.
Esta tendência foi inspirada
nas equipas de futebol e
basquetebol Americano, que
foram transportadas para o
nosso quotidiano para um
homem urbano, citadino,
descontraído e de bem-estar
com a vida.
Para um Homem mais
moderno que goste de usar
fato, mas que assim mesmo
também aprecie as tendên-
cias de moda, poderá usar a
mono cor pois dependendo
do corte do fato, manter-se-
á mais ou menos clássico e
definitivamente com uma
tendência de moda.
Para o Homem que quiser
colocar esta dica em práti-
ca, relembro que se escolhe
a cor azul poderá usar
diversos tons de azul. Não é
sinónimo de tonalidade
exatamente igual embora
não deva oscilar muito a
diferença da mesma.▪
PATRÍCIA PEREIRA
Tendências Primavera/Tendências Primavera/
Verão para Verão para ElaEla & & EleEle Fo
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Catarina Vasques RitoCatarina Vasques RitoCatarina Vasques Rito Consultora de moda
A Moda é para dar prazer
a quem usa e a quem vê
Os estilos „hippie‟, „navy‟, „urbano‟,
„romântico‟ ou „country‟ estão na moda
A cima de tudo
estar na moda
é uma questão
de atitude.
Existem dois factores fun-
damentais para se estar na
moda: o corpo e o estilo.
Depois de se ter bem pre-
sente estas duas questões,
então, tentar perceber o que
ditam as tendências, que
neste momento passam por
diversas coisas, a saber:
riscas; assimetrias; cores
nude; padrões fortes; calças
cigarrette; calças largas;
vestidos compridos e lar-
gos; vestidos curtos e jus-
tos; vestidos saias rodadas.
Enfim, o divertido da moda
neste momento é tudo estar
na moda, onde vários esti-
los, influências se cruza-
rem, permitindo um jogo
entre distintas ideias, aju-
dando às mais variadas
silhuetas. No entanto, evi-
tar os corsários e as calças
de cós muito baixo, assim
muito marcantes. Optar por
peças discretas ou por
nada. Em relação aos sapa-
tos, saber conciliar o tipo
de calçado mediante o cor-
te das peças escolhidas e
do formato do pé. Não
esquecer que os pés que-
rem-se cuidados quando
expostos em sandálias
abertas.
A moda é para dar prazer a
quem usa e a quem vê. É
também motivo de inspira-
ção, pois é importante não
ser igual a todos os outros.
Tenha prazer em ter um
estilo próprio, mais não
seja num pequeno detalhe.
Aí recai a diferença. Tenha
atenção à maquilhagem,
por mais discreta que seja
(colocar base, pó compacto
e batom ou gloss no dia-a-
dia) e cabelo hidrata-
do. Estar na moda é um
todo! ▪
CATARINA VASQUES RITO
como as blusas ou
tops muito curtos.
Sabendo que os estilos
'hippie', 'navy', 'urbano',
'romântico' ou 'country'
estão na moda, e não só, é
ver o que melhor se adapta
ao seu género. Depois fazer
algum shopping em lojas
como Zara, Mango, Bersh-
k a , L a n i d o r , G l o -
be, Stradivarius, Modalfa,
Desigual, Massimo Dutti,
Benetton ou Sisley (entre
outras) e entrar no espírito
deste Verão, onde a cor e o
padrão predominam. No
caso de só gostar
de tonalidades mais neu-
tras, não tem de se preocu-
par, pois o branco e o nude
também estão na moda.
Os acessórios são um com-
plemento, e por isso devem
ser vistos como isso mes-
mo, um complemen-
to. Quando se escolhem
vestidos muito elaborados
ou garridos, não usar cola-
res, brincos ou pulseiras
Estar na moda
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Infusão relaxante de eucalipto
Para esta infusão são precisas: 2
Folhas de eucalipto; 3 Folhas de horte-
lã; 2 gotas de óleo de lavanda
Cascas de laranja e de limão.
Ferva meio litro de água e deite por
cima das folhas e das cascas e misture
o óleo. Colocar o rosto a receber esse
vapor durante 10 minutos. Também
serve para os pés, ajuda a relaxar e ati-
var a circulação.
Beleza & Bem-estar
Truque pré-festa
Bata duas claras de ovo
e aplique no rosto e
deixe secar. Retire com
água tépida. Melhora o
aspeto da pele de ime-
diato e é ótimo para
situações inesperadas
ou up antes de uma fes-
ta.
Manuela NunesManuela NunesManuela Nunes
Esteticista
Sumo para ativar
o bronzeado
Antes que a época bal-
near se inicie, beba
todos os dias em jejum
um sumo de laranja,
com sumo de cenoura,
sumo de beterraba e
sumo de abóbora. O
seu bronzeado ficará
mais bonito e natural.
Truque para pele mista e
com acne Misture meio pepino fatiado
com meia colher de farinha
maisena na misturadora. Equili-
bra e revitaliza a pele.
Creme anti-rugas
É necessário: 1 Pepino, 1 colher de chá
de azeite, 1 colher de sopa de farinha
de trigo,1 colher de farinha maisena.
Reduza o pepino a sumo (se tiver algu-
ma dificuldade pode misturar um pou-
co de água mineral sem gás) e misture
todos os ingredientes. Se for necessá-
rio, para ficar com mais consistência,
pode misturar mais farinha de trigo ou
mais farinha Maisena. Pode aplicar
este creme todas as noites após a lim-
peza do rosto. Este creme também aju-
da a aclarar as sardas.
Contra o suor e
mau cheiro dos pés
Misture 2 colheres de
sopa de folhas e flores
de louro picadas num
litro de água a ferver;
deixe ferver durante 10
minutos. Coe e misture
com água morna, mante-
nha os pés durante 15
minutos nessa água.
Dica anti-idade
Misture 1/2 mamão amassado
com uma colher de sobremesa
de mel.
Este truque auxilia também no
tratamento de peles com man-
chas. Hidrata, rejuvenesce e
Truque anti-idade
Misture uma barra de gelatina
incolor em meio copo de vinho
tinto e deixe gelar por 15 minu-
tos. Aplique no rosto e deixe
atuar durante 30 minutos.
Cuide de si sem gastar muito dinheiro!
As dicas de Manuela Nunes
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Foto: Direitos Reservados
Foto: Direitos Reservados
Foto: Direitos Reservados
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Dormir bem pode
ajudar a emagrecer
D ormir bem e
reduzir os níveis
de stress pode
ajudar a ema-
grecer, revelou um estudo
divulgado pela Revista Épo-
ca.
Mas, os médicos alertam
dizendo que esta não é a úni-
ca solução e, por isso, ter
uma vida saudável em todos
os sentidos também poderá
ajudar.
Um estudo do médico Kaiser
Permanente descobriu que
diminuir os níveis de stress e
dormir mais do que seis horas
e não mais de oito horas, por
dia, auxiliam a perder peso.
Cerca de 500 pacientes foram
analisados durante a pesquisa
que relaciona o sono, a
depressão e o tempo que se
gasta em frente ao computa-
dor com a facilidade que uma
pessoa possui para emagre-
cer. O stress e a falta de sono
com qualidade associados à
obesidade já haviam sido
estudados anteriormente, mas
segundo os médicos não se
tinha relacionado o facto de
se dormir bem com a perda
de peso. ―Este estudo mostra
que quando as pessoas estão
a tentar perder peso devem
dormir adequadamente‖, dis-
se o autor da pesquisa, Char-
les Elder, acrescentando que
―algumas pessoas precisam
simplesmente de ter mais
espaço nas suas agendas e
dormir um pouco mais.
Outras vão perceber que os
exercícios as ajudam a des-
cansar melhor e a reduzir os
níveis de stress.” A pesquisa
envolveu duas fases: na pri-
meira, os participantes com-
prometeram-se a perder qua-
se cinco quilos em seis
meses. Caso conseguissem,
passavam para o próximo
passo, no qual eram submeti-
dos apenas a tratamentos de
acupuntura para emagrecer.
De acordo com os resultados,
sob a nuca.
Chá de flores de Poejo:
utilizado para tratamento de
infeções bocais (aftas e sapi-
nhos).
Chá de flores de Sálvia:
serve para evitar suor exces-
sivo.
Chá de folhas e flores de
Louro: utilizado para evitar
o suor e o mau cheiro dos
pés. Aplique o chá nos pés
durante 15 minutos.
Chá de folhas de Hamame-
lis: para aliviar varizes e
inchaço nas pernas e pés.
A e s t e t i c i s t a
Manuela Nunes
lançou, recente-
mente, um livro
com ―217 Receitas de Saúde
e Beleza‖. Ora veja algu-
mas...
Chá de folhas e flores de
Artemísia: ideal para alívio
de dores menstruais. Beba
duas ou três chávenas por
dia.
Chá de grãos de Pimenta:
para alívio de enxaquecas.
Molhe o pó de pimenta em
gaze, esprema bem e aplique
Chá de flores de Lógena:
para a anemia, a falta de ape-
tite e a gastrite.
Chá de folhas de Abacatei-
ro ou Centelha Asiática:
problemas de obesidade.
Beba duas a três chávenas
por dia.
Chá de erva Cidreira: ner-
vosismo e ansiedade.
Chá de folhas de Alcacho-
fra, casca crua de Beringe-
la, folhas de Erva doce:
para combater o colesterol. ▪
Os efeitos dos chás
Livro “217 Receitas
de Saúde e Beleza” de
Manuela Nunes
quantidade de sonos e de
stress eram bons fatores na
l u t a p e la p e rd a d e
peso. Apesar dos bons resul-
tados, os investigadores afir-
maram que os pacientes esta-
vam muito motivados e, por
isso, não se pode aplicar uma
regra que confirme que dor-
mir mais significa um ema-
grecimento mais rápido sem
que a pessoa tenha motiva-
ção. No entanto, os médicos
estão seguros de que esses
fatores podem ajudar, assim
como ter um registo do que
se come diariamente para
conseguir controlar o apeti-
te. ▪
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Descobrir Portugal
Situada no coração do Alto Alentejo, a cidade de Évora é exemplo da grande Situada no coração do Alto Alentejo, a cidade de Évora é exemplo da grande
riqueza histórica, cultural e artística construída e preservada ao longo dos tem-riqueza histórica, cultural e artística construída e preservada ao longo dos tem-
pos. Classificada, em 1986, como Património Cultural da Humanidade, esta pos. Classificada, em 1986, como Património Cultural da Humanidade, esta
metrópole é conhecida pela beleza, pela cozinha tradicional e pela exuberância metrópole é conhecida pela beleza, pela cozinha tradicional e pela exuberância
dos seus monumentos. Évora tem o encanto próprio das cidades antigas.dos seus monumentos. Évora tem o encanto próprio das cidades antigas.
ÉvoraÉvora Beleza e HistóriaBeleza e História
Foto: Direitos Reservados
O que visitarO que visitar
Museu de Évora
Palácio dos Duques do Cadaval
Igreja de S. Brás
Capela dos Ossos
Templo de Diana
Universidade de Évora
Convento dos Remédios
Castelo Velho
Aqueduto da Água da Prata
europeu mais antigo quer ao
nível da sua dimensão quer
quanto ao estado de conserva-
ção. O templo de Diana - um
dos mais célebres templos
romanos portugueses da
Península Ibérica- é uma das
suas riquezas devido às suas
características canónicas gre-
co-romanas. A Catedral de
Santa Maria (um edifício
românico-gótico dos séculos
XIII-XIV), a Universidade de
Évora, a Igreja da Graça, o
Aqueduto da Água da Prata
também contam a sua histó-
ria, sendo alguns dos monu-
mentos que fazem de Évora
uma cidade museu.
Paladar da cozinha tradicio-
nal alentejana
Após uma visita histórica pela
cidade, o visitante poderá
deliciar-se com a gastronomia
tradicional alentejana. O
sabor do prato é complemen-
tado com a excelência dos
produtos locais, como o vinho
e o azeite. Experiências úni-
cas que merecem ser revivi-
das numa das mais antigas
povoações de Portugal. Évora
É uma das cidades
mais antigas e mais
bem preservadas do
nosso País. Capital
da região do Alentejo,
Évora foi fundada pelo
povo romano que a deno-
minou de Ebora Liberali-
tas Iulia. Atualmente, tem
cerca de 50 mil habitantes
e ocupa uma área de 1.309
Km2.
Cidade Emblemática
A importância desta cidade
deve-se, em grande parte, à
sua história, que recua ao
período Neolítico, tornan-
do-a uma das cidades
romanas mais admiráveis
e, mais tarde, um dos gran-
des centros do Sul do país.
Évora era um lugar fre-
quente de visitas e estadias
dos monarcas, devido ao
património histórico e
artístico que ainda hoje
preserva. É esse conjunto
monumental da cidade
associado ao urbanismo
popular e aos melhores
modelos de qualidade de
vida do país que estão na
base da classificação de
Évora como Património
Cultural da Humanidade,
desde 1986.
Vestígios do passado
As origens de Évora estão
ligadas a um passado lon-
gínquo. As suas ruas, palá-
cios, igrejas e monumentos
contam parte da nossa His-
tória. Évora é testemunha
de diversos estilos e corren-
tes estéticas patentes em
monumentos de várias épo-
cas. Caminhando pelas ruas
antigas, entre casas brancas
com barras coloridas e
varandas de ferro do século
XV, deparamo-nos com a
paisagem arqueológica
megalítica e com a exube-
rância dos palácios, mostei-
ros e igrejas. Possuidora de
uma vasta riqueza histórica,
cultural e religiosa, esta
região tem inúmeros locais
emblemáticos.
O Recinto Megalítico dos
Almendres, cuja data
remonta ao V milénio Antes
de Cristo, constitui o maior
monumento megalítico
desde uma riqueza natural e
patrimonial às unidades de
turismo rural e de enoturismo.
O artesanato, a gastronomia,
os sabores, as tradições, o
povo hospitaleiro, a cultura, a
história e a beleza tornam
Évora numa cidade apaixo-
nante, à espera de ser visita-
da.▪ CLÁUDIA ROCHA e LIANE CARO-
LINA CAMACHO
Onde comer Onde comer
Restaurantes:
A Baiuca
Rua das Fontes, 67
7000-589 Évora
Preço Médio: 10 €
Mr. Pickwick
Rua da Alcárcova de Cima, nº3
7000-842 Évora
Tel: 266 706 999
Preço Médio: 15 €
O Garfo
Rua de Santa Catarina 13/15
7000-516 Évora
Tel: 266 709 256
Preço Médio: 15 €
Onde ficarOnde ficar
Pensão Giraldo
Rua dos Mercadores, 27
7000-530 Évora
Tel: 266 705 833
Preços: 30 - 50 €
Residencial Os Manuéis
Rua do Raimundo nº35
7000-661 Évora
Tel: 266 769 160
Preços: 25 - 60 €
Pensão Residencial Diana
Rua Diogo Cão, nº2
7000-872
Tel: 266 702 008
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“Não me imagino com “Não me imagino com
outra profissão”outra profissão” Rui Oliveira sempre
lutou pelo seu sonho, o
fotojornalismo. Hoje,
trabalha na agência
Global Imagens e já
conquistou muito a
nível profissional, com
apenas 28 anos, embo-
ra só esteja nesta área
há cerca de dois anos.
A vida de Rui Oliveira
“Comecei a tirar
fotos apenas por
tirar, percebi que era
aquilo de que eu gos-
tava”
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Entrevista. Rui Oliveira é um talento em ascensão.
maior. Todos os anos há mui-
ta gente a tentar entrar nesta
área e os jornais não estão a
passar por uma fase propria-
mente boa, há vários jornais a
fechar...
VM: É fácil conciliar a vida
pessoal com a profissional?
RO: Não, é muito difícil gerir
os horários... No meu caso,
não obedeço a qualquer tipo
de horários fixos. Podem pre-
cisar de mim e a qualquer
momento tenho de estar dis-
ponível.
VM: Continuas a investir na
tua formação? De que for-
ma? RO: Sim, desde que acabei o
curso fui fazendo alguns
workshops. O último que fiz
foi na Magnum, a maior agên-
cia de fotojornalismo do mun-
do.
Viver Mais (VM): Quando
começaste a fotografar?
Rui Oliveira (RO): Come-
cei a fotografar na altura em
que estava a tirar um curso
de Gestão. Sentia-me desa-
dequado ao que estava a
fazer e entrei em rotina. Para
fugir um bocado à depressão
de fazer algo de que eu não
gostava, comprei uma
pequena câmara em modo
automático. Comecei a foto-
grafar na rua e fui tirando
fotos perfeitamente banais,
nada de técnico, sem ter
noções nenhumas.
VM: Onde te formaste em
fotografia?
RO: No Instituto Português
da Fotografia. Tinha várias
modalidades e optei por um
curso que me complemen-
tasse, que abrangesse tudo,
ou seja, optei por um curso
de fotojornalismo, de moda,
de fotografia em geral.
Quando conheci várias
áreas, optei pela minha pre-
ferida, o fotojornalismo.
VM: Quando percebeste
que te querias dedicar à
fotografia? RO: Quando comecei a tirar
fotos apenas por tirar, perce-
bi que era aquilo que eu
queria fazer.
VM: Há quanto tempo és
fotojornalista?
RO: Trabalho há dois anos.
Estagiei no jornal Correio da
Manhã e trabalhei lá durante
oito meses. Trabalhei, tam-
bém, numa revista de moda,
de social chamada In People
e, atualmente, estou na Glo-
bal Imagens que abrange
Jornal de Notícias, Diário
de Notícias e Jornal O Jogo.
Colaboro com uma revista
de Música, a Whisper Maga-
zine.
VM: É difícil trabalhar na
tua área?
RO: É bastante difícil, por-
que a exigência é cada vez
como à tarde. Acho que a
única coisa que consigo des-
crever como uma rotina será o
entrar no edifício. Quando
chegamos da rua, passamos
para o computador as fotogra-
fias tiradas. Obedecemos a
algumas normas em relação à
edição de fotografia: não
podemos alterar imagem,
temos de criar uma legenda e
colocamos no sistema.
VM: Já estiveste em situa-
ções arriscadas, de perigo?
RO: Às vezes, há situações
de perigo das quais não esta-
mos à espera. Recordo-me de,
quando trabalhava no Correio
da Manhã, ter ido fazer um
trabalho a Valença, um traba-
lho perfeitamente normal,
acerca do comércio nas mura-
lhas e houve uma apreensão
de material contrafeito...
Quando os comerciantes per-
ceberam que nós estávamos a
fotografar aquele aparato todo
e tentaram agredir-nos. Pega-
ram na câmara do repórter de
vídeo e tentaram mandá-la
para debaixo do muro.
VM: Qual a máquina que
usas?
RO: Diariamente uso uma
Canon 5 D Mark II ou uma
VM: Atualmente, trabalhas
para a Global Imagens, no
Porto.
Como é o teu dia-a-dia?
RO: O meu dia-a-dia não é
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logia tem aproximado o
fotógrafo profissional do
amador?
RO: Em alguns aspectos, sim.
O lado negativo é que pode-se
utilizar para próprio proveito.
Agora criou-se um bocado a
ideia geral de que fotografar é
muito fácil e não tem nada
que saber, mas exige empe-
nho, trabalho, arriscar, estar
em constante evolução, ser
rápido e original… VM: Apesar de seres muito
jovem, o teu trabalho já foi
reconhecido várias vezes.
Que prémios já arrecadas-
te?
RO: Inicialmente, um dos
que mais me marcou foi a
minha seleção para o concur-
so ―Lá e Cá‖, que era uma
parceria de estudantes finalis-
tas de fotografia de Portugal e
do Brasil, ou seja, tínhamos
alguns trabalhos que era
seleccionados para represen-
tar o nosso país no Brasil e
acontecia o mesmo ao contrá-
rio. Era constituído por três
exposições nas cidades de
Lisboa, Rio de Janeiro e Bra-
sília. Recebi o prémio de pra-
ta em Reportagem Ibérica e
fui selecionado para integrar o
workshop mundial da Mag-
num… Também ganhei
alguns concursos de fotogra-
fia.
VM: E projetos para o futu-
ro?
RO: Futuramente, vou tentar
expandir-me um pouco mais.
Sinto-me muito bem na foto-
grafia e é isso que quero, mas
noto que há algumas lacu-
nas… Pretendo fazer um cur-
so para aliar a fotografia ao
vídeo, ou seja, conseguir aliar
as duas coisas. Mas ainda
estou a decidir, ainda não sei
onde o vou tirar…
Canon 1 D Mark III. Em
momentos de maior adrenali-
na, tribunais, apreensões uso
sempre as duas. A 5D Mark II
quando é um trabalho em que
tenha mais calma.
VM: O que é que mais gos-
tas de fotografar?
RO: Sou um bocado viciado
em adrenalina. Gosto muito
de fotografar desde crimes até
acidentes, apreensões poli-
ciais, tudo o que envolva ação
e envolva um certo perigo.
VM: O que faz, na tua opi-
nião, uma boa fotografia?
RO: Tem de estar bem tecni-
camente, tem que ter uma
lógica, fazer com que as pes-
soas percebam o que se quer
transmitir. Além do momento,
que é o que faz a fotografia,
tem-se que conseguir criar um
dinamismo e ser apelativo
àquele momento, conseguir
construir algo ali, através da
técnica e do enquadramento.
VM: Há algum fotógrafo
que consideres um ídolo,
uma inspiração? RO: Inicialmente inspirei-me
em alguns ícones da fotogra-
fia como Robert Capa, Hen-
ri Cartier-Bresson... Em Por-
tugal, também tenho alguns
fotógrafos que acabam por ser
ícones. Em termos de carreira,
gosto muito de Alfredo
Cunha, um exemplo a seguir,
e como inspiração diária são o
Leonel de Castro e o Paulo
Pimenta.
VM: A técnica fotográfica
tem evoluído… Hoje é possí-
vel fazer montagens e alte-
rações na imagem. O que
pensas acerca disso? RO: É um tema muito falado
ultimamente… Tudo o que se
pode fazer no Photoshop, que
as pessoas acham que é mila-
gre, podia fazer-se antigamen-
te no laboratório, quando as
fotos eram tiradas a rolo. A
única diferença é que hoje em
dia qualquer pessoa tem um
computador e pode alterar
uma foto. Em termos de arte,
acho fabuloso, porque conse-
guimos alterar mais facilmen-
te. Em termos de fotojornalis-
mo, acaba por não me abalar
não me diz muito porque não
o utilizo.
VM: Acreditas que a tecno-
À Lupa À Lupa
Nome: Rui Miguel Rocha Oliveira
Aniversário: 2 de Julho
Idade: 28 anos
Hobbies: Fotografar, andar de mota, futsal, ler,
cinema, música, sair com os amigos
Cidade: Porto
Livro: The Europeans
Autor: Henri Cartier-Bresson
Filme: Palermo Shooting
Um desejo: Fazer o que faço por muitos anos e
com o mesmo gosto de quando comecei
Aleixo, em que entrei na torre
mais problemática onde há
muito tráfico de drogas e de
armas. Entrei lá e consegui
fotografar a entrada da polí-
cia. Entrar num cenário
daqueles sem máscara, só
com t-shirt e calças e câmara
na mão, às vezes, não é muito
fácil.
VM: Se não fosses fotojor-
nalista, o que gostavas de
ser? RO: Não me consigo imagi-
nar com outra profissão. ▪
VM: O que é que ainda não
fizeste e gostavas de fazer?
RO: Muita coisa… Neste
momento, sinto-me um apren-
diz. Todos os dias tento
aprender com as pessoas com
quem trabalho. Sinto-me mui-
to pequenino, ainda me falta
fazer muita coisa… Há uma
experiência que me deixa a
pensar várias vezes: se eu
conseguiria ser fotógrafo de
guerra. Gostava de experi-
mentar... Já experimentei
algumas situações arriscadas.
A que mais me marcou foi
uma operação no Bairro do
“Inicialmente inspirei-
me em alguns ícones da
fotografia como Robert
Capa, Henri Cartier-
Bresson Em Portugal
também tenho alguns
fotógrafos que acabam
por ser ícones.”
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Site
http://ruioliveiraphotospot.blogspot.com/
CLÁUDIA ROCHA
Terrina de Fiambre
A receita de Hernâni Ermida
Ingredientes
400 g de espinafres
ultracongelados
2 embalagens de fiambre
fatias finíssimas
2 dl de polpa de tomate
1 embalagem de pão de
forma branco
100 g de creme vegetal
para cozinhar
60 g de farinha
1 litro de leite quente
100 g de queijo mozza-
rella ralado
Sal q.b.
Pimenta q.b.
1º - Deixe descongelar os espinafres. Leve ao lume uma frigideira com 20 g do creme vegetal
para cozinhar, deixe-o derreter, junte os espinafres e deixe-os cozinhar até perderem o líquido.
Tempere com sal e desligue o lume. Retire a côdea ao pão.
2 º - Prepare o molho: Leve ao lume um tacho com o resto do creme vegetal para cozinhar, dei-
xe-o derreter, junte a farinha e mexa bem. Depois junte o leite quente em fio, mexendo sempre
até obter um molho cremoso. Tempere com sal e pimenta. Ligue o forno a 200˚C.
3 º - Coloque no fundo de um recipiente de forno uma camada de fatias de pão de forma barra-
das com polpa de tomate, cubra com as fatias de fiambre e espalhe em cima os espinafres. De
seguida cubra com outra camada de fatias de pão de forma barradas com polpa de tomate, cubra
com o molho e polvilhe com o queijo ralado. Leve ao forno durante 20 minutos, retire e sirva.
Modo de preparação
Para 6 pessoas | Grau de dificuldade: Fácil | Tempo: 80 minutos
Prato prin-
cipal por
0,93 € /
pessoa
Hernâni ErmidaHernâni ErmidaHernâni Ermida
Chefe de cozinha
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Souflé de kumquat Souflé de kumquat Souflé de kumquat
Ingredientes
200 g de Kumquat
40 g de manteiga
50 gr de farinha
2 dl de leite
4 gemas
4 claras
120 g de açúcar
Para 4 pessoas | Grau de dificuldade: Fácil | Tempo: 60 minutos
Produto Preço Quantidade Valor Real
Kumquat 12,95 € 0,2 kg 2,59 €
Manteiga 5,96 € 0,04 kg 0,24 €
Farinha 0,72 € 0,05 kg 0,04 €
Leite 0,72 € 0,2 kg 0,14 €
Açúcar 0,92 € 0,12 kg 0,11 €
Ovos 0,09 € 4 uni 0,36 €
Total: 3,48 €
1º - Unte taças com manteiga e polvilhe com açúcar
2º- Pré-aquecer forno a 200ºC
3º - Abra os frutos e retire as sementes
4º - Triture (sem retirar casca) e passe a polpa por um coador ou peneiro
5º - Dissolva o açúcar no leite
6º - Derreta a manteiga num tacho, adicione a farinha e mexa bem para que ligue. Junte o leite aos poucos e
mexa bem para que não crie grumos e deixe cozer um pouco. Este preparado deverá ficar bem espesso
7º - Adicione a polpa de kumquat, as gemas e envolva bem
8º - Bata as claras em castelo e envolva cuidadosamente
9º - Encha cada taça com a massa até 2/3 e leve ao forno pré-aquecido a 200º C durante 10/12 minutos
10º - Polvilhe com açúcar em pó e servir ainda quente
C
o
m
p
r
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Sobremesa
por 0,87 € /
pessoa
Pedro LeitePedro LeitePedro Leite
Estudante de cozinha na Escola
de Hotelaria e Turismo de
Coimbra
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A sobremesa de Pedro Leite
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Modo de Preparação F
oto
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Poupar mais
Camilo LourençoCamilo LourençoCamilo Lourenço Jornalista de Economia
CL: O melhor é dizer que
não se pode gastar acima
das nossas posses.
VM: Onde cortar nas
despesas da casa? CL: Nas coisas supérfluas:
ineficiência energética,
água, etc. Mas sobretudo
nas despesas que não são
fundamentais para o nosso
dia a dia. Por outro lado,
na conjuntura actual, é
melhor optar pelo arrenda-
mento e não pela compra
de casa.
VM: Quais as medidas a
implementar nas famílias
portuguesas agora que o
FMI está cá? CL: Não gastarem acima
das suas posses
VM: É seguro ter dinhei-
ro nos bancos?
CL: É mais seguro do que
ter o dinheiro em baixo do
colchão.
VM: Dicas para poupar
dinheiro nas acções do
dia-a-dia. CL: São muitas as coisas
que podem ser feitas. Por
exemplo, não comer tantas
vezes fora. Por exemplo
não levar o carro todos os
dias para o trabalho. Por
exemplo usar o carro de
forma moderada nos fins-
de-semana. As compras
nos supermercados devem
ser feitas segundo uma
lista rigorosamente planea-
da.
As compras nos supermer-
cados devem ser feitas
segundo uma lista rigoro-
samente planeada. Não
gastar dinheiro só em coi-
sas de marca; as marcas
brancas (também na roupa
e higiene) são um bom
substituto para as marcas.▪
CLAUDIA ROCHA e LIANE CAROLI-
NA CAMACHO
Viver mais (VM): Como
são os hábitos de pou-
pança dos portugueses?
São um povo poupado
ou gastador?
Camilo Lourenço (CL):
São um povo que já foi
aforrador e que hoje gasta
o que tem... e o que não
tem. Veja o último gráfico
da poupança em Portugal,
divulgado pela Católica,
que está ao nível mais
baixo desde 2001.
VM: Os portugueses
sabem organizar o seu
orçamento?
CL: Não me parece. Caso
contrário não haveria tan-
tas famílias em dificulda-
des por se terem endivida-
do em excesso. 599 mil
famílias deixaram de
pagar os créditos ao con-
sumo…
VM: O que são despesas
desnecessárias?
Cuidados ao reservar hotéis pela net
Truques para poupar
tacto (número de telefone,
e-mail) e identificação do
sítio (entidade proprietária,
morada); clareza do local
(categoria, popularidade,
preço); facilidade de locali-
zação (importante para
quem não conhece bem o
local a visitar); acesso às
condições de utilização do
serviço e às do contrato.
Esse mesmo estudo serviu,
ainda, para verificar que as
páginas na internet de
hotéis nacionais disponibi-
lizam pouca informação ao
consumidor. A Deco acon-
selha, ainda, a comparar
preços antes de fazer qual-
quer reserva. É importante
visitar vários sites de
hotéis antes de tomar uma
decisão, pois há casos em
que as diferenças de pre-
ços são abismais. Procure
informar-se sobre as carac-
terísticas oferecidas pelo
alojamento e compare
valores. Portanto, antes de
traçar o seu destino, pes-
quisar é essencial. ▪
A facilidade do
acesso à
internet faz
com que mui-
tos portugueses utilizem
este meio para planear e
reservar as suas férias.
Recentemente, a Deco fez
um estudo acerca da reser-
va de hotéis pela internet.
A conclusão obtida foi a
seguinte: é necessário
pesquisar muito bem e ter
em atenção vários critérios
antes de agir. Tenha em
conta: a facilidade de con-
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lico
Foto Direitos Reservados
Foto Direitos Reservados
Poupe combustível, proteja o ambiente
Sabia que o seu compor-
tamento na estrada
influencia o consumo e a
emissão de poluentes?
Existem várias ações que
permitem poupar algum
dinheiro e minimizar as
consequências negativas
para o ambiente. Nas
suas deslocações diárias,
o ideal seria deixar o
automóvel em casa, mas
se não pode evitar utilizá
-lo, tome nota de alguns
conselhos e truques que
podem fazer a diferença
no seu orçamento. De
que está à espera para
poupar?
Rotações
Num motor a gasolina, evite
ultrapassar as 3 mil rotações
por minuto e num motor a
gasóleo evite as 2500. Passe
para a mudança seguinte.
Mudança
Nas descidas e travagens,
mantenha uma mudança
engrenada, pois o consumo
será nulo.
Semáforo fechado
Quando se encontrar a alguma
distância, não acelere para
travar em cima. Abrande, para
que possa acelerar de novo
quando abrir.
Peso na bagageira
Retire objetos desnecessários
da bagageira, pois o consu-
mo aumenta 7 por cento por
cada 100 kg a mais.
Conduzir por antecipa-
ção
De forma a evitar trava-
gens repentinas e mano-
bras bruscas, esteja atento
ao veículo que esteja à
Motor desligado
Procure arrancar com suavi-
dade quando fizer paragens
superiores a 1 minuto.
Autoestrada
Se conduzir a uma velocidade
média de 100 km/h, reduzirá
no consumo e aumentará a
segurança.
Ar condicionado
Para poupar o ambiente e
combustível, limite o uso do
ar condicionado. Nas autoes-
tradas poupa entre 15 a 20 por
cento de combustível e na
cidade 30 por cento.
Evitar usar o carro
Se o percurso for curto, prefira
utilizar uma bicicleta ou vá a
pé. Além de não prejudicar o
ambiente, poupa na carteira.
Há pequenas atitudes que fazem a diferença...
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Isabel AlvesIsabel AlvesIsabel Alves
Professora na Universi-
dade de Trás-os-Montes
e Alto Douro
tem analisar o modo como o
discurso literário definiu a
relação do homem com tudo
aquilo que o rodeia. Conhe-
cendo melhor os sistemas éti-
cos que conduziram o ser
humano a cultivar uma relação
de indiferença e desrespeito,
melhor poderão ser as respos-
tas e mais respeitadoras as
soluções.
Os bons textos ajudam a esta-
belecer uma mais sólida com-
preensão do mundo; atuando
sobre a consciência, uma aná-
lise ecocrítica alerta-nos para a
relação intrínseca entre um
planeta empobrecido do ponto
de vista da biodiversidade e a
pobreza das nossas vidas.
Direcionando o pensamento
para a necessidade de repen-
sarmos e alargarmos as nossas
preocupações éticas, a ecocrí-
tica promove a atenção. Daí o
verso de Llansol como interpe-
lação a cada um de nós: não
precisaremos de estar mais
atentos? ▪
1 Maria Gabriela Llansol. Amigo e
Amiga: Curso de Silêncio de 2004.
Lisboa: Assírio & Alvim, 2005, p.178.
Num tempo em que diferentes
áreas do saber alertam para a
necessidade de se cuidar do
planeta, as Humanidades enten-
deram que não podiam ficar à
margem desta luta.
Assim, na década de noventa
do século vinte, e sobretudo em
universidades americanas, tem
início uma linha crítica – a
ecocrítica - que, adotando um
método interdisciplinar, tem
como objetivo sublinhar a
importância do mundo natural
tal como surge representado em
textos literários. A ecocrítica
tem como interesse principal a
interrelação do indivíduo com
todos os outros seres que cons-
tituem os ecossistemas, expon-
do, paralelamente, a frágil teia
dos equilíbrios naturais. Além
do mais, esta perspetiva crítica
sublinha a necessidade de um
olhar ambientalmente infor-
mado e de uma ética que pro-
mova o respeito pelo ‗outro‘,
sendo que esse ‗outro‘ abran-
ge também o ar, a água, o
solo, os animais e plantas.
Como refere Aldo Leopold,
uma ética da terra implica res-
peito não só pelos homens, mas
pela comunidade considerada
coletivamente: a terra.
Da confluência de saberes em
redor do ambiente, o que se
tem vindo a perceber é que os
problemas ambientais não
podem ser solucionados tendo
em conta apenas uma visão
tecnicista; é necessário revolu-
cionar sensibilidades, compor-
tamentos, leituras. É, por isso,
imperioso dar voz àqueles que
apresentam modelos alternati-
vos de leitura do mundo, quer
isto dizer, que enunciam a
importância de quotidiana-
mente fazermos nascer
momentos de atenção para
com o mundo natural, atitude
que, provavelmente, nos fará
tomar consciência da forma
desastrosa como o homem tem
atuado sobre os ecossistemas e
de como foi perdendo a capa-
cidade de se maravilhar peran-
te manifestações da natureza.
As Humanidades, e aqui
incluímos a História, a Antro-
pologia, a Filosofia, podem
não ter soluções práticas para,
por exemplo, combater as alte-
rações climáticas, mas pos-
suem ferramentas que permi-
Os problemas ambientais
não podem ser
solucionados tendo em conta
apenas uma visão tecnicista
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Quem precisa que um ramo entre na sua vida?1
Mundo Verde
―forma adequada‖.
Assim, Humberto Rosa rejei-
ta que os parques estejam
―sem capacidade de interven-
ção e sem assegurar que
aqueles troços de território
mantêm uma marca distinti-
va especial e particular‖.
Sobre as relações com os
autarcas e munícipes, o
secretário de Estado do
Ambiente reconhece a exis-
tência de pressões. No entan-
to, nos planos de ordenamen-
to, ―acho que fizemos um
trabalho de vulto e importan-
te, aprovamos 17 planos de
ordenamento, 14 deles em
O secretário de
Estado do
A m b i e n t e ,
H u m b e r t o
Rosa, admitiu à Lusa, que
os parques naturais devem
ter financiamento alterna-
tivo às transferências do
Orçamento de Estado para
fazer face às limitações
financeiras atuais.
Reagindo às críticas dos
ambientalistas e reconhecen-
do que os ―parques naturais
têm carência de recursos‖,
Humberto Rosa defendeu
que ―o país deve ponderar
formas adicionais de finan-
ciamento dos parques natu-
rais que não sejam apenas
transferências do Orçamento
do Estado‖.
―Podemos considerar políti-
cas fiscais ou outras que
mobilizem recursos para a
conservar da natureza, por-
que ela gera mais-valias
económicas e sociais‖,
explicou o governante,
acrescentando que a recente
―reorganização e reestrutu-
ração‖ do Instituto de Con-
servação Nacional e Biodi-
versidade (ICNB) permitiu
―garantir que os parques
naturais são geridos‖ de
áreas protegidas‖.
―Tenho a convicção profun-
da de que os planos de orde-
namento que temos, sem
serem perfeitos, nos servem
melhor do que a sua inexis-
tência e atingem uma conci-
liação muito razoável entre
atividade humana e conser-
vação‖ até porque são uma
solução ―potenciadora de
atividades económicas como
o turismo natureza‖, salien-
tou, concluindo que ―ordenar
e restringir é muitas vezes
potenciar certas formas de
atividade, porventura em
detrimento de outras‖. ▪
Parques Naturais precisam de mais financiamento
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Primeiro hotel com energias renováveis
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de lazer‖.
Para Hermínio Loureiro,
presidente da Câmara de Oli-
veira de Azeméis, a explora-
ção do hotel ―integra-se na
componente turística do pro-
jeto de preservação e requali-
ficação das margens do Cai-
ma‖, que se propõe valorizar
40 hectares de terreno em
torno da unidade e transfor-
má-los no Parque Natural
Bento Carqueja. ―São bem
evidentes as preocupações
ambientais do projeto e
vamos ter um rio Caima des-
poluído e atrativo, o que, na
área económica, será poten-
ciador de riqueza para o
município‖, concluiu. Com
uma suite presidencial e qua-
tro alojamentos comunicantes
entre os 30 quartos, o edifício
principal inclui o SPA com
piscina interior e exterior,
biblioteca e uma área de
pequenos-almoços. As res-
tantes refeições são servidas
no HC Restaurante, que, com
um bar e um salão de eventos
para 180 pessoas, presta
homenagem à bicentenária
Hídrica do Caima. Os preços
nesta unidade hoteleira com-
preendem-se entre os 80 e os
180 euros. ▪
O Hotel Rural
Vale do Rio,
em Oliveira de
Azeméis, Avei-
ro, é o primeiro do país a
funcionar inteiramente
com energias renováveis,
recorrendo a uma central
hídrica e uma caldeira de
biomassa.
Rita Alves, diretora desta
unidade hoteleira de quatro
estrelas situada nas margens
do Rio Caima, em Palmaz,
garantiu, à Lusa, que
―podem existir outros hotéis
com preocupações ambien-
tais, mas este é o primeiro
desta dimensão a funcionar
apenas com energia verde –
tem 30 quartos e, recorren-
do a várias soluções técni-
cas, está apto a produzir
mais energia do que aquela
de que precisa‖.Ocupa uma
área de 10 mil metros qua-
drados – além do hotel com
o SPA Four Elements,
inclui também o edifício da
mini hídrica, restaurante,
salão de eventos e uma vas-
ta área arborizada – e o
empreendimento custou seis
milhões de euros, sendo que
20% desse investimento foi
aplicado em recursos ener-
géticos. André Alegria, um
dos gerentes, revelou que a
aposta se materializou numa
caldeira de biomassa alimen-
tada a pellets e estilha, um
―chiller‖ de absorção, uma
hídrica ativada pelo caudal
do rio, painéis solares, tér-
micos e fotovoltaicos e um
motor a óleo vegetal.
―Concorremos à certificação
energética A++, que é a atri-
buída a edifícios que, mais
do que produzir energia, têm
capacidade para vendê-la‖,
explicou.
Rita Alves afiançou ainda de
que ―todo o hotel foi pensa-
do para vender sossego, não
só por esta preocupação
ambiental, empenhada na
preservação da beleza deste
parque, mas também a nível
paisagístico, já que todos os
quartos, sem exceção, têm
vista para o rio‖. A unidade
hoteleira deverá ser
―bastante procurada pela
classe empresarial, porque
se situa numa zona sossega-
da‖, mas a diretora do hotel
aponta como público-alvo o
turista sénior e os grupos
familiares, que apreciarão a
―tranquilidade do local e o
potencial da zona em termos
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Pormenores
Localização: em Palmaz,
Oliveira de Azeméis
Área: 10 mil m2
Categoria: hotel de 4
estrelas
Custo: 6 milhões de euros
30 quartos com vista para
o Rio Caima
Preços: de 80 a 180 euros
Energias renováveis atra-
vés de uma Central
Hídrica e de uma Caldei-
ra de Biomassa
Hotel Rural Vale do Rio, o primei-
ro hotel do país a funcionar com
energias renováveis
Lâmpadas LED iluminam via pública
A primeira
“aldeia LED”
de Portugal
nasceu, no
passado mês de Abril, em
pleno coração do Parque
Natural da Serra da
Estrela.
A tecnologia LED (Light
Emitting Diode) possibili-
tará uma redução dos con-
sumos energéticos de apro-
ximadamente 70 por cento
na iluminação pública de
Cabeça, no concelho de
Seia. ―A mudança repre-
senta não só uma redução
de custos, mas também
uma mudança nas mentali-
dades, impulsionando a
preocupação com o meio
ambiente por parte das
populações e entidades
públicas‖, disse a autar-
quia, à Lusa.
Esta tecnologia começou
por ser utilizada nos siste-
mas de iluminação, em
2008, e as estimativas
apontam para que em 2020
cerca de 80 por cento da
iluminação pública, na
Europa, seja feita com lâm-
padas LED.
Mas já em 2009, Portugal
tinha inaugurado a primei-
ra autoestrada da Europa
iluminada com tecnologia
LED. O nó de Angeja,
distrito de Aveiro, foi o
primeiro projeto de eficiên-
cia energética na ilumina-
ção pública de autoestradas
da Europa. Mais de 200
luminárias foram instala-
das e estão a evitar a emis-
são de mais de 40 tonela-
das de dióxido de carbono
por ano. Para divulgar e
demonstrar os benefícios
desta tecnologia, a empresa
EnergiaViva está a desen-
volver o ―Projecto Rua
LED‖, que consiste na
execução de um ―projecto
experiência‖, ou seja, uma
rua LED, em diversas
autarquias do País. Por
isso, já estão inscritas na
comunidade LED cerca de
13 entidades, entre empre-
sas e autarquias.
―O projecto tem servido
paralelamente para campa-
nhas de sensibilização,
com os municípios e a
EnergiaViva a revelar o
contributo da Rua LED na
redução de consumo, pou-
pança financeira e redução
de emissão de CO2‖, afir-
mou a empresa EnergiaVi-
va. ▪
Mais Tecnologia
Primeira autoestrada da Europa ilu-
minada a LED
Pormenores
Primeira autoestrada: nó de
Angeja (Aveiro)
Já foram instaladas mais de
200 luminárias, que permi-
tem evitar a emissão de mais
de 40 toneladas de dióxido
de carbono por ano.
tudo, ao último semestre de
2010, numa recolha que
incluiu mais de 100 mil com-
putadores por todo o país.
Sérgio Martinho afirmou que
―os consumidores estão cada
vez mais na mira dos ciber-
criminosos‖, particularmente
através das redes sociais.
O responsável
da Microsoft Portugal reco-
menda aos utilizadores que
não circulem programas de
que não conhecem a origem,
que não descarreguem fichei-
ros que não sejam
―genuínos‖, sejam eles anti-
vírus, filmes ou jogos.
―Antigamente, os computa-
dores ficavam lentos ou não
iniciavam, mas agora o cri-
minoso não quer que o con-
sumidor se aperceba‖ da
infeção, alerta Sérgio Marti-
P ortugal incorpora
o grupo dos cinco
países que melho-
raram, em termos
de segurança informática,
contra infeções de
'software' mal-
intencionado, revelou a
Microsoft no seu décimo
Relatório de Inteligência de
Segurança, que reúne
informação de 600 milhões
de computadores de apro-
ximadamente 117 países.
Apesar de várias oscilações
desde 2009, Portugal termi-
nou o último trimestre de
2010 “com melhoramentos
significativos‖ em relação ao
final do ano transato, passan-
do de 25 ―computadores lim-
pos por mil‖ para 15,6, uma
redução de 37,6 por cento, tal
como avança o relatório.
A empresa utiliza a medida
―computadores limpos por
mil‖ para avaliar a segurança
informática de cada país,
sendo que esta medida
―representa o número de
computadores relatados lim-
pos para cada mil execuções
da Ferramenta de remoção de
'software' mal-intencionado
do Microsoft Windows‖.
O responsável pela área
de Segurança e Estratégia de
Plataformas da Microsoft
Portugal, Sérgio Martinho,
disse à Lusa que ―as coisas
estão no bom caminho‖, mas
salvaguarda que ―não é tem-
po de baixar a guarda‖, uma
vez que Portugal ainda está
―bastante acima‖ da média
mundial.
Os números do relatório da
Microsoft referem-se, sobre-
De acordo com o comunica-
do enviado pela Microsoft,
―a categoria de 'malware' foi
a mais comum registada em
Portugal, ao longo do quarto
trimestre de 2010, tendo o
'software potencialmente
indesejado' afetado cerca de
34,7 por cento de todos os
computadores infetados,
comparativamente aos 27 por
cento registados no terceiro
trimestre‖.
A redução alcançada por
Portugal permite que se junte
ao grupo dos cinco países
que mais apresentaram
melhorias entre o último tri-
mestre de 2009 e o período
correspondente de 2010, no
qual se encontram também
Bahrein, Brasil, China e Rús-
sia. ▪
Combate a software
malicioso melhorou
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Benvindo — é utilizado como
nome próprio. Exemplo: Chamo-
me Benvindo Correia
Bem-vindo — referente aquele
que é recebido com prazer
Alugar — significa dar ou tomar de aluguer.
Alugam-se bens móveis: barcos, bicicletas,
motas, carros...
Arrendar — refere-se a dar a forma de renda
a. Arrendam-se bens imóveis: casas, escritórios,
lojas...
Português Mal Tratado Concerto — referente à execução de
um trecho musical. Exemplo: Logo há
concerto na cidade.
Conserto — consiste no ato de conser-
tar, na reparação de uma coisa deteriora-
da ou em mau estado. Exemplo: Aqui
faz-se conserto de calçado.
EnvieEnvie--nos os erros que nos os erros que
encontra para o encontra para o
seguinte endereço:seguinte endereço:
[email protected]@gmail.com
Não perca, na próxima quinzena,
a explicação da diferença entre
eminente eminente e iminênciaiminência!
Aderência ou adesãoAderência ou adesãoAderência ou adesão AdesãoAdesão é o acto de aderir.
Exemplo: A adesão do público foi evidente.
AderênciaAderência é uma característica física dos objetos.
Exemplo: Este pneu tem pouca aderência ao piso
Em análise….Em análise….Em análise….
Goluseima — não existe no dicionário de
Língua Portuguesa
Guloseima — é um doce, manjar saboroso.
O mesmo que gulodice.
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Localização: Alto Minho
Nº de Habitantes no Município: 91 mil habitantes
Caraterísticas: pouco tráfego, tranquilidade, cidade saudável, praias com bandeira azul
Interesses: Monte de Santa Luzia, Praias, Navio-Hospital Gil Eanes, Museu do ouro e do
traje, artesanato
Francisco Peixoto
21 anos
Estudante
Gosto… do ar, das diversas praias
com muita qualidade, da limpeza que
a cidade apresenta, justificando o
slogan “cidade saudável” e da belís-
sima vista que o Monte de Santa
Luzia oferece, pois é algo que deixa
os Vianenses bastante orgulhosos
Aconselho a mudar… o espírito
empreendedor, a falta de dinamismo
(sobretudo aos fins-de-semana) e a
elevada quantidade de parques de
estacionamento a pagar que afasta
muitas pessoas da cidade.
Gosto… da gastronomia, do ambien-
te, das paisagens, das praias. É uma
cidade com pouco tráfego, saudável e
segura.
Aconselho a mudar… os horários
dos transportes, pois são pouco flexí-
veis, a falta de dinamismo noturno na
cidade e os parques de estacionamen-
to a pagar.
Gosto… dos jardins, da limpeza da
cidade e da Praça da República porque
é uma zona histórica e de convívio.
Aconselho a mudar… o horário dos
transportes públicos, o local do merca-
do pois está mal situado e o funciona-
mento do Centro de Saúde e das
urgências
Benvindo Rocha 49 anos
Empresário
Augusto Moreira 74 anos
Reformado
Fo
to:
Lia
ne
Caro
lin
a C
am
ach
o
A minha cidade...
Viana do Castelo