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Rio de Janeiro, 21 de março de 2016 ISSN: 2446-7014 • Número 30 BOLETIM GEOCORRENTE O Boletim Geocorrente é uma publicação quinzenal vinculada ao Núcleo de Avaliação da Conjuntura (NAC), do Centro de Estudos Político-Estratégicos (CEPE) da Escola de Guerra Naval (EGN). O NAC possui o objetivo de acompanhar a Conjuntura Internacional sob o olhar teórico da Geopolítica, a fim de ampliar o conhecimento por meio da elaboração deste boletim, além de outros produtos que porventura venham a ser demandados pelo Estado-Maior da Armada. Para isso, o grupo de pesquisa ligado ao Boletim conta com integrantes de diversas áreas de conhecimento, cuja pluralidade de formações e experiências proporciona uma análise ampla de contextos e cenários geopolíticos e, portanto, um melhor entendimento dos problemas correntes internacionais. Assim, procura-se identificar os elementos agravantes, motivadores e contribuintes para a escalada de conflitos e crises em andamento, bem como, seus desdobramentos. NORMAS DE PUBLICAÇÃO Esse Boletim tem como objetivo publicar artigos curtos tratando de assuntos da atualidade e, eventualmente, de determinados temas de caráter geral sobre dez macrorregiões do Globo, a saber: América do Sul; América do Norte e Central; África Subsaariana; Oriente Médio e Norte da África; Europa; Rússia e ex-URSS; Sul da Ásia; Leste Asiático; Sudeste Asiático e Oceania; Ártico e Antártica. Ainda, algumas edições contam com a seção “Temas Especiais”, voltada a artigos que abordam assuntos não relacionados, especificamente, a uma das regiões supracitadas. Para publicar nesse Boletim, faz-se necessário que o autor seja pesquisador do Grupo de Geopolítica Corrente, do Núcleo de Avaliação da Conjuntura da Escola de Guerra Naval e submeta seu artigo contendo, no máximo, 350 palavras ao processo avaliativo. A avaliação é feita por pares, sem que os revisores tenham acesso ao nome do autor (blind peer review). Ao fim desse processo, o autor será notificado via e-mail de que seu artigo foi aceito (ou não) e que aguardará a primeira oportunidade de impressão. CORRESPONDÊNCIA Escola de Guerra Naval – Centro de Estudos Político-Estratégicos. Av. Pasteur, 480 - Praia Vermelha – Urca - CEP 22290-255 - Rio de Janeiro/RJ - Brasil (21) 2546-9394 E-mail: [email protected]. Aos cuidados do Editor Responsável do Boletim Geocorrente. Editor Responsável Leonardo Faria de Mattos (EGN) Editor Científico Francisco Eduardo Alves de Almeida (ISCSP- Univ. Lisboa) Editores Adjuntos Danillo Avellar Bragança (UERJ) Felipe Augusto Rodolfo Medeiros (EGN) Jéssica Germano de Lima Silva (EGN) Noele de Freitas Peigo (FACAMP) Pesquisadores do Núcleo de Avaliação da Conjuntura André Figueiredo Nunes (UFRJ) Ariane Dinalli Francisco (PUC - Rio) Caio Ferreira Almeida (Univ. Tartu) Carlos Henrique Ferreira da Silva Júnior (UFRJ) Daniel Costa Sampaio de Araujo (IUPERJ) Dominique Marques de Souza (UFRJ) Eliza Carvalho Camara Araujo (UERJ) Franco Aguiar de Alencastro Guimarães (PUC - Rio) João Victor Marques Cardoso (UFF) José Gabriel de Melo Pires (UFRJ) Lais de Mello Rüdiger (UFRJ) Louise Marie Hurel Silva Dias (PUC - Rio) Luciane Noronha Moreira de Oliveira (EGN) Luma Teixeira Dias (UFRJ) Marcelle Siqueira Santos (UERJ) Marcelle Torres Alves Okuno (IBMEC) Matheus Souza Galves Mendes (UFRJ) Pedro Allemand Mancebo Silva (UFRJ) Pedro Emiliano Kilson Ferreira (UFF) Pedro Mendes Martins (UERJ) Philipe Alexandre Junqueira (UERJ) Raissa Pose Pereira (UFRJ) Sara Oliveira Dantas (IBMEC) Stefany Lucchesi Simões (UNESP) Thayná Fernandes Alves Ribeiro (UFRJ) Vinícius de Almeida Costa (UFRRJ) Vinicius Guimarães Reis Gonçalves (UFRJ) Vivian de Mattos Marciano (UFRJ) Yago Vieira de Oliveira Almeida (UFRRJ) CONSELHO EDITORIAL SUMÁRIO Os textos contidos nesse Boletim são de responsabilidade única dos membros do Grupo, não retratando a opinião oficial da Escola de Guerra Naval nem da Marinha do Brasil. Bioceanidade: eixo estratégico de integração (Pag. 2) Possíveis vantagens estratégicas de La Guajira para as FARC (Pag. 2) Breve síntese das Marinhas centro-americanas (Pag.3) Expansão do poderio chinês no Chifre da África (Pag. 3) Egito de Sisi: aspectos domésticos e o jogo de poder (Pag. 4) Catar, o maior exportador mundial de GNL (Pag. 5) Alternativa turca à crise migratória (Pag. 5) Do campo de batalha à mesa de negociação: a retirada das tropas russas na Síria (Pag. 6) Presença militar chinesa no Corredor Econômico China-Paquistão (Pag.6) Aumenta a cooperação militar Seul-Washington (Pag. 7) EUA e Austrália preocupam Pequim (Pag. 8) Indonésia: desenvolvimento soberano? (Pag. 8) John Stennis Carrier Strike Group chega ao Mar do Sul da China (Pag. 9) Lançada a pedra fundamental da nova Estação Comandante Ferraz (Pag. 9) Artigos selecionados e notícias de Defesa (Pag. 10)

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Rio de Janeiro, 21 de março de 2016 ISSN: 2446-7014 • Número 30

BOLETIM GEOCORRENTEO Boletim Geocorrente é uma publicação quinzenal vinculada ao Núcleo de Avaliação da Conjuntura (NAC), do Centro de Estudos Político-Estratégicos (CEPE) da Escola de Guerra Naval (EGN). O NAC possui o objetivo de acompanhar a Conjuntura Internacional sob o olhar teórico da Geopolítica, a fim de ampliar o conhecimento por meio da elaboração deste boletim, além de outros produtos que porventura venham a ser demandados pelo Estado-Maior da Armada.Para isso, o grupo de pesquisa ligado ao Boletim conta com integrantes de diversas áreas de conhecimento, cuja pluralidade de formações e experiências proporciona uma análise ampla de contextos e cenários geopolíticos e, portanto, um melhor entendimento dos problemas correntes internacionais. Assim, procura-se identificar os elementos agravantes, motivadores e contribuintes para a escalada de conflitos e crises em andamento, bem como, seus desdobramentos.

NORMAS DE PUBLICAÇÃOEsse Boletim tem como objetivo publicar artigos curtos tratando de assuntos da atualidade e, eventualmente, de determinados temas de caráter geral sobre dez macrorregiões do Globo, a saber: América do Sul; América do Norte e Central; África Subsaariana; Oriente Médio e Norte da África; Europa; Rússia e ex-URSS; Sul da Ásia; Leste Asiático; Sudeste Asiático e Oceania; Ártico e Antártica. Ainda, algumas edições contam com a seção “Temas Especiais”, voltada a artigos que abordam assuntos não relacionados, especificamente, a uma das regiões supracitadas.Para publicar nesse Boletim, faz-se necessário que o autor seja pesquisador do Grupo de Geopolítica Corrente, do Núcleo de Avaliação da Conjuntura da Escola de Guerra Naval e submeta seu artigo contendo, no máximo, 350 palavras ao processo avaliativo. A avaliação é feita por pares, sem que os revisores tenham acesso ao nome do autor (blind peer review). Ao fim desse processo, o autor será notificado via e-mail de que seu artigo foi aceito (ou não) e que aguardará a primeira oportunidade de impressão.

CORRESPONDÊNCIAEscola de Guerra Naval – Centro de Estudos Político-Estratégicos. Av. Pasteur, 480 - Praia Vermelha – Urca - CEP 22290-255 - Rio de Janeiro/RJ - Brasil (21) 2546-9394E-mail: [email protected] cuidados do Editor Responsável do Boletim Geocorrente.

Editor ResponsávelLeonardo Faria de Mattos (EGN)

Editor CientíficoFrancisco Eduardo Alves de Almeida (ISCSP- Univ. Lisboa)

Editores AdjuntosDanillo Avellar Bragança (UERJ)

Felipe Augusto Rodolfo Medeiros (EGN)Jéssica Germano de Lima Silva (EGN)

Noele de Freitas Peigo (FACAMP)

Pesquisadores do Núcleo de Avaliação da ConjunturaAndré Figueiredo Nunes (UFRJ)

Ariane Dinalli Francisco (PUC - Rio)Caio Ferreira Almeida (Univ. Tartu)

Carlos Henrique Ferreira da Silva Júnior (UFRJ)Daniel Costa Sampaio de Araujo (IUPERJ)

Dominique Marques de Souza (UFRJ)Eliza Carvalho Camara Araujo (UERJ)

Franco Aguiar de Alencastro Guimarães (PUC - Rio)João Victor Marques Cardoso (UFF)José Gabriel de Melo Pires (UFRJ)

Lais de Mello Rüdiger (UFRJ)Louise Marie Hurel Silva Dias (PUC - Rio)

Luciane Noronha Moreira de Oliveira (EGN)Luma Teixeira Dias (UFRJ)

Marcelle Siqueira Santos (UERJ)Marcelle Torres Alves Okuno (IBMEC)Matheus Souza Galves Mendes (UFRJ)Pedro Allemand Mancebo Silva (UFRJ)Pedro Emiliano Kilson Ferreira (UFF)

Pedro Mendes Martins (UERJ) Philipe Alexandre Junqueira (UERJ)

Raissa Pose Pereira (UFRJ)Sara Oliveira Dantas (IBMEC)

Stefany Lucchesi Simões (UNESP) Thayná Fernandes Alves Ribeiro (UFRJ)

Vinícius de Almeida Costa (UFRRJ)Vinicius Guimarães Reis Gonçalves (UFRJ)

Vivian de Mattos Marciano (UFRJ)Yago Vieira de Oliveira Almeida (UFRRJ)

CONSELHO EDITORIAL

SUMÁRIO

Os textos contidos nesse Boletim são de responsabilidade única dos membros do Grupo, não retratando a opinião oficial da Escola de Guerra Naval nem da Marinha do Brasil.

Bioceanidade: eixo estratégico de integração (Pag. 2)Possíveis vantagens estratégicas de La Guajira para as FARC (Pag. 2)Breve síntese das Marinhas centro-americanas (Pag.3)Expansão do poderio chinês no Chifre da África (Pag. 3)Egito de Sisi: aspectos domésticos e o jogo de poder (Pag. 4)Catar, o maior exportador mundial de GNL (Pag. 5)Alternativa turca à crise migratória (Pag. 5)Do campo de batalha à mesa de negociação: a retirada das tropas russas na Síria (Pag. 6)

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Presença militar chinesa no Corredor Econômico China-Paquistão (Pag.6)Aumenta a cooperação militar Seul-Washington (Pag. 7) EUA e Austrália preocupam Pequim (Pag. 8)Indonésia: desenvolvimento soberano? (Pag. 8)John Stennis Carrier Strike Group chega ao Mar do Sul da China (Pag. 9)Lançada a pedra fundamental da nova Estação Comandante Ferraz (Pag. 9)Artigos selecionados e notícias de Defesa (Pag. 10)

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América do Sul

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Bioceanidade: eixo estratégico de integração Por: Carlos Henrique A bioceanidade consiste em um país possuir litoral em dois oceanos. De acordo com Golbery do Couto e Silva, esta é uma característica geopolítica considerada possível de o Brasil alcançar. Atualmente, empresas chinesas (como o Banco de Desenvolvimento da China) e alemãs (como o Deutsche Bahn) demonstram interesse no investimento para a construção do Corredor Ferroviário Bioceânico Central (CFBC), que ligará o porto de Santos, no Brasil, ao porto de Ilo, no Peru. Em 2015, o Estado asiático e os dois sul americanos haviam acordado que a Bolívia não participaria do projeto, com especulações de que seria uma reação à política externa de Evo Morales. Desde o asilo político concedido pelo Brasil ao ex-senador boliviano Roger Pinto, o vizinho passou dois anos sem enviar um embaixador ao Itamaraty e, atualmente, o posto segue vazio. Contudo, a necessidade de manter boas relações com seus vizinhos reverteu o cenário este ano. Passando pela Bolívia, o trajeto torna-se mais curto e menos custoso, uma vez que a malha ferroviária necessária no país já está em grande parte pronta. São vários os interesses no CFBC: no geral, a redução nos custos logísticos. Em particular, a China possui interesses a longo prazo na garantia de matérias primas e alimentos, o que tange especialmente o Brasil, principal exportador de soja para o país. O gigante sul americano enxerga no projeto a integração dos seus principais centros de produção com economias mais afastadas, como Acre e Rondônia, além da saída para o Pacífico como intensificação do comércio com os países andinos e asiáticos. Também se aproximaria das zonas peruanas de produção de fosfato, cal e outros minerais, que servem para enriquecimento do solo. Outro aspecto importante, do ponto de vista da segurança, é que o corredor ocupará parte do espaço onde hoje estão as maiores produções de coca do Peru. Até maio deste ano, serão divulgados maiores detalhes do CFBC para os financiadores, incluindo a análise de riscos, já que passará por áreas sensíveis da região amazônica. O corredor reforça o discurso de integração regional, sendo agora intermediado, pessoalmente, pelo secretário geral da UNASUL, Ernesto Samper, e colocado como prioritário na pasta do Conselho Sul Americano de Infraestrutura e Planejamento.

Possíveis vantagens estratégicas de La Guajira para as FARC Por: Lais Rüdiger Em 18 de fevereiro, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) realizaram uma visita não autorizada ao município de Fonseca, localizado no departamento de La Guajira (imagem), onde foi realizado uma espécie de comício. Em resposta, o presidente Juan Manuel Santos suspendeu a permissão concedida para que o grupo fizesse sua “pedagogia de paz” e ordenou o regresso dos guerrilheiros para Cuba. Três dias depois, as FARC emitiram um comunicado oficial, afirmando que não haviam violado nenhum protocolo estabelecido e argumentando que o processo com o qual realizam suas negociações de paz não os impedia de dialogar com a população local das zonas visitadas e que isso não significaria proselitismo político. Tal ato reuniu as chamadas organizações legais e o braço armado da guerrilha, contando, ainda, com a presença da Frente 59 das FARC, atuante em La Guajira, e que panfletou a mensagem de “transformar cada organização da comunidade em um comitê de execução e verificação de acordos”. Ao que tudo indica, a

Foto: Wikipedia. Mapa do Municipio de Fonseca, La Guajira.

América do Sul

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demora de uma solução consistente para implementação da paz está sendo utilizada como argumento para impulsionar o grupo a tomar tais atitudes e conseguir o apoio da população. La Guajira é situada no extremo nordeste do território colombiano, fronteira com a Venezuela e em uma posição altamente estratégica voltada para o Mar do Caribe. O setor primário rege 70% da economia, com a mineração que abrange a exploração de salinas e reservas de gás natural. Ouro e carvão, explorados de forma ilegal, também são recursos encontrados na zona fronteiriça. Desde os anos 1970, o local tem sido ponto de chegada de movimentos imigratórios de países do Oriente Médio, fato que gerou um crescimento populacional acelerado, com destaque para a comunidade árabe, que vem desenvolvendo um papel fundamental na economia da região. Para as FARC, La Guajira pode significar um campo estratégico de atuação, tanto pela localização geográfica quanto pela constituição da população.

Expansão do poderio chinês no Chifre da África Por: Vivian Mattos A região do estreito de Bab-el-Mandeb, posição estratégica que separa o Chifre da África da Península Arábica, sempre foi um local cercado de interesses geopolíticos dos maiores atores internacionais. Alguns destes fomentam a segurança da região com bases militares em Estados da extensão do Chifre da África, utilizando conflitos internos e fragilidades democráticas existentes na região como argumento para sua manutenção. Dos quatro países que pertencem ao estreito de Bab-el-Mandeb, três são africanos: Djibuti, Eritreia e Somália. O Djibuti tem o status de democracia mais estável, tendo como referência os demais Estados do entorno, sendo, ainda, ponto de passagem do estreito em questão para o Canal do Suez. O país também

Breve síntese das Marinhas centro-americanas Por: Danillo Bragança No Boletim 28, foi realizada uma breve síntese sobre a condição da Marinha mexicana. Um dos argumentos principais daquele texto era tanto a dependência do país em relação aos EUA quanto o desenvolvimento de sua Marinha, visando à proteção de sua costa e sua autonomia. Neste Boletim, o objetivo é analisar os países da América Central, buscando apontar padrões e entender se esse fenômeno de retração de seu poder naval se repete. Dois comportamentos ficam evidentes: os países da América Central reduziram consideravelmente seu poderio naval, de modo que muitas dessas Marinhas seguem o exemplo mexicano, de engajamento em temas de segurança doméstica, especificamente o narcotráfico. A explicação desse padrão está no histórico da região, de baixo desenvolvimento econômico à sombra dos EUA. O fortalecimento da violência dos cartéis nesses países forjou um acordo tácito em que a defesa naval da região foi de certa forma transferida para os norte-americanos, enquanto a pequena força naval dos países se mantém envolvida na “Guerra às Drogas”. Como exemplo, destacam-se dois países que aboliram suas Forças Armadas, substituindo-as por “Fuerzas Publicas”: Panamá e Costa Rica. No primeiro caso, é resultado da invasão do país pelas tropas estadunidenses na década de 1980, para prender o então presidente, envolvido com o tráfico internacional de drogas. A Costa Rica, por sua vez, não mantém forças mobilizadas desde 1948. Outros países da região mantêm forças navais de pequena expressão: Honduras, segundo o Global Fire Power de 2016, tem a Marinha mais ativa da região, contando com 59 embarcações. Seguem nesta lista Nicarágua, Guatemala e El Salvador. Em comum, está o padrão de engajamento em segurança doméstica. Está em curso uma mudança de paradigma na região. A Costa Rica já discute, internamente, a necessidade de possuir Forças Armadas. A tônica da “Guerra às Drogas” permanece, mas já há a percepção que a construção de uma comunidade regional de integração, que incluiria os sistemas de Defesa – sem a participação dos EUA –, é uma realidade.

África Subsaariana

América do Norte e Central

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possui bases militares da França e dos EUA, sendo a de Camp Lemonnier a única base estadunidense na África. No início deste ano, o governo chinês iniciou a construção da futura base naval chinesa em Obock, com a justificativa de auxiliar em questões humanitárias e apoio logístico aos países africanos, além do combate à pirataria do Golfo do Áden. Nos últimos anos, a presença chinesa na África tem se intensificado e criado raízes duradouras. Nas negociações entre Djibuti e China para a construção da base, o presidente Ismaïl Omar Guelleh mostrou-se aberto

para aprofundar as relações com o governo chinês, alegando que este é bem-vindo. O gigante asiático tem expandido seus investimentos no país com projetos de portos e ferrovias. Com sua presença no chifre africano, a China traz uma modificação na balança de poder regional para as figuras estatais africanas e não africanas que influenciam essa área, assim como de outros grupos e personagens não estatais.

Oriente Médio e Norte da ÁfricaEgito de Sisi: aspectos domésticos e o jogo de poder Por: Pedro Kilson

O posicionamento político do presidente egípcio Abdel Fattah al-Sisi, evidenciado no discurso que relaciona a chamada de novos protestos à tentativa de “arruinar o país e destruir sua população”, “desafiar a Lei da Shari’ah” e arrastar o Egito ao caos, revela alto grau de instabilidade política, associada às mazelas econômicas que afetam os mais pobres e uma descontente classe média, que pôde ascender nas últimas décadas. Os cenários de instabilidade político-econômica inviabilizam a consistência do atual governo, em termos de nível de representatividade doméstica, exibindo fissuras no poder. Setores do empresariado e da classe média, cujo apoio político depende de um ambiente macroeconomicamente estável, tecem críticas à conduta do Executivo e à conjuntura econômica. A falta de reservas de moeda estrangeira, atrelada à dificuldade de importação de bens de luxo, de acesso ao dólar, inflação, a baixa do preço das commodities de exportação, crise de abastecimento, déficits no balanço de pagamentos e a estagnação de atividades de transnacionais como a General Motors, criam um ambiente hostil à permanência do estilo de vida da elite egípcia, antes apoiadora de Sisi. Nota-se o grau de ruptura social mediante o fato de que as elites – que compõem apenas uma pequena fração dentre os 90 milhões de egípcios, sendo que 26% da população vive abaixo da linha da pobreza (segundo dados da ONU) – distanciam-se da caótica infraestrutura e da miséria do centro urbano, alojando-se em condomínios de luxo, mais afastados. Sob tal lógica, infere-se que o presidente se encontra cercado por uma conjuntura de insatisfação generalizada, potencial ameaçadora dos papéis estabilizadores que o Egito praticava no Norte da África e no Oriente Médio. No palco internacional, conflitos políticos com a Arábia Saudita – tradicional parceiro no Golfo – contribuem para o enfraquecimento de uma robusta ajuda financeira ao país, estimada em US$ 30 bilhões. Um Egito economicamente fraco e politicamente instável é convidativo a um reordenamento da balança de poder na região, podendo favorecer o Irã – historicamente simpático à busca pela hegemonia – e dificultar o diálogo com países como Israel.

Foto:Resistir.info

Foto: Urbanpeek.com

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Oriente Médio e Norte da ÁfricaCatar, o maior exportador mundial de GNL Por: André Nunes Assim como seus vizinhos árabes do Golfo Pérsico e o Irã, o Catar encontra nos hidrocarbonetos (destacadamente petróleo e gás natural) a principal pauta de exportação de sua economia. O país é membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e da Organização dos Países Árabes Exportadores de Petróleo (OPAEP), detendo a sexta maior reserva de petróleo do Oriente Médio, estimada em, aproximadamente, 25,7 bilhões de barris (quase 9,5 bilhões a mais que a reserva brasileira). Apesar disso, em 2014, o país foi o quarto menor exportador do recurso entre os treze membros da OPEP, à frente apenas de Equador, Indonésia e Líbia; e o sexto colocado entre os onze países da OPAEP. Ainda assim, o país se destaca no mercado internacional de gás natural com a terceira maior reserva mundial, atrás apenas de Irã e Rússia. Somado a isto, é o maior exportador de gás natural liquefeito (GNL) do mundo, respondendo por cerca de um terço das exportações globais. Em 2014, cerca de 74% das exportações de GNL provenientes do Catar eram destinadas ao mercado asiático; 23% ao europeu; e 5% a outros continentes. Os maiores importadores do GNL catari são o Japão, a Coreia do Sul, a Índia, o Reino Unido e a China. Atualmente, segundo estimativa da Agência Internacional de Energia, o gás natural responde por aproximadamente 22% da demanda energética mundial e figura como terceira principal fonte de energia atrás apenas do petróleo e do carvão. Nesse contexto, o Catar, que domina o mercado de GNL, por sua posição geográfica e pelo destino de suas exportações, fica sujeito aos riscos de navegação pelos chokepoints (Hormuz, Malaca, Bab el Mandeb e Suez) e pelos países de trânsito que os controlam. Em casos extremos, estes podem dificultar a navegação dos carregamentos cataris e prejudicar o crescimento econômico do país.

EuropaAlternativa turca à crise migratória Por: Dominique Marques e Gabriel Melo

Neste mês, Croácia, Eslovênia, Macedônia e Sérvia fecharam a “rota dos Bálcãs”, alterando o fluxo de migrantes para o eixo Albânia-Bulgária-Romênia, além de provocar pressões populacionais na Grécia, que acabou por ficar com um elevado número de imigrantes presos em seu território. A Eslovênia decidiu que só poderão entrar no país aqueles que quiserem pedir asilo, uma minoria entre os mais de um milhão de refugiados presentes no continente, causando pressão sobre a União Europeia (UE). Em contrapartida, líderes da UE e da Turquia se reuniram para discutir a situação dos refugiados e da imigração desenfreada que vem assolando a Europa, bem como para propor medidas de mitigação de danos aos países que os recebem. O primeiro-ministro turco Ahmet Davutoğlu pediu às potências europeias que aceitem, para cada refugiado que retorne à Turquia, um que esteja em solo turco e tenha formalmente solicitado asilo. Só na Turquia existem 2,7 milhões de sírios nos campos de refugiados, enquanto na Grécia há cerca de 35.000 refugiados. Além disso, ficou pré-estabelecido um aumento no orçamento do auxílio dado à Turquia para lidar com os refugiados, que seria voltado a políticas de ressocialização e adequação dos refugiados à sociedade turca. Essa conjuntura põe o país, de maioria muçulmana, em uma posição confortável para barganhar seus interesses. A Alemanha, maior economia da Europa e reconhecida por ser o país que mais recebeu refugiados sírios desde o ano passado, criticou o fechamento da rota dos Bálcãs, alegando que essa medida é contrária à política de aceitação de pedidos de asilo a imigrantes sírios. A análise se encerra sob a ironia de a Turquia, rejeitada há dez anos para ingresso na União Europeia, ser a responsável por auxiliar a Europa com a crise migratória, já que estaria contendo em seu território a maior parte dos imigrantes que chegam à Grécia por meio do Mediterrâneo.

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Presença militar chinesa no Corredor Econômico China-Paquistão Por: Ariane Francisco Dando continuidade à aliança sino-paquistanesa e com o avanço do projeto do Corredor Econômico China-Paquistão (CECP), já comentados algumas vezes no Boletim, alguns sites da região têm informado a possiblidade de um futuro posicionamento de tropas chinesas ao longo do corredor de 3 mil quilômetros entre o Porto de Gwadar, no Balochistão, até a região de Xinjiang, na China. A presença de tropas chinesas e também de brigadas paquistanesas no Balochistão têm criado instabilidade na região e protestos por parte da população, temerosa da ameaça de anexação de seu território pelo Paquistão. De acordo com um periódico, a China teria acordado com o Paquistão sobre uma legitimidade de facto em relação à ocupação ilegal deste país na região. Esse é mais um fator que mostra o desejo da China em aumentar sua presença e influência nessa região da Ásia. Seguindo a visita do presidente chinês Xi Jinping ao Paquistão, em 2015, e a assinatura de grandes acordos nos setores de energia, infraestrutura e indústria, além da visão do país como seu único aliado “real”, vemos que a atual dinâmica da região mostra uma possível mudança geopolítica futura. Além da questão da Índia – e o incômodo que a presença chinesa tem causado –, esse movimento também implica na certeza da presença da China nas proximidades do Afeganistão, em um momento em que os EUA têm se preparado para sair do país.

Sul da Ásia

Do campo de batalha à mesa de negociação: a retirada das tropas russas na Síria Por: Pedro Martins

No dia 14 de março, o presidente da Rússia Vladimir Putin anunciou a retirada de parte das tropas russas da Síria, processo que teve início já no dia 15 deste mês, reiterando que os objetivos designados foram cumpridos. Ele afirmou, ainda, que a base naval de Tartous e a aérea de Latakia, bases sírias usadas pelas forças russas, permanecerão em funcionamento para que seu país possa continuar a monitorar a cessação de hostilidades já em andamento. O anúncio do presidente russo coincidiu com o início das negociações para a resolução do conflito em Genebra e foi recebido com certo ceticismo por diversos representantes ocidentais, sentimento influenciado pelas dificuldades enfrentadas na questão ucraniana, onde a Rússia ainda tem grandes interesses. Muitos analistas internacionais afirmam que a participação russa no conflito, cujos custos foram estimados

em US$ 800 milhões, foi vital para a confortável posição em que o presidente sírio se encontra nas mesas de negociação, situação bem diferente do que era em setembro do ano passado, antes do início das ações russas. É inegável que a intervenção russa foi importante para a recuperação de territórios por parte do governo sírio, o que lhe confere maior vantagem. Vencida a batalha no campo, falta saber que rumos as negociações acerca do futuro da Síria irão tomar, sobretudo no que se refere à transição para a democracia e o papel do presidente Bashar-Al Assad nesse processo.

Rússia e ex-URSS

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Leste AsiáticoAumenta a cooperação militar Seul-Washington Por: Marcelle Torres No dia 08 de março, a República da Coreia e os Estados Unidos iniciaram os seus maiores exercícios militares conjuntos concentrados no ataque à Coreia do Norte, na implantação rápida de ativos estratégicos militares norte-americanos e em ataques cirúrgicos contra as instalações nucleares do país. O exercício anual Key Resolve é um treinamento computadorizado conduzido pelo Comando das Forças Combinadas (CFC) e destaca o uso da estratégia 4D: detectar, defender, perturbar (disturb) e destruir, o qual incluiu em seu treinamento o OPLAN 5015, um plano de guerra conjunto (ROK-US) de preparação de ataques preventivos e minuciosos contra a Coreia do Norte e suas armas de destruição em massa. O exercício Foal Eagle, que ocorrerá até 30 de abril, é uma série de ações conjuntas em terra -ar- mar e de operações especiais, sendo um dos maiores exercícios conjuntos ROK-US não só em termos de tropas, mas de equipamentos, suprimentos e armas utilizadas. No dia 13 de março, o USS John C. Stennis chegou a Busan, principal cidade portuária sul-coreana, onde fica também a nova sede da USFK, para participar dos exercícios. O Ssang Yong 16, exercício anfíbio conjunto bienal que reforça a interoperabilidade de Seul e Washington em ações militares complexas, objetiva o treinamento de ataque às defesas de praias norte-coreanas. O exercício também conta com a participação da Austrália e Nova Zelândia e pode servir como uma resposta às contingências em toda a região Ásia-Pacífico. Enquanto a Coreia do Norte adverte sobre um “ataque nuclear preventivo da justiça” em retaliação, a USFK ressalta o compromisso dos EUA para com a defesa da Coreia do Sul e da estabilidade regional. Em contrapartida, o chanceler chinês Wang Yi declara que a China observa os exercícios militares em grande escala com preocupação e esclarece que irá fornecer assistência à segurança em caso de eclosão de conflito na península coreana.

Foto: Comander, U.S Pacific Fleet

Leste AsiáticoEUA e Austrália preocupam Pequim Por: Philipe Alexandre No último dia 09, a China expressou preocupação com os relatos de que os Estados Unidos pretendem posicionar bombardeiros de longo alcance na Austrália, a partir de onde poderiam alcançar o Mar do Sul da China. A notícia veio quando a comandante das Forças Aéreas do Pacífico dos EUA, Tenente-Brigadeiro do Ar Lori Robinson, revelou que haviam começado conversas com o governo australiano para o posicionamento de bombardeiros B-1 de longo alcance em bases militares no território australiano. Até o momento, os EUA não voavam com bombardeiros B-1 na Austrália, mas conduziam missões periódicas com os B-52. Em resposta, o Ministério do Exterior chinês disse que essa cooperação militar não deve atingir quaisquer terceiros na região. “Estamos preocupados com os relatórios pertinentes. No momento, o desejo das pessoas e a grande tendência regional é buscar a paz e a cooperação para estimular o desenvolvimento”, disse o porta-voz Hong Lei em uma entrevista coletiva.

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Oceania e Sudeste Asiático

O governo Barack Obama vem adotando uma política externa de priorizar a Ásia, o que preocupa Pequim. As tensões entre os EUA e a China têm crescido nas últimas semanas com o possível envio de uma THAAD (sistema de mísseis antibalísticos que alcança os arsenais de mísseis chineses) para a Coreia do Sul e com a US Navy realizando exercícios de Freedom of Navegation (FON) de cinco dias, navegando e voando próximo às ilhas em disputa no Mar do Sul da China para ressaltar seus direitos de operar nesses mares. É preciso ficar atento aos acontecimentos na região em vista aos interesses divergentes entre os EUA e a China. Ela é fundamental para a ascensão internacional chinesa, mas, de acordo com Robinson: “nós incentivamos qualquer um na região e ao redor do mundo a voar e navegar no espaço aéreo internacional, em conformidade com as regras e normas internacionais”.

Indonésia: desenvolvimento soberano? Por: Thayná Fernandes Em fevereiro deste ano houve o US-ASEAN Special Leaders’ Summit, ocorrido nos Estados Unidos, que reuniu os principais líderes do bloco asiático objetivando discutir um consenso a respeito da navegação no Mar do Sul da China. Espera-se que ainda neste mês de março o Tribunal Internacional do Direito do Mar chegue a uma decisão sobre as questões marítimas que envolvem Cingapura, Filipinas, Malásia, Indonésia, Vietnã e China. As disputas, todavia, se acirraram. As Filipinas sozinhas fizeram ao Tribunal, em um único ano, sete reclamações contra os avanços chineses e se aproximam cada vez mais dos norte-americanos, estabelecendo acordos e parcerias. Já a Indonésia envia esforços para se colocar de forma mais equidistante diante dessas disputas: sua grande questão é decidir de forma estratégica entre seu desenvolvimento independente e as questões marítimas. O país tem avançado bastante em relação à renovação de sua indústria de defesa. Prova disso é a exportação da primeira embarcação construída nacionalmente: o Strategic Sealift Vessel (SSV), um projeto contratado, não por acaso, pelas Filipinas a um custo de US$ 92 milhões, cuja primeira unidade será entregue em maio próximo e o segundo tem previsão para 2017. Entretanto, ao mesmo tempo em que fornece embarcações para nações do entorno, a Indonésia também estabelece diversos acordos com a China, visando a se desenvolver. Um deles serve à construção de uma ferrovia de alta velocidade que vai ligar a capital, Jakarta, até Bandung, importante centro industrial do país. O projeto tem 75% de financiamento chinês e os outros 25% serão arcados por uma joint-venture criada pelos dois países. Outro projeto em andamento é a construção de usinas hidrelétricas, que também serão desenvolvidas por uma empresa chinesa, cujo objetivo é gerar sete mil megawatts de energia em Kalimantan. Nesse cenário, à Jakarta estabelece-se um desafio: apostar em seu desenvolvimento sem abdicar de sua soberania.

Sudeste Asiático

John Stennis Carrier Strike Group chega ao Mar do Sul da China Por: Vinícius Costa Diante do crescente avanço chinês na consecução de seus interesses na região Ásia-Pacífico e Mar do Sul da China, Washington deu mais um passo na sua estratégia de reequilibrar militarmente a região e demonstrar força. No dia 01 de março, chegou ao Mar do Sul da China o USS John C Stennis Carrier Strike Group. O Grupo de Ataque liderado pelo referido navio, um aeródromo da classe Nimitz considerado um dos mais poderosos do mundo, é formado por três contratorpedeiros da classe Arleigh Burke e um cruzador da classe Ticonderoga. O grupo rumou para a região de responsabilidade da 7° Esquadra, sediada no Japão, para realizar diversos exercícios nas disputadas águas da região. Uma visita às Filipinas também faz parte do deployment do Grupo. Quanto a Pequim, “uma grande quantidade de navios chineses acompanharam o deployment

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Lançada a pedra fundamental da nova Estação Comandante Ferraz Por: Raissa Pose

No dia 29 do mês passado, foi lançada a pedra fundamental para a nova Estação Antártica Comandante Ferraz. A antiga estação funcionou por mais de 30 anos, até 2012, quando um incêndio destruiu cerca de 70% de sua estrutura e vitimou dois militares da Marinha. Desde então, a pesquisa brasileira se mantém com 45 módulos antárticos emergenciais, 2 navios da Marinha do Brasil e apoio de estações científicas de outros países. A cerimônia simbólica com os ministros da Defesa e da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo e Celso Pansera, respectivamente, ocorreu no Instituto Antártico Chileno (Inach), em Punta Arenas (Chile), devido ao mau tempo, que impediu o deslocamento da comitiva pela aeronave da FAB para o continente antártico. Com projeto de arquitetura brasileira, de um estúdio curitibano, a estação vai ser construída pela empresa chinesa CEIEC e terá 4.500 metros quadrados com 17 laboratórios e capacidade para 65 pessoas. O grande desafio virá após a inauguração da base científica, prevista para 2018. Embora Rebelo tenha garantido recursos para completar a construção da estação, a preocupação dos pesquisadores permanece. A última chamada para novos projetos científicos ocorreu em 2013, e os recursos desse edital não devem

durar para além de 2016. Resta saber se, contrariando a recente tendência de corte de gastos científicos do CNPq, o governo brasileiro terá espaço no seu orçamento para novos projetos de pesquisa na Antártica.

Expandir a presença nacional é uma das diretrizes do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), criado em 1982 com o objetivo de inserir o Brasil no Tratado Antártico por meio de pesquisas e da construção de sua estação científica permanente. O Brasil teve a sua primeira

estação construída em 1984. Embora tenha, desde então, mantido equipes de pesquisadores no continente, sua atuação é tímida quando comparada a de outros países da América do Sul, como o Chile e a Argentina, que contam com, respectivamente, 4 e 6 estações científicas permanentes, além das sazonais.

do Strike Group, como eu nunca havia visto em experiências anteriores”, diz Greg Huffman, comandante do John Stennis. Por sua vez, Fu Ying, porta voz do congresso chinês, refuta as acusações feitas pelo comandante do U.S. Pacific Command, Almirante Harry Harris, de que a Coreia do Norte militariza a região, apontando que “o envio do mais poderoso tipo de navio da USN para a região demonstra que são os EUA quem militarizam a região.” O envio do Strike Group acontece em um contexto no qual o diretor do serviço de inteligência dos EUA, James R. Clapper, aponta a elevação das capacidades ofensivas chinesas a partir das ilhas Spratlys. Entre 2016 e 2017, a China deverá ser capaz de rapidamente projetar maciço poder militar a partir do arquipélago. O aumento das atividades da 7° Esquadra, sobretudo com Carrier Strike Group obedece à estratégia de manter o (des)equilíbrio regional favorável aos EUA e seus aliados.

Ártico e Antártica

Foto: Módulos Antárticos Emergenciais onde o Brasil realiza suas pesquisas. Sciencemag.org

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