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RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
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RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
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HEMOCAMP
RELATÓRIO TÉCNICO
PROJETO DE PESQUISA PARA REABILITAÇÃO AMBIENTAL SUSTENTÁVEL DE
EDIFÍCIO DA REDE DE HEMOCENTROS COORDENADORES
PROJETO: 00038.1740001/12-055
Profa. Dra. Marta Adriana Bustos Romero
Coordenadora Geral
Brasília, Agosto de 2016.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
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EQUIPE TÉCNICA
Coordenação Universidade de Brasília
Marta Adriana Bustos Romero (Prof.a FAU UnB) Fase Avaliação Pós Ocupação – APO e Etiquetagem de Eficiência Energética Marta Adriana Bustos Romero (Coordenação) Caio Frederico e Silva (Prof. FAU/UnB) José Marcelo Medeiros (Prof. FAU/UFAP) Ederson Oliveira Teixeira (Arq.) Gustavo de Luna Sales (Arq.) Ana Carolina Correia Lima Sant’Ana (Arq.) Aline Curvello da Costa Nemer (Arq.) Moira Nunes Costa Neves (Arq.) Bianca Leite Gregório (Est. Arq.) Millena Montefusco (Est. Arq.) Fase Retrofit Marco Antonio Saidel (Coordenação) Eduardo Kanashiro Fase Projeto de Pesquisa Marta Adriana Bustos Romero (Coordenação) Caio Frederico e Silva Ederson Oliveira Teixeira Gustavo de Luna Sales Ana Carolina Correia Lima Sant’Ana Aline Curvello da Costa Nemer
Fase Análise e Consolidação de parâmetros de saúde e qualidade de vida Humberto Dias Xavier e Equipe Apoio Técnico Operacional ao Projeto de Pesquisa Valmor Cerqueira Pazos (Coordenação) Flávio Rocha de Souza Britoaldo Martins do Vale Junior Diego Macedo Dantas Soemes Barbosa de Sousa Imelda Mendes Santos Ministério da Saúde Coordenação Geral - Sangue e Hemoderivados / CGSH/SAS / MS)
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ....................................................................... 10
1. INTRODUÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO ................................... 12
1.1. Objetivos .......................................................................... 17
1.2. Procedimentos Metodológicos ........................................ 17
1.3. Dados gerais de Campinas/SP.......................................... 18
1.3.1. Plano Diretor Municipal de 2016............................. 18
1.3.2. Arquitetura Bioclimática e Caracterização do Clima 20
1.3.3. Caracterização das Normais Climatológicas ............ 23
2. AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO (APO) ...................................... 25
2.1. Objetivo e objeto da avaliação] ....................................... 25
2.2. Caracterização do Entorno .............................................. 26
2.3. Método para Avaliação de Desempenho Ambiental ....... 28
2.3.1. Projeto Arquitetônico .............................................. 28
2.3.2. Procedimentos para Medições in loco .................... 30
2.3.3. Avaliação bioclimática do Edifício ........................... 31
2.3.4. Iluminação Natural .................................................. 46
2.3.5. Simulação Termoenergética .................................... 48
2.3.6. Análise dos questionários aplicados aos usuários ... 50
2.4. Considerações específicas ............................................... 56
4. RETROFIT ............................................................................. 57
4.1. Objetivos .......................................................................... 58
4.2. Método ............................................................................ 59
4.3. Análise da Instalação ....................................................... 61
4.3.1. Introdução ............................................................... 61
4.3.2. Medições de Energia ................................................ 61
4.4. Medições e Consumo Desagregado ................................. 63
4.5. Simulação Energética da Edificação.................................. 65
4.6.1. Climatização ............................................................. 68
4.6.2. Sistemas de Refrigeração ......................................... 68
4.6.3. Sistemas Motrizes .................................................... 68
4.7. Sistemas de Bombeamento .............................................. 70
4.8.1. Estrutura Tarifária do Grupo A ................................. 71
4.8.2. Estrutura tarifária do Grupo B .................................. 72
4.8.3. Avaliação .................................................................. 72
4.9. Perturbações elétricas ...................................................... 74
4.12. Fator de Potência ........................................................... 78
4.13. Considerações específicas .............................................. 79
5. PROJETO e reabilitação ........................................................ 81
5.1. Introdução ........................................................................ 81
5.2. Estudos de Repertório ...................................................... 82
5.2.2. Módulos sombreadores Erro! Indicador não definido.
5.2.3. Pele dupla ................................................................. 84
5.2.6. Acessibilidade – Integração de usos ......................... 85
5.2.7. Materiais permeáveis ............................................... 85
5.2.8. Humanização de áreas verdes .................................. 86
5.3. Diretrizes da Avaliação Ambiental Integrada .................... 88
5.3.1. Diretrizes da APO ..................................................... 88
5.3.2. Diretrizes do Retrofit Energético: ............................. 89
5.4. Projeto e Diretrizes ........................................................... 89
5.4.1. Implantação ............................................................. 91
5.4.13. Estudo de Esquadrias ............................................. 92
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5.4.13. Proteção Solar nas Aberturas ................................ 93
5.4.14. Humanização da coleta/triagem ........................... 95
5.4.15. Estudo de pavimentações ..................................... 98
5.4.16. Coberturas ............................................................. 99
5.4.16. Paisagismo ........................................................... 100
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................... 106
7.1. Imagens renderizadas .................................................... 108
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Localização do Hemocentro em Campinas. .................. 18
Figura 2 - Imagem de satélite do Campus da Unicamp com
destaque para Zona 18. ................................................................ 20
Figura 3 - A Carta Bioclimática de Givoni relaciona a temperatura
seca do ar (A), razão de umidade (B) e a temperatura úmida do ar
(C). ................................................................................................ 21
Figura 4 - Zoneamento Bioclimático brasileiro. ............................ 22
Figura 5 - Zona Bioclimática 3 e a Carta Bioclimática
representando as cidades desta zona (Campinas – SP). ............... 23
Figura 6 - Localização do HEMOCAMP NO CAMPUS DA UNICAMP
...................................................................................................... 26
Figura 7 - Fachada de acesso ao bloco A ....................................... 26
Figura 8 - Acesso ao Hemocentro ................................................. 27
Figura 9 - Acesso ao Campus Universitário ................................... 27
Figura 10 - Estacionamento de funcionários do HemoCamp. ....... 27
Figura 11 - Perspectiva do acesso ao Hemocentro de Campinas .. 28
Figura 12 - Planta Baixa de cada pavimento com a delimitação em
azul dos ambientes tipo. ............................................................... 28
Figura 13 - Ambientes tipos usados na Avaliação Pós Ocupação. 28
Figura 14 – Planta de Locação. ..................................................... 29
Figura 15 – Exemplo APO Recepção Doadores (Bloco C). ............. 29
Figura 16 - Planta Baixa de cada pavimento com a delimitação em
azul dos ambientes tipo. ............................................................... 29
Figura 17 - Planta Baixa de cada pavimento com a delimitação em
azul dos ambientes tipo. ............................................................... 29
Figura 18 - Planta Baixa de cada pavimento com a delimitação em
azul dos ambientes tipo. ............................................................... 29
Figura 19 - Planta Baixa de cada pavimento com a delimitação em
azul dos ambientes tipo. ............................................................... 29
Figura 20 - Equipamentos de medição dos parâmetros ambientais.
...................................................................................................... 30
Figura 21 - Simulação de temperatura às 9, 12 e 15 hrs sem
edifício anexo................................................................................ 34
Figura 22 - Simulação de temperatura às 9, 12 e 15 hrs com
edifício anexo................................................................................ 34
Figura 23 - Simulação de umidade às 9, 12 e 15 hrs sem edifício
anexo. ........................................................................................... 35
Figura 24 - Simulação de umidade às 9, 12 e 15 hrs com edifício
anexo. ........................................................................................... 35
Figura 25 - Simulação da ventilação às 9, 12 e 15 hrs sem edifício
anexo. ........................................................................................... 36
Figura 26 - Simulação da ventilação às 9, 12 e 15 hrs com edifício
anexo. ........................................................................................... 36
Figura 27 - Modelo do Hemocamp desenvolvido no programa
Ecotect v5.50 com a representação da trajetória solar. ............... 37
Figura 28 - Sombras na superfície horizontal geradas pelas
edificações – Solstício de Inverno. ................................................ 38
Figura 29 - Sombras na superfície horizontal geradas pelas
edificações – Solstício de Verão. ................................................... 38
Figura 30 - Análise da Fachada Sudeste do Hemocentro 2. .......... 39
Figura 31 - Máscara de sombra nas aberturas à sudeste. ............ 39
Figura 32 - Máscara de sombra nas aberturas à sudeste. ............ 39
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Figura 33 - Análise da Fachada Noroeste do Hemocentro 2. ........ 40
Figura 34 - Máscara de sombra nas aberturas à noroeste. ........... 40
Figura 35 - Máscara de sombra nas aberturas à noroeste. ........... 41
Figura 36 - Análise da Fachada Noroeste do Hemocentro 2. ........ 41
Figura 37 - Máscara de sombra nas aberturas à noroeste. ........... 41
Figura 38 - Máscara de sombra nas aberturas à noroeste. ........... 42
Figura 39 - Análise da Fachada Nordeste do Hemocentro 2. ........ 42
Figura 40 - Máscara de sombra nas aberturas à nordeste. ........... 42
Figura 41 - Análise da Fachada Sudoeste do Hemocentro 2. ........ 43
Figura 42 - Máscara de sombra nas aberturas à sudoeste. .......... 44
Figura 43 - Análise da frequência dos ventos. .............................. 44
Figura 44 - Simulação de Incidência de Carga Térmica por radiação
solar direta – Valores anuais acumulados – Em planta (Wh/m²). . 46
Figura 45 - Volume simulado representando o Hemocentro 2. .... 48
Figura 46 - Resultado do cenário 0 - Situação atual ...................... 49
Figura 47 - Resultado do cenário 1 - Esquadrias com película solar
...................................................................................................... 49
Figura 48 - Resultado do cenário 2 - Esquadrias com brises
externos ........................................................................................ 49
Figura 49 - Resultado do cenário 3 - Esquadrias com vidro de baixo
fator solar. .................................................................................... 49
Gráfico 3 - Comparação do consumo de energia nos 4 cenários
simulados. ..................................................................................... 50
Figura 50 - Salas tipo para APO do Hemocentro 2. ....................... 52
Figura 51 - Medição de consumo da rede normal do Hemocentro
2. ................................................................................................... 60
Figura 52 - Medição da rede de emergência do Hemocentro 2. .. 60
Figura 53 - Analisador MARH-21. .................................................. 62
Figura 54 - Locais de medições de parâmetros elétricos. ............. 63
Figura 55 - Consumo de energia do Hemocentro 1. ..................... 63
Figura 56 - Consumo de energia do Hemocentro 2. ..................... 64
Figura 57 - Matriz de consumo desagregado do Hemocentro...... 64
Figura 58 - Modelo virtual do Hemocentro 1 (a) e Hemocentro 2
(b). ................................................................................................ 65
Figura 59 - Exemplo de relatório de saída de dados da simulação
realizada pelo EnergyPlus. ............................................................ 66
Figura 60 - Potencial de redução das estratégias propostas. ....... 67
Figura 61 – Comparação entre motores do tipo padrão e alto
rendimento. .................................................................................. 69
Figura 62 - Curva de rendimento em função da vazão. ................ 71
Figura 63 - Medição da rede normal do Hemocentro 2 – Tensões
AB, BC e CA. .................................................................................. 75
Figura 64 - Correntes A, B e C medidas no circuito de alimentação
rede normal do Hemocentro 2. .................................................... 76
Figura 65 - Medição de harmônicos de tensão na saída do
transformador .............................................................................. 78
Figura 66 - Fator de potência calculado a cada minuto para o
Hemocentro 2. .............................................................................. 78
Figura 67 - Módulos sombreadores com membranas têxteis em
estrutura metálica. ............................Erro! Indicador não definido.
Figura 68 - Edifício envolto por estrutura modular – pele dupla. . 84
Figura 69 - Pele dupla com fachada sinuosa iluminada e uso da cor
da iluminação na edificação. ........................................................ 85
Figura 70 - Parque linear elevado em Nova Iorque - High Line. .... 85
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Figura 71 - High Line, NY - Novo uso para trilho de trem
desativado. ................................................................................... 85
Figura 72 - Piso intertravado com vegetação................................ 86
Figura 73 - Piso intertravado de formato não retilíneo. ............... 86
Figura 74 - Direita: Piso intertravado retangular; Esquerda:
Esquema de sistema de drenagem. .............................................. 86
Figura 75 - Percurso com vegetação diversificada. ....................... 86
Figura 77 - Jardim em sistema de degraus. ................................... 87
Figura 78 - Perspectiva renderizada dos elementos criados na
Reabilitação Ambiental do HemoCamp. ....................................... 91
Figura 79 - Implantação atual do Hemocentro. ............................ 91
Figura 80 – Estudo preliminar da implantação (perspectiva). ...... 91
Figura 81 - Proposta de intervenção na implantação do
Hemocentro. ................................................................................. 91
Figura 82 - Estudo de volume com esquadrias. ............................ 93
Figura 83 - Estudo de esquadrias (perspectiva). ........................... 93
Figura 84 - Elementos de proteção solar das aberturas e das caixas
condensadoras. ............................................................................. 93
Figura 85 - Protação solar na fachada sudeste. ............................ 94
Figura 86 - Máscara de sombra com o brise na fachada sudeste. 94
Figura 87 - Protação na fachada noroeste. ................................... 94
Figura 88 - Máscara de sombra com brise na fachada noroeste. . 94
Figura 89 - Aberturas do 1º e 2º Pavimentos sem brises. ............. 95
Figura 90 - Planta baixa da humanização da área de Coleta do
Hemocentro 2. .............................................................................. 96
Figura 91 - Sugestão de forro modulado. ..................................... 97
Figura 92 - Sugestão de piso vinílico para ambientes internos da
área de coleta. .............................................................................. 97
Figura 93 - Sugestão de luminárias LED para ambientes internos.
...................................................................................................... 97
Figura 94 - Sugestão de sistema de ar condicionado
(condensadoras ficarão dentro dos brises metálicos das fachadas.
...................................................................................................... 97
Figura 95 - Estudo de pavimentações (exemplo de instalação:
blocos intertravados drenantes). .................................................. 98
Figura 96 - Piso intertravado com grama para estacionamentos. 98
Figura 97 - Piso intertravado para calçadas com opções de cores.
...................................................................................................... 98
Figura 98 - Estrutura de uma telha termoacústica. ...................... 99
Figura 99 - Telha termoacústica branca instalada na cobertura. .. 99
Figura 100 - Cobertura de telha termoacústica branca. ............... 99
Figura 101 - Cobertura de Policarbonato para passagem de
pedestres entre edifícios. ........................................................... 100
Figura 102 - Exemplos de pergolados para espera externa. ....... 100
Figura 103 - Pérgola simples de madeira, protege e condicionam o
caminho do pedestre. ................................................................. 100
Figura 104 - Além de trepadeiras podem ser cobertas por uma
membrana ou tecido para melhor proteção da incidência solar
direta. ......................................................................................... 101
Figura 105 - Pérgola com vegetação. .......................................... 101
Figura 106 - Também podem ser feitas com perfis metálicos, ou
com pilares em alvenaria. ........................................................... 101
Figura 107 - Vista do anfiteatro e circulação de pedestres. ........ 108
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Figura 108 - Vista da calçada de acesso ao Hemocentro 2. ........ 109
Figura 109 - Imagem noturna da área de convivência e passagem
entre os dois edifícios do Hemocentro de Campinas.................. 110
Figura 110 - Deck de espera externa da Doação de Sangue do
HemoCamp. ................................................................................ 111
Figura 111 - Vista da área posterior do Hemocentro 2 com futuros
blocos de serviços e paisagismo. ................................................ 112
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Diretrizes para concepção de projeto na cidade de
Campinas-SP. ................................................................................ 23
Tabela 2 - Dados climáticos de Campinas. .................................... 24
Tabela 3 - Classificação dos harmônicos de acordo com sua ordem
e frequência. ................................................................................. 76
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Gráfico de temperatura e zona de conforto................ 23
Gráfico 2 - Gráfico de umidade relativa. ....................................... 24
Gráfico 4 - Análise de funcionários por sexo................................. 53
Gráfico 5 - Análise de funcionários por idade. .............................. 53
Gráfico 6 - Análise da iluminação na recepção. ............................ 54
Gráfico 7 - Análise do conforto ambiental na recepção................ 54
Gráfico 8 - Análise dos ruídos na recepção. .................................. 54
Gráfico 9 - Análise da iluminação na coleta/triagem. ................... 54
Gráfico 10 - Análise dos espaços na coleta/triagem. .................... 55
Gráfico 11 - Análise do conforto ambiental na coleta/triagem. ... 55
Gráfico 12 - Análise do ruído na coleta/triagem. .......................... 55
Gráfico 13 - Consumo mensal de energia do HemoCamp. ........... 73
Gráfico 14 - Demanda de energia mensal máxima do HemoCamp
...................................................................................................... 73
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APRESENTAÇÃO
Este Relatório Técnico apresenta a Avaliação Ambiental Integrada
do Edifício do Centro de Hematologia e Hemoterapia da cidade de
Campinas. As atividades foram desenvolvidas no âmbito do
projeto Hemorrede Sustentável - Ministério da Saúde pelo
Laboratório de Sustentabilidade Aplicada a Arquitetura e ao
Urbanismo – LaSUS da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade de Brasília e parte do diagnóstico pelo
Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas
da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).
Este documento é composto de duas partes, que, por sua vez,
estão subdivididas em tópicos.
A Parte I do Relatório aborda os procedimentos de trabalho
utilizados para o diagnóstico ambiental e reabilitação do edifício
do Centro de Hematologia e Hemoterapia de Campinas -
HemoCamp. Desta forma, este volume foi organizado em tópicos
referentes às etapas da pesquisa: Introdução, Procedimentos
metodológicos e contextualização de Campinas; Avaliação Pós-
Ocupação (APO); Etiquetagem de Eficiência Energética e
Diagnóstico Energético.
A Parte II é composta pelo estudo preliminar para o edifício,
repertório de projeto e diretrizes gerais. O estudo apresentado na
parte II é resultante dos indicativos encontrados por meio da
aplicação de cada método. Aqui, são apresentadas diretrizes de
projeto visando a humanização, sustentabilidade e eficiência
energética do espaço construído, assim como, o conforto
ambiental dos usuários do edifício. Esta parte também está
subdividida nos seguintes tópicos: Estudos de repertório e
propostas antecedentes e as diretrizes gerais que são
contempladas na proposta final.
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1. INTRODUÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO
Em 2001, o Brasil vivenciou uma crise de abastecimento no setor
elétrico. Duas consequências positivas sobressaíram desta crise: a
forte participação da sociedade na busca da sua solução e a
valorização da eficiência no uso de energia.
Em decorrência desse processo involuntário de aprendizagem,
vem se formando uma consciência de que a eficiência energética
não pode estar vinculada apenas a questões conjunturais. Deve,
sim, fazer parte, de forma definitiva, da política energética
nacional, mediante a promoção de medidas que permitam
agregar valor às iniciativas já em andamento, como o
desenvolvimento de produtos e processos mais eficientes e a
intensificação de programas que levem à mudança de hábitos de
consumo.
Sendo assim, as edificações públicas apresentam oportunidades
significativas de redução do consumo de energia e, portanto, de
custos operacionais por meio do aprimoramento do projeto, de
um melhor gerenciamento da instalação, da adoção de
equipamentos tecnologicamente mais eficientes e alterações dos
hábitos dos usuários.
Muitas vezes, oportunidades interessantes de ganhos de
eficiência não são possíveis, pois ferem compromissos assumidos
no projeto da edificação. Assim, a possibilidade de avaliar as
soluções adotadas, ainda na etapa de projeto, apresenta-se como
uma excelente oportunidade de seu refinamento.
Cabe destacar que muitos refinamentos de projeto, que buscam a
eficiência energética, já são contemplados nos projetos atuais,
tornando-os mais aderentes às necessidades da sociedade. A
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análise aqui desenvolvida compreende uma revisão dos conceitos
utilizados buscando identificar ganhos adicionais de eficiência.
Combater o desperdício de energia é vantajoso para todos os
envolvidos. Ganha o consumidor, neste caso a sociedade, que
passa a comprometer menor parcela de seus custos e ganha o
setor elétrico, que posterga investimentos necessários ao
atendimento de novos clientes e a sociedade como um todo, pois
além dos recursos economizados, as atividades de eficiência
energética contribuem para a conservação do meio ambiente
evitando agressões inerentes à construção de usinas hidrelétricas
ou térmicas.
Neste contexto, defende-se uma abordagem de análise mais
sistêmica, que aborde o edifício e a cidade em todas as suas
complexidades. A abordagem energética não deve priorizar a
análise tecnicista dos equipamentos, assim como a análise do
grau da sustentabilidade não pode abrir mão das estratégias
tecnológicas que visam a eficiência energética. Defende-se,
portanto, uma análise integrada no que se refere aos problemas
de ordem ambiental.
A Avaliação Ambiental Integrada compreende uma visão
bioclimática da arquitetura e do urbanismo, fundamentais para
uma conformação mais sustentável dos lugares, segundo
premissas de Romero (2001). Neste estudo, a integração soma os
saberes da Avaliação Pós-Ocupação – APO, Retrofit e Etiquetagem
de Eficiência Energética em Edifícios.
A APO é composta pela caracterização climática do local e demais
atributos do microclima onde a edificação está inserida; avaliação
sensorial dos ambientes; aplicação de questionários e realização
de entrevistas com usuários do edifício; avaliação da qualidade
ambiental dos recintos considerando o conforto térmico,
luminoso e sonoro. Nesta fase também se realizaram simulações
computacionais com os programas ENVI-met e Ecotect Analisys
2011, destinados à avaliação ambiental tanto na escala urbana
como ao nível dos ambientes.
Após a realização das avaliações e análise dos dados obtidos, são
estabelecidas diretrizes tendo como enfoque o aumento da
sustentabilidade e qualidade ambiental do espaço construído.
O trabalho de APO tem diferentes etapas, agrupadas da seguinte
forma:
Planejamento: levantamento de normas; definição dos
equipamentos para medições in loco; definição dos
programas computacionais a serem utilizados; definição
de ambientes-tipo analisados na APO; levantamento e
definição de indicadores de desempenho ambiental;
condicionantes bioclimáticas locais; logística e
planejamento para a execução do trabalho.
Diagnóstico: análise dos resultados obtidos e
elaboração das diretrizes de projeto.
Projeto: proposições técnicas em formato de estudo
preliminar de arquitetura.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
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Retrofit é levantar e analisar informações sobre o consumo de
energia elétrica, hábitos de consumo, características
ocupacionais, situação operacional das instalações e
equipamentos de usos finais, identificando oportunidades de
melhoria na eficiência do uso da energia elétrica e de redução do
seu custo.
O Retrofit é importante devido ao constante desenvolvimento
tecnológico em que nossa sociedade está inserida. Afirma-se que
o Retrofit deve ser realizado periodicamente, para manter-se o
mais eficiente possível e com melhor qualidade de conforto.
Podem-se organizar as etapas de avaliação do Retrofit em:
Levantamentos de Dados: Medição de consumo
individualizada; contas de energia etc;
Aplicação do método de Retrofit: Simulação
computacional, análise do perfil de consumo etc;
Diagnóstico energético do edifício: Medidas possíveis e
impactos em relação ao consumo anual.
A Etiquetagem do nível de eficiência energética é obtido por meio
do método prescritivo, que consiste em uma série de parâmetros
predefinidos ou a calcular que indicam a eficiência do sistema.
Neste caso, os procedimentos de etiquetagem podem ser
organizados em:
Levantamento e Organização do Projeto: Dados da área
útil; área de vidro; área opaca; etc;
Cálculo da Eficiência Energética da Envoltória:
Aplicação das fórmulas do RTQ-C;
Identificação de Possíveis Melhorias: Cenários de
possíveis etiquetas.
Para a aplicação da avaliação ambiental integrada, tem-se como o
objeto de estudo o edifício sede do Centro de Hemoterapia e
Hematologia - Hemocentro de Campinas – HemoCamp.
A avaliação ambiental integrada é de fundamental importância
para a redução dos impactos ambientais que o ambiente
construído promove na sua implantação e manutenção.
Atualmente, as questões ambientais em geral têm sido colocadas
como preponderantes e direcionadoras para quase todas as áreas
de conhecimento. Na arquitetura, o meio ambiente, o contexto
onde se constrói e os condicionantes locais, historicamente,
sempre foram considerados pelos projetistas na criação dos
espaços construídos, uma vez que para existir conforto e
segurança era imprescindível a correta adaptação ao clima. Sendo
assim, quando não se podia contar com o condicionamento de ar
e iluminação artificial, as únicas opções para as edificações eram a
ventilação natural e a iluminação natural, o correto uso dos
materiais de construção para o condicionamento passivo.
Neste sentido, as facilidades proporcionadas pelo uso da energia,
principalmente a possibilidade de construir padrões
arquitetônicos independentes do clima local, rapidamente
causaram um gradativo e elevado crescimento de consumo
energético. O grande aporte de energia necessário para
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
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manutenção desse modelo de edificação, extremamente
dependente de mecanismos artificiais de energia para garantia do
conforto ambiental, só passou a ser reconhecido como
problemático com a crise do petróleo, em 1973. Até esta época,
as questões energéticas e ambientais não eram entendidas como
urgentes, porque o custo da energia era irrisório e não havia uma
conscientização consolidada sobre a poluição ambiental gerada
pela produção da energia (PNEF, 2010).
A construção de uma edificação que se insere no contexto de
desenvolvimento sustentável é aquela que modifica o ambiente
natural de maneira a produzir um ambiente confortável,
adequado ao clima local, energeticamente eficiente e com baixo
custo de manutenção. Conforto ambiental e eficiência energética
são, portanto, premissas do novo modelo construtivo.
1.1 O contexto da cidade de Campinas
Campinas tem população estimada de um milhão e cento e
sessenta e quatro mil habitantes em 2010 (IBGE, 2015), com 131
estabelecimentos de Saúde Pública (SUS). O Índice de
Desenvolvimento Humano (IDHM) - Campinas é 0,805, em 2010, o
que situa esse município na faixa de Desenvolvimento Humano
Muito Alto (IDHM entre 0,800 e 1). A dimensão que mais contribui
para o IDHM do município é Longevidade, com índice de 0,860,
seguida de Renda, com índice de 0,829, e de Educação, com índice
de 0,731. Nesse ranking, o maior IDHM do Brasil é 0,862 (São
Caetano do Sul) e o menor é 0,418 (Melgaço).
A cidade de Campinas é formada por 6 distritos e tem uma das
maiores Universidades do País – a Universidade de Campinas -
Unicamp. O campus da Unicamp localiza-se no maior distrito da
cidade: Barão Geraldo, no bairro Cidade Universitária, que fica
cerca de 12 quilômetros distante do centro da cidade. É nesta
região onde está instalado o hemocentro regional de Campinas -
HemoCAMP, que é objeto de estudo deste relatório técnico.
1.2 Hemorrede sustentável
Com a finalidade de aprofundar a articulação com a Hemorrede
Pública Nacional, o Ministério da Saúde, por meio da
Coordenação Geral de Sangue e Hemoderivados – CGSH definiu a
“Atenção aos Pacientes Portadores de Doenças Hematológicas”
em parceria com a “Qualificação dos Serviços Públicos de
Hemoterapia e Hematologia”, como um dos eixos prioritários de
gestão, a ser continuado, para o período de 2011/2015.
A situação encontrada junto à hemorrede pública do país, ainda
persiste na necessidade de avançarmos em grandes desafios, tais
como: a integração e articulação entre os serviços de
hemoterapia; a racionalização de procedimentos, investimentos,
compras e demais procedimentos inerentes ao processo de
trabalho.
A Qualificação dos Serviços envolve processos de trabalho que
agregam qualidade ao ciclo do sangue e a atenção aos pacientes
portadores de doenças hematológicas, permitindo avanços e
melhoria significativa dos serviços e produtos ofertados pela
hemorrede.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
16
O resultado do trabalho inicial de diagnóstico da Hemorrede,
realizado por meio do Programa Nacional de Qualificação – PNQH,
voltado aos Hemocentros Coordenadores, demonstra a
necessidade da continuidade de ações de melhoria e a
implantação de alguns processos, dentre eles: a elaboração de
projetos de estudo e pesquisa com vistas à adequação da
estrutura física do conjunto de edifícios que compõem a
HEMOREDE NACIONAL, cujos resultados transportamos para a
ação de “Atenção aos Pacientes Portadores de Doenças
Hematológicas”.
Tendo em vista os estudos já desenvolvidos até o presente
momento, a reabilitação ambiental sustentável dos edifícios dos
Hemocentros Coordenadores representa propostas para a
melhoria das condições da oferta de serviço, aumento da
qualidade de trabalho dos funcionários, otimização dos processos
desenvolvidos, o conforto ambiental dos usuários e ocupantes da
edificação e a redução dos impactos ambientais por meio do
aumento da eficiência dos sistemas componentes do espaço
construído.
Recursos Humanos necessários à execução do projeto:
Nível Nacional, com equipe composta por profissionais
técnicos e de nível superior com experiência nas
respectivas áreas, com ênfase nos processos a serem
trabalhados durante o período de vigência do projeto;
Nível Médio e Estagiários com experiência nas
respectivas áreas objeto do estudo e para apoio das
atividades de Administração, webdesigner, desenho
técnico, simulação computacional, programação visual e
diagramação dos relatórios para publicação.
Preferencialmente utilizaremos nesse projeto, os
profissionais selecionados por meio do edital LaSUS-
FAU-UnB 01/2010 que atuaram no Projeto intitulado:
“Segurança Transfusional e qualidade do sangue e
hemoderivados/aperfeiçoamento e avaliação de
serviços de hemoterapia e hematologia” - “Projeto de
Estudo e Pesquisa para Adequação do Edifício de
Serviço de Hemocentro Público, apoiadas nas premissas
de APO/Retrofit, Etiquetagem Predial e Procel”, por
terem experiência e know-how adquiridos durante o
projeto de pesquisa realizado. Se necessário, caso o
banco de profissionais do LaSUS-FAU-UnB não seja
suficiente para o projeto em questão, faremos nova
seleção pública para contratação de novos profissionais.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
17
1.1. Objetivos
O objetivo geral deste trabalho é apresentar os procedimentos
metodológicos e diretrizes gerais no contexto da avaliação
ambiental integrada do edifício do HemoCamp. As diretrizes
propostas neste estudo foram desenvolvidas dentro da fase de
estudo preliminar de arquitetura; após a incorporação das
contribuições identificadas nas etapas de Diagnóstico Energético -
Retrofit e Etiquetagem de Eficiência Energética. Estas duas etapas
serão abordadas ao longo deste relatório.
Aplicar o modelo de projeto de estudo e pesquisa de referência já
aplicadas para outras edificações da rede de saúde, com vistas à
reabilitação ambiental sustentável tendo como base a aplicação
dos métodos Suporte técnico-científico para resultados de saúde
e qualidade de vida, Avaliação Pós-Ocupação – APO, Retrofit
Energética, e Etiquetagem de Eficiência Energética PROCEL.
1.2. Procedimentos Metodológicos
Num primeiro momento, definiu-se o objeto de estudo da
pesquisa: O Hemocentro de Campinas, como foco no bloco A e
nos ambientes de coleta do sangue e da espera do doador.
Para a realização deste trabalho foram aplicados os métodos da
Avaliação Pós-Ocupação (APO); Diagnóstico Energético – Retrofit;
e Etiquetagem do Nível de Eficiência Energética de Edifícios;
compondo um importante instrumento de avaliação ambiental
integrada.
A utilização deste instrumento se justifica tendo em vista a
redução dos impactos sociais, econômicos e ambientais inerentes
ao ciclo de vida de edifícios. Os métodos empregados para a
realização deste trabalho são pautados, principalmente, pela
avaliação de variáveis do projeto arquitetônico. Neste sentido,
toda a análise se inicia a partir dos impactos deste desde a sua
implantação no sítio. Quanto aos aspectos arquitetônicos,
podemos citar que a análise foi feita a partir da adequação quanto
à orientação das fachadas, materiais superficiais, componentes
construtivos e suas relações com as condições climáticas locais.
Na dimensão climática, ressalta-se a peculiaridade climática do
município de Campinas, locus do projeto em questão.
Em decorrência da interação entre os elementos do edifício e o
clima local, surgem importantes balizadores da qualidade do
espaço; por exemplo: a percepção dos usuários (física, emocional
e sensorial). Desta forma, os métodos de avaliação escolhidos
para o desenvolvimento do trabalho se caracterizam como
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
18
importantes ferramentas de identificação dos aspectos
mencionados.
De um modo didático, estão listadas as atividades e metas
alcançadas com a finalização deste projeto de pesquisa:
Elaboração de roteiro de avaliação das características
dos edifícios com base em parâmetros de
sustentabilidade;
Levantamento, consolidação e análise de dados
referentes às visitas técnicas, realizados nos blocos do
Hemocentro;
Elaboração, aplicação e análise dos dados coletados por
meio de formulário modelo para pesquisa de Suporte
técnico-científico para resultados de saúde e qualidade
de vida.
Elaboração, aplicação e análise dos dados coletados por
meio de formulário modelo para pesquisa de “Análise
Pós Ocupação - APO” dos blocos identificados.
Elaboração, aplicação e análise dos dados técnicos sobre
a estrutura física dos blocos, com foco nas premissas de
um RETROFIT;
Elaboração, aplicação e análise dos dados técnicos sobre
a estrutura física dos edifícios, com foco nas premissas
da Etiquetagem Predial;
Elaboração de modelo de adequação final aos princípios
da reabilitação ambiental sustentável, no edifício do
HemoCamp.
1.3. Dados gerais de Campinas/SP
Neste tópico, serão detalhadas as novas estratégias do plano
diretor do município de Campinas para 2016, com destaque para
a zona 18 BG (zona especial), onde está inserido o Hemocentro de
Campinas, objeto de estudo desta pesquisa aplicada. O município
de Campinas será abordado em seus aspectos de infraestrutura e
em seus aspectos mais técnicos, em relação aos dados ambientais
e climáticos.
Figura 1 - Localização do Hemocentro em Campinas. Fonte: adaptado do GoogleEarth, acesso (10-11-2015)
1.3.1. Plano Diretor Municipal de 2016
O Plano Diretor (atual do ano de 2006) e a Lei de Uso e Ocupação
do Solo (Lei 6031/1988) são as principais ferramentas de
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
19
planejamento que orientam o desenvolvimento da cidade e
organizam as atividades de comércio, serviços, indústrias,
moradia, lazer e transporte no território. Visam, portanto, sua
eficácia e a qualidade de vida do cidadão. Estas leis devem seguir
o disposto em leis superiores, como a Constituição Federal, o
Estatuto da Cidade, Estatuto da Metrópole e a Lei Orgânica
Municipal.
Nesse sentido, destaca-se a revisão dessas leis que está sendo
elaborada com a participação da sociedade. No novo Plano
Diretor Estratégico de 2016 serão apresentadas as estratégias de
uso e ocupação do solo como:
1. que seja cumprida a função social da cidade e da propriedade
(que o interesse coletivo prevaleça sobre o interesse individual ou
setorial);
2. que a cidade seja sustentável (ecologicamente equilibrada,
socialmente justa, economicamente acessível e culturalmente
ativa);
3. que o cidadão tenha direito à cidade (acesso à moradia digna,
ao saneamento ambiental, ao transporte eficiente, aos serviços e
equipamentos de educação, saúde, cultura e lazer);
4. que a gestão da cidade seja democrática e participativa.
O edifício do HemoCamp está localizando na zona 18 BG (zona
especial), dentro do Campus da Unicamp. Esta zona caracteriza-se
por edificações de até 4 pavimentos (Figura 2). Para esta zona, o
novo Plano Diretor Municipal de 2016 dá prioridade no
atendimento do sistema viário e de transporte, por meio de
transporte de média capacidade, à área hospitalar e às
universidades (PUCCAMP e UNICAMP), bem como ao projeto
especial do Parque do CIATEC II definido nesta lei. Além de
promover para as áreas de interesse paisagístico-ambiental e de
desenvolvimento econômico estratégico, projetos especiais que
potencializem suas qualidades.
Também pretende prever a ampliação da disponibilidade e
recuperação de equipamentos e espaços públicos. E, como
estratégias de construção do bairro: manter para área central de
Barão Geraldo o uso misto, incentivando o uso residencial e
promovendo a requalificação da mesma, por meio da
reestruturação do sistema viário, da valorização do pedestre e de
programas de identificação visual e melhoria dos equipamentos
públicos. Incentivar a implantação de comércio e serviços de
âmbito local de bairro que minimize os deslocamentos
interbairros, assegurando a tranquilidade do uso residencial
próximo a esses estabelecimentos. Promover a distribuição de
áreas de uso residencial de forma a atender às diferentes
demandas habitacionais geradas pela dinâmica urbana de Barão
Geraldo, a saber: moradia unifamiliar, moradia de estudantes,
vilas, hotéis e pensões.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
20
Figura 2 - Imagem de satélite do Campus da Unicamp com destaque para Zona 18.
Adaptado da Prefeitura de Campinas, 2015.
1.3.2. Arquitetura Bioclimática e Caracterização do Clima
A arquitetura bioclimática baseia-se na correta aplicação dos
elementos arquitetônicos com o objetivo de fornecer ao
ambiente construído um alto grau de conforto higrotérmico com
baixo consumo de energia. O conforto higrotérmico está
relacionado à produção de calor pelo corpo humano relativo ao
metabolismo. Esse calor é dissipado continuamente para o
ambiente. Quando a velocidade de produção de calor é
exatamente igual à velocidade de perda, diz-se que a pessoa está
em equilíbrio térmico (ROMERO, 2011: 242).
Quando essa troca de calor entre o corpo humano e o meio
acontece de forma equilibrada, diz-se que o indivíduo encontra-se
na Zona de Conforto. É definida por um intervalo nos valores de
umidade (30% e 70%) e temperatura (entre 23°C – 27°C),
podendo variar, dependendo de outros fatores como, por
exemplo, o efeito resfriativo do vento, região, sexo, idade,
vestimenta.
As Cartas Bioclimáticas, principalmente a desenvolvida por Givoni
(1994), associam informações sobre a zona de conforto térmico,
clima local e as estratégias de projeto indicadas para cada período
do ano (Figura 3). São enumeradas 9 (nove) zonas onde são
lançadas estratégias bioclimáticas que podem ser classificadas em
naturais (sistemas passivos) e artificiais (sistemas ativos). As zonas
naturais são as que não gastam energia para seu funcionamento:
ventilação natural, resfriamento evaporativo, massa térmica (que
aumenta inércia térmica da construção), aquecimento solar
passivo, etc. Os sistemas artificiais de uso mais comum na
arquitetura são ventilação mecânica, aquecimento e refrigeração.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
21
Figura 3 - A Carta Bioclimática de Givoni relaciona a temperatura seca do ar (A), razão de umidade (B) e a temperatura úmida do ar (C).
Fonte: NBR 15220 – Desempenho térmico de edificações - Parte 3.
A norma brasileira para o Desempenho Térmico de Edificações
(NBR 15220), em sua parte 3, propõe um Zoneamento
Bioclimático para o Brasil que contêm oito zonas. Cada Zona
Bioclimática (ZB) apresenta diferentes características climáticas
das regiões brasileiras (Figura 4).
Além disso, para cada ZB são indicadas estratégias para melhorar
as condições de conforto térmico no ambiente construído. Essas
recomendações baseiam-se justamente na Carta Bioclimática de
Givoni (1994) adaptada para as características climáticas
brasileiras. As estratégias sugeridas na NBR 15220-3 estão dividias
em: aquecimento artificial (calefação), aquecimento solar, massa
térmica para aquecimento, desumidificação, resfriamento
evaporativo, massa térmica para resfriamento, ventilação,
refrigeração artificial e umidificação do ar.
Segundo esta metodologia, a cidade de Campinas encontra-se na
ZB 3, na qual a NBR 15220-3 estabelece as seguintes estratégias:
Aberturas para ventilação:
• Sombreamento das aberturas
• Permitir sol durante o inverno
Vedações externas:
• Parede: Leve refletora
• Cobertura: Leve isolada
Estrategias de condicionamento térmico pasivo:
• Verão = Ventilação cruzada
• Inverno = Aquecimento solar da edificação
• Vedações internas pesadas (inércia térmica)
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
22
Figura 4 - Zoneamento Bioclimático Brasileiro. Fonte: NBR 15220 – Desempenho térmico de edificações - Parte 3.
A ventilação cruzada é essencial para a promoção do efeito de
resfriamento evaporativo e desumidificação do ar no interior dos
ambientes. Além disso, o sombreamento das aberturas,
principalmente as áreas envidraçadas, utilização de superfícies
leves e refletoras são estratégias fundamentais para as
edificações na ZB 03 (Figura 5).
Segundo Chvatal (2000), Campinas é uma cidade que apresenta
grandes amplitudes térmicas no inverno. Esta amplitude de
temperatura indica a necessidade de uma alta inércia térmica dos
fechamentos como estratégia bioclimática. Pode-se, portanto,
tirar partido do alto ganho de calor durante o dia para, através da
inércia térmica, aquecer os ambientes internos à noite. Com
relação ao verão, este apresenta temperaturas altas e maior
umidade relativa que o inverno. Logo há a necessidade de
ventilação cruzada e entrada permanente de ar. As edificações
devem ser bem espaçadas para permitir a entrada do vento, o
qual deve incidir diretamente sobre os ocupantes.
O fato do clima da cidade estar situado numa zona de transição,
não se caracterizando exatamente como úmido, nem como seco,
e ainda apresentar variações ao longo do ano, possuindo uma
estação mais seca e outra mais úmida, dificulta o estabelecimento
de recomendações mais definidas. Neste caso as soluções devem
ser ponderadas, não indo a extremos.
Em pesquisa realizada junto a projetistas da cidade de Campinas,
com o intuito de traçar um panorama da prática profissional no
que se refere aos aspectos de conforto térmico, foram levantadas
as diretrizes constantes na Tabela 1.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
23
Figura 5 - Zona Bioclimática 3 e a Carta Bioclimática representando as cidades desta zona (Campinas – SP).
Fonte: NBR 15220 – Desempenho térmico de edificações - Parte 3.
Tabela 1 - Diretrizes para concepção de projeto na cidade de Campinas-SP.
Fonte: NBR 15220 – Desempenho térmico de edificações - Parte 3.
1.3.3. Caracterização das Normais Climatológicas
Campinas se encontra na latitude 22°48’57” Sul e longitude
47°03’33” Oeste, a cidade possui clima tropical de altitude. O
verão (novembro a março) possui maior duração que o inverno
(junho a agosto), indicando a predominância do calor sobre o frio
na cidade durante o ano (Chvatal, 2000). Em relação as
temperaturas médias mensais, as maiores são registradas nos
meses de outubro 25,41°C e dezembro 24,00°C, já a menor média
mensal é a do mês de julho com 18, 11°C. A temperatura máxima
registrada chega a atingir 32,87°C no mês de outubro e a mínima
12,27°C em julho. A zona de conforto varia entre 20°C e 29°C ao
longo do ano (Gráfico 1). A amplitude de temperatura é maior nos
meses de inverno, atingindo seu valor máximo em agosto (13 oC).
Gráfico 1 - Gráfico de temperatura e zona de conforto. Fonte: adaptado de www.projetee.ufsc.br, acesso (10-11-2015).
Em relação à umidade relativa do ar, é possível observar que a
mínima acontece no mês de outubro com 35.52% e a máxima nos
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
24
meses de janeiro, fevereiro e março que atingem 98% de umidade
relativa do ar (Gráfico 2). Sabe-se que quanto maior a amplitude
de temperatura, menor é a umidade relativa. Portanto, a umidade
relativa também apresenta valores menores no inverno. Como o
verão é mais úmido, os registros de precipitação total apontam
valores maiores nessa época (Chvatal, 2000).
Gráfico 2 - Gráfico de umidade relativa da média das mínimas e máximas – (barra) e média mensal (linha).
Fonte: adaptado de www.projetee.ufsc.br, acesso (10-11-2015).
Ventos predominantemente sudeste, com velocidades que variam
de 2m/s a 6m/s, com média anual de 23,5Km/h.
Tabela 2 - Dados climáticos de Campinas.
Fonte: adaptado de www.cpa.unicamp.br, acesso (04-11-2015).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
25
2. AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO (APO)
A Avaliação Pós-Ocupação (APO) consiste na avaliação do
desempenho físico/ambiental e da satisfação do usuário. Os
métodos e técnicas de APO, aplicados originalmente em
habitações de interesse social, foram desenvolvidos por Roméro e
Ornstein (2003). Diagnosticam fatores positivos e negativos no
decorrer do uso da edificação. Na APO são avaliados aspectos
socioeconômicos, infraestrutura, satisfação dos usuários, sistemas
construtivos, funcionalidade, consumo energético e conforto
ambiental.
2.1. Objetivo e objeto da avaliação
O objetivo da APO é avaliar o desempenho do edifício após o seu
uso regular, neste relatório, a APO terá ênfase ambiental, com
foco energético e sustentável.
O objeto de avaliação deste estudo é o edifício sede do Centro de
Hematologia e Hemoterapia do Município de Campinas -
HemoCamp. O edifício está localizado na Rua Carlos Chagas,
número 480, Distrito de Barão Geraldo. O complexo edificado
apresenta área construída de 7.826,03 m² e se situa dentro do
complexo do Campus da Unicamp (Figura 6).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
26
Figura 6 - Localização do HEMOCAMP NO CAMPUS DA UNICAMP Fonte: Adaptado de Google Maps, 2015
2.2. Caracterização do Entorno
O campus da Unicamp tem área de 3 milhões de metros
quadrados e representa um grande complexo de edifícios
institucionais. O campus recebeu o nome do seu fundador, prof.
Zeferino Vaz, falecido em 1981 (UNICAMP, 2016) Uma
característica marcante da paisagem arquitetônica é a construção
com tijolos à vista e com a marcação estrutural. Muitos desses
edifícios fazem parte do patrimônio construído de caráter
simbólico do campus, uma vez que muitas faculdades tem seus
edifícios com esta concepção arquitetônica. O HemoCamp
também tem seus dois principais blocos construídos de tijolos à
vista e marcação estrutural em concreto aparente. As fachadas
são marcadas por esquadrias de alumínio e muitos aparelhos de
condicionamento de ar que foram instalados sem qualquer
preocupação com a estética dos edifícios, sendo instalados em
todas as fachadas (Figura 7).
Figura 7 - Fachada de acesso ao bloco A
Unicamp
HemoCamp
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
27
Figura 8 - Acesso ao Hemocentro
Figura 9 - Acesso ao Campus Universitário
Figura 10 - Estacionamento de funcionários do HemoCamp.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
28
2.3. Método para Avaliação de Desempenho Ambiental
2.3.1. Projeto Arquitetônico
Na primeira fase da APO foi fundamental a análise das plantas
arquitetônicas da edificação. Destaca-se que foi necessário um
levantamento in loco de uma série de dados de projeto tendo em
vista informações desatualizadas, ou inexistentes, nas plantas
fornecidas inicialmente. Desta forma, foram verificadas e
complementadas as informações necessárias para viabilizar a
aplicação da APO.
O edifício do HemoCamp é composto morfologicamente por um
complexo construído com dois edifícios de três andares
independentes. Apresenta-se, inicialmente a perspectiva do
complexo edificado avaliado nesta análise ambiental integrada.
(Figura 11)
Figura 11 - Perspectiva do acesso ao Hemocentro de Campinas
Para início das atividades das medições dos aspectos de conforto
térmico, luminoso e sonoro, foram estabelecidos ambientes-tipo
com base nas plantas arquitetônicas (Figura 13). Ambientes-tipo
são recintos escolhidos na avaliação pós-ocupação para
representar as condições gerais (ambientais) da edificação, tendo
em vista a impossibilidade ou a limitação de realização das
medições na totalidade dos recintos. As similaridades em termos
de orientação, área, atividade desenvolvida, entre outros; foram
fatores determinantes para a escolha dos ambientes-tipo.
Figura 13 - Ambientes tipos usados na Avaliação Pós Ocupação.
Figura 12 - Planta Baixa de cada pavimento com a delimitação em azul dos ambientes tipo.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
29
No caso do Hemocentro de Campinas, com a finalidade de
compreender melhor a qualidade dos ambientes do edifício,
foram identificados ambientes representativos, onde foram
entrevistados os usuários. Como, por exemplo, os ambientes: Sala
de Espera dos Doadores (Figura 16), Triagem (Figura 17),
Processamento (Figura 18) e Coleta (Figura 19).
Figura 16 - Planta Baixa de cada pavimento com a delimitação em azul dos ambientes tipo.
Figura 17 - Planta Baixa de cada pavimento com a delimitação em azul dos ambientes tipo.
Figura 18 - Planta Baixa de cada pavimento com a delimitação em azul dos ambientes tipo.
Figura 19 - Planta Baixa de cada pavimento com a delimitação em azul dos ambientes tipo.
Figura 14 – Planta de Locação.
Figura 15 – Exemplo APO Recepção
Doadores (Bloco C).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
30
2.3.2. Procedimentos para Medições in loco
Foram realizados procedimentos que antecedem as medições da
análise ambiental. Primeiramente, foram levantados os
equipamentos necessários para a coleta de dados de temperatura
e umidade do ar (termo-higrômetro); níveis de iluminâncias
(luxímetro); e níveis de ruído (decibelímetro). A Figura 20
apresenta os equipamentos utilizados nas medições.
Foram levantadas as principais normas nacionais e internacionais
para a realização das medições in loco dos dados relativos ao
conforto térmico, luminoso e sonoro na edificação. Este
levantamento é importante para a correta coleta de dados, tendo
em vista a aplicação da metodologia prevista nas normas. Além
dos equipamentos e procedimentos que devem ser adotados nas
medições, as normas também estabelecem níveis adequados de
conforto (térmico, sonoro e luminoso) que servem de parâmetros
para os dados coletados. Desta forma, listam-se algumas normas
de referência:
ISO/DIS 7726/96 – Ambientes Térmicos – Instrumentos
e métodos para medição dos parâmetros físicos;
NBR 5382 – Verificação da iluminância de interiores;
NBR 5413 – Iluminância de Interiores;
NBR 15215-2 – Procedimentos de cálculo para a
determinação da iluminação natural em ambientes
internos;
NBR 10151 – Acústica – Avaliação de ruído em áreas
habitadas visando o conforto da comunidade –
procedimentos;
NBR 10152 – Níveis de ruído para o conforto acústico.
Este trabalho técnico foi desenvolvido a partir dos procedimentos
metodológicos de medição de parâmetros de conforto térmico,
luminoso e sonoro. No entanto, não foram feitas as medições em
todos os ambientes-tipo previamente selecionados. Essas
medições não ocorreram conforme previsto pelo fato de que
parte dos ambientes escolhidos se encontravam em reforma ou já
tinham projeto de reforma aprovado nas instâncias
administrativas, o que tornaria dispensável uma avaliação da sua
qualidade ambiental atual, uma vez que brevemente seria
alterada sua conformação ou uso. Neste sentido, foram feitas
algumas medições de ambientes de maior uso, além dos espaços
externos e nas áreas comuns do edifício. Para isso, lista-se as
referências normatizadas considerada nos estudos de medição.
Figura 20 - Equipamentos de medição dos parâmetros ambientais.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
31
a) Medição de Conforto Térmico
Com relação ao conforto térmico, aplica-se a norma do
MINISTÉRIO DO TRABALHO, NR17/1990 – Ergonomia: item 17.5 –
que trata das condições de conforto aplicado a ambientes de
trabalho dependendo do tipo de atividade executada. Para as
atividades que exijam solicitação intelectual e atenção constante
como: salas de controle, laboratórios, escritórios, salas de
desenvolvimento ou análise de projetos, dentre outros,
lembramos que são recomendadas as seguintes condições de
conforto: a. níveis de ruído de acordo com o estabelecido na NBR
10152; b. índice de temperatura efetiva entre 20ºC e 23ºC; c.
velocidade do ar não superior a 0,75m/s; d) umidade relativa do
ar não inferior a 40%.
b) Medição de Conforto Luminoso – Iluminação Natural e
Artificial
Para uma primeira percepção de iluminação natural e artificial dos
ambientes-tipo, foi utilizado luxímetro digital para coletar dados
unitários da iluminância do espaço. Seguindo a Norma ABNT NBR
5382 – Verificação de Iluminância de Interiores, o aparelho foi
posicionado em um plano horizontal a uma distância de 80cm do
piso, conforme instruções, sob temperatura ambiente entre 15ºC
e 50ºC. O método utilizado para a obtenção dos dados de um
ambiente foi desenvolver uma malha de pontos, coletando o nível
de iluminância (lux) de cada ponto, podendo dessa forma criar
uma malha de ISOlux.
c) Medição de Conforto Sonoro
Para realizar as medições de conforto sonoro nos espaços tipos
selecionados nos blocos do edifício, foi necessário dividir os
ambientes segundo suas tipologias arquitetônicas a partir da
utilização do espaço. Desta forma, os ambientes divididos foram:
salas de escritório, salas com uso de máquinas, ambientes de uso
comum e laboratórios. O método utilizado para as medições
foram:
Medição decibelimétrica, que serve para medir a
intensidade de ruído existente no local;
Medições de tempo de reverberação, que determinam
o decaimento de intensidade de determinadas
freqüências num espaço de tempo, em uma
determinada sala;
Estudo da forma arquitetônica, para verificar o
comportamento das ondas sonoras no ambiente a partir
do local, material e tipo de fonte. Este estudo verifica
efeitos indesejáveis, como ressonância, reverberação,
entre outros.
2.3.3. Avaliação Bioclimática do Edifício
A avaliação bioclimática do HemoCamp foi desenvolvida por meio
de Simulações Computacionais. Para essas simulações
computacionais foram utilizados três programas tanto para
análise ambiental urbana quanto para a análise ambiental de
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
32
edifícios, são eles: ENVI-met 3.1, Ecotect Analysis 2011 e ANSYS
(CFD), de ventilação natural. Para as análises referentes à escala
urbana da edificação em estudo, foi desenvolvido um modelo
computacional tridimensional no programa ENVI-met
representando as condições ambientais (características do clima
da cidade de Campinas), composição da superfície do solo; e
características dos volumes edificados presentes no recorte do
entorno imediato. Após a definição do recorte urbano a ser
simulado e construção do modelo, foram simulados os aspectos
de temperatura do ar, velocidade dos ventos, e umidade relativa
do ar.
Para as análises de percursos aparente do sol, incidência de
radiação e iluminação natural no edifício, foi utilizado o programa
Ecotect 2011. Desta forma, com base no levantamento
arquitetônico realizado, foi desenvolvido o modelo virtual do
edifício para a verificação dos níveis de radiação solar direta
incidente das fachadas, dimensionamento das proteções solares
(verificação da eficiência dos elementos propostos), e verificação
do potencial de aproveitamento da iluminação natural em
determinados ambientes. A verificação do potencial de
aproveitamento da iluminação natural se deu no âmbito da
análise da Autonomia de Lux do Dia – DA; que representa (em
porcentagens de horas ao longo do ano) a manutenção de um
determinado nível de iluminação natural. Os parâmetros
analisados no software ENVI-met foram: temperatura do ar,
umidade relativa do ar e a velocidade do vento.
a) Análise dos parâmetros microclimáticos
A simulação ambiental é feita no software ENVI-met e tem como
objetivo facilitar a compreensão dos parâmetros microclimáticos
aplicados aos edifícios. Foram feitas simulações para dois tipos de
situação, a primeira com a implantação e edificações existentes e
a segunda com a previsão de edifícios anexos que possuem
projetos aprovados.
Os mapas apresentados aqui foram gerados para os horários das
9h, 12h e 15h para o período de Verão da cidade de Campinas/SP.
Em termos gerais, para o parâmetro temperatura do ar, os valores
alcançam as mínimas de 23ºC e as máximas de 28ºC. Essa
variação aponta uma baixa amplitude térmica ao longo do dia. A
variação se deve, principalmente, aos seguintes fatores:
incidência de radiação direta; materiais que compõe as
superfícies; e a vegetação.
Comparando as duas situações simuladas, no mapa que apresenta
a previsão dos edifícios anexos, observa-se um aumento das
manchas de maior concentração de calor, ao redor dessas novas
construções, para o horário das 09h e 12h. Há um aumento
pequeno, contudo significativo, de manchas vermelhas e
magentas, que representam temperaturas de cerca de 27,5ºC.
Pode-se observar que devido a troca de material superficial
existente aumentou-se cerca de 0,5ºC a temperatura em alguns
pontos.
No parâmetro umidade relativa do ar, os valores variam entre
61% e 76%. Não se observa alterações significativas em relação ao
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
33
parâmetro em questão nas duas situações estudadas. No
parâmetro ventilação a variação encontrada foi de 0,26m/s a
2,43m/s. Observa-se que o bloco anexo inserido em uma das
situações analisadas atua como barreira na distribuição dos
ventos no local.
Nas figuras podemos analisar a comparação entre os cenários
simulados (sem edifício anexo e com edifício anexo) quanto à
temperatura do ar, umidade relativa e ventilação nos horários das
9, 12 e 15 horas (Figura 21 a Figura 26).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
34
Figura 21 - Simulação de temperatura às 9, 12 e 15 h sem edifício anexo.
Figura 22 - Simulação de temperatura às 9, 12 e 15 h com edifício anexo.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
35
Figura 23 - Simulação de umidade às 9, 12 e 15 h sem edifício anexo.
Figura 24 - Simulação de umidade às 9, 12 e 15 h com edifício anexo.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
36
Figura 25 - Simulação da ventilação às 9, 12 e 15 h sem edifício anexo.
Figura 26 - Simulação da ventilação às 9, 12 e 15 h com edifício anexo.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
37
b) Percurso Aparente do Sol
As simulações do percurso aparente do sol sobre a área onde se
encontre o HEMOCAMP demonstram a pouca influência das
sombras geradas pelas edificações sobre as superfícies horizontais
durante o solstício de verão e de inverno – devido ao afastamento
generoso entre os edifícios (Figura 27). Desta forma, não se
observa áreas ao nível do solo extremamente sombreadas,
aspecto que durante o inverno poderia gerar desconforto para os
usuários do espaço. Durante o verão existe a ocorrência de
sombras na área entre as edificações analisadas durante o início
da manhã e final da tarde. No entanto, deve-se considerar a
incidência de radiação solar direta nesta área durante os horários
críticos para o calor (entre 9h – 15h). Desta forma, uma possível
diretriz para a melhoria deste cenário é a inserção de mais
arborização nesta área – considerando uma espécie que perca sua
folhagem no inverno.
O desenvolvimento do modelo tridimensional do edifício do
HemoCamp levou em consideração as plantas fornecidas pela
direção do estabelecimento.
Neste modelo foram considerados:
Forma e elementos da edificação com influência sobre o
sombreamento das fachadas;
Forma e elementos do entorno próximo com influência
sobre o sombreamento do HemoCamp;
Orientação das edificações;
Arquivo climático da cidade de Campinas-SP.
Figura 27 - Modelo do Hemocamp desenvolvido no programa Ecotect v5.50 com a representação da trajetória solar.
Fonte: Ecotect Analysis – Autodesk.
Primeiramente foi analisado a influência dos elementos
construídos no sombreamento e na incidência de radiação solar
no plano horizontal (ao redor do HemoCamp).
Com relação ao sombreamento gerado pelos elementos
construído foram realizadas duas simulações: para o solstício de
inverno, e para o solstício de verão.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
38
Figura 28 - Sombras na superfície horizontal geradas pelas edificações – Solstício de Inverno.
Fonte: Ecotect Analysis – Autodesk.
Durante o solstício de inverno o trecho entre blocos permanece
sombreado.
Figura 29 - Sombras na superfície horizontal geradas pelas edificações – Solstício de Verão.
Fonte: Ecotect Analysis – Autodesk.
Durante o solstício de verão, período com as maiores
temperaturas do ar, a área entre os edifícios (HemoCamp e bloco
2) recebe a incidência de radiação solar – uma vez que as sombras
dos elementos construídos não alcançam esse trecho nos horários
entre 10h e 15h.
c) Análise da insolação nas fachadas com máscaras de sombras
A partir da análise da carta solar, é possível compreender que o
edifício denominado bloco A tem implantação adequada, uma vez
que possui as menores fachadas voltadas para as direções leste e
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
39
oeste. No entanto, suas grandes fachadas voltadas para o norte e
para o sul também recebem significativa radiação ao longo do dia.
Estas fachadas necessitam de proteção solar especial, que evitem
o superaquecimento dos ambientes, ou ainda, que reduzam o
consumo de condicionamento de ar com a redução da carga
térmica incidente. Após o estudo de sombras no plano horizontal,
foi realizado o estudo de Carta Solar nas fachadas do HemoCamp
com o software Ecotect. Este estudo visa identificar a necessidade
de proteções solares nas aberturas, considerando a exposição
destas à radiação solar direta.
Fachada Sudeste:
Figura 30 - Análise da Fachada Sudeste do Hemocentro 2.
Figura 31 - Máscara de sombra nas aberturas à sudeste.
Figura 32 - Máscara de sombra nas aberturas à sudeste.
A Figura 31 e a Figura 32 apresentam as Cartas Solares das janelas
posicionadas na parte central da Fachada Sudeste (sendo
analisadas uma janela no pavimento terreno a outra no 2°
pavimento). Em ambas as situações ocorre um exposição
excessiva das 07h as 12h durante o período do verão. Portanto,
recomenda-se o aumento do ângulo de sombreamento “beta
esquerdo” para 45° - fato que pode ser solucionado com a
inserção de brises com aletas no sentido vertical.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
40
Conclusão: Aberturas Expostas durante os meses de verão – das
07h – 12 no solstício de verão. Necessidade de proteção no
período da manhã nos meses de janeiro e dezembro.
Figura 4 – Exemplo de proteções solares verticais (ângulo beta).
Fonte: Alberto de Souza Oliveira arquitetos e
GRAUX & BAEYENS architecten (www.pinterest.com).
Fachada Noroeste:
Figura 33 - Análise da Fachada Noroeste do Hemocentro 2.
Figura 34 - Máscara de sombra nas aberturas à noroeste.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
41
Figura 35 - Máscara de sombra nas aberturas à noroeste.
Fachada Noroeste: a análise das janelas localizadas no pavimento
térreo e 2° pavimento da parte central da fachada Noroeste
apontam para a exposição excessiva da fachada à radiação solar
durante todo o ano – no período da tarde (Figura 5). Assim, se faz
necessário a inserção de novas proteções solares que gerem
ângulos “alfa” com 40° - tais ângulos são formados por brises
horizontais conforme exemplifica a Figura 6. A angulação sugerida
para esta proteção bloqueia a incidência de sol durante os meses
de verão, outono e primavera – permitindo a passagem de
radiação solar durante o inverno
Conclusão: Aberturas Expostas durante os meses de verão e
inverno – das 11h – 18h. Grande exposição à radiação,
necessidade de proteções solares.
Figura 36 - Análise da Fachada Noroeste do Hemocentro 2.
Figura 37 - Máscara de sombra nas aberturas à noroeste.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
42
Figura 38 - Máscara de sombra nas aberturas à noroeste.
Conclusão: Aberturas Expostas durante os meses de verão e
inverno – das 11h – 18h.Grande exposição à radiação,
necessidade de proteções solares.
Fachada Nordeste:
Figura 39 - Análise da Fachada Nordeste do Hemocentro 2.
Figura 40 - Máscara de sombra nas aberturas à nordeste.
Fachada Nordeste: as análises das Cartas Solares desta
fachada indicam a exposição excessiva das aberturas ao
longo de todo o ano durante o período da manhã (Figura 7).
É importante destacar que nos meses com temperatura do ar
mais elevadas se faz necessário proteger as aberturas nos
horários críticos para o calor (entre 09h e 12h). Assim, é
sugerida a inserção de brises horizontais com aletas móveis
(controladas pelo usuário) – tendo em vista o fechamento
dos mesmos durante os meses mais quentes e a
possibilidade de abertura das aletas durante o inverno como
exemplificado na Figura 6.
Conclusão: Aberturas Expostas durante todo o ano – das 06h –
13h. Grande exposição à radiação, necessidade de proteções
solares.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
43
Figura 41 – Exemplo de proteções solares verticais (ângulo beta). Fonte:www.pinterest.com (acesso 29/06/2016).
Fachada Sudoeste:
Figura 42 - Análise da Fachada Sudoeste do Hemocentro 2.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
44
Figura 43 - Máscara de sombra nas aberturas à sudoeste.
Fachada Sudoeste: a análise das Cartas Solares desta
fachada indicam um exposição excessiva das aberturas
ao longo de todo ano durante o período da tarde (Figura
8). Para reduzir a incidência direta do sol nos meses e
horários críticos, sugere-se a inserção de proteções
solares horizontais com ângulo de 40° (conforme
exemplificado na Figura 6).
Conclusão: Aberturas Expostas durante todo o ano,
principalmente no solstício de verão das 12h – 18h. Grande
exposição à radiação | necessidade de proteções solares.
Resultado da análise da máscara de sombras:
De forma geral, todas as aberturas das fachadas da edificação
analisada necessitam de proteções solares. Considerando os
resultados das cartas solares, as proteções necessárias são
elementos que gerem ângulos alfa (α) – com aproximadamente
30°.
Outra solução, é a análise e (se for o caso) substituição das
películas reflexivas existentes atualmente.
d) Velocidade e incidência da ventilação natural
São apresentados neste sub-tópicos os gráficos de incidência de
ventilação. Ventos predominantemente sudeste, com velocidades
que variam de 2m/s a 6m/s (Figura 44).
Figura 44 - Análise da frequência dos ventos.
Apresenta-se também as principais estratégias para clima da zona
Bioclimática 03, representada aqui pela cidade de Campinas
(Figura 45).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
45
Figura 45 – Estratégias bioclimáticas para a cidade de Campinas – SP
No programa Ecotect foi gerada uma rosa dos ventos sobre os
modelos analisados – HemoCamp e edifício vizinho – tendo em
vista a análise de orientação das edificações para a ventilação
predominante na cidade de Campinas (Figura 9). Pode-se
observar que a ventilação predominante no local é sudeste – com
mais de 634 horas de ocorrência ao longo do ano. Assim, a
edificação vizinha ao HemoCamp está posicionada de forma a
receber os ventos sudeste. Além disso, esta edificação está em
um plano mais elevado em relação ao HemoCamp – se tornando,
portanto, um elemento considerável de obstrução da ventilação
principalmente para os ambientes localizados no pavimento
térreo. Por outro lado, devido ao tipo de uso do HemoCamp, a
obstrução da ventilação predominante não representa graves
implicações devido a intensa utilização de ar condicionado no
edifício em estudo.
Figura 46 – Análise da ventilação predominante sobre os edifícios analisados.
N
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
46
e) Análise da radiação solar
Foram feitas simulações de radiação solar com o auxílio do
programa ECOTECT.
Constatou-se que as superfícies horizontais ficam expostas
durante o solstício de verão com grande quantidade de radiação
solar, como mostrado na Erro! Fonte de referência não
encontrada. ao lado.
Figura 47 - Simulação de Incidência de Carga Térmica por radiação solar direta – Valores anuais acumulados – Em planta (Wh/m²).
2.3.4. Iluminação Natural
A luz natural possui grande importância nos ambientes, não
apenas por possibilitar a economia de energia, mas por
proporcionar uma série de vantagens aos usuários:
Confere senso de especialidade.
Propicia vivacidade ao edifício.
Propicia um bom ambiente visual, por ser a melhor
reprodutora de cores.
Ela incide sobre o nosso ânimo e comportamento,
regula nosso relógio biológico e a produção de
elementos vitais, tais como a vitamina D.
A exposição à luz solar, mesmo através do vidro, elimina
vírus e bactérias e é útil, especialmente no inverno,
quando a incidência de infecções respiratórias é maior.
Possibilitar o contato visual com o exterior e desta
forma informar as condições adversas do mesmo.
No HemoCamp, a partir dos estudos realizados, percebe-se que
há casos em que os usuários relatam grande insatisfação com a
iluminação natural. Uma das causas disso é associada à grande
amplitude nos níveis de iluminação interna, que resulta no
aumento da probabilidade de desconforto devido ao elevado
contraste e ao ofuscamento. A preferência das pessoas por
janelas pode ser afetada em função da dimensão das mesmas, e
pode chegar a uma rejeição quando elas são fonte de problemas
de conforto térmico. Nas proximidades da abertura a
variabilidade da temperatura é maior, aumentando assim, o
ganho de calor no verão e a perda de calor no inverno. A resposta
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
47
dos usuários em relação a um sistema de iluminação deficiente é
rejeitar o sistema, as pessoas tendem a reduzir ou eliminar
completamente a contribuição da luz natural se esta causar
desconforto ou dificultar a realização da tarefa.
É importante observar que, ao se falar em luz natural ou
aproveitamento da iluminação natural, faz-se referência apenas à
luz natural difusa, sem a presença da radiação direta.
Desta forma, o uso de elementos externos nas fachadas é sempre
recomendado, pois propiciam proteção solar reduzindo a carga
térmica interna, diminuindo o contraste de níveis de iluminância
internos e externos. Os brises são vantajosos também, pois
direcionam luz natural difusa para o interior do edifício e
diminuem a incidência da radiação solar direta nos ambientes
internos.
Analisando a configuração espacial, orientação solar e os
elementos externos de proteção dos Edifícios do Hemocentro,
nota-se potencial para o aproveitamento de iluminação natural
nas áreas periféricas do mesmo.
Durante a visita notou-se que, apesar do potencial para
aproveitamento da iluminação natural nas áreas periféricas, os
ambientes apresentam acionamento inadequado das luminárias,
pois não existe segmentação de circuitos para as luminárias
próximas às janelas.
Assim, diante do potencial para aproveitamento da iluminação
natural, sugerem-se algumas medidas para racionalização do
sistema de iluminação artificial:
Segmentar o sistema elétrico das luminárias próximas às
janelas e disponibilizar interruptores para estas
luminárias, permitindo que fiquem apagadas quando
existir iluminação natural suficiente.
Implantar sistemas de controle de iluminação com
sensores de luminosidade e reatores eletrônicos
dimerizáveis nas luminárias próximas às janelas.
Caso sejam adotados sensores de luminosidade e reatores
eletrônicos dimerizáveis, o controle da iluminação artificial deve
ser automático e gradual, conforme os níveis de iluminância
provenientes da luz natural. Neste caso, o sistema de controle
utiliza a iluminação natural disponível, mantendo a iluminância
requerida para cada atividade no plano de trabalho constante.
Além dos sistemas de controle mencionados, estão disponíveis no
mercado sistemas mais complexos, que integram todos os
recursos citados a um sistema de gerenciamento predial. Esses
sistemas permitem:
Controle automático dos horários de acionamento /
desligamento.
Controle automático e individual das funções do
ambiente.
Criação de cenários apropriados para diversas situações
de uso do ambiente, inclusive para economia de
energia.
Facilidade de operação.
Controle dinâmico da iluminação.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
48
A mudança de layout entre as salas do Hemocentro posicionou
uma divisória na mesma posição de uma luminária já instalada,
sem que esta fosse removida, obstruindo parte de seu fluxo
luminoso, reduzindo sua eficiência energética. Este cenário deve
ser alterado, para isso, seguem algumas recomendações:
Prosseguir na substituição gradativamente o sistema de
iluminação fluorescente atual (40W) pelos sistemas que utilizam
lâmpadas de 32 e 28 W.
Segmentar os circuitos em grupos menores de
luminárias, principalmente em ambientes amplos,
dividindo-os por linhas de luminárias próximas e
afastadas das janelas e de forma a criar pequenos
grupos independentes de trabalho.
Segmentar o sistema elétrico das luminárias próximas às
janelas, permitindo que estas fiquem apagadas quando
os níveis de iluminância forem aceitáveis.
Disponibilizar aos usuários acesso aos interruptores a
todas as salas que não o possuem ou sistemas de
controle de iluminação por meio de sensores de
presença.
Alterar o layout das estações de trabalho de modo que
as telas dos computadores fiquem sempre que possível
em posição lateral às janelas, evitando-se ofuscamentos
nestas áreas de trabalho, permitindo a utilização da
iluminação natural.
Adotar programas para conscientização e educação dos
funcionários sobre a importância de se conservar
energia e de que forma podem-se evitar desperdícios.
2.3.5. Simulação Termoenergética
A simulação termoenergética verifica o consumo de energia para
o uso de ar condicionado no edifício. Ela é feita no software
DesignBuilder, e para o bloco do Hemocentro foram criados 4
cenários de simulação, sendo estes:
Cenário 0: Situação atual;
Cenário 1: Esquadrias com película solar;
Cenário 2: Esquadrias com brises externos;
Cenário 3: Esquadrias com vidro de baixo fator solar.
Logo abaixo, na Figura 48, vemos o volume simulado com os 4
cenários.
Figura 48 - Volume simulado representando o Hemocentro 2.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
49
No comparativo de consumo anual de ar condicionado, temos os
gráficos de cada cenário para análise dos resultados:
Figura 49 - Resultado do cenário 0 - Situação atual
Figura 50 - Resultado do cenário 1 - Esquadrias com película solar
Figura 51 - Resultado do cenário 2 - Esquadrias com brises externos
Figura 52 - Resultado do cenário 3 - Esquadrias com vidro de baixo fator solar.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
50
Conclusão:
Logo abaixo, temos um gráfico comparativo entre cenários,
destacando a importância de qualquer intervenção (película, brise
ou vidro de baixo FS) e na vantagem apontada pelo cenário 3, que
pode chegar a 46% de economia no consumo de energia de ar
condicionado no edifício do Hemocentro 2.
Gráfico 3 - Comparação do consumo de energia nos 4 cenários simulados.
2.3.6 Etiquetagem do Nível de Eficiência Energética
Para os estudos de etiquetagem, foram extraídos dados do
edifício, a partir do seu projeto em arquivo CAD.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
51
São apresentados 3 cenários de Etiquetas de Eficiência Energética
para a Envoltória do Edifício. Os cenários variam da situação atual,
que obteve Etiqueta C até uma possível etiqueta A, com as
propostas sugeridas no Relatório Técnico.
Os pontos mais críticos estão indicados no quadro de dados.
Cenário C
Cenário B
Cenário A
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
52
2.3.6. Análise dos questionários aplicados aos usuários
O método ideal para a aplicação de questionários para a Avaliação
Pós-Ocupação é, segundo Roméro e Ornstein (2003), verificar o
universo de usuários do edifício em questão. Nesse caso, a
aplicação dos questionários se deu individualmente, a partir da
escolha das salas tipo destacadas na Figura 53 abaixo.
Figura 53 - Salas tipo para APO do Hemocentro 2.
Dessa forma, o resultado passou a ser analisado particularmente
em virtude da quantidade mínima de usuários por ambiente
analisado. Aponta-se que em cada ambiente analisado, pelo
menos dois usuários (quando existentes) foram questionados
sobre a qualidade ambiental daquele recinto. A interpretação dos
dados dos questionários permitiu concluir que:
Alguns ambientes necessitam de tratamento para o
controle/redução de ruído;
A iluminação natural está mal aproveitada na maioria
dos ambientes (hora excessiva e ofuscante, hora quase
inexistente);
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
53
Poucos espaços para convivência e descanso dos
funcionários;
Alguns espaços estão mal dimensionados;
A seguir temos os gráficos dos resultados obtidos nos
questionários para os ambientes da recepção e da coleta/triagem.
Gráfico 4 - Análise de funcionários por sexo.
Gráfico 5 - Análise de funcionários por idade.
24%
76%
Sexo
Masc.
Fem
11%
72%
15%
2%
Faixa Etária
15 a 25
26 a 45
46 a 59
Acima de 59
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
54
Gráfico 6 - Análise da iluminação na recepção.
Gráfico 7 - Análise do conforto ambiental na recepção.
Gráfico 8 - Análise dos ruídos na recepção.
Gráfico 9 - Análise da iluminação na coleta/triagem.
17%
83%
Recepção - Você consegue trabalhar sem iluminação artificial em algum período do
dia?
Sim
Não
83%
17%
Recepção - Se as janelas estiverem abertas o ambiente de trabalho fica confortável?
Sim
Não
100%
0%
Recepção - Há ruído de máquinas e equipamentos no seu ambiente de
trabalho?
Sim
Não
8%
92%
Coleta/Triagem - Você consegue trabalhar sem iluminação artificial em algum
período do dia?
Sim
Não
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
55
Gráfico 10 - Análise dos espaços na coleta/triagem.
Gráfico 11 - Análise do conforto ambiental na coleta/triagem.
Gráfico 12 - Análise do ruído na coleta/triagem.
8%
92%
Coleta/Triagem - O tamanho dos espaços é adequado?
Sim
Não
17%
83%
Coleta/Triagem - Se as janelas estiverem abertas o ambiente de trabalho fica
confortável?
Sim
Não
50%50%
Coleta/Triagem - Há ruído de máquinas e equipamentos no seu ambiente de
trabalho?
Sim
Não
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
56
2.4. Considerações específicas
O método de avaliação APO desenvolvido para este trabalho
mostrou-se adequado para aplicação em edificações singulares,
como o objeto de estudo, tanto pelas características do edifício
em si, quanto pela necessidade de proporcionar respostas
imediatas à administração que gerencia o uso e a ocupação do
HemoCamp.
Assim, após a aplicação do método de trabalho obteve-se
informações suficientes para gerar as Diretrizes de Adequação
Ambiental. As diretrizes geradas, por sua vez, serão
transformadas em proposições técnicas de projeto preliminar de
arquitetura mantendo assim o foco na melhoria da qualidade
ambiental integrada do edifício: ambiência, conforto e eficiência
energética conjugadas num estudo sólido e prospectivo.
A partir da avaliação sensorial realizada foi possível perceber
algumas inadequações dos ambientes, como a elevada carga
térmica em algumas orientações, pela excessiva exposição à
radiação solar; deficiência da luz natural, abaixo do recomendado
para as atividades desenvolvidas; e ambientes expostos a
excessivos ruídos externos devido ao isolamento insuficiente e
equipamentos defasados. As visitas técnicas in loco reforçaram os
registros da avaliação sensorial, mostrando a valiosa contribuição
da pesquisa com o usuário – fruto da APO – para a requalificação
ambiental do edifício. Nesse sentido, as intervenções nas
fachadas visarão também uma melhoria das condicionantes
internas.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
57
4. RETROFIT
Para o diagnóstico energético o grupo de pesquisadores se apoiou
na metodologia do Retrofit Energético. Neste relatório, foram
registrados todos os procedimentos seguidos, fotografias dos
sistemas do edifício, e, ao final, foram elencados cenários de
possíveis intervenções do ponto de vista energético do edifício.
Vale destacar que todas os procedimentos, bem como todos os
cenários de intervenção propostos foram consonantes com as
intervenções indicadas na APO e Eficiência Energética.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
58
4.1. Objetivos
Este trabalho tem por objetivo levantar e analisar informações
sobre o consumo de energia elétrica, hábitos de consumo,
características ocupacionais, situação operacional das instalações
e equipamentos de usos finais do Hemocentro de Campinas,
identificando oportunidades de melhoria na eficiência do uso da
energia elétrica e de redução do seu custo.
Desta forma, aplicou-se uma metodologia de diagnóstico
energético específica, ressaltando que cada instalação apresenta
peculiaridades próprias e que merecem, muitas vezes, tratamento
específico.
Para fins deste relatório técnico os dois blocos do Hemocentro
foram tratados como Hemocentro 1 e Hemocentro 2,
representando respectivamente os blocos 1 e 2 do HemoCamp.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
59
4.2. Método
A realização de diagnósticos energéticos envolve um conjunto
bastante diversificado de atividades, variáveis conforme a
finalidade e o tipo de ocupação da instalação. Tal fato implica na
existência de diversas metodologias de análise energética, cada
qual com suas peculiaridades necessárias à determinação correta
dos potenciais de conservação daquela instalação.
No caso da instalação em questão, com todas as suas
peculiaridades, incluindo também diversos ambientes de
escritórios e atendimento ao público, a metodologia aplicada
pode ser dividida nas seguintes etapas:
Visita de inspeção preliminar.
Planejamento das atividades de levantamento de dados.
Levantamento de dados, documentos, plantas e
cadastro dos equipamentos da instalação.
Medições de grandezas elétricas utilizando-se
analisadores de energia.
Análise e tabulação dos dados e informações
levantadas.
Estudo de viabilidade técnica e econômica de
alternativas para os usos finais encontrados e
determinação dos respectivos potenciais de
conservação de energia.
A visita de inspeção foi realizada com o objetivo de ter contato
com a instalação e de conhecer o pessoal encarregado de dar
apoio à equipe técnica no que diz respeito à locomoção, ao
fornecimento de documentos e demais informações durante todo
o processo de diagnóstico energético.
A partir da visita de inspeção, foi possível ter uma visão
macroscópica da instalação, fato que permitiu traçar a estratégia
de levantamento de dados, através da escolha dos pontos de
medição no sistema elétrico.
Entre todas as etapas do processo de diagnóstico energético, o
levantamento de dados é, sem dúvida, um dos mais importantes,
uma vez que todos os resultados e conclusões obtidos estão
baseados nas informações levantadas nessa fase. Dessa forma,
todos os dados devem ser obtidos e tratados com o maior rigor
possível, desconsiderando as informações mais duvidosas. Devido
à extensão e à importância dessa fase, foi conveniente a sua
segmentação em duas etapas:
Medições das grandezas elétricas de interesse.
Inspeção de ambientes segundo os usos finais de
energia.
As medições das grandezas elétricas de interesse foram realizadas
utilizando-se equipamentos analisadores de energia com
memória de massa, instalados nos quadros de distribuição de
energia elétrica que alimentam as redes normal e de emergência
do Hemocentro 1, assim como nos quadros de distribuição das
redes normal e de emergência do Hemocentro 2 (Figura 54 e
Figura 55).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
60
Figura 54 - Medição de consumo da rede normal do Hemocentro 2.
Figura 55 - Medição da rede de emergência do Hemocentro 2.
Os analisadores de energia correspondem a equipamentos digitais
microprocessados capazes de realizar medições monofásicas e
trifásicas com precisão de todas as grandezas elétricas relevantes
em diagnósticos energéticos, como por exemplo: tensão,
corrente, potências ativa e reativa, consumos de energia ativa e
de reativa com período de integração programável, fator de
potência e distorção harmônica. Além disso, eles possuem
considerável capacidade de armazenamento de dados em sua
memória de massa interna, registrando, inclusive, períodos de
falta de energia, uma vez que eles também são dotados de
baterias internas recarregáveis.
As informações fornecidas pelos analisadores de energia são
essenciais e indispensáveis para a realização de diagnósticos
energéticos precisos. A partir dessas informações, também é
possível determinar irregularidades na operação de sistemas e
equipamentos, por meio da detecção de baixos fatores de
potência, de altas distorções harmônicas e de desequilíbrios entre
fases.
Por outro lado, a inspeção de ambientes tem por objetivo
levantar as características mais particulares dos usos finais
presentes na instalação, complementando as informações obtidas
através da medição direta de grandezas elétricas. Dessa forma,
foram vistoriados todos os ambientes da instalação, onde foram
anotados todos os dados relevantes para a análise de cada uso
final.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
61
No caso do sistema de iluminação, foram verificadas e anotadas
as tecnologias atualmente utilizadas. Além disso, também foram
levantados os tempos de utilização do sistema em cada ambiente
(horário de expediente, utilização no período noturno), de forma
a permitir uma estimativa do consumo de energia elétrica desse
uso final.
Os dados levantados foram analisados e tratados de forma a
determinar as características de consumo do Hemocentro.
As visitas de inspeção ocorreram nos dias 13, 14 e 15 de outubro
de 2015. Neste mesmo período, foram realizadas as medições de
grandezas elétricas utilizando-se analisadores de energia.
4.3. Análise da Instalação
4.3.1. Introdução
As instalações elétricas do Hemocentro encontram-se em bom
estado de conservação. Durante as visitas constatou-se a
preocupação com a manutenção de painéis elétricos, bem como
de equipamentos em geral, mantendo-se um bom nível de
atendimento aos usuários.
4.3.2. Medições de Energia
As medições das grandezas elétricas foram realizadas por meio de
equipamentos analisadores de energia instalados em pontos
importantes do sistema elétrico da instalação.
O analisador de energia, harmônicos e oscilografia de
perturbações fabricado pela RMS Sistemas Eletrônicos MARH-21,
utilizado neste diagnóstico, é um registrador portátil, trifásico,
programável, destinado ao registro de tensões, correntes,
potências, energias, harmônicos e oscilografia de perturbações
em sistemas de geração, consumo e distribuição, bem como
circuitos que alimentam motores elétricos em geral.
O MARH-21 possui mostrador e teclado alfanumérico permitindo
efetuar a programação diretamente no equipamento.
O equipamento registra os dados de medição em sua memória
interna do tipo RAM e possui também porta serial para a
transferência dos dados registrados para um computador. O
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
62
software denominado ANAWIN possibilita a análise dos dados em
forma de gráficos e relatórios. A Figura 56 apresenta o analisador
MARH-21.
Figura 56 - Analisador MARH-21.
O equipamento MARH-21 possui as seguintes aplicações:
Registro das formas de onda das tensões e correntes, distorções
harmônicas e variações de frequência.
Análise dos harmônicos.
Estudos de demanda e otimização do uso de energia.
Simulações para estudos de correção do fator de
potência.
Monitoramento de processos visando à obtenção de
curvas de temperatura, pressão e vazão, juntamente
com as grandezas elétricas como tensão, corrente,
demanda e energia.
Análise de desligamentos e falhas causados por
variações nas características da tensão.
Obtenção de curvas de partida de motores elétricos.
As medições das grandezas elétricas foram realizadas nos quadros
de alimentação da rede normal e da rede de emergência, tanto no
Bloco 1, quanto no Bloco 2, conforme ilustrado a seguir:
Medição 1: Rede normal do Bloco 1.
Medição 2: Rede de emergência do Bloco 1.
Medição 3: Rede normal do Bloco 2.
Medição 4: Rede de emergência do Bloco 2.
A Figura 57 ilustra os pontos onde foram realizadas medições de
parâmetros elétricos nas instalações do Hemocentro.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
63
Figura 57 - Locais de medições de parâmetros elétricos.
4.4. Medições e Consumo Desagregado
A Figura 58 apresenta consumo de energia medido tanto no
barramento que alimenta os sistemas essenciais do Hemocentro
1, que podem ser supridos pelo grupo gerador em caso de falha
na concessionária, quanto na rede normal, onde em caso de falha
no fornecimento da concessionária as atividades são
interrompidas.
Este conjunto de cargas apresentou uma demanda máxima de
215,0kW e uma demanda média de 130,2kW em um período de
24 horas em um dia útil.
Figura 58 - Consumo de energia do Hemocentro 1.
A Figura 59 apresenta o consumo de energia do Hemocentro 2
realizado de maneira semelhante ao anterior, segmentado pela
rede de emergência e pela rede normal. Este edifício, por sua vez,
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
64
apresentou uma demanda média de 150,4kW, em um período de
24 horas, e solicitou uma demanda máxima de 232,9kW.
Figura 59 - Consumo de energia do Hemocentro 2.
Foi realizado também, um levantamento dos equipamentos
existentes no Hemocentro e seus respectivos períodos de
utilização e assim, foi possível construir a matriz de consumo
desagregado do Hemocentro, conforme apresenta a Figura 60.
Figura 60 - Matriz de consumo desagregado do Hemocentro.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
65
4.5. Simulação Energética da Edificação
Com base nas medições realizadas e nos levantamentos de dados
durante as visitas técnicas, desenvolveu-se um modelo virtual das
duas edificações que compõe o Hemocentro: Hemocentro 1 e
Hemocentro 2 (Figura 61), onde foi possível inserir dados relativos
à envoltória e usos finais de seus diversos setores. Este modelo
adotou algumas hipóteses simplificadoras visando fornecer uma
estimativa preliminar do desempenho energético da edificação
em análise.
Figura 61 - Modelo virtual do Hemocentro 1 e Hemocentro 2
Utilizando a ferramenta de simulação EnergyPlus®, simulou-se o
modelo virtual do Hemocentro para as condições climáticas de
Campinas. Foram utilizados dados típicos para os materiais da
edificação, a saber:
• Paredes externas: painéis wall e acabamento com espessura
total de 100 mm.
• Paredes internas: divisórias de madeira ou dry wall.
• Cobertura: forro com espaço de ar, telha canalete e platibandas
com telha de fibrocimento.
• Vidros: vidro simples de 3 mm.
• Portas: madeira com 40 mm de espessura.
Foi definido que o perfil de ocupação da edificação seria das 7:00h
às 18:00h de segunda a sexta, das 7:00h às 12:00h no sábado e
sem expediente no domingo. Estes perfis foram utilizados para a
presença de pessoas, iluminação e equipamentos e calibrados
com base nas avaliações feitas nas visitas técnicas realizadas. A
potência das câmaras frigoríficas foi definida com base nos
levantamentos feitos e o seu funcionamento foi estipulado como
ininterrupto. Para os sistemas de climatização unitários, foi
definido o valor médio de COP de 2,8 e o seu perfil de operação
foi estipulado como sendo o mesmo definido para a ocupação das
pessoas na edificação. Para os ambientes servidos por sistemas
tipo self- contained sistema central definiu-se um COP de 3,1. Foi
definida como temperatura de controle de todos os sistemas de
climatização o valor de 23°C. A edificação assim simulada será
considerada para fins deste relatório como a edificação de
referência (REF).
Com base nos relatórios de saída do EnergyPlus, como os
mostrados na Figura 62, podemos avaliar a contribuição de cada
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
66
uso final no consumo total da edificação ao longo de um ano de
operação.
Figura 62 - Exemplo de relatório de saída de dados da simulação realizada pelo EnergyPlus.
Os sistemas de climatização correspondem a 34% do consumo
total da edificação e os sistemas de refrigeração a 28%,
totalizando 62%. Portanto ações para a redução do consumo de
energia destes sistemas podem ter um impacto razoável no perfil
de consumo total de energia da edificação.
Nesse sentido, foram simuladas as seguintes estratégias visando a
redução do consumo de energia dos sistemas de climatização:
Estratégia 1 (EST_01): Modificação da temperatura de controle
dos sistemas de climatização de 23°C para 25°C: esta estratégia foi
sugerida para mostrar o potencial de redução, caso os usuários da
edificação modifiquem o seu comportamento quanto a definição
da temperatura de controle do sistema de climatização. Esta
modificação só deve ser realizada nos setores em que a demanda
de climatização seja apenas para conforto térmico e não seja
necessário controle de temperatura para conservação do sangue
e demais produtos manipulados no Hemocentro.
Estratégia 2 (EST_02): Retrofit dos sistemas unitários de
climatização para equipamentos com selo PROCEL A: esta ação
visa mostrar o impacto da redução se os equipamentos a serem
instalados adotassem níveis de eficiência de equipamentos
etiquetados com selo PROCEL A (COP=3,3).
Estratégia 3(EST_03): retrofit dos sistemas tipo self contained
para sistemas mais eficientes (COP=3,6).
Estratégia 4 (EST_04): aplicação das estratégias 2 e 3 para
avaliação do retrofit de todos os sistemas de climatização.
Estratégia 5 (EST_05): aplicação das estratégias 1 e 2 para
avaliação do retrofit dos sistemas de climatização unitários e a
mudança no setpoint de controle da temperatura ambiente.
Estratégia 6 (EST_06): aplicação das estratégias 1 e 3 para
avaliação do retrofit dos sistemas tipo self contained e a mudança
no setpoint de controle da temperatura ambiente.
Estratégia 7 (EST_07): aplicação das estratégias 1 e 4 para
avaliação do retrofit de todos os sistemas de climatização da
edificação e a mudança no setpoint de controle da temperatura
ambiente.
Após a simulação de cada uma destas estratégias, podem-se
verificar na Figura 63 as reduções do consumo anual obtidas por
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
67
cada estratégia e que podem ser comparadas com a situação
atual (REF).
Figura 63 - Potencial de redução das estratégias propostas.
Pode-se concluir que:
• A estratégia EST_01 apresenta uma redução pequena e
cuja implementação demandaria uma conscientização por parte
do usuário, podendo ser aplicada de imediato. A combinação
desta estratégia com as demais estratégias propostas (EST_05,
EST_06 e EST_07) promove uma redução adicional de consumo de
energia aos níveis atingidos pelas estratégias aplicadas
isoladamente (EST_02, EST_03 e EST_04);
• A estratégia EST_02 implica em um investimento maior
que a estratégia EST_03 e, devido a sua maior contribuição na
capacidade total de sistema de climatização, promove uma maior
redução no consumo total de energia da edificação.
• A estratégia EST_04 tem um impacto maior que as
estratégias EST_02 e EST_03 e terá um custo alto para sua
implantação, devendo-se avaliar o retorno de investimento desta
estratégia para definir a sua implantação.
• A estratégia EST_07 promove uma maior redução no
consumo de energia pois combina o retrofit dos dois tipos de
sistemas de climatização combinado com a mudança do setpoint,
devendo-se avaliar o retorno de investimento desta estratégia
para definir a sua implantação.
1950
2000
2050
2100
2150
2200
2250
2300
REF EST_01 EST_02 EST_03 EST_04 EST_05 EST_06 EST_07
Co
nsu
mo
de
en
erg
ia e
létr
ica
anu
al [
MW
h]
2,1%
4,1%
1,8%
5,9%6,2%
3,9%
8,0%
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
68
4.6. Sistemas de Climatização e Refrigeração
4.6.1. Climatização
O Hemocentro utiliza diversos sistemas independentes de
condicionamento ambiental com unidades tipo self-contained de
capacidades entre 10TR e 15TR, para os grandes ambientes e com
unidades tipo janela ou split para os menores.
Segundo os usuários, algumas das unidades não funcionam
corretamente e, principalmente as do tipo janela, geram ruídos
excessivos que os incomodam ao longo do dia.
Nota-se também que nem sempre as unidades adquiridas
possuem o Selo Procel de Eficiência Energética, deixando de
explorar o potencial de economia deste sistema de grande
consumo de energia no Hemocentro.
Recomendações:
Retrofit nos sistemas de ar condicionado com vida útil acima de
15 anos.
Aquisição de novos equipamentos tipo split com selo A do Procel
para o retrofit dos equipamentos unitários com vida útil acima de
15 anos.
4.6.2. Sistemas de Refrigeração
Verificou-se no hemocentro a existência de diversas unidades de
refrigeração com temperaturas de controle variando de +6°C a -
80°C com capacidades de armazenamento e de consumo de
energia também diversas. Estas unidades estão distribuídas pelos
diversos setores do Hemocentro.
Segundo informações coletadas junto ao Hemocentro, as
unidades com mais de 10 anos de utilização têm sido substituídas,
prática que deve ser mantida para garantir um melhor
desempenho energético da edificação.
Ao adquirir novas unidades, deve se atentar à questão do
consumo energético, priorizando a compra de unidades com o
menor consumo de energia, que correspondem aos
equipamentos mais eficientes disponíveis no mercado.
Recomendação:
Manutenção preventiva dos sistemas e retrofit das
unidades de resfriamento com vida útil maior que 15
anos.
4.6.3. Sistemas Motrizes
Há mais de uma década os fabricantes de motores elétricos
desenvolvem equipamentos mais eficientes, de forma que, além
de fabricarem motores do tipo padrão, apresenta também uma
linha de produtos denominada alto rendimento.
Aumentando os custos de fabricação, foi possível desenvolver
equipamentos mais eficientes (diminuindo as perdas no motor
elétrico), de forma que, um motor de alto rendimento gasta
menos energia elétrica do que um motor do tipo padrão, para a
mesma aplicação industrial, desde que bem dimensionado à
carga.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
69
Desta forma, o custo adicional de aquisição é compensado pelo
menor custo operacional, sendo que, em muitos casos, o Tempo
de Retorno do Investimento possui valor atrativo, considerando
que um motor pode durar mais de 12 anos.
A Figura 64 apresenta uma comparação entre motores do tipo
padrão e alto rendimento.
Uma das causas mais comuns de operação ineficiente é o
superdimensionamento de motores elétricos. Os motivos mais
frequentes para essa ocorrência são:
Desconhecimento das características da carga.
Desconhecimento de métodos para dimensionamento
adequado.
Expectativa de aumento de carga.
Não especificação de fator de serviço maior que 1 para
motores que trabalham esporadicamente
sobrecarregados.
Aplicação de sucessivos fatores de segurança.
Os motores da linha de alto rendimento lançados no mercado
interno pelos maiores fabricantes nacionais de motores elétricos
são, em média, 35 a 50 % mais caros que os da linha padrão, fato
este que deve ser considerado no estudo de viabilidade para a
substituição de tecnologias.
Estudos mostram que, quando comparado ao motor padrão, o
motor de alto rendimento pode apresentar um rendimento
superior, da ordem de 2 a 6 %, sendo este aumento devido a
menor quantidade de perdas, para a mesma potência mecânica.
A decisão em se escolher motores mais caros com custos de
operação mais baixos e motores mais baratos com maior
consumo de energia pode ser baseada em um critério financeiro
de retorno do capital. Este critério considera como principal
parâmetro, o número de horas por ano de funcionamento do
motor.
Figura 64 – Comparação entre motores do tipo padrão e alto rendimento.
Porém, deve-se salientar que não existe vantagem nenhuma na
utilização de um motor de alto rendimento e acoplá-lo a um
equipamento ineficiente ou trabalhar sobredimensionado,
provocando maiores gastos com energia, tendência esta muito
comum, propositalmente ou por desconhecimento, sob a
alegação de se manter uma potência reserva que poderia
aumentar a confiabilidade do acionamento.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
70
Verificou-se no Hemocentro a existência de motores para
acionamento de elevadores.
Pode-se citar com recomendações:
Substituição gradativa por motores de alto rendimento,
corretamente dimensionados.
Aquisição de equipamentos com motores de alto
rendimento.
Realização permanente de serviços de manutenção.
Observação dos aspectos de qualidade de energia e das
instalações elétricas para o bom funcionamento dos
motores.
4.7. Sistemas de Bombeamento
Geralmente, os acionamentos das bombas são feitos por motores
elétricos de indução. A explicação para o uso deste tipo de motor
está na sua construção robusta, onde não há o uso de escovas,
sendo indicados para sistemas de acionamento contínuo.
Dentre os fatores que contribuem para o custo de energia elétrica
em sistemas de bombamento, podem-se destacar:
Ultrapassagem da demanda contratada.
Baixo fator de potência.
Consumo elevado em horários de ponta.
Equipamentos antigos, nos quais ocorre dificuldade de
manutenção e adaptação às normas tecnológicas atuais.
Baixo rendimento das instalações de bombeamento,
ocasionando maior consumo de energia elétrica.
A bomba é um dispositivo que tem a função de transformar a
energia mecânica no seu eixo em energia hidráulica cedida ao
fluído. Como em todo processo de transformação energética
existem perdas, o rendimento da bomba pode ser determinado
pela relação entre a potência mecânica, fornecida a bomba pelo
motor, e a potência hidráulica cedida ao fluído.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
71
A Figura 65 apresenta a curva de rendimento em função da vazão
da bomba.
Assim, nota-se a ocorrência de um rendimento máximo, a partir
do qual o aumente o da vazão decresce o rendimento, ou seja, a
partir deste ponto a energia mecânica cedida à bomba é cada vez
menos transformada em energia hidráulica e as perdas
aumentam.
Verificou-se a existência de bombas, algumas antigas, para
armazenamento da água nos reservatórios que abastecem o
Hemocentro. Neste sentido, recomenda-se a aquisição de
conjunto moto-bomba de alto rendimento, corretamente
dimensionado para abastecer o reservatório de água do
Hemocentro.
Figura 65 - Curva de rendimento em função da vazão.
4.8. Estudo Tarifário
A partir da Resolução 414/2010 da ANEEL e com o início da
vigência do terceiro Ciclo de Revisão Tarifária Periódica (CRTP)
para a Amazonas Energia, ocorrido em novembro de 2013, a
estrutura tarifária de seus consumidores sofrerá algumas
alterações em suas modalidades, explicadas a seguir.
4.8.1. Estrutura Tarifária do Grupo A
a) Tarifa Convencional
Aplicada em unidades consumidoras atendidas em tensão inferior
a 69 kV e demanda contratada menor que 300 kW. Entretanto,
esta modalidade será gradualmente extinta ao longo do terceiro
CRTP, inicialmente para os consumidores com demanda
contratada maior ou igual a 150 kW, que deverão optar por uma
das modalidades horárias, azul ou verde, até o final do primeiro
ano de vigência do terceiro CRTP. Ao final deste Ciclo, os demais
consumidores também deverão optar por uma das modalidades
horárias.
A modalidade tarifária convencional considera os seguintes
critérios:
Demanda de potência [kW]: tarifa única sem distinção
horária.
Consumo de energia [kWh]: tarifa única sem distinção
horária.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
72
b) Tarifa Horária Verde
Aplicada em unidades consumidoras atendidas em tensão inferior
a 69 kV, com demanda contratada até 2.500 kW. A modalidade
tarifária horária verde considera os seguintes critérios:
Demanda de potência [kW]: tarifa única sem distinção
horária.
Consumo de energia [kWh]: uma tarifa para o posto
horário ponta; uma tarifa para o posto horário fora de
ponta.
c) Tarifa Horária Azul
Aplicada compulsoriamente às unidades consumidoras atendidas
em tensão igual ou superior a 69 kV e opcionalmente para as
demais unidades. A modalidade tarifária horária azul considera os
seguintes critérios:
Demanda [kW]: uma tarifa para o posto horário ponta;
uma tarifa para o posto horário fora de ponta.
Consumo de energia [kWh]: uma tarifa para o posto
horário ponta; uma tarifa para o posto horário fora de
ponta.
4.8.2. Estrutura tarifária do Grupo B
a) Tarifa Convencional
Aplicado de forma compulsória e automática às unidades
consumidoras atendidas em tensão inferior a 2,3 kV, com tarifa
que considera o seguinte critério:
Consumo de energia [kWh]: tarifa única, sem distinção
horária.
b) Tarifa Branca
Aplicado conforme opção do consumidor, somente após a
publicação da resolução específica e considera o seguinte critério:
Consumo de energia [kWh]: uma tarifa para o posto horário de
ponta, uma tarifa para o posto horário intermediário e uma tarifa
para o posto horário fora de ponta.
4.8.3. Avaliação
O Hemocentro de Campinas é alimentado em média tensão e a
modalidade tarifária aplicada é a Convencional, com demanda
contratada de 600 kW. Uma análise das despesas simuladas nas
demais modalidades, as horárias verde e azul, apontou que a
tarifa horária verde é mais adequada ao perfil de consumo do
HemoCamp, que possui baixo consumo de energia no horário de
ponta.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
73
O Gráfico 13 representa o consumo mensal de energia do
HemoCamp. Pode-se observar que o consumo foi elevado no
início do ano de 2012, mas que após esse período o consumo se
estabilizou e alterou pouco mês a mês.
Gráfico 13 - Consumo mensal de energia do HemoCamp.
Observa-se no Gráfico 14 que apesar da demanda contratada ser
de 600 kW, os valores registrados poucas vezes alcançaram 550
kW, e o máximo registrado foi de 553 kW. Uma redução da
demanda contratada em 50 kW, pode gerar uma economia de até
R$ 1.846,00 mensais, totalizando aproximadamente R$ 22 mil
anuais, nos valores da tarifa atual.
Gráfico 14 - Demanda de energia mensal máxima do HemoCamp
Entretanto, com o início do Terceiro Ciclo de Revisão Tarifária da
Concessionária local, esses valores serão reavaliados, alterando o
valor final da economia, e de acordo com a resolução 414/2010
da ANEEL esta modalidade deverá ser substituída após 12 meses
de vigência desse Ciclo. Entre as opções possíveis, apesar da
diferença ser pequena, a aplicação da tarifa horária verde
mostrou-se melhor adequada ao perfil de consumo do
HemoCamp. Como recomendações, sugere-se:
A alteração do enquadramento tarifário para a tarifa
horária verde. E a alteração da demanda contratada
para 550 kW.
Consumo de Energia [kWh]
-
50.000
100.000
150.000
200.000
250.000
300.000
350.000
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
20122013
Demanda de Energia [kW]
-
100
200
300
400
500
600
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
20122013
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
74
4.9. Perturbações elétricas
A variação na amplitude da tensão ocorre quando sobre um sinal
senoidal produz-se:
Afundamentos ou elevações momentâneas de tensão.
Sobretensão e subtensão.
Interrupções de tensão.
Flutuações de tensão.
Cintilações.
Afundamentos de tensão, ou “sags”, são caracterizados por uma
diminuição no valor da amplitude, de forma brusca, entre 0,1 a
0,9 p.u., restabelecendo-se após um curto período de tempo.
Em alguns países, tem-se buscado melhorar o fornecimento de
energia, através de programas essenciais para a redução do
número e duração de interrupções sofridas pelos consumidores.
O tempo de afundamento de tensão está compreendido entre 0,5
e 30 ciclos e pode ser ocasionado por elevações bruscas de
corrente, seja por curto circuito, partida de motores de grande
porte ou comutação de cargas com elevada potência.
Equipamentos modernos utilizados em instalações industriais são
extremamente sensíveis aos afundamentos de tensão, uma vez
que podem deixar de exercer corretamente suas funções.
As elevações momentâneas de tensão são de curta duração e
apresentam um forte amortecimento em sua forma de onda. São
causadas pela comutação de bancos de capacitores, conexões e
desconexões de equipamentos, operação de retificadores
controlados, variadores de velocidade, atuação de dispositivos de
proteção, descargas atmosféricas, entre outros.
Para ser considerada elevação momentânea de tensão, o valor da
sobretensão transitória, ou “swell”, deve estar na faixa de 1,1 a
1,8 p.u.
Dentro de certos limites, os equipamentos de uso final podem
suportar impulsos transitórios de tensão, porém, dependendo da
intensidade e quantidade dos eventos, sua vida útil pode ser
afetada.
Equipamentos com eletrônica de potência e fontes de
alimentação de computadores são bem mais sensíveis que o
motor, podendo ser danificados em sua totalidade.
A sobretensão pode ser definida como sendo uma perturbação
com valor eficaz superior ao valor de tensão nominal (10%) e
pode ser de curta ou longa duração.
Muitas vezes, as de curta duração possuem intensidade bem
superior às de longa duração.
A sobretensão pode ocorrer devido à entrada em operação de
grupos geradores ou rejeição de cargas com elevada potência.
Já os desequilíbrios de tensão são produzidos devido à existência
de diferenças significativas entre valores eficazes das tensões ou
correntes presentes em um sistema trifásico.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
75
Geralmente, tal ocorrência pode ser devido à abertura de uma
das fases do sistema de alimentação trifásico, bem como cargas
monofásicas desigualmente distribuídas.
Observa-se que a presença de tensões ligeiramente
desbalanceadas pode provocar alterações nas características de
desempenho de equipamentos de uso final.
Por exemplo, para o motor elétrico, devido aos desequilíbrios de
tensão, este pode sofrer acréscimo das perdas e desequilíbrio das
correntes de linha, redução dos valores de conjugado, redução do
rendimento e aumento dos níveis de ruído e vibração, podendo
ser considerado uma das causas da queima deste tipo de
máquina.
Sendo assim, é importante a determinação do valor do Grau de
Desequilíbrio de Tensão (GDT), um dos fatores relacionados à
qualidade da tensão da rede elétrica, fornecida pela
concessionária. Este valor não deve ser maior do que 1%.
Na prática, o grau de desequilíbrio de tensão pode ser calculado
de acordo com a seguinte equação:
A Figura 66 apresenta as tensões medidas no quadro de
distribuição da rede normal do Hemocentro 2, que apresentou os
maiores valores de desequilíbrio de tensão, entre as medições
realizadas. Ainda assim, os valores encontram-se dentro dos
limites permitidos. Nota-se, no entanto, que os maiores
desequilíbrios ocorrem durante o horário comercial, onde cargas
monofásicas operam de forma desbalanceada entre as fases.
Figura 66 - Medição da rede normal do Hemocentro 2 – Tensões AB, BC e CA.
A Figura 67 apresenta as correntes medidas no quadro de
distribuição da rede normal do Hemocentro 2. Verifica-se que a
presença de cargas monofásicas não distribuídas uniformemente
proporciona um desequilíbrio nas correntes sem, no entanto,
comprometer o equilíbrio das tensões.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
76
Figura 67 - Correntes A, B e C medidas no circuito de alimentação rede normal do Hemocentro 2.
4.11. Harmônicos
As perturbações ocasionadas por harmônicos tornaram-se
importantes na década de 80, quando se iniciou a substituição de
equipamentos elétricos e eletromecânicos por equipamentos
eletrônicos.
As cargas chamadas lineares, como motores elétricos e
iluminação incandescente, possuem correntes proporcionais à
tensão, ou seja, senoidais, mesmo estando defasadas ou não, em
função de sua natureza: resistiva, indutiva ou capacitiva.
Nas cargas não lineares, essa proporcionalidade não existe, pois
se pode conduzir corrente durante apenas uma parte do ciclo, e
mesmo que a tensão seja senoidal, a corrente não será.
As correntes harmônicas são responsáveis por elevar a
temperatura dos condutores, dos rotores de motores elétricos, e
também provocarem sobretensões em locais onde estão
instalados capacitores, através do efeito de ressonância.
Estas correntes geradas são somadas vetorialmente com as
correntes originadas pelas cargas residenciais, industriais, entre
outras, que lentamente estão adquirindo valores significativos,
devido à utilização cada vez maior de equipamentos eletrônicos.
Chama-se ordem de um harmônico, um número inteiro obtido
pelo quociente da frequência desse harmônico, pela frequência
da componente fundamental:
Onde:
h = ordem harmônica.
fh = frequência harmônica de ordem h [Hz].
f1 = frequência da fundamental [Hz].
Os harmônicos podem ser classificados segundo a sua ordem e
frequência conforme a Tabela 9.1:
Tabela 3 - Classificação dos harmônicos de acordo com sua ordem e frequência.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
77
A situação desejada seria aquela com a existência de somente o
harmônico de ordem 1, com 60 Hz, chamado de fundamental.
Pode-se observar a existência de harmônicos de ordem ímpares,
encontradas em instalações elétricas em geral, e de ordem pares,
encontradas somente em casos de assimetrias.
As sequências podem ser positivas, negativas ou nulas. No caso de
motores elétricos, os harmônicos de sequência positiva superiores
a fundamental, tendem a girá-lo em velocidade superior à
nominal, provocando aquecimento devido à sobrecorrentes,
reduzindo sua vida útil. As de sequência negativa tendem a girá-lo
no sentido inverso ao do campo girante provocado pela
fundamental, produzindo ação de frenagem, reduzindo o
conjugado e provocando também aquecimentos indesejáveis. Os
harmônicos de sequência zero somam-se de forma algébrica em
circuitos com a presença de condutor neutro, provocando
correntes elevadas, algumas vezes superiores aos valores das
correntes de fase.
Os harmônicos são expressos em termos de seu valor eficaz, pois
o aquecimento produzido pela onda distorcida está relacionado
ao mesmo.
O desenvolvimento da eletrônica de potência trouxe novas
possibilidades de utilização de máquinas elétricas, sendo possível
com essa tecnologia, controlar com precisão o fluxo de energia
elétrica, aumentando o desempenho eletromecânico de motores,
tornando-se uma opção eficiente em termos de conservação de
energia.
Porém, os harmônicos gerados na tensão de alimentação, afetam
a dinâmica de magnetização do núcleo das máquinas, provocando
o aumento das perdas magnéticas.
Harmônicos de quinta ordem produzem um conjugado de sentido
oposto ao de rotação do motor, reduzindo o conjugado resultante
e a capacidade de acionamento da carga mecânica. Neste caso,
ocorre um acréscimo na corrente de alimentação, podendo
ocasionar a queima do motor, uma vez que o aumento das perdas
Joule no estator provoca a estabilização da temperatura em um
valor superior à classe térmica do enrolamento.
A Figura 9.3 apresenta os valores dos harmônicos de tensão
medidos no quadro de distribuição da rede normal do
Hemocentro 2. Valores encontram-se dentro dos limites
permitidos.
Ordem Frequência [Hz]
1 60
2 120
3 180
4 240
5 300
6 360
h h.60
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
78
Figura 68 - Medição de harmônicos de tensão na saída do transformador
Neste caso, em nenhum momento os valores ultrapassaram 5%,
de forma que o Hemocentro não possui problemas de qualidade
de energia relacionados aos harmônicos.
4.12. Fator de Potência
O Fator de Potência (FP) de um sistema elétrico qualquer, que
está operando em corrente alternada, é definido pela razão da
potência real ou potência ativa pela potência total ou potência
aparente.
De acordo com a Resolução Normativa ANEEL 414/2010, que
estabelece as condições gerais de fornecimento de energia
elétrica, o fator de potência da unidade consumidora, para efeito
de faturamento, deve ser verificado pela distribuidora por meio
de medição permanente, de forma obrigatória para clientes do
Grupo A. De acordo com a Resolução, o fator de potência de
referência, indutivo ou capacitivo, tem como limite mínimo
permitido, para as unidades consumidoras, o valor de 0,92.
A Figura 69 apresenta os valores de fator de potência do
Hemocentro 2 calculados através da soma das curvas de carga dos
circuitos das redes normal e de emergência, onde é possível
observar que durante o período noturno há um excesso no
consumo de energia reativa.
Figura 69 - Fator de potência calculado a cada minuto para o Hemocentro 2.
Recomendações:
Atentar para os desequilíbrios de corrente nos painéis
elétricos do Hemocentro, procurando sempre manter as
correntes de fase equilibradas (melhor distribuição de
cargas).
Utilização de equipamentos eletrônicos com fator de
potência dentro dos limites normalizados (> 0,92).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
79
4.13. Considerações específicas
As instalações do Hemocentro encontram-se em bom estado de
conservação, sendo que durante as visitas constatou-se a
preocupação com a manutenção de painéis elétricos, bem como
de equipamentos em geral, mantendo-se um bom nível de
atendimento aos usuários.
Foram realizadas quatro medições utilizando-se equipamentos
analisadores de energia instalados em pontos importantes do
sistema elétrico do Hemocentro.
Foi possível também, desenvolver um modelo virtual da
edificação utilizando-se o software de simulação EnergyPlus, onde
foram simuladas as seguintes estratégias visando a redução do
consumo de energia:
Estratégia 1: Modificação da temperatura de controle dos
sistemas de climatização de 23°C para 25°C.
Estratégia 2: Retrofit dos sistemas de climatização tipo split para
equipamentos com selo Procel A.
Estratégia 3: retrofit dos sistemas tipo self contained para
sistemas mais eficientes (COP=3,6).
Estratégia 4: aplicação das estratégias 2 e 3.
Estratégia 5: aplicaçao das estratégias 1 e 2.
Estratégia 6: aplicação das estratégias 1 e 3.
Estratégia 7: aplicação das estratégias 1 e 4.
Estratégia 8: retrofit do sistema de refrigeração com vida útil
acima de 15 anos.
Nos sistemas de iluminação, recomenda-se prosseguir a
substituição gradativa do sistema fluorescente atual (85W e
110W) pelos sistemas que utilizam lâmpadas de 32 ou iniciar a
utilização das lâmpadas de 28W.
Verificou-se também a necessidade de segmentar os circuitos em
grupos menores de luminárias, principalmente em ambientes
amplos, bem como segmentar o sistema elétrico das luminárias
próximas às janelas permitindo que estas fiquem apagadas
quando os níveis de iluminância forem aceitáveis.
Quanto aos sistemas de climatização, recomenda-se que quando
novas aquisições forem realizadas, que o aspecto selo energético
seja considerado e sejam adquiridos apenas equipamentos nível
A. Além disso, o retrofit dos compressores do sistema de
resfriamento central teria um impacto significativo no consumo
total da edificação.
No tocante aos sistemas de refrigeração, recomenda-se a
manutenção preventiva dos equipamentos e o retrofit
progressivo das unidades que tenham acima de 15 anos de vida
útil.
Para os aspectos de qualidade de energia elétrica, recomenda-se
atentar para os desequilíbrios de corrente nos painéis elétricos,
procurando sempre manter as correntes de fase equilibradas
(melhor distribuição de cargas). Recomenda-se também a
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
80
utilização de equipamentos eletrônicos com fator de potência
dentro dos limites normalizados (> 0,92).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
81
5. PROJETO E REABILITAÇÃO
5.1. Introdução
A partir da união de todas as análises das etapas anteriores, que
consistem nos Antecedentes (dados gerais da cidade, localização
do edifício, plantas técnicas, condicionantes bioclimáticos, dentre
outros), na Avaliação Pós-Ocupação e no Retrofit, foi possível
definir as Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável, que
consistem principalmente em propor soluções de intervenção
para as áreas específicas do objeto de pesquisa.
Na busca por soluções para o diagnóstico elaborado, foram
selecionados exemplos para o estudo de intervenção do
HemoCamp agrupados em 6 (seis) Diretrizes para Reabilitação,
criadas a partir da junção de elementos de sustentabilidade e de
humanização, sendo elas:
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
82
1. Inserção social: Acessos, humanização dos espaços.
2. Identidade: Elementos de fachada.
3. Acessibilidade: Passeios cobertos, praças.
4. Humanização: Espera externa, áreas verdes, pisos,
cores, espaço do funcionário.
5. Conforto Ambiental: Sombreamento de fachadas,
mudança das esquadrias, mudança da cobertura dos
edifícios e passeios cobertos.
6. Revitalização das Áreas Verdes: Jardins de convivência
com vegetação típica da região.
5.2. Estudos de Repertório
Os estudos de repertório para a reabilitação do HemoCamp
incluem uma gama de propostas arquitetônicas e urbanísticas,
baseadas em tecnologias atuais ou mesmo técnicas vernáculas.
Destaca-se a dimensão ambiental do estudo de repertório, que foi
incorporada neste relatório motivada pela necessidade de intervir
em um edifício que faz parte de um conjunto arquitetônico do
campus universitário da Universidade de Campinas. No
Hemocentro de Campinas, pretende-se modificar o impacto
gerado pelo edifício a partir de elementos que contribuam para a
melhoria do conforto ambiental e na preservação da linguagem
existente. Neste sentido, indica-se como possíveis soluções
intervenções que visem o aproveitamento da luz natural,
sobretudo no contexto de edifícios de saúde. Assim, a principal
diretriz deste estudo de repertório é o uso de elementos
sombreadores na fachada, que permitem a entrada da luz natural
sem ofuscamento nos ambientes de espera e trabalho.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
83
De modo didático, agrupamos as pesquisas de repertório em
alguns sub-grupos, os quais serão facilmente relacionados às
ações projetuais.
Os grupos são:
Pele dupla;
Acessibilidade – Integração de usos;
Materiais permeáveis;
Humanização de áreas verdes;
Inovações tecnológicas.
Cada um destes grupos foi pesquisado visando atender às
Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável, adotando
como princípios elementos utilizáveis no HemoCamp.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
84
5.2.3. Pele dupla
Destacam-se exemplos de membranas especiais que criam uma
pele dupla (Figura 67) ao edifício, reduzindo a carga térmica
incidente.
Figura 70 - Edifício envolto por estrutura modular – pele dupla. Fonte: LOMHOLT, Isabelle, Santa Lucía General University Hospital Murcia,
Disponível em: <http://www.e-architect.co.uk/spain/santa-lucia-general-university-hospital>.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
85
Figura 71 - Pele dupla com fachada sinuosa iluminada e uso da cor da iluminação na edificação.
Fonte: Imagens diversas, Google Images, acessado em julho de 2014.
5.2.6. Acessibilidade – Integração de usos
A acessibilidade permite o direito de ir e vir de todos os usuários,
sem interferências do espaço construído. Desta forma, busca uma
integração de usos a partir da utilização de escadas, rampas,
passeios cobertos, dentre outros espaços, sem que existam
obstáculos de nenhuma espécie para nenhuma incapacidade
funcional.
Figura 72 - Parque linear elevado em Nova Iorque - High Line.
Figura 73 - High Line, NY – Espaço público bem tratado. Fonte: HIGUTI, André. The High Line Park. Disponivel em: <
http://arktetonix.com.br/2011/12/urbano-2-the-high-line-park/>.
5.2.7. Materiais permeáveis
Os materiais permeáveis estão cada vez mais sendo utilizados nos
espaços de pavimentação. Seu uso indica que nessa área deve ser
prevista a declividade necessária para que as águas superficiais
sejam coletadas e armazenadas se assim desejar (Erro! Fonte de
referência não encontrada., Erro! Fonte de referência não
encontrada. e Erro! Fonte de referência não encontrada.).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
86
Figura 74 - Piso intertravado com vegetação. Fonte: Imagens diversas, Google Images, acessado em julho de 2015.
Figura 75 - Piso intertravado de formato não retilíneo. Fonte: Imagens diversas, Google Images, acessado em julho de 2015.
Figura 76 - Direita: Piso intertravado retangular; Esquerda: Esquema de sistema de drenagem.
Fonte: Imagens diversas, Google Images, acessado em julho de 2014.
5.2.8. Humanização de áreas verdes
Encontram-se exemplos de percurso com vegetação em sistema
de degraus que oferecem variados ambientes para o
deslocamento e o estar de forma diversificada (Erro! Fonte de
referência não encontrada. e Erro! Fonte de referência não
encontrada.).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
87
Figura 77 - Percurso com vegetação diversificada. Fonte: Imagens diversas, Google Images, acessado em julho de 2014.
Figura 78 - Jardim em sistema de degraus. Fonte: Imagens diversas, Google Images, acessado em julho de 2014.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
88
5.3. Diretrizes da Avaliação Ambiental Integrada
A Avaliação Ambiental Integrada que inclui a Avaliação Pós-
Ocupação - APO, a Eficiência Energética e o Retrofit, deu origem
ao Diagnóstico consubstanciado dos elementos avaliados, do qual
foram extraídas Diretrizes pautadas na avaliação dos aspectos
funcionais e humanizadores avaliados in loco. Tendo como base
essas Diretrizes, foram realizadas propostas de intervenção para a
Reabilitação Sustentável do HemoCamp.
5.3.1. Diretrizes da APO
A partir das análises da APO, com foco no conforto térmico
efetuadas, bem como as ferramentas de trabalho utilizadas na
avaliação pós-ocupação buscaram coerência com o diagnóstico
energético, assim foi possível elaborar uma única proposta de
projeto preliminar de arquitetura que englobasse todas as
definições propostas. De modo resumido, o foco do projeto
esteve nos seguintes eixos temáticos:
Protetores solares para as fachadas;
Desenvolvimento de módulos sombreadores para
passeio de conexão do Edifício 1 e 2;
Reabilitação de jardins das áreas verdes existentes;
Da análise dos resultados da Avaliação Pós-Ocupação – APO são
obtidas diretrizes gerais para o edifício Hemocentro de Campinas,
que foram divididas nos aspectos térmico, luminoso, sonoro e
ambiental.
a) Térmico
Reduzir os ganhos de carga térmica pelas fachadas, com
proteções solares adequadas às orientações (estudos de
ângulo de incidência solar);
Reduzir a carga térmica na cobertura com uma telha
termo acústica branca reflexiva;
Buscar, sempre que possível, o aproveitamento da
ventilação natural;
Buscar a uniformidade dos níveis de temperatura e
umidade do ar nos ambientes condicionados
artificialmente por meio do Retrofit dos equipamentos
atuais (que estejam obsoletos ou defasados) tendo em
vista os níveis de conforto estabelecidos nas normas
que regem o assunto;
Criar sombreamentos nas áreas comuns, reduzindo a
carga térmica radiante das superfícies externas.
Permitir o controle das esquadrias para o
aproveitamento da ventilação natural em algumas horas
do dia diminuindo a dependência do ar condicionado.
b) Luminoso
Melhorar a uniformidade da iluminação artificial do
edifício tendo em vista os valores de iluminâncias
estabelecidos para cada atividade na norma NBR 5413 -
Iluminâncias;
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
89
Melhorar a distribuição das luminárias (malha);
Buscar, sempre que possível, o correto aproveitamento
da iluminação natural;
Utilizar vidros seletivos (luz visível, sem ofuscamento e
calor);
Buscar a iluminação no plano de trabalho otimizando a
qualidade da luz, e a eficiência energética;
Estudar a integração com a iluminação artificial
(acendimento paralelo à janela e controle
individualizado)
Garantir vista agradável para o exterior;
c) Sonoro
Tratar acusticamente os ambientes onde existe a
interferência de ruídos indesejados que cerceiem o
desempenho de tarefas;
Reduzir os níveis de ruídos dos equipamentos externos;
d) Ambiental
Criar ambientes de convivência;
Reabilitar espaços insalubres;
Implantar vegetação como elemento de requalificação
ambiental e humanização;
Tratar os espaços internos e externos do edifício
visando à humanização e otimização das atividades;
5.3.2. Diretrizes do Retrofit Energético:
A partir do diagnóstico energético, gerou-se as seguintes
diretrizes:
As diretrizes gerais para o Retrofit foram separadas em 3 grupos:
a) Sistema de Iluminação Artificial
Retrofit da iluminação artificial utilizando sistemas mais
eficientes;
Segmentar os circuitos em grupos menores de
luminárias próximas às janelas;
Alterar o layout das estações de trabalho, para evitar o
ofuscamento dos usuários;
Adotar programas para conscientização e educação dos
funcionários.
b) Climatização e Refrigeração
Quando da aquisição de novos equipamentos, procurar
aqueles com selo A do Procel, tanto para climatização,
quanto para refrigeração;
Realizar manutenções periódicas nos equipamentos,
garantindo seu pleno funcionamento;
Limpar os filtros dos condicionadores de ar;
Verificar a vedação das portas dos refrigeradores.
5.4. Projeto e Diretrizes
As inovações tecnológicas foram trazidas para o HemoCamp de
diferentes modos. Foram desenhados dispositivos bioclimáticos
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
90
especiais que visam à incorporação de novas estratégias
ambientais para o edifício, promovendo um uso eficiente das
energias renováveis, assim como um aumento do nível de
conforto ambiental.
Para o desenvolvimento correto do estudo preliminar, faz-se
necessário realizar estudos iniciais de todas as etapas que
envolvam as Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável
do HemoCamp. Desta forma, tomando como base Romero (2001),
traçam-se como princípios iniciais de desenho, três análises
ambientais da edificação. São elas:
Características do Entorno: orientação (sol, ventos,
som), continuidade da massa, grau de
adjacência/compacidade, altura do espaço cotado,
condução dos ventos do entorno imediato;
Características da Base: equilíbrio da radiação e luz
natural, natureza dos elementos superficiais, albedo
(reflexão e absorção da radiação incidente), elementos
componentes do espaço público (coberturas,
pavimentos, vegetação, mobiliário, água);
Características da Superfície Fronteira: convexidade,
continuidade da superfície, grau de adjacência,
porosidade, detalhes edificatórios que afetam as
condições externas, textura, propriedades físicas dos
materiais, aberturas, tensão/progressão/regressão da
fachada, tipologia arquitetônica, cores, transparência,
opalescência, céu, número de lados do espaço, grau de
confinamento.
Com estas características definidas, desenvolveu-se o estudo para
o projeto do HemoCamp. Foram desenvolvidas 8 (oito)
Intervenções específicas, seguindo todo o diagnóstico realizado
pela união dos Antecedentes, Avaliação Pós-Ocupação, Retrofit e
Etiquetagem do Nível Energético. Aliando este diagnóstico com as
doze (12) Diretrizes para Reabilitação Ambiental Sustentável, têm-
se como intervenções:
1. Implantação;
2. Eficientização das esquadrias;
3. Humanização do acesso à área clínica;
4. Humanização da área de coleta/triagem;
5. Ampliação da espera da coleta;
6. Criação do espaço dos funcionários;
7. Brises para proteção solar nas fachadas;
8. Cobertura no passeio interligando os dois blocos do
Hemocentro;
9. Paisagismo;
10. Eficiência energética da cobertura.
O resultado final destas oito (8) intervenções podem ser
observados na Figura 79, porém, serão melhor descritos em cada
um dos seus respectivos tópicos.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
91
Figura 79 - Perspectiva renderizada dos elementos criados na Reabilitação Ambiental do HemoCamp.
5.4.1. Implantação
Encontramos a situação da implantação atual do HemoCamp na
Figura 80, demonstrando as áreas edificadas, as áreas de passeio
e as áreas verdes.
Iniciando com os estudos de implantação, percebe-se a evolução
da proposta de acordo com as necessidades, principalmente, de
aperfeiçoamento da priorização do pedestre, humanização dos
espaços públicos, conforto ambiental e otimização dos fluxos. A
evolução da proposta pode ser observada nas figuras que se
seguem.
Figura 80 - Implantação atual do Hemocentro.
Figura 82 - Proposta de intervenção na implantação do Hemocentro.
Figura 81 – Estudo preliminar da implantação (perspectiva).
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
92
5.4.13. Estudo de Esquadrias
O estudo de esquadrias se deu a partir da análise e diagnóstico de
todas as etapas anteriores e simulações computacionais,
principalmente visando o aproveitamento da ventilação natural.
A proposta teve como princípio a utilização de módulos, que
pudessem ser repetidos em todos os blocos, substituindo as
esquadrias existentes. Os módulos teriam dimensões de 184cm x
90cm x 110cm com duas janelas tipo basculante, possuindo
abertura individual de até 90°.
Este estudo teve como prioridade promover a ventilação natural,
que quando os climatizadores de ar não estiverem em uso, será
possível permitir o uso da ventilação para a troca do ar,
melhorando a qualidade do ambiente interno. As aberturas
independentes permitem uma adequada ventilação nos espaços
internos.
Os materiais adotados seriam:
PVC: Custo inicial elevado, porém o custo de instalação
e manutenção após 5 anos, supera os gastos de
esquadrias de Madeira e esquadrias de Alumínio. Além
disso, possui pouca perda de refrigeração entre
ambientes internos e externos;
Vidro Insulado: Vidros de baixa emissividade que
impedem a transferência térmica entre dois ambientes.
Fator solar derivado do resultado da etiquetagem.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
93
Figura 83 - Estudo de volume com esquadrias.
Figura 84 - Estudo de esquadrias (perspectiva).
5.4.13. Proteção Solar nas Fachadas
Como elemento de fachada foi proposto módulos de chapas
verticais localizados ao longo dos pavimentos do HemoCamp.
Estes módulos também possuem função de proteção solar de
trechos das aberturas (janelas) principalmente no pavimento
térreo do edifício.
Assim, foi realizado o estudo de Carta Solar para verificar a
eficácia destes elementos na proteção contra a incidência de
radiação solar.
Figura 85 - Elementos de proteção solar das aberturas e das caixas condensadoras.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
94
Figura 86 - Protação solar na fachada sudeste.
Figura 87 - Máscara de sombra com o brise na fachada sudeste.
Resultado: Proteção efetiva no período da manhã nos meses de
janeiro e dezembro.
Figura 88 - Protação na fachada noroeste.
Figura 89 - Máscara de sombra com brise na fachada noroeste.
Proteção efetiva no período da tarde ao longo de todo o ano.
Atende as necessidades do pavimento térreo.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
95
Figura 90 - Aberturas do 1º e 2º Pavimentos sem brises.
As aberturas do 1° e 2° pavimentos não possuem brises de
proteção solar. Sugere-se a aplicação de películas para estas
aberturas (fator solar indicado na Etiquetagem), garantindo assim
o conforto térmico-ambiental necessário para os espaços
internos.
Inserir corte do dispositivo projetado.
5.4.14. Humanização da coleta/triagem
Na humanização dos espaços internos, optou-se por manter o
layout e os fluxos como estão atualmente, garantindo a eficiência
de trabalho já existente. As melhorias aparecem na ampliação da
espera da coleta com um deck externo semi-coberto, garantindo
mais espaço para dias de campanhas e grande movimento. As
visuais externas serão trabalhadas de modo à garantir o conforto
visual ao usuários, além de melhorar o microclima local com mais
vegetação e sombras naturais. Foi criado um espaço de
convivência para todos os funcionários com acesso tanto pelo
espaço interno quanto externo. É necessário criar um mecanismo
de controle para esse acesso, garantindo segurança e bem-estar
para todos que usufruam do espaço. Este espaço dos funcionários
conta com uma pequena copa, estar e visuais agradáveis para
jardins e áreas verdes. Todos os espaços foram reabilitados com
com novos pisos vinílicos coloridos que tratão maior ambiência
para os espaços. Nas área externa optou-se por pisos cerâmicos
imitando madeira para menor manutenção e maior conforto
visual. Sugere-se ainda alguns materiais como divisórias de
drywall para ambientes internos (10 cm) e forro mineral
modulado com luminária embutida.
Logo abaixo, na Figura 91 vemos a intervenção na área da coleta:
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
96
Figura 91 - Planta baixa da humanização da área de Coleta do Hemocentro 2.
Especificações técnicas:
Os forros devem ser modulados (625x625mm) com
tratamento acústico (marca de referência: Knauf);
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
97
Figura 92 - Sugestão de forro modulado. Fonte: Imagens diversas, Google Images, acessado em 2016.
Piso Vinílico Monolítico (Marca de referência Tarkett,
códigos: madeira Bétula 9344606; Lilás Linha Absolute
9250995 e Creme Linha IQ Optima 3242850);
Figura 93 - Sugestão de piso vinílico para ambientes internos da área de coleta.
Fonte: Imagens diversas, Google Images, acessado em 2016.
Todo o sistema de iluminação deverá usar luminárias
tipo LED (marca de referência: Phillips);
Figura 94 - Sugestão de luminárias LED para ambientes internos. Fonte: Imagens diversas, Google Images, acessado em 2016.
A potência das luminárias instaladas máxima admissível
para o sistema de iluminação artificial é de 13 W/m²
(Referência Etiqueta Procel A);
Condicionamento de ar sistema VRF MultiSplit com
máquinas tipo cassete com inverter (Etiqueta Procel A).
Figura 95 - Sugestão de sistema de ar condicionado (condensadoras ficarão dentro dos brises metálicos das fachadas.
Fonte: Imagens diversas, Google Images, acessado em 2016.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
98
5.4.15. Estudo de pavimentações
O estudo de pavimentação tem como prioridade, a
permeabilidade do solo. Desta forma, opta-se por sistemas
intertravados drenantes e contínuos, que permitam a
acessibilidade universal, além de possuírem uma fácil aplicação,
75% da permeabilidade do solo e vários modelos e cores,
humanizando os espaços e garantindo maior conforto ambiental.
Um exemplo de instalação pode ser observado na abaixo.
Figura 96 - Estudo de pavimentações (exemplo de instalação: blocos intertravados drenantes).
Fonte: Imagens diversas, Google Images, acessado em 2016.
Figura 97 - Piso intertravado com grama para estacionamentos. Fonte: Imagens diversas, Google Images, acessado em 2016.
Figura 98 - Piso intertravado para calçadas com opções de cores. Fonte: Imagens diversas, Google Images, acessado em 2016.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
99
5.4.16. Coberturas
Para a cobertura dos edifícios, sugere-se um tratamento de
impermeabilização com manta vinílica para maior estanqueidade
e também a troca das telhas por telhas termoacústicas de cor
branca. Compostas de duas chapas metálicas (aço galvanizado ou
galvalume) como vemos na Figura 99, as telhas termoacústicas
contêm um isolante em seu interior, geralmente feito de EPS ou
PUR, no esquema telha metálica mais isolante mais telha
metálica. A espessura padrão do isolante é de 30 mm, mas pode
variar conforme a necessidade, principalmente em função do grau
de isolamento térmico. Por esta propriedade, as telhas podem ser
apontadas como econômicas, já que garantem o controle térmico
dos ambientes e promovem menores gastos com ar-condicionado
e medidas que consomem energia. Transmitância total segundo
resultado da etiquetagem.
Figura 99 - Estrutura de uma telha termoacústica. Fonte: Imagens diversas, Google Images, acessado em 2016.
Figura 100 - Telha termoacústica branca instalada na cobertura. Fonte: Imagens diversas, Google Images, acessado em 2016.
Figura 101 - Cobertura de telha termoacústica branca.
Para a cobertura da passagem de pedestres, sugere-se estrutura
metálica pintada de marrom (imitando madeira) com cobertura
de placas de policarbonato semi-transparente.
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
100
Figura 102 - Cobertura de Policarbonato para passagem de pedestres entre edifícios.
Fonte: Imagens diversas, Google Images, acessado em 2016.
Para a cobertura do deck de espera da área de Doação de Sangue,
sugere-se uma estrutura metálica pintada de marrom (imitando
madeira) e cobertura de placas de policarbonato opaco.
Figura 103 - Exemplos de pergolados para espera externa.
5.4.16. Paisagismo
O paisagismo é uma especialidade da arquitetura e pode ser
definido como a arte e técnica de promover o projeto,
planejamento, gestão e preservação de espaços livres.
Recentemente tem-se trabalhado com o conceito de paisagismo
sustentável que consiste em buscar integrar ao paisagismo as
dimensões da sustentabilidade. Como se trata de um órgão
público buscou-se espécies com uso consagrado no paisagismo,
de fácil manutenção e que não requerem cuidados especiais
a) Ambientes de Estar:
“Pérgola” ou “pergolado” é uma espécie de galeria semiaberta,
construída em forma ao longo de calçadas ou fixada na parte
externa das fachadas. É uma forma de abrigo, muito utilizada em
jardins e áreas externas, feito de duas séries de colunas paralelas
e que serve de suporte a trepadeiras. No hemocentro de
Campinas, sugerimos a implantação de pérgulas ao longo das
entradas principais, de forma de protejam o caminho dos
pedestres. Existem vários tipos de pérgolas. A seguir estão
algumas opções:
Figura 104 - Pérgola simples de madeira, protege e condicionam o caminho do pedestre.
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Figura 105 - Além de trepadeiras podem ser cobertas por uma membrana ou tecido para melhor proteção da incidência solar direta.
Figura 106 - Pérgola com vegetação.
Figura 107 - Também podem ser feitas com perfis metálicos, ou com pilares em alvenaria.
b) Tipos de Vegetação:
Trepadeiras Nativas do Brasil:
Primavera, buganvílea (Bougainvillea spectabilis):
Nativa do Brasil, perene, possui flores pequenas,
envolvidas por brácteas (folhas modificadas) em
inflorescências terminais grandes. As brácteas formam-
se em grandes cachos nas pontas dos ramos, simples ou
dobradas, de cores branca, vermelho, vinho, laranja,
amarela, ferrugem e rosa. Floresce principalmente na
primavera e verão e esporadicamente durante o ano.
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Flor-de-são-joão (Pyrostegia venusta): Nativa do Brasil,
perene, de ramagem densa. Inflorescências numerosas,
densas, com flores tubulares longas, alaranjadas clara
ou escuras e surgem nos meses de inverno, formando
cascatas. Ocorre a variedade de flores amarelas.
Viuvinha (Petrea subserrata): Nativa do Brasil. Suas
flores são azul-lilás, ou brancas, inodoras, dispostas em
inflorescências terminais, aparecem no inverno e
primavera.
Cipó Rosa (Cuspidaria convoluta): Nativa do Brasil,
perene, inflorescência com várias flores tubulares
róseas. As flores formam-se em grande quantidade nas
extremidades dos ramos, no final do inverno e começo
da primavera. Existe também uma variação dessa
espécie com flores totalmente brancas.
Displadênia (Mandevilla splendens): Nativa do Brasil,
perene, ramos onde despontam chamativas flores em
forma de trombeta podendo ser grandes ou pequenas.
As flores da dipladênia geralmente são simples e de
coloração rósea com o centro amarelo, mas podem ser
dobradas e totalmente rosas, vermelhas ou brancas.
Floresce na primavera e verão, mas em regiões de clima
quente ocorrem o ano todo.
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Arbustos:
Cica , Palmeira-sagu (Cycas revoluta);
Palmeira fênix (Phoenix roebelenii);
Pleomele Reflexa (Dracaena reflexa);
Ixora (Ixora coccinea);
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Azaleia (Rhododendron sinsii);
Liríope (Liriope spicata);
Grama Amendoim (Arachis repens);
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Em estudo realizado no Campus da Unicamp, o pesquisador
Caetano (2014) afirma que as plantas que melhor se
adaptaram ao ambiente do experimento possuem, no geral,
estratégias eficientes de sobrevivência, como a capacidade
de armazenar água nas folhas (suculenta), superfícies
brilhosas (reflexão do calor) e capacidade de
armazenamento de nutrientes nas raízes.
O autor afirma que dentre as 12 espécies vegetais testadas, 6
tiveram uma melhor adaptação à tecnologia: rosinha de sol
(Aptenia cardifolia); dinheiro em penca (Callisia repens);
grama amendoim (Arachi repens); Evôlvulo (Evolvulus
glomeratus); peperômia (Peperomia serpens); e abacaxi
roxo (Trandescantia spathacea) (CAETANO, 2014).
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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Introduzimos um elemento novo no sistema para a Hemorrede
Pública: ampliamos o conceito de Humanização dos espaços de
saúde, elemento que está sendo trabalhado e em breve será
objeto de discussão em eventos acadêmicos. A política de
humanização do SUS, aliada à necessidade de diminuir a ação dos
agentes infecciosos nos estabelecimentos assistenciais de saúde,
e o impacto que estes ambientes imprimem aos seus usuários e
ao meio ambiente, vêm requerendo instalações cada vez mais
eficientes. Edifício eficiente é aquele que, pensado e executado
sob estratégias bioclimáticas, tais como a utilização de sistemas
passivos de condicionamento ambiental, de energias renováveis e
de construção com materiais adequados ao clima, desempenha
suas funções maximizando as condições de segurança e conforto
de seus usuários, poupando energia e reduzindo o impacto sobre
o meio ambiente.
O nível de detalhamento que alcançamos neste estudo preliminar
é muito grande, inclusive com manual da metodologia, uso de
simulação computacional e propostas arquitetônicas sempre
apresentadas de modo tridimensional, com a finalidade de
facilitar a compreensão das diretrizes propostas para o edifício.
Critérios climatológicos guiam a construção de módulos de
proteção de fachadas para amenizar a forte carga térmica
incidente, mas também contribuem critérios de humanização dos
estabelecimentos de saúde.
Para isso, destacamos três itens de extrema importância como
resultado final da reabilitação do HemoCamp: a implantação, o
verde e o os elementos de proteção solar.
DA IMPLANTAÇÃO: Destacamos o caráter complexo e
independente de seu conteúdo, quando supera a
monofuncionalidade (passeio, praça, estar, estacionamento etc.),
mescla usos, usuários, ritmos temporais e orientações visuais.
DA HUMANIZAÇÃO: Escrever memorial da humanização.
DO VERDE
O projeto paisagístico do HEMOCAMP considerou o
conhecimento de espécies vegetais adequadas para áreas
públicas, que não demandam de muita manutenção, para
possibilitar maiores chances de sucesso na implantação do jardim.
Também foi elaborado um memorial botânico com as
características de cada espécie vegetal utilizada.
O objetivo desse projeto paisagístico, em especial, foi a criação de
áreas de convivência e descanso para os funcionários de
HEMOCAMP, além da criação de belas visuais para os usuários
que adentram neste equipamento de saúde. Existem algumas
áreas de descanso pós-almoço ou que sirvam simplesmente para
apreciar a paisagem. Para facilitar a limpeza das áreas externas foi
proposto um piso de porcelanato que imita madeira.
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A escolha das espécies foi baseada tanto em suas características
estruturais e estéticas, dando-se prioridades a espécies com
intensa floração e cores que chamem a atenção tanto dos
trabalhadores como dos usuários, quanto características
fisiológicas, como adaptabilidade climática, tolerância e
resistência a pragas e doenças, tolerância ao estresse urbano,
tolerância à sombra, tolerância a danos físicos e podas.
A proximidade com a natureza pode diminuir impactos
psicológicos dos usuários e funcionários de hemocentros, porém é
preciso atenção na escolha das espécies vegetais a serem
utilizadas em jardins de edificações de saúde. Foram descartadas
espécies com agentes alergênicos, com excesso de pólen e flores
com perfumes fortes. Também se evitou a utilização de canteiros
e jarros para evitar o excesso de umidade, que pode facilitar a
proliferação de fungos.
O HEMOCAMP está localizado em uma zona de clima tropical de
altitude (tipo Cwa segundo Köppen), com invernos secos com
temperaturas amenas e verão chuvoso com temperaturas altas.
As espécies vegetais, portanto devem tolerar sol e umidade
durante a estação chuvosa, e certo estresse hídrico e frio no
período de inverno. Os arbustos de grande porte foram utilizados
como quebra-ventos no período frio e seco do ano (pleomeles e
buganvileas). Foram escolhidas espécies que não perdem as
folhas no inverno, tendo uma grande floração (azaleias, ixóras e
buganvileas). Palmeiras de pequeno porte e cicas imprimem
efeito ornamental tropical ao jardim. Forrações ornamentais
foram utilizadas para a delimitação das áreas de convivência,
como a grama-amendoim e a barba-de-serpente. Nas pérgulas
foram propostas duas trepadeiras rústicas e que tem uma
floração abundante: cipó-de-são-joão e viuvinha.
Destaca-se que um dos maiores entraves no paisagismo é sua
manutenção, que requer mão-de-obra especializada
regularmente, aumentando os custos. Na área hospitalar, uma
opção é utilização de espécies rústicas, que necessitam de menos
cuidados e são mais resistentes a fungos, portanto, mais salubres.
Escrever memorial justificativo do uso do verde.
PROTEÇÃO SOLAR: Escrever memorial justificativo da proteção
solar.
Para o alcance de alto nível de qualidade, o MS vem orientando a
Hemorrede Pública Nacional a buscar a Certificação dos seus
serviços, como forma de garantir qualidade. Nisto consiste o
desafio: avançar nas questões de gestão da qualidade, permitindo
a busca da excelência dos serviços e a garantia da segurança
transfusional aos usuários do SUS. Para tanto, a Coordenação
Geral de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde, vem
desenvolvendo o Programa Nacional de Qualificação da
Hemorrede– PNQH. O desenvolvimento deste trabalho visa à
melhoria contínua dos serviços, bem como a possibilidade de
colaborar efetivamente com o processo de certificação externa
dos mesmos. O escopo deste projeto, evidencia as ações a serem
desenvolvidas junto a Hemorrede Pública Nacional com o objetivo
de ampliar e melhorar a cobertura Hemoterápica e Hematológica
RELATÓRIO TÉCNICO – HEMORREDE SUSTENTÁVEL – H E M O C A M P
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e garantir a segurança transfusional à população usuária do
Sistema Único de Saúde.
7.1. Imagens da prospecção do projeto
Figura 108 - Vista do anfiteatro e circulação de pedestres.
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Figura 109 - Vista da calçada de acesso ao Hemocentro 2.
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Figura 110 - Imagem noturna da área de convivência e passagem entre os dois edifícios do Hemocentro de Campinas.
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Figura 111 - Deck de espera externa da Doação de Sangue do HemoCamp.
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Figura 112 - Vista da área posterior do Hemocentro 2 com futuros blocos de serviços e paisagismo.
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