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Universidade de Braslia UnB Instituto de Geocincias IG
RITMITO SUPERIOR DO GRUPO PARANO E FIM DA DEPOSIO
NA MARGEM PASSIVA
Dissertao de Mestrado 219
Samuel Fernandes da Costa Neto
Braslia
Dezembro de 2006
Universidade de Braslia UnB Instituto de Geocincias IG
RITMITO SUPERIOR DO GRUPO PARANO E FIM DA DEPOSIO
NA MARGEM PASSIVA
Dissertao de Mestrado 219
Samuel Fernandes da Costa Neto Orientadora: Dra. Edi Mendes Guimares (UnB) Examinadores: Dr. Carlos Jos Souza de Alvarenga (UnB) Dr. Marco Antnio Fonseca (UFOP)
Braslia Dezembro2006
UnB Universidade de Braslia Instituto de Geocincias
RITMITO SUPERIOR DO GRUPO PARANO E FIM DA DEPOSIO
NA MARGEM PASSIVA
SAMUEL FERNANDES DA COSTA NETO
Orientadora: Dra. Edi Mendes Guimares
Dissertao apresentada ao curso de mestrado em geologia da Universidade de Braslia, para obteno do ttulo de mestre em geologia.
rea de Conteno: Geologia Regional
Braslia Dezembro de 2006
AGRADECIMENTOS Bendize, minha alma, ao Senhor, e no te esqueas de nenhum dos seus benefcios.
Salmos 103:02
Agradeo acima de tudo a Deus, sem o qual no sou nada, e nunca teria feito nada.
Agradeo a minha famlia pela fora e apoio to importantes para meu xito. Agradeo
muito a minha noiva Viviane Figueredo, por compreender e aceitar meus perodos de
afastamento e pelo cuidado que tem comigo.
Um agradecimento especial aos amigos Brbara Nascimento, Diana Valadares e Saulo
Carreiro pela ajuda fundamental nos momentos finais desta dissertao.
Agradeo muito a minha orientadora, Prof. Dra Edi Mendes Guimares, pelas horas sem
fim, que esteve me ajudando e pela pacincia nos momentos de correo.
E agradeo ao Laboratrio de Raios X da Universidade de Braslia pelo suporte tcnico
para realizao deste trabalho.
Aos coordenadores do curso de ps-graduao do Instituto de Geocincias pela
oportunidade concedida. E ao Instituto de Geocincias da Universidade de Braslia pela acolhida
e pelo auxlio para que este trabalho tivesse sucesso.
Obrigado
RESUMO
O Ritmito Superior, do Grupo Parano a unidade de topo na regio de Bezerra, e est
inserido na Faixa de Dobramentos Braslia. Caracterizado por uma ampla variao faciolgica,
que compreende siltitos laminados, folhelhos negros, arenitos e intercalaes rtmicas de siltitos e
argilitos, nveis glauconticos e lentes carbonticas, por vezes estromatolticas, o Ritmito Superior
predominantemente terrgeno na base com contribuio carbontica no topo.
A variao faciolgica do Ritmito Superior, aliada imaturidade e origem fluvial do seu
substrato Nvel Arcosiano - demonstra condies de deposio contrastantes com a
homogeneidade caracterstica de bacia de margem passiva, das demais unidades do Grupo
Parano.
O Ritmito Superior compreende cinco fcies definidas pela composio e estruturas,
distribudas irregularmente: 1) Fcies de Ritmito Sltico, 2) Fcies Glaucontica, 3) Fcies
Arenito, 4) Fcies de Folhelho, 5) Fcies Carbontica. A Fcies Glaucontica constitui o marco da
unidade, tendo ocorrncia mais ampla, indicativa de um evento transgressivo. Apresenta-se mais
freqente como arenito verde constitudo por porcentagens variadas de glauconita, quartzo,
feldspato e xidos de ferro, nos nveis com contribuio carbontica contm tambm a clorita.
Est fcies tambm forma lminas irregulares nos folhelhos, por vezes associada a fosfatos. As
fcies pelticas so constitudas quase exclusivamente por ilita, com contribuio menor de
quartzo e feldspato, enquanto os arenitos so feldspticos. A Fcies Carbontica constitui corpos
mtricos intercalados nos flolhelhos, contendo estromatlitos do tipo Conophyton, de dimenses
decimtricas, comumente quebrados e com sentido de crescimento variado.
Os dados de petrografia, raios-X e qumica mineral, mostram que esta unidade foi
submetida a deformaes ps-sedimentares que geraram clivagens espaadas, planares ou no,
com recristalizao de filossilicatos. Porm o ndice de cristalinidade da ilita ICI e qumica
dos filossilicatos confirmam que apesar destas deformaes as rochas da Unidade Ritmito
Superior atingiram a anquizona, mas no alcanaram o metamorfismo.
Diferentes espessuras do Ritmito Superior, a falta de continuidade lateral de fcies,
estruturas de deformao sin-sedimentar, estromatlitos colunares quebrados e com diferentes
orientaes de crescimento indicam instabilidade do substrato.
O comeo desta instabilidade marcado pela Unidade Nvel Arcoseano, cuja rea fonte
de composio granito-gnissica foi soerguida, provavelmente, como efeito da flexo da litosfera
em resposta colocao de uma carga tectnica, no emersa, no interior da bacia. Pode tambm
estar associada a esta flexo, o evento transgressivo marcado pela Fcies Glaucontica.
Desta forma as rochas da Unidade Ritmito Superior do Grupo Parano apresentam feies
que podem ser atribudas ao incio da inverso da bacia de margem passiva, relacionada
Orogenia Brasiliana. A deposio desta unidade se deu em um lapso de tempo (time-lag) antes da
emerso do orgeno e a formao da bacia tipo foreland na qual foram depositadas as rochas do
grupo Bambui.
ABSTRACT
In the region of Bezerra, the Ritmito Superior is the top unit of the Parano Group,
inserted in the Braslia Folded Belt. Characterized by an extensive faciologic variation, that
comprises laminated siltstone, black shales, sandstones and rhythmic alternated laminate of
siltstones and mudstones, glauconitic levels and carbonatic lenses, sometimes stromatolitic, the
Ritmito Superior is predominantly terrigenous in the base with carbonatic contribution on the top.
The faciologic variation of the Ritmito Superior, allied to the immaturity and fluvial origin of its
substrate Nvel Arcoseano shows contrasting conditions of deposition with the characteristic
homogeneity of a passive margin basin, from the other units of the Parano Group.
The Ritmito Superior comprises five facies defined by the composition and structures,
irregularly distributed: 1) Fcies Ritmito Sltico, 2) Fcies Glaucontica, 3) Fcies Arenito, 4)
Fcies Folhelho, 5) Fcies Carbontica. The Fcies Glaucontica constitutes the unit remark,
having a more extensive occurrence, indicative of a transgressive event. It occurs more frequently
as green sandstone constituted by variated percentages of glauconite, quartz, feldspars, iron
oxides and, in the levels with carbonatic contribution also contains chlorite. It also forms
irregular sheets in the shales, sometimes associated with phosphates. The pelitic facies are
constituted almost exclusively by illite, with minor contribution of quartz and feldspar, however
the sandstones are feldspatics. Alternated in the shales, the Fcies Carbontica constitutes metric
bodies, containing stromatolites of the Conophyton type of decimetric dimensions, commonly
broken and with a variated direction of growing.
The petrography, X-ray and mineral chemistry data, demonstrate that this unit was
submitted to post-sedimentary deformations that generated spaced cleavages, planar or not, with
filossilicates recrystalization. Althoug the illite crystallinity index - ICI - and filossilicates
chemistry confirm that in despite of this deformations the rocks from the Ritmito Superior Unit
reached the anchizone, but they did not reach the metamorphism.
The different thickness of the Ritmito Superior, the lack of lateral continuity of facies, sin-
sedimentary deformation structures and broken colunar stromatolites with different growth
orientation indicate an instability in the substract.
The beginning of this instability is marked by the Nvel Arcoseano, which the source area
of granite-gnaissic composition was emerged, probably, as an effect of the lithosphere flexion
resulting of the overthrusting on the continental slope before the subaerial exposition of the thrust
belt. It should be also associated to this flexion, the transgressive event marked by the Facies
Glauconitica.
In this way, the sedimentological characteristics of the Ritmito Superior of the Parano
Group should be attributed to the initial accretion of a terrane to the continental slope, which
changes the passive margin to the compressional Braslia Orogen. The deposition of the Ritmito
Superior took place in a time-lag before the emersion of the orogen and the formation of a
foreland basin in which were deposited the sediments of the Bambu Group.
ndice AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
01 INTRODUO ..............................................................................................................001
02 - GEOLOGIA REGIONAL. ................................................................................................005
2.1 - Grupo Parano .............................................................................................005
2.2 - Formao Jequita .......................................................................................007
2.3 - Grupo Bambu ..............................................................................................008
As bacias de deposio dos Grupos Parano e Bambu ................................................009
03 - FILOSSILICATOS CONTEXTO DEPOSICIONAL E EVOLUO DIAGENTICA ...........013
NOMENCLATURA DOS FILOSSILICATOS E ARGILOMINERAIS ..............014
3.1 - Filossilicatos nas Rochas Sedimentares .......................................................016
3.1.1 - Argilominerais autignicos ...............................................................016
3.2 - Evoluo dos filossilicatos.............................................................................017
3.3- Deformao ps-deposicional ........................................................................019
04 - MATERIAIS E MTODOS ..............................................................................................020
05 - RITIMITO SUPERIOR DO GRUPO PARANO: ...............................................................023
5.1 - Unidade Nvel Arcosiano ..............................................................................023
5.2 - Unidade Ritmito Superior ............................................................................028
5.1.1 - Fcies de Ritmito Sltico .................................................................032
5.1.2 - Fcies Glaucontica .........................................................................038
A - Arenito glauconitico verde: ........................................................038
B - Pelitos com glauconita: ..............................................................044
C - Arenito claro com gros de glauconita:.....................................047
D - Brechas Glauconticas: ..............................................................047
5.1.3 - Fcies Arenito ..................................................................................050
5.1.4 - Fcies Folhelhos Negros .................................................................056
5.1.5 - Brechas de folhelhos e carbonatos..................................................062
5.1.6 - Fcies carbontica ..........................................................................062
5.2 - Estratigrafia das formaes Jequita e Sete Lagoas na regio estudada .065
5.2.1 - Formao Jequita .........................................................................065
A) Fcies Diamictitos ...................................................................065
B) Outras fcies da Formao Jequita ........................................066
i - Ritmito Silte Argiloso......................................................066
ii - Arenitos...........................................................................066
5.2.2 - Formao Sete Lagoas Grupo Bambu ....................................070
Consideraes sobre o ambiente de deposio na Unidade Ritmito
Superior e nveis adjacentes. ............................................................................................. 074
06 - FILOSSILICATOS DO RITMITO SUPERIOR: MINERALOGIA E QUMICA MINERAL .......075
6.1 - Argilominerais ..............................................................................................075
6.2 - Micas detrticas e Ilitas .................................................................................078
6.3 - Glauconitas e minerais associados ..............................................................080
6.4 - Qumica mineral dos Filossilicatos .............................................................082
Diagnese ....................................................................................................089
07 - CONTEXTO DEPOSICIONAL DO RITMITO SUPERIOR E EVOLUO DA BACIA ..........090
7.1 - Substrato do Ritmito Superior O Nvel Arcosiano .................................090
7.2 - O Ritmito Superior e suas fcies .................................................................091
A) Glauconitas: gnese e implicaes no contexto tectnico da bacia .......091
B) Nveis carbonticos ...............................................................................093
C) Deposio do Ritmito Superior .............................................................094
7.3 - Unidades ps Ritmito Superior ...............................................................095
A) Formao Jequita .................................................................................095
B) Formao Sete Lagoas ...........................................................................096
7.4 - Evoluo ps-deposicional ...........................................................................097
08 - CONSIDERAES FINAIS ..............................................................................................099
09 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................................................102
10 ANEXOS .......................................................................................................................110
Anexo I: Anlise por Microssonda Eletrnica......................................................... I-1
Anexo II: Anlises por difrao de Raios X............................................................ II-1
ndice de Figuras:
Figura 1.1: Mapa de localizao e vias de acesso. .............................................................004
Figura 2.1: Correlao das colunas estratigrficas do Grupo Parano...............................011
Figura 2.2: Esboo geolgico da regio de Bezerra ...........................................................012
Figura 3.1: Representao do empilhamento das folhas tetra e octadricas ......................015
Figura 5.1: Esboo geolgico da regio de Bezerra. ..........................................................024
Figura 5.2: Perfis esquemticos da regio de Bezerra. ......................................................025
Figura 5.3: Estruturas sedimentares do Nvel Arcosiano. ..................................................027
Figura 5.4 Fotomicrografia dos aspectos gerais do Nvel Arcosiano.................................027
Figura 5.5: Detalhes do Ritmito Superior...........................................................................029
Figura 5.6: Coluna estratigrfica da Fazenda Alegre. ........................................................032
Figura 5.7: Coluna estratigrfica do Rio Crixs - sul. ........................................................033
Figura 5.8: Fotomicrografia dos aspectos da Fcies Ritmito Sltico..................................034
Figura 5.9: Fotomicrografia da deformao sin- e ps-deposicionais dos Ritmito Sltico.035
Figura 5.10: Fotomicrografia da clivagem marcada pela recristalizao dos filossilicatos 036
Figura 5.11: Difratograma da Fcies Ritmito Sltico. ........................................................037
Figura 5.12: Difratograma da Fcies Glauconita................................................................040
Figura 5.13: Fotomicrografia dos arenito glaucontico verde ............................................041
Figura 5.14: Fotomicrografia dos arenito glaucontico verde ............................................042
Figura 5.15: Fotomicrografia dos arenito glaucontico verde. ...........................................043
Figura 5.16: Fotomicrografia de pelitos com glauconita....................................................045
Figura 5.17: Fotomicrografia de pelitos com glauconita....................................................046
Figura 5.18: Coluna estratigrfica da Cachoeira do Rio Crixs .........................................048
Figura 5.19: Fotomicrografia da brecha glaucontica.........................................................049
Figura 5.20: Coluna estratigrfica do Crrego Sossego. ....................................................052
Figura 5.21: Fotomicrografia de arenitos claros com glauconita. ......................................053
Figura 5.22: Fotomicrografia dos Fcies Arenito...............................................................054
Figura 5.23: Fotomicrografia de detalhe de gro de glauconita no arenito........................055
Figura 5.24: Difratograma da Fcies Arenito.....................................................................055
Figura 5.25: Coluna estratigrfica do Rio Crixs - oeste. ..................................................058
Figura 5.26: Fotomicrografia de folhelhos negros com glauconita....................................059
Figura 5.27: Fotomicrografia de folhelhos. ........................................................................060
Figura 5.28: Difratograma da Fcies Folhelho Negro........................................................061
Figura 5.29: Coluna do Rio Crixs - norte. ........................................................................064
Figura 5.30: Fotomicrografia do contato entre os folhelhos negros e o diamictito............067
Figura 5.31: Fotomicrografia do diamictito. ......................................................................068
Figura 5.32: Fotomicrografia do diamictito. ......................................................................069
Figura 5.33: Correlao estratigrfica. ...............................................................................071
Figura 6.1: Difratograma de material expansivo ................................................................077
Figura 6.2: ndice de Cristalinidade da Ilita .......................................................................080
Figura 6.3: Diagrama de composio total dos filossilicatos .............................................083
Figura 6.4: Relao entre K e Si de amostras de glauconita. .............................................083
Figura 6.5: Relao entre o Al do tetraedro e o Al do octaedro .........................................084
Figura 6.6: Soma de lcalis em funo da ocupao do octaedro ......................................084
Figura 6.7: Relao entre a composio dos stios das amostras SB008 ...........................085
Figura 6.8: Relao da composio dos stios das amostras dos pelitos. ...........................086
Figura 6.9: Relao entre cargas octadricas e tetradricas. ..............................................086
Figura 6.10: Composio das micas e glauconitas relao entre Mg e Si.......................087
Figura 6.11: Diagrama MR3+-R3+-R2+.......................................................................................................................... 088
Figura 6.12: Relao entre as cargas do tetraedro e octaedro das glauconitas...................088
Figura 7.1: Blocos diagrama com a interpreteo da evoluo
da sedimentao na rea de estudo....................................................................................098
ndice de Tabela:
Tabela 3.1: Nomenclatura dos filossilicatos.......................................................................014
Tabela 4.1: Amostras analisadas. .......................................................................................022
Tabela 5.1: Composio modal das fcies do Ritmito Superior ........................................072
Tabela 6.1: Frmula estrutural de filossilicatos..................................................................082
Tabela 6.2: Amostras analisadas por microssonda eletrnica ............................................082
Captulo 1 ______________________________________________________________________
1
01 - INTRODUO
O mecanismo de formao e de subsidncia das bacias de margem passiva e do tipo
foreland so bem conhecidos na literatura, assim como tambm o as feies faciolgicas das
primeiras (Klemme 1971, Asmus & Porto 1972, Bally and Snelson 1980, Kingston et al. 1983,
Raja Gabaglia e Figueiredo 1990). Entretanto, apesar de bem discutido, ainda restrito o
conhecimento sobre a distribuio de fcies das bacias do tipo foreland (Beaumont 1981, Jordan
1981, Karner 1987, Allen & Allen 1990, Einsele 1992, Cant & Stockmal 1993).
Ainda mais restrito, so os dados sobre o momento da transio do regime distensivo
(subsidncia trmica) para o regime compressivo (subsidncia flexural). Esta dificuldade se deve
principalmente ausncia de marcadores estratigrficos e sedimentares caractersticos, j que a
inverso da bacia antecede a emerso de nova rea fonte de sedimentos.
O Grupo Parano, de idade proterozica, apresenta caractersticas de margem passiva
(Dardenne 1981, Faria 1995), sendo parcialmente recoberto pela seqncia glaciognica da
Formao Jequita, ou pelos pelitos e rochas carbonticas da base do Grupo Bambu.
Citado repetidas vezes como produto de sedimentao epicontinental, o Grupo Bambu ,
mais recentemente, atribudo deposio em bacia do tipo foreland associada Orognese
Brasiliana. Esta classificao devida composio mineral das suas unidades terrgenas -
subquartzosas com alto contedo ferro-magnesiano - contrastante a natureza slico-aluminosa das
rochas do Grupo Parano (Guimares 1993, 1997, Castro 1997), mas o incio da inverso da
bacia de margem passiva - Grupo Parano - para a bacia do tipo foreland - Grupo Bambu
permanece ainda obscura.
Na regio de Bezerra, o Grupo Parano representado pela sua poro mdio-superior,
encerrando-se com a Unidade Ritmito Superior (Guimares 1997). A distribuio de fcies desta
unidade apresenta um contraste expressivo, quando comparada com os nveis subjacentes. As
unidades basais do Grupo Parano so contnuas e correlacionveis por mais de 300 km no
sentido norte-sul, desde Alto Paraso a Cristalina (Faria 1995). Por outro lado, difcil, na regio,
a correlao de nveis do Ritmito Superior, formado por litofcies interdigitadas de dimenses
mtricas a quilomtricas.
Captulo 1 ______________________________________________________________________
2
O conhecimento do Ritmito Superior fundamental para a compreenso do contexto
tectnico do final da margem passiva - Grupo Parano - e sua possvel relao com a transio
para a bacia do tipo foreland - Grupo Bambu
Considerando que os filossilicatos guardam informaes tanto de provenincia e
condies de deposio, como das transformaes ps-deposicionais, o presente trabalho enfatiza
as caractersticas texturais e composicionais das fcies pelticas e suas associaes para a
contextualizao sedimentolgica e estratigrfica do Ritmito Superior.
Objetivos
Em vista das consideraes anteriores e da ocorrncia da Unidade Ritmito Superior do
Grupo Parano, na regio de Bezerra, municpio de Formosa (GO) - onde afloram seus contatos
inferior e superior, alm de variadas litofcies - foi desenvolvido o presente trabalho, na tentativa
de contextualizar o topo da seqncia de margem passiva na evoluo da bacia, tendo como
objetivos:
- identificao das diferentes litofcies do Ritmito Superior e a comparao de suas
condies de deposio;
- a caracterizao mineralgica e da qumica mineral dos filossilicatos;
- a distino das feies deposicionais, diagenticas e deformacionais das rochas;
- a interpretao das suas relaes com a Orognese Brasiliana.
Para facilitar a discusso no corpo do trabalho, a regio de estudo foi dividida em duas
reas: a poro oeste do vilarejo de Crixalndia ou Barreiro, referente s reas prximas ao Rio
Crixs e a poro leste, correspondente a rea da confluncia dos crregos Sossego e Bisnau,
prxima rodovia BR-020 (principal via de acesso, figura 1.1).
As informaes sobre o conhecimento geolgico das unidades de interesse so
apresentadas no captulo 02 e o captulo 03 sintetiza o significado dos filossilicatos em rochas
sedimentares, em especial dos argilominerais neoformados.
O captulo 04 traz as informaes sobre amostragem e tcnicas analticas usadas neste
estudo. O captulo 05 contm os dados de campo, com a caracterizao das litofcies, seu
posicionamento estratigrfico, bem como as relaes da Unidade Ritmito Superior com as
unidades adjacentes.
Captulo 1 ______________________________________________________________________
3
Os dados da difrao de raios X e da qumica mineral, com nfase nas condies
diagenticas, so abordados no captulo 06. O captulo 07 prope um modelo de contexto
deposicional da Unidade Ritmito Superior e da evoluo da bacia, a partir das informaes sobre
a rea.
As consideraes finais so apresentadas no capitulo 08, sugerindo que no Ritmito
Superior esto alguns marcos da inverso da bacia deposicional de margem passiva do Grupo
Parano, antes da emerso do orgeno que criou a bacia foreland registrada pelo Grupo Bambu.
Vazante
Lagamar
Serra deSo Domingos
Cabeceiras
Bezerra
Formosa
Braslia
040
040
354
251
346020 Planaltina
Cristalina
188
MGGO
Diviso Distrital
Diviso estadual
rea de trabalho
Rodovia Federal
Rodovia Estadual
Legenda
1530 -
16 -
48|
46|
Mapa de localizao e vias de acesso
Centro Urbano
Alto Paraso
4
Figura 1.1: mapa de localizao e vias de acesso para a rea de estudo.
Una
020
Captulo 2 ___________________________________________________________________
5
02 - GEOLOGIA REGIONAL
A sntese recente sobre o contexto regional apresenta a Faixa de Dobramentos Braslia
como um conjunto de terrenos e escamas de empurro ... que convergem para leste contra o
Crton do So Francisco, ou ainda cinturo de dobras e cisalhamento Neoproterozico
(790-600 Ma.) desenvolvido margem ocidental do Crton do So Francisco, com
intensidade de deformao e metamorfismo crescente de leste para oeste (Valeriano et al
2004).
As principais unidades litoestratigrficas que compem a Faixa Braslia, no leste de
Gois e oeste de Minas Gerais so os grupos Parano, Canastra, Vazante, Arax, Bambu e a
Formao Jequita, com idades meso a neoproterozicas (Dardenne 1981).
O Grupo Parano, mesoproterozico, uma unidade predominantemente terrgena,
com contribuio carbontica na base e no topo. A unidade superior do grupo, definida no
Distrito Federal como Peltico-Carbonatada (Faria 1995) ou Psamo-Peltico-Carbonatada
(Freitas-Silva e Campos 1998), correlacionvel ao Ritmito Superior (RS) da regio de
Bezerra Cabeceiras (Guimares 1997).
Em contato discordante erosivo sobre diversas unidades do Grupo Parano, est a
Formao Jequita recoberta concordantemente pela Formao Sete Lagoas, base do Grupo
Bambu. A Formao Jequita caracterizada por diamictitos constitudos por clastos diversos
sustentados por uma matriz sltica, com contribuio carbontica.
O Grupo Bambu neoproterozico concordante sobre a Formao Jequita e, na falta
desta, discordante sobre o Grupo Parano. constitudo de uma seqncia argilo-
carbonatada que tem no topo siltitos e psamitos sub-quartzosos.
2.1 - Grupo Parano
Estendendo-se desde a regio de Alto Paraso a norte, at Cristalina, em uma faixa E-
W de cerca de 200 km, o Grupo Parano compreende predominantemente psamitos e pelitos.
Trabalhos preliminares consideraram o conjunto de rochas sedimentares terrgenas da
regio noroeste de Minas Gerais e leste de Gois como pertencentes Serie Lavras Mdio, a
partir de correlao com as seqncias sedimentares descritas no Estado da Bahia por Derby
em 1905 (Oliveira 1967). Essa denominao tinha sido atribuda a todas as seqncias
Captulo 2 ___________________________________________________________________
6
sedimentares terrgenas discordantes sobre o embasamento granito-gnissico ou rochas de alto
grau metamrfico, sendo subjacentes a seqncias glaciais.
Posicionados nestas seqncias, os nveis de ortoquartzitos receberam, no ento
futuro Distrito Federal, a denominao de quartzito Paranau, estando associados s
ardsias do Torto e ao calcrio Palmeiras (Ramos 1956).
Apesar de no constarem da caracterizao inicial da Srie Bambu (Branco e Costa
1961, Oliveira 1967, Scholl 1972 e 1973 in Scholl 1976), os ortoquartzitos, foram
agrupados juntamente com as ardsias como Formao Parano, posicionada na base do
Grupo Bambu (Braun 1968, Barbosa et al. 1969 e 1970, Costa e Angeiras 1970).
Individualizado como Grupo Parano, separado do Grupo Bambu por discordncia
erosiva e por nveis de diamictitos (Dardenne et al. 1976, 1978, Dardenne 1978 e 1979,
Barbosa et al 1969), essa unidade teve sua seo tipo descrita na regio de Alto Paraso (Baeta
et al 1978) e reconhecida como o empilhamento de rochas terrgenas, que se inicia por um
paraconglomerado, sobreposto por pelitos e psamitos, com pequena contribuio carbontica
(Marini et al 1978, Dardenne 1981, Faria.1995).
O grupo comea pelo paraconglomerado So Miguel constitudo de seixos de
quartzitos, cherts, metassiltitos, calcoxistos, calcrios e dolomitos, sustentados por uma matriz
argilo-arenosa e cimento calctico, alm de conter lamelas de especularita. Este nvel
apresenta na seo tipo uma espessura media de 50 metros (unidade A).
A unidade sobreposta constituda de siltitos com contribuio carbontica,
apresentando marcas onduladas, gretas de contrao e diques de areia (unidade B). Sobre ela,
est uma unidade de quartzitos mdios a grossos, com acamamento gradacional,
estratificaes cruzadas tabulares e acanaladas (unidade C).
Segue-se uma unidade de ritmitos formados pela intercalao de quartzitos e siltitos
com gretas de contrao, marcas onduladas, diques de areia e cubos de sais (unidade D).
recoberta por quartzitos grossos a conglomerados finos, com acamamento gradacional,
estratificaes cruzadas, acanaladas e reviradas (unidade E). As unidades de A a E so
bastante continuas e podendo ser correlacionada em diversas colunas (figura 2.1).
Os nveis superiores so predominantemente pelticos, constitudos por siltitos
macios, folhelhos cinza escuros, bem laminados com intercalaes de quartzitos e calcrios
e/ou dolomitos (com Conophytons), alm de ardsias arroxeadas (unidades F, G). O topo
constitudo por uma unidade psamo-pelitica com contribuio carbontica (Dardenne 1981 e
Faria 1995).
Captulo 2 ___________________________________________________________________
7
Na regio de Bezerra e Cabeceiras, o Grupo Parano foi identificado como uma
sucesso de sedimentos terrgenos com contribuio carbontica, na qual se destacam nveis
glauconticos, no estando exposta a sua poro mdia e inferior (Guimares et. al. 1986,
Guimares & Dardenne 1998 e Guimares 1997). Na regio, o Grupo Parano caracterizado
pelas seguintes unidades (figura 2.2):
1) Quartzito Inferior (QI) arenitos ortoquartzticos brancos, puros de granulao
media e poucos feldspatos.
2) Ritmito Inferior (RI) intercalaes de siltitos e arenitos grossos a finos.
3) Nvel Arcoseano (NA) constitudo por nveis de arcseo mdio a fino,
moderadamente selecionado, intercalaes de conglomerados finos com seixos e grnulos de
feldspatos, quartzo e fragmentos lticos, incluido siltitos, dolomitos e folhelhos.
4) Ritmito Superior (RS) formado por siltitos laminados, intercalaes rtmicas de
siltito, argilito e arenito, corpos lenticulares de arenitos grossos, folhelhos pretos, nveis
glauconticos, alm de lentes carbonticas, por vezes estromotolticas. Na regio, RS
recoberto em contato direto pelo Grupo Bambu em vrios afloramentos. Os nveis
glauconticos apresentam extensa continuidade lateral, aflorando desde Cabeceiras e Unais ao
Sul at a Serra de So Domingos a Nordeste da regio de Bezerra (figura 1.1). As diferentes
fcies do Ritmito Superior refletem variaes paleo-ambientais (Guimares et al., 2003).
Estas correspondem, provavelmente, a variaes na bacia de deposio, condicionadas pela
evoluo da FDB. O estudo das fcies e suas inter-relaes a partir da caracterizao dos
filossilicatos do Ritmito Superior, da sua comparao com as rochas da base do Grupo
Bambu (Guimares & Dardenne, 2004) e das relaes de campo, contribuir para a melhor
compreenso da bacia e da prpria deformao da FDB.
2.2 - Formao Jequita
A Formao Jequita na regio de Bezerra comumente identificada como nveis
descontnuos de diamictitos. Entretanto, outras rochas so tambm atribudas a esta unidade:
siltitos vermelhos laminados ou macios, margas, dolomitos e arenitos.
Os diamictitos so compostos principalmente por clastos angulosos, milimtricos a
decimtricos de quartzito, arenito, dolomitos, arcsios e rochas de composio grantica. Os
Captulo 2 ___________________________________________________________________
8
clastos so sustentados por uma matriz sltico-argilosa carbontica, de colorao esverdeada a
vermelha.
Com espessura inferior a 50 metros (Guimares, 1997), so discordantes sobre o
Grupo Parano, sendo sobrepostos concordantemente pela Formao Sete Lagoas do Grupo
Bambu.
Esta unidade foi interpretada como pertencente Formao Jequita devido sua
posio estratigrfica e pela comparao com outras reas que apresentam associao
semelhante de rochas, em sees mais expressivas.
A Formao Jequita vm sendo interpretadas como representantes de um evento
glacial, ocorridos entre 900-500Ma. Rochas glaciognicas so bem conhecidas em sucesses
neoproterozicas em vrios continentes, evidenciando eventos climticos globais (Kennedy et
al. 1998; Hambrey & Harland 1985 e Hoffman et al. 1998 in Neven et. al. 2005), distribudas
nos perodos glaciais do Sturtian (~760-700 Ma) e do Marinoan (~620-580 Ma). Alm da
Formao Jequita, depsitos glaciais so caracterizados na Formao Bebedouro e no Grupo
Macabas (Hettich 1977, Dardenne 1978, Guimares 1996, Uhlein et al. 1998 e Neven et.
a.l.2005).
2.3 - Grupo Bambu
O Grupo Bambu - definido primeiramente por Derby 1880 e Rimann 1917 (in
Dardenne 1981) - foi subdividido em vrias unidades (Branco e Costa, 1961), iniciando-se por
um conglomerado basal, seguido da seqncia argilo-carbonatada e, por fim, sobreposto por
siltitos e arcsios. Diferentemente da proposta de Costa e Branco (1961), que posiciona a
Formao Serra da Saudade no topo da seqncia, Dardenne (1978 e 1981) demonstra que ela
subjacente Formao Trs Marias, unidade superior do grupo. A subdiviso do Grupo
Bambui em 6 unidades (Schll, 1972 e 1973, Dardenne, 1978; in Dardenne, 1981) inclui a
Formao Jequita como a unidade basal, seguida das formaes Sete Lagoas, Serra de Santa
Helena, Lagoa do Jacar, Serra da Saudade e Formao Trs Marias.
Formao Sete Lagoas (FSL): concordante sobre a Formao Jequita, a FSL
constituda por calcrios de colorao roxa, esverdeada e cinza, dolomitos beges, alm de
pelitos cinza, cinza-esverdeados e avermelhados, contendo ainda nveis de silexito. E por
Captulo 2 ___________________________________________________________________
9
vezes estromatlitos colunares, em forma de taa e de composio dolimtica, em geral
considerados como pertencendo ao supergrupo Gimnosolenida (Guimares 1997).
Formao Serra de Santa Helena (FSSH): formada predominantemente por siltitos,
contem nveis de arenitos finos e por vezes arenito mdio, de colorao cinza esverdeada,
quando no alterados. Apresentam laminao plano paralelas e cavalgante, alm de estruturas
flaser e pseudondulos. Este um nvel guia no empilhamento do Grupo Bambu, por se
tratar de uma unidade de siltitos e ritmitos intercaladas entre duas unidades carbonticas.
Formao Lagoa do Jacar (FLJ): esta unidade caracterizada pelos calcrios cinza e
pretos, oolticos e psolticos ftidos, intercalados por folhelhos escuros e margas esverdeadas.
Formao Serra da Saudades (FSS): predominantemente terrgena, a FSS
constituda por folhelhos e argilitos cinza esverdeados, passando para siltitos feldspticos.
Possui contato gradacional, atravs de ritmitos, com a formao superior.
Formao Trs Marias (FTM): descrita como arcsios e siltitos verde escuro, uma
rocha muito coesa de alta densidade, apresentando no intemperismo uma esfoliao
esferoidal, caracterstica desta unidade (Rimann, 1917; Derby 1880 in Dardenne 1981).
Todas as unidades esto presentes na regio de Bezerra Cabeceiras (Guimares et.
al. 1986, Guimares & Dardenne 1990 e Guimares 1997), sendo a Formao Jequita,
considerada distinta do Grupo Bambu.
As bacias de deposio dos Grupos Parano e Bambu
O Grupo Parano, em vrios trabalhos, tem sido interpretado como uma seqncia
sedimentar depositada em uma bacia de margem passiva (Marini 1978, Dardenne1981, Faria
1995).
A deposio do Grupo Bambu, entretanto, tem sido atribuda a diferentes tipos de
bacia. Os trabalhos mais recentes apontam para um contexto deposicional distinto da
deposio do Grupo Parano, tanto pela composio dos sedimentos detrticos, (Guimares
1993, Guimares, 1998 Guimares, 2004). como pelas caractersticas isotpicas (Santos et al
2000). Assim, enquanto a bacia de deposio do Grupo Parano se formou a partir de
subsidncia distensivo, o Grupo Bambu teria se acumulado em uma bacia com subsidncia
flexural (compressiva).
A inverso da bacia passiva para foreland corresponderia ao incio da deformao
da Faixa de Dobramento Braslia, impressa nas rochas de ambos os grupos. A variao
Captulo 2 ___________________________________________________________________
10
faciolgica, a composio mineral e a assinatura qumica, podem apresentar informaes que
indiquem o momento da inverso (Guimares & Dardenne 2004).
O estudo proposto - caracterizao faciolgica e mineralgica da Unidade Ritmito
Superior do Grupo Parano, com nfase no seu contato com o Grupo Bambu - tem o
propsito de identificar nas rochas desta unidade caractersticas da inverso.
Como demonstrado em estudos j realizados (Guimares 1993, Guimares &
Dardenne 1998 Guimares & Dardenne 2004), os filossilicatos dos grupos Parano e Bambu
contm informaes das condies de deposio e diagnese. Aliado caracterizao de
fcies, o estudo detalhado dos argilominerais e um mapeamento sistemtico de suas
ocorrncias foram realizados como instrumentos de caracterizao do processo de mudana
do contexto tectnico de deposio. Os estudos dos argilominerais destas unidades podem
corroborar com informaes para a compreenso dos processos que estavam atuando sobre a
bacia neste perodo de formao e das suas modificaes durante a evoluo da mesma. Como
exemplo das caractersticas levantadas sobre deposio e diagnese esto as variaes nos
poltipos das ilitas e cloritas, que registram as condies de formao e a evoluo do
intemperismo e do metamorfismo desses minerais.
Captulo 2 ___________________________________________________________________
11
Figura 2.1: Correlaes estratigrficas e sedimentolgicas das litofcies do Grupo Parano nas regies de Colinas, Alto Paraso, Distrito Federal, Cristalina e Bezerra-Cabeceiras. Adaptado de Faria (1995) Guimares (1997).
vvvv
vv
vv
vv
vvvv
BR
-0
20
BEZERRA
GO
- 342
CABECEIRAS
? ??
???
?
4700'
B
C
4700'
E
B'
1500'
C''
E'
0 1,7 km 8,5 km
SinclinalRaizama
Falha
deC
abeceiras
C'
800
700
600
500
400
300
200
100
0
vvvv
vv
vv
COBERTURAS CENOZICAS
Fm. TRS MARIAS
Arenitos e siltitossub-quartzosos
Fm. S. DA SAUDADE
Siltitos sub-quartzosos efolhelhos
Fm. L. DO JACAR
Calcrios e folhelhos
GRUPO
BAMBU Fm. S. Sta. HELENA
Siltitos e arenitos sub-quartzosos
Fm. SETE LAGOAS
Calcrios, dolomitos,margas, folhelhos
Fm JEQUITADiamictitos
Ritmitos
NVEL ARCOSEANOArcseo e lentes de dolomito
RITMITO INFERIOR
Siltitos e quartzitos finos
QUARTZITO INFERIORQuartzitos e siltitos
GRUPO
PARANO
Contato litolgico
Falha
Fratura
Dobras
Anticlinal
Sinclinal
N
10
00
60
0
E'
E
vv
vv
CC
'C
''60
0
10
00
B
60
0
10
00
B'
Legenda
TQi
RITMITO SUPERIOR
Siltitos, quartzitos,dolomitos conophyton,
glauconitas
Esboo geolgico regional
Figura 2.2: Esboo geolgico da regio de Bezerra-Cabeceiras, mapa modificado de Guimares 1997.
12
rea de Estudo
rea de Estudo
Captulo 3 ___________________________________________________________________________
13
03 - FILOSSILICATOS CONTEXTO DEPOSICIONAL E EVOLUO DIAGENTICA
O Ritmito Superior do Grupo Parano composto em sua maior extenso e espessura por
rochas pelticas, das quais os filossilicatos so os principais constituintes. A caracterizao dos
filossilicatos permite fazer inferncias sobre a rea fonte e as condies de deposio, diagnese e
deformao ao qual estas rochas foram submetidas. O estudo destas transformaes ps
deposicionais possibilitam concluir se estes estgios obliteraram ou no as informaes sobre a
deposio e o carter sedimentar, contidas nos filossilicatos.
Argila, cujo termo empregado para designar a frao granulomtrica menor que 0,004
mm ou 4m de um material, o principal componente de lamas e solos, sendo constituda
principalmente de minerais do grupo dos filossilicatos (argilominerais) (Moore & Reynolds 1989,
Paquet & Clauer 1997, Bouchet et al 2000).
Definida pela AIPEA a nomenclatura dos filossilicatos determinada pelo tipo de camada
(1:1 ou 2:1), pela composio do octaedro (di ou trioctadrico), pela caracterstica do stio
intercamada e pelo espaamento basal (Tabela 1).
As camadas resultam do empilhamento ao longo do eixo c de folhas tetradricas (T)
slica e folhas octadricas (O) que se estendem como planos ab do cristal. A camada dita 1:1
quando formada pela sobreposio de folhas tetra e octadricas, enquanto as estruturas do tipo
2:1 a folha octadrica ensanduichada por duas camadas de slica (figura 3.1).
As folhas octadricas so representadas como folhas de hidrxidos do tipo Rx(OH)6,
sendo R = Al3+, Fe2+, Fe3+, Mg2+, sua composio dioctadrica (x=2) quando R corresponde a
um ction trivalente ou trioctadrica (x=3) quando R corresponder a um ction divalente (Millot
1964, Brindley & Brown 1980, Bailey e Chairman 1980).
O espao entre as camadas superpostas pode ser vazio, ou ocupado por um ction, ou por
um ction mais gua, ou ainda uma folha de hidrxidos. O espaamento basal dado em
correspondendo distncia entre dois planos idnticos de ons sucessivos.
So considerados argilominerais os filossilicatos que ocorrem preferencialmente na frao
argila, sendo as esmectitas, a ilita e a caulinita os mais comuns. Entretanto qualquer um dos
filossilicatos pode ocorrer como argilomineral.
As esmectitas constituem um amplo grupo de argilominerais, caracterizados pelo
espaamento basal maior que 14. A frmula geral das esmectitas dioctadricas pode ser
Captulo 3 ___________________________________________________________________________
14
considerada como (Na, Ca, K) 0,6
Ilita (Tr) ? Ilita (Di)
Ilita, glauconita
~10,0 ~10,1
K, Na, Ca
Mica x ~ 1,0 Mica frgil x ~ 2,0
Micas (Tr) Micas (Di) Micas frgeis (Tr) Micas frgeis (Di)
Biotita, Flogopita. Moscovita, paragonita, fengita Margarita
10,1 10,2 ~9,97 9,70
Folha de octaedro
Clorita x: varivel
Cloritas Tr, Cloritas Di, Di Cloritas Di, Tr Cloritas Tr, Di
Chamosita, clinocloro, nimita. Sudota, coqueta (Li).
~14,0
2:1 Com faixas invertidas
x varivel Sepiolita-paligorsquita (Tr)
Sepiolita, paligorsquita.
12,1 10,3
Tr: trioctadrica; Di: dioctadrica; x: carga por unidade de frmula.
Captulo 3 ___________________________________________________________________________
15
A Argilomineral do tipo 1:1; esaamento basal de 7
I c O 7
T
BArgilomineral do tipo 2:1; esaamento basal de 10
I c
T
K K
O 10
CArgilomineral do tipo 2:1; esaamento basal de 14;
I c
OT
14
Figura 3.1: representao do empilhamento das folhas tetra (T) e octadricas (O), nos diferentes argilominerais: A- estrutura 1:1, a caulinita tem espaamento basal -d- de 7 e o espao intercamada vazio; B- estrutura 2:1, a ilita tem d igual a 10 e possui o potssio no stio intercamada; C- estrutura 2:1, a clorita tem d igual a 14 e o stio intercamada ocupado por uma folha de hidrxido. (Ic= intercamada).
A caulinita constitui um grupo de argilominerais com vrios poltipos, tendo a frmula
estrutural Al4Si4O10(OH)8.
Na formula geral da clorita, (Mg,Al,Fe)6 (Mg,Al,Fe)6(Si, Al)8O20(OH)16, so
discriminadas duas folhas octadricas conforme sua posio, sendo uma posicionada na camada e
a outra no stio intercamada.
Alm das espcies bem definidas, os argilominerais interestratificados so formas comuns
na natureza. Definidos como o empilhamento de camadas diferentes, ao longo do seu eixo c, so
reconhecidas em difratogramas de raios-X por reflexes correspondentes a distncias basais
maiores que dos filossilicatos caractersticos. Os argilominerais interestratificados podem
apresentar o empilhamento regular ou aleatrio, em propores variveis de camadas distintas,
em geralmente duas espcies, sendo designados pelos nomes das fases que os compem (por
exemplo, ilita/esmectita, clorita/esmectita). Para espcies formadas por 50% de cada fase, com
empilhamento regular, a AIPEA reconhece nomes especficos, conforme a composio, sendo os
mais comuns a rectorita (ilita/esmectita) e corrensita (clorita/esmectita).
Constituinte essencial de quase todos os solos e da maioria dos sedimentos, os
argilominerais formam as rochas sedimentares pelticas e so componentes mais ou menos
abundantes de psamitos e ruditos, sendo tambm produtos de hidrotermalismo (Bailey &
Chairman 1980, Brindley & Brown 1980, Moore & Reynolds 1989, Bouchet et al 2000).
Por estarem sempre na frao argila, o estudo dos argilominerais envolve, dentre outras,
anlises por Difratometria de Raios X (DRX), Microscopia Eletrnica de Varredura (MEV),
Microssonda Eletrnica, alm de petrografia para caracterizao textural da rocha. As
informaes obtidas atravs desses estudos, cada vez mais vm sendo usadas como ferramenta
Captulo 3 ___________________________________________________________________________
16
discriminadora para compreenso desde o preenchimento da bacia at as etapas deformacionais
(Piqu 1982, Wybrecht et al 1985, Lpez-Munguira & Nieto Garca 2004).
3.1 - Filossilicatos nas rochas Sedimentares
A composio e a distribuio dos solos (Birkeland 1978) e dos sedimentos (Griffin et al,
1968) condicionados pelo clima, pelo relevo e pelo tipo de rocha, nos continentes e mares atuais,
permitem inferncias sobre a paleogeografia das bacias deposicionais antigas.
Sob climas com baixas temperaturas, ou escassez de gua ou em um meio neutro ou
alcalino, as micas, ilitas e cloritas so herdados da rocha me, enquanto esmectitas, vermiculita e
interestratificados so formados nos primeiros estgios de intemperismo. Portanto, a presena
destes filossilicatos nos sedimentos e rochas sedimentares resultam das condies ambientais
aliadas ao transporte e deposio rpidos, sendo o carter di ou trioctadrico determinado pela
composio da rocha-me (Griffin et al 1968).
Por outro lado, sedimentos constitudos de caolinita so provenientes de reas sujeitas a
intemperismo mais intenso, caractersticos de climas com maior ndices pluviomtricos, sendo
tambm mais estveis durante o transporte.
Alm de partculas terrgenas, a bacia sedimentar recebe tambm materiais coloidais em
suspenso, bem como ons em soluo que, sob condies especficas (pH, Eh, temperatura e
concentrao) formam minerais autignicos, como por exemplo, sulfatos, halogenetos e fosfatos.
Vrios argilominerais autignicos tambm se formam sob condies especficas, portanto, podem
ser usados como indicadores das caractersticas do ambiente deposicional, como por exemplo:
bertierina, glauconita e paligosquita-sepiolita.
3.1.1 - Argilominerais autignicos
Dentre os argilominerais autignicos, os mais comuns so as esmectitas, cuja natureza di
ou trioctadrica condicionada principalmente pelas concentraes de Si, Al e Mg. Este ltimo
favorece tambm a formao de minerais dos grupos do talco e de sepiolita-paligorsquita, mais
facilmente acumulados sob condies alcalinas.
De particular interesse para interpretao paleoambiental so as "areias verdes" de
composio ferrosa e frrica que compreende grupos distintos de argilominerais, como, por
Captulo 3 ___________________________________________________________________________
17
exemplo, bertierina, esmectita (nontronita) e glauconita (Bailey 1988, Odin 1985, 1988, 1990,
Rao et al. 1995).
Na fcies glaucontica os pelides ou glbulos de cor verde intensa a verde-plido so
constitudos por agregados de palhetas finamente granuladas Originando-se como material de
estrutura e composio mal definidas. Cristaliza-se como mineral expansivo do grupo da
esmectita (d ~ 14A), que evolui para glauconita, com estrutura 2:1 semelhante da ilita (Millot,
1964; Odin 1985). Em difratograma de raios-X as reflexes de 10,1; 4,58 e 3,3 so distintas e
simtricas nas glauconitas portadoras de menos que 10% de camadas expansivas.
De acordo com sua frmula ideal - K
Captulo 3 ___________________________________________________________________________
18
em que a rocha no mais apresenta argilominerais expansivos, registrados por difrao de raios-
X.
Na diagnese, inicialmente, predominam processos semelhantes ao intemperismo,
condicionados principalmente pelo pH e Eh do meio, pela composio dos fluidos intersticiais e
pela composio detrtica. Alm da alterao de silicatos ocorre a neoformao de argilominerais
a partir da precipitao de ons contidos em solues, particularmente importante nos arenitos.
Em geral, na diagnese precoce as esmectitas so constituintes abundantes. A
intensificao da diagnese favorece a fixao de potssio na esmectita, concomitantemente
liberao de gua da sua estrutura, dando origem a camadas de ilita ilitizao- por vezes,
associadas a formao da clorita (Hower et. al. 1976, Boles e Franks 1979).,
4,5 K+ + 8 Al+ + esmectita Ilita + 3 Si4+ + cations + H2O
K feld + esmectita Ilita + clorita + quartzo
Estes processos favorecem a formao de minerais interestratificados - ilita/esmectita
(I/S) e clorita/esmectita (C/S) - que caracterizam o estgios da diagnese tardia (Kubler 1964 e
1967; Dunoyer de Segonzac 1970, Hower et al 1976, Boles e Franks 1979, Cavalcante et al 2003,
Bozkaya & Yalin 2004).
Inicialmente desordenados com predominncia da esmectita, os interestratificados
passam, com o aumento de temperatura, a uma maior quantidade de ilita ou clorita e tornam-se
tambm melhor ordenados, chegando formao da rectorita (50% de ilita e esmectita) ou
correncita (50% de clorita e esmectita). Sob temperaturas mais elevadas desaparece a esmectita, o
que marca a anquizona, restando a ilita que pode estar associada a clorita.
Alm dos processos de transformaes diagenticas das esmectitas a clorita pode ser
produzida tambm a partir da alterao de minerais detrticos (por exemplo, a cloritizao de
biotitas), ou pela precipitao de ons em poros das rochas sedimentares (Burst 1959, Hower et
al. 1976, Boles 1979, Couto Anjos 1988, Ylagan et al 2002, Luca Aldega & Eberl 2005), sendo
constituintes maiores na epizona (Dunoyer de Segonzac 1970, Wybrecht et al 1985).
A evoluo diagentica registrada tambm nas glauconitas, cuja estrutura da esmectita
torna-se semelhante da ilita pela incorporao do potssio, diminuindo a porcentagem de leitos
expansivos (Burst, 1958; Hower 1961, Odin & Matter 1981, Berg-Madsen, 1983). Como
tendncia, o aumento da intensidade da diagnese acompanhada tambm pela substituio de
silcio e ferro pelo alumnio (Strickler & Ferrell 1990, Ireland et al 1983). Entretanto, a influncia
Captulo 3 ___________________________________________________________________________
19
da diagnese sobre a porcentagem de leitos e sobre a composio fortemente controlada pela
composio mineral e textura da rocha portadora de glauconitas (Bentor & Kaster 1965,
Guimares et al 2000).
Para avaliar a evoluo diagentica e as condies de temperatura s quais foram
submetidas as rochas, foi proposto, com base em difrao de raios X, o ndice de cristalinidade
das ilitas ICI, que define as anqui e epizonas, bem como o incio do metamorfismo de fcies
xisto verde (Kubler 1964, 1967, Dunoyer de Segonzac 1970, Piqu 1982, Reuter & Dallmeyer
1989, Kisch 1983, Lpez-Munguira & Nieto Garca 2004).
3.3 - Deformao Tectnica
Quando submetidas deformao e metamorfismo, as rochas pelticas apresentam
clivagens ardosianas e/ou xistosidade. A clivagem ardosiana, por sua vez, formada entre a
anquizona e a epizona.
O conceito de clivagem ardoseana est associado a recristalizao de filossilicatos em
planos preferenciais ou sua orientao de crescimento em funo da direo dos esforos que
deformou a rocha. A penetratividade desta clivagem, o fato de ser espaada ou continua, de ser
persistente ou no e de ter uma textura fraca, moderada ou forte definida em funo da
intensidade dos esforos associada ao tipo de rocha e a mineralogia da mesma (Kisch 1983).
Em mapeamento sistemtico em uma rea teste, Piqu (1982) classificou a clivagem
formada em sedimentos no metamrficos ou de baixo grau metamrfico em 4 tipos segundo o
aparecimento ou no da clivagem ardoseana: A - no planar e clivagem espaada B - planar e
espaada, C - planar e clivagem penetrativa e D - clivagem continua. Associadas ao ndice de
cristalinidade das ilitas ICI essas clivagens foram classificadas como pertencendo a: A e B
anquizona, C epizona e D metamosfismo de baixo grau, e usadas como ferramentas para se
definir a distribuio espacial destas zonas.
Quanto qumica mineral, na anquizona os filissolicatos apresentam uma maior disperso
da composio, reportando ao seu carter detrtico, que se torna mais homogneo na epizona,
com uma tendncia a fengita. J no metamorfismo de baixo grau h uma tendncia a formao de
uma paragnese equilibrada. A caracterizao dos estgios de diagnese at anqui e epizona, bem
como da deformao e da qumica mineral importante para a distino das feies
deposicionais preservadas nos filossilicatos.
Captulo 4 ________________________________________________________________________
20
04 - MATERIAIS E MTODOS
Pertencentes unidade Ritmito Superior do Grupo Parano, os filossilicatos estudados
foram coletadas em afloramentos durante o mestrado e nos trabalhos de campo da disciplina
Mapeamento Geolgico I, do curso de Geologia/UnB (tabela 4.1).
Como ser descrito no captulo 05, as principais caractersticas levantadas no campo,
mostraram a existncia de vrias fcies dentro da Unidade Ritmito Superior, bem como as
relaes entre elas.
A composio e textura de cada fcies foram definidas por microscopia tica, sobre
lminas delgadas, confeccionadas e analisadas conforme procedimentos convencionais de
descrio petrogrfica. Assim, distinguiram-se as micas detrticas, os minerais autignicos
(glauconitas) e diagenticos, bem como feies deposicionais e ps-deposicionais.
A identificao dos argilominerais foi realizada por difrao de raios-X, sendo a
qumica mineral obtida atravs de anlises por microssonda eletrnica.
Difrao de raios X:
A difrao de raios X foi utilizada para a caracterizao do material muito fino e para
a determinao do ndice de Cristalinidade das Ilitas ICI (Kbler 1968).
Os princpios, tcnicas e interpretao das anlises difratomtricas so tratados nas
obras de Klug & Alexander (1974) e de Cullity (1978). Trabalhos mais recentes tratam das
tcnicas de preparao de materiais e a interpretao dos dados aplicados a estudos
mineralgicos, destacando-se as obras de Formoso (1984), Besoain (1985), Moore &
Reynolds (1989), Brindley & Brown (1980), Bish & Post (1989), Alves (1987, 1990) Bouchet
et. al. (2000).
As amostras foram preparadas e analisadas no laboratrio de Raios-X do Instituto de
Geocincias da Universidade de Braslia. Foram realizadas anlises da amostra total,
preparadas em lmina vazada pelo mtodo de compresso a seco, bem como da frao argila.
A separao da frao argila consistiu da disperso em gua destilada das amostras trituradas,
seguidas de centrifugao em 750 rpm por 07 minutos, que ocasiona a deposio da frao
maior que 02 m, enquanto a frao argila permanece em suspenso, conforme a lei de
Stocks. O material do sobrenadante foi novamente levado centrifugao por 30 minutos a
1500 rpm para a decantao da frao menor que 02 m, utilizada para preparao de lminas
orientadas, pela tcnica do esfregao. Foram analisadas lminas orientadas secas ao ar,
solvatadas com etileno glicol por 12 horas sob vcuo, e aquecidas a 490 C por 03 horas.
Captulo 4 ________________________________________________________________________
21
As anlises foram realizadas em difratmetro de raios-X, marca RIGAKU
GEIGERFLEX, modelo D/MAX - 2AC, operando com tubo de cobre, sob 35 kV e 15 mA,
sendo a velocidade de varredura de 2/min, com passos de 0,05o. O intervalo de anlise foi de
02 a 70 2 para as amostras totais e normais (frao argila orientada) e 2 a 35 2 para as
amostras solvatadas e aquecidas.
A identificao dos grupos de minerais contou com o auxlio do programa JADE 3.0,
base WINDOWS, com banco de dados PC-PDF (Powder Diffraction File - PDF para PC)
produzido pelo International Center for Diffraction Data - ICDD.
Microssonda Eletrnica:
A qumica mineral dos filossilicatos foi determinada sobre lminas delgadas, polidas e
metalizada com carbono. As anlises foram realizadas no Laboratrio de Microssonda
Eletrnica do Instituto de Geocincias da UnB, no equipamento CAMECA Camebax,
operando com 15kV, corrente de 5 a 10 mA, tempo de contagem de 10-15 segundos por
elemento e foco de 02 m. Foram dosados os elementos Si, Ti, Al, Fe, Mg, Mn, Ca e K,
sendo todo o ferro assumido como Fe+3. O sdio dosado apenas em parte das amostras,
apresentou percentual inferior a 0,7 de Na2O.
A frmula estrutural, das micas, ilitas e glauconitas, foi re-calculada, a partir das
anlises dadas em porcentagem de xidos, sobre a base de 44 cargas negativas.
So aceitas como anlises vlidas aquelas compatveis com as frmulas ideais de
mica, ilita e glauconita. Para as micas tem-se valores, por frmula unitria, entre 5,5 e 6,4 de
Si, 3,8 a 4,0 na soma do octaedro e soma de lcalis prxima a 2,0. Na ilita, Si maior que na
mica, at um limite em torno de 7,2, tendo Al maior que 3,0 no octaedro, cuja soma oscila
entre3,5 e 4,0, enquanto a soma de lcalis menor que 2,0. A glauconita, semelhante ilita,
dela se distingue pelo maior contedo em Si, Fe e Mg, enquanto o Al do octaedro sempre
menor que 3,0.
Captulo 4 ________________________________________________________________________
22
Tabela 4.1: Descrio geral das amostras analisadas. LP = Lmina Petrogrfica, DRX = Difratometria de Raios X, MS = Microssonda Eletrnica, Unidades litoestratigrficas: RS = Ritmito Supeior. AMOSTRA DESCRIO MACROSCPICA UNIDADE LP DRX MS
05-IV-30 Arenito deformado com lentes argilosas RS - Ritmito sltico X 05-IX-38 Arcsio mdio macio e no deformado Nvel Arcosiano X 05-XII-26 Arenito fino com gros de glauconita dispersos, macio e no deformado RS - Areias com glauconita X 06-I-21 Siltito amarelo com algumas lminas marrons e no deformado RS - Arenitos puros X X 06-III-24 Arenito glaucontico RS - Arenito glaucontico X 06-V-62 Contato entre diamictito e marga RS - Brecha X 06-V-79 Argilito laminado com nveis de clorita e de xido de ferro e no deformado RS - Pelitos com glauconita X X 06-X-01 Diamictito Diamictito [RS/ Jequita (?)] X Cachoeira Folhelho preto com gro centimtrico de siltito e moderadamente deformado RS - Brecha com glauconita X X CRW-003 Folhelho preto, moderadamente frivel, com pirita e moderadamente deformado RS- Fcies folhelhos pretos X CRW04 Folhelho preto intercalado com lminas arenosas, moderadamente frivel, com pirita e moderadamente
deformado RS - Folhelhos pretos X X
MAP 06-VI-20 Arenito glaucontico verde, mdio, com lminas de alterao marrons e no deformado RS - Arenito Glaucontico X X MAP-06-III-30 Arenito glaucontico mdio, cinza-roxeado, pouco frivel, pouco alterado e deformado RS - Arenito glaucontico X X X MGI-II-P17 Arenito glaucontico verde, grosso, macio e no deformado RS - Arenito glaucontico X S008a Folhelho preto no deformado RS - Folhelhos Pretos X X S008b Folhelho preto no deformado RS - Folhelhos Pretos X X SB001 Folhelho preto, pouco frivel, com pirita e pouco deformado RS Folhelhos Pretos X X SB-02 Arcsio muito fino, amarelo-pardo, macio e no deformado RS Quartzo Arenito X SB-09 Arenito glaucontico mdio, preto-roxeado, pouco frivel, pouco alterado e deformado RS - Arenito glaucontico X X SB-10 Diamictito cinza, pouco alterado, pouco frivel e no deformado Diamictito [RS/ Jequita (?)] X X Scr 12b Argilito preto com lminas arenosas e fortemente deformado RS - Brecha X SCR-07 Folhelho preto, pouco frivel, com pirita e pouco deformado RS- Fcies folhelhos pretos X SCR-08 Folhelho preto, pouco frivel, com pirita e pouco deformado RS- Fcies folhelhos pretos X SCR-09 Folhelho preto, pouco frivel, com pirita e pouco deformado RS- Fcies folhelhos pretos X Scr-10 Argilito com laminao grossa, vermelho e roxo, com veios de carbonato e fortemente deformado RS - Ritmito sltico X X Scr-12 Argilito com laminao grossa, vermelho e roxo, com veios de carbonato e fortemente deformado RS - Ritmito sltico X
Captulo 5 ________________________________________________________________________
23
05 ESTRATIGRAFIA DO GRUPO PARANO NA REGIO DE BEZERRA:
O Grupo Parano, do povoado de Crixalndia, na regio Bezerra, formado pelas
rochas das unidades Quartzito Inferior, Ritmito Inferior, Nvel Arcosiano e Ritmito Superior,
e est recoberto pelas rochas das formaes Jequita ou Sete Lagoas (figura 5.1 e 5.2). O
presente captulo trata das fcies da Unidade Ritmito Superior; destacando suas caractersticas
estratigrficas, petrogrficas e mineralgicas e dada nfase aos seus contatos com os nveis
adjacentes Nvel Arcosiano e formaes Jequita ou Sete Lagoas na base e no topo
respectivamente. A Unidade Ritmito Superior descrita nesta regio (Guimares 1997), se
caracteriza pela ampla variao de fcies, contendo termos siliciclsticos e carbonticos.
5.1 - Unidade Nvel Arcosiano
O Nvel Arcosiano, na regio estudada, sustenta a maior parte dos altos topogrficos e
sempre o substrato do Ritmito Superior.
Constitudo de litotipos terrgenos imaturos mineralgica e texturalmente, tendo
granulao varivel desde areia (granulao predominante) at conglomerados finos, o Nvel
Arcosiano contm tambm nveis de ritmito intercalados entre arenitos ou conglomerados.
Predominam na unidade, rochas de colorao rsea, devido a gros recobertos por filme de
xido e cinza esbranquiada. Quando intemperizada apresenta-se frivel, com transformaes
dos feldspatos para uma massa muito fina de argilominerais.
Os nveis conglomerticos apresentam, por vezes, granodecrescncia ascendente, com
granulao de seixos, passando a areia grossa com grnulos, at areia mdia. So formados
por rochas mal selecionadas, constitudas por clastos subangulosos a subarredondados. Os
gros mais grossos so predominantemente de feldspatos e de quartzo, mas h ainda a
presena de fragmentos lticos, constitudos de siltitos, quartzitos, chert, alm de fragmentos
de arcsios.
N
Quartzito Inferior
Ritmito Inferior
Nvel Arcoseano
Ritmito Superior
Grupo Parano
Formao Sete Lagoas
Formao Serra de Santa Helena
Povoado de Crixalndiaou Barrero
Formao Jequita
Grupo Bambu
0 1200600 1800 m.
Falha inferida
Contato inferido
Figura 5.1: Esboo geolgico da rea de Crixalndia, distrito de Bezerra. Naporo oeste do vilarejo de Crixalndia, esto os principais afloramentos doRitmito Superior. Na poro leste afloram as unidade basais do Grupo Parano.
24
A--A
B-
-B
83
00
00
0 830
00
00
272000264000
272000264000
Rio
Crix
s
Faz. Alegre
Faz. Chapu de PalhaFaz. Chapu de Palha
C
rreg
oSo
sse
go
1
2
3
4 5
6
Amostra Map 06 X 10
268000
268000
83
02
00
0
83
02
00
08
30
40
00
83
04
00
0
1 - Coluna Fz. Alegre
2 - Coluna Rio Crixs - sul
3 - Coluna Cachoeira Rio Crixs
4 - Coluna Rio Crixs - oeste
5 - Coluna Rio Crixs - norte
6 - Coluna Crrego Sossego
Rodovia BR 020
Captulo 5 ________________________________________________________________________
26
Posicionados, em geral, nas depresses topogrficas entre as cristas de arcsio, os
nveis rtmicos tm ocorrncia restrita, sendo mais comuns no extremo norte da regio de
Bezerra. So constitudos por lminas onduladas de areia fina e silte, tendo a composio
semelhante dos nveis arenosos.
Os nveis de arenitos so constitudos por camadas centimtricas a decimtricas, com
estratificaes cruzadas tabulares e tangenciais, reviradas e estruturas convolutas (figura 5.3 a
e b), bem como laminao milimtrica nos nveis de arenitos mdios e finos. So compostos
por quartzo, feldspatos, micas e minerais acessrios, constituindo desde arenitos felsdpticos
com cerca de 20% de feldspatos (observados em lupa) at arcsios, propriamente ditos,
podendo atingir cerca de 50% (tambm observado em lupa).
Em lminas petrogrficas so descritos quartzo, plagioclsio, k-feldspato, massas de
filossilicatos e fragmentos lticos, e possvel identificar uma orientao incipiente dos gros
indicando o plano de deposio dos sedimentos. O tamanho dos gros bastante variado,
sendo desde 0,2 mm at mesmo 4,0 mm aproximadamente. Predominam os gros com
granulao de areia mdia, caracterizando um selecionamento moderado dos sedimentos com
predominncia de gros sub-arredondados a arredondados (figura 5.4 a e b).
Os gros de quartzo perfazem cerca de 75% das lminas, com predominncia dos
gros monocristalinos, com extino levemente ondulante. Os gros de feldspticos so cerca
de 25% da rocha, com granulao e textura parecidas com os gros de quartzo. Predominam
gros que apresentam macla em xadrez, embora tambm tenha sido observadas maclas
polissintticas, alm de gros sem geminao. Em geral os gros de feldspatos encontram-se
pouco alterados ou alterando para massas finas de filossilicatos. Localmente ocorrem
crescimentos secundrios sobre gros de quartzo e, mais raramente sobre feldspatos, sendo
comum tambm o cimento silicoso.
Os constituintes lticos so fragmentos de rochas sedimentares, granticas e gnissicas,
particularmente nos nveis mais grossos. Os contatos variam de planos a cncavos convexos,
ocasionalmente ocorrem planos de estillitos.
As estratificaes cruzadas acanaladas e tangenciais indicam fluxo direcional, que
associadas granulao areia mdia com selecionamento moderado caracterizam regime de
fluxo inferior de alta energia. A granodecrescncia, a sobreposio de estratos mais finos
sobre os mais grossos, a repetio cclica dessas seqncias sugere a variao de energia do
fluxo e a variao de canais ou condutos por onde o sedimento foi carreado (Tucker, 2005).
Figura 5.3: Estruturas sedimentares nos niveis finos da unidade arcosiana. A)estratificao cruzada tangencial, B) estrutura de carga convoluta
A B
Nvel Arcosiano
27
A B
Figura 5.4: fotomicrografia dos aspectos gerais do Nvel Arcosiano. Granulaovariando entre areia fina e mdia, contatos pontuais a planares. Os emgeral so subarredondados e a matriz argilosa. F=feldspato e Q quartzo. A) nicisparalelo e aumento de 2,5x, B) nicis cruzados e aumento de 2,5x.
gros
0,5mm
FQ
0,5mm
Captulo 5 ________________________________________________________________________
28
A soma desses fatores sugere a deposio desta unidade em um sistema de rios
entrelaados, com uma fonte proximal, responsvel pela imaturidade composicional da
unidade.
5.2 - Unidade Ritmito Superior
Posicionado estratigraficamente sobre o Nvel Arcosiano, o Ritmito Superior uma
unidade descontnua, em geral ausente na poro norte da regio de Bezerra, apresentando as
maiores espessuras (cerca de 50m) a oeste(figura 5.2 e 5.5). Alm da espessura, ampla a
variao faciolgica, que abrange desde rochas detrticas (siltitos laminados, folhelhos negros,
arenitos e intercalaes rtmicas de siltitos e argilitos), nveis glauconticos, at lentes
carbonticas, por vezes estromatolticas.
So abundantes e variadas as estruturas sedimentares, como estratificaes cruzados
tangenciais, tabulares e acanaladas; marcas onduladas; lentes de areia (wavy e linsen), flaser,
estruturas de carga como chama, convoluta e pseudondulo. Tambm so reconhecidas
estruturas tipo hummockys, alm de deformaes sin-sedimentares como escorregamento
(slumping) que gera dobras intraestratais, brechas intraformacionais, falhas e fraturas sem um
padro sistemtico.
Devido heterogeneidade da unidade Ritmito Superior, no possvel estabelecer
uma nica coluna estratigrfica que represente todo o empilhamento. De maneira geral, na
base predominam fcies rtmicas interdigitadas a nveis de arenitos, enquanto os termos
pelticos e carbonticos so mais comuns em direo ao topo. Com base nas caractersticas
composicionais e estruturas sedimentares, so reconhecidas cinco fcies: 1) Fcies de Ritmito
Sltico, 2) Fcies Glaucontica, subdividida de acordo com estruturas e composio, 3) Fcies
Arenito, 4) Fcies de Folhelho, 5) Fcies Carbontica.
Figura 5.5: Detalhes dos Ritmito Superior. A) Falha intraestratal, coloca lado a lado omesmo estrato do Ritmito Sltico, quase dobrando a espessura da camada;B)Estrutura sedimentar; marcas onduladas; C) camadas laminadas e fraturadas daFcies Ritmito Sltico; D) dobra suave em siltito.; E) Dobras parasticas apertadas
A B
C D
E
Unidade Ritmito Superior
29
Captulo 5 ________________________________________________________________________
30
5.2.1 - Fcies de Ritmito Sltico
Esta fcies compreende ritmitos constitudos por intercalaes de lminas argilosas e
slticas, contendo tambm lentes mtricas de arenitos brancos macios e de dolomitos. a
fcies mais representativa da Unidade Ritmito Superior e a que possui maior extenso lateral.
Est em contato, na base com as rochas do Nvel Arcosiano ou sobre outra litofcies do
prprio Ritmito Superior e so recobertos por folhelhos ou carbonatos desta unidade, ou pelas
formaes Jequita ou Sete Lagoas (figuras 5.2, 5.6 e 5.7).
As rochas desta unidade se apresentam finamente estratificadas, com acamamento
ondulado de espessura milimtrica a centimtrica. So observadas estruturas lenticulares,
flaser, pseudondulos e lminas descontnuas de argila. A colorao cinza esverdeada
quando fresca, variando de roxo e rosa por intemperismo, ou amarelada, quando associada aos
nveis glauconticos. Alm de quartzo e filossilicatos como constituintes maiores, nesta fcies
so comuns nveis mais ou menos enriquecidos em feldspatos, podendo ainda conter
localmente, carbonatos, glauconitas e fosfatos.
Ao microscpio, as lminas argilosas so compostas de massa muito fina de
argilominerais, orientados segundo o acamamento. Em geral estas lminas so irregulares,
descontnuas e deformadas, contendo, por vezes, gros dispersos de areia fina de quartzo e de
feldspato bem selecionados e subarredondados (figura 5.8).
Nas lminas slticas, tambm irregulares, o acamamento marcado pela orientao
parcial dos gros de quartzo e feldspato. No geral, os gros so angulosos enquanto os
maiores so sub-angulosos. O contato entre os gros pontual ou planar, sendo os espaos
entre eles preenchidos por matriz e pseudomatriz argilosa, alm de, eventualmente, cimento
silicoso.
Os gros de quartzo apresentam bordas com marcas de absoro e sob nicis cruzados,
extino ondulante. Os gros de feldspatos possuem aspecto sujo, e so evidenciados pelas
maclas em xadrez (feldspato potssico) e polissinttica (plagioclsio). So reconhecidas
feies de dissoluo e recristalizao em gros de plagioclsio que possuem borda alterada,
mas com o interior lmpido, no qual as maclas so bem definidas e sem alterao.
A matriz e pseudomatriz argilosa so marrom-esverdeadas e microcristalinas. Entre a
matriz possvel observar a presena de micas brancas detrticas, como pequenas lamelas e,
em apenas alguns nveis, massas esverdeadas de glauconitas ou materiais glauconitizados.
Parte do material argiloso tem feio de matriz sin-deposicional quando se observam filmes
Captulo 5 ________________________________________________________________________
31
de argila preenchendo pequenos espaos entre os gros de quartzo e feldspato. Massas
argilosas com deformao dctil, ocupando espaos entre os gros mais rgidos e so feies
diagenticas, caracterizando pseudomatriz.
Nas lminas h feies de deformao tanto sin-sedimentar quando ps-sedimentar
(tectnica). A deformao sin-sedimentar que afeta sedimentos moles ou inconsolidados
percebida por diversas feies macro e microscpicas. Aparece como deformaes intra-
estratais, limitadas por estratos superiores e inferiores de material similar, no deformados.
Estas deformaes se caracterizam tambm pela aleatoriedade das direes de dobras e falhas,
ou seja, pela falta de um padro. Ao microscpio, as deformaes sin-sedimentares so
comuns como fraturamento, reorientao de gros e de filmes argilosos, pelo rompimento ou
estrangulamento de lminas de areia fina e pela descontinuidade da deformao (Figura 5.9).
Deformao ps-sedimentar afeta camadas inteiras ou at mesmo, unidades completas
e marcada por padres de fraturas e dobras sistemticas, compatveis com a orientao
regional, incluindo-se linhas de microfraturas ao longo das quais os gros esto orientados e
quebrados. Esta deformao ps-sedimentar, por vezes, est marcada nas lminas por uma
foliao incipiente que apresenta uma inclinao de aproximadamente 15 em relao ao
acamamento sedimentar (figura 5.10).
Por se tratar de uma poro muito plstica dentro do Ritmito Superior, o Ritmito
Sltico em geral, registram melhor a deformao e apresenta nas pores mais deformadas,
dobras fechadas e em chevron, dobras parasticas em padres S e Z e dobras em caixa,
reflexos da deformao regional (figura 5.5).
Em Raios X foram identificados o quartzo e a ilita como constituintes maiores,
feldspatos potssicos e caulinita como constituintes menores e plagioclsio como constituinte
trao. Em poucas amostras ainda foram identificadas clorita como constituinte trao associada
dolomita, que nessas amostras est entre os constituintes maiores (figura 5.11).
Coluna Fazenda AlegreColuna Fazenda Alegre
Lentes carbonticasLentes carbonticas
Nvel arcosianoNvel arcosiano
Ritmito SlticoRitmito Sltico
Nvel glauconticoNvel glaucontico
Folhelho NegroFolhelho Negro
Silexito
CarbonatosSete LagoasCarbonatosSete Lagoas
A AfAmS Ag C
100 m100 m
0
Estruturas
EstratificaesCruzadas tabulares
Convolutas
Marcasonduladas
EstratificaesCruzadas tangengiais
C a l c r i o sd e f o r m a d o s ,in te rca lados commargas.
Nvel Arcosiano comcamadas reviradas
Lente de calcrio doRitmito Inferior.
Figura 5.6: Coluna estratigrafica esquemtica do Ritmito Superior na Regio da Fazenda Alegre.
32
Silexito
Lentes de calcrio
Legenda:
Arcsio
Ritmito Sltico
Folhelhos Negros
Com glauconitas
Grupo Bambu
Grupo Parano
Ritmito Superior
Nvel Arcosiano
Formao Sete Lagoas
Ritmito inferior
CarbonatoSete Lagoas
Ritmito sltico
Nvel glaucontico
Nvel Arcosiano
A AfAmS Ag C
0 m
~80 m
Coluna Rio Crixs Sul
Estruturas
EstratificaesCruzadas tabulares
Convolutas
Marcasonduladas
EstratificaesCruzadas tangengiais
Calcrios intercalados commargas da Formao SeteLagoas.
Intercalao dos materiaismais finos (colorao escura) emater ia is mais grossos(colorao amarela).
Estratificaes cruzadas nosniveis mais finos doArcsio
Figura 5.7: Coluna estratografica esquematica da poro sul da regio do Rio Crixs. Afloram desde o Nvel Arcosiano at aFormao Sete Lagoas, sem a presena confirmada da Formao Jequita. 3
3
Quartzo-Arenito
Legenda:
Arcsio
Ritmito Sltico
Lentes carbonticas
Formao Sete Lagoas
Com glauconitas
Grupo Bambu
Grupo Parano
Ritmito Superior
Nvel Arcosiano
LminaMap05-IV-30
0,5 mm0,5 mm
0,5 mm
A B
C
0,5 mm
D
34
.Lmina:
Foto Central: Ritmitos de silti, areia eargila. Laminao muito fina marcada pornveis argilosos deformados; veios comquartzo recristalizado (em lupa com luztransmitida aumento 6x).
Fotomicrografias a, b, c e d: Nicis paralelos.
A) Lminas descontinuas de argila entreos gros de quartzo.
B) Gro detrtico de mica orientadosegundo o acamamento. M = destaca um grodetrtico de muscovita. Setas vermelhasindicam o acamamento.
C) Detalhe da matriz e pseudomatriz entreos gros mais grossos. A pseudomatriz formada a partir da deformao de fragmentosde argilas durante a compactao. Matrizdestacada pela seta vermelha.
D) Veio de quartzo preenchendo fratura.Destaque para os gros com filme de argila.
Figura 5.8:
Map06-IV-30Ritmito Superior - Fcies Ritmito Sltico
M
LminaScr10
0,25 mm
0,5 mm 0,5 mm
0,5 mm
0,5 mm 0,5 mm
A B
C D
E F
c
35
:
A) Microfalhas com deslocamentodas lminas, so destacadas arepetio rtmica entre estratos de siltee areia fina. Nicis paralelos.
B) Gro de glauconita nos nveisarenosos. Nicis paralelos e aumentoda objetiva de 10x.
C) Cristal de clorita em veio decarbontao. A clorita provavelmentep r o d u t o d a s t r a n s f o r m a e sdiagenticas da glauconita. Nasrochas do Ritmito Superior aassoc iao das c lo r i t as aoscarbonatos condio necessriapara sua formao e preservao.Nicis paralelos e aumento da objetivade 4x.
D) Veios de carbonato e gros decalcita. Nicis cruzados e aumento daobjetiva de 4x.
E) Estrangulamento nos nveisarenosos e preenchimento do espaopor material argiloso. Atribuido deformao de sedimentos moles.P r o v a v e l m e n t e a s s o c i a d o aescorregamento (slump).
F) Estrutura dedeformao emsedimentos moles (slump) nossedimentos mais moles, o fluxo domaterial mais grosso penetra omaterial mais fino que o suporta.
Figura 5.9:Ritmito Superior - Fcies Ritmito Sltico
Lmina Scr 010
Foto central: Laminao descontnuae irregular de nveis arenosos,argilosos e slticos, cortados por veiosde carbonato . Es t ru tu ras dedeformao(sob lupa de luz transmitida, aumentoda objetiva de 6x).
Figura 5.10: A) clivagem espaada marcada pela recristaliao de filossilicatos (linhavermelha) B) laminao e sigmides nos nos pelitos, C) Fratura com pequenodeslocamento na lmina de areia. Nicis paralelos e aumento da objetiva de 2,5x.
36
A B
C
0,5 mm0,5 mm
0,5 mm0,5 mm0,5 mm0,5 mm
Captulo 5 ______________________________________________________________________
37
Figura 5.11: Difratograma da Fcies Ritmito Sltico, a clorita interpretada com alterao de glauconitas. As reflexes da glauconitas so somadas s das ilitas
Captulo 5 ______________________________________________________________________
38
5.2.2 - Fcies Glaucontica
Intercalada no ritmito sltico, esta fcies marca um nvel decimtrico relativamente
contnuo de glauconitas assumidas como autignicas. Com a colorao verde intenso a plido
quando fresco, ou vermelho-arroxeada por alterao. As glauconitas tambm aparecem
associadas os nveis de pelitos, neste nvel ela faz parte da matriz, forma por vezes camadas
descontinuas de siltitos ricos em argilominerias (glauconitas) e pequenas lentes de siltitos
glauconticos intercalados aos folhelhos.
Por vezes glauconitas retrabalhadas esto contidas em arenitos esverdeados intercalados
com outros materiais, ou fragmentos do nvel glaucontico so encontrados em outros nveis do
Ritmito Superior, a Fcies Glaucontica tem associaes minerais variveis, ocorrendo desde
arenitos a folhelhos e designadas como 1) arenitos glauconticos verdes, 2) pelitos com
glauconita, 3) arenito claro com gros de glauconita, 4) brechas glauconticas.
Em raiosX, a mineralogia observada foi ilita e quartzo, como constituintes maiores,
ortoclseo e caolinita, como constituintes menores, goethita e hematita como constituintes traos
(presentes em certas amostras) e eventualmente calcita, dolomita e clorita. A glauconita presente
nas amostras no diferenciada em difrao de raios X por apresenta a mesma estrutura da ilita, e
a clorita identificada nesta fase produto da alterao da glauconita (figura 5.12).
A - Arenitos glauconiticos verdes:
O arenito glaucontico apresenta, em geral, acamamento com 05 cm de espessura e marcas
onduladas, ondulantes no topo. Constitudo predominantemente de glauconitas (cerca de 48%) e
quartzo (30%), contm ainda micas detrticas (07%), feldspatos (05%) e minerais acessrios
diagenticos (opacos 05%, cloritas 02%, calcitas e ilitas 03%).
Constitudas por material microcristalino, as glauconitas so glbulos verdes, quase
sempre arredondados, de tamanhos variados (aproximadamente de 0,1mm a 0,7mm) e formam
lminas intercaladas em nveis de areia e silte. Em vrias lminas petrogrficas so observados
glbulos de glauconita com mesma continuidade tica, contendo em seu interior diferentes gros
de quartzo, geralmente subarredondados. Esta interpretada como uma feio autignica,
Captulo 5 ______________________________________________________________________
39
resultante do crescimento, a partir dos poros dos sedimentos, da glauconita que envolve os gros
detrticos (figura 5.13).
comum a ocorrncia de pelculas de minerais opacos envolvendo glbulos de
glauconita. Estes em geral contm minerais eudricos vermelhos, translcidos (goethita?)
desenvolvidos a partir da borda, em direo ao centro. Esta alterao da glauconita parece ocorrer
durante a diagnese, j que no mostra outras feies de alterao intemprica (figura 5.14).
Alguns nveis glauconticos contm tambm a clorita, como fibras claras, sempre
associada a carbonatos (figura 5.15).
O quartzo se apresenta como gros detrticos arredondados, como cimento e como cristais
dentro dos glbulos de glauconita. A granulao dos gros detrticos varia como na glauconita
estando quase sempre ambos com os mesmos tamanhos de gros, na classe de areia mdia. A
quantidade de cimento silicoso entre os gros bastante varivel. Em diversas lminas
observado dentro dos glbulos o crescimento epitaxial de cristais eudricos de quartzo,
substituindo a glauconita. Esta substituio varia desde cerca de 01% de quartzo at praticamente
todo o glbulo de glauconita.
H alm desses minerais, feldspatos e micas brancas detrticas. O feldspato ocorre na
frao areia mdia, sendo gros detrticos normalmente alterados, ou recristalizados total ou
parcialmente. As micas so paletas brancas, bem formadas que esto entre os gros de glauconita
e quartzo, quase sempre deformados pela compactao (figura 5.15).
Captulo 5 ______________________________________________________________________
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Figura 5.12: Difratograma do Nvel de pelitos com glauconita. Os picos referentes a glauconita so somados as das ilita. A clorita indicada como clinocloro e interpr