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Jhirio �t JJtotícins----• 24-4-1983- PAGINA 13
Diário Ir. !totírit1-s PAGINA 26 - 24-4-1983
Não terá adiantado especialmente ao problema que é fazer (eescrever) livros em Portugal o último programa do «Clube deImprensa» nem é, tão-pouco, numa hora que a televisão se redimede (eventuais) complexos de culpa pelo esquecimento a que temcondenado a nossa vida literária e editorial. Valha-nos, pois, o«Clube», que se lembrou do tema e deixou em aberto um diálogo.
Uma conclusão, um tanto triste, se pode tirar: o nosso livrocontinua à procura de um país (que parece não o merecer).
Com Diogo Pires Aurélio como moderador, estiveram a discutir livros: um autor, José Cardoso Pires; dois editores, FranciscoLyon de Castro e Vasco Graça Moura; e António Alçada Baptista,director do Instituto do Livro.
Dos temas apenas aflorados aqui deixamos nota para que seprossiga, é urgente que se vá mais longe neste campo, uma trocade ideias de modo a que �e comece a olhar o livro como bempúblico que é, segundo sublinharia Cardoso Pires.
Rogério Petinga
AO apresentar o tema da discussão, não deixou Diogo Pires
Aurélio de salientar, como anfitrião e moderador, que oespaço do «Clube de Imprensa» está normalmente vocacionado para a política. A campanha eleitoral veio, assim, de
algum modo, criar um momento excepcional dando oportunidade aolivro e demonstrando que o «Clube» pode tratar de muitos outrosproblemas que não sejam apenas cuidar da política e dos que afazem.
A propósito do recente prémio recebido pela sua «Balada daPraia dos Cães», José Cardoso Pires foi o primeiro convidado apronunciar-se. Por uma questão prática, damos a cada Intervenienteum espaço em que juntamos, não em forma de diálogo, mas comodepoimento, alguns passos das suas palavras, que considerámosespecialmente Importantes, e que podem representar objectivosmaiores para um futuro desenvolvimento do tema.
José. Cardoso Pires
A urgência de uma imagem social do livro
1. Um prémio, desde que represente uma verdade cultural, e issodepende do júri e da organização dopróprio prémio, é uma coisa que ultrapassa logo à partida o escritor, emsi mesmo. Fundamentalmente, numprémio literário é sempre o júri a coisa mais importante. Somente, pensoque envolve muito mais intervençõesa nível social e a nível profissional do escritor.
2. Penso que o assunto está muitomais ligado neste momento ao tema deste encontro, que é a situação do livro dentro de um esquema fora doqual muitos escritores e editores ointerpretam, que é o esquema demercado. De facto, havendo um mercado e sendo o livro um produto desse mercado toda a discussão tem de partir daí. O livro não é só a obra literária em si; é um bem de consumoque se deve tornar indispensável àspopulações e, por consequência, envolve em si grandes problemas.
Daqui resulta que as condiçõesnão podem ser estimulantes a umnível desejável e, sobretudo, elas sãopiores para os jovens escritores. Porque, como o livro é cada vez maiscaro e a indústria do livro é umaindústria com margens de grandeprodução, só se salva o editor degrande produção e o jovem tem assim cada vez menos acesso. Pensoque a contribuição que tem dado, porexemplo, o Instituto do Livro em relação aos prémios revelação me parece importante porque, à partida, permitem alcançar um editor. A existência desses prémios é muitíssimo importante num campo em que o editorse retrai cada vez mais a fazer aventuras.
3. A mim preocupa-me muito aquestão posta pelo Graça Moura queé realmente a motivação e a circulação. Não podemos estar a descarregar para o Instituto do Livro todo oproblema. Temos organismos bemmais responsáveis que só têm prejudicado o livro e o escritor português, de uma maneira verdadeiramentecensurial. Refiro-me concretamenteao Ministério da Educação que, naparte-00 ensino e da programação, oanterior ministro (não este que estálá) se comportou de uma maneirainacreditável. Eu diria quase selvagem, se não o foi.
Por outro lado, o problema do livrovem da motivação essencial. Torná-lo um bem público, com inrteressepúbico, quotidiano. Ora o problema começa no liceu, e fundamentalmente agora nas faculdades (coisa que tinha acabado e que voltou) - mata·-se o escritor vivo!
Isto tem ainda a ver com um problema do Instituto do Livro e com uma coisa com oue os editores pare-
ce que ficaram muito enxofrados, eque se deu quando se quis modificar(e muitíssimo bem) o estatuto daobra que cai no domínio público.Nessa altura, se me recordo, o Governo entendia q1,1e o editor teria depagar uns direitos dos quais uma parte deles, a fundamental, fosse investida na literatura contemporãnea, na literatura viva. Porque, há uma coisa:quando a gente quer ser inimiga do livro, quando eu quero que uma pessoa não leia eu dou-lhe o Sá de Mir1rnda e isso é fatal. Isto faz-se teimosamente, cria-se uma barreira entre aobra literária e o homem comum e elenão lê mais nenhum livro, e temrazão.
Matam-se assim os vivos e ressuscitam-se os mortos. Espero que estaminha atitude seja interpretada correctamente. Eu não sou contra a literatura clássica nem contra o Sá de Miranda, mas a verdade é que paramim a base do livro começa na função, no papel do convívio com a literatura que se dá à criança, ao adolescente, nos programas de ensino.
4. A luta, de um modo geral, doescritor português com o editor é discutir o preço do livro. Não estou evidentemente de acordo com o preço aque estão os livros, como não estoucom o preço da carne, nem do cinema, nem do futebol. O caso do livronão é único.
Por outro lado, mais uma vez éfundamenJal insistir na imagem socialdo livro. E essa imagem social quelhe dá ou não mercado, que o tomaexistente nas necessidades quotidianas da vida, no gosto, no hábito deler. Sem se tratar disto, estaremossempre na mesma. Há uma responsabilidade muito grande dos órgãosde comunicação e só agora, porexemplo, é que as páginas .literáriasregressaram. Enquanto o livro nãotiver existência social ele é semprecaro.
Lá fora, nas bibliotecas. cada vezque se requisita um livro, há umapercentagem que vai para o autor epara o editor. Aqui, não: pois chega-se ao escândalo de se exigir para abiblioteca 1 O e 15 volumes. Outroaspecto: vai-se lá fora e vê-se osapoios fiscais à obra do livro. Aqui aimagem criada é logo adulterada ànascença e vai até à Banca. Onde éque a Banca apoiou alguma vez umlivro? Nunca. A Banca apoia medalhas de prata de duvidosa qualidadeartística. Literatura, não lhes interessa. A ideia que a Banca tem é nitidamente mercenária, de agiota. Invistaem arte - isto é um «slogan» -( compre a medalha agora porque eladaqui a três anos vai valer tanto. lstcé uma perfeita obra negativa.
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doJDingo Jicirio �t ltotidos 24-4-1983- PÁGINA 27
José Cardoso Pires Francisco Lyon de Castro Vasco Graça Moura António Alçada Baptista
A edição em ''Clube de Imprensa''
Dar ao livro um interesse público, quotidiano Francisco Lvon de Castro
o livro deve es.tar em toda a parteonde possa alcançar o público
lação de certos objectivos que, embora ainda não postos em prática,são contra aquilo que nós pensamosque deve ser feito. Entendemos, de facto, que o Instituto não tem feito umcerto tipo de acção que deveria ter realizado. Digo, por exemplo, que oInstituto declarou que se dispunha aapoiar as livrarias que tivessem interesse cultural, subentendendo-seque as outras que não tivessem esse interesse não seriam apoiadas. Supomos ter entendido o objectivo do Instituto, mas esta definição foi discriminatória. Pensamos que todas aslivrarias são instrumentos extremamente importantes.
1. Na realidade, o editor tem alguma coisa a dizer acerca da concessão dos prémios literários. É possivel que haja quem considere que aconcessão de um prémio seja aviltante para um escritor. Mas eu adoroque a concessão de um prémio,como foi este, é muito significativapara a cultura portuguesa, para o escritor, e para o livro. Porque, bastaver o que se passou com o prémio,com todas as campainhas a tocar, arádio, a televisão, a Imprensa. E tudoisto conta muito para que o livro se torne conhecido, para que os escritores se tornem conhecidos. Além dis·so, a corcessão de um prémio com
este volume tem a sua importância ecreio que vai ter repercussão à escala internacional.
2. A Associação Portuguesa de Editores e Livreiros, que eu não represento aqui, mas onde tenho participado nos órgãos directivos. não foi nem é contra a criação do InstitutoPortuguês do Livro, pelo contrário entende que o Instituto deveria ter sidocriado há muito mais tempo. Defende�os durante muitos anos a necessidade da criação do Instituto; do quediscordamos é de alguns tipos deactuaçâo com os quais não estamos inteiramente de acordo, e não estamos também de acordo com a formu-
Há tle facto um conceito elitista do papel da livraria e do local onde olivro deve estar. Nós achamos que olivro deve estar em toda a P.arte ondepossa alcançar o público. E por issoque no Verão se vendem livros em sítios incríveis, de autores de categoria, livros nacionais e livros estrangeiros, porque o público se desloca para
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certas áreas onde há gente que quercomprar, que quer ler, que tem di·nheiro, e os livros devem chegar aessas pessoas que estão em fériasou que se deslocam por qualquerrazão. Isto é para dizer que essascasas não são centros especiais, istoé, uma livraria que tenha todas ascaracterísticas de uma livraria. Equero dizer que esses postos de venda estão por todo o País. Qualquereditora de certa dimensão tem 3000 a 3500 postos de venda, e dessespostos há apenas 50 ou 60 que sãoverdadeiras livrarias.
3. Não fiz ainda uma comparaçãoentre o ritmo de aumento do custo do livro e o ritmo de aumento dos outrosprodutos de consumo, maior ou mencr. Se considerarmos todos os factores que intervêm na fixação do preço do livro é evidente que há o preçodo papel, há o preço da cartolina, há o preço das taxas do correio. Mas,em 1979 o preço do envio de um livropelo correio era de 17$50, hoje é de
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35$00. Por exemplo, a cartolina custava 4600$00, custa agora 7200$00.Em 1980, uma resma de papel custava 460$00, hoje custa 880$00. Possodizer ainda que a realização de umcaderno de 16 páginas, que custava5700$00, vai hoje a cerca de 1 2contos.
O problema em relação ao preçodo livro é todo um problema de op-
Vasc� Graça Moura
ção, e aqui quereria fazer um brevíssimo comentário (a expressão não éminha mas vou utilizá-la). é um problema de política do livro. Nunca foiestabelecida por nenhum Governo,nem mesmo depois do 25 de Ab_ril foidefinida uma política do livro. E umbem de segunda ordem, e por issomesmo é que toda a gente pede livros a todos os editores.
Mais importante que os prémios é uma política de motivação da criação literária
1. É um pouco difícil opinar sobreo Instituto Português do Livro independentemente das óptimas relações institucionais e pessoais quetenho com o António Alçada Baptista.O que me parece importante destacar, retomando a conversa um poucomais atrás, na parte dos prémios eque deveríamos distinguir os prémiosque representam uma consagração,e temos o caso presente do JoséCardoso Pires, em que o· escritoratingiu já uma craveira, um estatutotal, que o prémio para ele, por muitoimportante que possa ser no aspectoeconómico, é fundamentalmenteuma consagração da sua carreira de escritor; e temos os prémios para osjovens autores que representam umaoportunidade. Mas, mais importantedo que os prémios, parece-me seruma política de motivação da criaçãoliterária. E isso não tem tanto a vercom os prémios como com a possibilidade dada ao autor de se fazer publicar, de realizar em impressão aobra que criou.
E aqui não são só os jovens escritores que estão com grandes problemas. De um modo geral, há inúmerosautores com obras perfeitamente. válidas, dignas de publicação, que faceà crise que não é só do sector editorial, têm enormes dificuldades em se editar. Esse é que me parece ser oproblema. E parece-me que uma dassoluções fundamentais, e sem a qual nós não passamos (mantendo exactamente o princípio da liberdade e do estatuto editorial, que de resto o IPLconsagra) é o da negociação inter-programas editoriais, a co-ediçãoentre várias editoras e instituições e aconjugação e coordenação de esforços, nomeadamente de esforços do tipo financeiro, e é também a circulação do autor português em Portugal,para além das escolas, dos liceus,das Universidades, através dosmeios de comunicação social.
2. A produção de livros está defacto cada vez mais cara levantando-se problemas na comercializaçãoextremamente onerosos e difíceis deultrapassar, como é o caso da promoção. Mas, também o aspecto da distribuição é extremamente impor-
tante. E é importante em dois aspectos: porque são raras hoje as distribuidoras que funcionam de uma maneira eficaz, e porque mesmo aquelas que funcionam de uma maneiraeficaz fazem incidir o grosso da suaacção sobre os grandes centros urbanos, nomeadamente os do litoralem detrimento das pequenas localidades do interior e de muitos pontosonde há sempre alguém interessadoem ler. Quanto às livrarias de província, é de salientar quanto pode haverde dedicação, de amor à arte, nopequeno posto de venda que, parapoder aguentar uma pequena linhade venda de livros, tem qu"e paravender miudezas, cigarros, brinquedos ou panos, mesmo.
Todos estes problemas acabampor criar um•certo círculo vicioso ehoje vemos dois tipos de acção atentar ultrapassá-los. Um é o das empress que funcionam com promoçãodos seus livros em sistemas de mailling, que mandam portanto o livro acasa e que estão fora dos circuitoscomerciais normais; outro é o daseditoras que ou têm uma máquinamuito grande, os seus próprios terminais de venda para cobrir o País, ou odo editor normal que não tem essapossibilidade e que se não tiver umadistribuidora boa (e são poucas) nãoconsegue colocar os seus livros nointerior do País. Só aí, vai aproximadamente metade do preço de capado livro como remuneração para odistribuidor e para o livreiro, ou seja olivro que é vendido por 500 escudosao público deixou pelo caminho, entre o distribuidor e o livreiro, 250$00, e o editor só recebe o resto.
3. Impõe-se um estímulo à actividade da leitura, uma função criadorada obra literária, e não me refeririaapenas à obra literária como obra decultura, há muitas outras evidentemente. Por outro lado, é natural que acarga da televisão, do audiovisual,tenha um efeito pernicioso para olivro a não ser que, sabendo-se isto,haja uma responsabilidade de quemgere os destinos do audiovisual eprocure colaborar em políticas de desenvolvimento do gosto pelo livro, pela leitura, pelos autores.
António Alçada Baptlsta
Não compete ao Instituto resolver o problema do livro
1. É evidente que se as pessoasjulgam, ou pensaram, alguma vez
· que o Instituto Português do Livro iaresolver o problema do livro em Portugal estavam enganadas. O Institutonão pode resolver, e digo mais, nãolhe compete resolver o problema dolivro. O Instituto só existe porque háuma debilidade económica na parteda edição, que é normal em relaçãoao mercado de um país pequeno.Não esquecemos que a maior partedo trabalho do Instituto é feito noutrospaíses pelos sindicatos de editores.O Instituto tende a intervir na partedigamos do livro de cultura. Entendeque o livro é um instrumento privilegiado de cultura. Por mais que sediga, ainda estamos no tempo da Galáxia de Gutemberg. Realmente, ainda não há maneira mais comum decomunicar a cultura do que o livro.
E a nossa filosofia de base é que,nwma democracia, num país livre,não há liberdade de expressão semliberdade de programação editorial.Através dos editores é que normalmente.se deve processar a edição dolivro. E um princípio que me pareceimportante. Ora bem, dada a estrutura da nossa economia, do nosso mercado, é possível que o livro fique enicondições mais difíceis.
O Instituto do Livro pretende actuarnalgumas áreas dos livros de cultura.e a prioritária parece-me a mim asituação do património literário.
Temos uma literatura que tem queestar editada; a responsabilidade quetemos com os novos países de expressão portuguesa tem muito a vercom isso. A necessidade de termos opatrimónio de uma llngua comum apto a ser fornecido, e por outro lado os livros clássicos são livros que estão quase todos esgotados.
2. O IPL actua em várias áreas,quer no apoio à edição, quer noutramuito importante (e aí funciona comuma certa vivacidade) que é parte da difusão do livro e do autor. É claroque se o IPL pudesse actuar tambémnas áreas do escritor contemporâneo, no apoio, podia fazê-lo; no entanto, nós estamos limitados, temosque criar prioridades. É desagradávelsaber que Ramalho Ortigão está esgotado em obras completas, e emedições críticas, ou que Fialho de Almeida está também esgotado.
3. Quanto ao problema do jovemescritor, ele tem cada vez mais o seulançamento cerceado, tanto cá comolá fora. É um problema para o qualnão se arranjou ainda solução capaze que, apesar dos prémios literários que o Instituto apoia, eles são apenas um meio, mas não considero que venham resolver o problema de forma capaz
Continuo a pensar em dois problemas que me preocupam: o do jovernescritor e o das livrarias.
4. As livrarias estão a acabar. eeram núcleos importantíssimos decultura, e também não temos vistosolução para isso. Associando o problema das livrarias, é claro que quantos mais postos de venda houver melhor, mas aquilo a que eu me refiro éque havia instituição chamada livrarias oue eram locais de encontro,sobretudo na província, e que eramfocos de cultura extremamente importantes.
Uma proposta que foi rejeitadapela Associação de Editores e Livreiros era a de que pretendia que secriasse no IPL uma categoria de livrarias de interesse cultural que não seria designada pelo arbítrio do Instituto, mas sim por forças representativas loc3is pelo próprio exame da activdade da livraria. Se se verificasseque uma livraria tinha 90 por cento devenda de brinquedos e 10 por centode livros, não se poderia considerarlivraria de interesse cultural, mas sefosse o contrário, se realmente l1ouvesse uma livraria que estivesse especificamente dedicada ao livro eque acessoriamente vendesse outrascoisas, então poderíamos determinaresta designação, que, a meu ver, poderia ser um caminho que criasse umcerto número de apoios. A APELopôs que estaríamos a criar uma arbitrariedade, uma designação que,cedo ou tarde, poderia ser manobrada.
5. Qualquer dos problemas queaqui estamos a levantar daria umamesa-redonda. O tal clássico queestá no domínio público não tem normalmente tanta venda. Tirando o Eçano caso português, qualquer escritorcontemporâneo vende, apesar detudo, mais do que qualquer clássico.São livros de venda muito lenta.
Estou inteiramente de acordo queo interesse pela literatura viva devecomeçar a partir do escritor contemporãneo. A respeito, ainda, da lei sobre o domínio público, ela encontra-se suspensa, havendo razões fortes de umlado e de outro. A Sociedade Portuguesa de Autores é quem mais documentada está sobre essa situação,assim como a Associação de Editores e Livreiros.6. Em relação às bibliotecas e àsrelações com o estrangeiro, não hámilagres. No caso do IPL, os chamados lusófilos (são cerca de quinhentos) recebem neste momento um jornal, vários boletins de informação edez livros por ano (dos que mais seevidenciaram).