roçadores de trecho: uma abordagem...
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Roçadores de trecho: uma abordagem ergonômica.
Antônio Sarraff Pereira Júnior1
Dayana Priscila Maia Mejia2
Cristiano Ramos3
Pós Graduação em Ergonomia – Faculdade de Ávila
Resumo
A saúde do trabalhador é um requisito de suma importância ao sistema produtivo e a
ergonomia tem um papel vital dentro das empresas, que visa estabelecer uma relação mútua
com a qualidade dos serviços prestados com um aumento de produtividade e melhoria das
condições do trabalho aos trabalhadores.
A avaliação as condições de trabalho dos operadores de roçadeira, que realizam a atividade
de roço na manutenção de uma faixa de dutos, identificando os principais problemas que
afetam esses trabalhadores ergonomicamente.
Centenas de rotações são feitas durante 25 a 30 min. e o continuo movimento de rotação do
tronco afeta o disco intervertebral. O que é agravado pelo a atividade que realiza quando está
desembarcado.
Palavras-chave: Ergonômia, Operador de roçadeira, roçadores.
1. Introdução
A abordagem ergonômica baseia-se no princípio básico deque o trabalho deve adaptar-se ao
homem. Através da mesma se pode produzir um ambiente de trabalho mais humanizado. Ela
procura aproveitar as habilidades mais refinadas dos trabalhadores e proporcionar um
ambiente que os encorajem a desenvolver suas atividades.
A ergonomia é o estudo científico da relação entre o homem e seus meios, métodos e
espaços de trabalho. Seu objetivo é elaborar, mediante a contribuição de diversas disciplinas
científicas que a compõem, um corpo de conhecimentos que, dentro de uma perspectiva de
aplicação, deve resultar em uma melhor adaptação ao homem dos meios tecnológicos, dos
ambientes de trabalho e de vida (IEA, 2000, tradução nossa).
Essa abrangência própria da ergonomia possibilita sua aplicação em todas as situações onde
esteja presentes a interface homem – trabalho, bem como a atuação de diversas disciplinas
da ciência as quais possuem conteúdos teóricos e práticos aplicáveis para a melhor adaptação
do meio ao homem.
Um dos fatores que desequilibra essa relação é o fato da exposição dos trabalhadores a riscos
e problemas ergonômicos decorrentes do seu serviço.
Uma avaliação ergonômica tem como função melhorar a situação do empregado em seu
ambiente laboral e, segundo Dul (2004), tem como princípio contribuir para a prevenção de
1 Pós-graduando em Ergonomia 2Orientador 3Co-orientador
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erros, melhorando o desempenho, sendo assim um importante fator para a redução de erros
operacionais.
Fernandes (1996) propõe os seguintes critérios para avaliar as condições de trabalho:
Jornada de trabalho - número de horas de trabalho e sua relação com as tarefas
realizadas; carga de trabalho - quantidade de trabalho realizada no turno de
trabalho; ambiente físico - condições de bem-estar e organização do local de
trabalho; material e equipamentos - quantidade e qualidade dos materiais e
equipamentos disponibilizados para a realização do trabalho; ambiente saudável -
condições de trabalho que não ofereçam riscos de lesão ou doenças aos
trabalhadores; estresse - quantidade de estresse percebido pelos trabalhadores na
jornada de trabalho.
O (Canadian Center for Ocupational Health and Safety) apud MARTINS (2005) pressupõe
que as condições ergonômicas são inadequadas quando o trabalho realizado é incompatível
com o corpo dos trabalhadores e/ou sua capacidade de continuar trabalhando, sendo que tais
condições podem causar desconforto, fadiga, lesões e doenças. No entanto, é possível
prevenir lesões e doenças relacionadas com condições ergonômicas adequadas, desde que
tanto o local quanto à organização do trabalho sejam ajustados às necessidades individuais
(físicas e mentais) de cada um.
De acordo com Iida (2005) a ergonomia, assim como qualquer outra atividade relacionada
com o setor produtivo, só será aceita em uma instituição pelos seus administradores, se for
capaz de comprovar que é economicamente viável, ou seja, se apresentar uma relação
custo/benefício favorável. Por exemplo, como custos alguns itens estariam incluídos, como
elaboração de projetos, aquisição de máquinas, materiais e equipamentos, treinamento de
pessoal e queda de produtividade durante o período de implantação. Já nos benefícios,
poderiam ser alcançados economias de material, mão de obra e energia, redução de
acidentes, absenteísmos e aumento da qualidade e produtividade.
A utilização de máquinas manuais, como roçadeiras, assume um importante papel na
manutenção de áreas verdes de faixa de dutos, ou trecho. Para operar com este tipo de
equipamento, deve-se, no entanto, levar em consideração parâmetros ligados à máquina
como, por exemplo, funcionamento, conformação e adaptabilidade às diferentes condições
de operação e trabalho.
Segundo Gadanha Júnior et al. (1991), máquinas agrícolas são um conjunto de órgãos que
apresentam movimentos relativos, e com resistência suficiente para transmitir o efeito de
força externas, chamadas movidas ou transformar energia, denominadas motoras.
Atividades agrícolas expõem o trabalhador rural a riscos ocupacionais e podem ser
consideradas uma das profissões com maiores riscos. Alguns destes riscos podem
transformar-se em acidentes fatais ou deixar sequelas nos trabalhadores; este quadro se
agrava quando o trabalhador utiliza equipamentos ou máquinas agrícolas (FARIA, 2005).
Contudo, é importante considerar a interação homem-máquina como, por exemplo, a
temperatura de trabalho, o intervalo de tempo de utilização ininterrupta e a utilização de
dispositivos de segurança, devendo-se sempre considerar o operador como principal
elemento do sistema (ALONÇO, 2004).
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Iida (1993) afirma que a fadiga “é o efeito de um trabalho continuado que provoca uma
redução reversível da capacidade do organismo e uma degradação qualitativa desse
trabalho”.
Ainda para Iida (1993):
Os sintomas de fadiga psicológica (psíquica) são mais dispersos e não se
manifestam de forma localizada, mas de forma mais ampla, como sentimento de
cansaço geral, aumento da irritabilidade, desinteresse e maior sensibilidade a certos
estímulos como fome, calor, frio ou má postura.
Não são apenas as condições físicas de trabalho que importam. As condições sociais e
psicológicas também fazem parte do ambiente de trabalho, ou seja, para alcançar qualidade e
produtividade, as organizações precisam ser dotadas de pessoas participantes e motivadas
nos trabalhos que executam e recompensadas adequadamente por sua contribuição.
(CHIAVENATO, 2004)
Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos
trabalhadores, de acordo com a Norma Regulamentadora NR17, o empregador deve realizar
um estudo ergonomico, abordando no mínimo, as condições de trabalho, o que incluem
aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga individual de materiais, ao
mobiliário, aos equipamentos, às condições ambientais do posto de trabalho, a área de
trabalho, e a própria organização do trabalho.
Do ponto de vista de higiene do trabalho, ruído é o fenômeno físico vibratório com
características indefinidas de variações de pressão (no caso ar) em função da frequência, isto
é, para uma dada frequência podem existir, em forma aleatória através do tempo, variações
de diferentes pressões (SALIBA, 2004).
De acordo com Mendes (2005), normalmente ruído é definido como um som indesejável, já
a National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH, 1998) define ruído como
um som errático, intermitente ou com oscilação estaticamente aleatória.
Para que a vibração sonora possa ser ouvida é necessário que a frequência situe-se entre
dezesseis e vinte mil Hz e a variação de pressão sonora provocada atinja o limiar de
audibilidade; 2x10-5 N/m2 (SALIBA, 2004).
De acordo com Associação Brasileira de Normas Técnicas, a NBR 9999 (ABNT, 1987)
determina a “Medição do Nível de Ruído no posto de Operação de Tratores e Máquinas
Agrícolas”, e a Norma Regulamentadora nº 15 “Atividades e Operações Insalubres”
(BRASIL, 1978) determina os níveis máximos de exposição para a jornada de trabalho de
oito horas.
Para a avaliação do nível de ruído em uma atividade laboral pode-se utilizar uma grande
variedade de equipamentos, a escolha dependerá do dado que se deseja obter, assim como do
tipo de ruído que se deseja avaliar. Os três instrumentos mais frequentemente utilizados são
medidor de nível de pressão sonora, medidor integrador de uso pessoal, também denominado
dosímetro, e analisadores de frequência, todos descritos na sequência (SOUZA, 1999).
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Poletto et. al. (2012) conduziu trabalhos sobre análise do ruído em roçadoras costais
motorizadas. O autor verificou que o agente físico estudado, ruído, apresenta níveis de
exposição que podem acarretar lesões aos trabalhadores, apresentando limites de tolerância
acima do permitido pela legislação, indicando que este agente deve ser controlado com
maior rigor pelas empresas. Ainda segundo Poletto (2010) os níveis de ruído dos
equipamentos ensaiados, quando comparados com as normas regulamentadoras estão muito
acima dos padrões de conforto, atingindo a região de perda de audição.
Calor pode ser definido como a “forma de energia que se transfere de um sistema para outro
por uma diferença de temperatura entre os dois. Sensação que se tem num ambiente
aquecido (pelo sol ou artificialmente), ou junto de um objeto quente ou que aquece”
(FERREIRA, 2004, p.118).
Do ponto de vista da higiene ocupacional, o calor é compreendido como o agente de
natureza física que pode causar dano à saúde do trabalhador quando da violação do limite de
tolerância fixado no Anexo nº 3, da Norma Regulamentadora nº 15 (BRASIL, 1978), que
estabelece para avaliação o Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo – IBUTG.
Segundo Grandjean (1998), a ergonomia tem como objetivo a adaptação do posto de
trabalho, instrumento, máquina, horário e ambiente às necessidades psico-fisiológicas do
trabalhador, portanto, para atender a estes objetivos deve-se estudar série de fatores, dentre
eles: o trabalhador, suas características físicas, fisiológicas e psicológicas; as máquinas e
equipamentos; e o ambiente onde esta atividade é realizada, contemplando temperatura,
ruído, vibração, entre outros fatores (IIDA, 2005)
Conforme Smith (1996), movimentos repetitivos podem causar esgotamento e desgaste nas
articulações, atrito e desgaste nos tendões e ligamentos e aumento da fadiga muscular
acarretando risco de ergonômicos. Ainda segundo Smith (1996), distúrbios acumulativos são
maiores quanto mais o trabalhador é exposto a esforço físico, longos períodos de ações
semelhantes durante a jornada de trabalho, exposições devidas à profissão; exposições
contínuas, diárias, sem pausas.
Além das máquinas e equipamentos utilizados nos meios de produção para transformar os
materiais, deve-se também considerar todas as situações em que ocorre o relacionamento
entre o homem e o seu trabalho e não apenas o ambiente físico, mas também os aspectos
organizacionais, isto é, de como o trabalho organizado, programado e controlado visando
produzir os resultados desejados (IIDA, 2005).
Segundo Másculo (2011), carga de trabalho pode ser definida como resultante das exigências
que sobrecarregam o indivíduo no decorrer de sua atividade de trabalho.
Iida (2005) comenta que o trabalho rural pode ser caracterizado por ritmo intensivo com
exigência de alta produtividade em tempo limitado, condições inadequadas, problemas de
ambiente, equipamentos e processos, condições que acabam acarretando insatisfações,
cansaços, queda de produtividade, problemas de saúde e acidentes de trabalho.
As lesões decorrentes de sobrecarga física ocorrem quando se tem uso de cargas máximas,
má projeção de equipamentos e má orientação quanto ao treinamento. O trabalho nas
atividades agrícolas depende da compreensão dos limites humanos físico, fisiológico e
mental e da sua correta aplicação nas situações reais encontradas (SANTOS et al., 2013).
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Dentre os aspectos ergonômicos destacam-se:
Limites Físicos do Operador: São aqueles que envolvem características do
trabalhador, por exemplo: biótipo, idade, altura, peso, sexo. Quando o indivíduo
não consegue realizar determinada tarefa por causa de suas características
corporais ele pode estar se expondo além de seus limites físicos (SANTOS et al.
2010).
Limites Fisiológicos do Operador: Estes limites referem-se a aptidão física,
descanso, boa saúde, correta nutrição e também o efeito de drogas no organismo.
Esses limites podem variar diariamente, por exemplo, se o indivíduo não
descansou adequadamente ou não teve uma alimentação correta, pode apresentar
problemas na execução de alguma tarefa que exija força ou concentração
(SANTOS et al. 2010).
Limites Mentais e Emocionais do Operador: Os limites mentais e emocionais
também como os limites fisiológicos podem variar diariamente, de acordo com o
estresse mental do indivíduo. O indivíduo pode perder a capacidade de entender ou
executar tarefas com a segurança necessária. À empresa contratante dos serviços
são essenciais a observação e identificação de condições e fatores que possam
causar sobrecarga nos funcionários, visando proporcionar ao colaborador um
ambiente de trabalho em que este possa executá-lo de modo feliz, satisfeito e
confortável (SANTOS et al. 2010).
Adissi (2011) comenta que o trabalho rural tem peculiaridades que devem ser mais bem
analisadas, tais como: postos de trabalhos desestruturados, móveis e dependentes das
variações naturais de relevo, solo, intempéries. Além disso, também cabe ao trabalhador
rural controlar as condições do solo, a umidade, protegendo a cultura da concorrência de
outros vegetais e da ação de predadores, insetos e de agentes microscópicos que podem
prejudicar a cultura.
Segundo Sato e Coury (2005) apud Moccellin et al. (2007), as lesões atingem o trabalhador
no auge de sua produtividade e experiência profissional, sendo um problema com magnitude
em diversos países do mundo, o que reforça a importância de se identificar os fatores de
risco que desencadeiam e/ou agravam essas lesões.
A sobrecarga sobre os músculos e articulações, oriundos de trabalhos estáticos, assim como
trabalhos que exigem muita força ou ainda os que exigem posturas desfavoráveis, como o
tronco inclinado e torcido, podem levar à fadiga muscular, dores, como também provocar
lesões musculares. Fatores estes responsáveis pelo aumento da prevalência de doenças
relacionadas ao trabalho, como as Lesões por Esforços Repetitivos (LER), também
denominadas de Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), que
caracterizam-se por sintomas como dor, fadiga nos membros superiores, pescoço e coluna
lombar e resultam de postura inadequada e falta de pausas durante a jornada de trabalho
(IIDA, 2005; MOCCELLIN et al., 2007; KROEMER E GRANDJEAN, 2005).
Para o médico e presidente da ABQV (Associação Brasileira de Qualidade de Vida), Alberto
Ogata, desempenhar atividades em dois ou mais empregos contribui para um cenário de
pouco tempo para relaxar, agenda corrida, alimentação inadequada, vida social ausente e
cansaço e fadiga. “Podemos afirmar que todo excesso a esse quadro geral será prejudicial e
certamente o fato de ter dois empregos agravará essa situação, provocará a aquisição de
maus hábitos e intensificará os riscos de saúde decorrentes do trabalho”.
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2. Material e Métodos
A metodologia utilizada no presente trabalho foi composta de pesquisa com levantamento
dos dados sobre os agentes estudados buscando identificar os principais problemas que
possuem.
Neste item são descritos também o ambiente estudado e os colaboradores envolvidos na
pesquisa.
2.1. Ambiente Analisado
O trabalho foi desenvolvido por meio de questionário com perguntas abertas e fechadas
sobre a atividade exercida pelos colaboradores que fazem a manutenção de faixa de dutos,
entre os municípios de Codajás e Caapiranga, no Estado de Amazonas, Brasil.
2.1. Colaboradores
A atividade desenvolvida pelos trabalhadores que fazem a manutenção de faixa de dutos,
com equipamentos denominados roçadora transversal motorizada, utilizadas para roçar a
vegetação ao longo do trecho.
2.2. Do trabalho
O trabalho é em regime de embarque 14 x 14 dias, sendo a jornada de trabalho oito horas,
sendo que o local das atividades é determinado pelo contratante.
Os operadores de roçadeira ficam alojados em embarcações ou balsas alojamentos, que
possuem serviço de hotelaria, nessas embarcações os mesmos tomam café e jantam
O horário de saída dos trabalhadores é às seis horas da manhã, e devem estar de volta a
embarcação às cinco horas. O tempo de deslocamento entre o alojamento e o local
determinado para a execução das tarefas, assim como o retorno ao ponto de encontro estão
incluídos na jornada de trabalho. A equipe tem uma hora destinada para a refeição e pode
parar para descansar durante a caminhada e o serviço.
Os operadores que preencheram o questionário realizam suas ao longo do trecho, para chegar
ao ramal de acesso onde acontece o serviço de roço, faz-se necessário o uso de uma lancha, o
percurso pode demorar 10 min. ou até 1 hora ate o ramal de acesso. Do acesso ate o local
onde irão executar a atividade existe a possibilidade de caminhar, subindo e descendo ladeira
algumas bem íngremes, carregando seu material, por no máximo 7km.
Os operadores de roçadeira realizam a roçagem motorizada por 25 a 30 min. em terreno
irregular. (Figura 01)
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1. Atividade de roçagem
A área total a ser roçada no dia é determinada pelo encarregado e varia entre 300 a 600
metros, dependendo da dificuldade do local. Para o controle do serviço executado o
encarregado fotografa o local antes de iniciar e ao termino do serviço, e prepara um relatório,
que é enviado para o gerente do contrato.
No local da atividade é construído uma cabana com madeira e lona onde os funcionários
descansam, abrigam-se em caso de chuva e realizam suas refeições, que são oferecidas pela
empresa.
O abastecimento e a afiação da roçadeira é feito pelo funcionário responsável pela mesma
em campo.Na eventualidade do equipamento quebrar durante a execução da roçada, o
roçador pode descansar o restante do período de trabalho.
2.3. O Questionário
O questionário foi aplicado com duas equipes que fazem o trabalho de roço, lembrando que
somente os operadores de roçadeira foram o foco deste trabalho, num total de vinte e cinco
trabalhadores.
3. Resultados da pesquisa
Ao analisar as variáveis pessoais, observa-se que há predominância de profissionais da
classe masculina (100%). A idade predominante dos participantes situa-se entre 25 e 35
anos, 57,1% da população. Com relação ao nível de escolaridade, a maioria dos profissionais
não possuem ensino médio completo.
A pesquisa aponta que 24% dos entrevistados queixaram-se de dores na coluna, conforme
tabela abaixo. Outra queixa que merece destaque é o ombro com 20% de indicações.
SARRAFF,2013
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Tabela 01: Desconforto sentido pelos funcionários
Os operadores de roçadeira que manifestaram algum tipo de incomodo 28% disseram
apresentar o sintoma a mais de 6 meses, conforme tabela abaixo.
Tabela 02: Tempo que sentem dores
Dos funcionários entrevistados 68% afirmaram que as dores estão ligadas as suas atividades
ocupacionais atuais e que elas ficam mais fortes durante as caminhadas até a local da
atividade.
Mesmo com sentindo dor 40% dos entrevistados não tomam remédio para combater os
sintomas sentidos.
Grande parte dos funcionários que preencheram o questionário classifica as dores que
sentem como moderada de acordo com a tabela 03.
Tabela 03: Como os funcionários classificam as dores
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Um ponto que merece destaque são as atividades realizadas pelos funcionários no período
em que estão desembarcados. Dos entrevistados 64% afirmaram exercer alguma atividade no
período em que estão desembarcados, sendo que 44% realizam trabalho de pedreiro
conforme tabela abaixo.
Tabela 04: Atividade realizada quando desembarcado
4. Discussão
O questionário estrutura de maneira evitar perguntas mal entendidas, permitindo o
esclarecimento na entrevista e reposta equivocadas, foi o ideal para a abordagem proposta,
uma vez nível escolaridade dos operadores de roçadeira é baixo de acordo com o apontado
na pesquisa.
Grande parte dos entrevistados relataram apresentar dores na colona. O movimento de
rotação do tronco desenvolvida na atividade durante a roçagem gera tensão no anel fibroso
do disco intervertebral. Centenas de rotações são feitas durante 25 a 30 min. (tempo que dura
um tanque da roçadeira).
Fato esse que pode se agravar devido ao longo caminho até o ponto onde será realizado a
atividade, podendo chegar a 10 km por dia, carregando seu material.
Esse tipo de ação gera fissuras no anel fibroso que dificilmente são cicatrizados uma vez que
a pressão é intensa e o período de descanso é limitado.
Todavia, a etiologia da dor lombar não está claramente definida devido aos múltiplos fatores
de risco associados com o distúrbio.
A maioria dos entrevistados alegou trabalhar na agricultura no período em que estão
desembarcados, e os problemas são peculiares a da atividade que exercem no período em
que estão embarcados.
5. Conclusões
De acordo com as condições em que a pesquisa foi realizada e com bases nos resultados
obtidos, foi possível evidenciar problemas ergonômicos na atividade dos trabalhadores em
seu ambiente de trabalho no qual, poderá futuramente gerar como consequência principal,
acidentes de trabalho com afastamentos.
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Outro fato importante que se deve salientar são as longas caminhadas, que fazem para chegar
ao local onde executaram suas atividades, nessa atividade sempre levam consigo seu
material de trabalho, no caso a roçadeira.
A operação da roçadeira dura cerca de 25 a 30 min., o tempo que leva para secar o tanque da
máquina. Durante esse tempo realizam centenas de rotações de tronco e as pausas entre uma
atividade ou outra é de dez minutos.
A fadiga muscular ocasionada pelas longas caminhadas, que causa uma redução de
desempenho do músculo fadigado, não apenas pela redução da força, mas também pela
redução da velocidade de movimento. Isso pode explica os problemas erros e acidentes que
acontecem.
Os operadores de roçadeira trabalham quatorze dias contínuos e no seu desembarque,
conforme pesquisa, realizam outra atividade, na agricultura ou como pedreiro, para
completar sua renda.
As atividades exercidas pelas as pessoas que trabalham em regime de embarque, no período
de trabalho e no período de folga, pode ser um potencial para o aparecimento de fadigas
musculares nos trabalhadores, relacionados às posturas assumidas durante a atividade
laboral.
No questionário utilizado foi aplicado auxilio durante a entrevista, devido ao baixo grau de
estudo e entendimento dos participantes, dessa maneira foi evitado problemas com perguntas
mal entendidas e resposta equivocadas.
Portanto, a saúde do trabalhador é um requisito de suma importância ao sistema produtivo e
a ergonomia tem um papel vital dentro das empresas, que visa estabelecer uma relação
mútua com a qualidade dos serviços prestados com um aumento de produtividade e melhoria
das condições do trabalho aos trabalhadores.
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Ergonomics Society, 1996.
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TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Concordo em participar, como voluntário, do estudo que tem como
pesquisador responsável o aluno Antônio Sarraff Pereira Junior do curso de Pós Graduação
em ergonomia da Universidade de Ávila, representada em Manaus pelo Biocursos, que pode
ser contatado pelo e-mail [email protected] e pelo telefone (92) 8187-5953 e (92)
9304-6957. Tenho ciência de que o estudo realizado, por parte do referido aluno a realização
do TCC intitulada “Roçadores de trecho: Uma abordagem ergonômica.”. Minha
participação consistirá em preencher um questionário sobre minhas atividades.
Entendo que esse estudo possui finalidade de pesquisa acadêmica, que os dados obtidos não
serão divulgados, a não ser com prévia autorização, e que nesse caso será preservado o
anonimato dos participantes, assegurando assim minha privacidade. O aluno providenciará
uma cópia da transcrição da entrevista para meu conhecimento. Além disso, sei que posso
abandonar minha participação na pesquisa quando quiser e que não receberei nenhum
pagamento por esta participação.
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Assinatura
Manaus, ___ de _________ de 2013