romantismo
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A atitude romântica é pessoal e íntima. É o mundo visto
através da personalidade do artista. O que revela é atitude
pessoal, o mundo interior, o estado de alma provocado
pela realidade exterior. Romantismo é subjetivismo, é a
libertação do mundo interior, do inconsciente; é o
primado exuberante da emoção, imaginação, paixão,
intuição, liberdade pessoal interior. Romantismo é
liberdade do indivíduo.
Não lógica na atitude romântica, e a regra é a
oscilação entre pólos opostos de alegria e
melancolia, entusiasmo e tristeza.
O espírito romântico é atraído pelo mistério da
existência, que lhe aparece envolvida de sobrenatural e
terror. Individualista e pessoal, o romântico encara o
mundo com espanto permanente, pois tudo – a beleza, a
melancolia, a própria vida – lhe parece sempre novo, e
sempre despertando reações originais em cada qual,
independente de convenções e tradições.
É o desejo romântico de fugir da realidade para um mundo
idealizado, criado, de novo, à sua imagem, à imagem de
suas emoções e desejos,e mediante a imaginação. Nem
fatos nem tradições despertam o respeito do romântico,
como acontece com a realista ou o classicista. Pela
liberdade, revolta, fé e natureza, em comunhão com o
passado ou aspiração pelo futuro, esse escapismo
romântico constrói o mundo novo à base do sonho.
Essa busca de um mundo novo é responsável pelo
sentimento revolucionário, ligado aos
movimentos democráticos e libertários que
encheram a época, e à devoção a grandes
personalidades militares e políticas.
Também é responsável o desejo de um
mundo novo pelo aspecto sonhador do
temperamento romântico. Em lugar do
mundo conhecido, a terra incógnita do
sonho, muitas vezes representada em
símbolos e mitos.
Em vez de razão, é a fé que comanda o espírito
romântico. Não é o pão somente que satisfaz o
romântico; idealista, aspirando a outro mundo,
acredita no espírito e na sua capacidade de
reformar o mundo. Valoriza a faculdade mística
e a intuição.
Supervalorizada pelo Romantismo, a Natureza era lugar de
refúgio, puro, não contaminado pela sociedade, lugar de cura
física e espiritual. A natureza era fonte era fonte de
inspiração, guia, proteção amiga. Relacionada com esse culto,
que teve tão avassalador domínio em todo o Romantismo, foi
a idéia do “bom selvagem”, do homem simples e bom em
estado de natureza, que Rousseau exprimiu; foi também a
voga da ilha deserta, e da “paisagem” na pintura e na
literatura, paisagens exóticas e incomuns (exotismo).
O escapismo romântico traduziu-se em fuga para a
natureza e em volta ao passado, idealizando uma
civilização diferente da presente. Épocas antigas,
envoltas em mistério, a Idade Média, o passado
nacional, forneciam o ambiente, os tipos e
argumentos para a literatura romântica. A história
era valorizada e estudada (historicismo).
Não somente a remotidão no tempo, mas também no espaço
atraía o romântico. É o gosto das florestas, das longes terras,
selvagens, orientais, ricas de pitoresco, ou simplesmente de
diferentes fisionomias e costumes. É a melancolia comunicada
pelos lugares estranhos, geradora da saudade e da dor de
ausência, tão características do Romantismo. O pitoresco e a
cor local tornaram-se um meio de expressão lírica e
sentimental, e, por fim, de excitação de sensações. É o
caminho para o realismo.
Na sua busca de perfeição o romântico foge
para um mundo em que coloca tudo o que
imagina de bom, bravo, amoroso, puro,
situado no passado, no futuro, ou em lugar
distante, um mundo de perfeição e sonho.