romantismo, realismo e impressionismo no brasil história da arte
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O Romantismo Brasileiro
• Quando o estilo acadêmico e rígido do Neoclassicismo entrou em declínio, veio uma reação às regras e modelos clássicos greco-romanos. Há necessidade de expressão, de emoção, de paixão. O equilíbrio e a simplicidade deixam de ser os objetivos do artista.
• Ele quer demonstrar outros interesses, quer buscar as raízes da nacionalidade, quer enaltecer a natureza tropical, quer voltar ao passado histórico, quer abandonar os mitos greco-romanos e aprofundar sua própria religiosidade, quer viver o amor intensamente.
• Depois da independência (1822) e da Abdicação (1831), os acontecimentos pela consolidação do Brasil como nação autônoma levam à abolição da escravatura (1888) e à proclamação da república (1889). Toda essa turbulência política reflete-se no ânimo dos artistas, que procuram uma linguagem nacional.
• D. Pedro I torna-se um grande patrocinador e incentivador dos artistas. Com a chegada do Romantismo, que introduz o indianismo (idealização da figura do índio), o nacionalismo nas cenas épicas e o subjetivismo na paisagem, a pintura histórica atinge o auge.
Características da pintura romântica:
• Tema histórico
• Momento importante e solene
• Estudo rigoroso das raças, vestimentas, armas e atitudes.
• Massas de claro e escuro em oposição
• Foco de luz na figura central
• Imitam texturas reais: rostos, peles, tecidos, madeira, vegetal, metais.
Os pintores do Romantismo
• Victor Meirelles (1832-1903), um dos principais pintores brasileiros desse período, nasceu em Florianópolis, transferiu-se para o Rio em 1847 e estudou na Academia de Belas-Artes. Ganhou um prêmio de viagem à Europa. Dedicou-se à pintura histórica e a pinturas de paisagens.
Victor Meirelles – Batalha de Guarapes, 1875-1879, óleo sobre tela, 500 x 925 cm
Victor Meirelles. Estudo para o panorama do Rio de Janeiro – Morro do Castelo, c. 1885,óleo sobre tela, 100x100 cm
Victor Meirelles. Ruínas da Fortaleza de Villegagnon
• O Paraibano Pedro Américo (1843 – 1905), aos 10 anos de idade, abandonou sua cidade, Areia, e integrou-se, já como desenhista, à expedição do naturalista francês L. J. Brunet, que passava pela Paraíba. Seu extraordinário talento demonstrado na Academia de Belas-Artes assegurou-lhe uma viagem de estudos à Europa. Viveu temporadas em Paris e em Florença, onde faleceu.Fez magníficas obras históricas por encomenda do governo brasileiro. Seu irmão, Aurélio de Figueiredo (1854-1916), foi escultor, desenhista, caricaturista e escritor.
Pedro Américo. Batalha do Avaí, sem data, óleo sobre tala, 6x11
Pedro Américo. Independência ou morte, 1888,óleo sobre tela, 7,60 x 4,15 cm
• Como Pedro Américo, Rodolfo Amoedo (1857-1941) estudou na Escola de Belas-Artes e depois esteve na Europa para aperfeiçoar-se.
• Almeida Júnior (1850-1899), com estilo ainda marcadamente acadêmico, inovou na temática. Ao contrário de seus antecessores, deixou em segundo plano os temas históricos e preferiu focalizar as cenas típicas da vida rural e os costumes brasileiros.
Rodolfo Amoedo. O Último Tamoio, 1883, óleo sobre tela, 180,3 x 261,3 cm
José Ferraz Almeida Jr. Caipira picando fumo, 1883, óleo sobre tela 0,70 x 0,50 cm
José Ferraz Almeida Jr. Violeiro, 1889, óleo sobre tela. 1,41 x 1,72 cm
José Ferraz de Almeida Jr.Cozinha caipira, 1895,
óleo sobre tela. 1,41 x 1,72 cm
• Essa escolha inaugura um novo horizonte para a arte, que será descortinado definitivamente pelos artistas do séc. XX. Os temas heróicos, políticos, grandiosos passam a conviver com registros da simplicidade do povo.
O Ambiente do Romantismo
• A publicação de diversos jornais e revistas de caráter humorístico, tanto no Rio como em outras cidades fez com que surgissem inúmeros caricaturistas que colaboravam com suas ilustrações em: Buscapé (1831), Lanterna Mágica (1844), A caricatura (1951), O diabo coxo (1851), O arlequim (1867), Vida fluminense (1868), O mequetrefe (1875), O mosquito (1876), D. Quixote (1898).
• Essas publicações tinham caráter político, criticavam a sociedade e muitas lutavam pelo abolicionismo e pela República.
• Um dos caricaturistas mais famosos foi o italiano Ângelo Agostini (1843-1919), que viveu no Brasil e fundou a Revista Ilustrada (1876-1891). Foi um importante comentarista da história política brasileira do século XIX e precursor das histórias em quadrinhos brasileiras.
• Em 1874 chega ao Rio o pintor alemão Johann Georg Grimm (1846-1887), que exerce profunda influência na pintura de paisagem. Muitos artistas se reuniram em torno desse professor que não se cansava de pintar, com emoção e vivacidade, as paisagens do Rio de Janeiro. Embora muitos viajantes tenham se interessado pela paisagem brasileira, essa era considerada uma arte menor.
• Com o trabalho de Grinn, a pintura acadêmica foi se tornando mais flexível e aceitando temas que não fossem históricos, heróicos, nobres ou seja, a paisagem passa a ser considerada obra de arte maior.
Johann Georg Grimm. Vista do Cavalão, 1884, óleo sobre tela assinado, 110 x 85 cm.
Realismo
• As modificações políticas sempre trazem transformações estéticas e culturais. Com a abolição da escravatura (1888), o fim do império e a proclamação da República (1889), as novas ideias influenciaram a arte, que se tornou mais realista e naturalista. A filosofia positivista de Auguste Comte é um fundamento teórico que inspira essa orientação para a realidade. Esse período é também conhecido como BelleÉpoque, pois a influência da cultura francesa era muito intensa.
• Muitos de nossos artistas foram estudar na França e trouxeram as novidades.
• Aconteceram muitas exposições internacionais em que as novas tendências eram lançadas e em que os artistas brasileiros se destacavam. A exposição internacional de 1878 consagrou o Impressionismo, a de 1889 representou o triunfo dos simbolistas, e em 1900 a Art Noveau entrou em voga.
• Os padrões acadêmicos na pintura e o desejo de focalizar a realidade, entretanto, se unem para que a pintura e a escultura sofram poucas modificações.
• Rodolfo Bernadelli (1852-1931) foi professor e dirigiu a Escola de Belas-Artes até 1915. Deixou inúmeros monumentos grandiosos.
Bernadelli. Cristo e a Mulher Adúltera, 1884Mármore, altura 202 cm
Benedito Calixto (1853-1927) estudou na Europa, mas não assimilou novas influências e continuou o estilo acadêmico em suas marinhas, seus quadros religiosos e suas cenas históricas.
Benedito Calixto , Anchieta Escrevendo na praia, 1900óleo sobre tela 48 x 69 cm
• O desenvolvimento da gravura artística, desde a fundação da imprensa Régia, tinha sido lento. No fim do século, essa modalidade passa a ser considerada disciplina da Escola de Belas-Artes, com Carlos Oswald.
• Na arquitetura prevalece o ecletismo, ou seja, muitas vertentes se desenvolvem simultaneamente. Entretanto, algumas tendências neoclássicas antigas ainda permanecem.
Carlos Oswald, Paisagem, C. 1964, cobre, água forte, 19, 9 x 27,7
• Há influência do movimento Art Nouveau, que incentiva o uso de balaústres, grades, escadas em curva, murais decorativos, vidraçaria colorida em azulejos.
George de Feure – Vitral característico de Art Nouveau
Legras – Vasos de Cristal
• Na virada do século, a liberdade de expressão permite o desenvolvimento da caricatura em inúmeras publicações que criticam os costumes como: O malho e o tagarela (1902), Kosmos (1904), O Tico-Tico (1905) e etc.
• Com Careta (1918), surge a primeira caricaturista brasileira: Nair de Teffé. (1886-1981)
Caricaturas de garçons, a direita Fidel Castro e abaixo Marechal Hermes Rodrigues da Fonseca
• Belmonte destaca-se na caricatura de tipos paulistanos.
• No Rio de Janeiro, Di Cavalcante (1897-1976)
• Inspira-se nas noites cariocas.
Belmonte – Madame esqueceu-se que era casada
As origens da Modernidade – O Impressionismo
• Nas artes plásticas, a transição entre o Academicismo e o Modernismo é representada pelos trabalhos de Belmiro de Almeida (1858-1935) e de Eliseu Visconti (1886-1944), que começam a usar técnicas impressionistas:
• Recusa aos modelos renascentistas;
• Negação da linha;
• Ênfase na luz e nas cores;
• Incorporação do pontilhismo.
Características da pintura impressionista:
• Tema instante-cotidiano
• Momento efêmero, ocasional
• Despreocupação com os detalhes
• Foco na impressão
• Massas menos definidas
• Luminosidade bem distribuída
• Pinceladas breves e manchas, sem delinear a figura, a fisionomia ou a textura.
• Visconti era italiano e veio com seus pais para o Brasil com menos de um ano de idade. Estudou na Escola de Belas-Artes com Victor Meirelles, Rodolfo Amoedo e Rodolfo Bernadelli. Aperfeiçoou-se em Paris e, na volta, foi autor da decoração do Teatro Municipal, da Biblioteca Municipal e do Conselho Municipal do Rio de Janeiro.
Eliseo Visconti D’Angelo. Cioventú, 1898, óleo sobre tela65 x 49 cm
Friso_sobre_o_proscênio_do_Theatro_Municipal_do_Rio_de_Janeiro_-_1936
Visconti – A caminho da escola
• Além da pintura de retratos, paisagens, cenas urbanas e familiares, ele dedicou-se ao desenho e à produção de cartazes e de vinhetas publicitárias.
• O delineamento do desenho deixa de ser importante para que os efeitos cromáticos de luz proporcionem um pincelada mais solta.
Belmiro Barbosa de Almeida – Arrufos, 1887, óleo sobre tela
Belmiro Barbosa de Almeida - Retrato de Antonio Ribeiro Seabra
Belmiro Barbosa de Almeida – Retrato de Francisco Passos
Belmiro Barbosa de Almeida – Paisagem em Dampierre
• Nos primeiros anos do século XX, Eliseu Visconti, Belmiro de Almeida, Teodoro Braga e Carlos Oswald começaram uma aproximação entre a arte e a indústria, por meio de artes aplicadas (cerâmica, decoração, artes gráficas, mobiliário), o que é um dos elementos deflagradores da modernidade.
• Nesse período, em um ambiente dominado por homens, destacou-se uma mulher de grande talento: Georgina de Albuquerque (1885-1962). Ao acompanhar seu marido, Lucílio Albuquerque, também pintor, a uma viagem à Europa, Georgina é aprovada em 4° lugar para a Escola de Belas-Artes de Paris. Voltando ao Brasil, expôs seus trabalhos e foi considerada uma das expressões mais representativas da pintura impressionista brasileira
Giorgina de Albuquerque – Dia de Verão, óleo sobre tela
Referências Bibliográficas: Explicando a Arte Brasileira. Garcez, Lucília e Oliveria, Jô.