rp5 - arranjo institucional para a gestÃo de recursos...
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PLANO DE RECURSOS HíDRICOSDA BACIA HIDROGRÁFICA
DO RIO SÃO FRANCISCO2016-2025
ATUALIZAÇÃO2016 - 2025
PLANO DE RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO
SÃO FRANCISCO
Foto original: Mariela Guimarães
RP5 - ARRANJO INSTITUCIONAL PARA AGESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS E DIRETRIZES E
CRITÉRIOS PARA APLICAÇÃO DOS INSTRUMENTOSDE GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS
Volume 2 - Relatório - 2ª parteagosto 2016
PLANO DE RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO
RP5 – Arranjo Institucional para a Gestão de Recurs os Hídricos e Diretrizes e Critérios para Aplicação dos Instrum entos de
Gestão dos Recursos Hídricos
Volume 1 – Relatório – 1ª parte
Volume 2 – Relatório – 2ª parte
Volume 3 – Relatório – 3ª parte
Volume 4 – Mapas
Volume 5 – Apêndices
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: i Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
Registro de Controle de Documentos Document Control Record
Cliente Client Associação Executiva de Apoio à Gestão de Bacias Hidrográficas Peixe
Vivo
Projeto Project Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco
Documento Document
RP5 – Arranjo Institucional para a Gestão de Recursos Hídricos e Diretrizes e
Critérios para Aplicação dos Instrumentos de Gestão dos Recursos Hídricos
Volume 2 – Relatório – 2ª parte
Aprovação do Autor Author’s Approval
Supervisionado por Supervised by Pedro Bettencourt Correia Revisão Revision 2
Aprovado por Approved by Pedro Bettencourt Correia Data Date 08.08.2016
Aprovação do Cliente Client’s Approval
Data Date
____ / ____ / _________
Assinatura Signature
Revisão Data Descrição Breve Autor Supervisão Aprovação
Revision Date Short Description Author Supervision Approval
0 19.01.2016 RP5; Volume 1 NEMUS
1 31.05.2016 RP5; Volume 2 NEMUS
2 08.08.2016 RP5; Volume 2 NEMUS
Elaborado por Prepared by
NEMUS, Gestão e Requalificação Ambiental, Lda.
HQ: Campus do Lumiar – Estrada do Paço do Lumiar,
Edifício D – 1649-038 Lisboa, Portugal
T: +351 217 103 160 • F: +351 217 103 169
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Brasil: Rua Rio Grande do Sul, nº 332, Salas 701 a 705,
Edifício Torre Ilha da Madeira, Pituba, CEP 41.830-140, Salvador – Bahia,
T : 55 (71) 3357 3979 • F: +55 (21) 2158 1115
ii Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios pa ra Instrumentos de Gestão
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Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: iii Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
PLANO DE RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO
RP5 – Arranjo Institucional para a Gestão de Recurs os Hídricos e Diretrizes e Critérios para Aplicação dos Instrum entos de
Gestão dos Recursos Hídricos
Volume 2 – Relatório – 2ª parte
SUMÁRIO
5. Enquadramento dos Corpos d´Água 1
5.1. Introdução 1
5.2. Aspectos legais e normativos a observar 4
5.3. Proposta metodológica para o enquadramento das águas superficiais 7
5.3.1. Aspectos conceptuais da classificação das águas superficiais 7
5.3.2. Balanço do estado atual do conhecimento e gestão das águas superficiais12
5.3.3. Diretrizes para o enquadramento 49
5.4. Proposta metodológica para o enquadramento das águas subterrâneas 89
5.4.1. Aspectos conceptuais da classificação das águas subterrâneas 89
5.4.2. Balanço do estado atual do conhecimento das águas subterrâneas 90
5.4.3. Diretrizes para o enquadramento 91
6. Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos 115
6.1. Introdução 115
6.2. Aspectos legais e normativos a observar 118
6.3. Os Sistemas de Informações de Recursos Hídricos na Bacia do Rio São Francisco 121
6.3.1. Agência Nacional de Águas – Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos 121
iv Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios pa ra Instrumentos de Gestão
6.3.2. Instituto Mineiro de Gestão das Águas – Sistema Estadual de Informações sobre Recursos Hídricos (MG) 124
6.3.3. Secretaria do Meio Ambiente – Sistema Estadual de Informações Ambientais e de Recursos Hídricos (BA) 125
6.3.4. Agência Pernambucana de Águas e Clima – Sistema Integrado de Gerenciamento dos Recursos Hídricos (PE) 126
6.3.5. Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (AL) 127
6.3.6. Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos – Sistema Integrado de Gerenciamento dos Recursos Hídricos (GO) 128
6.3.7. Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos – Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SE) 129
6.3.8. Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico (DF) 129
6.4. Coleta, análise e uso de dados e informações georreferenciadas sobre recursos hídricos no PRH-SF 131
6.5. Esquema de organização do SIG e BDIGRH do PRH-SF 132
6.5.1. Integração 132
6.5.2. Documentação 134
6.5.3. Representação 135
6.6. Diretrizes 136
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: v Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Classe de qualidade da meta final do enquadramento vigente para principais corpos de água superficiais da bacia hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 27 do Volume 4, reduzido). 13
Figura 2 – Classe de qualidade da meta final do enquadramento proposto pelo PRH-SF 2004-2013 para principais corpos de água superficiais da bacia hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 28 do Volume 4, reduzido). 14
Figura 3 – Classe de qualidade da meta final do enquadramento proposto a nível estadual após 2004 para principais corpos de água superficiais da bacia hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 29 do Volume 4, reduzido). 25
Figura 4 – Pressões sobre a qualidade das águas superficiais com origem no setor do saneamento (esgotamento sanitário e resíduos sólidos) na bacia hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 30 do Volume 4, reduzido). 29
Figura 5 – Pressões sobre a qualidade das águas superficiais com origem no setor agropecuário na bacia hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 31 do Volume 4, reduzido). 30
Figura 6 – Pressões sobre a qualidade das águas superficiais com origem no setor industrial e minerário na bacia hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 32 do Volume 4, reduzido). 31
Figura 7 – Acordo da qualidade das águas superficiais com a meta final do enquadramento vigente nos principais corpos de água da bacia hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 33 do Volume 4, reduzido). 32
Figura 8 – Acordo da qualidade das águas superficiais com a meta final do enquadramento proposto pelo PRH-SF 2004-2013 nos principais corpos de água da bacia hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 34 do Volume 4, reduzido). 41
Figura 9 – Condição de qualidade das águas superficiais nos principais corpos de água da bacia hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 35 do Volume 4, reduzido). 42
Figura 10 – Usos das águas superficiais nos principais corpos de água da bacia hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 36 do Volume 4, reduzido). 43
Figura 11 – Principais etapas do processo de enquadramento de corpos de água. 51
Figura 12 – Esquema de Atribuições para o enquadramento de acordo com a Resolução CNRH nº 91/2008. 85
Figura 13 – Fases do processo de enquadramento. 91
Figura 14 – Esquema conceitual para a elaboração de cenários. 107
Figura 15 – Aspectos a considerar na proposta do Programa de Medidas. 110
Figura 16 – Estruturação de informações sobre recursos hídricos. 116
Figura 17 – Esquema da estrutura do SNIRH. 124
Figura 18 – Proposta de modelo conceitual da solução para o estabelecimento de uma plataforma para o SIRH da BHSF e sua integração com o SNIRH. 137
vi Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios pa ra Instrumentos de Gestão
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Classificação de águas doces (salinidade igual ou inferior a 0,5 ‰) segundo os usos preponderantes. 7
Quadro 2 – Classificação de águas salobras (salinidade superior a 0,5 ‰ e inferior a 30 ‰) segundo os usos preponderantes. 9
Quadro 3 – Ações para alcance das metas do enquadramento propostas no PRH-SF 2004-2013. 15
Quadro 4 – Ações para alcance das metas do enquadramento propostas em planos de recursos hídricos de bacias afluentes após 2004. 26
Quadro 5 – Fontes de poluição, principais parâmetros em desacordo com a meta final do enquadramento vigente e ações necessárias para a melhoria da qualidade das águas. 33
Quadro 6 – Regime, usos preponderantes e situações de não atendimento pela condição das águas por principais cursos de água da bacia. 44
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: vii Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
LISTA DE NOMENCLATURAS E SIGLAS
AAF Autorização Ambiental de Funcionamento
ABAS Associação Brasileira de Águas Subterrâneas
ABES Associação Brasileira de Engenharia Sanitarista e Ambiental
ABRH Associação Brasileira de Recursos Hídricos
ADASA Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do
Distrito Federal
ADEMA Administração Estadual do Meio Ambiente
AGB Peixe
Vivo
Associação Executiva de Apoio à Gestão de Bacias Hidrográficas
Peixe Vivo
AGERSA Agência Reguladora de Saneamento Básico do estado da Bahia
AGR Agência Goiana de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços
Públicos
AHSFRA Administração da Hidrovia do São Francisco
AIBA Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia
AMMESF Associação dos Municípios da Bacia do Médio São Francisco
AMM-MG Associação Mineira de Municípios
ANA Agência Nacional de Águas
ANAI Associação Nacional de Ação Indigenista
ANAMMA Associação Nacional dos Órgãos Municipais de Meio Ambiente
ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
ANTAQ Agência Nacional de Transportes Aquaviários
viii Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios pa ra Instrumentos de Gestão
APA Área de Proteção Ambiental
APAC Agência Pernambucana de Águas e Clima
APP Áreas de Preservação Permanente
ARPE Agência de Regulação de Pernambuco
ARSAE-MG Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e
Esgotamento Sanitário de Minas Gerais
ARSAL Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de Alagoas
ART Anotações de Responsabilidade Técnica
ASPAFF
(Jacobina)
Associação de Ação Social e Preservação das Águas, Fauna e Flora
da Chapada Norte
ASSEMAE Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento
Assobege Associação dos Empreendedores de Mármore Bege de Ourolândia
BDIGRH Banco de Dados e Informações Georreferenciadas sobre Recursos
Hídricos
BHSF Bacia Hidrográfica do rio São Francisco
CAESB Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal
CASAL Companhia de Saneamento de Alagoas
CBH Comitê de Bacia Hidrográfica
CBHSF Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco
CCR Câmaras Consultivas Regionais
CDBO Concentração média de DBO5,20 anual lançada
CEAL Companhia Energética de Alagoas
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: ix Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
CEB Companhia Energética de Brasília
CEEP Águas Centro Estadual de Educação Profissional Águas
CEHOP Companhia Estadual de Habitação e Obras Públicas
CELG Companhia Energética de Goiás
CELPE Companhia Energética de Pernambuco
CEMA Conselho Estadual de Meio Ambiente
CEMADEN Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais
CEMAm Conselho Estadual do Meio Ambiente
CEMG Comitê Especializado na Estruturação de Metadados Geoespaciais
CEMIG Companhia Energética de Minas Gerais
CENAD Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres
CEPED/UFSC Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres
CEPRAM Conselho Estadual do Meio Ambiente / Conselho Estadual de
Proteção Ambiental
CERAQUA –
SF
Centro de Referência em Aquicultura e Recursos Pesqueiros do São
Francisco
CERB Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos
CERH Conselho Estadual de Recursos Hídricos
CERTOH Certificado de Sustentabilidade da Obra Hídrica
CETEM Centro de Tecnologia Mineral
CETEP Centro Territorial de Educação Profissional
x Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios pa ra Instrumentos de Gestão
CHESF Companhia Hidro Elétrica do São Francisco
CIEB Centro das Indústrias do Estado da Bahia
CINDE Comitê de Planejamento da Infraestrutura Nacional de Dados
Espaciais
CIRPA Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura
CMND Comitê Especializado da Mapoteca Nacional Digital
CNA Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil
CNARH Cadastro Nacional dos Usuários de Recursos Hídricos
CNI Confederação Nacional da Indústria
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CNRH Conselho Nacional de Recursos Hídricos
CODBO Carga anual de DBO5,20 efetivamente lançada
CODEMIG Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais
CODEP Conselho Regional de Desenvolvimento Sustentável do Piemonte da
Diamantina
CODEVASF Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e
Parnaíba
CODISE Companhia de Desenvolvimento Econômico de Sergipe
COELBA Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia
COGEF Conselho Gestor do Fundo de Defesa do Meio Ambiente
COHIDRO Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação
de Sergipe
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: xi Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
COMBASF Consórcio de Saneamento Básico do Baixo São Francisco
Sergipiano
COMLAGO Consórcio dos municípios do Lago de Três Marias
COMPESA Companhia Pernambucana de Saneamento
CONAM Conselho do Meio Ambiente do Distrito Federal
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CONCAR Comissão Nacional de Cartografia
CONERH Conselho Estadual de Recursos Hídricos
CONSEMA Conselho Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco
CONSU Conselhos Gestores
CONTAG Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura
COOPETUR Cooperativa para o Turismo de Sobradinho
COPAM Conselho Estadual de Política Ambiental
COPASA Companhia de Saneamento de Minas Gerais
CPRH Agência Estadual de Meio Ambiente
CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
CREA Conselho Regional de Engenharia e Agronomia
CRH Conselho Estadual de Recursos Hídricos de Pernambuco
CRJ Consórcio Rio Jequitaí
CT Câmaras Técnicas do CBHSF
CUBAPE Central Única dos Bairros de Petrolina
xii Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios pa ra Instrumentos de Gestão
DAURH Declaração de Uso de Recursos Hídricos
DBO5,20 Demanda Bioquímica de Oxigênio durante um período de 5 dias em
uma temperatura de incubação de 20º C
DDHS Declaração de Disponibilidade Hídrica Subterrânea
DESO Companhia de Saneamento de Sergipe
DIGICOB Sistema Digital de Cobrança da ANA
DIREC Diretoria Colegiada do CBHSF
DIREX Diretoria Executiva do CBHSF
DNOCS Departamento Nacional de Obras Contra as Secas
DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral
DRDH Declarações de Reserva de Disponibilidade Hídrica
EBDA Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola
EFA Escola Família Agrícola
EH Energia anual de origem hidráulica
EMATER Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
EMBASA Empresa Baiana de Águas e Saneamento
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EMDAGRO Empresa de Desenvolvimento Agropecuário
EMPETUR Empresa de Turismo de Pernambuco
EMUTUR Empresa Municipal de Turismo de Pirapora
EPAMIG Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: xiii Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
EPE Empresa de Pesquisa Energética
FACAPE Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina
FAEMG Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais
FCE Formulário Integrado de Caracterização do Empreendimento
FEAM Fundação Estadual do Meio Ambiente
FECITUR Federação dos Circuitos Turísticos de Minas Gerais
FEHEPE Fundo de Eficiência Hídrica e Energética Pernambuco
FEHIDRO Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável
das Bacias Hidrográficas do Estado de Minas Gerais
FEPAMG Federação dos Pescadores e Aquicultores do Estado de Minas
Gerais
FEPEAL Federação dos Pescadores do Estado de Alagoas
FEPESBA Federação dos Pescadores e Aquicultores do Estado da Bahia
FEPESE Federação de Pescadores de Sergipe
FIBRA Federação das Indústrias do Distrito Federal
FIEA Federação das Indústrias do Estado de Alagoas
FIEB Federação das Indústrias do Estado da Bahia
FIEG Federação das Indústrias do Estado de Goiás
FIEMG Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais
FIEPE Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco
FIES Federação das Indústrias do Estado de Sergipe
xiv Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios pa ra Instrumentos de Gestão
FMI Fundo Monetário Internacional
FOB Formulário de Orientação Básica Integrado
FUNAI Fundação Nacional do Índio
FUNDIFRAN Fundação de Desenvolvimento Integrado do São Francisco
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis
IBPEX Instituto Brasileiro de Pós-graduação e extensão
IBRAM
Instituto Brasileiro de Mineração / Instituto Brasília Ambiental
(Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Distrito
Federal)
ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
IEF Instituto Estadual de Floresta
IFAL Instituto Federal de Alagoas
IFBA Instituto Federal da Bahia
IFS Instituto Federal de Sergipe
IGAM Instituto Mineiro de Gestão das Águas
IMA Instituto do Meio Ambiente de Alagoas / Instituto Mineiro de
Agropecuária
INB Indústrias Nucleares do Brasil
INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
INDE Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais
INEMA Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: xv Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
INSA Instituto Nacional do Semiárido
IPA Instituto Agronômico Pernambuco
IPC Índice de Preços no Consumidor
IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
IRPAA Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada
ITEP Instituto de Tecnologia de Pernambuco
ITERAL Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas
ITPS Instituto Tecnológico e de Pesquisas do Estado de Sergipe
Kcap Coeficiente que considera objetivos específicos a serem atingidos
mediante a cobrança pela captação de água = Kcap classe × Kt
Kcap classe Coeficiente que leva em conta a classe de enquadramento do corpo
d’água no qual se faz a captação
Kcons irrig Coeficiente que visa quantificar o volume de água consumido pelo
uso específico da irrigação
Kgestão
Coeficiente que leva em conta o efetivo retorno à bacia do rio São
Francisco dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso da
água nos rios de domínio da União
Klanç Coeficiente que leva em conta objetivos específicos a serem
atingidos mediante a cobrança pelo lançamento de carga orgânica
Kprioridade Coeficiente que leva em conta a prioridade de uso estabelecida no
Plano de Recursos Hídricos da bacia do rio São Francisco
Kt Coeficiente de abatimento que leva em conta as boas práticas de
uso e conservação da água
LI Licença de Instalação
xvi Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios pa ra Instrumentos de Gestão
LO Licença de Operação
MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
MC Ministério das Cidades
MCTI Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário
MG MINASLIGAS
MGB Metadados Geográficos do Brasil
MI Ministério da Integração Nacional
MMA Ministério do Meio Ambiente
MME/SEE Ministério de Minas e Energia/ Secretaria de Energia Elétrica
MPA Ministério da Pesca e Aquicultura / Movimento dos Pequenos
Agricultores
MPOG Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
MS/FUNASA Ministério da Saúde/ Fundação Nacional de Saúde
MST Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra
MT/DNIT Ministério dos Transportes/Departamento Nacional de
Infraestruturas de Transportes
OD Oxigênio Dissolvido
ODS Organização de Desenvolvimento Sustentável
ONS Operador Nacional do Sistema Elétrico
PAC Programa de Aceleração do Crescimento
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: xvii Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
PAP Plano Plurianual
PCH Pequenas Centrais Hidrelétricas
PDDUA Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental
PDOT Plano Diretor de Ordenamento Territorial
PDRH Plano de Recursos Hídricos
PERH Plano Estadual de Recursos Hídricos
PGIRH Plano de Gerenciamento Integrado de Recursos Hídricos do Distrito
Federal
PISF Programa de Integração do rio São Francisco com as Bacias
Hidrográficas do Nordeste Setentrional
PLD Plano Diretor de Água e Esgotos do Distrito Federal
PMA Polícia Militar Ambiental Brasil
PNGA Pacto Nacional pela Gestão das Águas
PNQA Programa Nacional de Avaliação da Qualidade da Água
PPU Preço Público Unitário
PPUcap Preço Público Unitário para captação superficial
PPUcons Preço Público Unitário para consumo de água
PPUDBO Preço Público Unitário para diluição de carga orgânica
PRODES Programa de Despoluição de Bacias Hidrográficas
PROGESTÃO Programa de Consolidação do Pacto Nacional pela Gestão das
Águas
Qareia Volume anual de areia produzido
xviii Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios pa ra Instrumentos de Gestão
Qcap Volume anual de água captado
Qcons Volume anual de água consumido
Qlanç Volume anual de água lançado
Qmmm Vazão mínima média mensal
R Razão de mistura da polpa dragada (relação entre o volume médio
de água e o volume médio de areia na mistura da polpa dragada)
RPPN Reservas Particulares do Patrimônio Natural
RURALMINAS Fundação Rural Mineira
SAAE Serviço Autônomo de Água e Esgoto
SAGRI Secretaria de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário
SANEAGO Saneamento de Goiás
SARA Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária
SDE/SDEC Secretaria de Desenvolvimento Econômico
SDR Secretaria de Desenvolvimento Rural
SEAGRI Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura /
Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural
SEAPA Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SECIMA Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura,
Cidades e Assuntos Metropolitanos
SECTEC Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação
SED Secretaria de Desenvolvimento
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: xix Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
SEDA Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário
SEDEC Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil
SEDETEC Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência e
Tecnologia
SEDETUR Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Turismo
SEDINOR Secretaria de Estado de Desenvolvimento e Integração do Norte e
Nordeste de Minas Gerais
SEDRU Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Política
Urbana
SEDS Secretaria de Estado de Economia e Desenvolvimento Sustentável
SEDUR Secretaria de Desenvolvimento Urbano
SEGPLAN Secretaria de Estado de Gestão e Planejamento
SEGREH Sistema estadual de gerenciamento de recursos hídricos
SEIA Sistema Estadual de Informações Ambientais e de Recursos
Hídricos
SEINFRA Secretaria de Estado de Infraestrutura e de Desenvolvimento
Urbano
SEMA Secretaria de Estado do Meio Ambiente
SEMAD Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável
SEMARH Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos
SEMAS Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Sustentabilidade
SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
xx Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios pa ra Instrumentos de Gestão
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SENAR Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
SENAT Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte
SENIR Secretaria Nacional de Irrigação
SEPLAG Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão
SES Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais
SESI Serviço Social de Indústria
SEST Serviço Social do Transporte
SETOP Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas
SETUR Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais
SFA Região fisiográfica do Alto São Francisco
SFB Região fisiográfica do Baixo São Francisco
SFM Região fisiográfica do Médio São Francisco
SFSM Região fisiográfica do Submédio São Francisco
SFT Total da bacia do rio São Francisco
SIAM Sistema Integrado de Informação Ambiental
SIAMIG Associação das indústrias sucroenergéticas de Minas Gerais
SIG Sistema de Informação Geográfica
SIH Secretaria de Infraestrutura Hídrica
SIHS Secretaria de Infraestrutura Hídrica e Saneamento
SINERGIA Sindicato dos eletricitários da Bahia
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: xxi Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
SINESP Secretaria de Estado de Infraestrutura e Serviços Públicos
SINGREH Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos
SISNAMA Sistema Nacional de Meio Ambiente
SLU Serviço de Limpeza Urbana do Distrito Federal
SNIRH Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos
SNIS Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento
SRE Superintendência de Regulação
SRH Secretaria Executiva de Recursos Hídricos
SRHU Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano
STD Sólidos Totais Dissolvidos
SUPRAM Superintendências Regionais de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável
TAR Tarifa Atualizada de Referência, definida pela ANEEL
TVR Trecho de Vazão Reduzida
UAVS União das Associações do Vale do Salitre
UFAL Universidade Federal de Alagoas
UFBA Universidade Federal da Bahia
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais
UFOP Universidade Federal de Ouro Preto
UNEAL Universidade Estadual de Alagoas
UNEB Universidade do Estado da Bahia
xxii Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco:
Arranjo Institucional, Diretrizes e Critérios pa ra Instrumentos de Gestão
UNIMONTES Universidade Estadual de Montes Claros
UNIPAC Universidade Presidente Antônio Carlos
UNIPAM Centro Universitário de Patos de Minas
UNIT Universidade Tiradentes
UNIVASF Universidade Federal do Vale do São Francisco
UPE Universidade de Pernambuco
UPGRH Unidades de Planejamento e Gerenciamento de Recursos Hídricos
Valoralocação
externa Pagamento anual pela alocação externa de água
Valorcap Valor anual da cobrança pela captação de água
Valorcons Valor anual da cobrança pelo consumo de água
ValorDBO Valor anual da cobrança pelo lançamento de carga orgânica
ValorPCH Valor anual da cobrança pela geração de energia elétrica por PCH
Valortotal Valor total anual da cobrança pelo uso de água para uso interno
ZAE Zoneamento Agroecológico
ZEE Zoneamento Ecológico – Econômico
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 1 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
5. ENQUADRAMENTO DOS CORPOS D´ÁGUA
5.1. Introdução
A Lei n.º 9.433, de 8 de janeiro de 1997, que institui a Política Nacional de Recursos
Hídricos, estabelece (capítulo IV) como seu instrumento o enquadramento dos corpos
de água em classes, estabelecidas pela legislação ambiental, segundo os usos
preponderantes da água. Este enquadramento visa (seção II):
• Assegurar às águas a qualidade compatível com os usos mais exigentes a
que forem destinadas;
• Diminuir os custos de combate à poluição das águas, através de ações
preventivas permanentes.
Na bacia hidrográfica do rio São Francisco, o enquadramento dos corpos de água em
classes, de acordo com os usos preponderantes, é considerado instrumento das
políticas de recursos hídricos, notadamente através de:
• Art. 9º da Lei n.º 13.199, de 29 de janeiro de 1999, que dispõe sobre a
Política Estadual de Recursos Hídricos de Minas Gerais;
• Art. 5º da Lei n.º 11.612, de 8 de outubro de 2009, que dispõe sobre a
Política Estadual de Recursos Hídricos da Bahia;
• Art. 5º da Lei n.º 12.984, de 30 de dezembro de 2005, que dispõe sobre a
Política Estadual de Recursos Hídricos de Pernambuco;
• Art. 9º da Lei n.º 5.965, de 10 de novembro de 1997, que dispõe sobre a
Política Estadual de Recursos Hídricos de Alagoas;
• Art. 5º da Lei n.º 3.870, de 25 de setembro de 1997, que dispõe sobre a
Política Estadual de Recursos Hídricos do Sergipe, alterada por Lei n.º
4.600, de 2002;
• Como parte integrante dos planos de bacias hidrográficas, através do Art.
18º e 20º da Lei n.º 13.123, de 16 de julho de 1997, que dispõe sobre a
Política Estadual de Recursos Hídricos de Goiás;
• Art. 6º da Lei Distrital n.º 2.725, de 2001, que dispõe sobre a Política de
Recursos Hídricos do Distrito Federal.
2 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
O enquadramento dos recursos hídricos é regulado pelos seguintes diplomas:
• Resolução CONAMA nº 396/2008 de 3 de abril;
• Resolução CNRH n.º 91/2008, de 5 de novembro;
• Resolução CONAMA n.º 357/2005, de 17 de março, alterada pela
Resolução CONAMA n.º 430/2011, de 13 de maio;
• Resolução CNRH n.º 141, de 10 de julho de 2012.
A Resolução CONAMA nº 396/2008 de 3 de abril estabelece a classificação e as
diretrizes ambientais para o enquadramento das águas subterrâneas.
A Resolução n.º 91/2008, de 5 de novembro, dispõe sobre procedimentos gerais para
o enquadramento dos corpos de água superficiais e subterrâneos, estabelecendo (art.
2º) que o enquadramento se dá pelo estabelecimento de classes de qualidade de
água, tendo como referências básicas a bacia hidrográfica como unidade de gestão e
os usos preponderantes mais restritivos.
Este enquadramento corresponde ao estabelecimento de objetivos de qualidade a
serem alcançados, através de metas progressivas intermediárias e final da qualidade
de água.
A Resolução CONAMA n.º 357/2005, de 17 de março, define (art. 4º) as classes de
qualidade de águas em função dos usos preponderantes em cada corpo de água
doce, salobra ou salina.
O enquadramento dos corpos de água vigente para o território da bacia hidrográfica do
rio São Francisco, abrangendo apenas águas superficiais, é definido pelo seguinte:
• Rio Piauí (Alagoas): Decreto 3.766/1978;
• Rios São Francisco, Paracatu, Preto, Urucuia, Verde Grande, Verde
Pequeno, Carinhanha, Moxotó, Ipanema e Traipu: Portaria IBAMA
715/1989;
• Principais corpos d’água da sub-bacia do rio Paraopeba (Minas Gerais):
DN COPAM 14/1995 (Minas Gerais);
• Principais corpos d’água da sub-bacia do rio das Velhas (Minas Gerais):
DN COPAM 20/1997 (Minas Gerais);
• Principais corpos d’água da sub-bacia do rio Pará (Minas Gerais): DN
COPAM 28/1998 (Minas Gerais);
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 3 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
• Para os restantes corpos d’água doce, considera-se o disposto no artigo
42º da Resolução CONAMA n.º 357/2005, sendo enquadrados em classe
2.
Junto com o PRH-SF 2004-2013 foi elaborada uma proposta de reenquadramento dos
corpos de água superficial da bacia hidrográfica. De acordo com a Deliberação
CBHSF n.º 12, de 30 de julho de 2004, esta proposta não veio a ser selecionada para
aprovação, devido às informações disponíveis respeitando usos preponderantes e
qualidade da água serem poucas e esparsas quanto aos rios intermitentes da bacia,
não permitindo um bom subsídio da proposta de enquadramento.
Até à data, não existe nenhuma classificação de corpos d’água subterrânea na bacia
do rio S. Francisco.
COSTA (2009) refere, entre outros aspectos, a ausência de metodologia, a falta de
capacidade técnica, de recursos, de coordenação e de ações de gestão, como alguns
dos principais problemas para a realização do enquadramento, segundo os órgãos de
gestão estadual. ANA (2009) também salienta o desconhecimento sobre este
instrumento, as dificuldades metodológicas para a sua aplicação e a prioridade de
aplicação de outros instrumentos de gestão, em detrimento dos instrumentos de
planejamento.
Na seção 5.2 apresentam-se os aspectos legais e normativos a observar quando se
analisa e implementa o enquadramento de corpos de água.
Segue-se na seção 5.3 a proposta metodológica para o enquadramento das águas
superficiais, que inclui o balanço do estado atual do conhecimento e da gestão da
qualidade das águas superficiais e as diretrizes para o seu enquadramento.
Finalmente, na seção 5.4 apresenta-se a proposta metodológica para o
enquadramento das águas superficiais, que inclui o balanço do estado atual do
conhecimento da qualidade das águas subterrâneas e as diretrizes para o seu
enquadramento.
4 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
5.2. Aspectos legais e normativos a observar
Na atualização do enquadramento deverão ser observados diversos documentos
legais e normativos, notadamente os referentes a:
• Política de Recursos Hídricos e seus instrumentos (incluindo o
enquadramento dos corpos de água em classes e os Planos de Recursos
Hídricos):
o Lei n.º 9.433, de 8 de janeiro de 1997: Política Nacional de Recursos
Hídricos;
o Lei n.º 13.199, de 29 de janeiro de 1999 (Minas Gerais): Política
Estadual de Recursos Hídricos de Minas Gerais, regulamentada por
Decreto n.º 41.578/2001;
o Lei n.º 11.612, de 8 de outubro de 2009 (Bahia): Política Estadual de
Recursos Hídricos da Bahia, alterada pelas Leis n.º 12.035/10,
12.212/11 e 12.377/11;
o Lei n.º 12.984, de 30 de dezembro de 2005 (Pernambuco): Política
Estadual de Recursos Hídricos de Pernambuco;
o Lei n.º 5.965, de 1997 (Alagoas): Política Estadual de Recursos
Hídricos de Alagoas;
o Lei n.º 3.870, de 25 de setembro de 1997 (Sergipe): Política Estadual
de Recursos Hídricos do Sergipe, alterada por Lei n.º 4.600, de 2002;
o Lei n.º 13.123, de 16 de julho de 1997 (Goiás): Política Estadual de
Recursos Hídricos de Goiás;
o Lei Distrital n.º 2.725, de 2001 (Distrito Federal): Política de Recursos
Hídricos do Distrito Federal;
• Classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu
enquadramento:
o Resolução CONAMA n.º 357/2005, de 17 de março, alterada pela
Resolução CONAMA n.º 430/2011, de 13 de maio: Geral;
o Resolução CNRH n.º 141, de 10 de julho de 2012: rios intermitentes
e efêmeros;
o Deliberação Normativa Conjunta COPAM / CERH-MG n.º 01/2008:
Minas Gerais;
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 5 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
o Resolução CONERH n.º 81/2011, de 25/08: enquadramento
transitório de corpos de água considerando a outorga de lançamento
de esgotos domésticos e outros efluentes líquidos na Bahia;
• Classificação e diretrizes ambientais para o enquadramento das águas
subterrâneas: Resolução CONAMA n.º 396, de 7 de abril de 2008;
• Procedimentos gerais para o enquadramento dos corpos de água
superficiais e subterrâneos: Resolução CNRH n.º 91, de 5 de novembro de
2008;
• Enquadramento vigente para os corpos de água superficiais:
o Decreto n.º 3.766, de 30 de outubro de 1978: rio Piauí (Alagoas);
o Deliberação Normativa COPAM n.º 14, de 28 de dezembro de 1995:
principais corpos de água da sub-bacia do rio Paraopeba (Minas
Gerais);
o Deliberação Normativa COPAM n.º 20, de 24 de junho de 1997:
principais corpos de água da sub-bacia do rio da Velhas (Minas
Gerais);
o Deliberação Normativa COPAM n.º 28, de 9 de setembro de 1998,
alterada pela Deliberação Normativa COPAM n.º 31, de 18 de
dezembro de 1998: principais corpos de água da sub-bacia do rio
Pará (Minas Gerais);
o Portaria n.º 715/MINTER/IBAMA, de 20 de setembro de 1989: para
os rios São Francisco, Paracatu, Preto, Urucuia, Verde Grande,
Verde Pequeno, Carinhanha, Moxotó, Ipanema e Traipu;
• Planos de Recursos Hídricos:
o Plano Estadual de Recursos Hídricos de Minas Gerais – PERH –
MG: aprovado pelo Decreto n.º 45.565/2011, de 22/03;
o Plano Estadual de Recursos Hídricos do estado da Bahia – PERH –
BA: aprovado pela Resolução CONERH n.º 01/2005, de 22/03;
o Plano Estadual de Recursos Hídricos de Sergipe – PERH – SE;
o Plano Estadual de Recursos Hídricos de Pernambuco – PERH – PE;
o Plano Estadual de Recursos Hídricos de Alagoas – PERH – AL;
• Proposta de enquadramento dos corpos d’água estabelecidos no Plano de
Recursos Hídricos, adoção da Q95 como vazão de referência para o
enquadramento e sugestão de parâmetros mínimos prioritários:
Deliberação CBHSF n.º 12/2004, de 30/07;
6 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
Deverão ainda ser observados os documentos legais que disciplinam as Unidades de
Conservação e as Terras Indígenas, notadamente:
• Criação, implantação e gerenciamento de unidades de conservação: Lei n.º
9.985, de 18 de julho de 2000;
• Procedimento administrativo de demarcação das Terras Indígenas: Decreto
n.º 1.775, de 8 de janeiro de 1996.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 7 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
5.3. Proposta metodológica para o enquadramento das águas
superficiais
5.3.1. Aspectos conceptuais da classificação das ág uas superficiais
A Resolução CONAMA n.º 357/2005, de 17 de março, define (art. 4º) as classes de
qualidade de águas em função dos usos preponderantes em cada corpo de água doce
(salinidade igual ou inferior a 0,5 ‰), salobra (salinidade superior a 0,5 ‰ e inferior a
30 ‰) ou salina (salinidade igual ou superior a 30 ‰).
Para as águas doces, que abrangem a maioria das águas dos corpos de água
superficiais da bacia do rio São Francisco, consideram-se as classes de qualidade em
função dos usos preponderantes apresentadas no Quadro 1.
Quadro 1 – Classificação de águas doces (salinidade igual ou inferior a 0,5 ‰)
segundo os usos preponderantes.
Classe de
qualidade Usos
Especial
Abastecimento para consumo humano, com desinfeção
Preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas
Preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral
1
Abastecimento para consumo humano, após tratamento simplificado*
Proteção das comunidades aquáticas
Recreação de contato primário, tal como natação, esqui aquático e mergulho, conforme
Resolução CONAMA no 274/2000
Irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes
ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película
Proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas
2
Abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional**
Proteção das comunidades aquáticas
Recreação de contato primário, tal como natação, esqui aquático e mergulho, conforme
Resolução CONAMA no 274/ 2000
Irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer,
com os quais o público possa vir a ter contato direto
Aquicultura e à atividade de pesca
8 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
Classe de
qualidade Usos
3
Abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional ou avançado***
Irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras
Pesca amadora
Recreação de contato secundário
Dessedentação de animais
4 Navegação
Harmonia paisagística
Fonte: Resolução CONAMA n.º357, 2005 (adaptado).
Nota: * tratamento por clarificação por meio de fil tração e desinfecção e correção de pH quando necessário; ** clarificação com utilização d e coagulação e floculação, seguida de desinfecção e correção de pH; *** técnicas de remoç ão e/ou inativação de constituintes refratários aos processos convencionais de tratamen to, os quais podem conferir à água características, tais como: cor, odor, sabor, ativi dade tóxica ou patogênica.
Para as águas enquadradas em classe Especial a Resolução CONAMA n.º 357/2005
estabelece (art. 13º) que devem ser mantidas as condições naturais do corpo de água.
Para as restantes classes, esta resolução define (art. 14º, 15º, 16º e 17º,
respectivamente, para as classes 1, 2, 3 e 4), para um conjunto de parâmetros de
qualidade da água (gerais, inorgânicos e orgânicos), os valores limites exigidos.
Para as águas salobras, que abrangem alguns dos corpos de água superficiais da
bacia do rio São Francisco, na região do Submédio e Baixo São Francisco,
consideram-se as classes de qualidade em função dos usos preponderantes
apresentadas no Quadro 2.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 9 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
Quadro 2 – Classificação de águas salobras (salinid ade superior a 0,5 ‰ e
inferior a 30 ‰) segundo os usos preponderantes.
Classe de
qualidade Usos
Especial Preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral
Preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas
1
Recreação de contato primário, conforme Resolução CONAMA no 274/2000
Proteção das comunidades aquáticas
Aquicultura e atividade de pesca
Abastecimento para consumo humano após tratamento convencional* ou avançado**
Irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes
ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película, e à irrigação de parques,
jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto
2 Pesca amadora
Recreação de contato secundário
3 Navegação
Harmonia paisagística
Fonte: Resolução CONAMA n.º357, 2005 (adaptado).
Nota: * clarificação com utilização de coagulação e floculação, seguida de desinfecção e correção de pH; ** técnicas de remoção e/ou inativa ção de constituintes refratários aos processos convencionais de tratamento, os quais pod em conferir à água características, tais como: cor, odor, sabor, atividade tóxica ou pa togênica.
A Resolução CONAMA n.º 357/2005 estabelece também diretrizes ambientais para o
enquadramento (art. 38º), incluindo:
• Quando a condição de qualidade esteja em desacordo com os usos
preponderantes pretendidos devem ser estabelecidas metas obrigatórias,
intermediárias e final, de melhoria da qualidade da água para efetivação
dos respectivos enquadramentos, exceto se os parâmetros excederem os
seus limites devido a condições naturais;
• As ações de gestão referentes ao uso dos recursos hídricos, como sejam a
outorga e cobrança pelo uso da água, ou referentes à gestão ambiental,
como sejam o licenciamento, termos de ajustamento de conduta e o
controle de poluição, devem basear-se nas metas progressivas
intermediárias e final aprovada para o enquadramento;
• As metas progressivas obrigatórias, intermediárias e final, devem ser
atingidas em regime de vazão de referência, exceto em casos em que não
10 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
seja aplicável a vazão de referência, para os quais devem ser elaborados
estudos específicos sobre a dispersão e assimilação de poluentes no meio
hídrico;
• Em corpos de água intermitentes ou com regime de vazão apresentando
diferença sazonal significativa, as metas progressivas obrigatórias podem
variar ao longo do ano;
• Em corpos de água utilizados para abastecimento de populações, o
enquadramento e o licenciamento ambiental de atividades a montante
preservarão, obrigatoriamente, as condições de consumo.
Como disposição transitória a Resolução CONAMA n.º 357/2005 estabelece (art. 42º)
que, enquanto não aprovado o seu enquadramento, as águas doces serão
classificadas com classe 2 e as salinas e salobras com classe 1, exceto se as
condições de qualidade atuais forem melhores, o que determinará a aplicação da
classe mais rigorosa correspondente.
A Resolução CNRH n.º 141/2012 estabelece critérios e diretrizes para a
implementação do enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos
preponderantes, em rios intermitentes e efêmeros. Esta resolução considera as
seguintes definições de regime dos corpos de água lóticos (art. 2º):
• Rios intermitentes: corpos de água que naturalmente não apresentam
escoamento superficial por períodos do ano;
• Rios efêmeros: corpos de água que possuem escoamento superficial
apenas durante ou imediatamente após períodos de precipitação;
• Rios perenes: corpos de água que possuem naturalmente escoamento
superficial durante todo o período do ano;
• Rios perenizados: trechos de rios intermitentes ou efêmeros cujo fluxo de
água seja mantido a partir de intervenções na bacia hidrográfica, inclusive
obras de infraestrutura hídrica.
Para os rios intermitentes ou efêmeros esta Resolução estabelece (art. 6º) que o
enquadramento somente será considerado no período em que o corpo hídrico
apresentar escoamento superficial. Para o enquadramento dos rios perenizados a
Resolução estabelece que se considere como vazão de referência a vazão
regularizada no respectivo trecho.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 11 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
Os diplomas de enquadramento vigentes para a bacia hidrográfica do rio São
Francisco, bem como a proposta de reenquadramento acompanhando o PRH-SF
2004-2013, foram desenvolvidos ao abrigo da Resolução CONAMA n.º 20/1986,
revogada pela Resolução CONAMA 357/2005. As principais diferenças introduzidas
pela Resolução CONAMA n.º 357/2005 no que se refere às águas doces podem
concentrar-se, no essencial, no seguinte:
• Alteração e introdução dos usos preponderantes, notadamente:
a) Classe Especial: alteração do consumo para abastecimento doméstico para
abastecimento para consumo humano e introdução do uso de preservação
dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção
integral;
b) Classe 1: alteração do consumo para abastecimento doméstico para
abastecimento para consumo humano e introdução do uso de proteção das
comunidades aquáticas em Terras Indígenas;
c) Classe 2: alteração do consumo para abastecimento doméstico para
abastecimento para consumo humano e introdução dos usos de irrigação
de parques, jardins, campos de esporte e lazer, onde o público possa vir a
ter contato direto com a água, e para atividade de pesca;
d) Classe 3: alteração do consumo para abastecimento doméstico após
tratamento convencional para abastecimento para consumo humano após
tratamento convencional ou avançado e introdução dos usos para pesca
amadora recreação de contato secundário;
e) Classe 4: remoção da menção a usos menos exigentes;
• Adoção de limites máximos mais restritivos para alguns parâmetros de
qualidade, como é o caso do cianeto e do cobre, entre outros.
• Introdução do conceito de progressividade para o alcance das metas de
enquadramento.
12 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
5.3.2. Balanço do estado atual do conhecimento e ge stão das águas
superficiais
A análise do estado atual da qualidade da água foi apresentada detalhadamente no
RP1A – Diagnóstico da Dimensão Técnica e Institucional (Volume 4 – Análise
qualitativa e quantitativa – Águas superficiais) e RP2 – Diagnóstico Consolidado.
Na sequência dessa análise, apresenta-se em seguida:
• A representação da classe de qualidade da meta final do enquadramento
vigente para os principais corpos de água superficiais da bacia hidrográfica
do rio São Francisco;
• A representação da classe de qualidade da meta final do enquadramento
proposto pelo PRH-SF 2004-2013 para os principais corpos de água
superficiais da bacia hidrográfica do rio São Francisco;
• As ações propostas para o alcance das metas do enquadramento
propostas no PRH-SF 2004-2013 e o seu estado de implementação;
• As propostas de alteração das metas finais de enquadramento (face ao
PRH-SF 2004-2013), posteriores a 2004;
• As ações para alcance das metas do enquadramento propostas em planos
de recursos hídricos de bacias afluentes após 2004, e seu estado de
implementação;
• A representação indicativa da distribuição de pressões na bacia;
• A comparação da situação atual de qualidade das águas com as metas
finais do enquadramento vigente;
• As fontes de poluição, os principais parâmetros em desacordo com a meta
final do enquadramento vigente e as ações necessárias para melhoria da
qualidade das águas;
• A comparação da situação atual de qualidade das águas com as metas
finais do enquadramento proposto no PRH-SF 2004-2013;
• A condição de qualidade das águas superficiais nos principais corpos de
água da bacia hidrográfica do rio São Francisco;
• Os usos das águas superficiais nos principais corpos de água;
• O regime, os usos preponderantes e as situações de não atendimento,
pela condição das águas.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 13 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
As metas finais de qualidade da água do enquadramento vigente na bacia
hidrográfica do rio São Francisco são apresentadas na figura seguinte.
Figura 1 – Classe de qualidade da meta final do enq uadramento vigente para
principais corpos de água superficiais da bacia hid rográfica do rio São
Francisco (Mapa 27 do Volume 4, reduzido).
14 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
No PRH-SF 2004-2013 foi feita uma proposta de alteração das metas finais de
enquadramento , que na maior parte dos corpos de água se traduz na adoção de uma
meta mais exigente, a qual se apresenta na figura seguinte.
Figura 2 – Classe de qualidade da meta final do enq uadramento proposto pelo
PRH-SF 2004-2013 para principais corpos de água sup erficiais da bacia
hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 28 do Volum e 4, reduzido).
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 15 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
No PRH-SF 2004-2013 foram também propostas ações para a melhoria da qualidade
das águas, conforme quadro seguinte.
Quadro 3 – Ações para alcance das metas do enquadra mento propostas no PRH-
SF 2004-2013.
Bacia Ações Implementação
Rio São
Francisco (da
nascente até
município de
Três Marias)
Adequar/regularizar os sistemas de controle
ambiental das indústrias alimentícias de
Abaeté e Luz; das indústrias extratoras de
calcário no município de Pains; de
suinoculturas dos municípios de Bom
Despacho, Luz, Martinho Campos e Santo
Antônio Dumont.
s.i.
(ver texto abaixo)
Incentivar o manejo conservacionista do solo e
da água, bem como a utilização equilibrada de
fertilizantes, herbicidas, fungicidas, bernicidas,
carrapaticidas, etc.
Duas ações de revitalização e
recuperação de nascentes financiadas
pelo CBHSF no entorno da Represa das
Três Marias: finalizada e executada em
75%
Promover gestão junto aos municípios de Luz,
Iguatama e Pains para implantação e/ou
adequação do sistema de tratamento de
esgotos sanitários dos referidos núcleos
urbanos.
3 municípios:
100% com ações financiadas pelo PAC
33% com obras concluídas (Luz)
67% com obras em execução
0% com obras em preparação
0% com projetos concluídos
67% com projetos em execução
Rio São
Francisco (do
município de
Pirapora até
divisa estadual
Minas Gerais /
Bahia)
Adequar e/ou regularizar os sistemas de
controle ambiental das indústrias metalúrgicas
localizadas nos municípios de Pirapora e
Itacarambí.
s.i.
(ver texto abaixo)
Identificar com precisão as causas e adotar
medidas emergenciais e definitivas para
contenção do processo de contaminação das
águas.
s.i.
(ver texto abaixo)
Adequar e/ou regularizar os sistemas de
controle ambiental das indústrias de extração
de calcário e manganês localizadas no
município de Januária.
s.i.
(ver texto abaixo)
16 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
Bacia Ações Implementação
Rio São
Francisco (da
divisa estadual
entre Minas
Gerais e Bahia
até a divisa
entre os
Estados da
Bahia e
Sergipe)
Implantação de rede coletora de esgotos e
sistemas de tratamento pelos municípios
pertencentes à bacia.
186 municípios na BHSF em BA e PE:
73% com ações financiadas pelo PAC
51% com obras concluídas
49% com obras em execução
18% com obras em preparação
3% com projetos em execução
Planos municipais de saneamento básico
em elaboração sob apoio do CBHSF em
doze municípios (Afogados da Ingazeira,
Angical, Barra, Barra do Mendes,
Carinhanha, Catolândia, Flores,
Jacobina, Miguel Calmon, Mirangaba,
Pesqueira, São Desidério)
Intensificar ações de fiscalização e
licenciamento de empreendimentos de
mineração.
s.i.
(ver texto abaixo)
Levantamento detalhado dos insumos
utilizados em projetos de irrigação.
Monitoramento destes elementos no corpo
receptor.
Programa de educação ambiental nos
perímetros irrigados.
s.i.
(ver texto abaixo)
Implementação de ações de controle e
recuperação de matas ciliares ao longo do
curso hídrico.
Dez ações de revitalização e
recuperação de nascentes, conservação
do solo, proteção de nascentes e
adequação das estradas rurais, proteção
de áreas de preservação permanente,
readequação de estradas e a
recuperação e conservação de áreas
degradadas e voçorocas e recuperação
hidroambiental em municípios da BA:
finalizadas (60%) e em executadas em
mais de 35%
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 17 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
Bacia Ações Implementação
Rio São
Francisco (da
divisa entre os
Estados da
Bahia e Sergipe
até a foz)
Implantação de rede coletora de esgotos e
sistemas de tratamento pelos municípios
pertencentes à bacia.
78 municípios na BHSF em AL e SE:
62% com ações financiadas pelo PAC
27% com obras concluídas
50% com obras em execução
9% com obras em preparação
1% com projetos concluídos
Planos municipais de saneamento básico
finalizados sob apoio do CBHSF em sete
municípios (Igreja Nova, Telha, Propriá,
Ilha das Flores, Feira Grande, Belo
Monte, Traipu)
Rio Pará
Adequar e/ou regularizar os sistemas de
controle ambiental das Indústrias alimentícias
localizadas nos municípios de Conceição do
Pará, Passa-Tempo e Piracema.
Implantar e/ou adequar os sistemas de
controle ambiental da indústria siderúrgica
localizada em Pitangui.
s.i.
(ver texto abaixo)
Adequar os sistemas de controle ambiental
das mineradoras situadas em Piracema.
s.i.
(ver texto abaixo)
Incentivar o manejo conservacionista do solo e
da água na região de cabeceira do rio Pará.
Uma ação de revitalização e recuperação
de nascentes nos municípios de Lagoa
da Prata e Santo Antônio do Monte
financiada pelo CBHSF: executada em
88%
Dar sequência às ações de saneamento em
curso dos municípios de Piracema e Nova
Serrana. Implementar gestões junto às
Prefeituras de Desterro de Entre Rios,
Itaguara, Passa-Tempo, Carmo do Cajuru,
Conceição do Pará, Leandro Ferreira e São
Gonçalo do Pará
9 municípios:
67% com ações financiadas pelo PAC
11% com obras concluídas
22% com obras em execução
0% com obras em preparação
0% com projetos concluídos
33% com projetos em execução
11% com projetos em ação preparatória
18 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
Bacia Ações Implementação
Rio Paraopeba
Implantar / adequar / regularizar os sistemas
de controle ambiental das Indústrias de
Cristiano Otoni, Itatiaiuçu e Curvelo;
s.i.
(ver texto abaixo)
Implantar / adequar / regularizar os sistemas
das mineradoras localizadas nos municípios
de Betim, Belo Vale, Brumadinho, Esmeraldas,
Ibirité, Queluzita, Belo Vale, Brumadinho,
Itatiaiuçu, Igarapé, Juatuba, Mateus Leme e
Curvelo.
s.i.
(ver texto abaixo)
Verificar garimpagem clandestina no rio
Paraopeba nos municípios de Congonhas e
Jeceaba.
s.i.
(ver texto abaixo)
Dar sequência às ações de saneamento junto
aos municípios de Entre-Rios de Minas, S.
Brás de Suaçui, Brumadinho, S. Joaquim de
Bicas, Igarapé, Florestal e Juatuba; promover
gestões nos municípios de Casa Grande,
Cristiano Otoni, Queluzita, Belo Vale, Desterro
de Entre-Rios de Minas, Moeda Piedade dos
Gerais, Bonfim, Crucilândia, Itatiaiuçu, Ibirité,
Mário Campos, rio Manso, Sarzedo, Mateus
Leme, São José da Varginha, Pequi,
Caetanópolis, Maravilhas, Papagaios e
Paraopeba.
28 municípios:
71% com ações financiadas pelo PAC
39% com obras concluídas
46% com obras em execução
4% com obras em preparação
14% com projetos concluídos
25% com projetos em execução
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 19 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
Bacia Ações Implementação
Rio das Velhas
Incentivar o manejo conservacionista do solo e
da água nas atividades agrícolas, bem como a
utilização equilibrada de bernicidas,
carrapaticidas, em toda a área de drenagem
do médio e baixo curso.
Apoiar as várias ações da COPASA para
2004-6 de implementar a Educação Ambiental
com o objetivo de orientar o uso dos
agrotóxicos incentivando o manejo
conservacionista do solo e da água, replantio
de vegetação ciliar
Duas ações de revitalização e
recuperação de nascentes financiadas
pelo CBHSF e finalizadas no córrego da
Onça e rio Jatobá
Apoiar as várias ações da COPASA para
2004-6 de controle das minerações
desativadas e em atividade; as ações para
2004-8 de controle ambiental das atividades
mineradoras nas regiões do alto e médio curso
do Rio das Velhas e as ações para 2004-10 de
controle das atividades mineradoras
s.i.
(ver texto abaixo)
Apoiar as várias ações da COPASA para
2004-10 de controle das atividades industriais
nas regiões do alto e médio curso do Rio das
Velhas.
1 município (Betim) com ação concluída
(SES na região industrial)
Implementar/adequar os sistemas de controle
ambiental em suinoculturas e incentivar a
utilização equilibrada de bernicidas,
carrapaticidas, etc. na região do médio curso
s.i.
(ver texto abaixo)
Implementar/adequar os sistemas de
disposição do lixo em todos os municípios da
RMBH
Apoiar as várias ações da COPASA para
2004-8 de destinação adequada de resíduos
sólidos nas regiões do alto e médio curso do
Rio das Velhas; e as ações para 2004-10 de
acompanhamento da destinação adequada de
resíduos sólidos nas regiões do alto e médio
curso do Rio das Velhas.
62 municípios na BHSF:
37% com ações financiadas pelo PAC
19% com obras concluídas
2% com obras em execução
16% com obras em preparação
0% com projetos concluídos
3% com projetos em execução
20 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
Bacia Ações Implementação
Implementar/adequar os sistemas de
saneamento em todos os municípios da RMBH
Apoiar as várias ações da para 2004-6 de
tratamento de esgoto nos municípios da
RMBH e do alto curso do Rio das Velhas;
as ações para 2004-8 de Implementar o
tratamento de esgoto nos municípios do médio
curso; e as ações para 2004-10 de
Implementar tratamento secundário de esgoto,
nas regiões do alto e médio curso do Rio das
Velhas.
62 municípios na BHSF:
87% com ações financiadas pelo PAC
61% com obras concluídas
61% com obras em execução
19% com obras em preparação
18% com projetos concluídos
23% com projetos em execução
2% com projetos em preparação
Implementar/adequar os sistemas de
drenagem de águas pluviais em todos os
municípios da RMBH
Apoiar as várias ações da COPASA para
2004-6 de drenagem de águas pluviais nos
municípios da RMBH e do alto curso do Rio
das Velhas; as ações para 2004-8 de
implementar a drenagem de águas pluviais
nos municípios do médio curso
62 municípios:
11% com ações financiadas pelo PAC
5% com obras concluídas
5% com obras em execução
3% com obras em preparação
0% com projetos concluídos
0% com projetos em execução
Apoiar as várias ações da COPASA para
2004-6 de reassentamento das famílias
residentes em margens do rio em seu médio
curso (RMBH)
4 municípios (Belo Horizonte, Betim,
Contagem, Sete Lagoas; financiamento
pelo PAC):
25% com obras concluídas
100% com obras em execução
Rio Jequitaí
Adequar e/ou regularizar os sistemas de
controle ambiental das indústrias metalúrgicas
localizadas no município de Jequitaí
s.i.
(ver texto abaixo)
Promover gestões junto à Prefeitura e
Promotoria Pública do município de Jequitaí
para adequação do sistema de coleta e
tratamento de esgotos sanitários do referido
município
Município de Jequitaí (financiamento pelo
PAC):
Projetos em execução
Obras concluídas
Obras em execução
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 21 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
Bacia Ações Implementação
Rio Paracatu
Adequar e/ou regularizar os sistemas de
controle ambiental das indústrias de extração
de pedras preciosas e de argila e areia
localizadas no município de João Pinheiro
s.i.
(ver texto abaixo)
Promover gestões junto à Prefeitura e
Promotoria Pública dos municípios de
Paracatu e João Pinheiro para adequação do
sistema de coleta e tratamento de esgoto
sanitário dos referidos municípios
Município de Paracatu (financiamento
pelo PAC):
Projetos concluídos
Obras em execução
Rio Preto
Adequar e/ou regularizar os sistemas de
controle ambiental das indústrias de extração
de calcário localizadas no município de Unaí
s.i.
(ver texto abaixo)
Rio Urucuia
Promover gestões junto às Prefeituras e
Promotorias Públicas dos municípios de Buritis
e Arinos para adequação do sistema de coleta
e tratamento de esgotos sanitários dos
referidos municípios
2 municípios (financiamento pelo PAC):
50% com obras concluídas (Arinos)
50% com obras em execução (Arinos)
100% com obras em preparação
50% com projetos em execução (Arinos)
Rio Verde
Grande
Promover gestões junto às Prefeituras e
Promotorias Públicas dos municípios de
Capitão Enéias, Jaíba, Montes Claros e
Guaraciama para adequação do sistema de
coleta e tratamento de esgoto sanitário dos
referidos municípios
4 municípios (financiamento pelo PAC):
50% com obras concluídas (Montes
Claros, Jaíba)
75% com obras em execução (Capitão
Enéias, Jaíba, Montes Claros)
25% com projetos concluídos (Jaíba)
50% com projetos em execução
(Guaraciama)
Rio Gorutuba
Adequar e/ou regularizar os sistemas de
controle ambiental das indústrias alimentícias
localizadas no município de Janaúba
s.i.
(ver texto abaixo)
Promover gestões junto à Prefeitura e
Promotoria Pública do município de Janaúba
para adequação do sistema de coleta e
tratamento de esgotos sanitários do referido
município
Município de Janaúba (financiamento
pelo PAC):
Com obras concluídas
22 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
Bacia Ações Implementação
Rio Corrente
Controle da poluição dos matadouros s.i.
(ver texto abaixo)
Implantação de rede coletora de esgotos e
sistemas de tratamento pelos municípios de
Correntina, Santa Maria da Vitória e Jaborandi
3 municípios (financiamento pelo PAC):
67% com ações definidas (Santa Maria
da Vitória e Jaborandi)
33% com obras em execução (Santa
Maria da Vitória)
67% com projetos em contratação
Rio Salitre
Implantação de rede coletora de esgotos e
sistemas de tratamento pelos municípios
11 municípios:
100% com ações financiadas pelo PAC
27% com obras concluídas
100% com obras em execução
9% com obras em ação preparatória
27% com projetos em execução
Implantação de sistemas de coleta e
tratamento de resíduos sólidos em todas as
sedes municipais e na zona rural da bacia
11 municípios:
45% com ações financiadas pelo PAC
9% com obras em ação preparatória
45% com projetos em execução
Implantação de manejo adequado dos
dessalinizadores de água s.i.
Recuperação das matas ciliares
Duas ações financiadas pelo CBHSF no
município de Morro do Chapéu:
Cercamento e renaturalização das
nascentes (finalizada), proteção de área
de preservação permanente,
conservação de solos e recuperação e
estabilização de voçorocas (executada
em 41%)
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 23 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
Bacia Ações Implementação
Afluentes
pernambucanos
da margem
esquerda do rio
São Francisco
Implantação de rede coletora de esgotos e
sistemas de tratamento pelos municípios
69 municípios na BHSF em PE:
81% com ações financiadas pelo PAC
52% com obras concluídas
58% com obras em execução
35% com obras em preparação
6% com projetos em execução
Planos municipais de saneamento básico
em execução sob apoio do CBHSF em
três municípios (Afogados da Ingazeira,
Flores, Pesqueira)
Afluentes
alagoanos da
margem
esquerda do rio
São Francisco
Implantação de rede coletora de esgotos e
sistemas de tratamento pelos municípios
50 municípios na BHSF em AL:
64% com ações financiadas pelo PAC
34% com obras concluídas
54% com obras em execução
2% com projetos concluídos
2% com projetos em licitação
Planos municipais de saneamento básico
finalizados sob apoio do CBHSF em
quatro municípios (Igreja Nova, Feira
Grande, Belo Monte, Traipu)
Afluentes
sergipanos da
margem direita
do rio São
Francisco
Implantação de rede coletora de esgotos e
sistemas de tratamento pelos municípios
28 municípios na BHSF em SE:
57% com ações financiadas pelo PAC
14% com obras concluídas
43% com obras em execução
25% com obras em preparação
Planos municipais de saneamento básico
finalizados sob apoio do CBHSF em três
municípios (Telha, Propriá, Ilha das
Flores)
Fonte: ANA/GEF/PNUMA/OEA, 2004; MP, 2016; CBHSF, 20 16.
Nota: s.i – sem informação.
Na quase totalidade da bacia (exceto para o rio São Francisco do município de
Pirapora até à divisa estadual Minas Gerais / Bahia) as ações propostas para
efetivação do enquadramento incidiram sobre a melhoria da coleta e tratamento de
esgotos sanitários em municípios. De acordo com os investimentos do PAC I e PAC II,
a maioria dos municípios tem ações definidas, em execução ou em fase de projeto,
24 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
fazendo sentido intensificar as ligações de esgotos dos domicílios. Ao nível dos
municípios assinalam-se também as ações referentes ao manejo de resíduos sólidos,
nas bacias do rio das Velhas e rio Salitre, com menor implementação que no setor do
esgotamento sanitário, de acordo com a informação dos investimentos do PAC I e
PAC II.
Entre os projetos concluídos e em execução, merecem destaque os Planos Municipais
de Saneamento Básico (PMSBs). De acordo com a Lei Nacional de Diretrizes para o
Saneamento Básico, Lei n.º 11.445/2007, a existência do PMSB significa para o
município a possibilidade de acesso a financiamento federal para aplicação em ações
de saneamento básico como manejo de esgotamento sanitário e resíduos sólidos. O
financiamento do CBHSF, abrangendo municípios das quatro regiões fisiográficas,
priorizou os municípios com maiores carências destas ações, entre os quais diversos
municípios dos estados da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe onde o PRH-SF
2004-2013 havia identificado a necessidade de melhorias nos sistemas de coleta e
tratamento de esgotos domésticos e de manejo de resíduos sólidos. Os projetos ainda
em execução, relativos a municípios da Bahia, terão conclusão provável no ano de
2016/2017.
Merecem também destaque as ações de controle da poluição dos setores produtivos
(mineração, indústria e agropecuário), especialmente a montante da divisa Minas
Gerais / Bahia, as quais terão tido fraca implementação (ECOPLAN/SKILL, 2015a).
Após 2004 , foram apresentadas propostas de alteração das metas finais de
enquadramento (face ao PRH-SF 2004-2013) para algumas bacias afluentes do rio
São Francisco (Pará, das Velhas, Jequitaí, Paracatu, Peruaçu, Verde Grande, Salitre e
São Francisco), tal como apresentado na figura seguinte.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 25 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
Figura 3 – Classe de qualidade da meta final do enq uadramento proposto a nível
estadual após 2004 para principais corpos de água s uperficiais da bacia
hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 29 do Volum e 4, reduzido).
Em geral, as alterações propostas correspondem à adoção de metas de qualidade
menos exigentes, em virtude da degradação constatada na qualidade da água.
Estas propostas foram acompanhadas de planos de ações , sumarizados no quadro
seguinte.
26 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
Quadro 4 – Ações para alcance das metas do enquadra mento propostas em
planos de recursos hídricos de bacias afluentes apó s 2004.
Bacia Ações Prazo
Rio Pará
Universalização da coleta e destinação de resíduos sólidos. 2008-2017
Universalização da coleta de esgoto. 2008-2017
Construção e implantação de ETEs. 2009-2013
Elaboração do Plano de Revitalização, 2009
Recuperação e Conservação Hidroambiental das Sub-bacias. 2009
Rio das Velhas
Ampliação da rede coletora de esgotos.
2005-2010
Serviços de implantação de ETEs.
Melhoria da coleta e disposição adequada dos resíduos sólidos.
Controle da erosão e do assoreamento.
Reflorestamento em áreas degradadas (topo, ciliar e nascentes).
Recuperação ambiental de áreas afetadas pelas atividades de
mineração. Adoção de medidas de desassoreamento.
Plano de Controle e Adequação do Setor Industrial
Plano de Controle e Adequação do Setor Mineral.
Plano de Controle e Adequação do Setor Agrícola.
Ações específicas para o alcance da Meta 2010 - Navegar, pescar
e nadar no rio das Velhas (ETE, Plano Municipal de Saneamento,
Unidade de Tratamento de Resíduos de Bela Fama, Programa
Caça Esgotos).
2005-2008
Ações específicas para o alcance da Meta 2014 – Consolidar a
volta dos peixes e nadar no rio das Velhas na RMBH em 2014
(Saneamento Rural, Saneamento Urbano, Despoluição da Lagoa
da Pampulha, Efluentes industriais – diagnóstico da poluição
difusa e acordos setoriais, Manutenção de áreas de preservação
permanente, Resíduos sólidos urbanos – erradicação dos lixões e
implantação de coleta seletiva, Biomonitoramento)
2012-2015
Ações específicas para o alcance da Meta Pescar, Nadar e Navegar no Trecho
Metropolitano do Rio das Velhas:
Interceção de 100% do esgoto da RMBH 2016
Sistema de tratamento terciário nas ETEs Arrudas e Onça 2016-2018
60% do esgoto da RMBH com tratamento terciário 2016-2022
80% do esgoto da RMBH com tratamento terciário 2016-2026
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 27 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
Bacia Ações Prazo
Ações relativas a mineração e atividades industriais (controle de
carga poluidora, recuperação de áreas degradadas, controle de
processos erosivos)
2016-2030
Ações de manejo de recursos hídricos em Área Rural 2016-2030
Ações de conservação ambiental 2016-2030
Rio Jequitaí
Estudo sobre a implantação de sistemas de coleta e tratamento
de esgotamento sanitário urbano 2011-2012
Estudo sobre a mitigação das cargas poluidoras provenientes da
agricultura e da pecuária 2011-2014
Estudo sobre a coleta e destinação final dos resíduos sólidos
urbanos 2011-2012
Estudo sobre a implantação de sistemas de drenagem urbana 2011-2015
Estudo sobre a preservação de matas ciliares e áreas de
nascentes 2011-2016
Estudo sobre o controle da erosão e do assoreamento 2011-2016
Rio Paracatu
Ampliação de redes coletoras de esgotos.
2006-2015
Serviços de implantação de ETEs.
Melhoria da coleta e disposição adequada dos resíduos sólidos.
Controle da erosão e do assoreamento.
Recuperação de áreas de preservação permanente (veredas,
lagoas marginais).
Reflorestamento em áreas degradadas (topo, ciliar e nascentes).
Plano de controle dos efluentes do setor mineral.
Plano de controle dos efluentes do setor agrícola.
Rio Peruaçu
Reflorestamento de matas ciliares e nascentes. 2015-2025
Práticas conservacionistas em propriedades rurais. 2015-2020
Controle de erosões em estradas vicinais. 2015-2018
Controle da poluição de origem agrícola. 2015-2018
Controle da poluição de origem animal. 2015-2018
Apoio aos Planos Municipais de Saneamento. 2015-2020
Ações de controle de poluição por esgotos sanitários. 2015-2025
Implantação de aterros sanitários. 2015-2025
Implantação de unidades de triagem e compostagem. 2015-2025
Implantação de coleta seletiva. 2015-2035
Recuperação de áreas degradadas por lixões abandonados. 2015-2035
Ações de drenagem urbana. 2015-2021
28 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
Bacia Ações Prazo
Rio Verde
Grande
Implementar / ampliar esgotamento sanitário (cidades de
Guaraciama, Glaucilândia, Montes Claros, Capitão Enéas,
Francisco Sá, Verdelândia e Jaíba, Espinosa, Urandi e Sebastião
das Laranjeiras, Riacho dos Machados, Janaúba, Nova
Porteirinha, Porteirinha, Monte Verde, Mato Azul e Gameleiras).
2010-2025
Implantar programa para redução do carreamento de sólidos
pelas chuvas. 2010-2015
Mudar a cultura de banana para outra área com água de melhor
qualidade 2010-2015
Avaliar controle ambiental das indústrias alimentícias. 2010-2030
Implantar ponto de monitoramento de qualidade da água próximo
à foz do rio Gorutuba 2010-2030
Eliminar lançamentos de esgotos sanitários na barragem Bico da
Pedra 2010-2025
Implantar plano de gestão do reservatório Bico da Pedra 2010-2015
Rio São
Francisco
(Sergipe)
Elaboração dos Planos Municipais de Saneamento 2010-2025
Coleta, Tratamento e Destinação Final dos Resíduos Sólidos 2010-2025
Sistema Integrado de Saneamento 2010-2025
Apoio à Agricultura Irrigada 2010-2025
Desenvolvimento da Agricultura Orgânica 2010-2015
Fonte: IGAM, 2006; Tese, 2008; SEMAD/CBH Jequitaí/P acuí/FHIDRO, 2010; ANA/ECOPLAN, 2011; PROJETEC/TECHNE, 2011; ECOPLAN/L UME/SKILL, 2014; ECOPLAN/SKILL, 2015.
A grande maioria das ações previstas encontra-se em curso, com data prevista de
finalização entre 2016 e 2035. O tipo de ação é bastante semelhante às apontadas
pelo PRH-SF 2004-2013, o que demonstra as lacunas de implementação verificadas
para as ações propostas por este plano. Neste escopo, note-se em particular a
manutenção de ações de controle da poluição dos setores produtivos.
A distribuição de pressões sobre a qualidade das águas superficiais da bacia é
representada, de forma indicativa (requerendo detalhamento e aferição em estudos
posteriores), nas figuras seguintes.
No setor de saneamento, consideraram-se como indicativos da distribuição da
poluição com esta origem, os municípios com índices de atendimento quanto à coleta
de resíduos sólidos e quanto à coleta de esgotos inferiores a 60%.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 29 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
Figura 4 – Pressões sobre a qualidade das águas sup erficiais com origem no
setor do saneamento (esgotamento sanitário e resídu os sólidos) na bacia
hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 30 do Volum e 4, reduzido).
No setor agropecuário consideram-se como indicativos da distribuição da poluição
com esta origem os usos do solo associados a lavoura, pastagens e ocupação por
estabelecimentos agropecuários numa área entre 25-50%.
30 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
Figura 5 – Pressões sobre a qualidade das águas sup erficiais com origem no
setor agropecuário na bacia hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 31 do
Volume 4, reduzido).
No setor industrial e minerário, as outorgas para esses usos foram consideradas
indicativas da distribuição de poluição com esta origem. Esta abordagem constitui uma
simplificação, requerendo estudos específicos posteriores.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 31 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
Figura 6 – Pressões sobre a qualidade das águas sup erficiais com origem no
setor industrial e minerário na bacia hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 32
do Volume 4, reduzido).
A situação atual de qualidade das águas face às metas finais do enquadramento
vigente apurada para os principais corpos de água para a bacia é apresentada na
figura seguinte (mediante a indicação do número de parâmetros em desacordo).
32 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
Figura 7 – Acordo da qualidade das águas superficia is com a meta final do
enquadramento vigente nos principais corpos de água da bacia hidrográfica do
rio São Francisco (Mapa 33 do Volume 4, reduzido).
As principais fontes de poluição, influência da poluição difusa e principais parâmetros
em desacordo com a meta final do enquadramento vigente na calha do rio São
Francisco e nas principais sub-bacias afluentes são apresentados no quadro seguinte.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 33 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
Quadro 5 – Fontes de poluição, principais parâmetro s em desacordo com a meta
final do enquadramento vigente e ações necessárias para a melhoria da
qualidade das águas.
Curso de
água Fontes de poluição
Principais parâmetros
em desacordo com
meta final do
enquadramento
vigente
Ações necessárias para melhoria da
qualidade das águas
Rio São
Francisco (da
nascente até
município de
Três Marias)
Atividade agropecuária,
lançamentos de
efluentes domésticos,
atividade agrícola,
efluentes industriais
(sucroalcooleira,
metalúrgica),
mineração (minerais
não metálicos)
E. coli, Fósforo total, fenóis
totais
Promover ou dar sequência a ações de
esgotamento sanitário, incluindo
tratamento de efluentes
Gerenciamento adequado na utilização de
fertilizantes
Melhoramento no gerenciamento de
atividades agropecuárias
Manejo adequado da água e do solo,
controle da erosão, preservação da
vegetação marginal
Investimentos em tratamento de efluentes
industriais e monitoramento no local de
descarga
Rio São
Francisco (do
reservatório
das Três
Marias até
divisa estadual
Minas Gerais /
Bahia)
Atividade agropecuária,
lançamentos de
efluentes domésticos,
atividade agrícola,
mineração (areias)
Fósforo total, Arsênio total
Promover ou dar sequência a ações de
saneamento básico, incluindo tratamento
de efluentes, com prioridade aos sistemas
que utilizam como meio receptor os corpos
de água onde ocorre desacordo com a
meta de enquadramento
Gerenciamento adequado na utilização de
fertilizantes e agrotóxicos, manejo
adequado da água e do solo, controle da
erosão, preservação da vegetação
marginal
Melhoramento no gerenciamento de
atividades pecuárias
Manejo sustentável do solo e da
vegetação evitando erosão e carreamento
de sedimentos.
34 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
Curso de
água Fontes de poluição
Principais parâmetros
em desacordo com
meta final do
enquadramento
vigente
Ações necessárias para melhoria da
qualidade das águas
Rio São
Francisco (da
divisa estadual
entre Minas
Gerais e Bahia
até a divisa
entre os
Estados da
Bahia e
Sergipe)
Lançamentos de
esgotos domésticos,
atividades
agropecuárias,
contaminação difusa de
origem agrícola ou
agropecuária
Coliformes
termotolerantes, turbidez,
DBO, fósforo
Manejo adequado do solo
Preservação da vegetação marginal
Promover ou dar sequência a ações de
saneamento básico, incluindo tratamento
de efluentes, com prioridade aos sistemas
que servem maior população e que
rejeitam maiores cargas poluentes.
Rio São
Francisco (da
divisa entre os
Estados da
Bahia e
Sergipe até a
foz)
Lançamentos de
esgotos domésticos,
despejos irregulares de
resíduos sólidos,
atividades agrícolas
Fósforo
Promover ou dar sequência a ações de
saneamento básico, incluindo tratamento
de efluentes e encerramento de lixões
Gerenciamento adequado na utilização de
fertilizantes, manejo adequado da água, do
solo e resíduos orgânicos, controle da
erosão, preservação da vegetação
marginal
Rio Pará
Lançamento de
efluentes de origem
doméstica e industrial,
incluindo siderurgia
(município de Pará de
Minas), poluição difusa
urbana
E. coli, fenóis totais,
cianeto, cobre
Promover ou dar sequência a ações de
esgotamento sanitário, incluindo
tratamento de efluentes
Investimentos em tratamento de efluentes
industriais e monitoramento no local de
descarga
Rio
Paraopeba
Lançamento de esgotos
domésticos, atividades
agropecuárias, poluição
de origem agrícola
(fertilizantes),
atividades industriais e
de mineração
E. coli, fósforo total,
arsênio, chumbo
Promover ou dar sequência a ações de
esgotamento sanitário, incluindo
tratamento de efluentes
Investimentos em tratamento de efluentes
industriais e monitoramento no local de
descarga
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 35 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
Curso de
água Fontes de poluição
Principais parâmetros
em desacordo com
meta final do
enquadramento
vigente
Ações necessárias para melhoria da
qualidade das águas
Rio das
Velhas
Lançamentos de
esgotos domésticos
(RMBH e outros),
atividade agropecuária,
contaminação difusa de
origem agrícola e
urbana, geologia,
mineração, efluentes
industriais (curtumes,
frigoríficos, têxteis,
siderúrgica, produtos
metálicos, maquinaria,
etc.)
E. coli, fósforo, N
amoniacal, zinco, cromo,
cianeto, chumbo, arsênio,
fenóis, DBO, cádmio
Promover ou dar sequência a ações de
saneamento básico, incluindo tratamento
de efluentes, com prioridade aos sistemas
que servem maior população e que
rejeitam maiores cargas poluentes.
Gerenciamento adequado na utilização de
fertilizantes, manejo adequado da água, do
solo e resíduos orgânicos, controle da
erosão, preservação da vegetação
marginal
Investimentos em tratamentos específicos
de efluentes industriais e monitoramento
no local de descarga
Manejo sustentável do solo e da
vegetação evitando erosão e carreamento
de sedimentos no entorno de áreas de
mineração
Rio Jequitaí
Lançamentos de
esgotos domésticos
(municípios de
Bocaiúva, Jequitaí),
atividade agropecuária,
extração de areia,
lançamento de
efluentes industriais
(cachaça, metalúrgico)
DBO, E. coli, fósforo,
chumbo
Promover ou dar sequência a ações de
saneamento básico, incluindo tratamento
de efluentes
Manejo adequado da água e do solo,
controle da erosão, preservação da
vegetação marginal
Melhoramento no gerenciamento de
atividades agropecuárias
Investimentos em melhoria da eficiência do
tratamento de efluentes industriais
Rio Paracatu
Atividade agrícola e
agropecuária,
lançamentos de
esgotos domésticos, e
de efluentes industriais
Fósforo, E. coli, fenóis
Promover ou dar sequência a ações de
saneamento básico, incluindo tratamento
de efluentes
Investimentos em tratamento de efluentes
industriais (laticínios)
36 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
Curso de
água Fontes de poluição
Principais parâmetros
em desacordo com
meta final do
enquadramento
vigente
Ações necessárias para melhoria da
qualidade das águas
Rio Preto
Atividade agropecuária,
lançamentos de
efluentes industriais,
atividade de mineração,
poluição difusa urbana
Cianeto, fenóis, DBO
Gerenciamento adequado na utilização de
fertilizantes, manejo adequado da água e
do solo, controle da erosão, preservação
da vegetação marginal
Melhoramento no gerenciamento de
atividades agrossilvopastoris
Rio Urucuia
Lançamentos de
esgotos domésticos
(municípios de Buritis,
Bonfinópolis, São
Romão), atividade
agrícola e
agropecuária, extração
de areia
E. coli, cobre, cianeto,
fósforo, DBO, fenóis
Promover ou dar sequência a ações de
saneamento básico, incluindo tratamento
de efluentes
Gerenciamento adequado na utilização de
fertilizantes, manejo adequado da água e
do solo, controle da erosão, preservação
da vegetação marginal
Melhoramento no gerenciamento de
atividades pecuárias
Manejo sustentável do solo e da
vegetação evitando erosão e carreamento
de sedimentos no entorno de áreas de
extração de inertes
Rio Verde
Grande
Lançamentos de
esgotos domésticos,
atividade agropecuária,
efluentes industriais
(lacticínios, têxtil,
bebidas, cerâmica,
metalúrgica, química)
E. coli, fósforo, nitrato, N
amoniacal, DBO, cianeto,
cobre, chumbo
Promover ou dar sequência a ações de
saneamento básico, incluindo tratamento
de efluentes
Gerenciamento adequado na utilização de
fertilizantes, manejo adequado da água e
do solo, controle da erosão, preservação
da vegetação marginal
Melhoramento no gerenciamento de
atividades pecuárias
Melhorias no gerenciamento de efluentes
de laticínios
Melhoria no tratamento de efluentes
industriais
Rio Gorutuba
Lançamentos de
esgotos domésticos,
atividade agropecuária,
efluentes industriais
(lacticínios, têxtil,
bebidas, cerâmica,
metalúrgica, química)
E. coli, fósforo, DBO,
cianeto
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 37 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
Curso de
água Fontes de poluição
Principais parâmetros
em desacordo com
meta final do
enquadramento
vigente
Ações necessárias para melhoria da
qualidade das águas
Rio Verde
Pequeno
Lançamentos de
esgotos domésticos,
atividade agropecuária
e agrícola
Coliformes
termotolerantes,
indeterminados (da
confluência do rio Cova da
Mandioca até foz no rio
Verde Grande)
Promover ou dar sequência a ações de
saneamento básico, incluindo tratamento
de efluentes
Rio
Carinhanha
Lançamentos de
esgotos domésticos,
atividade agropecuária
Coliformes
termotolerantes,
indeterminados (das
nascentes até confluência
com córregos Lorena e
Sabão)
Promover ou dar sequência a ações de
coleta e tratamento de esgoto doméstico.
Manejo adequado do solo.
Preservação da vegetação marginal.
Rio Corrente
Atividade agrícola,
lançamentos de
esgotos domésticos
Coliformes termotolerantes
(rio Correntina)
Promover ou dar sequência a ações de
saneamento básico, incluindo tratamento
de efluentes, com prioridade aos sistemas
que utilizam como meio receptor o rio
Correntina
Rio Grande
Lançamento de esgotos
domésticos (Barreiras),
atividade agropecuária
Coliformes
termotolerantes, DBO
Promover ações de saneamento básico,
incluindo tratamento de efluentes
Rios Verde e
Jacaré
Lançamento de esgotos
domésticos
(Cafarnaum), atividades
agrícolas
Clorofila a, STD, DBO, OD
Promover ou dar sequência a ações de
saneamento básico, incluindo tratamento
de efluentes
Manejo adequado do solo, melhorias nas
práticas agrícolas
Preservação da vegetação marginal
Rio Salitre
Atividade agrícola
(lavagem de terras de
produção de cana de
açúcar) e agropecuária,
lançamentos de
efluentes domésticos,
condições naturais de
geologia e clima,
extração de calcário
Clorofila a (ambiente
lêntico), STD, OD
Melhoria no gerenciamento de explorações
agrícolas e agropecuárias de modo a
reduzir a introdução de cargas de
nutrientes nos corpos de água
Promover ou dar sequência a ações de
saneamento básico, incluindo tratamento
de efluentes
Controle da erosão do solo, proteção da
vegetação marginal; fiscalização ambiental
38 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
Curso de
água Fontes de poluição
Principais parâmetros
em desacordo com
meta final do
enquadramento
vigente
Ações necessárias para melhoria da
qualidade das águas
Afluentes
pernambucan
os e
alagoanos da
margem
esquerda do
rio São
Francisco
Lançamento de
efluentes domésticos,
atividade agrícola,
aqüicultura, atividade
industrial (rio Capiá)
Indeterminados
Promover ou dar sequência a ações de
saneamento básico, incluindo tratamento
de efluentes e encerramento de lixões
Afluentes
sergipianos da
margem
direita do rio
São Francisco
Atividade agrícola,
lançamento de esgotos
domésticos, despejos
irregulares de resíduos
sólidos (riacho Jacaré)
Nitrato, sólidos totais
Promover ou dar sequência a ações de
saneamento, incluindo tratamento de
efluentes, com prioridade aos sistemas
que servem maior população e que
rejeitam maiores cargas poluentes.
Gerenciamento adequado na utilização de
fertilizantes, manejo adequado da água, do
solo e resíduos orgânicos, controle da
erosão, preservação da vegetação
marginal
Fonte: RP1A – Diagnóstico da Dimensão Técnica e Ins titucional (Volume 4 – Análise Qualitativa e Quantitativa – Águas Superficiais, 20 15 (adaptado).
Merece também menção a qualidade das águas nos reservatórios na região do
Semiárido. Nesta região as condições climatéricas vigentes, caracterizadas por largos
períodos de escassez de precipitação e evaporação intensa, tendem a favorecer a
salinização excessiva das águas e a concentração de poluentes (cf. RP1A –
Diagnóstico da Dimensão Técnica e Institucional (cf. RP1A – Diagnóstico da Dimensão
Técnica e Institucional, Volume 4 – Análise Qualitativa e Quantitativa – Águas
Superficiais). No período de estiagem é frequente a ocorrência de estados de eutrofia,
potenciando a ocorrência de floração de algas, traduzindo-se em concentrações de
clorofila a elevadas (cf. situação no Quadro 5 para a bacia do rio Salitre).
Relativamente à meta final do enquadramento vigente , verifica-se acordo da
qualidade da água em grande parte da calha do rio São Francisco. As situações de
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 39 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
desacordo verificam-se principalmente a montante da divisa estadual Minas Gerais /
Bahia, e a jusante da divisa Bahia / Pernambuco.
Esta situação revela, especialmente a jusante da divisa estadual Minas Gerais / Bahia,
uma tendência de melhoria da qualidade em relação ao diagnóstico efetuado no PRH-
SF 2004-2013, com redução do número de parâmetros em desacordo a jusante da
divisa estadual Minas Gerais / Bahia, com a aparente solução de alguns problemas de
contaminação com metais e refletindo as melhorias efetuadas ao nível de manejo do
esgoto doméstico nos municípios adjacentes. Entretanto, nota-se um aumento de
desacordo do fósforo a jusante da divisa Bahia / Sergipe, o que deverá estar
associado a uma maior influência da contaminação originada pela atividade
agropecuária.
Quanto às bacias afluentes, os principais problemas de desacordo com a meta final de
enquadramento verificam-se no estado de Minas Gerais, notadamente, nos rios das
Velhas e Verde Grande, onde existem trechos com mais de sete parâmetros em
desacordo, entre E. coli, nutrientes e metais. São de assinalar também os casos dos
rios Preto, Urucuia, Paraopeba, Pará e Jequitaí, com trechos com até cinco
parâmetros em desacordo e, no estado da Bahia, o caso do rio Salitre, com desacordo
de até três parâmetros, entre clorofila a, sólidos totais dissolvidos e oxigênio
dissolvido.
De forma menos expressiva, assinalam-se alguns problemas de desacordo com a
meta final do enquadramento vigente nas bacias dos rios Carinhanha, Corrente e
Grande, afetando um único parâmetro, geralmente referente aos coliformes
termotolerantes. No estado do Sergipe, assinala-se o caso do Riacho Jacaré, onde se
verifica desacordo nos parâmetros nitrato e sólidos totais.
Relativamente ao PRH-SF 2004-2013, a situação nas bacias dos rios das Velhas,
Verde Grande, Paraopeba e Jequitaí não revela melhoria, não obstante as
intervenções ao nível do saneamento: a contaminação por coliformes, DBO, nutrientes
e metais mantém-se. No caso dos rios Urucuia, Pará e Salitre registra-se uma
evolução positiva (especialmente neste último), refletindo uma redução por esgotos
domésticos. No rio Paracatu verifica-se uma melhoria da contaminação com metais,
embora se mantenha um problema de contaminação por fósforo. Quanto ao rio
Carinhanha, de acordo com o diagnóstico efetuado no PRH-SF 2004-2013, que
revelava a ausência de desacordo com a meta final do enquadramento vigente, parece
40 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
ter ocorrido uma degradação, relacionada à contaminação por esgotos domésticos.
Para os rios Corrente e Grande, não se verifica uma tendência clara de evolução na
qualidade das águas.
É importante referir-se que, em alguns trechos do rio Rio Verde Pequeno e Rio
Carinhanha, e de modo geral nos afluentes pernambucanos e alagoanos da margem
esquerda do rio São Francisco, a escassez de monitoramento não permite o
conhecimento do acordo atual da qualidade da água com a meta final do
enquadramento vigente.
Considerando a meta final da proposta de enquadramento apresentada no PRH-
SF 2004-2013 a situação de acordo, notadamente, na calha do rio São Francisco, é
semelhante à obtida para a meta final do enquadramento vigente, devido à
coincidência da classificação (cf. figura seguinte). Nos rios em que a classificação
proposta é mais exigente, geralmente em classe 1, verifica-se um aumento da
extensão dos corpos de água ou número de parâmetros em desacordo (adição de
DBO ou oxigênio dissolvido), notadamente, no trecho de montante do rio Itaquari, na
bacia do rio Carinhanha, no rio Guará, na bacia do rio Corrente, e nos rios Preto,
Branco, das Ondas e das Fêmeas, na bacia do rio Grande. No trecho do rio das
Velhas para o qual o PRH-SF 2004-2013 propõe a alteração da meta final de classe 3
para classe 2, o desacordo aumenta de quatro a cinco parâmetros para até seis a sete
parâmetros, com aumento do desacordo entre os tóxicos e o azoto amoniacal.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 41 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
Figura 8 – Acordo da qualidade das águas superficia is com a meta final do
enquadramento proposto pelo PRH-SF 2004-2013 nos pr incipais corpos de água
da bacia hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 34 do Volume 4, reduzido).
Tendo em conta esta situação, a condição de qualidade das águas é a apresentada na
figura seguinte.
42 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
Figura 9 – Condição de qualidade das águas superfic iais nos principais corpos
de água da bacia hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 35 do Volume 4,
reduzido).
Verifica-se que a calha do rio São Francisco apresenta geralmente condição
compatível com a classe 2 ou superior na maior parte da sua extensão entre as divisas
estaduais de Minas Gerais / Bahia e Bahia / Pernambuco. Fora deste trecho a calha
do rio São Francisco apresenta a maior parte de sua extensão com condição
compatível com classe 3 ou inferior, especialmente entre as confluências com o rio
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 43 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
Pará e Paracatu e a jusante da Represa de Itaparica, próximo à divisa estadual Bahia /
Sergipe.
Os usos da água , considerando os cadastros de outorgas e a distribuição espacial de
unidades de conservação e Terras Indígenas, são apresentados na figura seguinte e
no quadro seguinte (por curso de água principal).
Figura 10 – Usos das águas superficiais nos princip ais corpos de água da bacia
hidrográfica do rio São Francisco (Mapa 36 do Volum e 4, reduzido).
44 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
Quadro 6 – Regime, usos preponderantes e situações de não atendimento pela
condição das águas por principais cursos de água da bacia.
Curso de
água Regime Usos preponderantes
Situações de não atendimento
pela condição das águas
Rio São
Francisco P
Abastecimento para consumo humano após
tratamento convencional ou simplificado
(após divisa estadual BA/PE)
Dessedentação animal
Preservação dos ambientes aquáticos em
unidades de conservação de proteção
integral (Parque Nacional da Serra da
Canastra, Parques estaduais Lagoa do
Cajueiro e Mata Seca e Parque Nacional
Cavernas do Peruaçu, Monumentos
Nacionais do Rio São Francisco e Grota do
Angico)
Proteção das comunidades aquáticas em
Terras Indígenas (Truká)
Irrigação (principalmente plantas frutíferas)
Aquicultura
Navegação
Abastecimento para consumo
humano / irrigação: entre as
confluências com rios Pará e
Paracatu, entre confluências com rios
Corrente e Grande, entre a divisa BA
/ PE e a represa de Itaparica, após a
represa de Itaparica
Proteção das comunidades aquáticas
em Terras Indígenas: Terra Indígena
Truká (Submédio)
Preservação dos ambientes
aquáticos em unidades de
conservação de proteção integral:
Monumentos Nacionais do Rio São
Francisco e Grota do Angico
Rio Pará P
Preservação dos ambientes aquáticos em
unidades de conservação de proteção
integral (ESEC Mata do Cedro)
Proteção das comunidades aquáticas em
Terras Indígenas (Kaxixó)
Irrigação (milho)
Preservação dos ambientes
aquáticos em unidades de
conservação de proteção integral:
ESEC Mata do Cedro (na cabeceira)
Proteção das comunidades aquáticas
em Terras Indígenas: Terra Indígena
Kaxixó (junto a foz no rio São
Francisco)
Rio Paraopeba P
Abastecimento para consumo humano após
tratamento convencional
Irrigação
Abastecimento para consumo
humano: após confluência com rio
Maranhão
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 45 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
Curso de
água Regime Usos preponderantes
Situações de não atendimento
pela condição das águas
Rio das Velhas P
Abastecimento para consumo humano após
tratamento convencional
Preservação dos ambientes aquáticos em
unidades de conservação de proteção
integral (Refúgio de Vida Silvestre Estadual
Macaúbas)
Irrigação
Abastecimento para consumo
humano: após confluência com rio
Maracujá
Preservação dos ambientes
aquáticos em unidades de
conservação de proteção integral:
Refúgio de Vida Silvestre Estadual
Macaúbas
Rio Jequitaí P
Preservação dos ambientes aquáticos em
unidades de conservação de proteção
integral (Parque Nacional das Sempre Vivas)
Dessedentação animal
Irrigação
Preservação dos ambientes
aquáticos em unidades de
conservação de proteção integral:
Parque Nacional das Sempre Vivas
Rios Paracatu e
Preto P
Abastecimento para consumo humano após
tratamento convencional
Dessedentação animal
Irrigação (incluindo hortaliças)
Abastecimento para consumo
humano: da confluência com o rio
Escuro até foz
Rio Urucuia P
Abastecimento para consumo humano após
tratamento convencional
Dessedentação animal
Preservação dos ambientes aquáticos em
unidades de conservação de proteção
integral (Reserva de Biosfera Sagarana-
Barra / Sagarana Logradouro)
Irrigação
Preservação dos ambientes
aquáticos em unidades de
conservação de proteção integral:
Reserva de Biosfera Sagarana-Barra
/ Sagarana Logradouro
Rio Peruaçu P
Preservação dos ambientes aquáticos em
unidades de conservação de proteção
integral (Parque Estadual Veredas do
Peruaçu, Parque Nacional Cavernas do
Peruaçu)
Proteção das comunidades aquáticas em
Terras Indígenas (Xacriabá)
-
46 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
Curso de
água Regime Usos preponderantes
Situações de não atendimento
pela condição das águas
Rio Verde
Grande P
Abastecimento para consumo humano após
tratamento convencional
Dessedentação de animais
Preservação dos ambientes aquáticos em
unidades de conservação de proteção
integral (Parque Estadual Verde Grande)
Irrigação (incluindo hortaliças e plantas
frutíferas)
Irrigação (incluindo hortaliças e
plantas frutíferas): entre confluência
com riachão Boa Vista e rio Arapoim
e entre confluência com córrego
Macaúbas e rio Gorutuba
Rio Gorutuba P
Abastecimento para consumo humano após
tratamento convencional
Dessedentação de animais
Irrigação
Abastecimento para consumo
humano / Irrigação de hortaliças e
plantas frutíferas
Rio Verde
Pequeno P
Abastecimento para consumo humano após
tratamento convencional
Dessedentação de animais
Irrigação
-
Rio Carinhanha P
Abastecimento para consumo humano após
tratamento convencional
Preservação dos ambientes aquáticos em
unidades de conservação de proteção
integral (Parque Nacional Grande Sertão
Veredas)
Irrigação (incluindo hortaliças)
Abastecimento para consumo
humano / Irrigação de hortaliças:
após confluência com rio Itaquari
Rio Corrente P
Abastecimento para consumo humano após
tratamento convencional
Dessedentação animal
Preservação dos ambientes aquáticos em
unidades de conservação de proteção
integral (Refúgio de Vida Silvestre Veredas
do Oeste Baiano, rios Formoso e Pratudão)
Aquicultura (rio Correntina)
Irrigação (incluindo hortaliças)
Aquicultura: rio Correntina
Rio Grande P
Abastecimento para consumo humano após
tratamento convencional
Dessedentação animal
Irrigação (culturas arbóreas e cerealíferas)
Navegação
Abastecimento para consumo
humano: entre confluência com rio
das Fêmeas e rio das Ondas
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 47 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
Curso de
água Regime Usos preponderantes
Situações de não atendimento
pela condição das águas
Rios Verde e
Jacaré
P (rio
Verde)
I (rio
Jacaré)
Abastecimento para consumo humano após
tratamento convencional ou simplificado
Irrigação
Abastecimento para consumo
humano / Irrigação de hortaliças e
plantas frutíferas
Rio Salitre I
Abastecimento para consumo humano, após
tratamento convencional ou simplificado
Dessedentação de animais
Preservação dos ambientes aquáticos em
unidades de conservação de proteção
integral (Reserva Ecológica e Arqueológica
da Serra do Mulato)
Irrigação (plantas frutíferas)
Abastecimento para consumo
humano
Preservação dos ambientes
aquáticos em unidades de
conservação de proteção integral:
Reserva Ecológica e Arqueológica da
Serra do Mulato
Irrigação / Dessedentação de
animais: trecho salobro (da
confluência com riacho do Covão até
Barragem Casa Nova)
Afluentes
pernambucanos
e alagoanos da
margem
esquerda do rio
São Francisco
I (rios
Moxotó,
Capiá,
Ipanema,
Traipú)
P (rio
Piauí)
Abastecimento para consumo humano após
tratamento convencional
Dessedentação de animais
Proteção das comunidades aquáticas em
Terras Indígenas (rio Moxotó - Fazenda
Cristo Rei, Tux de Inajá; Ipanema - Xukuru,
Xukuru de Cimbres, Fulni-ô)
Irrigação (rio Piauí)
Aquicultura (rio Piauí)
s.i.
Afluentes
sergipianos da
margem direita
do rio São
Francisco
I (riacho
Jacaré)
Dessedentação de animais
Irrigação Irrigação: riacho Jacaré
Fonte: RP1A – Diagnóstico da Dimensão Técnica e Ins titucional (Volume 1 – Caracterização da bacia hidrográfica; Volume 4 – An álise Qualitativa e Quantitativa – Águas Superficiais, Volume 7 – Usos, balanço hídric o e síntese do diagnóstico), 2015 (adaptado); Pessôa, 2013.
Nota: s.i. – sem informação.
Os usos preponderantes identificados para os vários cursos de água são geralmente
coincidentes com aqueles identificados no PRH-SF 2004-2013. Assinala-se contudo a
inclusão dos usos de proteção das comunidades aquáticas associados a Terras
48 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
Indígenas, por via da Resolução CONAMA n.º 357/2005, nos rios São Francisco, Pará,
Peruaçú, Moxotó e Ipanema.
De acordo com a informação reunida em etapa de Diagnóstico, exceto nos rios
Peruaçu e Verde Pequeno, todos os cursos de água apresentados evidenciam
situações em que a condição de qualidade das águas não atende alguns usos
preponderantes. Os principais usos lesados são os seguintes:
• Abastecimento para consumo humano : em diversos trechos do rio São
Francisco, rio Paraopeba, rio das Velhas, rios Paracatu e Preto, rio
Gorutuba, rio Carinhanha, rios Verde e Jacaré, rio Salitre; a situação é
particularmente severa para os rios das Velhas, Preto e Paraopeba, devido
à quantidade de parâmetros que têm alteração face ao padrão de
qualidade da Resolução CONAMA n.º 357/2005;
• Preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação
de proteção integral : afetando as unidades de conservação Monumentos
Nacionais do Rio São Francisco e Grota do Angico, ESEC Mata do Cedro;
Refúgio de Vida Silvestre Estadual Macaúbas, Parque Nacional das
Sempre Vivas, Reserva de Biosfera Sagarana-Barra / Sagarana-
Logradouro, Reserva Ecológica e Arqueológica da Serra do Mulato;
• Irrigação : em diversos trechos dos rios São Francisco, Verde Grande,
Gorutuba, Carinhanha, Verde e Jacaré, Salitre; a situação é
particularmente severa no rio Verde Grande, devido à quantidade de
parâmetros com alteração face ao padrão de qualidade da resolução
CONAMA n.º 357/2005.
Assinala-se também que, para o uso de proteção das comunidades aquáticas em
Terras Indígenas, verifica-se não atendimento em alguns trechos do rio São Francisco
e do rio Pará.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 49 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
5.3.3. Diretrizes para o enquadramento
Como referido anteriormente, no PRH-SF 2004-2013 foi apresentada uma proposta de
enquadramento dos cursos de água da bacia do rio São Francisco que não chegou a
ser aprovada, tal como expresso na Deliberação do CBHSF n.º 12/2004 (art. 6º),
devido a lacunas importantes de informação respeitantes aos usos preponderantes e à
qualidade da água nos rios intermitentes da bacia.
A existência de incompatibilidades entre a condição atual das águas e os usos
preponderantes, bem como a mudança no enquadramento legislativo (revogação da
Resolução CONAMA n.º 20/1986 pela Resolução CONAMA n.º 357/2005) tornam
necessária a atualização do enquadramento vigente dos cursos de água da bacia do
rio São Francisco.
A Resolução n.º 91 do CNRH, de 5 de novembro de 2008, estabelece os
procedimentos gerais para o enquadramento de corpos de água superficiais. No seu
art. 3º estabelece que a proposta de enquadramento deverá ser desenvolvida em
conformidade com o PRH e, preferencialmente, durante a sua elaboração.
Na atualização do PRH-SF, continuam a existir insuficiências na informação para
avaliação da qualidade das águas e do enquadramento vigente, notadamente, parte
importante dos cursos de água intermitentes não tem monitoramento regular, pelo que
não estão reunidos os subsídios necessários para fundamentar a concretização de
nova proposta de enquadramento para submeter a aprovação.
Entretanto, a informação apresentada no RP1A – Diagnóstico da Dimensão Técnica e
Institucional, sistematizada nas seções anteriores, permite a apresentação de
diretrizes e critérios metodológicos para auxiliar futuros trabalhos de enquadramento
dos corpos de água da bacia.
De acordo com a Resolução n.º 91 do CNRH, de 5 de novembro de 2008 (art. 3º) a
proposta de enquadramento deve conter os seguintes aspectos:
• Diagnóstico;
• Prognóstico;
• Propostas de metas relativas às alternativas de enquadramento;
• Programa para efetivação.
50 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
Esta resolução acrescenta que a proposta de enquadramento deve considerar as
águas superficiais e subterrâneas de forma integrada e associada. Acresce igualmente
que a elaboração da proposta de enquadramento deve dar-se com ampla participação
da comunidade da bacia hidrográfica.
As alternativas de enquadramento propostas, em conjunto com o programa de
efetivação respectivo, serão submetidas à análise pelo Comitê da Bacia Hidrográfica
do rio São Francisco, que selecionará uma das alternativas para encaminhamento
para análise e deliberação pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos. Em caso de
aprovação, será emitida uma resolução ou outro tipo de norma, estabelecendo, para
cada trecho de corpo de água, a classe de enquadramento. O enquadramento deverá
ser revisto periodicamente, em função de mudanças técnicas, econômicas e sociais
(COSTA; CONEJO, 2009).
As principais etapas do processo de enquadramento são sintetizadas na figura
seguinte.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 51 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
Figura 11 – Principais etapas do processo de enquad ramento de corpos de água.
Fonte: Costa e Conejo, 2009.
52 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
Em seguida apresentam-se as diretrizes e critérios respeitantes aos principais
aspectos conducentes à proposta de enquadramento para a bacia do rio São
Francisco.
DIAGNÓSTICO
Na etapa de Diagnóstico devem ser abordados os seguintes aspectos:
• Caracterização geral da bacia hidrográfica e do uso e ocupação do solo;
• Identificação e localização dos usos e interferências;
• Disponibilidade, demanda e condições de qualidade das águas;
• Mapeamento das áreas vulneráveis e suscetíveis a riscos;
• Identificação das áreas reguladas por legislação específica;
• Arcabouço legal e institucional pertinente;
• Políticas, planos e programas locais e regionais;
• Caracterização socioeconômica da bacia hidrográfica;
• Capacidade de investimento em ações de gestão de recursos hídricos;
• Diagnóstico integrado.
Estes aspectos são desenvolvidos adiante com maior detalhe.
Caracterização geral da bacia hidrográfica e do uso e ocupação do solo
A caracterização geral deve incluir a identificação dos corpos de água superficiais e
suas interconexões hidráulicas com corpos de água subterrâneos, em escala
compatível.
Na identificação dos corpos de água superficiais devem ser considerados o rio São
Francisco e os seus principais afluentes, distinguindo e delimitando os trechos com
enquadramento vigente. Devem ser identificados os corpos de água que serão alvo da
atualização do enquadramento, os quais deverão corresponder no mínimo aos trechos
previamente enquadrados.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 53 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
Usos e interferências
Devem ser identificados, localizados e quantificados os usos e interferências que
alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em cada corpo de
água, destacando-se os usos preponderantes.
De acordo com a Resolução CONAMA n.º 357/2005, os usos a identificar , que
alteram a quantidade de água existente em cada corpo de água, são os seguintes:
• Abastecimento para consumo humano;
• Preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas;
• Preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de
proteção integral;
• Proteção das comunidades aquáticas;
• Proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas;
• Recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e
mergulho, conforme Resolução CONAMA n.º 274, de 2000;
• Recreação de contato secundário;
• Irrigação;
• Aquicultura;
• Pesca;
• Dessedentação de animais;
• Navegação;
• Harmonia paisagística.
Entre estes, merecem especial menção os usos de preservação do equilíbrio natural
das comunidades aquáticas e de proteção das comunidades aquáticas, por não terem
identificação óbvia. Assim, para a sua identificação, recomenda-se a consideração das
seguintes indicações:
• Deve ser identificado o uso preservação do equilíbrio natural das
comunidades aquáticas onde exista o objetivo de manter as condições
originais das águas, sem se admitir o lançamento de quaisquer efluentes,
sem que ocorram Unidades de Proteção Integral: serão áreas com
vegetação preservada, especialmente nas cabeceiras das bacias
hidrográficas e em zonas de alta declividade, onde não existe ocupação
humana (de acordo com Agência Nacional de Águas, 2009);
54 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
• O uso de proteção das comunidades aquáticas pode ser identificado em
áreas onde exista o objetivo de proteção da vida aquática sem que se
requeira a manutenção das condições originais de qualidade das águas
(classe Especial): podem ser consideradas com este uso as áreas de
unidades de conservação de uso sustentável, bem como outras áreas
indicadas para proteção, como as Áreas de Proteção Permanente (ex.
áreas de mata ciliar), nos termos da Lei Federal n.º 12.551/2012, alterada
pelas leis n.º 12.651/2012 e n.º 12.727/2012), e áreas definidas como
prioritárias para conservação, nos termos da Portaria do Ministério do Meio
Ambiente n.º 9, de 23 de janeiro de 2007 (de acordo com Agência Nacional
de Águas, 2009).
Os trabalhos de atualização do PRH-SF permitiram identificar a importância da
consideração na bacia do rio São Francisco de outros usos não considerados pela
Resolução CONAMA n.º 357/2005, pelo que se recomenda também a consideração
no escopo da atualização do enquadramento dos recursos hídricos (de acordo com o
sugerido por Agência Nacional de Águas, 2009) do uso industrial e para mineração
(especialmente no estado de Minas Gerais).
Os usos identificados devem ser localizados, incluindo-se as suas coordenadas e
determinando-se o corpo de água e trecho enquadrado respectivo.
Adicionalmente, os usos devem ser caracterizados quanto ao volume de água
captada, incluindo as informações relevantes para a determinação da sua importância
socioeconômica na bacia e do seu enquadramento em classes de qualidade sob a
Resolução CONAMA n.º 357/2005. Especificamente, estas informações devem incluir,
entre outras, as seguintes:
• O uso para abastecimento para consumo humano deve ser caracterizado
quanto ao tipo de tratamento de água, notadamente, simplificado,
convencional ou avançado;
• O uso para irrigação deve ser caracterizado para a cultura, notadamente,
distinguindo os casos de irrigação de hortaliças que são consumidas cruas
de irrigação de outras hortaliças, irrigação de frutas que se desenvolvam
rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película de
irrigação de outras plantas frutíferas, irrigação de culturas arbóreas,
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 55 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
cerealíferas e forrageiras e irrigação de parques, jardins, campos de
esporte e lazer, com os quais o público possa ter contato direto;
• O uso para pesca deve distinguir a pesca profissional e a pesca amadora;
• O uso industrial e para mineração deve incluir o tipo de atividade e o modo
como a água é integrada no processo produtivo (incorporação no produto,
operação de equipamento, etc.).
De acordo com os estudos efetuados no presente trabalho, as fontes de informação a
consultar para a identificação e caracterização dos usos de recursos hídricos
superficiais são, entre outras relevantes, as seguintes:
• Abastecimento para consumo humano: cadastros de outorgas e também,
para a caracterização do tratamento de água, o Atlas Brasil –
Abastecimento Urbano de Água;
• Preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas: informação
de uso do solo produzida pelo IBGE e de características fisiográficas da
bacia (ex. Base Hidrográfica Ottocodificada, Agência Nacional de Águas,
2013);
• Preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de
proteção integral: cadastros federal e estaduais de unidades de
conservação de proteção integral, notadamente, do tipo Estação Ecológica,
Reserva Biológica, Parque Nacional, Monumento Natural, Refúgio da Vida
Silvestre;
• Proteção das comunidades aquáticas: cadastros federal e estaduais de
unidades de conservação de uso sustentável, notadamente, do tipo Área
de Proteção Ambiental, Floresta Nacional, Reserva Extrativista, Reserva
Particular do Patrimônio Natural, informação de cobertura vegetal,
cadastros de áreas prioritárias para conservação do Ministério do Meio
Ambiente e de órgãos gestores das Unidades da Federação;
• Proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas: cadastro de
Terras Indígenas da Fundação Nacional do Índio – FUNAI, considerando
as diferentes modalidades, notadamente: Terras Indígenas
Tradicionalmente Ocupadas (conforme art. 231 da Constituição Federal e
com demarcação pelo Decreto n.º 1.775/96); Reservas Indígenas (terras
doadas por terceiros, adquiridas ou desapropriadas pela União para a
posse permanente dos povos indígenas); Terras Dominiais (propriedade
das comunidades indígenas); Interditadas (pela FUNAI para proteção dos
56 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
povos e grupos indígenas isolados, com restrição de ingresso e trânsito por
terceiros, podem ser ou não demarcadas pelo Decreto n.º 1.775/96);
• Recreação: informação de monitoramento das condições de balneabilidade
e de áreas para a prática de desportos náuticos por prefeituras e orgãos
gestores do meio ambiente (federal e das Unidades da Federação);
• Irrigação, aquicultura, dessedentação de animais, uso industrial: cadastros
de outorgas e de centros integrados de recursos Pesqueiros e Aquicultura
(CIRPAs) da CODEVASF;
• Pesca: informações sobre existência de colônias de pescadores ou de
áreas onde se pratica pesca desportiva, recolhidas junto das prefeituras;
• Navegação: informações sobre a hidrovia do São Francisco da
Administração da Hidrovia do São Francisco (AHSFRA) e da Companhia
de Docas do Maranhão e ainda aquela contida no Plano Hidroviário
Estratégico (MT, 2013a), Plano Nacional de Integração Hidroviária
(ANTAQ, UFASC, 2013), Projeto do Corredor Multimodal do São Francisco
(CMSF, 2015) e Mapa Hidroviário (MT, 2013b).
O inventário de usos deve ser confirmado por trabalho de campo.
Os cadastros de outorgas a consultar devem considerar:
• Cadastro da ANA (ANA, 2015a ou subsequente), referente às outorgas de
direito de uso de recursos hídricos em corpos de água de domínio da
União;
• Os cadastros dos órgãos gestores de recursos hídricos das Unidades da
Federação, notadamente IGAM, APAC, INEMA; SEMARH-AL, SEMARH-
SE, e o Plano de Gerenciamento Integrado de Recursos Hídricos do
Distrito Federal (ECOPLAN, 2012) ou documento subsequente.
Face ao inventário de usos, devem ser identificados os usos preponderantes . De
acordo com Costa e Conejo (2009), entende-se uso preponderante como aquele que
tem mais importância entre todos os usos feitos dos recursos hídricos, não apenas
aquele com maiores volumes captados. Assim, na identificação dos usos
preponderantes de água superficial devem ser privilegiados:
• O uso para abastecimento para consumo humano;
• Os usos associados a unidades de conservação de proteção integral e de
uso sustentável;
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 57 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
• O uso associado a Terras Indígenas;
• Entre os restantes usos, privilegiar aqueles a que estejam associados
maiores volumes de água captada e/ou que possuam maior importância
socioeconômica para a população da bacia.
Deve ser realizada uma análise histórica das necessidades e das utilizações de água
e das tendências de evolução, discriminada pelos vários setores de utilização, tendo
presente os diferentes fatores sociais, econômicos e naturais que expliquem essas
tendências.
Quanto às interferências , estas referem-se geralmente a alteração na qualidade da
água ou no regime dos corpos de água, devendo ser identificadas, entre outras:
• Fontes de poluição pontual, associadas a rejeição de efluentes industriais,
agropecuários e domésticos;
• Fontes de poluição difusa associadas a atividades agropecuárias, despejo
irregular de resíduos sólidos e lançamento de efluentes domésticos no
solo, deficiente drenagem pluvial de zonas urbanas, bem como a
processos naturais de erosão do solo;
• Açudes e reservatórios, notadamente os associados à geração de energia
elétrica, controle de cheias, abastecimento de água e empreendimentos de
irrigação.
A caracterização das fontes de poluição deve permitir a determinação da magnitude
da sua interferência, devendo ser recolhida a seguinte informação para as fontes do
tipo pontual (cf. COSTA; CONEJO, 2009):
• Vazão de captação e lançamento;
• Características do efluente;
• Sazonalidade dos lançamentos;
• Coordenadas geográficas do ponto de lançamento.
Para identificação, localização e quantificação de interferências deverão ser
consultadas as seguintes fontes, entre outras:
• Processos de licenciamento ambiental;
• Cadastros de outorgas de utilização de recursos hídricos, da ANA e dos
órgãos gestores das Unidades da Federação;
58 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
• Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), para
informação sobre atendimento dos municípios por sistemas de saneamento
básico referentes a esgotamento sanitário, coleta de resíduos sólidos e
drenagem pluvial.
Entretanto, deve ser observado que nem todas as interferências estão outorgadas,
notadamente, as referentes às fontes de poluição difusa. Para estas interferências
devem ser desenvolvidas metodologias de estimativa de cargas associadas.
Atualmente as metodologias disponíveis de quantificação das cargas difusas podem
ser classificadas em três tipos (cf. PESSÔA, 2013):
• Unidade de carga: obtenção de cargas poluentes relacionando as
categorias de uso do solo com valores médios de cargas poluentes e
considerando-se as áreas de contribuição com uso de solo homogêneo;
tem a deficiência de não considerar as características hidrológicas e
morfológicas da bacia;
• Concentração média do evento (CME): razão entre a massa de poluente na
bacia e o volume total de escoamento em determinado evento;
conhecendo o evento estabelecem-se, por análises estatísticas, relações
entre o pico do hidrograma, uso do solo e carga poluente, permitindo
estimar o potencial de geração de poluição difusa em cada evento; como
dificuldade esta metodologia tem a necessidade de necessidade de
extenso monitoramento da qualidade da água durante eventos, no espaço
e tempo, com custo significativo;
• Modelos matemáticos de simulação: capazes de simular a relação chuva-
vazão e estimar as cargas poluentes, a partir de dados de monitoramento,
de uso do solo e de fatores de emissão das atividades poluentes e
características da bacia.
Tendo em conta a dimensão da bacia hidrográfica do rio São Francisco recomenda-se
que a estimativa de cargas de poluição difusa se efetue fazendo uso de modelos
matemáticos de simulação, com a vantagem de os mesmos poderem ser utilizados
também para o desenvolvimento da etapa de Prognóstico e na análise regular de
dados de monitoramento.
Esta opção vai ao encontro da ação prioritária para a revitalização da bacia
hidrográfica do rio São Francisco identificada pelo Projeto de Lei n.º 2.988-A, de 2015,
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 59 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
de utilização de modelagens hidrológicas e de sedimentos para elaboração de
cenários presentes e futuros, permitindo o balanço entre oferta e demanda hídrica e a
degradação ambiental da bacia (art. 4º I).
Deverá ser realizado trabalho de campo sempre que se mostre necessário confirmar
as informações de fontes secundárias.
No desenvolvimento dos trabalhos, foram identificadas como principais fontes de
poluição, as abaixo indicadas, para cada região fisiográfica. Face à informação mais
atualizada e completa, tal informação deverá ser revista, nos estudos de atualização
do enquadramento:
• Alto São Francisco: lançamento de esgotos domésticos, lançamento de
efluentes industriais, poluição de origem urbana e agropecuária, atividades
de mineração;
• Médio São Francisco: lançamento de esgotos domésticos, poluição difusa
de origem urbana e agropecuária;
• Submédio São Francisco: lançamento de esgotos domésticos, atividades
agropecuárias, atividades de mineração;
• Baixo São Francisco: lançamento de esgotos domésticos, despejos
irregulares de resíduos sólidos, atividades agrícolas.
Disponibilidade, demanda e condições de qualidade d as águas superficiais
A disponibilidade hídrica superficial deverá ser definida como a quantidade de água
naturalmente disponível na bacia hidrográfica, relacionada à vazão natural dos cursos
de água. Assim, a disponibilidade hídrica é avaliada em um cenário sem qualquer
interferência humana, notadamente, derivações, regularizações, importações ou
exportações de água e usos consuntivos.
A disponibilidade hídrica deverá ser estimada e avaliada com a determinação dos
parâmetros seguintes, se possível ao nível do trecho de corpo de água:
• Vazão média;
• Vazões de permanência de 50, 90 e 95%;
• Vazão característica Q7,10 (vazão mínima de 7 dias de duração para um
período de recorrência de 10 anos).
60 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
Para estes cálculos deverão ser utilizados os dados de vazão obtidos por
monitoramento em estações fluviométricas pela Agência Nacional de Águas e pelo
Operador Nacional do Sistema Elétrico, entre outras fontes relevantes, para o período
mais longo possível, de modo a permitir uma boa estimativa dos referidos parâmetros
de vazão. Deverão ser desenvolvidas metodologias para o preenchimento de lacunas
de dados, notadamente, através de implementação de modelo de chuva-vazão
utilizando dados de estações pluviométricas da Agência Nacional de Águas.
Adicionalmente ao cálculo dos parâmetros de vazão, deverá ser caracterizado o
regime permanente ou intermitente, dos trechos dos corpos de água em análise.
Para os trechos de corpos de água sem monitoramento de vazão deverá ser, sempre
que possível, empreendido trabalho de campo que permita a validação das medidas
de estimativa de vazão utilizadas. Este monitoramento deverá ser essencial para a
caracterização dos rios intermitentes da bacia. De acordo com a ANA (2015f) os
seguintes corpos de água da bacia têm a quase totalidade da sua extensão (mais de
85%) em regime intermitente:
• Submédio São Francisco: rio Salitre e rio Moxotó;
• Baixo São Francisco: rio Capiá, rio Ipanema, Rio Traipú e Riacho Jacaré.
A demanda de águas superficiais é definida pela vazão de consumo (diferença entre
vazão de retirada e de vazão de retorno) dos usos consuntivos, podendo ser obtida
dos cadastros de outorgas.
Caso as outorgas sejam pouco representativas da demanda, devido à existência de
usos não outorgados, devem ser desenvolvidas metodologias de estimativa de
consumos de água. Para estas metodologias deverão ser consultados procedimentos
específicos utilizados pela Agência Nacional de Águas ou por órgãos gestores das
Unidades da Federação.
A determinação das condições de qualidade das águas superficiais deverá
consistir na identificação da classe de qualidade e dos respectivos usos, nos termos
da Resolução CONAMA n.º 357/2005, a que os corpos de água atendem atualmente,
devendo ainda ser identificados os parâmetros críticos que determinam a condição
das águas (cf. COSTA; CONEJO, 2009). Esta determinação deverá ser individualizada
para cada trecho de corpo de água alvo do processo de enquadramento.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 61 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
Para este processo devem ser utilizados os dados de monitoramento mais recentes
disponíveis nas redes de estações de amostragem disponíveis na bacia hidrográfica,
de gerência de diversos órgãos federais e estaduais. Estes dados compreendem,
entre outros, os fornecidos pelas seguintes fontes de informação:
• Rede Nacional de Monitoramento de Qualidade das Águas da Agência
Nacional de Águas, conforme Resolução n.º 903/2013;
• Rede de monitoramento para o estado de Minas Gerais (informação no
Portal do IGAM, 2015);
• Rede de monitoramento do Programa Monitora para o estado da Bahia
(informação no Portal do INEMA, 2015);
• Dados de monitoramento para outras Unidades da Federação, a recolher
junto dos órgãos gestores de recursos hídricos, bem como em estudos
científicos de universidades e institutos;
• Rede de monitoramento de mananciais por empresas operadoras de
sistemas de abastecimento público;
• Rede de monitoramento de reservatórios de operadores de hidrelétricas.
Devem ser desenvolvidas metodologias para a manipulação e interpretação de
conjuntos de dados com falhas, de forma a se considerar o maior conjunto possível de
dados para melhorar as interpretações realizadas sobre a condição das águas.
Tendo em conta o grande número de parâmetros considerado pela Resolução
CONAMA n.º 357/2005 para a definição das classes de enquadramento, recomenda-
se que a análise para determinação da condição das águas seja restringida a um
conjunto de parâmetros prioritários. Estes parâmetros deverão incluir, entre outros:
• Parâmetros em desacordo com o enquadramento vigente em cada trecho
de corpo de água, de acordo com os boletins e relatórios de qualidade da
água emitidos pelas entidades gestoras de recursos hídricos;
• Parâmetros associados aos usos preponderantes identificados em cada
trecho de corpo de água.
É importante que o mesmo conjunto de parâmetros seja utilizado na avaliação da
condição das águas nas várias regiões fisiográficas, corpos de água e trechos de
corpo de água, de forma a possibilitar a realização de análises de continuidade de
problemas de qualidade das águas.
62 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
Neste processo, cada parâmetro deve ser analisado individualmente, devendo evitar-
se a análise de índices de qualidade das águas.
Nos estudos de atualização do PRH-SF foram detectados diversos trechos de corpos
de água sem monitoramento, o que não permitiu a avaliação da condição atual de
qualidade das suas águas, notadamente:
• Rio Verde Pequeno: da confluência do rio Cova da Mandioca até foz no rio
Verde Grande;
• Rio Carinhanha: das nascentes até confluência com córregos Lorena e
Sabão;
• No Submédio São Francisco: rio Moxotó;
• No Baixo São Francisco: rio Capiá, rio Ipanema, rio Traipú, rio Piauí.
Para estes trechos recomenda-se a realização de amostragem de qualidade das
águas para o conjunto de parâmetros prioritários em duas campanhas anuais (uma em
estação seca e outra em estação úmida) durante pelo menos um ano, por forma a
permitir a avaliação da sua condição atual de qualidade das águas. A amostragem de
qualidade de águas deverá ser sempre acompanhada de medida de vazões, de forma
a permitir a estimativa de cargas poluentes e subsidiar a simulação de qualidade de
águas a realizar na etapa de Prognóstico.
De entre estes trechos, recomenda-se que tenham prioridade para a realização de
amostragem os que interceptam unidades de conservação de proteção integral ou
Terras Indígenas, por estarem associados a um enquadramento de referência mais
exigente quanto à qualidade das águas. À época da realização dos estudos de
atualização do PRH-SF determinou-se estarem nestas condições os seguintes:
• Rio Moxotó: terras indígenas Fazenda Cristo Rei e Tuxá de Inajá;
• Rio Ipanema: terras indígenas Xukuru, Xukuru de Cimbres e Fulni-ô.
A implementação em pleno da Rede Nacional de Monitoramento de Qualidade das
Águas (RNQA), prevista até 2020, permitirá o aprimoramento da rede de
monitoramento da qualidade das águas superficiais assegurando na bacia hidrográfica
do rio São Francisco uma densidade mínima de 1 ponto por 1.000 km (total de 640
pontos; ANA, 2015) e contemplando um conjunto mínimo de parâmetros para
monitoramento da qualidade físico-química, microbiológica, biológica e nutrientes
(Resolução ANA, n.º 903/2013). A RNQA prevê pontos de monitoramento em alguns
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 63 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
dos rios não monitorados pelas redes atuais. Desta forma, as informações coletadas
pela RNQA constituirão um importante subsídio para atualização do enquadramento
da bacia.
A avaliação da condição atual de qualidade das águas efetuada para o presente plano,
faz realçar contudo a necessidade de alterar os requisitos mínimos de operação da
RNQA de acordo com as especificidades regionais, notadamente, para os rios
intermitentes, tal como previsto pelo art. 15º da Resolução n.º 903/2013.
Mapeamento das áreas vulneráveis e suscetíveis a ri scos
A Resolução n.º 91 do CNRH, de 5 de novembro de 2008, estabelece que devem ser
considerados os riscos e efeitos de poluição, contaminação, superexplotação,
escassez de água, conflitos de uso, cheias, erosão, entre outros.
Deve ser dada particular atenção à influência das prováveis alterações climáticas na
alteração das áreas vulneráveis e suscetíveis a riscos.
Identificação das áreas reguladas por legislação es pecífica
Deve ser realizada a caracterização das áreas regulamentadas por legislação
específica na bacia, incluindo:
• Identificação, zoneamento, descrição e estado atual da área;
• Descrição da legislação específica pela qual estão abrangidas, com
referência às sucessivas atualizações (em particular as diretrizes e normas
aplicáveis à ocupação do solo);
• Identificação de conflitos e problemas ambientais associados a áreas
ameaçadas e degradadas por atividades antrópicas.
Nesta identificação devem ser incluídas, entre outras que se mostrem relevantes para
a atualização e efetivação do enquadramento, as áreas de unidades de conservação
de proteção integral e de uso sustentável e as Terras Indígenas.
64 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
Arcabouço legal e institucional pertinente
No arcabouço legal deverão ser identificados e analisados os diplomas legais para o
estabelecimento e efetivação do enquadramento. Assim, deve ser a seguinte
legislação:
• Legislação referente ao estabelecimento e atualização do enquadramento
dos corpos de água;
• Legislação referente ao estabelecimento e regulação de unidades de
conservação de proteção integral e de uso sustentável;
• Legislação referente ao estabelecimento e regulação de Terras Indígenas.
O arcabouço institucional deverá incluir a identificação e caracterização de
competências e capacidade de intervenção na gestão dos recursos hídricos das
entidades relevantes para a efetivação do enquadramento, com destaque para as
seguintes:
• Os órgãos gestores de recursos hídricos e meio ambiente ao nível Federal
e das Unidades da Federação, incluindo os constituintes do Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos;
• O Conselho Nacional de Recursos Hídricos;
• Os Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal;
• As agências de águas;
• Os comitês das bacias hidrográficas do rio São Francisco e seus afluentes;
• As prefeituras;
• Organizações não governamentais;
• Associações de setores de atividade econômica;
• FUNAI e representantes de comunidades indígenas;
• Órgãos gestores da conservação da natureza.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 65 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
Políticas, planos e programas locais e regionais
As políticas, planos e programas locais e regionais a inventariar devem incluir aqueles
que focam especificamente os recursos hídricos, bem como aqueles que têm
relevante influência socioeconômica na bacia hidrográfica e, assim, possam
determinar os usos atuais e futuros destes recursos hídricos.
A Resolução n.º 91 do CNRH, de 5 de novembro de 2008, estabelece que devem ser
considerados especialmente os planos setoriais (ex.: saneamento), de
desenvolvimento socioeconômico, plurianuais governamentais e planos estaduais,
diretores dos municípios e ambientais e os zoneamentos ecológico econômico,
industrial e agrícola.
Para a necessária conformidade da atualização do enquadramento com o PRH
recomenda-se que se considerem, entre outros relevantes, as políticas, planos e
programas considerados na atualização do PRH.
Para cada um dos planos e programas identificados devem ser avaliados os efeitos
observados e esperados da sua implementação, tendo presente a realidade regional e
local, bem como os horizontes temporais associados.
O conhecimento das ações em curso e previstas permitirá a articulação conjunta de
medidas, a concertação dos financiamentos, a redução de custo e a criação de
sinergias de atuação para a proteção dos recursos hídricos.
Caracterização socioeconômica da bacia hidrográfica
A caracterização socioeconômica da bacia deve reunir a informação necessária para o
entendimento da influência socioeconômica nos recursos hídricos, notadamente,
através de usos e interferências, e subsidiar o exercício de projeção a efetuar em fase
de Prognóstico.
66 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
Capacidade de investimento em ações de gestão de re cursos hídricos
Devem ser inventariadas e quantificadas as fontes de financiamento, atuais e futuras
das entidades com responsabilidade e capacidade em ações de gestão de recursos
hídricos, notadamente aquelas consideradas no arcabouço institucional.
Diagnóstico integrado
Os estudos anteriores serão utilizados para elaboração de um diagnóstico integrado
da situação atual, identificando as principais condicionantes e vulnerabilidades, a
dinâmica econômica e social no território e os processos de intervenção antrópica com
interferência potencial nos recursos hídricos, as situações críticas existentes e
potenciais e suas relações de causa e efeito, as potencialidades e os requisitos
básicos para o desenvolvimento sustentável.
Esta análise integrada, essencial ao desenvolvimento das fases seguintes, deverá ser
suportada por uma análise SWOT para identificação dos aspectos relevantes na
avaliação das tendências evolutivas e no seu posicionamento face a um entorno com
dinâmicas próprias, notadamente forças, fraquezas, oportunidades e ameaças.
PROGNÓSTICO
A etapa de Prognóstico culmina com a apresentação das alternativas de
enquadramento, consistindo nos trabalhos de previsão da condição futura de
qualidade das águas face a cenários de evolução dos usos e das interferências da
água.
Devem ser avaliados os impactos sobre os recursos hídricos advindos da
implementação dos planos e programas de desenvolvimento previstos, considerando a
realidade regional com horizontes de curto, médio e longo prazos.
Para esta avaliação devem ser formuladas projeções consubstanciadas em estudos
de simulação, focando a evolução dos seguintes aspectos:
• Potencialidade, disponibilidade e demanda de água;
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 67 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
• Cargas poluidoras de origem urbana, industrial, agropecuária e de outras
fontes causadoras de alteração, degradação ou contaminação dos
recursos hídricos superficiais e subterrâneos;
• Condições de quantidade e qualidade dos corpos hídricos;
• Usos pretensos de recursos hídricos, considerando as características
específicas da bacia.
As projeções devem ser efetuadas considerando:
• Os diferentes cenários de uso e ocupação do solo, previstos nos planos e
políticas públicas;
• Os horizontes e prazos das projeções estabelecidos pela entidade
responsável pela proposta de enquadramento, considerando as
recomendações existentes para a bacia hidrográfica, formuladas pelo
Comitê de Bacia Hidrográfica, pelo órgão gestor de recursos hídricos ou
pelo Conselho de Recursos Hídricos competente;
Partindo dos resultados da fase de Diagnóstico e das informações obtidas em
Consulta Pública, consubstanciadas no Diagnóstico Consolidado, o exercício de
Prognóstico é efetuado com base na definição de um conjunto de aspectos, que
materializam a ideia desejada para os corpos de água futuros da bacia (“a água que
queremos ter”). Temos assim:
Para as águas superficiais:
• A seleção da vazão de referência dos corpos de água, isto é, aquela em
que o enquadramento será atendido e em que será avaliado o acordo da
condição das águas com a meta de enquadramento;
• A definição dos usos preponderantes desejados por trecho dos corpos de
água, notadamente, os usos que se pretende assegurar atendimento pelo
enquadramento;
• A seleção dos parâmetros prioritários, os quais serão utilizados para a
simulação das cargas poluidoras e para a avaliação do acordo face às
metas de enquadramento;
• Os cenários de evolução das cargas poluidoras e usos/demandas de água.
Face aos estudos desenvolvidos no âmbito da atualização do PRH-SF apresentam-se
em seguida recomendações para estes aspectos da etapa de Prognóstico.
68 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
Vazão de referência
A vazão de referência é a vazão do corpo hídrico utilizada como base para o processo
de gestão, tendo em vista o uso múltiplo das águas, de acordo com a Resolução
CONAMA n.º 357/2005 (art. 2º).
Esta vazão define-se como a vazão mínima a ser considerada para garantir que a
condição de qualidade de água é compatível com os usos preponderantes
considerados no enquadramento, durante a maior parte do tempo (COSTA; CONEJO,
2009). Assim, será também esta a vazão a utilizar para o monitoramento do alcance
das metas do enquadramento.
Para a seleção da vazão de referência deverá ser escolhido para a simulação de
prognóstico e para o monitoramento do enquadramento, um dos parâmetros
caracterizadores de vazão, determinados em fase de diagnóstico da disponibilidade
hídrica: média, de permanência de 50, 90 ou 95% ou característica Q7,10.
A vazão de referência considerada como base para o estabelecimento das alternativas
de enquadramento afeta a frequência de atendimento do enquadramento, traduzindo a
exigência que se coloca à efetivação de enquadramento.
Na Deliberação CBHSF n.º 12, de 30 de julho de 2004, que apresenta a proposta de
enquadramento dos corpos de água estabelecida com o PRH-SF 2004-2013, adota-se
(art. 3º) como vazão de referência para o enquadramento da bacia hidrográfica a
vazão de permanência de 95%. No processo de reenquadramento deverá ser
reavaliada esta escolha, face a novas informações disponíveis.
Usos preponderantes desejados
Considerando o exercício de cenarização de desenvolvimento e prognóstico efetuado
para a atualização do PRH-SF, o qual prevê a manutenção dos usos da água atuais,
será expetável que, no exercício de atualização do enquadramento, os usos
preponderantes a considerar no prognóstico devam incluir os usos preponderantes
atuais determinados na etapa de Diagnóstico Consolidado.
Ao nível de cada trecho de corpo de água/corpo de água subterrânea é necessário
contabilizar possíveis novos usos, resultantes de planos e programas analisados em
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 69 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
fase de Diagnóstico bem como de expetativas das comunidades da bacia,
consubstanciadas no Diagnóstico Consolidado, por via da Consulta Pública.
Recomenda-se que neste processo de definição de usos preponderantes devam ter
atenção especial os usos referentes às unidades de conservação e às Terras
Indígenas, por estarem associadas geralmente a usos mais exigentes da condição de
qualidade das águas.
De fato, o diagnóstico efetuado para a atualização do PRH-SF (RP1A – Diagnóstico da
Dimensão Técnica e Institucional) permitiu verificar que parte importante do número de
unidades de conservação da bacia (cerca de um terço) foi criada após o PRH-SF
2004-2013 (2004, cf. Diagnóstico da Dimensão Técnica e Institucional, Volume 2 –
Caracterização da bacia hidrográfica, 2ª Parte). É ainda possível a criação no futuro de
novas unidades de conservação na bacia, que afetarão os usos dos trechos de corpos
de água.
Para a atualização do PRH-SF foi detectado o uso de proteção das comunidades
aquáticas em Terras Indígenas nos seguintes trechos de corpos de água:
• Rio Pará (da confluência com rio Itapecerica até confluência com rio São
Francisco): Kaxixó
• Rio Peruaçu: Xacriabá;
• Rio São Francisco: Truká; Rio Moxotó: Fazenda Cristo Rei, Tuxá de Inajá;
• Rio Ipanema: Xukuru, Xukuru de Cimbres e Fulni-ô.
Entretanto, é também possível que sejam demarcadas novas Terras Indígenas. Os
estudos efetuados para a atualização do PRH-SF permitiram identificar diversos
municípios intersetados pelos principais cursos de água da bacia em que foram
identificadas aldeias indígenas (cf. RP1A - Diagnóstico da Dimensão Técnica e
Institucional, Volume 2 – Caracterização da bacia hidrográfica, 1ª Parte), cuja
regularização de terras poderá ainda estar por realizar. Esta eventual regularização
poderá consubstanciar novos usos para os corpos de água que interceptam estes
municípios, notadamente:
• Rio São Francisco (até divisa estadual MG/BA): municípios de Martinho
Campos, Pompéu e Itacarambi;
• Rio São Francisco (entre a divisa estadual BA/PE e a divisa estadual
BA/SE): municípios de Cabrobó, Floresta, Itacuruba, Jatobá, Orocó,
70 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
Petrolândia, Santa Maria da Boa Vista, Curaçá, Glória, Ibotirama, Muquém
de São Francisco, Paulo Afonso, Rodelas, Abaré, Serra do Ramalho e
Sobradinho;
• Rio Salitre: município de Morro do Chapéu;
• Rio Moxotó: municípios de Ibimirim, Inajá, Jatobá, Sertânia, Tacaratu,
Pariconha;
• Rio São Francisco (a jusante da divisa estadual BA/SE): municípios de
Porto Real do Colégio, São Brás e Traipu;
• Rio Pará: municípios de Martinho Campos e Pompéu;
• Rio Paraopeba: município de Pompéu;
• Rio Peruaçu: município de Itacarambi;
• Rio Preto (afluente do rio Paracatu): município de Santa Rita de Cássia;
• Rio Carinhanha: município de Cocos;
• Rio Itaguari: município de Cocos;
• Rio Corrente: município de Serra do Ramalho;
• Rio Formoso: município de Cocos;
• Rio Grande: município de Cotegipe;
• Rio Capiá: municípios de Itaíba e Inhapi;
• Rio Ipanema: municípios de Pedra, Pesqueira, Águas Belas, Buíque, Itaíba,
Pedra e Tupanatinga;
• Rio Traipú: município de Traipú.
Deverá ainda ser tida em consideração a possível modificação dos usos de
abastecimento de água para consumo humano e de irrigação.
De fato, os estudos realizados para a atualização do PRH-SF permitiram detectar que,
em vários trechos de corpos de água da bacia onde existe o uso para abastecimento
para consumo humano, a condição atual das águas poderá ser inadequada ao grau de
tratamento efetuado, tendencialmente exigindo-se um tratamento mais completo.
Encontram-se nesta situação trechos dos rios seguintes:
• Rio São Francisco: entre as confluências com rios Pará e Paracatu, entre
confluências com rios Corrente e Grande, entre a divisa BA / PE e a
represa de Itaparica, após a represa de Itaparica;
• Rio Paraopeba: após confluência com rio Maranhão;
• Rio das Velhas;
• Rios Paracatu e Preto: da confluência com o rio Escuro até foz;
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 71 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
• Rio Gorutuba;
• Rio Carinhanha: após confluência com rio Itaquari;
• Rio Grande: entre confluência com rio das Fêmeas e rio das Ondas;
• Rios Verde e Jacaré;
• Rio Salitre.
Nos trechos onde existe o uso para irrigação, poderá ser alterada a cultura, o que
exigirá a redefinição do uso, uma vez que esta influi na condição de qualidade da água
exigida.
Deverá ainda ser contabilizado o uso industrial. De acordo com Agência Nacional de
Águas (2009) este uso deverá ser ponderado considerando o tipo de indústria e a
qualidade de água exigida: por exemplo, caso a água seja incorporada em produtos
alimentares, esse uso industrial deverá ser contabilizado como uso de água para
abastecimento para consumo humano.
Em geral, a seleção dos usos preponderantes deverá ter ainda em conta o processo
de enquadramento das águas subterrâneas da bacia, notadamente a sua fase de
Prognóstico, já que se poderá processar no futuro transferência de uso de recursos
hídricos superficiais para subterrâneos e no sentido contrário, por variação de
disponibilidade nos recursos hídricos.
Parâmetros prioritários
Os parâmetros prioritários selecionados servirão de base para a definição de ações
prioritárias de prevenção e controle da qualidade da água.
Sendo as fontes de poluição pontuais mais controláveis em termos de medidas para a
efetivação do enquadramento, e sendo também aquelas cuja interferência será mais
facilmente perceptível às comunidades da bacia, os parâmetros prioritários deverão
ser escolhidos principalmente entre os parâmetros que caracterizam a interferência de
fontes de poluição pontual nos corpos de água, notadamente, aqueles que
determinam a condição atual de qualidade das águas.
Deve ser escolhido um reduzido conjunto de parâmetros, por forma a facilitar o
processo de simulação na etapa de Prognóstico e de monitoramento futuro da
efetivação do enquadramento (cf. COSTA; CONEJO, 2009).
72 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
A Deliberação CBHSF n.º 12, de 30 de julho de 2004, que apresenta a proposta de
enquadramento dos corpos de água superficiais estabelecida no PRH-SF 2004-2013,
estabelece (art. 4º) que sejam adotados como parâmetros mínimos prioritários para o
enquadramento a DBO, oxigênio dissolvido e turbidez.
Os trabalhos de atualização do PRH-SF permitiram concluir pela existência das
seguintes fontes poluidoras principais e principais parâmetros associados em
desacordo com as metas de enquadramento:
• Lançamento de esgotos domésticos: ao longo de toda a bacia, traduzindo-
se em concentrações elevadas de coliformes termotolerantes, E. coli, DBO;
• Lançamento de efluentes industriais: no estado de Minas Gerais,
justificando níveis elevados para os metais, fenóis e o cianeto;
• Atividades agropecuárias e minerárias: ao longo de toda a bacia, mas de
forma mais preponderante a jusante da divisa estadual BA/PE,
influenciando, através da contaminação difusa, a concentrações
inadequadas para os parâmetros fósforo e compostos de azoto, DBO,
turbidez e Oxigênio Dissolvido.
No processo de reenquadramento das águas superficiais deve ser reavaliada a
escolha de parâmetros prioritários pela referida deliberação, face à nova informação
disponível.
Cenários de evolução das cargas poluidoras e usos/d emandas da água
Por forma a assegurar uma boa compatibilização entre o PRH-SF e a atualização do
enquadramento, tal como estabelecido pela Resolução n.º 91 do CNRH, de 5 de
novembro de 2008, é conveniente que os cenários adotados no Prognóstico
considerem, no possível, os adotados no RP3 – Cenários de Desenvolvimento e
Prognósticos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (Volume 1 – Relatório):
• Cenário tendencial ou base (B): evolução sem alteração, ou de forma
pouco incisiva ou menos fraturantes das tendências observadas na
situação atual em termos de políticas, usos e interferências na condição
das águas;
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 73 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
• Cenário menos pressionante dos corpos de água (A): evolução mais
favorecedora da compatibilização entre os diversos usos da água e com
uma evolução política conducente a uma menor interferência na qualidade
dos corpos de água;
• Cenário mais pressionante dos corpos de água (C): no qual a evolução
tende para uma situação mais desfavorável que a atual em termos de
compatibilização dos usos e no sentido de uma maior interferência na
qualidade dos corpos de água.
Os horizontes de cenarização são, na atualização do PRH-SF, os de 2020, 2025, 2030
e 2035, pelo que se recomenda que os horizontes considerados para a atualização do
enquadramento sejam, no possível, coincidentes.
ELABORAÇÃO DAS ALTERNATIVAS DE ENQUADRAMENTO
Alternativas de enquadramento
As alternativas de enquadramento dos corpos de água deverão ser desenvolvidas de
forma iterativa face aos resultados do prognóstico de potencialidade, disponibilidade e
demanda de água, cargas poluidoras, condições de quantidade e qualidade dos
corpos hídricos e dos usos pretensos de recursos hídricos.
Neste processo deverão ser tidos em consideração os usos pretensos,
consubstanciação da visão desejada para a água da bacia hidrográfica, e o custo
associado ao atendimento do enquadramento, traduzido na diferença entre a condição
de qualidade de água prevista e a classe de enquadramento proposta. Deverá ainda
ser considerada a disponibilidade de tecnologia para efetuar a redução de cargas
poluentes. Deste confronto resultará a visão da ”água que podemos ter”,
consubstanciada nas alternativas de enquadramento.
Parte integrante deste processo iterativo será a identificação de:
• Trechos de corpos de água com usos preponderantes compatíveis com a
condição atual de qualidade de águas, para os quais o enquadramento já
se encontra efetivo;
• Trechos de corpos de água com parâmetros em desacordo com a classe
de qualidade do enquadramento pretendido para o corpo de água, onde
74 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
será requerida a implantação de metas progressivas e efetivação do
enquadramento;
• Custos das ações necessárias à efetivação do enquadramento;
• Fontes de financiamento para implementação destas ações, notadamente
considerando a informação reunida na etapa de Diagnóstico (de
atualização do enquadramento) sobre as instituições atuantes na gestão da
bacia e suas fontes de financiamento.
A informação reunida para a atualização do PRH-SF permitiu verificar que a condição
atual de qualidade das águas não está em acordo com a meta final do enquadramento
vigente em grande parte do rio São Francisco, especialmente no estado de Minas
Gerais, e em diversos trechos das bacias dos rios afluentes, predominantemente
também naqueles a montante da divisa estadual MG/BA. Como em alguns corpos de
água não existe informação de monitoramento para avaliar o acordo com a meta de
enquadramento (caso dos afluentes pernambucanos e alagoanos do rio São
Francisco), a situação atual pode ainda ser mais desfavorável.
Mesmo nos trechos em que existe acordo com a meta do enquadramento vigente, em
diversos casos não existe compatibilidade entre a qualidade das águas e alguns usos
preponderantes, possibilitando a ocorrência de uma condição de qualidade de águas
imprópria. Estão nesta situação os usos de preservação das comunidades aquáticas
em unidades de conservação de proteção integral e de proteção das comunidades
aquáticas em Terras Indígenas, os quais requerem condição de águas conforme
classe Especial e classe 1, respectivamente. Estão nesta situação, notadamente, os
seguintes corpos de água nos estados de Minas Gerais e Bahia:
• Rio São Francisco: com meta de enquadramento vigente em classe 2 o uso
associado às unidades de conservação de proteção integral Parque
Nacional Cavernas do Peruaçú, Parques Estaduais Lagoa do Cajueiro e
Mata Seca exigiram uma meta de enquadramento em classe Especial;
• Rio Peruaçú: com meta de enquadramento vigente em classe 2 os usos
associados a duas unidades de conservação de proteção integral (Parque
Estadual Veredas do Peruaçú e Parque Nacional Cavernas do Peruaçú) e
à Terra Indígena Xacriabá exigiriam uma meta de enquadramento em
classe Especial e classe 1, respectivamente;
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 75 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
• Rio Verde Grande: com meta de enquadramento vigente em classe 2 o uso
associado à unidade de conservação de proteção integral Parque Estadual
Verde Grande exigiria uma meta de enquadramento em classe Especial;
• Rio Carinhanha: com meta de enquadramento vigente em classe 1, o uso
associado à unidade de conservação de proteção integral Parque Nacional
Grande Sertão Veredas exigiria um enquadramento em classe Especial;
• Rio Formoso e rio Pratudão (afluentes do rio Corrente): com meta de
enquadramento vigente em classe 2 o uso associado à unidade de
conservação de proteção integral Refúgio de Vida Silvestre Veredas do
Oeste Baiano exigiria uma meta enquadramento em classe Especial;
• Rio Preto (afluente do rio Grande): com meta de enquadramento vigente
em classe 2 o uso associado à unidade de conservação de proteção
integral Estação Ecológica do Rio Preto, na cabeceira do corpo de água,
exigiria uma meta de enquadramento em classe Especial.
Entretanto, a compatibilização da condição de qualidade das águas com os usos
preponderantes deve ser efetuada considerando os usos múltiplos. Desta forma, a
definição de meta de enquadramento em classe Especial para trechos de cursos de
água em unidades de conservação de proteção integral a jusante de trechos onde, em
virtude dos seus usos preponderantes, existe meta menos exigente poderá não ser
viável, uma vez que nas águas de classe Especial as condições naturais de qualidade
devem ser mantidas. Este é o caso dos trechos seguintes:
• Rios São Francisco e Peruaçú que atravessam o Parque Nacional
Cavernas do Peruaçú e os Parques Estaduais Lagoa do Cajueiro e Mata
Seca, os quais se localizam a jusante de outros usos da água (Terra
Indígena, irrigação e industrial / minerário) que poderão potencialmente
interferir na condição de qualidade das águas;
• Rio Urucuia no atravessamento da unidade de conservação Reserva de
Biosfera Sagarana-Barra / Sagarana Logradouro;
• Rio Verde Grande no atravessamento da unidade de conservação Parque
Estadual Verde Grande;
• Rio São Francisco no atravessamento das unidades de conservação
Monumento Natural do Rio São Francisco e Monumento Natural Grota do
Angico.
76 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
Contudo, estas situações são pontuais na bacia hidrográfica no rio São Francisco,
sendo que em geral as unidades de conservação de proteção integral se localizam na
cabeceira dos cursos de água, onde os outros usos de água são insignificantes,
possibilitando a adequação da meta final de enquadramento conforme a Resolução
CONAMA n.º 357/2005.
Deve ainda, na região do Semiárido, ser feita a identificação do regime (permanente
ou intermitente) dos cursos de água e a delimitação dos trechos intermitentes. De
acordo com a informação reunida para o Plano os rios Verde, Jacaré e Salitre na
Bahia e os rios Moxotó, Capiá, Ipanema e Traipú possuem trechos intermitentes. A
redução da disponibilidade hídrica por conflitos de uso de águas superficiais e
subterrâneas, bem por influência das prováveis alterações climáticas poderão alterar a
extensão dos trechos de regime intermitente.
Atualmente os rios Verde, Jacaré e Salitre não têm meta final de enquadramento
definido, sendo que os rios Verde e Jacaré e vários trechos intermitentes do rio Salitre
não foram considerados na proposta de enquadramento efetuada pelo PRH-SF 2004-
2013 devido a seu regime intermitente.
Os cursos de água sem meta de enquadramento definida têm, em termos
operacionais, pelo art. 42º da Resolução CONAMA n.º 357/2005, enquadramento por
classe 2 se águas doces, e classe 1 se águas salobras. Tal como realçado no estudo
de Pessôa (2013) este processo de ausência de definição da meta de enquadramento
tem dois efeitos nefastos:
• A consideração em todo o corpo de água de uma única classe de
qualidade, que equivale a assumir-se uma capacidade de assimilação de
cargas poluidoras maior que a real, o que origina a deterioração da
qualidade das águas;
• A ausência de controle dos usos da água, o que poderá originar
deterioração de maior significância.
A circunstância de ocorrência de água salobra, torna a ausência de definição da meta
de enquadramento uma situação mais gravosa que quando ocorrente em água doce,
uma vez o uso para abastecimento para consumo humano, prioritário no Semiárido,
requer qualidade superior nas águas salobras que nas águas doces (PESSÔA, 2013).
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 77 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
Estes casos deverão ser particularmente considerados no desenvolvimento das
alternativas de enquadramento. Notadamente, a ausência dos trechos intermitentes
das alternativas de enquadramento não deverá ser mantida.
Tendo em conta os usos preponderantes da bacia hidrográfica do rio São Francisco
verifica-se que em geral a proposta de enquadramento do PRH-SF 2004-2013 permite
atender a algumas insuficiências do enquadramento vigente, notadamente:
• A situação de ausência de definição de meta final de enquadramento para
alguns dos principais corpos de água da bacia hidrográfica, como os rios
Jequitaí, Gorutuba, Corrente, Grande e Salitre;
• Melhorar o atendimento de usos associados a unidades de conservação de
proteção integral situadas nas cabeceiras dos rios Jequitaí, Peruaçú, Preto
(afluente do rio Grande), Carinhanha e Formoso / Pratudão (afluentes do
rio Corrente) através do estabelecimento de classe Especial ou classe 1
como meta final de enquadramento, em alternativa à classe 2;
• Melhorar o atendimento ao uso da água no rio Peruaçú na Terra Indígena
Xacriabé, através do estabelecimento de classe 1 como final de
enquadramento;
• Compatibilizar o enquadramento do rio das Velhas com a Meta 2014 –
Consolidar a volta dos peixes e nadar no rio das Velhas na RMBH em
2014, pelo estabelecimento de meta final de enquadramento em classe 2
para todo o rio das Velhas.
Como principal lacuna da proposta de enquadramento do PRH-SF 2004-2013
assinala-se a ausência de meta de enquadramento para os trechos intermitentes dos
corpos de água, notadamente nos rios Salitre, Verde e Jacaré.
Embora a situação no atendimento pelo enquadramento dos usos preponderantes
mais restritivos (unidades de conservação de proteção integral e terras indígenas)
tenha melhorado em geral com esta proposta, continuam sendo verificadas situações
em que a qualidade das águas requerida pela Resolução CONAMA n.º 357/2005 não
está assegurada pela meta de enquadramento:
• Rio Pará no atravessamento da Terra Indígena Kaxixó;
• Rio Urucuia no atravessamento da Reserva de Biosfera Sagarana-Barra /
Sagarana Logradouro, que fica com meta em classe 2, em alternativa à
classe Especial, requerida pela Resolução CONAMA n.º 357/2005;
78 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
• Rio Peruaçú das nascentes ao limite do Parque Estadual Veredas do
Peruaçú, que fica com meta em classe 1, em alternativa à classe Especial,
requerida pela Resolução CONAMA n.º 357/2005;
• Rio Verde Grande no atravessamento do Parque Estadual Verde Grande;
• Rios Carinhanha e Formoso / Pratudão (afluentes do rio Corrente), no
atravessamento do Parque Nacional Grande Sertão Veredas e Refúgio de
Vida Silvestre Veredas do Oeste Baiano, que ficam com meta em classe 1,
em alternativa à classe Especial, requerida pela Resolução CONAMA n.º
357/2005;
• Rio São Francisco no atravessamento das unidades de conservação
Monumento Natural do Rio São Francisco e Monumento Natural Grota do
Angico e no atravessamento da Terra Indígena Truká, que se mantém com
meta em classe 2;
• Rio Moxotó no atravessamento das terras indígenas Fazenda Cristo Rei,
Tux de Inajá, que se altera de meta em classe 1 no enquadramento vigente
para meta em classe 2;
• Rio Ipanema no atravessamento da Terra Indígena Funil-ô, que se mantém
com meta em classe 2.
De acordo com os usos preponderantes, fontes de poluição e número de parâmetros
em desacordo com a meta de enquadramento vigente, identificados no presente
Plano, considera-se que na elaboração das alternativas de enquadramento deve ser
estudada, caso a condição de qualidade das águas revelada por monitoramento e a
reavaliação dos usos preponderantes o permita, a possibilidade da seguinte alteração
à proposta efetuada pelo PRH-SF 2004-2013, no sentido de assegurar os usos
preponderantes mais restritivos:
• Extensão da meta de classe 1 no rio Urucuia de modo a incluir o trecho que
atravessa a Reserva de Biosfera Sagarana-Barra / Sagarana Logradouro;
• Estabelecer como meta final do enquadramento a classe Especial no
trecho do rio Peruaçú das nascentes até ao limite do Parque Estadual
Veredas do Peruaçú;
• Extensão da meta de classe Especial no rio Carinhanha para incluir o
trecho em atravessamento do Parque Nacional Grande Sertão Veredas;
• Manutenção do rio Moxotó com meta de enquadramento em classe 1, para
assegurar os usos nas terras indígenas Fazenda Cristo Rei e Tux de Inajá;
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 79 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
• Extensão (de montante para jusante) da meta de classe 1 no Rio Ipanema
para incluir o atravessamento da Terra Indígena Funil-ô.
Note-se que, no caso do rio Peruaçú, a alteração proposta está contemplada na
proposta de enquadramento apresentada pelo Plano Diretor de Recursos Hídricos da
Bacia Hidrográfica do Rio Pandeiros (ECOPLAN/LUME/SKILL, 2014).
Quanto às restantes propostas de enquadramento efetuadas após 2004 considera-se
que as alterações propostas de uma meta de enquadramento menos exigente (classe
3) para trechos dos rios Preto (afluente do rio Paracatu), Verde Grande e Gorutuba,
embora encontrando apoio na condição atual de qualidade das águas, entram em
conflito com alguns usos preponderantes, notadamente, os usos para irrigação de
hortaliças e plantas frutíferas (rios Preto e Verde Grande) e abastecimento para
consumo humano após tratamento convencional (rio Gorutuba).
Como uma das possíveis alternativas de enquadramento a considerar no início do
processo de desenvolvimento do enquadramento, propõe-se que seja considerada a
proposta do PRH-SF 2004-2013, com as alterações anteriormente assinaladas, para
os rios Urucuia, Peruaçú, Carinhanha, Moxotó e Ipanema.
Considerando a limitação de recursos para a atualização do enquadramento poderá
ser ponderado o encaminhamento para aprovação diferenciado para os corpos de
água da bacia, desde que se assegure a coerência entre os vários enquadramentos
aprovados, notadamente, na conexão de montante com jusante.
Tendo em conta as informações recolhidas para o presente plano, considera-se que
devem ter maior prioridade na atualização do enquadramento as bacias afluentes
onde se verifica desacordo entre a condição de qualidade das águas e o uso para
abastecimento para consumo humano, e em que o monitoramento permite subsidiar
desde já o processo de atualização do enquadramento:
• Rio Paraopeba;
• Rio das Velhas;
• Rio Paracatu (incluindo rio Preto);
• Rio Verde Grande (incluindo rio Gorutuba e rio Verde Pequeno);
• Rio Carinhanha;
• Rio Grande.
80 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
Entre estas bacias, destacam-se as bacias dos rios das Velhas e Verde Grande,
devido à grande degradação da qualidade da água face ao padrão da Resolução
CONAMA n.º 357/2005, afetando diversos parâmetros. Note-se que, excetuando-se a
bacia do rio Grande, todas as bacias se localizam no estado de Minas Gerais, onde o
monitoramento da qualidade das águas superficiais se encontra mais completo.
Assinalam-se também prioritárias, embora com menor prioridade que as anteriores, as
bacias afluentes com regime permanente nas quais o uso em unidades de
conservação de proteção integral ou Terras Indígenas não se encontra atendido pela
meta de enquadramento vigente sendo previsível que possa existir ajuste da meta de
enquadramento:
• Rio Jequitaí;
• Rio Peruaçú.
Embora se possam considerar, neste escopo, também as bacias dos rios Moxotó e
Ipanema, o fraco monitoramento atual aliado à maior dificuldade dos estados de
Pernambuco e Alagoas de melhorarem a sua rede de monitoramento (cf. Resolução
ANA n.º 1040, de 21 de julho de 2014), dificulta a obtenção dos subsídios necessários
à atualização do enquadramento a breve trecho, pelo que se recomenda que essa
atualização seja realizada em fase posterior ao aprimoramento da rede de
monitoramento.
No escopo das bacias de rios intermitentes da bacia, assinalam-se como mais
prioritárias para o enquadramento as dos rios Salitre, Verde e Jacaré, em virtude de a
qualidade atual das águas não atender o uso de abastecimento para consumo
humano. Neste caso, o regime intermitente do rio, a presença de trechos de água
salobra, e o défice de monitoramento, dificultam a atualização do enquadramento a
curto prazo.
Metas relativas às alternativas de enquadramento
A Resolução CNRH nº 91/2008 estabelece que os objetivos de qualidade para os
corpos de água são definidos através de metas finais de qualidade, ainda que possam
ser estabelecidas outras metas progressivas intermediárias quando tal se justifique.
As metas relativas às alternativas de enquadramento devem ser elaboradas com
vistas ao alcance (nos trechos com condição atual em desacordo) ou manutenção
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 81 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
(nos trechos com condição atual em acordo) das classes de qualidade de água
pretendidas em conformidade com os cenários de curto, médio e longo prazo.
As metas devem ser estabelecidas tendo em conta o estado atual, o custo necessário
ao alcance ou manutenção do enquadramento, e tendo em consideração,
notadamente, as necessidades dos usuários dos corpos de água e a suas
disponibilidades de investimento. Em particular, as metas devem ser resultado de
negociação com as principais fontes poluidoras de um cronograma para
implementação de ações de redução de poluição que permita que estas se adequem à
efetivação do enquadramento.
Notadamente, devem ser observados os seguintes aspectos:
• Propostas de metas devem ser elaboradas em função de um conjunto de
parâmetros de qualidade da água e das vazões de referência definidas
para o processo de gestão de recursos hídricos;
• O conjunto de parâmetros para propostas de metas deve ser utilizado
como base para as ações prioritárias de prevenção, controle e recuperação
da qualidade das águas da bacia hidrográfica, notadamente, devem ser
estabelecidos, para cada meta intermediária, os níveis desejados para
cada parâmetro, em um valor interposto entre a condição atual e a meta
final estabelecida pelo enquadramento;
• As metas devem ser apresentadas por meio de quadro comparativo entre
as condições atuais de qualidade das águas e aquelas necessárias ao
atendimento dos usos pretensos identificados;
• Associado às metas deve ser apresentado o grau de precisão das mesmas
e os fatores condicionadores à sua concretização;
• O quadro comparativo entre as condições atuais de qualidade das águas e
as condições necessárias ao atendimento dos usos pretensos deve ser
acompanhado de estimativa de custo para a implementação das ações de
gestão, incluindo planos de investimentos e instrumentos de compromisso.
82 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
PROGRAMA PARA EFETIVAÇÃO
O programa de efetivação do enquadramento deve conter as ações necessárias ao
alcance ou manutenção do enquadramento proposto, devendo acompanhar cada uma
das alternativas de enquadramento submetidas a Consulta Pública e à análise do
Comitê de Bacia Hidrográfica do rio São Francisco.
A Resolução do CNRH n.º 91, de 5 de novembro de 2008, estabelece que o programa
de efetivação do enquadramento deve ser expressão de objetivos e metas articulados
ao correspondente plano de bacia hidrográfica, devendo conter propostas de ações de
gestão, prazos de execução, planos de investimentos e entidades responsáveis.
De forma geral, as ações que podem ser contempladas no programa de efetivação do
enquadramento compreendem (COSTA; CONEJO, 2009):
• Ações de despoluição, tais como o controle de fontes de poluição pontuais
(ex. construção de Estações de Tratamento de Esgotos): a utilizar nos
trechos de corpos de água cuja condição atual de qualidade de águas é
pior que aquela da meta do enquadramento;
• Ações que evitem a degradação da condição de qualidade de águas, tais
como o licenciamento, a outorga de lançamento de efluentes e o
zoneamento ambiental: a utilizar nos trechos de corpos de água cuja
condição atual de qualidade de águas é igual ou melhor que a meta de
enquadramento.
Tendo em conta a informação reunida para o presente Plano relativa à qualidade das
águas superficiais da bacia e às fontes de poluição, considera-se que as ações
previstas nos programas de efetivação de enquadramento que acompanham as
propostas de enquadramento previamente apresentadas para a bacia, no PRH-SF
2004-2013, e para as bacias afluentes do rio São Francisco (resumidas anteriormente)
ainda se mantêm, de modo geral, válidas. Desta forma, estas ações poderão constituir
um subsídio para a definição das ações necessárias para efetivação do
reenquadramento da bacia hidrográfica do rio São Francisco.
Desta forma, recomenda-se que o plano de efetivação do enquadramento proposto
contemple a continuação das ações ainda por implementar.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 83 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
A estas ações deverão ser adicionadas outras que se venham a revelar pertinentes
pela reavaliação da qualidade das águas a realizar em fase de Diagnóstico. Nota-se,
desde já, a necessidade de se considerarem ações específicas para a melhoria da
qualidade das águas nos ambientes lênticos, notadamente, para os reservatórios do
Semiárido, onde a informação recolhida para o plano mostra que o clima favorece a
salinização das águas, a concentração de poluentes e a ocorrência de estados de
eutrofia, com potencial de existência de incidentes de floração de algas, prejudicando
a saúde pública. As prováveis alterações climáticas tenderão a tornar mais severos
estes problemas de qualidade das águas.
Entretanto, a fraca implementação de algumas ações propostas pelo PRH-SF 2004-
2013, notadamente, aquelas direcionadas para o controle da poluição originada pelos
setores produtivos, torna evidente que, para a efetivação do enquadramento, é
necessária a construção de vínculos entre os vários atores intervenientes na gestão
dos recursos hídricos, em especial entre os órgãos gestores e os agentes causadores
da poluição.
Assim, considerando a Resolução do CNRH n.º 91, de 5 de novembro de 2008,
realça-se que no programa de efetivação do enquadramento deverão ser incluídos os
instrumentos de compromisso necessários, incluindo, entre outros:
• Recomendações para os órgãos gestores de recursos hídricos e de meio
ambiente que possam subsidiar a implementação, integração ou
adequação de seus respectivos instrumentos de gestão, de acordo com as
metas estabelecidas, especialmente a outorga de direito de uso de
recursos hídricos e o licenciamento ambiental;
• Recomendações de ações educativas, preventivas e corretivas, de
mobilização social e de gestão, identificando-se os custos e as principais
fontes de financiamento;
• Recomendações aos agentes públicos e privados envolvidos, para
viabilizar o alcance das metas e os mecanismos de formalização, indicando
as atribuições e compromissos a serem assumidos;
• Propostas a serem apresentadas aos poderes públicos federal, estadual e
municipal para adequação dos respectivos planos, programas e projetos de
desenvolvimento e dos planos de uso e ocupação do solo às metas
estabelecidas na proposta de enquadramento;
84 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
• Subsídios técnicos e recomendações para a atuação dos comitês de bacia
hidrográfica.
A condição atual de qualidade das águas superficiais e as perspectivas de evolução
das atividades minerárias e de irrigação na bacia, tornam urgente o estabelecimento
de compromissos entre o CBHSF e as empresas industriais, minerárias e entidades
gestoras de perímetros irrigados, fazendo a extensão do Pacto das Águas aos setores
produtivos. Sugere-se que estes compromissos sejam efetivados por:
• Acordos formais, com metas definidas para cada um dos setores
produtivos, industrial, minerário e agropecuário;
• Desenvolvimento e implementação de estímulos à adesão das empresas e
entidades aos acordos e à efetivação das metas definidas;
• Instituição de um papel supervisor / fiscalizador pelo CBHSF e dos comitês
de bacia hidrográfica para as ações a serem desenvolvidas pelos setores
produtivos no controle das suas interferências sobre as águas superficiais
da bacia.
ANÁLISE E DELIBERAÇÕES DO COMITÊ E DO CONSELHO DE R H
De acordo com o Art. 8º da Resolução CNRH nº 91/2008, as Agências de Água ou de
bacia ou entidades delegatárias, em articulação com órgãos gestores de recursos
hídricos e meio ambiente, elaborarão e encaminharão propostas de alternativas de
enquadramento aos respectivos Comitês de bacia Hidrográfica para discussão,
aprovação e posterior encaminhamento, para deliberação, ao Conselho de Recursos
Hídricos competente.
A seleção de uma das alternativas de enquadramento ocorre no âmbito do Comitê da
bacia, composto por representantes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
municípios, dos usuários e das entidades civis de recursos hídricos com atuação
comprovada na bacia. Associada à alternativa de enquadramento selecionada, serão
igualmente aprovados o programa de medidas, os custos e os prazos da sua
implementação.
Após a aprovação da proposta de enquadramento seguem-se os respectivos atos
jurídicos, incluindo a elaboração da respectiva Resolução de Enquadramento.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 85 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
Figura 12 – Esquema de Atribuições para o enquadram ento de acordo com a
Resolução CNRH nº 91/2008.
Fonte: COSTA, 2009.
PARTICIPAÇÃO PÚBLICA
A participação ativa e consciente de todos os interessados e envolvidos nas questões
relacionadas com os recursos hídricos da Bacia do S. Francisco é decisiva para um
adequado enquadramento.
O público-alvo da participação pública deve ser o mais variado possível, de modo a
validar o processo e a permitir identificar as várias visões de futuro para a bacia.
A participação pública deverá permitir o envolvimento direto, desde a fase inicial do
processo de enquadramento, de forma ativa e construtiva, das várias entidades
públicas e privadas atuantes nas áreas de recursos hídricos e do meio ambiente na
bacia e dos principais atores/agentes presentes na área de incidência (usuários,
cooperativas, ONGs, universidades).
O processo de atualização do enquadramento dos corpos de água envolve a
realização de Consultas Públicas formais em três momentos:
• Etapa de Diagnóstico;
• Etapa de Prognóstico;
• Avaliação de Alternativas de Enquadramento.
86 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
Paralelamente, deverão ocorrer, ao longo do desenvolvimento do Diagnóstico,
Prognóstico e da elaboração das Alternativas de Enquadramento, eventos com a
participação pública, como encontros técnicos ou oficinas de trabalho, direcionados
para as comunidades da bacia e os usuários, atuais ou potenciais, dos corpos de
água.
Para fomentar a participação, é necessário que os assuntos técnicos sejam
apresentados em uma linguagem adequada à compreensão por todos os atores
envolvidos.
Para além da realização de eventos deve ser permitido o acesso público às
informações que vão sendo reunidas ao longo do processo de atualização do
enquadramento, devendo ser desenvolvidos mecanismos para permitir tal acesso,
como seja a publicitação em sítio na internet dos documentos elaborados.
Esta fase de participação social deverá ser transversal e permitir:
• Fomentar a ampla participação da sociedade civil, da comunidade técnica e
científica e dos usuários;
• Coletar dados relativamente aos usos e conflitos de qualidade da água em
determinados trechos e/ou sistemas aquíferos;
• Conhecer e compreender as expetativas da sociedade quanto ao futuro
dos recursos hídricos;
• Transmitir conhecimento da realidade de cada corpo de água, incluindo
das suas características, importância, utilização para os diferentes fins,
aspectos legais e institucionais;
• Incentivar a participação e a apresentação de propostas relativas aos usos
preponderantes desejados;
• Envolver a sociedade nas diferentes fases estratégicas de decisão,
incluindo o acompanhamento, discussão e validação dos dados da fase de
diagnóstico e prognóstico;
• Atingir uma visão global e de consenso sobre os principais problemas e
desafios para a futura utilização da água;
• Fortalecer a governança;
• Participar na definição do enquadramento e na adoção de medidas
destinadas a assegurar o cumprimento das metas;
• Legitimar as opções durante o processo de enquadramento;
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 87 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
• Divulgar os resultados e as opções a todos os atores envolvidos.
A Participação Social deverá ser efetuada tendo por base um Projeto de Comunicação
que defina as ações destinadas à divulgação e compartilha de informação de forma
abrangente e que motive o público-alvo a participar de forma ativa.
A participação deverá ser acompanhada pela produção e distribuição de folders,
cartazes de divulgação e inquéritos.
ACOMPANHAMENTO DA IMPLEMENTAÇÃO
A fase de acompanhamento destina-se a monitorar as condições de implementação
do programa de medidas e a avaliar o sucesso das mesmas.
Preconiza-se uma avaliação anual da sua eficácia, suportada na quantificação dos
indicadores e na avaliação do seu progresso face à situação de referência e às metas
a atingir.
Deverá ser apresentada uma bateria de indicadores do tipo pressão-estado-resposta,
quantificáveis e mensuráveis ao longo da implementação do programa de medidas
destinada a avaliar a eficiência e a eficácia do mesmo, a necessidade de ajustes ou a
implementação de medidas complementares.
Esta avaliação deverá permitir a caracterização da evolução do estado, das pressões,
das respostas e do progresso necessário para que as metas sejam atingidas.
RESULTADOS
O processo de enquadramento dos corpos d’água deverá ser sintetizado em um
Relatório Técnico com a descriminação dos estudos desenvolvidos e resultados
obtidos e a justificativa da proposta de enquadramento.
Este relatório deverá compreender o desenvolvimento dos seguintes aspectos:
• Diagnóstico da bacia, incluindo:
88 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
- Caracterização geral, hidrológica e socioeconômica;
- Identificação dos usos preponderantes atuais;
- Classificação atual da qualidade das águas superficiais;
• Prognóstico da bacia, incluindo:
- Cenários prospetivos;
• Alternativas de enquadramento;
• Proposta de metas com a respectiva justificativa;
• Programa de Medidas, incluindo:
- Descrição das ações físicas e não-físicas para o alcance do
enquadramento proposto;
- Custos envolvidos em sua implementação;
- Responsabilidade na implementação das medidas.
• Projeto de participação pública
• Relatório síntese
O Relatório Técnico deverá ser acompanhado de cartografia de síntese da qualidade
atual das águas superficiais, bem como das metas estipuladas para cumprir os usos
preponderantes desejados.
Logo no início do processo de enquadramento deve ser criado um sítio na Internet em
que sejam disponibilizados os documentos elaborados ao longo do mesmo, incluindo a
informação elaborada no decurso da participação pública.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 89 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
5.4. Proposta metodológica para o enquadramento das águas
subterrâneas
5.4.1. Aspectos conceptuais da classificação das ág uas subterrâneas
De acordo com a Resolução CONAMA nº 396/2008, as águas subterrâneas são
classificadas nas seguintes classes:
• Classe Especial : águas dos aquíferos, conjunto de aquíferos ou porção
desses, destinadas à preservação de ecossistemas em unidades de
conservação de proteção integral e as que contribuam diretamente para os
trechos de corpos d´água superficial enquadrados como classe especial.
Os valores para os parâmetros destas águas serão estabelecidos
casuisticamente em função da sensibilidade dos ecossistemas a preservar.
• Classe 1 : águas dos aquíferos, conjunto de aquíferos ou porção desses,
sem alteração de sua qualidade por atividades antrópicas, e que não
exigem tratamento para quaisquer usos preponderantes devido às suas
características hidrogeoquímicas naturais. Estas águas apresentam, para
todos os parâmetros, Valor de Referência de Qualidade (VRQs) abaixo ou
igual dos Valores Máximos Permitidos menos Restritivos (VMPr+).
• Classe 2 : águas dos aquíferos, conjunto de aquíferos ou porção desses,
sem alteração de sua qualidade por atividades antrópicas, e que podem
exigir tratamento adequado, dependendo do uso preponderante, devido às
suas características hidrogeoquímicas naturais. Estas águas apresentam,
em pelo menos um dos parâmetros, VRQ superior ao seu respectivo
VMPr+.
• Classe 3 : águas dos aquíferos, conjunto de aquíferos ou porção desses,
com alteração de sua qualidade por atividades antrópicas, para as quais
não é necessário o tratamento em função dessas alterações, mas que
podem exigir tratamento adequado, dependendo do uso preponderante,
devido às suas características hidrogeoquímicas naturais. Estas águas
deverão atender ao VMPr+, para cada um dos parâmetros, exceto quando
for condição natural da água.
• Classe 4 : águas dos aquíferos, conjunto de aquíferos ou porção desses,
com alteração de sua qualidade por atividades antrópicas, e que somente
possam ser utilizadas, sem tratamento, para o uso preponderante menos
restritivo. Estas águas deverão atender aos Valores Máximos Permitidos
90 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
menos Restritivos (VMPr-) entre os usos preponderantes, para cada um
dos parâmetros, exceto quando for condição natural da água.
• Classe 5: águas dos aquíferos, conjunto de aquíferos ou porção desses,
que possam estar com alteração de sua qualidade por atividades
antrópicas, destinadas a atividades que não têm requisitos de qualidade
para uso. Estas águas não terão condições e padrões de qualidade
conforme critérios estipulados pela legislação. Para além disto, é
necessário que as águas pertençam a aquíferos, conjunto de aquíferos ou
porções desses, confinados, e que apresentem valores de sólidos totais
dissolvidos superiores a 15.000 mg/l.
5.4.2. Balanço do estado atual do conhecimento das águas subterrâneas
O conhecimento do estado atual das águas subterrâneas na bacia é particularmente
influenciado pelo grau de implementação da rede de monitoramento, mas também
pela ausência de estudos hidrogeológicos que permitam subsidiar, de forma
adequada, o processo de enquadramento.
É um fato, que desde 2004 se tem verificado uma significativa melhoria do
conhecimento sobre a qualidade das águas subterrâneas, mas à exceção dos
aquíferos Urucuia, Tacaratu e Bambuí o monitoramento destinado a acompanhar as
condições hidroquímicas do meio hídrico subterrâneo é escasso.
Mesmo nestes casos, a informação disponível é ainda pouco representativa, uma vez
que a rede de monitoramento é relativamente recente. Para a grande parte dos
aquíferos da bacia hidrográfica a informação das características físico-químicas ou
não existe ou é antiga ou ainda é restrita a zonas muito específicas dos corpos d´água
subterrânea.
É assim particularmente importante a continuação no esforço de monitoramento de
aquíferos, bem como o desenvolvimento de um maior número de estudos
hidrogeológicos, que permitam estabelecer uma situação de referência e acompanhar
a evolução da qualidade da água subterrânea da bacia.
O enquadramento dos corpos d´água em classes de uso deve ser definido em
conformidade com o Plano de Bacia, contudo a atual ausência de informação que
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 91 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
Participação pública
Diagnóstico PrognósticoProposta de
enquadramento
Análise e
Deliberações do
Comitê e do
Conselho de RH
Programa de efetivação
Acompanhamento da
implementação
subsidie esse processo não permitiu que nesta fase de atualização fosse concretizado
para qualquer um dos aquíferos. A falta de dados atuais e representativos da
qualidade da água subterrânea, mas também o conhecimento aprofundado dos usos
preponderantes dos aquíferos, não permitiu, até este momento, a classificação e a
definição das metas para se atingir a qualidade necessária aos usos desejáveis.
É neste contexto que se considera essencial a definição de critérios e diretrizes
destinados ao desenvolvimento do processo de enquadramento no período de
abrangência do PBH-SF.
5.4.3. Diretrizes para o enquadramento
Nos termos da Resolução CNRH nº 91/2008, o enquadramento é um instrumento de
planejamento que deverá assentar num processo sequencial de atividades interligadas
entre si desenvolvidas ao longo das seguintes fases:
Figura 13 – Fases do processo de enquadramento.
Nas seções seguintes apresentam-se as principais orientações e diretrizes propostas
para o desenvolvimento de cada uma destas fases para as águas subterrâneas da
bacia hidrográfica do rio São Francisco.
Conforme referido na seção referente às águas superficiais, as classes de qualidade
poderão ser feitas depender de condições específicas de porções dos corpos de água.
Contudo, para corpos de água subterrâneos, esta abordagem é pouco viável, dada a
92 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
dificuldade em estabelecer, em muitos casos, as conexões hidráulicas entre áreas do
mesmo corpo, e portanto, definir os limites para as porções. Desta forma, as diretrizes
apresentadas visam enquadrar sistemas aquíferos, podendo, de acordo com o grau de
detalhe da informação hidrogeológica que venha a estar disponível, efetuar-se uma
classificação em determinadas porções dos mesmos.
DIAGNÓSTICO
O estabelecimento de usos preponderantes e de metas de qualidade, bem como a
classificação dos corpos d´água requere o cumprimento de uma primeira fase de
diagnóstico capaz de produzir informação relevante sobre os seguintes aspectos:
• Caracterização geral;
• Avaliação e diagnóstico da qualidade da água subterrânea;
• Identificação dos usos preponderantes da condição atual dos corpos
d’água e de áreas reguladas por legislação específica;
• Análise de pressões;
• Análise de planos e programas regionais previstos e existentes.
Na Etapa 2 de atualização do Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do
Rio São Francisco foi efetuado o diagnóstico do estado atual das águas subterrâneas,
suportado por informação disponível e que evidencia as limitações de conhecimento
sobre os sistemas aquíferos.
Atendendo que se identificaram lacunas de informação importantes para o processo
de enquadramento, apresentam-se algumas das condições a cumprir e atividades a
desenvolver tendo em vista o aprofundamento e a consolidação do conhecimento que
existe atualmente.
Caracterização geral
A caracterização geral deverá compreender uma síntese das condições de cada
sistema aquífero, incluindo uma descrição acompanhada de mapas a escala
adequada, de perfis e quadros com informação relativa:
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 93 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
• Municípios abrangidos;
• Áreas;
• Dominialidade das águas subterrâneas;
• Litologias de suporte dominantes;
• Unidades aquíferas;
• Tipos de aquífero presentes;
• Uso e ocupação do solo na área de recarga do sistema aquífero;
• Taxa de recarga e áreas de infiltração preferencial;
• Produtividade;
• Parâmetros hidrogeológicos (transmissividade, condutividade hidráulica,
coeficiente de armazenamento, vazão específica e porosidade);
• Caracterização de aspectos jurídicos, institucionais e socioeconômicos da
bacia;
• Identificação de situações de associação entre águas subterrâneas e
águas superficiais;
• Recursos hídricos disponíveis.
Deverá ser descrito o modelo conceitual de funcionamento hidráulico, as direções
preferenciais de fluxo, os fenômenos de drenância entre camadas aqüíferas e a
identificação de situações em que se verifique a relação entre as águas superficiais e
subterrâneas.
Esta caracterização ganhará com os dados resultantes de estudos a desenvolver ao
longo dos próximos anos (incluindo os propostos no decurso da atualização do plano)
e dos resultados do monitoramento em curso e a implementar no futuro.
Avaliação e diagnóstico da qualidade da água subter rânea
Para a avaliação e diagnóstico da qualidade da água subterrânea torna-se de
essencial relevância o aprofundamento do conhecimento de base, compreendendo
para tanto o desenvolvimento das seguintes atividades:
• A implementação de uma rede de monitoramento, com representatividade
estatística para os aquíferos da bacia hidrográfica;
• A realização de estudos hidrogeológicos destinados a fornecer subsídios
ao enquadramento, em particular estudos para gestão integrada e
94 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
sustentável dos recursos hídricos subterrâneos e superficiais e
notadamente de forma a garantir a preservação do escoamento de base do
rio São Francisco.
• A classificação da qualidade atual dos recursos hídricos subterrâneos
Até 2020, a ANA tem prevista a instalação de 3.000 pontos de monitoramento em
aquíferos prioritários. Este investimento para aumentar o esforço de monitoramento da
qualidade da água é essencial para a obtenção de dados confiáveis e capazes de
suportar uma classificação dos sistemas aquíferos da bacia do S. Francisco, bem
como para definir alternativas de enquadramento e apoiar o processo decisório a partir
de um diagnóstico detalhado.
Face à extensão regional da bacia hidrográfica e aos custos inerentes, quer à
implementação da rede de monitoramento, quer ao desenvolvimento de estudos
hidrogeológicos apresentam-se a seguir os principais aspectos a considerar
relativamente a estes casos.
DIRETRIZES PARA A REDE DE MONITORAMENTO
A rede de monitoramento das águas subterrâneas deve estender-se à globalidade dos
sistemas aquíferos da Bacia do S. Francisco.
Refira-se que, nos termos da Resolução CNRH 107/2010 de 13 de abril, a Rede
Nacional de Monitoramento Integrado Qualitativo e Quantitativo de Águas
Subterrâneas deverá ser planejada e coordenada pela Agência Nacional de Águas –
ANA e implantada, operada e mantida pela Companhia de Pesquisa de Recursos
Minerais - CPRM, ambas as instituições em articulação com os órgãos e entidades
gestoras de recursos hídricos dos estados e do Distrito Federal.
Uma rede de monitoramento adequada ao processo de enquadramento deve ser
delineada de forma a garantir que as estações de amostragem têm uma distribuição
regular e são representativas dos sistemas aquíferos. É ainda essencial que haja
continuidade nas observações, permitindo a obtenção de séries históricas.
A densidade e a localização dos pontos de monitoramento deverão assim respeitar o
estabelecido no Art. 3º da Resolução CNRH 107/2010, notadamente:
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 95 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
• A caracterização geológica;
• A caracterização hidrogeológica, em termos hidráulicos, geometria, tipo de
aquífero, zonas de recarga/descarga, e interação das águas superficiais e
subterrâneas (e dos ecossistemas delas dependentes);
• A hidrogeoquímica, em termos das características naturais das águas
subterrâneas, e águas subterrâneas alteradas por ações antrópicas;
• A vulnerabilidade natural dos aquíferos, risco de poluição das águas
subterrâneas e áreas contaminadas;
• O clima, em termos dos tipos climáticos, e área sujeita a eventos
hidrometeorológicos críticos;
• O uso e a ocupação do solo;
• A demanda pela água subterrânea, em termos da densidade de poços,
volume de explotação, densidade e crescimento populacional, uso da água
para abastecimento público, tipo de atividade econômica; e áreas de
conflitos de uso;
• Os aquíferos de importância estratégica;
• A proximidade e possibilidade de integração com estações de
monitoramento hidrometeorológicas.
Para além disto, a Rede de Monitoramento de Águas Subterrâneas deve especificar,
para cada aquífero:
• A quantidade e distribuição espacial de poços georeferenciados a serem
construídos exclusivamente para monitoramento;
• A quantidade e distribuição de poços georeferenciados existentes a serem
integrados a rede de monitoramento.
A densidade de pontos de monitoramento necessária para a caracterização
quantitativa e qualitativa das águas subterrâneas é um dos aspectos técnicos que
oferece maior incerteza numa fase inicial de implementação de uma rede.
Não havendo ainda informação sobre a hidrodinâmica e química das águas para
sustentar uma análise quantitativa matemática, a estimativa da densidade pode ser
baseada nos seguintes critérios práticos:
• Parcimônia, i.e., inicia-se a rede com um número razoavelmente pequeno
de pontos, utilizando-se a informação recolhida nestes para decidir sobre a
melhor localização de novos pontos;
96 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
• Comparação com casos semelhantes, notadamente com experiências
internacionais para redes com dimensão geográfica comparável. A título de
exemplo referem-se as redes de monitoramento das águas subterrâneas
instaladas nos Estados Unidos da América (EUA) e na União Europeia
(EU). Ambas foram iniciadas há várias décadas e têm evoluído de forma
dinâmica, à medida que nova informação é recolhida.
A rede dos EUA considera 0,7 pontos de monitoramento por cada 1.000
km2 (USGS, 2015); enquanto para a rede da UE a média das densidades
por tipo de aquífero são as seguintes: poroso (0.84 por cada 1.000 km2),
cárstico (0,94 por cada 1.000 km2), fraturado (1,15 por cada 1.000 km2)
(EEA, 2014).
Para esta última, a mediana das densidades, é, no entanto,
substancialmente maior: poroso (4,3 por cada 1.000 km2), cárstico (2,5 por
cada 1.000 km2), fraturado (3,9 por cada 1.000 km2).
Estas densidades apontariam para um total de pontos para a totalidade da
Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco de, respectivamente, 444 pontos,
661 pontos, e 2.566 pontos.
O número de pontos para cada aquífero deverá ser estimado recorrendo, se possível,
a metodologias estatísticas para amostragem estratificada, ou aleatória, consoante se
opte ou não pela subdivisão do corpo d´água subterrânea. Para tanto, poderá utilizar-
se uma variável hidráulica, ou geoquímica disponível para o aquífero, com um nível de
detalhe espacial suficiente.
A distribuição espacial dos pontos de monitoramento deverá ser o mais regular
possível para evitar problemas de enviesamento. Para este fim poderão utilizar-se
algoritmos específicos desenvolvidos para optimização de redes de monitoramento,
em particular os baseados em estatísticas espaciais, utilizando informação auxiliar
proveniente de estudos hidrogeológicos.
O projeto e as características construtivas dos poços de monitoramento deverão
cumprir os procedimentos de qualidade previstos nas Normas Brasileiras (Associação
Brasileira de Normas Técnicas).
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 97 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
Para garantir a implementação de uma rede de monitoramento que forneça uma
panorâmica coerente e completa da qualidade da água subterrânea é ainda essencial
ter informação que permita avaliar tendências, a longo prazo, de aumento das
concentrações de poluentes antropogenicamente induzidas.
A rede de monitoramento deve cumprir, no mínimo, os seguintes requisitos
relativamente à amostragem:
• Todos os corpos d´água subterrâneos explotados para qualquer uso
humano deverão ser monitorados com uma frequência suficiente, de
acordo com períodos de maior recarga e explotação, pelo menos com uma
amostragem e medição dos níveis de água nos períodos seco e úmido. O
Art. 5º da Resolução CNRH 107/2010 estabelece que a Rede será objeto
das seguintes campanhas de obtenção de dados:
- Uma campanha inicial de coleta de água, repetida a cada cinco anos,
que analisará parâmetros selecionados conforme previsto na Resolução
CONAMA nº 396, de 2008, em função da hidrogeoquímica natural da
água, do uso e ocupação do solo e dos usos preponderantes da água
subterrânea;
- Uma campanha semestral abrangendo, pelo menos, os parâmetros pH,
cloretos, nitritos, nitratos, dureza total, alcalinidade total, ferro total,
sólidos totais dissolvidos, e coliformes termotolerantes;
- Uma campanha de medição contínua in loco, preferencialmente de
forma automática, para determinação do nível estático (NE),
temperatura e condutividade elétrica;
- Para águas usadas para abastecimento público deve ainda considerar-
se o conjunto de parâmetros padronizados na Resolução CONAMA
n 357/2005;
• Na presença de fontes de poluição com assinatura química não coberta
pelas análises previstas nos diplomas referidos, deverão ainda ser
acompanhadas as concentrações das substâncias indicadoras específicas
(por exemplo MTBE em zonas com contaminação de postos de
combustível). Deveria ainda ser estudada a possibilidade de vir a incluir na
lista de substâncias a monitorar alguns dos poluentes emergentes, em
função daquelas que são as principais pressões em cada aquífero. Nestas
substâncias incluem-se produtos farmacêuticos e de cuidado pessoal (e.g.,
hormonas esteroides, antibióticos, anti-inflamatórios), plastificantes
98 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
(bisfenol A, ftalatos), degradação de surfactantes (nonilfenol), retardantes
de chama (e.g, éteres difenílicos polibromados (PBDE) e cloroalcanos),
aditivos da gasolina (metil-ter-butil-éter (MTBE)), estabilizantes térmicos
(compostos perfluorados (PFCs)), e outros disruptores endócrinos;
• Todos os corpos d´água subterrâneos passíveis de estarem expostos a
fontes de poluição (por exemplo agricultura, explotação mineral, indústria,
entre outros) deverão ser monitorados para acompanhamento da
qualidade, mesmo quando não utilizados para abastecimento, procurando-
se em particular acompanhar o impacto das substâncias potencialmente
contaminadoras pelas pressões presentes na sua área de recarga (por
exemplo, agrotóxicos, em perímetros agrícolas irrigados);
• As periodicidades e os parâmetros deverão ser ajustados em função das
características hidrogeológicas e hidrogeoquímicas dos aquíferos, e da
evolução das pressões e das concentrações observadas no histórico de
registros. A análise das tendências deverá ser realizada por quinquênio,
recorrendo a técnicas estatísticas robustas (por exemplo Mann-Kendall);
• A amostragem deverá utilizar os procedimentos de controle de qualidade
previstos na Resolução CONAMA nº 396/2008, bem como os
estabelecidos nas Normas Brasileiras sobre monitoramento de águas
subterrâneas (Associação Brasileira de Normas Técnicas).
Tendo em conta que atualmente pouco ou praticamente nada se conhece das
características físico-químicas da maioria das águas subterrâneas da bacia, o
diagnóstico só poderá ser realizado quando houver um registro de dados
representativo, recomendando-se que este seja de pelo menos cinco anos.
DIRETRIZES PARA O DESENVOLVIMENTO DE ESTUDOS HIDROGEOLÓGICOS
Consideram-se estudos hidrogeológicos prioritários para subsidiar o processo de
enquadramento:
• Estudos relativos ao enriquecimento natural de determinadas substâncias
nos sistemas aquíferos devido a processos de interação água-rocha;
• Estudos de aferição das taxas de recarga dos sistemas aquíferos;
• Estudos relativos ao potencial hidrogeológico das coberturas detrito-
lateríticas;
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 99 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
• Estudos de avaliação das relações entre águas subterrâneas e águas
superficiais;
• Estudos de identificação dos ecossistemas dependentes de águas
subterrâneas;
• Avaliação da influência de fontes de contaminação na qualidade das águas
subterrâneas, em particular dos principais perímetros agrícolas irrigados e
de áreas de explotação mineira;
• Avaliação do fluxo e transporte em sistemas aquíferos que se desenvolvem
em bacias hidrográficas adjacentes (por exemplo a bacia sedimentar do
Parnaíba);
Nos casos em que os sistemas aquíferos são de pequena dimensão e a informação
disponível é escassa, deverão ser realizados trabalhos de campo destinados à
obtenção de dados e ao robustecimento do processo de enquadramento.
CLASSIFICAÇÃO DA QUALIDADE ATUAL DOS RECURSOS HÍDRICOS
SUBTERRÂNEOS
Tendo por base os dados de qualidade resultantes do programa de monitoramento e
de estudos hidrogeológicos deverá ser verificada a qualidade atual da água
subterrânea, comparando-a com os objetivos de qualidade, estipulados na Resolução
CONAMA nº 396/2008, para os diferentes usos preponderantes atuais.
Para os parâmetros que apresentem desconformidades, devem ser avaliadas as
causas associadas.
Usos preponderantes atuais
Nesta etapa deverá proceder-se à:
• Identificação dos usos preponderantes da condição atual dos corpos
d’água;
• Identificação das áreas regulamentadas por legislação específica;
• Identificação das outorgas de direito de uso de recursos hídricos.
100 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
USOS PREPONDERANTES
Os usos preponderantes de água subterrânea a analisar são:
• Consumo humano;
• Recreação;
• Irrigação;
• Dessedentação de animais;
• Atividades econômicas.
Pretende-se que sejam avaliadas as necessidades e consumos significativos para
cada um dos fins a que as águas subterrâneas explotadas se destinam.
Será realizada uma análise histórica das necessidades e das utilizações de água e
das tendências de evolução, discriminada pelos vários sectores de utilização, tendo
presente os diferentes fatores sociais, econômicos e naturais que expliquem essas
tendências.
ÁREAS REGULAMENTADAS POR LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Será realizada a caracterização das áreas regulamentadas por legislação específica
na bacia, incluindo:
• Identificação, zoneamento, descrição e estado atual da área;
• Descrição da legislação específica pela qual estão abrangidas, com
referência às sucessivas atualizações (em particular as diretrizes e normas
aplicáveis à ocupação do solo);
• Identificação de conflitos e problemas ambientais associados a áreas
ameaçadas e degradadas por atividades antrópicas.
Análise de Pressões
A análise de pressões será feita tendo em consideração a sua influência ao nível da:
• Disponibilidade;
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 101 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
• Qualidade.
Esta análise de pressões deverá ter em consideração as situações atuais e as
previstas que poderão interferir com a qualidade e a quantidade.
Ao nível da disponibilidade de água subterrânea será necessário apresentar um
cadastro de usuários e o balanço entre os recursos hídricos disponíveis, os consumos
e as necessidades de água a partir de cada sistema aquífero.
Para cada sistema aquífero será apresentado o cadastro de poços em operação,
indicando as explotações significativas para os diferentes fins (abastecimento público,
dessedentação animal, industrial e irrigação, entre outras).
Serão identificadas as áreas em que se verificam situações de escassez ou de
sobreexplotação, bem como uma descrição dos efeitos associadas às mesmas e as
medidas adotadas em sequência das mesmas.
Ao nível das pressões para a qualidade do meio hídrico subterrâneo proceder-se-á a
uma identificação das fontes de poluição tópica e difusa conhecidas e potenciais,
incluindo de efluentes domésticos, agropecuários e industriais, da agricultura, da
atividade mineradora, entre outras. Deve ainda ser tida em consideração a
vulnerabilidade à poluição dos sistemas aquíferos e o uso e a ocupação do solo sobre
as áreas de recarga dos mesmos.
Serão identificadas e avaliadas as situações de conflito entre a qualidade da água
subterrânea e os usos preponderantes.
Planos e programas em curso e previstos
Para o enquadramento das águas subterrâneas é essencial uma prévia análise crítica
dos planos e programas, locais e regionais, em curso e previstos relevantes, uma vez
que esta permitirá determinar o ponto de partida relativamente ao que foi estabelecido
para garantir a disponibilidade, proteção, conservação e aproveitamento racional dos
recursos hídricos.
102 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
Esta análise deverá incidir especialmente sobre os planos setoriais (ex.: saneamento),
de desenvolvimento socioeconômico, plurianuais governamentais e planos estaduais,
diretores de recursos hídricos e dos municípios.
Para cada um dos planos e programas identificados deverão ser avaliados os efeitos
observados e esperados da sua implementação, tendo presente a realidade regional e
local, bem como os horizontes temporais associados.
O conhecimento das ações em curso e previstas permitirá a articulação conjunta de
medidas, a concertação dos financiamentos, a redução de custo e a criação de
sinergias de atuação para a proteção dos recursos hídricos subterrâneos.
Diagnóstico integrado
Os estudos anteriores serão utilizados para elaboração de um diagnóstico integrado
da situação atual, identificando as principais condicionantes e vulnerabilidades dos
sistemas aquíferos, a dinâmica econômica e social no território e os processos de
intervenção antrópica com interferência potencial nos recursos hídricos, as situações
críticas existentes e potenciais e suas relações de causa e efeito, as potencialidades e
os requisitos básicos para o desenvolvimento sustentável.
Esta análise integrada, essencial ao desenvolvimento das fases seguintes, deverá ser
suportada por uma análise SWOT para identificação dos aspectos relevantes na
avaliação das tendências evolutivas e no seu posicionamento face a um entorno com
dinâmicas próprias.
PROGNÓSTICO
A fase de prognóstico incluirá:
• A definição dos usos preponderantes desejados, decorrentes da avaliação
realizada e das propriedades intrínsecas dos mesmos, especificamente da
sua vulnerabilidade à contaminação e mineralização natural;
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 103 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
• A seleção dos parâmetros prioritários em função das características
hidrogeoquímicas e dos usos preponderantes, ou relevantes como fonte de
contaminação;
• O desenvolvimento de cenários de evolução, recorrendo a modelos de
previsão com um nível de complexidade compatível com a informação de
base disponível, notadamente quanto à intensidade dos usos e ocupação
dos solos, bem como do aproveitamento dos recursos hídricos
subterrâneos, das emissões, e das condições hidrogeológicas;
• Com base nos cenários desenvolvidos deverão ser estudadas as
alternativas de enquadramento compatíveis com os usos previstos e os
respectivos custos;
• Estabelecimento de metas finais e progressivas intermediárias, atendendo
aos usos pretendidos e aos custos de implementação de medidas de
correção.
Usos preponderantes desejados
Tendo por base as informações obtidas no diagnóstico e as consultas públicas
desenvolvidas ao longo do processo de enquadramento deverão ser definidos os usos
preponderantes desejados para os corpos d´água subterrânea.
A seleção dos usos desejados deverá ser feita compatibilizando simultaneamente os
interesses da sociedade, a utilização sustentável dos recursos hídricos e as condições
de qualidade atuais das águas subterrâneas.
Refira-se que os processos físico-químicos e biológicos no meio hídrico subterrâneo
são complexos e demorados, existindo uma resiliência natural dos sistemas à
modificação das condições atuais, pelo que, uma vez ocorrida a sua contaminação, a
recuperação é complexa e demorada e na maior parte dos casos pode ser
tecnicamente impossível de reverter.
104 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
Parâmetros prioritários
A Resolução CONAMA nº 396/2008 estabelece no seu Art. 12 que parâmetros a
serem selecionados para subsidiar a proposta de enquadramento das águas
subterrâneas em classes deverão ser escolhidos em função dos usos preponderantes,
das características hidrogeológicas, hidrogeoquímicas, das fontes de poluição e outros
critérios técnicos definidos pelo órgão competente.
Os parâmetros selecionados deverão servir de base para a definição de ações
prioritárias de prevenção, controle e controle da qualidade da água subterrânea.
Neste sentido, é essencial estabelecer os padrões para qualidade da água
subterrânea, por classe, de acordo com o proposto no Anexo II da Resolução
CONAMA nº 396/2008, e seguindo os Valores Máximos Permitidos constantes no
Anexo I da mesma Resolução e Valores de Referência de Qualidade, sendo um dos
pontos de partida para o enquadramento a definição dos Valores de Referência de
Qualidade.
No âmbito da atualização do Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio
São Francisco (PBH-SF) propõe-se a seguinte metodologia para a obtenção de
Valores de Referência de Qualidade.
PROCEDIMENTO PARA O ESTABELECIMENTO DE VALORES DE REFERÊNCIA
DE QUALIDADE DA ÁGUA SUBTERRÂNEA
Os VQRs deverão ser estabelecidos por aquífero, utilizando dados de química da
água, quando disponíveis, ou valores espectáveis para a formação, de caráter
provisório, quando não existam resultados de monitoramento.
A metodologia a utilizar deverá seguir de perto a indicada na Resolução 420/2009, de
28 de dezembro, no que concerne à determinação de valores orientadores de
qualidade do solo quanto à presença de substâncias químicas.
O VRQ de cada substância deverá ser estabelecido com base no percentil 90 do
universo amostral, filtrado dos valores anômalos. O referido VRQ deverá ser
determinado utilizando tratamento estatístico aplicável e em conformidade com a
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 105 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
concepção do plano de amostragem e com o conjunto amostral obtido. As anomalias
deverão ser avaliadas por metodologias específicas e interpretadas estatisticamente.
Para a detecção e eliminação/substituição de valores anômalos poderá utilizar-se pelo
menos um dos seguintes métodos (SUN et al., 2011; MOURAD & BERTRAN-
KRAJEWSKI, 2002):
• Teste da gama física, em que é testado se o valor obtido está dentro do
admissível para o processo natural e o método de medição;
• Teste da variação, desenvolvido para a detecção de paragem nos
equipamentos de registro – aplicado a medidores automáticos;
• Teste do gradiente de sinal, desenvolvido para a detecção de mudanças
abruptas de gradiente nos valores dos registros;
• Método da banda de tolerância, para detecção de valores anômalos
particulares;
• Método da redundância material, utilizado para verificação da consistência
entre medições realizadas em locais diferentes, mas espacialmente
correlacionados;
• Em situações excepcionais, em que os resultados dos métodos anteriores
não sejam coerentes, poderão ainda utilizar-se metodologias baseadas em
modelagem matemática do transporte e de processos físico-químicos.
Para as determinações das substâncias químicas em que todos os resultados
analíticos forem menores do que o LQP do respectivo método analítico, deverá eleger-
se “< LQP” como sendo o VRQ da substância e excluir-se dos demais procedimentos
de interpretação estatística.
Para interpretação estatística das substâncias químicas em que parte dos resultados
analíticos forem menores que o LQP, substituir-se-á o valor por LQP/2.
Para as substâncias que apresentem mais do que 60% de resultados superiores ao
limite de quantificação, a definição de agrupamento de tipos de água subterrânea
deverá ser realizada com base em testes estatísticos para comparação de médias.
Para estabelecimento do VRQ de cada substância, avaliar-se-á a necessidade de se
excluir da matriz de dados os resultados discrepantes (outliers), identificados por
métodos estatísticos (conforme referidos anteriormente).
106 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
Para as substâncias cujo percentil selecionado for igual ao LQP/2, adotar-se-á “< LQP”
como sendo o VRQ da substância.
Cenários de evolução
O processo de enquadramento deverá ser suportado por um exercício prospectivo de
formulação de cenários alternativos capazes de representar diferentes tendências de
usos futuros e de evolução das águas subterrâneas.
Estes cenários objetivam adicionar uma componente estratégica, na medida em que
pretendem antecipar um tempo de decisão e resposta para minimizar problemas
futuros relacionados com as disponibilidades, a preservação e a proteção dos recursos
hídricos subterrâneos.
No decurso do processo de enquadramento deverão assim ser construídos cenários
prospetivos enquadrados por cenários socioeconômicos destinados a:
• Avaliar as condições futuras de qualidade da água face aos usos
pretendidos, à qualidade atual e à variabilidade e mudanças climáticas
expetáveis;
• Identificar e caracterizar o desvio potencial entre a qualidade pretendida e
o que previsivelmente ocorrerá caso não sejam implementadas medidas
tendentes a corrigir o mesmo;
• Estimar o quadro futuro de disponibilidade e demanda na bacia
hidrográfica;
• Avaliar a capacidade de recuperação dos sistemas aquíferos no decurso
da aplicação de medidas e nos horizontes temporais previstos para
alcançar as metas;
• Avaliar o impacto dos cenários na qualidade dos ecossistemas, incluindo
os dependentes de águas subterrâneas.
Os cenários de evolução devem ser construídos tendo presente a seguinte dinâmica:
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 107 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
O aquífero
que temos
atualmente
O aquífero
que
queremos
ter
O aquífero que
podemos ter face às limitações técnicas
e econômicas
Figura 14 – Esquema conceitual para a elaboração de cenários.
As projeções deverão considerar:
• A projeção para horizontes de curto, médio e longo prazo;
• As principais incertezas no desenvolvimento futuro;
• A evolução socioeconômica;
• A evolução de usos e ocupação do solo;
• As políticas, programas e projetos em curso e definidos;
• As condições de disponibilidade e demanda futuras de água subterrânea;
• As cargas poluidoras associadas às principais pressões para a água
subterrânea;
• As condições de quantidade e qualidade simuladas com recurso a
modelagem.
Proposta de enquadramento
Com base nos cenários desenvolvidos deverão ser:
• Estudadas alternativas de enquadramento compatíveis com os usos atuais
e previstos;
• Estabelecidas as metas finais e progressivas intermediárias atendendo aos
usos pretendidos e aos custos de implementação de medidas de
prevenção ou de correção;
• Definidas medidas de prevenção e correção.
108 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
Propostas alternativas de
enquadramento
Enquadramento de referência
visa atender usos atuais na bacia
hidrográfica
Enquadramento(s) prospectivo(s)
Visa(m) atender, determinada(s)
alternativa(s) de usos
ALTERNATIVAS DE ENQUADRAMENTO
Tendo em consideração o estado atual da água subterrânea e os cenários
prospetivos, deverão ser apresentadas alternativas de enquadramento dos sistemas
aquíferos.
As propostas de enquadramento deverão ser prioritariamente desenvolvidas em
sistemas aquíferos críticos do ponto de vista da importância dos recursos hídricos e
das pressões a que os mesmos estão sujeitos, de forma a poder, atempadamente,
implementar medidas tendo em vista a melhoria das suas condições de uso e a
garantia da preservação das condições de escoamento de base do rio S. Francisco.
As propostas de enquadramento devem ser subsidiadas como resultado de
monitoramento e de modelagem da qualidade da água subterrânea, devendo ter em
consideração o nível de qualidade desejado pela sociedade e as prioridades de uso
sustentável da água.
Estas propostas devem ser equacionadas tendo presente a importância de considerar
de forma integrada as águas subterrâneas com as superficiais, garantindo a
necessária disponibilidade de água com qualidade compatível com os usos.
Para todas as alternativas de enquadramento serão estimados os custos e benefícios
socioeconômicos e ambientais.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 109 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
ESTABELECIMENTO DE METAS
A Resolução CNRH nº 91/2008 estabelece que os objetivos de qualidade para os
corpos de água são definidos através de metas finais de qualidade, ainda que possam
ser estabelecidas outras metas progressivas intermediárias quando tal se justifique.
As metas deverão ser estabelecidas tendo presente o estado atual das águas
subterrâneas, as pressões a que estão/estarão sujeitas, as expetativas dos diversos
atores com interesse nos recursos hídricos da bacia, as condições naturais de
resposta dos sistemas aquíferos às medidas e a disponibilidade técnica e econômico-
financeira.
Associado às metas, deverá ser apresentado o grau de precisão das mesmas e os
fatores condicionadores à sua concretização.
As metas deverão ser estabelecidas para os horizontes de planejamento de curto (5
anos), médio (10 anos) e longo prazo (20 anos).
DEFINIÇÃO DE MEDIDAS
Para alcançar as metas de qualidade, serão necessárias medidas de mitigação dos
impactos, a fim de obter uma qualidade de água compatível com os usos
estabelecidos e pretendidos.
Deverá assim ser apresentado um programa de medidas destinado ao cumprimento
das metas, devidamente calendarizado e espacializado.
As medidas a apresentar devem, entre outros aspectos, ir ao encontro:
• Do cumprimento da legislação destinada à preservação da água
subterrânea e ao controle de emissões poluentes;
• Da implementação de áreas de proteção de aquíferos e do
estabelecimento de perímetros de proteção de poços de abastecimento;
• Da importância de condicionar, restringir e interditar usos e/ou alterações
ao uso do solo em áreas de recarga;
• Da melhoria e recuperação de sistemas aquíferos em que ocorrem
descumprimentos;
110 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
• Da gestão integrada das águas superficiais e subterrâneas;
• Da necessidade de articular o enquadramento das águas subterrâneas
com outros instrumentos de planejamento (outorga de direito de uso,
cobrança pelo uso, licenciamento ambiental), bem como noutros que
tenham o enquadramento como referência para a sua aplicação;
• Da necessidade de proceder ao monitoramento e à divulgação periódica
das condições de qualidade do meio hídrico subterrâneo;
• Da necessidade de monitorar, e eventualmente recuperar, os ecossistemas
passíveis de serem afetados pelos usos da água.
Programa
de
Medidas
Denominação
Escopo da aplicação
Objetivos
Ações a implementar
Faseamento
Custos
Entidades envolvidas e
responsabilidades
Figura 15 – Aspectos a considerar na proposta do Pr ograma de Medidas.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 111 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
ANÁLISE E DELIBERAÇÕES DO COMITÊ E DO CONSELHO DE R H
De acordo com o Art. 8º da Resolução CNRH nº 91/2008, as Agências de Água ou de
Bacia ou entidades delegatárias, em articulação com órgãos gestores de recursos
hídricos e meio ambiente, elaborarão e encaminharão propostas de alternativas de
enquadramento aos respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica para discussão,
aprovação e posterior encaminhamento, para deliberação, ao Conselho de Recursos
Hídricos competente.
A seleção de uma das alternativas de enquadramento ocorre no âmbito do Comitê da
Bacia, composto por representantes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
municípios, dos usuários e das entidades civis de recursos hídricos com atuação
comprovada na bacia. Associada à alternativa de enquadramento selecionada, serão
igualmente aprovados o programa de medidas, os custos e os prazos da sua
implementação.
Após a aprovação da proposta de enquadramento seguem-se os respectivos atos
jurídicos, incluindo a elaboração da respectiva Resolução de Enquadramento.
PROGRAMA DE EFETIVAÇÃO
O alcance ou manutenção das condições e dos padrões de qualidade, determinados
pelas classes em que o corpo d´água for enquadrado, deve ser viabilizado por um
programa para efetivação orientado para o cumprimento das metas estabelecidas,
bem como de avaliação da implementação do programa de medidas, e de
acompanhamento das condições financeiras.
O programa de medidas deve ser acompanhado das prioridades de implementação,
do modelo e da forma de operacionalização em que as mesmas devem ser
executadas, do cronograma físico-financeiro e das entidades com responsabilidade
pela sua aplicação.
O programa de efetivação do enquadramento identificará ainda as condições de
articulação entre entidades, quer daquelas que são responsáveis pela gestão dos
recursos hídricos, quer daquelas que são responsáveis por aspectos que os
influenciam (por exemplo entidades gestoras de saneamento ou agricultura, entre
112 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
outras). Esta articulação é essencial para garantir a adequada implementação do
programa de medidas e serem atingidas as metas.
PARTICIPAÇÃO PÚBLICA
A participação ativa e consciente de todos os interessados e envolvidos nas questões
relacionadas com os recursos hídricos subterrâneos da Bacia do S. Francisco é
decisiva para um adequado enquadramento.
O público-alvo da participação pública deve ser o mais variado possível, de modo a
validar o processo e a permitir identificar as várias visões de futuro para os sistemas
aquíferos da bacia.
A participação pública deverá permitir o envolvimento direto, desde a fase inicial do
processo de enquadramento, de forma ativa e construtiva, das várias entidades
públicas e privadas atuantes nas áreas de recursos hídricos e do meio ambiente na
bacia e dos principais atores/agentes presentes na área de incidência dos sistemas
aquíferos (usuários, cooperativas, ONGs, universidades).
A participação pública deverá ser um processo interativo, com o esclarecimento direto
junto dos principais atores, através de audiências públicas, reuniões e oficinas
setoriais.
A participação pública deve ocorrer nas fases de diagnóstico e prognóstico, bem como
durante a fase de elaboração das alternativas de enquadramento.
Esta fase de participação social será assim transversal e permitirá:
• Fomentar a ampla participação da sociedade civil, da comunidade técnica e
científica e dos usuários;
• Coletar dados relativamente aos usos e conflitos de qualidade da água em
determinadas zonas dos sistemas aquíferos;
• Conhecer e compreender as expetativas da sociedade quanto ao futuro
dos recursos hídricos;
• Transmitir conhecimento da realidade de cada sistema aquífero, incluindo
das suas características, importância, utilização para os diferentes fins,
aspectos legais e institucionais;
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 113 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
• Incentivar a participação e a apresentação de propostas relativas aos usos
preponderantes desejados;
• Envolver a sociedade nas diferentes fases estratégicas de decisão,
incluindo o acompanhamento, discussão e validação dos dados da fase de
diagnóstico e prognóstico;
• Atingir uma visão global e de consenso sobre os principais problemas e
desafios para a futura utilização da água subterrânea;
• Fortalecer a governança;
• Participar na definição do enquadramento e na adoção de medidas
destinadas a assegurar o cumprimento das metas;
• Legitimar as opções durante o processo de enquadramento;
• Divulgar os resultados e as opções a todos os atores envolvidos.
A Participação Social deverá ser efetuada tendo por base um Projeto de Comunicação
que defina as ações destinadas à divulgação e compartilha de informação de forma
abrangente e que motive o público-alvo a participar de forma ativa.
ACOMPANHAMENTO DA IMPLEMENTAÇÃO
A fase de acompanhamento destina-se a monitorar as condições de implementação
do programa de medidas e a avaliar o sucesso das mesmas.
Preconiza-se uma avaliação anual da sua eficácia, suportada na quantificação dos
indicadores e na avaliação do seu progresso face à situação de referência e às metas
a atingir.
Será apresentada uma bateria de indicadores do tipo pressão-estado-resposta,
quantificáveis e mensuráveis ao longo da implementação do programa de medidas
destinada a avaliar a eficiência e a eficácia do mesmo, a necessidade de ajustes ou a
implementação de medidas complementares.
Esta avaliação deverá permitir a caracterização da evolução do estado, das pressões,
das respostas e do progresso necessário para que as metas sejam atingidas.
114 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
Apresentação de resultados
O processo de enquadramento dos corpos d’água subterrâneos deverá ser sintetizado
num Relatório Técnico com a descriminação dos estudos desenvolvidos e resultados
obtidos para cada sistema aquífero e a justificativa da proposta de enquadramento.
Este relatório deverá ter uma estrutura idêntica para todos os sistemas aquíferos,
compreendendo o desenvolvimento dos seguintes aspectos abordados:
• Diagnóstico da bacia, incluindo:
- Caracterização geral, hidrogeológica e socioeconômica;
- Identificação dos usos preponderantes atuais;
- Classificação atual da qualidade da água subterrânea;
• Prognóstico da bacia, incluindo:
- Cenários prospetivos;
- Alternativas de enquadramento;
- Proposta de metas com a respectiva justificativa;
• Programa de Medidas, incluindo:
- Descrição das ações físicas e não-físicas para o alcance do
enquadramento proposto;
- Custos envolvidos em sua implementação;
- Responsabilidade na implementação das medidas.
• Projeto de participação pública;
• Relatório síntese.
O Relatório Técnico será acompanhado de cartografia de síntese da qualidade atual
da água subterrânea, bem como das metas estipuladas para cumprir os usos
preponderantes desejados.
Logo no início do processo de enquadramento deverá ser criado um sítio na Internet
em que sejam disponibilizados os documentos elaborados ao longo do mesmo,
incluindo a informação elaborada no decurso da participação pública.
A participação pública será acompanhada pela produção e distribuição de folders,
cartazes de divulgação e inquéritos.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 115 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
6. SISTEMA DE INFORMAÇÕES SOBRE RECURSOS HÍDRICOS
6.1. Introdução
A gestão de recursos hídricos influencia a atividade de diversos tipos de entidades e
em diferentes esferas de gerenciamento, de âmbito público e privado. Geralmente,
para articular as diversas partes interessadas nesse processo são estabelecidos
Sistemas de Gestão de Recursos Hídricos , envolvendo diferentes sensibilidades no
processo.
Como ferramenta para a operacionalização desses sistemas, podem ser
implementados Sistemas de Informação que permitam a harmonização de
informação sobre diversas temáticas ambientais e fenômenos associados aos
recursos hídricos.
Neste contexto, também a atualização do Plano de recursos hídricos da bacia
hidrográfica do rio São Francisco (PRH-SF) é em parte suportada pela consideração
de diversas temáticas ambientais, sociais e econômicas provenientes de diversos
Sistemas de Informação e passíveis de representação em dados georreferenciados.
Diante desse grande número de informações coletadas e produzidas para o PRH-SF,
foi desenvolvido um Sistema de Informação Geográfica (SIG), para manipulá-las de
forma integrada, de modo a estabelecer operações de análise de suas relações
espaciais. Efetivamente, o SIG é uma ferramenta para coleta, tratamento,
sistematização, arquivamento e análise integrada de informações distribuídas
espacialmente, essencial em contextos onde se produz e reúne uma grande
quantidade de dados secundários de diversos temas e fontes, como os planos de
recursos hídricos.
A partir do SIG, materializado em um Banco de Dados e Informações
Georreferenciadas sobre Recursos Hídricos (BDIGRH), será concebido,
posteriormente à atualização do PRH-SF, um Sistema de Informações sobre
Recursos Hídricos (SIRH), como instrumento de apoio a gestão da bacia hidrográfica
do rio São Francisco.
116 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
Se pretende que esse SIRH seja uma ferramenta de apoio à decisão de
gerenciamento dos recursos hídricos da bacia de São Francisco através da integração
de diversos tipos de informações e análises, por exemplo alfanuméricas, cadastrais
e/ou geográficas. Esses insumos podem ser produzidos no contexto de sistemas de
informação independentes, cuja integração deve ser prevista.
Um Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos, conforme previsto na Política
Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), deverá ter como insumos (ANA, 2015g):
dados hidrológicos, hidrogeológicos e de qualidade da água, devidamente validados,
sistematizados e interpretados; cadastros de usos e usuários de recursos hídricos;
dados sobre as outorgas concedidas; informações sobre bacias hidrográficas, dos
meios físico, biótico e socioeconômico (geomorfologia, geologia, atividades de
produção e consumo, uso e ocupação do solo, biomas e dados ambientais,
infraestrutura instalada, fontes de poluição pontuais e difusas, dentre outras); leis e
normas referentes à política de recursos hídricos; dentre outros. Esta transversalidade
visa à prevenção e solução de conflitos ou de problemas associados à gestão de
recursos hídricos, o acesso mais completo a informações relacionadas e a melhoria do
processo de tomada de decisão. A Figura 16 mostra um esquema das “camadas” de
informações, que devem ser estruturados para a efetiva implementação de um sistema
de informações de recursos hídricos (NUNES, 2009).
Figura 16 – Estruturação de informações sobre recur sos hídricos.
Fonte: Nunes, 2009.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 117 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
Assim, nesse capítulo são apresentados:
• Os principais recursos legais e normativos a serem observados no
desenvolvimento do SIG/BDIGRH e do futuro SIRH da BHSF (subcapítulo
6.2);
• Os Sistemas de Informações de Recursos Hídricos na Bacia do Rio São
Francisco (subcapítulo 6.3)
• Informação sobre a coleta, análise e uso de dados e informações
georreferenciadas sobre recursos hídricos no PRH-SF (subcapítulo 6.4);
• O esquema de organização do SIG e BDIGRH do PRH-SF , cuja versão
final, contendo a arquitetura e os módulos temáticos que o compõem, será
apresentada na etapa de consolidação final da atualização do PRH-SF
(subcapítulo 6.5);
• Um conjunto de diretrizes para o SIRH , cuja concepção será objeto de
contratação futura (subcapítulo 6.6).
118 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
6.2. Aspectos legais e normativos a observar
A Lei das Águas n.º 9.433, de 8 de janeiro de 1997, define a base da Política
Nacional de Recursos Hídricos . A implementação desta política deve ser integrada
através das diversas esferas governamentais – federal, estadual e municipal –
tomando em consideração as especificidades regionais e temáticas da organização de
instrumentos de gestão de recursos hídricos.
Os sistemas de informações sobre recursos hídricos devem cumprir os princípios
básicos de:
• Descentralização da obtenção e produção de dados e informações;
• Coordenação unificada do sistema;
• Garantia de acesso geral aos dados.
Se destaca ainda o sexto fundamento da Lei das Águas, que define que as decisões
tomadas em âmbitos mais locais que não afetem os usos no âmbito geral não devem
ser influenciadas pelo manejamento a um nível superior. Como tal, os SIRH devem
adaptar-se às instâncias decisórias que suportam.
A Resolução n.º 13/2000, do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, estabelece
diretrizes para a implementação do SNIRH , notadamente através da coordenação
de demais órgãos e entidades federais com atribuições ou competências relacionadas
com a gestão de recursos hídricos e seu monitoramento, avaliação e atribuição de
direitos e deveres aos utilizadores dos recursos.
No contexto regional, à escala da bacia hidrográfica, as Agências de Água são
responsáveis por gerir e atualizar os SIRH que se apliquem à sua área de atuação,
incluindo o enquadramento dos recursos hídricos, a outorga (considerando aspectos
quantitativos, qualitativos, uso racional e a distribuição temporal e espacial dos
recursos) e respectiva cobrança (ANA, 2015g).
Para a aquisição e desenvolvimento de software a ANA definiu uma metodologia para
cada aspecto do ciclo de vida do projeto de software, a Metodologia de
Desenvolvimento de Sistemas da ANA (MDSA) composta por três metodologias
distintas e interdependentes (NUNES, 2009):
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 119 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
• Uma metodologia de gestão de projetos, que envolve o planejamento, a
monitoração e o controle do pessoal, processo e eventos que ocorrem na
medida em que o software é desenvolvido;
• Outra metodologia de engenharia de sistemas é a que envolve os
processos, métodos e ferramentas da metodologia de engenharia de
software; ela descreve as etapas do ciclo de vida do software, para deixar
de forma explicita as atividades macros necessárias para a metodologia de
engenharia de software;
• A terceira metodologia é a de fornecimento de software, que estabelece os
procedimentos de contratação e acompanhamento de software de maneira
a diminuir os riscos das contratações dentro do ambiente público, sujeita a
inúmeras interferências.
Os recursos hídricos em causa devem ser enquadrados por dados de temáticas com
relevância para a sua gestão, notadamente topografia, meteorologia, hidrologia,
hidrogeologia, geomorfologia, geologia e atividades humanas. A consideração destas
temáticas fortemente espacializadas é facilitada pe la utilização de SIG , que traz
diversas capacidades de geração de cartografia, geoprocessamento e análise
essenciais à gestão de recursos hídricos de forma adaptada à escala regional da
gestão.
O Decreto n.º 6.666, de 27 de Novembro de 2008, institui, no âmbito do Poder
Executivo federal, a Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (INDE): “conjunto
integrado de tecnologias; políticas; mecanismos e procedimentos de coordenação e
monitoramento; padrões e acordos, necessário para facilitar e ordenar a geração, o
armazenamento, o acesso, o compartilhamento, a disseminação e o uso dos dados
geoespaciais de origem federal, estadual, distrital e municipal” (Art. 2.º).
O Decreto n.º 6.666/2008 não normatiza o desenvolvimento da INDE com
padronização na aquisição, parâmetro, armazenamento, tratamento e apresentação
da informação, apenas estabelece as linhas mestras para a sua efetivação, levando
em consideração os desequilíbrios estruturais entre os estados e municípios
brasileiros (PIMENTEL, 2011).
Um dos objetivos da instituição da INDE é “promover a utilização, na produção dos
dados geoespaciais pelos órgãos públicos das esferas federal, estadual, distrital e
120 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
municipal, dos padrões e normas homologados pela Comissão Nacional de
Cartografia – CONCAR” (Art. 1.º do Decreto n.º 6.666/2008); a CONCAR mantém
Comissões de Especificações Técnicas para padronização das informações espaciais.
O Comitê Especializado da Mapoteca Nacional Digital (CMND), por exemplo, elaborou
em 2007 as Especificações Técnicas para Estruturação de Dados Geoespaciais
Digitais Vetoriais (versão 2.0) com o propósito de padronizar estruturas de dados
que viabilizem o compartilhamento, a interoperabilidade e a racionalização de recursos
entre os produtores e usuários de dados cartográficos (PIMENTEL, 2011).
Em 2009 é homologada, pela Resolução n.º 1, de 30 de Novembro, da Secretaria de
Planejamento e Investimentos Estratégicos, a Norma da Cartografia Nacional que
define o Perfil de Metadados Geoespaciais do Brasil (Perfil MGB ), publicada pelo
Comitê Especializado na Estruturação de Metadados Geoespaciais (CEMG).
O Comitê de Planejamento da Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (CINDE)
elaborou o Plano de Ação para Implementação da INDE , divulgado em janeiro de
2010; oficialmente, o lançamento da Infraestrutura e do endereço eletrônico
(www.inde.gov.br) aconteceu em abril de 2010 em Brasília (PIMENTEL, 2011).
Para além de atender a legislação vigente em matéria de geração, tratamento e
armazenamento de dados geoespaciais, o SIG/BDIGRH e o SIRH do PRH-SF devem
observar os seguintes requisitos:
• Compatibilidade com o Sistema Nacional de Informações sobre
Recursos Hídricos (SNIRH), incluindo o Cadastro Nacional de Usuários
de Recursos Hídricos (CNARH) e com as bases de informações
disponíveis nos diferentes órgãos estaduais;
• Permitir a instalação nos equipamentos do CBHSF / AGB-PV ,
possibilitando aos mesmos o suporte às atividades de planejamento e
gestão da bacia.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 121 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
6.3. Os Sistemas de Informações de Recursos Hídrico s na Bacia do Rio
São Francisco
Como sistema de referência do setor de gestão dos recursos hídricos, o SNIRH deve
ser um sistema integrador de todos os sistemas relacionados à gestão de recursos
hídricos, permitindo a sua indexação e utilização para o contexto nacional.
Por sua vez, cada estado tem autonomia para desenvolver seu próprio sistema ou
sistemas, de acordo com a sua realidade prática e suas necessidades de gestão. As
entidades estaduais de gestão de recursos hídricos são também responsáveis pelo
desenvolvimento e manutenção dos sistemas de informação cobrindo os recursos
existentes nos seus domínios. Se descrevem em seguida os sistemas existentes no
contexto da bacia hidrográfica de São Francisco.
6.3.1. Agência Nacional de Águas – Sistema Nacional de Informações sobre
Recursos Hídricos
O Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos (SNIRH) foi estabelecido
pela Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei n.º 9.433/1997) e a sua organização,
implantação e coordenação é da responsabilidade da Agência Nacional de Águas,
pela Lei n.º 9.984/2000.
Esse sistema visa dar suporte ao Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos (SINGREH) através da coleção, tratamento, armazenamento e recuperação
de dados e informação nacional sobre recursos hídricos e outros fatores relevantes,
incluindo a integração de informações geradas pelos diferentes órgãos integrantes do
SNIGREH (ANA, 2015g).
Assim, o SNIRH deve ser flexível e adaptável aos bancos de dados relacionados,
suportando a publicação e sistematização de informações que sejam adquiridas ou
geradas nos processos de gestão de recursos hídricos. A integração deve respeitar as
diferenças de âmbito e detalhamento entre as diversas esferas governamentais de
nível federal, estadual e municipal. Tal significa que o SNIRH deve tomar em
consideração as especificidades regionais resultantes dos diferentes tipos de
organização e estruturação de instrumentos de gestão de recursos hídricos.
122 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
O SNIRH tem como objetivos :
• Reunir, dar consistência e divulgar os dados e informações sobre a
situação qualitativa e quantitativa dos Recursos Hídricos no Brasil;
• Atualizar permanentemente informações sobre disponibilidade e demanda
de Recursos Hídricos no Brasil;
• Fornecer subsídios para elaboração de planos de recursos hídricos.
A estrutura de um SNIRH deve consistir, no mínimo, dos seguintes componentes
(Proágua, 2000 apud ANA, 2015g):
• Redes de monitoramento quali-quantitativas, convencionais ou com
aquisição automática de dados;
• Banco de dados contendo séries históricas hidrológicas, meteorológicas e
de qualidade das águas; cadastro de usuários, de obras hídricas, relação
de municípios, características físicas, socioeconómicas; mapas e imagens;
informações documentais, tais como: leis, planos, estudos, resoluções e
informações primárias. Todas as informações que contenham
componentes espaciais devem ser mantidas em formato compatível com
sistemas de informação georreferenciada, quando pertinente;
• Sistema de informações geográficas para integrar os demais componentes;
• Módulos para o funcionamento de modelos de simulação;
• Sistemas de apoio à decisão, seja para outorgas, alocação de volumes em
reservatórios, ocorrência de eventos extremos, elaboração de
planejamento integrado e disseminação de informações entre os usuários.
Assim, o SNIRH inclui, para a identificação de usuários de recursos hídricos, o
Cadastro Nacional de Usuários de Recursos Hídricos (CNARH), estabelecido pela
Resolução n.º126/2012, permitindo a integração com bases de dados referentes aos
recursos hídricos superficiais e subterrâneos aos níveis estadual e nacional. É
estruturado em seis subsistemas integrados e interdependentes, que são compostos
por aplicações computacionais desenhadas para auxiliar a gestão de recursos hídricos
(SOUSA et al., 2009, apud ANA, 2015g):
• Três subsistemas finalísticos (diretamente relacionados com a
regulação, monitoramento, planejamento e gestão dos recursos hídricos):
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 123 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
- Planejamento e Gestão (PLANN), que pretende dar visibilidade aos
processos de planejamento, permitir o acompanhamento sistemático e
viabilizar o acompanhamento do grau de implementação dos
instrumentos de gerenciamento de recursos hídricos como os Relatórios
de Conjuntura;
- Quali-quantitativo (QUALT), para tratamento de dados de
monitoramento hidrometeorológico (através da Rede
Hidrometeorológica Nacional, e HIDROWEB), fluviométrico,
pluviométrico, de águas subterrâneas e de qualidade de água (Rede
Nacional de Monitoramento da Qualidade das Águas);
- Regulação de Uso (REGLA), que compila dados do uso da água
provenientes de diversos processos de gerenciamento de usos como
cadastros (por exemplo, o CNARH), outorgas (por exemplo, o SDO),
cobranças (por exemplo, o DIGICOB) e outros elementos
administrativos relacionados com o uso de águas superficiais ou
subterrâneas.
• Três subsistemas integradores (auxiliares, possibilitam a conexão entre
os módulos de diversos subsistemas):
- Inteligência Hídrica (IH), que prepara informações hidrológicas para
enquadrar necessidades de informações de disponibilidades hídricas;
- Inteligência Documental (ID), integrando os documentos produzidos no
âmbito da gestão descentralizada de recursos hídricos, incluindo os
apresentados pelos vários comitês de bacia hidrográfica;
- Inteligência Geográfica (IG), conjugando dados e informações espaciais
de suporte à gestão de recursos hídricos georreferenciadas ou
hidrorreferenciadas, conforme aplicável.
ANA (2015g) descreve ainda um subsistema Segurança da Informação (SGINF)
que permite administrar os usuários, grupos de usuários, perfis e componentes
funcionais do Snirh (cf. Figura 17). Além disso, o SGINF disponibiliza serviços de
autenticação e conformação de usuários, sistemas, subsistemas e módulos, para
atender as necessidades de segurança interna ou externa ao sistema.
124 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
Figura 17 – Esquema da estrutura do SNIRH.
Fonte: ANA, 2015g.
Os subsistemas vêm sendo implementados por etapas, com destaque para o avanço
nos subsistemas REGLA e QUALT, além dos sistemas integradores. O SNIRH é
acessível ao público em geral através do portal www .snirh.gov.br/ , onde estão
disponíveis o Sistema de Monitoramento Hidrológico (Telemetria), o CNARH e mapas
diversos de temáticas como outorgas, domínio de cursos d’água, abastecimento
urbano de água, entre outras informações relacionadas.
6.3.2. Instituto Mineiro de Gestão das Águas – Sist ema Estadual de
Informações sobre Recursos Hídricos (MG)
O Sistema Estadual de Informações sobre Recursos Hídricos (SEIRH) do estado de
Minas Gerais é responsabilidade do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM) e
se enquadra na implementação do Sistema Estadual de Gerenciamento de
Recursos Hídricos (SEGRH) . Esse instituto, através da Gerência de Informação em
Recursos Hídricos (GEIRH-IGAM), mantém a articulação com as entidades dos
setores relacionados para manter atualizadas e disponíveis as informações no SEIRH.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 125 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
Esse sistema inclui a disponibilização de módulos referentes a dados e informações
técnicas relacionadas com o gerenciamento de recursos hídricos através do portal
InfoHidro , em http://portalinfohidro.igam.mg.gov.br/ (IGAM, 2016b). Esse portal inclui:
• Informações detalhadas por bacia hidrográfica de cobrança pelo uso de
recursos hídricos;
• Enquadramentos aplicáveis aos recursos hídricos estaduais;
• Dados de monitoramento e relatórios de qualidade da água, incluindo
índices de qualidade da água e de contaminação por tóxicos;
• Planos de recursos hídricos;
• Unidades de planejamento e gestão de recursos hídricos e indicação dos
instrumentos de apoio à sua gestão;
• Monitoramento de reservatórios;
• Publicações técnicas no âmbito da gestão de recursos hídricos do estado;
• Bases cartográficas completadas para o estado de Minas Gerais.
O portal InfoHidro está ainda conectado com o portal do SISEMAnet , da SEMAD
(2016a), onde é possível efetuar e recolher informação sobre registros ambientais, e o
portal de meteorologia do Sistema de Meteorologia e Recursos Hídricos de Minas
Gerais.
6.3.3. Secretaria do Meio Ambiente – Sistema Estadu al de Informações
Ambientais e de Recursos Hídricos (BA)
O Sistema Estadual de Informações Ambientais e de Recursos Hídricos (SEIA, 2016)
do estado da Bahia resulta da implementação da Política de Meio Ambiente e de
Proteção à Biodiversidade do Estado da Bahia, instituída pela Lei n.º 10.431/2006. É
pretendido que esse sistema seja a ferramenta única para acessamento de
informações e atendimento no contexto dos processos ambientais, sendo coordenado
pela Secretaria do Meio Ambiente.
Está presentemente em desenvolvimento software correspondente que fundamente
novas políticas estaduais de ambiente e recursos hídricos, permitindo a instrução e
gestão de processos ambientais via internet, com acompanhamento on-line do
cidadão. Esse sistema inclui (SEIA, 2016):
126 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
• Regularização ambiental, para processos de controle florestal,
licenciamento ambiental, outorgas e unidades de conservação;
• Identificação institucional das entidades associadas ao sistema;
• Enquadramento para o Sistema Estadual de Unidades de Conservação;
• Disponibilização de diversos serviços on-line para estabelecimento e
acompanhamento de processos de certificação, cadastro ou registros;
• Sistema Estadual de Informações de Recursos Hídricos, fornecendo
diversos subsídios temáticos, de planejamento e de monitoramento das
águas estaduais;
• Sistema de informação geográfica, o GEOBAHIA, que tem por objetivo
integrar e possibilitar a análise de informações ambientais e
socioeconômicas georreferenciadas para suporte à gestão ambiental e a
tomada de decisão, assim como outros mapas temáticos relevantes;
• Ferramentas de fiscalização, monitoramento ambiental e respectiva
legislação ambiental aplicável;
• Instrumentos de planejamento e programação ambiental.
• Ferramentas para educação ambiental;
• Outras publicações técnicas de enquadramento ambiental do estado.
6.3.4. Agência Pernambucana de Águas e Clima – Sist ema Integrado de
Gerenciamento dos Recursos Hídricos (PE)
A Política Estadual de Recursos Hídricos de Pernambuco é estabelecida pela Lei
n.º 12.984/2005, sendo previsto o desenvolvimento do Sistema Integrado de
Gerenciamento de Recursos Hídricos (SIGRH) . A Agência Pernambucana de Águas
e Clima (APAC, 2016) foi criada pela Lei Estadual n.º 14.028/2010 para complementar
o SIGRH e fortalecer o planejamento e regulação dos usos múltiplos dos recursos
hídricos do estado.
O SIGRH é composto pela articulação de diversas instituições e partes interessadas
no processo de gestão de recursos hídricos, em particular Conselhos Gestores,
Comitês de Bacia Hidrográfica e público em geral.
Destaca-se o Sistema de Geoinformação Hidrometeorológico de Pernambuco
(disponível em http://www.apac.pe.gov.br/sighpe/, um portal de visualização de
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 127 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
informações geográficas temáticas), com a síntese do monitoramento
hidrometeorológico em tempo real de estações fluviométricas e pluviométricas
recolhido através de plataformas de coleta de dados distribuídas no estado de
Pernambuco.
6.3.5. Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (AL)
A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos de Alagoas
(SEMARH-AL) tem a seu cargo a implantação e coordenação das políticas de meio
ambiente e de recursos hídricos, a que acresce a execução direta de ações de gestão
e fiscalização de recursos hídricos, com articulação com as políticas de âmbito
regional e nacional.
No portal da SEMARH-AL (2016) são apresentadas as características gerais do
enquadramento estadual aos setores ambientais e de gestão de recursos hídricos. No
contexto da gestão de recursos hídricos, se destacam:
• Dados de outorga, incluindo documentação do procedimento para
obtenção de outorga;
• Identificação cartográfica e descritiva das regiões hidrográficas no estado;
• Descrição do Fundo Estadual de Recursos Hídricos, criado com a
finalidade de captar, gerir e aplicar recursos financeiros para a Política
Estadual respectiva;
• Plano Estadual de Recursos Hídricos;
• Descrição de infraestruturas hídricas;
• Legislação aplicável.
128 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
6.3.6. Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídric os, Infraestrutura,
Cidades e Assuntos Metropolitanos – Sistema Integra do de Gerenciamento dos
Recursos Hídricos (GO)
No estado de Goiás, é a Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos,
Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos (SECIMA, 2016) que tem a
competência de implementar o Sistema Integrado de Gerenciamento dos Recursos
Hídricos (SIGRH) . Esse sistema consiste na articulação de diversas entidades com
intervenção sobre a gestão de recursos hídricos, desde o utilizador individual à
entidade federal.
Esta integração é apresentada no portal da SECIMA (2016) através do elenco das
diversas instituições envolvidas e ferramentas de gestão disponibilizadas pela
secretaria:
• Caracterização do Sistema de Gestão de Recursos Hídricos, com
referência à utilização de sistemas de informações para a organização e
disponibilização de dados e informações;
• Legislação aplicável no contexto do Sistema Integrado de Gerenciamento
dos Recursos Hídricos do Estado de Goiás;
• Dados de outorga, incluindo documentação do procedimento para
obtenção de outorga;
• Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH),
• Plano estadual de recursos hídricos;
• Comitês de bacias hidrográficas incluídas no estado;
• Programa Produtor de água, um instrumento específico desenhado para
pagamento por serviços ambientais de produção de água;
• Dados de vazão, de monitoramento de reservatórios (SAR) e de
indicadores de saneamento, fornecidos pela ANA.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 129 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
6.3.7. Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos –
Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídri cos (SE)
O Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídri cos de Sergipe é
coordenado pela ADEMA (Administração Estadual do Meio Ambiente), mais
especificamente pela Superintendência de Recursos Hídricos da Secretaria de Estado
do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos de Sergipe (SEMARH-SE).
Esse sistema articula a atividade dos órgãos e entidades de âmbito relacionado ao
gerenciamento de recursos hídricos no estado, considerando (ADEMA, 2016 e
SEMARH-SE, 2016):
• Resumo legislativo de aplicação aos recursos hídricos e a seu
gerenciamento;
• Programação e operacionalização de monitoramento e fiscalização de
condições de conservação, qualidade de água, balneabilidade e condições
hidrológicas;
• Instrumentos de planejamento e gerenciamento de recursos hídricos;
• Enquadramento qualitativo dos corpos d’água;
• Disposições e enquadramento do fundo estadual de recursos hídricos;
• Documentação para processos de outorga e cobrança;
• Elementos de articulação institucional: CONERH/SE (Conselho Estadual de
Recursos Hídricos) e Comitês de Bacias.
6.3.8. Agência Reguladora de Águas, Energia e Sanea mento Básico (DF)
A Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico, originalmente criada
pela Lei n.º 3.365/2004, tem a seu cargo a articulação de diversas atividades no
Distrito Federal, destacando-se no âmbito da gestão de recursos hídricos a sua
utilização, águas e esgotos, drenagem urbana e regulação econômica dos sectores
(ADASAa, 2016).
O portal Recursos Hídricos – DF (ADASA, 2016b) elenca diversas funcionalidades
apresentadas pela ADASA relacionadas com o gerenciamento de recursos hídricos:
130 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
• Iniciativas de monitoramento hidrológico e de qualidade de águas dos
recursos hídricos locais, incluindo representação cartográfica;
• Descrição e ferramentas de início e acompanhamento de processo de
outorga e cadastro de usos de recursos hídricos;
• Apresentação e relato de atividades de fiscalização dos recursos hídricos
locais;
• Descrição de enquadramento regulatório e estratégico das atividades de
planejamento e acompanhamento da gestão de recursos hídricos,
concentradas em conselhos e comités de atribuição regional;
• Outras informações relevantes para a articulação do sector, como
competências específicas da ADASA através da Superintendência de
Recursos Hídricos, legislação aplicáveis e guias de boas práticas.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 131 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
6.4. Coleta, análise e uso de dados e informações g eorreferenciadas
sobre recursos hídricos no PRH-SF
O SIG do PRH-SF, concretizado em um BDIGRH para a bacia, irá incluir as
informações de base do plano relativas às características e à situação dos recursos
hídricos e demais aspectos com implicações relevantes, como por exemplo a
hidrografia, a ecologia, a proteção da natureza, a geologia ou a hidrogeologia. Se
pretende, com esse banco de dados, sintetizar a informação considerada para a
atualização do PRH-SF e estabelecer a base para o SIRH que venha a ser
implementado.
As informações georreferenciadas foram obtidas nos estudos e entidades mais
relevantes em cada matéria, com particular ênfase nos recursos hídricos e em dados
posteriores a 2004, permitindo contribuir para a atualização substantiva do plano.
Os dados foram coletados, avaliados, validados e manipulados de fo rma
integrada ao longo do desenvolvimento do plano, em ambiente ArcGIS 10.0, da
ESRI, recorrendo, quando necessário, à criação de file geodatabases para validação
topológica e análise.
Quando necessária, a produção de dados geográficos primários foi desenvolvida
atendendo às Regras e Padrões para Nomenclatura de Objetos da Agência
Nacional de Águas (ANA, 2011c), com o uso de pentagramas de identificação de
objetos e de atributos. Devido à diversidade de contribuições consideradas, não só no
que se refere às temáticas abordadas, mas também às suas tipologias, coberturas,
níveis de completude e atributos, os dados geográficos secundários foram mantidos
no seu esquema original ao serem coligidos no BDIGRH, permitindo uma mais
completa rastreabilidade da informação.
Os dados considerados no BDIGRH correspondem à fase final dos trabalhos, após
consolidação e validação dos diversos produtos, o que inclui o Atlas da Bacia, onde se
agrupam todos os elementos esquemáticos e cartográficos (mapas e figuras) do plano.
Esses dados foram integrados e mapeados não só na fase inicial de diagnóstico, como
na formulação de cenários de desenvolvimento e proposição de diretrizes e ações
prioritárias, e de forma a possibilitar também o suporte futuro às atividades de
planejamento e gestão da bacia.
132 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
6.5. Esquema de organização do SIG e BDIGRH do PRH- SF
Para além de o desenvolvimento de um SIG ser essencial à elaboração de um PRH, a
estruturação de um BDIGRH é um dos objetivos específicos da atualização do PRH-
SF. Assim, para a atualização do PRH-SF, na etapa de consolidação final da
atualização do plano será apresentada a versão final do SIG / BDIGRH do PRH-SF,
contendo a arquitetura e os módulos temáticos que o compõem, de forma a agrupar a
informação utilizada e gerada durante a elaboração do plano.
Não obstante, considerando que será a partir do SIG, materializado no BDIGRH, que
será concebido o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos (SIRH) para o qual
devem ser propostas diretrizes nesta fase da atualização do PRH-SF, seguidamente é
apresentada uma proposta de esquema de organização do SIG / BDIGRH do PRH-
SF, repartida nos seguintes itens:
• Integração (seção 6.5.1);
• Documentação (seção 6.5.2);
• Representação (seção 6.5.3).
Considera-se que o esquema de organização apresentado permitirá constituir o
BDIGRH como o repositório principal dos dados e informações georreferenciados
relevantes para o PRH-SF, através da integração, documentação e representação de
informação gerada e considerada no desenvolvimento do plano.
6.5.1. Integração
O SIG do PRH-SF integra informações de base relativas às características e à
situação dos recursos hídricos e demais aspectos com implicações relevantes na sua
quantidade e qualidade, organizadas por tipo de ficheiro e área temática. Em
conjugação com esta organização para a informação de base, o BDIGRH incluirá a
reprodução em formato editável dos mapas produzidos ao longo do desenvolvimento
do PRH-SF. Para a integração desta informação propõe-se a seguinte es trutura :
• Pasta de informações de base georreferenciadas organizadas de acordo
com:
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 133 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
- tipo de informação, a nível primário:
o Matricial: raster em formato .tif;
o Vetorial: shapefile em formato . shp;
o Tabular: planilhas de uso relacional em formato .xls.
- por área temática, a nível secundário:
o Ecologia;
o Geologia e hidrogeologia;
o Hidrografia;
o Limites administrativos;
o Proteção de natureza;
o Qualidade de recursos hídricos;
o Socioeconomia;
o Solos;
o Usos de recursos hídricos.
• Pastas contendo os mapas desenvolvidos para cada produto entregue, em
versão editável (em formato .mxd, criado em ambiente ArcGIS 10.0) e
versão final apresentada (em formato .pdf ou .jpg), organizadas de acordo
com:
- o produto (relatório técnico) do plano para o qual o mapa foi gerado, a
nível primário:
o RF1, 2, 3, etc.;
o Atlas da Bacia.
- a tipologia de produto gráfico, a nível secundário:
o Mapa, em formato A3;
o Figura de representação esquemática.
Os tipos de ficheiro apresentados permitem maximizar a interoperabilidade e
compatibilidade com diversos sistemas, notadamente ArcGIS ou sistemas open-
source.
No cumprimento do disposto pelo IBGE e no termo de referência para a elaboração do
plano, foi implementado o sistema de projeção SIRGAS 2000 para referenciamento
geodésico. Esse sistema de projeção permitiu integrar os dados recolhidos projetados
em outros sistemas, notadamente SAD 1969 e WGS 1984, através da ferramenta de
conversão de coordenadas nativas do ArcGIS, software utilizado na gestão de
informação e no mapeamento. Em seu turno, o conteúdo cartográfico é desenvolvido
134 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
com projeção policônica do sistema SIRGAS 2000 e o cálculo de comprimentos e
áreas com a projeção cônica equivalente de Albers definida pelo IBGE.
6.5.2. Documentação
Um aspecto fundamental do gerenciamento de dados e de informações
georreferenciadas em particular, é a documentação das suas características através
da manutenção de metadados atuais, contendo “um conjunto básico e necessário de
elementos que retrate as características dos produtos geoespaciais de uma
determinada comunidade e garante a sua identificação, avaliação e utilização
consistente” (CEMG-CONCAR, 2009).
Os elementos a apresentar no BDIGRH serão documentados através da ferramenta
open source CatMDEdit , do Instituto Geográfico Nacional espanhol, da Universidade
de Saragoça e do GeoSpatiumLab S.L. (SOUZA et al., 2013), seguindo sempre que
disponíveis os metadados disponibilizados pelas fontes consideradas. Nesse contexto,
será feito o preenchimento do Perfil de Metadados Geográficos do Brasil (MGB)
sumarizado , composto pelos atributos “Core Metadata for Geographic Datasets” da
norma ISO 19115:2003, acrescido do atributo Status, considerado necessário e
obrigatório pelo CEMG-CONCAR no contexto do perfil MGB:
• Título;
• Data;
• Responsável;
• Extensão Geográfica;
• Idioma;
• Código de caracteres do CDG;
• Categoria temática;
• Resolução espacial;
• Resumo;
• Formato de distribuição;
• Extensão temporal e altimétrica;
• Tipo de representação espacial;
• Sistema de Referência;
• Linhagem;
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 135 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
• Acesso online;
• Identificador Metadados;
• Nome Padrão de Metadados;
• Versão da Norma de Metadados;
• Idioma dos Metadados;
• Código de Caracteres dos Metadados;
• Responsável pelos Metadados;
• Data dos Metadados;
• Status.
6.5.3. Representação
O esquema e escala de representação gráfica foram ajustados caso a caso de
acordo com a acurácia e precisão específica de cada classe e tema de mapeamento,
e com o formato a apresentar:
• Figuras esquemáticas de escala, âmbito geográfico e formato variáveis,
incluindo ocasionalmente a reprodução direta das representações de
dados de acordo com a fonte respectiva;
• Mapas de âmbito geográfico definido pela bacia do rio São Francisco, de
formato A3 (escala 1: 6.000.000), a que correspondem, intercaladas no
texto, versões reduzidas em figura esquemática dos mesmos.
Tal como indicado no item referente a integração, os produtos finais serão
disponibilizados em formato editável (.mxd em ArcGIS 10.0 ou posterior) e finalizado
(.pdf ou .jpg).
Os mapas produzidos ao longo do desenvolvimento do PRH-SF são desenvolvidos
tomando em consideração os padrões e as normas técnicas de cartografia adotadas,
propostas e referenciadas pela Comissão Nacional de Cartografia (CONCAR),
contendo as identificações das instituições parceiras (sempre que possível, cedidas
pela AGB Peixe Vivo em imagens de alta qualidade), referenciação bibliográfica das
fontes de informação cartográfica, toponímias, legenda e especificações técnicas dos
mapas.
136 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
6.6. Diretrizes
A concepção do Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos (SIRH) para
subsidiar a gestão dos recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco
deverá valer-se do SIG / BDIGRH do PRH-SF (desenvolvidos para apoiar a
elaboração e integrar toda a informação coletada e produzida no plano), do SNIRH,
incluindo o CNARH e das bases de informações disponíveis nos diferentes órgãos (por
exemplo nos respectivos SIRH) estaduais.
Um Sistema de Informação engloba ainda elementos de diversos tipos como
hardware, software, organização institucional e engajamento de recursos humanos.
Assim, a concepção desse SIRH deverá ser estruturada em etapas diferenciadas de
desenho, desenvolvimento, implantação e manutenção/atualização.
Nesse contexto, as diretrizes aqui apresentadas objetivam propor uma plataforma de
informações georreferenciadas , passível de ser continuamente atualizada com a
entrada de novos dados e possibilitando o suporte às atividades de planejamento e
gestão da bacia, bem como servir a outras instituições e finalidades e ser colocada à
disposição do público geral pela internet.
Para o alcance desses objetivos apresentam-se as seguintes diretrizes para o SIRH
da BHSF :
• Integração do BDIGRH – repositório dos dados e informações
georreferenciados relevantes para o PRH-SF, desenvolvido de tal forma
que possa ser instalado nos equipamentos do CBHSF/ AGB Peixe Vivo e a
ser entregue juntamente com os relatórios finais do plano:
- Prevendo esquemas de substituição, versionamento ou
complementação dos dados e informações aí armazenados;
- Possibilitando a representação cartográfica dos elementos
originalmente entregues no PRH, incluídos no BDIGRH, e dos
elementos posteriormente atualizados ou produzidos no decurso da
aplicação do Plano, prevendo a sua documentação;
• Desenvolvimento articulado com a Metodologia de Desenvolvimento de
Sistemas da ANA (MDSA), permitindo a sua integração facilitada no
SNIRH;
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 137 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
• Articulação com os órgãos a nível estadual, regional e nacional, no sentido
de uma integração atualizada dos dados, já que grande parte destes
órgãos possui seus Sistemas de Informações sobre Recursos Hídricos,
mesmo que alguns em desenvolvimento; nesse sentido, recomenda-se um
estudo que avalie o estado de implementação destes sistemas e os
esforços a serem feitos para a integração, pois somente com um
diagnóstico da situação de cada um é possível traçar uma diretriz para a
integração das bases e a real necessidade da busca por novos dados; a
ampla adoção do CNARH como base cadastral única para usuários
representa um importante passo rumo a essa integração (devendo ainda
considerar-se que, sem associação com o processo de regularização do
usuário, o cadastro perde sua consistência em curto espaço de tempo, por
desatualização de seus dados e por força da associação da dinâmica da
água ao desenvolvimento – COHIDRO, 2013); uma proposta de modelo
conceitual capaz de facilitar essa integração, em particular com o SNIRH, é
apresentada na Figura 18:
Figura 18 – Proposta de modelo conceitual da soluçã o para o estabelecimento de uma
plataforma para o SIRH da BHSF e sua integração com o SNIRH.
Fontes: Adaptado de ANA, 2008 apud Nunes, 2009 e de ANA, 2015g.
138 Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: Arranjo Institucional, Diretrizes e Critéri os para Instrumentos de Gestão
• Reforço de mecanismos de articulação com os atores da matriz
institucional (incluindo a ANA, órgãos gestores estaduais, ADASA, Comitês
e Agências de bacia) para uso e alimentação de seus dados no SIRH da
bacia, por exemplo, através de credenciamentos para alimentação direta
de informações ou atualização periódica de dados partilhados pelos
produtores de informações;
• Disponibilização a outras instituições ou ao público geral pela internet
diretamente, pela partilha direta dos módulos relevantes de informação de
base e indiretamente, pela criação de produtos de mapeamento gráfico
para o serviço de Web Map Services ou Web Feature Services
(WMS/WFS);
• Funcionalidade de Sistema de Planejamento de Investimentos, que
contemple as diversas fontes de recursos em investimento e a investir na
BHSF, possibilitando dessa forma ao CBHSF acompanhar periodicamente
os investimentos em curso e projetados e definir estratégias que
direcionem seus esforços institucionais junto às diversas entidades;
• Funcionalidade de acompanhamento e fiscalização independente dos
Sistemas Estaduais e Federal de Informações;
• Funcionalidade de monitoramento e avaliação de resultados das ações do
PRH-SF;
• Escopo básico constituído de informações atualizadas, no mínimo por sub-
bacia, sobre:
- Vazões registradas;
- IQA e monitoramento da qualidade da água;
- Outorgas concedidas e solicitadas;
- Licenciamentos concedidos e solicitados;
• Atendimento das necessidades mínimas de pessoal qualificado,
equipamento (hardware e software) e dados atualizados, para que o SIRH
funcione como uma ferramenta de gestão; primeira aproximação de uma
estrutura mínima para suportar a gestão das informações para a bacia do
rio São Francisco:
- Pessoal especializado em geotecnologias, devidamente habilitado;
- Servidor de dados;
- Estações de trabalho;
- Software específico de SIG;
- Software específico de Banco de Dados relacional.
Plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio São Francisco: 139 Arran jo Institucional, Diretrizes e Critérios para Instr umentos de Gestão
• Atividades de ampliação e atualização do SIRH da bacia programadas para
ocorrer no máximo a cada período decenal, durante as etapas de revisão
do PRH-SF.
Em todo o caso, previamente ao desenvolvimento de um SIRH específic o para a
bacia do rio São Francisco , propõe-se:
• O desenvolvimento de um protocolo comum de troca de informações entre
os diversos órgãos gestores e atores que atuam na bacia;
• A avaliação da possibilidade de utilização dos sistemas já desenvolvidos
pela ANA ou pelos órgãos gestores estaduais.
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Consultoria de Ambientee Planeamento
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ATUALIZAÇÃO2016 - 2025
PLANO DE RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO
SÃO FRANCISCO
Foto original: João Zinclar