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Estado do Paraná _________________ PODER JUDICIÁRIO DO PARANÁ COMARCA DE FOZ DO IGUAÇU 1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA Processo: 0002674-54.2011.8.16.0030 Vara: 1ª Vara da Fazenda Pública de Foz do Iguaçu Classe Processual: 65 - Ação Civil Pública Assunto Principal: 10011 - Improbidade Administrativa Autor: MINISTERIO PUBLICO Município de Foz do Iguaçu/PR Réu: PRÓ-SAÚDE ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E HOSPITALAR PAULO MAC DONALD GHISI LUIZ FERNANDO BOFF ZARPELLON S E N T E N Ç A I - RELATÓRIO Trata-se de ação de improbidade administrativa ajuizada pelo Ministério Público do Estado do Paraná contra Paulo Mac Donald Ghisi, Luis Fernando Boff Zarpelon e Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, já qualificados nos autos. O Município de Foz do Iguaçu também compõe o polo ativo da demanda. Segundo consta da inicial, os réus Paulo Mac Donald Ghisi e Luis Fernando Boff Zarpelon, na condição de Prefeito e Secretário Municipal de Saúde desta Cidade, entabularam o contrato de gestão n. 021/2010 com a organização social Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, sob o valor de R$34.764.000,00 (trinta e quatro milhões, Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJYG3 ME663 7M7G5 FWL9B PROJUDI - Processo: 0002674-54.2011.8.16.0030 - Ref. mov. 137.1 - Assinado digitalmente por Rogerio de Vidal Cunha:16706, 25/06/2015: JULGADA IMPROCEDENTE A AÇÃO. Arq: Sentença

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Estado do Paraná

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PODER JUDICIÁRIO DO PARANÁ

COMARCA DE FOZ DO IGUAÇU

1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA

Processo: 0002674-54.2011.8.16.0030

Vara: 1ª Vara da Fazenda Pública de Foz do Iguaçu

Classe Processual: 65 - Ação Civil Pública

Assunto Principal: 10011 - Improbidade Administrativa

Autor: MINISTERIO PUBLICO

Município de Foz do Iguaçu/PR

Réu: PRÓ-SAÚDE ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E

HOSPITALAR

PAULO MAC DONALD GHISI

LUIZ FERNANDO BOFF ZARPELLON

S E N T E N Ç A

I - RELATÓRIO

Trata-se de ação de improbidade administrativa ajuizada

pelo Ministério Público do Estado do Paraná contra Paulo Mac Donald Ghisi,

Luis Fernando Boff Zarpelon e Pró-Saúde Associação Beneficente de

Assistência Social e Hospitalar, já qualificados nos autos. O Município de Foz

do Iguaçu também compõe o polo ativo da demanda.

Segundo consta da inicial, os réus Paulo Mac Donald Ghisi e

Luis Fernando Boff Zarpelon, na condição de Prefeito e Secretário Municipal

de Saúde desta Cidade, entabularam o contrato de gestão n. 021/2010 com

a organização social Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social

e Hospitalar, sob o valor de R$34.764.000,00 (trinta e quatro milhões,

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setecentos e sessenta e quatro mil reais) por ano, a ser repassado pelo

Município para o desempenho do objeto do contrato.

Com isto, foi entregue à Pró-Saúde Associação Beneficente

de Assistência Social e Hospitalar o único hospital público da cidade, e,

consequentemente, grande parte do atendimento público de saúde do

município passou a ser prestado pela aludida organização social, que, além

de se valer dos equipamentos e de parte dos servidores da área da saúde,

também contratou diversos profissionais para desempenhar suas funções

na área da saúde do Município, o que se deu, segundo a parte autora, sem a

realização de concurso público.

O Ministério Público aduziu, ainda, que, diante das

irregularidades que teriam sido encontradas - terceirização do serviço de

saúde, atividade-fim do Município, e a prestação de serviços públicos de

saúde por pessoas não concursadas - foi proposta a celebração de termo de

ajustamento de conduta, o que não foi acatado, de modo que se fez

necessário recorrer à Justiça do Trabalho, que determinou a ruptura do

contrato de gestão.

Por tudo isso, requer o Parquet, em razão da violação dos

artigos 10 e 11 da Lei de Improbidade Administrativa, a condenação dos

réus às sanções do art. 12, II, da mesma lei, ou, caso se entenda pela

violação unicamente do art. 11, pela condenação nas sanções do art. 12, III.

Juntou vários documentos.

Notificados, os réus Paulo Mac Donald Ghisi (eventos 1.5 e

1.9) e Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar

(evento 1.10) apresentaram defesa preliminar. O réu Luis Fernando Boff

Zarpelon quedou-se inerte (evento 1.14).

Manifestação do Ministério Público no evento 1.15.

Após rechaçadas as preliminares, a inicial foi recebida

(evento 1.21).

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1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA

Os réus foram citados (Paulo Mac Donald Ghisi no evento

1.23, Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar no

evento 1.30 e Luis Fernando Boff Zarpelon nos termos do mandado e da

certidão do evento 41.1), e contestaram a ação (eventos 1.9 e 1.25, 1.33 e

19.1, respectivamente).

O réu Paulo Mac Donald Ghisi contestou a ação alegando

que não houve má-fé ou animo de ser desonesto ou buscar para si ou para

terceiro proveito em detrimento da Administração Pública, vez que praticou

os atos alicerçado na lei e de acordo com os pareceres técnicos emitidos por

servidores públicos. Sustentou que não há necessidade de concurso público

para contratação de servidores por parte de entidades do terceiro setor,

visto que atuam ao lado da Administração, apenas executando os serviços.

Declarou que a Pró-Saúde atua de modo a complementar ou suplementar os

serviços de saúde, sendo lícita tal contratação. Argumentou inexistir dano

ao erário e inaplicabilidade das sanções previstas no art. 12, II da Lei

nº8.429/1992. Por fim, fundamentou que o município não tem condições de

tomar para si com corpo próprio a execução de todos os serviços, razão pela

qual contratou a gestão compartilhada.

A ré Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social

e Hospitalar apresentou sua contestação afirmando que o MP/PR promoveu

arquivamento de procedimento administrativo no qual se apurava

irregularidade de contato de gestão entre a ré e o Município de Pinhais.

Arguiu preliminar de ausência de interesse de agir. Alegou que o modelo

jurídico das organizações sociais é constitucional e que é possível a

realização de contrato de gestão com o poder público. Sustentou que não

há óbice a contratação direta de pessoal sem concurso público.

O réu Luis Fernando Boff Zarpelon contestou a ação

arguindo preliminar de falta de interesse processual. No mérito, afirmou que

não há nulidade na contratação, visto que o contrato de gestão não pode

ser qualificado como transferência de responsabilidade da saúde pública.

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1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA

Relatou que os serviços foram prestados adequadamente. Declarou haver

ofensa ao princípio da autonomia federativa e ao princípio da correição

funcional, haja vista que o parquet busca impedir a contratação de OS´s

para prestação de serviços complementares à saúde. Alegou existir violação

do princípio da reserva do financeiramente possível, bem como inexistência

de dolo na conduta do réu e não haver dano ao erário.

O Ministério Público impugnou as contestações (evento 22),

reiterando os pedidos iniciais.

As preliminares levantadas nas contestações foram

rechaçadas na decisão do evento 43.1. Também foi indeferida a pretensão

probatória das partes, já que se trata de caso de julgamento antecipado da

lide.

O réu Paulo Mac Donald Ghisi interpôs agravo retido em

face da decisão do evento 43.1. Recebido o recurso (evento 55.1), houve

apresentação de contrarrazões por parte do Ministério Público (evento

53.1).

Chamado o feito à ordem, determinou-se a intimação do

Município de Foz do Iguaçu, que integra o polo ativo da demanda, nos

termos do despacho do movimento 62.1, o qual se manifestou no evento

75.1.

O réu Luis Fernando Boff Zarpelon também agravou retido

(evento 69.1). Contrarrazões por parte do Ministério Público no evento 81.1.

Juntada de documentos nos eventos 83 e 84, sobre os quais

se manifestaram o Ministério Público e os réus nos movimentos 102.1,

106.1, 108.1 e 109.1.

A decisão agravada restou mantida no evento 91.1.

É o relatório.

Decido.

II - FUNDAMENTAÇÃO

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Conforme restou consignado na decisão do evento 43.1, o

feito comporta julgamento antecipado, na forma do art. 330, I, do CPC, vez

que a questão de mérito, ainda que de direito e de fato, não exige

necessidade de produção de prova em audiência.

E, considerando que as preliminares apresentadas pelos

réus já foram afastadas (eventos 1.21 e 43.1), passo diretamente ao exame

do mérito.

À luz da doutrina de José Afonso da Silva: "A probidade

administrativa é uma forma de moralidade administrativa que mereceu

consideração especial da Constituição, que pune o ímprobo com a suspensão

de direitos políticos (art. 37, §4º). A probidade administrativa consiste no

dever de o "funcionário servir a Administração com honestidade, procedendo

no exercício das suas funções, sem aproveitar os poderes ou facilidades delas

decorrentes em proveito pessoal ou de outrem a quem queira favorecer". O

desrespeito a esse dever é que caracteriza a improbidade administrativa.

Cuida-se de uma imoralidade administrativa qualificada. A improbidade

administrativa é uma imoralidade qualificada pelo dano ao erário e

correspondente vantagem ao ímprobo ou a outrem(...)." 1

Configura improbidade administrativa a prática por agente

público (LIA, art. 2º) e seus eventuais concorrentes (LIA, art. 3º) de ato

capitulado em alguma das situações dos artigos 9º, 10 e 11 da Lei nº

8.429/92, descritos, respectivamente, como atos de improbidade que

“importam enriquecimento ilícito”, “causam prejuízo ao erário” ou “atentam

contra os princípios da Administração Pública”.

Sedimentou-se na jurisprudência do SUPERIOR TRIBUNAL DE

JUSTIÇA o entendimento segundo o qual “para que seja reconhecida a

tipificação da conduta do réu como incurso nas previsões da Lei de

Improbidade Administrativa, é necessária a demonstração do elemento

1 José Afonso da Silva, Curso de Direito Constitucional Positivo, 24ª ed., São Paulo, Malheiros Editores, 2005, p-669

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subjetivo, consubstanciado pelo dolo para os tipos previstos nos arts. 9º e 11

e, ao menos, culpa, nas hipóteses do art. 10. Isso porque não se pode

confundir improbidade com simples ilegalidade. A improbidade é a ilegalidade

tipificada e qualificada pelo elemento subjetivo da conduta do agente”2 .

Ou ainda: “A improbidade é uma ilegalidade qualificada pelo

intuito malsão do agente, atuando sob impulsos eivados de desonestidade,

malícia, dolo ou culpa grave.2. Dessa atuação malsã do agente, ademais,

deve resultar (i) o enriquecimento ilícito próprio ou alheio (art. 9o. da Lei

8.429/92), (ii) a ocorrência de prejuízo ao Erário (art. 10 da Lei 8.429/92) ou

(iii) a infringência aos princípios nucleares da Administração Pública (arts. 37

da Constituição e 11 da Lei 8.429/92).”3

É preciso ter em mente, portanto, que nem toda ilegalidade

consubstancia ato de improbidade. Sua configuração reclama um plus de

antijuridicidade. E por essa razão a análise da prática ou não de

comportamento ímprobo, para o qual reservadas severíssimas sanções,

deve nortear-se por um juízo de proporcionalidade, de forma a que não se

qualifique como improbidade o que é mera ilegalidade.

Pois bem, o Programa Nacional de Publicização (PNP),

instituído pela Lei n. 9.637/98, foi idealizado em razão da necessidade de se

ampliar a descentralização na prestação de serviços públicos. Por ele,

algumas atividades de caráter social, então exercidas por pessoas e órgãos

administrativos de direito público, podem ser absorvidas por pessoas de

direito privado (art. 20).

José dos Santos Carvalho Filho entende que o termo

publicização é inadequado e infeliz. Para ele, o que existe, na realidade é o

cumprimento de mais uma etapa do processo de desestatização, pelo qual o

Estado se afasta do desempenho direto da atividade, ou, se se preferir, da

prestação direta de alguns serviços públicos, mesmo não econômicos, 2 STJ – AgRg no AREsp 161.420/TO, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 03/04/2014, DJe 14/04/2014 3 STJ, AgRg no AREsp 83233/RS, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 25/02/2014, DJe 03/06/2014

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delegando-a a pessoas de direito privado não integrantes da Administração

Pública (CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito

Administrativo, 17ª Edição, Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, p. 305).

Essas pessoas, a quem se incumbirá a execução dos

serviços públicos em parceria com o poder público, por meio de contrato de

gestão, são as organizações sociais.

As organizações sociais fazem parte do que se chama de

Terceiro Setor, a indicar que não se trata nem dos entes federativos nem

das pessoas que executam a administração indireta e descentralizada

daqueles, mas simplesmente compõem um tertium genus, ou seja, um

agrupamento de entidades responsáveis pelo desenvolvimento de novas

formas de prestação dos serviços públicos (CARVALHO FILHO, José dos

Santos. Manual de Direito Administrativo, 17ª Edição, Rio de Janeiro: Editora

Lumen Juris, p. 304).

Consoante Hely Lopes Meirelles, a organização social pode

ser considerada como ente de cooperação, pessoa jurídica de direito

privado disposta paralelamente ao estado, ao lado do Estado, para executar

cometimentos de interesse do Estado, mas não privativos do Estado

(MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, 27ª ed.,

atualizada. São Paulo : Malheiros, p. 359).

Segundo o art. 1º da Lei n. 9.637/98, lei esta tida como

marco legal das organizações sociais, o Poder Executivo poderá qualificar

como organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins

lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica,

ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio

ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos previstos nesta Lei.

Dados os estritos limites da causa, esta sentença abordará

somente o tema da saúde.

A Constituição Federal estabelece que a saúde é direito de

todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas

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que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso

universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e

recuperação (art. 196). O art. 199, por sua vez, consigna que a assistência à

saúde é livre à iniciativa privada.

A saúde se insere no que a doutrina denomina de serviços

sociais, ou seja, os que o Estado executa para atender aos reclamos sociais

básicos e representam ou uma atividade propiciadora de comodidade

relevante, ou serviços assistenciais e protetivos (CARVALHO FILHO, José dos

Santos. Manual de Direito Administrativo, 17ª Edição, Rio de Janeiro: Editora

Lumen Juris, p. 305).

O regime jurídico a que se submete a saúde permite incluí-

la no campo dos serviços públicos não privativos, uma vez que tanto o

poder público quanto a iniciativa privada são titulares, de modo que podem,

simultaneamente, exercê-las por direito próprio.

Quando o Estado a exerce por si, tem natureza de serviço

público; quando o particular a exerce, porém, há discussão doutrinária.

Sem maiores delongas, analisando os serviços de educação

(exemplo típico de serviço público social e não privativo), o Supremo

Tribunal Federal consignou que os serviços de educação, seja os prestados

pelo Estado, seja os prestados por particulares, configuram serviço público

não privativo, podendo ser prestados pelo setor privado independentemente

de concessão, permissão ou autorização (ADI 1266, Relator(a): Min. EROS

GRAU, Tribunal Pleno, julgado em 06/04/2005, DJ 23-09-2005 PP-00006

EMENT VOL-02206-1 PP-00095 LEXSTF v. 27, n. 322, 2005, p. 27-36)

O Supremo Tribunal Federal foi chamado a deliberar sobre

a atuação das organizações sociais na ADIN 1.963/DF, da relatoria do Min.

Ayres Britto.

O julgamento, que se deu de forma majoritária, teve como

voto condutor o do Min. Luiz Fux, de cujo teor se extrai que, em razão dos

argumentos já apresentados, considera-se:

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(...) inaplicável ao caso o art. 175 da

Constituição, que prevê a delegação de serviços

públicos por permissão ou concessão, sempre

condicionada à licitação. Ora, essa regra geral, dirigida

aos serviços públicos exclusivos ou privativos – como

energia elétrica ou telecomunicações (CF, art. 21, XI e

XII, ‘b’) –, não pode suprimir o âmbito normativo das

diversas regras específicas, previstas também na

Constituição, com relação às atividades definidas como

serviços públicos não privativos. Os dois regimes

jurídicos não podem ser confundidos. E é por força de

tais regras específicas – arts. 199, 209, 215, 217, 218 e

225, todos da CF –, que o particular atua por direito

próprio nessas searas, sendo totalmente descabida a

exigência de licitação para que, repita-se, o particular

possa fazer justamente aquilo que sempre lhe era lícito

executar, por serem “livres à iniciativa privada” e/ou

“deveres da Sociedade”, respeitadas as balizas que a

própria Constituição já impõe quanto ao conteúdo

material do regime jurídico dessas atividades.

Com isso, conclui o Ministro que a Lei das Organizações

Sociais não trata de delegação de serviço público. Há, na verdade, a

instituição de um sistema de incentivo ou fomento, valendo-me dos termos

do Direito Econômico, por meio de contrato de gestão. E este modelo

caracteriza o que a doutrina econômica chama de intervenção indireta na

atividade econômica.

Consequentemente, rechaçado está o primeiro argumento

do Ministério Público: é válida a celebração de contrato de gestão entre o

executivo e organização social para atuação no setor da saúde, uma vez

que a saúde não se trata de serviço de prestação exclusiva pelo Município.

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25/06/2015: JULGADA IMPROCEDENTE A AÇÃO. Arq: Sentença

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COMARCA DE FOZ DO IGUAÇU

1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA

Há, pois, que se realizar uma interpretação sistêmica da (e na) Constituição,

conjugando-se o disposto no inciso VII do art. 30 com os artigos 196 e 199,

já referidos acima.

Prosseguindo, o autor defende a necessidade de realização

de concurso público para a contratação de pessoal, o que não houve na

espécie, de modo que restou violado o art. 37, II, da Constituição Federal.

Novamente, em que pesem os judiciosos argumentos

apresentados pelo Parquet, não lhe assiste razão.

Como já dito, as organizações sociais não fazem parte da

Administração Pública Indireta. Figuram no campo do que a doutrina

conceitua como Terceiro Setor, e possuem natureza jurídica de direito

privado (art. 1º, caput, da Lei n. 9.637/98). Neste sentido, não integram a

noção constitucional de Administração Pública.

Segundo o que restou decidido na ADIN 1.963/DF,

(...) isso significa que as Organizações

Sociais não estão sujeitas às regras formais dos incisos

do art. 37, de que seria exemplo a regra da licitação,

mas sim apenas à observância do núcleo essencial dos

princípios definidos no caput. Essa incidência dos

princípios administrativos deve ser compatibilizada com

as características mais flexíveis do setor privado, que

constituem justamente a finalidade por detrás de todo o

marco regulatório do Terceiro Setor, porquanto fiado na

premissa de que determinadas atividades podem ser

mais eficientemente desempenhadas sob as vestes do

regime de direito privado (trecho do voto condutor do

Min. Luiz Fux).

Consequentemente, o procedimento de seleção de pessoal

não deve conter os mesmos rigores do concurso público.

Nas palavras do Min. Luiz Fux,

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1ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA

(...) Se a OS não é entidade da

administração indireta, pois não se enquadra nem no

conceito de empresa pública, de sociedade de economia

mista, nem de fundações públicas, nem no de

autarquias, já que não é de qualquer modo controlada

pelo poder público, não há como incidir a regra do art.

37, II, da CF. O que há de se exigir é a observância de

impessoalidade e de objetividade na seleção de pessoal,

conforme regulamento próprio, mas não a submissão ao

procedimento formal do concurso público, devendo ser

interpretada nesse sentido a parte final do art. 4º, VIII,

da Lei, ao falar em regulamento próprio contendo plano

de cargos dos empregados.

Neste sentir, não se há falar na necessidade de realização

de concurso público para contratação de pessoal por parte da Organização

Social.

Embora o Supremo Tribunal Federal tenha consignado que

o procedimento de seleção de pessoal deve ser posto em prática de modo

impessoal e objetivo, conforme regulamento próprio, a análise deste ponto

transbordaria os limites da lide.

E, como se sabe,

Deflagrada a jurisdição, não pode o

juiz, em razão do princípio da congruência ou da

correlação temática, afastar-se do pedido veiculado

pelo autor na petição inicial, devendo a ele cingir-se,

apreciando a lide... nos limites em que foi proposta,

sendo-lhe defeso conhecer de questões, não

suscitadas, a cujo respeito a lei exige a iniciativa da

parte (art. 128, CPC), com o que se evitam sentenças

citra, ultra ou extra petita (CPC, art. 460, caput: é

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defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de

natureza diversa da pedida, bem como condenar o réu

em quantidade superior ou em objeto diverso do que

lhe foi demandado) (GARCIA, Emerson; ALVES, Rogério

Pacheco. Improbidade Administrativa. 7ª ed., São Paulo

: Saraiva, 2013, p. 946/947).

Considerando, pois, que as condutas dos acusados não

caracterizam qualquer ato de improbidade administrativa, uma vez que, ao

menos no que tange às causas de pedir apresentadas neste feito, não são

desconformes a qualquer dispositivo da LIA, a improcedência dos pedidos se

impõe.

Portanto, à época havia uma verdadeira área cinzenta de

legalidade na possibilidade de contratação de organizações socais para a

prestação direta de serviços públicos, sem a submissão do procedimento

prévio de licitação e concursos públicos.

Era até mesmo discutível a constitucionalidade dessa norma,

mas não se pode negar que, a princípio, goza de presunção de

constitucionalidade, como todas as normas, sendo tal, na ausência de

outros elementos mínimos, suficiente para afastar a conduta dolosa do

agente público.

Nesse sentido:

(...)

3. O dolo, ainda que genérico, é elemento

essencial dos tipos previstos nos arts. 9º e 11 da Lei

8.429/92.

4. O STJ, em situações semelhantes,

entende ser "difícil identificar a presença do dolo genérico

do agravado, se sua conduta estava amparada em lei

municipal que, ainda que de constitucionalidade duvidosa,

autorizava a contratação temporária dos servidores

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públicos". Precedentes: AgRg no AgRg no REsp

1191095/SP, Segunda Turma, Rel. Ministro Humberto

Martins, DJe 25.11.2011 e AgRg no Ag 1.324.212/MG,

Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe

13.10.2010.5. Recurso Especial não provido.(STJ, REsp

1231150/MG, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA

TURMA, julgado em 13/03/2012, DJe 12/04/2012)

No campo doutrinário, Wellignton Pacheco Barros4 leciona

que: "A palavra improbidade vem do radical latino 'probus', que significa

crescer reto e, na tradição da língua portuguesa, significa ter caráter, ser

honesto, ser honrado. Por via de consequência, não ter probidade ou ser

ímprobo significa não ter caráter, ser desonesto ou desonrado." Não por

outra razão exige-se para o recebimento da ação de improbidade, com

severos reflexos nos agentes públicos, exige a prova, ainda que indiciária da

existência de conduta dolosa e maliciosa de violar os preceitos

fundamentais da administração, conduta essa que não vislumbro, nem

mesmo em termos de indícios, na conduta do requerido.

III - DISPOSITIVO

Diante de todo o exposto, resolvendo o mérito na forma do

art. 269, I do CPC, JULGO IMPROCEDENTES OS PEDIDOS formulados pelo

Ministério Público.

Deixo de condenar o Ministério Público ao pagamento das

custas processuais ou de honorários advocatícios, uma vez que, segundo a

jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, é pacífica a jurisprudência de

que, nas ações civis públicas, não se impõe ao Ministério Público a

condenação em honorários advocatícios ou custas, ressalvados os casos em

que o autor for considerado litigante de má-fé (REsp 565.548/SP, Rel.

4 O Município e seus agentes , Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2002

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Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 13/08/2013, DJe

20/08/2013), o que não ocorre na espécie.

Sentença não sujeita a reexame necessário, tendo em vista

ser inaplicável analogicamente o disposto no art. 19 da Lei da Ação Popular,

na forma do entendimento do Superior Tribunal de Justiça5.

Em sentido semelhante: TJPR - 4ª C.Cível - AC - 1270848-6 -

Foz do Iguaçu - Rel.: Guido Döbeli - Unânime - - J. 12.05.2015.

Publique-se.

Registre-se.

Intimem-se.

Oportunamente, arquivem-se.

Diligências necessárias.

Foz do Iguaçu, 25 de junho de 2015.

Assinado digitalmente

ROGERIO DE VIDAL CUNHA

Juiz de Direito Substituto

5 DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA E REEXAME NECESSÁRIO. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência de ação de improbidade administrativa não está sujeita ao reexame necessário previsto no art. 19 da Lei de Ação Popular (Lei 4.717/1965). Isso porque essa espécie de ação segue um rito próprio e tem objeto específico, disciplinado na Lei 8.429/1992, não cabendo, neste caso, analogia, paralelismo ou outra forma de interpretação, para importar instituto criado em lei diversa. A ausência de previsão da remessa de ofício, na hipótese em análise, não pode ser vista como uma lacuna da Lei de Improbidade que precisa ser preenchida, mormente por ser o reexame necessário instrumento de exceção no sistema processual, devendo, portanto, ser interpretado restritivamente. REsp 1.220.667-MG, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 4/9/2014.

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