saad_análise ergonômica do trabalgo do pedreiro.pdf
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UNIVERSIDADE TECNOLGICA FEDERAL DO PARANPR
UNIVERSIDADE TECNOLGICA FEDERAL DO PARAN
CAMPUS PONTA GROSSA
GERNCIA DE PESQUISA E PS-GRADUAO
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DE PRODUO
PPGEP
VIVIANE LEO SAAD
ANLISE ERGONMICA DO TRABALHO DO
PEDREIRO: O ASSENTAMENTO DE TIJOLOS
PONTA GROSSA
OUTUBRO - 2008
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VIVIANE LEO SAAD
ANLISE ERGONMICA DO TRABALHO DO
PEDREIRO: O ASSENTAMENTO DE TIJOLOS
Dissertao apresentada como requisito parcial
obteno do ttulo de Mestre em Engenharia
de Produo, do Programa de Ps-Graduao
em Engenharia de Produo, rea de
Concentrao: Gesto Industrial, da Gerncia
de Pesquisa e Ps-Graduao, do Campus
Ponta Grossa, da UTFPR.
Orientador: Prof. Antonio Augusto de Paula
Xavier, Dr.
Co-orientador: Prof. Ariel Orlei Michaloski, Ms.
PONTA GROSSA
OUTUBRO - 2008
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PPGEP Gesto Industrial (2008)
S111 Saad, Viviane Leo Anlise ergonmica do trabalho do pedreiro: o assentamento de tijolos. / Viviane
Leo Saad. -- Ponta Grossa: [s.n.], 2008. 124 f. : il. ; 30 cm.
Orientador: Prof. Dr. Antonio Augusto de Paula Xavier Co-orientador: Prof. Ms. Ariel Orlei Michaloski
Dissertao (Mestrado em Engenharia da Produo) - Universidade Tecnolgica Federal do Paran, Campus Ponta Grossa. Curso de Ps-Graduao em Engenharia de Produo. Ponta Grossa, 2008.
1.Construo civil. 2. Ergonomia. 3. Antropometria. I. Xavier, Antonio Augusto de Paula. II. Michaloski, Ariel Orlei. III. Universidade Tecnolgica Federal do Paran, Campus Ponta Grossa. IV. Ttulo.
CDD 620.82
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PPGEP Gesto Industrial (2008)
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PPGEP Gesto Industrial (2008)
i
Ao meu filho Andr, minha vida, meu amor, que
to puramente me apoiou e aceitou tantos
momentos de ausncia.
Aos meus pais, Johny e Rosemary Saad pela
ajuda, incentivo e carinho dados por toda a
vida.
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PPGEP Gesto Industrial (2008)
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AGRADECIMENTOS
Agradeo a Deus pela vida e toda a felicidade que dela emana.
A Universidade Tecnolgica Federal do Paran pela oportunidade de aprendizado e
crescimento pessoal.
Ao Prof. Dr. Antonio Augusto de Paula Xavier pelo apoio, ensinamentos, orientaes
e ajuda durante todo o desenvolvimento desta pesquisa.
Ao Prof. Ms. Ariel Orlei Michaloski por toda a dedicao na co-orientao deste
trabalho.
A todos os professores do curso, pelos conhecimentos passados.
Aos colegas com os quais tive o prazer de conviver durante este perodo de
aprendizagem e aos meus amigos mais fiis pelo incentivo dirio e auxlio constante.
s empresas pesquisadas por abrirem as portas e fornecerem todas as informaes
solicitadas.
Aos trabalhadores, que revestidos de extrema compreenso e colaborao
viabilizaram a realizao deste estudo.
A todos que direta ou indiretamente ajudaram para a realizao deste trabalho de
dissertao.
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iii
"Somos feitos de carne, mas temos que viver como
se fossemos feitos de ferro." (Sigmund Freud)
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PPGEP Gesto Industrial (2008)
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SUMRIO
AGRADECIMENTOS
SUMRIO
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
1 Introduo ......................................................................................................... 12 1.1 Objetivos...........................................................................................................................................13 1.2 Hiptese ...........................................................................................................................................14 1.3 Limitaes da pesquisa....................................................................................................................14
1.4 Importncia do tema........................................................................................................................14
1.5 Justificativa......................................................................................................................................15
1.6 Estrutura..........................................................................................................................................16
2 Referencial terico ........................................................................................... 17 2.1 A indstria da construo civil..........................................................................................................17 2.2 O sistema produtivo .........................................................................................................................18 2.3 A busca pela produtividade ..............................................................................................................19 2.4 As doenas ocupacionais.................................................................................................................21
2.5 A dor e os distrbios osteomusculares ............................................................................................24
2.6 Motivao dos DORT na tarefa do levantamento de paredes.........................................................27
2.7 Biomecnica ocupacional e ergonomia ...........................................................................................28
2.7.1 Trabalho muscular.........................................................................................................................30
2.7.2 Posturas do corpo .........................................................................................................................33
2.7.3 Posies de trabalho.....................................................................................................................35
2.7.4 O projeto do posto de trabalho......................................................................................................37
2.7.5 A antropometria.............................................................................................................................38
2.7.6 Dimensionamento do posto de trabalho .......................................................................................41
2.7.7 Posturas dos membros superiores ...............................................................................................44
2.8 Ergonomia na construo civil .........................................................................................................46
3 Metodologia ...................................................................................................... 50 3.1 Instrumentos de pesquisa ................................................................................................................52 3.2 Estudo piloto.....................................................................................................................................56 3.3 Definio amostra ............................................................................................................................58 3.4 Variveis...........................................................................................................................................60
3.4.1 Variveis independentes ...............................................................................................................60 3.4.2 Varivel dependente .....................................................................................................................60
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PPGEP Gesto Industrial (2008)
v
4 Resultados e discusso ................................................................................... 61 4.1 A atividade do trabalhador durante o levantamento de paredes.....................................................61
4.2 O tempo das atividades...................................................................................................................66
4.3 O risco ergonmico..........................................................................................................................71
4.4 Relatos de dor.................................................................................................................................77
4.5 Distribuio espacial do posto de trabalho......................................................................................81
4.6 Antropometria dos trabalhadores da construo civil......................................................................87
4.7 Avaliao da adaptao dos postos de trabalho.............................................................................91
4.7.1 Pedreiro ao nvel do solo (zonas 1 e 2 do levantamento)............................................................94 4.7.2 Pedreiro posicionado no andaime (zonas 3 e 4 do levantamento)...............................................98
4.8 Sugestes de adaptaes dos postos de trabalho aos pedreiros da Construo Civil.................101
5 Concluso ........................................................................................................101 5.1 Sugestes para trabalhos futuros..................................................................................................104 Referncias .........................................................................................................................................106
Apndice A Fotos dos trabalhadores e canteiros de obras estudados......................................111 Apndice B Termo de consentimento livre e esclarecido ................................................118 Apndice C Formulrio para coleta de dados...............................................................120
Anexo A Diagrama de Corlett ....................................................................................124
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PPGEP Gesto Industrial (2008)
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Exemplo de marcao dos componentes do posto, onde l-se Pe para pedreiro, Pa para parede, A para argamassa e T para tijolos.......................................................................................
53
5352
Figura 2 - Cronmetro utilizado na pesquisa................................................... 53 Figura 3 - Diviso das zonas da parede para anlise das posturas
utilizadas.......................................................................................... 5554
Figura 4 - Medies antropomtricas do estudo piloto.................................... 57 Figura 5 - Trabalhador posicionado acima da viga baldrame no estudo
piloto................................................................................................ 6157
Figura 6 - Distribuio dos tempos de pausas em comparao ao da jornada laboral.................................................................................
7068
Figura 7 - Colher de pedreiro e tijolos.............................................................. 70
Figura 8 - Atividade do trabalhador da construo civil durante o levantamento de paredes................................................................
7270
Figura 9 - Classificao dos riscos para a tarefa nas zonas 1 e 3 do levantamento...................................................................................
7371
Figura 10 - Classificao geral do risco ergonmico geral das zonas 1 e 3 (fase 1) do levantamento de paredes..............................................
7573
Figura 11 - Posicionamento do pedreiro durante as zonas 1 e 3 do levantamento de paredes................................................................
7674
Figura 12 - Classificao dos riscos para a tarefa nas zonas 2 e 4 do levantamento...................................................................................
7674
Figura 13 - Posicionamento do pedreiro nas zonas 2 e 4 do levantamento de paredes............................................................................................
7775
Figura 14 - Classificao geral do risco ergonmico das zonas 2 e 4 (fase 2) do levantamento de paredes...........................................................
7876
Figura 15 - Flexes de coluna associadas a rotao de tronco nas zonas 2 e 4 do levantamento de paredes........................................................
7876
Figura 16 - Porcentagem de obreiros com e sem relatos de dor....................... 77
Figura 17 - Nmero de relatos de dor x regies corporais................................. 79
Figura 18 - Intensidade mdia das queixas de dor p regio corprea............. 80
Figura 19 - Relatos de dor por regies corpreas agrupadas........................... 81
Figura 20 - Medidas mdias da disposio espacial do posto nas zonas 1 e 2.......................................................................................................
8583
Figura 21 - Posto de trabalho das zonas 1 e 2.................................................. 84
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PPGEP Gesto Industrial (2008)
vii
Figura 22 - Medidas mdias da disposio espacial do posto nas zonas 3 e 4.......................................................................................................
8886
Figura 23 - Posto de trabalho das zonas 3 e 4.................................................. 87
Figura 24 - Distribuio normal da varivel 108.............................................. 88
Figura 25 - Distribuio da varivel 151.......................................................... 89
Figura 26 - Distribuio da varivel 148.......................................................... 89
Figura 27 - Distribuio da varivel pega de maior conforto........................... 89
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PPGEP Gesto Industrial (2008)
viii
LISTA DE TABELAS 33
Tabela 1 - Classificao das posturas pelo sistema WinOWAS....................................................................................
33
Tabela 2 - Localizao das dores provocadas por posturas inadequadas.................................................................................
343
Tabela 3 - Posturas de trabalho, vantagens e desvantagens...............................................................................
36
Tabela 4 - Variveis corpreas 56
Tabela 5 - Tempo dos ciclos de trabalho por fases do levantamento de paredes.........................................................................................
63361
Tabela 6 - Seqncia de aes tcnicas no ciclo e situaes ergonomicamente inadequadas nas zonas 1 e 3.........................
62
Tabela 7 - Seqncia de aes tcnicas no ciclo e situaes ergonomicamente inadequadas nas zonas 2 e 4.........................
66664
Tabela 8 - Distribuio do tempo no ciclo de trabalho................................... 66
Tabela 9 - Mdia do tempo gasto em atividades laborais com pausas disfaradas associadas................................................................
69967
Tabela 10 - Mdia do tempo gasto em atividades laborais com pausas espontneas.................................................................................
70068
Tabela 11 - Distribuio do tempo das atividades com relao ao tempo efetivo de produo......................................................................
71169
Tabela 12 - Categoria de risco obtida atravs do software WinOWAS das atividades do obreiro durante as zonas 1 e 3 do levantamento de paredes....................................................................................
74747472
Tabela 13 - Categoria de risco obtida atravs do software WinOWAS das atividades do obreiro durante as zonas 2 e 4 do levantamento de paredes....................................................................................
77777775
Tabela 14 - Tempo de servio X relatos de dor............................................... 78
Tabela 15 - Distribuio do posicionamento espacial nos postos de trabalho das zonas 1 e 2............................................................................
84882
Tabela 16 - Mdia, desvio padro e coeficiente de variao das zonas 1 e 2....................................................................................................
85583
Tabela 17 - Distribuio do posicionamento espacial nos postos de trabalho das zonas 3 e 4............................................................................
87785
Tabela 18 - Mdia, desvio padro e coeficiente de variao das zonas 3 e 4....................................................................................................
88886
Tabela 19 - Anlise estatstica das variveis antropomtricas........................ 90
Tabela 20 - Situaes encontradas, anlise e providncias recomendadas 94
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PPGEP Gesto Industrial (2008)
ix
nas zonas 1 e 2............................................................................
Tabela 21 - Situaes encontradas, anlise e providncias recomendadas nas zonas 3 e 4............................................................................
98
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PPGEP rea de Concentrao (Ano)
x
RESUMO
A Indstria da construo civil requer grande quantidade de mo de obra para a
realizao de diversas tarefas. As tarefas desempenhadas na construo civil so
em grande maioria realizadas manualmente e requerem diversos graus de esforo.
O esforo quando aplicado de modo contnuo, repetitivo, com materiais inadequados
e postos de trabalho no adaptados ao trabalhador, geram os distrbios
osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT). Este estudo tem como objetivo
geral apontar adaptaes ergonmicas para o posto de trabalho da tarefa do
levantamento de paredes da construo civil. Do ponto de vista de sua natureza esta
pesquisa ser aplicada, sendo predominantemente quantitativa na abordagem de
seus resultados. Em relao a seus objetivos descritiva, pois visa descrever as
caractersticas do trabalho e dos trabalhadores da construo civil, sendo
apresentada segundo seus procedimentos na forma de levantamento. Realizou-se a
observao simples e direta do trabalhador durante a tarefa do levantamento de
paredes associada a fotos e filmagens. Utilizou-se o mtodo WinOWAS para
classificao das posturas utilizadas e avaliao do risco ergonmico. Aplicou-se o
Diagrama Corlett e realizaram-se as medies antropomtricas de 91 trabalhadores
da construo civil. Constatou-se que os riscos ergonmicos do trabalhador da
construo civil durante o levantamento de paredes de alvenaria so acentuados,
variando conforme a regio anatmica estudada e a altura da parede. Verificou-se
que 68,13% dos trabalhadores apresentavam relatos de dor. Percebeu-se
precariedade dos postos de trabalho com relao a adaptaes aos trabalhadores.
Muitas das medidas dos postos de trabalho no estavam adaptadas as medidas
corporais dos trabalhadores. A partir das avaliaes biomecnicas e antropomtricas
pode-se sugerir adaptaes dos postos de trabalho do levantamento de paredes aos
pedreiros da Construo Civil.
Palavras-chave: Construo civil; ergonomia; antropometria; risco ergonmico.
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PPGEP rea de Concentrao (Ano)
xi
ABSTRACT
The Industry of the civil engineering requires a great amount of workforce for the
accomplishment of diverse tasks. The tasks developed in the civil engineering are in
great majority carried out manually and require diverse degrees of effort. The effort
when applied in a continuous, repetitive way, with inadequate materials and not
adapted work position, generates the Work-related osteomuscular disturbances
(WRMD). This study has as its general objective to point ergonomic adaptations
concerning the work position of the walls constructing task of the civil engineering.
From the point of view of its nature this research will be applied, being predominantly
quantitative in the approach of its results. In relation to its objectives it is descriptive,
therefore it aims to describe the characteristics of the work and the workers from the
civil engineering, being presented according to its procedures in survey form. It was
carried out simple and direct observation of the worker during the walls constructing
task associated to photos and filmings. The WinOWAS method was used to classify
the used positions and evaluate the ergonomic risk. The Corlett Diagram was applied
and anthropometric measurements of 91 workers from the civil engineering were
carried out. It was evidenced that the ergonomic risks of the worker from the civil
engineering during the construction of masonry walls are high, varying according to
the studied anatomical region and the height of the wall. It was verified that 68.13%
of the workers presented pain reports. Precariousness of the work positions in
relation to adaptations to the workers was perceived. Many of the measures of the
work positions were not adapted to the corporal measures of the workers. From the
biomechanic and anthropometric evaluations it can be suggested adaptations of the
bricklayers wall constructing work positions from the Civil Engineering.
Key words: Civil Engineering, ergonomics; anthropometry, ergonomic risk.
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Captulo 1 Introduo 12
PPGEP Gesto Industrial (2008)
12
1 INTRODUO
A indstria da construo civil uma das atividades que gera maior nmero
de empregos no Brasil, impulsionando grande parte de sua economia e gerando
empregos. Devido s caractersticas scio-culturais brasileiras, a grande maioria da
populao apresenta baixo nvel de escolaridade tendo que empregar-se em setores
onde no existam muitas cobranas de qualificao profissional. Segundo Iida
(2005, p.21),
a construo civil apresenta uma ampla capacidade de empregabilidade por necessitar de um grande contingente de trabalhadores, e principalmente nas pequenas e mdias empresas, no ter exigncias quanto ao grau de instruo mnimo para as ocupaes de pedreiro e servente.
Como relataram Oliveira, Adissi e Arajo (2004), o fator humano est
presente em todos os nveis do processo produtivo e sem ele, os demais se tornam
inoperantes. A qualificao, o interesse e a motivao desse fator so fundamentais
para o crescimento de uma organizao.
A atividade no canteiro de obras exige constantemente movimentos
repetitivos e manuseio de cargas, caracterizando-a como trabalho pesado,
dificultando padres posturais corretos, ocasionando o uso excessivo da
musculatura e desencadeando doenas ocupacionais. Conforme Iida (2005 p. 550),
os postos de trabalho na construo civil so mveis, pouco estruturados e grande
parte das tarefas executada ao ar livre, sob calor e chuvas. Ainda segundo o
mesmo autor, os pedreiros inclinam-se mais de 1000 vezes ao dia para pegar tijolo,
pegar argamassa com a colher e fazer os assentamentos.
O nvel de atividade exagerada devido a extensas jornadas em busca de uma
produtividade cada vez maior, associadas a uma atividade com grandes exigncias
ergonmicas, coloca os trabalhadores da construo civil em uma posio
extremamente vulnervel ao aparecimento de doenas ocupacionais. preocupante
dentro da construo civil, o grande nmero de trabalhadores que sofrem de
distrbios msculoesquelticos oriundos da atividade neste setor.
A aplicao da ergonomia pode contribuir para a minimizao da demanda
muscular gerada pelo trabalho pouco estruturado na construo civil. Esta cincia
traz grande auxlio para a preveno dos distrbios osteomusculares relacionados
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Captulo 1 Introduo 13
PPGEP Gesto Industrial (2008)
13
ao trabalho, melhorando a qualidade de vida no trabalho e diminuindo a exposio
do trabalhador aos agentes comprometedores da sade. A ergonomia apresenta
diversas faces de aplicao para diminuio dos riscos inerentes ao trabalho. Uma
delas o dimensionamento dos postos de trabalho adaptando-os as medidas do
corpo humano obtidas pela antropometria.
Existem tabelas antropomtricas pr-concebidas que dispem de medidas
corporais, porm h dificuldade na utilizao destas quando analisada a validade
para outras populaes. Segundo Dul (2004, p. 11) as tabelas antropomtricas
referem-se sempre a uma determinada populao e nem sempre devem ser
aplicadas para outras populaes.
Os padres antropomtricos dos trabalhadores da construo civil no Brasil
apresentam-se pobremente definidos, e para adaptao do posto de trabalho do
levantamento de paredes, entre outros, existe a necessidade do estabelecimento
dos padres prprios e satisfatrios para esta populao.
Dentro deste contexto pergunta-se, Quais posicionamentos e adaptaes
podem ser utilizados pelo trabalhador da construo civil durante o levantamento de
paredes?
1.1 Objetivos
Inserido dentro do contexto j mencionado, o foco deste estudo concentra-se
no trabalhador da construo civil, mais especificamente no pedreiro, responsvel
pela tarefa do levantamento de paredes.
Este estudo tem como objetivo geral apontar adaptaes ergonmicas para o
posto de trabalho da tarefa do levantamento de paredes da construo civil.
Em funo do objetivo geral apresentam-se ento os seguintes objetivos especficos:
a) Analisar a atividade do trabalhador da construo civil durante a tarefa do
levantamento de paredes;
b) verificar a existncia de risco postural do trabalhador da construo durante a
tarefa do levantamento de paredes;
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Captulo 1 Introduo 14
PPGEP Gesto Industrial (2008)
14
c) verificar a existncia de relatos de dores osteomusculares;
d) verificar se os postos de trabalho da tarefa do levantamento de paredes da
construo civil da regio de Ponta Grossa esto adaptados aos padres
antropomtricos dos trabalhadores.
1.2 Hiptese
Os postos de trabalho dos pedreiros na tarefa do assentamento de tijolos no
esto adaptados aos trabalhadores, necessitando de adequaes
antropomtricas e biomecnicas.
1.3 Limitaes da pesquisa
As medies antropomtricas deste estudo limitam-se as variveis necessrias
para as adaptaes ergonmicas do posto de trabalho do levantamento de paredes,
no contemplando outras medidas que talvez fossem necessrias para adaptaes
de outras tarefas.
Outra limitao, podendo considerar-se uma das mais preocupantes relativa
aos surveys de forma geral, ou seja, a subjetividade da percepo do indivduo
sobre si mesmo.
Tentando uma minimizao da subjetividade da percepo dos indivduos a
respeito de si mesmos, utilizou-se, alm dos relatos dos prprios indivduos, a
medio direta dos parmetros corporais destes e a observao direta destes
trabalhadores durante a realizao da tarefa.
1.4 Importncia do tema
Salienta-se a relevncia deste estudo, considerando que este pretende
contribuir para que os trabalhadores da construo civil na tarefa do levantamento
de paredes possam desenvolver suas atividades de modo seguro, sem incidncia de
doenas ocupacionais. Isso possibilitado pelas adaptaes ergonmicas dos
postos de trabalho, de acordo com seus prprios parmetros antropomtricos e
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Captulo 1 Introduo 15
PPGEP Gesto Industrial (2008)
15
biomecnicos. Para as adaptaes ergonmicas nos postos de trabalho alm dos
padres antropomtricos e biomecnicos dos pedreiros da construo civil, devem
ser consideradas as queixas lgicas dos prprios usurios bem como o risco
ergonmico inerente a atividade desenvolvida.
Uma maneira de colaborar para equacionar os problemas ergonmicos que
afetam os trabalhadores da construo civil compreender o comportamento dos
problemas laborais dentro do contexto da Gesto Industrial a partir das
necessidades locais e segundo as exigncias legais.
1.5 Justificativa
A construo civil por sua prpria natureza requer de seus colaboradores
grandes ndices de esforo fsico e prtica de tarefas rduas para realizao de
muitas de suas atividades. O canteiro de obras um inspito local de trabalho
devido fadiga fsica, gerada por uma grande quantidade de trabalhos manuais, o
estresse, causado pela constante necessidade de altos ndices produtivos, e
ambientes hostis de trabalho com vrios riscos ambientais.
Segundo Oliveira, Adissi e Arajo (2004), na construo civil existe uma
multiplicidade de fatores que predispe o operrio s condies de trabalho
desfavorveis, tais como instalaes inadequadas, falta de uso de equipamentos de
proteo, falta de treinamentos, m organizao do ambiente de trabalho, dentre
outros. Pontes, Xavier e Kovaleski (2004) descrevem que identificar e dar o
tratamento adequado aos riscos ambientais na organizao evitar incalculveis
prejuzos que afetam centenas de empresas e incapacitam milhares de
trabalhadores todos os anos no Brasil.
Em suas pesquisas, Goldshevder et al (2002), relatam que 82% dos
encarregados da construo relataram pelo menos um sintoma msculo-esqueltico.
A dor lombar foi o sintoma mais frequentemente relatado com 65% dos casos. O
mesmo autor descreve que 12% dos trabalhadores faltaram ao trabalho como
conseqncia da dor e 18% procuraram um mdico tambm por causa da dor.
Assim, com a crescente preocupao quanto aos impactos negativos causados
pelo setor da construo civil e especialmente em relao s doenas ocupacionais
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Captulo 1 Introduo 16
PPGEP Gesto Industrial (2008)
16
relacionadas ao sistema de produo, observa-se a necessidade de uma avaliao
mais completa de dados antropomtricos e biomecnicos referentes aos
trabalhadores da construo civil, para que possam ser realizadas adaptaes
ergonmicas mais precisas dos postos de trabalho.
1.6 Estrutura
No captulo 1 apresentado o tema, os objetivos, a hiptese e as limitaes
da pesquisa.
No captulo 2 encontram-se o referencial terico onde abordada a indstria
da construo civil e algumas particularidades desta, os distrbios osteomusculares
relacionado ao trabalho em contexto geral e tambm de modo especfico ao
levantamento de paredes, a antropometria, a biomecnica ocupacional e a
ergonomia.
O captulo 3 destina-se a metodologia utilizada para a realizao da pesquisa.
No captulo 4 so apresentados os resultados e a discusso.
O captulo 5 contm as concluses do autor e as sugestes para trabalhos
futuros.
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Captulo 2 Referencial Terico 17
PPGEP Gesto Industrial (2008)
2 REFERENCIAL TERICO
2.1 A indstria e o trabalho na construo civil
A cada dia aumenta a competitividade no setor da construo civil, as
empresas prestadoras de servios no so mais escolhidas exclusivamente por seus
produtos, pois existem outros fatores relevantes durante a escolha de uma empresa
para realizar determinado servio. A imagem de responsabilidade social de uma
empresa est intimamente relacionada qualidade de vida de seus colaboradores.
Segundo Cruz e Oliveira (1997) improvvel que uma organizao alcance
excelncia em seus produtos negligenciando a qualidade de vida daqueles que os
produzem. O resultado deste descaso mostra-se na baixa produtividade, altos
ndices de acidentes de trabalho e absentesmo.
A atividade da construo civil caracteriza-se pela utilizao de trabalho braal,
pouco mecanizado, e nela existem tarefas rduas e complexas, realizadas por
trabalhadores com pouco ou nenhum treinamento prvio (IIDA,1990). O aprendizado
ocorre com a insero direta do trabalhador no canteiro de obras, onde aprende a
funo de servente atravs da observao dos colegas de trabalho. Nesse
processo, acaba adquirindo todos os vcios de trabalho que o trabalhador observado
possua. Conforme Cassarotto; Gontijo e Milito (1997) a formalizao dos
procedimentos nas diversas tarefas que constituem as atividades em um canteiro
basicamente inexistente, pois os operrios mantm o controle sobre as ferramentas,
sobre o aprendizado dos novatos, sobre a produtividade o ritmo e a qualidade do
trabalho.
Alm da identificao e tratamento dos riscos ambientais deve-se alertar e
conscientizar os trabalhadores a respeito destes riscos. comum ocorrem rejeies
a utilizao de EPIs (equipamentos de proteo individual) por parte dos
trabalhadores. Este fato compreensvel quando se analisa como estes
equipamentos so introduzidos no canteiro. fato corriqueiro haver o depsito deles
no ambiente laboral, sem que existam treinamentos e esclarecimentos que
esclaream aos operrios que aqueles itens esto l para resguardar sua sade,
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Captulo 2 Referencial Terico 18
PPGEP Gesto Industrial (2008)
melhorar sua qualidade de vida no trabalho. Deve-se, explicar, treinar, orientar, para
que estes paradigmas possam ser realmente transformados.
2.2 O sistema produtivo
A terceirizao da mo de obra um sistema muito utilizado na construo
civil, principalmente pelas pequenas empresas. Neste sistema o obreiro
responsvel direto por sua remunerao. Utiliza-se o sistema de contratao por
etapas, de modo que quando uma parte for concluda, ocorre o pagamento
proporcional ao servio realizado. Uma vez que esta uma atividade precariamente
remunerada, o trabalhador se v obrigado a manter altos ndices de produtividade
para que ocorra uma remunerao satisfatria. Segundo Barros e Mendes (2003),
esta situao impe um ritmo acelerado ao trabalhador, fazendo com que ele
ultrapasse seus prprios limites, o que pode levar ao comprometimento de sua
sade.
O sistema terceirizado de produo caracteriza-se pela contratao de
trabalhadores, para a realizao de uma tarefa especfica, sem a certeza de
recontratao aps esta encerrar-se. Este sistema de produo acaba sendo um
mtodo que algumas empresas utilizam para negar o vnculo empregatcio dos
trabalhadores e, com este, os direitos a seguridade social dos obreiros. Segundo
Barros e Mendes (2003), este modelo de produo negligencia direitos como
aposentadoria, INSS, FGTS, plano de sade, entre outros, submetendo o
trabalhador excluso social. Franco et al (1997) enfatizam que, no trabalho
terceirizado na construo civil, h um ambiente insalubre, ausncia de estrutura
para atendimento das necessidades bsicas dos operadores, inadequao e
ausncia de manuteno em equipamentos e a no utilizao de EPIs.
Outra face deste sistema que afeta enormemente sade do trabalhador a
busca incessante por produtividade. Quanto maior a produtividade, maior ser o
recebimento pelas tarefas prestadas. Este evento fora, de certa maneira, os
trabalhadores a aumentarem sua produtividade, muitas vezes aumentando sua
jornada laboral. Lembra-se que o aumento se d por tempo limitado, pois riscos de
desenvolvimento de leses ocupacionais ocorrem proporcionalmente s elevaes
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Captulo 2 Referencial Terico 19
PPGEP Gesto Industrial (2008)
da quantidade de trabalho. Kroemer e Grandjean (2005) relataram que o excesso de
horas trabalhadas reduz a produtividade por hora, mas tambm provoca um
aumento caracterstico de faltas devido s doenas ou acidentes.
Conforme Barros e Mendes (2003), a terceirizao dos servios pautada por
produo, tem-se constitudo em uma das formas de remunerao geradoras de
sofrimento, na medida em que coloca toda a responsabilidade da produo e de sua
remunerao sobre o trabalhador. O trabalhador autnomo sendo remunerado pelo
servio prestado, e no precisando cumprir horrio, pode ter uma carga semanal
superior a do assalariado, dependendo apenas da sua disponibilidade
(CASSAROTTO; GONTIJO E MILITO,1997). Os mesmos autores relatam que os
baixos nveis de remunerao na construo, aliam-se a jornadas de trabalho mais
extensas que nos demais setores da indstria de transformao.
A oferta de mo de obra para a construo civil abundante, pois, como j foi
citado, normalmente no requerer elevado grau de escolaridade. Os trabalhadores
que no conseguem se adaptar a este modelo de produo so substitudos.
Sabendo deste fato, os obreiros acabam realizando as tarefas recebidas sem
grandes questionamentos ou exigncias. Eles sofrem a presso constante do
desemprego, da substituio rpida, sem garantias, e acabam por aceitar esta forma
de realizao do trabalho e suas exigncias produtivas.
2.3 A busca pela produtividade
Em algumas empresas do setor da construo civil, so cortados gastos que
seriam utilizados para a manuteno da sade do trabalhador para se reduzir
custos. Segundo Melo Junior e Rodrigues (2005), a organizao do trabalho,
atualmente, est estruturada de maneira a se conseguir altos ndices de
produtividade, otimizao nos sistemas de produo, diminuio dos custos, e por
fim uma integrao cada vez maior do homem com o seu trabalho, tudo isso em prol
de um desenvolvimento, o qual no se sabe aonde levar nem quais conseqncias
traro ao homem.
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PPGEP Gesto Industrial (2008)
As boas condies ambientais por vezes so esquecidas, deixando-se de lado
acomodaes como refeitrio, lugar apropriado para descanso, banheiros com pelo
menos as mnimas condies de utilizao necessrias. Os trabalhadores por sua
vez, conheceram esta nica realidade de trabalho, no tendo parmetros
comparativos necessrios para julgarem se estas condies so adequadas ou no
para um ambiente laboral. Cabe aos gestores da construo civil proporcionar
condies adequadas de trabalho nos canteiros de obras, tanto em sua
macroestrutura, quanto nos postos de trabalho, proporcionando melhores ndices de
qualidade de vida no trabalho e menor nmero de doenas ocupacionais.
Os trabalhadores apontam fatores organizacionais como um dos principais
responsveis pelo desenvolvimento das DORT (distrbios osteomusculares
relacionados ao trabalho) (GHISLENI E MERLO, 2005). Eles no tm liberdade para
gerenciar suas atividades e foram levados a:
- Submeterem-se a horas extras, provocando jornadas extensas de trabalho;
- a realizarem atividades repetitivas, com ritmos produtivos acelerados;
- a trabalharem em postos de trabalho sem dispositivos facilitadores;
- permanecerem em ambientes de trabalho inadequados;
- realizarem esforos excessivos;
- manterem as mesmas posies corporais por perodos demasiadamente longos;
- a sofrerem acmulo de funes;
- a dedicarem-se ao trabalho de forma abusiva na busca pelo reconhecimento.
Somam-se a estes fatores o transporte de cargas, a repetitividade do laboro,
as caractersticas estticas e dinmicas inadequadas dos movimentos, a ausncia
de ergonomia no posto de trabalho, a baixa preocupao das empresas com os
trabalhadores terceirizados. Estes fatores associados entre si, fazem com que o
trabalho na construo civil torne-se bastante desgastante, onde constantemente
existe estresse, depresso, desmotivao e fadiga muscular que podem trazer
predisposio a uma srie de doenas ocupacionais. A busca por produtividade
realizada de forma pouco estruturada acaba por ter um efeito reverso. A sade do
trabalhador colocada em risco o que conseqentemente resulta em trabalhadores
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Captulo 2 Referencial Terico 21
PPGEP Gesto Industrial (2008)
incapacitados parcial ou totalmente, pois estes acabam sendo acometidos, por
doenas ocupacionais.
2.4 As doenas ocupacionais
A atividade no canteiro de obras exige constantemente movimentos repetitivos
e manuseio de cargas, caracterizando-a, como j citado anteriormente, como
trabalho pesado, dificultando padres posturais corretos, ocasionando o uso
excessivo da musculatura e desencadeando doenas ocupacionais. Segundo
Kroemer e Grandjean (2005), trabalho pesado toda atividade que exige grande
esforo fsico e caracterizado por um alto consumo de energia e grandes
exigncias do corao e pulmes. Neste contexto, Couto (1995), afirma que o
trabalho fsico pesado sem racionalidade pode gerar situaes nocivas e ter como
conseqncia bsica a fadiga por sobrecarga metablica, aguda ou crnica. O
prprio Couto, j citado, descreve que a fadiga por sobrecarga metablica crnica,
age como catalisador e aumenta a propenso para distrbios msculo-ligamentares,
como distenso, tenossinovites e tendinites. Estes distrbios, quando relacionados
ao trabalho so chamados de distrbios osteomusculares relacionadas ao trabalho
(DORT). Lianza (2001) define DORT, como um conjunto de afeces relacionadas
com as atividades laborativas e que acometem msculos, fscias musculares,
tendes, ligamentos, articulaes, nervos, vasos sanguneos e tegumento. Diversos
fatores so associados para o surgimento das DORT, fsicos e psicolgicos, que em
grande maioria acabam culminando na perda da funcionalidade do membro afetado,
gerando incapacidade laboral e deteriorao da vida social.
Filus (2006) a respeito das DORT ressalta:
Como elementos predisponentes, ressaltamos a importncia da organizao do trabalho, caracterizada por manter uma exigncia de ritmo intenso de trabalho, sem as devidas pausas para recuperao psicofisiolgicas, contedo das tarefas, existncia de presso por resultados, autoritarismo das chefias e mecanismos de avaliao de desempenho baseados em produtividades.
As leses ocupacionais afetam a sade fsica e mental do trabalhador,
reduzindo sensivelmente sua capacidade funcional, interferindo diretamente na
produtividade e na qualidade de vida do trabalhador.
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Captulo 2 Referencial Terico 22
PPGEP Gesto Industrial (2008)
Merlo et al (2003) expondo a respeito dos DORT relata que:
A perspectiva de que se assista a um crescimento ainda maior nos prximos anos, j que o essencial do trabalho produtivo, apesar das propostas de reestruturao produtiva, continua sendo feito sem muitas alteraes, mantendo-se, basicamente, dentro das propostas de gesto da produo taylorizadas e com grande intensificao na realizao das tarefas.
Couto (2006) relata cinco motivos pelos quais os DORT tm aumentado em
todo mundo nas ltimas dcadas:
- Pelo desequilbrio entre a prescrio de trabalho e a possibilidade de cumprimento;
- pela anulao dos mecanismos de regulao;
- pela complexidade cada vez maior do trabalho a ser feito pelas pessoas;
- pela realidade social favorecedora das leses, principalmente pelo fracasso dos
mecanismos da prpria empresa;
- pela intensificao dos fatores biomecnicos da tarefa.
Ghisleni e Merlo (2005) relatam que os DORT tornaram-se uma epidemia a
partir da entrada dos processos produtivos do modelo de acumulao flexvel, da
reestruturao produtiva e da terceirizao. Kroemer e Grandjean (2005) descrevem
que, o excesso de horas trabalhadas no s reduz a produtividade por hora, mas
tambm acompanhada por um aumento caracterstico de faltas, por doena ou
acidentes.
Neste setor produtivo, diversos motivos somam-se para o aparecimento dos
DORT. Ghisleni e Merlo (2005) descrevem que os distrbios osteomusculares
relacionados ao trabalho (DORT), abrangem quadros clnicos do sistema msculo
esqueltico adquiridos pelo trabalhador submetido a determinadas condies de
trabalho e que no h causa nica para sua ocorrncia. Fatores fsicos e
psicolgicos somam-se e na grande maioria acabam culminando na perda da
funcionalidade do membro afetado. Larroyd (1997), por sua vez, acrescenta que o
conservadorismo dos equipamentos e ferramentas, aliado improvisao acabam
determinando uma carga fsica ao trabalhador, que poderia ser reduzida,
preservando assim a sua sade e aumentando sua produtividade.
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Skare (1999) relatou como fatores de risco para os DORT a repetio, o alto
grau de fora, a vibrao, a presso direta, a postura articular inadequada, e a
postura inalterada por tempo prolongado. Estas patologias, independente de sua
origem anatmica, apresentam como sintomatologia comum dor.
Na indstria da construo civil pode-se citar dois principais focos de
aparecimento de dor e consequentemente de distrbios osteomusculares
relacionados ao trabalho: a coluna e os membros superiores.
Reconhece-se que a dor no ombro relacionada ao trabalho grandemente
representada nos trabalhadores da construo quando comparados a outras
ocupaes (SPORRONG et al, 1999). Corroborando com esta afirmao Schneider
(2004) descreve que o risco de ferimento msculo esqueltico nos trabalhadores da
construo civil muito mais elevado que o risco de outros trabalhadores com
trabalhos menos pesados, sendo o risco na construo civil 50 % mais elevado que
em outras categorias.
Percebe-se que a queixa de dor em membros superiores uma realidade
antiga na ocupao do trabalhador da construo e que causa sofrimento ao
trabalhador. Inserido neste contexto o fator que mais contribuiu para o crescimento
de uma realidade social favorecedora de DORT foi a incapacidade da empresa de
lidar com a gesto de pessoas que apresentam dores nos membros superiores.
(COUTO, 2000).
Outro foco anatmico que frequentemente encontra-se em relatos entre os
pedreiros na construo civil a coluna, mais especificadamente a coluna lombar.
Strmer et al (1997) relatam que a tenso repetitiva em posies foradas durante
longos perodos de tempo foi relatada como um fator de risco para doenas
lombares e entre todos os trabalhadores da construo, os pedreiros so expostos
predominantemente a estas circunstncias. A respeito de posies foradas
Przysiezny (2003), relata que a toro do tronco, lesiva para as estruturas da
coluna vertebral e tem efeito cumulativo e, em geral, este um fator de risco para os
aspectos fsicos do trabalho, tanto no sentido de causar como de agravar uma ampla
gama de distrbios osteomusculares.
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PPGEP Gesto Industrial (2008)
A dor lombar parece ser epidmica na construo civil, independente da
atividade realizada, devido a grande quantidade de suas atividades serem realizadas
com grande esforo fsico e sem preparo para sua realizao.
Segundo Goldshevder et al (2002) a dor lombar constitui o principal problema
da construo, sendo que as demandas fsicas intensas no trabalho contribuem para
um risco, aumentado as doenas da coluna lombar para estes trabalhadores.
O mesmo trabalhador exerce diferentes atividades com o decorrer da
construo. Algumas categorias como carpinteiros, pintores e eletricistas excluem-se
deste movimento de troca de atividades durante o decorrer da obra devido
natureza de sua atividade ser mais especfica, porm os pedreiros e serventes
enquadram-se perfeitamente neste rodzio de postos de trabalho, exercendo
diversas atividades em um mesmo canteiro.
Do ponto de vista da preveno de distrbios osteomusculares este rodzio
nas tarefas no tem se mostrado eficaz. No canteiro de obras a porcentagem de
tarefas desgastantes elevada. A atividade desgastante exercida anteriormente
modificada por outra atividade desgastante, no proporcionando tempo para a
recuperao muscular e das estruturas anatmicas que haviam sido solicitadas
anteriormente.
2.5 A dor e os distrbios osteomusculares
A dor uma sensao perceptiva e subjetiva, de etiologia variada, que cria
impotncia funcional, medo, comprometimento psicolgico e que se traduz na
diminuio da qualidade de vida do ser humano (GABRIEL ET AL, 2001).
A dor precede a incapacidade funcional. Apresenta-se como um aviso ao
trabalhador de que existe algo afetando negativamente seu organismo. Portanto,
convm lembrar as palavras de Lianza (2001 p. 420), quando nos diz:
As vrias formas clnicas de manifestaes dos DORT tm como aspecto comum a dor e as incapacidades funcionais e freqentemente so causas de incapacidade laborativa temporria ou permanente. Representam enorme custo econmico para o trabalhador, para os rgos de assistncia sade e para a sociedade.
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PPGEP Gesto Industrial (2008)
Segundo Kauffman (2001) a dor a percepo de uma experincia sensorial
e emocional desagradvel associada leso tecidual real ou potencial.
Na construo civil, como j citado, existe grande solicitao dos membros
superiores (MMSS) e coluna para realizao das atividades laborativas. Estas
solicitaes incluem a realizao de diversas atividades repetitivas, transporte de
cargas, utilizao de movimentos estticos. Esta utilizao dos MMSS e coluna,
quando no estruturada e planejada nociva sade do trabalhador, pois so
grandes geradores de fadiga. Jorgensen, Jensen e Kato (1991) verificaram que o
desgaste dos msculos paravertebrais lombares durante o dia de trabalho do
pedreiro durante o revestimento de paredes conduz a fadiga muscular durante a
jornada.
Independente da definio, as sndromes dolorosas interferem diretamente na
produtividade do trabalhador, na qualidade do servio prestado, aumentam o ndice
de absentesmo, diminuem o nvel de concentrao durante o trabalho, aumentando
o risco de acidentes graves durante a jornada laboral.
Iida (2005, p. 550) relatou que,
muitas tarefas da construo civil exigem trabalhos fsicos pesados, como levantar e transportar cargas. Existem posturas incomodas como aquelas que exigem os dois braos para cima. Estas posturas e movimentos muitas vezes tornam-se nocivos sade do trabalhador.
Ainda segundo Iida (2005, p. 550), as posturas incmodas e o excesso de
cargas musculares provocam desordens msculo-esquelticas, que afetam 46% das
profisses envolvidas na construo e 60%, em trabalhos de reparo nas
edificaes.
Priori Junior e Barkokbas Junior (2006) apresentando dados a respeito de
trabalhadores da construo civil do estado de Pernambuco, relataram que as
queixas mais freqentes dos trabalhadores estudados foram o estresse e as dores
nas articulaes. Maral et al (2006) concluram em seus estudos com serventes de
pedreiro que existe uma grande incidncia de lombalgias entre estes trabalhadores,
destacando como principais fatores de risco o manuseio de carga, adoo de
posturas estticas de flexo de tronco por longos perodos de tempo e movimentos
repetitivos de flexo associada a rotao de tronco. O mesmo autor relata que outro
dado importante que constatou-se foi a presena de queixas de dor em membros
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superiores e pescoo. Larroyd (1997) citou que em sua pesquisa com pedreiros de
reboco que a carga fsica de trabalho do operrio que reboca paredes internas na
construo civil, pelo mtodo utilizado para avaliao, demonstrou ser uma carga
fsica moderada para um dia de trabalho, porm relata que deve-se considerar que
essas posturas so assumidas todos os dias de trabalho, durante anos. Isso fa-
talmente vai acarretar algum prejuzo para a sade do trabalhador. Santana e
Oliveira (2004) estudaram as condies de sade e trabalho de 1947 trabalhadores
da construo civil, onde relata ter encontrado uma alta prevalncia de sintomas
msculo-esquelticos nesta indstria.
Couto (2006) relata que no pode ser considerada normal a incidncia de
queixas ou afastamentos em um grande nmero de trabalhadores e apresenta
fatores que podem estar levando a estes acontecimentos:
- Trabalhadores mais vulnerveis exercendo atividades de alta exigncia
ergonmica;
- anulao dos mecanismos de regulao;
- existncia de sobrecarga decorrente da realidade psicossocial problemtica,
especialmente o alto nvel de presso;
- existncia de sobrecarga ao trabalhador decorrente de fatores ligados a gesto da
rea;
- existncia de fatores biomecnicos bem evidentes.
O mesmo autor ressalta que se este ltimo fator no estiver presente no h o que
pensar que uma queixa tenha sua origem no trabalho.
Portanto, deve-se partir do pressuposto de que havendo adequao
biomecnica do posto de trabalho, se este estiver adaptado ao trabalhador, se as
exigncias da demanda forem organizadas e estruturadas e os mecanismos de
regulao estiverem presentes, no h motivo para que ocorra dor, fadiga e a
instalao dos DORT.
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PPGEP Gesto Industrial (2008)
2.6 Motivao dos DORT na tarefa do levantamento de paredes
Os ndices acentuados de DORT na construo civil, como exposto
anteriormente, podem ser originados pela demanda acentuada exigida dos
trabalhadores durante a jornada laboral. Fatores de risco esto associados a estas
atividades, segundo Entzel; Albers e Welch (2006) os fatores de risco identificados
para ferimentos em coluna entre os pedreiros so o peso dos tijolos ou blocos, a
freqncia de levantar, a altura em que colocado, a altura da plataforma, a
distncia do bloco e do trabalhador, o grau e a freqncia da toro, e a elevao
das taxas de produo.
Segundo Iida (2005) a equao do NIOSH (National Institute for Occupational
Safety and Health) foi desenvolvida para calcular o peso limite recomendvel em
tarefas repetitivas de levantamento de cargas. Refere-se a tarefa de apanhar uma
carga e desloca-la para deposit-la. A equao de NIOSH expressa pela frmula:
Fonte: IIda (2005, p. 183).
Onde:
PRL = peso limite recomendvel
H = distncia horizontal entre o indivduo e a carga (posio das mos) em cm.
V = distncia vertical na origem da carga (posio das mos) em cm.
D = deslocamento vertical, entre a origem e o destino em cm.
A = ngulo de assimetria, medido a partir do plano sagital em graus.
F = freqncia mdia de levantamentos em levantamentos/min.
C = qualidade da pega.
A constatao da atividade do trabalhador durante o assentamento de tijolos
para verificar-se a presena ou inexistncia de fatores de risco associados a esta
atividade pode ser elucidativa. Looze et al (2001) relatam que o trabalho dos
pedreiros pegar os tijolos que so entregues por seus assistentes e coloc-los na
parede, onde uma mo segura os tijolos enquanto a colher de pedreiro segurada
na outra. Descreve ainda que o pedreiro assenta aproximadamente 800 tijolos por
dia, sendo posicionado para a realizao desta atividade entre os tijolos e a parede,
PRL= 23 x (25/H) x (1- 0,003/[v-75]) x (0,82 + 4,5/D) x (1-0,0032 x A) x F x C
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Captulo 2 Referencial Terico 28
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tendo frequentemente posturas de flexo de tronco associadas a rotao de coluna.
Estas posies associadas colocam a coluna em uma postura de fragilidade,
podendo ocorrer mais facilmente leses neste seguimento corpreo.
A respeito da atividade do assentamento de tijolos Looze et al (1996) relataram
que colocar tijolos por um perodo fixo de 47 minutos ocasiona perdas mdias da
estatura de 2,0 a 3,6 milmetros. A jornada de trabalho dos pedreiros no Brasil
elevada podendo consequentemente ser geradora de distrbios osteomusculares
relacionados ao trabalho e demonstrando a necessidade de ser estudada com maior
ateno e sistemtica. Outra problemtica verificada diz respeito a variao da altura
da parede a ser construda e as conseqentes mudanas de posicionamento do
trabalhador com o aumento da altura da parede.
Luttmann, Jger e Laurig (1991) em estudos com esta tarefa verificaram que
para paredes baixas os pedreiros gastam at 75% da durao total da atividade em
uma postura inclinada, esta porcentagem diminui com a altura da parede de 20 a
25% . Onde os nveis da parede esto abaixo de 100 cm a carga (tijolo) prendida
em uma mo por 30% do tempo e a carga prendida em ambas as mos (tijolo,
colher e argamassa) por 13% do tempo. Segundo os mesmos autores as
porcentagens aumentam para paredes elevadas a 45 e 30% do tempo
respectivamente. Neste estudo o nmero de tijolos colocados por unidade de tempo
teve uma diminuio com a altura da parede, aproximadamente 2,7 tijolos por minuto
para uma altura de 20 cm e 2,0 tijolos por minuto para uma parede de 160 cm.
Luttmann, Jger e Laurig (1991) concluem relatando que investigaes
eletromiogrficas revelaram que com a altura crescente da parede as atividades
mioeltricas das musculaturas da coluna e do bceps esquerdo multiplicam-se em
comparao com as atividades das paredes baixas.
2.7 Biomecnica ocupacional e ergonomia
A biomecnica, segundo Lippert (2003, p. 52), envolve agregar os princpios
e mtodos da mecnica e aplic-los a estrutura e funo do corpo humano. Quando
estes conceitos relacionam-se ao ambiente laboral enquadram-se, ento, na
biomecnica ocupacional. Segundo Iida (2005, p. 159), a biomecnica ocupacional
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Captulo 2 Referencial Terico 29
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preocupa-se com as interaes fsicas do trabalhador, com seu posto de trabalho,
mquinas, ferramentas e materiais, visando reduzir os riscos de distrbios msculo-
esquelticos. Existem diversos princpios utilizados para a reduo do aparecimento
destas leses. Dul e Weerdmeester (2004, p. 6) relatam os 10 princpios mais
importantes para reduzir as tenses que ocorrem em msculos e articulaes
durante uma postura ou um movimento, as quais esto descritas abaixo:
- As articulaes devem ocupar uma posio neutra;
- conservar os pesos prximos ao corpo;
- evitar curvar-se para frente;
- evitar inclinar a cabea;
- evitar tores de tronco;
- evitar movimentos bruscos que produzem picos de presso;
- alternar posturas e movimentos;
- restringir a durao do esforo muscular contnuo;
- prevenir a exausto muscular;
- pausas curtas e freqentes so melhores.
Para utilizao destes princpios, h a necessidade de que seja feita uma
anlise de todos os fatores envolvidos entre o trabalhador e sua tarefa. Devem-se
avaliar as diversas interaes existentes entre o posto de trabalho, as ferramentas
utilizadas e a maneira com que a atividade realizada pelo obreiro, com o fim de
proporcionar, atravs da ergonomia, a melhor adaptao possvel do trabalho ao
homem.
Segundo Dul e Weerdmeester (2004) a ergonomia uma cincia aplicada ao
projeto de mquinas, equipamentos, sistemas e tarefas, com o objetivo de melhorar
a segurana, sade, conforto e eficincia no trabalho. Para que este conceito possa
ser amplamente utilizado, torna-se imprescindvel a realizao da anlise da tarefa,
de como ela est sendo realizada pelos obreiros e sobre quais circunstncias de
trabalho.
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PPGEP Gesto Industrial (2008)
Segundo Entzel; Albers e Welch (2006) pedreiros e encarregados de pedreiro
apresentam um elevado nmero de distrbios msculo-esquelticos relacionados ao
trabalho, muitos destes que poderiam ser evitados com mudanas nos materiais,
nos equipamentos ou nas prticas de trabalho.
Conforme Ribeiro et al (2004) um dos problemas que ocorre entre
trabalhadores da construo civil o fato dos mesmos subestimarem os riscos
existentes no ambiente de trabalho, fato esse que ocasiona uma necessidade de
treinamento e conscientizao quanto aos riscos existentes em cada situao de
trabalho bem como a forma correta de preveno de acidentes do trabalho. Quando
um trabalho realizado de maneira inadequada, pouco programada, sabe-se que
este afeta diretamente a sade do trabalhador, atravs de diversas patologias
msculo esquelticas. Couto (2006) relata que no existem leses se no houver
fatores da condio antiergonmica do posto de trabalho e da atividade. Atravs
desta colocao, o autor demonstra as caractersticas lesivas que um trabalho pouco
adaptado ao homem tem sobre este.
Cabe a ergonomia, atravs de suas diferentes faces, proporcionar melhores
adaptaes e aos gestores e trabalhadores diminuir as resistncias a estas
mudanas diminuindo os fatores de risco ao desenvolvimento dos distrbios
osteomusculares relacionados ao trabalho.
2.7.1 Trabalho muscular
O trabalho muscular pode ser dividido em dois grupos: o trabalho muscular
esttico e o trabalho muscular dinmico. O trabalho muscular esttico aquele que
no possui movimentos articulares, ou seja, aquele que produz contraes
isomtricas. No trabalho muscular dinmico existe movimentao articular durante
sua realizao. Segundo Kroemer e Grandjean (2005, p. 15) o trabalho dinmico
caracteriza-se pela alternncia de contrao e extenso, portanto, por tenso e
relaxamento. H mudana no comprimento do msculo, geralmente de forma
rtmica. Ainda segundo Kroemer e Grandjean (2005, p. 15) o trabalho esttico
caracteriza-se por um estado de contrao prolongada da musculatura, o que
geralmente implica um trabalho de manuteno de postura. Iida (2005) relata que o
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Captulo 2 Referencial Terico 31
PPGEP Gesto Industrial (2008)
trabalho esttico altamente fatigante, pois nele ocorre a diminuio da irrigao
sangunea para os msculos. Em oposio o trabalho muscular dinmico funciona
como bomba hidrulica, ativando a circulao (IIDA, 2005, p. 162).
Deve-se analisar, porm, que o trabalho muscular dinmico quando usado de
forma repetitiva, desmedida e sem ferramentas adequadas pode ser extremamente
desgastante a sade do trabalhador quando este realiza a mesma atividade por
horas, dias e semanas consecutivamente.
Em canteiros de obras encontram-se movimentos estticos e dinmicos
associados nas mais diversas formas de combinao. Kroemer e Grandjean (2005,
p. 17) descrevem que podemos considerar a existncia de trabalho esttico
significativo quando:
- Um esforo grande mantido por 10 s ou mais;
- um esforo moderado persistir por 1 min ou mais;
- um esforo leve (cerca de 1/3 da fora mxima) dura 5 min ou mais.
Percebemos ento que o trabalho muscular esttico nocivo ao trabalhador.
Iida (2005, p. 163) descreve que quando no for possvel de ser evitado o uso do
trabalho muscular esttico ele deve ser aliviado atravs das mudanas de posturas,
da melhora do posicionamento das peas e ferramentas ou providenciando apoios
para partes do corpo.
So necessrias avaliaes a respeito dos tipos de posturas que os
trabalhadores utilizam para realizao de uma determinada atividade, para anlise
dos movimentos estticos e dinmicos que estes realizam e adequao destes para
diminuio dos riscos de comprometimento da sade. Iida (2005, p. 169) relata que
uma simples observao visual no suficiente para analisar essas posturas
detalhadamente, sendo necessrio empregar tcnicas especiais de registro e
anlise destas posturas.
Para uma melhor visualizao do risco ergonmico, dispomos de diversos
mtodos que auxiliam a descrio das posturas utilizadas para realizao de
determinadas tarefas e qual o risco ergonmico inerente a elas. So exemplos
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Captulo 2 Referencial Terico 32
PPGEP Gesto Industrial (2008)
destes o software RULA, o Strain Index e o WinOWAS, sendo todos de grande
auxlio aos ergonomistas para anlise e correo de ms posturas.
O sistema RULA (rapid upper limb assessment), descrito por Mc Atamney e
Corlett (1993) um mtodo utilizado para investigaes ergonmicas em locais de
trabalho onde existam queixas de desordens dos membros superiores, pois
proporciona uma anlise com maior detalhamento da atividade dessas
extremidades. Ao final da anlise indicado o nvel da interveno necessitada para
diminuio dos riscos inerentes ao trabalho.
Segundo Moore e Garg (1995), o Strain Index um mtodo para anlise do
risco de aparecimento de enfermidades msculo-tendinosas das extremidades
distais dos membros superiores. Envolve a mensurao ou estimativa de seis
variveis:
- Intensidade do esforo;
- durao do esforo por ciclo;
- esforo por minuto;
- postura do punho e mo;
- velocidade do esforo;
- durao da tarefa por dia.
O mesmo autor relata que a intensidade do esforo uma estimativa da fora
necessitada para a realizao da tarefa, refletindo a magnitude do esforo muscular
exigido, classificando-os como leve, ligeiramente pesado, pesado, muito pesado e
nvel mximo. A durao do esforo por ciclo reflete o estresse fisiolgico e
biomecnico relacionado ao tempo que o esforo mantido durante o ciclo.
medida a durao do esforo durante o perodo de observao. O nmero de
esforos por minuto sinnimo de freqncia e calcula-se medindo o nmero de
esforos durante o perodo de observao. Outros parmetros que, segundo Moore
e Garg (1995), devem ser avaliados so: a posio da mo e punho durante o
trabalho em relao posio neutra, graduando sua angulao em flexo,
extenso e desvio cubital, a velocidade com que os esforos so executados,
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Captulo 2 Referencial Terico 33
PPGEP Gesto Industrial (2008)
demonstrando quanto rpida a atividade de trabalhador e a durao da tarefa por
dia.
O sistema OWAS (Ovako Working Posture Analysing System), segundo Iida
(2005, p. 169) foi desenvolvido por pesquisadores finlandeses em 1977, Karku,
Kansi e Kuorinka. Este mtodo avalia a postura do dorso, braos, pernas e a carga
manipulada pelo trabalhador em cada fase de trabalho, com um total de 72 posturas.
As posturas utilizadas pelos trabalhadores so classificadas em quatro categorias,
como apresentadas na tabela 1.
Tabela 1 Classificao das posturas pelo sistema Wi nOWAS.
Classe 1
Postura normal, que dispensa cuidados, a no ser em casos excepcionais.
Classe 2
Postura que deve ser revisada durante a prxima reviso rotineira dos mtodos de trabalho.
Classe 3
Postura que deve merecer ateno a curto prazo.
Classe 4
Postura que deve merecer ateno imediata.
Fonte: Iida (2005, p. 171).
Segundo Iida (2005, p. 171) as classes dependem do tempo de durao das
posturas, em percentagens da jornada de trabalho, ou da combinao de quatro
variveis (dorso, braos pernas e carga).
2.7.2 Posturas do corpo
Grande parte da vida passa-se no ambiente laboral. Deve-se visualizar que
este tempo intimamente relacionado com nossa sade. A postura que se utiliza
para realizao das diversas atividades envolvidas no processo produtivo est
estreitamente ligada ao aparecimento de diversas patologias que reduzem ou
comprometem a qualidade de vida laboral e social.
Para minimizarem-se estas situaes objetiva-se no meio produtivo uma
postura ideal. Segundo Kendall (1990, p. 316) a postura padro deve ser o tipo de
postura que envolve uma quantidade mnima de esforo e sobrecarga e conduz a
eficincia mxima do uso do corpo.
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Com freqncia a atividade desenvolvida interfere na tentativa do indivduo de
manter um bom alinhamento postural. Segundo Iida (2005, p. 165) muitas vezes, o
trabalhador assume posturas inadequadas devido ao projeto ineficiente das
mquinas, equipamentos, postos de trabalho e tambm, s exigncias da tarefa.
Conforme Dias de Paula (2003) nenhuma postura suficientemente adequada
para ser mantida confortavelmente por longos perodos. Qualquer postura
prolongada pode ocasionar a sobrecarga esttica sobre os msculos e outros
tecidos e, conseqentemente, causar dor e desconforto.
As posturas inadequadas a biomecnica humana consequentemente levam
ao estresse, fadiga e dor. Iida (2005, p. 166) apresenta a localizao das dores no
corpo provocadas por posturas inadequadas, conforme descrito na tabela 2 abaixo.
Tabela 2 Localizao das dores no corpo provocadas por posturas inadequadas.
Postura inadequada Risco de dores
Em p Ps e pernas (varizes)
Sentado sem encosto Msculos extensores do dorso
Assento muito alto Parte inferior das pernas, joelhos e ps
Assento muito baixo Dorso e pescoo
Braos esticados Ombros e braos
Pegas inadequadas em ferramentas Antebraos
Punhos em posies no neutras Punhos
Rotaes de tronco Coluna vertebral
ngulo inadequado assento/encosto Msculos dorsais
Superfcies de trabalho muito baixas ou muito altas
Coluna vertebral, cintura escapular
Fonte: Adaptado de Iida (2005, p. 166).
Inmeras vezes durante as atividades cotidianas as posturas inadequadas
so utilizadas. Porm quando aborda-se o ambiente produtivo deve-se pensar que
estas posturas inadequadas a biomecnica humana estaro sendo utilizadas
repetidas vezes durante a jornada laboral, causando problemas msculo-
esquelticos. Segundo Paquet; Punett e Buchholz (2001) problemas msculo-
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esquelticos so comuns entre trabalhadores da indstria da construo. Porm,
ainda segundo Paquet; Punett e Buchholz (2001) mesmo com os trabalhadores
sendo titulados de uma mesma forma, eles tem diferentes nveis de exposio aos
estressores fsicos devido a distribuio das tarefas individuais variar entre os
trabalhadores e de dia para dia.
Para realizao de muitas das atividades relacionadas construo civil, so
associados diversos movimentos corporais. Exemplificando esta situao, temos o
trabalhador da construo civil que para realizao de sua tarefa se v frente a uma
carga a ser levantada ao nvel do solo, a qual est lateralizada em relao ao seu
corpo. Este colaborador, se pouco instrudo quanto as melhores posturas de
trabalho, ser levado a realizar uma flexo de tronco associada rotao de tronco
com extenso de membros superiores para levantar o peso descrito. Uma postura
inadequada leva a movimentos compensatrios tambm inadequados de outras
estruturas corporais.
2.7.3 Posies de trabalho
Existem diversas posies que podem ser assumidas para a realizao de
determinada tarefa, porm ressaltam-se trs posies fundamentais: sentada,
deitada e de p. Abaixo esto apresentadas as principais posturas, suas vantagens
e desvantagens.
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Tabela 3 Posturas de trabalho, vantagens e desvanta gens.
Posio Vantagem Desvantagem
Posio deitada
- no h concentrao de tenso em nenhuma parte do corpo.
- O consumo energtico assume um valor mnimo aproximando-se de seu metabolismo basal.
- a posio mais recomendada para o repouso.
- No se recomenda esta postura para o trabalho porque os movimentos tornam-se difceis e fica muito cansativo elevar a cabea, braos e mos.
Posio de p
- proporciona grande mobilidade corporal.
- Facilita o uso dinmico de pernas, braos e troncos.
- A posio parada em p altamente fatigante porque exige muito trabalho esttico da musculatura envolvida para manter esta posio.
- O corpo no fica totalmente esttico, mas oscilando, exigindo freqentes reposicionamentos, dificultando a realizao de movimentos precisos.
- O corao encontra maiores resistncias para bombear o sangue para os extremos do corpo, e o consumo de energia torna-se elevado.
- Difcil fixar um ponto de referencia.
Posio sentada
- O assento proporciona um ponto de referncia relativamente fixo.
- Permite grande mobilidade das pernas.
- Permite o uso simultneo dos ps e mos.
- Consome menos energia, em relao a posio em p, reduzindo a fadiga.
- Reduz a presso mecnica sobre membros inferiores.
- Reduz a presso hidrosttica da circulao nas extremidades e alivia o trabalho do corao.
- Exige atividade do dorso e do ventre para manuteno desta posio.
- Praticamente todo peso suportado pela pele que cobre o osso do squio, nas ndegas.
- O consumo de energia 3 a 10% maior que na posio horizontal.
- aumento da presso sobre as ndegas.
- Pode provocar estrangulamento da circulao sangunea nas coxas e pernas.
- Restrio dos alcances.
- Flacidez dos msculos abdominais.
- Desfavorvel par os rgos da digesto e respirao.
Fonte: Adaptado de Iida (2005 p. 148 -167) e Kroemer e Grandjean (2005, p. 60).
Segundo Dul e Weerdmeester (2004, p. 12) a postura frequentemente,
determinada pela natureza da tarefa ou do posto de trabalho. As posturas
prolongadas podem prejudicar msculos e articulaes. Para a realizao do
trabalho so usadas na maior parte das tarefas as posies sentadas e de p,
ocorrendo tambm grandes variaes quanto ao projeto de posto e a presena de
intervenes da ergonomia. Estas parecem ser de extrema importncia quando
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vislumbrado o aparecimento das DORT, elevando o projeto do posto de trabalho a
um fator primordial.
2.7.4 O projeto do posto de trabalho
Posto de trabalho a configurao fsica do sistema homem-mquina-
ambiente uma unidade produtiva envolvendo um homem e o equipamento que ele
utiliza para realizar o trabalho, bem como o ambiente que o circunda (IIDA, 2005, p.
189). Todo ambiente de trabalho deve proporcionar sade e segurana ao
trabalhador. Estes so dois imperativos que podem assegurar o bem-estar, a
satisfao, a reduo do risco de acidentes e de doenas ocupacionais (AGNELLI et
al, 2004).
O trabalhador passa a maior parte de jornada laboral em seu posto de
trabalho. Este por sua vez deve ser merecedor de ateno por parte dos
ergonomistas para objetivar uma melhor qualidade de vida no trabalho, com um
menor ndice de sobrecarga muscular.
Segundo Iida (2005, p. 196-200) para o projeto adequado do posto de
trabalho, necessrio obter informaes sobre a natureza da tarefa, equipamento,
posturas e ambiente. Para a realizao do projeto de um posto de trabalho
necessrio fazer a anlise da tarefa, sendo esta dividida em trs fases:
Fase 1 descrio da tarefa: abrange os aspectos principais da tarefa e as
condies que ela executada.
Fase 2 descrio das aes: devem se descritas em um nvel mais detalhado que
a tarefa, concentrando-se mais nas caractersticas que influem no projeto da
interface homem-mquina e se classificam em informaes e controles.
Fase 3 reviso crtica: visa principalmente avaliar as condies que poderiam
provocar dores e leses osteomusculares nos postos de trabalho, levando-se em
considerao principalmente as tarefas altamente repetitivas (com ciclos menores
que 90 s) e as aes estticas. Aps a anlise da tarefa deve-se identificar o grupo
de usurios para realizar-se as medidas antropomtricas relevantes.
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2.7.5 A antropometria
A antropometria diz respeito s medidas do corpo humano. Sua utilizao tem
sido crescente devido a necessidade de adaptar produtos, espaos e ambientes de
trabalho as medidas humanas. Segundo Dul e Weerdmeester (2004, p. 10) a
antropometria ocupa-se das dimenses e propores do corpo humano.
Muito embora a antropometria tenha sua sustentao feita modernamente, a
histria mostra ser antiga a preocupao do homem em mensurar o corpo e, ao
longo do tempo as propores do corpo foram estudadas por filsofos, artistas,
tericos, e arquitetos (MELO e SANTOS, 2000).
No ambiente de trabalho a antropometria tem sido grandemente utilizada para
a adaptao dos postos de trabalho. A adaptao do posto para os padres do
trabalhador que vai utiliz-lo minimiza os riscos ocupacionais inerentes tarefa.
O levantamento antropomtrico de determinada populao, segundo Silva et
al (2006) um instrumento importante em estudos ergonmicos, fornecendo
subsdios para dimensionar e avaliar mquinas, equipamentos, ferramentas e postos
de trabalho, ainda sendo utilizada para verificar a adequao deles s
caractersticas antropomtricas dos trabalhadores, dentro de critrios ergonmicos
adequados para que a atividade realizada no se torne fator de danos sade e
desconforto ao trabalhador. Neste mesmo contexto, Minetti et al (2002) descrevem
que as medidas antropomtricas so dados de bases essenciais para a concepo
de um posto que satisfaa ergonomicamente os trabalhadores, pois s a partir das
dimenses dos indivduos que se pode definir o dimensionamento adequado,
tanto da mquina de trabalho como da atividade envolvida, visando segurana,
eficincia e o conforto do trabalhador.
Pilon e Xavier (2006) relatam que,
a obteno de medidas fsicas do corpo humano por meios de mtodos diretos ou indiretos de vital importncia para as empresas, pois proporciona a melhoria dos postos de trabalho e o desenvolvimento de novos produtos, adaptando-os anatomia dos usurios, permitindo maior conforto, menores riscos de acidentes e de doenas ocupacionais.
Conforme Silva et al (2006) o ideal seria que o dimensionamento dos postos
de trabalho, ferramentas e equipamentos fossem desenvolvidos individualmente
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para atender as caractersticas de cada trabalhador, porm isto seria invivel tanto
na prtica como economicamente. Os mesmos autores relatam que os
levantamentos antropomtricos so realizados para atender s faixas da populao,
podendo ser realizados para o tipo mdio, indivduos extremos e um indivduo
especificamente.
Minetti et al (2002) relatam que as medidas antropomtricas so
estabelecidas em vrias faixas entre o mnimo e o mximo, sendo que o uso destes
critrios depende do tipo de projeto, das aplicaes e da finalidade destas medidas.
Percebendo-se a relevncia da antropometria para a sade ocupacional, diversos
estudos nas mais variadas tarefas, foram realizados utilizando as medies
humanas para a adaptao de postos de trabalho no Brasil. Minetti et al (2002)
utilizaram a antropometria para adaptao do trabalho a operadores de motossera.
Silva et al (2006) a utilizaram para adaptao dos postos de trabalho no plo
moveleiro. Costa Neto e Santos (2002) realizaram adaptaes ergonmicas atravs
da antropometria em um projeto de carro de metr. Calado et al (2006)
dimensionaram o mobilirio de cozinhas industriais com um enfoque antropomtrico.
Schlosser et al (2002) realizaram estudo em antropometria aplicada a operadores de
tratores agrcolas.
Na adaptao de postos de trabalho na construo civil, a antropometria tem
sido escassamente utilizada a nveis nacionais. Porm no pode deixar de ser
notado que, tambm nesta rea de abrangncia, pode-se utiliza-la vislumbrando o
resguardo da sade ocupacional.
Kroemer e Grandjean (2005, p. 35) relatam que,
considerando que posturas naturais do corpo posturas de tronco, braos e pernas que no envolvem o trabalho esttico e movimentos naturais so condies necessrias para um trabalho eficiente , imprescindvel a adaptao do local de trabalho s medidas do corpo e a mobilidade do operador.
Conforme Dul e Weerdmeester (2004, p. 11) os princpios antropomtricos
que interessam a ergonomia so:
- Considere as diferenas individuais do corpo;
- use tabelas antropomtricas adequadas.
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A respeito do segundo princpio o mesmo autor relata que as tabelas
antropomtricas que apresentam dimenses do corpo, pesos e alcances dos
movimentos, referem-se sempre a uma determinada populao e nem sempre
podem ser aplicadas a outras populaes.
Atravs desta afirmao pode-se perceber que as populaes no se
apresentam de forma homognea, necessitando-se de medies especficas
conforme a populao estudada. As medidas do corpo humano podem variar
segundo a raa, sexo, idade, cor, classe social, condies ambientais e natureza do
trabalho.
Expondo sobre este assunto Iida (2005, p. 109) descreve que sempre que for
possvel e economicamente justificvel, as medies antropomtricas devem ser
realizadas diretamente, tomando-se uma amostra significativa dos sujeitos que sero
usurios ou consumidores do objeto a ser projetado.
Segundo Minetti et al (2002) na ergonomia so encontrados dois tipos de
medidas antropomtricas, a esttica e a dinmica, sendo que as dimenses
estticas so relacionadas com as medidas fsicas do corpo parado, enquanto as
dinmicas se relacionam com as medidas do corpo em movimento. Iida (2005) cita
ainda a antropometria funcional que so aquelas relacionadas com a execuo de
tarefas especficas, sendo que cada parte do corpo no se move isoladamente, mas
h uma conjuno de diversos movimentos para realizar uma funo. A respeito da
antropometria esttica Iida (2005, p. 110), descreve que aquela em que as
medidas referem-se ao corpo parado, ou com poucos movimentos e as medies
realizam-se entre pontos anatmicos claramente identificados. Com relao a
antropometria dinmica, Iida (2005, p. 110) cita que ela mede os alcances dos
movimentos, onde os movimentos de cada parte do corpo so medidos mantendo-se
o resto do corpo esttico.
Percebe-se que a partir da atividade desenvolvida ou dos objetivos que
queiramos alcanar, devem-se utilizar formas especficas de medies
antropomtricas para a populao a ser estudada e para o tipo de atividade
desenvolvida.
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2.7.6 Dimensionamento do posto de trabalho
O dimensionamento dos postos de trabalho mostra-se ser de caracterstica
primordial para a boa qualidade de vida no trabalho. Segundo Calado et al (2006)
produtos e postos de trabalho inadequados podem provocar tenses musculares,
dores e fadiga aos seus usurios, sendo que dispositivos de ajustes seria uma
soluo para acomodar com conforto e segurana um nmero maior de usurios.
Para se dimensionar o posto de trabalho vrios aspectos devem ser levados
em considerao, como o tipo de tarefa que ser desenvolvida, as medidas dos
trabalhadores que iro ocupar o posto, os riscos de leso inerentes tarefa, as
queixas de dor relatadas pelos trabalhadores e a melhor postura para o
desenvolvimento da tarefa.
a) O trabalho sentado
O trabalho sentado, conforme apresentado anteriormente, possui certas
vantagens e desvantagens. Segundo Dul e Weerdmeester (2004) a posio sentada
apresenta vantagens sobre a posio ereta, sendo menos cansativa, pois o corpo
fica apoiado em diversas superfcies como piso, assentos, encosto, braos da
cadeira, mesa.
Durante este tipo de postura no trabalho um fator de fundamental importncia
o assento. Conforme Iida (2005) assentos muito duros geram aumento da
concentrao da presso ao nvel das tuberosidades isquiticas gerando fadiga e
dores na regio das ndegas. Por outro lado, o mesmo autor relata que
estofamentos muito macios no proporcionam um bom suporte porque no permitem
um equilbrio adequado do corpo, porm uma situao intermediria, com uma leve
camada de estofamento de 2 a 3 cm mostrou-se benfica. Esta situao, conforme
Iida (2005) reduz a presso em cerca de 400% e aumenta a rea de contato de 900
cm para 1050 cm, sem prejudicar a postura, mas para que isto acontea este
estofamento deve ser moldado a uma base rgida para suportar o peso do corpo.
Dul e Weerdmeester (2004, p. 13) descrevem as caractersticas que um
assento deve ter:
- A altura do assento deve ser regulvel com movimentos contnuos e suaves;
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- a altura do assento deve ser considerada boa quando a coxa est bem apoiada no
assento, sem esmagamento em sua parte inferior (em contato com as bordas do
assento) e os ps apiam no cho;
- o encosto deve proporcionar apoio para a regio lombar (na altura do abdmen),
devendo-se deixar um vo livre de 10 a 20 cm entre o assento e o encosto e o
encosto deve ter uma altura de 30 cm;
- a parte inferior do encosto deve ser convexa para acomodar a curvatura das
ndegas ou ser vazada.
Outra questo a abordada quanto ao assento que este para ser ajustado ao
trabalhador poder obedecer aos parmetros antropomtricos da populao a qual
ir servir e segundo Iida (2005, p. 151) a dimenso antropomtrica crtica a altura
popltea (da parte inferior da coxa a sola do p), que determina a altura do assento.
Apesar de todas as especificaes e cuidados a respeito da postura sentada
pode-se levar em considerao que a manuteno de posturas por tempo
prolongado nociva, sendo tambm fator predisponente para uma grande
quantidade de doenas ocupacionais relacionadas ao trabalho.
b) O trabalho em p e superfcies de trabalho
Na indstria da construo civil, frequentemente utilizada a postura em p