sebenta calculo
TRANSCRIPT
Universidade da Beira Interior
Departamento de Matematica
Calculo I
Folhas de Apoio e Exercıcios
2007/2008
ii
Indice
1 Sucessoes de Numeros Reais 1
1.0.1 Sucessoes Limitadas. Sucessoes Monotonas. Subsucessoes. . . 2
1.0.2 Sucessoes Convergentes. Limites de Sucessoes. Propriedades
dos Limites. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.0.3 Exercıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2 Series 15
2.1 Series Numericas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.1.1 Algumas Series Notaveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.1.2 Propriedades das Series . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.1.3 Series de Termos Nao Negativos . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.1.4 Series Alternadas. Convergencia Absoluta. . . . . . . . . . . . 24
2.1.5 Exercıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3 Preliminares 35
3.1 Conjuntos Limitados. Maximo, Mınimo, Supremo e Infimo. . . . . . . 35
3.2 Nocoes Topologicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.3 Exercıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
4 Funcoes Reais de Variavel Real 41
4.0.1 Funcao Exponencial e Logarıtmica . . . . . . . . . . . . . . . 43
4.0.2 Funcoes Trigonometricas e Trigonometricas Inversas . . . . . . 46
iii
iv INDICE
4.0.3 Funcoes Hiperbolicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4.1 Limite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
4.1.1 Limites Notaveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
4.2 Continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
4.2.1 Teoremas Fundamentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4.3 Exercıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
5 Calculo Diferencial em R 65
5.1 Derivada de Funcoes Reais de Variavel Real . . . . . . . . . . . . . . 65
5.1.1 Regras de Derivacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
5.2 Teoremas Fundamentais do Calculo Diferencial . . . . . . . . . . . . . 73
5.3 Aplicacoes dos Teoremas Fundamentais do Calculo Diferencial . . . . 77
5.3.1 Limites . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
5.3.2 Extremos Locais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
5.3.3 Concavidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
5.3.4 Assımptotas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
5.4 Exercıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
6 Calculo Integral em R 95
6.1 Primitivacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
6.1.1 Primitivas Imediatas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
6.1.2 Primitivacao de Funcoes Racionais . . . . . . . . . . . . . . . 97
6.1.3 Primitivacao por Partes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
6.1.4 Primitivacao por Substituicao . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
6.2 Integracao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
6.2.1 Propriedades dos Integrais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
6.2.2 Teoremas Fundamentais do Calculo Integral . . . . . . . . . . 108
6.2.3 Aplicacoes Geometricas do Calculo Integral . . . . . . . . . . 110
6.3 Exercıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
INDICE v
Bibliografia 126
Capıtulo 1
Sucessoes de Numeros Reais
Definicao 1.1. Chama-se sucessao de numeros reais a toda a aplicacao de N em
R, ou seja,
f : N → R
n 7→ f(n) ≡ un
usualmente representada por (un)n∈N, ou simplesmente (un). A expressao que define
a sucessao, un, chamamos termo geral da sucessao e ao conjunto {un : n ∈ N} =
{u1, u2, . . . , un, . . .} chamamos conjunto dos termos da sucessao.
Nota 1.1. Na Definicao de sucessao de numeros reais consideramos N, mas todos os
resultados apresentados podem ser adaptados para o caso de termos N0, ou mesmo
um subconjunto infinito de N0.
Exemplo 1.1. Sao exemplo de sucessoes de numeros reais as sucessoes de termo geral
un = n, un = (−1)n e un =n
n + 1.
As sucessoes podem ser definidas pelo seu termo geral, ou definidas por re-
correncia. Ou seja, e dado a conhecer alguns dos primeiros termos da sucessao
1
2 CAPITULO 1. SUCESSOES DE NUMEROS REAIS
e o termo de ordem n e definido usando os anteriores. Por exemplo
un =
u1 = 1
un+1 = 3 + 2un
, vn =
u1 = 1
u2 = 5
un = 3 + 2un−1 − un−2
Definicao 1.2. Dadas duas sucessoes de numeros reais (un) e (vn), definimos a soma
de sucessoes (u + v)n, a diferenca de sucessoes (u − v)n e o produto de sucessoes
(u.v)n como sendo as sucessoes cujo termo geral e dado por un + vn, un− vn e unvn,
respectivamente. No caso em que vn 6= 0 para todo o n ∈ N, podemos ainda definir
o quociente de sucessoes(u
v
)n
como sendo a sucessao cujo termo geral eun
vn
.
1.0.1 Sucessoes Limitadas. Sucessoes Monotonas. Subsu-
cessoes.
Definicao 1.3. Seja (un) uma sucessao de numeros reais. Dizemos que (un) e uma
sucessao limitada inferiormente se existe a ∈ R tal que a < un, para todo o n ∈ N.
Dizemos que (un) e uma sucessao limitada superiormente se existe b ∈ R tal que
un < b, para todo o n ∈ N.
Dizemos que (un) e uma sucessao limitada se o for inferiormente e superiormente;
o que e equivalente a dizer que exite c ∈ R tal que |un| < c, para todo o n ∈ N.
Exemplo 1.2. A sucessao de termo geral un = n2 − 4n + 3 e limitada inferiormente,
mas nao superiormente, pois un > −1, para todo o n ∈ N.
A sucessao de termo geral un = 1− n e limitada superiormente, mas nao inferi-
ormente, pois un 6 0, para todo o n ∈ N.
A sucessao de termo geral un =(−1)n
ne limitada, pois −1 6 un 6 1
2, para todo
o n ∈ N.
A sucessao de termo geral un = (−1)nn nao e limitada, nem inferiormente, nem
superiormente.
3
Definicao 1.4. Seja (un) uma sucessao de numeros reais. Quanto a monotonia,
podemos dizer que (un) e uma:
– sucessao crescente se un 6 un+1, para todo o n ∈ N.
– sucessao estritamente crescente se un < un+1, para todo o n ∈ N.
– sucessao decrescente se un > un+1, para todo o n ∈ N.
– sucessao estritamente decrescente se un > un+1, para todo o n ∈ N.
Exemplo 1.3. A sucessao de termo geral un = 2n e estritamente crescente, ja que
un+1 − un = 2n+1 − 2n = 2n(2− 1) = 2n > 0.
A sucessao de termo geral un = 3− n e estritamente decrescente, ja que un+1 −un = 3− (n + 1)− (3− n) = 3− n− 1− 3 + n = −1 < 0.
A sucessao de termo geral un = (−1)n nao e monotona.
Definicao 1.5. Dadas duas sucessoes de numeros reais (un) e (vn), dizemos que
(vn) e uma subsucessao de (un) se existir uma sucessao estritamente crescente (wn)
tal que vn = uwn , para todo o n ∈ N.
Observacao 1.1. Para que a Definicao anterior faca sentido, e ainda necessario que
wn ∈ N, para todo o n ∈ N; ou seja, (wn) tem de ser aquilo a que podemos chamar
de sucessao de numeros naturais.
Exemplo 1.4. Consideremos a sucessao de termo geral un = 2n, e temos a sucessao
2, 4, 6, 8, 10, 12, 14, . . . .
Se tomarmos a sucessao crescente de termo geral wn = 2n e considerarmos vn = uwn
obtemos a sucessao
4, 8, 12, . . . ,
que e uma subsucessao de (un). E de notar que a sucessao
2, 2, 4, 4, 6, 6, 8, 8, 10, 10, . . .
4 CAPITULO 1. SUCESSOES DE NUMEROS REAIS
e a sucessao
2, 6, 10, 8, 4, 12, . . .
nao sao subsucessoes de (un).
1.0.2 Sucessoes Convergentes. Limites de Sucessoes. Pro-
priedades dos Limites.
Definicao 1.6. Seja (un) uma sucessao de numeros reais. Dizemos que (un) converge
para a ∈ R, ou que (un) tende para a ∈ R, e escrevemos lim un = a ou un → a, se
para cada δ > 0 existe uma ordem p ∈ N tal que |un − a| < δ, para todo o n > p.
Simbolicamente, podıamos escrever
∀δ>0 ∃p∈N ∀n∈N (n > p ⇒ |un − a| < δ) .
(un) e uma sucessao convergente se existe a ∈ R tal que lim un = a.
Uma ideia intuitiva e dizer que a sucessao (un) converge para a ∈ R se escolhido
um numero real δ > 0 existe sempre uma ordem a partir da qual todos os termos
un sao valores aproximados de a.
Nota 1.2. Dizer que |un − a| < δ e equivalente a ter un ∈]a− δ, a + δ[.
Definicao 1.7. Uma sucessao nao convergente diz-se uma sucessao divergente.
Exemplo 1.5. Consideremos a sucessao de termo geral un =an + 1
n, com a ∈ R,
vamos ver que un → a. Tomemos δ > 0, e temos que
|un − a| =∣∣∣∣an + 1
n− a
∣∣∣∣ =
∣∣∣∣a +1
n− a
∣∣∣∣ =1
n<
1
p< δ,
basta para isso tomar p >1
δ. Assim a sucessao (un) converge para a.
A sucessao de termo geral un = (−1)n e divergente.
5
Proposicao 1.8. Sejam (un) e (vn) duas sucessoes de numeros reais convergentes
para a e b, respectivamente. Entao:
1. a sucessao de termo geral un + vn converge para a + b.
2. a sucessao de termo geral un − vn converge para a− b.
3. a sucessao de termo geral Kun converge para Ka, onde K ∈ R.
4. a sucessao de termo geral unvn converge para ab.
5. a sucessao de termo geralun
vn
converge paraa
b, onde vn 6= 0 para todo o n ∈ N
e b 6= 0.
6. a sucessao de termo geral k√
un converge para k√
a, onde k ∈ N.
7. a sucessao de termo geral |un| converge para |a|.
Prova: Vamos ver a primeira afirmacao, todas as outras saiem por processos analogos.
Tomemos δ > 0 qualquer, fixo. Assim, existe p, q ∈ N tais que
|un − a| < δ
2, para todo o n > p
e
|vn − b| < δ
2, para todo o n > q.
Tomemos r = max{p, q} e temos
|(un + vn)− (a + b)| 6 |un − a|+ |vn − b| < δ
2+
δ
2= δ, para todo o n > r.
¤
Teorema 1.9. O limite de uma sucessao convergente e unico.
Prova: Vide [1].
6 CAPITULO 1. SUCESSOES DE NUMEROS REAIS
¤
Teorema 1.10. O limite de uma sucessao constante e a propria constante.
Prova: E imediato.
¤
Teorema 1.11. Toda a sucessao convergente e limitada.
Prova: Seja (un) uma sucessao convergente para a ∈ R. Entao, para δ = 1 existe
p ∈ N tal que
|un − a| < 1, para todo o n > p.
Consideremos o conjunto finito U = {u1, u2, . . . , up, a − 1, a + 1} e sejam c e d o
mınimo e maximo de U , respectivamente. Entao, todos os termos de (un) pertencem
ao intervalo [c, d] e portanto, a sucessao e limitada.
¤
Nota 1.3. A recıproca do Teorema anterior nao e verdadeira, e exemplo disso a
sucessao de termo geral un = (−1)n, pois e limitada, mas nao convergente.
Teorema 1.12. Toda a sucessao monotona e limitada e convergente.
Prova: Consideremos que a sucessao (un) e crescente e limitada. Seja U o conjunto
dos termos da sucessao (un), o qual e limitado, pelo que tem supremo, seja a ∈ Rtal que un 6 a.
Tomemos δ > 0, entao existe p ∈ N tal que a − δ < up. Como a sucessao e
crescente, para todo o n > p temos a− δ < up 6 un.
Concluımos assim que a− δ < un < a + δ, ou seja a sucessao (un) e convergente
para a.
¤
7
Nota 1.4. A recıproca do Teorema anterior nao e verdadeira, e exemplo disso a
sucessao de termo geral un = (−1)n 1
n, pois e convergente, mas nao monotona.
Observacao 1.2. Na realidade, no Teorema anterior nao e preciso exigir tanto. Se
a sucessao for crescente e limitada superiormente entao e convergente. Se a sucessao
for decrescente e limitada inferiormente entao e convergente.
Definicao 1.13. Dizemos que a sucessao de numeros reais (un) e um infinitesimo
se un → 0.
Teorema 1.14. O produto de um infinitesimo por uma sucessao limitada e um
infinitesimo.
Prova: Consideremos que a sucessao (un) e um infinitesimo e que a sucessao (vn)
e limitada. Assim, existe c ∈ R tal que |vn| < c, para todo o n ∈ N.
Tomemos δ > 0 e temos que existe p ∈ N tal que |un| < δ
c. Assim,
|unvn| = |un||vn| < δ
cc = δ,
ou seja, a sucessao (u · v)n e um infinitesimo.
¤
Exemplo 1.6. Consideremos as sucessoes de termos gerais un = (−1)n e vn =1
n. A
sucessao (vn) e um infinitesimo, a sucessao (un) nao e convergente, no entanto, e
limitada. Assim, temos que a sucessao de termo geral unvn = (−1)n 1
ne convergente.
Teorema 1.15. Qualquer subsucessao de uma sucessao convergente e ainda con-
vergente para o mesmo limite.
Prova: Vide [1].
¤
8 CAPITULO 1. SUCESSOES DE NUMEROS REAIS
Exemplo 1.7. Pelo Teorema anterior e facil concluir que a sucessao de termo geral
un = (−1)n e divergente, visto que se fosse convergente todas as suas subsucessoes
teriam de ter o mesmo limite. De facto, se tomarmos a subsucessao dos termos pares
temos a subsucessao de termo geral vn = 1, enquanto que se tomarmos os termos
ımpares temos a subsucessao de termo geral wn = −1.
Teorema 1.16. (Criterio da Sucessao Enquadrada) Sejam (un), (vn) e (wn)
sucessoes de numeros reais tais que existe uma ordem p tal que, para todo o n > p
se tem un 6 wn 6 vn. Suponha-se ainda que (un) e (vn) convergem para o mesmo
a ∈ R. Entao, (wn) converge para a.
Prova: Tomemos δ > 0, fixo. Assim, existem p, q ∈ N tais que
|un − a| < δ, para todo o n > p
e
|vn − a| < δ, para todo o n > q.
Seja r = max{p, q}, entao
a− δ < un 6 wn 6 vn < a + δ, para todo o n > r,
ou seja, a sucessao (wn) e convergente.
¤
Exemplo 1.8. Consideremos a sucessao de termo geral wn = cn, com 0 < |c| < 1.
Seja d =1
|c| > 1, logo d = 1 + h e temos
0 < |wn| = |cn| = |c|n =1
dn=
1
(1 + h)n6 1
1 + nh,
onde utilizamos a chamadada desigualdade de Bernoulli, (1 + h)n > 1 + nh para
h > 0. Assim, pelo Teorema anterior, com un = 0 e vn =1
1 + nh, temos que un → 0
9
e vn → 0 de onde concluımos que wn converge para 0.
Definicao 1.17. Seja (un) uma sucessao de numeros reais. Dizemos que (un) e um:
– infinitamente grande positivo se para todo o k > 0 existe uma ordem p ∈ N tal
que un > k, para todo o p > n. Simbolicamente
∀k>0 ∃p∈N ∀n∈N (n > p ⇒ un > k) .
Neste caso escrevemos lim un = +∞ ou un → +∞.
– infinitamente grande negativo se para todo o k > 0 existe uma ordem p ∈ N tal
que un < −k, para todo o p > n. Simbolicamente
∀k>0 ∃p∈N ∀n∈N (n > p ⇒ un < −k) .
Neste caso escrevemos lim un = −∞ ou un → −∞.
– infinitamente grande em modulo se para todo o k > 0 existe uma ordem p ∈ N tal
que |un| > k, para todo o p > n. Simbolicamente
∀k>0 ∃p∈N ∀n∈N (n > p ⇒ |un| > k) .
Neste caso escrevemos lim |un| = +∞ ou |un| → +∞.
Exemplo 1.9. A sucessao de termo geral un = n2 + 1 e um infinitamente grande
positivo. De facto, dado k > 0 temos un = n2 + 1 > p2 + 1 > k, basta para isso
tomar p >√
k − 1.
A sucessao de termo geral un = 1 − n e um infinitamente grande negativo. De
facto, dado k > 0 temos un = 1− n < 1− p < −k, basta para isso tomar p > k + 1.
A sucessao de termo geral un = (−1)nn e um infinitamente grande em modulo.
De facto, dado k > 0 temos |un| = |(−1)nn| = |n| = n > p > k, basta para isso
tomar p > k.
Nota 1.5. Quando a sucessao de numeros reias (un) e um infinitamente grande
10 CAPITULO 1. SUCESSOES DE NUMEROS REAIS
(positivo/negativo/em modulo) nao se diz que (un) converge para (±)∞, mas sim
que (un) tem limite (±)∞.
Proposicao 1.18. Sejam (un) e (vn) duas sucessoes de numeros reais, tais que
lim un = +∞ e lim vn = +∞, entao
lim(un + vn) = lim un + lim vn = +∞.
ou seja, simbolicamente, temos (+∞) + (+∞) = +∞. Da mesma forma, quando
(wn) e uma sucessao de numeros reais tal que lim wn = a ∈ R, tambem temos os
seguintes resultados:
(+∞) + (+∞) = +∞ , (−∞) + (−∞) = −∞
(+∞) + a = +∞ , (−∞) + a = −∞
(+∞)× (+∞) = +∞ , (+∞)× (−∞) = −∞ , (−∞)× (−∞) = +∞
a× (+∞) =
+∞, se a > 0
−∞, se a < 0a× (−∞) =
−∞, se a > 0
+∞, se a < 0
a
0+=
+∞, se a > 0
−∞, se a < 0
a
0−=
−∞, se a > 0
+∞, se a < 0
a+∞ =
+∞, se a > 1
0, se 0 < a < 1a−∞ =
0, se a > 1
+∞, se 0 < a < 1
+∞a =
+∞, se a > 0 ou a = +∞0, se a < 0 ou a = −∞
0a =
0, se a > 0 ou a = +∞+∞, se a < 0 ou a = −∞
Observacao 1.3. (Indeterminacoes) Para alem das situacoes referidas na Pro-
posicao anterior, existem ainda outras em que a partida nao podemos determinar
qual o resultado do limite, a essas situacoes chamamos de indeterminacoes e sao
11
elas:0
0
∞∞ 0.∞ ∞−∞ 1∞ ∞0 00.
Teorema 1.19. (Regra da Exponencial) Sejam a ∈ R e (un) uma sucessao de
numeros reais infinitamente grande positivo, temos que:
– se a > 1, a sucessao de termo geral aun e um infinitamente grande positivo.
– se a = 1, a sucessao de termo geral aun = 1 converge para 1.
– se −1 < a < 1, a sucessao de termo geral aun e um infinitesimo.
– se a 6 −1, a sucessao de termo geral aun nao tem limite.
Teorema 1.20. (Numero de Nepper) Seja (un) uma sucessao de numeros reais
infinitamente grande em modulo e K ∈ R, entao
lim
(1 +
K
un
)un
= eK .
Mais, se (vn) e uma sucessao de numeros reais convergente para a ∈ R, entao
lim
(1 +
vn
un
)un
= ea.
1.0.3 Exercıcios
Exercıcio 1.1. Considere as sucessoes de termo geral
un =2n + 1
ne vn = cos
(nπ
4
)− sen
(nπ
4
).
Calcule os 5 primeiros termos de cada uma e represente-os geometricamente.
Exercıcio 1.2. Seja (un) a sucessao de termo geral un =n + (−1)n
n + 1.
1. Determine os 4 primeiros termos de (un).
2. Indique, justificando, o valor logico das seguintes afirmacoes:
(a) ∃p∈N : up =24
26.
12 CAPITULO 1. SUCESSOES DE NUMEROS REAIS
(b) 0 6 un 6 1, ∀n∈N.
Exercıcio 1.3. Considere a sucessao de termo geral un = 4 + (−1)n. Determine os
4 primeiros termos e mostre que e limitada.
Exercıcio 1.4. Estude a monotonia das sucessoes de termo geral un = 3n + 5 e
vn =1√
n2 + n.
Exercıcio 1.5. Considere a sucessao (un) dada por
u1 = 2
un+1 = un − (un)2 , ∀n>1
.
Estude a monotonia de (un).
Exercıcio 1.6. Seja (un) uma sucessao de numeros reais, tal que
un+1 < un e un > 1, para todo o n ∈ N
A sucessao e convergente? Justifique.
Exercıcio 1.7. Considere as sucessoes (un) e (vn) de termo geral un =2n− 5
n2, com
n > 5 e vn =
(1
2
)n
.
1. Mostre que as sucessoes sao decrescentes.
2. As sucessoes sao limitadas? Justifique.
3. Justifique que (un) e convergente.
4. Estude a convergencia de (vn).
Exercıcio 1.8. Considere a sucessao un =n + 1
n + 2− 3.
1. Mostre que a sucessao e monotona.
2. Mostre que −7
36 un < −2 para todo o n ∈ N.
3. A sucessao e convergente? Justifique.
13
Exercıcio 1.9. Determine o limite das sucessoes de termo geral:
1. an =1− n
2n + 2
2. bn =2n2 + 3
3n + 1
3. cn =3n3 + n2 + 1
2n3 − n− 2
4. dn =
√n
4n + 1
5. en =
√3n2 + 1 +
√n
3√
n + 1
6. fn =1
n+
(5
4
)n
7. gn =4√
n5 + 2− 3√
n2 + 15√
n4 + 2−√n3 + 1
8. hn = e−n + en
9. in =n + 2
n2 + 1sen
nπ
2
10. jn =sen2(n + 1)
2n + 3
11. kn =n3 + 1 + cos n
n2 + 1
12. ln =(−1)n + n
n + 1
13. αn =(−2)n + 3n
(−2)n+1 + 3n+1
14. βn = ln(√
2n2 + 1−√n2 − 1)
15. γn = n(√
n2 + 1−√
n−1)
Exercıcio 1.10. Determine o limite das sucessoes de termo geral:
1. an =
(1 +
2
n
)n
2. bn =
(1− 2
n2
)n
3. cn =
(n− 5
n + 2
)n+3
4. dn =
(n + 5
2n + 1
)n+4
5. en =
(n2 + 2
2n2 − 3
)n2+2
6. fn =
(1 +
2
n
)√n
7. gn =
(n− 1
n + 2
)2n+1
8. hn =
(n2 + 2n− 3
n2 − n + 2
)n2−3n+2
Exercıcio 1.11. Estude a convegencia da sucessao de termo geral
un =1√
n2 + 1+
1√n2 + 2
+ . . . +1√
n2 + n.
14 CAPITULO 1. SUCESSOES DE NUMEROS REAIS
Capıtulo 2
Series
2.1 Series Numericas
Seja (un) uma sucessao de numeros reais. O conceito de serie pretende extender a
operacao de soma a uma infinidade de termos, precisamente os termos da sucessao.
Definicao 2.1. Dada uma sucessao de numeros reais (un) chamamos sucessao das
somas parciais de (un) a sucessao
s1 = u1 , s2 = u1 + u2 , s3 = u1 + u2 + u3 , . . . ,
ou seja, a sucessao cujo termo geral e dado por
sn =n∑
k=1
uk = u0 + u1 + u2 + . . . + un,
a soma dos primeiros n termos da sucessao (un).
Definicao 2.2. Dada uma sucessao de numeros reais, (un), definimos a serie de
termo geral (un) como sendo
u1 + u2 + u3 + . . . + un + . . . ,
15
16 CAPITULO 2. SERIES
a qual representamos por∞∑
k=1
un ou por∑
un.
Definicao 2.3. Dizemos que∑
un e uma serie convergente se a respectiva sucessao
das somas parciais for convergente. Neste caso, chamamos soma da serie ao limite
da sucessao das somas parciais, e escrevemos S = limn 7→∞
sn = limn 7→∞
n∑
k=1
sk.
Definicao 2.4. Dizemos que uma serie e divergente se a respectiva sucessao das
somas parciais for divergente.
Definicao 2.5. Dizemos que duas serie sao da mesma natureza se sao ambas con-
vergentes ou ambas divergentes. Entendemos por estudo da natureza de uma serie
o estudo da convergencia ou divergencia da serie.
Nota 2.1. Em algumas situacoes poderao susgir series do tipo∞∑
n=0
un, ou ate mesmo
∞∑n=p
un, onde p e um qualquer numero inteiro. Basta nas definicoes acima considerar
as mudancas de variavel k = n + 1 e k = n− p + 1, respectivamente.
Exemplo 2.1. A serie∞∑
n=4
1
n2e igual a serie
∞∑
k=1
1
(k + 3)2.
Observacao 2.1. E facil concluir que dados p1, p2 ∈ N, a serie∞∑
n=p1
un e∞∑
n=p2
un tem
a mesma natureza. Ou seja, a natureza de uma serie nao se altera se alterarmos um
numero finito de termos.
Exemplo 2.2. Seja (un) a sucessao de numeros reais tal que un = 0 para todo o n ∈ N,
entao∑
un e convergente e tem soma nula. Seja (vn) a sucessao de numeros reais
tal que vn = 0 para todo o n > p com p ∈ N, entao∑
un e convergente e tem soma
igual a sp = u1 + u2 + . . . + up.
2.1.1 Algumas Series Notaveis
Vamos agora estudar algumas series que pela sua simplicidade e por serem bem
conhecidas chamaremos de notaveis. Este estudo tera grande importancia, visto
2.1. SERIES NUMERICAS 17
que os resultados obtidos serao aplicados no estudo da natureza de series algo mais
complexas.
Exemplo 2.3. (Serie Geometrica) Seja R ∈ R e consideremos a serie∞∑
n=0
Rn, a R
chamamos razao da serie.
Supondo que |R| 6= 1, temos que
sn =n∑
k=0
Rk = 1 + R + R2 + R3 + . . . + Rn =1−Rn+1
1−R.
– Se |R| < 1, temos que lim Rn+1 = 0 e entao lim sn =1
1−R. Assim, neste caso
a serie e convergente e tem soma S =1
1−R.
– Se |R| > 1, temos que lim |sn| = +∞ e, neste caso a serie e divergente.
Supondo que |R| = 1, temos tambem 2 casos.
– Se R = 1, temos sn = 1 + 1 + . . . + 1 = n + 1 e entao lim sn = +∞. Logo a
serie e divergente.
– Se R = −1, temos sn =
0, se n e ımpar
1, se n e pare entao lim sn nao existe. Logo a
serie e divergente.
Nota 2.2. E facil ver que para a serie∞∑
n=p
Rn, com p ∈ N as conclusoes acerca da
natureza da serie sao as mesmas, e que para |R| < 1 a soma da serie eRp
1−R.
A serie geometrica de razao1
2, ou seja,
∞∑n=1
(1
2
)n
e convergente e tem soma 1.
Exemplo 2.4. (Serie de Mengoli ou Serie Telescopica) Seja (un) uma sucessao
de numeros reais e consideremos uma serie da forma∞∑
n=1
(un − un+1). A sucessao
das somas parciais tem termo geral
Sn = (u1 − u2) + (u2 − u3) + . . . + (un − un+1) = u1 − un+1.
Assim, lim Sn = lim u1−un+1 = u1− lim un+1, pelo que a serie considerada converge
18 CAPITULO 2. SERIES
se e so se a sucessao (un) converge, e nesse caso, a soma da serie e S = u1 − lim un.
Mais geralmente, designamos tambem por serie de Mengoli uma serie da forma∞∑
n=p
(un − un+q) que converge se e so se a sucessao (un) converge e nesse caso tem
soma up + up+1 + . . . + up+q−1 − q lim un.
Por exemplo, a serie∞∑
n=3
(2n
n + 1− 2n + 4
n + 3
)e convergente e tem soma igual a
u3 + u4 − 2 lim un =6
4+
8
5− 2× 2 = − 9
10.
Exemplo 2.5. (A Serie Harmonica) Consideremos a serie∞∑
n=1
1
na qual designamos
por serie harmonica. Consideremos ainda a respectiva sucessao das somas parciais
e tomemos a subsucessao dessa com termos com ındice da forma 2n, ou seja, a
subsucessao (S2n):
S2 = 1 +1
2>
1
2
S4 = 1 +1
2+
1
3+
1
4= S2 +
1
3+
1
4> S2 + 2× 1
4> 2× 1
2
S8 = S4 +1
5+
1
6+
1
7+
1
8> S4 + 4× 1
8> 3× 1
2
. . .
Em geral, temos S2n >k
2, como lim
k
2= ∞, concluımos que lim Sn = ∞, ou seja, a
serie harmonica diverge.
Exemplo 2.6. (Serie de Dirichelet) Seja α ∈ R e consideremos a serie∞∑
n=1
1
nα.
Temos que:
– se α > 1, a serie e convergente.
– se α 6 1, a serie e divergente.
Quando α = 1, obtemos a serie harmonica,∞∑
n=1
1
n, que como ja vimos e diver-
gente.
Por exemplo, a serie∞∑
n=1
1
n2e convergente, ao passo que a serie
∞∑n=1
1√n
e diver-
gente.
2.1. SERIES NUMERICAS 19
2.1.2 Propriedades das Series
Proposicao 2.6. Sejam∑
un e∑
vn duas series convergentes com somas U e
V , respectivamente. Entao a serie∑
(un + vn) e convergente e tem soma U + V .
Mais, se α ∈ R, entao a serie∑
αun e tambem convergente e tem soma αU .
Observacao 2.2. Se∑
un e uma serie convergente e∑
vn e uma serie divergente,
entao∑
(un + vn) e uma serie divergente.
Observacao 2.3. Se∑
un e∑
vn sao duas series divergentes, entao∑
(un + vn)
pode ser uma serie divergente ou convergente. E exemplo disso a situacao seguinte.
Exemplo 2.7. Consideremos as series∞∑
n=1
1
ne
∞∑n=1
−1
n + 1, que como sabemos sao
ambas divergentes.
Mas a serie∞∑
n=1
1
n− 1
n + 1e uma serie de Mengoli com an =
1
ne lim un = 0, pelo
que e convergente. Mais, ate conhecemos a sua soma, S = u1 − lim un = 1.
Proposicao 2.7. Se∑
un e uma serie convergente, entao lim un = 0.
Observacao 2.4. A recıproca da Proposicao anterior e falsa, ou seja, lim un = 0 ;∑
un seja convergente. Por exemplo, a serie harmonica, em que lim un = lim1
n= 0
e a serie e divergente.
Observacao 2.5. Nalgumas situacoes podera ser conveniente ter presente a contra-
recıproca da Proposicao anterior, ou seja, se lim un 6= 0 entao a serie∑
un e
divergente.
Exemplo 2.8. A serie∑(
1 +1
n
)n
e divergente, ja que lim
(1 +
1
n
)n
= e 6= 0.
2.1.3 Series de Termos Nao Negativos
Muitas vezes nao e possıvel estudar a natureza da serie fazendo um calculo directo
no limite da sucessao das somas parciais. Mas existem alguns metodos que permitem
determinar a natureza de uma serie. Nesta seccao vamos apresentar alguns desses
20 CAPITULO 2. SERIES
metodos que se aplicam aquilo a que chamamos de series de termos nao negativos,
ou seja,∞∑
n=0
un , com un > 0, para todo o n ∈ N0 .
E claro que estes metodos tambem se aplicam a situacoes em que todos os ter-
mos sao negativos, fazendo uma pequena adaptacao. E de notar que os metodos
(criterios) apresentados nao servem para calcular o valor da soma da serie, apenas
para determinar a natureza da mesma.
Numa serie de termos nao negativos,∑
un temos que a sucessao das somas
parciais e crescente, visto que sn+1 − sn = un > 0. Assim, temos que a serie e
convergente se e so se (sn) for uma sucessao limitada (ja que e monotona).
Proposicao 2.8. (Criterio da Comparacao) Sejam∑
un e∑
vn duas series
de termos nao negativos tais que, a partir de certa ordem se tenha un 6 vn. Entao
1. se∑
vn e convergente entao∑
un e convergente.
2. se∑
un e divergente entao∑
vn e divergente.
Prova: Podemos supor que un 6 vn para todo o n ∈ N, pois estamos apenas a
alterar um numero finito de termos, e portanto a natureza da serie nao se altera.
Sejam (sun) e (sv
n) as respectivas sucessoes das somas parciais, temos que
sun = u1 + u2 + . . . + un 6 v1 + v2 + . . . + vn = sv
n.
Se a serie∑
vn e convergente, (svn) e uma sucessao tambem convergente e logo
limitada. Entao a sucessao (sun) e tambem limitada e logo convergente (ja que e
monotona). Concluımos assim que a serie∑
un e convergente.
O outro caso e completamente analogo.
¤
2.1. SERIES NUMERICAS 21
Exemplo 2.9. Consideremos as sucessoes de termo geral un =1
(n + 1)!e vn =
(1
2
)n
.
Como∑
vn e a serie geometrica de razao1
2, logo e convergente. Alem disso,
(n + 1)! > 2n ⇒ 1
(n + 1)!6 1
2n⇒ un 6 vn, para todo o n ∈ N, de onde concluımos
que∑
un e uma serie convergente, usando o Criterio da Comparacao.
Exemplo 2.10. Consideremos as sucessoes de termo geral un =1
ne vn =
1
n− 1.
Como un < vn para todo o n ∈ N e∑
un e uma serie divergente, concluımos que∑
vn e uma serie divergente, pelo Criterio da Comparacao.
Da Proposicao anterior, e possıvel obter um resultado bastante mais abrangente,
o seguinte Corolario.
Corolario 2.9. (Criterio do Limite) Sejam∑
un e∑
vn duas series de termos
nao negativos, com vn 6= 0 para todo o n ∈ N. Se existir limun
vn
= L, temos que
1. Se L for finito e nao nulo, as series tem a mesma natureza.
2. Se L = 0 e∑
vn e convergente entao∑
un e convergente.
3. Se L = +∞ e∑
vn e divergente entao∑
un e divergente.
Prova: Consequencia quase imediata da Proposicao anterior. Vide [1].
¤
Exemplo 2.11. Consideremos a serie∑ 2n2 + 1
n5 + 3n2 − 1e vamos usar o Criterio do
Limite, comparando esta serie com a serie∑ 1
n3,
lim
2n2 + 1
n5 + 3n2 − 11
n3
= lim2n5 + n3
n5 + 3n2 − 1= 2 6= 0,
de onde concluımos que a serie considerada tem a mesma natureza do que a serie∑ 1
n3, ou seja, e convergente.
22 CAPITULO 2. SERIES
Exemplo 2.12. Consideremos a serie∑ 2n2 + 1
n5 + 3n2 − 1e vamos usar o Criterio do
Limite, comparando esta serie com a serie∑ 1
n2,
lim
2n2 + 1
n5 + 3n2 − 11
n2
= lim2n4 + n2
n5 + 3n2 − 1= 0,
de onde concluımos que como a serie∑ 1
n3e convergente e o limite e 0, entao a
serie considerada e convergente.
Exemplo 2.13. Consideremos a serie∑ 2n2 + 1
n5 + 3n2 − 1e vamos usar o Criterio do
Limite, comparando esta serie com a serie∑ 1
n,
lim
2n2 + 1
n5 + 3n2 − 11
n
= lim2n3 + n
n5 + 3n2 − 1= 0,
mas como a serie∑ 1
ne divergente, nada podemos concluir acerca da serie consi-
derada.
Proposicao 2.10. (Criterio de d’Alembert ou da Razao) Seja∑
un uma
serie de termos positivos (un > 0) tal que limun+1
un
= L. Temos que
1. Se L > 1 a serie e divergente.
2. Se L = 1 nada se pode concluir acerca da natureza da serie.
3. Se L < 1 a serie e convergente.
Prova: Se L < 1 podemos escolher R tal que L < R < 1 tal que a partir de certa
ordem se temun+1
un
< R =Rn+1
Rn⇒ un+1
Rn+1<
un
Rn.
2.1. SERIES NUMERICAS 23
Assim, a sucessao de termo geralun
Rne decrescente e como
un
Rn> 0 para todo o
n ∈ N, a sucessao( un
Rn
)e limitada. Assim, concluımos que
( un
Rn
)e convergente,
digamos para c. Como a serie∑
Rn e convergente, quer seja c = 0 ou c > 0, pelo
Criterio do Limite concluımos que∑
un e convergente.
O outro caso e analogo.
¤
Exemplo 2.14. Consideremos a serie∑
un, onde un =cnn!
nn, com c > 0. Vamos
aplicar o Criterio de d’Alembert para determinar a natureza da serie. Temos que
un+1
un
= c(n + 1)!
n!
nn
(n + 1)n+1= c
(n
n + 1
)n
= c1(
1 +1
n
)n ,
de onde concluımos que limun+1
un
=c
e. Assim, se c > e a serie e divergente; se
0 < c < e a serie e convergente.
Proposicao 2.11. (Criterio de Cauchy ou da Raiz) Seja∑
un uma serie de
termos nao negativos tal que lim n√
un = L. Temos que
1. Se L > 1 a serie e divergente.
2. Se L = 1 nada se pode concluir acerca da natureza da serie.
3. Se L < 1 a serie e convergente.
Prova: Se L < 1 podemos escolher R tal que L < R < 1 tal que a partir de certa
ordem se tem
n√
un < R ⇒ un < Rn.
Como a serie∑
Rn e convergente, pelo Criterio de Comparacao concluımos que∑
un e convergente.
O outro caso e analogo.
¤
24 CAPITULO 2. SERIES
Exemplo 2.15. Consideremos a serie∑
un com un =
(n + k
n
)n2
. Como
lim n√
un = lim
(n + k
n
)n
= lim
(1 +
k
n
)n
= ek,
pelo Criterio de Cauchy, a serie diverge se ek > 1 ⇔ k > 0, a serie converge se
ek < 1 ⇔ k < 0.
Proposicao 2.12. Dada uma serie de termos nao negativos, qualquer uma outra
que resulte desta por reordenamento dos seus termos tem a mesma natureza.
Nota 2.3. E necessario ter algum cuidado, pois o mesmo ja nao acontece numa serie
generica, ou seja, numa serie que tambem tenha termos negativos, como veremos
mais adiante.
2.1.4 Series Alternadas. Convergencia Absoluta.
Vamos agora estudar a natureza de algumas series que apresentam termos negativos.
Comecamos com um caso particular em que os termos sao alternadamente posi-
tivos e negativos.
Definicao 2.13. Uma serie alternada e uma serie da forma
∞∑n=0
(−1)nun = u0 − u1 + u2 − u3 + u4 − u5 + . . . ,
em que un > 0 para todo o n ∈ N0.
Proposicao 2.14. (Criterio de Leibnitz) Seja (un) uma sucessao decresente de
termos positivos. A serie∞∑
n=0
(−1)nun e convergente se e so se un e um infinitesimo.
Prova: Vide [1].
¤
2.1. SERIES NUMERICAS 25
Exemplo 2.16. Consideremos a serie∞∑
n=0
(−1)nun, onde un =1
nαcom α ∈ R. Temos
que un > 0 para todo o n ∈ N e a sucessao (un) e decrescente. Para α > 0, un
e um infinitesimo de onde concluımos que a serie considerada e convergente, pelo
Criterio de Leibnitz. Para α 6 0, un nao tende para 0 de onde concluımos que a
serie diverge, pelo Criterio de Leibnitz.
Em particular, a chamada serie harmonica alternada∞∑
n=0
(−1)n 1
ne convergente.
Nota 2.4. No Criterio de Leibnitz o facto de un tender para 0 nao assegura a con-
vergencia da serie alternada, e mesmo necessario que un tambem seja decrescente.
Basta pensar na serie∑
(−1)nun, com un =1√n
+(−1)n
n, e facil ver que lim un = 0,
mas nao podemos concluir que a serie convirja, pelo Criterio de Leibnitz. De facto
a serie considerada diverge, uma vez que∑
(−1)nun =∑
(−1)n 1√n
+∑ 1
n, onde
a primeira serie e convergente (aplicando o Criterio de Leibnitz) e a segunda serie e
divergnte.
Definicao 2.15. Consideremos a serie∑
un, a serie∑
|un| chamamos serie dos
modulos de∑
un. No caso em que∑
|un| e uma serie convergente, dizemos que∑
un e uma serie absolutamente convergente. Se a serie∑
un converge, mas a
respectiva serie dos modulos diverge, dizemos que∑
un e uma serie simplesmente
convergente.
Exemplo 2.17. A serie∑
(−1)n 1
ne simplesmente convergente, pois ja vimos que e
convergente, mas∑∣∣∣∣(−1)n 1
n
∣∣∣∣ =∑ 1
ne divergente.
Exemplo 2.18. A serie∑
(−1)n 1
2ne absolutamente convergente, uma vez que temos
∑ ∣∣∣∣(−1)n 1
2n
∣∣∣∣ =∑ 1
2na serie geometrica de razao
1
2, e portanto, convergente.
Nota 2.5. Qualquer serie convergente de termos nao negativos e tambem absoluta-
mente convergente.
Proposicao 2.16. Se a serie∑
un e absolutamente convergente, entao∑
un e
convergente. Ou seja, se∑
|un| e convergente, entao∑
un e convergente; e temos
26 CAPITULO 2. SERIES
que∣∣∣∑
un
∣∣∣ 6∑
|un|.
Prova: Vide [1].
¤
Exemplo 2.19. Consideremos a serie∑
nkn, com k ∈ R e vamos estudar a con-
vergencia simples e absoluta. E claro que para k = 0 temos a serie nula e portanto
absolutamente convergente. Para k 6= 0, tomemos a serie dos modulos∑
n|k|n e
pelo Criterio de d’Alembert temos
limun+1
un
= lim(n + 1)|k|n+1
n|k|n = |k| lim n + 1
n= |k|,
de onde concluımos que: se |k| < 1, a serie∑
n|k|n converge, ou seja, a serie∑
nkn converge absolutamente; se |k| > 1, a serie∑
n|k|n diverge, mas a serie∑
nkn pode ser simplesmente convergente ou divergente.
No entanto, como para |k| > 1 temos que o termo geral nkn nao e um infinitesimo,
pelo que a serie considerada e divergente.
Proposicao 2.17. Dada uma serie absolutamente convergente, qualquer uma ou-
tra que resulte desta por reordenamento dos seus termos e tambem absolutamente
convergente e tem a mesma soma.
Observacao 2.6. A Proposicao anterior nao e verdadeira para series simplesmente
convergentes, como podemos ver no exemplo seguinte.
Exemplo 2.20. Vamos apresentar um exemplo em que a serie nao e absolutamente
convergente e que fazendo uma reordenacao dos termos temos uma serie com uma
soma diferente.
Consideremos∞∑
n=0
(−1)n 1
n + 1a qual converge simplesmente pelo Criterio de
2.1. SERIES NUMERICAS 27
Leibnitz. Seja S a soma desta serie e entao temos
S =∞∑
n=0
(−1)n 1
n + 1= 1− 1
2+
1
3− 1
4+
1
5− 1
6+ . . .
=
(1− 1
2
)+
(1
3− 1
4
)+
(1
5− 1
6
)+ . . .
=∞∑
n=0
(1
2n + 1− 1
2n + 2
)
=
(1− 1
2+
1
3− 1
4
)+
(1
5− 1
6+
1
7− 1
8
)+ . . .
=∞∑
n=0
(1
4n + 1− 1
4n + 2+
1
4n + 3− 1
4n + 4
)
e podıamos dizer que
S
2+ S =
1
2
∞∑n=0
(1
2n + 1− 1
2n + 2
)+
∞∑n=0
(1
4n + 1− 1
4n + 2+
1
4n + 3− 1
4n + 4
)=
=∞∑
n=0
(1
4n + 2− 1
4n + 4+
1
4n + 1− 1
4n + 2+
1
4n + 3− 1
4n + 4
)=
=∞∑
n=0
(1
4n + 1
1
4n + 3− 1
2n + 2
)=
= 1 +1
3− 1
2+
1
5+
1
7− 1
4+ . . . = S
o que e absurdo, pelo que nao podemos trocar a ordem dos termos da referida serie,
ja que a mesma nao e absolutamente convergente.
Proposicao 2.18. Sejam∑
un e∑
vn duas series absolutamente convergentes,
com somas U e V , respectivamente. Entao o produto das series,(∑
un
).(∑
vn
)
e ainda uma serie absolutamente convergente com soma UV.
Prova: Vide [1].
¤
Nota 2.6. A Proposicao anterior refere-se a serie que resulta de fazer o produto de
outras duas series, o que usualmente se chama de produto de Cauchy. Nao confundir
28 CAPITULO 2. SERIES
com a serie cujo termo geral e o produto dos termos gerais de outras duas series, ou
seja, com∑
(unvn), a qual se refere a proxima Proposicao.
Proposicao 2.19. Sejam∑
un e∑
vn duas series absolutamente convergentes.
Entao a serie cujo termo geral e o produto dos termos gerais, ou seja,∑
unvn, e
ainda uma serie absolutamente convergente.
Prova: A sucessao (un) converge para 0, logo e limitada, pelo que existe c ∈ R tal
que |un| 6 c ⇒ |unvn| 6 c|vn|. Como∑
vn e absolutamente convergente,∑
|vn|e convergente o que implica que
∑c|vn| e convergente. Pelo Criterio da Com-
paracao concluımos que∑
|unvn| e convergente, ou seja,∑
unvn e absolutamente
convergente.
¤
Observacao 2.7. Na Proposicao anterior e mesmo necessario que as series∑
un e∑
vn sejam absolutamente convergentes. De facto, se tivermos un =(−1)n
n13
e vn =
(−1)n
n23
, as series∑
un e∑
vn convergem simplesmente, uma vez que convergem
pelo Criterio de Leibnitz, mas em modulo obtemos duas series de Dirichelet, ambas
divergentes. Mas a serie∑
unvn diverge, visto que temos a serie harmonica, ja que
unvn =1
n.
2.1.5 Exercıcios
Exercıcio 2.1. Use a definicao de serie numerica para estudar a natureza das se-
guintes series. Em caso de convergencia calcule a sua soma.
1.∞∑
n=1
a, com a ∈ R
2.∞∑
n=1
(−1)n
3.∞∑
n=1
1
(2n− 1)(2n + 1)
4.∞∑
n=1
ln
(1 +
1
n
)
5.∞∑
n=2
ln
(1− 1
n2
)
6.∞∑
n=1
2n + 3n
6n
2.1. SERIES NUMERICAS 29
Exercıcio 2.2. Use a condicao necessaria de convergencia para verificar que as
seguintes series sao divergentes.
1.∞∑
n=1
n + 1
n + 2
2.∞∑
n=1
(−2)n
3.∞∑
n=1
√n tg
1√n
4.∞∑
n=1
√n + 1
n
Exercıcio 2.3. Determine a natureza das seguintes series, e em caso de convergencia
determine a sua soma.
1.∞∑
n=1
2−n
2.∞∑
n=1
2
3n−1
3.∞∑
n=1
π2n−1
7n+2
4.∞∑
n=0
(2n−1
6n+ e−n
)
5.∞∑
n=0
32n−1
23n+1
6.∞∑
n=1
(−1)n63n47−2n
7.∞∑
n=2
1
(n− 1)(n + 1)
8.∞∑
n=1
1
4n2 − 1
9.∞∑
n=1
2
n(n + 1)(n + 3)
10.∞∑
n=1
(cos
π
n− cos
π
n + 3
)
11.∞∑
n=1
√n + 1−√n√
n2 + n
12.∞∑
n=1
(n√
n− n+3√
n + 3)
Exercıcio 2.4. Calcule os racionais correspondentes as seguintes dızimas:
(a) 3, 6666 . . . (b) 2, 18181818 . . . (c) 0, 9999 . . . (d) 1, 57141414 . . .
Exercıcio 2.5. Determine a natureza das series usando o Criterio de Comparacao
ou do Limite.
30 CAPITULO 2. SERIES
1.∞∑
n=1
1
n2 + 1
2.∞∑
n=1
5n2 + 2n + 3
n3 + 4n
3.∞∑
n=1
n√
3n + 1
n(n + 2)
4.∞∑
n=1
1
(2n− 1)22n−1
5.∞∑
n=1
1
ln(n + 1)
6.∞∑
n=1
1
n2 + ln n
7.∞∑
n=1
ln n
n
8.∞∑
n=1
√n ln n
n2 + 1
9.∞∑
n=1
senπ
2n
10.∞∑
n=1
tgπ
4n
11.∞∑
n=1
1 + cos n
2n
12.∞∑
n=1
2n
1 + 3n
Exercıcio 2.6. Estude a natureza da serie∞∑
n=1
an
1 + bnno caso em que:
(a) 0 < a < b (b) 0 < b 6 a < 1 (c) 1 6 b 6 a
Exercıcio 2.7. Determine a natureza das series usando o Criterio de d’Alembert.
1.∞∑
n=1
2× 5× . . .× (3n− 1)
1× 5× . . .× (4n− 3)
2.∞∑
n=1
3× 5× 7× . . .× (2n− 1)
n!7n
3.∞∑
n=1
n2n
en
4.∞∑
n=1
nn
n!3n
5.∞∑
n=1
(n + 1)!
e3n
6.∞∑
n=1
10n × 2× n!
(2n)!
7.∞∑
n=1
((2n)!)2
n!(3n)!
8.∞∑
n=1
en(n + 1)2n+3
(n + 1)!3n
Exercıcio 2.8. Determine a natureza das series usando o Criterio de Cauchy.
2.1. SERIES NUMERICAS 31
1.∞∑
n=1
(2 +
1
n
)n
2.∞∑
n=1
(n+1
n
)n2
3n
3.∞∑
n=1
e−n2
4.∞∑
n=1
n
2n
5.∞∑
n=1
(n
2n + 1
)n
6.∞∑
n=1
2nnn
(3 + 9n)n
7.∞∑
n=1
32n
(3n− 2
3n
)3n2
8.∞∑
n=1
1
lnn(n + 1)
Exercıcio 2.9. Determine a natureza das seguintes series.
1.∞∑
n=1
1
n2 + 4n + 3
2.∞∑
n=1
√n + 1
n3
3.∞∑
n=1
(n + 2
n + 4
)n
4.∞∑
n=1
(n
2n + 1
)n
5.∞∑
n=1
(n + 2
n
)n
6.∞∑
n=1
arctg(n3)√n + n2
7.∞∑
n=1
2n
3n + n
8.∞∑
n=1
3n
2n + n3
9.∞∑
n=1
2n31−2n
10.∞∑
n=1
3n − 2n
4n + 3nn
11.∞∑
n=1
n + 1
n2n
12.∞∑
n=1
n
3n+1
13.∞∑
n=1
1
n!
14.∞∑
n=1
2n(2n)!
3n(2n + 1)!
15.∞∑
n=1
(n!)2
3n(2n)!
16.∞∑
n=1
(2n)!
n2n + 2n
17.∞∑
n=1
n5n
(n
n + 2
)2n2
18.∞∑
n=1
4n
1 + arctg n
19.∞∑
n=1
ln n
n3
20.∞∑
n=1
n sen1
n
Exercıcio 2.10. Determine a natureza das series usando o Criterio de Leibnitz.
32 CAPITULO 2. SERIES
1.∞∑
n=1
(−1)n
√n
2.∞∑
n=1
(−1)n n + 1
n
3.∞∑
n=2
(−1)n 2n + 1
n2 − n
4.∞∑
n=1
cos(nπ)
3n + 1
5.∞∑
n=1
cos(nπ) sen1
n
6.∞∑
n=1
(−1)nn2
n + 1sen
π
2n
7.∞∑
n=1
(−1)n tg1√n
8.∞∑
n=1
(−1)n+1 ln n
n
Exercıcio 2.11. Determine se as series sao absolutamente convergente, simples-
mente convergentes ou divergentes.
1.∞∑
n=1
(−1)n n
n + 2
2.∞∑
n=1
1
(n + 3)!
3.∞∑
n=1
(−1)n n3 sen n
1 + n!
4.∞∑
n=1
e−n ln n
5.∞∑
n=1
1
(4 + (−1)n)2n
6.∞∑
n=1
(−1)n−1 2n− 1
n(n + 1)
7.∞∑
n=1
(−1)n n!
(n + 2)!
8.∞∑
n=1
cos(nπ)
3n + 1
9.∞∑
n=1
n cos(nπ)
3n + 2
10.∞∑
n=1
(−1)nn2
n + 1sen
π
2n
11.∞∑
n=1
sen nπ4
3n2 + n
12.∞∑
n=1
sen(
π4
+ nπ)
3n + 1
13.∞∑
n=1
(−1)n n3 sen n
1 + n!
14.∞∑
n=1
sen(√
n + tg 1n
)
n2
Exercıcio 2.12. Considere as seguintes afirmacoes. Justifique as verdadeiras e
apresente um contra-exemplo para as falsas.
1. Se as series∑
un e∑
vn divergem, entao a serie∑
un+vn tambem diverge.
2. Se as series∑
(un)2 e∑
(vn)2 convergem, entao a serie∑
unvn tambem
converge.
2.1. SERIES NUMERICAS 33
3. Se un → 0, entao u1 − u1 + u2 − u2 + u3 − u3 + . . .converge.
4. Se∑
|un| converge e vn → 1, entao∑
unvn converge.
5. Se∑
un converge e vn → 1, entao∑
unvn converge.
6. Se∑
un converge, entao∑ un
n2converge.
7. Se∑
un converge, entao∑
(un)2 converge.
8. Se∑
|un| converge, entao∑
(un)2 converge.
9. Se∑
un diverge, entao un → 0.
10. Se∑
un converge, entao nun → 0.
11. Se∑
nun, com un > 0, converge, entao∑ n2 + 1
nun tambem converge.
12. Se∑
nun, com un > 0, converge, entao∑
un tambem converge.
13. Se un → +∞, entao∑ un
un + 1diverge.
34 CAPITULO 2. SERIES
Capıtulo 3
Preliminares
3.1 Conjuntos Limitados. Maximo, Mınimo, Su-
premo e Infimo.
Definicao 3.1. Sejam a, b ∈ R e A um subconjunto de R. Dizemos que a e majo-
rante de A se a > x, para todo o x ∈ A. Dizemos que b e minorante de A se b 6 x,
para todo o x ∈ A. Representamos o conjunto dos majorantes de A por M(A) e o
conjunto dos minorantes de A por m(A).
Definicao 3.2. Seja A um subconjunto de R. Dizemos que A e majorado (ou limi-
tado superiormente) se admitir majorantes. Dizemos que A e minorado (ou limitado
inferiormente) se admitir minorantes. Se A e majorado e minorado, dizemos que A
e limitado.
Definicao 3.3. Seja A um subconjunto majorado de R. Dizemos que α ∈ R e o
supremo de A se α for o menor dos majorantes de A, ou seja, se α 6 a para todo o
a ∈ M(A), e representamos por sup(A).
Se alem disso α ∈ A, dizemos que α e o maximo de A e representamos por
max(A).
Definicao 3.4. Seja A um subconjunto minorado de R. Dizemos que β ∈ R e o
35
36 CAPITULO 3. PRELIMINARES
ınfimo de A se β for o maior dos minorantes de A, ou seja, se β > b para todo o
b ∈ m(A), e representamos por inf(A).
Se alem disso β ∈ A, dizemos que β e o mınimo de A e representamos por
min(A).
Exemplo 3.1. Consideremos o conjunto A = [0, 1[. Temos que
M(A) = [1, +∞[ , m(A) =]−∞, 0] , sup(A) = 1 , inf(A) = 0 ,
o maximo de A nao existe e min(A) = 0.
Teorema 3.5. Em R, todo o conjunto majorado nao vazio tem supremo e todo o
conjunto minorado nao vazio tem ınfimo.
3.2 Nocoes Topologicas
Definicao 3.6. Sejam a ∈ R e ε ∈ R+. Definimos a vizinhanca de centro a e raio ε
ou vizinhanca ε de a como sendo o intervalo ]a− ε, a+ ε[ e representamos por Vε(a),
ou seja, temos
Vε(a) = {x ∈ R : |x− a| < ε} = {x ∈ R : a− ε < x < a + ε}.
Definicao 3.7. Sejam a ∈ R e A um subconjunto de R. Dizemos que a e um ponto
interior a A se existir uma vizinhanca de a contida em A, ou seja,
∃ε>0 : Vε(a) ⊂ A.
Ao conjunto dos pontos interiores de A chamamos interior de A e representamos
por int(A). Dizemos que a e um ponto exterior a A se existir uma vizinhanca de a
contida em AC (o complementar de A, R \A), ou seja,
∃ε>0 : Vε(a) ⊂ AC .
3.2. NOCOES TOPOLOGICAS 37
Ao conjunto dos pontos exteriores de A chamamos exterior de A e representamos
por ext(A). Dizemos que a e um ponto fronteiro a A se toda a vizinhanca de a
intersecta A e AC , ou seja,
∀ε>0 : Vε(a) ∩ A 6= ∅ ∧ Vε(a) ∩ AC 6= ∅.
Ao conjunto dos pontos fronteiros de A chamamos fronteira de A e representamos
por fr(A).
Observacao 3.1. Para qualquer subconjunto A de R, temos as seguintes afirmacoes
int(A) ∩ ext(A) = ∅ int(A) ∩ fr(A) = ∅ ext(A) ∩ fr(A) = ∅int(A) ∪ ext(A) ∪ fr(A) = R int(A) ⊂ A ext(A) ⊂ AC
int(A) = ext(AC) ext(A) = int(AC) fr(A) = fr(AC)
Nota 3.1. int(∅) = fr(∅) = ext(R) = fr(R) = ∅ ext(∅) = int(R) = R.
Exemplo 3.2. Seja A = [0, 1[, entao int(A) =]0, 1[, ext(A) =] − ∞, 0[∪]1, +∞[ e
fr(A) = {0, 1}.
Exemplo 3.3. Seja A = Q, entao int(A) = ∅, ext(A) = R \Q e fr(A) = Q.
Definicao 3.8. Seja A um subconjunto de R, dizemos que a e um ponto aderente
a A se para todo o ε > 0 tivermos Vε(a)∩A 6= ∅. Ao conjunto dos pontos aderentes
a A chamamos aderencia de A ou fecho de A e representamos por A.
Observacao 3.2. Para qualquer subconjunto A de R, temos que A = int(A)∪ fr(A)
e portanto, int(A) ⊂ A ⊂ A.
Definicao 3.9. Seja A um subconjunto de R, dizemos que A e conjunto aberto se
int(A) = A e dizemos que A e conjunto fechado se A = A.
Observacao 3.3. Seja A um qualquer subconjunto de R, temos que
1. A e fechado se e so se A = A ⇔ int(A) ∪ fr(A) = A ⇔ fr(A) ⊂ A
38 CAPITULO 3. PRELIMINARES
2. A e aberto se e so se AC e fechado.
3. A e fechado se e so se AC e aberto.
Exemplo 3.4. Seja A = [0, 1], como int(A) ∪ fr(A) = A, temos que A e um conjunto
fechado.
Exemplo 3.5. Seja A = [0, 1[, A nao e um conjunto aberto, nem fechado.
Exemplo 3.6. Os conjuntos R e ∅ sao simultaneamente abertos e fechados.
Definicao 3.10. Sejam a ∈ R e A um subconjunto de R. Dizemos que a e um
ponto de acumulacao de A se toda a vizinhanca de A intersecta A \ {a}, isto e,
Vε(a)∩ (A \ {a}) 6= ∅ para todo o ε > 0, ou seja, em qualquer vizinhanca de a existe
pelo menos um elemento de A diferente de a. Ao conjunto de todos os pontos de
acumulacao chamamos derivado de A, o qual representaremos por A′.
Dizemos que a e um ponto isolado de A se existe uma vizinhanca de A que nao
intersecta A \ {a}, isto e, existe ε > 0 tal que Vε(a) ∩ (A \ {a}) = ∅.
Observacao 3.4. Para qualquer A subconjunto de R, temos que
1. A = A ∪ A′
2. Um ponto fronteiro a A pode ou nao pertencer a A; e o mesmo acontece com
um ponto aderente a A e com um ponto de aumulacao de A.
3. Se a ∈ int(A), entao a e um ponto de acumulacao de A.
Exemplo 3.7. Seja A =]0, 1[∪{3}, entao A′ = [0, 1] e 3 e um ponto isolado.
3.3 Exercıcios
Exercıcio 3.1. Determine os majorantes, minorantes, supremo, ınfimo, maximo e
mınimo (caso existam) dos seguintes conjuntos
1.
{x ∈ R :
x2 − 3x + 2
x2 + x + 1> 0
}
3.3. EXERCICIOS 39
2.
{x ∈ R :
√2x + 1
x2 + 4x + 3> 0
}
3. {x ∈ R : 2x > |x + 3|}
4. {x ∈ R : |2x + 1| > |x + 2|}
5. {x ∈ R : 3|x| − |x− 2| 6 9}.
6.
{x ∈ R : x =
(−1)n
n + 4∧ n ∈ N
}∪ [2, 3].
Exercıcio 3.2. Determine o interior, exterior e fronteira dos seguintes conjuntos
1. [−1, 1]
2. ]− 2, 3] ∪ {6}
3. {x ∈ R : |x2 − 1| 6 1}
4. {x ∈ R : x2(x− 1) > 0}
5. {x ∈ R : 2x2 − 3x > 5}
6.
{x ∈ R : x =
1
n∧ n ∈ N
}
Exercıcio 3.3. Determine a aderencia e o derivado dos seguintes conjuntos, indi-
cando quais sao abertos ou fechados.
1. {x ∈ R : (x2 − 1) + x < 7}
2. {x ∈ R :√
x2 − 16 < 2− x}
3. {x ∈ R : |x− 5| > 1}
4.
{x ∈ R :
∣∣∣∣1− 2x
2x− 3
∣∣∣∣ > 2
}
5. {x ∈ R : |x− 3| − 2|x + 5| < 3}
6. {x ∈ R : x + |x| < 1}
7.
{x ∈ R : x =
1
n∧ n ∈ N
}
8. {x ∈ R : x = cos(nπ) ∧ n ∈ N}
Exercıcio 3.4. Seja A o conjunto dos termos da sucessao de termo geral un =
sennπ
4e B =
[−1
2, 1
]. Determine o supremo, o ınfimo, a fronteira e o derivado de
A ∪B.
40 CAPITULO 3. PRELIMINARES
Capıtulo 4
Funcoes Reais de Variavel Real
Definicao 4.1. Dados dois conjuntos A e B, chamamos a f funcao definida com
valores de A para B a toda a correspondencia entre A e B que a cada elemento de A
faz corresponder um e um so elemento de B, e representamos f : A → B. Tambem
escrevemos x 7→ f(x) para indicar que ao elemento x ∈ A fazemos corresponder o
elemento f(x) ∈ B, ao elemento f(x) chamamos imagem de x.
Ao conjunto A chamamos domınio de f e ao conjunto B chamamos conjunto de
chegada de f . Chamamos contradomınio de f ao conjunto das imagens, ou seja, ao
conjunto dos elementos que sao imagem pela funcao f dos elementos do domınio, o
qual e naturalmente subconjunto de B e pode ser representado por
f(D) = {f(x) ∈ B : x ∈ D} ⊂ B.
Dizemos que f e uma funcao real de variavel real quando A e B sao subconjuntos
de R.
Definicao 4.2. Dada uma funcao f : D ⊂ R → R, chamamos grafico da funcao f
ao conjunto {(x, y) ∈ R2 : x ∈ D , y = f(x)}.
Definicao 4.3. Dada uma funcao f : D ⊂ R → R, dizemos que f e uma funcao
limitada se existe M ∈ R+ tal que |f(x)| 6 M , para todo o x ∈ D. Por outras
41
42 CAPITULO 4. FUNCOES REAIS DE VARIAVEL REAL
palavras, f e uma funcao limitada se f(D) e um conjunto limitado. Tambem dizemos
que f e uma funcao majorada/minorada se f(D) o for enquanto conjunto.
De modo analogo, ao supremo/ınfimo/maximo/mınimo do conjunto f(D) cha-
mamos supremo/ınfimo/maximo/mınimo de f .
Definicao 4.4. Dada uma funcao f : D ⊂ R→ R, dizemos que
• f e crescente se sempre que x < y tivermos f(x) 6 f(y).
• f e decrescente se sempre que x < y tivermos f(x) > f(y).
• f e estritamente crescente se sempre que x < y tivermos f(x) < f(y).
• f e estritamente decrescente se sempre que x < y tivermos f(x) > f(y).
• f e monotona se e crescente ou decrescente.
• f e estritamente monotona se e estritamente crescente ou estritamente decres-
cente.
Definicao 4.5. Dada uma funcao f : R→ R, dizemos que
• f e par se f(−x) = f(x) para todo o x ∈ R.
• f e ımpar se f(−x) = −f(x) para todo o x ∈ R.
Nota 4.1. O grafico de uma funcao par e simetrico em relacao ao eixo das ordenadas,
enquanto que o grafico de uma funcao ımpar e simetrico em relacao a origem.
Definicao 4.6. Dada uma funcao f : R→ R, dizemos que f e uma funcao periodica
de perıodo T ∈ R se f(x + T ) = f(x) para todo o x ∈ R.
Nota 4.2. O grafico de uma funcao periodica de perıodo T repete-se de T em T
espacos.
Definicao 4.7. Seja f : D ⊂ R → R, aos elementos x ∈ D tais que f(x) = 0
chamamos zeros de f .
43
Definicao 4.8. Dada uma funcao f : D ⊂ R→ B ⊂ R, dizemos que
• f e injectiva se para todo o x, y ∈ D tais que x 6= y tivermos f(x) 6= f(y).
• f e sobrejectiva se para todo o y ∈ B existe x ∈ D tal que f(x) = y.
• f e bijectiva se for injectiva e sobrejectiva.
Definicao 4.9. Sejam f : A ⊂ R→ B ⊂ R e g : C ⊂ R→ D ⊂ R duas funcoes tais
que f(A)∩C 6= ∅. Definimos a funcao composta de g com f , a funcao designada por
g◦f , cujo domınio e U = {x ∈ A : f(x) ∈ C} e para cada x ∈ U , (g◦f)(x) = g(f(x)).
x f(x) g(f(x))f g
g ◦ f
Definicao 4.10. Dada uma funcao injectiva f : D ⊂ R → R, definimos a funcao
inversa de f , como sendo g : f(D) ⊂ R → R tal que (g ◦ f)(x) = x para todo o
x ∈ D; assim, f(x) = y ⇔ x = g(y). Representaremos a funcao inversa de f por
f−1.
Nota 4.3. O grafico de f−1 resulta do grafico de f fazendo uma simetria em relacao
a recta y = x.
Definicao 4.11. Sejam f : D ⊂ R→ R e S subconjunto de D. Definimos a restricao
de f a S, a qual representamos por f|S, a funcao de S em R tal que f|S(x) = f(x)
para cada x ∈ S.
4.0.1 Funcao Exponencial e Logarıtmica
Definicao 4.12. Seja a ∈ R+ \{1}, chamamos funcao exponencial de base a a funcao
real de variavel real
f : R → R
x 7→ ax
44 CAPITULO 4. FUNCOES REAIS DE VARIAVEL REAL
O domınio e R e o contradomınio e R+. A funcao e injectiva, e o seu grafico depende
de a. Graficos de algumas funcoes exponenciais com base maior que 1:
x
y
1
h(x) = 4x
g(x) = 3x
f(x) = 2x
Graficos de algumas funcoes exponenciais com base menor que 1:
x
y
1–
g(x) =(
19
)x
f(x) =(
13
)x
Como qualquer funcao exponencial de base a ∈ R+ \{1} e injectiva, admite
funcao inversa.
Exemplo 4.1. Graficos das funcoes exponenciais de base e e e−1:
x
y
1–
g(x) = e−x f(x) = ex
45
Definicao 4.13. Seja a ∈ R+ \{1}, chamamos funcao logarıtmica de base a a funcao
real de variavel real
f : R+ → R
x 7→ loga x
O domınio e R+ e o contradomınio e R, sendo que tem um zero em x = 1. A funcao
e injectiva, e o seu grafico depende de a. Grafico da funcao logarıtmica com base
maior que 1
x
y
1
f(x) = loga(x), a > 1
|
Grafico da funcao logarıtmica com base menor que 1
x
y
1
f(x) = loga(x), a < 1
|
Observacao 4.1. Temos que y = ax se e so se loga y = x, ou seja, a funcao
logarıtmica de base a e a inversa da funcao exponencial de base a.
Nota 4.4. Em particular, quando a = e, chamamos logaritmo nepperiano ao loga-
ritmo de base e e temos y = ex se e so se ln y = x.
46 CAPITULO 4. FUNCOES REAIS DE VARIAVEL REAL
Exemplo 4.2. Grafico de f(x) = log(x) e g(x) = ln(x).
x
y
1
g(x) = ln(x)
f(x) = log(x)
|
Observacao 4.2. Sejam x, y ∈ R+ e a, b ∈ R+ \{1}, temos as seguintes propriedades
1. loga(xy) = loga x + loga y
2. loga
(x
y
)= loga x− loga y
3. loga xk = k loga x para todo o k ∈ R
4. loga x = loga b · logb x
4.0.2 Funcoes Trigonometricas e Trigonometricas Inversas
Consideremos a funcao
f : R → R
x 7→ sen x
a qual tem domınio R e contradomınio [−1, 1] e e uma funcao ımpar, ja que sen(−x) =
− sen x, e o grafico vem
Claramente que a funcao seno nao e injectiva e como tal, a partida, nao admite
inversa. No entanto, podemos considerar infinitas restricoes para as quais a funcao
seno admite inversa.
47
Seja A =[−π
2,π
2
]e consideremos a restricao da funcao seno a este intervalo,
f|A, a qual designamos por restricao principal. A funcao f|A e injectiva, pelo que
podemos tomar a sua funcao inversa
(f|A
)−1: [−1, 1] →
[−π
2,π
2
]
x 7→ arcsen x
funcao essa que a cada x faz corresponder o arco cujo seno e x, tem por domınio
[−1, 1] e contradomınio[−π
2,π
2
]e o grafico vem
Nota 4.5. Para cada x ∈[−π
2,π
2
]temos y = sen x ⇔ arcsen y = x.
Nota 4.6. Restringindo a funcao seno a qualquer intervalo da forma[kπ − π
2, kπ +
π
2
],
com k ∈ Z, obterıamos uma funcao injectiva e podıamos entao falar da funcao que
a cada x ∈ [−1, 1] faz corresponder o arco cujo seno e x, nessa restricao.
Consideremos agora a funcao
g : R → R
x 7→ cos x
a qual tem domınio R e contradomınio [−1, 1] e e uma pfuncao par, ja que cos(−x) =
cos x, e o grafico vem
Claramente que a funcao cosseno nao e injectiva e como tal, a partida, nao admite
inversa. No entanto, podemos considerar infinitas restricoes para as quais a funcao
cosseno admite inversa.
Seja B = [0, π] e consideremos a restricao da funcao cosseno a este intervalo,
g|B, a qual designamos por restricao principal. A funcao g|B e injectiva, pelo que
podemos tomar a sua funcao inversa
(g|B
)−1: [−1, 1] → [0, π]
x 7→ arccos x
48 CAPITULO 4. FUNCOES REAIS DE VARIAVEL REAL
funcao essa que a cada x faz corresponder o arco cujo cosseno e x, tem por domınio
[−1, 1] e contradomınio [0, π] e o grafico vem
Nota 4.7. Para cada x ∈ [0, π] temos y = cos x ⇔ arccos y = x.
Nota 4.8. Restringindo a funcao cosseno a qualquer intervalo da forma [kπ, kπ +π],
com k ∈ Z, obterıamos uma funcao injectiva e podıamos entao falar da funcao que
a cada x ∈ [−1, 1] faz corresponder o arco cujo cosseno e x, nessa restricao.
Consideremos o conjunto T ={
x ∈ R : x 6= π
2+ kπ, k ∈ Z
}e a funcao
h : T → R
x 7→ tg x
a qual tem domınio T e contradomınio R e o grafico vem
Claramente que a funcao tangente nao e injectiva e como tal, a partida, nao
admite inversa. No entanto, podemos considerar infinitas restricoes para as quais a
funcao tangente admite inversa.
Seja C =]−π
2,π
2
[e consideremos a restricao da funcao tangente a este intervalo,
h|C , a qual designamos por restricao principal. A funcao h|C e injectiva, pelo que
podemos tomar a sua funcao inversa
(h|C
)−1: R →
]−π
2,π
2
[
x 7→ arctg x
funcao essa que a cada x faz corresponder o arco cuja tangente e x, tem por domınio
R e contradomınio]−π
2,π
2
[e o grafico vem
Nota 4.9. Para cada x ∈]−π
2,π
2
[temos y = tg x ⇔ arctg y = x.
Nota 4.10. Restringindo a funcao tangente a intervalos da forma]kπ − π
2, kπ +
π
2
[,
com k ∈ Z, obterıamos uma funcao injectiva e podıamos entao falar da funcao que
a cada x ∈ R faz corresponder o arco cuja tangente e x, nessa restricao.
49
Consideremos o conjunto U = {x ∈ R : x 6= kπ, k ∈ Z} e a funcao
i : U → R
x 7→ cotg x
a qual tem domınio U e contradomınio R e o grafico vem
Claramente que a funcao cotangente nao e injectiva e como tal, a partida, nao
admite inversa. No entanto, podemos considerar infinitas restricoes para as quais a
funcao cotangente admite inversa.
Seja D =]0, π[ e consideremos a restricao da funcao cotangente a este intervalo,
i|D, a qual designamos por restricao principal. A funcao i|D e injectiva, pelo que
podemos tomar a sua funcao inversa
(i|D
)−1: R → ]0, π[
x 7→ arccotg x
funcao essa que a cada x faz corresponder o arco cuja cotangente e x, tem por
domınio R e contradomınio ]0, π[ e o grafico vem
Nota 4.11. Para cada x ∈]0, π[ temos y = cotg x ⇔ arccotg y = x.
Nota 4.12. Restringindo a funcao cotangente a intervalos da forma ]kπ, kπ+π[, com
k ∈ Z, obterıamos uma funcao injectiva e podıamos entao falar da funcao que a cada
x ∈ R faz corresponder o arco cuja tangente e x, nessa restricao.
Observacao 4.3. Recordemos algumas formulas trigonometricas que relacionam
as funcoes acima definidas. Comecemos pela chamada formula fundamental da
trigonometria cos2 x + sen2 x = 1. Temos ainda as seguintes formulas:
50 CAPITULO 4. FUNCOES REAIS DE VARIAVEL REAL
• tg x =sen x
cos x
• 1 + tg2 x =1
cos2 x
• sen(x± y) = sen x cos y ± sen y cos x
• sen(2x) = 2 sen x cos x
• sen x± sen y = 2 senx± y
2cos
x± y
2
• cos x− cos y = −2 senx + y
2sen
x− y
2
• cosx
2= ±
√1 + cos x
2
• cotg x =cos x
sen x
• 1 + cotg2 x =1
sen2 x
• cos(x± y) = cos x cos y ∓ sen x sen y
• cos(2x) = cos2 x− sen2 x
• cos x + cos y = 2 cosx + y
2cos
x− y
2
• senx
2= ±
√1− cos x
2
• tgx
2= ±
√1− cos x
1 + cos x
4.0.3 Funcoes Hiperbolicas
Definicao 4.14. Definimos a funcao seno hiperbolico da seguinte forma
f : R → R
x 7→ senh x =ex − e−x
2
O seu domınio e contradomınio e R, trata-se de uma funcao ımpar, pois senh(−x) =
− senh x e o seu grafico vem da seguinte forma
Definicao 4.15. Definimos a funcao cosseno hiperbolico da seguinte forma
f : R → R
x 7→ cosh x =ex + e−x
2
O seu domınio e R e o contradomınio e [1, +∞[, trata-se de uma funcao par, pois
cosh(−x) = cosh x e o seu grafico vem da seguinte forma
Observacao 4.4. Podemos verificar que temos a igualdade cosh2 x− senh2 x = 1.
4.1. LIMITE 51
4.1 Limite
Definicao 4.16. Consideremos uma funcao f : D ⊂ R → R e a ∈ D′. Dizemos
que o limite da funcao f no ponto a e b se para cada δ > 0 existe ε > 0 tal que
|f(x)− b| < δ, sempre que x ∈ D e 0 < |x− a| < ε, ou seja,
∀δ>0 ∃ε>0 : (x ∈ D ∧ 0 < |x− a| < ε) ⇒ |f(x)− b| < δ,
e escrevemos limx→a
f(x) = b. A expressao acima pode ainda ser escrita na forma
∀δ>0 ∃ε>0 : x ∈ (D ∩ Vε(a) \ {a}) ⇒ f(x) ∈ Vδ(b).
Nota 4.13. Intuitivamente, a expressao limx→a
f(x) = b significa que se considerarmos
apenas valores de x pertencentes ao domınio e suficientemente proximos de a, os
valores correspondentes f(x) estarao tao proximos de b quanto se queira.
A Definicao anterior pode ainda ser estentida aos casos em que a ou b, ou ambos
sao infinitos das seguintes formas.
Definicao 4.17. Consideremos uma funcao f : D ⊂ R → R e suponhamos que D
nao e majorado (minorado). Dizemos que o limite da funcao f quando x tende para
+∞ (−∞)e b se para cada δ > 0 existe K > 0 tal que |f(x)− b| < δ, sempre que
x ∈ D∩]K, +∞[(x ∈ D∩]−∞,−K[
), ou seja,
∀δ>0 ∃K>0 : (x ∈ D ∧ x > K) ⇒ |f(x)− b| < δ
(∀δ>0 ∃K>0 : (x ∈ D ∧ x < −K) ⇒ |f(x)− b| < δ),
e escrevemos limx→+∞(x→−∞)
f(x) = b.
Definicao 4.18. Consideremos uma funcao f : D ⊂ R→ R e a ∈ D′. Dizemos que
o limite da funcao f no ponto a e +∞ (−∞)se para cada K > 0 existe ε > 0 tal
52 CAPITULO 4. FUNCOES REAIS DE VARIAVEL REAL
que f(x) > K(f(x) < −K
), sempre que x ∈ D e 0 < |x− a| < ε, ou seja,
∀K>0 ∃ε>0 : (x ∈ D ∧ 0 < |x− a| < ε) ⇒ f(x) > K
(∀K>0 ∃ε>0 : (x ∈ D ∧ 0 < |x− a| < ε) ⇒ f(x) < −K),
e escrevemos limx→a
f(x) = +∞(−∞).
Observacao 4.5. As definicoes para as expressoes
limx→+∞
f(x) = +∞ , limx→−∞
f(x) = +∞ , limx→+∞
f(x) = −∞ e limx→−∞
f(x) = −∞
obtem-se de forma completamente analoga as Definicoes anteriores.
Teorema 4.19. O limite de uma funcao, quando existe, e unico.
Teorema 4.20. Se limx→a
f(x) = b e limx→a
g(x) = c temos que
1. limx→a
(f(x) + g(x)) = b + c.
2. limx→a
(Kf(x)) = Kb, para todo o K ∈ R.
3. limx→a
(f(x) · g(x)) = bc.
4. limx→a
f(x)
g(x)=
b
c, se c 6= 0.
Teorema 4.21. Se limx→a
f(x) = 0 e g e uma funcao limitada numa vizinhanca de a,
entao limx→a
(f(x) · g(x)) = 0.
Teorema 4.22. Sejam f : D ⊂ R → R e g : E ⊂ R → R tais que f(D) ⊂ E. Se
limx→a
f(x) = b e limx→b
g(x) = c entao limx→a
(g ◦ f)(x) = c.
Teorema 4.23. Sejam f : D ⊂ R → R e a ∈ D′. Temos que limx→a
f(x) = b se e so
se para toda a sucessao (xn) convergente para a, com xn ∈ D para todo o n ∈ N, a
sucessao (f(xn)) e convergente para b.
4.1. LIMITE 53
Definicao 4.24. Sejam f : D ⊂ R→ R, S subconjunto de D e a ∈ S ′. Dizemos que
o limite da funcao f relativo a S quando x tende para a e b se o limite da restricao
de f a S quando x tende para a e b, e escrevemos limx→ax∈S
f(x) = b ou limx→a,x∈S
f(x) = b.
Da Definicao anterior decorrem ainda as seguintes definicoes.
Definicao 4.25. Na Definicao anterior, no caso em que S = {x ∈ D : x < a},dizemos que o limite a esquerda da funcao f quando x tende para a e b e escrevemos
limx→a−
f(x) = b ou f(a−) = b.
Definicao 4.26. Na Definicao anterior, no caso em que S = {x ∈ D : x > a},dizemos que o limite a direita da funcao f quando x tende para a e b e escrevemos
limx→a+
f(x) = b ou f(a+) = b.
Teorema 4.27. Sejam f : D ⊂ R→ R e a ∈ D′. Temos que limx→a
f(x) existe se e so
se os limites laterais (o limite a esquerda e a direita) em a existirem e forem iguais.
4.1.1 Limites Notaveis
Para as funcoes estudadas anteriormente existem alguns limites que por surgirem
algumas vezes, por servirem para entender melhor o comportamento de tais funcoes,
ou porque se tratam de indeterminacoes, adquirem o tıtulo de ”notaveis”. Alguns
deles sao os que se seguem
• Se a > 1, temos limx→+∞
ax = +∞ e limx→−∞
ax = 0
• Se 0 < a < 1, temos limx→+∞
ax = 0 e limx→−∞
ax = +∞
• Se a > 1, temos limx→+∞
loga x = +∞ e limx→0
loga x = −∞
• Se 0 < a < 1, temos limx→+∞
loga x = −∞ e limx→0
loga x = +∞
• limx→0
ex − 1
x= 1
• limx→+∞
ex
xk= +∞, para todo o k ∈ R
54 CAPITULO 4. FUNCOES REAIS DE VARIAVEL REAL
• limx→0
sen x
x= 1
4.2 Continuidade
Definicao 4.28. Sejam f : D ⊂ R → R e a ∈ D. Dizemos que f e uma funcao
contınua no ponto a se limx→a
f(x) = f(a), ou seja, se
∀δ>0 ∃ε>0 : (x ∈ D ∧ |x− a| < ε) ⇒ |f(x)− f(a)| < δ.
Os pontos onde a funcao nao e contınua dizem-se pontos de descontinuidade.
Dizemos ainda que f e uma funcao contınua a esquerda do ponto a se limx→a−
f(x) =
f(a). Analogamente, dizemos que f e uma funcao contınua a direita do ponto a se
limx→a+
f(x) = f(a).
Proposicao 4.29. Dada uma funcao f : D ⊂ R → R e a ∈ D. Entao, f e uma
funcao contınua no ponto a se e so se f e uma funcao contınua a esquerda e a
direita do ponto a.
Definicao 4.30. Dada uma funcao f : D ⊂ R → R, dizemos que f e uma funcao
contınua em D (ou apenas contınua) se for contınua em todos os pontos de D. Seja
A ⊂ D, dizemos que f e uma funcao contınua em A se f|A for uma funcao contınua.
Teorema 4.31. Toda a funcao constante e contınua em todos os pontos do seu
domınio.
Teorema 4.32. Sejam f e g duas funcoes contınuas no ponto a, entao f + g, K · f(com K ∈ R), f · g e |f | sao funcoes contınuas no ponto a. Se alem disso, g(a) 6= 0,f
ge tambem contınua no ponto a.
Teorema 4.33. Sejam f : D ⊂ R→ R e g : E ⊂ R→ R tais que f(D) ⊂ E. Se f
e uma funcao contınua no ponto a e g e uma funcao contınua no ponto b = f(a),
entao g ◦ f e uma funcao contınua no ponto a.
4.2. CONTINUIDADE 55
Observacao 4.6. Todas as funcoes definidas nas seccoes das Funcoes Exponenciais,
Logarıtmicas, Trigonometricas e Trigonometricas Inversas sao contınuas em todo o
seu domınio. Tambem as funcoes polinomiais de expoente real sao contınuas em
todo o seu domınio.
Exemplo 4.3. Sejam m ∈ R \{0} e b ∈ R e tomemos a funcao f definida em R
dada por f(x) = mx + b. Vamos ver que f e contınua em todo o seu domınio, R.
Tomemos δ > 0 qualquer, fixo, temos
|f(x)− f(a)| = |mx + b−ma− b| = |m||x− a| < |m|ε < δ,
basta para isso escolher ε <δ
|m| . Assim, limx→a
f(x) = f(a) para todo o a ∈ R, o que
mostra que f e contınua em R.
Exemplo 4.4. Consideremos a chamada funcao de Heaviside, a funcao definida em
R dada por
H(x) =
0 se x < 0
1 se x > 0
Para a 6= 0, existe ε > 0 tal que H(x) e constante em Vε(a) e logo contınua em a.
Para a = 0, tomando δ =1
2, por muito pequeno que escolhamos ε > 0 nunca
vamos obter |H(x) − H(0)| = |H(x) − 1| <1
2visto que qualquer vizinhanca de 0
possui x < 0, nos quais H(x) = 0. Pelo que a funcao de Heaviside nao e contınua
em a = 0.
No entanto, podemos dizer que limx→0−
H(x) = 0 e limx→0+
H(x) = 1, e portanto, a
funcao e contınua a direita de 0.
Exemplo 4.5. Consideremos a chamada funcao de Dirichelet, a funcao definida em
R dada por
d(x) =
0 se x ∈ Q1 se x ∈ R \Q
a qual nao e contınua em qualquer a ∈ R.
56 CAPITULO 4. FUNCOES REAIS DE VARIAVEL REAL
De facto, dado a ∈ R e escolhendo qualquer ε > 0, no conjunto Vε(a) existem
sempre numeros racionais e irracionais, pelo que |d(x)− d(a)| > 1.
Alem disso, nem sequer existem nenhum dos limites limx→a−
d(x) ou limx→a+
d(x), para
todo o a ∈ R.
4.2.1 Teoremas Fundamentais
Teorema 4.34. (Teorema de Bolzano ou dos Valores Intermedios) Sejam
I um intervalo de R, f : I ⊂ R→ R uma funcao contınua e a, b ∈ I tais que a < b
e f(a) 6= f(b). Entao f assume todos os valores entre f(a) e f(b), isto e, para cada
k estritamente compreendido entre f(a) e f(b) existe c tal que a < c < b e f(c) = k.
Corolario 4.35. Sejam I um intervalo de R, f : I ⊂ R→ R uma funcao contınua
e a, b ∈ I tais que a < b e f(a) · f(b) < 0. Entao existe c tal que a < c < b e
f(c) = 0.
Nota 4.14. Nos resultados anteriores e mesmo necessario que a funcao esteja definida
num intervalo. De facto, se considerarmos a funcao f : [0, 1] ∪ [2, 3] → R definida
por f(x) = x, apesar de ser uma funcao contınua, nao toma todos os valores entre
f(0) = 0 e f(3) = 3.
Teorema 4.36. Sejam I um intervalo de R e f : I ⊂ R→ R uma funcao contınua.
Entao f(I) e tambem um intervalo.
Teorema 4.37. (Teorema de Weierstrass) Sejam I um intervalo fechado e
limitado de R e f : I ⊂ R → R uma funcao contınua. Entao f(I) e tambem um
intervalo fechado e limitado.
Corolario 4.38. Sejam I um intervalo fechado e limitado de R e f : I ⊂ R → R
uma funcao contınua. Entao f tem maximo e mınimo em I.
Teorema 4.39. Sejam I um intervalo de R e f : I ⊂ R→ R uma funcao injectiva.
Entao f e uma funcao contınua em I se e so se f−1 e uma funcao contınua em
f(I).
4.3. EXERCICIOS 57
4.3 Exercıcios
Exercıcio 4.1. Pretende-se construir uma piscina com 4, 5m de profundidade, a
qual deve ter um volume de 170m3. Sejam x a largura e y o comprimento.
1. Exprima y em funcao de x.
2. Determine a expressao da area de azulejos necessarios para cobrir as paredes
da piscina eescreva essa expressao em termos de x.
Exercıcio 4.2. Pretende-se construir um tanque em forma de cilindro circular com
3m de comprimento, o qual e fechado em cada um dos topos por um hemisferio.
Seja r o raio desse mesmo cilindro.
1. Determine a area da superfıcie do tanque em funcao de r.
2. Determine a area do cilindro de modo que o mesmo tenha 30m3 de volume.
Exercıcio 4.3. Esboce o grafico das seguintes funcoes.
1. f(x) = 2x− 1
2. f(x) = x2 − x + 2
3. f(x) = −x2 + 4
4. f(x) = |x|
5. f(x) = |x− 3|
6. f(x) = |x|+ 4
Exercıcio 4.4. Considere a funcao f(x) = −x2 − 3x + 4 e esboce os graficos das
seguintes funcoes.
1. f(x)
2. f(|x|)
3. |f(x)|
4. |f(|x|)|Exercıcio 4.5. Determine o domınio e o contradomınio das seguintes funcoes
1. f(x) =√
x− 1
2. f(x) =1√
|x− 2| − 1
3. f(x) =2
1 + x4
4. f(x) =|x|x
Exercıcio 4.6. Usando as propriedades vistas anteriormente, calcule
58 CAPITULO 4. FUNCOES REAIS DE VARIAVEL REAL
1. ln e
2. loga a onde a ∈ R+ \{1}
3. log√2 32
Exercıcio 4.7. Resolva, em R, as equacoes:
1. loga 64 = −3
2. x25−x − 3.5−x = 0
Exercıcio 4.8. Resolva, em R, as inequacoes:
1.1
2x2 >(
1
8
)3x
2. 1 + log 16x > − log 1
6(x− 5)
Exercıcio 4.9. Determine o domınio das seguintes funcoes
1. f(x) =1
e−2x2+x−3
2. f(x) = e1
−2x2+x−3
3. f(x) = ln
(x− 5
x2 − 10x + 24
)
4. f(x) =1
ln(1− x)+√
x + 2
5. f(x) = ln(1− ln(x2 − 5x + 16))
6. f(x) = ln(|x| − x)
7. f(x) = 3 + ln
(1 + x
1− x
)
8. f(x) = ln
(ex + 1
ex − 1
)
Exercıcio 4.10. Determine o domınio e contradomınio das seguintes funcoes
1. f(x) = 1− 102x−1
2. f(x) = 2 + log 12(4− x2)
Exercıcio 4.11. Considere a funcao f(x) = ex+3 − 1.
1. Determine o domınio e o contradomınio de f .
2. Defina a funcao inversa de f .
4.3. EXERCICIOS 59
Exercıcio 4.12. Resolva as seguintes equacoes e inequacoes
1.4e2x − 4ex − 3
ex + 5= 0
2. lnx x2 = 3
3.
(2
3
)x2
>(√
2
3
)x
4. xex+1 − x < 0
5. 2 ln(x− 1)− ln(x + 1) 6 0
6. ex2−5xx2+1 > 1
Exercıcio 4.13. Determine o domınio das seguintes funcoes
1. f(x) =√
cos x
2. f(x) = 21
sen x
3. f(x) = ln(π
2+ arcsen(x2 − 1)
)
4. f(x) = arccos(|x| − 2)
Exercıcio 4.14. Determine o domınio e o contradomınio das seguintes funcoes
1. f(x) = cos(2x +
π
3
)+ 3
2. f(x) = senπ
3+ 3 tg
x
2
3. f(x) = 3 arcsen(2x− 1)
4. f(x) = 1− 1
2arccos(2x + 1)
5. f(x) = cosπ
3+ 2 arcsen
1
x + 2
Exercıcio 4.15. Determine o domınio, contradomınio e os zeros da funcao f(x) =
−π
3+ arccos(2x).
Exercıcio 4.16. Considere a funcao f(x) = 2 + arcsen(3x + 1).
1. Determine o domınio, o contradomınio e os zeros de f .
2. Calcule f(0) e f
(−1
6
).
3. Determine as solucoes da equacao f(x) = 2 +π
3.
4. Caracterize a funcao inversa de f .
Exercıcio 4.17. Considere a funcao f(x) =2 sen(2x)
cotg x.
1. Determine o domınio e os zeros de f .
2. Mostre que a funcao e par.
3. Resolva a equacao |f(x)| = |2 sen x|.
60 CAPITULO 4. FUNCOES REAIS DE VARIAVEL REAL
Exercıcio 4.18. Determine a expressao da funcao inversa, da restricao principal,
das seguintes funcoes.
1. f(x) = cosπ
3+ 2 arcsen
x
2
2. f(x) = 3− 4 sen(x +
π
3
)
Exercıcio 4.19. Considere a funcao f(x) = arcsen1
x + 1, na restricao principal.
1. Determine o domınio e o contradomınio de f .
2. Determine uma expressao para a funcao f−1.
Exercıcio 4.20. Considere as funcoes f(x) =1
cos xe g(x) =
x2 − 1
x2.
1. Determine o domınio de g ◦ f .
2. Mostre que (g ◦ f)(x) = sen2 x, para todo o x pertencente ao domınio de g ◦ f .
3. Calcule (g ◦ f)
(2π
3
).
Exercıcio 4.21. Calcule o valor de cada uma das seguintes expressoes
1. arcsen
√3
2
2. cos
(arctg
5
12
)3. sen
(arccos
(−1
2
))
4. cos(arcsen x)
5. sen(π + arccos x)
Exercıcio 4.22. Resolva as seguintes equacoes e inequacoes
1.1
2arcsen(3x− 2) = 0
2. e2 cos x+1 = 1
3. arcsen
(−√
3
2
)= x
4. cos(arctg x) =
√2
2
5. ecos(2x) > 1
6.cos x− 2
log 12x + 5
> 0
Exercıcio 4.23. Mostre, por definicao, que limx→−2
(3x + 5) = −1.
4.3. EXERCICIOS 61
Exercıcio 4.24. Calcule os seguintes limites
1. limx→+∞
x2 + 3x
2x2
2. limx→+∞
x3
1 + x
3. limx→+∞
(x3 − 3x2 + 2)
4. limx→0
x2 − 2x
3x3 + x2 + x
5. limx→1+
(1
1− x− 1
1− x3
)
6. limx→+∞
√x− 1
x + 1
7. limx→0
2−√4− x
x
8. limx→0
sen(7x)
x
9. limx→0
1− cos(sen x)
x2
10. limx→+∞
x ln
(1 +
1
x
)
11. limx→0
ex − e2x
x
12. limx→0+
ex+1 − e
x2
13. limx→1
1− x
3 ln(2− x)
14. limx→0
cos x− 1
x
15. limx→a
|x|x
, para a = −1, 0, +∞
16. limx→0
x
sen(3x)
17. limx→0+
tg x− sen x
x3
18. limx→π
2
((π
2− x
)tg x
)
19. limx→2
((x2 − 4
)sen
1
x− 2
)
20. limx→+∞
x sen1
x
21. limx→0
x2 sen 1x
sen x
22. limx→1
5(x− 1)3
e2(x−1)−1
23. limx→0
1− e3x
sen(2x)
24. limx→−∞
(cosh x− senh x)
25. limx→0
arcsen(3x)
x
26. limx→0
arcsen(3x)
arcsen(2x)
27. limx→1
5(x− 1)3
e2(x−1) − 1
28. limx→0
cos x2
sen2 x
29. limx→3
31
x−3
30. limx→1
arctg1
x− 1
31. limx→0
tg(4x)
sen(2x)
32. limx→+∞
x2
(1− cos
1
x
)
Exercıcio 4.25. A velocidade de uma gota de chuva quando cai e dada pela funcao
v(t) = a(1− e−
gta
),
onde g e a aceleracao devido a gravidade e a e a velocidade terminal da gota de
62 CAPITULO 4. FUNCOES REAIS DE VARIAVEL REAL
chuva. Calcule limt→+∞
v(t) e interprete o resultado obtido.
Exercıcio 4.26. A Lei de Charles para gases afirma que se a pressao permanece
constante, entao a relacao entre o volume V que um gas ocupa e a sua temperatura
T (em oC) e dada por
V (T ) = V0
(1 +
T
273
),
onde V0 e uma constante positiva. Calcule limT→273+
V (T ) e explique a razao pela qual
apenas faz sentido calcular o limite no ponto 273 a direita.
Exercıcio 4.27. Estude a continuidade das seguintes funcoes.
1. f(x) = ex+1
2. f(x) =x
x2 − 4
3. f(x) =2 + cos x
2− cos x
4. f(x) = tg(2x)
5. f(x) =
|x|+ x
xse x 6= 0
2 se x = 0
6. f(x) =
ln(ex + 1) se x > 0
sen x se x < 0
7. f(x) =
2xe2x se x < 0
(x− 2) ln(x + 1) se x > 0
8. f(x) =
arcsenx
x + 1se x > 0
ex
x+1−1 se x < 0 e x 6= −1
−1 se x = −1
9. f(x) =
ex+2 − e2 se x > 0
x + senh(2x) se x < 0
10. f(x) =
1
2+ ln(e− x) se x 6 0
− 3x
1− e2xse x > 0
Exercıcio 4.28. Para cada uma das seguintes funcoes, determine, caso exista, a
constante k que torna as funcoes contınuas.
4.3. EXERCICIOS 63
1. f(x) =
x2 − x
xse x > 0
k se x 6 0
2. f(x) =
k + x ln x se x > 1
ex−1 − 1
2x− 2se x < 1
3. f(x) =
ex
k2 + e−1se x > k
ek+1 se x < k
4. f(x) =
ex−1 − e1−x
1− xse x 6= 1
k se x = 1
5. f(x) =
e2x − 1
sen(3x)se x ∈ [−π
6, π
6
] \ {0}
k se x = 0
6. f(x) =
3x2 − x3
x2 + kx2se x 6= 0
1
3se x = 0
7. f(x) =
sen1
xse x 6= 0
k se x = 0
8. f(x) =
2− (x− 2) sen1
x− 2se x 6= 2
k se x = 2
Exercıcio 4.29. Considere a funcao f(x) = x2 − 2x. Prove que existe c ∈]0, 6[ tal
que f(c) = 15.
Exercıcio 4.30. Seja f(x) = x3 + x − 5. Prove que f tem um zero no intervalo
[0, 2].
Exercıcio 4.31. Considere a funcao f(x) = 2x3 − 5x + 4.
1. Decida se a afirmacao: existe c ∈ [0, 1] tal que f(x) = 2, e verdadeira ou falsa.
Justifique.
2. Prove que f admite pelo menos um zero no intervalo [−2, 0].
Exercıcio 4.32. Seja f uma funcao contınua no intervalo [0, 2], com f(0) = 5 e
f(2) = −1. Qual o numero mınimo de zeros que f pode ter no intervalo [0, 2]?
Exercıcio 4.33. Seja f uma funcao con´tinua no intervalo [−2, 3], com g(−2) = 2,
g(−1) = −1, g(0) = 2, g(1) = 1, g(2) = −2 e g(3) = 5. Qual o numero mınimo de
zeros que f pode ter no intervalo [−2, 3]?
Exercıcio 4.34. Mostre que a equacao x3 + 4x2 + 2x + 5 = 0 tem pelo menos uma
solucao em R.
64 CAPITULO 4. FUNCOES REAIS DE VARIAVEL REAL
Exercıcio 4.35. Em modelos de queda livre, e normal supor que a aceleracao gra-
vitacional g e a constante 9, 8m/s2. Na verdade, g varia com a latitude. Se t for a
latitude (em graus) entao
g(t) = 9, 78049(1 + 0, 005264 sen2 t + 0, 000024 sen4 t
)
e uma formula que aproxima g. Mostre que, de facto, g coincide com 9,8 para
alguma latitude entre as latitudes 35o e 40o.
Exercıcio 4.36. A temperatura T (em oC) para a qual a agua ferve e dada apro-
ximadamente pela formula
T (h) = 100, 862− 0, 0415√
h + 431, 03,
onde h e a altitude (em metros) acima do nıvel do mar. Mostre que a agua ferve a
98oC a uma altitude entre os 4000 e os 4500 metros.
Capıtulo 5
Calculo Diferencial em R
5.1 Derivada de Funcoes Reais de Variavel Real
Definicao 5.1. Sejam f : D ⊂ R→ R uma funcao real de variavel real e a ∈ int(D).
Chamamos razao incremental da funcao f no ponto a a funcao ρ : D \ {a} → R
definida por
ρ(x) =f(x)− f(a)
x− a.
Se existir o limte da funcao ρ no ponto a, a esse limite chamamos derivada da
funcao f no ponto a, o qual designamos por f ′(a), ou seja, temos
f ′(a) = limx→a
ρ(x) = limx→a
f(x)− f(a)
x− a= lim
h→0
f(a + h)− f(a)
h.
A derivada de f no ponto a pode ainda ser representada pordf
dx(a) ou D f(a).
Nota 5.1. Repare-se que a derivada de f no ponto a e o limite em a ∈ int(D) por
valores diferentes, uma vez que a nao pertentce ao domınio de ρ.
Exemplo 5.1. Consideremos a funcao f(x) = sen x. Seja a ∈ R e vamos calcular a
65
66 CAPITULO 5. CALCULO DIFERENCIAL EM R
derivada de f no ponto a,
f ′(a) = limh→0
sen(a + h)− sen a
h= lim
h→0
2 sena + h− a
2cos
a + h + a
2h
=
= limh→0
senh
2h
2
cos
(a +
h
2
)= cos a.
Exemplo 5.2. Consideremos a funcao f(x) = ex. Seja a ∈ R e vamos calcular a
derivada de f no ponto a,
f ′(a) = limh→0
ea+h − ea
h= lim
h→0
ea(eh − 1)
h= ea lim
h→0
eh − 1
h= ea.
Intuitivamente e simples dar uma interpretacao geometrica do conceito de de-
rivada. Designando por A o ponto (a, f(a)), e por X o ponto (x, f(x)), a funcao
ρ definida anteriormente (a razao incremental) e o declive da recta AX, a qual e
secante ao grafico de f .
Definicao 5.2. Sejam f : D ⊂ R→ R uma funcao real de variavel real e a ∈ int(D).
Se existir o limte
limx→a−
f(x)− f(a)
x− a= lim
h→0−
f(a + h)− f(a)
h,
a esse limite chamamos derivada a esquerda de f no ponto a e representamos por
f ′(a−).
Definicao 5.3. Sejam f : D ⊂ R→ R uma funcao real de variavel real e a ∈ int(D).
Se existir o limte
limx→a+
f(x)− f(a)
x− a= lim
h→0+
f(a + h)− f(a)
h,
a esse limite chamamos derivada a direita de f no ponto a e representamos por
f ′(a+).
5.1. DERIVADA DE FUNCOES REAIS DE VARIAVEL REAL 67
Como a definicao de derivada resulta da definicao de limite, temos a seguinte
proposicao.
Proposicao 5.4. Sejam f : D ⊂ R → R uma funcao real de variavel real e a ∈int(D). A derivada de f no ponto a existe se so se as derivadas laterais de f no
ponto a existirem e forem iguais.
Observacao 5.1. Podem existir derivadas a esquerda ou a direita de uma deter-
minada funcao num ponto, sem que no entanto exista a derivada da funcao nesse
mesmo ponto.
Exemplo 5.3. Consideremos a funcao f(x) = |x| =
x se x > 0
−x se x < 0. Vamos cal-
cular as derivadas laterais de f(x) no ponto 0.
f ′(0−) = limx→0−
f(x)− f(0)
x− 0= lim
x→0−
−x
x= −1
f ′(0+) = limx→0+
f(x)− f(0)
x− 0= lim
x→0+
x
x= 1
De onde concluımos que f tem derivada a esquerda e a direita, mas nao tem derivada,
ja que f ′(0−) 6= f ′(0+).
Exemplo 5.4. Consideremos a funcao f(x) =
x sen1
x, x 6= 0
0, x = 0. Como nao existe
nenhum dos limites
limx→0−
x sen 1x− 0
x− 0= lim
x→0−sen
1
x
limx→0+
x sen 1x− 0
x− 0= lim
x→0+sen
1
x
a funcao nao temnenhuma das derivadas laterais no ponto 0; e portanto, nao tem
derivada no ponto 0.
Definicao 5.5. Sejam f : D → R e a ∈ int(D). Dizemos que f e diferenciavel (ou
derivavel) no ponto a, se existir a derivada de f no ponto a e for finita.
68 CAPITULO 5. CALCULO DIFERENCIAL EM R
Definicao 5.6. No caso em que f e diferenciavel no ponto a, chamamos tangente
ao grafico de f no ponto (a, f(a)) a recta que passa em nesse ponto e tem declive
f ′(a), ou seja, a recta de equacao y = f(a) + (x− a)f ′(a).
Quando f ′(a) = ±∞, chamamos tangente ao grafico de f no ponto (a, f(a)) a
recta vertical que passa em nesse ponto, ou seja, a recta de equacao x = a.
Definicao 5.7. Seja f : D → R uma funcao real de variavel real. Dizemos que
f e uma funcao diferenciavel (ou derivavel) em D se for diferenciavel em todos os
pontos de D, e a nova funcao
f ′ : D → R
x 7→ f ′(x)
chamamos funcao derivada de f , a qual indicamos por f ′, D f oudf
dx.
Teorema 5.8. Sejam f : D → R uma funcao real de variavel real e a ∈ int(D). Se
f e diferenciavel no ponto a, entao f e contınua no ponto a.
Observacao 5.2. Uma funcao pode ser contınua sem que no entanto seja dife-
renciavel.
Observacao 5.3. Se a funcao tiver derivada, mas esta nao for finita, a funcao pode
nao ser contınua.
Exemplo 5.5. Consideremos a funcao f(x) = |x|. Ja vimos que admite derivadas
laterais no ponto 0, mas nao derivada no ponto 0, pelo que nao e diferenciavel no
ponto 0. No entanto, f e uma funcao contınua, tal situacao nao contradiz o Teorema
anterior.
Exemplo 5.6. Consideremos a funcao f(x) =
x sen1
x, x 6= 0
0, x = 0. Ja vimos que f
nao admite derivadas laterais no ponto 0, e portanto, nao e diferenciavel no ponto
0. E possıvel mostrar que se trata de uma funcao contınua no ponto 0, tal situacao
tambem nao contradiz o Teorema anterior.
5.1. DERIVADA DE FUNCOES REAIS DE VARIAVEL REAL 69
Definicao 5.9. Seja f : D → R uma funcao diferenciavel em D. Se f ′ for uma
funcao diferenciavel em D, podemos definir a segunda derivada de f , f ′′, como sendo
f ′′ = (f ′)′.
Se por sua vez, f ′′ for uma funcao diferenciavel em D, definimos a terceira
derivada de f , f ′′′, como sendo f ′′′ = (f ′′)′.
Se a derivada de ordem n−1, f (n−1) for uma funcao diferenciavel em D, definimos
a derivada de ordem n de f , f (n), como sendo f (n) =(f (n−1)
)′.
Definicao 5.10. Seja f : D → R uma funcao diferenciavel. Dizemos que f e
de classe C1 em D se f ′ for contınua em D, e escrevemos f ∈ C1(D). Dado
n ∈ N, dizemos que f e de classe Cn em D se f (n) for contınua em D, e escrevemos
f ∈ Cn(D). Se f ∈ Cn(D) para todo o n ∈ N, dizemos que f e de classe C∞ em D
e escrevemos f ∈ C∞(D).
Exemplo 5.7. As funcoes f(x) = sen x, g(x) = cos x e h(x) = ex sao de classe C∞
em R, ja que as derivadas de f e g ou sao ± sen x ou ± cos x, logo funcoes contınuas;
e h(n)(x) = ex para todo o n ∈ N, logo uma funcao contınua.
Exemplo 5.8. A funcao f(x) = xn|x|, onde n ∈ N, e de classe Cn em R, mas nao e
de classe Cn+1 em R.
Exemplo 5.9. A funcao
f(x) =
x2 sen1
xse x 6= 0
0 se x = 0
e diferenciavel, no entanto,
f ′(x) =
2x sen1
x− cos
1
xse x 6= 0
0 se x = 0
nao e contınua na origem, ja que limx→0
2x sen1
x− cos
1
xnao existe. Assim, f nao a
pertence a nenhuma classe Ck. em R.
70 CAPITULO 5. CALCULO DIFERENCIAL EM R
5.1.1 Regras de Derivacao
Teorema 5.11. Sejam f, g : D → R funcoes diferenciaveis no ponto a ∈ int(D).
Entao
• f + g e diferenciavel no ponto a e (f + g)′(a) = f ′(a) + g′(a)
• f · g e diferenciavel no ponto a e (f · g)′(a) = f ′(a)g(a) + f(a)g′(a)
• se g(a) 6= 0,f
ge diferenciavel no ponto a e
(f
g
)′(a) =
f ′(a)g(a)− f(a)g′(a)
(g(a))2
Corolario 5.12. Sejam f1, f2, . . . , fn : D → R funcoes diferenciaveis no ponto
a ∈ int(D). Entao,
• a soma f1 + f2 + . . . + fn e uma funcao diferenciavel no ponto a e
(f1 + f2 + . . . + fn)′(a) = f ′1(a) + f ′2(a) + . . . + f ′n(a).
• o produto f1 · f2 · . . . · fn e uma funcao diferenciavel no ponto a e
(f1 · f2 · . . . · fn)′ (a) =
= f ′1(a)f2(a) . . . fn(a) + f1(a)f ′2(a) . . . fn(a) + . . . + f1(a)f2(a) . . . f ′n(a).
Em particular, dado n ∈ N, fn e uma funcao diferenciavel no ponto a e
(fn)′(a) = nfn−1(a)f ′(a).
Teorema 5.13. Sejam f : D → R uma funcao diferenciavel no ponto a ∈ int(D) e
g : E → R uma funcao diferenciavel no ponto b = f(a). Entao g ◦ f e uma funcao
diferenciavel no ponto a e
(g ◦ f)′(a) = g′(b)f ′(a) = g′(f(a))f ′(a).
Exemplo 5.10. Consideremos a funcao h(x) = sen(2x +
π
2
), a qual e a composicao
5.1. DERIVADA DE FUNCOES REAIS DE VARIAVEL REAL 71
de g(x) = sen x com f(x) = 2x +π
2, assim
h′(x) = g′(f(x))f ′(x) = cos(2x +
π
2
)· 2.
Exemplo 5.11. Seja f : D → R uma funcao diferenciavel e tomemos g(x) = ex, entao
(g ◦ f)′(x) =(ef
)′(x) = g′(f(x))f ′(x) = ef(x)f ′(x).
Exemplo 5.12. Seja a ∈ R+ \{1}, como ax = ex log a, temos que
(ax)′ =(ex log a
)′= ex log a log a = ax log a.
E por isso, a exponencial de base e e a unica cuja derivada e igual a si propria, daı
ser a exponencial priveligiada.
Exemplo 5.13. Consideremos as funcoes f : D → R e g : E → R diferenciaveis
no seu domınio, com f(x) > 0 para todo o x ∈ D. Seja h(x) a funcao potencia-
exponencial dada por h(x) = f(x)g(x), a qual e diferenciavel em D ∩ E. Como
h(x) = f(x)g(x) = eg(x) ln f(x) temos que
h′(x) =(eg(x) ln f(x)
)′= eg(x) ln f(x) (g(x) ln f(x))′ =
= f(x)g(x)
(g′(x) ln f(x) + g(x)
f ′(x)
f(x)
)=
= f(x)g(x)g′(x) ln f(x) + f(x)g(x)−1g(x)f ′(x)
Teorema 5.14. Sejam I um intervalo e f : I → R uma funcao diferenciavel e
injectiva. Seja a ∈ I tal que f ′(a) 6= 0, entao f−1 e diferenciavel em b = f(a) e
(f−1
)′(b) =
1
f ′(a)=
1
f ′ (f−1(b)).
Exemplo 5.14. Consideremos f(x) = sen x, de modo a que seja injectiva, conside-
72 CAPITULO 5. CALCULO DIFERENCIAL EM R
ramos que esta definida na restricao principal, ou seja, no intervalo[−π
2,π
2
]e a
respectiva funcao inversa f−1(x) = arcsen x. Como a derivada f ′(x) = cos x se
anula em x = ±π
2, entao podemos definir a derivada de f−1 para x ∈ [−1, 1] e
x 6= f(±π
2
)= ±1, ou seja, para x ∈]− 1, 1[; e temos que
(f−1
)′(x) = (arcsen x)′ =
1
f ′ (f−1(x))=
1
f ′ (arcsen x))=
1
cos (arcsen x))=
=1√
1− sen2 (arcsen x)=
1√1− x2
.
Proposicao 5.15. Seja f uma funcao diferenciavel no seu domınio. Entao, quando
existirem, temos as seguintes regras de derivacao
1.(
n√
f(x))′
=f ′(x)
n n√
fn−1(x), para todo o n ∈ N.
2.(af(x)
)′= f ′(x)af(x) ln a, para todo o a ∈ R+ \{1}; em particular, quando
a = e temos(ef(x)
)′= f ′(x)ef(x).
3. (loga f(x))′ =f ′(x)
f(x) ln a, para todo o a ∈ R+ \{1}; em particular, quando a = e
temos (ln f(x))′ =f ′(x)
f(x).
4. (sen f(x))′ = f ′(x) cos f(x).
5. (cos f(x))′ = −f ′(x) sen f(x).
6. (tg f(x))′ =f ′(x)
cos2 f(x)= f ′(x) sec2 f(x).
7. (cotg f(x))′ = − f ′(x)
sen2 f(x)= −f ′(x) cosec2 f(x).
8. (arcsen f(x))′ =f ′(x)√
1− f 2(x).
9. (arccos f(x))′ = − f ′(x)√1− f 2(x)
.
10. (arctg f(x))′ =f ′(x)
1 + f 2(x).
5.2. TEOREMAS FUNDAMENTAIS DO CALCULO DIFERENCIAL 73
11. (arccotg f(x))′ = − f ′(x)
1 + f 2(x).
12. (senh f(x))′ = f ′(x) cosh f(x).
13. (cosh f(x))′ = f ′(x) senh f(x).
5.2 Teoremas Fundamentais do Calculo Diferen-
cial
Teorema 5.16. (Teorema de Rolle) Seja f uma funcao contınua num intervalo
[a, b] (com a < b) e diferenciavel no intervalo ]a, b[. Se f(a) = f(b), entao existe
pelo menos um c ∈]a, b[ tal que f ′(c) = 0.
Nas condicoes do Teorema de Rolle, a existencia de c ∈]a, b[ tal que f ′(c) = 0
significa que a tangente ao grafico de f no ponto de abcissa c e horizontal. E claro
que c pode nao ser unico, no sentido em que pode existir c ∈]a, b[ tal que f ′(c) = 0.
Uma interpretacao fısica para o Teorema de Rolle, podera ser a seguinte: se um
ponto P se move sobre uma recta de acordo com a lei s = f(t), (onde s e a abcissa
do ponto num certo referencial, no instante t) e ocupa a mesma posicao em dois
instantes distintos t0 e t1, (t0 < t1), isto e, se f(t0) = f(t1) (e se verifica as restantes
condicoes do Teorema de Rolle), entao a velocidade do ponto P anula-se pelo menos
uma vez entre estes dois instantes.
Corolario 5.17. Entre dois zeros de uma funcao diferenciavel num intervalo existe,
pelo menos, um zero da sua derivada.
Corolario 5.18. Entre dois zeros consecutivos da derivada de uma funcao dife-
renciavel num intervalo existe, no maximo, um zero da funcao.
Observacao 5.4. Seja f uma funcao nas condicoes do Teorema de Rolle. Se f ′
possuir dois zeros consecutivos nos pontos a e b, e aplicando agora o Teorema de
Bolzano, podemos concluir que:
74 CAPITULO 5. CALCULO DIFERENCIAL EM R
1. se f(a) · f(b) < 0 entao existe um unico c ∈ [a, b] tal que f(c) = 0.
2. se f(a) · f(b) > 0 entao a funcao f nao se anula no intervalo [a, b].
Teorema 5.19. (Teorema de Lagrange) Seja f uma funcao contınua num in-
tervalo [a, b] (com a < b) e diferenciavel no intervalo ]a, b[. Entao existe pelo menos
um ponto c ∈]a, b[ tal que
f ′(c) =f(b)− f(a)
b− a.
Nas condicoes do Teorema de Lagrange, a existencia de c ∈]a, b[ tal que f ′(c) =f(b)− f(a)
b− asignifica que a tangente ao grafico de f no ponto de abcissa c e paralela
a recta que passa nos pontos (a, f(a)) e (b, f(b)).
Uma interpretacao fısica para o Teorema de Lagrange, podera ser a seguinte: se
um ponto P se move sobre uma recta de acordo com a lei s = f(t), (onde s e a abcissa
do ponto num certo referencial, no instante t) a razaof(t1)− f(t0)
t1 − t0(e t0 < t1) e a
velocidade media do ponto P no intervalo [t0, t1] (e se verifica as restantes condicoes
do Teorema de Lagrange), entao existe c ∈ [a, b] no qual a velocidade instantanea
f ′(c) coincidiu com a velocidade media. Assim, se num determinado percurso a
velocidade media de um automovel foi de 100km/h, de certeza que em pelo menos
um instante o indicador da velocidade marcou precisamente 100km/h.
Nota 5.2. O Teorema de Rolle e o caso particular do Teorema de Lagrange, em que
f(a) = f(b).
Corolario 5.20. Se f tem derivada nula em todos os pontos de um intervalo ]a, b[,
entao f e uma funcao constante nesse intervalo.
Observacao 5.5. No Corolario anterior e realmente necessario que I seja um in-
tervalo, pois se considerarmos a funcao f(x) =|x|x
definida em R \{0} e que tem
derivada nula em todos os pontos do seu domınio, concluirıamos que f seria cons-
tante em todo o seu domınio, o que nao e verdade.
No entanto, podemos tirar essa conclusao se considerarmos cada um dos inter-
valos ]−∞, 0[ e ]0, +∞[.
5.2. TEOREMAS FUNDAMENTAIS DO CALCULO DIFERENCIAL 75
Corolario 5.21. Sejam f e g duas funcoes diferenciaveis num intervalo I. Se
f ′(x) = g′(x) para todo o x ∈ I, entao a funcao f − g e constante em I.
Corolario 5.22. Seja f : I → R uma funcao com derivada no intervalo I.
1. Se f ′(x) > 0 para todo o x ∈ I, entao f e uma funcao crescente em I.
2. Se f ′(x) > 0 para todo o x ∈ I, entao f e uma funcao estritamente crescente
em I.
3. Se f ′(x) 6 0 para todo o x ∈ I, entao f e uma funcao decrescente em I.
4. Se f ′(x) < 0 para todo o x ∈ I, entao f e uma funcao estritamente decrescente
em I.
Observacao 5.6. No Corolario anterior e realmente necessario que I seja um in-
tervalo, pois se considerarmos a funcao f(x) =1
xdefinida em R \{0} e que tem
derivada f ′(x) = − 1
x2< 0, concluirıamos que f seria decrescente em todo o seu
domınio, o que nao e verdade.
No entanto, podemos tirar essa conclusao se considerarmos cada um dos inter-
valos ]−∞, 0[ e ]0, +∞[.
Uma extensao do Teorema de Lagrange, e o Teorema que se segue.
Teorema 5.23. (Teorema de Cauchy) Sejam f e g duas funcoes contınuas no
intervalo [a, b] (com a < b) e diferenciaveis em ]a, b[ com g′(x) 6= 0 para todo o
x ∈]a, b[. Entao existe c ∈]a, b[ tal que
f ′(c)g′(c)
=f(b)− f(a)
g(b)− g(a).
Nota 5.3. Repare-se que o Teorema de Cauchy esta bem definido, pois se g(b) −g(a) = 0, ou seja, se g(a) = g(b), pelo Teorema de Rolle, concluirıamos que existe
c ∈]a, b[ tal que f ′(c) = 0, o que contraria a hipotese do Teorema de Cauchy.
76 CAPITULO 5. CALCULO DIFERENCIAL EM R
Nota 5.4. O Teorema de Lagrange e o caso particular do Teorema de Cauchy, em
que g(x) = x.
Teorema 5.24. (Formula de Taylor) Seja f uma funcao n vezes diferenciavel
no ponto a ∈ I. Entao e valida a Formula de Taylor
f(x) = f(a) + f ′(a)(x− a) +f ′′(a)
2!(x− a)2 + . . . +
fn(a)
n!(x− a)n + Rn(x),
para todo o x ∈ I, onde Rx e uma funcao tal que limx→a
Rn(x)
(x− a)n= 0.
O polinomio f(a)+f ′(a)(x−a)+f ′′(a)
2!(x−a)2 + . . .+
fn(a)
n!(x−a)n e designado
por Polinomio de Taylor, enquanto que a funcao Rn e designada por resto de ordem
n.
Definicao 5.25. Na Formula de Taylor, no caso em que a = 0, obtemos a chamada
Formula de MacLaurin
f(x) = f(0) + f ′(0)x +f ′′(0)
2!x2 + . . . +
f (n)(0)
n!xn + Rn(x),
para todo o x ∈ I, onde Rx e uma funcao tal que limx→0
Rn(x)
xn= 0.
Teorema 5.26. (Formula do Resto de Lagrange) Seja f uma funcao n + 1
vezes diferenciavel num intervalo aberto I. Entao, para cada x ∈ I \ {a} existe c
entre a e x (isto e, temos a < c < x ou x < c < a) tal que
f(x) = f(a)+f ′(a)(x−a)+f ′′(a)
2!(x−a)2+. . .+
f (n)(a)
n!(x−a)n+
f (n+1)(c)
(n + 1)!(x−a)n+1.
Ao ultimo termo chamamos resto de Lagrange.
Nota 5.5. A Formula de Taylor e de MacLaurin, em muitos casos, e uma forma
util de aproximar uma funcao por meio de polinomios. Tem assim grande interesse
nalgumas aplicacoes, sobretudo de caracter numerico.
5.3. APLICACOES DOS TEOREMAS FUNDAMENTAIS DO CALCULO DIFERENCIAL77
5.3 Aplicacoes dos Teoremas Fundamentais do Cal-
culo Diferencial
5.3.1 Limites
Teorema 5.27. (Regra de Cauchy) Sejam f e g funcoes diferenciaveis no in-
tervalo aberto ]a, b[ (com a < b) tais que g′(x) 6= 0 para todo o x ∈]a, b[. Se
limx→a
f(x) = limx→a
g(x) = 0 ou limx→a
f(x) = ±∞ = limx→a
g(x)
e existir limx→a
f ′(x)
g′(x), entao tambem existe lim
x→a
f(x)
g(x)e
limx→a
f(x)
g(x)= lim
x→a
f ′(x)
g′(x).
Nota 5.6. Na Regra de Cauchy, o ponto a podera ser −∞, assim como b podera ser
+∞.
Nota 5.7. Se as funcoes f ′ e g′ ainda estiverem, elas proprias, nas condicoes da Regra
de Cauchy, entao
limx→a
f(x)
g(x)= lim
x→a
f ′(x)
g′(x)= lim
x→a
f ′′(x)
g′′(x).
Observacao 5.7. As indeterminacoes do tipo 0×∞ ou ∞−∞ que podem surgir do
calculo do limite de um produto de funcoes f · g ou de uma soma de funcoes f + g,
podem reduzir-se a indeterminacoes do tipo0
0ou
∞∞ usando as transformacoes
seguintes
f · g =f1g
=g1f
e f + g =
1f
+ 1g
1f ·g
.
Observacao 5.8. As indeterminacoes do tipo 1∞, 00 ou ∞0 surgem do calculo do
limite de funcoes do tipo f g e podem reduzir-se a indeterminacoes do tipo 0 ×∞da seguinte forma f g = eln fg
= eg ln f . Da continuidade da funcao exponencial
78 CAPITULO 5. CALCULO DIFERENCIAL EM R
concluimos que
limx→a
[f(x)]g(x) = elimx→a
g(x) ln(f(x)).
Nota 5.8. Pode existir limx→a
f(x)
g(x)e nao existir lim
x→a
f ′(x)
g′(x), e exemplo disso a seguinte
situacao. Consideremos as funcoes f(x) = x2 sen1
xe g(x) = x. Temos que
limx→0
f(x)
g(x)= lim
x→0x sen
1
x= 0,
enquanto que limx→0
f ′(x)
g′(x)= lim
x→0
(2x sen
1
x− cos
1
x
)nao existe.
5.3.2 Extremos Locais
Definicao 5.28. Consideremos uma funcao f : D → R. Dizemos que f tem um
mınimo local (ou relativo) em a ∈ D se existir ε > 0 tal que f(x) > f(a) para todo
o x ∈ Vε(a) ∩ D. Dizemos que f tem um maximo local (ou relativo) em a ∈ D se
existir ε > 0 tal que f(x) 6 f(a) para todo o x ∈ Vε(a) ∩D.
Os maximos relativos ou mınimos relativos designam-se por extremos relativos
ou locais.
Teorema 5.29. Seja f : D → R uma funcao com um mınimo relativo no ponto
a ∈ D. Se existirem as derivadas laterais de f no ponto a, entao f ′(a−) 6 0 e
f ′(a+) > 0. Alem disso, se f for diferenciavel no ponto a, entao f ′(a) = 0.
Teorema 5.30. Seja f : D → R uma funcao com um maximo relativo no ponto
a ∈ D. Se existirem as derivadas laterais de f no ponto a, entao f ′(a−) > 0 e
f ′(a+) 6 0. Alem disso, se f for diferenciavel no ponto a, entao f ′(a) = 0.
Definicao 5.31. Seja f : D → R uma funcao diferenciavel. Dizemos que f tem um
ponto crıtico em a ∈ D se f ′(a) = 0.
Observacao 5.9. Se f for uma funcao diferenciavel e tiver um extremo local no
ponto a, entao a e um ponto crıtico de f . O contrario nao e necessariamente verdade,
o que podemos constatar nos exemplos que se seguem.
5.3. APLICACOES DOS TEOREMAS FUNDAMENTAIS DO CALCULO DIFERENCIAL79
Exemplo 5.15. Consideremos a funcao f(x) = x2, a qual e diferenciavel em R.
Podemos determinar os pontos crıticos de f , resolvendo a equacao f ′(x) = 0 ⇔2x = 0 ⇔ x = 0, ou seja 0 e o unico ponto crıtico, alem disso e tambem extremo
(mınimo) local, e ate absoluto.
Exemplo 5.16. Consideremos a funcao f(x) = x3, a qual e diferenciavel em R.
Podemos determinar os pontos crıticos de f , resolvendo a equacao f ′(x) = 0 ⇔3x2 = 0 ⇔ x = 0, ou seja 0 e o unico ponto crıtico, mas nao e extremo local.
Exemplo 5.17. Alem dos exemplos anteriores, quando a funcao nao e diferenciavel,
pode no entanto ter extremos, e o que acontece com a funcao f(x) = |x| que tem
mınimo local no ponto 0, mas nao e diferenciavel no mesmo.
Como um ponto crıtico nao e necessariamente um extremo local, e necessario
determinar condicoes em que se possa garantir a existencia de extremos locais, e o
que vamos ver de seguida.
Teorema 5.32. Seja f uma funcao definida num intervalo I e n vezes diferenciavel
no ponto a ∈ int(I), ponto crıtico de f . Seja f (k) a primeira das derivadas sucessivas
que nao se anula em a, onde k > 1, isto e,
f ′(a) = f ′′(a) = . . . = f (k−1)(a) = 0 , f (n)(a) 6= 0.
Entao
• se k e par e f (k)(a) > 0, o ponto a e mınimo local.
• se k e par e f (k)(a) < 0, o ponto a e maximo local.
• se k e ımpar, o ponto a nao e extremo local.
Corolario 5.33. Seja f uma funcao definida num intervalo I e duas vezes diferen-
ciavel no ponto a ∈ int(I), ponto crıtico de f . Entao
• se f ′′(a) > 0, o ponto a e mınimo local.
• se f ′′(a) < 0, o ponto a e maximo local.
80 CAPITULO 5. CALCULO DIFERENCIAL EM R
5.3.3 Concavidade
Definicao 5.34. Seja f : I → R uma funcao diferenciavel no ponto a ∈ I, temos
que a tangente ao grafico de f no ponto de abcissa a e a recta dada pela equacao
y = f(a) + f ′(a)(x− a). Consideremos a funcao g(x) = f(a) + f ′(a)(x− a).
Dizemos que f tem a concavidade voltada para baixo no ponto a se existir ε > 0
tal que f(x) < g(x) para todo o x ∈ Vε(a).
Dizemos que f tem a concavidade voltada para cima no ponto a se existir ε > 0
tal que f(x) > g(x) para todo o x ∈ Vε(a).
Dizemos que a ∈ int(I) e ponto de inflexao de f se existir ε > 0 tal que, num
dos intervalos ]a− ε, a[ e ]a, a+ ε[ se tenha f(x) < g(x) e no outro f(x) > g(x) para
todo o x ∈ Vε(a).
Teorema 5.35. Seja f : I → R uma funcao duas vezes diferenciavel no ponto
a ∈ I. Entao
• se f ′′(a) > 0 o grafico de f tem a concavidade voltada para cima no ponto a.
• se f ′′(a) < 0 o grafico de f tem a concavidade voltada para baixo no ponto a.
• se a e ponto de inflexao de f , entao f ′′(a) = 0.
Observacao 5.10. Quando f e contınua no ponto a e tem derivada infinita nesse
mesmo ponto, entao a e ponto de inflexao de f .
5.3.4 Assımptotas
Definicao 5.36. Sejam f uma funcao definida em D, a ∈ D e r a recta de equacao
x = a. Dizemos que r e assımptota vertical do grafico de f se
limx→a−
f(x) = ±∞ ou limx→a+
f(x) = ±∞.
Definicao 5.37. Sejam f uma funcao definida em D, o qual contem um intervalo
da forma ]a, +∞[ e r a recta de equacao y = mx + p. Dizemos que r e assımptota
5.3. APLICACOES DOS TEOREMAS FUNDAMENTAIS DO CALCULO DIFERENCIAL81
do grafico de f a direita ou quando x → +∞ se
limx→+∞
[f(x)− (mx + p)] = 0.
Definicao 5.38. Sejam f uma funcao definida em D, o qual contem um intervalo
da forma ]−∞, b[ e r a recta de equacao y = mx + p. Dizemos que r e assımptota
do grafico de f a esquerda ou quando x → −∞ se
limx→−∞
[f(x)− (mx + p)] = 0.
Teorema 5.39. As assımptotas a direita e a esquerda do grafico de uma funcao f ,
se existirem, sao unicas.
Teorema 5.40. Sejam f uma funcao definida em D, o qual contem um intervalo da
forma ]a, +∞[. O grafico de f admite uma assımptota a direita se so se existirem e
forem finitos os limites
limx→+∞
f(x)
x= m e lim
x→+∞[f(x)−mx] = p,
e a equacao da assımptota e dada por y = mx + p.
Teorema 5.41. Sejam f uma funcao definida em D, o qual contem um intervalo da
forma ]−∞, b[. O grafico de f admite uma assımptota a esquerda se so se existirem
e forem finitos os limites
limx→−∞
f(x)
x= m e lim
x→−∞[f(x)−mx] = p,
e a equacao da assımptota e dada por y = mx + p.
82 CAPITULO 5. CALCULO DIFERENCIAL EM R
5.4 Exercıcios
Exercıcio 5.1. Calcule, sempre que possıvel, as derivadas das seguintes funcoes nos
pontos indicados, utilizando a definicao.
1. f(x) =√
x2 + 9, x = 4
2. f(x) =1
x, x = 2
3. f(x) = e2x+5, x = 2
4. f(x) = x2 − 3x, x = 3
5. f(x) = ln x, x = a ∈ Df
6. f(x) =√
x + 1− 4, x = a ∈ Df
7. f(x) =
x3 + 2x2, x > 0
0, x < 0, x = 0
8. f(x) =
x
1 + e1x
, x 6= 0
0, x = 0, x = 0
9. f(x) =
sen x, x ∈[0,
π
2
](
2x
π
)2
, x ∈]π
2, π
] , x =π
2
Exercıcio 5.2. Considere a funcao f(x) =
ex−1, x 6 1
1 + ln x, x > 1.
1. Mostre que f e diferenciavel no ponto 1 e escreva a equacao da recta tangente
ao grafico de f no ponto de abcissa 1.
2. A funcao f e contınua no ponto 1? Justifique.
Exercıcio 5.3. Vereifique as afirmacoes do Exemplo 5.7
5.4. EXERCICIOS 83
Exercıcio 5.4. Um balao metereologico e solto e sobe verticalmente de modo que
a sua distancia s(t) do solo durante os 10 primeiros segundos de voo e dada por
s(t) = 6 + 2t + t2
na qual s(t) e expressa em meteros e t em segundos. Determine a velocidade do
balao quando
1. t = 1, t = 4 e t = 8.
2. no instante em que o balao a 50m do solo.
Exercıcio 5.5. A posicao de uma partıcula e dada pela equacao do movimento
s = f(t) =1
1 + t
onde t e medido em segundos e s em metros. Encontre a velocidade da partıcula
apos 2 segundos.
Exercıcio 5.6. Mostre as igualdades referidas na Proposicao 5.15.
Exercıcio 5.7. Determine a derivada de cada uma das seguintes funcoes.
84 CAPITULO 5. CALCULO DIFERENCIAL EM R
1. f(x) = (x + 3)5
2. f(x) = 1−xx3+2
+ 2x
3. f(x) =
(ax− 1
x− b
)2
, a, b ∈ R
4. f(x) = sen4(5x)− cos4(5x)
5. f(x) = tg(3x2 − 1)
6. f(x) = ex sen x + e1x
7. f(x) =1− 3x
cos x
8. f(x) = 12ln(cosh(2x))
9. f(x) = arcsen(ln x)
10. f(x) = ecos x + x sen x
11. f(x) = cos2 (ln (tg x))
12. f(x) = arcsen1
x
13. f(x) =sen2 x
sen x2
14. f(x) = x3 arccos√
x2 − 1
15. f(x) = log5(arctg x)
16. f(x) =sen x + cos x
sen x− cos x
17. f(x) = ex cos x
18. f(x) =x5 + 1
ex − 2
19. f(x) = x cosh x
20. f(x) =sen(arccos x2)
2
21. f(x) = sen(tg1− x2
ln x)
22. f(x) = (cos x)√
x
23. f(x) = senh x cosh x
24. f(x) = (sen x)cos(2x)
Exercıcio 5.8. Analise a diferenciabilidade das seguintes funcoes.
1. f(x) = |x2 − 2x|
2. f(x) = |x|3
3. f(x) = x|x− 1|
4. f(x) = e−|x|
5. f(x) =
x2, x 6 0
x, x > 0
6. f(x) =
x− 2
ln(x2), x > 2
arctg(x− 2), x 6 2
5.4. EXERCICIOS 85
7. f(x) =
(1− x) ln(x− 1), x > 1
1− x2
2x + 1, x 6 1, x 6= −1
2
1, x = −1
2
8. f(x) =
x2 sen1
x, x 6= 0
0, x = 0
9. f(x) =
arcsenx
x + 1, x > 0
ex
x+1 − 1, x < 0, x 6= −1
−1, x = −1
Exercıcio 5.9. Determine a recta tangente a funcao f(x) = arcsenx− 1
2, no ponto
de interseccao da funcao com o eixo das abcissas.
Exercıcio 5.10. Determine as rectas tangente e normal a funcao f(x) =√
x, no
ponto de abcissa 4.
Exercıcio 5.11. Considere a funcao f(x) = 1 + 3ex+3 definida em R.
1. Calcule f ′(−3), usando a definicao.
2. Escreva a equacao da recta tangente ao grafico de f cujo declive e 3e.
3. Resolva, em R, a inequacao f ′′(x) + f ′(x) > f(x).
Exercıcio 5.12. Mostre que a recta de equacao y−3x+2π
3= 0 e uma recta tangente
ao grafico da funcao f(x) =π
3− 2 arccos
3x
2e determine o ponto de tangencia.
Exercıcio 5.13. Considere a funcao definida, em R, por g(x) = e√
x+3 +ln(arctg x).
1. Calcule o domınio de g.
2. Calcule a derivada de g no ponto x = 1.
3. Determine a equacao da recta tangente ao grafico de g no ponto x = 1.
86 CAPITULO 5. CALCULO DIFERENCIAL EM R
Exercıcio 5.14. As funcoes f e g de domınio R, para quaisquer valores reais de x
e de y verificam as seguintes condicoes:
1. f(x + y) = f(x)f(y)
2. f(x) = 1 + xg(x)
3. limx→0
g(x) = 1
Mostre que f ′(x) = f(x).
Sugestao: utilize a definicao de derivada f ′(x) = limh→0
f(x + h)− f(x)
h.
Exercıcio 5.15. Seja y = ln(1 + cos x)2. Prove que y′′ + 2 e−y2 = 0.
Exercıcio 5.16. Determine, para a funcao f(x) = x43 , a derivada f (4)(0).
Exercıcio 5.17. Calcule a derivada de ordem n, para o valor de n indicado, das
seguintes funcoes.
1. f(x) = cos x, n = 4
2. f(x) = ln x, n = 6
Exercıcio 5.18. Seja f : R → R a funcao definida por f(x) = x4e−x e g : R → R
uma funcao diferenciavel. Calcule (g ◦ f)′(x).
Exercıcio 5.19. Seja f : R → R a funcao definida por f(x) = arccos(5x + 1) e
g : R→ R uma funcao diferenciavel. Calcule (g ◦ f)′(x).
Exercıcio 5.20. Considere a funcao f : [−2, 0] −→ [−π2, π
2
]definida por f(x) =
arcsen(x + 1). Determine (f−1(x))′dos seguintes modos:
1. Calcule a funcao inversa e de seguida a respectiva derivada.
2. Directamente.
Exercıcio 5.21. Considere a funcao f(x) = ex2−1 + 1.
5.4. EXERCICIOS 87
1. Mostre que em [−1, 1] se verificam as condicoes do Teorema de Rolle.
2. Calcule c ∈]− 1, 1[: f ′(c) = 0.
Exercıcio 5.22. Considere a funcao f(x) = e−x sen x.
1. Verifique que a funcao cumpre as condicoes do Teorema de Rolle no intervalo
[0, π].
2. Mostre que no ponto de abcissaπ
4a recta tangente ao grafico da funcao e
horizontal.
Exercıcio 5.23. Mostre que a equacao x − cos x = 1 tem uma unica solucao no
intervalo [0, π2].
Exercıcio 5.24. Mostre que a equacao 2x3 + 4x + 8 = 3 tem uma unica solucao
real.
Exercıcio 5.25. Considere a funcao f(x) = 3x− 3 + sen(x− 1).
1. Calcule f(1).
2. Prove que f tem um unico zero em R.
Exercıcio 5.26. Prove que a funcao f(x) = x3− 6x2 +9x− 2 tem um e um so zero
no intervalo ]1, 3[.
Exercıcio 5.27. Prove que a equacao 4x3− 6x2 +1 = 0 tem tres solucoes distintas.
Exercıcio 5.28. Seja f uma funcao definida em R por f(x) = arcsen(x + 1). De-
termine o valor intermedio a que se refere o teorema de Lagrange em [−2, 0].
Exercıcio 5.29. Considere a funcao f(x) = ex2−4 + x. Escreva as condicoes que a
funcao deve satisfazer para que no intervalo [−1, 1] se possa aplicar o Teorema de
Lagrange e confirme a sua veracidade.
88 CAPITULO 5. CALCULO DIFERENCIAL EM R
Exercıcio 5.30. Considere a funcao f : R→ R definida por
f(x) =
3− x2
2, x 6 1
1
x, x > 1
1. Mostre que e possıvel aplicar o Teorema de Lagrange a funcao f no intervalo
[0, 2].
2. Determine os numeros reais c tais que f(2)− f(0) = 2f ′(c).
Exercıcio 5.31. Calcule o valor aproximado de√
145, utilizando o Teorema de
Lagrange.
Exercıcio 5.32. Utilize o Teorema de Lagrange para provar as seguintes desigual-
dades.
1.1
x + 1< ln
x + 1
x<
1
x, x > 0
2. arcsen x > x, x > 0
3. 0 < x− ln(1 + x) < x2, x > 0
Exercıcio 5.33. Uma estrada rectilınea de 50Km liga duas cidades A e B. Prove
que e impossıvel viajar de A a B de automovel, em exactamente uma hora, sem que
o velocımetro registre 50Km/h pelo menos uma vez.
Exercıcio 5.34. Aplique o Teorema de Cauchy as seguintes funcoes:
1. f(x) = (x + 1)2 e g(x) = 3x2 em [1, 3];
2. f(x) = cos(2x) e g(x) = sen x em [−π2, π
2]
Exercıcio 5.35. Considere a funcao h(x) = ln |2x− 1| e q(x) = x2 − 3x.
1. Calcule o domınio da funcao h.
5.4. EXERCICIOS 89
2. Justifique que, embora seja contınua em [1, 2] e diferenciavel em ]1, 2[ nao se
pode aplicar o Teorema de Cauchy a funcao h e q.
Exercıcio 5.36. Desenvolva o polinomio p(x) = x3− 2x2 + 3x + 5 em potencias de
x− 2.
Exercıcio 5.37. Determine o polinomio de Taylor de grau n em x = a das seguintes
funcoes:
1. f(x) = ln x em a = 1 para n = 2.
2. f(x) = sen2(x) em a = 0 para n = 4.
3. f(x) = cos x em a = 0 para n = 3.
4. f(x) =1
xem a = 1 para n = 4.
5. f(x) = ex2em a = 0 para n = 4.
6. f(x) = senh(ln x) em a = 1 para n = 2.
7. f(x) = xe−1x em a = 1 para n = 3.
Exercıcio 5.38. Escreva a formula de MacLaurin de ordem n das seguintes funcoes:
1. f(x) = 4x5 + 5x4 − x3 − x + 1
2. f(x) = sen x para n = 10
3. f(x) =1
1 + xpara n = 4
4. f(x) = ex sen x para n = 4
Exercıcio 5.39. Utilize a Regra de Cauchy para levantar as indeterminacoes dos
seguintes limites.
90 CAPITULO 5. CALCULO DIFERENCIAL EM R
1. limx→0
sen 4x
2x
2. limx→π
4
esen x − ecos x
sen x− cos x
3. limx→0+
ln(sen x)
ln(tg x)
4. limx→−∞
xe−x2
5. limx→0
(1
sen x− 1
x
)
6. limx→+∞
(ex + x)1x
7. limx→0
3x − 2x
x
8. limx→+∞
ln(1 + x)
1 + 3x
9. limx→π
2
(tg x)cos x
10. limx→+∞
xe1−x
11. limx→−∞
2x 3√
x
12. limx→0+
xx
13. limx→+∞
(1
x2
) 2xx+2
14. limx→1
xtg( π2x)
15. limx→π
2
tg x− 1
2 + 1cos x
16. limx→+∞
[x− ln(3ex − 1)]
Exercıcio 5.40. A velocidade v de um impulso electrico num cabo isolado e dada
por
v = −k( r
R
)2
ln( r
R
)
onde k e uma constante positiva, r e o raio do cabo e R e a distancia do centro do
cabo a parte externa do isolante. Determine
1. limR→r+
v
2. limR→0+
v
Exercıcio 5.41. Prove, utilizando a Regra de Cauchy, que limx→+∞
(1 +
a
x
)x
= ea.
Exercıcio 5.42. Considere a funcao f : R→ R definida por
f(x) =
ln(ex + 1), x > 0
sen x, x < 0
1. Mostre que a recta de equacao y = x e uma assımptota ao grafico de f .
2. Calcule f ′(x).
5.4. EXERCICIOS 91
3. Existe um intervalo fechado contido em [0, +∞[ onde seja possıvel aplicar o
Teorema de Rolle? Justifique.
Exercıcio 5.43. Considere a funcao f(x) =
xex+1, x 6 0x
x− 2, x > 0
1. Determine as assımptotas ao grafico de f .
2. Calcule a expressao de f ′(x).
3. Mostre que ∃c∈]−1,0[ : f ′(c) = 1.
4. Determine os pontos de inflexao de f .
Exercıcio 5.44. Calcule as coordenadas do ponto do grafico f(x) = x3 + 2x + 1
onde e mınimo o declive da recta tangente ao grafico.
Exercıcio 5.45. Mostre que entre todos os rectangulos de perımetro dado, o de
area maxima e o quadrado.
Exercıcio 5.46. Uma droga e injectada na corrente sanguınea e a sua concentracao
apos t minutos e dada por
C(t) =k
a− b(e−bt − e−at)
para constantes positivas a,b e k.
1. Em que instante ocorre a concentracao maxima?
2. O que se pode dizer sobre a concentracao apos um longo perıodo de tempo?
Exercıcio 5.47. Determine o volume maximo de um cilındro circular recto que
pode ser inscrito num cone de 12cm de altura e 4cm de raio da base, se os eixos do
cilindro e do cone coincidem.
92 CAPITULO 5. CALCULO DIFERENCIAL EM R
Exercıcio 5.48. Uma bateria de voltagem fixa V e resistencia interna fixa r esta
ligada a um circuito de resistencia variavel R. Pela lei de Ohm, a corrente I no
circuito e I =V
R + r. Se a forca resultante e dada por P = I2R, mostre que a forca
maxima ocorre se R = r.
Exercıcio 5.49. Um oleoduto deve ligar dois pontos A e B distantes 3Km um
do outro e situados em margens opostas de um rio de 1Km de largura. Parte do
oleoduto ficara submersa, de A a C estando C na margem oposta, e a restante parte
acima do solo ligando C a B. Se o custo de operacao do oleoduto sob agua e quatro
vezes o custo da operacao no solo, determine a localizacao de C que minimize o
custo da operacao do oleoduto.(Desprezar a inclinacao do leito do rio.)
Exercıcio 5.50. Estude cada uma das seguintes funcoes. Para tal determine
• O domınio
• Os zeros
• A primeira derivada
• A segunda derivada
• Os extremos
• Os intervalos de monotonia
• As assımptotas
• Os pontos de inflexao
• O sentido da concavidade
De seguida esboce o grafico.
1. f(x) = x3 − 3x2
2. f(x) =x2 − 4
x
3. f(x) =5
1 + 4e−x
4. f(x) = ln(x2 − 1)
5. f(x) = ln | ln x|
6. f(x) = arcsen(1 + x)
7. f(x) = (ex − 1)2
8. f(x) = x− sen x, para x ∈ [0, 2π]
9. f(x) = x−√1− 2x + x2
10. f(x) =
x ln x, x > 0√
1− x, x 6 0
11. f(x) =
e−1−x2, x < 0
e|x−1|−2, x > 0
12. f(x) =
(π − x)e−x, x > 0
(2− x) arctg
(π
2− x
), x < 0
5.4. EXERCICIOS 93
Exercıcio 5.51. Esboce o grafico de uma funcao contınua f que verifique todas as
condicoes indicadas:
1. • f(0) = 1 e f(2) = 3
• f ′(0) = f ′(2) = 0
• f ′(x) < 0 se |x− 1| > 1
• f ′(x) > 0 se x− 1 > 1
• f ′′(x) < 0 se x > 1
• f ′′(x) > 0 se x < 1.
2. • f(0) = 4 e f(2) = f(−2) = 1
• f ′(0) = 0
• f ′(x) < 0 se x > 0
• f ′(x) > 0 se x < 0
• f ′′(x) < 0 se |x| < 2
• f ′′(x) > 0 se |x| < 2.
94 CAPITULO 5. CALCULO DIFERENCIAL EM R
Capıtulo 6
Calculo Integral em R
6.1 Primitivacao
Definicao 6.1. Seja f : [a, b] → R uma funcao real de variavel real. Dizemos que
a funcao F : [a, b] → R e uma primitiva de f se para toto o x ∈ [a, b] tivermos
F ′(x) = f(x), e escrevemos que F (x) =
∫f(x)dx ou F (x) = P f(x). Dizemos
tambem que f e primitivavel se admitir uma primitiva.
Observacao 6.1. Da Definicao anterior, decorre imediatamente que a funcao F
tem de ser diferenciavel no intervalo [a, b].
Observacao 6.2. Vimos no Capıtulo anterior que se a derivada de duas funcoes
e igual, elas diferem por uma constante. Assim, se F (x) e uma primitiva de f(x),
entao F (x) + K e tambem uma primitiva de f(x), para todo o K ∈ R, uma vez que
(F (x) + K)′ = F ′(x) = f(x).
A expressao F (x) + K chamamos expressao geral das primitivas de f(x) e a
constante K a constante de primitivacao.
Nota 6.1. Dada uma funcao primitivavel, a Observacao anterior justifica o termo
uma primitiva e em detrimento de a primitiva, uma vez que existem infinitas primi-
tivas (tantas quantas os numeros reais).
95
96 CAPITULO 6. CALCULO INTEGRAL EM R
Observacao 6.3. De certa maneira podemos dizer que a derivacao e a primitivacao
sao operacoes inversas uma da outra.
Teorema 6.2. Seja f : [a, b] → R uma funcao real de variavel real primitivavel.
Se F e G sao duas primitivas de f em [a, b], entao F (x) − G(x) = K para todo o
x ∈ [a, b] e para algum K ∈ R.
Proposicao 6.3. Sejam f e g duas funcoes primitivaveis em [a, b]. Entao
1.
∫kf(x)dx = k
∫f(x)dx para todo o k ∈ R \{0}.
2.
∫f(x) + g(x)dx =
∫f(x)dx +
∫g(x)dx.
Exemplo 6.1. Temos que
∫5x2dx = 5
∫x2dx = 5
x3
3.
Exemplo 6.2. Temos que
∫cos x + exdx =
∫cos xdx +
∫exdx = sen x + ex.
Teorema 6.4. Toda a funcao contınua num intervalo [a, b] e primitivavel nesse
mesmo intervalo.
6.1.1 Primitivas Imediatas
Definicao 6.5. Chamamos primitivas imediatas as primitivas que se deduzem di-
rectamente de uam regra de derivacao.
Assim, podemos apresentar algumas primitivas imediatas
1.
∫cdx = cx + K
2.
∫f ′(x)fα(x)dx =
fα+1(x)
α + 1+ K, para todo o α ∈ R \{−1}
3.
∫f ′(x)
f(x)dx = ln |f(x)|+ K
4.
∫f ′(x)af(x)dx =
af(x)
ln a+ K, para todo o a ∈ R+ \{1}; em particular, quando
a = e temos
∫f ′(x)ef(x)dx = ef(x) + K.
6.1. PRIMITIVACAO 97
5.
∫f ′(x) cos f(x)dx = sen f(x) + K
6.
∫f ′(x) sen f(x)dx = − cos f(x) + K
7.
∫f ′(x)
cos2 f(x)dx = tg f(x) + K
8.
∫f ′(x)
sen2 f(x)dx = − cotg f(x) + K
9.
∫f ′(x)√
1− f 2(x)dx = arcsen f(x) + K = − arccos f(x) + K
10.
∫f ′(x)
1 + f 2(x)dx = arctg f(x) + K = − arccotg f(x) + K
11.
∫f ′(x) senh f(x)dx = cosh f(x) + K
12.
∫f ′(x) cosh f(x)dx = senh f(x) + K
6.1.2 Primitivacao de Funcoes Racionais
Sejam P e Q dois polinomios reais de grau n e m, respectivamente, ou seja, P (x) =
anxn + . . .+a1x+a0 e Q(x) = bmxn + . . .+ b1x+ b0 com aj, bj ∈ R, an 6= 0 e bm 6= 0.
Definicao 6.6. Seja P um polinomio de grau maior do que 1. Dizemos que P
e polinomio redutıvel se existirem polinomios P1 e P2 com graus inferiores aos de
P tais que P (x) = P1(x)P2(x). Dizemos que P e polinomio irredutıvel se nao for
redutıvel.
Observacao 6.4. Todos os polinomios de grau 1 sao irredutıveis, P (x) = a1x− a0.
Observacao 6.5. Um polinomio de grau 2, P (x) = ax2 + bx + c e irredutıvel se
e so se nao tem raızes reais, ou seja, se b2 − 4ac < 0. Assim, os polinomios de
grau 2 irredutıveis sao os polinomios da forma P (x) = (x− α)2 + β2, com α ∈ R e
β ∈ R \{0}, os quais possuem duas raızes complexas conjugadas, α± iβ.
98 CAPITULO 6. CALCULO INTEGRAL EM R
Observacao 6.6. Todos os polinomios nao considerados nas observacoes anteriores
sao redutıveis e escrevem-se como o produto de polinomios irredutıveis da seguinte
forma
P (x) = (x− a1)n1 . . . (x− ap)
np[(x− α1)
2 + β21
]m1 . . .[(x− αq)
2 + β2q
]mq,
onde ai e raız real de P com multiplicidade ni e αj ± βj sao raızes complexas de P
com multiplicidade mj.
Definicao 6.7. Seja f : D → R uma funcao. Dizemos que f e uma funcao racional
se existiram polinomios P e Q tais que f(x) =P (x)
Q(x)e D = {x ∈ R : Q(x) 6= 0}.
Definicao 6.8. Seja f(x) =P (x)
Q(x)uma funcao racional. Dizemos que f e irredutıvel
se P e Q nao tiverem raızes comuns.
Consideremos uma funcao racional irredutıvel f(x) =P (x)
Q(x), podemos ter dois
casos:
1. O grau do polinomio P e maior ou igual do que o grau do polinomio Q.
2. O grau do polinomio P e menor do que o grau do polinomio Q.
No primeiro caso, fazendo a divisao de polinomios vem P (x) = M(x)Q(x)+R(x),
onde M e R sao polinomios, sendo M o quociente da divisao e R o resto da divisao
(o qual tem grau menor do que o grau de Q). Assim, f(x) = M(x) +R(x)
Q(x)de onde
concluımos que ∫f(x)dx =
∫M(x)dx +
∫R(x)
Q(x)dx
como M e um polinomio, o mesmo tem primitiva imediata. Na segunda parcela
temos o segundo dos dois casos que referimos acima.
Vamos agora ver alguns resultados que permitem transformar uma funcao racio-
nal irredutıvel, como referido no segundo caso, na soma de outras funcoes racionais,
as quais serao mais faceis de primitivar.
6.1. PRIMITIVACAO 99
Teorema 6.9. SejaP (x)
Q(x)uma funcao racional irredutıvel em que o grau do po-
linomio P e menor do que o grau do polinomio Q. Se
Q(x) = a0(x− a)n,
ou seja, Q tem uma raız real a de multiplicidade n, entao e possıvel escrever
P (x)
Q(x)=
An
(x− a)n+
An−1
(x− a)n−1+ . . . +
A1
x− a,
onde Ai sao numeros reais.
Observacao 6.7. Qualquer uma das novas parecelas que surgem da aplicacao do
Teorema anterior tem primitiva imediata:
•∫
Ai
(x− a)idx =
∫Ai(x− a)−idx = Ai
(x− a)−i+1
−i + 1+ K se i 6= 1
•∫
Ai
x− adx = Ai ln |x− a|+ K
Observacao 6.8. Em geral, para cada raız real aj de multiplicidade nj do polinomio
Q, na decomposicao da funcao racionalP (x)
Q(x)surgem as parcelas
Anj
(x− aj)nj+
Anj−1
(x− aj)nj−1+ . . . +
A1
x− aj
.
Teorema 6.10. SejaP (x)
Q(x)uma funcao racional irredutıvel em que o grau do po-
linomio P e menor do que o grau do polinomio Q. Se
Q(x) = a0
[(x− α)2 + β2
]r,
ou seja, Q tem uma raız complexa conjugada α ± iβ de mutiplicidade r, entao e
possıvel escrever
P (x)
Q(x)=
Brx + Cr
[(x− α)2 + β2]r+
Br−1x + Cr−1
[(x− α)2 + β2]r−1 + . . . +B1x + C1
(x− α)2 + β2
100 CAPITULO 6. CALCULO INTEGRAL EM R
onde Bi e Ci sao numeros reais.
Observacao 6.9. Em geral, para cada raız complexa conjugada α ± iβ de multi-
plicidade rj do polinomio Q, na decomposicao da funcao racionalP (x)
Q(x)surgem as
parcelas como as referidas no Teorema anterior.
Exemplo 6.3. Quando o grau do polinomio do numerador e maior ou igual ao grau
do denominador, temos de fazer a divisao de polinomios.
∫x3 + x
x− 1dx =
∫x2 + x + 2 +
2
x− 1dx =
x3
3+
x2
2+ 2x + 2 ln |x− 1|+ K
Exemplo 6.4. Seja a uma constante real.
∫2a
x2 − a2dx =
∫2a
(x− a)(x + a)dx =
∫1
x− a− 1
x + adx =
= ln |x− a| − ln |x + a|+ K = ln
∣∣∣∣x− a
x + a
∣∣∣∣ + K
Exemplo 6.5. Na primitiva que se segue surgem raızes reais simples e raızes reais
com multiplicidade no polinomio do denominador.
∫5x + 1
(x− 1)2(x + 2)dx =
∫2
(x− 1)2+
1
x− 1− 1
x + 2dx =
=
∫2(x− 1)−2 +
1
x− 1− 1
x + 2dx =
= 2(x− 1)−1
−1+ ln |x− 1| − ln |x + 2|+ K =
= − 2
x− 1+ ln
∣∣∣∣x− 1
x + 2
∣∣∣∣ + K
Exemplo 6.6. Na primitiva que se segue surgem raıxes complexas e reais no polinomio
6.1. PRIMITIVACAO 101
do denominador.
∫10x2 − 25x− 15
(x2 − 4x + 13)(x2 + x− 2)dx =
∫10x2 − 25x− 15
(x2 − 4x + 13)(x− 1)(x + 2)dx =
=
∫2x + 1
x2 − 4x + 13− 1
x− 1− 1
x + 2dx =
=
∫2x− 4
x2 − 4x + 13+
5
x2 − 4x + 13dx−
−∫
1
x− 1dx−
∫1
x + 2dx =
=
∫2x− 4
x2 − 4x + 13dx +
∫5
(x− 2)2 + 9dx−
− ln |x− 1| − ln |x + 2| =
= ln(x2 − 4x + 13) +5
9
∫1
1 +(
x−23
)2dx−
− ln
∣∣∣∣x− 1
x + 2
∣∣∣∣ =
= ln(x2 − 4x + 13) +5
9
113
∫ 1
3
1 +(
x−23
)2dx−
− ln
∣∣∣∣x− 1
x + 2
∣∣∣∣ =
= ln(x2 − 4x + 13) +5
3arctg
x− 2
3− ln
∣∣∣∣x− 1
x + 2
∣∣∣∣ + K
6.1.3 Primitivacao por Partes
Teorema 6.11. Sejam f, g : I → R duas funcoes diferenciaveis no intervalo I. O
produto f ′g e primitivavel em I se e so se o produto fg′ e primitivavel em I. E
numa destas hipoteses temos que
∫f ′(x)g(x)dx = f(x)g(x)−
∫f(x)g′(x)dx.
Prova: Vamos apenas ver que a igualdade referida no Teorema e verdadeira. Pela
102 CAPITULO 6. CALCULO INTEGRAL EM R
regra de derivacao do produto sabemos que
(f(x)g(x))′ = f ′(x)g(x) + f(x)g′(x) ⇒ f ′(x)g(x) = (f(x)g(x))′ − f(x)g′(x)
de onde concluımos que
∫f ′(x)g(x)dx =
∫(f(x)g(x))′ dx −
∫f(x)g′(x)dx ⇒
∫f ′(x)g(x)dx = f(x)g(x)−
∫f(x)g′(x)dx.
¤
Nota 6.2. A tecnica de primitivacao enunciada no Teorema anterior chamamos
metodo de Primitivacao por Partes.
Exemplo 6.7. Vamos calcular uma primitiva da funcao h(x) = x ln x usando o
metodo de primitivacao por partes. Consideremos f ′(x) = x e g(x) = ln x e te-
mos que
∫x ln xdx =
x2
2ln x−
∫x2
2
1
xdx =
x2 ln x
2− 1
2
∫xdx =
x2 ln x
2− x2
4+ K.
6.1.4 Primitivacao por Substituicao
Teorema 6.12. Sejam f : I → R uma funcao primitivavel no intervalo I e φ :
J → I uma funcao diferenciavel no intervalo J e bijectiva. Entao f(φ(t))φ′(t) e
primitivavel e ∫f(x)dx =
∫f(φ(t))φ′(t)dt|t=φ−1(x)
.
Prova: Vamos apenas ver que a igualdade referida no Teorema e verdadeira. Seja
F uma primitiva de f , entao para todo o x ∈ I, aplicando a regra da derivacao
composta, temos que
(F ◦ φ)′ (t) = F ′ (φ(t)) φ′(t) = f (φ(t)) φ′(t),
de onde concluımos que F ◦ φ(t) =
∫f (φ(t)) φ′(t)dt. Fazendo φ(t) = x obtemos
F (x) =
∫f (φ(t)) φ′(t)dt|t=φ−1(x)
, ou seja, temos a igualdade do Teorema.
6.1. PRIMITIVACAO 103
¤
Nota 6.3. A tecnica de primitivacao enunciada no Teorema anterior chamamos
metodo de Primitivacao por Substituicao.
Exemplo 6.8. Vamos calcular uma primitiva da funcao h(x) =x3
√x− 1
usando o
metodo de primitivacao por substituicao. Consideremos√
x− 1 = t, ou seja, x =
φ(t) = t2 + 1 e temos que
∫x3
√x− 1
dx =
∫(t2 + 1)3
t2tdt = 2
∫t6 + 3t4 + 3t2 + 1dt =
= 2
(t7
7+ 3
t5
5+ t3 + t
)+ K =
= 2
((√x− 1
)7
7+ 3
(√x− 1
)5
5+
(√x− 1
)3+√
x− 1
)+ K.
Primitivacao de Funcoes Algebricas Irracionais
Vamos ver alguns casos de funcoes para as quais para determinarmos a sua primitiva
temos de efectuar uma substituicao de modo a que surjam funcoes racionais.
Para isso, sera necessario introduzir algumas definicoes.
Definicao 6.13. Seja P : R×R → R uma aplicacao. Dizemos que P e um po-
linomio em duas variaveis se tivermos
P (x, y) = an,mxnym+an−1,mxn−1ym+an,m−1xnym−1+. . .+a1,1xy+a0,1y+a1,0x+a0,0,
onde ai,j ∈ R e m,n ∈ N0. O grau do polinomio P e o maximo do conjunto
{i + j : ai,j 6= 0}.
Definicao 6.14. Seja P : R× . . .× R︸ ︷︷ ︸p vezes
→ R uma aplicacao. Dizemos que P e um
polinomio em p variaveis se tivermos
P (x1, . . . , xp) =∑
i1,...,ip
ai1,...,ipxi11 . . . xip
p ,
104 CAPITULO 6. CALCULO INTEGRAL EM R
onde ai1,...,ip ∈ R e i1, . . . , ip ∈ N0. O grau do polinomio P e o maximo do conjunto
{i1 + . . . + ip : ai1,...,ip 6= 0}.
Definicao 6.15. Sejam P e Q dois polinomios a p variaveis. Chamamos funcao
racional em p variaveis a uma aplicacao do tipo
R(x1, . . . , xp) =P (x1, . . . , xp)
Q(x1, . . . , xp),
onde P (x1, . . . , xp) 6= 0.
Vamos entao agora indicar as mudancas de variavel a efectuar para as diferentes
situacoes.
Expressao Substituicao
f(x) = R(x
m1n1 , x
m2n2 , . . . , x
mpnp
)x = tm.m.c.{n1,...,np}
f(x) = R(x,
(ax+bcx+d
)m1n1 ,
(ax+bcx+d
)m2n2 , . . . ,
(ax+bcx+d
)mpnp
)ax+bcx+d
= tm.m.c.{n1,...,np}
f(x) = xα(a + bxβ
)γxβ = t
f(x) = R(x,√
ax2 + bx + c), a > 0
√ax2 + bx + c =
√ax + t
f(x) = R(x,√
ax2 + bx + c), c > 0
√ax2 + bx + c = tx +
√c
f(x) = R(x,√
ax2 + bx + c), α raız de ax2 + bx + c
√ax2 + bx + c = t(x− α)
f(x) =√
a2 − x2 x = a cos t ou x = a sen t
f(x) =√
x2 − a2 x = a sec t ou x = a cosec t
f(x) =√
x2 + a2 x = a tg t ou x = a cotg t
Exemplo 6.9. Para calcular a primitiva
∫x√
x2 + 4dx podemos fazer a substituicao
x = 2 tg t e obtemos
∫x√
x2 + 4dx =
∫2 tg t√
4 tg t + 42 sec2 tdt =
∫4 tg t sec2 t
2√
sec2 ttdt =
∫2 tg t sec tdt =
= −2
∫− sen t cos−2 tdt = −2
cos−3 t
−3+ K =
2 cos−3 t
3+ K =
=2
3cos−3
(arctg
x
2
)+ K.
6.1. PRIMITIVACAO 105
Exemplo 6.10. Para calcular a primitiva
∫x√
x2 + 4dx podemos no entanto fazer
uma substituicao mais simples x2 + 4 = t e obtemos
∫x√
x2 + 4dx =
∫ √t− 4√
t
1
2√
t− 4dt =
∫1
2√
tdt =
√t + K =
√x2 + 4 + K.
Exemplo 6.11. Para o calculo da primitiva
∫x2√
9− x2dx podemos fazer a substi-
tuicao x = 3 sen t e obtemos
∫x2√
9− x2dx =
∫9 sen2 t
√9− 9 sen2 t · 3 cos tdt = 27
∫sen2 t cos2 tdt =
= 27
∫ (sen 2t
2
)2
dt =27
4
∫sen2 2tdt =
27
4
∫1− cos 4t
2dt =
=27
8
∫1− cos 4tdt =
27
8
(t− sen 4t
4
)=
=27
8arcsen
x
3− 27
32sen
(4 arcsen
x
3
)
Exemplo 6.12. Para o calculo da primitiva
∫x√
3− 2x− x2dx sera necessario efec-
tuar duas substituicoes. Comecamos por fazer a subsituicao x = t− 1 e obtemos
∫x√
3− 2x− x2dx =
∫t− 1√4− t2
dt,
na qual fazemos a subsituicao t = 2 sen u, ou seja,
∫x√
3− 2x− x2dx =
∫2 sen u− 1√4− 4 sen2 u
2 cos udu =
∫2 sen u− 1
2√
1− sen2 u2 cos udu =
=
∫2 sen u− 1du = −2 cos u− u + K =
= −2 cos
(arcsen
t
2
)− arcsen
t
2+ K =
= −√
4− t2 − arcsent
2+ K =
= −√
3− 2x− x2 − arcsenx + 1
2+ K,
106 CAPITULO 6. CALCULO INTEGRAL EM R
onde usamos a igualdade cos2
(arcsen
t
2
)= 1− sen2
(arcsen
t
2
)= 1− t2
4.
Primitivas de Funcoes Transcendentes
Exsitem ainda outras situacoes em que as funcoes que pretendemos primitivar nao
sao polinomiais, no entanto se se enquadrarem nas seguintes situacoes, podemos
efectuar as substituicoes indicadas.
Expressao Substituicao
f(x) = R (sen x, cos x) tg x2
= t
f(x) = R (sen x, cos x) = R (− sen x,− cos x) tg x = t
f(x) = R (ex) ex = t
6.2 Integracao
Dada f uma funcao contınua num intervalo [a, b], o integral de f no intervalo [a, b]
representa o valor da area limitada superiormente pelo grafico de f , inferiormente
pelo eixo das abcissas e pelas rectas x = a e x = b ao qual subtraımos o valor da
area limitada inferiormente pelo grafico de f , superiormente pelo eixo das abcissas
e pelas rectas x = a e x = b. Na definicao que se segue, e dada essa definicao de um
modo formal.
Definicao 6.16. Seja f : [a, b] → R uma funcao contınua e limitada. Dividimos o
intervalo [a, b] em n intervalos iguais [xi−1, xi], em que a = x0 < x1 < . . . < xn = b.
Tomemos ci ∈ [xi−1, xi] e definimos o integral definido de f de a ate b se existir o
limite
limn→∞
n∑i=1
(xi − xi−1) f (ci) ,
o qual representamos por
∫ b
a
f(x)dx. Neste caso, dizemos ainda que a funcao f e
integravel em [a, b].
Na realidade, para podermos falar do integral definido de f de a ate b nao sera
6.2. INTEGRACAO 107
necessario que a funcao seja contınua em todo o intervalo, como refere o seguinte
teorema.
Teorema 6.17. Seja f : [a, b] → R uma funcao limitada e contınua excepto num
numero finito de pontos. Entao f e integravel em [a, b] e podemos definir o integral
definido de f de a ate b como na Definicao anterior.
Assim, daqui em diante, quando exigirmos que a funcao seja contınua num in-
tervalo [a, b], aplicando o Teorema anterior, estamos tambem na realidade a admitir
a situacao aı enunciada.
Teorema 6.18. (Teorema do Valor Medio) Seja f : [a, b] → R uma funcao
contınua. Entao existe c ∈ [a, b] tal que
∫ b
a
f(x)dx = f(c)(b− a).
Nota 6.4. O Teorema anterior garante que existe um rectangulo de base [a, b] e
altura f(c), o qual tem area igual ao integral de f de a ate b.
6.2.1 Propriedades dos Integrais
Proposicao 6.19. Sejam f, g : [a, b] → R duas funcoes contınuas. Temos as se-
guintes propriedades
1.
∫ b
a
cdx = c(b− a), para todo o c ∈ R
2.
∫ b
a
cf(x)dx = c
∫ b
a
f(x)dx, para todo o c ∈ R
3.
∫ b
a
f(x) + g(x)dx =
∫ b
a
f(x)dx +
∫ b
a
g(x)dx
4.
∫ b
a
f(x)dx = −∫ a
b
f(x)dx, de onde concluımos que
∫ a
a
f(x)dx = 0
5.
∫ b
a
f(x)dx =
∫ c
a
f(x)dx +
∫ b
c
f(x)dx, onde c ∈ R.
108 CAPITULO 6. CALCULO INTEGRAL EM R
6. se f(x) > g(x) para todo o x ∈ [a, b], entao
∫ b
a
f(x)dx >∫ b
a
g(x)dx
7.
∣∣∣∣∫ b
a
f(x)dx
∣∣∣∣ 6∫ b
a
|f(x)|dx
6.2.2 Teoremas Fundamentais do Calculo Integral
O conceito de primitiva e o resultado que se segue permite calcular integrais de uma
forma muito mais rapida, sem ter de passar pelo calculo de limites e de somatorios.
Teorema 6.20. (Teorema Fundamental do Calculo Integral) Seja f : [a, b] →R uma funcao contınua. Entao a funcao F : [a, b] → R dada por F (x) =
∫ x
a
f(t)dt
e diferenciavel em [a, b] e F ′(x) = f(x) para todo o x ∈ [a, b], ou seja, F e uma
primitiva de f .
Mais geralmente, se tivermos ψ e φ funcoes diferenciaveis no intervalo [a, b],
entaod
dx
(∫ φ(x)
ψ(x)
f(t)dt
)= f(φ(x))φ′(x)− f(ψ(x))ψ′(x).
Exemplo 6.13. Consideremos que a funcao f e dada por f(x) =
∫ x
2
sen(t2
)dt, entao
a sua derivada e dada por
f ′(x) =d
dx
(∫ x
2
sen(t2
)dt
)= sen
(x2
) · x′ − sen 9 · (3)′ = sen(x2
).
Exemplo 6.14. Consideremos que a funcao f e dada por f(x) =
∫ ex
x3−1
ln2 tdt, entao
a sua derivada e dada por
f ′(x) =d
dx
(∫ ex
x3−1
ln2 tdt
)= ln2 (ex) · (ex)′ − ln2
(x3 − 1
) · (x3 − 1)′
=
= x2ex − 3x2 ln2(x3 − 1
).
Corolario 6.21. (Regra de Barrow) Seja f : [a, b] → R uma funcao contınua e
6.2. INTEGRACAO 109
F : [a, b] → R uma primitiva de f . Entao
∫ b
a
f(x)dx = [F (x)]ba = F (b)− F (a).
Exemplo 6.15. Aplicando a Regra de Barrow, temos
∫ 2
1
x2dx =
[x3
3
]2
1
=23
3− 13
3=
7
3.
Exemplo 6.16. Aplicando a Regra de Barrow, temos
∫ 2
1
√4− lnx
xdx =
∫ 2
1
(4− lnx)12
1
xdx = −
[2 (4− ln x)
32
3
]e
1
= −2√
3 +16
3.
Da primitivacao por partes e da primitivacao por subsituicao, surgem natural-
mente a integracao por partes e a integracao por substituicao.
Teorema 6.22. (Integracao por Partes) Sejam g ∈ C1([a, b]) e f : [a, b] → R
contınua. Entao
∫ b
a
f ′(x)g(x)dx = [f(x)g(x)]ba −∫ b
a
f(x)g′(x)dx.
Exemplo 6.17. Para calcular o integral
∫ 3
0
xexdx podemos utilizar o metodo de
integracao por partes, vamos escolher f ′(x) = ex e g(x) = x, assim temos que
f(x) = ex e g′(x) = 1 e vem que
∫ 3
0
exxdx = [exx]30 −∫ 3
0
ex · 1dx = 3e3 − 0− [ex]30 = 3e3 − e3 + 1 = 2e3 + 1.
Teorema 6.23. (Integracao por Substituicao) Sejam f : [a, b] → R uma funcao
contınua no intervalo [a, b] e φ : [α, β] → [a, b] uma funcao de classe C1 em [α, β],
110 CAPITULO 6. CALCULO INTEGRAL EM R
bijectiva, com φ(t) = x e tal que φ(α) = a e φ(β) = b. Entao
∫ b
a
f(x)dx =
∫ β
α
f(φ(t))φ′(t)dt.
Exemplo 6.18. Para calcular o integral
∫ 3√
32
32
√9− x2
x2dx podemos utilizar o metodo
de integracao por substituicao, fazendo a substituicao x = φ(t) = 3 sen t, assim
temos que φ′(x) = 3 cos t, φ(t) = 3√
32⇒ 3 sen t = 3
√3
2⇒ sen t =
√3
2⇒ t =
π
3e
φ(t) = 32⇒ 3 sen t = 3
2⇒ sen t = 1
2⇒ t =
π
6e vem que
∫ 3√
32
32
√9− x2
x2dx =
∫ π3
π6
√9− 9 sen2 t
9 sen2 t3 cos tdt =
∫ π3
π6
3√
1− sen2 t
3 sen2 tcos tdt =
=
∫ π3
π6
cos t
sen2 tcos tdt =
∫ π3
π6
cotg2 tdt =
∫ π3
π6
cosec2 t− 1dt =
= [− cotg t− t]π3π6
= − cotgπ
3− π
3+ cotg
π
6+
π
6=
= −√
3
3− π
6+√
3 =2√
3
3− π
6
6.2.3 Aplicacoes Geometricas do Calculo Integral
Nesta seccao vamos ver algumas aplicacoes geometricas do Calculo Integral, nome-
adamente para determinar areas de regioes planas, comprimento de curvas, volumes
de solidos de revolucao e areas de solidos de revolucao.
Areas de Regioes Planas
Seja f uma funcao contınua no intervalo [a, b].
A area da regiao plana limitada pelo grafico da funcao f , pelo eixo das abcissas
e pelas rectas x = a e x = b e dada pelo integral
∫ b
a
|f(x)|dx.
6.2. INTEGRACAO 111
Mais geralmente, se tivermos duas funcoes f e g contınuas no intervalo [a, b], a
area da regiao plana limitada pelo grafico da funcao f , pelo grafico da funcao g e
pelas rectas x = a e x = b e dada pelo integral
∫ b
a
|f(x)− g(x)|dx.
Exemplo 6.19. A area da regiao plana limitada pela circunferencia x2 + y2 = 4; ou
seja, y = ±√4− x2 com −2 6 x 6 2 e dada pelo integral
∫ 2
−2
∣∣∣√
4− x2 −(−√
4− x2)∣∣∣ dx =
∫ 2
−2
∣∣∣√
4− x2 +√
4− x2
∣∣∣ dx =
= 2
∫ 2
−2
√4− x2dx =
= 2
∫ π
−π
√4− 4 cos2 t (−2 sen t) dt =
= −4
∫ π
−π
2| sen t| sen tdt = 4
∫ π
−π
2 sen2 tdt =
= 4
∫ π
−π
1− cos(2t)dt = 4
[t− sen(2t)
2
]π
−π
=
= 4
(π − sen(2π)
2
)− 4
(−π − sen(−2π)
2
)= 4π
Comprimento de Curvas
Seja f uma funcao contınua no intervalo [a, b], tal que f(a) = A e f(b) = B.
O comprimento da curva dada por y = f(x) entre os pontos (a,A) e (b, B), ou
seja, o comprimento do curva dada pelo grafico de f entre as rectas x = a e x = b e
dado por ∫ b
a
√1 + [f ′(x)]2dx.
Exemplo 6.20. O comprimento da curva dada pela equacao y = x2 com x ∈ [0, a] e
112 CAPITULO 6. CALCULO INTEGRAL EM R
dado pelo integral
∫ a
0
√1 + (2x)2dx =
∫ a
0
√1 + 4x2dx =
=
∫ arcsenh(2a)
0
√1 + senh2 t
cosh t
2dt =
=1
2
∫ arcsenh(2a)
0
cosh2 tdt =1
2
∫ arcsenh(2a)
0
(et + e−t
2
)2
dt =
=1
8
∫ arcsenh(2a)
0
e2t + 2 + e−2tdt =
=1
8
[e2t
2+ 2t− e−2t
2
]arcsenh(2a)
0
=1
8
(e2 arcsenh(2a)
2+ 2 arcsenh(2a)− e−2 arcsenh(2a)
2
)− 1
8
(1
2− 1
2
)=
=1
8senh (2 arcsenh(2a)) +
arcsenh(2a)
4
Volumes de Solidos de Revolucao
Sejam f e g duas funcoes contınuas no intervalo [a, b], tais que 0 6 g(x) 6 f(x) para
todo o x ∈ [a, b].
Consideremos a regiao plana A limitada pelo grafico da funcao f , pelo grafico
da funcao g e pelas rectas x = a e x = b, ou seja,
A ={(x, y) ∈ R2 : a 6 x 6 b , 0 6 g(x) 6 y 6 f(x)
}.
Consideremos agora que a regiao A faz uma rotacao de 2π em torno do eixo das
abcissas, ou seja, da uma volta completa em torno do eixo das abcissas. Desta forma
e criado um solido, ao qual chamamos solido de revolucao, cujo volume e dado por
π
∫ b
a
f 2(x)− g2(x)dx.
6.2. INTEGRACAO 113
De modo analogo, consideremos a regiao plana
B ={(x, y) ∈ R2 : 0 6 g(y) 6 x 6 f(y) , c 6 y 6 d
}.
Consideremos agora que a regiao B faz uma rotacao de 2π em torno do eixo das
ordenadas, ou seja, da uma volta completa em torno do eixo das ordenadas. Desta
forma e criado um solido, ao qual chamamos solido de revolucao, cujo volume e dado
por
π
∫ d
c
f 2(y)− g2(y)dy.
Exemplo 6.21. Consideremos a regiao
D ={(x, y) ∈ R2 : 1 6 x 6 2 , 1 6 y 6 x2
}.
O volume do solido de revolucao quando fazemos uma rotacao em torno do eixo das
abcissas e dado pelo integral
π
∫ 2
1
(x2
)2 − 12dx = π
∫ 2
1
x4 − 1dx = π
[x5
5− x
]2
1
=
= π
(32
5− 2
)− π
(1
5− 1
)=
26π
5
Exemplo 6.22. Consideremos a regiao
D ={(x, y) ∈ R2 : 1 6 x 6 2 , 1 6 y 6 x2
}.
Para calcular o volume do solido de revolucao quando fazemos uma rotacao em torno
do eixo das ordenadas, temos de reescrever a regiao D na forma
D ={(x, y) ∈ R2 : 1 6 y 6 4 ,
√y 6 x 6 2
},
114 CAPITULO 6. CALCULO INTEGRAL EM R
e entao o volume e dado por
π
∫ 4
1
22 − (√
y)2 dy = π
∫ 4
1
4− ydy = π
[4y − y2
2
]4
1
=
= π
(16− 16
2
)− π
(4− 1
2
)=
9π
2
Areas de Superfıcies de Revolucao
Seja f uma funcao contınua e diferenciavel no intervalo [a, b].
Consideremos a curva dada por y = f(x) entre os pontos (a, f(a)) e (b, f(b)), ou
seja, a curva dada pelo grafico de f entre as rectas x = a e x = b.
Consideremos agora que a essa curva faz uma rotacao de 2π em torno do eixo
das abcissas, ou seja, da uma volta completa em torno do eixo das abcissas. Desta
forma e criada uma suprefıcie de revolucao, cuja area e dada por
2π
∫ b
a
f(x)
√1 + [f ′(x)]2dx.
De modo analogo, consideremos a curva dada por x = g(y) entre os pontos
(g(c), c) e (g(d), d), ou seja, a curva dada pelo grafico de g entre as rectas y = c e
y = d.
Consideremos agora que a essa curva faz uma rotacao de 2π em torno do eixo
das ordenadas, ou seja, da uma volta completa em torno do eixo das ordenadas.
Desta forma e criada uma suprefıcie de revolucao, cuja area e dada por
2π
∫ d
c
g(y)
√1 + [g′(y)]2dy.
Exemplo 6.23. Consideremos a curva dada por y =√
x entre os pontos (4, 2) e (9, 3),
na qual fazemos uma rotacao de 2π em torno do eixo das abcissas, obtendo uma
6.3. EXERCICIOS 115
superfıcie de revolucao, a qual tem area dada pelo integral
2π
∫ 9
4
√x
√1 +
(1
2√
x
)2
dx = 2π
∫ 9
4
√x
√1 +
1
4xdx = 2π
∫ 9
4
√x +
1
4dx =
= 2π
(x + 1
4
) 32
32
9
4
=4π
3
[(37
4
) 32
−(
17
4
) 32
]=
=π
6
(37
32 − 17
32
).
Exemplo 6.24. Repare-se que se fosse pretendido a area da superfıcie de revolucao
gerada pela mesma curva do Exemplo anterior (y =√
x entre os pontos (4, 2) e
(9, 3)), mas na qual fazemos uma rotacao de 2π em torno do eixo das ordenadas, a
mesma vinha dada pelo integral
2π
∫ 3
2
y2
√1 + (2y)2dy = 2π
∫ 3
2
y2√
1 + 4y2dy,
no qual podemos fazer uma substituicao do tipo y =senh t
2.
6.3 Exercıcios
Exercıcio 6.1. Calcule as seguintes primitivas imediatas.
116 CAPITULO 6. CALCULO INTEGRAL EM R
1.
∫x3dx
2.
∫1
xdx
3.
∫− sen xdx
4.
∫cos xdx
5.
∫1
1 + x2dx
6.
∫exdx
7.
∫2x
x2 + 1dx
8.
∫ex+3dx
9.
∫3x2 + 5x + 1dx
10.
∫2x√
x2 + 3dx
11.
∫(x2 + 1)3dx
12.
∫10x cos
(5x2 + 7
)dx
13.
∫arctg x
1 + x2dx
14.
∫ln2 x
xdx
15.
∫cos(ln x)
xdx
16.
∫ex
1 + e2xdx
17.
∫1
3√
1 + xdx
18.
∫e2x + 3
2
1 + 3x + e2xdx
19.
∫− 4
cos2 xdx
20.
∫cos x
sen xdx
21.
∫4x3
x4 + 1dx
22.
∫arcsen2 x√
1− x2dx
23.
∫1
1 + (2x)2dx
Exercıcio 6.2. Calcule as seguintes primitivas quase imediatas.
6.3. EXERCICIOS 117
1.
∫3x
5√
1 + 5x2dx
2.
∫e
1x
x2dx
3.
∫cos
(2x− π
4
)dx
4.
∫1
x ln xdx
5.
∫2x−1dx
6.
∫senh(2x + 1) cosh(2x + 1)dx
7.
∫xe−x2
dx
8.
∫x + 2
x2 + 4xdx
9.
∫ex2+2 sen x (x + cos x) dx
10.
∫cos
√x√
xdx
11.
∫sen (arctan x)
1 + x2dx
12.
∫cos (ln x2)
xdx
13.
∫tg√
x√x
dx
14.
∫sen3 x cos4 xdx
15.
∫2x
cos2 (x2 + 1)dx
16.
∫1
x2 + 2x + 2dx
17.
∫2x + 1
x2 + 1dx
18.
∫1√
9− x2dx
19.
∫x√
7− (x4 − 2x2 + 1)dx
20.
∫cos x cos(2x)dx
Exercıcio 6.3. Calcule as seguintes primitivas utilizando a formula de primitivacao
por partes.
1.
∫xexdx
2.
∫ln xdx
3.
∫arctg xdx
4.
∫arcsen xdx
5.
∫sen(ln x)dx
6.
∫x sen xdx
7.
∫x cos(3x)dx
8.
∫x sen x cos xdx
9.
∫ex2
x3dx
10.
∫ (x2 + 1
)cos xdx
11.
∫ex cos xdx
12.
∫ln (ln x)
xdx
13.
∫x
sen2 xdx
14.
∫3x cos xdx
15.
∫x2−xdx
16.
∫cos2 xdx
118 CAPITULO 6. CALCULO INTEGRAL EM R
Exercıcio 6.4. Calcule as seguintes primitivas utilizando a substituicao indicada.
1.
∫1
x√
x2 − 2dx, x =
1
t
2.
∫ √9− x2dx, x = 3 sen t
3.
∫ln x
x2dx, x = et
4.
∫sen x
2− sen2 xdx, cos x = t
5.
∫x√
x + 1dx, x = t2 − 1
6.
∫x2
√x2 − 4
dx, x = 2 cosh t
7.
∫ √9 + x2dx, x = 3 senh t ou x = 3 tg t
8.
∫1√
x(1− x)dx, x = sen2 t
9.
∫1 + x
1 +√
xdx, t =
√x
10.
∫sen(2x)√1 + sen2 x
dx, t = sen x
Exercıcio 6.5. Calcule as seguintes primitivas utilizando as substituicoes adequa-
das.
1.
∫1√
ex − 1dx
2.
∫ √1− x2dx
3.
∫ln x
x(1− ln2 x
)dx
4.
∫x2ex3
dx
5.
∫sen 4
√x− 1dx
6.3. EXERCICIOS 119
6.
∫sen
√x√
xdx, em R+
7.
∫1
ex + e−xdx
Exercıcio 6.6. Calcule as primitivas das seguintes funcoes racionais.
1.
∫x
(x− 1)(x + 2)(x + 3)dx
2.
∫x
(x− 1)(x + 1)2dx
3.
∫x3 + x + 1
x4 − 2x3 + x2dx
4.
∫x5 + x4 − 8
x3 − 4xdx
5.
∫x2
(x− 1)3dx
6.
∫1
(x2 + x− 2)(x + 5)dx
7.
∫3x2 − 4
(2− x)2(x2 + 4)dx
8.
∫x4
x− 1dx
9.
∫3x + 1
(x3 − x)(x + 5)dx
10.
∫x2 + 1
x2 − 3x + 2dx
11.
∫4x2 + x + 1
x3 − xdx
12.
∫2x3 + 5x2 + 6x + 2
x(x + 1)3dx
13.
∫1
(x + 2)(x2 + 1)dx
14.
∫x2 + 2
(x− 1)(x2 + x + 1)dx
15.
∫2x3 + x + 3
(x2 + 1)2dx
Exercıcio 6.7. Calcule as seguintes primitivas.
1.
∫ (x2 − 2x + 3
)ln xdx
2.
∫x3 − 1
4x3 − xdx
3.
∫sen x− cos x
sen x + 2 cos xdx
4.
∫x2 cos xdx
5.
∫arcsen
√x√
1− xdx
6.
∫x2
(x2 + 1)2dx
7.
∫sen x
sen x + cos xdx
8.
∫x sen x2 cos x2dx
9.
∫x
(5x2 − 3
)7dx
Exercıcio 6.8. Calcule f(x) sabendo que
1. f ′(x) = sen x e f(π) = π
2. f ′(x) = x√
x e f(1) = 2
120 CAPITULO 6. CALCULO INTEGRAL EM R
3. f ′(x) = (x2 − 2x + 3) ln x e f(1) =7
18
4. f ′(x) =x2
(x2 + 1)2e f(0) = 2
5. f ′(x) =1
x ln√
xe f(e) = 1
Exercıcio 6.9. Calcule a primitiva das seguintes funcoes algebricas irracionais e
transcendentes.
1.
∫1√
x + 3√
xdx
2.
∫ √2x + 3
1− 4√
2x + 3dx
3.
∫x
√3√
x2 + 2dx
4.
∫1
x√
x2 − x + 2dx
5.
∫1
x√−x2 + 4x− 3
dx
6.
∫ √1− x2dx
7.
∫1√
(x2 + a2)3dx
8.
∫ √x2 − a2
xdx
9.
∫1
2 cos x + 1dx
10.
∫1
cos2 x− sen2 xdx
11.
∫1
ex + 1dx
Exercıcio 6.10. Seja P (t) a populacao de uma bacteria numa colonia no tempo t
(em minutos). Supondo que P (0) = 100 e que P (t) aumenta a uma taxa (variavel)
de 20e3t, quantas bacterias existem passados 50 dias?
Exercıcio 6.11. Uma partıcula parte da origem e tem uma velocidade (em centımetros
por segundo)
v(t) = 7 + 4t3 + 6 sin(πt)
depois de t segundos. Encontre a distancia percorrida em 200 segundos.
Exercıcio 6.12. A aceleracao (no instante t) de um ponto em movimento sobre
uma recta coordenada e a(t) = sen2 t cos tm/s2. Em t = 0 o ponto esta na origem e
a sua velocidade e 10m/s. Determine a sua posicao no instante t.
6.3. EXERCICIOS 121
Exercıcio 6.13. A velocidade (no instante t) de um ponto que se move ao longo
de uma recta e v(t) =t
e2tm/s. Se o ponto esta na origem quando t = 0, encontre a
sua posicao no instante t.
Exercıcio 6.14. Calcule os seguintes integrais.
1.
∫ 2
1
x2 − 2x + 3dx
2.
∫ 8
0
√2x + 3
√xdx
3.
∫ 1
√2
2
x arcsen x2dx
4.
∫ 0
−3
1√25 + 3x
dx
5.
∫ 1
0
x
x2 + 3x + 2dx
6.
∫ 1
−1
x4
x + 2dx
7.
∫ 1
0
1
x2 + 4x + 5dx
8.
∫ 1
0
x2
x3 + 1dx
9.
∫ π4
π6
sec2 tdt
10.
∫ e
1
x2 ln xdx
11.
∫ π2
0
sen3 ydy
12.
∫ −3
−2
1
x2 − 1dx
13.
∫ 0
1
ex(ex − 1)2
ex + 1dx (t = ex)
14.
∫ 1
0
y2
y6 + 4dy
15.
∫ 3
−2
3x + |x2 − 4x− 5|dx
16.
∫ √2
1
√4− x2dx (x = 2 sen t)
17.
∫ π4
−π4
tg xdx
18.
∫ 1
0
cosh xdx
19.
∫ −1
1
x2√
4− x2dx (x = 2 sen t)
20.
∫ 1
4
x12
1 + x12
dx (x = t2)
21.
∫ 12
1
et + 4
e2t + 4dt
22.
∫ e
1
sen(ln x)
xdx
23.
∫ √2
2
0
1√1− x2
dx x = sen t
24.
∫ π2
0
x cos(2x)dx
Exercıcio 6.15. Calcule F ′(x), sendo F (x) =
∫ x
2
e−t2dt.
Exercıcio 6.16. Calcule ϕ′(x), sendo ϕ(x) =
∫ 3
x
x2esen tdt.
Exercıcio 6.17. Calcule a derivada em ordem a x, para x 6= 0, das seguintes
funcoes.
122 CAPITULO 6. CALCULO INTEGRAL EM R
1. f(x) =
∫ x
12
cos t2dt
2. f(x) =
∫ x2
arcsen x
sen t
tdt
3. f(x) =
∫ x2+1
ln x
sen tdt
Exercıcio 6.18. Calcule f ′(1) e f ′′(0), sendo f(x) =
∫ x
0
(t + 1)−1
2dt.
Exercıcio 6.19. Determine o valor da constante a, sabendo que f(x) =
∫ a ln x
x
et2dt
e f ′(1) = 0.
Exercıcio 6.20. Considere a funcao f : [1, +∞[→ R definida por f(x) =
∫ x2+x
2
ln t√t + 2
dt.
Prove que 23
f ′(1) = ln 2.
Exercıcio 6.21. Determine os extremos da funcao f(x) =
∫ x
12
t2 ln tdt, quando
x > 12.
Exercıcio 6.22. Considere a funcao f : [0, 1] → R definida por f(x) =
∫ x
x2
et2dt.
1. Calcule f ′(x).
2. Mostre que f tem pelo menos um extremo.
Exercıcio 6.23. Calcule o valor medio da funcao definida por g(x) = x arctg x em
[−1, 1].
Exercıcio 6.24. Calcule os seguintes limites:
1. limx→0
∫ x
0
sen(t3
)dt
x4
2. limx→0
∫ x
0
xe−t2dt
1− e−x2 .
6.3. EXERCICIOS 123
Exercıcio 6.25. Mostre que se f e uma funcao par, entao
∫ a
−a
f(x)dx = 2
∫ a
0
f(x)dx.
Exercıcio 6.26. Mostre que se f e uma funcao ımpar, entao
∫ a
−a
f(x)dx = 0.
Exercıcio 6.27. O cosseno integral de Fresnel
C(x) =
∫ x
0
cos(u2
)du
e usado na analise da difracao da luz. Determine:
1. limx→0
C(x)
x
2. limx→0
C(x)− x
x5
Exercıcio 6.28. Agua corre para dentro de um tanque a uma taxa de 2t + 3 litros
por minuto, onde t representa o tempo em horas depois do meio-dia. Se o tanque
esta vazio as 12h e tem a capacidade de 1000 litros, quando estara cheio?
Exercıcio 6.29. Calcule as areas das seguintes regioes do plano.
1. Limitada pela curva y = x2, o eixo das abcissas e as rectas x = 1 e x = 3.
2. Limitada pelo curva y = sen x e o eixo das abcissas quando 0 6 x 6 2π.
3. Limitada pela parabola y = −x2 + 4x e o eixo das abcissas.
4. Limitada pelas curvas y =√
x e y = x2.
5. Limitada pela curva y = ln x, pelo eixo das abcissas e pela recta x = e.
6. Limitada pelas curvas y = ex e y = e−x e pelas rectas x = 0 e x = 1.
124 CAPITULO 6. CALCULO INTEGRAL EM R
7. Limitada pela parabola x = −y2 + 2y + 8, o eixo das ordenadas e as rectas
y = −1 e y = 3.
8. Limitada pela circunferencia de raio r de centro no ponto (0, 0).
9. Limitada pelos graficos das funcoes f(x) = sen x e g(x) = cos x e pelas rectas
x = 0 e x = π.
10. Limitada pelos graficos das funcoes f(x) = arcsen x e g(x) = arccos x e pela
recta x = 0.
11. Limitada pelo eixo das ordenadas e pela parabola com vertice no ponto (1, 0)
e que passa pelos pontos (0, 1) e (0,−1).
12. Limitada pelas circunferencias x2 + y2 = 2x, x2 + y2 = 4x e pelas rectas y = x
e y = 0.
13. Limitada pelas linhas de equacao xy = 3 e y + x− 4 = 0.
14. Limitada pelo grafico da funcao y = arctg x e pelas rectas de equacao x = 1 e
y = 0.
Exercıcio 6.30. Calcule os comprimentos das seguintes curvas planas.
1. Circunferencia de raio r.
2. Elipse com eixos de comprimento 2 e 4.
3. Curva C determinada pelo grafico da funcao f : [−1, 1] → R definida por
f(x) = cosh x.
4. Curva C determinada pelo grafico da funcao f :[0, π
4
] → R definida por
f(x) = ln(cos x).
5. Arco da curva y =a
2
(e
xa + e−
xa
), quando a > 0 e 0 < x < a.
Exercıcio 6.31. Calcule o volume dos seguintes solidos de revolucao.
6.3. EXERCICIOS 125
1. Uma esfera de raio 2.
2. Um cilindro de raio da base 3 e altura 3.
3. Gerado pela rotacao de 2π em torno do eixo das abcissas da regiao
D = {(x, y) ∈ R2 : 1 6 x 6 3 , 0 6 y 6 4x}.
4. Gerado pela rotacao de 2π da regiao do primeiro quadrante, limitada pela
parabola y2 = 8x e pela recta x = 2
(a) Em torno do eixo das abcissas.
(b) Em torno da recta x = 2.
(c) Em torno do eixo das ordenadas.
5. Gerado pela rotacao de 2π em torno do eixo das ordenadas da regiao
A ={(x, y) ∈ R2 : 0 6 y 6 ex − 1 , 0 6 x 6 1
}.
6. Gerado pela rotacao de 2π em torno do eixo das abcissas da regiao do plano
definida por x2 + y2 6 4 e 0 6 y 6 x.
7. Gerado pela rotacao de 2π em torno do eixo das abcissas da regiao
A ={(x, y) ∈ R2 : x2 + y2 6 4 , y > −x , 0 6 y 6 2 , x 6 0
}.
8. Gerado pela rotacao de 2π em torno da recta y = 1 da regiao limitada pelo
grafico da funcao f : [−1, 1] → R definida por f(x) = ex+1, pela rectas x = −1,
x = 1 e y = 1.
Exercıcio 6.32. Seja D a regiao do plano definida por
D ={(x, y) ∈ R2 : y 6 ex , y > −x2 − 1 , |x| < 1
}.
126 CAPITULO 6. CALCULO INTEGRAL EM R
1. Calcule a area da regiao plana D.
2. Seja D1 a parte da regiao D que esta no 3o quadrante. Calcule o volume do
solido de revolucao que se obtem girando D1 em torno do eixo dos yy.
Exercıcio 6.33. Calcule a area das seguintes superfıcies de revolucao.
1. Gerada pela rotacao de 2π em torno do eixo das ordenadas da curva y = x2
entre x = 1 e x = 2.
2. Gerada pela rotacao em torno do eixo das ordenadas do arco x = y3 entre
y = 0 e y = 1.
3. Solido de revolucao gerado pela rotacao de 2π em torno do eixo das abcissas
da regiao
A ={(x, y) ∈ R2 : 1 6 x 6 3 , 0 6 y 6 4x
}.
4. Cone de altura 3 e raio da base 4.
Bibliografia
[1] J. Campos Ferreira, Introducao a Analise Matematica, Fundacao Calouste Gul-
benkian.
[2] Mario Figueira, Fundamentos de Analise Infinitesimal, Departamento de Ma-
tematica da Faculdade de Ciencias da Universidade de Lisboa, 2001.
127