sebenta de pediatria (2)

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Escola Superior da Saúde de Beja XX Curso de Licenciatura em Enfermagem 3.º Ano / 2.º Semestre SEBE NTA DE PEDIA TRIA Tânia Beldroegas nº 1833 Beja 2012

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Page 1: Sebenta de Pediatria (2)

Escola Superior da Saúde de BejaXX Curso de Licenciatura em Enfermagem

3.º Ano / 2.º Semestre

SEBENTA DE

PEDIATRIA

Tânia Beldroegas nº 1833

Beja 2012

Page 2: Sebenta de Pediatria (2)

Índice

Algumas diferenças entre a criança e o adulto com implicação clínica e terapêutica.........................................................................................................................................6

Causas de morte....................................................................................................6

Aspecto psicológico da criança:............................................................................6

Diferenças fisiológicas:..........................................................................................6

Causas da falência do sistema respiratório:...............................................................7

Causas da falência do sistema circulatório:...............................................................7

Abordagem imediata.................................................................................................7

O recém-nascido doente............................................................................................9

Classificação dos bebés.........................................................................................9

Idade gestacional (IG)...........................................................................................9

Características:......................................................................................................9

Peso.....................................................................................................................10

Tipos de Parto.....................................................................................................10

Cuidados imediatos ao recém-nascido (I)...........................................................10

Adaptação fisiológica do RN à vida extra-uterina....................................................11

Função respiratória.............................................................................................11

Função circulatória..............................................................................................12

Função gastrointestinal.......................................................................................12

Função renal........................................................................................................13

Função Imunológica............................................................................................13

Função Hepática..................................................................................................14

Função neurológica.............................................................................................14

Doenças importantes da mãe que podem ter repercussões no bebé.....................15

Diabetes...............................................................................................................15

Alcoolismo...........................................................................................................15

Tabagismo...........................................................................................................15

Rubéola............................................................................................................... 15

Varicela................................................................................................................15

Toxoplasmose.....................................................................................................15

Hepatite B............................................................................................................16

Hepatite C............................................................................................................16

HIV.......................................................................................................................16

TÂNIA BELDROEGAS Página 2

Page 3: Sebenta de Pediatria (2)

Tuberculose.........................................................................................................16

Hipotireoidismo...................................................................................................16

Sinais de potencial doença no RN............................................................................17

Dificuldade em alimentar-se...............................................................................17

Choro queixoso (Alteração dos reflexos) = Gemido...........................................17

Como se pode manifestar um RN em dificuldade respiratória (SDR):...............17

Tremor.................................................................................................................17

Alterações da temperatura.................................................................................17

Icterícia-fisiológica..............................................................................................17

Cianose................................................................................................................17

Reflexos...............................................................................................................17

Infecção...............................................................................................................18

Hemorragia Cutânea (Petéquias)........................................................................18

O crescimento..........................................................................................................18

Medidas para avaliar o crescimento:..................................................................18

Vantagens do leite materno:..............................................................................18

Hormonas que influenciam o crescimento:........................................................19

Curvas de percentil..............................................................................................19

Adolescência / puberdade.......................................................................................19

Qual é a temperatura normal do corpo?.................................................................19

Febre Hipertermia...............................................................................................20

Causas da febre:..................................................................................................20

Como medir a febre?...........................................................................................20

Como tratar a febre?...........................................................................................21

Doses usuais dos antipiréticos:...........................................................................21

Convulsão febril.......................................................................................................22

Como são as crises?.............................................................................................22

Riscos de uma convulsão:...................................................................................22

O que fazer durante uma crise convulsiva? (A Emergência é fazer parar a convulsão, depois a temperatura)...........................................................................22

Medidas protectoras que devem ser tomadas no momento da crise:..............23

Tratamento da convulsão febril..........................................................................23

O que NÃO fazer durante uma crise convulsiva?...............................................23

Quando devo ir ao hospital?...............................................................................24

Doenças respiratórias..............................................................................................24

Tosse....................................................................................................................25

TÂNIA BELDROEGAS Página 3

Page 4: Sebenta de Pediatria (2)

Rouquidão...........................................................................................................25

Dispneia...............................................................................................................25

Expectoração (secreções purulentas)..................................................................26

Obstrução nasal...................................................................................................26

Choro...................................................................................................................26

Amigdalite...........................................................................................................26

Epíglotite............................................................................................................. 26

Asma (doença alérgica).......................................................................................26

Bronquiolite (muito frequente)..........................................................................27

Tosse convulsa.....................................................................................................27

Doenças do aparelho digestivo................................................................................27

Principais causas do vómito no RN:....................................................................28

Principais causas do vómito nas crianças mais velhas:......................................28

Gastroenterites...................................................................................................29

Diarreia................................................................................................................29

Desidratação............................................................................................................30

Diabetes mellitus.....................................................................................................31

Doenças do aparelho urinário..................................................................................33

Anemia.....................................................................................................................34

Tipos de anemias.................................................................................................35

Tratamento:........................................................................................................37

Intoxicações e acidentes..........................................................................................37

Medidas gerais:...................................................................................................38

Medidas especificas de cada intoxicação:..........................................................39

Maus-tratos.............................................................................................................39

Tipos de maus-tratos:.........................................................................................40

Doenças exantemáticas...........................................................................................40

Sarampo:.............................................................................................................40

Varicela:...............................................................................................................40

Escarlatina:..........................................................................................................41

Exantema súbito:................................................................................................41

Rubéola:..............................................................................................................41

Zona:....................................................................................................................41

Erisipela:..............................................................................................................41

Papeira:............................................................................................................... 42

TÂNIA BELDROEGAS Página 4

Page 5: Sebenta de Pediatria (2)

“Impinja”(tinha) – miose cutânea.......................................................................42

Suporte basico de vida pediátrico............................................................................42

A criança sufocada...................................................................................................43

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Page 6: Sebenta de Pediatria (2)

Algumas diferenças entre a criança e o adulto com implicação clínica e terapêutica

Causas de morte

Adultos: o Doenças cerebrovasculareso Trauma

Criança:o Até 1 ano - Doenças congénitas e infecçõeso A partir de 1 ano - Trauma → em países mais desenvolvidos isto não se

verifica. É um sinal de subdesenvolvimento social:

Emergência hospitalar Atendimento Saúde

Aspecto psicológico da criança:

o As crianças sentem “medo” da presença estranha de alguémo As crianças têm pudor da sua nudez reacções de pânico/medo

Diferenças fisiológicas:

O tamanho das crianças (implica dosagens diferentes de medicação) RN = 3 Kg 6 Meses = 2x3Kg = 6 Kg 12 Meses = 3x3Kg = 9 Kg 1 Ano aos 10 anos --» Peso = 2 (Idade + 4) (Aos seis meses duplica o peso do

nascimento, aos 12 meses triplica o do nascimento) A superfície corporal: a proporção da cabeça é muito maior do que o corpo A anatomia das vias aéreas:

Língua maior que a cavidade oral Estrutura da laringe é mais curta Epiglote é mais alta e mais achatada

O aparelho respiratório: A capacidade vital é menor que no adulto a criança tem que

respirar mais (40/60 ciclos por minuto) Aparelho circulatório:

Quanto mais nova é a criança maior é o ritmo cardíaco Maior frequência cardíaca A volémia é alta nas crianças (80 ml/Kg), devido à força de injecção

do coração A pressão arterial é menor nas crianças

Temperatura corporal: está elevada quando ultrapassa os 38ºC se medida na axila, 38,5ºC se avaliada no tímpano/rectal/oral

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Page 7: Sebenta de Pediatria (2)

Nota: qual a diferença entre hipertermia e febre?R: a hipertermia é o aumento da temperatura; febre é um sinal inflamatório.Atenção:Quando uma criança chega doente, ou seja, potencialmente muito doente, é preciso

avaliar:

Causas da falência do sistema respiratório:

Depressão do centro respiratório:- da PIC (tumor, meningite)- intoxicação por drogas que deprimem o centro respiratório

Obstrução das vias aéreas: - Ingestão de um corpo estranho- Infecção da epiglote- Asma - Hemitórax

Nota: se a obstrução for nas vias aéreas superiores é mais grave!

Causas da falência do sistema circulatório:

Diminuição da volémia:- Hemorragia- Desidratação- Queimaduras

Doenças cardíacas (é raro)A paragem cardíaca nas crianças é muito rara devido a causas cardíacas. Quando acontece

a causa mais comum é a má oxigenação do sangue: hipoxia.Hipoxia + Acidose falência do miocárdio Nota: a taxa de sucesso na reanimação do RN é diminuída.

Abordagem imediata

Via aérea: Vê Ouve Sente

Respiração: Há ou não do esforço respiratório: Frequência respiratória: Bradipneia é + grave que a taquipneia Utilização dos músculos auxiliares da respiração (pescoço) Retracção dos músculos intercostais, supracostais e infracostais – tirasmo: tiragem Expansão do tórax Vias aéreas inferiores obstruídas:

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Page 8: Sebenta de Pediatria (2)

Faz barulho, devido à dificuldade em sair o ar pieira > tempo de expiração

Vias aéreas superiores obstruídas: > tempo inspiratório ouve-se estridor1

Avaliar se o trabalho respiratório é eficaz: Cor da pele - cianose Cianose central: mucosas quentes (língua) Cianose periférica: extremidades Oximetro de pulso

Resposta à insuficiência respiratória: Taquicardia Alteração da consciência

Exemplo: Asmático: apresenta muita pieira + muita tiragem + oxigenação boa + conversa activa insuficiência respiratória mas com respiração eficaz

Circulação:- Frequência cardíaca (bradicardia/taquicardia)- Pulso (rápido; pouco amplo pouco liquido) - Medir o tempo de reperfusão capilar (dedo, externo, etc)

Cuidados a ter:- Avaliado nas extremidades - Avaliado ao nível das aurículas- Compressão 5 segundos e 2 ou menos segundos a voltar ao normal- Pressão arterial

Resposta à insuficiência circulatória: Taquipneia Alteração da consciência

SNC estado de consciência- Escala AVPU

A: alertaV: vozP: dor (score 8, entubar)U: não responde

- Reacção das pupilas à luz (simétricas)- Posturas: descorticação/descerebração

Nota: sinais muito importantes

1 Estridor: som agudo, anormal, que se produz subitamente por espasmo da glote, nas criancinhas; som agudo, penetrante, áspero e desagradável;

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Page 9: Sebenta de Pediatria (2)

O recém-nascido doente

É a época da vida em que somos mais vulneráveis. Na prática comportamo-nos como imunodeprimidos.

A gravidez deve ser vigiada para manter o bem-estar do feto.Antes de uma gravidez a mulher deve procurar ter a sua vacinação em dia.O que podemos vigiar na gravidez:

Peso Altura do fundo do útero

Classificação dos bebés

RN: até aos 28 dias de vida Lactentes: 28 dias até um ano 1ª Infância: 0-3 anos 2ª Infância: 3-6/7 anos 3ª Infância: 11 anos (pré-puberdade) - 13 anos (puberdade) Adolescência: 15-18 anos Juventude: 18-20 anos

Idade gestacional (IG)

RN de termo: RN cujo parto ocorre entre as 37 a 41 semanas e 6 dias (259 e os 293 dias) de gestação

Pré-termo ou prematuro: RN com menos de 37 semanas completas (menos de 259 dias) de gestação

Pós-termo ou pós-maturo: RN com 42 semanas completas ou mais (294 dias ou mais) de gestação

Nota: se aparecer dejecções de mecónio no líquido amniótico, este apresenta-se esverdeado, o que significa sofrimento fetal

Características:

Pré-termo ou prematuro: (> risco)- Labilidade térmica- > Dificuldade de adaptação respiratória ( surfactante2) - Menores reservas de nutrientes > risco de hipoglicémia- < reflexo de deglutição

Nota: os órgãos estão mais imaturos, isto é, o tamanho é normal mas o seu funcionamento está deficitário

Pós-termo: - Função da placenta reduzida das trocas > risco de hipoglicémia - peso desnutrição- Liquido amniótico dificuldade no parto sofrimento/desconforto do bebé

Os bebés podem ter o seu crescimento desadaptado ao tempo de gestação. Este parâmetro é avaliado através do peso (peso comum: 2500 g - 4000 g)

2 Surfactante: responsável pela abertura dos alvéolos

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Page 10: Sebenta de Pediatria (2)

Exemplo: 39 semanas 2000 g baixo peso leve para a idade gestacional ou atraso de crescimento intra-uterino

32 semanas 2000 g adequado ao quadro gestacional

Peso

RN normossomático: RN com peso entre 2500g e 4000g RN macrossomático: RN com peso superior a 4000g RN de baixo peso: RN com peso inferior a 2500g RN de muito baixo peso: RN com peso inferior a 1500g RN de muitíssimo baixo peso: RN com peso inferior a 1000g

Nota: Nos primeiros 10 dias há uma perda fisiológica de peso: 10% do peso e tem que ser recuperada até às 2 semanas.

Tipos de Parto

Parto por via baixa ou parto vaginal: o feto atravessa o canal pélvico Parto por via alta ou parto por cesariana: feto nasce através de incisão abdominal Parto eutócico: parto por via baixa que ocorre sem utilização de instrumentos de

extracção fetal Parto distócico: parto por via baixa que ocorre com utilização de instrumentos de

extracção fetal ou por cesariana

Cuidados imediatos ao recém-nascido (I)

Cuidados prestados pela Enfermeira-parteira (num primeiro tempo) (I)Inicia com a exteriorização da cabeça/corpo e termina com a laqueação do cordão

umbilical.1. Secagem do recém-nascido com pano aquecido, de modo a evitar perdas de calor 2. Desobstrução das vias aéreas (muco, líquido amniótico, sangue, mecónio) por

expressão da face e do tórax.3. Aspiração da orofaringe, quando necessária4. Primeira avaliação global para despiste de malformações5. Colocação do bebé sobre o abdómen da mãe, favorecendo o contacto físico imediato e evitando o fluxo exagerado de sangue ao recém-nascido

6. Identificação com pulseira à vista da mãe/pai7. Laqueação do cordão umbilical (a enfermeira tem de verificar se tem 2 artérias e 1

veia no cordão umbilical)8. Determinação do índice de Apgar ao 1.º minuto

Cuidados prestados pela enfermeira assistente (num segundo tempo) (II)1. Determinação do Índice de Apgar aos 1’, 5’ (mto imp) e 10’

Nota: > 7 tudo bem< 7 probabilidade de hipoxia 2. Avaliação global do recém-nascido, + demorada, podemos olhar com + cuidado:

perceber se há 1 atrésia no esófago, fistulas ou perfusão anal3. Despiste de eventuais malformações não imediatamente perceptíveis – palato íntegro

NOTA: se o RN expulsa muitas secreções, significa que não há progressão. Assim, introduz-se uma sonda e depois é aspirado com uma seringa:

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Page 11: Sebenta de Pediatria (2)

1.º sonda2.º mexer no êmbolo3.º conectar a sonda na seringa4.º aspirar suavemente5.º faz-se a viragem do papel azul

Violeta suco gástrico tudo bem!4. Administração de vitamina K (0,5 a 1 mg, conforme peso) na coxa esquerda. Profilaxia

das doenças hemorrágicas, estimula a produção de factores de coagulação. 5. Administração de gotas oftálmicas de cloranfenicol prevenir a conjuntivite

gonocócica (cegueira)6. Pesagem7. Banho (só se dá o bebé quando ele esta muito sujo de mecónio, fezes maternas,

sangue ou se a mãe for seropositiva para HIV, Hepatite B/C/E…) uma banheira para cada bebé

Notas: Porque não se dá banho ao RN no momento que nasce? Arrefecimento Tira toda a camada protectora do bebé (vérnix caseoso)8. Colocação do recém-nascido para a 1.ª mamada, se possível na sala de partos, se não

nos 15/30 minutos depois do nascimento

Sinal 0 1 2

Frequência cardíacaInferior a 60

bat/min PCEntre 60-100 bat/min

Superior a 100 bat/min

Frequência respiratória Ausente Lenta e regular Boa, com choro

Tónus muscular HipotoniaLigeira flexão das Extremidades

Movimentos activos

Resposta aos estímulos Ausente Choro fraco Choro vigoroso

Cor da pele Pálido CianosadoCompletamente

rosado9. Facilitação da presença e participação do pai sempre que possível

Adaptação fisiológica do RN à vida extra-uterina

Função respiratória

Antes do nascimento:

Pulmões preenchidos com líquido amniótico e líquido pulmonar fetal Pulmões colapsados Ausência de ar nos pulmões As trocas gasosas e o suporte metabólico são feitos através da circulação feto-

placentária Temperatura estável (37 O C)

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Após do nascimento:

Líquido intrapulmonar removido através da compressão do tórax, durante o parto por via baixa (vaginal) e por absorção (capilares linfáticos e sanguíneos)

O ar é inspirado no 1º movimento respiratório. Há expansão pulmonar e fica estabelecida a capacidade funcional residual (CFR) – permite-nos fazer a respiração sem dificuldade, sem esforço, porque fica lá ar impedindo o colapso.

Aos 30s após o nascimento o RN deve estar a respirar autonomamente ( pH da corrente sanguínea + choque térmico –25 OC na sala de partos + o O2 + CO2 )

A frequência respiratória é de 30 a 60 ciclos/min– avaliação 1 min! Respiração abdominal e irregular

Nota: não se justifica a palma no rabo ao nascer!

Função circulatória

Antes do nascimento: Vasos pulmonares colapsados (as trocas são feitas pela mãe) O canal arterial desvia o sangue dos pulmões O canal venoso desvia o sangue do fígado O foramen oval permite a passagem de sangue da aurícula direita para a esquerda (há

mistura do sangue venoso com o arterial)Após do nascimento: Dilatação dos vasos pulmonares provocada pela inspiração e expansão pulmonar Colapso e atrofia do canal arterial O canal venoso contrai-se e torna-se um ligamento O foramen oval fecha devido ao aumento da pressão na aurícula esquerda evitando

assim, a mistura dos sangues (venoso- direita e arterial- esquerda)NOTA: dias após o nascimento, o canal foramen ao fechar, produz ao auscultar um “sopro”

que pode ser fisiológico, normalmente.

Função gastrointestinal

Antes do nascimento: O feto deglute líquido amniótico O trato gastrointestinal é relativamente inactivo As sensações básicas do paladar estão presentes: doce, amargo, salgado, picante.Após do nascimento: O RN além de deglutir, digere, absorve e metaboliza os nutrientes O peristaltismo activo do intestino faz com que o RN tenha evacuações frequentes.

Nota: a capacidade do estômago é de 90 cm3, o intestino delgado é muito grande > absorção; intestino grosso é pequeno + dejecção.

O mecónio constitui a 1.º eliminação intestinal que ocorre nas primeiras 24 a 48h e é composto por líquido amniótico, secreções intestinais, células descamativas da mucosa e, possivelmente, sangue.

Nota: se não ocorrer dejecção após as 48 horas, poderá implicar perfuração anal, ou então, pode ter explido no momento do parto.Fezes:

1. mecónio- verde escuro

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2. transição- verde claro3. lácteas- amarelas

O RN tem todas as sensações básicas do paladar, apresentando preferência pelo sabor doce.

Atenção:O recém-nascido bolça, devido ao conteúdo gástrico que vem pelo esófago, porque o

esófago é ligado ao estômago através do esfíncter do cárdia que ainda não esta maduro. Existe outro esfíncter que separa o estômago do intestino, neste caso se ocorrer refluxo, o bebé vomita e não bolça.

Função renal

Antes do nascimento: O rim do feto produz urina Todos os componentes estruturais estão presentes Não ocorre perda de peso como resultado da eliminação de urinaApós do nascimento: A 1º micção do RN deve ocorrer nas primeiras 24h (se não ocorrer pode ser

patológico). Nota: Cerca de: 20 % urinam na sala de partos; 70 % fazem-no até às 24 horas; 9 %

entre as 24 e 48 horas; 1 % no 3.º dia de vida. A partir do 3.º dia apresenta cerca de 20 micções diárias. O débito urinário do RN de termo é de 5 ml/Kg/hora no final da 1.ª semana,

aproximadamente 200 a 300ml A urina é incolor, inodora e com uma densidade de 1020. O RN perde peso devido à eliminação de urinaNOTAS: Pseudo-menstruação: aparecimento de sangue com a urina, só pode aparecer no sexo

feminino.Ocorre devido à passagem das hormonas da mãe para a filha.

Hematúria: presença de sangue na urina.

Uratos: resíduos na urina, podem confundir-se com sangue.

Função Imunológica

Antes do nascimento: O feto está num ambiente estéril A placenta funciona como uma barreira contra a maioria dos agentes agressoresApós do nascimento: O RN entra em contacto com o meio ambiente. A 1.ª linha de defesa é formada pela pele e mucosas.

NOTA: A pele do RN tem um pH ácido. Vérnix caseoso, permite manter o pH e ter uma hidratação da pele e protecção contra microorganismos. A 2.ª linha de defesa é constituída pelos elementos celulares do sistema imunológico

(linha branca). A 3.ª é formada pelos anticorpos específicos para um antigénio.

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Page 14: Sebenta de Pediatria (2)

NOTA: em média, nos 1.os dois meses e meio o bebé não é capaz de produzir sozinho antigénios. Como o RN não produz, de início anticorpos, apresenta imunidade passiva sob a forma

de IgG´s, a partir da circulação materno-fetal e do leite materno

Função Hepática

Antes do nascimento: O fígado é um órgão imaturo, talvez seja um dos mais imaturos do RN A produção de vitamina K é limitadaApós do nascimento: A imaturidade deste órgão impede a produção da enzima glicuronil- transferase que

afecta a conjugação da bilirrubina, contribuindo para o aparecimento da icterícia fisiológica do RN. O fígado armazena menos glicogénio, ficando assim o RN mais susceptível à

hipoglicémia.NOTA: pode provocar agressão às células nervosas. Sintomas: hipotónico, letárgico, sem actividade, sem choro, recusa alimentar, podendo

mesmo levar até à morte! O teor em vitamina K é insuficiente aumentando o risco de hemorragia.

ATENÇÃO: A vitamina K é administrada após o nascimento por via IM na coxa esquerda

Função neurológica

O sistema nervoso do RN está ainda imaturo (Fica completo aos 14 anos de idade) A maior parte das funções neurológicas é formada por reflexos primitivos (chuchar,

sugar, etc.) O SNA assegura as funções básicas de vida (respiração, função cárdio-respiratória, etc.)Sinais e sintomas num recém-nascido Cabeça em bico (parto por via baixa) / cabeça achatada (cesariana) Hemorragia de privação – pseudo - menstruação Manchas cutâneas (sebáceas) Lanugo Vérnix caseoso Cianose periférica Angiomas planos: manchas mongólicas (desaparecem até aos 2 anos de vida) Prolongamento do hímen Dedo supranumerário Muco nos genitais Ingurgitamento mamário Encefalohematoma

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Page 15: Sebenta de Pediatria (2)

Doenças importantes da mãe que podem ter repercussões no bebé

Diabetes

- O bebé pode nascer macrossómico (que influência o parto)- Os bebés são sujeitos a uma grande quantidade de glicose, fornecida pela mãe, e

produzem muita insulina (que é a principal hormona de crescimento do bebé até aos 2 anos), o que pode levar a uma hipoglicémia à nascença, porque o RN ainda tem muita insulina em circulação e deixa de ter o aporte de açúcar da mãe.

Pode causar lesões vasculares.Valores normais de glicemia capilar do RN >30 mg/dlPrevenção: alimentação precoceNota: > probabilidade dos fetos desenvolverem outras patologias, por exemplo, lábio

lepurino.

Alcoolismo

(Atraso de crescimento intra uterino (bebés pequenos) -síndrome fetal-alcoólico)

Tabagismo

(A nicotina influência a circulação e a placenta, a criança nasce com atraso de crescimento intra-uterino)

Rubéola

(Infecção provocada por um vírus – Exantema) Mais de dois terços das crianças infectadas não mostram sinais ao nascimento, mas as

consequências surgem anos mais tarde.Os resultados mais frequentes são: - surdez; - cardiopatias (malformações cardíacas); - microcefaliaAs malformações são mais graves se a mãe contrai o vírus durante o primeiro trimestre e

pode levar à morte fetal.Prevenir através da vacinação das mulheres entre os 10-13 anos; podendo ser vacinada 3

semanas antes da gravidez

Varicela

É perigosa no período peri-parto.Pode provocar encefalites no RN.

Toxoplasmose

(Parasita - Toxoplasma gondii) É transmitida através:- de gatos- ingestão de carne mal cozinhada- ingestão denvegetais crus mal lavados.

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Page 16: Sebenta de Pediatria (2)

A mulher, frequentemente, não apresenta sintomas. Mas nos bebés provoca:- descalcificações cerebrais- nascimento prematuro- microcefalia- cegueira- atrasos no crescimento- problemas psicomotores gravesNota: se a mulher tiver tido contacto com o toxoplasma antes de engravidar, não corre

risco de “apanhar” a doença durante a gravidez; se tiver a doença durante a gravidez existe cura – antibióticos (espiromicina).

Hepatite B

A transmissão, ocorre através da placenta, soro a soro e através de contacto com urina contaminada, fezes, saliva, esperma ou secreções vaginais durante o parto.

Bebé é vacinado (imunização activa) e imunização passiva (administração de imunoglobulinas)

Prevenção: da vacinação da mãe

Hepatite C

Os bebés não mamam.A transmissão é por via oral e via parentérica.Previne-se evitando comportamentos de risco: Práticas sexuais sem a devida precaução.

HIV

Se a mãe tem HIV: faz tratamento com AZT e antiretrovirais durante a gravidez, o parto é através de cesariana electiva às 38 semanas.

Aleitamento artificial.O bebé também é medicado.Prevenção: evitar comportamentos de risco

Tuberculose

A transmissão não ocorre pela placenta mas sim durante o parto, via aérea e via oral.Após o nascimento afastar a criança da mãe

Hipotireoidismo

Diagnóstico Precoce de Doenças Metabólicas ou Teste do Pezinho (teste de pesquisa de doenças metabólicas):

- no Sul do País são pesquisadas: Hipotireoidismo3 e Fenilcetonúria4

dever-se-á realizar entre o 3.º e o 6.º dia de vida (Centros de Saúde, se já está em casa)Atenção: Durante a gravidez as mulheres fazem serologia para detecção destas doenças.

3 Hipotireoidismo: actividade anormalmente fraca da glândula tireóide;4 Fenilcetonúria: Doença de um organismo que não possui a enzima necessária para a transformação de um aminoácido, a fenilalanina. O risco maior consiste na ocorrência de excesso de fenilalanina. Esta, ao acumular-se no feto ainda em formação, lesiona o sistema nervoso. A doença é extremamente rara e é também conhecida por idiotice fenilpirúvica.

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Page 17: Sebenta de Pediatria (2)

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Sinais de potencial doença no RN

Dificuldade em alimentar-se

Problema da mãe: - mamilos invertidos ou umbilicados- falta de leite- “falta de jeito da mãe”

Problema do bebé: - Reflexos de sucção e deglutição ausentes/débeis/descoordenados- Vomita (Implica naúsea, esforço)- Recusa

Choro queixoso (Alteração dos reflexos) = Gemido

Choro guinchado representa sofrimento cerebralDificuldade respiratória-gemido, aumento do tempo de inspiração

Como se pode manifestar um RN em dificuldade respiratória (SDR):

- Gemido (manter pressão nos pulmões)- Tiragem (retracção dos músculos intercostais)- Cianose (Cianose central - o sangue do bebé não é bem oxigenado)- Taquicárdia- Adejo Nasal

Tremor

(pode ser sinal de: hipoglicémia RN (normal) =30 mg/dl, hipocalcémia, hipocaliémia)

Alterações da temperatura

Hipotermia e hipertermia

Icterícia-fisiológica

Aparece a partir das 36 horas de vida e dura 1 a 2 semanas.Atinge a face e o tronco, tudo o resto é saudável; por HEMÓLISE (O bebé nasce ictérico) -

Por incompatibilidade sanguínea RH, a mãe é RH- e o filho RH+, a mãe produz anticorpos contra o antigenio D, que matam as células RH+(D+), na 1ª gravidez o bebé “safa-se”mas se a mãe tiver outro bebé RH+, destrói-o.

Cianose

- Periférica: é fisiológica nas primeiras 48 horas: extremidades e perilabial- Central: não é fisiológica, nas extremidades e principalmente na língua. Cardiopatia

congénita.

Reflexos

Hipertonia / hipotonia

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Page 19: Sebenta de Pediatria (2)

Infecção

No caso do RN tende a evoluir para septicémia, tem que ser encarada como uma infecção num imunodeprimido devido à imaturidade do sistema imunitário. O tratamento inicial é feito com dois antibióticos no caso de ser bacteriana. Muitas infecções são virais e transmitidas pela mãe: HIV, sífilis, herpes vírus, hepatite B e C, tuberculose activa (no pós-parto)

Hemorragia Cutânea (Petéquias)

O crescimento

O indivíduo de raça humana, pode ter muitas interferências no crescimento e resultar em patologias. No entanto, existem indicadores que o crescimento se efectua de forma gradual.

Nota: é um factor de ansiedade dos pais

Medidas para avaliar o crescimento:

Peso Nota: a balança deve ser sempre a mesma Estatura Perímetro cefálico: região occipital e fonte, é a média de 3 medições

Atenção: as medições não devem ser feitas com intervalos pequenos entre elas!Outros dados importantes para o crescimento:

Perímetro braquial: avalia-se na parte média do braço e à esquerda; é um bom indicador na desnutrição;

Prega cutânea: importante nos doentes desnutridos;

Índice de massa corporal: IMC=

peso

estatura2

Segmentos do corpo: avalia a desproporção dos membros

A tendência normal das crianças é crescer.Após nascer, a criança, perde peso de forma fisiológica até 10 do peso que tinha ao

nascer.Após 2 semanas tem que ter o peso com que nasceu.Os bebés aumentam mais de peso no 1.º quadrimestre de vida. Tem de 20g por dia nos

1.os 4 meses; 15g nos 2.os 4 meses e 10g nos 3.os 4 meses.Importante registar (Peso, perímetro cefálico,...).O peso é o único factor que indica que a quantidade de leite materno é adequada ou não.

O leite materno é sempre de qualidade excelente. A quantidade é que pode ser suficiente ou não.

Vantagens do leite materno:

Imunidade Adaptado à capacidade de absorção do bebé (a composição não é sempre a

mesma) Favorece o vínculo afectivo É barato Está sempre preparado

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Page 20: Sebenta de Pediatria (2)

A doença celíaca (causada pelo glúten) provoca síndrome de má absorção no intestino.A hidrocefalia faz crescer o perímetro cefálico muito rapidamente. Tratamento cirúrgico:

drenar o líquido para evitar a PIC. O líquido em excesso vai para o peritoneu, que o absorve.A microcefalia implica um do PC para a idade.

Hormonas que influenciam o crescimento:

- Insulina - Hormonas tiroideias - Hormona do crescimento

Curvas de percentil

São curvas de percentagens consideradas normais para aquelas condições. Quando um bebé está dentro do P10 e P90 é porque cresce de uma maneira normal.Atenção: Nas curvas o que interessa é a evolução!Em relação às medições é preciso ter em atenção:

Factores genéticos (80% da nossa capacidade de crescimento é determinada por estes factores)

Factores ambientais (20%: alimentação, afecto, …)Nota: há doenças que influenciam o crescimento:

Trissomia 21 Nanismo

Adolescência / puberdade

Neste período existe um pico de crescimento.♀ são mais precoces; aos 13 anos apresentam grandes mudanças; é fisiológico ter a

menarca entre os 10-15 anos, no entanto, pode ocorrer aos 18 anos sendo normal.♂ aos 14 anos apresentam grandes mudanças; Nota: tecnicamente não há atrasos pubertários até aos 18 anosNota: se houver um da hormona do crescimento, deve ser feito um estudo antes dos 18

anos porque se não já não há hipótese de crescimento.

Qual é a temperatura normal do corpo?

A temperatura corporal normal oscila entre 36 e 37 º.A temperatura do corpo tem uma variação individual, mudando ao longo do dia (ritmo

circadiano). A temperatura atinge o seu ponto mais baixo à noite, durante o sono, e sobe gradualmente até atingir o valor máximo por volta das 17 horas. Além da flutuação normal dos seus valores, a temperatura também é influenciada pelo exercício físico, pelas refeições e emoções, que a fazem subir.

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Page 21: Sebenta de Pediatria (2)

Febre Hipertermia

Febre Hipertermia

Resposta fisiológica a agressores Aumento da temperatura

Acompanhada por um agente infeccioso (mecanismo de defesa)

Pode ou não ser acompanhada por um agente infeccioso

Liberta agentes de defesa no sangue:

prostaglandinasPode ser por calor, por lesão do centro

térmico. A causa é um factor extrínseco do organismo

Podem-se administrar antipiréticos para

baixar a temperatura (porque são anti-prostaglandinas)

A hipertermia não liberta prostaglandinas, logo os antipiréticos não são eficazes

A febre é um sintoma que resulta da acção de substâncias diversas, vindas do exterior ou produzidas no próprio organismo, sobre o centro regulador da temperatura corporal que se situa numa zona do cérebro chamada Hipotálamo. A estas substâncias capazes de influenciar o centro termoregulador chamam-se pirogéneos. A produção de pirogéneos pode resultar de exposição excessiva ao calor (excesso de roupa, sobreaquecimento do ambiente, excessiva exposição ao sol), da existência de uma infecção bacteriana ou viral e de outras situações mais raras como doenças hormonais ou tumores.

Na criança, a febre é um sintoma frequente causado na grande maioria dos casos por infecções de origem viral que são habitualmente doenças auto-limitadas, em que a febre cede ao fim de 3 ou 4 dias sem tratamento específico.

A febre no recém-nascido pode resultar do sobreaquecimento do ambiente (por exemplo causado pela proximidade de radiadores, permanência em carros aquecidos e fechados, etc.) ou por excesso de roupa ou coberturas. Isto sucede porque o recém-nascido tem uma capacidade de sudação diminuída, que o torna mais vulnerável ao excesso de calor, com aumento da temperatura corporal, desidratação e até o aparecimento de convulsões e outras alterações neurológicas."

Causas da febre:

- Infecções (+ frequente: vírus e bactérias) - Doenças neoplásicas- Conjuntivites- Em transfusões sanguíneas incompatíveis - Doenças reumáticas - Doenças auto-imunes

Como medir a febre?

A temperatura corporal pode ser medida - Externamente: temperatura cutânea medida: na axila ou na virilha

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- Internamente: temperatura das mucosas medida: no recto, na boca ou no ouvidoSintomas do febre:

Prostração Perda de peso Fadiga Calafrios Suores

Que medidas complementares se podem adoptar para tratamento da febre?1. Remoção da roupa ou uso de roupa ligeira de algodão;

2. Colocação da criança num ambiente pouco aquecido;3. Administração de líquidos açucarados para prevenir a desidratação e assegurar um

fornecimento adequado de calorias;4. Banho de água tépida (este recurso só deve ser utilizado se a febre for alta e os outros

meios se mostrarem ineficazes para a controlar), não utilizando nunca álcool ou água fria que agravam a vasoconstrição cutânea provocando nova subida térmica.

Como tratar a febre?

Dado o seu papel no controlo das infecções, só se deve baixar a febre quando esta ultrapassa níveis que dão mal-estar à criança e se podem tornar lesivos para o organismo.

Assim, até 38º de temperatura axilar ou 38,5 de temperatura rectal, deve adoptar-se uma atitude vigilante, colocando a criança com roupa ligeira num ambiente pouco aquecido.

Os medicamentos usados para baixar a temperatura corporal chamam-se antipiréticos. Os mais utilizados são:- Paracetamol- Ácido Acetilsalicílico- Ibuprofen.

O medicamento de 1.ª escolha para tratamento da febre nas crianças, por apresentar menor risco de efeitos secundários, deve ser o Paracetamol.O Ácido Acetilsalicílico só deve ser utilizado na idade pediátrica sob indicação médica, para exclusão de determinadas doenças, como a Varicela e a Gripe, em que a administração destes medicamentos pode originar uma complicação grave chamada Síndrome de Rey.

O Ibuprofeno (Brufen), de utilização actualmente muito vulgarizada, deve ser reservado para complemento da terapêutica com Paracetamol, quando este nas doses aconselhadas não é suficiente para controlar a febre, ou quando é necessário o seu efeito anti-inflamatório adicional.

Atenção: O seu uso no 1.º ano de vida deve ser cuidadosamente ponderado.

Doses usuais dos antipiréticos:

Paracetamol – 15 a 25 mg/kg/dose O Paracetamol pode ser administrado por via Oral, EV, rectalATENÇÃO: Dose tóxica: 140 mg/Kg/dose

O Ácido Acetilsalicílico – 15 a 25 mg/Kg/dose.Não deve ser utilizado na forma de supositórios devido à sua absorção irregular.

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ATENÇÃO: Dose tóxica: 100 mg/Kg/doseNOTA: cada dose deve repetir-se a cada 6/8 horas, se necessário.ATENÇÃO: O Ibuprofeno e o Ácido Acetilsalicílico devem ser utilizados com precaução nos

doentes com asma. Nota: existem várias vias de administração, no entanto, a via rectal é a mais frequente.ATENÇÃO: Temos que ter em atenção o estado geral da criança, se brinca, se tem outros

sintomas associados.Uma consequência importante da febre é convulsão febril. Sendo por isso sensato a

temperatura da criança numa doença infecciosa. O cérebro das crianças é mais imaturo e desencadeia um disparo eléctrico do cérebro;

resposta involuntária e inapropriada do SNC Convulsão

Convulsão febril

A convulsão é um distúrbio que ocorre no cérebro (descarga eléctrica anormal) podendo gerar contracções involuntárias da musculatura (com movimentos desordenados) ou outras reacções anormais, como desvio dos olhos e tremores.

A convulsão febril é definida como a crise que ocorre em criança entre 6 meses e 5 anos de idade neurologicamente sadia.

As convulsões febris simples são breves (menos que 15 minutos), generalizadas, ocorrem em associação com febre e apenas uma vez num período de 24 horas. Representam a desordem neurológica mais frequente na pediatria e afectam aproximadamente 2 a 4% das crianças.

Como são as crises?

Na maioria dos casos as crises (ataques) são generalizadas. A criança:- perde os sentidos (perda de consciência)- revira os olhos- fica com o corpo hirto- logo a seguir os braços e pernas começam a tremer. - Depois de alguns minutos os movimentos param, o corpo fica mole e a criança dorme

durante 15-30 minutos e acorda bem. - Durante a crise pode ficar com os lábios roxos, espumar pela boca ou urinar.Nota: se a convulsão afectar só um lado do corpo é mais perigoso!

Riscos de uma convulsão:

- Hipoxia (na fase de apneia)- Lesão cerebral

O que fazer durante uma crise convulsiva? (A Emergência é fazer parar a convulsão, depois a temperatura)A crise convulsiva costuma ser um momento muito stressante para os pais, educadores ou outros acompanhantes da criança.

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A 1.ª coisa que deve se ter em mente é que a maioria das crises dura menos que 5 minutos e que a mortalidade durante a crise é baixa. Assim, deve-se manter a calma para que se possa, efectivamente, ajudar a criança.

Medidas protectoras que devem ser tomadas no momento da crise:

Deitar a criança (caso ela esteja de pé ou sentada), evitando quedas e traumas; Remover objectos (tanto da criança quanto do chão), para evitar traumas; Afrouxar roupas apertadas; Proteger a cabeça da criança com a mão, roupa, travesseiro; Lateralizar a cabeça para que a saliva escorra (evitando aspiração); Limpar as secreções salivares, com um pano ou papel, para facilitar a respiração; Observar se a criança consegue respirar; Afastar os curiosos, dando espaço para a criança; Reduzir estimulação sensorial (diminuir luz, evitar barulho); Permitir que a criança descanse ou até mesmo durma após a crise; Procurar assistência médica.

Tratamento da convulsão febril

Se não for a 1.ª convulsão, os pais já devem ter em casa clisteres de Diazepam, fármaco utilizado para parar a convulsão, porque diminui a actividade cerebral.

A administração é rectal (tem efeito muito rápido: acção 2s após a administração. A dose deve variar entre 0,2/0,5mg/ Kg/ dose.

A dose depende do peso da criança.A via IM NUNCA serve para a emergência, porque é uma via de acção lenta (o diazepam

demora 2 horas a fazer efeito por esta via).Se possível, após tomar as medidas acima, devem-se anotar os acontecimentos relacionados com a crise. Deve-se registrar:

Início da crise; Duração da crise; Eventos significativos anteriores à crise; Se há incontinência urinária ou fecal (eliminação de fezes ou urina nas roupas); Como são as contracções musculares; Forma de término da crise; Nível de consciência após a crise.

O que NÃO fazer durante uma crise convulsiva?Várias medidas erradas são comummente realizadas no socorro de uma criança com crise convulsiva. Não deve ser feito:

NÃO se deve imobilizar os membros (braços e pernas), deve-se deixá-los livres; NÃO tentar “puxar a língua” ou colocar objectos na boca para segurar a língua (tipo

colher, caneta, madeira, dedos); NÃO dar banhos nem usar compressas com álcool caso haja febre pois há risco de

afogamento ou lesão ocular pelo álcool; NÃO medique a criança, mesmo que ela tenha os medicamentos, na hora da crise, pela

boca. Os reflexos não estão totalmente recuperados, e ela pode se afogar ao engolir o comprimido e a água;

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Se a convulsão for provocada por acidente ou atropelamento, NÃO retire a criança do local, atenda-a e aguarde a chegada do socorro médico.

Quando devo ir ao hospital?  

Na primeira convulsão febril deve sempre dirigir-se a um serviço de urgência (SU) para uma avaliação criteriosa da situação.

Geralmente é necessário ficar em observação durante algumas horas e efectuar exames complementares de diagnóstico consoante a situação clínica.

Se não for a primeira convulsão, e se a criança estiver bem, deve consultar o seu médico assistente ou dirigir-se ao SU do hospital mais próximo para averiguar e tratar a causa da febre.

Existem sinais de alarme perante os quais se deve recorrer imediatamente ao SU: se a convulsão for prologada (mais de 15 minutos); se os movimentos forem só de um lado ou se após a crise a criança só mexer um lado; se a criança não acordar completamente 30 minutos após a crise; se ficar muito prostrada, com gemido ou sonolência; se a febre não baixar apesar das medidas tomadas; se tiver mais que uma crise no mesmo dia.

Doenças respiratórias

Todas as infecções no RN se comportam como septicemias. A maioria das doenças respiratórias é de origem infecciosa (maioritariamente provocadas

por vírus). O tratamento é sintomático (tratam-se os sintomas). Nas infecções respiratórias bacterianas, o tratamento é sintomático, mas também com

antibióticos. Assim, o pulmão observado em imagem de Rx apresenta-se condensado com secreções; febre e tosse o que pode significar que se trata de uma pneumonia.

Sinais de doença do aparelho respiratório: tosse rouquidão (na inflamação da laringe, pois nesta se encontram as cordas vocais) febre sinais inflamatórios no local estridor (barulho inspiratório) sibilos dificuldade respiratória dor torácica

Sinais do aumento do esforço respiratório no RN:- Tiragem (depressão dos músculos respiratórios)- adejo nasal- Choro gemido- Cianose (não é um bom sinal)

Tosse

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Sintoma + frequente das infecções. É uma defesa. Inflamação abaixo da faringe Inflamação (aumento da produção de muco-tosse) Funciona para eliminar secreções, tentativa de expulsão Atenção: Não deve ser inibida evitar antitússicos

Tratamento: Aerossóis ultrassómicos: vão transformar as moléculas de soro em partículas muito pequenas. Vão atingir as vias aéreas inferiores mas a expectoração está ao nível das vias aéreas superiores.

Rouquidão

Há inflamação da laringe, o que provoca a rouquidão, uma vez que as cordas vocais que estão localizadas na laringe estão também afectadas.

Dispneia

Manifesta-se por: Aumento do esforço respiratório (utilização dos músculos acessórios) Farfalheira (respiração ruidosa)

Obstrução das vias aéreas inferiores:

Expiração dificultada

Aumento do tempo expiratório

Aumento do esforço para expiração

Respiração sibilante - PieiraExemplo: asmático em criseTratamento:Objectivo é inibir o espasmo.- Broncodilatadores:Salbutamol / Brometo de ipatrópio + Soro Fisiológico aerossol - Corticóides (antiflamatórios)

Obstrução das vias aéreas superiores:

Produção de muco (rinorreia)

Dor

Redução do calibre das vias aéreas

Inspiração dificultada

Inspiração ruidosa - EstridorTratamento:

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Page 27: Sebenta de Pediatria (2)

Aerossol frio (vasoconstrição): adrenalina + corticóides (dexometasona)

Expectoração (secreções purulentas)

Obstrução nasal

Devemos lavar com soro fisiológico. Utilizar vasoconstritores porque a produção de muco.

Nota: Sprays vasoconstritores estão desaconselhados em crianças com menos de 6 meses

Choro

O desconforto respiratório é muito desagradável, é normal que a criança chore nestas situações

Amigdalite

É na maior parte das vezes viral. As complicações surgem a partir dos 4 anos pela imaturidade do sistema

imunitário--» Glomerulonefrite e cardite.

Epíglotite

Infecção da epiglote a Haemophilus influenzae. É a infecção mais grave.

Asma (doença alérgica)

Ocorre nas crianças a partir de um ano. Trata-se com: Broncodilatadores, que vão actuar nos receptores químicos que são B2, B2

agonistas vão actuar nesses receptores. Salbutamol, Soro fisiológico em pequena quantidade, brometo de ipatrópio pode ou não

juntar-se, prednisolona (oral ou Ev) - podem vomitar. ATENÇÃO: A água não deve ser usada em aerossol. As gotas de água são irritantes para as

mucosas.Anti-tússicos não têm qualquer indicação, porque a tosse é um mecanismo de defesa e

expulsão. Os anti-tússicos vão cessar o estímulo de tosse, as secreções acumulam-se e o estado piora.

Indicadores de asma: - Se consegue ou não falar (não falar é grave)- ineficácia da oxigenação; - espirometria; - esforço respiratório não é um bom sinal porque se existe uma grande tiragem é

porque ainda têm força se não é porque já está cansado.

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Page 28: Sebenta de Pediatria (2)

A asma provoca:- Dispneia expiratória: ocorre broncoespasmo – o alvéolo “aperta” e o lúmen diminui.

Administrar broncodilatadores (ex.: salbutamol; brometo de ipatrópio).- Taquipneia (o coração tenta compensar o défice de O2)- Retracção costal – tiragem- Tórax insuflado (porque tem dificuldade em respirar)- Mobilização dos músculos acessórios da respiração- Respiração sibilante- CianoseTratamento:

- Corticóides. Têm 2 tipos de acção: anti-inflamatórios potentes, acção anti-histamínica- Amiofilina (2.ª linha)- Adrenalina (situações + graves)

Bronquiolite (muito frequente)Ocorre infecção nos bronquíolos provocada pelo vírus sincicial respiratório e ocorre em

grande maioria dos lactentes. Pode apresentar: dispneia. Como outros sinais característicos das pneumonias:- tosse- febre- dor (crianças + velhas)É mais fácil inspirar do que expirar (sibilância). Dá insuficiência respiratória. Não tem tratamento específico, mas alivia com o aerossol 1 2 3 e com melhor hidratação.

Pode administrar-se adrenalina.Por vezes tem que se ventilar o doente, devido a exaustão.Pode implicar manobras de SBV. (suporte básico de vida)Nota: pneumonias de repetição, no mesmo local pode significar corpos estranho inalados.

Tosse convulsa Infecção bacteriana do aparelho respiratório.

Nota: nenhum RN sabe respirar pela boca.

Doenças do aparelho digestivo

Os sintomas mais frequentes são:- Vómitos- Diarreia- Dor- Hemorragia- Febre ou não (se causa inflamatória)

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Page 29: Sebenta de Pediatria (2)

Vomitar BolçarCriança doente Criança saudávelNáusea previa (bom indicador), palidez,

sensação de desmaioFisiológico: não há competência do cárdia

Pode ser em jacto Náusea previa (bom indicador)Sai grande quantidade de alimento Não é em jacto normalmente

Acontece imediatamente após a refeição

Nota: Vómito em jacto sem náusea deve-se a um aumento da pressão intra-craniana:- Tumores- Traumatismo

Principais causas do vómito no RN:

Gastroenterite (mais comum) Refluxo gastroesofágico (não é bolçar fisiológico) Oclusão intestinal Erro alimentar (muita concentração)

Nota: preparação do leite artificial: 30 cm3H2O para 1 medida = 4,8g de leite adaptado Estenose hipertrófica do piloro (Obstrução abaixo do estômago)

Principais causas do vómito nas crianças mais velhas:

Nota: O vómito, tem quase sempre causa inflamatória. Gastrite (gastroenterite) Comida em excesso Febre Apendicite aguda Jejuns prolongados (hipoglicémia)Nota: podemos apenas vomitar devido a hipoglicémia

Os vómitos provocam uma falta de aporte de glicose às células, não sendo possível realizar as reacções metabólicas. Devido a esta diminuição da glicose, hipoglicémia, o organismo começa a utilizar as gorduras para obter energia, libertando corpos cetónicos – cetonémia.

Os corpos cetónicos por sua vez são eméticos (estimulantes do centro do vómito), aumentando ainda mais os vómitos, temos um ciclo vicioso. Este ciclo quebra-se quando se fornece à criança açúcar, diminuímos a hipoglicémia e a formação de corpos cetónicos.

Tratamento: Paragem alimentar Hidratar com glicose EV Dar um chupa (tem glicose mas não tem volume) Parar a ingestão exagerada de líquidos

Em pediatria, de um modo geral, não se administram antieméticos, pois não têm efeito terapêutico e têm muitos efeitos secundários.

Não se usam anti-eméticos como a metoclopramida, uma vez que causam efeitos extrapiramidais.

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Page 30: Sebenta de Pediatria (2)

O antídoto para os efeitos extrapiramidais é o Akineton vit.K.Atenção: Pode ocorrer alcalose devido à perda de acido clorídrico durante o vómito, e

neste caso é necessário fazer soro fisiológico.Nas crianças mais velhas é muito frequente terem quadros de vómitos persistentes,

podendo ser acompanhados ou não por diarreia.

Gastroenterites

Sintomatologia da gastroenterite: Vómitos Diarreia

Causas:- Erro alimentar (leites mal concentrados, alimentos que a criança não consegue

absorver)- Infecção por vírus (o mais conhecido é o rotavírus)- Infecção por bactérias, fungos ou parasitas

O apetite da criança é inibido durante a inflamação. Não se deve dar comida, mas sim

líquidos, uma vez que o intestino está a descamar devido à inflamação. Perdem-se células superficiais que produzem lactase, que degrada a lactose do leite, logo as crianças não conseguem degradar o leite. Devemos oferecer alimentos que sejam degradados mesmo nesta situação.

Tratamento: Imodium (loperamida) - impede a secreção da mucosa, altamente tóxico, não tem doses

terapêuticas.Leveduras - vão levedar no estômago e provocar gases, logo não é indicado na maior parte

dos casos, senão: disbacteriases (antibioterapia agressiva)Também existem gastroenterites bacterianas. Só quando é por salmonela tifi (febre

tifoíde); shigella; doença da cobra, é que podemos utilizar antibióticos, nas restantes não é necessário.

Diarreia

Diarreia: eliminação de fezes liquidas, em quantidades superiores ao normal.Causas: - Infecciosa, normalmente viral: gastroenterite, otitesNota: Neste caso não adianta de nada dar antidiarreicos.- Bacteriana, rara: Helicobacter PyloriNota: Neste caso não são tratadas com antibióticos porque não são invasivas.Durante um dia passam cerca de 6/7 L de líquidos pelo intestino e só são excretados cerca

de 100/150cc. Se a capacidade de absorção está alterada a excreção de líquidos pelas fezes aumenta.Tratamento:Antidiarreicos: alguns medicamentos paralisam o intestino e não tem dejecções, a

quantidade de líquidos não é absorvida. Por isso não devem ser utilizados.Exemplo: Lopramida: é um medicamento anti-secressor que em pediatria tem um grande

risco uma vez que a dose terapêutica é muito próxima da dose tóxica.

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Page 31: Sebenta de Pediatria (2)

ATENÇÃO: o Grande risco da diarreia + vómito é a desidratação e a perda de peso.Pode ocorrer perda de:- Água- Electrólitos: sais minerais (sódio, potássio, cloro)Nota: minimizar riscos de desidratação. Tratamento da diarreia:

Hidratar por via entérica (oral) ou parentérica, para corrigir a desidratação.Nota: É proibido colocar um soro com potássio quando há anúria, porque o rim não

trabalha e morre numa sístole. Deve-se oferecer à criança soros orais com água, açúcar e sal, porque é necessário repor a

água, mas também o cloro e potássio. Pausa alimentar Dar arroz e cenoura, porque têm sódio, cloro e potássio. A cenoura também contém

pectina que é um espessor das fezes. Dar alguns hidratos de carbono Dar proteínas (carne) Leite (absorção da lactose ) então devemos diminuir a concentração de lactose

Nota: diluir o leite, se for artificial: 1 medida 50ml H2OO leite meio gordo e magro têm a mesma quantidade de lactose. Se for de vaca dilui-se em

metade de água.

Desidratação

Implica perda de:- Água- Electrólitos: sais minerais (sódio, potássio, cloro)Exemplo de patologias onde se pode verificar a desidratação:- Queimaduras- Diabetes mellitus Sinais clínicos mais comuns na desidratação:

Pele com sinal de prega cutânea positiva (< elasticidade) Olhos encovados (porque faltam líquidos no tecido celular subcutâneo) Mucosas secas Lábios + Língua com aspecto encurtizado Depressão da fontanela Volémia diminuída

- Taquicardia ( Frequência Cardíaca)- Oligúria (urina menos)- Má perfusão periférica- Hipotensão- Choque- Coma

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Page 32: Sebenta de Pediatria (2)

A desidratação pode ser:- Ligeira- Moderada- Grave

Nota: Na desidratação torna-se muito importante pesar a criança, sempre nas mesmas condições.

Assim:- Perda de 5% do peso ligeira- Perda de 5-10% do peso moderada- Perda de de 10% do peso grave

IonogramaTem que se ter muita atenção aos níveis de Na+:Pode haver desequilíbrio:- Hiponatremia (Na);- Isonatremia - Hipernatremia (Na), apresenta uma sintomatologia diferente das anteriores. Perde

muita água e pouco sódio. Pode acontecer devido ao calor e nos bebés que ingerem sódio (Na). É raro nas gastroenterites.

Diabetes mellitus

Produção deficitária ou nula de insulina. A insulina é produzida nos ilhéus pancreáticos e degrada as moléculas de glicose.

Há um dos níveis de glicose no sangue porque a pessoa não consegue utilizar a glicose nas células.

Para tentar minimizar esta deficiência administra-se insulina por via SC, EV, IM.Na criança e no jovem diabetes mellitus tipo I Sintomas típicos:

Muita fome - polifagia Muita sede - polidipsia Muita urina – poliúria (diurese osmótica) Perda de peso

do açúcar nas células sensação de fome concentração de açúcar no sangue eliminação do rim urina muito

Diabetes insípida: É rara.Sintomas:

Poliúria Polidipsia Não tem glicosúria.

Tem a ver com a diminuição da secreção da hormona anti-diurética (a hipófise não produz hormona anti-diurética).

O doente tem que tomar hormona toda a vida.

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Consoante o peso

OralHidratação

EV

Page 33: Sebenta de Pediatria (2)

Para fazer a distinção entre os tipos de diabetes fazemos: avaliação da glicose na urina avaliação da glicose no sangue

Complicações da diabetes mellitus Cetoacidose diabética (pH ácido no sangue).

Quando o organismo diabético não obtém energia (ATP) através da glicose, obtém através da degradação de lípidos, onde obtém ADP, corpos cetónoicos (resultam do uso de gorduras para produzir energia) que ficam na circulação e alteram o pH para ácido--» Acetona (Cetose provoca naúseas e vómitos). Coma cetoacidótico Hipoglicémia:

- sudorese, - perda de consciência, - palidez, - mata as células cerebrais

Nota: mata de imediatoTratamento: dextrose 10% bólus 5ml/Kg e Glucagon – hormona

Hiperglicémia – estraga o endotélio dos vasos e perturba a circulação sanguínea fica comprometida:- Retinopatia diabética- Nefropatia diabética- Má circulação periférica (necrose), - Má circulação central (enfarte).Tratamento: Repor a insulina, normalmente a de acção rápida. Temos que ajustar a insulina a uma dieta equilibrada.Comer várias vezes ao dia, restringir os hidratos de carbono de acção rápida (açúcar), de

forma a não aumentar o pico de glicémia de forma repentina. O doente pode comer de tudo, mas deve evitar comidas doces de absorção rápida (açúcar,

rebuçados, chocolates).

Glicosúria Corpos cetónicos Intervenção+++ +++ Administrar insulina

0 0 Determinar glicemia capilar

0 ++ Comer/injectar açúcar(+) (0)* (-) É + seguro para o doente

* Não houve período de hipoglicémia

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Page 34: Sebenta de Pediatria (2)

Doenças do aparelho urinário

É uma patologia frequente nos humanos. É a segunda mais frequente.É importante na Pediatria, não pode ser banalizada.Sinais e sintomas: RN = sépsisAtingem o organismo por via hematológica, via descendente.

Crianças com outras idades:- Dor na micção- Disúria (dificuldade na micção) inflamação da bexiga- Poliúria –urina em grande quantidade - Polaquiúria – aumenta a frequência de micções- Falsa vontade de urinar - tenesmo- Raramente febre

Se a infecção não estiver a nível da bexiga mas sim ao nível dos rins pielonefrite:- Dor combar- Febre alta (calafrio)

Lactente: (1-2 anos)A infecção manifesta-se por sintomas gerais:

- febre inexplicada- diarreia- recusa alimentar- choro persistente- massa alimentar- perda de peso- vómito.

Nota: é a infecção oculta mais frequente.Hematúria: presença de sangue na urina.Nas infecções urinárias, devido à inflamação da mucosa pode ocorrer um numero elevado

de leucócitos. Exames de diagnóstico:Análise à urina: - a colheita deve ser asséptica- jacto médioQuando não há colaboração da criança:

saco colector punção vesical supra-púbica (bexiga)

ATENÇÃO: o saco colector é mudado a cada 45 minutos acompanhado de higiene dos genitais.

NOTA: se a urina estiver exposta ao ar, ao fim de 30 minutos está colonizada a análise ser feita de imediato.

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Factor de erro na análise à urina: conspurcação da urina

Para evitar este erro é preciso realizar 2 colheitas correctas, e nestas temos que ter:- o mesmo número de colónias- as mesmas bactérias

O diagnóstico de infecção urinária não deve ser feito apenas a partir do “multitix” (leucócitos, hematuria, nitritos, etc).

SABER: Para ter a certeza do diagnóstico é necessário verificar o crescimento de 105

colónias por 1ml de urina!Na prática consegue-se resultados em 24 horas se a urina estiver na estufa 6horas.Se o resultado da 1.ª colheita for positivo, faz-se uma 2.ª colheita e inicia-se antibioterapia. Uma técnica muito utilizada na pediatria é a punção vesical porque basta que apresente

apenas uma colónia bacteriana para ser diagnosticada uma infecção, uma vez que a urina na bexiga é estéril.

Tratamento: Antibioterapia: antibiótico que tenha um efeito provável as bactérias RN: 2 antibióticos EV (10 dias) Criança:

Infecção urinária baixa: 1 antibiótico, VO Infecção urinária alta (pielonefrite): terapia agressiva, no início EV

Nota: pielonefrite pode implicar cicatrizes renaisAo 3.º dia de tratamento deve repetir-se nova cultura.Uma semana após término da terapêutica repete de novo a cultura.Uma percentagem grande de infecções urinárias nas crianças ( 1 em cada 4) significam

problemas devido a anomalias patológicas do aparelho urinário. Anomalia + comum: Refluxo vesico-uretral: devido a 1 angulo que existe entre os ureteres e a bexiga, o

musculo não funciona o que leva a que a bexiga tenha sempre urina, que irá contribuir, que irá contribuir para o desenvolvimento de bactérias.

É preciso investigar através de uma ecografia do rim e após uma semanas fazer uma cistografia, se a infecção urinária for bem confirmada!

Anemia

Sinais e Sintomas:- Cansaço fácilDificuldade de transporte de O2 para os tecidos cansaço fácil porque como há O2

ritmo cardíaco e respiração- Escleróticas ictéricasBilirrubina nos glóbulos vermelhos, nas anemias há destruição dos glóbulos vermelhos

bilirrubina icterícia escleróticas icterícas - Palidez (deve ser avaliada na pele e nas mucosas) hemoglobinaAnemia hemoglobina

4 cadeias proteicas e 4 grupos heme.

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Cada proteína – globina – está ligada a 1 heme

Ligados por 1 molécula de ferro mineral

O2 é transportado em associação com átomos de ferro

Para que haja hemoglobina em quantidade adequada o indivíduo tem que ter reservas na medula …mas a medula pode não produzir hemoglobina.

Se houver carências na medula

perda de glóbulos vermelhos, que pode ser por:- Hemorragia- Hemólise (destruição dos glóbulos vermelhos)

anemia e icterícia

Caso se suspeite de anemia, fazemos hemograma.

Verificamos hemoglobina em relação aos valores normais para a idade e sexo. RN: 15-20mg/dl Criança: 9-10mg/dl H: 14-16mg/dl M: 12-14mg/dl

Como temos um valor de hemoglobina baixa, vamos verificar:- VGM: volume globular médio (média do volume dos glóbulos vermelhos)- GV: número de glóbulos vermelhos- CHGM: concentração de hemoglobina globular média

Tipos de anemias

Anemia por carência de ferro: Microcitica: GV e VGM Hipocromica: CHGM

Anemia por hemorrágicas: Normocromica e Normocítica: Hb ; VGM normal; GV ; CHGM

normal Anemia congénitas

Talassémia: Hb; VGM; GV; CHGM normal (microcitica e normocromica)

Típicas aqui no AlentejoQuando somos embriões existe um núcleo de Fe e 4 cadeias de proteínas, logo no feto a

hemoglobina já tem um núcleo com ferro e 2 cadeias de hemoglobina hemoglobina F.Após 4-6 dias, o RN já consegue produzir hemoglobina A (2 cadeias α e 2 cadeias ). Há pessoas que nascem com incapacidade de produzir algumas cadeias, sobretudo as

cadeias - talassémias Talassémia minor: doente portador – heterozigótico

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Talassémia major: doente que tem doença activa – homozigóticoÉ uma doença autossomática recessiva transmite-se através do gene não dominante. Na mulher grávida com valores de hemoglobina normais mas com uma microcitose

importante é importante que faça um rastreio (electroforese Hb)O pai tem que fazer um hemograma.Se ambos forem portadores casal de risco diagnostico pré-natal amniocentese.O resultado pode ser:- Feto homozigótico possível interrupção da gravidez- Feto heterozigótico- Feto normal

Anemia falciforme = anemia por alteração das cadeias de amonoácidos nas proteínas

Neste tipo de anemia a hemoglobina apresenta uma forma de “foice” (depranocitose) dando origem a hemoglobinas S. Estes surgem em indivíduos com erro genético de um dos genes (troca de um aminoácido).

Portador Homozigótico Glóbulos vermelhos Anormais destruídos pelo Baço Esplenomegália (tamanho do baço)

Existem muito no Sul porque o gene depranocitico (Hb S) é muito frequente nos africanos porque, por selecção natural morreram por malária (doença infecciosa) provocada por um parasita (plasmodium) só sobrevive dentro das células infiltram-se nos GV consomem e quando estiverem satisfeitos rebentam Hemólise.

Nos indivíduos com anemia falciforme

Glóbulos forma de “foice” e o plasmódio não consegue entrar

Indivíduos com esta patologia sobrevivem e a raça foi-se apurando

Anemia hemolítica (erro por defeito enzimático das Hemoglobinas)Glicose 6 fosfato desidrogenase Fabismo: por contacto com a ingestão de favas absorção do sangue hemolise

anemia por hemólise

Anemia perniciosa: falta de Vitamina B12 carência de acido fólico Anemia macrocítica: VGMQuando de ingere Vit B12 : precisa de 2 coisas para a absorver: - Secreção gástrica (factor intrínseco)- Absorvida no íleon terminal

Pessoas de risco:- Gastrite atrófica - Gastrectomizados - Ausência ou falta de Ileon terminal- Doença de CrohnCarência de Vit. B12 administra-se por via parentérica

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Tratamento:

Perda aguda: tratamento da hemorragia Se puser a pessoa em risco: - tratar a lesão- transfundir a pessoa com GV

Hemólise: - tratar as causas das hemólises- transfundir a pessoa com GV

Anemias por carência (administrar os elementos em falta) Vit B12 Fe:

Via oral: - Sulfato de ferroso (é o melhor)- Gluconato

Nota: o Fe é difícil de tolerar no estômago, pode provocar - Náuseas- Vómitos - Diarreias Curiosidade: ao fim de alguns dias as fezes tomam uma tonalidade preta. Tratamento: deve ser feito durante um determinado tempo (4 meses)Após o início da terapêutica é necessário avaliar a eficácia da mesma Hemograma.Passados alguns dias a hemoglubina, e os glóbulos estão em quantidades normais e com

coloração e tamanho normal, mas não há reservas, o organismo consumiu tudo. Normalmente o doente para a terapêutica, mas não devia, uma vez que passado algum

tempo volta a verificar-se a mesma carência.

Intoxicações e acidentes

As crianças podem intoxicarem-se por:- Acidentes - Propositadamente - Por outros

É importante saber:- Em que idade acontece- Quais as circunstâncias em que aconteceram- Produto que foi

Normalmente acontecem por volta dos 5/6 anos as intoxicações por acidentes.ATENÇÃO: Em idades superiores temos que ter em atenção a patologia psicológica que

esta por trás, pode ser uma chamada de atenção. É frequente no sexo feminino. É necessário ter em atenção os seguintes aspectos:- Maus tratos- Negligencia- Patologia psiquiátrica

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As intoxicações mais frequentes são por ingestão, no entanto, também pode ser por contacto, inalações, etc.

As ingestões + frequentes são:- Lixívia - Hidrocarbonetes - Medicamentos (as crianças são atraídas pela cor e pelo facto dos adultos os tomarem)

As intoxicações por acidentes ocorrem mais frequentemente no domicílio.O tratamento mais eficaz para estas situações é a prevenção.

Atitudes perante uma intoxicação:1. Avaliação do doente:

- via aérea- respiração - circulação

2. Prestar cuidados3. Que produto contactou/ingeriu 4. Qual a quantidade que tomou 5. À quanto tempo tomou

Nota: pode haver sinais clínicos que podem orientar o tipo de intoxicação.- O cheiro; os opiáceos dão midriase; um sedativo da do centro respiratório

Medidas gerais:

Afastar o tóxico do organismo (que ele seja removido ou expulso) Se passar 1 hora após a ingestão do tóxico não se faz lavagem gástrica (isto não é

rigoroso) Retira-se o produto do estômago através de:

- Vomito, normalmente oferece-se um anti-emético que é o xarope (Ipecal)Contra indicações:

se o produto for corrosivo vai haver mais lesão na expulsão o tempo estado de consciência produtos voláteis tóxicos (hidrocarbonetes) risco de pneumonia (só são

perigosos para a mucosa respiratória)Nota: útil na ingestão de medicamentos - Esvaziamento- Aspiração- Lavagem gástrica: mais comum é o carvão activado (não é eficaz no Fe), para

aumentar o peristaltismo usa-se o sulfato de magnésio.

Medidas especificas de cada intoxicação:

Intoxicações por organosfosforados:

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- Protegemo-nos a nós com bata e mascara uma vez que a contaminação pode ser através da pele.

- Lavar o doente porque os organofosforados são absorvidos pela pele. Neste sentido temos que lavar o doente várias vezes.

Produtos corrosivos:- Não se induz o vómito.- O mais comum é a lixívia industrial (a lixívia domestica não é perigosa)- Se a ingestão for um aacido devemos oferecer uma base e vice-versa. Paracetamol- É tóxico par o rim e para o fígado, sendo essencialmente hepatotóxico.- A dose tóxica do paracetamol é 140 mg/kg/Dose- Antídoto: N-acetilcestina- Criança com idade inferior a 10 anos a dose tóxica é a partir de 1,4g/dose AAS- A dose tóxica é a partir de 100mg/kg/Dose- pode provocar acidose metabólica e alcalose respiratória. - Dá para efectuar lavagem gástrica mesmo ao fim de muitas horas.

Maus-tratos

Qualquer pessoa que suspeite de maus-tratos numa criança, quer seja profissional ou não, deve denunciar a uma entidade adequada.

Como fazer:Denunciar: Aos serviços especiais:

- segurança social- hospitais- centro de saúde

Às associações de protecção de menores Às comarcas com tribunais de menores À policia Às linhas de telefone anónimas Suspeita de maus tratos físicos:- Lesão que não está adaptada à história- Lesões traumáticas na criança Exemplo: lesões paralelas, várias marcas de queimaduras de cigarros

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Tipos de maus-tratos:

Físicos ou “crianças batidas”: em famílias de nível sócio-económico mais baixo, com problemas de alcoolismo. São fáceis de provar.

Psicológicos: em famílias de nível sócio-económico mais alto. Não prestar cuidados afectivos, a mãe que não pega ao colo o lactente. Os maus-tratos psicológicos não são só mal tratar, pode ser também uma recusa de afectividade. É muito difícil de provar.

Negligência: Muitas vezes é por insuficiência mental. Não prestação de cuidados. Podem ser físicos ou psicológicos.

Exemplo: Dermatite-amonical – resulta da fralda não ser mudada durante 1/2 dias.Abuso sexual Maus-tratos propositados ou forjados: Síndrome de Munchhausen – mau trato provocado

propositadamente. Quase sempre acontece em mães mal tratadas no domicílio. A mãe provoca maus-tratos no filho para que este seja internado e ela possa ir com ele e se proteger do agressor.

Doenças exantemáticas

É um grupo de doenças variadas, a maior parte de etiologia viral e algumas de etiologia bacteriana.

No decurso da doença, manifesta-se sob a forma de exantema (rash cutâneo). Podem ainda manifestar-se por um período febril. Existe uma vacina que é administrada nos primeiros dois meses de vida – VASPR. Exemplo: Rubéola, sarampo, varicela, escarlatina.

Sarampo:

É uma epidemia que surgia de 4/4 anos. Ultimamente quase não há devido à vacinação das crianças aos 15 meses.

Sintomas: - Febre alta 3 dias- Tosse, catarro- Conjuntivite- Boca muito vermelha- Lesão branca na bochecha em frente ao malar. - No dia seguinte aparece exantemas por todo o corpo que forma uma mancha de

copling. Nota: Os sintomas vão desaparecendo ao longo do tempo.

Varicela: Provocada pelo vírus varicela Zooster ou Herpes Zooster. É a única doença exantemática vesiculosa.Têm lesões cutâneas próprias que vão surgindo ao longo de mais ou menos 6 dias. É a única em que as 4 fases existem em simultâneo: Mácula – Pápula – vesícula – pústula –

crosta. Geralmente dá comichão.

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Page 43: Sebenta de Pediatria (2)

Dá imunidade e pode causar posteriormente zona. Risco de encefalite elevado. O perigo da varicela é nas grávidas no 1º trimestre (malformação do feto) ou nos primeiros

dias pós-parto, porque se a mãe tiver o RN pode apanhar também. Nota: Não se pode administrar AAS quando a criança tem varicela porque pode dar uma

insuficiência hepática.Tratamento: não há anti-virus específicos Acyclovir: utiliza-se em RN e doentes imunossuprimidos.

Escarlatina:

Resulta de uma amigdalite provocada por uma bactéria Streptococus do grupo A. Alguns produzem produtos tóxicos que vão para o sangue dando origem a rash cutâneo. Amigdalite eritematopotássica: Termo técnico das amigdalites bacterianas:- Amigdalite com pûs- Língua branca e depois rubra- Lesão no cotovelo, mais visível nas flexuras Escarlatina (exantema que começa na face e na zona perioral)Tratamento: penicilina de preferência, mas se for alérgica eritromicina.

Exantema súbito:

É um exantema simples, banal e tem uma característica própria. Febre alta durante 2/3 dias. Depois aparece um exantema, das mais variadas formas, na face e tronco, normalmente

parecido com sarampo.Aquando do aparecimento do rash cutâneo, desaparece a febre. É comum nos bebés entre os 6-15 meses.

Rubéola:

A maioria das vezes sem sintomatologia. Dor na garganta (enantena)Gânglios linfáticos occipitais posteriores aumentados. O medo de ter rubéola é maior numa gravidez, porque as consequências são para o feto. Tratamento: penicilina de preferência, mas se for alérgica eritromicina.

Zona:

Vírus Herpes zooster.Infecção secundária da varicela e resulta da reactivação do vírus. Aloja-se nas sinapses (nervos) e segue sempre na linha desse nervo, sistema nervoso

periférico. Exemplo: Intracostal, facial.Ninguém pode ter isto sem ter tido a varicela. Nota: se tiver 2 episódios de Zooster o + provável é a presença de um linfoma Tratmento: Acyclovir + antipiréticos.

Erisipela:

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É uma doença bacteriana.Sintomas e sinais: - membros inferiores edemaciados- rubor- dor- febre.

Papeira:

Prevenção com vacina (VASPR – 15 meses). No adulto acompanha-se de orquite, está associada à esterilidade.

“Impinja”(tinha) – miose cutânea.

Suporte basico de vida pediátrico

É aplicado a latentes (<1 ano) e crianças (>1 ano) até à puberdade.

SEGSegurança (1.º Eu, 2.º a Vítima)Estimular a vítimaGritar por ajuda

Não responde Responde

Observar

Abrir Via Aérea A permeabilidade das vias aéreas O estado da consciência

- Com 2 dedos, flectir o pescoço- Por a mão na testa - 2 dedos do queixo

AVALIAR A VENTILAÇÃO Colocar em

posição de recuperação

- VER - OUVIR- SENTIR

5 INSUFLAÇÕES Boca a bocaNo RN também incluímos o nariz AVALIAR A CIRCULAÇÃO- Pulso carotidio (criança)

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Sim

Sem movimentos Reposicionar a via aérea

Ainda ineficaz?Saltar a avaliação da circulação

Não respira

10 Segundos

10 Segundos

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- Pulso braquial (RN)

COMPRESSÕS TORÁCICAS 15:2 Coordenadas com ventilação 6 ciclos Continuar CPR (reanimação cardio-pulmunar) (durante 1 min)Nota: não interromper por + de 10 seg. excepto para a disfibrilhação REAVALIAR

ACTIVAR O SEM(112)

Quando se pára: - Quando há exautão do reanimador- Quando o doente reanima - Quando chega a ajuda

A criança sufocada

Quando aspira um corpo estranho

Obstrução da via aérea

Desencadeia tosse: mecanismo de expulsão através do da pressão intra-torácica

VER ANEXO –OVACE

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