sebenta de saúde pública

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    Escola Superior de Enfermagem de Lisboa UC Saúde Pública

    CLE 2013/2017 0

    Saúde

    Pública 

    CLE

    2013/2017 

    Joana OliveiraNº 5568

    CLE 2013/2017

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    Índice

    Evolução do conceito de saúde desde a antiguidade, a época clássica, a idade média, a idade moderna

    e a época contemporânea...................................................................................................................... 5 

    Processos de Saúde Doença ................................................................................................................... 7 

    Saúde Pública ........................................................................................................................................ 9 

    Determinantes de Saúde Genéticos, Comportamentais e Ambientais ................................................. 19 

    Determinantes Sociais da Saúde (DSS) ................................................................................................. 25 

    Políticas, Sistemas e Recursos de Saúde............................................................................................... 27 

    Níveis de Prevenção ............................................................................................................................. 33 

    Indicadores de Saúde ........................................................................................................................... 34 

    Medidas de frequência (Observar, quantificar, medir frequência) ....................................................... 39 

    Fontes de Dados .................................................................................................................................. 41 

    Introdução à Epidemiologia ................................................................................................................. 45 

    Avaliação do risco em epidemiologia ................................................................................................... 49 

    Tipos de estudos em Epidemiologia ..................................................................................................... 53 

    Processo de planear em saúde ............................................................................................................. 63 

    Necessidade de planear em saúde ....................................................................................................... 64 

    Níveis de planeamento em saúde ........................................................................................................ 65 

    Etapas do processo de planeamento em saúde (PPS) .......................................................................... 68 

    Fontes de recolha de informação em saúde ......................................................................................... 69 

    Indicadores de avaliação da saúde da população ................................................................................. 70 

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    Objetivos:

    Compreender a evolução do conceito de saúde.

    Conhecer a evolução histórica da saúde pública.

    Caracterizar a enfermagem de saúde pública, comunitária e da família.

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    Evolução do conceito de saúde desde a antiguidade, a época clássica, a

    idade média, a idade moderna e a época contemporânea

    Influencias na conceção da saúde e da doençaPerspetiva mágica e sobrenaturalTeoria dos miasmas

    Era bacteriológica e medidas de higienização do ambiente

    Teoria do gérmen

    Teoria universal e teoria multicausal da saúde-doença

    Modelo ecológico de saúde

    Modelo de determinação social da saúde

    Movimento Lifestyle Risk Factor dos anos 60

    Modelo patogénico e salutogénico e de promoção de saúde

    Modelo de empoderamento em saúde

    Evolução do conceito de Saúde

    Modelo Biomédico

    o  A saúde é definida negativamente

    o  Ausência de defeitos num sistema físico

    o  Conceito que se aplica indiferentemente a todas as espécies

    OMS – 1ª assembleia mundial da saúde em Nova Iorque, 1946  

    “Um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença

    ou enfermidade.” 

    Após esta definição, a Saúde passou a ser considerada:

    o  “Um dos direitos fundamentais de todo o ser humano sem distinção de raça, religião,

    opiniões políticas e condições económicas e sociais” e foi aceite o princípio da ajuda

    mútua entre os países.

    o  As preocupações com a saúde das populações foram cada vez mais sentidas, reunindo

    sucessivamente responsáveis pela saúde de vários países, para refletir sobre a saúde,

    os fatores que a determinam e a forma de os controlar.

    o  A Conferência de Alma-Ata (URSS, 6 a 12 de setembro de 1978) definiu os CSP como a

    chave para atingir um nível de saúde capaz de permitir a todos uma vida económica esocialmente produtiva.

    Declaração de Alma-Ata, 1978

    Foi um marco no movimento de “Saúde para Todos” e baseia -se no reconhecimento de que a

    saúde é um objetivo social de primeira importância.

    A Declaração institui uma nova orientação para a política de saúde, conferindo especial ênfase

    ao envolvimento das pessoas, à cooperação entre os vários setores da sociedade, bem como à

    criação dos Cuidados de Saúde Primários (CSP).

    A saúde passou a ser entendida num sentido positivo, como um recurso da maior importânciapara o desenvolvimento social, devendo constituir um direito humano fundamental.

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    A perspetiva da saúde no século XX

    Surgem críticas ao Modelo Ecológico e, na década de 60, surge o Modelo Lifestylle risk factor.

    A Declaração de Alma-Ata salienta a importância o papel da governação na organização dos

    CSP. A Carta de Otawa salienta a importância da promoção da saúde.

    Surgem novas abordagens sociais da Epistemologia, como o Modelo de “Determinação Social

    da Doença”.  

    Os determinantes em saúde são referidos por Lalonde (1974) inclui 4 elementos:

    o  Biologia humana (fatores genéticos e biológicos)

    o  Ambiente

    o  Estilos de vida (comportamentos individuais relacionados com a saúde e

    características sociais)

    o  Organização dos Cuidados de Saúde

    Carta de Otawa

    A Carta de Otawa salienta a importância da promoção da saúde.

    A saúde passou a ser “construída pelo cuidado de cada um consigo mesmo e com os outros,

    pela capacidade de tomar decisões e de ter controle sobre as circunstâncias da própria vida e

    pela luta para que a sociedade ofereça condições que permitam a obtenção de saúde por

    todos os seus membros.”  

    Evolução do conceito de SaúdeViver-adoecer-morrer tem um caráter histórico, isto é, tanto a saúde como a doença e as

    correspondentes práticas de saúde referem-se a um estado (estar doente) e a uma maneira de

    resolver (curar), intimamente relacionados a cada momento d vida social, histórica e cultural.

    As revoluções da saúde no século XX

    1ª revolução na saúde: Modelo Biomédico baseado na teoria do germe e no modelo unicausal

    da doença.

    2ª revolução na saúde: Referido por Richmond, em 1979, centra-se na influência dos estilos de

    vida e da ecologia humana na saúde.

    3ª revolução na saúde: Capacitar o cliente para gerir os processos de saúde-doença.

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    Processos de Saúde Doença

    Teoria Unicausal das Doenças

    Surge com Luís Pasteur e diz que a doença é causada por um único fator

    Teoria da Multicausalidade das doenças

    Vários agentes etiológicos responsáveis pela doença. A doença é considerada uma relação

    causal, sem incluir as ciências sociais.

    Século XX –  influência da tecnologia e farmacologia

    Estrutura Epidemiológica das doenças transmissíveis

    Tríade básica da

    epistemologia/ecologia analítica

    para as doenças transmissíveis

    Níveis de prevenção

    Com base na história natural da história natural da doença:

    o  Prevenção primordial

    o  Prevenção primária

    Prevenção secundária

    o  Prevenção terciária

    o  Prevenção quaternária

    Com base nos programas de prevenção:

    o  Prevenção Universal

    o  Prevenção Seletiva

    o  Prevenção Indicada

    Pessoa doente ouinfetada

    Agente infecciosoOutra pessoa

    infetada

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    CLE 2013/2017 8

    Modelo Multicausal vs Níveis de prevenção

    História natural da doença

    Evolução de uma doença no indivíduo através do tempo na ausência de intervenção

    Níveis de prevenção de acordo com a história natural da doença

    Tipos de programas de intervenção

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    Saúde Pública

    História da saúde pública

    Passado: marcos históricos

    o  1901 –  Reforma de Ricardo Jorge

    o  1965 –  Introdução do Plano Nacional

    o  1971 –  Reforma de Gonçalves Ferreira

    o  1979 –  Lei de Bases do Serviço Nacional de Saúde

    o  1990 –  Lei de Bases da Saúde

    o  1999 –  Organização dos Serviços de Saúde Pública

    o  2005 –  Reforma dos Cuidados de Saúde Primários

    Presente: que desafios?

    o  Redução da natalidade

    o  Envelhecimento da população

    Transição epidemiológica da mortalidade e morbilidade:  Aumento das doenças cardio e cerebrovasculares

      Diabetes

      Doenças oncológicas

      Doenças músculo-esqueléticas

      Doenças neurológicas e psiquiátricas

    o  Dificuldade de controlo de doenças transmissíveis

      Tuberculose e VIH/SIDA

    Saúde Pública“Saúde Pública é a arte e a ciência de prevenir a doença, prolongar a vida, promover a saúde e

    a eficiência física e mental mediante o esforço organizado da comunidade, abrangendo o

    saneamento do meio, o controle das infeções, educação dos indivíduos nos princípios de

    higiene pessoal, a organização de serviços de saúde para o diagnóstico precoce e pronto

    tratamento das doenças e desenvolvimento de uma estrutura social que assegure a cada

    indivíduo na sociedade um padrão de vida adequado à manutenção da saúde”  

    O movimento da nova saúde pública

    Procura métodos adequados a cada realidade política que tornem mais eficientes as ações

    sociais e ambientais por saúde e qualidade de vida.

    Este aspeto pressupõe abandonar definitivamente o enfoque vertical e paternalista herdado

    do passado, decorrente de práticas prescritas dos profissionais de saúde, apoiados no

    biologicismo  e mecanicismo.

    O desenvolvimento de novas relações com o Estado e com a sociedade civil e desenvolvimento

    de novas habilidades dos profissionais para implementar novas práticas.

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    Paradigma patogénico e salutogénico

    O modelo patogénico valoriza a causa específica da doença ou lesão e a aculturação médica.

    O modelo salutogénico  valoriza a rede de fatores que determinam positivamente a saúde e a

    cultura do desenvolvimento individual e organizacional.

    A promoção de saúde  tem origem no modelo salutogénico.

    Modelo de intervenção comunitária

    Paradigma da saúde:

    Pretende melhorar e promover o bem-estar a nível físico, mental, social, funcional, emocional

    e espiritual. A saúde é a totalidade do processo de vida numa interação mútua com o

    ambiente e a doença surge como uma manifestação do desajuste da interação. Há uma visão

    holística do ser humano.

    Paradigma da doença:Dirige a ação de enfermagem para a prevenção da doença e da incapacidade com o objetivo

    de tratar os doentes, reduzir os riscos e os perigos, realizar os cuidados de saúde e promover o

    autocuidado e dar ênfase ao indivíduo, visão restrita dos processos de saúde doença.

    Salutogénese

    Termo de Aaron Antonovsky, 1979.

    Do latim Salus  (saúde) e do grego genesis (origens)

    “Reforço das competências, das pessoas e das comunidades, na melhoria do nível de saúde,

    potenciando os fatores gerados dos fatores de saúde, integrando-se na capacidade de gestãodos fatores de risco através da resiliência”.  

    o  Capacidade de compreensão

    o  Capacidade de gestão

    o  Capacidade de construção de sentido da vida

    Promoção da saúde

    O conceito de promoção da saúde começava a ser visível a partir do modelo de Leavell & Clark

    no esquema da História Natural da Doença.  

    A Promoção da Saúde é o processo que visa

    aumentar a capacidade dos indivíduos e das

    comunidades para controlarem a sua saúde,

    no sentido de a melhorar. Para atingir um

    estado de completo bem-estar físico, mental

    e social, o indivíduo ou o grupo devem estar

    aptos a identificar e realizar as suas

    aspirações, a satisfazer as suas necessidades

    e a modificar ou adaptar-se ao meio. A Saúde

    é entendida como um recurso para a vida e não como uma finalidade de vida.

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    Escola Superior de Enfermagem de Lisboa UC Saúde Pública

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    Pilares da Saúde Pública

    Epidemiologia, estatística, informática, economia e planeamento em saúde. A saúde pública

    em Portugal tem investido na Proteção Social e nas Políticas de Saúde.

    Comunidade

    É um grupo social determinado por limites geográficos e/ou por valores ou interesses comuns.

    Os seus membros conhecem-se e interagem uns com os outros. Funciona dentro de uma

    estrutura social particular que exibe novas formas e cria normas, valores e instituições sociais.

    É um trabalho coletivo composto por pessoas em interação que estão e vivem juntas, que

    podem ou não partilhar a sensação de um lugar ou um sentimento de pertença, e que agem

    intencionalmente para o propósito comum, bem como para os indivíduos que são partes do

    todo.

    Conceito de Comunidade

    Sistema Geopolítico:

    Comunidade corresponde a um lugar, a uma área geográfica específica.

    Ex: Comunidade que vive no bairro X ou na freguesia Y.

    Sistema Agregado:

    Grupos de indivíduos associados (características semelhantes ou experiências comuns) dentro

    de uma comunidade (sistema geopolítico).

    Ex: Comunidade étnica, religiosa, ou baseada em grupos etários, grupos com as mesmasnecessidades (idosos dependentes inscritos no CS, comunidade escolar inscrita no mesmo

    estabelecimento).

    Subsistema da comunidade

    Anderson, E. & McFarlane (1988) In Enfermagem Comunitária, p.297

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    CLE 2013/2017 12

    Saúde comunitária

    “ (…) uma ciência histórico-social, que percebe que as características dos seres humanos

    (doentes ou não) são sobretudo um produto de forças sociais mais profundas, ligadas a uma

    totalidade económico-social que é preciso conhecer e compreender para se explicar

    adequadamente os fenómenos de saúde e de doença com os quais ela se defronta”.  

    O seu objetivo não é o corpo biológico mas os corpos sociais: “Não se trata só de indivíduos

    mas de sujeitos sociais, de grupos e classes sociais e de relações sociais referidas ao processo

    saúde-doença”. (Pereira, 1986, p.30)  

    Enfermagem comunitária

    Conjunto de medidas e práticas de enfermagem e de saúde pública que têm impacto no bem-

    estar das pessoas.

    É uma síntese e aplicação de um amplo espetro de conhecimentos e técnicas científicas na

    promoção, reabilitação e manutenção da saúde das populações.

    O Enfermeiro de Saúde Comunitária

    Foca a sua intervenção em:

      Indivíduos (localização dos casos)

      Famílias

      Grupos

     

    Sistemas

      Comunidades

    Enfermagem de Saúde comunitária

    É a prática da proteção e promoção da saúde das populações utilizando conhecimentos das

    ciências de enfermagem, sociais e de saúde pública.

    É a síntese da arte e da ciência de saúde pública e de enfermagem.

    Enfermagem de Saúde pública

    Foca-se na saúde da população (no seu todo), apreciando as suas necessidades e prioridades

    da população. Estabelece relações de cuidados com as comunidades, as famílias, os indivíduos

    e os sistemas que formam as populações servidas pelo enfermeiro de saúde pública.

    Fundamenta-se na justiça social, sensibilidade para com a diversidade e respeito pelo valor de

    todas as pessoas, especialmente as mais vulneráveis.

    Inclui as dimensões fisiológica, psicológica, emocional, espiritual, social e ambiental da saúde e

    promove a saúde através das estratégias guiadas pela evidência epidemiológica, colaborando

    com os recursos da comunidade para alcançar essas estratégias adequadas guiadas pelaevidência epidemiológica.

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    Escola Superior de Enfermagem de Lisboa UC Saúde Pública

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    Princípios da enfermagem comunitária

    I. 

    Cliente: população, grupo, família

    II.  Bem-estar da população em geral

    III.  Clientes como parceiros

    IV.  Atividades de prevenção primária

    V. 

    Estratégias que criem condições de saúde e bem-estar

    VI. 

    Acessibilidade de todos a serviços

    VII.  Otimização de recursos

    VIII.  Colaboração com diversas entidades e profissionais

    Enfermagem de Saúde Pública Comunitária

    Prática de Enfermagem de Saúde Pública:

    o  O foco é a comunidade como um todo e o efeito do estado de saúde da comunidade

    sobre a saúde dos indivíduos, família e grupos.

    Os cuidados são prestados no contexto da prevenção da doença e incapacidade e dapromoção e proteção da saúde da comunidade como um todo.

    o  A prática de enfermagem centrada numa comunidade é uma prática num contexto

    específico.

    o  Os cuidados são prestados aos indivíduos e às famílias nos locais onde vivem,

    trabalham ou frequentam a escola.

    Prática de Enfermagem Comunitária – Enfermeiro presta cuidados através de:

    o  Apreciação/investigação e diagnóstico dos principais problemas da saúde e ambientais

    da comunidade, na vigilância da saúde.

    o  Monitorização e avaliação do estado de saúde da comunidade e da população.

    Objetivos:Prevenir a doença e incapacidade

    Promover, proteger e manter a saúde para criar condições para que as pessoas

    possam ser saudáveis.

    I. Centrada / focada na população.II. Fundamentada na justiça social.

    III. Focada no bem maior.

    IV. Focada na promoção da saúde e

    prevenção da doença.

    V. Faz o que os outros não podem

    ou não querem.

    VI. Orienta-se pela ciência da

    epidemiologia.

    VII. Organiza os recursos da

    comunidade.

    I. 

    Centra-se na relação

    II. Fundamenta-se na ética do cuidar

    III. Sensibilidade à diversidade

    IV. 

    Foco holístico

    V. Respeito pelo valor de todos

    VI. Prática independente

    VII. 

    Compromisso de longo prazo para

    com a comunidade

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    Escola Superior de Enfermagem de Lisboa UC Saúde Pública

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    Elementos comuns aos cuidados gerais e cuidados especializados

    Roda de intervenção de Saúde Pública

    Modelo de intervenção de Saúde Pública

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    Escola Superior de Enfermagem de Lisboa UC Saúde Pública

    CLE 2013/2017 15

    Modelo de Promoção de Saúde Comunitária

    Enfermagem de Saúde Pública, Comunitária e da Família

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    Escola Superior de Enfermagem de Lisboa UC Saúde Pública

    CLE 2013/2017 16

    o Leitura de textos para consolidação dos conceitos de Saúde, Saúde Pública e Saúde

    Comunitária; Tríade epidemiológica das doenças transmissíveis, história natural da

    doença e níveis de prevenção.o Leitura e análise das cartas e declarações relativas à saúde.

    o Leitura e análise das cartas e declarações da OMS relativas à saúde.

    o Em que consiste a perspetiva mágica ou sobrenatural da doença?

    o Em que consiste a teoria dos miasmas?

    o Distinga a teoria unicausal da teoria multicausal.

    o O que é a triada ecológica da saúde? Quais os elementos que a compõem?

    Distinga em enfermagem comunitária o sistema cliente agregado do geopolítico.

    o A comunidade é um sistema aberto. Refira os subsistemas comunitários.

    o Quais os contributos da Conferencia de Alma Ata e da Carta de Otawa para a saúde?

    o Quais os contributos da epidemiologia para a saúde pública?

    o Tendo em conta a história natural da doença refira os níveis de prevenção.

    o Distinga a prevenção primordial da prevenção primária.

    o Em que consiste a prevenção quaternária?

    o Tendo em conta os programas de saúde, distinga a intervenção universal da seletiva.

    o Refira os pilares de suporte da saúde pública?

    Refira 5 aspetos da prática de enfermagem de saúde pública.

    Perguntas orientadoras para o estudo

    Orientação para o TA

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    Escola Superior de Enfermagem de Lisboa UC Saúde Pública

    CLE 2013/2017 18

    Objetivos:

    Caracterizar os principais determinantes da saúde.

    Analisar a influência do ambiente, dos estilos de vida e dos recursos assistenciais na saúde

    das populações.

    Contextualizar o aparecimento dos estados providência na Europa como um fator promotor

    do desenvolvimento e da saúde da população europeia.

    Descrever as características do sistema de saúde português.

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    Determinantes de Saúde Genéticos, Comportamentais e Ambientais

    Estratégias do Plano Nacional de Saúde (PNS) 2012-2016

    Um dos eixos estratégicos do PNS para beneficiar o estado de saúde da população, enfatiza a

    proteção e promoção da saúde e a prevenção da doença, de que são exemplo a educação para

    a saúde, a vigilância nutricional e a intervenção sobre os determinantes de saúde.

    Influência dos Determinantes de Saúde no novo paradigma da Saúde Pública

    “O que diferencia a nova Saúde Pública da abordagem tradicional é a maior importância

    atribuída à descrição e análise dos determinantes de saúde e aos métodos de abordagem dos

    problemas, como a necessidade de mobilizar recursos e de fazer investimentos em políticas,

    programas e serviços que criem consistência e sinergias para a manutenção e proteção da

    saúde.” 

    A “ciência médica é intrínseca e essencialmente uma ciência social” em que as condições

    económicas e sociais exercem efeito sobre a saúde e a doença e tais relações devem ser

    submetidas à pesquisa científica.

    O termo Saúde Pública expressa um caráter político e a sua prática implica a intervenção na

    vida política e social para identificar, reduzir ou eliminar os fatores que prejudicam a saúde da

    população.

    Determinantes de Saúde… o que são? 

    A determinação da influência de alguns fatores na saúde não é um assunto novo. O relatório

    Marc Lalonde (1974) sugere que existem 4 determinantes gerais da saúde:

    I. 

    Biologia humana e genoma

    II.  Estilo de vida

    III.  Ambiente

    IV.  Cuidados, Recursos e Políticas da saúde

    De acordo com a OMS os principais determinantes da saúde incluem:

    1.  Características pessoais e comportamentos individuais da pessoa.

    2.  Ambiente:

    Social, económico e físico

    Acrescenta que o contexto em que as pessoas vivem é importante na qualidade de

    vida e no seu estado de saúde.

    Estilos de vida como determinantes da saúdeA saúde é influenciada por fatores modificáveis: condições, hábitos  e estilos de vida.

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    Exemplos de estilos de vida que influenciam a saúde:

      Práticas de hábitos alimentares

      Prática de atividade e exercício físico

      Modo de gerir o stress

      Hábitos de lazer e recreação

      Gestão do tempo e das atividades de vida

      Consumo de aditivos: tabaco, álcool, droga

      Vigilância da saúde

      Comportamento sexual

      Práticas de controlo e segurança

      Tipo de condução de veículos

    Estilo de vida: Aspetos em análise

    Estilo de vida e estratificação socialo  Evidência científica sobre a influência do estilo de vida na saúde

    o  Padrão de estilo de vida dos portugueses

    o  Estratégias para o melhorar os estilos de vida das populações

    Estilo de vida: O que fazer para o melhorar

    É fundamental a sensibilização dos cidadãos para a importância que os estilos de vida refletem

    na sua saúde. É necessário incentivar a adoção de comportamentos de prevenção e controlo

    de estilos de vida através de:

    I.  Identificação de fatores e de grupos de risco

    II. 

    Educação para a saúde

    III.  Capacitação das pessoas e grupos para fazerem escolhas saudáveis

    IV.  Promover mudanças ambientais que criem melhores condições de vida e favoreçam as

    mudanças de hábitos

    V.  Articular diferentes recursos intersectoriais

    Divisão de Estilos de Vida Saudáveis da DGS

    Na DGS a Direção de Serviços de Prevenção da Doença e Promoção da Saúde integra

    atribuições e competências:o  Incrementar a literacia e autodeterminação através de processos informativos e

    pedagógicos, tendo em vista a promoção de estilos de vida conducentes à saúde e ao

    bem-estar.

    o  Propor estratégias e coordenar programas e atividades de promoção de saúde nas

    pessoas em situação de vulnerabilidade, designadamente nas áreas da saúde oral e

    prevenção de acidentes, bem como no âmbito da promoção do envelhecimento ativo.

    o  Estudar determinantes da saúde dos portugueses no âmbito da promoção da saúde e

    prevenção da doença.

    O ambiente como determinante da saúde

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    Escola Superior de Enfermagem de Lisboa UC Saúde Pública

    CLE 2013/2017 21

    Ambiente: Elementos em análiseo  Tipos de ambiente: físico, económico, social ou cultural

    o  Conceito de ambiente e de saúde ambiental

    o  Ambiente sustentável

    o  Ambiente como fator interno e externo à população

    o  Orientações internacionais sobre sustentabilidade ambiental

    o  Importância do ambiente saudável nos locais onde se nasce, cresce, vive, estuda e

    trabalha

    Desenvolvimento de um ambiente sustentável

    Um ambiente sustentável visa melhorar as condições de vida dos indivíduos preservando

    simultaneamente o meio ambiente.

    O Desenvolvimento Sustentável é um modelo económico, social, político, cultural e ambiental

    equilibrado que satisfaz as necessidades das gerações atuais, sem comprometer a capacidade

    das gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades. (Relatório da Comissão

    Brundtland, 1987)

    Ao questionar o estilo de desenvolvimento atual verifica-se que este é ecologicamente

    predatório na utilização dos recursos naturais, socialmente perverso com geração de pobreza

    e extrema desigualdade social, politicamente injusto com concentração e abuso de poder,culturalmente alienado em relação aos seus próprios valores e eticamente censurável no

    respeito aos direitos humanos e aos das demais espécies.

    O conceito de sustentabilidade comporta diferentes aspetos ou dimensões: Sustentabilidade… 

    o  Social

    o  Económica

    o  Ecológica

    o  Cultural

    o  Espacial

    o  Política

    o  Ambiental

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    CLE 2013/2017 22

    Conferências e Orientações Internacionais para o Desenvolvimento de um ambiente

    sustentável

    Junho 1992 - Rio Janeiro, Cimeira da terra I

    Junho 1976 - Habitat I: Declaração de Vancouver sobre Assentamentos Humanos

    Junho de 1996  - Habitat II: Declaração de IstambulJunho de 2016 Habitat III: Heralding a new urban era (Anunciando uma nova era urbana)

    Dezembro de 1997  - Protocolo de Quioto sobre a redução da emissão dos gases que agravam

    o efeito estufa

    Setembro de 1998    –   Declaração de Munique: saúde XXI. Política adotada para a Região

    Europeia

    Junho 2002  - Cimeira de Joanesburgo (Rio+10 ou Cúpula da Terra II) sobre o desenvolvimento

    sustentável

    Maio de 2006  - “Carta de Leipzig (Alemanha) sobre Cidades Europeias Sustentáveis” aprovada

    no Conselho Informal de Ministros responsáveis pelo Ordenamento do Território e

    Desenvolvimento Urbano

    Outubro de 2011   - Declaração do Rio sobre “Conferência Mundial Determinantes Sociais da

    Saúde” 

    Junho 2012   - Rio+20. Conferência Internacional sobre a Importância da equidade e da saúde

    para assegurar o desenvolvimento sustentável

    Ambiente Físico

    Meta 10 da Saúde 21

    No ano de 2015 as pessoas deverão viver num ambiente físico mais saudável, com uma

    exposição a contaminantes prejudiciais à saúde a níveis que não excedam os padrões

    acordados internacionalmente.

    NOTA:

    I. 

    Ver Protocolo de Quioto (1997) sobre a redução da emissão dos gases que agravam o

    efeito estufa como causa antropogénica do aquecimento global.

    II.  http://www.youtube.com/watch?v=G-rtYwa6fsE    Importância do Segundo Período

    de Compromisso do Protocolo de Quioto

    Sustentabilidade dos Assentamentos Humanos

    O local onde as pessoas vivem afeta a sua saúde e a possibilidade de gozar uma vida próspera.

    Em 2007 a maioria dos seres humanos encontrava-se em ambientes urbanos.

    Cerca de 1bilião vive em bairros degradantes.

    Verifica-se a contínua deterioração das condições de habitação e dos “assentamentos

    humanos” (Human Settlements). Mas reconhece-se que as cidades são centros de civilização

    geradoras de desenvolvimento económico, social, espiritual e de avanços científicos. Devemos

    aproveitar as oportunidades apresentadas pela organização de novos assentamentos humanos

    e preservar a sua diversidade para promover a solidariedade entre todos os povos.

    http://www.youtube.com/watch?v=G-rtYwa6fsEhttp://www.youtube.com/watch?v=G-rtYwa6fsEhttp://www.youtube.com/watch?v=G-rtYwa6fsE

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    CLE 2013/2017 23

    Saneamento do ambiente

    “Controle de todos os fatores do meio físico do Homem que exercem ou podem exercer efeito

    deletério sobre o seu bem-estar físico, mental ou social.” OMS  

    “Conjunto de medidas visando preservar ou modificar as condições do meio ambiente com a

    finalidade de prevenir doenças e promover a saúde.”  

    Inclui os seguintes aspetos:

    o  Abastecimento de água

    o  Saneamento básico (águas residuais e resíduos sólidos)

    o  Controle dos insetos e roedores

    o  Saneamento e higiene dos alimentos

    o  Controle da poluição ambiental (sonora, química, nuclear, solos e águas e atmosfera)

    o  Saneamento da habitação, dos locais de trabalho e de recreação

    o  Saneamento aplicado ao planeamento territorial (Exemplo: PDM)

    Ambiente e Higiene Urbana

    Para uma boa higiene ambiental:

    o  Proteger do ruído e das

    vibrações

    o  Controlo da poluição

    atmosférica

    o  Boa isolação, iluminação e

    ventilação nas habitações

    Para um bom saneamento básico:

    o  Abastecimento de água

    potável

    o  Drenagem e tratamento das

    águas residuais

    o  Triagem, recolha, transporte e

    tratamento dos resíduos

    sólidos

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    CLE 2013/2017 24

    O que é uma cidade sustentável?

    Uma cidade saudável é aquela que está continuamente a criar e a desenvolver os seus

    ambientes físico e social, e a expandir os recursos comunitários que permitem às pessoas

    apoiarem-se mutuamente nas várias dimensões da sua vida e no desenvolvimento do seu

    potencial máximo. (Goldstein e Kickbusch, 1996)

    A Rede Portuguesa de Cidades Sustentáveis

    É uma associação de municípios constituída formalmente a 10/10/1997 que tem como missão

    apoiar a divulgação, implementação e desenvolvimento do projeto Cidades Saudáveis nos

    municípios que pretendam assumir a promoção da saúde como uma prioridade na agenda.

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    CLE 2013/2017 25

    Determinantes Sociais da Saúde (DSS)

    Em março de 2005 a OMS criou a Comissão sobre Determinantes Sociais da Saúde com o

    objetivo de promover, a nível internacional, a tomada de consciência sobre a importância dos

    determinantes sociais na situação de saúde de indivíduos e das populações sobre a

    necessidade do combate às iniquidades (injustiças) em saúde.

    A OMS refere que os DSS são as condições sociais em que as pessoas vivem e trabalham e

    que estes  expressam o conceito generalizado de que as condições de vida e trabalho dos

    indivíduos e de grupos da população estão relacionadas com a saúde.  

    Já a Comissão Nacional sobre os

    Determinantes Sociais da Saúde

    (CNDSS) diz que os DSS são os fatores

    sociais, económicos, culturais,étnicos/raciais, psicológicos e

    comportamentais que influenciam a

    ocorrência de problemas de saúde e

    seus fatores de risco na população.

    Evolução da perspetiva sobre os DSS

    A Conferência de Alma-Ata, no final dos anos 70, e as atividades inspiradas no tema “Saúde

    para todos no ano 2000” recolocam em destaque o tema dos determinantes sociais.  

    Na década de 80, o enfoque da saúde como um bem privado desloca novamente o pêndulo

    para uma conceção centrada nos cuidados de saúde individuais.

    Na década de 90 com o debate sobre as Metas do Milénio, enfatizam-se os determinantes

    sociais que resultam na criação da Comissão sobre os Determinantes Sociais da Saúde da OMS,

    em 2005.

    Perspetiva sobre os DSS: Aspetos a considerar

    o  Ambiente social

    o  Intersetorialidade

    o  Desenvolvimento sustentável

    o  Impacto das medidas ambientais na saúde

    o  Políticas de âmbito internacional

    o  Globalização dos problemas

    Promover a equidade em saúde

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    CLE 2013/2017 26

    Revolução Copérnica da Saúde e a

    Intersetorialidade

    A Revolução Copérnica da Saúde retira a saúde do

    centro da questão e coloca no core o

    Desenvolvimento Humano Sustentável, como centrodas preocupações para onde devem convergir todos

    os esforços intersectoriais e todas as políticas.

    Promover a equidade em saúde

    Equidade em saúde é a ausência de diferenças evitáveis, injustas e passíveis de modificação do

    estado de saúde de grupos populacionais de contextos sociais, geográficos ou demográficos

    diversos. Expressa-se como a igual oportunidade de cada cidadão atingir o seu potencial de

    saúde.

    A equidade e o acesso adequado aos cuidados de saúde resultam em ganhos na saúde,

    melhoramento da coesão e da justiça social  e promoção do desenvolvimento de um país.

    Iniquidade em Saúde

    Os DSS são fatores sociais, económicos ou comportamentais que influenciam a saúde positiva

    ou negativamente e que podem ser influenciados por decisões políticas ou individuais. (A

    idade, o sexo e os fatores genéticos também influenciam a saúde mas não são modificáveis

    por essas decisões).

    Os Determinantes Sociais das Iniquidades em Saúde são fatores de natureza social, económica

    ou comportamental que aumentam ou diminuem as iniquidades em saúde e que podem

    sempre ser influenciados por escolhas ou decisões políticas e individuais. Podem ser diferentes

    conforme os diversos grupos socioeconómicos.

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    CLE 2013/2017 27

    Políticas, Sistemas e Recursos de SaúdeO conceito de cidadania comporta:

    As liberdades individuais:  expressas pelos direitos civis  –  direito de mobilidade, de imprensa,

    de fé, de propriedade,… - institucionalizados pelos tribunais de justiça.

    Os direitos políticos:  de votar e ser votado, diga-se, participar do poder político, por meio do

    parlamento e do governo.

    Os direitos sociais:   caracterizados como o acesso a um serviço mínimo de bem-estar

    económico e de segurança, como um ser civilizado.

    Direito à saúde

    “Todos têm direito à proteção da saúde e o dever de a defender e promover”  

    Responsabilidade pública: envolve os cidadãos na defesa de bens comuns, como na proteção

    do ambiente ou na segurança alimentar.

    Responsabilidade individual: com a adoção de estilos de vida saudáveis reduzir-se-á de uma

    parte importante dos problemas de saúde individuais e coletivos.

    O início do Estado Providência?

    O modelo bismarckiano (1862-1890) desenvolveu-se gradualmente na Europa e noutros países

    industrializados com mudanças consideráveis no final do século XIX e XX.

    O Estado Providência desenvolveu-se a partir da Grande Depressão económica de 1929-30.

    Em meados do século XX, após a Segunda Guerra Mundial, quando a Previdência Social passa a

    fazer parte da chamada “Segurança Social”.  

    Em Inglaterra o Barão William Beveridge (1879-1963) elaborou em 1942, o Reporto n Social

    Insurance and Allied Services, conhecido como Plano Beveridge.

    Que modelos em Portugal?

    3 Modelos de Estado Providencia definidos por Gota Esping:

    o  Estado Providência Liberal   –  1919-30

    o  Estado corporativo e conservador   –  1930-40 a 1974

    o  Aproximação ao regime social-democrata   (princípio de universalismo  –   abrangência

    das classes médias e procura da igualdade) –  A partir de 1974

      Após a crise de 2008, que modelo se utilizou?

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    Escola Superior de Enfermagem de Lisboa UC Saúde Pública

    CLE 2013/2017 28

    ACESUnidade de SaúdeFamiliar (USF)

    Unidade deRecursos

    AssistenciaisPartilhados

    (URAP)

    Unidade de SaúdePública (USP)

    Unidade deCuidados de

    SaúdePersonalizados

    (UCSP)

    Unidade deCuidados naComunidade

    (UCC)

    Novos paradigmas emergentes do setor da saúde

    o  Globalização e desigualdades sociais

    o  Utilização dos mecanismos de mercado, por parte dos Governos, para atingir objetivos

    públicos com as privatizações do setor da saúde

    o  Reforma do Estado

    o  Novas formas de prestação de serviços

    o  Criação do terceiro setor (ONG)

    Sistema Nacional de Saúde

    É composto por Profissionais, Entidades Públicas e Entidades Privadas.

    Organização dos cuidados de saúde

    A Organização Territorial dos cuidados de Saúde é composta por:

    I.  A rede de Cuidados de Saúde Primários como estrutura de proximidade, continuidade

    e acesso privilegiado, centrada no cidadão, família e comunidade;

    II.  Os Cuidados pré-hospitalares, nomeadamente a emergência médica;

    III. 

    A rede hospitalar (número de hospitais, localização e tipologia) entendida como um

    sistema integrado de prestação de cuidados de saúde, altamente especializados,

    urgentes e emergentes, organizado de modo coerente, assente em princípios de

    racionalidade e eficiência;

    IV.  A Rede Nacional de Cuidados Continuados e Integrados.

    ACES: Organização

    Quem pode ser beneficiário do SNS?

    Todos os cidadãos portugueses são beneficiários do SNS, assim como os cidadãos nacionais de

    Estados membros da União Europeia (nos termos das normas comunitárias aplicáveis) e ainda

    os cidadãos estrangeiros residentes em Portugal (em condições de reciprocidade) e os

    apátridas residentes em Portugal.

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    CLE 2013/2017 29

    Prioridades para as políticas de saúde

    1. 

    O combate às desigualdades

    2.  A Saúde e todas as Políticas

    3.  A integração e a continuidade de cuidados

    4.  Melhor governação na saúde

    5.  Formação de profissionais de saúde

    6.  Melhorar as tecnologias de informação e comunicação

    Legislação de suporte

    Documentos de orientação das políticas de saúde e sociais no início do milénio:

    A nível nacional:

    o  Constituição da República Portuguesa

    o  Lei de bases de saúde

    Carta dos Direitos de Acesso aos Cuidados de Saúde pelos utentes do Serviço Nacionalde Saúde

    o  Organização do SNS e do Ministério da Saúde

    o  Programa do XIX Governo Constitucional para a Saúde na legislatura –  2011 a 2015

    A nível internacional:  

    o  Estratégia de Lisboa

    o  Declaração do Milénio

    o  Saúde 21, Conferência de Viena, 1998

    o  Conferência de Munique, 2000

    Carta Europeia dos Sistemas de Saúdeo  Conferência de Tallinn, 2008

    o  Livro Branco da Saúde

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    CLE 2013/2017 30

      Descreva os principais fatores determinantes da saúde das populações.

      Distinga hábitos de vida de estilos de vida.

     

    Enumere os principais estilos de vida que influenciam a saúde.  Caracterize os tipos de ambiente que influenciam a saúde.

      Refira as principais características do padrão de estilo de vida dos portugueses que

    urge mudar.

      Descreva as principais componentes do saneamento básico.

      O que são cidades saudáveis?

      Descreva o modelo de Dahlgren e Whitehead tendo em conta os níveis em que se

    situam os diferentes determinantes.

      Refira 3 estratégias para minimizar as desigualdades em saúde.

      O que são estados providência?

     

    Como estão organizados os cuidados de saúde em Portugal?

      Como estão organizados os ACES?

      Quem pode ser beneficiário do SNS em Portugal?

      Refira as forças e as fraquezas do SNS português.

    Questões Orientadoras para o estudo

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    CLE 2013/2017 31

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    Escola Superior de Enfermagem de Lisboa UC Saúde Pública

    CLE 2013/2017 32

    Objetivos: 

    Conhecer a avaliação das necessidades de saúde das populações

    Analisar medidas de saúde e suas aplicações

    Analisar indicadores de saúde

    Analisar medidas de frequência, associação e de impacto

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    Escola Superior de Enfermagem de Lisboa UC Saúde Pública

    CLE 2013/2017 33

    Níveis de Prevenção

    Prevenção Primordial

    Medidas para evitar o aparecimento e a consolidação de comportamentos de vida sociais,

    económicos e culturais que contribuem para elevar o risco de adoecer;

    Nível de prevenção mais recentemente reconhecido com grande relevância no campo da

    saúde populacional;

      Medidas contra efeitos mundiais da poluição atmosférica

      Dieta nacional com baixa de gordura saturada

      Baixa de sal no pão

    Prevenção PrimáriaMedidas dirigidas à incidência da doença mediante o controlo das suas causas e fatores derisco;Medidas de proteção da saúde através de esforços individuais e comunitários

      Imunização

      Cloração da água

      Uso de preservativos

      Modificação de comportamentos contra efeitos mundiais da poluição atmosférica

    Prevenção SecundáriaMedidas dirigidas às pessoas doentes e à redução das consequências da doença através dodiagnóstico precoce e tratamento imediato da doença.Reduzir a gravidade e duração da doença, reduzir complicações e letalidade da doençaExemplo

    Rastreio populacional –  exame de Papanicolau, mamografiaDeteção precoce do cancro do colo do útero Cancro do colon.

    Prevenção Terciária

    Medidas para a redução da progressão e das complicações de uma doença já estabelecidamediante a aplicação de medidas orientadas a reduzir sequelas e deficiências, minimizar osofrimento e facilitar a adaptação dos doentes ao ambiente.

    Medir Saúde

    Medição: é o procedimento de aplicação de um padrão a uma variável ou a um conjunto devalores.

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    CLE 2013/2017 34

    Indicadores de Saúde

    Nível de saúde e bem-estar, capacidade funcional, presença e causa das doenças e óbito eesperança de vidas das populações.

    Exemplos  Indicadores de bem-estar

      Saúde mental

      Autoestima

      Satisfação com o trabalho

      Exercício físico

    Impacto dos problemas de saúde na vida diária

      Capacidade para realizar atividades de vida diária

     

    Capacidade para realizar atividades instrumentais

      Capacidade de locomoção

      Lesões e acidentes domésticos e ou no local de trabalho

      Anos de vida sem incapacidade

    Índice de Qualidade de Vida (EQ-5D™) 

      Mobilidade

      Autocuidado

      Atividades habituais

      Dor/desconforto

      Ansiedade/depressão

      Fontes de dados: Inquérito Nacional de Saúde Investigação

    Indicadores de morbilidade

      Medem a frequência de problemas de saúde específicos

      Infeções

     

    Cancro  Anomalias Congénitas

      Acidentes de trabalho

      Doenças de declaração obrigatória: casos notificados

    Exemplos:SIDA- casos diagnosticadosTuberculose –  casos por 100 000 habitantesFontes de dados:

      Registos hospitalares e de serviços de saúde

      Sistema Especifico de vigilância Epidemiológica - Notificações de doenças obrigatórias

     

    Médicos Sentinela  Registo Oncológicos e de Anomalias Congénitas

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    CLE 2013/2017 35

    Indicadores de mortalidade geral ou específica

      Óbitos por algumas causas de morte

      Óbitos totais e no primeiro ano de vida

      Taxa bruta de mortalidade

     

    Taxa de mortalidade infantil

      Taxa de mortalidade materna

      Taxa de mortalidade perinatal e neonatal

      Números absolutos, Taxas por idade, Sexo e Causas Específicas

      Fontes de dados: Certidão óbito

    Taxa bruta de mortalidade

    Número de óbitos observado durante um determinado período de tempo, normalmente um

    ano civil, referido à população média desse período (habitualmente expressa em número de

    óbitos por 1000 (10^3) habitantes).

    Taxa de mortalidade infantil

    Número de óbitos de crianças com menos de 1 ano de idade observado durante um

    determinado período de tempo, normalmente um ano civil, referido ao número de nados-

    vivos do mesmo período (habitualmente expressa em número de óbitos de crianças com

    menos de 1 ano por 1000 (10^3) nadosvivos).

    Taxa de Mortalidade Perinatal

    Número de óbitos fetais de 28 ou mais semanas de gestação e óbitos de nados-vivos com

    menos de 7 dias de idade observado durante um determinado período de tempo,

    normalmente um ano civil, referido ao número de nados-vivos e fetos mortos de 28 ou mais

    semanas do mesmo período (habitualmente expressa em número de óbitos fetais de 28 ou

    mais semanas e óbitos de nados-vivos com menos de 7 dias de idade por 1000 (10^3) nados-

    vivos e fetos mortos de 28 ou mais semanas).

    Taxa de Mortalidade Neonatal

    Número de óbitos de crianças com menos de 28 dias de idade observado durante um

    determinado período de tempo, normalmente um ano civil, referido ao número de nados-

    vivos do mesmo período (habitualmente expressa em número de óbitos de crianças commenos de 28 dias de idade por 1000 (10^3) nados-vivos).

    Finalidade

    Criar de forma sistemática, evidências que permitam identificar padrões e tendências que

    ajudem a desenvolver ações de proteção e promoção da saúde e de prevenção e controlo e

    doenças na população.

  • 8/17/2019 Sebenta de Saúde Pública

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    Escola Superior de Enfermagem de Lisboa UC Saúde Pública

    CLE 2013/2017 36

    O que são então Indicadores de Saúde?

    Indicadores são medidas-síntese que contêm informação relevante sobre determinadosatributos e dimensões do estado de saúde, bem como do desempenho do sistema de saúde.

    Indicadores de saúde medem na população diferentes aspetos relacionados com a função ou

    incapacidade, a ocorrência de doença ou óbito, recursos e desempenho dos serviços.

    Os indicadores podem ser aplicados para avaliar a estrutura, os processos e os resultados dosserviços de saúde.

    Permitindo fazer diagnóstico de situação, definir prioridades, estabelecer metas avaliarintervenções, comparar resultados entre pessoas, tempos e área geográfica.

    Nos anos 50 a OMS definiu 3 grupos:

    1-Os que traduzem diretamente a saúde (ou a sua ausência) num grupo populacional. (gerais eespecíficos).Exemplos:Taxa bruta de mortalidade (geral), taxa de mortalidade infantil(específico), esperança de vida ànascença(geral) taxa de mortalidade por doença transmissível.

    2-Os que se referem às condições ambientais que têm influência direta sobre a saúde.Exemplos:Abastecimento de água, rede de esgotos, poluição ambiental.

    3 - Os que medem os recursos materiais e humanos relacionados com as atividades de saúde.

    Exemplos:Número de camas hospitalares em relação ao número de habitantes, número de profissionaisde saúde (médicos, enfermeiros, farmacêuticos) em relação ao número de habitantes)

    Indicadores de saúde- Portugal (Estado da Saúde, Determinantes,

    Desempenho do Sistema de Saúde e Contexto Plano Nacional de Saúde 2011-

    2016)

    1)  Indicadores do Estado de Saúde  –  permite analisar o quão saudável é a populaçãoatravés de dimensões como: mortalidade, morbilidade, incapacidade e bem-estar;

    2)  Indicadores dos Determinantes de Saúde -  possibilitam o conhecimento dos fatoresque influenciam o Estado de Saúde e a utilização dos cuidados de saúde:comportamentos, condições de vida e trabalho, recursos pessoais e ambientais;

    3)  Indicadores do Desempenho do SdS -  permitem a monitorização através de múltiplasdimensões: aceitabilidade, acesso, qualidade, capacitação, integração de cuidados,efetividade, eficiência e segurança;

    4)  Indicadores de Contexto – caracterizam determinantes individuais ou de desempenhodo SdS, informação importante para a saúde (CIHI, 2005).

  • 8/17/2019 Sebenta de Saúde Pública

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    Escola Superior de Enfermagem de Lisboa UC Saúde Pública

    CLE 2013/2017 37

    Indicadores de saúde

      São instrumentos de medida sumária que refletem, direta ou indiretamente,informações relevantes sobre diferentes atributos e dimensões da saúde bem comodos fatores que a determinam.

     É uma característica de um indivíduo, população ou ambiente suscetível de medição(direta ou indiretamente) e que podem utilizar-se para descrever um ou mais aspetosde saúde de um indivíduo ou população (qualidade, quantidade e tempo).

      Contém em si um conjunto de atributos ou de características que permitem calculá-lopor processos de medição/avaliação “minimamente” rigorosos e comparáveisindependentemente de quem os aplica.

    Qualidades dos Indicadores de saúde

      ÚTIL - avalia as atividades prioritárias

      ACESSÍVEL - baseado em dados disponíveis em tempo útil e de qualidade suficiente

     

    CORRECTO sob ponto de vista ético  –  no processo de recolha, análise e apresentação dosdados permite preservar as regras de confidencialidade, consentimento informado,

    liberdade de dar e reter informação

      ROBUSTO - fiável que permite medir o fenómeno a estudar em circunstâncias diversas

    com a necessária validade, especificidade e sensibilidade

      REPRESENTATIVO - construção baseada em dados obtidos do total ou de uma amostra

    representativa dos grupos de interesse

      FÁCIL DE COMPREENDER  –  permite uma rápida apreensão do que está implicado para a

    decisão e/ou ação a tomar tanto pelos profissionais como para leigos.

      Fácil de obter dados

     

    Fácil de calcular e de interpretar

      Mede o que se quer medir e descrimina o que se quer medir

      Sensível –  Identifica Falsos Positivos

      Específico –  Identifica Falsos Negativos

      É comparável e fácil de utilizar por outros

    Classificação/Tipo

    o  Input ou de ESTRUTURA (acesso geográfico, cultural, operacional, económico) 

     

    Avalia a qualidade de um Programa de Saúde, de uma Intervenção

    o  Processo

      Uso dos serviços, produtividade, utilização dos recursos

    o  Output ou de resultados no sentido de PRODUÇÃO

      Cobertura, eficácia, efetividade eficiência

    o  Outcome resultados no sentido de IMPACTO

      Morbilidade, mortalidade, Qualidade de vida, Satisfação Diminuição da Dor,

    Aumento da cobertura vacinal

  • 8/17/2019 Sebenta de Saúde Pública

    39/81

    Escola Superior de Enfermagem de Lisboa UC Saúde Pública

    CLE 2013/2017 38

    Indicadores de Resultado

    Eficácia  –  Capacidade de concretização dos objetivos ou efeitos pretendidos de determinada

    intervenção ou tecnologia em condições ideais de aplicação ( estudo/experiência).

    Efetividade - Capacidade de um programa produzir no campo os resultados pretendidos ou

    esperados. Medida do grau de concretização dos objetivos ou efeitos previamente definidos,nas condições reais de execução de um projeto.

    Eficiência  –  capacidade de um programa produzir resultados pretendidos com o mínimo de

    dispêndio de tempo e recursos. O que foi obtido com os recursos gastos.

  • 8/17/2019 Sebenta de Saúde Pública

    40/81

    Escola Superior de Enfermagem de Lisboa UC Saúde Pública

    CLE 2013/2017 39

    Medidas de frequência (Observar, quantificar, medir frequência)

    ProbabilidadeNúmero de eventos/acontecimentos que podem ocorrer num determinado momento

    Risco para a saúdeProbabilidade de experimentar um efeito adverso ou dano num tempo determinado

    TaxaMedida de velocidade de mudança de um fenómeno dinâmico por unidade de população e

    de tempo (tempo-pessoa de exposição)

    Medida de ocorrência da doença ou acontecimento (Ocorrência / população em risco) 

      Proporção

     

    Rácio

      Taxa

    Proporção

      Divisão de 2 números

      Numerador INCLUIDO no denominador

      Geralmente, quantidades são da mesma natureza

      Geralmente, variam entre 0 e 1

      Percentagem = proporção x 100

    Rácio

      A divisão de dois números

      Numerador NÃO ESTÁ INCLUÍDO no denominador

      Permite comparar quantidades de natureza diferente

    Taxa

      Divisão de 2 números X onde n é o número de crianças nascidas no ano e p é a média

    populacional do período em questão.

      Taxa pode ser expressa em qualquer potência de 10, 100, 1000, 10000, 100.000…  

    Taxa padronizada  Uso da taxa de mortalidade padronizada segundo a idade (ajustada à idade)

      População padronizada europeia (1990 WHO)  –   elimina-se o efeito da idade na

    morbilidade e mortalidade

      Método direto    –  as taxas de doença ou morte da população padronizada aplica-se à

    população que se vai comparar

      Método indireto- usa um conjunto de taxas de morbilidade e ou mortalidade e

    estabelece a relação entre as mortes observadas com as esperadas

      Só as taxas padronizadas permitem comparar regiões

  • 8/17/2019 Sebenta de Saúde Pública

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    Escola Superior de Enfermagem de Lisboa UC Saúde Pública

    CLE 2013/2017 40

    Medir a ocorrência da doença

      Prevalência 

      Número de casos de uma doença em uma dada população em um momento específico

      Proporção da população que teve a doença em um determinado momento

     

    Probabilidade de ter a doençaº ç

    çã 

      Incidência

      Número de casos de uma doença em uma dada população em um momento específico

      Proporção da população que teve a doença em um determinado momento

      Probabilidade de ter a doença

    º çã ú í

    çã í í 

    Medidas de associação

    Associação

    Relação de dependência estatística entre dois ou mais eventos, características ou outras

    variáveis.

    Uma associação está presente se a probabilidade de ocorrência de um evento depende da

    ocorrência de outro ou outros.

    Fator de risco

    Característica ou circunstância detetável nos indivíduos ou grupos, associada com uma

    probabilidade incrementada de experimentar um dano ou efeito adverso da saúde.

    Geralmente um fator de risco é um atributo ou exposição que incrementa a probabilidade de

    ocorrência de uma doença ou outro dano à saúde.

  • 8/17/2019 Sebenta de Saúde Pública

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    Escola Superior de Enfermagem de Lisboa UC Saúde Pública

    CLE 2013/2017 41

    Fontes de Dados

      Censos Nacionais –  cada década ano 1

      Contagem periódica da população

     

    Estimativas e projeções

      Inquéritos e registos

      Notificação de casos

      Registo de mortalidade

      Pesquisas epidemiológicas

      Registos demográficos

    Características:

     

    Sistemas harmonizados e unificados (dados verdadeiros e fiáveis)  Classificação Internacionais da Doença (CID- 10) –  definição dos casos

      Procedimentos padronizados para permitir comparações ao longo do tempo numa

    mesma população ou entre populações diferentes.

    Fontes de dados em Portugal/Europa

      Notificação óbitos –  INE; DGS

      Doenças de Declaração Obrigatória –  INSA

    ECDC: Excelência na prevenção e controlo das doenças infeciosas

    Sistema Europeu de Vigilância - TESSy. http://www.ecdc.europa.eu/

      Doenças - Registos Hospitalares (ACSS) –  Administração Central do Sistema de Saúde

    Médicos Sentinela –  INSA

      Internamentos Hospitalares  –   GDH - Grupos de Diagnósticos Homogéneos - Altas

    hospitalares

      Estado Saúde da População –  Inquérito Nacional de Saúde  –  INSA

      Doenças Oncológicas - Registo Oncológico Regionais Estimar Incidência do cancro

      Famacovigilância –  INFARMED

    Índice de Dependência de IdososRelação entre a população idosa e a população em idade ativa, definida habitualmente como o

    quociente entre o número de pessoas com 65 ou mais anos e o número de pessoas com idades

    compreendidas entre os 15 e os 64 anos (expressa habitualmente por 100 (10^2 ) pessoas com

    15-64 anos).

    Índice de Longevidade

    Relação entre a população mais idosa e a população idosa, definida habitualmente como o

    quociente entre o número de pessoas com 75 ou mais anos e o número de pessoas com 65 ou

    mais anos (expressa habitualmente por 100 (10^2) pessoas com 65 ou mais anos.

  • 8/17/2019 Sebenta de Saúde Pública

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    Escola Superior de Enfermagem de Lisboa UC Saúde Pública

    CLE 2013/2017 42

    Indicadores Demográficos

      A taxa de fecundidade total

      A esperança de vida ao nascer e aos 65 anos

      As relações de dependência da idade - Índice Envelhecimento  

     

    Taxas brutas de nascimentos, óbitos  Taxa de crescimento populacional

    Indicadores de um problema de saúde

      Qualquer doença, lesão, fator de risco, ameaça ao ambiente ou à condição social, que

    pode causar a morte / invalidez.

    Pontos que precisam de ser caracterizados

     

    O quê:  Natureza / etiologia da situação da doença ou problema de saúde  Quanto: Magnitude

      Quem:  População em risco

      Onde:  Localização geográfica Geographic locations

      Quando:  Tempo de ocorrência/variações sazonais

  • 8/17/2019 Sebenta de Saúde Pública

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    Escola Superior de Enfermagem de Lisboa UC Saúde Pública

    CLE 2013/2017 43

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    Escola Superior de Enfermagem de Lisboa UC Saúde Pública

    CLE 2013/2017 44

    Objetivos: 

    Compreender a importância da epidemiologia como disciplina básica da saúde pública.

    Conhecer a breve história da epidemiologia.

    Identificar as finalidades da epidemiologia.

    Descrever os objetivos da epidemiologia.

    Identificar a utilização da epidemiologia em saúde

  • 8/17/2019 Sebenta de Saúde Pública

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    Escola Superior de Enfermagem de Lisboa UC Saúde Pública

    CLE 2013/2017 45

    Introdução à Epidemiologia 

    Epidemiologia e Saúde Pública

    Epidemiologia é uma ciência fundamental para a saúde pública e é essencial no processo de

    identificação e descrição de doenças emergentes.

    Oferece à Saúde Pública explicações para os problemas de saúde das populações e permite-lhe

    saber sobre o quê agir e quais os cenários de possível evolução dos problemas. Permite aos

    decisores optarem em função de diferentes pressupostos, sobre como agir, e permite também

    ajuizar sobre os resultados das ações empreendidas, em simultâneo com a elevação do nível

    de consciência, de compreensão e de intervenção quanto ao que se está a passar, tanto pelos

    profissionais, como pela população.

    Origem

    Hipócrates (séc V a.c.) na sua obra Tratado dos ares, águas e lugares:  conselho a um médico

    antes de entrar numa localidade nova: “primeiro observe o local…locais virados a sul são

    menos húmidos e mais solarengos, depois saiba de onde vem a água para abastecimento… as

    águas ferrosas são más para a digestão. Finalmente observe as pessoas e os seus hábitos…os

    agricultores e os pescadores são mais magros e mais ágeis, enquanto que os habitantes das

    cidades tendem a ser mais gordos e a sofrer de males”.  

    Expressava que os fatores ambientais podiam influenciar o aparecimento de doença.

    1º estudo de características epidemiológicas.Saturnismo nos mineiros expostos ao chumbo nas minas.

    James Lind (1753) estuda o Efeito dos citrinos na prevenção do escorbuto.

    Percival Pott (1775) faz um dos primeiros e mais notáveis estudos epidemiológicos conhecidos

    sobre o cancro. Descrição da carcinogénese ocupacional, verificando uma grande incidência de

    cancro do escroto em limpa chaminés.

    História dos factos•1796: Jenner usa a primeira vacina contra a varíola  

    •1854: Snow identifica e interrompe a transmissão da Cólera através da água de

    abastecimento

    •1882: Koch descobre os organismos responsáveis pela cólera e tuberculose

    •1978: Erradicação da varíola  

    •anos 80: Doenças transmissíveis emergentes (HIV)  

    •século XXI: erradicação da poliomielite, sarampo, lepra?  

    •Novos desafios e velhas doenças (malária, cólera tuberculose , legionária, ébola …)  

  • 8/17/2019 Sebenta de Saúde Pública

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    CLE 2013/2017 46

    Conceitos de Epidemiologia

    “Ciência e técnica do diagnóstico da situação, do estabelecimento de prioridades dos

    problemas de saúde de pesquisa de fatores determinantes desses problemas, do planeamento

    e de orientação científica das medidas apropriadas de intervenção (no sentido da sua redução,

    controlo e eliminação ou da sua prevenção) e finalmente da avaliação de eficácia e eficiência

    dessas medidas”. OMS Conselho Europa, 1991  

    Epidemiologia é o estudo da distribuição e dos determinantes dos estados ou eventos

    (incluindo doenças) relacionados com a saúde, e a aplicação desse estudo para o controle de

    doenças e de outros problemas de saúde.

    Vários métodos podem ser utilizados para realizar investigações epidemiológicas:

    •vigilância e estudos descritivos pode ser usado  para estudar a distribuição das doenças;

    •estudos analíticos são utilizados para estudar os determinantes de saúde. (OMS, 2013)  

    Princípios da Epidemiologia

    •Causalidade múltipla dos Fenómenos Biológicos.  

    •Conceito Ecológico da Saúde.  

    •História Natural da  Doença.

    •A Comunidade como Unidade de Investigação.  

    •Necessidade de Tratamento Estatístico e informático dos dados.  

    Epidemiologia quanto ao propósito

    Epidemiologia Descritiva:   Estuda a ocorrência da doença ou de outros fatores relacionados

    com a saúde numa comunidade, da sua evolução no tempo e da sua distribuição numa

    comunidade em função das suas características geográficas e demográficas.

    Epidemiologia Causal ou Explicativa:   Estuda as causas dos problemas de saúde, avaliando o

    risco da sua ocorrência em função da presença ou ausência de determinados atributos.

    Epidemiologia de Intervenção:   Estuda o impacto num determinado problema de saúde da

    comunidade de uma intervenção, visando modificar a exposição a potenciais fatores de risco

    ou expondo a fatores protetores

    Finalidade

    •Identificação dos fatores determinantes da saúde e da doença.  

    •Descrever a história natural e o prognóstico das doenças.  

    •Identificar dados necessários para o planeamento e avaliação dos cuidados de saúde.  

    •Avaliar métodos de controlo da doença e problemas de saúde, relacionados com os

    determinantes.

  • 8/17/2019 Sebenta de Saúde Pública

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    CLE 2013/2017 47

    Objetivos

    •Identificar a etiologia ou causa de uma doença e os fatores de risco relevantes (aumentam o

    risco individual de uma doença).

    •Intervenção para reduzir a mortalidade e morbil idade causadas por uma doença.

    Base racional para programas de promoção e prevenção

    •Estudar a descrição, associação de fatores de risco ou protetores, o prognóstico da doença e

    medidas de intervenção de um determinado problema de saúde.

    •Há doenças mais graves do que outras.

    •Umas mais letais e outras de maior período de sobrevivência.  

    •Novas formas de intervenção, novos tratamentos, novos meios de prevenir complicações.  

    •Diagnosticar o nível de saúde da Comunidade. 

    •Identificar e hierarquizar os principais problemas de saúde da Comunidade.

    •Contribuir para a elaboração de programas de controlo/ prevenção e para a sua avaliação.  

    •Contribuir para a avaliação das necessidades em cuidados de Saúde da Comunidade.  

    Epidemiologia e o estudo das doenças

    Estuda a doença, o risco de adoecer e a prevalência de se manter doente através do cálculo de

    indicadores.

    Estuda a etiologia das doenças e identifica os fatores predisponentes e desencadeantes.

    Avalia a probabilidade de ocorrência da doença e a associação à exposição a um fator.

    Explicar as características locais de saúde e doença.

    Variáveis a observar na Epidemiologia Descritiva

      Quando surgiu o problema de saúde? (tempo)

      Onde vive? (lugar)

      Quem são os casos? (pessoas)

    Fases da História Natural da Doença

    PERÍODO-PRÉ-PATOGÊNICO - É o período em que ocorre a interação preliminar entre agentes

    potenciais, hospedeiros e fatores ambientes no processo da doença.

    PERÍODO DE INCUBAÇÃO -   Período durante o qual ocorre a instalação, e eventualmultiplicação dos agentes etiológicos no hospedeiro, sem que seja verificada sintomatologia

    da doença (doenças transmissíveis).

    PERÍODO DE EXPOSIÇÃO OU CARÊNCIA – doenças não transmissíveis.

    PERÍODO PATOGENICO  –  Processo resultante da reação desencadeada no organismo do

    hospedeiro em consequência ao estabelecimento do estímulo-doença.

    Podemos sugerir que ocorra dois tios de relacionamento:

    •Relacionamento Harmónico: evolução inaparente ou subclínica

    •Relacionamento Desarmónico:   incompatibilidade entre o hospedeiro e o parasita  –   formaaparente da doença.

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    CLE 2013/2017 48

    A evolução da doença pode ser:

    •Convalescença: recuperação total ou parcial do hospedeiro.

    •Cronicidade: quase sempre prejudicial ao hospedeiro.

    •Morte 

    Níveis de prevenção de acordo com a história natural da doença (revisão) 

    Recordar 5 níveis de prevenção:

      Primordial

      Primária, secundária e terciária

      Quaternária

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    CLE 2013/2017 49

    Avaliação do risco em epidemiologia

    •Risco -  probabilidade estatística de ocorrência de um acontecimento (doença ou morte) no

    decurso de um período de tempo.

    •Fator de risco -  qualquer característica demográfica, genética, ambiental, comportamental ou

    social que contribui para a maior probabilidade de ocorrência futura de alteração do estado de

    saúde.

    •Fatores protetores (menor probabilidade de ocorrência do acontecimento) condições sociais,

    económicas ou biológicas, comportamento ou ambientes que estão associados com uma

    doença, ou causam um aumento de suscetibilidade para uma doença específica.

    •Avaliação de fatores que influenciam ou condicionam os fenómenos permitem evidenciar as

    ações necessárias à promoção da saúde e à prevenção da doença.

    Qual a diferença entre prevalência e incidência de doença?

    Quando falamos em morbidade, referimo-nos aos que adoeceram num dado intervalo do

    tempo, neste território. A morbidade é estudada segundo quatro indicadores básicos: a

    incidência, a prevalência, a taxa de ataque e a distribuição proporcional.

    A Incidência e a prevalência são medidas de frequência de ocorrência de doença.

    •Prevalência mede quantas pessoas estão doentes.

    •Incidência mede quantas pessoas tornaram-se doentes.Ambos os conceitos envolvem espaço e tempo – quem está ou ficou doente num determinado

    lugar numa dada época.

    Incidência

    Coeficiente de Incidência (CI)=nº de casos novos de determinada doença em dado local e período

    na população do mesmo local e período×10  

    •A incidência de uma doença, num determinado local e período, é o número de casos novos

    surgidos no mesmo local e período de tempo (ano).

    •Revela a intensidade com que acontece uma doença numa população.

    •Mede a frequência ou probabilidade de ocorrência de casos novos de doença na população.  

    •Alta incidência (ou Taxa de incidência elevada) significa risco coletivo elevado de adoecer.  

    Exemplo:

    CI = 2 / 35.5 pessoas ano

    = 0.056 casos / pessoa ano

    = 5.6 casos / 100 pessoas ano= 56 casos / 1000 pessoas ano

  • 8/17/2019 Sebenta de Saúde Pública

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    CLE 2013/2017 50

    Prevalência

    Coeficiente de Prevalência (CV)=nº de casos de determinada doença em um dado local e período

    população do mesmo local e período×10  

    Prevalecer significa ser mais, ter mais valor, predominar.

    A prevalência indica qualidade daquilo que prevalece e implica acontecer e permanecerexistindo num momento considerado.

    O coeficiente de prevalência (Taxa de Prevalência)  é mais utilizado para doenças crónicas de

    longa duração, como tuberculose, SIDA ou diabetes.

    Casos prevalentes são os anteriormente diagnosticados (casos antigos) mais aqueles que

    foram descobertos posteriormente (casos novos).

    Prevalência é o número total de casos de uma doença, novos e antigos, existentes num

    determinado local e período.

    A prevalência, como ideia de acúmulo, de stock, indica a força com que subsiste a doença na

    população.

    Prevalência pontual e no período (lápsica)

    •A prevalência pode ser pontual instantânea  ou prevalência momentânea.

    •A prevalência pontual   é medida pela frequência da doença ou pelo seu coeficiente num

    ponto definido no tempo, seja o dia, a semana, o mês ou o ano.

    •No intervalo de tempo definido da prevalência pontual, os casos prevalentes excluem aqueles

    que evoluíram para cura, para óbito ou que migraram.

    •Os casos prevalentes num período de tempo, ou lápsica, é a prevalência que abrange um

    lapso de tempo mais ou menos longo e que não concentra a informação num dado ponto

    desse intervalo.

    • A prevalência lápsica inclui todos os casos prevalentes, inclusive os que curaram, morreram

    ou emigraram.

    Taxa de Ataque:

    Taxa de ataque=nº de casos da doença em um dado local e período

    população exposta ao risco×100  

    •Taxa de Ataque  é expressa em percentagem, é uma forma especial de incidência.

    •É usada quando se investiga um surto de uma doença num local onde há uma população bem

    definida como creche, escola, quartel, pessoas que participaram de um determinado evento

    como um almoço, etc.

    • Essas pessoas   formam uma população especial, exposta ao risco de adquirir a referida

    doença, num período de tempo bem definido.

  • 8/17/2019 Sebenta de Saúde Pública

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    CLE 2013/2017 51

    Distribuição Proporcional

    Distribuição Proporcional=nº parcial de casos

    nº total de casos×100  

    A distribuição proporcional indica, do total de casos (ou mortes) os que ocorreram por

    determinada causa.Exemplo: como se distribui a doença entre homens ou quantos ocorrem nos diferentes grupos

    etários.

    •O resultado sempre é expresso em %.  

    •A distribuição proporcional não mede o risco de adoecer ou morrer, só indica como se

    distribuem os casos entre as pessoas afetadas, por grupos etários, sexo, localidade e outras

    variáveis.

    Qual a diferença entre Risco Relativo (RR) e Odds ratio?

    •Risco relativo (RR) e odds ratio   são medidas de associação entre variáveis que comparam

    ocorrências de eventos (ex doenças, morte).

    •O risco relativo   mede quantas vezes a frequência relativa de um evento é maior numa e

    noutra situação.

    •O Odds ratio  mede quantas vezes o odds de um evento é maior numa e noutra situação.

    •Para entender risco relativo e odds ratio há que estudar as medidas de ocorrência de eventos

    que cada um considera.

    •Frequência relativa é a razão entre o número de eventos observados e o total de observações

    realizadas.

    Exemplo:  Da observação de 50 pessoas encontra-se 10 com deficit auditivo, a frequência

    relativa é 10 em 50, ou 1 em 5, ou 20% (20 em 100).

    Como interpretar o Risco Relativo?

    •Exemplo: para avaliar a incidência de cancro de pulmão sobre o tabagismo, ou seja, entre

    fumantes e não fumantes, deve-se saber:

    •Na população total de fumantes (grupo de expostos, n = 102.600)

    os que tiveram câncer de pulmão (n = 133) e os que não tiveram

    câncer de pulmão (n = 102.467).

    •No total da população de não-fumantes (não-expostos, n =

    42.800) os que tiveram câncer de pulmão (n = 3) e os que não

    tiveram câncer de pulmão (n = 42.797).

  • 8/17/2019 Sebenta de Saúde Pública

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    CLE 2013/2017 52

    Realiza-se o cálculo RR  da seguinte forma:

    •IE = incidência nos expostos  

    •IE = (133 casos de câncer de pulmão) / (102.600 expostos ao risco) = 1,30  

    •INE = incidência nos não-expostos

    •INE = (3 casos de câncer de pulmão) / (42.800 não-expostos ao risco) = 0,07

    •RR = IE/INE =1,3/0,07 = 18,6  

    •A interpretação dos valores do risco relativo é a seguinte:  

    •* Quando o RR é menor que 1, a associação sugere que o fator estudado teria uma ação

    protetora;

    •* Quando o RR apresenta valor igual a 1, temos ausência de associação;

    •* Quando o RR é maior que 1, a associação sugere que o fator estudado seria um fator de

    risco; quanto maior o RR, maior a força da associação entre exposição e o efeito estudado.

    Odds Ratio (OR)

    Odds Ratio pode ser traduzido como razão de chances (odds)

    Mas chance (odds) é diferente de probabilidade (risco)

    Embora se usam as 2 palavras como o mesmo significando.

    Qual a probabilidade (risco) de morte no caso de uma doença em que ocorrem 60 mortes a

    cada 100 doentes, durante 1 ano?

    Resposta = 60% (60 / 100),

    Qual a Odds Ratio (chance de morte)?

    O Odds Ratio é 1.5, que pode ser expresso também como 1.5 / 1 ou (1.5 para 1).

    Para cada 1 pessoa que sobrevive, ocorrem 1.5 mortes. Ou para cada 2 doentes que

    sobrevivem, 3 morrem.

    Chance = probabilidade / 1  – probabilidade; ou Chance = probabilidade / complemento da

    probabilidade; ou Probabilidade de morrer / probabilidade de não morrer = 60% / (1  – 60%)

    = 60% / 40% = 1.5

    Como interpretar a razão Odds?

    •Odds é a razão entre número de eventos observados e o número de eventos não observados

    (os ‘sim’ contra os ‘não’).  

    •Odds é uma palavra inglesa para designar as possibilidades a favor versus contra.  

    •É usada na forma original por falta de um equivalente aceitável em português.

    •A literatura Brasileira designa por Razão de chances.  

  • 8/17/2019 Sebenta de Saúde Pública

    54/81

    Escola Superior de Enfermagem de Lisboa UC Saúde Pública

    CLE 2013/2017 53

    Tipos de estudos em Epidemiologia

    Os estudos em epidemiologia são quanto a:

    Unidade de estudo

    -Centrado no individuo

    -Centrado num grupo (estudos

    ecológicos)

    Intervenção do investigador

    - Observa

    - Experimenta

    Tempo em que decorre o estudo

    - Transversais

    - Longitudinais

    Propósito da investigação

    -Descrever

    -Analisar

    Intervenção epidemiológica: Como desenhar a pesquisar?

    1) randomizado  –  estudo com grupos alocados a partir de um processo aleatório de escolha,

    buscando-se uma distribuição equilibrada de variáveis de confundimento;2) não-randomizado  –   estudo com grupos experimental e de controle escolhidos a partir de

    critérios de disponibilidade ou conveniência;

    3) bloqueado   –  estudo com grupos formados exclusivamente por representantes de uma dada

    categoria da variável de confundimento a se controlar, bloqueando-se o efeito vinculado às

    outras classes da variável;

    4) pareado   –   estudo com grupos constituídos por pareamento, garantindo uma composição

    rigorosamente equivalente em termos de algumas variáveis selecionadas;

    5) rotativo –  estudo com estrutura baseada na alternância de grupos, em que os participantes

    que compõem o grupo experimental são alocados, após um certo período, para o grupo

    controle, e vice-versa.

    Considerando a modalidade de controle do bias de mensuração nos estudos de intervenção,

    estes podem ser:

    1) duplo-cego –  a alocação dos grupos e as mensurações referentes à variável dependente são

    feitas às cegas (ou seja, nem os avaliadores nem os participantes têm conhecimento da

    alocação dos grupos);

    2) simples-cego  –  os participantes não têm conhecimento de sua pertinência aos grupos da

    pesquisa (por exemplo, através do uso de placebos nos ensaios clínicos);

    3) aberto  –  quando todo o envolvido tem acesso a informações capazes de indicar a alocação

    dos grupos experimental e de controle.

  • 8/17/2019 Sebenta de Saúde Pública

    55/81

    Escola Superior de Enfermagem de Lisboa UC Saúde Pública

    CLE 2013/2017 54

    Estudos Observacionais

    Estudo em que as diferenças estabelecidas entre os grupos resultam da observação e análise

    dos mesmos.

    Estudos Descritivos

    A epidemiologia descritiva permite determinar a associação com as características específicas

    da exposição ou da suscetibilidade ao risco de forma a gerar hipóteses para serem

    posteriormente testadas.

    Estudos Ecológicos

    Caracterizam populações e exploraram correlações entre o ambiente e as doenças. Podem ser

    momentâneos ou longitudinais.

      A população ou grupo é a unidade de observação

      A área geográfica que ocupam é bem definida

    Exemplo: cancro do esófago e gástrico duma população (taxas de Mortalidade) e padrões de

    consumo de sal e fumados …  

    INCONVENIENTES

    Estão sujeitos a falácia ecológicaDifícil selecionar grupos de tamanho adequado

    Apenas permitem determinar prevalências

    VIEZES

    Erros sistemáticos de seleção

    Confundimento (variáveis socioeconómica) que pode conduzir a erros de extrapolação do

    grupo para o indivíduo.

    INDICAÇÕES

    Fornece informação que permite formular hipóteses explicativas de doenças ou fatores causaisrelativamente raros.

    VANTAGENS

    Ao comparar a existência de associação causal a nível populacional, entre a exposição e a

    doença é provável que exista a nível individual - facilita a determinação de estratégias de

    intervenção e é importante geradora de hipóteses.

  • 8/17/2019 Sebenta de Saúde Pública

    56/81

    Escola Superior de Enfermagem de Lisboa UC Saúde Pública

    CLE 2013/2017 55

    Estudos Transversais

    Caracterizam indivíduos, são planeados para a observação e descrição de acontecimentos

    epidemiológicos nos indivíduos.

      Podem ser momentâneos ou longitudinais.

     

    Permitem determinar prevalências.

    Vantagens:

    •Delineamento simples - Registos sistemáticos e inquéritos

    •Económico

    •Permitem estudar várias associações ao mesmo tempo  

    •Contextualizam a pessoa, lugar e tempo  

    Indicações

    Pesquisar efeitos súbitos de que é pouco provável haver registos