sebenta de saúde pública
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Saúde
Pública
CLE
2013/2017
Joana OliveiraNº 5568
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Índice
Evolução do conceito de saúde desde a antiguidade, a época clássica, a idade média, a idade moderna
e a época contemporânea...................................................................................................................... 5
Processos de Saúde Doença ................................................................................................................... 7
Saúde Pública ........................................................................................................................................ 9
Determinantes de Saúde Genéticos, Comportamentais e Ambientais ................................................. 19
Determinantes Sociais da Saúde (DSS) ................................................................................................. 25
Políticas, Sistemas e Recursos de Saúde............................................................................................... 27
Níveis de Prevenção ............................................................................................................................. 33
Indicadores de Saúde ........................................................................................................................... 34
Medidas de frequência (Observar, quantificar, medir frequência) ....................................................... 39
Fontes de Dados .................................................................................................................................. 41
Introdução à Epidemiologia ................................................................................................................. 45
Avaliação do risco em epidemiologia ................................................................................................... 49
Tipos de estudos em Epidemiologia ..................................................................................................... 53
Processo de planear em saúde ............................................................................................................. 63
Necessidade de planear em saúde ....................................................................................................... 64
Níveis de planeamento em saúde ........................................................................................................ 65
Etapas do processo de planeamento em saúde (PPS) .......................................................................... 68
Fontes de recolha de informação em saúde ......................................................................................... 69
Indicadores de avaliação da saúde da população ................................................................................. 70
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Objetivos:
Compreender a evolução do conceito de saúde.
Conhecer a evolução histórica da saúde pública.
Caracterizar a enfermagem de saúde pública, comunitária e da família.
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Evolução do conceito de saúde desde a antiguidade, a época clássica, a
idade média, a idade moderna e a época contemporânea
Influencias na conceção da saúde e da doençaPerspetiva mágica e sobrenaturalTeoria dos miasmas
Era bacteriológica e medidas de higienização do ambiente
Teoria do gérmen
Teoria universal e teoria multicausal da saúde-doença
Modelo ecológico de saúde
Modelo de determinação social da saúde
Movimento Lifestyle Risk Factor dos anos 60
Modelo patogénico e salutogénico e de promoção de saúde
Modelo de empoderamento em saúde
Evolução do conceito de Saúde
Modelo Biomédico
o A saúde é definida negativamente
o Ausência de defeitos num sistema físico
o Conceito que se aplica indiferentemente a todas as espécies
OMS – 1ª assembleia mundial da saúde em Nova Iorque, 1946
“Um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença
ou enfermidade.”
Após esta definição, a Saúde passou a ser considerada:
o “Um dos direitos fundamentais de todo o ser humano sem distinção de raça, religião,
opiniões políticas e condições económicas e sociais” e foi aceite o princípio da ajuda
mútua entre os países.
o As preocupações com a saúde das populações foram cada vez mais sentidas, reunindo
sucessivamente responsáveis pela saúde de vários países, para refletir sobre a saúde,
os fatores que a determinam e a forma de os controlar.
o A Conferência de Alma-Ata (URSS, 6 a 12 de setembro de 1978) definiu os CSP como a
chave para atingir um nível de saúde capaz de permitir a todos uma vida económica esocialmente produtiva.
Declaração de Alma-Ata, 1978
Foi um marco no movimento de “Saúde para Todos” e baseia -se no reconhecimento de que a
saúde é um objetivo social de primeira importância.
A Declaração institui uma nova orientação para a política de saúde, conferindo especial ênfase
ao envolvimento das pessoas, à cooperação entre os vários setores da sociedade, bem como à
criação dos Cuidados de Saúde Primários (CSP).
A saúde passou a ser entendida num sentido positivo, como um recurso da maior importânciapara o desenvolvimento social, devendo constituir um direito humano fundamental.
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A perspetiva da saúde no século XX
Surgem críticas ao Modelo Ecológico e, na década de 60, surge o Modelo Lifestylle risk factor.
A Declaração de Alma-Ata salienta a importância o papel da governação na organização dos
CSP. A Carta de Otawa salienta a importância da promoção da saúde.
Surgem novas abordagens sociais da Epistemologia, como o Modelo de “Determinação Social
da Doença”.
Os determinantes em saúde são referidos por Lalonde (1974) inclui 4 elementos:
o Biologia humana (fatores genéticos e biológicos)
o Ambiente
o Estilos de vida (comportamentos individuais relacionados com a saúde e
características sociais)
o Organização dos Cuidados de Saúde
Carta de Otawa
A Carta de Otawa salienta a importância da promoção da saúde.
A saúde passou a ser “construída pelo cuidado de cada um consigo mesmo e com os outros,
pela capacidade de tomar decisões e de ter controle sobre as circunstâncias da própria vida e
pela luta para que a sociedade ofereça condições que permitam a obtenção de saúde por
todos os seus membros.”
Evolução do conceito de SaúdeViver-adoecer-morrer tem um caráter histórico, isto é, tanto a saúde como a doença e as
correspondentes práticas de saúde referem-se a um estado (estar doente) e a uma maneira de
resolver (curar), intimamente relacionados a cada momento d vida social, histórica e cultural.
As revoluções da saúde no século XX
1ª revolução na saúde: Modelo Biomédico baseado na teoria do germe e no modelo unicausal
da doença.
2ª revolução na saúde: Referido por Richmond, em 1979, centra-se na influência dos estilos de
vida e da ecologia humana na saúde.
3ª revolução na saúde: Capacitar o cliente para gerir os processos de saúde-doença.
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Processos de Saúde Doença
Teoria Unicausal das Doenças
Surge com Luís Pasteur e diz que a doença é causada por um único fator
Teoria da Multicausalidade das doenças
Vários agentes etiológicos responsáveis pela doença. A doença é considerada uma relação
causal, sem incluir as ciências sociais.
Século XX – influência da tecnologia e farmacologia
Estrutura Epidemiológica das doenças transmissíveis
Tríade básica da
epistemologia/ecologia analítica
para as doenças transmissíveis
Níveis de prevenção
Com base na história natural da história natural da doença:
o Prevenção primordial
o Prevenção primária
o
Prevenção secundária
o Prevenção terciária
o Prevenção quaternária
Com base nos programas de prevenção:
o Prevenção Universal
o Prevenção Seletiva
o Prevenção Indicada
Pessoa doente ouinfetada
Agente infecciosoOutra pessoa
infetada
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Modelo Multicausal vs Níveis de prevenção
História natural da doença
Evolução de uma doença no indivíduo através do tempo na ausência de intervenção
Níveis de prevenção de acordo com a história natural da doença
Tipos de programas de intervenção
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Saúde Pública
História da saúde pública
Passado: marcos históricos
o 1901 – Reforma de Ricardo Jorge
o 1965 – Introdução do Plano Nacional
o 1971 – Reforma de Gonçalves Ferreira
o 1979 – Lei de Bases do Serviço Nacional de Saúde
o 1990 – Lei de Bases da Saúde
o 1999 – Organização dos Serviços de Saúde Pública
o 2005 – Reforma dos Cuidados de Saúde Primários
Presente: que desafios?
o Redução da natalidade
o Envelhecimento da população
o
Transição epidemiológica da mortalidade e morbilidade: Aumento das doenças cardio e cerebrovasculares
Diabetes
Doenças oncológicas
Doenças músculo-esqueléticas
Doenças neurológicas e psiquiátricas
o Dificuldade de controlo de doenças transmissíveis
Tuberculose e VIH/SIDA
Saúde Pública“Saúde Pública é a arte e a ciência de prevenir a doença, prolongar a vida, promover a saúde e
a eficiência física e mental mediante o esforço organizado da comunidade, abrangendo o
saneamento do meio, o controle das infeções, educação dos indivíduos nos princípios de
higiene pessoal, a organização de serviços de saúde para o diagnóstico precoce e pronto
tratamento das doenças e desenvolvimento de uma estrutura social que assegure a cada
indivíduo na sociedade um padrão de vida adequado à manutenção da saúde”
O movimento da nova saúde pública
Procura métodos adequados a cada realidade política que tornem mais eficientes as ações
sociais e ambientais por saúde e qualidade de vida.
Este aspeto pressupõe abandonar definitivamente o enfoque vertical e paternalista herdado
do passado, decorrente de práticas prescritas dos profissionais de saúde, apoiados no
biologicismo e mecanicismo.
O desenvolvimento de novas relações com o Estado e com a sociedade civil e desenvolvimento
de novas habilidades dos profissionais para implementar novas práticas.
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Paradigma patogénico e salutogénico
O modelo patogénico valoriza a causa específica da doença ou lesão e a aculturação médica.
O modelo salutogénico valoriza a rede de fatores que determinam positivamente a saúde e a
cultura do desenvolvimento individual e organizacional.
A promoção de saúde tem origem no modelo salutogénico.
Modelo de intervenção comunitária
Paradigma da saúde:
Pretende melhorar e promover o bem-estar a nível físico, mental, social, funcional, emocional
e espiritual. A saúde é a totalidade do processo de vida numa interação mútua com o
ambiente e a doença surge como uma manifestação do desajuste da interação. Há uma visão
holística do ser humano.
Paradigma da doença:Dirige a ação de enfermagem para a prevenção da doença e da incapacidade com o objetivo
de tratar os doentes, reduzir os riscos e os perigos, realizar os cuidados de saúde e promover o
autocuidado e dar ênfase ao indivíduo, visão restrita dos processos de saúde doença.
Salutogénese
Termo de Aaron Antonovsky, 1979.
Do latim Salus (saúde) e do grego genesis (origens)
“Reforço das competências, das pessoas e das comunidades, na melhoria do nível de saúde,
potenciando os fatores gerados dos fatores de saúde, integrando-se na capacidade de gestãodos fatores de risco através da resiliência”.
o Capacidade de compreensão
o Capacidade de gestão
o Capacidade de construção de sentido da vida
Promoção da saúde
O conceito de promoção da saúde começava a ser visível a partir do modelo de Leavell & Clark
no esquema da História Natural da Doença.
A Promoção da Saúde é o processo que visa
aumentar a capacidade dos indivíduos e das
comunidades para controlarem a sua saúde,
no sentido de a melhorar. Para atingir um
estado de completo bem-estar físico, mental
e social, o indivíduo ou o grupo devem estar
aptos a identificar e realizar as suas
aspirações, a satisfazer as suas necessidades
e a modificar ou adaptar-se ao meio. A Saúde
é entendida como um recurso para a vida e não como uma finalidade de vida.
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Pilares da Saúde Pública
Epidemiologia, estatística, informática, economia e planeamento em saúde. A saúde pública
em Portugal tem investido na Proteção Social e nas Políticas de Saúde.
Comunidade
É um grupo social determinado por limites geográficos e/ou por valores ou interesses comuns.
Os seus membros conhecem-se e interagem uns com os outros. Funciona dentro de uma
estrutura social particular que exibe novas formas e cria normas, valores e instituições sociais.
É um trabalho coletivo composto por pessoas em interação que estão e vivem juntas, que
podem ou não partilhar a sensação de um lugar ou um sentimento de pertença, e que agem
intencionalmente para o propósito comum, bem como para os indivíduos que são partes do
todo.
Conceito de Comunidade
Sistema Geopolítico:
Comunidade corresponde a um lugar, a uma área geográfica específica.
Ex: Comunidade que vive no bairro X ou na freguesia Y.
Sistema Agregado:
Grupos de indivíduos associados (características semelhantes ou experiências comuns) dentro
de uma comunidade (sistema geopolítico).
Ex: Comunidade étnica, religiosa, ou baseada em grupos etários, grupos com as mesmasnecessidades (idosos dependentes inscritos no CS, comunidade escolar inscrita no mesmo
estabelecimento).
Subsistema da comunidade
Anderson, E. & McFarlane (1988) In Enfermagem Comunitária, p.297
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Saúde comunitária
“ (…) uma ciência histórico-social, que percebe que as características dos seres humanos
(doentes ou não) são sobretudo um produto de forças sociais mais profundas, ligadas a uma
totalidade económico-social que é preciso conhecer e compreender para se explicar
adequadamente os fenómenos de saúde e de doença com os quais ela se defronta”.
O seu objetivo não é o corpo biológico mas os corpos sociais: “Não se trata só de indivíduos
mas de sujeitos sociais, de grupos e classes sociais e de relações sociais referidas ao processo
saúde-doença”. (Pereira, 1986, p.30)
Enfermagem comunitária
Conjunto de medidas e práticas de enfermagem e de saúde pública que têm impacto no bem-
estar das pessoas.
É uma síntese e aplicação de um amplo espetro de conhecimentos e técnicas científicas na
promoção, reabilitação e manutenção da saúde das populações.
O Enfermeiro de Saúde Comunitária
Foca a sua intervenção em:
Indivíduos (localização dos casos)
Famílias
Grupos
Sistemas
Comunidades
Enfermagem de Saúde comunitária
É a prática da proteção e promoção da saúde das populações utilizando conhecimentos das
ciências de enfermagem, sociais e de saúde pública.
É a síntese da arte e da ciência de saúde pública e de enfermagem.
Enfermagem de Saúde pública
Foca-se na saúde da população (no seu todo), apreciando as suas necessidades e prioridades
da população. Estabelece relações de cuidados com as comunidades, as famílias, os indivíduos
e os sistemas que formam as populações servidas pelo enfermeiro de saúde pública.
Fundamenta-se na justiça social, sensibilidade para com a diversidade e respeito pelo valor de
todas as pessoas, especialmente as mais vulneráveis.
Inclui as dimensões fisiológica, psicológica, emocional, espiritual, social e ambiental da saúde e
promove a saúde através das estratégias guiadas pela evidência epidemiológica, colaborando
com os recursos da comunidade para alcançar essas estratégias adequadas guiadas pelaevidência epidemiológica.
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Princípios da enfermagem comunitária
I.
Cliente: população, grupo, família
II. Bem-estar da população em geral
III. Clientes como parceiros
IV. Atividades de prevenção primária
V.
Estratégias que criem condições de saúde e bem-estar
VI.
Acessibilidade de todos a serviços
VII. Otimização de recursos
VIII. Colaboração com diversas entidades e profissionais
Enfermagem de Saúde Pública Comunitária
Prática de Enfermagem de Saúde Pública:
o O foco é a comunidade como um todo e o efeito do estado de saúde da comunidade
sobre a saúde dos indivíduos, família e grupos.
o
Os cuidados são prestados no contexto da prevenção da doença e incapacidade e dapromoção e proteção da saúde da comunidade como um todo.
o A prática de enfermagem centrada numa comunidade é uma prática num contexto
específico.
o Os cuidados são prestados aos indivíduos e às famílias nos locais onde vivem,
trabalham ou frequentam a escola.
Prática de Enfermagem Comunitária – Enfermeiro presta cuidados através de:
o Apreciação/investigação e diagnóstico dos principais problemas da saúde e ambientais
da comunidade, na vigilância da saúde.
o Monitorização e avaliação do estado de saúde da comunidade e da população.
o
Objetivos:Prevenir a doença e incapacidade
Promover, proteger e manter a saúde para criar condições para que as pessoas
possam ser saudáveis.
I. Centrada / focada na população.II. Fundamentada na justiça social.
III. Focada no bem maior.
IV. Focada na promoção da saúde e
prevenção da doença.
V. Faz o que os outros não podem
ou não querem.
VI. Orienta-se pela ciência da
epidemiologia.
VII. Organiza os recursos da
comunidade.
I.
Centra-se na relação
II. Fundamenta-se na ética do cuidar
III. Sensibilidade à diversidade
IV.
Foco holístico
V. Respeito pelo valor de todos
VI. Prática independente
VII.
Compromisso de longo prazo para
com a comunidade
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Elementos comuns aos cuidados gerais e cuidados especializados
Roda de intervenção de Saúde Pública
Modelo de intervenção de Saúde Pública
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Modelo de Promoção de Saúde Comunitária
Enfermagem de Saúde Pública, Comunitária e da Família
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o Leitura de textos para consolidação dos conceitos de Saúde, Saúde Pública e Saúde
Comunitária; Tríade epidemiológica das doenças transmissíveis, história natural da
doença e níveis de prevenção.o Leitura e análise das cartas e declarações relativas à saúde.
o Leitura e análise das cartas e declarações da OMS relativas à saúde.
o Em que consiste a perspetiva mágica ou sobrenatural da doença?
o Em que consiste a teoria dos miasmas?
o Distinga a teoria unicausal da teoria multicausal.
o O que é a triada ecológica da saúde? Quais os elementos que a compõem?
o
Distinga em enfermagem comunitária o sistema cliente agregado do geopolítico.
o A comunidade é um sistema aberto. Refira os subsistemas comunitários.
o Quais os contributos da Conferencia de Alma Ata e da Carta de Otawa para a saúde?
o Quais os contributos da epidemiologia para a saúde pública?
o Tendo em conta a história natural da doença refira os níveis de prevenção.
o Distinga a prevenção primordial da prevenção primária.
o Em que consiste a prevenção quaternária?
o Tendo em conta os programas de saúde, distinga a intervenção universal da seletiva.
o Refira os pilares de suporte da saúde pública?
o
Refira 5 aspetos da prática de enfermagem de saúde pública.
Perguntas orientadoras para o estudo
Orientação para o TA
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Objetivos:
Caracterizar os principais determinantes da saúde.
Analisar a influência do ambiente, dos estilos de vida e dos recursos assistenciais na saúde
das populações.
Contextualizar o aparecimento dos estados providência na Europa como um fator promotor
do desenvolvimento e da saúde da população europeia.
Descrever as características do sistema de saúde português.
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Determinantes de Saúde Genéticos, Comportamentais e Ambientais
Estratégias do Plano Nacional de Saúde (PNS) 2012-2016
Um dos eixos estratégicos do PNS para beneficiar o estado de saúde da população, enfatiza a
proteção e promoção da saúde e a prevenção da doença, de que são exemplo a educação para
a saúde, a vigilância nutricional e a intervenção sobre os determinantes de saúde.
Influência dos Determinantes de Saúde no novo paradigma da Saúde Pública
“O que diferencia a nova Saúde Pública da abordagem tradicional é a maior importância
atribuída à descrição e análise dos determinantes de saúde e aos métodos de abordagem dos
problemas, como a necessidade de mobilizar recursos e de fazer investimentos em políticas,
programas e serviços que criem consistência e sinergias para a manutenção e proteção da
saúde.”
A “ciência médica é intrínseca e essencialmente uma ciência social” em que as condições
económicas e sociais exercem efeito sobre a saúde e a doença e tais relações devem ser
submetidas à pesquisa científica.
O termo Saúde Pública expressa um caráter político e a sua prática implica a intervenção na
vida política e social para identificar, reduzir ou eliminar os fatores que prejudicam a saúde da
população.
Determinantes de Saúde… o que são?
A determinação da influência de alguns fatores na saúde não é um assunto novo. O relatório
Marc Lalonde (1974) sugere que existem 4 determinantes gerais da saúde:
I.
Biologia humana e genoma
II. Estilo de vida
III. Ambiente
IV. Cuidados, Recursos e Políticas da saúde
De acordo com a OMS os principais determinantes da saúde incluem:
1. Características pessoais e comportamentos individuais da pessoa.
2. Ambiente:
Social, económico e físico
Acrescenta que o contexto em que as pessoas vivem é importante na qualidade de
vida e no seu estado de saúde.
Estilos de vida como determinantes da saúdeA saúde é influenciada por fatores modificáveis: condições, hábitos e estilos de vida.
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Exemplos de estilos de vida que influenciam a saúde:
Práticas de hábitos alimentares
Prática de atividade e exercício físico
Modo de gerir o stress
Hábitos de lazer e recreação
Gestão do tempo e das atividades de vida
Consumo de aditivos: tabaco, álcool, droga
Vigilância da saúde
Comportamento sexual
Práticas de controlo e segurança
Tipo de condução de veículos
Estilo de vida: Aspetos em análise
o
Estilo de vida e estratificação socialo Evidência científica sobre a influência do estilo de vida na saúde
o Padrão de estilo de vida dos portugueses
o Estratégias para o melhorar os estilos de vida das populações
Estilo de vida: O que fazer para o melhorar
É fundamental a sensibilização dos cidadãos para a importância que os estilos de vida refletem
na sua saúde. É necessário incentivar a adoção de comportamentos de prevenção e controlo
de estilos de vida através de:
I. Identificação de fatores e de grupos de risco
II.
Educação para a saúde
III. Capacitação das pessoas e grupos para fazerem escolhas saudáveis
IV. Promover mudanças ambientais que criem melhores condições de vida e favoreçam as
mudanças de hábitos
V. Articular diferentes recursos intersectoriais
Divisão de Estilos de Vida Saudáveis da DGS
Na DGS a Direção de Serviços de Prevenção da Doença e Promoção da Saúde integra
atribuições e competências:o Incrementar a literacia e autodeterminação através de processos informativos e
pedagógicos, tendo em vista a promoção de estilos de vida conducentes à saúde e ao
bem-estar.
o Propor estratégias e coordenar programas e atividades de promoção de saúde nas
pessoas em situação de vulnerabilidade, designadamente nas áreas da saúde oral e
prevenção de acidentes, bem como no âmbito da promoção do envelhecimento ativo.
o Estudar determinantes da saúde dos portugueses no âmbito da promoção da saúde e
prevenção da doença.
O ambiente como determinante da saúde
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Ambiente: Elementos em análiseo Tipos de ambiente: físico, económico, social ou cultural
o Conceito de ambiente e de saúde ambiental
o Ambiente sustentável
o Ambiente como fator interno e externo à população
o Orientações internacionais sobre sustentabilidade ambiental
o Importância do ambiente saudável nos locais onde se nasce, cresce, vive, estuda e
trabalha
Desenvolvimento de um ambiente sustentável
Um ambiente sustentável visa melhorar as condições de vida dos indivíduos preservando
simultaneamente o meio ambiente.
O Desenvolvimento Sustentável é um modelo económico, social, político, cultural e ambiental
equilibrado que satisfaz as necessidades das gerações atuais, sem comprometer a capacidade
das gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades. (Relatório da Comissão
Brundtland, 1987)
Ao questionar o estilo de desenvolvimento atual verifica-se que este é ecologicamente
predatório na utilização dos recursos naturais, socialmente perverso com geração de pobreza
e extrema desigualdade social, politicamente injusto com concentração e abuso de poder,culturalmente alienado em relação aos seus próprios valores e eticamente censurável no
respeito aos direitos humanos e aos das demais espécies.
O conceito de sustentabilidade comporta diferentes aspetos ou dimensões: Sustentabilidade…
o Social
o Económica
o Ecológica
o Cultural
o Espacial
o Política
o Ambiental
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Conferências e Orientações Internacionais para o Desenvolvimento de um ambiente
sustentável
Junho 1992 - Rio Janeiro, Cimeira da terra I
Junho 1976 - Habitat I: Declaração de Vancouver sobre Assentamentos Humanos
Junho de 1996 - Habitat II: Declaração de IstambulJunho de 2016 Habitat III: Heralding a new urban era (Anunciando uma nova era urbana)
Dezembro de 1997 - Protocolo de Quioto sobre a redução da emissão dos gases que agravam
o efeito estufa
Setembro de 1998 – Declaração de Munique: saúde XXI. Política adotada para a Região
Europeia
Junho 2002 - Cimeira de Joanesburgo (Rio+10 ou Cúpula da Terra II) sobre o desenvolvimento
sustentável
Maio de 2006 - “Carta de Leipzig (Alemanha) sobre Cidades Europeias Sustentáveis” aprovada
no Conselho Informal de Ministros responsáveis pelo Ordenamento do Território e
Desenvolvimento Urbano
Outubro de 2011 - Declaração do Rio sobre “Conferência Mundial Determinantes Sociais da
Saúde”
Junho 2012 - Rio+20. Conferência Internacional sobre a Importância da equidade e da saúde
para assegurar o desenvolvimento sustentável
Ambiente Físico
Meta 10 da Saúde 21
No ano de 2015 as pessoas deverão viver num ambiente físico mais saudável, com uma
exposição a contaminantes prejudiciais à saúde a níveis que não excedam os padrões
acordados internacionalmente.
NOTA:
I.
Ver Protocolo de Quioto (1997) sobre a redução da emissão dos gases que agravam o
efeito estufa como causa antropogénica do aquecimento global.
II. http://www.youtube.com/watch?v=G-rtYwa6fsE Importância do Segundo Período
de Compromisso do Protocolo de Quioto
Sustentabilidade dos Assentamentos Humanos
O local onde as pessoas vivem afeta a sua saúde e a possibilidade de gozar uma vida próspera.
Em 2007 a maioria dos seres humanos encontrava-se em ambientes urbanos.
Cerca de 1bilião vive em bairros degradantes.
Verifica-se a contínua deterioração das condições de habitação e dos “assentamentos
humanos” (Human Settlements). Mas reconhece-se que as cidades são centros de civilização
geradoras de desenvolvimento económico, social, espiritual e de avanços científicos. Devemos
aproveitar as oportunidades apresentadas pela organização de novos assentamentos humanos
e preservar a sua diversidade para promover a solidariedade entre todos os povos.
http://www.youtube.com/watch?v=G-rtYwa6fsEhttp://www.youtube.com/watch?v=G-rtYwa6fsEhttp://www.youtube.com/watch?v=G-rtYwa6fsE
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Saneamento do ambiente
“Controle de todos os fatores do meio físico do Homem que exercem ou podem exercer efeito
deletério sobre o seu bem-estar físico, mental ou social.” OMS
“Conjunto de medidas visando preservar ou modificar as condições do meio ambiente com a
finalidade de prevenir doenças e promover a saúde.”
Inclui os seguintes aspetos:
o Abastecimento de água
o Saneamento básico (águas residuais e resíduos sólidos)
o Controle dos insetos e roedores
o Saneamento e higiene dos alimentos
o Controle da poluição ambiental (sonora, química, nuclear, solos e águas e atmosfera)
o Saneamento da habitação, dos locais de trabalho e de recreação
o Saneamento aplicado ao planeamento territorial (Exemplo: PDM)
Ambiente e Higiene Urbana
Para uma boa higiene ambiental:
o Proteger do ruído e das
vibrações
o Controlo da poluição
atmosférica
o Boa isolação, iluminação e
ventilação nas habitações
Para um bom saneamento básico:
o Abastecimento de água
potável
o Drenagem e tratamento das
águas residuais
o Triagem, recolha, transporte e
tratamento dos resíduos
sólidos
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CLE 2013/2017 24
O que é uma cidade sustentável?
Uma cidade saudável é aquela que está continuamente a criar e a desenvolver os seus
ambientes físico e social, e a expandir os recursos comunitários que permitem às pessoas
apoiarem-se mutuamente nas várias dimensões da sua vida e no desenvolvimento do seu
potencial máximo. (Goldstein e Kickbusch, 1996)
A Rede Portuguesa de Cidades Sustentáveis
É uma associação de municípios constituída formalmente a 10/10/1997 que tem como missão
apoiar a divulgação, implementação e desenvolvimento do projeto Cidades Saudáveis nos
municípios que pretendam assumir a promoção da saúde como uma prioridade na agenda.
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CLE 2013/2017 25
Determinantes Sociais da Saúde (DSS)
Em março de 2005 a OMS criou a Comissão sobre Determinantes Sociais da Saúde com o
objetivo de promover, a nível internacional, a tomada de consciência sobre a importância dos
determinantes sociais na situação de saúde de indivíduos e das populações sobre a
necessidade do combate às iniquidades (injustiças) em saúde.
A OMS refere que os DSS são as condições sociais em que as pessoas vivem e trabalham e
que estes expressam o conceito generalizado de que as condições de vida e trabalho dos
indivíduos e de grupos da população estão relacionadas com a saúde.
Já a Comissão Nacional sobre os
Determinantes Sociais da Saúde
(CNDSS) diz que os DSS são os fatores
sociais, económicos, culturais,étnicos/raciais, psicológicos e
comportamentais que influenciam a
ocorrência de problemas de saúde e
seus fatores de risco na população.
Evolução da perspetiva sobre os DSS
A Conferência de Alma-Ata, no final dos anos 70, e as atividades inspiradas no tema “Saúde
para todos no ano 2000” recolocam em destaque o tema dos determinantes sociais.
Na década de 80, o enfoque da saúde como um bem privado desloca novamente o pêndulo
para uma conceção centrada nos cuidados de saúde individuais.
Na década de 90 com o debate sobre as Metas do Milénio, enfatizam-se os determinantes
sociais que resultam na criação da Comissão sobre os Determinantes Sociais da Saúde da OMS,
em 2005.
Perspetiva sobre os DSS: Aspetos a considerar
o Ambiente social
o Intersetorialidade
o Desenvolvimento sustentável
o Impacto das medidas ambientais na saúde
o Políticas de âmbito internacional
o Globalização dos problemas
o
Promover a equidade em saúde
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CLE 2013/2017 26
Revolução Copérnica da Saúde e a
Intersetorialidade
A Revolução Copérnica da Saúde retira a saúde do
centro da questão e coloca no core o
Desenvolvimento Humano Sustentável, como centrodas preocupações para onde devem convergir todos
os esforços intersectoriais e todas as políticas.
Promover a equidade em saúde
Equidade em saúde é a ausência de diferenças evitáveis, injustas e passíveis de modificação do
estado de saúde de grupos populacionais de contextos sociais, geográficos ou demográficos
diversos. Expressa-se como a igual oportunidade de cada cidadão atingir o seu potencial de
saúde.
A equidade e o acesso adequado aos cuidados de saúde resultam em ganhos na saúde,
melhoramento da coesão e da justiça social e promoção do desenvolvimento de um país.
Iniquidade em Saúde
Os DSS são fatores sociais, económicos ou comportamentais que influenciam a saúde positiva
ou negativamente e que podem ser influenciados por decisões políticas ou individuais. (A
idade, o sexo e os fatores genéticos também influenciam a saúde mas não são modificáveis
por essas decisões).
Os Determinantes Sociais das Iniquidades em Saúde são fatores de natureza social, económica
ou comportamental que aumentam ou diminuem as iniquidades em saúde e que podem
sempre ser influenciados por escolhas ou decisões políticas e individuais. Podem ser diferentes
conforme os diversos grupos socioeconómicos.
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Políticas, Sistemas e Recursos de SaúdeO conceito de cidadania comporta:
As liberdades individuais: expressas pelos direitos civis – direito de mobilidade, de imprensa,
de fé, de propriedade,… - institucionalizados pelos tribunais de justiça.
Os direitos políticos: de votar e ser votado, diga-se, participar do poder político, por meio do
parlamento e do governo.
Os direitos sociais: caracterizados como o acesso a um serviço mínimo de bem-estar
económico e de segurança, como um ser civilizado.
Direito à saúde
“Todos têm direito à proteção da saúde e o dever de a defender e promover”
Responsabilidade pública: envolve os cidadãos na defesa de bens comuns, como na proteção
do ambiente ou na segurança alimentar.
Responsabilidade individual: com a adoção de estilos de vida saudáveis reduzir-se-á de uma
parte importante dos problemas de saúde individuais e coletivos.
O início do Estado Providência?
O modelo bismarckiano (1862-1890) desenvolveu-se gradualmente na Europa e noutros países
industrializados com mudanças consideráveis no final do século XIX e XX.
O Estado Providência desenvolveu-se a partir da Grande Depressão económica de 1929-30.
Em meados do século XX, após a Segunda Guerra Mundial, quando a Previdência Social passa a
fazer parte da chamada “Segurança Social”.
Em Inglaterra o Barão William Beveridge (1879-1963) elaborou em 1942, o Reporto n Social
Insurance and Allied Services, conhecido como Plano Beveridge.
Que modelos em Portugal?
3 Modelos de Estado Providencia definidos por Gota Esping:
o Estado Providência Liberal – 1919-30
o Estado corporativo e conservador – 1930-40 a 1974
o Aproximação ao regime social-democrata (princípio de universalismo – abrangência
das classes médias e procura da igualdade) – A partir de 1974
Após a crise de 2008, que modelo se utilizou?
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ACESUnidade de SaúdeFamiliar (USF)
Unidade deRecursos
AssistenciaisPartilhados
(URAP)
Unidade de SaúdePública (USP)
Unidade deCuidados de
SaúdePersonalizados
(UCSP)
Unidade deCuidados naComunidade
(UCC)
Novos paradigmas emergentes do setor da saúde
o Globalização e desigualdades sociais
o Utilização dos mecanismos de mercado, por parte dos Governos, para atingir objetivos
públicos com as privatizações do setor da saúde
o Reforma do Estado
o Novas formas de prestação de serviços
o Criação do terceiro setor (ONG)
Sistema Nacional de Saúde
É composto por Profissionais, Entidades Públicas e Entidades Privadas.
Organização dos cuidados de saúde
A Organização Territorial dos cuidados de Saúde é composta por:
I. A rede de Cuidados de Saúde Primários como estrutura de proximidade, continuidade
e acesso privilegiado, centrada no cidadão, família e comunidade;
II. Os Cuidados pré-hospitalares, nomeadamente a emergência médica;
III.
A rede hospitalar (número de hospitais, localização e tipologia) entendida como um
sistema integrado de prestação de cuidados de saúde, altamente especializados,
urgentes e emergentes, organizado de modo coerente, assente em princípios de
racionalidade e eficiência;
IV. A Rede Nacional de Cuidados Continuados e Integrados.
ACES: Organização
Quem pode ser beneficiário do SNS?
Todos os cidadãos portugueses são beneficiários do SNS, assim como os cidadãos nacionais de
Estados membros da União Europeia (nos termos das normas comunitárias aplicáveis) e ainda
os cidadãos estrangeiros residentes em Portugal (em condições de reciprocidade) e os
apátridas residentes em Portugal.
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CLE 2013/2017 29
Prioridades para as políticas de saúde
1.
O combate às desigualdades
2. A Saúde e todas as Políticas
3. A integração e a continuidade de cuidados
4. Melhor governação na saúde
5. Formação de profissionais de saúde
6. Melhorar as tecnologias de informação e comunicação
Legislação de suporte
Documentos de orientação das políticas de saúde e sociais no início do milénio:
A nível nacional:
o Constituição da República Portuguesa
o Lei de bases de saúde
o
Carta dos Direitos de Acesso aos Cuidados de Saúde pelos utentes do Serviço Nacionalde Saúde
o Organização do SNS e do Ministério da Saúde
o Programa do XIX Governo Constitucional para a Saúde na legislatura – 2011 a 2015
A nível internacional:
o Estratégia de Lisboa
o Declaração do Milénio
o Saúde 21, Conferência de Viena, 1998
o Conferência de Munique, 2000
o
Carta Europeia dos Sistemas de Saúdeo Conferência de Tallinn, 2008
o Livro Branco da Saúde
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CLE 2013/2017 30
Descreva os principais fatores determinantes da saúde das populações.
Distinga hábitos de vida de estilos de vida.
Enumere os principais estilos de vida que influenciam a saúde. Caracterize os tipos de ambiente que influenciam a saúde.
Refira as principais características do padrão de estilo de vida dos portugueses que
urge mudar.
Descreva as principais componentes do saneamento básico.
O que são cidades saudáveis?
Descreva o modelo de Dahlgren e Whitehead tendo em conta os níveis em que se
situam os diferentes determinantes.
Refira 3 estratégias para minimizar as desigualdades em saúde.
O que são estados providência?
Como estão organizados os cuidados de saúde em Portugal?
Como estão organizados os ACES?
Quem pode ser beneficiário do SNS em Portugal?
Refira as forças e as fraquezas do SNS português.
Questões Orientadoras para o estudo
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Objetivos:
Conhecer a avaliação das necessidades de saúde das populações
Analisar medidas de saúde e suas aplicações
Analisar indicadores de saúde
Analisar medidas de frequência, associação e de impacto
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CLE 2013/2017 33
Níveis de Prevenção
Prevenção Primordial
Medidas para evitar o aparecimento e a consolidação de comportamentos de vida sociais,
económicos e culturais que contribuem para elevar o risco de adoecer;
Nível de prevenção mais recentemente reconhecido com grande relevância no campo da
saúde populacional;
Medidas contra efeitos mundiais da poluição atmosférica
Dieta nacional com baixa de gordura saturada
Baixa de sal no pão
Prevenção PrimáriaMedidas dirigidas à incidência da doença mediante o controlo das suas causas e fatores derisco;Medidas de proteção da saúde através de esforços individuais e comunitários
Imunização
Cloração da água
Uso de preservativos
Modificação de comportamentos contra efeitos mundiais da poluição atmosférica
Prevenção SecundáriaMedidas dirigidas às pessoas doentes e à redução das consequências da doença através dodiagnóstico precoce e tratamento imediato da doença.Reduzir a gravidade e duração da doença, reduzir complicações e letalidade da doençaExemplo
Rastreio populacional – exame de Papanicolau, mamografiaDeteção precoce do cancro do colo do útero Cancro do colon.
Prevenção Terciária
Medidas para a redução da progressão e das complicações de uma doença já estabelecidamediante a aplicação de medidas orientadas a reduzir sequelas e deficiências, minimizar osofrimento e facilitar a adaptação dos doentes ao ambiente.
Medir Saúde
Medição: é o procedimento de aplicação de um padrão a uma variável ou a um conjunto devalores.
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CLE 2013/2017 34
Indicadores de Saúde
Nível de saúde e bem-estar, capacidade funcional, presença e causa das doenças e óbito eesperança de vidas das populações.
Exemplos Indicadores de bem-estar
Saúde mental
Autoestima
Satisfação com o trabalho
Exercício físico
Impacto dos problemas de saúde na vida diária
Capacidade para realizar atividades de vida diária
Capacidade para realizar atividades instrumentais
Capacidade de locomoção
Lesões e acidentes domésticos e ou no local de trabalho
Anos de vida sem incapacidade
Índice de Qualidade de Vida (EQ-5D™)
Mobilidade
Autocuidado
Atividades habituais
Dor/desconforto
Ansiedade/depressão
Fontes de dados: Inquérito Nacional de Saúde Investigação
Indicadores de morbilidade
Medem a frequência de problemas de saúde específicos
Infeções
Cancro Anomalias Congénitas
Acidentes de trabalho
Doenças de declaração obrigatória: casos notificados
Exemplos:SIDA- casos diagnosticadosTuberculose – casos por 100 000 habitantesFontes de dados:
Registos hospitalares e de serviços de saúde
Sistema Especifico de vigilância Epidemiológica - Notificações de doenças obrigatórias
Médicos Sentinela Registo Oncológicos e de Anomalias Congénitas
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CLE 2013/2017 35
Indicadores de mortalidade geral ou específica
Óbitos por algumas causas de morte
Óbitos totais e no primeiro ano de vida
Taxa bruta de mortalidade
Taxa de mortalidade infantil
Taxa de mortalidade materna
Taxa de mortalidade perinatal e neonatal
Números absolutos, Taxas por idade, Sexo e Causas Específicas
Fontes de dados: Certidão óbito
Taxa bruta de mortalidade
Número de óbitos observado durante um determinado período de tempo, normalmente um
ano civil, referido à população média desse período (habitualmente expressa em número de
óbitos por 1000 (10^3) habitantes).
Taxa de mortalidade infantil
Número de óbitos de crianças com menos de 1 ano de idade observado durante um
determinado período de tempo, normalmente um ano civil, referido ao número de nados-
vivos do mesmo período (habitualmente expressa em número de óbitos de crianças com
menos de 1 ano por 1000 (10^3) nadosvivos).
Taxa de Mortalidade Perinatal
Número de óbitos fetais de 28 ou mais semanas de gestação e óbitos de nados-vivos com
menos de 7 dias de idade observado durante um determinado período de tempo,
normalmente um ano civil, referido ao número de nados-vivos e fetos mortos de 28 ou mais
semanas do mesmo período (habitualmente expressa em número de óbitos fetais de 28 ou
mais semanas e óbitos de nados-vivos com menos de 7 dias de idade por 1000 (10^3) nados-
vivos e fetos mortos de 28 ou mais semanas).
Taxa de Mortalidade Neonatal
Número de óbitos de crianças com menos de 28 dias de idade observado durante um
determinado período de tempo, normalmente um ano civil, referido ao número de nados-
vivos do mesmo período (habitualmente expressa em número de óbitos de crianças commenos de 28 dias de idade por 1000 (10^3) nados-vivos).
Finalidade
Criar de forma sistemática, evidências que permitam identificar padrões e tendências que
ajudem a desenvolver ações de proteção e promoção da saúde e de prevenção e controlo e
doenças na população.
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CLE 2013/2017 36
O que são então Indicadores de Saúde?
Indicadores são medidas-síntese que contêm informação relevante sobre determinadosatributos e dimensões do estado de saúde, bem como do desempenho do sistema de saúde.
Indicadores de saúde medem na população diferentes aspetos relacionados com a função ou
incapacidade, a ocorrência de doença ou óbito, recursos e desempenho dos serviços.
Os indicadores podem ser aplicados para avaliar a estrutura, os processos e os resultados dosserviços de saúde.
Permitindo fazer diagnóstico de situação, definir prioridades, estabelecer metas avaliarintervenções, comparar resultados entre pessoas, tempos e área geográfica.
Nos anos 50 a OMS definiu 3 grupos:
1-Os que traduzem diretamente a saúde (ou a sua ausência) num grupo populacional. (gerais eespecíficos).Exemplos:Taxa bruta de mortalidade (geral), taxa de mortalidade infantil(específico), esperança de vida ànascença(geral) taxa de mortalidade por doença transmissível.
2-Os que se referem às condições ambientais que têm influência direta sobre a saúde.Exemplos:Abastecimento de água, rede de esgotos, poluição ambiental.
3 - Os que medem os recursos materiais e humanos relacionados com as atividades de saúde.
Exemplos:Número de camas hospitalares em relação ao número de habitantes, número de profissionaisde saúde (médicos, enfermeiros, farmacêuticos) em relação ao número de habitantes)
Indicadores de saúde- Portugal (Estado da Saúde, Determinantes,
Desempenho do Sistema de Saúde e Contexto Plano Nacional de Saúde 2011-
2016)
1) Indicadores do Estado de Saúde – permite analisar o quão saudável é a populaçãoatravés de dimensões como: mortalidade, morbilidade, incapacidade e bem-estar;
2) Indicadores dos Determinantes de Saúde - possibilitam o conhecimento dos fatoresque influenciam o Estado de Saúde e a utilização dos cuidados de saúde:comportamentos, condições de vida e trabalho, recursos pessoais e ambientais;
3) Indicadores do Desempenho do SdS - permitem a monitorização através de múltiplasdimensões: aceitabilidade, acesso, qualidade, capacitação, integração de cuidados,efetividade, eficiência e segurança;
4) Indicadores de Contexto – caracterizam determinantes individuais ou de desempenhodo SdS, informação importante para a saúde (CIHI, 2005).
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CLE 2013/2017 37
Indicadores de saúde
São instrumentos de medida sumária que refletem, direta ou indiretamente,informações relevantes sobre diferentes atributos e dimensões da saúde bem comodos fatores que a determinam.
É uma característica de um indivíduo, população ou ambiente suscetível de medição(direta ou indiretamente) e que podem utilizar-se para descrever um ou mais aspetosde saúde de um indivíduo ou população (qualidade, quantidade e tempo).
Contém em si um conjunto de atributos ou de características que permitem calculá-lopor processos de medição/avaliação “minimamente” rigorosos e comparáveisindependentemente de quem os aplica.
Qualidades dos Indicadores de saúde
ÚTIL - avalia as atividades prioritárias
ACESSÍVEL - baseado em dados disponíveis em tempo útil e de qualidade suficiente
CORRECTO sob ponto de vista ético – no processo de recolha, análise e apresentação dosdados permite preservar as regras de confidencialidade, consentimento informado,
liberdade de dar e reter informação
ROBUSTO - fiável que permite medir o fenómeno a estudar em circunstâncias diversas
com a necessária validade, especificidade e sensibilidade
REPRESENTATIVO - construção baseada em dados obtidos do total ou de uma amostra
representativa dos grupos de interesse
FÁCIL DE COMPREENDER – permite uma rápida apreensão do que está implicado para a
decisão e/ou ação a tomar tanto pelos profissionais como para leigos.
Fácil de obter dados
Fácil de calcular e de interpretar
Mede o que se quer medir e descrimina o que se quer medir
Sensível – Identifica Falsos Positivos
Específico – Identifica Falsos Negativos
É comparável e fácil de utilizar por outros
Classificação/Tipo
o Input ou de ESTRUTURA (acesso geográfico, cultural, operacional, económico)
Avalia a qualidade de um Programa de Saúde, de uma Intervenção
o Processo
Uso dos serviços, produtividade, utilização dos recursos
o Output ou de resultados no sentido de PRODUÇÃO
Cobertura, eficácia, efetividade eficiência
o Outcome resultados no sentido de IMPACTO
Morbilidade, mortalidade, Qualidade de vida, Satisfação Diminuição da Dor,
Aumento da cobertura vacinal
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CLE 2013/2017 38
Indicadores de Resultado
Eficácia – Capacidade de concretização dos objetivos ou efeitos pretendidos de determinada
intervenção ou tecnologia em condições ideais de aplicação ( estudo/experiência).
Efetividade - Capacidade de um programa produzir no campo os resultados pretendidos ou
esperados. Medida do grau de concretização dos objetivos ou efeitos previamente definidos,nas condições reais de execução de um projeto.
Eficiência – capacidade de um programa produzir resultados pretendidos com o mínimo de
dispêndio de tempo e recursos. O que foi obtido com os recursos gastos.
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CLE 2013/2017 39
Medidas de frequência (Observar, quantificar, medir frequência)
ProbabilidadeNúmero de eventos/acontecimentos que podem ocorrer num determinado momento
Risco para a saúdeProbabilidade de experimentar um efeito adverso ou dano num tempo determinado
TaxaMedida de velocidade de mudança de um fenómeno dinâmico por unidade de população e
de tempo (tempo-pessoa de exposição)
Medida de ocorrência da doença ou acontecimento (Ocorrência / população em risco)
Proporção
Rácio
Taxa
Proporção
Divisão de 2 números
Numerador INCLUIDO no denominador
Geralmente, quantidades são da mesma natureza
Geralmente, variam entre 0 e 1
Percentagem = proporção x 100
Rácio
A divisão de dois números
Numerador NÃO ESTÁ INCLUÍDO no denominador
Permite comparar quantidades de natureza diferente
Taxa
Divisão de 2 números X onde n é o número de crianças nascidas no ano e p é a média
populacional do período em questão.
Taxa pode ser expressa em qualquer potência de 10, 100, 1000, 10000, 100.000…
Taxa padronizada Uso da taxa de mortalidade padronizada segundo a idade (ajustada à idade)
População padronizada europeia (1990 WHO) – elimina-se o efeito da idade na
morbilidade e mortalidade
Método direto – as taxas de doença ou morte da população padronizada aplica-se à
população que se vai comparar
Método indireto- usa um conjunto de taxas de morbilidade e ou mortalidade e
estabelece a relação entre as mortes observadas com as esperadas
Só as taxas padronizadas permitem comparar regiões
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CLE 2013/2017 40
Medir a ocorrência da doença
Prevalência
Número de casos de uma doença em uma dada população em um momento específico
Proporção da população que teve a doença em um determinado momento
Probabilidade de ter a doençaº ç
çã
Incidência
Número de casos de uma doença em uma dada população em um momento específico
Proporção da população que teve a doença em um determinado momento
Probabilidade de ter a doença
º çã ú í
çã í í
Medidas de associação
Associação
Relação de dependência estatística entre dois ou mais eventos, características ou outras
variáveis.
Uma associação está presente se a probabilidade de ocorrência de um evento depende da
ocorrência de outro ou outros.
Fator de risco
Característica ou circunstância detetável nos indivíduos ou grupos, associada com uma
probabilidade incrementada de experimentar um dano ou efeito adverso da saúde.
Geralmente um fator de risco é um atributo ou exposição que incrementa a probabilidade de
ocorrência de uma doença ou outro dano à saúde.
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CLE 2013/2017 41
Fontes de Dados
Censos Nacionais – cada década ano 1
Contagem periódica da população
Estimativas e projeções
Inquéritos e registos
Notificação de casos
Registo de mortalidade
Pesquisas epidemiológicas
Registos demográficos
Características:
Sistemas harmonizados e unificados (dados verdadeiros e fiáveis) Classificação Internacionais da Doença (CID- 10) – definição dos casos
Procedimentos padronizados para permitir comparações ao longo do tempo numa
mesma população ou entre populações diferentes.
Fontes de dados em Portugal/Europa
Notificação óbitos – INE; DGS
Doenças de Declaração Obrigatória – INSA
ECDC: Excelência na prevenção e controlo das doenças infeciosas
Sistema Europeu de Vigilância - TESSy. http://www.ecdc.europa.eu/
Doenças - Registos Hospitalares (ACSS) – Administração Central do Sistema de Saúde
Médicos Sentinela – INSA
Internamentos Hospitalares – GDH - Grupos de Diagnósticos Homogéneos - Altas
hospitalares
Estado Saúde da População – Inquérito Nacional de Saúde – INSA
Doenças Oncológicas - Registo Oncológico Regionais Estimar Incidência do cancro
Famacovigilância – INFARMED
Índice de Dependência de IdososRelação entre a população idosa e a população em idade ativa, definida habitualmente como o
quociente entre o número de pessoas com 65 ou mais anos e o número de pessoas com idades
compreendidas entre os 15 e os 64 anos (expressa habitualmente por 100 (10^2 ) pessoas com
15-64 anos).
Índice de Longevidade
Relação entre a população mais idosa e a população idosa, definida habitualmente como o
quociente entre o número de pessoas com 75 ou mais anos e o número de pessoas com 65 ou
mais anos (expressa habitualmente por 100 (10^2) pessoas com 65 ou mais anos.
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CLE 2013/2017 42
Indicadores Demográficos
A taxa de fecundidade total
A esperança de vida ao nascer e aos 65 anos
As relações de dependência da idade - Índice Envelhecimento
Taxas brutas de nascimentos, óbitos Taxa de crescimento populacional
Indicadores de um problema de saúde
Qualquer doença, lesão, fator de risco, ameaça ao ambiente ou à condição social, que
pode causar a morte / invalidez.
Pontos que precisam de ser caracterizados
O quê: Natureza / etiologia da situação da doença ou problema de saúde Quanto: Magnitude
Quem: População em risco
Onde: Localização geográfica Geographic locations
Quando: Tempo de ocorrência/variações sazonais
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CLE 2013/2017 43
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CLE 2013/2017 44
Objetivos:
Compreender a importância da epidemiologia como disciplina básica da saúde pública.
Conhecer a breve história da epidemiologia.
Identificar as finalidades da epidemiologia.
Descrever os objetivos da epidemiologia.
Identificar a utilização da epidemiologia em saúde
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CLE 2013/2017 45
Introdução à Epidemiologia
Epidemiologia e Saúde Pública
Epidemiologia é uma ciência fundamental para a saúde pública e é essencial no processo de
identificação e descrição de doenças emergentes.
Oferece à Saúde Pública explicações para os problemas de saúde das populações e permite-lhe
saber sobre o quê agir e quais os cenários de possível evolução dos problemas. Permite aos
decisores optarem em função de diferentes pressupostos, sobre como agir, e permite também
ajuizar sobre os resultados das ações empreendidas, em simultâneo com a elevação do nível
de consciência, de compreensão e de intervenção quanto ao que se está a passar, tanto pelos
profissionais, como pela população.
Origem
Hipócrates (séc V a.c.) na sua obra Tratado dos ares, águas e lugares: conselho a um médico
antes de entrar numa localidade nova: “primeiro observe o local…locais virados a sul são
menos húmidos e mais solarengos, depois saiba de onde vem a água para abastecimento… as
águas ferrosas são más para a digestão. Finalmente observe as pessoas e os seus hábitos…os
agricultores e os pescadores são mais magros e mais ágeis, enquanto que os habitantes das
cidades tendem a ser mais gordos e a sofrer de males”.
Expressava que os fatores ambientais podiam influenciar o aparecimento de doença.
1º estudo de características epidemiológicas.Saturnismo nos mineiros expostos ao chumbo nas minas.
James Lind (1753) estuda o Efeito dos citrinos na prevenção do escorbuto.
Percival Pott (1775) faz um dos primeiros e mais notáveis estudos epidemiológicos conhecidos
sobre o cancro. Descrição da carcinogénese ocupacional, verificando uma grande incidência de
cancro do escroto em limpa chaminés.
História dos factos•1796: Jenner usa a primeira vacina contra a varíola
•1854: Snow identifica e interrompe a transmissão da Cólera através da água de
abastecimento
•1882: Koch descobre os organismos responsáveis pela cólera e tuberculose
•1978: Erradicação da varíola
•anos 80: Doenças transmissíveis emergentes (HIV)
•século XXI: erradicação da poliomielite, sarampo, lepra?
•Novos desafios e velhas doenças (malária, cólera tuberculose , legionária, ébola …)
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CLE 2013/2017 46
Conceitos de Epidemiologia
“Ciência e técnica do diagnóstico da situação, do estabelecimento de prioridades dos
problemas de saúde de pesquisa de fatores determinantes desses problemas, do planeamento
e de orientação científica das medidas apropriadas de intervenção (no sentido da sua redução,
controlo e eliminação ou da sua prevenção) e finalmente da avaliação de eficácia e eficiência
dessas medidas”. OMS Conselho Europa, 1991
Epidemiologia é o estudo da distribuição e dos determinantes dos estados ou eventos
(incluindo doenças) relacionados com a saúde, e a aplicação desse estudo para o controle de
doenças e de outros problemas de saúde.
Vários métodos podem ser utilizados para realizar investigações epidemiológicas:
•vigilância e estudos descritivos pode ser usado para estudar a distribuição das doenças;
•estudos analíticos são utilizados para estudar os determinantes de saúde. (OMS, 2013)
Princípios da Epidemiologia
•Causalidade múltipla dos Fenómenos Biológicos.
•Conceito Ecológico da Saúde.
•História Natural da Doença.
•A Comunidade como Unidade de Investigação.
•Necessidade de Tratamento Estatístico e informático dos dados.
Epidemiologia quanto ao propósito
Epidemiologia Descritiva: Estuda a ocorrência da doença ou de outros fatores relacionados
com a saúde numa comunidade, da sua evolução no tempo e da sua distribuição numa
comunidade em função das suas características geográficas e demográficas.
Epidemiologia Causal ou Explicativa: Estuda as causas dos problemas de saúde, avaliando o
risco da sua ocorrência em função da presença ou ausência de determinados atributos.
Epidemiologia de Intervenção: Estuda o impacto num determinado problema de saúde da
comunidade de uma intervenção, visando modificar a exposição a potenciais fatores de risco
ou expondo a fatores protetores
Finalidade
•Identificação dos fatores determinantes da saúde e da doença.
•Descrever a história natural e o prognóstico das doenças.
•Identificar dados necessários para o planeamento e avaliação dos cuidados de saúde.
•Avaliar métodos de controlo da doença e problemas de saúde, relacionados com os
determinantes.
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Objetivos
•Identificar a etiologia ou causa de uma doença e os fatores de risco relevantes (aumentam o
risco individual de uma doença).
•Intervenção para reduzir a mortalidade e morbil idade causadas por uma doença.
Base racional para programas de promoção e prevenção
•Estudar a descrição, associação de fatores de risco ou protetores, o prognóstico da doença e
medidas de intervenção de um determinado problema de saúde.
•Há doenças mais graves do que outras.
•Umas mais letais e outras de maior período de sobrevivência.
•Novas formas de intervenção, novos tratamentos, novos meios de prevenir complicações.
•Diagnosticar o nível de saúde da Comunidade.
•Identificar e hierarquizar os principais problemas de saúde da Comunidade.
•Contribuir para a elaboração de programas de controlo/ prevenção e para a sua avaliação.
•Contribuir para a avaliação das necessidades em cuidados de Saúde da Comunidade.
Epidemiologia e o estudo das doenças
Estuda a doença, o risco de adoecer e a prevalência de se manter doente através do cálculo de
indicadores.
Estuda a etiologia das doenças e identifica os fatores predisponentes e desencadeantes.
Avalia a probabilidade de ocorrência da doença e a associação à exposição a um fator.
Explicar as características locais de saúde e doença.
Variáveis a observar na Epidemiologia Descritiva
Quando surgiu o problema de saúde? (tempo)
Onde vive? (lugar)
Quem são os casos? (pessoas)
Fases da História Natural da Doença
PERÍODO-PRÉ-PATOGÊNICO - É o período em que ocorre a interação preliminar entre agentes
potenciais, hospedeiros e fatores ambientes no processo da doença.
PERÍODO DE INCUBAÇÃO - Período durante o qual ocorre a instalação, e eventualmultiplicação dos agentes etiológicos no hospedeiro, sem que seja verificada sintomatologia
da doença (doenças transmissíveis).
PERÍODO DE EXPOSIÇÃO OU CARÊNCIA – doenças não transmissíveis.
PERÍODO PATOGENICO – Processo resultante da reação desencadeada no organismo do
hospedeiro em consequência ao estabelecimento do estímulo-doença.
Podemos sugerir que ocorra dois tios de relacionamento:
•Relacionamento Harmónico: evolução inaparente ou subclínica
•Relacionamento Desarmónico: incompatibilidade entre o hospedeiro e o parasita – formaaparente da doença.
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A evolução da doença pode ser:
•Convalescença: recuperação total ou parcial do hospedeiro.
•Cronicidade: quase sempre prejudicial ao hospedeiro.
•Morte
Níveis de prevenção de acordo com a história natural da doença (revisão)
Recordar 5 níveis de prevenção:
Primordial
Primária, secundária e terciária
Quaternária
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Avaliação do risco em epidemiologia
•Risco - probabilidade estatística de ocorrência de um acontecimento (doença ou morte) no
decurso de um período de tempo.
•Fator de risco - qualquer característica demográfica, genética, ambiental, comportamental ou
social que contribui para a maior probabilidade de ocorrência futura de alteração do estado de
saúde.
•Fatores protetores (menor probabilidade de ocorrência do acontecimento) condições sociais,
económicas ou biológicas, comportamento ou ambientes que estão associados com uma
doença, ou causam um aumento de suscetibilidade para uma doença específica.
•Avaliação de fatores que influenciam ou condicionam os fenómenos permitem evidenciar as
ações necessárias à promoção da saúde e à prevenção da doença.
Qual a diferença entre prevalência e incidência de doença?
Quando falamos em morbidade, referimo-nos aos que adoeceram num dado intervalo do
tempo, neste território. A morbidade é estudada segundo quatro indicadores básicos: a
incidência, a prevalência, a taxa de ataque e a distribuição proporcional.
A Incidência e a prevalência são medidas de frequência de ocorrência de doença.
•Prevalência mede quantas pessoas estão doentes.
•Incidência mede quantas pessoas tornaram-se doentes.Ambos os conceitos envolvem espaço e tempo – quem está ou ficou doente num determinado
lugar numa dada época.
Incidência
Coeficiente de Incidência (CI)=nº de casos novos de determinada doença em dado local e período
na população do mesmo local e período×10
•A incidência de uma doença, num determinado local e período, é o número de casos novos
surgidos no mesmo local e período de tempo (ano).
•Revela a intensidade com que acontece uma doença numa população.
•Mede a frequência ou probabilidade de ocorrência de casos novos de doença na população.
•Alta incidência (ou Taxa de incidência elevada) significa risco coletivo elevado de adoecer.
Exemplo:
CI = 2 / 35.5 pessoas ano
= 0.056 casos / pessoa ano
= 5.6 casos / 100 pessoas ano= 56 casos / 1000 pessoas ano
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Prevalência
Coeficiente de Prevalência (CV)=nº de casos de determinada doença em um dado local e período
população do mesmo local e período×10
Prevalecer significa ser mais, ter mais valor, predominar.
A prevalência indica qualidade daquilo que prevalece e implica acontecer e permanecerexistindo num momento considerado.
O coeficiente de prevalência (Taxa de Prevalência) é mais utilizado para doenças crónicas de
longa duração, como tuberculose, SIDA ou diabetes.
Casos prevalentes são os anteriormente diagnosticados (casos antigos) mais aqueles que
foram descobertos posteriormente (casos novos).
Prevalência é o número total de casos de uma doença, novos e antigos, existentes num
determinado local e período.
A prevalência, como ideia de acúmulo, de stock, indica a força com que subsiste a doença na
população.
Prevalência pontual e no período (lápsica)
•A prevalência pode ser pontual instantânea ou prevalência momentânea.
•A prevalência pontual é medida pela frequência da doença ou pelo seu coeficiente num
ponto definido no tempo, seja o dia, a semana, o mês ou o ano.
•No intervalo de tempo definido da prevalência pontual, os casos prevalentes excluem aqueles
que evoluíram para cura, para óbito ou que migraram.
•Os casos prevalentes num período de tempo, ou lápsica, é a prevalência que abrange um
lapso de tempo mais ou menos longo e que não concentra a informação num dado ponto
desse intervalo.
• A prevalência lápsica inclui todos os casos prevalentes, inclusive os que curaram, morreram
ou emigraram.
Taxa de Ataque:
Taxa de ataque=nº de casos da doença em um dado local e período
população exposta ao risco×100
•Taxa de Ataque é expressa em percentagem, é uma forma especial de incidência.
•É usada quando se investiga um surto de uma doença num local onde há uma população bem
definida como creche, escola, quartel, pessoas que participaram de um determinado evento
como um almoço, etc.
• Essas pessoas formam uma população especial, exposta ao risco de adquirir a referida
doença, num período de tempo bem definido.
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Distribuição Proporcional
Distribuição Proporcional=nº parcial de casos
nº total de casos×100
A distribuição proporcional indica, do total de casos (ou mortes) os que ocorreram por
determinada causa.Exemplo: como se distribui a doença entre homens ou quantos ocorrem nos diferentes grupos
etários.
•O resultado sempre é expresso em %.
•A distribuição proporcional não mede o risco de adoecer ou morrer, só indica como se
distribuem os casos entre as pessoas afetadas, por grupos etários, sexo, localidade e outras
variáveis.
Qual a diferença entre Risco Relativo (RR) e Odds ratio?
•Risco relativo (RR) e odds ratio são medidas de associação entre variáveis que comparam
ocorrências de eventos (ex doenças, morte).
•O risco relativo mede quantas vezes a frequência relativa de um evento é maior numa e
noutra situação.
•O Odds ratio mede quantas vezes o odds de um evento é maior numa e noutra situação.
•Para entender risco relativo e odds ratio há que estudar as medidas de ocorrência de eventos
que cada um considera.
•Frequência relativa é a razão entre o número de eventos observados e o total de observações
realizadas.
Exemplo: Da observação de 50 pessoas encontra-se 10 com deficit auditivo, a frequência
relativa é 10 em 50, ou 1 em 5, ou 20% (20 em 100).
Como interpretar o Risco Relativo?
•Exemplo: para avaliar a incidência de cancro de pulmão sobre o tabagismo, ou seja, entre
fumantes e não fumantes, deve-se saber:
•Na população total de fumantes (grupo de expostos, n = 102.600)
os que tiveram câncer de pulmão (n = 133) e os que não tiveram
câncer de pulmão (n = 102.467).
•No total da população de não-fumantes (não-expostos, n =
42.800) os que tiveram câncer de pulmão (n = 3) e os que não
tiveram câncer de pulmão (n = 42.797).
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Realiza-se o cálculo RR da seguinte forma:
•IE = incidência nos expostos
•IE = (133 casos de câncer de pulmão) / (102.600 expostos ao risco) = 1,30
•INE = incidência nos não-expostos
•INE = (3 casos de câncer de pulmão) / (42.800 não-expostos ao risco) = 0,07
•RR = IE/INE =1,3/0,07 = 18,6
•A interpretação dos valores do risco relativo é a seguinte:
•* Quando o RR é menor que 1, a associação sugere que o fator estudado teria uma ação
protetora;
•* Quando o RR apresenta valor igual a 1, temos ausência de associação;
•* Quando o RR é maior que 1, a associação sugere que o fator estudado seria um fator de
risco; quanto maior o RR, maior a força da associação entre exposição e o efeito estudado.
Odds Ratio (OR)
Odds Ratio pode ser traduzido como razão de chances (odds)
Mas chance (odds) é diferente de probabilidade (risco)
Embora se usam as 2 palavras como o mesmo significando.
Qual a probabilidade (risco) de morte no caso de uma doença em que ocorrem 60 mortes a
cada 100 doentes, durante 1 ano?
Resposta = 60% (60 / 100),
Qual a Odds Ratio (chance de morte)?
O Odds Ratio é 1.5, que pode ser expresso também como 1.5 / 1 ou (1.5 para 1).
Para cada 1 pessoa que sobrevive, ocorrem 1.5 mortes. Ou para cada 2 doentes que
sobrevivem, 3 morrem.
Chance = probabilidade / 1 – probabilidade; ou Chance = probabilidade / complemento da
probabilidade; ou Probabilidade de morrer / probabilidade de não morrer = 60% / (1 – 60%)
= 60% / 40% = 1.5
Como interpretar a razão Odds?
•Odds é a razão entre número de eventos observados e o número de eventos não observados
(os ‘sim’ contra os ‘não’).
•Odds é uma palavra inglesa para designar as possibilidades a favor versus contra.
•É usada na forma original por falta de um equivalente aceitável em português.
•A literatura Brasileira designa por Razão de chances.
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Tipos de estudos em Epidemiologia
Os estudos em epidemiologia são quanto a:
Unidade de estudo
-Centrado no individuo
-Centrado num grupo (estudos
ecológicos)
Intervenção do investigador
- Observa
- Experimenta
Tempo em que decorre o estudo
- Transversais
- Longitudinais
Propósito da investigação
-Descrever
-Analisar
Intervenção epidemiológica: Como desenhar a pesquisar?
1) randomizado – estudo com grupos alocados a partir de um processo aleatório de escolha,
buscando-se uma distribuição equilibrada de variáveis de confundimento;2) não-randomizado – estudo com grupos experimental e de controle escolhidos a partir de
critérios de disponibilidade ou conveniência;
3) bloqueado – estudo com grupos formados exclusivamente por representantes de uma dada
categoria da variável de confundimento a se controlar, bloqueando-se o efeito vinculado às
outras classes da variável;
4) pareado – estudo com grupos constituídos por pareamento, garantindo uma composição
rigorosamente equivalente em termos de algumas variáveis selecionadas;
5) rotativo – estudo com estrutura baseada na alternância de grupos, em que os participantes
que compõem o grupo experimental são alocados, após um certo período, para o grupo
controle, e vice-versa.
Considerando a modalidade de controle do bias de mensuração nos estudos de intervenção,
estes podem ser:
1) duplo-cego – a alocação dos grupos e as mensurações referentes à variável dependente são
feitas às cegas (ou seja, nem os avaliadores nem os participantes têm conhecimento da
alocação dos grupos);
2) simples-cego – os participantes não têm conhecimento de sua pertinência aos grupos da
pesquisa (por exemplo, através do uso de placebos nos ensaios clínicos);
3) aberto – quando todo o envolvido tem acesso a informações capazes de indicar a alocação
dos grupos experimental e de controle.
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Estudos Observacionais
Estudo em que as diferenças estabelecidas entre os grupos resultam da observação e análise
dos mesmos.
Estudos Descritivos
A epidemiologia descritiva permite determinar a associação com as características específicas
da exposição ou da suscetibilidade ao risco de forma a gerar hipóteses para serem
posteriormente testadas.
Estudos Ecológicos
Caracterizam populações e exploraram correlações entre o ambiente e as doenças. Podem ser
momentâneos ou longitudinais.
A população ou grupo é a unidade de observação
A área geográfica que ocupam é bem definida
Exemplo: cancro do esófago e gástrico duma população (taxas de Mortalidade) e padrões de
consumo de sal e fumados …
INCONVENIENTES
Estão sujeitos a falácia ecológicaDifícil selecionar grupos de tamanho adequado
Apenas permitem determinar prevalências
VIEZES
Erros sistemáticos de seleção
Confundimento (variáveis socioeconómica) que pode conduzir a erros de extrapolação do
grupo para o indivíduo.
INDICAÇÕES
Fornece informação que permite formular hipóteses explicativas de doenças ou fatores causaisrelativamente raros.
VANTAGENS
Ao comparar a existência de associação causal a nível populacional, entre a exposição e a
doença é provável que exista a nível individual - facilita a determinação de estratégias de
intervenção e é importante geradora de hipóteses.
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Estudos Transversais
Caracterizam indivíduos, são planeados para a observação e descrição de acontecimentos
epidemiológicos nos indivíduos.
Podem ser momentâneos ou longitudinais.
Permitem determinar prevalências.
Vantagens:
•Delineamento simples - Registos sistemáticos e inquéritos
•Económico
•Permitem estudar várias associações ao mesmo tempo
•Contextualizam a pessoa, lugar e tempo
Indicações
Pesquisar efeitos súbitos de que é pouco provável haver registos