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SECAGEM E RESFRIAMENTO A VÁCUO DE COGUMELOS COMESTÍVEIS DA
ESPÉCIE Pleurotus ostreatus DSM 1833
Giannini Pasiznick Apati
Universidade Federal de Santa Catarina Pós-Graduação em Engenharia de Alimentos
Departamento de Engenharia Química e Engenharia de Alimentos
Trabalho apresentado como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Engenharia de Alimentos na Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil.
Florianópolis, 20 de outubro de 2004.
APROVAÇÃO
Nome: Giannini Pasiznick Apati Titulação: Mestre em Engenharia de Alimentos Título da Dissertação: SECAGEM E RESFRIAMENTO A VÁCUO DE
COGUMELOS COMESTÍVEIS DA ESPÉCIE Pleurotus ostreatus DSM 1833
Banca Examinadora: Dra. Alcilene. R.M. Fritz Departamento de Engenharia Química e de Alimentos - UFSC Dr. José Carlos Cunha Petrus Departamento de Engenharia Química e de Alimentos- UFSC Dr. João Borges Lurindo Orientador Departamento de Engenharia Química e de Alimentos- UFSC Dr. Agenor Furigo Junior Examinador Externo Departamento de Engenharia Química e de Alimentos - UFSC
ii
Resumo
Cogumelos do gênero Pleurotus são muito saborosos e são considerados uma boa opção de dieta devido ao seu elevado valor nutricional, sendo ricos em proteínas, fibras, carboidratos, vitaminas e minerais. Sendo constituídos por cerca de 90% de umidade, os cogumelos frescos são extremamente perecíveis, pois a água que compõe sua estrutura gera um ambiente favorável aos processos biológicos, bioquímicos e biofísicos que degradam alimentos. Sendo assim, os processos de desidratação e de resfriamento a vácuo dos cogumelos da espécie Pleurotus ostreatus DSM 1833 foram avaliados neste trabalho. Os cogumelos foram desidratados em estufa com circulação de ar nas temperaturas de 40, 50 e 60ºC, com umidade relativa do ar de 75%. Os parâmetros de reidratação foram avaliados utilizando-se um planejamento experimental fracionado 33-1, onde as variáveis estudadas foram a temperatura de secagem (40, 50 e 60ºC), a temperatura da água de reidratação (25, 55 e 85ºC) e o tempo de imersão na água (30, 75 e 120 minutos). As isotermas de sorção de umidade foram determinadas a 30, 40 e 50ºC. Foi avaliada a influência da taxa de redução de pressão no resfriamento a vácuo e a minimização da perda de massa no processo através da aspersão de água antes do resfriamento a vácuo. A melhor temperatura de secagem obtida foi de 40ºC, levando em consideração a melhor reidratação dos cogumelos desidratados nesta temperatura. A reidratação dos cogumelos desse gênero pode ser feita em água na temperatura ambiente por 30 minutos. Tanto o modelo de GAB quanto o modelo de BET representaram adequadamente os dados experimentais de sorção de umidade. A aspersão de água nos cogumelos antes do resfriamento diminuiu consideravelmente a perda de massa durante o processo. Assim, desenvolveu-se conhecimentos básicos para dois processos de conservação dos cogumelos do gênero Pleurotus. Palavras-chave: Pleurotus ostreatus; desidratação; resfriamento a vácuo.
iii
Abstract
Mushrooms of Pleurotus genus very flavorous and are considered a good diet due to their increased nutritional value, being rich in protein, fibers, carbohydrates, vitamins and minerals. Being constituted of about 90% of humidity, the fresh mushrooms are extremely perishable, because the water that composes their struture generates an environment favorable to the biological, biochemical and biophysical processes that degrade foods. For this reason the dehydration and vacuum cooling processes of mushrooms of Pleurotus ostreatus DSM 1833 specie have been evaluated in this work. The mushrooms were dehydrated in an oven with air circulation with a temperature of 40, 50 and 60ºC, with air relative humidity of 75%. The rehydration parameters have been evaluated using an experimental design 33-1, where the studied variables were the drying temperature (40, 50 and 60ºC), the water immersion temperature (25, 55 and 85ºC) and the water immersion time (30, 75 and 120 minutes). The moisture sorption isotherms were determined at 30, 40 and 50ºC. The pressure reduction rate influence in the vacuum cooling and the weigh loss minimization in the process by spraying the mushrooms with water before the vacuum cooling were valuated. The best drying temperature as obtained at 40ºC, taking into consideration a better rehydration of mushrooms dried in this temperature. The rehydration of mushrooms of this specie can be done at room temperature water during 30 minutes. Both GAB and Bet models represented satisfactorily the experimental data of moisture sorption. Spraying water before the vacuum cooling could reduce the weight loss during the process. In such case, basic knowledge was developed for these two conservation processes of Pleurotus mushroom. Keywords: Pleurotus ostreatus; dehydration; vacuum cooling.
iv
Agradecimentos
Agradeço primeiramente a Deus por minha existência.
Ao Prof. Dr. João Borges Laurindo pela orientação prestada nesse trabalho. E também a Profa. Dra. Sandra Furlan pela co-orientação do mesmo.
Aos professores Agenor, Alcilene e Petrus por terem aceito o convite para participar da banca examinadora deste trabalho.
À turma do PROFI por ter me acolhido na realização de parte dos experimentos, em especial ao Fabinho que eu tanto incomodei com minhas dúvidas e ao Eduardo pela montagem do equipamento para realização do resfriamento a vácuo.
A meus pais Sandra e Antonio Carlos e minha avó Terezinha pela preocupação a cada ida e vinda à Florianópolis. Agradeço também ao meu irmão Carlos que, muitas vezes me fez companhia nas viagens.
A UNIVILLE por ter permitido que eu realizasse o cultivo dos cogumelos e os experimentos de secagem e reidratação.
À minhas colegas de trabalho Beatriz, Leslie, Millena e Andrea pela ajuda e incentivo naquelas horas em que dava vontade de jogar tudo para o alto e correr sabe-se lá para onde.
À Caroline Silveira Campos por ter tirado as fotografias dos cogumelos feitas no estúdio fotográfico da UNIVILLE.
Agradeço imensamente a Regina Gern, Márcia Lange da Silveira, Elisabeth Wisbeck e Andréa Schneider, pelas orientações emergenciais e pela amizade.
Ao meu amado Carlos André que soube compreender minha ausência, minhas preocupações, dando-me apoio, carinho e incentivo.
Gostaria de agradecer a todas as pessoas que não foram aqui citadas mas contribuíram direta ou indiretamente na execução desse trabalho.
v
No final tudo da certo, se ainda não deu
certo é porque ainda não acabou...
(Fernando Sabino)
vi
Sumário
Aprovação i
Resumo ii
Abstract iii
Sumário vi
Lista de Figuras ix
Lista de Tabelas xii
Introdução 1
Capítulo 1 Objetivos 3
1.1 Objetivo geral ............................................................................................................ 3 1.2 Objetivos específicos ................................................................................................. 3
Capítulo 2 Revisão bibliográfica 4
2.1 Cogumelos comestíveis ............................................................................................. 4 2.2 Fungos do gênero Pleurotus ostreatus ..................................................................... 5 2.3 Cultivo dos cogumelos .............................................................................................. 6
2.3.1 Colheita e pós-colheita .............................................................................................. 8 2.4 Secagem de cogumelos e alguns vegetais ................................................................ 8
2.4.1 Fundamentos da secagem....................................................................................... 11 2.4.1.1 Classes de materiais em função do comportamento na secagem ...................... 14 2.4.2 Atividade de água.................................................................................................... 16 2.4.3 Isoterma de sorção de umidade .............................................................................. 16 2.4.4 Reidratação.............................................................................................................. 18
2.5 Resfriamento a vácuo ............................................................................................. 19 2.5.1 Princípio do resfriamento a vácuo .......................................................................... 20 2.5.2 Aplicações do resfriamento a vácuo........................................................................ 21
Sumário vii
Capítulo 3 Material e métodos 26
3.1 Cultivo de Pleurotus ostreatus ............................................................................... 26 3.1.1 Microrganismo e manutenção................................................................................. 27 3.1.2 Produção de inóculo ou “spawn” ............................................................................. 27 3.1.3 Substrato para frutificação ..................................................................................... 28 3.1.4 Condições de cultivo ................................................................................................ 28 3.1.5 Colheita.................................................................................................................... 29
3.2 Secagem................................................................................................................... 30 3.2.1 Isotermas de sorção de umidade............................................................................. 31 3.2.2 Reidratação.............................................................................................................. 32
3.3 Resfriamento a vácuo ............................................................................................. 33 3.3.1 Taxa de redução de pressão no resfriamento a vácuo ........................................... 35 3.3.2 Aspersão de água..................................................................................................... 36 3.3.3 Simulação da perda de massa durante o resfriamento a vácuo............................ 36
Capítulo 4 Resultados e discussão 38
4.1 Secagem................................................................................................................... 38 4.2 Reidratação ............................................................................................................. 42 4.3 Isotermas de sorção de umidade ............................................................................ 45 4.4 Resfriamento a vácuo ............................................................................................. 48
4.4.1 Influência da taxa de redução de pressão (Y) ........................................................ 48 4.4.2 Influência da aspersão de água .............................................................................. 50 4.4.3 Determinação do calor específico (cp) dos cogumelos............................................. 52 4.4.4 Simulação da evolução temporal da massa dos cogumelos ................................... 52
Sumário viii
Conclusões 54
Perspectivas para trabalhos futuros 56
Referências Bibliográficas 57
Apêndice A Curvas de secagem 64
Apêndice B Taxas de secagem 66
Apêndice C Curvas de resfriamento a vácuo 68
ix
Lista de Figuras
Figura 2.1 Curva de secagem típica em condições constantes de secagem; teor de umidade em função do tempo (FOUST, 1982). .............................................. 13
Figura 2.2 Curva da taxa de secagem típica em condições constantes de secagem; taxa (velocidade) de secagem em função do teor de umidade (FOUST, 1982)................................................................................................................. 13
Figura 2.3 Curvas típicas de resfriamento de cortes de carne cozidos (4 a 5 kg) resfriados por diferentes métodos (MC DONALD & SUN, 2000)................. 20
Figura 3.1 Fluxograma do cultivo de Pleurotus ostreatus DSM 1833............................. 26
Figura 3.2 Câmara de frutificação de P. ostreatus contendo pacotes com o substrato colonizado para frutificação ............................................................................ 29
Figura 3.3 Fotografia ilustrando o ponto de colheita do Pleurotus ostreatus ................. 30
Figura 3.4 Esquema do dispositivo experimental usado na secagem dos cogumelos ... 31
Figura 3.5 Representação esquemática de um sistema de resfriamento a vácuo experimental (1 – câmara de vácuo com amostra e termopares; 2 – condensador; 3 – “trapping”; 4 – bomba de vácuo; 5 – sistema de aquisição de dados).......................................................................................... 34
Figura 3.6 Algoritmo utilizado para o cálculo das evoluções temporais da massa dos cogumelos resfriados a vácuo. Onde, t = tempo (s); T = temperatura (ºC); m = massa da amostra (kg); mw = massa de água (kg); xw = fração de umidade; c = calor específico (kJ/KgºC); AĤvap = entalpia de vaporização (kJ/kg) e ∆m = massa de água evaporada (kg). ......................... 37
Figura 4.1 Curvas de secagem dos cogumelos da espécie Pleurotus ostreatus DSM 1833, nas temperaturas de 40, 50 e 60ºC e umidade relativa de 75%.......... 38
Figura 4.2 Taxa de secagem de Pleurotus ostreatus (-dX/dt) em função do tempo de secagem (t) ....................................................................................................... 39
Figura 4.3 Foto de cogumelos da espécie P. ostreatus desidratados a 40ºC e UR 75%. 41
Figura 4.4 Foto de cogumelos da espécie P. ostreatus desidratados a 50ºC e UR 75%. 41
Figura 4.5 Foto de cogumelos da espécie P. ostreatus desidratados a 60ºC e UR 75%. 41
Lista de Figuras x
Figura 4.6 Cogumelos P. ostreatus “in natura”, desidratados e reidratados.................. 42
Figura 4.7 Gráfico de Pareto, para os parâmetros relacionados à capacidade de reidratação dos cogumelos da espécie P. ostreatus DSM 1833...................... 43
Figura 4.8 Superfície de resposta da capacidade de reidratação em função da temperatura da água de reidratação (ºC) e da temperatura de secagem dos cogumelos (ºC) ........................................................................................... 44
Figura 4.9 Superfície de resposta da capacidade de reidratação em função do tempo de reidratação (min) e da temperatura de secagem dos cogumelos (ºC)....... 44
Figura 4.10 Isotermas de sorção de umidade a 30ºC para cogumelos da espécie P.
ostreatus DSM 1833. ....................................................................................... 45
Figura 4.11 Isotermas de sorção de umidade a 40ºC para cogumelos da espécie P.
ostreatus DSM 1833. ....................................................................................... 46
Figura 4.12 Isotermas de sorção de umidade a 50ºC para cogumelos da espécie P.
ostreatus DSM 1833. ....................................................................................... 46
Figura 4.13 Curvas de vácuo obtidas pelas diferentes taxas de evacuação da câmara de resfriamento................................................................................................ 48
Figura A.1 Curvas de secagem de Pleurotus ostreatus experimentais a 60ºC ................ 64
Figura A.2 Curvas de secagem de Pleurotus ostreatus experimentais a 50ºC ................ 65
Figura A.3 Curvas de secagem de Pleurotus ostreatus experimentais a 40ºC ................ 65
Figura B.1 Taxas de secagem de Pleurotus ostreatus a 60ºC........................................... 66
Figura B.2 Taxas de secagem de Pleurotus ostreatus a 50ºC........................................... 67
Figura B.3 Taxas de secagem de Pleurotus ostreatus a 40ºC........................................... 67
Figura C.1 Curvas de resfriamento a vácuo de Pleurotus ostreatus - experimento A com 5 repetições. Pf = 7 mmHg. ...................................................................... 69
Figura C.2 Curvas de resfriamento a vácuo de Pleurotus ostreatus - experimento B com 4 repetições. Pf = 10 mmHg. .................................................................... 70
Figura C.3 Curvas de resfriamento a vácuo de Pleurotus ostreatus - experimento C com 4 repetições. Pf = 10 mmHg. .................................................................... 71
Figura C.4 Curvas de resfriamento a vácuo de Pleurotus ostreatus - experimento D com 5 repetições. Pf = 5 mmHg. ...................................................................... 72
Figura C.5 Curvas de resfriamento a vácuo de Pleurotus ostreatus - experimento E com 5 repetições. Pf = 5 mmHg. ...................................................................... 73
Figura C.6 Curvas de resfriamento a vácuo de Pleurotus ostreatus - experimento Aa (com aspersão de água) com 4 repetições. Pf = 7 mmHg................................ 74
Lista de Figuras xi
Figura C.7 Curvas de resfriamento a vácuo de Pleurotus ostreatus - experimento Ca (com aspersão de água) com 5 repetições. Pf = 5 mmHg................................ 75
Figura C.8 Curvas de resfriamento a vácuo de Pleurotus ostreatus - experimento Da (com aspersão de água) com 5 repetições. Pf = 5 mmHg................................ 76
Figura C.9 Curvas de resfriamento a vácuo de Pleurotus ostreatus - experimento Ea (com aspersão de água) com 5 repetições. Pf = 5 mmHg................................ 77
xii
Lista de Tabelas
Tabela 3.1 Atividades de água a 20ºC e sais utilizados no experimento de determinação das isotermas de sorção de umidade dos cogumelos .............. 32
Tabela 3.2 Parâmetros e níveis do planejamento experimental de reidratação 33-1. .... 33
Tabela 3.3 Taxas de redução de pressão utilizadas nos experimentos ........................... 36
Tabela 4.1 ANOVA para os parâmetro temperatura de secagem, temperatura da água de reidratação e tempo de reidratação com relação a capacidade de reidratação dos cogumelos da espécie P. ostreatus. ....................................... 43
Tabela 4.2 Constantes de GAB e BET para os modelos ajustados às curvas de sorção de umidade dos cogumelos .................................................................. 47
Tabela 4.3 Perdas de massa e redução média de temperatura por percentual de perda de massa (ηT) obtidas nos experimentos, para os diferentes valores de Y (s-1). .......................................................................................................... 48
Tabela 4.4 Perdas de massa e redução média de temperatura por percentual de perda de massa (ηT) obtidas nos experimentos com aspersão de água, para os diferentes valores de Y (s-1)................................................................ 50
Tabela 4.5 Massa real e simulada de cogumelos da espécie P. ostreatus resfriados a vácuo. ............................................................................................................... 52
1
Introdução
Os cogumelos da espécie Pleurotus ostreatus são extremamente saborosos e são
considerados uma boa opção de dieta por causa de seu elevado valor nutricional, sendo
ricos em proteínas, fibras, carboidratos, vitaminas e minerais (COHEN et al, 2002,
BONATTI, 2001, SILVEIRA, 2003). Sendo constituídos por cerca de 90% de umidade, os
cogumelos frescos são extremamente perecíveis, pois a água que compõe a sua estrutura
gera um ambiente favorável aos processos biológicos, bioquímicos e biofísicos que
degradam alimentos.
Sendo assim, formas de aumentar a vida útil de cogumelos do gênero Pleurotus e
melhorar a conservação para comercialização são essenciais para estimular o cultivo
comercial, bem como o hábito de consumi-lo (STAMETS & CHILTON, 1996).
No caso da comercialização “in natura”, o resfriamento dos cogumelos se
apresenta como uma alternativa para aumentar a vida de prateleira dos mesmos
(VILLAESCUSA & GIL, 2003).
O resfriamento a vácuo é uma técnica que pode ser utilizada para resfriar
cogumelos (BURTON et al., 1987; MC DONALD & SUN, 2000). Devido ao fato da
diminuição da temperatura se dar pela evaporação da água a uma pressão reduzida, o
resfriamento a vácuo causa uma perda de massa no produto resfriado e como essa perda
é uma desvantagem do processo, estudos vêm sendo realizados para minimiza-la
(BROSNAN & SUN, 2001; HUBER, 2003).
Quando o objetivo for estender ainda mais a vida útil dos cogumelos, a
desidratação é o método de conservação mais indicado, podendo-se diminuir a atividade
0: 2
de água a níveis onde a proliferação de microrganismos decompositores é muito reduzida.
Os cogumelos desidratados podem ser posteriormente reidratados por imersão em água
antes do consumo.
Tendo em vista o exposto acima, o presente trabalho teve por objetivo o estudo da
aplicação de dois processos de conservação aos cogumelos da espécie Pleurotus ostreatus.
Em uma primeira linha, avaliou-se a desidratação dos cogumelos em estufa com
circulação forçada de ar, bem como a sua posterior reidratação e a construção das
isotermas de sorção de umidade para os cogumelos “in natura” e desidratados. Em uma
segunda linha, estudou-se a aplicação do resfriamento a vácuo como um método rápido e
barato de resfriamento, assim como alternativas operacionais que minimizassem a
degradação da qualidade dos cogumelos resfriados.
3
Capítulo 1
Objetivos
1.1 Objetivo geral
Estudar a conservação de cogumelos comestíveis da espécie Pleurotus ostreatus,
através das técnicas de secagem e resfriamento a vácuo.
1.2 Objetivos específicos
• Construir as isotermas de sorção para os cogumelos;
• Determinar as curvas de secagem para os corpos frutíferos de Pleurotus
ostreatus;
• Avaliar a capacidade de reidratação dos cogumelos desidratados
• Estudar o resfriamento a vácuo dos cogumelos e a qualidade após
resfriamento.
Capítulo 2: Revisão bibliográfica
4
Capítulo 2
Revisão bibliográfica
2.1 Cogumelos comestíveis
Segundo MOLENA (1986) o aumento da população do globo terrestre obedece a
uma progressão geométrica, tornando sério o problema da alimentação. Em quase todos
os países há pesquisas que buscam encontrar novas fontes de carboidratos e proteínas e
acredita-se que as bactérias, as leveduras e os fungos serão uma forma de resolver o
problema.
Os cogumelos são fontes de aminoácidos, contendo todos os essenciais e não
essenciais; contém minerais, como cálcio, potássio, iodo e fósforo e vitaminas, entre elas
tiamina, riboflavina, niacina e ácido ascórbico, além de outras do complexo B (BONONI
et al., 1995; MOLENA, 1986).
O valor nutricional do cogumelo é altíssimo. Suas proteínas são 80% assimiláveis
e digeríveis (nas proteínas vegetais, somente algumas chegam a ser 50 ou 60%
digeríveis). Além disso, o cogumelo é muito saboroso e pode ser consumido cru ou cozido,
podendo acompanhar qualquer tipo de carne ou simplesmente ser um ingrediente
principal de uma receita (MOLENA, 1986).
O cultivo de cogumelos comestíveis é um dos processos economicamente viáveis de
bioconversão de resíduos lignocelulósicos (THOMAS et al., 1998; CHANG & MILES,
1993). Os cogumelos excretam enzimas que degradam celulose, hemicelulose, lignina,
Capítulo 2: Revisão bibliográfica
5
fenóis, proteínas e carboidratos, o que faz com que esses fungos cresçam num amplo
espectro de resíduos de plantas (RAJARATHNAM et al., 1998).
2.2 Fungos do gênero Pleurotus ostreatus
Pleurotus ostreatus é conhecido pelos orientais como Hiratake e, no caso de
cogumelos colhidos menores e cultivados sob condições de menor ventilação, tem sido
denominado Shimeji (BONONI et al., 1995). É ainda chamado de cogumelo ostra, devido
a sua forma e tradicionalmente conhecido como um dos cogumelos comestíveis mais
nutritivos e saborosos (RAJARATHNAM et al., 1992; COHEN et al., 2002).
O Pleurotus é um cogumelo decompositor de matéria vegetal que pode ser
encontrado praticamente no mundo todo, sendo freqüente também nas matas brasileiras.
Até a década de 70 sua obtenção era baseada na coleta direta da natureza. A partir de
então se iniciou o cultivo em escala industrial. No final da década de 50, iniciaram-se os
primeiros experimentos à base de serragem como substrato para cultivo e, no início da
década de 60 se começou a usar diversos tipos de palhas secas, como capim, palha de
arroz e palha de trigo para a produção em massa (BONONI et al. 1995).
É um dos fungos comestíveis mais cultivados no mundo (CHANG, 1996, 1999;
MILES & CHANG, 1987). Por ser um cogumelo de sabor acentuado e por haver
disponibilidade deste no mercado, o consumo aumentou significativamente nestes
últimos anos e, em 1995, ocupava o quarto lugar da produção mundial de cogumelos
comestíveis (BONONI et al., 1995).
P. ostreatus é considerado uma boa opção de dieta por causa de seu elevado valor
nutricional – é rico em proteína, fibra, carboidrato, vitaminas e minerais – e tem baixo
valor calórico, gorduras e sódio (COHEN et al., 2002, BONATTI, 2001, SILVEIRA, 2003),
contendo lisina, arginina e treonina em altas concentrações (JWANNY et al., 1995).
Capítulo 2: Revisão bibliográfica
6
Segundo JWANNY et al. (1995), cogumelos do gênero Pleurotus têm 2,85% de
gordura. Desde que gorduras e carboidratos raramente faltam na alimentação, os seus
componentes protéicos podem contribuir de modo diferenciado na alimentação humana.
Segundo dados da “Food Policy and Nutrition Division” citados em BISARIA &
MADAN (1983), os cogumelos da espécie Pleurotus ostreatus têm 90,8% de água e sua
composição centesimal em base seca é: 30,4% de proteína; 2,2% de gordura; 48,9% de
carboidratos; 8,7% de fibra e 9,8% de cinzas e seu valor energético é de 345 kcal.
Segundo MOLENA (1986) os cogumelos do gênero Pleurotus recebem a seguinte
classificação:
Família: Agaricacea
Ordem: Basideomicetos
Nome científico: Pleurotus ostreatus
BONONI et al. (1995) classificam os fungos do gênero Pleurotus como sapróbios,
por colonizarem matéria orgânica em decomposição.
2.3 Cultivo dos cogumelos
Os fungos do gênero Pleurotus apresentam algumas vantagens de cultivo em
relação ao gênero Agaricus e outros cogumelos comestíveis: adapta-se a ampla
diversidade de substratos, que não necessitam de processo de pré-fermentação
(compostagem). Além disso, apresentam crescimento mais rápido, são mais agressivos na
competição com outros organismos, têm capacidade de crescimento numa grande
amplitude térmica, podendo ser cultivados em todo o território nacional, por tolerarem
temperaturas elevadas. Estes fungos também requerem uma tecnologia de produção
menos complexa e apresentam um ciclo produtivo reduzido, características desejáveis e
determinantes na viabilidade técnica e econômica de um cultivo industrial (ZADRAZIL,
1984; CHANG & HAYES, 1978 e CHANG & QUIMIO 1984).
Capítulo 2: Revisão bibliográfica
7
Conforme BONONI et al. (1995), por ser um fungo essencialmente lignícola, ou
seja, que degrada a madeira para obter seu alimento, o Pleurotus possui capacidade de se
desenvolver em qualquer resíduo que contenha celulose, hemicelulose e lignina. Assim,
dependendo da região aonde vai se instalar o cultivo, pode-se utilizar a matéria-prima
disponível nas proximidades.
Um fator limitante para a maioria dos tipos de produção de alimentos é a
disponibilidade de área, sendo esta uma grande vantagem do cultivo de cogumelos, que
requer pouco espaço (CHANG & MILES, 1993). O cultivo de cogumelos produz mais
proteína por unidade de terra que qualquer outra forma de agricultura (BISARIA &
MADAN, 1983).
A forma mais tradicional e mais comum de se cultivar Pleurotus é em sacos de
polipropileno, de preferência transparentes, pois facilitam a visualização de áreas de
crescimento do micélio, além de possibilitar a visualização de contaminações (BONONI
et al, 1995).
Durante a fase de incubação, o micélio se desenvolve e coloniza todo o composto,
formando uma massa branca e compacta. É um processo complexo caracterizado por
intensa atividade biológica, onde o micélio degrada o composto e retira os nutrientes,
predispondo o fungo à frutificação. Nesta fase não há necessidade de iluminação, sendo
importante manter a temperatura entre 25 e 28ºC. O final do período de incubação é
caracterizado pela colonização total do substrato pelo micélio. Em média, esse período é
de 15 a 20 dias, no término dos quais os sacos devem ser abertos. Essa abertura pode ser
da várias formas, uma boa opção de abertura é rasgá-los verticalmente, com o auxílio de
estiletes. Com a abertura dos sacos deve-se modificar fisicamente o ambiente.
Recomenda-se que a umidade relativa do ar seja mantida em torno de 95%, que a
luminosidade seja de 2000 lux durante 12 horas ao dia e que a troca gasosa seja de 4
Capítulo 2: Revisão bibliográfica
8
vezes o volume da câmara por hora, para evitar o acúmulo de mais de 600 ppm de CO2
(BONONI et al., 1995).
2.3.1 Colheita e pós-colheita
A colheita deve ser feita quando as margens do píleo estiverem planas, pois em
breve iniciarão a liberação de esporos (BONONI et al., 1995).
Os cogumelos do gênero Pleurotus são mais delicados e sensíveis do que os do
gênero Agaricus e deterioram-se mais rapidamente após a colheita. Uma vez
deteriorados, podem causar severas intoxicações gastro-intestinais. Formas de aumentar
a vida útil dos cogumelos do gênero Pleurotus e melhorar a conservação para
comercialização são essenciais para estimular o cultivo comercial, bem como o hábito de
consumi-lo (STAMETS & CHILTON, 1996).
Sob condições climáticas ideais o cogumelo depois de colhido tem um máximo de
10 dias de vida útil. A qualidade é predominantemente afetada pela temperatura de
armazenamento. Um exemplo de redução da vida útil é de cerca de 9 dias a 2ºC para 3
dias a 18ºC (LUKASSE & POLDERDIJK, 2003).
Resfriamento pode ser usado na estocagem de cogumelos frescos e também
durante a distribuição e venda, incrementando a qualidade e aumentando a vida de
prateleira (VILLAESCUSA e GIL, 2003).
O método de conservação tradicionalmente utilizado para os cogumelos do gênero
Pleurotus é a desidratação a 45-65ºC, com circulação de ar. Os cogumelos desidratados
podem ser reidratados por imersão em água por 1 a 2 horas. No entanto, cogumelos
reidratados têm sua textura original modificada (STAMETS & CHILTON, 1996).
2.4 Secagem de cogumelos e alguns vegetais
Os cogumelos são altamente perecíveis devido ao seu elevado conteúdo de água
(de 6,75 a 18,9 kg de água/kg de sólido seco), que representa aproximadamente 87 a 95%
Capítulo 2: Revisão bibliográfica
9
de sua massa úmida. Se os cogumelos frescos não são imediatamente consumidos, eles
devem passar por algum tipo de tratamento para evitar sua deterioração. A secagem é o
processo mais comumente usado para preservação de cogumelos (ARORA et al., 2003;
PAL & CHAKRAVERTY, 1997).
A secagem é um dos mais antigos métodos de conservação de alimentos e é uma
operação que pode provocar mudanças indesejáveis ao produto desidratado, como o
encolhimento e o escurecimento enzimático e não enzimático (MASKAN, 2000).
A desidratação é um método clássico de conservação de alimentos, tendo por
princípio a redução da atividade de água do produto até níveis que garantam a
estabilidade físico-química e microbiológica (KROKIDA et al., 2003; CAO, et al., 2003;
LEWICKI & JAKUBCZYK, 2004). Uma grande vantagem dos produtos desidratados é
que eles ocupam muito menos espaço do que os produtos enlatados ou resfriados, além de
poderem ser estocados a temperatura ambiente (CAO et al., 2003).
A secagem convectiva muda a estrutura e a conformação espacial dos
biopolímeros do material, como resultado da remoção de água. Há uma destruição
natural da estrutura e diminuição da permeabilidade nas membranas. Com isso, mudam
também as propriedades reológicas (KAREL, 1980 apud LEWICKI & JAKUBCZYK,
2004).
Trabalhos publicados sobre o uso de microondas para secagem de kiwi mostraram
um aumento da ordem de 13 a 14 vezes na velocidade de secagem, comparado a secagem
convectiva. Porém, quando analisada a qualidade do produto desidratado, foi observado
um maior encolhimento das frutas (85%) quando a secagem por microondas foi utilizada.
Quando utilizada a secagem convectiva, o encolhimento foi na ordem de 81% e o melhor
resultado observado pelo autor foi de 76% para secagem convectiva seguida de
microondas na fase final de secagem (MASKAN, 2001). Além da perda de qualidade do
Capítulo 2: Revisão bibliográfica
10
produto quando usada a secagem por microondas, os custos de aplicação desse processo
em escala industrial ainda são elevados (ARORA, et al. 2003).
Quanto à velocidade de secagem, PAL & CHAKRAVERTY (1997), estudando a
secagem de Pleurotus ostreatus com e sem pré-tratamento (branqueamento a vapor por 3
min, seguido por tratamento com solução de metabissulfito de sódio e ácido cítrico a 5%,
por 5 min) nas temperaturas de 45, 50 e 60ºC, e velocidades do ar de 0,9 e 1,6m/s,
observaram que o aumento da temperatura de 45 para 60ºC faz com que haja uma
redução de 40% no tempo de secagem. Em todas as temperaturas testadas, foi observado
que os cogumelos não tratados secavam a taxa de secagem maior do que os cogumelos
tratados. A capacidade de reidratação também foi negativamente afetada pelo pré-
tratamento.
GEORGE & DATTA (2002) evidenciaram em seus estudos a possibilidade de usar
a liofilização para desidratar Pleurotus florida. Utilizando este método obtiveram
cogumelos secos em 5 horas. Mas, a liofilização não é um processo viável
economicamente para o processamento industrial de cogumelos (RATTI, 2001).
Observando a velocidade de secagem e o encolhimento de maçãs, LEWICKI &
JAKUBCZYK (2004) observaram que o encolhimento das frutas foi inversamente
proporcional à temperatura de secagem.
KROKIDA et al. (2003) estudando a cinética de secagem de alguns vegetais de
interesse no preparo de misturas para sopas (batata, cenoura, pimentão, alho, cogumelo,
cebola, alho poro, ervilha, milho, aipo, abóbora e tomate), concluíram que a temperatura
de secagem é o fator mais importante na velocidade de secagem para todos os materiais
examinados, enquanto que a velocidade do ar e a umidade relativa do ar são menos
significativos.
FUNEBO & OHLSSON (1998) estudaram o processo de secagem para maçã e
cogumelos, utilizando um planejamento fatorial 23, onde as variáveis estudadas foram a
Capítulo 2: Revisão bibliográfica
11
temperatura do ar de secagem (40, 60 e 80ºC), a velocidade do ar (0,5, 1,0 e 1,5m/s) e a
temperatura do centro do alimento desidratado (40, 60 e 80ºC), que representa
indiretamente a potência das microondas aplicada, num processo combinado. Os
melhores resultados obtidos para a secagem de maçã foram 60ºC, 60ºC e 1,0m/s,
respectivamente para a temperatura do ar, temperatura do centro do alimento e
velocidade do ar de secagem. Para os cogumelos, os melhores resultados foram 80ºC, 80ºC
e 1,5m/s, respectivamente, para os mesmos parâmetros acima, sendo que, nessas
condições, o tempo de secagem dos cogumelos é 25% menor que as demais condições
estudadas.
MARTÍNEZ-SOTO et al. (2001) aplicaram branqueamento com metabissulfito de
sódio ou ácido cítrico antes da secagem de cogumelos P. ostreatus pelos seguintes
métodos: secagem convectiva a 65ºC e velocidade do ar de 1,5m/s, secagem em estufa a
vácuo a 55ºC ou liofilização. Os cogumelos que sofreram branqueamento ficaram mais
escuros depois da secagem do que aqueles que não foram submetidos ao branqueamento.
Os cogumelos liofilizados apresentaram maior capacidade de reidratação e cor mais
próxima à dos cogumelos “in natura” do que os cogumelos secos por ar quente ou a vácuo.
Porém, o aroma e o sabor dos cogumelos secos por ar quente foram estatisticamente
semelhantes aos apresentados pelos cogumelos liofilizados.
2.4.1 Fundamentos da secagem
Na secagem de um sólido com altos teores de umidade, imediatamente após o
contato entre a amostra e o meio secante, a temperatura do sólido ajusta-se até atingir
um regime estacionário (FOUST et al., 1982). Se o sólido é poroso, boa parte da água é
evaporada a uma taxa constante de secagem. Esse período continua enquanto a água do
interior do sólido pode movimentar-se rapidamente até a superfície do mesmo, de modo a
repor a água evaporada. Durante esse período, a temperatura do sólido iguala-se a
temperatura de bulbo úmido (GEANKOPLIS, 1993). Uma vez que as temperaturas do
Capítulo 2: Revisão bibliográfica
12
sólido tenham atingido a temperatura de bulbo úmido do gás, elas permanecem bastante
estáveis e a taxa de secagem também permanece constante. O período termina quando o
sólido atinge um teor de umidade crítico, o qual depende fortemente das condições de
secagem. Além deste ponto, a temperatura da superfície eleva-se e a taxa de secagem cai
rapidamente. O período de taxa decrescente pode ser bem mais dilatado que o período de
taxa constante, embora a remoção de umidade seja muito menor (FOUST et al., 1982). A
velocidade de secagem cessa quando a umidade do sólido possui uma pressão de vapor
igual à pressão de vapor d’água do ar. O teor de umidade de equilíbrio resultante (que é o
menor teor de umidade atingível no processo de secagem) para um dado sólido é uma
função da temperatura e da umidade relativa do ar (BENNETT, 1978) A Figura 2.1
mostra uma curva típica de secagem obtida experimentalmente. A Figura 2.2 é obtida a
partir de derivação da curva de secagem (FOUST et al., 1982).
Estas curvas típicas de secagem estão relacionadas aos mecanismos que
controlam a secagem e a estrutura e composição do sólido. O período de secagem
representado pelo segmento AB das curvas das Figuras 2.1 e 2.2 é o período em regime
não permanente, durante o qual a temperatura do sólido atinge o seu valor de regime
permanente. Embora a forma que está na Figura 2.2 seja típica, é possível obter
qualquer outra forma, e AB pode ocorrer com uma velocidade crescente, conforme
mostrado, ou com velocidade decrescente. Durante o período a taxa constante (segmento
BC das curvas de secagem das Figuras 2.1 e 2.2), toda a superfície exposta do sólido está
saturada de água. A secagem ocorre como se fosse a evaporação de uma massa de
líquido, sem haver influência direta do sólido na taxa de secagem.
Capítulo 2: Revisão bibliográfica
13
Figura 2.1 Curva de secagem típica em condições constantes de secagem; teor de
umidade em função do tempo (FOUST, 1982).
Figura 2.2 Curva da taxa de secagem típica em condições constantes de secagem; taxa
(velocidade) de secagem em função do teor de umidade (FOUST, 1982).
O mecanismo do deslocamento do líquido, e por isso a velocidade deste movimento
varia acentuadamente com a própria estrutura do sólido. Nos sólidos que têm espaços
vazios (poros) relativamente grandes, o movimento será, possivelmente, controlado pela
tensão superficial e pelas forças de gravidade no interior do sólido. Nos sólidos com
estruturas fibrosas ou amorfas, o movimento do líquido ocorre por difusão através do
sólido. Desde que as taxas de difusão sejam menores que o escoamento por gravidade ou
por capilaridade, os sólidos nos quais a difusão controla o movimento do líquido tendem a
ter períodos a taxa constante mais curtos, ou mesmo secarem sem que haja um período
Capítulo 2: Revisão bibliográfica
14
de taxa constante perceptível. No ponto C, indicados nas Figuras 2.1 e 2.2, o teor de
umidade do sólido é o mínimo para suprir a evaporação superficial (FOUST et al., 1982).
O “primeiro período de taxa decrescente”, ocorre entre os pontos C e D da
Figura 2.2. A área da superfície não está mais completamente úmida e a umidade
continua diminuindo até que a superfície fique sem água livre, no ponto D
(GEANKOPLIS, 1993).
Nos teores de umidade mais baixos que os do ponto D da Figura 2.2, toda a
evaporação ocorre a partir do interior do sólido. À medida que o teor de umidade
continua a cair, a distância a ser coberta na difusão do calor e da massa aumenta até
que, em XE, o teor de umidade de equilíbrio cessa a secagem. O teor de umidade de
equilíbrio é atingido quando a pressão parcial do vapor sobre o sólido é igual a pressão
parcial de vapor no gás secante afluente. Este período é denominado o “segundo período
de taxa decrescente” (FOUST et al., 1982).
2.4.1.1 Classes de materiais em função do comportamento na secagem
Com base no comportamento durante a secagem, é possível dividir os materiais
em duas classes principais. A primeira é constituída por sólidos granulados ou cristalinos
que retêm a umidade nos interstícios entre as partículas, ou em poros superficiais, rasos
e abertos. Nestes materiais, o movimento da umidade é relativamente livre e ocorre em
conseqüência da interação das forças gravitacionais e das forças de tensão superficial (ou
capilares). O sólido em si, que é usualmente inorgânico, é pouco afetado pela presença do
líquido e não sofre grande ação do processo de secagem. Exemplos de materiais que
pertencem a essa classe são a moinha de rocha, o dióxido de titânio, o amarelo de cromo,
catalisadores, sulfato de zinco monoidratado e fosfato de sódio. Nestas substâncias, os
teores de umidade no equilíbrio são usualmente muito próximos de zero (FOUST et al.,
1982).
A maioria dos sólidos orgânicos é amorfa, fibrosa ou gelatinosa, e constitui a
Capítulo 2: Revisão bibliográfica
15
segunda classe principal de materiais. Esses materiais retêm a umidade como parte
integral da estrutura do sólido, ou então retêm-na no interior de fibras ou de poros
delgados internos. Nestas substâncias, o movimento da umidade é lento e provavelmente
ocorre pela difusão do líquido através da estrutura do sólido. Por isso, as curvas de
secagem das substâncias mostram períodos de taxa constante muito curtos, que
terminam em valores elevados do teor crítico de umidade. Pelas mesmas razões, o
primeiro período de taxa decrescente é muito reduzido, e a maior parte do processo de
secagem é controlada pela difusão do líquido; isto é, a velocidade de secagem é controlada
pela velocidade de difusão do líquido através do sólido. A maior parte da secagem ocorre
no segundo período de taxa decrescente. Os teores de umidade no equilíbrio são em geral
elevados, o que indica ser significativa a quantidade de água que é retida intimamente
na estrutura do sólido, ou em poros tão delgados que a sua pressão de vapor é
significativamente reduzida. Em virtude de a água presente fazer parte da estrutura do
sólido, esta é afetada pela remoção da umidade. As camadas superficiais tendem a secar
mais rapidamente que o interior. Quando a taxa de secagem for muita elevada, é possível
que se estabeleçam diferenças tão grandes no teor de umidade no interior da amostra
que a amostra se deforma. Em outros casos, é possível que se forme um revestimento
relativamente impermeável de material parcialmente seco, que inibe o prosseguimento
da secagem no interior e pode acentuar a desigualdade de teores de umidade na amostra,
com o conseqüente realce da tendência de o sólido deteriorar-se. Em virtude destas
circunstâncias, as condições de realização da secagem são críticas e devem ser escolhidas
tendo em vista os efeitos que podem ter sobre a qualidade do produto, a economia do
processo ou a comodidade da operação. Exemplos destes materiais incluem ovos, os
detergentes, as colas, o extrato de café solúvel, cereais, amido, sangue animal e extrato
de soja (FOUST et al., 1982).
Capítulo 2: Revisão bibliográfica
16
2.4.2 Atividade de água
O controle da atividade de água para preservação de alimentos com qualidade e
segurança é um fator muito importante para a indústria de alimentos. Limitando-se o
valor da atividade de água, pode-se limitar o crescimento microbiano. Valores de
atividade de água abaixo de 0,60 são os mais indicados para preservação de alimentos,
pois nestes valores não há praticamente nenhum crescimento microbiano (RIZVI, 1986).
A Equação 2.1 mostra como é definida a atividade de água (aw), onde: pw é a
pressão parcial de vapor d’ água no alimento, Pw0 é a pressão parcial de vapor da água
pura, na mesma temperatura (T) e UR é a umidade relativa do ar, em equilíbrio com o
produto.
(2.1)
Os fatores que limitam a vida de prateleira dos produtos desidratados são
normalmente o oxigênio e a umidade, que podem agir independentemente ou em
conjunto. Outros fatores também podem interferir, como a temperatura, pH, potencial de
oxidação-redução, disponibilidade de nutrientes, presença de inibidores de crescimento
(RIZVI, 1986).
2.4.3 Isoterma de sorção de umidade
Para medidas de atividade de água, pode-se usar métodos integrais e diferenciais.
O método integral consiste em submeter várias amostras a diferentes condições
ambientais, acompanhando as mudanças da quantidade de umidade através de
pesagens. O método diferencial consiste em submeter uma única amostra a diferentes
condições, aumentando ou diminuindo a umidade do ambiente após o equilíbrio de cada
condição, esse método tem vantagens por utilizar apenas uma amostra, porém devido ao
aw =pw
0 = UR100pw( )
T
Capítulo 2: Revisão bibliográfica
17
XeXm
C.K.aw
(1-K.aw) (1-K.aw + C.K.aw)=
longo tempo necessário para atingir cada ponto de equilíbrio a amostra pode sofrer
algumas alterações degenerativas. Este problema pode ser controlado pelo uso do método
integral (RIZVI, 1986).
Para gerar ambientes com condições definidas de atividade de água para
alimentos e também para calibrações, normalmente usa-se soluções saturadas de sais,
ácido sulfúrico ou glicerina. As soluções saturadas de sais são as mais usadas por
fornecerem apenas um valor de atividade de água a uma dada temperatura (RIZVI,
1986).
A melhor maneira de conhecer o comportamento higroscópico dos produtos
alimentícios é através das isotermas de sorção. O interesse teórico e prático de conhecer
as isotermas de produtos desidratados é essencial para estabelecer condições ideais de
conservação, de transformação e do dimensionamento dos equipamentos de secagem e de
transporte (DA COSTA et al., 2003).
Algumas equações são geralmente usadas para descrever quantitativamente o
fenômeno de sorção. As mais utilizadas são a de Brunauer, Emmett e Teller (BET) com
dois parâmetros, equação (2.2), e a equação (2.3) de Guggenheim, Anderson e De Boer
(GAB). A equação de GAB é a mais indicada para alimentos, segundo TIMMERMANN et
al. (2001).
(2.2)
(2.3)
onde, aw é a atividade de água, Xm é o valor da monocamada (gw/gss), C é a constante de sorção, K é o fator de correção e Xe representa a umidade no equilíbrio (gw/gss)
XeXm
C.aw
(1-aw) (1-aw + C.aw)=
Capítulo 2: Revisão bibliográfica
18
2.4.4 Reidratação
As características de reidratação de produtos secos são usadas como parâmetro de
qualidade e indicam as mudanças físicas e químicas durante a secagem, bem como a
influência das condições de processo, pré-tratamento e da composição da amostra
(LEWICKI, 1998; FUNEBO & OHLSSON, 1998).
LEWICKI et al. (2002) estudaram três tipos de processos de secagem de tomates:
a) pré-tratados com solução de CaCl2 2%, por 24 horas, a 20ºC; b) pré-tratados como no
procedimento anterior e posteriormente desidratados osmoticamente com solução de
sacarose 61,5%, por 180 minutos, a 30ºC; c) desidratados osmoticamente com solução de
sacarose 61,5% e CaCl2 2%, por 180 minutos, a 30ºC. Em seguida, as amostras foram
submetidas a secagem convectiva a 60ºC e velocidade do ar de secagem de 2m/s e os
processos foram comparados à secagem convectiva sem pré-tratamento. Com base nos
dados obtidos, concluíram que os tomates que não sofreram nenhum tipo de pré-
tratamento tiveram uma melhor reidratação, absorvendo 30% de água com relação ao
seu peso anterior ao processo de secagem. Tomates pré-tratados com CaCl2 tiveram esse
valor reduzido a 20%, enquanto que os tomates desidratados osmoticamente absorveram
somente 15% de água com relação ao seu peso anterior ao processo.
FUNEBO & OHLSSON (1998) estudaram a capacidade de reidratação de
cogumelos da espécie A. bisporus e maçã, usando secagem convectiva seguida do uso de
microondas no final do processo de secagem, onde a potência das microondas aplicadas
foi medida através da temperatura do centro do alimento. Para os dois alimentos
estudados, a capacidade de reidratação foi melhor para o processo de secagem sem uso de
microondas, para o qual os cogumelos absorveram 20% da umidade contida inicialmente
na amostra e as maçãs absorveram 25%.
MASKAN (2001), estudando a secagem convectiva, o uso de microondas e a
secagem convectiva seguida de microondas para obtenção de kiwi desidratado, observou
Capítulo 2: Revisão bibliográfica
19
que quanto à capacidade de reidratação de kiwi cortado em pedaços de 5mm de
espessura e 40mm de diâmetro, o melhor dos três processos foi a secagem convectiva
seguida de microondas e o que apresentou a menor capacidade de reidratação foi
observada na secagem por microondas.
2.5 Resfriamento a vácuo
O resfriamento a vácuo vem sendo proposto como um método rápido de
resfriamento para vários alimentos, incluindo carnes cozidas e cogumelos (BURTON et
al., 1987; MC DONALD et al., 2000; DESMOND et al., 2000; HUBER, 2004). O
resfriamento a vácuo vem sendo usado para resfriar vegetais folhosos como a alface
(HAAS & GUR, 1987; ARTÉS & MARTÍNEZ, 1996). Existem ainda algumas pesquisas
utilizando o resfriamento a vácuo no pré-resfriamento de flores (BROSNAN & SUN,
2001; SUN & BROSNAN, 1999).
Diferentemente de outros métodos de resfriamento, o resfriamento a vácuo
remove calor através da evaporação da água (MC DONALD et al., 2000; MC DONALD &
SUN, 2001b), diminuindo significativamente o tempo de resfriamento (BURTON et al.,
1987; HAAS & GUR, 1987, MC DONALD et al., 2000).
Durante o resfriamento a vácuo, reduzindo-se a pressão do sistema, chega-se a
uma menor temperatura de ebulição da água, que evapora rapidamente do produto, que
se resfria para garantir a evaporação (HAAS & GUR, 1987; HOUSKA et al., 1996).
Comparado a outros métodos, como resfriamento por convecção forçada de ar frio
e por imersão em água, o resfriamento a vácuo é o método mais rápido. Porém, é o
processo que causa a maior perda de massa por estar intrinsecamente associado com a
evaporação da água livre do produto (MC DONALD et al., 2000; SUN & WANG, 2000 e
2004). Curvas típicas de resfriamento de cortes de carne com 4 a 5 kg resfriados por
diferentes métodos está apresentada na Figura 2.3 e mostrando que o resfriamento a
vácuo é o mais rápido dos métodos.
Capítulo 2: Revisão bibliográfica
20
01020304050607080
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (h)
Tem
pera
tura
(ºC
)
res friamento a vácuo ar fo rçado imersão em água refrigerado r comercial
Figura 2.3 Curvas típicas de resfriamento de cortes de carne cozidos (4 a 5 kg) resfriados
por diferentes métodos (MC DONALD & SUN, 2000).
Sendo a perda de massa a maior desvantagem do resfriamento a vácuo, existem
estudos que buscam a sua minimização. A perda de massa pode ser minimizada, no caso
de carnes ou alimentos prontos, através da injeção de salmouras ou molhos (SELF et al.,
1990; SUN & WANG, 2000 e 2004; MC DONALD et al., 2000; WANG & SUN, 2002) ou,
no caso de alfaces, cogumelos e flores através da aspersão de água antes do resfriamento
(BURTON et al., 1987; HAAS & GUR, 1987; SUN & BROSNAN, 1999).
Qualquer produto que tenha água livre e cuja estrutura não seja destruída pela
remoção dessa água pode ser resfriado a vácuo (WANG & SUN, 2001).
2.5.1 Princípio do resfriamento a vácuo
A água evapora a 100ºC à pressão atmosférica. A redução de pressão causa um
abaixamento na temperatura de ebulição da água. Isso significa que a água pode
evaporar a temperaturas tão baixas quanto 0ºC se esta estiver a uma pressão de 4,6
mmHg (GEANKOPLIS, 1993).
Se um produto com alto teor de umidade for submetido a uma pressão sub-
atmosférica, parte da água do produto evapora, resfriando o mesmo (MC DONALD &
SUN, 2000).
O resfriamento a vácuo é um processo em batelada. Um sistema típico desse tipo
Capítulo 2: Revisão bibliográfica
21
de resfriamento consiste de dois componentes básicos: uma câmara de resfriamento e
uma bomba de vácuo (MC DONALD & SUN, 2000). O processo de resfriamento a vácuo
acontece em dois estágios distintos: (a) remoção da maior parte do ar da câmara até a
pressão de saturação à temperatura inicial do produto, com um pequeno resfriamento e
(b) a redução contínua da pressão no interior da câmara até uma pressão final, que
promoverá a mudança de fase responsável pelo resfriamento do produto (WANG & SUN,
2001).
A câmara de resfriamento é normalmente horizontal, de formato cilíndrico ou
retangular e deve acomodar o produto a ser resfriado. Durante o processo de
resfriamento, a porta da câmara deve estar hermeticamente fechada e qualquer
vazamento que permita a entrada de ar comprometerá o processo (WANG & SUN, 2001).
A bomba de vácuo deve ser projetada para reduzir rapidamente a pressão da câmara, da
pressão atmosférica até a pressão de saturação na temperatura inicial do produto. As
bombas mais utilizadas para o resfriamento a vácuo são as rotativas com óleo (MC
DONALD & SUN, 2000).
2.5.2 Aplicações do resfriamento a vácuo
Resfriamento a vácuo de produtos cárneos e pratos prontos
Na indústria, as carnes cozidas são normalmente resfriadas utilizando métodos
convencionais como resfriamento por ar frio (túnel ou câmaras) e por imersão em água.
Durante o resfriamento convencional, o calor é removido do centro para a superfície por
condução e é liberado para o meio refrigerante. Quando se trata de um corte de carne de
grandes dimensões fica complicado reduzir o tempo de resfriamento, pois por convecção é
muito difícil reduzir a temperatura do centro da carne, limitando a velocidade de
resfriamento (SUN & WANG, 2000).
Se a velocidade de resfriamento for suficientemente lenta, os esporos que
sobreviveram ao cozimento podem germinar, crescer e formar toxinas (MC DONALD &
Capítulo 2: Revisão bibliográfica
22
SUN, 2000; WANG & SUN, 2001 e 2004). Por razões de segurança, um menor tempo de
resfriamento da carne irá minimizar o crescimento de patogênicos sobreviventes ao
cozimento (SUN & WANG, 2000).
Com base nesse fato muitas pesquisas vêm mostrando a possibilidade do uso do
resfriamento a vácuo para o resfriamento rápido de carnes e produtos cárneos cozidos
(MC DONALD & SUN, 2000; HUBER, et al., 2003 e 2004; HUBER, 2004). Alguns
autores têm comparado diversos métodos de resfriamento e concluíram que o
resfriamento a vácuo é a técnica mais rápida para reduzir a temperatura de presuntos e
cortes grandes de carnes cozidas (DESMOND et al., 2000; MC DONALD et al., 2000;
SUN & WANG, 2000). Resfriando aproximadamente 7 kg carnes cozidas por diferentes
métodos de resfriamento, SUN & WANG (2000) obtiveram os seguintes tempos para
reduzir a temperatura do centro da carne de 70 para 10ºC: 75 minutos para o
resfriamento a vácuo, 570 minutos para o resfriamento por ar forçado e 465 minutos
para imersão em água.
A perda de água é um efeito significativo na qualidade das carnes, principalmente
na textura. Cortes de carne resfriados a vácuo foram classificados como rígidos (MC
DONALD et al., 2000). Como alternativa foi sugerida a injeção de molhos e salmouras
para melhorar a qualidade sensorial dos cortes de carne suína e bovina resfriados a
vácuo (DESMOND et al., 2002; MC DONALD et al., 2001b; MC DONALD & SUN,
2001a).
Como solução para reduzir a perda de massa e melhorar a qualidade sensorial de
carnes cozidas e resfriadas, HOUSKA et al. (2003) propuseram imersão dos cortes de
carne em molhos durante o resfriamento a vácuo. Esse procedimento levou a uma
redução da perda de massa e em alguns casos houve até mesmo um ganho de massa. O
molho penetra nos poros da carne no final do resfriamento, quando a pressão ambiente é
restabelecida e o ar entra rapidamente na câmara de resfriamento a vácuo.
Capítulo 2: Revisão bibliográfica
23
Os produtos da indústria de panificação como panetones, tortas salgadas e alguns
tipos de pães também foram alvos de estudo utilizando a técnica do resfriamento a
vácuo. Conforme MC DONALD & SUN (2000), os produtos de panificação normalmente
são resfriados de 98 a 30ºC e têm perda de massa de cerca de 1% para diminuição de
10ºC na temperatura, o que resulta em cerca de 6,8% de perda de massa total para esse
resfriamento.
Resfriamento a vácuo de frutas, vegetais e flores
O resfriamento a vácuo de alfaces é um dos mais apropriados devido às
características desse vegetal, que possui uma grande área superficial, que é uma das
características desejáveis para a aplicação do processo. Atualmente o resfriamento a
vácuo é a técnica empregada para o resfriamento rápido de alfaces, não somente nos
Estados Unidos como também em muitos países da Europa (HAAS & GUR, 1987)
Alfaces estocadas a temperatura ambiente tem vida de prateleira de
aproximadamente 3 a 5 dias. Se estocadas a 1ºC com 90% de umidade relativa podem ter
a vida de prateleira aumentada para mais de 14 dias (ARTÉS & MARTÍNEZ, 1996). O
uso do resfriamento a vácuo no resfriamento de vegetais como a alface pode reduzir a
temperatura de cerca de 25ºC para 1ºC em menos de 30 minutos. Após este tempo os
vegetais podem ser distribuídos em caminhões refrigerados (ARTÉS & MARTÍNEZ,
1996; MC DONALD & SUN, 2000). Os efeitos do resfriamento a vácuo e das embalagens
no aumento da vida de prateleira e na perda de massa de alfaces vem sendo
extensivamente estudados (MARTÍNEZ & ARTÉS, 1999; ARTÉS & MARTÍNEZ, 1996;
HAAS & GUR, 1987; HE et al, 2004).
MC DONALD & SUN (2000) citam que o resfriamento a vácuo tem aplicação
prática também para outros vegetais, frutas e grãos, incluindo morangos, groselha,
melões, couve, espinafre, brócolis, arroz, pimentões, nabo, pepinos e cenouras. Pesquisas
têm mostrado que para frutas e vegetais com alto teor de umidade como estes
Capítulo 2: Revisão bibliográfica
24
mencionados, quando resfriados da temperatura ambiente de 25ºC para 1ºC perdem
cerca de 4% do seu peso. A perda de peso é um problema significante do resfriamento a
vácuo de vegetais e frutas. A aspersão de água antes do resfriamento pode reduzir a
perda de massa (BROSNAN & SUN, 2001).
Existem estudos comprovando que flores resfriadas a vácuo logo após a colheita
aumentam significantemente a sua “vida de vaso”. Segundo SUN & BROSNAN (1999) a
vida útil de narcisos resfriados a vácuo imediatamente após a colheita pode aumentar de
3 para 4 dias. O tempo médio de resfriamento é de 65 segundos, para reduzir a
temperatura até 2ºC. Aspergindo água nas flores antes do resfriamento a vácuo o tempo
de resfriamento pode ser reduzido para 40 a 45 segundos e a perda de massa pode ser
reduzida de 3% para 1,5 %. BROSNAN & SUN (2001), estudaram a aspersão de água em
lírios antes do resfriamento a vácuo e concluíram que a aspersão de água reduziu os
percentuais de perda de massa de 5,4 % para até 0%, não tendo influência na vida útil
das flores.
Resfriamento a vácuo de cogumelos
À temperatura ambiente, a vida de prateleira de cogumelos é de 3 a 4 dias,
período que pode ser ampliado significantemente estocando os cogumelos em
refrigeradores (LUKASSE & POLDERDIJK, 2003; VILLAESCUSA e GIL, 2003). O fato
dos cogumelos possuírem cerca de 90% de água e estrutura porosa (BONONI et al, 1995;
BISARIA & MADAN, 1983) os torna suscetíveis ao resfriamento a vácuo. A técnica do
resfriamento a vácuo vem sendo adotada comercialmente para resfriar cogumelos nos
Estados Unidos, na Inglaterra e em outros países da Europa (MC DONALD & SUN,
2000).
Contudo, pesquisas têm mostrado que o resfriamento a vácuo, por um lado acelera
o resfriamento, porém por outro pode causar alguns efeitos desagradáveis na qualidade
dos cogumelos. Barnard (1974) apud MC DONALD & SUN (2000), observou que
Capítulo 2: Revisão bibliográfica
25
cogumelos com o píleo aberto tiveram maior perda de massa do que os cogumelos que
apresentavam o píleo fechado, concluindo que a perda de massa aumenta com o aumento
da área superficial.
BURTON et al. (1987) resfriaram cogumelos da espécie Agaricus bisporus e por
análise de microscopia eletrônica de varredura, não encontraram diferenças na estrutura
dos cogumelos resfriados a vácuo e convencionalmente. Com relação ao escurecimento,
mesmo após 102 horas estocados a 5ºC não foi detectado escurecimento significativo,
porém os cogumelos resfriados a vácuo tiveram menor escurecimento do que os
resfriados convencionalmente. Quando os cogumelos foram estocados a 18ºC houve um
aumento linear no escurecimento com o tempo de estocagem.
A perda de massa dos cogumelos estocados a 5ºC foi consideravelmente menor do
que aqueles estocados a 18ºC. A diferença entre a perda de massa após os dois tipos de
resfriamento foi pequena, porém significante, sendo que cogumelos resfriados a vácuo
tiveram perda de massa 1,7% maior do que os resfriados convencionalmente (BURTON
et al, 1987).
26
Capítulo 3
Material e métodos
3.1 Cultivo de Pleurotus ostreatus
A forma de cultivo de Pleurotus ostreatus utilizada para obtenção dos corpos de
frutificação utilizados neste trabalho está ilustrada esquematicamente pelo fluxograma
apresentado na Figura 3.1.
Figura 3.1 Fluxograma do cultivo de Pleurotus ostreatus DSM 1833.
Capítulo 3: Material e métodos
27
3.1.1 Microrganismo e manutenção
Em todos os experimentos foi utilizada a linhagem Pleurotus ostreatus obtida da
“Deutsche Sammlung von Mikroorganismen und Zellkuturen Gmbh” sob o código DSM
1833.
A cultura foi mantida em placas de Petri contendo meio TDA, com a seguinte
composição por litro: extrato de trigo (obtido da fervura de grãos de trigo em água na
proporção de 1:2 (p:v), durante 10 minutos, filtrado), 20g de dextrose e 15 g de ágar. O
meio foi esterilizado em autoclave (QUIMIS, Q-190-22) a 121ºC, durante 20 minutos.
Cada placa foi inoculada com um disco de ágar de 12mm de diâmetro, contendo
o micélio fúngico, proveniente de uma cultura prévia, colocada no centro da placa,
incubada a 30ºC até o desenvolvimento do micélio por toda placa. As placas foram
conservadas em refrigerador, por até 3 meses.
3.1.2 Produção de inóculo ou “spawn”
Na produção de inóculo foi utilizado como substrato e suporte para crescimento,
grãos de trigo lavados em água corrente e cozidos durante 10 minutos (após início da
fervura) em água destilada na proporção 1:2 (grãos de trigo:água – p:v). O extrato
proveniente do cozimento foi drenado e os grãos foram suplementados com CaCO3 e
CaSO4 nas proporções de 0,35% e 1,3%, respectivamente, com relação ao peso dos grãos
antes da fervura. A adição destes componentes tem a finalidade de manter o pH
ligeiramente alcalino e deixar os grãos descompactados.
Os grãos cozidos e suplementados foram então embalados (250g de grãos de
trigo/saco de polipropileno de 200x 300 mm), fechados e esterilizados em autoclave
(QUIMIS, Q-190-22) a 121ºC, durante 1 hora. Após a esterilização, cada saco foi
inoculado com 3 discos de ágar com 12mm de diâmetro contendo o micélio fúngico e
Capítulo 3: Material e métodos
28
incubado em estufa microbiológica (WTB, Binder), a 30ºC, em ausência de luz, até
colonização total dos grãos de trigo (aproximadamente 15 dias).
3.1.3 Substrato para frutificação
Folhas de bananeira em estado de senescência, secas e trituradas em partículas
de 2 a 5 cm, em triturador (Trapp) foram colocadas em sacos de ráfia e imersas em água
por 12 h. Logo após foram escorridas por 4 horas e suplementadas com 5% de farelo de
arroz em relação ao peso seco das folhas de bananeira, para aumentar o teor de
nitrogênio disponível (BONATTI, 2001 e SANTOS, 2000). Em seguida, 150g (massa seca)
das folhas tratadas e suplementadas foram acondicionadas em pacotes de polipropileno
transparentes de dimensões de 300 x 400 mm e esterilizados por 1 hora a 121ºC em
autoclave a gás da marca Phoenix AV –137.
Assim que os pacotes atingiram a temperatura ambiente, foram inoculados em
cabine de segurança biológica com fluxo laminar (Veco). A fração de inóculo utilizada foi
de 10% com relação à massa seca do substrato.
Após a inoculação, a propagação do micélio sobre o substrato foi feita em estufa a
30ºC, sem iluminação. A transferência dos pacotes para a câmara de frutificação se deu
quando a colonização do substrato era total.
3.1.4 Condições de cultivo
Os cogumelos foram cultivados na Universidade da Região de Joinville –
UNIVILLE (Joinville –SC) em câmara de cultivo de 24 m2, dispondo de controle
automático de iluminação e de temperatura e sistema de manutenção de umidade
composto de umidificador de ambientes elétricos da marca Umidvap.
Os sacos colonizados pelo micélio fúngico foram pendurados em prateleiras a 180,
120 e 60 cm do solo, recebendo iluminação variando de 500 a 1000 lux, num fotoperíodo
de 12 horas de luz/dia. A temperatura foi mantida em torno de 27ºC e a umidade relativa
Capítulo 3: Material e métodos
29
do ar em torno de 90%. Na Figura 3.2, apresenta-se uma fotografia ilustrativa da câmara
de cultivo, com os sacos contendo o composto inoculado.
Figura 3.2 Câmara de frutificação de P. ostreatus contendo pacotes com o substrato
colonizado para frutificação Foi realizada a indução dos primórdios através de pequenas perfurações nos
pacotes plásticos com o auxílio de um bisturi.
Quando observadas emissões de primórdios, os pacotes eram abertos nos locais do
aparecimento, para propiciar a frutificação. Os pacotes eram pulverizados com água
deionizada duas vezes ao dia para evitar o ressecamento do substrato e dos corpos
frutíferos.
3.1.5 Colheita
A determinação de ponto de colheita foi realizada de maneira visual, conforme
descrito por STURION (1994) e BONONI et al. (1995). O procedimento de colheita foi de
forma seletiva e os cogumelos foram colhidos quando as margens do píleo apresentavam-
se planas, ou seja, no estágio precedente a esporulação, a fotografia apresentada na
Figura 3.3 mostra o ponto de colheita do Pleurotus ostreatus. Os cogumelos foram então
Capítulo 3: Material e métodos
30
submetidos a um dos dois tratamentos pós-colheita, ou seja, secagem ou resfriamento a
vácuo.
Figura 3.3 Fotografia ilustrando o ponto de colheita do Pleurotus ostreatus
3.2 Secagem
Após a colheita dos cogumelos, foram colocados aproximadamente 50g destes em
placa de Petri acoplada a um dispositivo colocado sobre uma balança semi-analítica
(Mettler PM 4800) a fim de acompanhar a perda de água durante todo o processo de
secagem. Os cogumelos foram desidratados nas temperaturas de 40, 50 e 60ºC até peso
constante, em estufa com circulação de ar (Shellab, 1370 FX) conforme esquema da
Figura 4.4. A massa da amostra foi registrada em intervalos de 15 minutos. Para manter
uma umidade relativa do ar constante (75%), colocou-se um refratário de vidro com
solução saturada de NaCl na parte inferior da estufa. As temperaturas de bulbo seco e
bulbo úmido foram acompanhadas durante a secagem por termômetro de mercúrio com
escala de –10 a 110ºC com precisão de 0,5ºC. A determinação da massa seca para os
cálculos do teor de umidade das amostras foi feita através de secagem em estufa a 90ºC
por 48 horas.
Capítulo 3: Material e métodos
31
Figura 3.4 Esquema do dispositivo experimental usado na secagem dos cogumelos
O teor de umidade (X) contido nas amostras foi calculado em relação a base seca
pela Equação 3.1.
(3.1)
As curvas experimentais do teor de umidade (X) com relação ao tempo de secagem
(t) foram e derivadas para obtenção das curvas de –dX/dt com relação ao tempo de
secagem (t).
As fotografias dos cogumelos “in natura” e desidratados foram realizadas no
estúdio fotográfico da UNIVILLE utilizando-se câmera digital da marca Cânon EOS
10D.
3.2.1 Isotermas de sorção de umidade
Para determinação das isotermas de sorção foi utilizado o método dos
dessecadores (RIZVI, 1986), onde foram usados 12 potes hermeticamente fechados,
contendo no fundo diferentes soluções salinas saturadas, com umidades relativas
conhecidas. Os sais utilizados e as respectivas atividades de água (umidades relativas)
X =(massa de água)
(massa seca)(g w/g ss)
Capítulo 3: Material e métodos
32
estão listados na Tabela 3.1. Em cada pote foram colocados aproximadamente 2 g de
amostra, em cadinho de porcelana, que foram pesados periodicamente até peso
constante. Os potes foram colocados em incubadora Certomat U da B. Braun nas
temperaturas de 30, 40 e 50ºC. Em geral foram necessários aproximadamente 25 dias
para os cogumelos atingirem o equilíbrio com os ambientes dos dessecadores.
Foram determinadas as isotermas de sorção de umidade de três tipos de
amostras: 1. cogumelos In natura; 2. cogumelos desidratados; 3. cogumelos desidratados
em pó.
Tabela 3.1 Atividades de água a 20ºC e sais utilizados no experimento de determinação das isotermas de sorção de umidade dos cogumelos
Sal Fórmula Atividade de água (aw)
Cloreto de lítio LiCl 0,113 Acetato de potássio CH3COOK 0,231 Cloreto de magnésio MgCl2 0,331 Carbonato de potássio K2CO3 0,450 Hidrogeno sulfato de sódio NaHSO4 0,520 Nitrato de magnésio Mg(NO3)2 0,544 Iodeto de potássio KI 0,699 Cloreto de sódio NaCl 0,755 Cloreto de potássio KCl 0,851 Cromato de potássio K2CrO4 0,880 Sulfato de sódio heptahidratado Na2SO4.7H2O 0,950 Nitrato de chumbo II Pb(NO3)2 0,980
Fonte: RIZVI, 1986.
3.2.2 Reidratação
Para determinação da capacidade de reidratação dos cogumelos foi utilizado um
planejamento experimental fatorial 33-1, resultando em 9 experimentos em duplicata.
Capítulo 3: Material e métodos
33
Foram avaliados a temperatura de secagem, o tempo de reidratação e a temperatura
inicial da água de reidratação, em três níveis, conforme mostra a Tabela 3.2. A massa de
amostra utilizada em cada experimento foi de aproximadamente 2,000g, imersas em
100mL de água. Após o tempo de reidratação estabelecido, o excesso de água foi drenado
e retirado com papel absorvente.
Tabela 3.2 Parâmetros e níveis do planejamento experimental de reidratação 33-1.
Níveis Parâmetros
-1 0 +1
Temperatura de secagem (ºC) 40 50 60
Temperatura da água de reidratação (ºC) 25 55 85
Tempo de reidratação (min) 30 75 120
3.3 Resfriamento a vácuo
O sistema para resfriamento a vácuo utilizado está esquematizado na Figura 3.5,
sendo constituído por uma bomba de vácuo marca JB, modelo DV-200N, com vazão de
200 L/min, uma câmara de vácuo (dessecador de vidro adaptado) com volume de 13,35
litros, um manômetro de mercúrio, um condensador em espiral imerso em banho com
gelo e um recipiente para “trapping” de gotículas de água, evitando que essas gotículas
atingissem a bomba de vácuo.
12
43
5
Capítulo 3: Material e métodos
34
Figura 3.5 Representação esquemática de um sistema de resfriamento a vácuo experimental (1 – câmara de vácuo com amostra e termopares; 2 – condensador; 3 – “trapping”; 4 – bomba de vácuo; 5 – sistema de aquisição de dados).
O sistema de aquisição de dados foi composto de uma placa de aquisição com 12
bits de resolução e 8 canais de entrada analógica (COMPUTER BOARDS INC., modelo
CIO-DAS08/Jr-AO), ligada a um microcomputador. Os sinais dos sensores de
temperatura foram convertidos através de interfaces (COEL, modelo AI-1002). Um
aplicativo para o software Elipse SCADA (HMI/SCADA Software), permitiu a
visualização e o registro dos dados experimentais.
Antes do resfriamento, os cogumelos foram pesados e em seguida fez-se a inserção
de três termopares nos mesmos: um no talo, um no centro e um na superfície do píleo.
Foram utilizados termopares tipo “T”, bitola de 2 x 24 AWG, marca Iope, com o objetivo
de determinar as evoluções temporais das temperaturas durante a aplicação do vácuo.
Um quarto termopar foi utilizado para monitorar a temperatura do ar no interior da
câmara. O sistema de aquisição de dados foi iniciado simultaneamente ao acionamento
da bomba de vácuo. O intervalo de aquisição dos dados foi de 5 segundos.
Após o resfriamento, os cogumelos foram novamente pesados e os dados de massa
antes e após o resfriamento foram usados para calcular a perda de massa no
resfriamento, através da Equação 3.2.
( )0
0
mmm
m rw
−=∆ (3.2)
onde m0 é a massa inicial do cogumelo e mr é a massa do cogumelo resfriado.
A determinação do calor específico do cogumelo Pleurotus ostreatus DSM 1833 foi
realizada através do método do calorímetro de mistura, onde o valor experimental do
calor específico foi obtido através da Equação 3.3 (MC DONALD et al, 2002).
( )( )
( ) pmp
ccwwwmp mTT
cmcmTTc
−+−
= (3.3)
Capítulo 3: Material e métodos
35
onde c é o calor específico dado em (kJ/kgºC), T é a temperatura em ºC, m é a massa em
kg e os subscritos p, m, w, c são, respectivamente, o produto, a mistura, a água e o
calorímetro.
3.3.1 Taxa de redução de pressão no resfriamento a vácuo
As amostras de cogumelos foram preparadas como descrito no item 3.3. O tempo
total de resfriamento de 12 minutos foi mantido em todos os experimentos.
Para obtenção de diferentes taxas de redução de pressão, foi utilizado um
dispositivo de vazamentos calibrados, constituído de um tubo de vidro com quatro
agulhas hipodérmicas instaladas (vazamentos), o qual foi conectado à linha de vácuo.
Iniciava-se o processo com um determinado número de agulhas abertas e ao
atingir a pressão de 270 mmHg fechavam-se as agulhas, uma a uma, até atingir a
pressão final no interior da câmara (Pf) de 10 a 5 mmHg, dependendo das condições
experimentais. Para os casos de 3 e 4 agulhas estarem abertas, 1 agulha era fechada
quando a câmara atingia a pressão de 350mmHg. Assim, obteve-se diferentes taxas de
redução de pressão (experimentos realizados em triplicata). Foram calculadas duas taxas
de redução de pressão (caracterizados por Y1 e Y2, Equação 3.4) para cada uma das
quatro curvas obtidas, onde Y1 foi relativo à taxa de redução de pressão até atingir a
pressão de 270 mmHg e Y2 foi relativo à taxa de redução de pressão de 270 mmHg até se
atingir a pressão final. Para determinação das taxas de redução de pressão utilizou-se a
Equação 3.4, que pode ser obtida do balanço de massa na fase gasosa da câmara de vácuo
durante a evacuação.
P = Pi e-Yt (3.4)
onde P e Pi são as pressões final e inicial da câmara (mmHg), respectivamente, t é o
tempo (s) e Y é o coeficiente que caracteriza a taxa na qual ocorre a redução de pressão
da câmara (s-1). Na Tabela 3.3 apresenta-se os valores de Y1 e Y2 obtidos para as cinco
Capítulo 3: Material e métodos
36
diferentes curvas de redução de pressão obtidas.
Tabela 3.3 Taxas de redução de pressão utilizadas nos experimentos
Exp Pi (1) (mmHg)
Pf (1) ou Pi (2)
(mmHg) Pf (2)
(mmHg) t1 (s) t2 (s) Taxa de
redução de pressão (1) (mmHg/s)
Taxa de redução de pressão (2) (mmHg/s)
Y1(s-1) Y2 (s-1)
A 760 270 7 12,3 201 39,8 1,3 0,08393 0,01817B 760 270 10 22,2 181,2 22,1 1,4 0,04651 0,01819C 760 270 10 28,5 264 17,2 1,0 0,03631 0,01248D 760 270 5 38 96 12,9 2,7 0,02723 0,04155E 760 270 5 70 323 7,0 0,8 0,01478 0,01235
3.3.2 Aspersão de água
A fim de reduzir a perda de massa no resfriamento a vácuo, água destilada foi
borrifada nos cogumelos antes de serem submetidos ao resfriamento. Os cogumelos eram
pesados antes e após serem borrifados com água e em seguida eram resfriados a vácuo.
Logo após o resfriamento eram novamente pesados e a perda de massa era calculada
pela Equação 3.2.
3.3.3 Simulação da perda de massa durante o resfriamento a vácuo
Um modelo físico foi utilizado para determinar a evolução temporal da massa dos
cogumelos durante o resfriamento a vácuo. Para tanto, se fez necessário conhecer a
massa inicial do cogumelo, a umidade inicial, o calor específico a pressão constante (cujo
valor é função do teor de umidade e da temperatura), o volume da câmara de
resfriamento, a vazão da bomba de vácuo e a evolução temporal da temperatura. A
interdependência entre a temperatura e o calor latente de vaporização da água (∆Ĥvap)
foi determinado pela Equação 3.5 (DOSTÁL et al, 1999).
(3.5) ∆Hvap^ = 2,255x103 374,15 - T274,15
0,38
( )
Capítulo 3: Material e métodos
37
onde T é a temperatura de saturação em ºC e (∆Ĥvap) é o calor latente de vapor de água
em (kJ/kg).
O calor específico dos cogumelos foi estimado para cada passo do resfriamento
(decréscimo do teor de umidade), usando a Equação 3.6 (SINGH & HELDMAN, 2001).
c = 1,424xc + 1,549xp + 1,675xg + 0,837xz + 4,187xw (3.6)
onde c é o calor específico dado em (kJ/kgºC), x é é fração mássica e os subscritos são, c,
carboidratos; p, proteínas; g, gordura; z, cinzas; e w, água.
A variação temporal da massa da amostra foi calculada através do uso do
algoritmo apresentado na Figura 3.6.
Figura 3.6 Algoritmo utilizado para o cálculo das evoluções temporais da massa dos cogumelos resfriados a vácuo. Onde, t = tempo (s); T = temperatura (ºC); m = massa da amostra (kg); mw = massa de água (kg); xw = fração de umidade; c = calor específico (kJ/KgºC); AĤvap = entalpia de vaporização (kJ/kg) e ∆m = massa de água evaporada (kg).
t= t + ∆t
T, t, m, xw
c(xw,T) ∆Ĥvap (T)
∆T + Tt + ∆t
∆m = m.c. ∆T/∆Ĥvap
m= m - ∆m mw = mw - ∆mxw = = mw/m
38
Capítulo 4
Resultados e discussão
4.1 Secagem
Na Figura 4.1 são apresentados os dados experimentais do teor de umidade (X) em g de água/g de sólido seco contra o tempo (t) em minutos, dos cogumelos da espécie Pleurotus ostreatus, desidratados nas temperaturas de 40, 50 e 60ºC e umidade relativa do ar de 75%. No Apêndice A, páginas 64 e 65, encontram-se as demais curvas de secagem obtidas das triplicatas dos experimentos.
Figura 4.1 Curvas de secagem dos cogumelos da espécie Pleurotus ostreatus DSM 1833, nas temperaturas de 40, 50 e 60ºC e umidade relativa de 75%.
0 200 400 600 8000
2
4
6
8
10
12
40ºC 50ºC 60ºC
X (g
w/g
ss)
tempo (min)
Capítulo 4: Resultados e discussão 39
Os resultados da Figura 4.1 mostraram que a secagem dos cogumelos apresentou
um pequeno período onde a taxa (velocidade) de secagem foi constante. Esse fato pode
ser melhor visualizado na Figura 4.2, que representa as curvas das taxas de secagem (-
dX/dt) em função dos tempos de secagem (t), nas temperaturas de 40, 50 e 60ºC e
umidade relativa do ar de secagem de 75% (as demais curvas das taxas de secagem
podem ser encontradas no Apêndice B, páginas 65 e 66), onde observa-se tempos médios
de secagem a taxa constante aproximados de 65 minutos para a temperatura de 40ºC, 35
minutos para a temperatura de 50ºC e 25 minutos para a temperatura de 60ºC.
Figura 4.2 Taxa de secagem de Pleurotus ostreatus (-dX/dt) em função do tempo de
secagem (t)
Na secagem de alimentos com altos teores de umidade, espera-se que exista um
grande período de secagem a taxa constante. Mesmo tendo cerca de 90% de umidade, os
cogumelos do gênero Pleurotus apresentaram um reduzido período período a taxa
constante.
0 100 200 300 400 500 600 700 800
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
60ºC 50ºC 40ºC
-dX
/dt
tempo (min)
Capítulo 4: Resultados e discussão 40
MARTÍNEZ-SOTO et al. (2001) observaram um período a taxa constante muito
pequeno (5 minutos) na secagem de cogumelos da espécie Pleurotus ostreatus. Alguns
autores observaram uma não existência de um período de secagem a taxa constante na
desidratação de alimentos como MASKAN (2000 e 2001), estudando a secagem de
banana. e de kiwi, ARORA et al., (2003) também observaram a ausência desse período
em seus estudos na secagem de Pleurotus florida.
Utilizando-se a temperatura de 60ºC, observou-se que há um aumento na
velocidade de secagem comparado às temperaturas de 40 e 50ºC. Isso implicou em uma
redução nos tempos de secagem de 800 para 450 minutos quando se alterou a
temperatura de secagem de 40 para 60ºC e de 630 para 450 minutos quando se trocou a
temperatura de 50 para 60ºC, o que implicou em reduções de tempos de 43,7% e 28,6%,
respectivamente, para os dois casos citados. Resultados semelhantes foram encontrados
por MASKAN (2000) secando banana, MASKAN (2001), secando kiwi, ARORA et al.,
(2003), secando cogumelos das espécies A. bisporus e P. florida, KROKIDA et al., (2003),
secando diversos vegetais e cogumelos de interesse para preparo de sopas. PAL &
CHAKRAVERTY (1997), secando P. ostreatus observaram uma redução de 40% no tempo
de secagem quando se alterou a temperatura de secagem de 45 para 60ºC.
Aspectos visuais dos cogumelos, desidratados em qualquer uma das temperaturas
avaliadas, não foram afetadas,.como pode ser observado nas Figuras 4.3, 4.4 e 4.5.
Capítulo 4: Resultados e discussão 41
Figura 4.3 Foto de cogumelos da espécie P. ostreatus desidratados a 40ºC e UR 75%
Figura 4.4 Foto de cogumelos da espécie P. ostreatus desidratados a 50ºC e UR 75%
Figura 4.5 Foto de cogumelos da espécie P. ostreatus desidratados a 60ºC e UR 75%
Capítulo 4: Resultados e discussão 42
4.2 Reidratação
Em um processo de secagem, além da avaliação dos tempos e das velocidades de
secagem, deve-se avaliar também a qualidade do produto desidratado, realizando-se
experimentos de reidratação.
Na Figura 4.6, apresenta-se fotografias que permitem uma comparação visual
entre os cogumelos “in natura”, desidratados e reidratados. Pode-se observar que os
cogumelos reidratados têm boa aparência. Embora as fotografias não mostrem, os
cogumelos reidratados não voltam a ter a mesma aparência dos cogumelos “in natura”,
pois não se reidratam completamente.
Figura 4.6 Cogumelos P. ostreatus “in natura”, desidratados e reidratados.
Segundo o gráfico de Pareto apresentado na Figura 4.7 e a análise de variância
(ANOVA) apresentada na Tabela 4.1, a capacidade de reidratação está estatisticamente
relacionada à temperatura de secagem.
Capítulo 4: Resultados e discussão 43
Figura 4.7 Gráfico de Pareto, para os parâmetros relacionados à capacidade de reidratação dos cogumelos da espécie P. ostreatus DSM 1833.
Tabela 4.1 ANOVA para os parâmetros temperatura de secagem, temperatura da água de reidratação e tempo de reidratação com relação a capacidade de reidratação dos cogumelos da espécie P. ostreatus.
SQ gl Q M F p
Temperatura de secagem (L) 5,039028663 1 1,15964575 25,17329353 0,000523817
Temperatura de secagem (Q) 4,936230886 1 0,483591757 10,49768624 0,008869216
Temperatura da água de reidratação (L)
4,495305614 1 0,088441105 1,919856912 0,195994973
Temperatura da água de reidratação (Q)
4,605388045 1 0,007029279 0,152589782 0,704265
Tempo de reidratação (L) 4,32195192 1 0,00553027 0,12004969 0,736160469
Tempo de reidratação (Q) 4,425438382 1 0,013341284 0,289609183 0,602242342
temp. de secagem x temp. de reidratação 4,29029801 1 0,010862033 0,235790241 0,637726436
Erro 4,248578786 10 0,046066509
Total SQ 4,20596598 17 Os valores estatisticamente significativos estão apresentados em vermelho.
O tempo de reidratação no intervalo utilizado e a temperatura da água de
Pareto Chart of Standardized Effects; Variable: X3 3-level factors, 1 Blocks, 18 Runs; MS Residual=,0428661
DV: X
Effect Estimate (Absolute Value)
,3591833
-,404947
-1,29235
-1,43638
-3,35879
-5,20123
p=,05
Tempo de reidrat.(L)
Temp. da água (Q)
Tempo de reidrat. (Q
Temp. da água (L)
Temp. de secagem (Q)
Temp.de secagem (L)
-0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0
Capítulo 4: Resultados e discussão 44
reidratação não influenciaram de forma significativa na capacidade de reidratação dos
cogumelos da espécie P. ostreatus. As superfícies de resposta do planejamento fatoriais
33-1, estão dispostas nas Figuras 4.8 e 4.9.
4,087 4,191 4,295 4,399 4,503 4,606 4,71 4,814 4,918 5,022 above
Fitted Surface; Variable: X3 3-level factors, 1 Blocks, 18 Runs; MS Residual=,0428661
DV: X
Figura 4.8 Superfície de resposta da capacidade de reidratação em função da
temperatura da água de reidratação (ºC) e da temperatura de secagem dos cogumelos (ºC)
4,14 4,254 4,368 4,482 4,596 4,709 4,823 4,937 5,051 5,165 above
Fitted Surface; Variable: X3 3-level factors, 1 Blocks, 18 Runs; MS Residual=,0428661
DV: X
Figura 4.9 Superfície de resposta da capacidade de reidratação em função do tempo de
reidratação (min) e da temperatura de secagem dos cogumelos (ºC)
Como se pode observar, o incremento na temperatura de secagem influenciou
Capítulo 4: Resultados e discussão 45
negativamente a capacidade de reidratação dos cogumelos da espécie P. ostreatus DSM
1833. Os maiores valores de reidratação ficaram no limite inferior do gráfico no eixo da
temperatura de secagem, Figuras 4.8 e 4.9, não sendo significante a temperatura da
água de reidratação ou o tempo em que os cogumelos ficaram imersos em água. Essa
diminuição na capacidade de reidratação pode ser devido a maior deformação dos
capilares da estrutura dos cogumelos, pois quando se aplica uma maior temperatura de
secagem, aumenta-se a taxa de saída de água do material e conseqüentemente o material
sofre maiores deformações da sua estrutura (FOUST et al., 1982).
4.3 Isotermas de sorção de umidade
As isotermas de sorção de umidade determinadas para os cogumelos da espécie P.
ostreatus, “in natura”, desidratados e desidratados em pó, foram determinadas nas
temperaturas de 30, 40 e 50ºC, e estão representadas, respectivamente, nas
Figuras 4.10, 4.11 e 4.12, com as umidades relativas do ambiente (dessecadores)
variando de 11,3 a 98%
Figura 4.10 Isotermas de sorção de umidade a 30ºC para cogumelos da espécie P. ostreatus DSM 1833.
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1aw
g w
/ gss
in naturadesidratadosdesidratados em póGAB in naturaGAB desidratadosGAB desidratados em póBET in naturaBET desidratadosBET desidratados em pó
Capítulo 4: Resultados e discussão 46
Figura 4.11 Isotermas de sorção de umidade a 40ºC para cogumelos da espécie P. ostreatus DSM 1833.
Figura 4.12 Isotermas de sorção de umidade a 50ºC para cogumelos da espécie P. ostreatus DSM 1833.
As umidades de equilíbrio das amostras diminuiu com o aumento da temperatura,
em todos os níveis de atividade de água. Isso acontece porque a energia cinética associada às moléculas de água presentes no alimento aumenta com o aumento da temperatura (SHIVHARE et al., 2004). Nas altas atividades de água esse fato já não pôde mais ser observado.
Com exceção de altas atividades de água, não há diferenças importantes entre os
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1aw
g w
/ gss
in naturadesidratadosdesidratados em póGAB in naturaGAB desidratadosGAB desidratados em póBET in naturaBET desidratadosBET desidratados em pó
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1aw
g w
/ gss
in naturadesidratadosdesidratados em póGAB in naturaGAB desidratadosGAB desidratados em póBET in naturaBET desidratadosBET desidratados em pó
Capítulo 4: Resultados e discussão 47
teores de umidade de equilíbrio dos cogumelos “in natura”, desidratados e desidratados
em pó.
Na Tabela 4.2 apresenta-se as constantes de BET e GAB para os experimentos e
os coeficientes de correlação da equação com os valores experimentais.
Tabela 4.2 Constantes de GAB e BET para os modelos ajustados às curvas de sorção de umidade dos cogumelos
GAB BET Variável T (ºC)
Xm (gw/gss)
C K R Xm (gw/gss)
C R
30 0,1006 0,0305 1,0056 0,9877 0,1592 0,0456 0,9869
40 0,1526 0,0444 1,0166 0,9971 0,2353 0,0675 0,9063 Cogumelos “in natura”
50 0,1173 0,0244 0,9859 0,9264 0,1610 0,0312 0,9285
30 0,1307 0,0341 1,0047 0,9921 0,1876 0,0468 0,9916
40 0,3304 0,0796 0,9966 0,9937 0,2539 0,0641 0,9935 Cogumelos secos
50 0,2208 0,0374 1,0139 0,9967 2,4237 0,2263 0,9838
30 0,1507 0,0403 1,0033 0,9913 0,1955 0,0504 0,9910
40 0,3711 0,0907 0,9884 0,9899 0,0904 0,0368 0,9587 Cogumelos secos em pó
50 0,2189 0,0487 1,0077 0,9931 0,3172 0,0643 0,9796
Tanto o modelo de BET quanto o de GAB (Equações 2.2 e 2.3, página 17)
representaram, com bons coeficientes de correlação, as isotermas de sorção para os
cogumelos. A equivalência entre os dois modelos pode ser observada quando se leva em
consideração os valores de K no modelo de GAB, que foram sempre muito próximos de 1.
BELARBI et al (2000), avaliando os parâmetros dos modelos de GAB e BET para
isotermas de diversas espécies de tâmaras, reportou que em alguns casos o modelo de
BET é tão bom quanto o modelo de GAB para representar o comportamento isotérmico.
Capítulo 4: Resultados e discussão 48
4.4 Resfriamento a vácuo
4.4.1 Influência da taxa de redução de pressão (Y)
Na Figura 4.13 estão apresentadas as curvas de vácuo obtidas para cada uma das
taxas de evacuação da câmara.
Foram calculadas duas taxas de evacuação, uma de 760 a 270 mmHg e outra de
270 mmHg até a pressão final atingida, representadas por Y1 e Y2, respectivamente.
Figura 4.13 Curvas de vácuo obtidas pelas diferentes taxas de evacuação da câmara de resfriamento
Cogumelos da espécie Pleurotus ostreatus DSM 1833 foram resfriados em cada
uma das condições de evacuação da câmara mostradas na Figura 4.13. Na Tabela 4.3
estão apresentados os resultados das perdas de massa experimentais e da redução média
de temperatura por percentual de perda de massa obtidas nos experimentos.
Tabela 4.3 Perdas de massa e redução média de temperatura por percentual de perda
de massa (ηT) obtidas nos experimentos, para os diferentes valores de Y (s-
1).
0
100
200
300
400
500
600
700
0,00 100,00 200,00 300,00 400,00
tempo (s)
Pres
são
(mm
Hg)
ABCDE
Capítulo 4: Resultados e discussão 49
Exp. mi (g) mf (g) Perda de massa (%)
Pf (mmHg)
Ti centro (ºC)
Tf centro (ºC) ∆T (ºC) η (ºC/1%)
A1 19,894 18,992 4,53 7 20,79 3,51 17,28 3,81 A2 15,040 14,570 3,12 7 22,28 7,24 15,56 4,99 A3 10,024 9,574 4,49 7 19,15 6,34 12,81 2,85 A4 16,767 16,202 3,37 7 19,74 7,09 12,65 3,75 A5 13,339 12,850 3,52 7 20,79 6,64 14,15 4,02 B1 11,484 10,663 7,15 10 28,64 8,90 19,74 2,76 B2 13,108 12,212 6,68 10 28,04 10,41 17,63 2,64 B3 13,551 12,639 6,73 10 28,49 10,71 17,78 2,64 B4 10,598 9,772 7,79 10 28,04 9,81 18,23 2,34 C1 10,267 9,310 9,32 10 29,39 7,85 21,54 2,31 C2 12,946 12,501 3,44 10 26,68 8,60 18,08 5,25 C3 11,971 11,356 5,14 10 25,17 7,55 17,62 3,43 C4 11,107 10,448 5,93 10 22,46 4,08 18,38 3,10 D1 10,189 9,411 7,64 5 27,43 1,52 25,91 3,39 D2 9,792 9,016 7,92 5 24,12 2,43 21,69 2,73 D3 10,068 9,274 7,89 5 26,83 3,48 23,35 2,96 D4 9,968 9,260 7,10 5 23,82 1,97 21,85 3,08 D5 10,974 10,090 8,06 5 23,67 3,63 20,04 2,49 E1 19,697 18,398 6,59 5 23,97 2,12 21,85 3,31 E2 10,249 9,442 7,87 5 27,43 1,82 26,23 3,33 E3 10,911 10,089 7,53 5 24,42 1,97 22,45 2,98 E4 10,328 9,689 6,19 5 23,97 6,19 17,78 2,87 E5 9,550 8,819 7,65 5 25,93 1,67 24,26 3,17
Não foi possível constatar correlação entre os valores de Y (Tabela 3.3, página 36)
e a perda de massa para as amostras de cogumelos. As curvas experimentais da evolução
temporal das temperaturas das amostras estão apresentadas nas
Figuras C.1, C.2, C.3, C.4, C.5, C.6, C.7, C.8 e C.9 (Apêndice C, páginas 69 a 77). Alguns
autores encontraram correlação entre o valor de Y e a perda de massa e sugeriram que
um menor valor de Y leva a uma menor perda de massa por se estar expondo a amostra
por um menor tempo a pressões muito reduzidas (BROSNAN & SUN, 2003; MC
DONALD & SUN, 2001b; HUBER, 2004).
Os cogumelos da espécie P. ostreatus têm alto teor de umidade e alta porosidade.
Sendo assim, as condições de cultivo e o tempo de exposição ao ambiente após a colheita
podem influenciar significativamente no teor de umidade dos mesmos. Como o cultivo
Capítulo 4: Resultados e discussão 50
dos cogumelos foi feito na UNIVILLE (Joinville) e os experimentos de resfriamento a
vácuo foram realizados na UFSC (Florianópolis), os cogumelos não eram resfriados
imediatamente depois de colhidos (os cogumelos eram colhidos por dois a três dias,
acondicionados em bandejas de polipropileno cobertos com filme plástico para alimentos
e colocados na geladeira, até serem transportados, em caixa de “isopor”, ao Laboratório
de Propriedades Físicas de Alimentos - UFSC) o que pode ter influenciado nos
resultados.
4.4.2 Influência da aspersão de água
Comparando os resultados dos experimentos com e sem aspersão de água
observou-se diferença significativa quando aplicado o teste de Tukey com 95% de
confiança. A Tabela 4.4 apresenta os resultados experimentais do resfriamento a vácuo
de cogumelos da espécie P. ostreatus aspergidos com água antes do resfriamento.
Tabela 4.4 Perdas de massa e redução média de temperatura por percentual de perda de massa (ηT) obtidas nos experimentos com aspersão de água, para os diferentes valores de Y (s-1).
Exp. mi (g) ma (g) mf (g) PM
efetiva (%)
PM no dessecador
(%) Pf
(mmHg)Ti centro
(ºC) Tf centro
(ºC) ∆T (ºC) η (ºC/1%)
Capítulo 4: Resultados e discussão 51
Aa1 16,630 17,100 16,686 -0,34 2,42 7 23,97 6,19 17,78 7,34 Aa2 25,955 26,584 25,908 0,18 2,55 7 22,31 7,1 15,21 5,96 Aa3 10,145 11,220 10,634 -4,82 5,22 7 22,19 1,94 20,16 3,96 Aa4 11,049 12,224 11,600 -4,99 5,10 7 21,74 2,24 19,50 3,82 Ca1 11,477 12,089 11,150 2,85 7,77 5 25,78 0,47 25,31 3,25 Ca2 10,222 11,067 10,249 -0,22 7,39 5 22,31 1,52 20,79 2,81 Ca3 9,893 10,310 9,720 1,74 5,72 5 21,41 0,92 20,49 3,58 Ca4 10,940 11,653 10,874 0,60 6,68 5 22,61 1,22 21,39 3,20 Ca5 11,882 12,404 11,521 3,04 7,12 5 26,98 1,07 25,91 3,64 Da1 11,671 12,548 11,610 0,52 7,48 5 25,78 1,22 24,56 3,28 Da2 11,593 12,248 11,374 1,89 7,14 5 24,42 1,22 23,20 3,25 Da3 10,648 11,831 10,950 -2,84 7,45 5 26,98 2,58 24,40 3,28 Da4 10,756 11,488 10,507 2,31 8,54 5 27,89 2,43 25,46 2,98 Da5 8,377 9,036 8,245 1,58 8,75 5 26,68 0,32 26,36 3,01 Ea1 10,619 11,552 10,770 -1,42 6,77 5 25,78 2,58 23,20 3,43 Ea2 12,313 13,457 12,529 -0,13 6,90 5 24,57 2,88 21,69 3,14 Ea3 12,149 12,793 11,915 1,93 6,86 5 25,78 3,03 22,75 3,31 Ea4 13,008 13,991 12,987 0,16 7,18 5 25,48 2,73 22,75 3,17 Ea5 10,205 11,091 10,274 -0,68 7,37 5 22,61 0,32 22,29 3,02
Quando foi aspergida água nos cogumelos antes do resfriamento, os mesmos
tiveram perdas efetivas de massa próximas de zero, e em alguns casos chegaram até
mesmo a ter um pequeno incremento na massa. Isso ocorreu devido à alta porosidade dos
cogumelos desse gênero e à sua facilidade em absorver a água que foi aspergida. Outros
trabalhos onde a aspersão de água foi utilizada relatam resultados semelhantes.
BROSNAN & SUN (2001) reduziram a perda de massa de 5,4% para 0% ao borrifar água
em lírios antes do resfriamento a vácuo. MC DONALD & SUN (2000) citam a
possibilidade de aspergir água antes do resfriamento de vegetais e frutas para reduzir a
perda de massa. Estudos com carnes e pratos prontos, que utilizam molhos e salmouras
para minimizar a perda efetiva de massa provocada pelo processo são relatados em
outros trabalhos (SELF et al., 1990; SUN & WANG, 2000 e 2004; MC DONALD et al.,
2000; WANG & SUN, 2002).
Capítulo 4: Resultados e discussão 52
4.4.3 Determinação do calor específico (cp) dos cogumelos
O calor específico (cp) dos cogumelos da espécie Pleurotus ostreatus determinado
pelo método do calorímetro de mistura foi de 3,955 kJ.kg-1ºC-1, muito semelhante ao
resultado obtido por SHIRIVASTAVA & DATTA (1999) que chegaram a um valor de
3,935 kJ.kg-1ºC-1 para Pleurotus florida e também ao valor de 3,920 kJ.kg-1ºC-1 obtido pela
Equação 3.6 (página 37) proposta por SINGH & HELDMAN (1993).
4.4.4 Simulação da evolução temporal da massa dos cogumelos
Utilizando-se o algoritmo apresentado na sessão 3.3.3 (Figura 3.6) chegou-se aos
resultados que estão apresentados na Tabela 4.5.
Tabela 4.5 Massa real e simulada de cogumelos da espécie P. ostreatus resfriados a vácuo.
Exp. Mi (g) Mf experimental (g) Mf simulada (g) Erro (%) η (ºC/1%)
A 15,009 14,438 14,681 1,62 3,88 B 12,185 11,322 11,849 4,32 2,60 C 11,653 11,074 11,337 2,25 3,52 D 10,198 9,410 9,854 4,35 2,93 E 12,143 11,287 11,732 3,66 3,13 O erro (%) foi calculado pela Equação 4.7.
(4.7)
Como pode ser observado, o algoritmo proposto é confiável para simular a
variação temporal da massa nos experimentos de resfriamento a vácuo de cogumelos,
pois o erro obtido entre as massas reais e simuladas foi sempre inferior a 5%. Assim
sendo, esse algoritmo pode ser utilizado com boa exatidão para prever a massa final que
será obtida ao resfriar a vácuo cogumelos desse gênero. O mesmo algoritmo foi utilizado
por HUBBER (2004) para prever a massa final de cortes de peito de frango cozidos, tendo
(mf experimental - mf simulada)mf experimental
x100 [%]
Capítulo 4: Resultados e discussão 53
obtido resultados com erros menores do que 1%.
54
Conclusões
A melhor temperatura para desidratar os cogumelos do gênero Pleurotus
ostreatus é 40ºC, levando em consideração a melhor capacidade de reidratação dos
cogumelos desidratados nesta temperatura. No entanto, o tempo de secagem é
aproximadamente duas vezes superior, se comparado à secagem realizada a 60ºC e UR =
75%. Estudos complementares devem ser realizados, reduzindo-se a umidade relativa do
ar, visando diminuir o tempo de secagem.
É possível reidratar completamente os cogumelos por imersão em água a
temperatura ambiente, por um período de 30 minutos.
Tanto o modelo de GAB quanto o de BET ajustaram com bons coeficientes de
correlação os dados experimentais de sorção de umidade dos cogumelos “in natura” e
desidratados.
Nos experimentos de resfriamento a vácuo não foi possível identificar uma
correlação entre a taxa de evacuação da câmara e a perda de massa dos cogumelos
durante o resfriamento. Porém, foi constatado que a aspersão de água nos cogumelos
antes do resfriamento diminui significativamente a perda efetiva de massa, que é um dos
maiores problemas do resfriamento a vácuo.
O presente trabalho gerou conhecimentos básicos para dois métodos de
conservação dos cogumelos da espécie Pleurotus ostreatus e mostrou a viabilidade técnica
de aplicação desses dois métodos. A redução da atividade de água por secagem em estufa
e o resfriamento a vácuo são operações simples e que exigem pequenos investimentos
para suas implantações. Deste modo, os resultados obtidos poderão ser úteis para a
0: Conclusões
55
implantação de unidades comerciais de pequeno porte, de cultivo e conservação dos
referidos cogumelos.
56
Perspectivas para trabalhos futuros
Avaliar a vida de prateleira dos cogumelos resfriados a vácuo e desidratados.
Resfriar a vácuo os cogumelos recém colhidos a diferentes taxas de redução de pressão, para verificar se há influência desse parâmetro na perda de massa.
Testar a secagem por microondas e a secagem convencional seguida do uso de microondas na fase final do processo para desidratar cogumelos da espécie P. ostreatus.
Avaliar a capacidade de reidratação dos cogumelos utilizando vinhos ou conhaques em diferentes concentrações na água de imersão.
57
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64
Apêndice A
Curvas de secagem
Nas Figuras A.1, A.2 e A.3 estão apresentadas as curvas de secagem de Pleurotus
ostreatus, obtidas experimentalmente a 60, 50 e 40ºC, respectivamente. As curvas
médias de secagem nas três temperaturas avaliadas, com os respectivos desvios-padrão
estão apresentadas na Figura 4.1, na página 38.
Figura A.1 Curvas de secagem de Pleurotus ostreatus experimentais a 60ºC
0 100 200 300 400 500 6000
10
20
30
40
50
60 60ºC - A 60ºC - B 60ºC - C
mas
sa (g
)
tempo (min)
Apêndice A: Curvas de secagem
65
Figura A.2 Curvas de secagem de Pleurotus ostreatus experimentais a 50ºC
Figura A.3 Curvas de secagem de Pleurotus ostreatus experimentais a 40ºC
0 100 200 300 400 500 600 7000
10
20
30
40
50
60 50ºC - A 50ºC - B 50ºC - C
mas
sa (g
)
tempo (min)
0 100 200 300 400 500 600 700 800 9000
10
20
30
40
50
60 40ºC - A 40ºC - B 40ºC - C
mas
sa (g
)
tempo (min)
66
Apêndice B
Taxas de secagem
As taxas de secagem obtidas através da derivação dos dados experimentais
ajustadas, utilizando-se o método de Le Duy & Zargic estão apresentadas nas
Figuras B.1, B.2 e B.3. Na página 39, Figura 4.2 estão apresentadas as taxas de secagem
em diferentes temperaturas.
Figura B.1 Taxas de secagem de Pleurotus ostreatus a 60ºC.
0 100 200 300 400 500 600
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
60ºC - A 60ºC - B 60ºC - C
-dX
/dt
tempo (min)
Apêndice B: Taxas de secagem
67
Figura B.2 Taxas de secagem de Pleurotus ostreatus a 50ºC.
Figura B.3 Taxas de secagem de Pleurotus ostreatus a 40ºC.
0 100 200 300 400 500 600 700
0,00
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0,07
50ºC - A 50ºC - B 50ºC - C
-dX
/dt
tempo (min)
0 100 200 300 400 500 600 700 800
0,00
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
40ºC - A 40ºC - B 40ºC - C
-dX
/dt
tempo (min)
68
Apêndice C
Curvas de resfriamento a vácuo
As curvas experimentais de resfriamento a vácuo de Pleurotus ostreatus, estão
apresentadas nas Figuras C.1, C.2, C.3, C.4 e C.5, e as curvas de resfriamento a vácuo
dos experimentos com aspersão de água nos cogumelos antes de serem submetidos ao
resfriamento estão apresentadas nas Figuras C.6, C.7, C.8 e C.9.
Apêndice C: Curvas de resfriamento a vácuo
69
Figura C.1 Curvas de resfriamento a vácuo de Pleurotus ostreatus - experimento A com 5 repetições. Pf = 7 mmHg.
A1
0
5
10
15
20
25
30
0 100 200 300 400 500 600 700
tempo (s)
Tem
pera
tura
(ºC)
talo
centro
superfície
ambiente
A2
05
1015202530
0 100 200 300 400 500 600 700
tempo (s)
tem
pera
tura
(ºC)
talo
centro
superfície
ambiente
A3
0
5
10
15
20
25
30
0 100 200 300 400 500 600 700
tempo (s)
tem
pera
tura
(ºC)
talocentrosuperfícieambiente
A4
0
5
10
15
20
25
30
0 100 200 300 400 500 600 700
tempo (s)
tem
pera
tura
(ºC)
talocentrosuperfícieambiente
A5
0
5
10
15
20
25
30
0 100 200 300 400 500 600 700
tempo (s)
tem
pera
tura
(ºC)
talocentrosuperfícieambiente
Apêndice C: Curvas de resfriamento a vácuo
70
Figura C.2 Curvas de resfriamento a vácuo de Pleurotus ostreatus - experimento B com 4 repetições. Pf = 10 mmHg.
B1
0
5
10
15
20
25
30
35
0 100 200 300 400 500 600 700
tempo (s)
tem
erat
ura
(ºC)
talocentro superfícieambiente
B2
0
5
10
15
20
25
30
35
0 100 200 300 400 500 600 700
tempo (s)
tem
pera
tura
(ºC
)
talocentrosuperfícieambiente
B3
0
5
10
15
20
25
30
35
0 100 200 300 400 500 600 700
tempo (s)
tem
pert
aura
(ºC)
talocentro superfícieambiente
B4
0
5
10
15
20
25
30
35
0 100 200 300 400 500 600 700
tempo (s)
tem
pera
tura
(ºC)
talocentrosuperfícieambiente
Apêndice C: Curvas de resfriamento a vácuo
71
Figura C.3 Curvas de resfriamento a vácuo de Pleurotus ostreatus - experimento C com 4 repetições. Pf = 10 mmHg.
C1
0
5
10
15
20
25
30
35
0 100 200 300 400 500 600 700
tempo (s)
tem
pera
tura
(ºC)
talomeio superfícieambiente
C2
0
5
10
15
20
25
30
35
0 100 200 300 400 500 600 700
tempo (s)
tem
pera
tura
(ºC)
talocentrosuperfícieambiente
C3
0
5
10
15
20
25
30
35
0 100 200 300 400 500 600 700
tempo (s)
tem
pera
tura
(ºC)
talo centrosuperfícieambiente
C4
0
5
10
15
20
25
30
35
0 100 200 300 400 500 600 700
tempo (s)
tem
pera
tura
(ºC)
talocentrosuperficieambiente
Apêndice C: Curvas de resfriamento a vácuo
72
Figura C.4 Curvas de resfriamento a vácuo de Pleurotus ostreatus - experimento D com 5 repetições. Pf = 5 mmHg.
D1
0
5
10
15
20
25
30
35
0 100 200 300 400 500 600 700
tempo (s)
tem
pera
tura
(ºC)
talocentrosuperfícieambiente
D2
0
5
10
15
20
25
30
35
0 100 200 300 400 500 600 700
tempo (s)
tem
pera
tura
(ºC)
talocentrosuperfícieambiente
D3
0
5
10
15
20
25
30
35
0 100 200 300 400 500 600 700
tempo (s)
tem
pera
tura
(ºC)
talocentrosuperfícieambiente
D4
0
5
10
15
20
25
30
35
0 100 200 300 400 500 600 700
tempo (s)
tem
pera
tura
(ºC
)
talocentrosuperfícieambiente
D5
0
5
10
15
20
25
30
35
0 100 200 300 400 500 600 700
tempo (s)
tem
pera
tura
(ºC)
talocentrosuperfícieamb
Apêndice C: Curvas de resfriamento a vácuo
73
Figura C.5 Curvas de resfriamento a vácuo de Pleurotus ostreatus - experimento E com 5 repetições. Pf = 5 mmHg.
E1
0
5
10
15
20
25
30
35
0 100 200 300 400 500 600 700
tempo (s)
tem
pera
tura
(ºC)
talocentrosuperfícieamb
E2
0
5
10
15
20
25
30
35
0 100 200 300 400 500 600 700
tempo (s)
tem
pera
tura
(ºC)
talocentrosuperfícieamb
E3
0
5
10
15
20
25
30
35
0 100 200 300 400 500 600 700
tempo (s)
tem
pera
tura
(ºC)
talocentrosuperfícieamb
E4
0
5
10
15
20
25
30
35
0 100 200 300 400 500 600 700
tempo (s)
tem
pera
tura
(ºC)
talocentrosuperfícieambiente
E5
0
5
10
15
20
25
30
35
0 100 200 300 400 500 600 700
tempo (s)
tem
pera
tura
(ºC)
talocentrosuperfícieambiente
Apêndice C: Curvas de resfriamento a vácuo
74
Figura C.6 Curvas de resfriamento a vácuo de Pleurotus ostreatus - experimento Aa (com aspersão de água) com 4 repetições. Pf = 7 mmHg.
Aa1
0
5
10
15
20
25
30
0 100 200 300 400 500 600
tempo (s)
Tem
pera
tura
(ºC)
talo centrosuperfícieambiente
Aa2
0
5
10
15
20
25
30
0 100 200 300 400 500 600
tempo (s)
Tem
pera
tura
(ºC
)
talo
centro
superfícieambiente
Aa3
0
5
10
15
20
25
30
0 100 200 300 400 500 600
tempo (s)
tem
pera
tura
(ºC)
talocentrosuperfícieambiente
Aa4
0
5
10
15
20
25
30
0 100 200 300 400 500 600
tempo (s)
tem
pera
tura
(ºC)
talocentrosuperfícieambiente
Apêndice C: Curvas de resfriamento a vácuo
75
Figura C.7 Curvas de resfriamento a vácuo de Pleurotus ostreatus - experimento Ca (com aspersão de água) com 5 repetições. Pf = 5 mmHg.
Ca1
0
5
10
15
20
25
30
0 100 200 300 400 500 600 700
tempo (s)
tem
pera
tura
(ºC)
talocentrosuperfícieambiente
Ca2
0
5
10
15
20
25
30
0 100 200 300 400 500 600 700
tempo (s)
tem
pera
tura
(ºC
)
talocentrosuperficieambiente
Ca3
0
5
10
15
20
25
30
0 100 200 300 400 500 600 700
tempo (s)
tem
pera
tura
(ºC)
talocentrosuperfícieambiente
Ca4
0
5
10
15
20
25
30
0 100 200 300 400 500 600 700
tempo (s)
tem
pera
tura
(ºC
)
talocentrosuperfícieambiente
Ca5
0
5
10
15
20
25
30
0 100 200 300 400 500 600 700
tempo (s)
tem
pera
tura
(ºC
)
talocentrosuperfícieambiente
Apêndice C: Curvas de resfriamento a vácuo
76
Figura C.8 Curvas de resfriamento a vácuo de Pleurotus ostreatus - experimento Da (com aspersão de água) com 5 repetições. Pf = 5 mmHg.
Da1
0
5
10
15
20
25
30
0 100 200 300 400 500 600 700
tempo (s)
tem
pera
tura
(ºC
)talocentrosuperfícieambiente
Da2
0
5
10
15
20
25
30
0 100 200 300 400 500 600 700
tempo (s)
tem
pera
tura
(ºC
)
talocentrosuperfícieambiente
Da3
0
5
10
15
20
25
30
0 100 200 300 400 500 600 700
tempo (s)
tem
pera
tura
(ºC
)
talocentrosuperfícieambiente
Da4
0
5
10
15
20
25
30
0 100 200 300 400 500 600 700
tempo (s)
tem
pera
tura
(ºC
)
talocentrosuperfícieambiente
Da5
0
5
10
15
20
25
30
0 100 200 300 400 500 600 700
tempo (s)
tem
pera
tura
(ºC
)
talocentrosuperfícieambiente
Apêndice C: Curvas de resfriamento a vácuo
77
Figura C.9 Curvas de resfriamento a vácuo de Pleurotus ostreatus - experimento Ea (com aspersão de água) com 5 repetições. Pf = 5 mmHg.
Ea1
0
5
10
15
20
25
30
0 100 200 300 400 500 600 700
tempo (s)
tem
pera
tura
(ºC
)talocentrosuperfícieambiente
Ea2
0
5
10
15
20
25
30
0 100 200 300 400 500 600 700
tempo (s)
tem
pera
tura
(ºC
)
talocentrosuperfícieambiente
Ea3
0
5
10
15
20
25
30
0 100 200 300 400 500 600 700
tempo (s)
tem
pera
tura
(ºC
)
talocentrosuperfícieambiente
Ea4
0
5
10
15
20
25
30
0 100 200 300 400 500 600 700
tempo (s)
tem
pera
tura
(ºC
)
talocentrosuperfícieambiente
Ea5
0
5
10
15
20
25
30
0 100 200 300 400 500 600 700
tempo (s)
tem
pera
tura
(ºC
)
talocentrosuperfícieambiente