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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE/2010 NÚCLEO REGIONAL DE EDUCAÇÃO CASCAVEL
GIOVANA KARLA ZAN ASSIS
O CONSELHO DE CLASSE: EM BUSCA DA SOCIALIZAÇÃO DO SABER HISTORICAMENTE ACUMULADO
CASCAVEL – PR
2011
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GIOVANA KARLA ZAN ASSIS
O CONSELHO DE CLASSE: EM BUSCA DA SOCIALIZAÇÃO DO SABER HISTORICAMENTE ACUMULADO
Unidade Didática apresentada ao PDE
(Programa de Desenvolvimento Educacional), Secretaria da Educação, Departamento de Políticas e Programas Educacionais; à Coordenação Estadual do PDE: Núcleo Regional de Ensino (NRE) e IES – Unioeste/ campus de Cascavel, sob a orientação da Professora Doutora Maria Lídia Sica Szymanski.
CASCAVEL – PR
2011
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O CONSELHO DE CLASSE: EM BUSCA DA SOCIALIZAÇÃO DO SABER HISTORICAMENTE ACUMULADO
Giovana Karla Zan Assis1 Maria Lídia Sica Szymanski2
RESUMO Visto que a filosofia das escolas públicas alerta a respeito da necessidade de uma Educação que possibilite ao aluno ser visto como ser social e portador de identidade própria, contemplado como um todo e não como fragmento de um individualismo classificatório e excludente, é indiscutível a necessidade e a obrigatoriedade de uma postura consciente por parte dos professores no processo do Conselho de Classe, voltado para a aprendizagem. O Conselho de Classe é um momento para pensar nos processos de ensino/aprendizagem e na avaliação e salientar que a verdadeira função do Educador é oportunizar ao aluno plena consciência dos seus deveres e dos seus direitos e o acesso e a apropriação do conhecimento historicamente acumulado. PALAVRAS-CHAVE: Avaliação. Ensino/aprendizagem. Conselho de Classe.
1 Profª. PDE – Professora Pedagoga da rede Estadual de Ensino do Estado do Paraná. Núcleo
Regional de Educação de Cascavel – Paraná. E-mail: [email protected]. 2 Profª Orientadora – Mestre e Doutora em Psicologia pela USP e Pós-Doutora em Psicologia,
Desenvolvimento Humano e Educação pela FE-UNICAMP. E-mail: [email protected].
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SUMÁRIO
1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO ............................................................................... 05
1.1 PROFESSOR PDE ............................................................................................. 05
1.2 ÁREA PDE .......................................................................................................... 05
1.3 NRE ..................................................................................................................... 05
1.4 PROFESSOR ORIENTADOR ............................................................................. 05
1.5 ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO ........................................................................ 05
2 TEMA DE ESTUDO DO PROFESSOR PDE ......................................................... 05
3 TÍTULO .................................................................................................................. 05
4 JUSTIFICATIVA DA PRODUÇÃO DIDÁTICA ....................................................... 05
5 OBJETIVOS ........................................................................................................... 06
5.1 OBJETIVOS GERAIS .......................................................................................... 06
5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................... 07
6 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 07
7 ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS ......................................................... 17
7.1 PRIMEIRA ETAPA .............................................................................................. 18
7.1.1 pesquisa de campo .......................................................................................... 18
7.2 SEGUNDA ETAPA .............................................................................................. 18
7.2.1 Dinâmica de grupo ........................................................................................... 19
7.3 TERCEIRA ETAPA ............................................................................................. 19
7.3.1 Roteiro do Grupo de Estudos ........................................................................... 19
7.3.1.1 Primeiro encontro .......................................................................................... 19
7.3.1.2 Segundo encontro ......................................................................................... 20
7.3.1.3 Terceiro encontro .......................................................................................... 21
7.3.1.4 Quarto encontro ............................................................................................ 21
7.3.1.5 Quinto encontro ............................................................................................. 22
7.3.1.6 Sexto encontro .............................................................................................. 22
7.4 QUARTA ETAPA ................................................................................................. 23
7.4 AVALIAÇÃO ........................................................................................................ 23
REFERÊNCIAS..........................................................................................................24
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1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
1.1 PROFESSOR PDE: Giovana Karla Zan Assis.
1.2 ÁREA PDE: Pedagogia.
1.3 NRE: Cascavel – PR
1.4 PROFESSOR ORIENTADOR: Dra. Maria Lídia Sica Szymanski.
1.5 ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO: Colégio Estadual Padre Carmelo Perrone.
1.6 IES VINCULADA: Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE.
1.7 PÚBLICO OBJETO DA INTERVENÇÃO: Professores.
2 TEMA DE ESTUDO DO PROFESSOR PDE
O Conselho de Classe como um forte aliado e não como momento de
alienação da escola pública.
3 TÍTULO
O Conselho de Classe: em busca da socialização do saber historicamente
acumulado.
4 JUSTIFICATIVA DA PRODUÇÃO DIDÁTICA
Esta unidade didática objetiva analisar e compreender criticamente a práxis
dos Conselhos de Classe, um dos suportes para orientação da discussão no coletivo
da prática pedagógica. Pretende-se desenvolvê-la em uma escola da rede pública
de Ensino Fundamental e Médio, objetivando uma ressignificação desse espaço.
Com relação ao Conselho de Classe, constata-se um grande
descontentamento dos educadores. Para muitos, tornou-se um momento de total
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estresse, sendo que esses encontros trazem temas conflitantes, os quais muitas
vezes acabam ultrapassando o campo das ideias e passando para os confrontos
pessoais. Muitos professores comprometidos com o processo ensino/aprendizagem
acabam por se frustrar ao participar dessas reuniões, nas quais a grande parcela de
profissionais insiste em identificar apenas os alunos que não atingiram o mínimo das
notas necessárias e/ou apresentam problemas comportamentais.
Outro ponto fundamental é a questão de como está sendo utilizada essa
reunião, pois se sabe que são muitos os problemas que geram o descontentamento
dos profissionais da Educação, os quais acabam por aproveitar esse espaço para
discutir suas ansiedades em relação ao salário, à falta de condições materiais, aos
problemas relacionados à saúde e a outras questões, as quais são relevantes, sim,
mas não condizentes com esse espaço, que é específico para tratar de avanços,
limitações e possibilidades nos processos de ensino e de aprendizagem, pelos quais
esses professores são responsáveis.
Nesta perspectiva, o papel do Conselho de Classe é de ser apenas mero
instrumento para julgamento de apreciações subjetivas dos alunos e,
consequentemente, assume um caráter repressor, seletivo, classificatório e produtor
de exclusão. Distancia-se, assim, do que as escolas propõem, por meio de seus
Projetos Político-Pedagógicos (PPP).
Por outro lado, temos professores que se propõem a romper com esse
modelo de Conselho de Classe para, no coletivo escolar, analisar e buscar ações
que envolvam a todos e possibilitem uma ressignificação, levando em consideração
a concepção da escola. Portanto, pensando numa reflexão coletiva, na qual essas
diferentes concepções possam ser discutidas, de forma a possibilitar uma leitura
diferente de suas práxis, propõe-se a organização dessa unidade didática.
5 OBJETIVOS
5.1 OBJETIVOS GERAIS
Analisar quais as fragilidades e possibilidades do Conselho de Classe,
enquanto instância que possibilita ao aluno apropriar-se dos conhecimentos
historicamente acumulados, garantidos no Projeto Político Pedagógico de
cada escola paranaense;
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Propiciar condições para que os educadores envolvidos no projeto percebam
que, conscientemente ou não, o desempenho profissional pressupõe uma
postura a favor ou contra os nossos alunos, pois não existe neutralidade nas
ações. Essas ações podem contribuir para uma Educação transformadora ou
reprodutora. Pretende-se que percebam, ainda, como o processo avaliativo,
uma das principais responsabilidades docentes, traz consigo essa postura do
professor, seja no sentido de manter a sociedade, reproduzindo-a, ou de
buscar reduzir suas desigualdades, rompendo com o que já está posto.
5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Analisar qual é verdadeiramente a função do Conselho de Classe, de forma a
contribuir para que realmente seja um processo de reflexão coletiva, cujo foco
se centralize no ensino e na aprendizagem, levando em consideração as
múltiplas identidades dos alunos;
Levantar dados acerca da concepção de Conselho de Classe, presente nas
escolas estaduais do Sudoeste e do Oeste do Paraná de diferentes Núcleos
Regionais de Educação, representados pelos pedagogos - turma PDE 2010;
Oportunizar momentos de aprofundamento teórico/prático aos professores e
pedagogos, no intuito de favorecer a identificação de sua postura enquanto
profissionais comprometidos com a Educação;
Possibilitar ao professor refletir se os métodos e as estratégias por ele
utilizados vêm ao encontro da proposta de formação de cidadão crítico,
conforme a filosofia do colégio;
Contribuir para que se efetivem trocas de experiências, disponibilizando esse
espaço para um relacionamento mais efetivo e uma prática pedagógica mais
significativa;
Repensar junto aos professores a necessidade de ressignificar o Conselho de
Classe no cotidiano escolar, levando em consideração a filosofia da escola e
a práxis pedagógica.
6 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
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A principal preocupação deste estudo é discutir em quê e como o Conselho
de Classe pode contribuir para a democratização do ensino. Porém, uma questão
fundamental consiste em identificar de forma clara que influência exerce no cotidiano
das instituições.
Pretende-se ressaltar o fato de que o aluno não pode ser entendido de
maneira isolada do processo pedagógico, sendo que os homens já enfrentavam em
grupo seus problemas desde a pré-história. Afinal, conforme apontam Gadotti e
Romão,
Na trajetória da humanidade isso pode ser percebido, desde quando, nos primórdios de sua arrancada para o processo civilizatório, o homem primitivo, buscando soluções individuais para os desafios da natureza hostil e percebendo que a própria espécie estaria ameaçada com tais soluções, superou o “individualismo zoológico” e buscou associar-se com os semelhantes para construir respostas coletivas aos reptos que se lhe colocavam (GADOTTI; ROMÃO, 2004, p.23).
De fato, ao se reportar ao Conselho de Classe, é preciso buscar avanços,
pois atualmente ainda é comum observarmos nas escolas que a ênfase está em
aprovar ou reter o aluno como se lhe fosse possível estar alheio ao processo de
socialização. Apresenta-se também como agravante o fato de se desconsiderar que
toda convivência acontece num contexto permeado por relações sociais, em um
processo onde ao
[...]mesmo tempo, o homem está constantemente utilizando em suas ações as referências teóricas obtidas pelas ações anteriores que são sempre produzidas junto com outros homens (ARANHA, 1989, p.3).
Numa práxis dialética, que considera o homem como ser que convive em um
contexto histórico e social e é capaz de expressar pensamento e vontade utilizando-
se da linguagem simbólica e do trabalho, não se pode aceitar que o indivíduo esteja
dissociado do saber construído historicamente.
Surge daí a tomada de consciência de que existe uma interligação entre as ciências do homem e as da natureza, consciência de que os conhecimentos produzidos historicamente deram-se com a mediação do trabalho do próprio homem nessa relação. São
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articulações históricas, centradas na essência criadora do próprio ser humano, que não podem ser omitidas (DALBEN, 1992, p.198).
Portanto, o Conselho de Classe deve priorizar os processos de ensino e de
aprendizagem, avaliar o aluno em sua totalidade, detectar fragilidades e
possibilidades, levar em consideração a sua individualidade e ao mesmo tempo
lançar-lhe um olhar enquanto ser histórico e social. Dessa forma, contribuirá para a
efetivação do ensino.
A sociedade moderna, com a civilização urbana construída ao longo de
séculos, passa a exigir escolarização de todos os cidadãos. Mais que isso, todo
cidadão, para usufruir medianamente dos bens constituídos por esta sociedade,
necessita da escolarização. Usufruir dos benefícios construídos pela sociedade
recente pressupõe detenção de algum tipo de entendimento elaborado (LUCKESI,
2005, p. 60).
Na análise da sociedade, identifica-se como fator sempre presente a divisão
de classes sociais, na qual uma grande maioria, conhecida como a classe
dominada, se deixa conduzir por uma pequena minoria, a classe dominante.
Entretanto, isso não acontece de forma isolada, sendo que no trabalho fica evidente
a existência da separação de classes, principalmente quando o trabalhador se
aliena, perde posse do que produziu e passa a estar a serviço da pequena parcela
que possui saber elaborado. Torna-se cada vez mais difícil falar em igualdade, pois
[...] se desenvolvemos nossa humanidade a partir da apropriação das realizações do progresso histórico, é claro que, numa sociedade onde essa igualdade não ocorre, fica excluída a possibilidade de igualdade entre os indivíduos (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1993, p.173).
Se não há igualdade de acesso ao saber, cabe analisar se o momento
destinado à reunião do Conselho de Classe deve ser utilizado nos moldes em que
muitas escolas vêm propondo, tendo como objetivo central a verificação de notas e
comportamentos, ou seja, a seleção e classificação, reforçando a divisão de classe e
contribuindo para uma escola dualista. Conforme alerta Aranha,
[...] a dicotomia trabalho intelectual X trabalho manual repercute na Educação, ora excluindo o filho dos trabalhadores manuais, ora criando uma escola dualista com objetivos diferentes: para a elite, uma escola de formação que pode se estender a níveis superiores;
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para os trabalhadores, rudimentos do ler e escrever e encaminhamentos para a profissionalização (ARANHA, 1989, p. 5).
Evidencia-se que o sistema que rege a sociedade é o Capitalismo, no qual a
maioria reproduz o que está posto sem ao menos ter consciência disso e a minoria
detém o poder. O sistema capitalista está tão presente em nossa sociedade e em
nosso cotidiano que já é incorporado por nós com naturalidade, estendendo-se
também à escola e ao trabalho.
Faz-se necessário salientar que à medida que as opiniões divergem
principalmente no Conselho de Classe, e não há um consenso de ideias,
desencadeia-se uma desestabilização e frustração docente, o que resulta cada vez
mais na fragmentação de relações, conteúdos, avaliação e inclusive da expectativa
de um processo de ensino e aprendizagem eficiente. Para Dalben,
Conclui-se, com isso, que o conselho de classe tem reproduzido as relações hegemônicas da sociedade, carregando um processo de trabalho que reflete uma concepção de relação pedagógica semelhante, contribuindo para a manutenção da ordem social vigente (DALBEN, 1992, p.192).
Portanto, quando avalia de forma classificatória e excludente e não garante a
todos o mesmo direito de acesso e permanência em ambiente escolar, o Conselho
de Classe é utilizado de forma equivocada, reproduzindo a fragmentação tão
presente na sociedade e, consequentemente, refletida na escola. Deixa, portanto, de
cumprir seu papel social.
É comum também nos Conselhos de Classe observar um grupo de
professores preocupados em identificar quais os alunos que não atingiram o mínimo
dos objetivos propostos e verificar se esses resultados são semelhantes aos seus
pares. Busca, assim, respaldo para reter ou não o aluno na série, sem que haja a
preocupação de articular um processo coletivo no sentido de sanar os obstáculos
que dificultam sua aprendizagem. Diante dessa situação, a
função precípua da escola é a transmissão e a apropriação dos conhecimentos. Na sociedade capitalista, a transmissão/ apropriação dos conhecimentos cumpre a função de manter a hegemonia das classes dominantes. (Pelo conhecimento, ciência, técnica e arte) o homem adquire os instrumentos necessários para a transformação/ apropriação da natureza, em seu beneficio. Na sociedade capitalista, a direção desse processo de transformação/
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apropriação da natureza é no sentido de garantir e manter o benefício para a minoria dominante, em detrimento e pela expropriação da maioria dominada. Assim, manter a classe dominada na ignorância dos mecanismos que a tornam dominada, dentre os quais o conhecimento, constitui uma estratégia para a manutenção da dominação (PIMENTA, 1991, p. 11).
Ao fazer esse breve percurso e trazer à tona os fatores que contribuem para a
constituição da escola contemporânea, percebe-se que a preocupação está em
atender aos interesses do sistema produtivo, sem considerar a demanda popular
das escolas. Tal situação se faz perceptível quando
[...]o que se verifica é um momento em que os profissionais constroem uma fotografia da turma. “Passam-se em revista” todos os alunos, verbalizando fatos e notas desconexos entre si, como se estivessem dando conhecimento e “satisfação” a si mesmo e a seus pares daquilo que está acontecendo, especialmente com relação ao rendimento da turma (DALBEN, 1992, p.112).
Surge, portanto, um novo entrave, visto que a filosofia das escolas públicas
alerta a respeito da necessidade de uma Educação que possibilite amplos
conhecimentos a todos os alunos. Observa-se que a prática das escolas distancia-
se dos objetivos propostos nos Projetos Políticos Pedagógicos, os quais asseguram
que o aluno deve ser visto como ser social e portador de identidade própria, isto é,
contemplado como um todo e não como fragmentos de um individualismo
classificatório e excludente. “O acesso universal ao ensino é, pois, um elemento
essencial da democratização, é a porta de entrada para a realização desse desejo
de todos nós, que clamamos por uma sociedade emancipada dos mecanismos de
opressão” (LUCKESI, 2005, p. 62).
Porém, como se pode observar ainda em muitos casos, ir à escola não
garante o acesso à Educação. É fundamental que no Conselho de Classe haja uma
participação efetiva do coletivo, pois não há espaço para neutralidade; é preciso ter
consciência de qual é verdadeiramente a nossa postura, favorecer uma discussão
contínua a respeito do fazer pedagógico e de análise crítica das nossas ações, já
que toda ação traz embutida uma postura política.
Faz-se necessário, então, salientar que a verdadeira função do Educador é
oportunizar ao aluno plena consciência dos seus deveres e dos seus direitos. Dessa
forma permitindo-lhe posicionar-se enquanto ser que constrói a sua história, que
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recebe influências e influencia, agente e protagonista de sua existência, capaz de
pensar criticamente e de mudar o que é possível, visando a uma vida mais digna.
O trabalho coletivo é importante para que haja interação, possibilitando o aprender a lidar com as dificuldades, procurando soluções conjuntas para que os problemas cotidianos se resolvam da melhor forma. No Conselho de Classe, os envolvidos podem negociar, estabelecendo conclusões, as quais se constituem em parte de um processo de construção em grupo, onde o pensar deveria ser coletivo e através do diálogo criar-se-iam oportunidades para que todos pudessem falar e estabelecer diretrizes que conduzissem suas práticas pedagógicas (TAVARES; SZYMANSKI, 2008, p. 9).
Trata-se de um direito de cada cidadão o acesso e a apropriação do
conhecimento historicamente acumulado, e a escola constitui-se como espaço
socialmente instituído para garantir esse direito. Portanto, cabe reforçar que é de
competência dos profissionais atuantes das escolas a luta por uma Educação
emancipadora e que, nesse processo de democratização do acesso ao saber, a
escola pode contar com o Conselho de Classe.
O Conselho de Classe deve possibilitar o encontro do coletivo escolar,
viabilizando ações que assegurem os direitos de todos os alunos. A oficialização do
Conselho de Classe só foi contemplada pela Lei 5.692/71, evidenciando-se seu
aspecto de processo em construção, pois a Educação não é estática. O Conselho de
Classe é um processo importantíssimo que possibilita pensar o
ensino/aprendizagem, facilitar a troca de experiência, buscar ações coletivas. É o
espaço no qual a escola vai repensar-se, detectar pontos positivos e fragilidades e,
principalmente, propor mudança.
É o coletivo, no coletivo, pensando o coletivo. Pode ser utilizado como aliado
ou de forma a alienar os envolvido, ou seja, a favor ou contra o aluno filho do
trabalhador. No Paraná, o Conselho de Classe está assegurado na deliberação
16/99, que o normatiza e estabelece o seguinte:
Art. 30 - O Conselho de Classe é um órgão colegiado de natureza consultiva e deliberativa em assuntos didático-pedagógicos, com atuação restrita a cada classe, tendo por objetivo avaliar o processo ensino-aprendizagem na relação professor-aluno e os procedimentos adequados a cada caso. Art. 31 – O Conselho de Classe tem por finalidade:
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- estudar e interpretar os dados da aprendizagem, na sua relação com o trabalho do professor, na direção do processo ensino-aprendizagem, proposto pelo plano curricular; - acompanhar e aperfeiçoar o processo de aprendizagem dos alunos, bem como diagnosticar seus resultados e atribuir-lhes valor; - analisar os resultados da aprendizagem na relação com o desempenho da turma, com a organização dos conteúdos e com o encaminhamento metodológico; - utilizar procedimentos que assegurem a comparação com parâmetros indicados pelos conteúdos necessários de ensino, evitando a comparação dos alunos entre si; - responder a consultas feitas sobre assuntos didático-pedagógicos, restritas a cada turma deste estabelecimento de Ensino. Art. 32 – O Conselho de Classe é constituído pelo Diretor, pela Coordenação Pedagógica e por todos os Professores que atuam na mesma classe (PARANÁ, 1999).
Percebe-se que muitas escolas não conseguem transpor para a prática do
Conselho de Classe o que é proposto na deliberação16/99. Persiste a necessidade
de falar a respeito de cada aluno e de identificar quais os alunos que podem ser
“recuperados” e quais os candidatos à “reprovação”. Os recuperáveis são aqueles
cujas notas não estejam muito abaixo da média e apresentem essa dificuldade em
apenas uma, duas ou, no máximo, três matérias ou disciplinas.
Nessa perspectiva, o Conselho não conseguiu avançar: segue como
momento de julgamento subjetivo do aluno; procura apenas identificar as causas
que o levam a não atingir o mínimo dos objetivos propostos; relata os casos de
alunos que não participaram ativamente das aulas, deixaram de produzir tarefas,
textos, trabalhos escolares pelos quais seriam avaliados e/ou apresentam
comportamento considerado inadequado. Não há uma preocupação em buscar
alternativas para reverter a não aprendizagem.
É preciso ir além das questões afetivas e atitudinais. Conhecê-las sim, compreendê-las, também, mas não insistir jamais nelas como razões únicas ou indiscutíveis. O sentido dos conselhos é o de definir ações diversificadas pelo coletivo dos professores em termos do trabalho de formação dos alunos e do acompanhamento de suas aprendizagens nas diferentes áreas (HOFFMANN, 2005, p. 39).
Portanto, para falar acerca do Conselho de Classe é preciso, no mínimo,
voltar o olhar à escola e à sociedade, a fim de que se possa entender, entre outras
questões, como ele ocorre, quais são suas influências, a quem de fato está servindo.
Esta é a proposta que vem nos acompanhando desde o início deste estudo e cujo
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intuito é facilitar ao leitor a percepção de que o professor traz embutida em seu
processo, intenção política.
Torna-se pertinente destacar que o sistema capitalista tem o Positivismo
como fundamentação filosófica, o qual trata o fenômeno da Educação como regido
por leis naturais, quantificáveis e observáveis, dissociado do conjunto das relações
de produção.
Nas escolas é, portanto, bastante perceptível à situação em que o individual
prevalece ao coletivo e cada profissional ocupa um espaço que não pode ser
compartilhado com outro colega de maneira a trabalhar os conteúdos de forma
estanque e avaliar privilegiando o individualismo e a competição. Tem-se a falsa
impressão de que a escola por si só é capaz de transformar o social.
Neste caso a Educação passa a ser compreendida como se fosse redentora ou responsável por todos os males que afligem a sociedade. Este é o enfoque do governo, dos empresários e até de muitos intelectuais vinculados ao meio acadêmico e estudantil. O sucesso ou o fracasso do indivíduo, neste caso é atribuído a uma decorrência mecânica do acesso a Educação (ORSO, 2002, p. 89).
Não é raro, então, que o profissional passe a considerar que o insucesso do
aluno seja fruto do seu trabalho. O Conselho de Classe de muitas escolas atua
dentro dessa visão, planejado mecanicamente, acontece de forma abstrata, isolada
e fragmentada. Não há uma efetiva integração das diversas áreas, o que torna
inviável a articulação com as áreas afins e com as diferentes disciplinas. Além disso,
as análises permanecem na perspectiva individual.
Partindo de uma análise mais reflexiva, percebe-se que o Conselho de Classe
deixa de ser funcional quando acontece desarticulado do contexto social, passando
a ter como foco a preocupação na identificação dos culpados pelo fracasso escolar e
esquecendo de avaliar o próprio fazer pedagógico e os encaminhamentos
necessários.
A nosso ver, para enfrentar esta questão, precisamos estar atentos, a fim de não cairmos em duas posturas equivocadas: - Voluntarismo: achar que tudo é questão de boa vontade, que depende de cada um, se cada um fizer a sua parte, o problema se resolve. - Determinismo: achar que não dá para fazer nada, pois o problema é estrutural, é do sistema, enquanto não mudar o sistema, não adianta (VASCONCELOS, 2000, pág.19).
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Desta forma, é necessário analisar e perceber que não se pode carregar nas
costas esse fardo pesado, muitas vezes superior à capacidade de cada professor,
ou seja, a culpa pelo fracasso do aluno, a qual está relacionada com um contexto
muito maior, pois envolve o estudante e a família. Evidentemente o professor tem
compromisso ético, político e social com os alunos e não pode haver omissão por
parte do educador em aceitar o insucesso do estudante sem rever, no coletivo, o
caminho que precisa ser percorrido, refeito, pelos educadores e alunos, facilitando a
socialização do saber historicamente construído. Análise que contempla o fato de
que o professor, ao receber influência da sociedade, também estará influenciando,
tornando-se capaz de gerar mudanças, embora muitas vezes pequenas,
significativas.
Nesse processo de democratização do acesso ao saber, o Conselho de
Classe deve possibilitar o encontro do coletivo escolar, viabilizando ações que
assegurem, por meio da contextualização dos conteúdos, o saber historicamente
acumulado, direito esse de todos os alunos. Entretanto, Vasconcelos alerta que dos
Conselhos devem participar
na medida do possível, [...] todos os membros da comunidade (professores, equipe de coordenação, direção, alunos - ou seus representantes-, auxiliares, pais), para que se tenha a oportunidade de uma visão de conjunto (VASCONCELOS, 2000, p. 77).
Nesta perspectiva, para atingir o objetivo proposto, salienta Hoffmann que o
Conselho de Classe delibera ações futuras e compartilhadas sobre casos individuais e/ou de grupo. Seu propósito é uma leitura integral e interdisciplinar do aluno pelo coletivo dos professores em determinados momentos do processo (não no final de, porque nunca termina), trocando pontos de vista, refletindo sobre concepções pedagógicas e deliberando sobre as estratégias de continuidade da ação educativa. Tais decisões não podem se desviar das questões epistemológicas e didáticas inerentes às aprendizagens, razão essencial de tais discussões, não se desconsiderando o papel formativo da escola. O tempo de deliberações deve ocupar a maior parte dos conselhos, registrando se as decisões para que possam ser retomadas nos próximos encontros, num processo de ação-reflexão continuada (HOFFMANN, 2005, p.38).
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Talvez muitos profissionais já possuam bastante referencial teórico e vontade
política de proceder de forma mais democrática numa práxis dialética. Mas a ideia
de uma Educação dualista atendendo aos interesses do Capitalismo está tão
arraigada em nosso cotidiano, que dificulta uma tomada de posição consciente a
favor do aluno filho do trabalhador. É indiscutível a necessidade, ousando um pouco
mais, a obrigatoriedade, de uma postura consciente por parte dos professores no
processo do Conselho de Classe.
[...] espaço pedagógico de compartilhamento de juízos avaliativos sobre aprendizagens e de troca de experiências docentes, nesse sentido constitui-se institucionalmente para que os professores tenham tempo e espaço de compartilhar suas observações sobre os alunos e decidir com seriedade, quando as futuras estratégias pedagógicas. Não deve ser apressado, tenso, de natureza burocrática (atrelado a prazos de entrega de notas e conceitos) ou apenas para resolver questões de relacionamento entre professores e alunos (HOFFMANN, 2005, p. 38).
Refletindo sobre essas questões, faz-se necessário analisar qual é
verdadeiramente a concepção do professor, qual a relação entre essa concepção e
a filosofia da escola, lançar um novo olhar para o aluno, percebendo-o como um ser
social e com identidade própria, destacando ainda que um dos grandes problemas
esteja na forma como se processa a avaliação escolar, a qual tem
[...] sua aplicação restrita ao aluno parece que todo o resto, professor, livro didático, currículo, direção, escola, família, sociedade, etc. está acima de qualquer suspeita. Na verdade, a avaliação deve atingir todo processo educacional e social, se quisermos efetivamente superar os problemas (VASCONCELOS, 2000, p. 84).
É necessário refletir sobre o processo do Conselho de Classe, concretizando
as ações propostas na discussão coletiva. Em algumas escolas essas mudanças já
acontecem (TAVARES e SZYMANSKI, 2008), porque existem professores que
ousam tirar as amarras que lhes acompanham ao longo do tempo.
É fundamental rever a prática docente e utilizá-la como ferramenta que auxilia
na aprendizagem e não como arma repressora, percebendo quais as dificuldades e
possibilidades do aluno, facilitando-lhe a compreensão, assimilação e aplicação dos
conhecimentos elaborados na solução de problemas do seu cotidiano.
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O objetivo da avaliação é acompanhar e subsidiar o processo de aprendizagem do aluno, entendido nos seus avanços e dificuldades, considerando as dimensões cognitiva, afetiva e motora. Ao mesmo tempo em que o professor ensina, poderá aprender ocorrendo desta forma uma troca de conhecimentos. E, é aí que o Conselho de Classe torna-se um espaço privilegiado de reflexão, que orienta o agir (TAVARES; SZYMANSKI, 2008, p.9).
O objetivo do presente trabalho não é justificar os fatos, nem normatizá-los,
porém, entendê-los. Ao se constatar que toda mudança consciente parte da vontade
de fazer a diferença, é imprescindível saber qual caminho percorrer, qual a melhor
postura, como romper com o que já está incorporado em busca da socialização do
saber elaborado.
Então, o Conselho de Classe é momento para pensar nos processos de
ensino e aprendizagem e na avaliação, verificando até que ponto os acertos e erros
são referenciais para rever a metodologia utilizada e a pertinência dos instrumentos
de avaliação. Essa análise permitirá uma nova forma de avaliar, voltada não para a
avaliação em si, mas para a aprendizagem. “Não é possível obrigar alguém a mudar as
suas práticas. Mas, será que vale a pena permanecer nos erros, não fazer a diferença, não
fazer parte da história? Não se pode ficar só nos discursos” (TAVARES; SZYMANSKI, 2008,
p. 4).
7 ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO:
O encaminhamento metodológico utilizado na elaboração desta produção
parte da análise dos dados da pesquisa de campo e da pesquisa bibliográfica;
resulta em material didático pedagógico de apoio, como subsídio de discussão no
coletivo; e possibilita aos professores confronto da forma como se processa o
Conselho de Classe na escola em que atua e a relação com esse processo em
outras escolas do Oeste e do Sudoeste do Paraná, verificando qual é de fato a
importância dessa instância na socialização do saber, bem como quais são as
alternativas de reestruturação desse processo.
Portanto, a produção didática pedagógica teve como ponto de partida o
contexto atual por meio da análise dos Conselhos de Classe de diferentes escolas
representadas pelos professores pedagogos que participaram da coleta de dados, e
o confronto com a fundamentação teórica da construção cultural da história.
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A implementação na escola objetiva instigar junto aos profissionais a
desestabilização de conceitos já arraigados, na busca de um novo fazer pedagógico.
Na tentativa de identificar se a instância Conselho de Classe vem conseguindo
romper com os ranços do passado ou se está atrelada a eles.
Esta Unidade Didática foi elaborada a partir de etapas distintas, que são:
pesquisa de campo, apresentação do projeto em reunião pedagógica, grupo de
estudo com análise dos dados da pesquisa de campo e reestruturação do processo
do Conselho de Classe.
7.1 PRIMEIRA ETAPA
7.1.1 Pesquisa de campo
Na primeira etapa desenvolveu-se uma pesquisa de campo, que contou com
a contribuição de 39 professores pedagogos PDE turma 2010, os quais representam
25 municípios e 6 Núcleos Regionais de Educação.
Buscou-se levantar dados por meio de pesquisa de campo, com formulação
de um questionário contendo nove questões, as quais possibilitam verificar como
essas reuniões vêm se processando, bem como possíveis sugestões de como
poderiam vir a acontecer.
Objetivou-se analisar as fragilidades e possibilidades dessa instância, que
permitiram ao aluno apropriar-se dos conhecimentos historicamente acumulados e
lhe propiciou condições para que o educador envolvido no processo avaliativo
perceba que traz consigo uma postura política, seja no sentido de manter a
sociedade, reproduzindo-a, ou de buscar reduzir suas desigualdades, rompendo
com o que já está posto.
7.2 SEGUNDA ETAPA
Numa segunda etapa, o projeto será apresentado em reunião pedagógica
para todos os profissionais do Colégio Estadual Padre Carmelo Perrone. Por meio
de slides, serão apresentados: tema, título, justificativa, objetivos e encaminhamento
metodológico.
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7.2.1 Dinâmica de Grupo
De forma provocativa, cada um no seu lugar deverá se levantar e virar de
costas para quem estiver apresentando. Por alguns segundos permanecerá assim;
somente após solicitação retorna à posição inicial.
Por meio da dinâmica, provavelmente virão à tona falas referentes às
sensações de desconforto, do olhar diferenciado, da mudança. Isso levará a refletir
acerca das mudanças do cotidiano escolar, que não acontecem naturalmente e sim
ocorrem com a necessidade de mudar e o compromisso, nem sempre fáceis.
7.3 TERCEIRA ETAPA
7.3.1 Roteiro do Grupo de Estudos
A terceira etapa consta de roteiro de estudos, composto por: textos para
leitura prévia, vídeos, recorte de filmes, filmes, dinâmica de grupos, letras de música,
apresentação de palestra. Nesses encontros acontecerá a socialização dos dados
coletados na pesquisa de campo como base para reflexão do fazer pedagógico.
7.3.1.1 Primeiro Encontro
Antecipadamente será distribuído texto para estudo prévio. O primeiro
encontro contará com apresentação de slides fundamentados no autor Cipriano C.
Luckesi. O texto utilizado será o seguinte: Verificação ou Avaliação: o que pratica a
Escola? Pretende-se, por meio dele, fomentar um diálogo coletivo com os
participantes.
Será utilizado também o vídeo Prêmio ou castigo. Esse material retrata com
humor a “avaliação” que seleciona, classifica e exclui de forma individualizada e não
leva em consideração as expectativas de quem será avaliado, fazendo desse
momento espaço temido.
A dinâmica de grupo, por sua vez, terá como ponto de partida a aplicação de
um teste, utilizando o procedimento ou ritual aplicado por muitas escolas na
execução das provas (cada um no seu lugar, o mais distante possível do colega, não
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conversar durante a realização da avaliação). Priorizando o resultado individual
para verificar a quantidade de acertos e dessa forma “medir” sua “capacidade”.
Como forma de reflexão, será proposta a seguinte atividade:
Diferencie verificação de avaliação. O que acontece em nossas escolas com
o processo avaliativo? A preocupação dos profissionais consiste em sanar as
dificuldades detectadas e de que forma isso pode acontecer?
Partindo do texto e dos conceitos de verificação e avaliação, relacionando-o
com o vídeo, identifique as expectativas dos alunos com relação ao processo
avaliativo (Quais são elas? No cotidiano são contempladas? Justifique).
Baseado no texto, na sua participação na execução do teste, na forma como
foi feita a correção e principalmente na divulgação do resultado, que sugestão você
nos aponta para a avaliação do dia a dia nas escolas?
7.3.1.2 Segundo Encontro
Antecipadamente será distribuído texto para estudo prévio. O segundo
encontro contará com apresentação de slides fundamentados no autor Celso dos S.
Vasconcellos. O texto utilizado será o seguinte: Em busca de algumas alternativas.
A partir deste, deverá ser desenvolvido um diálogo coletivo com os participantes.
A dinâmica de grupo consistirá no seguinte: Sentados em círculo, ao som de
uma música, os participantes deverão passar um objeto de mão em mão. No
momento em que a música parar quem estiver com o objeto receberá um presente.
Pretende-se, por meio desta dinâmica, possibilitar que os participantes
exponham seus sentimentos ao grupo. Cada um deverá dizer se sentiu pressão,
ansiedade, e justificar a necessidade de se livrar do objeto passando-o para o
colega, mesmo que o resultado seja privilegiar quem estiver com ele.
Posteriormente, objetiva-se alertar para a relação entre os sentimentos expostos na
dinâmica e os dos alunos nas escolas.
Será utilizado ainda o vídeo O Chico Bento no Shopping, a partir do qual se
fará uma reflexão acerca do processo cultural e da necessidade de adquirir
conhecimento elaborado como forma de sobrevivência dentro de uma sociedade em
pleno desenvolvimento de urbanização. Por meio da história de Chico Bento, será
discutido se a escola contempla ou não essa necessidade. O vídeo servirá de
subsídio ainda para a discussão acerca da realidade das escolas, isto é, para que se
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possa verificar se elas favorecem a socialização do saber e de que forma podem
contribuir para democratização do ensino.
Os professores deverão, no coletivo, fazer uma síntese da discussão,
apontando os procedimentos mais aceitáveis para a democratização do ensino,
utilizando-se dos recursos abordados nesse encontro e as diversas experiências
compartilhadas por cada participante.
7.3.1.3 Terceiro Encontro
Antecipadamente será distribuído texto para estudo prévio. O terceiro
encontro contará com apresentação de slides fundamentados nos seguintes autores:
José V. de Almeida, Maria Eliza B. Arnoni e Edilsom M. de Oliveira. O texto a partir
do qual se desencadeará a discussão é Dos limites da lógica formal à necessidade
da lógica dialética no processo ensino-aprendizagem.
Os participantes serão orientados ainda a ouvir e cantar a música Eu andava
a pé para chegar no meu trabalho, cuja letra é de Hani Awad e Arilson Salles. A
partir dessa atividade, objetiva-se levar a refletir se os acontecimentos se dão de
forma linear, como se um fato fosse pré-requisito para outro.
Será trabalhado também o vídeo Imagens de ilusão ótica, de forma a
questionar se um mesmo objeto pode se avaliado de formas diferentes.
Como dinâmica de grupo, os participantes serão orientados a amassar um
papel formando uma bola. Posteriormente, deverão observar a mudança e tentar
desamassá-lo para que torne a ser o que era. A partir dessa atividade, cada
participante deverá responder o que entende da seguinte frase: ”A dialética é a
lógica do movimento, da evolução, da mudança e, portanto, considera as coisas e os
conceitos no seu encadeamento e nas relações mútuas, em ação recíproca”
(Arnoni).
7.3.1.4 Quarto Encontro
Antecipadamente será distribuído texto para estudo prévio. O quarto encontro
contará com apresentação de slides fundamentados na autora Ângela Imaculada
Loureiro de Freitas Dalben. O texto a ser trabalhado é As expectativas favoráveis às
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transformações da escola pela via do Conselho de Classe. A partir deste, pretende-
se desencadear um diálogo coletivo com os participantes.
Será utilizado também o filme Escritores da liberdade, cuja sinopse consiste
no seguinte: Hilary Swank, duas vezes premiada com o Oscar (Melhor Atriz,
Meninos Não Choram, 1999; e Menina de Ouro, 2004), estrela esta instigante
história de garotos pobres, criados em meio a tiroteios e agressividade; ela é a
professora que oferece o que eles mais precisam: uma voz própria. Quando vai
parar numa escola corrompida pela violência e pela tensão racial, a professora Erin
Gruwell combate um sistema deficiente, lutando para que a sala de aula faça a
diferença na vida dos estudantes. Agora, contando suas próprias histórias e ouvindo
as dos outros, uma turma de adolescentes supostamente indomáveis vai descobrir o
poder da tolerância, recuperar suas vidas desfeitas e mudar seu mundo.
Após assistir o filme, os professores deverão analisar os encaminhamentos
utilizados no mesmo e até que ponto é verdadeira ou utópica sua aplicabilidade em
nossas escolas e se no Conselho de Classe é possível focalizar sua atenção no
aluno como todo, com singularidades, particularidades.
7.3.1.5 Quinto Encontro
Antecipadamente será distribuído texto para estudo prévio. O quinto encontro
contará com apresentação de slides fundamentados no texto de Giovana K. Zan e
Maria Lídia S. Szymanski, O Conselho De Classe em Busca da Socialização do
Saber Historicamente Acumulado. A partir desse texto, e o resultado da Pesquisa de
Campo, as discussões serão desenvolvidas e, no coletivo, os professores
elaborarão propostas para alterações na forma como o Conselho de Classe vem se
desenvolvendo.
7.3.1.6 Sexto Encontro
Palestra com a Prof. Dra. Maria Lidia Sica Szymanski: Aprendizagem e
Indisciplina: faces diferentes da mesma moeda.
Pretende-se, neste momento, tratar do que é indisciplina e aprendizagem; o
que causa indisciplina; quais são as possibilidades docentes; e quais as relações
entre indisciplina e avaliação.
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7.4 QUARTA ETAPA
Já numa quarta etapa, os dados discutidos servirão como suporte na
reestruturação do processo de Conselho de Classe. Além disso, todas essas etapas
servirão de referencial na produção do artigo final.
7.5 AVALIAÇÃO
A avaliação será desenvolvida em todas as etapas, contando com
contribuição dos professores pedagogos, dos professores participantes do roteiro de
estudos e com a reestruturação do Conselho de Classe, num encontro do coletivo
escolar onde se priorize o processo de ensino/aprendizagem.
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REFERÊNCIAS
ARANHA, M. L. de A. História da Educação. 1. ed. São Paulo: Moderna, 1989. BOCK, A. M.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. de L. Psicologias: Uma Introdução ao Estudo da Psicologia. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 1993. DALBEN, Â. I. L.de F. Conselhos de classe e avaliação. Campinas: Papirus,1992. GADOTTI, M.; ROMÃO, J. E (Orgs.). Autonomia da escola: princípios e propostas. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2004. HOFMANN, J. O jogo do contrário em avaliação. Porto Alegre: Mediação, 2005. LUCKESI, C.C. Avaliação da aprendizagem escolar. São Paulo: Cortez, 2005. ORSO, J. A Comuna de Paris de 1871: Historia e Atualidade. São Paulo: Ícone, 2002. PARANÁ – Conselho Estadual de Educação – deliberação Nº. 16/99. PIMENTA, S.G. O Pedagogo na Escola Pública. São Paulo: Loyola, 1991. SZYMANSKI, M. L. S; TAVARES, M. do C. de J. B. Conselho de Classe: Uma proposta de Pesquisa. In: Anais do I Simpósio Nacional de Educação. XX Semana da Pedagogia. Cascavel, PR: EDUNIOESTE, 2008. Disponível em: <http://www.unioeste.br/cursos/cascavel/pedagogia/eventos/2008/1/Artigo%2070.pdf>. Acesso: 05 ago. 2011. VASCONCELLOS, C. dos S. Avaliação: Concepção dialética - libertadora do processo de avaliação escolar. São Paulo: Libertad, 2000.