segunda tarefa

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Page 1: Segunda Tarefa

As afirmações de José Dias Sobrinho fazem todo o sentido no actual contexto social, tanto

mais se servir de mote a uma análise crítica ao Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas

Escolares.

Este tema exige uma referência, ainda que sucinta e genérica, aos conceitos de avaliação e de

Biblioteca escolar na actual conjuntura social, económica e educativa, não deixando de ser

pertinente reflectirmos sobre sucesso educativo e o conceito de competências em contexto

escolar.

Na verdade, a sociedade procura avidamente trabalhadores autónomos, criativos, inovadores,

capazes de se adaptarem a mudanças rápidas. Este cenário exige modificações na escola, na

medida em que devemos (in) formar indivíduos, por um lado, capazes de exercer controlo

sobre o seu próprio percurso de trabalho e, por outro, torná-los habilitados a intervir

democraticamente no mundo social que os rodeia.

A Biblioteca Escolar (BE), na realidade actual, deve ser encarada como uma plataforma

colaborativa onde os professores, alunos e demais agentes educativos interagem; deve ocupar

um lugar central no processo de ensino/aprendizagem; deve disponibilizar serviços de

aprendizagem, livros e recursos que permitam a todos os membros da comunidade escolar

“... a avaliação tem muitas faces. Significa muitas

coisas, apresenta-se de muitos modos e busca

cumprir distintas finalidades. Também oculta

muitos significados. Não a podemos

compreender simplesmente como instrumento ou

mecanismo técnico. Ela produz sentidos,

consolida valores, afirma interesses, provoca

mudanças, transforma.”

José Dias Sobrinho

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tornarem-se pensadores críticos e utilizadores efectivos da informação em todos os suportes e

meios de comunicação; deve ajudar a desenvolver nos estudantes competências para a

aprendizagem ao longo da vida e desenvolver a imaginação, permitindo-lhes tornarem-se

cidadãos responsáveis.

Esta visão da BE, traduzida tão claramente no Manifesto da UNESCO, Novembro de 1999, e

o seu papel nas aprendizagens dos alunos exigem uma profunda e rigorosa reflexão sobre o

trabalho desenvolvido, tendo em vista a melhoria dos serviços prestados. Com efeito, não é

possível tornar as bibliotecas escolares espaços que contribuam positivamente para o ensino e

a aprendizagem sem que se avalie o seu impacto nos resultados escolares dos alunos.

Acredita-se no binómio qualidade do trabalho da BE e sucesso educativo, entendendo-se este

último como a capacidade revelada pelos alunos para construir o seu próprio conhecimento.

Os alunos não podem, passivamente, esperar que o professor reaja como “distribuidor de

conhecimentos” a granel, devem desenvolver competências nas literacias de informação,

sendo que o termo competências é aqui utilizado no sentido que Perrenoud lhe atribui,

«capacidade de agir eficazmente num determinado tipo de situação apoiada em

conhecimentos, mas sem se limitar a eles» (Perrenoud, 1999, p.7). Só trabalhando para a

promoção de uma cidadania fortemente comprometida com a democracia participativa, isto é,

ajudando os alunos a crescer conscientes dos seus direitos e deveres e preocupados com o

mundo que os rodeia, sentindo uma forte vontade de participar “na vida cívica de forma livre,

responsável, solidária e crítica.” (DEB, 2001, p13), é que a BE estará a cumprir a sua missão.

Estas preocupações fizeram emergir o Modelo de Auto-avaliação das Bibliotecas Escolares,

que visa «desenvolver uma abordagem essencialmente qualitativa, orientada para uma análise

dos processos e dos resultados numa perspectiva formativa, permitindo identificar as

necessidades e as fragilidades com vista à melhoria.» Este modelo, instrumento pedagógico e

de melhoria contínua que permite aos órgãos directivos e ao professor bibliotecário avaliar o

trabalho da BE, pretende ajudar os professores bibliotecários, em particular, e toda a

comunidade educativa, em geral, a identificar áreas de sucesso e áreas que por apresentarem

piores resultados requerem maior investimento, exigindo uma adequação das práticas. Como

advoga Philippe Perrenoud, uma mudança na forma de pensar a avaliação implica,

necessariamente, uma revolução da escola e dos processos didático-pedagógicos, o que inclui

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um redimensionamento do papel da Escola, do professor e, consequentemente, do professor

bibliotecário.

Como referiu Ross Todd, Director do Centro de Conhecimento Internacional em Bibliotecas

Escolares da Universidade de Rutgers,

«…is an approach that systematically engages research-derived evidence,

school librarian-observed evidence, and user-reported evidence in the

ongoing processes of decision making, development, and continuous

improvement to achieve the school’s mission and goals. These goals

typically center on student achievement and quality teaching and

learning.»

Com efeito, como pode ler-se no artigo de Mike Eisenberg, o professor bibliotecário deve

elaborar um programa, sustentado na articulação curricular - « School librarians teach

meaningful information and technology skills that can be fully integrated with the regular

classroom curriculum. They advocate reading through guiding and promoting it.». Durante o

período de aplicação do programa, o professor bibliotecário e a sua equipa devem avaliar os

resultados das acções desenvolvidas, pois falar em avaliação é pensarmos num vasto e

complexo processo sustentado na recolha de informação acerca do trabalho desenvolvido,

tendo em vista a melhoria dos serviços. Na verdade, neste contexto muito particular, podemos

definir a avaliação como uma reflexão crítica sobre todos os momentos e factores que

intervêm no dia-a-dia da BE, a fim de determinar quais podem ser, estão a ser ou foram, os

resultados. Para isso, o Modelo de Auto-avaliação dispensado pela Rede de Bibliotecas

Escolares (RBE), disponibiliza uma variedade muito significativa de instrumentos para

recolha de evidências que irão suportar a avaliação. A diversidade de instrumentos de recolha

permite o cruzamento de dados e informações, valorizando o processo de auto-avaliação. O

documento é, de facto, uma mais-valia para o trabalho da BE já que a existência de um

conjunto de indicadores que apontam para as zonas nucleares de intervenção (A – Apoio ao

desenvolvimento curricular, B – Leitura e Literacias, C – Projectos, Parcerias e Actividades

Livres e de Abertura à Comunidade, D – Gestão da BE), permitem a aplicação de elementos

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de medida que possibilitarão a apreciação sobre a qualidade da BE. Inclui, ainda, um

expressivo conjunto de acções a implementar para melhorar o desempenho em campos

específicos. Consideramos, ainda, muito inovador e interessante o documento apresentar todo

este processo como regulador, que envolve toda a escola, não dependendo tão só do trabalho

do professor bibliotecário ou da sua equipa.

Em termo de conclusão, consideramos poder afirmar, como Mike Eisenberg, que os

professores bibliotecários têm a obrigação de assegurar que os órgãos de gestão, professores e

pais compreendam que os programas das Bibliotecas são necessários para potencializar a

aprendizagem e o sucesso dos alunos e esta tarefa será bem sucedida, apenas, se for uma

preocupação constante aferir o sucesso das práticas e sempre que necessário fazê-las sofrer a

inflexão exigida pelos resultados obtidos através da avaliação regular e reguladora.

Trabalho realizado pela formanda: Luísa Nogueira

Referências Bibliográficas:

Mike Eisenberg, Mike (2002) “This Man Wants to Change your Job” School

Library Journal. 9/1/2002;

Manifesto da IFLA – UNESCO das Bibliotecas Escolares (1999)

Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares - RBE;

Perrenoud, Ph. (2000). Dez Novas Competências para Ensinar. Porto

Alegre : Artmed Editora (trad. en portugais de Dix nouvelles

compétences pour enseigner. Invitation au voyage. Paris: ESF,

1999).

Texto da Sessão, disponibilizado na Plataforma;

Todd, Ross (2008) “The Evidence based Manifesto for School

Libraries” School Library Journal. 4/1/2008;