segurança_do_paciente_higienizacao_das_maos_2009
TRANSCRIPT
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
1/109
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
2/109
SEGURANA DO PACIENTE EM SERVIOS DE SADE
Higienizao das mos
Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria - Anvisa
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
3/109
Copyright 2009 Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria.Todos os direitos reservados. permitida a reproduo parcial ou total desta obra, desde que citada a onte e que no seja para venda ouqualquer m comercial.A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra dos autores.A Anvisa, igualmente, no se responsabiliza pelas idias contidas nesta publicao.
1 edio
Diretor-Presidente Adjunto de Diretor-Presidente
Dirceu Raposo de Mello Norberto Rech
Diretores Adjuntos de Diretores
Agnelo Santos Queiroz Filho Raael Aguiar Barbosa
Dirceu Aparecido Brs Barbano Luiz Roberto da Silva Klassmann
Jos Agenor lvares da Silva Neilton Araujo de Oliveira
Maria Ceclia Martins Brito Luiz Armando Erthal
Chee de GabineteAldima Mendes
Elaborao, edio e distribuio:AGNCIA NACIONAL DE VIGILNCIA SANITRIASIA Trecho 5, rea Especial 57, Lote 20071205050 Braslia DFTel.: 61 34626000Home page: www.anvisa.gov.brEmail: [email protected]
Assessora-Chee de Divulgao e Comunicao InstitucionalMartha Nazar Corra
Gerente-Geral de Tecnologia de Servios de SadeHeder Murari Borba
Brasil. Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria.Segurana do Paciente em Servios de Sade: Higienizao das Mos / Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria. Braslia: Anvisa, 2009.105p.1. Vigilncia Sanitria. 2. Sade Pblica. I. Ttulo.
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
4/109
CoordenaoCamilo MussiLeandro Queiroz Santi
Coordenao tcnicaFabiana Cristina de SousaHeiko Thereza Santana
RedaoAdjane Balbino de Amorim AnvisaCelso Luiz Cardoso Universidade Estadual de Maring UEM PRFabiana Cristina de Sousa AnvisaHeiko Thereza Santana Anvisacaro Boszczowski Hospital das Clnicas da Faculdade de Medicina da Universidade de So Paulo FMUSP; Hospital Geral de Itapecericada Serra SPIsabela Pereira Rodrigues Hospital Universitrio de Braslia HUB DFJoo Nbrega de Almeida Jnior Hospital Tatuap SPJulia Yaeko Kawagoe Hospital Israelita Albert Einstein SPLuci Corra Hospital Israelita Albert Einstein/Universidade Federal de So Paulo Uniesp SPLycia Mara Jenn Mimica Santa Casa de Misericrdia de So PauloRegina Maria Gonalves Barcellos AnvisaRogrio da Silva Lima Opas/OMSSilvia Figueiredo Costa Hospital das Clnicas da Faculdade de Medicina da Universidade de So Paulo FMUSP SP
Reviso tcnica - AnvisaCarolina Palhares LimaCntia Faial ParentiElenildes Silva AmorimEliane Blanco NunesFernando Casseb FlosiMagda Machado de MirandaSmia de Castro HatemSuzie Marie GomesRosa Aires Borba Mesiano
Reviso tcnica externaAnaclara Ferreira Veiga Tipple Universidade Federal de Gois UFG GOEdmundo Machado Ferraz Colgio Brasileiro de Cirurgies CBCKarin Lohmann Bragagnolo Hospital de Clnicas da Universidade Federal do Paran UFPR PRMariusa Basso Hospital das Clnicas da Faculdade de Medicina da Universidade de So Paulo FMUSP SPMirtes Loeschner Leichsenring Hospital das Clnicas da Universidade Estadual de Campinas Unicamp SPPlnio Trabasso Associao Brasileira dos Prossionais em Controle de Ineco e Epidemiologia Hospitalar ABIHRogrio da Silva Lima Opas/OMSValeska de Andrade Stempliuk Hospital SrioLibans SP
ColaboradoraMelissa de Carvalho Amaral in memoriam
Reviso textualDulce Bergmann
Capa e projeto grfcoTDA Comunicao
IlustraesPaulo Roberto Gonalves Coimbra
FotosAlmir WanzellerLuiz Henrique PintoRaimundo Walter Sampaio
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
5/109
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
6/109
SIGLRIO
APIC Association or Proessionals in Inection Control and Epidemiology
CCIH Comisso de Controle de Ineco HospitalarCDC Centers or Disease Control and Prevention Centros de Controle e Preveno de DoenasCFT Comisso de Farmcia e TeraputicaCIM Concentrao Inibitria MnimaESBL ExtendedSpectrum BetaLactamaseFDA Food and Drug AdministrationGGTES GernciaGeral de Tecnologia em Servios de SadeHICPAC Healthcare Inection Control Practices Advisory CommitteeHIV Human Immunodeciency VirusMLEE Multilocus Enzime Electrophoresis
MRSA MethicillinResistant Staphylococcus aureusOMS Organizao Mundial da SadeOpas Organizao PanAmericana da SadePCR Polymerase Chain ReactionPFGE PulsedField Gel ElectrophoresisPortaria GM/MS Portaria do Gabinete do Ministro/Ministrio da SadePortaria MS Portaria do Ministrio da SadePVPI PolivinilpirrolidonaiodoRAPD Random Amplication o Polymorphic DNARDC/Anvisa Resoluo de Diretoria Colegiada/Agncia Nacional de Vigilncia SanitriaREP Repetitive Extragenic Palindromic
RFLP Restriction Fragment Length PolymorphismSCIH Servio de Controle de Ineco HospitalarTFM Tentative Final MonographUFC Unidade Formadora de ColniaUipea Unidade de Investigao e Preveno das Ineces e dos Eventos AdversosUTI Unidade de Terapia IntensivaVRE VancomycinResistant Enterococci
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
7/109
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
8/109
SUMRIO
APRESENTAO ...............................................................................................................................................................11
INTRODUO ...................................................................................................................................................................13
CAPTULO 1 PERSPECTIVA HISTRICA ..................................................................................................................15
1.1 Os primeiros conhecimentos ........................ ....................... ........................ ........................ ......................... .....15
1.2 O estudo de Semmelweis ....................... ....................... ........................ ........................ ......................... .............15
1.3 A enermagem e a preveno das ineces ................. ........................ ........................ ........................ ......16
1.4 O incio da era microbiana ........................ ........................ ........................ ........................ ........................ ..........16
1.5 Lister e a antisepsia ....................... ........................ ........................ ........................ ........................ ......................17
1.6 Publicaes sobre higienizao das mos ...................... ........................ ........................ ........................ ......17
CAPTULO 2 ASPECTOS MICROBIOLGICOS DA PELE ....................... ........................ ........................ ..............21
2.1 Microbiota transitria e microbiota residente ...............................................................................................21
CAPTULO 3 EVIDNCIA DA TRANSMISSO DE PATGENOS POR MEIO DAS MOS ..................... .......25
3.1 Evidncia indireta ........................ ........................ ........................ ........................ ......................... ....................... ...25
3.2 Evidncia direta: tipagem molecular ........................ ........................ ........................ ........................ ...............26
CAPTULO 4 CONTROLE DA DISSEMINAO DE MICRORGANISMOS MULTIRRESISTENTES..............31
4.1 Mos como onte de surtos de ineco relacionada assistncia sade causados pormicrorganismos multirresistentes ....................................................................................................................31
4.2 Higienizao das mos em unidades com pacientes colonizados/inectados por
microrganismos multirresistentes ...................................................................................................................33
CAPTULO 5 PRODUTOS UTILIZADOS NA HIGIENIZAO DAS MOS ....................................... ...............39
5.1 Sabonete comum sem associao de antisptico ...................... ........................ ........................ ...........39
5.2 Agentes antispticos......................... ........................ ........................ ........................ ........................ ...................42
5.2.1 lcool ...................... ........................ ....................... ........................ ......................... ........................ ...............42
5.2.2 Clorexidina ....................... ........................ ........................ ........................ ......................... ....................... ....46
5.2.3 Iodoros PVPI Polivinilpirrolidona iodo .............................................................................................................47
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
9/109
5.2.4 Triclosan ...................... ........................ ........................ ........................ ........................ ........................ ..........49
5.3 Qual o melhor produto para realizar a higienizao das mos? ..................... ........................ ..............50
5.4 Consideraes da Anvisa ....................... ........................ ........................ ........................ ........................ ..............52
CAPTULO 6 EQUIPAMENTOS E INSUMOS NECESSRIOS PARA A HIGIENIZAO DAS MOS .........57
6.1 Equipamentos ........................ ........................ ........................ ........................ ........................ ........................ ..........57
6.1.1 Lavatrio, pia de lavagem e lavabo cirrgico ....................... ........................ ........................ ...........57
6.1.2 Dispensadores de sabonete e antispticos ..................... ........................ ........................ ...............58
6.1.3 Portapapel toalha ..................... ........................ ....................... ........................ ......................... ...............59
6.1.4 Lixeira para descarte do papel toalha ..................................................................................................60
6.2 Insumos e suprimentos ....................... ........................ ........................ ........................ ......................... ...............60
6.2.1 gua ....................... ........................ ........................ ........................ ........................ ........................ ................60
6.2.2 Papel toalha ........................ ........................ ....................... ........................ ......................... ........................ 60
CAPTULO 7 HIGIENIZAO DAS MOS ...............................................................................................................63
7.1 Indicaes ................................................................................................................................................................64
7.1.1 Uso de gua e sabonete ..................... ........................ ........................ ........................ ........................ .....64
7.1.2 Uso de preparaes alcolicas ..............................................................................................................65
7.1.3 Uso de agentes antispticos ....................... ........................ ........................ ........................ .................65
7.1.3.1 Higienizao antisptica ........................................................................................................65
7.1.3.2 Degermao da pele ..................................................................................................................65
7.2 Tcnicas ...................... ........................ ........................ ....................... ......................... ........................ ....................... .66
7.2.1 Higienizao simples ....................... ........................ ........................ ........................ ........................ .........66
7.2.1.1 Finalidade .......................................................................................................................................66
7.2.1.2 Durao do procedimento:......................................................................................................66
7.2.1.3 Tcnica .............................................................................................................................................66
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
10/109
Segurana do Paciente|Higienizao das Mos 9
7.2.2 Higienizao antisptica ....................... ........................ ........................ ........................ ........................ .68
7.2.2.1 Finalidade .......................................................................................................................................68
7.2.2.2 Durao do procedimento.......................................................................................................68
7.2.2.3 Tcnica ....................... ........................ ........................ ........................ ........................ .....................68
7.2.3 Frico das mos com antisptico preparaes alcolicas ....................... ........................ .....68
7.2.3.1 Finalidade .......................................................................................................................................68
7.2.3.2 Durao do procedimento:......................................................................................................68
7.2.3.3 Tcnica .............................................................................................................................................68
7.2.4 Antisepsia cirrgica ou preparo properatrio das mos
7.2.4.1 Finalidade .......................................................................................................................................70
7.2.4.2 Durao do procedimento.......................................................................................................70
7.2.4.3 Tcnica .............................................................................................................................................70
7.3 Uso de Luvas ........................ ........................ ........................ ........................ ........................ ........................ .............71
7.3.1 Indicaes do uso de luvas estreis ...................... ........................ ........................ ........................ ......72
7.4 Outros aspectos da higienizao das mos ........................ ........................ ........................ ........................ ..72
CAPTULO 8 EFEITOS ADVERSOS PROVOCADOS PELOS PRODUTOS UTILIZADOS PARA AHIGIENIZAO DAS MOS ...............................................................................................................75
8.1 Eeitos adversos provocados pelos sabonetes associados ou no a antispticos.........................75
8.2 Eeitos adversos provocados pelas preparaes alcolicas ...................... ........................ ......................75
8.3 Estratgias para reduzir os eeitos adversos provocados pelos produtos utilizados para ahigienizao das mos..........................................................................................................................................76
8.4 Fatores a considerar ao selecionar produtos para a higienizao das mos ...................... ..............76
CAPTULO 9 MTODOS E ESTRATGIAS PARA PROMOVER A ADESO S PRTICAS DEHIGIENIZAO DAS MOS ...............................................................................................................81
9.1 As prticas de higienizao das mos entre os prossionais de sade ........................ ......................81
9.2 Adeso s prticas de higienizao das mos pelos prossionais de sade ...................... ..............82
9.3 Fatores relacionados adeso ..................... ........................ ........................ ........................ ........................ ......83
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
11/109
10 Segurana do Paciente|Higienizao das Mos
9.4 Aspectos relacionados ao comportamento........................................... ........................ ........................ ......84
9.5 Organizando um programa para promoo da higienizao das mos ...................... ......................86
9.5.1 Como e por onde comear? ..................... ........................ ........................ ........................ ......................86
9.6 Contando com colaboradores ..................... ........................ ........................ ........................ ........................ ......87
9.7 Colaborao de universidades ........................ ........................ ........................ ........................ ........................ ..88
9.8 Colaborao de pacientes, amiliares, acompanhantes e visitantes ...................... ........................ ......88
9.9 Formulando e escolhendo as estratgias ........................ ........................ ........................ ....................... .......89
9.10 Indicadores de desempenho ............................................................................................................................90
9.11 Consideraes nais ..............................................................................................................................................90
CAPTULO 10 ESTRATGIA DA OMS PARA A HIGIENIZAO DAS MOS VISANDO ASEGURANA DO PACIENTE EM SERVIOS DE SADE ..........................................................95
10.1 Recomendaes da OMS para a higienizao das mos ........................ ........................ ......................95
10.2 Estratgia multimodal multiacetada de melhoria da higienizao das mos ..........................96
CAPTULO 11 IMPACTO DA PROMOO E MELHORIA DA ADESO S PRTICAS DE HIGIENIZAODAS MOS NAS INFECES RELACIONADAS ASSISTNCIA SADE ...................... 99
GLOSSRIO ..................... ........................ ........................ ....................... ......................... ........................ ........................ 105
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
12/109
Segurana do Paciente|Higienizao das Mos 11
APRESENTAO
A higienizao das mos reconhecida mundialmente como uma medida primria, mas muitoimportante, no controle de ineces relacionadas assistncia sade. Por esse motivo, tem sidoconsiderada como um dos pilares da preveno e do controle de ineces nos servios de sade,incluindo aquelas decorrentes da transmisso cruzada de microrganismos multirresistentes.
Estudos sobre o tema mostram que a adeso dos prossionais de sade s prticas de higienizaodas mos de orma constante e na rotina diria ainda baixa, devendo ser estimulada para tornaresses prossionais conscientes da importncia de tal hbito. Tornase imprescindvel reormular essas prticas nos servios de sade, na tentativa de mudar a cultura prevalente, de modo a aumentara adeso higienizao das mos. Dessa orma, a ateno dos gestores pblicos, dos diretores e
administradores dos servios de sade e dos educadores deve estar voltada para o incentivo e asensibilizao dos prossionais com relao adoo de prticas cotidianas de higienizao dasmos. Todos devem estar conscientes da importncia dessas medidas para garantir a segurana e aqualidade da ateno prestada.
Para contribuir com a preveno e o controle das ineces, a Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria apresenta o manual Segurana do paciente em servios de sade: higienizao das mos.Buscouse aproundar os contedos do guia Higienizao das mos em servios de sade, publicado em 2007 pela Anvisa, assim como ampliar o tema, abordando outros contedos de interesse paraa sade pblica.
O presente manual destinase aos prossionais que atuam em servios de sade, em todos os nveisde ateno. Assim, no apenas esses prossionais e os administradores desses servios, mas tambmdiretores de hospitais, educadores e autoridades sanitrias, podero contar com inormaes relevantes para apoiar as aes de promoo e melhoria das prticas de higienizao das mos. Houvepreocupao, por parte dos autores, em dar aos leitores orientaes claras, ecazes e aplicveis sobre os temas abordados.
A Anvisa espera que esta publicao contribua para aumentar a adeso dos prossionais s boasprticas de higienizao das mos, visando a preveno e a reduo das ineces, bem como asegurana de pacientes, prossionais e demais usurios dos servios de sade. Conorme preconizaeste manual, higienizar as mos constitui o primeiro passo para a busca da segurana e da excelnciana qualidade da assistncia ao paciente.
Agnelo Santos Queiroz Filho
Diretor da Anvisa
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
13/109
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
14/109
Segurana do Paciente|Higienizao das Mos 13
INTRODUO
As ineces relacionadas assistncia sade constituem um problema grave e um grande desao, exigindo dos responsveis pelos servios de sade aes eetivas de preveno e controle.Tais ineces ameaam tanto os pacientes quanto os prossionais de sade, podendo acarretarlhes sorimentos e resultar em gastos excessivos para o sistema de sade. Podem, ainda, ter comoeeito processos e indenizaes judiciais, nos casos comprovados de negligncia durante a assistncia prestada.
Atualmente, a ateno segurana do paciente envolvendo o tema higienizao das mos tem sidotratada como prioridade. Um exemplo disso a Aliana Mundial para a Segurana do Paciente, iniciativa da Organizao Mundial da Sade OMS apoiada em intervenes e aes que tm reduzido
os problemas relacionados com a segurana dos pacientes nos pases integrantes dessa aliana verhttp://www.who.int/patientsaety/en. Tal iniciativa reala o ato de que esse tema agora reconhecido como uma questo global.
As mos so consideradas as principais erramentas dos prossionais que atuam nos servios de sade, pois atravs delas que eles executam suas atividades. Assim, a segurana dos pacientes, nessesservios, depende da higienizao cuidadosa e reqente das mos desses prossionais.
A Portaria do Ministrio da Sade MS n 2.616, de 12 de maio de 1998, estabelece as aes mnimasa serem desenvolvidas sistematicamente, com vistas reduo da incidncia e da gravidade dasineces relacionadas aos servios de sade. Destaca tambm a necessidade da higienizao das
mos nos servios de sade. A Resoluo da Diretoria Colegiada RDC n 50 da Anvisa, de 21 de evereiro de 2002, dispe sobre Normas e Projetos Fsicos de Estabelecimentos Assistenciais de Sade,denindo, entre outras, a necessidade de lavatrios/pias para a higienizao das mos. Esses instrumentos normativos reoram o papel dessa prtica como a ao mais importante na preveno e nocontrole das ineces relacionadas assistncia sade.
Alm de atender s exigncias legais e ticas, o controle de ineces nos servios de sade, incluindo as prticas de higienizao das mos, concorre para a melhoria da qualidade no atendimento ena assistncia ao paciente. As vantagens dessas prticas so inquestionveis, desde a reduo damorbidade e da mortalidade dos pacientes at a reduo de custos associados ao tratamento dosquadros inecciosos.
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
15/109
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
16/109
Segurana do Paciente|Higienizao das Mos 15
CAPTULO 1 | PERSPECTIVA HISTRICA
Fabiana Cristina de SousaIsabela Pereira Rodrigues
Heiko Thereza Santana
1.1 Os primeiros conhecimentos
A preveno e o controle das ineces relacionadas assistncia sade constituem grandesdesaos da medicina atual. Desde 1846, uma medida simples, a higienizao apropriada das mos, considerada a mais importante para reduzir a
transmisso de ineces nos servios de sadeCDC, 2002; LARSON, 2001; NOGUERAS et al., 2001.
A histria das ineces hospitalares acompanha acriao dos primeiros hospitais, em 325 d.C. Por determinao do Conclio de Nicia, os nosocmiosoram inicialmente construdos ao lado das catedrais. Normalmente, porm, no havia separaopor gravidade de doena nem tcnicas de assepsiaque evitassem a disseminao de ineces.
H muito j era aventada a relao entre os hospitais e as ineces, mas oi apenas no sculoXIX, quando a medicina ainda era permeada pelateoria da gerao espontnea e pela concepoatmosricomiasmtica, que James Young Simpson 18111870 indicou a realizao de procedimentos cirrgicos domiciliares, ao constatar quea mortalidade relacionada a amputaes era de41,6% quando realizada no ambiente hospitalare de apenas 10,9% nos domiclios A. T. FERNANDES; M. O. V. FERNANDES; RIBEIRO FILHO, 2000.
1.2 O estudo de Semmelweis
Foi o mdico hngaro Ignaz Philip Semmelweis18181865 que, em 1846, comprovou a ntimarelao da ebre puerperal com os cuidados mdicos. Ele notou que os mdicos que iam diretamente da sala de autpsia para a de obstetrciatinham odor desagradvel nas mos.
Semmelweis pressups que a ebre puerperalque aetava tantas parturientes osse causadapor partculas cadavricas transmitidas da sala
Ignaz Philip Semmelweis (1818-1865)
de autpsia para a ala obsttrica por meio dasmos de estudantes e mdicos. Por volta demaio de 1847, ele insistiu que estudantes e mdicos lavassem suas mos com soluo cloradaaps as autpsias e antes de examinar as pacientes da clnica obsttrica A. T. FERNANDES; M. O.V. FERNANDES; RIBEIRO FILHO, 2000; TRAMPUZ;WIDMER, 2004. No ms seguinte aps esta interveno, a taxa de mortalidade caiu de 12,2%para 1,2% MACDONALD, 2004.
Dessa orma, Semmelweis, por meio do primeiroestudo experimental sobre este tema, demonstrou claramente que a higienizao apropriada
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
17/109
16 Segurana do Paciente|Higienizao das Mos
PERSPECTIVA HISTRICA
das mos podia prevenir ineces puerperais eevitar mortes maternas SEMMELWEIS, 1988; HUGONNET; PITTET, 2000.
1.3 A enermagem e a preveno dasineces
Como precursora da enermagem moderna, destacase Florence Nightingale 18201910, jovemculta e de amlia rica que desde cedo ansiavapor dedicar sua vida aos outros.
Em 1854, oi convidada para trabalhar junto aos
soldados eridos em combate na Guerra da Crimia, com o objetivo de reormular a assistnciaaos doentes. As enermarias encontravamse emsituao precria: sem conorto, com escassezde medicamentos e assistncia inadequada, semacesso e transporte aos doentes, com vrios casosde ineco psoperatria, sem vestimentas limpas, sem alimentos e gua potvel, com esgoto acu aberto e o poro inestado por ratos e insetos.
Florence Nightingale e sua equipe de enermei
ras introduziram uma srie de medidas para organizar a enermaria, como higiene pessoal de
cada paciente, utenslios de uso individual, instalao de cozinha, preparo de dieta indicada, lavanderia e desentupimento de esgotos RODRIGUES, 1997. Com a implantao dessas medidas
bsicas, conseguiram reduzir sensivelmente ataxa de mortalidade
1.4 O incio da era microbiana
No m do sculo XVII, Anton van Leeuwenhoek16321723 descobriu as bactrias, ungos e protozorios, denominandoos animlculos A. T.FERNANDES; M. O. V. FERNANDES; RIBEIRO FILHO,
2000; SEYMOUR, 2001. Estes oram logo associados ermentao e putreao, e explicadospela teoria da gerao espontnea, segundo a qualos microrganismos seriam gerados pela ora vital.
O qumico rancs Louis Pasteur 18221895,porm, realizou vrios experimentos contrrios teoria da gerao espontnea, derrotandoairreutavelmente com sua teoria microbiana daermentao 1850, quando ligou a ao ermentadora de microrganismos ao produto nal
ermentado A. T. FERNANDES; M. O. V. FERNANDES; RIBEIRO FILHO, 2000.
Vibrio cholerae
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
18/109
Segurana do Paciente|Higienizao das Mos 17
PERSPECTIVA HISTRICA
Joseph Lister (1827-1912)
O prximo passo para uma maior compreensoda importncia dos microrganismos oi dadopelo mdico alemo Robert Koch 18431910,que, ao estudar o carbnculo, oi o primeiro aprovar que um tipo especco de micrbio causauma determinada doena, criando a teoria microbiana da doena 1846 A. T. FERNANDES; M.O. V. FERNANDES; RIBEIRO FILHO, 2000.
1.5 Lister e a anti-sepsia
O cirurgio ingls Joseph Lister 18271912 pesquisou um modo de manter as incises cirrgicas livres da contaminao por microrganismos.Associando a conhecida propriedade do enol dedestruir as bactrias, ele passou a utilizar compres
sas cirrgicas banhadas nessa soluo, borriandotambm a sala de operaes com cido carblicoe obtendo bons resultados. Isso originou as tcnicas de assepsia. A mortalidade aps amputao
caiu de 46% antes da antisepsia para 15% apsos experimentos de Lister A. T. FERNANDES; M. O.V. FERNANDES; RIBEIRO FILHO, 2000.
1.6 Publicaes sobre higienizao das mos
Entre 1975 e 1985, oram publicados guias acerca de prticas de lavagem das mos em hospitaispelos Centros de Controle e Preveno de Doenas CDC, 2002. Esses guias recomendavamlavar as mos com sabonete no associado aantisptico antes e aps contato com pacientese lavlas com sabonete associado a antisptico
antes e aps a realizao de procedimentos invasivos ou promoo de cuidados a pacientesde alto risco. O uso de agentes antispticos nohidratados, como solues base de lcool, erarecomendado apenas em emergncias ou emreas onde no houvesse pias.
No perodo entre 1988 e 1995, guias para lavagem e antisepsia das mos oram publicadospela Associao de Prossionais em Controle de Ineces e Epidemiologia Association
or Proessionals in Inection Control andEpidemiology APIC. As indicaes recomendadas para lavagem das mos eram similaresquelas listadas nas orientaes dos CDC. Em1995 e 1996, o Comit Consultivo em Prticas deControle de Ineces Healthcare Inection Control Practices Advisory Committee HICPAC doCDC recomendava que um sabonete associadoa antisptico ou um agente nohidratado osseusado para higienizar as mos daqueles que sassem dos quartos de pacientes com patgenosmultirresistentes COIA et al., 2006.
Em 2002, o CDC publicou o Guia para higiene demos em servios de assistncia sade. Nestapublicao, o termo lavagem das mos oi substitudo por higienizao das mos devido maiorabrangncia desse procedimento. De acordo comesse documento, a rico antisptica das moscom preparaes alcolicas constitui o mtodopreerido de higienizao das mos pelos prossio
nais que atuam em servios de sade CDC, 2002.
A OMS, por meio da Aliana Mundial para a Segurana do Paciente, tem dedicado esoros no
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
19/109
18 Segurana do Paciente|Higienizao das Mos
PERSPECTIVA HISTRICA
Higienizao das Mos em Servios de Sade (BRASIL, 2007)
Uma Assistncia Limpa uma Assistncia mais Segura - Clean care is
safer care(Aliana Mundial para a Segurana do Paciente/OMS)
sentido de elaborar diretrizes e estratgias paraa implantao de medidas visando a adeso dosprossionais de sade s prticas de higienizaodas mos WHO, 2006a; 2006b. Tal iniciativa est
direcionada para os servios de sade, envolvendo os prossionais, os pacientes e a comunidade,com o objetivo de reduzir os riscos inerentes a ineces relacionadas assistncia sade.
No Brasil, em 1989, o Ministrio da Sade publicou o manual Lavar as mos: inormaes paraos prossionais de sade, a m de orientar osprossionais quanto s normas e aos procedimentos para lavar as mos, visando a preveno
e o controle das ineces BRASIL, 1989.
A importncia dessa prtica oi reorada peloMinistrio da Sade, quando incluiu recomendaes para lavagem das mos no Anexo IV da Portaria MS n 2.616/98, a qual instituiu o programade controle de ineces nos estabelecimentosde assistncia sade no pas BRASIL, 1998.
Atualmente, as aes para o controle de ineces em servios de sade so coordenadas,
no mbito ederal, pela Agncia Nacional deVigilncia Sanitria, por meio da Unidade deInvestigao e Preveno das Ineces e dosEventos Adversos Uipea da GernciaGeral deTecnologia em Servios de Sade GGTES, queincentiva medidas voltadas preveno de riscos e promoo da segurana do paciente. Emconsonncia com as diretrizes da OMS, a Anvisavem desenvolvendo aes relacionadas higienizao das mos, com o objetivo de aumentara adeso a essa prtica pelos prossionais desade. Nesse contexto, oi publicado, em 2007, oguia tcnico Higienizao das mos em serviosde sade, com inormaes atualizadas sobre otema para prossionais, amiliares dos pacientese visitantes dos servios de sade BRASIL, 2007.A publicao encontrase tambm disponvel nosite da Anvisa www.anvisa.gov.br.
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
20/109
Segurana do Paciente|Higienizao das Mos 19
PERSPECTIVA HISTRICA
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
BRASIL. Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria. Higienizao das mos em servios de sade. Braslia,
2007. Disponvel em: . Acesso
em: maio 2007.
______. Ministrio da Sade. Portaria MS n 2.616, de 12 de maio de 1998. Estabelece as normas para
o programa de controle de ineco hospitalar. Dirio Ocial da Unio, Braslia, DF, 13 maio 1998.
______. Ministrio da Sade. Secretaria Nacional de Organizao e Desenvolvimento de Servios de
Sade. Programa de Controle de Ineco Hospitalar. Lavar as mos: inormaes para prossionais
de sade. Srie A: Normas e Manuais Tcnicos. Braslia, DF: Centro de Documentao do Ministrio
da Sade, 1989.
CDC CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Guideline or hand hygiene in healthcare
settings: recommendations o the Healthcare Inection Control Practices Advisory Committee and
the HICPAC/SHEA/APIC/IDSA Hand Hygiene Task Force. MMWR Recomm Rep, Atlanta,v. 51, n. RR16,
p. 145, Oct. 2002.
COIA, J. E. et al. Guidelines or the control and prevention o methicillinresistant Staphylococcus
aureus MRSA in healthcare acilities.J HospInect, London,v. 63, suppl. 1, p. S144, May 2006.
FERNANDES, A. T.; FERNANDES, M. O. V.; RIBEIRO FILHO, N. As bases do hospital contemporneo:a enermagem, os caadores de micrbios e o controle de ineco. In: FERNANDES, A. T. Ineco
hospitalar e suas interaces na rea da sade. So Paulo: Atheneu, 2000. p. 5674.
HUGONNET, S.; PITTET, D. Hand hygiene: belies or science? Clinical Microbiology and Inection,[S.l.],
v. 6, n. 7, p. 348354, July 2000.
LARSON, E. L. Hygiene o skin: when is clean too clean. Emerging Inectious Diseases, New York, v. 7, n.
2, p. 225230, Mar./Apr. 2001.
MACDONALD, A. et al. Perormance eedback o hand hygiene, using alcohol gel as the skin
decontaminant, reduces the number o inpatients newly aected by MRSA and antibiotic costs. J
HospInect, London, v. 56, n. 1, p. 5663, Jan. 2004.
NOGUERAS, M. et al. Importance o hand germ contamination in healthcare workers as possible
carriers o nosocomial inections. Rev. Inst. Med. Trop.So Paulo, So Paulo, v. 43, n. 3, p. 149152, May/
June 2001.
RODRIGUES, E. A. C. Histrico das ineces hospitalares. In: RODRIGUES, E. A. C. et al. Ineceshospitalares: preveno e controle. So Paulo: Sarvier, 1997. p. 327.
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
21/109
20 Segurana do Paciente|Higienizao das Mos
PERSPECTIVA HISTRICA
SEMMELWEIS, I. The etiology, concept and prophylaxis o childbed ever [excerpts]. In: BUCK, C. et al.,
editors. The challenge o epidemiology: issues and selected readings. Washington, DC: PAHO, Scientic
Publication n. 505, 1988. p. 4659.
SEYMOUR, S. B. Historical review. In: SEYMOUR, S. B. Disinection, sterilization, and preservation.
Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 2001. p. 328.
TRAMPUZ, A.; WIDMER, A. F. Hand hygiene: a requently missed liesaving opportunity during patient
care. Mayo Clinic Proceedings, Rochester, v. 79, n. 1, p. 109116, Jan. 2004.
WHO WORLD HEALTH ORGANIZATION. The WHO Guidelines on Hand Hygiene in Health Care
Advanced Drat. Global Patient Saety Challenge 20052006: Clean care is saer care. Geneva: WHO
Press, 2006a. 205 p. Disponvel em: . Acesso em: maio 2007.
______. World Alliance or Patient Saety. Forward Programme 20062007. Geneva: WHO Press, 2006b. 56 p.
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
22/109
Segurana do Paciente|Higienizao das Mos 21
CAPTULO 2 | ASPECTOS MICROBIOLGICOS DA PELE
Celso Luiz CardosoLycia Mara Jenn Mimica
Para entender os objetivos das diversas abordagens da higienizao das mos, o conhecimentoda microbiota normal da pele essencial.
A pele consiste no revestimento do organismo e indispensvel vida, pois isola componentesorgnicos do meio exterior, impede a ao deagentes externos de qualquer natureza, evita
perda de gua, eletrlitos e outras substnciasdo meio interno, oerece proteo imunolgica,az termorregulao, propicia a percepo e temuno secretria HERCEG; PETERSON, 1997;GRANATO, 2003; CDC, 2002.
A estrutura bsica da pele inclui, da camada externa para a mais interna: estrato crneo, epiderme,derme e hipoderme. A barreira absoro percutnea est no interior do estrato crneo, que o maisno e menor compartimento da pele CDC, 2002.
A pele um rgo dinmico, pois a sua ormaoe integridade esto sob controle homeosttico, equalquer alterao resulta em aumento da prolierao de suas clulas. Devido sua localizaoe extensa supercie, constantemente expostaa vrios tipos de microrganismos do ambiente.Assim, a pele normal do ser humano coloniza
da por bactrias e ungos, sendo que dierentesreas do corpo tm concentrao de bactriasvariveis por centmetro quadrado GRANATO,2003; CDC, 2002; KAMPF; KRAMER, 2004:
Couro cabeludo: 106 UFC/cm. Axila: 105 UFC/cm. Abdmen ou antebrao: 104 UFC/cm.
Mos dos prossionais de sade: 104 a 106UFC/ cm2.
2.1 Microbiota transitria e microbiota residente
Price 1938, em seu clssico estudo sobre aquanticao da microbiota da pele, dividiu asbactrias isoladas das mos em duas categorias:transitria e residente.
A microbiota transitria, que coloniza a camada
supercial da pele, sobrevive por curto perodode tempo e passvel de remoo pela higienizao simples das mos com gua e sabonete,por meio de rico mecnica. reqentementeadquirida por prossionais de sade durante contato direto com o paciente colonizado ou inectado, ambiente, supercies prximas ao paciente,produtos e equipamentos contaminados. A mi
Estrutura bsica da pele
Epiderme
Poros
Derme
Duto da glndulasudorpara
Duto da glndula
Raiz do plo
Tecido subcutneo
Folculo capilar
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
23/109
22 Segurana do Paciente|Higienizao das Mos
ASPECTOS MICROBIOLGICOS DA PELE
crobiota transitria consiste de microrganismosnopatognicos ou potencialmente patognicos, tais como bactrias, ungos e vrus, que raramente se multiplicam na pele. No entanto, algunsdeles podem provocar ineces relacionadas assistncia sade KAMPF; KRAMER, 2004.
A microbiota residente, que est aderida s camadas mais proundas da pele, mais resistente
remoo apenas com gua e sabonete. As bactrias que compem esta microbiota por exemplo, estalococos coagulasenegativos e bacilosditerides so agentes menos provveis de ineces veiculadas por contato.
As mos dos prossionais de sade podem serpersistentemente colonizadas por microrganismos patognicos como Staphylococcus aureus,bacilos Gramnegativos ou leveduras que, emreas crticas como unidades de terapia intensivaUTIs e unidades com pacientes imunocomprometidos e pacientes cirrgicos, podem ter um importante papel adicional como causa de inecorelacionada assistncia sade ROTTER, 2004.
Alguns autores documentaram que, apesar donmero de microrganismos da microbiota transitria e da residente variar consideravelmente deum indivduo para outro, geralmente constante para uma determinada pessoa CDC, 2002; LE
VIN; KOBATA; LITVOC, 2006; BRASIL, 1989. Sendo assim, a pele pode servir como reservatriode microrganismos que podem ser transmitidospor contato direto pele com pele ou indireto,
por meio de objetos e supercies do ambienteLEVIN; KOBATA; LITVOC, 2006; BRASIL, 1989.
Alm das microbiotas residente e transitria,
Rotter 1999 descreve um terceiro tipo de microbiota das mos, denominada microbiota inecciosa. Nesse grupo, poderiam ser includosmicrorganismos de patogenicidade comprovada, que causam ineces especcas comoabscessos, paronquia ou eczema inectado dasmos. As espcies mais reqentemente encontradas so Staphylococcus aureus e estreptococos betahemolticos.
Devese ressaltar ainda que ungos por exemplo, Candida spp. e vrus como, por exemplo,vrus das hepatites A, B e C; vrus da imunodecincia humana HIV; vrus respiratrios; vrus detransmisso ecaloral, como o rotavrus; vrus dogrupo herpes, como varicela, vrus EpsteinBarre citomegalovrus podem colonizar transitoriamente a pele, principalmente as polpas digitais,aps contato com pacientes ou supercies inanimadas, podendo ser transmitidos ao hospedeirosuscetvel KAMPF; KRAMER, 2004.
Na Tabela 1 so apresentados os microrganismosque compem a microbiota encontrada na pelehumana.
TABELA 1 - Microrganismos encontrados na pele.
Microrganismos Faixa de Prevalncia (%)
Staphylococcus epidermidis 85100
Staphylococcus aureus 1015
Streptococcus pyogenesgrupo A
04
Propionibacterium acnesditerides anaerbios
45100
Corinebactriasditerides aerbios
55
Candida spp. comum
Clostridium perringensespecialmente nasextremidades ineriores
4060
Enterobacteriaceae incomum
Acinetobacterspp. 25
Moraxella spp. 515
Mycobacterium spp. raro
Microscopia Eletrnica da Epiderme
Adaptado de: HERCEG; PETERSON, 1997
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
24/109
Segurana do Paciente|Higienizao das Mos 23
ASPECTOS MICROBIOLGICOS DA PELE
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
BRASIL. Ministrio da Sade. Secretaria Nacional de Organizao e Desenvolvimento de Servios de
Sade. Programa de Controle de Ineco Hospitalar. Lavar as mos: inormaes para prossionais
de sade. Srie A: Normas e Manuais Tcnicos. Braslia, DF: Centro de Documentao do Ministrioda Sade, 1989.
CDC CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Guideline or hand hygiene in healthcare
settings: recommendations o the Healthcare Inection Control Practices Advisory Committee and
the HICPAC/SHEA/APIC/IDSA Hand Hygiene Task Force. MMWR Recomm Rep, Atlanta, v. 51, n. RR16,
p. 145, 2002.
GRANATO, P. A. Pathogenic and indigenous microorganisms o humans. In: MURRAY, P. R. et al. Manual
o clinical microbiology.8th ed. Washington, DC: ASM Press, 2003. p. 4454.
HERCEG, R. J.; PETERSON, L. R. Normal ora in health and disease. In: SHULMAN, S. T. et al. Eds. The
biological and clinical basis o inectious diseases. 5th ed. Philadelphia: W. B. Saunders Company, 1997.
p. 514.
KAMPF, G.; KRAMER, A. Epidemiologic background o hand hygiene and evaluation o the most
important agents or scrubs and rubs. Clin Microbiol Rev,Washington, DC, v. 17, n. 4, p. 863893,
Oct. 2004.
LEVIN, A. S. S.; KOBATA, C. H. P.; LITVOC, M. N. Microbiota normal. In: LEVIN, A. S. S.; DIAS, M. B. G. S.
Orgs. Antimicrobianos Um guia de consulta rpida. So Paulo: Atheneu, 2006. p. 1724.
PRICE, P. B. The bacteriology o normal skin: a new quantitative test applied to a study o the bacterial
ora and the disinectant action o mechanical cleansing. J Inect Dis, Chicago, v. 63, n. 3, p. 301318,
Nov.Dec. 1938.
ROTTER, M. L. Hand washing and hand disinection. In: MAYHALL, C. G. Ed. Hospital epidemiology
and inection control.2nd ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 1999. p. 13391355.
ROTTER, M. L. Special problems in hospital antisepsis. In: RUSSELL, HUGO & AYLIFFESprinciples and
practice o disinection, preservation and sterilization. 4th ed. Oxord: Blackwell Publishing, 2004.
p. 540542.
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
25/109
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
26/109
Segurana do Paciente|Higienizao das Mos 25
CAPTULO 3 | EVIDNCIA DA TRANSMISSO DE PATGENOS POR MEIODAS MOS
Joo Nbrega de Almeida Jnior
Silvia Figueiredo Costa
A higienizao das mos sempre oi consideradauma medida bsica para o cuidado ao paciente.Desde o estudo de Semmelweis, no sculo XIX, asmos dos prossionais de sade vm sendo implicadas como onte de transmisso de microrganismos no ambiente hospitalar CDC, 2002.
A contaminao das mos dos prossionais podeocorrer durante o contato direto com o pacienteou por meio do contato indireto com produtos eequipamentos no ambiente prximo a este, comobombas de inuso, barras protetoras das camas eestetoscpio, entre outros. Bactrias multirresistentes e mesmo ungos como Candida parapsilosis eRhodotorula spp. podem azer parte da microbiotatransitria das mos e assim se disseminar entrepacientes CDC, 2002; HUANG et al., 1998; SILVA etal., 2003; CHAKRABARTI et al., 2001.
3.1 Evidncia indireta
Vrus, bactrias e ungos, particularmente leveduras, podem ser transmitidos pelas mos dosprossionais de sade. Estudos observacionais demonstraram, por exemplo, que a transmisso dovrus sincicial respiratrio ocorria de acordo com otipo de contato. Esse vrus oi isolado das mos deprossionais que tiveram contato direto com o paciente ou com supercies contaminadas prximasao paciente HALL; DOUGLAS; GEIMAN, 1980. Outros vrus que podem ser transmitidos pelo contato das mos so: herpesvrus e vrus respiratrioscomo da inuenza A e B, da sndrome respiratriaaguda grave e inuenza aviria BRANKSTON et al.,2007; YU et al., 2007. S. pyogenes, Clostridium dif-cile e meningococos so exemplos de outros patgenos que podem ser transmitidos dessa ormaFICA et al., 2003; DANEMAN et al., 2005; SAMORE
et al., 1996; ELIAS et al., 2006.
Vrios registros na literatura mostram a importncia da transmisso da ineco cruzada como
onte de surtos de ineco relacionada assistncia sade. Indiretamente, mesmo sem acomprovao da colonizao das mos dos prossionais de sade, j havia sido demonstradoque a baixa adeso higienizao das mos erauma das causas dos surtos de colonizao e ineco por Staphylococcus aureus resistente meti
cilina MethicillinResistant Staphylococcus aureus MRSA WANG et al., 2001; WEBER et al., 2002.Um estudo realizado entre 1988 e 1991 descreveuuma epidemia de MRSA em uma UTI neonatal,onde a cepa de MRSA oi a mesma durante todaa epidemia, reorando a hiptese de transmissode paciente a paciente pelas mos dos prossionais de sade. Nesse perodo oi observado quehavia neste servio excesso de pacientes e reduzido nmero de uncionrios, avorecendo a baixaadeso s prticas de higienizao das mos.
Surtos causados por bacilos Gramnegativos joram associados baixa adeso s prticas dehigienizao das mos e ao nmero reduzido deuncionrios. Por exemplo, em um surto ocorridoem uma unidade de neonatologia de um hospital brasileiro, vericouse que a proporo deuncionrios no incio do surto era de uma enermeira para cada 6,6 pacientes. Durante o surto,diminuiu para uma enermeira para cada 12 pacientes PESSOASILVA et al., 2002.
Entre as medidas implementadas no controlede surtos de ineco relacionada assistncia sade, a higienizao das mos sempre exerceuum papel preponderante. Muitos surtos so controlados aps a adoo de medidas que melhoram a adeso a essa prtica, como intervenoeducacional, uso de novos produtos como gel alcolico e melhorias relacionadas ao nmero e localizao de lavatrios/pias CDC, 2002; LEVIN
et al., 1998; BOSZCZOWSKI et al., 2005.
Muitas vezes a tipagem molecular evidencia apresena de um nico clone durante a investiga
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
27/109
26 Segurana do Paciente|Higienizao das Mos
EVIDNCIA DE TRANSMISSO DE PATGENOS POR MEIO DAS MOS
o de um surto. Apesar de nem sempre ocorrera identicao do agente diretamente nas mos doprossional de sade, a onte da transmisso termina sendo caracterizada como cruzada, ou seja,as mos do prossional serviram como veculo detransmisso. Surtos associados transmisso cruzada com comprovao por meio de tipagem mo
lecular sem identicao do agente nas mos doprossional de sade j oram descritos para vriosmicrorganismos como MRSA, Acinetobacter spp.,Enterococcus resistente vancomicina VancomycinResistant Enterococci VRE, Clostridium difcilee Candida spp. AHMAD et al., 2003; GDCOGLUet al., 2005; KRANIOTAKI et al., 2006; NOURSE et al.,2000; PASQUALOTTO et al., 2005; POSTERARO etal., 2004; REBOLI et al., 1990, sendo que em aproximadamente 30% dos surtos causados por VRE oicomprovada ineco cruzada pela tipagem molecular MORRISON et al., 1997.
A transmisso interhospitalar de microrganismos tambm oi identicada por meio de tipagem molecular MORRISON et al., 1997; DALLACOSTA et al., 2003; SADER et al., 1996; Moretti etal., 2004. No Brasil, h inmeros relatos de transmisso interhospitalar de microrganismos,como, por exemplo, cepas do mesmo clone deAcinetobacter multirresistente identicadas em
vrios hospitais de So Paulo DALLACOSTA etal., 2003; SADER et al., 1996; Moretti et al., 2004 ecepas de um mesmo clone desse microrganismoem dierentes hospitais de Curitiba DALLACOS
TA et al., 2003. Tambm j oi descrita a transmisso interhospitalar de VRE no estado de SoPaulo e de Pseudomonas aeruginosa resistente acarbapenem, no Rio Janeiro Moretti et al., 2004;PELLEGRINO et al., 2002. Esses microrganismos,porm, no oram identicados nas mos dosprossionais de sade. Na transmisso do VRE,
entretanto, cou claro que um paciente colonizado havia sido internado em dois dierenteshospitais. A transmisso dos agentes atravs dasmos dos prossionais de sade pareceu exercerum papel undamental nessa disseminao.
3.2 Evidncia direta: tipagem molecular
O avano tecnolgico na rea da sade vem permitindo que muitas tcnicas de biologia molecular sejam aplicadas ao estudo da patognese eda transmisso de microrganismos em serviosde sade. As tcnicas mais utilizadas so a eletroorese em gel de campo pulstil PulsedFieldGel Electrophoresis PFGE e tcnicas baseadasna reao em cadeia da polimerase PolymeraseChain Reaction PCR, como a reao de amplicao aleatria do DNA polimrco RandomAmplication o Polymorphic DNA RAPD e areao da polimerase em cadeia com seqn
cias de elementos extragnicos repetitivos palindrmicos Repetitive Extragenic PalindromicSequenceBased PCR REPPCR. Essas tcnicasso aplicadas principalmente durante a investi
Escherichia coli
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
28/109
Segurana do Paciente|Higienizao das Mos 27
EVIDNCIA DE TRANSMISSO DE PATGENOS POR MEIO DAS MOS
gao de surtos em servios de sade RILEY etal., 1996; STRUELENS et al., 1993; SU et al., 2000;VILLARI et al., 2001; ZAWACKI et al., 2004; DIEKEMA et al., 1997; FOCA et al., 2000.
As mos dos prossionais de sade j oram implicadas como onte de surtos causados por bactrias Grampositivas, bactrias Gramnegativas eungos, usando tipagem molecular que evidenciou o mesmo clone nas mos desses prossionais e nos pacientes inectados LEVIN et al., 1998;BOSZCZOWSKI et al., 2005; GDCOGLU et al.,2005; PASQUALOTTO et al., 2005; DIEKEMA et al.,1997. Tambm j oi documentada a transmisso
do Clostridium difcile, que um importante agente de diarria hospitalar, por meio das mos dosprossionais da sade. Um estudo prospectivo,no qual oi utilizado tipagem molecular, avaliou areqncia dessa transmisso entre pacientes, emum perodo de seis meses. Oito casos oram positivos para a toxina do C. difcile, sendo que desses31% tiveram a cultura de ezes positiva. Dez 14%prossionais de sade tiveram a cultura das mospositiva para esta bactria, e um clone designadoClone D1 oi encontrado nos pacientes, no am
biente hospitalar e nas mos dos prossionais desade SAMORE et al., 1996.
Em um surto descrito no Brasil, isolados de Candi-
da parapsilosis idnticos oram achados nas mosde dois prossionais de sade e em seis pacientescom candidemia LEVIN et al., 1998. Outro surto envolvendo este agente identicou o mesmoclone nas mos de dois prossionais e de trs pacientes com candidemia DIEKEMA et al., 1997. Asmos dos prossionais de sade tambm j oramidenticadas, por meio de tipagem molecular,como onte de ineco de ungos como Pichiaanomala e Malassezia spp. CHAKRABARTI et al.,
2001; PASQUALOTTO et al., 2005.
Os estudos envolvendo tipagem molecular, portanto, reoram a importncia das mos dos prossionais de sade como onte de ineco relacionada assistncia sade.
No Quadro 1, so apresentados alguns estudossobre surtos em servios de sade envolvendoos agentes, os resultados e as tcnicas utilizadaspara a elucidao desses surtos.
Quadro 1 - Principais estudos que evidenciam a associao das mos contaminadas com o aparecimento desurtos em servios de sade
Autor e anoda publicao
Unidade Agente Resultado Tcnica
Samore et al.1996
Hospital Clostridium difcileMesmo clone identicado nos pacientes, no ambiente
hospitalar e nas mos de dez prossionais de sade.
PFGE
RFLP
Levin et al.1998
Unidade oncohematolgica
Candida parapsilosisSeis pacientes com candidemia e cepas idnticas nas mos
de dois prossionais de sade.PFGE
Foca et al. 2000 UTI neonatalPseudomonas
aeruginosa
Mesmo clone no surto e nas mos dos prossionais de sade. PFGE
Villari et al.2001
UTI neonatal Serratia marcescensMesmo clone no surto e nas mos dos prossionais de sade.
56 colonizados, 15 ineces, mos de prossional de sade.PFGE
Wang et al.2001
Unidadecirrgica
MRSA
Cinco pacientes com mediastinite.
Um cirurgio com a mesma cepa.
Colonizao nasal e das mos.
PFGE
Chakrabarti et al.2001
Unidade deneonatologia
Pichia anomala
Mesmo clone no surto e nas mos dos prossionais de sade.
Neonatos colonizados e inectados.
Mos de prossional de sade.
MLEEEletroorese
commultilocus
Bosczowski et al.2005 Unidade deneonatologia
Klebsiella
ESBL Mesmo clone no surto e nas mos dos prossionais de sade. PFGE
MRSA = MethicillinResistant Staphylococcus aureus; ESBL = ExtendedSpectrum BetaLactamase; PFGE = PulsedField GelElectrophoresis; RFLP = Restriction Fragment Length Polymorphism; MLEE = Multilocus Enzime Electrophoresis.
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
29/109
28 Segurana do Paciente|Higienizao das Mos
EVIDNCIA DE TRANSMISSO DE PATGENOS POR MEIO DAS MOS
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
AHMAD, S. et al. Epidemiology oCandida colonization in an intensive care unit o a teaching hospital
in Kuwait. Med Mycol, [S.l.],v. 41, n. 6, p. 487493, Dec. 2003.
BOSZCZOWSKI, I. et al. Outbreak o extended spectrum betalactamaseproducing Klebsiella
pneumoniae inection in a neonatal intensive care unit related to onychomycosis in a health care
worker. Pediatr Inect Dis J, Philadelphia, v. 24, n. 7, p. 648650, July 2005.
BRANKSTON, G. et al. Transmission o inuenza A in human beings. Lancet Inect Dis, London, v. 7, n. 4,
p. 257265, 2007.
CDC CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Guidelines or hand hygiene in health
care settings: recommendations o the Healthcare Inection Control Practices Advisory Committeeand the HICPAC/SHEA/APIC/IDSA Hand Hygiene Task Force. MMWR Recomm Rep, Atlanta, v. 51,
n. RR16, p. 145, 2002.
CHAKRABARTI, A. et al. Outbreak oPichia anomala inection in the pediatric service o a tertiarycare
center in Northern India. J Clin Microbiol, Washington, DC, v. 39, n. 5, p. 17021706, May 2001.
DALLACOSTA, L. M. et al. Outbreak o carbapenemresistant Acinetobacter baumannii producing the
OXA23 enzyme in Curitiba, Brazil.J Clin Microbiol, Washington, DC, v. 41, n. 7, p. 34033406, July 2003.
DANEMAN, N. et al. Hospitalacquired invasive group A streptococcal inections in Ontario, Canada,
19922000. Clin Inect Dis, Chicago, v. 41, n. 3, p. 334342, Aug. 2005.
DIEKEMA, D. J. et al. An outbreak oCandida parapsilosis prosthetic valve endocarditis. Diagn Microbiol
Inect Dis, New York, v. 29, n. 3, p. 147153, Nov. 1997.
ELIAS, J. et al. Evidence or indirect nosocomial transmission oNeisseria meningitidis resulting in two cases
o invasive meningococcal disease.J Clin Microbiol, Washington, DC, v. 44, n. 11, p. 42764278, Nov. 2006.
FICA, A. et al.Molecular epidemiology o a Streptococcus pyogenes related nosocomial outbreak in a
burn unit. Rev Med Chil, Santiago, v. 131, n. 2, p. 145154, Feb. 2003.
FOCA, M. et al. Endemic Pseudomonas aeruginosa inection in a neonatal intensive care unit. N Engl J
Med, Boston, v. 343, n. 10, p. 695700, Sept. 2000.
GDCOGLU, H. et al. Spread o a single clone Acinetobacter baumannii strain in an intensive care
unit o a teaching hospital in Turkey. New Microbiol, Pavia,v. 28, n. 4, p. 337343, Oct. 2005.
HALL, C. B.; DOUGLAS, R. G. Jr; GEIMAN, J. M. Possible transmission by omites o respiratory syncytial
virus.J Inect Dis, Chicago, v. 141, n. 1, p. 98102, 1980.
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
30/109
Segurana do Paciente|Higienizao das Mos 29
EVIDNCIA DE TRANSMISSO DE PATGENOS POR MEIO DAS MOS
HUANG, Y. C. et al. Yeast carriage on hands o hospital personnel working in intensive care units. J
Hosp Inect, London, v. 39, n. 1, p. 4751, 1998.
KRANIOTAKI, E. et al. Molecular investigation o an outbreak o multidrugresistant Acinetobacter
baumannii, with characterisation o class 1 integrons. Int J Antimicrob Agents, Amsterdam,v. 28, n. 3,
p. 193199, Sept. 2006.
LEVIN, A. S. et al. Candida parapsilosis ungemia associated with implantable and semiimplantable
central venous catheters and the hands o healthcare workers. Diagn Microbiol Inect Dis, North
Liberty,v. 30, n. 4, p. 243249, Apr. 1998.
MORETTI, M. L. et al. Clonal dissemination o VanAtype glycopeptideresistant Enterococcus aecalis
between hospitals o two cities located 100 km apart. Braz J Med Biol Res, Ribeiro Preto, v. 37, n. 9, p.
13391343, Sept. 2004.
MORRISON, D. et al. Interhospital spread o vancomycinresistant Enterococcus aecium.J Hosp Inect,
London, v. 36, n. 1, p. 7778, May 1997.
NOURSE, C. et al. VRE in the Republic o Ireland: clinical signicance, characteristics and molecular
similarity o isolates.J Hosp Inect, London, v. 44, n. 4, p. 288293, Apr. 2000.
PASQUALOTTO, A. C. et al. An outbreak oPichia anomala ungemia in a Brazilian pediatric intensive
care unit. Inect Control Hosp Epidemiol, Chicago, v. 26, n. 6, p. 553558, June 2005.
PELLEGRINO, F. L. et al. Occurrence o a multidrugresistant Pseudomonas aeruginosa clone in dierent
hospitals in Rio de Janeiro, Brazil.J Clin Microbiol, Washington, DC, v. 40, n. 7, p. 24202424, July 2002.
PESSOASILVA, C. L. et al. Inection due to extendedspectrum betalactamaseproducing Salmonella
enterica subsp. enterica serotype inantis in a neonatal unit.J Pediatr, New York,v. 141, n. 3, p. 381387,
Sept. 2002.
POSTERARO, B. et al. Candida parapsilosis bloodstream inection in pediatric oncology patients:
results o an epidemiologic investigation. Inect Control Hosp Epidemiol, Chicago, v. 25, n. 8, p. 641
645, Aug. 2004.
REBOLI, A. C. et al. Methicillinresistant Staphylococcus aureus outbreak at a Veterans Aairs Medical
Center: importance o carriage o the organism by hospital personnel. Inect Control Hosp Epidemiol,
Chicago, v. 11, n. 6, p. 291296, June 1990.
RILEY, T. V. et al. Outbreak o gentamicinresistant Acinetobacter baumaniiin an intensive care unit:
clinical, epidemiological and microbiological eatures. Pathology, [S.l.],v. 28, n. 4, p. 359363, Nov. 1996.
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
31/109
30 Segurana do Paciente|Higienizao das Mos
CONTROLE DA DISSEMINAO DE MICRORGANISMOS MULTIRRESISTENTES
SADER, H. S. et al. Use o macrorestriction analysis to demonstrate interhospital spread o
multiresistantAcinetobacter baumannii in So Paulo, Brazil. Clin. Inect. Dis, Chicago, v. 23, n. 3, p. 631
634, Sept. 1996.
SAMORE, M. H. et al. Clinical and molecular epidemiology o sporadic and clustered cases o
nosocomial Clostridium difcile diarrhea.Am J Med, [S.l.],v. 100, n. 1, p. 3240, Jan. 1996.
SILVA, V. et al. Yeast carriage on the hands o Medicine students. Rev Iberoam Micol, [S.l.],v. 20, n. 2, p.
4145, 2003.
STRUELENS, M. J. et al. Nosocomial colonization and inection with multiresistant Acinetobacter
baumannii: outbreak delineation using DNA macrorestriction analysis and PCRngerprinting.J Hosp
Inect, London, v. 25, n. 1, p. 1532, Sept. 1993.
SU, L. H. et al. Molecular investigation o two clusters o hospitalacquired bacteraemia caused
by multiresistant Klebsiella pneumoniae using pulsedeld gel electrophoresis and in requent
restriction site PCR. Inection Control Group.J Hosp Inect, London, v. 46, n. 2, p. 110117, Oct. 2000.
VILLARI, P. et al. Molecular epidemiology o an outbreak oSerratia marcescens in a neonatal intensive
care unit. Inect Control Hosp Epidemiol, Chicago, v. 22, n. 10, p. 630634, Oct. 2001.
WANG, J. T. et al. A hospitalacquired outbreak o methicillinresistant Staphylococcus aureus inection
initiated by a surgeon carrier. J Hosp Inect, London, v. 47, n. 2, p. 104109, Feb. 2001.
WEBER, S. et al. An outbreak oStaphylococcus aureus in a pediatric cardiothoracic surgery unit. Inect
Control Hosp Epidemiol, Chicago, v. 23, n. 2. p. 7781, Feb. 2002.
YU, I. T. et al. Why did outbreaks o severe acute respiratory syndrome occur in some hospital wards
but not in others? Clin Inect Dis, Chicago, v. 44, n. 8, p. 10171025, Apr. 2007.
ZAWACKI, A. et al. An outbreak oPseudomonas aeruginosa pneumonia and bloodstream inection
associated with intermittent otitis externa in a healthcare worker. Inect Control Hosp Epidemiol,Chicago, v. 25, n. 12, p. 10831089, Dec. 2004.
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
32/109
Segurana do Paciente|Higienizao das Mos 31
CAPTULO 4 | CONTROLE DA DISSEMINAO DE MICRORGANISMOSMULTIRRESISTENTES
Joo Nbrega de Almeida Jnior
caro BoszczowskiSilvia Figueiredo Costa
Nos ltimos anos, as ineces relacionadas assistncia sade, causadas por microrganismos multirresistentes com relevncia epidemiolgica, tm sido motivo de grande preocupaonos hospitais brasileiros. A denio de multirresistncia, entretanto, muito varivel e depende
da complexidade de cada hospital. Geralmente,um microrganismo considerado multirresistente quando apresenta resistncia a duas ou maisclasses de antimicrobianos. Os principais microrganismos multirresistentes que causam inecesrelacionadas assistncia sade so: MRSA, VRE,cepas produtoras de betalactamases de espectroestendido ExtendedSpectrum BetaLactamases ESBL e bactrias Gramnegativas resistentesaos carbapenens. Dierentemente dos hospitaisamericanos, o VRE no representa um problema
to importante no nosso meio. As bactrias Aci-netobacter spp. e Pseudomonas aeruginosa resistentes aos carbapenens, entretanto, tornaramseparticularmente problemticas nos hospitais latinoamericanos, incluindo os brasileiros.
As mos dos prossionais de sade podem adquirir microrganismos multirresistentes pormeio de contato direto com pacientes colonizados ou inectados por esses agentes e tambm
Procedimentos laboratoriais
pelo contato com o meio ambiente ou supercies prximas ao paciente. Os microrganismosmultirresistentes podem, ento, se tornar parteda microbiota transitria da pele, sendo acilmente removidos pela higienizao das mos.As mos dos prossionais de sade tambm
podem car persistentemente colonizadas combactrias multirresistentes, principalmente napresena de atores locais que acilitam essacondio, como dermatites e/ou onicomicosesBOYCE et al., 2002.
4.1 Mos como onte de surtos deineco relacionada assistncia sade causados por microrganismosmultirresistentes
Na epidemiologia da transmisso de microrganismos multirresistentes, as mos dos prossionais de sade constituem a principal ponte entreo paciente colonizado e aquele que anteriormente no tinha tal status.
A tipagem molecular no undamental para aelucidao de surtos de ineco em servios desade. Entretanto, esta erramenta mostrou de
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
33/109
32 Segurana do Paciente|Higienizao das Mos
CONTROLE DA DISSEMINAO DE MICRORGANISMOS MULTIRRESISTENTES
orma mais clara a importncia da ineco cruzada como onte de surtos causados por microrganismos multirresistentes LAI et al., 2006; HALEY et al., 1995; FARR et al., 2001; BISCHOFF et al.,
2000; KANEMITSU et al., 2001; WANG et al., 2001;DUCKRO et al., 2005; LANKFORD et al., 2006; TENORIO et al., 2001; KAMPF; KRAMER, 2004.
As mos dos prossionais de sade j oram identicadas como onte de surtos de ineco emservios de sade causados por vrias bactriasGramnegativas multirresistentes comoAcineto-bacterspp., Stenotrophomonas maltophilia e Kle-bsiella pneumoniae produtora de ESBL FOCA et
al., 2000; MILISAVLJEVIC et al., 2004; MOOLENAAR et al., 2000; KRANIOTAKI et al., 2006; ZAWACKIet al., 2004; ZEANA et al., 2003; CASSETTARI et al.,2006. As mos de um prossional de sade comonicomicose oram identicadas como onte deum surto de ineco causada por K. pneumoniaeprodutora de ESBL descrito em uma unidade deneonatologia de um hospital brasileiro. A tipagem molecular evidenciou que a cepa identicada nas mos desse prossional era idnticaquela isolada dos recmnatos BOSZCZOWSKI
et al., 2005. Vrias medidas oram implementadas para o controle do surto. Entretanto, ele apenas oi interrompido quando o prossional desade oi transerido da unidade.
Com relao s bactrias Grampositivas, maisespecicamente VRE e MRSA, as evidncias tambm apontam para as mos dos prossionais desade como uma das principais responsveispela disseminao desses patgenos.
Um estudo prospectivo realizado em uma UTInorteamericana acompanhou os prossionaisde sade durante oito meses. Neste perodo,houve 16 novos casos de pacientes colonizadosque tiveram contato com as mos dos prossionais colonizadas por VRE, as quais no tinhamsido devidamente higienizadas antes da assistncia. Foi vericado que as cepas das mos dosprossionais de sade eram as mesmas encontradas nos pacientes WANG et al., 2001.
Em outro estudo, utilizandose mtodo molecular para a tipagem das cepas isoladas dospacientes e dos prossionais de sade, oi eita Staphylococcus aureus
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
34/109
Segurana do Paciente|Higienizao das Mos 33
CONTROLE DA DISSEMINAO DE MICRORGANISMOS MULTIRRESISTENTES
a investigao de um surto de ineco de stio cirrgico em uma UTI que recebia pacientesde cirurgia cardaca. Durante trs meses houvecinco casos de ineco da erida operatria emediastinite, todos causados pela mesma cepade MRSA. A anlise dos dados mostrou que oscasos tinham em comum o mesmo cirurgio. Foram, ento, coletadas culturas das narinas e deuma dermatite localizada na mo direita dessemdico. Em todas elas houve o crescimento damesma cepa implicada nos casos da ineco daerida cirrgica KANEMITSU et al., 2001.
4.2 Higienizao das mos em unidades compacientes colonizados/inectados pormicrorganismos multirresistentes
Vrios antispticos e sabonetes associados aantispticos, como clorexidina, polivinilpirrolidonaiodo PVPI, triclosan e lcool, podem serutilizados na higienizao das mos durante o
cuidado de pacientes colonizados e/ou inectados por microrganismos multirresistentes, conorme ser descrito posteriormente.
No existe uma correlao direta entre resistnciabacteriana a antimicrobianos e resistncia a antispticos MARTR et al., 2003; KABELITZ; SANTOS;HEIPIEPER, 2003; KLJALG; NAABER; MIKELSAAR,2002. Vrios estudos in vitro, utilizando dierentescepas de bactrias Grampositivas MRSA, VREe Gramnegativas Acinetobacter spp., Pseudo-monas aeruginosa multirresistentes, mostraramque, apesar de resistentes aos antibiticos, essasbactrias permanecem sensveis aos antispticosutilizados na higienizao das mos. A ao dosdierentes produtos contra bactrias multirresistentes bastante varivel MARTR et al., 2003;KABELITZ; SANTOS; HEIPIEPER, 2003; KLJALG;
NAABER; MIKELSAAR, 2002.
Preparaes alcolicas para aplicao nas mospossuem excelente atividade in vitro contra
Placa com colnias de ungos
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
35/109
34 Segurana do Paciente|Higienizao das Mos
CONTROLE DA DISSEMINAO DE MICRORGANISMOS MULTIRRESISTENTES
MRSA e VRE. Evidncias da eccia de tal propriedade na prtica clnica j oram descritas LAIet al., 2006; LARSON et al., 2000; TEARE; COOKSON; STONE, 2001; MACDONALD et al., 2004; NG
et al., 2004; DUBOUIX et al., 2005.
Os produtos de higienizao das mos, quandousados de orma inapropriada, tambm podemser ontes de bactrias multirresistentes. Vriossurtos de ineco hospitalar causados por bactrias multirresistentes oram associados con
taminao de antispticos durante a sua abricao ou o seu uso NASSER et al., 2004; NUCCI etal., 2002; MCALLISTER et al., 1989; KLAUSNER et al.,1999. Bactrias Gramnegativas associadas a sur
tos de ineco relacionada assistncia sadej oram isoladas de dispensadores contendo polivinilpirrolidonaiodo PVPI degermante e clorexidina MCALLISTER et al., 1989. Stenotrophomonasmaltophilia isolada em sabonete oi responsvelpor um surto em uma unidade de transplante demedula ssea KLAUSNER et al., 1999.
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
36/109
Segurana do Paciente|Higienizao das Mos 35
CONTROLE DA DISSEMINAO DE MICRORGANISMOS MULTIRRESISTENTES
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
BISCHOFF, W. E. et al. Handwashing compliance by health care workers: the impact o introducing an
accessible, alcoholbased hand antiseptic.Arch Int Med, Chicago, v. 160, n. 7, p. 10171021, Apr. 2000.
BOSZCZOWSKI, I. et al. Outbreak o extended spectrum betalactamaseproducing Klebsiella
pneumoniae inection in a neonatal intensive care unit related to onychomycosis in a health care
worker. Pediatr Inect Dis J, Philadelphia, v. 24, n. 7, p. 648650, July 2005.
BOYCE, J. M. et al. Guideline or Hand Hygiene in HealthCare Settings. Recommendations o the
Healthcare Inection Control Practices Advisory Committee and the HICPAC/SHEA/APIC/IDSA Hand
Hygiene Task Force.Am J Inect Control, New York,v. 30, n. 8, p. S146, Dec. 2002.
CASSETTARI, V. C. et al. Outbreak o extendedspectrum betalactamaseproducing Klebsiellapneumoniae in an intermediaterisk neonatal unit linked to onychomycosis in a healthcare worker. J
Pediatr, Rio de Janeiro, v. 82, n. 4, p. 313316 , JulyAug. 2006.
DUBOUIX, A. et al. Epidemiological investigation o a Serratia liqueaciens outbreak in a neurosurgery
department.J Hosp Inect, London, v. 60, n. 1, p. 813, May 2005.
DUCKRO, A. N. et al. Transer o vancomycin resistant enterococci via health care workers hands. Arch
Intern Med, Chicago, v. 165, n. 3, p. 302307, Feb. 2005.
FARR, B. M. et al. Can antibioticresistant nosocomial inections be controlled? Lancet Inect Dis,
London, v. 1, n. 1, p. 3845, Aug. 2001.
FOCA, M. et al.Endemic Pseudomonas aeruginosa inection in a neonatal intensive care unit. N Engl J
Med, Boston, v. 343, n. 10, p. 695700, Sept. 2000.
HALEY, R. W. et al. Eradication o endemic methicillinresistant Staphylococcus aureus inections rom
a neonatal intensive care unit. J Inect Dis, Chicago, v. 171, n. 3, p. 614624, Mar. 1995.
KABELITZ, N.; SANTOS, P. M.; HEIPIEPER, H. J. Eect o aliphatic alcohols on growth and degree osaturation o membrane lipids inAcinetobacter calcoaceticus . FEMS Microbiol Lett, Birmingham, v. 220,
n. 2, p. 223227, Mar. 2003.
KAMPF, G.; KRAMER, A. Epidemiologic background o hand hygiene and evaluation o the most important
agents or scrubs and rubs. Clin Microbiol Rev, Washington, DC,v. 17, n. 4, p. 863893, Oct. 2004.
KANEMITSU, K. et al. Characterization o MRSA transmission in an emergency medical center by sequence
analysis o 3`end region o the coagulase gene.J Inect Chemother, [S.l.], v. 7, n. 1, p. 2227, Mar. 2001.
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
37/109
36 Segurana do Paciente|Higienizao das Mos
CONTROLE DA DISSEMINAO DE MICRORGANISMOS MULTIRRESISTENTES
KLAUSNER, J. D. et al. Outbreak o Stenotrophomonas maltophilia bacteremia among patients
undergoing bone marrow transplantation: association with aulty replacement o handwashing
soap. Inect Control Hosp Epidemiol, Chicago, v. 20, n. 11, p. 756758, Nov. 1999.
KLJALG, S.; NAABER, P.; MIKELSAAR, M. Antibiotic resistance as an indicator o bacterial chlorhexidine
susceptibility. J Hosp Inect, London, v. 51, n. 2, p. 106113, June 2002.
KRANIOTAKI, E. et al. Molecular investigation o an outbreak o multidrugresistant Acinetobacter
baumannii, with characterisation o class 1 integrons. Int J Antimicrob Agents, [S.l.], v. 28, n. 3, p. 193
199, Sept. 2006.
LAI, K. K. et al. Impact o alcoholbased, waterless hand antiseptic on the incidence o inection and
colonization with methicillinresistant Staphylococcus aureus and vancomycinresistant Enterococci.
Inect Control Hosp Epidemiol, Chicago, v. 27, n. 10, p. 10181021,Oct. 2006.
LANKFORD, M. G. et al. Assessment o materials commonly utilized in health care: implications or
bacterial survival and transmission.Am J Inect Control, New York,v. 34, n. 5, p. 258263, June 2006.
LARSON, E. L. et al. An organizational climate intervention associated with increased handwashing
and decreased nosocomial inection. Behav Med,Washington, DC,v. 26, n. 1, p. 1422, 2000.
MACDONALD, A. et al. Perormance eedback o hand hygiene, using alcohol gel as the skin
decontaminant, reduces the number o inpatients newly aected by MRSA and antibiotic costs.J
Hosp Inect, London, v. 56, n. 1, p. 5663, Jan. 2004.
MARTR, E. et al. Assessment oAcinetobacter baumanniisusceptibility to antiseptics and disinectants.
J Hosp Inect, London, v. 55, n. 1, p. 3946, Sept. 2003.
MCALLISTER, T. A. et al. Serratia marcescens outbreak in a paediatric oncology unit traced to
contaminated chlorhexidine. Scott Med J, Glasgow, v. 34, n. 5, p. 525528, Oct. 1989.
MILISAVLJEVIC, V. et al. Molecular epidemiology o Serratia marcescens outbreaks in two neonatal
intensive care units. Inect Control Hosp Epidemiol, Chicago, v. 25, n. 9, p. 719721, Sept. 2004.
MOOLENAAR, R. L. et al. A prolonged outbreak oPseudomonas aeruginosa in a neonatal intensive
care unit: did sta ngernails play a role in disease transmission? Inect Control Hosp Epidemiol,
Chicago, v. 21, n. 2, p. 8085, Feb. 2000.
NASSER, R. M. et al. Outbreak o Burkholderia cepacia bacteremia traced to contaminated hospital
water used or dilution o an alcohol skin antiseptic. Inect Control Hosp Epidemiol, Chicago, v. 25, n.
3, p. 231239, Mar. 2004.
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
38/109
Segurana do Paciente|Higienizao das Mos 37
CONTROLE DA DISSEMINAO DE MICRORGANISMOS MULTIRRESISTENTES
NG, P. C. et al. Combined use o alcohol hand rub and gloves reduces the incidence o late onset
inection in very low birthweight inants.Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed, London, v. 89, n. 4, p. 336
340, July 2004.
NUCCI, M. et al. Nosocomial outbreak oExophiala jeanselmeiungemia associated with contamination
o hospital water. Clin Inect Dis, Chicago, v. 34, n. 11, p. 14751480, June 2002.
TEARE, L.; COOKSON, B.; STONE, S. Hand hygiene. Use alcohol rubs between patients: they reduce the
transmission o inection. BMJ, London, v. 323, n. 7310, p. 411412, Aug. 2001.
TENORIO, A. R. et al. Eectiveness o gloves in the prevention o hand carriage o vancomycin
resistant enterococcus species by health care workers ater patient care. Clin Inect Dis, Chicago, v. 32,
n. 5, p. 826829, Mar. 2001.
WANG, J. T. et al. A hospitalacquired outbreak o methicillin resistant Staphylococcus aureus inection
initiated by a surgeon carrier.J Hosp Inect, London, v. 47, n. 2, p. 104109, Feb. 2001.
ZAWACKI, A. et al. An outbreak o Pseudomonas aeruginosa pneumonia and bloodstream inection
associated with intermittent otitis externa in a healthcare worker. Inect Control Hosp Epidemiol,
Chicago, v. 25, n. 12, p. 10831089, Dec. 2004.
ZEANA, C. et al. The epidemiology o multidrugresistantAcinetobacter baumannii: does the community
represent a reservoir? Inect Control Hosp Epidemiol, Chicago, v. 24, n. 4, p. 275279, Apr. 2003.
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
39/109
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
40/109
Segurana do Paciente|Higienizao das Mos 39
CAPTULO 5 | PRODUTOS UTILIZADOS NA HIGIENIZAO DAS MOS
Julia Yaeko Kawagoe
Reconhecidamente, a prtica da higienizaodas mos reduz signicativamente a transmisso de microrganismos e, conseqentemente,diminui a incidncia das ineces prevenveis,reduzindo a morbimortalidade em servios desade LARSON, 1988; NYSTRM, 1994; PITTETet al., 2000; CDC, 2002; WHO, 2006; PRATT et al.,2001, 2007; PELLOWE et al., 2003.
Para prevenir a transmisso de microrganismospelas mos, trs elementos so essenciais paraessa prtica: agente tpico com eccia antimicrobiana; procedimento adequado ao utilizlo,com tcnica adequada e no tempo preconizado;e adeso regular ao seu uso, nos momentos indicados ROTTER, 1996.
Segundo Larson 2004, o principal problemada higienizao das mos no a alta de bonsprodutos, mas sim a negligncia dessa prtica. A
autora sugere a aplicao da seguinte rmula:impacto da higienizao das mos = eccia xadeso. Exemplicando: se um produto 100%ecaz, mas somente 20% das pessoas aderem aoseu uso, o impacto de 20%. Por outro lado, se oproduto tem eccia de 50%, mas possui melhoraceitao 50% de adeso , o impacto ser umpouco maior, isto , 25%. Portanto, caso o prossional de sade no realize a higienizao dasmos por qualquer razo alta de tempo, indisponibilidade de pia ou produto, etc., o resultado deixa a desejar, no importando quo ecazseja o produto para a reduo microbiana dasmos contaminadas.
A seguir, sero abordados determinados produtos que podem ser utilizados para a higienizaodas mos: o sabonete comum e os antispticoslcool, clorexidina, iodo/iodoros e triclosan,considerando o modo de ao, a ao antimicrobiana e os problemas decorrentes do seu uso.
5.1 Sabonete comum (sem associao deanti-sptico)
O sabonete comum no contm agentes antimicrobianos ou os contm em baixas concentraes, uncionando apenas como conservantes.Os sabonetes para uso em servios de sade podem ser apresentados sob vrias ormas: em barra, em preparaes lquidas as mais comuns eem espuma. Favorecem a remoo de sujeira, desubstncias orgnicas e da microbiota transitriadas mos pela ao mecnica CDC, 2002; WHO,2006; KAMPF; KRAMER, 2004; ROTTER, 2004.
Em geral, a higienizao com sabonete lquidoremove a microbiota transitria, tornando asmos limpas. Esse nvel de descontaminao suciente para os contatos sociais em geral epara a maioria das atividades prticas nos servios de sade. A eccia da higienizao simples
Profssional dispensando sabonete lquido nas mos
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
41/109
40 Segurana do Paciente|Higienizao das Mos
PRODUTOS UTILIZADOS NA HIGIENIZAO DAS MOS
das mos com gua e sabonete, porm, depende da tcnica utilizada e do tempo gasto durante
o procedimento, que normalmente dura, emmdia, 8 a 20 segundos sem contar o temponecessrio para se deslocar at a pia e retornar.O processo completo leva muito mais tempo,sendo estimado em 40 a 60 segundos KAMPF;KRAMER, 2004; ROTTER, 2004.
As pesquisas laboratoriais sobre higienizaodas mos visam avaliar a reduo da microbiota transitria da pele das mos. Nos EstadosUnidos, utilizada como contaminanteteste abactria Serratia marcescens, enquanto na Europa se emprega a Escherichia coli CDC, 2002;WHO, 2006. Conorme relatado por Rotter2004, pesquisas demonstraram que no procedimento de higienizao simples das moscom gua e sabonete, por um perodo de 15segundos, houve reduo bacteriana em tornode 0,6 a 1,1 log
10, e naquele realizado durante
30 segundos houve reduo de 1,8 a 2,8 log10
.Aumentandose o tempo de higienizao das
mos para um minuto, a reduo microbianaoi de 2,7 a 3 log10
. Estes estudos mostram queo tempo gasto nessa prtica tem inuncia direta na reduo da microbiota transitria da
pele das mos. Ainda na higienizao simplesdas mos com gua e sabonete no se constata,
basicamente, nenhum eeito sobre a microbiota residente da pele das mos, mesmo dois minutos aps o incio desse procedimento.
Entretanto, um estudo revelou que a higienizao simples das mos, com gua e sabonete comum, alhou em remover patgenos das mosdos prossionais de sade, ocorrendo a transmisso de bactria Gramnegativa em 11 de 12casos EHRENKRANZ; ALFONSO, 1991. Tambmh relatos, na literatura, de risco de contaminao das mos durante o procedimento de lavlas. Um estudo revelou a contaminao porPseudomonas aeruginosa, tendo como possvelonte a pia, quando a gua contaminada desta espirrou nas mos do prossional de sadeKAMPF; KRAMER, 2004.
Ocasionalmente, os sabonetes no associadosa antispticos podem se contaminar, causando colonizao das mos dos prossionais de
sade com bactrias Gramnegativas SARTORet al., 2000. O sabonete lquido tornase passvel de contaminao, ainda, caso o seu reservatrio seja completado sem esvaziamento
Placas com colnias de bactrias
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
42/109
Segurana do Paciente|Higienizao das Mos 41
PRODUTOS UTILIZADOS NA HIGIENIZAO DAS MOS
e limpeza prvia. Os dispensadores devem seracilmente removveis para serem submetidos limpeza e secagem completa antes de serem preenchidos, quando no orem descar
tveis LARSON, 1996.
Em estudo desenvolvido pela Universidade Federal de Minas Gerais UFMG, com o apoio daAnvisa SERUFO et al., 2007, oram analisadas1.196 amostras de sabonetes lquidos e antispticos coletados em hospitais brasileiros daRede Sentinela. Destas, 9,4% 112/1196 estavam contaminadas, sendo que os sabonetes lquidos responderam por 30,2% das amostras recebi
das 361/1196 e 83% das amostras contaminadas93/112. Os tipos de dispensadores mais utilizadospara os sabonetes lquidos oram os reutilizveis,destacandose as saboneteiras, os rascos improvisados e as almotolias recarregveis. Vale ressaltarque neste estudo no oram detectados microrganismos nos produtos originais, coletados antesdo manuseio no local, podendose inerir que ascontaminaes no decorreram de alhas no processo de abricao e sim que ocorreram duranteo processo de manipulao ou uso, o que aponta
a necessidade de aprimorar o processo interno dedispensao e manuseio desses produtos.
Nos servios de sade, recomendase o uso desabonete lquido, tipo rel, devido ao menor risco de contaminao do produto. Os sabonetesesto tambm regulamentados pela ResoluoANVS n 481, de 23 de setembro de 1999 BRASIL, 1999. Conorme essa resoluo, o resultadodeve apresentar ausncia de Pseudomonas aeru-ginosa, Staphylococcus aureus e coliormes totaise ecais em 1 g ou ml do produto e contagem demicrorganismos meslos aerbios totais, nomais que 103 UFC/g ou ml.
Com o intuito de estimular a higienizao dasmos e no criar obstculos para a execuo doprocedimento, recomendase que o saboneteseja agradvel ao uso, suave e de cil enxge,alm de no ressecar a pele, possuir ragrncialeve ou ausente e ter boa aceitao entre os usu
rios CDC, 2002; WHO, 2006; LARSON, 1996, 2004.
Profssionais de sade
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
43/109
42 Segurana do Paciente|Higienizao das Mos
PRODUTOS UTILIZADOS NA HIGIENIZAO DAS MOS
5.2 Agentes anti-spticos
Os agentes antispticos utilizados para a higienizao das mos devem ter ao antimicrobia
na imediata e eeito residual ou persistente. Nodevem ser txicos, alergnicos ou irritantes paraa pele. Recomendase que sejam agradveis deutilizar, suaves e, ainda, custoeetivos LARSON,1996; WICKETT; VISSCHER, 2006; KAISER; NEWMAN, 2006; MCLEOD; EMBIL, 2002.
5.2.1 lcool
A atividade antimicrobiana em geral dos lcooisse eleva com o aumento da cadeia de carbono,porm a sua solubilidade em gua diminui. Somente os lcoois aliticos que so completamente miscveis em gua, preerencialmente oetanol, o isopropanol e o npropanol, so usados como produtos para higienizao das mosROTTER, 1996, 2004.
A maioria das solues base de lcool para aantisepsia das mos contm etanol lcool etli
co, isopropanol lcool isoproplico, npropanolou, ainda, uma combinao de dois destes produtos. Embora o npropanol seja utilizado na
Europa h vrios anos, no listado pela Administrao de Alimentos e Medicamentos dos EUAFood and Drugs Administration FDA, em suapublicao Tentative Final Monograph TFM or
Healthcare Antiseptic Drug Products, de 1994,como agente ativo aprovado para a higienizao das mos ou para o preparo prcirrgicodas mos naquele pas CDC, 2002; WHO, 2006.Por sua vez, o etanol reconhecido como agenteantimicrobiano, sendo recomendado para o tratamento das mos, desde 1888. Ressaltase que,no Brasil, o mais utilizado.
O modo de ao predominante dos lcoois con
siste na desnaturao e coagulao das protenas. Outros mecanismos associados tm sidoreportados, como a ruptura da integridade citoplasmtica, a lise celular e a intererncia nometabolismo celular. A coagulao das protenas, induzida pelo lcool, ocorre na parede celular, na membrana citoplasmtica e entre vriasprotenas plasmticas. Essa interao do lcoolcom as protenas levantou a hiptese da intererncia de sujidade contendo protenas na antisepsia e desineco CDC, 2002; WHO, 2006;
ROTTER, 1996, 2004; KAMPF; KRAMER, 2004;LARSON, 1996; MCLEOD; EMBIL, 2002; GRAZIANO; SILVA; BIANCHI, 2000.
Profssionais prestando assistncia de sade ao paciente
-
8/6/2019 Segurana_do_Paciente_Higienizacao_das_maos_2009
44/109
Segurana do Paciente|Higienizao das Mos 43
PRODUTOS UTILIZADOS NA HIGIENIZAO DAS MOS
De modo geral, os lcoois apresentam rpidaao e excelente atividade bactericida e ungicida em relao a todos os agentes utilizados nahigienizao das mos CDC, 2002; WHO, 2006;
ROTTER, 1996, 2004; KAMPF; KRAMER, 2004; LARSON, 1996; MCLEOD; EMBIL, 2002; GRAZIANO; SILVA; BIANCHI, 2000. Solues alcolicas entre 60%e 80% so mais eetivas e concentraes mais altas so menos potentes, pois as protenas no sedesnaturam com acilidade na ausncia de gua.
O contedo do lcool nas solues pode ser expresso em porcentagem por peso p/p ou g/g,no sendo aetado por temperatura e outras va
riveis. No caso de porcentagem por volume v/vou ml/ml, pode ser aetado pela temperatura,gravidade especca e reao da concentrao.Por exemplo, lcool 70% por peso equivalente a 76,8% por volume, se preparado a 15 C, ou80,5%, se preparado a 25 C CDC, 2002