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SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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2019
ANAIS DA VI SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
FACULDADE AVANTIS
EDIÇÃO 2018
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Ficha catalográfica elaborada na fonte
Aline Medeiros d’Oliveira CRB 14 – 1063
FOTOGRAFANDO A PSICOLOGIA: RETRATOS DA CONSTRUÇÃO DE UM SUJEITO
CIDADÃO
Ana Paula Resende e Andrade
Fabio Noda Hasegawa
Juliana Ferreira
Sidnei Maria do Nascimento Coelho
1 INTRODUÇÃO
Com o tema “Educação para a paz e a excelência educativa”, a Semana de Iniciação
Científica da Faculdade Avantis, edição 2018, trouxe a oportunidade de discutir as práticas e o
método de ensino utilizado no primeiro semestre da graduação em Psicologia da referida instituição,
por meio dos trabalhos produzidos pelos acadêmicos, identificando e analisando as abordagens
utilizadas pelos docentes nas disciplinas dessa etapa, visando alcançar o objetivo geral do curso.
Compreendendo que o objetivo geral do curso é formar profissionais aptos para atuarem de
forma crítica, social e eticamente responsáveis no exercício de sua profissão, torna-se importante
que as discussões sobre esse tema sejam ressaltadas e trabalhadas pelos estudantes desde o início de
sua vida acadêmica, não somente quando ingressa no ensino superior, mas também durante toda a
sua formação.
A metodologia empregada consiste em um relato de experiência de modo participante,
classificada como uma pesquisa qualitativa e exploratória. A observação se concentrou em uma
atividade realizada durante as aulas da disciplina de ‘Filosofia, Ética, Cidadania e Direitos
Humanos’, denominada de ‘autofotografia’, que proporcionou aos discentes uma interação entre
teoria e prática por meio da linguagem fotográfica.
Entendida como o processo de ensino aprendizagem, a educação, em todos os níveis, é uma
ferramenta significativa na construção da cidadania que possibilita nesse processo educacional ser
abordada por uma gama diversificada de linguagens.
Não somente professores, mas todos os profissionais, cidadãos atuantes na sociedade,
possuem o direito e o dever, no cotidiano de seu ofício, de exercer e incentivar a prática cidadã. A
exemplo, temos o fotógrafo mineiro Sebastião Salgado, que por meio de suas fotografias transmite
uma reflexão de realidades conhecidas, mas ignoradas, de modo que haja uma visibilidade maior de
tais situações, promovendo a sensibilização social e política, auxiliando a discussão, o debate e a
efetivação social do tema em questão.
A Psicologia, inserida nesse mundo cada vez mais rodeado de imagens de todos os tipos, há
algum tempo vem discutindo o uso da fotografia em suas práticas, não somente como uma simples
plataforma de exposição, um documento, mas como produto do ser com o mundo, carregado de
representações e significados. Nesta perspectiva, pensamentos, percepções e sensações, assim como
Centro Universitário Avantis - UNIAVAN C397a Anais da IV Semana de Iniciação Científica [recurso eletrônico] /
Centro Universitário Avantis – UniAvan. Balneário Camboriú: Editora Faculdade Avantis, 2019 -
Disponível em: http://www.avantis.edu.br/ebook-sic-2018 ISSNe: : ______________________
1. Anais – Eventos. 2. Iniciação Científica. 3. Educação para a Paz. I. Título
CDD 21ª ed. 001.4 – Investigação – métodos estadísticos
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FACULDADE AVANTIS
NÚCLEO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA - NIC
VI SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – 2018
Publicação Anual – Editora Faculdade Avantis
EXPEDIENTE
COMISSÃO ORGANIZADORA
André Gobbo
Isabel Regina Depiné Poffo
Sabrina Weiss
Xana Raquel Ortolan
COMISSÃO CIENTÍFICA
Angélica Cavalett
Cláudia Mara Petri
Cristina Kuroski
Darlene Pena
Eduardo Jorge Aranha
Gabriela Piske
Letícia Januário
Mara Regina Zluhan
Mônica Duarte
Muriel de Pauli
Oliveira Machado Fernandes Júnior
Pamella Hornburg
Sigmundo Preissler Júnior
Avenida Marginal Leste, 3.600, Bairro dos Estados
Balneário Camboriú (SC) – CEP: 88.339-125
Fone: (47) 3363-0631
www.avantis.edu.br
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APRESENTAÇÃO
Queridos colegas professores e alunos.
Chegamos ao término de mais uma Semana de Iniciação Científica, a sexta de nossa
história de 15 anos de trabalhos voltados para Balneário Camboriú e região. Nesse ano
contamos com mais de 50 trabalhos inscritos e 36 acabaram sendo selecionados para serem
apresentados à nossa comunidade acadêmica, sendo que todos eles versaram sobre a temática
escolhida para esse ano de 2018, a saber: Educação para a Paz e Excelência Educativa!
Desse modo, como Diretora Geral da Faculdade Avantis, mas também como
professora, acredito que atingimos todos nossos objetivos para que, enquanto instituição de
ensino, pudéssemos propiciar reflexões, estudos e debates sobre essa temática tão importante
que é a paz no ambiente escolar.
Só me resta a agradecer a cada professor e a cada aluno que se empenharam em seus
estudos sobre essa temática, que desenvolveram projetos, compartilharam suas ideias conosco
e, certamente, foram capazes de se transformar a si próprios e aos outros que estão ao seu redor,
acendo a fagulha da esperança de um mundo e de uma escola com a paz que tanto esperamos.
Porém, entendo que a construção de uma sociedade mais justa, humana e
fundamentada em princípios éticos não se faz com um único evento e em uma única semana.
Esse deve ser nosso ideal diário. De todos os dias. Em todas as nossas ações, afinal, somos
partes fundamentais para essa mudança. Nesse sentido é que, hoje, ao encerrarmos o Ano da
Educação para a Paz e à Excelência Educativa, lançamos, orgulhosamente, o tema que haverá
de nortear nossas ações durante todo o ano de 2019: A FELICIDADE FAZ PARTE DO
NOSSO CURRÍCULO.
Elegemos esse tema pois somos sabedores que a educação, sobretudo a superior, tem
um papel importantíssimo para que possamos alcançar a justiça social e, enquanto cidadãos de
bem, combatermos todas as formas de corrupção. Para isso, 2019 será o tempo em que a
Faculdade Avantis refletirá sobre essas problemáticas que afligem a humanidade de maneira
geral e, consequentemente, dissemina o rancor, o ódio, a opressão e a guerra.
Enquanto Diretora, convido a todos para se envolverem desde já nessa temática de
modo que a consolidação de um novo tempo e de um novo mundo comece a partir do agora,
fruto de um agir mais consciente, justo e honesto de cada um de nós.
Por fim, faço votos de que as ideias que aqui foram levantadas durante toda essa
semana ecoem mundo afora, iluminando mentes e transformando atitudes em prol de homens,
mulheres e, consequentemente, um mundo melhor! Muito obrigada!
Dra. h. c. Isabel Regina Depiné Poffo
Diretora Geral
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SUMÁRIO
SCHOOLING GAME: UM JOGO EDUCATIVO ............................................................. 13
Bruna Kenes Colla; Débora Cristine Baumgarten; Grazielle Vasconcelos e Jhonathan
Victor Teixeira
O USO DA CONSTRUÇÃO COM TERRA COM FINALIDADE EDUCATIVA: A
EXPERIÊNCIA DO PROJETO NOVA OIKOS ................................................................ 17
Davide Chareun; Jaques Dias; Maria Balbina de Magalhães Gappmayer e Mildred Gustack
Delambre
O ELEVADOR AINDA TEM DONO? A PARTICIPAÇÃO DE DOCENTES NEGROS
NO ENSINO SUPERIOR ...................................................................................................... 21
Rafael Ribas Augusto
O QUE É O ESTADO ISLÂMICO? SERÁ QUE PAZ É UM DOS OBJETIVOS DA
ORGANIZAÇÃO? ................................................................................................................. 25
Alessandra Menezes da Luz Machado; Fernanda Natalia Colla de Souza e Felipe de Bortolli
ANÁLISE DAS AÇÕES SOCIAIS DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR
KROTON ................................................................................................................................ 31
Camila Gadonski de Freitas; Dante Guilherme Santos Panzeri da Cruz; Felipe Carlos
Vargas e Tânia Cristina Chiarello
PEQUENAS AÇÕES EDUCATIVAS EM PROL DE SEUS COLABORADORES ....... 35
Douglas Soares; Jonas Patrick Pereira e Tânia Cristina Chiarello
RELATO HISTÓRICO E ANÁLISE DAS AÇÕES SOCIAIS DA PETROBRAS S/A .. 39
Héliton Herodes de Paulo; Jackson Saut; Márcio Costa e Tânia Cristina Chiarello
UMA ANÁLISE DO BALANÇO SOCIAL DAS EMPRESAS AZUL E GOL ................ 43
Tânia Cristina Chiarello; Luana Carolina Bitencourt da Silva e Maiara da Silva
ANÁLISE DOS INDICADORES SOCIAIS DO BANCO BRADESCO S/A ................... 47
Jéssica Marina Zanon; Maria Carolina Michels Franco e Tânia Cristina Chiarello
REVOLUÇÃO AGENDA 2030: CONTRIBUINDO PARA O DESENVOLVIMENTO
ORGANIZACIONAL ............................................................................................................ 51
Jéssica Aparecida Oliveira Silva; Katyuscia Lemos Bittencourt e Tânia Cristina Chiarello
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NATURA&CO: ANÁLISE DO BALANÇO SOCIAL ....................................................... 55
Brian Ribeiro da Silva; Geórgia Dalcégio Varela e Tânia Cristina Chiarello
PARA QUE HAJA PAZ É NECESSÁRIO IGUALDADE DE OPORTUNIDADES NO
ACESSO À EDUCAÇÃO SUPERIOR ................................................................................ 59
Alan Alexandre; Diane Mendes; Elizanda Martins e Márcia Cecília Vassoler
O PAPEL DO OPERADOR DO DIREITO NA CONSCIENTIZAÇÃO E FORMAÇÃO
DE UMA SOCIEDADE IGUALITÁRIA E LIVRE DE PRECONCEITOS ................... 63
Aline das Chagas; Jessica de Goes Julio; Luisa Adada e Márcia Cecília Vassoler
O RACISMO E A EDUCAÇÃO PARA A PAZ.................................................................. 67
Ana Paula Lemonie; Júlia Nassar; Márcia Cecília Vassoler e Müller Pontes Campos
SUICÍDIO UNIVERSITÁRIO: A REEDUCAÇÃO MENTAL PARA A PAZ ............... 71
Daniel Henrique Huttel; Tailine Lisboa e Wanessa Graminho de Carvalho
O ESPORTE COMO FATOR DE INCLUSÃO SOCIAL: A IMPORTÂNCIA DOS
PROJETOS SOCIAIS ESPORTIVOS ................................................................................ 75
Adan Alves Ribeiro; Ana Paula Maurilia dos Santos; Ellacyane Cardoso Soares e Luiz
Felippe Soares
A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E O ESPORTE NO PROCESSO DE INCLUSÃO
DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA .................................................................................... 79
Ana Paula Maurilia dos Santos; Ellacyane Cardoso Soares; Juliano César da Costa e Luiz
Felippe Rocha
EDUCAÇÃO PARA A PAZ E EXCELÊNCIA EDUCATIVA: BULLYING NAS
ESCOLAS ............................................................................................................................... 91
Bianca Jaqueline Rocha; Jaqueline Silva e Juliano de Amorim Busana
ACESSIBILIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR: ELEMENTO PARA
A MANUTENÇÃO DA PAZ ................................................................................................ 95
Alessandra Menezes da Luz Machado; Claudio Mengarda Filho; Daniel Curzel
Dallagasperina e Matheus Bosa Tostanowski
A IMPORTÂNCIA DA CULTURA DA PAZ E ESPIRITUALIDADE NAS POLÍTICAS
PÚBLICAS PARA VALORIZAÇÃO DA VIDA .............................................................. 101
Altair Argentino Pereira; Kathleen Goedert e Bruno Geiss Kober
A BUSCA PELA PAZ ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO....................................................... 105
Cesar Augusto Abrahão; Pablo Matheus França Ramos e Hemínio Javier Ibarra Jara
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IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO NUTRICIONAL NAS ESCOLAS ......................... 107
Luiene da Silva Veloso e Larissa Giovanna Miranda
PERFIL NUTRICIONAL DOS PACIENTES ATENDIDOS PELO PROGRAMA
FISIOCOR ............................................................................................................................ 111
Isadora Letícia Ritter; Juliana Pereira Vansin; Marcel Petreanu e Marco Aurélio Salomão
Fortes
EDUCAÇÃO COMO AGENTE TRANSFORMADOR NA ABORDAGEM DO
PROBLEMA HÍDRICO NO ÂMBITO NACIONAL ....................................................... 115
Gabriel Henrique Forlin Padilha; Juliano Forlin; Marcel Petreanu e Marco Filipe Costa
Souza
PREVENÇÃO E PROMOÇÃO DE SAÚDE BUCAL EM ESCOLAS PÚBLICAS:
GERANDO PAZ E BEM-ESTAR AS CRIANÇAS. ......................................................... 119
Bruna Sartorel; Camila Nitz Moi e Horace Houw
PAPEL DO DOCENTE NA MOTIVAÇÃO E FORMAÇÃO DO PENSAMENTO
CRÍTICO DO ACADÊMICO DE ODONTOLOGIA. ..................................................... 123
Daisy Cristina dos Santos Lamim; Demilson Rodrigues de Oliveira; Horace Houw e Lucas
Luiz Krochinski
APLICAÇÃO DA TECNOLOGIA ASSISTIVA EM PESSOAS COM NECESSIDADES
ESPECIAIS ........................................................................................................................... 127
Bernadètte Beber; Bruna Bechtold e Quênia Alves de Andrade
A EDUCAÇÃO PARA A PREVENÇÃO DO CÂNCER BUCAL NOS IDOSOS DE
BALNEÁRIO CAMBORIÚ ................................................................................................ 131
Horace Houw e Vitória Gabriela Costa
A EDUCAÇÃO SENSÍVEL E A ARTE: UM NOVO OLHAR PARA O SER HUMANO
................................................................................................................................................ 133
Sabryna Pereira de Souza e Shirlei de Souza Corrêa
EDUCAÇÃO PARA PAZ E EXCELÊNCIA NO ÂMBITO ESCOLAR:
CONTEXTUALIZAÇÃO E APLICAÇÃO PRÁTICA NA MODERNIDADE ............. 137
Deise Pereira Costa
EDUCAÇÃO PARA A PAZ NAS ESCOLAS DE EDUCAÇÃO BÁSICA: POR QUÊ?
................................................................................................................................................ 141
Fernanda de Fátima Costa de Almeida; Jetiani Notari e Juliane Dorneles
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A ARTETERAPIA E A EDUCAÇÃO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA................. 147
Maria Balbina de Magalhães Gappmayer e Valdimir Aparecido Rezende Pereira
DECORRÊNCIAS PSICOLÓGICAS EM PROFESSORES NO SISTEMA DE
PRIVAÇÃO DE LIBERDADE ........................................................................................... 151
André Luiz Thieme e Elisângela Neves
CONTRIBUIÇÃO DA PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DA
CULTURA DE PAZ NAS ESCOLAS: UM DIÁLOGO NECESSÁRIO ....................... 157
Débora Araújo; Douglas Assayag e Eliz Marine Wiggers
PSICOLOGIA ESCOLAR: UMA FERRAMENTA PARA EDIFICAÇÃO DA
CULTURA DE PAZ NO CAMPO DA EDUCAÇÃO ...................................................... 161
Cláudia Maria Petri; Daniela Otávio Rodrigues; Juliana Colione e Ludimila Lays
Cavalcante
FOTOGRAFANDO A PSICOLOGIA: RETRATOS DA CONSTRUÇÃO DE UM
SUJEITO CIDADÃO .......................................................................................................... 165
Ana Paula Resende e Andrade; Fabio Noda Hasegawa; Juliana Ferreira e Sidnei Maria do
Nascimento Coelho
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1º COLOCADO - CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA
SCHOOLING GAME: UM JOGO EDUCATIVO
Bruna Kenes Colla
Débora Cristine Baumgarten
Grazielle Vasconcelos
Jhonathan Victor Teixeira
INTRODUÇÃO
É na escola onde as crianças e os
adolescentes passam a maior parte do seu tempo,
vivem experiências, formam sua personalidade,
caráter e identidade. Ou seja, é onde o indivíduo
cria seu senso crítico de “o que é certo e o que é
errado”, além de como irá agir diante de certas
situações no seu dia a dia. Por conta desses fatos é
necessária uma maior atenção no cenário
educativo, com o foco na comunicação e nos
conflitos diários nas escolas (PSICOLOGIA...,
2014).
Dessa forma, o objetivo do “projeto” é
fomentar um debate entre jovens acerca do tema
educação para a paz e excelência educativa, de
uma forma dinâmica por meio da criação de um
jogo de tabuleiro lúdico-pedagógico.
O referencial metódico para a criação
desse jogo educativo baseia-se no estudo de
Violetas: cinema & ação no enfrentamento da
violência contra a mulher (criado em parceria
com professores das escolas de Enfermagem da
Universidade de São Paulo (EE/USP) e da
Universidade de Brasília (UnB), o qual mistura
linguagem lúdica com referências
cinematográficas, onde os jogadores se tornam
parceiros na luta contra um único inimigo: a
violência contra a mulher (RADIS, 2016).
O método foi dividido em três etapas: (1)
pensar em como associar o tema ao jogo; (2)
pensar no funcionamento e orientações de como
jogá-lo; (3) fazer o design do tabuleiro.
Na etapa de associação do jogo com o
tema, primeiro foi analisado qual seria o público-
alvo, que no caso serão alunos do Ensino Médio.
Esta escolha foi feita pelo fato de os jovens já
terem consciência da esfera “política” brasileira e
do senso moral. Logo após essa decisão foi
analisado de que forma o assunto Educação para a
Paz e Excelência Educativa seria abordado no
jogo. A ideia é que seja um jogo dinâmico,
imaginativo e reflexivo, fazendo com que os
jogadores usem seu senso moral para a criação de
um debate a respeito do tema.
A segunda etapa foi de funcionamento e
orientações de como jogá-lo. Para essa fase
inicialmente foram elaboradas perguntas, dentre
elas argumentativas e de múltipla escolha. Como
um dos objetivos do jogo é a troca de
argumentações entre os jogadores, foram
elaboradas também algumas afirmações que
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pedem a opinião do aluno. O jogo em si (físico)
será composto por um tabuleiro, duas roletas, e
aproximadamente 50 cartas. Ele poderá ser jogado
por até quatro participantes e o objetivo é chegar a
40 pontos ou ser o último jogador. A cada rodada
o grupo será dividido em dois jogadores ativos,
um juiz e o quarto sobrará. O “jogador 1” é o
jogador da rodada e o “jogador 2” será escolhido
girando a roleta, assim como o juiz. Por esse
motivo são duas roletas, uma para escolher o
“jogador 2” e a outra para o juiz. Cada carta deverá
conter a pergunta ou afirmação e a regra ou
resposta adequada. O papel do juiz na partida será
escolher qual jogador melhor o convenceu, e
justificar o motivo.
O tabuleiro foi desenhado no
CorelDRAW e será projetado na máquina de corte
a laser e na impressora 3D da Faculdade Avantis.
O material usado será o MDF no corte do
tabuleiro, e o polímero na impressão de peças.
Figura 01: Imagem ilustrativa do jogo Schooling game desenhado no CorelDRAW.
Fonte: Autores do projeto, 2019.
2 DISCUSSÕES
Educação para a paz é história iniciada há
muitos anos, com a primeira Guerra Mundial é que
surgiram os primeiros pensamentos. Mas foi logo
após a Segunda Guerra Mundial que a Fundação
UNESCO (Organização das Nações Unidas para a
Educação, Ciência e Cultura) introduziu diversas
iniciativas que refletiam sobre a possibilidade de a
educação contribuir para a paz. Na década de 1980
surgiram diversas associações, fundações e
centros de pesquisa, com a difusão de práticas no
âmbito formal e informal da educação. Daí por
diante a educação para a paz passou a ser
reconhecida e recomendada pela ONU
(Organização das Nações Unidas) e UNESCO
(Organização das Nações Unidas para a Educação,
Ciência e Cultura) com a conclusão de que não
haverá paz sem educação, onde os professores
devem ser capacitados para auxiliarem e
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incentivarem a prática no setor escolar
(EDUCAÇÃO, 2006).
Durante a pesquisa sobre o tema foi
possível presumir que infelizmente ainda vivemos
uma “Guerra” constante em nosso dia a dia,
principalmente o jovem, que está muito mais
vulnerável a sofrer agressões diárias, seja na
escola, na rua, no shopping, ainda são reféns da
violência. Com a finalidade de diminuir essa
“afinidade”, diversas organizações podendo citar
a UNESCO e o Governo Federal, iniciaram a
criação de projetos como o “Programa Abrindo
Espaços: Educação e Cultura para a Paz”.
Segundo Diskin e Roizman (2002), este Programa
foi criado pela UNESCO com o intuito de mudar
a visão do ambiente escolar, resgatando o interesse
por ela, transformando-a em um ambiente onde os
alunos queiram estar. Para isso a Organização
resolveu colocar como prioridade a abertura das
escolas aos finais de semana, com o intuito de
ocupar os jovens além de incentivar a prática de
esportes e atividades culturais.
No Rio de Janeiro, a UNESCO está
desenvolvendo, em parceria com o
Governo do Estado, o programa “Escolas
de Paz”, cujo principal objetivo é dar
oportunidades de acesso aos jovens, ao
mesmo tempo que educa para valores,
para a paz e para a construção da
cidadania (DISKIN; ROIZMAN, 2002,
p. 7).
A criação de novos projetos e ONGs faz-
se necessária para que os jovens tenham a
oportunidade do poder de escolha quanto a como
aproveitará o seu tempo e como será o seu futuro.
Lamentavelmente, no momento presente, essa
decisão já é tomada a partir do momento em que
só é lhe dado uma opção: a criminalidade
(CASTRO et al, 2001).
A carência de atividades é explorada pelo
tráfico que, em muitos lugares, marca
presença, ocupando um espaço deixado
em aberto pelo poder público e pela
comunidade, constituindo-se em
referência para os jovens (CASTRO et
al, 2001, p. 61). “
Neste sentido, percebe-se a escola como
lugar institucional para o crescimento e
conhecimento do ser humano, na produção e
disseminação do saber, sem secundarizar outros
espaços importantíssimo como a família, o
movimento social etc. (GESTÃO ..., 2009).
Desta maneira os jogos pedagógicos são
utilizados como apoio, reforçando conteúdos,
desenvolvendo um caminho correto para o aluno,
aumentando a construção do conhecimento,
estimulando a concentração, motivação, o desejo
de vencer, causando também uma aproximação
entre professor e aluno (RENOTE ..., 2004).
Diante disto, o ‘Jogo Violetas: cinema &
ação no enfrentamento da violência contra a
mulher’, serviu como pilar para o amadurecimento
da ideia da criação do jogo onde o aluno por meio
da parte lúdica aprende se divertindo. No
‘Violetas’ cada jogador assume um papel de
impedir que a violência contra a mulher se alastre
pelo tabuleiro ou por uma cidade. Os jogadores
respondem perguntas relacionadas com temas de
cenas de filmes que abordam violência doméstica,
gravidez na adolescência, entre outros; e cada
personagem pode ser um educador, operador do
direito, integrante de políticas públicas,
profissional da saúde ou cidadão, e assim realizam
comandos por meio das cartas que retiram. O
objetivo do jogo é promover uma reflexão em
torno do assunto sobre violência contra a mulher
(RADIS..., 2016).
Por meio das pesquisas o jogo ‘Schooling
Game’ foi criado para gerar reflexão, para pensar
no outro e fomentar um debate entre jovens acerca
do tema educação para a paz e violência, de uma
forma dinâmica lúdico-pedagógico.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ambiente escolar é um espaço
importantíssimo e seguro de aprendizagem, onde
os educandos precisam se sentir livres para
dialogar, possibilitando conviver com suas
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individualidades e diferenças. Acreditamos que de
forma lúdico-pedagógica o aluno se sentirá livre,
podendo formar um senso crítico por meio das
perguntas argumentativas do jogo proposto, além
de aprender com o outro, ouvindo e discutindo
sobre o assunto, colaborando no desenvolvimento
de seus valores, como a paz, a liberdade e a
solidariedade.
Os assuntos tratados no jogo serão
basicamente um caminho para a paz, fazendo com
que os jovens vejam e analisem as próprias
atitudes, e também enxerguem outra maneira de
resolver os problemas. ‘Schooling Game’ poderá
ser usado não só como um jogo educativo, mas
também como um aliado ao combate da violência
nas escolas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASTRO, Mary Garcia et al. Cultivando vida desarmando violências: Experiências em
educação, cultura, lazer, esporte e cidadania com jovens em situação de pobreza. Brasília:
UNESCO, 2001. 567 p. Disponível em:
<http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001271/127136porb.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2018.
DISKIN, Lia; ROIZMAN, Laura Gorresio. Paz, como se faz? Semeando cultura de paz nas
escolas. Rio de Janeiro: Unesco, 2002. 95 p. Disponível em:
<http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001308/130851por.pdf>. Acesso em: 08 ago. 2018.
EDUCAÇÃO. A educação para a paz como exercício da ação comunicativa: alternativas
para a sociedade e para a educação. Porto Alegre: Redalyc.org, v. XXIX, n. 2, 2006.
Trimestral. Disponível em:
<http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faced/article/viewFile/447/343>. Acesso em:
14 ago. 2018.
GESTÃO INSTITUCIONAL E QUALIDADE SOCIAL DA EDUCAÇÃO. A qualidade da
educação: perspectivas e desafios. Campinas: CEDES, v. 29, n. 78, 2009. Trimestral.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v29n78/v29n78a04>. Acesso em: 15 ago.
2018
PSICOLOGIA EM ESTUDO. Desenvolvimento na personalidade da criança: o papel da
educação infantil. Maringá: Universidade Estadual de Maringá, Paraná, Brasil, v. 19, n. 4,
2014. Trimestral. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pe/v19n4/1413-7372-pe-19-04-
00587.pdf>. Acesso em: 17 ago. 2018.
RADIS: COMUNICAÇÃO E SAÚDE. Um jogo não voraz. Rio de Janeiro: ENSP, n. 164,
maio 2016. Mensal. Disponível em:
<http://www6.ensp.fiocruz.br/radis/sites/default/files/radis_164_web_0.pdf>. Acesso em: 10
ago. 2018.
RENOTE NOVAS TECNOLOGIAS NA INFORMAÇÃO. Jogos educacionais. Porto
Alegre: Cinted/ufrgs, mar. 2004. Mensal. Disponível em:
<http://seer.ufrgs.br/renote/issue/view/930>. Acesso em: 10 ago. 2018.
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2º COLOCADO – CURSO DE PSICOLOGIA.
O USO DA CONSTRUÇÃO COM TERRA COM FINALIDADE
EDUCATIVA: A EXPERIÊNCIA DO PROJETO NOVA OIKOS
Davide Chareun
Jaques Dias
Maria Balbina de Magalhães Gappmayer
Mildred Gustack Delambre
1 INTRODUÇÃO
A arquitetura e construção com terra
(ACT) é um método que vem adquirindo sempre
mais adeptos e sendo difundida em diferentes
contextos. Santos (2015) relaciona esse fenômeno
à difusão de tecnologias e a ocorrência de cursos
de capacitações, na área da construção natural. No
Estado de Santa Catarina as capacitações vêm
sendo promovidas, tanto por profissionais da área
quanto por organizações vinculadas à
permacultura. O formato das atividades varia entre
cursos, oficinas e experiências em obra.
A partir desse panorama promissor, faz-se
necessário analisar qual o papel destes
conhecimentos teóricos e práticos, em relação ao
processo de desenvolvimento e aprendizagem dos
participantes dos cursos. Foram escolhidas para
estudo as experiências das atividades práticas
realizadas no espaço permacultural Nova Oikos,
localizado em Camboriú, Santa Catarina.
A Nova Oikos é um espaço concebido
para promoção e experimentação de técnicas e
alternativas ecológicas que refletem os princípios
éticos da Permacultura, a saber: “o cuidado com a
Terra, o cuidado com as pessoas e o limite do
consumo e da reprodução e a redistribuição dos
excedentes” (HOLMGREN, 2013, p. 51).
Nas atividades são propostas rotinas com
objetivo de despertar sentimentos e valores como
a responsabilidade, coletividade, respeito e
comprometimento. Este aspecto, pilar que
sustenta o projeto, reflete os princípios
permaculturais, pois a finalidade educativa
desejada foca na fortificação do indivíduo, na sua
pluridimensionalidade: biológica, psicológica e
social.
O presente trabalho é um estudo
descritivo, do tipo relato de experiência, e tem
como objetivo principal disponibilizar
informações e dados para se compreender o
processo de aprendizagem das práticas de
construção natural e a relação com o
desenvolvimento humano do participante,
identificando quais são os elementos e as
dinâmicas educativas que os favorecem. Esta
investigação se utiliza da psicologia sócio-
histórica de Vygotski e os conceitos sobre
educação propostos por Dewey, para demonstrar o
resultado das experiências, a relação entre homem
e ambiente e a aprendizagem do fazer.
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
18
2 DISCUSSÕES
O processo educativo dos cursos
organizados e realizados pela Nova Oikos, baseia-
se na concepção de uma aprendizagem do fazer.
De acordo com Dewey (1978), a educação é o
resultado entre a interação e a experiência com o
meio no qual o indivíduo está inserido, onde há um
processo de reconstrução e reorganização das
experiências adquiridas, as quais influenciam
experiências futuras. Com isto, é extremamente
importante que o processo de aprendizagem seja
espontâneo e criativo, pois o sujeito na interação
com o ambiente é produtor e ao mesmo tempo
produto desta relação dialética (DUARTE, 2001).
Já para Vygotsky (1991) a aprendizagem
de novos conceitos só é possível mediante contato
concreto e real, ou seja, experiência própria. Para
tanto é necessário que o indivíduo possa se colocar
na ação e experimentar no corpo a relação entre
concreto e abstrato. A partir deste quadro
introdutório, segue a descrição das atividades
desenvolvidas nos dois cursos promovidos pela
Nova Oikos.
O curso de construções ecológicas foi
realizado nos dias 17 a 19 de março de 2017. Os
tópicos abordados foram: alicerces e estrutura,
patologias da construção com terra, técnicas de
bioconstrução e arquitetura vernacular (adobe,
terra ensacada, super e hiperadobe), taipa de mão
e de pilão, tipos de argamassas e seus
componentes e noções de bioclimática.
As atividades práticas foram a produção
de tijolos de adobe, a execução de alguns metros
corridos de terra ensacada, a produção de
argamassas em terra, solocimento, cimento e cal,
além de um exercício prático de planejamento e
gestão de obra. Na sequência, em exercício
projetual e de gestão de obra, os dados registrados
foram utilizados para que calculassem
quantidades de material, tempo e custo de um
projeto que os próprios participantes idealizaram.
A outra experiência, foi o primeiro
módulo da Formação Certificada em
Bioconstrução, realizado de 28 de abril a 1 de
maio de 2018, contabilizando 35 horas-aula, nas
quais foram intercaladas exposições teóricas e
atividades práticas. O conteúdo abrangeu as
propriedades e usos de materiais naturais e
industrializados; o uso do bambu e da madeira na
construção civil; histórico e técnicas tradicionais
da arquitetura vernacular. As atividades práticas
envolveram o reconhecimento de solos conforme
a cartilha de Seleção de Solos (NEVES et al.,
2010); o preenchimento de paredes de taipa de
mão; manejo de bambuzal; revestimento de
paredes de taipa com argamassas finas e argilas
coloridas, demonstração das técnicas com madeira
e taipa de pilão em formas improvisadas. Aulas
teóricas foram realizadas de forma participativa
com utilização de bibliografia de referência. Tanto
na primeira como na segunda formação as
atividades práticas foram iniciadas de forma
didática, com explicação passo a passo das tarefas,
apresentação dos materiais e dicas sobre o uso das
ferramentas e manipulação dos materiais, além de
tempo de observação e informações adicionais
àquelas fornecidas na exposição teórica.
Uma vez entrosados com as ferramentas,
materiais e parceiros de atividade, os participantes
apresentavam tendência a reorganizarem a forma
de execução das tarefas tendo em vista as
dificuldades encontradas ou ferramentas
disponibilizadas. Durante as práticas, os
instrutores fizeram sempre intervenções pontuais
e observaram os grupos. Ao encontrarem desafios,
em geral, foi entre os próprios participantes que os
questionamentos e respostas foram encontrados.
De fato, os instrutores nestas formações são,
geralmente, denominados “facilitadores”, pois o
papel principal é facilitar o aprendizado. Este
ponto diz respeito a um dos pilares do processo,
denominado aprendizagem mediada. Conforme
coloca Vygotsky (1991) o educador ocupa um
lugar essencial no processo de mediação de
conhecimento, pois ele auxilia o sujeito no seu
movimento de internalização da informação.
Nas duas formações constata-se um
padrão de perfil dos participantes, em sua maioria
estudantes universitários ou recém-formados,
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
19
principalmente, do curso de Arquitetura e
Urbanismo; os outros exercem atividades
diversas. O fato de a maior parte dos participantes
nunca ter presenciado ou acompanhado uma obra
de construção civil, por vezes, pode fazer com que
apresentem uma visão idealizada do processo
construtivo. Ressalta-se que os processos
construtivos propostos nos cursos são sempre
artesanais, pois têm um propósito lúdico do
contato das pessoas com a terra; assim sendo, o
preparo das argamassas é feito com os pés. Ainda
segundo Vygotsky (1991) o brinquedo e o caráter
lúdico precisam permear todo o processo de
aprendizagem, pois estimulam e ampliam o
processo criativo e comunicativo no sujeito.
Ao final de cada formação foi solicitado
aos participantes uma avaliação do curso e das
suas experiências vivenciais. A avaliação da
formação 1 foi realizada no que os organizadores
chamam de “roda de feedback”: sentados em roda,
participantes, organizadores e facilitadores
conversaram sobre os aspectos positivos e os
desafios encontrados durante o curso. A maioria
dos participantes afirmou ter experimentado com
maior impacto os aspectos sutis decorrentes da
cultura do espaço, tais quais o ambiente de
cooperação, bom entrosamento e momentos de
convivialidade. Este é outro aspecto fundamental
da aprendizagem que Vygotsky (1991) demarca: a
dimensão social, ou seja, o sujeito mergulhado na
coletividade, na troca social de conceitos,
sensações e emoções amplifica a sua capacidade
de desenvolvimento. Já a avaliação final da
formação 2 foi realizada por escrito. Como pontos
positivos, foram apontadas: a alternância e o
equilíbrio entre as atividades teóricas e práticas,
proporcionando fixação do conhecimento,
viabilizando um entendimento a respeito da
aplicação das técnicas e a resolução de problemas
reais, que surgiram durante a execução. Foi
comentado também o fato de a aprendizagem
prática servir como complementação da formação
em Arquitetura e Urbanismo
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A arquitetura com terra é uma área de
conhecimento e atuação em extremo
desenvolvimento no Brasil e, em específico, no
Estado de Santa Catarina. Este contexto pode estar
relacionado à eficácia dos cursos de formação,
pois representam não só uma possibilidade de
ampliação de conhecimento sobre o tema, mas
também uma oportunidade de os participantes se
relacionarem com o trabalho prático e manual.
Sobre este ponto, um aspecto importante diz
respeito ao sentimento de empoderamento,
expressado durante e após as práticas de
construção.
Percebeu-se ainda que os participantes, ao
manejarem as ferramentas, ao se relacionarem e
trabalharem em grupo e, ao se colocarem em
desafio frente às novas experiências, sentiram-se
empoderados e satisfeitos pelo próprio fazer. Isto
diz respeito à importância da manualidade e da
percepção individual e coletiva do produto do
próprio trabalho, a qual proporciona satisfação e
bem-estar no sujeito.
Outro aspecto importante a ser levantado
está relacionado à dificuldade dos participantes de
lidar com a própria manualidade e com o esforço
físico próprio do trabalho. Com isto percebe-se o
quanto falta um contato com a dimensão prática e
manual do fazer e a dificuldade de colocar o
próprio corpo em movimento para criar e
construir.
Por outro lado, o método educativo
abordado ao longo dos cursos, ou seja, o aprender
fazendo no coletivo, possibilitou uma imersão
integral nas atividades. Além de aprender com a
teoria, podiam se confrontar com os outros
colegas, se relacionar com o ambiente ao redor e
se apoiar nos facilitadores para qualquer
necessidade.
Também se observou que o fator decisivo
na eficácia da aprendizagem foi o trabalhar em
grupo. O exercício físico, o cansaço, o suor, as
risadas e a sujeira compartilhada, muitas vezes
vividas de forma lúdica, são experiências
saudáveis que amplificam a capacidade de
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20
absorção das informações e das técnicas.
Concluindo, ratifica-se a importância da
promoção de vivências e experiências
relacionadas à construção com terra, pois
proporcionam tanto uma nova visão e percepção
do viver e do habitar, quanto um desenvolvimento
pessoal positivo e genuíno do indivíduo,
promovendo a sua interação humana com o meio
e com o social.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DEWEY, J. Vida e educação. São Paulo: Melhoramentos; Rio de Janeiro: Fundação
Nacional de Material Escolar, 1978.
DUARTE, N. Vigotski e o aprender a aprender: crítica às apropriações neoliberais e pós-
modernas da Teoria Vigotskiana. Campinas, SP: Editora Autores Associados. 2001
FARIA, O. B.; BELTRAME, A. S. D.; ALONGE, F. A. Breve panorama do ensino e
pesquisa sobre arquitetura e construção com terra no Brasil. TerraBrasil 2016: Anais.
Bauru: Rede TerraBrasil; UNESP, 2016.
HOLMGREN, D. Permacultura: Princípios e caminhos além da sustentabilidade. Porto
Alegre, RS, Editora Via Sapiens, 2013.
LAKATOS, E., MARCONI, M. Fundamentos de metodologia científica. São Paulo:
Editora Atlas, 2003.
NEVES, C.; et al Seleção de solos e métodos de controle na construção com terra –
práticas de campo. PROTERRA, 2010. Disponível em http://www.redproterra.org
SANTOS, C. A. Construção com Terra no Brasil: Panorama, Normatização e Prototipagem
com Terra Ensacada. Dissertação de Mestrado defendida pelo Programa de Pós-Graduação
em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina – POSARQ, UFSC.
Florianópolis: 2015.
VYGOTSKY, L. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
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21
3º COLOCADO – CURSO DE DIREITO
O ELEVADOR AINDA TEM DONO? A PARTICIPAÇÃO DE
DOCENTES NEGROS NO ENSINO SUPERIOR
Rafael Ribas Augusto
1 INTRODUÇÃO
Mesmo sendo um assunto muito discutido
a construção de uma sociedade democraticamente
racial está longe de se tornar uma realidade. A
exclusão dos negros nas universidades brasileiras
é um retrato desta triste e lamentável realidade.
O racismo e suas reproduções são
elementos desestruturantes na educação brasileira.
A magnitude de seus efeitos é reafirmada pela
evidência estatística, conforme aponta o Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada (SILVA; GOES,
2013). A perdurável diferenciação racial na
sociedade demonstra atuação de sistemas e
mecanismos de reprodução das desigualdades, que
se faz contrária a nossa Constituição Federal
(1988), que expressa no seu art. 5º que “todos são
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza”.
Mesmo a Constituição Federal (1988)
tendo garantido o direito à isonomia e a discussão
sobre a construção de uma nação
democraticamente racial ter se destacado nos anos
30 do século passado — com forte influência do
escritor Gilberto Freire — e mais recentemente,
com a Lei 12.711/2012, que dispõe sobre o
ingresso nas universidades federais e nas
instituições federais de ensino técnico de nível
médio — o controle acadêmico e a exclusão racial
no Brasil continuam com índices alarmantes,
sendo o Ensino Superior ainda composto por 99%
da etnia branca, consequência do tempo no qual
apenas se falou sobre o assunto, mas nada de
concreto foi realizado para modificar esta
realidade (CARVALHO, 2005).
Destarte, este estudo tem como objetivo
verificar e apontar a ausência de docentes de
fenótipo negro nas Universidades, Centros-
Universitários e Faculdades das cidades de Itajaí,
Navegantes e Balneário Camboriú.
Foi adotado o método indutivo,
operacionalizado por meio de pesquisa descritiva
e explicativa, com abordagem quantitativa. A
coleta de dados foi realizada acessando-se o site
oficial de cada Instituição, levantando-se a lista de
docentes dos cursos de Direito e, em seguida,
pesquisando-se um a um na Plataforma Lattes,
disponível no site do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científica e Tecnológico. Para
analisar o fenótipo de cada docente foram
avaliadas as características físicas das fotos
publicadas nos seus Currículos Lattes, sendo
separados pelo critério binário de negros e não
negros, sendo que o objeto de estudo são os
docentes negros. Essa pesquisa não se preocupou
em categorizar outros fenótipos, como exemplo,
índios ou pardos. Os resultados encontrados foram
tabulados e serão apresentados na seção a seguir.
2 CONTEXTUALIZAÇÃO E DISCUSSÕES
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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O processo de abolição dos escravos teve
início em 1850, sendo somente promulgada a Lei
Áurea em 1888, porém, a luta contra a escravidão
continuou por muito tempo depois da abolição e
seus reflexos sociais continuam até os dias atuais
(MENEZES, 2009).
O Brasil conviveu mais de cem anos com um dos
índices de exclusão racial dos mais cruéis,
passando concomitantemente uma imagem
oposta, fortalecida pelas elites brancas e pelo
silenciamento por parte das universidades ao
adotarem um projeto eurocêntrico do saber
(CARVALHO, 2005).
Na década de 30 do século XX, com o
surgimento das Universidades Federais, teria sido
possível integrar os negros e os índios,
construindo assim um panorama da presença
negra e indígena nas universidades públicas bem
diferente do atual, com uma nação multiétnica e
multirracial, para que os seus saberes pudessem
influenciar nossos parâmetros de saberes, bem
como referenciar a formação de novos professores
com uma visão mais democrática sobre a presença
negra.
Em 1942, Guerreiro Ramos — sociólogo
negro e um dos maiores cientistas sociais daquele
século — formou-se na primeira turma de
Filosofia da Universidade do Rio de Janeiro, mas
apesar de seu brilho intelectual, foi barrado no
concurso para professor, relatando ter sido vítima
do racismo (GUERREIRO..., 2001). Edison
Carneiro também foi outro intelectual negro que
tentou ser professor da UFRJ, mas perdeu o
concurso para alguém que nem sequer possuía
uma produção científica comparável
(CARVALHO, 2005).
Diante desse cenário desolador, o
Governo brasileiro busca por meio de programas
sociais e ações afirmativas uma forma de reverter
a situação. Destaca-se, entre essas ações, a Lei n.
12.711/2012, que instituiu a política de cotas
raciais. O Supremo Tribunal Federal já manifestou
a constitucionalidade da política de cotas, que vem
se expandindo gradativamente, buscando a
igualdade de oportunidades, visando assegurar a
todos a possibilidade de obter um ponto de partida
idêntico para que possam se desenvolver, não
podendo ser considerada como um privilégio, mas
sim, como vantagens legais visando a igualdade de
oportunidades (SARMENTO, 2013).
Conforme Carvalho (2005), se faz
necessário observar o topo da educação, não sua
base, pois é no topo da pirâmide que encontramos
o controle acadêmico, o controle da ciência e do
ensino superior pelo fenótipo branco.
As leis que estabelecem as cotas podem
ser interpretadas como a metáfora da doutrina
italiana sobre as normas de calibragem, segundo
Sarmento (2013, p. 3), na qual estabelece que “o
ar que penetra em apenas um dos pneus é essencial
para a estabilidade do veículo, permitindo-lhe
circular com segurança e conforto”, pois o ato de
encher o pneu vazio tem efeito corretivo de defeito
que poderia degradar o mecanismo.
Nesta pesquisa, buscou-se identificar
regionalmente o reflexo da ausência da política de
cotas nos Cursos de Direito da Universidade do
Vale do Itajaí (UNIVALI), Campi Itajaí e
Balneário Camboriú; da Faculdade Avantis de
Balneário Camboriú; e da Faculdade Sinergia de
Navegantes.
Após levantamento das informações
necessárias foram encontrados 229 docentes nos
cursos de Direito. Na UNIVALI Campus
Balneário Camboriú foram relacionados 84
docentes, sendo possível efetuar a verificação de
68 Currículos, devido à falta de registro
fotográfico de 16 docentes. Da mesma forma
ocorreu no Campus Itajaí, sendo visualizados 76
Currículos dos 101 docentes deste Campus. Nas
demais Faculdades pesquisadas foi realizada a
análise do perfil de todos os docentes, sendo 21 na
Faculdade Avantis e 23 na Faculdade Sinergia.
Esses dados traduzem-se nos percentuais
apresentados no Gráfico 1 abaixo.
Gráfico 1 — Número percentuais de docentes do curso
UNIVALI Itajaí44%UNIVALI
Balneário Cambor…
Avantis9%
Sinergia10%
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23
de Direito por instituição e por campus
Fonte: Dados primários, 2018
Porém, para atingir o objetivo deste
estudo foram excluídos os profissionais que atuam
em mais de uma unidade, totalizando assim o
número 184 docentes analisados, sendo
identificada apenas uma docente com o fenótipo
negro, que leciona nos dois Campus da UNIVALI
Itajaí e Balneário. Destarte, o percentual de
docentes negros de todas as unidades pesquisadas
é de apenas 0,5% (o que mal aparece no Gráfico
2).
Gráfico 2 — Percentuais de docentes negros e não
negros que lecionam nas instituições pesquisadas
Dados primários, 2018
Este resultado corrobora com a pesquisa
apresentada por Carvalho (2005), a qual identifica
que em média, apenas 0,5% dos docentes nas
universidades públicas brasileiras são negros, e
que em algumas universidades, como a USP e
Universidade de São Carlos, este índice é ainda
menor: 0,2%.
Mesmo que aludido estudo tenha sido
apresentado no ano de 2005, infelizmente a
presente pesquisa aponta os mesmos resultados,
evidenciando que este tema deveria ter sido
colocado como prioritário nos centros
acadêmicos, como uma oportunidade de mudança
desta realidade, pois trata-se de superar uma
exclusão sistemática de quase metade da
população nacional, pois em 2010, 50,7% da
população se declarou negra (SILVA; GOES,
2013, p. 16).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos resultados encontrados,
podemos relacionar que uma grande parte da
barreira para uma intervenção antirracista no
Brasil é fortemente corroborada pelas
universidades com a ausência de docentes negros,
porque os professores representam um segmento
de poder com uma ideologia própria, com um
acesso direto ao poder e com uma capacidade de
reproduzir a elite brasileira.
Mesmo com a Lei de Cotas de 2012, ainda
não houve uma mudança significativa na inclusão
dos negros no corpo docente das Universidades,
mesmo porque a Lei é destinada apenas ao ensino
público, sendo necessária uma urgente
transformação desta realidade moralmente
inaceitável. Uma alternativa para esta
transformação seria a abrangência desta Lei para
as instituições privadas, ampliando ainda mais as
oportunidades de inclusão. Contudo, não apenas o
vestibular deve ser afetado pelas cotas, mas todo o
contexto em que é inserido o cotista, devendo
haver um esforço contínuo para promover ações
que realmente integrem e acomodem os cotistas da
permanência até a conclusão do curso, por meio
de ações concretas nas Universidades, a fim
superar o teor assistencialista e unicamente
econômico dessas medidas, como aulas de
reforço, bolsas de auxílio financeiro, bolsa
alimentação, entre outras que promovam a
integração e a discussão sobre questões étnico-
raciais e para a resolução de conflitos ou
problemas ligados ao tema.
Da mesma forma como foi superada a
segregação entre negros e brancos no uso dos
elevadores, devemos agir para que ambos possam
se elevar e atingir os mesmos níveis na educação
brasileira.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, José Jorge de Carvalho. Inclusão étnica e racial no ensino superior: um
[]0,5%
[]99,5%
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
24
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SARMENTO, George. Igualdade de oportunidades e política de cotas. Jusbrasil, 2013.
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SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
O QUE É O ESTADO ISLÂMICO? SERÁ QUE PAZ É UM DOS
OBJETIVOS DA ORGANIZAÇÃO?
Alessandra Menezes da Luz Machado
Fernanda Natalia Colla de Souza
Felipe de Bortolli
1 INTRODUÇÃO
Neste artigo buscou-se identificar o que
é o califado conhecido como Estado Islâmico. Pela
pesquisa realizada foi possível analisar o
surgimento da organização embasado na religião,
sendo este fator determinante em seu
desenvolvimento e atuação. Ao analisar as
atitudes executadas pela organização foi possível
identificar a existência de propósitos pacíficos mal
interpretados e divulgados erroneamente, expondo
a influência do islamismo na organização do
grupo, bem como a violência usada para atingir
seus objetivos de acordo com as missões pré-
estabelecidas pelo califa, que definem o domínio
de territórios e soberania. E, por fim, o que isso
fomentou a nível mundial.
1.2 O CALIFADO
Califado, Sharia, ou Estado Islâmico
(EI) como conhecemos, é uma organização
informal Jihadista Islamita, de orientação Salafita
e Uaabista, que atua como um governo. Seus
ideais são baseados em empenho, esforço e luta na
busca pela fé perfeita, de forma puritana,
estabelecendo o monoteísmo puro e seguindo a
ideologia política e religiosa de que não se separa
o direito da religião, tornando-os um só dentro do
Islamismo. Apoiado em conceitos ortodoxos,
extremistas e ultraconservadores, fundamenta-se
na interpretação dos mandamentos do profeta
Maomé e seus primeiros seguidores, presentes no
Alcorão, (livro sagrado islã de importância
semelhante à Bíblia para os cristãos) designados
de acordo com a necessidade política do grupo.
Devido a isso, entender o que é o
Islamismo e como o grupo se inspira nele
se faz necessário para analisar suas ações
e como elas interferem no Iraque e na
Síria, [...] existem várias leituras
ideológicas sobre Islamismo, sendo que
a ideologia em que o grupo se inspira é
apenas uma variação bem particular e
minoritária de Islamismo.
(FERNANDINO, 2017, p. 11)
O grupo estabeleceu sua prática de forma
violenta por meio de ataques terroristas,
inicialmente no Oriente Médio, o qual é
constituído por 15 países, atuando com ataques
sobre os territórios conquistados, situados ao
noroeste do Iraque e em parte da região central da
Síria. Autoproclamado como califado (um Estado
que é governado por uma autoridade religiosa)
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
26
localizado atualmente em Raqqa, na Síria,
AbuBakr al-Baghdadi assumiu o posto de califa,
dando origem à organização conhecida como
Estado Islâmico no dia 29 de junho de 2014.
Desde então vem disseminando o terror sobre a
população das regiões acometidas pela sua
presença, perseguindo minorias e atacando outras
partes do mundo.
1.2.1 Surgimento
O Estado Islâmico é uma consequência da
invasão norte-americana ao Iraque em 2003,
gerando uma guerra local após a ocupação. O
Governo Bush convenceu os seus aliados que o
Iraque, inimigo dos EUA desde a Guerra do Golfo,
possuía armas de destruição em massa e acusou
Saddam Hussein, então presidente iraquiano, de
abrigar e apoiar terroristas da Al-Qaeda,
organização de atuação semelhante ao EI,
instalada no país em 2004. Sendo assim, a postura
de Hussein representava uma ameaça para os
Estados Unidos. Enquanto a política envolvendo o
Iraque era discutida no Ocidente,
grupos jihadistas se instalaram e impuseram sua
doutrina dentro da Síria:
Com o início da guerra civil iraquiana em
2006, o Estado Islâmico rompeu relações
com a Al-Qaeda e concentrou suas
atenções no Iraque. Depois da Primavera
Árabe (nome dado à onda de protestos,
revoltas e revoluções populares contra
governos do mundo árabe que estourou
em 2011, devido o agravamento da
situação dos países, provocado pela crise
econômica e pela falta de democracia) o
grupo extremista viu a oportunidade de
ocupar a Síria e, com o início da guerra
civil síria, o grupo passou a atuar tanto
nesse país quanto no Iraque (NEVES,
2017, s.p.).
Desta maneira o grupo tem se consolidado
com força, por meio da seleção e recrutamento de
jihadistas nas regiões do Levante, que se resumem
à Síria, Jordânia, Israel, Palestina, Líbano e a
Chipre, assim como em outras partes do mundo,
buscando jovens sem relação alguma com a
religião Islã, nem contato com muçulmanos que
residem no ocidente, com a missão de estabelecer
o califado e expandir o domínio territorial.
1.2.2 Objetivos do Califado
Seus objetivos são baseados e justificados
nos princípios do Islamismo, focado em expandir
o modelo teocrático radical globalmente de
governo por meio do domínio, utilizando métodos
terroristas, sobretudo contra alvos civis. São
guiados pelo Jihad ismo e Uaabismo, segmentos
da religião que lidam com vários aspectos da vida
cotidiana, desde política, economia, negócios,
família, sexualidade, questões sociais, prezando a
submissão e obediência, monoteísmo bem como
conservadorismo ortodoxo e a luta pelo exercício
do direito islâmico, afirmado por Maomé em seus
escritos sagrados no Alcorão.
Porém estes princípios a serem seguidos
são interpretados pelas gerações atuais,
componentes do Califado os quais doutrinam os
novos membros, da maneira que melhor lhes
convém para que a conversão seja total e
irreversível.
[...] A novidade apresentada [...] está
relacionada à criação de uma meta a
ser seguida pelas novas gerações de
muçulmanos: a mundialização do Islã
[...] é a função divina dos islâmicos a
instalação de um califado islâmico
(SOUZA; REIS, 2017, p. 308).
Da mesma forma, tem-se a interpretação
do conceito jihad pelo teórico sênior da Irmandade
Muçulmana, SayydQtub (1906-1966) que diz “é
necessário que haja uma vanguarda que se erga
com essa determinação”.
Outro ponto que descreve as ações do
grupo extremista é a do professor de História e
especialista em Oriente Médio Juan Cole, da
Universidade de Michigan que em entrevista à
BBC Brasil (2015, s.p.) afirmou que: "Tudo isso
aconteceu em reação à invasão militar americana
e ocupação do Iraque".
Uma organização que surgiu após ataques
à sua nação, vindos de um país apoiado
erroneamente por seus respectivos aliados, devoto
do materialismo, regido pelo capitalismo
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ganancioso que visa se apropriar da riqueza de
minérios em forma de ouro líquido negro, o
petróleo, expõe seus objetivos de vingança contra
as sociedades promíscuas que contradizem seus
princípios religiosos, fazendo uso da violência em
suas mais diversas formas para estabelecer
domínio e poder, esbanjando seu poderio bélico
desenfreado.
1.3 VIOLÊNCIA
A violência do Estado Islâmico tem como
finalidade amedrontar e aterrorizar, obtendo o
respeito e submissão nas regiões que controlam e
nas que pretendem obter o poder. Controlando
rigidamente a sharia, são impostas punições e
penas aos que não seguem os mandamentos do
Alcorão, assim como a perseguição e extermínio
de todo e qualquer tipo de minoria, como: curdos,
homossexuais, xiitas, cristãos, entre outros. Desde
2014, os atentados e execuções realizados, alguns
transmitidos pela internet em tempo real,
demonstram a frieza e determinação que os
extremistas tratam aqueles que contrariam seus
ideais e invadem seu território.
As atividades do Califado são financiadas
e mantidas por meio do tráfico de mercadorias,
doações de simpatizantes e a venda de barris de
petróleo. Em estimativas recentes o Estado
Islâmico arrecadou cerca de dois bilhões de
dólares em recursos e o número de membros se
aproxima dos 50 mil.
1.4 A IMAGEM DO ESTADO ISLÂMICO
PELO MUNDO
Em constante aparição nos noticiários
mundiais o Estado Islâmico prova a cada ataque
que assume responsabilidade - consciente de que
nada parece conseguir deter suas atividades - sua
determinação e compromisso em realizar seus
objetivos, provando ser desnecessário se
subordinar aos países que contrariam seus ideais
religiosos.
A este respeito cabe considerar que a
visão que o mundo obteve da organização
extremista leva em consideração apenas o exposto
pela mídia, manipulada pelas nações que
alimentam o interesse que a guerra contra os
países que compõem o Oriente Médio continue até
que a vitória seja alcançada pelos dominantes
caracterizados pelo consumismo, que visam se
apossar das riquezas naturais das regiões hoje em
conflito, divulgando suas atitudes com êxito e
valorizando o mérito de cunho heroico manchado
de sangue.
2 DISCUSSÃO
Na época de Saddam Hussein, que
governou o Iraque entre as décadas de 1980 e
2000, o país era uma das áreas mais poderosas e
importantes do mundo árabe, graças às riquezas
naturais e às vantagens de possuir um Estado laico.
Quando os EUA invadiram o país, em
2003, alegando a existência de armas de
destruição em massa, exigiram
o desmembramento do exército local. Muitos
desses soldados treinados, que entraram para
diferentes grupos armados, hoje estão no Estado
Islâmico. Segundo Cole (BBC, 2015), professor
de História e especialista em Oriente Médio da
Universidade de Michigan, toda a criação do EI
aconteceu em reação à invasão militar americana
e ocupação do Iraque, confirmando que há
evidências de que os radicais aproveitaram o fato
de estarem concentrados em um único lugar para
se conectarem uns com os outros fazendo das
prisões, lugares para ampliar as redes de contatos
e formação de novas alianças.
o EI tem os Estados Unidos e todos os países que
o ajudaram como os principais inimigos além de
proclamar que seus ataques são uma forma de
iniciar o fim dos tempos, pois acreditam que uma
grande batalha contra os infiéis dará início ao
julgamento final, profetizado no Hadiz, um de
seus textos sagrados.
Após ser realizada uma decapitação de um
agente humanitário chamado Peter Kassig, em
2014, o executor disse: “Aqui estamos, enterrando
o primeiro cruzado americano em Dabiq e
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esperando avidamente o resto de seus exércitos
chegarem”, dando ênfase para a batalha final em
seu território e acrescenta “quando o inimigo de
Alá vir Jesus, ele se dissolverá, assim o sal se
dissolve na água” invocando a morte de um falso
messias. Franklin (teólogo da Universidade
Presbiteriana Mackenzie) que acredita que a
linguagem é muito simbólica, dando a entender
que os terroristas têm seu próprio tom de
interpretação que mais lhe diz respeito. Há quem
defenda que essa batalha não é física e sim uma
metáfora sobre manter-se firme nas dificuldades
pessoais e religiosas, mas ainda assim é tudo
derivado do modo de interpretação.
Contudo, os membros do EI são jihadistas
que fazem uma interpretação extrema do ramo
sunita do Islã e acreditam serem os únicos reais
fiéis tendo a visão do resto do mundo como infiéis
que querem destruir sua religião. Desta forma,
atacam muçulmanos e não muçulmanos por meio
de decapitações, crucificações e assassinatos em
massa, pois usam os versos do Alcorão para
justificarem seus atos com trechos que incitam a
“golpear a cabeça” dos infiéis.
Apesar de agressivo e violento, o Estado
Islâmico é uma organização de princípios
religiosos, a qual busca defender seus direitos,
afinal estão defendendo sua cultura que é mal
interpretada ou rejeitada por aqueles que não a
seguem.
Porém o julgamento perante os atos
cometidos depende de intervenções externas ao
conflito, prolongando o conflito já caracterizado
como interminável. A busca pela paz condiz com
todas as culturas de todos os povos, porém é
preciso entender os sinônimos de paz e como cada
uma delas interpreta e aplica aos seus adeptos.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a conclusão da pesquisa envolvendo
o tema escolhido, ficou clara a origem do Califado
intitulado Estado Islâmico e as razões que
justificam os atos cometidos pelo grupo, bem
como a influência que a religião exerce sobre os
habitantes do Oriente Médio. Em uma terra de fé
extremista, muitas vezes é divulgada de forma
primitiva e promíscua pela mídia, que mostra
apenas aquilo que melhor convém aos seus
interesses.
As notícias hoje em dia são facilmente
manipulas, por meio das Fake News e outros
meios de comunicação. Afinal, em uma terra
sagrada segundo os desígnios religiosos que ali
estiveram presentes e ainda afetam a política
social dos países arredores da região, os habitantes
destas nações que vivem em guerra, muitas vezes
inocentes que nascem em meio à desordem e caos
causado pelas gerações passadas e hoje têm de
batalhar arduamente para recuperarem suas terras
tomadas pelos próprios nativos que buscam
vingança pela liberdade que lhes foi tomada.
Vê-se que estamos diante de um
emaranhado de religiões e conflitos que talvez
nunca termine. Observa-se que o fato de uma
organização como o EI existir mostra como a
realidade gananciosa e consumista presente em
países do Ocidente, que se congratulam por
ganharem guerras que causam, para se auto
intitularem heróis, uma vez que matam milhares
de inocentes em um território que não os pertence,
pode desestabilizar economias e destruir a
esperança de nações culpadas apenas por
defenderem seus ideais e direitos constituídos por
uma religião não cristã.
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coordenado a Paris. Afinal, o que o ISIS quer além de tocar o terror e chamar a atenção do
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Anual
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CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
ANÁLISE DAS AÇÕES SOCIAIS DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO
SUPERIOR KROTON
Camila Gadonski de Freitas
Dante Guilherme Santos Panzeri da Cruz
Felipe Carlos Vargas
Tânia Cristina Chiarello
1 INTRODUÇÃO
Na sociedade atual, com a globalização e
as facilidades criadas pelas tecnologias, tornou-se
ainda mais difícil disseminar a socialização,
integração e interação entre todos. As novas
tecnologias, criando possibilidades infinitas,
sejam elas de negócios ou não, aparentam facultar
para que a cada dia que passa, mais e mais os seres
humanos optem por se distanciarem uns dos
outros, deixando-os mais frios e infelizes, seres
que aparentemente não sentem o desejo de ajudar
ao próximo.
Neste cenário não muito propício,
empresas apresentam algumas propostas
buscando, por meio destas facultar para tal
interação, ajudando pessoas em situações
lastimáveis e dando a elas uma nova possibilidade
de vida. Para tanto, projetos sociais são alguns dos
que serão abordados neste artigo, expondo pontos
chaves, seus impactos na sociedade e dentre outros
motivos que fazem com que ainda pulse esperança
no coração das pessoas beneficiadas.
A análise realizada neste estudo baseou-se
nos balanços e projetos sociais realizados pela
empresa Kroton Educacional S.A, buscando levar
ao leitor um conhecimento a mais da importância
de empresas como estas na sociedade atual e o
impacto que tais projetos têm dentro desta.
2 DISCUSSÕES
Atualmente, observa-se que as empresas
estão preocupadas não só com os lucros, mas
também com o bem-estar da sociedade e
colaboradores, fazendo com que assim
demonstrem suas ações ao público em um
instrumento de informação denominado balanço
social.
Conforme Iudícibus, Martins e Gelbcke
(2000), o Balanço Social busca demonstrar o grau
de responsabilidade social assumido pela empresa
e resultando na prestação de contas à sociedade
pelo uso do patrimônio público, constituído dos
recursos naturais, humanos e o direito de conviver
e usufruir dos benefícios da sociedade em que
atua.
Tinoco (2001) cita que o Balanço Social é
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um instrumento de gestão e de informação que tem
como função evidenciar, de forma mais
transparente possível, informações sociais e
econômicas, do desempenho das entidades, aos
mais diferenciados usuários.
De acordo com Freire e Rebouças (2001),
o balanço social pode ser considerado como uma
demonstração técnica gerencial que reúne um
conjunto de informações sociais da organização,
fazendo com que assim se permita aos agentes
econômicos visualizar suas ações em programas
sociais para os empregados, entidades de classe,
governo e cidadania.
Assim, buscou-se analisar o balanço
social da empresa Kroton, que é o nome da maior
empresa de educação privada do mundo. Foi
fundada em 1996 com o intuito de ser uma
empresa de cursos pré-vestibular com o primeiro
nome de Pitágoras. De lá para cá a empresa obteve
um desenvolvimento fabuloso, diversificando e
ampliando seus ramos de atuação, adentrando aos
ensinos pré-escolar, ensino primário e secundário,
ensino secundário para adultos, vestibular, cursos
livres, educação superior e pós-graduação, entre
outros.
Mas esta empresa não parou por aí. Além
de seu crescimento magnífico, o que mais chama
a atenção nesta organização é o crescimento nas
ações sociais por ela promovidas, que atingem a
toda comunidade, mostrando sua compaixão e
humanidade.
No ano de 2017, conforme divulgado em
seu Balanço Social, a mesma referência que:
A Kroton tem uma atuação superlativa na
área de responsabilidade social,
condizente com sua posição no mercado
educacional do Brasil e do mundo. São
programas transformacionais, exercidos
em larga escala, com alta eficácia e
alinhados ao negócio de educação, que
impactam diretamente no
desenvolvimento do país. Contando com
o envolvimento de uma vasta rede de
alunos e colaboradores, a Kroton
colabora para o desenvolvimento de
competências alinhadas às práticas de
aprendizagem e o reforço contínuo do
processo de cidadania (KROTON, 2017,
s.p.).
Em 2017, foram realizados mais de 1.287
projetos de ação social pelas unidades e polos da
Companhia, impactando positivamente mais de
1,5 milhões de pessoas. Destes números,
destacam-se alguns programas institucionais,
como: (i) o Trote Solidário, iniciativa que estimula
o engajamento dos alunos em ações sociais desde
o início de sua vida universitária, e que em 2017,
contou com mais de 237 mil alunos e 258 mil
pessoas beneficiadas; (ii) a Campanha de
Responsabilidade Social, oferecendo uma amostra
de atividades sociais a 357 mil pessoas das
comunidades do entorno das instituições Kroton;
e (iii) o Vestibular Solidário, ação que incentiva os
candidatos a trocarem sua inscrição por uma
doação de alimentos, com mais de oito toneladas
arrecadadas em seu último ciclo, doadas para
instituições selecionadas. Além disso, as unidades
Kroton realizam milhares de atendimentos pro
bono visando a melhoria da qualidade de vida, a
oportunidade de acesso e o desenvolvimento das
comunidades em que atuam.
Em 2017, também foram oferecidos 2,3
milhões de procedimentos especializados para 1,9
milhões de pessoas. A Fundação Pitágoras, que
atua há 18 anos como braço social da Kroton,
desenvolveu o Sistema de Gestão Integrado (SGI),
implantado gratuitamente em escolas pública de
ensino básico que possuam os piores resultados no
IDEB e os menores índices do IDH. Apoiando
suas lideranças tecnicamente e transferindo sua
metodologia por meio do SGI, foram registrados
avanços significativos na aprendizagem dos
alunos, além de melhoria e inovação nos processos
e nas práticas de gestão. Já foram beneficiados
cerca de 29 mil educadores e 1 milhão de alunos
em mais de 12 Estados do Brasil.
A Fundação Pitágoras também lidera há
11 anos o Movimento Conspiração Mineira pela
Educação no Estado de Minas Gerais, cuja
estratégia principal é fortalecer a liderança das
escolas públicas por meio de encontros
sistemáticos – Fóruns de Diretores – para
promover a troca de experiências e melhores
práticas dentro dos cinco temas definidos pelos
próprios diretores como fundamentais para uma
escola de qualidade: Pacificação; Motivação dos
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Alunos; Motivação dos Professores; Integração
Família/Escola e Melhoria dos Indicadores
Oficiais de Aprendizagem. São beneficiadas cerca
de 1.741 escolas das redes públicas municipal e
estadual e 1,3 milhão de alunos. Replicando o
formato da Conspiração Mineira pela Educação, a
Kroton lançou a Aliança Brasileira pela Educação
em agosto de 2016 na cidade de São Paulo,
atendendo cerca de 300 escolas estaduais e 350
mil alunos. Em 2017, a Aliança foi expandida para
todas as escolas estaduais por meio das
transmissões dos Fóruns de Diretores em tempo
real para todas as diretorias do interior de São
Paulo. Dois outros grandes projetos da Fundação
Pitágoras são os “Projetos Prisionais” e a
“Primeira Infância”, ambos implementados em
fase piloto no Estado de Minas Gerais, com planos
de expansão para outras regiões do país em 2018.
Os “Projetos Prisionais” visam levar
educação de qualidade para o sistema prisional,
promovendo iniciativas de ressocialização como:
(i) assistência jurídica pro bono para os familiares
dos presos; (ii) oferta gratuita de cursos livres de
capacitação na modalidade EAD; e (iii)
implantação de programa sistemático de leitura
visando melhorar a capacitação dos presos e a
remição da pena. A “Primeira Infância” garante a
continuidade do Programa do Ministério de
Desenvolvimento Social “Criança Feliz”,
estimulando o desenvolvimento cognitivo e
emocional nos primeiros 3 anos de vida.
Em 2017 foram capacitados os
profissionais para atuarem junto às crianças em
áreas vulneráveis. Além do propósito de oferecer
ensino de qualidade a seus alunos, a Companhia
contribui com a evolução da sociedade como um
todo, por meio de projetos que têm a capacidade
de transformar vidas em diversas áreas, pois
acredita que educação é a política pública de maior
impacto social, promovendo desenvolvimento
econômico e servindo de plataforma para as
demais políticas públicas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente artigo abordou temas que vem
ganhando grande relevância no meio social como
a paz e a responsabilidade sustentável, assuntos
bastante trabalhados em Instituições de Ensino
Superior. Evidenciou-se que o estabelecimento de
ensino Kroton Educacional S/A exerce grande
atuação no ramo de responsabilidade com projetos
que tem como principal função transformar a
população, executados em grandes proporções,
gerando mudanças no desenvolvimento social do
país.
A corporação trabalha com o intuito de
melhorar a qualidade de vida de seus alunos e da
população promovendo e desenvolvendo ações
que com a educação impactam a sociedade de
forma a mudar a economia e a política da nação.
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SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
PEQUENAS AÇÕES EDUCATIVAS EM PROL DE SEUS
COLABORADORES
Douglas Soares
Jonas Patrick Pereira
Tânia Cristina Chiarello
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho tem por objetivo analisar os
indicadores de constructo social realizados na
empresa BETHA Sistemas Ltda., evidenciados
por meio do balanço social do exercício de 2016.
Ainda assim, o termo responsabilidade com a
educação de qualidade está bastante presente nas
atividades operacionais e administrativas da
organização, mesmo não existindo uma
obrigatoriedade para apresentação do chamado
Balanço Social, nem mesmo uma legislação que
obrigue as empresas a publicá-lo.
Desta maneira, criou-se a oportunidade de
analisar a importância das pequenas ações
implantadas pela empresa em relação à formação
educacional de seus colaboradores utilizando-se
como fonte de pesquisa o Balanço Social
disponibilizado pela organização em estudo, no
ano de 2016.
2 DISCUSSÕES
Diante o tema abordado em relação à
Agenda 2030 (ONU, 2015), mais especificamente
em seu item 4 “Educação de qualidade”, o
presente estudo buscou por uma empresa que
investisse parte de seus lucros em educação para
seus funcionários e também para a sociedade em
geral. Para tanto fez-se uma análise no Balanço
Social da empresa Betha Sistemas Ltda. Por meio
da qual é possível ver o quão ela se interessa por
uma educação de excelência.
Suas ações vão desde campanhas de
agasalhos como incentivo ao estudo de ensino
superior, demandando em 2016 o valor de R$
574.403,75. Ao longo do ano de 2016, a cada data
comemorativa no calendário nacional, ações em
prol de uma educação de qualidade e uma
reeducação de seus funcionários eram realizadas,
sempre divulgando o sucesso e a felicidade dos
seus organizadores, conforme podemos observar
na Figura 01.
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Figura 01 – Ações sociais
Fonte: Betha Sistemas Ltda. (2018)
Betha Sistemas Ltda. é uma empresa que
possui muitas filiais, algumas localizadas em
grandes centros urbanos. Além das suas
instalações físicas para um bom ambiente de
trabalho, contém espaços para massagem, leitura e
entretenimento. Tais ações fazem com que a
empresa se destaque no mercado de trabalho, e os
“olhos” de novos clientes (municípios, pois se
trata de uma empresa voltada para sistemas da área
pública) fiquem interessados por ela.
Ao ingressar na organização o funcionário
passa a ter vários benefícios, como: auxílio creche,
convênio com farmácias, vacina contra gripe,
cartão refeição e alimentação, plano de saúde,
convênio para o ensino superior, plano
odontológico, convênio com Sesi e Sesc dentre
outros. Todos esses incentivos condizem com os
objetivos da Agenda 2030 (ONU, 2015), mais
especificamente com o objetivo 3 “Saúde e bem-
estar - proporcionar o acesso a medicamentos e
vacinas essenciais”, 4 “Educação de qualidade -
acesso para todos os homens e mulheres à
educação técnica, profissional e superior de
qualidade”.
Além de todos os benefícios a empresa
realiza algumas campanhas que integram seus
funcionários com a sociedade, incentivando
sempre um crescimento não só pessoal e sim do
conjunto; e ser um cidadão solidário com o
próximo, realizando ações como campanha do
agasalho; natal para todos; doce gesto páscoa;
primavera consciente; festa de fim de ano e
patrocínio e doações pelas leis de incentivo fiscal.
Atualmente a sociedade encontra-se em
mudanças, principalmente no quesito qualidade de
vida. A preocupação com o conforto e a
comodidade passa a ser de grande importância
para as pessoas, não só em suas vidas particulares,
mas também profissionais culturais e na sua base
familiar. De acordo com Campos (1992), as
relações entre as pessoas são fatores pertinentes
para a qualidade de vida no trabalho.
Assim, cita Fernandes (1996), que nas
duas últimas décadas do século XX a qualidade de
vida no trabalho passou efetivamente a ser
percebida como uma disciplina de marca
estratégica, além de sua origem historicamente
técnica avalia-se ainda os elementos intrínsecos do
ser humano. Com a ideia de qualidade de vida no
trabalho, as organizações perceberam as pessoas
como seu recurso mais valioso, ilimitado e
tangível, e, frente a isso, buscam valorizar seus
colaboradores a fim de os manterem motivados e
diminuírem a perda de seu capital intelectual para
seus concorrentes diretos no mercado.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio da análise realizada no Balanço
Social da Empresa Betha Sistemas Ltda., percebe-
se o quanto se preocupa em proliferar a educação
para seus funcionários e consequentemente, para a
sociedade, pois com pessoas educadas, a paz é
uma consequência.
Buscar dentro da empresa recursos
financeiros que visem promover a área de bem-
estar no trabalho e qualidade de vida, são os
principais fatores que têm promovido sucesso à
Empresa Betha Sistemas Ltda., sendo necessário
que os gestores presentes na organização tenham
consciência dos resultados, buscando meios para
identificar possíveis falhas na satisfação dos
colaboradores, visando métodos para solucionar
os desafios encontrados no meio do caminho,
trazendo melhores desempenhos tanto
individualmente quanto coletivamente.
Deixamos como sugestão para futuras
pesquisas a análise comparativa que comtemple
mais de um ano dos indicadores sociais, a fim de
proporcionar novos conceitos relacionados aos
objetivos propostos pela Agenda 2030.
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Casa da Qualidade, 1996.
ONU – ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS DO BRASIL. Transformando Nosso
Mundo: A Agenda 2030 para o desenvolvimento Sustentável. Disponível em:
<https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/> Acessado em: 09 de ago. de 2018.
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
RELATO HISTÓRICO E ANÁLISE DAS AÇÕES SOCIAIS DA
PETROBRAS S/A
Héliton Herodes de Paulo
Jackson Saut
Márcio Costa
Tânia Cristina Chiarello
1 INTRODUÇÃO
Muito tem se falado em desenvolvimento
sustentável e atividades sociais, contudo, essas
campanhas são recentes, desencadeadas pela falta
de conscientização global, que geraram pegadas
ecológicas no planeta. Entidades vêm efetuando
essas campanhas que têm sido apresentadas
anualmente à sociedade por meio dos Balanços
Sociais, que são demonstrativos de dados da
empresa com relação a seus projetos sociais,
educacionais, ambientais, dentre outros.
A Organização das Nações Unidas
(ONU), lançou no ano de 2015 a “Agenda 2030”
objetivando campanhas de desenvolvimento
sustentável. Referido programa é constituído de
17 objetivos relacionados às pessoas, ao planeta e
à prosperidade.
Buscou-se, nesse estudo, historicamente
apresentar a origem dos problemas que
culminaram na elaboração da “Agenda 2030”,
relacionando com sua adesão na atualidade por
grandes entidades, em especial a Petrobras S/A.”,
que é uma estatal brasileira de economia mista,
que explora os setores de petróleo, gás, energia e
biocombustível e tem grande impacto sob a
sociedade.
2 DISCUSSÕES
Constantemente, cientistas e especialistas
alertam e chamam atenção para que se busque o
desenvolvimento sustentável, mostrando que a
preservação dos recursos naturais é essencial para
que o planeta não entre com colapso. A origem
dessa preocupação, remete-se ao final do século
XVIII, mais precisamente na Inglaterra, durante a
Revolução Industrial, período que ocorreram
grandes mudanças econômicas e sociais.
A Revolução Industrial iniciou na
Inglaterra e expandiu-se pela Europa, Ásia e EUA,
trazendo avanços nos meios de produção,
tecnologia, transporte e comunicação. Com o
consumo excessivo de bens e produtos, houve a
necessidade de expandir a capacidade produtiva
das indústrias, que passaram a retirar da natureza
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a matéria prima de forma agressiva,
desconsiderando a degradação dos recursos
naturais, sem qualquer tipo de controle ou
penalização (MANSANO, 2018).
Acontece que paralelamente à expansão
industrial e ao aumento do consumo nasceu o
sistema capitalista que se sustentou como sistema
econômico e cristalizou a crescente degradação
ambiental em várias partes do globo (REGO,
2013).
Apesar dos danos causados ao meio
ambiente, pouco se falava em desenvolvimento
sustentável. Apenas nos anos 1950, após desastres
e o boom do consumismo americano nos anos
1960, é que de fato a população começou a ter um
olhar crítico sobre o tema; portanto, desde a
Revolução Industrial até os anos 1960 foram mais
de cem anos de degradação do meio ambiente, e
ainda hoje, o tema é tratado, de certa forma, com
displicência por diversos setores da economia e
por certos políticos.
Pensando nisso, a ONU (2015) criou a
“Agenda 2030”, que apresenta planos de ação para
transformar o planeta Terra com desenvolvimento
sustentável e estipulou metas a serem cumpridas
por todos os países, de forma colaborativa, até o
ano de 2030, das quais destacam-se: a erradicação
da pobreza, educação de qualidades, igualdade de
gênero, saneamento básico, energia limpa, cidades
sustentáveis, consumo e produção responsável,
proteção do meio ambiente e paz, justiça e
instituições eficazes.
Como fundador da ONU, o Brasil deve de
forma especial, mostrar seus esforços para
cumprimento dos objetivos, e assim, a adesão
pelas grandes entidades se torna de suma
importância. A estatal Petrobras S.A.,
disponibilizou seu Balanço Social de 2017, do
qual, é possível observar diversas atividades
conforme analisado a seguir.
A estatal investiu no referido ano cerca de
R$ 142 milhões em projetos socioambientais,
culturais e esportivos, buscando atuar de forma
mais sustentável e apoiar o desenvolvimento das
comunidades, participar de projetos que
colaboram com a proteção do meio ambiente
(PETROBRAS, 2017).
Nessa mesma linha de pensamento o
fundador do Instituto Ethos, Emerson Kapaz, em
entrevista para Mendonça (2004, s.p.), elenca que:
Responsabilidade Social nas empresas
significa uma visão empreendedora mais
preocupada com o entorno social em que
a empresa está inserida, ou seja, sem
deixar de se preocupar com a
necessidade de geração de lucro, mas
colocando-o não como um fim em si
mesmo, mas sim como um meio para se
atingir um desenvolvimento sustentável
e com mais qualidade de vida.
Portanto, é possível afirmar que o
desenvolvimento sustentável é uma postura ética e
moral que visa assumir a responsabilidade de
melhoria de seus colaboradores, familiares e toda
comunidade onde a empresa é inserida.
Com relação ao 4º objetivo da Agenda
2030 – Educação de Qualidade –, observou-se que
a Petrobras S/A possui campanhas de treinamento
para seu pessoal, a fim de que estejam em
constante atualização e que o processo seja eficaz,
além de melhorar a mão de obra como um todo.
Considerando valores, no ano de 2017, foram
investidos R$ 33,15 milhões na capacitação do
pessoal.
A transição para uma economia de baixo
carbono está ligada ao 12º objetivo da Agenda
2030 – Consumo e Produção responsáveis – e a
Petrobras S/A, em seu plano de negócio (2018-
2022) pretende concretizar a transição para uma
economia de baixo carbono, tendo como estratégia
realizar investimentos em novas tecnologias por
meio de start-ups, passando por três pontos
principais: a redução na emissão de carbono; o
investimento e promoção de novas tecnologias
para reduzir o impacto nas mudanças climáticas; e
o desenvolvimento de negócios de alto valor de
energia renovável.
Outro objetivo da Petrobras S/A é
alcançar a igualdade de gênero, relacionado ao 5º
objetivo da Agenda 2030. No entanto, vemos que
a ONU busca empoderar as mulheres e meninas,
contudo, investigou-se a estatal brasileira e foi
auferido as diferenças de ocupação entre cargos de
homens e mulheres. Vale destacar que a Petrobras
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é uma entidade pública, portanto, a seleção é
realizada por meio de seleção pública, onde as
bases salariais são iguais de homens e mulheres.
O efetivo da Petrobras é composto por
74.279 funcionários nos cargos de nível médio e
superior, destes, apenas 7% são ocupados por
mulheres nos níveis médio e 9% nos de nível
superior. Já em cargos de gerência o efetivo é de
12.136 funcionários e a situação melhora um
pouco, chegando a 18% na função de Especialista
e Gerencial e 8% na função Supervisão. Portanto,
fica claro que as mulheres ocupam uma fração
muito pequena dentro da Petrobras.
Quando comparado os dados da Petrobras
com outros órgãos públicos, identificamos a
disparidade que existe entre cargos ocupados por
mulheres em relação aos homens. Como
apresentado no Gráfico 01
.
Gráfico 01: Participação da mulher
Fonte: o Globo Economia, (2017)
Considerando o balanço social da
Petrobras S/A, é possível identificar que os
investimentos em projetos socioambientais,
culturais e esportivos apresentaram cortes
relevantes, cerca de 70% a menos em relação à
2016, e comparado à 2013, o corte foi de 448%,
ou seja, 4,5 vezes a menos.
Gráfico 02: Balanço Social Petrobras – Sustentabilidade
Fonte: Petrobras, (2017, p. 5)
Sendo assim, o discurso do seu então
presidente cai em contradição quando afirma a
importância dos investimentos ao mesmo tempo
que a estatal realiza cortes significativos na área.
779693
496241
1420
500
1000
2013 2014 2015 2016 2017
Investimento em projetos socioambientais, culturais e esportivos (em milhões de
reais)
Investimento em projetos socioambientais, culturais e esportivos
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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Analisado o histórico social e a
implantação da “Agenda 2030”, bem como as
atividades desenvolvidas pela Petrobras S/A.,
identificou-se que a entidade vem evoluindo e
aderindo a campanhas que visam melhores
condições sociais, ambientais e educacionais; bem
como, a sociedade vem exigindo cada vez mais
políticas sustentáveis por parte das entidades.
Com relação à Petrobras S/A, notou-se
que embora a estatal reconheça essas necessidades
e esteja envolvida em diversas atividades sociais e
de desenvolvimento sustentável, bem como
possua políticas de investimento, o balanço social
dessas atividades, demonstra que a quantidade de
valores empregados, ao longo do tempo tem sido
atenuada, indo contra os objetivos propostos.
Ressalta-se que a estatal tem papel fundamental na
economia da sociedade e dessa forma gera grandes
impactos, bem como, sustenta exemplos para as
demais entidades.
Diante o exposto, fica a seguinte questão
como sugestão para pesquisas futuras: toda essa
repercussão é uma coisa de momento, ou tende a
se manter e ser expandida ao longo do tempo?
Questiona-se ainda, se as empresas estão
cumprindo com a “Agenda 2030” por que de fato
se preocupam com o planeta ou é tudo uma
questão de marketing?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Cássia. Mulheres estão em apenas 37% dos cargos de chefia nas empresas.
2017. Disponível em: https://oglobo.globo.com/economia/mulheres-estao-em-apenas-37-dos-
cargos-de-chefia-nas-empresas-21013908. Acesso em: 16 de agosto 2018.
MANSANO, Sonia Regina Vargas. Por uma sustentabilidade afetiva no
cotidiano. Organizações e Sustentabilidade, Londrina, Pr, v. 6, n. 2, p.1-3, jun. 2018.
Semestral. Disponível em: <http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/ros/article/view/33948>.
Acesso em: 15 agosto 2018.
MENDONÇA, Fernando. O que é responsabilidade social?. Revista FAE Business, n. 9, p.
8-10, set., 2004.
ONU – ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS DO BRASIL. Transformando Nosso
Mundo: A Agenda 2030 para o desenvolvimento Sustentável. Disponível em:
<https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/> Acessado em: 09 de ago. de 2018.
PETROBRAS S/A. Sustentabilidade 2017. 2018.
REGO, Ana Paula Klemp. Lei complementar nº 140/11: inovações em relação ao processo
administrativo ambiental brasileiro. 2013. 130 f. TCC (Graduação) - Curso de Direito,
USP, Ribeirão Preto, 2013.
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
UMA ANÁLISE DO BALANÇO SOCIAL DAS EMPRESAS AZUL E
GOL
Luana Carolina Bitencourt da Silva
Maiara da Silva
Tânia Cristina Chiarello
1 INTRODUÇÃO
Em uma época que muito se fala de
sustentabilidade e ações sociais, as empresas
buscam apresentar por meio de seu balanço social
todas ações que realizam em prol da comunidade,
de seus colaboradores e familiares.
O balanço social é um conjunto de
informações onde constam as atividades para
promoção da vida humana desenvolvidas pela
empresa, seja elas em relação à saúde, educação,
cultura e outros assuntos relacionados à
comunidade, seus funcionários e países em
desenvolvimento que necessitam de ajuda e
auxílio.
A Agenda 2030 foi criada por chefes de
Estados, Governo e altos representantes no ano de
2015 com o intuito de cumprir, em 15 anos, os 17
objetivos e metas estipulados; entre eles encontra-
se a irradicação da pobreza, levar saúde e bem-
estar a todos, acabar com a fome, reduzir
desigualdades, diminuir a emissão de gases
poluentes e tornar as cidades, estados e países com
melhor qualidade de vida, entre outros.
Neste contexto, o objetivo desse estudo é
analisar as ações socioambientais que as empresas
Gol e Azul realizam diante dos objetivos da
Agenda 2030.
2 DISCUSSÕES
O atual cenário econômico demanda que
as empresas se dediquem a novas ferramentas de
estratégias que maximizem seus lucros e
agreguem valor a sua marca. Tão importante como
crescer no mercado é receber o reconhecimento de
uma empresa que se preocupa com os seus
colaboradores e com a sociedade e o meio
ambiente. Desta forma, as empresas precisam
introduzir no seu ambiente interno e externo a
responsabilidade social.
A responsabilidade social deve ser
aplicada e desenvolvida de maneira segura e
eficaz, onde as empresas se comprometam em
garantir o bem-estar de todos com ações que
gerem resultados positivos.
Responsabilidade Social Corporativa é o
comprometimento permanente dos
empresários de adotar um
comportamento ético e contribuir para o
desenvolvimento econômico,
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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melhorando simultaneamente a
qualidade de vida de seus empregados e
de suas famílias, da comunidade local e
da sociedade como um todo (MELO
NETO; FROES, 1999, p. 87, apud
BERTONCELLO; CHANG JUNIOR,
2007, s.p.).
Com o intuito de melhorar as condições
climáticas do planeta e as condições de vida das
pessoas, foi elaborada a Agenda 2030 que tem
como objetivo o Desenvolvimento, o qual,
segundo Kinlaw (1997 apud MORAIS, 2018) é a
direção que as nações devem seguir colaborando e
cuidando dos recursos e ecossistemas da Terra,
garantindo assim melhores condições econômicas
e de vida para a população.
A empresa Gol Linhas Aéreas Inteligentes
visando ajudar, orientar e promover o bem comum
no mundo, tem a iniciativa e incrementa em seu
Balanço Social ações, atividades e
responsabilidades que garantem a saúde, o bem-
estar e a educação de pessoas necessitadas e que
por algum motivo não têm acesso aos serviços
básicos.
Vale ressaltar que a empresa Gol Linhas
Aéreas Inteligentes tem como valor a adoção de
práticas e atitudes que transpassem a oportunidade
de uma vida com qualidade e respeito a todos.
Associando as ações implementadas pela empresa
com os objetivos da Agenda 2030, pode-se
analisar que os mesmos estão sendo atendidos,
levando por meio de cada ação o bem comum para
as comunidades e pessoas que necessitam.
A área de Desenvolvimento de Pessoas
tem o objetivo de aumentar estratégias que elevem
a satisfação no ambiente de trabalho, visando
aumentar os resultados da empresa. Além disso,
orienta o gestor no desempenho desejado e
monitora a saúde mental dos colaboradores, tendo
acompanhamento psicológico, atendendo assim o
objetivo 8 da Agenda 2030, que se refere ao
‘Trabalho decente e crescimento econômico’
tendo como um dos propósitos proteger os direitos
trabalhistas e promover ambientes de trabalho
seguros e protegidos para todos os trabalhadores.
Desta forma, é notório o cuidado e preocupação da
empresa com os seus colaboradores, fazendo-se
necessário, reorientar os colaboradores e ter mais
atenção à saúde do principal capital da empresa: o
intelectual.
O Programa Pastoral da Criança faz o
acompanhamento de crianças e gestantes para
áreas como saúde, nutrição, educação e cidadania.
Para referido programa a Gol doa por ano R$ 1
milhão e, dessa forma, atende ao objetivo 3 da
Agenda 2030 que trata sobre ‘Saúde e bem-estar’
e que tem como foco reduzir a taxa de mortalidade
materna global.
Do mesmo modo, a Associação
Expedicionários da Saúde presta assistência
médica para os indígenas que vivem em condições
menos favorecidas. Ao todo, 30 mil pessoas
recebem o auxílio médico por meio desse projeto,
neste caso, novamente a Gol atende o objetivo 3
da Agenda 2030 garantindo às pessoas atendidas
por esse projeto acesso aos serviços de saúde,
medicamentos e vacinas essenciais e de qualidade.
A Expedição Vaga Lume, que leva
educação para as crianças indígenas e da
população amazônica, é mais uma instituição
apoiada pelo Gol. Na Agenda 2030 há o objetivo
4 ‘educação de qualidade’ onde consta como uma
das metas para a garantia de igualdade e acesso à
educação e formação profissional para todos,
inclusive para o povo indígena. Observa-se então,
mais uma vez, que a Gol se preocupa em atender
a esse objetivo e desenvolve projetos que levem a
educação e a cultura para os necessitados.
Por conseguinte, a empresa Azul Linhas
Aéreas Brasileiras, apresenta nos seus balanços
sociais a preocupação com o desenvolvimento
social do país e apoia vários projetos sociais
espalhados pelo Brasil. Preocupada com o bem
comum, a empresa assume a responsabilidade
social, onde orienta, ajuda e compartilha
informações sobre temas importantes para o bem-
estar de todos.
Comparando os objetivos propostos pela
Agenda 2030 com os projetos sociais
desenvolvidos pela empresa Azul Linhas Aéreas
Brasileiras, pode-se verificar a sintonia entre eles
e como a empresa está conseguindo cumprir com
os objetivos propostos. Visto que, com a
realização dos projetos, além da empresa estar
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agregando valor ao seu negócio, contribui com a
comunidade gerando maiores expectativas de vida
e, principalmente, mais qualidade de vida aos
envolvidos.
No objetivo 4, em que se visa assegurar a
educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e
promover oportunidades de aprendizagem ao
longo da vida para todas e todos, verifica-se que
referida empresa investe em dois projetos que se
enquadram nesse objetivo. O programa Amigos
do Guri, é um deles pois oferece, nos períodos do
contraturno escolar, cursos de iniciação musical,
canto, tecnologia da música e instrumentos de
cordas para criança e adolescentes entre 6 e 18
anos. A Azul apoiou esse projeto com
investimento de R$ 100 mil por meio da Lei
Rouanet.
Outro projeto por ela incentivado é o
desenvolvido pela Fundação Dorina Nowill, que
trabalha com pessoas com deficiência visual. Por
meio dessa ação é oferecido para aqueles que têm
perda total ou parcial da visão o acesso à leitura e
escrita por meio do Sistema Braille. A Azul apoiou
a produção de clássicos da literatura em formato
acessível e apoiou com investimento de R$ 450
mil também por meio da Lei Rouanet.
No objetivo 5 da Agenda 2030, onde é
proposto alcançar a igualdade de gênero e o
empoderamento de todas as mulheres e meninas, a
Azul apoia o projeto Prêmio Consulado da Mulher
com a concessão de 50 passagens aéreas de ida e
volta. O projeto tem por objetivo a transformação
social por meio do empreendedorismo para
mulheres de baixa renda e escolaridade, que vivem
em periferias.
Já o objetivo 8 busca promover o
crescimento econômico sustentado, inclusivo e
sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho
decente para todas e todos. Neste objetivo
podemos enquadrar o projeto Fundação Projeto
Pescar. A fundação tem sede em Porto Alegre
(RS) e núcleos nos Estados de Santa Cataria (SC)
e São Paulo (SP), e trabalha com a formação
profissional de jovens em situações sociais
frágeis. A eles são oferecidos cursos nas áreas da
indústria, turismo, informação e comunicação,
gestão de negócios e recursos naturais. A Azul
apoia essa iniciativa por meio de investimentos e
passagens aéreas.
Outro projeto que tem ligação com a
Agenda 2030 é a construção de infraestruturas
resilientes, promovendo a industrialização
inclusiva e sustentável e fomentando a inovação.
Nesse quesito a Azul apoia o projeto Social Good
Brasil que desenvolve novas mídias para conectar
e inspirar. O projeto incentiva o uso das
tecnologias e do pensamento inovador para
contribuir com a diminuição de problemas sociais.
A responsabilidade social, o zelo para
com o próximo e a ajuda aos mais necessitados,
são cuidados que a Azul demonstra ter
apresentado nos seus resultados sociais por meio
do seu Balanço Social. Para uma empresa desse
porte é indispensável a preocupação não apenas do
lucro financeiro, mas também com o lucro social;
evidenciando os resultados de ações tão
importantes e que fazem a diferença na vida da
sociedade.
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do atual cenário econômico e
social enfrentado, onde se vê muita pobreza, fome,
falta de acesso à educação, saúde e empregos, a
Agenda 2030 foi criada no momento certo para
que ainda possa ser revertida essa situação. Por
meio de empresas, instituições e pessoas
influenciadoras busca-se alcançar os 17 objetivos
propostos, levando assim serviços básicos para a
sobrevivência do ser humano a todos os povos,
principalmente, os que mais necessitam.
Considerando o propósito de analisar as
ações socioambientais que as empresas Gol e Azul
realizam perante os objetivos da Agenda 2030,
conclui-se que as empresas atenderam e
incorporaram em seus Balanços Sociais ações que
promovem o bem-comum para seus colaboradores
e para a sociedade em geral.
Cabe salientar a importância que as
empresas e instituições têm frente a estas ações
sociais, pois por possuírem recursos financeiros e
melhores condições, conseguem desenvolver e
aplicar ações socioambientais, além de agregar
valor à sua imagem perante o mercado, pois será
vista como uma empresa mais humana e que se
preocupa com o bem de todos. Não somente se
preocupa, como também busca alternativas para
melhorar e atingir sua finalidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AZUL LINHAS AÉREAS BRASILEIRAS. Balanço social. 2018.
BERTONCELLO, Silvio Luiz Tadeu; CHANG JÚNIOR, João. A importância da
responsabilidade social corporativa como fator de diferenciação. FACOM–Revista da
Faculdade de comunicação da FAAP, n. 17, p. 70-76, jan./jun., 2007.
BIANCHESSI, Desirée Luzardo Cardozo et al. Sobre uma construção em atenção em saúde
mental e trabalho na empresa. Atenção à saúde mental do trabalhador: sofrimento e
transtornos psíquicos relacionados ao trabalho, p. 117-132, 2014.
GOL LINHAS AÉREAS INTELIGENTES. Balanço social. 2018.
MORAIS, Maria José F. de. Responsabilidade social nos negócios: A importância da prática
da responsabilidade social nas empresas. Disponível em:
<http://www.unaerp.br/documentos/1026-a-importancia-da-pratica-da-responsabilidade-
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ONU BR NAÇÕES UNIDAS NO BRASIL. Transformando Nosso Mundo: A Agenda
2030 para o Desenvolvimento Sustentável. 2018.
PAULA, Vilson Vieira de; et al. A importância da área de gestão de pessoas, para o
sucesso da organização. Disponível em:
<http://www.inovarse.org/sites/default/files/T16_047.pdf> Acesso em 15 de agosto de 2018.
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CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
ANÁLISE DOS INDICADORES SOCIAIS DO BANCO BRADESCO S/A
Jéssica Marina Zanon
Maria Carolina Michels Franco
Tânia Cristina Chiarello
1 INTRODUÇÃO
A Responsabilidade Socioambiental está
interligada com as questões morais e éticas que
envolvem as políticas praticadas pela organização.
O Balanço Social é um relatório que apresenta
dados de projetos sociais e ambientais auxiliando
as organizações que estão preocupadas, não só
com o lucro, mas também com o desenvolvimento
da sociedade como um todo.
A Organização das Nações Unidas
(ONU), é uma organização internacional e tem
como objetivo principal a paz e o
desenvolvimento mundial. Em setembro de 2015
mais de 150 líderes mundiais reuniram-se na sede
da ONU, em Nova York, onde deram início a um
projeto para erradicar a pobreza, proteger o
planeta e garantir que as pessoas alcancem a paz e
a prosperidade: a Agenda 2030 para o
Desenvolvimento Sustentável, que se compõe de
17 objetivos e 169 metas para o Desenvolvimento
Sustentável (ODS).
Neste contexto o trabalho tem por objetivo
realizar um comparativo dos indicadores sociais
internos e externos de 2015 e 2016 do Banco
Bradesco S/A com base na Agenda 2030 para o
Desenvolvimento Sustentável.
2 RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL
Para colocar o mundo em um caminho
sustentável é extremamente necessário tomar
medidas transformadoras. A Agenda 2030 propôs
uma lista de tarefas para todas as pessoas, em
todas as partes do mundo, a serem cumpridas até
o ano de 2030. Ela admite que erradicar a pobreza
deve seguir em parceria com um plano que
possibilite o crescimento econômico e responda a
uma série de necessidades sociais, envolvendo
educação, saúde, proteção social e oportunidades
de trabalho, abordando ao mesmo tempo as
mudanças climáticas e proteção ambiental.
Compreendendo também questões como
desigualdade, infraestrutura, energia, consumo,
biodiversidade, oceanos e industrialização.
Atualmente, as organizações vêm
aderindo a Responsabilidade Socioambiental,
tendo em vista que as empresas utilizam a
consciência social e ambiental como um
diferencial em seus negócios, pois é um método
estratégico para aproximar-se do seu público alvo
e obter melhores resultados agregando valor à
empresa. Para a organização estudada, a
Responsabilidade Social é uma tática de gestão
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
48
definida pela ética e transparência com o público
envolvido, desenvolvendo trabalhos sustentáveis,
preservando recursos ambientais e culturais para
promover a redução das desigualdades sociais e
respeitando a diversidade. Segundo o Instituto
ETHOS (2018, p. 2):
Responsabilidade Social é uma forma de
conduzir os negócios da empresa de tal
maneira que a torna parceira e
corresponsável pelo desenvolvimento
social. A empresa socialmente
responsável é aquela que possui a
capacidade de ouvir os interesses das
diferentes partes e conseguir incorporá-
los no planejamento de suas atividades,
buscando atender às demandas de todos
e não apenas de acionistas ou
proprietários.
Os princípios que a organização estudada
expõe no seu próprio site, condiz com o que se
afirma ser Responsabilidade Social. Por meio das
estratégias e ações de sustentabilidade adotadas,
destaca-se pelo comprometimento com o
desenvolvimento socioeconômico do país, além
do foco com os compromissos voluntários dos
quais é signatária.
O Balanço Social é um conjunto de
informações em forma de indicadores dos
investimentos realizados pela empresa no
cumprimento de sua função social junto aos seus
funcionários, ao governo e à comunidade. Não se
trata de apenas verificar ações filantrópicas e
doações, é preciso que reflita as condições de
participação e de convívio social criadas pela
empresa. É necessário prestar contas para o futuro
e o Balanço Social ajuda novos líderes a melhor
gerenciarem suas propostas sociais,
transformando-as em realidade.
Segundo Carneiro (1994), em estudo
sobre o Balanço Social, afirma que o mesmo
surgiu para atender às necessidades de informação
dos usuários da Contabilidade no campo social. É
um instrumento de medida que permite verificar a
situação da empresa no campo social, registrar as
realizações efetuadas neste campo e,
principalmente, avaliar as relações ocorridas entre
o resultado da empresa e a sociedade.
3 INDICADORES SOCIAIS
Busca-se por meio desde trabalho realizar
um comparativo dos indicadores sociais internos e
externos de 2015 e 2016 de uma das maiores
instituições financeiras do Brasil, o Branco
Bradesco S.A., com base na Agenda 2030 para o
Desenvolvimento Sustentável. A organização é
uma das maiores investidoras sociais do país,
alinhada com as melhores práticas mundiais de
sustentabilidade e governança corporativa.
Os dados relativos aos indicadores sociais
internos apontam que a organização contribui com
aplicação de investimentos em saúde, capacitação
e desenvolvimento profissional, creches e auxílio
creche. Dentro dos indicadores sociais externos,
apontam a aplicação de investimentos em
educação, saúde e saneamento. A organização
oferece educação gratuita a milhares de jovens, em
todos os Estados do Brasil, com o objetivo de
promover a inclusão social e atuar como
multiplicadora das melhores práticas educacionais
junto à população de baixa renda. Além disso, a
organização investe no desenvolvimento de
crianças e adolescentes, utilizando como
estratégia educacional em um processo de
transmissão de valores para uma formação cidadã,
a qual combina esportes, saúde e educação de
qualidade.
Neste contexto, conforme observa-se no
Quadro 1 os objetivos de desenvolvimento
sustentável 3 – Saúde e Bem-Estar; 4 – Educação
de Qualidade; e 6 – Água Potável e Saneamento
da Agenda 2030 para o Desenvolvimento
Sustentável são praticados com eficiência pela
organização.
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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Quadro 1: Indicadores sociais internos e externos
Fonte: Adaptado do Balanço Social Banco Bradesco S.A. (2015-2016)
No investimento de educação a Fundação
Bradesco que é uma instituição de ensino sem fins
lucrativos, possui uma rede de 40 escolas
presentes em todo Brasil, que receberam 108.533
alunos em 2016. É formada por 3.231
funcionários, dos quais 1.627 são professores,
orientadores e coordenadores, sua missão é educar
para a inclusão social.
A Fundação oferece educação de
qualidade para crianças, jovens e adultos,
prioritariamente em regiões de vulnerabilidade
socioeconômica. Os alunos receberam uniforme,
material escolar, alimentação balanceada e
assistência médico-odontológica gratuitamente.
Ela ainda oferece ensino a distância por meio da
escola virtual que beneficiou 657.384 estudantes,
convertendo a tecnologia em importante aliada da
ampliação do conhecimento.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pela observação dos aspectos analisados,
o Balanço Social vem se tornando mais relevante
dentro e fora das empresas. A sociedade está cada
vez mais exigente e faz com que as organizações
públicas e privadas demonstrem preocupação
quanto à Responsabilidade Socioambiental, não
apenas como uma estratégia para gerar lucros, mas
como uma contribuição na melhoria da qualidade
de vida de todos os públicos com os quais se
relacionam. Organizações sem compromissos
sociais e ambientais não terão espaço no mercado.
A partir do comparativo dos indicadores
sociais internos e externos do Banco Bradesco
S.A., acredita-se que a empresa possui condições
de melhorar os investimentos com base na Agenda
2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Para a
organização a Responsabilidade Social é utilizada
na gestão considerando-a de grande relevância
organizacional e social. Por meio da participação
no maior programa de investimento social privado
em educação do Brasil e um dos maiores do
mundo, a organização assumiu o compromisso
com o público interno e externo, com o objetivo
de contribuir para a conscientização das questões
sociais, ambientais e de governança corporativa,
além de apoiar ações sustentáveis.
É necessário desenvolver políticas que
incentivem a realização do Balanço Social,
criando formas de educar e dar suporte aos
gestores das organizações, para que possam
mensurar o impacto ambiental e social causado
pela atividade da empresa.
Como sugestão para futuros trabalhos
propõe-se analisar o balanço social de empresas
do mesmo ramo em questão, identificando os
projetos sociais e ambientais desenvolvidos e a
contribuição para o Balanço Social delas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARNEIRO, Guido Antônio da Silva. Balanço Social: Histórico, Evolução e Análise de
Algumas Experiências Selecionadas. São Paulo: Fundação Getúlio Vargas, 1994.
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
50
FUNDAÇÃO BRADESCO. Relatório de Atividades 2016. 2016
______. Sobre o Bradesco. Disponível em:
<https://banco.bradesco/html/classic/sobre/index.shtm>. Acesso em: 14 ago. 2018.
______. Sustentabilidade. Disponível em:
<https://banco.bradesco/html/classic/sobre/atuacao-responsavel.shtm>. Acesso em: 14 ago.
2018.
INSTITUTO ETHOS. Responsabilidade social. Disponível em:
<https://www3.ethos.org.br/conteudo/sobre-o-instituto/>. Acesso em: 14 ago. 2018.
ONU-BR NAÇÕES UNIDAS DO BRASIL. Agenda 2030 para o Desenvolvimento
Sustentável. 2015.
RESPONSABILIDADE SOCIAL. O balanço Social e sua importância no contexto das
organizações. Disponível em:
<https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos09/332_RESPONSABILIDADE_SOCIAL.pdf>.
Acesso em: 12 ago. 2018.
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
REVOLUÇÃO AGENDA 2030: CONTRIBUINDO PARA O
DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL
Jéssica Aparecida Oliveira Silva
Katyuscia Lemos Bittencourt
Tânia Cristina Chiarello
1 INTRODUÇÃO
A sustentabilidade é a preocupação do
momento e cada vez mais nota-se a preocupação
dentro das organizações que buscam,
constantemente, o desenvolvimento sustentável e
diferenciais que as mantenham a frente no
mercado devido à crescente globalização e
expansão do conhecimento que fez com que os
consumidores se tornem cada vez mais exigentes
por produtos de qualidade e por empresas que
visam não somente o lucro, mas um compromisso
com a sociedade como um todo.
No âmbito organizacional, o
desenvolvimento sustentável está relacionado à
forma como se praticam os negócios de maneira a
permitir que os meios ambientais ou sociais não se
esgotem futuramente, buscando o equilíbrio entre
os pilares ambientais, econômicos e sociais.
No Brasil há uma intensa mobilização
para alcançar o desenvolvimento sustentável em
todos os setores produtivos que compõe sua
economia, assim como soa acontecer em âmbito
mundial após a criação da Agenda 2030, que
corresponde a um conjunto de programas, ações e
diretrizes que orientaram os trabalhos das Nações
Unidas e de seus países membros, que visa a
transformação do mundo, fazendo com que o
desenvolvimento sustentável deixe de ser apenas
uma opção e vire uma obrigatoriedade das
empresas que tiverem a intenção de se manter no
mercado se adequando assim à nova ordem
mundial.
Portanto, os temas como sustentabilidade
e o desenvolvimento sustentável fazem parte da
pauta de muitas empresas brasileiras, sejam elas
públicas ou privadas e vêm ganhando cada vez
mais força. Pensando nisso, uma empresa que vem
chamando a atenção quanto a sua forma de pensar
e agir frente à essa realidade é o Instituto BRF, que
alinha a sua forma de gestão com a nova exigência
mundial.
Diante esse contexto, o objetivo deste
estudo é analisar o balanço social da BRF S.A. do
ano de 2016, frente às ações sociais da Agenda
2030.
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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2 DISCUSSÕES
A BRF S.A. é uma das maiores
companhias de alimentos do mundo, com mais de
30 marcas em seu portfólio, entre elas, Sadia,
Perdigão, Qualy, dentre outras. Seus produtos são
comercializados em mais de 150 países, nos cinco
continente, contando com mais de 100 mil
colaboradores atuando na companhia, que mantém
mais de 50 fábricas em oito países.
Sua forma de gestão é alinhada à diversas
ações sustentáveis que vêm chamando a atenção,
das quais entram em sintonia com a chamada
Agenda 2030, um programa da Organização nas
Nações Unidas (ONU), instituído em 2015, que
visa fortalecer a paz universal com mais liberdade,
reconhecendo que a erradicação da pobreza em
todas as suas formas e dimensões, incluindo a
pobreza extrema, é o maior desafio global e um
requisito indispensável para o desenvolvimento
sustentável. Para que se alcance esse bem são
traçados 17 objetivos e 169 metas que
demonstram a escala e a ambição desta nova
Agenda universal. Os objetivos e metas estimulam
a ação para os próximos 15 anos em áreas de
importância crucial para a humanidade e para o
planeta que são as pessoas, o planeta, a
prosperidade e a paz.
Segundo a Comissão Mundial sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas
Nações Unidas para discutir e propor meios de
harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento
econômico e a conservação ambiental, a definição
mais aceita para desenvolvimento sustentável é o
aquele capaz de suprir as necessidades da geração
atual, sem comprometer a capacidade de atender
as necessidades das futuras gerações. É o
desenvolvimento que não esgota os recursos para
o futuro. Nesse sentido:
Todos têm o direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao poder
público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações. (BRASIL,
1988, art. 255)
Conforme (2001), o criador do Tripé da
Sustentabilidade (Triple Bottom Line) a
sustentabilidade é o equilíbrio entre os pilares
ambiental, econômico e social. Assim, o
Desenvolvimento Sustentável é o objetivo a ser
alcançado e a sustentabilidade é o processo para
atingir tal desenvolvimento. Pensado nisso, a BRF
é uma empresa global orientada pela sua
preocupação com o meio ambiente, a promoção do
desenvolvimento social e do consumo sustentável
com pactos socioambientais voluntários e
encorajando seus fornecedores e colaboradores a
aderirem a essas iniciativas.
São esses os programas dos quais a
empresa é parceira e que tem enfoque no
desenvolvimento sustentável: Pacto Global; Pacto
Empresarial pela Integridade e contra a
Corrupção; Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS); Pacto Nacional pela
Erradicação do Trabalho Escravo (INPACTO);
Programa na Mão Certa; Programa Brasileiro
GHG Protocol; CDP e Empresas pelo Clima. As
práticas de sustentabilidade da BRF têm um
histórico de reconhecimentos que demonstram o
compromisso e os avanços da companhia nos
últimos anos em relação ao desenvolvimento
sustentável.
A empresa também conta com o programa
intitulado “Projeto com Oliver” sendo um
programa de educação alimentar para as escolas
para melhoramento dos hábitos alimentares,
proporcionando mais saúde na formação dos
educadores. Teve sua primeira implantação em
2016, em 21 escolas, pretendendo atingir mais de
100 mil crianças nos próximos três anos.
A BRF alinha seus objetivos estratégicos,
suas políticas e processos com seus princípios da
sustentabilidade, buscando gerar e preservar valor,
reduzir riscos e impactos negativos e promover
mais impactos positivos para o negócio. Esse
trabalho se dá por meio da adoção das práticas de
sustentabilidade empresarial que permitem o
atendimento das necessidades de curto prazo da
companhia e garantem a perenidade da empresa
no longo prazo, sem comprometer as necessidades
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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da sociedade. Além disso desde 2006, a BRF
investe em aspectos de saúde e segurança por meio
de seu Programa de Saúde, Segurança e Meio
Ambiente (SSMA). Sua gestão desenvolve e
executa ações que viabilizam o comportamento
seguro e a valorização da vida em suas operações,
o bem-estar e proteção da integridade dos
colaboradores estão entre as prioridades globais da
companhia.
Nesse sentido, a BRF se preocupa em
proteger e conservar o meio ambiente, além de
fazer a gestão da carteira de produtos, focando na
redução de impactos pós-consumo, por meio do
sistema de gestão de Saúde, Segurança e Meio
Ambiente (SSMA) e da sua Política de Meio
Ambiente e de referências como as diretrizes da
norma ISO 14001. A empresa conta com a
responsabilidade, transparência, confiança e
sustentabilidade como pilares condutores de seus
programas. Por isso, um de seus principais
objetivos é ser peça fundamental para promoção
do desenvolvimento local por meio de ações de
voluntariado focadas em inovação social,
qualidade de vida e bem-estar.
Nos últimos cinco anos de atuação, os
objetivos do Instituto BRF foram amadurecendo
de acordo com as ações que promovem, as redes
que formam, as pessoas e organizações com quem
se relacionam, as preocupações com as grandes
agendas globais, o papel e a responsabilidade da
companhia com a sociedade.
Dessa forma, em 2016, com o lançamento
dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável
(ODS) pela ONU, a atuação do Instituto BRF se
tornou ainda mais contundente, indo além de
projetos pontuais e buscando se pautar na Agenda
2030, que visa garantir o futuro econômico, social,
político e ambiental das próximas gerações.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A sustentabilidade não é um modismo,
mas sim uma realidade no contexto empresarial e
social que deve estar presente nas decisões de
administradores e gestores a fim de preservar o
meio ambiente e, conforme o planejamento do
programa Agenda 2030 formulada para o futuro,
dar oportunidade igualitária para todos, erradicar
a pobreza e alcançar a paz. Com isso, verifica-se
que a sociedade é que dá permissão para a
continuidade das empresas e os detentores de
recursos não podem e nem devem arriscar seus
patrimônios em organizações que se recusem a
tomar medidas preventivas.
O objetivo deste estudo foi o de identificar
como a BRF pode crescer economicamente dentro
das práticas da sustentabilidade frente às ações
sociais da Agenda 2030, por meio da participação
de programas e projetos que visam melhorias no
meio social, ambiental e até mesmo dentro da
empresa para seus funcionários, criando
conscientização dos mesmos para aderirem às
melhores práticas dentro do ambiente de trabalho.
Outro ponto que também chamou a atenção foi a
criação do programa “Projeto com Oliver” para a
educação alimentar, já que a empresa em si é
alimentícia e teve forte preocupação nesse ponto
tão importante na sociedade.
Para futuras pesquisas recomenda-se um
estudo mais aprofundado de outras organizações
do mesmo segmento e das mudanças realizadas do
ano de 2018 para o ano de 2030, para um
comparativo entre ambas e o melhoramento de
suas atitudes frente às transformações, pois o
aperfeiçoamento das práticas sustentáveis melhora
não somente o desenvolvimento das empresas,
mas a sociedade como um todo e o cumprimento
desta Agenda faz do mundo um lugar melhor e
mais harmonioso.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 2016.
BRF S.A. Relatório Anual e de Sustentabilidade 2016.
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ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. São Paulo: Makron Books, 2001.
ONU-BR NAÇÕES UNIDAS DO BRASIL. Transformando Nosso Mundo: A Agenda
2030 para o Desenvolvimento Sustentável. 2015.
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
NATURA&CO: ANÁLISE DO BALANÇO SOCIAL
Brian Ribeiro da Silva
Geórgia Dalcégio Varela
Tânia Cristina Chiarello
INTRODUÇÃO
O presente artigo aborda um dos temas
mais discutidos dos últimos tempos que é o futuro
do planeta; e foi notado que a erradicação da
pobreza, incluindo a pobreza no seu nível extremo
é o maior desafio para o desenvolvimento
sustentável.
Desenvolvimento sustentável é a
capacidade do planeta em suprir as necessidades
da atual geração sem influenciar ou utilizar dos
recursos que, teoricamente, pertencem às gerações
futuras. Fato este que preocupa a maioria dos
países, inclusive os que pertencem à Organização
das Nações Unidas (ONU). Por meio disto, foi
criado um plano de ação que envolve o planeta e a
população, o qual contém 17 Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas
com vistas à promoção de uma vida digna a todos
por meio de uma parceria global para melhorar a
vida no hoje e no futuro. Esse plano foi
denominado de Agenda 2030.
Por ser um plano que abrange toda a
população, desde um indivíduo até uma empresa
de grande porte, mudanças ocorreram no
planejamento social das empresas, como
constatado na Natura&Co - empresa do segmento
de beleza e bem-estar, multicultural, multicanal e,
acima de tudo, um grupo global formado por
Natura, The Body Shop e Aesop.
O grupo Natura&Co foi formado em 2017
por acreditarem em uma transformação na
economia e comprometimento com impacto
socioeconômico ambiental positivo, o que
interligou a Agenda 2030 com a empresa,
tornando as metas da agenda global as principais e
devido à complexidade para serem alcançadas ao
longo da jornada, inseriu a Visão da
Sustentabilidade 2050, reafirmando o seu
compromisso com a sustentabilidade.
A empresa que contém em sua Missão o
valor e a longevidade da capacidade de
contribuição para evolução da sociedade e o
desenvolvimento sustentável, conta com alguns
indicadores como: redução do impacto ambiental,
negócios sustentáveis da sociobiodiversidade, por
meio da ciência, tecnologia e inovação; e impacto
social positivo incluindo desde mais
desenvolvimento para as consultoras, programa de
desenvolvimento local a comprometimento com a
educação e busca por um ambiente mais diverso e
inclusivo.
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
56
2 DISCUSSÕES
Dentre vários temas abordados pela
empresa Natura, no que eles chamam de ambições
da visão de sustentabilidade, foi apresentado o
tema Gestão Integrada que, por sua vez, foi
dividido em subtemas, todos eles com ações
focadas na Agenda 2030, da ONU.
Até o ano 2020 se tem como ideal no seu
modelo de gestão implementar a valoração das
externalidades socioambientais, avaliando os
pontos positivos e negativos da cadeia de valor
estendida desde a extração de matéria-prima até o
descarte de seus resíduos. Dessa forma espera-se
que haja contribuição em quatro pontos das metas
da ONU: água potável e saneamento; consumo e
produção responsáveis; ação contra a mudança
global do clima e vida terrestre.
No entanto, é essencial o comentário e
visão de Luís Roberto Gomes (2000, p. 170), o
qual afirma: “Com efeito, não se pode pensar em
desenvolvimento econômico sem o uso adequado
e sustentável dos recursos naturais, já que aquele
depende deste e a natureza é exaurível”. Da
mesma forma Milaré (2004, p. 50), complementa:
Por isso, nos últimos anos, a sociedade
vem acordando para a problemática
ambiental, repensando o mero
crescimento econômico, buscando
fórmulas alternativas, como o
desenvolvimento sustentável ou o
ecodesenvolvimento, cuja característica
principal consiste na possível e desejável
conciliação entre o desenvolvimento, a
preservação do meio ambiente e a
melhoria da qualidade de vida – três
metas indispensáveis.
Já em suas marcas, a intenção é que até
2020 todos os seus produtos já tenham sua
participação ecológica apresentados ao público e
também seus compromissos para melhorias
posteriores expostos de forma transparente, indo
ao encontro com o consumo e produção
responsáveis.
Junto ao governo, ainda sobre gestão
integrada, o relatório expõe a ideia de estimular as
discussões e debates públicos sobre os dados
levantados pela empresa desde 2014 quando foi
implantado a Environmental Profit and Loss
(EP&L), tendo sido a Natura a primeira empresa a
utilizar deste método no Brasil.
O método se trata de uma forma de
mensurar as perdas e os benefícios ambientais em
valores reais, assim podendo incluir seu impacto
em seus balanços financeiros anuais e tornar a
empresa não só sustentável, mas também mais
atrativa para investidores. Para chegar a esse ponto
foram fechadas várias parcerias com organizações
governamentais e com associações que têm como
foco o bem-comum e, dessa forma, estando em
consonância com as metas de parceria e meios de
implementação e de paz, justiça e instituições
eficazes.
Há um grande interesse por parte dos
administradores e acionistas na redução do
impacto ambiental, buscando atingir todos os
tópicos traçados pela Agenda 2030. Um grande
foco é dado nas mudanças climáticas e é nesse
ponto que surge a maior dificuldade apresentada
no relatório. A empresa pretende reduzir em 33%
a emissão relativa de gases de efeito, meta que foi
traçada para o ano 2020, mas que possivelmente
será revista, pois, conforme apresentado, a
emissão aumentou de 2016 para 2017 o que foi
justificado com o incremento nas exportações e o
aumento no transporte de produtos para
revendedores.
Uma forma de contenção já foi estipulada
pela empresa em estudo e visa buscar alternativas
na logística dos produtos para que haja redução na
emissão relativa, que por sua vez vai ao encontro
com os objetivos de ação contra a mudança global
do clima, parcerias de implementação, vida
terrestre e consumo e produção responsáveis.
Os resíduos também são inevitáveis em
grande parte do setor industrial, e a meta de coletar
e reciclar metade de todos os resíduos gerados
pelas embalagens da empresa foi tração até o ano
de 2020 sendo que até o ano do relato, em 2017,
somente 29% já sofre esse processo. Além de
coletar e reciclar o material também há o sonho de
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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que 74% de todas as embalagens da empresa
utilizem materiais recicláveis. Esses desejos têm a
pretensão de auxiliar nos quesitos de saúde e bem-
estar, cidades e comunidades sustentáveis, e no
consumo e produção sustentáveis.
Devido sua grande movimentação a
Natura buscou ir além de ações em seus produtos.
Conforme apresentado no Balanço Social a
empresa, com o intuito de ser ecologicamente
correta, está investindo no meio que está inserida
e nas pessoas desse ambiente por meio de um
projeto de sociobiodiversidade que almeja, até
2020, incluir milhares de pessoas da região Pan-
Amazônica em suas cadeias produtivas, e utilizar
matéria-prima da região para, no mínimo, 30% de
toda a sua produção, visando, dessa forma,
auxiliar na erradicação da pobreza, na redução das
desigualdades e na melhora da vida terrestre.
A água que é o bem mais precioso do país,
juntamente com as florestas, tem um plano
específico que apesar de simples poderá ter grande
resultado no objetivo de água potável e
saneamento, já que a empresa pretende medir a
pegada hídrica e considerar toda sua cadeia de
valor.
A grande cartada da empresa foi voltada à
educação, já que no ano de 2016 deu início a um
programa que oferece bolsa parcial de estudos às
consultoras e seus familiares. Os indicadores
ligados a essa proposta foram a educação de
qualidade, trabalho decente e crescimento
econômico e a igualdade de gênero, por dar mais
oportunidades de estudo às consultoras, conforme
se pode observar na Figura 1.
Figura 1: Ações sociais da empresa Natura
Fonte: Natura (2018)
Como observado na Figura 1, o relatório apresenta suas metas, seguidas dos meios que estão
usando para atingi-las.
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A visão de Sustentabilidade da empresa
Natura&Co tem o objetivo de transformar-se em
geradora de impacto social positivo até 2050, com
metas e compromissos ao longo desse período,
finaliza o primeiro ciclo em 2020. Porém, no
primeiro triênio de implantação dessa estratégia, a
geração de valor para a região pan-amazônica
ultrapassou da meta esperada para 2020. Já em
alguns compromissos públicos foi identificada a
necessidade de ampliar os esforços para acelerar
os resultados.
Para 2018, as prioridades são em temas
como mudanças climáticas, ampliação de
embalagens ecoeficientes e desenvolvimento
humano e social. Segundo João Paulo Ferreira
(NATURA, 2017), presidente da empresa, se está
vivendo um momento especial na organização, de
intensas transformações, e esse reconhecimento é
uma nova oportunidade para reforçar os seus
compromissos com a Agenda do
Desenvolvimento Sustentável.
Para mensurar os impactos sociais em
valores monetários utiliza-se da ferramenta EP&L
em todas as fases, seja ela produção,
comercialização e/ou destinação final de uma
empresa. O primeiro cálculo da empresa em
questão foi realizado em 2013, anterior a criação
da Agenda 2030, porém, no período do cálculo até
2017 houve um ganho de eficiência na relação ao
impacto ambiental e na receita líquida. Sabendo
que a implantação deste método ainda está em
evolução acredita-se que o grupo Natura&Co está
construindo uma jornada que trará realização em
fazer a diferença no mundo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ENVOLVERDE CARTA CAPITAL. Natura é a 14ª empresa mais sustentável do
mundo e primeira no Brasil. Disponível em:
<http://envolverde.cartacapital.com.br/natura-e-14a-empresa-mais-sustentavel-do-
mundo-e-primeira-no-brasil/> Acessado em: 17 de ago. de 2018.
GOMES, Luís Roberto. O Princípio da Função Social da Propriedade e a exigência
constitucional de proteção ambiental. Revista de Direito Ambiental, organizada por
Antonio Herman V. Benjamin Edis Milaré, ano 5, n. 17, p. 160 a 178, jan./mar. 2005.
NATURA. Relatório Anual 2017. Disponível em:
<http://www.natura.com.br/sites/default/files/media/natura-ra-gri-2017.pdf> Acessado em: 09
de agosto de 2018.
ONU-BR NAÇÕES UNIDAS DO BRASIL. Transformando Nosso Mundo: A Agenda
2030 para o desenvolvimento Sustentável. Disponível em:
<https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/> Acessado em: 09 de ago. de 2018.
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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CURSO DE DIREITO
PARA QUE HAJA PAZ É NECESSÁRIO IGUALDADE DE
OPORTUNIDADES NO ACESSO À EDUCAÇÃO SUPERIOR
Alan Alexandre
Diane Mendes
Elizanda Martins
Márcia Cecília Vassoler
1 INTRODUÇÃO
O Direito, diretamente, reflete na
educação para a paz e excelência educativa, pois
por meio dele é que surgem as políticas públicas
voltadas à educação e punição para os que
interferem de forma criminosa no âmbito
educacional, ensejando a necessidade da
implementação da Educação para a paz. Para se
alcançar a paz e excelência no âmbito educacional
é necessário primeiramente justiça, equilíbrio e
igualdade. Quando se trata de igualdade o Direito
aplica o Princípio da Isonomia, portanto, nessa
vertente abordaremos a aplicação deste princípio
direcionado aos negros.
A população negra representa 54,9% da
nação brasileira. A cada 100 pessoas assassinadas
no Brasil, 71 são negras. Entre os presidiários,
64% são negros. Dentre os desempregados, 63,7%
são negros e dentre os negros inseridos no
mercado de trabalho suas remunerações
equivalem a quase metade do rendimento médio
dos brancos. Apenas 12,8% de jovens negros estão
matriculados no ensino superior. É o que revelam
pesquisas científicas publicadas em 2017.
2 DA TEORIA DA SAVANA À INSERÇÃO DO NEGRO NO ENSINO SUPERIOR
Partindo da Teoria da Savana, por volta
de 6 milhões de anos, os hominídeos se originaram
nas Savanas africanas. De pele escura,
inicialmente viviam sobre as árvores, porém com
o esgotamento de recursos decorrente do
crescimento da população foi necessária a
adaptação aos campos abertos. Segundo esta
teoria, esses ancestrais dos seres humanos
“desceram das árvores” e se adaptaram a uma vida
nos campos abertos. A maior parte das
características anatômicas do ser humano foi
desenvolvida a este novo modo de vida.
Inicialmente, os hominídeos tinham pele
mais escura e só comiam carne. Com a migração
em sentido ao Norte, sua exposição ao sol foi
diminuindo e adquiriram habilidades em
agricultura, passando a depender menos da carne.
À medida que seguiam ao Norte obtiveram uma
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
60
característica decorrente de adaptação da espécie
em novo ambiente: a pele caucasiana.
Há indícios de escravidão desde os
tempos mais remotos da humanidade. Na
Antiguidade os escravos eram os resíduos de
guerras entre nações ou então aqueles que não
podiam pagar suas dívidas eram escravizados até
quitá-las.
Na Era Moderna o preceito para
escravizar outros homens foi a cor da pele. Com o
surgimento do Direito, a escravatura foi
positivada, sendo os escravos considerados
mercadoria.
Na África, decorrentes das guerras
santas eram presos os que negavam a premissa
religiosa mulçumana. Com a exploração da
América, por volta do século XVI, estes
prisioneiros foram comprados e escravizados
pelos colonizadores europeus.
O presente território brasileiro, antes
mesmo de ser Brasil, já tinha escravos, uma vez
que os índios também escravizavam seus
prisioneiros de guerra. Quando os portugueses
chegaram, índios de tribos rivais foram vendidos
para serem escravizados pelos colonizadores.
Entre 1539 e 1542 os colonizadores
optaram em trazer escravos da África, contudo,
muitos não sobreviviam à viagem ao Brasil, pois
as condições das embarcações eram muito
precárias. Durante todo o período colonial e
imperial ocorreram lutas de resistência dos negros
contra a escravidão, muitos fugiam e ao se
reunirem formavam os quilombos. Mesmo antes
da Abolição da Escravatura diversos senhores
libertaram famílias de escravos, em vista de que
idosos e crianças não produziam e geravam custos.
Mediante imposição da Inglaterra para
negociar as riquezas do Brasil, foi necessária
adequação de mão-de-obra já que o modo
escravagista não se adequava ao viés do
capitalismo. Assim, aos poucos, entraram em
vigência leis que libertavam parcelas de escravos
até que em 13 de maio de 1988 ocorreu a Abolição
da Escravidão.
Os negros em sua nova condição, mas,
acostumados ao cativeiro, não conseguiram
inicialmente, se adaptar ao modelo capitalista, não
compreendiam a nova lógica de produção. Por
outro lado, os antigos senhores tinham
dificuldades em se relacionar com os antigos
escravos. Diante dessa situação, os produtores
optaram, na maioria das vezes, pelos imigrantes
europeus, pois estes compreendiam o trabalho
livre, respeitando as regras, já acostumados com o
modo de produção capitalista.
O Estado foi omisso, nada fez para
facilitar a adaptação do negro em sua nova
condição de liberdade. Desamparados pelo Estado
e excluídos da sociedade não se adequaram à nova
realidade e o único caminho para muitos foi a
marginalização.
Os negros trilharam dois caminhos
distintos, sendo nomeados em grupos de “os
negros do eito” e “os negros da casa grande”. A
classe dos “negros do eito” era composta pelos que
exerciam na escravidão funções na lavoura,
analfabetos, consequentemente, na nova
realidade, as mulheres conseguiram trabalhos de
empregada doméstica, lavadeiras, costureiras,
entre outras. Já os homens, com muita dificuldade
conseguiam trabalhos de produção temporária e
em suas horas vagas reuniam-se em botequins,
levando muitos ao alcoolismo. Não possuíam uma
unidade familiar, viviam em ambiente de
promiscuidade sexual, assim o fruto desse meio
era a influência negativa; prostituição e roubo.
Já o grupo “os negros da casa grande”
era composto pelos negros que na época de sua
escravidão trabalhavam na casa dos senhores.
Com educação diferenciada, alguns eram
alfabetizados e possuíam amizade com os brancos,
consequentemente, enquadravam-se melhor no
mercado de trabalho, eram copeiros, chofer, entre
outros. As famílias desse grupo eram mais bem-
estruturadas e conseguiam manter razoavelmente
existência digna, contudo, não acompanhavam o
desenvolvimento do capitalista urbano. Não
existiam oportunidades para os negros, mesmo
para aqueles capazes de gerar desenvolvimento
econômico e social.
Refletindo o sentimento de impotência
perante uma sociedade segregada, a maioria das
famílias optou em não encaminhar seus filhos à
escola. Consequentemente, a falta de escolaridade
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gerou influência negativa no futuro, não
conseguindo bons salários, boas colocações e,
principalmente, respeito.
Contudo, vivemos um longo período
com a ideia de que havia uma democracia racial
no Brasil; falsamente transparecia que brancos e
negros viviam harmonicamente e em igualdade de
oportunidades e condições.
Estudiosos das questões sociais e dos
movimentos sociais são unânimes em apontar a
Constituição de 1988 como um marco importante
para as mudanças sociais ocorridas no país. Tais
ações podem ser interpretadas como uma resposta
às reivindicações do movimento negro e se
caracterizam por uma forma de reconhecimento.
Ou seja, garantir aos grupos discriminados o
reconhecimento apropriado de seu valor histórico
e cultural.
O tema da educação sempre recebeu
destaque tanto na atuação da militância negra
como nos estudos acadêmicos sobre
desigualdades raciais devido a sua inquestionável
importância na compreensão e no enfrentamento
das desigualdades sociais e raciais no país.
As evidências de que processos
discriminatórios operaram no sistema de ensino
brasileiro, dificultando a permanência de crianças,
jovens e adultos negros nos bancos escolares,
fundamentam a justificativa para implementação
de políticas de ações afirmativas que visam
enfrentar as visões estereotipadas e
preconceituosas presentes nas salas de aula.
Nesse ambiente nada é tão claro como a
necessidade da utilização da Educação para a Paz,
que trará o benefício da boa forma de convivência
entre todas as etnias.
Assim, no segundo mandato do governo
de Fernando Henrique Cardoso houve, mesmo que
ainda de maneira tímida, demanda social visando
a inserção de maior número de negros nas
universidades brasileiras. Neste sentido, o referido
presidente assinou decreto visando maior
valorização da população negra e instituindo ações
afirmativas referentes às Cotas Raciais,
beneficiando os negros que foram discriminados
ou excluídos do acesso ao ensino superior. Mas
apenas em 2004 a Universidade de Brasília foi
pioneira em disponibilizar vagas para negros no
vestibular.
Também em seu segundo mandato, o
então presidente José Inácio Lula da Silva,
sanciona a Lei 12.711/2012, conhecida como Lei
de Cotas, que regulou a porcentagem de vagas
destinadas às pessoas autodeclaradas pretas,
pardas e indígenas e determina quem acompanha
as reservas de vagas.
Neste interim, várias e importantes
legislações no âmbito do Estado foram invocadas
para reprimir práticas ilegais decorrentes da
discriminação, da injúria e do racismo, contudo, a
paz não pode ser apenas garantida por políticas
públicas antidiscriminatórias. No fundo, ela
depende do comprometimento sincero e
sustentado de todas as pessoas. Cada um de nós,
independentemente da idade, do sexo, da condição
social, crença religiosa ou origem cultural é
chamado à criação de um mundo pacificado.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluímos que os negros são
prejudicados desde que o racismo se enraizou no
seio das sociedades, quando os escravagistas
optaram por subjugar pessoas de raça, as quais
consideravam inferior, logo espalhando negros
escravos em suas colônias, tirando sua identidade,
sobrando somente sua força para trabalhar.
O racismo perdura até hoje no Brasil,
consequência da falta de política de inserção dos
negros ex-escravos na sociedade, restando a
escolha das famílias negras pela não inserção de
seus filhos ao ensino, temendo frustrações. Assim,
sem instrução, não se adaptaram às regras de
trabalho e para muitos só restaram o crime e a
prostituição, generalizando a raça negra como
suposto “perigo social”.
Na tentativa de superar toda essa história
de preconceito e desigualdades sociais, foram
criadas legislações para o enfrentamento da
discriminação racial e efetivação do direito de
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igualdade racial. Nós, operadores do direito,
devemos valorizar e otimizar uma abordagem
ampla e criativa das soluções normativas
disponibilizadas pelo sistema jurídico brasileiro.
Porém, nada adianta esses recursos legais se, aos
que interessam, faltam conhecimentos de seus
direitos disponíveis, ou seja, como lutar ou ter
expectativas sobre algo que desconhecem?
Portanto, é neste ponto que devemos
refletir sobre o papel do operador do direito.
Somos mais do que aplicadores de leis, devemos
disseminar conhecimento sobre elas, assim,
entregaremos uma arma que não fere, mas uma
arma que os fortalece, que cria expectativas de
bons caminhos, e esta arma é o Direito.
Para isso, torna-se imperiosa a utilização
de ferramentas como a Educação para a Paz que
tornará a nossa sociedade num ambiente de
cooperação e bom convívio.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Lei n. 12.711, de 29 de agosto de 2012. Dispõe sobre o ingresso nas universidades
federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio e dá outras providências.
Diário Oficial da república Federativa do Brasil, Brasília, DF, 29 ago. 2018.
FERNANDES, Florestan. A integração do negro na sociedade de classes. 3. ed. São Paulo:
Ática, 1978, v. 1.
LIMA, Márcia. Desigualdades raciais e políticas públicas: ações afirmativas no governo
Lula. Novos estud. - CEBRAP [online]. 2010, n.87, pp.77-95.ISSN 0101-3300.
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CURSO DE DIREITO
O PAPEL DO OPERADOR DO DIREITO NA CONSCIENTIZAÇÃO E
FORMAÇÃO DE UMA SOCIEDADE IGUALITÁRIA E LIVRE DE
PRECONCEITOS
Aline das Chagas
Jessica de Goes Julio
Luisa Adada
Márcia Cecília Vassoler
1 INTRODUÇÃO
A Lei Áurea, promulgada em 1888,
garantiu o fim da escravidão no Brasil. O processo
de abolição foi bastante longo, foram décadas de
lutas e sucessivas pequenas vitórias, como as leis
Eusébio de Queirós, Ventre Livre e dos
Sexagenários, até a conquista efetiva do fim da
escravidão. Mas a abolição deu fim apenas ao
trabalho escravo, infelizmente a lei não foi
formulada a fim de abolir também a suposição de
inferioridade do negro e a segregação racial,
fatores que se enraizaram fortemente na cultura
brasileira no século XX.
Foram cem anos vivendo à margem da
proteção da lei, sem qualquer política de inclusão
social e amparo legal efetivo quanto ao racismo.
Somente em 1988, ano da promulgação da sexta
Constituição da República Federativa do Brasil, a
qual segue vigente atualmente, houve a
criminalização do racismo. Esta constituição tem
como fundamentos a garantia à dignidade da
pessoa humana, combater o racismo e quaisquer
formas de discriminação. O Art. 5º da
Constituição Federal, parágrafo XLII, determina
que a prática do racismo constitui crime
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de
reclusão.
O combate ao crime de racismo ganhou,
nas últimas décadas, uma aliada poderosa: a
conscientização sobre a imoralidade do
preconceito. Este assunto tem sido abordado de
forma a exprimir o efeito devastador que o
preconceito pode ter, e cada vez mais o Estado, o
Poder Judiciário, as Instituições de Ensino e a
população em geral têm trabalhado em conjunto a
fim de promover a igualdade entre todos os seres
humanos em busca da paz.
Este artigo visa abordar as raízes do
preconceito racial no Brasil e como e em quais
circunstâncias acontece o racismo atualmente.
Também será foco de o artigo exprimir, por meio
da pesquisa literária, a transformação do
comportamento social frente ao racismo ao longo
do tempo, desde a abolição da escravatura, e
identificar qual o papel do Direito na
conscientização e formação de uma sociedade
pacífica, igualitária e livre de preconceitos.
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2 DAS RAÍZES DO RACISMO AOS DIAS ATUAIS
A abolição da escravatura não se deu
unicamente pela benevolência da Princesa Isabel
para com os escravos, tal como se romantiza em
algumas literaturas escolares. Sabe-se de sua
simpatia pela causa abolicionista, mas, de fato, o
que a levou a assinar a Lei Áurea foram questões
políticas, econômicas e sociais.
Devido às circunstâncias econômicas da
época, como a vinda dos imigrantes europeus ao
Brasil e a grande pressão social e política por parte
dos abolicionistas, tornou-se inviável a
permanência do país no sistema escravocrata,
tendo sido, então, promulgada a Lei Áurea em
maio de 1888.
É possível ressaltar que o preconceito
veio por conta do período após o fim da
escravidão, quando sem terem para onde ir, os ex-
escravos que não voltaram para seus donos
começaram a povoar os subúrbios das cidades, em
condições de extrema pobreza e sem nenhuma
ajuda social.
Ainda hoje, no que se conhece por
“sociedade evoluída”, mais de cem anos depois do
fim da escravidão, nota-se a discriminação do
negro no meio social. Ainda está viva a raiz que
discrimina e denigre o ser humano pelo seu tom de
pele, considerando-o um “indesejado dos novos
tempos”. Nota-se que, em pleno século XXI, as
taxas de analfabetos, pessoas de baixa renda e de
presidiários, são de maioria negra. Pode-se
afirmar, devido à clara desigualdade social e a
falta de oportunidades geradas para os negros, que
segue viva a raiz histórica de uma sociedade
desigual, preconceituosa e racista.
Constantemente, na atualidade, nota-se
o preconceito racial se fazendo presente na
sociedade brasileira, seja disfarçado por meio de
piadas, ou até mesmo como forma de rejeição.
Ao longo do tempo a população negra
foi conquistando seu espaço na sociedade sendo
uma das conquistas mais importantes o sistema de
cotas nas escolas e universidades, privilégios para
aqueles que não têm condições de acesso a um
estudo de qualidade, fazendo com que as
oportunidades de um futuro melhor sejam mais
acessíveis.
A maioria das pessoas concorda que
existe preconceito no Brasil, como o exposto no
artigo ‘A face Oculta do Racismo no Brasil: Uma
Análise Psicossociológica’, a saber:
Observou-se que praticamente todos os
120 universitários entrevistados,
afirmam que no Brasil existe
preconceito, mas curiosamente a grande
maioria não se considera preconceituosa.
Os estudantes parecem ter clara
consciência da discriminação racial que
se vive no Brasil, mas não aceitam a
responsabilidade por esta situação.
Assim, observou-se que os estudantes
utilizavam mais adjetivos de pessoas
simpáticas e menos de pessoas
antipáticas para descrever pessoas de cor
negra que pessoas brancas, mas
pensavam que os brasileiros fariam o
contrário: atribuiriam mais adjetivos de
pessoas antipáticas e menos de pessoas
simpáticas às pessoas de cor negra.
Observou-se também que utilizavam
mais adjetivos do terceiro mundo e
menos do primeiro mundo para
descrever pessoas de cor negra
(CAMINO, 2000, p. 13)
Apesar de hoje o racismo ser
considerado, além de crime, uma prática
desumana e imoral, ainda é longo o caminho a
percorrer até que seja alcançada a tão almejada
igualdade. Comparando o comportamento social
frente ao racismo há cem anos e atualmente, fica
evidente que pouco a pouco a sociedade vai
traçando seus passos rumo a um patamar
igualitário.
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3 O PAPEL DO OPERADOR DO DIREITO
Uma sociedade igualitária e livre de
preconceitos parece, para muitos, algo intangível,
quase utópico. O cotidiano do povo brasileiro o faz
pensar desta maneira. A raiz do preconceito – a
mentalidade segregacionista – é antiga e profunda,
difícil de ser removida. A remoção do preconceito
jamais será realizada com êxito enquanto não
estiver incutido em toda a sociedade o preceito-
base que temos em nossa Constituição: todos os
seres humanos são iguais.
O crime de racismo é compreendido pela
segregação dos seres humanos devido sua cor,
credo ou costume. É a pretensão de inferioridade
de uma determinada raça o que figura um atentado
gravíssimo contra a dignidade do ser humano.
Sobre o conceito de raça em relação ao
preconceito, assim afirma o Desembargador do
Tribunal de Justiça de São Paulo, Guilherme de
Souza Nucci (2010, s.p.): “Em verdade, não há
raças definidas, distintas e diferenciadas no
mundo. Existe apenas a raça humana, com seus
naturais contrastes superficiais de aparência,
cercados de costumes e tradições diversificadas”.
O operador do Direito, assim como o
supramencionado Desembargador Guilherme
Nucci, tem como dever profissional promover a
conscientização acerca das Normas Jurídicas, pois
elas foram formuladas com o intuito de gerar o
bem-estar de todos os cidadãos da Nação. Não se
pode admitir, em quaisquer circunstâncias, a
existência de discriminação e preconceito em
sociedades civilizadas, sem que haja uma punição
clara.
As sanções, todavia, são muito brandas
e as convergências entre algumas legislações e a
Constituição fazem com que a pena para o crime
de racismo seja, por vezes, inaplicável. O
Desembargador Guilherme Nucci (2010, s.p.)
menciona tal incoerência:
Certamente, urge levantar, ainda que em
breves palavras, o propósito do
constituinte ao enumerar três fatores de
sustentáculo de combate ao racismo:
inviabilidade de liberdade provisória +
necessidade de punição a qualquer tempo
+ sanção penal compatível com o regime
de reclusão. A previsão de
inafiançabilidade torna-se inútil em face
do sistema processual penal vigente, que
admite a liberdade provisória, sem
fiança, para vários crimes, considerados
graves. Logo, o delito de racismo,
embora não admita o pagamento de
fiança, poderia comportar a liberdade
sem a caução legal. De outra sorte, a
imprescritibilidade não faz parte da
tradição do Direito Penal brasileiro, até
pelo fato de infrações penais muito mais
graves comportarem a extinção da
punibilidade pelo decurso do tempo,
como ocorre com o homicídio, o estupro
ou a extorsão mediante sequestro, apenas
para ilustrar. A pena de reclusão, por si
só, não representa gravame, pois admite,
conforme a pena cominada, os benefícios
da Lei 9.099/95 (suspensão condicional
do processo ou transação).
A conscientização da sociedade para que
esta se torne, enfim, justa e igualitária, deverá ser
um processo de cooperativismo entre todas as
esferas que a compõem. Os educadores e
legisladores, compreendendo também os
operadores de Direito, possuem o poder-dever de
promover a mudança e fazê-la efetiva. Afinal, sua
cor não lhe faz inferior, seu preconceito sim!
Assim, fica clara a necessidade da
implementação do Ensino para a Paz, ferramenta
cujo fundamental objetivo é propiciar o bom
convívio entre os indivíduos dentro de uma
sociedade.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio de centenas de anos
subjugando o povo africano que foi escravizado
no Brasil, a sociedade aristocrata brasileira foi
desenvolvendo o pensamento de que o negro era
uma subespécie. Este povo foi deixado à própria
sorte; livres, porém sem ter para onde ir, sem saber
com o que trabalhar, sem rumo. O saldo da
abolição da escravidão para a população negra no
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Brasil foi desastroso: pobreza, marginalidade e a
contínua segregação.
O preconceito contra o negro é uma raiz
profunda incrustada no pensamento da sociedade.
Graças ao Estado Democrático de Direito
assegurado a esta nação, atualmente esta prática
configura como crime, e, se comparado ao
preconceito existente no século passado, nota-se
uma grande evolução. Entretanto, todos sabem as
condições e oportunidades não são, todavia, iguais
para todos.
Há uma guerra sendo travada contra o
preconceito e a cada pequena conquista, chega-se
mais próximo da forma mais justa e civilizada de
se viver: onde todos sejam, de fato, iguais em seus
direitos e seus deveres.
Isso posto, é imperativa a colocação em
prática do Ensino para a Paz, que propiciará, a
médio prazo, a boa convivência em sociedade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSIS, Queiroz Olney; KUMPEL, Vitor Frederico. Manual de Antropologia Jurídica.
Editora Saraiva. Ano 2017.
CAMINO, Leôncio, SILVA, Patrícia da, e MACHADO, Aline. A face oculta do racismo no
Brasil: uma análise Psicossociológica. Revista Psicologia Política, 2000. Disponível em:
http://www.fafich.ufmg.br/~psicopol/psicopol/artigos_pub/artigo_4.pdf Acesso em: 02 jun.
de 2018.
NUCCI, Guilherme de Souza. Racismo: Uma interpretação à luz da Constituição Federal,
2010. Disponível em: http://www.cartaforense.com.br/conteudo/colunas/racismo-uma-
interpretacao-a-luz-da-constituicao-federal/5447. Acesso em: 24 mai. 2018.
ROMERO, Sílvio. Contos Populares do Brasil. São Paulo: Landy Editora. [S.l.: s.n.], 2000.
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CURSO DE DIREITO
O RACISMO E A EDUCAÇÃO PARA A PAZ
Ana Paula Lemonie
Júlia Nassar
Márcia Cecília Vassoler
Müller Pontes Campos
1 INTRODUÇÃO
No presente artigo temos como
problemática inicial a origem do racismo na
sociedade brasileira. Percebe-se suas raízes no
período histórico conhecido como colonialismo
brasileiro, marcado pelo etnocentrismo dos
europeus perante os indígenas. Por meio desse
pensamento de superioridade dos portugueses,
passa-se a visão que todo nativo, e posteriormente
negros (trazidos da África), eram inferiores ao
homem branco, sendo assim, os negros passaram
a ser responsáveis por trabalhos braçais aos
cuidados dos seus senhores.
Após anos de sofrimento com o trabalho
escravo, a Princesa Isabel, em 1888, assina a Lei
Áurea que objetivava o fim da escravidão no
Brasil. Em teoria, a Lei instaurava igualdade
étnica à sociedade brasileira, mas a prática
destoava da teoria, pois os negros continuavam
desamparados de políticas públicas, continuando
assim a mercê do arcaico pensamento
etnocêntrico.
A Lei Áurea veio para inserir de forma
democrática o Brasil ao mercado mundial, por este
motivo o poder público passou a trazer imigrantes
(em grande maioria europeus), sendo que o custo
da mão de obra assalariada era menor que a
compra e manutenção de escravos.
Nos dias atuais conta-se com políticas
assistencialistas e leis que punem atos racistas
com pena privativa e inafiançável. Porém, mesmo
com leis e conscientização, o racismo não se
extinguiu e a falta de igualdade entre raças fez com
que se perpetuasse a condição imposta aos negros:
de pobres e excluídos socialmente.
Para que esta situação mude, os
operadores do Direito são fundamentais na defesa
dos direitos garantidos e previstos em leis aos
afrodescendentes, tratando os casos de forma
igualitária e imparcial. Essa mudança se faz
fundamental para que tenhamos uma Educação
para a Paz de forma eficaz e concreta.
2 O ENFRENTAMENTO AO RACISMO E A PROMOÇÃO DA PAZ SOCIAL
Torna-se mais concreta a realidade da
desigualdade racial no Brasil quando analisamos
dados que apontam os abismos de diferenças entre
negros e brancos desde a oportunidade e qualidade
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de estudo na infância e adolescência e ainda,
quanto à renda e reconhecimento profissional na
vida adulta.
Apesar dos negros representarem 52,9%
da população brasileira – segundo o IBGE – os
dados nos trazem uma dura realidade quanto às
diferenças de oportunidades. Tratando de
educação, fica explícita esta divergência. A taxa
de analfabetismo é 11,2% entre os negros; 11,1%
entre os pardos; e 5% entre os brancos. Até os 14
anos as taxas de frequência escolar têm pequenas
variações entre as populações, o acesso é
semelhante à escola. No entanto, a partir dos 15
anos, as diferenças ficam maiores. Enquanto, entre
os brancos, 70,7% dos adolescentes de 15 a 17
anos estão no ensino médio, etapa adequada à
idade, entre os negros esse índice cai para 55,5%
e entre os pardos, 55,3%. Tais dados foram
levantados pelo movimento Todos pela Educação.
Diante de constatações, é possível
apontar um racismo enrustido na cultura social do
Brasil, onde é aceitável a ideia de que a população
viva em tais condições por sua própria
responsabilidade, quando na realidade é provado
por dados e pesquisas plausíveis que, as
oportunidades não são oferecidas por igual, e são
apenas alcançadas por maioria branca que recebeu
algum tipo de preparo para preenchê-las.
No tocante ao mérito de renda, a
discrepância aumenta de forma avassaladora. Um
estudo realizado pelo Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento (PNDU) – órgão
da ONU – em parceria com a Fundação João
Pinheiro e o Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (IPEA) é notável o abismo entre os dois
grupos. Em 2010, a renda domiciliar per capita
média da população branca era mais que o dobro
da população negra: R$ 1.097,00 ante R$ 508,90.
Não obstante, uma grande barreira
segregativa é imposta para ingressar no mercado
de trabalho, depois de vencida, se faz presente na
busca pela ascensão profissional. Segundo estudo
realizado pelo Instituto Ethos, os negros ocupam
apenas 4,7% dos cargos executivos das 500
maiores empresas brasileiras.
A sociedade brasileira está em constante
transformação, do mesmo modo se encontra o
ordenamento jurídico e em vista disso, as políticas
de conscientização e luta contra a discriminação
racial têm aumentado consideravelmente.
No âmbito jurídico, novos projetos de
leis foram aprovados criminalizando com pena
inafiançável os crimes de racismo no Brasil. O
ordenamento jurídico brasileiro tem procurado se
adequar e executado essas novas leis, ainda que
um tanto quanto deficiente, por ainda não estar
bem estruturada, fazendo com que muitas vezes
tais crimes passem despercebidos ou
simplesmente, sendo julgados de forma antiquada
e permitindo que, muitas vezes, o agressor saia
livre de acusações.
Trazer à tona a discussão sobre racismo
no Brasil significa incentivar a luta e solidificar
movimentos pela paz que são contra a
discriminação racial no país.
É claro que medidas preventivas são
mais eficazes e efetivas. Nos últimos dez anos, as
escolas de educação infantil e fundamental vêm
lidando com este assunto de forma mais perspicaz.
Mostram para as crianças a importância de não
julgarem as pessoas por sua aparência física ou cor
da pele. Somente desta forma teremos uma
Educação para a Paz que efetivamente venha a
trazer benefícios para a sociedade como um todo,
evitando o enfrentamento entre os atores da
sociedade, pelo simples fato de terem origens
raciais diferentes. Isso de forma alguma pode ser
aceito.
Atualmente, as instituições de ensino
superior, também estão promovendo reflexões
sobre estas questões, entenderam que a
discriminação, o racismo e o preconceito são
causadores de violência e estão formando “agentes
da paz”. Esta nova cultura, certamente, promoverá
a mudança no comportamento das pessoas com
relação à diversidade.
Ainda que há alguns anos essa política
de conscientização vem sendo notória, ainda são
muitos os casos de crime de racismo no Brasil.
Apesar de tal fato ser criminalizado pela
legislação vigente, prevendo que a prática do
racismo constitui crime inafiançável e
imprescritível sujeito à pena de reclusão, o
operador do direito tem papel fundamental no
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combate aos casos de racismo.
No entanto, ainda se vive um racismo
estruturado dentro do poder judiciário, em que
grande parte das condenações pelos crimes
cometidos são de pessoas negras. Contudo, o
racismo importa na sociedade contemporânea,
fruto da superioridade de algumas pessoas sobre
outras, tendo esta como fator nítido deste
preconceito.
Entrevista do pesquisador Felipe da
Silva Freitas, Mestre e doutorando em Direito pela
Universidade De Brasília (UnB), aponta que as
pessoas negras procuram as instituições policiais
com menos frequência por haver certa descrença
de que a justiça seja feita.
Embora a Constituição Federal de 1988
garanta o direito de igualdade por meio do Art.3°,
inciso IV, que garante promover o bem a todos,
sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade
e quaisquer outras formas de discriminação,
parece que estas pessoas não acreditam na
concretização de seus direitos.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio deste artigo analisamos que os
negros vêm sofrendo muito desde o início de sua
vinda ao Brasil, como escravos. E mesmo com o
fim da escravatura seus direitos continuaram
inexistindo, assim como seu lugar na sociedade.
Século após sua libertação, percebe-se que os
negros ainda constituem a parte mais pobre e
menos alfabetizada, muitas vezes tendo apenas o
ensino fundamental completo, ou nem isso.
Poucos foram os que perseveraram e
conseguiram seu lugar perante a sociedade, isso se
dá por meio do racismo enraizado em nossa
cultura, em que um diretor tendo como opção um
professor branco e um negro, ainda escolhe o
branco. É inaceitável ver que, apesar da
Constituição Federal reger tudo em seus artigos e
incisos, por meio de leis garantindo prisão
inafiançável o racismo acontece o tempo todo e
nunca acaba com o fim previsto na Constituição.
Frente a esse cenário, os operadores do Direito
fazem-se essenciais para que o racismo seja
erradicado, para que as leis tenham o fim previsto
e para que a população negra se sinta reconhecida
como parte da sociedade.
Somente a completa erradicação do
racismo do dia a dia dos brasileiros poderá trazer
o alicerce necessário para a completa
implementação da Educação para a Paz de forma
adequada e duradoura.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal:
Centro Gráfico, 1988. 292 p.
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http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2016-11/educacao-reforca-desigualdades-
entre-brancos-e-negros-diz-estudo Acesso em 18 ago. 2018
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA - BACHARELADO
SUICÍDIO UNIVERSITÁRIO: A REEDUCAÇÃO MENTAL PARA A
PAZ
Daniel Henrique Huttel
Tailine Lisboa
Wanessa Graminho de Carvalho
1 INTRODUÇÃO
O suicídio no ambiente acadêmico vem se
tornando um assunto comum, provocado por
diversos fatores como estresse, ansiedade, pressão
do cotidiano, relações interpessoais e
principalmente a depressão (GIJZEN, et. al 2018).
Independentemente do local onde ocorra, os
relatos dos suicídios demonstram ser mais
apresentados nas mídias sociais (facebook, blogs,
dentre outros), sendo pouco mencionados em
mídias jornalísticas.
O modelo de exibição de tais
notícias/informações escolhido pelas mídias é
capaz de gerar uma epidemia de suicídios (por
exemplo o jogo Baleia Azul); e, em outros casos,
pode estimular a busca por auxílio psicológico. No
mundo há diversas diretrizes que foram elaboradas
para direcionar a mídia sobre as melhores
maneiras de divulgação concernente ao assunto
(SINYOR et. al, 2018).
Muitos casos de suicídio se mantêm
omissos pela preferência da família, pelos seus
conceitos religiosos/morais e pela privacidade
emocional dos relacionados (DUTRA, 2012).
Entretanto, os sub-registros referentes às
tentativas de suicídio (TS) indicam que em
diversas vezes isso ocorre por meio de ingestão de
medicamentos ou de pesticidas, que corresponde a
uma alternativa indolor, ocorrendo com maior
frequência. Tais fatos facilitam a divulgação das
mídias jornalísticas, podendo estes apresentar o
assunto de forma sensacionalista ou não, o que
ocasiona concepções incertas e subjetivas perante
tais relatos (SINYOR et. al, 2018).
Relatos sobre suicídio entre adolescentes
e jovens apontam maior relação com altos níveis
de depressão e desesperança na adolescência
(BORGES, 2006, apud DUTRA, 2012). Nesse
sentido, jovens acadêmicos possuem diversos
fatores associados à saúde mental desequilibrada
que corroboram para uma performance acadêmica
insatisfatória. Considerando também a busca pelo
consumo de bebidas alcoólicas e outras drogas,
assim como, a elevação da ingestão de
medicamentos por indicação médica (anfetaminas
e benzodiazepínicos) próximo ao período de
formação, pois o alto nível de estresse e ansiedade
são alguns aspectos que podem induzir os mesmos
à TS (CHAVES, 2015, apud ARAÚJO, 2017).
Outro aspecto relevante, segundo Dutra
(2012), é o período de transição, isto é, sair da casa
dos pais para encarar a vida acadêmica. A
mudança abrupta pode provocar o desequilíbrio
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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emocional o que possibilita o desenvolvimento de
transtornos psicológicos. Afastar-se da família
com pretensão de estudar em um ambiente não
familiarizado pode levar à depressão e elevados
níveis de angústia.
Sob esta perspectiva, é fundamental
manter um acompanhamento sobre o estado
emocional e psicológico dos alunos nas
universidades (DUTRA, 2012). Portanto, o
objetivo desse trabalho é relatar estratégias, na
área da educação, para lidar com alunos em estado
de sofrimento psíquico/emocional, visando evitar
o desenvolvimento de transtornos psicológicos e a
ocorrência da TS. Como método, buscou-se na
literatura nacional e internacional artigos e/ou
teses/dissertações que abordassem sobre o
assunto.
2 DISCUSSÕES
Para a população mundial o suicídio se
tornou um assunto em pauta e formas preventivas
de abordar o assunto vêm sido discutidas. De
acordo com Muller (2017) mais de 800 mil
pessoas se suicidam por ano no mundo; nesse
cenário o Brasil ocupa a oitava posição no ranking
de países com altos índices de suicídio.
Há pouco tempo, o Ministério da Saúde
apresentou uma nota em que o sul do país
apresentava o maior número de TS (DUTRA,
2012). Entretanto, é possível trabalhar para a
diminuição desta medida identificando que o
suicídio não se resume apenas em causar a própria
morte, mas em matar o sofrimento. Identifica-se a
necessidade de constatar estratégias em
abordagem pluricultural, a fim de que estejam
introduzidas na sociedade para a diminuição
desses índices elevados (ARAÚJO, 2017;
MULLER, 2017).
Nessa linha, é necessário focar em
diminuir o número de suicídios e acompanhar o
progresso dos planos de ação apresentados
(MULLER, 2017). Contudo, apesar das
campanhas contra estereótipos, divisão de classes,
gêneros e entre outros, o número de suicídio vem
aumentando no país. Dados mostram que
adolescentes e adultos jovens entre 15 e 29
demonstram maior propensão ao suicídio,
principalmente estudantes e acadêmicos com
algum transtorno mental (CREMASCO;
BAPTISTA, 2017; MULLER, 2017).
Em 2006, como intervenção, o Ministério
da Saúde desenvolveu o ‘Manual de Prevenção de
Suicídio: manual dirigido a profissionais das
equipes de saúde mental’ com o intuito de
identificar, de maneira antecipada, aspectos
relacionados à TS, viabilizando medidas
preventivas. Essa cartilha informa a importância
do Centro de Atenção Psicossocial propiciando a
prevenção, bem como, reconhece possíveis
patologias que podem estar relacionadas à TS
como: a depressão, ansiedade, transtorno de
personalidade, dentre outras (ARAÚJO, 2017).
Esses relatos causam comoção na
sociedade mundial, fato que instiga a população a
tentar reduzir e mudar esse cenário desfavorável
por meio de ações, planejamentos de saúde
pública e campanhas específicas para apresentar
projetos de prevenção ao suicídio. Conforme
Araújo (2017), programas dentro das universidade
têm um papel fundamental para a saúde
psicológica dos acadêmicos, visto que, foi
identificado que muitos vivem uma realidade
instável emocional no cotidiano e que a
responsabilidade de proporcionar a assistência
devida aos alunos é um dever da instituição em
que eles estudam (OSSE, 2013; MULLER, 2017).
Um dos planejamentos à prevenção é por
meio do ‘Setembro Amarelo’; uma ação que
ocorre em todo o território brasileiro,
principalmente nas universidades, visando chamar
a atenção para este assunto, utilizando uma
abordagem preventiva. Estabelecida no ano de
2015, essa é uma campanha que visa a valorização
da vida (MULLER, 2017; ARAÚJO, 2017).
No Brasil, é visto um aumento das
campanhas nas faculdades/universidades, com o
propósito de disponibilizar aos alunos maior
acolhimento psicológico, promovendo a saúde.
Uma das campanhas mais realizadas é o programa
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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de assistência aos alunos, realizada principalmente
em faculdades de medicina (OSSE, 2013;
ARAÚJO, 2017).
De acordo com a UNE (2000, apud
ASSIS, 2000), a assistência ao acadêmico é uma
administração governamental para a promoção da
diminuição das diferenças sociais, econômicas e
culturais, favorecendo um incremento para a
formação igualitária entre os acadêmicos. A
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES),
contempla um programa chamado ‘Cada Doido
com sua Mania’ o qual já é realizado há mais de
34 anos e tem como objetivo ajudar aos seus
acadêmicos com tratamento psicológico
humanizado, auxiliando em seu processo de
graduação (CREMASCO; BAPTISTA, 2017).
Robinson et. al (2017), relatam que as
mensagens pelas mídias sociais podem ser vistas
como uma forma de prevenção ao suicídio. Jovens
estudantes podem estar engajados com a
prevenção do suicídio por meio das mensagens
informativas, onde conteúdos sobre o suicídio e a
prevenção são proporcionados aos estudantes,
com o intuito de repassar informações coerentes
no cotidiano por meio das mídias. Dessa maneira,
entendem referidos autores, o assunto é propagado
com maior efetividade, o que além de
proporcionar conhecimento àqueles não
familiarizados com esta problemática, ainda
propicia auxílio para os indivíduos com tendência
suicida. Sendo assim, o envolvimento desses
jovens é primordial desde que estejam atualizados
e informados sobre como abordar uma temática
tão delicada para muitos.
As iniciativas que permeiam as ações
contra o suicídio são apresentadas em vários
formatos. Modelos mais diretos e particulares do
campo terapêutico; casos em que é percebido uma
necessidade de maior alerta na saúde psicológica
dos acadêmicos, onde apresentam alterações
mentais e, também, no progresso de atitudes
educacionais prolongadas, que direcionem a todos
os responsáveis à proporcionar assistência na
identificação de possíveis TS, desta forma, as
condutas regularmente podem e vão favorecer no
combate ao suicídio (OSSE, 2013).
O assunto se torna mais claro após
observar os diversos fatores que o rodeiam e como
ele ocorre em meio à diversas situações cotidianas
que separadamente são pouco relevantes, mas
perante uma rotina de pressão social e
responsabilidades pessoais, geram sofrimentos.
Sendo psicólogo ou não, é visível que o
comportamento de jovens acadêmicos se modifica
demasiadamente, identificando características
preocupantes. Com isso, tais mudanças devem ser
mantidas sob devida atenção, para a identificação
de possíveis psicopatologias necessárias do
tratamento adequado.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nota-se que os acadêmicos, em sua
maioria, vivem uma realidade de alto índice de
estresse o que pode ocasionar ansiedade,
depressão, e diversos outros transtornos em níveis
patológicos. Estes fatores se tornam preocupantes,
pois aumentam as chances de uma TS, não pela
morte ser percebida como positiva, mas por ser
identificada como ferramenta de fuga da realidade
das responsabilidades, pressões sociais e
acadêmicas estabelecidas sobre o indivíduo.
Logo, considerando o histórico de vida e a
situação socioeconômica e cultural dos
acadêmicos universitários, estas questões podem
se tornar um fardo, e sem o
direcionamento/assistência de como lidar com
estas problemáticas subjetivas, o indivíduo tende
a agravar a condição.
Sendo assim, percebe-se como é
imprescindível proporcionar amparo em forma de
programas ou ações nas faculdades/universidades,
viabilizando aos alunos esta possibilidade de
apoio psicológico, trabalhando de forma
humanizada para a diminuição do
desenvolvimento de patologias psicológicas,
corroborando para a prevenção das TS. Desta
forma, viabiliza um período de experiências
acadêmicas mais saudável.
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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SINYOR, M.; SCHAFFER, A.; NISHIKAWA, Y.; REDELMEIER, D. A.;
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SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA - BACHARELADO
O ESPORTE COMO FATOR DE INCLUSÃO SOCIAL: A
IMPORTÂNCIA DOS PROJETOS SOCIAIS ESPORTIVOS
Adan Alves Ribeiro
Ana Paula Maurilia dos Santos
Ellacyane Cardoso Soares
Luiz Felippe Soares
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, tem se considerado a
relevância, a importância e o valor sócio-
educacional dos projetos educacionais e
esportivos em crianças e jovens em situações de
vulnerabilidade social.
Trabalha-se o esporte como o motivador
da ação educativa devido ao potencial que as
atividades esportivas, os jogos e as brincadeiras
têm de educar promovendo, ao mesmo tempo,
prazer e alegria, prevenindo as doenças crônico-
degenerativas e a deteriorização da vida social,
evitando comportamentos nocivos, tais como o
fumo, o álcool, outras drogas e a marginalidade
(CÔRTES NETO; DANTAS; MAIA, 2015).
Para referidos autores, indivíduos em
situação de vulnerabilidade podem potencializar
as chances do fracasso escolar, da evasão, da
droga, do sexo sem prevenção, da carreira na
delinquência, dos acidentes, dentre diversas outras
situações maléficas para os indivíduos. E, dentro
deste contexto, o esporte favoreceria melhorias
nas condições físicas e comportamentais do
indivíduo, uma maior capacidade de se relacionar
e melhores desempenhos acadêmicos.
Diante desse contexto a atual pesquisa
visa contribuir com o reconhecimento do esporte
como fator de inclusão social, revelando a
importância e o valor sócio-educacional dos
projetos sociais esportivos, com o intuito de
proporcionar uma vida mais digna a estes
indivíduos.
2 DISCUSSÕES
De acordo com o Ministério do Esporte
(BRASIL, 2015), as ações dos projetos sociais
esportivos objetivam promover a inclusão social de
crianças e adolescentes por meio do esporte, com a
utilização de recursos incentivados com o intuito
de ampliar o atendimento sócio-esportivo do país.
Ao refletir sobre os projetos sociais numa
perspectiva de se combater o risco social e atender
às crianças que se encontram em vulnerabilidade,
Sarmento (2002) defende a existência de uma crise
social na infância, com questões como as drogas,
os maus-tratos infantis, a violência, etc.,
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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constantemente envolvidas com a violência social
(por exemplo, como vítimas da guerra, ou alvo de
agressões racistas ou pedófilas, ou ainda do
desemprego e da pobreza).
Para Maciel; Costa e Bezerra (2015), os
projetos sociais esportivos são pontos de partida
para a ascensão social por meio da descoberta e
aproveitamento de talentos; democratizando a
prática esportiva e de lazer como direito de todos;
contribuindo para a saúde mental, física e motora;
e agregando conceitos de responsabilidade social
aos agentes envolvidos.
Santos; Rosa Neto e Pimenta (2013)
acreditam que a educação fora da escola pode ser
colocada em prática a partir dos projetos sociais
esportivos, ensinando solidariedade, compaixão,
respeito ao próximo e erradicando a violência.
Esses mesmos referidos autores, salientam que os
projetos esportivos desenvolvidos em parcerias
com a escola e a comunidade, devem ser
prioridade para as crianças e jovens em situação
de risco social, pelo potencial imenso de
realização que o esporte tem.
No contexto nacional, o Ministério do
Esporte é o responsável por essas iniciativas e tem
desenvolvido diversas ações voltadas à inclusão
social. Destaca-se o projeto Segundo Tempo que
tem por objetivo “democratizar o acesso à prática
e à cultura do Esporte de forma a promover o
desenvolvimento integral de crianças,
adolescentes e jovens, como fator de formação da
cidadania e melhoria da qualidade de vida,
prioritariamente em áreas de vulnerabilidade
social” (BRASIL, 2015).
Num contexto regional, no município de
Camboriú (SC), podemos citar o Projeto Latarte,
que existe desde 2006 e objetiva atender crianças
e jovens de escolas públicas no contraturno
escolar. A eles são oferecidas oficinas de
atividades diversas com música, arte, recreação e
atividades esportivas: voleibol, futebol, capoeira,
judô; além de reforço escolar, letramento,
alfabetização, matemática, sala de informática,
inglês, cursos profissionalizantes e as refeições.
Geralmente os projetos são ofertados nas
escolas públicas (estaduais e/ou municipais) e
objetivam atender os escolares do Ensino
Fundamental I e II que se encontram em situação
de vulnerabilidade social. Grande parte das
atividades dos projetos são oferecidas no
contraturno escolar, por meio de parcerias com
ONG’s e Centros de Educação Complementar
(CEC’s)
Foram encontrados poucos artigos
científicos referentes à temática dos projetos
sociais. Santos; Rosa Neto e Pimenta (2013)
alegam que há uma escassez de estudo
especificamente quanto às atividades físicas
desenvolvidas em projetos sociais. Verifica-se que
as pesquisas sobre os projetos sociais se dedicam
aos aspectos da gestão e das avaliações das ações,
que se limitam a controlar investimentos
financeiros realizados ou simplesmente servir
como relatório das atividades desenvolvidas, não
analisando, de fato, o valor ou mérito da ação
social (ASSUMPÇÃO; CAMPOS, 2011).
Outros autores têm abordado em seus
estudos a preocupação com os resultados obtidos
por projetos desenvolvidos com o foco social.
Segundo eles, os indicadores devem ser
acompanhados para a comparação pré e pós
intervenção, ou seja, entre o ponto de partida e a
realidade após as mudanças identificadas
(MACIEL; COSTA; BEZERRA, 2015).
Acredita-se que mesmo com os grandes
eventos mundiais como os Jogos Olímpicos e a
Copa do Mundo terem ocorrido no Brasil são
necessárias políticas públicas mais afins do
esporte educacional, com o intuito de deixar um
legado educacional ao país.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na atualidade, grande parte do
reconhecimento do esporte como fator de inclusão
social de crianças e jovens das classes populares é
revelado pelo aumento do número de projetos
esportivos financiados por instituições
governamentais e privadas (CÔRTES NETO;
DANTAS; MAIA, 2015). Acredita-se que os
projetos sociais visam a formação integral de seus
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participantes, possibilitando a ascensão social, por
meio da descoberta e aproveitamento de talentos,
democratizando a prática esportiva e de lazer
como direito de todos.
Dentre as pesquisas existentes, os projetos
sociais esportivos podem ser vistos como
instrumento de resgate social de crianças e
adolescentes em situação de risco.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Grande Florianópolis: um estudo sobre modelos relacionados ao foco de atuação. Revista de
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MACIEL, E.C., COSTA, L.M.S., BEZERRA, L.F.M. Desafios Do Monitoramento E
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SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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79
CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA - LICENCIATURA
A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E O ESPORTE NO PROCESSO DE
INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA
Ana Paula Maurilia dos Santos
Ellacyane Cardoso Soares
Juliano César da Costa
Luiz Felippe Rocha
1 INTRODUÇÃO
A inclusão social faz parte de um
movimento educacional, político e social que luta
pela inserção das pessoas na sociedade.
Independentemente de suas diferenças e de serem
aceitos e respeitados em seu meio social a inclusão
permite aos alunos uma educação de qualidade
proporcionando a eles experiências significativas
(FREIRE, 2008).
Sassaki (2003) conceitua a inclusão como
uma adaptação da sociedade para incluir pessoas
com deficiência em seu meio social e a prática da
inclusão de aceitação das diferenças individuais.
Para Alves e Duarte (2014) a inclusão é um
método que garante aos alunos alcançarem seus
potenciais, sendo pessoas com deficiência ou não.
No ano de 1994, delegados da
Conferência Mundial de Educação Especial, em
Salamanca, Espanha, validaram o compromisso
de uma educação para todos, caracterizando a
necessidade das pessoas com deficiência de
estarem inseridas dentro do ensino regular, uma
vez que toda criança tem o direito à educação e de
se manter no nível adequado de aprendizagem
(BRASIL, 1994). Tal resolução ficou conhecida
como “Declaração de Salamanca” e é considerada
mundialmente como um dos mais importantes
documentos que visam a inclusão social.
Estudos atuais têm demonstrado que
alunos com deficiência não se sentem totalmente
incluídos nas aulas de Educação Física (ALVES;
DUARTE, 2014) Nesse sentido, questiona-se se o
professor de Educação Física está preparado em
dar aula para alunos com deficiências. De acordo
com Mantoan (2006) o professor tem que inovar
em suas aulas e fazer com que os alunos interajam
entre si, construindo conceitos, valores, respeito e
buscando entender as dificuldades e limitações
que cada aluno tem. Os profissionais da Educação
Física devem proporcionar aos alunos aulas
atrativas buscando levar a eles meios de se
sentirem incluídos.
Dentre os diversos assuntos da Educação
Física o esporte é uma das maneiras de estar
incluindo pessoas com deficiência por ser um
conteúdo que exige socialização e cooperação dos
alunos. Mas será que essas aulas de inclusão
realmente acontecem na prática? Certamente se
não acontecem seria por falta de conhecimento ou
despreparo dos professores, ou por não quererem
estar buscando algo novo para aplicarem em suas
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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aulas.
Ferreira (2010) conclui que a Educação
Física tem o poder da integração a da cooperação,
tendo as atividades físicas como um destes fatores,
podendo ser adaptada em suas aulas. Para Costa e
Bittar (apud AZEVEDO; BARROS, 2004) o
esporte inclusivo tem que levar em consideração
as limitações de cada indivíduo; também é
importante que tenha uma relação com os outros
alunos para que o deficiente se sinta incluído e se
envolva nas atividades e, assim, desenvolva suas
potencialidades.
De modo geral, acredita-se que o esporte
pode estar incluindo essas pessoas no espaço
escolar e na sua vida social, proporcionando a eles
uma melhor qualidade de vida, tanto social quanto
para sua saúde. É importante que as pessoas
cumpram com o direito de igualdade um com o
outro. Vianna e Lovisolo (2011) acreditam que a
formação de um sujeito seja intrínseca do esporte,
desenvolvendo responsabilidade a sociabilidade,
entre outros, e que o esporte na escola deve gerar
uma procura maior de atividades físicas.
Nessa perspectiva, o objetivo geral desta
pesquisa foi realizar um levantamento
bibliográfico com o intuito de buscar estudos que
demonstrem os benefícios do esporte na vida dos
alunos com deficiência, apresentando como
objetivos específicos: (1) verificar a contribuição
das aulas de Educação Física para a inclusão
social; (2) buscar estudos referentes à importância
do professor nesse processo; (3) relatar as
dificuldades encontradas por estes profissionais.
Nesse sentido, a proposta dessa pesquisa
foi estruturada a partir do seguinte
questionamento: será que os professores de
Educação Física estão preparados para receber os
alunos com as mais variadas deficiências durante
as aulas de educação física escolar?
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este estudo caracterizou-se como uma
pesquisa bibliográfica, pois busca explicar um
problema a partir de outras pesquisas,
selecionando conhecimento e informações de
outros estudos, procurando encontrar o desfecho
do tema de pesquisa (MATTOS; ROSSETO
JÚNIOR; BLECHER, 2008). Quanto à
abordagem do problema caracteriza-se como uma
pesquisa qualitativa, uma vez que não depende da
utilização de instrumental estatístico como base no
processo de análise do problema
(RICHARDSON, 1989). Desse modo, no presente
estudo não haverá seção “Resultados e
Discussão”, sendo que a “análise e/ou discussão
dos dados” nesta revisão de literatura representará
as informações qualitativas referentes aos
pressupostos teóricos encontrados nas seções 3 e
4.
Sendo assim, este estudo cumprirá com a
definição supracitada dos autores quanto à
pesquisa bibliográfica e abordagem qualitativa. O
levantamento bibliográfico foi realizado no
segundo semestre de 2015. As bases de dados para
busca dos artigos foram Google Acadêmico e
Scielo, sendo que os termos utilizados para a busca
foram: inclusão social por meio do esporte;
Educação Física escolar; esporte no processo de
inclusão, e professor de Educação Física e o
esporte adaptado.
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3 OS BENEFÍCIOS DO ESPORTE NA VIDA DOS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA
Inicialmente é necessário compreender a
definição sobre o que é deficiência. Segundo
Bampi; Guilhem e Alves (2010) qualquer pessoal
que contenha alguma modificação na parte física,
cognitiva e sensorial é caracterizado deficiente. As
deficiências são classificadas em cinco tipos,
sendo elas: deficiência física/motora, visual,
mental, auditiva e múltipla, que são causadas por
diversos fatores.
A convenção sobre os direitos das pessoas
com deficiência define em seu artigo 1º que:
Pessoas com deficiência são aquelas que
têm impedimentos de natureza física,
intelectual ou sensorial, os quais, em
interação com diversas barreiras, podem
obstruir sua participação plena e efetiva
na sociedade com as demais pessoas
(RESENDE; VITAL. 2008, p. 27)
Diante das dificuldades que as pessoas
com deficiência passam no dia a dia, sendo no
momento de se locomover ou de se integrar com
as outras pessoas no seu ambiente escolar ou em
meio à sociedade, o esporte pode estar suprindo
essas necessidades. Como relata Cardoso (2011, p.
529), “O desporto é um importante meio para a
reabilitação física, psicológica e social de pessoas
com algum tipo de deficiência”.
Segundo Azevedo e Barros apud Barrozo
et al (2012, p. 18):
O esporte se apresenta como um dos
requisitos indispensáveis para que o
indivíduo possa atingir a dimensão total
de inclusão social. Isso pode ser
comprovado por ser um instrumento
simples, acessível e eficiente que muito
contribui para que a pessoa pertença ou
tome parte do seu lugar na sociedade.
Costa e Bittar apud Azevedo e Barros
(2004), salientam que o esporte inclusivo facilita
uma real presença de participação dessas pessoas
no esporte, considerando as limitações de quem a
pratica, assim apresentando uma melhora de suas
capacidades.
Para Junior (2012), a inclusão social é
uma condição influente no esporte fazendo com
que o deficiente enxergue a vida de um modo
diferente e consequentemente se inclua no meio
social, trazendo benefícios como o aumento da
autoestima, estimulando a independência da
pessoa e a motivação para atividades futuras. “As
pessoas com deficiências que tiveram acesso aos
esportes atingiram um razoável estágio no que se
refere à participação em atividades sociais e ao
desenvolvimento físico” (GORGATTI, 2005, p.
32).
Levando em consideração as
peculiaridades de cada deficiência, descrições
plausíveis e conceitos fundamentais sobre as
deficiências e os benefícios do esporte para esses
casos específicos são descritos a seguir.
No que concerne à Deficiência Física, de
acordo com Silva; Vital e Melo (2012) ela é
compreendida como o resultado de más
formações, amputações e distrofias de um
membro ou mais do corpo humano ou lesões
cerebrais ou do sistema nervoso,
O Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de
2004, define a deficiência física como:
[...] alteração completa ou parcial de um
ou mais segmentos do corpo humano,
acarretando o comprometimento da
função física, apresentando-se sob a
forma de paraplegia, paraparesia,
monoplegia, monoparesia, tetraplegia,
tetraparesia, triplegia, triparesia,
hemiplegia, hemiparesia, ostomia,
amputação ou ausência de membro,
paralisia cerebral, nanismo, membros
com deformidade congênita ou
adquirida, exceto as deformidades
estéticas e as que não produzam
dificuldades para o desempenho de
funções.
Em um estudo realizado pela UNIFESP,
em que buscou-se analisar o esporte como um
meio de reabilitação em 30 pessoas com idade
entre 17 a 59 anos, com deficiência física, foi
observado que as pessoas que não participavam
de nenhuma atividade física e que começaram a
praticar o basquete de cadeira de rodas (n=15), e
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as outras pessoas (n=15) que iniciaram a natação,
foi verificado que após dois anos da prática dos
esportes, ambos os grupos tiveram significativas
mudanças em seus aspectos sociais, obtiveram
progresso no trabalho, um melhor diálogo com
outras pessoas nas atividades do dia a dia e um
melhor relacionamento com seus amigos e
companheiros (LABRONICI, et al, 2000).
Em um estudo realizado pelo
CEFID/UDESC e CDS/UFSC, sobre um projeto
que visava a qualidade de vida dos deficientes
físicos, foi constatado que a prática de atividades
físicas regulares, em média três vezes por semana,
trouxe benefícios como: fortalecimento muscular,
promoção da saúde e integração social e bem-estar
em geral. Zuchetto e Castro (2002, p. 4) afirmam
que:
As atividades físicas, além dos
benefícios orgânicos (aspectos
metabólicos, cardiorrespiratório e
músculo-ósteo-articular), contribuem
significativamente para a melhoria do
convívio social, para a promoção de
independência, de um auto conceito mais
positivo, enfim, faz com que os
deficientes físicos sejam encorajados a
fazer tudo o que são capazes, buscando
otimizar seu potencial.
Nesta perspectiva Goulart e Negrine
(2008, p. 2) mencionam que “O esporte é um dos
meios eficazes de inclusão e reintegração social, e
serve como elemento desencadeador de promoção
da saúde, fundamentalmente, quando praticado
por pessoas portadoras de deficiência física, que
compromete a locomoção”.
Quanto à deficiência visual Silva; Vital e
Melo (2012) a definem como a privação da visão,
não podendo ser reparada com lentes ou quaisquer
recursos ópticos. O Decreto nº 5.296 de 2004,
define esse tipo de deficiência como:
[...] cegueira, na qual a acuidade visual é
igual ou menor que 0,05 no melhor olho,
com a melhor correção óptica; a baixa
visão, que significa acuidade visual entre
0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor
correção óptica; os casos nos quais a
somatória da medida do campo visual em
ambos os olhos for igual ou menor que
60o; ou a ocorrência simultânea de
quaisquer das condições anteriores.
Muitos estudos têm averiguado o esporte
como fator transformador na vida dos deficientes.
Em um estudo realizado no Instituto Benjamin
Constant (IBC), com 10 alunos com deficiência
visual, do gênero masculino, em que os mesmos
são atletas que representam o Brasil em
campeonatos internacionais, foi relatado por todos
os entrevistados uma melhora nos seus
desenvolvimentos psicológicos, intelectual, além
de melhorias na percepção de espaço, facilitando
as rotinas diárias, a locomoção, assim trazendo
melhoras na autoestima destas pessoas. Dentre
estes atletas, um relata a importância do esporte
após ficar cego na fase adulta, a saber:
[...] o esporte deu um incentivo para lutar
por aquilo que eu desejo; por traçar
metas a serem alcançadas efetivamente e
lutar por aquilo que eu sonho [...]. Para
pessoas portadoras de deficiência visual
foi muito importante eu me inserir no
contexto esportivo, isso me fez ver a vida
com outros olhos, sem trocadilhos, mas
foi um recomeço de um modo geral. A
partir daí, eu comecei a evoluir como
pessoa, como cidadão e como ser
humano também’ (PEREIRA et al, 2013,
p. 101).
Em outro estudo realizado com
deficientes visuais, atletas de Goaball (n=10),
integrantes da Seleção de Brasília, da Associação
do Centro de Treinamento de Educação Física
Especial (CETEFE), que teve como propósito
verificar os benefícios desta modalidade por meio
de um questionário contendo questões fechadas,
foram evidenciadas melhorias na parte psicológica
e social, além de contribuições importantes para
uma melhor mobilidade e autonomia, favorecendo
um bom convívio com outras pessoas (OLIVEIRA
et al, 2013).
O esporte para a pessoa com deficiência
visual possa vir a ser compreendido
como um fenômeno sociocultural de
múltiplas possibilidades, cujas
dimensões sociais podem abranger a
educação, ao lazer e o rendimento, e cuja
as referências principais são: a formação,
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a participação e desempenho (PAES,
2002 apud SILVA; VITAL; MELO,
2012, p. 53)
Já quando a ênfase é no contexto da
Educação Física Escolar, Melo (2008) acredita
que as atividades adaptadas nas aulas Educação
Física estimulam o deficiente visual a conhecer
seu próprio corpo, assim trazendo-lhe grandes
benefícios para seu cotidiano, como movimentar-
se livremente, sem que se dependa de alguém.
Nesse contexto, pode-se ponderar que os
deficientes visuais por terem a visão
comprometida apresentarão dificuldades nas áreas
motoras do equilíbrio e da organização espacial e
o trabalho dessas valências motoras por parte do
professor de Educação Física contribuirão
decisivamente para as atividades de vida diária do
aluno, fazendo com que ele desenvolva uma maior
independência e melhorias na locomoção, por
exemplo.
No que diz respeito à deficiência mental,
Luckasson e Cols apud Carvalho e Maciel (2003)
salientam que a deficiência mental é definida por
suas limitações no funcionamento intelectual e o
processo de se adaptar em atividades práticas e
sociais. O Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de
2004, define a deficiência mental como:
[...] funcionamento intelectual
significativamente inferior à média, com
manifestação antes dos dezoito anos e
limitações associadas a duas ou mais
áreas de habilidades adaptativas, tais
como: comunicação; cuidado pessoal;
habilidades sociais; utilização dos
recursos da comunidade; saúde e
segurança; habilidades acadêmicas;
lazer; e trabalho (BRASIL, 2004, s.p.).
Um estudo realizado por Moura et al
(2012) na cidade de Montes Claros (MG), teve
como foco identificar a importância do esporte na
vida das pessoas com deficiência mental, por meio
da visão de 50 participantes, sendo eles pais e
responsáveis deles. Os autores concluíram que o
esporte vem facilitando o processo de inclusão,
verificou-se também que por meio de programas e
projetos de incentivo ao esporte e especialmente
por meio das aulas de Educação Física Escolar,
vem atingindo uma maior participação destes
alunos com deficiência mental em atividades
sociais.
Uma pesquisa realizada por Rodrigues e
Lima (2014), na FAEFI/UFU, tendo o objetivo de
verificar as contribuições do programa de
atividades motoras em meio aquático na
coordenação corporal de adolescentes com
deficiência mental, no período de quatro meses,
verificou-se que a prática das atividades exercidas
pelos adolescentes contribuiu com uma melhora
na coordenação corporal dos participantes.
Barrozo et al (2012) ressaltam que o esporte vai
mais além do que só promover a qualidade de
vida, é a por meio deste que a pessoa evolui sua
cidadania, se inserindo em ambientes físicos e
sociais.
Num estudo realizado por Santos; Weiss e
Almeida (2010), cujo objetivo foi verificar os
efeitos das intervenções motoras em uma criança
com Síndrome de Down, foi verificado que após
32 sessões de atividades lúdicas e estimulantes, a
criança apresentou avanços positivos nas áreas da
motricidade global, equilíbrio e organização
espacial. Os mesmos autores acreditam que há
uma forte relação entre o motor e o cognitivo,
desse modo ao se trabalhar as habilidades motoras
dessas crianças, estaremos contribuindo para o seu
desenvolvimento cognitivo e, por isso, para a
aprendizagem escolar.
Vale ressaltar que atualmente o termo
utilizado é Deficiência Intelectual, por referir-se
ao funcionamento do intelecto especificamente e
não ao funcionamento da mente como um todo
(SASSAKI, 2004). O mesmo autor salienta que a
mudança da terminologia também é útil para
evitar a confusão entre Doença Mental e
Deficiência Mental.
Em relação à deficiência auditiva, de
acordo com o Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro
de 2004, ela é definida como: “perda bilateral,
parcial ou total, de quarenta e um decibéis (db) ou
mais, aferida por audiograma nas frequências de
500hz, 1.000hz, 2.000hz e 3.000hz;” (BRASIL,
2004, s.p.).
Um estudo realizado por Lacerda (2006)
em uma escola de rede privada com 29 alunos
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ouvintes e um surdo, afim de evidenciar a inclusão
deste aluno surdo no ambiente escolar foi
realizada uma investigação partir de depoimentos
de professores, alunos ouvintes e o aluno surdo.
De acordo com o depoimento dos professores, as
aulas ocorrem normalmente com a ajuda de um
intérprete; notam um bom relacionamento com os
demais alunos, mas também se evidencia a falta de
preparação para esta prática. Os depoimentos
relatados pelos professores escondem problemas
nesta prática, mas de modo geral, os docentes
entrevistados têm essa experiência como
satisfatória.
Já para os alunos ouvintes entrevistados o
aluno surdo é visto com respeito, tendo um bom
relacionamento com a turma, apesar de terem
algumas dificuldades com a língua de sinais. Para
o aluno surdo, as aulas na escola regular é algo
normal; compreende que os alunos ouvintes
conhecem alguns sinais, mas que há uma
comunicação entre eles. Relata também que os
professores não conhecem os sinais, mas que isso
não traz problemas, pois tem a intérprete que o
ajuda nas suas tarefas escolares. Dentro desse
contexto, eleva-se a importância da inclusão no
ambiente escolar e especificamente quanto à
Educação Física Escolar podemos afirmar que:
[....] tem um papel importante na
inclusão de pessoas com deficiência
auditiva nas escolas regulares, pois por
meio das aulas é possível trabalhar o
aluno em sua totalidade, com objetivo de
buscar a saúde do corpo, a sensibilidade,
a coordenação motora a criatividade,
explorando uma diversidade de
habilidades e fazendo os alunos
socializarem entre si [...] (GÓES;
ALVES; VIEIRA JÚNIOR, 2012, p. 12).
Em um estudo realizado na universidade
do Estado da Bahia por Nogueira et al (2006), com
14 pessoas com deficiência auditiva, cujo objetivo
foi possibilitar aos surdos uma experiência no
esporte (handebol), buscando formas de incluir
estes alunos, foram aplicadas brincadeiras para
desenvolver as atividades e o jogo. Durante as
atividades realizadas os surdos mostraram-se
motivados a aprender, sendo que as aulas
propiciaram aos surdos a ampliação de suas
capacidades motoras e de socialização.
Por fim, quanto à deficiência múltipla, de
acordo com o Decreto nº 5.296, entende-se por
deficiência múltipla a “associação de duas ou mais
deficiências” (BRASIL, 2004, s. p.).
Em suma, diante dos pressupostos
teóricos e das pesquisas supracitadas, entende-se
que a pessoa com deficiência possui o direito de
ser integrada na sociedade em diversas áreas, e o
esporte parece ser um meio pelo qual essa
interação torna-se de grande valia em diferentes
esferas da vida dessa pessoa.
4 CONTRIBUIÇÃO DAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA PARA O PROCESSO DE
INCLUSÃO SOCIAL
O professor de Educação Física tem uma
grande função no ambiente escolar e de certa
forma na vida dos alunos. Dentro desta concepção
Silva; Duarte e Almeida (2011) reforçam dizendo
que a Educação Física reproduz um significante
avanço geral na vida dos alunos com deficiência
por desenvolver as possibilidades e limites de seu
corpo.
Para Betti e Zuliani (2002) a Educação
Física como parte do currículo da educação básica
tem a obrigação de estar integrando e incluindo o
aluno na cultura corporal de movimento e assim
buscando estratégias para possibilitar a inclusão
destes alunos.
De acordo com Souto et. al (2010),
estudos da Educação Física mostram o valor desta
disciplina, na promoção de benefícios para o
aluno, desde o desenvolvimento físico até a
melhora afetiva e o convívio com as outras
pessoas.
Segundo Alves e Duarte (2014) a inclusão
está vinculada à Educação Física escolar por meio
da participação dos alunos nas atividades
propostas pelo professor; assim o aluno se sente
um integrante da equipe, obtendo vínculo de
amizade entre o grupo.
A Educação Física, no seu ambiente
escolar, é uma das disciplinas mais desejadas
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pelos alunos pelo fato de saírem de um ambiente
fechado, a sala de aula, para um ambiente aberto,
o momento de brincar. Dario apud Souto et. al
(2010) ressalta que o aluno quando realiza
atividades de forma lúdica, descontraída, também
está aprendendo. “É através da educação física que
o aluno poderá expressar suas emoções, como a
alegria, o medo, descobrindo as mais variadas
formas de linguagem corporal, que estimula e
aprofunda a inserção do educando na sociedade”
(MATTOS; NEIRA, 2000 apud OLIVEIRA;
RODRIGUES, 2006, p. 33).
Alves e Duarte (2014) apontam que não
há apenas contribuições para as aulas de Educação
Física. Estudos mostram que alunos com
deficiência sofrem por não se sentirem
completamente incluídos nas aulas de Educação
Física. Por sua vez Kozub e Ozturk (2003 apud
GORGATTI, 2005, p. 46) destacam que “a
experiência da inclusão nas aulas de educação
física pode ser negativa ou positiva para a criança
com deficiência, dependendo em muito de qual
será a atitude dos pais e professores diante da
situação”.
Goodwin e Watkinson (2000, apud
ALVES; DUARTE, 2014) realizaram um estudo,
com alunos entre 10 a 12 anos de idade para
diagnosticar o significado da Educação Física
inclusiva para eles. Classificaram as aulas de
Educação Física como ‘dias ruins’ e ‘dias bons’.
Os ‘dias bons’ seriam aqueles em que as
atividades propostas dessem a estes alunos um
modo de se beneficiar e participar das atividades
junto aos outros alunos ditos “normais”, assim se
sentindo incluído com o grupo. No entanto, nos
‘dias ruins’ estes alunos se sentiam diferentes
devido suas deficiências, tinham uma pequena
participação nas aulas, o isolamento destes alunos
estava relacionado com a rejeição ou ser o centro
de curiosidade pelos outros alunos.
Em outro estudo realizado com
deficientes visuais em escolas particulares e
públicas da cidade de São Carlos (SP), apontou-se
a não inclusão destes nas aulas de Educação
Física. O pesquisador relata que a inclusão está se
efetuando de forma parcial, pela má formação
docente. Também ressaltou que os docentes se
justificaram dizendo que não estavam preparados
para incluir estes alunos (COSTA, 2010).
Gorgatti (2005) ressalta a ideia de que se
os professores demonstrassem atitudes de inclusão
incentivariam as outras crianças a terem esse tipo
de atitude, assim instigariam o aluno deficiente a
realizar as atividades e a se socializarem com o
grupo. “A inclusão deste aluno é dependente da
qualidade das interações sociais estruturadas, onde
estas devem ser positivas e permitir que ele se
sinta aceito, reconhecido por sua capacidade de
desempenhar um papel importante no grupo”
(ALVES; DUARTE, 2014, p. 330).
Para Souto (2010) a Educação Física que
quer ser inclusiva deve estar buscando a
criatividade para incentivar a participação de
todos e assim retirar a barreira entre as diferenças.
Os alunos têm suas potencialidades a serem
desenvolvidas, cabe aos profissionais darem esta
oportunidade a eles, de desenvolverem seus
potenciais, fazendo com que o aluno se sinta
incluído.
Mantoan (2015) assegura que o Brasil
melhorou sua política de educação para o
deficiente, como o direito de estudar em escola
comum, mas que não garante que o direito da
educação aos deficientes foi solucionado.
De acordo com Nascimento et. al (2007)
mesmo com a disciplina de Educação Física
adaptada estarem nos currículos acadêmicos e
trazendo conhecimento a eles sobre o assunto, esta
área ainda tem característica negativa quando
aplicadas no ambiente escolar por falta de
interesse e pelo fato de os profissionais não
estarem buscando conhecimento sobre a área após
a graduação.
Ferreira (2010) salienta que a Educação
Física Adaptada veio para complementar a
Educação Física Geral que não conseguiu suprir a
total necessidade dos alunos com deficiência.
A EF Adaptada tem sido valorizada e
enfatizada como uma das condições para
o desenvolvimento motor, intelectual,
social e afetivo das pessoas, sendo
considerada, de uma maneira geral,
como: atividades adaptadas às
capacidades de cada um, respeitando
suas diferenças e limitações,
proporcionando as pessoas com
deficiência a melhora do
desenvolvimento global,
consequentemente, da qualidade de vida.
(STRAPASSON; CARNIEL, 2007, p.
11)
Costa e Sousa (2004) acentuam que a
Educação Física, na qual alcançou a adaptação nos
esportes e nas atividades físicas, puderam
enxergar as potencialidades e contradizer a visão
de um corpo ineficaz e imperfeito.
Sherril (apud COSTA; WINCKLER,
2012, p. 17) enfatiza que o esporte adaptado é
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aquele realizado por pessoas com deficiência,
buscando incluir este no grupo ou melhorar suas
habilidades motoras, “baseado em modalidades
que são adaptadas de esportes já existentes ou
criadas especificamente para essa população,
como o caso do goalboll”.
Nota-se alguns obstáculos encontrados
pelos professores de Educação Física ao estarem
atuando com alunos deficientes em suas aulas,
assim alguns estudos vêm comprovando estas
dificuldades como Fiorini e Manzini (2014) que
analisaram as dificuldades encontradas por
professores de Educação Física, em duas escolas
do Estado de São Paulo. O estudo mostra que as
dificuldades encontradas em realizar a inclusão no
ambiente escolar advêm de variados motivos
como a formação profissional, das más estratégias
de ensino e da área da Educação Física, e de todo
ambiente escolar, alunos, diretores; além da
família.
Em um estudo feito por Boato; Sampaio e
Silva (2012) com 180 professores de Educação
Física do Distrito Federal, notou-se que parte deles
não se identificava com a prática da inclusão.
Então se constatou a necessidade de realizar
cursos de capacitação e formação continuada.
“Pode-se dizer que a atuação de um professor em
suas aulas inclusivas é decorrente das suas
experiências tanto academicamente, como
profissionalmente, porém depende principalmente
do interesse do profissional pela área de atuação”
(NASCIMENTO, 2007, p. 56)
Para Souza (2012) as escolas ainda não
estão preparadas para incluir o aluno deficiente,
devido a materiais e estruturas inadequados, mas
realça dizendo que a escola tem um elemento
importante para que a inclusão aconteça: o
compromisso e a vontade de fazer do professor
com esses alunos. “Não se trata aqui de negar a
complexidade de atuar com grupos de alunos que
nos colocam o desafio de ensinar na diversidade
[...]” (JESUS, 2008, p. 75). Ninguém sabe uma
fórmula mágica para garantir a inclusão dos
alunos, então cabe a todos os agentes buscarem as
melhores metodologias, avaliação,
procedimentos, adequando quando for necessário
de acordo com cada dificuldade dos alunos
(SOUZA, 2012).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo teve como objetivo investigar
por meio de artigos científicos, livros, revistas e
leis, os benefícios do esporte na vida dos alunos
com deficiência; a contribuição das aulas de
Educação Física para o processo de inclusão e
verificar se o professor de Educação física está
apto em ministrar suas aulas para as mais variadas
deficiências.
Observou-se que o esporte beneficia a
todos os alunos principalmente aos que têm
alguém tipo de deficiência sendo capaz de gerar
um melhor condicionamento físico. Também pode
ser benéfico para a inserção deste em um grupo ou
na sociedade, assim promovendo não só a saúde
física, mas também sua saúde mental, melhorando
sua autoestima, e possibilitando que conviva de
maneira favorável com a sociedade, melhorando
sua qualidade de vida.
As aulas de Educação Física beneficiam
os alunos por meio de suas atividades,
estimulando-os a participar das aulas e, assim,
facilitando o processo de inclusão dos alunos com
deficiência, proporcionando não só a melhora de
convívio destes como também desenvolvendo a
aceitação dos demais alunos diante a deficiência.
Não podemos deixar de notar a
dificuldade dos professores em estarem atuando
com este público. Nesse sentido, acreditamos que
as faculdades e universidades estão aptas o
bastante para lançarem o acadêmico no seu campo
profissional, mas também que após começarem a
exercer a função nas escolas, nem todos os
professores terão essa perspectiva de inclusão para
com o aluno com deficiente; talvez pelo
comodismo após estarem atuando na área ou por
não se sentirem aptos em dar aulas a estes alunos.
Conclui-se que a Educação Física pode
sim incluir qualquer tipo de pessoa, sendo ela
deficiente ou não, pois esta disciplina tem certa
afinidade com os alunos. Por mais difícil que seja
em ministrar aulas de inclusão, o professor tem
esse papel no ambiente escolar, mas para que isso
aconteça tem que haver o querer do professor. O
profissional tem de estar em constante
aprendizagem buscando se inovar e levar aos
alunos atividades que possam instigar a prática e
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assim integrar todos ao grupo.
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CURSO DE ENFERMAGEM
EDUCAÇÃO PARA A PAZ E EXCELÊNCIA EDUCATIVA: BULLYING
NAS ESCOLAS
Bianca Jaqueline Rocha
Jaqueline Silva
Juliano de Amorim Busana
1 INTRODUÇÃO
Cada um de nós possui visões diferentes,
maneiras de pensar e agir que nos fazem ter
atitudes racionais e irracionais - saber o que é o
certo e o que é errado. Ninguém melhor do que
crianças e adolescentes para nos mostrarem que
não podemos desistir da luta de um problema que
pode parecer simples, mas que se não resolvido
trará consequências para o resto de suas vidas.
Por meio desta reflexão foi vista a
necessidade de conscientizar crianças,
adolescentes e adultos de que a luta contra o
bullying não pode parar. Com isso a pesquisa foi
realizada com o objetivo de fazer com que os
jovens pudessem analisar e refletir sobre este ato
para que eles mesmos pudessem reconhecer o que
podem fazer para mudar essa situação, refletindo
sobre suas atitudes, assim, podendo mudar o seu
bem-estar e também do outro que está ao seu
redor.
A pesquisa foi feita com 65 alunos de uma
escola da rede Municipal de Ensino da cidade de
Itajaí (SC), com idades entre 12 e 16 anos, onde
um questionário foi entregue a eles para
responderem às perguntas conforme achassem
necessário. As perguntas foram as seguintes: 1 -
Idade; 2 - Gênero; 3 - Você sabe o que é bullying?;
4 - Você já sofreu algum tipo de bullying?; 5 -
Qual foi a sensação?; 6- Você já praticou
bullying?; 7 - Qual foi a sensação?; 8 - Você
praticaria novamente?; 9 - Você acha que sofreu
ou ainda sofre as consequências deste ato?; 10 - O
que você acha que pode ser feito para mudar essa
atitude?; 11 - Comente sobre a sua experiência de
ter praticado ou recebido este ato.
2 DISCUSSÕES
O bullying sempre fez parte da rotina
estudantil. Atualmente, pesquisas, palestras,
conscientização e campanhas do Governo, enfim,
toda a sociedade arma uma luta contra o bullying.
Mas como está a situação? Com que frequência
esta agressão ainda ocorre nas escolas?
Conseguimos superar este problema da
sociedade?
Várias são as formas de cometer este ato:
verbal, por meio de insultos, ofensas, apelidos
pejorativos; física, onde inclui atos de destruir
pertences alheios, bater, beliscar, empurrar;
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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psicológica, em forma de humilhação,
discriminação, exclusão, chantagem, difamação;
sexual com abusos, assédios, insinuações; e
virtual, onde o bullying acontece por meio de
ferramentas tecnológicas.
Sabemos que independentemente da
idade, classe social ou financeira, há uma
necessidade de entendermos e compreendermos
como esse fenômeno acontece e como é a
realidade das crianças que passam por isso todos
os dias nas escolas (GRILLO; SANTOS, 2015).
Muitas vezes este ato é visto como uma
brincadeira inofensiva e por isso não há uma real
resolução para este problema. No entanto, é
preciso mostrar um pouco de como esse ato
acontece, apresentando suas causas e as
consequências de ambos os lados: da vítima e do
agressor (GRILLO; SANTOS, 2015).
Das 65 respostas obtidas, 50 alunos
manifestaram que já sofreram algum tipo de
bullying sendo que todos eles foram de forma
verbal; e para cinco deles verbal e física.
Todos os pesquisados sabem o que é o
bullying. Cada um falou com suas palavras, mas
todos souberam explicar o que é. “Xingar as
pessoas”, “é um tipo de agressão", “o
preconceito”, “quando alguém ofende o outro”, “é
quando as pessoas não aceitam a sua diferença”,
“fazer brincadeiras de mau gosto”, “uma ação que
machuca a pessoa, de maneira física ou
psicológica”, “quando praticamos o desrespeito
contra uma outra pessoa”, “quando você
discrimina alguém”, “é um crime”, “é o fato de
desprezar uma pessoa por ela ser diferente”.
Mesmo no século XXI, muitos apelidos,
brincadeiras de mau gosto e exclusão social ainda
acontecem no dia a dia desses jovens. “Me
chamavam de gorda e me batiam por causa disso”,
“Eu tinha uma doença e me chamavam de saco de
catapora”, “Eu sofria apelidos por pintar o meu
cabelo de colorido e por me vestir de maneira
diferente”, “Sempre fui muito alta e me apelidam
até hoje de girafa”, “Sou negra e sempre fui a
excluída do grupo por causa da minha cor”, “Uso
óculos e me chamam de quatro olhos”, “Sou
chamada de dente de bagre”, “Meu apelido é testa
de amolar facão”, “Sou muitas vezes excluída dos
grupos pela minha religião”, “Tenho um problema
nos olhos, todos me chamam de vesga”, “Sou
baixinho, gordinho e orelhudo, sou chamado de
dumbo”, “Sou gorda e alta, desde pequena me
chamam de elefante”, “Botijão de gás, esse é meu
apelido”, “Eu sou muito pequeno e me chamam de
anão de jardim”, “Sou o ‘viado’ da turma”.
Diante destes comentários, o sentimento
dos alunos e suas opiniões foram muito parecidas.
“Me sinto péssimo”, “Me sinto inferior”, “Sinto
ódio, desprezo, culpa, raiva, tristeza”, “Venho
para a escola todos os dias com medo”, “Eu choro
todos os dias depois que chego em casa”, “Me
sinto inútil”, “Tenho vergonha de mim mesma”,
“Sensação de impotência”, “Eu cheguei a ponto de
não gostar mais da minha cor”, “Sentia ódio de
mim”, “Me sinto sozinha e inferior às outras
pessoas”, “Fico com vontade de morrer”.
Dentre os que já praticaram o bullying as
respostas ficaram divididas. Trinta alunos falaram
que já praticaram este ato e 35 dizem que não; em
apenas um caso foi relatado agressão física, nos
outros apenas agressão verbal. “Quando as
pessoas me xingam, eu xingo elas de volta, não sei
o que fazer e acabo retribuindo”, “Xinguei uma
menina da minha sala, defendi os apelidos que ela
me dava por causa da minha falecida mãe”, “Eu
jogava o menino mais esquisito da escola dentro
do lixo”, “Falava pra uma menina da minha sala
que ela era quatro olhos”, “Eu queria me vingar,
xinguei um menino que me batia, de gordo e de
baleia”.
Evidencia-se pelos relatos acima
transcritos que na maioria dos casos o bullying foi
cometido em algum momento de raiva, onde em
muitas vezes, os agressores queriam se defender.
Mesmo diante dessa situação os alunos sabem que
este ato não é correto; foi unânime a questão de
que nenhum deles praticaria este ato novamente
por saberem das consequências que isso pode
trazer para a sua vida e para o do próximo. “Não
faço com o outro o que eu não quero que façam
comigo”, “Não pratico mais, pois não gostaria que
fizessem isso comigo”, “Não precisamos humilhar
uns aos outros”, “Isso pode gerar vários problemas
psicológicos”, “Se eu não quero para mim, eu não
faço para os outros”, “Isso não faz bem nem para
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quem pratica, imagina para quem recebe”.
Poucos souberam explicar quais as
consequências que este ato trouxera a eles, porém,
com as suas respostas, todos sabem, dentro de si,
que de alguma maneira isso interferiu ou ainda
interfere na sua vida. “Eu já sofri muito”, “Sinto
um aperto no peito”, “Tenho raiva de mim
mesma”, “Tenho depressão por me sentir
inferior”, “Sempre penso no que fiz contra as
outras pessoas”, “Os xingamentos ficam o dia
inteiro na minha cabeça”, “Continuo sendo
excluída da turma”, “Não consigo sentir mais
nada”, “Pago para não falar em público, pois
sempre acho que as pessoas vão rir de mim”.
Ao deixarmos um espaço para que eles
pudessem comentar sobre a sua experiência com o
bullying, a pesquisa obteve respostas
emocionantes, a saber: “Eu praticava bullying com
uma pessoa por ela ser muito pequena, quando eu
vi que ela sofria com isso e que eu estava errada,
pedi desculpas de joelhos e ela me perdoou, hoje
somos melhores amigas”; “No meu primeiro dia
de aula me xingaram e uma menina me bateu,
cheguei em casa e contei para a minha mãe, ela foi
falar com a diretora e expulsaram a menina da
escola”; “Sofri bullying verbal, para mim é uma
das piores formas. Com o tempo a sensação ruim
vai diminuindo, mas sempre fica uma cicatriz”;
“Pratiquei o bullying com uma amiga, ela nunca
mais falou comigo, aprendi depois disso a nunca
mais cometer este ato”; “Sofri agressão verbal e é
como se tivessem jogado um prédio em cima de
mim. Doeu e ainda dói muito. Até hoje não me
recuperei por inteiro. Ainda sofro, mas sei que
preciso seguir em frente”; “Eu já pratiquei, mas
não me orgulho disso”; “É muito difícil ser uma
vítima de bullying, me sinto mal e sei que isso
pode levar à depressão e até à morte”; “Não
podemos xingar e nem agredir, somos todos
iguais”. “Tenho uma amiga que sofria bullying e
que tentou se matar”; “O bullying tem que ser
combatido, ele pode resultar em problemas
psicológicos e até suicídio”; “Ser vítima de
bullying é horrível. Se pudesse escolheria nunca
mais passar por isso”; “Sofro bullying e acho que
é uma situação humilhante”; “Cheguei a um ponto
de não aguentar mais”; “Se eu pudesse juntar todas
as pessoas que já sofreram bullying para lutar
contra ele, eu faria”.
Frente o exposto, entende-se que mesmo
com pouca idade, todos sabem o quanto ainda
precisa ser feito para que esse ato não seja mais
praticado dentro das escolas, e cada um deles deu
a sua opinião sobre o que fazer para mudar essa
atitude.
Foram várias as ideias dadas por eles que
podem ajudar a mudar essa situação: “Podemos
falar com as crianças, assim elas já vão saber o que
é o bullying antes de praticarem”; “Devem falar
mais sobre o bullying nas escolas”; “Os diretores
deviam observar mais os alunos”; “Devíamos ter
uma aula para aprender a aceitar as diferenças”;
“Temos que aprender a nos colocarmos no lugar
do outro”; “Aprender a observar que todos temos
defeitos e qualidades, que somos todos
diferentes”; “A educação vem de casa, temos que
educar os pais, para que eles possam educar seus
filhos”; “A conversa é a melhor maneira de
resolver qualquer problema”.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Somente por meio de comentários,
pesquisas, contatos e depoimentos é que
poderemos medir a gravidade de um problema.
Devemos olhá-lo de modo realista, pois é apenas
desta maneira que o bullying será evitado e,
consequentemente, diminuído do dia a dia dos
alunos, mudando assim, as atitudes dos jovens em
relação a este problema.
Neste artigo, foi observada a realidade
dos alunos, o quanto ainda há necessidade de
mudança por parte da escola, da família e de toda
a população, pois temos que estar dispostos a
enfrentarmos esse problema e mudarmos essa
realidade.
Temos projetos incríveis à nossa
disposição, precisamos apenas de atitude, de
iniciativa para formarmos pensadores, pessoas que
possam evoluir e desenvolver o lado pessoal,
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profissional e social de maneira correta, assim mudando toda a nossa geração e o nosso futuro.
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CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
ACESSIBILIDADE EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR:
ELEMENTO PARA A MANUTENÇÃO DA PAZ
Alessandra Menezes da Luz Machado
Claudio Mengarda Filho
Daniel Curzel Dallagasperina
Matheus Bosa Tostanowski
1 INTRODUÇÃO
A humanidade está passando por um
período de transição. As estruturas sociais que até
então supriam e controlavam os indivíduos já
perderam a sua eficiência. Neste contexto, a
sustentabilidade surge como ferramenta de
equilibrar a balança e prover a evolução aos povos,
como também a manutenção do meio-ambiente
para as gerações futuras.
Vislumbrando o futuro e a forma com que
se portava a humanidade, as Organizações das
Nações Unidas (ONU) propuseram uma agenda
com o objetivo de organizar a evolução,
focalizando os esforços e facilitando a busca pelos
resultados. De acordo com a ONU (2015, p. 1):
“Todos os países e todas as partes interessadas,
atuando em parceria colaborativa, implementarão
este plano. Estamos decididos a libertar a raça
humana da tirania da pobreza e da penúria e a
curar e proteger o nosso planeta”.
Na atualidade, a sustentabilidade deixa de
ser uma ação de indivíduos e ganha força nas
organizações sobre uma perspectiva ampliada
conhecida como Triple Botton Line para o
Desenvolvimento Sustentável, sendo que, de
acordo com Dias (2017), a efetividade desta
relação deve ser equivalente, logo todos os braços
da sustentabilidade devem ser preenchidos de
igual forma, e não por conveniência, por todos os
envolvidos.
Atrelado com a sustentabilidade, o
desenho arquitetônico surge para aperfeiçoar o
conceito de acessibilidade; uma vez que é por
meio desta colocação que se fundamenta a
importância dela em instituições de ensino
superior. Além desta afirmação, a ONU (2015)
corrobora com a importância da acessibilidade
dentro de seus objetivos para 2030, pois busca
“[...] garantir que todos os seres humanos possam
realizar o seu potencial em dignidade e
igualdade”.
Sobre o que foi discorrido até então,
apresenta-se a pergunta problema que norteará
este trabalho, a saber: a acessibilidade pode ser
considerada um elemento para a manutenção da
paz?
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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2 DISCUSSÕES
2.1 EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE PAZ
Muito se fala a respeito da paz na
humanidade e no meio acadêmico, porém o
conceito desta grande máxima tem evoluído com
o passar do tempo, justamente para se adaptar à
sociedade, que da mesma forma, sofre mudanças
drásticas proporcionadas pelo avanço da
tecnologia e do conhecimento no mundo.
Os primeiros conceitos que se tem
conhecimento sobre o construto paz têm origem
na Grécia, onde Isócrates, no Discurso sobre a Paz
(em 356 a.C) apresenta a temática da seguinte
maneira:
Afirmo a necessidade de estabelecer a
paz não só com Quios, Rodes e Bizâncio,
mas com toda a gente, e de aplicar não só
os tratados que alguns redigem
atualmente, mas os que foram feitos com
o rei [da Pérsia] e com os lacedemônios,
os quais prescrevem que os gregos serão
independentes, que as guarnições serão
evacuadas das cidades estrangeiras e que
cada um será senhor do seu próprio
território. Com efeito, não
encontraremos nada de mais justo nem
de mais útil para a cidade (ISÓCRATES,
1986, p. 16).
Seu pensamento abordava a máxima por
dois princípios que, por sua abrangência, podem
ser fundamentos para a evolução do conceito
moderno. Os princípios são: a Justiça, que é a
representação do que é bom ou mau, e a Utilidade,
que é onde se utiliza a paz como um meio para se
alcançar um fim.
O segundo princípio é o que nos levará ao
conceito moderno de Paz, que para Isócrates:
Ora, a guerra privou-nos de todos os bens
que enumeramos; tomounos [sic] mais
pobres, obrigou-nos a suportar muitos
perigos, desacreditounos [sic] perante os
gregos e infligiu-nos toda a espécie de
sofrimentos. Se fizermos a paz e nos
mostrarmos tais como nos prescrevem os
tratados comuns, habitaremos a cidade
em plena segurança, afastados dos
perigos da guerra e dos tumultos
[internos] que agora nos opõem uns aos
outros; todos os dias faremos progressos
na abundância, libertos de contribuições,
de trierarquias [sic] e de outras liturgias
concernentes à guerra; cultivaremos as
terras sem medo e sem medo
navegaremos e nos entregaremos às
outras atividades que agora, por causa da
guerra, jazem abandonadas
(ISÓCRATES, 1986, p. 19-20).
Visualiza-se que Isócrates já entendia a
paz como não somente a ausência de guerra,
conceito amplamente utilizado até pouco tempo
atrás, mas como a instituição de segurança, de
respeito e de liberdade. Neste sentido, a
modernidade e as necessidades da sociedade atual
propuseram alterações no conceito de Paz para
que assim estas características possam fazer parte
desta máxima, tornando-a assim mais completa.
Esta posição de Isócrates pode ser
corroborada pelo conceito de Paz Positiva,
instituída por Johan Galtung (1995), onde ela
significa uma ajuda mútua dos povos para a
educação e interdependência com o objetivo de
construção de uma sociedade melhor.
De acordo com Silva (2002) busca-se
introduzir a temática Paz em áreas
multidisciplinares no meio acadêmico e
educacional. Esta iniciativa é mundial e é
justificada e apoiada pela ONU, por meio da
Agenda 2030 para o Desenvolvimento
Sustentável. Trata-se de assimilar a paz a
diferentes ciências, para que a disseminação e a
construção científica possa ser o caminho para a
reeducação cultural da sociedade. A lógica é
quanto mais se falar sobre a paz, mais paz haverá
no mundo.
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2.2 ACESSIBILIDADE
A multidisciplinariedade do moderno
conceito de paz surge principalmente para propor
solução e reflexão à sociedade onde, deste modo,
aqueles que até então eram desproporcionais,
possam ser equiparados de acordo com a sua
desproporcionalidade. Pelas palavras de Teles et.
al (2006, p. 17) “Ser móvel é percorrer a nossa
espantosa condição urbana, que é condição
humana, porque o território, muito para além de
sua vertente física, é uma imensa construção
social”.
Neste contexto é impossível visualizar a
paz mundial sem a devida proporcionalidade entre
a população, principalmente porque a cidade é:
[...] lugar de exponencial fonte de
informação, múltiplas formas de
comunicação, diversidade de cultura e
informações, absoluta mobilidade,
oportunidade de ofertas, relações sociais.
Lugar de encontros, culturas, religiões,
mas também memórias, ideias, atitudes,
aprendizagens. Em suma, a polis é o
lugar da própria democracia (TELES et
al. 2006, p. 17).
Os estudos arquitetônicos e de engenharia
evoluíram de acordo com a demanda da sociedade
em sanar a desproporcionalidade destes
indivíduos, e por meio da NBR 9050, as regras que
regem as estruturas da construção civil pública e
privada já podem ser visualizadas por todos os
responsáveis pelas construções de edificações
residenciais e comerciais.
A partir da construção desta teoria
diversas melhorias foram propostas para organizar
e distribuir a estrutura de um edifício comercial ou
público, propondo a mesma experiência de
locomoção para qualquer indivíduo que necessite
utilizar este local. Além disto, as urbanizações das
cidades tornam-se cada vez mais viáveis para a
mobilidade e liberdade dos portadores de
deficiência. As implementações urbanísticas se
dão por meio de faixa de pedestres elevadas,
rampa de acesso, ladrilhos e marcações táteis,
entre outras.
2.2.1 Acessibilidade em Instituição de Ensino Superior
É cada vez mais comum o crescimento do
ingresso de pessoas com algum tipo de deficiência
nas Instituições de Ensino Superior brasileiras nos
últimos anos, em busca de não só pleno
conhecimento, mas de uma formação que lhe
ofereça melhores condições de vida. Sendo assim,
essa demanda submete as instituições de Ensino a
implementarem medidas para se adequarem e
realizarem adaptações em suas infraestruturas,
conforme as necessidades dos alunos com
deficiência.
Algumas orientações, segundo a NBR
9050 (ABNT, 2015), devem ser seguidas para
adaptações para pessoas portadoras de deficiência,
a saber:
a) as áreas de circulação deverão estar
sinalizadas com o símbolo Internacional
de acesso. Os trajetos para as diversas
áreas deverão estar livres de obstáculos
(escadas) para o acesso das pessoas que se
utilizam de cadeira de rodas. Todas as
portas apresentam largura de no mínimo
0,80cm para garantir o acesso das pessoas
que utilizam cadeira de rodas. Os portões
laterais com largura mínima de 0,80cm
em locais de acesso com catraca. Os
balcões de atendimento, inclusive
automático, permitem a aproximação
frontal de pelo menos uma cadeira de
rodas e apresentam altura de 0,80m com
altura livre mínima 0,70m do piso. Os
elevadores apresentem o símbolo
Internacional de acesso fixado nas portas,
possuam abertura de acesso de no mínimo
de 0,80m de largura e laterais com altura
de no mínimo 0,80m e no máximo 1,20m.
b) Os banheiros deverão estar adaptados
apresentando porta de acesso de no
mínimo 0,80m de largura, maçaneta tipo
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alavanca, área para manobra de
cadeirante, barras laterais de apoio para
uso de sanitários, a altura da pia de 0,80m
do piso livre de 0,70 com torneira do tipo
pressão, a borda inferior e dos espelhos e
uma altura de 0,90m do piso, podendo
atingir o máximo de 1,10m e com
inclinação de 10 graus, a porta de acesso
ao boxe dos banheiros de no mínimo
0,80m de largura, os assentos das bacias
sanitárias a uma altura de 04 m do piso ou
quando utilizada a plataforma para campo
a altura estipulada, apresentar projeção
horizontal da plataforma de no mínimo
0,05m do contorno da base da bacia. A
disposição de mobiliário deve garantir
área para circulação plena de cadeirante.
No estacionamento deve haver reserva de
vagas para pessoa portadora de
deficiência ambulatória, bem como
sinalização com placas de identificação.
c) Quanto às adaptações para pessoas com
deficiência visual, nas áreas de circulação
recomenda-se que se utilizem faixas no
piso, com textura e cor diferenciadas, para
facilitar a identificação do percurso para
deficientes visuais. Nos elevadores, as
botoeiras e comandos devem ser
acompanhados dos signos em Braille.
Para um número de paradas superiores a
02 andares, deve também haver
comunicação auditiva dentro da cabine do
elevador, indicando o andar onde o
elevador se encontra parado. Identificar os
sinais luminosos que existem no
ambiente, para que sejam acompanhados
por sinais sonoros. Nos computadores
devem implantar software com
sintetizadores de voz.
d) Nas adaptações para pessoa com
deficiência auditiva, devem-se observar o
nível de ruído no local. Identificar os
sinais sonoros existentes no ambiente para
que sejam acompanhados por sinais
luminosos. Utilizar pager e celulares, com
possibilidade de recebimento e envio de
mensagens escritas, que também auxiliará
a pessoa com deficiência auditiva.
Garantir acessibilidade é tarefa de toda e
quaisquer instituição. De acordo com a Lei 5296,
de 2004, que determina prazos para que as
Instituições de Ensino Superior se adequem às
exigências de garantia de acessibilidade,
Rodrigues (2017) afirma que esta legislação tem
intenção de unir a sociedade e o Estado para que
eles abracem essa questão.
Entende-se que tornar o ambiente
universitário acessível abre possibilidades e cria
condições de escolha para o uso de quaisquer
esferas, sem impedimentos. Masini e Bazon
(2006) reiteram que acessibilidade é um processo
de reestruturação de ambiente, da organização
físico-espacial, do atendimento, das atitudes, do
comportamento, além de transformar as ações que
possam diminuir a sequela determinada pela
deficiência.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A paz mundial é o objetivo primal das
nações; ela regula a sensibilidade diplomática
entre as nações e os seus respectivos povos e, além
disto, interfere no coeficiente econômico mundial,
por fim, e não menos importante, ela interfere (de
acordo com o conceito moderno) na segurança,
estabilidade, legislações e qualidade de vida dos
indivíduos.
A acessibilidade se torna elemento da paz
a partir do momento que engloba a equidade entre
os indivíduos, com e sem deficiências. Todos
devem partilhar dos mesmos espaços e obter as
mesmas oportunidades, logo, a inclusão social
deve ser responsabilidade de todas as pessoas e
organizações.
Levando-se em consideração que a
universidade é o berço do conhecimento o seu
papel de responsabilidade se torna extremamente
alto, justamente porque é um exemplo a ser
seguido, tanto por seus acadêmicos como pela
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sociedade, compreendemos que a universidade
deve focar os seus recursos (financeiros,
intelectuais e de influência) para proporcionar a
estes acadêmicos (com deficiência) uma
experiência de convívio e uso do espaço total.
A disseminação destas ações se dá de
forma intensa, principalmente porque a
sustentabilidade é um fator determinante de
escolha, sendo considerado vantagem
competitiva, pois a organização que se preocupa
em despender recursos para proporcionar a
equidade entre seus “clientes” possui
responsabilidade social e está alinhada com a
sustentabilidade social e seus conceitos.
Pode-se concluir que a política de
acessibilidade é sim um elemento para a
manutenção da paz e que os esforços localizados
neste setor e por esta causa estão ligados
diretamente com a necessidade global para 2030,
baseados no calendário da ONU.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 9050:
Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. 2015. Rio de
Janeiro, 2015.
DIAS, Reinaldo. Gestão Ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade. São Paulo:
Atlas, 2017.
GALTUNG, J. Peace by Peacefull Means. London, Sage, 1995.
ISÓCRATES. Discurso sobre a paz. In: Política e ética – Textos de Isócrates. Organização e
tradução M. H. U. Prieto. Lisboa: Presença, 1989, p. 63-95.
MASINI, E.F.S.; BAZON, F.V.M. Inclusão de Estudantes com Deficiência no Ensino
Superior. (2006). Disponível em:
<www.anped.org.br/reunioes/28/textos/gt20/gt201195int.rtf>. Acesso em: 12 dez. 2006.
ONU - Organização das Nações Unidas. Transformando o nosso Mundo: agenda 2030 para
o desenvolvimento sustentável. 2015. Disponível em:
<https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/> Acesso em: de jun de 2018.
RODRIGUES, Odhara Caroline. A Batalha de Universitários com Deficiência pela
Acessibilidade. 2017. Disponível em: <https://guiadoestudante.abril.com.br/universidades/a-
batalha-de-universitarios-com-deficiencia-pela-acessibilidade/> Acesso em: 17 de jun 2018.
SILVA, Kele Cristina da. Condições de Acessibilidade nas Universidades: o ponto de vista
de estudantes com deficiência. 149 f. Dissertação de Pós-Graduação, Universidade Estadual
Paulista “Julio de Mesquita Filho” Faculdade de Filosofia e Ciências – FFC/ Marília
Programa De Pós-Graduação Em Educação, 2016.
SILVA, Jorge Vieira da. A Verdadeira Paz: desafio do estado de democrático. São Paulo em
Perspectiva, 16(2) 2002.
TELES, Paula. et al. Acessibilidade e Mobilidade para Todos: apontamentos para uma
melhor Interpretação do DL 163/2006 de 8 de agosto. Disponível em: <
http://www.inr.pt/uploads/docs/acessibilidade/GuiaAcessEmobi.pdf> Acesso em: 19 de jun
de 2018.
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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101
CURSO DE FISIOTERAPIA
A IMPORTÂNCIA DA CULTURA DA PAZ E ESPIRITUALIDADE NAS
POLÍTICAS PÚBLICAS PARA VALORIZAÇÃO DA VIDA
Altair Argentino Pereira
Bruno Geiss Kober
Kathleen Goedert
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho teve por objetivo
analisar as políticas públicas em prol da
valorização da vida e a importância da cultura da
paz e espiritualidade. O método utilizado foi uma
pesquisa de artigos na plataforma EBSCO e
Google Acadêmico com temas semelhantes ao
abordado, utilizando as palavras-chaves:
valorização da vida; políticas públicas;
espiritualidade; cultura de paz e suicídio.
Percebeu-se que ainda há muito tabu em
relação ao assunto e que existe a real necessidade
em abordar o tema para que ocorra uma maior
conscientização à valorização da vida, diminuindo
a discriminação e preconceito em relação aos atos
suicidas, pois o problema deve ser tratado como
caso de saúde pública e as políticas públicas de
saúde devem ser eficientes afim de diminuírem os
danos e enfatizarem a valorização da vida.
2 DISCUSSÕES
Sabe-se que a cultura da paz é a união de
valores, atitudes e estilos de vida baseados nas
práticas de não violência por intermédio da
educação, diálogo e solidariedade. Contudo,
possibilitar uma cultura baseada na paz depende
de grandes esforços multidisciplinares das áreas
de educação, saúde e, principalmente, de políticas
públicas eficazes para a valorização da essência do
ser humano como peça fundamental neste
contexto, que é a cultura da paz. Muito além da
ausência de guerra e violência, estar em paz é um
estado de espírito que o indivíduo se encontra, por
meio da evolução da consciência, respeito e amor
ao próximo.
Atualmente, as políticas públicas para
valorização da vida estão diretamente ligadas às
campanhas contra o suicídio. Visto que o suicídio
é classificado como um problema de saúde
pública, Estellita-Lins (2012), verificou que o
Brasil foi o primeiro país da América Latina a
seguir uma proposta nacional para prevenção do
suicídio. Observa-se que as Diretrizes Nacionais
para Prevenção do Suicídio, instituídas pela
Portaria n. 1876, de agosto de 2006, orientam os
principais objetivos de uma política nacional para
prevenção de danos causados pelo problema, que
é o suicídio.
Segundo Rosa et. al (2017), o suicídio está
entre as 20 principais causas de morte em todo o
mundo, sendo caracterizado como um grave
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
102
problema de saúde pública devido seu aumento
progressivo em escala mundial. Há estimativas de
que 900 mil seres humanos cometem suicídio ao
ano, em média. Há ocorrência de um ato suicida a
cada 40 segundos. Machado et. al (2014), afirmam
que no Brasil, em 2013, ocorreram cerca de 10.533
mortes por suicídio, sendo mais de 29 mortes por
dia.
É válido ressaltar que as informações e
dados estatísticos são subnotificados em todo o
mundo, pois o tema ainda é um grande desafio
para o Sistema Único de Saúde (SUS) e a
implementação de programas para redução dos
números de óbitos por suicídio e valorização da
vida têm uma abordagem sensacionalista e, muitas
vezes, o atendimento é negligenciado, visto que
ainda há um grande tabu relacionado ao tema
(MACHADO et. al, 2014).
Supraditos autores ainda afirmam que
quando uma pessoa pensa em suicídio ela quer
matar a dor, mas nunca a vida. Há estudos que
apontam que em 10 pessoas que tiram sua própria
vida, oito apresentam sinais, que na maioria das
vezes não são percebidos por àqueles que estão à
sua volta. Segundo Bertolote et. al (2017), o
suicídio predomina em homens numa proporção
de 3:1, porém, há uma observação inversa. Quanto
às tentativas de suicídio nota-se também que essas
diferenças estão diminuindo. Quanto à idade, as
maiores taxas de suicídio são, normalmente, em
idosos, mas em determinados países a situação é
diversa. No Brasil, por exemplo, a taxa de suicídio
aumenta progressivamente em jovens por volta
dos 20 anos. Ao considerar as taxas, as chances de
homens brasileiros se suicidarem é de duas a
quatro vezes maior que as mulheres.
Normalmente, o risco dos
comportamentos suicidas são os indicadores sócio
demográficos e de natureza clínica. Entretanto,
deve-se perceber entre os fatores aqueles que de
alguma forma induzem ao comportamento
suicida, que são chamados também de fatores
estressores, podem estar ligados a uma série de
situações como perdas (reais ou simbólicas) e
mudança de status. O transtorno mental é um dos
fatores mais importantes, neste caso. Admite-se
que 90 a 98% das pessoas que se suicidam tem um
comportamento mental como transtornos de
humor, alcoolismo, esquizofrenia, transtornos de
personalidade e outros diagnósticos psiquiátricos
(BERTOLOTE et. al, 2017).
O suicídio é evitável e pode ser prevenido,
mas para isso são necessárias políticas públicas de
saúde que realmente sejam eficazes. No Brasil, há
alguns programas que têm por objetivo a
conscientização da prevenção do suicídio, como
por exemplo, a campanha Setembro Amarelo que
tem o intuito de alertar a população a respeito da
realidade do suicídio no Brasil e no mundo, bem
como suas formas de prevenção. Ocorre no mês de
setembro, desde 2015, com a identificação de
locais públicos e privados com a cor amarela e
ampla divulgação de informações sobre o tema.
Existe também o Centro de Valorização
da Vida (CVV), que realiza o apoio emocional e a
prevenção do suicídio. Atende gratuitamente todas
as pessoas que querem e precisam conversar,
mantendo total sigilo por telefone, e-mail e chat,
24 horas todos os dias.
No estado do Paraná, não foram
implementadas estratégias para prevenção e
controle da mortalidade por suicídio, mas houve a
diminuição dos números de mortes ocasionadas
pelo problema em questão, devido ao Estado ter
reestruturado a rede de atendimento à saúde
mental com base na lógica territorial, ao longo dos
anos. Com a Política Estadual de Saúde Mental, as
ações nessa área começaram a ser de
responsabilidade municipal, mediante isto, o
Estado começou a investir mais recursos
financeiros em ambulatórios de atendimentos em
saúde mental, tendo maior controle e supervisão
da população de risco, além dos leitos em
emergência psiquiátrica em hospitais gerais,
Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e
Atenção Primária à Saúde (ROSA et. al, 2016).
É necessário que as pessoas saibam onde
buscar ajuda e é de extrema importância que os
profissionais da saúde estejam aptos a abordarem
o tema, sem preconceitos e discriminações.
Atualmente, ainda há muitos profissionais da
saúde despreparados para atender de maneira
eficaz as situações relacionadas ao suicídio. A
atenção básica de saúde é a porta de entrada do
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103
cidadão, por isso os profissionais que atuam nesse
nível devem ter um olhar holístico sob o ser
humano.
É essencial que todos saibam onde
procurar ajuda e atendimento humanizado. Há
necessidade de um plano de políticas públicas de
saúde amplo para abranger, relacionar e capacitar
as Unidade Básicas de Saúde como porta de
entrada para o atendimento de pessoas com
comportamentos suicidas; bem como a formação
e treinamento dos profissionais da saúde.
Indubitavelmente, o ser humano está
ligado à espiritualidade, crenças e religiões. Visto
que a espiritualidade ainda não tem uma definição
concreta, pode-se definir como sendo um
sentimento pessoal que estimula um interesse pela
humanidade, caridade, solidariedade e tem uma
busca incessante pelo significado da vida, livre de
regras e regulamentos religiosos.
Segundo a OMS (2006), as crenças
religiosas e éticas podem ser fatores de proteção
ao suicídio, sendo os grandes líderes religiosos e
espirituais pessoas fundamentais para prevenção
do problema.
Portanto, é preciso considerar o indivíduo
além de sua biologia e valorizar a questão
espiritual e expansão da consciência humana
incluindo terapias mais integrativas na
possibilidade de acrescentar formas para resolver
o problema ou os danos causados por ele. Tal
elemento pode ser importante na forma em que os
indivíduos enfrentam as doenças crônicas,
sofrimento e perdas, sendo assim, tem grande
impacto sobre a saúde física e desenvolvimento de
doenças emocionais.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por fim, é possível concluir que o suicídio
atinge muitos indivíduos em todo o mundo. Além
de ser um grande problema para saúde pública é
um tabu social que deve ser quebrado. É válido
ressaltar que o suicida não quer acabar com a sua
vida, diretamente, mas sim com a dor que sente.
Sendo assim, um suicida é um indivíduo doente
que precisa de tratamento.
Nota-se que as campanhas de
conscientização são em prol a prevenção do
suicídio, colocando ainda mais foco na questão.
Porém, entendemos que as campanhas deveriam
ser em prol da valorização da vida, com uma
óptica mais integrada na essência do ser humano,
visto que grande parte dos fatores que levam o
indivíduo a ter atitudes violentas contra si mesmo
são os transtornos mentais, perdas e mudanças de
status.
Além do mais, a atenção básica de saúde
não está preparada para atender esses indivíduos,
pois na maioria das vezes esses profissionais não
conseguem identificar os comportamentos
suicidas dos indivíduos que tentam procurar certo
tipo de ajuda. Com isso, tornam-se as políticas
públicas de saúde relacionadas ao problema em
questão ineficazes, já que não são capazes de
orientar, tratar e possivelmente diminuir os danos
causados por tais comportamentos. Isso ocorre
porque tais programas e campanhas não tratam a
causa do problema e acabam sendo apenas
medidas paliativas.
Entretanto, faz-se uma conexão entre
espiritualidade e proteção da vida, já que se
acredita que os indivíduos que possuem crenças e
certo entendimento espiritual são mais propensos
a buscar o real significado da vida por meio da
expansão da consciência e autoconhecimento.
Logicamente que são necessárias políticas
públicas mais eficientes e não se deve ignorar as
outras terapias, mas sim integrar todos os
conhecimentos para o objetivo comum.
Então, cabe a todos os profissionais da
saúde que atuam diariamente com o problema
terem uma percepção mais refinada, um olhar
integrado e holístico do ser humano como um
todo, para, dessa forma, identificarem o risco em
potencial. Assim poderão contribuir para que este
indivíduo seja tratado de forma humanizada e com
foco na sua essência do todo, assim poderá evitar
atitudes destrutivas.
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
104
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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psiquiátrica. São Paulo: Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 32, outubro, 2010.
ESTELLITA-LINS, Carlos. Trocando seis por meia dúzia: Suicídio como Emergência do
Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: FAPERJ, 2012.
LOUREIRO, Ana Catarina T.; et al. Espiritualidade como fator de proteção do suicídio.
Revista Brasileira de Psicologia, Salvador, 2015.
MACHADO, Marcos Fabrício Souza; et al. Políticas públicas de prevenção do suicídio no
Brasil: uma revisão sistemática. São Paulo: Revista Gestão e Políticas Públicas, 2014.
ONU. Prevenção do suicídio um recurso para conselheiros. Genebra: Organização
Mundial da Saúde, 2006.
ROSA, Natalina Maria da; et al. Tendência de declínio da taxa de mortalidade por suicídio
no Paraná, Brasil: contribuição para políticas públicas de saúde mental. 2017. Pós-
Graduação em Enfermagem, Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2016.
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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CURSO DE FISIOTERAPIA
A BUSCA PELA PAZ ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO
Cesar Augusto Abrahão
Hemínio Javier Ibarra Jara
Pablo Matheus França Ramos
1 INTRODUÇÃO
Atualmente os acordos políticos,
econômicos e militares não garantem a
sustentabilidade da paz de forma absoluta,
dependendo do compromisso único e sincero de
cada indivíduo, com o propósito de tornar o
mundo cada vez mais pacificado. Logo, esse
trabalho tem a proposta de identificar mecanismos
para uma melhor compreensão dos princípios pela
liberdade, justiça, democracia, direitos humanos,
tolerância e igualdade, rejeitando toda e qualquer
forma de violência imposta na sociedade atual e
criando senso de justiça por meio da educação pela
paz.
O método utilizado para essa
identificação foi uma revisão bibliográfica com
base nas publicações dos últimos anos do
sociólogo francês Edgar Morin; em publicações da
Organização das Nações Unidas para a Educação,
a Ciência e a Cultura (UNESCO), e artigos que
abordam o tema publicados na plataforma de
buscas Scielo.
2 DISCUSSÕES
A ênfase e o esforço permanente
empregado pela Unesco têm por objetivo colocar
em debate público as ideias do pensador Edgar
Morin que são imprescindíveis para a
universalização da educação para o século XXI, a
fim de assumir compromisso duradouro com a
paz.
As suas ideias devem ser exaustivamente
debatidas por todos que têm responsabilidade na
formulação e execução da política educacional,
visando o desenvolvimento de programas e
projetos que desenvolvam a educação para a
sociedade, considerando ponto de apoio e partida
na construção de conhecimento, aprendizagem e
sustentabilidade das administrações públicas e
privadas, garantindo recurso para a formação de
docente necessária.
É sabido que o autor Edgar Morin tem
como fundamento de sua obra os seguintes pilares
conceituais: as cegueiras do conhecimento; os
princípios do conhecimento pertinente; ensinar a
condição humana; ensinar a identidade terrena;
enfrentar as incertezas; ensinar a compreensão, e
ética do gênero humano. Todos esses tópicos são
colocados como base para formação da educação
para a paz e excelência educativa.
Baseado nesse conceito, aludido autor
acredita que o homem deve pensar a vida e a
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
106
educação de forma integrada e não fracionada,
isso facilita para o entendimento e para que o
conhecimento venha de uma forma global, da
mesma forma que esse conhecimento passado
deve preparar o indivíduo para acontecimentos de
vida diária por meio do desenvolvimento de
características cerebrais, mentais e culturais.
A educação, para que seja bem empregada
e fundamentada, deve ser feita de forma
multidisciplinar e interligada, a fim de promover o
desenvolvimento humano na sua totalidade com
maior igualdade. Com base em suas reflexões,
torna-se necessário que o indivíduo aprenda a
considerar que acontecimentos locais geram
consequências globais, isso porque o mundo
consiste em uma única comunidade.
A compreensão e a ética são os pontos
principais dos sete saberes trazidos pelo autor. São
por meio delas que os indivíduos conseguem
disseminar o conhecimento absorvido e ao mesmo
tempo manter a consideração e paz com o
próximo, isso porque, exercer a compreensão é
nada mais do que aceitar as falhas alheias,
entender as atitudes considerando que todos estão
suscetíveis a erros. Logo, o conhecimento de todas
as culturas é imprescindível, evita que cada ser se
feche em seu ciclo e considere que todo
acontecimento fora disso deva ser julgado.
Já a ética ensina o indivíduo ao convívio
com o próximo e com si mesmo fazendo-o
entender que todos os seus atos geram
consequências e que, muitas vezes, esses reflexos
não caem somente sobre si, mas na sociedade em
geral. Esse tipo de conhecimento aflora no
indivíduo um caráter sociável e humanizado que
agrega para toda a comunidade.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O que podemos observar por meio da
análise feita é que se colocados em prática os
conceitos do autor Edgar Morin, a busca pela paz
e a excelência educativa pode ser gradativamente
conquistada.
Os setes saberes citados pelo autor são
complementares uns aos outros, seguindo a lógica
do raciocínio que preza que o ensino seja feito de
forma global e integrada. A educação está
diretamente ligada à paz partindo-se do princípio
que os pilares da formação de um bom ensino são:
o trabalho multidisciplinar, a formação da ética, o
conhecimento das culturas e a compreensão da
sociedade como um todo. A proliferação desses
princípios cria uma sociedade cada vez mais
humanizada e sociável.
Atualmente o que falta para alcançarmos
esses objetivos é a integração, uma vez que o
ensino continua muito fragmentado e não ocorre a
busca pela formação do caráter pessoal de cada
indivíduo. Logo, necessitamos colocar em prática
os pilares citados para que, conjuntamente com
outras práticas, a educação e a paz evoluam no
mundo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MORIN, Edgar. Os Sete saberes necessários à educação do futuro. Perdizes São Paulo:
Editora Cortez, 2000-2011. Disponível em:
<https://books.google.com.br/books/about/Os_setes_saberes_necessários_à_educaç.html?id=
9cnFAwAAQBAJ&printsec=frontcover&source=kp_read_button&redir_esc=y#v=onepage&
q&f=false>. Acesso em: 08 set. 2018.
MORIN, Edgar. Os Sete saberes necessário à educação do futuro. 2011. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/EdgarMorin.pdf>. Acesso em: 08 set. 2018.
WERTHEIN, Jorge; CUNHA, Célio da. Fundamentos da nova educação. 2005. Disponível
em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001297/129766por.pdf>. Acesso em: 08 set.
2018.
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107
CURSO DE NUTRIÇÃO
IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO NUTRICIONAL NAS ESCOLAS
Larissa Giovanna Miranda
Luiene da Silva Veloso
1 INTRODUÇÃO
Com este trabalho pretende-se analisar a
relevância de discussão sobre a educação
nutricional nas escolas; identificar a necessidade
de exposição dos conhecimentos nutricionais aos
estudantes; e verificar se existem didáticas que
apliquem essa instrução nas entidades básicas de
ensino no município de Balneário Camboriú (SC).
A metodologia utilizada para auxiliar na
identificação da problemática foram revisões
bibliográficas, análise do cardápio preparado para
as instituições do município, verificar se o tema é
abordado corretamente e a apresentação de
propostas de intervenção para a discussão.
Muito se discute sobre a educação e o que
essa pode trazer. Nesse sentido, a perspectiva da
pesquisa é promover medidas educacionais que
venham a estimular a ascensão da paz e da saúde
na vida dos alunos, bem como proporcionar a
excelência educacional.
2 DISCUSSÕES
É de fundamental importância discutir a
abordagem da educação nutricional no ambiente
de ensino, sendo este o local onde os estudantes
passam a maior parte do seu dia e realizam
refeições extremamente necessárias. Para Yokota
et. al (2010, p. 39): “escola é um espaço
privilegiado para a construção e a consolidação de
práticas alimentares saudáveis em crianças, pois é
um ambiente no qual atividades voltadas à
educação em saúde podem apresentar grande
repercussão”. Entretanto, é papel fundamental da
família auxiliar nesse processo, visto que a
educação se inicia em casa.
Distúrbios alimentares nos estudantes
mais jovens estão cada vez mais frequentes.
Muitas vezes estão relacionados aos maus hábitos
alimentares e ao sedentarismo. Conforme
Linhares et. al (2016, p. 468):
[...] nos últimos anos percebe-se o
significativo aumento da obesidade em
todas as idades, porém o que nos chama
a atenção é o fato de que a obesidade
entre crianças está crescendo em
proporções maiores, fato este que nos faz
pensar em medidas que possibilitem a
redução deste problema e acima de tudo
contribuir para a qualidade de vida destas
crianças e de seus familiares.
Esses resultados intensificam-se devido à
falta de informações fornecidas aos alunos sobre
os benefícios de se optar por uma alimentação
saudável e por influência dos hábitos familiares.
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
108
Constata-se a importância de iniciar diálogos
dentro de casa sobre o tema, também na escola,
espaço dedicado à educação.
No município de Balneário Camboriú
(BC), onde o estudo foi realizado, nutricionistas
prepararam em conjunto as refeições dos níveis de
educação infantil, fundamental, Ciep e Enceja das
unidades municipais. O escolhido para análise foi
o do nível fundamental, que contempla as crianças
com idade de 6 a 14 anos. Os lanches são ofertados
na parte da manhã às 09h40min para os anos
iniciais e às 10h para os finais. No período
vespertino é servido às 15h25min e 15h45min,
respectivamente.
Dentre os alimentos oferecidos aos alunos
temos: salada, macarrão, arroz, feijão preto e
carioca, sobrecoxa de frango, legumes, frango
ensopado, kibe assado, iogurte, aveia, frutas, torta
de bolacha, polenta, massinha, peixe, iscas
aceboladas, leite com achocolatado e biscoito, os
quais são divididos entre os dias da semana e para
garantir que este seja um cardápio variado, são
divididos em semanas 1, 2, 3 e 4, conforme se
observa na Figura 1.
Figura 1: Cardápio
Fonte: Balneário Camboriú, 2018.
Verificou-se um cardápio diversificado,
porém, que apresenta divergências, pois um dia é
ofertado salada, polenta, sobrecoxa ensopada e
fruta; em outro oferece-se iogurte, aveia e salada
de frutas. Sobre as refeições consideradas fora do
habitual dos alunos poder-se-ia inferir uma
possível causa de rejeição por parte eles, pois,
como afirmam Freitas et. al (2013, p. 981) “[...]
são alimentos familiarizados, mas ao mesmo
tempo estranhados, pois, encontram-se fora-do-
lugar da tradição do hábito”. Além, também, de
não existir um diálogo intensificado por parte da
escola com os estudantes sobre temáticas como a
escolha dos alimentos, os benefícios que esses
causam e a forma que eles são produzidos e
chegam até a mesa. Somente é introduzido o
conhecimento, caso o professor opte por trazer à
tona ou promover horta educacional em horário de
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109
aula.
Essa falta de informação, juntamente com
hábitos já adquiridos, pode causar aos estudantes
dificuldades para apreciarem as refeições que são
ofertadas a eles, como analisado pelos autores:
Do ponto de vista dos escolares, existe
uma força na dualidade entre bom ou
ruim de comer. Nas narrativas, surge a
intertextualidade que se associa a
lugares, aparências, gosto, sociabilidade,
familiaridade e estranhamento.
Colocam-se em jogo termos
contraditórios, em que o familiar se torna
estranho e vice-versa. É considerado
estranho a associação banana e biscoito;
laranja e pão; mingau de tapioca com
gosto de remédio; feijão ou sopa no meio
da manhã ou no meio da tarde, ou no
lugar do recreio. São alimentos
familiarizados, mas ao mesmo tempo
estranhados, pois, encontram-se fora-do-
lugar da tradição, do hábito. Para a
cultura da região, sopa é jantar, e se
oferecida fora desse lugar torna-se
comida de doente ou de idoso. Para os
escolares tomar sopa no recreio está
errado ou não é saudável. (FREITAS et.
al, 2013, p. 981).
Frente o exposto, faz-se necessária a
criação de didáticas que visam instruir os alunos
sobre a alimentação saudável, trazendo a
perspectiva dos aspectos nutricionais e dos
benefícios e malefícios que cada tipo de alimento
pode trazer à saúde.
O espaço escolar apresenta-se como
importante local para o desenvolvimento
de programas de educação e saúde,
incluindo a educação nutricional, pois é
dentro da escola que o estudante
permanece por um grande período,
estabelecendo suas primeiras interações
e relações sociais, participando de
experiências que possam influenciar seus
hábitos alimentares. E os processos
educacionais precisam ser ativos, lúdicos
e interativos, favorecendo mudanças de
atitudes e das práticas alimentares. Além
disso, a implementação de ações nos
hábitos alimentares deve ser ampla à
família e à comunidade escolar, para que
os resultados sejam atingidos e perdurem
por longo tempo. (MICHALICHEN et.
al, 2017, p. 18)
Dessa forma, possíveis medidas a serem
tomadas para atender às necessidades de
disseminação do conhecimento seriam a
promoção de diálogos com os estudantes,
apresentação da pirâmide e os grupos alimentares,
e o desenvolvimento de atividades práticas, como
a promoção de hortas educacionais juntamente
com a informação nutricional dos alimentos que
são fornecidas a eles no refeitório, pois, como
visto por Michalichen et. al (2017, p. 15): “O
envolvimento das crianças na horta é um tipo de
intervenção que possui como potencial aumentar a
ingestão desse grupo alimentar, contribuindo para
a adesão de uma rotina adequada em relação à
alimentação”.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa se propôs a analisar a
importância do porquê se faz necessário
desenvolver o senso da educação nutricional nos
alunos. Foi identificado que não existe uma
presença ativa de atividades que venham a
estimular esse pensamento neles, e isso é causado
por falta de ações, que inexistem em decorrência
de não ser exigido tal aplicação no ambiente
escolar.
As metodologias utilizadas auxiliaram na
compreensão da imprescindibilidade de um
equilíbrio entre escola e família, sendo estes os
pilares da educação do aluno. Dessa forma, faz-se
necessária a criação de diretrizes que venham a
fortalecer a estipulação da educação nutricional
nas escolas.
Levando em consideração os aspectos
mencionados, com uma base educacional e o
apoio familiar, é possível realizar a promoção da
saúde gerando conhecimento e auxiliando na
redução de incidências de doenças ocasionadas
por uma alimentação inadequada.
Tendo em vista os pontos mencionados
com a realização de práticas que venham a atender
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
110
à necessidade apresentada, é possível desenvolver
uma excelência educativa formando alunos com
maior caráter crítico e informativo desde o início
de sua formação escolar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARDÁPIO Escola 2018. Disponível em: <https://www.bc.sc.gov.br/cardapio-escolar.cfm>.
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FREITAS, M. Do. S. De. F. et al. Escola: lugar de estudar e de comer. Ciências Saúde
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LINHARES, F. M. M. et al. Obesidade infantil: influência dos pais sobre a alimentação e
estilo de vida dos filhos. Temas em Saúde. João Pessoa, Vol 16, Número 2, p. 460 -
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MICHALICHEN, K. C. et al. A horta escolar num contexto de educação alimentar e
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SANTOS, L. A. Da. S. Educação alimentar e nutricional no contexto da promoção de práticas
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YOKOTA, R. T. De. C. et al. Projeto “a escola promovendo hábitos alimentares saudáveis”:
comparação de duas estratégias de educação nutricional no Distrito Federal, Brasil. Revista
Nutrição, Campinas, p. 37-47, jan./fev., 2010.
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CURSO DE NUTRIÇÃO
PERFIL NUTRICIONAL DOS PACIENTES ATENDIDOS PELO
PROGRAMA FISIOCOR
Isadora Letícia Ritter
Juliana Pereira Vansin
Marcel Petreanu
Marco Aurélio Salomão Fortes
1 INTRODUÇÃO
A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)
é um grave problema de saúde pública sendo
responsável por elevadas taxas de morbi-
mortalidade e internação, gerando custos
elevados. No Brasil existem cerca de 30 milhões
indivíduos com HAS, sendo 60% destes com
idade superior a 60 anos. Levando em conta o
carácter multifatorial da patologia, se faz
necessária uma abordagem multidisciplinar no
monitoramento, tratamento, conscientização e
educação dos pacientes portadores de HAS
(GALVÃO; SOARES, 2016, p. 140).
Neste sentido, o projeto de extensão
FisioCor, desenvolvido pelo curso de Fisioterapia
da Faculdade Avantis, surge como uma
importante ferramenta regional para auxiliar os
pacientes portadores de HAS na região de
Balneário Camboriú (SC). O projeto é voltado aos
usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) para
prevenção e reabilitação de doenças
cardiovasculares e metabólicas, e conta com a
participação de outros cursos da IES na assistência
populacional como os cursos de Nutrição e
Enfermagem.
Levando em conta a recomendação da
American Heart Association de que uma dieta
balanceada, rica em frutas e vegetais é o método
não farmacológico mais eficaz para controle da
HAS (SINGHARAJ; PISARSKI;
MARTIROSYAN, 2017), a presença de um
acompanhamento nutricional é de extrema
importância para o cumprimento completo dos
objetivos do projeto.
Focado em auxiliar os pacientes do
FisioCor, o curso de Nutrição, por meio da
inserção de seus acadêmicos no projeto, promove
a conscientização da importância da nutrição no
tratamento e prevenção da HAS, além de efetuar a
otimização e monitoramento do perfil nutricional
dos pacientes envolvidos.
Desta maneira, este estudo objetivou
identificar o perfil nutricional de hipertensos que
frequentam o projeto FisioCor, do município
Balneário Camboriú (SC). Para isso foram
entrevistados os participantes do projeto (n = 17)
e foi elaborado um recordatório dos seus hábitos
alimentares.
Os dados coletados foram transformados
em porcentagem calórica de acordo com os
principais macronutrientes da dieta: Proteínas,
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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Lipídios e Carboidratos. Os valores obtidos foram
comparados com os valores de referência da
Dietary Reference Intakes (DRI) e foram
expressos em porcentagem de adequação aos
mesmos (PANDOVANI et al., 2006).
2 DISCUSSÕES
No presente estudo, ao realizar o
levantamento do perfil alimentar dos participantes
do projeto FisioCor, foi possível observar que em
média o grupo apresentou valores de consumo de
proteínas (20,7% ± 4,0%); lipídios (33,8% ±
7,1%); e carboidratos (45,4% ± 6,3%) adequados
com os estabelecidos pela DRI de 10-38%, 20-
35% e 45-65% para proteínas, lipídios e
carboidratos, respectivamente.
Avaliando o perfil individual dos
participantes foi observado que 100% apresentou
consumo de proteínas adequados ao estabelecido
pela DRI. Esta adequação se mostra de relevante
importância já que estudos apontam que o
consumo adequado de proteínas colabora para
uma redução nos valores de pressão arterial.
Em contrapartida, foi observado que em
relação aos lipídios, somente 52,9% dos
participantes apresentaram consumo adequado ao
estabelecido pela DRI. Um fator preocupante é
que a quase totalidade dos participantes com
consumo de lipídios não adequado apresentaram
um consumo maior que o estabelecido pela DRI
(>65%). Martins et. al (2010) levantaram que
alguns estudos mostram que um controle no
consumo de lipídio (25%) está associado a
menores valores de pressão arterial, porém outros
estudos demonstram que a relação entre gordura
poli insaturada e saturada são mais determinantes
no aparecimento de HAS que a quantidade total de
lipídios ingeridos.
Com relação ao consumo de carboidratos,
70,4% dos participantes demonstraram um
consumo adequado em relação ao estabelecido
pela DRI. Dentre os pacientes com consumo
inadequado, todos demonstraram uma grande
preocupação com o consumo de açúcares e
massas, apresentando porcentagem de consumo de
carboidratos inferiores aos estabelecidos pela DRI
(<45%).
A baixa ingestão de carboidratos, apesar
de muito popular na atualidade, recentemente foi
vinculada, em longo prazo, a uma diminuição da
expectativa de vida relacionada com o aumento do
consumo de proteína e gordura ou ambos. Desta
maneira, o resultado obtido levanta uma grande
preocupação e uma necessidade de intervenção
junto aos pacientes questionados.
É importante destacar que muitos dos
participantes que apresentaram consumos
inadequados de lipídios e carboidratos não
conseguiram identificar nenhum hábito
inadequado na sua dieta, o que parece ser fruto da
falta de informação desta população frente às
questões relativas a hábitos alimentares saudáveis.
Neste sentido, é de extrema importância a
implementação de uma educação nutricional junto
aos frequentadores do projeto FisioCor, assim
como dar continuidade à avaliação
individualizada de cada paciente, a fim de otimizar
sua dieta as suas necessidades específicas.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar de os participantes deste estudo
frequentarem um programa de atividade física, o
que é um fator positivo para se obter uma melhor
qualidade de vida, os resultados apontam para a
necessidade de se desenvolver e intensificar
estratégias educativas que auxiliem a mudança de
comportamento nutricional da população no
sentido da adoção de hábitos alimentares
saudáveis.
Neste contesto, a continuidade do
acompanhamento nutricional desenvolvido pelos
acadêmicos do curso de Nutrição da Faculdade
Avantis, visa intensificar o aporte dado pela IES à
população do município de Balneário Camboriú.
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GALVÃO R. R. S.; SOARES D. A. Prevalência de Hipertensão Arterial e Fatores Associados
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n,1, janeiro/março 2016.
MARTINS M. P. S. C.; GOMES A. L. M.; MARTINS M. C. C.; MATTOS M. A.; FILHO M.
D. S.; MELLO D. B.; DANTAS E. H. M. Consumo Alimentar, Pressão Arterial e Controle
Metabólico em Idosos Diabéticos Hipertensos. Revista Bras Cardial, v,23, n,3, maio/junho
2010.
PADOVANI R. M.; AMAYA-FARFÁN J.; COLUGNATI F. A. B.; DOMENE S. M. Á.
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SINGHARAJ B.; PISARSKI K.; MATIROSYAN D. M.; Managing Hypertencion: relevante
biomarkers and combating bioactive compounds. Review Article, v,7, n,6, 2017.
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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CURSO DE NUTRIÇÃO
EDUCAÇÃO COMO AGENTE TRANSFORMADOR NA ABORDAGEM
DO PROBLEMA HÍDRICO NO ÂMBITO NACIONAL
Gabriel Henrique Forlin Padilha
Juliano Forlin
Marcel Petreanu
Marco Filipe Costa Souza
1 INTRODUÇÃO
De acordo com a Declaração Universal
dos Direitos Humanos, todo cidadão tem direito ao
acesso à água e ao saneamento básico, fatores
primordiais à vida e ao desenvolvimento humano
e social. A água é um bem indispensável à vida; é
utilizada diariamente para matar a sede, para
tarefas básicas como a limpeza e o preparo de
alimentos, para a higiene pessoal e da habitação,
para a limpeza de utensílios domésticos e para a
eliminação de dejetos sanitários. A privação ao
seu acesso compromete esses usos aumentando o
risco de adoecimento e limitando o
desenvolvimento de projetos pessoais e de
desenvolvimento urbano (PONTES; SCHRAMM,
2004, p. 06).
Cerca de 71% do nosso planeta é coberto
por água, 97,5% dela encontra-se nos mares, de
forma não potável, devido ao alto grau de
salinidade. Sobram apenas 2,5% de água doce;
deste total, 68,9% encontram-se em geleiras e
calotas polares, 29,9% estão presentes em
reservatórios subterrâneos, 0,9% fazem parte da
umidade presente no solo e pântanos, e apenas
0,3% é considerada água doce de fácil acesso,
presente em rios e lagos. A distribuição global
desta água de fácil acesso apresenta-se de forma
heterogênea. A América do Sul possui 26%, Ásia
36%, América do Norte 15%, Europa 8%, África
11%, Oceania 5% e América Central 2%
(VERIATO et. al, 2015).
Neste contexto, o Brasil conta com a
maior reserva de água doce do planeta, possuindo
em seu território cerca de 11,6% do total. A
distribuição geográfica desta água se apresenta de
forma bastante irregular, sendo que a Região
Norte possui 70% dos recursos hídricos, as
Regiões Sul e Sudeste 12,5% e a Região Nordeste
5%. O país também é um dos que mais sofre com
perdas e desperdícios nos processos de
distribuição da água: cerca de 40% a 60% destes
recursos são desperdiçados, muito mais do que em
países desenvolvidos onde os índices ficam entre
5% e 15% (OLIVO; ISHIKI, 2014).
O desperdício da água seja pelos
processos de distribuição, ou pelo consumo
irresponsável, demonstra que a preocupação com
a escassez deste bem tão precioso é muito recente
e não reflete a importância do tema. O possível
desabastecimento, impacta diretamente de forma
negativa na qualidade de vida e na saúde da
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116
população. Dados indicam que, globalmente,
cerca de 1,4 bilhão de pessoas não têm acesso à
água potável e cerca de 80% de todas as doenças
no mundo estão, de alguma forma, relacionadas
com a poluição da água; uma criança morre a cada
8 segundos devido ao uso de água contaminada
(FERREIRA et al, 2017).
Os atos que geram os desperdícios, o
desabastecimento e a contaminação da água
podem estar relacionados a um fator essencial para
a vida em sociedade: a educação. “A educação
pode ser entendida como o conjunto de ações,
processos, influências, estruturas, que intervêm no
desenvolvimento humano de indivíduos e grupos
na sua relação ativa com o meio natural e social”
(PICCOLI et al, 2016, p. 799).
Assim, este trabalho busca encontrar
formas para amenizar a falta de acesso à água
potável no Brasil a curto prazo, sem deixar de
vislumbrar uma possível solução definitiva para o
problema no futuro. Neste sentido, o objetivo do
trabalho foi identificar fatores-chaves que possam
ser trazidos à discussão e que possam gerar
mudanças e impactos positivos na nossa
sociedade.
Desta maneira, foi realizada uma pesquisa
qualitativa do tipo bibliográfica, utilizando a
plataforma EBSCO, fornecida pela Faculdade
Avantis, a fim de evidenciar artigos publicados em
revistas científicas, escritos em português e
publicados entre os anos de 2013 e 2018,
utilizando as palavras-chave: água, acesso,
saneamento básico, educação, renda e Brasil.
O resultado desta pesquisa foi avaliado
pelos integrantes do grupo e, após a análise, os
trabalhos foram separados em um banco de dados
com o objetivo de organizar informações
relevantes sobre o acesso e a distribuição de água
no Brasil e no mundo.
2 DISCUSSÕES
Quando comparamos a quantidade de
água potável disponível com o total de água do
planeta, fica claro o quanto este recurso é limitado.
Isto, por si só, já seria fator de grande relevância
para que o tema fosse tratado como prioridade
global. Infelizmente, ainda não observamos um
comprometimento real de todas as nações neste
sentido. O fato da distribuição global da água se
mostrar heterogênea nos faz pensar nos possíveis
problemas e questões envolvendo o seu
abastecimento no futuro. Não seria exagero prever
que a escassez de água possa gerar conflitos
armados, um cenário assustador, afinal, cerca de 5
bilhões de pessoas podem ser afetadas pela
escassez de água em 2032 (SOUZA; GHILARDI,
2017).
No Brasil, embora tenhamos a maior
reserva de água doce do mundo, observamos
inúmeros problemas relacionados a sua
distribuição e ao seu acesso. A distribuição
geográfica dos recursos hídricos e a densidade
demográfica populacional são bastante irregulares
e conflitantes. Na região com maior
disponibilidade hidrográfica (Região Norte),
temos apenas 7% da população; já nas regiões com
maior densidade populacional (Regiões Sul e
Sudeste), encontramos apenas 6% da água doce de
fácil acesso. Também na Região Nordeste, vemos
apenas 3,3% dos recursos hídricos para atender
uma demanda de 28,91% da população brasileira.
São somente 30% do total da água disponíveis
para atender a 93% da população (OLIVO;
ISHIKI, 2014).
Além da irregularidade geográfica,
também podemos citar a discrepância na
finalidade a qual a água é utilizada no Brasil.
Apenas 18% dos recursos hídricos são utilizados
para consumo humano; 20% são utilizados para
fins industriais; enquanto 62% são utilizados na
produção agrícola (CARMO; DAGNINO;
JOHANSEN, 2014).
Neste contexto, observamos que a
agricultura, juntamente com a pecuária, são os
maiores consumidores de água no país.
Possivelmente também sejam os que mais a
desperdiçam e, com certeza, são os que mais a
contaminam, sendo responsáveis pela maior carga
de impacto negativo na qualidade e na quantidade
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de água disponível para consumo humano
(SOUZA; GHILARDI, 2017).
Somam-se a isso problemas de
infraestrutura no tratamento e distribuição da água
e saneamento básico no país, má gestão dos
recursos hídricos pelos governantes, distribuição
geográfica irregular, perdas e desperdícios nos
processos de distribuição, uso indiscriminado e
irresponsável por parte da população e de
empresários; e o que vemos é um cenário bastante
preocupante no tocante à disponibilidade futura
deste recurso.
Pelos números apresentados, supor que a
conscientização da população que consome a água
em seus domicílios e nas suas atividades diárias irá
causar grande impacto na preservação deste
recurso, seria ingenuidade. Apesar de tal
conscientização ser de extrema importância para
geração de cidadãos participativos, esta medida
seria de pequena relevância.
É preciso que, além disto, os setores
industriais e agropecuários sejam conscientizados
e se ajustem ao máximo possível a um sistema de
consumo consciente e inteligente da água, com o
uso de novas tecnologias e sistemas que permitam
garantir a produção e o desenvolvimento de
alimentos e bens de consumo, sem que haja o
desperdício e a contaminação dos recursos
hídricos. Estes setores podem impactar
significativamente na preservação das reservas de
água.
O engajamento nas ações de preservação
dos recursos hídricos, seja por meio do consumo
consciente e da preservação do meio ambiente,
seja pela gestão governamental correta e efetiva de
tais recursos, seja pelo ajuste e o engajamento dos
setores industrial e agropecuário, seja pelo
desenvolvimento de tecnologias que possibilitem
a obtenção de água potável a partir de novas fontes
ou que permitam o aumento da produção pelos
setores produtivos diminuindo seu consumo;
partem de um mesmo ponto e convergem para um
mesmo denominador comum: a educação.
A educação, particularmente a ambiental,
incentiva o cidadão a desenvolver senso crítico na
reflexão sobre as questões ambientais,
promovendo uma forma de conscientização,
incentivando uma mudança de mentalidade e da
realidade por ele vivida (TEIXEIRA; MOURA;
COELHO, 2016). Nesse sentido, a formação de
indivíduos conscientes é fundamental para que, no
futuro, eles enquanto profissionais, possam
influenciar positivamente por meio de processos
tecnológicos relevantes na utilização da água em
larga escala.
Neste contexto, a educação como fator de
mudança na preservação dos recursos hídricos
deve estar voltada e disponível principalmente
para os cidadãos que irão ocupar cargos
importantes na tomada de decisões sobre eles, tais
como: os futuros gestores públicos destes
recursos, empresários do setor produtivo e
industrial e grandes produtores agrícolas e
pecuários. O cidadão comum deve ser educado e
orientado também a cobrar dos principais
responsáveis o devido cuidado com os recursos.
Além disso, somente a educação poderá promover
o desenvolvimento tecnológico capaz de prover
novas tecnologias capazes de auxiliarem na luta
para superar esses desafios.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como podemos perceber, haverá uma
maior disputa pela água entre usuários, que
necessitam dela para sobreviver; e de sistemas
produtivos, sejam agrícolas ou industriais, que a
utilizam nos seus processos. Esta disputa tende a
gerar um déficit importante de água,
comprometendo toda a cadeia produtiva e o acesso
a bens como alimentos, entre outros. Isto poderá
impactar negativamente no acesso a outros
direitos básicos assegurados pela Declaração
Universal dos Direitos Humanos, tais como a
saúde. Além disso, a escassez de água pode ser um
fator gerador de diferentes tipos de conflitos entre
povos e nações.
A educação, numa visão global, parece ser
o fator-chave para a mudança no paradigma da
água, permitindo que tanto cidadãos comuns
quanto cientistas, políticos, empresários e
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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formadores de opinião, possam desenvolver uma
atitude consciente de engajamento no cuidado,
proteção e manutenção dos recursos hídricos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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CURSO DE ODONTOLOGIA
PREVENÇÃO E PROMOÇÃO DE SAÚDE BUCAL EM ESCOLAS
PÚBLICAS: GERANDO PAZ E BEM-ESTAR AS CRIANÇAS.
Bruna Sartorel
Camila Nitz Moi
Horace Houw
1 INTRODUÇÃO
O impacto social gerado pela Segunda
Guerra Mundial estimulou a criação da
Declaração dos Direitos do Homem, pela
Organização das Nações Unidas (ONU), em
1948, visando estabelecer padrões para garantir a
paz mundial para as gerações futuras. Portanto,
condições universais para que qualquer
indivíduo possa ter acesso a trabalho, saúde,
educação, ou seja, todas as condições básicas que
o ser humano necessita para ter uma vida digna e
de qualidade.
Este trabalho tem como objetivo
reafirmar a importância da prevenção e
promoção de saúde bucal no âmbito escolar e
descrever de que forma os projetos voltados a
essa temática podem contribuir para esse
princípio de paz e prosperidade. Segundo
Ferreira (FERREIRA, 2010, p. 1587), um dos
significados de paz é “ausência de lutas,
violências ou perturbações sociais: tranquilidade
pública; concórdia, harmonia: o respeito às leis
assegura a paz de uma comunidade”
Contudo, a prevenção e a promoção de
saúde têm significados diferentes, porém ambas
quando trabalhadas em conjunto possuem
grande importância no cuidado da saúde. Para
que ocorra atividades de prevenção e promoção
de saúde nas escolas é essencial estabelecer
medidas educativas de excelência para assim
estimular autonomia de crianças e adolescentes
no cuidado a sua própria saúde, assim como
descrito na Declaração Universal dos Direitos do
Homem.
Seguindo as atividades do projeto de
extensão Saúde Bucal e Educação em Saúde do
curso de Odontologia, da Faculdade Avantis,
cujo público-alvo são alunos de escola pública,
com idade média de três a 10 anos, o projeto é
supervisionado por professores orientadores e
tem por objetivo consolidar essa abordagem de
excelência na educação por uma saúde bucal
melhor.
Diante da temática exposta e a
contextualização do problema de pesquisa, o
presente trabalho pretende expor ao leitor a
importância de projetos de prevenção e
promoção de saúde durante a fase de
escolaridade primária de crianças, e assim
responder a pergunta problema: prevenção e
promoção de saúde podem gerar paz?
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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2 DISCUSSÕES
A Declaração Universal dos Direitos
Humanos foi criada em 1948 pela ONU, como
forma de reação às atrocidades acometidas
durante a Segunda Guerra Mundial. Tem por
finalidade gerar o direito à vida, à liberdade de
expressão de opinião e de religião, direito à
saúde, à educação e ao trabalho.
O intuito dessa declaração foi
proporcionar fundações para paz para todo
mundo, visto que a Segunda Guerra Mundial
trouxe fatalidades para toda a população
mundial. Portanto, a declaração prevê que o
cidadão tem direitos como saúde, educação e
trabalho, gerando assim, a paz em todos os
âmbitos de sua vida.
A Declaração dos direitos do homem
está presente na Constituição brasileira, adotada
e proclamada em 1988, a qual consignou a saúde
em seu artigo XXV, a saber:
Art. 227. É dever da família, da
sociedade e do Estado assegurar à
criança e ao adolescente, com absoluta
prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária,
além de colocá-los a salvo de toda
forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e
opressão (BRASIL, 1988).
Em relação à saúde, todo cidadão tem
direito. O intuito desse trabalho é gerar um
reflexo na sociedade, especificamente nas
escolas públicas, com prevenção e promoção
voltada à saúde bucal, levando até as crianças o
conhecimento referente à higiene bucal, tendo o
cuidado necessário como citado no Capítulo VIII
na Constituição dos direitos humanos:
l.º O Estado promoverá programas de
assistência integral à saúde da criança e
do adolescente, admitida a participação
de entidades não-governamentais e
obedecendo aos seguintes preceitos: I -
aplicação de percentual dos recursos
públicos destinados à saúde na
assistência materno-infantil; II - criação
de programas de prevenção e
atendimento especializado para os
portadores de deficiência física,
sensorial ou mental, bem como de
integração social do adolescente
portador de deficiência, mediante o
treinamento para o trabalho e a
convivência, e a facilitação do acesso
aos bens e serviços coletivos, com a
eliminação de preconceitos e
obstáculos arquitetônicos (BRASIL.
1988).
Em 1986, ocorreu a I Conferência
Internacional sobre Promoção da Saúde, que
originou a Carta de Ottawa. De acordo com
esse documento:
Promoção da saúde é o nome dado ao
processo de capacitação da comunidade
para atuar na melhoria de sua qualidade
de vida e saúde, incluindo uma maior
participação no controle deste processo.
Para atingir um estado de completo
bem-estar físico, mental e social [...]
Nesse sentido, a saúde é um conceito
positivo, que enfatiza os recursos
sociais e pessoais, bem como as
capacidades físicas. Assim, a promoção
da saúde não é responsabilidade
exclusiva do setor saúde, e vai para
além de um estilo de vida saudável, na
direção de um bem-estar global (OMS,
1986).
As atividades praticadas nas escolas
visam consolidar o conhecimento sobre higiene
bucal para que todas as crianças tenham um
conhecimento básico sobre o que é prevenção e
promoção bucal, criando bases para que esses
indivíduos estabeleçam padrões de autocuidado e
valorizem os princípios básicos de manutenção
de saúde bucal.
Para que exista uma educação de
excelência é necessário que as crianças tenham
acesso a um trabalho contínuo de orientação de
higiene bucal, palestras voltadas aos professores,
atividades educativas, lúdicas e divertidas para as
crianças, para assim, interagirem com os
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integrantes do projeto. Segundo a Carta de
Ottawa “A promoção da saúde apoia o
desenvolvimento pessoal e social através da
divulgação e informação, educação para a saúde
e intensificação das habilidades vitais” (OMS,
1986).
Enfim, a não ocorrência de doença cárie
na infância isenta essa criança de sentir dor,
dificuldade de fonação, deglutição, evitando o
constrangimento social favorecendo um bom
desempenho escolar, um crescimento livre de
procedimentos invasivos e custos com
tratamentos curativos, contribuindo para uma
vida melhor. Uma criança se alimentando de
forma adequada, seu progresso será grande e
contribui para uma vida melhor.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tem-se como conclusão que o conceito
de paz abrange diversas áreas da sociedade não
sendo apenas associado com o fim das guerras.
Os projetos de prevenção e promoção de saúde
são de grande importância para gerarem paz na
sociedade, já que eles levam um pouco de
conhecimento a alunos de áreas carentes, tendo o
foco maior a saúde.
Consequentemente, tendo bem-estar
esses estudantes estarão mais dispostos ao
sucesso em todas as áreas de sua vida, o que visa
na Declaração dos Direitos do homem, gerando
assim, a paz.
Portanto, paz é tudo aquilo que leva a
população a ter uma boa qualidade de vida, sendo
que projetos de prevenção e promoção de saúde
visam levar melhorias e conhecimentos a todos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio da língua portuguesa.
Positivo, 2010.
OMS. Primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde. Carta de
Ottawa. Ottawa, CAN: Ministério da Saúde, 1986.
ONU. Declaração Universal dos Direitos do Homem. 1948. Disponível em:
http://www.onu.org.br/img/2014/09/DUDH.pdf. Acesso em: 16 ago. de 2018.
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CURSO DE ODONTOLOGIA
PAPEL DO DOCENTE NA MOTIVAÇÃO E FORMAÇÃO DO
PENSAMENTO CRÍTICO DO ACADÊMICO DE ODONTOLOGIA.
Daisy Cristina dos Santos Lamim
Demilson Rodrigues de Oliveira
Horace Houw
Lucas Luiz Krochinski
1 INTRODUÇÃO
A educação brasileira, em especial o
ensino superior em instituições privadas, vive uma
situação única na atualidade. Se por um lado as
instituições públicas sofrem com a falta de
investimento, nas privadas presenciamos o
aumento de investimento em pesquisa. Toda
pesquisa tem como foco investigar um
determinado pressuposto; para determinar a
metodologia de pesquisa se faz mister possuir um
pensamento crítico. Na graduação, o acadêmico
tem a oportunidade de despertar e refinar esse
pensamento crítico, uma ferramenta vital para
realização de pesquisa como para sua formação
como cidadão. Neste cenário, o docente
desempenha um papel crucial – motivar os
acadêmicos para o desenvolvimento de
pensamento crítico – ao mesmo que forma
profissionais para o mercado de trabalho.
Este trabalho versa sobre o papel do
docente na motivação e formação do pensamento
crítico do acadêmico, e como isso influencia no
seu papel na sociedade. Foi realizada busca em
base de dados para embasar a reflexão do objetivo.
2 DESENVOLVIMENTO
Vivemos uma época de grandes
transformações socioeconômicas. As relações
sociais que moldam a nossa civilização estão
ganhando novos contornos devido aos avanços
tecnológicos. A rapidez de acesso à informação
nos levou a mudar certas formas de comunicar,
ninguém pode pensar em adquirir um repertório
inicial de conhecimentos que lhe baste para toda a
vida, porque a evolução rápida do mundo exige
atualização contínua de saberes. O ambiente
acadêmico não ficou imune aos reflexos destas
transformações; a relação docente e acadêmico,
apesar de ter uma hierarquia pré-definida, precisa
incorporar essas mudanças na busca de
informações (CORRADINI; MIZUKAMI, 2017).
O acesso à informação é um assunto
complexo. A nossa civilização tende valorizar a
objetividade, relegando a subjetividade a algo
desnecessário e ser pensada ou discutida em vários
níveis, entre eles o ambiente acadêmico. A busca
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da objetividade perante os problemas humanos
precisa alimentar-se da subjetividade, contudo, o
processo da busca do conhecimento não pode ser
mecânico. No pensamento crítico a emoção passa
a ser elemento central e importante para as
mudanças necessárias (SALLES FILHO, 2016).
Em um mundo cada vez mais
interconectado e interdependente, segundo a
UNESCO (United Nations Educational, Scientific
and Cultural Organization), o grande desafio da
educação é formar indivíduos desde cedo e por
toda a vida, com conhecimentos, habilidades,
atitudes e comportamentos de que necessitam para
serem cidadãos informados, engajados e com
empatia para a sociedade atual. Para isso, se faz
mister uma pedagogia transformadora que os
capacite para solucionar desafios persistentes que
envolvem toda a humanidade, relacionados ao
desenvolvimento sustentável e à paz (UNESCO,
2013).
Para Morin (2015) a crise da educação é
uma crise de civilização. Ela é um componente da
degradação das solidariedades tradicionais
(grande família, vizinhança, trabalho), perda ou
degradação do supereu de pertencimento a uma
nação; ausência de um supereu de pertencimento
à humanidade. O exposto, resulta num
individualismo egocêntrico com uma
generalização dos comportamentos incivis.
O bom funcionamento das sociedades
democratas exige cidadãos responsáveis e
engajados com o desenvolvimento sustentável,
capacitados para se envolverem e assumirem
papéis ativos, local e globalmente, para enfrentar
e resolver desafios comuns, equipados com
valores, conhecimento e competências,
contribuindo proativamente para um ambiente
mais justo, pacífico, tolerante, inclusivo, seguro
com respeito pela democracia e sustentabilidade
ambiental. Nesse sentido, o docente tem papel
fundamental na formação do pensamento crítico,
pois a educação pode ajudar a criar condições
conducentes à paz cultivando o respeito pelos
outros e promover a cidadania global
(BALASOORIYA, 2001).
Desenvolver competências e habilidades
sempre foi objetivo da educação e pensar
criticamente tem uma importância fundamental
diante da natureza dinâmica dos cuidados de
saúde. A garantia de ter desenvolvido a habilidade
do pensamento crítico auxilia no processo de
construção da confiança em alcançar seu potencial
como profissional. Pensar criticamente pode
ampliar a possibilidade de construir um novo
modo de praticar a atenção à saúde, mas para isso
é preciso refletir sobre o atual perfil de trabalho e
de trabalhadores. O pensamento crítico pode
proporcionar mudanças nas práticas profissionais
que tenham impacto direto na assistência e
cuidado em saúde geral e saúde bucal (FARIAS et
al, 2016).
Necessitamos de uma educação superior
que forme cidadãos capazes de desenvolver as
habilidades não só na sua área de conhecimento,
mas capaz de pensar sobre si mesmos, sobre sua
práxis e sobre a sociedade em que estão inseridos,
estabelecendo complexas relações de
interdependência com o mundo (AMEM;
NUNES, 2006).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As grandes transformações sociais
mudaram o acesso às informações. Precisamos
nos atualizar diariamente, isso porque a evolução
é rápida. Essa rapidez na disseminação de
informação mudou nossa formar de adquirir
conhecimento. O ambiente acadêmico também é
afetado e caso não se atualizar pode gerar uma
crise da educação que resulta numa crise de
civilização, levando a um individualismo
egocêntrico, com uma generalização dos
comportamentos incivis, tornando a sociedade
mais violenta.
Assimilar essas transformações é o grande
desafio da educação, a qual compete formar
indivíduos, desde cedo e por toda a vida, com
pensamento crítico para solucionar desafios
persistentes que envolvem toda a humanidade. A
natureza dinâmica dos cuidados de saúde, em
especial na Odontologia, pensar criticamente tem
uma importância fundamental, possibilita o futuro
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125
ao acadêmico refletir sobre atual perfil de trabalho
e de trabalhadores e, dessa forma, construir um
novo modo de praticar a atenção à saúde.
O processo da busca do conhecimento não
pode ser mecânico. A emoção é elemento
indispensável para o pensamento crítico. Para o
futuro profissional estabelecer complexas relações
de interdependência com o mundo é preciso
desenvolver as habilidades além da área de
formação, percebendo-se como uma parte
importante da sociedade.
Ter um pensamento crítico diante das
situações diárias, além de gerar mudanças nas
práticas profissionais que influenciam tanto
assistência quanto o cuidado em saúde geral como
saúde bucal, também contribuem
desenvolvimento sustentável e à paz na sociedade.
O docente é responsável pela formação
não somente de futuros profissionais de
Odontologia, mas de formadores de opinião que
vão influenciar a sociedade em que estão
inseridos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMEM, B.M.V.; NUNES, L. C. The contribution of information and communication
technologies to higher education according to an interdiscipline proposal. Revista Brasileira
de Educação Médica, v. 30, n. 3, p. 171-180, 2006.
BALASOORIYA, A. S. Learning the way of peace: A teachers' guide to peace education.
New Delhi: United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization, 2001.
CORRADINI, S. N.; MIZUKAMI, M.G. N. Formação docente: o profissional da sociedade
contemporânea. Revista Exitus, v. 1, n. 1, p. 53-62, 2017.
FARIAS, C. M. L. et al. Pensamento crítico e a formação de profissionais em Odontologia:
uma revisão narrativa da literatura. Revista da ABENO, v. 16, n. 1, p. 73-87, 2016.
MORIN, E. Ensinar a viver: manifesto para mudar a educação. Porto Alegre: Sulina, 2015.
SALLES FILHO, N. A. Educação para paz: um caminhar no pensamento complexo através
de cinco pedagogias integradas e complementares. Revista Polyphonía, v. 27, n. 1, p. 137-
153, 2016.
UNESCO (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization). Global
Citizenship Education: Preparing Learners for the Challenge of the 21st Century. UNESCO,
2013.
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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CURSO DE ODONTOLOGIA
APLICAÇÃO DA TECNOLOGIA ASSISTIVA EM PESSOAS COM
NECESSIDADES ESPECIAIS
Bernadètte Beber
Bruna Bechtold
Quênia Alves de Andrade
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho parte da ideia de que
dificuldades motoras podem minar o processo de
independência e autonomia dos indivíduos com
necessidades especiais. Focados na manutenção
cotidiana da saúde bucal, as tecnologias assistivas
podem melhor atender e suprir a tarefa de
escovação dental. Utilizando como forma de
pesquisa e aplicação desta ideia a pesquisa-ação,
priorizando materiais de baixo custo, mais
acessíveis, inspirados no fixador de mão em tira
da marca Mercur, elaborou-se a partir de EVA
protótipos do mesmo.
Este artigo tem por objetivo testar a
eficácia do uso do fixador de mão em tira, para a
promoção de saúde bucal em pacientes com
necessidades especiais em sua primeira idade,
bem como educar de maneira efetiva o exercício
da escovação bucal.
Portanto, estudar autores referente ao
tema faz-se necessário, como também a atuação
direta no exercício de escovação dental de
adolescentes com necessidades especiais, no
intuito de experienciar e analisar os resultados
adquiridos neste processo.
Para isto, mediante autorização de
responsáveis e coordenação da APAE –
Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de
Blumenau (SC), desenvolveu-se a presente
pesquisa com a participação de quatro crianças
portadoras de necessidades especiais, com o
intuito de evidenciar a placa bacteriana com
EVIPLAC – PASTILHA posteriormente a
escovação efetuada de forma autônoma, porém
instruída, em dias alternados com e sem a
utilização de tecnologia assistiva na escovação
dental.
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
128
2 DISCUSSÕES
São considerados Pacientes Especiais
aqueles que apresentem qualquer tipo de condição
que os façam necessitar de atendimento
diferenciado por um período ou por toda sua vida
(RESENDE et al, 2004).
Em pacientes com necessidades especiais
existe uma dificuldade para atendimentos
odontológicos, que demandam mais tempo, mais
consultas de atendimento, dedicação e métodos.
Quando o poder aquisitivo das famílias com
pessoas portadores de necessidades é inferior,
muitas vezes acabam ficando com menos
assistência, dependendo do atendimento pelo
Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil.
Infelizmente, o sistema não comporta a demanda
nem dos que realmente precisam e não está
organizado adequadamente para atendê-los
(RESENDE et al, 2004).
Há a ausência de profissionais não
especificamente especializados, mas supridos com
conhecimentos necessários. A educação por
excelência deve muni-los não apenas de
conhecimentos técnicos básicos para o lido com
tais pacientes, como também empatia e
solenidade.
2.1 TECNOLOGIA ASSISTIVA
Tecnologia Assistiva - TA é um termo
ainda novo utilizado para identificar todo o arsenal
de recursos e serviços que contribuem para
proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de
pessoas com deficiência e consequentemente
promover vida independente e inclusão
(BERSCH; SARTORETTO, 2017).
A equipe de saúde bucal tem a obrigação
de oferecer não apenas o tratamento, mas também
os meios para sua manutenção, como a orientação
para uma boa higiene bucal proporcionada, em
muitos casos, por meio de simples adaptações em
instrumentos e procedimentos adequados, de
acordo com a necessidade de cada paciente,
respeitando-se as particularidades de cada tipo de
limitação.
Para facilitar esse processo existem
diversos recursos e técnicas que podem ser
utilizados para que se facilite a limpeza oral.
Dentre esses facilitadores está presente o fixador
de mãos em tiras, que é um facilitador de
atividades de vida diária, usado também em
escovas de dente.
As escovas de dente com fixador de mãos
em tiras permitem que pessoas que possuem
algum tipo de deficiência relacionada à
dificuldade de movimentos e à insuficiência física
ou mental consigam cuidar da saúde de sua boca
com mais facilidade.
2.2 ESCOVAÇÃO DENTAL DE PACIENTES COM NECESSIDADES ESPECIAIS
A escovação tem por objetivo a remoção
mecânica da placa bacteriana das superfícies dos
dentes (MUGAYAR, 2000).
De acordo com o Caderno de Atenção
Básica (2008) as regras para uma boa higiene
bucal destes pacientes são fazer uso moderado de
dentifrícios, utilizar escovas dentais macias e
pequenas, introduzir alimentos crus, como maçã,
cenoura e erva doce, pois são alimentos
adstringentes e, escovar sempre que possível todas
as faces do dente.
Em virtude da incapacidade de preensão
palmar no manuseio da escova dental, aumenta-se
a manifestação de placa bacteriana e,
consequentemente, de cárie em razão da
colonização de microrganismos na superfície do
esmalte do dente, principalmente, a bactéria
Streptococcus Mutans.
É essencial que a educação, processo que
se constitui por meio do conhecimento, a
construção gradual de maneira efetiva, seja
implementado com maior vigor, buscando atender
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129
e suprir os déficits existentes, tanto por parte dos
pacientes, que ao serem ensinados poderiam dar
continuidade em sua higienização de maneira
assistida; como dos profissionais, carentes em
preparo, desde cunho gradual, para que melhor
possa atender o indivíduo, mesmo que maneira
primordial e básica.
3 PESQUISA AÇÃO NA APAE DE BLUMENAU/SC
Com a pesquisa efetuada na Associação
de Pais e Amigos de Especiais em Blumenau (SC),
foi possível visualizar quais as dificuldades de
cada adolescente participante desta pesquisa e
assim analisar qual melhor método de uso do
fixador de mãos em tira na escovação dental.
A pesquisa foi realizada com quatro
jovens, sendo três deles do gênero feminino e um
do masculino, com idades entre 14 e 15 anos,
tratados no presente artigo como PNE1, PNE2,
PNE3 e PNE4. Seus diagnósticos encontram-se
em andamento, porém é sabido que são portadores
de deficiência física, mental e cognitiva, sendo a
paciente PNE3 portadora de Síndrome de Down e
a PNE4 cadeirante.
No caso do paciente PNE1, do gênero
feminino, foi possível visualizar que sua
escovação sem a tecnologia assistiva abrangia
somente a escovação da face vestibular dos dentes
anteriores. Porém, com o adaptador, pode-se
evidenciar a melhora na coordenação motora para
a escovação conseguindo então escovar as faces
vestibular, oclusal, palatina dos dentes posteriores
e anteriores, comprovando sua eficácia com o uso
de evidenciador de placa bacteriana.
O PNE2, do gênero masculino, apresentou
dificuldade de escovação de quadrantes superiores
e inferiores, escovando com notória força somente
o quadrante esquerdo, tanto superior como
inferior. Com o uso do adaptador este paciente
conseguiu realizar uma escovação mais lenta e
menos agressiva em todos os quadrantes de sua
boca, incluindo todas as faces dos dentes,
atestando sua melhora com o uso de evidenciador
de placa bacteriana.
PNE3, do gênero feminino, portadora de
Síndrome de Down, exibiu dificuldades em sua
escovação sem o uso do fixador de mãos em tira,
efetuando sucção da escova dental e escovando
parcialmente a face vestibular dos dentes
anteriores. Esta paciente apresentou cálculo dental
no terço cervical de todos os seus dentes.
Utilizando a tecnologia assistiva oferecida a
paciente mostrou uma melhora sutil, conseguindo
escovar também os dentes posteriores, mas sem
muita atenção em sua atividade de escovação.
A PNE4, do gênero feminino, cadeirante,
retratou em sua escovação sem o reforço dos
adaptadores uma boa coordenação para escovação
da face oclusal dos dentes posteriores, porém
mostrou dificuldade em sua preensão palmar para
segurar a escova de dente e para escovação da face
vestibular dos dentes anteriores. Com o reforço
positivo do fixador de mãos em tira, a PNE4
conseguiu segurar a escova de dentes com mais
propriedade executando, assim, uma escovação
com fricção mais potente que a anterior. Também
foi possível notar sua melhora em coordenação
para a face vestibular dos dentes anteriores.
4 MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa-ação é um método de pesquisa
que agrega diversas técnicas de pesquisa social,
com as quais se estabelece uma estrutura coletiva,
participativa e ativa no nível da captação da
informação. Requer, portanto, a participação das
pessoas envolvidas no problema investigado.
Tendo como local de pesquisa a
Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais
(APAE), da cidade de Blumenau (SC). Nos
subsequentes dias 19 e 20 de junho de 2018,
focados no auxílio de adolescentes de ambos os
gêneros, de idades entre 14 e 15 anos, possuidores
de necessidades especiais que inibem habilidades
motoras e cognitivas.
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Possuindo como método de avaliação para
uma boa escovação a remoção de maior
quantidade de placa bacteriana visível, por meio
do evidenciador de placa bacteriana EVIPLAC –
PASTILHA posteriormente a escovação efetuada
de forma autônoma, porém instruída com e sem a
utilização da TA. E visto que a escovação bem-
sucedida não engloba apenas os dentes incisivos e
a face vestibular, foi idealizada a faixa de mãos
com o intuito de não apenas facilitar a escovação
como suporte, mas também auxiliar a tarefa
motora da escovação dos dentes posteriores, face
lingual e palatina.
O material utilizado para esta pesquisa foi
um protótipo de fixador de mão em tiras.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em virtude dos fatos mencionados,
conclui-se que a pesquisa teve um resultado
positivo, pois os objetivos foram alcançados de
forma bem-sucedida. Em um primeiro momento
foram analisadas pesquisas bibliográficas,
partindo assim para a observação da necessidade
individual de cada paciente com necessidade
especial pesquisado em sua atividade de
escovação dental, portando evidenciado suas
dificuldades foi introduzido o melhor método para
cada um, de acordo com o material utilizado.
A análise de resultados foi contrastante na
escovação bucal com e sem a utilização da
tecnologia assistiva. Nota-se uma grande melhora
na coordenação motora fina de cada indivíduo
pesquisado, como também um resultado
peremptório na remoção de biofilme dental de
cada um, de forma autônoma, porém instruída em
suas escovações.
De fato, o uso de tecnologia assistiva para
pacientes com necessidades especiais, promove
saúde bucal amparando assim sua autonomia.
Conclui-se então que ensinar, demonstrar e
incentivar o paciente, buscando métodos que
facilitam sua rotina, foram os diferenciais obtidos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Disponivel em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_bucal.pdf>. Acesso em:
23/06/2018.
MUGAYAR, Lêda Regina Fernandes. Pacientes Portadores de Necessidades Especiais:
Manual de Odontologia e saúde oral. São Paulo: Editora Pancast. 2000. p.254.
ONU. Relatório Mundial sobre a deficiência - 2011. Disponível em:
<http://www.afro.who.int/sites/default/files/2017-06/9788564047020_por.pdf>. Acesso em:
23/06/2018.
RESENDE, Vera Lúcia Silva et al. Atendimento odontológico a pacientes com
necessidades especiais. Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, Minas Gerais.
2004. Disponivel em: <https://www.ufmg.br/congrext/Saude/Saude32.pdf>. Acesso em:
23/06/2018.
SARTORETTO, Mara Lúcia; BERSCH, Rita. Assistiva: Tecnologia e Educação. 2017.
Disponível em: < http://www.assistiva.com.br/tassistiva.html>. Acesso em: 07/06/2018.
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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CURSO DE ODONTOLOGIA
A EDUCAÇÃO PARA A PREVENÇÃO DO CÂNCER BUCAL NOS
IDOSOS DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ
Horace Houw
Vitória Gabriela Costa
1 INTRODUÇÃO
O câncer bucal é um problema grave de
saúde pública, sendo que 60% a 80% dos casos são
diagnosticados em estágio avançado (FALCÃO
et. al, 2010). Os idosos são mais propensos a
desenvolverem o câncer bucal devido às diversas
alterações no organismo que acompanham o
envelhecimento (PRESA; MATOS, 2014).
Contudo, as ações de educação para a prevenção
são de extrema importância para a saúde bucal dos
idosos.
Assim, o presente trabalho busca analisar
o conhecimento dos idosos de Balneário
Camboriú (SC) a respeito do câncer bucal e suas
ações preventivas; para que assim se possa
analisar o impacto da educação na saúde bucal dos
idosos.
Para alcançar os objetivos propostos
foram aplicados questionários a 10 idosos da
cidade; questionando-lhes sobre o câncer bucal, o
autoexame e o cuidado com a cavidade oral.
Também foi realizada pesquisa bibliográfica por
meio de busca no repositório de artigos Google
Acadêmico, utilizando as palavras-chaves:
‘idosos’; ‘diagnóstico precoce’ e ‘câncer bucal’.
2 DISCUSSÕES
O câncer bucal é uma doença
preocupante. Em sua fase inicial é assintomático,
porém de fácil diagnóstico, o qual depende da
observação da cavidade bucal e reconhecimento
das possíveis alterações (FALCÃO, 2010). Dentre
os 6,4 milhões de casos no mundo,
aproximadamente 10% são na cavidade bucal,
sendo o sexto tipo de câncer mais incidente do
planeta (MELO et al, 2010).
Ele acomete os lábios, gengiva, língua,
bochecha, glândulas salivares, assoalho da boca,
palato, amigdala e faringe. Os seus fatores de
riscos estão relacionados ao tabagismo,
alcoolismo, radiação, infecção e má higiene bucal
(MELO et. al, 2010).
Com o envelhecimento, alterações bucais
podem ocorrer como: perda de dentes,
periodontite, gengivite, dores na articulação
temporo-mandibular e consequências de próteses
mal ajustadas. Juntamente da falta de coordenação
motora para realizar a higiene bucal e do
esquecimento os idosos são uma parcela da
sociedade muito propensa a desenvolver o câncer
bucal (PRESA; MATOS, 2014).
A prevenção (conhecimento dos fatores
de risco, sintomas, autoexame, higiene bucal
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adequada e ida regularmente ao dentista) leva ao
diagnóstico precoce, o qual permite uma taxa de
sobrevida de 70% a 90%, devido ao melhor
prognóstico (MELO et al, 2010).
Os questionários aplicados remeteram o
conhecimento dos idosos sobre o câncer bucal e as
ações de prevenção (higienização, autoexame e
importância da ida ao dentista). O Quadro a seguir
mostra os resultados obtidos.
IDOSO Conhecimento sobre o câncer
bucal
Conhecimento sobre o
autoexame bucal Higiene bucal
Postura frente às feridas
na cavidade oral
1 Nenhum Nenhum 1 vez ao dia Toma remédio
2 Nenhum Nenhum 1 vez na semana Procura o médico
3 Mata como todo câncer Nenhum 1 vez ao dia Procura o dentista
4 Acomete fumantes Conhece, mas não pratica 3 vezes ao dia Espera sarar
5 Surge com manchas brancas Nenhum 3 vezes ao dia Passa pomada
6 Nenhum Nenhum 5 vezes ao dia Procura o dentista
7 Nenhum Conhece, mas só o dentista faz 3 vezes ao dia Espera sarar
8 Nenhum Nenhum 1 vez ao dia Não faz nada
9 Nenhum Nenhum 3 vezes na
semana Procura o dentista
10 Nenhum Nenhum 1 vez ao dia Espera sarar
Quadro 1: Resultados obtidos
Fonte: Dados primários, 2018
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O câncer bucal geralmente é
diagnosticado em estágio avançado devido à falta
de conhecimento sobre possíveis modificações na
cavidade oral e a conduta que deve ser tomada
frente às alterações.
A falta de conhecimento provém da falta
de educação em saúde bucal para os idosos.
Atividades educativas sobre o câncer bucal, o
autoexame e a conduta frente às alterações bucais,
para o público da terceira idade, podem colaborar
com o diagnóstico precoce do câncer bucal. Por
serem uma parcela da sociedade com mais
chances de desenvolverem o câncer bucal os
idosos necessitam de atenção especial na educação
para a prevenção da doença.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BORGES, Fabiano Tonaco et al. Epidemiologia do câncer de boca em laboratório público do Estado de
Mato Grosso, Brasil. Rev. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 24, n. 9, p. 1977-1982, set.
2008.
FALCÃO, Michelle Miranda Lopes et al. Conhecimento dos cirurgiões-dentistas em relação ao câncer
bucal. Rev. Gaúcha de Odontologia, Porto Alegre, v. 58, n. 1, p. 27-33, jan./mar. 2010.
MELO, Leticia de Cássia et al. Perfil epidemiológico de casos incidentes de câncer de boca e faringe.
Rev. Gaúcha de Odontologia, Porto Alegre, v. 58, n. 3, p. 351-355, jul./set. 2010.
PRESA, Sandra Lúcia; MATOS, Jéssica Carvalho de. Saúde bucal na terceira idade. Rev. Uningá,
Maringá, n. 39, p. 137-148, jan./mar. 2014
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CURSO DE PEDAGOGIA
A EDUCAÇÃO SENSÍVEL E A ARTE: UM NOVO OLHAR PARA O
SER HUMANO
Sabryna Pereira de Souza
Shirlei de Souza Corrêa
1 INTRODUÇÃO
É fato que estamos diante de um momento
marcado pelas tecnologias, pela comunicação
digital e, por isso mesmo, precisamos interpretar
as diferentes experiências que a interação pessoal
nos proporciona. Com base nesta questão, este
artigo foi escrito com a intenção de investigar as
contribuições da Educação Sensível para o campo
da educação.
Ao iniciar a docência na turma de
Pedagogia – 3NB, em 2018, percebi a necessidade
de aproximar os acadêmicos que, pouco se
conheciam e nem sabiam os nomes dos colegas. O
desafio foi proposto por meio de trabalhos em
grupos que tinham a dramatização e a encenação
como instrumentos de trabalho.
A principal intenção era a aproximação e
a excelência educativa a partir da Educação
Sensível, uma vez que essa nos desafia a
tornarmo-nos seres sensíveis, capazes de
interpretar, por meio das experiências
educacionais, nossas formas de agir, pensar e
conduzir a prática docente.
2 A EDUCAÇÃO SENSÍVEL
No campo da Educação, seria, talvez, um
clichê trazer para a discussão a questão da
mediação. As várias teorias disseminadas nesse
campo atribuem à prática da mediação o
crescimento e o desenvolvimento do ser humano
nas suas diversas relações; sobretudo, por
acreditarmos que o desenvolvimento acontece na
relação com o outro, em um movimento recíproco
de troca de experiências, convivências,
sentimentos etc.
Acreditando nesse movimento, aliamos a
essa discussão a questão da Educação Sensível,
aquela que, baseada na mediação, almeja uma
formação integral do ser humano, considerando
sua composição de corpo, mente, alma e espírito.
Atenta a detalhes que compõem esse ser humano
que o regem e que o governam em suas ações
cotidianas.
Sabemos, baseados em Duarte Junior
(2010), que educação sensível é uma educação
baseada em sensações, sentimentos e
experiências. E, por assim ser, exige sensibilidade
por parte dos agentes participantes desse processo.
Ter a convicção de tratar o ser humano como
complexo e múltiplo é, também, assumir uma
postura contrária à visão unilateral e uniforme do
mundo e do homem que a contemporaneidade
insiste em (re)afirmar e (re)inventar.
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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Nesse mundo de relações líquidas, de
sentimentos e de posturas que se desfazem
facilmente, que são permeáveis, que não
assumem/respeitam limites e contornos
(BAUMANN, 2008), entender o ser humano sob
essa lógica é um desafio.
Por meio da Educação Sensível existe um
tênue caminho para se chegar à uma educação
integral, pautada no saber/poder/ser sensível. Por
meio desse caminho é possível oferecer ao ser
humano um poder que vai se constituindo e
“possibilita que ele dê importância demasiada a
alguns campos mais restritos do conhecimento,
consequentemente, esquecidos, fazendo com que
ocorra a integração do homem consigo mesmo,
com os outros e com a sociedade”. (DUARTE
JUNIOR, 2010, p. 436). Que ele se torne,
efetivamente, um ser autônomo e crítico.
3 A AÇÃO DESENVOLVIDA
Entendendo a Educação Sensível como
um instrumento de inovação, de renovação, de
mudança e de descoberta (MEIRA; PILOTTO,
2010), desenvolvemos, intrínseca à prática
pedagógica, ações permeadas pela Arte, já que
essa é um instrumento rico e empoderador para a
Educação Sensível, pois acreditamos que “a
educação acontece na relação com o outro, em
uma recíproca troca de experiências e
convivências, e a Arte vem para contribuir com
esse processo” (VANI, 2013, p. 11).
Por meio da prática das Artes Cênicas,
realizamos atividades envolvendo todos os
acadêmicos da turma de Pedagogia 3NB,
utilizando conteúdos resultantes dos cadernos de
estudos disponibilizados pela instituição e, ainda,
diferentes materiais pesquisados pelos próprios
participantes.
Os teatros e/ou as dramatizações
aconteciam no espaço destinado à Prática como
Componente Curricular – encontros
disponibilizados para uma discussão dos
conteúdos estudados, tendo como base a prática
pedagógica. Nestes momentos, ao utilizarmos a
Arte Cênica como instrumento de aprendizagem –
uma vez que tratávamos dos conteúdos estudados
nas respectivas disciplinas – tínhamos a garantia
do envolvimento com o outro, um fortalecimento
de vínculo, um aumento nas relações com os
colegas e com os professores.
Esses teatros e/ou dramatizações
passaram a ganhar muita importância, haja vista
que em meio a “tantas mudanças que vêm
ocorrendo, os sentidos ficam anestesiados, pois,
em razão dessa rotina corriqueira e agitada,
dificilmente o ser humano se posiciona frente ao
outro, a fim de ouvir, para, então, poder ajudar ou
compartilhar momentos recíprocos de
conversações” (DUARTE JUNIOR, 2010, p.
412).
E, além de estudarmos o conteúdo com
um instrumento diferente, buscávamos o encontro,
a proximidade, a emoção, a comoção.
Buscávamos a Educação e o seu caráter integral.
Buscávamos uma Educação Sensível!
O que temos não são resultados. São
caminhos. Agora que iniciamos essa trajetória não
temos como voltar no tempo, como regredir ou
negar nossas determinações.
Sabemos que as [boas] relações
estabelecidas com os outros, refletirão em
melhores condutas sociais e morais, pois quando
estabelecemos atitudes de autonomia e de respeito
por nós mesmos e pelo próximo, facilmente
aceitaremos as diferenças, as controvérsias e
efetivaremos os deveres que nos competem
enquanto cidadãos comprometidos com as ações
para uma sociedade mais humana (VANI, 2013).
E, assim, deixaremos nossa contribuição,
por meio de uma Educação Sensível para uma
sociedade que se respeita, individual e
coletivamente e que compreenda o outro nas suas
particularidades, que privilegia um olhar e um
toque.
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Se a história nos mostrou que a partir dos
registros artísticos deixados pelo ser humano nas
paredes das cavernas, verdadeiras obras artísticas,
pudemos conhecer a trajetória histórica da
humanidade, o que dizer de nossas ações
realizadas na atualidade? Elas também
contribuirão para fundamentar a nossa história.
Acreditando nisso, buscamos, a partir dos
pressupostos da Educação Sensível, fundamentos
para pautar as ações realizadas no curso de
Pedagogia, na turma 3NB. As atividades de teatro
e/ou encenações propiciaram aos acadêmicos
espaços de convivência, de interação, de
afetividade.
Com base nessa prática, acreditamos que
a Educação Sensível, transformadora e inovadora,
aconteceu na interação com o outro, numa ação
recíproca de troca de vivências e experiências,
possibilitando olhares afetivos que contribuem
para uma sociedade mais justa e mais humana.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAUMAN, Z. Tempos líquidos. Rio de Janeiro: Zahar, 2007. 119 p.
DUARTE JUNIOR, F J. O sentido dos sentidos: a educação (do) sensível. Revista
Campinas. 2000. Disponível em:
http://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/HOLOS/article/view/3739/1504. Acesso 05 abr. 2018.
MEIRA, M. R. e PILLOTO, S. Arte, afeto e educação: a sensibilidade na ação Pedagogia.
Porto Alegre: Mediação, 2010.
VANI. A. C. A Educação do Sensível: Saberes educativos que circulam na compreensão do
ser humano. Unoesc & Ciência, Joaçaba, v. 4, n. 1, p. 7-18, jan./jun. 2013. Disponível em
file:///C:/Users/ORIENTACAO/Downloads/2691-9611-1-PB.pdf Acesso em 05 ago. 2018.
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CURSO DE PEDAGOGIA
EDUCAÇÃO PARA PAZ E EXCELÊNCIA NO ÂMBITO ESCOLAR:
CONTEXTUALIZAÇÃO E APLICAÇÃO PRÁTICA NA
MODERNIDADE
Deise Pereira Costa
1 INTRODUÇÃO
Promover uma cultura da paz e excelência
humana, social e profissional, envolve sensibilizar
o contexto escolar com metodologias inovadoras,
com diversidades de estratégias e recursos, para
despertar uma conscientização humanitária,
solidária, responsável e capaz de transformar o
espaço em que se vive em um lugar melhor.
Propiciar reflexões críticas para formar e
desenvolver pessoas do bem, seres pensantes e não
mero repetidores, com caráter, princípios, valores,
que propaguem a paz, é função de todo educador
que busca seus objetivos, sonhos, ideais, baseado
em atitudes e comportamentos sensatos, justos e
éticos, a fim de ajudar na formação de pessoas que
conquistem seus objetivos com merecimento e
esforço, sem ofender o direito do outro, e que
cumpram seus deveres como cidadãos
responsáveis.
Por meio de uma conversa, uma palestra,
um projeto, ou trabalhos criativos que aproximem
as pessoas e envolvam uma mudança positiva na
esfera escolar e social como um todo, poderá ser
um influenciador de pessoas que venham a
perceber os problemas, deficiências e possam
articular meios de resolvê-los com suavidade e
olhar diferenciado.
2 DISCUSSÕES
Para entendermos como funciona a
cultura de paz é necessário compreender que a paz
tem como premissa o eu interior, ao passo que os
primeiros responsáveis nessa formação deveriam
ser os pais.
Observa-se que a contemporaneidade
trouxe grandes mudanças na estrutura familiar e,
por conseguinte, no papel da escola e do professor,
que precisa ensinar e educar ao mesmo tempo.
Essa responsabilidade social e humana que
perpassa as exigências do seu cargo, é uma
questão de doação, de amor, de dedicação, de
consciência humana, pois se entrelaçam e
objetivam os moldes para uma sociedade atual e
futura com valores morais.
E o que é a paz? Segundo o livro Tempos
de Paz (SCHOLES; INGPEN, 1999), a paz pode
significar tantas coisas, se diferenciando conforme
a pessoa, o lugar e a época.
Cada um é responsável pela constituição
da sua própria paz e da construção transformadora
ao seu redor, sendo sensível aos seus sentimentos,
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
138
ao do próximo, sendo cooperativo, participativo,
resolvendo problemas com estratégias sábias e
valorizando as pessoas no seu contexto. Simone
Pizzio (apud SCHOLES; INGPEN, 1999) acredita
que a construção da paz poderá ser conquistada
por meio da união de forças.
Percebemos que a paz é relativa, mas que
a solução dela é uma questão coletiva e reflexiva,
de posicionamentos e atitudes postos na prática
cotidiana, iniciando com o papel do educador, pois
as crianças se espelham nesse modelo desde o
momento que são inseridas na educação infantil e
ao longo de sua caminhada educativa. Se alargam
por afinidade, afetividade e como um referencial
para a construção e desenvolvimento do eu pessoa
e no todo.
Segundo Marlova Noleto (2000), a
educação para paz tem consistência nas
transformações culturais dos valores pacíficos à
prática cotidiana. Nesse mesmo entendimento,
Simone Pizzio (apud SCHOLES; INGPEN, 1999)
assegura que, além do ensinar e do educar valores
de paz, deve haver uma mudança da pessoa
centrada no egocentrismo para um ser mais
humanitário.
Portanto, é necessário que a escola
cumpra seu papel nessa construção, com valores já
elencados, do respeito mútuo, de tolerância,
igualdade e assim promovendo a cultura pacífica
no ambiente. Isso requer esforço coletivo dos
indivíduos envolvidos, sendo eles: pais,
professores, escola e alunos, num mesmo
propósito.
Os docentes devem buscar diferentes
procedimentos para que atinjam seus objetivos,
por meio da promoção do diálogo, importando-se
com o outro, interessando-se pelo meio à sua
volta, promovendo a valorização positiva de seus
alunos, elaborando diversos mecanismos para
aguçar a consciência e a criatividade em projetos,
dinâmicas, passeios, etc. visando alcançar o
interesse e a aprendizagem significativa de todos
os seus alunos. Esses demonstrarão resultados por
meio de mudanças atitudinais e comportamentais.
É necessário mostrar aos mesmos de
forma clara, objetiva e justa os seus deveres, mas
também os seus direitos, uma relação de respeito
e igualdade. Sendo um modelo de paz,
tranquilidade, solidariedade, de carinho e cuidado
no acolhimento cotidiano e no ensino constante,
na melhor preparação, na elaboração lúdica para
aproximá-los e demonstrando assim sempre muita
responsabilidade e interesse em ajudá-los no seu
desenvolvimento, além dos conteúdos
curriculares, um ensino prático para a vida em
sociedade.
Agir de forma sábia e gentil em situações,
não se calar diante de injustiças, não responder a
violência com violência, cultivar o perdão entre
eles e a esperança, são outros papeis fundamentais
que competem aos professores. A paz deve ser um
objetivo e exercício constante em todos os lugares
e momentos da vida humana no espaço escolar.
Trabalhar com estratégias e atividades
diversificadas como: palestras, teatro,
dramatizações, mímicas, paródias, passeatas em
prol da paz, visitas, cursos, trabalhos artísticos
(além da apreciação), confecção de cartazes,
panfletos e painéis, redações, socializações,
debates, murais, pesquisas, reflexões sobre
notícias, análises, musicalização, dinâmicas,
leitura, filmes, oficinas, trabalhos individuais e
coletivos, trocas e parcerias com os pais e
comunidades, projetos sociais, são exemplos para
se atingir esse fim. Por meio da avaliação destas
poderá verificar a participação, contribuição,
posicionamentos e comportamentos durante as
atividades e capacidades dos trabalhos individuais
e coletivos.
Segundo Edgard de Assis Carvalho (1998,
p. 19):
A educação do futuro exige um esforço
transdisciplinar que seja capaz de
rejuntar ciências e humanidades [...]
precisamos enfrentar os paradoxos que o
desenvolvimento tecnoeconômico
trouxe consigo, globalizando de um lado
e excluindo do outro.
Deve-se utilizar as ferramentas
tecnológicas positivamente, com fins pedagógicos
e educativos para facilitar o processo ensino-
aprendizagem na cultura da paz. De acordo com
Edgard Morin (2007), são necessários sete saberes
para uma educação do futuro de qualidade, paz e
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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excelência.
Primeiramente aponta o senso crítico e
investigativo, para não ficar condicionado à
cegueira. Depois, discernir prioridades,
analisando as problemáticas e soluções para tais.
Ensinar a condição humana, ou seja, diversidade,
compreendendo o homem físico, biológico,
psicológico, social e cultural. Ensinar a
identificação pessoal e planetária, os desafios e
destinos. Enfrentamento de incertezas e
imprevistos, como agir e minimizar tais fatos.
Ensinar a compreensão do respeito, de ideias
adversas, de diferenças, costumes étnicos, não
rotulando as pessoas e promovendo a dignidade
humana. Ensinar a ética do gênero humano, o
dever ético, democrático, a construção efetiva da
cidadania.
Diante tais entendimentos elencados, se
percebe a infinidade de estratégias, recursos e
maneiras práticas de se trabalhar a importância da
educação para a Paz e Excelência Educativa, como
uma forma de conscientização e sensibilização
para mudanças comportamentais que gerem uma
transformação significativa na pessoa e, por
consequência, na sociedade.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Entendemos que a paz é primeiramente
interior e fundada no seio familiar, mas que
atualmente se entrelaçou ao papel docente e que a
escola tem responsabilidades humana e moral para
a formação de futuros cidadãos do bem,
responsáveis, conscientes, reflexivos, críticos,
preparados para agir com respeito, igualdade,
justiça, solidariedade, humanidade e como agentes
transformadores que propagam a paz.
Conclui-se que a escola pode ensinar
muito além do que um currículo conceitual, mas
valores de vida e praticidade. Além de preparar
profissionalmente, deve formar para a cidadania, a
democracia e a humanidade. Há muitas maneiras
de fazê-lo, de forma afetiva, de forma coletiva,
individual, reflexiva, prática, por meio de
concepções que sensibilizem mudanças
significativas e efetivas para um mundo melhor.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, Edgard de Assis. Ética, solidariedade e complexidade. São Paulo: Editora
Palas Athena, 1998.
MORIN, Edgar. Os setes saberes necessários à educação do futuro. Trad. Catarina E. F.
Silva e Jeanne Sawaya. São Paulo: Cortez, 2000.
NOLETO, Marlova Jovchelovitc. Cultura para a Paz. São Paulo: Editora Global, 2000.
SCHOLES, Katherine; INGPEN, Robert. Tempos de Paz. São Paulo: Ed. Global, 1999.
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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CURSO DE PEDAGOGIA
EDUCAÇÃO PARA A PAZ NAS ESCOLAS DE EDUCAÇÃO BÁSICA:
POR QUÊ?
Fernanda de Fátima Costa de Almeida
Jetiani Notari
Juliane Dorneles
1 INTRODUÇÃO
A paz na escola deve ser vista como um
ato necessário para formar e construir uma
sociedade mais solidária, justa, humana e
comprometida com o bem-estar do cidadão. Ao
refletir sobre o tema proposto para a Semana de
Iniciação Científica, edição 2018, surgiu o
questionamento sobre os motivos que levam ao
desenvolvimento de projetos voltados ao tema
“educação para a paz” nas escolas de Educação
Básica. Com o objetivo de verificar como e por
que se desenvolvem os projetos de educação para
a paz nas escolas de educação básica, foi realizada
uma pesquisa documental com análise de sete
projetos disponibilizados na internet sobre a
respectiva temática.
A amostra foi aleatória. Partindo da
digitação das palavras “Educação para a Paz” no
site de pesquisa Google, apareceram vários links.
A seleção se deu pela ordem de aparecimento na
página e que se referiam a projetos em escolas de
Educação Básica. Para o levantamento de dados
foram utilizadas cinco questões principais: o
projeto surgiu de uma necessidade específica da
escola? Em qual etapa da educação básica foi
desenvolvido? Partiu dos alunos, do professor, da
equipe de gestão ou da comunidade escolar? Qual
foi o prazo de desenvolvimento do referido
projeto? Quem foram os envolvidos: alunos,
professores, pais, funcionários, toda a comunidade
escolar?
2 DISCUSSÕES
Vive-se numa sociedade que está
passando por profundas transformações sociais
educacionais, religiosas e culturais. A escola está
inserida nessa sociedade, por isso a relevância em
estar atenta a essas transformações, agindo e
interagindo nela. Contudo, entende-se que
educação “É dever da família e do Estado,
inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais
de solidariedade humana, tem por finalidade o
pleno desenvolvimento do educando, seu preparo
para o exercício da cidadania e sua qualificação
para o trabalho” (BRASIL, 1996, Art. 2º).
Ao tratar do pleno desenvolvimento do
educando, a escola não pode deixar de lado
questões relacionadas aos valores e atitudes para
tornar os alunos mais solidários, críticos, éticos e
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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participativos valores que devem estar presentes
na escola e sociedade. Segue o que foi observado
na análise do relato de cada escola.
2.1 O PROJETO SURGIU DE UMA NECESSIDADE ESPECÍFICA DA ESCOLA?
Nos sites pesquisados, sim, havia uma
necessidade específica nas escolas, surgindo pela
busca da amenização da violência escolar, pela
falta de vontade e interesse dos alunos perante
atividades dirigidas pelos professores e pela falta
de tolerância de alguns professores.
Esse é um grande desafio, pois se os
professores continuarem tendo pouca
tolerância com os alunos, visando apenas
o conteúdo e pouco se comunicando com
eles, nada avançará em prol da paz.
Acredita-se que, tanto os pequenos
quanto os maiores necessitam de atenção
e acolhimento. Quando há esse
distanciamento, todo o processo de
ensino-aprendizagem e de convívio
social fica comprometido (EDUCAÇÃO
PARA PAZ, 2018).
Dentro de muitas escolas existem
problemas devido à falta de respeito e harmonia
entre os alunos e entre professores. Não tendo
professores harmônicos os alunos perdem o prazer
e os motivos para irem à escola. O
desenvolvimento de projetos de educação para a
paz surgiu pelo fato de algumas escolas estarem
preocupadas com as questões de agressões
voltadas aos professores:
Frequentemente, podemos ver notícias
de jornais relatando casos de violência
contra professores, bulling (humilhar,
intimidar, ofender, agredir física ou
psicologicamente), vários outros
modelos de abuso e agressão acometidos
contra a comunidade escolar. Diante
disso, podemos citar o caso da professora
de Santa Catarina, espancada por uma
mãe de aluna em uma das escolas
públicas do Estado, tendo a mesma
sofrido mais de vinte tapas e pontapés,
em consequência de um sorteio de um
chiclete e uma tatuagem, no qual a filha
da agressora não fora contemplada
(BARROS, 2018).
Em outras instituições verifica-se que os
projetos foram desenvolvidos pelos fatos de
estarem preocupadas com os valores voltados à
formação de cidadãos:
Diante do problema de discriminação,
agressões físicas e verbais enfrentada
pela escola, através da discussão em sala
de aula, foi proposto pelos alunos
desenvolver o projeto Semeando a Paz.
Com a proposta de resgatar valores
morais e sociais, essenciais na
construção de uma sociedade mais
humana e justa, sem violência, em que os
cidadãos atuem compromissados com o
bem comum (PROJETO SEMEANDO
A PAZ, 2018).
2.2 O PROJETO PARTIU DOS ALUNOS, DOS PROFESSORES, OU DA DIREÇÃO
ESCOLAR (EQUIPE DE GESTÃO)?
Nos sites pesquisados os projetos partiram
da direção da escola. Consistiram-se no bom
exemplo, com a intuição de resgatar o convívio
humano, o respeito e o comprometimento entre
aluno e professor. Houve a necessidade de buscar
estruturação de um trabalho paralelo consistente e
constante, dando ao aluno segurança e confiança
no espaço escolar, por meio de trabalhos que os
envolvessem, como exemplo: gincanas, projetos
pedagógicos, diálogo sobre valores, drogas,
violência.
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2.3 ENVOLVEU QUAL ETAPA DA EDUCAÇÃO BÁSICA?
Uma escola da Educação Infantil, uma do
ensino fundamental, e uma até o Ensino Médio
aplicaram o projeto de paz. Flávia Cristina Pereira
Assunpção, coordenadora do Colégio Crescer
explica:
Para a educação Infantil e os anos iniciais
do ensino fundamental a maneira de
contribuir para a construção de uma
cultura de paz é através de pequenos atos
do dia a dia, ensinando os pequenos que
temos direitos e deveres e que todos
somos responsáveis pelo mundo que nos
cerca”, (SOMOS EDUCAÇÃO, 2018).
2.4 PRAZO DE DESENVOLVIMENTO
A pesquisa mostrou escolas com projetos
curtos e outras com projetos longos, variando
muito da demanda de alunos. Uma escola de
Educação Infantil teve o projeto de paz com o
prazo de 30 dias. Uma escola de Ensino
Fundamental aplicou projeto de paz de um
bimestre, e uma escola de Ensino Médio foi
confiante planejando um projeto anual. Nessa
faixa etária se desenvolvem os níveis físico,
intelectual, emocional, psíquico e espiritual.
2.5 PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE ESCOLAR
Dos sites pesquisados três aplicaram
projetos internamente promovendo interação por
meio de brincadeiras de roda, cantigas,
coreografias com a temática de paz, mesclando
algumas disciplinas. E nos outros dois sites,
verifica-se que as escolas aplicaram projetos
interdisciplinares envolvendo os pais e
responsáveis com participação de palestras,
apresentações teatrais e musicais.
A vida dentro da escola deve ser legítima
quando todos são convocados, inclusive
a família, a resolver os conflitos que
existem dentro dela e que são reflexos do
que acontece adiante do portão. Portanto,
diante desse embasamento, uma
educação para a paz e não violência se
faz necessária e urgente quando
consideramos a formação integral do
educando e a condição atual do mundo
em que vivemos (GOMES, 2018, s.p.).
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2.6 RESULTADOS OBTIDOS
No decorrer dos projetos as escolas
relataram que desenvolveram em seus alunos
valores relativos à paz por meio de experiências
significativas entre eles e para a vida de todos do
ambiente em que convivem.
Precisamos ter em mente que somos
adultos e nossos alunos ainda estão em
processo de aquisição de conhecimentos
e de formação da sua personalidade. Por
isso, temos de “tentar” saber como “tocá-
lo”, sensibilizando-o para a construção
de valores. Cada ser humano tem sua
própria história e a cada dia constrói uma
nova página. Por este motivo, torna-se
perfeitamente acessível o poder se
remodelar com novas atitudes mais
coerentes. Todo o ser humano é passível
de se reeducar e educar os demais para a
construção de um mundo melhor
(EDUCAÇÃO PARA PAZ, 2018, s.p.).
No Projeto Cultura da Paz (2018, s.p.) foi
relatado “Acreditamos que é através de um
ambiente harmonioso que se mostra a importância
de convivermos em paz com todos. Tudo isso
possibilita a construção de um mundo mais justo e
fraterno, conscientizando que o diálogo é a melhor
forma de resolver os conflitos”.
Os alunos foram avaliados por seu
engajamento nas atividades, participação,
contribuições positivas, por colocações e
questionamentos durante as atividades. Foram
analisados em sua postura nas diferentes situações
e locais, na sua capacidade de trabalho em
pequeno e grande grupo.
A paz não é para ser trabalhada em
apenas em algumas semanas ou dias, mas
o projeto é um meio de estarmos atentos
às nossas atitudes e tentar melhora-la a
cada dia na escola e também fora dela,
porque a paz é a gente que faz no
convívio de respeito e valorização do
outro”.(PROJETO SEMEANDO A
PAZ, 2018, s.p.).
Os projetos aplicados ajudaram na
formação de cidadãos conscientes de seus direitos
e deveres em relação ao planeta e a todos os seres
humanos; por conseguinte, alunos com
consciência da necessidade de sua colaboração
para o desenvolvimento de uma cultura de paz e
não violência na escola e fora dela.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em sua forma mais pura, a paz é silêncio
interno preenchido com o poder da verdade. É a
característica proeminente do que nós chamamos
de uma sociedade civilizada. O caráter de uma
sociedade pode ser visto por meio da consciência
coletiva de seus membros.
A escola, hoje, é um dos lugares mais
importantes para discutir a educação para a paz,
pois nela são formados cidadãos com opiniões,
atitudes e valores. Por isso deve-se discutir e
refletir sobre temas que tanto afligem a sociedade
na atualidade.
Por meio dos relatos analisados, pode-se
perceber que os projetos surgiram de uma
necessidade específica detectada em cada escola;
foram elaborados por parte da equipe gestora;
fazem-se necessários em todas as etapas da
Educação Básica; produziram os resultados
esperados e tiveram como princípio que os alunos
participassem de todos os projetos da escola
atingindo as suas famílias, trazendo-as até a
escola.
Importante destacar que a motivação foi a
busca da amenização da violência escolar, falta de
vontade e interesse dos alunos perante atividades
dirigidas pelos professores e pela falta de
tolerância de alguns professores.
Construir-se-á uma cultura de paz quando
a família, escola e sociedade caminharem juntas
no mesmo envolvimento e responsabilidade no
processo de educação, buscando a essência do ser,
o respeito mútuo. Somente quando esse tripé se
unir teremos a transformação necessária para uma
sociedade mais justa, humana e fraterna, porém,
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145
mesmo que não exista esta união, a escola não
pode se eximir de sua parte essencial neste
processo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ensinada-desde-o-inicio-da-vida-escolar&hl=pt-BR Acesso em 06 ago. de 2018
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Rosa Pizzio. Disponível em:
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da-paz.html?m=1 Acesso em 06 ago. de 2018
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academico/outras/projeto-semeando-paz/&hl=pt-BR. Acesso em 06 ago. de 2018
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CURSO DE PSICOLOGIA
A ARTETERAPIA E A EDUCAÇÃO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Maria Balbina de Magalhães Gappmayer
Valdimir Aparecido Rezende Pereira
1 INTRODUÇÃO
As crianças que apresentam problemas de
aprendizagem constituem um desafio para a
educação e os profissionais envolvidos com o
processo de ensino-aprendizagem. O tema
desperta a atenção de várias áreas do
conhecimento e, atualmente, é considerado uma
das grandes preocupações dos educadores que se
sentem impotentes frente à situação.
As Dificuldades de Aprendizagem (DAs)
podem ser classificadas como generalizadas
quando afetam quase todas as aprendizagens,
sendo escolares ou não escolares, e como graves
quando afetam vários e importantes aspectos do
desenvolvimento da pessoa nas áreas motoras,
linguísticos e cognitivos.
Para trabalhar com estas situações podem
ser utilizados vários métodos, entre eles a
arteterapia, que apresenta enormes possibilidades,
uma vez que usa o lúdico como uma forma de
capacitar a criança a lidar com suas próprias
dificuldades.
Este estudo de abordagem qualitativa,
pode ser classificado como descritivo, do tipo
relato de experiência e tem como objetivo geral
relatar uma vivência de estágio com crianças
atendidas pelo Centro de Referência da
Assistência Social (CRAS), em contraturno com a
escola, em um município do interior do Estado de
Santa Catarina. As crianças frequentam o ensino
fundamental público e suas idades ficam entre 9 e
12 anos. O número de crianças é variável.
Neste relato de experiência optou-se pela
utilização de recursos como desenhos em folha
sulfite, com lápis de cor, giz de cera e pintura
guache. Conforme temática do dia ou tema livre as
crianças produzem pequenos textos relacionados
aos desenhos. A leitura da produção artística das
crianças tem como base o referencial teórico da
gestalt-terapia, a partir da teoria de figura e fundo.
2 DISCUSSÕES
A criação artística é a forma de se
expressar o sentimento vivido pelo artista, aqui
pelas crianças, independentemente do tipo de arte
com que se esteja lidando, seja desenho, pintura
ou recortes e colagens. Portanto, não se configura
apenas como uma simples vivência de sentimentos
que se excede à expressão natural (psicológica) de
suas emoções.
A psicologia da Gestalt desenvolveu uma
série de conceitos aproveitados pela Gestalt
Terapia. Um deles é o conceito de figura e fundo.
Sempre que a atenção de um indivíduo se volta
para algo foca em alguma coisa chamada figura,
busca esta que se realizará sobre um fundo. A
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148
figura se caracteriza por tudo o que é olhado na
busca pelo que se precisa, mas não chama atenção,
até que o objeto procurado é encontrado. No caso
o objeto aqui é a dificuldade de aprendizado.
As atividades são praticadas
semanalmente todas às terças e quartas-feiras das
13h30min às 16h. Sempre iniciadas colocando os
assuntos em dia, sobre o que fizeram no fim de
semana. A cada encontro é escolhida uma temática
trazida pelas crianças, a partir de eventos
significativos para cada uma delas. Em seguida,
trabalha-se as pinturas e desenhos seguidos de
uma pequena história escrita pelas próprias
crianças no verso do desenho. Pouco antes de
encerrar o encontro, discute-se os trabalhos feitos
correlacionando-os com o tema abordado para ver
o nível de coerência do desenho com a história.
Esta interação é regida pelo contato que
acontece com o contexto social que favorece seu
ajustamento criativo ao meio. O desenvolvimento
sadio e contínuo dos sentidos, do intelecto, do
corpo e dos sentimentos da criança constitui a base
do seu senso de eu, de sua identidade como um ser
humano. Um senso forte de quem sou contribui
para um bom contato com o meio e com as pessoas
desse meio.
Vários estudos mostram como as emoções
podem interferir no processo de aprendizagem e
que é dever do educador mediador estimulá-las
para que a criança aprenda a desenvolver suas
habilidades expressivas e motoras. “As reações
que as emoções suscitadas no ambiente funcionam
como uma espécie de combustível para sua
manifestação” (GALVÃO, 1995, p. 64). As
emoções estão diretamente ligadas à convivência
social, à autoconfiança, ao autocontrole, à tomada
de decisões, desenvolvendo a ética, a
responsabilidade e o respeito. Wallon (1995)
propôs e defendeu que o processo de evolução
depende tanto da capacidade biológica do sujeito
quanto do ambiente que o afeta de alguma forma.
O sujeito nasce com um equipamento orgânico
que lhe dá determinados recursos, mas é o meio
que vai permitir que essas potencialidades se
desenvolvam. Wallon (1995, s.p.) diz que:
[...] para quem não separa
arbitrariamente comportamento e as
condições de existência próprias a cada
época do desenvolvimento, cada fase
constitui, entre as possibilidades da
criança e o meio, um sistema de relações
que os faz especificarem-se
reciprocamente. O meio não pode ser o
mesmo em todas as idades. É composto
por tudo aquilo que possibilita os
procedimentos de que dispõe a criança
para obter a satisfação das suas
necessidades. Mas por isso mesmo é o
conjunto dos estímulos sobre os quais
exerce e se regula a sua atividade. Cada
etapa é ao mesmo tempo um momento da
evolução mental e um tipo de
comportamento.
A emoção, por ser mais visível que as
outras duas manifestações, é tida por Wallon
(1975) como a forma mais expressiva de
afetividade e ganha destaque em suas obras. Neste
sentido, ao observar as reações emotivas pode-se
encontrar indicadores para analisar as estratégias
para serem usadas em sala de aula.
Esta prática de estágio com crianças no
CRAS permitiu constatar que as crianças são
receptivas ao recurso. Desenhar e tentar descrever
o desenho ou escrever algo sobre o desenho,
evidencia a pouca familiaridade que as crianças
possuem com letras, sílabas, palavras e frases
conforme as bases da língua portuguesa. Na
maioria dos casos, estas dificuldades estão
relacionadas também à dinâmica familiar e
instituição escolar. Como fundamenta Gandim
(1995, p. 42):
A área da educação nem sempre é
cercada somente por sucessos e
aprovações. Muitas vezes, no decorrer do
ensino, nos deparamos com problemas
que deixam os alunos paralisados diante
do processo de aprendizagem, assim são
rotulados pela própria família,
professores e colegas.
Porém existem causas relacionadas a
aspectos intrínsecos da criança ou até mesmo
deficiências cognitivas. Algumas não sabem nem
escrever o próprio nome. A isso, Novaes (1980, p.
119) enfatiza que:
É importante que todos os envolvidos no
processo educativo estejam atentos a
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essas dificuldades, observando se são
momentâneas ou se persistem há algum
tempo. As dificuldades podem advir de
fatores orgânicos ou mesmo emocionais
e é importante que estejam descobertas a
fim de auxiliar o desenvolvimento do
processo educativo, percebendo se estão
associadas à preguiça, cansaço, sono,
tristeza, agitação, desordem, dentre
outros, considerados fatores que também
desmotivam o aprendizado.
É importante salientar que essas
dificuldades podem ser passageiras, menos
duradouras, e mais ou menos intensas. No entanto,
podem levar alunos ao abandono da escola, à
reprovação, ao baixo rendimento, ao atraso no
tempo de aprendizagem ou mesmo à necessidade
de ajuda especializada. A maioria das crianças do
grupo pesquisado, de acordo com relatos da
equipe do CRAS, apresentou visível melhora no
comportamento das crianças atendidas,
diminuindo inclusive alguns comportamentos
como a agitação e melhorando a atenção nas
atividades realizadas. Além disso, as crianças se
mostram mais animadas e pensam em um dia
poder escrever a sua própria história.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A utilização da arteterapia em crianças
que apresentam diferentes dificuldades de
aprendizagem possibilitou, durante o estágio no
CRAS, vivenciar a possibilidade que estes
recursos oferecem no desenvolvimento delas.
Percebeu-se que é fundamental articular os
métodos tradicionais de aprendizagem com
atividades artísticas, condizentes com a realidade
sociocultural dos alunos, para que se tenha um
resultado efetivo.
Além disso, o grupo de crianças que
utilizou os recursos de arteterapia apresentou uma
sensível melhora, não só a nível das dificuldades
de aprendizagem, mas também no
comportamento, diminuindo agitação e
apresentando maior concentração durante as
atividades realizadas.
A arteterapia é um recurso que por si só já
é terapêutico, além de possibilitar à criança um
espaço de atenção e de proximidade afetiva,
criando uma atmosfera de cuidado e segurança
emocional.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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GALVÃO, Izabel. Henri Wallon - uma concepção dialética do desenvolvimento infantil.
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SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
151
CURSO DE PSICOLOGIA
DECORRÊNCIAS PSICOLÓGICAS EM PROFESSORES NO SISTEMA
DE PRIVAÇÃO DE LIBERDADE
André Luiz Thieme
Elisângela Neves
1 INTRODUÇÃO
A profissão docente está presente além
dos espaços educacionais tradicionais, como
escolas, universidades, creches, porém, grande
parte da sociedade desconhece o exercício
profissional do educador nas penitenciárias. Dessa
forma, ignora-se a importância de sua prática nas
instituições de privação de liberdade. Este
trabalho visou discutir a prática docente no
sistema de privação de liberdade em uma
penitenciária do litoral catarinense e investigar se
há casos de afastamento por decorrências
psicológicas dos educadores atuantes nessa
instituição.
2 DISCUSSÃO
Conforme Seligmann-Silva (2011), os
docentes estão entre os profissionais que
apresentam maior índice da Síndrome de Burnout
e a cada dia há mais incidências da síndrome entre
os educadores. Apontado como umas das
principais causas de afastamento de educadores de
suas funções profissionais, a Síndrome de
Burnout, ou esgotamento profissional, refere-se a
um fenômeno psicológico que ocorre no ambiente
de trabalho e é composto de exaustão emocional,
despersonalização e baixa realização profissional.
Dessa forma, a prática profissional, antes
prazerosa, passa a ser desgastante e exaustiva,
devido à síndrome.
A coleta de dados foi realizada com nove
professores, quatro afastados e cinco docentes
atuantes no sistema prisional. Os educadores
pesquisados têm em média um ano e meio de
atuação no sistema carcerário, e a eles foram
atribuídos nomes fictícios. Durante a entrega dos
questionários houve o desligamento de dois
professores participantes da pesquisa que, depois
de afastados, não retornaram suas respostas ao
estudo.
Além do questionário foi utilizado nesse
estudo o Maslach Burnout Inventory (MBI-GS),
um instrumento que avalia a vivência do
trabalhador em suas três dimensões: exaustão
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152
emocional, realização profissional e
despersonalização (CARLOTTO; CÂMARA,
2004).
Os resultados encontrados pelas respostas
dos professores atuantes ao MBI foram: exaustão
emocional (1,93), realização profissional (3,28) e
despersonalização emocional (1,49). Já nos
docentes afastados para exaustão emocional foi
encontrado o escore de 3,22 para exaustão
emocional, para realização profissional o valor é
de 3,00 e a despersonalização emocional
correspondeu ao valor de 2,13.
Carlotto e Câmara (2004), pesquisaram a
confiabilidade do inventário MBI-GS com
docentes e encontraram os valores de 6,61 para
exaustão emocional, índice alto quando
comparados com a presente pesquisa. Já o fator de
realização profissional foi de 2,22 no estudo dos
mesmos autores, o que demonstra que os docentes
do sistema de privação de liberdade apresentam
um grande escore de realização profissional, o que
difere com os docentes pesquisados no estudo de
Carlotto e Câmara (2004). Porém, o fator de
despersonalização emocional, foi de 1,47 valor
este, relativamente semelhante tanto no presente
estudo, quanto entre os docentes do ensino
fundamental, pesquisados por Carlota e Câmara
(2004).
Por meio dos resultados, identificou-se
maiores escores no fator exaustão emocional entre
os docentes afastados em relação aos professores
atuantes no sistema de privação de liberdade.
Portanto, a tensão no ambiente de trabalho é uma
das causas de exaustão emocional e, conforme
Seligmann-Silva (2011), pode ser motivo de
afastamento dos professores, inclusive no sistema
carcerário. O fator de despersonalização é maior
entre os docentes afastados do que nos atuantes.
Para o fator de realização profissional, o
índice encontrado é semelhante em atuantes e
afastados. Dessa forma, os resultados encontrados
para o fator da realização profissional,
caracterizam a grande dedicação profissional dos
docentes no sistema de privação de liberdade no
exercício do seu ofício, portanto, demonstraram-
se realizados com seu trabalho.
O questionário descritivo apresentou que
os professores têm o mínimo de dois e máximo de
vinte e três anos de atuação profissional e muitos
deles atuaram desde a educação infantil até Centro
de Educação de Jovens e Adultos (CEJA). As
respostas dos docentes sobre a ausência de
preparação para atuar no sistema foram unânimes,
salvo um sujeito que afirmou ter recebido
preparação para atuar no contexto carcerário e que
também recebe apoio psicológico quando
necessário.
Já em questões que visavam saber sobre a
possível ressocialização dos reclusos, muitos dos
docentes responderam que o professor tem grande
responsabilidade já que são mediadores de uma
segunda chance aos apenados, de uma nova
oportunidade. Conforme eles, os reclusos
aprendem com facilidade e interagem de forma
atenciosa com os docentes, isso se pode constatar
na fala de Ângela docente do sistema de privação
de liberdade:
A educação é a base. Percebo a cada
prova eles se esforçando mais para
atingirem uma nota mais alta,
melhorando a letra e usando palavras
diferentes para uma boa escrita. Uma
possibilidade de se colocar no mercado
de trabalho quando estiverem em
liberdade.
De acordo com Santos (2015), a educação
no ambiente prisional deve contemplar a
conscientização para que ocorra a transformação
por parte dos detentos, fazendo-os compreender
seus direitos e seus deveres enquanto cidadãos. O
sentimento de responsabilidade por parte dos
professores, da mediação de novas oportunidades
aos reclusos por meio do estudo, da
ressocialização do apenado, é revelada pela fala do
educador prisional Pedro:
A educação dentro do sistema prisional
contribui muito, desde que o docente
desenvolva um bom trabalho
acrescentando algo de bom na vida dos
internos, mostrando exemplos de vida.
Mediante as atribuições dos docentes no
ambiente de privação de liberdade, Julião (2010),
afirma que o professor é responsável por ampliar
SEMANA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6ª, 2018, Balneário Camboriú. Anais... . Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. v. 1
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o acesso cultural em geral dos apenados; também
é responsabilizado pela formação de sujeitos
autônomos, no auxílio da recuperação da
autoestima dos reclusos, proporcionando, dessa
maneira, oportunidades para o detento retornar à
sociedade.
Em relação à experiência prática como
professor de apenados, todos os pesquisados
demonstraram que o exercício da função no
sistema carcerário é único, que o ofício a esse
público é desafiador, porém motivador. Citaram a
receptividade dos reclusos, o esforço que os
detentos demonstram em relação ao ensino-
aprendizagem, o respeito com que os reclusos
tratam os professores no contexto prisional. Os
docentes relataram que mesmo em um ambiente
altamente estressor, com materiais pedagógicos
restritos, gostam de ministrar ali suas aulas, pois
os alunos detentos participam das aulas, aprendem
os conteúdos. Além da remição de pena, muitos
deles conseguem visualizar o estudo com uma
nova possibilidade de vida. E os professores
percebem uma grande relevância em seu ofício, já
que por meio dos educandos são potencializados
esse processo ensino-aprendizagem.
De acordo com os sujeitos pesquisados, a
forma de ingresso para atuação no sistema de
privação de liberdade se dá por chamada pública,
processo seletivo e, no caso dos cursos
profissionalizantes, o docente é contratado pelo
comitê pedagógico do sistema prisional. Os
docentes sugerem que no ato da contratação dos
educadores prisionais, seja realizado uma triagem
com um psicólogo, uma aplicação de provas
específicas sobre o ofício do docente penitenciário
o que, ao olhar dos professores, poderia promover
mais preparação para atuar no contexto com os
reclusos já que se trata de um ambiente tenso e que
mexe com as emoções desses profissionais.
A pesquisa também evidenciou o
descontentamento de alguns docentes com a
gestão educacional do Estado, responsável pela
contratação dos professores no sistema de
privação de liberdade. Conforme os participantes
da pesquisa, eles são contratados sem muitas
informações sobre a atuação no sistema com os
reclusos; também não há preparação psicológica
aos professores para atuar nesse contexto e quando
afastados do sistema, são desligados do ofício sem
entrevista de desligamento. Portanto, há
insuficiência de informações tanto na entrada,
quanto na saída do trabalho no sistema
penitenciário.
Por meio do questionário foi possível
compreender que os docentes não se reconhecem
com problemas psicológicos decorrentes do
ambiente de trabalho. Três sujeitos da amostra
responderam direcionando o apoio psicológico
para os detentos e não a eles. Mas quando
questionados sobre a possível oferta de apoio
psicológico para eles, todos os participantes
afirmaram que buscariam o apoio para aprimorar
o seu intelecto, para reforçar a sua bagagem e
melhorar as suas aulas. Na preparação emocional
Maria acredita que o apoio psicológico seria um
auxílio relevante, pois em sua fala assim afirma:
Buscaria apoio psicológico para ajudar
com a preparação emocional e para
auxiliar já que esse “tipo” de trabalho
tem sua singularidade.
Mediante os resultados obtidos, sugere-se
como possibilidade de auxílio aos professores no
contexto carcerário, a atuação do psicólogo
educacional no sistema de privação de liberdade,
pois de acordo com Andoló (1984), o psicólogo
educacional promove mudanças dentro das
instituições e seu trabalho visa conscientizar os
papéis dos componentes dos grupos que compõem
a instituição.
Portanto, o psicólogo educacional pode
atuar apoiando os educadores tanto nos aspectos
emocionais, quanto colaborando para que ocorra
uma comunicação efetiva e eficiente entre os
contratantes, professores, coordenação
pedagógica, agentes penitenciários e todo o grupo
de funcionários atuantes no sistema penitenciário.
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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo foi de extrema relevância para
compreender o contexto emocional e o ofício dos
professores no sistema prisional. A pesquisa
realizada é de cunho social já que por meio do
professor, nas situações de privação de liberdade,
o recluso tem a possibilidade de aprender novos
saberes, conquistar novas oportunidades de
ressocialização. Ademais os docentes se sentem
responsáveis socialmente pelas conquistas dos
apenados.
Mediante tais considerações caracterizou-
se o perfil dos docentes de reclusos no sistema de
privação de liberdade, com índices de alta
realização profissional, portanto, a hipótese da
pesquisa foi refutada, já que não há indícios da
Síndrome de Burnout, porém ficou identificada a
exaustão emocional moderada entre os docentes
afastados.
Infere-se que a exaustão emocional
apresentada não se dá somente pelo ambiente
estressor de trabalho, mas, em parte, pela
insatisfação dos docentes com a gestão
educacional do Estado que os contrata. Essa
análise está fundamentada por meio das sugestões
dadas pelos professores que indicaram que
deveriam ter uma ampla preparação para atuar e
também no desligamento de seu ofício no sistema
de privação de liberdade.
Durante a coleta de dados, dois
profissionais foram afastados, dessa maneira,
evidenciou-se que há rotatividade de professores
no sistema de privação de liberdade, o que
infelizmente esse estudo não conseguirá relatar os
motivos pelos quais os professores são afastados.
Dessa forma, sugere-se que mais pesquisas sejam
realizadas com os docentes do sistema de privação
de liberdade, pois ainda há falta de conhecimento
sobre o trabalho dos professores nesse contexto e,
a partir da presente pesquisa, se abrem novas
perguntas, tais como: Por que o sistema de
privação de liberdade não disponibiliza o
atendimento psicológico aos educadores
carcerários e aos demais colaboradores do
sistema? Por que depois de afastados, os docentes
apresentaram índices de exaustão emocional?
Essas indagações devem ser investigadas,
ampliando dessa maneira, o conhecimento do
trabalho realizado pelos professores do sistema
carcerário, bem como, diferentes demandas
decorrentes do seu ofício.
Os resultados obtidos neste trabalho
levam a concluir que os professores prisionais se
sentem grandiosamente realizados
profissionalmente, pois percebem quão grande é a
importância do seu trabalho com os reclusos. Eles
sabem que o conhecimento educacional
transmitido para seus alunos detentos pode ser
uma ferramenta de relevância para o apenado e
para toda a sociedade, já que o objetivo da
educação dentro do sistema de privação de
liberdade é que o sujeito receba uma nova
oportunidade de redimir-se de seus erros.
Portanto, os educadores sentem-se realizados
profissionalmente, pois além da educação
exercem um papel social significativo.
Por meio desse estudo foi possível
compreender que os docentes do sistema de
privação de liberdade são um dos principais
potencializadores da ressocialização dos
apenados, pois o professor é um mediador
educacional e suas atribuições não se limitam ao
pedagógico, pois também são referências de vida
aos reclusos ao possibilitarem que o apenado
tenha uma segunda chance por meio do estudo.
Esses profissionais também contribuem
para que o recluso recupere sua autoestima,
portanto cabe inferir que o docente do sistema de
privação de liberdade deve ser respeitado,
capacitado e, principalmente, valorizado tanto em
seu estado profissional, quanto emocional. A
preparação para atuar no cárcere deve ser realizada
de forma eficiente e seu desligamento também
deve ser conduzido de forma respeitosa, pois o
trabalho que os professores prestam é para além
das ‘celas de aulas’ e cabe então que os docentes
se sintam apoiados em todas as suas necessidades.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Disponível em: <http://fasete.edu.br/revistarios
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CURSO DE PSICOLOGIA
CONTRIBUIÇÃO DA PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO NA
CONSTRUÇÃO DA CULTURA DE PAZ NAS ESCOLAS: UM DIÁLOGO
NECESSÁRIO
Débora Araújo
Douglas Assayag
Eliz Marine Wiggers
1 INTRODUÇÃO
Em muitos lugares do mundo, estamos
vivenciando um período de muito interesse e
empenho na luta de paz no ambiente escolar.
Muitos autores, como o francês Célestin Freinet; a
italiana Maria Montessori e o brasileiro Paulo
Freire, trazem contribuições em seus escritos para
uma cultura de educação para paz. Para explanar
tal tema, o artigo buscará trazer contribuições da
psicologia da educação para a construção da
cultura de paz nas escolas, na perspectiva
Vygotskiana, na tentativa de se entender esse
diálogo necessário.
Cabe ressaltar que a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação brasileira também se pauta na
perspectiva de Lev Vygostski. Este tema foi
elaborado a partir do tema proposto para a Semana
de Iniciação Científica da Faculdade Avantis:
“Educação para paz e excelência educativa”. Com
base em pesquisa bibliográfica sobre o tema foram
observados os seguintes aspectos: a cultura de paz
se desenvolve na interação entre os sujeitos, a
linguagem torna-se um instrumento para
desempenhar a paz e a psicologia da educação tem
sido um fundamento necessário nessa luta. Para
levar a termo a discussão, dá-se ênfase ao diálogo
nesse processo educativo para a paz.
2 DISCUSSÕES
O ponto de partida deste artigo foi uma
pesquisa bibliográfica e lendo artigos para
entender sobre a cultura da paz em diversos países,
por meio da pesquisa sobre o contexto da
educação, descobrimos uma relação entre a
psicologia da educação e a construção da cultura
de paz no ambiente escolar. A paz recebeu, ao
longo do tempo, vários pensamentos que
abrangem desde sentimentos individuais e estados
de ordem e defesa nacional, vindo a retratar sob
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158
uma perspectiva atual, um fenômeno amplo que
reflete as relações sociais (DUSI, 2006).
Cabe salientar que surge uma necessidade
de se educar para uma cultura de paz em
interlocução com a comunidade local e
internacional. O contexto de degradação do meio
ambiente, da economia e da cultura, fez a
humanidade sentir-se violada naquilo que é mais
importante: a vida e a fragilidade do ser humano,
levando a sociedade a criar uma agenda ética
comum. A temática da paz emerge como clamor
universal (CÉSAR, 2011).
Assim, a construção da cultura de paz
apresenta-se como processo dinâmico,
bidirecional, cuja construção assume caráter
coletivo e singular de transformação social, que
perpassa a história da humanidade (DUSI, 2006).
“A educação e a instituição escolar assumem,
nesse contexto essencial função junto à formação
de indivíduos pacíficos e agentes de
transformação social, construindo no processo de
construção da paz em sua abrangência social e
individual” (DUSI, 2006, p. 6). Portanto, a escola
é um campo privilegiado de convívio e
aprendizagem e contempla a articulação entre as
considerações teóricas acerca da educação para
paz.
Após o término das guerras mundiais,
políticos, educadores e cidadãos em geral
consideraram o sistema educativo com poder de
influenciar os sujeitos para a prevenção da paz por
meio de uma formação humana capaz de
minimizar as tensões e as marcas da violência
deixadas pela guerra. Desse modo, a educação
para a paz insurge como um instrumento para a
realização de uma cultura de paz, com o alvo de
libertar o sentido da humanidade e o convívio em
sociedade. “Educar para a paz é tarefa mundial,
exigência indiscutível, componente essencial dos
programas educativos e dos currículos de todas as
escolas” (CESAR, 2011, p. 3). A cultura de paz no
ambiente escolar apresenta-se como um consenso
de humanização, assim a paz é vista como um
processo em ação e um grande movimento em
curso, muito mais do que uma meta a ser
alcançada (GUIMARÃES, 2009).
Como se verifica, a psicologia da
educação estuda os fenômenos educativos
buscando a sua compreensão e explicação, mas
também aborda o planejamento de ações
educativas mais enriquecedoras e eficazes e
dispende esforços para resolver as dificuldades e
os problemas que surgem de mudanças
intrapessoais e dos conhecimentos relativos aos
processos de comunicação interpessoal (COLL et.
al, 1999).
O alvo fundamental da psicologia da
educação é empregar e aplicar os conhecimentos,
os princípios e os métodos da psicologia para a
análise e os estudos dos fenômenos educativos. A
educação, além de estar vinculada a processos de
mudanças intrapsicológicas, requer a
comunicação e a relação interpessoal para ser
eficaz (COLL et. al, 1999).
Para César (2011) a educação para a paz é
uma alternativa ímpar na concretização da “Escola
para toda a vida”, ou seja, uma escola que deixe
marcas relevantes na vida pessoal e social dos
educandos. Assim, defende-se que sua
concretização passa pela efetivação da ética nas
relações. A psicologia da educação assume-se
como campo favorável à construção de estratégias
que visam a construção da cultura de paz na escola
por meio de articulação entre os autores escolares
e da criação de espaço para a ressignificação desta
relação entre estes. Portanto, a psicologia da
educação é uma área do conhecimento que visa,
em conjunto com os demais profissionais da
escola, o sucesso escolar em sua totalidade (DUSI,
2006).
“A cultura da paz se desenvolve e se
estabelece precisamente na interação e no jogo
entre os sujeitos, a linguagem torna-se por
excelência, o instrumento de operar paz”
(GUIMARÃES, 2009, p. 8). Ela se constrói
cooperativamente no diálogo, na comunicação e
no intercâmbio entre indivíduo e sociedade que
estão historicamente contextualizados. Isso
acontece porque os sentidos não são estabelecidos
individualmente, mas se estabelecem por meio do
jogo inter-relacional. Para Guimarães (2009), há
um déficit na nossa civilização ocidental naquilo
que se diz a respeito a compreender e dialogar,
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pois com isso a sociedade se constitui com uma
verdadeira carência comunicativa.
O diálogo é a força que impulsiona o
pensar crítico-problematizador em
relação à condição humana no mundo.
Através do diálogo podemos dizer o
mundo sendo nosso modo de ver. O
diálogo implica uma práxis social, que é
o compromisso entre a palavra dita e a
nossa ação humanizadora. Essa
possibilidade abre caminhos para
repensar a vida em sociedade, discutir
sobre nosso ethos cultural, sobre nossa
educação, a linguagem que praticamos e
a possibilidade de agirmos de outro
modo de ser, que transforme o mundo
que nos cerca (STRECK; REDIN;
ZITKOSKI 2008, p. 130).
Neste mesmo propósito, autores de
diversos lugares do mundo trazem contribuições
sobre a cultura da paz como Maria Montessori,
que é italiana e referência na conceituação e na
difusão da escola da paz, sendo que concede à
educação a esperança de ser a única possibilidade
de desaparecimento da guerra. Mediante tais
colocações, a autora afirma que a educação é a
arma da paz e construir a paz é obra da educação.
A esse respeito, cabe considerar que
Celestin Freinet, francês, traz como seus
princípios uma cultura de educação para paz,
abrangendo a cooperação, a integração, a
aceitação da diversidade individual e cultural.
Nesta mesma direção, Paulo Freire, brasileiro,
deixou grande contribuição para a prática
educativa, coordenada aos propósitos da educação
para a paz por incentivar o posicionamento e a
responsabilidade dos educandos e educadores
frente ao desenvolvimento social. Como autor
contemporâneo dessa realidade de violência,
inspira propostas pedagógicas para a formação
cidadã a partir do cultivo do diálogo. Não basta
simplesmente ‘ensinar’ a paz, por meio de
expressões e argumentos intelectuais. É preciso
tocar o ser, as emoções, os sentimentos. Isso
requer o equilíbrio interior entre o corpo, as
emoções e a mente. Também entre a vida física,
emocional e intelectual (CESAR, 2011, p. 4).
Nesta concepção, a abordagem
Vygotskiana considera que o ser humano se
constitui social e historicamente, e por meio de um
processo em que a cultura é parte essencial na
construção das funções psicológicas superiores
que envolvem o controle consciente do
comportamento, a ação intencional, a memória
lógica, a atenção voluntária e a organização da
linguagem. Dessa forma, sob uma perspectiva
dialética, o indivíduo transforma e é transformado
pela cultura (DUSI, 2006).
Por considerar que a aprendizagem deve
ser orientada para o futuro e não para o passado,
Vygotsky atribui papel essencial à escola, por
considerar os anos escolares um período propício
para o aprendizado de operações que favorecem a
consciência, o controle deliberado e o
desenvolvimento das funções psicológicas
superiores em amadurecimento (DUSI, 2006).
Na perspectiva Vygotskiana, o sujeito
assume-se como co-construtor de seu
desenvolvimento e dos contextos socioculturais
nos quais se insere, já que os indivíduos assumem
papel ativo e construtivo da cultura de paz por
meio de postura pacífica de convívio, a despeito
das condições avessas que possam interferir no
processo, certos que a educação pode e deve fazer
a diferença diante aos desafios sociais.
A educação para a paz implica em uma
educação comprometida com a vida, baseada no
respeito à dignidade humana, na igualdade, na
justiça e na fraternidade. A paz é algo que se
aprende, na família, na escola, na sociedade
(CÉSAR, 2011). Portanto, desenvolver dentro das
escolas a capacidade de diálogo, trata-se de um
meio no qual se pode conseguir um laço humano,
pois se não aprendemos a compreender o outro, a
estabelecer com ele, relações de solidariedade e
parceria, não poderemos realizar as tarefas
essenciais da humanidade, já que a educação para
a paz se inicia por meio de relações entre os
membros da comunidade educativa.
A ação educativa tem sido um exercício
limitado e frágil, mas é essencial. Assim, educar
para a paz não se constitui na realização de um
montante de ‘atividades corriqueiras’, mas no
tocante à formação de pessoas em uma lógica de
construção. Há que se conceber a paz não como
um valor abstrato ou isolado. É necessário
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descobrir suas raízes concretas no contexto
cultural, buscando compreender, interpretar,
propor e instaurar em todos os níveis da educação
uma cultura de paz (CÉSAR, 2011). A cultura de
paz só pode se estabelecer quando as escolas
forem um lugar para diálogo, um espaço para
cultivar o cuidado com todos, onde a meta
individual e coletiva seja a paz.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do conhecimento dos programas
de cultura de paz nas escolas e participar de
movimentos, congressos e noites científicas para
contribuir para formação de projetos já é o
primeiro passo que cada um pode fazer para
alcançar a educação para a paz nas instituições
escolares. Percebe-se nessa pesquisa que a
educação é um pilar fundamental para o
desenvolvimento do ser humano, não só no modo
intelectual, mas sim social e psicológico, sendo
uma ferramenta necessária na redução das
diversas formas de violência escolar.
Verificou-se também que a escola deve
promover atividades e projetos que visem mediar
relações humanas com a comunidade,
possibilitando uma relação positiva com todos os
colaboradores da escola. Outro ponto necessário
para a transformação dessa realidade é
desenvolver dentro das escolas a capacidade de
diálogo, como um instrumento no qual se pode
conseguir um novo modo relação para se viver
sem violência.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1996.
CÉSAR, N. Educação para a paz: uma questão de valor. In: EDUCERE. Pontifícia
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DUSI, M. L. H. M. A construção da cultura de paz no contexto da instituição escolar.
Tese (Mestre em Psicologia) - Universidade de Brasília. Brasília, p. 196. 2006.
GUIMARÃES, D. I. R. Educação para a paz e novas tecnologias. Conjectura, v. 14, n. 3,
set/dez. 2009.
STRECK, D; REDIN, E. e ZITKOSKI, J. J. (Orgs). Dicionário de Paulo Freire. Belo
Horizonte: Autêntica, 2008.
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CURSO DE PSICOLOGIA
PSICOLOGIA ESCOLAR: UMA FERRAMENTA PARA EDIFICAÇÃO
DA CULTURA DE PAZ NO CAMPO DA EDUCAÇÃO
Cláudia Maria Petri
Daniela Otávio Rodrigues
Juliana Colione
Ludimila Lays Cavalcante
1 INTRODUÇÃO
A escola enquanto instituição
fomentadora do desenvolvimento da
subjetividade dos indivíduos se apresenta como
sendo um dos meios e espaços promotores da
construção da cultura de paz declarada pela
Organização das Nações Unidas (ONU). Tal
proposta faz interface com a psicologia, pois essa
é uma área que engloba conhecimentos do
processo escolar e indica concepções e
estratégias no campo de intervenção e prevenção,
sendo promotora de reflexões e ações auxiliares
na edificação da cultura de paz nas instituições
escolar.
O bullying, fenômeno que engloba
dimensões psicológicas e sociais, se demonstra
como sendo umas das expressões de violência
social que se perpetuam em diversos espaços,
inclusive no meio digital - nesse contexto
intitulado cyberbullying - mas que na escola
adquire características particulares que
abrangem diversificadas expressões de
intolerância e, portanto, possibilita reflexões
morais para além do combate à ocorrência da
violência. Para tanto, se fez uso de uma pesquisa
bibliográfica acerca do bullying e suas esferas e
caminhos que a psicologia pode trilhar para
contribuir com a implementação da cultura de
paz.
2 DISCUSSÕES
À escola, enquanto instituição formativa,
compete a tarefa da promoção da paz, de sua
vivência e difusão por meio de metodologias
específicas, bem como através de ações efetivas
que representem as práticas preconizadas no
Princípio 7º da Declaração dos Direitos das
Crianças (BRASIL, 1959), que diz “Ser-lhe-á
propiciada uma educação capaz de promover a
sua cultura geral e capacitá-la a, em condições de
iguais oportunidades, desenvolver as suas
aptidões, sua capacidade de emitir juízo e seu
senso de responsabilidade moral e social, e a
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162
tornar- se um membro útil da sociedade”.
O compromisso de elaboração da cultura
de paz tem como finalidade sobrepor a paz e a
segurança, por meio da educação, com auxílio das
nações. Contudo, em relação à visão geral, a paz
não é apenas reconhecida como a ausência de
conflitos, mas também como um conjunto de
atitudes, comportamentos, valores morais e éticos,
constituídos com base no respeito mútuo,
promovendo a autotransformação e a mudança
social (DUSI; ARAUJO; NEVES, 2005).
Dentre as facetas de violências as quais é
preciso enfrentar, o bullying se torna inequívoco.
Ele pode transcorrer em inúmeros espaços, mas
é no ambiente escolar onde sua prática é mais
comum e pode aderir sérias consequências de
caráter moral e emocional. O bullying, em suas
dimensões, envolve esferas psicológicas e
sociais; se trata de divisões hierárquicas que se
relacionam com a personalidade promovida por
esta hierarquia. Os indivíduos são julgados por
categorias sociais, intelectuais, religiosas. Estas
proposições não são exclusivas da escola, mas
devem ser coerentes com a sociedade
(CROCHÍK, 2012).
O fenômeno bullying é caracterizado
pela persistência e intencionalidade da agressão
que pode ocorrer por meio de agressões físicas
diretas, verbais diretas e agressões indiretas,
prática que ocorre sem provocações, de
diferentes modos, concernente com a
desigualdade de poder que suscita em conceder
papéis diversificados entre agressores e vítimas
(ZEQUINÃO et al., 2016)
O preconceito e a perseguição aos
considerados frágeis se reproduz em diversos
âmbitos. Características apontadas como
fragilidade que são culturalmente
desvalorizadas, tais expressões de violências
sociais, no cenário escolar adquirem
características específicas. (CROCHÍK, 2012).
As consequências podem ser de carácter
de curto ou longo prazo. Entre as emocionais
podemos destacar o impacto na autoestima,
bloqueio ou dificuldades em lidar com
sentimentos, medo, solidão, baixo rendimento
escolar, e pode ainda abranger consequências
psiquiátricas como ansiedade, depressão ideação
suicida (ALBUQUERQUE; WILLIAMS;
D’AFFONSECA, 2013).
A contemporaneidade, com a
incorporação da internet, possibilitou a
transgressão da violência por meios
eletroeletrônicos. Sendo assim o bullying toma
uma nova vertente, o cyberbullying ou bullying
eletrônico, onde o agressor se utiliza desse meio
para ameaçar, assediar, constranger e humilhar,
ou até mesmo simular ou violar a senha da
vítima. O agressor se acoberta e simula sua
identidade podendo assim acentuar a
vulnerabilidade da vítima, bem como multiplicar
as agressões e número de espectadores
(WENDT; LISBOA, 2013).
A ansiedade, o abuso de substâncias
psicoativas, depressão, ideação suicida, entre
outros fatores podem acarretar a vida dos
indivíduos que sofrem com o bullying e o
cyberbullying, demonstrando, dessa forma,
como estes são de prejuízo significativo para o
desenvolvimento de quem os sofre (WENDT;
LISBOA, 2013).
A solução para tal problemática não é
algo alcançada facilmente, pois se trata de um
fenômeno de causas ambíguas. Intervenções
efetivas carecem de um trabalho coletivo,
paciente e ferrenho. Mudanças podem ser
promovidas por meio de uma relação com os
alunos, participação dos pais e comunidade, bem
como envolvimento da escola e professores, uso
e percepção do espaço físico, objeções que a
psicologia escolar tem competências para
contribuir.
A psicologia é uma ciência que
possibilita diversos campos para atuação do
profissional. Entre seus ramos de atuação temos
a psicologia escolar/educacional. A psicologia
educacional é uma das áreas de atuação do
psicólogo e tem por objetivo a produção de
saberes concernente ao fenômeno psicológico
constituinte do processo educativo. A psicologia
escolar refere-se a um campo de atuação
específico: o processo de escolarização; tendo
como objeto a escola e as relações ali formadas.
Sua atuação é fundamentada no conhecimento
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obtido da psicologia da educação e em outras
subáreas da psicologia (ANTUNES, 2008).
Neste sentido, a psicologia escolar se faz
presente nas questões educacionais relacionadas
à promoção de paz, a constituição de uma nova
visão de igualdade social, sem distinção ou pré-
julgamentos instituídos pela sociedade. A cultura
da paz é instaurada pela psicologia escolar no
contexto da instituição educativa, na vivência da
comunidade e construção de relações baseadas
no respeito, na diversidade e na empatia (DUSI;
ARAUJO; NEVES, 2005).
O psicólogo, neste contexto, é o
profissional que desenvolve um trabalho
interdisciplinar com ênfase nas relações
interpessoais. De maneira simplória atua como um
facilitador das relações tendo como desafio a
quebra do modelo individualista e médico que
abrangem o campo escolar. Contudo, com a visão
de trabalho multidisciplinar, o psicólogo escolar
trabalha em junção com os alunos, professores,
coordenadores, pais e responsáveis em prol do
bem-estar, da promoção da paz e das boas relações
humanitárias (MEDEIROS; AQUINO, 2011).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Promover cultura de paz abrange uma
percepção acerca do contexto o qual está sendo
inserida, pois se trata de comportamentos que são
culturalmente perpetuados entre as gerações, e
para intervir deve ser olhada a realidade onde vai
ocupar-se. A instituição escolar é permeada de
desafios e compromissos, e a psicologia,
enquanto fomentadora de concepções, ações e
estratégias, é capaz, por meio do trabalho
interdisciplinar, de contribuir para a efetivação
da paz.
Trabalhar a violência se torna emergente
para alcançar a paz visto que este é o fator que
ocorre em todas as classes sociais e pode ser
considerado como um obstáculo a ser enfrentado
por todos e, portanto, se faz preciso explorar as
causas dentro e fora do ambiente escolar. O
bullying, devido as suas facetas, engloba
diversos fatores que vem ao encontro com uma
gama de conflitos da atualidade.
Além das intervenções pautadas nos
conflitos já existentes, trabalhar para prevenção
é um caminho promissor para o protagonismo da
paz. O psicólogo escolar, nesta acepção, tem
como obstáculo a quebra do estigma de prática
calcada na psicopatologia e problemas de
aprendizagem, deve-se considerar seu caráter
político, transformador e construtor de soluções.
Por fim, trabalhar com o conjunto
escolar é complexo, entretanto, possível. Por
intermédio do diálogo, das dinâmicas, do
respeito mútuo, a paz pode ser alcançada, afinal,
as discórdias germinam na cabeça do homem,
logo é na mente deste que a paz deve ser
semeada, e para isso deve-se atentar às diferenças
individuais, sem renunciar a coletividade.
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CURSO DE PSICOLOGIA
FOTOGRAFANDO A PSICOLOGIA: RETRATOS DA CONSTRUÇÃO
DE UM SUJEITO CIDADÃO
Ana Paula Resende e Andrade
Fabio Noda Hasegawa
Juliana Ferreira
Sidnei Maria do Nascimento Coelho
1 INTRODUÇÃO
Com o tema “Educação para a paz e a
excelência educativa”, a Semana de Iniciação
Científica da Faculdade Avantis, edição 2018,
trouxe a oportunidade de discutir as práticas e o
método de ensino utilizado no primeiro semestre
da graduação em Psicologia da referida
instituição, por meio dos trabalhos produzidos
pelos acadêmicos, identificando e analisando as
abordagens utilizadas pelos docentes nas
disciplinas dessa etapa, visando alcançar o
objetivo geral do curso.
Compreendendo que o objetivo geral do
curso é formar profissionais aptos para atuarem
de forma crítica, social e eticamente responsáveis
no exercício de sua profissão, torna-se
importante que as discussões sobre esse tema
sejam ressaltadas e trabalhadas pelos estudantes
desde o início de sua vida acadêmica, não
somente quando ingressa no ensino superior, mas
também durante toda a sua formação.
A metodologia empregada consiste em
um relato de experiência de modo participante,
classificada como uma pesquisa qualitativa e
exploratória. A observação se concentrou em
uma atividade realizada durante as aulas da
disciplina de ‘Filosofia, Ética, Cidadania e
Direitos Humanos’, denominada de
‘autofotografia’, que proporcionou aos discentes
uma interação entre teoria e prática por meio da
linguagem fotográfica.
Entendida como o processo de ensino
aprendizagem, a educação, em todos os níveis, é
uma ferramenta significativa na construção da
cidadania que possibilita nesse processo
educacional ser abordada por uma gama
diversificada de linguagens.
Não somente professores, mas todos os
profissionais, cidadãos atuantes na sociedade,
possuem o direito e o dever, no cotidiano de seu
ofício, de exercer e incentivar a prática cidadã. A
exemplo, temos o fotógrafo mineiro Sebastião
Salgado, que por meio de suas fotografias
transmite uma reflexão de realidades conhecidas,
mas ignoradas, de modo que haja uma
visibilidade maior de tais situações, promovendo
a sensibilização social e política, auxiliando a
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discussão, o debate e a efetivação social do tema
em questão.
A Psicologia, inserida nesse mundo cada
vez mais rodeado de imagens de todos os tipos,
há algum tempo vem discutindo o uso da
fotografia em suas práticas, não somente como
uma simples plataforma de exposição, um
documento, mas como produto do ser com o
mundo, carregado de representações e
significados. Nesta perspectiva, pensamentos,
percepções e sensações, assim como outros
significantes do comportamento humano,
possuem sentido e atribuições por meio da
análise da fotografia.
Portanto, de acordo com os argumentos
supracitados, esta pesquisa tem como objetivo
analisar as relações entre a fotografia e a
Psicologia como ferramentas para a construção
da cidadania, tanto quanto discutir a importância
da educação na conscientização de um sujeito
crítico, ético e cidadão.
2 DISCUSSÕES
Com o avanço e aprimoramento da
tecnologia as reflexões sobre o ensino na
educação superior trazem à tona a necessidade de
fomentar novos mecanismos e metodologias na
prática docente de modo que o professor tenha
subsídios capazes de dar viabilidade aos
objetivos de aula. Nesse contexto, segundo
Ribeiro e Souza (2016), a análise crítica deve ser
a pauta central de uma aula perfeita e, é por meio
do método, processo e o instrumento utilizado,
que o caminho passa a ser traçado, possibilitando
direcionar a real busca do conhecimento.
Diante da nova realidade da sociedade
moderna a educação necessita reinventar-se,
produzindo abordagens e temáticas que
contemplem o aluno como um agente ativo na
construção do saber. Essa transformação deve
atingir esse novo sujeito que se apresenta
atualmente, adaptando-se a uma nova demanda
profissional, social, política e cultural. Desta
forma, o professor deve agir como mediador na
construção de um pensamento cognitivo para a
formação de um cidadão e futuro profissional
crítico e participativo, constituindo um sujeito
autônomo que seja capaz de realizar uma leitura
da realidade.
Ganha destaque, portanto, o emprego da
metodologia ativa no processo de ensino quando
concebe a construção do conhecimento a partir
da participação do aluno. Para Morán (2015),
isso só ocorre mediante atividades e dinâmicas
específicas que despertam habilidades, fazendo
emergir conhecimentos apropriados,
estimulando por meio de recompensa,
misturando a ação em grupo com o individual e
possuindo como apoio, plataformas digitais
atreladas a vários tipos de tecnologia.
Os métodos ativos são processos
interativos de ensino em que a aprendizagem
depende do aluno e, nesse caso, o professor atua
como um mediador, estimulando a
autoaprendizagem e a educação contínua por
meio de pesquisas que despertem a sua
curiosidade em apresentar propostas e soluções
relacionadas à comunidade em que se encontra
inserido (BASTOS, 2006).
Ainda sobre a construção desse novo
sujeito autônomo e participativo e mediante as
necessidades de uma construção de um olhar
crítico, a fotografia se encontra como ferramenta
de análise e interpretação das diversas
subjetividades que compõem tanto o indivíduo
quanto o seu meio, na configuração de um sujeito
consciente de seu papel como agente de mudança
dentro da sociedade.
Sob este prisma, essa forma de expressão
vem ao encontro à metodologia ativa como
suporte no ensino-aprendizagem para que
professores possam trabalhar quaisquer
perspectivas metodológicas de forma interativa.
Cita-se como exemplo a metodologia ativa,
utilizando a linguagem fotográfica, empregada
no primeiro semestre de Psicologia, em 2018, na
Faculdade Avantis, dentro da disciplina de
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Filosofia, Ética, Cidadania e Direitos Humanos,
a qual propôs uma atividade pautada na temática
‘Períodos da História da Filosofia’.
Por meio do uso da fotografia o aluno
participa das aulas, seja como produtor ou como
leitor das fotografias, ou ambos, expressando
suas opiniões em conjunto com seus colegas,
compartilhando conceitos e estimulando o
pensamento crítico, deixando de ser um agente
passivo na construção do conhecimento, dando
enfoque à importância do debate e da troca de
experiência para o desenvolvimento do sujeito,
reforçando o papel do educador que nesse
processo, de acordo com Freire (2002, p. 21),
deve “saber que ensinar não é transferir
conhecimento, mas criar as possibilidades para a
sua própria produção ou a sua construção”.
A imagem fotográfica é uma forma de
comunicação visual que contribui na expressão e
reflexão da subjetividade presente no indivíduo
e na sociedade, facilitando a interlocução e
exteriorizando ideias, olhares, opiniões e
sentimentos individuais de forma não-verbal e
impregnada de emoções, dificilmente percebidas
verbalmente. Desta forma, “[...] pode-se pensar
na potência fotográfica para fins de expressão e
reflexão. Utilizar uma imagem fotográfica,
criada pelo próprio sujeito é uma das formas de
facilitar a comunicação, fazendo com que surjam
sentimentos, ainda ocultos ou inconscientes”
(ZANELATO; WERBA, 2017, p. 158).
Na Psicologia, Segundo Tittoni (2009), a
fotografia é utilizada de maneira diversa, desde a
produção de conhecimento até como um
instrumento, ferramenta ou estratégia de
trabalho. Nesta dimensão, a fotografia é dividia
em quatro funções principais, a saber: 1 - de
registro (evidencia o acontecimento); 2 - De
modelo (percepção do observador e na sua
possível interpretação) ; 3 - Feedback (avaliar a
reação dos participantes ao especificar um
tópico); 4 - Autofotografia (fotografia para
análise de conteúdo).
Durante a disciplina de ‘Filosofia, ética,
cidadania e direitos humanos’ foi proposta uma
atividade sobre a temática ‘Períodos da História
da Filosofia’ utilizando a autofotografia, a qual
consiste em selecionar e pedir a um determinado
grupo de pessoas para que tirem fotos de um
tema específico com o objetivo de avaliar e
interpretar a singularidade dos participantes,
atribuindo significado à imagem e reforçando um
importante papel da fotografia para a
psicoterapia (NEIVA-SILVA; KOLLER, 2002).
A priori, materiais sobre o conteúdo
foram disponibilizados para leitura prévia, sendo
discutido posteriormente em sala de aula. Foi
pedido para que cada grupo fotografasse nos
arredores do campus elementos geométricos que
representassem, na sua configuração, conceitos
importantes de cada período histórico da
Filosofia. Uma fotografia por período histórico
deveria ser produzida e apresentada em preto e
branco buscando um significado
contextualizado, por meio de uma perspectiva
crítica e reflexiva.
Foi feita uma exposição oral dos
trabalhos com a turma, propiciando uma
discussão acerca do conteúdo abordado,
compartilhando e exteriorizando a percepção
subjetiva de cada aluno e grupo. Com isso,
objetivou-se que os discentes tivessem uma
compreensão além da teoria, pois fizeram uma
análise crítica sobre suas próprias fotografias
além das próprias interpretações e significados
com uma atitude reflexiva e filosófica,
facilitando, a partir desta metodologia, a
comunicação, a interação e o esclarecimento de
dúvidas; visto que muitos alunos apresentavam
uma dificuldade de verbalizarem e expressarem
suas ideias, reforçando a afirmação de Neiva-
Silva e Koller (2002, p. 238), “[...] o uso da
fotografia poderia auxiliar na comunicação
destes significados, permitindo melhor
compreensão destes conteúdos [...]”.
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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desta maneira, evidenciou-se que a
fotografia pode e deve ser utilizada como um
instrumento unificador na relação entre
Psicologia, Cidadania e Educação. Ela permite
uma leitura crítica da realidade, auxiliando a
construção de um sujeito autônomo e ético que,
para isso, deve ser conhecedor de sua realidade.
Além de representar uma forma
acessível e interativa de abordar diversos temas,
inclusive aqueles relacionados às questões de
desigualdade, preconceito e violência, a
fotografia juntamente a uma abordagem
metodológica adequada aplicada nos dias atuais
à educação, faz novamente emergir a
possibilidade de integrar uma nova forma de
discussão de problemas e desafios para a
proliferação e manutenção da paz.
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