semeadora commecanismo tipocorreia perfurada … · é compatível com o tamanho e o formato da...

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SEMEADORA COM MECANISMO TIPO CORREIA PERFURADA Francisco Eduardo de Castro Rocha 1 Waldir Aparecido Marouelli 2 Os mecanismos que utilizam correias perfuradas são mais indicados para a dis- tribuição de sementes pequenas. Dentre os diferentes tipos existentes, pode-se ci- tar, além daquele produzido por Stanhay e que será aqui apresentado, o referido por Futral; Allen (1951), apropnado para trabalhar a elevada velocidade de deslo- camento, devido ao fato de que esse me- canismo é constituído por dois tipos de correias; uma principal, condutora de se- mentes, e outra secundária, protetora de- las. No entanto, é o modelo Stanhay, de origem britânica, que se tornou um dos mais utilizados em todo o mundo, prova- velmente pela simplicidade do sistema e de seu custo em relação aos outros pro- jetos. A Stanhay produz dois tipos de me- canismos, o MKl e o MK2 (Robertson, 1978). Apesar de serem basicamente idênticos, o MKl trabalha com correia de 22mm de largura e o MK2, com correia de 31,5mm de largura. O uso da cor- reia mais larga permite que até três li- nhas de furos sejam utilizadas ao mes- mo tempo em uma única linha de semeio (ASGROW, 1975), o que é desejável, principalmente para aquelas culturas em que as sementes são de baixo poder ger- minativo. O modelo Stanhay é mais recomen- dado para as sementes pequenas, tendo como padrão máximo as de ervilha. Apresenta melhor desempenho, quando a correia é deslocada a uma velocidade en- tre 3,2 e 4,8km1h (Robertson, 1978). Es- sas recomendações se aplicam também aos modelos similares, visto que, quando a correia é submetida a alta rotação, as se- mentes acabam não ocupando todos os furos, o que causa falhas significativas nas linhas de semeio. A furação da correia é compatível com o tamanho e o formato da semente, podendo este ser redondo ou oblongo (Rocha et al., 1990). A semente ideal para este tipo de mecanismo é a de formato arredondado e de superfície regular. Nesse caso, cada semente ocupará um furo. Para sementes irregulares, a semeadura deve ser feita por grupos, caso elas não sejam peletiza- das (Shippen; Turner 1978). ADAPTAÇÃO DO MECANISMO TIPO STANHA Y Esse mecanismo distribuidor de se- mentes foi adaptado a uma semeadora de operação manual, montada sobre duas ro- das de bicicleta aro 20 e testado com se- mente de mostarda, repolho, tomate e pi- mentão (Fig. 1). O mecanismo tipo Stanhay utiliza uma correia de borracha (7), com uma série de furos para acomodar as sementes e conduzi-Ias por baixo de uma roda de- flectora (6), de modo que, logo a seguir, 1 - Sistema de transmissão de velocidade 2 - Mecanismo de distribuição de sementes 3 - Alça de rabiça Fig. 1 - Esquema da semeadora montada sobre duas rodas de bicicleta. 1 Eng Q Aglic., M.Sc. - Pesq.lEMBRAPAlCNPMS - Caixa Postal 151 - CEP 35700 Sete Lagoas, MG. 2 Eng Q Agric., M.Sc. - Pesq.lEMBRAPA/CNPH - Caixa Postal 07.0218 - CEP 70359 Brasma, DF. Inf. Agropec., Belo Horizonte, v.15, n.169, p.17-19, 1991 17

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SEMEADORA COM MECANISMOTIPO CORREIA PERFURADA

Francisco Eduardo de Castro Rocha 1

Waldir Aparecido Marouelli 2

Os mecanismos que utilizam correiasperfuradas são mais indicados para a dis-tribuição de sementes pequenas. Dentreos diferentes tipos existentes, pode-se ci-tar, além daquele produzido por Stanhaye que será aqui apresentado, o referidopor Futral; Allen (1951), apropnado paratrabalhar a elevada velocidade de deslo-camento, devido ao fato de que esse me-canismo é constituído por dois tipos decorreias; uma principal, condutora de se-mentes, e outra secundária, protetora de-las. No entanto, é o modelo Stanhay, deorigem britânica, que se tornou um dosmais utilizados em todo o mundo, prova-velmente pela simplicidade do sistema ede seu custo em relação aos outros pro-jetos.

A Stanhay produz dois tipos de me-canismos, o MKl e o MK2 (Robertson,1978). Apesar de serem basicamenteidênticos, o MKl trabalha com correia de22mm de largura e o MK2, com correiade 31,5mm de largura. O uso da cor-reia mais larga permite que até três li-nhas de furos sejam utilizadas ao mes-mo tempo em uma única linha de semeio(ASGROW, 1975), o que é desejável,principalmente para aquelas culturas emque as sementes são de baixo poder ger-minativo.

O modelo Stanhay é mais recomen-dado para as sementes pequenas, tendocomo padrão máximo as de ervilha.Apresenta melhor desempenho, quando acorreia é deslocada a uma velocidade en-tre 3,2 e 4,8km1h (Robertson, 1978). Es-

sas recomendações se aplicam tambémaos modelos similares, visto que, quando acorreia é submetida a alta rotação, as se-mentes acabam não ocupando todos osfuros, o que causa falhas significativasnas linhas de semeio. A furação da correiaé compatível com o tamanho e o formatoda semente, podendo este ser redondo ouoblongo (Rocha et al., 1990).

A semente ideal para este tipo demecanismo é a de formato arredondado ede superfície regular. Nesse caso, cadasemente ocupará um furo. Para sementesirregulares, a semeadura deve ser feitapor grupos, caso elas não sejam peletiza-

das (Shippen; Turner 1978).

ADAPTAÇÃO DOMECANISMO TIPO STANHA Y

Esse mecanismo distribuidor de se-mentes foi adaptado a uma semeadora deoperação manual, montada sobre duas ro-das de bicicleta aro 20 e testado com se-mente de mostarda, repolho, tomate e pi-mentão (Fig. 1).

O mecanismo tipo Stanhay utilizauma correia de borracha (7), com umasérie de furos para acomodar as sementese conduzi-Ias por baixo de uma roda de-flectora (6), de modo que, logo a seguir,

1 - Sistema de transmissão de velocidade2 - Mecanismo de distribuição de sementes3 - Alça de rabiça

Fig. 1 - Esquema da semeadora montada sobre duas rodas de bicicleta.

1 EngQ Aglic., M.Sc. - Pesq.lEMBRAPAlCNPMS - Caixa Postal 151 - CEP 35700 Sete Lagoas, MG.2 EngQ Agric., M.Sc. - Pesq.lEMBRAPA/CNPH - Caixa Postal 07.0218 - CEP 70359 Brasma, DF.

Inf. Agropec., Belo Horizonte, v.15, n.169, p.17-19, 1991 17

as sementes caem, através desses furos,sobre o sulco (Fig. 2).

A alimentação de sementes é feitaatravés de uma galeria que liga o depósitoà câmara interna do mecanismo, e o fluxode sementes é ajustado por meio de umaplaca reguladora (5).

O mecanismo também possui umsistema de transmissão de velocidade,composto por três correntes de roletes epor sete rodas dentadas (Fig. 3). Uma ro-da de 18 dentes, conectada à roda traseirada semeadora, aciona a roda dentada (1),que é fixada na parte posterior do meca-nismo. No mesmo eixo encontra-se umaroda (3) que aciona outra (4), a qual éacoplada ao eixo de rotor acionador dacorreia perfurada. Também nesse eixoencontra-se adaptada à roda dentada (5),que aciona um par de rodas, uma de 18dentes e outra de oito, acoplado ao eixodo rotor deflector de sementes. Destemodo, é possível que os rotores girem emsentidos opostos e em diferentes rotações.

DETERMINAÇÃO DONÚMERO E TAMANHO DE FUROS

Os furos da correia são feitos emfunção do tamanho e formato da semente;no entanto, se a cultura requer que gruposde duas ou três sementes sejam colocadasjuntas e uniformemente espaçadas, o ta-manho dos furos pode ser equivalente aogrupo inteiro ou poderão ser feitos doisou três furos próximos uns dos outros,mas com o tamanho proporcional às di-mensões da semente.

Calcula-se o número de furos utili-zando-se a seguinte expressão:

X.KN = ----

y

onde:N = número de furos a serem feitos na correia;

X = distância percorrida pela roda da semea-dora que aciona o mecanismo distribuidorde semente, em metros, para que a correiaperfurada dê uma volta completa;

número de sementes por metro de sul.co,estimado de acordo com a recomendação

K

técnica;

y número de sementes a ocupar cada furo.

Determina-se o número de furos aserem feitos na correia da seguinte ma-neira:

18

1 - Depósito ae sementes2 - Pino de fixação do sulcador3 - Tira de borracha4 - Placa flexível, base da correia5 - Saída de sementes

6 - Rotor deflector7 - Correia perfurada8 - Rotor acionador da correia9 - Esticador da correia

Fig. 2 - Detalhe do mecanismo distribuidor de sementes, modelo "Stanha",

4

1 - Roda dentada de 18 dentes2 - Roda dentada de 18 dentes3 - Roda dentada de 18 dentes4 - Roda dentada de 18 dentes

5 - Roda dentada de 18 dentes6 - Roda dentada de 18 dentes7 - Roda dentada de 8 dentes

Fig. 3 - Conjunto de rodas dentadas, fixado ao mecanismode distribuição de sementes.

lnf. Agropec., Belo Horizonte, v.lS, n.l69, p.l7-19, 1991

- coloca-se a correia a ser furada nomecanismo distribuidor de sementes;

- com uma caneta ou outro tipo demarcado r, faz-se um risco coincidente nacorreia e no mecanismo;

- faz-se uma marca no chão, noponto onde a roda motriz da semeadoraestá apoiada;

- empurra-se a semeadora para afrente até que a marca da correia dê umavolta completa;

- mede-se a distância percorridapela roda motriz.

Essa determinação é teórica, masproporciona uma boa aproximação naprática. Antes de iniciar a semeadura, de-ve-se fazer um teste em condições decampo, através do seguinte procedimento:

- coloca-se na saída das sementesum saquinho plástico;

- marca-se uma distância de 20mno chão;

- caminha-se com a semeadora co-mo se estivesse realmente semeando;

- conta-se o número de sementesque estão no saquinho;

- confere-se se o número de se-mentes por metro esperado coincidiu como encontrado.

Se caírem sementes em excesso, fa-zer mais furos na correia ou selecionaruma nova, diminuindo-se o diâmetro oufazendo menor número de furos; se caí-rem sementes de menos, deve-se aumen-tar o diâmetro ou o número de furosconforme desejado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASOROW (USA). Precision planting pro-gram; information manual for vegetableproduction. [s.l.], 1975. 14p.

FUTRAL, J.O.; ALLEN, R.L. Development ofa high-speed planter. Agricultural Enginee-ring, v.32, n.4,p.215-216, 1951.

ROBERTSON, J. Mechanising vegetable pro-duction. 2.ed. lpswich, Suffolk: FarmingPress, 1978.Cap.3: Drills and drilling.

ROCHA, F.E. de C.; FOLLE, S.M.; MA-ROUELLI, W.A. Protótipos de equipa-mentos para produção de hortaliças.BrasOia: EMBRAPA-CNPH, 1990. 30p.(EMBRAPA-CNPH. Documentos, 6).

SHIPPEN, J.M.; TURNER, J.C. Basic farmmachinery. 2.ed. Oxford: Pergamon Press,1978.Capo27: Sugar-beet crop machinery.

SEMEADORA COMMECANISMO TIPO CILINDRO

ACANALADO DE TAMANHO REDUZIDOFrancisco Eduardo de Castro Rocha 1

O mecanismo tipo cilindro acanaladode tamanho reduzido tem sido utilizado,no Brasil, em semeadoras de grande por-te, para a semeadura em linha de sementesde gramíneas. Apresenta o mesmo princí-pio de funcionamento que o convencional,citado por Balastreire (1987) e Hunt(1973), isto é, o cilindro acanalado éadaptado em grupos, na parte inferior dodepósito de sementes, sendo todos regu-lados ao mesmo tempo por um único eixo.

Esse mecanismo adapta-se perfeita-mente a algumas hortaliças, tais como se-

mente de cenoura, cebola, alface, tomateindústria (Rocha et al., 1990).

ADAPTAÇÃO DOMECANISMO TIPO CILINDROACANALADO DE TAMANHO

REDUZIDO

A semeadora de operação manual émontada sobre duas rodas de ferro: umadianteira, de 390mm de diâmetro, e outratraseira, de 230mm de diâmetro, ambascom 65mm de largura e 3mm de espes-sura (Fig. 1).

O mecanismo tipo cilindro acanalado

de tamanho reduzido não oferece precisãona distribuição das sementes (Fig. 2). Écomposto por um rotor distribuidor desementes que gira e desloca-se por inter-médio de um eixo de perfil sextavado.Um segundo rotor tem a função de blo-quear o fluxo de sementes e desloca-separa a esquerda e para a direita com o ei-xo, mas sem girar. Esse mecanismo equi-vale a aproximadamente 1/3 do tamanhodo mecanismo convencional usado parasementes grandes, e a regulagem daquantidade de sementes por metro linear éfeita diretamente sobre o eixo do rotor.

1 Eng2 Agric., M.Sc. - Pesq.lEMBRAPNCNPMS - Caixa Postal 151 - CEP 35700 Sete Lagoas, MG.

Inf. Agropec., Belo Horizonte, v.l5, n.l68, p.l7-19, 1991 19