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TRANSCRIPT
SEMINARID SOBRE A
CRATIZACAD DO
TESE apresentada pelo DEPARTAMENTO PEDAGOGICO
DA PR0-UNEP .
COIMBRA
1974
1. INTRODUÇÃO
A EXPLOSÃO ESCOLA R
NO
ENSit·JO SUPERIOR
O problema da explos~o escolar no ensino superior
encontra-se na ordem do dia.
Diversas tentativas têm sido feitas pelo MEC ·com vis
ta à sua introdução. Para alé~ de outras intervenções, conta
mos já com três programas te levisio nados; a imprensa tem for
necido alguns dados sobre o problema, quer na perspectiva co~
cre ta de cartas escolas em dificuldades quer numa perspectiva
de abordagem mais gen érica e mesmo programática.
O trabalho de discussão pelas massas estudantis, con
tudo, tem sido feito insuficientemante nõs escolas com maio
res Índices excedentários . Aqu i enc ontramos desde já um estí
mulo para que a presente Tese seja aprese ntada neste Seminário .
sobre a Democratização do Ens ino (ela deverá funcionar es-
sencialmente como uma achega à discusss~o do problema da ex
plosão escolar entre as passas estudantis). Encontramos, por
outro lado, um segundo estímulo no facto de o tratamento ante
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rior do proble ma nao ter feito um enquadramento polÍtico cor
recto, apresentando-se alguns dados pouco iniciados no senti
do que acabámos de indicar. Se a isto juntarmos a insuficiên
cia de coordenadas técnicas disponíveis ligada à carência de
bancos de dados e serviços eficazes de estatística, talvez po~
sarnas compreender melhor o porquê desta tese ...
Oeste modo, pensamos contri b uir para uma análise do
problema da explosão escolar no ensino superior (que, aliás,
talvez o po s sa transcender) adianta ndo os seguintes pontos fun
damentais:
2. Alguns dados numéricos (segundo um texto provenie~
te do MEC).
3. Aproximação ao problema da superpopulação e scolar
actual no ensino superior ; factores que o geraram.
4. Vias possíveis de r e solução do problema: seu enqu~
dramento no actual contexto po1Ítico-econ6micb do
País.
2. ALGUNS DAD OS NUMERI COS
NÚme ro de horas de aulas (teóricas e práticas) por
docente e por semana em 3 Faculdades ent 1972/3.
Letras de Lisboa Direito de Lisboa Med. Lisb.
Catedráticos 6,94 4,9 1,95
Extraordinários 7,75 7 2,5
Auxiliares 7,6 9 11,5
Assistentes 11,9 5,8 11,3
Assistente s Eventuais 12 6,5 lO
Mo nitores 16 12
Os níveis de utilização dos edifÍcios. Dois exem
plos.
Faculdade de Letras de Lisboa.
N. 9 de alunos em 1973/4 7 4 19
N . 9 de salas de aula . . • . . . . • . . .. . . . . . 14
Faculdade de Medicina de Lisboa. (Santa Maria)
Rela ç~ o alunos/ camas hospitalares ...... "'. 7,63
(anote-se que as normas internacionais neste domínio
aconselham uma relaç eo de 0 ,20).
4
EST ABELECIME NTOS DE ENSI NO Taxa de crescimento (%) em relação ao ano anterior.
(Inscritos para a la matricu 1 a) .
U.de Coimbra 112,5
U.de Lisboa 156,4
U.Técnica de Lisboa 200,6
U.do Porto 141,2
U. Nova de Lisboa 98,3
Escola Sup.de Belas Artes de Lis b oa 87,4
Escola Superior de Belas Art e s do Porto 100,8
Instituto Nacional de Educação Fi s ica 268,1
TOTAL GERAL .. .. .. • . . . .. . • .. .. . • .. .. 147,3
3. APRO XIMAÇ~O AO PRO BLEMA DA SU PERPOPULAÇAO ESCOLAR
ACT UA L NO ENSI NO SUPE RIOR ; FAC TORES QUE O GERA~AM
Os dados que envol vem a situação actual, mesmo
que pouco preci sos, são tão e v id e nte s macroscÓpicamente que
a sua referência aqui não deverá ser mai s que su mária.
Os factores de fundo que estão na base do proble ma e~
trancam de facto na herança que le gá mos d o fascismo ; há que
referir, co n tudo, que os aconteci mentos há seis meses ocor-
ridos em Portugal precipitaram factores imprevistos que agu
dizaram quantitativamente o problema, sem no entanto lhe adi
cionarem al g o de qualitativamente novo.
..
5
A agudização do aspecto quantitativo está bem patente
neste dedo emanado do MEC: sendo a previsão para 1979 (nos tra
balhos preparatórios do dito IV Plano de Fomento) de fre-
quência do Ensino Superior Universitário igual a 70 100, já
em 1974-75 o nível é de 54 771
Porque afirmamos nós que os Gltimos acontecimentos em
Portugal não introduziram dados qualitativamente novos no pr~
blema da superpopulação escolar?
Responder a esta questão é analisar sumariamente a p~
lÍtica fascista do ensino (e, em esp ec ial, o sector que nos in
teressa - o ensino superior)
O regime anterior, conhecedor da importância das Uni
versidades (e do ensino em gerall quanto à prossecução dos seus
interesses de classe, utilizou-a largamnte como reprodutora
económico-ideolÓgica dos objectivos supremos do regímen.
Além de o amordaçar eternamente (policiando-o activa
mente), de o destruir por interven ção directa (muitas escolas
primárias foram fechadas depois de 1926, não se prepãrarampr~
fessores, etc.), de desligar o ensino de vida concreto do Po
vo Português, o regímen fascista desenvulveu o instrumento
mais apurado de condução do ensino: a selecção económico-poli
tica de discentes e docentes, estratificando a população uni-
versitária dum modo aberrante que os seguintes numera s
lam -
reve-
Grupos Sacio-Profissionais
Total ••cr•o•••••·········
Grupo Superior .....•.......•. Grupo médio-alto ............ . Grupo médio-baixo ..•......... Grupo inferior ....•.......... Ignorado .................... .
Famílias da Metropole ( 1960 ).
100,0 3,5 6,9
37,2 62,1
Estudantes ( 1963/64).
100,0 42,3 41' 5 ll,l 4,2 0,6
6
Como dizia um Ministro da 'Educação' fascista, e necessa
rio 'preservar da invasão das massas as Universidades e os es
tudos post-graduados'. Como veremos mais adiante, a selecção
de classe no ensino tornar-se-ia um dos elementos principais
da incapacidade de resposta do regímen fascista a certas ne
cessidades de desenvolvimento t~cnico-econ6mico na d~cada de
60 e anos subsequentes.
Ou seja ... o aparelho universitário 'não necessitava'
de se modernizar, alargando as suas estruturas materiais e hu
manas; a politica global do ensino ' necessitava' at~ de regr~
dir. criando as condições fáceis de acomodação cultural e ideo
16gica á penetração insidiosa dos Estado Novo. A Universida
de 'necessitava' de produzir as suas guardas avánçadasde elas
se? de perpetuar as condições de exploração na produção, pela
utilização de tecnocratas obedientes emanados das Faculdades
de Ciências e Tecnologia, de sustentar ideologicamente o re
gímen, pela ('compra' das Faculdades de Direito e Letras. Não
necessitava d e produzir muitos cães d e fila porque o País se
e n c o n t r a v a s u fi c i e n te me n t e p a t r u 1 h a d o , f'l ã o n e c e s s i t a v a d=e p r~
dupir investigadores porque, al~m do espirita crítico 'ser'
pernicioso, bastava a importação d a técnica estrangeira.Dura~
te a ~ltima Grande Guerra a burguesia portuguesa atravessouum
período de relativa ~alga relativamente ao imperialtsmo estra~
geiro. Alguns tempos depois a burguesia nacion a l tornou-se um
apêndice progressivamente mais unido do imperialismo estran-
geiro, sendo o espaço econ6mico português cada vez mais poli
c i a d o p e 1 o s m o n o p ó 1 i o s . U ma c o n s e q u ê n c i a d o p ó s - g u e r r a é , pois •
uma dependênci a cada vez mais forte da técnica alheia, bem co
mo uma posição de marcada subalternidade do nosso magro quan
titativo de técnicos, desviado além do mais (ou, em parte,co~
sequentemente) para cargos de caract~r administrativo.
Não se ponham obstáculos ã continuação como tal dos
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parcos e obsoletos estabelecimentos universitários. Não eram
necessarios nem mais professores nem melhores professores,nem
necessárias eram a sua melhor remuneração e condiçÕes de tra
balho. Nunca foi ouvido o pedido de criação do Instituto de
Orientação PedagÓgica,
eminentes.
preconizado por tantas per sonali dades
A década de 60 jogou um papel decisivo, com o
e manutenção das guerras coloniais. As contradiç~es no
do Ensino, além de outras. atingiram progressivamente o
• r • ~nlClO
seio
a ug e,
para o que foi decisivo a forte
senvolvimento do M.A.
agitação estudantil e o de-
São grandes as dificuldades económicas e políticas,e~
tre outras, criadas pelas lutas de libertação.
Com vist a a proporcionar a a limentação de um ap~relho
bélico e destruidor nas ColÓnias em breve se arejou a neces-
sidade de 'renovação' das estruturas educativas, em especial
as Universidades e dentro destas as de preperação de quadros
técnicos. Necess idades que se avoluma m. ma s cuja a satisfação
é profundam en t e 1ncompatível com a natureza repressiva e de
classe do re g imen fascista .. ,
ContradiçÕes insol~veis Mo dernizar o aparelho uni
versitário signif icari a ter a possibilidade de usar apreciá
veis potenciais de investimento, o que pressuporia a existên
cia de razoáveis estruturas económicas ( fim a atingir ... ) e
também a eliminação des avultadissimas despesas de guerra.Aum
nível mais s ubjectivo. modernizar o ensin o significatia
bém atribuir condiçÕes ao desenvolvi me nto das actividades
tam r cr1
tica e amplamente participantes dos estudantes (e docentes) na
discussão de problemas não só estritamente cientifico-técnicos
cos, pedagógicos, de ensino em geral, da sua inserção futura
na sociedade por via profissional. como ainda problemas eco-
nómico-políticos, mais gerais da sociedade portuguesa. Servir
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t~cnicamente as actividades econ6micas significaria, mais ain
da, eliminar a selecção de clesseno Ensino Superior. condicio
nadara importante da quantidade e qualidade de quadros t~cni
cos (pela recusa da formação massiva de t~cnicos provenientes
das classes trabalhadoras).
Neste contexto todas as refor mas seriam, pois, profu~
damente artificiais e superficiais. Com Veiga Simão recruta
-se mais população estudantil dos estratos burgueses. contudo
as estruturas não se mostram receptivas ao aumento. ~ bom as
sinalar neste momento que o problema d a super-população esco
lar actual d e ve ter aqui uma origem obj e ctiva: aumentou a po
pulação escolar mas as estruturas. por razões que bem conhec~
mos a que s e junta a inépcia, nao foram elásticas. Apenas al gu~s exemplos, tamb~m conhecidos: a massa dos professores con
tinuou sem uma preparação específica para o sector do ensino
a massa de bons estudantes aproveitaveis desde mlito cedo pa
ra a investigação (ou a semi-investigação) e o ensino, frram
completamente desaproveitados; os investigadores. selecciona
dos e preparados segundo moldes ilitistas, não podem satisfa
zer às necessidades de desenvolvimento cientifico e tétnico;
as instalaçõ e s e scolare s manif8stam-se insuficientes quer em
número quer em quali dade, e a morosi d ade na sua construção a
centuou o desprezo completo a que se votou o ensino.
Ap o ntámos anteriorment e o factor capital condicionan-
te da actual situação de em e rgência : a secundarização a que
foi votado o Ensino, principalmente devido á manutenção de
guerras coloniais altamente dispendiosas. Assim se agravou o
problema das instalações, do recrutamento d e docentes, do ree
quipamento d e edifÍcios. Convem voltar a salientar neste mo-
f'
...
9
menta que o problema da superpopulação escolar nasce neste
contexto. Numa situação em que os ma is elementares direitos
se encontravam vedados ao Povo Português, falamos nos proble
mas do ensino e nomeadamente os que s e referem ~ participação
neste dos filhos (e não só). qs classes trabalhadoras parece
um pouco ridÍculo ! Contudo, isto não faz mais do que s a lien
tar e mat e rializar a profunda cris e do capitalismo, então ex
pressa na forma de dominação fascista.
Ainda no mesmo âmbito, o seguinte dado objectivo, elu
cidativo da incapacidade de resposta a uma situação ano a ano
mais urgente: o Índice de investimento no desenvolvimento do
ensino é fraquíssimo, sendo não correntes apenas cerca de 15%
das despesas.
Outro factor, também pré-25 de Abril, que conduz a uma
concentração anormal de estudantes nas escolas, e o fraco ín-
dica de aproveitamento escolar: assim, me nos de 10 % de estu-
dantes, em relação ao ano de entrad a na Universidade,concluem
o seu curso normalmente.
Os factores malF actuais pod e m assim ser sintetizados
Deterioração das condiçÕes de admissão as Uni
versidades, pela atenuação das bitolas normais de se
l e cção.
Aumento apreciável de candidaturas ad-hoc, a
traídas talvez pelas 'facilidad e s' que antevêem am re
lação ao ensino superior nos próximos anos lectivos.
-- Afluxo de contingentes especiais de alunos das
ColÓnias (principalmente militare s) e do estrangeiro
(margin a lizados polÍticos}.
4. VIAS POSSIVEIS DE RESOLUÇÃO DO PROBLEMA:
SEU ENQUADRAMENTO NO ACTUAL CONTEXTO POLITICO-ECO~
-~ O M ICO DO PAIS.
A situação poderá considerar-se muito complexr.Em
lugar dos 12 mil alunos inscritos pela primeira vez em 1973-74
temos ago~a cerca de 29 mil alunos.
Encarado o problema segundo uma perspectiva genérica,
ter-se-á contudo uma vis~o deturpada da situação real.Exis
te de facto uma flutuação importante de escola para escola.As
sim, a taxa de crescimento na Universidade de Coimbra do nú
mero de alunos que se inscreveram para a primeira matrícula é
igual a 112,5 (esta Universidade e a 'mais beneficiada',~olo
cando-se aqui com especial relevo o problema da reabsorção de
massa estudanti de outras Faculdades do País); já na Univer-
sidade de Lisboa esse número dé de 156,4%, na Universidade Té
cnica de Lisboa é de 200,6% e na Universidade do Porto e de
141,2%
Se e stes dados, term6metros de um ensino recheado das
mais absolutas carências, fossem tão somente enquadrados no
desenvolvimento normal de uma sociedade capitalista, a respo~
ta seria desde já fácil de adiantar ..•
Analisemos, contudo, a actual situação um pouéo mais
pormenorizadamente. O actual poder polÍtico não coincide, pa~
cialmente, com o poder econ6mico existente em Portugal · nas
mãos dos grandes grupos monopolistas. A presença no Governo
11
ProvisÓrio de forças representativas das massas trabalhadoras,
resultado de muma conquista fundamental do Povo Português, e
uma garantia, a par da aliança ínti ma entre as massas popula
res e o M.F.A., do avanço do processo de democratização e sua
consol~dação. Aliás a desobstrução dos obstáculos impeditivos
de uma progressiva democratização da Sociedade Portuguesa e,
como bem consignado vem no Progr ama do M.F.A ., um dos seus
objectivos primordia is. Com isto não p r e tende mos afirmar que
não continuemos debaixo da alçada de um sistemabde r elaçõesde
produção capitalistas ou que estaremos em vi as de atingir a
forma mais perfeita da democracia. Esta só poderá ser consegu!
da atragés da conquista do aparelho estatal pel a s classes tra
balhadoras e consequente destruição do Estado burguês. Neste
momento, contudo, e no seguimento de uma transicção brusca,i~
pÕem-se (e em parte já foram obtidas) importantes conquistas
democrátic as, polÍticas e econ ó micas, estas de carácter mani
festamente anti-monopolista. As Gltima s , além de lançarem as
bases de uma nova situação económica que começa por benefici
ar as amplas massas populares, ganhá-las -ão para o actual cur
so da democratização, contrariando as consequências de um obs
curantismo perpetuado em décadas de exploração. Estas pala
vras não pretendem, contudo , significar que significatvvos pa~
sos foram já dados numa polÍtica cl aramente anti-monopolista.
São bem elucidativas as Gltimas afirmações do M.F.A., através
do seu Gltimo Boletim Informativo.
Esta introdução é necessária para a correcta inser-
çao da actu al situação do ensino no panorama político mais
geral do País. Afigura -se-nos, assim. como justa a conclusão
de que é possível o avanço nas escolas com uma profunda Rafo~
ma Geral e Demo crática do Ensino,espol e tade pela eliminaçãoda
selecção sócio-económica de acesso aos estabelecimentos d e en
sino. Est a só será conseguida inteiramente no s quadros de uma
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Sociedade inteiramente diferente.
Somente que .•• esta velha aspiraç~o das massas estudan
tis nao ~ de aplicaç~o autom~tica:~ um processo, escusado se
rá dizer essencialmente construtjvo. São grandes os condicio
nalismos econ6micos herdados do regime fascista que obstam em
larga medida, al~m d e outros. à superação das dificuldadesmais
prementes que actualmente se colocam ao ensino. _U~m~_e_x~e_m~p~l_o __ é
materializado no problema da superpopulação es~olar. A date-
rioração d o Ensino surge na sua expr e ssão mais drástica nossa
guintes pontos fundamentais:
i - O pessoal docente ~ insuficiente. sobrecarregad o
e mal preparado cientificamente (encontrando-se to
dos estes aspectos interligados).
ii - A capacidade das instalações escolares é diminuta
e em grande parte obsoleta; a sua capacidade de
resposta á actual situação de super-lotaç~o. pela
construção acelerada, não é apesar de tudo
cientemente rápida .
sufi-
iii - Urge todo um vasto investimento no reapetrechame~
to sem o que todas as medidas poderão ficar grav~
mente comprometidas.
Outro obstáculo a uma transposiç~o automática daque-
le importante objectivo do campo da aspiraç~o para o campo da
prática é que a eliminação da actual estratificação sócio-e-
conómica nas Universidades Portuguesas não se processa em dois
dias.
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Concluímos pela inevitabilidade de soluções de condi
cionamento de acesso ao ensino superior. Isto do ponto de vis
ta de impossibilidade de soluções t~cnicas eficazes a curto
prazo que r eso lvam o 'problema quantitativo' mas evitem a de
terioração qualitativa profunda do ensino, já de si tão ultra
jado. Defend emo s o ponto de vista que tal agravamento da qua
lidade do ensino não benefic i aria em nada os actuais esforços
no caminho da democratização (da vida universitária e do País
em geral), contribuindo pelo contrário para uma situação de
profundo imp a ss e na capacidade da resposta futura dos sistema
educativo. Defendemos paralelamente e insistentemente, os se
guintes pontos fundamentais:
i - a consideração do problema nestes termos exi
ge que este se ataque a fundo com todos os
meios di s poníveis , Oe facto, consideramos ser o
direito ao ensino um direito inadiável das am
plas massas de jovens, devendo criar-se desde
já condições para o seu ingresso a curto pra
zo na vida das escolas. Adiante apontaremosal
gumas sugestões.
ii - ç sector do ens ino, co mo tantos outros em Por
tugal deverá exigir e din3mizar a adopção de
medidas de carácter anti-monopolista progres
sivame nte mais profundas, da qyal as massases
tudantis deverão c onstituir ac~rrimas defenso
ras. A afirmaçôo desta reivindicação na pr~
tica deve r á passar pela mobilização organiza
da em torno de objectiv o s concretos e imedi a
tos nas suas escolas, como adiante se sugeri-
ra.
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Alguns exemplos ilustrar~o se~uidamente como o enqua
dramento polÍtico de certos dados poderá comprometer uma apr~
sentação aparentemente elucidativa (citamos a este respei tod~
dos provenientes de um texto do MEC)
Por um lado, dizer-se que ~ fraco o investimento no
desenvolvimento do CEnsino Superior ~ esta r a jogar psicolog!
camente com uma situação que remonta o fascismo e cuja reso-
lução ~ urgente a todo o transe. Como vimos, a superação do
problema passa por uma estrat~gia anti-monopolista que urged!
namizar.
A falta de produtividade nos estud ant es no Ensino Su
perior (e não só ... )~e um dado qu e , como~ Óbvio também nao
poderá aparecer em abstracto. A composiçao de classe no seio
do~ estudante s , não acelerando a inserç ão pr ofission al, na o
deverão contudo enca rar-se a margem da exist~ncia de condi-
ções objectivamente más do trabalho estuda ntil, a todos os ni
veis. ~ também certo que o Ensino Superior tem ficado muitoca
r o a noss a população activa. Segundo o MEC, o preço de cada
aluno ficou, em m~d ia, em 22 413$00. Mas relacionar este dado
com a falta de produtividade do trabalho escolar (o Índi ce de
aproveita me nto o de aproximadamente 6% ), extraindo daÍ ilaç6e~
~ manifestamente incorrecto ! Qual o benef Ício real que o alu
no obteve daquele financiamento ?
Há ainda a necessidade de nao confundir os dados exce
dentários com um certo 'excesso' de quadros. Admitimos que,a
pesar de não dispormos de informações precisas, assim aconte-
ce de facto, em certas faculdades, como por exemplo a de Di-
reito e Farmácia. Deveremos contudo chamar a atenção para a e
xistência de sectores potenciais de Ensino ainda inexplorados
e outros, embora tradicionais, com largo ce.mpo de desenvolvi
mento em perspectiva devido aos novos horizontes sócio-polít!
cos que se abrem ~ soicedade portuguesa. Cabem nestas co nside
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raç~ e s as n o vas vi a s a explorar para a Medicina no nosso P a fs,
as quais a c o ncr e tizar am- s e tornaram obso le to o 'prob l ema' da
superpopul aç~o es colar nas Faculda de s em oue a quel a ~ e nsinada
Out ro exemplo consistiria Rã cri a ç ão de cursos de Ciências Hu
manas, os quais, pela sus in ex ist ê nci e e flagrante necessidade
absorve r ão cert a mente u ma r a z o áv e l massa escol ar tradicional-
mente q e stin a d a a F ac uldades de Le tras e Dir eito ..
Conforme a fir mámos atrás, passeremos a a p o ntar a lgum as
medidas que visem a sup e raç ão do pr ob l ema da explosão escolar.
Cabem de ntro das med id as d e ãmb it o mais geral (já to m~
das, em vi as d e se realiz a rem, ou a espe ra de r ea lização) :
i - a criação de nov os c e ntros de eEns ino Superio~
Entram já em funci o n amen t o no pr6ximo ano lec
t i vo:U.Nova Lisboa , U .d e Av e iro. Inst.Univ. de ~vo r a,
Ins t.P o lit 9 da Covilh~, Inst. Pc lit 9 de Vila Real, F a c
d e Meq icin a de S anta na.
ii - criação de cursos o riginais em Portugal. Como
exemplos o s cu rs os de Ciênci as Humana s, Ciê nc ias da E
duca ção e d e Jorn a lismo.
iii - prepar a ça o em mass a de pessoa l docente de bom
nível, n o me a dam e nte at r a v ~s de u m amp lo sist ema de bo l
s as d e e studo no estrangeiro e co m especial destaque e
apoio ao s sectores de maior carência e n eces si dade.
iV - ap roveita mento em ma ss a dos es tudant e s de me
l hor nfvel p a ra t a ref as de e nsino e investi gação,nome~
d amen t a atra v ~s d e um a amp l a cobe rtur a por professo r es
-c oo rd enadores e particip aç~o massiva em cursos e ou-
16
tras actividades no estrangeiro.
v - actualização do aparelho técnico-científico e
humano.
vi -utilização da massa e studantil em amplas tar~
f as de participação nos trabal ho s de rsconstruçeo do
País, nomeadamente de Alfabetização e Higienização,Dl
namização SÓcio-Cultural, Electrificação de Zonas Ru
rai s, Construção de Escola s, etc ..
Dentro das medidaa de âmbito mais restrito poderemos
indicar como prioritárias:
i - criação de novos cursos, apoiados nas estrutu
ras já existentes. Alguns exemplos do que se
pensa ou poderá fazer neste dom ínio: Curso de Mediei-
n3 Social : no Instituto de Higiene e Medicina
cal, em Lis b oa; cursos paramédicos; Ciências
e Políticas, no ISCSP.
Tropi
Sociais
ii - remodelação e amoliação das instalaç~es, atra
vês de esquemas de construção acelerada.
iii - criação de cursos nocturnos, abrangendo esse~
cialmente os estudantes-trabalhadores. Cabem neste po~
to algumas experiências já encetadas ou em vias dee~
cetar em Lisboa, bem como as exigências formuladas na~
se sentido por estudantes- tr abalha dores em Coimbra.
iv - admissão em c on curs o, como já tem sido levado
a cab o em numerosas escolas, de professores e monito-
res, ao cuidado dos Órgãos locais de gestão e em cons
17
tanta compromisso com a manutenção da um nivel minimo
de qualidade.
O DEPARTAMENTO PEOAGOGICO DA Pró-U NEP