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O DOENTE RENAL CRÔNICO NO CUIDADO COM A FÍSTULA ARTERIOVENOSA1
REINAS, Camila Aoki 2
MATTOS, Magda de 3
INTRODUÇÃO: A doença renal crônica (DRC) é considerada um problema de saúde pública, diante do
aumento progressivo de pessoas que diariamente se defrontam com o diagnóstico e a necessidade de iniciar o
tratamento dialítico (1). Um dos métodos utilizados é a hemodiálise, que consiste em um procedimento no qual
o doente renal crônico é conectado a uma máquina, ou seja, um rim artificial, e que para isso depende de um
acesso vascular eficiente (2). A fístula arteriovenosa (FAV), é a via de acesso vascular definitivo de maior
durabilidade e segurança, sendo a mais comum em pacientes submetidos à hemodiálise (3), porém para
garantir sua sobrevida é preciso que a pessoa realize os cuidados necessários, evitando possíveis
complicações e perda da FAV. Nesse contexto torna-se essencial a ação educativa com o doente renal crônico,
para que o mesmo possa conviver dentro dos seus limites, de forma que não seja contrária ao seu estilo de
vida e que consiga conviver com a doença e com o tratamento hemodialitico. OBJETIVOS: Conhecer os
cuidados com a fístula arteriovenosa realizados pelo doente renal crônico e a atuação do enfermeiro nesses
cuidados; caracterizar os sujeitos do estudo; identificar quais orientações de cuidados com a fistula
arteriovenosa são recebidas pelo paciente e analisar a importância do enfermeiro frente às orientações sobre o
cuidado com a fistula arteriovenosa aos doentes renais crônicos. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo
descritivo e exploratório, de abordagem qualitativa, realizado em uma clinica de diálise, de natureza pública,
que atende toda a região sul do estado de Mato Grosso. Os sujeitos dessa pesquisa foram 20 pacientes em
tratamento por hemodiálise, cujos critérios de inclusão para a participação na pesquisa foram: ser paciente
com doença renal crônica e realizar tratamento dialítico na modalidade de hemodiálise; idade superior a 18
11 Parte do trabalho de conclusão de curso “O doente renal crônico no cuidado com a fistula arteriovenosa” apresentado ao Curso de
Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso.2 Acadêmica do 9° semestre do Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso. Campus Universitário de
Rondonópolis. E-mail: [email protected] Docente do Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso, Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal
de Mato Grosso, Especialista em Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás,
Especialista em Saúde Publica pela Universidade Federal de Mato Grosso.
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anos; tempo mínimo maior ou igual que 6 meses e tempo máximo de 2 anos de confecção da FAV; possuir a
primeira fístula arteriovenosa; possuir condições hemodinâmicas estáveis e de verbalização, e concordarem
em participar da pesquisa. A coleta de dados ocorreu no período de 03 a 19 de fevereiro de 2011 em todos os
turnos de funcionamento da clínica de diálise, sendo realizada entrevista individual através de um
questionário semi-estruturado com perguntas abertas e fechadas. A abordagem aos pacientes ocorreu
individualmente no interior das salas de hemodiálise e na sala de espera, sendo que após o convite para
participar da pesquisa e mediante o esclarecimento dos objetivos e finalidade da pesquisa foi entregues o
termo de consentimento livre e esclarecido para a assinatura, sendo que uma via ficou em posse do
entrevistado e a outra via, com as pesquisadoras. Foram utilizados também para a coleta de dados dos
pacientes, o prontuário eletrônico e o sistema de informação NEFRODATA a fim de complementar as
informações clinicas dos pacientes. Para preservar o anonimato dos sujeitos da pesquisa, seus nomes foram
substituídos por uma letra e um número seguindo a ordem cronológica das entrevistas, sendo assim os
sujeitos identificados de E-01 a E-20. A organização e análise dos dados deste estudo se deram por meio dos
pressupostos da análise de conteúdo na forma categorial preconizado por Bardin (4), na qual se identificou as
categorias: perfil epidemiológico dos sujeitos, conhecimento sobre a confecção da fistula arteriovenosa e o
autocuidado com a fístula arteriovenosa. O desenvolvimento do estudo foi realizado de acordo com as
recomendações da Resolução 196/96 (5) que dispõe sobre as diretrizes e normas de pesquisa de seres humanos
e foi apreciado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade de Cuiabá (UNIC), de
acordo com o protocolo 2010/222 CEP/UNIC, e também autorizado pelo gestor da instituição. O material do
estudo será guardado por cinco anos, a partir da publicação dos resultados da pesquisa, conforme a Lei dos
Direitos Autorais 9610/98 (6). Após esse período serão descartadas. RESULTADOS: Na categoria perfil
epidemiológico dos sujeitos, 65% dos entrevistados eram do sexo masculino, 50% na faixa etária de 40 a 59
anos, 60% eram casados, 35% possuíam a FAV entre 12 a 17 meses, 85% tinham a FAV no braço não
dominante, 95% possuíam FAV radiocefálica, 50% estavam em tratamento entre 6 a 11 meses, 35% possuíam
como doença base a HAS, 35% possuem o segundo grau completo, 65% recebem o beneficio auxílio-doença
e 85% não exerciam nenhum tipo de atividade remunerada. Na categoriaconhecimento sobre a confecção da
fistula arteriovenosa, apenas dois entrevistados souberam definir que a fistula é realizada através da ligação
de uma artéria com uma veia, oito não souberam responder e os outros dez entrevistados definiram que
ocorre o ligamento entre duas veias. Diante dos achados, demonstrou-se que o nível de conhecimento sobre a
confecção de sua FAV, nesses pacientes é baixo, pois 40% deles não sabiam definir como ocorre a
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confecção. Em relação às orientações prestadas pelo enfermeiro acerca da confecção da FAV, apenas dois
entrevistados o citaram. Na categoria o auto cuidado com a fistula arteriovenosa, 70% receberam orientações
a respeito do cuidado com a fistula pelo enfermeiro, porem devemos levar em consideração que ainda 30%
dos entrevistados disseram não ter recebido nenhuma orientação, o que reflete no bom funcionamento e
manutenção da fistula. O cuidado mais comumente citado foi o de não pegar peso, com 75%, sendo os outros
cuidados citados: não aplicar medicação, não aferir pressão no braço da fistula, proteger o braço contra
traumas, não dormir em cima do braço. Estes cuidados foram citados por menos de 25% dos entrevistados, o
que torna preocupante, visto que são considerados cuidados importantes e fundamentais para durabilidade da
fistula, sendo que quando foram questionados sobre o motivo de realizar tal cuidado, grande parcela não
soube explicar, apenas relataram que realizavam para não perder a fistula.
CONCLUSÃO/CONTRIBUIÇÃO PARA A ENFERMAGEM: As restrições impostas pela DRC e pelo
tratamento são rigorosas e o grau de assimilação e de adesão é sempre diferente de uma pessoa para outra,
dependendo de seus valores individuais, ou seja, depende da sua cultura. Percebemos que grande parte dos
entrevistados não possui conhecimento acerca da confecção e dos cuidados que devem ser realizados com a
sua fistula, e que quando estes realizam, não sabem o porquê, bem como das complicações graves que podem
ocorrer. A falta de informações desta população é algo preocupante, principalmente pelo fato da maioria
estar no inicio do tratamento hemodialítico, e por estarem em contato constante com profissionais da saúde
três vezes por semana durante cerca de 4 horas por dia. Desse modo, o enfermeiro como cuidador e
orientador nesse processo, deve desenvolver atividades educativas junto aos doentes renais crônicos,
principalmente aquelas relativas ao auto cuidado, no intuito de melhorar a sua qualidade de vida. Para isso,
torna-se necessário que o enfermeiro utilize uma linguagem acessível para facilitar a comunicação e o
aprendizado dessas pessoas. O estudo foi de grande relevância em nossa formação acadêmica, pois nos fez
refletir sobre a atuação da enfermagem aos doentes renais crônicos, as implicações, as mudanças, os
sentimentos e dificuldades relacionadas ao tratamento hemodialítico.
DESCRITORES: Insuficiência renal crônica; fistula arteriovenosa; enfermagem.
Área Temática: Processo de cuidar em Saúde e Enfermagem
REFERÊNCIAS
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1.ROMÃO JUNIOR, J. E. Doença renal crônica: definição, epidemiologia e classificação. Jornal Bras Nefrol. [periódico na Internet]. 2004 [citado 2011 Fev 02]; 26(3): 01-03. Disponível em: http://www.jbn.org.br/detalhe_artigo.asp?id=1183
2.VELLOSO, Rosana Laura Martins. Efeitos da hemodiálise no campo subjetivo dos pacientes renais crônicos. Cogito. [periódico na Internet]. 2001 Oct. [citado 2011 Fev 02]; (3): 73-82. Disponível em: http://pepsic.bvs-psi.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-94792001000100009&lng=en&nrm=
3.BERASAB, A.; RAJA, R. M. Acesso vascular para hemodiálise. In: DAURGIDAS, J. T.; BLAKE, P. G.; ING, T. S. Manual de diálise. 3a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2003. p. 68-102.
4.BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70; 2010.
5.BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução n. 196 de 10 de outubro de 1996. [legislação na Internet]. Brasília; 1996. [citado 23 fev. 2011].Disponível em: http://dtr2004.saude.gov.br/susdeaz/legislacao/arquivo/Resolucao_196_de_10_10_1996.pdf
6.BRASIL. Ministério da Justiça. Lei dos direitos autorais: Lei n 9610 de 19 de fevereiro de 1998. [legislação na Internet]. Brasília; 1998. [citado 23 fev. 2011]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil/leis/L9610.htm
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