semiotica e quadrinhos
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SEMIÓTICA
E QUADRINHOS
Rodrigo GuedesFoz do Iguaçu, Junho, 2009
via htpp://3.bp.blogspot.com
“Quanto mais códigos e linguagens você entender, maior a possibilidade de criar e
produzir alguma coisa nova, além do que é óbvio”
Paul Valéry
Tudo o que é capaz de
comunicar é passível de se
analisar através da semiótica.
By ZIRALDO
Autobiografia
Da Arte à CiênciaDesenhos, Quadrinhos, Animação, Comunicação, Criatividade, Semiótica.
Ilustração – Quadrinhos – Animação – Design – Publicidade – Comunicação.
HojeTipos de comunicação, como contribuir para diminuir seus distúrbios.
SemióticaCiência que estuda tudo sob a
ótica do signo
A Semiótica abrange todas as formas de linguagem
Linguagem: todo sistema de signos capaz de produzir um estado de comunicação.
via htpp://afraneo.files.wordpress.com/2007/11/falta_de_comunicacao.jpg
Signo: tudo o que pode ser percebido pela consciência (mente)
Do grego semeiose, signo
Princípio: Fenomenologiaphainomenon = "observável"
Immanuel Kant
- O mundo como nós experimentamos,Diferente do mundo como existe independente de nossas experiências.
- A essência das coisas são perceptíveis na medida em que nossos esquemas mentais permitem apreender a experiência.
Charles Sanders Peirce (1839-1914)
PragmatismoConcepção triádicaTrês categorias universais de toda experiência e pensamento;
Tudo o que existe aparece à consciência seguindo três categorias: Primeiridade (Qualidade);
Secundidade (Reação); Terceiridade (Representação ou Mediação).
Ferdinand de Saussure (1857-1913)
Relação DiádicaSignos - relação entre um conceito (o significado) e uma imagem acústica, a parte física do signo (o significante)
Dois tipos de relações no signo:1 - as relações sintagmáticas 2 - as relações paradigmáticas
Umberto Eco (1932)
Diagramas: signos que representam relações abstractas, tais como fórmulas lógicas, químicas e algébricas;
Emblemas: figuras a que associamos conceitos
Desenhos: correspondentes aos ícones e às inferências naturais, os índices ou indícios de Peirce;
Equivalências arbitrárias: correspondem aos símbolos em Pierce;
Sinais: como por exemplo o código da estrada, que sendo indícios, se baseiam num código ao qual estão associados um conjunto de conceitos.
“O sociólogo Umberto Eco já afirmava que somente quando o estudo das HQ tivesse superado o estágio "esotérico" é que seria possível entender sua importância”
Roman Jakobson (1856)
Funções da linguagem:
Emotiva: emissor na mensagem; Injuntiva: destinatário; Referencial: aquilo que se fala; Fática: relativa ao canal da comunicação; Metalinguística: relativa ao código, linguagem; Poética: relativa à relação da mensagem consigo mesma.
Morris e Greimas
Pragmático: o valor dos signos para os utilizadores, as reações destes relativamente aos signos e o modo como os utilizamos;
Sintáctico: nível da estrutura dos signos, o modo em como eles se relacionam e as suas possíveis combinações;
Semântico: relações entre os signos e os respectivos significados.
RELAÇÃO TRIÁDICA DA SEMIÓTICA(Peirce)
O INTERPRETANTE
SIGNO OBJETO
Signo (imediato), determinado pelo seu Objeto (referente mental), causaum efeito sobre determinada mente, o Interpretante (novo signo)
Interpretante:O signo é a causa imediata; o objeto é a Causa Mediada
CATEGORIAS UNIVERSAIS DO SIGNO (Peirce)
1 PRIMEIRIDADE (Abstrato, Possibilidade). Possibilidade de sentido, contida no Signo. Qualidade de algo que se apresenta à consciência. Quando o fenômeno chama atenção da consciência.
2 SECUNDIDADE (Concreto, Choque, conflito). Fato empírico da interpretação ou resultados factuais do entendimento. É o Conflito. Quando o sujeito entra em conjunção com o objeto, toma ciência, reflete.
3 TERCEIRIDADE (Abstrato, Regra, Padrão, Generalização). É a representação do fenômeno pela consciência. Ocorre uma Generalização, explicação, significação, para o entendimento do signo.
Em relação ao potencial de representação, para algo funcionar como signo, são necessárias três particularidades (By Santaella):
Sua mera qualidade: quali-signoSua existência: sin-signoSeu caráter de lei: legi-signo
São três propriedades comuns a todas as coisas. Pela qualidade tudo pode ser um signo, pela existência tudo é signo e pela lei tudo deve ser signo.
Quali-signoExemplo: a cor amarela.
A qualidade da cor amarela lhe dá a capacidade de funcionar como, por exemplo, quase-signo do sol, mas ela não é o sol em si.
Sin-SignoExistir significa ocupar um lugar no tempo e espaço, o signo concreto. Também significa
reagir em relação a outros existentes.Sin refere-se a singularidade.
Legi-signoUma lei é uma abstração operativa. Ela age tão logo encontre um caso singular sobre o qual agir. Palavras, convenções, elementos
de uso comum nos quadrinhos.
NA COMUNICAÇÃO
1 ÍCONE (PRIMEIRIDADE). O fenômeno bate à sua porta. Ex. Nos quadrinhos, ao ver a capa da revista, algo que você não sabe dizer o que é, gera empatia, chama sua atenção, gerando assim a decisão de ler a revista. 2. ÍNDICE (SECUNDIDADE). Quando o fenômeno vem ao nível consciente, gerando dúvida, conflito. Ainda não houve a assimilação, o entendimento do fenômeno. Todo novo conhecimento gera dúvidas. 3. SÍMBOLO (Terceiridade). É a generalização, a representação do fenômeno por meio de signos inteligíveis. As regras estabelecidas, a ciência propriamente dita.
RELAÇÕES DO SIGNO COM O OBJETO QUE REPRESENTA
1. É ÍCONE: se o fundamento for uma qualidade. Relação de similaridade. Ele evoca ou sugere porque a qualidade que ele exige se assemelha a uma outra qualidade.
Ex.: vermelho – sangue.
São signos icônicos: Imagem, diagrama e metáfora.
RELAÇÕES DO SIGNO COM O OBJETO QUE REPRESENTA
2. É ÍNDICE: se o fundamento for um existente. Nos quadrinhos representa o objeto por indício.
Ex.: nuvem negra indica chuva.
RELAÇÕES DO SIGNO COM O OBJETO QUE REPRESENTA
3. É SÍMBOLO: se o fundamento for uma lei (generalização).
Ex.: os balões, quadrinhos, movimentos exagerados, expressões, onomatopéias são exemplos de legi-signos, comuns a todos os quadrinhos. Símbolos.
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FUNÇÕES DA LINGUAGEM NOS QUADRINHOS (Jakobson)
FUNÇÃO FÁTICA: o elemento, fato, objeto, está ali para chamar a sua atenção sobre a informação vem a seguir. Inicia ou termina o diálogo.
METALINGUAGEM:relativa à linguagem em si mesma, a linguagem utiliza suas particularidades para falar de si mesm.
Nos quadrinhos normalmente está em função do lúdico, utilizando trocadilhos e metáforas que chamam a atenção.
FUNÇÃO POÉTICA:
Relativa à mensagem, o enfoque da mensagem por ela própria. É onde está a criatividade, as formas diferentes de passar a mensagem.
Não é a informação, mas COMO ela é comunicada. Nunca é óbvio.
FUNÇÃO EMOTIVA:Relativa ao emissor, remetente da mensagem. É a Relação da atitude de quem fala em relação àquilo de que está falando.
Nos quadrinhos as interjeições, palavras que exprimem estados emocionais, são exemplos de função emotiva.
FUNÇÃO CONATIVA:orientada para o receptor, destinatário da mensagem, a fim de influenciá-lo.
Do ponto de vista da Semiótica, a ASSOCIAÇÃO DE IDÉIAS nos quadrinhos pode se dar de duas formas:
1. Eixo PARADIGMÁTICO,SEM NORMAS, POR SIMILARIDIDADE, IMPREVISIBILIDADE: quanto mais nova a informação, menor a audiência. Aqui ocorre a quebra do eixo usual, normal.
2. Por CONTIGUIDADE OU SINTAGNA (PREVISIBILIDADE): Maior a redundância, maior a audiência.
Aqui imperam as normas, a forma mais reta, básica, de se passar a informação. Porém o sintagma pode estar em função da quebra de paradigmas, como na tira de Mafalda (Quino), abaixo.
SIGNO: PERCURSO GERAL DO SENTIDO NOS QUADRINHOS
1 – Fundamental (Primeiridade). Bem e mal, rico e pobre, vida e morte, o aspecto fundamental, as relações semânticas em oposição.
2 – Narrativo (Secundidade). O personagem mais a ação gera o conflito (a jornada do personagem, a ação, que gera o conflito).
3 – Discursivo (Terceiridade). O que está por trás do texto, o significado, o que o autor realmente quis dizer.
Esse é o sentido maior da Semióticapara quem trabalha em comunicação:
Quando vejo o mundo sob a ótica dos signos, minha capacidade de comunicar é potencializada, meu entendimento de mundo se amplia e os ruídos na
comunicação são minimizados.
Bibliografia
Christiane; Marcellesi, Jean-Baptiste; Mevel, Jean-Pierre; Dicionário de Lingüística; Editora Cultrix, São Paulo, SP - XVI Edição, 2001.Dubois, Jean; Giacomo, Mathée; Guespin, Louis; Marcellesi, Guedes, Rodrigo; A imagem como síntese gráfica na criação publicitária;UTP – Universidade Tuiuti do Paraná; Curitiba; PR; 2005.Joly, Martine; Introdução à Análise da Imagem; VIII Edição; Papirus Editora; Campinas; SP; 2005.Peirce, Charles Sanders; Semiótica. Coleção Estudos; São Paulo, SP; Perspectiva; 2005. Saussure, Ferdinand de; Curso de lingüística geral; São Paulo, SP; Cultrix; s/a.Santaella, Lúcia; O que é Semiótica; São Paulo, SP; Brasiliense; 2003.Santaella, Lúcia; Semiótica Aplicada; São Paulo, SP; Pioneira Thomson Learning; 2004.Santaella, Lucia; A teoria geral dos signos: como as linguagens significam as coisas; São Paulo, SP; Pioneira Thomson Learning; 2000.
E, claro, google, wikipedia e internet em geral.