semiótica juridica
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Semiótica juridica
1. INTRODUÇÃO
A semiótica jurídica com aplicação específica no ensino de Direito propõe uma
sistematização de um estudo que considere os diversos campos de pesquisa que
não se deve conduzir a uma fragmentação, apenas, do ato interpretativo da
comunicação do Direito. Ao contrário, a proposta aqui apresentada é no sentido da
necessária implicação dessas áreas de conhecimento, visando uma interpretação
totalizadora do discurso jurídica em seu seio social e introduzido na grade curricular
desse curso.
O estudo da Semiótica jurídica sob a perspectiva dos planos da pragmática conduz
o intérprete à tomada de postura dogmática aliada a uma postura não-dogmática. A
primeira postura está comprometida diretamente com os conflitos jurídicos e que
põe fim a divergências decorrentes das relações intersubjetivas, reclamando para
sua efetivação a obrigatoriedade da argumentação, tendo por base as normas de
um ordenamento jurídico e a obrigatoriedade de decisão pelo Estado para todo
conflito intersubjetivo apresentado. A segunda postura é comprometida
obliquamente com os conflitos e revela-se uma postura filosófica.
O Direito, enquanto norma de conduta pode não ser admitida no sistema a partir da
constituição de regras jurídicas através da simples verbalização, mas são na
maioria das vezes, na forma escrita, representando pelas leis latu sensu e pelas
decisões judiciais. Enquanto considerado não só como regras de conduta, mas em
toda sua amplitude, incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo
na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a solução dos conflitos, os
signos jurídico-lingüísticos também se apresentam verbalmente, através da
sustentação oral dos advogados nos tribunais, da inquirição das testemunhas, no
apregoamento das partes para ter início à audiência e em muitos outros atos
praticados no decorrer do processo e que exteriorizados são registrados para fins
de provar sua concretização.
O estudo da Semiótica introduzida a um discurso jurídico e aplicada no curso de
Direito, não é meramente o estudo dos signos das palavras inseridas na lei, mas os
fatos ideológicos e o contexto sócio-histórico em que estão embutidos estes signos,
ou seja, a formação discursiva diretamente ligada à formação ideológica e as
funções sociais do sujeito envolvido na elaboração do processo, visando verificar a
incorporação de noções de social e de histórico, além de questionar a consciência
dessa distinção do homem, quando este produz linguagem.
Compreender o sistema judiciário como fenômeno semiótico implica aceitar que
todos os usuários nas diversas instituições que o integram (tribunais, juizados,
varas, defensorias, promotorias, delegacias do trabalho, escrivãs) estão
incessantemente a transmitir e receber mensagens em cada gesto, postura,
palavras escritas e faladas, imagens e rituais. Os signos, como unidades de
qualquer sistema lingüístico, estão presentes independentemente da forma pela
qual se expressa a comunicação.
A importância precípua desse estudo é destacar as diversas dificuldades
encontradas não somente pelos alunos do curso de Direito, mas também por todas
as pessoas que fazem parte do ritual jurídico; ao entender, compreender e
interpretar os signos embutidos na lei, ocasionando a formulação e a pesquisa da
ciência no discurso jurídico, pois a prática jurídica não se faz somente dos signos
inseridos nos textos; ela pressupõe todo um conjunto de práticas sociais, sobre o
qual se estabelece o conjunto textual da juridicidade com presença de sentido mais
complexo de valores, de trocas, de práticas existentes nos domínios sócio-culturais
da vida social.
2. SEMIÓTICA JURÍDICA APLICAÇÃO NO CURSO DE DIREITO DO MARANHÃO
Na linguagem do Direito, enquanto norma de conduta pode não ser admitida no
sistema jurídico brasileiro às constituições de regras jurídicas através da simples
verbalização, se apresentam, na maioria das vezes, na forma escrita,
representando pelas leis latu sensu e pelas decisões judiciais.
Enquanto considerado não só como regras de conduta, mas em toda sua amplitude,
incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir
conferida pela lei ou para dirimir a solução dos conflitos; os signos lingüísticos
também se apresentam verbalmente, fatos que ocorrem com maior freqüência no
Direito, através da sustentação oral dos advogados nos tribunais, da inquirição das
testemunhas, no apregoamento das partes para ter início à audiência e em muitos
outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados são registrados
para fins de provar sua concretização.
O relevante é observar as diferenças entre os depoimentos proferidos pelos sujeitos
na instância jurídica. Em conseqüência, outro corpus subsidiário será mobilizado na
análise para as comparações necessárias a fim de delinear as diferenças e suas
inscrições nos recursos expressivos e na configuração composicional geral do
registro da tomada da palavra do réu e do autor (através de seus advogados),
assim como indiretamente a do juiz.
Tal análise objetiva, reconhecer a importância da Semiótica no discurso jurídico
aplicado ao ensino no Curso de Direito no Maranhão, delineando a teoria dos
códigos, que considera as mesmas regras de competência discursiva, de formação
textual de quebra de ambigüidade contextual e circunstancial dos sujeitos (autor,
réu, advogados e juiz) e explorar as possibilidades teóricas e as funções sociais de
um estudo unificado do fenômeno da significação e da comunicação dos sujeitos
em um discurso.
A metodologia utilizada segue critérios científicos de construção lógico-sistemático
adotando um método teórico derivado da Semiótica de Charles Sanders Peirce e a
Semiótica Jurídica de Eduardo Bittar, uma semiótica pragmática, não
negligenciando uma análise dos principais temas de reflexões e contribuições das
teorias da lingüística, da Filosofia, da linguagem, da lógica, da Semiologia e da
Semiótica filosófica. Seguido de uma crítica da teoria da linguagem sobre a
problemática jurídica no seu discurso, tornando-se, então, um meio de se conseguir
uma análise do Curso de Direito em São Luís do Maranhão como produção de
linguagem, o considerando relacionado com os fenômenos sociais mais gerais que o
circundam.
Essas reflexões se incorporam e fazem parte de todas as considerações concebidas
dentro das discussões efetuadas em conjunto. O Direito considerado como um
produto cultural torna-se não só o exercício de um poder, mas sim a expressão
semiótica de todos os valores e construções de sentido que legitimam sua
existência regulamentar.
É fato importante que o estágio obrigatório ou estágio curricular nos cursos de
graduação às vezes é simples aprendizado por mimetismo, mera reprodução literal
de modelos de petições, erigidas a modelos perfeitos e acabados. A didática da
imitação da linguagem se entranha a ponto de que o futuro advogado, juiz,
promotor ou escrivão sentirá dificuldade em escrever ou falar sem recorrer a
latinismos e fórmulas gongóricas.
Caracteriza-se que o advogado que formula a contestação poderia utiliza-se da
liberdade da forma como estímulo à criatividade dos atores processuais. Nenhuma
fórmula de termo ou ato processual é acabada. Sempre haverá um modo mais
rápido e mais completo de transmitir e receber a mensagem da jurisdição. A
padronização deve ser apenas uma etapa no aprendizado de novos métodos nessa
linguagem. Deve-se escrever, o máximo possível, com as palavras que se usa na
linguagem comum. Por isso, convêm evitar os jargões, arcaísmos, expressões raras
e obsoletas. A finalidade dessa regra é garantir a clareza que é uma das principais
qualidades de um bom estilo.
O culto à forma e ao estilo levou à perda da substância humanística que tanto
custaram às ciências jurídicas. Um jovem advogado facilmente reproduzirá a minuta
de um agravo, mas raramente se lembrará do princípio da instrumentalidade do
processo. Exigências de mercado podem explicar por que advogados "escrevem"
páginas e páginas em arrazoados e recursos infindáveis: substanciosa parte de seus
serviços é remunerada segundo o número de intervenções na causa e a quantidade
de peças que reproduzem.
Ao cliente se passa a mensagem de que "o bom advogado é o que fala muito e
escreve em demasia". Ao juiz, entretanto, a mensagem chega invertida: "típico caso
de procrastinação que desacredita o pedido do cliente".
A comunicação do juiz com as partes é outro ponto em que sobram exemplos de
barreiras lingüísticas. Existem sentenças e decisões que lembram muito a
monotonia de uma frase musical longa e repetida à exaustão com instrumentos
diversos. As diversas páginas se perdem para explicar o óbvio ou para desfiar a
erudição do magistrado. Arriscaria dizer que o inconsciente do julgador aproveita-se
dessas ocasiões prolixas para lançar seus pouquíssimos leitores que "não me
desafiem, nem ousem discordar porque eu sei muito mais que vocês".
Constata-se que o juiz ao proferir a sentença não se preocupa em utilizar signos
que representam a simplicidade de uma linguagem de fácil entendimento, visto
que, o mundo jurídico se preocupa com uma linguagem que seja ferramenta da
jurisdição, como forma de convencimento, sem dispensar a erudição, que, na
verdade, fica melhor em teses acadêmicas ou nas estantes de doutrina.
Os juizes, promotores e advogados apesar de dominarem o mesmo jargão, se
valem de signos ou expressões ambíguas e anacrônicas, isto acaba criando
barreiras que frustram o processo de comunicação entres as partes processuais.
A relação dos agentes sociais (autor, réu, advogados e indiretamente juiz e
sociedade) com a realidade é intermediada por um mundo de significações. Se a
fórmula dos atos e termos processuais confundem até os usuários diretos dessa
linguagem, presuma-se a aflição do cidadão comum destinatário dessas decisões. O
contato pessoal do juiz com autor e o réu são ricos em situações que chegam ao
grotesco por causa das barreiras de linguagem, dos signos que o receptor recebe.
Felizmente é animador que muitos juízes tenham aprendido a dominar outros níveis
de linguagem, especialmente quando se dirigem àqueles excluídos da riqueza
cultural e econômica da sociedade brasileira.
Não se pode, entretanto, deixar de reconhecer que os fatores individuais dos
receptores (cidadãos) dos símbolos-sígnicos da Semiótica Jurídica levam a
interpretações que via de regra contradizem-se na valoração da mensagem
provinda ora do autor do processo, do réu ou do juiz. Afinal, nem todos os seres
humanos se encontram no mesmo nível.
Ainda que não se aceite a idéia de diferenças radicais, o conceito de evolução
cultural, espiritual, político e mesmo as diferenças de intensidade (paixão, vida
interior, generosidade, riqueza de sentimentos e de idéias) permitem apontar níveis
de pensamento essencialmente diversos, quer se trate de pensamento lógico, de
especulação racional ou de elaboração onírica: portanto, seja em razão de sua
origem, seja de sua significação e, como conseqüente, de sua valoração.
Também muitos, no entendimento, da gênese e aplicação do Direito, querem-no
formalizado, inacessível ao destinatário - o povo (autor e réu) - feito por poucos,
para alguns. Ressalta-se a posição de Plauto Faraco de Azevedo (1974, p. 80),
quando ao abordar o tema, preleciona magistralmente:
“[...] Fazendo a linguagem comum, por ambas precisa transitar o jurista, sabendo
utilizá-las de modo a poder argumentar e convencer. Esta finalidade é
manifestamente incompatível com o uso do discurso intrincado, abusivo da
linguagem peculiar ao direito, posto que o uso desconexo de noções técnicas sobre
o não persuadir (levar ao convencimento) impede a indispensável comunicação
entre o jurista e o povo, entrava as soluções e desmoraliza a profissão jurídica. É
este o pior dos vezos em que historicamente tem incorrido o bacharel, tornando-o
alvo da galhofa e paradigma da incomunicabilidade [...]”.
O juiz aferrado à concepção de um positivismo ortodoxo que erige como dogma o
formalismo das normas jurídicas, preocupado tão somente que emanem de órgãos
públicos reconhecidos como competentes para produzi-las, distanciam-se, drástica,
inexorável e injustamente do objetivo do Direito, se não se preocuparem em se
aperceber e analisar, valorando-as, se tais normas adequam-se a uma consciência
social preponderante que nelas entrevê sua necessidade, utilidade e conveniência.
O ato comunicativo jurídico, conclui-se, exigir a construção de um discurso que
possa convencer o julgador da veracidade do real que pretende provar. Em razão
disso, a linguagem jurídica vale-se dos princípios da lógica clássica para a
organização do pensamento. O mundo jurídico prestigia o vocábulo especializado,
para que o excesso de palavras plurissignificativas não prejudique a representação
simbólica da linguagem.
Não se há, entretanto, de visualizar a individualização da Semiótica Jurídica, em sua
compreensão de discurso, objeto de juízos de valor e, como a própria sociedade,
mutável, para adequar-se à evolução social. O discurso jurídico constrói uma
linguagem própria que, é uma linguagem científica.
Constata-se que não cabe somente ao legislador, mas também aos sujeitos da
interpretação, ou aos usuários da linguagem jurídica de modo geral, atribuir
sentidos a textos normativos. No entanto, de qualquer forma, a decisão como
construção semiótica, ao ser prolatada por seu produtor, deixa de ser uma estrutura
permeável á busca da intensidade, fazendo-se, da mesma forma como ocorre com
as normas jurídicas promulgadas. A decisão torna-se então um produto sem sujeito,
o texto decisório passa a vincular-se ao autor.
Em verdade, a interpretação e o entendimento do juiz, assim como dos tribunais
que controlam tais decisões e atividades jurisdicionais, são limites para a expansão
do campo de entendimento e apresentação dos problemas entre o autor e réu,
receptores da norma. É certo, então, que para que se averigúe o poder
transformador do discurso jurídico, à instância da mera produção discursiva, se
deve seguir, como condição de sua eficácia, a instância efetivamente
transformacional, ou seja, deve-se seguir o momento em que se faz “sentir a mão
do xerife nos próprios ombros”, parafraseando Charles S. Peirce (2000). De fato, é
correta a opinião de Peirce acerca da realidade das coisas, pois não são as palavras
que condenam ou deixam de condenar, mas tudo isso ocorre em um segundo
plano, no exato momento em que, juntamente com as palavras e as razões lógicas,
passa a imperar a força bruta; é, e será sempre, uma atuação concreta a
conseqüência de todo modo de operação do discurso.
Os textos jurídicos são molas que impulsionam a ação. A linguagem jurídica
funciona como ponto de partida para as ações sociais e o movimento das relações
humanas. Negocia-se, peticiona-se, autoriza-se e pactua-se, tudo com base em
textos e signos jurídicos. São eles que informam ou regulamentam ações humanas
juridicamente relevantes para o processo. No entanto, signos e textos jurídicos
(normativos) não movimentam a ação fortuitamente, e não contam com o livre-
arbítrio, com a capacidade de argumentação, de sedução do locutor (juiz)
discursivo, ou com a paixão ética ou o interesse do receptor discursivo (réu e
autor). Signos e textos jurídicos são molas que impulsionam a ação que não podem
ser negadas; estão dotadas de imunização. São propulsoras da ação, pois
movimentam condutas, regendo-as de forma quase onipotente e onipresente. E
mais, acompanham-se da força bruta, no dizer de Charles Sanders Peirce (2000, p.
56): “sua existência e seu relacionamento em meio às práticas sociais e
intersubjetivas condicionam o comportamento humano”.
Os operadores do Direito devem dominar os elementos essenciais da comunicação
jurídica, uma vez que estão constantemente redigindo peças processuais. No
entanto, não devem esquecer que se comunicar é fazer-se entender, posto que por
muitas vezes olvidam que estão litigando em prol da sociedade e esta se deve fazer
entender. No meio jurídico, esse intercâmbio de informações entre sujeitos é
imprescindível para formação e desenvolvimento da atividade profissional. Para
tanto, é necessária competência lingüística e domínio do discurso jurídico.
O discurso jurídico se inscreve no universo jurídico, tendo funcionado como mais um
elemento dinamizador e reprodutor do ideário patriarcalista, ratificando, por meio
de seus signos (leis, procedimentos, interpretações, etc.) elevados e diversos graus
de discriminação entre os membros da sociedade e participantes do ato processual.
Nesse cenário processual, o discurso jurídico da igualdade, por sua configuração
meramente formal/legal, não consegue dar conta dos vícios do contexto da
desigualdade, porque não é capaz de englobar as várias diferenciações do universo
humano, nem se tornar veículo para a efetivação das condições materiais de vida.
Surge-se daí, a convocação para que o discurso jurídico redimensione seus
fundamentos, a partir de outros paradigmas, posicionando-se por uma igualdade
que transponha o limite da formalidade e inclua outras perspectivas societárias.
O discurso jurídico na atualidade está incorporando novos paradigmas e sujeitos, a
sua possibilidade revolucionária só será acionada, à medida que for capaz de
abandonar a prática de mero controlador e conservador das experiências
societárias e incorporar novas fórmulas que consigam superar o texto da lei e se
materializar na concretude da vida das pessoas.
É claro que seja impossível uma verdadeira mudança social apenas através de
fatores jurídicos; estes, no entanto, são indispensáveis, posto que as relações de
produção queiram as ideologias, só são aplicadas em casos verídicos, em uma
sociedade, depois de mudadas em direito, mesmo que consuetudinário.
O acesso à Justiça, inscrito no rol dos Direitos Fundamentais, ainda pede por uma
efetividade, que, na verdade, só será alcançada quando a sociedade tiver
consciência de seus direitos e ter em mãos um Poder Judiciário livre a demandas
populares emergentes, cada vez mais abrangentes, retrato das diferenças que
permeiam a sociedade. Para isto, é fundamental que o operador do Direito, sabedor
de seu papel como agente de transformação social, deixe a feição retórico-legalista
e o excessivo formalismo, que caracterizam a visão tradicional do Direito, para,
mediante uma hermenêutica flexível e criativa, construir uma “práxis
emancipatória”, comprometida com a satisfação dos anseios da sociedade e com a
concretização dos Direitos Fundamentais, sustentáculo da fórmula política do
Estado Democrático de Direito.
Para essa concretização, se faz mister essa visão da Semiótica Jurídica que
transforma e legitima o Direito, levando-o a ser um facilitador para a sociedade na
relação comunicacional, uma vez que há “espaços” não contemplados pelas
práticas tradicionais.
3. CONCLUSÃO
Conclui-se que, a semiótica embasa a natureza jurídica do Direito, visto que este é
linguagem e sua função simbólica poderá recriar a realidade através da oralidade,
portanto uma disciplina que deve fazer parte da grade curricular do Curso de
Direito. Acredita-se ter demonstrado a identificação do Direito, como expressão
máxima da Semiótica, instrumento de comunicação entre os sujeitos processuais,
através dos caracteres específicos e peculiares originadores da Semiótica Jurídica,
no entanto afins, na sua universalidade, na sua multiplicidade, repleta em
fenômenos sociais e com objetivo comum, tornar o ser humano, pela divulgação
das idéias, dos ideais, das emoções, mais coeso, capaz de uma convivência em que
se torne preponderante o bem-comum. Não se há, entretanto, de visualizar sua
individualização, em sua compreensão, objeto de juízos de valor e, como a própria
sociedade, mutável, para adequar-se à evolução social.
Portanto, o desenvolvimento desse desafiador processo dialético de comunicação
vivido em cada causa, em cada processo, terá-se-á a oportunidade de tornar a
Justiça cada vez mais acessível ao povo, à sociedade que não terá mais “medo do
Direito” e que os juizes, advogados, promotores, defensores e escrivãs tenham a
curiosidade de apreender, nos outros ramos do conhecimento humano, o respeito
da eloqüência dos gestos, posturas e rituais que eles próprios, mecanicamente,
repetem e assim inconscientemente aderem a seus papéis. Certamente todos
descobrirão a riqueza da comunicação que espontaneamente emerge do Poder
Judiciário. Descobrirão, assim, quais as mensagens que a todo minuto transmitem
ao jurisdicionado. Cada um concluirá quais sentimentos e expectativas chegam a
seus interlocutores. Os destinatários receberão dos operadores do Direito à
mensagem de respeito, não de medo; de seriedade, não de “casmurrice”
(teimosia); e, finalmente, de honestidade e transparência, jamais de hipocrisia e
desconfiança.
O saldo desse estudo abrirá maiores questionamentos, e se ao menos for possível
conseguir esse feito, contudo, os esforços já terão sido plenamente correspondidos.
Referências
AZEVEDO, Plauto Faraco de. Aplicação do Direito e Contexto Social. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1974.
BARTHES, Roland. Elementos da semiologia. 10ª ed. São Paulo: Cultrix LTDA,
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BITTAR, Eduardo C. B.; ALMEIDA, Guilherme Assis de. Curso de Filosofia Do
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BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Lisboa: Difel; Rio de Janeiro: Bertrand
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PEIRCE, Charles Sanders. Semiótica e Filosofia. São Paulo: Cultrix, 2000.
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Informações Sobre o Autor
Paula Fernanda Rocha Lopes
Advogada e Professora Universitária. Especialista em Direito do Trabalho, Literatura
Brasileira (Universidade Estadual do Maranhão) e Tecnologia da informação para
educadores (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
Informações Bibliográficas
LOPES, Paula Fernanda Rocha.Semiótica Jurídica: Uma perspectiva de
mudança do ensino no Curso de Direito. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, 77,
01/06/2010 [Internet].
Disponível em http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?
n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=7930. Acesso em 26/04/2011.