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Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Consultor Legislativo (Textos 1, 2, 3 e 4)
Comunicado
Padrão de resposta e espelhos de correção A coordenação do concurso informa que a correção dos textos 1, 2, 3 e 4 obedecerá os critérios
estabelecidos no edital do concurso, conforme as informações descritas a seguir:
Texto 1 (Dissertação) CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DA DISSERTAÇÃO
(A) Aspectos Macroestruturais Pontuação máxima Pontuação atribuída
A
1. Apresentação, legibilidade, margens e parágrafos
2,00 0 0,50 1,00 1,50 2,00
2 Adequação ao tema e/ou à tipologia textual
2,00 0 0,50 1,00 1,50 2,00
3. Estrutura textual (construção pertinente de introdução, desenvolvimento e conclusão)
4,00 0 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00
4. Pertinência e riqueza de argumentos/exemplos
4,00 0 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00
5. Relação lógica entre as ideias 4,00 0 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00
6. Objetividade, ordenação e clareza das ideias
4,00 0 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00
Total 20,00
(B) Aspectos microestruturais
B
Indicação de um erro por cada ocorrência dos tipos a seguir: Quantidade
1. Ortografia, acentuação e crase
2. Inadequação vocabular
3. Repetição ou omissão de palavras
4. Falha de construção frasal ou falta de paralelismo
5. Pontuação
6. Emprego de conectores
7. Concordância verbal ou nominal
8. Regência verbal ou nominal
9. Emprego e colocação de pronomes
10. Vícios de linguagem, estruturas não recomendadas, emprego de maiúsculas e minúsculas, translineação
Total de erros encontrados
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Consultor Legislativo (Textos 1, 2, 3 e 4)
Texto 2 (Resumo)
No que se refere à relação do homem com a nova forma de divulgação da mensagem introduzida pela internet, há duas posições distintas, defendidas, principalmente, por Nicholas Carr, de um lado, e por Clay Shirky, de outro;
Igualmente, os dois pensadores são considerados intelectuais públicos, uma vez que travam suas discussões em livros ou blogs de acesso popular, desprotegidos dos muros e do discurso hermético da Academia;
Para Carr, a leitura em links, típica da internet, diferentemente da leitura linear dos livros impressos, provoca a perda da capacidade de concentração dos leitores;
Esse processo, acirrado pela internet, teria começado com o domínio do rádio e da TV, que instituiu o mundo pós‐literário;
Na internet, recebe‐se a informação de forma fragmentada e espera‐se sempre por uma nova informação, que chega superficialmente ao leitor;
Essa forma de recepção da informação não favorece a organização do raciocínio, que no livro impresso, é conquistada por um longo encadeamento de ideias;
Para Shirky, ao contrário, a informação picada corresponde à representação de um diálogo permanente e democrático que envolve pessoas do mundo todo, colocando em xeque as velhas formas de poder e de organização da sociedade;
Exemplos de resultados desse diálogo global propiciado pela internet seriam a eleição de Obama e o abalo das ditaduras árabes.
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DO RESUMO
(A) Aspectos Macroestruturais Pontuação máxima
Pontuação atribuída
A
1. Apresentação, legibilidade, margens e parágrafos
1,00 0 0,50 1,00
2 Estrutura textual (construção pertinente de introdução, desenvolvimento e conclusão)
1,00 0 0,50 1,00
3. Identificação da essencialidade do texto‐base 2,00 0 0,50 1,00 1,50 2,00
4. Encadeamento lógico entre as ideias 3,00 0 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00
5. Habilidade de síntese e redação 3,00 0 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00
Total 10,00
(B) Aspectos microestruturais
B
Indicação de um erro por cada ocorrência dos tipos a seguir: Quantidade
1. Ortografia, acentuação e crase
2. Inadequação vocabular
3. Repetição ou omissão de palavras
4. Falha de construção frasal ou falta de paralelismo
5. Pontuação
6. Emprego de conectores
7. Concordância verbal ou nominal
8. Regência verbal ou nominal
9. Emprego e colocação de pronomes
10. Vícios de linguagem, estruturas não recomendadas, emprego de maiúsculas e minúsculas, translineação
Total de erros encontrados
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Consultor Legislativo (Textos 1, 2, 3 e 4)
Textos 3 e 4 (Tradução ‐ Inglês e Espanhol)
Uma tradução oferece múltiplas possibilidades de solução e o gabarito leva em consideração essa visão do fazer tradutório. Isto posto, o candidato deve ser capaz de reconstituir o sentido do texto fonte apresentado para tradução, sem efetuar acréscimos ou omissões nem, tampouco, simplesmente parafrasear. Ao produzir seu texto, deve respeitar as características de estilo e registro do texto fonte e adequar‐se à norma culta dos idiomas em questão, mantendo a coerência e a coesão textual e respeitando os parâmetros sintáticos desta norma, de acordo com os critérios estabelecidos no edital.
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DA TRADUÇÃO
(A) Tradução
A
Indicação de um erro por cada ocorrência dos tipos a seguir: Quantidade
1. Erro derivado de desconhecimento semântico
2. Erro derivado de desconhecimento sintático
TOTAL DE ERROS ENCONTRADOS
(B) Aspectos microestruturais
B
Indicação de um erro por cada ocorrência dos tipos a seguir: Quantidade
1. Ortografia, acentuação e crase
2. Inadequação vocabular
3. Repetição ou omissão de palavras
4. Falha de construção frasal ou falta de paralelismo
5. Pontuação
6. Emprego de conectores
7. Concordância verbal ou nominal
8. Regência verbal ou nominal
9. Emprego e colocação de pronomes
10. Vícios de linguagem, estruturas não recomendadas, emprego de maiúsculas e minúsculas, translineação
TOTAL DE ERROS ENCONTRADOS
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Agricultura
Parecer
Padrão de resposta (Parecer) Considerando o dever constitucional de proteção ambiental e uso sustentável dos recursos naturais
e a função social da propriedade, o Código Florestal Brasileiro vigente (Lei n. 4.771) institui duas categorias no interior de propriedades agrícolas em que o uso do solo é limitado: a Área de Preservação Permanente (APP) e a Reserva Legal (RL). A primeira é uma área, coberta ou não por vegetação, com objetivo preservacionista; já a Reserva Legal prevê o uso sustentável da cobertura florestal, mesmo que não exclusivamente florestal nativa.
Em relação a situação hipotética, a primeira questão a considerar é a localização da propriedade. Como está no Estado de São Paulo, deve-se avaliar se a propriedade possui 20% de cobertura florestal a ser destinada como RL. Em caso negativo, deve-se proceder à adequação para este percentual, o qual poderá ser realizada de forma isolada ou em conjunto com seus vizinhos (por exemplo). O tempo e maneira de como esta recomposição/adequação será feita consta no Código Florestal. Se tem opções como, por exemplo, conduzir a regeneração natural ou compensar a reserva legal por outro área equivalente em importância ecológica e extensão, desde que a formação seja do mesmo ecossistema e esteja na mesma microbacia hidrográfica. Vale ressaltar que os critérios para esta última situação, bem como para as demais constam no Código Florestal e o proprietário deve obter autorização prévia do órgão competente.
Um ponto importante é que o proprietário não pode considerar como área de RL aquelas já classificadas como de APP. No que diz respeito à APP, a propriedade em questão apresenta uma nascente, sendo nesse caso considerada como de APP uma área em um raio de 50 metros em seu entorno. Quanto ao córrego, como sua largura é de no máximo 4 metros, deve-se considerar uma faixa de 30 metros no seu entorno como de APP. Nos locais em que o riacho delimita a propriedade, é de responsabilidade do Sr. Amadeus considerar, como APP, apenas a margem que lhe pertence.
A principal questão é que a intervenção em APP só é permitida em situações previstas no Código Florestal, com autorização prévia do órgão competente. Não existe, de acordo com a Lei, a necessidade de se ter exclusivamente uma formação florestal na APP, mas sim a vegetação natural da região onde se localiza a propriedade. Não se tem a informação se a faixa com floresta e vegetação nativa equivale a 30 metros, nas duas margens do rio e, também, sobre a situação ao redor da nascente. Em caso negativo, é importante que não haja ações nestes locais até se ter autorização do órgão competente, para as ações de adequação.
Caso exista, por algum motivo, a intenção de plantio, condução de regeneração ou qualquer outra prática que fomente a formação florestal ou nativa típica (para este exemplo), o proprietário deve, mesmo assim, ter a autorização prévia do órgão competente. No que diz respeito à utilização da água do córrego, o proprietário pode legalmente fazer este procedimento, desde que, não comprometa a regeneração e a manutenção em longo prazo da vegetação nativa e com autorização prévia dos órgãos ambientais. Desta forma, o ideal é que já se pense em medidas preventivas, desde que aprovadas pelo órgão competente. Pode-se assim dizer que a adequação desta propriedade é possível de ser executada e, sobretudo, permitirá sua utilização baseada em um princípio implícito no Código Florestal, que é o do desenvolvimento sustentável.
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Agricultura
Espelho de correção (Parecer)
Item Quesitos avaliados Valor
1
Código Florestal e desenvolvimento sustentável
O desenvolvimento sustentável é o princípio implícito no Código Florestal Brasileiro, o qual deve estar em concordância com as dimensões econômicas, sociais e políticas (Caradori, 2001;p 18). É importante contextualizar o problema/situação com base na legislação e realidade regional.
1,0
2
Área de Preservação Permanente
Área de preservação permanente: área protegida nos termos dos arts. 2º e 3º desta Lei (Código Florestal), coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem estar das populações humanas (Art. 1º inciso.I). Deve-se preservar a vegetação que já existe. As áreas de preservação trazem função ecológica de conservação de água e solo, sem previsão de uso do solo e da cobertura vegetal (Zakia & Derani, 2006; p.173). Não necessariamente se deve ter formação florestal nesta área. Para qualquer ação necessita-se de autorização prévia do órgão competente.
1,0
3
Reserva Legal
De acordo com o Art 1 inciso II do Código Florestal Brasileiro a Reserva Legal é a área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas (Incluído pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001). É um dos conceitos mais importantes para efetivação de uma política de uso sustentável dos recursos naturais no Brasil (Caradori, 2009, p.83). Importante diferenciar do conceito de Área de Preservação Permanente.
1,0
4
Restrições e Aspectos Legais: APP
De acordo com Código Florestal Art. 2° consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima será: (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) item 1) de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989).
Vale esta restrição visto não estar a propriedade em nenhuma exceção mencionada na Lei (referente a este aspecto avaliado). Devendo neste caso ser ressaltada a necessidade de se manter o que existe na faixa marginal de 30 metros do rio, visto que na propriedade este rio tem 4 metros de largura.
Lembrando que deve-se manter vegetação nativa, mesmo que não seja florestal, não se pode suprimir uma vegetação nativa em favor de outra. De acordo com o Art. 4º a supressão de vegetação em área de preservação permanente somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública ou de interesse social, devidamente caracterizados e motivados em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto. Outro aspecto a considerar é mencionado no §7º deste artigo: é permitido o acesso de pessoas e animais às áreas de preservação permanente, para obtenção de água, desde que não exija a supressão e não comprometa a regeneração e a manutenção a longo prazo da vegetação nativa. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001). Pode-se ter o acesso a água sendo ideal a associação de medidas que não comprometam a regeneração a longo prazo e sejam aprovadas previamente pelo órgão competente.
1,0
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Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Agricultura
5
Restrições e Aspectos Legais: RL
Art. 16. As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no mínimo: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001) (Regulamento) III - vinte por cento, na propriedade rural situada em área de floresta ou outras formas de vegetação nativa localizada nas demais regiões do País; e (Incluído pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001).
Complementa-se no § 4 que a localização da reserva legal deve ser aprovada pelo órgão ambiental estadual competente.
No § 8º cita-se que área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas neste Código.(Incluído pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001).Neste caso, independe do uso que o proprietário planeja para o solo, deve-se avaliar o quanto se tem de reserva legal. Como a propriedade esta localizada no interior do estado de São Paulo este percentual deve ser no mínimo de 20%. No caso de não atender esse percentual definido no inciso III, deve observar o artigo 44º, seus incisos e também parágrafos: Art. 44. O proprietário ou possuidor de imóvel rural com área de floresta nativa, natural, primitiva ou regenerada ou outra forma de vegetação nativa em extensão inferior ao estabelecido nos incisos I, II, III e IV do art. 16, ressalvado o disposto nos seus §§ 5o e 6o, deve adotar as seguintes alternativas, isoladas ou conjuntamente: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001) I - recompor a reserva legal de sua propriedade mediante o plantio, a cada três anos, de no mínimo 1/10 da área total necessária à sua complementação, com espécies nativas, de acordo com critérios estabelecidos pelo órgão ambiental estadual competente; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001), II - conduzir a regeneração natural da reserva legal; e (Incluído pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001), III - compensar a reserva legal por outra área equivalente em importância ecológica e extensão, desde que pertença ao mesmo ecossistema e esteja localizada na mesma microbacia, conforme critérios estabelecidos em regulamento. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)
1,0
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Agricultura
Questão Dissertativa
Padrão de resposta (Questão dissertativa) A modernização da agricultura e a expansão das fronteiras agrícolas no Brasil estão intimamente
ligadas. A denominada “modernização conservadora” só foi possível com a derrota do movimento pela Reforma Agrária, notadamente pós golpe militar de 1964, que defendia mudanças profundas frente aos graves problemas no meio rural. O panorama do setor agrícola no Pós-guerra era caracterizado pelo atraso no desempenho da agricultura, comparativamente à indústria em franca expansão, com o baixo grau de incorporação tecnológica, facilitado por uma fronteira agrícola em continua expansão, estagnação no comércio exterior e pressões inflacionárias.
Nessa época, o debate da “questão agrária” foi fortemente influenciado pela industrialização na economia brasileira visando a substituição de importações nos anos 1930 e no período da Segunda Guerra. O processo de modernização se deu pela adoção de pacotes tecnológicos financiados pelo governo, que ficou conhecido mundialmente como “Revolução Verde”, considerado sinônimo de modernidade. Isso já havia ocorrido nos EUA e Oeste Europeu, anos antes, com o incentivo do grupo Rockefeller (Nova Iorque) com o pretexto de acabar com a fome no mundo, o que não aconteceu. No Brasil, o pretexto explicito foi o de aumentar a produção e a produtividade do setor agrícola, puxadas pela demanda urbana e externa em processo de acelerado crescimento.
A modernização foi caracterizada, de um lado pela mudança na base técnica dos meios de produção utilizados pela agricultura, materializada na presença crescente de insumos industriais (fertilizantes, defensivos, corretivos do solo, sementes melhoradas e combustíveis líquidos etc.); pelo uso intensivo de máquinas e implementos agrícolas (tratores, colhedeiras, entre outros) e pela assistência técnica governamental. De outro lado, pela integração de nível variável entre a produção primária de alimentos e matérias-primas e vários ramos industriais (oleaginosos, moinhos, indústrias de cana e álcool, papel e celulose, fumo, têxtil, bebidas etc.). É importante ressaltar que o que permitiu, e incentivou, a expansão da fronteira agrícola foi o próprio processo de modernização da agricultura, uma vez que o pacote tecnológico proposto era mais eficiente em grandes extensões de terra e em especial em monoculturas. A expansão das fronteiras agrícolas se deu, majoritariamente, pelo desbravamento das regiões Sul e Sudeste, passando para a Região Centro-Oeste e atualmente tendo a Região da Amazônia Legal como foco. São inegáveis os benefícios proporcionados ao Brasil por esse processo, como o aumento e diversificação das exportações, o aumento do PIB (Produto Interno Bruto) e nos postos de trabalho proporcionado pela integração entre agricultura e indústria, os chamados "agribusiness". Apesar disso, o Brasil ainda convive com graves conflitos no meio rural devido, principalmente, a alta concentração de terra, com os danos ambientais resultantes do uso descontrolado de defensivos e fertilizantes minerais, especialmente aos corpos d´água, e com os resultados da histórica redução da vegetação nativa em favor das culturas agrícolas. Esse último, tema recente e central do embate entre "ruralistas" e "ambientalistas" sobre as mudanças no Código Florestal Brasileiro. Tais resultados inserem o meio rural ao novo paradigma econômico, social e ambiental da atualidade, o de continuar a produzir bens e serviços para as ilimitadas necessidades humanas utilizando-se de recursos limitados e escassos, ou o do "Desenvolvimento Sustentável.
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Agricultura
Espelho de correção (Questão dissertativa)
Item Quesitos avaliados Valor
1 Contextualizar o cenário agrário do Pós-guerra. 1,0
2 Apresentar as condições políticas, econômicas e sociais que viabilizaram a modernização da agricultura brasileira e a expansão das fronteiras agrícolas.
1,0
3 Correlacionar o processo de modernização da agricultura brasileira à expansão das fronteiras agrícolas, em forma de causa e efeito.
1,0
4
Apresentar os resultados positivos e as consequências indesejáveis do processo de modernização da agricultura brasileira e da expansão das fronteiras agrícolas. Como todo processo político, a modernização da agricultura brasileira e a expansão das fronteiras agrícolas foi desencadeado por objetivos explícitos cujo resultado está relacionado às medidas adicionais desencadeadas (medidas de comando e controle, de estímulo e desestímulo).
1,0
5 Inserir o meio rural atual frente ao paradigma do desenvolvimento sustentável. 1,0
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Consultor Legislativo (Comunicações e Tecnologia da Informação)
Parecer
Padrão de resposta (Parecer) A resposta deverá incluir a descrição do objeto, descrevendo a consulta formulada pelo Senador.
Em seguida, deverá discorrer sobre:
1. a existência dos regimes público e privado de prestação de serviços de telecomunicações. Ao dissertar sobre esse tema, deve pontuar que apenas nos serviços prestados sob o regime público a União propõe‐se a garantir a continuidade na prestação do serviço, razão pela qual somente nestes se justifica que haja reversibilidade de bens ao final da concessão, que tem como um de seus objetivos garantir a continuidade do serviço concedido após a extinção da concessão.
2. esclarecer que no regime de reversibilidade, prevê‐se o pagamento de indenização pelas parcelas de investimentos ainda não amortizados ou depreciados, que tenham sido realizados com o objetivo de garantir a continuidade e atualidade do serviço concedido.
3. relatar que para garantir a reversibilidade de bens, o concessionária depende de prévia aprovação da agência reguladora para alienar, onerar ou substituir bens reversíveis.
O parecer deve afirmar que o SeAC será prestado sob o regime privado, sem a previsão de reversibilidade de bens, portanto. Deve esclarecer, porém, que as Concessões de TV a Cabo já não previam a reversibilidade de bens ao poder concedente.
O parecer deve esclarecer que o fato dos bens reversíveis terem sua posse transferida à União quando da extinção da concessão funciona como fator inibidor dos investimentos na medida em que se aproxima do prazo final de vigência do Contrato de Concessão por não haver tempo hábil para que os investimentos a eles vinculados sejam amortizados ou depreciados, implicando redução de investimentos.
Considerado o cenário de convergência tecnológica esse quadro se agrava, na medida em que uma parcela considerável dos bens é utilizada tanto para a prestação de um serviço de telecomunicações em regime público como de outros serviços por ela prestados em regime privado.
Cria‐se, assim, um diferencial competitivo negativo para as prestadoras de serviços no regime público, onerando‐as na competição nos mercados da prestação de serviços prestados no regime privado, podendo igualmente desestimular os investimentos nessa infraestrutura comum.
A alteração legislativa pode se voltar ou a alterar radicalmente a divisão de prestação de serviços em regime público e privado, ou a alterar o artigo da LGT (art. 102) que trata da reversão ou ainda incluir um artigo prevendo reversão de bens afetos à prestação de serviços em regime privado.
Senado Federal – Concurso Público 2011
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Consultor Legislativo (Comunicações e Tecnologia da Informação)
Espelho de correção (Parecer)
Item Quesitos avaliados Valor
1 Descrição da consulta formulada
(incompleta – redução de 0,25 pontos) 0,50
2 Descrição dos Regimes Público e Privado
(sem menção a garantia de continuidade – redução de 0,25 pontos) 0,75
3
Descrição das características da reversibilidade de bens
(sem menção ao objetivo de garantir a continuidade – redução de 0,25 pontos)
(sem menção às parcelas não amortizadas/depreciadas – redução de 0,25 pontos)
(sem menção ao controle pela Agência – redução de 0,25 pontos)
0,75
4 Ausência de reversibilidade na TVC e no SeAC
(sem menção que concessões serão transformadas em autorizações – redução de 0,25 pontos) 0,75
5
Efeitos da reversibilidade no final da concessão e na convergência tecnológica
(sem menção à redução dos investimentos – redução de 0,50 pontos)
(sem menção à não amortização de investimentos recentes – redução de 0,25 pontos)
(sem menção à infraestrutura comum – redução de 0,25 pontos)
1,50
6
Alteração legislativa
(alteração que equacione apenas parcialmente o problema – redução de 0,50 pontos)
(alteração que equacione o problema mas que se volte apenas à questão pontual – redução de 0,25 pontos)
(alteração criativa que solucione plenamente o problema – pontuação plena)
0,75
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Consultor Legislativo (Comunicações e Tecnologia da Informação)
Questão Dissertativa
Padrão de resposta (Questão dissertativa) O candidatoi deve descrever as competências previstas no art. 18 da LGT de atribuição do Presidente
da República.
Expor a prerrogativa para impor às prestadoras no regime privado de disposições voltadas ao cumprimento da função social do serviço de interesse coletivo e para impor condicionamentos administrativos ao direito de exploração.
Fazer a exposição quanto às prerrogativas da ANATEL para modificar a destinação de radiofrequências ou faixas.
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Consultor Legislativo (Comunicações e Tecnologia da Informação)
Espelho de correção (Questão dissertativa)
Item Quesitos avaliados Valor
1
Descrição das competências previstas no art. 18 da LGT de atribuição do Presidente da República
(omissão da referência a instituir ou eliminar a prestação de modalidade de serviço no regime público, concomitantemente ou não com sua prestação no regime privado – redução de 0,25 pontos)
(omissão da referência para aprovar o PGO – redução de 0,25 pontos)
(omissão da referência para aprovar o PGMU – redução de 0,25 pontos)
(omissão da referência à competência do Poder Executivo para definir as políticas públicas para o setor redução de 0,50 pontos)
1,25
2
Exposição da prerrogativa para impor às prestadoras no regime privado de disposições voltadas ao cumprimento da função social do serviço de interesse coletivo e para impor condicionamentos administrativos ao direito de exploração
(omissão de referência ao cumprimento de da função social do serviço de interesse coletivo – redução de 0,50 pontos)
(omissão de referência à prerrogativa para impor condicionamentos administrativos ao direito de exploração – redução de 0,50 pontos)
1,0
3
Exposição quanto às prerrogativas da ANATEL para impor a utilização de produtos com tecnologia nacional
(ausência de referência à restrição constitucional a disposições mandatórias quanto ao tema – redução de 0,25 pontos)
(ausência de referência à inexistência de regra expressa na LGT que autorize a imposição da utilização de produtos com tecnologia nacional – redução de 0,25 pontos)
(ausência de referência ao papel indutor e não da imposição à contratação de tecnologia nacional – reduzir 0,25 pontos);
0,75
4
Exposição quanto às prerrogativas da ANATEL para modificar a destinação de radiofrequências ou faixas
(ausência de referência à necessidade de demonstração de razões de interesse público para as alterações – redução de 0,50 pontos)
(ausência de referência à possibilidade de invocar‐se o cumprimento de convenções ou tratados internacionais para modificar a destinação de radiofrequências ou faixas – redução de 0,25 pontos)
0,75
5
Exposição quanto às limitações impostas à ANATEL para modificar a destinação de radiofrequências ou faixas
(ausência de referência ao dever de respeitar os direitos dos ocupantes das faixas, bem como de terceiros prejudicados, como os usuários – redução de 0,50 pontos)
(ausência de referência ao dever de fixar prazo adequado e razoável para a efetivação da mudança – redução de 0,50 pontos)
(ausência de referência ao dever de arcar com os custos para o remanejamento dos atuais ocupantes da faixa – redução de 0,25 pontos)
1,25
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Defesa Nacional, Segurança Pública e Relações Internacionais
Parecer
Padrão de resposta (Parecer) 1. Aspectos Constitucionais
A Constituição Federal (CF) de 1988 organizou as diversas responsabilidades e atribuições inerentes à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais, da lei e da ordem, e à segurança pública.
• CAPÍTULO II - DAS FORÇAS ARMADAS Art. 142, as Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
• O CAPÍTULO III trata da Segurança Pública e o Art. 144 estabelece que a segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I - polícia federal; II - polícia rodoviária federal; III - polícia ferroviária federal; IV - polícias civis; V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
Conforme o Art. 8 da CF, é da competência do Presidente da República (PRESREP) emitir diretrizes para o emprego das Forças Armadas nos termos dos arts. 34 (Intervenção), 136 (Estado de Defesa) e 137 (Estado de Sítio) da CF, o Presidente da República editará diretrizes específicas.
• Art. 34. (INTERVENÇÃO) A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: ... III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública...
• Art. 136. (ESTADO DE DEFESA) O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.
• Art. 137.(ESTADO DE SÍTIO) O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio nos casos de: I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa;
O emprego das FA na garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem tem previsão constitucional, sendo, contudo, de natureza essencialmente emergencial e extraordinária.
2. Aspectos da legislação pertinente
A Lei Complementar (LC) 97/1999, alterada pelas LC 117/2004 e 136/2010 estabelecem importantes condicionantes para o emprego das FA na garantia da lei e da ordem.
Art. 15. O emprego das Forças Armadas na defesa da Pátria e na garantia dos poderes constitucionais, da lei e da ordem, e na participação em operações de paz, é de responsabilidade do Presidente da República, que determinará ao Ministro de Estado da Defesa a ativação de órgãos operacionais...
(...)
• Compete ao Presidente da República a decisão do emprego das FA, por iniciativa própria ou em atendimento a pedido manifestado por quaisquer dos poderes constitucionais. (Art. 15. § 1)
• A atuação das FA, na GLO, por iniciativa de quaisquer dos poderes constitucionais, ocorrerá de acordo com as diretrizes baixadas em ato do PRESREP, após esgotados os instrumentos
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destinados à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, relacionados no art. 144 da Constituição Federal (Art. 15 § 2o).
• Consideram-se esgotados os instrumentos relacionados no Art. 144 da CF quando, em determinado momento, forem eles formalmente reconhecidos pelo respectivo Chefe do Poder Executivo Federal ou Estadual como indisponíveis, inexistentes ou insuficientes ao desempenho regular de sua missão constitucional. (Art. 15 § 3o - LC 117/2004)
• Na hipótese de emprego nas condições estabelecidas em lei, após mensagem do PRESREP, serão ativados os órgãos operacionais das FA, que desenvolverão, de forma episódica, em área previamente estabelecida e por tempo limitado, as ações de caráter preventivo e repressivo necessárias para assegurar o resultado das operações na garantia da lei e da ordem. (Art. 15 § 4o - LC 117/2004)
• Determinado o emprego das FA na GLO, caberá à autoridade competente, mediante ato formal, transferir o controle operacional dos órgãos de segurança pública necessários ao desenvolvimento das ações para a autoridade encarregada das operações, a qual deverá constituir um centro de coordenação de operações, composto por representantes dos órgãos públicos sob seu controle operacional ou com interesses afins. (Art. 15 § 5o - LC 117/2004)
• Considera-se controle operacional, para fins de aplicação desta Lei Complementar, o poder conferido à autoridade encarregada das operações, para atribuir e coordenar missões ou tarefas específicas a serem desempenhadas por efetivos dos órgãos de segurança pública, obedecidas as suas competências constitucionais ou legais. (Art. 15 § 6o - LC 117/2004)
A segurança jurídica à participação dos militares nesse tipo de atividade foi dada pela alteração introduzida na LC 97/1999 pela LC 136/2010, no Art. 15 § 7o:
• A atuação do militar nos casos previstos na LC 97/1999 (arts. 13, 14, 15, 16-A, nos incisos IV e V do art. 17, no inciso III do art. 17-A, nos incisos VI e VII do art. 18), nas atividades de defesa civil a que se refere o art. 16 e no inciso XIV do art. 23 da Lei no 4.737, de 15JUL1965 (Código Eleitoral), é considerada atividade militar para os fins do art. 124 da CF. (Art. 15 § 7o Redação dada pela LC 136/2010).
A LC 97/1999 também formalizou para as FA atribuições de caráter subsidiário relacionadas com a segurança pública.
• Cabe às FA, também como atribuições subsidiárias, preservadas as competências exclusivas das polícias judiciárias, atuar, por meio de ações preventivas e repressivas, na faixa de fronteira terrestre, no mar e nas águas interiores, independentemente da posse, da propriedade, da finalidade ou de qualquer gravame que sobre ela recaia, contra delitos transfronteiriços e ambientais, isoladamente ou em coordenação com outros órgãos do Poder Executivo, executando, dentre outras, as ações de: (Art. 16-A - Incluído pela LC 136/2010).
• I – patrulhamento; II - revista de pessoas, de veículos terrestres, de embarcações e de aeronaves; e III - prisões em flagrante delito.
• Parágrafo único. As Forças Armadas, ao zelar pela segurança pessoal das autoridades nacionais e estrangeiras em missões oficiais, isoladamente ou em coordenação com outros órgãos do Poder Executivo, poderão exercer as ações previstas nos incisos II e III deste artigo. (LC 136/2010).
Essas atribuições envolvem a fiscalização de cumprimento de leis e regulamentos e a cooperação com órgãos federais na repressão aos delitos de repercussão nacional ou internacional, na forma de apoio logístico, de inteligência, de comunicações e de instrução.
Art. 17. Cabe à Marinha, como atribuições subsidiárias particulares:
• IV - implementar e fiscalizar o cumprimento de leis e regulamentos, no mar e nas águas interiores, em coordenação com outros órgãos do Poder Executivo, federal ou estadual, quando se fizer necessária, em razão de competências específicas.
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• V – cooperar com os órgãos federais, quando se fizer necessário, na repressão aos delitos de
repercussão nacional ou internacional, quanto ao uso do mar, águas interiores e de áreas portuárias, na forma de apoio logístico, de inteligência, de comunicações e de instrução. (Incluído pela LC nº 117, de 2004)
• Art. 17A. Cabe ao Exército, além de outras ações pertinentes, como atribuições subsidiárias particulares: (Incluído pela LC nº 117, de 2004)
• III – cooperar com órgãos federais, quando se fizer necessário, na repressão aos delitos de repercussão nacional e internacional, no território nacional, na forma de apoio logístico, de inteligência, de comunicações e de instrução; (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004)
• Art. 18. Cabe à Aeronáutica, como atribuições subsidiárias particulares:
• VI – cooperar com os órgãos federais, quando se fizer necessário, na repressão aos delitos de repercussão nacional e internacional, quanto ao uso do espaço aéreo e de áreas aeroportuárias, na forma de apoio logístico, de inteligência, de comunicações e de instrução; (Incluído pela LC nº 117, de 2004)
• VII - preservadas as competências exclusivas das polícias judiciárias, atuar, de maneira contínua e permanente, por meio das ações de controle do espaço aéreo brasileiro, contra todos os tipos de tráfego aéreo ilícito, com ênfase nos envolvidos no tráfico de drogas, armas, munições e passageiros ilegais, agindo em operação combinada com organismos de fiscalização competentes, aos quais caberá a tarefa de agir após a aterragem das aeronaves envolvidas em tráfego aéreo ilícito, podendo, na ausência destes, revistar pessoas, veículos terrestres, embarcações e aeronaves, bem como efetuar prisões em flagrante delito. (Redação dada pela LC nº 136, de 2010).
3. Controvérsias e riscos
• A atuação das FA em GLO é tema polêmico e se insere na temática das relações civis-militares. Até que ponto interessa à sociedade que as FA desempenhem funções que são de responsabilidade de outras instituições do Estado, como é o caso da segurança pública? Porque não investir adequadamente na melhor capacitação das polícias e órgãos destinados à atividade? Até que ponto esse tipo de atividade constitui um subemprego das FA e um desvio de sua atividade-fim?
• O preparo das FA - Marinha, Exército e Aeronáutica – em geral se difere do preparo das instituições responsáveis pela segurança pública, como as polícias. As FA, por terem como atribuição precípua a defesa da Pátria contra ameaças externas, têm a doutrina, o material e o treinamento voltado em boa medida para a neutralização ou destruição de eventuais inimigos. Por outro lado, as polícias estão voltadas à prevenção e à manutenção da ordem pública, com foco na proteção e incolumidade das pessoas.
• A atuação militar em meio a densas comunidades urbanas carentes traz desafios operacionais consideráveis. Sempre há a possibilidade de que eventos forjados exponham à opinião pública e à própria comunidade de forma negativa a atuação das FA. Há, ainda, o risco de que algum excesso ou mesmo falha praticada por militar que não tenha um preparo adequado se reflita negativamente na ação de todos.
• A exposição continuada de militares ao poder de corrupção do crime organizado é apontado como outro risco que deve ser considerado, pois a contaminação de uma FA por essa via teria consequências deletérias e perigosas. Daí a importância de que as eventuais atuações desse tipo sejam eventuais, em área delimitada e por curto espaço de tempo.
• Embora não constituam visão predominante, há debates sobre a constitucionalidade dos marcos legais de atuação das FA em atividades de GLO relacionadas à segurança pública, notadamente a LC 97/1999. Críticos contestam o poder de a LC de criar “atribuições” não claramente explicitadas no texto constitucional. Para dirimir esse tipo de dúvida, chegou a ser preparada uma proposta de emenda, que pela baixa prioridade da discussão, não prosperou até o momento.
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4. Conclusão sobre possibilidades e limitações desse tipo de emprego
Consistência da conclusão em função da argumentação do parecer elaborado.
É possível o emprego das FA na garantia da lei e da ordem, nas situações emergenciais previstas na CF.
A atuação das FA somente deve ocorrer em situações excepcionais, episódicas, de curta duração e mediante determinação específica do Presidente da República.
O crime organizado é assunto de Segurança Pública, sendo previsto às FA prestar apoio de logística, de inteligência e de comunicações aos órgãos competentes, cuidando para que esse apoio se dê estritamente dentro dos marcos legais estabelecidos.
Qualquer ação que viole os preceitos estabelecidos em lei não terá a necessária segurança jurídica e será passível de contestações judiciais de toda a ordem.
O emprego da FA nessa atividade deve ser criteriosamente avaliado em função dos riscos apontados.
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Defesa Nacional, Segurança Pública e Relações Internacionais
Espelho de correção (Parecer)
Item Quesitos avaliados Valor
1 Aspectos Constitucionais 1,50
2 Aspectos da legislação pertinente 1,50
3 Controvérsias e riscos 1,0
4 Conclusão sobre possibilidades e limitações desse tipo de emprego 1,0
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Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Defesa Nacional, Segurança Pública e Relações Internacionais
Questão Dissertativa
Padrão de resposta (Questão dissertativa) Aspectos de ciência, tecnológicos e inovação de interesse da defesa.
A PDN preconiza o reaparelhamento progressivo das nossas Forças Armadas, com ênfase no desenvolvimento da indústria de defesa, visando à redução da dependência tecnológica e à superação das restrições unilaterais de acesso a tecnologias sensíveis. O fortalecimento da capacitação do País no campo da defesa é essencial e deve ser obtido com o envolvimento permanente dos setores governamental, industrial e acadêmico, voltados à produção científica e tecnológica e para a inovação. O desenvolvimento da indústria de defesa, incluindo o domínio de tecnologias de uso dual, é fundamental para alcançar o abastecimento seguro e previsível de materiais e serviços de defesa.
As tecnologias associadas a produtos de defesa são de ponta e contribuem para alavancar o patamar tecnológico nacional pelo efeito de arrasto. Em países ditos desenvolvidos, muitas inovações tecnológicas bem-sucedidas comercialmente tiveram origem em pesquisas associadas ao setor de defesa, podendo-se citar como exemplo o “radar”, a “energia nuclear” e a “internet”.
Segundo a Estratégia Nacional de Defesa - END (Dec. n° 6703/2008) – forte é o projeto de desenvolvimento que busque a independência nacional a ser alcançada, entre outros meios, pela capacitação tecnológica autônoma, inclusive nos estratégicos setores espacial, cibernético e nuclear.
Esses setores são de fundamental importância para o desenvolvimento, pois estão relacionados aos setores de comunicações, informações e de energia, entre outros.
Cita o documento: “Não é independente quem não tem o domínio das tecnologias sensíveis, tanto para a defesa como para o desenvolvimento”.
O domínio das tecnologias associadas aos bens sensíveis e serviços diretamente vinculados é fundamental para a autonomia operacional das Forças Armadas, na medida em que se reduz a dependência tecnológica externa.
Aspectos econômicos, relacionados ao mercado e à indústria de defesa
A economia no século XXI é cada vez mais intensiva em conhecimento científico e tecnológico e a qualidade da inserção do país no mercado globalizado é, em boa medida, função de seu potencial de gerar inovações e tornar-se mais competitivo.
Os produtos de defesa são de alto conteúdo tecnológico e elevado valor agregado, remandando ume infraestrutura de CT&I e industrial que contribuem para alavancar o setor industrial nacional.
O desenvolvimento e fortalecimento de uma base industrial de defesa, incluindo institutos civis e militares de CT&I, tem potencial de causar o efeito de arrasto tecnológico, abre perspectivas de produzir inovações e, consequentemente, gerar empregos e renda, criando demandas internas de mão-de-obra especializada.
Ademais, possibilita uma melhor inserção do país no complexo mercado internacional de produtos de defesa, que são de alto valor agregado, principalmente se considerarmos a perspectiva de integração regional.
As chamadas “tecnologias duais”, de aplicação militar e civil (ou vice-versa), abrem perspectivas para a viabilidade de projetos de defesa que desenvolvam esse tipo de tecnologia, pois podem ser exploradas comercialmente fora do mercado estritamente de defesa.
Segundo a END, “Projeto forte de defesa favorece projeto forte de desenvolvimento. Forte é o projeto de desenvolvimento que, sejam quais forem suas demais orientações, se guie pelos seguintes princípios: a) Independência nacional, efetivada pela mobilização de recursos físicos, econômicos e humanos, para o investimento no potencial produtivo do País. Aproveitar a poupança estrangeira, sem dela depender; b) Independência nacional, alcançada pela capacitação tecnológica autônoma, inclusive nos
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Defesa Nacional, Segurança Pública e Relações Internacionais
estratégicos setores espacial, cibernético e nuclear. Não é independente quem não tem o domínio das tecnologias sensíveis, tanto para a defesa como para o desenvolvimento .
Aspectos de relações internacionais
A PDN preconiza que a integração regional da indústria de defesa, a exemplo do Mercosul, deve ser objeto de medidas que propiciem o desenvolvimento mútuo, a ampliação dos mercados e a obtenção de autonomia estratégica.
A END ressalta a importância do fortalecimento da indústria de defesa como instrumento que cria oportunidades para a integração sul-americana. Essa integração não somente contribuirá para a defesa do Brasil, afastando o espectro de conflitos nessa região. Com todos os países avança-se rumo à construção da unidade sul-americana. Cumpre destacar a criação do Conselho de Defesa Sul-Americano, que serve de mecanismo consultivo que permitirá prevenir conflitos e fomentar a cooperação militar regional e a integração das bases industriais de defesa, sem que dele participe país alheio à região.
Aspectos estratégicos de Defesa Nacional
Pelo avanço científico-tecnológico em setores estratégicos, como o cibernético, nuclear e espacial, o Brasil terá maior autonomia em termos de defesa e dependerá menos de fornecimento externo, condição essencial para a defesa nacional.
O aumento da capacitação científico-tecnológica nacional associado ao desenvolvimento de uma base industrial de defesa no país, habilitando-o a produzir seus próprios sistemas de defesa, entre eles plataformas como submarinos e aviões, muito contribuirá para o aumento do poder dissuasório nacional.
Do ponto de vista da Mobilização Nacional, para casos de crises ou conflitos, é de grande importância a existência de uma capacitação tecnológica autóctone e de uma base industrial de defesa. Isso porque, nesses casos, poderão aumentar as barreiras de acesso produtos de defesa e seus componentes que são importados.
Pelas dimensões do país, desenvolver as capacidades de monitorar e controlar o espaço aéreo, o território e as águas jurisdicionais brasileiras será fundamental. Tal desenvolvimento deve-se dar a partir da utilização de tecnologias de monitoramento terrestre, marítimo, aéreo e espacial que estejam sob inteiro e incondicional domínio nacional.
A dependência tecnológica do exterior é fator de vulnerabilidade para o país.
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Defesa Nacional, Segurança Pública e Relações Internacionais
Espelho de correção (Questão dissertativa)
Item Quesitos avaliados Valor
1 Aspectos de ciência, tecnológicos e inovação de interesse da defesa. 1,25
2 Aspectos econômicos, relacionados ao mercado e à indústria de defesa 1,25
3 Aspectos de relações internacionais 1,25
4 Aspectos estratégicos de Defesa Nacional 1,25
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Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Desporto e Cultura
Parecer
Padrão de resposta (Parecer) Embora o projeto esteja sendo discutido nas comissões do Senado agora, faz parte de um dos
pontos mais polêmicos desde quando a Fifa apresentou as exigências para a realização do Mundial de 2014 no Brasil. Portanto, espera-se que o candidato demonstre conhecimento dos aspectos que estão sendo abordados para que possa contribuir para o parecer de um senador da República sobre sua posição contrária à liberação de bebidas alcoólicas nos estádios. Que ele fundamente seus argumentos no fato de preservar o Estatuto do Torcedor, que aponta um avanço do esporte brasileiro no respeito às condições de segurança para o torcedor nas praças esportivas. Que busque também no aspecto de promoção da saúde, uma vez que o País está empenhado na redução do consumo de bebidas alcoólicas. Que o candidato saiba extrair dos dados da pesquisa realizada pelo DataSenado argumentos decisivos de convencimento do ponto de vista do senador. Que ele demonstre coerência na articulação de todos esses argumentos, oferecendo referencial bem fundamentado para que seja bem entendida a posição do senador.
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Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Desporto e Cultura
Espelho de correção (Parecer)
Item Quesitos avaliados Valor
1 A liberação contraria a política de saúde do País que visa a redução do consumo de bebida alcoólica;
1,50
2 Fere o Estatuto do Torcedor, que depois de implantado, conseguiu reduzir ocorrências de violências nos estádios envolvendo torcedores alcoolizados;
1,50
3 A decisão da Câmara de deixar a negociação da liberação da venda de bebida alcoólica para ser realizada entre a FIFA e os Estados pode gerar a quebra da unidade federativa;
1,50
4
Os dados da pesquisa realizada pelo DataSenado indicam um posicionamento contrário da maioria da população brasileira e, na condição de representante dos desejos dos cidadãos, o Senador tem mais um motivo para se posicionar contra.
0,50
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Desporto e Cultura
Questão Dissertativa
Padrão de resposta (Questão dissertativa) A primeira exigência é a de que o candidato demonstre capacidade de interpretação dos dados do
gráfico, retirando dali argumentações que contribuam para a defesa do Brasil como sede e as garantias que vê com os dados de que estará assegurado o retorno do investimento público no evento. No que se refere à Copa do Mundo de 2014, um dos pontos mais discutidos pela sociedade e pela mídia se refere ao legado que um megaevento esportivo gera para um País, desde que o mesmo saiba aproveitar-se da oportunidade e explore corretamente tudo aquilo que uma competição desta dimensão e visibilidade oferecem. Portanto, também se espera que o candidato saiba conceituar “legado”, a partir de autores como GURGEL, Anderson, que tem seus estudos sobre o tema bem atuais, sob diversos ângulos e que se tornaram uma boa referência de análise, bem como o próprio texto “Brasil Sustentável: impactos socioeconômicos da Copa de 21014”, disponibilizado na web, fruto de um estudo realizado pela Ernst & Young e Fundação Getúlio Vargas, que aborda diversos aspectos sobre os legados que se espera do Mundial no Brasil.
A partir do entendimento da dimensão do legado deixado por uma competição como essa, espera-se que o candidato consiga elencar aspectos que fortaleçam a argumentação em defesa da realização do evento e a certeza de que os investimentos públicos na organização não são em vão. No campo esportivo, com o que ficará de adequação dos estádios, dos meios de transporte, ocupação urbana e visibilidade do país no campo da gestão de eventos e do esporte. Reafirmação do Brasil no cenário de grande nação e despertar na população ainda mais o espírito de patriotismo. Sob o aspecto cultural, que o candidato identifique aspectos de um legado que se caracteriza pela imaterialidade como a ampliação da imagem do Brasil no cenário internacional, proporcionando investimentos de diversas ordens no País; a possibilidade de difusão da cultura brasileira e sua diversidade para outros povos; os investimentos que serão deixados pela Copa nos equipamentos culturais, uma vez que os turistas que se deslocam para a Copa do Mundo também buscam no evento aspectos culturais.
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Desporto e Cultura
Espelho de correção (Questão dissertativa)
Item Quesitos avaliados Valor
1
Análise dos aspectos do gráfico
Receita: o evento vai gerar impactos diretos, indiretos e induzidos que afetarão a produção nacional, o consumo, a arrecadação, o emprego e a renda. Desenvolvimento econômico regional. (0,6)
Legado: promoção de ações de infraestrutura , renovação dos aparelhos urbanos, construção e recuperação de hotéis, estádios e arenas esportivas, telecomunicações, investimento em rodovias, portos e aeroportos; mobilidade urbana e acessibilidade. (0,6)
Social: aumento de oportunidades de trabalho, capacitação, investimento em segurança pública, maior envolvimento social, promoção do bem-estar para a população brasileira. (0,6)
Intangível: promoção da auto-estima da população, resgate da identidade nacional, espaço para a promoção e difusão de culturas regionais em um País marcado por suas características multiculturais. (0,6)
Imagem: o evento bem-sucedido fortalece a imagem internacional do País. Uma boa imagem contribui para a atividade turística, credibilidade e, consequentemente, futuros investimentos. (0,6)
3,00
2
Legado Esportivo
A demonstração da capacidade do País em organizar um evento esportivo da dimensão e projeção que uma Copa do Mundo proporciona e, portanto, qualifica o Brasil como potencial promotor de outros eventos esportivos ou de outras áreas. (0,2)
Os estádios reformados ou construídos dentro de padrões e exigências de sustentabilidade além da flexibilidade de uso, oferecem aos atletas e torcedores conforto e segurança. (0,2)
Reforço da imagem do País como vocacionado para a prática do futebol. (0,2)
Contribuir para o propósito do Ministério dos Esportes de tornar o Brasil uma referência como potência esportiva. (0,2)
Desenvolvimento do patriotismo por meio do esporte e estímulo à prática esportiva no País. (0,2)
1,0
3
Legado Cultural
Contribuir para o propósito do governo brasileiro de tornar o País um destino turístico promovendo a imagem do Brasil. (0,2)
Aproveitar o evento esportivo para expor ao mundo aspectos da diversidade cultural e artística brasileira gerando novas possibilidades de atração turística. (0,2)
Capacitação de recursos humanos e desenvolvimento da auto-estima da população. (0,2)
Melhoria da imagem do País transmitida ao mundo de grandes centros urbanos com menos violência. (0,2)
Investimento em infraestrutura e revitalização de espaços culturais. (0,2)
1,0
Senado Federal – Concurso Público 2011
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Direito Civil, Processual Civil e Agrário
Parecer
Padrão de resposta (Parecer) O Perecer deve permear as esferas material e processual do Direito Civil e o Direito Agrário. Deve
constar a análise do elemento decadência, já que o PL sugere seja reeditado a qualquer tempo do decreto declaratório de interesse social para fins de reforma agrária, quando houver ação contra o decreto e diante da impossibilidade de o expropriante propor ação de desapropriação. Sob a ótica processual, deve analisar os requisitos específicos da petição inicial, apontando sua plausibilidade e coerência, já que o não atendimento importará na inépcia da inicial. Deve mencionar a natureza jurídica do elemento “terra” e a definição proposta no PL. A proposta legislativa inclui uma redução considerável do valor que possa ser levantado da indenização deposita em juízo pelo expropriando, de oitenta para apenas vinte por cento. Trata-se de uma redução abrupta e merece a devida apreciação acerca do seu cabimento e razoabilidade. A alteração proposta no parágrafo único do art. 10 e art. 14 propõe um enfrentamento entre os pagamentos de débitos das Fazendas Públicas à luz do art. 100 da Constituição Federal e o pagamento em dinheiro para as benfeitorias. Por fim, o Parecer deve abordar a fixação no teto máximo de 10% (dez por cento) para os honorários de advogado, confrontando com o previsto na legislação processual em vigência.
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
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Direito Civil, Processual Civil e Agrário
Espelho de correção (Parecer)
Item Quesitos avaliados Valor
1 Análise do aspecto decadência para reedição a qualquer tempo do decreto declaratório de interesse social para fins de reforma agrária.
1,0
2 Exame de pertinência e aplicabilidade dos requisitos específicos da petição inicial, referidos no art. 5°, inciso IV, letra “a”.
1,0
3 Apontamento da natureza jurídica da “terra” e seus elementos constituintes a partir do PL 1,0
4
Ponderação acerca da considerável redução de quantia a ser levantado da indenização deposita em juízo pelo expropriando (de oitenta para vinte por cento) e da fixação no teto máximo de 10% (dez por cento) para os honorários de advogado,
1,0
5 Enfrentamento entre os pagamentos de débitos das Fazendas Públicas à luz do art. 100 da Constituição Federal e o pagamento em dinheiro para as benfeitorias.
1,0
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
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Direito Civil, Processual Civil e Agrário
Questão Dissertativa
Padrão de resposta (Questão dissertativa) A questão proposta busca que o(a) candidato(a) identifique que se trata da hipótese de terra
devoluta, o enquadramento jurídico de Diógenes e sua família quando da pretensão de obter o espaço de direito, já que o possui de fato, a viabilidade de obtenção de crédito rural para o desenvolvimento do trabalho agrícola e a possibilidade de alienação da terra.
a) Deve haver a identificação de que os trabalhadores ocupam as denominadas “terras devolutas”. Trata-se de ocupação de terras rurais uma vez que se caracteriza a hipótese de prédio rústico, de área contínua, destinada a atividade agrícola, atendendo aos elementos constituidores do imóvel rural (art. 4º, I, do Estatuto da Terra). Cuida-se de ocupação familiar, por posseiros de fato, nos termos do art. 4º, II, do Estatuto da Terra, uma vez que explorado pelo agricultor e sua família, absorvendo toda força de trabalho dos coabitantes na atividade agrícola, garantindo-lhes a subsistência. Em relação ao perfil histórico da aquisição do espaço pretendido, por se tratar de terras devolutas, terras públicas por essência (art. 9º, III, do Estatuto da Terra), não mais se sujeitam à usucapião, restando a aquisição por meio de legitimação de posse, existente desde a Lei das Terras de 1850. A usucapião de terras públicas foi prevista somente no século XX, quando o legislador constituinte (repetido pelo de 1937), admitiu que as terras devolutas fossem objeto de usucapião, ao dispor que “Todo brasileiro que, não sendo proprietário rural ou urbano, ocupar, por dez anos contínuos, sem oposição nem reconhecimento de domínio alheio, um trecho de terra até dez hectares, tornando-o produtivo com o seu trabalho e tendo nele a sua morada, adquirirá o domínio, mediante sentença declaratória devidamente transcrita” (arts. 125 e 148, respectivamente). A partir da Carta de 1967 pôs-se fim à usucapião pro deserto ou constitucional, de terras públicas. Antes, porém, 1963, o STF já havia fixado entendimento de que os bens dominicais e demais bens públicos, não mais poderiam ser objeto de usucapião desde a vigência do Código Civil (Súmula 340). Em 1981, com o advento da Lei n. 6.969, as terras devolutas, de modo expresso, puderam ser usucapidas na modalidade especial (“Art. 2º - A usucapião especial, a que se refere esta Lei, abrange as terras particulares e as terras devolutas, em geral, sem prejuízo de outros direitos conferidos ao posseiro, pelo Estatuto da Terra ou pelas leis que dispõem sobre processo discriminatório de terras devolutas”.), cujo reconhecimento poderia se dar administrativamente “com a conseqüente expedição do título definitivo de domínio, para transcrição no Registro de Imóveis” (§ 2º, do art. 4º). A isso se denominou usucapião administrativo, cabível, desde que a terra devoluta fosse destinada à exploração rural, reconhecendo a posse de ocupantes, o INCRA emitia o título de domínio, para transcrição junto ao RGI. A usucapião administrativa de terras devolutas não mais é admitida por força do parágrafo único do art. 191 da Constituição vigente.
b) Deve-se identificar a impossibilidade atual de obtenção dessas terras públicas por meio de usucapião de acordo com a legislação vigente (art. 191, parágrafo único, da Constituição Federal: “Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião”). Atualmente, as terras devolutas, enquanto um dos vieses das terras públicas, não se sujeitam ao direito de aquisição pelo decurso do tempo, ou seja, não pode ser reivindicada a propriedade dessas na modalidade de aquisição originária, por força do parágrafo único do art. 191. No caso proposto no enunciado, entretanto, poderá Diógenes pleitear sua aquisição por meio da legitimação da posse e preferência para aquisição, na forma do art. 29 a 31 da Lei n. 6.383/76, uma vez comprovada a situação de Diógenes, tal como descritivos apontados no enunciado, que são a morada habitual, ter tornado a terra produtiva com o seu próprio trabalho e de sua família, não possuir outro imóvel, estar na terra há mais de um ano. (Lei n. 6.383/76: “Art. 29 - O ocupante de terras públicas, que as tenha tornado produtivas com o seu trabalho e o de sua família, fará jus à legitimação da posse de área contínua até 100 (cem) hectares, desde que preencha os seguintes requisitos: I - não seja
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Direito Civil, Processual Civil e Agrário
proprietário de imóvel rural; II - comprove a morada permanente e cultura efetiva, pelo prazo mínimo de 1 (um) ano”). Tal modalidade de aquisição encontra amparo constitucional que prevê, em seu art. 188, a possibilidade de alienação e concessão de terras públicas. Deve-se ainda atentar para a o procedimento para legitimar a posse, respeitando-se a regularização da ocupação da terra se dará por meio de Licença de Ocupação, pelo prazo mínimo de mais de quatro anos, após o qual poderá o ocupante obter preferência para aquisição do lote pelo valor mínimo estabelecido na planilha referencial de preços, atualizada periodicamente pelo INCRA, e utilizado o critério como a ancianidade da ocupação, diversificações da região da ocupação e a dimensão da área, tudo nos termos do § 1o do art. 29 da Lei n. 6.383/76, com redação dada pela Medida Provisória n. 458, de 2009.
c) Diógenes poderá pleitear a concessão de crédito rural para desenvolvimento da terra ocupada. Uma vez portando a Licença de Ocupação, terá acesso ao financiamento pretendido junto ao Sistema Nacional de Crédito Rural, que será garantido pelo INCRA, na forma do art. 30 e seus parágrafos, da Lei n. 6.383/76. Quanto ao interesse do trabalhador agrícola em alienar a terra, ressaltar que durante o período de concessão da Licença de Ocupação, por ainda não ter se consolidado o domínio na pessoa do possuidor, o lote não poderá ser negociado e nem transferido – “art. 29 (...) § 3º - A Licença de Ocupação será intransferível inter vivos e inegociável, não podendo ser objeto de penhora e arresto”.
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Direito Civil, Processual Civil e Agrário
Espelho de correção (Questão dissertativa)
Item Quesitos avaliados Valor
1
Identificação da qualidade do espaço ocupado por Diógenes e sua família como “terra devoluta” e qualificá-la. Explicar que se trata de posse de fato de terra rural caracterizada como ocupação familiar uma vez que explorada pelo agricultor e sua família, e que o trabalho lhe absorvem toda força e os frutos lhe garantem a subsistência.
0,50
2
Vedação à aquisição de terras devolutas por meio de usucapião por expressa determinação constitucional (parágrafo único do art. 191). Traçado histórico apontando o nascedouro e terminação da usucapião de terras devolutas. Possibilidade de aquisição da por meio de legitimação de posse, existente desde a Lei das Terras de 1850. Usucapião de terras públicas na Constituição de 1934; Súmula 340; Lei n. 6.969/81; usucapião administrativo, a competência do INCRA e o título de domínio, para transcrição junto ao RGI. Impossibilidade atual de usucapião administrativa de terras devolutas por força do parágrafo único do art. 191 da Constituição vigente.
2,0
3
Possibilidade de o possuidor de fato, na condição de ocupação primária, valha-se da aquisição da terra por meio da legitimação da posse e preferência para aquisição, na forma do art. 29 a 31 da Lei n. 6.383/76, uma vez comprovada a situação de Diógenes, tal como descritivos apontados no enunciado, que são a morada habitual, ter tornado a terra produtiva com o seu próprio trabalho e de sua família, não possuir outro imóvel, estar na terra há mais de um ano e respeitado o limite territorial imposto por lei.
1,0
4 Indicação do procedimento para legitimar a posse, por meio de Licença de Ocupação, pelo prazo mínimo de mais de quatro anos, após o qual poderá o ocupante obter preferência para aquisição do lote, descrevendo as condições legais.
0,50
5
Possibilidade de concessão de crédito rural para desenvolvimento da terra ocupada, desde que obtida a Licença de Ocupação, e requisitos para concessão do financiamento previstos na Lei n. 6.383/76, e de alienação somente após transcorrido o período de concessão da Licença de Ocupação, em razão de não ser ter ainda consolidado o domínio.
1,0
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Direito Constitucional, Administrativo, Eleitoral e Processo Legislativo
Parecer
Padrão de resposta (Parecer)
O candidato deverá observar, ao analisar a aplicação do art. 2º, da Constituição da República de 1988, que a teoria rígida da separação dos poderes fora concebida para modelo de Estado que não mais se ajusta à atual realidade econômica, social, política e jurídica, razão por que as agências, como novos núcleos da administração, “significam uma opção de organização estatal para minorar problemas e dificuldades geradas pela ampliação da complexidade social e transformação das funções reservadas ao Estado” (Marçal Justen Filho. O Direito das agências reguladoras independentes. São Paulo: Dialética, 2002, p. 353).
Além disso, ao considerar a eventual violação aos arts. 21, XI, e 48, XII, da Constituição da República, cumprirá destacar que a regulação deve ser realizada como atividade administrativa de intervenção no domínio econômico, o que por si não configura “usurpação de atividade legislativa” (Marcos Juruena Villela Souto. “Extensão do poder normativo das agência reguladoras”. In O poder normativo das agências reguladoras. Alexandre Santos Aragão (coord.). Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 126). O princípio da legalidade, sem que haja compromisso com posição doutrinária favorável à transferência de competências legislativas ao administrador, pode ser interpretado de forma harmônica com o poder normativo das agências para que seja‐lhes reconhecida a possibilidade de complementar espaços não jungidos à disciplina legal, tendo‐se em vista que o “sentido moderno da legalidade vê na lei não tanto uma condição e um limite, mas, basicamente um instrumento de exercício da atividade administrativa” (Tércio Sampaio Ferraz Júnior. “O poder normativo das agência reguladoras à luz do princípio da eficiência”. In O poder normativo das agências reguladoras. Alexandre Santos Aragão (coord.). Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 283)
Portanto, para coadunar o parecer com o posicionamento adotado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento da ADI 1668‐DF (Rel. Min. Marco Aurélio, DJ 16.04.2004), candidato deverá assinalar que a constitucionalidade do projeto de lei está atrelada à modificação de redação ou à enunciação, no corpo do projeto de lei, de que a competência da agência “para expedir normas subordina‐se aos preceitos legais e regulamentares que regem a outorga, prestação e fruição dos serviços de telecomunicações no regime público e no regime privado”.
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Direito Constitucional, Administrativo, Eleitoral e Processo Legislativo
Espelho de correção (Parecer)
Item Quesitos avaliados Valor
1 Ao analisar a aplicação do art. 2º, da Constituição da República de 1988, observar que a teoria rígida da separação dos poderes fora concebida para modelo de Estado que não mais se ajusta à atual realidade econômica, social, política e jurídica
2,0
2
Ao considerar a eventual violação aos arts. 21, XI, e 48, XII, da Constituição da República, cumprirá destacar que a regulação deve ser realizada como atividade administrativa de intervenção no domínio econômico, o que por si não configura “usurpação de atividade legislativa”
2,0
3 Assinalar que a constitucionalidade do projeto de lei está atrelada à modificação de redação ou à enunciação, no corpo do projeto de lei, de que a competência da agência
1,0
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Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Direito Constitucional, Administrativo, Eleitoral e Processo Legislativo
Questão Dissertativa
Padrão de resposta (Questão dissertativa)
O candidato deverá apresentar o conceito de cláusula pétrea como limite material ao conteúdo da reforma constitucional, destacando que, sua existência pode ser expressa ou extraída implicitamente da Constituição (cf. Nélson de Souza Sampaio. O Poder de reforma constitucional. 3. ed. atualizada por Uadi Lamêgo Bulos. Belo Horizonte: Nova Alvorada, 1995).
A explanação das cláusulas pétreas deve esclarecer as distinções entre o poder constituinte originário e o poder constituinte derivado, destacando que elas são concebidas como forma de preservação reforçada de valores considerados mais importantes pelo constituinte originário. Nesse sentido, o candidato deverá esclarecer se as cláusulas pétreas também podem ser objeto de reforma constitucional, ainda que cogitada a dupla revisão (cf. Manoel Gonçalves Ferreira Filho. O Poder constituinte. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 1999, p. 179, 182. José Afonso da Silva. Poder constituinte e poder popular (estudos sobre a Constituição). São Paulo: Malheiros, 2000, p. 246).
Ao destacar o significado das cláusulas pétreas para o exercício do poder constituinte derivado, o candidato deverá indicar a possibilidade de conflito entre as escolhas feitas pelo constituinte originário e a deliberação democrática superveniente (Maurício Antonio Ribeiro Lopes. Poder constituinte reformador: limites e possibilidades da revisão constitucional brasileira. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1993, p. 148), com ênfase na possibilidade de modificação das opções feitas pela soberania popular, na preservação dos direitos fundamentais e no argumento contramajoritário (Jon Elster. Ulysses unbound: studies in rationality, precommitment, and constraints. Cambridge: Cambridge: University Press, 2000). O exame das possibilidades contrapostas do significado das cláusulas pétreas deverá ser destacado no exercício do controle de constitucionalidade, indicando se a aferição da comptabilidade de uma emenda à constituição deve adotar uma posição restritiva ou reforçar os valores adotados pelo constituinte originário (cf. Bruce Ackerman. We the People. Vol. I. Foundations. Cambridge: Cambridge University Press, 1999, p. 139).
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Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Direito Constitucional, Administrativo, Eleitoral e Processo Legislativo
Espelho de correção (Questão dissertativa)
Item Quesitos avaliados Valor
1 Apresentar o conceito de cláusula pétrea como limite material ao conteúdo da reforma constitucional, destacando que, sua existência pode ser expressa ou extraída implicitamente da Constituição
1,50
2
A explanação das cláusulas pétreas deve esclarecer as distinções entre o poder constituinte originário e o poder constituinte derivado, destacando que elas são concebidas como forma de preservação reforçada de valores considerados mais importantes pelo constituinte originário
1,00
3 Ao destacar o significado das cláusulas pétreas para o exercício do poder constituinte derivado, o candidato deverá indicar a possibilidade de conflito entre as escolhas feitas pelo constituinte originário e a deliberação democrática superveniente
1,00
4
O exame das possibilidades contrapostas do significado das cláusulas pétreas deverá ser destacado no exercício do controle de constitucionalidade, indicando se a aferição da comptabilidade de uma emenda à constituição deve adotar uma posição restritiva ou reforçar os valores adotados pelo constituinte originário
1,50
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Direito do Trabalho e Direito Previdenciário
Parecer
Padrão de resposta (Parecer) Espera-se que o candidato demonstre, em parecer, que o art.503, da CLT encontra-se revogado pelo
art.7º, VI, da CF, que veda a redução dos salários dos trabalhadores sem negociação das contrapartidas ou do prazo com o sindicato representativo da categoria e a necessidade de lei regulamentadora dos efeitos da força maior.
A hipótese atualmente se enquadra no art.7º, VI, CF, que condiciona eventual redução salarial a acordo ou convenção coletiva, sem especificação das hipóteses ensejadoras da redução e sem limitação de prazo, observado o máximo previsto em acordo ou convenção coletiva (até 2 anos).
Espera-se que o candidato identifique que a Lei nº 4.923/65, que limita o prazo da redução salarial, com redução proporcional de jornada a 3 (três) meses, é aplicável às hipóteses de conjuntura econômica e não de força maior e que o recurso ao Poder Judiciário, em caso de impossibilidade de negociação com a entidade sindical representativa dos trabalhadores, permitirá a continuidade da atividade, com preservação dos empregos.
Espera-se ainda do candidato que demonstre que a lei, dependente de regulamentação, prevê apenas a despedida, com pagamento de indenização por metade, e a conveniência do projeto de lei proposto.
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Direito do Trabalho e Direito Previdenciário
Espelho de correção (Parecer)
Item Quesitos avaliados Valor
1
Espera-se que o candidato demonstre, em parecer, que o art.503, da CLT encontra-se revogado pelo art.7º, VI, da CF, que veda a redução dos salários dos trabalhadores sem negociação das contrapartidas ou do prazo com o sindicato representativo da categoria e a necessidade de lei regulamentadora dos efeitos da força maior.
1,50
2
A hipótese atualmente se enquadra no art.7º, VI, CF, que condiciona eventual redução salarial a acordo ou convenção coletiva, sem especificação das hipóteses ensejadoras da redução e sem limitação de prazo, observado o máximo previsto em acordo ou convenção coletiva (até 2 anos).
1,50
3
Espera-se que o candidato identifique que a Lei nº 4.923/65, que limita o prazo da redução salarial, com redução proporcional de jornada a 3 (três) meses, é aplicável às hipóteses de conjuntura econômica e não de força maior e que o recurso ao Poder Judiciário, em caso de impossibilidade de negociação com a entidade sindical representativa dos trabalhadores, permitirá a continuidade da atividade, com preservação dos empregos.
2,00
4
Espera-se ainda do candidato que demonstre que a lei, dependente de regulamentação, prevê apenas a despedida, com pagamento de indenização por metade, e a conveniência do projeto de lei proposto.
0,50
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Direito do Trabalho e Direito Previdenciário
Questão Dissertativa
Padrão de resposta (Questão dissertativa) O entendimento jurisprudencial dominante no TST, já declarado pelo seu órgão pleno, é no sentido
de que o artigo 384 da CLT foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988 (Incidente de Inconstitucionalidade RR – 1540/2005-046-12-00 publicado no DJ de 13/02/2009), de modo que os empregadores devem conceder a pausa especial antes do início da sobre jornada das mulheres.
Em relação aos exames de HIV e drogas na admissão, entende-se que a prática é discriminatória. Em relação ao HIV, há Portaria do Executivo que disciplina a proibição (Portaria MTE n° 1.246/2010 – DOU de 31.05.2010); em relação às drogas, entende-se ser prática discriminatória vedada pela Lei 9.029/95.
A pretensão não pode ser atendida. Em razão de norma positiva, que não comporta exceção, o prazo máximo de experiência anterior exigível do candidato a emprego é de 6 meses. Neste sentido, a CLT, Art. 442-A. “Para fins de contratação, o empregador não exigirá do candidato a emprego comprovação de experiência prévia por tempo superior a 6 (seis) meses no mesmo tipo de atividade”.
Opções para minimizar os custos evitando a dispensa coletiva seriam: 1) suspensão do contrato de trabalho para treinamento (CLT, art. 476-A); 2) migração dos contratos de trabalho para tempo parcial (CLT, art. 58-A § 2º); 3) redução de salário (CF/88, art. 7º, VI); 4) Redução de 25% dos salários (Lei nº 4.923/65, Art. 2º). Em qualquer das hipóteses, deverá haver obrigatoriamente a participação do sindicato dos empregados na negociação, a ser efetuada através de acordo coletivo ou convenção coletiva.
A revista em bolsas, sacolas e carteiras tem sido tolerada pelo TST, desde que feita de forma discreta, porquanto não é considerada revista pessoal. Já a revista pessoal em sentido estrito, ou seja, a que envolve contato físico ou visual de parte do corpo do empregado, é proibida, aplicando-se o artigo 373-A, VI da CLT mediante interpretação extensiva (CF/88, art. 5º, I).
O empregador deverá manter o percentual mínimo de aprendizes, pois o trabalho perigoso é proibido apenas ao menor de 18 anos (CF/88, art. 7º, XXXIII). Ocorre que o aprendiz pode ser contratado entre 14 e 24 anos (CF, Art. 428), de modo que os aprendizes entre 18 e 24 anos podem ser contratados para a atividade em questão, possibilitando que a empresa cumpra o percentual fixado na norma cogente.
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Direito do Trabalho e Direito Previdenciário
Espelho de correção (Questão dissertativa)
Item Quesitos avaliados Valor
1
O entendimento jurisprudencial dominante no TST, já declarado pelo seu órgão pleno, é no sentido de que o artigo 384 da CLT foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988 (Incidente de Inconstitucionalidade RR – 1540/2005-046-12-00 publicado no DJ de 13/02/2009), de modo que os empregadores devem conceder a pausa especial antes do início da sobre jornada das mulheres.
1,00
2
Em relação aos exames de HIV e drogas na admissão, entende-se que a prática é discriminatória. Em relação ao HIV, há Portaria do Executivo que disciplina a proibição (Portaria MTE n° 1.246/2010 – DOU de 31.05.2010); em relação às drogas, entende-se ser prática discriminatória vedada pela Lei 9.029/95.
1,00
3
A pretensão não pode ser atendida. Em razão de norma positiva, que não comporta exceção, o prazo máximo de experiência anterior exigível do candidato a emprego é de 6 meses. Neste sentido, a CLT, Art. 442-A. “Para fins de contratação, o empregador não exigirá do candidato a emprego comprovação de experiência prévia por tempo superior a 6 (seis) meses no mesmo tipo de atividade”.
1,00
4
Opções para minimizar os custos evitando a dispensa coletiva seriam: 1) suspensão do contrato de trabalho para treinamento (CLT, art. 476-A); 2) migração dos contratos de trabalho para tempo parcial (CLT, art. 58-A § 2º); 3) redução de salário (CF/88, art. 7º, VI); 4) Redução de 25% dos salários (Lei nº 4.923/65, Art. 2º). Em qualquer das hipóteses, deverá haver obrigatoriamente a participação do sindicato dos empregados na negociação, a ser efetuada através de acordo coletivo ou convenção coletiva.
1,00
5
A revista em bolsas, sacolas e carteiras tem sido tolerada pelo TST, desde que feita de forma discreta, porquanto não é considerada revista pessoal. Já a revista pessoal em sentido estrito, ou seja, a que envolve contato físico ou visual de parte do corpo do empregado, é proibida, aplicando-se o artigo 373-A, VI da CLT mediante interpretação extensiva (CF/88, art. 5º, I).
0,50
6
O empregador deverá manter o percentual mínimo de aprendizes, pois o trabalho perigoso é proibido apenas ao menor de 18 anos (CF/88, art. 7º, XXXIII). Ocorre que o aprendiz pode ser contratado entre 14 e 24 anos (CF, Art. 428), de modo que os aprendizes entre 18 e 24 anos podem ser contratados para a atividade em questão, possibilitando que a empresa cumpra o percentual fixado na norma cogente.
0,50
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Direito Econômico e Regulação, Direito Empresarial e do Consumidor
Parecer
Padrão de resposta (Parecer) O tema da proposição é apto a ser tratado em lei ordinária. Não há qualquer impedimento a que
assim seja, já que a disciplina do assunto não é reservada a texto de maior hierarquia. No entanto – e como será exposto – há temas da proposição que devem ser tratados, acima de tudo, fora do âmbito de lei de proteção ao consumidor, por serem matéria alheia a essa disciplina.
Quanto ao artigo 14, § 4º, a sua atual redação apenas assinala a responsabilidade subjetiva dos profissionais liberais, e nada dispõe a respeito do prazo prescricional para que o consumidor exerça a sua pretensão. A proposta ora analisada pretende que este prazo seja de um ano, já que o tratamento dado a estes profissionais é diferenciado. Tal inserção, entretanto, não se amolda a conferir o tratamento almejado a partir de alteração isolada na Lei nº 8.078/90, e, de outro lado, a sua aprovação faria com que o sistema especial de proteção ao consumidor viesse a conferir pior tratamento, ao seu beneficiário, do que o faz a legislação comum.
Assim, a proposição, com a devida vênia, fará nascer incongruência no sistema legal, tendo em vista o teor do artigo 7º do Código de Defesa do Consumidor, norma que comanda a aplicação concomitante de todas as normas que protejam o consumidor, ainda que situadas em outras fontes legais.
Ainda que não se queira aplicar, ao tema da responsabilidade dos profissionais liberais, o teor do artigo 27 do CDC – que estipula prazo de cinco anos para que o consumidor exija a reparação pelos danos causados por fato do produto ou serviço –, ainda assim seria aplicável a legislação comum. O Código Civil estabelece prazo geral de três anos para a prescrição da pretensão de reparação civil, e, quando menos, esse prazo seria, por força do artigo 7º do Código de Defesa do Consumidor, aplicado em favor do consumidor lesado, independentemente de o artigo 14, § 4º, na redação proposta, apresentar prazo menor.
Em suma, se o intuito é introduzir sempre o prazo ânuo em favor do profissional liberal, o mais técnico é que a pretendida alteração da Lei nº 8.078/90 apenas remeta ao prazo da legislação comum e, aí, o prazo deverá ser tratado em sua dimensão, com a nova proposta. Alterar o Código de Defesa do Consumidor, através de regra prevendo lapso temporal exíguo em desfavor do consumidor de serviços tomados de profissional liberal, inferior ao da legislação comum, é extremamente problemático. Além de a idéia se chocar com os objetivos da Política Nacional de Relações de Consumo (artigo 4º do CDC) – e por isso estar mal situada –, ela naturalmente dará ensejo à dissensão doutrinária e jurisprudencial, gerando insegurança jurídica.
Quanto ao artigo 49, a atual redação do preceito prevê o prazo de sete dias, a contar da assinatura do contrato ou do ato do recebimento do produto ou serviço, para o consumidor desistir do contrato nos casos de contratação fora do estabelecimento, nos quais o produto ou serviço chega ao consumidor por meio das chamadas “técnicas de oferta”. Trata‐se de genuíno direito de arrependimento e, naturalmente, o prazo aí existente não tem e não pode ter, sobre pena de quebra de lógica e incongruência legislativa, natureza prescricional.
O alargamento do prazo, por si, é compatível e adequado com a pretendida inserção de maior tempo no bojo do artigo 49 da Lei nº 8.078/90. O aspecto que se mostra equivocado, na proposição, é apenas terminológico, e diz respeito à menção de que se trata de prazo prescricional.
Embora prescrição e decadência designem, ambas e grosso modo, a afetação de uma relação jurídica em virtude da inércia do titular de um direito em exercê‐lo, no prazo legal, os institutos não se confundem.
A prescrição atinge a pretensão, isto é, o direito de exigir a prestação, ao passo que a decadência consiste na perda de direito, em regra potestativo, em virtude da inércia do titular em exercê‐lo, no prazo legal. A Lei nº 8.078/90 segue esse sistema, como se vê de seus artigos 26 e 27, e o Código Civil também.
Senado Federal – Concurso Público 2011
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Direito Econômico e Regulação, Direito Empresarial e do Consumidor
No caso do artigo 49 do CDC, o consumidor, na hipótese ali descrita, tem o direito potestativo de desistir do contrato, no prazo de reflexão assinalado. Não se trata de exigir uma prestação, e, assim sendo, não há que se falar em prescrição. Se o legislador o fizer, haverá choque com vários preceitos, levando à dissensão e à insegurança. Se o prazo for definido como prescricional, ele se sujeitará às regras normais de suspensão e interrupção de seu fluxo, previstas pelo Código Civil. Basta imaginar uma hipótese, entre várias: o consumidor que viaje ao exterior, em serviço público, alegará que o prazo não corre, nessas circunstâncias, e o somatório de problemas símiles traria insegurança às ofertas de produto e serviço, nas condições do artigo 49 do CDC.
Em suma, no tópico a proposição alcançará seus objetivos apenas com o aumento de prazo, suprimindo‐se o vocábulo prescricional, nela constante.
Por fim, a proposta prevê a alteração da atual redação do artigo 87 para que nele passe a constar que “As ações coletivas de que trata este código submetem‐se ao prazo prescricional de cinco anos (...)”.
Novamente, tal como no que concerne à pretendida mudança do artigo 49, existe, primeiramente, problema terminológico similar. No sistema do Código do Consumidor a prescrição atinge a ‘pretensão’, e não a ‘ação’. A utilização equivocada da expressão é destoante não apenas do artigo 27 da Lei nº 8.078/90, mas bem assim, inclusive, da própria pretendida alteração do artigo 14, § 4º, do CDC, na qual se assinalou que “(...) a pretensão prescreverá (...)”.
A almejada alteração legislativa tem por escopo seguir a orientação dos Tribunais e, de fato, em várias decisões se observa o propósito de se adotar interpretação uniforme no tema do prazo prescricional para o exercício de pretensão veiculada em ação coletiva, e o prazo para a ação popular (art. 21, Lei nº 4.717/65). Hoje, isso se dá com a aplicação analógica do art. 21 da Lei nº 4.717/65, à luz do argumento de que existe, entre a Lei de Ação Popular, a Lei de Ação Civil Pública e o Código do Consumidor, o microssistema de processo coletivo, e cada qual supre as lacunas umas das outras.
Ocorre que esses julgados se voltam para certos casos concretos, e a proposta poderia gerar sérios problemas interpretativos, além de não atingir seu propósito, de buscar uniformidade. Basta ressaltar que, no campo, há julgados do STJ que traçam a distinção entre as hipóteses de exercício da pretensão em ação coletiva em que se pode aplicar, por analogia legis, o prazo quinquenal previsto no artigo 21 da Lei de Ação Popular, e as hipóteses que ficam sujeitas ao prazo prescricional geral de dez anos, previsto no CC (art. 205, CC), exatamente em virtude de o pedido formulado não poder ser objeto de ação popular (objeto distinto). (Cf. REsp 995.995).
Há também casos nos quais a ação civil pública tutelará pretensão imprescritível, por força de comando constitucional (art. 37, § 5º, da Lei Maior). E, para demonstrar outro aspecto da extensão do problema, em tese pode existir caso em que a pretensão prescreva em prazo menor que o quinquenal, e o fato de ser veiculada na via da ação civil pública suscitará o debate sobre saber se o prazo é ou não aumentado, e até renascido, conforme a demanda seja ou não coletiva. Assim, basta argumentar com a própria proposta de alteração do artigo 14, § 4º, do CDC. Se alterado esse preceito, e também toda a legislação comum, de modo a reduzir o prazo para as pretensões reparatórias movidas contra o profissional liberal a um ano, pergunta‐se: a ação coletiva que busque tutela reparatória contra o profissional liberal, no lesou interessados no bojo de relações de consumo (direito individual homogêneo) poderá ressuscitar o prazo já fluído contra o interessado?
Em suma, a pretendida alteração do artigo 87 é, salvo melhor juízo, inapta a atingir o objetivo por ela buscado, de dar tratamento claro a tema tormentoso, que de resto é objeto de outras propostas modificativas, com mais ampla repercussão.
Senado Federal – Concurso Público 2011
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Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Direito Econômico e Regulação, Direito Empresarial e do Consumidor
Espelho de correção (Parecer)
Item Quesitos avaliados Valor
1
Abordagem da incongruência. Menção da necessidade de mudança da legislação comum.
Quanto ao artigo 14, § 4º, a proposta sugere que este prazo seja de um ano, já que o tratamento dado a estes profissionais é diferenciado. Tal inserção não se amolda a conferir o tratamento almejado a partir de alteração isolada na Lei nº 8.078/90, e, de outro lado, a sua aprovação faria com que o sistema especial de proteção ao consumidor viesse a conferir pior tratamento, ao seu beneficiário, do que o faz a legislação comum.
Em suma, se o intuito é introduzir sempre o prazo ânuo em favor do profissional liberal, o mais técnico é que a pretendida alteração da Lei nº 8.078/90 apenas remeta ao prazo da legislação comum e, aí, o prazo deverá ser tratado em sua dimensão, com a nova proposta.
1,25
2
Abordagem da incongruência legal. Menção de que basta a supressão de vocábulo.
O alargamento do prazo, por si, é compatível e adequado com a pretendida inserção de maior tempo no bojo do artigo 49 da Lei nº 8.078/90. O aspecto que se mostra equivocado, na proposição, é apenas terminológico, e diz respeito à menção de que se trata de prazo prescricional. Em suma, no tópico a proposição alcançará seus objetivos apenas com o aumento de prazo, suprimindo‐se o vocábulo prescricional, nela constante.
1,25
3
Problema terminológico. Jurisprudência dos Tribunais. Incongruência
Primeiramente, o problema terminológico similar. No sistema do Código do Consumidor a prescrição atinge a ‘pretensão’, e não a ‘ação’.
A almejada alteração legislativa tem por escopo seguir a orientação dos Tribunais e, de fato, em várias decisões se observa o propósito de se adotar interpretação uniforme no tema do prazo prescricional para o exercício de pretensão veiculada em ação coletiva, e o prazo para a ação popular (art. 21, Lei nº 4.717/65). Hoje, isso se dá com a aplicação analógica do art. 21 da Lei nº 4.717/65, à luz do argumento de que existe, entre a Lei de Ação Popular, a Lei de Ação Civil Pública e o Código do Consumidor, o microssistema de processo coletivo, e cada qual supre as lacunas umas das outras.
Ocorre que esses julgados se voltam para certos casos concretos, e a proposta poderia gerar sérios problemas interpretativos, além de não atingir seu propósito, de buscar uniformidade. Abordagem de tais problemas
1,25
4
Abordagem da compatibilidade de a matéria ser tratada na via escolhida.
Apreciação da redação global e da linguagem técnica (ainda que o candidato tenha tocado em outros assuntos – v. g.: direito intertemporal)
1,25
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Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Direito Econômico e Regulação, Direito Empresarial e do Consumidor
Questão Dissertativa
Padrão de resposta (Questão dissertativa) Como se infere do próprio nome, a biotecnologia significa, em sentido amplo, a utilização de
organismos vivos para a geração de novas técnicas, processos ou serviços com o fim de agregar valor, renda ou utilidade para a população. Em sentido estrito (ou “biotecnologia moderna”), é o conjunto de técnicas e processos de manipulação de células ou de microorganismos, inclusive com transformação do DNA, com o fim de obter novos produtos, processos ou serviços. A biotecnologia moderna é área que tem aplicação cada vez maior nos diversos setores da economia.
Já a patente corresponde a privilégio temporário, concedido a alguém pela autoridade competente, consistente no direito de explorar, com exclusividade, invenção ou modelo de utilidade, instrumentalizada por meio de documento chamado de carta‐patente.
As patentes se inserem em um dos sistemas de proteção das criações intelectuais (propriedade industrial) e, em geral, são justificadas pela idéia de estimular os investimentos e o trabalho despendido no setor. O nascimento da moderna biotecnologia traz à tona o debate de como realizar – e se é ou não o caso – a proteção das criações intelectuais nessa área.
O direito de propriedade industrial, dentro do qual se situa o sistema de patentes, é espécie do gênero propriedade intelectual, que alberga, também, o direito autoral. A propriedade industrial protege, fundamentalmente, as criações utilitárias e, nesse sentido, a biotecnologia imediatamente com ela guarda identificação, e tem sido, com limites, legalmente inserida nesse contexto. Por ora, a biotecnologia não forma, propriamente, segmento novo da propriedade intelectual, embora, no futuro, seja muito provável que venha a formá‐lo (a Lei n.º 9.456/97, à frente referida, já é sistema sui generis).
O fundamento constitucional da proteção às criações utilitárias está no artigo 5º, XXIX, da Lei Maior, que aponta a possibilidade de limites legais (“a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País”). Hoje, o dispositivo está disciplinado, acima de tudo, pela Lei nº 9.279/96.
Objeto da patente são a invenção e o modelo de utilidade que atendam às condições legais, impostas para que se outorgue o privilégio de exclusividade (em especial, artigo 8º da Lei nº 9.279/96).
O artigo 10 da Lei 9.279/96 estabelece aquilo que não se considera invenção nem modelo de utilidade, e é expressamente excluído do sistema de patente, entre eles o todo ou parte de seres vivos naturais e materiais biológicos encontrados na natureza, ou ainda que, dela isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de qualquer ser vivo natural e os processos biológicos naturais.
De outro lado, ainda que atendam às exigências fundamentais para a obtenção do privilégio, e às características de invenção, são excluídos da patente, nos termos do artigo 18, III, da Lei nº 9.279/96, o todo ou parte dos seres vivos, exceto os microorganismos transgênicos que atendam aos três requisitos de patenteabilidade ‐ novidade, atividade inventiva e aplicação industrial ‐ previstos no art. 8º, e que não sejam mera descoberta.
Em suma, o texto citado imediatamente responde à questão da patente de seres vivos: ela é possível, mas apenas no campo dos microorganismos transgênicos. Em outras palavras, a criação ou invenção de planta ou animal, ainda que eventualmente útil, não é patenteável. Os processos biotecnológicos, mesmo os que recorrem ao uso de microorganismos encontrados na natureza, preenchidos os pressupostos legais, são passíveis de patenteamento
O patenteamento de biotecnologia gera algumas dificuldades: (i) as leis de patente foram clássica e historicamente pensadas com o intuito de proteger criações mecânicas e químicas, e não setor dominado pela biologia; (ii) existe imenso problema ético e filosófico (inclusive com viés religioso) em patentear vida,
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Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Direito Econômico e Regulação, Direito Empresarial e do Consumidor
e alguns referem que o homem tenta brincar de Deus; (iii) existe certa resistência em se admitir a apropriação privilegiada sobre algo inerente à natureza, e a extensão disso, já que, como o tema é relativamente novo, não se conhece a real dimensão das patentes sobre matérias vivas (e seus efeitos); e (iv) conceder privilégio sobre tecnologias intimamente relacionadas com a biologia pode tornar mais onerosos os avanços científicos e restringir a difusão do progresso técnico (esse último tema, de certo modo, repete todo o debate histórico sobre a patente de produtos farmacêuticos e medicinais).
Apesar desses questionamentos, desde o advento da Lei nº 9.279/96, os microorganismos modificados pelo ser humano e os processos biotecnológicos não naturais tornaram‐se passíveis de proteção via patente (artigo 8º e 18, III), desde que atendidos os requisitos básicos da patenteabilidade. Essa disciplina guarda consonância com o art. 27.3b do TRIPS (Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio).
Não se admite patente de microorganismos encontrados na natureza e de outros seres vivos, como plantas e animais, ou mesmo elementos do ser humano, sejam eles modificados ou não, por engenharia genética. Não se chancela a idéia de patente de produtos naturais e de materiais biológicos encontrados na natureza, incluindo genes e o genoma de organismos vivos. Está, assim, eliminada a possibilidade de que produtos diretamente extraídos da biodiversidade, meramente isolados de seu meio natural, venham ser patenteados (Lei 9.279/96, artigo 10, inciso IX). Mas os processos biotecnológicos, mesmo os que recorrem ao uso de microorganismos encontrados na natureza, a exemplo de outros processos químicos ou físicos, são passíveis de patenteamento.
Como se viu, variedade vegetal não pode ser, em si, objeto de patente. Nada impede que os processos de obtenção de novas variedades vegetais possam ser protegidos por meio de uma patente, preenchidos os requisitos próprios, já que o processo deve ser novo e possuir atividade inventiva, além de não poder ser um processo biológico natural. De qualquer modo, há a necessidade da proteção das variedades vegetais em si, de modo a se estimular o trabalho e o investimento, para a área.
No corpo do artigo 27 do Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio (TRIPS) foi previsto para o país signatário a responsabilidade de proteger o processos ligados a variedades vegetais por meio de legislação especial, sui generis, ou por meio de patentes. Com o objetivo de cumprir essa exigência, o Brasil editou a Lei n.º 9.456/97 — Lei de Proteção de Cultivares, regulamentada pelo Decreto nº 2.366/97, específica para proteger a propriedade intelectual das novas variedades vegetais.
Assim, o TRIPS admitia, também, que o signatário pudesse proteger as variedades vegetais por patente, mas o Brasil adotou a via da legislação sui generis.
Desse modo, a Lei de Proteção de Cultivares e a Lei de Propriedade Industrial trazem distinta proteção à propriedade intelectual. A Lei nº 9.456/97 impede a comercialização de variedades vegetais por terceiros não autorizados, assim como seu material de reprodução ou multiplicação comercial em todo o território brasileiro, pelo prazo de 15 anos, excetuando‐se as videiras, as árvores frutíferas, as árvores florestais e as árvores ornamentais, para as quais a duração é de 18 anos.
Os direitos de exclusividade concedidos pela Lei nº 9.456/97 não impedem o uso, para pesquisa, da cultivar protegida para a obtenção de novas cultivares por terceiros, mesmo sem autorização do titular do direito, ao contrário da regra no sistema de patentes.
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Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Direito Econômico e Regulação, Direito Empresarial e do Consumidor
Espelho de correção (Questão dissertativa)
Item Quesitos avaliados Valor
1 Apresentação dos conceitos e compreensão da importância do tema. 1,00
2 Propriedade industrial e patente. Requisitos de patenteabilidade e biotecnologia. 1,00
3 Patente de seres vivos. Menção clara aos artigos 10 e 18 da Lei nº 9.279/96 1,00
4 Problemas técnicos e filosóficos sobre a biotecnologia e patentes. 1,00
5 Variedades vegetais. Cultivares e propriedade industrial. Distinção. 1,00
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Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Direito Penal, Processual Penal e Penitenciário
Parecer
Padrão de resposta (Parecer) A questão foi formulada em razão de notícia jornalística de que a Comissão de reforma do Código
Penal estuda a viabilidade de tornar lícita a ortotanásia, questão muito debatida no campo acadêmico e médico, havendo controvérsia acerca da medicalização e judicialização da matéria específica, ficando claro que no momento próprio será cobrado da assessoria do Senado parecer sobre o tema.
Para tal fim, deverá o candidato elaborar um parecer conceituando e apresentando a distinção entre eutanásia, ortotanásia, suicídio assistido e distanásia, enfrentando os temas de acordo com a legislação penal vigente, em especial os tipos penais de homicídio (artigo 121 do CP), auxílio ao suicídio (artigo 122 do CP) e omissão de socorro (artigo 135 do CP).
O candidato devera analisar os referidos conceitos também de acordo com princípios constitucionais vigentes, especialmente o da dignidade da pessoa humana, sob a ótica da autonomia e da heteronomia, da inviolabilidade ao direito à vida e a liberdade, certo que recentemente o STF ao decidir à questão da anencefalia enfrentou tais temas de forma relevante.
Nesta linha, o candidato, de forma lógica e a partir das considerações de todos os tópicos anteriores, deverá concluir pela viabilidade ou não de elaboração de um projeto de lei encampando à resolução do CFM destacada na questão apresentada. (“Art. 1º. É permitido ao médico limitar ou suspender procedimentos e tratamentos que prolonguem a vida do doente em fase terminal, de enfermidade grave e incurável, respeitada a vontade da pessoa ou de seu representante legal.”)
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Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Direito Penal, Processual Penal e Penitenciário
Espelho de correção (Parecer)
Item Quesitos avaliados Valor
1
Não se controverte que todos têm direito a uma vida digna. Existiria direito a uma morte digna? Não se tem medo apenas das doenças e da morte, mas, também, do prolongamento da vida em agonia, a morte adiada, atrasada, mais sofrida.
A morte com intervenção à luz da dignidade da pessoa humana, com o exame de sua repercussão no campo do direito penal e constitucional.
0,50
2
Eutanásia: ação médica intencional de apressar ou provocar a morte da pessoa que está sofrendo com a doença irreversível e incurável, podendo ser voluntária, não voluntária (paciente incapaz) e involuntária (não consentida pelo paciente).
1,00
3
Distanásia: tentativa de retardar a morte o máximo possível, com emprego de todos os meios médicos disponíveis, mesmo que isso signifique causar dores à pessoa cuja morte é iminente e inevitável. “Não se prolonga a vida, mas o processo de morrer”. Obstinação terapêutica e o tratamento fútil.
1,00
4
Ortotanásia: trata-se de morte em seu tempo adequado, não combatida com os métodos extraordinários e desproporcionais utilizados na distanásia, nem apressada por ação intencional externa, como na eutanásia. Cuidado paliativo (procura-se reduzir a dor e a depressão) – A diminuição do tempo de vida é um efeito previsível sem ser desejado, pois o objetivo primário é oferecer o máximo conforto possível ao paciente, sem intenção de ocasionar o evento morte.
1,00
5
Recusa do tratamento médico consiste na negativa de iniciar ou de manter um ou alguns tratamentos médicos.
No Brasil, atualmente, é considerada homicídio a conduta omissiva de não tratar um enfermo terminal, segundo a sua própria vontade, e a de intencionalmente abreviar-lhe a vida, também a seu pedido.
0,50
6
Estudo do ordenamento jurídico com regras a tornar o processo de morrer mais humano, minimizando a dor, permitindo em certos casos que a morte não seja inutilmente prorrogada.
Resolução CFM 1805/06 – autoriza o médico a limitar ou suspender o tratamento que prolongue a vida do doente, garantindo-lhe os cuidados necessários para aliviar os sintomas que levam ao sofrimento – suspensa por decisão judicial em ação civil pública manejada pelo MP, certo que posteriormente a ação foi julgada improcedente.
0,50
7
Medicalização e judicialização da vida
Dignidade da pessoa humana – autodeterminação individual, tendo a pessoa direito de eleger seus projetos existenciais e de não sofrer discriminações em razão de sua identidade e de suas escolhas.
Dignidade da pessoa humana sob a ótica da autonomia x Dignidade da pessoa humana sob a ótica da heteronomia.
0,50
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Direito Penal, Processual Penal e Penitenciário
Questão Dissertativa
Padrão de resposta (Questão dissertativa) No tocante à validade da prova, o candidato deverá enfrentar as questões relativas à denúncia
anônima e gravação ambiental a luz da Constituição e da jurisprudência dos Tribunais Superiores;
O candidato deverá analisar o princípio da correlação entre a denúncia e a sentença, porquanto ao acusado foi apontado um crime doloso e veio a ser condenado por um crime culposo que não estava narrado na denúncia;
O candidato deverá enfrentar a questão relativa à suspensão do processo, eis que foi denunciado por um crime que não permitia a aplicação do artigo 89 da Lei 9099/95 e acabou condenado por outro que, em tese, permite a suspensão do processo, sendo caso de aplicar-se o verbete da súmula 337 do STJ;
O candidato deverá enfrentar a dosimetria penal, porquanto aplicada pena inferior a um ano, a PPL deverá ser substituída por uma PRD, sendo que no caso concreto a substituição ocorreu por duas PRD.
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Direito Penal, Processual Penal e Penitenciário
Espelho de correção (Questão dissertativa)
Item Quesitos avaliados Valor
1 Denúncia anônima e gravação ambiental a luz da Constituição 1,00
2 Jurisprudência dos Tribunais Superiores 1,00
3 Princípio da correlação entre a denúncia e a sentença 1,00
4 Suspensão do processo 1,00
5 Súmula 337 do STJ 0,50
6 dosimetria penal 0,50
Senado Federal – Concurso Público 2011
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Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Direito Tributário e Direito Financeiro
Parecer
Padrão de resposta (Parecer) Tribunal de Justiça – Reajuste de Subsídios da Magistratura – Artigo 21 § único da Lei de
Responsabilidade Fiscal (LC101/2000) – Final de mandato – Mito da vedação absoluta de aumento de despesa de qualquer espécie – Interpretação sistemática e teleológica do ordenamento jurídico que deve ocorrer – Fim da norma: impedir o endividamento no final do mandato, prestigiando a moralidade na administração pública.
O fundamental é a ideia de ordem e coerência sistemáticas do ordenamento jurídico.
Constituição Federal, artigos 37 caput e artigo 70 – Princípios da Gestão Pública: legitimidade, moralidade, eficiência e indisponibilidade do interesse público.
Artigo 169 § 1º da CF.
Artigos 16,17,19 e 20 da Lei de Responsabilidade Fiscal e Teto Remuneratório.
Magistrados nomeados para os respectivos cargos mediante concurso público.
Exemplificativamente há a Lei 9504/97 (Lei Eleitoral) e seu artigo 73, V. Exceções à considerar quanto ao texto do artigo 21 § único da LRF.
Interpretação que deve prestigiar o princípio da prevalência do interesse público e sua indisponibilidade, eficiência e continuidade do serviço público. Se há interesse público e o orçamento é suficiente, estes são os elementos mais relevantes a considerar. A norma visa impedir aumento de despesa que seja arcado pelo sucessor do gestor. Não mera reposição.
Segundo Maria Sylvia di Pietro: “ nada impede que os atos de investidura sejam praticados ou vantagens pecuniárias sejam outorgadas, desde que o aumento da despesa seja compensado com ato de vacância ou outras formas de diminuição das despesas com pessoal.”
Os membros do Poder Judiciário são detentores de cargos públicos, preenchidos por concurso, exercendo o Presidente do Tribunal de Justiça função administrativa, mediante eleição de seus pares, conforme o Regimento do Tribunal, havendo possibilidade de ser reposta a inflação do período, o que não constitui aumento de despesa, desde que a lei seja adequada à LOA e haja dotação específica e suficiente para esta recomposição, com compatibilidade ao Plano Plurianual e Lei de Diretrizes Orçamentárias.
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Direito Tributário e Direito Financeiro
Espelho de correção (Parecer)
Item Quesitos avaliados Valor
1
1.a. Artigo 21, § único da Lei de Responsabilidade Fiscal. Objetivos da norma: impedir o endividamento em final de mandato, legando dívidas ao sucessor e subjugando-o a atos de império do gestor público anterior; (1,00 ponto)
1.b Necessidade de impor ao gestor maior seriedade no exercício do poder de gasto. A lei não objetiva o engessamento da administração pública. (0,25 pontos)
1,25
2
2.a Artigo 37 caput e artigo 70 da CF: princípios que incidem em qualquer atividade administrativa na gestão pública e que devem ser observados pelo gestor do Poder Judiciário. (0,50 pontos)
2.b Em especial, no caso concreto, os princípios da indisponibilidade do interesse público, a prevalência deste, a moralidade, a eficiência e a legitimidade; (0,75 pontos)
1,25
3 Artigo 37, X da CF: irradiação sobre os atos de gestão do gestor público, constituindo direito subjetivo do funcionalismo público, aquele de revisão dos subsídios
0,50
4 Regras de Interpretação a serem aplicadas. – Interpretação sistemática e teleológica do ordenamento jurídico que deve ocorrer
0,50
5
5.a Respeito aos pressupostos ordinários para a realização da despesa, conforme artigo 169 da CF e artigos 16 e 17 da Lei de Responsabilidade Fiscal (0,75 pontos)
5.b Artigos 19 e 20 da Lei de Responsabilidade Fiscal e Teto Remuneratório (0,75 pontos) 1,50
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Direito Tributário e Direito Financeiro
Questão Dissertativa
Padrão de resposta (Questão dissertativa) A resposta deve ser formulada a partir dos três eixos acima descritos: Em primeiro lugar,
esclarecendo como a tributação pode ser neutra, do ponto de vista de não provocar, de forma artificial, desequilíbrios ao ambiente econômico, estando ao mesmo tempo atenta a seu papel distribuidor de riquezas, bem como de arrecadador da capacidade contributiva dos agentes econômicos;
Em segundo lugar, o candidato deverá discorrer sobre a forma pela qual o orçamento público é montado, criticando um suposto engessamento de receitas, bem como explanando sobre a desvinculação das receitas da União. Neste segundo momento da sua resposta, o candidato deve ainda sobre planejamento e qualidade do gasto público
Por fim, quanto ao eixo da globalização, o candidato deve registrar de que forma este fenômeno atinge a economia nacional, como a tributação pode ser utilizada para blindar esta interferência, quando ela se dá de maneira nociva, bem como mencionar as políticas públicas e os incentivos fiscais que são instrumentos a serem utilizados em prol da implantação do Brasil, um País sem pobreza.
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Direito Tributário e Direito Financeiro
Espelho de correção (Questão dissertativa)
Item Quesitos avaliados Valor
1
1.a O princípio da neutralidade tributária, origens no estado liberal e implantação no estado social: mudanças. Um princípio tributário ou econômico? (0,50 pontos)
1.b Neutralidade não significa indiferença à realidade social. Intervenção do Estado na economia através da tributação e neutralidade; (0,25 pontos)
1.c O princípio de neutralidade fiscal, em um Estado Democrático de Direito, tem que agregar outros valores, dentre eles, a justiça fiscal. Nesse prisma, o conceito de neutralidade fiscal tem que refletir a idéia de que o tributo deve interferir o menos possível nas decisões dos agentes econômicos, desde que essa não-intervenção se contextualize, de forma positiva, com um satisfatório financiamento das políticas públicas, com a promoção dos direitos fundamentais e com um sistema tributário dotado de eficiência econômica (0,75 pontos)
1.d Neutralidade e Capacidade Contributiva (0,25 pontos)
1,75
2
2.a Sistema orçamentário Brasileiro: como é construído o orçamento público: Plano Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias e Lei Orçamentária Anual. Rigidez excessiva? A DRU – Desvinculação das Receitas da União como uma saída. (0,75 pontos)
2.b Sistema político que privilegia decisões de curto prazo. Incompatibilidade com políticas econômicas que permitam ações definitivas para o combate à pobreza. (0,25 pontos)
2.c A solução deve vir através de um planejamento vinculante para o gestor público, com ênfase na qualidade do gasto público. (0,75 pontos)
1,75
3
3.a Globalização: conceito e impacto sobre a economia dos países. Tributação como forma de blindagem/incentivo deste processo (0,50 pontos)
3.b Harmonização de Interesses, a nível nacional e internacional, com políticas públicas embasadas em incentivos fiscais que prestigiem ações empresariais e governamentais, as quais tragam um maior retorno à sociedade, seja em prol do desenvolvimento sustentável, seja para geração de renda, seja ainda para extirpar a pobreza através, por exemplo, da educação (1,00 ponto)
1,50
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Direitos Humanos e Cidadania
Parecer
Padrão de resposta (Parecer) Espera‐se que, nas respostas, os candidatos abordem, pelo menos, os seguintes tópicos:
Justificação e proteção dos direitos humanos e a reabilitação da fundamentação filosófica dos direitos humanos.
Justificação liberal e comunitarista dos direitos humanos. O debate entre liberais e comunitários. Princípios e valores. Fundamentação racional dos direitos humanos. Direitos humanos e cultura. Indivíduo e comunidade. Dignidade humana, subjetividade e intersubjetividade. A controvérsia sobre a legislação de Quebec. Rawls e Dworkin; Walzer e Taylor.
A justificação da norma sob o ponto de vista do multiculturalismo. Pluralismo e minorias. Reconhecimento das diferenças. Multiculturalismo, liberalismo e comunitarismo. Possibilidade de limitação das liberdades individuais para a realização de metas coletivas. Metas coletivas que protegem manifestações culturais particulares.
Liberdade de expressão. Possibilidade de restrição do direito. Proporcionalidade. Ponderação..
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Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Direitos Humanos e Cidadania
Espelho de correção (Parecer)
Item Quesitos avaliados Valor
1 Justificação e proteção dos direitos humanos e a reabilitação da fundamentação filosófica dos direitos humanos.
1,00
2 Justificação liberal e comunitarista dos direitos humanos. O debate entre liberais e comunitários. Princípios e valores.
0,50
3 Fundamentação racional dos direitos humanos 0,50
4
Direitos humanos e cultura. Indivíduo e comunidade. Dignidade humana, subjetividade e intersubjetividade. A controvérsia sobre a legislação de Quebec. Rawls e Dworkin; Walzer e Taylor
1,00
5
Justificação da norma sob o ponto de vista do multiculturalismo. Pluralismo e minorias. Reconhecimento das diferenças. Multiculturalismo, liberalismo e comunitarismo. Possibilidade de limitação das liberdades individuais para a realização de metas coletivas. Metas coletivas que protegem manifestações culturais particulares.
1,25
6 Liberdade de expressão. Possibilidade de restrição do direito. Proporcionalidade. Ponderação. 0,75
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Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Direitos Humanos e Cidadania
Questão Dissertativa
Padrão de resposta (Questão dissertativa) Espera‐se que, nas respostas, os candidatos abordem, pelo menos, os seguintes tópicos:
Redistribuição. Contexto do mundo bipolar. Demandas sobre igualdade que privilegiavam o aspecto econômico.
Reconhecimento das diferenças. Contexto pós‐socialista. Minorias. Dignidade humana e intersubjetividade. Transformações culturais e simbólicas.
Exemplos de políticas de redistribuição. Políticas tributárias. Prestação de serviços públicos. Adoção de critérios econômicos.
Políticas de reconhecimento. Minorias. Gênero e etnia. Políticas de ação afirmativa. Reconhecimento jurídico das relações homoafetivas. Feminismo, teoria da justiça e direitos humanos.
Relação entre redistribuição e reconhecimento. Complementariedade. Independência. O debate entre Axel Honnet e Nancy Fraser. Taylor.
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Direitos Humanos e Cidadania
Espelho de correção (Questão dissertativa)
Item Quesitos avaliados Valor
1 Redistribuição. Contexto do mundo bipolar. Demandas sobre igualdade que privilegiavam o aspecto econômico.
1,00
2 Reconhecimento das diferenças. Contexto pós‐socialista. Minorias. Dignidade humana e intersubjetividade. Transformações culturais e simbólicas.
1,00
3 Exemplos de políticas de redistribuição. Políticas tributárias. Prestação de serviços públicos. Adoção de critérios econômicos.
1,00
4 Políticas de reconhecimento. Minorias. Gênero e etnia. Políticas de ação afirmativa. Reconhecimento jurídico das relações homoafetivas. Feminismo, teoria da justiça e direitos humanos.
1,00
5 Relação entre redistribuição e reconhecimento. Complementariedade. Independência. O debate entre Axel Honnet e Nancy Fraser. Taylor.
1,00
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Economia do Trabalho, Renda e Previdência
Parecer
Padrão de resposta (Parecer) Explicar como as regras que definem a contratação individual e a demissão afetam o
comportamento dos agentes envolvidos na relação de trabalho – trabalhadores e empregadores. No caso de contratação, explicar que no Brasil existe uma margem limitada de variações de contratação (como emprego parcial e temporário) que garantiriam uma maior flexibilidade na contratação. Ademais, ressaltar que o empregador deve cumprir determinadas regras legais mínimas estabelecidas pela Constituição Federal e pela CLT. Neste caso, o empregador, devido a pouca margem de manobra poderia optar por contratar menos trabalhadores tendo em vista as dificuldades inerentes à possíveis modulações da forma de contratação. Na contratação formal, salvo em casos de negociações coletivas, o empregador deve seguir as normas fixadas nestes dois instrumentos legais, como por exemplo, no caso da jornada normal semanal de 40 horas, os dias de férias e feriados, a remuneração por hora extra. Com relação à demissão, as regras legais da demissão sem justa causa devem ser abordadas, tais como, multa rescisória, aviso prévio e FGTS. Descrever o funcionamento do FGTS (fundo de propriedade individual do trabalhador, mas que o acesso só é permitido em situações específicas como no caso de demissão sem justa causa) e como gera incentivos para que o trabalhador se demita. No caso da multa, explicar que o empregador fica mais reticente à demissão e a contratação, pois o custo de desligamento aumenta. No caso do trabalhador, a existência da multa apropriada individualmente, em momentos de crescimento, quando a obtenção de emprego não é difícil, há incentivo para induzir a demissão (à medida que o tempo na firma aumenta o benefício da rescisão aumenta). Neste item, o candidato também deverá apresentar os custos associados aos encargos sobre a folha salarial e o impacto em termos de custo para o empregador.
No item b, explicar o papel do salário mínimo para estabelecimento de um piso salarial e seu impacto sobre o mercado de trabalho. Deverá discutir a política de salário mínimo nacional e se sua regionalização teve efeitos sobre o funcionamento do mercado de trabalho. A cobertura do salário mínimo pode afetar a composição do emprego formal e informal entre diferentes tipos de trabalhadores, atingindo, usualmente, os trabalhadores menos qualificados.
No item c, a existência do seguro desemprego pode criar incentivos à informalidade à medida que o trabalhador ao deixar a ocupação pode auferir uma renda extra por estar desempregado. Se não houver fiscalização do recebimento deste benefício, o trabalhador informalmente inserido no mercado de trabalho pode ganhar o auxílio desemprego. O candidato deve destacar que o seu valor e seu esquema de financiamento podem afetar o resultado em termos de mercado de trabalho (custeado integralmente pelo governo). Neste item o candidato deverá discorrer sobre as regras do seguro desemprego e sobre o seu funcionamento no Brasil, destacando, aspectos relativos a valores, elegibilidade, generosidade e efetividade.
No item d, mostrar o papel da Justiça do Trabalho no julgamento de dissídios coletivos e individuais e explicar que o funcionamento da Justiça induz os empregadores a não cumprir alguns aspectos do contrato de trabalho tendo em vista que posteriormente, alguns dos itens estabelecidos no contrato podem ser negociados na Justiça do Trabalho.
No item e, a fiscalização governamental tem efeito sobre a composição do emprego formal – informal à medida que aumenta o custo, por parte do empregador, de ser pego contratando mão-de-obra à margem da legislação. A existência de relação de trabalho informal, neste caso, torna-se mais arriscada. Com a fiscalização, poderia ser aumentada a efetividade das instituições do mercado de trabalho.
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Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Economia do Trabalho, Renda e Previdência
Espelho de correção (Parecer)
Item Quesitos avaliados Valor
1
O candidato deve explicar detalhadamente o papel das regras de contratação e demissão no funcionamento do mercado de trabalho (regras estabelecidas pela Constituição Federal e pela CLT para a contratação, encargos sobre a folha salarial, discorrer sobre aviso prévio, multa rescisória e FGTS). Em cada caso, discorrer sobre os incentivos criados para trabalhadores e empregadores e como estes comportamentos podem induzir ao aumento da informalidade.
1,50
2 Explica o impacto da política de salário mínimo: quais trabalhadores são mais atingidos, falar sobre salário mínimo regional, relação entre salário mínimo e salário médio da economia.
1,00
3
O candidato deverá explicar os aspectos relativos a valores, elegibilidade, generosidade e efetividade do seguro desemprego bem como seus efeitos sobre o funcionamento do mercado de trabalho.
1,00
4
Discutir o papel da Justiça do Trabalho no julgamento de dissídios coletivos e individuais e como este induz o não cumprimento de alguns aspectos do contrato de trabalho por parte dos empregadores.
0,75
5 Mostrar que uma política governamental de fiscalização do trabalho atua no sentido de tornar mais custoso ao empregador a manutenção de uma relação de trabalho informal.
0,75
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Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Economia do Trabalho, Renda e Previdência
Questão Dissertativa
Padrão de resposta (Questão dissertativa) O candidato deve definir o sistema de capitalização como custeado pelas próprias contribuições
individuais dos segurados, sendo aplicadas em fundos capitalizados ao longo do seu ciclo de trabalho. Tais pagamentos serão constituídos em reservas para o pagamento dos benefícios futuros. Assim, as despesas, benefícios, são custeadas pelo retorno do fundo de pensão.
Já no sistema de repartição, o seu custeio é baseado nas contribuições correntes que financiam os benefícios correntes, ou seja, não funciona lastreado em fundo previamente definido. Assim, a lógica é que os jovens (ativos do mercado de trabalho) financiam os inativos. No entanto, caso o volume de receitas supere o de despesas poder-se-á ter constituição de reservas. É importante o candidato citar que tal tipo de sistema prevê a formação de fundos de contingência, com o objetivo de proteção contra os riscos demográficos e de mercado de trabalho. No entanto, isto pode ser citado aqui na definição ou na parte da resposta relativa aos riscos.
Assim, existe uma distinção clara entre os dois sistemas. Se o candidato desejar, pode-se destacar ainda que no segundo sistema tenderá a haver uma redistribuição de renda entre a geração mais nova e a mais velha. No segundo, isso ocorre apenas na ocorrência de um sinistro, quando há transferência da sociedade para o indivíduo ou sua família.
A definição de “benefício definido” significa que o mesmo é contratado na entrada do indivíduo no plano, sendo que o mesmo pode ser fixo ou ter alguma relação com as contribuições. Neste último caso dependeria do nível de renda do trabalho do indivíduo ao longo do ciclo de trabalho.
A definição de “contribuição definida” significa que a contribuição é contratada no início, mas o benefício será definido quando o contribuinte sair do plano. Ou seja, depende do valor destas acumuladas até a data da aposentadoria.
Em relação aos riscos, a natureza dos mesmos depende de como o sistema é desenhado. No sistema de capitalização, para qualquer tipo definido, os riscos são idiossincráticos, ou seja, do próprio segurado, devido aos riscos inerentes à aplicação dos recursos, até a data da aposentadoria, e a partir daí, os riscos passam para o gestor do fundo.
No regime de repartição, os riscos demográficos e de mercado de trabalho são dos contribuintes e caso o fundo de contingência não suporte os gastos, os riscos passam para toda a sociedade.
Dada essa pequena introdução, o candidato deve abordar detalhadamente esses riscos. O risco do mercado de trabalho está relacionado aos contribuintes ativos e no sistema de repartição é crucial que haja baixo desemprego e alta formalização, pois, caso contrário haverá crescentes déficits no sistema.
O risco demográfico está relacionado ao processo de transição demográfico que pode ocorrer em um dado país. A fase do bônus demográfico possibilita um forte crescimento das receitas – associado a um baixo risco do mercado de trabalho. No entanto, na fase pós-bônus demográfico, a sustentabilidade do sistema de repartição fica questionável. Com isso, os jovens de hoje serão idosos no futuro em grande quantidade, e os jovens do futuro terão que pagar uma alta contribuição para financiá-los, ou seja, exigirá do governo uma elevação da alíquota de contribuição, ou ainda um corte nos benefícios, para se evitar a insolvência do sistema. No caso específico deste sistema estar ligado a benefícios definidos, é necessária alguma capitalização que reduza os riscos demográficos. No caso de contribuição definida, existe a possibilidade de se ter um sistema de contas individuais nocionais, onde neste caso, se transfere parte do risco demográfico para o indivíduo, pois as mesmas são capitalizadas por indexadores econômicos e/ou demográficos. Assim, gera-se um fundo que vise garantir o equilíbrio atuarial do sistema. Os indexadores procuram prever o crescimento da massa salarial, e, de certa forma também envolve riscos, que são assumidos pelo Estado.
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Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Economia do Trabalho, Renda e Previdência
Assim, no sistema de benefício definido, o risco demográfico pode ser divido intrageracionalmente
ou intergeracionalmente, dependendo do poder de barganha de cada grupo geracional. Já no sistema de contribuição definida, o risco é maior para os aposentados e os que estão para se aposentar, visto que no sistema de repartição, se as receitas (contribuições) declinarem muito, haverá um corte de benefícios ou o Estado poderá acumular dívida elevando o déficit previdenciário. Assim, a divisão intergeracional deste tipo de risco depende do Estado. Assim, se o risco recai muito sobre o indivíduo, geram-se problemas de seleção adversa. Aqui, relaciona-se a provisão pública ou privada, sendo que se for privada, pode-se levar ao colapso do sistema. O candidato pode citar brevemente esta questão, pois está relacionada aos riscos citados no enunciado, mas não é necessário se aprofundar, pois a questão não pede explicitamente para se discutir a questão da provisão ser pública ou privada.
O risco de portfólio, relacionado aos riscos do mercado financeiro, são inerentes do sistema de capitalização que são lastreados em fundos. No caso de ser contribuição definida, o risco recai totalmente sobre o segurado, visto que durante o ciclo de trabalho, ou seja, o ciclo de contribuição, o benefício depende da taxa de retorno do seu portfólio. A diferença surge se o segurado tem o seu portfólio individual, o risco idiossincrático afeta o retorno do seu portfólio. Se não é possível diferenciar o portfólio, o risco de mercado também recai sobre o indivíduo. Mas neste último caso, elimina-se o efeito de desigualdade, pois o choque de mercado no preço do ativo será proporcional ao volume de ativos de cada segurado. Aqui, é importante destacar que no caso do sistema de repartição, também com contribuição definida, o choque idiossincrático devido à realização de um risco do mercado financeiro, não afeta a taxa de retorno, justamente porque no sistema de repartição, este tipo de risco tende a ser assumido pelo Estado.
No caso de benefício definido, no sistema de capitalização, o risco de portfólio é dividido entre os participantes. Se uma parcela grande do portfólio estiver investida no mercado financeiro, um choque financeiro negativo fará com que as perdas sejam divididas entre ativos e inativos.
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Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Economia do Trabalho, Renda e Previdência
Espelho de correção (Questão dissertativa)
Item Quesitos avaliados Valor
1 Explicação do sistema de capitalização 0,50
2 Explicação do sistema de repartição 0,50
3 Explicação de um sistema do tipo benefício definido 0,50
4 Explicação de um sistema do tipo contribuição definida 0,50
5 Análise do risco de mercado de trabalho 1,00
6 Análise do risco demográfico 1,00
7 Análise do risco de portfólio 1,00
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Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Economia Regional e Políticas de Desenvolvimento Urbano
Parecer
Padrão de resposta (Parecer) O processo de crescimento das cidades brasileiras ocorreu de forma acelerada e desordenada. De
um lado, a via conservadora pela qual se modernizou o país contribuiu para acentuar a estrutura fundiária concentradora, estimulando fortemente a migração campo-cidade. Do outro lado, a intensificação da industrialização e, por desdobramento, toda efervescência envolvida no processo de expansão das cidades, suas funções e suas oportunidades exerceu forte poder de atração sobre milhares de brasileiros que migraram para as cidades em busca de uma vida melhor.
Contudo, não demorou para se perceber que uma vida citadina digna e com qualidade não estava acessível para todos os moradores da cidade. O ritmo acelerado e o padrão desordenado do crescimento das cidades brasileiras acentuou a desigualdade na distribuição de renda e no próprio processo de produção do espaço urbano. Para parcela significativa de sua população a cidade não ofertava condições sanitárias mínimas, tampouco infraestrutura adequada. Somado a isso, as condições de habitação eram precárias e já se expressava com brutal nitidez um elevado déficit habitacional que persiste até os dias de hoje.
Ao invés de palco de realização de sonhos, as cidades brasileiras tornaram-se epicentros de graves problemas sociais e ambientais constituindo cenário propício para emergência de pressões populares em defesa de uma reforma urbana, já na década de 1960. No entanto, foi em 1985, no bojo do processo de abertura política que culminaria com a promulgação da Constituição de 1988, que o Movimento Nacional pela Reforma Urbana foi criado. Aos poucos o Movimento foi ampliando sua escala de atuação e elaborando aquilo que talvez possa ser considerado sua bandeira de maior projeção: a defesa de uma cidade para todos.
Devido a autenticidade de suas formulações e da sua capacidade de articulação, o Movimento Nacional pela Reforma Urbana adquiriu considerável proeminência no processo da Constituinte de 1988 integrando reivindicações de diversas organizações não governamentais, movimentos sociais e entidades de classe. Uma vez que o regimento interno da Constituinte incentivou o processo de participação popular na elaboração de emendas para o Projeto de Constituição, estas entidades, reunidas em torno do Movimento Nacional pela Reforma Urbana, assumiram a responsabilidade de elaborar proposta de lei capaz de contribuir para reversão do quadro caótico que havia se instaurado nos grandes centros do país e, sobretudo, fosse capaz de alterar o padrão de crescimento das cidades que inviabilizava a concretização de uma "cidade para todos".
Em 1988, a inclusão dos artigos 182 e 183 na Constituição, sob um capítulo intitulado "Da Política Urbana", foi uma vitória deste movimento. Em continuidade, no ano seguinte (1989), o Projeto de Lei intitulado Estatuto da Cidade foi apresentado ao Senado com o propósito de regulamentar os artigos 182 e 183 da Constituição. Nesta empreitada, um longo processo se iniciava uma vez que, em virtude dos conflitos que engendrava, o Estatuto da Cidade foi aprovado somente em julho de 2011 como Lei Federal nº 10.257, entrando em vigor em outubro do mesmo ano.
Portanto, em termos gerais o Estatuto da Cidade pode ser definido como a maneira pela qual é denominada a Lei Federal nº 10.257 de 2011 que regulamenta o capítulo da Política Urbana da Constituição Brasileira de 1988. Grosso modo, o Estatuto define as diretrizes gerais que devem ser observadas pela União, estados e municípios para promoção de uma política urbana que visa garantir as funções sociais da propriedade urbana e da cidade por meio de uma gestão cada vez mais democrática. Em termos históricos o Estatuto da Cidade é síntese de um longo processo de articulação e pressão exercidos por diferentes setores da sociedade interessados e engajados na construção de uma cidade para todos. Neste sentido,o Estatuto da Cidade aponta diretrizes gerais ordenadoras da política urbana tais quais as que seguem, por exemplo:
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Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Economia Regional e Políticas de Desenvolvimento Urbano
• a garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra urbana, à moradia,
ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações;
• a gestão democrática por meio da participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano;
• o planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da população e das atividades econômicas do Município e do território sob sua área de influência, de modo a evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio ambiente;
• a oferta de equipamentos urbanos e comunitários, transporte e serviços públicos adequados aos interesses e necessidades da população e às características locais;
• a proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e construído, do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico.
Para sua efetivação, o Estatuto da Cidade define um conjunto de instrumentos como os que seguem, por exemplo:
• Planejamento municipal, em especial o plano diretor; a disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo; o zoneamento ambiental; o plano plurianual; as diretrizes orçamentárias e orçamento anual; a gestão orçamentária participativa; os planos, programas e projetos setoriais;os planos de desenvolvimento econômico e social;
• Institutos tributários e financeiros: imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana - IPTU; contribuição de melhoria; incentivos e benefícios fiscais e financeiros;
• Institutos jurídicos e políticos: desapropriação; instituição de unidades de conservação; instituição de zonas especiais de interesse sociais; concessão de uso especial para fins de moradia;
• Estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV).
No que se refere especificamente a gestão democrática das cidades, o Estatuto se vale, dentro outros, dos seguintes instrumentos:
• Órgãos colegiados de política urbana, nos níveis nacional, estadual e municipal; debates, audiências e consultas públicas; conferências sobre assuntos de interesse urbano, nos níveis nacional, estadual e municipal; iniciativa popular de projeto de lei e de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano.
Em que pese os avanços conquistados pelo Estatuto da Cidade, a bandeira pela reforma urbana tem ainda como desafio mobilizar e capacitar atores sociais, lideranças populares, profissionais da área, acadêmicos, parlamentares e gestores públicos, para que sejam exploradas o conjunto de possibilidades abertas a partir da implementação da Lei 10.257 de 2011.
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Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Economia Regional e Políticas de Desenvolvimento Urbano
Espelho de correção (Parecer)
Item Quesitos avaliados Valor
1
Primeira parte: caracterização dos elementos históricos
• Apresentar conhecimento amplo sobre a temática do desenvolvimento urbano brasileiro no que se refere ao padrão de crescimento das cidades (0,50 pontos)
• Apresentar reflexão sobre a relação existente entre as implicações deste padrão de crescimento e a emergência da questão urbana brasileira. (0,50 pontos)
• Apresentar reflexão que relaciona esta questão com a criação do Estatuto da Cidade. (0,50 pontos)
• Apresentar, ainda que de forma sumária, o processo que culmina na implementação da Lei 10.257 em 2011. (0,50 pontos)
2,00
2
Segunda parte: definição do Estatuto da Cidade
• Apresentar definição que contemple os seguintes elementos:
o aspectos jurídicos (0,50 pontos)
o aspectos técnicos (0,50 pontos)
o aspectos históricos (0,50 pontos)
1,50
3
Terceira parte: caracterização técnica do Estatuto da Cidade
• Apresentar conhecimento acerca das diretrizes estabelecidas no Estatuto da Cidade (0,50 pontos)
• Apresentar conhecimento acerca dos instrumentos definidos no Estatuto da Cidade (0,50 pontos)
• Apresentar conhecimento acerca dos instrumentos voltados para gestão democrática previstos no Estatuto da Cidade (0,50 pontos)
1,50
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Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Economia Regional e Políticas de Desenvolvimento Urbano
Questão Dissertativa
Padrão de resposta (Questão dissertativa) Vale a pena iniciar a resposta abordando uma questão de fundo, mas de importância crucial para o
debate proposto. No processo de conformação das formações sócioespaciais modernas, o sistema capitalista aperfeiçoou sobremaneira sua capacidade de manejar as escalas espaciais (do global ao local) aprofundando as relações sociais de produção que lhe dá corpo. Como desdobramento, temos que nenhuma escala é por si só boa ou ruim. O que faz certa escala ter primazia sobre outra é o momento histórico particular que lhe confere maior ou menor significado. A escala regional não é diferente. Ela foi ideal para expressar o desenvolvimento desigual e combinado que o sistema capitalista engendrou dentro dos Estados Nacionais, ou seja, numa escala sub-nacional, sobretudo nos anos do pós guerra nos países considerados do centro.
No Brasil, é possível dizer que a questão regional se expressa nestes termos a partir do aprofundamento das relações sociais de produção quando o país alcança certo nível de integração produtiva que, por meio do processo de industrialização, opõem de um lado o Sudeste, tendo São Paulo como ponta de lança, e o do outro, o Nordeste. Foi neste contexto, a partir de meados da década de 1950, que a questão regional brasileira alcança projeção nacional e que se concebe o projeto de criação da Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE).
Nos anos seguintes, se observa um gradual processo de desconcentração da atividade produtiva, sobretudo em decorrência de investimentos realizados pelas empresas estatais, e da migração de capitais das região mais rica para as mais pobres em virtude, principalmente, dos incentivos fiscais. No entanto, apesar da integração do Nordeste à dinâmica econômica nacional, e de uma certa atenuação da desigualdade regional, o resultado desse processo não foi uma homogeneização das regiões. O que se viu acontecer no Brasil foi um acelerado processo de crescimento econômico que tendeu a reproduzir o mesmo padrão de desigualdade também nas escalas intra-regionais.
Foi assim que o Nordeste cresceu. Cresceu reproduzindo internamente essa desigualdade. Concomitantemente, a região Sudeste passou a abrigar uma massa de pobres que, em virtude de sua não inserção no mercado de trabalho, engrossou o caldo dos problemas urbanos que emergiam e se intensificavam nos centros mais dinâmicos do país. Também no bojo destas transformações, a modernização do campo intensificou a questão agrária, espoliando significativa parcela da população rural que, alijada de seus instrumentos de trabalho, se somaram ao contingente de brasileiros que vivenciavam as mazelas da pobreza, da precariedade da oferta de serviços públicos e das reduzidas oportunidades de inserção num mercado de trabalho cada vez mais exigente em toda parte do país, seja no sudeste, no nordeste, ou nas áreas de expansão da fronteira agrícola. Nesse cenário, a questão regional brasileira vai se redefinindo, sobretudo na sua dimensão escalar.
Um primeiro motivo para justificar a necessidade de uma PNDR atuar em múltiplas escalas diz respeito ao fato de que a escala regional, leia-se macro-regional mais precisamente, passou a ser insuficiente para expressar as nuances da reprodução das desigualdades sócio-espaciais que se enraizavam por todo o território nacional. A partir deste ponto desdobram-se os demais motivos.
Um segundo motivo se refere ao fato da pobreza, gradativamente, deixar de ser essencialmente uma questão regional, mostrando-se cada vez mais como uma questão relacionada a distribuição interpessoal de renda, estando os pobres distribuídos por todo o território. Nesta direção, chama atenção o crescente número de pobres nas áreas urbanas. De acordo com o censo 2010, o país possuía 16,27 milhões de brasileiros vivendo com renda familiar de até R$70,00. Deste total, mais de 50%, algo próximo a 8,67 milhões de brasileiros viviam em áreas urbanas. Se é verdade que o enfrentamento da questão regional se justifica em grande medida pela necessidade de reduzir as desigualdades sociais e espaciais, não há como desconsiderar o contingente de pobres residentes nos grandes centros urbanos do país, negligenciando
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Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Economia Regional e Políticas de Desenvolvimento Urbano
esta escala. Em síntese, a pobreza extrema não mais é característica "exclusiva" da região nordeste, norte, ou centro-oeste. Ela se expressa em múltiplas escalas do urbano ao regional, por exemplo.
Um terceiro motivo que justifica a atuação de uma PNDR em múltiplas escalas está relacionada ao processo de desconcentração da produção que ocorreu de forma seletiva, privilegiando espaços que já se mostravam mais dinâmicos dentro das regiões menos dinâmicas do país. O mapa da tipologia da PNDR ilustra bem esta configuração ao mostrar que há "regiões estagnadas" espalhadas por todo território nacional e não apenas nas regiões menos dinâmicas. O mesmo mapa também evidencia que dentro das regiões Norte e Nordeste há "áreas dinâmicas" convivendo com áreas de "baixa renda", "estagnadas" e, ainda que em menor proporção, áreas de "alta renda". Em síntese, a estrutura produtiva do país se expandiu territorialmente tendo sido capaz de gerar "ilhas de prosperidade" mesmo nas áreas menos dinâmicas do país. Ao mesmo tempo, por ter se consubstanciado nos moldes de uma modernização conservadora, a intensificação do dinamismo econômico nas áreas mais dinâmicas do país configurou, no entorno destas áreas, coexistindo com elas, bolsões de expressiva pobreza. O binômio ausência de estrutura produtiva e pobreza que, de certa forma, davam certa unidade às regiões menos dinâmicas do país se rompeu.
Os três motivos apresentados justificam a defesa de uma PNDR em múltiplas escalas porque apontam claramente aspectos que demarcam, cada um a sua maneira, os limites da escala regional (macro-regional) tanto para o entendimento do atual padrão de reprodução de desigualdades sócioespaciais vigente quanto para seu enfrentamento.Quaisquer outros motivos apresentados pelos candidatos devem seguir essa linha argumentativa.
O primeiro desafio diz respeito aos instrumentos de financiamento da Política Regional vigentes. Trata-se de instrumentos concebidos num momento histórico de valorização da escala regional / macro-regional que elencava o Nordeste, o Norte e o Centro-Oeste como beneficiários por direito dos recursos ou outras vantagens advindas destes instrumentos. Então hoje, quando se roga a necessidade de implementar uma Política em múltiplas escalas, os instrumentos de que se dispõem para intervenção no território são essencialmente de corte macro-regional. Em síntese, a ausência de instrumentos de financiamento apropriados acaba constituindo considerável desafio a implementação de uma PNDR em múltiplas escalas porque, de fato, as múltiplas escalas não são contempladas pelos instrumentos vigentes.
Um segundo desafio se relaciona ao esforço de mobilização e de coordenação que a implementação de uma PNDR em múltiplas escalas requer. Importante lembrar que num país com o viés federativo brasileiro, uma intervenção em múltiplas escalas depende que cada uma das esferas administrativas correlatamente responsáveis se engaje e participe do processo de sua implementação. Daí advém o esforço de mobilização que envolve aspectos técnicos, políticos e econômicos não se tratando, portanto, de um esforço trivial. Na outra ponta, alguém, algum órgão, alguma esfera, precisa coordenar esse processo de implementação de forma legítima e democrática, esforço que também não é trivial. Hipoteticamente o desafio da mobilização e coordenação poderiam ser potencializados se aqueles diretamente implicados com a implementação da Política participassem da sua formulação e vissem nela a possibilidade de ter seus interesses contemplados. Quando não é esse o caso, tais esforços se tornam ainda maiores e os desafios de implementar uma PNDR em múltiplas escalas também. Em síntese, o país carece de uma arquitetura institucional que dê suporte e viabilize a implementação de uma PNDR em múltiplas escalas.
Exemplo disso é a Guerra Fiscal, mecanismo pelo qual muitos estados e municípios acabaram adotando para atrair investimentos produtivos na ausência de instrumentos mais adequados de política regional. Em síntese, a Guerra Fiscal provocou o acirramento da competitividade entre os entes federados que tendem a resistir a iniciativas que privilegiam pactos federativos sejam eles horizontais ou verticais.
Os desafios apresentadas apontam claramente aspectos capazes de implicar negativamente no processo de implementação de uma PNDR no Brasil. Quaisquer outras dificuldades apresentadas pelo candidato deve seguir esta mesma linha argumentativa.
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Economia Regional e Políticas de Desenvolvimento Urbano
Espelho de correção (Questão dissertativa)
Item Quesitos avaliados Valor
1
Fundamentação que deve ser apresentada de forma contextualizada com a questão proposta pela banca e articulada com núcleo da resposta a ser apresentada pelo candidato • Apresentar conhecimento de abrangência ampla relacionando a dinâmica do sistema
capitalista com a produção/reprodução de desigualdades sócio-espaciais; (0,25 pontos) • Apresentar esforço analítico-reflexivo que relaciona essa dinâmica à configuração de
escalas espaciais numa perspectiva histórica (0,25 pontos) • Transpor essa análise para o Brasil apresentando em linhas gerais a configuração da
questão regional brasileira a partir da dinâmica produtiva engendrada no território (0,25 pontos)
• Apresentar conhecimento atualizado sobre a questão regional brasileira que põe em pauta a questão da escala tanto no que se refere ao campo da análise da problemática quanto da intervenção. (0,25 pontos)
1,00
2
Núcleo da resposta apresentada pelo candidato conforme primeiro bloco da questão formulada pelo banca • Apresentar justificativas capazes de sustentar a necessidade de formulação e
implementação de uma PNDR em múltiplas escalas que tenha como cerne os seguintes elementos: o a insuficiência da escala regional / macroregional em expressar as nuances do atual
padrão de reprodução das desigualdades socioespaciais brasileiras; (1,00 ponto) o a expressão dinâmica da produção de pobreza em suas múltiplas escalas para além
do regional; (1,00 ponto) o o padrão seletivo de desconcentração da produção que põe lado a lado ilhas de
prosperidade e bolsões de pobreza. (0,50 pontos)
2,50
3
Núcleo da resposta apresentada pelo candidato conforme segundo bloco da questão formulada pelo banca • Apresentar desafios relacionados a implementação de uma PNDR em múltiplas escalas
que tenha como cerne os seguintes elementos: o a relação anacrônica entre os instrumentos de financiamento vigentes e a proposta
de atuação em múltiplas escalas; (0,75 pontos) o a ausência de uma arquitetura institucional apropriada à implementação de
políticas em múltipls escalas; (0,75 pontos)
1,50
Senado Federal – Concurso Público 2011
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Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Educação
Parecer
Padrão de resposta (Parecer) Espera-se que o(a) candidato(a) apresente uma discussão sobre a recente alteração constitucional
(em 2009 o Senado aprovou por unanimidade a PEC 96A/2003 que acabou com a Desvinculação dos Recursos da União sobre a Educação e também ampliou a obrigatoriedade do ensino para crianças e jovens de 4 a 17 anos) e suas implicações para as famílias e redes de ensino no que toca a matrícula inicial das crianças. Espera-se que argumente – considerando os textos legais e a discussão no âmbito da educação infantil sobre a integração entre educação infantil e ensino fundamental - sobre a necessidade ou não de regulação complementar no sentido de disciplinar a questão de forma unificada em termos nacionais, como alternativa tanto a eventual sobrecarga do sistema judiciário, quanto às dificuldades de planejamento educacional dos diferentes entes federados para atender à demanda por matrículas.
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Educação
Espelho de correção (Parecer)
Item Quesitos avaliados Valor
1 Apresentação, legibilidade, margens e parágrafos. 2,0
2
Adequação ao formato de parecer delimitando os diferentes aspectos da questão e justificando o posicionamento a favor ou contra a proposta de legislação sobre o tema. A pontuação total só será concedida se o(a) candidato(a) abordar tanto o aspecto legal, como o propriamente educacional da questão.
2,0
3 Estrutura textual (construção pertinente de introdução, desenvolvimento e conclusão) – a introdução, o desenvolvimento e a conclusão devem estar claramente delimitados no texto (parágrafos), sem perda do vínculo lógico no desenvolvimento dos argumentos.
3,0
4
• A introdução deverá situar o tema integrando os aspectos legais e educacionais em torno do direito à educação e do dever do Estado de atender à demanda da população. (1,0)
• O desenvolvimento deve discutir os desafios dos entes federados (os municípios, em particular) frente ao planejamento educacional para atender à demanda de matrículas, sem perder de vista a questão da integração pedagógica entre educação infantil e ensino fundamental para atender com qualidade e consistência ao direito das crianças de 5 e 6 anos. (3,0)
• A conclusão deve expressar um posicionamento – consistente com a argumentação desenvolvida – a favor ou contra a regulação complementar da questão, indicando o encaminhamento mais adequado para o debate e eventual intervenção no âmbito do poder legislativo e do Senado em particular. (1,0)
5,0
5
Relação lógica entre as ideias: • Direito de todos à educação e dever do Estado de garantir seu atendimento. (2,0) • Características específicas da educação infantil, sua importância para a qualificação da
escolarização obrigatória e os desafios e possibilidades de integração destes dois níveis da educação básica. (2,0)
4,0
6
Objetividade, ordenação e clareza das ideias: • Consistência e clareza da argumentação a favor ou contra a regulação da questão. (2,0) • Objetividade e ordenamento lógico-estratégico do encaminhamento do debate e
eventual intervenção no âmbito do poder legislativo e do Senado em particular. (2,0)
4,0
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Educação
Questão Dissertativa
Padrão de resposta (Questão dissertativa) Espera-se que o(a) candidato(a) apresente uma discussão sobre a política atual de avaliação da
educação básica, sem perder de vista seu enquadramento legal. Além da descrição das características do SAEB, da Prova Brasil e do ENEM – diferenciando cada modalidade de avaliação, espera-se que o(a) candidato(a) discuta em que medida tais políticas contribuem para um diagnóstico da qualidade da oferta educacional nos diferentes níveis e que lacunas poderiam ser eventualmente identificadas. No que toca ao IDEB e as metas do Compromisso de Todos pela Educação, espera-se que seja apresentada uma discussão crítica das vantagens e desvantagens do índice e de seu uso do ponto de vista da accountability e da equidade do sistema educacional, considerando a distribuição desigual dos fatores escolares e extra escolares nas diferentes redes públicas de ensino. Finalmente, espera-se que o(a) candidato(a) indique como o Senado poderia intervir na questão da garantia do acesso à educação de qualidade.
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Educação
Espelho de correção (Questão dissertativa)
Item Quesitos avaliados Valor
1 Apresentação, legibilidade, margens e parágrafos. 2,00
2
Adequação ao formato de texto argumentativo ponderando os diferentes aspectos da questão. A pontuação total só será concedida se o(a) candidato(a), além de conhecer o funcionamento da política mostrar também conhecimento do debate educacional à respeito.
2,00
3 Estrutura textual (construção pertinente de introdução, desenvolvimento e conclusão) – a introdução, o desenvolvimento e a conclusão devem estar claramente delimitados no texto (parágrafos), sem perda do vínculo lógico no desenvolvimento dos argumentos.
3,00
4
Pertinência de conteúdo e abordagem:
• A introdução deverá situar o tema da avaliação no contexto da legislação educacional, considerando, entre outros aspectos, o direito à educação de qualidade. (1,0)
• O desenvolvimento deve apresentar as características da política atual de avaliação, diferenciando-a das anteriores (SAEB, ENEM, Prova Brasil/PDE) e indicando de que medida o IDEB (PDE, 2007) se constitui em ferramenta de controle social da qualidade da oferta educacional pública no ensino fundamental e no ensino médio. O(A) candidato(a) deverá também mostrar conhecer a discussão sobre a equidade no sistema educacional e discutir o potencial e os riscos que o uso do IDEB como indicador de qualidade envolve no contexto de redes públicas de ensino que atendem a diferentes públicos e que investem de forma frequentemente diferenciada nos insumos escolares. (3,0)
• A conclusão deve tecer considerações finais sobre o tema, coerentes com a argumentação desenvolvida, apresentando perspectivas de avaliação e aprimoramento da política, tendo em vista o papel fiscalizador do Senado. (1,0)
5,00
5
Relação lógica entre as ideias:
• Direito de todos à educação de qualidade e dever do Estado de garantir seu atendimento. (2,0)
• Política de avaliação da educação pública e accountability. (2,0)
4,00
6
Objetividade, ordenação e clareza das ideias:
• Consistência e clareza da argumentação a favor ou contra a regulação da questão. (2,0) • Objetividade e ordenamento lógico-estratégico da discussão com vistas ao
embasamento da ação fiscalizadora do Senado. (2,0)
4,00
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Meio Ambiente
Parecer
Padrão de resposta (Parecer) Critério 1 – Deverá o candidato expor suas considerações na forma de um parecer jurídico, pelo que
sua explanação há de conter uma introdução – abordagem inicial do tema e sua contextualização; desenvolvimento – aqui o tema geral há que ser trabalhado de modo específico, em pormenores; e por fim, a conclusão – momento no qual há que se ter o entendimento do candidato acerca da constitucionalidade do projeto apresentado, coadunando‐o com a legislação ambiental em vigor. O parecer cuida de tema ambiental, assim a análise da constitucionalidade da proposta legislativa que ora se apresenta deve considerar a multidisciplinaridade do tema, analisando‐se sua pertinência no contexto jurídico‐legal brasileiro. – até 01 ponto;
Critério 2 – O candidato deverá enquadrar a proposta legislativa abordando expressamente Os Princípios Constitucionais contidos no Título VIII, Capítulo VI – Do Meio Ambiente – artigo 225 e seguintes; a limitação da competência legislativa para a apresentação do projeto, o que se vê delimitado nos artigos 22 – no que toca à União, 25 – aos Estados, 30 – em relação aos Municípios, com ênfase na situação que o tema da proposta legislativa que ora se analisa envolve competência concorrente, prevista em nossa Constituição da República no artigo 24, inciso VI; a livre iniciativa econômica ditada no texto constitucional no caput do artigo 170; a necessidade do exercício da atividade regulatória do Estado – artigo 174, explicitando que é a partir de tal necessidade que sobrevém o ato legislativo em voga. Há que se coadunar todos os tópicos aqui anteriormente abordados asseverando quanto à constitucionalidade do projeto – até 02 pontos;
Critério 3 – O aspecto da técnica legislativa tem de ser analisado à luz do dispositivo constitucional do artigo 61 de nossa Constituição da República, abordando que se cuida de uma espécie normativa – Lei Ordinária, pelo que se deve obedecer a todos os seus preceitos, principalmente o §2º do dispositivo supramencionado e ainda o artigo 64, quanto ao processo legislativo. Faz‐se necessário abordar, ainda, a necessidade de que o projeto contenha norma denominada de “transição”, vez que traz novas regras, às quais todo o setor produtivo – seja privado ou não deve se adequar. O projeto contém norma regulatória, o que implica no estabelecimento de normas regulamentares e a fiscalização do seu cumprimento, o que deve ser abordado pelo Candidato. Por fim, o candidato deve citar o poder sancionatório, intrínseco a toda norma, se levada em consideração a Teoria Tridimensional do Direito – fato; valor e norma – até 02 pontos;
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Meio Ambiente
Espelho de correção (Parecer)
Item Quesitos avaliados Valor
1 Contextualização do tema 1,00
2
Moldura constitucional e posicionamento no quadro legislativo: • Princípios constitucionais; (0,5) • Limites de competência da União, Estados e Municípios; (0,5) • Garantia da livre iniciativa; (0,5) • Poder regulatório da União. (0,5)
2,00
3
Técnica legislativa: • Normas de transição para que o setor produtivo se adapte às novas regras; (1,0) • Fiscalização; (0,5) • Coercibilidade da norma (sanção). (0,5)
2,00
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Meio Ambiente
Questão Dissertativa
Padrão de resposta (Questão dissertativa) Critério 1 ‐ Deverá o candidato expor suas considerações na forma de um parecer jurídico, pelo que
sua explanação há de conter uma introdução – abordagem inicial do tema e sua contextualização; desenvolvimento – aqui o tema geral há que ser trabalhado de modo específico, em pormenores; e por fim, a conclusão – momento no qual há que se ter o entendimento do candidato acerca da constitucionalidade do projeto apresentado, coadunando‐o com a legislação ambiental em vigor – até 01 ponto;
Critério 2 – O candidato deverá abordar especificamente os grandes marcos da proteção de áreas verdes e florestas no Brasil, tecendo comentários acerca dos principais diplomas legislativos, na seguinte ordem cronológica: Decreto nº 23.793/34 – com ênfase no conceito de “floresta protetora” e “reserva florestal”, inovações à época; Lei n º 4.771/65 – da instituição do Código Florestal; trouxe a “reserva legal (RL)” e as “áreas de proteção permanente (APP’s)”; Lei 7.511/86 – abordar a mudança significativa no regime dos conceitos anteriormente vertidos, principalmente no que toca às APP’s e à reserva florestal; Lei nº 7.803/89 – da criação da “reserva legal” e por fim a Lei nº 9.605/98 – traz a transformação de infrações meramente administrativas em delitos ambientais, ponto de maior relevância na norma‐até 02 pontos;
Critério 3 – Aqui será analisada a capacidade do candidato em coadunar todas as normas ambientais, sejam gerais ou específicas. Deve o candidato articular suas exposições de forma clara, concisa e o mais importante tendo em conta a cronologia dos eventos legislativos – até 01 ponto;
Critério 4 – Ao final o candidato deverá demonstrar o seu conhecimento quanto à nova proposta apresentada de Código Florestal, abordando as principais modificações em relação ao atual. Citar em especial a proposição que cuida de hipótese da “anistia” das multas aplicadas por violação às APP’s, bem como o critério novo de proteção das encostas e beiras de rios – até 01 ponto.
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Meio Ambiente
Espelho de correção (Questão dissertativa)
Item Quesitos avaliados Valor
1 Contextualização da evolução legislativa. Abordagem do momento histórico e de fatores socioeconômicos que influenciaram as mudanças legislativas.
1,00
2
Principais características/avanços legislativos mais relevantes: • Decreto nº 23.793/34 ‐ o conceito de florestas protetoras e reserva florestal; (0,4) • Lei nº 4.771/65 ‐ Reserva Legal (RL); Áreas de Preservação Permanente (APPs); (0,4) • Lei nº 7.511/86 – modificação do regime da reserva florestal e dos limites das APPs;
(0,4) • Lei nº 7.803/89 – Criação da Reserva Legal; (0,4) • Lei nº 9.605/98 – Transformação de diversas infrações administrativas em crimes
ambientais. (0,4)
2,00
3 Capacidade de articulação com a legislação geral e outras específicas 1,00
4 Abordagem sobre as principais alterações propostas pelo novo Código Florestal 1,00
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Minas e Energia
Parecer
Padrão de resposta (Parecer) O paradoxo apontado pelo senador tem por base o confronto entre as múltiplas restrições
ambientais presentes nos projetos energéticos e, ao mesmo tempo, a necessidade de se garantir o pleno suprimento da energia no país (segurança energética).
Em outras palavras, o desafio atual é atender a demanda de energia da sociedade, de forma contínua e confiável, mantendo o compromisso de minimização dos impactos ambientais decorrentes da construção e operação dos empreendimentos de geração, além de propiciar a menor tarifa possível para o consumidor (critério de modicidade tarifária).
Cabe destacar que este dilema não significa qualquer questionamento acerca da relevância da preservação do meio ambiente e do cumprimento da legislação pertinente, mas sim o fato de que a demanda de energia do país deve ser atendida de alguma maneira, ou seja, por alguma fonte de energia.
Neste contexto, uma vez que os projetos de usinas hidrelétricas estão sofrendo, de forma sistemática, redução nos reservatórios autorizados na etapa de licenciamento ambiental, então o fator de capacidade médio destas usinas está sendo reduzido. A consequência é que isto implica em menos energia hidrelétrica sendo gerada para a sociedade.
Como exemplo recente desta situação, destaca-se amais polêmica usina hidrelétrica atualmente em construção: a UHE Belo Monte. Após três décadas de muita discussão e revisões no projeto, o empreendimento está sendo construído com fator de capacidade de 40,7%. Para fins de comparação, a média atual do parque hidrelétrico nacional é fator de capacidade de 57%.
Tendo em vista que a sociedade não deve sofrer qualquer restrição compulsória de consumo de energia, então a demanda instantânea deverá ser atendida por outra fonte energética. Caso a opção do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) seja despachar uma usina cujo combustível é uma fonte não-renovável (carvão, derivados de petróleo, gás natural, entre outros), a consequência direta será um aumento nas emissões de gases de efeito estufa (GHG) relacionadas ao setor energético.
Por outro lado, o país adotou recentemente metas de redução destes gases, de forma voluntária, porém através de compromissos legais. Então torna-se um contrassenso restringir a construção de hidrelétricas com reservatórios e maior fator de capacidade, justamente sob alegações de caráter ambiental.
Neste sentido, é preciso estabelecer um amplo esforço institucional, com discussões técnicas e interdisciplinares, para definir qual o posicionamento acerca desta questão na esfera legislativa federal e avançar rumo à solução deste paradoxo já estabelecido.
Possivelmente esta reflexão ensejará uma série de outras conexas, sobre questões polêmicas na sociedade brasileira, tais como a questão indígena e o aproveitamento de recursos hídricos na Amazônia. No entanto, é fundamental que a sociedade e o governo iniciem o debate sobre estes pontos polêmicos o quanto antes, para que os recursos energéticos e ambientais não permaneçam sendo desperdiçados.
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Minas e Energia
Espelho de correção (Parecer)
Item Quesitos avaliados Valor
1 Abordagem e discussão da questão da segurança energética. 2,00
2 Citação de exemplos, como Belo Monte, entre outros possíveis. 0,50
3 Impactos ambientais decorrentes da utilização de fontes não renováveis e de fontes mais poluentes na matriz energética brasileira.
1,00
4 Conclusão do parecer, com apresentação de um posicionamento coerente. 1,50
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Minas e Energia
Questão Dissertativa
Padrão de resposta (Questão dissertativa) O Plano Decenal de Expansão de Energia 2020 prevê que os investimentos para as atividades de E&P
no Brasil até 2020 ficarão situados no patamar entre US$ 275,9 bilhões e US$ 302,7 bilhões. Apenas o maior player do mercado nacional, a Petrobras planeja investir expressivos US$ 108,2 bilhões até 2014 (algo entre 35% e 40% do total previsto para todas as empresas, ao longo de toda a década).
Ainda de acordo com o PDE 2020, os investimentos em refino totalizarão US$89,4 bilhões até 2020. Deste montante, US$ 59,3 bilhões (66,3%) serão investimentos em novas refinarias e o restante será aplicado em ampliação das unidades existentes.
Dentre as novas refinarias previstas destacam-se os seguintes empreendimentos: General Abreu e Lima (ou RNEST, em Pernambuco, com capacidade de 230.000 barris por dia), COMPERJ (no Rio de Janeiro, com capacidade de 330.000 barris por dia), Premium I (no Maranhão, com capacidade de 900.000 barris por dia) e Premium II (no Ceará, com capacidade de 300.000 barris por dia).
Conforme visto, o investimento em upstream será consideravelmente maior que o montante destinado ao segmento downstream. Em termos quantitativos, o estudo prevê que as atividades E&P consumam aproximadamente 76% do total destinado à cadeia energética do petróleo.
Todavia, neste caso é factível que os valores do segmento upstream sejam maiores, uma vez que esta é a etapa de maior risco de insucesso na cadeia produtiva. E cabe registrar que a atividade de E&P na região do pré-sal é ainda mais custosa que na região do pós-sal.
O transporte de derivados de petróleo em grandes volumes, não importa qual for o modal utilizado, tende a ser mais complicado e mais caro que o transporte da mesma quantidade de petróleo cru. Ainda mais se o transporte envolver a movimentação de mais de um tipo de produto simultaneamente.
Na utilização de modal duto viário para movimentação de produtos em território nacional antes de sua exportação (entre distribuidora e o terminal terrestre próximo a um porto, por exemplo) após a passagem do primeiro derivado será necessário limpar o duto, para evitar uma possível contaminação do próximo produto que será bombeado. Isto significa custo financeiro e perda de tempo.
No modal marítimo, em decorrência da mesma razão citada acima, será preciso separar os diferentes derivados em diferentes tanques ou compartimentos do navio de produtos. Em contraponto, caso fosse realizado o transporte de petróleo bruto, toda a carga seria bombeada para o petroleiro, sem qualquer segregação. Tudo isto implica no fato de que o custo unitário de transporte de óleo cru será menor que o custo unitário de transporte de derivados.
Assim, do ponto de vista estritamente logístico, seria preferível que o Brasil adotasse a posição de exportador de petróleo bruto.
No que tange à comercialização internacional, é ponto pacífico que o valor agregado dos derivados de petróleo é significativamente maior que o do petróleo bruto. Assim, a margem de lucro auferida pode ser muito expressiva, dependendo do esquema de refino existente no país e dos produtos exportados.
O problema está na especificação físico-química dos derivados em cada mercado. Dependendo da região escolhida, os requisitos legais podem mudar de um estado para outro, mesmo que estes façam fronteira entre si. Os Estados Unidos são um exemplo de mercado cuja regulação de combustíveis pode variar até mesmo em nível municipal.
E isto é um fator complicador para as empresas de petróleo estabelecidas no Brasil. Afinal, qual deve ser o esquema de refino a ser construído, para atender os futuros clientes? Ou ainda, raciocinando de forma inversa, quais clientes poderão ser atendidos, considerando o esquema de refino existente?
Uma das formas de a empresa de petróleo escapar deste entrave comercial seria fazer contratos de longo prazo. Isto reduziria o risco para o produtor de três maneiras distintas: evitaria o impacto de
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Minas e Energia
mudanças na especificação dos derivados, eliminaria a concorrência com outros produtores e garantiria retorno financeiro por longo prazo.
Então pode ser afirmado que, ainda que tenha que se precaver no que diz respeito à questão da especificação físico-química dos produtos, do ponto de vista meramente comercial é preferível que o Brasil se torne uma nação exportadora de derivados de petróleo.
Em relação à variação na oferta interna de energia do país, os impactos seriam muito reduzidos. Caso o óleo cru fosse exportado, a parte da matriz energética nacional que registraria isto seria o bloco de oferta situado na seção das energias primárias.
Em contrapartida, se a exportação fosse de derivados de petróleo, a matriz registraria inicialmente consumo de petróleo no centro de transformação (refinarias). Na seção de energias secundárias seria mostrada a oferta de derivados na saída da refinaria, para posterior exportação. Esta última operação seria registrada no bloco de oferta.
Assim sendo, a diferença qualitativa entre as duas situações é muito pequena e seria explicada pela energia consumida pelas refinarias (setor energético) e pelas perdas técnicas deste centro de transformação. Em suma, estas perdas (que são da ordem de 1%) representam o montante de insumos energéticos não se tornam produtos na cadeia dos derivados de petróleo.
Portanto, apesar de a primeira alternativa propiciar maior oferta interna de energia para o Brasil, a diferença é muito pequena para justificar uma escolha entre os dois possíveis cenários. Isto significa que a oferta interna de energia não é um parâmetro suficientemente relevante para este tipo de análise.
Senado Federal – Concurso Público 2011
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Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Minas e Energia
Espelho de correção (Questão dissertativa)
Item Quesitos avaliados Valor
1 Investimentos previstos no segmento upstream no horizonte do PDE 2020. 1,00
2 Investimentos previstos no segmento downstream no horizonte do PDE 2020. 1,00
3 Modais de transporte de petróleo e seus derivados e outros aspectos logísticos. 1,00
4 Entraves e oportunidades na comercialização de petróleo e seus derivados. 1,00
5 Descrição correta do conceito de oferta interna de energia e conhecimento da matriz energética nacional.
1,00
Senado Federal – Concurso Público 2011
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Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Política Econômica e Finanças Públicas
Parecer
Padrão de resposta (Parecer) Os Estados brasileiros tem competência sobre o ICMS, imposto que tem abrangência sobre as
operações de caráter nacional. No ICMS, em relação a maioria das operações interestaduais realizadas, há a partilha do imposto entre o Estado de origem e o Estado de destino das mercadorias e serviços, o que é levado a efeito através do mecanismo de alíquotas interestaduais diferenciadas.
Essa sistemática alcança também as mercadorias de procedência estrangeira, fazendo com que a sua simples internalização por meio de algum Estado gere, para esse Estado, uma arrecadação potencial de ICMS. Tal circunstância, associada ao uso recorrente de políticas de benefícios e incentivos fiscais pelos Estados, na chamada “guerra fiscal”, faz com que o ICMS tenha se configurado em um instrumento capaz de estabelecer vantagens comparativas ao produto importado, em detrimento do produzido no País.
Para impedir a ocorrência de “guerras fiscais” entre os Estados, utilizando‐se do ICMS, a Constituição Federal proíbe a concessão unilateral de isenções, incentivos e benefícios fiscais. Essa orientação, por seu turno, foi regulamentada pela Lei Complementar 24, de 07 de janeiro de 1975, que estabeleceu em seu artigo 1º: “As isenções do imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias serão concedidas ou revogadas nos termos de convênios celebrados e ratificados pelos Estados e pelo Distrito Federal, segundo esta Lei.”
Assim, tendo em vista que, em desrespeito às regras acima mencionadas, alguns Estados vêm concedendo benefícios às importações sem amparo no Convênio de que trata a referida Lei Complementar no 24, de 1975, faz‐se necessário a adoção de medidas urgentes para mitigar o problema descrito anteriormente.
Nesse sentido, o presente Projeto de Resolução, ao propor a introdução de alíquota zero nas operações interestaduais com mercadorias importadas do exterior, retira dos Estados a possibilidade de oferecer vantagens comparativas a esses produtos, resolvendo um dos graves problemas resultantes da guerra fiscal no ICMS. Em decorrência, contribuirá para eliminar o tratamento vantajoso proporcionado para as mercadorias importadas, restabelecendo a requerida isonomia para o produto nacional com o importado, com vistas a manutenção de parâmetros adequados de competitividade
A exceção concedida às operações com energia elétrica e com combustíveis líquidos ou gasosos, derivados ou não de petróleo, justifica‐se pelo fato de que o país ainda não apresenta autossuficiência desses produtos, sendo que nesse caso a importação é essencial para o bom funcionamento da economia, não cabendo impor restrições à sua importação.
Senador Fulano de Tal
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Política Econômica e Finanças Públicas
Espelho de correção (Parecer)
Item Quesitos avaliados Valor
1
Aspectos constitucionais e jurídicos, especialmente no que toca a: a. restrições constitucionais e jurídicas para a concessão de subsídios e isenções
tributárias pelos estados que possam resultar em “guerra fiscal” (artigos 150, § 6º, e 155, § 2º, XII, “g” da Constituição Federal; artigos 1º e 2º da Lei Complementar 24 de 1975) (1,00 ponto)
b. atribuições do Senado para tratar da questão em pauta (em especial o inciso IV do § 2º do artigo 155 da Constituição Federal. (1,00 ponto)
2,00
2
No que toca ao mérito da proposição, analisar: a. As consequências do uso de alíquotas diferenciadas do ICMS para o acirramento da
guerra fiscal entre as Unidades da Federação e seu na eficiência alocativa da economia como um todo; (0,50 pontos)
b. No que toca especificamente aos incentivos a produtos importados, analisar os impactos dessas medidas sobre a produção nacional; (0,50 pontos)
c. Considerando as situações já existentes, avaliar as consequências da adoção da alíquota zero para o equilíbrio financeiro dos estados no curto prazo; (0,50 pontos)
d. Em consequência da questão considerada no item b, avaliar a conveniência de se adotar uma alíquota uniforme, porém diferente de zero, além de considerar a necessidade de se adotar uma estratégia de adoção gradual da alíquota uniforme; (0,50 pontos)
e. Avaliar a necessidade de se adotar medidas compensatórias para as Unidades da Federação para compensar eventuais perdas; (0,50 pontos)
f. Analisar as consequências da exceção concedida no artigo 4º, especialmente no que toca a: 1) possibilidade de inclusão de outras exceções fundamentadas em outras justificativas; e 2) consequências econômicas sobre a produção nacional e eficiência alocativa. (0,50 pontos)
3,00
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Política Econômica e Finanças Públicas
Questão Dissertativa
Padrão de resposta (Questão dissertativa) Os executivos dos bancos são os agentes dos donos dos bancos e, em última instância, da sociedade
em geral. Os donos e a sociedade podem ser considerados os principais nesta relação entre principal e agente.
Os executivos tomaram decisões para maximizar seus ganhos (bônus) sabendo que, em caso de perda, elas seriam absorvidas pelos donos dos bancos e pela sociedade em geral (o governo pagando pelo prejuízo); os executivos apenas deixariam de ganhar bônus.
Na verdade, deve‐se considerar que, possivelmente, os próprios donos dos bancos apostaram que seriam salvos pelos governos (com recursos da sociedade em geral), devido às conseqüências sociais catastróficas da quebra dos grandes bancos. Logo, os donos se tornaram menos avessos ao risco das operações bancárias que causaram prejuízos enormes. Assim, os donos de bancos podem ser considerados também agentes do principal que é a sociedade.
A desregulamentação financeira facilitou o desenvolvimento de uma relação principal – agente em que estes últimos tomaram decisões que não levaram em consideração os prejuízos sociais decorrentes da quebra das instituições financeiras. Assim, impuseram uma externalidade à sociedade.
A moeda usada pelas pessoas atualmente é, na sua maior parte, composta de saldos de depósitos bancários transferíveis entre as pessoas físicas e jurídicas na economia. A quebra de uma grande instituição bancária, devido às decisões erradas de seus dirigentes, acarreta perdas que não são apenas restritas a seus depositantes.
Geram também a desconfiança no sistema bancário como um todo, havendo um potencial importante de provocarem corrida aos bancos e uma completa desorganização do sistema de pagamentos da economia, com conseqüências funestas sobre as vendas, a produção e o emprego (estes bancos são “too big to fail”).
A economia brasileira foi atingida pela crise em decorrência da menor demanda externa pelos bens e serviços produzidos no Brasil, e da entrada maciça de capitais financeiros no país, buscando abrigo contra o risco e a baixa remuneração no exterior. Esta entrada de capitais provocou uma valorização cambial da moeda brasileira, reforçando o prejuízo às exportações do país, já enfraquecidas pela menor renda no exterior, e facilitando a entrada no mercado doméstico de produtos importados.
A crise levou a um superávit na conta de capital do balanço de pagamentos do Brasil e a um déficit na conta corrente, devido à menor demanda externa pelos bens e serviços produzidos no Brasil.
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Política Econômica e Finanças Públicas
Espelho de correção (Questão dissertativa)
Item Quesitos avaliados Valor
1
1º e 2º Parágrafos Os executivos dos bancos são os agentes dos donos dos bancos e, em última instância, da sociedade em geral. Os donos e a sociedade podem ser considerados os principais nesta relação entre principal e agente. Os executivos tomaram decisões para maximizar seus ganhos (bônus) sabendo que, em caso de perda, elas seriam absorvidas pelos donos dos bancos e pela sociedade em geral (o governo pagando pelo prejuízo); os executivos apenas deixariam de ganhar bônus.
0,50
3º Parágrafo Na verdade, deve‐se considerar que, possivelmente, os próprios donos dos bancos apostaram que seriam salvos pelos governos (com recursos da sociedade em geral), devido às conseqüências sociais catastróficas da quebra dos grandes bancos. Logo, os donos se tornaram menos avessos ao risco das operações bancárias que causaram prejuízos enormes. Assim, os donos de bancos podem ser considerados também agentes do principal que é a sociedade.
0,50
4º Parágrafo A desregulamentação financeira facilitou o desenvolvimento de uma relação principal – agente em que estes últimos tomaram decisões que não levaram em consideração os prejuízos sociais decorrentes da quebra das instituições financeiras. Assim, impuseram uma externalidade à sociedade.
1,00
2
1º Parágrafo A moeda usada pelas pessoas atualmente é, na sua maior parte, composta de saldos de depósitos bancários transferíveis entre as pessoas físicas e jurídicas na economia. A quebra de uma grande instituição bancária, devido às decisões erradas de seus dirigentes, acarreta perdas que não são apenas restritas a seus depositantes.
0,50
2º Parágrafo Geram também a desconfiança no sistema bancário como um todo, havendo um potencial importante de provocarem corrida aos bancos e uma completa desorganização do sistema de pagamentos da economia, com conseqüências funestas sobre as vendas, a produção e o emprego (estes bancos são “too big to fail”).
1,00
3
1º Parágrafo A economia brasileira foi atingida pela crise em decorrência da menor demanda externa pelos bens e serviços produzidos no Brasil, e da entrada maciça de capitais financeiros no país, buscando abrigo contra o risco e a baixa remuneração no exterior. Esta entrada de capitais provocou uma valorização cambial da moeda brasileira, reforçando o prejuízo às exportações do país, já enfraquecidas pela menor renda no exterior, e facilitando a entrada no mercado doméstico de produtos importados.
0,75
2º Parágrafo A crise levou a um superávit na conta de capital do balanço de pagamentos do Brasil e a um déficit na conta corrente, devido à menor demanda externa pelos bens e serviços produzidos no Brasil.
0,75
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Política Econômica e Sistema Financeiro
Parecer
Padrão de resposta (Parecer) A crise financeira internacional deixou lições importantes sobre a importância de se adotar uma
gestão fiscal prudente e consistente, fundamentada na manutenção de orçamentos públicos equilibrados e em controles rigorosos sobre a dívida pública. Assim, observou‐se que os países que foram irresponsáveis na sua política fiscal foram os que mais sofreram com os impactos iniciais da crise e continuam a sofrer, mesmo quatro anos depois da eclosão da crise em 2008. Em consequência, esses países enfrentam forte queda no crescimento econômico e elevadas taxas de desemprego, além de instabilidade política e social.
Já os países que optaram por praticar de forma consistente políticas fiscais prudentes foram os que menos sofreram os impactos iniciais da crise e os que se recuperaram mais rapidamente dos seus efeitos. Dentre esses, encontra‐se o Brasil, que adotou no ano de 2000 um conjunto de normas, consubstanciadas na Lei Complementar nº 101, de 2000, que impôs a todos os poderes e a todos os entes da federação uma rigorosa disciplina fiscal. Uma das normas da citada Lei que ainda depende de regulamentação por parte do Senado Federal é a imposição de limites ao endividamento e um teto para a dívida mobiliária da União. A presente Proposta de Resolução busca preencher essa lacuna.
São definidos dois níveis de limite para a dívida da União. O primeiro estabelece que a relação entre a dívida consolidada líquida e a receita corrente líquida da união não deve ser superior a 2, aceitando‐se um período máximo de 3 anos para que esse limite seja alcançado. Esse limite, por um lado, não está muito distante do nível atual da relação entre dívida consolidada líquida e a receita corrente líquida , que se encontra em torno de 2,5 e, por outro lado, é o mesmo imposto aos Estados, o que resultaria num tratamento isonômico entre os Estados e a União. Além disso, a trajetória dessa relação tem caído de forma consistente desde 2001, quando era de 3,4, alcançado um nível pouco acima de 2 nos anos recentes.
O segundo limite estabelece um teto para a dívida mobiliária da União, em relação ao PIB (produto interno bruto). O limite definido para o montante da dívida, de 40% do PIB é, também, coerente com o nível atual, da ordem de 48% e com a trajetória da dívida que caiu cerca de 8 pontos em relação ao PIB nos últimos 5 anos.
O estabelecimento desses novos limites consolida o arcabouço institucional criado pela Lei Complementar nº 101 e fortalece a imagem do país junto aos mercados financeiros doméstico e internacional, o que deve trazer benefícios para o país no médio e no longo prazo, na forma de menores custos para a dívida pública e de maiores investimentos para o país.
SENADOR FULANO DE TAL
Senado Federal – Concurso Público 2011
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Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Política Econômica e Sistema Financeiro
Espelho de correção (Parecer)
Item Quesitos avaliados Valor
1
Aspectos constitucionais e jurídicos, especialmente no que toca: a. Ao disposto no art. 48, XIV e no art. 52, VI da Constituição Federal, bem como do art.
30, incisos I e II da Lei Complementar nº 101, de 04/05/2000; (1,00 ponto) b. Atribuições do Senado para tratar da questão em pauta: no que toca a limites de
endividamento a Lei Complementar 101 prevê que os mesmos devam ser estabelecidos pelo Senado, por proposta do Executivo, mas a definição de limite para a dívida mobiliária (art. 48, inciso XIV da Constituição Federal) requer sanção presidencial, portanto não caberia uma Resolução do Senado Federal (1,00 ponto);
2,00
2
No que toca ao mérito da proposição, analisar: a. As consequências econômicas e políticas de se estabelecer um limite muito rigoroso
para a dívida mobiliária federal; para evitar impasses, a resolução deveria prever salvaguardas e, possivelmente sublimites; (1,0 ponto)
b. Avaliar o prazo estabelecido para o atingimento dos limites: está adequado ou é muito curto? O enquadramento das dívidas estaduais, por exemplo, previu um prazo de 15 anos; (1,00 ponto)
c. Necessidade de se definir qual o cálculo do PIB a ser utilizado: no caso, a Resolução deveria prever que o valor do PIB seria aquele calculado pelo IBGE; necessário também especificar de maneira mais detalhada os períodos em que a mensuração da relação dívida/PIB será feita, considerando a defasagem no cálculo do PIB; (0,50 pontos)
d. A justificativa de isonomia entre Estados e a União para a fixação do limite de endividamento não é pertinente; pode‐se falar em isonomia entre Estados, mas não entre Estados e União, que tem atribuições e bases de arrecadação distintas; (0,50 pontos)
3,00
Senado Federal – Concurso Público 2011
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Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Política Econômica e Sistema Financeiro
Questão Dissertativa
Padrão de resposta (Questão dissertativa) Suponha uma situação de mobilidade elevada dos capitais financeiros internacionais, como é o caso
do mundo atual, e um país financeiramente pequeno em relação ao resto do mundo, como é o caso do Brasil. Se na situação inicial houvesse equilíbrio macroeconômico, teríamos:
1) No caso do regime cambial fixo e de uma política monetária expansiva, por exemplo, esta causaria um déficit no balanço de pagamentos devido à tendência de redução da taxa de juros doméstica e à deterioração do balanço comercial (graças ao maior nível de renda doméstica). As perdas de reservas internacionais não poderiam ser mantidas indefinidamente, levando a uma eventual contração monetária, desfazendo‐se o efeito inicial. Uma política monetária contracionista teria um efeito simétrico, e também temporário.
No caso do regime cambial flutuante e de uma política monetária expansiva haveria uma desvalorização cambial da moeda doméstica, aumentando a demanda líquida externa pelos bens e serviços da economia. O aumento de renda seria maior e permanente, o que torna a política monetária bem mais efetiva no regime de câmbio flutuante do que no fixo.
2) No caso do regime cambial fixo e de uma política fiscal expansiva, por exemplo, haveria um superávit no balanço de pagamentos, pois o efeito da maior taxa de juros tenderia a suplantar o efeito da maior renda doméstica no balanço comercial (graças à grande mobilidade de capital). Os ganhos em reservas internacionais eventualmente levariam a uma expansão monetária doméstica multiplicando‐se o efeito expansivo inicial da política fiscal sobre a renda. Uma política fiscal contracionista teria um efeito simétrico.
No caso de um regime cambial flutuante e de uma política fiscal expansiva haveria uma valorização cambial da moeda doméstica, reduzindo a demanda líquida externa e desfazendo total ou parcialmente o efeito fiscal expansivo. A política fiscal no regime flutuante é bem menos efetiva do que no regime de cambio fixo.
As grandes emissões monetárias no exterior baixaram as taxas de juros no estrangeiro e aumentaram muito a oferta mundial de recursos financeiros. Logo, vem ocorrendo uma grande entrada de capitais financeiros no Brasil, alterando a taxa de câmbio R$/US$ no sentido de valorização do real. A conta de capital do balanço de pagamentos brasileiro tornou‐se fortemente superavitária.
A expansão monetária externa não tem tido um efeito expansionista marcante sobre a produção e a renda no exterior (pois, há uma armadilha da liquidez). Portanto, não há um efeito renda expansionista marcante sobre as exportações brasileiras, prejudicadas pela valorização cambial do real. Esta também facilitou a entrada de importados no Brasil. A conta corrente do balanço de pagamentos do Brasil tornou‐se então deficitária.
Senado Federal – Concurso Público 2011
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Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Política Econômica e Sistema Financeiro
Espelho de correção (Questão dissertativa)
Item Quesitos avaliados Valor
1
1) No caso do regime cambial fixo e de uma política monetária expansiva, por exemplo, esta causaria um déficit no balanço de pagamentos devido à tendência de redução da taxa de juros doméstica e à deterioração do balanço comercial (graças ao maior nível de renda doméstica). As perdas de reservas internacionais não poderiam ser mantidas indefinidamente, levando a uma eventual contração monetária, desfazendo‐se o efeito inicial. Uma política monetária contracionista teria um efeito simétrico, e também temporário. No caso do regime cambial flutuante e de uma política monetária expansiva haveria uma desvalorização cambial da moeda doméstica, aumentando a demanda líquida externa pelos bens e serviços da economia. O aumento de renda seria maior e permanente, o que torna a política monetária bem mais efetiva no regime de câmbio flutuante do que no fixo.
1,00
2
2) No caso do regime cambial fixo e de uma política fiscal expansiva, por exemplo, haveria um superávit no balanço de pagamentos, pois o efeito da maior taxa de juros tenderia a suplantar o efeito da maior renda doméstica no balanço comercial (graças à grande mobilidade de capital). Os ganhos em reservas internacionais eventualmente levariam a uma expansão monetária doméstica multiplicando‐se o efeito expansivo inicial da política fiscal sobre a renda. Uma política fiscal contracionista teria um efeito simétrico. No caso de um regime cambial flutuante e de uma política fiscal expansiva haveria uma valorização cambial da moeda doméstica, reduzindo a demanda líquida externa e desfazendo total ou parcialmente o efeito fiscal expansivo. A política fiscal no regime flutuante é bem menos efetiva do que no regime de cambio fixo.
1,00
3
As grandes emissões monetárias no exterior baixaram as taxas de juros no estrangeiro e aumentaram muito a oferta mundial de recursos financeiros. Logo, vem ocorrendo uma grande entrada de capitais financeiros no Brasil, alterando a taxa de câmbio R$/US$ no sentido de valorização do real. A conta de capital do balanço de pagamentos brasileiro tornou‐se fortemente superavitária. A expansão monetária externa não tem tido um efeito expansionista marcante sobre a produção e a renda no exterior (pois, há uma armadilha da liquidez). Portanto, não há um efeito renda expansionista marcante sobre as exportações brasileiras, prejudicadas pela valorização cambial do real. Esta também facilitou a entrada de importados no Brasil. A conta corrente do balanço de pagamentos do Brasil tornou‐se então deficitária.
1,50
4
A valorização cambial do real prejudicou as exportações industriais brasileiras e facilitou a entrada de produtos industriais importados do estrangeiro no mercado interno, competindo com a produção das empresas instaladas no país. Por outro lado, as exportações brasileiras agrícolas e minerais foram menos prejudicadas pela valorização cambial, compensadas que foram pelo aumento dos preços internacionais destas commodities primárias. É por isto que se fala em uma tendência à desindustrialização brasileira.
1,50
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Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Políticas Microeconômicas
Parecer
Padrão de resposta (Parecer) O candidato deve inicialmente justificar que as vias de tráfego são um caso de bem público, mas não
puro. Ou seja, no sentido que é um bem não-exclusivos (o seu uso não pode ser proibido) mas não é totalmente não-rival (quando uma unidade a mais é consumida por um indivíduo i uma unidade a menos está disponível para outro indivíduo). Ou seja, o uso das vias públicas afeta em algum grau a disponibilidade para outros usuários. No caso de muitos usuários utilizarem, gera-se congestionamento. Assim, o uso não é impedido, mas o que ocorre é uma externalidade negativa devido ao aumento do tempo na via para os outros usuários (custos externos da externalidade) e do próprio tempo (custo interno da externalidade), quando um indivíduo a mais entra na via, devido ao congestionamento.
Aqui, uma outra abordagem, que pode ser colocada, justifica a existência de congestionamento, não pelo grau de rivalidade do uso, mas pelas externalidades negativas geradas pela aglomeração de veículos.
Assim, quando o usuário não considera os custos externos (sociais) da externalidade, o mesmo utiliza mais as vias do que o socialmente desejável.
As consequências econômicas potenciais são várias e passam, invariavelmente pela mensuração do impacto dessas externalidades. Uma forma seria estimar o contrafactual do tempo médio gasto caso não houvesse congestionamento e comparar com o tempo médio observado. Outras formas seriam quanto custaria para ampliar a infra-estrutura viária ou a capacidade (oferta de transportes públicos) até desaparecer o congestionamento ou quanto seria preciso cobrar dos usuários para acabar com o congestionamento. No caso de se mensurar o tempo gasto, em termos monetários, pode-se fazer de forma indireta: a renda perdida das pessoas envolvidas, gerando perda de produção econômica e de produtividade. O candidato pode explicar que tal mensuração é complexa, pois depende das preferências individuais de cada usuário, ou seja, que cada um atribui um valor diferente ao tempo que depende tanto de suas características individuais, condições sócio-econômicas e do tipo de deslocamento (seja dentro do ônibus, automóvel, caminhando etc.).Uma outra possibilidade seria quantificar o gasto de combustível a mais no congestionamento, em relação a situação sem congestionamento.
Assim, o congestionamento gera diferentes externalidades negativas para os usuários. Diferentes ações de políticas voltadas ao transporte incluem: reduzir a necessidade do uso das vias, reduzir o tempo gasto no trajeto, aumentar a disponibilidade de transporte público, que seja de alta qualidade e capacidade, incentivar o uso de meios de transporte que ocupem menos espaço (por exemplo, bicicleta), utilizar o automóvel de forma mais eficiente, evitar o uso em horários de pico, descongestionar o tráfego de áreas tipicamente de uso intensivo (por exemplo, os centros das capitais). Assim, as possíveis soluções visam reduzir a demanda (uso das vias) como ampliar a oferta, esta relacionado à capacidade.
Assim, uma possível solução é implementar algum tipo de tarifação de congestionamento, como por exemplo, o imposto de Pigou. Neste caso, o imposto visa atingir uma quantidade de uso da via que seja eficiente no sentido de Pareto.A ideia econômica aqui é que o pagamento da taxa baseado na externalidade gerada pelo usuário gera a internalização do custo, eliminando assim a externalidade, visto que cada um pagará pela externalidade causada, atingindo o equilíbrio ideal, ao otimizar os recursos da sociedade.O pedágio urbano pode ser entendido como um imposto de Pigou, que visa reduzir a demanda das vias através de automóveis que ocupam um maior espaço.
Outra solução possível, já em uso, é o sistema de rodízio. Assim, isso forçaria os usuários a utilizarem alternativas que reduza o volume de externalidade (por exemplo, o tempo gasto nas vias), como por exemplo, transportes públicos (ônibus, metrô), mas pode gerar efeitos adversos ao incentivar a compra de veículos adicionais, reduzindo o efeito potencial de tal medida.
As medidas de oferta tendem a ter maior impacto na promoção e uso do transporte público além reduzir o tempo gasto nas vias. Algumas das medidas são: fornecer benefícios financeiros para grandes
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Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Políticas Microeconômicas
empresas de ônibus, parcerias para melhorar terminais de transporte, privatização da construção das vias para melhorar a qualidade das mesmas, deduções de imposto de renda para gastos com transporte público, aumento da oferta, melhoria de sua qualidade, sistemas integrados entre os tipos diferentes de transporte. Pode ser citado também o planejamento do uso do solo para compatibilizar a quantidade de viagens com a capacidade de transporte público.
É importante destacar que estas medidas precisam ser coordenadas e abrangentes, para que sejam eficazes. Por exemplo, caso se implemente o uso de pedágio urbano para automóveis, isso incentivará o uso de transportes públicos. Mas caso este seja de baixa qualidade, isso incorrerá em custos crescentes para os usuários, tanto em termos monetários (renda e produtividade reduzida) como não monetários (aumento do stress devido a aglomerações, que pode acabar incorrendo também em custos monetários, como maiores gastos com saúde). Outra possível citação é que a tarifação eletrônica de congestionamento é efetiva quando implementada com políticas de trânsito abrangentes que envolvam, por exemplo, a integração entre os tipos diferentes de meios de transporte público (ônibus e metrô, por exemplo).
Assim, diferentes medidas devem ser incluídas na resposta, e além da quantidade, sua fundamentação econômica correta foi considerada na resposta. Também foi considerada a necessidade de coordenação entre tais medidas.
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Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Políticas Microeconômicas
Espelho de correção (Parecer)
Item Quesitos avaliados Valor
1 Explicação do problema econômico: incluir a definição de bem público, relacionando suas características de não-exclusibilidade, não-rivalidade ao problema do congestionamento. E explicar a externalidade gerada por tal problema.
1,00
2 Explicação de como mensurar as externalidades e os efeitos econômicos gerados por tal problema de congestionamento.
1,00
3 Descrição e justificativa das medidas que amenizam tal problema de congestionamento. 2,00
4 Relacionar as medidas descritas entre si. 1,00
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Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Políticas Microeconômicas
Questão Dissertativa
Padrão de resposta (Questão dissertativa) O candidato deverá na questão a apresentar qualquer medida de concentração de forma a
identificar a estrutura de mercado (podem ser medidas relacionadas à razão ou ao índice de concentração). Deverá apresentar a forma analítica explicando detalhadamente cada um de seus argumentos e seus valores conforme a estrutura de mercado (casos extremos, por exemplo, monopólio e concorrência perfeita).
Na letra b, o candidato deverá explicar as duas estruturas de mercado: monopólio e concorrência perfeita, de preferência comparado-as. Nos dois casos, apresentar as hipóteses das duas estruturas de mercado (concorrência perfeita: múltiplos concorrentes, entrada livre, etc.; monopólio: único produtor, natureza do produto, etc.). Explicar como se dá o ajuste automático de preços e quantidade ao equilíbrio no mercado de concorrência perfeita. Contrastar o caso de concorrência perfeita com o de monopólio falando da elasticidade preço da demanda, da quantidade demandada/produzida, do preço e dos excedentes do consumidor e produtor. Destacar que ambos, o monopolista e a firma em concorrência, maximizam lucro igualando RMg e CMg. No caso de concorrência, a firma decide quanto produzir tomando o preço de mercado como dado (curva de demanda horizontal), logo RMg = P. No caso do monopólio, há uma única firma, logo, se depara com a curva de demanda de mercado negativamente inclinada, só vendendo mais se reduzir o preço. Sua RMg não é igual ao P (derivar a fórmula que mostra o Mark‐up), é inferior ao preço. Falar de eficiência, rendas de monopólio..
Na questão c, o candidato irá discorrer sobre as três formas de cobrar preços diferentes para clientes diversos:
1) discriminação de preços de 1º grau (perfeita): quando o número de clientes é pequeno, o preço é diferenciado para cada um deles (exemplo: leilão);
2) discriminação de preços de 2º grau: quando os preços variam de acordo com o volume de utilização do bem (exemplo: “leve 3 e pague 2”); e
3) discriminação de preços de 3º grau: o mercado é segmentado adotando-se como parâmetro as características da elasticidade-preço da procura para os diversos grupos de usuários e/ou patentes do bem (exemplo: descontos para grupos específicos, como idosos).
Nesta questão, o candidato deverá apresentar exemplos.
Questão d, o candidato deve inicialmente caracterizar a estrutura de duopólio (falar das hipóteses: poucas firmas, substitutos próximos, rivais, estratégias, etc.). Explicar o modelo de duopólio. Detalhar analiticamente.
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Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Políticas Microeconômicas
Espelho de correção (Questão dissertativa)
Item Quesitos avaliados Valor
1 O candidato deve apresentar detalhadamente a medida explicando seus argumentos e sua intuição.
0,50
2 O candidato deverá apresentar as hipóteses dos dois modelos. Contrastar os dois modelos. Apresentar as soluções de maximização de lucros e discutir a eficiência econômica nos dois casos.
2,00
3 Explicar a discriminação e apresentar exemplos. 1,00
4 Apresentar bem as hipóteses e o resultado do modelo escolhido (problema de maximização).
1,50
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Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Saúde
Parecer
Padrão de resposta (Parecer) Espera-se que o consultor possa manifestar uma compreensão ampla acerca do problema abordado.
Considerando as múltiplas facetas que envolvem as relações entre os médicos e pacientes, além da complexidade do sistema de atenção à saúde propriamente dito, a formulação deverá conciliar questões humanas, éticas e técnicas capazes de permitir aos gestores de saúde dispor de quadro de médicos cuja confiabilidade seja fator crítico de sucesso para o sistema.
Fatores humanos e ética;
Fatores técnicos;
Fatores do sistema de saúde;
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Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Saúde
Espelho de correção (Parecer)
Item Quesitos avaliados Valor
1
Fatores Humanos e Ética Concernente à forma como o modelo proposto é capaz de valorizar os fatores comportamentais referentes às expectativas da sociedade para os seus médicos. – 1 ponto Peso referido para o conhecimento demonstrado com relação às questões éticas envolvidas na atenção à saúde prestada à sociedade – 1 ponto.
2,00
2 Fatores Técnicos Maneira como deverão ser testadas e reconhecidas as habilidades e competências referentes à função.Conhecimento técnico
2,00
3
Fatores referentes ao conhecimento sobre o Sistema de Saúde Maneira pela qual a proposta deverá prescrever que o Sistema de Saúde – em especial o SUS – seja do conhecimento do profissional testado. Capacidade de avaliar o conhecimento integrado entre técnica médica e ambiente de trabalho, desde o ambiente de produção até o controle social.
1,00
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Saúde
Questão Dissertativa
Padrão de resposta (Questão dissertativa) Espera-se que o candidato seja capaz de discorrer sobre os princípios e diretrizes apresentados pela
Lei nº 8.080/90. Complementarmente, ao agregar o Decreto nº 7.508/11 o texto deverá avaliar os benefícios que – imagina-se – seus ditames irão agregar à Lei. Um análise e referência sobre o Contrato Organizativo da Ação Pública (COAP) fazem parte da expectativa da banca.
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Saúde
Espelho de correção (Questão dissertativa)
Item Quesitos avaliados Valor
1
Conhecimento da Lei 8080 no que diz respeito aos seus princípios e diretrizes Discorrer sobre os princípios e diretrizes da lei 8080 de forma a transmitir conhecimento específico e, mais que isso, compreensão da intenção da lei para a melhoria da atenção à saúde oferecida para a sociedade, vencendo o modelo excludente e inaugurando uma nova etapa.
2,00
2 Conhecimento do decreto 7508 Discorrer sobre o dec. 7508 exarando a compreensão da sua potencialidade no tocante às questões que a lei 8080 tentou, mas não conseguiu realizar integralmente
2,00
3 Potencialidade do COAP Emitir juízo de valor no tocante às questões específicas do COAP como ferramenta de operacionalização das formulações da lei 8080 complementadas pelo dec. 7508
1,00
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Transportes
Parecer
Padrão de resposta (Parecer) O candidato deverá elaborar sua resposta com base nos seguintes tópicos:
• Deficiências da infraestrutura rodoviária e portuária no Brasil e principais pontos a serem melhorados
• Relação entre segurança do transporte em vias deterioradas, custo do seguro de cargas perigosas, valor do frete e responsabilidade do operador logístico de acordo com a Lei 9.611, de 19 de fevereiro de 1998 (Lei do Transporte Multimodal de Cargas)
• Impactos do transporte de carga em áreas urbanas: aspectos ambientais (poluição atmosférica e sonora), aumento do custo de conservação e manutenção de vias, aumento dos congestionamentos (custos econômicos associados a tempo de viagem), aumento do número de acidentes de trânsito (custos econômicos associados a acidentes com vítimas)
• Ocorrência de filas para acesso a portos e seu impacto sobre o custo do transporte de cargas: percentual do frete sobre o valor de produtos de baixo valor agregado (grãos), perda de competitividade do produto nacional no mercado mundial e consequência sobre o PIB
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Transportes
Espelho de correção (Parecer)
Item Quesitos avaliados Valor
1 Deficiências da infraestrutura rodoviária e portuária no Brasil e principais pontos a serem melhorados
1,50
2 Relação entre segurança do transporte em vias deterioradas, custo do seguro de cargas perigosas, valor do frete e responsabilidade do operador logístico de acordo com a Lei 9.611, de 19 de fevereiro de 1998 (Lei do Transporte Multimodal de Cargas)
1,50
3
Impactos do transporte de carga em áreas urbanas: aspectos ambientais (poluição atmosférica e sonora), aumento do custo de conservação e manutenção de vias, aumento dos congestionamentos (custos econômicos associados a tempo de viagem), aumento do número de acidentes de trânsito (custos econômicos associados a acidentes com vítimas)
1,00
4
Ocorrência de filas para acesso a portos e seu impacto sobre o custo do transporte de cargas: percentual do frete sobre o valor de produtos de baixo valor agregado (grãos), perda de competitividade do produto nacional no mercado mundial e consequência sobre o PIB
1,00
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Transportes
Questão Dissertativa
Padrão de resposta (Questão dissertativa) O candidato deverá elaborar sua resposta com base nos seguintes tópicos:
• Compatibilidade do texto apresentado com aspectos de uma PMI;
• Validade e condições de concessão de infraestrutura rodoviária para exploração pelo setor privado;
• Legalidade do pagamento de contrapartida de 20% pelo Poder Público e sua forma de pagamento ao longo dos anos;
• Características da avaliação econômica pelo método do Benefício/Custo e a representatividade do valor apresentado no texto;
• Contraste entre as viabilidades técnica, financeira e econômica do projeto; o que significam cada uma destas e as consequências da implantação de um projeto inviável economicamente, apesar de adequado técnica e financeiramente.
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Transportes
Espelho de correção (Questão dissertativa)
Item Quesitos avaliados Valor
1 Compatibilidade do texto apresentado com aspectos de uma PMI 1,00
2 Validade e condições de concessão de infraestrutura rodoviária para exploração pelo setor privado
1,00
3 Legalidade do pagamento de contrapartida de 20% pelo Poder Público e sua forma de pagamento ao longo dos anos
1,00
4 Características da avaliação econômica pelo método do Benefício/Custo e a representatividade do valor apresentado no texto
1,00
5 Contraste entre as viabilidades técnica, financeira e econômica do projeto; o que significam cada uma destas e as consequências da implantação de um projeto inviável economicamente, apesar de adequado técnica e financeiramente.
1,00
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Assessoramento em Orçamentos
Parecer
Padrão de resposta (Parecer) 1.- O artigo 37 da Constituição Federal trata da impessoalidade da Administração Pública e não se
confunde com os dispositivos constitucionais que devem ser observados no processo de apresentação de emendas parlamentares ao Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias.
2.- O artigo 165, §2º, da Constituição Federal combinado com o artigo 4º da Lei Complementar nº 101/2000, estabelece que a Lei de Diretrizes Orçamentárias conterá, entre outros dispositivos, as prioridades a serem observadas na elaboração da Lei Orçamentária Anual.
3.- O artigo 166, §2º, da Constituição Federal assegura a apresentação de emendas parlamentares e o § 4º assegura a apresentação de emendas parlamentares compatíveis com o Plano Plurianual.
4.- O artigo 9º, §2º da Lei Complementar nº 101/2000 determina que a Lei de Diretrizes Orçamentárias poderá estabelecer as despesas que não serão objeto de limitação de empenho e movimentação financeira.
5.- A conclusão do parecer deve indicar a rejeição ao veto por falta de amparo na legislação vigente.
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Assessoramento em Orçamentos
Espelho de correção (Parecer)
Item Quesitos avaliados Valor
1 Abordagem sobre o art.37 da CF 0,75
2 Abordagem sobre o art.165 da CF combinado com o art. 4º da LC 101/2000 1,00
3 Abordagem sobre o artigo 166, §2º da CF 0,75
4 Abordagem sobre o artigo 166, §4º, da CF 0,75
5 Abordagem sobre o artigo 9º, §2º, da LC 101/2000 1,00
6 Conclusão apontando rejeição ao veto 0,75
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Assessoramento em Orçamentos
Questão Dissertativa
Padrão de resposta (Questão dissertativa) A resposta deverá apresentar necessariamente:
1. A associação entre Planejamento e Orçamento que está presente na legislação brasileira que trata da matéria.
2. A obrigação de Disponibilizar a Metodologia de Cálculo da Estimativa das Receitas (30 dias antes da entrega do Projeto de LOA). A necessidade de apresentar Demonstrativo de compatibilidade com os objetivos e metas constantes do Anexo de Metas Fiscais da LDO. Demonstrativo regionalizado do efeito sobre as Receitas e Despesas decorrentes de isenção, anistias, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia bem como das medidas de compensação a renúncias de receita e ao aumento de despesas obrigatórias de caráter continuado. Quadro demonstrativo do programa anual de trabalho do Governo, em termos de realização de obras e prestação de serviços. Reserva de Contingência cuja utilização e montante foram definidos na LDO.
3. A Análise dos limites apresentados todos relacionados à Receita Corrente Líquida.
Senado Federal – Concurso Público 2011
Consultor Legislativo – 2ª Etapa
Padrão de resposta e espelho de correção da Prova Escrita Discursiva
Assessoramento em Orçamentos
Espelho de correção (Questão dissertativa)
Item Quesitos avaliados Valor
1 A associação entre Planejamento e Orçamento está presente na Lei 4320, na CF/88 e na Lei de Responsabilidade Fiscal
0,50
2 A Lei de Responsabilidade Fiscal apresenta 28 artigos que, direta ou indiretamente, tratam da questão do Planejamento. A relação existente entre os diplomas legais demonstra a importância que essa questão tem na legislação brasileira.
0,50
3
As inovações trazidas pela Lei de Responsabilidade Fiscal para a elaboração da LOA são muito importantes, pois: apresentam a obrigação de se disponibilizar, um mês antes do envio do Projeto da LOA ao legislativo, a metodologia utilizada para a elaboração dos cálculos da estimativa da Receita. Da mesma forma, a compatibilização do quanto contido no Projeto da LOA, com os objetivos e metas constantes da LDO demonstram a relação com o Planejamento e a coerência técnica entre os instrumentos orçamentários.
1,50
4
O demonstrativo regionalizado do efeito das isenções, das anistias, dos subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia bem como das medidas de compensação das renúncias de receita e do aumento de despesas obrigatórias de caráter continuado deve ser apresentado, demonstrando a importância que esses itens, por terem efeito continuado sobre a receita e despesa públicas. Além disso, citar a obrigatoriedade da LDO conter dispositivo de limitação de empenho de despesas para assegurar a meta fiscal, controlada bimestralmente, conforme art. 9º da Lei n. 101/2000.
1,50
5 Os limites apresentados pela Lei de Responsabilidade Fiscal devem ser discutidos à luz da necessidade de se levar a efeito uma gestão fiscal responsável, prevenindo os riscos que comprometam tal gestão.
1,00