sentenca; 2010.mai.06
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TRIBUNAL ADMINISTRATIVO E FISCAL DE BEJA
Tribunal Administrativo e Fiscal - Beja
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284 31 15 50 Fax: 213506009E-mail: [email protected]
1
PROCESSO N.
95/10.9BEBJAPROCESSOS CAUTELARES
CLS.: 2010-04-30
***
Fls. 166 a 170:
Admito liminarmente a presente providncia cautelar: cfr. art. 116 n. 1 do Cdigo
de Processo nos Tribunais Administrativos CPTA.
Cite, com cpia de fls. 59 a 118, e de fls. margem referenciadas, a Entidade
Requerida para, querendo, deduzir oposio no prazo de 10 (dez) dias: cfr. art.
117 n 1 e n. 5 do CPTA.
***
Fls. 59 a 118:
SINDICATO DOS PROFESSORES DA ZONA SUL - SPZS, com os demais sinais
nos autos, ao abrigo do disposto no art. 112 n. 1 e n. 2 al. a) e art. 131 do
CPTA, previamente instaurao de ACO ADMINISTRATIVA COMUM, contra
o MINISTRIO DA EDUCAO, vem requerer a adopo da providncia cautelarde suspenso da eficcia dos artigos 14 e 16 do D.L. n. 20/2006, de 31 de
Janeiro, com as alteraes introduzidas pelo D.L. n. 51/2009, de 27 de Fevereiro,
e consequentes itens 4. Opes de candidatura Item 4.5.; 4.5.1. e 4.5.2. referentes
aos critrios de graduao da candidatura electrnica, aplicao electrnica, para
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Garantia da Legalidade do procedimento concursal aberto mediante Aviso
7173/2010, publicado no D.R. de 09 de Abril de 2010, da Direco Geral dos
Recursos Humanos da Educao (). Devendo, em consequncia, os requeridos
pugnar pelo reajustamento da candidatura electrnica, permitindo que esta se faa
sem a aplicao daqueles itens, que devem ser abolidos neste concurso, e com
isso prosseguindo o concurso regularmente.
A fls. margem melhor identificadas, o Requerente, nos termos e para os efeitosdo preceituado no art. 131. do CPTA, requer ainda o:
DECRETAMENTO PROVISRIO DA PROVIDNCIA CAUTELAR
Para tanto, em sntese til, alega o Requerente que:
um dos factores a considerar, para efeitos de graduao profissionalno concurso que se encontra presentemente a decorrer, a avaliao de
desempenho obtida pelo docente (). Sucede que o processo de avaliao
transitria levado a cabo no ano lectivo anterior, () ainda no se encontra
concludo (...).
No obstante ( ), o Ministrio da Educao e a Direco Geral dos
Recursos Humanos da Educao, determinaram que o resultado daavaliao de desempenho relevaria para efeitos do presente concurso
().
O que na nossa perspectiva coloca em causa a legalidade do procedimento
concursal e em consequncia leva violao dos princpios
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constitucionais consagrados no art. 13 e 47 da Constituio da
Repblica Portuguesa
().
Ademais, () as aplicaes electrnicas do boletim de concurso no foram
projectadas de modo a permitir o cumprimento do disposto no art. 14 D.L.
n. 20/2006, () levando a que a candidatura electrnica bloqueie, uma vez
que a concreta situao de determinado candidato no se adequa ao que a
candidatura prev e admite () determinando a impossibilidade de
candidatura por parte dos candidatos,
()
o art. 47 da CRP consagra o principio da liberdade de escolha da profisso
e acesso funo em condies de igualdade, legalidade e liberdade, em
regra por via de concurso
().No presente procedimento concursal, tal no estar a ser observado,
pois ao impedir a candidatura dos docentes quando os mesmos indicam o
verdadeiro resultado do seu processo avaliativo ou quando,
administrativamente, lhes imposta uma classificao que no obtiveram
para ao mesmo aceder, o concurso em questo viola, de forma
escandalosa o citado preceito constitucional e, assim todos os princpios que dele decorrem (igualdade, objectividade, transparncia e
verdade).
Existindo muitas outras situaes que tal situao se verifica, alterando as
regras concursais estabelecidas de molde a adequa-las aplicao
informtica () como o caso dos docentes para o Ensino Portugus no
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Estrangeiro que j no so avaliados desde 2006 (), bem como os
docentes provenientes do Ensino Particular e Cooperativo e de Escolas
Profissionais () Tambm os docentes que foram contratados por Escolas
de Hotelaria e Turismo () Tambm os docentes que exerceram funes
em Actividades de Enriquecimento Curricular (AEC) (). Verifica-se ainda
outra situao que demonstra bem a perversidade da considerao, no
presente concurso, da avaliao de desempenho na graduao profissional
dos candidatos e que se reflecte no facto de outros docentes que, por
motivos justificados, no foram avaliados, em 2008709 (docentes em
situao de licena de maternidade, dirigentes sindicais com reduo total
de servio docente, situaes de doena protegida ou prolongada).
()
Ademais, () o processo avaliativo do pessoal docente, no perodo
abrangido pelo processo concursal em questo, determinou o recurso a prticas procedimentais que () geraram desigualdades e discrepncias
nas classificaes obtidas pelos docentes com reflexo, agora, negativos na
sua graduao profissional considerada para efeitos de concurso.
Porquanto, algumas escolas recorreram arbitrariamente a uma aplicao
informtica que, para efeitos de atribuio da classificao, procedeu a
arredondamentos, dai resultando que existem candidatos que, porexemplo, tiveram uma avaliao quantitativa que deveria corresponder a
Bom, mas devido ao arredondamento por excesso passaram a ter Muito
Bom. Assim, estes ltimos tero direito bonificao de 1 valor, a que se
refere o art. 14 (), enquanto que outros, com uma avaliao
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quantitativa situada no mesmo intervalo, no beneficiaram da dita
bonificao e apenas ficaram com o Bom.
()
Verifica-se ainda violao do principio da igualdade no acesso funo
pblica () nas situaes dos docentes cuja classificao, no mbito da
respectiva avaliao de desempenho, ainda no se encontra
definitivamente fixada, em virtude de terem procedido respectiva
impugnao graciosa, por dela discordarem.
()
Por tudo aquilo que ficou dito, manifesto e evidente que o procedimento
concursal em causa, contraria na vertente da graduao profissional dos
candidatos, preceitos constitucionais inseridos no mbito dos direitos,
liberdades e garantias, como sejam o artigo 13 e o artigo 47 da
Constituio () e ainda o principio fundamental do Estado de direitoDemocrtico constante do artigo 2 da mesma Constituio.
()
Tal situao exige urgncia, no s porque ser um elevado nmero de
candidatos, qui a grande maioria, que vo ser lesados pela
considerao da avaliao de desempenho, (), mas tambm porque se
encontra previsto () um momento de validao das candidaturas quedecorrer entre 3 e 6 de Maio de 2010, durante o qual permitido aos
candidatos procederem ao aperfeioamento das respectivas
candidaturas e a todos os ajustamentos adequados para repor a
legalidade das situaes enunciadas.
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a questo da no aceitao da nota quantitativa, pela aplicao de
candidatura informtica, por discrepncia com os correspondentes valores
da meno qualitativa encontra-se ultrapassada () quanto aos candidatos
que j haviam submetido o seu formulrio de candidatura e que no
puderam inscrever o resultado quantitativo final da sua avaliao, foram
contactados pela Direco Geral dos Recursos Humanos da Educao
(DGRHE) para, na fase de aperfeioamento das candidaturas entre 3 a 6 de
Maio, procederem alterao do campo do formulrios respectivo.
()
Ora, o presente concurso destina-se to s satisfao de necessidade
transitrias do sistema educativo, no pelo ingresso na funo pblica, mas
pelo preenchimento de horrios, atravs de concursos de destacamentos,
contratao e bolsa de recrutamento, mediante mobilidade ou celebrao
de contratos a termos (). Pelo que, no est em causa nos presentesautos qualquer leso de um direito, liberdade ou garantia, nomeadamente,
do direito de acesso funo pblica.
Mesmo que assim no se entenda, nunca tal leso seria eminente e
irreversvel () j que s se concretiza com a publicao das listas
definitivas de colocao, a publicar em 30 de Agosto de 2010 () sempre
reversvel at publicao das referidas listas de colocao, medianteacesso dos candidatos ao formulrio de candidatura electrnico de modo a
alterarem os dados inseridos, conforme for determinado. () sempre
possvel DGRHE a reconstituio de uma eventual situao hipottica
para os associados do Requerente, desde que os mesmos estejam
identificados ().
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os docentes a quem no aplica o ECD ou no foram avaliados ou no foram
avaliados nos seus termos e, como tal, no beneficiam da avaliao de
desempenho para efeitos de graduao profissional e de desempate. Esto
nesta situao (): os docentes das Regies Autnomas (), os docentes
de ensino portugus no estrangeiro (), os trabalhadores que em sede de
contrato celebrado com, as autarquias () se encontram a exercer funes
de os professores em actividades de enriquecimento curricular (),
professores contratados nas Escolas de Hotelarias e de Turismo () e
professores do Ensino Particular e Cooperativo (). Ora, apesar desta
diferena de tratamento, a nvel do processo de avaliao, produzir efeitos
para o concurso de professores (...) a verdade que tal consentido pelo
principio da igualdade no acesso funo pblica no resultando dai a
violao constitucional pretendida pelo Requerente.
()Se se suspender a eficcia das normas dos art.s 14 e 16 () no h lugar
graduao e ordenao dos candidatos. E sem listas de ordenao de
todo impossvel a elaborao de listas de colocao, ou seja, no h
concurso de professores para os associados do Requerente, que o
Requerido desconhece. () Pelo que, uma sentena que decretasse a
suspenso da eficcia () ao impedir a satisfao das necessidades de pessoal docente, em relao a milhares de docentes, associados do
Requerente, impediria que os recurso humanos docentes estivesse
assegurados de modo a iniciar o ano lectivo na data prevista. Mas, no
seria apenas um grave prejuzo para o interesse pblico, como
principalmente afectaria os direitos e interesses individuais dos associados
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do Requerente (). Por outro lado, outro dos prejuzos graves par ao
interesse pblico seria, desde logo, a violao do princpio da igualdade a
que a Administrao est vinculada (), perante situaes perfeitamente
idnticas, a alguns milhares de docentes, associados do Requerente,
suspendia-se a aplicao da graduao e ordenao dos candidatos, por
fora da presente providncia, enquanto os restantes milhares de docentes
continuariam a ser graduados no termos previstos pelo art. 14 e 16.
*
APRECIANDO E DECIDINDO:
Em face dos elementos juntos aos autos, da prova por admisso e das regras de
experincia comum, com importncia para a deciso do presente incidente,
resulta indiciariamente dos autos que:
A) O Requerente uma Associao Sindical de Educadores e Professores de
todos os graus de ensino, que tem por objectivo, entre outros, defender os
direitos dos seus associados considerados individualmente ou como classe
profissional, tendo por mbito geogrfico os distritos de Portalegre, vora,
Beja, Faro e os professores portugueses que, no estrangeiro, exeramfunes em regime de contrato ou de cooperao, enquanto vinculados ao
Estado Portugus:
B) Mediante o Aviso n. 7173/2010, publicado no D.R. de 09 de Abril de 2010,
da DGRHE, foi aberto o procedimento de concurso de educadores de
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infncia e de professores dos ensinos bsico e secundrio, destinado ao
suprimento de necessidades de pessoal docente, para o ano lectivo
2010/2011;
C) Na sequncia de candidatura ao concurso acima identificado, apresentada
atravs de formulrio electrnico, os docentes so graduados mediante
listas provisrias de ordenao, de acordo, alm do mais, com critrios de
prioridade, de preferncias por escolas manifestadas pelos candidatos eatenta a majorao na graduao aos candidatos que obtiveram na ltima
avaliao de desempenho uma meno qualitativa de Muito Bom ou
Excelente;
D) Algumas escolas recorreram a uma aplicao informtica que, para efeitos
de atribuio da classificao, procedeu a arredondamentos;
E) Existem docentes cuja classificao, no mbito da respectiva avaliao de
desempenho, ainda no se encontra definitivamente fixada, em virtude de
terem procedido respectiva impugnao graciosa;
F)
Desde 21 de Abril de 2010 que passou a ser possvel os docentescandidatos declararem as menes quantitativas que obtiveram na ficha
global de avaliao do desempenho, independentemente de as mesmas
estarem conformes com os intervalos de pontuao;
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G)De acordo com o calendrio do concurso acima referenciado de 03 a 06 de
Maio de 2010 decorre o perodo de aperfeioamento das candidaturas e em
30 de Agosto de 2010 sero publicadas as listas definitivas de colocao.
*
Uma vez desenhado o quadro fctico ao qual se aplicar o direito, importa analisar
agora os requisitos do decretamento provisrio da providncia requerida.
Antes, porm, e quanto suscitada inimpugnabilidade das normas e a
incompetncia deste Tribunal Administrativo e Fiscal de Beja, a ilegitimidade
passiva, a falta de identificao dos associados e dos contra-interessados e a
manifesta ilegalidade da pretenso objecto do processo cautelar, impe-se referir
que, em face do que indiciariamente resulta dos autos, no se mostra manifesta a
procedncia de tais excepes: cfr. alnea A) a G) supra.
Ponto que os argumentos apresentados por ambas as partes necessitam de ser
sopesados, mas esse debate, sobre a procedncia de excepes que no se
mostra agora evidente, no cabe neste incidente da providncia cautelar que,
requerida ao abrigo do artigo 131 do CPTA, ter de que ser decidida no prazo de
48 horas.
Ou seja: sendo a providncia eminentemente provisria, para alm de clere, ter
o julgador que se ater face aparncia do direito, tal como lhe formulado e,
nessa conjuntura, decidir sobre o decretamento provisrio requerido, relegando
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para a sede principal o descortinar das excepes cuja procedncia no se mostra
agora evidente.
Acresce que nos encontramos numa fase incidental de uma providncia cautelar
de suspenso de eficcia, que , o processo principal do incidente e que, por seu
turno, tem por aco principal aquela que no cumprimento do disposto no n.1, al.
a) e n.3, al. e) do art. 114 do CPTA o Requerente indicou a Aco Administrativa
Comum como sendo a aco principal de que o presente processo cautelar irdepender.
Prosseguindo:
Nos termos e para os efeitos do disposto no n. 1 do artigo 131. do CPTA quando
a providncia cautelar se destine a tutelar direitos liberdades e garantias que de
outro modo no possam ser exercidos em tempo til ou entenda haver especialurgncia pode o interessado pedir o decretamento provisrio da providncia.
O Juiz pode, nos termos do n. 3 do citado artigo 131., colhidos os elementos a
que tenha acesso imediato e sem quaisquer outras formalidades ou diligncias,
decretar provisoriamente a providncia requerida ou aquela que julgue mais
adequada, quando a petio permita reconhecer a possibilidade de leso iminentee irreversvel do direito, liberdade ou garantia invocado ou outra situao de
especial urgncia.
Estas normas visam evitar o periculum in morado prprio processo cautelar, ou
seja, visam assegurar a utilidade da deciso final a proferir no processo cautelar,
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assegurando aos interessados a possibilidade de obterem o decretamento
provisrio de uma providncia cautelar sempre que a situao carecida de tutela
no se compadea com o decurso normal inerente ao andamento processual do
processo cautelar: neste sentido MRIO AROSO DE ALMEIDA CARLOS
ALBERTO FERNANDES CADILHA, Comentrio ao Cdigo de Processo nos
Tribunais Administrativos, Almedina, pg. 660 a 666).
Ora, no caso sub judice o Requerente pede o decretamento provisrio daprovidncia cautelar de suspenso de eficcia dos artigos 14 e 16 do D.L. n.
20/2006, de 31 de Janeiro,por entender que a considerao da avaliao na
graduao profissional, nas situaes que identifica, tornam possvel a leso
iminente e irreversvel dos direitos dos seus associados, j que determinam a
violao dosartigo 13 e o artigo 47 da CRP e ainda o principio fundamental do
Estado de Direito Democrtico constante do artigo 2 do diploma fundamental.
Balizado que est o objecto da pretenso do Requerente, interessa agora analisar
sobre a verificao in casu dos requisitos do decretamento provisrio da
providncia:
Coloca-se, desde logo, a questo de conhecer da natureza dos direitos cujatutela urgente se requer.
E os direitos invocados pelo Requerente, consistem, como se viu, no direito
liberdade de escolha da profisso e acesso funo, em condies de igualdade,
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legalidade e liberdade, os quais podem ser, resumidamente consubstanciados, no
direito valorizao profissional.
At porque, como decorre dos autos e o probatrio elege, trata-se de uma situao
em que no est propriamente em causa o direito a obter um emprego na funo
pblica, mas antes o de garantir a realizao de um procedimento concursal em
condies de legalidade e igualdade.
Impe-se, por isso, chamar colao o disposto no art. 17, art. 18, art. 13 e art.
47 todos da Constituio da Repblica Portuguesa CRP, porquanto o regime
dos Direitos, Liberdades e Garantias aplica-se aos enunciados no ttulo II (nos
quais se integra o disposto no invocado art. 47: liberdade de escolha da
profisso e acesso funo).
Vejamos:
Sobre a matria dos DIREITOS, LIBERDADES E GARANTIAS, VEJAM-SE J. J.
GOMES CANOTILHO, IN DIREITO CONSTITUCIONAL, 5 ED., ALMEDINA, PP.
534 E SEGS., no sentido de que a classificao de direitos, liberdades e garantias:
relevante sob vrios pontos de vista: (1) porque ela no constitui um simples
esquema classificatrio, antes pressupe um regime jurdico-constitucionalespecial, materialmente caracterizador (cfr. art 17), desta espcie de direitos
fundamentais; (2) porque esta classificao e este regime vo servir de parmetro
material outros direitos anlogos dispersos ao longo da Constituio; (3) porque
aos preceitos constitucionais consagradores de direitos, liberdades e garantias se
atribui uma fora vinculante e uma densidade aplicativa (aplicabilidade directa)
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que apontam para um reforo da mais-valia normativa destes preceitos
relativamente a outras normas da Constituio, inclusive as referentes a outros
direitos fundamentais.
A este respeito, pronuncia-se tambm JOS CARLOS VIEIRA DE ANDRADE, IN
OS DIREITOS FUNDAMENTAIS NA CONSTITUIO PORTUGUESA DE 1976,
2 ED., ALMEDINA, PP. 189 E SEGS., que, adoptando o conceito de direito
subjectivo em sentido amplo para designar o lado subjectivo dos direitosfundamentais, distingue entre: os direitos, liberdades e garantias, enquanto
direitos de contedo constitucionalmente determinvel e os direitos sociais,
enquanto direitos a prestaes sujeitas a determinao poltica. As normas que
prevem os direitos, liberdades e garantias so normas preceptivas e conferem
verdadeiros poderes de exigir de outrem (pelo menos, do estado) um certo
comportamento geralmente a absteno, mas tambm prestaes obrigatriasou a aceitao dos efeitos produzidos -, ao mesmo tempo que impem o dever
correspondente. So direitos cujo contedo determinvel ao nvel constitucional
e que no necessitam, por isso, para valerem como direitos, de uma interveno
legislativa conformadora.
Ainda conforme preconizado pela melhor doutrina constitucional CFR. GOMESCANOTILHO E VITAL MOREIRA, IN CONSTITUIO DA REPBLICA
PORTUGUESA ANOTADA, PP. 265, : os imperativos de igualdade e de
liberdade vertidos no art. 47, n. 2 da CRP no se impem apenas no momento de
ingresso na funo pblica mas tambm no mbito ou no desenvolvimento da
relao jurdica de emprego pblico, sob pena de se defraudar e/ou mesmo
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desvirtuar tal garantia constitucional. Embora o preceito refira expressamente
apenas o direito de acesso (jus ad oficcium), o mbito normativo-constitucional
abrange igualmente o direito de ser mantido nas funes (jus in officio), e bem
assim o direito ainda s promoes dentro da carreira
As doutrinas constitucional e administrativa perfilham, portanto, que a garantia do
direito de acesso funo pblica e de obter um emprego, estende-se a outros
aspectos da relao de emprego pblico, no restringindo o direito de acesso aoprimeiro ingresso na funo pblica mas tambm ao acesso na carreira, e no caso,
atravs de um procedimento concursal em condies de legalidade e igualdade.
Deste modo, nos presentes autos, estamos perante a necessidade de tutela
de um direito, tipificado como direito, liberdade e garantia, pelo que, por esse
facto se considera preenchido o primeiro requisito previsto na lei.
Aqui chegados, importa agora saber se estamos perante uma situao de especial
urgncia que justifique o requerido decretamento provisrio.
Vejamos:
Como decorre dos autos e o probatrio elege mostra-se ultrapassado o argumentode que os docentes so impedidos, por via da candidatura electrnica, de indicar o
verdadeiro resultado do seu processo avaliativo, uma vez que desde 21 de Abril de
2010 j lhes possvel introduzir tal resultado: cfr. alnea A) e G) supra.
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Tambm no se vislumbra, atentas as disposies legais e regulamentares que o
Requerido convoca, as alteraes das regras concursais estabelecidas de molde a
adequa-las aplicao informtica, conforme o Requerente referiu para os
docentes das Regies Autnomas, os docentes para o Ensino Portugus no
Estrangeiro, bem como os docentes provenientes do Ensino Particular e
Cooperativo e de Escolas Profissionais, e os docentes que foram contratados por
Escolas de Hotelaria e Turismo, e tambm os docentes que exerceram funes em
AEC: cfr. alnea A) e G) supra.
Contudo, o mesmo no se passa j quanto avaliao de desempenho na
graduao profissional dos candidatos docentes que leccionaram em escolas que,
contrariamente outras, recorreram a uma aplicao informtica que, para efeitos de
atribuio da classificao, procedeu a arredondamentos, pois, por esse facto se
reconhece a possibilidade de leso iminente e irreversvel do procedimentoconcursal em condies de legalidade e igualdade, sobretudo face possibilidade
de majorao na graduao aos candidatos que obtiveram na ltima avaliao de
desempenho uma meno qualitativa de Muito Bom ou Excelente: cfr. alnea A) e
G) supra.
Outrossim, resulta indiciariamente dos autos, que tambm na existncia declassificaes que ainda no se encontram definitivamente fixadas, identificvel
quer a possibilidade de leso iminente e irreversvel da realizao de um
procedimento concursal em condies de legalidade e igualdade, quer ainda, e/ou
tambm, a reconduo da presente pretenso de decretamento provisrio
constatao de uma situao de especial urgncia no caso sub judice, que de
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outro modo no possam ser assegurados/exercidos em tempo til, a qual,
acrescente-se se verifica face proximidade do perodo de validao das
candidaturas, durante o qual permitido aos candidatos procederem ao
aperfeioamento das respectivas candidaturas e a todos os ajustamentos
adequados para repor a legalidade das situaes enunciadas: cfr. alnea A) a G)
supra.
Assim, os factos acima indiciariamente identificados, consubstanciam tambm umasituao de especial urgncia a qual necessita, por isso, de uma tutela mais
rpida, dado o carcter urgentssimo do mecanismo do art. 131 do CPTA, e
verificando-se, como se verificam, os pressupostos do referido art. 131 (repita-se:
quer o da possibilidade de leso iminente e irreversvel do direito, liberdade e
garantia invocado, quer tambm, e sobretudo, uma situao de especial urgncia)
determinam o decretamento requerido luz do citado art. 131: vide MRIOAROSO DE ALMEIDA CARLOS ALBERTO FERNANDES CADILHA,
Comentrio ao Cdigo de Processo nos Tribunais Administrativos, 2
Edio Revista 2007, Almedina, pg. 745 a 753, 760 a 767).
Na verdade: no havendo fundamento para rejeio liminar, o decretamento
provisrio da providncia cautelar depender apenas da existncia de periculum inmora e da sua iminncia. A pergunta prtica que o juiz deve formular a si prprio
poder ser a seguinte: se no decretar imediatamente a providncia e o autor, a
final, vier a obter o sucesso no meio processual principal, o seu direito ou
interesse legitimo poder ficar irreversivelmente prejudicado, por no ser vivel
reconstituir a situao que existiria se esse direito ou interesse no tivesse sido
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8/9/2019 sentenca; 2010.mai.06
19/21
TRIBUNAL ADMINISTRATIVO E FISCAL DE BEJA
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Rua de Angola, bloco A, 7800-468
284 31 15 50 Fax: 213506009E-mail: [email protected]
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lesado?...: cfr.JUIZ CONSELHEIRO JORGE LOPES DE SOUSA, INN 47 DOS
CADERNOS DE JUSTIA ADMINISTRATIVA.
Ora, como fcil de ver, no caso concreto e em face de tudo quanto ficou exposto,
a situao carecida de tutela no se compadece com o decurso normal inerente ao
andamento processual do processo cautelar de que a presente pretenso
incidente, porquanto, a no adopo provisria da suspenso da eficcia do
artigos 14 e 16 do D.L. n. 20/2006, de 31 de Janeiro, com as alteraes
introduzidas pelo D.L. n. 51/2009, de 27 de Fevereiro, e consequentes itens 4.
Opes de candidatura Item 4.5.; 4.5.1. e 4.5.2. referentes aos critrios de
graduao da candidatura electrnica, aplicao electrnica, para Garantia da
Legalidade do procedimento concursal aberto mediante Aviso 7173/2010,
publicado no D.R. de 09 de Abril de 2010, da Direco Geral dos Recursos
Humanos da Educao (). Devendo, em consequncia, os requeridos pugnarpelo reajustamento da candidatura electrnica, permitindo que esta se faa sem a
aplicao daqueles itens, que devem ser abolidos neste concurso, e com isso
prosseguindo o concurso regularmenteconduzir leso irreversvel e definitiva
da posio subjectiva do Requerente e dos que representa, consubstanciando
tambm uma situao de especial urgncia j que se encontra a decorrer o
perodo de aperfeioamento das candidaturas: cfr. alnea A) a G) supra.
*
Pelo exposto, decreto provisoriamente a presente providncia cautelar de
suspenso da eficcia dos artigos 14 e 16 do D.L. n. 20/2006, de 31 de
Janeiro, com as alteraes introduzidas pelo D.L. n. 51/2009, de 27 de
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Fevereiro, e consequentes itens 4. Opes de candidatura Item 4.5.; 4.5.1. e
4.5.2. referentes aos critrios de graduao da candidatura electrnica,
aplicao electrnica, para Garantia da Legalidade do procedimento
concursal aberto mediante Aviso 7173/2010, publicado no D.R. de 09 de Abril
de 2010, da Direco Geral dos Recursos Humanos da Educao ().
Devendo, em consequncia, os requeridos pugnar pelo reajustamento da
candidatura electrnica, permitindo que esta se faa sem a aplicao
daqueles itens, que devem ser abolidos neste concurso, e com issoprosseguindo o concurso regularmente.
Notifique de imediato, via fax e/ou mail, com expressa referncia para,
querendo, as partes se pronunciarem, em 5 (cinco) dias, sobre a
possibilidade do levantamento, manuteno ou alterao da providncia (cfr.
n. 6 do art. 131. do CPTA).
Registe (art. 156 do Cdigo de Processo Civil CPC ex viart. 1 CPTA).Custas a fixar oportunamente (art. 453. n. 1 do CPC).
***
O3. MAIO. 2010(Depois das 17.30horas; 01. Maio: Sb. ; 02. Maio: Dom. ; Processado e revisto com recurso a meios informticos e
com aposio de assinatura electrnica avanada atravs do SITAF, nos termos do art. 7 da Portaria n.1417/2003, de 30 de Dezembro; art.138 n.5 do CPC ex viart. 1 do CPTA).
Teresa Caiado
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8/9/2019 sentenca; 2010.mai.06
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Maria TeresaCaiadoFernandesCorreia
Digitally signed by Maria TeresaCaiado Fernandes CorreiaDN: cn=Maria Teresa CaiadoFernandes Correia, sn=CaiadoFernandes Correia, givenName=MariaTeresa, c=PT, o=MJ, ou=CSTAF,title=Juiz de DireitoReason: Sou a autora destedocumentoDate: 2010.05.04 00:56:12 +01'00'