sentença valmir

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ESTADO DE SANTA CATARINA PODER JUDICIÁRIO Comarca - Criciúma2ª Vara da Fazenda

Justiça Gratuita

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Endereço: Av. Santos Dumont, S/N, Prédio do Fórum, Milanese - CEP 88804-500, Fone: (48) 3431-5396, Criciúma-SC - E-mail: [email protected]

Autos n° 0902000-54.2014.8.24.0020

Ação: Ação Civil Pública/Flora

Autor: 'Ministério Público do Estado de Santa Catarina

Réu: Valmir Zocche

Vistos etc.

Trata-se de ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público do

Estado de Santa Catarina, representado pelo Promotor de Justiça em exercício neste juízo, em

face de Valmir Zocche, aduzindo, em síntese, que o réu praticou crime contra a flora ao

promover corte de vegetação secundária do bioma da Mata Atlântica em estado médio de

regeneração, a qual estava localizada em sua propriedade na localidade do bairro Cedro Alto,

em Nova Veneza, conforme apurado no Inquérito Cívil Público n. 06.2013.00009145-3,

requerendo a procedência do pedido para determinar que o réu: a) promova a elaboração de

Plano de Recuperação de Área Degradada – PRAD –, por responsável técnico habilitado,

acompanhado de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), no prazo de 30 dias, a ser

aprovado pela Fundação do Meio Ambiente (FATMA), objetivando a integral recuperação da

área degradada; b) a implantação do PRAD assim que aprovado o projeto pela FATMA, não

podendo a execução do projeto ultrapassar 06 (seis) meses a partir da aprovação; c) a

demarcação, medição e averbação da reserva florestal de 20% (vinte por cento), caso o imóvel

possua área considerada Reserva Legal e ainda não tenha sido demarcada/averbada; d)

determinar a indisponibilidade de bens do réu, como forma de salvaguardar a satisfação da

medida; e) averbar a existência da presente ação na matrícula dos imóveis sub judice; f)

condenar o réu ao pagamento de indenização pelos danos morais coletivos, revertendo o valor

da condenação ao Fundo para a Reconstituição dos Bens Lesados, nos termos do artigo 13, da

Lei n. 15.694/2011, regulamentada pelo Decreto n. 808/2012; nos exatos termos da inicial.

A liminar foi deferida.

Citado, o réu apresentou contestação arguindo, em preliminar,

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ilegitimidade passiva ad causam. No mérito, alegou que adquiriu a propriedade em questão

para exercício da agricultura, conforme sua função social, sendo que o corte havido não

acarretou danos à flora local, requerendo a improcedência do pedido.

Após nova manifestação do Ministério Público, e outras providências,

os autos vieram conclusos.

É o breve relatório.

Decido.

Julgo antecipadamente a lide por serem suficientes as provas

produzidas nos autos.

Inicialmente, afasto de plano a preliminar arguida, uma vez que:

"[...] Em razão da natureza propter rem da obrigação de reparar

dano ambiental, o novo proprietário de imóvel que sofreu o referido dano também é

responsável pelo dano, ainda que o dano tenha sido causado pelo antigo proprietário."

(STJ. REsp 1.056.540/GO. Rel. Ministra Eliana Calmon. Data do Julgamento: 25.08.2009).

Portanto, sendo o autor proprietário da área degradada, tem o mesmo

legitimidade para figurar no pólo passivo da presente ação.

Resolvida a preliminar, passo à análise do mérito da quaestio.

A Constituição Federal, nos termos do art. 225, garante a todos o

direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, cabendo tanto ao Poder Público, como

à coletividade, o dever de zelar pela sua conservação e preservação, in verbis:

"Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente

equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-

se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as

presentes e futuras gerações."

Além disso, nos termos do §4º, do art. 225, da Constituição Federal, "A

Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-

Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma

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da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive

quanto ao uso dos recursos naturais".

Da mesma forma, a Constituição do Estado de Santa Catarina insere a

Mata Atlântica como uma das “áreas de interesse ecológico, cuja utilização dependerá de

prévia autorização dos órgãos competentes homologada pela Assembleia Legislativa.”

(art. 184, I).

A Lei Federal n. 11.428/2006, que dispõe sobre a utilização e proteção

da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica, estabelece, em seu artigo 14, que “A

supressão de vegetação primária e secundária no estágio avançado de regeneração

somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública, sendo que a vegetação

secundária em estágio médio de regeneração poderá ser suprimida nos casos de

utilidade pública e interesse social, em todos os casos devidamente caracterizados e

motivados em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica

e locacional ao empreendimento proposto, ressalvado o disposto no inciso I do art. 30 e

nos §§ 1o e 2o do art. 31 desta Lei”.

Em ambos os casos, a supressão dependerá de autorização do órgão

ambiental estadual competente, nos termos do §1º do art. 14 da Lei n. 11.428/2006.

Ademais, sabe-se que a legislação pátria impõe restrição ao direito de

construir em áreas fronteiriças a cursos d'água naturais e no entorno das nascentes,

estabelecendo um recuo mínimo para a edificação.

Dentro desse limite a área é considerada non aedificandi, ou seja, não é

permitida a edificação por se tratar de faixa de preservação permanente. A intenção do

legislador foi de proteger e preservar os recursos naturais encontrados às margens de rios,

riachos, etc.

Nesse sentido, dispõe o novo Código Florestal (Lei n. 12.651/2012):

"Art. 4o Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais

ou urbanas, para os efeitos desta Lei:

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I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural, desde a borda

da calha do leito regular, em largura mínima de:

"a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez)

metros de largura;

[...]

IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes,

qualquer que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros;"

Tais recuos mínimos já estavam especificados no antigo Código

Florestal (Lei n. 4.771/1965). Veja-se:

Art. 2° Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito

desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas:

a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível

mais alto em faixa marginal cuja largura mínima será:

1 - de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10 (dez)

metros de largura;

[...]

c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos

d'água", qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50

(cinquenta) metros de largura;

In casu, conforme se verifica nas páginas 26/33, em 23-9-2012, a

Guarnição do 2º Pelotão da 3ª Companhia do Batalhão de Polícia Militar Ambiental, em

atendimento à denúncia anônima recebida pela Guarnição, se deslocou à Estrada Geral Cedro

Alto, no Município de Nova Veneza/SC, a fim de verificar possível ocorrência de crime

ambiental contra a flora.

Na ocasião, foi relatado pela Guarnição Ambiental:

"[…] pode-se afirmar que a área florestal em questão constitui

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vegetação secundária do Bioma Mata Atlântica em estágio médio de regeneração,

podendo alguns pontos isolados estarem já apontado para estágio avançado. Na área

vistoriada observou-se que ocorreu um desmatamento recente, sendo que a área

desmatada divide-se em duas glebas, unidas por um acesso criado por meio de

derrubada da mata nativa. Primeiramente, após percorrer um caminho que fora aberto

com a derrubada da vegetação, a Guarnição encontrou a gleba 1, onde houve o corte

raso da vegetação em uma área de cerca de um hectare. […] A partir da gleba 1,

observou-se o início de uma passagem com cerca de três metros de largura que seguia

em direção ao sul. Ao final desta pequena trilha, a Guarnição deparou-se com a gleba 2,

uma área de cerca de um hectare onde também ocorreu o corte raso da vegetação

nativa. Ao longo do limite sul da gleba 2 foi constatada a presença de um curso de água

com cerca de dois metros de largura, que se mostrou como a extrema sul do

desmatamento. O corte foi visualizado até o limite do curso de água em questão.

Portanto, na gleba 2, a destruição da vegetação nativa deu-se também em área

considerada de preservação permanente, nos termos da legislação florestal federal."

(páginas. 27/28).

Dando sequência ao atendimento da ocorrência, a Guarnição da Polícia

Militar Ambiental entrou em contato com o Sr. Valmir Zocche, ora réu, proprietário da área

em questão, que admitiu “ser o responsável pelo desmatamento verificado na gleba 1,

declarando que o efetuou com o intuito de ali construir um pequeno sítio para sua

família” (fl. 29). Por outro lado, segundo o Relatório de Fiscalização Ambiental, “quanto

à área 2, neste momento o senhor Valmir negou que a tivesse desmatado, alegando já tê-

la comprado desta forma” (página. 29).

Conforme se extrai dos documentos nas páginas 37/40, em razão dos

fatos alhures mencionados, foram expedidos os Autos de Infração Ambiental n. 19914-A e

19915-A em desfavor do réu, por destruir vegetação nativa em estágio médio de regeneração

do Bioma Mata Atlântica, não passível de autorização para exploração ou supressão, e por

destruir vegetação, situada em área considerada de preservação permanente, sem autorização

do órgão ambiental competente.

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Além das informações colhidas pela Polícia Militar Ambiental, o

Laudo Pericial n. 9113.13.00064, elaborado pelo Instituto Geral de Perícias, confirma que

“no local examinado ocorreu a supressão (corte raso) de vegetação nativa e exótica, em

02 (duas) áreas distintas” (página. 107), sendo que, “em meio à 'Área 01' havia uma

nascente difusa, formando uma área alagadiça, ocupada por espécies vegetais típicas

deste tipo de ecossistema, sendo que a supressão de vegetação ocorreu sobre e

imediatamente o entorno desta nascente” (página 108).

No que se refere à “Área 2”, o laudo pericial relatada que “na

extremidade sul da 'Área 02' havia um curso d'água, que media largura máxima de

aproximadamente 2,0m (dois metros), sendo que a supressão de vegetação ocorrida

atingiu imediatamente a margem esquerda do referido curso d'água” (página 108).

Diante desse cenário, e conforme já assinalado na liminar concedida

nestes autos, entendo que os elementos sub judice comprovam que, na área de terras

pertencente ao requerido, localizada na Estrada Geral Cedro Alto, em Nova Veneza, foi

realizada a supressão de vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica, bem como a intervenção

em área de preservação permanente, em desconformidade com a legislação ambiental.

Por oportuno, mostra-se irrelevante a afirmação do réu de que é

agricultor e utilizaria a área devastada para o exercício da agricultura, tendo em vista que,

conforme já dito, não há autorização do órgão ambiental competente para explorar, ou mesmo

suprimir, a vegetação existente naquele local.

Sendo assim, de rigor julgar procedente o pedido para determinar que o

réu providencie, no prazo de 90 dias, a elaboração de Plano de Recuperação de Área

Degradada – PRAD –, por responsável técnico habilitado, acompanhado de Anotação de

Responsabilidade Técnica (ART), a ser aprovado pela Fundação do Meio Ambiente

(FATMA), objetivando a integral recuperação da área degradada no imóvel de sua

propriedade, localizado na Estrada Geral Cedro Alto, Bairro Cedro Alto, no Município de

Nova Veneza, e promova a implantação do PRAD no prazo de 06 (seis) meses, a partir da sua

aprovação, tornando definitiva a liminar deferida nos autos.

Com relação ao dano moral coletivo colimado, o ora subscritor tem

entendimento que para a configuração do chamado dano moral coletivo é necessário que

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exista o abalo anímico como constitucionalmente relevado, nos termos do inciso X do art. 5º

da CR.

O fato é que, no caso dos autos, embora os atos praticados pelo réu

tenham causado certo impacto no meio ambiente, não havendo, por parte dos órgãos

competentes, licença ambiental para tal fim, não restou configurado a existência concreta de

prejuízo a terceiros, ou mesmo ofensa ao sentimento difuso ou coletivo, não podendo estes

prejuízos serem presumidos.

Desta forma, entendo da não configuração dos danos morais coletivos,

não sendo, portanto, o caso de condenar o réu em valor pecuniário, conforme já decidiu o e.

TJSC:

"O dano moral ambiental caracteriza-se quando, além dessa

repercussão física no patrimônio ambiental, sucede ofensa ao sentimento difuso ou

coletivo - v.g.: o dano causado a uma paisagem causa impacto no sentimento da

comunidade de determinada região, que como v.g.; a supressão de certas árvores na

zona urbana ou localizadas na mata próxima ao perímetro urbano. Consectariamente, o

reconhecimento do dano moral ambiental não está umbilicalmente ligado à repercussão

física no meio ambiente, mas, ao revés, relacionado à transgressão do sentimento

coletivo, consubstanciado no sofrimento da comunidade, ou do grupo social, diante de

determinada lesão ambiental" (REsp n. 598.281/MG, Relator para o acórdão: Ministro

Teori Albino Zavascki, j. 2-5-06) (destaque não constante do original)". (Embargos

Infringentes n. 2013.007541-6, da Capital. Relator: Des. Cesar Abreu).

Assim de rigor julgar improcedente o pedido de danos morais

coletivos.

No mais, e conforme já esclarecido na liminar deferida nos autos,

desnecessária a determinação para que o réu promova a “demarcação, medição e averbação da

reserva florestal de 20%”, conforme requerido no item 2.3 da inicial (página 14), pois não há

nos autos comprovação de que o imóvel em questão possui área considerada Reserva Legal.

Do mesmo modo, não há razão para a anotação de pendência desta ação

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civil pública na matrícula de outros imóveis pertencentes ao réu, muito menos de

indisponibilidade dos bens móveis e imóveis pertencentes a ele, pois não houve, ainda, o

dimensionamento dos valores a serem despendidos pelo réu com a recuperação da área

degradada.

Ademais, valido salientar novamente que “A decretação da

indisponibilidade e o seqüestro de bens, por ser medida extrema, há de ser devida e

juridicamente fundamentada, com apoio nas regras impostas pelo devido processo legal,

sob pena de se tornar nula”. (AgRg no REsp 433357/RS).

Assim, continua sendo temerário tornar indisponíveis todos os bens

móveis e imóveis do réu, pois, além de configurar medida excessivamente gravosa ao

demandado, o pedido não veio devidamente fundamentado, inexistindo elementos nos autos

que indiquem a intenção do réu de se desfazer de seu patrimônio para frustrar a execução do

título judicial.

Por fim, e no que tange a multa arbitrada, a mesma deveria ser

discutida através de procedimento/recurso próprio, não havendo motivos plausíveis para

reanalisá-la em sede desta sentença.

Com relação aos ônus sucumbenciais, e tendo o réu decaído da maior

parte do pedido, deve ele arcar com estes ônus.

No entanto, ressalto que:

"PROCESSO CIVIL - AÇÃO CIVIL PÚBLICA - HONORÁRIOS

ADVOCATÍCIOS - MINISTÉRIO PÚBLICO AUTOR E VENCEDOR."Na ação civil

pública, a questão da verba honorária foge inteiramente das regras do CPC, sendo

disciplinada pelas normas próprias da Lei 7.347/85, com a redação dada ao art. 17 pela

Lei 8.078/90. "Somente há condenação em honorários, na ação civil pública, quando o

autor for considerado litigante de má-fé, posicionando-se o STJ no sentido de não impor

ao Ministério Público condenação em honorários. "Dentro de absoluta simetria de

tratamento, não pode o parquet beneficiar-se de honorários, quando for vencedor na

ação civil pública. "Recurso especial improvido. (STJ - REsp 493823/DF, Rel. Ministra

Eliana Calmon, julgado em 09.12.2003)." (Apelação Cível n. 2014.028267-4, de Imbituba.

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Relator: Des. Sérgio Roberto Baasch Luz).

Nestes termos, não há condenação em honorários advocatícios.

Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE EM PARTE o pedido para,

tão somente, determinar que o réu promova, no prazo de 90 dias, a elaboração de Plano de

Recuperação de Área Degradada – PRAD –, por responsável técnico habilitado, acompanhado

de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), a ser aprovado pela Fundação do Meio

Ambiente (FATMA), objetivando a integral recuperação da área degradada no imóvel de sua

propriedade, localizado na Estrada Geral Cedro Alto, Bairro Cedro Alto, no Município de

Nova Veneza, e promova a implantação do PRAD no prazo de 06 (seis) meses, a partir da sua

aprovação, tornando definitiva a liminar deferida nos autos.

Tendo o réu decaído da quase integralidade do pedido, com base no

princípio da causalidade, de rigor CONDENÁ-LO ao pagamento das custas processuais.

Em reexame necessário.

P. R. I.

Criciúma, 25 de novembro de 2014.

Pedro Aujor Furtado Júnior

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