servico social 2009_4_2
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SERVIÇO SOCIAL
AutoresProfessora Especialista Edilene Maria de Oliveira Araújo
Professora Ma. Amirtes Menezes de Carvalho de SilvaProfessora Ma. Angela Cristina Dias do Rego Catonio
Professora Ma. Maria Clotilde Pires Bastos
Educaçãosem fronteiras
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Anhanguera PublicaçõesValinhos/SP, 2009
www.interativa.uniderp.brwww.unianhanguera.edu.br
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© 2009 Anhanguera PublicaçõesProibida a reprodução fi nal ou parcial por qualquer meio deimpressão, em forma idêntica, resumida ou modifi cada em línguaportuguesa ou qualquer outro idioma.Impresso no Brasil 2009
ANHANGUERA EDUCACIONAL S.A.CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DE CAMPO GRANDE/MS
PresidenteProf. Antonio Carbonari Netto
Diretor AcadêmicoProf. José Luis Poli
Diretor AdministrativoAdm. Marcos Lima Verde Guimarães Júnior
CAMPUS I
ChancelerProfa. Dra. Ana Maria Costa de SousaReitorProf. Dr. Guilherme Marback NetoVice-ReitorProfa. Heloísa Helena Gianotti PereiraPró-ReitoresPró-Reitor Administrativo: Adm. Marcos Lima Verde Guimarães JúniorPró-Reitora de Graduação: Profa. Heloisa Helena Gianotti Pereira Pró-Reitor de Extensão, Cultura e Desporto: Prof. Ivo Arcângelo Vendrúsculo Busato
ANHANGUERA EDUCACIONAL S.A.UNIDERP INTERATIVA
DiretorProf. Dr. Ednilson Aparecido Guioti
CoodernaçãoProf. Wilson Buzinaro
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICAProfa. Terezinha Pereira Braz / Profa. Aparecida Lucinei Lopes Taveira Rizzo / Profa. Maria Massae Sakate /Profa. Adriana Amaral Flores Salles / Profa. Lúcia Helena Paula Canto (revisora)
PROJETO DOS CURSOSAdministração: Prof. Wilson Correa da Silva / Profa. Mônica Ferreira SatolaniCiências Contábeis: Prof. Ruberlei BulgarelliEnfermagem: Profa. Cátia Cristina Valadão Martins / Profa. Roberta Machado PereiraLetras: Profa. Márcia Cristina Rocha FiglioliniPedagogia: Profa. Vivina Dias Sol QueirozServiço Social: Profa. Maria de Fátima Bregolato Rubira de Assis / Profa. Ana Lúcia Américo AntonioTecnologia em Gestão e Marketing de Pequenas e Médias Empresas: Profa. Fabiana Annibal Faria de Oliveira BiazettoTecnologia em Gestão e Serviço de Saúde: Profa. Irma MarcarioTecnologia em Logística: Prof. Jefferson Levy Espindola DiasTecnologia em Marketing: Prof. Jefferson Levy Espindola DiasTecnologia em Recursos Humanos: Prof. Jefferson Levy Espindola Dias
ANHANGUERA PUBLICAÇÕES
DiretorProf. Diógenes da Silva Júnior
Gerente AcadêmicoProf. Adauto Damásio
Gerente AdministrativoProf. Cássio Alvarenga Netto
Ficha Catalográfi ca realizada pela BibliotecáriaAlessandra Karyne C. de Souza Neves – CRB 8/6640
S514 Serviço social / Edilene Maria de Oliveira Araújo ...[et al.]. - Valinhos : Anhanguera Publicações, 2009. 256 p. - (Educação sem fronteiras ; 4).
ISBN: 978-85-62280-44-3
1. Comunicação – Metodologia da pesquisa. 2. Direito – Legislação social. 3. Movimento social. I. Araújo, Edilene Maria de Oliveira. II. Título. III. Série.
CDD: 360
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Nossa Missão, Nossos Valores_______________________________
A Anhanguera Educacional completa 15 anos em 2009. Desde sua fundação, buscou a ino-
vação e o aprimoramento acadêmico em todas as suas ações e programas. É uma Instituição de
Ensino Superior comprometida com a qualidade dos cursos que oferece e privilegia a preparação
dos alunos para a realização de seus projetos de vida e sucesso no mercado de trabalho.
A missão da Anhanguera Educacional é traduzida na capacitação dos alunos e estará sempre
preocupada com o ensino superior voltado às necessidades do mercado de trabalho, à adminis-
tração de recursos e ao atendimento aos alunos. Para manter esse compromisso com a melhor
relação qualidade/custo, adotaram-se inovadores e modernos sistemas de gestão nas instituições
de ensino. As unidades no Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas
Gerais, Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul preservam a missão e difundem os valores
da Anhanguera.
Atuando também no Ensino a Distância, a Anhanguera Educacional orgulha-se de poder es-
tar presente, por meio do exemplar trabalho educacional da Uniderp Interativa, nos seus pólos
espalhados por todo o Brasil.
Boa aprendizagem e bons estudos!
Prof. Antonio Carbonari Netto
Presidente — Anhanguera Educacional
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AULA 1 — A Base do Pensamento Econômico
Apresentação____________________
A Universidade Anhanguera/UNIDERP, ao longo de sua existência, prima pela excelência no
desenvolvimento de seu sólido projeto institucional, concebido a partir de princípios modernos,
arrojados, pluralistas, democráticos.
Consolidada sobre patamares de qualidade, a Universidade conquistou credibilidade de par-
ceiros e congêneres no país e no exterior. Em 2007, sua entidade mantenedora (CESUP) passou
para o comando do Grupo Anhanguera Educacional, reconhecido pelo compromisso com a
qualidade do ensino, pela forma moderna de gestão acadêmico-administrativa e pelos propósi-
tos responsáveis em promover, cada vez mais, a inclusão e a ascensão social.
Reconhecida pela ousadia de estar sempre na vanguarda, a Universidade impôs a si mais um
desafio: o de implantar o sistema de ensino a distância. Com o propósito de levar oportunida-
des de acesso ao ensino superior a comunidades distantes, implantou o Centro de Educação a
Distância.
Trata-se de uma proposta inovadora e bem-sucedida, que, em pouco tempo, saiu das frontei-
ras do Estado do Mato Grosso do Sul e se expandiu para outras regiões do país, possibilitando o
acesso ao ensino superior de uma enorme demanda populacional excluída.
O Centro de Educação a Distância atua por meio de duas unidades operacionais: a Uniderp
Interativa e a Faculdade Interativa Anhanguera(FIAN). Com os modelos alternativos ofereci-
dos e respectivos pólos de apoio presencial de cada uma das unidades operacionais, localizados
em diversas regiões do país e exterior, oferece cursos de graduação, pós-graduação e educação
continuada, possibilitando, dessa forma, o atendimento de jovens e adultos com metodologias
dinâmicas e inovadoras.
Com muita determinação, o Grupo Anhanguera tem dado continuidade ao crescimento da
Instituição e realizado inúmeras benfeitorias na estrutura organizacional e acadêmica, com re-
flexos positivos nas práticas pedagógicas. Um exemplo é a implantação do Programa do Livro-
Texto – PLT, que atende às necessidades didático-pedagógicas dos cursos de graduação, viabiliza
a compra, pelos alunos, de livros a preços bem mais acessíveis do que os praticados no mercado
e estimula-os a formar a própria biblioteca, promovendo, assim, a melhoria na qualidade de sua
aprendizagem.
É nesse ambiente de efervescente produção intelectual, de construção artístico-cultural, de
formação de cidadãos competentes e críticos, que você, acadêmico(a), realizará os seus estudos,
preparando-se para o exercício da profissão escolhida e uma vida mais plena na sociedade.
Prof. Guilherme Marback Neto
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Autores____________________
AMIRTES MENEZES DE CARVALHO E SILVA
Graduação: Pedagogia – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS – 1998
Pós-graduação: Fundamentos da Educação – Área de Concentração: Psicologia da Educação – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS – 2001
Mestrado: Em Educação – Área de Concentração: Psicologia – Universidade de Mato Grosso do Sul – UFMS – 2003
EDILENE MARIA DE OLIVEIRA ARAÚJO
Graduação: Serviço Social – Faculdades Unidades Católica de Mato Grosso – FUCMT – 1986
Pós-graduação Lato Sensu: Formação de Formadores em Educação de Jovens e Adultos – Universidade Nacional de Brasília – UNB – 2003
Pós-graduação Lato Sensu: Gestão de Iniciativas Sociais – Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ – 2002
Pós-graduação Lato Sensu: Administração em Marketing e Comércio Exterior – UCDB – 1998
ANgELA CRISTINA DIAS DO REgO CATONIO
Graduação: Letras – Língua Portuguesa e Língua Inglesa/Universidade Católica Dom Bosco – UCDB, Campo Grande/MS – 1996
Especialização: Comunicação Social/Universidade Metodista de São Paulo – UMESP, São Paulo/SP, 1999
Mestrado: Comunicação Social/Universidade Metodista de São Paulo – IMESP, São Bernardo do Campo/SP, 2000
MARIA CLOTILDE PIRES BASTOS
Graduação: Pedagogia com Habilitação em Administração e Supervisão Escolar de 1º e 2º Graus – Universidade Católica Dom Bosco – UCDB – 1981
Pós-graduação Lato Sensu: Metodologia do Ensino Superior – Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal – UNIDERP – 1988
Pós-graduação Strictu Sensu: Educação – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS – 1997
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Sumário____________________
MÓDULO – COMUNICAÇÃO E METODOLOgIA DA PESQUISA
UNIDADE DIDÁTICA – ESTÁgIO SUPERVISIONADO EM SERVIÇO SOCIALAULA 1
Estágio supervisionado e a prática do saber ...................................................................................... 3
AULA 2
Legislação e a profissão do assistente social ....................................................................................... 13
UNIDADE DIDÁTICA – COMUNICAÇÃO SOCIAL AULA 1
Linguagem e sua função social ........................................................................................................... 23
AULA 2
Modalidades verbais e não verbais na comunicação ......................................................................... 29
AULA 3
Comunicação: conceitos e modelos ................................................................................................... 33
AULA 4
Funções da linguagem e tipos de comunicação ................................................................................. 38
AULA 5
Habilidades em comunicação ............................................................................................................. 42
AULA 6
Comunicação e novas tecnologias da comunicação ......................................................................... 46
AULA 7
Relações humanas ............................................................................................................................... 49
AULA 8
Comportamento e moda .................................................................................................................... 51
UNIDADE DIDÁTICA – METODOLOgIA DA PESQUISA CIENTÍFICAAULA 1
O conhecimento e a ciência ................................................................................................................ 59
AULA 2
O método científico ............................................................................................................................ 63
AULA 3
O processo de pesquisa ....................................................................................................................... 67
AULA 4
A pesquisa qualitativa ......................................................................................................................... 72
AULA 5
Leitura e registro ................................................................................................................................. 76
AULA 6
Apresentação de trabalhos acadêmicos – Normas da ABNT ............................................................ 79
SEMINÁRIO INTEGRADO ..................................................................................................................... 94
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MÓDULO – DIREITO SOCIAL E MOVIMENTOS SOCIAIS
UNIDADE DIDÁTICA – DIREITO E LEgISLAÇÃO SOCIALAULA 1
A aplicabilidade do direito no serviço social ..................................................................................... 97
AULA 2
A pessoa e seu inter-relacionamento social ....................................................................................... 106
AULA 3
A institucionalização da sociedade ..................................................................................................... 118
AULA 4
O direito familiar ................................................................................................................................ 132
AULA 5
A estruturação dos direitos constitucionais e as garantias fundamentais: direitos humanos
e cidadania ........................................................................................................................................... 143
AULA 6
O direito infraconstitucional e suas aplicações no serviço social – a legislação social e a proteção
da sociedade ........................................................................................................................................ 160
AULA 7
O direito trabalhista e as relações políticas de trabalho .................................................................... 169
AULA 8
O direito previdenciário – sistema brasileiro de seguridade social .................................................. 193
UNIDADE DIDÁTICA – MOVIMENTOS SOCIAISAULA 1
Movimentos sociais ............................................................................................................................. 209
AULA 2
Aspectos teóricos – histórico dos movimentos sociais no Brasil ...................................................... 212
AULA 3
Movimentos sociais e cidadania ......................................................................................................... 215
AULA 4
Políticas sociais – a contribuição dos movimentos sociais ............................................................... 218
AULA 5
A sociedade civil e a construção de espaços públicos ........................................................................ 221
AULA 6
O caráter educativo do movimento social popular ........................................................................... 223
AULA 7
Os movimentos sociais e a articulação entre educação não formal e sistema formal de ensino .... 226
AULA 8
Movimentos sociais em suas diferentes expressões ........................................................................... 229
AULA 9
Tendências dos movimentos sociais na realidade brasileira contemporânea .................................. 232
AULA 10
Redes de ações coletivas ...................................................................................................................... 239
SEMINÁRIO INTEGRADO ..................................................................................................................... 243
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COMUNICAÇÃO E METODOLOGIA
DA PESQUISA
Módulo
Professora Ma. Amirtes Menezes de Carvalho e Silva
Professora Ma. Angela Cristina Dias do Rego Catonio
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Unidade Didática — Comunicação Social
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Apresentação
O homem é um ser essencialmente social, e essa natureza social e sociável o leva a uma vida de convivências
recíprocas. A maior parte de sua vida é de convivência, é a simultaneidade de vivências entre uns e outros. A
comunicação constitui um dos alicerces da sociedade e das relações sociais.
Seja pela escrita, pela palavra falada, pela imagem ou pelo som, os meios informativos passaram a compor
um mundo peculiar, no qual o homem tem a oportunidade de saber, de conhecer, de se atualizar.
Nesse panorama, o profissional de relações humanas assume importância fundamental no processo de
comunicação.
A disciplina de Comunicação Social está voltada para os profissionais que têm como um dos principais
instrumentos de trabalho a palavra.
Desenvolver as habilidades de comunicação é o principal objetivo da disciplina. O conteúdo aqui minis-
trado permitirá ao acadêmico de Serviço Social melhor observar e empregar a comunicação no seu dia a dia,
possibilitando-lhe maior possibilidade de interação com seus pares.
É obrigação de qualquer profissional na área de comunicação aperfeiçoar-se e enriquecer-se no uso da
língua como meio de compreensão e expressão. O desenvolvimento do hábito da reflexão faz o profissional
preparar-se para desempenhar satisfatoriamente suas atividades.
A importância da comunicação extrapola os limites do papel, porque a mensagem transmitida de forma
eficiente permite atingir melhor as pessoas, o que poderá melhorar os relacionamentos sociais. O assistente
social deve estar preparado para fazer uma leitura fiel e exata dos acontecimentos, sem deixar de lado a sim-
plicidade e a clareza necessárias para a eficiência na comunicação.
Professora Ma. Angela Cristina Dias do Rego Catonio
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AULA 1 — Linguagem e sua Função Social
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Conteúdo
• Conceito de linguagem
Competências e habilidades
• Levar os acadêmicos a compreenderem o papel da linguagem na organização do pensamento, para
que desenvolvam estratégias de comunicação no Serviço Social
Textos e atividades para autoestudo disponibilizados no Portal
Verificar no Portal os textos e atividades disponibilizados na galeria da unidade.
Duração
2 h/a – via satélite com o professor interativo
2 h/a – presencial com professor local
6 h/a – mínimo sugerido para autoestudo
AULA
1____________________
LINGUAGEM E SUA FUNÇÃO SOCIAL
Un
idad
e D
idát
ica
– C
om
un
icaç
ão S
oci
alLINHA DO TEMPO DA COMUNICAÇÃO
A seguir, temos um breve histórico do desenvol-
vimento da comunicação. A linha do tempo abaixo
demonstra as grandes transformações da comuni-
cação ocorridas desde os primórdios do homem até
os dias atuais. Observe-a atentamente.
EVOLUÇÃO DA COMUNICAÇÃO
Pré-história ........... comunicação visual
50.000 a.C. ......desenhos (sinais, traços) fumaça co-
municação verbal sons, ruídos sons
(primórdios da música) comunica-
ção física (gestos, dança)
4000 a 3000 a.C. .......desenhos pequenos, sinais explica-
tivos (pictogramas dos sumérios)
3300 a.C. ................ egípcios (descoberta do papiro - planta de folhas fortes)
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Unidade Didática — Comunicação Social
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2400 a.C. .................sinais regulares (sons das palavras)1500 a.C. ................ primeiras inscrições chinesas1000 a.C. ................ alfabeto fenício - sem as vogais.
Alfabeto grego - com as vogais776 a.C. .................. primeiro registro do uso de um
pombo-correio para envio de mensagens
200 a 100 a.C. ........ mensageiros humanos a pé ou a cavalo são comuns no Egito e na China. Primeiras estações de entrega das mensagens
197 - 150 a.C. ........ Europa (escrita no couro - per-gaminho)
14 d.C. ................... os romanos estabelecem os ser-viços postais
200 d.C. ................. invenção da bússola (China).200 d.C. ................. invenção do papel pelos chineses200 – 250 d.C. ........ biblioteca de Alexandria (fuda-
da pelos ptolomeus)Roma - primeiros jornais eram pregados na parede do senadoTeatro grego - histórias e diálogosTrovadores - literatura ambulante, jornais falados
305 d.C. ................. primeiras prensas de madeira inventadas na China (símbolos eram entalhados em blocos de madeira)
1200 d.C. ............... primeiras universidades são fundadas na Europa
1455-56 ................. advento da tipografia - Gutem-berg - 1.º livro impresso foi a Bíblia
1780 ..................... primeira caneta tinteiro-Sheller1792 ..................... telégrafo ótico - Chappe
1821 ...................... corrente elétrica – Faraday1827-37 .................. fotografia - Niepce e Daguerre1829 ....................... invenção da máquina de escrever
por Willian Austin Burst1837 ...................... código morse - alfabeto de sons1880 .......................... fonógrafo - Edison conseguir gra-
var e conservar a voz humana1876 ...................... telefone - Graham Bell1878 ...................... lâmpada elétrica - Thomas Edison1896 ...................... rádio - Marconi1895 ...................... cinema - irmãos Lumiere1896 ...................... realizada a primeira sessão de
cinema no Brasil1925 ..................... televisão – primeiras imagens
de televisão1927 ..................... cinema falado - Lee de Forest
cantor de jazz1945 ...................... válvula
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AULA 1 — Linguagem e sua Função Social
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1946 ...................... antecessor do computador mo-derno - Universidade de Pensil-vânia
1948 ...................... disco long-play - Peter Goldmark1948 ...................... transistor - Bardeen, Brattai e
Shockley1954 ...................... TV em cores - EUA
1956 ...................... primeira usina nuclear na In-glaterra
1957 ...................... primeiro satélite no espaço - Sputinik – URSS
1958 ...................... primeiras gravações estereofô-nicas
1962 ...................... primeira transmissão via satélite1964 ..................... circuitos integrados1971 ..................... 4004 Intel - primeiro micropro-
cessador produzido em escala comercial
1972 ...................... TV em cores no Brasil................................ Internet................................ TV a cabo................................ Offset................................ compact disc................................ videodisc...
*Observe que, com o passar do tempo, as des-
cobertas e os inventos ocorreram em um espaço
de tempo cada vez menor. O homem passou quase
50.000 anos para descobrir os primeiros sinais grá-
ficos. Em compensação, levou apenas 50 anos para
inventar o cinema, o rádio e a televisão, fatos que
modificaram profundamente o quadro cultural, o
que acontece de forma cada vez mais rápida.
Pensar na relevância da linguagem para a humani-
da de produz uma reflexão, hoje, centrada no papel da
linguagem como um instrumento de inserção social.
No entanto, essa atitude também reflete uma aborda-
gem sociohistórica para o desenvolvimento humano.
A linguagem, nesse sentido, muito mais que a
evo lução da estrutura cognitiva, é um produto so-
cial e histórico. Recorre-se, nesse caso, à teoria de Vi-
gotsky, a qual descreve duas funções da linguagem:
A principal função é a de intercâmbio social: é para
se comunicar com seres semelhantes que o homem
criou e utiliza os sistemas de linguagem.
A segunda função da linguagem: a de pensamento
generalizante. A linguagem ordena o real, agrupan-
do todas as ocorrências de uma mesma classe de
objetos, eventos, situações, sob uma mesma catego-
ria conceitual (OLIVEIRA, 1995, p. 42-43).
Vigotsky, ao postular as duas funções para a lin-
guagem humana, reafirma que os traços especifi-
camente humanos são adquiridos no domínio da
cultura por meio da interação com os outros. Para o
autor, a linguagem traduz e ao mesmo tempo repre-
senta um avanço do pensamento, de modo que, em
determinado momento do desenvolvimento huma-
no, pensamento e linguagem se unem.
O surgimento do pensamento verbal e da lingua-
gem como sistema de signos é um momento crucial
no desenvolvimento da espécie humana.
Considerando essa argumentação, a linguagem é
um processo psicológico superior. De acordo com
Vigotsky, processos superiores são:
[...] mecanismos psicológicos mais sofisticados,
mais complexos, que são típicos do ser humano e
que envolvem o controle consciente do comporta-
mento, a ação intencional e a liberdade do indiví-
duo em relação às características do momento e do
espaço presente (OLIVEIRA, 1995, p. 62).
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Unidade Didática — Comunicação Social
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Mediante a abordagem sobre a linguagem, deve-
mos compreender que ela se apresenta em duas mo-
da lidades: a linguagem verbal e a não verbal, as quais
se distinguem por seus mecanismos de funcio na-
mento, mas que o homem utiliza simultaneamen te.
Ocorrendo alguma interferência na expressão
verbal, o homem se utiliza da linguagem não verbal.
O homem no seu dia-a-dia, às vezes, não se dá conta
da diferenciação entres as duas modalidades.
Entretanto, é necessária uma compreensão cla-
ra do conteúdo de cada modalidade. A linguagem
verbal possui duas funções básicas: a de intercâm-
bio social e a do pensamento generalizante. Desse
modo, o elemento fundamental da linguagem ver-
bal, a palavra, tem uma importância crucial nessa
modalidade de comunicação.
A palavra, segundo Vigotsky, possui duas dimen-
sões: o significado e o sentido.
O significado compreende o conceito de cada
objeto e propicia uma mediação entre o sujeito e o
mundo.
O significado de uma palavra representa um amál-
gama tão estreito do pensamento e da linguagem
[...]. Uma palavra sem significado é um vazio, o sig-
nificado poderia ser visto como um fenômeno da
fala (OLIVEIRA, 1995, p. 48).
Os significados da linguagem verbal são uma
construção da história de grupos humanos a partir
das relações entre estes e o mundo físico e social.
Razão pela qual a aquisição da fala é um marco no
desenvolvimento do pensamento humano.
O outro elemento, também importante na lin-
guagem verbal, é o sentido. Se por um lado o signi-
ficado é um elemento social e cultural, por outro, o
sentido tem a característica de ser pessoal. Ou seja,
o homem, ao se utilizar das palavras para se comu-
nicar, transmite, nessa atividade, sua subjetividade.
Desse modo, os indivíduos manifestam ideias e sen-
timento próprios sobre o mundo real.
Mesmo que as palavras tenham seus conceitos
reconhecidos pelo grupo, os homens ainda dão sen-
tidos individuais para elas. Por exemplo, a palavra
mãe tem o significado de quem gera, protege e cui-
da, no entanto, seu sentido difere entre os indiví duos,
pois a palavra pode ter múltiplos sentidos para cada
pessoa, tais como abandono, violência, carinho ex-
cessivo, superproteção etc.
O sentido, portanto, refere-se ao significado da
palavra para cada indivíduo, e é composto por rela-
ções que dizem respeito ao contexto de uso da pala-
vra e as vivências afetivas.
Entende-se que, com a linguagem verbal, o ho-
mem organizou um sistema de significados e senti-
dos que o permite conhecer e ser conhecido, trans-
formando o mundo real e, concomitantemente, a si
próprio, haja vista as alterações do conceito e uso
das palavras ao longo da história.
Segundo Leão (1999), se identificamos que o de-
senvolvimento do homem se dá no processo da ati-
vidade, a aquisição da linguagem, além de um pro-
cesso de inserção social, é um processo psicológico
de comunicação. Para a autora:
A linguagem tornou-se o processo de transmissão
de informação no qual o homem se apóia no pro-
cesso de pensamento e que emprega recursos da
língua.
Na psicologia, entendemos por linguagem huma-
na um complexo sistema de códigos, que designam
objetos, características, ações e relações; e que pos-
sui a função de regrar e transmitir informações, in-
troduzindo-as em determinados sistemas (LEÃO,
1999, p. 45-46).
Essa ideia reforça a compreensão de que a pala-
vra nomeia objetos, indicando sua característica,
ações ou relações essenciais e as organizando em
categorias, ou seja, constituindo o seu significado.
Leão (1999) reafirma a ideia de que o significado
representa um sistema estável de generalizações que
os indivíduos reconhecem. E o sentido relaciona-se
aos motivos e ao que o indivíduo quis expressar ao
utilizar a fala.
Nesse sentido:
[...] diz-se que o diálogo real é uma forma de ativi-
dade que normalmente implica a tomada de deci-
sões em comum, na colaboração ou conflito com os
outros [...] (LEÃO, 1999, p. 48).
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AULA 1 — Linguagem e sua Função Social
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Tão importante quanto a linguagem verbal é a
não verbal, pois na ontogênese os gestos e expres-
sões corporais são importantes para que a criança,
ao interagir com o meio social, aprenda a colocar
suas reivindicações. Na decodificação dessa lingua-
gem, o adulto vai informando à criança os códigos
não verbais utilizados pelo grupo social.
Entende-se que a utilização dos gestos e expres-
sões é um mecanismo importante para a aquisição
da linguagem verbal e a sua compreensão. À medi-
da que o homem amplia sua participação na vida
social, a linguagem não verbal passa a exercer ou-
tra função, ou seja, os gestos e expressões corporais
não se relacionam mais exclusivamente a estados
afetivos e/ou motivos de ordem biológica. Estes se
tornam meios que possibilitam aos indivíduos co-
nhecer e apropriar-se de códigos linguísticos.
Sendo a linguagem não verbal um instrumento
primordial no processo de interação do indivíduo
com o meio social, a criação e utilização dessa mo-
dalidade de linguagem também assume um caráter
sociohistórico. Portanto, na linguagem não verbal
não se pode considerar que os movimentos corpo-
rais sejam simplesmente resultado de reflexos con-
dicionados ou incondicionados, mas sim que gestos
são voluntários. Estes são produzidos a partir de um
contexto social definido e colaboram para a com-
preensão dos significados e sentidos apresentados
na comunicação com os outros.
Essa premissa verifica-se quando se entende que o
homem, ao produzir o primeiro instrumento de tra-
balho, o qual facilitou o domínio da natureza e pos si-
bilitou o aprimoramento de partes do corpo hu mano,
tais como a mão, os dedos etc., teve que or ganizar, pri-
meiro, gestos e movimentos para que os demais mem-
bros entendessem a ação a ser realizada.
O desenvolvimento das mãos produziu, também,
o desenvolvimento de capacidades comunicativas
humanas, tais como:
A mão como agente da expressão emocional na co-
municação. Inibidora quando, ao estender a mão
em gesto de encontro, o outro a fecha num gesto
de agressão. Facilitadora quando se abre em direção
ao outro, num gesto de acolhida (ARAÚJO, 1999,
p. 104).
Aliado ao desenvolvimento dos gestos das mãos,
o homem ampliou os gestos faciais e corporais ao
longo de sua história. De tal modo que qualquer
texto ou discurso, por melhor que seja a sua estru-
tura, podem gerar atração ou repulsa em razão da
forma como quem os apresenta se comporta, pela
tonalidade da voz ou pelos gestos que são emitidos
na pronuncia dos mesmos.
Araújo (1999) expõe da seguinte maneira a
impor tância da linguagem não verbal na comuni-
cação:
Grandes discursos podem modificar a direção do
seu sentido na maneira como são ditos, pela infle-
xão da voz daquele que fala. O tom emocional da
entonação e da modulação na voz é que contribui
para a distinção do sentido da palavra entre todos
os seus significados possíveis. A entonação da voz é
a que provoca no ouvinte as reações emocionais.
Atração ou repulsão se observam principalmente
na maneira como as pessoas se apresentam, na for-
ma como falam, vestem etc., dentro de classificações
já dadas, a priori, dentro de categorias que vamos
assimilando do nosso meio ambiente (ARAÚJO,
1999, p. 116).
Diante do exposto, é certa a compreensão da rele-
vância que as modalidades de linguagem têm na co-
municação nas mais variadas situações de convivên-
cia. No entanto, no campo das relações profissionais
e no trato com o público, o papel das linguagens
verbal e não verbal, na sociedade contemporânea, é
relevante e não pode passar despercebido pelos pro-
fissionais, principalmente os da área social.
Em uma situação de contato individual ou em
grupo, na produção de documentos o uso de ex-
pressões verbais e corporais inadequadas pode al-
terar substancialmente o sentido e o significado do
assunto tratado, da decisão a ser tomada ou do en-
caminhamento necessário diante da situação – pro-
blema em questão.
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Unidade Didática — Comunicação Social
28
Ressalte-se que na área social é preciso ater-se
em propiciar uma comunicação adequada tanto no
atendimento ao público como entre os membros das
equipes. O uso correto da linguagem pode eliminar
problemas de relacionamento entre os técnicos, fa-
vorecendo um desempenho qualitativo do trabalho
técnico e melhor visibilidade da ação institucional
na comunidade.
* ANOTAÇÕES
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AULA 1 — Linguagem e sua Função Social
29
Conteúdo
• Conceitodelinguagemverbalenãoverbal
• Mecanismode funcionamento da linguagem verbal e não verbal na comunicação
Competências e habilidades
• Levaroacadêmicoaconhecereentendero funcionamentoda linguagemverbalenãoverbalna
comunicação
Textos e atividades para autoestudo disponibilizados no Portal
Verificar no Portal os textos e atividades disponibilizados na galeria da unidade.
Duração
2 h/a – via satélite com o professor interativo
2 h/a – presencial com professor local
6 h/a – mínimo sugerido para autoestudo
AULA
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MODALIDADES VERBAIS E NÃO VERBAIS NA COMUNICAÇÃO
Un
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LÍNGUA ORAL E LÍNGUA ESCRITA
Como vimos anteriormente, a comunicação en-
tre os indivíduos pode se efetivar de várias formas.
A língua foi o principal código desenvolvido pelo
homem para expressar suas necessidades e uma
tentativa, muitas vezes vitoriosa, de modificação da
sociedade.
Mas você já parou para se perguntar o que é lín-
gua?
Uma língua é um conjunto de signos conven-
cionados por determinado grupo de indivíduos na
tentativa de interação social. No princípio, existia
somente a língua falada. As tradições, os costumes e
as histórias de um povo eram passadas apenas pela
tradição oral. Com o tempo, tentou-se reproduzir
cada som emitido pela voz humana em símbo-
los (letras) e, dessa forma, juntando-se os diversos
símbolos para formar as palavras. Mesmo que es-
sas letras não reproduzam com exatidão os sons da
língua falada, a língua escrita é fundamental para o
processo comunicativo.
Contudo, mudanças linguísticas ocorrem no
decorrer do tempo. A língua sofre variações nas
formas oral e escrita em virtude de vários aspec-
Modulo01_SSocial_4sem_Unidade02.indd 29 5/19/09 8:38:17 AM
Unidade Didática — Comunicação Social
30
tos: localização geográfica de determinados grupos
sociais, contato com línguas estrangeiras etc. Essas
tendências naturais de transformações da lingua-
gem ocorrem tanto na oralidade quanto na grafia.
Como exemplo, podemos citar a palavra você, que é
uma contração do que antigamente falava-se vossa
mercê e que com o tempo passou para vossemecê, até
chegar ao atual você.
As características da linguagem oral são diferen-
tes das da escrita. A primeira é muito mais alusiva
e subjetiva, conta com recursos impossíveis de se
traduzir na escrita como: entonação, gestos, ên-
fases, expressões faciais, pausas, entre outros, que,
para Vanoye (1998, p. 39), são as significações não
verbais suplementares. Assim, na língua escrita,
tenta-se também adequar algumas formas de inte-
ração emissor-receptor para uma melhor compre-
ensão da mensagem. Embora a oralidade afigure-se
de maneira diferente da escrita, o signo é carregado
de significados pessoais e recebe mais intensamente
modificações influenciadas pelo meio social.
Enquanto a fala conta com a gesticulação, mo-
vimentos do corpo e entonações para o envio da
mensagem, a escrita precisa necessariamente ser
mais concreta, descritiva e narrativa.
Outro fator a destacar com relação à língua es-
crita, é que, com o passar do tempo, criaram-se pa-
drões facilitadores de apresentação do texto escrito.
Surgiram normas cultas para a língua escrita, so-
bretudo a uniformidade da ortografia e as regras de
sintaxe, que facultam a compreensão do conteúdo
e a manutenção da unidade linguística de uma lín-
gua; a organização do texto em parágrafos favorece
a agilidade da leitura; a formação de tópicos e sub-
tópicos proporciona o exame dinâmico do texto.
Observe na tabela ao lado as principais diferenças
entre a língua oral e escrita.
No entendimento de grande parte dos linguistas,
a comunicação face a face é resultado dinâmico das
interações entre a locução verbal e os movimentos
do corpo (POYATOS, 1992 apud RODRIGUES,
2008). Coloca-se que a comunicação é uma ativi-
dade tripartite, ou seja, envolve o desempenho das
Língua oral Língua escrita
Utilizam-se sons Utilizam-se signos/letras que formam as palavras
Uso de gírias e onomatopeias
Uso de referências mais precisas e elaboradas
Omissão de termos Todos os termos devem aparecer de forma clara
Modo descontraído e irreverente
Cuidado na construção do período
Utilização livre dos pronomes
Colocação pronominal conforme as regras gramaticais
Ambiguidades com frases inacabadas
Frases bem estruturadas
Apelos visuais (gestos, expressões faciais, apontar objeto/pessoas/locais)
Descrição metódica dos detalhes
Repetição de palavras Emprego variado da linguagem para evitar repetições
Improvisada e espontânea
Evita improvisações e segue os padrões cultos da língua
funções pragmáticas, a estruturação do discurso e a
transmissão de significados.
No ato da comunicação, o falante e o ouvinte
têm à sua disposição meios verbais, entendidos por
hesitações, pausas, prosódias, partes de silabas, síla-
bas, frases e partes de frases; e os meios não verbais,
representados por movimentos e não movimentos
de cabeça, de olhos, tronco, face e das mãos para a
construção de seu enunciado, assim como para pro-
ferir sua resposta. Nessa troca de locuções verbais e
não verbais as pessoas constituem diálogos que es-
clarecem, provocam ou hesitam seus participantes.
Rodrigues (1998, p. 70-96 apud RODRIGUES,
2008), em seus estudos, demonstrou as categorias
presentes no processo de interação face a face que
são: o desenvolvimento temático, as relações estru-
turais entre as diferentes unidades conversacionais,
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31
AULA 2 — Modalidades Verbais e Não Verbais na Comunicação
a expressão das emoções e das relações sociais entre
os parceiros na função de falante e ouvinte.
Na análise do fenômeno da comunicação face a fa-
ce às unidades, segundo Rodrigues (1998 apud RO-
DRIGUES, 2008), podem ser divididos em grupos:
• oselementosdoenunciadoenvolvendoosiste-
ma de alternância de vez, a vez, o ato conversa-
cional e os sinais conversacionais;
• os fenômenos prosódicos que são analisados
pelos seguintes pontos: unidade entonacional,
a altura de tom, intensidade da voz e a quanti-
dade de sílabas articuladas;
• unidade da comunicação não verbal – neste
grupo são dois os aspectos a serem considera-
dos: a diferença/descontinuidade/contraste e a
identidade/continuidade/fusão.
Esses aspectos são organizadores dos gestos pro-
duzidos entre falante e ouvinte durante a comunica-
ção. Assim, o gesto representa um movimento inse-
rido em uma sequência de outros movimentos. Na
análise dos gestos em uma comunicação, Kendon
(1980) refere-se como unidade máxima a unidade
gestual, a qual é composta por gestos, paragem, an-
tegolpe, golpe, paragem pós-golpe e retração.
No entanto, apesar do conhecimento do meca-
nismo de funcionamento, o sintagma gestual, sua
categorização às vezes necessita um tempo de ob-
servação e, dependendo do assunto, algumas cate-
gorias podem não ficar claras, pois a transparência
está sujeita a alteração de percurso e interrupções.
Além do sintagma gestual, a organização da co-
municação pode ser também acompanhada por
sintagma de movimento, cujos critérios de análise
são: a amplitude e a forma da trajetória do movi-
mento e o tempo de repouso ou paragem.
Outro mecanismo presente na comunicação é
a reparação. Trata-se de uma autocorreção que os
participantes têm para melhorar seus enunciados.
Para Schegloff (1992 apud RODRIGUES, 2008), no
mecanismo de reparação podem-se distinguir dois
tipos: reparação autoiniciada – feita pelo falante as-
sim que ocorre o desarranjo; e a reparação alterna-
da-iniciada – na vez seguinte do desarranjo.
Ambos os sujeitos da comunicação podem se uti-
lizar desse mecanismo. A reparação pode acontecer
dependendo do grau de prejuízo da harmonia do
diálogo, ou seja, a reparação preferida é a que menos
ameace a comunicação, não causando desafetos.
Já a reparação despreferida é que resulta muito
ameaçadora à continuidade da comunicação. Sua
elaboração torna-se necessária e pode ser longa, de-
pendendo das reações adversas que esta provocou.
Ainda no campo da comunicação verbal, pode-se
destacar um aspecto importante a respeito da orali-
dade, que é a argumentação.
Quando consideramos a linguagem um meio de
interação, a argumentação é um mecanismo muito
utilizado para que os interlocutores possam atingir
seu propósito na comunicação.
Para Cunha (2008), a argumentação só se apre-
senta inevitável quando os interlocutores têm di-
vergências sobre o assunto da comunicação e, para
garantirem ter o sucesso de sua argumentação, estes
se apóiam em elementos linguísticos, prosódicos e
paralinguísticos (gestos, expressão facial etc.).
As estratégias argumentativas estão comumente
relacionadas ao campo emocional dos ouvintes, en-
volvendo os valores de justiça e igualdade. Emerson
e Grotendorst (1983 apud CUNhA, 2008) referem-
se à argumentação como um fenômeno de comuni-
cação verbal que deve ser entendido como um pro-
duto específico do discurso, caracterizado pelo uso
da língua para resolver uma diferença de opinião.
Na pesquisa de Cunha (2008), a argumentação é
relacionada com os atos de fala, destacando os atos
ilocucionários e perlocutários. O funcionamento
da argumentação se daria pelo uso da língua, cujos
enunciados seriam utilizados para defender uma
ideia. Outro ponto que validaria a relação da argu-
mentação com os atos de fala seriam seus aspectos
comunicativos e interativos, uma vez que na argu-
mentação os interlocutores demonstram estar ou
não convencidos. Desse modo, os que se convencem
utilizam enunciados de pró-argumentação para ra-
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Unidade Didática — Comunicação Social
32
tificar o propósito, e os que não concordam se uti-
lizam da contra-argumentação para convencer os
demais a se oporem.
A partir dessa lógica, Cunha (2008) anuncia a ar-
gumentação como um ato de fala constituída como
um conjunto de enunciados para justificar ou refu-
tar uma opinião ou ponto de vista. Desse ponto de
vista, a argumentação constitui-se de:
• umargumentoprincipal;
• doisoumaisargumentosprincipais,sendoca
da um individualmente suficiente para justifi-
car ou refutar a opinião;
• doisoumaisargumentosprincipais,ambossu-
ficientes quando combinados;
• um ou mais argumentos principais e um ou
mais subargumentos.
Quando há uma sequência de argumentação, é
criada uma convenção de atos de fala entre os inter-
locutores para que haja um prosseguimento racio-
nal da comunicação.
* ANOTAÇÕES
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Unidade Didática — Comunicação Social
33
PROCESSO DE COMUNICAÇÃO
A comunicação pode acontecer de várias formas:
por gestos, placas de trânsito, telefone, televisão, es-
crita etc. Para que a comunicação aconteça de forma
efetiva, é necessária a interação entre determinados
elementos essenciais do processo de comunicação.
O processo de comunicação entre os indivíduos
será tanto mais perfeito quanto maior for o grau de
interação entre os sujeitos envolvidos no processo
comunicacional. Já distinguia Aristóteles, na Re-
tórica, os principais componentes no processo de
comunicação: o orador, o discurso e o auditório. O
emissor transmite a realidade ou a ideia que dese-
ja comunicar, molda-as conforme seus parâmetros
pessoais intrínsecos; a mensagem é o que se propõe
comunicar, estabelecendo um elo entre o emissor e
o receptor; o receptor decodifica a mensagem para,
então, avaliá-la sob seus parâmetros de confiabili-
dade. Daí a necessidade de considerar a mensagem
não apenas em sua forma, mas também em seu sig-
nificado.
Emissor ou remetente: que ou quem emite a men-
sagem.
Receptor ou destinatário: que ou quem recebe a
mensagem.
Conteúdo• Conceito de comunicação
• Modelos de comunicação
Competências e habilidades• Levar o acadêmico a entender os tipos de comunicação para que possa utilizar-se deles como estra-
tégias de comunicação no Serviço Social
Textos e atividades para autoestudo disponibilizados no Portal
Verificar no Portal os textos e atividades disponibilizados na galeria da unidade.
Duração2 h/a – via satélite com professor interativo
2 h/a – presenciais com professor local
6 h/a – mínimo sugerido para autoestudo
AULA
3____________________
COMUNICAÇÃO: CONCEITOS E MODELOS
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Mensagem
Código
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Unidade Didática — Comunicação Social
34
Canal de comunicação: é o meio pelo qual se dá a
comunicação.
Mensagem: é o conteúdo da informação transmi-
tida.
Código: são os signos ou símbolos que constituem
a mensagem.
* O principal objetivo da comunicação é a persuasão. Até mes-
mo em um simples ato de informar algo, implicitamente, está a
intenção de que o receptor acredite na informação emitida.
A capacidade de se comunicar garantiu à huma-nidade um desenvolvimento muito grande. E foram inúmeros os mecanismos criados pelas gerações como meio de garantir a transmissão da informação e do conhecimento. A partir de elementos pictóri-cos à representação de pinturas rupestres, o homem vem aprimorando seu sistema de comunicação.
Entretanto, após a construção das primeiras so-
cie da des, os diferentes povos vêm criando supor-
tes ma teriais para o intercâmbio de mensagens que
superassem os rudimentares mecanismos, tais como
sinais de fumaça, fogo de tochas e sons de tambores.
O aprimoramento levou os homens à criação de
mecanismos duráveis e com mais rapidez de circu-
lação. Dentre eles, podemos citar as tábuas de argi-
la cozida, o papiro, o pergaminho e depois o papel,
que marca, também, o momento em que o homem
estabelece o desenvolvimento da linguagem escrita,
colocando-a como a modalidade de prevalência na
transmissão de mensagem a distância, no tempo e
no espaço.
Outro elemento característico da comunicação
social é o controle, haja vista que em todos os pe-
ríodos históricos a transmissão da informação teve
sua origem de desenvolvimento ligada ao estabele-
cimento de leis.
Assim, pode-se pensar que todo sistema de co-
municação esteve e estará ancorado em certo códi-
go de leis que o normatiza e lhe confere a dimensão
social e cultural de uma sociedade em determinado
período histórico.
Entretanto, com o grande avanço dos meios de
comunicação, hoje, é preciso buscar uma definição
de comunicação, pois há uma forte tendência a rela-
cionar o conceito aos meios de transmissão. A noção
de comunicação pode ser uma referência a um ato de
relação entre pessoas, a qual evoca um significado e
a informação, um conjunto de dados que possibilita
às pessoas envolvidas compreenderem melhor o seu
contexto e a si mesmas por meio da organização des-
ses dados e utilização como guias para suas ações.
Do ponto de vista antropológico, o termo comu-
nicação designa o caráter da relação humana en-
quanto relações de compreensão.
O termo comunicação e a exploração dos diversos
mecanismos desse processo foram e são matérias de
vários teóricos. Não se pretende fazer uma expla-
nação definitiva, mas apresentar algumas teorias de
autores que colocam a comunicação como objeto
de sua pesquisa e que constituíram uma explicação
acerca da comunicação.
Para os profissionais da área social, a posse do
conhecimento de diferentes concepções é algo re-
levante para o desenvolvimento profissional, pois
as múltiplas situações e pessoas envolvidas no trato
dos serviços e atividades da área social requerem do
profissional a compreensão clara da ideia de comu-
nicação e seu mecanismo, pois esta contribui para a
tomada de decisão, elaboração de programas e/ou
encaminhamentos cujos impactos poderão ser mais
ou menos qualitativos em virtude da eficácia e efi-
ciência dos processos de comunicação.
Uma primeira noção de comunicação é a de
transmissão de sinais. Esse modelo foi criado em
1949, por C. E. Shamon e W. Weaver, e sua base teó-
rica está relacionada a um modelo matemático. Se-
gundo os autores, a partir dessa ideia seria possível a
transmissão de um conjunto de informações quan-tificáveis de um lugar para outro.
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AULA 3 — Comunicação: Conceitos e Modelos
35
Nesse modelo a comunicação é linear, como um transporte de informação do ponto A para o pon-to B; sendo assim, estão presentes os conceitos de emissor, destinatário (receptor), código, sinal, in-formação, codificação e decodificação.
Segundo Sampaio (2008), o processo comunica-cional é reduzido a uma questão de transmissão, no qual as mensagens são tratadas como meros si-nais a serem identificados e decodificados por um receptor.
Quando ocorre incompreensão, essas são repeli-das como erros, atribuídos a incapacidades, acasos ou acontecimentos não propositais.
Um segundo modelo é o de comunicação como diálogo. Esse modelo tem suas influências na filoso-fia grega de Platão e Sócrates. Um dos teóricos que elaboraram sua proposta a partir dessa premissa foi Jügen habermas, para o qual a comunicação é um processo de diálogo em que os sujeitos, capazes de linguagem e ação, interagem com fins de obter um entendimento.
Nessa concepção, os aspectos principais são a comunicação como interação; a linguagem como médium de entendimento; e o entendimento como objetivo da comunicação. Abordando esses aspectos em sua teoria, habermas incorpora a ideia da fala como um agir socialmente, ideia presente na teoria da linguagem de Wittgenstein.
Assim como, também, falar coisas, significa fazer pro nunciamentos que estabelecem relações sociais. Ideia postulada pela teoria dos Atos de fala de Austin.
Na proposição de habermas, a comunicação é vista como um processo racionalmente realizado para se obter o entendimento. E, nesse sentido, há um privilégio da dimensão cognitiva e uma negli-gência para as outras possibilidades de comunica-ção que não são orientadas para o consenso.
Outro teórico que apresentou uma tese, também, a partir da noção de comunicação como diálogo foi o alemão Mikhail Bakhtin. Ele considerou que o diá logo não se reduz apenas a enunciados, reconhe-cendo a questão da intertextualidade e polissemia
no processo comunicacional.
Diferentemente da concepção de comunicação
como diálogo, é o terceiro modelo de comunicação
como disputa apresentada pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu (1987).
Na visão desse autor, a comunicação é entendida como uma disputa simbólica pelas nomeações legí-timas. Bourdieu (1987) acredita que na sociedade há um mercado de bens simbólicos tão vigorosos quanto o de bens materiais. E, à medida que estabelecem rela-ções sociais entre si, os homens realizam não somente a troca de mercadorias, mas também de significados, de símbolos (BOURDIEU, 1987, p. 102-103).
Nessa lógica, o autor postula que quem fala não busca somente ser compreendido, mas também acreditado e reconhecido, razão pela qual a comu-nicação é um instrumento de poder.
O discurso tem um caráter de bem simbólico, considerando o local em que é apresentado e quem o anuncia. Bourdieu reafirma, ainda, a ideia de que a comunicação é um processo de disputa. A fala dos agentes sociais não é uma operação e simples codi-ficação e decodificação, mas uma relação de força simbólica.
O quarto modelo é o de comunicação como se-leção apresentado pelo sociólogo Nikolas Luhmann (1995). Sua tese se apoiou em um alto grau de abs-tração, pois a comunicação é um processo que en-volve três diferentes seleções:
[...] a seleção da informação; [...] a seleção da par-
ticipação dessa informação; e [...] à compreensão
seletiva ou não compreensão dessa participação e
sua informação (LUhMANN, 1995, p. 115 apud
SAMPAIO, 2008).
Sampaio (2001) explica os conceitos acima men-cionados nos seguintes termos: a informação é uma seleção a partir de um conjunto de possibilidades; a participação é a duplicação da informação em uma forma codificada; a compreensão pressupõe a dife-rença entre informação e participação, a qual define uma escolha de conduta, ou seja, é o pressuposto da continuidade da comunicação.
Para Luhmann (1995, p. 118):
A comunicação é um sistema fechado completo,
formado pelas três seleções básicas mencionadas, as
quais não podem existir uma sem a outra, ou seja,
não há informação fora da comunicação, não há
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36
participação fora da comunicação e não há com-
preensão fora da comunicação.
Quando se qualifica a comunicação como um
sis tema fechado, segundo Luhmann, levanta-se a
ideia de uma comunicação sem objetivo, que é tão
ques tio nável quanto a centrada somente nos agen-
tes sociais.
Outro ponto questionável é apresentado por
Schmidt (1996 apud SAMPAIO, 2008) sobre a indi-
ferenciação entre a comuni cação interativa e a me-
diada por meios técnicos segundo Luhmann. Com
ressalvas, Schmidt (1996) considera a comunicação
como ação social dos indivíduos, sem, contudo,
propor uma redução da comunicação às ideias de
ação ou relações entre indivíduos.
Schmidt (1996) entende que comunicação e cogni-
ção são processos distintos, mas ocorrem sincronizados
no tempo. Postula, pois, o reconhecimento de uma as-
sociação existente entre a comunicação e a cognição.
À guisa de entendimentos, Sampaio (2001) cha-
ma atenção para a necessidade de um procedimento
teórico criterioso que identifique e problematize a
complexidade do processo de comunicação sem se
recorrer ao reducionismo.
Em virtude do avanço das tecnologias da comu-
nicação, um quinto modelo de comunicação está
sendo proposto, cuja denominação é comunicação integrada. Esse tipo de comunicação envolve con-
teúdos múltiplos, equipes multidisciplinares, inte-
gração informatizada de processos, comunicação
em tempo real, atividades virtuais e impõe planeja-
mento (CASLI, 2004).
Com o processo de globalização, grandes mudan-
ças estão ocorrendo na economia, na política, na
área social, das tecnologias e organizacional. Além
disso, também está exigindo um volume e velocida-
de de informação. Assim, a utilização do conceito de
comunicação integrada precisa ser pensada a partir
de novas tecnologias da informação.
A comunicação integrada é arte de algo maior
à comunicação organizacional (SCROFEMEKES,
2001 apud SAMPAIO, 2008). Entende-se por co-
municação organizacional a comunicação com uma
perspectiva funcionalista que compreende os aspectos
produtivos e integrados; perspectiva interpretativa envolve a organização das construções sociais.
Segundo Manning (1992 apud SAMPAIO, 2008), as estratégias de comunicação organizacional en-volvem coleta, processamento, emissão e recepção de informações que possibilitem aos agentes da or-ganização compreender e interagir no ambiente in-terno e externo da organização.
No Brasil, o conceito de comunicação integrada foi proposto a partir das ideias de Kunsch (1997 apud CASALI, 2008), o qual respalda a interdisci-plinaridade e atitude conjunta de todos os profissio-nais na compreensão do conceito proposto.
Kunsch, considerando importante para a organi-zação so cial a integração das atividades de comu-nicação, pro porciona o fortalecimento do conceito institucio nal, mercadológico e corporativo perante a todos o seus públicos.
A ideia de comunicação integrada (KUNSCh, 1997, p. 116 apud CASALI, 2008) pode ser com-
preendida a partir deste esquema:
Comunicação Institucional
Composto da Comunicação
Comunicação Organizacional
Comunicação Institucional
Relações-públicas
Marketing social
Marketing cultural
Jornalismo
Assessoria de imprensa
Identidade corporativa
Comunicação Mercadológica
Marketing
Propaganda
Promoção de vendas
Feiras e exposição
Merchandising
Comunicação Interna
Comunicação Administrativa
Fluxos
Rede formal e informal
Veículos
Unidade Didática — Comunicação Social
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AULA 3 — Comunicação: Conceitos e Modelos
37
* ANOTAÇÕES
A ideia de comunicação integrada preconiza a
elaboração de uma mensagem organizacional única
mediante diversos meios de comunicação.
Casali (2008) apóia a ideia de que a comunicação
integrada é a coordenação de mensagens para um
impacto máximo. Esse impacto é obtido por meio
da sinergia às conexões que são criadas na mente do
receptor, as quais têm um resultado de poder maior
que qualquer outra mensagem por si só, razão que
torna imprescindível, na comunicação integrada, a
criação de sinergia entre as mensagens veiculadas
em diferentes meios de comunicação.
O conceito de comunicação integrada, por pres-
cindir da integração das ações, representa uma con-
dição fundamental no aumento da competitividade
da organização e da sua produtividade.
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Unidade Didática — Comunicação Social
38
PRINCÍPIOS DA BOA COMUNICAÇÃO
A comunicação eficiente se faz com o bom uso
da língua. A maneira como nos comunicamos leva
à eficácia da ação. Informações precisas e objetivas
são fundamentais para que as ações produzam os
efeitos esperados.
As características comuns derivadas de fatores
históricos, sociais, psicológicos e estéticos, entre ou-
tros, levam os estudos da comunicação a buscarem
maneiras mais eficazes de transmitir uma mensa-
gem, seja pela nova ordem comunicacional da mo-
dernidade, que exige um fluxo de informações cada
vez mais veloz, seja pelo anseio de cada vez conven-
cer mais e melhor.
O rumo da informação é imprevisto. Ela pode ter
uma conotação inicial e ao chegar ao destinatário
ter a essência totalmente transfigurada pela sua in-
terpretação. A informação é o principal instrumento
de trabalho do administrador. É por meio dela que
o indivíduo se serve para dar ordens ou recebê-las,
fazer contato com fornecedores e clientes ou ainda
redigir um simples ofício.
A comunicação desempenha uma forte associa-
ção entre quem produz e quem consome, predis-
pondo o receptor a uma leitura própria do que lhe é
oferecido. São inesgotáveis as possibilidades da ati-
vidade humana. Daí, a imensa riqueza e diversidade
da comunicação.
Conteúdo• Funções da linguagem
• Tipos de comunicação
Competências e habilidades• Levar o acadêmico a entender as funções da linguagem e os tipos de comunicação
Textos e atividades para autoestudo disponibilizados no Portal
Verificar no Portal os textos e atividades disponibilizados na galeria da unidade.
Duração2 h/a – via satélite com professor interativo
2 h/a – presenciais com professor local
6 h/a – mínimo sugerido para autoestudo
AULA
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FUNÇÕES DA LINGUAGEM E TIPOS DE COMUNICAÇÃO
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AULA 4 — Funções da Linguagem e Tipos de Comunicação
39
É indiscutível, portanto, que devemos nos pre-
ocupar com a forma como nos comunicamos. Por
isso, relacionamos abaixo fatores primordiais para
que a informação atinja seus objetivos:
• Serobjetivo: seja claro e direto no que vai
falar e escrever. Objetividade é passar a in-
formação e os fatos tais quais são, é caracte-
rística do que não é evasivo, é ser direto.
• Construirperíodoscurtos–concisão:ela-
bore orações curtas e breves. As frases cur-
tas são compreendidas melhor. Elas facili-
tam o entendimento e a rápida assimilação
da mensagem.
• Evitar adjetivações: adjetivos tornam a
mensagem mais prolixa e cansativa. Use-os
somente quando for necessário. Lembre-
se de que os adjetivos são subjetivos, nem
sempre o que você acha bom ou ruim, bo-
nito ou feio o é para as outras pessoas.
• Escrevernaordemdireta: a forma direta do
discurso propicia mais clareza à mensagem.
Em uma oração, primeiro deve vir o sujeito,
seguido pelo verbo e, depois, seus comple-
mentos (sujeito+verbo+complementos).
Ainda lembramos que no português, o ad-
jetivo vem depois do substantivo a que se
refere.
• Usar a voz ativa: a voz ativa proporciona
maior dinâmica à informação, além de tor-
ná-la mais direta. É econômica porque dis-
pensa o uso dos verbos auxiliares, tornando
mensagem mais enxuta.
• Simplicidade: deve-se evitar o uso de pa-
lavras rebuscadas e difíceis, pois ninguém
anda por aí com um dicionário em baixo
do braço! Por isso, é preciso falar de forma
simples e clara. Entretanto não se deve con-
fundir simplicidade com falar errado. Na
verdade, deve-se usar um vocabulário aces-
sível ao receptor.
• Adequaraopúblico-alvo: é necessário ter
em vista sempre a quem se fala ou escreve.
Se a mensagem não atinge o destinatário de
nada adiantou enviá-la. Deve-se levar em
conta a bagagem de conhecimento e expe-
riências que cada um possui.
• Respeitar as normas gramaticais: o bom
empresário deve ter bons conhecimentos
sobre a língua materna. As regras gramati-
cais visam à unidade da língua e sem elas
não haveria uniformidade na comunicação
entre um mesmo grupo.
A eficácia na comunicação exige perfeita articu-
lação entre os objetivos e a transmissão das ideias.
Sem isso, a informação fica descontextualizada e
sem sentido. A competência comunicativa se faz
pela habilidade precisa de construção da mensagem
e da coesão e coerência das ideias.
A linguagem é um veículo importantíssimo no
processo comunicacional entre as pessoas. No en-
tan to, a linguagem possui diferentes funções, como:
• funçãoemotiva,cujofocoéoemissor,queex-
pressa a sua opinião e emoção. A estrutura do
texto é composta na primeira pessoa do singu-
lar, com interjeições e exclamações;
• funçãoreferencial,centradanoreferente,poiso
emissor quer lhe informar sobre a realidade. A
estrutura textual é constituída na terceira pes-
soa do singular, é objetiva, direta e denotativa;
• função apelativa, quando o emissor quer in-
terferir no comportamento do receptor, sendo
comum o uso de tu, você ou, ainda, o nome da
pessoa, além do vocativo e imperativo;
• funçãofática,centralizadanocanaldecomuni-
cação, com a finalidade de prolongar ou não o
contato com o receptor ou para testar a eficiên-
cia do canal utilizado;
• função poética, cujo foco é a mensagem, uti-
lizando-se de recursos imaginativos, afetivos,
sugestivos e conotativos. há a valorização das
palavras e combinações; bem como o uso da
linguagem figurada;
• funçãometalinguística,centralizadanocódigo,
usando a linguagem para falar dela mesma.
O conhecimento dessas funções da linguagem
pode facilitar a constituição de mensagens diferen-
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Unidade Didática — Comunicação Social
40
ciadas para cada assunto, ambiente e público, evi-
tando problemas de comunicação.
No entanto é preciso, também, compreender que
o processo comunicacional possui variações que de-
vem ser observadas, umas vez que podem represen-
tar a estrutura organizacional e o tipo de relações
interpessoais existentes.
Porém, é possível, pela identificação do tipo de
comunicação, melhorar o ambiente comunicacio-
nal e os serviços prestados pela entidade ou em-
presa. Segundo Barros e Zafra (2000), os tipos de
comunicação são: comunicação de cima para baixo,
comunicação de baixo para cima, comunicação la-
teral e diagonal.
COMUNICAÇÃO DE CIMA PARA BAIxO
Geralmente, os funcionários da alta administra-
ção devem comunicar o direcionamento e o con-
trole de desempenho da entidade ou empresa aos
funcionários de outros níveis e/ou atividades. Para
isso, emitem um memorando ou fazem um discur-
so para todos.
Se, por um lado, a informação é repassada a to-
dos, esse tipo de comunicação causa baixa filtragem
da mensagem, porque os funcionários dos setores
inferiores reclamam que as informações estão sen-
do omitidas, chegando a eles apenas o essencial.
Os autores Bateman e Snell (1998 apud BARROS;
ZAFRA, 2008) indicam alguns aspectos que po-
dem melhorar esse tipo de comunicação. Primeiro,
a administração deve desenvolver procedimentos e
políticas de comunicação; segundo, a informação
deve estar disponível para quem dela necessitar; e
terceiro, a comunicação deve ser tão direta, breve e
pessoal quanto possível.
Barros e Zafra (2000) afirmam que:
Para essa comunicação, os gerentes precisam se
assegurar de que todas as informações necessárias
estão incluídas na transmissão de forma aceitável
para o subordinado, ou seja, a comunicação pre-
cisa ser feita em um vocabulário de fácil compre-
ensão. Portanto, a comunicação para baixo pode
forçar o gerente a fazer uso de vocabulário deci-
didamente diferente do que aquele normalmente
usado quando ele se comunica com os gerentes de
nível alto.
COMUNICAÇÃO DE BAIxO PARA CIMA
Esse tipo de comunicação possibilita ao adminis-
trador obter informação dos funcionários quanto
ao que está acontecendo, as realizações, problemas,
planos e atitudes do grupo.
Essas informações representam as frustrações do
grupo. Se esse conhecimento for bem utilizado pela
administração, pode ajudar a melhorar o ambiente
de trabalho, aumentar a participação nos empreen-
dimentos da empresa ou entidade, além de aumen-
tar a auto-estima.
E, também, esse tipo de comunicação de baixo
para cima contribui positivamente na comunicação
de cima para baixo na medida em que melhoraria a
escuta em ambos os tipos.
Todavia, na comunicação de baixo para cima exis-
te uma certa relutância em transmitir informações
não favoráveis com o receio que essas notícias sejam
associadas ao mensageiro. Por essa razão, muitas ve-
zes, as notícias ruins são censuradas ou omitidas à
alta administração.
A consequência disso é a tomada de decisões ba-
seadas em informações incompletas, o que não será,
no curto ou médio prazo, benéfico nem para a ad-
ministração nem para os funcionários.
Para Barros e Zafra (2000):
[...] a chave para o sucesso da comunicação para
cima é a confiança no subordinado que está trans-
mitindo as informações. Se não houver confiança,
o subordinado ficará tentado a se garantir e apenas
transmitir as informações que julgar seguras.
COMUNICAÇÃO LATERAL E DIAGONAL
As formas lateral e diagonal de comunicação não
seguem o organograma tradicional da hierarquia.
A comunicação lateral envolve o contato de indiví-
duos e setores diferentes, mas que estão no mesmo
nível hierárquico. Já o diagonal é um contato entre
níveis hierárquicos diferentes.
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AULA 4 — Funções da Linguagem e Tipos de Comunicação
41
A complexidade da estrutura de negócios, hoje,
realizada vem exigindo o uso cada vez mais frequen-
te da comunicação lateral e diagonal.
Esse tipo de comunicação rompe com a tradicio-
nal hierarquia dos outros tipos de comunicação an-
teriormente citados, porque nesse caso pode acon-
tecer de funcionários subordinados terem acesso
às mesmas informações da alta administração em
função da interdependência dos vários setores da
empresa ou da instituição.
As vantagens da comunicação lateral e diagonal
dizem respeito a: rapidez na transmissão da infor-
mação; serve para conectar grupos que não se co-
municam normalmente; e permite que funcionários
de diferentes conhecimentos contribuam na solução
de problemas, valorizando a eficácia e eficiência dos
recursos humanos da própria empresa ou institui-
ção.
há, porém, nesse tipo de comunicação desvanta-
gens no que se refere à impossibilidade de controle,
de forma eficaz, da transmissão de informações pela
alta administração e a interferência na rotina orga-
nizacional normal.
Em razão das demandas de negócios e dos proble-
mas, de ordem social, econômica, política e educa-
cional que as empresas e instituições enfrentam na
atualidade, as organizações suscitam uma moder-
nização no processo de comunicação, tornando-se
evidente que novas formas de comunicação devem
ser pensadas, analisadas e postas em prática como
meio de realizar as metas organizacionais e a eficá-
cia da comunicação interpessoal e organizacional.
* ANOTAÇÕES
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Unidade Didática — Comunicação Social
42
A comunicação é uma característica do ser huma-
no e possui aspectos de uma ação verbal e/ou não
verbal. Por meio da comunicação, o homem torna
público seus pensamentos, sentimentos, atitudes e
comportamentos, entre outras coisas.
Nesse sentido, o ato de comunicar não é apenas
emitir uma mensagem, mas sim se assegurar que o
outro tenha entendido o que se falou. Quem fala
deve se assegurar que foi entendido pelo outro.
Uma medida para se garantir a escuta ativa seria
solicitar que o outro expresse, com suas palavras, o
que entendeu da mensagem. Caso haja alguma dife-
renciação, deve-se procurar identificar o que tornou
difícil o entendimento. Depois repetem-se as ideias
com as devidas alterações até que se obtenha uma
compreensão completa da mensagem.
Em um ambiente de trabalho é preciso estabele-
cer uma habilidade assertiva para que a comunica-
ção seja fluída tanto no ambiente interno como no
externo da empresa ou instituição.
Segundo Nogueira (2008), a habilidade assertiva:
[...] é uma habilidade que pode ser desenvolvida
por meio de treino. A simples leitura de textos não
vai lhe fornecer as formas de ação e experiências
adequadas para lhe conduzir a assertividade. De-
pende de certos atributos, capacidade de auto-ob-
servação e de identificação dos comportamentos
socialmente aceitos.
Conteúdo
• Conceito de comunicação
• habilidade assertiva e não assertiva
Competências e habilidades
• Levar o acadêmico a compreender e desenvolver ideias próprias sobre habilidades em comunicação
Textos e atividades para autoestudo disponibilizados no Portal
Verificar no Portal os textos e atividades disponibilizados na galeria da unidade.
Duração
2 h/a – via satélite com o professor interativo
2 h/a – presencial com professor local
6 h/a – mínimo sugerido para autoestudo
AULA
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hABILIDADES EM COMUNICAÇÃO
Un
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AULA 5 — Habilidades em Comunicação
43
Uma atitude não assertiva gera desinteresse, falta
de iniciativa e despreocupação; em consequência,
a comunicação no ambiente organizacional causa
problemas de relacionamento interpessoal.
há, porém, aspectos culturais que podem favore-
cer um habilidade não assertiva. Em um país como
o Brasil, por exemplo, onde as relações interpessoais
têm um certo predomínio da afetividade, submis-
são, passividade, neutralidade, jeitinho e até uma
certa irracionalidade. Essas características, em situ-
ações de trabalho, como negócios, resolver conflitos,
comunicar decisões contrárias ao desejo da equipe,
estabelecer metas, demitir, entre outras, levam o di-
rigente a grandes dificuldades ou à impossibilidade
de uma atitude positiva.
Para esclarecer a diferença entre comportamento
assertivo e não assertivo, o grupo do Instituto de Psi-
cologia Aplicada SGAS montou o seguinte quadro:
Consequências próximas Consequências afastadas
Relação baseada em comportamento
não assertivo
• Maior superficialidade no tratamento, pouca satisfação, tensão, competição.
• Resultado pouco produtivo ou produção com alto custo.
• Esfacelamento da comunicação.
• Isolamento gerencial.
• Não se verifica manutenção dos resultados.
Relação baseada em comportamento assertivo
• Maior satisfação, segurança, comprometimento, auxílio mútuo, solução de problemas.
• Resultados imediatos.
• Fortalecimento da equipe.
• Amadurecimento.
• Resultados duradouros.
Embora a comunicação seja um fator importan-
tíssimo nas relações interpessoais e, principalmen-
te, no campo profissional, nem sempre comunicar é
uma atitude fácil. Enfrentar situações de falar para
muitas pessoas pode provocar boca seca, taquicar-
dia, mãos frias, esquecimento do assunto, vermelhi-
dão facial etc. São sinais típicos de pessoas tímidas
ou temerosas da reação do público.
No entanto, a dificuldade de falar em público não
é apenas um problema das pessoas tímidas, mas
também de profissionais que assumem posição de
coordenação de equipes ou têm poucas experiên-
cias de falar em público.
Porém, independentemente do cargo ou perfil,
o profissional precisa saber se relacionar bem em
qualquer contexto, como: apresentações em pú-
blico, motivação de equipe, liderança, reuniões de
negócios, contatos com clientes, vendas, entrevistas,
palestras etc.
Para isso, é preciso ter em mente algumas atitu-
des positivas com relação aos outros, como aponta
Ruiz (2004):
Dimensão espiritual:
• aceite as pessoas como elas são, com seus defei-
tos e qualidades, sem preconceitos;
• participe de alguma associação de ajuda ao
próximo;
• descubraerelacioneseusdezvalorespessoais.
Dimensão emocional:
• reforcesuaautoestima;
• desenvolvaeaprimoreaartedaempatia;
• estejabemconsigomesmo(a)todootempo;
• vençaomedodefalarempúblico.
Dimensão corporal:
• melhoresuapostura;
• olhemaisnosolhosdooutro;
• deixeasmãoslivresparafalarempúblico.
Dimensão vocal:
• aprimoresuadicção;
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Unidade Didática — Comunicação Social
44
• falecomclarezaeelegância;
• desenvolvaexercíciosrespiratórios.
Dimensão intelectual:
• faledeimproviso;
• atualizesepara se sentir seguroebeminfor-
mado;
• amplieseusconhecimentosgramaticais.
ENTRAVES PARA UMA COMUNICAÇÃO EFICAZ
Mesmo os profissionais procurando aperfeiçoar
suas atitudes ao falar em público, existem elemen-
tos que dificultam a comunicação, podendo torná-
la ineficiente. Tais mecanismos podem ser assim
identificados:
• Sobrecarga de mensagem – ocorre quando
uma mensagem contém várias outras mensa-
gens. Assim os receptores não conseguem com-
preendê-la adequadamente.
Nessa situação é melhor dividir a mensagem
em partes organizadas e sequenciadas.
• Complexidade da mensagem – a dificuldade
em decodificar a mensagem pode estar rela-
cionada à complexidade das frases e/ou das
palavras. Assim sendo, a atitude adequada é
simplificar o texto, indicar uma sequência para
a leitura ou, ainda, apresentar uma sinopse do
que será descrito.
• Falta de atenção – é uma decorrência da dife-
rença entre a velocidade da fala do emissor e a
escuta do receptor. Pode ocorrer que a mente
de quem escuta processe a informação mais rá-
pido que a transmissão da mensagem, gerando
desatenção por parte do público.
Nesse caso, o emissor deve procurar adequar
a velocidade de sua emissão à de escuta do pú-
blico.
• Avaliação precipitada – acontece quando o
receptor consegue completar a mensagem an-
tes de recebê-la por inteiro. Desse modo, tira
conclusões falsas e presume o conteúdo da
mensagem que, muitas vezes, é diferente do
assunto real.
• Falta de vocabulário comum – as palavras
têm vários significados diferentes, quer seja de
natu re za conotativa ou por associação. Com
essa di versidade de significados, uma mensa-
gem deve conter palavras e/ou frases que não
gerem ambiguidades ao serem transmitidas
aos outros.
Pensar em boa comunicação é estar atento a tudo
o que se passa ao seu redor, desde o mais simples
problema a ser resolvido até os maiores conflitos a
mediar. Isso significa que a atuação do bom assis-
tente social está na forma como ele interage com os
outros indivíduos.
A comunicação constitui importante instru-
mento de intervenção e controle. “A comunicação
é o alicerce da liderança, uma vez que o requisito
básico para um líder é a capacidade de transmitir
sua mensagem de modo a persuadir, inspirar ou
motivar seus seguidores” (MAXIMIANO, 2000,
p. 339).
Por isso, listamos abaixo, algumas sugestões que
podem auxiliar a comunicação interpessoal.
Seja autêntico, passe sentimentos verdadeiros e tenha reações honestas.
Procure não interpretar o que a outra pessoa tenta passar enquanto ela fala, isso a deixa na defensiva. Espere o término da exposição para avaliar todos os detalhes.
Tente sempre entender o ponto de vista dos outros. Cada um age de maneiras diferentes.
Seja preciso ao dar uma ordem ou solicitar um serviço. A objetividade do que se pede determina o sucesso da ação. Fale exatamente o que deseja.
Preste atenção para o que o outro está lhe dizendo. Olhe nos olhos. Não pareça distante e nem se distraia durante a conversa.
Deixe que as pessoas terminem de falar. Não as interrompa antes do final da fala. Saiba também ouvir.
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AULA 5 — Habilidades em Comunicação
45
Se possível, anote os pormenores da conversa. Guardar todas as informações passadas é fundamental.
Para evitar mal-entendidos, após a exposição do interlocutor repita com suas palavras o que você entendeu.
Fale sempre com entusiasmo. Só assim os outros também se contagiam.
Planeje antes o que vai dizer. Organize seus pensamentos para que não fiquem soltos ou confusos.
Ao solicitar algo, peça o feedback para saber se o outro realmente entendeu o que você pediu.
Estabeleça prioridade nas informações que você tenha que passar. Defina os pontos principais da conversa. Dessa forma, a
mensagem segue uma linha lógica de raciocínio.
Evite usar palavras difíceis ou rebuscadas, elas só prejudicam o entendimento.
Sempre passe todas as informações necessárias para o bom andamento do trabalho.
Use um mural ou quadro-negro para manter a agenda de trabalho do dia.
Não demonstre cinismo ou sarcasmo ao conversar com as pessoas. Essa atitude prejudica a comunicação.
Preste atenção aos sinais não verbais, à linguagem corporal: expressões do rosto, gestos, movimento dos olhos, entre outros.
Na conversa, atenha-se ao tema da discussão. Perder-se em conjecturas é perda de tempo ou embromação.
* ANOTAÇÕES
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Unidade Didática — Comunicação Social
46
A comunicação é um dos elementos cruciais no desenvolvimento do homem, pois vem influencian-do, desde os primórdios da humanidade, a vida so-cietária nos campos da economia, da cultura e da política. Para Pighin (2003):
[...] a comunicação sempre foi algo importante para
a vida em sociedade, as pesquisas e descobertas que
desvendam os “mistérios” do uso dos meios de co-
municação nos mostram cada vez mais como a co-
municação e suas mediações ocuparam e ocupam
espaço de poder. Não se pode negar a importância
histórica que os folhetins, tabloides e boletins ti-
veram para a difusão do paradigma capitalista no
final do antigo regime feudal.
Com essa ideia, fica claro a relevância da comu-
nicação, da mídia e das tecnologias da comunicação
no crescimento das sociedades. Moraes (apud PI-
GhIN, 2003) ressalta que a mídia assume duas fun-
ções distintas na sociedade contemporânea. Ou seja,
ela promove a adesão à globalização, como também
detém a capacidade de interconectar o planeta. A
mídia exerce uma espécie de filtragem da informa-
ção, que influencia os grupos sociais sobre o tipo de
informação e os meios de obtê-la.
Isso é decorrência do fato de que, hoje, a mídia
global está nas mãos de duas dezenas de conglo-
merados. E, no Brasil, o controle da mídia está sob
Conteúdo
• Conceito de Novas Tecnologias da Comunicação
Competências e habilidades
• Levar o acadêmico a compreender e desenvolver ideias próprias sobre a finalidade e aplicação das
Novas Tecnologias da Comunicação
Textos e atividades para autoestudo disponibilizados no Portal
Verificar no Portal os textos e atividades disponibilizados na galeria da unidade.
Duração
2 h/a – via satélite com o professor interativo
2 h/a – presencial com professor local
6 h/a – mínimo sugerido para autoestudo
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COMUNICAÇÃO E NOVAS TECNOLOGIAS DA COMUNICAÇÃO
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AULA 6 — Comunicação e Novas Tecnologias da Comunicação
47
o poder de onze famílias, considerando que estas
controlam a maioria dos meios de comunicação e a
veiculação da informação.
No entanto, as pessoas não estão totalmente sem
poder de reação ao poder midiático. Existem inú-
meras possibilidades e mecanismos pelos quais os
grupos sociais podem organizar uma mídia ética e
democrática.
Nesse sentido, ao refletir sobre o papel da comu ni-
cação e das novas tecnologias da comunicação, deve-
se ter em mente os aspectos vantajosos e aqueles que
podem cercear o acesso democrático à informação.
Porém não se pode pensar, hoje, em comunicação
apenas em termos de suas consequências positivas
ou negativas. há que se debruçar também sobre as
transformações que as novas tecnologias da comu-
nicação vêm promovendo no modo de ser, pensar,
sentir, ou seja, de viver em sociedade.
Segundo Targino (1995):
[...] a revolução tecnológica provocou profundas
alterações na configuração social do ocidente, como
descentralização da economia, alteração das práti-
cas culturais, redefinição do trabalho e democrati-
zação da informação. Pode-se, então, argumentar
que a expansão das novas tecnologias, aplicada à
ciência da informação, à comunicação, à linguísti-
ca ou a quaisquer outros ramos do saber, refere-se
muito mais ao estágio atual dos processos tecnoló-
gicos do que ao adjetivo novas em sua acepção res-
trita daquilo que tem pouco tempo de existência.
As novas tecnologias da comunicação (NTCs)
vêm possibilitando a criação de novas linguagens e
uma nova ordem de discurso, como também trans-
formando o ambiente de trabalho e as relações de
trabalho, de lazer e de consumo. Mignot-Lefebvre
(apud TARGINO, 1995) amplia o conceito de tec-
nologia, colocando não só a técnica de audiovisual,
telecomunicação, automação, mas incluindo a essa
ideia a dimensão conceitual, envolvendo os im-
pactos econômicos e sociais dentro de uma visão
temporal e espacial.
Dessa posição do autor, a compreensão das NTCs
deve envolver não só o fim em si mesmo, mas, prin-
cipalmente, a sua adequação na melhoria da quali-
dade de vida, em uma perspectiva humanista e coe-
rente com a realidade.
Cabe, nesse ponto, uma ressalva quanto à impor-
tância das NTCs nas políticas públicas, posto que
os pro fissionais precisam estar bem informados,
como sa ber utilizar tais tecnologias para otimizar
suas ações no tocante ao aperfeiçoamento de banco
de da dos, formulação de indicadores de impacto e
de re sul tados, perfil socioeconômico da população,
gera ção de novas oportunidades de empregabilida-
de para as pessoas.
Enfim, as NTCs não só otimizam o trabalho or-
ganizacional, bem como as tecnologias desenca-
deiam novas relações sociais e práticas culturais.
Essa observação tem sua procedência quando se
depara com o processo de globalização de merca-
dos, a transnacionalização das práticas culturais e a
valorização da vida privada.
Os impactos sociais das NTCs fazem com que os
profissionais que atuem no campo social se debru-
cem sobre um aspecto novo da vida societária, ou
seja, o esmaeamento da ordem pública. Como é ca-
da vez mais fácil e rápido conectar diferentes pessoas
em diferentes localidades por meio de rede de internet
e outras comunicações on-line, o contato interpessoal
está sofrendo um brusco choque, o que leva a uma
revisão do conceito de relação interpessoal.
Na atualidade, fenômenos societários, em vir-
tude das NTCs, estão sendo constituídos, tendo as
tecnologias como meios geradores de encontros
e/ou mantenedores de relações, implicando a redu-
ção dos contatos face a face.
Parece algo simples, mas no dia-a-dia é cada vez
maior o número de pessoas que utilizam as NTCs
como primeira instância para a solução de seus pro-
blemas pessoais, econômicos e sociais.
No entanto, não é sempre que a informação obti-
da é de fato adequada. Algumas questões podem ser
mencionadas nesse sentido, como a pedofilia, as re-
lações afetivas, o tráfico de seres humanos por meio
de oportunidades de emprego.
há, também, os aspectos que de fato podem me-
lhorar a vida societária, tais como ampliação de
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Unidade Didática — Comunicação Social
48
conhecimento, acesso em tempo real aos aconte-
cimentos, agilidade em organizar movimentos em
favor da vida, meio ambiente, entre outras ações.
Enfim, as NTCs para os profissionais da área
social, precisam ser bem analisadas para que suas
contribuições sejam efetivas na construção de uma
sociedade mais igualitária, pois as NTCs ainda não
estão sendo disponibilizadas de modo democrático,
o que provoca uma disparidade no acesso e na qua-
lidade da informação e do conhecimento entre os
diferentes grupos sociais hoje existentes.
A LINGUAGEM DA INTERNET
A internet revolucionou o mundo das comunica-
ções talvez como nenhuma outra invenção na área
da Comunicação. A invenção da imprensa com tipos
móveis, o telégrafo, o rádio, o telefone, a televisão e
o computador prepararam o terreno para a germi-
nação da internet. Todos eles, de uma forma ou de
outra, propiciaram modificações na sociedade e na
visão de mundo das pessoas.
A internet serve para propagar informações em
tempo real, propicia a interação entre indivíduos
de quaisquer partes do mundo. Sua influência não
atinge somente o mundo da comunicação, mas
toda a sociedade, modificando costumes e compor-
tamentos dos indivíduos. Na configuração da atual
sociedade de massas, intervém, de modo muito es-
pecial, a comunicação livre e despojada de padrões
gramaticais. A revolução operada no mundo da in-
formação, consequência da revolução tecnológica,
foi uma das causas determinantes da nova forma
comunicativa entre os pares.
Junto com a disseminação da internet como rede
global de comunicação, houve mudanças significa-
tivas na língua escrita e diferentes variações linguís-
ticas entre os internautas. Alguns grupos criaram
sua própria linguagem virtual, usam abreviações e
expressões que agilizam o processo comunicativo
ou mesmo criando um código próprio para res-
tringir e direcionar sua mensagem a grupos exclu-
sivos de indivíduos. Com isso, já é possível observar
inúmeras abreviaturas que extrapolaram o mundo
virtual para a vida cotidiana (‘abs’ = abraços; ‘blz’ =
beleza; ‘msm’ = mesmo; ‘bjs’ = beijos etc.). há quem
defenda que junto ao cyberespaço surgiu também a
cyberescrita.
Nas novas formas de comunicação via internet,
entre elas chats, ICQ e e-mails, transbordam ex-
pressões reduzidas da linguagem tradicional. São
constantes na navegação on-line abreviaturas, das
mais simples e conhecidas até inusitadas formas
de simplificação da língua. Códigos herméticos de
linguagem e neologismos são postos em veiculação
via rede. Pictogramas representam sentimentos ou
sensações: os emoticons – ícones de emoções – uni-
versalmente conhecidos, que favorecem a “trans-
missão” de sentimentos no discurso escrito de uma
mensagem eletrônica. Como exemplo, pode-se citar
alguns mais usados:
:-) - “contentamento” ou apenas “sorrir”
:-( - “tristeza”
:´( - “chorando”
:-D - “gargalhada”
;-) - “piscando o olho”
Os inúmeros ícones e pictogramas veiculados via
internet possuem associações de semelhança com
o que se quer expressar. Embora nenhum desenho
possa reproduzir graficamente a estrutura de uma
língua, ele pode dar significados à mensagem que
a língua escrita não consegue devido às suas limi-
tações estruturais (:-* = beijo; :-O = chocado; :-/ =
confuso; >:) = diabólico etc.).
Em vista disso, observa-se que a internet, ao pro-
pagar mais dinamismo e agilidade, vem revestin-
do-se cada vez mais, como nos tempos primitivos
quando a escrita era simplesmente desenhos e sinais
pictográficos, do conteúdo simbólico para repre-
sentar mensagens e efetuar a comunicação. Com a
justificativa de aumentar a velocidade e a amplitude
da difusão da mensagem, o homem moderno re-
torna aos primórdios da escrita, em que não é mais
representada por signos que formam uma estrutura
textual, e sim, desenhando os novos contornos de
uma linguagem globalizada, em que ela deixa de ser
linear e passa a ter um significado mais abstrato e
figurativo.
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Unidade Didática — Comunicação Social
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A expressão relações humanas também abrange a ideia de relações interpessoais, entendendo que o prefixo “inter” designa a relação entre pessoas, assim com o prefixo “intra” designa a relação que a pessoa estabelece consigo mesmo, ou seja, intrapessoal.
Considerando o trabalho comunicacional no Ser-vi ço Social, tratar-se-á aqui das relações interpessoais, ou seja, dos aspectos que estão presentes na re lação entre as pessoas.
As relações interpessoais são eventos que ocor-rem em diferentes situações, como o lar, a escola e o trabalho. No campo de trabalho, os conflitos susci-tam observação ou eliminação, pois podem causar prejuízos ao desempenho das equipes e nos resulta-dos da empresa ou da instituição.
O administrador (chefe) precisa estar atento para identificar, reconhecer e encontrar meios de acabar com os conflitos nas relações entre as pessoas de sua equi pe. Os problemas nas relações interpessoais po-dem causar alguns problemas de comunicação, tais como:
• bloqueio–amensagemdeumapessoanãoéen tendida pela outra;
• ruído–situaçãoemqueamensagemédistor-cida ou mal-entendida;
• filtragem–apenaspartedamensageméenten-dida.
Esses tipos de problemas podem ter duração va-
riada ou até serem permanentes, por isso, a ma-
Conteúdo• Conceito de relações humanas
• Problemas nas relações interpessoais
Competências e habilidades• Levar o acadêmico a entender o papel das relações humanas nas estratégias de comunicação no Ser-
viço Social
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RELAÇÕES hUMANAS
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Unidade Didática — Comunicação Social
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nutenção da qualidade das relações interpessoais é
fundamental.
Segundo Minicucci (2000, p. 51):
Nossas necessidades e experiências tendem a cobrir
o que vemos e ouvimos, a dourar certas pessoas e a
enegrecer outras. As mensagens que ao desejarmos
aceitar são reprimidas. Outras são ampliadas, en-
grandecidas e comentadas.
O espaço de trabalho, às vezes, pode ser o gerador
de grandes dificuldades de relacionamento, princi-
palmente, quando se trata do relacionamento no
atendimento ao público. Um elemento desencadea-
dor desse problema é a emoção.
Tanto nas relações entre colegas de trabalho ou
com o público, os sentimentos pessoais, relacionados
à situação laboriosa, podem gerar apreensão, insegu-
rança, aborrecimentos, e estes refletem diretamente
na qualidade da comunicação interpessoal, levando
a dificuldades no processo comunicacional.
Na prática, está-se referindo às queixas de mau
atendimento ao público, informações imprecisas,
entrevistas sem preparo prévio, realização de ações
sem um objetivo claro, repetição de procedimentos,
entre outros fatos, o que demonstra pouca eficácia e
eficiência profissional.
No âmbito do trabalho entre os profissionais, as
questões giram em torno de discordâncias sérias de
ideias, disputas, dificuldades em desenvolver ações
coletivas, morosidade na apresentação de resulta-
dos. Esses são apenas alguns exemplos de problemas
que podem surgir quando, no ambiente de trabalho,
não se atente para a qualidade das relações huma-
nas, principalmente as relações interpessoais.
há, porém, estratégias de atuação no ambiente
de trabalho que potencializam a qualidade das rela-
ções interpessoais:
• desenvolverasensibilidade,ouseja,aempatia.
Estimular as pessoas a desenvolverem a habili-
dade de se colocar no lugar do outro, buscando
compreender como o outro se sente, para que
as ações e o diálogo tenham a eficácia e a efeti-
vidade necessárias;
• desenvolver o espírito de grupo – estabelecer
um ambiente em que as pessoas se sintam par-
te do grupo. A interdependência entre as pes-
soas colabora para que os problemas causem o
menor impacto, uma vez que a solução é en-
contrada rapidamente pela ação conjunta de
todos;
• buscapelasatisfaçãodasnecessidades–noes-
paço de trabalho, estabelecer metas no curto,
médio e longo prazos que venham ao encon-
tro das necessidades das pessoas, procurando
escutar e trocar experiências. Dessa forma, a
equipe pode criar mecanismos de resiliência
que contribuam para a obtenção de objetivos
pessoais e/ou coletivos.
* ANOTAÇÕES
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Unidade Didática — Comunicação Social
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Pode parecer no mínimo curioso, pensar no as-
sunto moda e comportamento quando se trata de
comunicação social. Entretanto, já é sabido que a
comunicação não se relaciona apenas com elemen-
tos da linguagem verbal. A linguagem não verbal
tem uma contribuição importante no desempenho
do processo de comunicação, por isso, é necessário
pensar nos aspectos do comportamento e da moda
que interferem na comunicação, sem, contudo, fa-
zer um aprofundamento teórico destes temas, mas,
sim, tentar compreender o papel que representam
no processo comunicacional.
Dessa forma, será feita uma abordagem de alguns
aspectos relevantes na apresentação do profissional
da área de Serviço Social.
A moda abrange dois sentidos: estar e ser nos pro-
cessos de sociabilidade das sociedades ocidentais,
implicando o delineamento do corpo pela roupa,
como também a construção da roupa pelo corpo.
Na relação corpo/roupa, em cada época, os valo-
res são instalados ou superados. A moda, por assim
dizer, consiste em um mecanismo de comunicação
pelo qual os sujeitos demonstram seus modos de ser
e de estar no mundo.
Na sociedade contemporânea, é contundente a plu-
ralidade de aparências, por isso há exigência no se ves-
tir e de se modificar o próprio corpo. A aparên cia é
um vetor especial de presença da pessoa no mun do.
Essa fugacidade de ser e estar no mundo deve-se
ao fato de que:
Conteúdo• Conceito de moda
• Classificação de roupas
• Relação de comportamento e moda
Competências e habilidades• Levar o acadêmico a conhecer e desenvolver ideias próprias sobre moda e comportamento no Servi-
ço Social
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COMPORTAMENTO E MODA
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Unidade Didática — Comunicação Social
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A instantaneidade imperativa e os contatos, em
um mundo cibernético cada vez mais tecnologica-
mente alicerçado para uma comunicação visual e
em rede ilimitada, favorecem um manifestar-se ao
vivo do sujeito, em que cada eu superposto a vários
outros têm todos uma conviviabilidade graças à
heterogeneidade unificadora que concilia as arestas
antagônicas, contraditórias e mesmo opostas, que
são assim reunidas para estar juntas, sem tentativas
de exclusão, ao contrário em uma assimilação total
das diferenças (CASTILhO, 2004, p. 10).
Nessa observação, a autora chama a atenção para
a estratégia da visibilidade, ou seja, buscar o olhar
do outro, que seria uma forma de marcar a presença
no contexto social e ser reconhecido.
As possibilidades do reconhecimento podem ser
múltiplas, mas algumas têm maior frequência, tais
como:
[...] para fazer ver a importância do papel que de-
sempenha no interior do grupo social, para sim-
plesmente se mostrar ou para oferecer-se com
objeto revestido de valor a ser conquistado (CAS-
TILhO, 2004, p. 56).
A partir do estabelecimento do contato de ser
visto, o sujeito, também, designa outra função im-
portante para o corpo – a qual a roupa é o mecanis-
mo fundamental – a de discurso.
Ao atrair o olhar, definir que está integrado ao
grupo social, o corpo, por meio dos adornos, rou-
pas, passa a comunicar os valores que representa. O
conjunto de adornos com o qual o sujeito se apre-
senta é revestido de características culturais que es-
tabelecem a sua identidade.
Assim, na sua máxima individualidade, o corpo
reflete a identidade que viu nascer das entrelinhas
do discurso do semelhante, na apreensão de valo-
res e significados pertinentes a seu grupo e que se
organizam em seu ser, seu fazer e na sua estrutu-
ra, concepção e construção corpórea (CASTLhO,
2004, p. 58).
Ao estabelecer sua identidade, o sujeito organiza
elementos que garantirão a sua opção. Desse modo,
no processo de visibilidade, além da identidade, é
preciso definir uma aparência coerente com o modo
de ser e estar no grupo, estabelecida pelos próprios
sujeitos.
A aparência se constitui por duas situações: uma
é a necessidade do sujeito de criar a sua imagem
que se relaciona com seus anseios e a outra, a forma
como o indivíduo é percebido pelo grupo.
O reconhecimento pela aparência implica um
processo em que as pessoas criam uma relação que
envolve a dimensão do saber (ter conhecimento dos
códigos sociais) e do querer (vontade de entender).
Ao longo da história, a aparência vem fazendo a
distinção entre os indivíduos em relação às funções
sociais que exercem. hoje, os mecanismos que de-
terminam a aparência e as posições sociais podem
ser identificados pelas fotografias e pinturas, por
mostrarem como as sociedades antigas e as atuais
definiam e definem as pessoas. No século XIX, por
exemplo, a distinção das pessoas se dava pelo tipo
de traje e adornos com que elas se apresentavam.
Já no século XX, com o avanço da industrialização,
a aparência ganhou um caráter de uniformização,
em razão do uso cada vez maior de uniformes pelo
trabalhador.
Esse fenômeno serviu para definir tipos de rou-
pas para cada profissão e se expandiu para os trajes
festivos e de lazer. Já no final do século XX e início
do século XXI:
[...] os grupos sociais não estabelecem marcas di-
ferenciais explícitas ao primeiro olhar. O ritmo de
vida e o tipo de consumo, além da moradia e das
condições de saúde e de educação, distinguem tan-
to ou mais que a aparência física. Os novos grupos
urbanos se demarcam pela formação do que alguns
chamam de tribos (KURY; hARGREAVES; VA-
LENÇA, 2000, p. 58).
Desse modo, em uma relação de comunicação a
aparência pode causar a atração, facilitando o en-
tendimento, ou provocar repulsa, interferindo no
estabelecimento da comunicação.
[...] constata-se que o ser visto e o ver constituem
tarefas difíceis, que requerem uma qualificação dos
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AULA 8 — Comportamento e Moda
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protagonistas do discurso, ou seja, uma performan-
ce que varia de sujeito para sujeito (CASTILhO,
2004, p. 59).
Compreendendo que o corpo também expressa
um discurso, e que a roupa e os adornos são ele-
mentos dessa comunicação, a moda ganha espaço
relevante na vida societária, pois por meio do ves-
tuá rio pode-se reinventar o corpo, elucidando de-
terminados códigos, ignorando outros ou até dis-
criminando elementos que se julguem negativos.
Com essa visão, o vestuário, muito mais que as
roupas do guarda-roupa de uma pessoa, hoje é:
[...] considerado como elemento relevante em
cada cultura, por exibir-se como linguagem e por
caracterizar-se pelas particularidades que assume
em determinado contexto, nos quais se personifi-
cam técnicas, ritos, costumes e significados que se
encontram “contratados” no interior de uma orga-
nização social [...] (CASTILhO, 2004, p. 87).
Especificamente, a roupa, hoje, passou a ser en-
tendida como uma linguagem, porque permite uma
alteração da estética do corpo pelo uso de cores, cor-
tes e volumes que os tecidos possuem. A aparência
que a roupa confere ao sujeito possibilita-o a exer-
cer o papel que lhe cabe em determinada situação,
posto que o traje potencializa os aspectos principais
da presença em público.
Assim, o que os estilistas preconizam como moda
é um determinado conjunto de elementos que en-
volvem desde a maquiagem, o cabelo, a roupa, o
adorno, o sapato etc., e que em cada período po-
tencializam a aparência das pessoas para os papéis
que devem exercer, cabendo aos sujeitos as escolhas
e adaptações.
Portanto, moda:
[...] é uma linguagem que pasma ou modela o cor-
po humano por intermédio da apropriação do cor-
po biológico do sujeito, promovendo nele as con-
sequentes transformações que ao serem operadas,
agregam novos sentidos a esse corpo. A relação é
desencadeada pelo jogo entre o ser e o parecer. Por
intermédio desse jogo, o sujeito intervém no seu
corpo biológico por ações transformadoras que lhe
conferem novos valores (CASTILhO, 2004, p. 89).
hoje, uma correta observação de como a pessoa se veste pode nos fazer compreender o comporta-mento dos homens em sociedade.
Por assim dizer, a moda não é uma relação ape-nas com a roupa, ela também se refere às esferas do comportamento humano, ou, melhor dizendo, o vestuário é um indicador de comportamento, assim
como é um efeito de comunicação.
A roupa fala do indivíduo, sua aspiração, e o modo
como ele se relaciona ou se vê, mas a forma como
ele se relaciona com o grupo e como o quadro so-
ciocultural mais amplo nos quais se insere (CAL-
DAS, 1999, p. 39).
Com essa visão, pode-se compreender a roupa co-mo um signo portador de mensagem que nos fala do indivíduo que a veste e da sociedade que a produ ziu.
Para entender essa relação, apresenta-se a seguir a categorização de roupas proposta por Caldas (1999, p. 81-85):
Retro – compreende o conjunto de criação da alta
costura. São roupas que pertencem a uma época;
Funcionais – é o conjunto das roupas de trabalho,
ou seja, usada para determinada função;
Étnica – são todas as roupas folclóricas ou perten-
centes a determinada cultura;
Jovem – criação específica dos adolescentes, fruto
da cultura pop e dos movimentos de rua;
Tecno – propostas de vocação modernista ou fu-
turista.
As alterações sociais também provocam mudan-ças no conceito de moda. Por exemplo, no século XX produziu-se o conceito de roupa básica. São roupas que têm características da roupa clássica e fazem parte do guarda-roupa de todos. Mas aten-ção, nem toda roupa básica é necessariamente do estilo clássico.
Outra questão a ser observada no campo da moda refere-se à identificação. hoje as pessoas não mais se identificam com um único estilo, mas com vários, dependendo da função que exerçam e da ocasião
que se apresentem.
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Unidade Didática — Comunicação Social
54
Nesse ponto, ressaltamos também o conceito de
ho mem e de mulher traduzido no conjunto de ele-
mentos que compõem seu vestuário. Os criadores de
moda masculina estão cumprindo o papel de re no-
var a proposta estética do homem contemporâneo.
A ideia do terno como uniforme de trabalho vem
dando espaço para o fenômeno da casualização da
roupa clássica. O terno ganhou, por assim dizer,
uma informalidade. E pode-se, hoje, observar o uso
de camisa e acessórios mais básicos compondo com
paletó e gravata.
Quanto à mulher, durante o século XX, fez uma
verdadeira pilhagem no guarda-roupa masculino.
Mas esse fenômeno está com tendência ao desa-
parecimento. No final do século, a mulher já esta-
beleceu um novo status social e sua moda ganhou
enorme versatilidade. há toda uma proposta clás-
sica e básica, cujos elementos têm especificidade da
feminilidade contemporânea.
Segundo Caldas (1995, p. 123):
[...] a geração 2000 já dá mostra de relacionar-se com
o consumo através de estratégias de “pertencimento”
mais sofisticado que as da geração anterior.
[...] todo ato de consumo jovem – da roupa aos ga-
mes, dos tênis as bebidas preferidas –“significa” por
si só.
[...] faz se link que deseja entre produtos aparente-
mente díspares.
Essa abordagem reflete o que Caldas (1995) cha-
ma de as regras da moda hoje:
• guardaroupapolivalente–oconceitodeoca-
sião de uso, ter roupas diversificadas para aten-
der as necessidades do dia-a-dia;
• mixdeestilo–combinaçãodepeçasdeorigens
muito diferentes;
• maisvariedade,menosvarialiblidade–aquisi-
ção de peças com inovação, mas que não va-
riam, por exemplo, de estilo;
• roupa como segunda pele – a peça deve ser
confortável, agradável de usar;
• lógicapessoaldoconsumo–éoconsumoemo-
cional que depende do humor de cada um;
• poder do indivíduo – pulverização do estilo e a
relativização da ditadura da moda.
Ante o exposto, a moda traduz uma maior liber-dade, com foco na preferência pessoal ancorada no campo do desejo. Porém, se de um lado abre-se uma flexibilidade no uso de estilo, de outro, também há uma banalização, principalmente, na apresentação profissional.
hoje há uma forte tendência na indistinção das roupas usadas em uma situação profissional com as usadas em momentos de lazer ou de festa. No cam-po profissional, cuja padronização não é uma exi-gência, observa-se uma profusão de estilos que às vezes se torna inadequada à atuação profissional.
há que se ter bom senso no uso da moda em um ambiente organizacional, uma vez que não se trata apenas de representação pessoal, mas também ins-titucional. O vestuário é um dos mecanismos sig-nificativos de expressão, pois pode ser usado como meio de manipulação, persuasão, sanção e ação e, por consequência, como articulador de diferentes discursos, tais como: poético, político, amoroso, hierárquico, populista, agregador, artístico etc.
Assim, segundo Castilho (2004, p. 92):
Podemos considerar que o ornamento, a decoração
ou vestuário possui, em relação ao sujeito, um du-
plo significado: o de transformação e de exaltação
do próprio sujeito frente a si mesmo e, simultanea-
mente, o de distinção de si mesmo frente ao grupo
a que pertence.
A linha de reflexão apresentada leva à seguinte síntese: que o ato de vestir o corpo ou de optar por determinada moda é uma forma que o sujeito tem de demonstrar ao outro dados sobre a sua identida-de. Nesse sentido, concorda-se com Castilho (2004, p. 95) quando afirma que:
O corpo é o suporte da narrativa e, ao mesmo tem-
po, é configurador do posicionamento da imagem
do sujeito, segundo suas escolhas, assume nas inte-
rações das quais participa.
Todavia, para que o sujeito se diferencie do ou-
tro, faz-se necessário que o outro reconheça essa
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distinção. Assim, fica claro que a moda e todos os
elementos a esse segmento relacionado também são
construto social e cultural que servem aos propósi-
tos das pessoas, nas diferentes situações em que se
apresenta, o que elucida a importância das opções
que os sujeitos fazem no seu dia-a-dia quanto a
vestimentas, adornos e comportamentos. Escolhas
adequadas podem ser produtivas aos propósitos
que se pretendem alcançar, tanto os pessoais como
os institucionais, ou seja, os objetivos da instituição,
da qual o sujeito é representante.
* ANOTAÇÕES
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