servic;os de geologia e minas de...

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BOLETIM N.o 5 A-o 102-7 DOS SERVIC;OS DE GEOLOGIA E MINAS DE ANGOLA tNDICE ESTUDOS: OARLOS A. NEVES FERRAO A HIDROGEOLOGIA B 0 PROBLEMA DO ABABTBOIMENTO DE N.- de pipe .A.GUA A REBERVA PABTORIL DO OARAOULO (ANGOLA) ..• 5 A. GRACA DA CRUZ PLANOHEtTE DO MAVOIO (ANGOLA) ... •.. ... ... ... ...... 35 ERNEST PAULY GEOLOGY AND MINERALIZATION OB' THE LUEOA-REGION (DAMBA.. NORTHERN ANGOLA) ... ... •.• 43 1746-LUANDA-IMPRENSA NACIONAL DE ANGOLA-I962

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BOLETIM N.o 5 A-o 102-7

DOS

SERVIC;OS DE GEOLOGIA E MINAS DE ANGOLA

=~-==========================================================

tNDICE

ESTUDOS:

OARLOS A. NEVES FERRAO

A HIDROGEOLOGIA B 0 PROBLEMA DO ABABTBOIMENTO DE

N.- de pipe

.A.GUA A REBERVA PABTORIL DO OARAOULO (ANGOLA) ..• 5

A. GRACA DA CRUZ

PLANOHEtTE DO MAVOIO (ANGOLA) ... •.. ... ... ... ...... 35

ERNEST PAULY

GEOLOGY AND MINERALIZATION OB' THE LUEOA-REGION (DAMBA.. NORTHERN ANGOLA) ... ... •.• 43

1746-LUANDA-IMPRENSA NACIONAL DE ANGOLA-I962

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p

A Hidrogeologia e 0 problema , do· abastecimento de agua a Reserva

~astoril do Caraculo (Angola)

POR . ,

CARLOS A. NEVES FERRAO

Engenheiro ,de 'MiniS

4· ...

Cons~~era<;5es gerais

o Laborat6rio Nacional de EngenhaJ,"ia Civil foi recentemente .ncarregado de proced:er a ap~ica~ao dos metodos de prospec~ao geolisic~, 10 estudo da hidrogeologia 'e a pesquisa 'de aguas subterraneas· nas .guintes regioes da Provincia de Ap,gola:

1 - Regiao do Baixo Cunene. 2 - Regiao dos Gambos. 3 - Reserva PastQril do Caraculo.

Antes, porem, de iniciar este empreendimen·to 'entendeu solicitar ,"0 aut or a compila~ao de todos os elementos disponiveisde natureza ieol6gica e, em particular, hidrogeo16gica, dispersos por varios relat6rios I~f'erentes a trabalhos parciais executados no imbito das actividades dos lervi~os de Geologia e Minas de Angola. ;' Como 0 autor colaborou, activamente, nestes trabalh9s, durante

,arios anos, dispoo de elementos de observa~ao pessoal sobre 0 probl~ma ,0 abastecim'ento. de agua aquelas regiOeS que 0 habilitam, tambem, a tlaborar um parecer sobre as normas que deverao presidir aos futuros Crabalhos a empreender para a sua resolu~ao, em face da experiencia Idquirida e das novas tecnicas de prospec~ao que 0 L. N. E. C. se propoe liilizar.

Esta exposigao ~ao se limitara, por isso, a uma sintese daqueles Hlat6rios dos quais procural'emos, antes, reter apenas 0 que e furida­anental e de interess'e imediatopara 0 problema em questao, seleccio­,ando os factos ja verificados, experimentalmrolte, e acrescenta1ndo ,utros elementos de que dispomos. Tera como 'objectivo a especifica~ao 4as ques~oes nasquais cOOlvira fazer int'ervir os metodos geofisicos .

.t

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6 BOLETIM DOS SERVIQOS DE GEOWGIA E MINAS

N a realidade, os metodos de prospecgao geofisica, na generalidade das suas aplicagoes a hidrogeologia re a pesquisa de aguas subterraneas esc sao metodos «indirectos», is to e, devrem ter como finalidade im,ediata qu a resolugao de problemas concretos de natureza geologica e MO a pa localizagao directa das toalhas a!quiferas. Constituindo urn precioso ins- de trumento de trabalho nao podrem, todavia, so por si, resolver problemas vh hidrogeol6gicos au de captagao doe aguas subterraneas. Precisam de ser associados aos outros metodos de prospecgao, em particular aos geolo- li~ gicos e ser s.eguidos de trabalhos de pesquisa, sondagens ou quaisqurer .s1 outros. eu]

So assim e possivel estabelecer a indispensavel corr.elagao entre as pre caracteristicas hidrogeologicas e as grandezas fisicas mredidas. An

Dada a vastidao dos assuntos a tratar neste estudo, dividi-Io-emos em tres partes, cada uma correspondendo a uma das regioes consideradas. de~

Introducao

A Rreserva Pasteril do Caraculo foi criada pela Portaria n.O 6074, de 6 de Novembro de 1947, com '0 fim de estabelecer a <:riagao ,de ovinos Caraculo e a exploragao da respectiva industria. Foi <:riado 0

Posto Experimental do Caraculo para orientar a exploragao das con­eessoes, que se for,am, sucessivamente, demarcando.

Os primeiros trabalhos de pes'quisa de agua foram executados sob a orientaga'O do Posto Experimrental, em Junha e Julho de 1948. Por despacho do Govoernador-Geral de Angola, de 15 de Julho do mesmo' ano, foi entregue aos Servigos de Geologia e Minas a orienta gao 'e

execugao de todos os trabalhos de pesquisa e captagao dre agua na Reserva.

A primeira sonda mecaniea foi adquirida peIa Junta de Exportagao de Angola que custeou tambem a aquisigao do material e equipamento utilizados em 1948 e 1949. A partir de 1950, todas as despesas passaram a ser suportadas pelo Estado.

as trabalhos de pesquisa e captagao de aguas tern sido subordi .. nados a sucessivos programas anuais, aprovados pelo Governo-Geral 'e elaborados prelo Posto Experimental do Caraeulo e pelo Gremio dos Criadores do Caraculo. A localizagao ,das captagoes de agua tem sido sempre subordinada aos limites das concessOes, previamentre demarcadas e, dentro de cada concessao, as zonas mais favoraveis a pastoricia, s·eleccionadas prelo Posto Experimental.

As aguas captadas nao se destinam, exclusivamente, aos ovinos Caraculo mas tambem a alimentagao humana, a usos domesticos, a rega de pequenas hortas e a varias instalagoes ligadas a esta industria.

Devido ao caracter essencialmente arido do clima da regiao, a pesquisa de aguas tern incidido, exclusivamente, nas aguas subterraneas. Procuraremos, no entanto, nesta nota, analisar tambem as possibili .. dades de <:aptagao das aguas superficiais.

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JANEIRO A JUNHO-1962-NOMERO 5 7

Segundo os estudos efectuados pelo Posto Experimental, a reglao """",..L.I . .LU,Q, para 6 estabelecimento desta industria possui condigoes ade­

para a criagao dos ovinos Caraculo, tanto no que respeita as como ao clima. Tendo ja sido ultrapassada a primeira fase

estudo e ensaio, existrem ja todas as condigoes basilares ao desenvel­to, :em grande escala, do aproveitamento das concessOes. o Post 0 Experimental tem pubHcado relatOrios e promovide expo­

que demonstram que se comegaram ja a colher 'Os frutos do dispensado para -0 estabelecirn,ento da criagao dosovinos Cara­

que, certamente, dentro em breve, esta industria comegara a s'er IArI"tii,To e ocupara um importante lugar no quadro economico de

que respeita a captagao de aguas, os trabalhos tiveram um crescente ate 1953, ano em que se exe·cutaram 36 son­

e foram diminuindo de intensidade ate ao presentee Esta pre­todavia, urn extenso plano de construgao de captagoes de agUa

que 0 Gremio dos Criadores do Caraculo e 0 Posto Experimental julgam trlcessario para completo abas~ecirnento das primitivas are'as das con­•• soes e das ampliagoos posteriormente efectuadas.

A regiao do Caraculo - Situac;ao e extensao da Reserva Pastoril

A actual Reserva Pastoril do Caraculo estende-se desde a base da "rra da Chela ate proximo da costa. :E atravessada pela estrada .que liga Jipgimedes .a Sa da Bandeira e pelo Caminho de ~rro de Mogimedes.

.. A area da Reserva foi fixa!da pela Portaria n.O 6074,. de 6 de Novembro de 1947 'e, posteriormente, ampliada pela Portaria n.O 8217, ele 24 de Julho d~ 1953. Passou a ter os seguintes limites:

A NoTte: Ocurso do rio Carumjamba, d'esde urn ponto situado a 12 kms. da sua foz e num percurso de 33 kms. ate a cota 525 da Carta do SuI d·e Angola, na escala 1:500.000. .

A Este: Uma linha recta Norte.J8ul ate' ao rio Quicati, daqui a garganta do Leao, uma linha ate ao km. 101 do Caminho dre Ferro passando a Poente do Cuto, ·a linha ferrea ate ao km. 107, a estrada ate a confluencia do rio MU'nhino com 0 Capamgombe, a estrada ate ao rio Bumbo e 0 meridiano 1'30 ate ao sope da Serra da Chela.

A Sul: 0 contorno do s'ope da Serra da Chela ate ao rio Curo~a, na Pediva, e 0 curso deste rio ate a Damba dos Carneiros.

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.8 BOLETIM DOS SERVICOS DE GEOLOGIA E MINAS

A Oes.te: 0 curso do rio Curoca, ate ao Iugar chamado Rosa i

do Rio, a estrada daqui ate ao cruzamento com a estra­da, Entre Dambas, ocurso desta estrada numa extensao de 12 kms., depois uma linha recta SuI-Norte ate ao rio Bero, '0 curso deste rio ate a. Damba da Macala., uma linha ate a estrada qu~ liga a Boca do Giraul ao km. 54 ·da"linha ferrea, a estrada qu~ vai ao rio Piambo, o curso do rio Piambo, daqui a linha que une a Boca do Rio de S. Nicolau, deste ponto ao morro Cangoro Grande, deste a'O morr,o Cangoro Pequeno e daqui ao inicio do limite Nerte.

A area total da Reserva e de 18.000 kms. 2 •

As con~ssoes foram inicialmente demarcadas com 5.000 ha com-. preendendo, cada uma, uma parte demarcada definitivamente e um~ parte para a sua futura expansao. Em 1959, foi autorizada a ampliagaq da area das conc'essoes para 15.000 ha.

A Reserva do Caraculo estende-se por uma regiao praticamente desabitada onde os povos das tribus mucubal e mucuisse apenas £azem algumas incursoes com os sreus gados quando as chuvas espalham alguma agua pela superficie do terreno.

Clima

Em virtude da reg lao correspendente a Reserva do Caraculo ~ ". estender, desde '0 litoral ate it Serra da Chela, compreendendo lIlumr extremo 0 d'eserto de Megamedes e no outro 0 limi11e da zona manta~~ nhosa, as caracteristicas climaticas nao sao uniformes. Variam desd' um clima mesotermico de d~serto, junto a costa, ate um clima sub ~ -humido no interior.

Embora muito escassos, os elem~ntos de observagoes meteorol6gica existentes p'ermitem lazer uma ideia das principais caracteristicas clima: tieas medias desta regiao.

A remperatura media anual aumenta, gradualmente, da costa par: o interior ate a isotermica de 25oC. que s·e situa no limite do primeir. degrau de aplanagao da reg~ao, correspondente as mais baixas altitudes' A partir deste limite, a temperatura media desce tanto mais rapida mente quanto mais brus·ca e a elevagao da altitude. Pode considerar-s como temperatul'l.a media anual na regiao, 23oC. Durante 0 ano, a tem.peraturas mooias mensais oscilam entre 160 e 29OC.

A humidade relativa mooia varia, durante 0 ano, na zona do Post Experimental, geralmente, ide 55 % a 88 %. .

Excepcionalm~nte, tem descido, todavia, a 32 %, 'em alguns meses A parte central da regiao do Caraculo situa-se na fai~a compreen~

dida entre as iscietas de 100 mm e de 250 mm, que.se estelnde,

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'.

RESERVA PASTORll DO CARACUlO

(ESBOCO GEOLOGICO)

14°------·--------~------------------77.

Q For

~ SA/A

~ ::>unas m.:;vczis ~ rczccznlczs

~ GrcZs. rT'It!lirinhOs.-"'~rc,.ario SOU!",

~ Gr,zs marinhoS-TqrC ·h;'rio info

_ Congio;"Q';rc!ldOS, grci~Jargilas, marg~5) c:.lcarios-Crltl~c,CO _ Ba~allOS-Crv.lli'clcc cz Po ~ t- Crcz.t dCICO

_ L~""l)S andlZs:licas <Z l,-aqu~t.icas-Jur.assico

REDUCAO DA CARTA DO SUL DE ANGOLA

NA ESCALA 1: 500 . 000

LIMITES GEOlOGICOS E :< TRAIDOS

DA CARTA DE W. BEETZ -1933

50 krn I

ESCALA GRAflCA

• ... ·~'i7;;'"~O:,..-.I~"'· -- . -.. -.. ..--

lEGENDA [ill] Xislos, calc.arios, grcZs-Carnorico (S. B~mb~ I

m Granilos-Anlcz-Cambrico

~ Dilllbas<l.s- Anlcz-Cambrico

mJ XiSlOS c\orilicos, c'orilo-rT\icax.is~o5 \O«.ndotongo 1

fB) Gncziss. quartzitas. mieaxistos-Arcaico lComplltxo dq

~ Marmor~s, "islos,quarlzilos - Arcaico (Complczxo dcz

_ Gncziss, anfiboliloS- Arcaico (Cornplczxo dcz 9.5 .. )

Bas .. -

OelS : J . M . Der Pitt .. Sin-.o q~

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JANEIRO A JUNHO -196'2 -,NOMERO 5

m.onos, paralelamente a costa. A precipita~ao media, entre 1948 e 1959, 101 de 211 nun. Mas 0 coeficiente de variabilidade e bastante grande - oerca. de 75 %, como valor medio, atingindo 137 % em M~amedes.

Em 1958, a queda pluviometrica total foi de apenas 13,0 mm 'l1quanto que em 1949 atingiu 603,5 mm. A distribui~ao da chuva, durante 0 ano e, aproximadamente~ a seguinte :

Janeiro a Abril ................ . Maio a Outubro .............. . iNowmbro a Dezembro

95 %

5%

E possivel verificarem-S'e 5 anos consecutivos com precipita~ao anual inferior a media, como aconteceu no periodo 1952~1956, em que alo ultrapassou 145 mm.

A precipita~ao media anual cresce, gradualmente, da costa para I) interior ate a zona de Vila Arriaga, na Serra cIa Chela. Sao os .eguintes os valores medios anuais da precipita~ao em varias esta­,&es mete'orol6gicas dispostas entI'e a costa e a Serra :

Mo~amedes ............................. . Caraculo (P. E.) .................... . Bruco ..............•...................... Vila Arriaga .......................... .

43 mm 211 mm 814 mm

1.340 mm

., A evapora~ao, em compara~ao com a precipita~ao, e muito J .•.•.... rande, pois chega a ultrapas~r. 2 metros" num ~no. A media anual :1 de cerca de'l.600 mm e a medl'a mensal e superIor a 80 mm. '~~ Apresenta~;..se no quadro s'eguinte, os valores obtidos para a

'Ivapora~ao total anual, durante 0 periodo de 1948 a 1959, emcomp'a-21gao com os da precipita~ao anual, durante 0 mesmo periodo: tiitf. ~

Anos

1'948 1949 1950 1951 1'952 1953

'1954 1955 1956 1'957 1958 1959

IpreCiPi~ao anual j Evapor~ao anual

(mm.) (mm.)

419,2 603,5 295,15 217,,6 145,4 551 ,61;5 87,0

I 66,2 328,0

13,0 246,7

(a) (a)

1.716,6 ,1.847,9 1.1'26,0 1.132,8 1.644,4 1.918,0 1.:657,8 1.190,7 1.780,0 2.282,0

(a) ~ Nao foram feitas observa~oes.

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10 . BOLE'1'IM DOS SiERVICas DE GEOLOGIA E MINAS

Verifica-'se assim que 0 balango hidrico da regHio e cara·clerizado por uma notavel deficiencia de agua, devido a exigliidade das precipi­tag5es. Deve notar-se, no entant<>, que 'as quedas pluviometricas, ocorrem, 'geralmente, em pequeno niimero de dias, em cada ano, sendo por vezes violentas e provocando inundagoes de 'curta duragao.

Segundo a publicagao «0 clima de Angola», 0 clima da regiao do Caraculd abrange dua·sfaixas de tipos um pouco diferentes: a primeira, a Oeste, correspond'e ao tipo E B'2d (arido, mesotermico, com deficiencia de agua) de THORNTHWAITE e ao tipo B Ww de KOEPPEN (clima seco de deSIerto) ; a segunda, a faiXJa mais estreita, a Este, cor:responde ao tipo DA'd de THORNTHWAITE (semi-arido, mega~ermico, com pequeno e nulo exceSSQ de agua) e ao tipo B Sw de KOEPPEN. Esta faixa faz 'a transigao do clima arido do deserto d'e Moga­medes, que se 'estende pela faiXJa anterior, para os dimas sub-hiimidos da Chela.

Geomorfologia

De:sde a Serra da Chela que limita, a Oeste, 0 planalto interior angolano, ate a costa, su~de-se um relevo em escadaria formado por quatro superfi'cies de aplanagao e cinco degraus. Estas superficies resultaram de sucessivos ciclos de p'ediplanagao que se processaram, dacosta para 0 interior, pela 'acgao da incisao progressiva dos cursos de agua, recuo das escarpas formadas e fenomenos de pedim'entagao concomitantes, em c1imas aridos, com chuvas ocasionais, separadas por longos periodos de seca, semelhantes ao actual, portanto. Estes ciclos de erosao processaram-se em todo 0 continente a,fricano mais au menos nas mesmas epocas,· resultando pediplanicies de grande extensao e uniformidade.

A Serra da Chela corresponde a montanha marginal que J

resultou dos movimentos que afectaram, na. parte ;final do Terciario, o SuI da Africa e dos quais resultou, tambem, a flexao em mon~ elinal das regiOes costeiras em direcgao ao oceano. Manrem-se a altitudes que variam de 1.500 m. a 2.600 m.

Passa ... se a primeira pediplanicie, a Oeste da Chela, por uut degrau constituido por uma escarpa quase vertical de 1.000 m ... dtt altura. A largura desta sU'perficie nao e muito grande, embora\ bastante irregular: no paralelo de Mogamedes e quase inex~stented alarga, progressivamente, para Norte ate 80 kms. A altitude e;l variavel, aumentando para Norte e para Este, de cerca de 700 m,'; a 1.500 m. Esta superficie. corresponde a um ciclo de erosao desenvolveu durante 0 Cretacico Inferior.

Passa-~, quase insensivelm:ente, a segunda pediplanicie a presentemente, na regia'O a Oeste da Serra da Chela, se apresenta maior desenvolvim:ento: na regiao do Caraculo atinge 100 kms.

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JANEIRO A JUNHO -19GB - NOMERO 5 11

lar,ura. A sua altitude aumenta, de SuI para Norte, mantendo-se, .proximadam~nte, paralela a superficie de pediplana-~iio anterior; mergulha tambem em direc~iio ao -oceano, cerca de 3 0/00. N a regiiio do Caraculo mantem..Jse cerca de 200 m. aba-i:x:o da superficie anterior. & povoada de numerosos «inselberge» correspondentes a superficie anterior e montes-ilhas, provenientes do rebaixamento da propria .uperficie. 0 cicIo de erosao correspondente a esta pediplana~iio desen­volveu-se entre 0 Senoniano e 0 Eocenico.

A terceira pediplanicie, resultante do ciclo de erosiio iniciado logo apos 0 levantamento do Continente, ocorrido no Miocenico e que aumentou 0 declive ja existente da zona costeira, surge a seguir .. um degrau cuja altura aumenta, gradualmente, de SuI para Norte. No. paraIeIo de Mo~8.medes este degrau e quase inexistente. A largura da actual pediplanicie, na regiao em estudo, e de cerca de 35 kms. mals, ao Sui de Mo~amedes, insinua-se na pediplanicie anterior, atingindo a Iargura de '50 kms. A sua aititudemooia e de cerca de 1500 ·m. e possui um pronunciado pendor em direc~ao ao oceano que ati'nge 8 0/00. 0 ci·do de erosao estende-se ate ao Pliocemco, altura em que se iniciou urn novo cicIo, tendo a - pediplana~ao truncado rochas do Complexo de Base, granitos e as forma~oes marinhas creta­cicas e terciaHas.

Em algumas zonas passa..JSe, abruptamente, desta peneplanicie para 0 mar; noutras, intercalam-se terra~os marinhos ou pequenas .uperIicies correspondentes a um ciclo de erosao recente, processado i. custa dos curs os de agua acluais.

A Reserva do Caraculo estende-se, quase exclusivamente,sobre as duas -pediplanicies formadas entre 0 Senon'iano e 0 Pliocenico. Na parte central, ocorrem montes remanescentes da superficie creta­'Oica (Serra da Lua) cujo numero aumenta com a -aproxima~ao da Serra da Chela. A medida que nos afastamos desta serra, em direc~ao i. costa, a planicie torna-se cada vez menos ondulada ate se entrar no deserto de Namib, cuja Iargura, reduzida a cerca de 9 kms. ao Norte de Mo~amedes vai aumentando para SuI, atingindo 60 kms. junto ao rio Cunene, na fronteira com 0 S.W.A. e maiores Iarguras ainda neste territorio.

A area da Reserva e atravessada por numerosos cursos de agua que se podem dividir em duas categorias: os rios que nascem na Serra da Chela e atravessam as p'ediplanicies, perpendicularmente a linha da costa, de acordo com 0 pendor geral destas: sao estes, de Norte para SuI, 0 S. NicoIau, 0 Kikali, 0 Piambo, 0 GiraiiI, 0 Bero e 0 Curoca.

E os pequenos cursos deagua designados na regiao por «Dambas» que drenam as aguas das precipita~Oes que ocorrem proximo do litoral.

A estes cursos de agua a£luem numerosas pequenas linhas de ,_ 'gua designadas por «mulolas», no SuI de Angola.

Os vales de todos os curs os de agua sao pouco profundos com as vertentes pouco inclinadas. 0 rio Giraul possui, no lent-ant 0, um canhao pronunciado.

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12 BOLETIM DOS· SERVIQOS DE GEOWGIA E MINAS

A Reserva do Caraculo situa-se na area da Copaifera Mopane (Carta Fitogeografica de Angola) que tem 0 seu limite 'Norte no rio Coporolo e se estencie para SuI, pela base da Serra da Chela, ate ao Ruacana e para Oeste ate ao Deserto. A vegetagao predominante e arbustivacom a Copaifera e varias especies de espinhosas, mas a regiao e cober'ta por um manto de gramineas que constituem as pastagens.

Hidrogeologia

A geologia da area da Reserva do Caraculo e poueo conhecida, em virtude de nao se ter efectuado ainda 0 levantamento geologico sistematico em escala adequada.

Procuraremos, no entanto, dar uma ideiados caracteres geoIo­gicos, particularmente litologicos, que condicionam a ocorrencia das aguas subterraneas.

o esbogo ge01ogico que se ap:resenta na figura 1 foi 'extraido da Carta Geologica do Sudo'este de Angola, elaborada par W. BEETZ.

A Zona LitoraI, de forma goes marinhas, cretacicas e terciarias, : fica fora da area da Reserva, a qual inclui apenas as formagoes com- i

preendidas entre esta zona e a Serra da Chela. Imediatamente .a Este da orla sedimentar aparece uma faixa

de rochas metamorficas do Complexo de Base - gneiss, micaxistos, quartzitos e anfibolitos. Esta faixa e estreita ao Norte de M~amedes mas, para SuI, os afloramentos destas rochas estendem-se ate 100 kms. de distancia., da costa. As rochas do Complexo de Bas'e contactam, a Este, com uma vasta maneha de granitos provenientes duma intrusao : pre-Cfunbrica. Este contacto e irregular ao Norre de Mo~amedes mas torna-se bastante regular de Mo~amedes para Este: corre segundo um alinhamento Este-Oeste ate 80 kms. da costa derivando daqui, bruscamente, para um alinhamento Norte-SuI. Junto ao rio Curoca reaparecem estes granitos, entre a mancha de rochas do Complexo de Base e a m·ancha de xistos metamorfizados do Sistema do Oendo­longo que se estende para SuI daquele rio. Os granitos rodeiam, completamente, as forma~Oes cambricas e siluricas da Serra da Chela (Sistema do Bembe).

Estas sao as unidades litologicas mais importantes. Ocorrem, entretanto, outras roehas, em afloramentos dispersos:

sao frequentes as diques de rochas ba'sieas prin,cipalmente de diabases, . tanto nos granitos como IIlaS rochas do Complexo de Base.

Encravados no granito, ocorrem retalhos de rochas metamorficas do Complexo de Base, como as que formam a Serra da Lua. Aparecem, ainda, afloramentos de rochas das formagoes da Chela que resistiram a erosao, formando «inselberge».

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JANEIRO A JUNHO -1962 - NOMERO 5 13

Sao conhecidos, na regiao, diques pegmatiticos e fHOes de quartzo, alguns dos quais com mineraliza~oes de cobre.

Segundo reconh'ecimentos efectuados, parecem existir pelo menos dois tipos de granitos, de idades diferentes. Esteassunto nao esta, todavia, esclareCido. As orlas de contacto dos granitos com as rochas metamorficasantigas apresentam, por vezes, notaveis caracteres de metamorfismo de ·contacto.

Nas zonas rnais aplanadas ocorre, por vezes, sobre os granitos, urna camada estreita de calcarea gresoso de cor castanho-clara, oontendo fragmentos de quartzo que, em alguns Iocais, assume 0

•• pecto detu·fo. Umas vezes aflora e outras encontra-se encooorta pelos depositos su.per.fi.ciais. Trata-se, provavelmente, de uma forma­gao do tipo «calcrete», deposito que ocorre com frequencia no SuI do Continente, nas regioes de dimas arido e semi-arido, sujeitas a longos periodos sem chuvas, cuja ori~m se atribui it precipita~ao de sais das aguas 'Subterraneas, no contacto ·com a superficie do terreno.

'Os granitos e as roc'has metamorficas apresentam-se, geralmente, alterados it superficie atingindo, por vezes, as zonas de meteoriza~ao intensa, mais de uma dezena de metros de ~rofundidade, em particular nas rochas metamorficas. Os afloramentos de granito apresentam, geralmente, esfolia~ao tipica devido a a,c~oes de altera~ao quimica e as varia~oes de temperatura.

As rochas descritas encontram-se, em gran des extensoes, recobertas por depositos superficiais ou provenientes da sua altera~ao ou de caracter aluvionar. Estes iiltimos encontram-se, exclusivamente, ao longo dos ,cursos de agua e nunca atingem grande espessura. Devenotar-se, Ino entanto, que, exceptuando os valres, as rochas encon­tram-se, muito frequentemente, desnudadas ou apenas com uma leve pelicula de depositos residuais. Os afloramentos do granito tomam, com frequencia, 0 aspecto de caos, notando-se entao um Gomplexo sistema de diaclases.

Embora lIlao tivesse sido fteito um estudo da tectonioa da regiao observa-lse, com 'as son/dagens, que tanto as granitos como :as rochas metamorfieas se apresentam fracturadas, ilntensamente diaclasadas e, em algumas zonas, co:m extensas fra'cturas, por onde circula'm as aguas su bterraneas.

Hidrologia

AGUAS SUPERFICIAIS

Dada a e:lCiguidade e irregularidade das preeipita~Oes p1luviome­trieas na:o e praticavel utHizar esta's aguas para osbas'tecimento de agua. Nao obstalnte, foram .construidas a'lgumas capta~Oes de aguas das chuvas aproveitando as superficil8's dos a·floramentos de grain ito regu­larizaldas com pequeno's anteparos de betao. Uma destas capta~oes foi cQlnstruida pelo CamilIlho de Ferro de Mo~amedes para abaste'cimento do apeadeiro dte Dois Irmaos (Caraculo ) .

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;1.4 BOLETIM DOSSERVICOS DE GEOLOGIA E MINAS

S6 em anos excepcionais de grandes precipitagoes e possivel recolher cdm e'ste metodo agua suficiente, mesmo para um pequeno abasbecimento.

Apesar das quedas pluviometricas nao ultrapassarem, na parte central da Reserva, 300 rom por ano, sendo a media 211 mm, a reglao e porvezes as'solada por inundagOes que :eobrem gran!de parte da regiao. Este fencSmeno deve-se, por um lado, 800 facto das precipitagOes ocorrerem em pequeno lIlr6.mero dte dias, muitas vezes duraJnte uma sematna 'apenas, e por qutro, ao' tram:sporte das agu'asacumulada!s lIla

regiao de grandes precipitagoes da Serra da Chela, pelas «mulolas». De . facto, a planicie tem um pendor geral para Poente, fazendo-se, por isso, a dren:agem das aguas superficiais neste sentido.

Tais inundagoes ocorl"eram em Margo de 1950, ano em que as precipitagoes totalizaram 295 mm. Mas apenas houve 26 dias de chuva e, do dia 16 ao dia 25 daqutele mes, cairam 114 'mm :de chuva.

As itnundagoes, todavia, desaparecem quase tao rapidamente como apareoom, dados 0 rapido escoamento e a elevada taxa de evaporagao. S6 dura1nte :cerca dla dois ou tres meses eapenas em anos excepcianais, e possivel enoontrar agua lD.a superficie kio te·rreno,· provenienrbe de circulagao stuperficialou das precipitagOes locais.

Os ·cursos de agua, mesmo 'Os maiores, que nasC'em lD.'a Chela, como 0 Bero eo' Giraul, na'O mantem circulagao superficial senao na epoea das chuvas havendd alnos seguidos em que lSe mantem comple­tamentese·cos.

As condig5es melhor8om quando nos aproximamos da Serra da Chela e pioram qua'ndo mos 'afastamos dela mas, dentro da area da Reserva, sao sempre desfavoraveis. T·ais condigOes implicama impos­sibiHdade de aproveitamento das agnas de circulagao superficial para abastecimentos de agua, de caracier permanente.

AGUAS SUBTERRANEAS

a) Aguas freciticas dos depositos superjiciais

E ~m facto bern conl1ecido que os aluviOes dos leitos dos curs~'s de agua desta regiao mantem toalhas aquiferas que se' mantem, em muitos casos, durante todo '0 ano e, quando nao decorre um longo periodo de seea, mesmo durante variosan.os coosecutivos. Estas too­lhas freaticas sao aproveitadas para a abertura de pequenos pogos­«cacimbas» - utilizados pelo gado.

Nao deve confUlnlCiir-se a ocorrencia das aguaJs dosaluvioes eujo nivel Be malIltem durante parte do ano, perto da superficie, com as aguas superficiais. De fa'ct·o, estas aguas subterraneas sao, por vezes, j captadas com pequenas cova\S, tomando oaspecto de charcos.;

As aguas dos aluviOes da's «mulolas» 'sao drenadas para 'Os cursos I ~ a'gtua maiores queatravessam a reg:i~o, de Este para Oeste, uma I parte das quais e. la'ngada no Oceano. Dizemos u:rn.a parte porque, ~.~ embora lIlao tivessem sido efectuados estU!dos so'brte este problema, esta.. :

J

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JANEIRO A JUNHO -196B - NOMERO 5 15

mos ccmvencidO's de que a descarga das aguas 'subterranea-sse faz em pane por evapora~ao Ie por infiltra~ao para as toalhas profundas.

Tem 'sido aberlos pogos e ,furos de sonda em zonas de aluviOes. Os caudais saomuito reduzidos, quanJdo 'se trata de toalhas freaticas aumentando, iCdnsideravelmente, quandose estabeiecemcondi~Oes de 'a rtesianismo , 0 que raramente aoontece.

Tem sido encontradas toalhas "'aquiferas tambem Inos depositos residuais de altera~ao da-s rocha-s, steln.do vulgar, lJ;l'a epo'ca das chuvas, 'ocorrerem 'pequenas IDascentes nas vertentes dos vales e nas encdstas Idas eleva~oes. 0 debito destas na-sde'ntes e sempre diminuto, dadas as reduzidas di'meD:sOes da 'Superiicie dea1imenta~a:o.

As prim~iras . sondagens de pesquisa efectuadas na Res'erva ca­pta ram aguas de toalhas aquifel"as formadas' nas zonas de meteoriza­gio da~s rocha'scristaHnas. Os caudais sao pequenos e muito variaveis, durarnted :81110, devid'O a fra£a permeab'ilidalde dos depositos formados palos produtos de altera~ao (las rochas.

As toalhas deste tipo formam-se, predominalD.tementte, no con­tacto dos prodJUtos de altera~ao com 'a rocha compacta ou nos primeiros metros desta rocha onde ocorrem fissuras abertas, por ond'e se processa mais rapidamente a alttera~ao. E frequente, quando uma sonJdagem atitnge uma tdalha deste tipo, '0 Illivel da agua'subir rum pouco 'acima do nivel de ocorrencia. Este artesianismo inicial desapareoo, porem, apos alguns dias de bombagem da agua.

Nao obstalIlte as caracteristicas de exiguidadJe e variabilidade dOs debitO's Ida generalidade das toalhas superficiais estas tem sido aprovei­'tadas para capta~Oes de ,agua. 'De fa'C1)() , tratando-se de abaste'cimentos de pequeno vultd, estas podem oferecer interesse, em particular se f'orem menos saHnas do qtUe as agua-s profundas que se pO'ssam captar numa determm'ada zona.

b) Aguas frootricas profundaJs e ariesia'OO.S

Na ocorrencia das aguas subterraneas profUlIldas devem cOlllside­rar-se, principalmente, aois tipos de rochas: os granitos e as rochas metamorficas das quais as maTS frequentes sao gneiss.

Os gra'nitos assumem um papel predominante porquanto e nestas rochas que se rem encontrad'o as toalhas 'aquHeras com maior interesse.

A toalha frleatica na's ro'chas grallliticas situa-se, geralmente, um pouco acima do conta:cto entre a rocha sa e a zona alterada. A.gua em quantidadesapreciaveis deve procurar-se, no 'entanto, abaixo da zona alterada, Ina zona de fractura~ao. Aqui a ocorrencia de agua depen.de, e'ssen.cialme'llte, da distribuigao de fracturasabertas, produzidas 'por ~ tensOes inter.n:as. A liga~ao entre as fraciurascondicionara 0 volume de agua armazenada e as cara'cteristica~s hidrologicas de cada toalha aquifera.

Deve In:otar-s'e que as fracturas aberlas Inao sao abUt1l!d'aIlltes, a baixd da toalha freatica pelo que 'a qualIrbidade de a,gua armazen:ada

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16 BOLETIM DOS SERVICOS DE GEOWGIA E MINAS

e, quase sempre, pequena. De 'facto, Ina reglao do Caraculo 0 maior caudal encontrado foi de 13.200 l/hora numa sondagem qu'e captou agua duma toalha sup'erficial e de varios outros niveis aquiferds. Todos O'S autores sao unaJnimes, de l"esto, em a'firmar que as rochas graniticas nao fornecem, habitualmente, grandes caudais e~ .compara~ao 'oom as rochas s,edimentares. Pode cOinsiderar-se um born resultado, 0 obtido pelas brigadas dos S. G. M. - 30 % das sondagens prod'utiva'S fome'Clem caudais superiores a 5.000 l/hora.

As propriedades hidro16gicas das' toalhas aquiferas profundas, dos gra1nitos, dependem ta'mbem da espessura e permeabilida,de da zona de altera~ao, da co'bertura de depositos superficiais e da's condi~Oes topograficas.

Nas sondagens de pesquisa de agua executadas na regia'o 'encon­trou-se agua sempre a menos de 50 m. de profunididade, tendo-se veri­ficado qUe nao interessa, em geral, ultrapa'ssar esta profundidade, situando-se as toalhas ,aquiferas com i1nteresse, geralmente, a me no's de 30 m. Isto 'Significa que a zona em que as fracturas se encontram abertas 'nao deve ultrapalssar, em geral, 50 m.

,Tutdo indica que a ,alimenta~ao das reservas aquiferas ste efectua a partir das aguas das toalhas freaticas superficiais ou, dire'ctamente, das a·gua·s de escoamento !superfic'ial. A 'ocorrencia dais aguas subter­raneas depende, por isso', !em grande parte, cas condi~Oes topograficas.

N as rochas metamorficas, a 'Ocorrencia das aguas subterraneas reveste~se de caracteristic·a·s semelha1ntes. A zona de fractura~ao e, geral­mente, mais profunda mas as fracturas !D.ao se ma'D.rem abertas a tao gra'ndes profu'D.di'dades 'como Illas rochas graniticas; as ZOlllas de alte­ra~ao sao tambem mais espe'ssas sendd, muitas vezes, em certos tipos, dHicil 'disti'nguir 0 tnivel a partir do qual a rocha se en1contra sa. Nos gneiss e xistos metamorficos as 'diaclases horizontais nao tem 0 desen­volvimento que, em geral, apresentam 'no'S gra'nito's e 0 caracter mais regular d3.s diaclases verticais tende a produzir um regim!e um pouco dHerente de circula~ao da agua, Inestas rochas. ,

Sendo a 'Ocorrencia das aguas profwndas, nas rochas metam6rficas, condicionada tambem pela 'extensao, forma, dimensOes e abertura das fracturas, qUa'se tudo que foi dito para os granitos pode generalizar-se a estas rochas. Tem-se verificado, no entanto, na regiao do Caraculo, que em ,certas rochas metamorficas e mais fa'oil encontrar toalhas aqui­fera'S do que InOS granitos.

A ocorrencia das aguas subterr8Jneas pode revestir-se de aspectos particulaI1eS nas zonas de contacto entre os granitos e as rochas meta­morficas assim como entre rocha's metamorficas de tipds diferente's. Os diques de rocha basiea actuam, geralmente, como barragens 'R cir­cula~ao da agua StUbterranea pelo que e frequente encontrar caudais apreciavei-s quando se .coTtam estas rocha·s. A exi'stencia de agua illaS

falhas depende da natureza do 'seu enchimento, 's."ondo vulgar estas estruturas desempenharem 0 papel ,dos diques, quando se encontram preenchidas com fetnehimentos Jiloneanos. Tem muito interesse as 'falhas mais recentes, com e'nchimento poueo argilos·o e a's brechas. As zonas

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·JANEIRO A JUNHO-196B-NOMER05 11

afectadas por £-alms 'sa:o sempre importantesp'ara ,a ocorrencia das aguas .ubterra,neas em virtude de cOOl'Stituirem z'onas dte itnten.sa fract,ura~ao ., geralmente, de profunda altera~ao das rochas.

Da's .caracteristicas hidrogeolegicas gerais das aguas subterraneas nas rochas eruptivas e mtetamerficas sohressai a gr8!Il!de irregularidade da sua ocorrencia, assunto que sera tratado' com pormenor mais adiante.

Sao es'cassos os elementos de que se dispoe 'sobre a alimenta~a'O 'e descarga natural das toalhas aquiferas e sobre '0 regime de circula~ao da 'agua subterranea.

A grande deficiencia deag,ua que a escassez da's precipita~Oes, em compara~a'O 'com a elevada evapo'ra~ao, !nos obriga a admitir, faz com que MO se possa aceitar como provavel que a alimenta~ao das toalhas aquifer-as 'se fa~a, predomilna1ntemente, 'a partir das precipita~oes locais. E muito ·mais provavel que a recarga se faga a partir da's aguars que circulam nos aluviOes d'Oscursos de agua quase sempre muito per­meave1s e portadores ate de toalhas aquiferas que, em alguns 'cas os , se mantem vari'Os anos. Ha indicios, p'Or outro lado, de que nos cursos de agua mai'Ores as l'Ieservas das to'alha's aquiferas dos aluviOes aumentam a medida qu~ os rios se aproximam do lit~ral. Alguns destes rios possuem um verdadeiro curso subterraneo .cujocaudal vai aumenta!ndo, pro­gressivamente, para Oeste.

o sentido geral do esooa1mento das 'aguas ;$bterr8lneas deve coin­cidir, porta'nto, com '0 pendor geral da pedipla'Ilicie.

Os resultados de algumas observa~Oes dos niV1eis Ida agua das capta~oes po'r sQrrdagens, feitas na regiao, indicam oseguinte :

1) 'De 1952 a 1957, periodo em que choveu uma media de 83 mm por ano (.cerca de 40 % da .mooia atnual), os Inlveis da agu:a d1asceram em cerca de 80 %' das sandagens.

Algumas sondagens acusaram pequenas subidas de myel, apes as epocas de 'chuvas, tnato suf~icientes para recuperarem 'Os Illiveis iniciais.

2) 'De 1956 a 1957, em c'erca de' 60 % das sondagens, subiram os mveis da agua. Durante este periodo de tempo, ,a queda pluviometrica foi excepcional- 328 mm -155 % da media 'anual de do~ anos.

E notavel 0 facto de 40 % das sondagens em observa~ao acusarem descida dos niveis da agua mesmo apes um ano de chuvas excepcionais 'como 0 de 1957.

3) Entre 1958 e 1959 apenas 27 % das sondagens observadas acusaram subida dos !Iliveis da agua. 1959 foi um ano dre chuvas abun­dantes - 246,7 mm.

4) Comparand'O ·os nlveis da agua em 60 sondagens de observa~ao, desde as datas da sua conclusao ate ao final de 1959, concluiu-se :

a) Verificaram-se descidas dos niveis da agua em 52 sondagrens, isto e, em 87 %.

b) Os 'abaixamentos totais dos nlveis sao muito varia­veis, entre 0,15 e 19,30 m.

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18 BOLETIM DOS SERVICOS DE GEOWGIA E MINAS

Estes resultados conduzem a uma conclusa'O geral que deve consi­derar-se da maior importancia e que revela uma situa~ao qU'e tem de ser encarada com a maior urgencia pois pode por em risco todo 0

empreendimento da cria~ao de 'ovinos: as reservas aquHeras estao a diminuir, progressivamente, e as chuvas tem sido insuficientes para produzirem a sua recarga. Este ·fa-cto tem sido apontado nos relatorios dos S. G. M.

QUALIDADE DAS AGUAS SUBTERRANEAS

As aguas captadas destinam-~, fundamentalmente, aos gados, particularmente aos ovinos. Mas, em carla concessao habitam varlas pessoas, pelo que e necessario preyer, tambem, 0 seu -abastecimento. Este facto complica bastante (, problema porquanto as aguas das toalhas aquiferas -encontradas, ate agora, sao bastante salinas.

Os criterios que fixam os limires de salinidade das aguas desti­nadas a alimenta~ao humana sao variaveis de p-ais para paise de regiao para regiao. Os limites de salinidade total nao bastam, alias, para classificar uma agua destinada a a1imenta~ao humana ou dos animais. Determinados constituintes, como os fluoretos, nao sa-o toleraveis senao em quantidades minimas. Os varios autares nao sao tambem unanimes na fixa~ao dos limites de mineraliza~ao das aguas para este fim .

. Na regiao do Caraculo tem sido adoptado 0 limite de 1,5 gr/litro para a mineraliza~ao total das aguas destinadas a a1imenta~ao humana.

Quanto aos limites de min:eraliza~ao das aguas destinadas ao gado variam, necessariamente, com as varias tespecies. Os sais mais agres­sivos sao os sulfatos de calcio e m'agnesio e em seguida os carbonatos e cloretos de s6dio e potassio. Tal ·como para 0 homem, a tolerancia a uIna determi1na·da agua depende tambem da qua'ntidade de agua ingenda di!ariamente, das concentra~oos dos sais dissolvidos e da propor~ao relativa destes. Na Africa do SuI admite-se, de uma forma geral, 0

limite de 6 gr /litro para ovinos e bovinos de manadio podendo, em periodos de emergencia, adopt·ar-se 0 limitte de 10 gr/litro. Para os cavalos de tiro, os bovinos estabulados e os sumos admite-se ap'enas 3 gr/litro.

Com esta base, podem classificar-se as 112 aguas analisadas no Laboratorio dos S. G. M., nos seguintes grupos :

Mineraliza~ao total inferior a 1,5 gr/litro ............ 26 Mineraliza~ao total entre 1,5 e·3 gr /litro ............ 39 -Mineraliza~ao total entre 3 a 6 gr /litro ............ 27 Mineraliza~io total superior a 6 gr/litro ............ 20

As amostrasanalisadas foram colhidas duas em fontes naturals, duas em po~os ordinarios e as restantes em capta~Oes por sondagens. Segundo 0 criterio adoptado, das 112 aguas analisadas, 92 sao apro­priadas para os ovinos e 26 para a alimenta~ao humans, tambem.

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ANALISES DE AGUA DIAGRAMA OE PIPER

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N! Capta~o Total sol. pH N! Capta~o

Total sol. pH H! Capta~ao Total sol. pH Diss. (mg/l J Diss. (mg/l ) Diss.(mg/l J

1 5-131 15.550 ".1 11 S-144 768 6,9 21 s- 174 990 7,2

2 S-132 5.666 7.5 12 5-146 1.372 7,0 22 S-137 6.8 14 5,4

- 3 - - S-:--1"33 _. ' 3;-5~4 ' 6;8 '-- ~1-3~-' ~S'-'148'~ .- 3 ;871 _. 7.1 - 2"3 ' S--113 ---"--8 -99 7; 1

4 S-134 1.760 7,0 14 S-149 2 .616 7,2 24 S-179 471 6,3

5 5-135 2.168 7,8 15 S-150 5.772 7,3 25 S-162 3.1 23 5,9

6 S-137 2.356 6.7 16 S-152 7.258 6,9 26 S-109 815 7,1

7 5- 138 2.309 7,0 17 S-163 1.600 6,5 27 5-102 820 7,1

8 S-139 2.392 7.1 18 S-166 4 .302 5,8 28 S-118 1.014 7,2

9 5-141 5.074 7,1 19 5- 167 3.560 7,5 29 ·5- 119 753 7,7

10 5- 142 8.160 ~1 20 5-168 1.137 7,1 30 S-121 1.18a 7,8

Esclolia dos dil.lm~tros

mg/litro

O"s .: J . M. 0 .. Pitta s imoes

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JANEIRO A JUNHO -1962 - NOMERO 5 19

Quase todas .as aguas sao cloro-sulfatadas e altamente minera­lIzadas sendo a sua constituigao bastante uniforme. 76 % possui mine­ralizagao total superior a 1 .. 500 mg/litro.

o pH destas aguas varia de 5,4 a 7,8 sendo os valores mais frequentes ligeiramente superiores a 7.

Os teores rem silica sao sempre elevados - superiores a 50 mg/litro o que equival:e a teores relativos de 0,3 % a 8 %.

A fim de efectuar um estudo comparativo dos varios tipos de ',ua encontmdos, reuniram .. se no diag,rama de PIPER (fig. 2) os resultados de algumas analises, representativas dos varios locais onde Ie captaram aguas subterraneas.

A analise do diagrama, mostra que:

1) As aguas ca'ptadas sao caracterizadas por uma grande unifor­midade de constituigao. Todas sao, com raras excepgoes, altamente mineralizadas e cloro-suHatadas.

2) No diagrama dos anioos ve-se que os pontos representativos das analises se acumulam num pequ'eno sector,correspon.'dente a altas percentagens de cIoretos (compreendidos entre 50 % e 100 %) e medias percentagens de sulfa tos (0 a 20 %).

3) No diagrama dos catiOes, a dispersao dos pontos e maior do que no anterior. A percentagem de calcio e inferior a 60 % e a de magnesio inferior a 50 %. As percentagens da associagao sodio + potassic lio muito variaveis, de 10 % a 100 %.

4) As aguas assinaladas com os numeros 11 e 22 sao de tipo um pouco di£erente de'todas as outras, em particular a primeira que apre­senta nltido predominio de carbona tos.

5) 0 estudocomparativo dos tres diagramas mostra que as varias aguas constituem estadioscorrespondentes a graus de «conC'entragao» crescente em cloretos, em detrime~to dos carbonatos.

Os elevados teores em cloretos nao estao, de modo afgum, de acordo com .a composigao quimica das rochas que armazenam as aguas .

. :I interessante, todavia, notar que estas aguas apresentam constituigao identica as qure ocorrem nos granitos antigos do norte do Transval e da parte noroeste da Uniao Sul-tA.fricana. Naose encontrou ainda ex­plicagao plausivel para 0 facto de estas aguas se aproximarem mais do tipo das aguas oceanicas do que das aguas salinas tipicas das regioes com climas ari!dos.

Nas aguas oceanicas, a relagao entre os aniOes 'e: CI S04 COg enquanto que nas aguas do tipo desertico, sregundo LINDGREN, a relagao e: CI COg 804 •

As aguas da regiao do Caraculo sao dos dois tipos: CI 804 COa e C1 COa S04 e 0 diagrama de PIPER sugere que elas derivam de aguas carbonatadas as quais se adicionaram quantidades variaveis de cloreto de sooio. I

A origem do cloreto de solido deve encontrar-se, provavelmente, na in£luencia do oceano. De facto, observando a localizagao das aguas

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20 BOLETIM DOS SERVICOS DE GEOLOGIA E MINAS

analisadas verifica-se que ha tendencia para a mineraliza~ao total e para a concentra~ao em cloretos aumentar nas concessoes situadas mais proximo do li toral.

Por outro lado, quanta maior e a miheraliza~ao total das aguas maior e a concentra~ao relativa 'em cloretos.

BoND atribui as elevadas concentra~Oes em cloretos e sulfactos das aguas dos granitos do noroeste do Transval ao transporte de sais pelos ventos predominantes que sopram do Ooeano indico. Pode atri­buir-se, identicam~nte, a salinidade das aguas do Caraculo ao trans­porte de cloreto d~ sodio do Oceano Atlantico dado qU'e os ventos pre~ ddminantes sao de Oeste e Sudoeste. Mas, certamente, a aridez do clima onde se situam quase· todas as concessOres, tem influencia na elevada mi­neraliza~ao que a generalidade das aguas apresenta.

E ja importante verificar-se que as aguas aprtesentam fortes con­centra~oes, em graus variaveis, de -cloret<> de sodio. Mas este as'sunto deve ser aprofundado visto que algumas SODJdage'ns tiveram d'8 ser aban­donadas devido a excessiva lIDineraliz·a~ao das agua's encontradas.

Nao' existe qualquer processo economico de melhoramento IOU

correc~ao das aguas deste tipo pelo qu~ 0 unico camilnho viavel seria evita-las. Conviria, por isso, procurar por todos os meios d·eterminar os factores que condicionam a s,'ua ocorrencia.

o grande :numero de a1ruilises quimicas de que se dispOe sao uma base fUllldame'ntal para d estudocompleto deste problema. Conviria efectuaranaHses quimicas tambem, das varias rochas 'atravessadas em cada Slondagem bem como dos depositos de altera~ao das aguas de cir,cula~ao superficial, etc. Conviria averigu'ar d'8 que modo os varios tipos de .rochas influenciam a c()lnstitui~ad das aguas. Sabe-se que a camada de calcario gresoso que 'Ocone a superficie, e·mcertas zonas, torna as aguas muito salmas ma·s esta form'a~ao nem semp:rte aparece.

E aconselhavel tambem, uma vez que se utilizam, de forma siste­matica, os metodos geofisicos Ina prospec~ao das aguas, que se ten.te delimitar as z'onas de maior mi'neraliz.a~ao das aguas. Para isso, e inldis­pensavel estabelecer correla~iio e'n.tre os penis hidrogeologicos de sO'll­dagens m'ecanicas, caracteristicas, e diagramas .d~ sondagens el&ctricas efectuadas nos mesmos locais. Entre as sotndagens deca'Pta~iio ja con­cluidas, reunem melhores condi~Oes para esVe efeitoas In.OS 7, 27, 109, 174, 144, 21, 119, 102, 179, 2, 13, 23, 56, 79, 83, 88, 94, 97, 131, 152 e 159.

Metodos de prospec<:ao, pesquisa e capta<:ao das aguas

o elevado coeficiente de variabilidade e a reduzida intensidade das quedas pluviometricas e 'a ausencia de circula~iio superficial nos cursos de agua, durante a maior parte do ano, fazem com que se ponha de parte 0 aproveitamento das aguas superficiais.

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A iinica solugao para 0 abastecimento de agua, mediante 0 apro­veitamento dos l'IS'cursos naturais da propria regiao, reside na c·aptagao de agua's subterraneas.

A prospec~ao e pesquisa das aguas freaticas superficiais e relati­vamente facil porquanto a sua ocorrencia anda ligada ou aos leitos areno­lOS dos cursos de agua ou as z·ona's de alteragao das rochas eiuptivas e metamorficas. Sao aguas pouco profundas .cuja prospecgao e, normal­mente, efectuada pelos caracteres superficiais de natureza morfologica e geologica.

A utili~agao da fotografia aerea, conjugada com OS metodos de prospec~ao geofisica, em particular os electricos, podera, sem diivida, tornar uma tarefa simples a localizagao de noalhas aquiferas deste tipo. A missaoconereta dos metod-ds electric'Os seria a delimitagao das zonas de alteragao das rochas IC a determinagao da sua e'spessura.

A captagao destas ag;uas tem sido feita, pri'n'Cipalmente, por son­dagens embora tambem haja alguns pagos ordk"'larios. 0 auto'r e de parecer, InO elD.tainto, de que it pesquisa por sondagens se deVlaria r.seguir a captagao destas agu'as por pogos de gra'nde diametro. Na verdade, lendo os caudais, geralmente, reduzidos, havera v,antagens em dispor de depositos taogra'nders qualnto possivel para armazenamento da agua fora do periodo de bombagem. Estes pogos podem S'er facil e economi­camenta cdnstruidos com a:neis de betao ou tubos de ago, de, grande diametro. Este tipo de captagoes estara especialm'ente i,ndicado nos casos em que 'o's caudais sao tao r8lduzidos que rnao p.ermitem ~ma extraegao conti'nua, dura'nte algumas hora's, com debito razoavel.

A pr-o'sptacgao das aguas profundas reveste-se de gra1ndes dHicul­dades, em virlude da~ cara'cteristicas geologicas que condiciona'm a sua ocorrencia. Nao ha, praticamente, imdices de superficie 'seguros para a sua localizagao. A fotografia aerea tem sido um grande a,uxiliar, no entamto, 'naselecgao ,das zonas mais favdravtais it ocorrencia destas aguas, permiti1ndo, em muitos casos, orientar a pesquisa.

A irregularidade de ocorr€incia da's aguas deste tipo, a dificuldade em encontrar agua com saliinidade suficientemenbe baixa e 0 numero cada vez maior decaptagoes, em cada concessa,o', tOl'lna cada vez rnais dificil a localiz.agao de novas captagoes, utilizaveis.

as metados geofisicos estao, ,naturalmente, i'ndieados ina prospec­~ao desta's aguas. No caso de ser necessario dar cumprirn:ento a um programa vasto deconstrugao de captagoes de aguas s;ubterraneas, 0

autor sugere a seguinte orientagao para -a utilizagao racional destes metodos':

1-Com base na fotografi.a 'aerea ja existente, elabora~ao da interpreta~ao fotogeologica da area da Reserva, completarla comalgu'lls reconhecimentos 'no terreno, na's zonas de maiorooberlura vegetal, iIl'aquelas em que houver diividas na interpretagao e onde for rnecessario verificar a exisre.ncia de quaisquer facies ou estruturas. Este trabalho podera ser efeetuado por ;um drD'S fotogeologos nacionais em 4 ou '5 meses, ilnc1ui'ndo urn peri-odo de trabalho de C-R'mpo.

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22 BOLETIM DOS SERVICOS DE GEOLOGIA E MINAS

Ficar-se-ia, assim, adispor de uma Carta Geologica na escala 1:40.000, com indicagao das varias formagoes, res~ctivos contactos, defionigao dos principais alinhafmentos estruturais, zan,as de grande coberlura de depOsitos superficiais, etc.

2 - A carta geologica permitiria a selecgad de zona'S favoraveis para a implantagao de plalnos de prospecgao geofisica.

'Os metddos geofisicos mais B.!dequados sao os elootricos e os me­lhores resultados obter-se-ao, sem diivida, mediante a utilizagao do metoda' de resistividade, cOnljugallldo os resultados das sondagens elec­tricas com os perfis e cartas de resistividades. Os gra1nitos sao um meio onde 0 metodo de resistividades fo'rlnece optimos resultados praticos na defiJnigao das estruturas, fra~ra'S e outros acidentes geologicos.

A .carta geologica fOl'llleceria, tambam, elementos sobre a orlen.­tagao geral das estruturas e aciden:bes geologicos que conviri'a ilnvestigar, I

cujo conhecime'nto e indispensavel para a impla,ntagao dos pIanos de prospecgao.

3 - Sena convenrente a e~cugao previa de planos de prospecgao de caracter region,al para selecgao das zonas mais favoraveis, sob 0

ponto de vista geologico, a ocorrencia de agua subteTranea. Em cada uma destas zonas exe cutar-se-i am, depois, pIanos de tipo local, de por­meDlor, que permitiriam a Idcalizagao da's sonJdagens de pesquisa.

Obter-se-iam, sem diivida, melhores resultadOls se fosse possivel nao sujeitaT, i'nteiramente, a localiz'agao dos pontoS de abastecimento de agua aos limi tes das pastagens previamente demarcadas, isto a, ge' fosse possivel estabelecter .os limites das ooncessoes, de acordo com as condigOes h~drogeologicas de cad a zOlIla de pastagem.

Ate agora, alem das conce'ssOes serem demarcadas previamente, tem sido fixada, dlelntro de cada .concessao, uma QU mais aTeas nas quais 'Sa impoe a localizagao dos pontO'S de abastecimento de agua, por questOes de pastagens. Este. procedimem.to tom8 0 problem~ da locali­zagao das captagoes, ja de si delica'ilo em toda a ,regiao, de uma difi­culdade ~norme. E, na realidade, de pouco servira a utilizagad de meto­dos de prospecgao geofisicos, geologicos ou quaisquer outros, 'Be a localizagao de cada captagao ficar c,Qlndi.cionada a algumas dtezenas de hectares, ape'nas. 0 papel dos metOldos de prospecgao e' a escolha das zonas £avoravei's a ocorrencia de agu'a e, por cOlIlsequencia, qualquer limitagao de area so .a;umentara as dificuldades.

f3e.ria indispensavel qU'e, no futuro planeamento das reservas, se adoptasse 0 procedimemto que 0 autor recomenda que em !Dada preju­dicara a'e;xploragao pecuaria d~_ .cada con~ssao, e, pelo contrario, so tra'ra b~neficios. N a verda1dte, evitar-se-a que uma oonoossad com con­digoes favoraveis de abastecimento de agua £ique contigua a outra com mas condigoes. Apos a selecgao das zonas favoraveis e a execugao das sondagens de pesquisa, localizada's por forma a atender-se, simul­taneamente, as caracteristicas hidrogeologi.cas mais favoraveis e as condigoes exigidas pela pastoricia, proceder-se-iaao parcelamento das

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()oncessOes e a localiza~ao dennitiva das capta~oes. Se tal nao p)ltder ,,'r feito deve, pelo man'os, procurar ... se nao por condidonamentds, dentro de cada concessao, a loca1iza~ao das capta~oes, fazen.do-se· 0

trattlsporte ou bombagem da agua quando estas nao pos'sam construir-se lJ1as melhores areas de pastagem.

Antes de sa iniciar a aplica~ao, de forma si'stematica, dos metodos ,eofisicos,conviria que se realizassem ensaios nas zonas onde ja existem oapta~oes, por £orma a poder aferir-se as grantdezas fisicas medidas pelas caracteristi-cas hidrogeologicas. Nestes ensaios, conviria seIlOOCio­Il:ar os varios tipos de forma~oes existern.tes e os varios tipos de aguas, lOb 0 pdnto de vista. de mineraliza~ao. So apOs a execu~ao d'8stes e'nsaios sera possivel a determina~ao concreta das condi~Oes de uti1iza~ao dos metodos geofisicos, isto e, dos processos a adoptaT, tipos de equipa­mentos, dispositivos de meldi~ao, etc.

Como dos relatorios ddS trabalhos efectuados ate agora nao cons­tam as perfis geologicos das son dagens , nao e possivel seleccionar aquelas que melhor serviriam paTa termo de compara~ao. Essa esoollia pOde ser facilmente efectuada, porem, mediante 0 exame da's amostras geologicas que se encontram arquivadas :nos S. G. M. De uma forma geraI, pode di~r-se, entretanto, que conviria escolher para locais das primeiras sondagens electricas aquelas em qU'8 as sondagens de pe'squisa e capta~ao cortar~m zonas de altera~ao 'excepcianalmente espessas, oInde estas sondagens fomecem graridte'S caudais e aquelas em que a minera­liza~ao da agua e au muito elevada ou muito baixa. Conviria tambem obter sondagens electricas - tipos de cada um'a das forma~o'es aflo­rantes - gneiss, granitos, micaxistos, etc. Qnde se 'Sabe que as sanda­gens de pesquis'a atr.avess'aram contactos OU outros acidentes geoI6gioos conviria executar perfis de resistividades a varias profundidades.

Estes ensaios na-a oferecem dificuldades 'llotaveis. Nas sondagens electricas mo sera lIleooss'ario, ceriamente, lirnhas 'de emissao 'SuperilQre's a 2.000 metros.

Como base topografica, para impla'Ilta~ao dos plalnos de prospec~ao geofisica pdde utHizar-se a fooografia aerea que tern sido usada para a i:mplalllta~ao das 'Sondage'ns de pesquisa. Da fotograofia aerea foram extraidas plantas topograficas parci'ais cujos originais S'8 encontram arquiv-ados na sede dos Servi~os de Geologia e Minas, em" que se encdn.­t:r:am localizadas todas a's sondagens de pesquisa e capta~ao de agua, bem como oS limite'S d.·as conCl8ssOes, 'as estradas e «picadas».

Apos a execu~ao da prospec~ao gedfi.sica e da elabora~ao de uma srntese dos respectivos resultados e dos elementos g\eologicos que for possivel obter, pelo exame .ouida'do'so da s,'uperficie dd terrano, ha que proceder a pesquisa da agU'a. Esta deve ser efectuada, como ate agora, por sondagens de percussao. Em virtude das caracteristicas mec8.'nlca's das rochas da regiao e de outros factores as sondagens salo de 'execu~ao muito dispendios'a. Um sondador experimentaldo obtem avan~os medios de cerca de 1 metro por turno de trabalho, co'm os diamletros usuais, que conduzem a um ·custo medio da or.dem de 1.600$00 por metro de

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24 BOLETIM DOS SERVIQOS DE GEOWGIA E MINAS

sondage·m. Desde que os trabalhos de prospecQao sejam plalZleados eriteridsamente, eles deverao representar, por i'sso, ;uma pequ1ztna parte do custo da pesquisa e captaQao da agua.

As sondagens de pesquisa devem Sler executadas, 'normalmente, com diametros tais que permitam a sua utHizaQao como captaQoes per­manentes. Em ·certos casos, porem, pode ser vantajoso fazer a pesquisa com diametros reduzidos 'e alargar, posileriormente, as sondagens.

Pode ser necessario, em certos casos, POllCO frequentes, utilizar revestimentos nas eaptaQoes. 0 processo mais economico e a utilizaQao dre tubagem de aQo. Raras VleZes sao necessarios drenos mas, no caso de issoacontecer, os proprios tubos de revestimento, perfurados, cons­tituem uma boa soluQao.

Gomo se refreriu atras, geralmente nao ha vantagem em levar as sondag.ens de pesquisa a mais dre 50 metros de profundidade.

Quando os caudais sao fra'cos e a agua provem de pequenas frae­turas das rochas, abaixo da zona de meteoriz'aQao, pode obter-se melho-, ria das ·caracteristicas hidrologicas das captaQoes com 0 emprego de explosivos. A pratica dreste processo l'Iequer, no entanto, cuidados espe­ciais a fim de os resU'ltados nao serem contraproducentes. A utilizaQao dos metodos electricos pode, fornecendo elementos sobre a estrutura das formaQoes lem causa, orientar 0 emprrego deste processo.

As captaQoes por sondagens sao, normalmente, equipadas com bombas manuais, bombas accionadas por moinhos de vento oU moto­-bombas. Os moinhos de vento tem dado bons resultados quando se pretende uma bombagem continua de algumas horas a, sobretudo, quando os niveis dinamicos atingem grande profundidade.

UTILIZAQAO DOS METOD OS DE RECARGA ARTIFICIAL

Como vimos, as observaQOes hidrologicas efectuadas levaram a concluir que as reservas aquiferas subterraneas da area da Res'erva Pastoril tendem a diminuir, gmdual e constantemente, tendo sido, desde 1952, as chuvas insuficientes para produzirem a sua recarga.

A causa principal da diminuiQao das reserv·as aquiferas deve ser a extracQao intensiva que se sobrepoe 'as perdas naturais por escoamento subtrerraneo.

Embora nao s'e disponha de um periodo suficientemente longo de observaQoes meteorologicas e hidrologicas naoe de preyer que, no futuro, as quedas pluviometricas ou 0 escoamento suprerficial aumentem tao sensivelmente qU'e a situaQao presente se modifique. Ha que tomar providencias quanto antes. Nao e possivel, sem estudos e ensaios com­pI'etos, indicar, com seguranQa, as soluQoes possiveis para melhorar a aHmentaQao das toalhas aquiferas. Primeiramrente, e necessario deter­minar, com rigor, ocomportamento das toalhas aquHeras, em face da variabilidade das chuvas e do escoamento superficial. Para isso, e pre­ciso dispor de varios po-stos ud'Ometricos e evaporimetros, convenietnte-

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mente dispersos pela regIao, postos de observagao do regime de escoa­mento dos cursos de agua, sondagens de observagao, .em toalhas aqui­feras de varios tipos, nas quais Dao se proceda a extracgao da agua • dispositivos de medigao dos caudais diarios extraidos de varias ·capt·a­goes que se encontram, habitualmente, 'em servigo.

Uma vez quese conhega, com suficient\3 aproximagao, 0 regime das aguas subterraneas no que diz respeito a sua alimentagao 'e des­oarga, bem como 0 regime das aguas de escoamento superficial e das quedas pluviometricas, ha que escolher os metodos adequados para .uprir 0 desequilibrio quese tem notado.

Este estudo, porem, impoe-se com urgencia e com .maior acuidade do que a pr6pria construgao de novas captagOes.

Ultimamente, tem-se divulgado bastante, em particular no sudoeste dos Estados Unidos da America, os metodos de recarga artificial das toa­lhas aquiferas subterraneas. Estes metodos p'ermitem contrabalangar 0

desequ"ilibrio provocado pela extracgao in~nsiva e pelas secas prolonga­das. Sao variadas e complex,as as tecnicas que se podem adoptar em -cada caso, --dependentes das caracteristicas hidrogeo16gicas de carla regiao.

Dadas as condigoes hidro16gicas da regiao, 0 processo a ensaiar em primeiro Jugar deve ser 0 da construgao de pequenos agudes subter­raneos nas «mulolas», por forma a retardar 0 escoamento dos seus oursos subterraneos. Depois d~ convenientemente estud.ado 0 problema, 8ate processo pode ser, eventualmente, combinado com a utilizagao de londagens absorventes, convenientemente localizadas e e qui pad a s.

Os metodos· geofisicos pod~m auxiliar muito a escolha dos melho­res locais para a implantagao destas sondagens, como e evidente.

Posic;ao actual e desen vol vimento futuro do abastecimento de agua

Segundo os relat6rios elaborados pelos engenheiros Jose dos Reis Fernandes Rebolo eManuel Guilherme Veiga, dos Servigos de Geologia 8 Minas de Angola, 'a situagao geral do rabastecimento de agua 'em 1960, Ira a que s'e apresenta no quadro junto.

Indica-se, neste quadro, 0 gado existrente, em cada concessao, .egundo a informagao prestada pelo Posto Experimental do Caraculo 8 inserida no «Relat6rio dos trabalhos de sondagem para abasteci­mento de agua a Reserva Pastoril do Caraculo», de 1958. Nao foi indi­oada a existencia d~ gado em algumas concessOes sendo de sup~r que lata e muitoreduzida, inferior a media da das restantes concessOes. Adoptou-se,por isso, este valor para 0 calculo dos oaudais maximos~ oonsumidos diariamente.

Consideram-se sondagens utilizaveis as que possuem caudais supe­rlores a 200 l/hora deagua ·com mineralizagao total igual ou inferior A '6.000 mg/litro.

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26 BOLETIM DOS SERVICOS DE GEOLOGIA E MINAS

No calculo dos caudais disponiveis considerou-se um periodo de bombagem maximo de 10 horas em cada ilia e tomou-se apenas 60 % do caudal inicial de cada capta~ao.

Designamos por capta~OeS aproveitadas as que tem sido utili­zadas de forma permanente ou resporadica e por capta~oes sem utiliza­~ao as que nao tiV'eram ainda qualquer utiliza~ao.

o exame do quadro permite chegar as seguintes conclusOes:

1-Considerando 0 caudal total disponivel em cada concessao, verifica-se que nao so a agua e suficirente para as necessidades do gado 'existente· como taivez haja ate agua em excesso.

Deve, entretanto, notar-se 0 seguinte: Os caudais tem decrescido, constantemente, sendo conhecidos

casos de completo esgot'amento. E provavel portanto que, em alguns casos, os caudais atinjam brevemente um nivel inferior ao qu~ !he foi atribuido.

A 'utiliza~ao das capta~Oes dep'ende, essencialmente, dos campos de pastagem. Nas epocas de seca prolongada, esgotam-se numerosos campos de pastagrem onde se encontram capta~Oes disponiveis que nao podem, por esre ,facto, ser utilizadas.

2 - Mais de 30 % das capta~oes existentes nao tem utiliza~ao, embora a agua seja de qualidade aceitavel. Em algumas concessoes nao se chegou mesmo a utilizar qualquer das capta~oes 'existentes. E possivel que este facto seja drevido 'a deficiente localiza~ao das capta~oos em rela~ao aos campos de pasta'gem. De qualquer forma, so devia construir-se uma capt.a~ao depois de estar garantida a sua utiliza­~ao, ainda que de forma MO permanente porque as capta~Oes por sonda­gem, abandonadas durante longos period os, acarretam gran des des­pesas para serem retomadas.

3 - Na maioria das conC'essoes e ainda pequeno 0 numero de eabe~asde gado ovino, devendo prever-se :umacrescimoconsideravel do consumo de agua em quase todas as concessoes. E interessante notar qu~, em algunscasos, os ovinos consomem, presentemente, menos agua do que 0 gado doutras especies 'existentes nas concessoes.

4 - Do quadro sobressai 6 numero avultado de sondagens de pesquisa executadas em catd'a conC'essao. N ota-se, na realidade, um esfor~o constante para prover cada concessao da quantidad'e de agua pedida pelo Posto Experimental ou pelo Gremio dos Criadores.

Em 186 sondagens de pesquisa aproveitaram-se para capta~oes de agua, 88, que representam 47 % da'quelas. Em compara~ao com os resultados obtidos noutros paises, em rochas eruptivas de regioes aridas, deveconsiderar-se um resultado bastante satisfatorio sobretudo se considerarmos que algumas sondagens foram rejeitadas por a agua ser demasiado salina.

Se 0 numero de capta~Oes construidas em cada concessao repre­senta um consideravel esfor~o de ordem tecnica nao repres'enta um esfor~o menor de 'Ordem financeira. '

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28 BOLETIM DOS SF)RVICOS DE GEOLOGIA E MINAS

De facto, de 1948 a 1959, inclu~ive, 0 Estado dispendeu nos tra­balhos de pesquisa e capta~ao de agua, na Reserva Pastoril do Caraculo, 10.456.214$70, incluindo tad-as as despesascom pessoal tecnico e ope­rario, materiais, equfpamento 'e transportee Nao considerando algum equipamento que nao esteja totalmente amorlizado ou gasto, 0 qual represent a um montante suficientemente pequeno para se poder des­premr, 0 custo medio de cada sondagem e de OOrca de 56.000$00 e 0

de cada capta~ao 120.000$00. o elevado custo· das sonda~ns e devido, principalmente, a neces­

sidade de orientagao tecnica constante, d'esde os trabalhos de reconheci­mento geologico para a sua localizagao ate a conclusao das capta~oes, a necessidade de construir os respectivos a~ssos e de utilizar trans­portes pesados, a natureza das rochas eas restantes condi~Oes de tra­balho numa regiao des'erlica.

As rochas MO permitem avan~os medios superiores a 1 metro por turno de trabalho. Incluindo 0 reconhecimento geologico, a constru~ao das capta~oes, ensaios de caudal, ,colheita, transporte e anaIises qui­micas das amostras de agua e a subse'quentre assistencia tecnica quer na conservagao das capta~Oes quer na observa~ao do regime hidrologico das sondagens aproveitadas, .~ custo medio de cada metro de sondagem tem sido de C'erca de 1.600$00.

Sao notawis pelo elevado numero de sondagens qUe nelas se exe­cutau 'os casos das concessoes da Sociedade Oceanica do SuI (17 son­dagens de pesquisa)" Pedro Bento Rodrigues (10 sondagens), Pastoril do SuI (14 sondagens), Carvalho Oliveira (10 sondagens) e Avelino Dias da Silva (11 sondagens). Uma vez que e 0 Estado quem suporta a totalidade das despesas com a pesquisa e a captagao de agua, seria mais economico e mais eficiente, para 0 problema de conjunto do abas­tecimento a Reserva Pastoril, escolher outros locais para estas con­cessoes, com caracteristicas hidrogeologicas menos desfavoraveis. E de~ notar-se que, apesar da despesa efectuada com cada um destes con­~ssionarios oscilar entre cerca de 560.000$00 e 950.000$00, nao s'e encontra aind'a, completamente, resolvido 0 problema do seu ,abasteci­mento de agua.

* *

o que foi exposto representa 'a analise dos resultados obtidos com a pesquisa e ,capta~ao de aguas para 0 abastecimento das concessoes da Reserva Pastoril do Caraculo. Desta analise extraem-se as seguintes conclusOes gerais que, segundo pare'cer do autor, deverao condicionar o futuro desenvolvimento do abastecimento de agua:

- As caracteristicas hidrogeologicas sao bastante desfavoraveis, devido a irregular ida de de ocorrencia das toalhas aquiferas pro-

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fundas, ao «deficit» do balango hidrico, provocado pelas condi­go'es elimaticas e hidrologicas, e a elevada salinidadre das aguas subterrane-as de toda a regHio.

- A eficiencia dos metod os de pesquisa de aguas subterraneas pode ser mrelhorada utilizando os metodos de prospecgao geofi­sica, em particular os 'electricos, desd,e que estes nao sejram empregados empiricamente mas sim emcorrelagao com os caracteres geologicos de cada area a aba-stecer. Esta correlagao so pode s'er efectuada por um tecnico experiente em hidrogeo­logia ,e na pesquisa :de aguas subterraneas.

o autor cre, no entanto, que so podrerao colher-se vanta­gens substanciais com a aplicagao destes metodos se nao forem fixadas, previamente, zonas com areas limitadas, para r8. Ioca­lizagao das captagOes de agua, em cada concessao.

- Paralelamente, dreve ,aprofundar-se 0 estudo da mineralizagao das aguas subterraneas com vista a eliminagao das zonas mais idesfavoraveis e it determinagao dos tipos elementares de aguas e sua distribuigao.

- Em facedas avultadas verbas ja dispendidas re das que, sem diivida, sera necessario dispender, para resolver,completamente, o problema do abastecimento de agua -a toda a Reserva Pas­toriI, impoe-se a utilizagao de todos os recursos de ordem tecnica no estudo da hidrogeologia da regiao e na presquisa de aguas - 0 que, ate agora, nao tem sido possivrel fazer com a intensidade desejada, por carencia de meios - sobretudo sre continuar a adopta'r-se 0 criterio de 0 Estado suportar todos os encargos com os estudos, com a pesquisa, com as capta­goes e com a reparagao e manutengao destes, ate ao abastreci­mento completo de cada concessao.

- E indispensavel e urgente estudar 0 problema da dregradagao continua das reservas aquiferas subterraneas da ReS'erva e esco­!her 'a melhor solugao para rremediar a situagao presentee Este problema, mais cOInple:x:o do que a propria p'esquisa das aguas, exige um estudo cuidadoso por um tecnico experiente nestas questOes.

o autor pensa que de nada serve multiplioar indefinida e indiscriminadamente 0 numero de' captagoes e que, pelo contra­rio, isso so sera, na maioria dos casos, prejudicial e podera por rem risco todo 0 empreendimento da industria do Caraculo.

Em face dos frequentes periodos de seca violenta que assolam a ro,iio e que obrigam a desIooagOes do gado, por se esgotarem os campos

;, tlo pastagem, em redor das captagoes de agua subterranea, 0 autor 1- "Uiare qU'e se faga a demarcagao de uma ou mais zonas de recurso, com

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30 BOLE'1'IM DOS SERVICOS DE GEOUJGIA E MINAS

comprovadas possibilidades de manterem os pastos durante aqueles periodos e onde as condi~oes hidrogeo1.6gicas favore~am a constru~ao das necessarias capta~oes de agua. Estas zonas seriam utilizadas, exc1usi-vamente, durante' aqueles periodos.

N a realidade, dadas as condi~Oes hidrogeo16gicas gerais de toda a area daReserva nao e possivel a uti1iza~ao de capta~Oes de aguas subterraneas para rega de campos de pastagem.

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RESUMO

A Reserva Pastoril do Caracul'O foi criada .em Novembro de .1947 com 0 lim .1t11~eiecE~r a cria~ao de ovinos Caraculo e a exploragao da respectiva industria.

tDl~preeIl(1imE~nto depende, intimamente do abastecimento de agua ao Posto .~lD:llerlltal e as con0ess6es, 0 qual .tem~o efectuado peros Servi~ de Geologia

a partir das aguas subterraneas. A prospec~iio e a pesquisa de nesta· regiao, envolvem problemas bastante delicados, dadas as

mc1rc,geOlc,gic::as bastante d1esfavoraveis, traduzidas, principalmente, us. "UILri(laJdle de ocorrencia Gas toailh:as aquifem.~, no d"eSequih'brio do ba1..a.nco

e na elevada salinidade das aguas. Apresenta-se, neste trabalho, uma sfntese dos .elementOs geol6gicos e hidro-conhecidos, com vista ao estabelecimento das bases que de-vem presidir ao

_1l\'()lvj'im~en1;o futuro do abastecimento de agua -e recomeooam-se os _ metodos para resolver os problemas em causa. Em particular, definem-se

de - aplica~ao dos metodos de prospec~8.0 geofisica que 0 Laborat6rio Engenharia Civil se ;propoe utilizar. .em colabora~iio com OS Servioos e Minas, os quais poderao melhorar, sensivelmente. a eficiencia da aguas subterraneas. -

'a 'aten~ao 'para 0 ·grave .pr.oblema da degrad'a~ao continua das aquileras subterraneas da Reserva Pastoril que deve ser encarado, imedia-porquanto este fenOmeno pod-er4, dentro em breve, por em. risco tod'O 0

IIllLdiln;el!lto da industria do Caraculo em Angola.

Reserve du Karakul a ere etablie en Novembre 1947 pour l'exploitation ~~t1ul;trjie concernant l'elevage des trou'Peaux de Karakul. Cette entreprise

etI'oi1;enleIlt de .l'approvisionnement en eaux souterrainres au Posta Experimen­ooncessions il 1a charge des ServiQOS de Geologia e Min:as de Angola.

conditions hydrogeologiques sant tras defavorables surtout en ce qui distribution irreguliere des nappes aquiferes, Ie desequilibre du bilan et 1a salinite des eaux.

Ie but d'e'bablir les bases du developpement de l"approvisionnement en proposer les methodes plus convetn'ables pour reS'Oudre les problemes

at captage des eauX, l'au-teur a fait une synthese des renseignements :lYlClrogec)lO'l~ie de 1a region. En particulier, cet etude :a me-ne A l'etablissement

.r(~r8.lilLe d"application des methodes que Ie Labora,t6rio Nacional de Engenharili propose utiliseravec 1a collaboration desServiQ05 de Geologia e Minas,

peuv-ent surement aider la reCherche des eaux. attire l'attention sur Ie grave probleme de l'epuisement des nappes

de la Reserve que doit etre envisage tout de suite parce que Ce phenomena mettre en risque l'industrie du Karakul en Angola.

ABSTRACT

ThJe Karakul Reserve was created in November 1947, in order to mise sheep and to exploit the industry it OOllcerns. This depends greatly on

'Water supply to the Experimental Station and to the farms that has been

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32 BOLETIM DOS SBRVICoS DE GEOWGIA E MINAS

oar.ried out by the ServiCos de Geologia e Mim:las de Angola by the meaillS of gil" water. The location of underground wa11er in this country is mther dificult ow· the unfavourable hydrogeological conditions, that is to say, especially to irregular occurrenoe of aquifers, the unbalan-oe of the ground water 'inventory the high salt content of ~ water. This paper is a syntesis of the known geol ailld hydrological conditions designed to establish the essentiai basis to the development of the water supply. 1 also advises on the most suitable m .about this mater :and defines. in a special way, the application of the geoph prospecting methods which the Laboret6rio Nacional de Engenharia Civil in to use with the oooneration of the ServiQOs de Geologia e Minas. Those m may contribute greatly to the efficiency in the location. Of ground water.

We call the attention to the serious problem of the incessant nound w. decrement, a fact that must be immediately faced, since that phenomenon in a' short time, be very dangerous to the whole industry of Karakul in Angola.

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