sinalÉtica urbana: comunicaÇÃo visual para otimizaÇÃo das mensagens impressas no contexto dos...

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE ARTES – CEART DESIGN – HABILITAÇÃO DESIGN GRÁFICO DIOGO ASSINO SINALÉTICA URBANA: COMUNICAÇÃO VISUAL PARA OTIMIZAÇÃO DAS MENSAGENS IMPRESSAS NO CONTEXTO DOS FLUXOS NO ESPAÇO URBANO FLORIANÓPOLIS, SC 2011

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Trabalho de Conclusão de Curso aprovado no Curso de Design Gráfico, do Centro de Artes,da Universidade do Estado de Santa Catarina, apresentado como requisito parcial paraobtenção do grau de Bacharel, área de concentração Design Gráfico.

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  • UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE ARTES CEART

    DESIGN HABILITAO DESIGN GRFICO

    DIOGO ASSINO

    SINALTICA URBANA: COMUNICAO VISUAL PARA OTIMIZAO DAS MENSAGENS IMPRESSAS NO CONTEXTO DOS FLUXOS NO ESPAO URBANO

    FLORIANPOLIS, SC 2011

  • DIOGO ASSINO

    SINALTICA URBANA: COMUNICAO VISUAL PARA OTIMIZAO DAS MENSAGENS IMPRESSAS NO CONTEXTO DOS FLUXOS NO ESPAO URBANO

    Trabalho de Concluso apresentado ao Curso de Design Grfico, do Centro de Artes, Universidade do Estado de Santa Catarina, como requisito parcial para obteno do grau de Bacharel em Design Grfico.

    Orientador: Prof. MSc. Joo Calligaris Neto.

    FLORIANPOLIS, SC 2011

  • DIOGO ASSINO

    SINALTICA URBANA: COMUNICAO VISUAL PARA OTIMIZAO DAS MENSAGENS IMPRESSAS NO CONTEXTO DOS FLUXOS NO ESPAO URBANO

    Trabalho de Concluso de Curso aprovado no Curso de Design Grfico, do Centro de Artes, da Universidade do Estado de Santa Catarina, apresentado como requisito parcial para obteno do grau de Bacharel, rea de concentrao Design Grfico.

    Banca Examinadora:

    Orientador:

    ______________________________________________

    Prof. MSc. Joo Calligaris Neto Universidade do Estado de Santa Catarina

    Membro:

    ______________________________________________

    Prof. Dr. Murilo Scz

    Universidade do Estado de Santa Catarina

    Membro:

    ______________________________________________

    Prof. Dr. Clio Teodorico dos Santos Universidade do Estado de Santa Catarina

    Florianpolis, Santa Catarina, __/__/__

  • AGRADECIMENTOS

    A Deus, em primeiro lugar, por mesmo s vezes o tendo ignorado, sempre me acolheu e me amparou como filho, permitindo a conquista de mais esta etapa em minha vida;

    Aos meus pais, familiares e minha namorada;

    Aos meus amigos;

    Ao meu orientador, Prof. MSc. Joo Calligaris Neto, que contribuiu com extrema eficcia e vasta experincia, prestando suporte sempre que solicitado a esta pesquisa;

    A todos os professores e colegas do curso de Design Grfico;

    A todos aqueles que, direta, ou indiretamente, contriburam para a realizao deste trabalho.

  • Amar e criar a beleza so as condies elementares da felicidade. Uma poca que no o almeja permanece imatura visualmente; sua imagem disforme, suas manifestaes artsticas no so capazes de elevar-nos.

    (Walter Gropius)

  • 5

    LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 1: Pictogramas sumrios........................................................................................... 16 Figura 2: Pictogramas egpcios............................................................................................ 17

    Figura 3: Signos que concorrem para formar pictogramas.................................................. 19 Figura 4: Pictogramas.......................................................................................................... 19 Figura 5: Signos que representam ideogramas.................................................................... 20 Figura 6: Logotipo da banda Blockheads............................................................................ 20 Figura 7: Placa de Parque Jardim Zoolgico....................................................................... 22 Figura 8: Comunicao visual de posto de combustvel na Alemanha................................ 24 Figura 9: Esquema semitico dos smbolos da sinaltica segundo Joan Costa................... 25 Figura 10: Bandeira do Japo............................................................................................... 25 Figura 11: Imagem da Coca-Cola........................................................................................ 25 Figura 12: Placa indicativa da Nissan.................................................................................. 28 Figura 13: Placa na Rodovia GO-239. ................................................................................ 28 Figura 14: Imagem de sinalizao de advertncia............................................................... 29 Figura 15: cone da Apple.................................................................................................... 31 Figura 16: cone do Mozzila................................................................................................ 31 Figura 17: Placa de prostitutas. ........................................................................................... 31 Figura 18: Evoluo do logotipo da AEG............................................................................ 32 Figura 19: Logo turstico da Argentina................................................................................ 34 Figura 20: Logo turstico da Austrlia................................................................................. 34 Figura 21: Marca Brasil turismo.......................................................................................... 34 Figura 22: Marca territorial do Governo Federal................................................................. 34 Figura 23: Imagem de txi em Nova York.......................................................................... 35 Figura 24: Pster do filme Taxi driver................................................................................. 35 Figura 25: Faixa de pedestre. .............................................................................................. 38 Figura 26: Imagem de grafite e pichao se contrapondo.................................................... 38 Figura 27: Placa, animal selvagem...................................................................................... 39 Figura 28: Placa, animal selvagem...................................................................................... 39 Figura 29: Placa, animal na pista......................................................................................... 39 Figura 30: Placas indicativas de servios auxiliares nas rodovias....................................... 39 Figura 31: Pictogramas do DOT.......................................................................................... 40

  • Figura 32: O clssico homem vitruviano de Leonardo da Vinci......................................... 41 Figura 33: Pregnncia da forma........................................................................................... 43 Figura 34: Fechamento......................................................................................................... 43 Figura 35: Pregnncia da forma........................................................................................... 43 Figura 36: Calada para deficiente visual............................................................................ 43 Figura 37: Sinalizao Braile............................................................................................... 43

    Figura 38: Marilyn Monroe.................................................................................................. 45 Figura 39: Veculo da Mitsubishi......................................................................................... 45 Figura 40: Smbolo da luta conta a AIDS............................................................................ 46 Figura 41: Smbolo da luta contra o cncer de mama.......................................................... 46 Figura 42: Diferentes nveis de abstrao para o smbolo da paz........................................ 47 Figura 43: Logos da Apple................................................................................................... 47 Figura 44: Logo da Apple.................................................................................................... 47 Figura 45: Sinttica, semntica e pragmtica....................................................................... 48 Figura 46: Elementos bsicos da linguagem visual grfica................................................. 49 Figura 47: Exemplo de utilizao de contraste.................................................................... 52 Figura 48: Semforo............................................................................................................. 52 Figura 49: Primeiro Mc Donalds da histria...................................................................... 54 Figura 50: 1 loja com conceito Drive Thru incorporado................................................. 54 Figura 51: Logo do Mc Donalds em Florena.................................................................... 56 Figura 52: Imagem da Havan em Brusque........................................................................... 56 Figura 53: Logo do Mc Donalds em Brusque. .................................................................. 56 Figura 54: Pedras simbolizando Mickey em Animal........................................................... 57 Figura 55: Casa de passarinho com smbolo do Mickey..................................................... 57 Figura 56: Placa de sinalizao no Parque da Disney......................................................... 58 Figura 57: Placa de sinalizao no Parque da Disney.......................................................... 58 Figura 58: Panorama do quarto de hotel em Orlando.......................................................... 58 Figura 59: Toalhas em hotel com silhueta do Mickey......................................................... 58 Figura 60: Trem da Disney em Hong-Kong........................................................................ 59 Figura 61: Trem da Disney em Hong-Kong........................................................................ 59 Figura 62: Propaganda da Maxtour...................................................................................... 59 Figura 63: Smbolo da Nike................................................................................................. 59 Figura 64: Sinalizao do Zoolgico de Temaikn.............................................................. 60

  • Figura 65: Placa para o Zoo de Buenos Aires...................................................................... 60 Figura 66: Imagens da sinalizao urbana de Buenos Aires................................................ 61 Figura 67: Imagem do sistema BRT.................................................................................... 62 Figura 68: Imagem do sistema BRT.................................................................................... 62 Figura 69: Desenho anterior da calada de Copacabana..................................................... 63 Figura 70: Atual desenho da calada em Copacabana......................................................... 63 Figura 71: nibus estilizado por Joo de Deus.................................................................... 65 Figura 72: nibus estilizado por Joo de Deus.................................................................... 65 Figura 73: nibus da Viao Cidade do Ao...................................................................... 65 Figura 74: nibus da Viao Cidade do Ao...................................................................... 65 Figura 75: nibus da Viao Itapemirim............................................................................. 65 Figura 76: nibus da Viao Itapemirim............................................................................. 65 Figura 77: Piso padro desenvolvido por Mirthes dos Santos Pinto para as caladas de So Paulo, 1966....................................................................................................................

    66 Figura 78: O carto da Absolut para So Paulo. ................................................................. 68 Figura 79: Sinalizao e mobilirio urbano da Avenida Paulista........................................ 69 Figura 80: Exemplo de sinalizao denotando poluio visual........................................... 71

  • 8

    RESUMO

    Com o crescimento avassalador das cidades, de maneira geral, o inchao e as conurbaes entrelaadas insustentveis das metrpoles, assim como o surgimento da necessidade de uma reformulao e reestruturao das cidades de mdio porte, que clamam por um planejamento urbano estratgico, eficaz e urgente, a fim de solucionar ou minimizar o caos urbano instaurado, que surge a importncia do papel do designer no emaranhado ignorado da sociedade contempornea. Muitas vezes, esse papel vem alicerado pelo olhar transfundido do arquiteto e urbanista no pensar do espao fsico e na mobilidade individual e coletiva do meio urbano onde vive a maioria das pessoas. A misso caracterstica do designer diante dos fatos reais apresentados, est justamente na otimizao da configurao das informaes cotidianamente inseridas, disseminadas, e organizadas sistematicamente, de modo a cumprir um papel de cunho orientador, manifestando a vontade e o compromisso com a ordem e a harmonia. Esta pesquisa tem o carter provocativo de induzir o leitor a uma reflexo acerca da existncia de uma trama complexa de um processo sinaltico, contrapondo-se ao conceito de sinalizao j existente dentro da comunicao visual.

    Palavras-chave: Sinalizao, comunicao visual, sinaltica, sntese grfica, sinal.

  • ABSTRACT

    With the overwhelming growth of the cities, in general, the swelling and the unsustainable intertwined conurbations of the metropolises, well as the need of reformulation and restructuring of the medium sized cities, that claim for a strategic urban planning, effective and urgent, to resolve or minimize the established urban chaos, there arises the important role of the designer in ignored matted of the contemporary society. Many times, this role is grounded by transfused look of the architect and planner thinking in the physical space, in individual and collective mobility of the urban environment where the most people live. The characteristic mission of designer face the real facts presented, is exactly in the optimization of the configuration of the information daily inserted, disseminated, and systematically organized, in order to fulfill a role of adviser nature, expressing the intention and the commitment to the order and harmony. This research has the provocative character to induce the reader to reflect about the existence of a complex plot of a signaling process, in opposition to the concept of existing signage inside the visual communication.

    Keywords: Signaling, visual communication, signage, graphic synthesis, signal.

  • SUMRIO

    1 INTRODUO.....................................................................................................................12 1.1 OBJETIVOS ........................................................................................................................13

    1.1.1 Objetivo geral ..................................................................................................................13 1.1.2 Objetivos especficos .......................................................................................................13 1.2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................13 1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ........................................................................................14

    2 SINALIZAO AMBIENTAL...........................................................................................15 2.1 BREVE HISTRICO DO DESIGN GRFICO .................................................................15 2.2 PICTOGRAMA ...................................................................................................................17 2.3 IDEOGRAMA .....................................................................................................................20

    2.4 CONCEITUAO DE SINALIZAO E SINALTICA................................................21 2.4.1 A finalidade do design de sinais.....................................................................................21

    2.4.2 Sinalizao .......................................................................................................................22 2.4.3 Sinaltica..........................................................................................................................23 2.4.3.1 Classificao das mensagens grficas............................................................................28

    2.4.4 Sinalizao digital ...........................................................................................................29 2.5 IDENTIDADE CORPORATIVA........................................................................................31 2.5.1 Branding empresarial: o caso AEG...............................................................................31 2.5.2 Branding territorial.........................................................................................................32 3 COMUNICAO VISUAL.................................................................................................36 3.1 MODO VISUAL..................................................................................................................36 3.2 ELEMENTOS DA COMUNICAO VISUAL ................................................................37 3.2.1 A comunicao visual no espao urbano ......................................................................38 3.2.2 A comunicao visual e o fator humano .......................................................................40 3.2.2.1 Escala .............................................................................................................................41

    3.2.2.2 Relaes dos sinais com o usurio e a Ergonomia visual ..............................................41 3.3 ANATOMIA DA MENSAGEM VISUAL .........................................................................44

    3.3.1 Nvel representacional ....................................................................................................45 3.3.2 Nvel simblico ................................................................................................................46 3.3.3 Nvel abstracional............................................................................................................46 3.4 TCNICAS VISUAIS APLICADAS..................................................................................48 3.4.1 Sinttica, semntica e pragmtica .................................................................................48

  • 3.4.2 Cores e contraste .............................................................................................................50 4 VARIAES DE CASO ILUSTRADAS DE APLICAES SINALTICAS .............53 4.1 O CASO MC DONALD S .................................................................................................53 4.2 O CASO WALT DISNEY...................................................................................................56 4.3 O CASO NIKE ....................................................................................................................58 4.4 O CASO DA CIDADE DE BUENOS AIRES ....................................................................59 4.5 CASOS DE CIDADES DO BRASIL..................................................................................60 4.5.1 O caso da cidade de Curitiba (BRT) .............................................................................60 4.5.2 O caso da calada de Copacabana, Rio de Janeiro......................................................61 4.5.3 Arquiteto Joo de Deus e a frota urbana......................................................................63 4.5.4 Casos da cidade de So Paulo ........................................................................................65 4.5.4.1 A composio de Mirthes dos Santos Pinto...................................................................65 4.5.4.2 Sinalizao da Avenida Paulista ....................................................................................67 4.5.4.3 Lei Cidade Limpa ..........................................................................................................68 4.6 A POLUIO VISUAL......................................................................................................69 4.6.1 Fatores que provocam a poluio visual.......................................................................69 4.6.2 Propostas e sugestes para evitar a poluio visual.....................................................71 5 MATERIAL E MTODOS .................................................................................................73 6 CONSIDERAES FINAIS ...............................................................................................74 6.1 ESTUDOS FUTUROS ........................................................................................................75 REFERNCIAS.......................................................................................................................76

  • 12

    1 INTRODUO

    Na sociedade atual, tudo que cerca o homem remete a signos, sinais e smbolos. Quando se caminha pelas ruas, rodovias, quando se entra em uma indstria, em um estabelecimento comercial ou numa rea de lazer, o que se v so logotipos, placas, figuras, enfim, mensagens que tem a proposta de fazer com que o usurio se oriente naquele espao de ao.

    A comunicao visual do sistema sinaltico de informao estabeleceu, para cada signo visual, um componente compositor do sistema, um pictograma especfico, que faz referncia a algum conceito relacionado s caractersticas presentes no entorno deles, como por exemplo, fatos histricos, elementos imagticos, atividades, elementos de identidade, ambientais, culturais, arquitetnicos, que tenham fora em termos de significado. Estes pictogramas tm a finalidade de gerar reconhecimento por parte do pblico urbano. Como eles sempre vm associados ao cdigo lingustico, atuam como reforo do entendimento da informao. E ainda podem estabelecer uma cognio para permitir a orientao at por parte dos usurios iletrados. A sinaltica a cincia dos sinais no espao, que constituem uma linguagem instantnea, automtica e universal, cuja finalidade resolver as necessidades informativas e orientativas dos indivduos itinerantes numa situao (COSTA 1987 apud MAYRN, 2006, p. 8). A ausncia de um adequado sistema de sinalizao urbana pode fazer com que um usurio gaste seus esforos em direes incorretas, implicando perda de tempo e gasto de energia. Da mesma forma, os transeuntes necessitam otimizar seu tempo quando buscam uma informao e, neste aspecto, quanto melhor o projeto sinaltico, maior ser a facilidade e a exatido com que eles se orientam no espao. Atualmente, vive-se numa verdadeira aldeia global, onde tudo est mapeado. As distncias esto sendo continuamente encurtadas pela tecnologia. A crescente acessibilidade aos meios de transporte - entre eles o automvel e o avio - tem levado a um maior volume de deslocamento e trfego de veculos e pedestres entre cidades, e mesmo entre os pases. O trnsito urbano, por outro lado, tem sofrido as consequncias da produo em massa dos veculos, ocorrendo os inevitveis congestionamentos. Por isso, h a necessidade de criao de um sistema sinaltico cada vez mais facilmente decifrvel, por qualquer usurio, de qualquer local do planeta.

  • 13

    No decurso deste trabalho, sero apresentadas diversas aplicaes da sinaltica no cotidiano dos usurios. Qualquer projeto bsico no campo do design deve seguir duas premissas: forma e funo. Para cumprir estes requisitos, entra a cincia do Design mesclando conhecimentos multidisciplinares, inclusive a Arquitetura, mais especificamente a comunicao visual, que aborda a concepo de espao e forma. Desta forma, a proposta desta pesquisa causar uma reflexo ao leitor interessado neste tema e agregar repertrio para uma possvel demanda de projeto no campo da comunicao visual.

    1.1 OBJETIVOS

    1.1.1 Objetivo geral

    Provocar no leitor uma reflexo acerca da importncia da sinaltica, para uma objetiva orientao dos indivduos no espao urbano, destacando a importncia da mensagem grfica inserida na contextualizao espacial urbana.

    1.1.2 Objetivos especficos

    Apresentar elementos do design ambiental;

    Descrever elementos da comunicao visual, inerentes ao design de sinalizao;

    Apontar aplicaes de casos de referncia na histria do design ambiental;

    Destacar situaes que caracterizem poluio visual.

    1.2 JUSTIFICATIVA

    Dadas questes relacionadas ao desenvolvimento das cidades, a sinalizao urbana possibilita uma maior dinmica nos fluxos urbanos. Para tanto o designer grfico encontra uma trama complexa de cdigos e sinais onde o desafio propor uma melhor harmonia. Alm da esttica, a sinalizao tem a funo de fazer o usurio se situar no espao urbano. Outra questo a ser abordada para se justificar a escolha desta temtica a escassez de literatura sobre o assunto. A despeito de a sinaltica j fazer parte da vida do ser humano desde pocas que datam a. C. - mesmo que os povos antigos no tivessem ainda noo desse conceito - pouco se tem escrito sobre o tema. Neste sentido, a pesquisa de bibliografia - dentro das limitaes j expostas - e a orientao recebida da instituio de ensino permitiram que se

  • 14

    estruturasse o trabalho estabelecendo uma conexo entre os diversos smbolos existentes no vasto universo de mensagens que nos cerca e a teoria da sinaltica e comunicao visual urbana.

    1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO

    Aps definio dos objetivos, apresentam-se os captulos sobre os quais estar estruturado este trabalho:

    Captulo 1: este captulo aborda uma introduo ao tema, o objetivo geral, os objetivos especficos, a justificativa para escolha do tema e a sua estruturao;

    Captulo 2: este captulo apresenta a fundamentao terica com os seguintes temas: a) ideograma; b) pictograma; c) sinalizao e sinaltica; d) identidade corporativa, empresarial e territorial.

    Captulo 3: este captulo traz a fundamentao terica, onde se aborda a comunicao visual, com os seguintes temas: anatomia da mensagem visual, com representacional, simblica e abstracional; elementos da comunicao visual, relao urbana, relao humana, escala e cores/contraste, e imagem grfica.

    Captulo 4: neste captulo apresentam-se exemplos de caso, entre eles destacam-se o Mc Donalds, o Walt Disney e o caso da cidade de So Paulo.

    Captulo 5: este captulo descreve os materiais e mtodos utilizados nesta pesquisa.

    Captulo 6: este captulo apresenta as consideraes finais e os estudos futuros.

  • 15

    2 SINALIZAO AMBIENTAL

    2.1 BREVE HISTRICO DO DESIGN GRFICO

    De acordo com Aynsley (1998 apud VIEIRA, 2002, p. 17), as palavras mudam de uso e sentido com o tempo. A expresso Design Grfico no exceo, embora o conceito de Design Grfico seja ainda bastante recente, na antiguidade os homens j o praticavam, embora disso no tivessem conscincia. Na Roma antiga, por exemplo, j se fazia publicidade e muitos autores entendem que os pictogramas nas paredes de cavernas, datados de at 10.000 a.C., correspondem a uma tentativa de linguagem visual (AYNSLEY, 1998 apud VIEIRA, 2002).

    No entanto, a expresso Design Grfico s vem sendo utilizado recentemente, conforme cita Heller (2000 apud VIEIRA, 2002, p. 17):

    Dwiggins menciona pela primeira vez o termo Design Grfico em seu artigo New Kinds of Printing Calls for New Design, publicado no Boston Evening Trasncript, na data de 29 de agosto de 1922, que tratava do trabalho com tipos, tipografia, pgina e publicidade como atividades do designer.

    Ao expressar a ligao entre design, cultura e sociedade, Coelho (2008, p. 61) afirma que essa relao:

    pode ser observada a partir da prpria experincia emprica. Primeiro porque design uma atividade que configura objetos de uso e sistemas de informao e, como tal, incorpora partes dos valores culturais que a cerca, ou seja, a maioria dos objetos de nosso meio , antes de tudo, a materializao dos ideais e das incoerncias da nossa sociedade e de suas manifestaes culturais, assim como por outro lado, anncios de novos caminhos. Segundo, porque o design, entendido como matria (ou energia) conformada, participa da criao cultural, ou seja, o design uma prxis que confirma ou questiona a cultura de uma determinada sociedade, o que caracteriza um processo dialtico entre mmese e poese. Em outras palavras, o design tem assim natureza essencialmente especular, como anncio, quer como denncia.

    O uso de pictogramas remonta h alguns milnios a.C. Mesmo que como tal no o denominassem, sumrios - um povo que viveu na Mesopotmia, h mais de quatro mil anos e a antiga civilizao egpcia - com seus hierglifos - j utilizavam um sistema de sinais como forma de comunicao.

    A figura 1 ilustra, por exemplo, pictogramas sumrios mais antigos, que tendem a apresentar uma expresso abstrata, por volta de 3.500 a.C. (FRUTIGER, 2007, p. 95).

  • 16

    Figura 1: Pictogramas sumrios Fonte: Frutiger (2007, p. 95)

    Os pictogramas sumrios so considerados, universalmente como os primeiros exemplos de desenhos, que podem ser identificados como uma verdadeira escrita (FRUTGER, 2007).

    Outro povo que se notabilizou pela criao de smbolos identificando situaes, aes, animais, pessoas, plantas, objetos, partes do corpo, entre outros foram os egpcios, com seus conhecidos hierglifos, que nada mais so do que expresses daquilo que atualmente denominamos pictogramas.

    J a figura 2, mostra alguns pictogramas egpcios, de aproximadamente 3.000 a.C., claramente reconhecveis [...] Hoje, a cultura da escrita egpcia deve ser considerada a base mais importante do alfabeto ocidental (FRUTIGER, 2007, p. 98)

  • 17

    Figura 2: Pictogramas egpcios Fonte: Frutiger (2007, p. 98)

    Aps a apresentao de alguns pictogramas da antiguidade, representados pelos sumrios e egpcios, ser apresentado no prximo tpico uma breve descrio do seu entendimento em termos de comunicao e conceituao.

    2.2 PICTOGRAMA

    Alguns autores definem, a seguir, em seu entendimento, o conceito de pictograma. Orozco (2006, p. 40) menciona que a Dra. Marion Diethelm afirma em Signet,

    Signal, Symbol: pictograma a imagem de um objeto real que, para responder s exigncias de uma informao clara e veloz, representada em forma tipicamente sinttica. Outra definio de pictograma apresentada por Krampen e Aicher (1981 apud OROZCO, 2006, p. 41):

    Um idioma consta de palavras faladas cujo significado est relacionado aos objetos ou s cirscunstncias, e de uma gramtica. A gramtica regula a relao entre estas palavras, sua sucesso para obter, a partir de termos, uma mensagem coerente. Uma linguagem de signos tambm necessita de duas funes: os elementos semnticos que servem para a expresso de uma circunstncia e sua funo sinttica. Assim quando

  • 18

    aparece um cigarro esfumaando, associa-se ao de fumar. Uma linha transversal significa proibio. Estes dois sinais, relacionados sintaticamente resultam em uma mensagem: proibido fumar. A compreenso de uma mensagem entre os participantes de um processo de comunicao tem lugar quando o emissor e o receptor utilizam os mesmos cdigos, ou seja, quando se associam idnticos significados a um sistema de sinais determinado.

    Para Neves (2008, p. 5), um pictograma (do latim picto -pintado + grego graphe -caracter, letra) um smbolo que representa um objeto ou conceito por meio de ilustraes. J Costa (1989 apud NEVES, 2008, p. 5) define pictograma como um signo figurativo simplificado que representa coisas e objetos do meio envolvente: os pictogramas provem dos antigos hierglifos e so parte dos cdigos funcionais atuais.

    Atualmente, o uso do pictograma tem sido muito frequente na sinalizao de locais pblicos, na infografia, e em vrias representaes esquemticas de diversas peas de design grfico (NEVES, 2008, p. 5).

    Nas ltimas dcadas, as vias de circulao na cidade e no campo, e at mesmo dentro de edifcios, foram construdos de forma to densa, que um senso natural de direo no mais suficiente para se chegar ao destino desejado, partindo-se de determinado local (FRUTIGER, 2007, p. 191). Neste contexto, fez-se necessria a criao de meios para orientar os usurios, sejam pedestres ou motoristas e motociclistas. Essa orientao acontece por meio de sinais que visam indicar a forma de atingir um determinado local - como as placas indicativas - ou pretendem que os usurios trafeguem com segurana, como no caso da sinalizao de trnsito.

    Sem as inscries e os sinais que indicam o sentido, qualquer tipo de locomoo praticamente impossvel. O surgimento constante de novos locais e caminhos e a utilizao de novos meios de transporte, que precisam ser modernizados e automatizados continuamente, requerem a criao de sinais cuja imagem transmita instrues inequvocas (FRUTIGER, 2007, p. 191).

    Costa (1989 apud NEVES, 2008, p. 6) destaca que:

    O termo pictograma absorve outras variantes do signo icnico: ideograma e emblema, apesar das suas diferenas essenciais, pois se o pictograma uma imagem analgica, o ideograma um esquema de uma ideia, um conceito ou um fenmeno no visualizvel e o emblema uma figura convencional fortemente institucionalizada. A todos ele se denominou genericamente pictogramas.

    As figuras 3 e 4 ilustram as imagens de alguns pictogramas.

  • 19

    Figura 3: Signos que concorrem para formar pictogramas. Fonte: Neves (2008, p. 6)

    Na figura 3, a imagem A indica uma via reservada para automveis; a imagem B, um aeroporto; a imagem C, um zoo; a imagem D, sanitrios. A figura 4 mostra um sistema de pictogramas.

    Figura 4: Pictogramas Fonte: Slide do acervo do Centro de Artes da Udesc

  • 20

    2.3 IDEOGRAMA

    Ideograma pode definir-se como um signo abstrato que significa conceitos e fenmenos; os ideogramas provem dos antigos hierglifos e so parte dos cdigos funcionais atuais (COSTA, 1998 apud NEVES, 2008, p. 5).

    A figura 5 ilustra imagem de signos que identificam ideogramas. A imagem A significa posto socorros; a imagem B, radioatividade; a imagem C, passagem permitida; a imagem D, passagem.

    Figura 5: Signos que representam ideogramas. Fonte: Neves (2008, p. 5)

    O ideograma , ento, um esquema de uma ideia, um conceito ou um fenmeno no visualizvel (NEVES, 2008). Outro exemplo de ideograma (figura 6) o idealizado, de acordo com Vieira (2008, p. 77), por Colin Fulcher, que adota o pseudnimo de Barney Bubbles, um dos principais talentos ingleses a adotar o Punk, responsvel pelo design da marca da banda Blockheads. Conforme Hollins (2000 apud VIEIRA, 2008, p. 77), um ideograma impressionantemente criativo, que expressa com perfeio a agressividade espirituosa da banda. Bubbles era o nico em sua capacidade de encontrar imagens para uma ideia verbal.

    Figura 6: Logotipo da banda Blockheads Fonte: Hollis (2000 apud NEVES, 2008, p. 77)

  • 21

    2.4 CONCEITUAO DE SINALIZAO E SINALTICA

    2.4.1 A finalidade do design de sinais

    O design de sinais um processo que pode ser aplicado em vrios ambientes, tais como as ruas, as indstrias, um shopping center, uma rodoviria, um aeroporto, entre outros. A finalidade a orientao do usurio, possibilitando lhe respostas mais rpidas. A sinalizao utilizada deve levar em conta o pblico-alvo e o local.

    O design dos elementos de sinalizao busca a funcionalidade da informao oferecida por estes, com aplicaes na empresa, mobilirio urbano, complexos residenciais, complexos industriais, entre outros. Suas formas, pictogramas e legendas devero levar em conta o lugar onde esto localizadas e a quem so direcionadas. As vantagens de uma boa sinalizao se traduzem na maioria das vezes em economia de tempo, to importante em todos os aspectos da vida atual. A sinalizao e a sinaltica so trabalhos complexos e delicados, cada projeto tem desafios diferentes e distinto manejo da informao j que a reao dos usurios so diversas (OROZCO, 2006, p. 7).

    O sinal definido, conforme Orozco (2006, p. 7, grifado), como marca, smbolo ou elemento utilizado para representar algo ou para distinguir o suporte sobre o qual se encontra; gesto ou ao para transmitir informao, uma ordem, um pedido, entre outros. J Ferreira (2008, p. 740), define o sinal como [...] signo convencionado que serve para transmitir informao; smbolo ou dizeres, de orientao, advertncia, entre outros, usado em vias pblicas, aeroportos, entre outros..

    O termo sinal pode ter significados muito diversos, no Design Grfico utilizamos partindo de um ponto de vista mais especfico para se referir a sinais que nos guiam quando vamos a algum lugar, seja a p ou de bicicleta, de carro ou de transporte pblico. Estes sinais possuem uma longa histria que se alastra desde os tempos romanos, e atualmente constituem elementos grficos mais bvios de muitas cidades (OROZCO, 2006, 7).

    Na mesma linha de pensamento, Frutger (2007) afirma que nas ltimas dcadas, as vias de circulao nas reas urbanas e rural - e at mesmo os espaos no interior dos edifcios - foram construdos de maneira to densa, que o antigo senso de direo natural que guiava os indivduos j no suficiente para fazer com que, saindo de um ponto de partida consiga, com facilidade, chegar ao seu destino.

    Sem os sinais e smbolos que indicam a direo e sentido corretos, a locomoo fica impossibilitada, e seria inimaginvel conceber o funcionamento do trnsito urbano sem uma sinalizao padro, seria um verdadeiro caos. A expanso das vias e a modernizao dos meios

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    de transporte demandam a criao e utilizao de sinais cujas mensagens sejam facilmente compreensveis (FRUTGER, 2007).

    A figura 7 apresenta uma sinalizao utilizada no Parque Jardim Zoolgico.

    Figura 7: Placa do Parque Jardim Zoolgico Fonte: Slide do acervo do Centro de Artes da Udesc

    2.4.2 Sinalizao

    A sinalizao busca equacionar os problemas inerentes localizao e orientao dos indivduos em um ambiente amplo, atravs da utilizao de elementos grficos que tem a finalidade de permitir rapidez e eficincia no fluxo de motoristas e transeuntes.

    Orozco (2006), ao abordar esta temtica, menciona que a sinalizao uma rea da comunicao visual que tem a finalidade de estudar as relaes entre os signos - inseridos num ambiente - e o comportamento dos indivduos. A sinalizao busca atender s necessidades dos usurios, sua orientao num lugar definido. O objetivo agilizar e melhorar a acessibilidade aos servios demandados, com o intuito de que haja um maior nvel de segurana nas aes e deslocamentos. Matias (2002 apud GUIMARES; CUNHA, 2004, p. 44) lembra muito bem que a inadequao de uma sinalizao pode comprometer a sua fonte de informao e que sua credibilidade determinada pela forma com que o especialista em sua expertise usa o seu senso nesta informao propriamente.

    Orozco (2006, p. 87) afirma que:

    Existe um aumento no fluxo de indivduos de procedncias e nveis scio-culurais muito diferentes. Mas este movimento demogrfico tem carter circunstancial, isto implica que o indivduo se encontra constantemente frente a situaes novas de organizao e morfologia do espao, o qual acarreta problemas no seu desenvolvimento e por consequncia uma maior necessidade de informao e orientao. Por exemplo, usurios de diferentes nacionalidades, com sua diversidade lingustica e cultural, nveis de alfabetizao, componentes psicolgicos, entre outros, reunidos em um determinado lugar: aeroporto, centro medico, administrao pblica.

    A sinalizao representa uma forma de orientao para os usurios num determinado espao. Neste sentido, Moraes (2004, p. 89) comenta que:

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    a orientabilidade de um ambiente comea com o conhecimento da tarefa. O usurio deve estar ciente do que vai executar e saber quais os locais deve ir. Depois disso, o ambiente deve fornecer para ele informaes de onde se encontra e como chegar ao local desejado, ou seja, reconhecer tanto o ponto de origem quanto o destino. Essas informaes vo contribuir com o usurio na definio e escolha do seu trajeto. Essa rede de informaes fornecida pelo ambiente, a escolha do trajeto e a movimentao espacial. Todo esse processo chamado por vrios pesquisadores de wayfinding.

    Ao se reportar importncia da sinalizao na comunicao, Redig (2004) comenta sobre a falta de eficcia das bulas de remdio como instrumento de comunicao, que servem para o emissor (laboratrio), porm so de pouco prtica para o receptor (o usurio do remdio). Por outro lado, o autor aponta a Sinalizao de Trnsito, como um exemplo de informao analgica disseminada e til, representando uma das pioneiras manifestaes do Design de informao. Os seus parmetros foram definidos na dcada de 1930 e, desde ento tem servido de modelo para muitas outras reas da comunicao visual. Orozco (2006) aponta, a seguir, algumas das principais caractersticas da sinalizao: Tem por objetivo a regulao de fluxos humanos e motorizados no espao externo. um sistema determinante de condutas. O sistema padronizado. Os sinais preexistem aos problemas itinerrios. O cdigo de leitura conhecido a priori pelos usurios. Os sinais so materialmente organizados e homologados e se encontram disponveis. indiferente s caractersticas do entorno. Conclui-se por si mesmo.

    2.4.3 Sinaltica

    A sinaltica a cincia que estuda o emprego de signos grficos para orientar as pessoas num determinado espao e informar dos servios que se encontram a sua disposio (OROZCO, 2006, p. 8).

    A sinaltica contribui de uma forma eficaz na orientao de pessoas e bens num determinado territrio. uma disciplina da cincia da comunicao visual que estuda as relaes funcionais entre os signos de orientao no espao e os comportamentos dos indivduos. Ao mesmo tempo, a tcnica que organiza e regula estas relaes (COSTA, 1989 apud NEVES, 2008).

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    A sinaltica se constitui numa disciplina onde ocorre o encontro de vrias cincias, numa multidisciplinaridade que tem o propsito essencial de otimizar a orientao dos usurios. o destaca Orozco (2006, p. 8), ao apontar que:

    A sinaltica nasce da cincia da comunicao social ou da informao e semitica. Constitui uma disciplina tcnica que colabora com a engenharia da organizao, a arquitetura, o acondicionamento do espao (ambiente) e a ergonomia sob o vetor ou trao do design grfico. Aplica-se, por tanto, a servio dos indivduos, a sua orientao num espao ou num determinado lugar, para a melhor e mais rpida acessibilidade aos servios requeridos e para uma maior segurana nos deslocamentos e aes.

    A sinaltica exige uma linguagem universal entre os usurios que permita que a

    informao chegue sem erros e imediatamente ao receptor, a sinaltica se emprega em lugares de grande fluxo humano (OROZCO, 2006, p. 8). Nestes lugares onde existe grande circulao de pessoas, como por exemplo, os centros urbanos, so necessrios signos que lhes orientem - para chegar corretamente e sem perda de tempo a um determinado destino - e que permitam tambm trafegar com segurana.

    A figura 8 mostra um exemplo de sinalizao de autotransporte.

    Figura 8: Comunicao visual de posto de combustvel na Alemanha. Fonte: Slide do acervo pessoal de Joo Calligaris Neto

    A sinaltica responde a uma linguagem predominante visual que constitui uma pontuao do espao. Nesse ponto, requer uma linguagem instantnea e padronizada, que comunica por meio de mensagens visuais. Esse sistema de comunicao da sinalizao composto por um cdigo padronizado de sinais e signos. Dentre eles esto os smbolos icnicos, lingusticos e cromticos. Quem os define em determinado projeto o designer

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    grfico, fazendo uso, por exemplo, de tipografias, pictogramas e cores adequadas, respondendo a diferentes necessidades especficas no campo do design.

    Na linha de pensamento citada anteriormente, Costa (1989 apud NEVES, 2008, p. 3) aponta que os signos podem (relativamente ao vocabulrio em uso na sinaltica) agrupar-se em trs conjuntos: Lingustico, Icnico e Cromtico (figura 9).

    Figura 9: Esquema semitico dos smbolos da sinaltica segundo Joan Costa. Fonte: Neves (2008, p. 3)

    As figuras 10 e 11 representam formas diversas de signos, expressas pela bandeira do Japo e pelo smbolo da Coca-Cola, um dos cones da cultura americana.

    Figura 10: Bandeira do Japo Figura 11: Imagem da Coca-Cola Fonte: Site blog.educacional.com.br Fonte: Site promoview.com.br

    Costa (1989 apud NEVES, 2008) descreve, a seguir, as caractersticas das trs classificaes signos, o lingustico, o icnico e o cromtico.

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    a) Signo lingustico: corresponde s famlias tipogrficas e s suas combinaes semnticas em forma de enunciados. Representa toda a palavra ou conjunto de palavras que transmitem uma informao precisa atravs da leitura. As palavras possuem uma maior capacidade semntica dado que, por meio delas, possvel referir-se a todas as coisas designando-as.

    b) Signo icnico: abarca os grafismos pictogrficos, ideogrficos e emblemticos. Tem a aptido de representar as coisas que vemos na realidade. No grafismo sinaltico concretamente, a mxima iconicidade corresponderia aos pictogramas figurativos, ou seja, os que representam objetos e pessoas. A iconicidade mnima corresponderia aos ideogramas e emblemas figurativos;

    c) Signo cromtico: este signo, evidentemente, no tem capacidade de representar coisas nem objetos, mas antes, de evocar e provocar sensaes. Em sinaltica, a cor utiliza-se exatamente como sinal, ou seja, no estado puro, e o seu exemplo mais evidente o semforo, cujo cdigo se concretiza por simples mudanas cromticas. a cor e no a forma, circular no semforo o que significa, e esta uma lei geral no uso sinaltico das cores.

    A sinaltica a parte da cincia da comunicao visual que estuda as relaes funcionais entre os signos de orientao no espao e comportamentos dos indivduos. Ela uma das formas especficas e evidentes da comunicao funcional. Seu campo de ao um didatismo imediato no transcurso dos atos da vida cotidiana (OROZCO, 2006).

    parte responde a uma necessidade de comunicao social ou de orientao que esta provoca de modo que a sinaltica se aplica ao servio de indivduos, orientao de determinado espao e para dar segurana no deslocamento de um lugar especfico; aqui onde a identidade corporativa e a museografia so apoiadas pela sinaltica j que esta nos permite localizar ao usurio onde nos interessa que se encontre (OROZCO, 2006, p. 9).

    A sinaltica obedece a espaos arquitetnicos onde se devem identificar os servios requeridos em espaos interiores. Em alguns casos, artistas, arquitetos e designers grficos trabalham na programao visual de ambientes pblicos e corporativos, como projetos de interiores que trabalham a superfcie, as faces, paredes de uma fbrica ou escola, com a criao de padres visuais aplicados nas edificaes pblicas e corporativas.

    Seu funcionamento implica a interao automtica de mensagens visuais que afetam indivduos em reao a estas mensagens. Sua estratgia de comunicao a distribuio lgica

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    de mensagens fixas ou estticas, dispostas de forma que atraiam a ateno voluntria e seletiva do usurio nos pontos chave do espao onde ocorre a sua circulao (OROZCO, 2006). Orozco (2006) destaca, a seguir, as principais caractersticas da sinaltica: Identifica, regula e facilita os servios requeridos pelos indivduos. Os sistemas sinalticos so criados ou adaptados em cada caso particular. Utiliza cdigos de leitura conhecidos pelos usurios, estes no necessariamente tem que ser

    universais, podem ser locais. Os sinais so unificados e produzidos especialmente. Se atem as caractersticas do entorno. Refora a imagem pblica ou de marca.

    importante diferenciar a sinaltica da sinalizao, as principais diferenas podem ser encontradas no quadro 1.

    Sinalizao Sinaltica 1. A sinalizao tem por objeto a regulao dos fluxos humanos e motorizados no espao exterior.

    1. A sinaltica tem por objeto identificar, regular e facilitar o acesso aos servios requeridos pelos indivduos em um entorno definido.

    2. um sistema determinante de condutas.

    2. um sistema optativo de aes. As necessidades particulares determinam o sistema.

    3. O sistema padronizado e j est criado.

    3. O sistema deve ser criado ou adaptado em cada caso particular.

    4. As mensagens grficas preexistem aos problemas.

    4. As mensagens grficas so consequncias dos problemas especficos.

    5. As mensagens grficas tm sido j padronizadas e homologadas, e se encontram disponveis na indstria.

    5. As mensagens grficas devem ser padronizadas e homologadas pelo designer do programa e especialmente produzidas.

    6. indiferente as caractersticas do entorno.

    6. Est sujeita s caractersticas do entorno.

    7. Fornece ao entorno fatores de uniformidade

    7. Fornece fatores de identidade e diferenciao

    8. No influi na imagem do entorno. 8. Refora a imagem pblica. 9. A sinalizao conclui em si mesma. 9. Prolonga-se nos programas de identidade

    mais amplos. Quadro 1: Diferenas entre sinalizao e sinaltica.

    Fonte: Orozco (2006, p. 39)

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    2.4.3.1 Classificao das mensagens grficas

    Podemos classificar as mensagens grficas de acordo com dois critrios, na viso de Orozco (2006). O primeiro de acordo com seu objetivo, e o segundo de acordo com seu sistema de colocao, fixao ou localizao.

    Ser destacada, neste tpico, somente a classificao quanto ao objetivo, conforme segue:

    a) Orientadoras: tm por objetivo situar os indivduos em um entorno, como, por exemplo, os mapas ou planos de localizao.

    b) Informativas: esto em qualquer lugar do entorno e nos informam, por exemplo, horrios, ou de servios.

    c) Direcionais: instrumentos especficos de circulao. Por exemplo, flechas ou proibies de passagem.

    e) Identificativas: so instrumentos de designao que confirmam a localizao, so para espaos abertos. So comuns em tendas comerciais e/ou stands.

    f) Reguladoras: so para salvar, guardar e proteger os usurios do perigo eminente, dentro destas encontramos basicamente trs: 1) preventivas; 2) restritivas; 3) proibitivas; 4) advertivas.

    g) Ornamentais: so em geral as de adorno, mas tambm esto de algum modo identificando. Um exemplo comum so bandeirolas corporativas e institucional.

    Seguem, nas figuras 12, 13 e 14, respectivamente, exemplos de sinalizao identificativa, direcional e reguladora (do tipo advertiva).

    Figura 12: Placa indicativa da Nissan Figura 13: Placa na Rodovia GO-239 Fonte: Site www.grupoglobo.com.br Fonte: Site www.altiplano.com.br

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    Figura 14: Imagem de sinalizao de advertncia Fonte: Site www.mdig.com.br

    Aps contextualizada a sinalizao de sinaltica, quase que inevitvel no mencionar a sinalizao digital to presente nos dias atuais, em funo da revoluo digital pulsante e constante neste sculo XXI.

    2.4.4 Sinalizao digital

    Hoje em dia o design de interao oferece sistemas de navegao sob mquinas de iconicidade. Como no caso de quiosques multimdias que orientam as pessoas no espao via telas de interface em computao grfica. Apesar de no fazer parte do escopo da presente pesquisa, vale ressaltar alguns pontos da sinalizao digital.

    A sinalizao digital, conforme Royo (2008, p. 134):

    uma atividade do design surgida da necessidade de se criar espaos bem indicados e identificados para o usurio e deriva de caractersticas e conhecimentos de trs disciplinas do design: o design de usabilidade, o design da informao e a sinaltica tradicional.

    A sinalizao digital foi desenvolvida nos Estados Unidos, e como veculo de comunicao teve um crescimento considervel nos ltimos anos, com expressiva participao no mercado publicitrio (MOREIRA, 2011).

    Segundo dados da OVAB (Out of Home Advertising Bureau), este segmento com 13 anos de existncia j fatura cerca de US$ 3,4 bilhes por ano. Cresceu mais de 20% ao ano nos ltimos sete anos e espera ultrapassar US$ 6 bilhes anuais em 2012 (MOREIRA, 2011). Royo (2008, p. 134) aborda, a seguir, a transposio da sinaltica, do espao fsico para o virtual, analisando como ela acontece em cada um destes ambientes.

    A sinaltica, em espaos tridimensionais, encarregada at o momento de facilitar o fluxo dos usurios pelos centros pblicos, comerciais, de trnsito entre outros., por meio de pictogramas, agora assume tambm o ciberespao: a arquitetura de

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    informaes necessita de uma sinalizao especfica e ajustada ao ciberespao e, sobretudo, ao usurio, para as aes que ele precisa realizar no sistema. necessrio, pois, um cdigo de cones, ou cdigos lingusticos mistos (cones, textos, esquemas) que ajudem a conseguir um uso da linguagem que facilite uma navegao eficaz. Assim, pois, enquanto a sinalizao tradicional articula o espao real (pelo qual nos movemos), a sinalizao digital encarregada de sinalizar, estruturar e articular o ciberespao.

    A sinalizao digital herdeira do design da informao, do design de usabilidade e do design de sinalizao especial [...] (ROYO, 2008, p. 134).

    Em ambos os sistemas de comunicao, seja na sinalizao tradicional ou na digital, o propsito facilitar o fluxo das pessoas, seja atravs de arquiteturas tridimensionais ou de informao. A finalidade da sinalizao que o transeunte ou navegante seja direcionado de forma adequada para atingir os seus propsitos. Particularmente na sinalizao digital,o conceito de direo essencial para compreender a funo dos seus projetos (ROYO, 2008).

    No caso de ambientes digitais, como no dos web sites, o designer organiza a estrutura da comunicao, atravs da arquitetura da informao; a fim de possibilitar ao usurio guiar-se por diretrios especficos em funo dos mapas que orientam os fluxos semnticos.

    Nos sistemas digitais, a indicao de direo realizada por meio de elementos icnicos ou textuais que so sensveis ao acionarmos o mouse ou qualquer outra interface

    fsica em que nos levam a outro espao grfico diferente, com outro tipo de informao (ROYO, 2008, p. 134).

    A figura 15 mostra um exemplo de sinalizao digital, representado pelo cone de alerta de STOP do sistema Mac OS. O designer grfico deve ter a sutileza de atentar para uma eventual distoro do significado da mensagem, em funo de diferenas culturais. Neste caso especfico, por exemplo, conforme Royo (2008, p. 143), na Grcia, o gesto das mos com as palmas para a frente uma forma de insulto. A figura 16 ilustra um smbolo que o cone do navegador Mozilla Firefox, como notrio, destaca-se a sua ambiguidade representacional, que ora enxerga-se a imagem da raposa (fox), ora v-se, ento, a silhueta de seu rabo fazendo aluso ao fogo (fire).

    J a figura 17, apresenta uma inusitada placa em Treviso, norte da Itlia, que indica a presena de prostitutas naquela localidade. Nesta cidade, optou-se por auxiliar as profissionais do sexo em seu trabalho. Porm, a sinalizao tem induzido duplicidade em sua interpretao, pois, conforme o site lobamuitocruel.blogspot.com, para alguns, a placa com a frase ateno prostitutas pede que o motorista tome cuidado com as profissionais que cruzam a rodovia e, para outros, o aviso se refere apenas aos servios oferecidos na regio. Muitos poiimotoristas, ao visualizar esta placa, reduzem a velocidade, tentando decifrar o pictograma.

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    Figura 15: cone da Apple Figura 16: cone do Mozzila Figura 17: Placa de prostitutas Fonte: Royo (2008, p. 143) Fonte: Site macmagazine.com.br Fonte: lobamuitocruel.blogspot.com

    2.5 IDENTIDADE CORPORATIVA

    Identidade corporativa significa nada menos do que a unidade de contedos, declaraes e comportamentos de uma empresa ou organizao. O objetivo de um trabalho de Identidade Corporativa deve, ento, ser o de revelar a identidade de dentro e fora da empresa (BRDEK, 2006, p. 345).

    2.5.1 Branding empresarial: o caso AEG

    De acordo com Heller (2000 apud VIEIRA, 2002), Peter Behrens, arquiteto e designer, desenvolveu o primeiro programa coerente de design corporativo (at 1914). Ele apontado como design soluo para a Allgemeine Elektricitatis-Gesellschaft (AEG1), da Alemanha.

    O material publicitrio de Peter Behrens , austero e geomtrico tido como pioneiro, pois, pela primeira vez, um trabalho de um designer foi to amplamente adotado por uma companhia. Behrens contratou um estdio de arquitetos e designers soviticos, para desenvolverem desde a marca grfica, sua aplicao na arquitetura; bem como as caractersticas fsicas e visuais dos produtos e do material de comunicao dos mesmos. Primeiramente conhecido como estilo da casa consistindo numa srie de regras para padronizao dos elementos grficos de uma organizao esse conceito desenvolvido nos anos 30, pela Olivetti, na Itlia, e pela Container Corporation of America com o nome de

    1 A AEG (Allgemeine Elektricitts-Gesellschaft) foi uma das mais importantes empresas eletrotcnicas da

    Alemanha, fundada em 1887. A AEG foi dissolvida em 1996, mas a marca continua sendo usada em muitos produtos atravs de licenciados. A empresa produziu - entre outros - eletrodomsticos, locomotivas, automveis, avies, cinematgrafos e mainframes (Disponvel em: http://pt.wikipedia.org/wiki/AEG. Acesso em: 06 out. 2011).

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    Identidade Visual Corporativa. O elemento principal dessa programao visual a marca de fbrica, uma espcie de emblema usado dentro e fora da companhia, que emprega sempre o mesmo estilo de letras (nas tipografias, para impresso desses emblemas, os impressores juntavam as letras ou ento fundiam-nas em uma nica pea de metal, conhecida como logotipo) (HOLLIS, 2000 apud VIEIRA, 2002).

    A figura 18 mostra uma evoluo do logotipo da AEG, iniciando com Franz Schwechten, em 1869, passando por Peter Behrens (1907-1912), e finalizando com o ltimo formato, em 2004.

    Figura 18: Evoluo do logotipo da AEG. Fonte: Site markenlexikon.com

    2.5.2 Branding territorial

    No discurso profissional do branding, conforme Bonsiepe (2011, p. 83), a identidade se define como a soma de todas as caractersticas que tornam uma marca ou uma empresa inconfundvel e singular. Essa interpretao tem duas caractersticas, uma fixa, da constncia esttica; e outra mutvel, da flexibilidade e da troca de identidade. Kotler (2000, p. 269) apresenta sua conceituao de branding:

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    Branding significa dotar produtos e servios com o poder de uma marca. Est totalmente relacionado a criar diferenas. Para colocar uma marca em um produto, necessrio ensinar aos consumidores quem o produto [...] bem como a que ele se destina e por que o consumidor deve se interessar por ele. O branding diz respeito a criar estruturas mentais e ajudar o consumidor a organizar seu conhecimento sobre produtos e servios, de forma que torne sua tomada de deciso mais esclarecida e, nesse processo, gere valor empresa.

    Simultaneamente com o fator identidade fixa, coexiste o aspecto da mudana permanente. Nada pode se manter imutvel. Tudo mutvel. Desta forma, o conceito de identidade se estende do conceito da constncia (esttica) at o extremo oposto, que a mudana (dinmica) (BONSIEPE, 2011). Chama e Pastorelo (2007) estabelecem uma relao entre o design e o branding, ao mencionarem que o branding pode ser sintetizado como um processo de criao, no somente de elementos grficos, mas principalmente de um ambiente comum e unificador de tudo que esteja relacionado identidade de um produto ou grupo de produtos. Conceituar esse ambiente, determinando suas linguagens verbal e visual, com o propsito de resumir e condensar todas as informaes tangveis e intangveis em uma marca, o objetivo do processo de branding.

    O designer deve ter percepo da divergncia potencial entre a realidade da empresa e sua imagem. Assim, ele pode prevenir-se do perigo de realizar um mero face-lifting, visando tornar uma empresa mais atraente, mediante um simples aprimoramento visual (BONSIEPE, 2011, p. 83).

    Neste aspecto, Gui Bonsiepe enfatiza um novo posicionamento de branding, com relao imagem e identidade no mercado, assim segue:

    Surgiram oportunidades para consultorias internacionais de branding que operam globalmente no Mercado constitudo pelos Estados e pases que pretendem elaborar um processo de re-branding, da maneira como se aplica em empresas. Os motivos para essas novas apresentaes, com nfase no aspecto visual, consistem em apresentarem-se de modo mais atraente no mbito internacional. Objetivam fomentar o turismo, atrair eventos internacionais para o pas e, sobretudo, criar um clima atraente, principalmente para investidores internacionais, irradiando uma identidade positiva, visando possveis retornos financeiros. O carter universal dessas promoes agora abrange tambm cidades, regies e pases (BONSIEPE, 2011, p. 84).

    Entretanto, as autoridades responsveis pelos contratos de branding tem um limitado conhecimento do tema ou no sabem que uma renovao da identidade vai muito alm da simples utilizao de bandeiras como meios de marketing. Para otimizar, orienta-se enquadrar no s empresas, mas tambm cidades, regies e pases, numa ideia mais abrangente de marca territorial. Aplicando as tcnicas do branding, so geradas vantagens competitivas um

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    processo no qual a criao da identidade simblica tem um papel determinante (BONSIEPE, 2011). As figuras 19, 20 e 21 mostram as imagens de logos tursticos de alguns pases, neste caso especfico, a Argentina, a Austrlia e o Brasil. Conforme Naslau (2011), em busca de se posicionar em um nicho especfico para o turismo, cada pas procura criar, por meio de uma marca, uma identidade visual prpria. J a figura 22, apresenta um logo criado pelo governo Lula.

    Figura 19: Logo turstico da Argentina Figura 20: Logo turstico da Austrlia Fonte: Naslau (2011) Fonte: Naslau (2011)

    Figura 21: Marca Brasil turismo Figura 22: Marca territorial do Governo Federal Fonte: Naslau (2011) Fonte: spdrio.blogspot.com

    Ao fazer uma aluso s identidades visuais criadas pelos pases, Bonsiepe (2001, 85) menciona que deve-se distinguir claramente entre a identidade visual orientada para longa durao e aquela identidade limitada a um perodo de governo, e complementa:

    O Mxico aplica uma poltica sistemtica de identidade para marcar produtos de exportao. O uso de logomarcas para produtos do tipo premium (determinadas frutas subtropicais) est submetido a um controle de qualidade. S quando um produto cumpre determinados critrios de qualidade, permite-se o uso da nova logomarca para embalagens de transporte e de consumo. No Brasil, simplesmente pede-se o registro da empresa que quer usar a logomarca (como Made in Brazil), sem nenhum controle posterior de qualidade dos produtos em que essa marca ser aplicada (BONSIEPE, 2011, p. 85).

    Neste sentido, vale ressaltar que o compromisso do designer projetar uma identidade coerente e que reflete a qualidade do produto ou servio em questo.

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    As figuras 23 e 24 ilustram um exemplo clssico de marca territorial urbana, onde a padronizao dos txis norte-americanos aparece to propagada, difundida e facilmente percebida pelo cinema americano das dcadas de 1970 e 1980.

    Figura 23: Imagem de txi em Nova York Figura 24: Pster do filme Taxi driver Fonte: www.panicposters.com Fonte: www.funkycanvasart.com

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    3 COMUNICAO VISUAL

    A linguagem do desenho como forma de comunicao, possibilitou-nos o domnio de um cdigo por meio de expresso pictrica na configurao dos traos com os quais organizam as expresses demonstradas nas estruturas das primeiras linguagens dos hierglifos. Dessas hierografias passando pelos afrescos cristos, a toda forma de comunicao visual com base nos desenhos, padres a esquemas e demais cdigos de uma linguagem originariamente pictrica e icnica.

    Como o propsito principal de uma sinalizao chamar a ateno e informar, ela deve ser fcil e rpida de compreender, ter poucas palavras, letras simples e grandes, do contrrio no sero lidas. O layout da sinalizao dever ser feito por profissionais. Ex: placas verticais com algo escrito de baixo para cima tm 67,2% de boa viso, enquanto algo escrito de cima para baixo s tem 32,8% (BLESSA, 2005).

    Para entender a importncia da comunicao visual, basta observar a citao de Blessa (2005), que aponta que a percepo das mensagens pelos cinco sentidos humanos acontece com os seguintes percentuais:

    a) 1% pelo paladar; b) 1,5% pelo tato; c) 3,5% pelo olfato; d) 11% pela audio; e) 83% pela viso.

    A viso , portanto, o sentido que possibilita captar o maior percentual do contedo das mensagens. De posse destes dados, o designer grfico pode direcionar seu trabalho para os clientes e usurios, buscando no carregar excessivamente as mensagens com textos escritos, porm valendo-se de smbolos e signos.

    J Souza (1999, p. 123) aponta para um percentual ainda maior da viso, ao destacar que estudos mais recentes mostram que 95% da informao de um homem normal procede de seus canais ticos.

    3.1 MODO VISUAL

    Para Dondis (2007, p. 2), a linguagem simplesmente um recurso de comunicao prpria do homem, que evoluiu desde sua forma auditiva, pura e primitiva, at a capacidade de ler e escrever.

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    J o modo visual, conforme o autor:

    constitui todo um corpo de dados que, como a linguagem, podem ser usados para compor e compreender mensagens em diversos nveis de utilidade, desde o puramente funcional at os mais elevados domnios da expresso artstica. um corpo de dados constitudo de partes, um grupo de unidades determinadas por outras unidades, cujo significado, em conjunto, uma funo do significado das partes (DONDIS, 2007, p. 3-4).

    Percebe-se que, ao observar as figuras 1 e 2, referentes aos pictogramas sumrios e egpcios, que as formas escritas de antiga - tais como as inscries pr-histricas nas cavernas - seguiam mais a forma visual do que a de uma linguagem propriamente dita. Elas se assemelhavam mais aos smbolos que vemos na atualidade. A evoluo da linguagem escrita fez com que surgissem os vocabulrios e as palavras, levando assim a uma distino maior entre os elementos visuais e as letras.

    3.2 ELEMENTOS DA COMUNICAO VISUAL

    De acordo com Dondis (2007, p. 23), a caixa de ferramentas de todas as comunicaes visuais so os elementos bsicos, a fonte compositiva de todo tipo de materiais e mensagens visuais, alm de objetos e experincias:

    a) o ponto, a unidade visual mnima, o indicador e marcador de espao; b) a linha, o articulador fluido e incansvel da forma, seja na soltura vacilante do

    esboo seja na rigidez de um projeto tcnico; c) a forma, as formas bsicas, o crculo, o quadrado, o tringulo e todas as suas infinitas

    variaes, combinaes, permutaes de planos e dimenses; d) a direo, o impulso de movimento que incorpora e reflete o carter das formas

    bsicas, circulares, diagonais, perpendiculares; e) o tom, a presena ou a ausncia de luz, atravs da qual enxergamos; f) a cor, a contraparte do tom com o acrscimo cromtico, o elemento visual mais

    expressivo e emocional; a textura, ptica ou ttil, o carter de superfcie dos materiais visuais;

    g) a escala ou proporo, a medida e o tamanho relativos; h) a dimenso e o movimento, ambos implcitos e expressos com a mesma frequncia. A partir destes elementos visuais, obtm-se matria-prima para todos os nveis de

    inteligncia visual a partir deles que se planejam e expressam todas as variedades de

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    manifestaes visuais, objetos, ambientes e experincias. Os elementos visuais so manipulados com nfase cambivel pelas tcnicas de comunicao visual, em funo da natureza e do significado da mensagem (DONDIS, 2007).

    3.2.1 A comunicao visual no espao urbano

    Ferrara (1985, p. 119-120) aponta que no se pode pensar nas ruas, praas, avenidas, passeios, casa ou prdios como elementos autnomos, mas como fatores de um conjunto; a cidade resultado da atividade do conjunto que dinamiza suas estruturas, e que se denomina contexto urbano. A autora cita, ainda que, sob esta tica, entendida como unidade de percepo, a cidade no um dado, mas um processo contextual onde tudo signo, linguagem.

    Algumas manifestaes da comunicao visual no espao urbano so apresentadas nas imagens das figuras a seguir. A figura 25 ilustra uma faixa de pedestre, uma forma de comunicao visual utilizada para segurana no trnsito, que representa um padro internacional. J a figura 26, apresenta uma imagem onde aparece, na parte superior a pichao e, na parte inferior, o grafite. O primeiro representa um ato de vandalismo, muito comum nas grandes cidades, tais como So Paulo. J o segundo, por outro lado, uma manifestao artstica. Pode-se afirmar que a pichao e o grafite se caracterizam por um rudo ou interferncia na comunicao visual no espao urbano.

    Figura 25: Faixa de pedestre. Figura 26: Imagem de grafite e pichao se contrapondo Fonte: caminhod.com.br Fonte: arteblogcpm.blogspot.com

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    As figuras 27, 28 e 29 mostram placas de trnsito que sinalizam cuidado com a presena de animais na pista.

    Figura 27: Placa, animal selvagem Figura 28: Placa, animal selvagem Figura 29: Placa, animal na pista Fonte: eaecomofaz.wordpress.com Fonte: www.studentflights.com.au Fonte: frank-bacurau.blogspot.com

    A figura 30 ilustra algumas placas indicativas das rodovias, apontando alguns tipos de servios auxiliares.

    Figura 30: Placas indicativas de servios auxiliares nas rodovias. Fonte: Ministrio dos Transportes (2011).

    Ainda se reportando s placas indicativas, foi apresentada proposta que visa tornar lei as placas de indicao para os motoristas nas rodovias.

    Este fato aconteceu no Estado do Mato Grosso do Sul, onde foi apresentado, em agosto de 2011, durante sesso na Assemblia Legislativa de MS, um Projeto de Lei de autoria do deputado estadual Lauro Davi (PSB) que torna obrigatrio a instalao de placas de informao sobre postos de combustveis e servios existentes nas rodovias estaduais de Mato Grosso do Sul. De acordo com o projeto, todas as rodovias estaduais que cortam o Estado devero possuir placas de sinalizao indicativa contendo informaes sobre postos de combustveis e servios com as suas respectivas distncia (ARAL MOREIRA NEWS, 2011).

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    Aludindo ainda temtica legislao, Orozco (2006) cita que, entre as normas internacionais se destaca o sistema DOT, criado em 1974, um sistema de smbolos criados nos EUA, pela AIGA (Instituto Americano de Artes Grficas), em colaborao com o Departamento de Transportes. Foram utilizadas, como sistema de avaliao, trs premissas: a semntica, a sinttica e a pragmtica. O sistema DOT utilizado em aeroportos, terminais de trens e nibus em todo o mundo. A figura 31 apresenta pictogramas do sistema DOT.

    Figura 31: Pictogramas do sistema DOT. Fonte: Site curlymess.com

    3.2.2 A comunicao visual e o fator humano

    O homem de Vitruvio (figura 32), de Leonardo da Vinci, pode ser considerado como a parte que organiza o todo, a unidade de medida humana para todas as coisas.

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    Figura 32: O clssico homem vitruviano de Leonardo da Vinci. Fonte: Site esohistoria.blogspot.com

    3.2.2.1 Escala

    A escala humana, abordada a Antiguidade Clssica, retomada no Renascimento como forte unidade de medida para o todo complexo artstico, urbano e arquitetnico.

    Segundo Dondis (2007), todos os elementos visuais so capazes de se modificar e se definir uns aos outros. O processo constitui, em si, o elemento daquilo que chamamos de escala. A cor brilhante ou apagada, dependendo da justaposio, assim como os valores tonais relativos passam por enormes modificaes visuais, dependendo do tom que lhes esteja ao lado ou atrs. Em outras palavras, o grande no pode existir sem o pequeno. Porm, mesmo quando se estabelece o grande atravs do pequeno, a escala toda pode ser modificada pela introduo de outra modificao visual.

    A escala pode ser estabelecida no s atravs do tamanho relativo das pistas visuais, mas tambm atravs das relaes com o campo ou com o ambiente. Em termos de escala, os resultados visuais so fluidos, e no absolutos, pois esto sujeitos a muitas variveis modificadoras. A medida parte integrante da escala, mas sua importncia no crucial. Mais importante a justaposio, o que se encontra ao lado do objeto visual, em que cenrio ele se insere; esses so os fatores mais importantes (DONDIS, 2007).

    3.2.2.2 Relaes dos sinais com o usurio e a Ergonomia visual

    Para conseguir uma boa sinalizao, que produza resultados eficazes, h de alcanar-se, bem como de oferecer smbolos grficos acertados, uma correta localizao dos sinais. A

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    situao de qualquer suporte de sinalizao (pster, entre outros.) ser tanto mais acertada quanto mais ajustada quando se encontre dentro do ngulo de viso humana, sendo uma norma til evitar um desvio superior a 10% desse ngulo. Essa frmula incide especialmente na altura de colocao (OROZCO, 2006). Cada altura deve ser adequada segundo o nvel da viso. A altura mdia do nvel do olho ou nvel visual medido desde o solo de uma pessoa de p aproximadamente de 1,60 m. Enquanto sentado aproximadamente de 1,30 m e ao dirigir um veculo aproximadamente de 1,40 m. O nvel visual de um motorista de caminho muito mais alto que o do automobilista. Por isso, torna-se varivel pelo que dever ser considerado especialmente quando o projeto requer.

    O fator humano, responsvel pela assimilao das mensagens visuais, decorre-se do estudo dos fundamentos da psicologia da percepo e dos padres de recepo estabelecidos pelos estudos da Gestalt e suas leis. A Gestalt foi objeto de estudo de psiclogos alemes, e foi estruturada no perodo ps-guerra. A Gestalt e suas leis so indispensveis para os designers organizarem os aspectos visuais em estruturas e espaos, que possibilitem um diagrama harmnico para arranjo visual adequado. Hierarquias de comandos e suas caractersticas so organizadas segundo os princpios da pregnncia da forma e do fechamento.

    As leis da Gestalt so, de acordo com Gomes Filho (2004), a unidade, a segregao, a unificao, o fechamento, a continuidade, a proximidade, a semelhana e a pregnncia da forma. A seguir apresenta-se uma breve definio de cada uma destas leis, conforme Gomes Filho (2004, p. 29-36):

    a) Unidades: uma unidade pode ser consubstanciada num nico elemento, que se encerra em si mesmo, ou como parte de um todo.

    b) Segregao: significa a capacidade perceptiva de separar, identificar, evidenciar ou destacar unidades formais em um todo compositivo ou em partes deste todo.

    c) Unificao: consiste na igualdade ou semelhana dos estmulos produzidos pelo campo visual, pelo objeto.

    d) Fechamento: obtm-se a sensao de fechamento visual da forma pela continuidade numa ordem estrutural definida, ou seja, pelo agrupamento de elementos de maneira a constituir uma figura total mais fechada ou mais completa.

    e) Continuidade: a impresso visual de como as partes se sucedem atravs da organizao perceptiva da forma de modo coerente, sem quebras ou interrupes na sua trajetria ou na sua fluidez visual.

  • 43

    f) Proximidade: em condies normais, os estmulos mais prximos entre si, seja por forma, cor, tamanho, textura, brilho, peso, direo e outros, tero maior tendncia a serem agrupados e a constiturem unidades.

    g) Semelhana: a igualdade de forma e de cor desperta tambm a tendncia de se construir unidades, isto , de estabelecer agrupamentos de partes semelhantes.

    h) Pregnncia da forma: as foras de organizao da forma tendem a se dirigir tanto quanto o permitirem as condies dadas, no sentido da harmonia e do equilbrio visual.

    As figuras 33, 34 e 35 apresentam respectivamente, imagens que representam algumas das leis da Gestalt, sendo, respectivamente, a segregao, a pregnncia da forma e o fechamento.

    Figura 33: Segregao Figura 34: Fechamento Figura 35: Pregnncia da forma Fonte: Gomes Filho (2004) Fonte: rmtonline.globo.com Fonte: www.ligiafascioni.com.br

    A sinalizao e a acessibilidade

    Ao tratar do tema, ergonomia visual, no se pode deixar de reportar questo do papel da sinalizao para a incluso social.

    Ao abordar este assunto, sinalizao para deficientes, Orozco (2006) comenta que vivemos numa poca em que a cada dia esto mais ativas as pessoas com problemas fsicos, no Mxico se tem comeado a adotar medidas que levam em conta este setor da populao, a sinalizao deve levar em conta o deficiente, para orient-los e lhes mostrar os servios especiais que encontram-se sua disposio.

    O autor aponta ainda que, da mesma forma, devemos considerar a deficincia visual ao estabelecer um sistema de sinalizao, j que este um problema que se acentua com a idade. Para estes casos, a relao de distncia e altura tipogrfica dever aumentar uma polegada por

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    cada 7,5m. Inclusive alguns projeto sinalticos, por sua natureza requerem que se use em sua elaborao a linguagem Braile, este sistema universal o meio de leitura e escrita ttil da qual se utilizam as pessoas com deficincia visual (OROZCO, 2006).

    Face ao que foi citado, podem-se destacar as caladas que atuam como guia para os deficientes visuais (figura 36) e o acionamento dos botes de elevadores em Braile (figura 37).

    Figura 36: Calada para deficiente visual Figura 37: Sinalizao Braile Fonte: Site novomilenio.inf.br Fonte: acessibilidades3.wordpress.com

    3.3 ANATOMIA DA MENSAGEM VISUAL

    Ao abordar esta temtica, anatomia da mensagem visual, Dondis (2007, p. 95) afirma que a reduo de tudo aquilo que vemos aos elementos visuais bsicos tambm um processo de abstrao, que, na verdade, muito mais importante para o entendimento e a estruturao das mensagens visuais. O autor destaca ainda que, nas questes visuais, a abstrao pode no existir apenas na pureza de uma manifestao visual reduzida mnima informao representacional.

    A anatomia da mensagem visual pode assumir trs nveis: representacional; simblico e abstracional. o que elucida Dondis (2007, p. 20), ao afirmar que:

    Os dados visuais tm trs nveis distintos e individuais: o input visual, que consiste de mirades de sistemas de smbolos; o material visual representacional, que identificamos no meio ambiente e podemos reproduzir atravs do desenho, da pintura, da escultura e do cinema; e a estrutura abstrata, a forma de tudo aquilo que vemos, seja natural ou resultado de uma composio para efeitos intencionais.

  • 45

    3.3.1 Nvel representacional

    Dondis (2007, p. 21) aponta que o nvel representacional da inteligncia visual fortemente governado pela experincia direta que ultrapassa a percepo.

    O aprendizado e o conhecimento das coisas das quais no podemos ter experincia direta so facilitados atravs dos meios visuais, mais do que por meio de uma descrio verbal ou da linguagem escrita. Frequentemente, a simples viso de um objeto ou de um processo j proporciona uma percepo do seu significado, no se faz necessria a utilizao de sistemas de cdigos ou algum tipo de decodificao para sua compreenso (DONDIS, 2007). Disso tudo se poderia concluir que qualquer manifestao visual abstrata profunda, e que a representacional no passa de uma mera imitao muito superficial, em termos de profundidade de comunicao (DONDIS, 2007, p. 101).

    A fotografia e a pintura so exemplos que retratam o nvel representacional. As figuras

    38 e 39 apontam alguns exemplos de imagens deste nvel. Na figura 38 destaca-se a atriz Marilyn Monroe, um dos maiores sex symbols do

    cinema hollywoodiano. Na figura 39 apresentado um carro da empresa japonesa Mitsubishi, com seu respectivo logo na parte dianteira do veculo. A palavra Mitsubishi significa, na lngua japonesa, trs diamantes, sendo que mitsu significa trs e bishi, diamante. Os trs diamantes remetem ao simbolismo da resistncia e da preciosidade. O logo da Mitsubishi foi criado em 1914, pelo prprio dono da empresa (ORANGESKETCH, 2010).

    Figura 38: Marilyn Monroe Figura 39: Veculo da Mitsubishi Fonte: Site luciointhesky.wordpress.com Fonte: Site mundodedicas.com

  • 46

    3.3.2 Nvel simblico

    Existe um vasto universo de smbolos que identificam aes ou organizaes, estados de espritos, direes smbolos que vo desde os mais prdigos em detalhes representacionais at os completamente abstratos, e to desvinculados da informao identificvel que preciso aprend-los da maneira como se aprende uma lngua (DONDIS, 2007, p. 20). Como exemplos de smbolos, tm-se as letras do alfabeto. A lngua inglesa utiliza somente vinte e seis smbolos, enquanto a lngua chinesa contempla, em seu alfabeto, milhares de palavras-imagem, ou ideogramas (DONDIS, 2007).

    As figuras 40 e 41 ilustram, respectivamente, a primeira-dama da Frana, Carla Bruni, vestindo uma camiseta com o smbolo da luta conta a AIDS, e a modelo brasileira Daniela Sarayba com camiseta onde se destaca o smbolo da campanha da luta contra o cncer de mama.

    Figura 40: Smbolo da luta conta a AIDS Figura 41: Smbolo da luta contra o cncer de mama Fonte: Site www.tudocom.net Fonte: Site dani-se.net.b

    3.3.3 Nvel abstracional

    A abstrao nos traz a qualidade sinestsica de um fato visual reduzido a seus componentes visuais bsicos e elementares, enfatizando os meios mais diretos, emocionais e mesmo primitivos da criao de mensagens (DONDIS, 2003, apud CASTRO, 2009, p. 38). Para o autor, o nvel abstracional trata da subestrutura, da composio elementar abstrata, e, portanto, da mensagem visual pura (DONDIS, 2007, p. 20).

    A pintura e a escultura so manifestaes artsticas que se utilizam bastante da abstrao.

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    Um grande nmero de formatos visuais so abstratos por sua prpria natureza. Uma casa, uma moradia, o abrigo mais simples ou mais complexo no se parece com nada que exista na natureza. (...) Em seu nvel elementar, trata-se de um volume abstrato e dimensional (DONDIS, 2003 apud CASTRO, 2009, p. 38).

    A seguir, so apresentadas nas figuras 42 e 43, alguns imagens que ilustram os trs nveis mencionados, representacional, simblico e o abstrato. A imagem de uma pomba, com um ramo em seu bico, um smbolo da paz, que pode aparecer sob vrias formas, conforme a figura 42.

    Figura 42: Diferentes nveis de abstrao para o smbolo da paz. Fonte: Castro (2009, p. 37)

    J nas figuras 43 e 44, observam-se as marcas da Apple, que revelam bastidores da forma atravs

    Figura 42: Diferentes nveis de abstrao para o smbolo da paz. Fonte: Castro (2009, p. 37)

    J nas figuras 43 e 44, observam-se as marcas da Apple, que revelam bastidores da forma atravs do cone reducional tecnolgico. O logo da figura 43 o primeiro criado pela Apple, sendo posteriormente substitudo pelo logo da figura 44.

    Figura 43: Logos da Apple Figura 44: Logo da Apple Fonte: Ollins (1990 apud VIEIRA, 2002, p. 78). Fonte: www.novidadesdeinformatica.com.br

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    3.4 TCNICAS VISUAIS APLICADAS

    3.4.1 Sinttica, semntica e pragmtica

    Sinttica, semntica, pragmtica so as trs dimenses pelas quais se pode descrever a imagem sob o ponto de vista de uma possvel gramtica visual. A cada uma delas corresponde uma questo comunicativa fundamental (SOUZA, 1999, p. 129). Estas trs dimenses so representadas, esquematicamente, na figura 45.

    Figura 45: Sinttica, semntica e pragmtica. Fonte: Souza ( 1999, p. 129)

    Sinttica Ao se reportar dimenso sinttica Souza (1999, p. 130) aponta que a imagem grfica nada mais que um simples sinal visvel numa superfcie, utilizado para expressar as mais variadas finalidades de comunicao, mediante a reproduo impressa.

    Souza (1999) afirma que a dimenso sinttica da imagem est relacionada s questes de forma, ou seja, os elementos estruturais e tcnicas de composio visual e enfatiza que, percebe-se, de forma surpreendente, que a linguagem visual grfica est estruturada apenas por dois elementos bsicos, destacados a seguir:

    a) o sinal ou mancha grfica; b) o plano da representao, em seu duplo aspecto, caracterizados pela superfcie em

    duas dimenses (x, y). Nesta superfcie se localiza a mancha grfica e o plano de viso (z), que

    Semntica Que dizer?

    Sinttica Como dizer?

    Pragmtica Para que e para

    quem dizer?

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    indica a colocao fsica do observador, relativamente s coisas observadas e registradas pelo sinal grfico. As duas dimenses e o plano de viso esto ilustrados na figura 46.

    Figura 46: Elementos bsicos da linguagem visual grfica. Fonte: Souza (1999, p. 130)

    Semntica A dimenso semntica est ligada ao contedo, ou seja, s possibilidades de representao da forma. A atribuio de valores semnticos a uma determinada configurao grfica, embora seja passvel por meio das tcnicas compositivas, no uma atividade mecnica, absolutamente codificada e vlida para todas as pessoas de qualquer cultura. (SOUZA, 1999).

    Ver imagens e reconhecer contedos expressivos implica discernimento e depende, alm das habilidades manuais e intelectuais apropriadas, de algumas condies psicolgicas que Gubern chamou de competncia icnica do ser humano (SOUZA, 1999, p. 136)

    Pragmtica A dimenso pragmtica refere-se aos aspectos funcionais. Conforme Souza (1999), desenhar algo implica fazer escolhas e essas so determinadas pelo tipo de comunicao que se quer estabelecer.

    A pragmtica est ligada ao significado expresso por um sinal ou smbolo. Ela explica a funo que tem uma imagem grfica para transmitir uma mensagem visualmente. Qualquer imagem expressa uma mensagem para o indivduo que o est observando (OROZCO, 2006). Conforme Massironi (1982 apud SOUZA, 1999), os produtos do design grfico, em suas diversas finalidades comunicativas podem ser reduzidos em cinco categorias funcionais de desenho: ilustrativo, operativo, taxionmico, diagramtico e sinaltico. Neste tpico ser abordado somente o sinaltico, que o objeto principal de estudo no presente trabalho. Esta categoria, de acordo com Souza (1999, p. 137)

    Y

    X

    Z

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    compreende os signos grficos que transmitem informaes essenciais a um grande nmero de pessoas, inclusive de lnguas diferentes, para orientar o seu comportamento social, tais como: os pictogramas, os cdigos grficos de mbito internacional, as marcas e logotipos institucionais e a sinalizao viria.

    Como exemplos, podem ser apontados o cdigo de cores dos semforos, as sinalizaes em aeroportos, as faixas de pedestres, a sinalizao de trnsito, os logotipos como o do Mc Donalds, o smbolo da Coca-Cola, os logotipos das indstrias automobilsticas, entre outros.

    3.4.2 Cores e contraste

    A cor uma parte importante da sinalizao e que impregna muita informao, criando uma sensao tica, provocada por suas convenes (OROZCO, S.D. p. 76), por exemplo, o vermelho serve para identificar instalaes de incndio, o amarelo indica cuidado, o verde, normalmente, est associado segurana. Em fbricas, o verde escuro indica tubulao de gua; o azul representa ar comprimido; o cinza, energia eltrica; o vermelho, rede de incndio. O roxo, o amarelo, o azul, o verde, o laranja e o caf so exemplos de cores que podem ser reconhecidas e memorizadas com mais facilidade pelas pessoas (alm do branco e do preto). A cor deve ser um fator de integrao entre a sinaltica e o meio ambiente, destacando a informao (OROZCO, S.D. p. 76). A cor tem maior afinidade com as emoes, ela embute muita