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Sistema de Armazenamento de Energia como Solução Reparadora de Perturbações na Qualidade de Energia Elétrica Ana Catarina Vaia Assis Dissertação para a obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores Orientador: Profª. Sónia Maria Nunes dos Santos Paulo Ferreira Pinto Júri Presidente: Profª. Maria Eduarda de Sampaio Pinto de Almeida Pedro Orientador: Profª. Sónia Maria Nunes dos Santos Paulo Ferreira Pinto Vogal: Prof. Paulo José Duarte Landeiro Gambôa Novembro de 2014

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Sistema de Armazenamento de Energia

como Solução Reparadora de Perturbações

na Qualidade de Energia Elétrica

Ana Catarina Vaia Assis

Dissertação para a obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Eletrotécnica e de Computadores

Orientador: Profª. Sónia Maria Nunes dos Santos Paulo Ferreira Pinto

Júri

Presidente: Profª. Maria Eduarda de Sampaio Pinto de Almeida Pedro

Orientador: Profª. Sónia Maria Nunes dos Santos Paulo Ferreira Pinto

Vogal: Prof. Paulo José Duarte Landeiro Gambôa

Novembro de 2014

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Agradecimentos

À minha orientadora, Professora Doutora Sónia Ferreira Pinto, pela disponibilidade, atenção,

paciência e profissionalismo. A sua ajuda constante, a sua sabedoria e a sua palavra amiga,

foram imprescindíveis para a realização deste trabalho.

Aos meus amigos e colegas de curso, pela boa disposição, incentivo, amizade e

companheirismo.

Ao meu namorado, Jaime Brito, pelo carinho e compreensão nos momentos mais difíceis.

Aos meus pais, pelo esforço que sei que fizeram para me proporcionar uma boa formação

académica e por acreditarem sempre em mim.

Às minhas avós pela preocupação, carinho e conselhos sábios.

Ao meu irmão, João Pedro, a quem dedico este trabalho, por ser o meu pequeno grande melhor

amigo e a minha inspiração de todos os dias.

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Resumo

A penetração de fontes de energia renováveis em pequena escala tem aumentado

significativamente nos dias de hoje e a perspetiva é para que continue a aumentar. No entanto,

a integração de sistemas de microgeração na rede elétrica atual pode dar origem a perturbações

na qualidade da onda de tensão.

Esta dissertação propõe um sistema de armazenamento de energia como solução para

problemas da qualidade de energia elétrica provenientes da integração de sistemas de energias

renováveis, atuando na sua mitigação através de tecnologias de armazenamento que fornecem

às cargas críticas a potência necessária durante perturbações.

O objetivo deste trabalho é a criação de um laboratório virtual em Matlab/Simulink, que inclui a

construção do sistema de armazenamento, dos modelos de microgeração e da rede elétrica de

distribuição. Este laboratório permite simular perturbações nas linhas, observar o seu impacto na

rede e analisar a resposta do sistema proposto. Para isso, são estudados dois cenários distintos:

o primeiro corresponde ao nivelamento de carga e o segundo a uma rede em ilha.

Conclui-se que, no caso do nivelamento de carga, o sistema de armazenamento pode ser usado

não só para mitigar perturbações na rede de baixa tensão mas também para ajudar a regular a

tensão da rede. No que respeita à rede em ilha, considerou-se que é uma boa solução para

fornecer energia a cargas críticas quando se dá uma interrupção total das linhas de distribuição,

permitindo um contínuo funcionamento da rede e consequente aumento da fiabilidade do

fornecimento de energia.

Palavras-chave:

Sistema de Armazenamento de Energia, Microgeração, Qualidade de Energia Elétrica,

Nivelamento de Carga, Rede em Ilha.

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Abstract

The penetration of renewable energy on a small scale has increased significantly today and the

perspective is to continue to increase. However, the integration of microgeneration systems in

current power grid may lead to disturbances in the quality of the voltage wave.

This paper proposes a energy storage system as a solution to problems of power quality from the

integration of renewable energy systems, acting in its mitigation through storage technologies that

supply the necessary power to critical loads during disturbances.

The main goal of this work is to develop a virtual laboratory in Matlab / Simulink, which includes

energy storage systems, models of microgeneration and electric distribution network. This lab

allows the simulation of disturbances in the grid, the evaluation of their impact in the network and

the response of the proposed systems. For this, two different scenarios are studied: the first

corresponds to the load leveling and the second to a microgrid.

It is concluded that, in case of the load leveling, the energy storage system can be used not only

to minimize disturbances in the low voltage network but also to help in the voltage regulation. As

regards to the island network, it is considered that it is a good solution to supply critical loads

when a total interruption of the distribution lines happens, allowing the continuous operation of

the network thus increasing the reliability of the power system.

Keywords:

Energy Storage System, Microgeneration, Power Quality, Load Leveling, Microgrid.

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Índice

AGRADECIMENTOS ..................................................................................................................... I

RESUMO ...................................................................................................................................... III

ABSTRACT .................................................................................................................................. IV

ÍNDICE .......................................................................................................................................... V

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................... VII

LISTA DE TABELAS ................................................................................................................. VIII

LISTA DE ABREVIATURAS E SIMBOLOGIA ............................................................................ IX

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 1

1.1. MOTIVAÇÃO E OBJETIVOS .................................................................................................. 1

1.2. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ........................................................................................... 2

2. ESTADO DA ARTE ............................................................................................................... 2

2.1. QUALIDADE DE ENERGIA ELÉTRICA .................................................................................... 3

2.2. SISTEMAS DE ARMAZENAMENTO DE ENERGIA ..................................................................... 4

2.3. TECNOLOGIAS DE ARMAZENAMENTO DE ENERGIA ............................................................... 5

2.4 REDE EM ILHA ................................................................................................................... 6

3. SISTEMA DE ARMAZENAMENTO PROPOSTO ................................................................ 9

3.1. BATERIAS UTILIZADAS ....................................................................................................... 9

3.2. CONVERSOR DC/DC ....................................................................................................... 12

3.3. CONTROLADORES DO SAE .............................................................................................. 14

3.2.1. Controlo de Corrente.................................................................................................. 14

3.3.2. Controlo de Tensão.................................................................................................... 15

3.4. SUPERVISOR ................................................................................................................... 18

4. CONVERSÃO DC/AC ......................................................................................................... 21

4.1. INVERSOR MONOFÁSICO LIGADO À REDE ......................................................................... 21

4.1.1. Dimensionamento do filtro de ligação à rede ........................................................ 23

4.1.2. Controlo da corrente injetada na rede ................................................................... 24

4.1.3. Sincronização com a rede ..................................................................................... 27

4.1.4. Controlo da tensão no andar DC ........................................................................... 27

4.1.5. Simulação do Inversor Monofásico ligado à rede ................................................. 31

4.2. INVERSOR TRIFÁSICO LIGADO À REDE .............................................................................. 33

4.2.1. Dimensionamento do filtro de ligação à rede ........................................................ 36

4.2.2. Controlo da corrente injectada na rede ................................................................. 37

4.2.3. Sincronização com a rede ..................................................................................... 38

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4.2.4. Controlo da tensão no andar DC ........................................................................... 39

4.2.5. Simulação do Inversor Trifásico ligado à rede ...................................................... 41

4.3. INVERSOR TRIFÁSICO ISOLADO DA REDE .......................................................................... 43

4.2.5. Simulação do Inversor Trifásico em Ilha ............................................................... 45

5. RESULTADOS OBTIDOS .................................................................................................. 47

5.1. CENÁRIOS ESTUDADOS ................................................................................................... 47

5.1.1. Nivelamento de Carga ........................................................................................... 48

5.2. RESULTADOS FINAIS ....................................................................................................... 49

5.2.1. Nivelamento de Carga ........................................................................................... 49

5.2.2. Introdução de Microgeração .................................................................................. 53

5.2.3. Rede em Ilha ......................................................................................................... 54

6. CONCLUSÕES E TRABALHO FUTURO........................................................................... 57

6.1. CONCLUSÕES ................................................................................................................. 57

6.2. PERSPETIVAS DE TRABALHO FUTURO ............................................................................... 58

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 59

ANEXO A - MODELO DA REDE ELÉTRICA DE DISTRIBUIÇÃO ........................................... 63

A.1. MODELO DO TRANSFORMADOR .................................................................................... 63

A.1.1. Ensaio em Vazio .................................................................................................... 65

A.1.2. Ensaio em Curto-Circuito ...................................................................................... 66

A.2. MODELO DAS LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO ........................................................................ 68

A.2.1. Resistência ............................................................................................................ 69

A.2.2. Indutância .............................................................................................................. 72

A.2.3. Capacidade ............................................................................................................ 73

ANEXO B - ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DAS BATERIAS UTILIZADAS ........................... 74

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Lista de Figuras

Figura 2.1 - Principais perturbações de QEE, [Amorim 2007] ...................................................... 3

Figura 2.2 - Aplicações e benefícios dos SAE, [Barbosa] ............................................................ 4

Figura 2.3 - Tipos de baterias existentes, [Autosil] ....................................................................... 6

Figura 2.4 - Esquema de uma rede em ilha, [Microgridinstitute] .................................................. 7

Figura 3.1 - Diagrama representativo do sistema de armazenamento proposto .......................... 9

Figura 3.2 - Bateria de 48V, [OptimumNano] .............................................................................. 10

Figura 3.3 - Bateria de 336V, [OptimumNano] ............................................................................ 11

Figura 3.4 - Circuito equivalente da bateria ................................................................................ 12

Figura 3.5 - Conversor DC/DC do tipo redutor de tensão ........................................................... 13

Figura 4.1 - Topologia do inversor monofásico de tensão .......................................................... 21

Figura 4.2 - Modulação de largura de impulso de três níveis, .................................................... 22

Figura 4.3 - Ligação do inversor à rede através de um filtro indutivo ......................................... 23

Figura 4.4 - Diagrama de blocos do controlador de corrente no inversor monofásico ............... 24

Figura 4.5 - Modelo de sincronismo do inversor monofásico ..................................................... 27

Figura 4.6 - Diagrama de blocos do controlador de tensão no inversor monofásico ................. 28

Figura 4.7 - Representação da dinâmica entre a tensão e as correntes no andar DC .............. 29

Figura 4.8 - Tensão de saída do inversor monofásico ................................................................ 31

Figura 4.9 - Tensão da rede e corrente injetada pelo inversor monofásico ............................... 32

Figura 4.10 - Topologia do inversor trifásico de tensão .............................................................. 33

Figura 4.11 - Modulação de largura de impulso de dois níveis, [Silva 2013] ............................. 34

Figura 4.12 - Ligação do inversor à rede através de um filtro LC ............................................... 36

Figura 4.13 - Diagrama de blocos do controlador de corrente no inversor trifásico ................... 38

Figura 4.14 - Modelo de sincronismo do inversor trifásico, [Martins 2009] ................................ 39

Figura 4.15 - Tensão de saída do inversor trifásico .................................................................... 41

Figura 4.16 - Correntes injetadas na rede pelo inversor trifásico ............................................... 42

Figura 4.17 - Tensão da rede e corrente injetada pelo inversor trifásico ................................... 42

Figura 4.18 - Controladores de tensão para a rede em ilha ....................................................... 43

Figura 4.19 - Representação da dinâmica das correntes para o controlo em ilha ..................... 44

Figura 4.20 - Diagramas dos controladores de tensão das componentes d e q ........................ 44

Figura 4.21 - Modulante resultante do controlo para a rede em ilha .......................................... 45

Figura 4.22 - Rede em Ilha: Tensões aos terminais da carga .................................................... 46

Figura 4.23 - Rede em Ilha: Erros das componentes d e q ........................................................ 46

Figura 5.1 - Esquema representativo dos cenários estudados ................................................... 47

Figura 5.2 - Nivelamento de carga .............................................................................................. 48

Figura 5.3 - Nivelamento de Carga: 𝑰𝒓𝒎𝒔_𝒄, 𝑰𝒓𝒎𝒔_𝒍 e 𝑽𝒓𝒎𝒔_𝒍; 𝑺𝑶𝑪𝒊=80%, SAE monofásico . 50

Figura 5.4 - Nivelamento de Carga: 𝑺𝑶𝑪, 𝑰𝒃𝒂𝒕 e 𝑽𝒃𝒂𝒕; 𝑺𝑶𝑪𝒊 =80%, SAE monofásico ............. 50

Figura 5.5 - Nivelamento de Carga: 𝑰𝒓𝒎𝒔_𝒄, 𝑰𝒓𝒎𝒔_𝒍 e 𝑽𝒓𝒎𝒔_𝒍; 𝑺𝑶𝑪𝒊=10%, SAE trifásico ....... 52

Figura 5.6 - Nivelamento de Carga: 𝑺𝑶𝑪, 𝑰𝒃𝒂𝒕 e 𝑽𝒃𝒂𝒕; 𝑺𝑶𝑪𝒊 =10%, SAE trifásico ................... 52

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Figura 5.7 - Introdução de Microgeração: 𝑺𝑶𝑪, 𝑰𝒃𝒂𝒕 e 𝑽𝒃𝒂𝒕; 𝑺𝑶𝑪𝒊=20%, SAE trifásico ........... 53

Figura 5.8 - Introdução de Microgeração: corrente no microgerador ......................................... 53

Figura 5.9 - Introdução de Microgeração: 𝑽𝒓𝒎𝒔_𝒍 ...................................................................... 54

Figura 5.10 - Rede em Ilha: Modulante, 𝑰𝒓𝒎𝒔_𝒍 e 𝑽𝒓𝒎𝒔_𝒍; 𝑺𝑶𝑪𝒊=100%, SAE trifásico ............. 55

Figura 5.11 - Rede em Ilha: 𝑺𝑶𝑪, 𝑰𝒃𝒂𝒕 e 𝑽𝒃𝒂𝒕; 𝑺𝑶𝑪𝒊 =100%, SAE trifásico ............................. 55

Lista de Tabelas

Tabela 2.1 - Aplicações dos SAE em função da sua autonomia, [Mezaroba 2012] ..................... 5

Tabela 3.1 - Características da bateria de 48V ........................................................................... 10

Tabela 3.2 - Características da bateria de 336V ......................................................................... 11

Tabela 3.3 - Componentes do conversor DC/DC ....................................................................... 14

Tabela 3.4 - Parâmetros do controlador de tensão do conversor DC/DC .................................. 17

Tabela 4.1 - Valores do filtro indutivo do inversor monofásico ................................................... 24

Tabela 4.2 - Parâmetros do controlador de corrente do inversor monofásico ............................ 26

Tabela 4.3 - Parâmetros do condensador no andar DC do inversor monofásico ....................... 28

Tabela 4.4 - Parâmetros do controlador de tensão do inversor monofásico .............................. 30

Tabela 4.5 - Valores do filtro LC do inversor trifásico ................................................................. 37

Tabela 4.6 - Parâmetros do controlador de corrente do inversor trifásico .................................. 38

Tabela 4.7 - Parâmetros do condensador no andar DC do inversor trifásico ............................. 39

Tabela 4.8 - Parâmetros do controlador de tensão do inversor trifásico .................................... 40

Tabela 4.9 - Parâmetros dos controladores de tensão para a rede em ilha ............................... 44

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Lista de Abreviaturas e Simbologia

µG Microgeração

BT Baixa Tensão

IGBT Insulated Gate Bipolar Transistor - Transístor Bipolar de Porta Isolada

Li-ion Baterias de Iões de Lítio

MT Média Tensão

PI Proporcional-Integral

PWM Pulse Width Modulation - Modulação por Largura de Impulso

QEE Qualidade de Energia Elétrica

SAE Sistemas de Armazenamento de Energia

SOC Estado de Carga

THD Taxa de Distorção Harmónica

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Símbolos

𝐵𝑚 Susceptância de magnetização do transformador

𝐶0 Condensador de filtragem AC do inversor trifásico

𝐶𝐷𝐶 Condensador de filtragem no andar DC

𝐶𝐼(𝑠) Compensador PI de corrente

𝐶𝑉(𝑠) Compensador PI de tensão

𝐶𝑐𝑜𝑛𝑑 Capacidade equivalente do condutor

𝐶𝑘 Valor catalogado da capacidade do condutor por unidade de comprimento

𝐹𝐼(𝑠) Função de transferência em cadeia fechada do controlador de corrente do inversor

𝐹𝑉(𝑠) Função de transferência em cadeia fechada do controlador de tensão do inversor

𝐺𝐼 Ganho do inversor controlado em corrente

𝐺𝑉 Ganho do inversor controlado em tensão

𝐺𝑚 Condutância de magnetização do transformador

𝐼0𝑟𝑒𝑓 Corrente de referência no inversor monofásico

𝐼𝐶𝐷𝐶 Corrente no andar DC

𝐼𝐿𝑟𝑒𝑓 Corrente de referência do conversor

𝐼_𝑟𝑒𝑓 Constante relativa à corrente de referência do inversor monofásico

𝐼0 Corrente injetada na rede

𝐼0𝑑 , 𝐼0𝑞 Correntes injectadas na rede no referencial dq

𝐼𝐶 Corrente no condensador do conversor

𝐼𝐷𝐶 Corrente do andar DC do inversor

𝐼𝐿 Corrente que percorre a bobina do conversor

𝐼𝑆 Corrente de saída do sistema

𝐼𝑏𝑎𝑡 Corrente na bateria

𝐼𝑚 Valor eficaz da corrente de magnetização

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𝐼𝑛 Corrente nominal do transformador

𝐼𝑟𝑚𝑠_𝑐 Valor eficaz da corrente medida na carga

𝐼𝑟𝑚𝑠_𝑙 Valor eficaz da corrente medida na linha

𝐾1 Coeficiente dependente da natureza do metal condutor

𝐾2 Coeficiente que representa a majoração do comprimento devido ao cableamento

𝐾3 Coeficiente que representa a majoração do comprimento devido à montagem

𝐾𝐼 Ganho integral do compensador do conversor

𝐾𝐼𝑉 Ganho integral do compensador de tensão do inversor

𝐾𝑃 Ganho proporcional do compensador do conversor

𝐾𝑃𝑉 Ganho proporcional do compensador de tensão do inversor

𝐿0 Bobina de filtragem do inversor

𝐿𝑐𝑜𝑛𝑑 Indutância do condutor

𝐿𝑘 Valor catalogado da indutância do condutor por unidade de comprimento

𝑃0 Perdas em vazio do transformador

𝑃𝐷𝐶 Potência do andar DC

𝑃𝑏𝑎𝑡 Potência da bateria

𝑃𝑐𝑐 Perdas em curto-circuito do transformador

𝑃𝑟𝑒𝑑𝑒 Potência da rede

𝑅0 Resistência equivalente da rede

𝑅1 Resistência de dispersão nos enrolamentos do primário do transformador

𝑅2 Resistência de dispersão nos enrolamentos do secundário do transformador

𝑅20 Resistência de um condutor em corrente contínua à temperatura de 20°

𝑅𝐿 Resistência interna da bobina de filtragem do inversor

𝑅𝑇 Associação da resistência interna 𝑅𝐿 com resistência equivalente da rede 𝑅0

𝑅𝑐𝑜𝑛𝑑 Resistência do condutor

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𝑅𝑚 Resistência de dispersão dos enrolamentos de magnetização do transformador

𝑅𝑡 Resistência total de dispersão dos enrolamentos do primário e do secundário do

transformador

𝑅𝜃 Resistência do condutor em função da temperatura do mesmo

𝑆𝑂𝐶𝑖 Estado de carga inicial

𝑆𝑐𝑜𝑛𝑑 Secção real da alma condutora

𝑇𝐶 Período de comutação

𝑇𝐷 Pólo da função de transferência do conversor

𝑇𝐷𝐼 Pólo da função de transferência para o controlo de corrente

𝑇𝐷𝑉 Pólo da função de transferência para o controlo de tensão

𝑇𝑃 Pólo do compensador do conversor

𝑇𝑃𝐼 Pólo do compensador de corrente

𝑇𝑍 Zero do compensador do conversor

𝑇𝑍𝐼 Zero do compensador de corrente

𝑈𝐶𝑚𝑎𝑥 Amplitude máxima da modulante

𝑈𝐶 Tensão da modulante

𝑈𝐷𝐶 Fonte de tensão contínua

𝑉𝐷𝐶𝑟𝑒𝑓 Tensão de referência no andar DC do inversor

𝑉𝑃𝑊𝑀𝑎𝑣 Valor médio da tensão de saída do inversor monofásico

𝑉𝑏𝑎𝑡𝑟𝑒𝑓 Tensão de referência aos terminais da bateria

𝑉0 Tensão da rede

𝑉0max Tensão de pico da rede

𝑉0𝑑, 𝑉0𝑞 Tensões da rede no referencial dq

𝑉𝐴𝐶 Tensão de saída do inversor trifásico

𝑉𝐷𝐶 Tensão no andar DC do inversor

𝑉𝐿 Tensão aos terminais da bobina do conversor

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𝑉𝑃𝑊𝑀 Tensão de saída do inversor monofásico

𝑉𝑏𝑎𝑡 Tensão aos terminais da bateria

𝑉𝑐𝑐 Tensão de curto-circuito do transformador

𝑉𝑛 Tensão nominal do transformador

𝑉𝑟𝑚𝑠_𝑙 Valor eficaz da tensão medida na linha

𝑊𝑐𝑜𝑛𝑑 Energia total armazenada no condensador do andar DC

𝑋1 Reactância de dispersão nos enrolamentos do primário do transformador

𝑋2 Reactância de dispersão nos enrolamentos do secundário do transformador

𝑋𝑚 Reactância de magnetização do transformador

𝑋𝑡 Reactância total de dispersão dos enrolamentos do primário e do secundário do

transformador

𝑍𝑐𝑐 Impedância de curto-circuito

𝑒𝐼𝐿 Erro da corrente que percorre a bobina do conversor

𝑓𝐶 Frequência de comutação

𝑙𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 Comprimento da linha

𝑥𝐴𝐵𝐶 Variável no referencial ABC

𝑥𝑑𝑞 Variável no referencial dq

𝑥𝛼𝛽𝛾 Variável no referencial 𝛼𝛽𝛾

𝛼20 Coeficiente de variação da resistividade a 20 °C

𝛼𝐼 Ganho de amostragem de corrente

𝛼𝑉 Ganho de amostragem da tensão

𝛾𝑘 Função de existência relativa aos estados dos semicondutores do inversor trifásico

𝜃𝐶 Temperatura do condutor

𝜌20

Resistividade do metal condutor à temperatura de 20 °C

𝜔0 Frequência angular do polinómio de terceira ordem

𝜔𝑛 Frequência de ressonância

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𝜔𝑛 Frequência natural de oscilação do polinómio de segunda ordem

∆𝐼0 Tremor da corrente injetada na rede

∆𝐼𝐿 Tremor da corrente no conversor

∆𝑉𝑏𝑎𝑡 Tremor da tensão aos terminais do condensador do conversor

∆𝑡 Intervalo de tempo

ζ Coeficiente de amortecimento

𝐂 Matriz de transformação de Concordia

𝐏 Matriz de transformação de Park

𝐶 Condensador do conversor

𝐶(𝑠) Compensador PI do controlador de tensão do conversor

𝐹(𝑠) Função de transferência em cadeia fechada do controlador de tensão do conversor

𝐿 Bobina do conversor

𝑅 Resistência interna da bobina do conversor

𝑇 Período da rede

𝑓 Frequência da rede

𝑘 Índice de referência às fases A, B e C

𝑝 Índice de pulsação

𝑡 Instante de tempo

𝛾 Função de existência relativa aos estados dos semicondutores

𝜃 Ângulo entre a componente d da transformação de Park e o eixo 𝛼

𝜔 Frequência angular

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1

1. Introdução

1.1. Motivação e Objetivos

Ao longo dos anos a rede elétrica portuguesa foi desenvolvida de modo a que o transporte de

energia fosse feito unidireccionalmente das grandes centrais até aos consumidores finais -

produção centralizada, recorrendo maioritariamente a fontes de energias não renováveis. No

entanto, a utilização de combustíveis fósseis apresenta grandes problemas: o impacto ambiental,

provocado essencialmente pelo aumento da produção de dióxido de carbono, e a dependência

nacional face aos mercados internacionais, devida à ausência de recursos fósseis no território

português.

O conceito de produção descentralizada adapta o atual paradigma a uma nova realidade, uma

vez que permite produzir a energia no próprio local em que está a ser consumida e consoante

as reais necessidades dos seus consumidores. Com este conceito pretende-se reduzir as perdas

de transporte de energia, melhorar a qualidade de serviço e dar ao consumidor um papel mais

ativo.

A microgeração (µG) consiste na produção descentralizada de energia em pequena escala pelo

próprio consumidor, utilizando recursos naturais renováveis, como a energia solar, eólica ou

hídrica. A penetração de fontes de energia renováveis em pequena escala tem aumentado

significativamente e a perspetiva é para que continue a aumentar. No entanto, ao ligar um

sistema de µG a uma carga, não se afeta apenas a própria carga a que este foi ligado mas

também as cargas em seu redor, podendo dar origem a perturbações na rede e a problemas de

QEE, nomeadamente sobretensões.

Uma das formas de tentar minimizar as perturbações na rede e os problemas de qualidade de

energia elétrica (QEE) pode ser através de sistemas de armazenamento de energia (SAE)

distribuídos, introduzindo um controlo local de tensão quando esta é muito elevada e assim

permitir manter ou até melhorar a qualidade de serviço prestado. No caso de uma interrupção

breve ou longa, o SAE pode também atuar, na medida em que pode alimentar a carga em falha,

garantindo que as necessidades energéticas são satisfeitas a cada instante.

O SAE possibilitará assim auxiliar no controlo de várias perturbações de energia, ao permitir

regular a tensão, se for utilizado para interagir com a rede. Este sistema terá como objetivo

melhorar a prestação dos serviços de rede e a QEE, por exemplo, através do controlo de tensão

na rede e do fator de potência num ponto de ligação. Desta forma, os SAE beneficiam de um

potencial de aplicação cada vez maior nos sistemas de energias renováveis.

O objetivo desta dissertação é construir um laboratório virtual representativo de uma rede elétrica

de distribuição, que deverá incluir sistemas de geração e de armazenamento de energia e, desta

forma, assegurar a confiabilidade do sistema elétrico durante situações de perturbações da rede.

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Para este trabalho serão projetados dois cenários de operação distintos: em primeiro lugar será

simulado um cenário de nivelamento de carga; por outro lado, será simulado o caso de uma rede

isolada, rede em ilha, que ocorre quando se dá uma interrupção total do fornecimento a uma

carga crítica.

1.2. Estrutura da Dissertação

Esta dissertação de mestrado está organizada em seis capítulos principais, referências e anexos.

No capítulo 1 faz-se a introdução do tema da dissertação, apresentam-se as motivações e os

objetivos para a realização da mesma, assim como a forma como esta se encontra estruturada.

No capítulo 2 apresenta-se uma análise do estado da arte da QEE, dos SAE e ainda das

tecnologias de armazenamento de energia existentes.

No capítulo 3 encontra-se o SAE proposto para este trabalho e, como tal, são abordados todos

os seus componentes: as baterias utilizadas, o conversor DC/DC, os controladores de corrente

e de tensão e o supervisor, que permite o controlo conjunto destes elementos.

No capítulo 4 estudam-se três modelos de conversão DC/AC, ilustrativos da ligação do sistema

de armazenamento à rede (inversor monofásico e trifásico) e em modo isolado. Os modelos

adotados para a sua representação são descritos, dimensionados e testados neste capítulo.

No capítulo 5 simula-se o sistema montado e controlado, expondo os cenários em estudo e os

resultados finais obtidos.

No capítulo 6 apresentam-se as conclusões deste projeto e apontam-se algumas sugestões de

trabalhos futuros a realizar no âmbito deste tema.

Nas referências bibliográficas é feita uma listagem com a identificação das fontes consultadas,

que serão indicadas ao longo do texto.

Os capítulos relativos aos anexos correspondem ao dimensionamento do modelo da rede elétrica

de baixa tensão, nomeadamente dos modelos do transformador e das linhas de distribuição,

assim como às especificações técnicas das baterias utilizadas neste projeto, dadas pelo

fornecedor.

2. Estado da Arte

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2.1. Qualidade de Energia Elétrica

Há algumas décadas atrás, a QEE estava normalmente associada apenas à continuidade de

serviço, isto é, à duração e número de interrupções de tensão. No entanto, hoje em dia, para

além deste conceito, outros parâmetros como a distorção harmónica, o desequilíbrio entre

tensões, a amplitude e a frequência da tensão, têm vindo a ganhar importância no contexto da

QEE. Considera-se então que “a energia fornecida por um sistema elétrico tem qualidade quando

garante o funcionamento do equipamento elétrico, sem que se verifiquem alterações de

desempenho significativas”, [Manual 2005].

As perturbações mais comuns na continuidade e qualidade da onda de tensão são as

interrupções, as cavas de tensão, as sobretensões transitórias, as harmónicas, a tremulação, o

desequilíbrio da tensão e a variação da frequência, [Silva 2008]. Estes incidentes podem ter

origem na geração, transporte ou distribuição de energia, devido a avaria dos equipamentos, a

desastres naturais, a falhas nos isolamentos, entre outros. Neste trabalho dar-se-á mais ênfase

aos problemas ocorrentes na rede de distribuição, uma vez que estes têm um forte impacto na

QEE.

Figura 2.1 - Principais perturbações de QEE, [Amorim 2007]

Na figura 2.1 encontra-se um gráfico que ilustra as principais perturbações na QEE e relaciona

a percentagem de tensão afetada aquando da sua ocorrência em função do seu tempo de

duração.

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Para solucionar os problemas da QEE pode-se recorrer à manutenção preventiva, de modo a

evitar algumas perturbações, ou então, atuar na sua mitigação, por exemplo através de

tecnologias de armazenamento de energia que fornecem às cargas críticas a potência

necessária para a sua alimentação durante interrupções, através de um SAE adequado.

2.2. Sistemas de Armazenamento de Energia

O armazenamento de energia elétrica é uma componente essencial para um novo paradigma

em energia sustentável baseado em energias renováveis e consiste em acrescentar a um

sistema de produção outro com capacidade de armazenar a sua energia para a usar,

posteriormente, de forma mais proveitosa.

Os SAE têm como objetivo assegurar a confiabilidade do sistema elétrico, melhorar a qualidade

da energia fornecida e permitir a integração com fontes renováveis e geração distribuída,

[Mezaroba 2012]. Na figura 2.2 encontra-se um diagrama que representa as várias aplicações

que os SAE proporcionam e os seus benefícios, de acordo com o local da ocorrência de

perturbações.

Os SAE podem ser divididos em vários grupos, de acordo com as suas aplicações e em função

da respetiva autonomia, tal como se ilustra na tabela 2.1. Neste trabalho pretende-se atuar no

Figura 2.2 - Aplicações e benefícios dos SAE, [Barbosa]

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grupo relativo à longa duração, de modo a permitir a qualidade e continuidade de energia durante

um longo período de tempo (algumas horas).

Tabela 2.1 - Aplicações dos SAE em função da sua autonomia, [Mezaroba 2012]

2.3. Tecnologias de Armazenamento de Energia

As tecnologias de armazenamento de energia têm avançado significativamente nos últimos anos,

nomeadamente na integração de energias renováveis. Existem várias tecnologias de

armazenamento de energia: baterias, condensadores, supercondensadores, volantes de inércia,

entre outras, [Silva 2008]. Cada uma destas tecnologias apresenta diferentes características.

As baterias são o sistema de armazenamento mais utilizado no mercado devido ao seu baixo

preço, facilidade de transporte e grande robustez. Cada bateria é constituída por diversas células

onde ocorrem reações de oxidação-redução, responsáveis pela conversão de energia química

em energia elétrica.

As tecnologias de armazenamento eletroquímico atualmente existentes são, por exemplo, as

baterias de: Chumbo Ácido, Níquel-Cádmio, Hidretos Metálicos de Níquel, Redox de Vanádio,

Coreto de Sódio-Níquel e Iões de Lítio, [Moreira 2013]. Hoje em dia, assiste-se a uma rápida

evolução das tecnologias de armazenamento de energia no sentido de as tornar mais acessíveis,

com maior autonomia, vida útil acrescida, rapidez de recarga e maiores potências. Neste âmbito,

as baterias de Iões de Lítio (Li-ion) ganham um avanço em relação às restantes e, como tal,

serão objeto de uso neste projeto.

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Figura 2.3 - Tipos de baterias existentes, [Autosil]

A principal vantagem deste tipo de bateria é a densidade de energia elevada, o que possibilita a

criação de baterias com alta capacidade, mais leves e menos volumosas. Através da análise da

figura 2.3, verifica-se que as baterias de Li-ion são as que apresentam uma maior densidade de

energia volumétrica e uma maior densidade de energia específica. Outra característica

importante neste tipo de bateria é a ausência de memória, isto é, não é necessário carregar a

bateria até ao total da capacidade nem descarregar até ao valor mínimo.

No capítulo seguinte, será feita uma exposição mais detalhada sobre as baterias utilizadas neste

projeto e apresentado o respetivo modelo.

2.4 Rede em Ilha

Uma rede em ilha, ou micro-rede, é uma rede elétrica de pequena escala, composta por unidades

de µG, sistemas de armazenamento e cargas - clientes finais, com a particularidade de poder

operar autonomamente ou integrada com a rede de distribuição local (ver figura 2.4).

Esta singularidade da rede em ilha tem como intuito permitir a sua operação, tanto ligada como

desligada da rede principal, consoante seja mais vantajoso para os seus clientes. Desta forma,

é possível comprar energia à rede de distribuição quando esta está mais barata

comparativamente com a produzida por µG ou, por outro lado, vender excessos de energia

produzidos. Outra vantagem é possibilidade da rede em ilha trabalhar isolada em situações de

perturbações externas ou de curto-circuitos na rede a montante, permitindo um contínuo

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funcionamento da rede e consequente aumento da fiabilidade do fornecimento de energia,

[Medeiros 2010].

Figura 2.4 - Esquema de uma rede em ilha, [Microgridinstitute]

Em paralelo com a melhoria da qualidade de serviço e os benefícios económicos, a

implementação de redes em ilha auxilia também no cumprimento de metas ambientais através

da integração da produção descentralizada e consequente introdução de diferentes fontes de

energias renováveis, reduzindo as importações de combustíveis fósseis e as emissões de gases

com efeito de estufa.

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3. Sistema de Armazenamento Proposto

O SAE proposto será constituído pela bateria escolhida, por um conversor DC/DC e pelos

controladores de corrente e tensão. Este sistema será controlado por um supervisor, como ilustra

o diagrama da figura 3.1. Nos subcapítulos seguintes serão abordados todos os componentes

deste sistema.

Figura 3.1 - Diagrama representativo do sistema de armazenamento proposto

3.1. Baterias Utilizadas

No que diz respeito às baterias, também existem diversas tecnologias que recorrem a diferentes

compostos e estruturas. Das tecnologias existentes, a opção escolhida para este projeto foi a de

cátodos de lítio – fosfato de ferro (LiFePO4). Este tipo de células apresenta vantagens a nível da

segurança e da durabilidade.

O nível de tensão utilizado para um banco de baterias é por norma 12V, 24V, 48V, [Ishengoma

2002]. Para o inversor monofásico, foi escolhida a bateria de tensão nominal igual a 48V, figura

3.2, do fornecedor [OptimumNano]. No entanto, de forma a garantir a tensão pretendida para o

andar DC, (4.2), foi necessário colocar duas baterias, ou seja, uma associação série de baterias

de 48V de forma a obter 96V à entrada do conversor DC/DC. As principais características desta

bateria encontram-se na tabela 3.1 e todas as especificações técnicas facultadas pelo fornecedor

podem ser consultadas no anexo B, tabela B.1.

Supervisor

Bateria Conversor Controladores

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Figura 3.2 - Bateria de 48V, [OptimumNano]

Tabela 3.1 - Características da bateria de 48V

Características da bateria para usar no inversor monofásico

Capacidade nominal 40 Ah

Tensão nominal 48 V

Corrente de carga máxima 20 A

Corrente de descarga contínua 40 A

A escolha da bateria a utilizar no inversor trifásico prendeu-se, mais uma vez, essencialmente

no valor da sua tensão nominal, que se pretendia ser a maior possível, de modo a não ser

necessário a associação em paralelo de séries de várias baterias. A bateria representada na

figura 3.3, do fornecedor [OptimumNano] tem uma tensão nominal igual a 336V (ver tabela 3.2),

permitindo o uso de uma só peça com as associações necessárias já integradas. As

especificações técnicas desta bateria podem também ser consultadas no anexo B, tabela B.2.

Não se escolheu a mesma bateria para ambos os inversores porque um sistema monofásico não

consegue sustentar correntes muito elevadas numa fase, pois provocaria um grande

desequilíbrio entre fases que se iria refletir em perturbações na tensão.

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Figura 3.3 - Bateria de 336V, [OptimumNano]

Tabela 3.2 - Características da bateria de 336V

Características da bateria para usar no inversor trifásico

Capacidade nominal 100 Ah

Tensão nominal 336 V

Corrente de descarga contínua 100 A

Corrente de descarga máxima 200 A

O modelo da bateria utilizado é o disponibilizado pela biblioteca do Matlab/Simulink e o seu

circuito equivalente é o representado na figura 3.4. Os parâmetros deste circuito podem ser

modificados de modo a reproduzir um tipo particular de bateria, de entre os mais populares, com

base na sua característica típica de descarga.

O estado de carga de uma bateria (SOC - State Of Charge), responsável por calcular o estado

de carga da bateria no instante 𝑡, foi também obtido diretamente do modelo. Este parâmetro é

muito importante para um SAE uma vez que relaciona a capacidade atual do sistema com a sua

capacidade total - SOC = 100%.

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Figura 3.4 - Circuito equivalente da bateria

De modo a que a bateria funcione num tempo adequado para simulações realizadas em

computador, foi feita uma alteração das unidades da capacidade (usualmente expressa em

ampére - hora), que passou a ser utilizada em ampére - segundo (1h=3600s). Posteriormente,

multiplicou-se também a capacidade por um fator igual a 0.6 de forma a obter a seguinte relação:

0.1s de simulação é equivale a 10min, e assim facilitar a correspondência com o tempo real de

carga e descarga da bateria.

3.2. Conversor DC/DC

Uma vez que as baterias apresentam aos seus terminais uma tensão inferior à necessária para

alimentar o sistema, recorre-se a um conversor DC/DC do tipo elevador de tensão, que permite

obter à sua saída um valor médio de tensão maior do que o da sua entrada. No entanto, este

conversor deve possibilitar o trânsito bidirecional de corrente e, como tal, é elevador no sentido

da ligação ao inversor de tensão e redutor no sentido do SAE - figura 3.5.

Os sinais de disparo dos semicondutores S1 e S2 são obtidos através do controlador de corrente,

que irá ser abordado no subcapítulo seguinte.

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Figura 3.5 - Conversor DC/DC do tipo redutor de tensão

Os semicondutores S1 e S2 são comutados alternadamente de modo a evitar curto-circuitos no

condensador e a sua função de existência, 𝛾, pode ser definida da seguinte maneira:

𝛾 = 0, 𝑠𝑒 𝑆1 𝑂𝑁 𝑒 𝑆2 𝑂𝐹𝐹1, 𝑠𝑒 𝑆1 𝑂𝐹𝐹 𝑒 𝑆2 𝑂𝑁

(3.1)

Quando S1 está em condução, a corrente vai percorrer a bobina de forma a que esta armazene

energia elétrica e a tensão aos seus terminais, 𝑉𝐿, será igual a (3.2) quando 𝛾 = 0.

Posteriormente, quando S1 estiver ao corte, a tensão de entrada não vai estar a passar para o

resto do circuito e a corrente na bobina vai decrescer, pois a tensão no condensador é negativa

(3.2) quando 𝛾 = 1, e assim a energia armazenada vai ser transferida para o condensador e para

a carga.

𝑉𝐿 =

𝑈𝐷𝐶 − 𝑉𝑏𝑎𝑡 , 𝑠𝑒 𝛾 = 0 −𝑉𝑏𝑎𝑡 , 𝑠𝑒 𝛾 = 1

(3.2)

O dimensionamento das componentes 𝐿 e 𝐶 do conversor DC/DC foi feito a partir das expressões

(3.3) e (3.4), [Silva 2013], para a bobina e para o condensador, respetivamente. Considerou-se

também uma resistência interna da bonina do conversor, 𝑅, cujo valor se apresenta na tabela

3.3.

𝐿 =

𝑉𝑏𝑎𝑡4 ∆𝐼𝐿𝑓𝑐

(3.3)

𝐶 =

𝑈𝐷𝐶 𝑇𝐶2

32 ∆𝑉𝑏𝑎𝑡𝐿

(3.4)

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Em que 𝑉𝑏𝑎𝑡 é a tensão aos terminais da bateria (e do condensador) e 𝑈𝐷𝐶 representa uma fonte

de tensão contínua, cujo valor é estudado no capitulo seguinte deste trabalho. A frequência de

comutação, 𝑓𝑐, do conversor considerou-se igual a (3.5) e o período de comutação, 𝑇𝐶, é o seu

inverso.

𝑓𝑐 = 10 kHz (3.5)

Para o tremor máximo da corrente no conversor, ∆𝐼𝐿, e da tensão aos terminais do condensador,

∆𝑉𝑏𝑎𝑡, consideram os seguintes valores:

∆𝐼𝐿 = 10% 𝐼𝐿 (3.6)

∆𝑉𝑏𝑎𝑡 = 1% 𝑉𝑏𝑎𝑡

(3.7)

Os componentes 𝐿 e 𝐶 variam de acordo com os valores escolhidos para a tensão contínua e na

bateria, dependente se a ligação do SAE à rede for feita através de um inversor monofásico ou

trifásico, como tal, são aqui apresentados os parâmetros que foram obtidos para ambas as

situações:

Tabela 3.3 - Componentes do conversor DC/DC

Ligação do sistema à rede através de um

inversor monofásico

Ligação do sistema à rede através de um

inversor trifásico

𝑳 (𝐦𝐇) 𝑹 (Ω) 𝑪 (𝐦𝐅) 𝑳 (𝐦𝐇) 𝑹 (Ω) 𝑪 (𝐦𝐅)

1.4375 0.01 0.1132 0.9959 0.01 0.0747

3.3. Controladores do SAE

Para carregar a bateria serão utilizados dois controladores: um a corrente constante e outro a

tensão constante.

3.2.1. Controlo de Corrente

Como já foi referido anteriormente, o controlo de corrente será responsável por gerar os sinais

de disparo dos semicondutores S1 e S2. Neste processo considera-se um erro da corrente 𝐼𝐿,

𝑒𝐼𝐿, dado por (3.8), que se pretende que seja nulo, isto é, (3.9).

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𝑒𝐼𝐿 = 𝐼𝐿𝑟𝑒𝑓 − 𝐼𝐿 (3.8)

𝐼𝐿 = 𝐼𝐿𝑟𝑒𝑓 (3.9)

O controlo passa assim por analisar o valor de 𝑒𝐼𝐿, de acordo com o seguinte raciocínio:

Se 𝑒𝐼𝐿 > 0 ⇒ 𝐼𝐿𝑟𝑒𝑓 > 𝐼𝐿 ⇒ 𝐼𝐿 ↑ ⇒ 𝑑𝐼𝐿

𝑑𝑥> 0 ⇒ S1 ON

Se 𝑒𝐼𝐿 < 0 ⇒ 𝐼𝐿𝑟𝑒𝑓 < 𝐼𝐿 ⇒ 𝐼𝐿 ↓ ⇒ 𝑑𝐼𝐿

𝑑𝑥< 0 ⇒ S2 ON

Desta forma, a corrente medida 𝐼𝐿 é comparada com a 𝐼𝐿_𝑟𝑒𝑓 (imposta pelo supervisor), o erro é

avaliado e em seguida é feita a escolha do semicondutor em condução.

3.3.2. Controlo de Tensão

O controlo de tensão é feito através de um controlador linear com um compensador do tipo

Proporcional-Integral (PI), (3.10), uma vez que este garante um erro estático nulo e uma resposta

rápida a perturbações externas.

𝐶(𝑠) =

𝐼𝐿𝑟𝑒𝑓(𝑠)

𝑉𝑏𝑎𝑡𝑟𝑒𝑓(𝑠) − 𝑉𝑏𝑎𝑡(𝑠)=1 + 𝑠𝑇𝑍𝑠𝑇𝑃

= 𝐾𝑃 + 𝐾𝐼𝑠

(3.10)

Os ganhos proporcional, 𝐾𝑃, e integral, 𝐾𝐼, do compensador são dados, respetivamente, por

(3.11):

𝐾𝑃 = 𝑇𝑍𝑇𝑃

𝐾𝐼 = 1

𝑇𝑃

(3.11)

O diagrama de blocos representativo do controlo de tensão no conversor DC/DC é apresentado

na figura 3.6 e os seus parâmetros serão calculados de seguida.

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Figura 3.6 - Diagrama de blocos do controlador de tensão no conversor DC/DC

A relação entre a corrente de referência à saída do compensador, 𝐼𝐿𝑟𝑒𝑓, e a corrente que corre

na bobina do conversor DC/DC, 𝐼𝐿, é dada por (3.12), uma vez que o ganho destas é unitário. A

contante de tempo 𝑇𝐷 representa o atraso na resposta do conversor e o seu valor encontra-se

na tabela 3.4.

𝐼𝐿𝐼𝐿𝑟𝑒𝑓

≅ 1

1 + 𝑠𝑇𝐷

(3.12)

Através da análise da figura 3.8, que representa uma ampliação da figura 3.5 em que se observa

a dinâmica das correntes no nó do conversor, é possível definir a corrente, 𝐼𝐶, que passa no

condensador, 𝐶, como uma subtração da corrente que passa pela bobina do conversor, 𝐼𝐿, pela

corrente da bateria, 𝐼𝑏𝑎𝑡, (3.13). Por outro lado, a corrente 𝐼𝐶 pode ser dada por (3.14).

𝐼𝐶 = 𝐼𝐿 − 𝐼𝑏𝑎𝑡 (3.13)

𝐼𝐶 = 𝐶

𝑑𝑉𝑏𝑎𝑡𝑑𝑡

(3.14)

Aplicando a transformada de Laplace à expressão (3.14), obtém-se a tensão na bateria no

domínio da frequência (3.15), que dá origem ao último bloco do diagrama.

𝑉𝑏𝑎𝑡 =

1

𝑠𝐶 𝐼𝐶

(3.15)

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Figura 3.7 - Representação do andar de saída do conversor DC/DC na ligação à bateria

De acordo com as expressões anteriores e através da análise do diagrama da figura 3.6, é agora

possível calcular os ganhos para o compensador, (3.18) e (3.19), através da comparação do

denominador da função de transferência em cadeia fechada do controlador de tensão, (3.16),

com o polinómio característico de um sistema de terceira ordem na forma canónica, (3.17). A

constante 𝛼𝑉 representa o ganho de amostragem de tensão e o seu valor encontra-se na tabela

3.4, assim como os valores dos ganhos do compensador.

𝐹(𝑠) =𝑉𝑏𝑎𝑡(𝑠)

𝑉𝑏𝑎𝑡𝑟𝑒𝑓(𝑠)=

1 + 𝑠𝑇𝑍𝑇𝑃𝑇𝐷𝐶

𝑠3 +1𝑇𝐷𝑠2 +

𝛼𝑉𝐾𝑃𝑇𝐷𝐶

𝑠 +𝛼𝑉𝐾𝐼𝑉𝑇𝐷𝐶

(3.16)

s3 + 1.75𝜔0𝑠2 + 2.15𝜔0

2𝑠 + 𝜔03 (3.17)

𝐾𝑃 =

2.15𝐶

𝛼𝑉𝑇𝐷(1.75)2

(3.18)

𝐾𝐼 =

𝐶

𝛼𝑉𝑇𝐷2(1.75)3

(3.19)

Tabela 3.4 - Parâmetros do controlador de tensão do conversor DC/DC

𝜶𝑽 𝑻𝑫 (𝐦𝐬) 𝑲𝑷 𝑲𝑰

0.01 0.01 0.5245 13.9398

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3.4. Supervisor

O supervisor é o sistema de decisão que será responsável por determinar qual a referência que

cada controlador do SAE deve seguir, em cada instante. Este sistema não é linear e

fundamenta-se em funções que são definidas pelo utilizador, através do MATLAB Functions, do

Matlab/Simulink.

As decisões do supervisor do sistema proposto neste trabalho baseiam-se nas condições

apresentadas no fluxograma da figura 3.8:

Figura 3.8 - Fluxograma do supervisor

Assim, a tomada de decisão baseia-se nas seguintes condições:

Se a bateria se encontra suficientemente carregada para fornecer energia (definiu-se

SOC=20% para o valor de carga limite) e a corrente na linha é nula (situação de rede em

ilha), a corrente de saída do supervisor será igual à corrente na bateria que é calculada

através da igualdade de potências entre a bateria e a rede e a bateria irá descarregar;

Se a bateria se encontra suficientemente carregada para fornecer energia e a corrente

na carga é muito elevada (situação de nivelamento de carga), a corrente de saída do

supervisor corresponde à corrente de descarga catalogada para a bateria em uso e a

bateria irá igualmente descarregar;

Caso se verifique que o SOC atingiu a sua capacidade total (SOC=100%), a corrente de

saída do supervisor é nula, de forma a que se assegure que o sistema não está a injetar

nem a consumir, até que seja necessário descarregar novamente a bateria;

Por outro lado, se nenhuma das imposições anteriormente apresentadas se verificarem,

a bateria carrega normalmente com a corrente de saída igual à corrente proveniente do

controlador de tensão do SAE;

Supervisor

SOC>=20%

I_linha=0A I_out=-I_bat

I_linha≠0A e I_carga>=50A I_out=-I_desc

I_linha≠0A, I_carga<50A e SOC=100% I_out=0

I_linha≠0A, I_carga<50A e SOC<100% I_out=-I_Lref

SOC<20%I_carga>=50A ou I_linha=0A I_out=0

I_carga<50A e I_linha≠0A I_out=-I_Lref

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Se o SOC for inferior ao valor definido de carga limite, mesmo que estejamos perante

uma situação de rede em ilha ou nivelamento de carga, a corrente de saída será nula

para que o sistema não descarregue;

Por último, caso o SOC seja igualmente inferior ao valor de carga limite definido, e não

estejamos perante uma situação de rede em ilha ou nivelamento de carga, a corrente de

saída será igual á do controlador de tensão do SAE e, como tal, o sistema carrega

normalmente.

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4. Conversão DC/AC

Um conversor DC/AC é alimentado por tensão contínua (DC) à sua entrada proveniente, por

exemplo, de um SAE ou de um sistema de µG, e converte-a em tensão e corrente alternada

sinusoidal (AC).

No caso dos conversores DC/AC estarem ligados à rede, devem permitir a injeção de uma

corrente sinusoidal em fase com a tensão da rede de baixa tensão (BT). Se estiverem a trabalhar

em ilha, ou seja, isolados da rede elétrica de BT, deverão garantir o controlo da tensão de saída.

Neste capítulo apresentam-se dois modelos de conversão DC/AC: um inversor monofásico e

outro trifásico, uma vez que se assume que poderá haver µG monofásica (destinada a aplicações

de baixa potência) ou µG trifásica (para potências mais elevadas). Para cada um dos inversores

em estudo será explicado o seu funcionamento e feito o dimensionamento do filtro de ligação à

rede de BT e dos controladores necessários.

4.1. Inversor Monofásico Ligado à Rede

O inversor monofásico de tensão em ponte completa é constituído por quatro semicondutores de

potência comandados (IGBT - Insulated Gate Bipolar Transistor) e respetivos díodos de roda

livre em antiparalelo, como se pode verificar pelo esquema da figura 4.1. O objetivo desde

inversor é a conversão de tensão contínua em tensão alternada (DC/AC).

UDC

S1 S3

S2 S4

VPWM

Figura 4.1 - Topologia do inversor monofásico de tensão

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Este inversor é, numa primeira abordagem, alimentado por uma fonte de tensão contínua 𝑈𝐷𝐶

que representa, por exemplo, no caso de µG fotovoltaica, a tensão de saída dos painéis

fotovoltaicos. Para garantir o correto funcionamento do inversor, a tensão 𝑈𝐷𝐶 tem de verificar

(4.1), onde 𝑉0 é o valor eficaz da tensão da rede de BT.

𝑈𝐷𝐶 > √2 𝑉0 (4.1)

Deste modo, assumiu-se que 𝑈𝐷𝐶 é dado por (4.2):

𝑈𝐷𝐶 = 500 V (4.2)

Num inversor em ponte completa pode-se recorrer à modulação a dois níveis ou a três níveis

mas para garantir menores conteúdos harmónicos e minimizar os componentes de filtragem,

optou-se pela modulação por largura de impulso (PWM - Pulse Width Modulation) de três níveis

e definiu-se uma frequência de comutação (4.3) muito superior à frequência fundamental da rede,

𝑓, ou seja, a frequência da portadora será muito maior que a frequência da modulante.

𝑓𝑐 = 10 kHz

(4.3)

Figura 4.2 - Modulação de largura de impulso de três níveis,

Como se pode observar pela figura 4.2, neste tipo de modulação a tensão de saída é positiva

quando a modulante é maior do que as duas portadoras, é nula quando a modulante é superior

a apenas uma das portadoras e é negativa quando é menor do que as duas portadoras, [].

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No que respeita ao funcionamento deste tipo de inversores, existem algumas restrições no

sentido de evitar curto-circuitos, por isso os dois semicondutores de um mesmo braço devem

conduzir de forma alternada. Deste modo, a tensão de saída do inversor, 𝑉𝑃𝑊𝑀, é dada por:

𝑉𝑃𝑊𝑀 =

𝑈𝐷𝐶 , 0,−𝑈𝐷𝐶 ,

𝑠𝑒 𝑆1 𝑒 𝑆4 𝑂𝑁

𝑠𝑒 𝑆1 𝑒 𝑆2 𝑜𝑢 𝑆3 𝑒 𝑆4 𝑂𝑁𝑠𝑒 𝑆2 𝑒 𝑆3 𝑂𝑁

(4.4)

Isto é, os semicondutores S1 e S4 estão a conduzir quando a tensão de saída é positiva, os

semicondutores S2 e S3 estão a conduzir quando a tensão é negativa e quando a tensão é nula,

dependendo do sinal da tensão modulante, estão a conduzir os semicondutores S1 e S2 ou os

S3 e S4.

Pode definir-se uma função de existência 𝛾, representativa do estado de condução dos

semicondutores, de forma a obter a seguinte simplificação:

𝛾 =

1, 0,−1,

𝑠𝑒 𝑆1 𝑒 𝑆4 𝑂𝑁

𝑠𝑒 𝑆1 𝑒 𝑆2 𝑜𝑢 𝑆3 𝑒 𝑆4 𝑂𝑁𝑠𝑒 𝑆2 𝑒 𝑆3 𝑂𝑁

(4.5)

Resultante de (4.4) e (4.5), a tensão de saída do inversor pode ser dada por:

𝑉𝑃𝑊𝑀 = 𝛾 𝑈𝐷𝐶 (4.6)

4.1.1. Dimensionamento do filtro de ligação à rede

Uma vez que a tensão 𝑉𝑃𝑊𝑀 (4.6) é uma tensão comutada, para se proceder à conexão do

inversor à rede tem de ser feito o dimensionado de um filtro; neste caso optou-se por um filtro

indutivo, representado na figura 4.3.

Figura 4.3 - Ligação do inversor à rede através de um filtro indutivo

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Na ligação do inversor à rede, é utilizada uma bobina de filtragem 𝐿0, dimensionada de acordo

com (4.7), [Silva 2013], onde 𝑈𝐷𝐶 é a tensão contínua à entrada do inversor, ∆𝐼0 o tremor da

corrente injectada na rede e 𝑓𝑐 a frequência de comutação. Os valores de 𝑈𝐷𝐶 e de 𝑓𝑐 foram já

referidos na secção anterior e ∆𝐼0 assume-se que é 5% da corrente máxima que o microgerador

pode injetar na rede, 𝐼0.

𝐿0 =

𝑈𝐷𝐶4 ∆𝐼0𝑓𝑐

(4.7)

Considerou-se também a resistência 𝑅𝐿, que representa a resistência interna da bobina. Na

tabela seguinte são exemplificados os valores do filtro indutivo do inversor monofásico, para

(4.8). Esta fórmula surge da relação entre a potência da bateria e a potência injetada na rede.

𝐼0 =

𝑉𝑏𝑎𝑡 𝐼𝑏𝑎𝑡𝑉0

(4.8)

Tabela 4.1 - Valores do filtro indutivo do inversor monofásico

𝑳𝟎 (𝐇) 𝑹𝑳 (Ω)

0.0150 0.1

4.1.2. Controlo da corrente injetada na rede

Neste capítulo apresenta-se o dimensionamento do controlador linear da corrente injetada na

rede pelo inversor monofásico, de acordo com o diagrama de blocos seguinte (ver figura 4.4):

Figura 4.4 - Diagrama de blocos do controlador de corrente no inversor monofásico

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25

Pretende-se que a corrente a injetar na rede (𝐼0) siga a de referência (𝐼0𝑟𝑒𝑓), que será determinada

com base no valor máximo de potência que é possível extrair do microgerador, e tenha um fator

de potência quase unitário.

De modo a garantir o seguimento da corrente de referência, apresentar um erro estático de

posição nulo e possibilitar uma maior rapidez de resposta do sistema, opta-se por utilizar um

compensador do tipo PI, 𝐶𝐼(𝑠), considerando que se trata de um sistema de segunda ordem, com

a seguinte função de transferência:

𝐶𝐼(𝑠) =

𝑈𝐶(𝑠)

𝐼0𝑟𝑒𝑓(𝑠) − 𝐼0(𝑠)=1 + 𝑠𝑇𝑍𝐼𝑠𝑇𝑃𝐼

(4.9)

O parâmetro 𝑇𝑍𝐼 é dimensionado considerando que o zero do compensador cancela o pólo de

menor frequência, neste caso introduzido pelo filtro de ligação à rede (4.10), onde 𝑅𝑇 é o valor

da associação da resistência interna da bobina de filtragem, 𝑅𝐿, com resistência equivalente da

rede, 𝑅0, (4.11).

𝑇𝑍𝐼 =

𝐿0𝑅𝑇

(4.10)

𝑅𝑇 = 𝑅𝐿 + 𝑅0 (4.11)

Considera-se que a perturbação introduzida pela tensão da rede pode ser representada por uma

resistência equivalente 𝑅0, a qual pode ser calculada fazendo o quociente do valor eficaz da

tensão da rede, 𝑉0, e o valor eficaz da corrente injectada pelo microgerador, 𝐼0, (4.12).

𝑅0 =

𝑉0𝐼0

(4.12)

No que respeita à associação modulador + conversor, é usual representa-se a como um modelo

de primeira ordem, em que o inversor tem um ganho 𝐺𝐷 e um atraso na comutação 𝑇𝐷𝐼. A função

transferência desta associação é assim dada por (4.13), [Pinto 2011a].

𝑉𝑃𝑊𝑀𝑎𝑣(𝑠)

𝑈𝐶(𝑠)=

𝐺𝑉𝑠𝑇𝐷𝐼 + 1

(4.13)

O valor do ganho 𝐺𝑉 é obtido pelo quociente (4.14), onde 𝑈𝐶𝑚𝑎𝑥 representa a amplitude máxima

da modulante.

𝐺𝑉 =

𝑈𝐷𝐶𝑈𝐶𝑚𝑎𝑥

(4.14)

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26

Admite-se que o valor da constante de tempo 𝑇𝐷𝐼 é metade do período de comutação 𝑇𝐶 (4.15),

que por sua vez é dado por (4.16):

𝑇𝐷𝐼 =

𝑇𝐶2

(4.15)

𝑇𝐶 =

1

𝑓𝐶

(4.16)

Assim, a função transferência em cadeia fechada do controlador de corrente representado na

figura 4.4, é (4.17), em que 𝛼𝐼 é o ganho de retroação do controlador de corrente.

𝐹𝐼(𝑠) = 𝐼0(𝑠)

𝐼0𝑟𝑒𝑓(𝑠)=

𝐺𝑉𝛼𝐼𝑇𝐷𝐼𝑇𝑃𝐼𝑅𝑇

𝑠2 + 𝑠1𝑇𝐷𝐼

+ 𝐺𝑉𝛼𝐼

𝑇𝐷𝐼𝑇𝑃𝐼𝑅𝑇

(4.17)

Comparando o denominador da função (4.17) com o polinómio característico de um sistema de

segunda ordem na forma canónica, (4.18) e considerando que o coeficiente de amortecimento é

ζ = √2 / 2, obtém-se a expressão (4.19) para 𝑇𝑃𝐼.

s2 + 2ζ𝜔𝑛𝑠 + 𝜔𝑛2 (4.18)

𝑇𝑃𝐼 =

2 𝐺𝑉𝛼𝐼𝑇𝐷𝐼𝑅𝑇

(4.19)

Os valores dos parâmetros utilizados no controlador de corrente do inversor monofásico,

novamente considerando (4.8), são apresentados na tabela seguinte:

Tabela 4.2 - Parâmetros do controlador de corrente do inversor monofásico

𝑮𝑽 𝜶𝑰 𝑻𝒁𝑰(𝐦𝐬) 𝑻𝑫𝑰 (𝐦𝐬) 𝑻𝑷𝑰 (𝐦𝐬)

500 0.5 1.0791 0.05 1.8017

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27

4.1.3. Sincronização com a rede

Ao modelo do controlador de corrente foi acrescentado o modelo de sincronismo do inversor

monofásico à rede alternada, representado na figura 4.5 e que resulta da manipulação da

corrente de referência de modo a conseguir-se obter uma onda com o seu valor eficaz mas com

a mesma forma da tensão da rede de BT, 𝐼0𝑟𝑒𝑓. Para isso, a tensão da rede (𝑉0) é medida e

dividida pelo seu valor eficaz, o que origina uma forma de onda igual à da tensão da rede mas

com o valor eficaz de 1V. Posteriormente, é feita uma multiplicação desta tensão por uma

constante, 𝐼_𝑟𝑒𝑓, com o valor da corrente de referência, [Silva 2009], [Silva 2011], [].

Figura 4.5 - Modelo de sincronismo do inversor monofásico

4.1.4. Controlo da tensão no andar DC

Inicialmente, considerou-se que o inversor monofásico seria alimentado por uma fonte de tensão

contínua 𝑈𝐷𝐶, que representaria a tensão de saída dos painéis fotovoltaicos. No entanto, na

realidade, esta tensão não é constante e conta com algumas perturbações. Assim sendo, é

necessário utilizar um condensador de filtragem, 𝐶𝐷𝐶, que irá garantir a redução do tremor da

tensão no andar DC e o correto funcionamento do inversor.

O dimensionamento do condensador será feito a partir da equação da energia total armazenada

no condensador, 𝑊𝑐𝑜𝑛𝑑, (4.20), de acordo com a expressão (4.21).

𝑊𝑐𝑜𝑛𝑑 =

1

2 𝐶𝐷𝐶 ∆𝑉𝐷𝐶

2

(4.20)

𝐶𝐷𝐶 =

2 𝑃𝑏𝑎𝑡 ∆𝑡

𝑉𝐷𝐶2𝑚𝑎𝑥 − 𝑉𝐷𝐶

2𝑚𝑖𝑛

(4.21)

Em que 𝑃𝑏𝑎𝑡 representa a potência da bateria, dada por (4.22) e ∆𝑡 considerou-se igual a dez

períodos da rede, (4.23).

Divisor

Multiplicador

Valor RMS

I0_ref

I_ref

V0

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28

𝑃𝑏𝑎𝑡 = 𝑉𝑏𝑎𝑡 𝐼𝑏𝑎𝑡 (4.22)

∆𝑡 = 10𝑇 (4.23)

Os dados utilizados e o resultado para o valor de 𝐶𝐷𝐶podem ser consultados na tabela seguinte:

Tabela 4.3 - Parâmetros do condensador no andar DC do inversor monofásico

𝑷𝒃𝒂𝒕 (W) ∆𝒕 (ms) 𝑽𝑫𝑪 𝒎𝒂𝒙 (V) 𝑽𝑫𝑪 𝒎𝒊𝒏 (V) 𝑪𝑫𝑪 (F)

3840 0.2 500 350 0.0120

O controlador de tensão estabelece a referência, 𝐼_𝑟𝑒𝑓, da corrente injetada/consumida da rede.

Desta forma, a tensão no andar DC do inversor, 𝑉𝐷𝐶, representada agora pelo condensador, 𝐶𝐷𝐶,

pode ser controlada de acordo com o diagrama de blocos seguinte:

Figura 4.6 - Diagrama de blocos do controlador de tensão no inversor monofásico

O sistema de controlo de corrente pode ser representado pela seguinte função de transferência

(4.24), [Pinto 2011b].

𝐼𝐷𝐶𝐼_𝑟𝑒𝑓

𝐺𝐼𝛼𝐼

1 + 𝑠𝑇𝐷𝑉

(4.24)

O ganho, 𝐺𝐼, do inversor controlado em corrente, relaciona as potências de entrada/saída no

andar DC, ou seja, a potência de entrada no inversor com a potência de saída do sistema

proposto, e pode ser dado pela expressão (4.25) e o atraso, 𝑇𝐷𝑉, da resposta da tensão no andar

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29

DC considerou-se igual a quatro períodos da rede, 𝑇, (4.26). A constante, 𝛼𝐼, representa o ganho

de amostragem de corrente.

𝐺𝐼 =

𝑉0

√2 𝑉𝐷𝐶 ,

(4.25)

𝑇𝐷𝑉 = 4 𝑇 (4.26)

Através da análise da figura 4.7, que representa a dinâmica entre a tensão no andar DC, 𝑉𝐷𝐶, e

as correntes do nó de ligação do condensador 𝐶𝐷𝐶, é possível concluir que a corrente proveniente

do sistema proposto (que vem da bateria), 𝐼𝑆, é igual à soma da corrente do andar DC, 𝐼𝐷𝐶, com

a corrente no condensador, 𝐼𝐶𝐷𝐶, e assim definir esta última como:

𝐼𝐶𝐷𝐶 = 𝐼𝑆 − 𝐼𝐷𝐶

(4.27)

Figura 4.7 - Representação da dinâmica entre a tensão e as correntes no andar DC

A corrente, 𝐼𝐶𝐷𝐶, que passa no condensador, 𝐶𝐷𝐶, é também dada por:

𝐼𝐶𝐷𝐶 = 𝐶𝐷𝐶

𝑑𝑉𝐷𝐶𝑑𝑡

(4.28)

Aplicando a transformada de Laplace, obtém-se a tensão no condensador no domínio da

frequência:

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30

𝑉𝐷𝐶 =

1

𝑠𝐶𝐷𝐶 𝐼𝐶𝐷𝐶

(4.29)

De acordo com as expressões anteriores e através da análise da figura 4.6, é agora possível

calcular os ganhos proporcional, 𝐾𝑃𝑉, e integral, 𝐾𝐼𝑉, para o compensador, 𝐶𝑉(𝑠), (4.30), através

da função de transferência em cadeia fechada do controlador de tensão, (4.31), garantindo assim

rápidas respostas para a eliminação de possíveis perturbações. A constante 𝛼𝑉 representa o

ganho de amostragem de tensão.

𝐶𝑉(𝑠) =

𝐼_𝑟𝑒𝑓

𝑉𝐷𝐶𝑟𝑒𝑓(𝑠) − 𝑉𝐷𝐶 (𝑠)= 𝐾𝑃𝑉 +

𝐾𝐼𝑉𝑠

(4.30)

𝐹𝑉(𝑠) =𝑉𝐷𝐶 (𝑠)

𝐼𝑆 (𝑠)=

𝑠(𝑇𝐷𝑉𝑠 + 1)𝑇𝐷𝑉𝐶𝐷𝐶

𝑠3 +1𝑇𝐷𝑉

𝑠2 +𝛼𝑉𝐺𝐼𝐾𝑃𝑉𝑇𝐷𝑉𝐶𝐷𝐶𝛼𝐼

𝑠 +𝛼𝑉𝐺𝐼𝐾𝐼𝑉𝑇𝐷𝑉𝐶𝐷𝐶𝛼𝐼

(4.31)

Comparando o denominador da função de transferência, (4.31), com o polinómio característico

de um sistema de terceira ordem na forma canónica, (4.32), obtêm-se as seguintes expressões

para os ganhos, (4.33) e (4.34).

s3 + 1.75𝜔0𝑠2 + 2.15𝜔0

2𝑠 + 𝜔03 (4.32)

𝐾𝑃𝑉 =

2.15𝐶𝐷𝐶𝛼𝐼𝛼𝑉𝐺𝐼𝑇𝐷𝑉(1.75)

2

(4.33)

𝐾𝐼𝑉 =

𝐶𝐷𝐶𝛼𝐼

𝛼𝑉𝐺𝐼𝑇𝐷𝑉2(1.75)3

(4.34)

Os valores dos parâmetros para o controlo de tensão no andar DC, do inversor monofásico,

encontram-se na tabela 4.4.

Tabela 4.4 - Parâmetros do controlador de tensão do inversor monofásico

𝜶𝑰 𝜶𝑽 𝑮𝑰 𝑻𝑫𝑽 (s) 𝑲𝑷𝑽 𝑲𝑰𝑽

0.5 0.01 0.3253 0.08 16.2510 53.9901

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4.1.5. Simulação do Inversor Monofásico ligado à rede

Nesta secção, analisam-se as características do inversor monofásico e as formas de onda

obtidas, após a sua ligação à rede.

Na figura 4.8 está representada a tensão de saída do inversor trifásico, 𝑉𝑃𝑊𝑀, que indica o correto

funcionamento da modulação escolhida. Verifica-se, também, que esta tensão é limitada pelo

valor de 𝑈𝐷𝐶, (4.2).

Figura 4.8 - Tensão de saída do inversor monofásico

A THD da corrente foi também analisada e verificou-se ser inferior a 1%. De acordo com a norma

[EN 50438], os valores de THD de corrente devem ser inferiores a 5% e, como tal, considerou-

se que este sistema se encontra dentro do perfil pretendido.

Na figura 4.9, a forma de onda a rosa representa a corrente à saída do inversor monofásico, 𝐼0,

enquanto que a forma de onda azul mostra a tensão da rede, 𝑉0. De realçar que a forma de onda

da tensão foi multiplicada por um fator de escala igual a 0.05, de maneira a permitir uma melhor

comparação entre as duas formas ondas apresentadas. Através desta figura é possível visualizar

que o inversor monofásico permite a injeção de correntes sinusoidais em fase com a tensão da

rede, isto é, a corrente e a tensão encontram-se em sincronismo.

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Figura 4.9 - Tensão da rede e corrente injetada pelo inversor monofásico

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4.2. Inversor Trifásico Ligado à Rede

O inversor trifásico de tensão em ponte completa é constituído por seis semicondutores de

potência comandados (IGBT’s) e respetivos díodos de roda livre em antiparalelo, dispostos por

três braços, como se pode verificar pelo esquema da figura 4.10. O objetivo desde inversor é

também a conversão de tensão contínua em tensão alternada (DC/AC), mas agora para o caso

em que a instalação de µG é trifásica, isto é, para potências mais elevadas do que as utilizadas

nos inversores monofásicos.

Figura 4.10 - Topologia do inversor trifásico de tensão

No inversor trifásico, a tensão de saída, 𝑈𝐷𝐶, deverá igualmente verificar (4.1), onde 𝑉0 é o valor

eficaz da tensão composta da rede BT e, como tal, considerou-se (4.35) de modo a garantir o

correto funcionamento deste inversor.

𝑈𝐷𝐶 = 800 V (4.35)

No que respeita à modulação sinusoidal, neste caso, optou-se pela modulação de largura de

impulso (PWM) de dois níveis, onde a tensão de saída é positiva, se a onda modulante for maior

que a portadora e negativa, caso seja menor (sendo a portadora definida como uma onda

triangular de amplitude igual a 1V). Este tipo de modulação está exemplificado na figura 4.11.

UDC

S1 S3

S2 S4

S5

S6

A

B

C

VAB

VBC

VACIA

IB

IC

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34

A frequência da modulante é novamente a da rede; no entanto, a frequência da portadora definiu-

se como sendo igual a (4.36), de acordo com (4.37), uma vez que o índice de pulsação, 𝑝, deve

ser ímpar e múltiplo de três. Neste caso particular, considerou-se 𝑝 igual a 87.

𝑓𝑐 = 4350 𝐻𝑧 (4.36)

𝑝 =

𝑓𝑐𝑓

(4.37)

No que respeita ao funcionamento do inversor trifásico, paralelamente com o que acontece no

caso no inversor monofásico, existem restrições topológicas no sentido de evitar curto-circuitos

no lado do contínuo; por isso, os dois semicondutores de um mesmo braço devem conduzir de

forma alternada. Os estados dos dispositivos semicondutores de potência do braço 𝑘 (𝑘 = 𝐴, 𝐵, 𝐶)

são representados por uma função de existência 𝛾𝑘, definida por (4.38):

𝛾𝑘 =

1, 𝑠𝑒 𝑆1𝑘 𝑂𝑁 𝑒 𝑆2𝑘 𝑂𝐹𝐹 0, 𝑠𝑒 𝑆1𝑘 𝑂𝐹𝐹 𝑒 𝑆2𝑘 𝑂𝑁

(4.38)

Figura 4.11 - Modulação de largura de impulso de dois níveis, [Silva 2013]

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35

Com o intuito de simplificar os cálculos a efetuar para controlar o disparo dos semicondutores, é

necessário realizar transformações de variáveis de forma a transformar o sistema trifásico

variável num sistema bifásico invariante no tempo. Para isso, são efetuadas duas

transformações: a transformação de Concordia e a transformação de Park.

Através da matriz de transformação de Concordia, 𝐂, representada em (4.39), é feita a passagem

do referencial ABC para αβ𝛾, (4.40), de modo a simplificar a manipulação das tensões e correntes

do inversor.

𝐂 = √2

3

[ 1 0

1

√2

−1

2

√3

2

1

√2

−1

2−√3

2

1

√2]

(4.39)

[

𝑥𝛼𝑥𝛽𝑥𝛾] = 𝐂𝐓 [

𝑥𝐴𝑥𝐵𝑥𝐶]

(4.40)

Fazendo coincidir o eixo α com a fase A, e sabendo que a componente homopolar 𝑥𝛾 é nula, a

transformação pode ser dada por (4.41):

⌈𝑥𝛼𝑥𝛽⌉ = [

1 01

√3

2

√3

] ⌈𝑥𝐴𝑥𝐵⌉

(4.41)

A conversão inversa é também possível, ou seja, a passagem do sistema bifásico para o sistema

trifásico, através de (4.42):

[

𝑥𝐴𝑥𝐵𝑥𝐶] =

[ 1 0

−1

2

√3

2

−1

2−√3

2 ]

⌈𝑥𝛼𝑥𝛽⌉

(4.42)

A transformação de Park, 𝐏, (4.43), consiste na passagem do referencial bifásico αβ para um

referencial ortogonal bifásico dq, síncrono com a tensão da rede (𝜃 = 𝜔𝑡).

𝐏 = [cos 𝜃 − sin 𝜃sin 𝜃 cos 𝜃

] (4.43)

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36

Esta transformação vem garantir a invariância do sistema no tempo, isto é, as tensões ou as

correntes passam a ser valores contínuos e não sinusoidais.

A mudança de referencial é efetuada de acordo com (4.44):

[𝑥𝑑𝑥𝑞] = 𝐏𝐓 [

𝑥𝛼𝑥𝛽]

(4.44)

Da mesma forma, a transformação inversa de Park permite a conversão do sistema bifásico dq

novamente para αβ, (4.45):

[𝑥𝛼𝑥𝛽] = ⌈

cos 𝜃 − sin 𝜃sin 𝜃 cos 𝜃

⌉ [𝑥𝑑𝑥𝑞] (4.45)

4.2.1. Dimensionamento do filtro de ligação à rede

Para o inversor trifásico, considerou-se um filtro LC de ligação à rede BT, como se pode observar

pelo esquema da figura 4.12.

Figura 4.12 - Ligação do inversor à rede através de um filtro LC

O dimensionamento da bobina de filtragem 𝐿0 depende, tal como se verificou para o inversor

monofásico, da tensão de entrada do inversor, 𝑈𝐷𝐶, da frequência de comutação dos

semicondutores, 𝑓𝑐, e de um factor que depende da topologia do inversor e do tipo de comando

escolhido. Neste caso, dado que se utiliza um inversor trifásico de tensão em ponte completa e

um comando PWM de dois níveis, a bobina de filtragem, 𝐿0, é dimensionada a partir da seguinte

expressão, [Silva 2013]:

𝐿0 =

𝑈𝐷𝐶6 ∆𝐼0𝑓𝑐

(4.46)

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Este dimensionamento é efetuado de modo a limitar o tremor da corrente, ∆𝐼0, que não deverá

exceder 5% da corrente máxima que o microgerador consegue injetar na rede, 𝐼0. Para a

resistência interna 𝑅𝐿, considerou-se o mesmo valor utilizado no caso do inversor monofásico.

A introdução da componente de filtragem, 𝐶0, é uma grande vantagem para aplicações de maior

potência pois permite uma maior redução da taxa de distorção harmónica (THD). O seu cálculo

pode ser feito a partir de (4.47), [Wang 2003], onde 𝑉0𝑚𝑎𝑥 representa a tensão de pico da rede.

𝐶0 = 0.05

𝑉0 𝐼0

3 × 2 𝜋 𝑓 𝑉0max2

(4.47)

Na tabela seguinte são exemplificados os valores do filtro LC do inversor trifásico de tensão, para

(4.48):

𝐼0 =

𝑉𝑏𝑎𝑡 𝐼𝑏𝑎𝑡

√3 𝑉0

(4.48)

Tabela 4.5 - Valores do filtro LC do inversor trifásico

𝑳𝟎 (𝐦𝐇) 𝑹𝑳 (Ω) 𝑪𝟎 (µ𝐅)

7.3 0.1 9.7

4.2.2. Controlo da corrente injectada na rede

O sistema de controlo da corrente injetada na rede pelo inversor trifásico será idêntico ao

proposto para o inversor monofásico. No entanto, dado que agora existem duas componentes

para as correntes injetadas na rede (𝐼0𝑑 𝑒 𝐼0𝑞), é necessário utilizar dois compensadores de

corrente, um para cada uma das componentes, como de pode verificar pela figura 4.13 que

representa o diagrama de blocos do controlador de corrente para o sistema desacoplado, [].

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Compensador

Compensador

Modulador

+

Conversor

Filtro

I0d_ref

I0q_ref

+

+

wL

wL

I0d

I0q

V0d

V0q

Hd

Hq

-

- -

+

+

+

Figura 4.13 - Diagrama de blocos do controlador de corrente no inversor trifásico

Desta forma, o cálculo dos parâmetros do controlador de corrente para o inversor trifásico é feito

novamente de acordo com as expressões (4.10), (4.14), (4.15) e (4.19).

Os valores dos parâmetros utilizados no controlador de corrente do inversor trifásico,

considerando (4.48), estão apresentados na tabela 4.6.

Tabela 4.6 - Parâmetros do controlador de corrente do inversor trifásico

𝑮𝑽 𝜶𝑰 𝑻𝒁𝑰(𝐦𝐬) 𝑻𝑫𝑰 (𝐦𝐬) 𝑻𝑷𝑰 (𝐦𝐬)

800 0.01 2.5711 0.1149 0.6506

4.2.3. Sincronização com a rede

Ao modelo do controlador de corrente foi acrescentado o modelo de sincronismo do inversor

trifásico representado na figura 4.14. Este sincronizador recorre a um método vetorial baseado

nas tensões da rede, [Martins 2009].

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Figura 4.14 - Modelo de sincronismo do inversor trifásico, [Martins 2009]

Inicialmente calculam-se as tensões da rede em coordenadas αβ através da transformação de

Concordia, 𝐂, (4.39), às quais é aplicado um filtro do tipo passa-baixo de maneira a eliminar o

ruído de alta frequência. Seguidamente, obtém-se a amplitude do vetor de tensão através da

expressão indicada na figura 4.14. Os valores do coseno e do seno do ângulo resultam da divisão

de cada uma das componentes da tensão pela sua amplitude. Este ângulo será utilizado na

transformação de Park, 𝐏, (4.43), de modo a que as correntes injetadas pelo inversor trifásico

estejam em fase com as tensões da rede.

4.2.4. Controlo da tensão no andar DC

O dimensionamento do controlador da tensão no andar DC é efetuado de forma similar à utilizada

para o inversor monofásico. No entanto, neste caso a cadeia de controlo de tensão do

condensador estabelece a corrente de referência segundo o eixo d, 𝐼0𝑑, enquanto que a corrente

de referência segundo o eixo q, 𝐼0𝑞, considera-se nula de forma a maximizar o fator de potência,

[]. Assim, este controlo permite que as correntes do lado alternado sigam as correntes de

referência impostas pelo controlo da tensão no condensador.

Os dados utilizados e o resultado para o valor de 𝐶𝐷𝐶podem ser consultados na tabela 4.7. Estes

valores foram obtidos considerando novamente (4.21), (4.22) e (4.23).

Tabela 4.7 - Parâmetros do condensador no andar DC do inversor trifásico

𝑷𝒃𝒂𝒕 (W) ∆𝒕 (ms) 𝑽𝑫𝑪 𝒎𝒂𝒙 (V) 𝑽𝑫𝑪 𝒎𝒊𝒏 (V) 𝑪𝑫𝑪 (F)

33600 0.2 900 700 0.0420

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40

O ganho do inversor controlador em corrente, 𝐺𝐼, (4.53) é obtido através da relação das potências

de entrada e de saída, isto é, através da relação entre a potência no lado DC e da rede, (4.49).

Como neste caso se estuda um sistema trifásico e se considera a tensão apenas segundo o eixo

d, 𝑉0𝑑, (4.52), a expressão (4.50) equivale a ter (4.51).

𝑃𝐷𝐶 = 𝑃𝑟𝑒𝑑𝑒 (4.49)

𝑉𝐷𝐶 𝐼𝐷𝐶 = 3 𝑉0𝐼0 (4.50)

𝑉𝐷𝐶𝐼𝐷𝐶 = 3 𝑉0𝑑𝐼0𝑑 (4.51)

𝑉0𝑑 = √3 𝑉0 (1.52)

𝐺𝐼 =

𝐼𝐷𝐶𝐼𝑑

=√3 𝑉𝑒𝑓

𝑉𝐷𝐶

(4.53)

O atraso, 𝑇𝐷𝑉, da resposta da tensão no andar DC, considerou-se igual a dois períodos da rede,

𝑇:

𝑇𝐷𝑉 = 2 𝑇 (4.54)

Os ganhos proporcional, 𝐾𝑃𝑉, e integral, 𝐾𝐼𝑉,foram obtidos através das expressões (4.33) e (4.34)

e são apresentados na tabela 4.8, juntamente com os restantes parâmetros do controlador de

tensão.

Tabela 4.8 - Parâmetros do controlador de tensão do inversor trifásico

𝜶𝑰 𝜶𝑽 𝑮𝑰 𝑻𝑫𝑽 (s) 𝑲𝑷𝑽 𝑲𝑰𝑽

0.01 0.01 0.3253 0.04 1.4803 9.8360

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41

4.2.5. Simulação do Inversor Trifásico ligado à rede

Após o dimensionamento dos parâmetros e dos controladores necessários, testou-se o inversor

trifásico, com o objetivo de averiguar as suas características quando ligado à rede de BT.

Na figura 4.15 está representada a tensão de saída do inversor trifásico, 𝑉𝐴𝐶, que indica o correto

funcionamento da modulação escolhida.

Figura 4.15 - Tensão de saída do inversor trifásico

As formas de onda das correntes à saída do inversor trifásico, para cada uma das fases, 𝐼0, estão

apresentadas na figura 4.16, considerando (4.48). Assim, verificar-se que o inversor permite a

injeção de formas de onda de correntes sinusoidais e o equilíbrio entre fases. Constatou-se,

também para o inversor trifásico, uma THD da corrente inferior a 1%.

Na figura 4.17, a forma de onda a rosa representa novamente a corrente à saída do inversor

trifásico, 𝐼0, enquanto que a forma de onda azul mostra a tensão da rede, 𝑉0, ambas em apenas

uma das fase. A forma de onda da tensão foi novamente multiplicada por um fator de escala,

desta vez igual a 0.05, de maneira a permitir uma melhor comparação entre as duas formas de

ondas apresentadas. Através desta figura confirma-se o sincronismo entre a corrente injetada

pelo inversor trifásico e a tensão da rede.

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Figura 4.16 - Correntes injetadas na rede pelo inversor trifásico

Figura 4.17 - Tensão da rede e corrente injetada pelo inversor trifásico

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4.3. Inversor Trifásico Isolado da Rede

Neste trabalho, a rede em ilha funcionará em modo isolado de forma a fornecer energia quando

se dá uma interrupção total da linha em ilha e, como tal, foi necessário fazer um controlo adicional

para o caso em que não há ligação à rede.

No caso da rede em ilha, contrariamente com o que acontece na ligação à rede, é necessário

referências para ambas a correntes, 𝐼0𝑑 e 𝐼0𝑞, pois o sistema deve ter a capacidade de injetar

potência ativa e reativa.

Figura 4.18 - Controladores de tensão para a rede em ilha

Outro aspeto importante é que como se fica apenas com o SAE a alimentar a carga, já não faz

sentido controlar o andar DC mas sim a tensão na carga, ou seja, 𝑉0𝑑 e 𝑉0𝑞. Isto é, quando o

sistema está ligado à rede, assume-se que o que está a impor tensão é a própria rede e o que

se controla é a corrente mas quando o sistema está isolado não existe nada que lhe esteja a

impor a tensão, logo tem que ser feito o seu controlo.

O controlo de tensão proposto, para ambas as componentes, encontra-se esquematizado na

figura 4.18 e tem como principal objetivo garantir que a tensão na carga tem amplitude e

frequência constantes, de acordo com a norma portuguesa [EN 50160]. As tensões de referência

são estabelecidas e comparadas com as lidas aos terminais do condensador de filtragem, 𝐶0.

Neste caso, como não existe nenhuma relação de ganho entre correntes no modelo do conversor

(ver figura 4.19), o ganho do controlador em corrente, 𝐺𝐼, é unitário, e o atraso, 𝑇𝐷𝑉, considerou-

se igual a:

𝑇𝐷𝑉 =1

2𝑓𝑐

(4.55)

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Figura 4.19 - Representação da dinâmica das correntes para o controlo em ilha

Os diagramas dos controladores de tensão para ambas as componentes, encontram-se

representados na figura 4.20 e os ganhos proporcional, 𝐾𝑃𝑉, e integral, 𝐾𝐼𝑉,foram obtidos através

das expressões (4.33) e (4.34) e são apresentados na tabela 4.9, juntamente com os restantes

parâmetros do controlador de tensão.

Figura 4.20 - Diagramas dos controladores de tensão das componentes d e q

Tabela 4.9 - Parâmetros dos controladores de tensão para a rede em ilha

𝜶𝑰 𝜶𝑽 𝑮𝑰 𝑻𝑫𝑽 (ms) 𝑲𝑷𝑽 𝑲𝑰𝑽

0.01 0.01 1 0.1149 0.0594 137.3776

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Posteriormente é feito o controlo de corrente em coordenadas dq da mesma forma que foi feito

para a ligação à rede e a sua passagem para coordenadas ABC, de forma a estabelecer a nova

modulante, que será responsável pela geração dos sinais de disparo dos semicondutores do

inversor (ver figura 4.21).

Para garantir que a tensão no andar DC continua a ser controlada, foi também estabelecida uma

corrente de descarga da bateria (dentro dos limites tabelados pelo fornecedor) para o

funcionamento de rede em ilha, com base na igualdade de potências entre a rede e a bateria.

Assim, quando o sistema isolado entra em funcionamento, o supervisor dá ordem para que a

corrente de descarga seja a calculada através da igualdade de potências.

Para analisar o cenário da rede em ilha foram medidas as seguintes variáveis: 𝐼𝑟𝑚𝑠_𝑐, 𝐼𝑟𝑚𝑠_𝑙,

𝑉𝑟𝑚𝑠_𝑙, SOC, 𝐼𝑏𝑎𝑡 e 𝑉𝑏𝑎𝑡, que podem ser consultadas nos gráficos dos resultados finais.

4.2.5. Simulação do Inversor Trifásico em Ilha

Nas figuras 4.21, 4.22 e 4.23, é possível verificar o correto funcionamento dos controladores

dimensionados para o caso da rede isolada, através da análise da modulante resultante, das

tensões aos terminais da carga e dos erros das componentes d e q.

Figura 4.21 - Modulante resultante do controlo para a rede em ilha

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Figura 4.22 - Rede em Ilha: Tensões aos terminais da carga

Figura 4.23 - Rede em Ilha: Erros das componentes d e q

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5. Resultados obtidos

Após a construção do SAE, dos modelos da unidade de µG e da rede elétrica de distribuição

(Anexo A), obteve-se um pequeno laboratório virtual que tem como objetivo simular perturbações

que ocorram nas linhas de distribuição, observar o seu impacto na rede e analisar a resposta do

SAE.

De realçar que o transformador escolhido tem uma potência nominal de 630kVA e o nível de

tensão no lado do primário é de 30kV. Cada carga apresenta uma potência igual a 10kW e o

cabo utilizado para as linhas de distribuição é o LSVAV 4 x 95.

5.1. Cenários Estudados

Neste trabalho foram estudados dois cenários quem têm como objetivo permitir a melhoria da

qualidade e continuidade da onda de tensão na rede, através de um SAE.

O primeiro cenário corresponde ao nivelamento de carga. A sua simulação passa por

ligar/desligar cargas e garantir o fornecimento de energia às mesmas, conforme se pode ver pelo

esquema simplificado da figura 5.1, interruptor SB.

O segundo cenário é a construção de uma rede em ilha, que funcionará em paralelo com a rede

de distribuição de forma a fornecer energia quando se dá uma interrupção total da linha, que

corresponde ao caso em que se desliga o interruptor SA da figura 5.1.

Estes dois cenários serão estudados mais pormenorizadamente nos subcapítulos seguintes.

Figura 5.1 - Esquema representativo dos cenários estudados

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5.1.1. Nivelamento de Carga

O nivelamento de carga é uma das formas que permite melhorar a QEE através de um SAE.

Esta técnica permite que quando a carga precisa de consumir uma potência mais elevada do

que a rede consegue fornecer, essa energia seja introduzida pelo sistema de armazenamento,

evitando assim perturbações na tensão da rede.

A figura seguinte ilustra o nivelamento de carga. A linha reta representa a potência máxima que

se pretende que a rede injete na carga (potência instalada) e o sombreado cinzento corresponde

à zona em que o SAE atua, ou seja, ao excedente fornecido pelas baterias. Assim, quando a

carga pede à rede uma corrente muito elevada, o sistema de armazenamento vai intervir de

forma a descarregar as baterias e assim fornecer energia à carga em questão.

Figura 5.2 - Nivelamento de carga

Para simular este cenário em ambiente Matlab/Simulink foram feitas algumas alterações no

laboratório virtual. Considerou-se que no final de uma das linhas de distribuição se encontram

duas cargas em paralelo, ambas de 10kW, e foi inserido um interruptor (SB da figura 5.1) que

permite a ligar/desligar uma das cargas. Quando o interruptor é acionado, a corrente pedida à

rede vai duplicar uma vez que vai ser necessário alimentar as duas cargas. O SAE irá atuar

quando a corrente pedida pelas cargas atingir um determinado limite de corrente estabelecido

pelo supervisor (Icarga>=50A), definindo assim uma potência máxima aplicável para a rede.

De forma a analisar este cenário foram medidos os valores eficazes das correntes na carga,

𝐼𝑟𝑚𝑠_𝑐, das correntes na linha, 𝐼𝑟𝑚𝑠_𝑙, e da tensão na linha, 𝑉𝑟𝑚𝑠_𝑙, assim como, as seguintes

variáveis da bateria: SOC, 𝐼𝑏𝑎𝑡 e 𝑉𝑏𝑎𝑡.

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5.2. Resultados Finais

Nesta secção são expostos e analisados os resultados finais dos testes feitos em ambiente

Matlab/Simulink, para os cenários de nivelamento de carga e de rede em ilha.

5.2.1. Nivelamento de Carga

Primeiramente, testou-se o cenário de nivelamento de carga para o modelo de SAE monofásico

e com a bateria num estado de carga inicial igual a 80%.

Na figura 5.3 é possível observar os valores eficazes da corrente na carga, 𝐼𝑟𝑚𝑠_𝑐, e da tensão

na linha, 𝑉𝑟𝑚𝑠_𝑙. Ao analisar o primeiro gráfico, correspondente à 𝐼𝑟𝑚𝑠_𝑐, verifica-se que

inicialmente a rede de distribuição está a alimentar apenas uma carga de 10kW, equivale aos

43.5A que se observa no gráfico, até ao segundo 0.5 (ou seja, durante 50min). Posteriormente,

o interruptor SB é ligado e passa a ser necessário alimentar duas cargas, ou seja, 20kW, equivale

aos 87A que se visualiza no gráfico. Neste caso, o SAE irá atuar e a bateria descarregar, como

se pode ver pela figura 5.4. Isto acontece porque, neste caso, a corrente pedida pelas cargas é

maior que 50A e, como tal, o supervisor dá ordem para a bateria descarregar a corrente

constante.

Através da análise do valor eficaz da tensão na rede, 𝑉𝑟𝑚𝑠, verifica-se que esta desce quando a

bateria está a carregar e aumenta quando a bateria está a descarregar. No entanto, encontra-se

sempre dentro de os limites definidos pela norma portuguesa [EN 50160], isto é, 230+/-10%, que

se encontram definidos no gráfico a vermelho.

Ao analisar a figura 5.4 consegue-se avaliar o andamento de todo o sistema de armazenamento

em funcionamento. Inicialmente a bateria está a carregar lentamente e a corrente 𝐼𝑏𝑎𝑡 é a

proveniente do controlador de tensão do SAE, como o carregamento é lento quase não se

observa variação no valor de 𝑉𝑟𝑚𝑠. Posteriormente, com o aumento da corrente pedida pelas

cargas (em t=0.5s), a bateria começa a descarregar a corrente contante - corrente de descarga

imposta pelo supervisor e igual a 40A (ver tabela 3.1). Quando a segunda carga volta a ser

desligada, o sistema começa a carregar novamente. Aos 1.5 segundos volta-se a ligar a segunda

carga e o sistema descarrega mais uma vez de forma a fornecer a corrente necessária às cargas.

No entanto, desta vez, o sistema apenas descarrega até ao estado de carga ser igual a 20% pois

assim foi imposto pelo supervisor, para que a bateria não fique totalmente descarregada. Neste

caso, o supervisor dá ordem para que a corrente na bateria seja igual a zero, como se pode

visualizar pelo gráfico correspondente à corrente na bateria, 𝐼𝑏𝑎𝑡, em t=1.7s da figura 5.4.

Relativamente à tensão na bateria, 𝑉𝑏𝑎𝑡, conclui-se que esta diminui ligeiramente quando a

bateria se encontra a descarregar, o que é expectável uma vez que a corrente na bateria deixa

de ser a proveniente do controlador de tensão e passa a ser a de descarga, imposta pelo

supervisor, que é normalmente superior à corrente de carga.

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Figura 5.3 - Nivelamento de Carga: 𝑰𝒓𝒎𝒔_𝒄, 𝑰𝒓𝒎𝒔_𝒍 e 𝑽𝒓𝒎𝒔_𝒍; 𝑺𝑶𝑪𝒊=80%, SAE monofásico

Figura 5.4 - Nivelamento de Carga: 𝑺𝑶𝑪, 𝑰𝒃𝒂𝒕 e 𝑽𝒃𝒂𝒕; 𝑺𝑶𝑪𝒊 =80%, SAE monofásico

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Em seguida, testou-se o cenário de nivelamento de carga novamente para o modelo de SAE

trifásico mas agora com a bateria num estado de carga inicial igual a 10% e com um sistema

equilibrado, com o objetivo de avaliar o andamento do sistema de armazenamento e o

funcionamento do supervisor, numa situação distinta das anteriores.

Pela observação da figura 5.5, consegue-se perceber quando a bateria está a carregar (até

t=0.5s), a rede alimenta apenas uma carga por fase e as correntes nas linhas fornecem energia

para carregar a bateria. Em t=0.5s, uma vez que se liga duas cargas em cada fase, o sistema

começa a descarregar e consequentemente a corrente na linha diminui e a tensão na rede

aumenta.

Através da figura 5.6, observa-se que aproximadamente em t=0.7s, a corrente da bateria é nula.

Isto acontece porque se definiu no supervisor que a bateria não poderia descarregar totalmente

e foi estabelecida a percentagem de 20% para o estado de carga mínimo. Assim, quando

SOC=20% o supervisor dá instruções para que a corrente 𝐼𝑏𝑎𝑡 seja nula e o sistema só volta a

funcionar quando for para carregar novamente a bateria, como acontece depois em t=1s. De

acrescentar também que, neste intervalo (até t=1s), a corrente na linha aumenta ligeiramente e

consequentemente a tensão na linha diminui, isto deve se ao fato de, do ponte de vista da rede,

o sistema estar a consumir de forma a manter os 20% de carga disponíveis.

Finalmente, em t=1min, volta-se a ter apenas uma carga por fase e, como tal, o sistema de

armazenamento começa a carregar a bateria, a corrente na linha aumenta e a tensão na linha

diminui. Em t=1.5min ligam-se de novo mais uma carga por fase e o sistema de armazenamento

descarrega para alimentar as cargas, a corrente na linha diminui e a tensão na linha, aumenta.

Mais uma vez, confirma-se que o valor eficaz da tensão na rede, 𝑉𝑟𝑚𝑠, encontra-se dentro de os

limites definidos, que são se encontram definidos por linhas verdes no último gráfico da figura

5.5.

Dos resultados finais obtidos para o nivelamento de carga, conclui-se que o sistema de

armazenamento proposto cumpre todas as especificações pretendidas, assim como se verifica

o correto funcionamento dos controladores. Desta forma, considera-se que este sistema

apresenta uma boa solução para o caso do nivelamento de carga, contribuindo para mitigar

perturbações na rede que possam surgir quando as cargas consomem mais corrente do que a

aplicável de acordo com a potência instalada no sistema elétrico em causa.

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Figura 5.5 - Nivelamento de Carga: 𝑰𝒓𝒎𝒔_𝒄, 𝑰𝒓𝒎𝒔_𝒍 e 𝑽𝒓𝒎𝒔_𝒍; 𝑺𝑶𝑪𝒊=10%, SAE trifásico

Figura 5.6 - Nivelamento de Carga: 𝑺𝑶𝑪, 𝑰𝒃𝒂𝒕 e 𝑽𝒃𝒂𝒕; 𝑺𝑶𝑪𝒊 =10%, SAE trifásico

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5.2.2. Introdução de Microgeração

De forma a analisar o impacto da introdução de microgeração na rede elétrica de distribuição foi

feito um teste, que inclui um modelo de SAE trifásico, com a bateria num estado de carga inicial

igual a 20%, e um microgerador, que injeta 100A quando t=0.5s, como se pode verificar pelas

figuras 5.7 e 5.8.

Figura 5.7 - Introdução de Microgeração: 𝑺𝑶𝑪, 𝑰𝒃𝒂𝒕 e 𝑽𝒃𝒂𝒕; 𝑺𝑶𝑪𝒊=20%, SAE trifásico

Figura 5.8 - Introdução de Microgeração: corrente no microgerador

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Na figura 5.9 observa-se o andamento do valor eficaz da tensão medida na linha e verifica-se o

seu aumento após a introdução de microgeração. Considera-se que este aumento não é maior

devido à presenta de um sistema de armazenamento que se encontra a carregar, mitigando

assim a possibilidade de grandes aumentos de 𝑉𝑟𝑚𝑠 e garantindo o seu valor dentro dos limites

definidos a verde.

Figura 5.9 - Introdução de Microgeração: 𝑽𝒓𝒎𝒔_𝒍

5.2.3. Rede em Ilha

Como já foi referido, uma vantagem da rede em ilha é poder trabalhar isolada da rede de

distribuição principal, em situações de perturbação e em que é necessário alimentar cargas

criticas por um curto intervalo de tempo, e é nesse sentido que vamos avaliar o comportamento

do sistema de armazenamento proposto.

Através da análise da figura 5.10, é possível observar o correto funcionamento dos controladores

projetados: no primeiro gráfico, apresenta-se a modulante resultante dos controladores (as

formas de ondas podem ser consultadas anteriormente, na figura 4.21, com uma escala mais

adequada); no segundo gráfico, verifica-se que a corrente na linha é aproximadamente zero; e

no último gráfico demonstra-se que a tensão na linha mantém-se constante e igual a 230.

O SAE apresenta um estado de carga inicial máximo (𝑆𝑂𝐶𝑖=100%), ou seja, a bateria encontra-

se completamente carregada. Quando a corrente na linha é nula, o sistema começa a

descarregar, até atingir o estado de carga limite (SOC=20%). Durante a descarga, a corrente na

bateria é igual à corrente calculada através da igualdade de potências que se apresenta

aproximadamente constante e, consequentemente, o mesmo acontece com a tensão na bateria.

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Figura 5.10 - Rede em Ilha: Modulante, 𝑰𝒓𝒎𝒔_𝒍 e 𝑽𝒓𝒎𝒔_𝒍; 𝑺𝑶𝑪𝒊=100%, SAE trifásico

Figura 5.11 - Rede em Ilha: 𝑺𝑶𝑪, 𝑰𝒃𝒂𝒕 e 𝑽𝒃𝒂𝒕; 𝑺𝑶𝑪𝒊 =100%, SAE trifásico

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Dos resultados finais obtidos para a rede em ilha, conclui-se que o sistema de armazenamento

proposto cumpre todas as especificações pretendidas e verifica-se o correto funcionamento dos

controladores projetados. Assim, considera-se que o funcionamento da rede em ilha em modo

isolado pode ser utilizado para mitigar casos de interrupções nas linhas da rede de distribuição

de baixa tensão.

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6. Conclusões e Trabalho Futuro

6.1. Conclusões

O objetivo principal desta dissertação foi a criação de um laboratório virtual em Matlab/Simulink,

que incluiu a construção de um SAE, dos modelos de conversão DC/AC e da rede elétrica de

distribuição. Este laboratório permitiu simular perturbações nas linhas, observar o perfil do valor

eficaz da tensão da rede no ponto de ligação do sistema proposto e analisar a resposta do

mesmo.

O SAE foi constituído pela bateria escolhida, por um conversor DC/DC, pelos controladores de

corrente e tensão e encontra-se subordinado por um supervisor. Para estabelecer a ligação deste

sistema à rede de distribuição, apresentaram-se dois modelos de conversão DC/AC: um inversor

monofásico e outro trifásico. Adicionalmente, foi também apresentado um inversor trifásico

isolado da rede. Para cada um dos inversores em estudo foi explicado o seu funcionamento,

desenvolveram-se os processos de modulação adequados e feito o dimensionamento dos filtros

de ligação à rede de BT e dos controladores necessários.

Neste trabalho foram estudados dois cenários quem têm como objetivo permitir a melhoria da

qualidade e continuidade da onda de tensão na rede, através de um SAE. O primeiro cenário

corresponde ao nivelamento de carga e a sua simulação passa por ligar/desligar cargas e

garantir o fornecimento de energia às mesmas. O segundo cenário foi a construção de uma rede

em ilha, que permitiu fornecer energia a cargas críticas quando se dá uma interrupção total das

linhas de distribuição.

De acordo com os resultados obtidos e ao avaliar o impacto do SAE na tensão da rede, verificou-

se que é diferente o sistema estar a injetar ou a consumir. Através da análise do perfil da tensão

da rede no ponto de ligação do sistema proposto, concluiu-se que quando o SAE está a

descarregar a tensão na rede aumenta e quando está a carregar a tensão na rede diminui.

Em ambos os casos estudados - nivelamento de carga e rede em ilha - considerou-se que o

sistema de armazenamento proposto cumpriu com as especificações pretendidas e verificou-se

o correto funcionamento dos controladores projetados. Assim sendo, concluiu-se que este

sistema apresenta uma boa solução para mitigar perturbações na rede, permitindo um contínuo

funcionamento da rede e consequente aumento da fiabilidade do fornecimento de energia.

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6.2. Perspetivas de Trabalho Futuro

No decorrer desta tese de mestrado, foram surgindo vários temas que poderão vir a ser objeto

de estudo de trabalhos futuros.

Relativamente ao processo de nivelamento de carga, um caso que seria interessante estudar, é

o deslastre de cargas, isto é, quando as cargas pedem ao SAE mais corrente do que o SAE

consegue fornecer, seleciona-se quais as cargas críticas a alimentar, de forma a garantir o seu

fornecimento de energia.

No que respeita à rede em ilha, é possível estudar o seu processo de religação à rede, através

de um processo de sincronismo com base na variação da frequência, para que o sistema possa

fazer o paralelo com a rede elétrica.

Também para o caso da rede em ilha, seria interessante o estudo de uma rede com, não apenas

um, mas vários sistemas de armazenamento, onde se teria de projetar o sincronismo entre eles.

Outro aspeto importante seria o estudo económico do sistema proposto, pois embora o SAE seja

uma solução eficaz na resolução dos problemas estudados, pode não ser atualmente a solução

mais rentável.

Para além destas propostas, e uma vez que se concluiu, neste trabalho, que através do

comportamento do SAE é possível alterar o perfil da tensão da rede no ponto de ligação do

sistema, seria interessante fazer o estudo deste processo e avaliar o seu funcionamento.

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Anexo A - Modelo da Rede Elétrica de Distribuição

O modelo da rede elétrica de BT foi efetuado recorrendo à plataforma Matlab/Simulink e inclui os

modelos do transformador e das linhas de distribuição.

A.1. Modelo do Transformador

Na rede de distribuição portuguesa de média tensão (MT), os níveis de tensão mais usuais são:

10, 15 e 30kV. No que diz respeito à rede BT, o nível de tensão utilizado é de 230V por fase,

400V de tensão composta.

Na interligação entre a rede MT e a rede BT, neste caso considerando uma rede urbana

subterrânea, é comum o uso de transformadores com as seguintes potências nominais: 630kVA,

400kVA e 250kVA. Estes recebem no primário três fases da rede MT ligadas em triângulo e em

BT, o secundário é ligado em estrela, sendo o neutro solidamente ligado à terra.

Nas simulações considera-se um nível de tensão no lado do primário de 30kV e do secundário

de 400V (tensões compostas). O transformador escolhido tem uma potência nominal de 630kVA

e no seu dimensionamento considerou-se o esquema equivalente em T, presente na figura A.1.

e recorreu-se ao catálogo representado na tabela A.1.a.

Através da consulta do catálogo é possível obter os valores das perdas em vazio, 𝑃0, das perdas

de curto-circuito, 𝑃𝑐𝑐, da tensão de curto-circuito, 𝑉𝑐𝑐,e da corrente de magnetização, 𝐼𝑚. A tabela

A.1.b. resume as características escolhidas para o transformador, assim como as retiradas do

catálogo para o cálculo dos seus parâmetros.

Figura A.1. - Esquema equivalente em T do transformador

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Tabela A.1.a. - Catálogo do transformador, [Nexans]

Tabela A.1.b. - Características técnicas do transformador

Características do Transformador

Tensão MT 30 kV

Tensão BT 400 V

Potência Nominal 630 kVA

Perdas em Vazio, 𝑃0 1800 W

Perdas de Curto-circuito, 𝑃𝑐𝑐 7500 W

Tensão de Curto-circuito, 𝑉𝑐𝑐 4,5 %

Corrente de Magnetização, 𝐼𝑚 1,8 %

No esquema da figura A.1., observa-se um ramo transversal, relacionado com a corrente de

magnetização e com as perdas no ferro do núcleo do transformador, e dois ramos horizontais,

que correspondem às indutâncias de dispersão do primário e do secundário. No

dimensionamento do transformador é necessário calcular as resistências e as reactâncias de

dispersão dos enrolamentos primário, secundário e de magnetização, isto é, 𝑅1, 𝑋1, 𝑅2, 𝑋2, 𝑅𝑚

e 𝑋𝑚. Para isso, nos dois capítulos seguintes são feitos ensaios do transformador em vazio e em

curto-circuito.

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A.1.1. Ensaio em Vazio

No ensaio em vazio o circuito secundário do transformador está em aberto, ou seja, tem aos

seus terminais uma impedância infinita, o esquema da figura A.1. resume-se ao da figura A.1.1:

Figura A.1.1. - Esquema equivalente do transformador em vazio

A condutância de dispersão dos enrolamentos de magnetização do transformador, 𝐺𝑚, é dada

por (A.1):

𝐺𝑚 =

𝑃0𝑉𝑛2

(A.1)

E a resistência de dispersão dos enrolamentos de magnetização do transformador, 𝑅𝑚, é o seu

inverso, ou seja, (A.2):

𝑅𝑚 =

1

𝐺𝑚

(A.2)

A susceptância de dispersão dos enrolamentos de magnetização do transformador, 𝐵𝑚, pode ser

calculada a partir de (A.3):

𝐵𝑚 = −√(𝐼𝑚𝑉𝑛)2

− 𝐺𝑚2

(A.3)

O inverso de (A.3) representa a reactância de dispersão nos enrolamentos de magnetização do

transformador, 𝑋𝑚, (A.4):

𝑋𝑚 =

1

𝐵𝑚

(A.4)

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Através das fórmulas atrás mencionadas, [Paiva 2005], e de acordo com os valores em p.u.

obtidos, tabela A.1.1., calcularam-se os valores para 𝑅𝑚 e 𝑋𝑚, apresentados na tabela A.1.2.b.

Tabela A.1.1. - Valores do ensaio em vazio

Ensaio em Vazio Valores em p.u.

Tensão nominal, 𝑉𝑛 1

Perdas em vazio, 𝑃0 0.0028

Corrente de magnetização, 𝐼𝑚 0.018

A.1.2. Ensaio em Curto-Circuito

Considerando agora o circuito equivalente do transformador com o secundário em curto-circuito,

isto é, com uma impedância nula ligada aos terminais do secundário, figura A.1.2:

A impedância de curto-circuito do transformador, 𝑍𝑐𝑐, pode ser calculada a partir do seguinte

quociente (A.5):

𝑍𝑐𝑐 =

𝑉𝑐𝑐𝐼𝑛

(A.5)

A equação (A.6) permite obter o valor da resistência total de dispersão dos enrolamentos do

primário e do secundário do transformador, 𝑅𝑡:

Figura A.1.2. - Esquema equivalente do transformador em curto-circuito

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𝑅𝑡 =

𝑃𝑐𝑐𝐼𝑛2

(A.6)

Sabendo os valores de (A.5) e (A.6) é possível calcular a reactância total de dispersão dos

enrolamentos do primário e do secundário do transformador, 𝑋𝑡, através de (A.7):

𝑋𝑡 = √𝑍𝑐𝑐

2 − 𝑅𝑡2

(A.7)

Por fim, considerando que os enrolamentos do primário e do secundário têm o mesmo valor de

resistência e reactância, obtém-se (A.8) e (A.9):

𝑅1 = 𝑅2 =

𝑅𝑡2

(A.8)

𝑋1 = 𝑋2 =

𝑋𝑡2

(A.9)

Os valores em p.u. a utilizar nas fórmulas atrás mencionadas, [Paiva 2005], para o cálculo de 𝑅1,

𝑋1, 𝑅2, 𝑋2, estão apresentados na tabela A.1.2.a.. Os valores finais destes parâmetros podem

ser consultados na tabela A.1.2.b..

Tabela A.1.2.a. - Valores do ensaio em curto-circuito

Ensaio em Curto-circuito

Valores em p.u.

Corrente nominal, 𝐼𝑛 1

Tensão de curto-circuito, 𝑉𝑐𝑐 0.045

Perdas de curto-circuito, 𝑃𝑐𝑐 0.0119

Tabela A.1.2.b. - Parâmetros obtidos para o transformador

Primário

Ramo de magnetização

Secundário

𝑅1 = 0.006 p.u. 𝑅𝑚 = 357.14 p.u. 𝑅2 = 0.006 p.u.

𝑋1 = 0.022 p.u. 𝑋𝑚 = 56.18 p.u. 𝑋2 = 0.022 p.u.

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Figura A.2.a. - Cabo LSVAV, [General Cable]

A.2. Modelo das Linhas de Distribuição

As linhas de distribuição da rede BT têm como objetivo garantir a distribuição de energia elétrica

desde o transformador até aos clientes finais e podem ser de dois tipos distintos: linhas aéreas

ou linhas subterrâneas.

Uma vez que neste trabalho se pretende simular uma rede tipicamente usada num cenário

urbano atual, optou-se pela construção de uma rede elétrica subterrânea e considerou-se o cabo

LSVAV 4 x 95 para representar as linhas de distribuição. Este cabo tem uma secção igual 95mm2,

é formado por quatro condutores de alumínio e o seu isolamento é em PVC (PolyVinyl Chloride).

No que respeita à constituição, o modelo LSVAV é em metal maciço, como se pode verificar pela

figura A.2.a.

Na figura A.2.b. encontra-se um modelo equivalente da linha em π. Os parâmetros

representativos da linha são a impedância longitudinal, constituída por uma resistência e uma

indutância, e a admitância transversal, constituída por condensadores. Nos capítulos seguintes

apresentam-se os cálculos para estes parâmetros.

Figura A.2.b. - Esquema equivalente em π de uma linha

R L

C/2 C/2

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A.2.1. Resistência

A resistência aparente de um condutor é determinada a partir da resistência em corrente contínua

a 20°C, tendo em conta a influência da temperatura e dos fenómenos ligados à alimentação em

tensão alternada. Deste modo, a resistência linear de um condutor em corrente contínua e à

temperatura de 20 °C, 𝑅20, é dada por (A.10), [Solidal]:

𝑅20 = ρ20𝐾1𝐾2𝐾3

𝑆𝑐𝑜𝑛𝑑 , [Ω/km] (A.10)

Em que:

ρ20 é a resistividade do metal condutor à temperatura de 20°C e para o alumínio tem o

valor de 28,264 Ω mm2/km.

𝐾1 é o coeficiente que depende da natureza do metal condutor, das transformações

físicas que sofre durante a fabricação da alma condutora e da presença eventual de um

revestimento metálico de proteção.

𝐾2 é o coeficiente que representa a majoração do comprimento devido ao cableamento

dos fios constituintes da alma condutora.

𝐾3 é o coeficiente que representa a majoração do comprimento devido à montagem dos

condutores de fase no conjunto final.

𝑆𝑐𝑜𝑛𝑑 é a secção real da alma condutora, em mm2.

Os valores de 𝑅20 são tabelados, para as secções normalizadas e segundo a classe de

flexibilidade da alma condutora. Dado que o modelo LSVAV apresenta uma alma condutora de

classe 1, os seus valores de 𝑅20 são lidos na tabela A.2.1.b., mediante a secção pretendida. O

valor de 𝑅20 para o modelo de cabo escolhido apresenta-se na tabela A.2.1.a.

Tabela A.2.1.a. - Valores de 𝑹𝟐𝟎 para os cabos utilizados

Cabo

Classe

𝑆𝑐𝑜𝑛𝑑 [mm2]

𝑅20 [Ω/km]

LSVAV 4 x 95

1

95

0.320

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No entanto, estes valores são obtidos para condições de funcionamento a 20 °C e os condutores

nem sempre se encontram a esta temperatura, não só devido à variação da temperatura

ambiente como também devido às diferentes correntes que provocam um maior ou menor

aquecimento nos condutores.

Para corrigir o valor da resistência em função da temperatura do condutor é utilizada a expressão

(A.11), [Solidal], que representa a resistência de um condutor, 𝑅𝜃, em corrente contínua e à

temperatura de 𝜃𝐶(°C):

𝑅𝜃 = 𝑅20[1 + 𝛼20(𝜃𝐶 − 20)], [Ω/km] (A.11)

Em que 𝛼20 é o coeficiente de variação da resistividade a 20ºC, que para o alumínio tem o valor

de 4.03 x 10-3 ºC-1.

Tabela A.2.1.b. - Resistências Lineares dos Condutores (classe 1), [Solidal]

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Na tabela A.2.1.c. pode-se consultar os valores dos coeficientes de temperatura, 1 + 𝛼20(𝜃𝐶 −

20), em função de 𝜃𝐶. Neste caso, considerou-se 𝜃𝐶 igual a 70ºC e obteve-se o valor de 1.202

para o coeficiente de temperatura.

Assim, chega-se aos seguintes valores de 𝑅𝜃:

Tabela A.2.1.c. - Valores de 𝑹𝟐𝟎 para os cabos utilizados

Cabo

𝑅20 [Ω/km]

𝜃𝐶 [ºC]

1 + α20(𝜃𝐶 − 20)

𝑅𝜃 [Ω/km]

LSVAV 4 x 95

0.320

70

1.202

0.38464

Por fim, de modo a obter a resistência dos cabos da rede de BT, 𝑅𝑐𝑜𝑛𝑑, recorre-se à expressão

(A.12), onde 𝑙𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 representa o comprimento do cabo que se pretende dimensionar.

𝑅𝑐𝑜𝑛𝑑 = 𝑅𝜃 𝑙𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎, [Ω] (A.12)

Tabela A.2.1.c. - Coeficientes de Temperatura, [Solidal]

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A.2.2. Indutância

O cabo escolhido para a construção da rede BT apresenta um catálogo relativo às suas

características elétricas, nomeadamente no que respeitas aos valores da indutância e da

capacidade, por unidade de comprimento.

O valor da indutância por unidade de comprimento, 𝐿𝑘, foi consultado na tabela A.2.2.a. e está

organizado na tabela A.2.2.b.:

Tabela A.2.2.b. - Valores de 𝑳𝒌 para os cabos utilizados

Cabo

𝑆𝑐𝑜𝑛𝑑 [mm2]

𝐿𝑘 [mH/km]

LSVAV 4 x 95

95

0.23

Para obter a indutância dos cabos da rede de BT, 𝐿𝑐𝑜𝑛𝑑 , utiliza-se a expressão (A.13):

𝐿𝑐𝑜𝑛𝑑 = 𝐿𝑘 𝑙𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎, [H] (A.13)

Tabela A.2.2.a. - Características dos Condutores LSVAV, [General Cable]

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A.2.3. Capacidade

O valor da capacidade por unidade de comprimento, 𝐶𝑘, foi também consultado na tabela A.2.2.a.

e apresenta-se na tabela A.2.3.:

Tabela A.2.3. - Valores de 𝑪𝒌 para os cabos utilizados

Cabos

𝑆𝑐𝑜𝑛𝑑 [mm2]

𝐶𝑘 [µF/km]

LSVAV 4 x 95

95

0.60

Através da expressão (A.14), obtém-se a capacidade dos cabos da rede de BT, 𝐶𝑐𝑜𝑛𝑑:

𝐶𝑐𝑜𝑛𝑑 = 𝐶𝑘

2 𝑙𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎, [F] (A.14)

De acordo com o esquema da figura A.2.b., é possível obter o modelo para as linhas de

distribuição trifásicas, representado na figura A.2.3., onde são consideradas as três fases e o

condutor de neutro.

Figura A.2.3. - Modelo de uma linha subterrânea

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Anexo B - Especificações Técnicas das Baterias Utilizadas

Tabela B.1. - Especificações técnicas da bateria de 366V, [OptimumNano]

Tabela B.2. - Especificações técnicas da bateria de 48V, [OptimumNano]