slets-016-034
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O papel dos assistentes sociais e dos psicólogos na rede de multiplicadores para prevenção da drogadição e das DST/Aids – A experiência do Centro de Treinamento da Região Centro-Oeste-Brasil.
Profa. Dra. Denise Bomtempo Birche de Carvalho – Depto de Serviço Social
Profa. Dra. Maria Fátima Olivier Sudbrack – Depto de Psicologia Clínica
Profa. Eliane Maria Fleury Seidl – Depto de Psicologia do Desenvolvimento
Universidade de Brasília-Brasil
Apresentação
Este trabalho apresenta os resultados da Pesquisa de Avaliação do Centro de
Treinamento da Região Centro-Oeste - Prodequi, com ênfase no processo de
formação dos multiplicadores na execução de atividades preventivas da drogadição
e DST/AIDS.
No período de maio de maio/95 a junho/98 este Centro desenvolveu o Projeto
Drogas e Aids da Coordenação Nacional DST/Aids, do Ministério da Saúde. Como
resultado do referido convênio foram capacitados 168 multiplicadores com
abrangência regional: estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e
Distrito Federal. Os 168 multiplicadores foram formados em seis cursos, 04 deles
realizados no Distrito Federal, 01 em Mato Grosso e 01 em Mato Grosso do Sul. Os
multiplicadores treinados elaboraram e apresentaram projetos de prevenção, com
execução nas suas instituições de origem.
A proposta técnica do Centro de Treinamento fundamenta-se na prática de
construção de redes sociais como estratégia para o enfrentamento da exclusão
social e situações de risco geradas pela drogadição e pela exposição às DST/AIDS.
A prática de redes define-se enquanto um processo coletivo que possibilita a
construção das relações sociais. Parte do pressuposto de que somente uma rede
eficaz de promoção de saúde, de educação e de solidariedade poderá fazer face a
essa problemática. A comunidade é concebida como um sistema complexo onde
interrelaciom-se dinamicamente pessoas, papéis, organizações e fatos.
O engajamento do profissional supera a dimensão formalizada
institucionalmente. O multiplicador se envolve e participa da rede com sua
subjetividade, suas crenças e valores pessoais, e sobretudo, seu desejo de
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compartilhar a luta por uma causa comum, com seus pares profissionais e com a
comunidade.
Destacam-se como elementos que definem a natureza da proposta técnica, a
supervisão e monitoramento de projetos por assistentes sociais e psicólogos; a
construção de uma rede regional de multiplicadores e o processo avaliativo, objeto
desta pesquisa. Estes elementos estão incluídos nas categorias de análise. Os
objetivos da pesquisa foram: - descrever o perfil dos multiplicadores treinados,
considerando-se a situação sócio-demográfica, a área de atuação e a categoria
profissional. - avaliar a proposta metodológica construída pelo Prodequi. - identificar
a situação atual quanto à execução dos projetos elaborados caracterizando o
desempenho nas funções de multiplicador, bem como as dimensões associadas à
execução de projetos de intervenção pelos profissionais treinados e, levantar
demandas e expectativas dos multiplicadores visando subsidiar a continuidade de
sua formação.
A metodologia de coleta de dados foi construída pela equipe técnica do
Prodequi visando atingir os objetivos propostos na pesquisa de avaliação do Centro
de Treinamento. Esta procurou resgatar duas dimensões: a primeira buscou
identificar o perfil sócio-demográfico dos multiplicadores (sexo, idade, área de
atuação, formação e profissão) e a composição das equipes executoras dos
projetos. A segunda buscou captar as percepções dos multiplicadores sobre a
proposta metodológica construída pelo Prodequi, a situação atual quanto à
execução dos projetos elaborados e o levantamento de demandas e expectativas
dos multiplicadores visando subsidiar a continuidade da sua formação.
Para o tratamento e análise dos dados quantitativos foi utilizado o Statistical
Package for Social Sciences – SPSS (versão 5.0/Windows), ao passo que para a
análise das questões abertas foi utilizada a análise de conteúdo. Para tanto
estabeleceu-se um agrupamento das informações oriundas do banco de dados em
quatro conjuntos de resultados:
1 - Avaliação da proposta metodológica desenvolvida pelo Centro de Treinamento.
2- Monitoramento e supervisão dos projetos de prevenção
3 - Situação quanto à elaboração e execução dos projetos e dimensões associadas
ao desempenho do multiplicador.
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4- Demandas e expectativas dos multiplicadores para subsidiar a continuidade da
formação.
Constituíram a amostra desta pesquisa 128 multiplicadores, perfazendo 76%
dos profissionais capacitados nos 6 cursos nos 4 estados da região Centro-Oeste.
A amostra de multiplicadores segundo o estado da Região Centro-Oeste foi
composta de 60.2% de profissionais do Distrito Federal, 27.3% de Mato Grosso do
Sul, 3.9% do estado de Mato Grosso e 8.6% oriundos do estado de Goiás. Essa
distribuição, por estado, foi proporcional ao universo de multiplicadores treinados à
exceção do estado de Mato Grosso. O número reduzido de multiplicadores do
estado de Mato Grosso, na amostra, pode ser atribuído à dificuldade de mobilização
dos mesmos, que não responderam à demanda do Prodequi para participar da
pesquisa. Deve-se considerar, ainda, as limitações devidas à distância e os custos
financeiros com os deslocamentos para estratégias de mobilização mais efetivas.
O perfil sócio-demográfico da amostra (N=128) será apresentado a seguir.
Quanto ao sexo, 87% da amostra foi constituída de multiplicadores do sexo feminino.
Este dado pode ser atribuído ao grande percentual de profissionais treinados
oriundos de categorias em que há uma hegemonia de mulheres, como Psicologia e
Serviço Social. Com relação à faixa etária, verificou-se que a maioria dos
multiplicadores da amostra (76%) encontrava-se na faixa de 31 a 50 anos, sendo
que 16% situavam-se na faixa etária de 20 a 30 anos e apenas 8% encontravam-se
na faixa etária superior a 51 anos.
No que concerne à área de atuação, os dados demonstram o impacto da
área de saúde no conjunto dos multiplicadores que constituíram a amostra (41.4%),
seguida da área de justiça, segurança pública e sistema penitenciário (19.6%),
assistência social (12.5%), sendo que as demais áreas do setor público, também
relevantes, encontraram-se representadas perfazendo um percentual de 26,5%
(educação, comunidades terapêuticas, conselhos tutelares e de direitos e
organizações não-governamentais).
Quanto à distribuição da amostra, segundo a categoria profissional, constata-
se o predomínio de profissionais das áreas de Psicologia (36.7%) e Serviço Social
(24.2%), ligados às instituições governamentais, evidenciando uma motivação
significativa de profissionais de formação não médica pelo trabalho preventivo na
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área de drogadição e DST/Aids. As demais perfazem um total de 39.1% distribuídos
entre as seguintes profissões: médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem,
professores de I e II graus, pedagogos e educadores sociais.
1 - Avaliação da proposta metodológica dos treinamentos desenvolvidos pelo
Centro de Treinamento.
No âmbito desta pesquisa de avaliação, duas questões foram concebidas
para aquilatar a qualidade dos treinamentos realizados. A primeira foi idealizada
para avaliar o treinamento propriamente dito, e a segunda a formação recebida para
o desempenho das funções de multiplicador. Com relação ao treinamento, a
avaliação dos multiplicadores oscilou entre “bom e ótimo” perfazendo um total de
99.3% das respostas. Este dado confirma as avaliações realizadas ao término dos
cursos realizados. As avaliações dos seis cursos, realizadas através de surveys ad
hoc, verificaram a opinião dos treinandos sobre diferentes aspectos do treinamento:
crescimento pessoal e profissional para atuação como multiplicador, aspectos
teóricos e metodológicos dos cursos, procedimentos didáticos, atividades práticas e
vivências realizadas, entre outros. Percebe-se, assim, que a avaliação dos
multiplicadores sobre os treinamentos mostrou-se consistente, uma vez que, em
períodos de tempo diferentes, as avaliações positivas sobre os treinamentos
mantiveram-se estáveis.
Com relação à avaliação do treinamento referente à capacitação para o
desempenho das funções como multiplicador, observa-se que os sujeitos da
pesquisa consideraram que os conteúdos e práticas dos treinamentos recebidos
propiciaram possibilidades de melhor desempenho de recrutamento, seleção e
treinamento de monitores – tarefas que parecem menos complexas no trabalho do
multiplicador. As funções mais complexas – supervisão, abastecimento, avaliação e
relato – mesmo com tendência a uma avaliação positiva, sugerem a necessidade de
um maior aprofundamento nos próximos treinamentos a serem realizados.
2 - Monitoramento e supervisão de projetos
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A supervisão e o monitoramento de projetos pelo Centro de Treinamento
constitui-se na mediação entre o sujeito profissional, a população-alvo e a instituição
como locus da prática profissional. Na proposta técnica do Prodequi, a garantia de
continuidade do trabalho junto aos profissionais treinados, mediante um
acompanhamento sistemático, visando a elaboração e a implementação de projetos
de prevenção, é condição sine qua non para a eficácia do desempenho dos
multiplicadores. Acredita-se que é no seu cotidiano institucional que o multiplicador
poderá identificar suas necessidades, suas potencialidades e também seus próprios
limites, na relação entre o sujeito profissional, a população-alvo e a instituição na
qual está inserido.
A partir de sua inserção institucional e da sua experiência com as populações-
alvo, os multiplicadores foram orientados quanto à elaboração de um projeto de
prevenção a ser executado em sua instituição, sendo sistematicamente
acompanhados pelos consultores/supervisores do Prodequi. O monitoramento e a
supervisão de projetos ocorreram através de três diferentes tipos de atividades,
procurando-se atender à especificidade das demandas e necessidades do
multiplicador nas diferentes fases de seu projeto e de sua formação. A primeira
atividade consistiu de oficinas de elaboração de projetos, seguidas de
monitoramento e supervisão em equipe, por projetos específicos. Paralelamente,
foram promovidos seminários, oficinas e encontros de integração sobre temas mais
pontuais na área de drogadição e DST/Aids, para reciclagem, atualização e
aperfeiçoamento profissional.
Esta atividade de monitoramento pode ser situada teoricamente como uma
fase do processo de avaliação de programas e projetos, constituindo-se em uma
estratégia que “mediante um conjunto de atividades, permite registrar, compilar,
medir, processar e analisar uma série de informações que revelam o curso ou o
desenvolvimento de uma atividade programada”(Aguilar e Ander-Egg, 1994:20),
visando alcançar os objetivos e metas previstos no programa/projeto. A finalidade do
processo de monitoramento visa chegar à execução eficiente e efetiva de um
projeto, mediante um processo de retro-alimentação que permite modificar e
reorientar permanentemente os aspectos operati vos do projeto de acordo com os
objetivos considerados na proposta.
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Nesta perspectiva, no bojo das atividades do Centro de Treinamento,
concebe-se o monitoramento de projetos como um processo educativo e de
avaliação que se realiza diretamente no campo do agir e do fazer profissional,
visando o alcance das metas estabelecidas. Para viabilizar esta atividade, o
Prodequi disponibilizou um cronograma de trabalho que era informado aos
multiplicadores. Além desta disponibilização, os multiplicadores poderiam fazer
demandas espontâneas por supervisão, na medida de suas necessidades.
No que se refere à distribuição dos multiplicadores, segundo a utilização do
monitoramento disponibilizado pelo Prodequi, os dados evidenciam que 69.5%
destes o utilizaram, alternando-se entre “sempre e algumas vezes”. Vale ressaltar
que, apesar do monitoramento oferecido, 32.5% não fizeram uso dele, por
problemas diversos, tais como: imcompatibilidade de horários (21.7%), falta de
disponibilidade do multiplicador (13.3%), falhas na divulgação do cronograma de
supervisão (13.3), dificuldade de execução dos projetos (8.7%) Os demais fatores
mencionados perfazem um total de 43%: “não utilizou as supervisões, projeto em
análise e sem resposta de aprovação, faltou supervisor de referência, pouco tempo
para a supervisão, distância do local de monitoramento, monitoramento teórico e
pouco prático”.
Quanto aos fatores mencionados pelos multiplicadores como positivos, que
favoreceram o aproveitamento da supervisão e do monitoramento de projetos
oferecidos pelo Prodequi, destacam-se as seguintes categorias de respostas dadas
pelos multiplicadores: “capacidade técnica dos supervisores (33.8%), disponibilidade
de tempo dos supervisores (17.6%), motivação dos supervisores para apoio e
suporte às atividades (15.5%), disponibilidade pessoal do supervisor (11.5%), apoio
técnico (10.8%), supervisão como forma de atualização (8.8%), comunicação sobre
eventos (1.3%) e flexibilidade (0.7%). Estes dados demonstram que os
multiplicadores avaliaram o monitoramento recebido de modo favorável,
considerando-o como estratégia de capacitação continuada relevante ao seu
processo de formação, com impacto positivo na execução dos projetos de prevenção
da drogadição e DST/Aids.
É importante mencionar que os resultados foram obtidos mediante perguntas
abertas, sendo que a freqüência dos fatores positivos foi bem superior à menção de
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fatores negativos, corroborando a avaliação dos multiplicadores em relação ao
monitoramento recebido pelo Prodequi como relevante, constituindo-se em
atividade de suporte técnico ao desempenho dos multiplicadores.
Outro item investigado no que tange ao monitoramento de projetos,
refere-se à qualidade desta atividade segundo a percepção daqueles que dela
fizerem uso, correspondendo a 79 sujeitos. Os dados demonstram uma avaliação
positiva entre as categorias “bom e ótimo” atingindo o percentual de 82.2%.
Registra-se que 49 multiplicadores não utilizaram a supervisão oferecida pelo
Prodequi e não se sentiram em condições de avaliá-la.
3 - Situação quanto à elaboração e execução dos projetos e dimensões
associadas ao desempenho do multiplicador.
Em todos os treinamentos realizados, o produto final era a elaboração de um
projeto de prevenção a ser executado pelos multiplicadores no âmbito de sua
instituição, junto a determinada população-alvo. Para tanto, o CT/Centro-
Oeste/Prodequi concebeu um roteiro de elaboração de projetos, com base no qual
os multiplicadores eram capacitados, mediante aulas teóricas e práticas
supervisionadas durante o curso. As duas dimensões que avaliaram a aplicação da
metodologia de elaboração de projetos pelos multiplicadores foram: a) elaboração
do projeto de acordo com o roteiro do CT, e b) apresentação do projeto aos
consultores do CT para monitoramento.
Um aspecto fundamental na proposta técnica do Prodequi foi o incentivo ao
agrupamento dos multiplicadores desde a elaboração até a execução dos projetos.
Este agrupamento de multiplicadores visava a formação de equipes e articulação em
redes, nos níveis multiprofissional, institucional e interinstitucional, partindo-se do
princípio de que esta articulação facilitaria, e mesmo viabilizaria, a execução dos
projetos.
A metodologia de capacitação do Prodequi atingiu o objetivo de agrupar os
multiplicadores para a execução dos projetos de prevenção, pois 46% dos
multiplicadores trabalharam em equipes com mais de três membros e 27% em
duplas. Os dados revelam ainda que, dentre os profissionais da amostra, 66%
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constituíram equipes multiprofissionais para a execução dos projetos. No entanto, a
articulação interinstitucional mostrou-se incipiente, uma vez que somente 16%
articularam-se com profissionais multiplicadores de outras instituições, aspecto que
representa um desafio para a equipe de supervisão e de monitoramento e,
sobretudo, para os próprios multiplicadores.
Outro indicador da aplicação da metodologia construída pelo Prodequi, no
que tange à multiplicação e educação entre os pares como estratégia de prevenção
da drogadição e das DST/Aids, refere-se ao nível de execução dos projetos
elaborados. Os resultados demonstram que cerca de 60% dos multiplicadores
executaram integral ou parcialmente seus projetos. No entanto, o fato de que
apenas 10,2% chegaram à fase final de execução e que 31,5% destes não
executaram seus projetos, sugere a necessidade de se investigar as causas
associadas a este desempenho, tanto daqueles que tiveram êxito quanto daqueles
que não conseguiram viabilizar as suas propostas.
Em relação aos multiplicadores que não executaram ou executaram
parcialmente os seus projetos, investigou-se as razões que ocasionaram este
desempenho. Constata-se que 45% atribuíram a razões de ordem institucional, 16%
a razões referentes à equipe do projeto e 12% a razões de ordem pessoal.
Dezenove por cento dos multiplicadores atribuíram a múltiplas razões de ordem
pessoal, de equipe e institucionais as dificuldades de execução de seus projetos.
Chama a atenção a relevância dos motivos de ordem institucional que constituíram-
se em barreiras à execução dos projetos.
Quanto à execução dos projetos, investigou-se também as etapas realizadas,
conforme orientação do Ministério das Saúde, adotada pela equipe técnica do
Prodequi durante o treinamento e no processo de monitoramento e supervisão.
Observa-se que os multiplicadores tenderam a executar as etapas preliminares e
iniciais como sensibilização de chefias, sensibilização da população-alvo,
disponibilidade de recursos físicos e materiais. Verifica-se uma redução gradativa da
freqüência das etapas mais complexas como supervisionar monitores, avaliar e
elaborar relatório da intervenção. Considerando a inserção institucional dos
multiplicadores, a sensibilização de chefias foi uma etapa necessária que precedeu
as demais etapas dos projetos, o que explica a alta freqüência de multiplicadores
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que executaram esta etapa, mencionada inclusive por que tiveram essa iniciativa
mas não conseguiram implementar os seus projetos. Vale ressaltar que a dimensão
da educação entre os pares, aspecto fundamental da metodologia de formação do
Prodequi, está presente nas ações preventivas dos projetos executados ou em
execução. Assim, constata-se que um percentual importante de multiplicadores
atingiu algum tipo de contato com os monitores: recrutamento, seleção, formação e
supervisão. No entanto, evidencia-se ainda o desafio que representa este processo
no que tange à formação e supervisão de monitores, etapas que consolidam a
prática do trabalho preventivo.
A população-alvo dos projetos elaborados foi outra dimensão investigada. A
equipe técnica do Prodequi incentivou os multiplicadores a proporem projetos
ligados diretamente à clientelas das respectivas instituições nas quais estavam
inseridos. As populações objeto de intervenção das ações preventivas mencionadas
pelos sujeitos da amostra foram: adolescentes (22.9%), populações em situação de
reclusão (21.1%), profissionais diversos (15.6%), dependentes químicos (11.9%),
usuários de serviços de saúde (7.4%), crianças e adolescentes em situação de rua
(7.4%), policiais (4.6%), comunidade escolar (3.7%), comunidade (1.8%), grupos de
familiares (1.8%), portadores do HIV/Aids (0.9%), e profissionais do sexo (0.9%).
Estes dados demonstram uma diversificação das populações-alvo dos projetos de
intervenção elaborados pelos multiplicadores, destacando-se os adolescentes como
foco principal de atenção, seguidos das populações em situação de reclusão,
profissionais diversos (saúde, educação e assistência social) e dependentes
químicos. De modo geral, estas populações encontram-se em contextos de
situações de risco geradas, entre outros motivos, pela drogadição e pela exposição
às DST/Aids. Por outro lado, cabe ressaltar que algumas das populações-alvo
previstas de serem atingidas no projeto, como por exemplo os profissionais do sexo,
foram pouco expressivas, quantitativamente, no conjunto das populações-alvo.
Outro objetivo da pesquisa foi investigar as dimensões associadas ao
sucesso e ao fracasso na execução dos projetos, a partir do levantamento dos
fatores facilitadores e dificultadores, segundo a percepção dos multiplicadores. Este
levantamento visou identificar quais aspectos foram mais relevantes para a
implementação ou não dos projetos. Quanto aos aspectos facilitadores, os sujeitos
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da pesquisa priorizaram o interesse pessoal pela questão da prevenção da
drogadição e das DST/AIDS e a capacitação técnica como mais relevantes,
respectivamente, como mostra a Tabela 1. Vale ressaltar que o monitoramento
oferecido pelo Prodequi foi percebido como relevante para 32.6% dos sujeitos que
responderam ao questionário, dado que evidencia a importância dessa atividade no
bojo das ações do Centro de Treinamento.
Tabela 1 - Fatores priorizados pelos multiplicadores como facilitadores na
execução dos projetos
FATORES FACILITADORES N % Interesse pessoal relevante pela questão da prevenção das DST/AIDS e Drogas
56 62.9
Capacitação técnica 43 48.3 Monitoramento do projeto pelo supervisor do Prodequi 29 32.6 Apoio político institucional 23 25.9 Disponibilidade de tempo cedido pela instituição 19 21.4 Disponibilidade de tempo por interesse pessoal na execução do projeto
18 20.2
Apoio financeiro institucional 17 19.1
Analisando-se a Tabela 2 que diz respeito aos fatores mencionados pelos
multiplicadores como dificultadores da execução dos projetos, chama a atenção o
percentual elevado de sujeitos que apontaram dificuldades institucionais diversas,
tais como falta de apoio financeiro, técnico e político, destacando-se as dificuldades
institucionais em conciliar a prática profissional com o projeto de intervenção.
Destaca-se ainda, que 28.4% dos multiplicadores referiram como dificuldade a
mudança de cargo, função e instituição o que caracteriza uma rotatividade
institucional dos profissionais treinados, impossibilitando a continuidade da execução
dos projetos.
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Tabela 2 - Fatores mencionados pelos multiplicadores como dificultadores na
execução dos projetos
FATORES DIFICULTADORES N % Dificuldades institucionais para conciliar a prática profissional com o projeto de prevenção.
61 49.6
Falta de apoio financeiro institucional 51 41.5 Falta de apoio político institucional 47 38.2 Falta de apoio técnico institucional 40 32.8 Dificuldades pessoais em conciliar a prática profissional com o projeto de prevenção.
33 26.8
Mudança pessoal de cargo/função na instituição 19 15.4 Mudança de instituição de origem 16 13.0 Composição da equipe do projeto cujas inserções institucionais dos profissionais foram desfavoráveis.
15 12.2
Interesse relativo pela questão da prevenção das DST/AIDS e Drogas
14 11.4
Insegurança pessoal para desenvolvimento do projeto 12 9.8 Composição da equipe do projeto: as categorias profissionais envolvidas não facilitaram a execução
11 9.0
Indisponibilidade institucional de acesso ao monitoramento oferecido pelo Prodequi
11 8.9
Indisponibilidade pessoal de acesso ao monitoramento oferecido pelo Prodequi
10 8.1
Pouca capacitação técnica pessoal para execução do projeto 9 7.3 Falta de monitoramento pelo consultor do Prodequi 8 6.5 Monitoramento oferecido pelo Prodequi foi insuficiente. 8 6.5 Composição da equipe do projeto com interrelações pessoais desfavoráveis.
7 5.7
Outros
18 14.6
Outra dimensão investigada foi a realização de algum tipo de atividade
preventiva, independente do projeto de intervenção. Os dados evidenciam que foi
significativo o número de profissionais treinados que realizou algum tipo de atividade
preventiva e/ou educativa, em suas respectivas instituições, independente de seu
projeto de prevenção, atingindo 83% da amostra contra apenas 17% que informaram
não ter realizado nenhuma atividade desta ordem. A população-alvo das atividades
preventivas acima mencionadas são, praticamente, as mesmas mencionadas pelos
multiplicadores a partir do projeto elaborado segundo o roteiro concebido pelo
Prodequi.
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Verifica-se que do total de 121 respostas dos multiplicadores que realizaram
atividades preventivas que 25.7% mencionaram que realizaram palestras, 11.6%
oficinas, 9.1% orientações, 10.8% sensibilização e 9.9% realizaram algum tipo de
treinamento. Os demais realizaram as seguintes atividades: orientações, reuniões,
aconselhamentos, discussão/debate sobre tema relevante, acompanhamento
psicoterápico, atividade em grupo. vídeo, supervisão, teatro, dinâmicas diversas e
testagem anônima.
Outra variável analisada foi a auto-avaliação dos multiplicadores no que se
refere à sua participação, tanto na atividade de elaboração quanto na de execução
do projeto. Comparando-se estes dois momentos, observa-se que os multiplicadores
fizeram uma auto-avaliação mais favorável de sua participação no que tange à
elaboração do projeto, com 68,3% deles considerando que esta foi boa ou ótima e
19,5% avaliando-a como fraca ou regular. A percepção dos sujeitos referente à sua
participação na execução dos projetos é menos positiva, com 16,8% avaliando-a
como fraca, 17,6% como regular e 42% como boa ou ótima. Estes achados estão
coerentes com outros resultados já apresentados, que apontam uma melhor
performance dos multiplicadores na etapa de elaboração dos projetos em detrimento
da fase de execução, na qual fatores de ordem institucional e mesmo pessoal
interferiram no desempenho.
4 - Demandas e expectativas dos multiplicadores para subsidiar a continuidade
da formação.
Com base na concepção do Prodequi, que considera a formação do
multiplicador como um processo, investigou-se as demandas deste quanto à
continuidade da capacitação, através do levantamento de novas atividades a serem
realizadas, que poderiam ainda fornecer subsídios ao desempenho de seu papel de
multiplicador. A Tabela 3 apresenta as atividades priorizadas pela amostra por
ordem de freqüência.
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Tabela 3 – Distribuição das prioridades mencionadas pelos multiplicadores
para continuidade de sua capacitação
ATIVIDADES Freqüência % Oficinas para troca de experiência entre os multiplicadores 88 30.4 Seminários de aprofundamento teórico 71 24.6 Oficinas para aprendizagem de habilidades e técnicas específicas na prevenção da drogadição e DST/Aids
59 20.4
Práticas supervisionadas 48 16.7 Supervisão individual 23 7.9
Total 289 100.0
Os resultados indicam que os multiplicadores valorizaram atividades que
possibilitariam a troca de experiência entre eles, ou seja entre seus pares, bem
como aspectos de fundamentação teórica e desenvolvimento de técnicas
específicas, respectivamente. Estes dados demonstram que a demanda baseia-se
na articulação entre teoria e prática. A constatação de que apenas 7.9% apontaram
a supervisão individual como subsídio pode ser atribuída ao fato de que esta
atividade, tendo sido oferecida sistematicamente pelo Prodequi, parece não ter sido
devidamente valorizada pelos integrantes da amostra como acréscimo no seu
processo de formação. É possível, portanto, inferir que os multiplicadores
priorizaram outras atividades ainda não realizadas regularmente.
Outra leitura destes dados conduz à inferência de que os multiplicadores
mostram-se ainda voltados para sua própria capacitação, em detrimento da
execução de projetos propriamente dita. Nota-se que as demandas priorizadas
apontam uma necessidade de contextos de trocas coletivas, reforçando o objetivo
do trabalho em redes sociais.
3 – Considerações finais
A partir dos objetivos específicos estabelecidos e após apresentação dos
resultados da pesquisa, esboça-se a seguir, a síntese dos achados mais
significativos.
3.1 – Quanto ao perfil dos multiplicadores:
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O perfil dos multiplicadores revelou que o CT/Centro-Oeste/Prodequi atingiu a
clientela-alvo definida no Projeto, com a priorização de profissionais de nível superior
de instituições governamentais, de diferentes categorias profissionais. Observa-se
um predomínio de psicólogos e de assistentes sociais, evidenciando uma motivação
destes profissionais pelo trabalho preventivo na área da drogadição e das DST/Aids.
Quanto à área de atuação, os multiplicadores capacitados, em sua maioria, estão
inseridos nas grandes áreas do setor público, com predomínio da área de saúde,
tendo sido alcançados os objetivos específicos do recrutamento e da seleção do
Prodequi. Cabe destacar que a área concernente à justiça/segurança pública e
sistema penitenciário também se destaca, atingindo-se, também, uma população
exposta a risco priorizada nas políticas oficiais do Ministério da Saúde. Cabe
destacar a abrangência regional atingida pelo Prodequi com a capacitação de
significativo número de multiplicadores no quatro estados.
3.2 – Quanto a proposta metodológica do Prodequi:
Quanto aos treinamentos oferecidos pelo CT, a avaliação revela-se consistente do
ponto de vista de seu significado positivo na formação dos multiplicadores. Com
relação à avaliação do treinamento referente à capacitação para o desempenho das
funções como multiplicador, cabe destacar que os multiplicadores consideraram que
os conteúdos e práticas dos treinamentos recebidos propiciaram possibilidades de
melhor desempenho das funções de recrutamento, seleção e treinamento de
monitores. As funções de supervisão, abastecimento, avaliação e relato – mesmo
com tendência a uma avaliação positiva - sugerem a necessidade de um maior
aprofundamento nos próximos treinamentos a serem realizados. No processo de
formação de multiplicadores constata-se que o treinamento além dos conteúdos
oferecidos devem contemplar, igualmente, o treinamento de habilidades específicas
diretamente ligadas à formação dos monitores. Esta dimensão do treinamento dos
multiplicadores refere-se ao processo de capacitação continuada, que extrapola a
carga dos cursos. Sugere-se, portanto, como um terceiro aspecto do processo de
formação do multiplicador a inclusão do conteúdo referentes ao domínio das
habilidades específicas da própria função. Uma dimensão relevante do processo de
formação dos multiplicadores, na metodologia construída pelo CT/Centro-
Oeste/Prodequi, refere-se, pois, ao monitoramento e supervisão oferecidos após os
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cursos. Neste sentido, foi disponibilizado o acompanhamento sistemático no bojo da
prática profissional, junto às instituições de origem, visando a implementação dos
projetos de prevenção. Os resultados mostraram que esta dimensão é valorizada
pelos multiplicadores, tendo sido priorizada como fator facilitador da execução do
projeto, apontado por 32,6% da amostra da pesquisa, colocando-se como terceiro
fator determinante na execução dos projetos. O impacto do monitoramento e
supervisão dos projetos foi revelado, ainda, através da associação significativa entre
utilização do monitoramento e melhor desempenho na execução dos projetos. Resta
como desafio o aperfeiçoamento da metodologia de supervisão, mostrando-se
relevante identificar e construir estratégias que permitam conhecer as reais
necessidades dos multiplicadores, respondendo às especificidades da demanda em
cada momento do processo de formação a fim de manter a motivação de execução
dos projetos no decorrer do cotidiano profissional. Ficou confirmada na presente
avaliação que 54.3% dos multiplicadores que não executaram seus projetos não
fizerem uso do monitoramento. Por outro lado, dos multiplicadores que se utilizaram
do monitoramento do Prodequi, 81,1% tiveram algum nível de execução enquanto
que, apenas, 18,9% não executaram seus projetos.
3.3 – Quanto a execução dos projetos:
Considerando-se que a proposta metodológica do Prodequi no processo de
formação de multiplicadores foi construída com base na prática de redes sociais, um
dos resultados relevantes refere-se aos agrupamentos multiprofissionais e
interinstitucionais na efetividade da execução dos projetos. Verifica-se que a maioria
dos profissionais capacitados (66%) encontrava-se agrupada em equipes
multiprofissionais. Quanto à articulação interinstitucional, trata-se de meta que ainda
coloca-se como um desafio, sendo atingida por apenas 16% dos multiplicadores.
Cabe considerar as barreiras que parecem, ainda, caracterizar as instituições,
sobretudo aquelas de natureza pública, que funcionam predominantemente no
paradigma da especialização, dificultador do estabelecimento de interfaces e
parcerias. Consoante com as estratégias de formação de equipes para elaboração e
execução dos projetos implementados pelo Prodequi, desde o primeiro momento da
capacitação, constatou-se que a maioria (73%) trabalhou ou está trabalhando em
agrupamentos de dois ou mais integrantes. Este dado possibilita inferir sobre o
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impacto positivo deste agrupamento, na medida em que os multiplicadores que
estavam em duplas ou equipes com mais de três profissionais mostraram melhor
desempenho, enquanto aqueles que trabalharam individualmente tenderam a não
executar seus projetos. Na análise dos fatores dificultadores referentes à execução
dos projetos, os resultados indicaram um percentual elevado de multiplicadores que
mencionaram dificuldades institucionais diversas tais como falta de apoio financeiro,
técnico e político, destacando-se as dificuldades institucionais em conciliar a prática
profissional com o projeto de prevenção. A avaliação do impacto das cinco
dificuldades, apontadas em maior freqüência, sobre a situação de execução dos
projetos mostrou que apenas a dificuldade pessoal em conciliar a prática profissional
com o projeto preventivo diferenciou os multiplicadores que executaram, daqueles
que não executaram seus projetos. Aqueles que não mencionaram essa dificuldade
tenderam a executar seus projetos parcial ou integralmente. Quanto aos fatores
facilitadores na execução dos projetos, os sujeitos priorizaram aqueles de ordem
pessoal, aparecendo em primeiro lugar o interesse pessoal relevante pela questão
da prevenção da drogadição e das DST/AIDS (62.9%) e em segundo lugar a
capacitação técnica (48.3%). Neste sentido, vale destacar a influência de
determinados fatores na execução dos projetos: adesão ao
monitoramento/supervisão; o agrupamento dos multiplicadores em equipes;
legitimidade do projeto de prevenção da drogadição e das DST/Aids no âmbito
institucional. Conclui-se portanto, que estes elementos são fundamentais no
processo de formação do multiplicador. Com relação às etapas específicas dos
projetos realizados, verificou-se que os multiplicadores tenderam a executar as
etapas preliminares e iniciais, como sensibilização das chefias, sensibilização da
população-alvo e disponibilidade de recursos materiais e físicos, verificando-se uma
redução gradativa da freqüência das etapas mais complexas, como supervisionar
monitores, avaliar e elaborar relatório da intervenção realizada. Evidencia-se uma
diversificação nas populações-alvo dos projetos dos multiplicadores, destacando-se
adolescentes, populações em reclusão social, profissionais diversos e dependentes
químicos. De modo geral estas populações encontram-se em contextos de exclusão
social e situações de risco, geradas pela drogadição e pela exposição às DST/Aids.
Por outro lado constatou-se a ausência de populações-alvo específicas previstas no
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projeto original e que não foram trabalhadas. Este aspecto refere-se, mais
diretamente, a profissionais do sexo e homossexuais, os quais não constituem, por
sua vez, clientela de programas específicos das instituições priorizadas. A dimensão
da educação entre os pares - aspecto fundamental desta metodologia - está
presente nas ações preventivas dos projetos executados ou em execução. Constata-
se que um percentual importante de multiplicadores atingiu o contato com os
monitores selecionados entre a população-alvo. No entanto, percebe-se o desafio
que representa efetivar este processo, no que tange à formação e supervisão destes
monitores, sendo estas as etapas menos executadas. O confronto entre fatores
pessoais versus fatores institucionais, enquanto facilitadores e/ou dificultadores
conduzem às seguintes reflexões: Até que ponto as instituições se constituem, de
fato, como entraves inviabilizando ou dificultando a execução efetiva dos projetos?
Como entender os entraves mencionados pelos multiplicadores na execução dos
seus projetos de prevenção, no contexto da realidade das instituições públicas cujas
funções deveriam ser preventivas por excelência? Em que medida os multiplicadores
não se percebendo como sujeitos profissionais capazes que interferir e modificar a
dinâmica institucional tenderiam a supervalorizar as dificuldades institucionais? Que
possíveis estratégias metodológicas de capacitação no bojo da prática profissional
viabilizariam a mediação necessária entre o sujeito profissional, a instituição e o
público-alvo objeto da intervenção?
4 – Bibliografia
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