soluções para atenuar as desigualdades

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Geografia Contrastes de Desenvolvimento

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Economy & Finance


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Geografia

Contrastes de Desenvolvimento

Ajuda pública ao desenvolvimento

Ajuda pública ao desenvolvimento (APD) - Ajuda fornecida por países doadores e organizações internacionais aos países em desenvolvimento, com o objectivo de promover o seu crescimento económico e/ou o bem-estar das suas populações.

transferências de dinheiro, através de donativos ou empréstimos;

apoio técnico a projectos ou programas de desenvolvimento;

fornecimento de bens e serviços em situações de ajuda humanitária e de emergência;

operações de alívio da dívida externa; contribuição para o financiamento de organizações

não governa mentais (ex., OIKOS, AMI, Cruz Vermelha, etc.) ou organismos multilaterais (ex., ONU, Banco Mundial, Comissão Europeia, etc.) que actuam na área do desenvolvimento.

A APD tem-se revelado muito importante para financiar os investimentos realizados por muitos países em desenvolvimento na saúde, na educação e na construção e modernização de vias de comunicação e outras infra-estruturas.

A Tanzânia e o Afeganistão, este num esforço de reconstrução pós-guerra civil, são dois dos muitos bons exemplos que podiam ser dado Adaptado de RDH, 2005.

Na Tanzânia, entre 1999 e 2003, mais de 1,6 milhões de crianças foram matriculadas na escola devido ao apoio orçamental à educação financiado pela ajuda. 0 governo duplicou os investimentos na educação e financiou a transição para um sistema de escolaridade primária gratuita.

No Afeganistão, 4 milhões de crianças matricularam-se na escola. como resultado da campanha governamental «Regresso à Escola» e o governo pretende restabelecer o sistema público de saúde.

Os principais países doadores são os membros da Comissão de Ajuda ao Desenvolvimento (CAD), um conjunto de 22 países que, nos finais da década de 1960, se comprometeu a destinar 0,7% do rendimento nacional ao financiamento da ajuda ao desenvolvimento.

Essa promessa ainda não foi cumprida, tendo a década de 1990 registado os mais baixos valores de ajuda em relação ao rendimento nacional dos países doadores. Apesar do aumento verificado nos últimos anos, as previsões até 2010 não são optimistas.

Adaptado de Relatório da Cooperação para o Desenvolvimento 2006, OCDE, 2007.

No passado, vários factores diminuíram o impacto da ajuda no desenvolvimento humano: o uso da ajuda para atingir objectivos políticos e comerciais dos países doadores;

a ausência de estratégias nacionais eficazes de redução da pobreza;

a fraca governação, a corrupção e a má gestão económica da ajuda que permitiram que uma parte fosse desviada para contas bancárias e investimentos no estrangeiro e outra parte, utilizada na importação de bens de luxo para as classes dirigentes e/ou na compra de armamento.

Uma das formas mais flagrantes de minar a eficácia da ajuda é a prática da ajuda ligada - ajuda desembolsada com a condição de ser gasta na compra de bens e serviços do país doador.

Apesar de ser muito criticado, este tipo de ajuda continua a existir, impedindo que os países receptores possam adquirir esses mesmos bens e serviços a preços mais baixos, em qualquer outro país.

Adaptado de RDH, 2005.

A ajuda ao desenvolvimento é fundamental para o cumprimento dos ODM definidos na Declaração do Milénio.

Se os países em desenvolvimento têm a responsabilidade de criar um ambiente em que a ajuda possa produzir resultados óptimos, os países ricos, por sua vez, têm a obrigação de agir segundo os seus compromissos.

Em 2005, aproximadamente três quartos da ajuda total ao desenvolvimento provinham do Grupo dos Sete (G7) principais países industrializados - EUA, Canadá, Japão, Reino Unido, Alemanha, França e Itália.

No entanto, quando a ajuda é medida em relação ao rendimento nacional, só dois membros dos 67 se encontravam entre os dez maiores doadores e os EUA ocupavam o antepenúltimo lugar.

A dívida externa e o pagamento dos juros reduzem as possibilidades de os países mais pobres implementarem estratégias para o seu desenvolvimento.

É por isso que o perdão ou o alívio da dívida externa são outra solução para atenuar as desigualdades entre países ricos e pobres.

Criada em 2006, a Iniciativa para a Anulação da Dívida Multilateral (Iniciativa ADM) promove o cancelamento das dívidas dos países pobres junto da Associação Internacional de Desenvolvimento (AID), do Fundo de Desenvolvimento Africano (FDA) e do Fundo Monetário Internacional (FMI). Inicialmente, foram abrangidos pela anulação das suas dívidas apenas 19 países.

Países beneficiários do perdão total da dívida externa à AID, em 2006, ao abrigo da Iniciativa ADM.

Os países beneficiários da Iniciativa ADM são todos os que atingem a «fase de conclusão» da Iniciativa para os Países Pobres Muito Endividados (Iniciativa PPME), que, desde 1996, promove o alívio da dívida externa desses mesmos países.

Até finais de Março de 2007, o número de países que atingiram a «fase de conclusão» da Iniciativa PPME e, consequentemente, reúnem condições para beneficiarem da Iniciativa ADM passou de 19 para 22, com a inclusão do Malawi, de São Tomé e Príncipe e da Serra Leoa.

Além destes, mais 8 países estavam na «fase de decisão» e 10 eram «potencialmente elegíveis».

O alívio ou o perdão da dívida externa contribuem para o desenvolvimento dos países mais pobres: as poupanças geradas através das iniciativas PPME e ADM ajudaram a financiar a educação primária gratuita no Uganda e na Tanzânia, programas de combate ao HIV/SIDA no Senegal, programas de saúde em Moçambique e de desenvolvimento rural na Etiópia, etc.

0 comércio internacional pode ser um meio para promover o desenvolvimento dos países mais pobres, sobretudo se forem concretizadas medidas como as seguintes:

redução dos direitos aduaneiros cobrados pelos países ricos sobre as exportações dos países em desenvolvimento;

∆ diminuição do apoio governamental dos países ricos à agricultura, de modo a evitar a descida dos preços dos produtos agrícolas e a garantir mais rendimentos aos agricultores dos países mais pobres .

O Comércio Justo é, cada vez mais, uma alternativa ao comércio convencional. Resulta da acção de algumas Organizações Não Governamentais (ONG) que começaram a importar produtos agrícolas e artesanais de países de África, da América Latina e da Ásia e a vendê-los na Europa, EUA, Japão, Canadá e Austrália.

Um dos princípios fundamentais do Comércio Justo defende a existência de boas condições de trabalho e o pagamento de um preço justo aos produtores, que cubra os custos de produção, possibilite um rendimento digno e permita a protecção ambiental e a segurança económica.

Para se poder pagar o melhor preço possível - o preço justo - aos produtores, o número de intermediários é reduzido e os lucros da comercialização são mínimos, pois o funcionamento das lojas é, em grande parte, assegurado por voluntários.

Na Europa, calcula-se que existam cerca de 3000 lojas de Comércio Justo.

Em Portugal, em meados de 2007, existiam 13 lojas em funcionamento no Continente, sendo comercializados produtos alimentares, artesanato, têxteis, mobiliário e produtos de cosmética.

A Organização das Nações Unidas (ONU) foi criada em 1945, após a II Guerra Mundial, tendo como principais objectivos:

garantir a paz e a segurança internacionais;

fomentar a cooperação na resolução de problemas económicos, sociais e humanitários;

promover o respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais;

a ONU rege-se pelos princípios da igualdade de todos os Estados, boa-fé, solução pacífica dos conflitos, através de sanções económicas ou políticas ou pelo uso de forças militares colectivas - os capacetes azuis -, renúncia à força sem prejuízo da legítima defesa contra ataques armados, não-intervenção em assuntos de jurisdição essencialmente interna e solidariedade dos Estados entre si e com a Organização.

Muitos organismos, fundos e programas da ONU estão directamente relacionados com a erradicação da pobreza e da fome no mundo, a melhoria dos sistemas de educação e saúde, a defesa dos direitos das crianças e da igualdade da mulher, o financiamento da ajuda ao desenvolvimento, em suma, contribuem de forma decisiva para amenizar as desigualdades de riqueza e desenvolvimento entre países, povos e indivíduos.

As Organizações Não Governamentais

(ONG) são associações da sociedade civil, sem fins lucrativos, não dependentes do poder estatal, que defendem o respeito pelos direitos humanos e contribuem para a resolução de problemas económicos, sociais e ambientais.

Contam com o apoio da opinião pública, a participação de voluntários e a angariação de donativos para intervirem.

Intervirem em três áreas: a ajuda humanitária e de emergência (envio

de médicos, medicamentos, alimentos e outros bens necessários para salvar vidas e minorar o sofrimento em situações de guerra, catástrofe natural ou epidemia);

a cooperação para o desenvolvimento (reabilitação ou construção de escolas, hospitais, estradas e outras infra-estruturas; formação de professores, técnicos de saúde e outros profissionais);

a educação para o desenvolvimento (campanhas de sensibilização e mobilização da opinião pública para a importância da ajuda humanitária e de emergência e da cooperação para o desenvolvimento.

Os MSF são hoje a maior organização não governamental de ajuda médica no mundo. Operando em mais de 70 países e territórios, prestam assistência médica e sanitária a vítimas de conflitos armados, catástrofes naturais e epidemias e também realizam projectos de longo prazo para fazer face a doenças como a SIDA ou junto de populações socialmente desfavorecidas.

O trabalho dos MSF é totalmente independente de governos. Os princípios da organização afirmam que todos os seres humanos têm direito aos cuidados básicos de saúde, independentemente do seu país, religião ou raça e das situações de conflito ou catástrofe em que se encontrem.

A UNICEF é a única organização mundial que se dedica especificamente às crianças, intervindo nas situações de emergência com ajuda imediata - alimentos, medicamentos, pessoal especializado.

Procura também garantir a continuidade dos programas para a infância a Longo prazo - por exemplo, no campo da educação, com escolas de emergência e intervenções de recons trução e recuperação das escolas existentes.

Todo o dinheiro que a UNICEF utiliza é proveniente de contribuições voluntárias feitas por governos, empresas e particulares. Qualquer pessoa pode ajudar fazendo donativos e/ou a doação de bens a favor da organização e/ou tornando-se sócio da UNICEF. Todos os donativos feitos à UNICEF são dedutíveis nos impostos.

Exemplos de situações de emergência que motivaram a Intervenção da UNICEF, entre 2005 e 2007

Adaptado de Viagens, Geografia de 9º ano, Texto Editora, 2008.

Ano lectivo: 2007/2008

Professora: Luzia Albardeiro