spread bancário no brasil assessoria técnica - comissão da crise do senado apresentação: marcos...
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Spread Bancário no Brasil
Assessoria Técnica - Comissão da Crise do Senado Apresentação: Marcos Köhler
Instituto de Estudos de Política Econômica / Casa das Garças Rio, 3/12/2009
Spread Bancário
Comissão de Acompanhamento da Crise Financeira e da Empregabilidade do Senado Federal (CACFE):
Presidente: Senador Francisco Dornelles Relator: Senador Tasso Jereissati Assessoria Técnica: Marcos Köhler, Paulo Springer, José Roberto Afonso e Samuel Pessoa
Relatório da Comissão – Jun09 (parecer e anexo técnico):http://www.tassojereissati.com.br/artigos/120-comissao-da-crise-financeira-apresenta-relatorio Texto para Discussão Senado/Consultoria:
n.61 – Evolução e Determinantes do Spread Bancário, Afonso, Kohler e Springer, ago/2009. http://www.senado.gov.br/web/conleg/textos_discussao/texto61spreadbanc%E1riospringerkohlereafonso.pdf
Spread Bancário
Sumário da apresentação
a evolução do spread observações sobre a metodologia do Bacen o banco como firma multiproduto recomendações
Spread BancárioEvolução do spread operações prefixadas por tomador (1994/2009)
Operações "referenciais" - Circular nº 2.957/99
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geral jurídica física
Spread Bancário
1994-1997 forte queda do spread, em função da estabilidade proporcionada pelo Plano Real. determinação macroeconômica.
1997-1999 nova elevação do spread, em função das crises da Ásia e da Rússia e que culminaram com o fim do regime cambial e fiscal anterior. determinação macroeconômica.
1999-2001 redução adicional do spread em termos históricos. Estabilidade macroeconômica + mudanças microeconômicas.
2003-2009 ganhos contínuos das mudanças microeconômicas, mas
mudança de portfólio é mais importante que redução intra-operações redução pouco relevante na pessoa jurídica a partir de 2003 redução de 30 p.p. na pessoa física
Spread Bancário
Principais mudanças microeconômicas
implementação do novo Sistema de Pagamentos (SPB); ampliação da alienação fiduciária (bens imóveis); introdução do patrimônio de afetação; crédito consignado; novo regime falimentar (Lei nº 11.101, de 2005); possibilidade de penhora eletrônica (BACENJud); melhoria do grau de garantia da Cédula de Crédito Bancário.
Spread Bancário
O spread PJ e PF entre 2003 e 2007
mudanças microeconômicas não afetaram significativamente spread pessoa jurídica
redução do spread para pessoas físicas foi fortemente influenciada pela alteração do mix de modalidades e não pela redução dos juros em cada modalidade.
Spread Bancário
O spread PJ e PF entre 2003 e 2007
Poder explicativo da queda do spread intra-modalidade para a queda geral do spread
Critério Novos Financiamentos
Critério Banco Central
Critério Novos Financiamentos
Critério Banco Central
Critério Novos Financiamentos
Critério Banco Central
2003:I a 2004:I 79 92 78 141 84 121
2004:I a 2007:II 12 63 65 128 23 95
Pessoa Física
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Spread Bancário
Cálculo do spread pelo Banco Central
decomposição contábil ex-post em 5 componentes:
custo administrativo inadimplência compulsório tributos e taxas resíduo
Spread Bancário
Cálculo do spread pelo Banco Central
custo administrativo considerado para rateio no spread é resultado da subtração das receitas de tarifas e de administração de fundos das despesas administrativas totais
Críticas:como as operações com tarifas e administração de fundos se supõem lucrativas, houve superestimação desses fatores na subtração, consequentemente houve subestimação das despesas administrativas a serem rateadas para os demais centros de receita considerados: câmbio, crédito livre, crédito direcionado e tesouraria algoritmo de Auman-Shapley requer desconsiderar tarifas e administração de fundos como fontes de custos e de receitas subestimação dos custos administrativos nos spreads pode mascarar ineficiências administrativas exatamente no momento de concentração de operações e ganhos de escala a busca de uma metodologia geral impõe a escolha de muitas hipóteses simplificadoras
Spread Bancário
Cálculo do spread pelo Banco Central
Uso da taxa dos CDB como custo mínimo de captação
Crítica: como a metodologia é de caráter contábil – e não econômico – considerar custos implícitos de captação maiores para os depósitos a vista pode gerar dupla contagem, uma vez que todas as despesas administrativas são rateadas no cálculo do spread.
Spread Bancário
Cálculo do spread pelo Banco Central
Avaliação superficial das operações compulsórias ou direcionadas hipótese implícita de subsídio cruzado nas operações compulsórias, justificando custo elevado das operações livres tratamento homogêneo das operações ativas e PASSIVAS direcionadas (base de cálculo do direcionamento)
Críticas: regulamentação de operações passivas podem trazer ganhos não considerados nos cálculos e nos custos de captação por exemplo, custo dos depósitos de poupança são inferiores aos do CDB além disso, a regulamentação das operações ativas reduz muito o caráter compulsório dessas operações
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Cálculo do spread pelo Banco Central
depósitos de poupança liberados como de llivre aplicação pelo art. 1º, § 1º do RA da Resolução 3.347
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Recursos livres da poupança - art. 1, § 1º do RA % sobre o saldo
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Cálculo do spread pelo Banco Central
depósitos liberados em função do art. 1º § 1º do RA à Resolução 3.347
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valores liberados além do percentual regulamentar
percentual sobre o saldo total da poupança SBPE
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Cálculo do spread pelo Banco Central
Avaliação superficial das operações compulsórias ou direcionadas mais exemplos:
Outras rubricas atualmente negligenciadas pelo BACEN: a) 15% de aplicações livres; b) o floating das cartas de crédito concedidas no âmbito do SFH; c) os efeitos dos multiplicadores previstos nos arts. 12, 13, 14 e 15 do Regulamento Anexo e que criam sobras adicionais de recursos de poupança para aplicação em operações livres. noção de subsídio cruzado não é argumento sólido. Por exemplo, os bancos relevantes hoje praticam juros abaixo dos tabelados não só no SFH, mas também na carteira hipotecária! (TR + 12%). Além disso, os bancos não são obrigados a oferecê-las.
Spread Bancário
Cálculo do spread pelo Banco Central
Considerar como cunha fiscal os impostos diretos
não parece consistente considerar os tributos sobre o lucro como cunha fiscal ou parte do spread.
a tributação direta incide sobre o conjunto das atividades do banco, as operacionais e as não-operacionais, enquanto a tributação indireta afeta de forma imediata o resultado das operações de captação e de empréstimo duas instituições com o mesmo spread ex-ante, mesma estrutura de custos e de captação podem ter distintas tributações em função de diferentes níveis de perdas não-operacionais a tributação pode sofrer a influência de incidentes como amortizações de ágio e impactos de ativos diferidos e compensações tributárias sobre provisões
Spread Bancário
Cálculo do spread pelo Banco Central
custo de depósitos compulsórios não parece fazer sentido dentro da metodologia escolhida.
a metodologia escolhida é a contábil, não a econômica ou comportamental. Sob essa perspectiva, não cabe computar custos de oportunidade, uma vez que alocações alternativas não fazem parte do universo de eventos observado ex-post.
isso não quer dizer que compulsórios mais altos não induzam a custos mais altos para o consumidor final, quer dizer apenas que a redução da disponibilidade para empréstimos em relação ao montante captado (e que gerou custos) já aparece na contabilidade ex-post como custos administrativos unitários maiores. Do lado da oferta de crédito, por exemplo, isso pode levar a custos maiores de captação, em função de maior agressividade na competição por recursos de clientes na ponta passiva. Esses custos podem ser de publicidade, de tratamento diferenciado, etc.
Spread Bancário
Cálculo do spread pelo Banco Central
seria recomendável abandonar o elevado grau de agregação hoje utilizado nos estudos
seria mais viável, mais útil e mais preciso o cálculo do spread por instituições e por segmentos representativos
considerar uma avaliação “abaixo da linha”, como, por exemplo, avaliar a performance de rentabilidade no tempo.
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Cálculo do spread pelo Banco Central
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008*
BB 13,4% 25,7% 22,9% 24,6% 28,8% 35,1% 24,2% 34,9%CEF -34,5% 27,8% 33,2% 24,5% 31,7% 30,5% 27,4% 50,0%BRADESCO 25,5% 20,2% 19,4% 24,3% 34,5% 25,1% 31,6% 27,0%ITAU 37,9% 21,4% 19,0% 38,3% 36,1% 34,6% 19,5% 28,6%UNIBANCO 17,4% 16,8% 16,2% 17,6% 22,7% 19,8% 34,8% 25,9%SANTANDER BANESPA 1,3% 57,4% 24,0% 21,4% 21,9% 16,3% 21,3% 16,9%ABN AMRO 7,7% 17,7% 5,0% 8,0% 11,9% 18,1% 24,9% 14,8%Média Simples 9,8% 26,7% 20,0% 22,7% 26,8% 25,6% 26,2% 28,3%
BB 13,4% 25,7% 22,9% 24,6% 28,8% 35,1% 24,2% 34,9%BRADESCO 25,5% 20,2% 19,4% 24,3% 34,5% 25,1% 31,6% 27,0%ITAU 37,9% 21,4% 19,0% 38,3% 36,1% 34,6% 19,5% 28,6%Média Simples 25,6% 22,5% 20,4% 29,1% 33,1% 31,6% 25,1% 30,1%
UNIBANCO 17,4% 16,8% 16,2% 17,6% 22,7% 19,8% 34,8% 25,9%SANTANDER BANESPA 1,3% 57,4% 24,0% 21,4% 21,9% 16,3% 21,3% 16,9%ABN AMRO 7,7% 17,7% 5,0% 8,0% 11,9% 18,1% 24,9% 14,8%Média Simples 8,8% 30,6% 15,1% 15,7% 18,8% 18,1% 27,0% 19,2%
Diferencial 16,8% -8,2% 5,4% 13,4% 14,3% 13,5% -1,9% 10,9%
Fonte: Banco Central do Brasil: Resumo dos Resultados Contábeis das 50 maiores instituições financeirasPara 2008, o cálculo é feitoa apenas para os dois primeiros trimestres
Retorno sobre o patrimônio líquido de instituições selecionadas de 2001 a 2008 (taxa anualizada)
Spread Bancário
Cálculo do spread pelo Banco Central
RoE em função do patrimônio líquido - 1S09* - sem 4 outliers
y = 0,0117x - 0,1245R2 = 0,0876
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log n do patrimônio líquido
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Spread Bancário
Banco como firma multiproduto
Analisar e intervir no problema do spread só é possível abordando o banco como firma multiproduto que tem ganhos de escopo e escala
especialmente sob a base tecnológica atual, os bancos oferecem os seguintes serviços:
meios de pagamento e híbridos (numerário, cartões de débito, cartões de crédito e cheques) captação de poupança concessão de crédito serviços como pagamento de boletos e contas de utilities
a fusão desses serviços gera ganhos de escopo para o banco e para o cliente (racionalidade e tempo limitados) as plataformas tecnológicas geram economias de rede (quanto mais ATMs, mais valorizada a rede de ATMs) e de escala (custo unitário de homepages é muito menor para bancos maiores).
RESULTADO: AMBIENTE GERA BARREIRA À ENTRADA DE COMPETIDORES
Spread Bancário
Banco como firma multiproduto
discussão sobre spread só é relevante para os pequenos e os médios tomadores para os grandes tomadores, mercado é contestável
no próprio universo do mercado bancário em face do mercado de capitais em face do mercado externo
spread médio não é representativo nem dos grandes nem dos pequenos e médios
spread cai em operações nas quais a rigidez imposta por ganhos de escala e escopo torna-se pouco significativa, ou seja, switching costs e custos de procura não são suficientes para deter a competição.
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Banco como firma multiproduto
Evidência: operações com menor spread são as com maior valor unitário
veículos e crédito habitacional
comparativo spreads pessoas física e veículos
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Spread geral pessoa física spread veículos
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Banco como firma multiproduto
o senso comum atribui o menor spread dessas operações exclusivamente à maior robustez das garantias. Essa explicação deixa escapar o aspecto essencial do problema: os spreads são menores principalmente porque a competição é mais acirrada nessas operações. Os fatores que restringem a competição em operações de baixo valor unitário – elevados switching costs e elevados custos de procura – não são capazes de deter a competição nas operações de maior valor unitário. Nelas, os ganhos de procura e de mudança superam os custos.
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Banco como firma multiproduto
tecnologia atual é concentradoraEconomias de escopoeconomias de escala economias de rede
Gestão prudencial é concentradora absorções e fusões como mecanismo de saneamento too big to fail visto como garantia implícita pelo público
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Banco como firma multiproduto
CONCLUSÃO
concentração é incentivada pela tecnologia e pela regulação concentração é fatal para a competição no sistema bancário para os pequenos e médios, pois:
mercado não é contestável switching costs são elevados custos de procura são elevados
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Banco como firma multiproduto
RECOMENDAÇÕESIncentivo ao surgimento de uma rede de bancos médios
regulação forte em tarifas Exemplo: proibição de cobrança de transferência
entre bancos (portabilidade real) compartilhamento compulsório de ATMs compulsórios diferenciados como política permanente FGC diferenciado como política permanente permissão de abertura de casas de empréstimos sem direito a captação do público cadastro positivo (aprovado ontem na CCJ – PLS 263/04)
Obrigado
Para contatos Marcos Kohler: [email protected] Paulo Springer: [email protected] José Roberto Afonso: [email protected] Samuel Pessoa: [email protected]
(como de praxe, opiniões expressas são pessoais e não das instituições a que estão vinculados)
Outros Textos para Discussão do Senado: Inter-relações entre políticas fiscal x monetária, cambial e credíticia: Afonso e Higa, n.66, nov/09
http://www.senado.gov.br/web/conleg/textos_discussao/texto66anapaulahigaeos%E9robertoafonso.pdf
Evolução e estrutura da receita administrada federal: Afonso, Castro e Junqueira, n.63, set/09
http://www.senado.gov.br/web/conleg/textos_discussao/texto66anapaulahigaeos%E9robertoafonso.pdf