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Universidade de Braslia Departamento de Servio Social Disciplina: Seguridade Social I - Previdncia Social Prof: Priscilla Maia

Unidade I

Aula 4PEREIRA, Potyara A.P. Trajetria da poltica social: das velhas leis dos pobres ao Welfare State (captulo II). In: PEREIRA, Potyara A.P. Poltica social: temas e questes. So Paulo: Cortez, 2008.

Introduo

Diferentes formas de proteo socialNo significou a libertao dos trabalhadores de opresses ou privaes

Welfare StateIncio da institucionalizao de Polticas Sociais

Resposta s necessidades sociais agravadas pelo desenvolvimento capitalista Europa: incio sec. XIX e formao completa no sec. XX Influncia ao Brasil

Mudana na concepo dos determinantes da pobreza e da importncia do seu controle por parte do Estado (Pierson, 1991)

Revoluo Industrial

Mobilizaes Sociais

proteger o capitalismo do prprio capitalismo (Polanyi, 1980)

Vamos relembrar um pouco dessa histria?

Ponto 1: Lei dos Pobres pr-industriais: a ameaa da vagabundagem Lei dos Pobres: conjunto de regulaes sociais assumidas pelo Estado Sc. XIV Lei dos Trabalhadores (1351) Gr-Bretanha controlar as relaes de

trabalho Lei dos Pobres (1388) fixa salrios e restringe a mobilidade dos trabalhadores entre parquias (para no aumentar salrios) PUNIO Combate vagabundagem Mas no foi eficiente

Origem da assistncia institucional

1530 polticas menos rigorosas para vagabundos: Invlidos: Estado foi assumindo alguma responsabilidade licena para mendigar em reas designadas. As parquias podiam receber $ de voluntrios para sua assistncia. Crianas desocupadas (5 a 14 anos) internadas; Vagabundos vlidos - punidos exemplarmente

Lei de 1547 previa at escravidoEmenda Lei (1576) Casas dos Pobres: Pobre vlido/forte para o trabalho + cobrana de contrapartidas (servios) Pobre invlidos

Mesmo assim a vagabundagem no foi totalmente contidaSoma-se a isso o medo da desordem social Publicao da Nova Lei dos Pobres

Nova Lei dos Pobres 1601 Represso + gesto da pobreza: Pobres impotentes (idosos, enfermos crnicos, cegos e doentes mentais): Casas de Pobres/ Asilo/Hospcios Pobres capazes para o trabalho, mas que se recusavam a trabalhar (corruptos): reformatrios e casas de correo. Crianas Dependentes (orfos, abandonadas)

Foi pioneira na regulao social (marco-histrico):

Categorizao dos pobres Administrao local Descentralizao polticoadministrativo da parquia Cobrana de impostos para financiar a assistncia (INSPETOR)Superviso: Conselho Superior Privado Influenciou colnias: at hoje influencia as polticas de AS nos EUA

entregues para o trabalhoRegulao: Responsveis pela moradores ( 3 anos) parquia: pblico: nativos e

Influencia at hoje: os critrios residncia e naturalidade para acesso assistncia so atuais!

1662- Lei de Residncia: exagerado esquema antivagabundagem: A persistncia da vagabundagem + dificuldades de aplicao da gesto das Leis: fez com que o atendimento institucional convergisse para um s tipo de atendimento: WORKHOUSES Foi preterida a preocupao secular de separar os pobres merecedores dos nomerecedores em nome da explorao mercantil do trabalho MERCANTILISMO TRABALHO Fonte de riqueza Pobreza necessria para acmulo de riqueza e competio no mercado internacional (trabalho de baixo custo) Nao rica emprego em massa de pobres

CRTICAS Emenda s Leis Lei de Gilbert (1782): Aboliu as Workhouses assistncia interna Estimulou a assistncia externa ESTADO PARQUIAS (podiam ser unificadas)

Embrio: trabalhadores sociais: substituindo os inspetores paroquiais Essa forma de poltica social foi considerada, at ento, como a mais apropriada gerou formas com infinitas variedades inexistia o conhecimento de sua natureza contraditria e de sua determinao por fatores estruturais (era compreendido apenas como resultado direto das aes administrativas)

ltimo do sc XVIII flutuao econmica + baixas colheitas + conflitos blicos: novas modalidades de poltica social: alm dos impotentes e desempregados atender tambm os empregados

Por falta de direo nacional as localidades inseriram Subsdios (complementao de salrios)

+ sistemticos a medida que a pobreza se alastrava + famosa e estranha em meios de avano da economia de mercado:

Sistema Speenhamland

Sistema Speenhamland No representou padro unificado e indito E foi muitas vezes abandonado por conflito de interesses Ento, qual foi o diferencial?

Instituiu a ideia do direito do trabalhador ( e no s do incapaz) proteo social pblicaAbriu brechas na soluo bblica que inspirava as leis elizabetanas: quem no trabalha, no come ! Determinantes:

Crise na Lei dos Pobres (XVIII) e levantes sociais (Revoluo Francesa)Soluo: Impostos + Lei dos Pobres Subsdios - valor do $ do po e tamanho da famlia

O que se destacava: Extenso da assistncia aos que trabalhavam Instrumento de resistncia consciente ou no, ao mercado de trabalho livre PRESTGIOQue fez resistir: Ao fato de ser um paliativo; A desconfiana de que destruiria o incentivo ao trabalho; A idia de que desmoralizaria os trabalhadores como beneficirios de Oriundo de: Expressava uma genuna preocupao

com todos aqueles que trabalhando ouno, vivem em estado de pobreza rompendo com a dicotomia: assistncia x trabalho A das populao massas a no idia se do sentia direito

assistncia; A suspeita de que beneficiaria mais aos empregadores (diminuiriam os salrios) estigmatizada: j estava na conscincia assistnciaO QUE FOI NEGADO E DESQUALIFICADO PELA EMENDA DA SPEENHAMLAND LAW EM

1830.

Ponto 2. Implicaes da reforma dos leis dos pobres, em 1834, para a poltica social: o primeiro ataque liberal contra a assistncia pblica Emenda a Lei dos Pobres de 1834 libertava a economia de mercado das rdeas do protecionismo estatal. f verdadeira da salvao secular do homem atravs de um mercado autoregulvel Reforma: postulaes doutrinrias

Houve mudanas no mbito da produo, mas tambm fortes influncias ideolgicas(Malthus, Townsend, David Ricardo, Nassau Senior e Edwin Chadwick)

Teses Utilitaristas - pensamento liberal

Malthus (justificao terica mais influente) : Ensaio sobre o Princpio daPopulao (1798)

Problema: Produo de alimentos progresso aritmtica (1, 2, 3, 4...) Populao progresso geomtrica (1, 2, 4, 16...)

Solues: Natural: exploso demogrfica fome mortes guerras

estabilidade Preventivo: abstinncia sexual e retardamento dos casamentos

No se trata de controle de natalidade (ele era um reverendo...)Carter classista: casamento significa ter meios de sustentar mulher e filhos se no ainda h esses meios preciso esperar.

Eram os pobres que por natureza , tinham o mpeto imprevidente e imprudente de procriar alm de suas posses, especialmente se contam com ajudas institucionais

Condenava assistncia pblica aos pobres, pois: Estimulavam casamentos precoces e imprevidentes, que ainda propiciava o aumento da populao; Impedia que o pobre tivesse medo da misria Diminua a oferta da fora de trabalho; A distribuio gratuita de alimentos desviava mantimentos dos que trabalhavam para se sustentar - o que podia ocasionar aumento dos preos dos alimentos.

Assim, a nica ajuda til ao pobre seria dele mesmo: tornando-se produtivo e adiando a procriao!

Teorias como a de Malthus e demais (Townsend e David Ricardo) fundamentarama produo do Relatrio sobre a administrao e aplicao das Leis dos Pobres (1834) por uma Comisso Real Nova Lei dos Pobres Duro golpe nos tmidos avanos sociais das ultimas legislaes sobre a pobreza

Ideias liberais e utilitaristas

Essa crena era decorrente muito mais de uma ideia preconcebida do que resultado de pesquisas: ... A Lei que pretendia revolucionar o sistema de proteo social com promessas de felicidade para um maior nmero de pessoas, por meio do trabalho, da auto-

ajuda e do alvio de pesada carga tributria comprometida com a ajuda pobreza,no tinham como base de sustentao a realidade, mas um projeto de fortalecimento do capitalismo e extrao liberal.

Principais recomendaes do Relatrio: Abolio do abono (subsdio)

Escritrio Central incompetncia, intimidao, inconsistncia das administraes autnomas. Pela primeira vez a ajuda aos pobres foi uniformizada e centralizada. A assistncia pblica deveria possibilitar tratamento inferior do que do pior remunerado. Se o indivduo concordasse com o tratamento institucional a necessidade era verdadeira.

salarial; Internao nas workhouses para os que fossem capazes de trabalhar; Prestao de assistncia Quem permanecesse fora das workhouses fica margem de qualquer tipo de ajuda pblica.

externa somente aos incapazes de trabalhar; Centralizao administrativa

das atividades assistenciais das vrias parquias / Instituio de

Logo: O objetivo era regular a misria no tinha por objetivo diminuir as desigualdades sociais. Rompia-se com a concepo elizabetana de pobreza involuntria que foi reconhecida e depois descartada.

uma

comisso

central

de

controle da Lei dos Pobres. Aplicao do princpio da

menor elegibilidade

A pobreza passou a configurar-se um delito mas de grande utilidade para a elite, pois as workhouses eram fontes de acumulao primitiva.

Ponto 3. As contradies da Nova Lei dos Pobres, a emergncia da chamada questo social e o retorno do protecionismo estatal As prescries da Nova Lei dos Pobre, com o tempo, mostraram-se falaciosas no era o carter das pessoas pobres que a destinavam pobreza, mas fatores estruturais,

alheios a sua vontade.Todavia, essa constatao no derrubou imediatamente tal Lei. Ainda acreditava-se que suas prescries eram vitais para o livre mercado e para erradicar a pobreza a longo

prazo.Mas havia vozes divergentes de contestao e repdio: Movimento Cartista (1838 a 1848) e personalidades importante poca: Dickens, Owen, Simon, Fourier, Proudhon.

Fabianos: Shaw, Webb, Marshall, Beveridge, Titmuss.Estudos sobre a pobreza : ela produto de salrios aviltantes e condies de vida subhumanas EXPLORAO DO TRABALHO PELO CAPITAL

Pauperismo em massa: no fruto da escassez de recursos, mas de uma crescente riqueza acumulada QUESTO SOCIAL

Os anos 1880 virada histrica: Nova militncia dos trabalhadores (direito ao voto 1885) e Partido Trabalhista (1890);

Os mais ricos demonstraram pouca resistncia a implantao de legislaes de cunho social; As classes mdias comearam e se envolver em aes de combate pobreza e de apoio s reformas sociais; Sociedade de Organizao da Caridade (Charity Organization Society) COS

Esforo da sociedade de livre mercado para enfrentar a pobrezaIdias liberais: ajudar os pobres a se auto-ajudarem

Todavia, tais esforos (caridade, doutrinao e disciplina) mostraram-se limitados. Reforaram tal entendimento a divulgao dos resultados do emprego da legislao de 1834: enorme hiato entre o que se pretendia e o que, de fato, aconteceu

Nesse cenrio, j nos anos 1890 emergiram as primeiras discusses favorveis a adoo de medidas de proteo social na Gr-Bretanha.

Inspirao na criao do seguro social compulsrio na Alemanha de Bismarck

Velho liberalismo

Novo liberalismo

1897 Workmens Conpensation Act: proteo conpulsria ao trabalhador sob a

forma de seguros contra acidentes contrato entre empregado e empregadorganhou status de garantia pblica

1908 Old Age Pension Act instituia penses aos mais idosos, sem nenhum tipode contrapartida ou contribuio prvia

Instituio de direitos sociais como questo de status

Desmercadorizao 1911 Lei de Seguridade Nacional - ateno sade e ao desemprego. Instituio de penses (Lloyd George/Winston Churchill) + Rede nacional de oficinas de emprego

Racionalidade que mais se aproxima de uma proteo do capitalismo contra sua tendncia autodestruidora!

Ponto 4. A Poltica Social do Welfare State WS fenmeno histrico especfico (2 ps guerra) a poltica social se tornou um meio possvel e legitimado de concretizao de direitos sociais de cidadania. Poltica social: processo dinmico resultante da relao conflituosa entre interesses contrrios.

A depender da organizao das classes dominadas e dos paradigmas tericos em vigncia, a poltica social pode representar ganhos para os dominados e, ao mesmo tempo, constituir para estes um meio de fortalecimento de poder poltico.WS parte integral do sistema capitalista: questo de sobrevivncia WS no se restringe ao Estado, mas a sociedade: diferentes esferas produo, distribuio e consumo e diferentes interesses mercado, Estado e trabalhadores

Funo: formao de estados nacionais e sua transformao em democracias de massa; converso do capitalismo em modo de produo dominante

Welfare StateTerica: Keynes Equilbrio econmico depende da interferncia do Estado Pleno emprego Incentivo ao consumo e ao investimento Capitalismo regulado: socializao do consumo Polticas sociais: redistribuio dos frutos do crescimento econmico Poltica: Beveridge Inovao: nacional e unificado; eixo distributivo + contributivo; abolio dos testes de meio Vencer: ignorncia, sujeira, enfermidade, preguia e misria Mnimo de sobrevivncia incentivo ao trabalho Ideolgica/acadmica: Marshall Incluso dos direitos sociais ao atributo de cidadania a ser assegurada pelo Estado; Dimensionar a PS para alm do paternalismo;

A essncia dos Direitos Humanos o direito a ter direitos

Hannah Arendt