sub-bacia quarta feira
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃOUNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACUDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIADEPARTAMENTO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL
IMPACTO DA OCUPAÇÃO URBANA NA QUALIDADE AMBIENTAL NA BACIA DO CÓRREGO QUARTA-FEIRA,
CUIABÁ-MT
FELIPE DE ALMEIDA DIAS
LUIZ AIRTON GOMES
Cuiabá – Mato GrossoDezembro 2008
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃOUNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACUDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIADEPARTAMENTO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL
IMPACTO DA OCUPAÇÃO URBANA NA QUALIDADE AMBIENTAL DO CÓRREGO QUARTA-FEIRA CUIABÁ-MT
FELIPE DE ALMEIDA DIAS
Monografia submetida à Faculdade de
Arquitetura Engenharia e Tecnologia
da Universidade Federal de Mato
Grosso, como parte dos requisitos para
obtenção do Grau de Bacharel em
Engenharia Sanitária
Orientador: Luiz Airton Gomes
Cuiabá – Mato GrossoDezembro de 2008
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA
Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental
FOLHA DE APROVAÇÃO
IMPACTO DA OCUPAÇÃO URBANA NA BACIA DO CÓRREGO QUARTA-FEIRA, CUIABÁ-MT
FELIPE DE ALMEIDA DIAS
Monografia defendida e aprovada em 15 de dezembro de 2008, pela banca examinadora
__________________________________________Prof. Dr. Luiz Airton Gomes
ORIENTADORUFMT/DESA
_________________________________________Paulo Cézar Bodstein Gomes
UFMT/DESA
___________________________________________José Manoel de Almeida Filho
UFMT/DESA
IV
DEDICATÓRIA
A meus pais, Viniel e Anair, que sempre me apoiaram e nunca me deixaram faltar nada.
V
AGRADECIMENTOS
Expresso meus sinceros agradecimentos a todos aqueles que, de alguma forma,
colaboraram para a conclusão deste trabalho. Agradeço em especial:
A Deus, por ter me dado tudo o que precisei;
A minhas irmãs, por terem tido paciência comigo durante a elaboração deste
trabalho;
A meus amigos e colegas de classe, que ajudaram a tornar esses cinco anos de curso
mais agradáveis e divertidos;
Aos meus colegas do DETRAN que sempre me compreenderam e me deram apoio
nos momentos precisei;
Ao Prof. Dr. Luiz Airton Gomes, por me passar segurança e orientação nos
momentos em que precisei
VI
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA...............................................................................................................................IV
AGRADECIMENTOS......................................................................................................................V
SUMÁRIO........................................................................................................................................VI
LISTA DE FIGURAS......................................................................................................................IX
RESUMO..........................................................................................................................................XI
ABSTRACT.....................................................................................................................................XII
1. INTRODUÇÃO..........................................................................................................................1
2. OBJETIVO.................................................................................................................................3
2.1 OBJETIVO GERAL...................................................................................................................3
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.....................................................................................................3
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................................................4
3.1.PROBLEMAS DA URBANIZAÇÃO.......................................................................................4
3.2 RECURSOS HÍDRICOS EM CUIABÁ....................................................................................5
3.3 USO DO SOLO..........................................................................................................................6
3.3.1 Urbanização e Loteamento..................................................................................................6
3.3.2 Área de Preservação Permanente........................................................................................7
3.4 POLUIÇÃO DOS CORPOS D’ÁGUA.....................................................................................7
3.4.1 Tipos de Esgoto...................................................................................................................8
3.4.2 Esgotos Domésticos............................................................................................................8
3.4.3 Características dos esgotos Domésticos..............................................................................8
3.4.4 Águas Pluviais.....................................................................................................................9
3.5 SISTEMAS DE COLETA DE ESGOTO..................................................................................9
3.5.1 Sistema Unitário..................................................................................................................9
VII
3.5.2 Sistema Separador Absoluto...............................................................................................9
3.5.3 Sistema público convencional...........................................................................................10
3.5.4 Sistema de esgotamento em Cuiabá..................................................................................10
3.6 ASPECTOS HIDROLÓGICOS...............................................................................................11
3.6.1 Bacia Hidrográfica............................................................................................................11
3.6.2 Tempo de concentração.....................................................................................................11
3.6.3 Coeficiente de deflúvio.....................................................................................................11
3.7 EROSÃO..................................................................................................................................12
4. MATERIAIS E MÉTODOS....................................................................................................14
5. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO..................................................................16
5.1 LOCALIZAÇÃO......................................................................................................................16
5.2 TOPOGRAFIA.........................................................................................................................17
5.3 HIDROGRAFIA......................................................................................................................17
5.4 GEOLOGIA.............................................................................................................................19
5.5 VEGETAÇÃO..........................................................................................................................19
5.6 CLIMA.....................................................................................................................................19
5.7 PERFIL DOS BAIRROS.........................................................................................................20
5.7.1 Área da Bacia....................................................................................................................20
5.7.2 C.P.A.................................................................................................................................21
5.7.3 Alvorada............................................................................................................................21
5.7.4 Despraiado.........................................................................................................................22
5.7.5 Santa Marta........................................................................................................................22
5.7.6 Do Quilombo.....................................................................................................................22
6. RESULTADOS OBTIDOS E DISCUSSÃO..........................................................................24
6.1 OCUPAÇÃO DO SOLO..........................................................................................................24
6.1.1 Invasões e Áreas de Preservação Permanente...................................................................27
6.2 SANEAMENTO NA BACIA DO QUARTA-FEIRA.............................................................31
VIII
6.2.1 Sistema de Coleta de Esgoto.............................................................................................31
6.2.2 Esgoto e o Córrego Quarta-Feira.......................................................................................32
6.3 LIXO NO CÓRREGO..............................................................................................................34
6.4 EROSÃO..................................................................................................................................35
7. DISCUSSÃO.............................................................................................................................37
7.1 SITUAÇÃO ATUAL DO CÓRREGO QUARTA-FEIRA......................................................37
8. CONCLUSÃO..........................................................................................................................41
9. RECOMENDAÇÕES..............................................................................................................42
10. BIBLIOGRAFIA BÁSICA..................................................................................................43
11. ANEXOS...............................................................................................................................47
11.1 ANEXO A..............................................................................................................................48
IX
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Área de estudo delimitada pela linha vermelha..................................................................16
Figura 2: Curvas de nível da bacia do Quarta-Feira...........................................................................17
Figura 3: Área da bacia do córrego Quarta-Feira...............................................................................18
Figura 4: Abairramento da sub-bacia do córrego Quarta-feira segundo a Prefeitura........................20
Figura 5: Densidade demográfica nos bairros da bacia de drenagem do córrego Quarta feira..........21
Figura 6: Urbanização da bacia de drenagem do córrego Quarta-Feira.............................................24
Figura 7: Distribuição da ocupação do solo na bacia do Quarta-Feira..............................................25
Figura 8: Área correspondente ao parque Eldorado, bairro Alvorada...............................................26
Figura 9: Situação das invasões das áreas de preservação permanente.............................................27
Figura 10: Aspecto do córrego no bairro Alvorada............................................................................28
Figura 11: Áreas de preservação no córrego Quarta-Feira.................................................................29
Figura 12: Aspecto do fundo de vale no parque Eldorado propício a erosão e assoreamento...........30
Figura 13: Lixo acumulado no leito do córrego.................................................................................34
Figura 14: Área sujeita a erosão no bairro Alvorada (parque Eldorado)...........................................35
Figura 15: Aspecto da margem do córrego Quarta-Feira...................................................................35
Figura 16: Córrego Quarta-Feira no bairro Despraiado.....................................................................38
X
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Valores de C por tipo de ocupação.....................................................................................12
Tabela 2: Características físicas da bacia e hidrográficas da bacia do Quarta-Feira.........................18
Tabela 3: Dados dos bairros da bacia do Quarta-Feira......................................................................23
Tabela 4: Coeficiente de deflúvio médio da bacia do Quarta-Feira...................................................25
XI
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo fazer um levantamento da influência da ocupação
urbana na qualidade ambiental do córrego Quarta–Feira, afluente do Ribeirão do Lipa,
situado na região noroeste de Cuiabá, buscando elaborar um diagnóstico do uso e ocupação
do solo na bacia. Através de imagens de satélite, e dados oficiais sobre infra-estrutura da
região foi traçada a feição socioeconômica da população da bacia do córrego. Foram
analisados nesse trabalho, o sistema de coleta de esgotos, situação atual das áreas de
preservação permanente e do próprio córrego Quarta-Feira, e apontados alguns fatores
responsáveis pela degradação do córrego. O levantamento mostrou que não existe rede de
esgotamento sanitário na região do córrego, e que ele encontra-se poluído devido ao
lançamento de esgotos e lixo, que chega através do sistema de drenagem de águas pluviais.
Expôs também que o canal do córrego sofre com a erosão e um significativo trecho de Área
de Preservação Permanente encontra-se degradada, por conta das invasões.
Palavras-chave: Alvorada, Despraido, esgoto.
XII
ABSTRACT
This study aimed to do a survey of the influence of the occupation in the urban
environmental quality of the stream Quarta-Feira, tributary of Ribeirão do Lipa, located in
the northwest of Cuiaba, seeking to develop a diagnostic of the use and occupation of land
in the basin. Through satellite imagery and official data on infrastructure in the region was
drawn to feature socioeconomic population of the basin of the stream. Was analyzed in this
work, the sewage collection system, current status of the areas of permanent preservation
and the Quarta-Feira stream itself, and pointed out some factors responsible for the
degradation of the stream. The survey showed that there is no network of sewerage services
in the region of the stream, and it is polluted due to the release of sewage and garbage that
comes through the drainage of rain water. Also explained that the channel of the stream
suffers from erosion and a significant portion of Permanent Preservation Area is degraded,
on account of the invasion.
Keywords: Alvorada, Despraiado, sewer.
1
1. INTRODUÇÃO
Resultante de um processo de ocupação impensado e inadequado, a grande maioria
das cidades brasileiras se constituiu e cresceu nos vales dos rios, encostas íngremes,
terrenos alagadiços, etc. e à margem do planejamento urbano, ocupando-se de áreas
impróprias ao assentamento urbano.
Conseqüências disso são ruas desorganizadas, sistemas e infra-estrutura urbana
deficientes, adensamento populacional inadequado, favelas, enchentes, deslizamentos,
congestionamentos, poluição, e tantas outras situações que comprometem a qualidade de
vida da população e são agravadas pela desigualdade social, ineficiência do serviço público,
baixa escolaridade entre outros fatores.
O desordenamento na formação e crescimento da cidade gera impactos graves ao
meio ambiente, como ocupação de áreas protegidas, poluição dos mananciais com o esgoto
domestico sem tratamento e lixo, ocupação de áreas de encostas, etc., além de afetar a
qualidade de vida da população (MOTA, 2003). Esse processo foi vivenciado em
praticamente todas capitais brasileiras e em Cuiabá não foi diferente.
Segundo a SEPLAN (2006), a partir da década de 70, Cuiabá passou por um forte
crescimento populacional, registrando no período entre 1970 e 2005 um crescimento
populacional de quase 500%. Contudo, esse crescimento não foi acompanhado da infra-
estrutura e planejamento necessários, o que resultou no comprometimento do meio
ambiente urbano da capital, especialmente dos córregos situados dentro do perímetro
urbano da capital.
Uma ferramenta para o controle do crescimento das cidades foi lançada na
Constituição de 1988, onde se definiu que todos os municípios com população acima de
20.000 habitantes deveriam criar seu Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano.
2
Em 24 de dezembro de 1992 foi aprovada a Lei Complementar Municipal n.º 003
Lei do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Cuiabá, que passou a ordenar o
crescimento da cidade, estabelecendo diretrizes para o desenvolvimento social integrado e
ecologicamente sustentável. Juntamente com a Lei do Plano Diretor aprovou-se também a
Lei Complementar Municipal n.º 004, que instituiu, entre outras coisas, o Código Sanitário
e de Posturas do Município, o Código de Defesa do Meio Ambiente e Recursos Naturais
(CUIABÁ, 2007). Atualmente está em vigor a lei n° 150/2007, sendo que a lei n° 003/1992
foi revogada.
Embora haja leis que ordenam o uso do solo urbano, o seu cumprimento é falho,
principalmente em relação às áreas de mananciais. Devido ao crescimento desordenado e
ausência do poder público, os córregos que estão situados dentro do perímetro urbano da
cidade de Cuiabá apresentam alterações em suas características naturais devido à ação do
homem. Segundo o Instituto de Planejamento e Desenvolvimento Urbano de Cuiabá
(2004), muitos dos córregos que atravessam a cidade já tiveram seus leitos retificados e
canalizados, o que os descaracteriza completamente, e acaba por transformá-los em
receptores de esgotos domésticos não tratados.
Dentre os córregos que não receberam canalização está o Quarta-feira. Situado na
região noroeste da cidade, o córrego Quarta-Feira é um afluente do Ribeirão do Lipa. A
área de sua bacia de drenagem é de 5.6km² e população estimada em 14 mil habitantes.
Devido despejo dos efluentes domésticos produzidos pela população residente na bacia,
lançamento de lixo, ocupações irregulares, dentre outros problemas decorrentes da
ocupação desordenada e ausência de infra-estrutura, sua qualidade encontra-se visivelmente
deteriorada. Este trabalho abordará a influência da ocupação da área da bacia do córrego na
sua qualidade ambiental.
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2. OBJETIVO
2.1 OBJETIVO GERAL
Estudar os impactos causados pelas invasões e ausência de saneamento na qualidade
ambiental do córrego Quarta-Feira.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Delimitar a área da bacia do córrego Quarta-Feira;
Quantificar a população residente na sub-bacia do córrego quarta – feira;
Avaliar a situação Áreas de Preservação Permanente;
Quantificar o lançamento de efluentes no Córrego Quarta-Feira;
Avaliar a situação atual do córrego Quarta-Feira.
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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1.PROBLEMAS DA URBANIZAÇÃO
Segundo o IBGE (2001) a população mundial cresceu muito rapidamente nas
ultimas décadas, sendo esse crescimento facilmente percebido nas cidades, que passaram a
concentrar grande parte de todo esse crescimento. O Brasil seguiu essa tendência mundial e
já em 2000 tinha aproximadamente 80% de sua população total habitando as cidades,
contra 31,2% na década de 40.
Nesse processo acelerado de urbanização, as cidades, especialmente aquelas de
países subdesenvolvidos, não se prepararam para receber esse contingente advindo
principalmente do campo. O resultado desse processo de urbanização é uma ocupação
desordenada do solo, sem a infra-estrutura necessária aos novos habitantes e tampouco
proteção devida aos ecossistemas naturais remanescentes nas cidades (MOTA, 2003). Essa
ocupação impensada não gera apenas problemas ambientais, mas também problemas
sociais como marginalização, surgimento de favelas, loteamentos clandestinos, aumento da
criminalidade, desemprego, entre outros.
O crescimento desordenado das cidades penaliza também o meio ambiente,
especialmente os recursos hídricos, devido ao lançamento de esgotos domésticos e
industriais sem tratamento algum.
Segundo TUCCI (2002), o processo de urbanização pode provocar alterações no
ciclo hidrológico de uma bacia, especialmente sobre os seguintes aspectos:
Aumento do volume e redução do tempo de escoamento superficial após as
chuvas (aumento do ‘runoff’), antecipando o pico das cheias;
Diminuição da infiltração da água, devido a impermeabilização e
compactação do solo;
5
Redução do lençol freático, podendo chegar muitas vezes ao seu
esgotamento;
Consumo de água superficial e subterrânea, para abastecimento público e
demais fins;
Aumento da erosão do solo e conseqüentemente assoreamento dos cursos d
´água.
Além do impacto causado nos recursos hídricos, com a sua poluição, assoreamento,
canalização. Dos impactos no solo com o lançamento de lixo, e esgotos sem tratamento, há
também poluição do ar, sonora, desmatamentos, aterramentos de rios, lagoas, córregos etc.
(MOTA, 2003) que contribuem negativamente para a qualidade de vida e degradação do
meio ambiente nas cidades.
3.2 RECURSOS HÍDRICOS EM CUIABÁ
A cidade de Cuiabá é rica em recursos hídricos: há diversos rios, ribeirões e
córregos por toda a sua área urbana. Todos eles fazem parte da bacia do rio Cuiabá, que é
um dos rios formam o pantanal mato-grossense (CUIABÁ, 2007).
È um rio de grande importância para o estado, pois é o responsável pelo
abastecimento das duas maiores cidades do estado, seus peixes são fontes de sustento para
população ribeirinha e na época das chuvas suas águas cumprem importante papel na cheia
do pantanal.
A cidade de Cuiabá, junto com Várzea Grande, são as maiores responsáveis pela
poluição das águas do rio Cuiabá e conseqüentemente do pantanal, visto que são as maiores
cidades pertencentes a bacia deste, e grande parte dos esgotos dessas cidades são lançados
nos rios e córregos que as cortam. Há também outro grave problema que é o lançamento de
lixo e entulho no leito dos córregos e rios, que ocorre.
Córregos como o da Prainha, do Barbado, do Gambá, o Quarta feira, Mané Pinto,
Engole Cobra, do Moinho, entre outros que cortam Cuiabá recebem diariamente os esgotos
gerados pela população residente na cidade. Segundo CUIABÁ (2007), em 2005 Cuiabá
tinha 54% do seu esgoto coletado e apenas 29% do total recebiam tratamento.
Todos estes problemas têm recebido ultimamente uma atenção especial do público
em geral, devido: ao aumento da consciência ecológica da população; pressão pela melhora
6
da qualidade de vida nas habitações; plano de aceleração do crescimento (PAC), que
destinou recursos especiais para a área do saneamento básico, entre outros motivos. Mas
apesar dessa atenção que o problema tem recebido, pouco ainda foi feito para se resolver o
problema que é uma constante nas grandes cidades brasileiras.
Entretanto, de acordo com ARAÚJO (2002) os lançamentos de esgoto e lixo nos
rios e córregos são apenas parte do problema. Nas cidades grandes, além da poluição há
também a ocupação das áreas de preservação permanente (APP) que ficam nas
proximidades dos córregos, geralmente por famílias carentes, o que mostra que o problema
vai muito além da questão ambiental e urbanística.
3.3 USO DO SOLO
Uso do solo é o conjunto das atividades, processos individuais de produção e
reprodução, de uma sociedade por sobre uma aglomeração urbana assentados sobre
localizações individualizadas, combinadas com seus padrões ou tipos de assentamento, do
ponto de vista da regulação espacial. Pode se dizer que o uso do solo é reflexo da
reprodução social no plano do espaço urbano.
Segundo MOTA (2004), o uso do solo é uma combinação de um tipo de uso
(atividade) e de um tipo de assentamento (edificação).Assim, admite uma variedade tão
grande quanto as atividades da própria sociedade. Se categorias de uso do solo são criadas,
é principalmente com a finalidade de classificação das atividades e tipos de assentamento
para efeito de sua regulação e controle através de leis de zoneamento, ou leis de uso do
solo.
Essas leis visam o uso apropriado do meio ambiente, dentro de limites capazes de
manter sua qualidade e equilíbrio, em níveis aceitáveis, visando a conservação dos recursos
ambientais, de forma a proporcionar o desenvolvimento sustentável da cidade, e garantir a
qualidade de vida desejável as populações atuais e futuras.
3.3.1 Urbanização e Loteamento
Pode-se dizer que urbanização é o processo de mudança das características rurais de
uma região para as características próprias das cidades. Segundo BOTELHO (1998) com o
crescimento das cidades, estas avançam para áreas antes não ocupadas ou com baixa
7
ocupação, como sítios e chácaras situadas nos arredores das cidades, que muitas vezes
ainda conservam suas características naturais como a cobertura vegetal, nascentes e
córregos. Essas áreas recebem melhoramentos, para que sejam utilizadas pela população da
cidade. O processo de instalação de infra-estrutura e equipamentos urbanos e a ocupação da
área é chamado de Urbanização.
Uma das formas de se aproveitar uma área propícia a ocupação é fazendo seu
loteamento, que segundo BOTELHO (1998) significa: retirar parte considerável de sua
vegetação; abrir ruas fazendo cortes e aterros; criar “plateau” para as edificações; edificar
nos lotes; pavimentar ruas; e habitar a área.
3.3.2 Área de Preservação Permanente
As Áreas de Preservação Permanente - APP -são áreas nas quais, por imposição da
lei, a vegetação deve ser mantida intacta, tendo em vista garantir a preservação dos recursos
hídricos, da estabilidade geológica e da biodiversidade, bem como o bem-estar das
populações humanas. Segundo ARAÚJO (2002), o regime de proteção das APP é bastante
rígido: a regra é a intocabilidade, admitida excepcionalmente a supressão da vegetação
apenas nos casos de utilidade pública ou interesse social legalmente previstos.
De acordo com a lei complementar nº 004, de 1992 a ocupação do solo no
município de Cuiabá deve respeitar as seguintes limitações, que estão estabelecidas no seu
artigo 537.
No município de Cuiabá existem áreas instituídas pelos poderes públicos para
assegurar sua proteção ambiental. Essas unidades de conservação foram estabelecidas pelas
esferas federal, estadual e municipal. São áreas como o Parque Nacional da Chapada dos
Guimarães, Parque Mãe Bonifácia, Parque Massairo Okamura, entre outros. Existem
também as Unidades de Conservação Ambiental Criadas pela Lei Complementar Municipal
n.º 004/92. São exemplos: mata ciliar do córrego Quarta-Feira; mata ciliar do ribeirão da
Ponte; mata ciliar do ribeirão do Lipa; mata ciliar do rio Cuiabá; cerrado do Centro Político
Administrativo; mata ciliar do córrego do Moinho, Gumitá e Barbado; cabeceira do córrego
da Prainha (Bairro Alvorada, entre os loteamentos Consil e Quarta-Feira) (CUIABÁ, 2007).
8
3.4 POLUIÇÃO DOS CORPOS D’ÁGUA
O lançamento indiscriminado dos esgotos nos corpos d’água, sem o devido
tratamento, pode causar inúmeros inconvenientes. Estes se apresentam com maior ou
menor importância, de acordo com os efeitos adversos que podem causar aos usos
benéficos da água.
De acordo com JORDÃO & PESSOA (2005), entre os inconvenientes do esgoto
urbano marcado pela predominância dos esgotos domésticos, estão as matérias orgânicas
solúveis, que causam a depleção do oxigênio dissolvido na água, caracterizando o principal
efeito no corpo receptor. Isso se deve aos processos de estabilização da matéria orgânica,
realizada pelas bactérias decompositoras que usam o oxigênio disponível na água para sua
respiração, depurando assim a matéria orgânica.
Das características físicas, o teor de matéria sólida é o de maior importância, em
termos de dimensionamento e controle de operações das unidades de tratamento. A
remoção da matéria sólida é fonte de uma série de operações das unitárias de tratamento,
ainda que represente apenas cerca de 0,08% dos esgotos (a água compõe os restantes
99,92%), ( JORDÃO & PESSOA pag.46, 4º Ed.).
3.4.1 Tipos de Esgoto
Segundo FUNASA (2004), existem quatro tipos de esgotos: o esgoto doméstico, o
esgoto industrial, as águas pluviais, e as águas de infiltração, que a partir do subsolo se
introduzem na rede. Para este trabalho terá importância apenas os esgotos domésticos e
águas pluviais.
3.4.2 Esgotos Domésticos
De acordo com JORDÃO e PESSÔA (2005) os esgotos domésticos ou domiciliares
provêm de residências, prédios, e edificações quaisquer que tenham instalações de
banheiros, lavanderias, cozinhas ou outro dispositivo de utilização da água para fins
domésticos. São compostos de águas contendo matéria fecal e as águas servidas resultantes
de banho e de lavagens de utensílios e roupas.
9
3.4.3 Características dos esgotos Domésticos
As características dos esgotos variam qualitativa e quantitativamente, de acordo
com o uso feito da água. O volume de esgoto produzido varia dependo da atividade e do
uso da água. Para isso a ABNT sugere a adoção de valores médios de produção de esgoto ,
de acordo com a atividade. Para este trabalho foi adotado a contribuição per capita de
esgoto de 130 litros por dia, que se enquadra entre o padrão médio e baixo de ocupação
residencial
O esgoto doméstico leva consigo predominantemente matéria orgânica, que
demanda oxigênio para ser tratado. O oxigênio é essencial para que haja vida,
De acordo com JORDÃO & PESSÔA (2005) para dimensionamento e projeto das
unidades de tratamento, alem da vazão de esgoto, um dado importante é a contribuição
unitária de DBO. A partir desse dado por ser quantificada a carga orgânica presente no
esgoto, e dimensionar seu tratamento. A ABNT recomenda a adoção de 54 g.DBO/hab.d.
como carga orgânica unitária média pra o Brasil.
3.4.4 Águas Pluviais
É a água provinda das chuvas, que é coletada pelos sistemas urbanos de saneamento
básico nas chamadas galerias de águas pluviais ou esgotos pluviais e que pode ter
tubulações próprias (sendo chamado, neste caso, de sistema separador absoluto, sendo
posteriormente lançadas nos cursos d'água, lagos, lagoas, baías ou no mar).
As águas pluviais podem ainda juntar-se ao esgoto doméstico na tubulação
destinada a este. Neste caso tem-se o chamado sistema unitário de esgotos.
3.5 SISTEMAS DE COLETA DE ESGOTO
3.5.1 Sistema Unitário
É a coleta dos esgotos pluviais, domésticos e industriais em um único coletor. Tem
custo de implantação elevado, assim como o tratamento também é caro. Tem a vantagem de
permitir a implantação de um único sistema. Para seu dimensionamento devem ser
previstas as precipitações máximas com período de recorrência geralmente entre cinco de
dez anos (BRASIL 2004).
10
3.5.2 Sistema Separador Absoluto
O esgoto doméstico e industrial ficam separados do esgoto pluvial. É o usado no
Brasil. O custo de implantação é menor, pois as águas pluviais não são tão prejudiciais
quanto o esgoto doméstico, que tem prioridade por necessitar tratamento, e aquela pode ser
lançada diretamente no curso d’água receptor.. Assim como o esgoto industrial nem sempre
pode se juntar ao esgoto sanitário sem tratamento especial prévio.
3.5.3 Sistema público convencional
De acordo com BRASIL (2004), são partes constitutivas do sistema público
convencional de esgotamento sanitário: ramais predial, que transportam o esgoto das casas
até a rede pública; coletores primários de esgoto, que levam o esgoto doméstico das casas
até os coletores tronco; coletores tronco, que recebem ligações de outros coletores e;
interceptores, que correm nos fundos de vale, margeando os cursos d´água ou canais. São
responsáveis pelo transporte dos esgotos gerados na sua sub-bacia, evitando que os mesmos
sejam lançados nos corpos d´água.
3.5.4 Sistema de esgotamento em Cuiabá
De acordo com uma consulta feita junto a SANECAP, os sistemas de esgotamento
sanitário instalados em Cuiabá são:
Sistema Isolado Convencional com Tratamento: São núcleos habitacionais
que foram construídos, com sistema completo de esgoto domestico, ou seja rede coletora e
tratamento;
Sistema Isolado Convencional sem Tratamento: São núcleos habitacionais
que foram construídos, com sistema completo de esgoto domestico, ou seja, rede coletora e
tratamento, no entanto não está sendo feito o tratamento;
Sistema Integrado Convencional: Este sistema foi projetado em 1.985 para
atender todo o sistema de coleta e tratamento de esgoto domestico de Cuiabá e Várzea
Grande, onde seu tratamento principal é na ETE Zanildo Costa Macedo;
Sistema Condominial: Este sistema é constituído de duas redes distintas:
uma convencional construída na rua considerada rede principal, e outra por dentro dos
lotes, considerada condominial.
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Sistema Combinado ou Misto: este sistema foi projetado, para que na mesma
rede seja feita a coleta de águas pluviais e esgoto doméstico. Atende hoje as bacias de
drenagem do córrego da Prainha e Mané Pinto com interceptor do córrego Mané Pinto até a
Prainha e uma estação elevatória recalca até a ETE Zanildo Costa Macedo no Bairro Dom
Aquino.
3.6 ASPECTOS HIDROLÓGICOS
3.6.1 Bacia Hidrográfica
“Bacia hidrográfica ou bacia de contribuição de uma seção de um curso de água é a
área geográfica coletora de água de chuva que, escoando pelo solo atinge a seção
considerada.” (NELSON et al, 1976, p.39)
A bacia hidrográfica é sempre referida a uma determinada secção do rio. Quando se
define genericamente a secção do rio se diz respeito à foz. A bacia é delimitada em seu
perímetro, por um divisor que separa as águas encaminhando-as para diversos rios. O
divisor segue por uma linha rígida em torno da bacia, atravessando o curso d’água somente
na sua secção final. O divisor une os pontos de cota máxima entre bacias, mas podem
existir, no seu interior, picos isolados com cota superior bem como depressões com cota
inferior.
3.6.2 Tempo de concentração
Segundo NELSON et al (2007), tempo de concentração de um curso de água é o
intervalo de tempo contado a partir do início da precipitação para que toda a bacia
hidrográfica correspondente passe a contribuir na vazão de uma determinada seção.
Corresponde à duração da trajetória da partícula de água que demore mais tempo para
chegar a tal seção.
São fatores que influenciam no tempo de concentração de uma bacia: forma,
declividade média, tipo de cobertura vegetal, comprimento e declividade do curso principal
e afluentes, e condições do solo no momento em que a chuva se inicia.
12
3.6.3 Coeficiente de deflúvio
O coeficiente de escoamento superficial ou coeficiente de deflúvio, ou ainda,
coeficiente de “runoff”, é definido como a razão entre o volume de água escoado
superficialmente e o volume de água precipitado. Este coeficiente pode ser relativo a uma
chuva isolada ou relativo a um intervalo de tempo onde várias chuvas ocorreram (NELSON
et al 2007).
É claro que, conhecendo-se o coeficiente de “runoff” para uma determinada chuva
intensa de uma certa duração, pode-se determinar o escoamento superficial de outras
precipitações de intensidades diferentes, desde que a duração seja a mesma. Este
procedimento é muito usado para se prever a vazão de uma enchente provocada por uma
chuva intensa.
Tabela 1: Valores de C por tipo de ocupação.
DESCRIÇÃO C
Área comercialCentral Bairros
0,70 – 0,900,50 – 0,70
Área residencialResidências IsoladasUnidades Múltiplas (separadas)Unidades Múltiplas (conjugadas)Lotes com mais de 2.000m²Áreas com apartamentos
0,35 – 0,500,40 – 0,600,60 – 0,650,30 – 0,450,50 – 0,70
Área industrialIndústrias levesIndústrias pesadas
0,50 – 0,800,60 – 0,90
Parques, cimitériosPlaygroundsPátios ferroviáriosÁreas sem melhoramentos
0,10 – 0,250,20 – 0,350,20 – 0,400,10 – 0,30
Fonte: TUCCI (1995)
3.7 EROSÃO
“Consiste basicamente numa série de transferências de energia e matéria gerada por
um desequilíbrio do sistema água/solo/cobertura vegetal, as quais resultam numa perda
progressiva do solo” (GUERRA; SILVA; BOTELHO, 2005, p.301).
13
Os processos erosivos estão relacionados com as condições naturais dos terrenos,
destacando-se a chuva, a cobertura vegetal, a topografia e os tipos de solo, e está
relacionado diretamente ao o assoreamento dos cursos d’água.
14
4. MATERIAIS E MÉTODOS
Este trabalho foi feito a partir de dados primários, pesquisa observacional, e também
levantamento de dados junto a órgãos públicos. Foram realizadas consultas a órgãos da
administração municipal, como o IPDU e a SANECAP, bem como à própria Prefeitura
Municipal de Cuiabá, a fim de levantar dados da população, perfil socioeconômico dos
bairros que compõe a bacia, e cobertura do saneamento na região.
Para a determinação dos limites da bacia hidrográfica, e seus aspectos físicos,
topográficos e hidrográficos foram usadas imagens geradas pelos satélites da Digital Globe,
disponibilizadas através do programa Google Earth, que fornece a escala e cotas em relação
ao nível do mar com uma precisão de 20 metros. Para editar as imagens de satélite foi
utilizado o programa AutoCAD. Através dessa ferramenta foi possível levantar
informações como a área e perímetro da bacia em questão.
Para a determinação do coeficiente de deflúvio a área da bacia foi classificada,
segundo o uso do solo, em áreas não edificadas e áreas já edificadas. Os valores médios de
C para cada tipo de ocupação do solo foram relacionados com a área equivalente a essa
forma de ocupação, como mostra a equação abaixo:
C=(C 1x A 1 )+(C 2x A 2)
A 1+ A 2
Em que:
A – Proporção em % em relação área total
C – Coeficiente de deflúvio
A população residente na bacia de drenagem do Quarta-Feira, adotada para esse
trabalho, é apenas parte do total que o IPDU (2007) aponta como residente nos bairros que
a compõe. Isso de deve ao fato da bacia de drenagem não englobar totalmente a área desses
15
bairros. Logo, para a bacia do Quarta-Feira a população adotada neste trabalho é de 14 mil
habitantes, ou 50% do total. Esse valor foi adotado por melhor representar a área da bacia
em relação a total.
A estimativa da produção diária de esgotos foi feita a partir da população residente
na bacia, e a contribuição de esgotos por habitante usada foi a recomendada pela NBR
7229, de acordo com o perfil socioeconômico da população da área de estudo.
16
5. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
5.1 LOCALIZAÇÃO
Foi estudada a sub-bacia de drenagem do córrego Quarta-Feira, que está localizada
na região noroeste da cidade, dentro do perímetro urbano de Cuiabá, capital do estado de
Mato Grosso. Compreende parte dos bairros: Alvorada, residencial Paiaguás, Centro
Político Administrativo, Despraiado, do Quilombo e Santa Marta. A área da bacia é de
aproximadamente 5,6 km² e conta com uma lagoa artificial de cerca de sete hectares.
17
Figura 1: Área de estudo delimitada pela linha vermelha
Fonte: Google Earth (2008)5.2 TOPOGRAFIA
Na área da bacia do córrego Quarta-Feira predomina declividade baixa, com baixos
espigões e vales estreitos. Ocorre leve declive, em torno de 2% na sua parcela final, sendo
predominante na porção média da bacia (bairro Alvorada) declividades que variam entre 3
e 5%, podendo haver trechos onde a declividade atinge 8% como na região entre a lagoa
do CPA e os prédios do Governo do Estado (palácio Paiaguás, SAD, e outros), localizados
no bairro. A declividade média do curso d’água é inferior a 2% tendo seu início na cota 223
e sua desembocadura na cota 171.
Figura 2: Curvas de nível da bacia do Quarta-Feira
5.3 HIDROGRAFIA
O córrego Quarta-Feira faz parte da bacia do Ribeirão do Lipa, que por sua vez é
afluente do rio Cuiabá. Possui aproximadamente 4,3 quilômetros de comprimento, estando
sua nascente localizada nas coordenadas 15°33’45”,80 S e 56°04’17”,47 O no Centro
Político Administrativo. Nasce na cota 223m e deságua no Ribeirão do Lipa a 171m. A
declividade média do curso d’água, é a inferior 2%.
18
Cerca 700 metros a jusante da nascente do Quarta-Feira situa-se a lagoa do CPA,
formada pelo represamento desse córrego durante a construção do Centro Político
Administrativo. A represa não possui um papel de regulador direto do nível do córrego,
pois na maior parte do ano o nível de suas águas é inferior ao nível do vertedor, impedindo
o curso natura das águas. Contudo pode haver minas d’água logo a jusante do barramento
especialmente no período chuvoso.
Figura 3: Área da bacia do córrego Quarta-Feira
Tabela 2: Características físicas da bacia e hidrográficas da bacia do Quarta-Feira
Características da Bacia do Quarta-FeiraÁrea da Bacia 5,62 km²Área Urbanizada 3,53 km²Área não Urbanizada 2,08 km²Perímetro da bacia de drenagem 11.9 kmExtensão do Curso d’água 4,3 km²Declividade do Curso d’água 1,2%Comprimento da bacia 4,24 kmLargura média da bacia 1.325 metrosFator de Forma 0,31Coeficiente de Compacidade 2,12Coeficiente de deflúvio da bacia 0,40
19
Tempo de Concentração* 66,6 min
*segundo fórmula de Z.P. KIRPICH.
Além do vale principal onde está o córrego Quarta-Feira existem outros vales
secundários, que naturalmente são secos a maior parte do ano, e servem como canal coletor
das águas proveniente das chuvas.
5.4 GEOLOGIA
A cidade de Cuiabá apresenta-se sobre rochas pré-cambrianas datadas do
proterozóico médio, pertencentes ao grupo Cuiabá, constituídas principalmente por filitos
intrudidos por filões de quartzo leitoso, características que são reproduzidas na área de
estudo. Sobre os filitos alterados, observa-se delgada camada de solos litólicos constituidos
por material grosseiro de cascalhos e fragmentos ferruginizados (GUARIM &
VILANOVA, 2008).
5.5 VEGETAÇÃO
A vegetação da área urbana é constituída principalmente por remanescentes de
cerrado, cerradão, matas ciliares e vegetação exótica. As áreas periféricas são dominadas
pela vegetação de cerrado, com arvores que atingem cerca de 4 metros de altura e cerradão,
tipo vegetacional florestal de cerrado, com arvores que atingem cerca de oito metros de
altura e copas entrelaçadas. A mata ciliar que acompanha os corpos d’água de apresentam
mais densas que o cerradão, podendo ocorrer arvores com mais de dez metros de altura. A
mata semi-descidua e a mata de encosta, com espécies arbóreas com extratos de mais de
dez metros de altura, ocorrem mesclados as demais formações nas áreas de relevo
acentuado (GUARIM & VILANOVA, 2008).
5.6 CLIMA
Segundo o IPDU (2007) a cidade de Cuiabá apresenta clima Tropical Continental,
podendo variar entre o Tropical Continental Úmido nos meses chuvosos quando as
temperatura são mais altas, e o Tropical Continental Seco, que ocorre nos meses de
estiagem (junho a setembro), com umidade relativa baixa, entre 18 e 40%.
20
A temperatura média anual fica na faixa dos 27° Celcius e a precipitação anual
média varia entre 1.400mm e 1.800mm (CUIABÁ, 2007)
5.7 PERFIL DOS BAIRROS
Neste item é traçado um breve perfil dos bairros que formam a bacia do córrego
Quarta feira, a fim de subsidiar a discussão acerca da qualidade ambiental do córrego.
Figura 4: Abairramento da sub-bacia do córrego Quarta-Feira segundo a Prefeitura
5.7.1 Área da Bacia
A bacia do córrego Quarta-Feira possui aproximadamente 5,6km², e está localizado
na região noroeste da cidade de Cuiabá. A população total dos bairros que compõe a bacia
do Quarta feira é de aproximadamente 28.000 habitantes. Contudo, para este trabalho será
adotado apenas 50% dessa população, perfazendo um total de 14 mil habitantes.
Enquanto o município de Cuiabá (Macrozona urbana de Cuiabá, lei nº4719/04)
com uma área de 254,57km² (IPDU, 2007) e população de 554.021 habitantes (SEPLAN,
2006), possui uma densidade populacional de 21,76 hab./ha a bacia do Quarta-Feira tem
uma densidade populacional de 23,79 hab/ha
21
Figura 5: Densidade demográfica nos bairros da bacia de drenagem do córrego Quarta feira.
5.7.2 C.P.A.
Localizado na região norte da cidade, possui uma área de 731,67 hectares e
população de 1.479 habitantes, com densidade populacional de 2,02 hab./ha CUIABÁ
(2007).
Em sua área está localizada a lagoa do Paiaguás que tem sua origem na mesma
época de formação do bairro. O CPA é uma área de propriedade do estado, onde estão
localizados os prédios que abrigam a administração pública estadual. Possui grande área
ainda coberta pela vegetação, sendo a que se encontra menos degradada dentro da sub-bacia
do córrego Quarta-feira.
5.7.3 Alvorada
Localizado na região oeste do município de Cuiabá, possui uma área de 230,12
hectares segundo dados da Prefeitura Municipal de Cuiabá/IPDU (2007). Ainda segundo a
Prefeitura, trata-se de um bairro de renda médio-alta, com população de 12.267 habitantes e
densidade de 53,30hab/ha. Existem no bairro 3.529 domicílios, sendo que destes, 3.398 são
22
abastecido pela rede geral de água. Do total de domicílios, 2.208 possuíam ligação na rede
de esgoto ou galeria de águas pluviais, e os restantes utilizam sistema de fossa séptica ou
valas de escoamento para rio lago ou outro escoadouro. De acordo com a Prefeitura
Municipal de Cuiabá/IPDU (2007) o sistema público de coleta de lixo atende a 98,15% dos
domicílios do bairro.
5.7.4 Despraiado
Localizado na região oeste do Município de Cuiabá, com uma população de 4.727
habitantes e área de 269,93 hectares, possui uma densidade populacional de 17,50 hab./ha
segundo dados da Prefeitura Municipal de Cuiabá/IPDU (2007).
O Despraiado é um bairro de renda média, sendo que a renda média dos
responsáveis pelo domicílio é de 5,80 salários mínimos (Perfil Socioeconômico dos Bairros
de Cuiabá, IPDU 2007, pag. 32). Existem no bairro 1.467 domicílios, dos quais 1.448 são
abastecidos pela rede geral e cerca de 97% do total de domicílios lançam seus esgotos em
fossas sépticas ou rudimentares. O lixo é coletado em 67% dos domicílios.
5.7.5 Santa Marta
Com uma área de 62,82 hectares, o bairro Santa Marta está localizado na região
oeste da cidade, tem uma população de 707 habitantes e densidade populacional de 11,50
hab./ha.
O bairro é de renda média alta e existem 185 domicilios sendo que 182 deles eram
abastecidos pela rede geral de água. Do total de domicílios 63 lançam seus esgotos em rede
da águas pluviais e ou de esgotos. O restante lança os esgotos em fossas sépticas e
rudimentares e a coleta de lixo atinge quase que a totalidade dos domicílios.
5.7.6 Do Quilombo
Localizado na Região oeste com área de 148,12 hectares e população de 7.779
habitantes (CUIABÁ, 2007) tem densidade populacional de 52,52 hab./ha.
É um bairro de classe média alta, sendo que do total de 7.779 pessoas, 5.361
moravam em casas, 2.301 em apartamentos, e o restante em cômodos ou domicílios
coletivos. Do total de domicílios 2.045 eram abastecidos pela rede geral de água, e 1.340
23
eram ligadas a rede pública de esgoto ou a galeria de águas pluviais. Coleta de lixo atende
a cerca de 97% dos domicílios.
Tabela 3: Dados dos bairros da bacia do Quarta-Feira.
BAIRROS Área total
(hectares)
População total Densidade
populacional
(hab./ha)
Nº de
domicílios
Renda
C.P.A. 731,67 1.479 2,02 390 Baixa
Alvorada 230,12 12.267 53,30 3529 Médio-alta
Res. Paiaguás 66,60 3.903 58,60 1.334 Média
Despraiado 269,93 4.727 17,50 1.467 Média
Quilombo 148,12 7779 52,52 2.147 Médio-alta
Santa Marta 62,82 707 11,50 185 Médio-alta
Fonte: CUIABÁ (2007).
24
6. RESULTADOS OBTIDOS E DISCUSSÃO.
Neste item serão apresentados os resultados das observações feitas na bacia de
drenagem do córrego Quarta feira, dados extraídos a partir das imagens de satélite, e
contextualização com os dados de população e saneamento publicados pela Prefeitura
Municipal de Cuiabá.
6.1 OCUPAÇÃO DO SOLO
A área da sub-bacia do córrego Quarta-Feira está localizada dentro do perímetro
urbano do Município de Cuiabá, numa região que tem passado por processo de valorização,
especialmente a sua porção norte, devido a sua proximidade com o Centro Político
Administrativo, shopping center, facilidade de acesso, entre outros fatores.
Apesar das vantagens de sua localização, a sub-bacia do Quarta-feira possui cerca
de 37% de sua área total desocupada. Na parte da bacia que está localizada no bairro CPA
estão os prédios da administração pública estadual, e é aquela que apresenta menor nível de
ocupação do solo. Isso se deve ao fato desse bairro se tratar de uma zona de interesse
ambiental por ser área de recarga de aqüífero, definida pela lei complementar nº103/03 que
trata do zoneamento. O restante da área é ocupada predominantemente por residências e
pequenos comércios, havendo, contudo extensas áreas passíveis de urbanização nos bairros
Alvorada e Despraiado.
25
37%
63%área não urbanizadaárea urbanizada
Figura 6: Urbanização da bacia de drenagem do córrego Quarta-Feira.
Figura 7: Distribuição da ocupação do solo na bacia do Quarta-Feira
Dentre as áreas desocupadas, destaca-se uma em especial. Localizada na parte leste
do bairro Alvorada, na margem esquerda do córrego Quarta feira, tem cerca de 40 hectares,
e cobertura vegetal presente somente no fundo de vale, o que torna a área especialmente
frágil a erosão do solo. Segundo plantas de loteamento do IPDU esta área recebe o nome de
parque Eldorado.
26
Figura 8: Área correspondente ao parque Eldorado, Bairro Alvorada.
Como já citado, a bacia do Quarta-Feira é ocupada predominantemente por
residências, havendo também condomínios verticais de poucos andares e o comércio nas
avenidas principais dos bairros. Grande parte dessas ocupações estão em desacordo com o
código de obras do município, com relação aos índices de impermeabilização do solo, o que
interfere no ciclo hidrológico da bacia, com o aumento do escoamento superficial da água
das chuvas.
Tabela 4: Coeficiente de deflúvio médio da bacia do Quarta-Feira
Superfície Área (hectares) Área (%)Coeficiente de
escoamento Sup. (C)*Urbanizada 353,9 63 0,55Não urbanizada 208,7 37 0,15Área total 562,6 100 0,40
*Segundo TUCCI (2002)
27
Áreas densamente ocupadas, como o Bairro Quilombo e parte do Alvorada,
apresenta elevada taxa de ocupação do solo, possuem maior área impermeabilizada e logo,
maiores coeficientes de escoamento superficial, se comparadas as áreas sem ocupação.
O fato de apresentar grande parcela da área da bacia ainda não ocupada, não
significa que sua ocupação se deu respeitando as características do local, o meio ambiente,
ou a leis de ocupação do solo do município. Nos bairros Alvorada e Despraiado, por
exemplo, as muitas famílias residem na área às margens do córrego, o que representa um
risco para elas, e causam danos ao meio ambiente, além de ir contra as leis de uso do solo
do município, que as definem como Unidades de Conservação Integral.
6.1.1 Invasões e Áreas de Preservação Permanente
Uma situação comum nas grandes cidades, as invasões de áreas urbanas, em geral
por pessoas carentes, causam muitos problemas, tanto a cidade como ao meio ambiente,
pois são processos que se dão de maneira desordenada, sem infra-estrutura e
acompanhamento do poder público.
Na bacia do córrego Quarta feira as invasões se fazem presente não apenas em
propriedades desocupadas, mas também em áreas protegidas por lei. Essa situação só vem
somar-se com outros problemas que existem nessa área e contribuem para a degradação do
córrego Quarta-Feira.
Segundo a Lei Complementar nº 004/92 a mata ciliar do córrego Quarta feira é uma
das Unidades de Preservação Integral definidas para o município de Cuiabá. Nela é
proibido todo e qualquer tipo de edificação num limite mínimo de 30 metros a partir do
curso d’água. Contudo em alguns trechos do córrego a lei não é respeitada, no que diz
respeito à ocupação da área, e a faixa que deveria ser preservada é tomada por casas e
barracos.
28
Figura 9: Situação das invasões das áreas de preservação permanente
A questão da invasão de áreas de preservação permanente (APP) é mais critica no
bairro Alvorada. No seu trajeto no interior do bairro, por um trecho aproximadamente 800
metros o córrego segue margeado por casas e barracos, até o ponto em que cruza com a
Avenida República do Líbano. Além disso, no mesmo bairro existe uma invasão onde
moram aproximadamente 90 famílias.
O fato das invasões de APP, em especial no bairro Alvorada, estarem relacionadas
principalmente com a população carente pode nos levar a conclusões erradas,
especialmente se comparadas com a situação do condomínio Alphagarden.
Localizado no bairro Despraiado, com residências de alto padrão, o condômino
fechado Alphagarden tem parte de sua área cruzando a faixa de preservação. Por ser
fechado (murado) significa dizer que no trecho em que cruza a APP seus muros atravessam
a área de margem do córrego, inclusive o próprio córrego, isolando parte da área de
preservação e do curso d’água, como se tais fossem de propriedade particular.
29
Figura 10: Aspecto do córrego no bairro Alvorada.
As Áreas de Preservação Permanente (APP), como a mata ciliar do córrego Quarta
feira, são parcelas do solo urbano definidas como Unidades de Proteção Integral, onde
devem ser mantidas todas as características naturais, objetivando a preservação do
ecossistema, como o definido na lei nº 004/92, que trata do plano diretor do município.
Uma situação que pode ser observada na bacia do Quarta-Feira é a relação
degradação/urbanização. Das áreas que são definidas como Zona de Interesse Ambiental e
APP, as que se encontram menos degradadas são aquelas localizadas em bairros com baixa
densidade populacional. A situação da mata ciliar nos trechos situados no CPA e na parte
final do bairro Despraiado é boa, e a vegetação característica do local encontra-se
preservada. Essas duas partes da bacia têm em comum a ausência de moradias nas
proximidades do córrego, o que contribui para a manutenção da vegetação do local.
Aproximadamente 2,28km de matas ciliares encontram-se preservadas, o que equivale a
53% da extensão total do córrego Quarta-Feira, localizadas predominantemente nas áreas
relacionadas acima.
30
47%
53%Áreas degradadasÁreas preservadas
Figura 11: Áreas de preservação no córrego Quarta-Feira
Apesar de em sua maior parte a mata ciliar do córrego Quarta-Feira se apresentar
conservada, em uma significativa parcela, 47% do seu curso, ela é inexistente, ou
descaracterizada, seja pelas invasões ou remoção da vegetação nativa. Com relação às
invasões de APP, em cerca de 25% do trajeto do córrego, ou pouco mais de um quilometro,
a APP é invadida,e como já exposto, situação que é mais grave no bairro Alvorada.
Outro problema que é verificado na bacia do Quarta-Feira é a descaracterização das
matas ciliares e de fundo de vale, com a remoção da vegetação original, como ocorre, por
exemplo, na região correspondente ao parque Eldorado. Na Figura 12 se pode observar um
trecho de fundo de vale com a vegetação descaracterizada e ainda recebendo esgotos.
A remoção da mata ciliar traz grandes danos ao curso d’água, uma vez que ela atua
como uma proteção para o mesmo. Ela serve como um filtro para as águas, fazendo a
retenção dos sedimentos carreados pelo escoamento superficial decorrente das chuvas, e
como mitigadora do processo de assoreamento quando a área de drenagem que as envolve
se encontra sem cobertura de espécie alguma (Figura 12). Além das matas ciliares
protegerem contra o assoreamento e contribuírem com a qualidade da água, elas ajudam na
absorção de água pelo solo contribuindo para a manutenção do fluxo d’água.
31
Figura 12: Aspecto do fundo de vale no parque Eldorado propício a erosão e assoreamento.
6.2 SANEAMENTO NA BACIA DO QUARTA-FEIRA
6.2.1 Sistema de Coleta de Esgoto
Segundo CUIABÁ (2007c) Cuiabá possui aproximadamente 47 mil ligações de
esgoto, o que representa 38% das ligações de água da capital. Contudo, do total de esgoto
coletado, apenas 29% é tratado, segundo a mesma fonte.
Da mesma forma que grande parte da cidade, a área correspondente a bacia de
drenagem do córrego Quarta-feira sofre grande carência no que diz respeito ao saneamento.
A partir das plantas de rede de esgoto e estações de tratamento existentes em Cuiabá é
possível notar que a bacia de drenagem do ribeirão do Lipa, da qual o córrego Quarta feira
faz parte, não possui rede coletora de esgoto, sendo a exceção os condomínios
relativamente novos, como o Florais Cuiabá, por exemplo, que usa sistema de fossa séptica
seguida de filtro anaeróbio. (CUIABÁ, 2007c).
32
Como citado acima, a bacia do córrego Quarta feira não dispõe de sistema de coleta
de esgoto, nem tratamento do mesmo. Isso implica dizer que todo o efluente líquido
produzido na bacia tem como destino o córrego Quarta feira.
De acordo com CUIABÁ (2007d), do total de 7226 domicílios situados nos bairros
que compõe a bacia, 3570 lançam seus esgotos em fossas sépticas ou rudimentares, o que
representa cerca de 50% do total de domicílios. O uso de fossas sépticas é indicado para
zona rural ou residências isoladas que não dispõe de sistemas de coleta de esgoto, sendo
uma solução pouco recomendada para as cidades, devido ao risco de contaminação do solo.
A partir de uma população estimada em 14 mil habitantes, e dispondo do perfil
socioeconômico característico dos bairros, é possível quantificar o lançamento de esgotos
no córrego Quarta feira. Segundo a NBR 7229, a produção diária de esgotos para
residências do padrão médio, que é o predominante na região segundo o CUIABÁ (2007),
está na faixa dos 130 l/hab. Logo, de acordo com JORDÃO & PESSÔA (2005), para a
bacia de drenagem do córrego Quarta feira temos:
Qm = (população equivalente) x (percapita de esgoto)
Qm = 14.000 hab. x 130 l/hab.dia
Qm = 1.820 m³/dia ou 21,06 l/s
Onde Qm é a vazão média de esgotos na bacia.
O córrego Quarta feira é intermitente, portanto durante a estação seca do ano não há
fluxo d’água em seu leito, ou pelo menos não deveria. Contudo, o que ocorre é que devido
ao lançamento dos esgotos provenientes domicílios instalados na bacia, o curso d’água se
tornou perene. Isto é, seu fluxo se tornou permanente devido à ausência de um sistema de
esgotamento sanitário que faça a coleta do esgoto produzido na sua bacia de drenagem.
Como não há sistema de coleta de esgoto na região, os efluentes fazem seu caminho até o
córrego através das galerias de águas pluviais.
É importante salientar que a vazão obtida acima é uma média. Na prática os valores
de vazão do esgoto variam durante o dia, apresentando picos durante as horas do dia em
que o consumo de água nas residências é maior, e valores abaixo da média para as horas do
dia em que o consumo de água é menor.
6.2.2 Esgoto e o Córrego Quarta-Feira
33
Como já exposto neste trabalho, toda a bacia de drenagem do córrego Quarta feira é
carente de um sistema de coleta e tratamento de seus efluentes domésticos. Logo, significa
dizer que esses efluentes têm dois prováveis destinos: a infiltração no solo ou capitação por
redes de águas pluviais, onde estas eventualmente existam, com o conseqüente lançamento
no córrego.
Esse esgoto doméstico é formado essencialmente por matéria orgânica, e uma das
formas de se medir a sua quantidade é através da Demanda Bioquímica de Oxigênio
(DBO). Essa determinação mede a quantidade de oxigênio necessária para estabilizar
biologicamente a matéria orgânica presente no esgoto (JORDÃO & PESSOA, 2005). A
partir de valores clássicos de contribuição unitária da DBO temos os seguintes valores de
carga orgânica total lançada no Quarta feira e sua concentração no córrego:
Carga Afluente
C = P x C un.
C = 14.000 hab. x 0,054 kg.DBO/hab.d
C = 756 kg.DBO/d
Onde C é a carga orgânica afluente em kg.DBO/dia, P é a população residente na
bacia de drenagem do Quarta feira, e C un. é a contribuição unitária da DBO.
Concentração de DBO
Conc.DBO = C / Qe
Conc.DBO = (756 kg/d) / (1.820m³/d)
Conc.DBO = 415 mg.DBO/l
Onde a Concentração de DBO é dada em miligramas de DBO por litro de efluente,
C é a carga orgânica afluente em kg.DBO/dia, e Qe é a vazão diária de esgotos na bacia.
Esses valores de concentração no entanto dizem respeito somente a ao esgoto lançado no
córrego. A concentração de DBO no corpo receptor é de fato inferior, devido a diluição que
o efluente sofre ao ser despejado no corpo receptor. Diluição essa que no caso do Quarta
feira é muito pequena devido a vazão reduzida do córrego.
O despejo de esgotos domésticos no córrego Quarta feira tem início já pouco depois
de nascente. Efluentes advindos do DETRAN, SEMA, Assembléia Legislativa e outros
prédios são lançados na lagoa do CPA, iniciando um ciclo de poluição e degradação que se
prolonga até o ponto da sua confluência com o ribeirão do Lipa.
34
Durante sua passagem pelo bairro Alvorada, o córrego recebe despejo de esgotos
que são lançados na galeria de águas pluviais e conduzidas por ela até seu leito. Somam-se
a esses despejos aqueles que são provenientes dos “vales secos”, que, da mesma forma que
o curso d’água principal, recebe o efluente das residências adjacentes, inclusive de prédios,
como os localizados em frente ao TRT (Figura 14).
No bairro Despraiado o as principais contribuições de efluentes são provenientes da
rede de drenagem urbana e dos fundos de vale que saem do bairro Quilombo, que tem
densidade populacional alta (dos bairros que compõe a bacia é o que apresenta maior
população).
6.3 LIXO NO CÓRREGO
Segundo CUIABÁ (2007d), a coleta de lixo atende praticamente 100% das
residências da bacia de drenagem do Quarta Feira (item 5.7), como exceção do bairro
Despraiado, onde abrange apenas 67% dos domicílios.
Contudo nota-se que apesar da coleta ainda há muito lixo no curso do córrego, o que
agrava o quadro de degradação existente no córrego. Mais do que um problema ambiental,
a disposição do lixo em local inapropriado trás riscos a saúde, pois pode servir ambiente
para a reprodução de vetores, como moscas, baratas, mosquitos, ratos, etc.
A presença de lixo no córrego pode ser explicada não apenas pelo lançamento dos
resíduos diretamente no curso d’água, mas também pelo lixo que é levado até ele pela
galeria de águas pluviais, arrastado pelo escoamento das chuvas.
35
Figura 13: Lixo acumulado no leito do córrego
6.4 EROSÃO
A erosão do solo pode ser causada pela ação do vento, das chuvas, insolação, ação
antrópica, entre outros fatores. Na bacia do córrego Quarta-Feira a ação erosiva mais
significante é a causada pela água das chuvas. Dependendo às características da superfície
em que a chuva cai, e a intensidade e duração da chuva, pode vir a formar-se o escoamento
superficial (PINTO, 2007), que é um dos principais agentes da erosão.
Na bacia do córrego Quarta-Feira existem extensas áreas como o parque Eldorado
(Figura 14), sem cobertura vegetal, que são vulneráveis a ação da erosão laminar, que vai
retirando solo suas camadas superficiais, formadas por partículas menores.
O escoamento superficial da chuva provoca aumento vazão do córrego. As águas
descem córrego abaixo com volume e energia suficientes para causar erosão nas margens
do córrego, especialmente nos trechos onde não há proteção por matas ciliares, como na
Figura 15.
36
Figura 14: Área sujeita a erosão no bairro Alvorada (parque Eldorado).
Figura 15: Aspecto da margem do córrego Quarta-Feira
37
7. DISCUSSÃO
7.1 SITUAÇÃO ATUAL DO CÓRREGO QUARTA-FEIRA
Atualmente o córrego Quarta feira encontra-se muito degradado, especialmente no
que diz respeito à qualidade de suas águas, devido ao lançamento de efluentes não tratados
ao logo de todo o seu percurso. O despejo de efluentes sem tratamento no curso d’água
agride o meio ambiente, poluindo o córrego, transformando-o em fonte de disseminação de
doenças, e incomodo para a população, devido à aparência ruim e odor desagradável.
Acaba por tornar-se num simples coletor de esgoto. Isso leva a queda da qualidade
ambiental e qualidade de vida da população da região (MOTA, 2003).
Essa situação de degradação ambiental causada pelo lançamento de esgotos in
natura no córrego Quarta feira, contudo, pode ser revertida através da coleta e tratamento de
efluentes gerados em sua bacia de drenagem. Isso evitaria que os esgotos produzidos pelas
residências atingissem o córrego, combatendo a sua principal fonte de degradação.
Experiências bem sucedidas na despoluição de córregos urbanos, como as
conduzidas pela Sabesp, no município de São Paulo mostram que a partir implementação
da rede de esgotos é possível recuperar a qualidade ambiental dos córregos urbanos.
A construção da rede de esgoto deve ser seguida de adaptações nas ligações de
esgoto das residências com a rede pública, para que de fato os efluentes sejam lançados
nela, e não na galeria de águas pluviais como já vem ocorrendo em toda bacia. Esse
processo deve ser monitorado, para que não haja novas ligações na rede de águas pluviais.
O esgoto coletado seria levado por coletores tronco um interceptor, que localizado
ao lado do córrego faria uso da topografia do local o transporte do efluente. Esse efluente
então seria conduzido até uma estação de tratamento, onde passaria por um processo de
despoluição. A adoção desse sistema traria significativa melhora para a qualidade ambiental
38
do córrego (BORGES et al, 2001), posto que impediria que uma carga orgânica diária da
ordem de 750 kg.DBO chegasse no curso d’água.
Vale dizer, no entanto, que obras de infra-estrutura, como as necessárias para o
saneamento do córrego são caras, e no caso de serem implementadas em áreas já
urbanizadas, causam transtornos para a população local e para o trânsito, pois é necessária a
abertura de valas, mobilização de máquinas e tratores, para a colocação da rede de esgotos
e adaptações.
As ações objetivando a melhoria da qualidade ambiental de um córrego não devem
se restringir a obras de infra-estrutura, pois como (MASSONE e PAIXÃO, 2006)
descrevem em artigo sobre despoluição do córrego Carajás, em São Paulo, as ações de
monitoramento, fiscalização por parte do poder público e educação ambiental da
população, estão fortemente relacionadas ao sucesso de um programa de recuperação
ambiental de áreas urbanas.
Segundo PEREIRA (2003) também é de igual importância para preservação do
meio ambiente de uma região, o planejamento das futuras atividades, para que se possa
definir o que será executado posteriormente em projetos e obras de saneamento, por
exemplo, para que a infra-estrutura comporte crescimento da região.
Além dos esgotos ocorrem também processos erosivos nas margens do córrego que
estão diretamente relacionados com o escoamento das águas das chuvas. O escoamento
superficial, que ocorre quando a superfície sobre a qual a chuva cai se satura, é
encaminhado pelo sistema de drenagem, através de sarjetas e galerias até o córrego, e está
relacionado diretamente com a forma de ocupação do solo. Conforme TUCCI (2003), os
sistemas de drenagem urbana no Brasil foram, na sua maioria, concebidos visando, o
escoamento rápido das águas precipitadas. Sistema esse que segundo o próprio TUCCI
(2003), transfere o problema do escoamento das águas de chuva para jusante, tendo como
conseqüência imediata o aumento da vazão nos canais, podendo causar inundações.
Na bacia do Quarta-Feira, esse aumento na vazão decorrente das chuvas tem sido o
um dos responsáveis pela erosão do canal do córrego. A ausência da mata ciliar em alguns
trechos, somada a impermeabilização do solo na bacia, que diminui a infiltração e acelera o
escoamento das águas também tem grande importância no processo. O escoamento rápido
39
das águas faz com que elas cheguem ao córrego com volume e energia suficientes para
erodir as margens e leito do curso d’água.
Figura 16: Córrego Quarta-Feira no bairro Despraiado
A bacia do Quarta-Feira sofre também a ação da erosão laminar. Grandes lotes
vazios na bacia do córrego, e muitos deles sem cobertura vegetal, como no loteamento
parque Eldorado, por exemplo, estão sujeitos a esse processo. Esse processo erosivo
decorrente do escoamento superficial da água das chuvas, se dá em toda a bacia, inclusive
nas áreas impermeabilizadas. Contudo atua mais intensamente em áreas desprovidas de
cobertura vegetal (GUERRA; SILVA; BOTELHO, 2005, p.301). Esse sedimento carreado
tende a acumular-se no canal do córrego, causando o assoreamento do canal, e os
problemas decorrentes dele.
É importante colocar também que o escoamento superficial da água das chuvas
contribui com a poluição do córrego, uma vez que pode arrastar o lixo presente nas ruas até
o corpo d’água.
A poluição dos corpos d’água e a sua degradação por erosão são processos
decorrentes do desordenamento do uso e ocupação do solo (MOTA, 2003). O mesmo pode
se dizer das invasões em áreas de preservação. No córrego Quarta-Feira, essa situação
ocorre por expressiva parcela de suas margens, chegando próximo aos 50%. Como já
40
mencionado neste trabalho, as APP devem ser mantidas intocadas, sendo que a situação
atual configura crime ambiental, por destruí-la e modificá-la.
Uma solução para esse problema é a desocupação das áreas de preservação e a sua
recuperação ambiental, como está sendo feito em Brasília, no entorno do lago Paranoá. As
desapropriações costumam ser processos demorados, contudo são necessárias para devolver
ao córrego suas características naturais. Por meio da recuperação das áreas degradadas por
invasões e desmatamentos outros problemas podem ser resolvidos ou minimizados, como
por exemplo a erosão do canal e das margens do córrego e o arrasto de sedimentos para o
seu leito.
41
8. CONCLUSÃO
Através de dados obtidos e observações na bacia de drenagem do córrego podemos
concluir que as águas do córrego Quarta-Feira encontram-se impactadas devido ao
lançamento direto de esgotos em seu leito
Neste trabalho foi observado que a situação atual da bacia do córrego Quarta-Feira,
especialmente do córrego é resultado da ocupação desordenada do solo, sem infra-estrutura
necessária. Através de dados secundários e observações na bacia de drenagem do córrego
podemos concluir que as águas do córrego Quarta-Feira encontram-se impactadas devido
ao lançamento direto de esgotos em seu leito.
O lançamento de esgoto no Quarta-Feira se dá através das galerias de águas pluviais
e despejos diretos de esgoto domestico das casas que se localizam no seu entorno. Isso
ocorre devido a ausência de redes de coleta de esgotos em toda a bacia do Quarta-Feira
Em relação às Áreas de Preservação Permanente, pode-se concluir que de fato são
pouco preservadas visto que, apresentam algum tipo de degradação em cerca de 47% das
áreas protegidas do entorno do córrego e em aproximadamente 25% da extensão total do
córrego ocorrem invasões. Contudo, com exceção do trecho do córrego localizado no bairro
Alvorada, as margens se encontram pouco ocupadas, facilitando um possível processo de
recuperação.As invasões, agressões a mata ciliar do córrego e o uso desordenado do solo
deram margem a processos erosivos, que atualmente já se encontram instalados em trechos
do curso d’água.
Através do que foi levantado a respeito do córrego Quarta-Feira e sua bacia de
drenagem, podemos finalmente concluir que a atual situação do córrego é critica, mas
possível de ser revertida. A reversão do quadro de degradação, além de devolver a
qualidade ambiental à região, teria o importante papel de mostrar para a população que
esses córregos podem ser despoluídos e deixar de ser apenas uma fonte de incomodo.
42
9. RECOMENDAÇÕES
Pode-se aferir das informações levantadas por esse trabalho que o córrego Quarta-
Feira tem sua qualidade ambiental seriamente degrada. Contudo, como mostram
experiências pelo Brasil e exterior, ainda possível de ser recuperada.Os resultados desse
trabalho apontam para diversas medidas no sentido se devolver a sanidade ao córrego
como:
Investir na construção de sistemas de coleta e tratamento de esgotos na bacia de
drenagem do Quarta-Feira;
Remover as casas localizadas em Área de Preservação Permanente;
Limpar o leito do córrego;
Cumprir o plano diretor, no controle da urbanização e ocupação dos lotes;
Controlar da erosão e assoreamento;
Educar a população da região e envolve-la a questão ambiental e preservação do
córrego.
Reflorestar as margens do córrego que estão degradadas
Recomenda-se a realização de trabalhos nessa linha em outras bacias de córregos
urbanos de Cuiabá, a fim de poder relacionar características ambientais e de ocupação de
diferentes lugares.
43
10. BIBLIOGRAFIA BÁSICA.
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47
11. ANEXOS
48
11.1 ANEXO A
LEI COMPLEMENTAR Nº 004, DE 24 DE DEZEMBRO DE 1992.
“INSTITUI O CÓDIGO SANITÁRIO E DE POSTURAS DO MUNI-
CÍPIO, O CÓDIGO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE E RECURSOS
NATURAIS, O CÓDIGO DE OBRAS E EDIFICAÇÕES E DÁ OUTRAS
PROVIDÊNCIAS”.
FREDERICO CARLOS SOARES CAMPOS, Prefeito Municipal de Cuiabá.
Faço saber que a Câmara Municipal de Cuiabá aprovou e eu sanciono a seguinte Lei:
[...]
SEÇÃO I
DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE – APP
Art. 537. Consideram-se áreas de preservação permanente as florestas e demais formas
de vegetação situadas:
I – ao longo dos rios ou de qualquer curso d’água desde o seu nível mais alto em faixa
marginal, cuja largura mínima seja:
a) de 30 m (trinta metros) para os cursos d’água de menos de 10 m (dez metros) de
largura;
b) de 50 m (cinqüenta metros) para os cursos d’água que tenham de 10 m (dez
metros) a 50 m (cinqüenta metros) de largura;
c) de 100 m (cem metros) para os cursos d’água que tenham de 50 m (cinqüenta
metros) a 200 m (duzentos metros) de largura;
d) de 200 m (duzentos metros) para os cursos d’água que tenham de 200 m
(duzentos metros) a 600 m (seiscentos metros) de largura;
II – ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios de águas naturais ou artificiais;
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III – nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados “olhos d’água”, qualquer que
seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 m (cinqüenta metros);
IV – no topo de morros, montes, montanhas e serras;
V – nas encostas ou partes destas com declividade superior a 45 graus equivalente a 100 %
(cem por cento) na linha de maior declive;
VI – nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa
nunca inferior a 100 m (cem metros) em projeções horizontais.
Art. 538. São PROIBIDOS depósitos de qualquer tipo de resíduos, escavações e o
exercício de quaisquer atividades nas áreas de preservação permanente.
Art. 539. É PROIBIDO cortar, destruir, danificar árvores em florestas e demais áreas de
preservação permanente.
Art. 540. É PROIBIDO penetrar em florestas e demais áreas de preservação perma-
nente, portando armas, substâncias ou instrumentos de caça, ou de exploração de produtos
ou subprodutos florestais.
Art. 541. É PROIBIDO o uso de fogo nas áreas de preservação permanente, bem como
qualquer ato ou omissão que possa ocasionar incêndios.
Art. 542. A recuperação das matas ciliares das áreas de preservação permanente será
executada pelo infrator que as degradar, sob pena de responsabilidade civil e sanções
administrativas.